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GOIÂNIA |PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS | FEVEREIRO DE 2014 PANORÂMICA VIDA URBANA ESPECIAL O abandono de animais ĚĞ ĞƐƟŵĂĕĆŽ Ğ ƐƵĂ ƌĞƉƌŽĚƵĕĆŽ ĚĞƐĐŽŶƚƌŽůĂĚĂ ƉŽĚĞŵ ĐĂƵƐĂƌ ƉƌŽďůĞŵĂƐ ĚĞ ƐĂƷĚĞ ƉƷďůŝĐĂ ŽŶŚĞĕĂ ƉĞƐƐŽĂƐ ƋƵĞ ůƵƚĂŵ ĐŽŶƚƌĂ ĞƐƐĂ ƚƌŝƐƚĞ ƌĞĂůŝĚĂĚĞ Ğ ƐĂŝďĂ Ž ƋƵĞ ĨĂnjĞƌ ƐĞ ĞŶĐŽŶƚƌĂƌ Ƶŵ ĐĆŽ ŽƵ Ƶŵ ŐĂƚŽ ƐĞŵ ĚŽŶŽ Pág. 3 ŵ ŶŽƐƐĂ ĐŽůƵŶĂ ĚĞ ĐƵůƚƵƌĂ ůĞŝĂ ĞŶƚƌĞǀŝƐƚĂ ĐŽŵ Ž ĐĂƌƚƵŶŝƐƚĂ ŚƌŝƐƟĞ YƵĞŝƌŽnj ƉĂŝ ĚĞ ƉĞƌƐŽŶĂŐĞŶƐ ĐŽŵŽ Ž ĂďĞĕĂ KĐĂ Ğ ƋƵĞ ĂĐĂďĂ ĚĞ ůĂŶĕĂƌ Ƶŵ ŶŽǀŽ ůŝǀƌŽ Ğŵ ƋƵĞ ƉƌĞƐƚĂ ƐƵĂ ŚŽŵĞŶĂŐĞŵ Ă 'ŽŝąŶŝĂ Pág. 15 ŵ ŵĂƚĠƌŝĂ ĞƐƉĞĐŝĂů Ž ũŽƌŶĂů Impressões ŝŶǀĞƐƟŐĂ Ž ƋƵĞ ƚƌĂnj ĐĂĚĂ ǀĞnj ŵĂŝƐ ŵŝŐƌĂŶƚĞƐ ĚŽ DĂƌĂŶŚĆŽ ƉĂƌĂ 'ŽŝĄƐ K ƐŽŶŚŽ ĚĞ ĐŽŶƐƚƌƵŝƌ ƵŵĂ ǀŝĚĂ ŵĞůŚŽƌ Ğŵ Ƶŵ ůŽĐĂů ĐŽŵ ŵĂŝƐ ŽƉŽƌƚƵŶŝĚĂĚĞƐ ŵŽƟǀĂ ŵƵŝƚĂƐ ƉĞƐƐŽĂƐ Ă ĚĞŝdžĂƌĞŵ ƐƵĂ ƚĞƌƌĂ ŶĂƚĂů ƉĂƌĂ ƚĞŶƚĂƌ Ă ƐŽƌƚĞ Ğŵ Ƶŵ ƐƚĂĚŽ ĚŝƐƚĂŶƚĞ ůŽŶŐĞ ĚĂ ĨĂŵşůŝĂ ŵĂƐ ƉĞƌƚŽ ĚŽƐ ĚĞƐĞũŽƐ ĚĞ ǀĞŶĐĞƌ Ğ ƉƌŽƐƉĞƌĂƌ ŽŶŚĞĕĂ ĂůŐƵŶƐ ĚĞůĞƐ Ğ ƐĂŝďĂ ƋƵĂŝƐ ƐĆŽ ƐĞƵƐ ĂŶƐĞŝŽƐ ƐƵĂƐ ůƵƚĂƐ ĐŽƟĚŝĂŶĂƐ Ğ ƐƵĂƐ ƌĞĂůŝnjĂĕƁĞƐ ŶŽ ŶŽǀŽ ůĂƌ ƋƵĞ ĞƐƚĆŽ ĐŽŶƐƚƌƵŝŶĚŽ ƉĂƌĂ Ɛŝ Págs. 8, 9 e 10 JORNAL LABORATÓRIO KƐ ƐŽŶŚŽƐ ƋƵĞ ůŝŐĂŵ Goiás ao Maranhão Goiás ao Maranhão >> Pelo Terminal Rodoviário de Goiânia chegam todos os dias novos migrantes do Maranhão &ŽƚŽƐ Ğ ĚŝĂŐƌĂŵĂĕĆŽ ŶĂ ŵĠůŝĂ ZŝďĞŝƌŽ

Impressões - Nº01

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Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da PUC Goiás

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Page 1: Impressões - Nº01

GOIÂNIA |PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS | FEVEREIRO DE 2014

PANORÂMICAVIDA URBANA

ESPECIAL

O abandono de animais

Pág. 3 Pág. 15

Impressões

Págs. 8, 9 e 10

JORNAL LABORATÓRIO

Goiás ao MaranhãoGoiás ao Maranhão

>> Pelo Terminal Rodoviário de Goiânia chegam todos os dias novos migrantes do Maranhão

Page 2: Impressões - Nº01

CHARGE

2 Impressões [fev | 2014]

Reiventar minha cidadeOPINIÃO

EXPEDIENTE

EDITORIAL

Texto: Antenor PinheiroDiagramação: Eduardo Hilário

Não sei o que será deste espaço que mal me cabe, mas já não existe aquela esquina minimamente de-

cente pra sustentar meus passos – não há mais caminhar, apenas desviar. Em volta deste corpo andante de todos os dias, sua sombra projetada pela luz do sol nascen-te, fazendo-me sentir o brincalhão gigan-te de outrora, sucumbiu às imponentes manchas de altas torres envidraçadas – não há mais sol, apenas indícios. As ruas, pelas quais se venciam distâncias peque-nas, a pé, de bicicleta, de ônibus mono-bloco, tornaram-se longínquos traçados saturados de carros e motocicletas velo-zes que aos milhares transformaram em dinâmicas mortíferas o jeito de se chegar – não há mais prosseguir, apenas pressa. Eram de matizes diversos os contrastes das fachadas das casas, das marquises do comércio, dos telhados das igrejas, dos bancos adornados dos jardins – não há cores, mas fuligem.

Não sei o que será deste espaço que mal me cabe, mas já não vivo a cidade, não estou na cidade, passo por ela. Obesa

interesses, desprovida de estratégias, entu-pida de desprezos, eis a minha cidade de túneis e viadutos, consumida em concreto, falimentar processo - minha cidade con-tornada, sem conceitos, improvisada:

“Pela janela do quartoPela janela do carroPela tela, pela janela

(quem é ela, quem é ela?)Eu vejo tudo enquadrado

Remoto controleEu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?

Minha alegria, meu cansaço?Meu amor cadê você? Eu acordei

Não tem ninguém ao lado”(Belchior)

Plenas constatações de colapsos anun-ciados, minha cidade de tenra idade, mer-gulhada nas inépcias e omissões, sente ago-nizada sua arquitetura arabescada, à sorte seu “art déco”, seu traçado planejado por “atílios”, por “correas”, por “limas” - todos vencidos pela desvairada loucura da polí-tica inconsequente, pelos dinheiros fáceis,

Perdeu a poesia, assim, cidade minha! Tornou-se refém de mutações urbanas que embruteceram seus jardins, que privatiza-

-leiras. Incapaz de compreendê-la como “mi-nha”, sinto-me roubado na essência, feito quando se perde a amada querida. E assim, em guerrilheiro me revesti para conjurar seus traidores, para bramir gritos de melan-colia nesta guerra desigual. Quem sabe a es-perança ressurja destes espaços machucados e jovens destemidos apareçam em seu lou-vor – não há o que remediar, mas reinventar!

Jorge Braga

O Impressões, jornal impresso la-boratorial do curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, retoma sua circulação nesta edição com o propósito de não mais deixar de atender seus objetivos. Um deles é levar informação de qualida-de à comunidade acadêmica da PUC Goiás e às pessoas a ela relaciona-das, como familiares de estudantes,-docentes e servidores da instituição. Outro é garantir que os alunos do curso possam vivenciar, com a de-vida orientação de professores de várias disciplinas, o ambiente de tra-

no mercado ao se formarem.Esta edição que marca o retorno

do jornal-laboratório tem na uni-versalidade dos assuntos tratados o cerne dessa proposta. Com o tema Minha Cidade, os alunos produzi-ram reportagens, notas, colunas, en-trevistas, fotos e diagramaram um jornal que tem como meta levar in-formações novas e relevantes sobre uma ampla gama de temas referen-tes a Goiânia. É com alegria que toda a equipe envolvida neste trabalho apresenta o resultado do esforço empregado. Aproveitem a leitura porque este é apenas o primeiro de muitos Impressões.

Um retorno muito aguardado

ADMINISTRAÇÃO SUPERIOR DA PUC GOIÁS:GRÃO-CHANCELERDom Washington Cruz, CPREITORProf. Wolmir Therezio AmadoVICE-REITORAProfª Olga Izilda RonchiPRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃOProfª Sônia Margarida Gomes SousaPRÓ-REITORA DE EXTENSÃO E APOIO ESTUDANTILProfª Márcia de Alencar SantanaPRÓ-REITORA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISAProfª Milca Severino PereiraPRÓ-REITORA DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONALProf. Helenisa Maria Gomes de Oliveira NetoPRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃOProf. Daniel Rodrigues Barbosa

PRÓ-REITOR DE COMUNICAÇÃOProf. Eduardo Rodrigues da SilvaCHEFE DE GABINETEProf. Lorenzo Lago

Jornal ImpressõesCoordenação de Jornalismo: Sabrina MoreiraReportagens: Alunos do 2º e 3º períodos

Alunos do 2º períodoEdição: Alunos do 5º períodoDiagramação: Alunos do 5º períodoMonitoria: Ana Amélia Ribeiro (5º período)Professores: Antônio Carlos Cunha, Carolina Goos, Carolina Melo, Déborah Borges, Gabriella Luccianni, Rogério Borges, Salvio JulianoEdição Geral: Prof. Rogério Borges

Prof. Salvio Juliano

Antenor Pinheiro é especialista em trânsito, ex-diretor da Agência Municipal de Trânsito de Goiânia (AMT) e perito criminal

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3 [fev | 2014] Impressões

Abandono de animais afeta a todosResponsabilidade do dono é garantia de bem-estar

VIDA URBANA

pelas ruas do Brasil são inú-meros os animais abando-nados, entre cães e felinos.

Esses animais estão nas ruas sujeitos à falta de comida e abrigo, podendo dissemi-nar doenças. Segundo Jéssika Coelho, uma das fundadoras do Projeto Viva Gato, que se empenha em proteger animais em situa-ção de risco, a principal causa do abandono de bichos de estimação é falta de conscienti-zação. “As pessoas deveriam ser ensinadas nas escolas, aprenderem desde cedo a con-viver com os animais. Isso, além de tudo, é uma formação de caráter.

Um planejamento a longo prazo, de forma consciente, evitaria o abandono de animais por motivos banais, como mudan-

Gato é um dos vários grupos de proteção

capital e se mantêm sem nenhum apoio dos governos municipais ou estaduais.

do abandono, os protetores independen-tes recolhem, tratam, alimentam, vacinam,

vermifugam e castram os animais para de-pois colocá-los para adoção.

Cada animal tem um processo de recu-

são mantidos por pessoas que possuem a mesma iniciativa solidária e pela venda de produtos cuja renda é destinada ao trato

para o controle populacional da espécie de animais domésticos, a castração ainda é vis-ta por muitas pessoas como algo invasivo e sem benefícios ao animal.

No entanto, um casal de gatos não cas-trados, cruzando duas vezes ao ano, pode gerar em seis anos quase 67.000 outros gatos.

-dos esses animais, o destino deles é, muitas vezes, o abandono, que gera a contaminação e disseminação de doenças. No caso dos ga-tos, por sua natureza livre e curiosa, muitos protetores optam pelo método C.E.D. (Cap-tura, Esterilização e Devolução).

“A castração em massa é a solução para

C.E.D. que os devolvem ao meio que eles estão acostumados a viver”, diz a proteto-ra independente Jéssika Coelho. Além de ser usada para o controle do número de indivíduos, a castração previne algumas

-to do animal quando entra no cio é cruzar.

Encontrei um animal, e agora?

>> Dois dos vários gatos resgatados por Jéssika

Texto: Edição:

Diagramação:

“A castração em massa é a

solução para o controle de animais”

Jéssika Coelhoprotetora independente

Foto

: Ana

Pau

la M

orei

ra

>> Leve-o imediatamente ao veterinário. >> Não permita que ele tenha contato com seus cachorros domésticos antes

cachorros podem se contami-nar caso haja uma doença

incubada. >> Contate a associação de amparo animal mais

-derá encontrar possíveis

donos voluntários.

Não havendo essa possibilidade, isso acaba ocasionando uma ansiedade e essa agonia faz com que muitas vezes o próprio animal comece a se mutilar.”, ressalta a veterinária Kênia Ramos.

Segundo o diretor do Centro de Zoono-

---

balho do Centro de Zoonoses, que tem por principal objetivo resguardar a vida huma-na de doenças de origem animal. Segundo ele, desde 2010 a conhecida “carrocinha” só retira da rua animais doentes ou que podem representar algum tipo de ameaça à saúde pública. Ele lembra que a captura indiscri-minada não é mais permitida legalmente. “Fazemos algumas capturas pontuais nos locais onde ocorrem problemas relaciona-dos à transmissão de zoonoses. É realizada

que ela é detectada, nós fazemos a captura

a única situação em que a carrocinha faz a captura de animais.”

Se você quiser adotar um animal, entre em contato com o Centro de Zoonoses da sua cidade ou de um

município próximo.

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4 Impressões [fev | 2014]

O sangue que não corre nas veias

Medos e mitos são os principais motivos para escassez de sangue em banco de coleta

SAÚDE

no Hemocentro de Goiás, a es-tudante Aryandra de Oliveira acompanha a amiga e doadora

Grazyella Tavares. No início de 2013, ela viveu uma delicada situação famíliar. Seu pai, um policial aposentado, sofreu um acidente vascular cerebral, resultando na perda de um dos rins e na necessidade de duas transfusões de sangue. O primeiro dos procedimentos foi um sucesso, mas

comprometido. Assim se fez necessária uma segunda transfusão, com dezesseis bolsas de sangue. No entanto, a estudante

A coordenadora da Divisão de Captação do Hemocentro de Goiás, Ludmilla Faria Fer-

suprir toda a deman-da do Estado.

Sempre estamos com falta de sangue. Temos a capacidade de 200 atendimen-tos diários, mas não

--

nadora. Segundo ela,

no Hemocentro cai 70% nos meses de julho, dezembro e janeiro. Um dos em-pecilhos para a do-

ação é a falta de conhecimento sobre o

insegurança.

mitos sobre o ato de doar sangue foram disseminados e jamais deixaram de as-sombrar muita gente. “As pessoas te-

acabem viciadas em fazer doações, além

Além das lendas e superstições em torno da doação, a coordenadora do Hemocen-

-te ou amigo, necessita de ajuda. “Parece

-

reclama Ludmilla.O Hemocentro de Goias realiza de for-

ma períodica campanhas visando esclare-cer e conscientizar a população para a im-portância da doação espontânea. Em 25 de novembro, por exemplo, Dia Nacional do Doador de Sangue, foi montada uma uni-

Rassi (HGG), para lembrar a data.

Quanto vale seu sangue?

A coordenadora da Divisão de Captação do Hemocentro de Goiás,

-cedimento não é remunerado. No en-

tem valor no mercado, custando em média 1.500 reais em hospitais parti-

necessitou de 400 bolsas de sangue. O Hemocentro lutou contra o tempo, junto com a família. Ela foi salva pelo

-de e campanhas em prol da paciente.

Se a doação fosse remunerada, talvez muitas pessoas pagariam o pre-

dinheiro em troca. Em tese, por este raciocínio, não existiria mais falta de

ética em jogo, pois a remuneração para doação de sangue poderia abrir precedentes, como a regulamentação

-

rins, por exemplo) ou aos familiares

transplantados. A comunidade médi-

Texto: André Luiz Cardoso (3º período)Edição: Dyanne Amorim, Marina Amarins e José Amauri (5º período)Diagramação:Fotos: Artur Dias (2º período)

Alta demanda e baixa captação: problema crônico do Hemocentro

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5 [fev | 2014] Impressões

Metropolitana

Metrobus vai ampliar Eixo Anhanguera

Estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que entre 2007 e 2012 houve um aumento excessivo no gasto com aluguéis em 30% das residências brasileiras. A di-retora da URBS Imobiliária, Angeli-na Carvalho, estima que no período pesquisado tenha ocorrido uma alta

O Governo do Estado de Goiás, através da Empresa de Transportes Urbanos (Metrobus), irá expandir o Eixo Anhanguera, principal via de transporte coletivo de Goiânia. No total serão mais 13 quilômetros de vias preparadas para receberem ônibus articulados e biarticulados. O anúncio foi feito pelo governador Marconi Perillo durante solenidade inauguração da reforma do Termi-nal Padre Pelágio.

O corredor será prolongado na direção leste até o Jardim das Olivei-ras, município de Senador Canedo, e na região oeste até a Vila Mutirão e ainda outro trecho até o Terminal Vera Cruz, saída para Trindade. Além da ampliação do corredor, o governador autorizou a Metrobus a comprar mais 35 ônibus que irão trafegar no novo trajeto.

Foto: Wellington Santos

‘O cidadão deve denunciar’Entrevista: Marluce Corrêa e Thaynara de Almeida (3º período)Edição: Bruno Queiroz e Dyanne Amorim (5º período)Diagramação: Dyanne Amorim (5º período)

A Secretaria Municipal de Fiscali-

e restaurantes na cidade, impulsionada pela tragédia na Boate Kiss, em Santa Maria (RS), quando um incêndio ma-tou mais de 250 pessoas. O titular da pasta, Allen Viana, fala ao Impressões sobre os problemas encontra-dos nesses estabelecimentos e

-lização por conta daquele fato.

Qual é a atual situação das ca-sas noturnas, bares e restau-rantes de Goiânia?

já era feita, mas muito dispersa. Iniciamos uma ação contun-dente, gerando mais segurança para os frequentadores de boa-tes em Goiânia. O primeiro passo era fa-

a campo e começamos a atuar fazendo

que tínhamos uma casa que se iniciava como bar, estava registrada na Prefeitura e na Junta Comercial como bar, mas, com o passar do tempo, se desvirtuava e co-meçava a funcionar como boate ou como casa de show, o que não tinha nada a ver com a proposta inicial. Depois das

estabelecimentos.

A penalidade imposta ao estabeleci-mento depende de quais critérios?Analisamos a presença ou não do alvará de funcionamento ou a descaracteriza-ção deste alvará, o que também é muito comum. Se houver qualquer alteração

-mento, tem de requerer um novo alvará. O próprio cidadão pode fazer denúncias por meio do telefone 156.

Hoje a secretaria consegue cumprir seu trabalho? A capital cresce cada vez mais e exi-ge um quadro maior de profissionais, porém o essencial seria uma cidade onde os cidadãos são conscientes do seu papel de fiscais. O dilema é buscar uma cidade mais ordeira, em-

presários conscientes que queiram investir, mas que entendam que existe uma série de exigências, e cidadãos proativos, que não só vão para a rua, mas, antes de reivindicar, tenham um papel mais ativo de denunciar si-

ser fiscalizadas. O nos-so quadro também deve ser mais capacitado e isso será

uma necessidade de qualquer gestão.

Como está sendo feita a fiscalização desses estabelecimentos?Primeiro realizamos um levanta-mento do número de casas e de ba-res para analisar quais estavam tra-balhando (clandestinamente) como boates e quais estavam realmente trabalhando como bares.

também de 30% no valor dos alugu-éis em Goiânia.

Ela diz que a projeção é de que os pre-ços continuem estáveis em 2014 e que os aumentos não ultrapassem o IGPM (ín-dice utilizado para revisar aluguéis). No mesmo período, a quantidade de famílias sem moradia cresceu 13,9% em Goiás. A imigração de trabalhadores que che-gam a Goiás em busca de melhores

-tivo apontado pelos analistas para a falta de moradia.

>> Allen Viana

ENTREVISTA / ALLEN VIANA - Secretário Municipal de Fiscalização

Aumento do aluguel

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6 Impressões [fev | 2014]

“Vi a cidade crescer, deixar de ser interiorana”

ENTREVISTA/DILZA FERREIRA

a jornalista e escritora Dilza Maria Barbosa Ferreira é autora do livro: Goiânia retratos e memórias. Em sua obra, ela fez uma coletânea de dezoito crônicas inéditas sobre a história de Goiânia e outras dezoito selecionadas durante

o período em que trabalhou como articulista no jornal O Popular. Nesta entrevista ao Impressões

Texto: Sarah Giulia (5º Período)Edição: Lucas Pacheco e Bruno Silva (5º Período)Diagramação: Bruno Mendes e Luiz Fernando Rodrigues (5º Período)

O que me motivou foram as experiên-cias de vida. Vivi nesta cidade e trago

feliz, que me realizaram enquanto pes-

que tinha escrito quando fui articulista no jornal O Popular. Baseada no livro de

Crônicas de Goiâ-nia, resolvi que minhas experiências po-deriam ser passadas para o papel, para

-tam desta cidade.

Estado. Isso ocorreu em 1960. Depois

O progresso, as rodovias, os meios de

a vinda da capital federal. Esse foi o grande legado de Juscelino Kubitschek

em Brasília pegaram Goiânia como um ponto de apoio, e essa foi a grande mu-

trabalho foram transformadas. Na minha infância ia ao Jardim Zoológi-

e pude ter uma vivência mais intensa com eles, indo ao parque Mutirama.

domingos à tarde na Av. Anhanguera

entre eles. Outro lugar importante era a Rua Oito, onde havia bares,lanchonetes e cinema. O que mais me marcou foi a

desfeita com o progresso. Outro ponto importante também é o Mercado Cen-tral. Era o ponto de compras, a cidade vivia em torno deste mercado.

Sempre gostei de escrever, mas o fato que me levou a ser articulista em O Po-pularque acompanhar meu esposo por uma

que tinha estourado toda aquela tragé--

mos para um hotel onde um rapaz nos recebeu e nos disse o seguinte: “O se-

garagem, porque se as pessoas virem a -

Nasci em Pirenópolis e vim para Goi-ânia com quatro anos de idade. En-

é Goiânia. Aqui eu cresci, estudei, me formei , casei, tive minhas experiências

-

cidade crescer, deixando de ser interio-rana para virar a grande capital que é hoje. Perdi o senso de Centro que nós

ximar de você”. Aquilo me chocou de-

estava sobre Goiânia. Quando volta-mos, transmiti todos os fatos do aciden-te para o papel, histórias relatadas em meu livro. Comecei a escrever e levava para O Popular, esperando a resposta e

escrever por muito tempo. Escrevia pe--

em Jornalismo. Fui tomar conta de um jornal da Procuradoria Geral do Estado, onde trabalho até hoje. A experiência que tive em O Popular foi muito rica, pois me mostrou o alcance que tinha so-

cumprimentado ou corrigindo.

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7 [fev | 2014] Impressões

infraestrutura que atenda, com segurança, as necessidades dos ciclistas. O Corredor

Universitário pode ter melhorias, como banheiros e estaciona-

mentos para quem pratica

arquiteta. Para o especialis-

ta em Planejamento Urbano e Ambiental, Fernando Chapadeiro,

a ciclovia já apresenta defeitos com apenas dois

-cam-se falhas no concreto da via,

problemas de execução e ausência de sinalização, principalmente nas interse-ções, além de equívocos quanto à sua ge-ometria”, avalia o arquiteto.

Com a falta de locais destinados aos ciclistas em Goiânia, alguns tentam dividir o espaço das ruas com os automóveis, mas relatam a preocupação em compartilhar a área com outros veículos. “O maior proble-ma enfrentado seria no quesito segurança, no que se refere ao trânsito, tanto dentro da cidade quanto nas rodovias. A falta de respeito de alguns motoristas pelos ciclis-tas é enorme. Eles não observam a distân-

da equipe de ciclismo Os Goiabas, Gláucia Reis. Alguns ciclistas acreditam que a situ-ação pode melhorar. Por enquanto, porém, acidentes envolvendo bicicletas em ruas e rodovias continuam frequentes.

Ciclistas sem espaço no trânsito de Goiânia

Falta de infraestrutura para o exercício do ciclismo é a principal di�culdade encontrada pelos praticantes

TRÂNSITO

assim como na maioria das me-trópoles brasi-

leiras, o trânsito da capital goiana beira o caos com o grande número de automó-veis que circulam na cidade. Goiânia, que foi projetada para abrigar uma população de 50 mil habi-tantes, está próxima de alcançar 1,3 milhão

ruas. Uma das alternativas para diminuir os problemas no trânsito seria o investimento em uma rede cicloviária que permitiria ao cidadão goianiense a oportunidade de es-colher um meio de locomoção alternativo aos automóveis.

Paulo Garcia, está prevista a construção de 102 km de ciclovias, mas a única concluída se localiza no Corredor Universitário. A professora do curso de Arquitetura e Ur-

é necessário mais que a construção de ciclo-vias. “É necessária a inclusão de uma boa

AlternativasO coordenador da Implantação dos

Corredores Preferenciais da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo

um dos problemas está na política vol-tada na ampliação de vendas de carros, o que faz com que aumente considera-velmente o número de automóveis nas ruas. “Há um equívoco quanto à grande publicidade de automóveis”, reclama ele. Segundo o coordenador, isso deses-timula as pessoas a procurarem alter-

melhor em Goiânia. Chapadeiro reforça que a atual situação das cidades brasilei-ras atrapalha a implantação de políticas voltadas para os ciclistas. “O cenário ur-bano apresenta diversos aspectos que di-

ambiente. Entre eles, o crescimento de-sordenado das cidades, com sua falta de integração entre desenvolvimento urba-no, mobilidade e transportes, resultando na apropriação quase que completa da infraestrutura viária por veículos moto-rizados”, analisa o especialista.

Sávio pondera ainda que não exis-tem apenas as vias exclusivas para bi-cicletas como meio para solucionar os problemas cicloviários em Goiânia. Po-deriam também ser colocadas ciclo-fai-xas (demarcação da área de tráfego de bicicletas no solo) e ciclo-rotas (implan-tação de placas de sinalização indicando áreas de circulação de bikes). “Em al-gumas ruas ou avenidas não é possível colocar ciclovias, mas pode-se utilizar maneiras alternativas, além de colocá-las em ruas que transmitam mais segurança

-ordenador.

Texto: Luiz Fernando Rodrigues (5º período)Edição: Diagramação: Bruno Queiroz (5º período)

Bikes no mundoChina: 21%

Estados Unidos: 15%Japão: 8%Índia: 8%Brasil: 4%

Alemanha: 4%

>> Ciclistas acabam se

o esporte em rodovias

Foto: Cristal Ávila

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8 Impressões [fev | 2014]

Goiânia: rota de fuga ou lugar de esperança?

Goiás já abriga 161 mil maranhenses e Goiânia é o principal destino. Entenda porque tanta gente elege a cidade como sua terra prometida, mesmo enfrentando muitas di�culdades

ESPECIAL

a caminho do estágio, Aryclennes se mistura aos pedestres. Quem vê Roberto, nada enxerga além de

um servente. Quase ninguém imagina que os dois vieram de muito longe. No olhar de ambos e de milhares de maranhenses, a sau-dade de uma terra que foi deixada para trás na busca por uma vida melhor. Eles são hoje a quarta maior população vivendo em Goi-ás, segundo dados do Instituto Brasileiro de

do Maranhão para cá? Alguns fatores explicam isso, como o desenvolvimento econômico do Estado, especialmente de Goiânia, uma das quinze cidades de grande

civil, um dos que mais empregam migrantes maranhenses, segundo dados divulgados

pelo IBGE em seu relatório Deslocamentos Populacionais do Brasil, também contribui

de Roberto Alves, servente de pedreiro,

os dados. “Fiquei sabendo das construções por aqui, um cunhado mandou me buscar. Vim com vontade de possuir as coisas, estou começando a conseguir. Se estivesse lá no Maranhão, não conseguia nunca!”

Rafael Lara Martins, advogado e presidente do Instituto Goiano de Direito do Trabalho, explica que os que migram muitas vezes se sujeitam a condições precárias. “As pessoas vêm com uma necessidade premente de trabalhar e se submetem a situações ilegais sob o ponto de vista trabalhista, com uma remuneração menor e em condições inadequadas de saúde e até de segurança do trabalho”. Para o advogado, a condição do trabalho formal dos migrantes é a mesma dos outros trabalhadores, mas ele alerta: tanto a discriminação quanto a exploração do migrante tendem a acontecer na informalidade, quando não há relações trabalhistas estabelecidas em um contrato. Não é o caso de Roberto Alves, muito

MaranhãoUm dos estados com pio-

res indicadores sociais, segun-

ranking da pobreza extrema, com

da linha da miséria ou na pobre-

sabem ler e escrever.

Texto: Flaviana Alves (3º período)Edição: Bruno Mendes (5º período)Diagramação: Dyessica de Paula (5º período)

satisfeito com sua função na empresa Logical Construções.

Aos poucos a capital do Cerrado vai se constituindo como lugar de muita esperança. Lucas Souza promete se mudar para Goiânia

dá prioridade apenas a uns, outros não, por

do jovem, o desapontamento é seguido por grandes expectativas. “Vendo pessoas em outro estado falando que a oportunidade é maior, a gente vai em busca disso, se realizar

com amigos que migraram para Goiânia. Assim como Lucas, decidido a buscar

mais longe um futuro promissor, Evandro Gomes, hoje comentarista esportivo na

Questionado sobre o porquê da migração, ele responde por si e por milhares. “Eu, como todo nordestino, via no Centro-Oeste a terra prometida. Aqui a gente ia conseguir tudo que imaginava poder conquistar”. Como se sua vinda para cá fosse uma saga quase esquecida, ele relembra. “Naquela época, Goiânia teve um crescimento espantoso e dentro desse crescimento cada um procurou seguir o seu destino”.

As histórias do Evandro, do Lucas e do Roberto se repetem há mais de quatro décadas e, segundo o sociólogo Nildo Viana, da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, tendem a continuar acontecendo. “As pessoas vão formando verdadeiras comunidades em cidades para onde há

local.” Vir e dar suporte para parentes e amigos que trilham o mesmo caminho é

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>> Estudante Aryclennes Sousa: preferência por Goiânia para fazer seu curso superior em Jornalsimo

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9 [fev | 2014] Impressões

Mas será que as tantas facilidades vislumbradas em Goiânia pelos maranhenses se devem apenas a questões ligadas a emprego? Aryclennes Sousa, estudante de jornalismo, garante que não. “Sempre tive o desejo de morar na cidade grande, pois nunca gostei do interior. Na época, escolhi várias capitais brasileiras para estudar, mas foi Goiânia que acabou me escolhendo”. E apesar de seus pais quererem que São Luís fosse a cidade eleita para cursar o ensino superior, Aryclennes aponta a diferença de custo de vida como um dos motivos para estar aqui hoje. “A estrutura da cidade (São Luís) é precária e o custo de vida, por ser uma cidade litorânea, é muito alto”.

Outra grande diferença entre as duas cidades está na qualidade de vida, mensurada pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Enquanto a capital maranhense está na posição 249 no ranking nacional deste ano, a capital goiana assume a 45º colocação. O estudo é feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e analisa o padrão de vida, o acesso à educação e à saúde por parte dos habitantes.

Sob uma visão macro, Goiás é, segundo levantamentos do IBGE, o estado que mais cresce economicamente no País. Pelo quinto mês consecutivo ele lidera a produção industrial. Esse crescimento acima da média nacional é alavancado pelo desenvolvimento econômico do eixo Brasília-Goiânia. O Produto Interno Bruto (PIB) que circula entre essas duas capitais já foi estimado em R$ 230 bilhões, o que equivale a 70% do PIB do Centro-Oeste. É como se cada quilômetro da rodovia movimentasse mais de R$ 1 bilhão. Acrescente-se a tudo isso o alarmante quadro social do Maranhão e temos em apenas uma década o que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD-IBGE) constatou: um salto de 92 mil para 161 mil maranhenses vivendo em Goiás.

Com população estimada em 2,4 milhões, Goiás está, dentre os 27 estados brasileiros, em 6º lugar no ranking de desenvolvimento humano, também de acordo com o Censo 2010. A taxa de analfa-

betismo da população de 18 anos ou mais diminuiu 11,47% nas úl-timas duas décadas e a renda per capita média cresceu 126,52%, passando de R$ 297,79 em 1991 para R$ 674,54 em 2010.

Enquanto isso em Goiás...

XENOFOBIA

O Brasil é conhecido por ser um país

Queixas da populaçãoSegundo estudo divulgado em agosto de 2012 pelo Programa das Nações Unidas para

os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), Goiânia é a capital mais desigual da América Latina. No estudo, a cidade aparece com Índice de Gini igual a 0,65. Esse indicador varia de 0 a 1, sendo 0 a menor desigualdade e 1 a desigualdade total. Nesse contexto, a situação de Goiânia não é nada boa. Para a composição desse índice são levados em conta indicadores como acesso à saúde, qualidade de vida e de serviços de transporte, lazer, saneamento público, segurança, entre outros.

A população já opinou a respeito de tais indicadores e a avaliação da maioria converge com os dados. Números da pesquisa Ipem/Tribuna, divulgados em setembro de 2013,

Mais de 50% dos entrevistados apontam a segurança como o maior problema da capital e 18,3% acusam o transporte público de ser o pior serviço.

Com um alto nível de desenvolvimento humano e jeito hospitaleiro, Goiânia se apresenta como um lugar ideal para começar a vida. Para o sociólogo Nildo Viana, da UFG, essa “preferência tem a ver também com a situação em outras cidades que tiveram

“onde já não há alto grau de empregabilidade”. Ou seja, diferente de metrópoles como São

O sociólogo Nildo Viana acredita que o Estado deve promover desde já políticas

pessoas desempregadas e empobrecidas. É preciso repensar a sociedade brasileira e as desigualdades regionais no sentido de deixar de obrigar as pessoas a saírem de seus estados por precariedades, falta de emprego, pobreza, entre outros aspectos”, ressalta.

“A incompatibilidade entre os projetos que vêm sendo implementados no estado (Maranhão) e as necessidades da população é um dos fatores que contribuem para

Públicas pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA).Sobre a situação social em São Luís, a pesquisadora relata que a capital já foi,

nos anos 1970, o “Eldorado” que atraía grandes contingentes oriundos do interior do estado. Atualmente, no entanto, enfrenta graves problemas de desemprego e

constitui uma possibilidade de mudança de vida para os maranhenses em situação de pobreza”, enfatiza.

Cleonice Correia aponta também o distanciamento entre a capital e os demais

motivo para “a ‘fuga’ dos maranhenses para outros estados com realidades sociais menos graves”.

São Luís é menos atraente

Do grego “xénos” (estrangeiro) e

pessoas ou coisas estrangeiras. Pode se caracterizar como forma de preconceito, evidenciando-se pela aversão e a discri-

minação dirigidas a pessoas de outras ra-ças, culturas, crenças e grupos. Também pode chegar a ser considerada uma do-ença, transtorno causado por um medo descontrolado do desconhecido, que se

sem graves demonstrações de xenofobia. No

um fenômeno chamado lusofobia, que resul-tou de um sentimento nacionalista de alguns políticos brasileiros, que tinham como objeti-vo reduzir a interação de indivíduos portu-gueses na economia local

transforma em desequilíbrio.

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10 Impressões [fev | 2014]

O Relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) em 2012 apontou Goiânia como a cidade mais desigual da América Latina.

do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (Iesa-UFG), João Batista de Deus explica que este dado é resultado da discrepância na distribuição de renda na capital.

Qual é a importância do estudo feito pela ONU Habitat?Existe uma imagem de que Goiânia não é uma cidade muito

ruas. Há um ou outro no sinal no trânsito, mas não é uma coisa escandalosa se comparada com outras cidades do País. Com isso,

ESPECIAL

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Capital da desigualdade

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Texto: Lauriene Moura e Thaynara de SouzaEdição: Bruno MendesDiagramação: Dyessica de Paula

Contra o preconceito

adaptação, busca por emprego e inserção no meio acadêmico no processo de migração. Com quem vem do Maranhão

linguísticas podem acirrar o preconceito. O radialista Evandro Gomes diz nunca ter

manter seu vocabulário bem maranhense. “Eu chamo mandioca de macaxeira, eu tapioca de biju”, declara, orgulhoso de suas raízes. “Eu nunca vou perder a minha essência, esquecer das coisas que na minha

No entanto, há goianos como Leopoldo Costa, estudante de Direito e músico, que temem o choque entre as culturas. “Talvez a cultura de nosso Estado seja comprimida e a cultura de outras partes não seja aceita ou bem interpretada por aqui”, diz o jovem.

migratórios gerem outros problemas. “Temo que aumente o desemprego e até mesmo haja mais violência urbana. A

alta e isso diminui oportunidades.”Para o sociólogo Rogério Araújo,

essa preservação cultural, que muitas

Texto: Flaviana Alves (3º período)Edição: Bruno Mendes (5º período)Diagramação: Dyessica de Paula (5º período)

da “contaminação da cultura goiana”

culturais”, está presente em muitas situações. entre os estados do Brasil e também entre as nações. “Na Inglaterra há o que eles chamam de uma inglesidade, o que seria a preservação de uma cultura inglesa para que não tenha

Rogério vê o processo migratório como algo positivo. “Enriquece a cultura. Essa mistura resulta em hábitos que não são totalmente goianos, mas que também não são totalmente maranhenses. A

dá pela mistura e o hibridismo”, lembra.

Por que Goiânia concentra esta grande diferença social?

É uma cidade de atividade econômica basicamente prestadora de serviços não somente para a população, mas também para boa parte da

Cidades (REGIC) aponta Goiânia como uma área de

serviços para o Acre, sul do Pará, sul do Maranhão e oeste do Piauí. Goiânia tem o papel econômico de ser “núcleo importante” com a concentração de vários comandos regionais de empresas e uma parcela da população muito rica.

O que precisa ser mudado?A distribuição de renda.

ENTREVISTA / JOÃO BATISTA DE DEUS - Geógrafo

Quem vem de fora encontra aqui um novo lar, mas a luta contra estereótipos é necessária

>> Radialista Evandro Gomes: jeito de falar do Maranhão, onde nasceu e cresceu

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11 [fev | 2014] Impressões

Uma vida atrás das lentes

PERFIL/HÉLIO DE OLIVEIRA

h élio de Oliveira, hoje com 84 anos, mudou-se com a família para Goiânia em 1935, quando

-

Na época em que morava na cidade mi--

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O Popular

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-O Popular por dez anos e

-

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-

--

>> 1957 : Cena da chacina da

Texto: Paulo Ruan Decaris (3º período)Edição: Thainá Almeida (5º período)Diagramação: Jéssica Dias Gomes (5º período) (com Editoria de Arte)

Conheça a trajetória do primeiro fotojornalista de Goiás

Trabalhos memoráveis

“Tem que ter muita perspicácia, porque tem que saber a hora exata

para fazer a foto”.Hélio de Oliveira

>> Hélio de Oliveira mostra suas fotos históricas

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12 Impressões [fev | 2014]

As cores das ruasCom intervenções inspiradas, artistas goianos modi�cam espaços urbanos e chamam à re�exão

a arte está nas ruas e há muitas formas de divul-gá-la e encontrar

outros formatos para sua expressão, individual ou coletivamente. Um gru-po colaborativo, formado por estudantes do curso

-versidade Federal de Goi-ás (UFG), criou o Coletivo Fake Fake. Ele tem como objetivo fomentar circuitos para interagir com espaços das artes urbanas, de modo a contribuir com o cenário cultural da cidade. “Nós queremos usufruir da rua,

cartazes. A gente quer mo-vimentar as pessoas para mostrar seus trabalhos para quem anda pela rua”,

fundadora do coletivo, Sophia Pinheiro. No segundo semestre de 2013, o gru-

po organizou um evento com o intuito de chamar a atenção para a arte e também para espaços abandonados. O 5º Fake Fake Ilustraciones: NA RUA contou com a participação de vários artistas de Goiânia e de outros estados, como os integrantes do Coletivo SHN, um grupo de artistas de São Paulo. “Viver com arte é muito melhor do que viver sem arte. A arte é uma janela que o artista cria fora da nossa realidade e que ajuda o ser humano a se colocar no

-retta, historiador e participante do evento.

Nas ruas de Goiânia, é possível per-

muros e paredes. Segundo o professor de

Artes Visuais da UFG Márcio Aguiar, o

“A arte deixa de ser marginalizada quan-do chama a atenção do leitor, o provoca

Morbeck, que trabalha na área há mais de cinco anos, a arte urbana quebra a rotina das pessoas. “É diferente de uma obra que está dentro de uma galeria”, compara.

Outro tipo de manifestação que tem se destacado em Goiânia são os lambe-lambe, car-tazes ou pôsteres colados em postes, paredes, muros, viadutos ou qual-quer superfície dis-ponível. Eles são uma forma de pro-testo. Entre muitos artistas que tra-balham com essa técnica, dois deles se destacam: Oscar Fortunato e Marce-lo Peralta. Ambos saem pela cidade e divulgam seus tra-

>> Oscar Fortunato em seu ateliê:

ARTES PLÁSTICAS

Texto:

Edição: Carolina Oliveira e

Diagramação:

balhos e ideias por meio de desenhos que chamam bastante a atenção.

Fortunato retrata em algumas obras o jeito goiano de ser, a “goianidade”, e tem um olhar de protesto em outras, como

acompa- nhado das palavras “Free Boi”, na qual questiona o

comportamento da indústria de carne e os ex-cessos come-tidos por ela e seus consumi-

dores. “Acre-dito que tenho

que falar das coisas que me pertencem,

das coisas da minha realidade. Todas as obras têm uma carga política e ideológica que eu carrego comigo”, expli-ca Fortunato.

“Acredite na sinalização” é o nome dado por Marcelo Peralta a uma série de obras em que utiliza símbolos religiosos de variados credos desenhados nos mais diversos espaços com o formato de pla-cas. Elas são coladas em pontos estraté-gicos da cidade, onde há trânsito intenso,

o comportamento das pessoas. “Busco chamar a atenção através da

religião, trazendo essa ideia de 10 manda-mentos, do caminho certo a ser seguido. A ideia veio de uma placa que vi na es-trada perto da Cidade de Goiás que pedia para as pessoas acreditarem na sinaliza-

que a arte de rua é importante, pois carre-ga consigo a convicção de que qualquer pessoa pode fazer uma intervenção. ua é importante, pois carrega consigo a coên

ARTE

“Acredito que tenho que falar das coisas que

me pertencem.”Oscar Fortunato

>>

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13 [fev | 2014] Impressões

A variedade musical de GoiâniaDo samba ao rock, do rap ao gospel. A capital do sertanejo dá espaço a outros estilos

CULTURA

a cultura goiana é muito conhecida nacionalmente pelo gênero

sertanejo. Goiás é considerado pelos críticos musicais como o “celeiro” do estilo. Com

segmento iniciaram carreiras de sucesso na

apenas para citar alguns exemplos.O rótulo de capital do ser-

questionado por adeptos de outros tipos de som. A cidade está se transfor-mando em uma metrópole

-

para diferentes públicos.itos reclamam que em Goiânia não

que se refere ao rock. Há cerca de 100 ban-das do gênero na cidade e elas dispõem de lugares para tocar periodicamente.

Existem estúdios

cada ano atraem mais

têm ganhado grande repercussão. A impren-sa nacional já citou o

Noise como dois dos

-

terceiro mais promissor do ranking nacional no segmento.

“Hoje temos bandas reconhecidas internacio-nalmente. O rock goiano está bem posicionado e

-xista da banda de Castro. A banda já tocou nos Estados Uni-

-

My Favorite Way foi considerado a melhor músi-

Rolling Stone.Outro grupo que foi reco-

-

para o gênero indie e rock psicodélico. Seu álbum

House of Tole-rancedownloads na internet. O

-nos. “O cenário na capital não

tinha banda com esse tipo de rock. Com o

-

Goiânia e seus novos ritmos

Na luta de outros gêneros para se consolidarem na capital

-

Goiânia ele está consolidado. Há

sendo umas das capitais mais -

-

terceira posição entre 140 partici-

Já o samba tem como um dos representantes o grupo Heróis de

--

ro a mais no cenário musical de Goiânia. Os sambistas conquista-ram os residentes da capital. “O nosso público é misto. As pessoas

-

ressalta o músico Guilherme No-

Esporte para se apresentar na

durante as Olimpíadas.Até os sertanejos admitem a

“Nossa capital é uma cidade de

outra. Há público para todos os

o cantor e compositor sertanejo Hugo Santos.

Texto: Jamylle Viana (3º período)Edição: Emillyane Silva e Bianca Carvalho (5º período) Diagramação: Luna Flávia Costa (5º período)

“O rock goiano está bem

posicionado e direcionado.”

Denis de Castro, baixista

Foto: Danila Rezende e Regina Himenes

>> Sambistas do Heróis de Botequim

Foto: Divulgação

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14 Impressões [fev | 2014]

Luz, câmera, ação!Um olhar sobre o circuito do cinema alternativo da capital

CINEMA

acriação dos irmãos Lumierè serve bem a capital goiana desde 1936, quando já funcionava o hoje ex-

tinto Cine Teatro Campinas, no tradicional bairro de mesmo nome. Ele foi seguido por vários outros, como o Cine Popular, Helena, Eldorado, Capri, Astor, Ritz. Hoje, shoppings e centros culturais trazem uma grande variedade de opções para os aman-tes da 7ª Arte, que viram as salas migrarem do Centro para esses locais que oferecem mais conforto e comodidade.

Mas ainda há heróis da resistência. Um deles é o Cine Cultura, no Centro Cultural Marieta Telles Machado, em plena Praça Cívica, uma referência para

-neiros no cinema ‘’alternativo’’, exibin-

circuito convencional. De acordo com o assessor de comunicação do local, Luís Fernando Sousa, as películas exibidas não chegam à esfera comercial, mesmo que algumas tenham grande repercus-

gostam de frequentar esse cinema por-que aqui há uma programação que elas raramente encontra no shopping.”

Frequentadora do Cine Cultura, Hele-na Tavares, 23 anos, levou seu colega do curso de Psicologia, Gervásio Araújo, para assistir à Mostra Nacional de Filmes com Audiodescrição (conteúdo especial para

-taz no espaço. Helena relata que o conteú-do trazido pelo Cine Cultura é único e que não o trocaria por outra coisa. Gervásio disse que era a primeira vez que ia ao local.

shopping, é alternativa”, avaliou.Outro destes cinemas da cidade é o

Centro Municipal de Cultura Goiânia Ouro, localizado na Rua 3, Centro. O dire-tor do espaço, Antônio DaMata, conta que trabalha com um cinema diferente, já que não paga pelos direitos autorais de exibi-

criamos esta forma de exibição, mas o mundo a instituiu, que é o cinema de arte”, comenta. Segundo DaMata, o Cine Ouro (que manteve o nome da sala de projeção

-ço acessível a toda comunidade, a R$ 2,00. Ele ressalta ainda que o cinema trabalha

apoiando primeiramente o cinema goiano. Frequentador do Cine Ouro, o em-

presário Douglas Salviano, de 26 anos, se

diversa. Em Goiânia também existem ci-nemas mantidos por doações de organiza-ções não governamentais. Um deles é o do Centro Cultural Eldorado dos Carajás, na

Goiânia terá cinema 4DInaugurado em 30 de março de 2006

e construído pelo Governo do Estado, o Centro Cultural Oscar Niemeyer, espa-ço cultural com teatro, museu e biblio-teca, espera desde então que os cinemas projetados para o complexo, de fato, abram as portas. Isso parece estar mais

com capacidade para 250 lugares cada, devem começar a funcionar, soadminis-tração da rede de cinemas Lumière. De acordo com o gestor do Centro Cultural,

e independentes, alternativos e under-grounds. Segundo Chaul, a Secretaria da Casa Civil deve abrir um edital para licitar a abertura de um bar no ambiente.

profundidade, 3D e implicações físicas em

incluem-se simulações de chuva, vento, luzes e vibração dos assentos, através do

uso de sprays de água e jatos de ar.

Texto: André Luiz Cardoso e Simone Freitas Faria (3º período)Edição: Bianca Carvalho (5º período)Diagramação: Rafael Freitas (5º período) (com Editoria de Arte)

>> O Centro de Cutura Goiânia Ouro exibe

>> Cine Cultura: uma opção para o

Fotos: Divulgação

>>do Centro de Goiânia

>> Centro Cultural Oscar Niemeyer: cinema de alta tecnologia

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15 [fev | 2014] Impressões

Christie e seu Cabeça Oca

f -

O Popular Jornal do Tocantins e Jornal de Brasília

-

Um Super Dentro de Mim

Além da Mariana, sua filha, você se inspirou em algo ou alguém para criar suas personagens?

Você encontrou alguma dificulda-de durante o processo de criação das personagens?

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Após a criação das personagens, como você imaginava que seria o reconheci-mento do seu trabalho?

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Exposições no MAC

A Imagem Adquirida e A Arte de Ana Ma-ria Pacheco no Acervo MAC e Memória Roubada

Múltipla Leminski

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Entrevista: Isabela Dezem (3º período)Edição: Ana Amélia Ribeiro e Luiz Fernando Lemes (5º período) Diagramação: Lucas Pacheco (5º período)

panorâmica

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Você acredita que seu trabalho é valo-rizado da forma que deveria ou ainda falta muito para chegar aonde quer?

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Existe algum projeto em andamento, ou personagem que você ainda queira publicar?

Cabeça Oca: O Tesouro Escondido

Cabeça Oca e os Elfos de Terra Ronca

ENTREVISTA/CHRISTIE QUEIROZ - Cartunista

Divulgação

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16 [fev | 2014] Impressões

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A vida doce, o relógio e os botões

ENSAIO

a vida é uma estrada que perpas-sa pela força e emite seus sig-

braçal e no suor do rosto que o homem

Texto: Rafael Freitas (5º período)Edição: Rogério BorgesDiagramação: Bruno Mendes (5º período)

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-

trabalho e do esforço mental dar sentido à

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Foto: Paulo Ruam Moura

Foto: Joice de Oliveira

Foto: João Neto de Sousa

Foto: Marluce Corrêa

Foto: Géssica Veloso