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Identificação Criminal No Brasil

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Identificação Criminal No Brasil

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  • DGJUR DIJUR / DGCOM DIPUC / Edio n 08 2014

    REVISTA

    A IDENTIFICAOCRIMINAL NO BRASIL Da Pr-Histria ao DNA

    Desembargador Luciano Silva BarretoAdvogado Fernando Lcio Esteves de Magalhes

  • PRESIDENTE Desembargadora Leila Mariano CORREGEDOR-GERAL DA JUSTIA Desembargador Valmir de Oliveira Silva 1 VICE-PRESIDENTE Desembargador Jos Carlos de Figueiredo2 VICE-PRESIDENTE Desembargador Sergio Lucio de Oliveira e Cruz 3 VICE-PRESIDENTE Desembargadora Nilza Bitar COMISSO DE JURISPRUDNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Desembargador Cherubin Helcias Schwartz Junior Presidente Desembargadora Maria Sandra Rocha Kayat Direito Desembargador Andr Emlio Ribeiro Von Melentovytch Desembargador Ronald dos Santos Valladares Desembargador Joaquim Domingos de Almeida Neto Juiz Alvaro Henrique Teixeira de Almeida Juiz Paulo Cesar Vieira de Carvalho Filho Juza Maria Isabel Paes Gonalves Juza Daniela Brando Ferreira Juiz Joo Luiz Amorim Franco Juiz Marcius da Costa Ferreira Juza Denise Nicoll Simes Juiz Jos de Arimatia Beserra Macedo Juza Ane Cristine Scheele SantosDIRETORIA-GERAL DE APOIO AOS RGOS JURISDICIONAIS (DGJUR) Carlos Henrique Mendes Gralato DIVISO DE GESTO DE ACERVOS JURISPRUDENCIAIS (DIJUR) Mnica Tayah Goldemberg EQUIPE DE JURISPRUDNCIA Djenane S. Fontes Ligia Iglesias Ricardo Vieira LimaVera L. Barbosa

    COLABORACO:DIRETORIA-GERAL DE COMUNICAO INSTITUCIONAL (DGCOM) Luzia Cristina Ventura Giffoni DEPARTAMENTO DE COMUNICAO INSTITUCIONAL

    DIVISO DE PUBLICIDADE E DIVULGAO INSTITUCIONAL (DIPUC)Norma MassaSERVIO DE COMUNICAO PBLICAShirley Lima S. BrazWanderlei Lemos

    O processo de identificao individual sempre foi uma das grandes preocupaes da humanidade. A par da identificao civil dos cidados, a identificao criminal dos autores de atos ilcitos, bem como a classi-ficao de seus modos de atuao, constituem um ins-trumento de grande valia para a elucidao dos delitos.

    Em sua 8 edio, a Revista Jurdica aborda, justamente, por intermdio de um minucioso artigo escrito pelo Desembargador Luciano Silva Barreto e pelo advogado Fernando Lcio Esteves de Magalhes, o tema da identificao criminal no Brasil.

    Inicialmente, os autores analisam a matria, sob o ponto de vista da cincia da antropologia forense, o que os leva a estabelecer as diferenas entre identi-dade, identificao e reconhecimento. Em seguida, realizam um esboo histrico do assunto em questo e discorrem sobre as quatro espcies de identificao criminal: o retrato falado, a identificao fotogrfica, a datiloscopia e o exame de DNA.

    Ressaltam, ainda, que, atualmente, os mtodos tradicionais de identificao, associados a inovaes tecnolgicas, possibilitam processos de reconhecimento cada vez mais cleres e precisos. Exemplo disso foi o advento da Lei n 12.654/2012, que trouxe a previso de coleta de perfil gentico como forma de identifica-o criminal, que, regulamentada, instituiu o Banco Nacional de Perfis Genticos.

    Ao final do artigo, foram inseridos, pela equipe da Diviso de Acervos Jurisprudenciais, diversos jul-gados dos Tribunais Superiores, do TJERJ e de alguns Tribunais da Federao sobre o tema.

    Cherubin Helcias Schwartz JuniorPresidente da Comisso de Jurisprudncia

    Maro/2014

    EDITORIAL SUMRIOI. Introduo ................................................................................................................5II. Esboo Histrico ......................................................................................................8III. O Sistema Brasileiro................................................................................................18IV. Concluso...............................................................................................................27

    IDENTIFICAO FOTOGRFICASuperior Tribunal de Justia........................................................................................30Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro........................................................32Tribunal de Justia do Distrito Federal.......................................................................38Tribunal de Justia do Estado do Esprito Santo........................................................43Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul.................................................44Tribunal de Justia do Estado de Santa Catarina.......................................................48Tribunal de Justia do Estado de So Paulo...............................................................50

    RETRATO FALADOSuperior Tribunal de Justia........................................................................................53Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro........................................................53Tribunal de Justia do Distrito Federal.......................................................................58Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul.................................................60Tribunal de Justia do Estado de Santa Catarina.......................................................64Tribunal de Justia do Estado de So Paulo...............................................................65

    IDENTIFICAO DATILOSCPICASuperior Tribunal de Justia........................................................................................66Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro........................................................66Tribunal de Justia do Distrito Federal.......................................................................68Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul.................................................68Tribunal de Justia do Estado de Santa Catarina.......................................................68Tribunal de Justia do Estado de So Paulo...............................................................72

    EXAME DE DNASupremo Tribunal Federal...........................................................................................74Superior Tribunal de Justia........................................................................................77Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro........................................................79Tribunal de Justia do Distrito Federal.......................................................................86Tribunal de Justia do Estado do Esprito Santo........................................................92Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul...............................................100Tribunal de Justia do Estado de Santa Catarina.....................................................104Tribunal de Justia do Estado de So Paulo.............................................................109

  • Revista JuRdica edio n 8 5

    DesembargaDor Luciano siLva barretoaDvogaDo FernanDo Lcio esteves De magaLhes

    A ocorrncia de uma infrao penal suscita a necessidade de o Estado exercer o seu jus persequendi, identificando o pos-svel autor do fato definido como delituoso, haja vista o carter personalssimo da pena, a qual no pode ultrapassar os limites do infrator. Assim que a legislao processual penal brasileira impe autoridade policial o dever de proceder identificao criminal do suposto delinquente, como se observa pela norma contida no artigo 6, inciso VIII, do Cdigo de Processo Penal1.

    Cumpre ressaltar que a providncia prevista no dispositivo legal susomencionado tem a finalidade de reunio de dados de identificao acerca de pessoas que j tenham sido investigadas no mbito penal. Entretanto, existe tambm a identificao civil, que objetiva manter registros acerca de todos os cidados, indis-tintamente, conforme dispe o artigo 2 da Lei n 12.037/2009, que exige a apresentao de alguns documentos, como, por exemplo, carteiras de identidade, de trabalho, passaporte, etc. J a identificao criminal possui quatro espcies, quais sejam,

    1 CPP, art. 6: Logo que tiver conhecimento da prtica da infrao penal, a autoridade policial dever: (...) VIII - ordenar a identificao do indiciado pelo processo datiloscpico, se possvel, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes.

    IntroduoI.

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    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    faz distinta das demais por apresentar um elenco de elementos positivos e perenes, e identidade subjetiva, consistente na sensao que cada indivduo tem de si, i.e., a cons-cincia de sua prpria identidade.

    Identificao, a seu turno, o conjunto de tcnicas, mtodos e sistemas pelos quais se obtm a identidade de algum. a determinao da individualidade de algum, nas palavras do autor susomencionado.

    Esta tambm comporta subdiviso em mdico-legal, se dividindo em fsica (consis-tente em raa, sexo, idade, dentes, entre outras), em funcional (que abrange mmica, gestos, voz e outras funes sensoriais), em psquica (que inclui personalidade, inteli-gncia, temperamento), e, por fim, em policial (que independe de conhecimentos m-dicos).

    Reconhecimento tambm processo de identificao; todavia, sem tcnica de base cientfica: apenas se utiliza da comparao emprica.

    Cumpre ressaltar que, tanto o reconhecimento quanto a identificao, consistem em demonstrar-se que determinado corpo humano que se apresenta naquele momento o que j havia se apresentado anteriormente, como, por exemplo, os autos de reconhe-cimento cadavrico, de pessoas e de coisas previstos na legislao processual penal. Na identificao, ao contrrio do reconhecimento, h utilizao da base tcnico-cientfica.

    luz dos objetivos deste trabalho, passa-se, agora, ao estudo da identificao criminal.

    a identificao fotogrfica, o retrato falado, a identificao datiloscpica e a coleta de material biolgico para a obteno do perfil gentico, esta ltima acrescentada pela Lei n 12.654/2012.

    Nesse diapaso, para dar amplo sentido s normas acima, o Direito deve se socorrer de outras cincias, em um intercmbio de informaes que permitam chegar elucida-o dos fatos, em especial da antropologia, que a cincia que estuda o ser humano, a sua origem e evoluo, no somente em seu aspecto fsico, mas tambm nos aspectos social e cultural.

    Na subdiviso dessa cincia, surge a antropologia forense, que a parte da antro-pologia geral que interessa medicina legal, especificamente em duas modalidades: a identificao policial e a identificao mdico-legal.

    Nesse contexto, imperioso estabelecer as diferenas entre identidade, identificao e reconhecimento.

    Identidade o conjunto de caracteres prprios e exclusivos de uma pessoa, isto , os elementos que permitem afirmar ser uma pessoa ela prpria e no outra. So, portanto, elementos individuais, positivos e estveis, originrios ou adquiridos, prprios de cada indivduo, que permitem a caracterizao individual. Apresenta grande importncia no foro civil e criminal, por ser passvel de falsificao, e assim que est tipificado o delito de falsa identidade no artigo 307 do Cdigo Penal2.

    Na lio do professor DELTON CROCE: identidade o conjunto de caracteres pr-prios e exclusivos das pessoas, dos animais, das coisas e dos objetos. a soma de sinais, marcas e caracteres positivos ou negativos que, no conjunto, individualizam o ser humano ou uma coisa, distinguindo-os dos demais3.

    A literatura especializada ainda subdivide a identidade em objetiva, na qual se per-mite afirmar tecnicamente que uma determinada pessoa a mesma, ou seja, que a

    2 CP, art. 307: Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito prprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - deteno, de trs meses a um ano, ou multa, se o fato no constitui elemento de crime mais grave..

    3 CROCE, Delton; CROCE JNIOR, Delton. Manual de Medicina Legal. 8 edio. So Paulo: Saraiva, 2012, p. 66.

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    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    Desde a mais remota antiguidade, teve o homem a sua ateno voltada para a identificao, talvez inconscientemente, isto porque o homem pr-histrico marcava os objetos do seu uso, a caverna onde se alojava, etc.

    Entretanto, a necessidade de se identificar os objetos era insufi-ciente, e foi preciso torn-la extensiva ao homem, com o objetivo de identificar aquele que se tornasse indesejvel ou prejudicial coleti-vidade, para que assim fosse reconhecido pelos demais membros do grupo como malfeitor.

    Um sinal era de suma importncia, de modo que se destacasse perfeitamente, e sobre o qual no pairassem dvidas: historicamen-te, a mutilao foi o primeiro processo utilizado para se identificar o criminoso. A referida medida dependia do crime cometido e das leis do pas que a adotava, e consistia na amputao de algum mem-bro ou parte do corpo. Nesse contexto, comeou o homem a fixar a identidade dos seus semelhantes com os recursos de que dispunha.

    O professor FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO, ao prelecionar acerca da identificao ao longo da histria, descreve a aplicao do processo do ferrete, in verbis:

    Esboo Histrico

    Na Frana, por exemplo, os condenados gal levavam, gravadas com ferro em brasa, as letras GAL; outros criminosos levavam, gravada com ferro em brasa, uma flor de lis. O Foral de Lourinh, confirmado por D. Afonso II, em 1218, dizia: O que furtar na casa, no campo, ou na eira, seja logo pela primeira vez marcado na testa com ferro quente; pela segunda ponham-lhe um sinal; pela terceira, enforquem-no. Mes-mo no Brasil, no segundo quartel do sculo XVIII, havia disposio no sentido de que a todos os negros que forem achados em quilombos, estando neles voluntariamente, se lhes ponha uma marca em uma es-pdua com a letra F, que, para este efeito, haver nas Cmaras e se, quando se for a executar esta pena, for achado j com a mesma marca, ser lhe cortar uma orelha, tudo por simples mandado do Juiz [...]4.

    O procedimento susodescrito tambm era denominado como estigma, uma marca identificadora, pois quando se aplicava a stigmata ao corpo humano, denotava-se sinal de vergonha pblica, apropriado para desertores. Os criminosos eram assim marcados como castigo, e os escravos sofriam esta penalidade se fugissem, depois de apanhados, e sugerem os historiadores que as letras que se empregavam como ferrete nas suas mos ou no rosto eram FUG para fugitivus, ou FUR para ladro.

    Contudo, era imperioso um sistema mais civilizado de identificao criminal e, nessa ordem de ideias, veio lume a tatuagem ou o sistema cromodrmico, proposto pelo filsofo ingls Jeremy Bentham, cuja proposta inicial era que fossem tatuadas, na poro interna do antebrao, letras para identificar civilmente, e nmeros para a iden-tificao criminal, procedimento este adotado no sculo XIX, em que ex-presidirios americanos e desertores do exrcito britnico eram identificados por tatuagens e, mais tarde, os internados em prises siberianas e em campos de concentrao nazistas, estes, notadamente, identificados por uma sequncia de nmeros no antebrao esquerdo.

    Posteriormente, utilizou-se a fotografia. Contudo, a grande dificuldade do mtodo fotogrfico estava na existncia de ssias e no grande nmero de lbuns, bem como na inexistncia de um sistema prtico e seguro que possibilitasse o arquivamento e a pesquisa das fotos.

    4 TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. Vol. 1. 34 ed. So Paulo: Saraiva, 2012, p. 299.

    II.

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    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    o inqurito, as quais no se submeteram ao crivo do contraditrio, sen-do imprprias para, por si s, justificar a condenao, resta configurada a apontada nulidade da deciso condenatria, em virtude da indevida ofensa aos princpios da ampla defesa e do devido processo legal. Deve ser anulada a sentena monocrtica, bem como o acrdo confirmatrio da condenao, para que outra deciso seja proferida, com fundamenta-o apta, observando-se o princpio do contraditrio. Ordem concedida, nos termos do voto do Relator.(STJ, 5 Turma, HC 58129-RJ, Rel. Min. Gilson Dipp, DJ 20.11.2006, p. 3480);

    Por outro lado, o retrato falado tambm um recurso muito utilizado na investi-gao policial para encontrar suspeitos de crimes, nas situaes em que no existem muitas informaes sobre essa pessoa. Seu emprego restrito aos casos em que tes-temunhas ou vtimas puderam ver o rosto do criminoso, e recebe este nome por ser confeccionado a partir de informaes fornecidas por uma testemunha ou vtima que visualizou uma pessoa que precisa ser reconhecida ou encontrada, cuja identificao se desconhece. Inicialmente realizado por meio de desenhos, atualmente foi substitudo por modernos programas de computador.

    Importante destacar que o retrato falado no est disciplinado no CPP, e no se trata de uma prova pautada por certeza e rigor cientfico. No mais das vezes, serve para esta-belecer um juzo de suspeita, adequado ao encaminhamento de investigaes tenden-tes a identificar a autoria de um delito. Trata-se, portanto, de prova precria. Para que se preste a um juzo de certeza, como se exige para um decreto condenatrio, necessrio que receba fomento de outras provas.

    Outrossim, importante dizer que a qualidade de um retrato falado depender, em muito, do estado emocional de quem est fornecendo os dados, uma vez que essa pessoa normalmente vtima ou testemunha do fato que a abalou, mormente nos crimes sexuais, o que, no raro, leva a equvocos decorrentes das falsas memrias, isto , quando a testemunha ou vtima tem falsas lembranas de um evento que nunca ocorreu, ou supostas caractersticas fsicas de um suspeito, na feliz expresso do jurista AURY LOPES JR.5.

    5 LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal e sua conformidade constitucional. 9 ed. So Paulo: Saraiva, 2012, p. 695.

    O artigo 155 do Cdigo de Processo Penal, com a redao que lhe conferiu a Lei n 11.690/2008, prev,in verbis:Art. 155. O juiz formar sua convico pela livre aprecia-o da prova produzida em contraditrio judicial, no podendo fundamentar sua de-ciso exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigao, ressalvadas as provas cautelares, no repetveis e antecipadas.

    Nesta esteira, a jurisprudncia tem entendido que o reconhecimento fotogrfico, embora vlido como elemento de convico, no suficiente, para, de forma isolada, embasar uma sentena condenatria.

    Vale dizer, a demonstrao da autoria exige que o reconhecimento fotogrfico seja corroborado por outras provas, produzidas na fase judicial e sob o crivo do contradit-rio. Neste sentido j se manifestou o STJ:

    1. O reconhecimento do Paciente pela testemunha na fase do inqurito policial por fotografia, alm de no ter sido confirma-do em Juzo, restou isolado dos demais elementos probantes, na medida em que nenhuma outra prova foi apontada pelo Juzo sentenciante ou pelo Tribunal para corroborar a participao do Paciente no delito.2. Ordem concedida para, cassando a sentena e o acrdo impugnados, absolver o Paciente do delito imputa-do, nos termos do art. 386, inciso IV, do Cdigo de Processo Pe-nal.(STJ, 5 Turma, HC 115598 / RJ, Rel. Min. LAURITA VAZ, DJe 31/05/2010);

    As declaraes prestadas pelo ofendido em sede policial e retificadas em Juzo no se prestam para fundamentar a condenao do paciente, sob pena de ofensa ao princpio do contraditrio. As testemunhas ouvidas em Juzo no auxiliaram na revelao da verdade, pois afirmaram no ter presenciado os fatos, apenas sabendo destes pela descrio feita pelos parentes do ofendido ou por este mesmo, tendo em vista tratarem-se, quase todos, de servidores da Secretaria de Segurana Pblica do Rio de Janeiro. A prova produzida em sede policial pode influir na formao do convencimento do Magistrado, mas somente quando amparada nos demais elementos probatrios colhidos na instruo criminal. Prece-dentes. Se a sentena foi lastreada em provas colhidas somente durante

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    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

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    coincidncia lhe avisaram, tambm, que o larpio havia sido preso. Aps examinar as marcas digitais existentes no muro, dirigiu-se Faulds Polcia e pediu para tirar as impresses dos dedos do capturado. Aps compar-las, afirmou categoricamente que o preso no havia sido o autor do furto. Dias mais tarde, prendeu-se o verdadeiro ladro, e suas marcas digitais corres-pondiam s do muro. Tal descoberta foi enviada revista inglesa Nature, e, com base nessas informaes, Francis Galton, na Inglaterra, passou a estudar o fenmeno, mas, sem embargo de muitos anos de trabalho, no conseguiu elaborar logo uma classificao das digitais7.

    A partir da necessidade de simplificao ainda maior do trabalho desenvolvido por seus antecessores, surgiram os estudos de Juan Vucetich Kovacevich, nascido na Iu-goslvia e radicado na Argentina em 1884. Designado para montar um escritrio de identificao antropomtrica em 1891, Vucetich iniciou, desse modo, sua trajetria cientfica, a qual o levaria criao do mtodo de classificao datiloscpica.

    Ainda no mesmo ano, exercendo as funes de encarregado da Oficina de Estatstica da Polcia da Provncia de Buenos Aires, no Departamento Central de La Plata, leu casu-almente um artigo publicado na Revue Cientifique, e logo se convenceu da superioridade do sistema das impresses digitais, descobrindo um processo de identificao que utili-zava as impresses digitais de ambas as mos, ao qual denominou iconofalangometria, decorrente das palavras gregas iknos (sinal), falangos (falange) e metria (medir).

    Mais tarde, em 1894, Vucetich, concordando com a opinio do estatstico e pro-fessor Francisco Latzina, tambm estudioso do assunto, mudou o nome do seu novo processo para datiloscopia - do grego, daktilos (dedos) e skpoein (examinar), vocbulo mais prprio e at mais eufnico.

    Nascia, assim, a datiloscopia, que o resultado de longos e apurados estudos rea-lizados por renomados cientistas, e que culminou com uma descoberta de Vucetich, segundo a qual a natureza proporcionou ao homem, como querendo diferenci-lo dos seus semelhantes, um conjunto variado de desenhos formados pelas linhas dgito-papi-lares, na face interna da falangeta de todos os dedos de ambas as mos, diferentes entre si, dando margem segura para uma perfeita identificao, sem possibilidades de erros

    7 Ibidem, p. 301.

    Na busca de um processo de identificao mais prtico, que proporcionasse absoluta segurana, empenharam-se em incansveis estudos renomados cientistas e estudiosos de questes sociais, medicina legal, antropologia, etc., dentre os quais podemos desta-car GALTON, POTTICHER, FER, BERTILLON e, sobretudo, VUCETICH.

    Nesse contexto, em 1879, Alphonse Bertillon, um criminologista francs nascido em 22 de abril de 1853, em Paris, e falecido em 13 de fevereiro de 1914, criou a antro-pometria, um sistema de identificao humana que consistia na mensurao do corpo humano e de suas partes.

    O mestre TOURINHO FILHO assevera que Bertillon se baseou nos ensinamentos de Quetelet para desenvolver a antropometria:

    [...] Cansado de guardar fotografias (s vezes mal tiradas) dos criminosos e dada a complexidade do retrato falado, lembrou-se Bertillon de que o grande Quetelet afirmara que a probabilidade de duas pessoas possurem a mesma altura era de 1 para 4. Assim, imaginou que, se se tomassem outras medidas do corpo, a proporo seria bem maior e a probabilidade de duas pessoas apresentarem as mesmas dimenses corporais passaria a ser de 1 para 8, para 16, para 32 etc., dependendo do nmero de medidas tomadas. Partindo desse princpio, criou ele a antropometria, processo segundo o qual se deviam tomar certas medidas do corpo do criminoso: altura, dimetro anteroposterior da cabea, dimetro bipariental, di-metro bizigomtico, busto, dedo etc. E, ao lado desses elementos, havia ainda o retrato do criminoso, de frente e de perfil, sempre tirado de uma mesma distncia e com a reduo constante de 1/7 do retrato obtido6.

    O aludido professor, ao mencionar as pesquisas realizadas por Henry Faulds, relata-nos uma interessante passagem da obra de Faulds, que pode ser considerada como o primeiro relato registrado da aplicao da identificao criminal como ferramenta para a resoluo de crimes:

    [...] Certa feita, avisaram ao mdico escocs que um ladro saltara um muro pintado de branco e nele deixara inmeras impresses de dedos. Por

    6 TOURINHO FILHO, op. cit., p. 300.

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    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

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    do comprovar, na poca, que as caractersticas eram determinadas por pares de ele-mentos, herdados de cada um dos genitores, e passavam de uma gerao a outra, sem alteraes. Academicamente, intitularam-se genes os elementos envolvidos na herana, e gentica o estudo da hereditariedade.

    Em meados da dcada de 1980, o cientista Alec Jeffreys sugeriu que todos os indivduos poderiam ser identificados a partir de um padro especfico de seu DNA. Ainda na mesma dcada, sua tcnica foi utilizada oficialmente pela primeira vez na Inglaterra e, desde ento, o DNA forense vem sendo utilizado pela criminalstica e pela medicina legal, como uma poderosa ferramenta na investigao criminal, e no estudo do vnculo gentico.

    A admissibilidade do DNA como prova em cortes penais se deu em 1986, a partir do caso que ficou conhecido nos tribunais internacionais como Caso Leicester, ocorrido em 1985, na Inglaterra. O geneticista Alec Jeffreys coletou e analisou o smen encon-trado em duas vtimas de estupro e assassinato, e concluiu que o material encontrado nas duas vtimas pertencia a um nico agressor. Uma campanha de doao de sangue simulada pelas autoridades possibilitou a identificao e priso do agressor.

    Tambm em 1986 houve a primeira aceitao de identificao por DNA em cor-tes americanas, no caso Florida versus Andrews, em que a anlise foi utilizada para a identificao do agente de 20 (vinte) invases de residncias seguidas de estupro. E a partir de 1987, o FBI e laboratrios de criminalstica de vrios pases passaram a aceitar amostras de materiais biolgicos encontrados em locais de crime como evidncias, e at mesmo como instrumentos de prova.

    O trabalho de investigao policial atual, em especial nos crimes dolosos contra a vida e sexuais, concentra-se em recolher os vestgios genticos colhidos na cena do crime, como sangue, fios de cabelo, smen, etc. O que se pretende com a Lei n 12.652/2012, recolher o material gentico para compar-lo com o armazenado no banco de perfis. Feita a constatao positiva, no significa que a pessoa, independente-mente de outras provas, tenha sido a responsvel pelo crime. uma suspeita permissi-va para a realizao de uma investigao preliminar, sem o contedo de certeza.

    O exame de DNA, no entanto, no se trata de prova irrefutvel acerca da comprova-o da autoria do delito, mas to somente visa a verificar se h correlao entre o sujeito e o crime. Se assim no fosse, estaria a se prescindir da produo das demais provas

    ou dvidas, pois no existe um centmetro quadrado perfeitamente igual entre duas impresses digitais; da a eficincia insofismvel de sua aplicao.

    Assinala-se que a doutrina mdico-legal, baseada nos estudos de Vucetich, o qual prima pela simplicidade do seu mtodo, aponta os seguintes postulados da datilosco-pia, a saber: perenidade, imutabilidade, unicidade, inimitabilidade e praticidade.

    Nesse contexto, a polpa dos dedos, a palma das mos e as plantas dos ps tm linhas e salincias papilares de disposio varivel, que aparecem a partir do sexto ms de vida intrauterina e permanecem durante toda a vida, sendo que o delta a caracters-tica fundamental na classificao de uma impresso digital, e esta possui trs sistemas lineares: o nuclear, o basilar e o marginal. Da unio deles, nasce o delta. A sua presen-a, ou no, estabelece os denominados 04 (quatro) tipos fundamentais do mtodo de Vucetich, representados por letras maisculas para os polegares, e algarismos para os demais dedos, a saber: Verticilo (V-4); Presilha Externa (E-3); Presilha Interna (I-2), e Arco (A-1), formando a palavra VEIA. Com X so anotados os desenhos com cicatrizes ou defeitos, e com 0 (zero), as amputaes.

    Importa asseverar que o dito acima est evidenciado na Bblia Sagrada, no captulo 37, versculo 07, do Livro de J: Ele sela as mos de todo homem, para que conheam todos os homens a sua obra, e, tambm, pela expresso do homem: Ex digito homo (pelo dedo se conhece o homem).

    Na atualidade, mtodos de identificao associados a inovaes tecnolgicas possi-bilitam processos de reconhecimentos cada vez mais cleres e precisos. Todavia, ainda permanece indispensvel a presena do fator humano para a anlise das informaes.

    Nesse contexto, a biometria, que literalmente pode ser considerada como a men-surao da vida, alia a anlise de fatores antropomtricos, como impresses papilares, reconhecimento facial, voz, ris, retina, geometria das mos, venoso, entre outros, a recursos de informtica, com algoritmos especficos, capazes de realizar comparaes em milsimos de segundos.

    Em constante evoluo da identificao, veio a lume o mtodo decorrente do ci-do desoxirribonucleico (DNA), descoberto, inicialmente, por Gregor Mendel, que, em 1866, foi o primeiro cientista a explicar os mecanismos da hereditariedade, conseguin-

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    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

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    riormente, se injeta a amostra de DNA de outra pessoa sobre aquele plasma, de modo que a manipulao ao DNA reste configurada. Com isso, o DNA manipulado pode ser plantado nas cenas de crimes, com-prometendo, portanto, a credibilidade da prova gentica.8

    8 LOPES JR, Aury. DNA fake. Disponvel em: http://infodireito.blogspot.com.br/2013/03/dna-fake.html. Acesso em: 28 ago. 2013.

    idneas previstas em nosso ordenamento jurdico, uma vez que bastaria a realizao das provas tcnicas para formar o convencimento do juiz.

    Nos Estados Unidos, em janeiro de 2008, Howard Dupree Grissom foi preso por roubo, e aps exames de DNA, constatou-se ser ele o autor de um roubo ocorrido em 2001, enquanto um inocente (Dwayne Jackson) cumpria pena em seu lugar h 04 (quatro) anos. O erro ocorreu por troca de material gentico no interior do laboratrio.

    No referido pas, destaca-se o trabalho realizado pela Innocence Project, uma organiza-o americana destinada a inocentar presos por erros atravs de exames de DNA. A ideia surgiu aps o caso Castro, no qual, em 1987, Jos Castro foi condenado por homicdio, com base em exame de DNA e, mais tarde, comprovou-se que a amostra estava degradada.

    Um ano antes, Curtis McCarty condenado morte pelo crime de homicdio, com base em evidncias genticas, mas aps 21 (vinte e um) anos preso no corredor da mor-te, e realizado um novo exame de DNA, inocentado.

    A gentica forense explica que os erros acontecem porque os clculos podem ser erro-neamente executados, mas a exposio do DNA a fatores como luz solar, microrganismos e componentes qumicos tambm pode provocar a degradao da molcula, etc.

    Registre-se a percuciente observao feita pelo professor AURY LOPES JR.:

    Observa-se, no entanto, que o exame de DNA, em que pese receba sig-nificativa credibilidade probatria, no goza de supremacia sobre as demais provas admitidas em nosso ordenamento. Tendo em vista que subsiste a possibilidade de manipulao da prova do DNA (inclui-se aqui a recente descoberta do DNA fake), de equivocada interpretao acerca dela, de falibilidade do resultado (uma vez que a prova se ba-seia em clculos de probabilidade) e de possveis dvidas em relao ao nexo causal, se conclui que no se reputa ser a prova de DNA uma prova irrefutvel. O DNA fake pode ser obtido a partir da utilizao de um simples equipamento laboratorial que centrifuga a amostra de sangue de uma pessoa com o objetivo de se extrair dela apenas o plas-ma (amostra biolgica que no contm fragmentos de DNA). Poste-

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    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    Recentemente, a Lei n 12.654, de 28 de maio de 2012, veio a alterar dispositivos da Lei n 12.037/2009, com a previso da coleta de perfil gentico como forma de identi-ficao criminal, cujo teor da norma infraconstitucional foi regulamentado por inter-mdio do Decreto n 7.950, de 12 de maro de 2013, que instituiu o Banco Nacional de Perfis Genticos e a Rede Integrada de Bancos de Perfis Genticos, os quais, associados ao Sistema Automatizado de Identificao de Impresses Digitais (AFIS), possibilita-ro o armazenamento de informaes biomtricas de indiciados submetidos identi-ficao criminal, ou levantadas em locais de crime.

    De se notar que a utilizao forense da anlise de DNA no Brasil est relacionada ao esclarecimento de vnculo gentico, visto que, em 2001, a Lei n 10.317 acrescentou as despesas com a realizao do exame de cdigo gentico (DNA) que for requisitado pela autoridade judiciria, nas aes de investigao de paternidade ou maternidade, viabilizando a assistncia judiciria aos necessitados.

    A seu turno, em 2009, a Lei n 12.004 estabeleceu a presuno de paternidade no caso de recusa do suposto pai em submeter-se ao exame de DNA em processo investi-gatrio aberto para investigao de paternidade.

    A esparsa doutrina encontrada sobre o tema indaga qual a finalidade dessa coleta e da formao desse banco de dados, pois existem inmeros crimes cuja execuo deixa materiais genticos como vestgios. guisa de exemplos, podemos citar as seguintes hipteses: 1) smen do autor no caso de um estupro; 2) gotas de sangue do agressor na hiptese de um homicdio consumado, em que a vtima tentou se defender; 3) fios de cabelo do agente, no caso de um furto.

    Nas situaes acima, ser possvel a comparao dos vestgios deixados com as in-formaes constantes desse banco de dados, para que se possa descobrir o verdadeiro autor do crime.

    Alguns pontos polmicos j tm sido identificados na nova lei, e, sobre eles, devemos fazer uma breve incurso, expondo, sempre que possvel, nossa modesta opinio: 1) Mes-mo sem que a lei preveja expressamente, seria possvel a coleta do material biolgico do acusado durante o processo penal, uma vez que a norma s permite durante as investiga-es ou aps o trnsito em julgado? Entendemos que no, por se tratar de norma que, por restringir direitos fundamentais do acusado, no pode ser interpretada de forma amplia-

    A Carta de 1988 erigiu a identificao criminal ao patamar de direito e garantia individual, em que o civilmente identificado no poderia ser submetido ao procedimento de identificao, salvo nas hipteses previstas em lei (artigo 5, inciso LVIII, CRFB).

    Destarte, com o advento da Constituio de 1988, tornou-se inaplicvel o contido no verbete n 568 da Smula de Jurisprudncia Dominante do Supremo Tribunal Federal, que dispe: a identifica-o criminal no constitui constrangimento ilegal, ainda que j iden-tificado civilmente.

    A norma constitucional foi inicialmente regulamentada por fora da Lei n 10.054, de 07 de dezembro de 2000, que veio a disciplinar a matria, a qual previu que a identificao criminal seria realizada por meio do processo datiloscpico e fotogrfico, trazendo no seu artigo 3 as hipteses de incidncia.

    Com o intuito de dar novo direcionamento matria, a Lei n 12.037, de 1 de outubro de 2009, revogou expressamente a Lei n 10.054/2000, vindo a regulamentar a matria constitucional.

    O Sistema BrasileiroIII.

  • Revista JuRdica edio n 8 Revista JuRdica edio n 820 21

    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

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    Vale colacionar os seguintes julgados daquela Corte:

    A garantia constitucional do due process of law abrange, em seu contedo material, elementos essenciais sua prpria configurao, dentre os quais avultam, por sua inquestionvel importncia, as se-guintes prerrogativas: (a) direito ao processo (garantia de acesso ao Po-der Judicirio); (b) direito citao e ao conhecimento prvio do teor da acusao; (c) direito a um julgamento pblico e clere, sem dilaes indevidas; (d) direito ao contraditrio e plenitude de defesa (direito autodefesa e defesa tcnica); (e) direito de no ser processado e jul-gado com base em leis ex post facto; (f) direito igualdade entre as partes (paridade de armas e de tratamento processual); (g) direito de no ser investigado, acusado processado ou condenado com fundamento exclusivo em provas revestidas de ilicitude, quer se trate de ilicitude ori-ginria, quer se cuide de ilicitude derivada (RHC 90.376/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 93.050/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO); (h) direito ao benefcio da gratuidade; (i) direito observncia do princpio do juiz natural; (j) direito prova; (l) direito de ser presumido inocente (ADPF 144/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO) e, em conseqncia, de no ser tratado, pelos agentes do Estado, como se culpado fosse, antes do trnsito em julgado de eventual sentena penal condenatria (RTJ 176/805-806, Rel. Min. CELSO DE MELLO); e (m) direito de no se autoincriminar nem de ser constrangido a produzir provas contra si prprio (HC 69.026/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 77.135/SP, Rel. Min. ILMAR GALVO - HC 83.096/RJ, Rel. Min. ELLEN GRACIE - HC 94.016/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). AL-CANCE E CONTEDO DA PRERROGATIVA CONSTITUCIONAL CONTRA A AUTOINCRIMINAO. - A recusa em responder ao in-terrogatrio policial e/ou judicial e a falta de cooperao do indiciado ou do ru com as autoridades que o investigam ou que o processam tra-duzem comportamentos que so inteiramente legitimados pelo princpio constitucional que protege qualquer pessoa contra a autoincriminao, especialmente quando se tratar de pessoa exposta a atos de persecuo penal. O Estado - que no tem o direito de tratar suspeitos, indiciados ou rus, como se culpados fossem, antes do trnsito em julgado de eventu-al sentena penal condenatria (RTJ 176/805-806) - tambm no pode

    tiva. A nosso ver, no curso do processo penal, somente em uma situao seria permitida: quando essa coleta tenha sido requerida pela defesa do ru, para fins de prova de sua inocncia; 2) A coleta feita como providncia automtica, decorrente da condenao, como prevista no pargrafo nico do artigo 5, da Lei n 12.037/2009, e inserido pela Lei n 12.654/2012, inclusive no artigo 9-A, da Lei de Execuo Penal.

    Neste aspecto, caso o investigado ou o condenado se negue a permitir a coleta de material biolgico, qual ser a consequncia para ele? A nosso ver, nenhuma, pois fir-me a jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que toda pessoa tem o direito de no produzir prova contra si mesma. Logo, a nosso ver, o indivduo que se nega a permitir a coleta de material biolgico para se autodefender, exerce um direito garantido constitucionalmente, e, por tal razo, no pode ser responsabilizado criminal ou disciplinarmente por isso.

    Segundo o professor TOURINHO FILHO, o contedo do direito ao silncio consiste em:

    [...] no obrigado a declarar contra si mesmo direito ao silncio , tudo no passa do velho princpio do privilege against self-incrimina-tion, isto , do nemo tenetur se detegere, daquele direito de calar-se, sem que a autoridade possa extrair desse silncio qualquer indcio de cul-pa. Se a Repblica Federativa Brasileira tem como fundamento a dignida-de da pessoa humana (CF, art. 1, III); se ningum obrigado a fazer ou a deixar de fazer alguma coisa, seno em virtude de lei (CF, art. 5, II); se ningum poder ser privado da sua liberdade, sem o devido processo legal (CF, art. 5, LIV); se o ru tem direito ao silncio (CF, art. 5, LXIII); se no h lei que obrigue o ru a falar a verdade, induvidoso que o interrogatrio (melhor seria denomin-lo declarao) meio de defesa e no de prova9.

    Em casos anlogos, o STF, no HC n 77.135/SP, tendo como Relator o Ministro ILMAR GALVO, DJ de 06/11/1998, entendeu que o ru pode se recusar a fornecer padro grfico para exame grafotcnico, cujo resultado possa ser-lhe desfavorvel, e, no HC n 83.069/RJ, tendo como Relatora a Ministra ELLEN GRACIE, DJ de 12/12/2003, decidiu-se que o acusado no obrigado a fornecer padres vocais necessrios prova pericial sobre o timbre de voz, quando assim entender conveniente.

    9 TOURINHO FILHO, op. cit., p. 267.

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    o desprezo estatal pela liberdade do cidado, frustra um direito bsico que assiste a qualquer pessoa: o direito resoluo do litgio, sem dilaes indevidas, em tempo razovel e com todas as garantias reconhecidas pelo ordenamento constitucional. Doutrina. Precedentes. (HC 99289/RS, Re-lator(a): Min. CELSO DE MELLO, julgado em 23/06/09). (grifei)

    1. A Constituio Federal assegura aos presos o direito ao silncio (inciso LXIII do art. 5). Nessa mesma linha de orientao, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Polticos (Pacto de So Jos da Costa Rica) institucionaliza o princpio da no-auto-incriminao (nemo tenetur se detegere). Esse direito subjetivo de no se auto-incriminar constitui uma das mais eminentes formas de densificao da garantia do devido processo penal e do direito presuno de no-culpabilidade (inciso LVII do art. 5 da Constituio Federal). A revelar, primeiro, que o processo penal o espao de atuao apropriada para o rgo de acusao demonstrar por modo robusto a autoria e a materialidade do delito. rgo que no pode se esquivar da incumbncia de fazer da instruo criminal a sua estratgia oportunidade de produzir material probatrio substancialmente slido em termos de comprovao da existncia de fato tpico e ilcito, alm da culpabilidade do acusado. 2. A presuno de no-culpabilidade trata, mais do que de uma garantia, de um direito substantivo. Direito material que tem por contedo a presuno de no-culpabilidade. Esse o bem jurdico substantivamente tutelado pela Constituio; ou seja, a presuno de no-culpabilidade como o prprio contedo de um direito substantivo de matriz constitucional. Logo, o direito presuno de no-culpabilidade situao jurdica ativa ainda mais densa ou de mais forte carga protetiva do que a simples presuno de inocncia. 3. O Supremo Tribunal Federal tem entendido que no se pode relacionar a personalidade do agente (ou toda uma crnica de vida) com a descrio, por esse mesmo agente, dos fatos delitivos que lhe so debitados (HC 102.486, da relatoria da ministra Crmen Lcia; HC 99.446, da relatoria da ministra Ellen Gracie). Por outra volta, no se pode perder de vista o carter individual dos direitos subjetivo-constitucionais em matria penal. E como o indivduo sempre uma realidade nica ou insimilar, irrepetvel mesmo na sua condio de

    constrang-los a produzir provas contra si prprios (RTJ 141/512), em face da clusula que lhes garante, constitucionalmente, a prerro-gativa contra a autoincriminao. Aquele que sofre persecuo penal instaurada pelo Estado tem, dentre outras prerrogativas bsicas, (a) o direito de permanecer em silncio, (b) o direito de no ser compe-lido a produzir elementos de incriminao contra si prprio nem de ser constrangido a apresentar provas que lhe comprometam a defesa e (c) o direito de se recusar a participar, ativa ou passivamente, de procedimentos probatrios que lhe possam afetar a esfera jurdica, tais como a reproduo simulada (reconstituio) do evento delitu-oso e o fornecimento de padres grficos ou de padres vocais para efeito de percia criminal (HC 96.219-MC/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, v.g.). Precedentes. - A invocao da prerrogativa contra a autoincriminao, alm de inteiramente oponvel a qualquer auto-ridade ou agente do Estado, no legitima, por efeito de sua natureza eminentemente constitucional, a adoo de medidas que afetem ou que restrinjam a esfera jurdica daquele contra quem se instaurou a persecutio criminis nem justifica, por igual motivo, a decretao de sua priso cautelar. - O exerccio do direito ao silncio, que se revela insuscetvel de qualquer censura policial e/ou judicial, no pode ser desrespeitado nem desconsiderado pelos rgos e agentes da persecu-o penal, porque a prtica concreta dessa prerrogativa constitucio-nal - alm de no importar em confisso - jamais poder ser interpre-tada em prejuzo da defesa. Precedentes. DIREITO A JULGAMENTO SEM DILAES INDEVIDAS. - O direito ao julgamento sem dilaes indevidas qualifica-se como prerrogativa fundamental que decorre da garantia constitucional do due process of law. - O ru - especialmente aquele que se acha sujeito a medidas cautelares de privao da sua liber-dade - tem direito subjetivo de ser julgado, pelo Poder Judicirio, dentro de prazo razovel, sem demora excessiva nem dilaes indevidas. Con-veno Americana sobre Direitos Humanos (Art. 7, ns. 5 e 6). Doutrina. Jurisprudncia. - O excesso de prazo, quando exclusivamente imputvel ao aparelho judicirio - no derivando, portanto, de qualquer fato pro-crastinatrio causalmente atribuvel ao ru - traduz situao anmala que compromete a efetividade do processo, pois, alm de tornar evidente

  • Revista JuRdica edio n 8 Revista JuRdica edio n 824 25

    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    pois no o magistrado obrigado, se no provocado por fundamentos necessrios, a realizar todo e qualquer tipo de prova para a averiguao da autoria delitiva, como se infere do julgado a seguir colacionado:

    (...). 3. Ademais, inexiste flagrante ilegalidade, pois no h falar em nulidade no feito, em virtude da ausncia do exame de DNA do paciente, eis que a percia no foi requerida pela defesa na ins-truo criminal, no sendo o magistrado obrigado, se no provo-cado por fundamentos necessrios, a realizar todo e qualquer tipo de prova para a averiguao da autoria delitiva, em especial se os elementos carreados aos autos conduzem para a condenao do imputado. 4. Habeas corpus no conhecido. (STJ, HC 165.005/SP Relatora Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 15/08/2013). (grifei)

    A Carta Constitucional brasileira, como se infere da doutrina e jurisprudncia anteriormente colacionadas, estende os braos para o princpio da presuno da ino-cncia, que guarda estreita vinculao com a regra do nemo tenetur se detegere, direito assegurado nas constituies democrticas, conforme se constata da norte-americana, no instituto do privilege against self-incrimination. O exerccio desse direito no pode ser visto como uma penalizao, um suplcio, um antdoto da liber-dade consagrada. E a liberdade do cidado, como legalmente resguardada, somente pode ser limitada em nome de outra liberdade mais prevalente, no critrio estabe-lecido por seres iguais e livres, com liberdade de escolha, tema desenvolvido na 5 Emenda Constitucional Estadunidense:

    No person shall be held to answer for a capital, or otherwise infamous crime, unless on a presentment or indictment of a Grand Jury, except in cases arising in the land or naval forces, or in the Militia, when in actual service in time of War or public danger; nor shall any per-son be subject for the same offense to be twice put in jeopardy of life or limb; nor shall be compelled in any criminal case to be a witness against himself, nor be deprived of life, liberty, or property, without due process of law; nor shall private property be taken for public use, without just compensation.

    microcosmo ou de um universo parte, todo instituto de direito penal que se lhe aplique pena, priso, progresso de regime penitencirio, liberdade provisria, converso da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos h de exibir o timbre da personalizao. Quero dizer: tudo tem que ser personalizado na concreta aplicao do direito constitucional-penal, porque a prpria Constituio que se deseja assim orteguianamente aplicada (na linha do Eu sou eu e minhas circunstncias, como sentenciou Ortega Y Gasset). E como estamos a cuidar de dosimetria da pena, mais fortemente se deve falar em personalizao. 4. Nessa ampla moldura, a assuno da responsabilidade pelo fato-crime, por aquele que tem a seu favor o direito a no se auto-incriminar, revela a conscincia do descumprimento de uma norma social (e de suas consequncias), no podendo, portanto, ser dissociada da noo de personalidade. 5. No caso concreto, a leitura da sentena penal condenatria revela que a confisso do paciente, em conjunto com as provas apuradas sob o contraditrio, embasou o juzo condenatrio. Mais do que isso: as palavras dos acusados (entre eles o ora paciente) foram usadas pelo magistrado sentenciante para rechaar a tese defensiva de delito meramente tentado. dizer: a confisso do paciente contribuiu efetivamente para sua condenao e afastou as chances de reconhecimento da tese alinhavada pela prpria defesa tcnica (tese de no consumao do crime). O que refora a necessidade de desembaraar o usufruto mximo sano premial da atenuante. Assumindo para com ele, paciente, uma postura de lealdade (esse vvido contedo do princpio que, na cabea do art. 37 da Constituio, toma o explcito nome de moralidade). 6. Ordem concedida para reconhecer o carter preponderante da confisso espontnea e determinar ao Juzo Processante que redimensione a pena imposta ao paciente. (HC 101909, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma, julgado em 28/02/2012). (grifei)

    A Lei n 12.654/2012, portanto, prev mera faculdade para o investigado ou con-denado que, se assim quiser, poder permitir a coleta de seu material biolgico, o que permite concluir que se trata de lei de reduzida efetividade.

    De mais a mais, o Superior Tribunal de Justia no reconhece a nulidade de pro-cessos, em virtude da ausncia do exame de DNA, ainda que requerido pelo acusado,

  • Revista JuRdica edio n 8 Revista JuRdica edio n 826 27

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    Com efeito, a vedao acima descrita no sistema norte-americano limita-se ao pro-cedimento judicial, porquanto, em matria investigativa, a recusa de se submeter co-leta de material pode acarretar a expedio de um mandado judicial (court warrant) para a extrao de material, sem que isso represente violao a direito fundamental naquele pas, tendo em vista a existncia, em nvel federalizado, de bancos de dados de identificao criminal.

    De mais a mais, exceo do estado da Louisiana, o direito informao em face de identificao criminal possui natureza preponderante, se comparado intangibilidade dos direitos individuais.

    Cumpre observar duas opinies dos professores GUILHERME DE SOUZA NUC-CI e AURY LOPES JR., no que se refere aos nveis de constitucionalidade ou in-constitucionalidade sobre a referida lei, e o novo mtodo empregado, sustentando o primeiro autor10 no vislumbrar qualquer inconstitucionalidade, porque a identifica-o se faz antes do crime, e no se obriga depois do delito que se fornea o material gentico para comparao.

    Em viso diametralmente oposta, o professor AURY LOPES JR.11 argumenta que o pargrafo nico do artigo 5 da lei em comento fulmina mortalmente o princpio do nemo tenetur se detegere, porque, ainda que o suspeito apresente documento de iden-tidade, poder ser compulsoriamente submetido extrao do seu material gentico, e mais, aps o trnsito em julgado, ser coletado o seu material gentico, independente-mente de autorizao judicial.

    10 NUCCI, Guilherme de Souza. Disponvel em: http://discursoracional.blogspot.com.br/2012/06/lei-n-1265412-identificacao criminal.html. Acesso em 02 set. 2013

    11 Aury Lopes Jr. LOPES JR, Aury. Lei 12.654/2012: o fim do direito de no produzir prova contra si mesmo?. Disponvel em: http://discursoracional.blogspot.com.br/2012/06/lei-n-1265412-identificacao-criminal.html. Acesso em: 02 set. 2013.

    A identificao criminal, ao redor do mundo, evoluiu da mutilao ao DNA, e o Brasil caminha a passos largos rumo aos avanos tecnolgicos, superando, aos poucos, o sistema de Vu-cetich. Contudo, se as amostras de matria gentica retiradas constiturem meio de prova, como tudo indica que o sejam, es-taremos, ento, diante de uma franca violao do princpio ins-crito no inciso LXVIII, artigo 5, da Constituio da Repblica, que assegura o direito ao silncio.

    No obstante o grau de polmica que o presente tema sus-cita, foram pesquisados, pela equipe de jurisprudncia deste Tribunal, diversos julgados oriundos do STF, STJ e TJERJ, alm de outros tribunais da Federao, tendo sido inseridas algumas ementas com os links, o que permite a visualizao das ntegras das decises. Visando facilitar a consulta do leitor, os arestos se-lecionados foram classificados de acordo com as quatro espcies de identificao criminal citadas no segundo pargrafo do item 1 deste artigo.

    ConclusoIV.

  • Revista JuRdica edio n 828 Revista JuRdica edio n 8 29

    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    REFERNCIASBONFIM, Edilson Mougenot. Cdigo de Processo Penal anotado. 4 ed. atu-alizada de acordo com a Lei n 12.403/2011. So Paulo: Saraiva, 2012.

    CROCE, Delton; CROCE JNIOR, Delton. Manual de Medicina Legal. 8 ed. So Paulo: Saraiva, 2012.

    FERNANDES, Antonio Scarance. Processo Penal Constitucional. 6 ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.

    FIGINI, Adriano Roberto da Luz. Datiloscopia e revelao de impresses digitais. Campinas: Millenium, 2012.

    GRECO FILHO, Vicente. Manual de Processo Penal. 9 ed. So Paulo: Sa-raiva, 2012.

    GRECO, Rogrio. Curso de Direito Penal. Vol. 1 (Parte Geral). 11 ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2009.

    GRINOVER, Ada Pellegrini; GOMES FILHO, Antonio Magalhes; FER-NANDES, Antonio Scarance. As nulidades no Processo Penal. 12 ed. revis-ta e atualizada. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.

    JOBIM, Luiz Fernando; COSTA, Lus Renato; SILVA, Moacyr da. Identifi-cao humana. Campinas: Millenium, 2006.

    LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal e sua conformidade constitucio-nal. 9 ed. So Paulo: Saraiva, 2012.

    _______. Lei 12.654/2012: o fim do direito de no produzir prova contra si mesmo?. Disponvel em: http://discursoracional.blogspot.com.br/2012/06/lei-n-1265412-identificacao-criminal.html.

    _______. DNA fake. Disponvel em: http://infodireito.blogspot.com.br/2013/03/dna-fake.html.

    NUCCI, Guilherme de Souza. Cdigo de Processo Penal comentado. 11 ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2012.

    (Sem ttulo). Disponvel em: http://discursoracional.blogspot.com.br/2012/06/lei-n-1265412-identificacao criminal.html.

    OLIVEIRA, Eugnio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 15 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.

    SOBRINHO. Mrio Srgio. A identificao criminal. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2003.

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    TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Processo Penal. Volume 1. 34 ed. So Paulo: Saraiva, 2012.

  • Revista JuRdica edio n 830 Revista JuRdica edio n 8 31

    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    Recurso Especial N 1.245.193 DFRelator: Min. Marco Aurlio Bellizze

    EMENTA: PENAL. ROUBO MAJORADO. RECONHECIMENTO POR FOTOGRAFIA CONFIRMADO EM JUZO. VALIDADE. MAJORANTE DA ARMA DE FOGO. AUSNCIA DE APREENSO E PERCIA. DES-NECESSIDADE. EMPREGO DO ARTEFATO ATESTADO PELA PROVA ORAL COLHIDA. PACIFICAO DO TEMA. ERESP N 961.863/RS.

    1. vlido o reconhecimento feito por fotografia, quando confirmado em juzo.

    2. No julgamento do EREsp n 961.863/RS, ocorrido em 13/12/2010, a Ter-ceira Seo desta Corte Superior firmou compreenso no sentido de que a incidncia da majorante prevista no art. 157, 2, I, do Cdigo Penal prescin-de de apreenso e percia da arma, quando comprovado, por outros meios de prova, tais como a palavra da vtima ou mesmo pelo depoimento de testemu-nhas, a efetiva utilizao do artefato para a intimidao do ofendido.

    3. Na hiptese, o emprego da arma, que no foi apreendida nem pericia-da, restou cabalmente atestado pelos depoimentos colhidos no decorrer da instruo criminal.

    4. Recurso Especial a que se nega provimento.

    Deciso Monocrtica - Data de Julgamento: 07/12/2012

    nnnnnn

    Habeas Corpus N 168.667 / SPRelator: Min. Laurita Vazrgo Julgador: 5 Turma

    EMENTA: HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. TRIBUNAL DE JUSTI-A DO ESTADO DE SO PAULO. JULGAMENTO DE RECURSO DE APELAO. CMARA CRIMINAL EXTRAORDINRIA, FORMADA MAJORITARIAMENTE POR MAGISTRADOS DE PRIMEIRO GRAU, ARREGIMENTADOS EM SISTEMA DE VOLUNTARIADO. INCONS-TITUCIONALIDADE OU ILEGALIDADE: INEXISTNCIA, CON-FORME DECISO PLENRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. RECONHECIMENTO FOTOGRFICO REALIZADO NA FASE POLI-CIAL. INDCIO DE AUTORIA VLIDO. ORDEM DENEGADA.

    1. Conforme deciso plenria da Suprema Corte, no inconstitucional, nem mesmo ilegal, a instituio, por parte do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo, de Cmaras Criminais extraordinrias formadas majoritaria-mente por Juzes de primeiro grau, arregimentados voluntariamente (HC 96.821/SP, Tribunal Pleno, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julga-do em 08/04/2010).

    2. O trancamento da ao penal pela via do habeas corpus medida de exceo, admissvel apenas quando emerge dos autos, de forma inequvoca, a ausncia de autoria e materialidade, a atipicidade da conduta ou a inci-dncia de causa extintiva da punibilidade. Precedentes.

    3. Quando a alegao de ausncia de autoria ou materialidade contraposta por elementos indicirios apresentados pela acusao, o confronto de ver-ses para o mesmo fato deve ser solucionado no decorrer da instruo cri-minal, garantidos o devido processo legal, o contraditrio e a ampla defesa.

    4. Assim, em situaes como na hiptese, em que existe dvida objetiva acerca da autoria do delito, deve ocorrer a tramitao do processo-crime, mostrando-se prematuro o no recebimento da denncia.

    IDENTIFICAO FOTOGRFICA

    SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA

  • Revista JuRdica edio n 832 Revista JuRdica edio n 8 33

    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    5. desinfluente soluo da presente controvrsia a alegao de que o reconhecimento fotogrfico pela vtima ocorreu depois de mais de um ano do cometimento do delito, ou de que o Paciente, na fotografia utilizada pe-las autoridades policiais, tinha idade diversa da que hoje possui. A validade ou no de tal diligncia como prova dever ser avaliada aps a instruo, a critrio do julgador, no podendo ser desconsiderada, desde j, sob pena de mcula ao princpio da livre convico do Juiz.

    5. de se advertir, apenas, que a denegao da ordem, na espcie, em nada in-terfere na convico do julgador acerca de eventual juzo condenatrio, por no se tratar o habeas corpus de feito instrutrio. Outrossim, a jurisprudncia dos Tribunais Ptrios admite a possibilidade de reconhecimento do acusado por meio fotogrfico, desde que observadas as formalidades contidas no art. 226 do Cdigo de Processo Penal. Portanto, a identificao fotogrfica do autor do delito pode servir como meio idneo de prova para fundamentar a condenao apenas quando ratificada em juzo, sob a garantia do contraditrio e ampla defesa.

    6. Ordem denegada.

    ntegra do Acrdo - Data de Julgamento: 04/05/2011

    TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    Apelao CriminalN 0003947-32.2012.8.19.0036 Relatora: Des. Suimei Meira Cavalieri rgo Julgador: 3 Cmara Criminal

    EMENTA: APELAO CRIMINAL. ROUBO. RECURSO DE DEFESA. ALEGAO DE FRAGILIDADE PROBATRIA. INOCORRNCIA. AUTORIA SOBEJAMENTE COMPROVADA. DOSIMETRIA. REGI-ME. 1) O apelante subtraiu o automvel da vtima, mediante violncia, ao retir-la do veculo fora, e evadindo-se do local conduzindo o

    bem subtrado. Testemunhas que presenciaram o fato prestaram infor-maes que culminaram na identificao do recorrente como o autor do delito. A ofendida reconheceu o apelante no distrito policial, atravs de identificao fotogrfica, ratificando-a em Juzo. Diante de tal contexto, permeia-se de maior relevo as declaraes da vtima, sendo pacfico o entendimento jurisprudencial no sentido de que a palavra do ofen-dido perfeitamente apta a embasar uma eventual condenao, desde que ratificada pelo conjunto probatrio. 2) A respeito do afastamento da majorao da pena-base, os maus antecedentes consistem na maior reprovabilidade conferida quele que atua em desconformidade com a lei de maneira contumaz, sendo despicienda uma anlise tcnica da personalidade do indivduo para atestar o maior desvalor de sua forma de agir enquanto ser inserido no meio social. 3) Acerca da reincidncia, a folha de antecedentes criminais um documento oficial, produzido por rgo pblico, dotado de presuno de veracidade, cujas informa-es so idneas e aptas ao reconhecimento de maus antecedentes ou reincidncia. 4) Sobre o pedido de abrandamento do regime prisional, o recorrente no preenche o requisito previsto no artigo 33, 2, alnea b, do Cdigo Penal, em virtude da reincidncia. Outrossim, a fixao de regime diverso do fechado no atenderia aos objetivos de preveno social da pena. Anote-se que o magistrado, dentre outros fatores, deve ponderar os antecedentes, a culpabilidade, a conduta social e a perso-nalidade do agente. Recurso desprovido.

    ntegra do Acrdo Data de Julgamento: 05/11/2013

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    Habeas Corpus N 0050362-84.2012.8.19.0000Relator: Des. Sidney Rosa da Silva rgo Julgador: 7 Cmara Criminal

    EMENTA: HABEAS CORPUS. SENTENA DE PRONNCIA. HO-

  • Revista JuRdica edio n 834 Revista JuRdica edio n 8 35

    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    MICDIO QUALIFICADO. TENTATIVA. ARTIGO 121, 2, I E IV, C/C ARTIGO 14, II, AMBOS DO CDIGO PENAL. PRISO EM FLA-GRANTE CONVERTIDA EM PRISO PREVENTIVA. LEGALIDADE DA ORDEM. REQUISITOS OBSERVADOS E DECISO FUNDAMEN-TADA. ARTIGO 312 DO CDIGO DE PROCESSO PENAL. ORDEM DENEGADA. 1. Alegao do Impetrante de que o paciente est sofrendo constrangimento ilegal, ao argumento de que no se encontram presentes os requisitos do artigo 312 do Cdigo de Processo Penal a fundamentar o Decreto de Priso Preventiva, e que o ora paciente primrio, possui bons antecedentes. Alega, ainda, que o reconhecimento levado a efeito na fase inquisitorial no observou os ditames do artigo 226 do Cdigo de Processo Penal, eivando de nulidade todo o processo. Requer, por fim, a anulao do ato de reconhecimento e os atos posteriores, bem como a revogao da priso preventiva. 2. Quanto ao pedido de nulidade da pronncia, encontra-se preclusa, no tendo sido objeto de impugnao na oportunidade adequada, uma vez que, conforme esclarecido nas in-formaes da autoridade apontada como coatora, a Defesa desistiu do recurso interposto. Da mesma forma, a via eleita no comporta dilao probatria. 3. No que diz respeito alegada inidoneidade do reconhe-cimento fotogrfico do denunciado, no assiste razo ao Impetrante. A jurisprudncia dos Tribunais Ptrios admite a possibilidade de reconhe-cimento do acusado por meio fotogrfico, desde que observadas as for-malidades contidas no artigo 226 do Cdigo de Processo Penal. Portanto, a identificao fotogrfica do autor do delito pode servir como meio id-neo de prova para fundamentar a condenao, apenas quando ratificada em Juzo, sob a garantia do contraditrio e ampla defesa. 4. Saliente-se que a pronncia baseou-se, no apenas na prova do reconhecimento fo-togrfico, mas em todo conjunto probatrio, o qual restou suficiente para o juzo de probabilidade, essencial a essa fase processual. 5. de sabena que a sentena de pronncia no uma deciso de mrito, mas de mera admissibilidade da acusao. Tem carter apenas processual, da que o legislador condicionou a pronncia existncia, to somente, de prova da materialidade da infrao e indcios de autoria, e no de prova cabal de que o ru seja de fato o autor do crime. 6. Da alegada ausncia dos

    pressupostos da priso preventiva. A ordem de priso preventiva baseou-se integralmente nos indcios aceitveis de autoria e materialidade, pos-tando a sua valorao, no sentido de que a custdia cautelar mecanismo importante a evitar situaes de continuidade da sua prtica. 7. Impende sopesar, ainda, que o crime de homicdio qualificado causa instabilida-de paz social, segurana e tranquilidade das pessoas, o que vem a gerar perigo para a ordem pblica. 8. Quanto ponderao trazida pelo Impetrante de que o paciente primrio, possui bons antecedentes, alm de apresentar residncia fixa e exercer atividade laborativa lcita, por si s, a meu ver, no se encontra aqui destacado unilateralmente como condio efetiva para a concesso da liberdade provisria do paciente, principalmente se h comprovao nestes autos virtuais de outros fatores que propiciam com segurana a recomendao da manuteno da priso preventiva. 9. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NO CONFIGURADO. DENEGAO DA ORDEM.

    ntegra do Acrdo - Data de Julgamento: 23/10/2012

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    Apelao CriminalN 0052808-54.2012.8.19.0002 Relator: Des. Marcus Quaresma Ferrazrgo Julgador: 8 Cmara Criminal

    Ementa: Crime contra o patrimnio. Artigo 157, 2, incisos I e II, quatro vezes, c/c artigo 70, do Cdigo Penal. Pena: 7 anos e 6 meses de recluso, regime semiaberto, e 80 dias-multa, no valor de 1/30 do sal-rio mnimo. Apelo: a) absolvio, com base no artigo 386, inciso VII, do Cdigo de Processo Penal; b) fixao da pena-base no mnimo legal. O conjunto probatrio produzido nos autos, sob o crivo do contraditrio, demonstrou de forma indubitvel a atuao do ru na empreitada cri-minosa, frisando-se que todos os depoimentos das testemunhas de acu-sao guardam sintonia acerca do fato delituoso, confirmando o crime,

  • Revista JuRdica edio n 836 Revista JuRdica edio n 8 37

    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    conforme narrado na inicial. Frise-se que o apelante foi reconhecido por fotografia em sede policial pelas quatro vtimas, e, em Juzo, cabal-mente reconhecido pela vtima Yasmim, e, embora as vtimas Fernanda e Ingridy tenham afirmado no ter condies de reconhecer o acusado, em face do longo tempo decorrido desde os fatos, a identificao por uma das ofendidas j suficiente para confirmar a autoria. Ressalte-se, igualmente, que a vtima Brbara anotou a placa do carro do assaltante, confirmando-se que o veculo era de propriedade do ora apelante, o que refora ser ele o autor do delito. O libi apresentado pela testemunha de defesa no suficiente para afastar a autoria, se h outros elementos nos autos que comprovam a prtica do crime. Entretanto, assiste razo ao apelante quando impugna a exasperao das penas na primeira etapa do critrio trifsico, pois o crime foi cometido dentro das circunstn-cias normais do tipo, merecendo correo para fixar-se a pena-base em 4 anos de recluso e 10 dias-multa, no valor de 1/30 do salrio mnimo. Na segunda fase do clculo da pena, presentes duas causas de aumento, o justo para o caso seria a incidncia da frao de 3/8, conforme fir-me posicionamento adotado por esta Cmara. Porm, a frao de 1/3 aplicada na sentena no pode ser modificada, sob pena de se operar a reformatio in melius, o que vedado em se tratando de recurso exclu-sivo da defesa, sendo de rigor fixar-se a pena, nesta fase do clculo, em 5 anos e 4 meses de recluso e 13 dias-multa, para cada crime de roubo. Mantm-se a frao de 1/4 aplicada em razo do concurso formal de crimes, conduzindo a pena definitiva em 6 anos e 8 meses de recluso, em regime semiaberto, e 16 dias-multa, no valor de 1/30 avos do salrio mnimo. Provimento parcial do recurso para, mantendo a condenao, reduzir a pena para 6 anos e 8 meses de recluso, mantido o regime se-miaberto, e 16 dias-multa, no valor de 1/30 do salrio mnimo.

    ntegra do Acrdo Data de Julgamento: 02/10/2013

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    Apelao CriminalN 0311478-07.2012.8.19.0001 Relator: Des. Gilmar Augusto Teixeira rgo Julgador: 8 Cmara Criminal

    EMENTA: APELAO CRIMINAL. ROUBO SIMPLES. ART. 157, CAPUT, DO CP. RECURSO DEFENSIVO QUE VISA ABSOLVIO DO APELAN-TE PELA APLICAO DO PRINCPIO IN DUBIO PRO REO. A vtima caminhava para sua casa pela rua em que morava, quando notou um veculo totalmente filmado, que passou por ela e deu a volta, parando quase em frente sua residncia. Antes que a vtima chegasse sua casa, o roubador saiu do veculo com a mo dentro de uma mochila, simulando portar arma de fogo, e a abordou, exigindo que entregasse todos os seus pertences, sob ameaa de morte. Aps entregar seus celulares, dinheiro e outros bens, a vtima argumen-tou com o roubador se poderia ficar com o chip do telefone, no qual estavam seus contatos, mas o roubador no concordou e lhe desferiu uma bofetada no rosto, que lhe arrancou o brinco da orelha. Aps a fuga do roubador, a vtima se dirigiu delegacia, onde reconheceu o roubador atravs de fotografia. As decla-raes da vtima encontram-se bastante seguras, e convergem com as j presta-das em sede distrital, tendo ela efetuado o reconhecimento tambm em Juzo. O apelante, por seu turno, negou a prtica da conduta, e acrescentou que est sendo responsabilizado por todos os delitos ocorridos na rea da 7 DP, pois, em passado prximo, seu irmo gmeo envolveu-se em desavena com um agente daquela distrital, sendo morto por este. Os argumentos produzidos pelo ape-lante no convencem, pois, das 26 anotaes constantes de sua FAC, apenas a metade se originou naquela distrital, havendo diversas passagens do recorrente tambm por outra delegacia de regio prxima, uma delas com condenao transitada em julgado. Existem tambm ocorrncias isoladas em outras distri-tais, uma com trnsito em julgado. Portanto, o histrico penal do ora paciente extenso, e no se resume apenas a uma suposta retaliao de policiais ao irmo consanguneo de um desafeto. Ademais, as declaraes da vtima so bastante minuciosas, de tal modo que esta conseguiu identificar o apelante, mesmo sem um fino bigode que usava na fotografia. preciso ressaltar que o ora recorrente, conforme fotografia acostada aos autos, um homem de mais de 2 metros de

  • Revista JuRdica edio n 838 Revista JuRdica edio n 8 39

    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    altura, bem acima da estatura mdia da populao, o que, obviamente, contri-bui para sua identificao. No demais reprisar que, em delitos patrimoniais, a palavra da vtima assume importncia de relevo, e in casu, no h motivos para desacreditar da palavra da vtima. Completamente isolada a negativa do recorrente em autodefesa, eis que totalmente dissociada do mosaico probatrio, restaram cabalmente configuradas, portanto, a autoria e a materialidade do de-lito. Na anlise dosimtrica, foi apenas arrefecida a pena de multa, para guardar proporcionalidade com a pena privativa de liberdade. RECURSO CONHECI-DO e PARCIALMENTE PROVIDO, nos termos do voto do relator.

    ntegra do Acrdo - Data de Julgamento: 15/08/2013

    TRIBUNAL DE JUSTIADO DISTRITO FEDERAL

    Apelao CriminalN 20110710246272Relator: Souza e Avilaloyolargo Julgador: 2 Turma Criminal

    EMENTA: APELAO CRIMINAL. ROUBO. EMPREGO DE ARMA. CONCURSO DE PESSOAS. AUTORIA. RECONHECIMENTO POR FO-TOGRAFIA. DVIDA. CONJUNTO PROBATRIO INSUFICIENTE. PRINCPIO IN DUBIO PRO REO. ABSOLVIO. DOSIMETRIA DA PENA. CIRCUNSTNCIAS DO CRIME. EXASPERAO INDEVIDA. REPARAO CIVIL DO DANO MATERIAL. AUSNCIA DE COM-PROVAO. CONDENAO. IMPOSSVEL.

    Nos crimes contra o patrimnio, a jurisprudncia posiciona-se no sen-tido de conferir especial relevncia palavra da vtima, se esta, de for-ma coerente e harmnica, narra o fato e reconhece o seu autor. Todavia, se h inconsistncia no reconhecimento feito pela vtima, o que infirma sua credibilidade, este no pode servir como prova para a condenao.

    A condenao deve se firmar em prova cabal ou irrefutvel, por im-plicar a restrio ao direito fundamental do cidado liberdade, sob pena de ofensa ao princpio da no culpabilidade. Caso haja dvida, a absolvio medida que se impe, com fundamento no princpio in dubio pro reo.

    As circunstncias do crime devem ser entendidas como o modus ope-randi empregado na prtica do delito. So elementos que no compem o crime, mas que influenciam em sua gravidade. No havendo funda-mento relacionado execuo do delito, indevido o aumento da pena-base em razo de tal circunstncia.

    Para fixao de montante a ttulo de indenizao dos danos causados vtima, indispensvel o pedido formal aliado instruo especfica, em observncia aos princpios do contraditrio, da ampla defesa e da inrcia da jurisdio.

    Recurso conhecido e provido em relao a um dos rus e parcialmente provido em relao ao outro condenado.

    Inteiro Teor - Data de Julgamento: 14/11/2013

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    Apelaa CriminalN 20120210058993Relator: CESAR LABOISSIERE LOYOLArgo Julgador: 2 Turma Criminal

    EMENTA: PENAL. USO DE DOCUMENTO PBLICO FALSO. AUTO-RIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. FALSIFICAO GROS-SEIRA. NO OCORRNCIA. PROVA DE POTENCIALIDADE LESIVA.

    As provas produzidas, harmnicas com a confisso, comprovam que o recorrente realmente apresentou documento pblico falso ao ser abordado pelos policiais, caracterizando o crime de uso de documen-to falso.

  • Revista JuRdica edio n 840 Revista JuRdica edio n 8 41

    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    No h que se falar em falsificao grosseira, quando a falsidade da Carteira de Identidade somente foi constatada pelos policiais que abor-daram o ru, aps a consulta ao sistema nacional, quando ento se ob-servou divergncia na fotografia aposta no documento apreendido e a registrada no sistema, sendo tal irregularidade confirmada somente com o exame pericial.

    Recurso conhecido e no provido.

    Inteiro Teor - Data de Julgamento: 10/10/2013

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    Apelao CriminalN 20120610048493Relator: Nilsoni de Freitasrgo Julgador: 3 Turma Criminal

    EMENTA: TENTATIVA DE LATROCNIO. RECONHECIMENTO POR FOTOGRAFIA. MATERIALIDADE. SUBTRAO DA RES. PROVA. LAUDO DE EXAME DO LOCAL E DE AVALIAO INDIRETA. OITI-VA DO DONO DA LOCADORA. AUSNCIA. PRESCINDIBILIDADE NO CASO CONCRETO. AUTORIA. LIBIS. FALSO TESTEMUNHO. DESCLASSIFICAO DA CONDUTA. ROUBO QUALIFICADO PELA LESO GRAVE. IMPOSSIBILIDADE. TENTATIVA. REDUO. FRA-O. ITER CRIMINIS PERCORRIDO.

    I - No h cerceamento de defesa no indeferimento de pedido formulado pela Defesa para submeter ao reconhecimento da vtima terceira pessoa com caractersticas semelhantes ao do ru e que responde ao penal por idntico crime, se no h nenhum indcio de que ela tenha sido o provvel autor do delito, e se a vtima reconheceu o acusado como autor do fato, tanto na delegacia de polcia, quanto em juzo.

    II - A ausncia de laudo de exame de local e de avaliao indireta, alm da falta da oitiva do dono do estabelecimento comercial onde ocorreu o deli-

    to, no induz concluso de inexistncia de prova da materialidade, ante a afirmao inequvoca da vtima de que, aps ser alvejada por um tiro no interior do comrcio, fato comprovado pelo laudo de exame de corpo de delito, foi subtrada pequena quantia de dinheiro e doces, objetos que, por seu valor irrisrio e rpido consumo, dispensam aquelas provas.

    III - Nos crimes contra o patrimnio, deve-se conferir especial relevo palavra da vtima, sempre que inexistirem em seus depoimentos con-tradies passveis de macular a verso por ela apresentada e que se en-contrarem em consonncia com o restante do conjunto probatrio. Se a vtima, em todas as ocasies em que deps, foi firme e coerente no sentido de apontar o ru como o autor do disparo e da subtrao, no h como se afastar a autoria do delito a ele atribuda, especialmente se as verses apresentadas pelos libis do acusado so contraditrias, a indicar que mentiram para acobert-lo.

    IV - Para se concluir pela ocorrncia do crime de latrocnio na forma tentada, o agente deve agir com dolo de matar, pouco importando a natu-reza das leses experimentadas pela vtima, se leves ou graves. A anlise do dolo, seja ele direto ou eventual, deve ser aferido das circunstncias objetivas de cada caso. Se o ru atira na vtima, antes mesmo de anunciar o assalto, em regio prxima ao corao, demonstrado est o animus ne-candi, o que impede o acolhimento da desclassificao da conduta para a de roubo qualificado pela leso grave.

    V - A escolha da frao a ser utilizada na causa de diminuio da pena re-ferente a tentativa deve ser feita tendo-se como parmetro o iter criminis percorrido, isto , quanto mais prximo da consumao do crime, menor deve ser a reduo da pena.

    VI - Apelo conhecido e desprovido.

    Inteiro Teor - Data de Julgamento: 01/08/2013

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  • Revista JuRdica edio n 842 Revista JuRdica edio n 8 43

    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    Apelao Criminal N 20120810033907Relator: Joo Batista Teixeirargo Julgador: 3 Turma Criminal

    EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. ROUBO SIMPLES. MATERIALI-DADE E AUTORIA COMPROVADAS. RECONHECIMENTO POR FOTO-GRAFIA. CONDENAO MANTIDA. DESCLASSIFICAO PARA FUR-TO. GRAVE AMEAA EVIDENCIADA. INVIABILIDADE. DOSIMETRIA. AFASTADA A VALORAO DESFAVORVEL DA PERSONALIDADE. CONFISSO ESPONTNEA. REVELIA. CPIA DE DEPOIMENTO PRO-FERIDO EM OUTRO PROCESSO. IMPOSSIBILIDADE.

    1. Mantm-se a condenao do apelante pela prtica do crime de roubo quan-do o frentista do posto lesado o reconheceu por fotografia na polcia e em Juzo como sendo o autor do delito, o que est em conformidade com as demais provas dos autos.

    2. Quando no for possvel o reconhecimento pessoal formal, vlido o por fotografia realizado na polcia quando a testemunha descreveu as caractersticas fsicas do autor do fato, foram mostradas fotos de vrias pessoas diferentes e o frentista reconheceu o agente como sendo o autor do crime, tudo presenciado por duas testemunhas, que o subscreveram.

    3. Comprovado o emprego de grave ameaa na empreitada criminosa, consis-tente na simulao de porte de arma de fogo, impossvel a desclassificao do crime de roubo para o de furto.

    4. A existncia de condenao com trnsito em julgado em data posterior a de novo crime, no se presta para justificar a anlise desfavorvel da circunstncia judicial da personalidade, sob pena de violao Smula n 444 do STJ.

    5. Invivel o reconhecimento da atenuante da confisso espontnea se o ru revel e foi ouvido apenas em outro feito.

    6. Recurso conhecido e parcialmente provido para reduzir as penas aplica-das e fixar o regime inicial semiaberto para o cumprimento da pena.

    Inteiro Teor - Data de Julgamento: 25/07/2013

    TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DO ESPRITO SANTO

    Apelao CriminalN 035990079317 Relatora: Des. Subst. Catharina Maria Novaes Barcellosrgo Julgador: 2 Cmara Criminal

    EMENTA: APELAO CRIMINAL - PRIMEIRO APELANTE - ROUBO QUALIFICADO CONSUMADO - NEGATIVA DE AUTORIA - CRIME TENTADO - AGENTE RECONHECIDO PELA VTIMA, POR MEIO DE FOTOGRAFIA - CONFIRMAO PELO SEGUNDO APELANTE - AUTORIA COMPROVADA - APREENSO DA RES FURTIVA J FORA DA ESFERA DE VIGILNCIA DA VTIMA - POSSE POR TEM-PO CONSIDERVEL - ROUBO CONSUMADO - SEGUNDO APELAN-TE - RECEPTAO - ARTIGO 180, CAPUT, DO CPB - RECEBIMEN-TO, CONDUO E INFLUNCIA A TERCEIRO DE BOA-F - DELITO PLENAMENTE CONFIGURADO - APELOS IMPROVIDOS.

    I - Quanto ao primeiro apelante, restou devidamente comprovada a autoria do crime de roubo qualificado, eis que foi reconhecido pela vtima, atra-vs de uma fotografia, e apontado pelo segundo apelante, este receptador, como o elemento que lhe entregou a res furtiva.

    II - Aperfeioou-se plenamente o tipo do roubo, porquanto o primeiro ape-lante deteve o produto do delito por considervel lapso temporal e afastou-se da esfera de vigilncia do ofendido.

    III - No tocante ao recurso interposto pelo segundo apelante, consabido que o crime de receptao consuma-se pela prtica de qualquer dos verbos elencados no artigo 180 do CPB. In casu, a conduta do dito apelante con-sistiu em receber a res, conduzi-la at o local onde foi apreendida, e influir para que terceiro de boa-f a recebesse.

    IV - Recursos improvidos.

  • Revista JuRdica edio n 844 Revista JuRdica edio n 8 45

    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Apelao Criminal n. 35.990.079.317, na qual so apelantes ADRIANO RIBEIRO e ODILON DARS, e apelado o REPRESENTANTE DO MINISTRIO PBLICO DE 1 GRAU.

    ACORDA, de conformidade com a ata e notas taquigrficas da sesso, que integram este julgado, unanimidade, conhecer dos recursos, e negar-lhes provimento, nos termos do voto da eminente Relatora.

    Inteiro Teor - Data de Julgamento: 13/10/2004

    TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

    Apelao CriminalN 70055884431Relator: Naele Ochoa Piazzetargo Julgador: 8 Cmara Criminal

    Ementa: APELAO CRIME. CRIMES CONTRA O PATRIMNIO. ROUBO SIMPLES. PRELIMINAR DE NULIDADE DO AUTO DE AVALIAO. INOCORRNCIA. Singela a atividade de avaliar bens facilmente encontrados no comrcio, inexigindo-se conhecimento tcnico ou adoo de mtodo especfico. Por se tratar de percia sim-ples, no padece de irregularidade por ter sido realizada por agentes de segurana pblica, cuja parcialidade no restou evidenciada nos autos. Suas concluses devem ser valoradas ausncia de indicativos de que tenham agido ilegalmente ou imbudos de interesse em pre-judicar o ru. Ato que atingiu sua finalidade, sem que de sua forma pudesse ser extrado prejuzo defesa, razo pela qual desmerece ser declarado nulo. MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS. PALAVRA DA VTIMA. RECONHECIMENTO POR FOTOGRAFIA RATIFICADO EM JUZO. VALIDADE. REVELIA DO RU. CON-

    DENAO MANTIDA. Validade do reconhecimento fotogrfico pela vtima como meio de prova formao do juzo condenatrio. Obser-vncia do regramento contido no artigo 226 do CPP, durante a fase policial. Salvaguarda das garantias do contraditrio e ampla defesa em audincia de instruo e julgamento, ocasio em que confirmado o ato recognitivo extrajudicial. Inviabilidade de identificao pessoal do acusado em pretrio exclusivamente, ante o seu no comparecimento solenidade. Relevncia da palavra da ofendida, em face da natureza do delito, cometido na clandestinidade, inexistindo indicativo de que possusse razes para falsamente imputar-lhe a prtica subtrativa. Pre-cedentes. Condenao mantida. EMPREGO DE VIOLNCIA E GRA-VE AMEAA CONTRA A PESSOA. DESCLASSIFICAO. FURTO. INVIABILIDADE. A subtrao foi perpetrada mediante o emprego de violncia e grave ameaa contra a pessoa, a caracterizar o delito de roubo e impossibilitar a desclassificao para o crime de furto. Prece-dentes. DOSIMETRIA DA PENA. Apenamentos conservados na for-ma como dosados em sentena, pois atendem aos critrios de necessi-dade e suficincia. REPARAO CIVIL DOS DANOS (CPP, ART. 387, IV). Mantida a condenao em reparar os danos ocasionados vtima. PRELIMINAR REJEITADA, UNNIME. APELO DEFENSIVO DES-PROVIDO, POR MAIORIA.

    ntegra do Acrdo - Data de Julgamento: 27/11/2013

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    Apelao CriminalN 70049342033Relator: Jos Luiz John dos Santosrgo Julgador: 8 Cmara Criminal

    Ementa: APELAO. CRIME CONTRA O PATRIMNIO. ROUBO MAJORADO. PLEITO ABSOLUTRIO POR INSUFICINCIA DE PROVAS. AFASTAMENTO DA MAJORANTE DO CONCURSO DE

  • Revista JuRdica edio n 846 Revista JuRdica edio n 8 47

    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    PESSOAS. DESCABIMENTO. REDIMENSIONAMENTO DA PENA. INSENO DA PENA DE MULTA. AFASTAMENTO DA MAJORAN-TE DO EMPREGO DE ARMA (PREJUDICADO). MANUTENO DA SENTENA CONDENATRIA. I. Comprovadas a existncia do fato e a autoria, imperiosa a manuteno da condenao. Caso dos autos em que o ru foi preso em flagrante, tendo sido reconhecido pela vtima, no mo-mento da priso e, posteriormente, por fotografia, na fase policial, como um dos autores do crime. II. Majorante do concurso de pessoas compro-vada pela palavra da vtima e testemunhas. III. Apenamento corretamen-te fixado pelo Juzo a quo. IV. O aumento decorrente da agravante da reincidncia imposto por lei (art. 61, I, do Cdigo Penal) e no carac-teriza bis in idem, desde que, como no caso dos autos, no utilizada a mesma condenao anterior tambm como circunstncia judicial para a fixao da pena-base. V. Majorante do emprego de arma no descrita na denncia e no reconhecida em sentena. Apelo prejudicado no ponto. VI. Invivel a iseno da multa, no momento, sob o argumento de im-possibilidade econmica do pagamento, cabendo ao Juzo da execuo apreciar esta questo. APELO DO MP DESPROVIDO, POR MAIORIA. APELO DEFENSIVO DESPROVIDO.

    Inteiro Teor - Data de Julgamento: 27/11/2013

    nnnnnn

    Apelao CriminalN 7005588028 Relator: Jos Conrado Kurtz de Souzargo Julgador: 7 Cmara Criminal

    Ementa: APELAO CRIMINAL. CRIMES CONTRA O PATRIM-NIO. ROUBO MAJORADO PELO EMPREGO DE ARMA. AUTORIA DELITIVA. Caso em que a autoria do crime de roubo restou suficien-temente comprovada nos autos, pois que as vtimas no titubearam, ao efetuar o reconhecimento do ru como sendo o autor do crime,

    mesmo que por fotografia. RECONHECIMENTO. No que tange ao reconhecimento fotogrfico, embora seja controvertida a extenso de sua aceitao como elemento de prova de autoria, o fato que ele tem sido aceito como elemento indicirio por esta Corte e pelos Tri-bunais Superiores, e, como tal, bsico, venha acompanhado de ou-tros elementos probatrios produzidos durante a instruo criminal, que permitam afastar a mnima dvida quanto identificao do ru. APELAO PROVIDA.

    ntegra do acrdo - Data de Julgamento: 21/11/2013

    nnnnnn

    Apelao CriminalN 70051527083 rgo Julgador: Oitava Cmara CriminalRelator: Fabianne Breton Baisch

    Ementa: APELAO CRIME. ROUBO MAJORADO. EMPREGO DE ARMA. 1. DITO CONDENATRIO. MANUTENO. Prova am-plamente incriminatria. Relatos coerentes e convincentes da vtima, apontando o acusado, em pretrio, como sendo a pessoa que, em plena via pblica, abordou-a e, atravs de ameaa levada a efeito com arma de fogo, e violncia real, empurrando-a contra um muro, subtraiu sua bol-sa. Reconhecimento por fotografia, feito na fase de investigaes, que foi reeditado em pretrio, na presena do ru. Relevncia da palavra da ofendida. Teses exculpatrias no comprovadas quantum satis. libi invocado no demonstrado. Prova segura condenao, que vai man-tida. 2. MAJORANTE. EMPREGO DE ARMA. luz do entendimento firmado pelo E. STF e pelo E. STJ, prescindvel a apreenso da arma utilizada na prtica subtrativa e laudo atestando seu grau de lesividade, para fins de configurao da majorante, se demonstrado o emprego do artefato por outros elementos de prova. Hiptese na qual no impres-siona no tivesse a arma sido apreendida, porquanto no houve priso

  • Revista JuRdica edio n 848 Revista JuRdica edio n 8 49

    A IDENTIFICAO CRIMINAL NO BRASILDA PR-HISTRIA AO DNA

    DESEMBARgADOR LuCIANO SILvA BARRETOADvOgADO FERNANDO LCIO ESTEvES DE MAgALHES

    em flagrante. Emprego do artefato comprovado pelos relatos da vtima. Adjetivadora mantida. APELO IMPROVIDO.

    ntegra do Acrdo - Julgado em 30/10/2013

    TRIBUNAL DE JUSTIADO ESTADO DE SANTA CATARINA

    Apelao CriminalN 2011.065615-5Relator: Rodrigo Collaorgo Julgador: 4 Cmara Criminal

    EMENTA: APELAO CRIMINAL. FURTO QUALIFICADO PELO CONCURSO DE PESSOAS (ART. 155, 4, IV DO CP). DITO CONDENATRIO. INCONFORMISMO DA DEFESA. AUTORIA E MATERIALIDADE EVIDENCIADAS. DEPOIMENTOS DAS VTIMAS E DE TESTEMUNHA PRESENCIAL EM CONSONNCIA COM OS DEMAIS ELEMENTOS COLACIONADOS AO CADERNO PROCESSUAL. IDENTIFICAO FOTOGRFICA DA R REALIZADA POR UMA DAS VTIMAS EM AUDINCIA. NULIDADE INEXISTENTE. DESCLASSIFICAO PARA FURTO SIMPLES. IMPOSSIBILIDADE. PLURALIDADE DE AGENTES INCONTESTE. AUSNCIA DE IDENTIFICAO DOS DOIS OUTROS ELEMENTOS. IRRELEVNCIA. DOSIMETRIA. AGRAVAMENTO DA PENA-BASE EM RAZO DA AUSNCIA DA RECUPERAO DA RES FURTIVA. INVIABILIDADE. CONTEXTO A EVIDENCIAR A NORMALIDADE AO TIPO. CORREO DE OFCIO. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA. FIXAO DO SEMIABERTO. PEDIDO DE ALTERAO PARA O REGIME ABERTO. REINCIDNCIA ESPECFICA. INVIABILIDADE DE APLICAO DO REGIME MAIS BRANDO. SMULA 269 STJ.

    RECURSO DESPROVIDO COM RETIFICAO DE OFCIO DA PENA. (TJSC, Apelao Criminal n. 2011.065615-5, de Garopaba, rel. Des. R