Imitacao Do Evangelho

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    IMITAAO

    DO EVANGELHO

    Faride Moutran

    A Humanidade se encontrava mergulhada na mais absoluta ignorncia quando Jesus, Enviado por Deus, baixou Terra para desempenhar uma Misso de Caridade e de Amor, destinada a preparar por meio do Evangelho e da sua pregao a Regenerao Humana.

    O povo jazia nas trevas e por isso no percebeu a Luz brilhante que surgiu porque, mergulhado na sombra da morte, no pde, em grande parte, beneficiar-se dessa divina oportunidade de redeno.

    Acompanhava-O sempre multido de gente; na Gailia, em Decpolis, em Jerusalm, na Judia e no alm Jordo. Sua fama se espalhou por toda a parte. Ensinava a Verdade, apontando o caminho do Cu. Pregando ao povo dizia: O tempo se cumpriu e o Reino de Deus est prximo; vinde a Mim que sou a Verdade e a Vida.

    Jesus curava tanto as molstias do corpo quanto as da alma, isto , restituia a sade dos que sofriam de doenas corporais, como libertava os que se achavam presos de Espritos obsessores ou, conforme ento se dizia, Possessos do Demnio. E, operando essas curas denominadas de MILAGRE pelos Evangelhos, Jesus fazia da Doutrina de Amor que trouxera ao Mundo o mais eloqente testemunho.

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    IMITAO DO EVANGELHO

    FARIDE MOUTRAN

    a vocs, queridssimos irmozinhos em humanidade, a todos vocs, a quem o pesado fardo da vida curvou, a quem as lutas, as provaes, as angstias, a misria, as incompreenses e as tristezas tanto acabrunham, que dedico este pequeno trabalho. por inteno de vocs, aflitos e deserdados deste mundo que compilei, nas pginas deste Livro, os ensinamentos do nosso amado Mestre Jesus Cristo, pondo nele humildemente todo o meu carinho e a esperana de que vocs possam encontrar tudo aquilo que tanto me consola e sustm na caminhada desta vida.

    Espero em Deus que possam receber a luz do esclarecimento que os ajude a compreender o verdadeiro motivo de se encontrarem encarnados na Terra.

    Nas horas mais pesadas da vida, nos dias de maior tristeza, ou mesmo cada dia num instante s, meu irmo abra este Livro que fala do Evangelho do nosso Redentor e voc encontrar a explicao e o entendi-mento de que necessita, trazidos pelas dos Espritos Enviados de Jesus, que esclarecem inspirando pacincia, resignao, coragem e sustentao nas provaes pelas quais esto passando na presente existn-cia. Ensinam tambm, como condio indispensvel nossa evoluo, a promovermos a nossa reforma ntima, a modificarmos as nossas atitudes e a no nos rebelarmos contra o destino das nossas vidas, destino determinado pela nossa ignorncia das Verdades Eternas.

    Mas, buscando Deus, em todos os momentos da vida, ns O encontraremos, sobretudo quando mais angustiantes se tornarem nossas dificuldades.

    E tenho a certeza, irmos queridos, que, atravs da compreenso em Esprito e Verdade das palavras de Jesus, vocs encontraro a mesma confiana e a mesma paz interior que me suavisa a existncia.

    A AUTORA

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    PARECER SOBRE O LIVRO

    IMITAO DO EVANGELHO

    ESTUDANDO O EVANGELHO DE JESUS CRISTO EM ESPRITO E VERDADE

    Prezada Autora

    A simplicidade de suas interpretaes faz do seu trabalho um veculo apropriado transmisso dos ao povo ou, mais particularmente, s pessoas pouco afeitas a estudos mais profundos. V-se que essa precisamente a sua inteno. Parece-me que o objetivo foi atingido.

    Necessitamos realmente de obras de divulgao esprita em todos os planos. A Humanidade terrena, como acentua Kardec, apresenta vrias faixas de evoluo e, portanto, de compreenso. No podemos desprezar ou esquecer nenhuma dessas faixas. A prpria obra do Codificador, muitas vezes criticada pela sua simplicidade didtica, apresenta vrias faixas, no ficando apenas nesta ou naquela.

    O problema central do Espiritismo o desenvolvimento moral e espiritual do homem. Jesus, que nos ensinou a reencarnao e deu tantos exemplos de relao com o mundo invisvel, encarnando-se entre ns para esse fim, tanto podia falar com os homens do campo e com os pescadores, como debater com os . Nunca se furtou ao dilogo com ningum por mais humilde que fosse o seu interlocutor.

    Vemos que os seus Apstolos procederam da mesma maneira. E quando, j naquele tempo, levados pelo falso brilho da cultura mitolgica, alguns discpulos quiseram atribuir-lhe natureza super-humana, apre-sentando-o como um ser desprovido de corpo material, os Apstolos reagiram a essa tentativa de desfigurao do Mestre, como vemos em 1 Joo, 4:1 a 6; em 1 Pedro, 4: 1-2; em Joo: 7-8 e em outros trechos. O Evangelho de Joo declara logo no primeiro captulo a natureza humana de Jesus, como vemos em seu versculo 14.

    Hoje, no Espiritismo, a falsidade mitolgica renasce com ares de sutileza intelectual. Por isso mesmo as explicaes simples do Evangelho,

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    feitas ao povo em linguagem despretensiosa, servem para preveni-lo contra o , fartamente semeado na Seara.

    So Paulo, 2 de maro de 1972

    J. Herculano Pires

    A GUISA DE PREFCIO

    Obra valiosa que interpreta, de forma simples e objetiva, sem foramentos ou preocupaes literrias, os ensinamentos do Evangelho. Atm-se com fidelidade conceituao esprita, no seu aspecto religioso, o mais importante hora que passa, e o que deve merecer mais ateno e maiores esforos de difuso, porque o problema mximo da Humanidade a redeno, que a todos os demais sobreleva, principalmente quando a juventude, ardorosa e inexperiente, est se deixando contaminar por negativismos perniciosos, justamente por falta de espiritualidade.

    Os textos so aqui interpretados com viso clara, focalizando de preferncia, como correto, a dos ensinamentos.

    Pode-se, assim sendo, recomendar sem reservas a leitura do Livro, na certeza de que ele ajude a transmitir Conhecimentos Espirituais Verdadeiros.

    So Paulo, 24-12-1971

    EDGARD ARMOND

    IMITAO DO EVANGELHO

    Segundo Mateus, Marcos, Lucas e Joo.

    Estudando o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, em Esprito e Verdade.

    Reunidos, Harmonizados e Interpretados Luz da Nova Revelao que a exploso da misericrdia de Deus para com os homens.

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    INTRODUO

    Essa Nova Revelao, trazida pelos Espritos do Senhor, veio esclarecer as Verdades que Jesus Cristo no pde revelar durante a Sua Misso Espiritual na Terra. Ela a Luz bendita que clareia a nossa inteli-gncia fazendo-nos compreender a que o de Jesus, no mais sob o vu da Letra, mas em , ajudando-nos a sair da ignorncia e da superstio. Ela veio cumprir a grandiosa misso de conduzir a Humanidade perfeio, pois a Doutrina da moral evanglica, da moral crist.

    Portanto, a confirmao do Evangelho de Jesus, entendido em e como Ele prprio disse: a fonte de onde sai a que sacia a sede, e que vir a ser para quem a beba ; e o .

    Contudo nem a gua e nem o po devem ser hoje entendidos conforme o foi naqueles tempos da mais completa ignorncia; pelo contrrio, essas palavras devem ser compreendidas de acordo com a expresso de Jesus, quando diz: e seus Ensinamentos eram uma Doutrina, .

    Ento, sendo o Evangelho o Livro do Amor, na sua encontramos o que nos ensina a viver na presente existncia tendo em vista, a nossa felicidade futura, ou seja, a ou >.

    O caminho que temos que percorrer ser longo, tortuoso, cheio de escolhos e dificuldades, pois somos criaturas cheias de vcios do Mundo. Mas, mesmo cansados de sofrer, e nas horas mais agudas da nossa vida, devemos procurar o alvio para nossas dores. E melhor blsamo no existe do que a leitura e o estudo consciente desse que nos ensina como nos libertar das influncias perniciosas da matria que tan-to mal nos fazem.

    E quando comeamos a compreender em Esprito e Verdade aqueles ensinamentos, enchemo-nos de um deseio ardente de exemplificar, praticando as obras a que do testemunho. Mas s o conseguiremos atravs da vivncia constante da Lei do Amor e da Caridade.

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    Assim veremos, cada vez mais, desenvolver-se em ns a bondade, a tolerncia e a beneficncia sob a influncia e a ao da nossa depurao moral.

    Na encontramos, trazidos pelos Espritos de Deus, esses Luzeiros dos Cus, o verdadeiro significado das Palavras, dos Conceitos, das Parbolas de Jesus; e a Verdade sobre os Seus cha-mados Milagres, isto , uma compreenso maior dos fenmenos milagrosos que se produziam vista dos homens que os desconheciam completamente, mas dos quais tinha Jesus o mais absoluto conhecimento e poder, dada a Sua Pureza e grande Elevao.

    j hora de levantarmos do sono.

    A noite passou e o dia vem chegando,

    Deixemos, pois, das trevas as obras

    E, revistemo-nos das armas da Luz!

    (Romanos 13, 11-12)

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    PARTE 1

    CAPITULO 1

    O SERMO DA MONTANHA

    AS BEM-AVENTURANAS

    Vendo a multido, Jesus subiu a um Monte, sentou-se e os discpulos o rodearam. Ps-se ento a pregar dizendo:

    Bem-aventurados os pobres de Espirito, porque deles o Reino dos Cus.

    Bem-aventurados os que choram, porque sero consolados.

    Bem-aventurados os mansos, porque possuiro a Terra.

    Bem-aventurados os que tm fome e sede de justia,porque sero saciados.

    Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcanaro misericrdia.

    Bem-aventurados os de corao puro, porque vero a Deus.

    Bem-aventurados os pacficos, porque sero chamados filhos de Deus.

    Bem-aventurados os que sofrem perseguiao por amor da justia, porque deles o Reino dos Cus.

    Bem-aventurados sereis quando vos cobrirem de injria, vos perseguirem e mentindo disserem de vs todo mal por minha causa.

    Rejubilai e exultai, porque grande recompensa vos est reservada nos Cus; visto que assim tambm perseguiram os Profetas que existiram antes de vs.

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    O Sermo da Montanha espiritualmente o maior discurso jamais proferido na Terra. Ele foi trazido por Jesus Cristo, diretamente de Deus, como beno para toda a humanidade; como Lei de Amor e de Dever, como esperana e consolo no desnimo; como alegria e conforto nas provaes da vida.

    Jesus ia percorrendo a Galilia ensinando todo o povo. Nas sinagogas, nas ruas, nas praas e em todos os lugares; no s aos que acreditavam nEle; no s aos miserveis e sofredores, aos cegos e aos tristes, mas toda classe de homens, a todas as raas e para todos os tempos.

    Sua fama se espalhou, e por todos os lugares por onde Ele andava expelia os demnios, curava os doentes com os fluidos que por ato da Sua vontade e do Seu oder magntico, dirigia sobre todos aqueles que se aproximavam dEle como, por exemplo: Uma mulher sofria de um fluxo de sangue havia doze anos. Acercando-se de Jesus por detrs, tocou-lhe a fmbria da tnica, dizendo para si mesma: se eu lhe tocar as vestes ficarei curada. Jesus voltando-se, viu-a e lhe disse: filha, tem confiana, tua f te curou.

    De forma que de todas as partes era grande a multido que acorria para ouvi-lo e ainda mais para v-lo expelir os espritos impuros e curar as enfermidades.

    Um dia em que o ajuntamento era muito grande, Jesus, afastando-se, subiu a um monte e passou toda a noite em orao. Mas ao amanhecer, quando vinha descendo do monte, viu que uma grande parte do povo, que o acompanhara at ali, ainda estava Sua espera. Parou no meio do monte e, contemplando aquela multido, v nos coraes daquelas criaturas muito mais do que misria e muito mais do que cegueira. Em Sua infinita misericrdia e sabedoria, Ele v todas as possibilidades de serem salvas.

    Ento, abrindo a boca. Ele fez a prdica das bem-aventuranas, ensinando a todos como devero viver para alcanarem o progresso moral e as alturas que podero atingir pela prtica do trabalho, do amor e da caridade.

    Contudo aquele povo ficou muito admirado com aquelas palavras to extranhas, e com aquela Doutrina to diferente de tudo quanto tinham ouvido dos sacerdotes, dos rabinos e de todos os intrpretes das Escrituras Sagradas.

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    De fato: at aqueles tempos, os guias religiosos do povo julgavam-se e orgulhavam-se de serem os nicos possuidores dos .

    Assim aquela gerao no compreendeu, como ainda hoje nem todos compreendem, o verdadeiro sentido dos ensinamentos de Jesus. Quando Ele diz: Bem-aventurados os pobres de Espritos, os mansos, os misericor-diosos, os pacificadores e lhes promete o Reino dos Cus, Ele ensinava que nunca devemos alimentar os sentimentos de vaidade, de orgulho, de ambio, porque nada neste Mundo nos pertence, e tudo devemos a Deus; no confiarmos em ns mesmos, pois s nEle devemos confiar, e porque somente nessa confiana que encontraremos resignao e foras para suportar todas as vicissitudes da vida. No devemos nos apegar aos bens do Mundo, porque a renncia e o desinteresse das coisas materiais nos do a liberdade de vivermos despreocupados e sem receios de qualquer espcie. E se porventura Deus nos concede fartura ou inteligncia, devemos procurar empregar esses benefcios no auxlio aos irmos menos felizes, dividindo com eles no s o alimento que sacia a fome do corpo, como do po es-piritual que alimenta a alma; enfim, levando-lhes alegria e conforto, e tomando parte nas suas dores.

    Aos que choram, aos tristes, aos que sofrem perseguies por causa da justia, Jesus chama bem-aventurados.

    Sereis felizes quando vos injuriarem e mentindo disserem de vs todo mal por minha causa. Rejubilal e exultai, porque grande recompensa vos est reservada nos Cus; visto que assim tambm perseguiram os profetas que existiram antes de vs.

    Com estas palavras Jesus se referia aos profetas do passado que, por causa das suas crenas e pela sua f em Deus, se tornaram alvo de perseguies fsicas e morais. Tambm eles, os Seus apstolos e futuros seguidores, iriam sofrer muito quando comeassem a divulgar a Sua Mensagem; mas pela sua f e perseverana triunfariam das provaes por mais difceis que fossem. E isto tudo porque, enquanto a humanidade no se purificar, neste Mundo haver sempre perseguio por causa da .

    Nos dias de hoje, a Doutrina esprita a mais atingida; porque ela traz para a Terra o esclarecimento em Esprito e Verdade de todos os ensinamentos de Jesus, descerrando um a um os vus que cobrem Suas palavras. Porm os Espritas podem se livrar das perseguicoes que sofrem

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    desde que exemplifiquem, pelo seu procedimento pblico e particular, a crena que professam.

    Todos os espritas que fizeram profisso pblica de sua crena no devem jamais esquecer que, por onde passam, para onde vo, o que fazem, esto sendo observados por aqueles que no seguem suas idias. Devem, por isso, ser prudentes no pensar, no falar, no agir. S assim estaro compreendendo os graves deveres que assumem como espiritas para no carem, por ignorncia, na incompreenso e na perseguio sistemtica dos inimigos dessa to maravilhosa Doutrina. Entrando para o servio de Jesus, espalhando o blsamo curativo dos Seus ensinamentos, estaro colabo-rando na grande obra de consolar os aflitos e esclarecer os que vivem na ignorncia e nas trevas.

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    CAPITULO II

    SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO

    E continuando o Sermo, diz Jesus: Sois o sal da Terra. Se o sal perder a sua fora com que se salgar? Para nada mais servir seno para ser posto fora e pisado pelos homens.

    Sois a LUZ do Mundo. Uma cidade situada sobre um monte no pode ficar escondida. E ningum acende uma lmpada para coloc-la debaixo do alqueire; coloca-a num candeeiro a fim de que ilumine a todos os que esto na casa. Assim tambm brilhe a vossa luz diante dos homens a fim de que eles vejam as vossas obras e glorifiquem a vosso Pai que est nos Cus.

    Com as palavras Jesus se dirigia no s aos Seus discpulos como a todos os que no futuro se dedicassem divulgao do Evangelho. Como sempre, Ele usava de figuras materiais para ministrar Seus ensinamentos.

    Assim, para apreendermos bem o Seu pensamento nesta passagem, temos que estudar a relao que existe entre as propriedades do sal e a lio evanglica. Sabemos que o sal um elemento incorruptvel e de grande utilidade; empregado para dar sabor aos alimentos e preserv-los da decomposio. Na aparncia ele se confunde com muitas outras substncias; porm logo que utilizado se d a conhecer porque, devido sua natureza, qualquer corpo que se misture a ele fica logo salgado; pois o sal nunca recebe, somente d; e assim sendo, ele no se presta para muitas finalidades; sua funo nica Salgar.

    Fazendo uma comparao, Jesus apresentava as qualidades que devero possuir os Seus discpulos, e a sua conduta na vida; o seu carter, a sua bondade, a tolerncia, a humildade e a retido, so as virtudes que ornam o Esprito e com as quais apresentar-se-o no meio dos seus semelhantes. O exemplo o seu sabor. Pela observncia e obedincia aos mandamentos divinos, eles se tornam imediatamente reconhecidos ainda mesmo no meio dos vcios e das paixes do mundo.

    Assim como o sal tem uma funo nica que salgar, o discpulo de Jesus deve espalhar o conhecimento que j adquiriu entre as criaturas com quem entra em contato, levando o esclarecimento da (verdade eterna aos

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    que se encontram ainda nas trevas da ignorncia, trabalhando no s para a sua evoluo como, tambm, auxiliando no progresso moral dos seus irmos, ensinando-os, consolando-os e servindo, servindo sempre, por todos os meios possveis, na medida da sua capacidade, da sua f e da sua sinceridade.

    A humanidade geme, chora e se desespera pelo multo que sofre; o egoismo tudo devora e as vtimas da maldade se sucedem sem parar. E o discpulo de Jesus, intermedirio entre a humanidade e o Mestre Divino, quem est encarregado de espalhar a luz, j que sabe porque seus irmos sofrem, gemem, choram e se desesperam. preciso ensinar-lhes ento a causa de seus sofrimentos, de suas lgrimas, de seu desespero, fazendo-os compreender que a dor depura, eleva, santifica, exalta.

    Mas, se o sal perder o sabor, com que se h de salgar? Quer dizer que se os discpulos do amado Mestre no cumprem seus deveres e seu mandato, deixando-se arrastar pelos instintos prprios da natureza humana, e no se esforam na prtica das virtudes e das obras de amor ao prximo, ento perdem a utilidade; no tero xlto nas suas tarefas e sero afastados do convvio dos semelhantes, pois j no exercem sobre eles nenhuma influncia benfica. Ao desencarnarem grande ser seu remorso e pesar; sero submetidos a sofrimentos adequados s suas culpas, para novamente reencarnarem na Terra ou em outros planos de vida onde, por meio de provas correspondentes aos erros que praticaram, possam repar-los a fim de progredir.

    Vs sois a luz do Mundo. Estas palavras se aplicam a todos os que se tornam apstolos de uma revelao divina a fim de divulg-la pela palavra e pelo exemplo, porque nada dever ficar oculto. Assim como o Sol sai em sua misso, afugentando as trevas da noite e despertando o Mundo para a vida, da mesma forma os seguidores e discpulos de Jesus devem difundir a luz dos Seus ensinamentos entre os que no os conhecem, e se encontram ainda nas trevas da ignorncia.

    como explicam as palavras de Jesus:

    Brilhe a vossa luz diante dos homens a fim de que eles vejam as vossas obras e glorifiquem a vosso Pai que est nos Cus.

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    CAPTULO III

    JESUS NAO VEIO DESTRUIR A LEI

    JUSTIA ABUNDANTE

    DO HOMICDIO

    No penseis que eu tenha vindo revogar a lei Ou os profetas; no os vim destruir mas cumprir. Porque, em verdade vos digo, enquanto o Cu e a Terra no passarem nem um s til, nem um s pice da lei passaro sem que esteja tudo cumprido. Assim, aquele que violar qualquer destes menores mandamentos e ensinar os homens a viol-los, ser chamado o menor no reino dos Cus, ao passo que aquele que os guardar e ensinar, ser chamado grande no reino dos Cus.

    Porque eu vos digo que, se a vossa justia no for mais abundante do que a dos escribas e fariseus, no entrareis no reino dos Cus.

    Aprendestes o que foi dito aos antigos: no matars e quem quer que mate ser condenado no juzo. E eu vos digo que, quem quer que se encha de clera contra seu irmo, ser condenado no juzo; aquele que disser: s um insensato, ser condenado ao fogo da geena. Quando apresentares no altar a tua oferenda te lembrares de que teu irmo tem qualquer coisa contra ti, deixa-a diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com ele; depois ento vem fazer a tua oferta. Pe-te o mais depressa possvel de acordo com teu adversrio, enquanto ests a caminho com ele, para no suceder que te entregue ao juiz, este ao Ministro e que sejas metido na prso. Em verdade te digo que da no sairs enquanto no houveres pago at o ltimo ceitil.

    Quando Jesus fala da Lei no se refere aos dogmas, s tradies e aos mandamentos humanos que foram decretados pelos doutores e interpretadores da lei contida nas Escrituras Sagradas, e alterada no seu verdadeiro sentido.

    Dizendo que no viera revogar mas cumprir a Lei, mostrava aos seus discpulos e aos homens de todos os tempos que a Doutrina que Ele pregava no era diferente daquela que havia sido ensinada no passado pelos

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    Enviados de Deus, ou seja, pelos Profetas e Espiritos que vieram em misses.

    A Lei, at aquele tempo, fora trazida ao Mundo a fim de proporcionar o desenvolvimento e o progresso da humanidade, preparando-a para o cumprimento das verdades espirituais; cumprindo as profecias, Jesus de-sempenhou Sua misso terrena e, por sua vez, profetizou para os sculos futuros.

    Hoje, o , o Esprito da Verdade prometido por Jesus, veio atravs da Nova Revelao ensinar a humanidade, esclarecendo as inteligncias, dando assim cumprimento s profecias de Jesus e dizendo: ns no viemos destruir mas, sim, fazer lembrar e tornar compreensvel em Esprito e Verdade essa doutrina sublime de Jesus e os ensinamentos velados que Ele transmitiu; ns queremos esclarecer a respeito das tra-dies, dos dogmas, das liturgias, e das falsas interpretaes que h tanto tempo vm alterando o verdadeiro sentido da Boa Nova que Ele trouxe Terra. Ns viemos nos tempos preditos, a fim de confirmar o verdadeiro cristianismo, estabelecendo a unidade das crenas e conduzindo as criaturas verdadeira fraternidade pela prtica do amor a Deus acima de tudo e ao prximo como a si mesmas; amor para todos, por toda a parte e para sempre.

    Nem uma s palavra de Jesus, que a prpria Lei, deixar de ser cumprida; e aquele que violar qualquer mandamento ou que tendo a incumbncia de ensinar a seus irmos no pratica aquilo que ensina, dando assim, mau exemplo pela contradio entre suas palavras e seus atos, esse ser considerado o menor no Reino dos Cus.

    Portanto, as nossas aes devem ser sempre a conseqncia das nossas palavras, pois o exemplo a nica pregao que produz bons frutos.

    Jesus nos d tambm unia lio sobre a verdadeira justia, que um dia seria praticada de maneira muito diferente daquela que era posta em prtica pelos escribas e fariseus daqueles tempos.

    A justia seria abundante e praticada sem orgulho, sem hipocrisia, obedecendo unicamente Lei da Justia Divina, com amor e reconhecimento ao Criador que, desde o comeo da nossa evoluo moral, nos traou uma linha de conduta por onde todos deveremos seguir at chegar a Ele. E bem-aventurados seremos se soubermos seguir esse caminho sem nos desviar.

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    E Jesus fala tambm do julgamento a que estar sujeita a criatura que no conduz sua vida dentro da moral crist e cujo corao no tem indulgncia e nem misericrdia.

    Somos todos devedores de Deus. Ele nos concede inteligncia, bem-estar e todas as coisas boas da vida; concede-nos tambm o discernimento para empreg-las de acordo com Sua Lei. Mas se no praticamos as virtu-des, se insultamos e repelimos nossos irmos, no perdoando e esquecendo as ofensas que nos fazem muitas vezes por ignorncia, se no procuramos nos reconciliar com eles enquanto estivermos percorrendo juntos o caminho desta existncia terrena, estendendo-lhes a mo para ampar-los nas difceis provaes por que passam, ento seremos submetidos a um julgamento e receberemos o castigo que provocamos para ns mesmos.

    Disse Jesus: Em verdade te digo que no sairs de l enquanto no houveres pago o ltimo ceitil quer dizer que quando menos esperamos a morte nos surpreender e nos levar presena da Justia Divina, e iremos recolher os frutos da nossa semeadura, da nossa indiferena e da nossa maldade no inferno do remorso e do pesar de no termos sido mais compreensivos e mais fraternos com os nossos irmos na Terra.

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    CAPTULO IV

    JESUS FALA DO ADULTRIO, DO JURAMENTO, DA VINGANA, DO AMOR

    AO PRXIMO E AO INIMIGO

    Aprendestes que aos antigos foi dito: No cometers adultrio. E eu vos digo, quem quer que olhe para uma mulher, cobiando-a, j cometeu adultrio no seu corao. Se o vosso olho direito for motivo de escndalo, arrancai-o e atirai-o longe de vs, porquanto melhor vos que perea um dos membros do vosso corpo do que ser este lanado na geena.

    Se a vossa mo direita for motivo de escndalo, cortai-a e atirai-a longe de vs, porquanto melhor vos que perea um dos membros do vosso corpo do que ir este para a geena.

    Tambm foi dito: Quem abandonar sua mulher, d-lhe carta de repdio. Eu, porm, vos digo que quem repudiar sua mulher, a no ser por causa de adultrio, torna-a adltera; e aquele que tomar a mulher repudiada por outro, comete adultrio.

    Ouvistes ainda que aos antigos foi dito: No jurareis falso; mas cumprireis para com o Senhor os vossos juramentos. Eu, porm, vos digo que no jureis de forma alguma; nem pelo Cus, porque o trono de Deus; nem pela Terra, porque o escabelo de Seus ps; nem por Jerusalm, porque a Cidade do grande rei. No jureis tampouco pela vossa cabea, porque no podeis tornar branco ou preto um s de seus cabelos. Limitai-vos a dizer: sim, sim, no, no; pois o que passar disto procede do mal>>.

    Sabeis que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porm, vos digo que no oponhais resistncia ao que vos queira fazer mal; pelo contrrio, se algum vos bater na face direita, apresenteis-lhe a outra; e, aquele que quiser demandar convosco em juzo para vos tomar a tnica, entregai tambm a vossa capa. E se algum vos forar a caminhar mil passas, caminhai com ele dois mil. Dai a quem vos pedir e no volteis as costas a quem vos queira solicitar um emprstimo.

    Aprendestes que foi dito: Amars o teu prximo e odiars o teu inimigo; Eu, porm, vos digo: Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam; orai pelos que vos perseguem e caluniam,a fim de serdes filhos do

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    vosso Pai que est nos Cus o qual faz que se levante Seu Sol sobre os bons e sobre os maus, e f az chover sobre os justos e sobre os pecadores.

    Jesus, como sempre, empregava palavras simblicas. Ento, para compreendermos o seu verdadeiro significado, e apreender o sentido moral do seu ensinamento, devemos interpretar segundo o esprito e nunca segundo a letra.

    No podemos esquecer a poca em que o nosso Divino Mestre desempenhava na Terra a Sua misso, levando em conta as inteligncias atrasadas a quem Ele falava, e a finalidade da Sua misso: de abnegao, devotamento, caridade e amor.

    Assim, falando do adultrio no corao, Ele nos faz ver que no devemos cobiar as coisas que no nos pertencem.

    Sabemos que os nossos pensamentos no so vistos pelos semelhantes e ningum percebe o que se passa no ntimo de cada um.

    Contudo a falta cometida por pensamento to grave quanto a prtica da m ao.

    E por isso Jesus comparou o pecado da cobia ao adultrio, dizendo: aquele que cobiou o alheio j cometeu pecado, por se tratar de uma falta que o Esprito comete e que muitas vezes, s por surgir uma dificuldade material qualquer, que o desejo no se transforma em ato.

    Quando Ele fala em e cortar a mo>> quando se tornem motivo de escndalo e queda, era para impressionar fortemente os Espritos; Jesus queria dizer: entrar na vida, isto , numa nova existncia terrena sem um olho, ou sem uma mo, ou seja, cego ou aleijado.

    No basta que nos abstenhamos de fazer o mal, importa-nos fazer o bem de qualquer maneira. Devemos destruir em ns tudo que possa servir de causa de escndalo, tudo que nos leve prtica de aes inferiores, seja por atos, por palavras ou por pensamentos, diante doa nossos semelhantes.

    No podemos medir qualquer sacrifcio que nos possa custar o trabalho de nossa reforma ntima e do nosso progresso moral.

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    Quando Jesus fala do divrcio seu ensino tinha por finalidade impedir que se multiplicasse o nmero de mulheres abandonadas.

    Naqueles tempos, por qualquer motivo e sob qualquer pretexto, a mulher era repudiada e sem receber do marido carta de divrcio. Ento Jesus quis fazer lembrar ao homem, que a mulher tambm um Esprito em tudo igual ao dele, criado pelo Senhor e posto na Terra pela encarnao, para expiar e resgatar faltas, depurar-se e progredir, suportando com ele todas as dores e alegrias da vida humana.

    Lio para todos os tempos

    As causas e os motivos que muitas vezes levam o homem a deixar a companheira que escolheu ainda so os mesmos nos dias atuais: primeiro, a falta de conhecimento sobre o verdadeiro motivo da existncia terrena; depois, os frutos de uma civilizao imperfeita que faz da unio do homem e da mulher, na maiorja dos casos, mais um jogo de interesses do que a aproximao de dois Espritos que, por simpatia, se elegem para juntos suportarem as provaes da vida material.

    Algum dia, como conseqncia da depurao moral, o casamento ser uma escolha livre e feliz, mantendo-se at a morte de um dos cnjuges. Ser um acordo e um apoio mtuos que nada poder romper. Ser um concurso nas provaes e a firme vontade de, mesmo depois de interrompido na Terra, conservar na vida espiritual a unio contrada, constituindo-se em um lao forte unido pela Eternidade.

    Quanto ao juramento, Jesus se referiu a ele a fim de coibir o abuso que dele faziam os Judeus. Ele nos ensina que o juramento intil para a criatura que tem o corao puro, uma vez que nunca lhe vir o pensamento de negar ou faltar sua palavra; e, se por acaso houver quem dela duvide, nenhum juramento ser capaz de fazer que esse algum deixe de duvidar.

    Ainda hoje o juramento existe, imposto pela justia terrena como uma necessidade, por causa da tendncia do homem mentira; e isto por causa da inferioridade espiritual em que se encontra ainda a maioria das criaturas.

    A obrigao do juramento, haver de desaparecer das leis humanas quando nos libertarmos dos instintos inferiores; quando estiverem mortos o

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    homem velho e o

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    Entretanto Ele sabia que aquela semente que lanava com Seus exemplos iria frutificar muito mais tarde, aps muitos sculos e somente quando os homens chegarem poca em que, para julgamento de seus atos, a um nico tribunal obedecero: ao tribunal da prpria conscincia. Essa poca a da execuo dos Evangelhos de Jesus, poca em que, com o tempo e as reencarnaes sucessivas dos Espritos culpados, com o concurso dos Espritos encarnados em misses e sob a ao oculta e constante dos Espritos do Senhor, a Terra ver-se- iluminada pela influncia da nova Revelao, e o Evangelho desenvolvido, explicado, interpretado e vivido em Esprito e Verdade; quando, feita a separao dos bons e dos maus, o nosso Mundo se tornar morada exclusiva dos Espritos j purificados, morada de paz e de felicidade.

    Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem e caluniam.

    Jesus insiste nestas palavras para nos mostrar que os inimigos, isto , aqueles que no nos querem bem, so tambm o nosso prximo a quem devemos amar; e que se preciso for, sacrificaremos at os nossos prprios interesses a favor deles. E que devemos no apenas esquecer as ofensas que nos fazem como nos abster de palavras e atos que possam ser nocivos e desagradveis para eles, procurando pagar o mal com o bem, sempre, em todas as circunstncias e por todos os meios, com sinceridade no pensamento e no corao.

    Sabemos que a clera, o cime e o dio so foras negativas que perturbam a nossa mente, o nosso corpo e o nosso Esprito.

    Ento quem tem dio contra seu semelhante est provocando para si prprio as piores conseqncias porque todas as doenas e perturbaes que nos afligem so o resultado da nossa m conduta em relao aos nossos irmos.

    Portanto devemos ser tolerantes e compreensivos, procurando ver naqueles que agem mal conosco, no inimigos, mas criaturas necessitadas que no tiveram ainda a felicidade de receber a luz do conhecimento es-piritual; e, nessa ignorncia, no sabem o que fazem; por isso mesmo precisam muito mais da nossa ateno e do nosso afeto.

    Tratando-os com bondade, poderemos cativar a sua simpatia e at transform-los em nossos companheiros aqui mesmo nesta vida e, depois, como amigos na vida espiritual. Estaremos ento nos libertando de todas as influncias da matria que tanto mal nos fazem, e conquistando as virtudes

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    que nos tornaro dignos de receber as bnos de nosso Pai Celestial que faz brilhar o Seu Sol sobre os bons e sobre os maus, e faz chover sobre os justos e sobre os pecadores.

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    CAPTULO V

    SEGREDO NA PRTICA DAS BOAS OBRAS A PRECE

    DESPRENDIMENTO DAS COISAS TERRENAS NO SE PODE SERVIR A DEUS E AS RIQUEZAS

    E Jesus continua ensinando:

    Tende cuidado em no praticar as boas obras diante dos homens para que vos vejam; do contrrio, recompensa no recebereis do vosso Pai que est nos Cus. Quando, pois, derdes a esmola, no saiba a vossa mo esquerda o que faz a direita, a fim de que a esmola fique em segredo. E vosso Pai que v o que se passa em segredo, vos recompensar.

    Do mesmo modo, quando orardes, no faais como os hipcritas que gostam de orar de p nas sinagogas e nos cantos das praas pblicas a fim de serem vistos pelos homens.

    Em verdade vos digo, eles j receberam a sua recompensa.

    Quando quiserdes orar, entrai para o vosso aposento e fechada a porta orai a vosso Pai em segredo>>; e vosso Pai que v o que se passa em vos recompensar. Quando orardes, no faleis. mxuito como fazem os gentios, imaginando que sero ouvidos por muito falarem. No vos assemelheis a eles, porquanto vosso Pai sabe do que precisais antes de 1ho pedirdes.

    No queirais acumular tesouros na Terra, onde a ferrugem e as traas os destrem, onde os ladres os desenterram e roubam. Preparai para vs tesouros no cu, onde no h ferrugem nem traas que os possam destruir, onde no h ladres que os desenterrem e roubem. Porquanto, onde estiver o vosso tesouro, a estar tambm o vosso corao.

    Ningum pode servir a dois senhores porque, ou odiar um e amar outro, ou se submeter a um e desprezar a outro. No podeis servir a Deus e s riquezas. Eis porque vos digo: No vos inquieteis pelo que comereis para o sustento da vossa vida, nem como vestireis o vosso corpo. A vida no muito mais do que o alimento, e o corpo muito mais do que as roupas? Vede as aves do cu; no semeiam, no ceifam, no enchem celeiros;

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    entretanto vosso Pai celestial as alimenta. No sois muito mais do que elas? E qual de vos pode, por sua vontade, acrescentar um cvado sua estatura? E com as vestes, porque vos inquietais? Considerai como crescem os lrios nos campos; no trabalham, nem fiam. E eu vos digo que, no entanto, nem Salomo em toda a sua glria jamais se vestiu como um deles. Se Deus cuida de vestir o feno dos campos que hoje existe e amanh ser lanado ao fogo, quanto mais vs, homens de pouca f! No vos inquieteis, pois, dizendo: que comeremos? ou que beberemos? ou como nos vestiremos? semelhana dos gentios que se azafamam por essas coisas, porquanto vosso Pai sabe que delas precisais. Procurai primeiramente o reino de Deus e a Sua justia e todas aquelas coisas vos sero dadas de acrscimo.

    No precisamos de muita explicao para compreendermos o que o Evangelho a cada passo nos recomenda; nunca devemos praticar o bem tendo em vista os elogios humanos; e nem tirar proveito em nosso prprio benefcio. Jamais deveremos deixar que a nossa mo esquerda saiba o que faz a direita, isto , praticar tanto a caridade material quanto a caridade moral, com a mxima inteligncia e delicadeza do corao, a fim de no magoarmos os nossos irmos, esforando-nos dessa forma por seguir os exemplos de Jesus, que nada tinha para ganhar dedicando-se aos homens, e que no entanto foi bom, caridoso e humilde no mais alto grau.

    Por isso, devemos praticar as boas obras desejando receber como recompensa apenas os aplausos da nossa prpria conscincia, e depois agradecer a Deus nosso Pai a oportunidade do trabalho, executando nossas tarefas e cumprindo fielmente as Suas Divinas Leis.

    E quando ento os discpulos viram Jesus absorto na orao, pediram: Mestre, ensina-nos a orar. Jesus, ento. lhes ensinou a orao do (

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    Venha a ns o Teu Reino porque o Teu Reino, Senhor, o Reino da justia; que a paz, o amor e a justia reinem entre ns.

    Seja feita a Tua Vontade assim na Terra como no Cu que todas as criaturas submissas s Tuas Leis santas, justas e imutveis, pratiquem-nas com amor e reconhecimento, como so praticadas nos Mundos felizes por humanidades mais evoludas do que a nossa; e Te glorifiquem como os Espritos Bem-aventurados se submetem Tua Vontade sublime, felizes por serem dela humildes instrumentos.

    D-nos hoje o po de cada dia conceda-nos, Senhor, o alimento necessrio existncia material que nos destes como instrumento para a obra da nossa purificao espiritual; d-nos, Senhor, principalmente o po da vida eterna, o nico que nos levar Tua Eternidade.

    Perdoa as nossas dvidas assim como perdoamos aos nossos devedores>> que a Tua bondade se estenda sobre ns, criaturas sempre rebeladas contra as Tuas sublimes vontades; perdoa-nos a ns que tantas vezes temos pecado e pecamos a cada segundo da nossa vida; que a Tua misericrdia se derrame sobre ns, Senhor, mas, como o amor e o perdo so Lei na nossa existncia, se a deixarmos de obedecer, que a Tua Justia caia sobre ns; pois como disse o nosso amado Mestre Amai os vossos Inimigos, assim Te pedimos, Pai da Justia, usa de Misericrdia para conosco, para aprendermos a ser misericordiosos com os nossos irmos, e perdoa-nos se de nossa parte perdoarmos as suas faltas para conosco.

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    dado unir nossas vozes s dos Espritos Bem-aventurados que celebram a Tua Glria, a Tua Grandeza e, oh! Pai nosso, a Tua Bondade Infinita.

    Estudemos, queridos irmos, eu lhes peo; eu que transcrevo neste momento esta prece; sintamos no ntimo dos nossos coraes, tudo o que ela encerra de amor, de sabedoria, de reconhecimento e de submisso; contudo estudemos com o Esprito erguido para Aquele que, desde toda a Eternidade, Foi, e Ser Deus Nossso Pai, Deus de Bondade e Perfeies absolutas e Infinitas.

    NEle temos a vida, o movimento, o ser.

    Tudo dEle tudo por Ele tudo nEle.

    (Paulo, o apstolo).

    Quando Jesus fala do desprendimento das coisas terrenas mostra que no existe felicidade neste Mundo e que, portanto, no adianta acumular riquezas, pois geralmente estas se tornam fontes de obras ms, de egosmo e de ms tentaes.

    Todavia as criaturas, em sua maioria, vivem to absorvidas na conquista dos bens perecveis para o seu futuro, que se esquecem que somos Espritos eternos, que no pertencemos a este Mundo e que estamos nele provisoriamente encarnados, tendo que suportar da melhor maneira possvel as provaes da existncia humana a fim de conquistarmos virtudes e nos purificarmos atravs do bom desempenho das nossas tarefas ou das nossas misses, acumulando o tesouro dos nossos mais puros sentimentos, das nossa boas aes, na prtica do amor e do esquecimento das ofensas. Essas so as verdadeiras riquezas, que a ferrugem e as traas no destrem porque so impereclveis; so as riquezas espirituais as nicas que nos aproximam de Deus Nosso Pai que a Fonte de todos os bens e de toda a felicidade.

    Porm Jesus falava para homens que ainda viviam mais pelos instintos grosseiros; e por essa razo era obrigado a usar de expresses multo fortes para atingir aquelas almas endurecidas e libert-las da escravido da matria.

    Dizendo no podemos servir a Deus e s riquezas, Ele mostrava que no podemos agradar a. dois senhores ao mesmo tempo; no podemos adorar a Deus de todo o corao, quando amamos tanto o nosso prprio

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    eu e somos to egostas; no podemos ser caridosos e desprendidos e, ao mesmo tempo, agarrados s coisas terrenas; no podemos ser humildes e simples de corao quando somos to orgulhosos e vaidosos; no podemos ser bondosos com os nossos semelhantes quando somos prepotentes e usamos de violncia para com eles. Enfim, ou viveremos a vida que agrada a Deus nosso Pai, amando-O com todo o nosso entendimento para cumprirmos Suas Leis ou amaremos o Mundo com todos os seus bens, suas glrias, suas honras e todas as coisas consideradas to preciosas, e pelas quais no conseguimos nos desprender o necessrio para cuidar do nosso desenvolvimento espiritual. Quanto s palavras no vos inquieteis pelo que comereis ou vestireis, no vamos concluir que devemos entregar inteiramente a nossa existncia na Terra aos cuidados exclusivos de Deus. No se trata disso, pois cuidar da vida material tarefa do homem; pois, se estamos no Mundo provisoriamente, necessitamos das coisas materiais e prprias da vida humana. Todavia o que Jesus condena o excesso de cuidados, e no as necessidades.

    Temos a obrigao de trabalhar para adquirirmos os meios de manter a vida material, contudo no concentrar todos os nossos esforos e todos os nossos desejos na acumulao de bens mundanos, a pretexto de garantir o futuro.

    Podemos ser previdentes, porm no ambiciosos; poderemos reservar alguma coisa para o dia em que as nossas foras fsicas nos faltarem e no mais pudermos trabalhar, mas fazer isto sem apego, com cuidado e muita honestidade; e lembrando-nos tambm dos irmos menos felizes que, por motivos de doenas ou de outras provaes difceis, no conseguem fazer o mesmo.

    Assim como o Lrio aguarda no seio da terra que o Senhor lhe prepare a roupagem com que se ostentar aos nossos olhos como o rei das flores do campo, assim ns, as criaturas humanas, devemos confiar em Deus que nos d as condies para que empreguemos nossas faculdades, nossa energia e atividade para alcanar pelo trabalho, o alimento e as necessidades materiais; mas, d-nos tambm a mesma atividade, a mesma energia e as mesmas faculdades para encontrarmos o alimento necessrio ao nosso Esprito eterno.

    Assim estaremos .

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    CAPITULO VI

    DO JUZO TEMERRIO - PERSEVERANA NA PRECE - AS DUAS ESTRADAS - OS FALSOS PROFETAS - DEUS

    JULGA PELAS OBRAS

    No julgueis para no serdes julgados, porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros; com a medida com que medirdes sereis medidos. Como que vedes um argueiro no olho do vosso irmo e no percebeis a trave no vosso? Ou, como que dizeis a vosso irmo: Deixai-me tirar um argueiro do vosso olho, quando tendes nos vossos uma trave? Hipcritas, tirai primeiro a trave dos vossos olhos e ento vereis como podeis tirar o argueiro do olho do vosso irmo.

    No deis aos ces as coisas santas, nem lanceis aos porcos as vossas prolas, para que no suceda que as pisem, se voltem contra vs e vos estraalhem.

    Pedi e dar-se-vos-; buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-; porquanto, quem pede, recebe; quem procura acha, e quele que bate se abre. Qual, dentre vs, d uma pedra ao filho quando este lhe pede po? Ou, se pedir um peixe, lhe dar uma serpente? Ora, sendo maus como sois, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, com mais forte razo vosso Pai, que est nos Cus, boas coisas dar aos que Lhe pedirem.

    E algum Lhe perguntou: Senhor, to poucos so os que se salvam? Ao que Ele respondeu: Esforai-vos por entrar pela porta estreita, pois larga a porta e espaoso o caminho que levam perdio; e quo grande o nmero dos que por ela entram. Quo estreita a porta, quo apertado o caminho que conduzem vida e quo poucos o encontram.

    Acautelai-vos dos falsos profetas que vm ter convosco sob as aparncias de ovelhas mas que, por dentro, so lobos vorazes. Conhec-los-eis pelos seus frutos.

    Porventura colhem-se uvas nos es pinheiros? ou figos nas saras? Assim, toda rvore boa d bons frutos e toda rvore m d maus frutos. Uma rvore boa no pode produzir maus frutos. Toda rvore que no d frutos bons ser cortada e lanada ao fogo. Pelos frutos, pois, os conhecereis.

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    Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor! entrar no reino dos Cus; aquele, porm, que fizer a vontade de meu Pai que est nos Cus, esse entrar no reino dos Cus.

    Muitos me diro nesse dia: Senhor, no profetizamos em Teu nome, no expulsamos em Teu nome os demnios e no fizemos em Teu nome muitos prodgios? Eu ento lhes direi: Nunca vos conheci; afastai-vos de mim, vs que praticais a iniquidade. Aquele que escuta as minhas palavras e as pratica comparvel ao homem ajuizado que construiu sua casa sobre a rocha. Veio a chuva, transbordaram os rios, os ventos sopraram e se arremessaram sobre essa casa e ela no caiu por estar edificada sobre a rocha.

    Aquele, porm, que ouve as minhas palavras e no as pratica assemelha-se ao insensato que construiu sua casa na areia. Veio a chuva, os rios transbordaram, sopraram os ventos, precipitaram-se sobre a casa e ela desabou e grande foi a sua runa.

    - Constantemente estamos pedindo a Deus perdo para as nossas culpas porque temos conscincia de que somos criaturas endividadas e necessitadas da compai xo divina. Por isso Jesus chamava a ateno sobre o juzo que os homens faziam dos seus semelhantes; e dizia que, se cada um penetrar em seu Intimo e fizer um exame de conscincia de seus prprios atos, ver que quase sempre tem muito mais motivos para ser julga-do do que para julgar os outros.

    Ento, para que a justia se cumpra preciso que cada um procure retirar a trave que tem atravessada no seu olho, para depois ver se consegue enxergar o cisco no olho do seu irmo>>.

    Isto quer dizer que devemos limpar a nossa alma, expurgando-a de todos os vcios e paixes inferiores que a dominam, e tornar puros nossos olhos e nosso corao, aos olhos de Deus.

    Depois no mais observaremos os defeitos dos nossos irmos porque teremos chegado a uma maior compreenso dos ensinamentos de Jesus que foi, na Terra, o nico Esprito que podia julgar, mas que no entanto jamais julgou. Apenas disse: Atire a primeira pedra aquele dentre vs que se julgar sem pecado.

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    No deis aos ces as coisas santas; no lanceis aos porcos as vossas prolas. Estas palavras dirigidas aos apstolos se referiam propagao da Boa Nova que Ele lhes trazia. Era uma recomendao para todos os tempos e a todos os seguidores do Seu Evangelho, a fim de que lanassem a semente divina em campo frtil, isto , entre os de boa vontade que a desejam receber; porque Ele sabia que muitos sculos se passariam antes que seu Evangelho redentor fosse aceito e atingisse todos os coraes.

    Jesus nos recomenda tambm que, em nenhum momento da nossa vida, duvidemos da bondade de Deus, e nem tentemos realizar qualquer coisa sem primeiro implorar do fundo do corao a Sua assistncia, porque Ele, na sua infinita misericrdia, jamais recusar qualquer pedido que faamos, desde que saibamos o que pedir. Um filho ingrato comete erros contra seu pai, abandona sua casa magoando e envergonhando sua famlia; porm se voltar arrependido e pedir perdo, seu pai ficar contente e o perdoar de todo o corao, e ainda lhe dar tudo que quiser. Jesus nos faz ver que se um pai da Terra, cheio de imperfeies, perdoa seu filho ar-rependido e lhe d boas coisas, nosso Pai Celestial tambm no nos recusar nada do que lhe pedirmos. Apenas temos que saber o que pedir. No podemos querer mudar o rumo das nossas vidas pedindo a Deus que nos livre dos sofrimentos; e se alguma vez Ele no nos concede alguma graa, e nos deixa sentir a ao do sofrimento, porque o que pedimos no est de acordo com as necessidades do nosso Esprito.

    O que devemos pedir com a certeza de alcanarmos, so as luzes que iluminem as nossas mentes a fim de compreendermos o porqu dos sofrimentos desta vida, e aceitarmos com pacincia e resignao as provaes por mais difceis que elas sejam; porque somente atravs delas conseguiremos nos libertar dos compromissos e dvidas que contramos em vidas passadas.

    Devemos pedir tambm, com bastante f e humildade, que Deus, na sua infinita misericrdia, nos d um maior entendimento dos mandamentos de Suas Leis, para que saibamos cumpri-las; que sejamos auxiliados e amparados pelos bons Espritos nossos amigos e protetores, nas nossas necessidades, mas que, em tudo, se cumpra a Sua Santssima Vontade porque Ele, melhor do que ns, sabe o que nos convm.

    Sendo a nica finalidade das nossas existncias na Terra a purificao e o progresso dos nossos Espritos, Jesus nos mostra dois caminhos que podemos percorrer de acordo com as nossas tendncias e livre arbtrio.

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    O primeiro a

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    seguintes observaes: e

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    Quando Jesus acabou de proferir o Sermo da Montanha, estavam as multides maravilhadas da Sua Doutrina, porque Ele ensinava como quem tem Autoridade, e no como os escribas.

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    CAPTULO VII

    COMO SEGUIR A JESUS DEIXAR QUE OS MORTOS ENTERREM SEUS MORTOS LIBERTAO DOS

    SUBJUGADOS

    O Evangelho continua:

    Vendo-se Jesus cercado por grande multido, resolveu atravessar o lago. Ento um escriba se aproximou e lhe disse: Mestre, seguir-te-ei para onde quer que fores. Jesus lhe disse: As raposas tm suas tocas, os pssaros do cu tm seus ninhos; porm o filho do homem no tem onde repousar a cabea. Outro discpulo lhe disse: Senhor, permite que primeiro eu v enterrar meu pai. Jesus lhe retrucou: Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu, porm, vai e anuncia o Reino de Deus.

    Ao chegar Jesus na outra margem do lago, a terra dos Gerasenos, vieram-lhe ao encontro, saindo dos tmulos, dois possessos to furiosos que ningum ousava passar por aquele caminho, e puseram-se a gritar: Jesus, filho de Deus, que h entre tu e ns? Vieste aqui para nos atormentar antes de tempo? No longe dali havia uma grande vara de porcos pastando; e os demnios suplicaram a Jesus: se nos expulsares daqui, manda-nos para aqueles porcos. Jesus lhes disse: Ide e logo toda a manada partiu a correr impetuosamente e foi precipitar-se no lago, onde os porcos morreram afogados.

    O Filho do homem no tem onde repousar a cabea. Sabemos que Jesus no proferiu estas palavras pretendendo determinar aos homens que para O seguirem deveriam renunciar s exigncias e necessidades da existncia humana, principalmente as relativas habitao, assim como aos alimentos e vesturios. Ele sabe que estamos no Mundo e necessitamos das coisas do mundo. Porm nos ensina que devemos dar uma importncia muito relativa a elas para no nos prendermos demasiadamente s comodidades da vida terrena; procurarmos ser desprendidos e mais confiantes em Deus, usando as nossas energias no combate as tendncias inferiores e na aquisio das virtudes.

    Quanto s palavras que Ele dirigiu quele que lhe pedia para ir primeiro enterrar o pai, referiam-se queles que vivem exclusivamente para o corpo, e

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    se esquecem completamente do Esprito; ento,

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    CAPITULO VIII

    VOCAO DE MATEUS JEJUM PANO NOVO ODRES VELHOS A SEARA E OS TRABALHADORES

    Ao sair dali viu Jesus um homem de nome Mateus sentado. no telnio escritrio do cobrador de impostos - e lhe disse: Segue-me. Logo o homem, levantando-se, o seguiu. E sucedeu que, achando-se depois Jesus mesa na casa desse homem, vieram muitos publicanos e pecadores e se sentaram volta da mesa com Jesus e seus discpulos.

    Notando isso, os fariseus diziam aos discpulos: como que o vosso Mestre come na companhia de publicanos e pecadores? Jesus, ouvindo-os, disse: No so os que gozam sade que precisam de mdico, e sim os doentes. Eia, pois, aprendei o que significam estas palavras: Quero misericrdia e no sacrifcio; porquanto no vim chamar os justos, mas os pecadores.

    Ento vieram ter com Ele os discpulos de Joo, o Batista, e lhe perguntaram: Por que os fariseus e ns jejuamos freqentemente e os teus discpulos no jejuam? Jesus lhes respondeu: Podem acaso chorar os filhos do esposo quando o esposo est com eles? Dia; porm, vir em que o esposo lhes ser tirado; eles ento jejuaro. Ningum pe remendo de pano novo em roupa velha, porque aquele esgararia uma parte da roupa e lhe aumentaria o rasgo; e no se deita vinho novo em odres velhos, porque os odres se quebram, o vinho se derrama e os odres ficam perdidos; ao passo que, deitando-se vinho novo em odres novos, uns e outros se conservam.

    Jesus percorria as cidades e as aldeias ensinando nas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, curando todas as enfermidades. E, vendo todas aquelas gentes, tinha piedade delas pois estavam maltratadas e jaziam ali como ovelhas que no tm pastor. Disse ento aos discpulos: A seara verdadeiramente grande, mas poucos os trabalhadores. Rogai, pois, ao Dono da seara que mande trabalhadores para ela.

    Chamando para ser um dos Seus discpulos um publicano, cobrador de impostos, e que era detestado por todos, Jesus nos d mais um grande ensinamento: Nunca devemos desprezar ou repelir qualquer criatura que nos

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    parea indigna por causa da sua posio social; porque, muitas vezes, onde s vemos impureza ou desonestidade, pode existir um germe de virtude que poder se desenvolver se lhe estendermos nossa mo amiga.

    Devemos, sim, procurar incutir nele por toda a forma possvel, o sentimento do verdadeiro, do justo, do bom, e o desejo de reparar todo o mal que possa existir ou que esteja enraizado em seu Esprito.

    Assim, Jesus nos deu uma lio de indulgncia, de tolerncia e da pacincia que devemos ter com os nossos irmos, em todas as circunstncias.

    Quando os fariseus disseram aos discpulos que Ele comia com pecadores e publicanos, Jesus respondeu que viera justamente buscar e salvar os que estavam perdidos, e curar os que se encontravam doentes porque os que gozam sade no precisam de mdicos.

    Quero misericrdia e no sacrifcio. Com estas palavras Jesus mostrava que nenhum Esprito, por mais culpado que seja, ser condenado eternamente, sejam quais forem as faltas ou os crimes cometidos; pelo contrrio, para todos haver misericrdia; haver perdo uma vez que se arrependam sinceramente. Ele procurava despertar o remorso nas criaturas ensinando que o Esprito, depois da morte do corpo, dever expiar na erraticidade, atravs dos sofrimentos e torturas morais para, depois, reparar e progredir por meio da reencarnao; porque a reparao a conseqncia do arrependimento; e convidando ao arrependimento e expiao, Ele procurava salvar e curar aqueles Espritos que de outro modo estacionariam por longo tempo na impenitncia.

    Este o sentido das palavras:

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    CAPTULO IX

    O JEJUM MATERIAL O VERDADEIRO JEJUM

    Materializados, ignorantes e obstinados nos seus preconceitos e tradies, os homens daqueles tempos teriam sido esmagados por um fardo to pesado; ou ter-se-iam cegado pelo brilho de to intensa luz como era a Doutrina inteiramente nova que Jesus pregava e exemplificava: e por isso as figuras alegricas e as imagens materiais que Ele empregava para os sculos vindouros, para quando as reencarnaes houvessem preparado as inteligncias e os coraes para a , e para a compreenso em esprito e verdade de todas as Suas palavras.

    Assim compreendemos que os homens daquela poca eram a que no podia ser remendada com , porque romper-se-ia; e eram tambm os imprprios para conter o , pois a fora desse vinho fermentado rebentaria o odre velho.

    Hoje o vinho novo, isto , a moral sublime de Jesus derramado em que so os verdadeiros cristos, esclarecidos pelos mensageiros do Senhor atravs da Doutrina Esprita que revela o Evangelho em toda a pureza com que foi trazido pelo Cristo de Deus, nosso Mestre e Salvador.

    Jesus se designava a si mesmo o esposo, tomando este termo das tradies e costumes hebraicos, pela considerao que era dispensada aos hebreus quando se casavam e assumiam a direo do Lar que formavam para si. Ora, sendo Jesus o Chefe da Doutrina de salvao e da qual fora incumbido de revelar ao Mundo e sendo o Chefe da famlia que viera organizar e amparar de todos os males, Ele era considerado o esposo que depe a coroa nupcial, a fim de assumir o governo da grande famlia humana que constituiu para Si. E os filhos do esposo so expresses que designavam Seus discpulos e que viviam sob a Sua proteo.

    Dizendo que eles no precisavam jejuar enquanto o esposo estivesse com eles, Jesus queria mostrar que as privaes materiais no lhes eram necessrias para se manterem fiis aos Seus ensinos, pois a Sua presena os mantinha na senda firme que deviam trilhar.

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    Porm o futuro se revelava aos Seus olhos; e o Mestre antevia os abusos e as transgresses que no tardariam a perverter a Sua Doutrina, e os que tomariam a si a continuao da obra dos apstolos e dos primeiros cristos. O jejum material era entre os Hebreus o emblema da expiao que os fariseus e os discpulos de Joo praticavam.

    Porm Jesus se referia ao jejum que todos os homens deveriam praticar: O jejum moral, o verdadeiro jejum expiatrio que produz resultados espirituais; pois no podemos esquecer que todos os ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo visavam exclusivamente ao Esprito.

    Assim, Ele jamais cogitou de prescrever a privao de alimentos, pois so coisas que apenas satisfazem a matria. Compreendemos Suas palavras: No o que entra pela boca que contamina o homem, porquanto isto no lhe vai ao corao. O que contamina o homem e o torna impuro o que lhe sai do corao; so as palavras torpes, os maus pensamentos, as ms aes; a violao das Leis de Deus.

    Jesus andava pelo Mundo curando as enfermidades do corpo e da alma; exemplificando o Seu Evangelho e trazendo com ele uma nova Revelao das Verdades Eternas.

    A multido era grande e as criaturas entregues a si mesmas, abandonadas, sem crena e sem f, eram como ovelhas sem pastor que necessitavam de uma orientao que pudessem seguir e obedecer.

    Dispondo de muito pouco tempo para estar entre os homens, Jesus, como Pastor vigilante, tinha necessidade de outros pastores para que continuassem a arrebanhar Suas ovelhas; ento Ele aconselhava Seus discpulos a reunir e instruir todos os homens de boa vontade para que, atravs dos tempos, pudessem pregar e exemplificar a moral pura do seu Evangelho. Disse Ele: A Seara verdadeiramente grande, porm os trabalhadores so poucos; rogais, pois, ao Dono da Seara que mande trabalhadores para ela.

    Essas palavras atingem os dias atuais em que se abre uma nova Era: a do Esprito da Verdade. Vendo Jesus que em maioria as criaturas continuam ainda carregadas de aflies, dispersas e indecisas, envia das altas Regies do Bem Seus mensageiros, os quais vem repetir as mesmas palavras que

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    Ele dirigiu aos Seus discpulos: A seara continua verdadeiramente grande, e poucos so os trabalhadores.

    Aceitemos estas palavras dirigidas a ns, os de boa vontade; e, como trabalhadores novos e fiis, desejosos de seguir a Jesus, unidos pelo sentimento de amor cristo, saiamos a exemplificar os Seus ensinamentos, procurando as ovelhas que se acham ainda pelos caminhos mentirosos das iluses, presas ainda da intolerncia e do fanatismo.

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    CAPITULO X

    A MISSO DOS APSTOLOS INSTRUES QUE JESUS LHES D

    Aps reunir os doze apstolos, Jesus lhes deu poder sobre os espritos impuros a fim de que os expulsassem, e o de curar todas as doenas e enfermidades. Enviou esses doze depois de lhes haver dado as seguintes instrues:

    No procureis os gentios e no entreis nas casas dos Samaritanos; ide antes em busca das ovelhas perdidos da casa de Israel. Ide e pregai, dizendo: O Reino dos Cus est prximo; curai os doentes, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demnios; dai de graa o que de graa recebestes. No tenhais ouro, nem prata, nem qualquer moeda nos vossos cintos; nem saco para a viagem, nem duas tnicas, nem sandlias, nem bordo porquanto o trabalhador digno do seu sustento. Ao entrardes em qualquer cidade ou aldeia perguntai onde h um justo e em sua casa permanecei at que partais de novo. Ao penetrardes na casa, saudai-a, dizendo: Que a paz esteja nesta casa. Se a casa for digna disso, vossa paz descer sobre ela; e, se no o for, a vossa paz voltar para vs. Quando algum no vos quiser ouvir as palavras, ao sairdes da casa ou da cidade onde tal se deu, sacudi a poeira dos vossos ps. Em verdade vos digo: No dia do juzo menos rigor haver para com a terra de Sodoma e Gomorra do que para com essa cidade.

    Eis que vos envio como ovelhas para o meio dos lobos; sede prudentes, pois, como as serpentes e simples como as pombas; porm guardai-vos dos homens, pois que eles vos faro comparecer perante seus juizes e vos flagelaro em suas sinagogas. Sereis levados, por minha causa presena dos governadores e dos reis para dardes testemunho de mim diante deles e das naes. E quando vos fizerem comparecer, no vos cause inquietao o como haveis de falar, nem o que direis; o que houverdes de dizer vos ser dado na ocasio. Porquanto no sois vs que falais mas, sim, o Esprito vosso Pai quem fala em vs. O irmo dar morte ao irmo e o pai ao filho; os filhos se revoltaro contra os pais e lhes daro morte; todos vos odiaro por causa do meu nome, porm aquele que perseverar at o fim ser salvo.

    Quando, pois, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. Em verdade vos digo: No tereis percorrido todas as cidades de Israel antes que o filho do homem venha.

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    O discpulo no est acima do Mestre, nem o servo acima do seu Senhor. Basta ao discpulo ser como o mestre e o servo como o senhor. Se ao pai de famlia chamaram Belzebu, quanto mais a seus domsticos. Porm, no os temais porquanto nada h oculto que no venha a ser conhecido. O que vos digo nas trevas, dizei-o vs s claras; e o que escutais no ouvido, pregai-o de sobre os telhados.

    No temais os que matam o corpo, mas que no podem matar a alma; temei, sim, quele que pode precipitar tanto o corpo como a alma na geena. Aquele que me confessar diante dos homens, tambm eu o confessarei diante de meu Pai que est nos Cus. Aquele que me negar diante dos homens tambm eu o negarei diante de meu Pai que est nos Cus. No penseis que vim trazer paz Terra; no vim trazer paz e sim diviso; porquanto vim separar de seu pai o filho, de sua me a filha, e de sua sogra a nora; e o homem ter por inimigos os de sua prpria casa.

    Aquele que ama seu pai ou sua me mais do que a mim, no digno de mim; e aquele que ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, de mim no digno. Aquele que no toma a sua cruz e me segue no digno de mim; aquele que acha sua vida perd-la-; e aquele que perder a vida por minha causa encontr-la-a.

    Jesus incumbia no s seus apstolos mas a todos os seus futuros seguidores para que levassem a Boa Nova do seu Evangelho, anunciando que o Reino dos Cus se aproxima da Terra. Disse tambm que este Reino est dentro de ns. Isto quer dizer que cabe a cada um de ns procurar os meios de encontr-lo; e isso s poder acontecer quando vivermos os seus ensinamentos, procurando seguir o caminho reto e seguro das virtudes humanas, nico que diminuir a srie de sofrimentos e provaes da vida terrena. S assim encontraremos o Reino de Deus em nossos coraes.

    Jesus deu tambm poder e autoridade sobre os maus Espritos e curar as enfermidades, dando aos apstolos a assistncia e o concurso dos Espritos superiores. E hoje, servindo-se dos Seus mensageiros atravs da Doutrina Esprita, Ele chama todos os cristos de boa vontade, espritas e mdiuns, a servirem de intrpretes dos bons Espritos, sendo seus intermedirios junto aos homens. So os apstolos da Nova Revelao que, usando de suas faculdades e com o poder e a assistncia dos Espritos incumbidos dessa tarefa, cumprem seus mandatos, espalhando a verdade das revelaes evanglicas, impondo as mos para curar as enfermidades, expulsando os , e nunca esquecendo que essa

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    mediunidade e essa assistncia espiritual so uma faculdade recebida de Deus, como auxlio nas suas provaes e para servio em favor dos semelhantes; ento daro de graa o que de graa receberam; e nunca devero us-la como meios de subsistncia material, e nem se esquecerem de que para o bom desempenho de suas tarefas, suas palavras e seus atos devem ter como nico objetivo o servio de Deus ao prximo, e o mais absoluto desinteresse.

    Quando proibiu os apstolos de carregarem ouro ou prata ou o que quer que fosse nas suas viagens, Jesus queria fazer compreender que, como Seus missionrios, no precisavam preocupar-se com o bem-estar material, e mesmo tendo necessidade de cuidar da subsistncia, seu discpulo nunca dever fazer disso o alvo principal da vida pois o seu dever primeiro a confiana em Deus que no lhe deixar faltar o que for necessrio para o seu sustento.

    Assim ele deve procurar adquirir e distribuir as coisas que nunca se acabam, ou seja, o alimento espiritual; levando aos irmos a, luz das Verdades Eternas, contudo dando-lhes na medida do que eles podem receber.

    Em suas Instrues Jesus se referia tambm s persegues que os apstolos iriam sofrer at o fim de suas misses terrenas; prevenia-os da sorte que os esperava, assim como a de todos os seus continuadores atravs dos sculos que se seguiriam, atingindo os tempos em que o fanatismo, a superstio, a ignorncia, a ambio orgulhosa e o cristianismo mal compreendido fariam vtimas das torturas e das fogueiras. E, alm das perseguies fsicas, o dio e as discrdias que surgiriam no meio dos povos e das famlias. E ainda todos os que, na ordem moral ou intelectual, se tornassem rgos de uma verdade nova ou de um novo progresso seriam tambm perseguidos, escarnecidos e humilhados.

    E hoje ainda passados vinte sculos da passagem do Mestre Jesus pela Terra, os sacerdotes e doutores da Igreja, escribas e fariseus modernos, continuam perseguindo, j no fisicamente, porm moralmente, a todos os cristos que no rezam pela mesma cartilha deles; e, principalmente aos espritas e mdiuns que so os discpulos da Nova Revelao, atirando contra eles as mesmas acusaes que faziam aos apstolos de Jesus: a de serem agentes do demnio e do charlatanismo; e da parte dos incrdulos e indiferentes, a zombaria e o sarcasmo.

    Todo esse quadro se apresentou vidncia de Jesus; porm Ele ensinava:

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    alma. Quando vos levarem para dardes testemunho de mim, no vos inquieteis com o que haveis de falar, pois o Esprito de vosso Pai falar por vs. Assim, Ele incutia nos apstolos a confiana na inspirao que receberiam do Esprito Santo que lhes seria enviado, porque Jesus sabia que eles, como homens sados do povo, sem nenhuma instruo do ponto de vista humano, teriam que desenvolver suas faculdades medinicas para levarem a bom termo a misso de que estavam sendo incumbidos. S assim poderiam triunfar, como aconteceu; e o Evangelho de Jesus, atravessando os sculos, chegou at ns; hoje, mais do que nunca, os trabalhadores da Seara do Divino Mestre continuam recebendo a inspirao daquele mesmo Esprito Santo, enviados de Deus, Espritos encarnados e desencarnados, que vm explicar e desenvolver a sublime moral do Evangelho.

    E todo aquele que procurar caminhar dentro dessa moral e que, apesar de todos os obstculos e tropeos da vida, perseverar at o fim, ser salvo; isto , tomar lugar entre os bons Espritos conforme o grau de pureza e de elevao que tenham alcanado.

    Jesus aconselhou, tambm, para que todos os que so chamados a propagar a f e a verdade, quando encontrarem criaturas rebeldes e desinteressadas, deix-las entregues a si mesmas, pois muito tero que sofrer aqueles a quem o Senhor envia a luz e recusam aceit-la.

    Devemos ento procurar os humildes e os de boa vontade para encaminh-los; pois so chegados os tempos em que a vida dos homens e a liberdade de raciocnio j comeam a ser respeitados na Terra; esses so os tempos marcados para a Revelao do Esprito da Verdade, do Cristianismo Redivivo; a falange dos Espritos purificados se aproxima dos homens, auxiliando-os e preparando-os para suportarem toda a Verdade sem vu, tornando-os dignos de viver na Terra quando Jesus voltar para recolher os frutos do Seu Trabalho, e receber aqueles Seus discpulos que seguiram Seu exemplo e os que se tornaram bons pastores e conseguiram arrebanhar um grande nmero de Suas ovelhas.

    O discpulo no est acima do Mestre, e nem o servo acima do seu Senhor.

    Com estas palavras Jesus nos d mais um grande ensinamento: Aos olhos de Deus so iguais todas as condies sociais; elas so pela lei da reencarnao, provas apropriadas s faltas cometidas em vidas anteriores. Ento, para entendermos como o discpulo ou o servo podem ser iguais ao Mestre ou ao Senhor, veremos alguns exemplos:

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    Um homem que, dentro de sua alta posio social, morreu como senhor numa existncia passada, voltar como servo, ou criado, ou escravo numa vida futura.

    O sbio, que ontem abusou de sua inteligncia, da sua cincia, para desencaminhar e perverter seus semelhantes, ser o idiota ou o louco de amanh.

    O orador que abusou gravemente da palavra para arrastar seus irmos, prejudicando-os moralmente, ser o surdo-mudo numa prxima encarnao.

    Aquele que numa vida passada empregou mal a sade, o vigor ou a beleza fsica, ser com certeza o sofredor, o doente, o deserdado da natureza, enfim, o enfermo de amanh; porque se verdade que o corpo procede do corpo, mais verdade que esse mesmo corpo apropriado s provas e expiaes pelas quais o Esprito deva passar; e a encarnao se d exatamente no meio e nas condies apropriadas ao cumprimento e resgate dessas provas e expiaes.

    Assim se explica

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    forma, igualmente seriam incompreendidos todos os que, com o passar dos tempos, seguissem os Seus passos, reavivando Sua lembrana e Seus feitos; porm aconselhava a todos para que, quando fossem propagar o Seu Evangelho de salvao, no temessem coisa alguma; porque, nada do que Ele falava ou fazia, permaneceria em segredo.

    De fato, por maiores que tivessem sido os esforos dos inimigos de Jesus, por maiores que tivessem sido as perseguies que Seus apstolos sofreram, a Sua doutrina maravilhosa tem atravessado os sculos, progredindo sempre na compreenso dos que a recebem; e tudo que foi ensinado nas trevas e nos ouvidos, isto , por meio de alegorias e de parbolas, vem sendo cada vez mais esclarecido, e as promessas, as revelaes e as predies que Ele fez so pregadas, explicadas e publicadas em todos os recantos da Terra, sob diversas formas, em todas as lnguas, no meio de todas as raas; e at de cima dos telhados pelos Espritos missionrios que vm arrancando uma a uma as vendas que ocultavam a luz; e nada do que a humanidade deva saber ficar oculto.

    E quando Ele diz: Aquele que me confessar diante dos homens eu o confessarei diante de meu Pai que est nos Cus, no temos nenhuma dificuldade em compreender que:

    S d testemunho de Jesus aquele que humilde de Esprito e de corao e que caminha pela senda da verdade e da fraternidade.

    Jesus disse tambm que

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    Hoje so os Espritos missionrios de Jesus que vm trazer fogo Terra, isto , vm trazer essa influncia que impele as criaturas para o progresso espiritual atravs da vivncia do Evangelho que as conduzir at o tempo em que ser completada a obra de Jesus; quando, ento, haver o afastamento daqueles que permaneceram rebeldes e voluntariamente cegos; e a Terra, vivendo feliz, transformar-se- em um Mundo de paz.

    E Jesus continua nos ensinando: Aquele que ama a seu pai ou a sua me ou a seus filhos mais do que a mim no digno de mim. Isto quer dizer que acima de todos os laos humanos, est o dever para com Deus e o futuro dos nossos Espritos. Porm Jesus no quis pregar a indiferena e a secura de corao, nem o fanatismo religioso que tanto erro tem provocado no Mundo.

    Jesus era modelo de amor, e no poderia condenar o amor da famlia; pelo contrrio, Ele ensina que devemos amar a Deus sobre tudo, e obedecer ao mandamento honrar pai e me, ou seja, cumprirmos as obrigaes que temos com a nossa famlia, quaisquer que sejam as diferenas que possam existir em seu seio.

    O que Ele quis fazer sentir que, por um interesse humano qualquer, a ningum permitido jamais renegar a Lei de amor e de solidariedade que Ele trouxe ao Mundo: o amor ao prximo, parente ou no, e o amor ao inimigo. E aquele que praticar uma ao reprovvel contrria a esses preceitos s para satisfazer a seu pai, sua me, a seus filhos ou a seus irmos, esse no digno de ser Seu discpulo. E para nos mostrar que acima de todos os amores terrenos est o dever de servir a Deus, Ele nos deu um grande exemplo aos doze anos de idade, com a resposta que deu Maria, Sua Me, quando esta, em companhia de Jos, o encontraram depois de trs dias no Templo, em Jerusalm, entre os doutores da Lei; Ele disse: . Isto significa que, para salvar a vida do Esprito, devemos sofrer com pacincia as vicissitudes de que a vida humana

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    est repleta, procurando nos desprender dos bens do mundo e da vida efmera do corpo. S assim tornaremos a encontrar do outro lado, depois da morte material, a vida que no tem fim, A VIDA ETERNA.

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    CAPTULO XI

    DISCPULOS DE JOO ENVIADOS A JESUS

    JOO O PRECURSOR, E JESUS CIDADES IMPENITENTES

    JESUS, SALVADOR DOS MUMILDES, VINDE A MIM

    Tendo, na priso, sabido das obras do Cristo, Joo mandou que dois de seus discpulos fossem ter com Ele, e lhe perguntassem: s Aquele que tem de vir ou esperamos outro? Jesus lhes respondeu: Ide contar a Joo o que vistes e ouvistes. Os cegos vem, os coxos caminham, os leprosos so curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam; e o Evangelho pregado aos pobres. Bem-aventurado o que no se houver escandalizado de mim.

    Logo que eles se foram, Jesus comeou a falar de Joo ao povo nestes termos: Que que fostes ver no deserto? Um canio agitado pelo vento? Que , pergunto, o que fostes ver? Um homem vestido de roupas finas? Sabeis que na casa dos reis que vivem os que se vestem assim. Que ento que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vo-lo digo, e mais que profeta, porquanto dele que est escrito: Eis que envio, na tua frente, o meu anjo, que te preparar o caminho. Em verdade vos digo, nenhum dentre quantos nasceram de mulher foi maior que Joo Batista, porm aquele que for o menor no Reino dos Cus maior do que ele. Desde os dias de Joo Batista at o presente o Reino dos Cus sofre violncia e os violentos o arrebatam; pois, at Joo, todos os profetas e a lei profetizaram; se quiserdes, compreendei: ele o Elias que estava para vir.

    Ouam os que tem ouvidos para ouvir:

    Com que compararei esta gerao? Ela se assemelha a crianas que, assentadas na praa pblica e aos gritos, dizem aos seus companheiros: Tocamos flauta para vs outros e no danastes; lamentamo-nos e no chorastes. Veio Joo que no come nem bebe e dizem: Est possesso do demnio. O filho do homem veio e porque come e bebe, dizem: Ai est um comilo e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos pecadores. Porm a sabedoria justificada pelos seus filhos.

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    Ento Ele comeou a exprobar as cidades onde realizara tantos milagres e no terem feito penitncia. Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Pois que, se os prodgios operados dentro de vs o tivessem sido em Tiro e Sidnia, elas teriam feito penitncia com cilcios e cinza. Eis porque vos digo que, no dia do Juzo, Tiro e Sidnia sero tratadas com menos rigor do que vs. E tu, Cafarnaum, porventura te elevars at o Cu? Sers abatida at o inferno porquanto, se os milagres operados dentro dos teus muros o tivessem sido em Sodoma, talvez que esta ainda hoje subsistisse. Eis porque te digo que no dia do Juzo a Terra de Sodoma ser tratada com menos rigor do que tu.

    Jesus proferiu ainda estas palavras: Graas te dou, meu Pai, Senhor do Cu e da Terra, por haveres ocultado estas coisas aos sbios e aos prudentes e por t-las revelado aos pequenos. Todas as coisas me so dadas por meu Pai e ningum, seno o Pai, conhece o filho; e ningum conhece o pai, seno o filho e aquele a quem o filho o queira revelar.

    A fama levara a Joo Batista, que se encontrava preso, o rumor dos atos de Jesus.

    Joo, porm, aparentemente no tinha certeza de que fosse realmente quem ele esperava. Por isso enviou dois de seus discpulos para que Jesus comprovasse sua identidade, e para que ele, Joo, se certificasse de que era Aquele cuja vinda anunciara.

    Quanto aos

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    Isto queria dizer que Joo era um Esprito bastante evoludo e que j atingira um grau de elevao muito mais alto do que os profetas. E com aquelas palavras: se quiserdes, compreendei: ele o Elias que estava para vir, Jesus confirmava ser Joo a reencarnao do Esprito do profeta Elias; e comparando os profetas que apareceram no passado, em diversas pocas, com o Elias reencarnado em Joo o Precursor, Ele apontava a longa caminhada, a extensa linha de progresso que fora percorrida, mostrando que o Profeta Elias, como Joo, j era mais elevado do que o Elias dos tempos dos Hebreus. Ao declarar Jesus que, dentre os vares nascidos de mulher, Joo era o maior, isto , o que mais alto se achava colocado, espiritualmente falando, foi para afirmar que, apesar da sua elevao, ele, Joo, era o menor entre os Espritos que j alcanaram os cumes da pureza sem sofrerem a ao da Lei das encarnaes e reencarnaes humanas. So os puros Espritos que percorreram a escala evolutiva sem morrer.

    E Jesus pertencia a essa hierarquia. Ele estava na Terra como Enviado de Deus trazendo a grandiosa Misso de salvar a humanidade, para elev-la categoria das Humanidades mais felizes.

    Em linguagem figurada Jesus diz que o Reino de Deus pregado aos homens, e que cada um lhe faz violncia.

    Naqueles tempos os Hebreus pretendiam ser os nicos a merecer o Reino do Cu; porm no se dedicavam em fazer nenhum esforo para alcan-lo ou realiz-lo em suas almas; pelo contrrio, praticavam ostensivamente uma lei, que violavam com o corao. Queriam arrebatar fora, aos olhos da multido, esse Reino Celeste, porm eram incapazes de entrar nele e impediam que outros o conseguissem.

    o que sucede ainda hoje com a maioria dos chamados espritos fortes. So os crentes que em nada crem; so os membros de uma seita qualquer, sectrios orgulhosos que cumprem as mais difceis prescries, os mais absurdos preceitos, impondo falsos mandamentos com o fim de demonstrar sua supremacia. So os doutores da Igreja que preparam e colocam sobre os ombros de seus irmos fardos que eles mesmos no tocariam com os dedos. como aqueles de que Jesus falava: cada um trabalha por criar para si prprio um Reino da Terra; e fora o Reino dos Cus, isto , faz da hipocrisia um meio de conquist-lo.

    Joo Batista e Jesus foram incompreendidos pelos Hebreus, que recusavam todos os testemunhos da verdade, qualquer que fosse; e procuravam naquilo que observavam alguma razo extranha bondade e misericrdia de Deus.

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    Joo, o Precursor, vivia afastado dos homens; seu modo de viver causava surpresa ao povo. A vida de contemplao e de toda sorte de renncia que vivia era para ensinar e dar o exemplo da penitncia que viera pregar e que tinha por emblema o batismo s margens do Jordo; e sua palavra era um meio de os homens conhecerem o caminho que leva a Deus.

    Ao contrrio de Joo, Jesus vivia no meio dos homens a fim de mostrar a todos a prtica do amor e da caridade, fazendo-se o modelo dessas virtudes.

    Para mostrar aos orgulhosos que o dever primeiro do homem dispensar assistncia queles que eram considerados a classe desprezada Ele comia mesa do pobre, passava a noite sob o teto do publicano, velejava com humildes pescadores. E tudo fazia para dar exemplos e para que todos pudessem ver na Sua conduta, a calma, que o resultado da pureza da conscincia. Enfim Ele veio, como disse muitas vezes, para curar os enfermos do corpo e principalmente os enfermos da alma; encontrar e salvar os que se acham perdidos, encorajar os desanimados.

    Sigamos a Jesus, todos ns criaturas da Terra que nos consideramos cristos, e no nos preocupemos com as opinies dos escribas modernos, e nem com os orgulhosos da nossa poca. Entremos, a exemplo de Jesus, na choupana do pobre, e vamos comer com os miserveis e os pobres levando lhes o alimento material que os sustentar nesta vida, e levemos-lhes principalmente o po da vida que nutre a alma, clareia a inteligncia e purifica o corao.

    Prosseguindo os seus ensinamentos, Jesus se refere mais uma vez ao arrependimento e penitncia do Esprito que consiste no remorso das faltas e crimes cometidos e, como conseqncia, a expiao e a reparao que se seguem. Todavia aquela gente atrasada nada entendia que no fosse de ordem material, e por isso que Jesus servia-se de comparaes materiais. Assim, Ele diz que as cidades de Tiro e Sidn, e tambm a terra de Sodoma, cidades pecadoras que sofreram grande tribulao no passado, teriam feito penitncia se tivessem presenciado os milagres que estavam sendo realizados em Corazim, em Betsaida e em Calarnaum; e que no dia do Juzo final os habitantes daquelas cidades sero tratados com menos rigor porque seus crimes e seus pecados eram o resultado da depravao da matria; e o Senhor da Justia, conhecendo as fraquezas humanas, no as pune seno quando o Esprito participa conscientemente delas; e talvez aquelas criaturas se tivessem libertado das paixes grosseiras se tivessem ouvido a

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    palavra da Verdade; talvez tivessem aceitado a luz, escutado a voz do arrependimento e feito penitncia, renunciando a seus crimes.

    Ao passo que os crimes de Corazim, de Betsaida e de Cafarnaum eram muito mais graves porque se originavam da revolta do Esprito; eram crimes da inteligncia, pois a estas cidades Jesus trazia a luz da Sua presena e dos Seus ensinamentos, e elas recusavam.

    Referindo-se principalmente cidade de Cafarnaum com essas palavras: e tu, Cafarnaum, que te elevaste at o Cu, sers abatida at o inferno, o que em outras palavras queria dizer: tu que foste inundada de luz, que foste testemunha dos milagres que se operaram e que orgulhosamente rejeitaste, sers abatida at o inferno, porque, queles a quem o Senhor envia a luz e que a recusam, mais culpados so do que os que, mergulhados nas trevas, no recebem nenhum socorro direto para sair delas.

    Pela palavra inferno Jesus designava veladamente as penas que os Espritos culpados sofrem na erraticidade. No se trata de nenhum Espao limitado. a conscincia do culpado e o lugar, qualquer que seja, que o Esprito sofredor ocupe. O Esprito encarnado acha-se realmente num inferno, quando metido num corpo de carne em Mundos inferiores, passa por provaes e sofrimentos, por torturas fsicas e morais, e expiaes que constituem a pena secreta das suas existncias anteriores.

    Com as palavras alegricas

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    plenitude do Seu Poder, da Sua Glria e da sua Pureza para reinar nos coraes de Seus queridos irmos da Terra.

    Graas te dou, meu Pai, por haveres ocultado estas coisas aos sbios e prudentes, e revelado aos pequenos.

    Vemos como Jesus mostrava que o Senhor, nosso Deus, no escolhe para serv-lo os que gozam das faculdades que os homens admiram e que so tidos por sbios e prudentes mas, sim, os de corao simples e os de Esprito humilde, como eram os Seus discpulos, a quem Ele animava para que no se amedrontassem com a tarefa que lhes estava sendo confiada porque eles seriam batizados com o fogo, isto , seriam esclarecidos espiritualmente, pois receberiam a influncia do Esprito Santo.

    Assim Jesus os fazia compreender que aqueles que so considerados os grandes e poderosos no podem servir a Deus, pois no admitem seno aquilo que eles julgam ter descoberto; e dentro do seu orgulho negam a verdade das influncias ocultas a seus olhos, atribuindo tudo fora de suas inteligncias e vontades.

    A esses cegos, tidos pelos homens por sbios e prudentes, as verdades permanecero secretas ainda por muito tempo, porque eles tm olhos e no vem, tm ouvidos e no ouvem e nem entendem.

    Quanto s palavras de Jesus todas as coisas me so dadas por meu Pai e ningum conhece o Pai seno o Filho se referiam Sua elevao e Sua misso de Esprito Protetor do nosso Planeta, incumbido por Deus de levar perfeio a humanidade terrena. Como Puro Esprito estava sempre em relao direta com Deus; e, graas a essa relao recebia a inspirao e, assim, todas as coisas lhe eram constantemente postas nas mos, pelo Pai. Aquelas palavras mostram ainda que as criaturas humanas nada podem saber das coisas celestes seno por meio da revelao esprita.

    Hoje, chegados os tempos preditos por Jesus, ns verificamos que, graas Nova Revelao, todas as Suas palavras so esclarecidas ao nosso entendimento fazendo-nos saber de onde viemos, para onde vamos e qual a finalidade das nossas existncias na Terra; que somos Espritos culposos e endividados perante a Lei da Justia Divina; que embora a matria nos tire a lembrana das vidas passadas, podemos, atravs do estudo e de um exame consciente das nossas tendncias e dos nossos instintos, conhecer as nossas falhas e as nossas culpas e reabilitar-nos pelo trabalho da nossa reforma ntima, pela humildade, pelo amor ao prximo e

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    pelo desprendimento, para resgatar e saldar as nossas dvidas. E depois de havermos passado por todos os meios apropriados nossa depurao espiritual, estaremos preparados para conhecer o Filho, e chegarmos perfeio que nos conduzir ao Pai.

    Vinde a mim, vs todos que vos achais fadigados e oprimidos e eu vos aliviarei.

    Tomai sobre vs o meu jugo, e aprendei de mim que sou manso e humilde de corao e encontrareis descanso para as vossas almas; porque o meu jugo suave e o meu fardo leve.

    Sabemos que todas as nossas angstias e aflies so as conseqncias provocadas pelos erros das vidas passadas; so os frutos das nossas imperfeies morais.

    Entretanto, no devemos nos desesperar. Aproveitemos a oportunidade da presente existncia para nos libertarmos de todos os males, e aceitar o remdio que Jesus nos oferece. S Ele quem pode nos ajudar neste Mundo, e s a Ele devemos confiar as nossas tribulaes; porque Ele verdadeiramente nosso Amigo; e foi a Ele, que Deus, na sua infinita misericrdia pelos nossos sofrimentos, confiou os nossos destinos. E se tivermos

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    se a banhar-lhe de lgrimas os ps e a enxug-los com os cabelos, ao mesmo tempo que os beijava e os ungia com o blsamo.

    Vendo isso, o fariseu que o convidara disse de si para si: Se este homem fora profeta saberia quem esta mulher que o toca, que uma pecadora. Jesus ento lhe disse: Simo, tenho alguma coisa a dizer-te. Ao que ele respondeu: Fala, Mestre. Um credor disse Jesus tinha dois devedores; um lhe devia quinhentos denrios e o outro cinquenta. Como no tivessem com que pagar, o credor perdoou as dvidas a ambos. Qual dos dois, em conseqncia, mais o estimar? Simo