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Índice de Conteúdo INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................... 1 CAPÍTULO 1 COOPERATIVAS ............................................................................................................ 4 1. COOPERATIVA DE SÃO VICENTE, NO PANAMÁ ........................................................................................ 4 2. FORMULARIO DE ESPECIFICAÇÃO: COOPERATIVAS ............................................................................... 10 3. FORUM SOBRE COOPERATIVAS ASSEMBLEIA DE ROMA ........................................................................ 13 CAPITULO 2 OS MICRO-CREDITOS ............................................................................................... 17 1. PROJETOS DE MICRO CREDITOS EM MADAGASCAR ............................................................................... 17 2. FORMULARIO DE ESPECIFICAÇÃO: MICRO CREDITOS......................................................................... 23 3. TESTEMUNHOS ..................................................................................................................................... 28 4. FÓRUM SOBRE MICRO-CRÉDITOS .......................................................................................................... 29 CAPÍTULO 3 OS BENEFÍCIOS MÚTUOS DO SEGURO DE SAÚDE .......................................... 30 1. PROJETOS EM MADAGASCAR. ............................................................................................................... 30 2. FORMULÁRIO DE ESPECIFICAÇÃO: SEGURO DE SAÚDE COMBENEFÍCIOS MÚTUOS ................................. 36 3. TESTEMUNHOS ..................................................................................................................................... 38 4. FÓRUM SOBRE OS BENEFÍCIOS MÚTUOS DO SEGURO DE SAÚDE ............................................................ 39 CONCLUSÃO.......................................................................................................................................... 40

Índice de Conteúdo - aic-international.org · e benefícios mútuos dos seguros de saúde das empresas. Cada uma dessas experiências será apresentada aqui de forma semelhante:

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Índice de Conteúdo

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................... 1

CAPÍTULO 1 COOPERATIVAS ............................................................................................................ 4 1. COOPERATIVA DE SÃO VICENTE, NO PANAMÁ ........................................................................................ 4 2. FORMULARIO DE ESPECIFICAÇÃO: COOPERATIVAS............................................................................... 10 3. FORUM SOBRE COOPERATIVAS ASSEMBLEIA DE ROMA ........................................................................ 13

CAPITULO 2 OS MICRO-CREDITOS............................................................................................... 17 1. PROJETOS DE MICRO CREDITOS EM MADAGASCAR ............................................................................... 17 2. FORMULARIO DE ESPECIFICAÇÃO: MICRO – CREDITOS......................................................................... 23 3. TESTEMUNHOS..................................................................................................................................... 28 4. FÓRUM SOBRE MICRO-CRÉDITOS.......................................................................................................... 29

CAPÍTULO 3 OS BENEFÍCIOS MÚTUOS DO SEGURO DE SAÚDE .......................................... 30 1. PROJETOS EM MADAGASCAR. ............................................................................................................... 30 2. FORMULÁRIO DE ESPECIFICAÇÃO: SEGURO DE SAÚDE COMBENEFÍCIOS MÚTUOS ................................. 36 3. TESTEMUNHOS..................................................................................................................................... 38 4. FÓRUM SOBRE OS BENEFÍCIOS MÚTUOS DO SEGURO DE SAÚDE ............................................................ 39

CONCLUSÃO.......................................................................................................................................... 40

INTRODUÇÃO

A AIC ORGANIZA EXPERIÊNCIAS CONCRETAS VISANDO O ALÍVIO DA TRISTE SITUAÇÃO EM QUE

VIVEM MULHERES POBRES

Os procedimentos realizados na Assembléia foram incluídos no livreto, edição de Junho de 2007. As inúmeras conferências nos capacitaram a entender que há uma correlação entre cultura - de um lado - e a pobreza das mulheres – por outro lado. Entendemos também que toda cultura tem o poder de evoluir. Exemplos concretos de ações que aliviam a situação de pobreza da mulher foram apresentados e a AIC se compromete, através de suas Diretrizes a “reforçar suas ações contra o estado de pobreza das mulheres, as conscientizando de suas próprias responsabilidades e fazendo a sociedade, como um todo, também consciente de suas responsabilidades”. Como o planejado, neste livreto, vocês poderão ler sobre essas ações concretas que devem ser postas em prática para alcançar esses objetivos; tais ações foram apresentadas aos participantes da Assembléia, durante sessões de trabalho denominadas “Fóruns”.

Essas ações são: Cooperativas,

Micro-créditos,

e benefícios mútuos dos seguros de saúde das empresas.

Cada uma dessas experiências será apresentada aqui de forma semelhante:

• As bases de uma experiência, apresentadas de acordo com o método “trabalhando com projetos”.

• Um formulário de especificação com o propósito de ajudar outros grupos da AIC a adotar esse projeto.

• Relatos dos beneficiados.

• Um pequeno resumo dos fóruns, com as idéias principais que surgiram a partir dos mesmos.

Nesse momento, devemos ressaltar as características que essas 3 experiências possuem em comum:

• Cada uma dessas experiências surgiu com a finalidade de ajudar mulheres, em todos os lugares, a se tornarem independentes e poderem sustentar as suas famílias como desejarem;

• O sucesso das experiências depende, essencialmente, da união das mulheres;

• Os voluntários têm um papel essencial, em treinar e acompanhar essas mulheres por um determinado período de tempo;

• As mulheres que podem participar desses projetos, resgatam sua auto-confiança e auto-estima.

Estamos falando de projetos de trabalho…Mas... Sabemos do que eles se tratam?

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Há mais de 10 anos a AIC começou a falar de projetos de trabalho. Sempre desejando “fazer a coisa certa e da maneira correta”, a AIC uniu forças a fim de fazer com que esse modo de trabalhar ficasse claro para todos, e passá-lo adiante, para que fossem utilizados exaustivamente. Os colaboradores falaram sobre isso, apostilas e apresentações com “power point” foram feitas, sessões de treinamento foram organizadas... E muitas voluntárias, entusiasmadas e motivadas, adotaram esse método, alcançando bons resultados e ajudando ainda mais às pessoas mais pobres.

Esse modo de trabalho pode ser eficaz, mas nós o usamos? Instruímos nossas equipes sobre como desenvolver esses projetos?

Recentemente, meios concretos de como aliviar o estado de pobreza das pessoas vêm sendo discutidos pela AIC. Essa é a razão pela qual, durante a mais recente Assembléia Internacional, em Roma, abordamos o assunto sobre micro-créditos, cooperativas e benefícios mútuos dos seguros de saúde das empresas, entre outros. É verdade que é extremamente importante aprender sobre esses assuntos, porque isso possibilita que inovamos e encontremos soluções de qualidade para a situação de pobreza com o qual somos confrontados. Na verdade, essa é uma forma de organizar todo e qualquer tipo de iniciativa, fazendo com que organizemos nossas idéias e otimizemos nossos recursos.

São Vicente de Paula costumava dizer que a boa intenção, sozinha, não bastava; ao contrário, a ajuda deve ser organizada. Logo, antes que vocês comecem um projeto sobre cooperativas, benefícios mútuos dos seguros de saúde nas empresas ou micro-crédito, sugerimos que re-organizem seu trabalho em um projeto de trabalho1.

1. Façam um diagnóstico da situação: considerem as necessidades dos beneficiários desse projeto.

2. Escolha, juntamente com os beneficiários [2], os principais objetivos a serem alcançados através do projeto.

3. Faça um esboço do projeto, mencionando quais atividades foram planejados, seu tempo de execução e as contribuições dos beneficiários ao projeto.

4. Faça o orçamento necessário para executar o projeto. Inclua cada contribuição (ressaltando cada uma, separadamente) – que permitirá a realização do projeto, como por exemplo, abaixo assinados , trabalho dos beneficiários, trabalho não pago, o terreno oferecido pelas autoridades locais, doações do supermercado local ou de uma ONG, etc.

5. Organize a equipe de voluntários que trabalhará no projeto, e veja o que necessitarão. Eleja um coordenador.

6. Desenvolva as atividades e planejem avaliar3 o progresso do projeto, regularmente, a fim de fazer alguns ajustes, se necessário.Escrever relatórios anualmente, ou a cada seis meses, ajudará bastante.

1 O documento “Trabalhando em Projetos”, redigido em 1995 pelo Serviço de Projetos da AIC, está sendo atualizado. Não hesite em solicitar uma cópia à Secretaria.

2Em 1995, o Escritório Executivo da AIC nos encorajou a envolver os beneficiários na ação: “Nosso trabalho com os pobres deve levar em consideração seus direitos, dignidade, liberdade e o direito à auto- promoção.”

3 Para avaliar o projeto, comparamos os resultados obtidos até agora, com o que planejamos no esboço inicial do projeto. Pode ser útil consultar os beneficiários e lhes perguntar: Você sente que a situação melhorou? O que está funcionando bem, e o que não está?

2

É importante perceber que, embora esse método esteja, na verdade, ao alcance de todos, para que ele dê certo um número de fatores chave deverão ser levados em consideração. Quando um membro da AIC está prestes a começar um projeto, seja sobre como criar uma cooperativa, benefícios mútuos dos seguros de saúde em empresas ou um sistema de micro-créditos, deve sempre ter em mente as seguintes questões:

1) Esse é um projeto de caridade que fará com que os beneficiários se tornem dependentes da ajuda fornecida, ou, ao contrário, esse projeto os tornará independentes e aptos para prosseguir por eles próprios?

2) Esse projeto encoraja o poder dos beneficiários?

3) Esse projeto ajuda com a auto – promoção de seus beneficiários?

4) Estou seguindo as Diretrizes da AIC?

Para concluir, deixe-nos lembrá-los que, caso desejem receber alguma ajuda ao preparar seus projetos, vocês podem se contatar com o coordenador nacional do projeto, em sua associação, com o coordenador regional do projeto ou com o Serviço de Projeto Solidário da AIC:

[email protected] Rampe des Ardennais 23 B-1348 Louvain la Neuve, Belgium. Fax: +32 10 45 80 63

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Capítulo 1 Cooperativas

1 . COOPERATIVA DE SÃO VICENTE, NO PANAMÁ

Objetivos do projeto de cooperativas:

Facilitar o senso de poder das mulheres que são treinadas a fabricar produtos ou serviços, criando uma cooperativa, o que, por sua vez, cria novos empregos e oferece

treinamento em domicílio.

ANÁLISE DA SITUAÇÃO

Pessoas muito pobres, especialmente mulheres, que moram nas áreas rurais, têm que garantir o sustento de suas famílias. Os seminários sobre projetos desenvolvidos por alguns grupos da AIC, não oferecem uma solução satisfatória para esse problema, mas podem ser desenvolvidos em cooperativas de multi-serviços.

I-1 Origem do projeto

Pessoas muito pobres, especialmente mulheres, devem se organizar para garantir o sustento de suas famílias.

Os projetos que vêm sendo desenvolvidos pela AIC há anos, chegaram a um impasse e têm causado frustrações; na realidade, os voluntários da AIC promovem seminários com treinamento em trabalhos manuais, ou profissões tais como: confeitaria , corte e costura, cabeleireiro, etc. Entretanto, esses seminários não oferecem às pessoas que foram treinadas, uma melhoria considerável, o que seria o esperado: ou essas pessoas não encontram empregos onde possam pôr em prática tudo o que aprenderam, ou não podem vender seus produtos com regularidade; logo, eles nunca conseguem ter uma renda fixa e confiável, o que contribuiria para seu próprio desenvolvimento ou o de sua família.

I-2 Contextos

Contexto Social

Por 50 anos essa comunidade foi chamada de “Novas Pessoas”, mas a nossa gratidão pelo trabalho missionário dos Padres Vicentinos, fez com que a comunidade decidisse mudar o nome para “São Vicente”.

Localização do projeto

São Vicente é uma comunidade rural, situada à Província de Chiriqui, oeste da República do Panamá.

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Padrão de educação

A maioria das mulheres não sabe ler ou escrever, ou têm apenas 2 anos de estudo no curso primário. Diante de tal situação, é difícil para elas encontrar uma atividade remunerada.

I-3 Causas dessa extrema pobreza

Essas mulheres são tão pobres, pois:

• Falta-lhes educação

• Elas não têm acesso a qualquer tipode crédito (ou os bancos não possuem nenhuma filial na vila, ou se há uma, essas mulheres não tem direito a um empréstimo por não possuírem uma propriedade ou renda fixa).

• Carregam o peso das tradições e costumes (segundo o qual o futuro da mulher está em seu lar – logicamente, a educação escolar para as meninas é menos importante do que para os meninos).

I-4 Beneficiários do projeto

Mulheres desempregadas e homens que tenham sido treinados em confeitaria e culinária regional. Individualmente, essas pessoas não teriam recursos para criar seus pequenos negócios.

Inicialmente

(1993)

Hoje

(2006)

Diferença entre homens e mulheres

Total absoluto Porcentagem

Mulheres 26 46 20 77

Homens 5 5 0 0

TOTAL 31 51 20 65

I-5 Objetivos

Facilitar o senso de poder das mulheres treinadas a produzir bens e serviços, criando uma cooperativa.

Garantir a independência financeira dessas mulheres, para que elas resgatem a dignidade humana.

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II-ESTABELECENDO O PROJETO -ATIVIDADES

Três fases:

1) Identificar os produtos a serem fabricados e vendidos.

2) Treinar os futuros associados a fim de produzir com eficácia.

3) Estabelecimento oficial da cooperativa.

II-1 Identificar os produtos a serem fabricados e vendidos.

1.1 Organizar uma reunião de consulta com os futuros parceiros;

1.2 Em conjunto, escolher os produtos a serem fabricados e vendidos.

1.3 Em conjunto, identificar um mercado para tais produtos (viabilidade econômica).

1.4 Em conjunto, esboçar um orçamento inicial para a cooperativa, e fazer com que os beneficiários consigam algum financiamento (preparar um projeto, criar uma comissão para monitorar o progresso do mesmo, etc.).

II-2 Treinar os futuros parceiros para produzir com eficácia

2.1 Organizar treinamento sobre produção.

2.2 Organizar treinamento sobre comercialização (vendas), e sobre como dirigir uma cooperativa.

2.3 Organizar treinamento sobre como fazer uma cooperativa funcionar democraticamente e de acordo com as leis nacionais que as regulam.

II-3 Estabelecimento oficial da cooperativa

3.1 Organizar uma assembléia constituinte da cooperativa DE ACORDO com a legislação nacional.

3.2 Em conjunto, escrever o estatuto da cooperativa. Nesse estatuto, deve-se prestar atenção em particular, às necessidades específicas das sócias mulheres (ou às mais necessitadas), como por exemplo: treinamento específico (aprender a ler e a escrever), ou como cuidar de crianças, como cuidar de pessoas com necessidades especiais e de idosos. Sugerir que a cooperativa cuide dessas necessidades.

3.3 Constituir o capital da cooperativa, seguido da aquisição de propriedades móveis e bens imobiliários necessários ao funcionamento da cooperativa.

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II-4 Orçamento

Sócios= Cooperativa

Sócios Externos Empréstimo Bancário

Patrocionadores Externos

Treinamento

Premissas x

Refeições X

Equipamento x

Transporte X

Visita de peritos externos

X

Aconselhamento Legal

Taxas do procurador

X

Taxas do advogado X

Capital

Equipamentos de cozinha

X x

Capital inicial X x

II-5 Sociedade

Uma sociedade com o Instituto Panameño de Cooperativismo (IPACOOP) tornou possível que sócios se beneficiassem de uma sessão de treinamento especial: um treinador estrangeiro explicou como diversificar a manufatura dos produtos.

III-AVALIAÇÃO

1º tipo de avaliação: a partir do terceiro mês de atividades, e subseqüentemente, a cada três meses, avaliar o funcionamento da cooperativa (se é rentável etc.)

2º tipo de avaliação: checar constantemente a melhoria das condições de vida dos associados. Para tal, será muito proveitoso visitá-los em casa.

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III-1 Eficácia dessa ação

A cooperativa está funcionando bem na área rural e tem se expandido desde a sua fundação, há 13 anos.

Esta é uma cooperativa mista; desde a sua fundação, agrega homens e mulheres com sucesso, mas com nítida maioria de mulheres.

III-2 Resultados e impacto nos beneficiários

• A cooperativa, atualmente, possui 26 funcionários assalariados – na sua maioria, mulheres; a gerente é uma mulher.

• Um mini-supermercado está funcionando. É o único na comunidade. Além de suprir as necessidades básicas, esse mini-mercado permite que pequenos produtores vendam seus produtos.

• Comprar o material bruto dos associados.

• Restaurantes e bebidas.

• Padaria e a confecção de uma pequena variedade de doces típicos desta região (como o “bienmesabe” - ou literalmente “Eu gosto disso”, que são pequenos ovos com leite e uma cobertura branca), carne defumada, lingüiça de porco, queijos, etc. Em Fevereiro de 2007, um perito em confeitaria, da América do Norte, nos deu algumas “dicas”; a sua vinda até nós foi conseguida através do IPACOOP.

Sobre mulheres

Graças à implementação de valores democráticos na cooperativa, as associadas têm os mesmos direitos que os homens, na tomada de poderes da cooperativa. Como resultado, aumentam a sua auto-estima. Enquanto o tempo passa, podemos, sem sombra de dúvidas, afirmar, que a cooperativa é melhor dirigida por mulheres.

Em geral

Todos os conflitos e obstáculos que surgiram no decorrer dos 13 anos de sua existência foram superados graças ao sistema democrático da cooperativa.

Ao se tornarem associados, homens e mulheres são capazes de superar obstáculos tais como baixo poder de consume e falta de capacitação.

Todos os homens e mulheres assalariados recebem o salário mínimo, que é adequado para a área rural. Como os assalariados são registrados como trabalhadores, e seus salários são o suficiente, eles estão capacitados a receber benefícios do estado (pensão, benefícios sociais).

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III-3 Fotos do projeto

Cooperativa de São Vicente, treinando com um perito estrangeiro.

Cooperativa de São Vicente: cozinhando doces típicos.

Cooperativa de São Vicente: mini-mercado.

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2. FORMULÁRIO DE ESPECIFICAÇÃO: COOPERATIVAS

Uma cooperativa é uma associação, autônoma, de pessoas que se congregam voluntariamente a fim de satisfazer suas necessidades e aspirações sociais, econômicas e culturais, através de uma companhia de sociedade compartilhada que é dirigida democraticamente. Definição da Aliança Internacional de Cooperativas e da OIT (1995 e 2002)

Princípios da cooperativa4

1. Associação voluntária e aberta.

2. Dirigida democraticamente pelos associados.

3. Participação econômica dos associados.

4. Autonomia e independência.

5. Educação, treinamento e informação.

6. Cooperação quanto aos interesses da cooperativa e interesses comuns.

*Valores do movimento das cooperativas·

Auto-promoção, responsabilidade pessoal, democracia, igualdade, equidade e solidariedade, e um código de ética baseado na honestidade, transparência, responsabilidade social, e preocupação com o próximo - Respeito pelo ser humano

*Objetivo das cooperativas

Fazer com que as pessoas necessitadas, graças a uma associação voluntária, passem da fabricação artesanal de produtos ou serviços, para uma atividade profissional, juntamente com outras pessoas, através de uma cooperativa – desse modo, essas pessoas estarão mudando suas condições de vida.

*Os pré-requisitos para uma cooperativa são

• O respeito aos princípios e valores da cooperativa (conferir as referências abaixo).

• O entendimento de que uma cooperativa é uma empresa: deve fabricar produtos ou serviços e vendê-los a preços competitivos.

• Treinamento regular sobre gerenciamento de pequenas empresas.

• O treinamento de associados para a fabricação de produtos ou serviços, que será posto em prática na cooperativa.

• Um capital inicial.

4 Explicação (em Espanhol): http: //www.ipacoop.gob.pa/principios.htm

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*Quem são os “atores” em uma cooperativa?

• Os associados: pessoas necessitadas, que já possuem habilidades básicas (cálculo, leitura e o mínimo de conhecimento profissional).

• Os voluntários da AIC: estabelecem o projeto, o sustentam, fazem monitoramento e treinamento.

• As instituições financeiras: as ONGs que contribuem com um valor mensal, cooperativas de poupança e créditos, ou qualquer outro patrocinador.

• As instituições apoiadoras: promovem treinamento e aconselhamento; essas instituições também monitoram os créditos. As voluntárias da AIC, o corpo nacional de cooperativas auxiliadoras, são exemplos de instituições apoiadoras.

• Procuradores e conselheiros legais: são responsáveis pelas formalidades legais, no momento em que a cooperativa é oficialmente registrada.

*Progresso

1º estágio: identificação dos produtos ou serviços

• Conjuntamente com os futuros associados, identificar produtos ou serviços que possam ser produzidos ou executados e vendidos pelas mulheres necessitadas.

• Identificar e estimar um mercado nacional ou internacional para esse produto ou serviço em particular.

2º estágio: treinar os futuros associados a produzir serviços ou produtos e dirigir o negócio adequadamente; fase de observação.

• Treinar pessoas necessitadas a produzir produtos ou serviços.

• Treinamento em “cooperativismo”.

• Tempo de observação: procurar condições favoráveis para estabelecer uma cooperativa; ou tempo de adaptação: identificar os obstáculos que surgirem para superá-los (cuidar de crianças ou idosos etc.).

3º estágio: organização do grupo – formação oficial da cooperativa

• Encontrar apoio local, nacional ou internacional, para organizar a cooperativa, de acordo com a tradição e legislação locais. Recomendamos uma associação com outra cooperativa. .

• Quantificar o investimento inicial e agir para consegui-lo (começar o financiamento).

• Organizar a assembléia constituinte da cooperativa, escolhendo o nome que representará todos os seus membros.

Atenção: Lutar pela autonomia e independência da cooperativa e de seus associados, enquanto se continua a apoiá-los e aconselhá-los.

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*Avaliação

Avaliar os primeiros meses de atividade (após 3 meses), e continuar a acompanhar os associados, de acordo com a função que você executa na estrutura da cooperativa. Para tanto, é recomendável que:

• Visitem-se os associados em casa para observar se as condições de vida melhoraram ou não.

• Avalie-se a qualidade e variedade dos produtos e serviços que estão à venda.

*Orientação e apoio

As palavras – chave “mulheres e cooperativas”, pesquisadas em um determinado “ site” de busca na Internet, dão muitas ramificações.

• International Cooperative Alliance ICA

em Francês: http://www.ica.coop/fr/

em Espanhol: http://www.ica.coop/es/

em Inglês: http://www.ica.coop/al-ica/.

• OIT

• COCETA (Espanha)

• COLACOT (América Latina)

Outros recursos locais para apoio:

• Governos Nacionais (recursos próprios ou canalização de recursos de fora)

• ONGs; Organizações Internacionais (regionais, mundiais, públicas ou privadas).

Contatar a AIC: [email protected]

Oscar Monteza a/c Natalie Monteza- Rampe des Ardennais 23, B-1348 Louvain-la-Neuve, Bélgica

Uma apresentação tipo « power point » encontra-se à sua disposição na secretaria.

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3. FÓRUM SOBRE COOPERATIVAS ASSEMBLÉIA DE ROMA

por Oscar Monteza

Eis a situação real:

• A pobreza existe em todos os países do mundo; • Uma grande porcentagem das pessoas necessitadas é constituída por mulheres; • As voluntárias da AIC se empenham em reduzir esse flagelo; • “ Cooperativismo é um meio possível de assim o fazer.”

Objetivos do fórum

• Ajudar as voluntárias da AIC a entenderem como elas mesmas podem melhorar a forma com a qual acompanham as mulheres mais necessitadas nas sessões de treinamento em busca de um trabalho estável e fixo.

• Fazer com que esse trabalho das voluntárias não seja em vão, e sim, uma ferramenta importante na luta contra a pobreza.

• Mostrar, através de projetos concretos, que cooperativas são meios de se criar uma estrutura para treinamento e criação de empregos, e, conseqüentemente, promover a autonomia financeira das mulheres mais necessitadas.

O fórum foi conduzido por:

Oscar Monteza, especialista internacional em Cooperativas.

Natalie Monteza, responsável pelos projetos da AIC.

Participaram 40 voluntárias da AIC:

Três (3) voluntárias da África

Uma (1) voluntária da América do Norte

Vinte e três (23) voluntárias da América Latina

Uma (1) voluntária da Ásia

Onze (11) voluntárias da Europa

Temas abordados:

• O que é uma cooperativa e o que é cooperativismo. • Seus princípios e valores. • Como organizar uma cooperativa (passo a passo) (2) • Cooperativas dos pobres. Elas existem? • Onde encontrar orientação e apoio.(3) • Exemplos no Panamá (4)

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O que é uma cooperativa?

Uma associação de pessoas autônomas, que se reúnem voluntariamente para suprir suas necessidades e aspirações econômicas, sociais e culturais, através de uma liderança compartilhada e dirigida democraticamente. Definição da Aliança Internacional de Cooperativas e OIT (1995 e 2002).

Princípios de uma Cooperativa

1. É voluntária e com associação aberta a todos. 2. Deve ser dirigida democraticamente pelos associados. 3. Deve ter participação econômica de seus associados. 4. É autônoma e independente. 5. Proporciona educação, treinamento e informação. 6. Cooperação e entendimento entre os interesses da cooperativa e o interesse comum.

Valores das Cooperativas

Dentre todos os valores mencionados, o que parece resumir todos eles em um só é o respeito pelo ser humano – essa é a base para o funcionamento de toda cooperativa. Uma cooperativa é uma empresa que vende bens e/ou serviços, mas, singularmente é, acima de tudo, uma empresa social, que é, por um lado interessada na promoção dos associados que a constituem e, por outro lado, interessada na comunidade.

As Cooperativas no Mundo:

• 800 milhões de associados; • Podem ser encontradas em 100 países em todos os continentes. • Abrangem uma variedade extensa de culturas. • Incidem sobre inúmeras atividades econômicas, sociais e culturais. • As cooperativas existem desde 1848 (Cento e sessenta (160) anos de experiência), e

foram criadas pelos necessitados!

Tipos de cooperativas

• Os associados criam cooperativas que basicamente oferecem bens e serviços econômicos, sociais e culturais.

• Conseqüentemente, essas cooperativas são companhias de produção, consumo, ou seja, companhias mistas.

• Atualmente falamos em cooperativas de produção, pois elas são criadas pelos trabalhadores.

“Cooperativismo” e Pobreza

• Após cento e sessenta (160) anos de existência, milhares de cooperativas se tornaram companhias muito poderosas. Como conseqüência, milhões de associados fundadores e seus descendentes, saíram do estado de pobreza.

• Entretanto, como existem atualmente, no mundo, aproximadamente 2 bilhões de pessoas pobres, o cooperativismo ainda tem um papel fundamental a exercer.

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Recomendações

Ao criar uma cooperativa, é sempre bom ter em mente o seguinte:

• Uma cooperativa pode ser uma organização complexa, uma vez que agrega valores humanos e negócios.

• É uma empresa: tem que produzir bens e serviços e vendê-los competitivamente. • O treinamento contínuo é a “chave para o sucesso” • Uma cooperativa precisa de bons gerentes. • A capitalização inicial é difícil e demorada. Os associados precisam de encorajamento

constante para superar essa fase inicial.

A AIC e as Cooperativas

Para se criar uma cooperativa, os associados devem ser treinados e ter um acompanhamento continuo, o que requer um considerável esforço e tempo. Isso pode levar algum tempo, devido à falta de fundos e de empregados. As voluntárias da AIC têm um papel ativo, na criação de cooperativas, devido ao seu comprometimento contínuo durante um longo período de tempo e também porquê elas acreditam que o treinamento tem um papel primordial e trabalham muito por isso.

Benefícios obtidos pelas mulheres das cooperativas

Graças à implantação de valores democráticos na cooperativa, as associadas têm o mesmo poder de decisão que os associados. Elas também recebem benefícios iguais aos dos homens. Como conseqüência, a auto estima é elevada. Rapidamente, elas aprendem como fazer dessa área democrática, um lugar para desenvolvimento e auto promoção.

Boas idéias que emergiram do grupo de trabalho dirigido pelo líder.

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ATIVIDADES SUGERIDAS AOS DELEGADOS, EM RESPOSTA À QUESTÃO:

Que bens ou serviços poderiam ser produzidos pelas mulheres beneficiadas por esses projetos?

Exemplos de idéias pré – identificadas pelos contribuintes

Idéias que surgiram a partir dos trabalhos em grupo

Outras. Algumas não foram encontradas em grupos de estudo.

PRODUTOS:

Costura xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Panificação – Confeitaria Panificação xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Artes Artes ou Artesanato xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Restaurantes- Cafés- Bares Refeições para grupos ou “delivery”

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Produtos de fazenda Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Comida Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Fabricação de geléias, compotas.

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Artigos para casa (cortinas) Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Lixo reciclável

SERVIÇOS:

Serviços domésticos Serviços de limpeza e de cuidados com a casa

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Beleza Cabeleireiros e institutos de beleza

Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Serviços de Computação

Saúde (Cuidadores de idosos e/ou pessoas doentes, em domicílio).

Acompanhamento de pessoas idosas e/ou doentes.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Lojas “stands” Reunindo-se para comprar artigos básicos (Clubes de compras compartilhadas)

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Juntar os excedentes das fábricas Detergentes, velas, bonecas, etc.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Cuidados com crianças

Albergues Hospedagem barata para as pessoas pobres que vêm à cidade

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Capítulo 2

Os Micro-Créditos

1 . PROJETOS DE MICRO CRÉDITOS EM MADAGASCAR

Objetivo do projeto de micro-créditos:

Facilitar o acesso das mulheres muito necessitadas, que normalmente são excluídas da oportunidade de obter um empréstimo e,

então melhorar suas condições de vida, com uma atividade profissional autônoma.

I- ANÁLISE DE FATOS

Algumas mulheres que são sozinhas, a maioria delas analfabetas, têm que garantir o sustento de suas famílias; com o propósito de lhes garantir uma atividade remunerada e durável, a AIC oferece uma ajuda indispensável com micro-créditos.

I-1 Origem do Projeto:

Algumas mulheres que são sozinhas, abandonadas pelos pais de seus filhos, ou viúvas, têm que garantir o sustento de suas famílias.

Há muitos anos, a AIC de Madagascar oferece educação e alimentação para esses filhos carentes, e, gradualmente, a AIC tem contato regular com essas mães. Com micro-créditos, a AIC oferece a indispensável “ mão rumo à direção correta”.

I-2 Os contextos

Contexto social e sanitário

Essas mães são todas sozinhas, viúvas ou abandonadas pelo pai das crianças. Sozinhas, lutam pela própria sobrevivência e a de seus filhos, sem qualquer tipo de ajuda Vivem “de bicos”; algumas lavam roupas, outras vendem verduras ou pistaches no mercado; as que têm mais sorte conseguem um emprego de meio período, mas não é o suficiente. Com o salário que recebem, podem apenas comprar uma “caneca” de arroz para a família.

Sozinhas e com toda a família para alimentar, elas têm de sobreviver de um jeito ou de outro e não é surpreendente que algumas delas comecem a beber ou a se prostituir.

Essas mulheres não são preguiçosas, elas lutam por uma atividade durável, que as tornaria mais independentes, mas isso é muito difícil, pois elas não possuem o capital suficiente para ter um pequeno negócio.

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Padrões de educação

Geralmente essas mães são analfabetas ou têm apenas 2 anos de ensino primário. Logo, é difícil para elas encontrar uma atividade remunerada.

I-3 Causas para essa extrema pobreza

Essas mulheres são tão pobres, porque:

- lhes falta educação

- elas não têm acesso a créditos.

- existe o “peso” das tradições e costumes.

I-4 Beneficiárias do projeto

São 60 mães que sempre freqüentaram as reuniões de grupo. Elas não recusam os conselhos oferecidos e que, devido à dependência total, merecem ser ajudadas.Elas têm pressa em “caminhar com seus próprios passos”, e, para ajudá-las, os micro-créditos podem ser a solução para seus problemas.

Esse projeto é essencialmente destinado às pessoas que não têm acesso a empréstimos bancários e que não possuem nenhuma referência bancária.

I-5 Localização do projeto

Esse projeto está sendo desenvolvido em 3 centros da AIC (Farafangana – Manakara - Andemaka) – esses centros se situam ao sudeste de Madagascar.

I-6 Objetivos

• Ser financeiramente independentes, evitar mendigar e resgatar a dignidade humana.

• Capacitá-las a começar uma atividade e expandi-la.

• Lutar com as necessidades financeiras de curto prazo dessas mães que são excluídas do sistema bancário.

• Oferecer um serviço de micro-crédito, sem nenhuma taxa de juros, que as encoraje a poupar dinheiro.

• Eliminar o constrangimento usual com o sistema bancário.

• Definitivamente, não ter mais nenhum tipo de contato com agiotas.

• Capacitá-las a adquirir independência moral e resgatar a dignidade perdida.

• Mais adiante, a emancipação das mulheres que dependem de seus maridos.

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II- O ESTABELECIMENTO DO PROJETO:

Os voluntários da AIC se reúnem em grupos de aproximadamente quinze mães; um treinamento simplificado sobre gerência as capacita a estabelecer seus próprios projetos; elas recebem um empréstimo com uma quantia limitada, com duração de 3 meses; o pagamento é feito em 10 semanas.

II-1 Atividades

• As mães seguem com suas atividades cotidianas, isto é, seus pequenos negócios – a venda de pães, vegetais, vegetais secos, peixe. O crédito é utilizado para aumentar a quantidade de produtos a serem vendidos, para aumentar os rendimentos.

• Outras mães têm 2 ou 3 patos e alguns perus e querem aumentar essa quantidade; os micro-créditos podem ajudá-las a comprar mais e vendê-los assim que as aves tenham sido engordadas e possam ser abatidas.

• Graças aos micro-créditos, as mães que fazem cestos ou chapéus podem ter uma maior quantidade de material e, logo, pode oferecer uma maior variedade de modelos, diversificando seus produtos.

II-2 Treinamento das voluntárias e beneficiárias

Em 2001 o projeto “Microstart”, um micro sessão financeira do programa “Pobreza”, da PNUD em Madagascar, treinou alguns voluntários e 18 mães em um projeto sobre micro finanças.

• Treinamento sobre gerência simplificada, desenvolvido por alguns técnicos em micro – créditos.

• Estabelecer um acordo no que se refere a empréstimos: datas de vencimento semanais.

• Observar as numerosas atividades.

• Manter um livro de registro para cada beneficiário onde os reembolsos serão anotados.

• Estabelecer um tipo de “apadrinhamento” com uma voluntária da AIC (cada voluntária supervisionará uma mãe).

• Decidir em conjunto, as datas de reembolso.

• Fazer com que os beneficiários respeitem os termos do contrato.

Gradualmente, temos adicionado nossos próprios critérios, mais flexíveis:

• Limitar o valor mínimo do empréstimo,

• levando em consideração fatores humanos e outros relacionados ao meio ambiente.

II-3 Calendário

Reuniões uma vez por semana, durante 1 mês, para criar o projeto.

Empréstimo de 50.000 FMG (4 euros) a cada mãe, que será reembolsado em 10 semanas ( 5000 FMG ao fim de cada semana).

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Após 3 meses: ultimo reembolso e empréstimo do dobro da quantia: 100.000 FMG (8 euros).

• 4 euros - 1º ciclo

• 8 euros - 2º ciclo

• 12 euros - 3º ciclo

• 16 euros - 4º ciclo

• 20 euros- último ciclo

Recrutamento de um novo grupo de mães, dessa vez supervisionado pelas mães da 1ª “leva”, como também pela voluntária responsável.

II-4 Orçamento

250 000 FMG /por mãe e por ciclo ,

ou seja , um total de 250 000 FMG x 60 = 15 000 000 FMG

(um euro = 13.000 FMG) = 115 euros

Financiamento

No formulário de especificação, mencionamos que as instituições de financiamento são:

- ONGs subsidiadas, bancos privados, instituições públicas e cooperativas de crédito.

- Uma associação com a AIC da França.

II-5 Parceria

O projeto Microstart da sessão de micro finanças do programa “Pobreza”, da PNUD em Madagascar.

O ESV St Pierre de Gros Caillou, AIC França, nos ajudou a criar um novo projeto sobre micro – créditos, totalmente desenvolvido pelas voluntárias e mães.

Recentemente algumas instituições nos contataram sobre uma futura colaboração.

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III-AVALIAÇÃO

O grupo de mulheres sempre efetuou o reembolso das somas que foram emprestadas, pois estão engajadas e têm garantias, mesmo que ainda ocorram alguns pequenos problemas de pontualidade ; mas, acima de tudo, o sentido de satisfação e plenitude dessas mulheres é o poder real.

Uma avaliação regular: as mães se reúnem duas vezes por semana – a pessoa responsável pelo projeto avalia, juntamente com as mães, os pontos fortes e fracos do mesmo. Uma avaliação mais profunda acontece ao final do ciclo.

III-1 Eficácia da ação

Ano de 2004

-26 mães se beneficiaram dos micro- créditos e cada uma delas tem seu próprio negócio ( pequenos restaurantes, pontos de venda e revenda , crochê, tricô, etc

-3 times em separado foram constituídos e pagam o reembolso regularmente.

(Avotra = Salvo!) 13 mães que estão indo para 2º ciclo = 8 euros.

(Ezaka = Esforço) 6 mães que estão indo para o 3º ciclo = 12 euros.

(Tafita = Sucesso) 7 mães conseguiram pagar o reembolso de 16 euros e , então, seguem para o 4º ciclo.

(Perceba que elas encontraram o nome para suas equipes por si mesmas). 6 mães tiveram dificuldades em pagar o reembolso. Outras, ao contrário, pagam uma grande quantia de dinheiro de uma só vez ou conseguem economizar bastante. Uma vez que elas fazem parte de um grupo, garantido, a quantia total emprestada ao grupo sempre é reembolsada, graças ao dinheiro que elas conseguiram salvar.

Anos de 2005 /2006

Apesar de termos enfrentados grandes dificuldades econômicas, recrutamos quatro novas mães.

Logo, 30 mães puderam se beneficiar com os micro-créditos. O nome da nova equipe é: Tsara-dia (Faça uma boa viagem!) Além disso, decidimos, juntamente com as mães, pedir a cada mãe apenas 4 euros; ou seja, cancelar o valor maior que pedimos, no estágio inicial. Isso fará com que as mães não corram riscos em não pagar o reembolso e, capacitá-las ainda mais a reembolsarem o valor total.

Na AIC de Farafangana, as 50 mães associadas pagam o reembolso regularmente.

Na AIC de Andemaka, desde o treinamento oferecido em Novembro, pelo AIC Nacional, 5 mães vêm se beneficiando com o micro-crédito e pagam regularmente.

Alguns problemas surgem na sincronização dos reembolsos, pois as datas em que as mães devem vir e pagar diferem das datas em que elas estão disponíveis, ao passo que , há apenas um horário bem definido para que o dinheiro seja pago no banco. O aprendizado de disciplina não é fácil.

Entretanto, isso também dá poder às mulheres que agora são capazes de ir ao banco por si mesmas e paguem a soma , uma vez que entreguem o recibo de pagamento à AIC.

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III-2 Impacto nas beneficiárias

As mães:

• Coragem para assumir responsabilidades-auto-confiança- auto-respeito e tomada de consciência de seu próprio valor;

• Confiança no outro e na dignidade dos mesmos- esse é um fator primordial para o sucesso de ações em parceria , mesmo quando o fator de risco é alto;

• Solidariedade- tolerância – responsabilidade;

• Senso de liderança e auto – disciplina;

• Senso de responsabilidade

• Satisfação pessoal

III-3 Conclusões da AIC de Madagascar

Esse programa de treinamento educacional, leva a um desenvolvimento permanente, através da promoção de valores universais e todos os “atores” envolvidos (voluntárias, mulheres necessitadas, líderes, patrocinadores...) têm se conscientizado desses valores.

Esse projeto sobre micro-créditos realmente beneficia as mães, que aprendem muito sobre autonomia e entendem melhor situações financeiras , mesmo que apenas lidem com pequenas quantias; para elas , é a primeira vez em suas vidas em que têm tanto dinheiro em mãos.

Elas também aprendem a ter muito cuidado com o que possuem pois há muitos ladrões e muitas pessoas invejosas à sua volta.

Elas também aprenderam a sempre buscar novos mercados e também a fazer previsões sobre os mesmos; algumas vezes elas até correm o risco de viajar distâncias mais longas.

Não podemos deixar de mencionar que elas têm um maior auto-controle para economizar, nem que seja apenas 1% do total, por semana.

Até agora nenhuma inconveniência maior foi notada, o que reforça a nossa determinação em lutar por esse projeto e estendê-lo a outras mães – tomando o cuidado necessário ao selecioná-las.

Devemos ressaltar que quanto mais necessitada for a pessoa, mais merecedora do crédito ela o será; elas podem quitar suas dívidas ao serem beneficiadas com um empréstimo e assim melhorar suas condições de vida.

Graças à coesão do grupo, alimentada nos encontros semanais, essas mulheres também desenvolveram um senso de fé na Providência, através de orações que aprendem a fazer antes, durante e após qualquer atividade.

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2. FORMULÁRIO DE ESPECIFICAÇÃO: MICRO – CRÉDITOS

Objetivo do micro-crédito

fazer com que o benefício do empréstimo se torne mais fácil de ser adquirido pelas pessoas mais necessitadas, para que as mesmas possam ter uma atividade profissional independente, graças ao

micro-crédito, e assim possam melhorar suas condições de vida.

O micro – crédito pressupõe que:

• pequenas quantias sejam emprestadas: geralmente entre 5 € e 200 €, e no máximo 2.000 €;

• o mesmo leve a um emprego (pequeno negócio, serviços, trabalhos manuais, pequenas lavouras, atividades agrícolas...);

• seja um crédito de pequena duração: de 2 a 12 meses;

• na maioria das vezes os reembolsos vençam a cada semana, sempre regularmente e a intervalos próximos;

• a solidariedade entre os beneficiários dos micro-créditos funcionem como uma garantia de reembolso.

Os “atores” do micro-crédito:

• Os beneficiários: pessoas muito necessitadas- 94% delas são mulheres , que já tem alguma escolaridade (sabem fazer cálculos, ler e têm o mínimo de conhecimento profissional).

• As voluntárias da AIC: criam o projeto, o apóiam, monitoram e treinam;

• As instituições financeiras: ONGS, que patrocinam um empréstimo, bancos privados, financeiras e cooperativas de crédito;

• As instituições de apoio: fornecem treinamento e aconselhamento como também o monitoramento do crédito. Como por exemplo, as voluntárias da AIC.

*Progresso

1º estágio: observação

As voluntárias observam e apóiam cada um dos beneficiários por aproximadamente 3 meses, a fim de estabelecer um clima de confiança. Cada voluntária escolhe uma mulher, que será sua “afilhada”. O grupo se reúne semanalmente.

2º estágio: treinamento

Treinamento semanal: ½ hora por 3 meses, para aprender sobre gerenciamento de uma forma simplificada com regras básicas, tais como:

Com o dinheiro fornecido pelo micro-crédito:

o Nunca comprar remédios, comida ou roupas.

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o Nunca saldar dívidas e nem usar esse dinheiro em caso de falecimento na família (contribuições, despesas com o funeral, etc.).

o Nunca confiar esse dinheiro a qualquer pessoa, seja membro da família, pais, marido ou amigos: somente você é responsável por essa quantia.

o Economize um pouco de dinheiro, a cada dia, e faça o reembolso na data marcada.

o Estabeleça para você mesma um objetivo para usar esse dinheiro.

o Durante esses 3 meses de treinamento, aprenda a ser pontual. Se necessário, utilize um sistema de penalidade.

Sobre negócios

o Tenha dois tipos de negócio diferentes para não ficar à míngua em caso de dificuldades com um ou outro. Por exemplo: frutas e tapetes.

o Escolha os produtos cuidadosamente, por exemplo, frutas não tão maduras, para que não apodreçam.

o Escolha o local cuidadosamente. Não se estabeleça onde muitos vendedores ambulantes vendam o mesmo produto.

o Ofereça mais do que as outras pessoas: uma embalagem, por exemplo.

3º estágio: organização do grupo

Para um grupo de aproximadamente 10 pessoas:

• Escolha do nome do grupo; uma vez que cada beneficiária fez a sua sugestão, esse nome deverá ser escolhido através de votação.

• Escolha de uma atividade para cada beneficiária.

4º estágio: entrega do dinheiro

• A voluntária entrega o dinheiro e o caderno à sua “madrinha”.

• Ambas assinam o caderno e o cartão individual; um contrato é assinado entre a AIC e os beneficiários que se comprometem a reembolsá-lo conjuntamente.

• Essa pode ser a oportunidade de oferecer uma pequena recepção, um coquetel, às custas da Associação, para encorajar os beneficiários.

• Nas primeiras duas semanas não há reembolso.

5º estágio: reembolsos

1º ciclo:

• Por exemplo: um capital de 50000 francos MGF: reembolso com a taxa de 5000 francos por semana, durante 10 semanas. Economizar é compulsório, mas o valor real é escolha de cada um.

• Converse sobre as novidades, os “truques”, os perigos inesperados.

• Cada um assina os documentos (caderno, cartões individuais e coletivos).

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2º ciclo:

• Uma vez que todos pagaram o reembolso, começamos com 2º ciclo, com a mesma quantia, ou o dobro da mesma, a depender da opinião de todos.

• As voluntárias já terão tido tempo de procurar por novas mulheres a quem possam ajudar e começar com novas sessões de treinamento, etc…

• Os beneficiários da primeira “leva” dão o seu testemunho perante todos, para encorajá-los a participar.

*Avaliação

• Taxa de reembolso

• Quantia economizada

• Visitas às casas, para verificar a melhora ou não da qualidade de vida.

• Variedade e quantidade dos produtos à venda.

*Material necessário:

• 1 caderno para cada mulher.

• 1 cartão individual para a Associação.

• 1 cartão coletivo para a Associação (vide exemplar em anexo)

• 1 contrato simples para empréstimo.

*Financiamento

Após ter estimado a quantia necessária, as voluntárias requisitam financiamentos às várias instituições citadas acima.

Contate a AIC

Rose de Lima Ramanakavana

BP 10

Manakara (316)

Madagascar

[email protected]

Dominique Serruys, Service Projets AIC

Rampe des Ardennais 23,

B-1348 Louvain-la-Neuve,

Belgium

[email protected]

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CADERNO

i

Sobrenome : ……………….Primeiro nome: ……………….

Grupo : …………………….

Empréstimo : 50 000 FMG

21/04/06

Assinaturas

Voluntária Benef ciária

Data: ………………………….

1º reembolso em: ……………………………………

Assinaturas

Voluntária Beneficiária

Data:…………………………..

26

CARTÃO INDIVIDUAL

Nome:…………………………………

Primeiro Nome:……………………………..

Grupo: ……………………………

Valor do empréstimo : 50 0000 FMG ………. de ……………

N° REEMBOLSO PAGO Assinatura

CARTÃO COLETIVO

GRUPO ……………………

VALOR DO EMPRÉSTIMO ………………DE…………..…

Data………………………………

Nº SOBRENOME PRIMEIRO NOME

QUANTIA BALANÇO

1

2

3

4

5

Pagamento ao banco - Data: ..............................……………………….Adiamento/ Transferência: ……………………………………..

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3. TESTEMUNHOS

Meus amigos estão invejosos de mim....

Meu marido me deixou e estou criando meus três filhos sozinha. Sempre tentei garantir viver e garantir o sustento dos meus filhos vendendo peixe, mas desde que estou sendo orientada pelas voluntárias da AIC, meu negócio tem progredido, graças ao micro-crédito com o qual fui beneficiada. Agora, esse negócio está dando grandes lucros, não tenho mais dívidas, melhorei a nossa cabana, nossa vida mudou, me sinto mais relaxada, tenho mais fé no futuro, posso ter minhas economias graças ao treinamento que recebi. Meus amigos têm me invejado. Florentine

No final, somos iguais às outras pessoas… Moro sozinha com meus quarto filhos desde que meu marido me deixou. Já freqüentei a escola, mas tive que desistir ao final do curso primário.

Tenho tido a sorte de estar com a AIC desde 2002. Sempre tentei ter um pequeno negócio, mas sempre acabava em dívidas.

Agora, graças ao micro-crédito com que fui contemplada, meu pequeno negócio se expandiu e revendo muitas frutas da estação. Minha vida mudou completamente. Meus filhos vão à escola, não tenho mais dívidas, sinto um senso de solidariedade com outras mulheres que vivem na mesma situação. Olhamos em direção ao futuro com serenidade e confiança. Podemos dizer “no final somos como todas as outras pessoas”. Posso andar de cabeça erguida.

Prosa

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4. FÓRUM SOBRE MICRO-CRÉDITOS

Objetivo do Fórum

Mostrar, através de experiências concretas da AIC, que micro-créditos são meios de facilitar a aquisição, por mulheres muito necessitadas e geralmente excluídas de programas de financiamento, de uma atividade profissional independente, o que conseqüentemente melhorará suas condições de vida. Ajudar as voluntárias da AIC a adotar tais ações em seus países de origem.

O fórum foi dirigido por:

Rose de Lima Ramanakavana, Vice – Presidente da AIC e membro da AIC – Madagascar.

Dominique Serruys, que atuou como intermediária para o Secretariado Internacional da República dos Camarões.

Rose Marie T’Sas que preparou as apresentações do “Power Point”.

Participaram 43 voluntárias da AIC :

Cinco (5) voluntárias da AIC – África

Uma (1) voluntária da AIC-América do Norte

Sete (7) voluntárias da AIC-América Latina

Vinte (20) voluntárias da AIC-Ásia

Dez (10) voluntárias da AIC - Europa

Idéias Principais:

As participantes do fórum, puderam trocar experiências; a AIC do Haiti comunicou que enfrentaram dificuldades em fazer tal projeto funcionar: as precárias situações das mães haitianas fizeram com que o projeto fracassasse; na realidade, as dificuldades financeiras enfrentadas pelas beneficiárias haitianas, as levaram a usar os empréstimos para sanar as necessidades mais urgentes! !!! Por outro lado, a AIC da Indonésia relatou o sucesso da experiência.

Esse fórum ressaltou mais uma vez, a amizade verdadeira e a profunda solidariedade que reúne os membros da AIC, o alívio de saber que problemas similares podem ser compartilhados, o prazer de trocar experiências, sejam elas positivas ou negativas, e finalmente, o desejo real de colocar essas ações em prática, uma vez de volta a seus países, seus lares.

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Capítulo 3

Os Benefícios Mútuos do Seguro de Saúde

1 . PROJETOS SOBRE OS BENEFÍCIOS MÚTUOS DO SEGURO DE SAÚDE, EM MADAGASCAR.

Objetivos do projeto sobre benefícios mútuos do seguro de saúde

Tornar as mulheres cientes dos problemas de saúde, e capacitá-las a cuidarem de si mesmas.

Desenvolver a noção de PREVENÇÃO.

Torná-las mais responsáveis quanto às questões de saúde.

I – ANÁLISE DA SITUAÇÃO

Algumas mães solteiras, sem nenhum recurso financeiro, mas com responsabilidades perante a família, não podem ter acesso a planos de saúde, nem para seus filhos ou para si mesmas. A AIC trabalha para que elas participem de um sistema de benefícios mútuos do seguro de saúde.

I-1 - A origem do Projeto:

As mulheres que estão sendo cuidadas pela AIC de Manakara são todas ou viúvas, ou foram abandonadas pelos maridos ou são separadas. Todas têm filhos que dependem delas.

Entretanto, como uma mãe poderia pagar pelos benefícios de um seguro de saúde quando, muitas das vezes, ela não tem como alimentar seus filhos? Na realidade, custa caro estar em boas condições de saúde. Essa é a razão pela qual a AIC de Manakara decidiu agir.

I-2 - Os Contextos

Contexto Social

Cada mulher pode ter vários papéis: mãe, esposa, companheira, nora, filha, irmã... Essa é a razão porquê seu papel é primordial e suas tarefas são inúmeras: ela tem que cuidar das roupas, cozinhar, encontrar um emprego, pois um dia sem trabalhar significa um dia sem qualquer tipo de comida à mesa; claro que ela não tem um minuto sequer de folga para pensar em uma dor de cabeça, por exemplo, ou sobre o fato de que está terrivelmente cansada, ou que tem dores nas costas após um longo dia de trabalho pesado (plantação de arroz, lavar roupas à mão, etc. ).

A sua situação é precária, pois, uma vez que foi abandonada, nem seus parentes ou até mesmo sua família imediata cuida dela.

O governo não provém com nenhum tipo de cobertura seguro social, pois ela não tem recursos financeiros e é óbvio que ela não recebe nenhuma pensão alimentícia ou benefícios para os filhos.

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Uma vez que essas mulheres... essas mães podem contra apenas consigo mesmas, não podem ficar doentes. Suas vidas e as vidas de seus filhos dependem exclusivamente delas.

Contexto Sanitário

Na maioria das vezes essas mulheres e seus filhos são completamente sub nutridos; vivem em cabanas inapropriadas para habitação e seus estados de saúde são extremamente precários. Além disso, como conseqüência de sucessivas gravidezes e por falta de um seguro de saúde e de condições de higiene, seus corpos sofrem com as conseqüências de tão lastimável estado.

Em Madagascar, você tem que pagar por todo e qualquer procedimento médico (consulta, cirurgia, injeção, equipamento médico...); em caso de hospitalização, o paciente ainda tem que pagar pelos mínimos itens usados em seu tratamento (algodão, compressas, álcool, seringa...).

I-3 - As Causas dessa Extrema Pobreza

Essas mulheres são tão pobres, pois:

• lhes falta educação

• elas não têm acesso à créditos

• carregam o peso das tradições e costumes

I-4 - As Beneficiárias do Projeto

Cento e trinta e quatro (134 ) mães solteiras , viúvas , abandonadas , ou separadas de seus maridos com filhos que dependem delas .

I-5 - Localização do Projeto

Esse projeto está acontecendo em um Centro da AIC (Manakara), em uma cidade situada na costa sudeste de Madagascar.

I-6 - Objetivos

Ajudar essas mulheres a não pensar apenas em sua sobrevivência, mas em ter planos à longo prazo; Conscientizá-las sobre questões de saúde e como prevenir determinadas doenças.

II- CRIANDO O PROJETO:

Cada mulher paga uma taxa mínima, uma vez ao mês e freqüenta reuniões semanais para que possam se inteirar do que acontece e aumentar a sua conscientização sobre problemas de saúde. Em caso de doença, elas podem ir a um centro de saúde ou visitar um dos médicos que trabalham em parceria com o projeto da AIC.

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II-I- Atividades

Respeitando-se suas Diretrizes, tais como o envolvimento de seus beneficiários e co –responsabilidade social, a AIC de Manakara atua em diferentes níveis:

II-II - Treinamento

Educação e conscientização para mães, adolescentes e crianças na idade pré.

escolar.

Para as mães: Uma hora semanal de treinamento sobre:

• problemas de saúde

• problemas de higiene

• prevenção da AIDS (vírus HIV)

• incentivo à amamentação

• planejamento familiar

• luta contra o aborto

Para os adolescen es meninos e meninas) t (

Um novo programa sobre “educação para a vida” está sendo criado, com previsão para começar em Novembro de 2006. Esse programa também inclui questões de higiene e de saúde, como a prevenção do vírus HIV, a gravidez precoce ou não desejada e o aborto.

Para crianças na idade pré -escolar:

Explanações, geralmente através de músicas, da importância da higiene, como tomar banho e lavar as mãos antes de cada refeição, cortar as unhas (transmissoras de doenças)...

Programa de Vacinação

- Participar de programas de vacinação contra a poliomielite:

- Ainda não existe vacina contra a malária, mas em Madagascar participamos da distribuição de vacinas contra o sarampo, a tuberculose e o tétano.

Participar de campanhas nacionais

-1- Incentivo à amamentação

-2- Campanhas nacionais de vacinação (poliomielite, tuberculose, sarampo…) ·.

-3- Distribuição de vitamina A e vermífugos

-4- Distribuição de “mosquiteiros” durante campanhas de prevenção à malária.

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II-2 -Criação

1ª etapa: criação do plano de saúde com benefícios mútuos.

As mães participam do processo de criação:

• Começamos a partir do conhecimento que elas possuem (“o que vocês sabem sobre…?”) e a partir daí, corrigimos, completamos ou melhoramos as respostas dadas por elas.

• Para ajudá-las a melhor aprender, usamos “posters”, porquê muitas das mães não sabem ler. Freqüentemente usamos do recurso da repetição, para memorização subseqüente.

2º estágio: o plano de saúde com benefícios mútuos é posto em prática

• Cada voluntária, em sua determinada área, está sempre disponível e pronta para ajudar a achar uma solução para cada problema, a responder às questões feitas pelas mães e direcioná-las a um serviço apropriado e também, para algumas dessas mães é oferecido um treinamento sobre questões de saúde e de higiene.

• Responsabilização pelos gastos médicos no centro de saúde ou hospital público: uma enfermeira e um médico estão disponíveis a qualquer hora.

Adicionalmente,

• Provisão de medicação básica (“isobetadine” (desinfetante), aspirina, cálcio, tetraciclina, paracetamol, seringas, vitaminas “chloroquine” (usada contra a malária),…), que pode ser comprada nas farmácias locais.

• Monitoramento de cada mãe (um caderno para cada mãe e outro caderno para cada família, onde estão anotados uma lista de medicamentos em estoque e uma planilha de pagamentos – contribuições e gastos).

• Como medida preventiva: distribuição de sabão uma vez por semana - a um preço irrisório- para que essas mães possam fazer a lavagem da roupa uma vez por semana.

A contribuição: Cada mulher paga a sua contribuição uma vez ao mês; essa contribuição capacita cada um de seus dependentes (filhos) a se beneficiar de tratamentos médicos. Cada uma dessas crianças deve ser registrada no caderno pessoal de cada mãe.

Entretanto, nem sempre é possível, para as mães, pagar essa contribuição em dia. SEM ESTRESSE! É então que a solidariedade ocorre, pois o prazo será estendido.

A AIC também cria projetos de autopromoção das mulheres, o que as capacita a financiar o mínimo de seu tratamento médico e remédios, como também de seus filhos – eis um exemplo de micro-crédito.

Em caso de doença, em Manakara: as mulheres podem se dirigir ao centro de saúde onde há sempre um médico de plantão, além de uma ou duas enfermeiras, assim como também voluntárias da AIC. Elas sabem que podem confiar no corpo médico, pois o conhece. Mas, especialmente na África, muitas mulheres têm medo de consultar médicos – e esse é um problema abrangente. Daí a importância de fazer com que os pacientes se sintam bem e confortáveis com o “staff” médico.

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II-3- Orçamento

Dois mil (2000) euros: os fundos foram doados pela instituição belga Memisa; Quando fiz uma apresentação na Universidade de Louvain la Neuve, encontrei a pessoa responsável por essa instituição, que aceitou me dar uma ajuda para seguir o caminho certo – e então começarmos nosso trabalho; Daí, então, obtivemos ajuda de um grupo da AIC de Paris – França.

II-4 – Financiamento

Contribuições dos associados – locais e estrangeiros – em conjunto com outros grupos da AIC.

II-5 - Parceria

Em Manakara, esse projeto está associado à apenas um centro de saúde e um hospital, onde as mulheres podem encontrar voluntárias da AIC, que se esforçam para conquistar a confiança dessas mulheres . Essa é uma chance! Mas não é assim em todos os lugares. Em cidades maiores, por exemplo, há muitos hospitais, muitos centros de saúde, para onde as mulheres podem se dirigir. Entretanto, a confiança é importante.

III- AVALIAÇÃO

Esse sistema pode lidar com tratamentos do dia a dia e pequenas intervenções; adicionalmente, conscientiza as mulheres sobre prevenção, em questões de saúde.

O Projeto Malachi é um primeiro passo, sobre cuidar do sistema de saúde. Ele pode fazer pequenas intervenções médicas e tratamentos básicos. Mas, o que devemos fazer, no caso de hospitalizações longas e mais caras? O que acontece se várias pessoas ficarem doentes ao mesmo tempo? Nem sempre é possível financiar tudo com um orçamento tão pequeno (por exemplo, casos de câncer, AIDS...) A AIC de Madagascar, tentaria, nesses casos, estabelecer um sistema de colaboração com hospital, médicos... mas eles próprios nem sempre possuem os recursos adequados.

No caso, por exemplo, de uma mãe que sempre colabora mensalmente, mas nunca fica doente e de uma outra mãe que também contribui, e freqüentemente está doente, haveria um tipo de compensação para a que contribui, mas nunca se beneficia do seguro de saúde, uma vez que não precisa dele?

NÃO! Esse projeto se baseia no princípio da solidariedade. Não há nenhum reembolso ou “presente dado de graça”.

Mas, por que não? Talvez um dia, as voluntárias poderão recompensar aquelas mães que nunca ficam doentes, lhes oferecendo uma barra de sabão por semana, por exemplo!

Uma avaliação regular acontece quando as mães se reúnem, duas vezes por semana. A pessoa responsável pelo projeto avalia, conjuntamente com as mães, os aspectos positivos e negativos. Uma avaliação mais profunda acontece ao final do ciclo.

III-2 - Impacto nas beneficiárias

• Mudar o comportamento das mães: algumas delas, no início do projeto, estavam relutantes em pagar as contribuições e hoje mudaram de atitude-agora elas fazem tudo o que podem para participar do projeto.

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• Os testemunhos das beneficiárias, o impacto positivo e óbvio no estado de saúde das mães que participaram do projeto.

• As mães estão mais saudáveis, podem enfrentar as dificuldades do dia a dia, e, em troca, fazem um trabalho de conscientização com suas amigas.

III-3 - Conclusões da AIC de Madagascar

A AIC de Manakara criou esse Sistema de Seguro de Saúde com benefícios mútuos, para proteger as mulheres, em casos de doenças – sérias ou não. Sempre, tendo em mente nossas diretrizes, tais como a participação das beneficiárias e co-responsabilidade social. Esse plano de saúde com benefícios mútuos também é um meio concreto de se tentar, na medida do possível, alcançar os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio e lutar contra a pobreza.

Nossos agradecimentos à MEMISA, às nossas irmãs da ESV – França; obrigada pela ajuda essencial que vocês nos deram. Nunca mais, quando uma de nossas “mães” morrer, essa morte terá sido devido à falta de cuidados médicos ou de dinheiro – mas sim que foi porquê “sua hora havia chegado”.

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2. FORMULÁRIO DE ESPECIFICAÇÃO: SEGURO DE SAÚDE COMBENEFÍCIOS MÚTUOS

Objetivos do Seguro de Saúde com benefícios mútuos:

Aumentar a conscientização das mulheres quanto às questões de saúde, capacitá-las a cuidarem de si mesmas e a desenvolverem a noção do que seja prevenção e responsabilidade. Isso tudo em concordância com os Objetivos do Milênio:

N°5 : Melhorar as condições de saúde das mães. Nº 8 : Estabelecer uma parceria global em prol do desenvolvimento

*Pré-requisitos para o estabelecimento de seguros de saúde com benefícios mútuos:

Determinar as necessidades de cada mãe, no que se refere às questões de saúde;

Estabelecer uma lista com a prioridade dos tratamentos a serem feitos;

Determinar as possibilidades financeiras de cada mãe;

Contribuição simbólica a ser paga mensalmente, por cada mãe.

*Os “atores” do seguro de saúde com benefícios mútuos:

As beneficiárias: mulheres muito necessitadas que têm que sustentar uma família.

As voluntárias da AIC: apoio e treinamento.

Os centros de saúde e hospitais com os quais as voluntárias da AIC mantêm contato.

Os financiadores: as próprias mulheres através de suas contribuições. doadores locais ou estrangeiros , parceiros da AIC.

*Desenvolvimento

1º estágio: criação do seguro de saúde com benefícios mútuos

As mães participam do processo de criação:

Partindo do conhecimento das próprias mães (o que você sabe sobre…?), corrigir ou completar suas respostas ou até mesmo melhorá-las.

Com o propósito de ajudá-las, usamos “posters” pois muitas das mães não sabem ler. Freqüentemente usamos o recurso da repetição para uma melhor memorização.

2º estágio: estabelecendo o seguro de saúde com benefícios mútuos.

Cada voluntária, em sua determinada área de trabalho, está sempre disponível e pronta a tentar encontrar uma solução para todos os problemas, responder às questões feitas pelas mães e direcioná-las ao serviço apropriado, assim como, para algumas delas, treiná-las em questões de saúde e higiene.

Responsabilização pelos gastos médicos no centro de saúde ou hospital público: uma enfermeira e um médico estão disponíveis a qualquer hora.

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Adicionalmente,

• Provisão de medicação básica ( “ isobetadine” (desinfetante), aspirina, cálcio, tetraciclina, paracetamol, seringas, vitaminas “chloroquine” (usada contra a malária),…), que pode ser comprada nas farmácias locais.

• Monitoramento de cada mãe (um caderno para cada mãe e outro caderno para cada família, onde estão anotados uma lista de medicamentos em estoque e uma planilha de pagamentos – contribuições e gastos).

• Como medida preventiva: distribuição de sabão uma vez por semana - a um preço irrisório-para que essas mães possam fazer a lavagem da roupa uma vez por semana.

*Avaliação

Testemunho de mães que já foram beneficiadas com esse projeto é primordial quando se trata de convencer as mães mais relutantes que é importante também para elas que paguem suas contribuições. Na verdade , algumas das mães que não estão doentes no momento , não vêem a razão de pagarem uma contribuição imediatamente. Entretanto, no dia em que elas mesmas, ou seus filhos ficam doentes, elas se apressam em vir e pagar suas contribuições, para que possam usufruir os benefícios que a AIC oferece no que se refere às despesas médicas. Isso não é justo em relação às mães que, doentes ou não, pagam suas contribuições a cada mês, apesar das dificuldades financeiras pelas quais estejam passando.

*Financiamento

O financiamento vem através das contribuições mencionadas acima.

*Contatos da AIC

Chantal Rakatomanga

Presidente da AIC-Madagascar AIC Manakara (Madagascar) B.P.10

316- Manakara (Madagascar)

[email protected]

Natalie Monteza,

Service Projets AIC

Rampe des Ardennais 23,

B-1348 Louvain la Neuve,

Belgium

[email protected]

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3. TESTEMUNHOS

COMO FARIA SEM OS BENEFÍCIOS MÚTUOS DO SEGURO DE SAÚDE ? Madame Christine teve uma crise de malaria; ela recorreu à AIC e graces ao seguro de saúde com benefícios mútuos ,pôde receber as inúmeras injeções de quinino e paracetamol que precisava. O pequeno Bruno cortou o pé durante o intervalo na escola; ele recebeu primeiros socorros e seu pé foi desinfetado com isobetadina do « Kit » de primeiros socorros.Sua avó nos relatou que « ele já tem fraqueza nos pés e se o corte não tivesse sido desinfetado, ele não poderia andar mais ! »

Bao Joséphine: “Meu filho sofreu um acidente de trator , e quebrou a cabeça. Sangrou muito. Graças ao seguro de saúde com benefícios mútuos, ele pôde ser levado ao hospital , onde recebeu o tratamento necessário , totalmente isento de pagamentos. »

Dauphine : “Meu filho teve gripe duas vezes… Graças ao seguro de saúde com benefícios mútuos, recebeu injeções, totalmente grátis, no centro de saúde e também remédios”.

Madame Sara: “Tive uma gripe muito forte. E a minha pressão arterial subiu. Precisei de injeções e remédios, então graças ao seguro de saúde com benefícios mútuos, fui direto ao centro de saúde e tive todo o tratamento isento de pagamento. Como teriam ficado os meus filhos se eu ficasse muito mal? Quem cuidaria deles?”.

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4. FÓRUM SOBRE OS BENEFÍCIOS MÚTUOS DO SEGURO DE SAÚDE

Objetivo do Fórum

Mostrar que os projetos concretos da AIC, como o de Benefícios Mútuos do Seguro de Saúde, são meios de:

- Conscientizar as mulheres sobre questões de saúde; - Capacitá-las a cuidar de sua própria saúde;

- Desenvolver a noção de prevenção e fazê-las sentirem-se responsáveis. Ajudar as voluntárias da AIC a levar essas ações a seus países de origem (e pô-las em prática) ou

então criar parcerias.

O fórum foi conduzido por:

Chantal Rakatamanga, presidente da AIC de Madagascar.

Nathalie de Terwangne, uma estudante belga que passou 3 meses em Madagascar devido a um estágio.

Participaram do fórum 11 voluntárias da AIC:

Duas (2) voluntárias da AIC – África

Uma (1) voluntária da AIC – América do Norte

Cinco (5) voluntárias da AIC – América Latina

Três (3) voluntárias da AIC - Europa

As expectativas das mulheres que participaram do fórum eram duplas:

o Por um lado, voluntárias que não possuem em seus países de origem, o Sistema de Seguro de Saúde com benefícios mútuos: elas aprendem novas idéias, assim como o método, para poderem aplicá-lo em seus países.

o Por outro lado, voluntárias que tem esse Sistema em seus países, entendem o método, são testemunhas de como usá-lo e, uma vez de volta a seus lares, podem pensar em possíveis parcerias com outras associações da AIC.

Boas Idéias:

Todas as mulheres que participaram do fórum concordam que esse projeto é extremamente importante – os sistemas ocidentais de seguro social começaram da mesma forma! – Conseqüentemente, esse é um 1º passo importante, para mudarmos o padrão de vida dessas mulheres.

Entretanto, antes de por esse projeto em prática, é indispensável educar essas mulheres e conscientizá-las sobre questões de saúde e, também, torná-las responsáveis. É obrigatório um período de treinamento antes da implantação desse projeto.

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Conclusão

Esse caderno apresenta três meios concretos para respondermos às situações de pobreza nas quais as mulheres vivem:

o Cooperativas,

o Micro-créditos,

o e seguro de saúde com benefícios mútuos.

Essas experiências pelas quais alguns grupos passam, podem ser reproduzidas por outros grupos da AIC. Elas também podem ser adaptadas às necessidades locais, ou até mesmo, podem nos ajudar a buscar novas respostas; - O método “trabalhar de acordo com a estrutura de um projeto”, que a AIC advoga há mais de 10 anos, para nós, significa, trabalhar com eficiência.

Sendo assim, continuamos fiéis ao comprometimento que fizemos na Assembléia de Roma – de acordo com as diretrizes-de:

“fortalecer nossas respostas ao problema da pobreza das mulheres” e,

“acompanhar as mulheres em suas buscas pela responsabilidade pessoal”.

Esses projetos trazem um ganho material indispensável para as mulheres que participam dos mesmos; a avaliação desses projetos mostra que as mulheres resgatam sua auto-estima e autoconfiança e que elas podem contar com a solidariedade de outras mulheres também.

Eis os valores com os quais a AIC deseja basear suas ações:

o respeito pela dignidade das mulheres

o solidariedade entre as mulheres

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