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1 IMPACTOS DAS MEDIDAS DE ESTÍMULO À ECONOMIA NAS MPE SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas UGE – Unidade de Gestão Estratégica NEP – Núcleo de Estudos e Pesquisas Dezembro de 2011.

impacto economico

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Page 1: impacto economico

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SSEEBBRRAAEE –– SSeerrvviiççoo BBrraassii lleeiirroo ddee AAppooiioo ààss MMiiccrroo ee PPeeqquueennaass EEmmpprreessaass

UUGGEE –– UUnniiddaaddee ddee GGeessttããoo EEssttrraattééggiiccaa

NNEEPP –– NNúúcclleeoo ddee EEssttuuddooss ee PPeessqquuiissaass

DDeezzeemmbbrroo ddee 22001111..

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Impactos das Medidas de Estímulo à Economia nas MPE

Paulo Jorge de Paiva Fonseca1 Rafael de Farias Moreira2

Com o agravamento da crise internacional, em especial na “Zona do Euro”, o Governo Federal

anunciou, no dia 01/12/2011, medidas que têm por objetivo incentivar o investimento, o

crédito e o consumo.

Tais medidas já estão em vigor e devem representar uma desoneração fiscal da ordem de

R$ 7,6 bilhões, conforme previsão de alguns economistas.

Pelo gráfico ao lado (Figura 1), pode-se

observar que as medidas anticíclicas

adotadas pelo Governo ao final de 2008 em

muito contribuíram para anular os efeitos

negativos da crise, à época, sobre a

atividade industrial.

Vários segmentos da indústria recuperaram

seus níveis de produção, podendo-se

destacar o de “Máquinas e equipamentos”,

“Mobiliário” e “Perfumaria e Cosméticos”.

O segmento de “Material eletrônico,

aparelhos e equipamentos de

comunicações” mostrou-se como um dos

mais sensíveis às crises econômicas.

Ressalte-se, no entanto, que alguns

segmentos industriais como o de

“Vestuário e acessórios”, “Têxtil” e

“Calçados e artigos de couro”, por

exemplo, não conseguiram experimentar

recuperação consistente no período sob

análise (Figura 2). Inclusive, nos últimos

meses, vêm registrando índices de

produção inferiores aos observados no

1 Analista do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Unidade de Gestão Estratégica (NEP/UGE) do Sebrae/NA.

Economista pós-graduado em Finanças pelo IBMEC e em Cenários e Análise de Projetos pelo IPEA. 2 Analista do NEP/UGE do Sebrae/NA. Economista graduado pela University of Maryland – College Park (EUA).

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Fonte: IBGE

Indústria de transformaçãoEdição, impressão e reprodução de gravaçõesPerfumaria, sabões, deterg. e prod. limpezaMáquinas e equipamentosMaterial eletrônico, aparelhos e equip. de comunicaçõesMobiliário

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Fonte: IBGE

Indústria de transformaçãoTêxtilVestuário e acessóriosCalçados e artigos de couro

Figura 1 – Produção Física Industrial (Média de 2002 = 100)

Figura 2 - Produção Física Industrial (Média de 2002 = 100)

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auge da crise de 2008, o que pode ser atribuído, em grande parte, à apreciação cambial

observada no período, que possibilitou maior concorrência com produtos importados.

O cenário, portanto, com as recentes medidas anunciadas pelo Governo e uma taxa de câmbio

mais desvalorizada em relação à observada no primeiro semestre deste ano, o que tende a

beneficiar as exportações em detrimento das importações, mostra-se favorável às micro e

pequenas empresas (MPE) e aos empreendedores individuais (EI), pois é esperada

recuperação do nível de atividade industrial e continuidade de crescimento do comércio.

É importante ressaltar, porém, que essas medidas não devem ter o mesmo impacto na

economia que as utilizadas na crise de 2008. A redução do Imposto sobre Produtos

Industrializados (IPI), por exemplo, só está atingindo os produtos da linha branca, a farinha de

trigo, as massas e o pão comum, enquanto que, na crise de 2008, contemplou um segmento

bastante relevante: o de automóveis. À época, o Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio

e Seguros (IOF) foi reduzido para 1,5% e, com as atuais medidas, para 2,5%. Além disso, o nível

de endividamento da população encontra-se bastante elevado e já compromete 42% da renda

do trabalhador (dados de setembro, divulgados pelo Banco Central), o que reduz a capacidade

de consumo da população em geral.

Em relação aos benefícios de redução de IPI, destaque-se que seus efeitos direto sobre as MPE

será limitado, dado que as optantes pelo Simples Nacional não usufruirão da medida, pois a

tributação sobre elas se dá pelo faturamento e não pela venda de produtos.

O aumento do teto do Programa Minha Casa, Minha Vida, por sua vez, deverá ter impacto

mais indireto sobre os pequenos negócios, pois, segundo a Caixa Econômica Federal, o

Programa formaliza contratos, basicamente, com construtoras de grande ou médio porte.

Ainda assim, mesmo que essas medidas venham a ter um menor impacto econômico em

relação às adotadas para combater a crise de 2008, abrangerão contingente considerável de

pequenos negócios. Estima-se que, diretamente, sejam beneficiadas pouco mais de 400 mil

MPE. Entretanto, na realidade, e de forma indireta, toda a economia tende a ser beneficiada,

em particular, os pequenos negócios, se as medidas conseguirem atingir seu principal objetivo,

que é estimular o consumo.

No Quadro 1, a seguir, encontram-se relacionadas as medidas que devem beneficiar mais

diretamente as Micro e Pequenas empresas e seu potencial máximo de abrangência entre as

MPE, utilizando-se a base de dados do Sebrae/Receita Federal e Sebrae/FUNCEX.

Como pode ser observado, os quatro grandes setores devem ser impactados positivamente

pelas medidas, porém, o setor com maior número de pequenos negócios com potencial para

se beneficiar do pacote é o de Comércio, seguido pelo de Serviços, Indústria e Construção Civil

– nesse último, foram considerados apenas os impactos indiretos sobre as MPE.

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Quadro 1. Medidas de estímulo e seus potenciais beneficiários.

Medidas Prazo

Setores e Quantidade Estimada de Potenciais MPE Beneficiadas

Indústria Comércio Serviços Construção

Civil Total

1 - Redução do IPI da linha branca:

����Fogões de cozinha: de 4% para zero. até 31/03/2012

100 40 mil -

-

40 mil empresas

����Lavadoras de roupas (tanquinhos): de 10% para zero. até 31/03/2012

����Lavadoras de roupas (automáticas e semi-automáticas): de 20%

para 10%.

até 31/03/2012

����Refrigeradores e Congeladores: de 15% para 5%. até 31/03/2012

����Massas: de 9,25% para zero. até 30/06/2012

20 mil

160 mil 150 mil

330 mil empresas

����Farinha de Trigo e pão comum: zero - prazo prorrogado. até 31/12/2012

70 mil 380 mil

empresas

�Total da Medida 1*

*Há empresas que se beneficiam de mais de uma medida

70 mil

empresas

200 mil

empresas

150 mil

empresas -

420 mil

empresas

2 - Redução do IOF:

����Crédito para pessoa física: de 3% para 2,5%. Indefinido Todos (indiretamente)

Todos (indiretamente)

Todos (indiretamente)

Todos (indiretamente)

Todos (indiretamente)

3 - Programa Reintegra

����Devolução de impostos no montante de até 3% sobre as receitas de

empresas exportadoras de bens industrializados.

7 mil - - - 7 mil empresas

4 - Projetos no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida

����Elevação do teto (de R$ 75 mil para R$ 85 mil) para habitações

populares que se enquadrem no Regime Especial de Tributação (RET)

da Construção Civil.

20 mil

(indiretamente) 130 mil

(indiretamente) 7 mil

(indiretamente) 220 mil

(indiretamente) 337 mil

empresas

����Total de Beneficiados Diretamente (excluindo-se a medida de

redução de IOF)*

*Há empresas que se beneficiam de mais de uma medida

77 mil

diretamente

e 20 mil indiretamente

200 mil

diretamente e

130 mil

indiretamente

150 mil

diretamente

e 7 mil indiretamente

220 mil

indiretamente

427 mil

empresas

diretamente

e 377 mil

indiretamente