50
IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA AVON: REAÇÕES DO PÚBLICO NAS REDES SOCIAIS

IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

  • Upload
    lydang

  • View
    217

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA AVON: REAÇÕES

DO PÚBLICO NAS REDES SOCIAIS

Page 2: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 2

1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 3

1.1.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 3

1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 3

1.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA .......................................................................... 3

1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 4

2 REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 5

2.1 MARKETING E TENDÊNCIAS .......................................................................... 5

2.2 MÍDIAS E REDES SOCIAIS .............................................................................. 6

2.3 MARKETING NAS MÍDIAS SOCIAIS ................................................................. 9

2.4 CULTURA E REPRESENTAÇÃO NAS MÍDIAS .............................................. 11

2.5 IDENTIDADE DE GÊNERO ............................................................................. 12

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 14

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO ...................................................................................... 17

4.1 A AVON ........................................................................................................... 17

4.2 NOVO POSICIONAMENTO DE MARKETING DA AVON ............................... 18

4.3 ANÁLISE DE SENTIMENTO POR POLARIDADE E ELEMENTOS ................ 21

4.3.1 Aprovação da mensagem de visibilidade de minorias de gênero .............. 27

4.3.1.1 Mensagem simples e positiva para a marca ........................................ 27

4.3.1.2 Valorização do posicionamento ........................................................... 29

4.3.1.3 Propagação da mensagem de forma positiva ..................................... 30

4.3.1.4 Ressalvas na aprovação do posicionamento ...................................... 31

4.3.2 Indiferença sobre a mensagem de visibilidade de minorias de gênero...... 34

4.3.3 Reprovação da mensagem de visibilidade de minorias de gênero ............ 35

4.3.3.1 Mensagem simples e negativa para a marca ...................................... 35

4.3.3.2 Desvalorização do posicionamento ..................................................... 37

4.3.3.3 Propagação da mensagem de forma negativa .................................... 39

4.3.3.4 Ressalvas na reprovação do posicionamento ..................................... 39

4.4 TERMOS COMUNS IDENTIFICADOS ............................................................ 40

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 45

APÊNDICE – Ferramenta de análise de sentimento ............................................. 49

Page 3: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

2

1 INTRODUÇÃO

Discussões sobre gênero são comuns em assuntos como desigualdade salarial e de

oportunidades, ocupação de altos cargos, assédio no trabalho, violência doméstica

entre tantos outros. Apesar dos assuntos abordados geralmente envolverem apenas

mulheres do sexo biológico feminino, questões de gênero podem tratar ainda de

pessoas transexuais e outros sujeitos que não se identificam com os padrões

masculino e feminino, a que são definidos ao nascerem.

Sobre essas pessoas - incluindo, claro, as mulheres - muito se tem falado em

representatividade e empoderamento, no sentido de dar vozes àquelas que se

sentem oprimidas pela sociedade e da luta para garantir seus direitos sociais. Essas

questões podem ser observadas em discursos veiculados pela mídia, como em

filmes, séries, novelas, músicas e na publicidade.

A Avon, marca de cosméticos com abrangência internacional, iniciou em 2015 o

lançamento de diversos vídeos publicitários carregados de discursos sobre

visibilidade de minorias de gênero, incluindo pessoas que representam uma fuga

dos padrões culturais e midiáticos do feminino e masculino, como mulheres trans,

gordas, homens usando batom e saia, entre outros.

Por se tratar de um tema com opiniões controversas e considerando os aspectos

político e social que envolvem termos como empoderamento e representatividade, é

importante nos voltarmos para a apropriação destas palavras por mídias onde há um

interesse direto de retorno financeiro para a empresa. Entre as formas de se analisar

a publicidade, pode-se pesquisar as reações diretamente com seu público ou por

meio de resenhas e críticas da produção cultural (KELLNER, 2001).

Alguns estudos investigaram a resposta a vídeos publicitários com discursos

principalmente relacionados ao público LGBTQ, acrônimo de Lésbicas, Gays,

Bissexuais, Transgêneros e Queer. Tsai (2011) exibiu anúncios para consumidores

gays e lésbicas e verificou como o grupo reconhece a publicidade segmentada como

forma de auto empoderamento, através de uma percepção de validação comercial.

Silva e Salgado (2016) analisaram a repercussão para a campanha publicitária

“Casais” de O Boticário, observando a manifestação de dois grupos em comentários

Page 4: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

3

dos sites noticiosos, um a favor e outro contrário às relações homoafetivas

demonstradas no vídeo.

Este estudo irá analisar o reconhecimento dos anúncios da Avon pelo seu público

alvo no ambiente digital, de forma a compreender a seguinte questão: como

ocorreram as reações do público da Avon na rede social Facebook para uma

campanha publicitária da marca com discurso de identidade gênero?

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Analisar as reações do público da Avon na rede social Facebook para uma

campanha publicitária da marca com discurso de identidade gênero.

1.1.2 Objetivos Específicos

Categorizar as reações desses usuários sobre o discurso de identidade de gênero

manifestado nos vídeos;

Identificar se os usuários relacionam os anúncios como forma de representatividade

de gênero; e

Refletir sobre o posicionamento de identidade de gênero no marketing da Avon.

1.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Trata-se de um estudo descritivo da página da empresa Avon no Facebook, a partir

da publicação de um vídeo publicitário em 28 de junho de 2016. Os dados para

análise são os comentários na página da publicação, tendo coletado em 13 de junho

de 2017 uma amostra de 1.000 comentários publicados entre o período de 28 de

junho a 25 de agosto de 2016.

Page 5: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

4

1.3 JUSTIFICATIVA

Vídeos publicitários transmitem estilos de vida, tendências e valores da sociedade,

podendo influenciar pensamentos e comportamentos (KELLNER, 1995). Uma

campanha que contém a visibilidade trans e de outras minorias de gênero mostra

um posicionamento a favor desses temas que ainda são bastante controversos,

tornando importante a análise de sua recepção.

A campanha publicitária que será analisada inclui um posicionamento de gênero

junto à divulgação de um produto. Esse apoio atrelado à interesses comerciais inicia

um questionamento sobre as intenções das empresas por esse público e seu poder

aquisitivo, e se as mesmas promovem políticas de defesa à diversidade, como a

empregabilidade de gays e transexuais (ROSSI, 2017). A Avon é signatária do

Fórum Empresas e Direitos LGBT, que contém 10 (dez) compromissos para a

promoção dos direitos LGBT. Assim como é necessário investigar o cumprimento

desses compromissos, é interessante verificar o valor atribuído pelos consumidores

da empresa a estas ações.

Direcionar a análise para os sites de redes sociais é necessário visto que o vídeo foi

lançado exclusivamente em mídias digitais, considerando a relevância do ambiente

virtual e do uso crescente destas plataformas sociais por marcas que buscam se

aproximar de seus públicos, sendo esse um espaço atrativo para o marketing,

devido ao seu baixo custo de manutenção e grande audiência (TORRES, 2009).

De acordo com a Pesquisa Brasileira de Mídia (SECOM, 2016), em 2016 49% dos

brasileiros utilizaram a internet, média abaixo apenas da TV (89%) e maior que a

soma do rádio (30%), jornais (12%) e revistas (1%). A pesquisa anterior (SECOM,

2014) identificou que 92% dos usuários de internet utilizam os sites de redes sociais,

sendo mais populares o Facebook (83%), o Whatsapp (58%) e o Youtube (17%).

Observamos a relevância dos sites de redes sociais, que são analisados em

diferentes campos de pesquisa para compreender o engajamento de seus usuários

(BOYD; ELLISON, 2007). Para o marketing, o monitoramento de redes sociais a ser

realizado na análise da reação do público contribui para a avaliação do desempenho

das ações da empresa em um ambiente de grande relevância e influência social.

Page 6: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

5

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 MARKETING E TENDÊNCIAS

Segundo definição da American Marketing Association, “Marketing é a atividade,

conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas

que possuem valor para consumidores, clientes, parceiros e sociedade em geral”

(KOTLER, KELLER, 2012, p. 3). Sua prática envolve diversos aspectos incluindo

comunicação, vendas, publicidade e propaganda, com objetivo de conquistar e

manter clientes (TORRES, 2009).

O marketing passou por muitas alterações e desenvolveu diversos conceitos ao

longo dos anos, como a segmentação e mercados-alvo, onde passou a identificar

diferentes grupos de consumidores a partir de características demográficas,

geográficas, psicográficas e comportamentais, escolhendo determinados grupos

como mercados-alvo, aqueles em que a empresa irá direcionar esforços para

atender diante de um posicionamento próprio, que se desdobrará na oferta de

benefícios e valores percebidos pelo público alvo (KOTLER; KELLER, 2012).

Kotler, Setiawan e Kartajaya (2010) conceituaram o marketing 3.0, que tem como

propulsor o avanço das mídias sociais e é representado pelo compartilhamento de

ideias, informações, opiniões e valores referentes a áreas como a política, a

economia e a cultura da sociedade. Dessa vez, os consumidores optam por

empresas cuja missão, visão e valores estejam em conformidade com seus próprios

valores pessoais.

Os mesmos autores trazem a ideia do marketing 4.0, impactado pelos avanços

tecnológicos e mudanças de hábitos que vimos em poucos anos. Sua grande

característica é a convergência entre o tradicional e o digital, onde atividades devem

priorizar a interação entre empresa e consumidor tanto offline quanto online. Como

um progresso natural do marketing 3.0, ele promove ainda que as empresas se

aproximem cada vez mais de seus consumidores e conquistem sua confiança,

mantendo uma posição autêntica e honesta sobre seus valores e práticas, pois os

consumidores se afastam de marcas que tentam enganá-las com falsas

representações de valores (KOTLER; SETIAWAN, KARTAJAYA; 2017).

Page 7: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

6

Outra tendência observada está na atenção dada a um grupo específico dos três

segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens

– youth, women and netizens (YWN), no original -. Os jovens estão mais dispostos a

testar novos produtos e influenciam em sua aceitação pelo restante do mercado,

enquanto as mulheres em geral se importam mais em se informar sobre qualidade,

preço e dos benefícios funcionais e emocionais, atribuindo um valor ao. Já netizens

é um termo que significa “cidadãos da internet”, aqueles que contribuem com a

criação e interação de conteúdo. Por serem segmentos tão influentes, se tornaram

alvos das empresas que desejam atrair sua atenção e tornar-se relevantes em suas

vidas (KOTLER; SETIAWAN; KARTAJAYA, 2017).

O ambiente digital possui cada vez mais influência na opinião e nos hábitos dos

consumidores, que podem interagir com as plataformas e exigir uma presença ativa

da marca. Veremos a seguir algumas características de suas características.

2.2 MÍDIAS E REDES SOCIAIS

Desde seu surgimento a internet trouxe muitas mudanças para a sociedade agora

conectada, conforme os avanços tecnológicos que trazem novas funcionalidades.

Um desses avanços ocorreu no início do século XXI com a chamada Web 2.0, termo

de referência dessa nova forma de utilizar a internet que inclui sites e ferramentas

baseados na conversação, no envolvimento e na participação (GUNELIUS, 2012).

A Web 2.0 ganhou forças para denominar esse novo uso da internet, que deixa de

publicar conteúdos sem espaço para interação e passa a oferecer funcionalidades

que permitem e incentivam a participação e o compartilhamento (PRIMO, 2007). Os

dados gerados pelos usuários são muitos e estão disponíveis para serem coletados

e analisados, demandando reações rápidas e em tempo real (O’REILLY, 2009).

Constantinides e Fountai (2008) propõem cinco principais categorias da Web 2.0:

blogs e podcast, redes sociais, comunidades, fóruns e os agregadores de conteúdo.

Já Torres (2009) agrupa alguns sites como blogs e redes sociais na categoria única

de mídias sociais, que recebem esse nome por transmitirem informações e conteúdo

(mídia) livres para a contribuição de todos (social). A análise desta pesquisa usará

como campo um dos sites de redes sociais, que permitem a interação entre pessoas

Page 8: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

7

após a criação de uma conta, geralmente chamada de “perfil”, onde podem

compartilhar diversos conteúdos (TORRES, 2009).

Redes sociais são formadas por atores e suas conexões. Atores são as pessoas

incluídas em determinada rede social e conexões são as interações entre elas,

representadas principalmente pela comunicação das mesmas. Nos sites de redes

sociais é possível ter representações dos atores sociais, onde um ator pode

significar tanto um perfil individual quanto um perfil mantido em grupo, seja em um

blog, um site de rede social entre outros (RECUERO, 2014a). Essas interações

costumam ser o objeto de estudo quando se analisa as redes sociais, o que é

facilitado pela característica de mídia persistente da internet, que mantém seu

conteúdo disponível ao longo do tempo - as interações entre atores permanecem a

não ser que sejam excluídas ou o site eventualmente saia do ar (TORRES, 2009).

O site de rede social que servirá como campo de análise deste estudo é o Facebook

(www.Facebook.com). Ele permite a criação de perfis pessoais, grupos públicos ou

fechados e páginas (fan pages) para marcas, artistas entre outros, oferecendo

diversos recursos e considerado mais completo do que outras redes sociais focadas

em atividades principais como microblogging (Twitter) ou compartilhamento de

vídeos (YouTube). As publicações de uma página, grupo ou perfil são livres para

usuários interagirem principalmente através de três modos: curtir/reagir, compartilhar

e comentar.

O botão “curtir” ou like significa validar uma publicação, sinalizando o apoio do

usuário pelo conteúdo. Esse interesse é público pois o fato do usuário “curtir” uma

publicação é visível para todos os seus contatos - no Facebook, amigos ou

seguidores - e para todos que participam da publicação “curtindo” ou comentando.

Além disso é ainda um modo interação mínima em uma conversação, sem participar

de uma possível discussão sobre o que está sendo publicado (RECUERO, 2014b).

Inicialmente apenas a reação “curtir” estava disponível, porém em 2016 o Facebook

adicionou cinco novas reações que ampliaram a visibilidade da opinião ou

sentimento do usuário sobre a publicação, agora não sinalizando apenas apoio. As

novas reações são “amei”, “engraçado”, “surpreso”, “triste” e “com raiva”. Além

destas o Facebook disponibiliza reações comemorativas para datas especiais, como

Page 9: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

8

a de “gratidão” (thankful, em inglês) para o Dia das Mães de 2016 e 2017, ano em

que a rede social também disponibilizou durante o mês de junho a reação de

“orgulho” (pride), representada pela bandeira LGBTQ. A funcionalidade de

curtir/reagir estava inclusa apenas em postagens, mas a partir de maio de 2017 as

reações também podem ser usadas em comentários de qualquer usuário.

“Compartilhar” no Facebook traz uma postagem publicada originalmente em um

perfil, página ou grupo para o perfil do usuário que compartilhou. Isso amplia a

mensagem contida na publicação e traz a discussão sobre o tema para os contatos

do usuário. Em geral o compartilhamento é realizado para dar visibilidade positiva a

uma publicação, apesar de ser possível situações em que postagens são

compartilhadas para serem criticadas (RECUERO, 2014b).

Por fim, os comentários significam uma interação mais ativa sobre a publicação. A

fala de um usuário compõe a publicação e fica disponível para todos que interagem

com a publicação: seu autor, aqueles que “reagem”, compartilham ou comentam e

ainda os que apenas observam. Recuero (2014b) afirma que dentre os modos de

interação de publicação no Facebook esse é o que exige maior esforço do usuário e

que representa um maior engajamento com o assunto, pois exprime sua opinião e a

deixa visível para todos os outros usuários, que podem ou não estar de acordo.

Um comentário também pode ser “curtido” e respondido por usuários, criando

diferentes threads ou tópicos de discussão em uma única postagem. Essas

discussões podem estar de acordo com o que foi dito ou ir contra, abrindo espaço

para críticas e conflitos ou até o denominado trolling, mensagens que ridicularizam,

ofendem e perturbam o outro, muitas vezes com discursos disfarçados de humor

que reproduzem preconceitos (RECUERO, 2013).

O Facebook é a rede social de maior acesso no mundo e no Brasil. Segundo

estatísticas da empresa, em dezembro de 2016 foram mais de 1,86 bilhão de

usuários ativos em todo o mundo (FACEBOOK, 2017), enquanto o Brasil já tinha em

abril do mesmo ano mais de 102 milhões de usuários ativos (FACEBOOK, 2016).

Em estudo sobre o comportamento do usuário brasileiro no Facebook, Nascimento e

Luft (2015) constataram que seu principal uso é voltado para questões pessoais,

Page 10: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

9

mas observaram que o relacionamento com organizações já é uma tendência. Esse

é um resultado das transformações da Web 2.0, que mudou os hábitos na internet,

incluindo dos consumidores que estão cada vez mais exigentes, demandando um

comportamento participativo das empresas (CONTANTINIDES, FOUNTAI, 2008).

2.3 MARKETING NAS MÍDIAS SOCIAIS

Quando as mídias sociais são utilizadas como ações de marketing para a promoção

de uma marca, produto ou organização tem-se o marketing digital. Segundo Torres

(2009), ele é composto por sete ações estratégicas: marketing de conteúdo;

marketing nas mídias sociais; marketing viral; e-mail marketing; publicidade online;

pesquisa online e monitoramento.

Apesar de conseguirem ser trabalhadas de forma isolada, cada uma destas ações

pode afetar as outras, sendo aconselhável uma integração entre todas para que se

alcance o resultado desejado (TORRES, 2009). Outros autores apresentam um foco

maior no marketing de mídias sociais (GUNELIUS, 2012), chegando até mesmo a

considerá-lo como o próprio marketing digital em sua totalidade (CINTRA, 2010).

Para Gunelius (2012), as mídias sociais permitem - e até exigem - ouvir,

compreender e participar junto ao público nas ações desenvolvidas, diferente do

marketing tradicional e de ações mais conservadoras como as voltadas para venda

de produtos e serviços. A autora considera quatro pilares que envolvem a atividade

de marketing nas mídias sociais: ler, criar, compartilhar e discutir.

O pilar ler representa a pesquisa contínua e diária nas mídias sociais, em busca de

informações e interações online sobre a marca, suas atividades, produtos e serviços,

consumidores e concorrentes. Esse acompanhamento é necessário para a empresa

estar ciente das discussões que a envolvem ou assuntos de seu interesse e assim

ter uma posição para se comunicar com seu público.

Em seguida, criar envolve a produção de conteúdo para seu público, atualizado

continuamente de forma a manter a atenção daqueles que pretende atingir. Essa

atividade depende do terceiro pilar, compartilhar, pois tão necessário quanto a

criação do conteúdo é a divulgação do mesmo. Ambos os pilares se assemelham

Page 11: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

10

com duas ações presentes no marketing digital expostas por Torres (2009), o

marketing de conteúdo e o marketing nas mídias sociais.

O quarto e último pilar discutir representa a necessidade de responder as interações

de seu público em torno do conteúdo compartilhado e de mensagens diversas que

expressam suas opiniões, sejam positivas ou negativas, mantendo com seu público

um relacionamento direto (GUNELIUS, 2012).

Entre as vantagens das mídias sociais estão o grande alcance de audiência por um

baixo custo, interação com público segmentado, a execução rápida de ações, a

facilidade de medição de resultados entre tantos outros. Todas essas vantagens

trazem também obrigações da marca frente ao seu público digital, que exige

interações quase instantâneas (TORRES, 2009; CINTRA, 2010).

A avaliação de desempenho das ações de marketing nas mídias sociais,

consideradas na “leitura” de Gunelius (2012) e no monitoramento de Torres (2009)

pode ser realizada a partir de diversos modos, simultaneamente às ações de

marketing digital, incluindo as interações com seu público (RECUERO, 2014a).

Segundo Gunelius (2012), o ideal é que o desempenho do marketing em mídias

sociais seja avaliado em duas perspectivas: a análise de números frios - dados

estatísticos contendo informações como o volume do tráfego dos sites – e de

elementos sutis - o monitoramento das conversações online que envolvem a

empresa ou suas ações de marketing nas mídias sociais. Na análise de dados

estatísticos contam as ferramentas de social e web analytics, como o Audiencie

Insights do Facebook, que disponibiliza dados quantitativos para os administradores

de páginas do site de rede (ZANDAVALLE, 2016).

Para a análise de elementos sutis, Zandavalle (2016) subdivide as ferramentas em

dois grupos: as de monitoramento parcial e pleno. As primeiras trabalham com a

recuperação de informações e disponibilizam a coleta de dados sem tratamento,

sendo usualmente gratuitas como o site Social Mention (www.socialmention.com). Já

as de monitoramento pleno disponibilizam a coleta, o armazenamento, a

categorização e visualização de dados. São ferramentas com planos pagos, como

os brasileiros Scup (www.scup.com.br) e DT+Seekr (www.seekr.com.br).

Page 12: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

11

Assim, a pesquisa de marketing online pode ser realizada por diversos métodos para

monitorar as mídias necessárias e gerar dados para análise e apresentação. As

impressões referentes ao tráfego dizem respeito ao alcance da marca, enquanto as

provenientes do monitoramento das conversações online reproduzem a percepção

do público sobre a empresa e suas ações de marketing digital (GUNELIUS, 2012).

2.4 CULTURA E REPRESENTAÇÃO NAS MÍDIAS

A cultura é reproduzida em diversas mídias como a televisão, internet, cinema, rádio,

revistas e jornais, entre outros meios acessíveis no dia a dia de muitas pessoas,

onde as imagens e os sons transmitidos influenciam valores, opiniões,

comportamentos e identidade. Exatamente por essa proximidade em nosso

cotidiano e sua capacidade de influência em nossa vida, é do interesse de

determinadas instituições que a cultura na mídia promova ideologias dominantes

através de padrões de beleza, comportamento e pensamento (KELLNER, 2001).

Um dos espaços onde a cultura é representada é a publicidade, onde mais do que

apenas promover um produto difunde estilos de vida carregados de valores e

padrões dominantes que se relacionam aos interesses capitalistas (KELLNER,

2001). Kellner (1995, p. 112) afirma ainda que

[...] a publicidade é um texto social importante e um indicador social que fornece um repositório de informações a respeito de tendências sociais, de modas, de valores contemporâneos e daquilo que realmente preocupa os dirigentes do capitalismo de consumo. [...] Ela também pode ser uma das principais forças de moldagem do pensamento e do comportamento.”

Os estilos de vida, relacionamentos e modos de enxergar a realidade que são

representados pela publicidade e outras mídias não são meramente inventados por

aqueles que a produzem e veiculam, mas sim construídos e reconhecidos na própria

sociedade (TEXEIRA, 2009). Para Kellner (2001), tais representações nas mídias

agem como meio de reforçar os discursos dominantes da sociedade, mas também

podem ser utilizadas para ir contra esses modelos dominantes, servindo como

instrumento de negação dos padrões e podendo contribuir para os interesses de

minorias, como a visibilidade e aceitação dentro da sociedade.

Page 13: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

12

2.5 IDENTIDADE DE GÊNERO

Os estudos de gênero surgiram a partir de teorias feministas da década de 1960,

contendo uma diferenciação entre sexo e gênero - o primeiro como um fator

biológico e o segundo como produto social, histórico e cultural (SOUZA, 2016). O

uso do termo “gênero” passava a atuar como substituto do termo “mulher”, fato que

Scott (1989) atribui a uma busca pelas feministas por uma palavra mais neutra que

“mulheres”, termo que acabava relacionando seus estudos ao caráter do movimento,

e com esse distanciamento pretendiam facilitar seu reconhecimento acadêmico.

Assumindo seu espaço, o termo “gênero” compões discussões sobre as relações

sociais entre homem e mulher, ou seja, as atribuições de cada que são exigidas e

originadas em sociedade (SCOTT, 1989). Ao distanciar-se de uma análise das

diferenças entre os sexos biológicos, questões de gênero envolvem a construção

social em volta dessas contradições que dizem o que é esperado de cada um, o que

deve ser masculino e feminino (LOURO, 2013). Dessa forma, abrange não somente

mulheres nascidas com o sexo biológico feminino, mas aqueles afetados pelo

discurso cultural que determina o gênero e seus atributos a partir da sexualidade.

Uma proposta desses estudos é rejeitar a relação causal esperada entre sexo,

gênero e sexualidade, que a partir do momento em que nascemos é usada para nos

classificar dentro da heteronormatividade, onde o sexo biológico determinaria o

gênero com traços, modos e outras características esperadas pela sociedade, além

do desejo sexual pelo sexo oposto (SOUZA, 2016). Butler (2016) chama de gênero

inteligível aquele que segue essa relação e está de acordo com as normas e

expectativas de uma cultura que reprime quem não segue essa linha causal.

Refuta-se ainda o conceito binário de gênero, que supõe uma polarização entre

masculino e feminino e desconsidera a presença dessas características em ambos

os sexos. Romper com esse binarismo afeta a concepção de “homem” exigir o

“masculino”, e “mulher” o “feminino” (BUTLER, 2016). Assim, tanto homens quanto

mulheres podem apresentar em si tais “masculinidades” e “feminilidades”, muitas

vezes de forma reprimida, e que tais características não são naturais do sexo

biológico, mas sim culturalmente constituídas (LOURO, 2013).

Page 14: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

13

O gênero também é considerado como um dos aspectos que compõem nossa

identidade, assim como fazem nossas referências étnicas, de raça, de classe e

outras, a partir do modo como nos reconhecemos diante das concepções culturais

do masculino e feminino. Esse modo de expressar a identidade depende dos meios

que possuímos, como um quebra-cabeça onde as peças adquiridas ao longo de

nossa vida nos dizem as possíveis identidades a serem exercidas (BAUMAN, 2005).

De forma similar, Louro (2013, p. 28) afirma que as identidades de gênero

[...] estão continuamente se construindo e se transformando. Em suas relações sociais, atravessadas por diferentes discursos, símbolos, representações e práticas, os sujeitos vão se construindo como masculinos ou femininos, arranjando e desarranjando seus lugares sociais, suas disposições, suas formas de ser e de estar no mundo. [...].

Apesar de nossa identidade ser continuamente construída, Butler (2016, p. 193)

afirma que nosso gênero é adquirido desde que nascemos, afinal, “[...] o bebê se

humaniza no momento em que a pergunta “menino ou menina?” é respondida.”. A

autora retoma a marcante frase de Simone de Beauvoir, “Ninguém nasce mulher:

torna-se mulher”, publicada em 1949 em sua obra ‘O segundo sexo’, para questionar

o que seria esse tornar-se ou o que significa dizer que o gênero é construído.

Apesar da impressão de que gênero é algo volátil, defende que gênero é um efeito

construído culturalmente, onde os aspectos adquiridos que são tidos “artificiais”

acabam tomando o lugar do gênero inteligível, considerado como “autêntico”.

Para Butler (2016) o gênero é performativo, formado pela repetição de atos

normativos onde somos compelidos a nos identificar com os aspectos inteligíveis de

gênero – ou seja, masculinos ou femininos - para só então sermos reconhecidos

como sujeitos. Essa performatividade condiciona a performance: ações que

praticamos e o modo que agimos (BUTLER, 1993).

A performance não é uma escolha autônoma – não escolhemos performar nosso

gênero de uma maneira em um dia e de outra no próximo. O gênero é o produto

desses atos, gestos e atuações, considerados performativos pois a identidade que

expressam é construída a partir da “imitação” dos aspectos existentes, sustentados

na cultura e no discurso. São as normas da sociedade que apresentam as opções

as quais somos levados a nos ajustar, conformar, classificar e nomear (SOUZA,

2016), e a partir dela construir o gênero.

Page 15: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

14

3 METODOLOGIA

Esta é uma pesquisa descritiva, comum para descrever traços e investigar opiniões,

atitudes e crenças da população (GIL, 2002), além de detalhar perfis,

comportamentos e percepções de consumidores (MALHOTRA, 2002). Para isso,

utilizará uma abordagem de métodos mistos, utilizando-se de dados quantitativos e

qualitativos.

A análise quantitativa mensura as informações reunidas, gerando dados que

permitem medir atitudes, enquanto a abordagem qualitativa trata de métodos

emergentes e análises de texto ou imagem, buscando compreender os significados

a partir da perspectiva dos participantes (CRESWELL, 2010).

Os dados serão interpretados a partir da análise de conteúdo, método de descrição

e análise de comunicações (MOZZATO; GRZYBOVSKI, 2011), seguindo

abordagens quantitativa, para observar a frequência dos elementos analisados e

qualitativa, para verificar a presença ou ausência de elementos. O processo de

análise de conteúdo de Bardin (2011) se divide em três etapas:

A pré-análise é a etapa de preparação dos dados a serem analisados, incluindo a

escolha dos objetos para análise e a formulação de hipóteses e objetivos. Na etapa

de exploração do material ocorre a categorização dos elementos através de

sistemas de codificação, permitindo uma representação que possibilite a

interpretação e comparação dos dados coletados. Por fim tem-se a etapa de

tratamento dos dados, onde as informações contidas nas categorias são destacadas

para análise (BARDIN, 2011).

O conteúdo da Avon será analisado a partir de uma publicação na página da marca

no Facebook de 28 de junho de 2016, o vídeo “#SintaNaPele”. A análise será

direcionada aos comentários desta postagem de forma a observar as reações do

público. Para isso será realizada a análise de sentimento, que avalia cada

comentário como positivo, negativo ou neutro, permitindo categorizar as diferentes

percepções do público nesses três grupos.

A análise de sentimento é um método que pode ser realizado de forma automática,

através de ferramentas como a já citada DT+Seekr, e de forma manual ou

Page 16: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

15

semiautomatizada, onde a mensagem é classificada por uma pessoa. Apesar da

análise automática oferecer rapidez ao lidar com muitos dados, a análise manual é

mais precisa na classificação dos sentimentos, possibilitando considerar elementos

como contexto, sarcasmo e regionalismos (SALUSTIANO, 2016).

Salustiano (2016) apresenta diferentes classificações para a análise de sentimento.

Esta pesquisa utilizará duas: a por polaridade de sentimentos, modo que divide as

publicações em polos positivo, neutro e negativo, e é a mais indicada para análises

diárias e gestão de crises; e por elemento e aspecto, que trata cada elemento

separadamente e os agrupa em categorias, indicado para o aprofundamento sobre o

público, de modo a identificar e categorizar as diferentes formas de reação do

público para a publicação da Avon no Facebook.

Inicialmente seria utilizado nesta pesquisa a ferramenta online DT+Seekr, que

oferece um plano gratuito para testes. Entretanto, em novembro de 2016 esse plano

passou por uma limitação, oferecendo apenas 250 ocorrências no lugar das 500 que

eram disponibilizadas antes. No caso desta pesquisa, as ocorrências são os

comentários da publicação na página da Avon no Facebook. Em um teste inicial de

uso da ferramenta, ao limitar as ocorrências para 28/06/2016, data de lançamento

do vídeo, os registros disponíveis eram apenas de comentários publicados nas

últimas horas do dia. Essa amostra não se mostrou relevante para a análise, por

isso optamos por seguir o método semiautomatizado de análise de sentimento.

A ferramenta online Crazy Comment Export (www.liechtenecker.at/en/crazy-

comment-export) foi a escolhida para exportar os comentários da publicação em

uma planilha Excel. Esta ferramenta permite a captura de até 1.000 comentários,

incluindo quatro informações: o nome do usuário; endereço online de seu perfil no

Facebook; número de likes do comentário; e a data e hora de sua publicação. Em

adição a planilha gerada pela ferramenta criamos colunas para executar a análise de

sentimento – a coluna “Polaridade”, para registrar se o comentário é positivo, neutro

ou negativo; a coluna “Elemento”, para especificar o tipo do comentário, de acordo

com categorias criadas para esta pesquisa e que serão detalhadas no capítulo de

análise; e “Usuário”, para identificar o sexo do usuário (APÊNCIE A). Após a leitura

de cada comentário, o mesmo foi classificado quanto a sua polaridade e agrupado

dentro de um elemento específico.

Page 17: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

16

Para a classificação de sexo foi considerado o nome do usuário e, quando

considerado necessário, pelo acesso ao seu perfil no Facebook. Essa classificação

apresenta limitações de caráter subjetivo do autor, sem ter uma resposta direta com

os usuários. Por exemplo, usuários identificados como drag queens foram

classificados como sexo masculino. Essa classificação foi realizada, porém, para se

ter uma ideia do público atingido.

Apesar de não especificado no site da ferramenta, observamos que foram

capturados os primeiros 1.000 comentários da publicação, publicados entre o

período de 28/06 e 25/08/2016. Não foram registrados os threads de discussão - as

respostas para cada comentário, que incluem as do próprio perfil da Avon. Por isso,

em adição a análise de sentimento realizada com os comentários capturados,

destacamos também alguns desdobramentos de comentários retirados da própria

página da publicação no Facebook, para exemplificar cada elemento definido e

assim detalhar as reações do público e sua interação com a marca.

A construção dos elementos se deu com uma análise prévia dos comentários, de

acordo com a etapa de pré-análise do método de análise de conteúdo de Bardin

(2011). Nessa etapa houve a leitura de 500 dos 1.000 comentários capturados. A

partir da identificação prévia desses elementos, a análise de sentimentos foi

realizada no software Microsoft Office Excel.

Também será destacado a identificação dos termos comuns encontrados na

amostra, que permite outro modo de compreender a resposta do público da Avon,

através das palavras e expressões utilizadas. Esses termos foram identificados ao

longo da análise de sentimento, anotados e depois quantificados através do atalho

"Ctrl + L", que no software Excel permite encontrar palavras pesquisadas,

informando o número de ocorrências em todo o documento. Termos similares foram

agrupados em um único de maior ocorrência.

Page 18: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

17

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO

4.1 A AVON

A Avon Products Inc. é uma empresa que atua no setor de venda direta de artigos

de beleza como maquiagem, fragrâncias, produtos para cabelo e cuidados da pele,

além de itens para decoração, moda, utilidades domésticas entre outros. Presente

em mais de 70 países, foi fundada em 1886 nos Estados Unidos e atua desde 1958

no Brasil, possuindo fábrica em São Paulo e centros de distribuição em São Paulo,

Ceará e Bahia (AVON, 2017a).

Em março de 2016, a Avon América do Norte, que compreende os Estados Unidos,

Canadá e Porto Rico foi transformada em uma nova empresa que opera com o

nome New Avon LLC. O Brasil é o mercado de maior destaque da Avon, por

representar sozinho mais de 10% da receita total da empresa no mundo (Tabela 1).

TABELA 1 – RESULTADO FINANCEIRO DA AVON

Receita total (em bilhões de dólares)

2016 2015 2014

Brasil 1.220,4 1.252,6 1.909,3

Outros países 4.497,3 4.907,9 5.738,7

TOTAL 5.717,7 6.160,5 7.648,0

Fonte: Avon (2017b)

Ocupou a 12ª posição entre as maiores companhias de beleza em 2016, segundo

pesquisa da Beauty Packaging Magazine, que inclui apenas a receita de cosméticos,

fragrâncias e itens de cuidado pessoal (MATUSOW, COSGROVE, 2016). Atua como

empresa de venda direta, cujo canal de comercialização é composto por

revendedores, consultores autônomos que se afiliam à empresa para comercializar

seus produtos diretamente com os consumidores.

Para 2016, a empresa considerou como uma de suas ações estratégicas a presença

em plataformas digitais, o que continuou sendo uma prioridade da empresa em

2017. Esse investimento pretende intensificar a comunicação com seus

representantes e consumidores pelo alcance em mídias sociais (AVON, 2017b).

Page 19: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

18

No mesmo ano a Avon integrou em todos os mercados em que atua o

posicionamento “Beleza que faz sentido” (Beauty for a purpose, em inglês), apoiado

no propósito de empoderar as mulheres através da oportunidade de atingirem

independência econômica com produtos de qualidade e valor agregado (AVON,

2017b). Através da organização não governamental Instituto Avon, a marca atua

também no apoio ao combate ao câncer de mama e a violência doméstica.

4.2 NOVO POSICIONAMENTO DE MARKETING DA AVON

A procura pelo início desse novo marketing da Avon, com a representação de

minorias de gênero nos leva até outubro de 2015, com o vídeo “#EuUsoAssim:

Outubro Rosa estrelando Mel Candy”. Nele, a artista trans Mel Candy mostra dicas

de maquiagem no mês da campanha Outubro Rosa, movimento mundial em defesa

da conscientização da luta contra o câncer de mama.

O vídeo foi recebido em geral de forma positiva pelo público no Facebook, com

elogios a escolha de uma mulher trans no vídeo. Nos comentários, a Avon usa

termos como “mudança”, “representatividade” e “empoderamento” para dar indícios

de uma nova orientação de marketing (AVON, 2015).

Candy Mel retornou para mais um vídeo publicado em 4 de março de 2016, da

mesma campanha “#EuUsoAssim”. A empresa utilizou os termos “empoderamento”

e “visibilidade”, onde afirmou ainda que esse movimento passou a ter uma presença

mais forte nas campanhas da marca a partir de 2015 (AVON, 2016a).

A Avon lançou mais vídeos com essa representação de minorias de gênero, assim

como de raça e sexualidade. Em 2016 algumas dessas campanhas foram a

“#OQueTeDefine”, contendo a participação das artistas negras Lay, Karol Conka e

MC Carol; o vídeo “#EuMeAtraio” com representação de androginia e sexualidade;

“#DonaDessaBeleza”, com diversas representações de gênero; e em junho de 2017,

publicou o vídeo “#EAiTaPronta?”, com a participação de drag queens como Pabllo

Vittar e Gloria Groove, a dupla Rap Plus Size entre outras personalidades LGBTQ.

Estes vídeos trazem a divulgação de produtos específicos da marca, que divide

espaço com esse novo posicionamento da Avon. Todos os vídeos utilizam de

aspectos visuais e linguísticos que expressam essa mudança.

Page 20: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

19

O foco desta pesquisa está no vídeo da campanha “#SintaNaPele”, publicado em 28

de junho de 2016, onde até seu acesso em 13/06/2017 contabilizava

aproximadamente 16 milhões de visualizações no Facebook. O vídeo tem a

participação de artistas como Liniker, artista que apresenta uma identidade de

gênero fluida, que alterna entre o masculino e o feminino; as vocalistas da banda As

Bahias e a Cozinha Mineira, Assucena e Raquel Virgínia, mulheres trans; Jessica

Taune, youtuber do ‘Canal das Bee’; a cantora Tássia Reis e outros. Logo abaixo

destacamos algumas imagens retiradas do vídeo (Figura 1).

Figura 1 - Imagens do vídeo “#SintaNaPele”

Fonte: AVON (2016b).

A Avon publicou o vídeo no Facebook com a seguinte descrição: “Eu me orgulho, tu

te orgulhas, ele se orgulha, nós nos orgulhamos, vós vos orgulhais, TODES se

orgulham”. Já na página da campanha no site da marca (AVON, 2016c),

Page 21: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

20

A pele é a tela e a maquiagem um instrumento da arte. Criar e se reinventar

com as cores é para todo mundo, sem gênero, sem idade, sem raça, sem

data de validade. Faz sentido, não faz? A maquiagem não deve ser

camuflagem, deve ser escolha, empoderamento. E antes de dizer, apenas

sentir. Um movimento que nos coloca no lugar do outro, nos chama para a

empatia. #SintaNaPele a Beleza Que Faz Sentido na prática. Vem! Novo

BB Cream Matte Avon Color Trend para você, para TODES!

O posicionamento presente na campanha é declarado logo na descrição do vídeo,

que apresenta o termo inclusivo “todes”, utilizado de maneira a não distinguir

feminino e masculino (todas e todos). O texto no site da Avon é ainda mais direto,

chegando a declarar que o uso de maquiagens não tem discrição de gênero nem

idade. Os artistas da campanha rompem com o padrão cultural e midiático do

feminino e masculino, e evidenciam o caráter performativo do gênero proposto por

Butler (2016), onde através de gestos e atuações expressam qualidades que não

seguem o padrão inteligível do gênero. Quando um homem “performa” com

características femininas, seja pelo uso de maquiagem, esmalte ou a forma de

dançar, ou somente pela presença de mulheres trans e pessoas de gênero fluido,

vemos uma resistência ao condicionamento do gênero ao sexo biológico.

Considerando a presença desse grupo algo não comum em campanhas publicitárias

de produtos de beleza, esse vídeo acaba representando um modo de ir contra os

padrões culturais através de exemplos – no caso, de gêneros – que existem em

sociedade, sendo que a publicidade não cria tais representações, mas sim reproduz

tendências, valores e comportamentos já construídos (KELLNER, 1995).

Seguindo para a leitura prévia de alguns comentários na publicação, observamos

um apoio pelo posicionamento da empresa quanto a diversidade de representações

de gênero presente no vídeo, porém foi também encontramos uma rejeição, não só

de pessoas que aparentam uma aversão à diversidade de gênero representada,

mas também de outras que não acreditam no posicionamento pela empresa.

A análise que virá a seguir tem como objetivo analisar esses comentários para

compreender como o público reagiu ao conteúdo de identidade de gênero presente.

Page 22: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

21

4.3 ANÁLISE DE SENTIMENTO POR POLARIDADE E ELEMENTOS

Para analisar as reações do público ao vídeo publicitário e seu conteúdo, é preciso

nos direcionar às interações do mesmo no ambiente analisado, o site de rede social

Facebook. Como vimos anteriormente, as interações disponíveis nessa rede sociais

são os comentários, compartilhamentos e o botão “curtir”.

O vídeo #SintaNaPele teve mais de 36 mil compartilhamentos, número bem

expressivo e maior do que a quantidade total de comentários (16 mil). Isso traz o

conteúdo para a conta do usuário, deixando-o disponível para seus contatos da rede

social, o que Recuero (2014b) considera principalmente como uma propagação

positiva do conteúdo.

Já o recurso “reagir” teve mais de 255 mil ocorrências, sendo o modo mais utilizado

de interação pelos usuários que assistiram ao vídeo. As ocorrências estão

representadas na tabela abaixo.

Tabela 2 - Reações através do botão “curtir” do Facebook

Reação

Quantidade

%

Curtir – interação simples com a publicação, em geral sinalizando sua aprovação.

216.000 85,00

Amei – expressa uma reação significativamente mais positiva sobre a publicação.

33.000 13,00

Surpreso – demonstra uma reação de surpresa ou admiração do usuário com o conteúdo.

3.300 1,30

Engraçado – reação animada com o conteúdo.

1.400 0,50

Raiva – reprovação do conteúdo, expressando indignação, raiva ou outros sentimentos negativos.

407 0,15

Triste – expressão de tristeza com o conteúdo.

181 0,05

TOTAL

255.000

100,00

Fonte: Avon (2016b) Elaborado pelo autor (2017).

Page 23: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

22

Dessas ocorrências, 85% dos usuários “curtiram” o vídeo, indicando apoio ao

conteúdo. A próxima reação mais expressiva foi “amei”, com cerca de 13% das

ocorrências, sendo uma reação positiva muito mais expressiva. Em seguida foram

as reações “surpreso”, “engraçado”, “raiva” e “triste”, sem tantas ocorrências. A

reação “raiva” talvez seja a única considerada totalmente negativa, porém a mesma

teve apenas 407 ocorrências, menos de 1% do total. Lembrando que esse recurso

representa uma interação contida dos usuários com o conteúdo, sem participar de

possíveis discussões e sem especificar suas opiniões (RECUERO, 2014b).

Recuero (2014b) considera os comentários como as interações mais significativas,

contendo um engajamento maior do usuário com o conteúdo. Por isso mostram-se

mais relevantes para análise, desenvolvida através da análise de sentimento, em

polaridade e por elementos. A análise de polaridade classifica os comentários em

positivo, neutro e negativo, ou “Aprovação do posicionamento de identidade de

gênero”, “Indiferença sobre o posicionamento de identidade de gênero” e

“Reprovação do posicionamento de identidade de gênero”, respectivamente.

Já a análise de elementos forma subcategorias para os comentários, identificando o

modo como os usuários se expressaram para assim ter uma visão mais ampla e

detalhada da reação do público da Avon para a campanha #SintaNaPele. Assim,

quando os resultados foram positivos ou negativos, usamos tags criadas para

identificar em qual elemento cada comentário se encaixa (APÊNDICE A). Para a

aprovação da mensagem utilizamos as tags “+MENSAGEM”, “+VALORIZAÇÃO”,

“+PROPAGAÇÃO” e “+RESSALVAS”, representando respectivamente os elementos:

a) Mensagem simples e positiva para a marca: abrange comentários de apoio à

campanha sem entrar em detalhes com uma opinião sobre o posicionamento;

b) Valorização do posicionamento: para aqueles que apoiam o posicionamento

expressando reconhecimento e apreciação;

c) Propagação da mensagem de forma positiva: quando mencionam em seus

comentários outros usuários para compartilhar o vídeo de forma positiva,

aumentando o alcance da campanha; e

Page 24: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

23

d) Ressalvas na aprovação do posicionamento: quando elogiam e/ou aprovam o

posicionamento, porém questionam sobre as políticas da empresa com

relação a minorias de gênero.

Os mesmos elementos foram espelhados para representar as reações negativas.

Assim temos as tags “-MENSAGEM”, “-DESVALORIZAÇÃO”, “-PROPAGAÇÃO” e “-

RESSALVAS”, que representam respectivamente “Mensagem simples e negativa

para a marca”; “Desvalorização do posicionamento”; “Propagação da mensagem de

forma negativa”; e “Ressalvas na reprovação do posicionamento”. Em geral

representam o oposto das reações positivas, porém vale destacar que o elemento

“Desvalorização do posicionamento” abrange o público que não acredita nesse

posicionamento por haver um interesse econômico da marca.

Para as reações neutras foi criado o único elemento “Comentários que não tem

relação com o posicionamento”, indicado pela tag “NEUTRO”, para usuários que não

demonstram reações positivas nem negativas para a mensagem presente no vídeo.

A amostra coletada pela ferramenta escolhida possui 1.000 comentários registrados

na publicação da página da Avon no Facebook, compreendendo o período de 28 de

junho a 25 de agosto de 2016. A maior parte das reações do público ocorreu na

primeira semana da publicação, principalmente nos três primeiros dias com números

de comentários entre 180 e 205, os únicos com mais de 100 ocorrências. As

reações continuaram nas semanas seguintes, permanecendo na faixa de 25 a 55

comentários de 01 até 11 de julho, a partir daí diminuindo para uma faixa de 1 a 15

comentários. Observa-se que após 29 de julho o próximo comentário foi publicado

quase um mês depois, em 25 de agosto, onde observamos o caráter de

permanência do conteúdo na internet explicado por Torres (2009).

O Gráfico 1 apresenta o número de comentários por data, relembrando que a

amostra quantitativa analisada contém apenas os comentários originais, ou seja, não

inclui possíveis réplicas de outros usuários.

Page 25: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

24

Gráfico 1 – Número de comentários por data

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Destes comentários a maior parte foi publicada por usuários do sexo feminino,

representando quase 70% da amostra (Gráfico 2). Lembramos que uma tendência

do marketing é atingir aos públicos jovem, feminino e ativo na internet, considerando

sua influência no consumo e o interesse em sua rentabilidade atual ou futura

(KOTLER; SETIAWAN; KARTAJAYA, 2017). Pelo menos dois grupos desse público

foram atingidos pela campanha, demostrando como essa nova orientação de

marketing da Avon está de acordo com as tendências do marketing, visando a um

público que pode oferecer retornos positivos para a empresa.

Gráfico 2 – Sexo dos usuários da amostra

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

No Gráfico 3 temos a análise de sentimentos por polaridade, onde quase 80% dos

comentários demonstram reações positivas sobre o vídeo publicitário publicado pela

marca. Já as reações neutras e negativas tiveram um número semelhante, com a

prevalência do primeiro: 10,5% reações neutras contra 9,9% de reações negativas.

0

50

100

150

200

250

Número de comentários

698

302Feminino

Masculino

Page 26: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

25

Gráfico 3 – Análise de sentimento por polaridade

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

A análise por elementos detalha as diferentes formas de reações do público para

aprovar ou reprovar a campanha de marketing analisada. Abaixo demonstramos a

frequência de cada elemento através das tags criadas (Gráfico 4) e com o nome de

cada categoria e o número de ocorrências (Tabela 3).

Gráfico 4 – Análise de sentimento por elementos (tags)

Fonte – Elaborado pelo autor (2017).

796

105 990

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

Positivo Neutro Negativo

me

ro d

e c

om

en

tári

os

Polaridade do sentimento

41,8%

24,7%

11,4%1,7% 10,5% 6,8% 2,7% 0,4% 0,0%

Page 27: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

26

TABELA 3 - ANÁLISE DE SENTIMENTO DOS COMENTÁRIOS POR ELEMENTOS

Categorias Elementos Número de

Comentários %

Aprovação do posicionamento de identidade de gênero

Mensagem simples e positiva para a marca

418 41,8%

Valorização do posicionamento

247 24,7%

Propagação da mensagem de forma positiva

114 11,4%

Ressalvas na aprovação do posicionamento

17

1,7%

TOTAL DE APROVAÇÃO

796

79,6%

Indiferença do posicionamento de identidade de gênero

Comentários que não tem relação com o posicionamento da campanha

105 10,5%

Reprovação do posicionamento de identidade de gênero

Mensagem simples e negativa para a marca

68 6,8%

Desvalorização do posicionamento

27 2,7%

Propagação da mensagem de forma negativa

4 0,4%

Ressalvas na reprovação do posicionamento

0

0,0%

TOTAL DE REPROVAÇÃO

99

9,9%

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

As categorias com maior número de ocorrências são: “Mensagem simples e positiva

para a marca” (41,7%); “Valorização do posicionamento“ (24,7%); “Propagação da

mensagem de forma positiva“ (11,4%); "Comentários que não tem relação com o

posicionamento” (10,5%); e “Mensagem simples e negativa para a marca“ (6,8%). As

três primeiras compreendem reações positivas, onde observamos que o modo mais

utilizado pelo público para apoiar o posicionamento da campanha foi através de

mensagens simples e positivas. Entretanto o número de comentários que valorizam

o posicionamento de forma mais enfática também se mostra significativo, havendo

Page 28: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

27

uma indicação de correspondência entre o conteúdo e o público atingido, que

apresentou certa comoção ao tema.

Pela propagação da mensagem de forma positiva temos muitos usuários que

desejaram compartilhar o vídeo para outros contatos de sua rede social,

representando a característica de compartilhamento das mídias sociais digitais. A

mesma propagação de forma negativa se mostrou muito menos representativa, com

apenas 0,4% de ocorrências, o que mostra que o compartilhamento com fins de

criticá-la não representou um comportamento típico dos usuário que rejeitaram o

posicionamento presente no vídeo. Destes usuários prevaleceu os comentários com

mensagens simples e negativas e a desvalorização do posicionamento (2,7%).

Em relação aos comentários com ressalvas, a amostra contou apenas com

ocorrências de observações para aprovação da campanha (1,7%), que ainda assim

representam reações positivas. Não houve reação negativa contra o posicionamento

mas com ressalvas, sendo este a única categoria sem ocorrências. Os comentários

sem relação alguma com o posicionamento de identidade de gênero foram

numerosos (10,5%), superando toda a soma de reações negativas (9,9%).

Detalhar estas categorias auxilia na compreensão dos modos de reação do público

para a campanha. Destacaremos alguns comentários presentes na amostra,

incluindo seus desdobramentos a partir de respostas de outros usuários ou do

próprio perfil d Avon no Facebook. Essas respostas, que formam discussões

iniciadas a partir de um comentário específico, não estão inclusas na análise

quantitativa das reações pois não foram capturadas pela ferramenta utilizada.

4.3.1 Aprovação da mensagem de visibilidade de minorias de gênero

4.3.1.1 Mensagem simples e positiva para a marca

Com 41,8% das ocorrências, se mostrou a reação mais frequente para o vídeo. Por

simples e positivo consideramos mensagens de elogio à campanha sem especificar

o sentimento ou valor atribuído ao posicionamento do vídeo.

Page 29: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

28

Figura 2 - Mensagem simples e positiva para a marca

Fonte: Avon (2016b).

A figura acima destaca comentários representativos desta categoria. Em geral

utilizam termos como “parabéns” e expressões e gírias comuns do público LGBT

como “lacrar”, que significa atingir destaque e sucesso com uma ação, e “close

certo”, para uma atitude considerada correta sobre assuntos principalmente do meio

LGBT, como a respeito de identidade de gênero.

Vemos que este elemento ainda representa aprovação ao conteúdo, tendo uma

assimilação de valores do público com a campanha, mesmo através de uma simples

parabenização mas também pelo uso de expressões que pertencem ao público

LGBTQ, que é um segmento alvo dessa campanha. Assim, logo na categoria de

maior frequência da amostra já encontramos um compartilhamento de valores entre

empresa e público, considerado essencial por Kotler, Setiawan e Kartajaya (2017).

Nos comentários selecionados acima vemos a interação com a própria Avon através

de seu perfil na rede social, que em suas respostas utiliza das mesmas expressões

e falas do seu público e reforça seu posicionamento, afirmando ser contra o

preconceito de gênero e a favor do respeito. Observamos também parte da

interação com outros usuários através de respostas e principalmente de maneira

mais reservada através do botão “curtir”, que sinaliza aprovação ao que foi

enunciado, no caso uma amplificação aos elogios à empresa e a campanha. Essas

interações se repetem nos comentários de outras categorias.

Page 30: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

29

4.3.1.2 Valorização do posicionamento

Consideramos aqui os comentários que expressaram de forma mais explícita o

reconhecimento do posicionamento da campanha, considerando-as importantes,

necessárias e até mesmo exemplos para outras marcas.

Esses usuários consideram a presença de uma representatividade e visibilidade de

gênero no vídeo, estando assim de acordo com a proposta da empresa. Tal

representatividade chega a ser vista como um ponto de partida para que sejam

promovidas discussões sobre identidades de gênero e para que ocorram mudanças

de inclusão desse público. Dessa forma, um vídeo publicitário é reconhecido pelo

público como um acontecimento de impacto social, do mesmo modo que Kellner

(2001) considera como mídia que pode representar minorias e questões sociais.

Entre as interações exemplificadas na Figura 3, novamente temos respostas do

perfil da Avon reforçando o posicionamento presente na campanha. Vemos ainda

uma discussão sobre o entendimento de maquiagem reforçar ou não um estereótipo

do gênero feminino, pois a mesma tem a função de exaltar a “feminilidade” da

mulher. O fato de existir uma feminilidade já ocasiona uma opressão para as

mulheres, pois assim como dito por Butler (2016) isso significa que se espera delas

certos comportamentos culturalmente aceitáveis, entre eles o de sempre estar

maquiada, arrumada e ser exemplo de beleza.

Essa discussão se iniciou com um usuário, onde podemos observar o próprio

estímulo ao debate de gênero promovido pelo vídeo, valorizado pelo mesmo

usuário. As críticas não foram dirigidas à campanha nem à Avon, porém, ao criticar a

maquiagem como instrumento de opressão de gênero, representa uma crítica à

Avon como empresa de cosméticos e ao vídeo que traz uma visibilidade de gênero

ao mesmo tempo que reproduz a feminilidade imposta pela sociedade e,

consequentemente, sua opressão. Na categoria “Desvalorização do

posicionamento”, que será apresentada mais adiante, observamos essa mesma

crítica expressa por outro usuário, dessa vez diretamente à Avon.

Page 31: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

30

Figura 3 - Valorização do posicionamento

Fonte: Avon (2016b).

4.3.1.3 Propagação da mensagem de forma positiva

São comentários positivos sobre a marca e a campanha que, apesar de públicos,

são direcionados à usuários específicos através da opção disponível no Facebook

de “marcar” o perfil de uma pessoa para que a mesma visualiza determinada

publicação ou comentário.

Com 11,4% das ocorrências, alguns comentários desta categoria se encaixariam

nas duas anteriores, seja “Mensagem simples” ou “Valorização do posicionamento”.

Page 32: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

31

Elas foram isoladas para destacar a característica de compartilhamento que é

comum nas mídias sociais, além de demonstrar essa iniciativa dos usuários em

divulgar publicações para seus contatos, algo vantajoso para a empresa que neste

caso tem o aumento do alcance de sua campanha e posicionamento de forma

positiva, conseguindo atingir um grande público por um baixo custo, o que Torres

(2009) considera como uma vantagem do marketing digital.

Figura 4 - Propagação da mensagem de forma positiva

Fonte: Avon (2016b).

4.3.1.4 Ressalvas na aprovação do posicionamento

Algumas reações positivas sobre a campanha expressaram uma reserva à

aprovação ao questionar sobre às políticas internas da Avon quanto a identidade de

gênero. Ainda que aprovem e até mesmo valorizem à campanha, seu interesse vai

além da representatividade de gênero na publicidade, exigindo informações sobre a

inclusão e o ambiente de trabalho para esse público.

Remetendo às novas tendências do marketing de Kotler, Setiawan e Kartajaya

(2010), as empresas se conectam com os consumidores através de valores que

precisam ser reconhecidos pelos mesmos. É preciso ter uma assimilação do público

com os valores e uma confiança de que as declarações da empresa são sinceras.

Com as ressalvas presentes nesta categoria observamos esta característica, pois

estes usuários acreditam que o posicionamento de identidade de gênero não deve

ser apenas através de um vídeo publicitário, mas estar presente em ações internas e

externas da empresa.

Page 33: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

32

Figura 5 - Ressalvas na aprovação do posicionamento

Fonte: Avon (2016b).

Com apenas 17 comentários, logo representando 1,7% de todas as ocorrências,

esta é a menor das categorias de reações positivas e a única delas que apresenta

uma frequência menor que reações negativas e neutra. Da mesma forma as

interações entre usuários mostraram-se bem inferior às outras categorias, mesmo na

forma mais reservada com o uso do botão “curtir”. Entre as respostas publicadas

temos o apoio sobre o questionamento à Avon, porém não encontramos respostas

da marca para estes comentários.

Podemos inferir pela baixa frequência desta categoria que a preocupação com

políticas internas da empresa sobre inclusão e diversidade de gênero não

representa uma grande parcela do público atingido pela campanha, indicando que a

visibilidade em ações de marketing já é um grande avanço para esse grupo social,

inclusive pelo fato dos comentários que contêm tal questionamento ainda

Page 34: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

33

representarem reações positivas. Entretanto, a ausência de respostas da Avon

merece destaque, visto que o perfil da marca esteve muito presente durante a

repercussão do vídeo publicado, respondendo muitos outros tipos de comentários

como pode ser visto nas outras categorias identificadas.

Encontramos alguns questionamentos sobre ações da Avon para o público LGBTQ

que vão além do marketing, como o ambiente de trabalho, políticas de inclusão de

pessoas trans, e direitos e benefícios trabalhistas para cônjuges. São detalhes que

fazem parte dos 10 Compromissos do Fórum de Empresas e Direitos LGBT, da qual

a Avon é signatária. A falta de respostas da Avon para tais perguntas nos faz

questionar até onde vai o apoio da empresa com esse público que ela tenta atingir

com seu novo direcionamento em campanhas publicitárias.

Outro comentário diz respeito sobre o grupo LGBTQ ser bem aceito na moda, um

espaço onde encontram uma receptividade maior para se expressar, por exemplo,

através da performatividade de gênero com que se identificam. Essa realidade não é

a mesma em outros meios, justificando o questionamento sobre a empregabilidade

desse público pela Avon. Além disso, critica-se também o fato da campanha

“#SintaNaPele” não ter sido divulgada na capa revista da empresa, estando o

posicionamento de identidade de gênero restrito às mídias sociais, enquanto a

revista segue com modelos aparentemente dentro dos padrões femininos de beleza,

sem a representatividade defendida pela marca.

A utilização de canais segmentados para a marca se posicionar sobre identidade de

gênero é criticada por seguir a mesma receptividade que se tem dentro do espaço

da moda. A divulgação exclusiva em mídias sociais acaba trazendo um

posicionamento “cômodo”, devido as características do público atingido ser

principalmente jovem e talvez mais compreensivo, e não levando essa

representação para outras mídias com outros públicos. Entretanto, considerando a

segmentação do marketing, é compreensível que a empresa escolha trabalhar de

diferentes formas seus canais de comunicação, devendo considerar como seus

públicos aprovam essas diferenciações. Os resultados encontrados até aqui indicam

que a Avon tem recebido essa aprovação do público atingido.

Page 35: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

34

4.3.2 Indiferença sobre a mensagem de visibilidade de minorias de gênero

São as reações neutras à campanha, representadas pela categoria “Comentários

que não tem relação com o posicionamento da campanha”. Com 10,5% das

ocorrências e maior que toda a soma de reações negativas, são comentários que

não abordam o conteúdo de identidade de gênero presente no vídeo, sendo

principalmente dúvidas sobre o produto divulgado, mas também pedidos e

reclamações sobre outros produtos da Avon e comentários diversos.

A interação destes comentários é quase exclusiva entre o usuário e a marca, isso

porque as mensagens são questionamentos direcionados à empresa, que se

mostrou de prontidão para responder as dúvidas, sendo essa uma das

características mais exigidas pelos consumidores das empresas nas mídias sociais,

de acordo com Gunelius (2012): uma via de comunicação simples e eficaz para

solucionar dúvidas e problemas relacionados a seus produtos e serviços.

Figura 6 - Indiferença sobre a mensagem de visibilidade de minorias gênero

Fonte: Avon (2016b).

Page 36: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

35

4.3.3 Reprovação da mensagem de visibilidade de minorias de gênero

4.3.3.1 Mensagem simples e negativa para a marca

Categoria de maior frequência entre as reações negativas (6,8%), assim como

“Mensagem simples e positiva para a marca” é a com maior ocorrência dentre as

positivas. Foram considerados aqui todos os comentários que não concordam com a

representatividade de gênero presente na campanha, por diferentes motivos. A

figura abaixo destaca alguns deles.

Figura 7 - Mensagem simples e negativa para a marca

Fonte: Avon (2016b).

Dentre os exemplos acima vemos que algumas reprovações da campanha se deram

pelas identidades de gênero representadas e a ausência de outras, quando um

usuário comentou que “mulher que não é feminina também quebra os padrões”. Aqui

há mais uma crítica ao uso da maquiagem representar um modo de opressão de

gênero, pois o relacionam com o que deve ser feminino, portanto as representações

Page 37: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

36

do vídeo não estariam rompendo com o que Butler (2016) considera gênero

inteligível, mas sim reforçando esse padrão cultural de feminilidade. Assim, as

performatividades de gênero presentes no vídeo ainda reforçam o estereótipo

feminino de “se maquiar para ficar linda”, podendo ser visto tanto como um avanço

para esse público quanto “parte do problema”. Devemos considerar, entretanto, que

o emissor da campanha é afinal uma marca de cosméticos, e que é de seu interesse

utilizar vídeos publicitários para promover sua linha de produtos.

Houve também reclamações sobre as tonalidades do produto disponíveis não

abrangerem todas as peles negras, ao contrário do que é representado no vídeo,

como os comentários “Embora a Tassia Reis esteja na propaganda, não tem base

para essa cor” e “Nem sei como maquiaram o Liniker”, denunciando participações na

campanha de pessoas negras que não são atendidas pelo produto divulgado.

O último dos três comentários destacados exemplifica um caso de comentário

preconceituoso que ofende o público LGBTQ, comparando-o à aspectos negativos e

até criminosos. O usuário confunde gênero e sexualidade ao considerar que as

identidades de gênero representadas no vídeo expressam a sexualidade. Essa

confusão não é de exclusividade deste ou de outros usuários com essa opinião de

intolerância, mas sim comum em sociedade, seja por falta de compreensão ou por

acreditar na relação causal entre sexo biológico, gênero e desejo, refutada por Butler

(2016). Esse é mais um motivo da importância de se discutir e esclarecer este tema.

Em geral estes comentários não apresentaram muita repercussão, pois não

desenvolveram discussões nem muitas interações como o uso do botão “curtir”, que

sozinho já sinalizaria apoio à crítica publicada. Em toda a categoria também não

identificamos respostas da Avon, mostrando um distanciamento da empresa para

estas críticas. Não observamos casos de trolling, comentários que utilizam de humor

ofensivo que poderiam ter sido direcionados aos modelos presentes no vídeo ou ao

público atingido. Como descrito por Recuero (2013), muitas vezes são carregados

de preconceito com objetivo de ridicularizar o outro. Por serem comuns em meios

digitais como o Facebook e para conteúdo e público LGBTQ, a sua ausência na

amostra é uma indicação de sucesso quanto à audiência atingida pela Avon.

Page 38: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

37

4.3.3.2 Desvalorização do posicionamento

São reações que não acreditam nesse posicionamento por uma empresa como a

Avon, enxergando apenas interesses capitalistas no mesmo. Ao contrário da

categoria “Ressalvas na aprovação do posicionamento” (1,7%), onde agrupamos os

usuários que aprovaram a campanha, porém solicitaram mais informações da Avon

sobre as políticas da empresa sobre inclusão de gênero (solicitações que não foram

respondidas), esta categoria inclui aqueles que não aprovam o posicionamento pois

não enxergam essas políticas, julgando-as inexistentes.

Foram 2,7% das ocorrências, mostrando que dentre o público que se importa com

as políticas internas da empresa para as minorias de gênero e sexualidade, ainda

que por pouca diferença, a maior parte imediatamente reprovou o posicionamento

da empresa. São pessoas que não acreditam nesses valores da empresa e julgam

esse posicionamento na publicidade como exploração. Essa confiança é necessária

para o sucesso de uma empresa, pois se o público alvo não confiar em suas ações,

não irá se tornar um consumidor (KOTLER; SETIAWAN; KARTAJAYA, 2017).

A Figura 8 apresenta um exemplo de comentário com desvalorização do

posicionamento, destacando a grande repercussão do mesmo. Dentre os

comentários analisados, os presentes nesta categoria apresentam um alto grau de

interação, levando a discussões entre usuários que apoiam ou discordam da opinião

expressada no comentário principal. A própria Avon respondeu ao comentário

admitindo o interesse em promover seu produto, que foi a crítica em questão, porém

reforçando seu posicionamento ao afirmar que além de interesse de mercado há sim

uma luta pela representatividade e inclusão destas minorias.

O comentário destacado critica o fato das minorias de gênero serem usadas pela

Avon para protagonizar um vídeo publicitário e atingir a esse público como

consumidor, onde para isso a marca se apropria da causa ao dizer que quer

empoderar e dar visibilidade a esse público. Essa crítica e as discussões que se

seguiram trazem o questionamento sobre a relação entre organização e minorias, e

até onde a apropriação e representação da causa social por uma empresa é

vantajosa para o grupo. Na imagem vemos que a discussão entre os usuários que

continuou por dias após a publicação originou, se posicionando a favor ou contra à

Page 39: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

38

crítica exposta. Observando as respostas e “curtidas” do comentário exemplificado

na figura abaixo, vemos que a maioria das interações foram contra essa

desvalorização e a crítica, apoiando as respostas em defesa ao posicionamento da

Avon.

Figura 8 – Desvalorização do posicionamento

Fonte: Avon (2016b).

Page 40: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

39

4.3.3.3 Propagação da mensagem de forma negativa

Esta categoria representa os comentários que compartilhavam com seus contatos

no Facebook a campanha da Avon com intuito de criticá-la. Enquanto a propagação

de forma positiva teve uma participação de 11,4% na amostra, a propagação

negativa teve apenas 0,4%. Na Figura 9 podemos observar dois destes comentários.

Figura 9 – Propagação da mensagem de forma negativa

Fonte: Avon (2016b).

Em ambos os casos a crítica compartilhada é direcionada a aspectos distintos do

posicionamento de identidade de gênero. Um usuário acusa a Avon de não registrar

funcionárias e não oferecer garantias de trabalho, enquanto outro usuário usa os

termos “empoderação” e “lacração” de forma irônica, deixando implícito uma outra

questão envolvendo a Avon de conhecimento dele e do seu contato, sem entrar em

detalhes. Neste caso, a resposta do usuário “marcado” não segue a crítica original,

inclusive elogiando a campanha, reconhecendo a pluralidade de gênero na mesma.

O uso das expressões do meio LGBTQ de forma irônica destacado junto com o

comentário “usando a ‘geração lacre’ para vender" indicam uma visão de que a

empresa está se aproveitando desse público para promover seus produtos. São

exemplos de usuários que não confiam nesse posicionamento pela empresa, e que

denunciam políticas de gestão de pessoas insatisfatórias.

4.3.3.4 Ressalvas na reprovação do posicionamento

Essa categoria foi criada a partir do espelhamento das categorias identificadas para

as reações positivas, porém durante a análise não encontramos nenhuma

Page 41: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

40

ocorrência que indicasse ressalvas na reprovação do posicionamento. No polo

negativo, esta categoria indicaria os comentários que reprovam o posicionamento,

mas por algum motivo se interessariam pelas políticas de inclusão da empresa.

4.4 TERMOS COMUNS IDENTIFICADOS

A leitura da amostra de 1.000 comentários da publicação no Facebook permitiu,

além de categorizar as reações, identificar termos comuns expressos pelos usuários.

TABELA 4 - TERMOS MAIS COMENTADOS

Termo

Número de ocorrências

Avon

707

Parabéns

336

Campanha

331

Amo 294

<3

145

Produto

90

Orgulho

71

Representatividade

67

Marca

67

Respeito

65

Preconceito

63

Lacre 54

Gênero

35

Diversidade

35

Ana Paula Valadão

32

LGBT

31

Close

30

Fonte: Elaborado pelo autor (2017).

Page 42: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

41

O termo mais frequente foi justamente o nome da marca Avon, com 707 ocorrências.

Algum dos resultados seguintes foram “Parabéns” (336), “Amo” (294) e “<3” (145),

que é a representação de um coração, além de “Orgulho” (71), todos expressando

reações positivas para o posicionamento presente na campanha. Frequentes

também foram expressões típicas do público LGBT (termo que também está

presente na lista, com 31 ocorrências) como “Lacre” (54) e “Close” (30), já

mencionados anteriormente nesta pesquisa.

O nome “Ana Paula Valadão” (32) refere-se a uma artista evangélica, que na época

do lançamento da campanha possuía uma linha de bijuterias com a Avon e esteve

em meio a uma polêmica ao solicitar boicote à empresa C&A, após a divulgação de

uma campanha da loja para sua linha de roupas sem distinção de gênero. A

presença de seu nome na amostra em análise representa principalmente

comentários cômicos sobre a expectativa de mais uma campanha de boicote feita

pela mesma, o que não ocorreu.

Vemos ainda a presença de termos como “Representatividade” (67), “Respeito” (65),

“Preconceito” (63), “Gênero” (35), “Diversidade” (35) e “LGBT” (31), que são usadas

nas campanhas e interações nas mídias sociais da Avon desde 2015, como vimos

anteriormente. Isso mostra que há uma assimilação desses sentidos na campanha

da Avon, sendo um modo de indicar como o público enxerga esses valores no vídeo,

logo confiando na mensagem veiculada e no posicionamento de identidade de

gênero da marca (KOTLER; SETIAWAN; KARTAJAYA, 2017).

Diante do fato da identidade de gênero ser ainda um assunto de grande

complexidade e de grande oposição na sociedade, a presença desses termos são

muito importantes pois reconhecem o posicionamento presente no vídeo,

valorizando a abordagem dessas questões no marketing e confirmando o aspecto da

publicidade defendido por Keller (1995) de ir além da simples promoção de um

produto, atingindo ao público de uma maneira muito mais complexa ao compartilhar

opiniões, estilos de vida e valores que os mesmos anseiam para além das

publicações em redes sociais.

Page 43: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

42

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa foi desenvolvida de modo a investigar as reações do público no

Facebook para um vídeo publicado pela empresa Avon com conteúdo de identidade

de gênero, para verificar como essas campanhas publicitárias com declarações

sobre empoderamento e representatividade de gênero são aceitos pelo seu público

alvo, inclusive se há conflitos no reconhecimento desse posicionamento atrelado à

interesses comerciais, já que são vídeos que promovem produtos da marca.

A opção por seguir com a análise no ambiente digital através do site de rede social

Facebook se mostrou adequada visto que o objeto de estudo foi divulgado

exclusivamente em mídias digitais, sendo este o canal de maior repercussão do

vídeo. A análise realizada envolve um dos aspectos do marketing nas mídias sociais

que é o acompanhamento da repercussão da campanha, monitorando as reações

do público que podem nortear ações imediatas, como as interações nas redes

sociais, assim como ações futuras envolvendo a criação e compartilhamento de

novas campanhas publicitárias.

O estudo das interações é comum no ambiente das redes sociais, possibilitado

nesta pesquisa através da permanência dos dados online, sendo que o vídeo da

campanha “#SintaNaPele” foi publicado há um ano da análise. Essa característica

se mostra oportuna para a análise de diferentes manifestações na internet.

Entretanto, para uma empresa ou administrador de uma página em redes sociais,

esse monitoramento deve ser feito em tempo real ou em um curto período de tempo

da publicação, pois os consumidores exigem interações rápidas. No caso da Avon,

observamos como a empresa prioriza o contato com seu público no Facebook,

respondendo rapidamente comentários relacionados ao vídeo e ao produto

divulgado, além de críticas e questionamentos sobre outros produtos da marca.

As interações analisadas foram os comentários da publicação, que representam um

envolvimento maior dos usuários com o conteúdo onde podem expressar sua

opinião de apoio ou reprovação. A análise de conteúdo possibilitou a identificação de

categorias que diferenciam as reações ao vídeo, indicando sua relação com o

posicionamento de identidade de gênero presente.

Page 44: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

43

Constatamos que as reações mais relevantes foram para aprovação do

posicionamento de visibilidade de gênero presente no vídeo, através de mensagens

simples para a Avon, principalmente parabenizando a empresa e utilizando

expressões comuns do público LGBT e outros termos para elogiar o vídeo, mas

também pela valorização do posicionamento, incluindo comentários que expressam

de forma mais clara o apoio pela representação no vídeo, com o uso de termos

utilizados pela própria marca em suas campanhas, como “orgulho”,

“representatividade”, “respeito” e “preconceito”.

Dessa forma podemos considerar que há uma grande aprovação do vídeo e seu

conteúdo de identidade de gênero, tendo grande repercussão e impulsionando seu

público a interagir sobre o tema. De acordo com estas categorias e a identificação

dos termos mais comentados, observamos uma identificação do público com a

campanha, que reconheceu a mensagem como forma de representatividade de

gênero. Significa dizer que a maioria do público confia nesse posicionamento pela

Avon como um valor autêntico da empresa.

Por isso consideramos que o posicionamento de identidade de gênero através de

ações de marketing é possível, visto a repercussão majoritariamente positiva à

campanha. Isso observando aspectos específicos que envolvem a Avon, uma marca

cujo principais produtos são de beleza e atendem ao público LGBTQ, portando um

segmento oportuno de ser trabalhado. As campanhas publicitárias mostram-se

assim um canal apropriado para atingir a esse público, que se mostrou muito

receptivo a essa representação.

Apesar disso, tiveram casos de ressalvas na aprovação do posicionamento,

representados por comentários que apoiam o conteúdo do vídeo mas questionam as

políticas internas e inclusivas de minorias de gênero. Justamente pela já citada forte

presença da Avon nas mídias sociais, que é inclusive um objetivo estratégico atual

da marca em nível mundial, destacamos a ausência de respostas para estas críticas

ou pedidos de informações sobre as políticas internas da empresa para funcionários

LGBTQ. Isso nos leva ao questionamento sobre a existência e a qualidade das

ações da marca para esse público que vão além da comunicação e marketing, que

não foi divulgado nem discutido pela empresa durante a repercussão da campanha.

Page 45: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

44

Observamos poucas ocorrências para questionamentos e críticas desse tipo,

mostrando que pelo menos para o público alvo da Avon essa não representa uma

questão prioritária ou um critério para que a empresa siga atingindo a esse público

através da publicidade, sendo a visibilidade no marketing já vista como uma forma

de representatividade de gênero. Esse fato pode ser prejudicial para a questão

social que envolve as minorias de gênero, pois se esse grupo está satisfeito com a

visibilidade no marketing e a julga suficiente, a empresa pode desconsiderar investir

em políticas inclusivas para essas pessoas, ainda marginalizadas em sociedade.

Ressaltamos que as implicações desta pesquisa possuem limitações. Analisamos

apenas um vídeo publicado pelo Avon em 2016, utilizando uma amostra que não

compreende todas as ocorrências possíveis de análise, porém se mostrou suficiente

devido a repetição de resultados obtidos. As categorias identificadas podem servir

como referência para novos estudos de reações do público para campanhas

publicitárias não só com posicionamento de identidade de gênero, mas também

sobre outros assuntos, porém não podem ser tidas como absolutas. Novas análises

podem tanto confirmar quanto alterar as categorias identificadas, encontrando outros

modos de reações do público.

Assim há uma variedade de sugestões para pesquisas futuras. Como identificado

pela pesquisa, a preocupação por políticas internas da Avon para minorias de

gênero não se mostrou tão recorrente, porém ela existe e pode ser investigada,

principalmente considerando a ausência de esclarecimentos da empresa para esses

questionamentos. Visto ainda que muitas empresas brasileiras e multinacionais de

diferentes segmentos de mercado tem se posicionado a favor da diversidade de

gênero em campanhas publicitárias, publicadas principalmente em mídias sociais,

sugerimos a replicação da metodologia utilizada para analisar as reações dos

públicos destas empresas, no Facebook ou ainda em outros sites de redes sociais.

Outras abordagens podem ainda ser consideradas para incentivar o estudo das

relações entre empresa, público e o posicionamento de identidade de gênero.

Page 46: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

45

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AVON. 2015. Disponível em:

<https://www.facebook.com/avonbr/videos/10153486281981195/>. Acesso em: 13

jun. 2017.

______. 2016a. Disponível em:

<https://www.facebook.com/avonbr/videos/10153762086536195/>. Acesso em: 13

jun. 2016.

______. 2016b. Disponível em:

<https://www.facebook.com/avonbr/videos/10154045296966195/>. Acesso em: 13

jun. 2017.

______. 2016c. Disponível em: <http://www.avon.com.br/bb-cream-efeito-matte>.

Acesso em: 13 jun. 2017.

______. 2017a. Disponível em: <http://www.avon.com.br>. Acesso em: 1 maio 2017.

______. Annual report 2016. Londres, 2017b. Disponível em:

<investor.avoncompany.com/>. Acesso em: 1 maio 2017.

BAUMAN, Z. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi. Rio de Janeiro: Zahar,

2005.

BARDIN, Lawrence. Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Edições 70, 2011.

BOYD, D. M.; ELLISON, N.B. Social network sites: definition, history, and

scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication, v. 13, n. 1, p 210-

230, 2007.

BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 12. ed.

Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2016.

______. Critically queer. GLQ: a journal of lesbian and gay studies, v. 1, p. 17-32,

1993.

Page 47: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

46

CINTRA, F. C. Marketing digital: a era da tecnologia on-line. Investigação, v. 10, n.

1, p. 6-12, 2010.

CONSTANTINIDES, E.; FOUNTAIN, S. J. Web 2.0: conceptual foundations and

marketing issues. Journal of Direct and Digital Marketing Practice, v. 9, n. 3, p.

231-244, 2008.

CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto.

3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

ROSSI, M. Muito além do ‘pink money’: o que a militância LGBT quer das empresas.

El País, São Paulo, 18 jun. 2017. Disponível em:

<http://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/16/politica/1497625885_659787.html>.

Acesso em: 19 jun. 2017.

FACEBOOK. 2016. Disponível em <https://www.facebook.com/business/news/102-

milhes-de-brasileiros-compartilham-seus-momentos-no-facebook-todos-os-meses>.

Acesso em: 01 maio 2017.

______. 2017. Disponível em <https://newsroom.fb.com/company-info/>. Acesso em:

01 maio 2017.

FÓRUM DE EMPRESAS E DIREITOS LGBT. 10 Compromissos. Disponível em:

<http://www.forumempresaslgbt.com/10-compromissos/>. Data de acesso: 19 jun.

2017.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

GUNELIUS, S. Marketing nas mídias sociais em 30 minutos: manual prático para

divulgar seus negócios pela internet de modo rápido e gratuito. São Paulo: Cultrix,

2012.

KELLNER, D. A cultura da mídia - estudos culturais: identidade e política entre o

moderno e o pós-moderno. Bauru: EDUSC, 2001.

______. Lendo imagens criticamente: em direção a uma pedagogia pósmoderna. In:

SILVA, Tomaz Tadeu da (Org.). Alienígenas na sala de aula: uma introdução aos

estudos culturais em educação. Petrópolis: Vozes, 1995. p. 104-131.

Page 48: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

47

KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo:

Pearson, 2012.

KOTLER, P.; SETIAWAN, I.; KARTAJAYA, H. Marketing 3.0: as forças que estão

definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

______. Marketing 4.0: moving from traditional to digital. New Jersey: John Wiley &

Sons, 2017.

LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-

estruturalista. 15. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.

MALHOTRA, N. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto

Alegre: Bookman, 2006.

MATUSOW, J.; COSGROVE, J. Top 20 companies. Beauty Packaging Magazine,

02 nov. 2016. Disponível em:

<http://www.beautypackaging.com/heaps/view/2941>. Acesso em: 6 jun. 2017.

MOZZATO, A. R.; GRZYBOVSKI, D. Análise de conteúdo como técnica de análise

de dados qualitativos no campo da administração: potencial e desafios. Revista de

Administração Contemporânea, v. 15, n. 4, p. 731-747, jul./ago. 2011.

NASCIMENTO, A.M.; LUFT, M.C.M.S. Relacionamento com organizações nas redes

sociais virtuais: um olhar sobre comportamento do usuário brasileiro no Facebook.

Revista Eletrônica de Gestão Organizacional, v. 13, n. 3, p. 432-444, 2015.

O'REILLY, T.; BATTELLE, J. Web squared: web 2.0 five years on. O'Reilly Media,

2009.

PRIMO, A. O aspecto relacional das interações na web 2.0. Revista E-Compós, v.

9, p. 1-21, 2007.

RECUERO, R. Redes sociais na internet. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2014a.

______. Curtir, compartilhar, comentar: trabalho de face, conversação e redes

sociais no Facebook. Verso e Reverso, v. 28, n. 68, p. 114-124, maio/ago. 2014b.

Page 49: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

48

______. Atos de ameaça a face e a conversação em redes sociais na internet. In:

PRIMO, Alex (Org.). Interações em Rede. Porto Alegre: Sulina, 2013. p. 51-70.

SALUSTIANO, S. Análise de Sentimento. In: SILVA, Tarcízio; STABILE, Max (Orgs.).

Monitoramento e pesquisa em mídias sociais: metodologias, aplicações e

inovações. São Paulo: Uva Limão, 2016. p. 29-52

SCOTT, J. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade.

v. 20, n. 2, 1995. p. 71-99

SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA –

SECOM. Pesquisa brasileira de mídia 2015: hábitos de consumo de mídia pela

população brasileira. Brasília, 2014.

______. Pesquisa brasileira de mídia 2016: hábitos de consumo de mídia pela

população brasileira. Brasília, 2016.

SILVA, T.; S., T. B. P. Controvérsias em torno dos “casais” de O Boticário: o

acontecimento e a afetação dos público. Verso e Reverso, vol. 30, n. 73, p. 58-69,

jan./abr. 2016.

SOUZA, E. M. Fazendo e desfazendo gênero: a abordagem pósestruturalista sobre

gênero. In: CARRIERI, A. P.; TEIXEIRA, J. C.; NASCIMENTO, M. C. (Org.). Gênero

e trabalho: perspectivas, possibilidades e desafios no campo dos estudos

organizacionais. Salvador: EDUFBA, 2016. p. 23-55.

TORRES, C. A bíblia do marketing digital: tudo o que você queria saber sobre

marketing e publicidade na internet e não tinha a quem perguntar. São Paulo:

Novatec Editora, 2009.

TSAI, W-H S. How Minority Consumers Use Targeted Advertising as Pathways to

Self-Empowerment. Journal of Advertising, v. 40, n 3, p. 85-97, 2011.

ZANDAVALLE, A. C. O mercado de inteligência de mídias sociais. In: SILVA,

Tarcízio; STABILE, Max (Orgs.). Monitoramento e pesquisa em mídias sociais:

metodologias, aplicações e inovações. São Paulo: Uva Limão, 2016. p. 11-28

Page 50: IDENTIDADE DE GÊNERO EM VÍDEOS PUBLICITÁRIOS DA … · 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... segmentos mais influentes da era digital, composto por jovens, mulheres e netizens ... Veremos

49

APÊNDICE – Ferramenta de análise de sentimento