210
RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-103, 9, 99 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-113, 18, 35, 45, 70, 98 ANDRÉ DIAS IRIGON-100, 109 ARLINDO PALASSI FILHO-23 BRUNO MIRANDA COSTA-11, 118, 31, 33, 71, 83, 84, 9, 95, 97 Carolina Augusta da Rocha Rosado-117, 20, 23, 7, 87 CLEBSON DA SILVEIRA-89 ES000016A - EDISON ALVES FURTADO-16 ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-41, 89 ES000294B - ROSEMARY MACHADO DE PAULA-88 ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-107, 53, 65 ES002111 - ALTAIR CARLOS GOMES-15 ES002558 - MARILUSA CARIAS DE PAULA-109 ES003575 - JULIO FERNANDES SOARES-92 ES004048 - JADER NOGUEIRA-95 ES004211 - DAVID GUERRA FELIPE-105 ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN-69 ES004894 - OSMAR JOSE SAQUETTO-61 ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO-116 ES005098 - SIRO DA COSTA-60 ES005595 - JOAO MIGUEL ARAUJO DOS SANTOS-113 ES005916 - KATIA BOINA-108 ES006236 - JOSÉ ADAO DE SOUZA-2 ES006249 - SERGIO RIBEIRO PASSOS-57, 90 ES006942 - LUÍS FERNANDO NOGUEIRA MOREIRA-69 ES006970 - MARIA JOSE LUCINDO DE ALMEIDA BARBOSA-10 ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES-93 ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-63 ES007904 - SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR-100 ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA-13 ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI-93 ES008890 - RAFAEL DE ANCHIETA PIZA PIMENTEL-98 ES009141 - UDNO ZANDONADE-14 ES009181 - ERIKA SEIBEL PINTO-16 ES009196 - RODRIGO SALES DOS SANTOS-8 ES009277 - RICARDO LEAO DE CALAIS ROLDAO-11 ES009320 - NEILIANE SCALSER-108 ES009378 - ROGERIO SIMOES ALVES-6 ES009510 - HELTON T RAMOS-6 ES009724 - LILIAN GLAUCIA HERCHANI-94 ES009732 - MARCOS ANTÔNIO GIACOMIN-48 ES010186 - JOSÉ CONSTANTINO MAZZOCO-120 ES010192 - PATRICIA NUNES ROMANO TRISTÃO PEPINO-81, 85 ES010380 - ARMANDO VEIGA-114 ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO-93 ES010477 - FABIANO ODILON DE BESSA LURETT-17 ES010485 - CLEBER ALVES TUMOLI-6 ES010545 - JURANDIR BARBOSA DE SOUZA FILHO-54 ES010602 - LILIAN MAGESKI ALMEIDA-50, 82 ES010838 - Leonardo Martins Gabrieli-98 ES010851 - RENATA GOES FURTADO-16 ES010878 - GOTARDO GOMES FRIÇO-7 ES011063 - JEANINE NUNES ROMANO-81, 85

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-103, 9, 99ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-113, 18, 35, 45, 70, 98ANDRÉ DIAS IRIGON-100, 109ARLINDO PALASSI FILHO-23BRUNO MIRANDA COSTA-11, 118, 31, 33, 71, 83, 84, 9, 95, 97Carolina Augusta da Rocha Rosado-117, 20, 23, 7, 87CLEBSON DA SILVEIRA-89ES000016A - EDISON ALVES FURTADO-16ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-41, 89ES000294B - ROSEMARY MACHADO DE PAULA-88ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-107, 53, 65ES002111 - ALTAIR CARLOS GOMES-15ES002558 - MARILUSA CARIAS DE PAULA-109ES003575 - JULIO FERNANDES SOARES-92ES004048 - JADER NOGUEIRA-95ES004211 - DAVID GUERRA FELIPE-105ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN-69ES004894 - OSMAR JOSE SAQUETTO-61ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO-116ES005098 - SIRO DA COSTA-60ES005595 - JOAO MIGUEL ARAUJO DOS SANTOS-113ES005916 - KATIA BOINA-108ES006236 - JOSÉ ADAO DE SOUZA-2ES006249 - SERGIO RIBEIRO PASSOS-57, 90ES006942 - LUÍS FERNANDO NOGUEIRA MOREIRA-69ES006970 - MARIA JOSE LUCINDO DE ALMEIDA BARBOSA-10ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES-93ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-63ES007904 - SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR-100ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA-13ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI-93ES008890 - RAFAEL DE ANCHIETA PIZA PIMENTEL-98ES009141 - UDNO ZANDONADE-14ES009181 - ERIKA SEIBEL PINTO-16ES009196 - RODRIGO SALES DOS SANTOS-8ES009277 - RICARDO LEAO DE CALAIS ROLDAO-11ES009320 - NEILIANE SCALSER-108ES009378 - ROGERIO SIMOES ALVES-6ES009510 - HELTON T RAMOS-6ES009724 - LILIAN GLAUCIA HERCHANI-94ES009732 - MARCOS ANTÔNIO GIACOMIN-48ES010186 - JOSÉ CONSTANTINO MAZZOCO-120ES010192 - PATRICIA NUNES ROMANO TRISTÃO PEPINO-81, 85ES010380 - ARMANDO VEIGA-114ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO-93ES010477 - FABIANO ODILON DE BESSA LURETT-17ES010485 - CLEBER ALVES TUMOLI-6ES010545 - JURANDIR BARBOSA DE SOUZA FILHO-54ES010602 - LILIAN MAGESKI ALMEIDA-50, 82ES010838 - Leonardo Martins Gabrieli-98ES010851 - RENATA GOES FURTADO-16ES010878 - GOTARDO GOMES FRIÇO-7ES011063 - JEANINE NUNES ROMANO-81, 85

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ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO-28, 30, 39, 42, 44, 70ES011137 - PABLO LUIZ ROSA OLIVEIRA-16ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI-116ES011434 - TATIANA MARQUES FRANÇA-93ES011678 - ADRIANA ALVES-49ES011885 - Leonardo José Vulpe da Silva-102ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO-93ES012050 - ROBERTA LESSA ROSSI-7ES012060 - SIDINÉIA DE FREITAS DIAS-1ES012201 - JOCIANI PEREIRA NEVES-93ES012203 - BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-78ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA-69ES012449 - ROGÉRIO KEIJÓK SPITZ-11ES012566 - CHRISTINNE ABOUMRAD RIBEIRO AGUIAR LEITE-62ES012605 - FELIPE MORAIS MATTA-102ES012643 - THIAGO AARÃO DE MORAES-25, 45ES012739 - JOSE GERALDO NUNES FILHO-50, 82ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-110, 111, 112, 24, 4ES013010 - FRANCISCO MACHADO NASCIMENTO-104ES013115 - ROGÉRIO NUNES ROMANO-81, 85ES013343 - DANIELE RICARDO DE SOUZA-12ES013379 - LEONICE BARROS BORGES-84ES013495 - BERNARDO JEFFERSON BROLLO DE LIMA-41ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-56, 59ES013758 - VINICIUS DINIZ SANTANA-34, 46ES014023 - RAUL DIAS BORTOLINI-34, 46ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO-87ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN-3ES014613 - ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES-117ES014617 - RODRIGO CAMPANA FIOROT-52ES014744 - ANA PAULA DOS SANTOS GAMA-51ES014935 - RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS-93ES015064 - VINICIUS PERIM DE MORAES-9ES015549 - LARISSA FURTADO BAPTISTA-57, 90ES015647 - MANOELA MELLO SARCINELLI-62ES015691 - RODRIGO LOPES BRANDÃO-68ES015707 - PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO-115ES015715 - Rafael Antônio Freitas-1ES015723 - GERALDO BENICIO-20ES015750 - GILMAR MARTINS NUNES-83ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-55, 64, 97ES015965 - PEDRO HENRIQUE S MENEZES-9ES015993 - FREDERICO DOMINGOS ALTREIDER IABLONOWSKY-32ES016312 - ROMULO BOTTECCHIA DA SILVA-5ES016398 - Bernard Pereira Almeida-109ES016437 - LARA CHAGAS VAN DER PUT-93ES016751 - Valber Cruz Cereza-19ES016776 - VICTOR CERQUEIRA ASSAD-8ES017092 - GAUDENCIO BARBOSA-86ES017107 - HELENICE DE SOUSA VIANA-91ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO-93ES017197 - ANDERSON MACOHIN-26, 35, 37, 42, 74ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO-20ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA-64, 97ES017733 - THIAGO HUVER DE JESUS-33, 35, 37, 74, 76ES017846 - maike bicudo celestino-120

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ES017915 - Lauriane Real Cereza-19ES018001 - VÂNIA SOUSA DA SILVA-94ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR-33, 35, 37, 74, 76ES018446 - GERALDO BENICIO-22ES018483 - LÍVIA NOGUEIRA ALMEIDA-41ES018685 - SUELLEM RIBEIRO BOTON-14ES019164 - RENATO JUNQUEIRA CARVALHO-3ES019402 - PATRICIA VITORIO BOA MORTE-14ES019516 - EVERSON FERREIRA DE SOUZA-50, 82ES019738 - MORENO BETELHO GUIMARÃES-120ES019897 - PAULO HENRIQUE MARÇAL MONTEIRO-41ES020189 - ALESSANDRO SANTA'ANA-77ES020193 - HUDSON CANCELIERI ASTOS-77ES021038 - CARLOS BERKENBROCK-36, 47ES023056 - ANDERSON MACOHIN-33GUSTAVO CABRAL VIEIRA-102, 3, 88Isabela Boechat B. B. de Oliveira-17, 37, 38, 53, 72, 73, 92JAILTON AUGUSTO FERNANDES-13, 58, 63JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-47, 62, 94JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-28, 30, 32JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-103, 26, 40, 41, 43, 49, 90, 96JOSIANI GOBBI MARCHESI FREIRE-2, 4JULIANA BARBOSA ANTUNES-1Kleison Ferreira-112LIDIANE DA PENHA SEGAL-101LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-5, 54, 74LUCIANO ANTONIO FIOROT-106Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-19MARCELA BRAVIN BASSETTO-108, 22, 25, 34, 39, 68, 69, 76, 77, 79, 81, 86MARCIA RIBEIRO PAIVA-116MARCOS DUPIN COUTINHO-12Marcos Figueredo Marçal-27, 29, 50, 80MARCOS JOSÉ DE JESUS-120, 36, 44, 65, 67, 75, 78, 82MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-110, 111, 119, 24MG129454 - GASPARINO RODRIGUES DOS SANTOS JUNIOR-21Paulo Henrique Vaz Fidalgo-105PEDRO INOCENCIO BINDA-61RICARDO FIGUEIREDO GIORI-118, 66, 67, 96RJ155930 - CARLOS BERKENBROCK-71, 72RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-115ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-91SC013520 - CARLOS BERKENBROCK-18, 27, 31, 38, 43, 73, 75, 79, 80SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ-18, 27, 31, 36, 38, 47, 71, 73, 75, 79, 80SC023056 - ANDERSON MACOHIN SIEGEL-76SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO-18, 27, 31, 38, 73, 75, 79SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-101, 46, 55, 66, 85SP145207 - CLÁUDIO LÉLIO DOS ANJOS-115TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-104, 106, 107, 15, 93, 99THIAGO COSTA BOLZANI-42, 57, 64UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-21, 48, 51, 52, 56, 59Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-114VINICIUS DOMINGUES FERREIRA-60

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). BOAVENTURA JOAO ANDRADE

Nro. Boletim 2014.000047 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

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21/03/2014Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0001297-14.2009.4.02.5051/03 (2009.50.51.001297-7/03) (PROCESSO ELETRÔNICO) MOIZEIS RODRIGUESBARBOSA (ADVOGADO: ES015715 - Rafael Antônio Freitas, ES012060 - SIDINÉIA DE FREITAS DIAS.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.).PROCESSO: 0001297-14.2009.4.02.5051/03 (2009.50.51.001297-7/03)RECORRENTE: MOIZEIS RODRIGUES BARBOSAADVOGADO (S): SIDINÉIA DE FREITAS DIAS, Rafael Antônio FreitasRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JULIANA BARBOSA ANTUNES

VOTO-EMENTA

Trata-se de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos pela parte autora em face do acórdão que negou provimento aorecurso inominado por ela interposto, mantendo a sentença que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar oINSS a implantar o benefício previdenciário de auxílio-doença desde a data da perícia, qual seja, 18/03/2010, bem como apagar os atrasados. Alega o embargante que o acórdão contém obscuridade, pois afirma que o laudo médico de fls. 52/53 éilegível e o laudo médico inicia-se à fl. 51, pelo que deve ser esclarecida a referência das folhas ilegíveis, bem como deveser esclarecido se o laudo é ilegível por ausência de nitidez ou por má grafia do médico. Argumenta que o juiz poderia terdeterminado diligência a fim de solicitar ao médico a apresentação de novo documento com letra legível, sob pena deresponsabilidades, nos termos do código de ética médica, já que a letra ilegível do médico não é decorrente de culpa dorecorrente.Inicialmente, esclareço que o laudo de fls. 52/53 destes autos eletrônicos corresponde ao laudo de fls. 51/52 dos autosfísicos, que foram digitalizados, o que claramente se percebe nas numerações mecânica e eletrônica. De qualquer forma,esclareço também que, caso se tratasse de mero erro de digitação na indicação da folha, isso, por si só, não poderiaconfigurar obscuridade no acórdão.O acórdão considerou o seguinte (item 5 do voto-ementa): O recorrente alega que a incapacidade que o acomete é total, enão parcial como afirma o perito judicial. No entanto, juntou aos autos somente um laudo (fls. 52/53) que se encontrailegível, não podendo gerar conclusões acerca da incapacidade deste e, menos ainda, da doença que teria originado talestado incapacitante. Sendo assim, não pode ser usado de base para aferição da incapacidade do autor e nem paraalteração da DIB. Se não bastasse, ainda deve se observar o Enunciado nº 08 desta Turma Recursal.(...) Sendo assim,entendo que o autor não faz jus à conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. A períciajudicial foi clara ao atestar a incapacidade temporária do recorrente, e o laudo particular sequer é legível. Além do mais,conforme exposto acima, a perícia judicial deve prevalecer sobre os laudos particulares.Como se vê, o acórdão baseou-se na perícia judicial e no Enunciado nº 08 desta Turma Recursal, concluindo que tal períciadeve prevalecer sobre os laudos particulares, razão pela qual se mostra totalmente dispensável qualquer diligência acercado teor do laudo médico particular de fls. 52/53, único laudo juntado aos autos até a prolação da sentença.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

2 - 0000931-72.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000931-0/01) UNIAO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBI MARCHESIFREIRE.) x NEUSA LUZIA SILVA BRASIL (ADVOGADO: ES006236 - JOSÉ ADAO DE SOUZA.).Processo nº. 0000931-72.2009.4.02.5051/01– Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: UNIÃORecorrida: NEUSA LUZIA SILVA BRASILRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

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VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA. BIS IN IDEM. ENTENDIMENTO DO STJ E DA TNU. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela ré da demanda em primeiro grau (fls. 70-76), em razão da sentença às fls.63-68 que julgou procedente o pedido de não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada atéo limite do que foi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/1988, bem como à restituição dorespectivo indébito. Em suas razões, a recorrente sustenta a nulidade da sentença, ao argumento de julgamento extra petitae ainda, a incidência da prescrição quinquenal. Pretende assim, a reforma do julgado.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 79-81.Os pedidos versando inexigibilidade de imposto de renda e restituição sobre o que se comprovar indevidamente cobradosobre a complementação de aposentadoria expressam compatibilidade e relação de complementaridade entre si. Assim,inexiste a inépcia arguida pela recorrente.A questão de mérito recursal encontra amparo na jurisprudência do egrégio STJ e da Turma Nacional de Uniformização dosJuizados Especiais Federais – TNU, conforme verbis: “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdênciaprivada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídosos aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/1988, ou seja, entre 01.01.1989 e 31.12.1995 ou entre01.01.1989 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora JuízaFederal Jacqueline Michels Bilhalva, DJe de 09.02.2009.No que se refere à prescrição, o Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nº 566.621/RS,assentou que nas ações de repetição ou compensação de indébito tributário ajuizadas após o decurso da vacatio legis de120 dias prevista na Lei Complementar nº 118/2005, o prazo prescricional é de cinco anos, a despeito da data dopagamento considerado indevido. Assim, se a ação tiver sido proposta depois de 09.06.2005, a consagrada tese dos “cincomais cinco” não mais pode ser aplicada para regular a prescrição.Noutro vértice, “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefíciocorrespondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei nº 9.250/1995 passou aproduzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA,julgado em 20.05.2010, DJe 14.06.2010).6. Como o recorrido aposentou-se em 02.09.2005 (fl. 53) e a presente ação foi ajuizada em 29.04.2009 (fl. 01), não estáprescrita a pretensão de repetição das retenções do imposto de renda sobre o benefício.7. Nesse passo, os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, e não se afigura indispensável – caso a caso – a exibição de toda a documentaçãocomprobatória, eis que a aferição completa do valor do alegado bis in idem tributário poderá ser feita na fase de execuçãoda sentença e (2) que o servidor esteja aposentado. No caso sob exame, os documentos apresentados demonstram opreenchimento dos dois requisitos, quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (fl. 15) eaposentadoria em 02.09.2005 (fl. 53).8. Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento9. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 2006. Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos moldes do art. 55, segundaparte, da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade, mantendo-se a sentença, na forma da ementa, parte integrante dojulgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/gabd

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3 - 0004772-73.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004772-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x JOÃO BATISTA BERNARDES DA SILVA(ADVOGADO: ES019164 - RENATO JUNQUEIRA CARVALHO, ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN.) x OSMESMOS (ADVOGADO: ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN, ES019164 - RENATO JUNQUEIRA CARVALHO.PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PROCESSO: 0004772-73.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004772-6/01)RECORRENTE: JOÃO BATISTA BERNARDES DA SILVAADVOGADO (S): GUSTAVO CABRAL VIEIRA, PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN, RENATO JUNQUEIRA CARVALHORECORRIDO: OS MESMOSADVOGADO (S): PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN, RENATO JUNQUEIRA CARVALHO, GUSTAVO CABRAL VIEIRA

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA ESPECIAL. UTILIZAÇÃO DE EPI EFICAZ. OMISSÃO NÃOCONFIGURADA.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que deu parcial provimento aos recursosinominados interpostos por ambas as partes, excluindo diversos períodos da contagem como tempo especial edeterminando que o INSS compute como tal determinado período. O embargante alega que o acórdão é omisso quanto àincidência dos artigos 195, § 5º e 201, § 1º da CF/1988, sendo imperioso que se considere as implicações constitucionaisreferentes ao tema da utilização de EPI eficaz. Sustenta que o reconhecimento do tempo de serviço especial importa emmajoração de benefício previdenciário sem a correspondente fonte de custeio, bem como na adoção de requisitos ecritérios diferenciados para a concessão de aposentadoria especial a segurado do RGPS.

2. Não se configura a omissão apontada, eis que o acórdão baseou-se em entendimento sumulado da Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais (Súmula nº 09: Ainda que o EPI elimine a insalubridade,no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado).

3. Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.

4. Pelo exposto, nego provimento aos embargos de declaração.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

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4 - 0001561-65.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001561-5/01) UNIAO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBI MARCHESIFREIRE.) x SALETTE MENDES COSTALONGA (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).Processo nº. 0001561-65.2008.4.02.5051/01– Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: UNIÃORecorrido:SALETTE MENDES COSTALONGARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA. BIS IN IDEM. ENTENDIMENTO DO STJ E DA TNU. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado (fls. 60-66) interposto pela UNIÃO, em razão de sentença às fls. 54-59 que julgouprocedente o pedido de não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada até o limite do quefoi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/1988, bem como à restituição do respectivoindébito.

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Sustenta a nulidade da sentença, ao argumento de julgamento extra petita e ainda, a incidência da prescrição quinquenal.Pretende seja conhecido e provido o recurso, a fim de que nova sentença seja proferida.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 68-75.Os pedidos versando inexigibilidade de imposto de renda e restituição sobre o que se comprovar indevidamente cobradosobre a complementação de aposentadoria expressam compatibilidade e relação de complementaridade entre si. Assim,inexiste a inépcia arguida pela recorrente.A questão de mérito recursal encontra amparo na jurisprudência do egrégio STJ e da Turma Nacional de Uniformização dosJuizados Especiais Federais – TNU, conforme verbis: “não incide imposto de renda sobre os benefícios de previdênciaprivada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários (excluídosos aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/1988, ou seja, entre 01.01.1989 e 31.12.1995 ou entre01.01.1989 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, Relatora JuízaFederal Jacqueline Michels Bilhalva, DJe de 09.02.2009.No que se refere à prescrição, o Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nº 566.621/RS,assentou que nas ações de repetição ou compensação de indébito tributário ajuizadas após o decurso da vacatio legis de120 dias prevista na Lei Complementar nº 118/2005, o prazo prescricional é de cinco anos, a despeito da data dopagamento considerado indevido. Assim, se a ação tiver sido proposta depois de 09.06.2005, a consagrada tese dos “cincomais cinco” não mais pode ser aplicada para regular a prescrição.Noutro vértice, “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefíciocorrespondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei nº 9.250/1995 passou aproduzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA,julgado em 20.05.2010, DJe 14.06.2010).6. Como o (a) recorrido (a) aposentou-se em 05.12.2006 (fl. 41) e a presente ação foi ajuizada em 09.09.2008 (fl. 01), nãoestá prescrita a pretensão de repetição das retenções do imposto de renda sobre o benefício.7. Nesse passo, os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, e não se afigura indispensável – caso a caso – a exibição de toda a documentaçãocomprobatória, eis que a aferição completa do valor do alegado bis in idem tributário poderá ser feita na fase de execuçãoda sentença e (2) que o servidor esteja aposentado. No caso sob exame, os documentos apresentados demonstram opreenchimento dos dois requisitos, quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (fls.41-43) e aposentadoria em 05.12.2006 (fl. 41).8. Portanto, conheço do recurso e a ele nego provimento.9. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos moldes do art. 55, segundaparte, da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃODecide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade, mantendo-se a sentença, na forma da ementa, parte integrante dojulgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

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5 - 0000420-38.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000420-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x JOSE DOS REIS (ADVOGADO:ES016312 - ROMULO BOTTECCHIA DA SILVA.).

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PROCESSO: 0000420-38.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000420-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTORECORRIDO: JOSE DOS REISADVOGADO (S): ROMULO BOTTECCHIA DA SILVA

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ele interposto contra a sentença que o condenou a revisar a renda mensal inicial de benefício previdenciário, nostermos do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91. Alega o embargante que o acórdão é omisso quanto existência de prescrição, jáque o respectivo prazo foi interrompido em 15/04/2010, com o Memorando-Circular Conjunto/DIRBEN/PFE-INSS nº 21,tendo recomeçado a correr, pela metade, a partir de então, conforme art. 9º do Decreto-lei nº 20.910/1932, pelo que na datade ajuizamento da ação a pretensão já estava fulminada pela prescrição.

2. A sentença não tratou de prescrição, tampouco o acórdão embargado, tendo em vista que a revisão do benefíciojá foi efetuada pelo INSS, tendo se limitado a condenação ao pagamento das diferenças no valor apurado pela própriaautarquia, constante da carta de fl. 05, que comunica a revisão ao segurado. Não se configura, pois, a omissão apontada.

3. Pelo exposto, conheço dos embargos, mas NEGO-LHES PROVIMENTO.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

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6 - 0000781-62.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.000781-0/01) ERCY ELIAS RIBEIRO (ADVOGADO: ES009378 - ROGERIOSIMOES ALVES, ES009510 - HELTON T RAMOS.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ES010485 -CLEBER ALVES TUMOLI.).Processo nº. 0000781-62.2007.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: ERCY ELIAS RIBEIRORecorrida:CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. TAXA PROGRESSIVA DE JUROS. FGTS. OPÇÃO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 5.107/1966.AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS. SENTENÇA DE EXTINÇÃO. PRESCRIÇÃO RECONHECIDA DE OFÍCIO. RECURSOIMPROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.Trata-se de recurso inominado interposto pelo (a) autor (a) da demanda em primeiro grau às fls. 74-80, em razão desentença (fls. 71-72) que julgou extinto o processo sem resolução de mérito, com base no art. 267, inciso IV, do Código deProcesso Civil (CPC).

Sustenta ser incumbência da recorrida a apresentação dos extratos da conta vinculada do Fundo de Garantia por Tempo deServiço – FGTS. Pretende seja conhecido o recurso e julgado procedente o pedido inicial.

Contrarrazões às fls. 81-89.Não há dúvidas de que os extratos das contas vinculadas não são documentos indispensáveis à propositura da ação,podendo sua ausência ser suprida por outras provas (STJ, 2ª Turma, RESP 824266, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ06.02.2007). No presente caso, a recorrente comprovou, com cópia da carteira de trabalho, ter feito a opção pelo FGTS (fl.12). É isso o que basta para comprovar o fato constitutivo do direito.A responsabilidade pela exibição dos extratos analíticos das contas vinculadas ao FGTS é da CAIXA ECONÔMICAFEDERAL - CAIXA, por força da interpretação do art. 7º, inciso I, da Lei n.º 8.036/1990, que estabelece a competência dagestora do FGTS "emitir regularmente os extratos individuais correspondentes à conta vinculada”. O art. 24 do Decreto nº99.684/1990, por seu turno, dispõe que “por ocasião da centralização na CEF, caberá ao banco depositário emitir o últimoextrato das contas vinculadas sob sua responsabilidade, que deverá conter, inclusive, o registro dos valores transferidos e adiscriminação dos depósitos efetuados na vigência do último contrato de trabalho”.A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que a apresentação dos extratos anteriores a

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1992 nas ações de execução das diferenças de correção monetária das contas do FGTS é de responsabilidade da CAIXA,na condição de gestora do fundo, ainda que, para adquiri-los, a empresa pública os requisite aos bancos depositários. Issoporque no momento da centralização das contas vinculadas para a CAIXA, obrigatoriamente, ocorreu a escrituraçãocontábil e a consequente transferência das informações à gestora do FGTS, do que se extrai ser improvável a ausência dadocumentação alegada (STJ, 2ª TURMA, AGRESP 580432, REL. MIN. HUMBERTO MARTINS, DJ 26.03.2008).Na verdade, o Decreto nº 99.684/1990, na parte em que regulamenta a transferência das contas vinculadas, quando dacentralização do FGTS junto à CAIXA, estabeleceu, em seu art. 24, que os bancos depositários deveriam informar à CAIXA,de forma detalhada, toda movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua responsabilidade, no período anterior àmigração. Assim, a CAIXA é responsável pelas informações e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela redebancária durante o processo migratório e, sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dosbancos depositários os extratos necessários em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Nessesentido: REsp n.º 717.469/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE,Segunda Turma, Rel. Min. Peçanha Martins, DJ de 16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min.Francisco Falcão, DJ de 16/05/2005).Não se pode negar, portanto, que é ônus da CAIXA, como agente operadora e mantenedora do cadastro do FGTS, emitirregularmente os extratos individuais correspondentes às contas vinculadas (Lei nº 8.036/1990, art. 7º, inciso I),independentemente de a conta originária estar em outro banco depositário, já que houve a centralização dos depósitos(artigo 12). Quando a lei mencionou que a CAIXA assumiria o controle de todas as contas vinculadas, no prazo de um ano,contado da vigência da lei, estava se referindo inclusive à correta informação dos saldos, depósitos, aplicação de correçõese de juros.Por certo, a CAIXA não pode se beneficiar pela sua ineficácia em obter os extratos da conta vinculada da parte autora, pois,se assim o fosse, haveria decisão de improcedência em todas as hipóteses em que não houvesse trazido os extratos,constituindo um desestímulo a que persistisse na juntada dos mesmos nos demais processos.Pois bem. Para ter direito à aplicação dos juros progressivos, é preciso preencher, cumulativamente, os seguintesrequisitos: a) ter sido contratado como empregado entre 01/01/1967 e 22/09/1971; b) ter feito a opção original pelo FGTS navigência da Lei n. 5.107/1966 ou a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/1973, 7.839/1989 e8.036/1990); c) ter permanecido no mesmo emprego por mais de 2 (dois) anos.Aos trabalhadores que não preencherem ao mesmo tempo os três requisitos acima, são devidos apenas os juros fixos de3% (três por cento) ao ano nos saldos do FGTS.É indispensável que esse vínculo empregatício iniciado entre 01/01/1967 a 22/09/1971 tenha durado mais de 2 (dois) anos,porque o artigo 4º, da Lei n. 5.107/1966, em sua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dosdepósitos mencionados no art. 2º far-se-á na seguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos depermanência na mesma empresa; II – 4% (quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa;III – 5% (cinco por cento) do sexto a décimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) dodécimo-primeiro ano de permanência na mesma empresa, em diante”.Sobre o tema, oportuno transcrever o julgado a seguir: “FGTS - JUROS PROGRESSIVOS - LEIS 5.107/66, 5.705/71 E5.958/73 - SÚMULA 154/STJ - OPÇÃO FEITA APÓS O ADVENTO DA LEI 5.958/73 - NECESSIDADE DE ATENDIMENTOAOS REQUISITOS LEGAIS. 1. A Lei 5.107, de 13/09/66, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu aaplicação de juros progressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado noart. 4º da referida norma. 2. Com o advento da Lei 5.705, de 21/09/71, todos os empregados admitidos a partir da entradaem vigor da norma passaram a ter direito apenas a juros de 3% ao ano, sem a progressividade prevista inicialmente,mantido o direito adquirido daqueles que optaram na vigência da Lei 5.107/66, direito este que cessaria se o empregadomudasse de empresa. 3. A Lei 5.958, de 10/12/73 veio para estimular os empregados que poderiam ter optado pelo regimequando do advento da Lei 5.107/66 e não o fizeram. Daí a garantia da opção com efeitos retroativos a 1º/01/67 ou à data daadmissão, se posterior àquela, desde que com a anuência do empregador. 4. Somente há direito aos juros progressivos sea opção foi feita na vigência da Lei 5.107/66 ou na forma da Lei 5.958/73, não bastando apenas que a opção date deperíodo posterior a 10/12/73, sem que preenchidos os requisitos contidos na última lei. 5. Havendo controvérsia de naturezafática, aplica-se o teor da Súmula 7/STJ." (STJ, RESP 488.675, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 01.12.2003).No caso sob exame, verifica-se que a aplicação dos juros progressivos sobre o FGTS do (a) autor (a) encontra amparo narealidade fático-jurídica e legal retratada, porquanto o (a) então empregado (a) foi admitido (a) em 12.06.1958, e alipermaneceu até 17.12.1974 e fez sua opção em 01.08.1967 (fl. 12); ou seja, na vigência da Lei nº 5.107/1966.Pois bem. Passo agora à análise da prescrição trintenária, aplicável às demandas que visam à aplicação dos jurosprogressivos nos saldos de FGTS. É certo que a prescrição atinge apenas os créditos constituídos antes dos trinta anosantecedentes à propositura da ação, porquanto se trata de obrigação de trato sucessivo, consoante a Súmula nº 398 do

�Superior Tribunal de Justiça .A inicial foi ajuizada em 24.05.2007 e a prescrição atinge os valores relativos ao período anterior a 24.05.1977 – trinta anosanteriores ao ajuizamento da ação. Nesse caso, considerando que os valores devidos ao recorrente referem-se ao períodode 12.06.1958 a 17.12.1974 (período do vínculo trabalhista), verifica-se que já foram alcançados pela prescrição trintenária.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento para pronunciar de ofício a prescrição, nos termos art. 269,inciso IV, do CPC.Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade de justiça,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃODecide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

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Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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7 - 0001467-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001467-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO CESAR CORDEIRO(ADVOGADO: ES012050 - ROBERTA LESSA ROSSI, ES010878 - GOTARDO GOMES FRIÇO.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).PROCESSO: 0001467-52.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001467-0/01)RECORRENTE: PAULO CESAR CORDEIROADVOGADO (S): GOTARDO GOMES FRIÇO, ROBERTA LESSA ROSSIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Carolina Augusta da Rocha Rosado

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PARCIALMENTEPROVIDOS PARA DETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART.1º-F DA LEI 9.494/1997. RECORRENTE VENCEDOR. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ARTIGO 55DA LEI Nº 9.099/95. CONTRADIÇÃO NÃO CONFIGURADA.Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora (fls. 135/136) e pelo INSS (fls. 149/163) em face do acórdãoque deu provimento ao recurso inominado interposto pela parte autora para condenar o INSS a pagar as parcelas dobenefício de auxílio-doença compreendidas nos períodos ali mencionados. Alega a parte autora que o acórdão incorreu em

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contradição ao não condenar o recorrido em honorários advocatícios e requer manifestação sobre a constitucionalidade doart. 55 da Lei nº 9.099/95. O INSS, por sua vez, alega ausência de declaração de inconstitucionalidade da sistemática dejuros legais determinados pelo art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 com redação dada pela Lei nº 11.960/2009 na ADI 4357.A redação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (artigo incluído pela MP 2.180-35/2001) fixava juros de mora de 0,5% aomês “nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores eempregados públicos”. Não tinha incidência, portanto, em condenações referentes a questões tributárias, previdenciárias,assistenciais e de responsabilidade civil, dentre outras.Com o advento do art. 5º da Lei 11.960/2009, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, em toda e qualquercondenação imposta à Fazenda Pública, “para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação damora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança”.Os critérios de correção monetária e de juros de mora decorrem de lei, e, nestes casos, a lei nova tem incidência imediata,inclusive sobre os processos que já se encontravam em curso (STF, Rcl 2.683 e RE 453.740; STJ, EREsp 1.207.197 eREsp 1.205.946).Em 14 de março de 2013, o STF, ao julgar as ADIns 4.357 e 4.425, tendo por objeto a (in)constitucionalidade de diversasnormas da EC 62/2009, decidiu que (i) o índice de correção da poupança (TR) não é suficiente nem adequado à finalidadede recompor o valor da moeda e que (ii) a Fazenda Pública não pode pretender impor correção e juros nas suascondenações por índices diversos daqueles que pratica, nas mesmas relações jurídicas, em sentido contrário. Declarou,então, a inconstitucionalidade material das expressões “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança” e“independentemente de sua natureza” constante do § 12 do art. 100 da Constituição da República, na redação dada pelaEC 62/2009, e, por arrastamento, do art. 5º da Lei 11.960/2009 na parte em que conferiu nova redação ao art. 1º-F da Lei9.494/1997. Decidiu, ainda, que aos precatórios de natureza tributária devem ser aplicados os mesmos juros de moraincidentes sobre o crédito tributário.Instaurou-se dúvida quanto à abrangência do que foi decidido pelo STF. A fundamentação apontava a inconstitucionalidadepor arrastamento do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 apenas na parte em que determinava o uso da TR como fator de correçãomonetário das condenações da Fazenda Pública, mantida íntegra a regra que determina o emprego dos jurosremuneratórios da poupança como índice de juros de mora; entretanto, as notícias a respeito do julgamento veiculadas nopróprio site do STF fizeram crer que a declaração de inconstitucionalidade atingiu o art. 5º da Lei 11.960/2009 por inteiro –compreendendo, portanto, também a regra sobre os juros de mora.A decisão proferida pelo STF em matéria de inconstitucionalidade produz resultado a partir da publicação da ata da sessãode julgamento, independentemente da publicação do acórdão ou do trânsito em julgado (STF, Rcl 3.473 e 2.576, AI636933).O julgamento das ADIns 4.357 e 4.425 não estava encerrado, uma vez que havia requerimento expresso de modulação dosefeitos da decisão. Diante disto, em 11 de abril de 2013, o Relator para acórdão, Ministro Luiz Fux, instado por petição doConselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil que noticiava a paralisação do pagamento de precatórios por algunsTribunais de Justiça, determinou monocraticamente, até o julgamento da modulação dos efeitos das ADIns 4.357 e 4.425, acontinuidade do pagamento dos precatórios nos moldes da própria EC 62/2009: “A decisão do Plenário do SupremoTribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade parcial da Emenda Constitucional nº 62/09, assentando a invalidade deregras jurídicas que agravem a situação jurídica do credor do Poder Público além dos limites constitucionalmenteaceitáveis. Sem embargo, até que a Suprema Corte se pronuncie sobre o preciso alcance da sua decisão, não se justificaque os Tribunais Locais retrocedam na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo. Carece de fundamento, por isso, aparalisação de pagamentos noticiada no requerimento em apreço. Destarte, determino, ad cautelam, que os Tribunais deJustiça de todos os Estados e do Distrito Federal deem imediata continuidade aos pagamentos de precatórios, na formacomo já vinham realizando até a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemáticavigente à época, respeitando-se a vinculação de receitas para fins de quitação da dívida pública, sob pena de sequestro.”Em 24/10/2013, o STF ratificou a decisão do Ministro Luiz Fux e deu início à votação da modulação, com a apresentação,por este, de voto no sentido de apenas modular no tempo os efeitos da inconstitucionalidade do § 15 do art. 100 e do art. 97do ADCT (mantendo, portanto, a eficácia ex tunc da inconstitucionalidade do § 12 do art. 100), ao que se seguiu o pediu devista do Ministro Roberto Barroso – interrompendo o julgamento (ainda não retomado).Em 26/06/2013, a Primeira Seção do STJ decidiu, no REsp 1.270.439 (submetido à sistemática dos recursos repetitivos),que a declaração de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009 pelo STF na ADI 4.357 se referiu apenas àutilização da TR como critério de correção monetária, permanecendo eficaz a redação atual do art. 1º-F da Lei 9.494/2009em relação aos juros de mora (exceto para as dívidas de natureza tributária). O Tribunal fixou que, diante dainconstitucionalidade da TR, as condenações da Fazenda Pública deveriam ser corrigidas, em regra, pelo IPCA-E, salvo aexistência de leis específicas (por exemplo, SELIC para as dívidas tributárias).Surgiu, então, nova questão: o decidido pela Primeira Seção do STJ (IPCA-E para correção monetária das condenações daFazenda Pública) deve ser aplicado pelos juízes de imediato ou, por força da decisão do Min. Luiz Fux (referendada peloSTF), todos os efeitos das ADIns 4.357 e 4.425 estão suspensos, devendo ser utilizada a TR, como manda o art. 1º-F daLei 9.494/1997 com redação dada pelo art. 5º da Lei 11.960/2009? Noutras palavras: qual a abrangência da decisão doSTF que, posteriormente ao julgamento das ADIns, suspendeu os efeitos deste?Quanto ao STF, os seis Ministros que até agora puderam se manifestar divergem sobre o alcance da própria decisão.Quatro Ministros proferiram decisões liminares em Reclamações ajuizadas contra acórdãos que adotaram índices decorreção monetária diversos da TR: Teori Zavascki (Rcl 16.745), Luiz Fux (Rcl 16.981), Cármen Lúcia (Rcl 16.855), DiasToffoli (Rcl 16.651). Em sentido contrário, os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl17.200) indeferiram as liminares, tendo este último adotado a seguinte fundamentação: “O pronunciamento [do Min. LuizFux] foi direcionado não ao Superior, atuando no campo jurisdicional, mas aos tribunais de justiça. Sua Excelência objetivouevitar a babel no tocante à definição do índice a ser aplicado para a atualização monetária e juros da mora, presente adeclaração de inconstitucionalidade da expressão ‘índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança’,

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constante do § 12 do artigo 100 da Carta da República, na redação imprimida pela Emenda Constitucional nº 62/2009.Consoante se verifica no ato tido por inobservado, a providência fez-se dirigida a impedir a paralisação dos pagamentos elevantamentos de valores pela Presidência dos tribunais estaduais. Não se pretendeu obstar a prestação jurisdicional pelosdemais órgãos judiciários. Descabe conferir à reclamação natureza de sucedâneo recursal, servindo de atalho visandodecisão passível de ser prolatada apenas na via da recorribilidade.”O STJ mantém a orientação firmada no REsp 1.270.439 (que foi julgado durante a vigência da decisão do Min. Luiz Fux) nosentido de afastar a TR prevista no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 e empregar o IPCA-E para as condenações da FazendaPública (2ª Turma, Ag no AREsp 18272; 6ª Turma, AgRg no REsp 1086740), mantido o INPC para as condenações emmatéria previdenciária por força do art. 41-A da Lei 8.213/1991 (1ª Turma, REsp 1.272.239 e AGRESP 1.263.644) e aSELIC para as condenações em matéria tributária.A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fux comosendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamento dosprecatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos os processosenvolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.425.Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.Quanto à alegada inconstitucionalidade do art. 55 da Lei nº 9.099/95, não se configura contradição – tampouco qualquerdas demais hipóteses previstas nos artigos 535 do CPC e 48 da Lei nº 9.099/95 como de cabimento de embargos dedeclaração. A contradição referida nos dispositivos mencionados deve se configurar entre as disposições constantes dopróprio acórdão e não entre suas disposições e o entendimento defendido pela parte. O embargante, na verdade,insurge-se contra o entendimento adotado no acórdão, o que não é possível nesta sede.Embargos de declaração do autor conhecidos e improvidos. Embargos de declaração do INSS conhecidos e providos para,reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucional a fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1% e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na formada redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo-se observar, no mais, o Manual de Cálculos da JustiçaFederal.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

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8 - 0000413-82.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000413-0/01) JOÃO CONSOLI (ADVOGADO: ES016776 - VICTORCERQUEIRA ASSAD.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ES009196 - RODRIGO SALES DOSSANTOS.).Processo nº. 0000413-82.2009.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: JOÃO CONSOLIRecorrida:CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CAIXARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

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RECURSO INOMINADO. TAXA PROGRESSIVA DE JUROS. FGTS. OPÇÃO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 5.107/1966.AUSÊNCIA DE DOCUMENTOS. SENTENÇA DE EXTINÇÃO. PRESCRIÇÃO RECONHECIDA DE OFÍCIO. RECURSOIMPROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.Trata-se de recurso inominado interposto pelo (a) autor (a) da demanda em primeiro grau às fls. 57-61, em razão desentença (fls. 49-50) que julgou extinto o processo sem resolução de mérito, com base no art. 267, inciso IV, do Código deProcesso Civil (CPC).

Sustenta ser incumbência da recorrida a apresentação dos extratos da conta vinculada do Fundo de Garantia por Tempo deServiço – FGTS. Pretende seja conhecido o recurso e julgado procedente o pedido inicial.

Contrarrazões às fls. 62-70.Não há dúvidas de que os extratos das contas vinculadas não são documentos indispensáveis à propositura da ação,podendo sua ausência ser suprida por outras provas (STJ, 2ª Turma, RESP 824266, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJ06.02.2007). No presente caso, a recorrente comprovou, com cópia da carteira de trabalho, ter feito a opção pelo FGTS (fl.10). É isso o que basta para comprovar o fato constitutivo do direito.A responsabilidade pela exibição dos extratos analíticos das contas vinculadas ao FGTS é da CAIXA ECONÔMICAFEDERAL - CAIXA, por força da interpretação do art. 7º, inciso I, da Lei n.º 8.036/1990, que estabelece a competência dagestora do FGTS "emitir regularmente os extratos individuais correspondentes à conta vinculada”. O art. 24 do Decreto nº99.684/1990, por seu turno, dispõe que “por ocasião da centralização na CEF, caberá ao banco depositário emitir o últimoextrato das contas vinculadas sob sua responsabilidade, que deverá conter, inclusive, o registro dos valores transferidos e adiscriminação dos depósitos efetuados na vigência do último contrato de trabalho”.A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que a apresentação dos extratos anteriores a1992 nas ações de execução das diferenças de correção monetária das contas do FGTS é de responsabilidade da CAIXA,na condição de gestora do fundo, ainda que, para adquiri-los, a empresa pública os requisite aos bancos depositários. Issoporque no momento da centralização das contas vinculadas para a CAIXA, obrigatoriamente, ocorreu a escrituraçãocontábil e a consequente transferência das informações à gestora do FGTS, do que se extrai ser improvável a ausência dadocumentação alegada (STJ, 2ª TURMA, AGRESP 580432, REL. MIN. HUMBERTO MARTINS, DJ 26.03.2008).Na verdade, o Decreto nº 99.684/1990, na parte em que regulamenta a transferência das contas vinculadas, quando dacentralização do FGTS junto à CAIXA, estabeleceu, em seu art. 24, que os bancos depositários deveriam informar à CAIXA,de forma detalhada, toda movimentação ocorrida nas contas vinculadas sob sua responsabilidade, no período anterior àmigração. Assim, a CAIXA é responsável pelas informações e dados históricos das contas fundiárias repassadas pela redebancária durante o processo migratório e, sendo a agente operadora do Fundo, detém a prerrogativa legal de exigir dosbancos depositários os extratos necessários em cada caso e exibi-los no prazo imposto pelo Poder Judiciário (Nessesentido: REsp n.º 717.469/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 23/05/2005; REsp n.º 661.562/CE,Segunda Turma, Rel. Min. Peçanha Martins, DJ de 16/05/2005; e AgRg no REsp n.º 669.650/PR, Primeira Turma, Rel. Min.Francisco Falcão, DJ de 16/05/2005).Não se pode negar, portanto, que é ônus da CAIXA, como agente operadora e mantenedora do cadastro do FGTS, emitirregularmente os extratos individuais correspondentes às contas vinculadas (Lei nº 8.036/1990, art. 7º, inciso I),independentemente de a conta originária estar em outro banco depositário, já que houve a centralização dos depósitos(artigo 12). Quando a lei mencionou que a CAIXA assumiria o controle de todas as contas vinculadas, no prazo de um ano,contado da vigência da lei, estava se referindo inclusive à correta informação dos saldos, depósitos, aplicação de correçõese de juros.Por certo, a CAIXA não pode se beneficiar pela sua ineficácia em obter os extratos da conta vinculada da parte autora, pois,se assim o fosse, haveria decisão de improcedência em todas as hipóteses em que não houvesse trazido os extratos,constituindo um desestímulo a que persistisse na juntada dos mesmos nos demais processos.Pois bem. Para ter direito à aplicação dos juros progressivos, é preciso preencher, cumulativamente, os seguintesrequisitos: a) ter sido contratado como empregado entre 01/01/1967 e 22/09/1971; b) ter feito a opção original pelo FGTS navigência da Lei n. 5.107/1966 ou a opção retroativa por esse fundo (nos termos das Leis n. 5.958/1973, 7.839/1989 e8.036/1990); c) ter permanecido no mesmo emprego por mais de 2 (dois) anos.Aos trabalhadores que não preencherem ao mesmo tempo os três requisitos acima, são devidos apenas os juros fixos de3% (três por cento) ao ano nos saldos do FGTS.É indispensável que esse vínculo empregatício iniciado entre 01/01/1967 a 22/09/1971 tenha durado mais de 2 (dois) anos,porque o artigo 4º, da Lei n. 5.107/1966, em sua redação original, dispunha que: “Art. 4º. A capitalização dos juros dosdepósitos mencionados no art. 2º far-se-á na seguinte progressão: I – 3% (três por cento) durante os dois primeiros anos depermanência na mesma empresa; II – 4% (quatro por cento) do terceiro ao quinto ano de permanência na mesma empresa;III – 5% (cinco por cento) do sexto a décimo ano e permanência na mesma empresa; IV – 6% (seis por cento) dodécimo-primeiro ano de permanência na mesma empresa, em diante”.Sobre o tema, oportuno transcrever o julgado a seguir: “FGTS - JUROS PROGRESSIVOS - LEIS 5.107/66, 5.705/71 E5.958/73 - SÚMULA 154/STJ - OPÇÃO FEITA APÓS O ADVENTO DA LEI 5.958/73 - NECESSIDADE DE ATENDIMENTOAOS REQUISITOS LEGAIS. 1. A Lei 5.107, de 13/09/66, que criou o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, previu aaplicação de juros progressivos para os optantes que permanecessem na mesma empresa pelo período de tempo fixado noart. 4º da referida norma. 2. Com o advento da Lei 5.705, de 21/09/71, todos os empregados admitidos a partir da entradaem vigor da norma passaram a ter direito apenas a juros de 3% ao ano, sem a progressividade prevista inicialmente,mantido o direito adquirido daqueles que optaram na vigência da Lei 5.107/66, direito este que cessaria se o empregadomudasse de empresa. 3. A Lei 5.958, de 10/12/73 veio para estimular os empregados que poderiam ter optado pelo regimequando do advento da Lei 5.107/66 e não o fizeram. Daí a garantia da opção com efeitos retroativos a 1º/01/67 ou à data daadmissão, se posterior àquela, desde que com a anuência do empregador. 4. Somente há direito aos juros progressivos sea opção foi feita na vigência da Lei 5.107/66 ou na forma da Lei 5.958/73, não bastando apenas que a opção date de

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período posterior a 10/12/73, sem que preenchidos os requisitos contidos na última lei. 5. Havendo controvérsia de naturezafática, aplica-se o teor da Súmula 7/STJ." (STJ, RESP 488.675, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 01.12.2003).No caso sob exame, verifica-se que a aplicação dos juros progressivos sobre o FGTS do (a) autor (a) encontra amparo narealidade fático-jurídica e legal retratada, porquanto o (a) então empregado (a) foi admitido (a) em 01.10.1967, e alipermaneceu até 20.01.1977 e fez sua opção em 20.12.1967 (fl. 10); ou seja, na vigência da Lei nº 5.107/1966.Pois bem. Passo agora à análise da prescrição trintenária, aplicável às demandas que visam à aplicação dos jurosprogressivos nos saldos de FGTS. É certo que a prescrição atinge apenas os créditos constituídos antes dos trinta anosantecedentes à propositura da ação, porquanto se trata de obrigação de trato sucessivo, consoante a Súmula nº 398 do

�Superior Tribunal de Justiça .A inicial foi ajuizada em 12.02.2009 e a prescrição atinge os valores relativos ao período anterior a 12.02.1979 – trinta anosanteriores ao ajuizamento da ação. Nesse caso, considerando que os valores devidos ao recorrente referem-se ao períodode 01.10.1967 a 20.01.1977 (período do vínculo trabalhista), verifica-se que já foram alcançados pela prescrição trintenária.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento para pronunciar de ofício a prescrição, nos termos art. 269,inciso IV, do CPC.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade de justiçaà fl. 13, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃODecide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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9 - 0000851-77.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000851-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MARIA URBANO CRUZ (DEF.PUB: ALINE FELLIPEPACHECO SARTÓRIO.) x MARIA DAS GRAÇAS KENUP (ADVOGADO: ES015965 - PEDRO HENRIQUE S MENEZES,ES015064 - VINICIUS PERIM DE MORAES.).PROCESSO: 0000851-77.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000851-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTA

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RECORRIDO: MARIA DAS GRAÇAS KENUPADVOGADO (S): ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO, VINICIUS PERIM DE MORAES, PEDRO HENRIQUE SMENEZES

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que deu provimento ao recurso inominado porele interposto, mantendo a sentença que o condenou a restituir à autora todos os descontos referentes ao desdobramentodo benefício de pensão por morte retroativos ao período de 29/10/2009 a 14/12/2009. A sentença antecipou os efeitos datutela, determinando ao INSS que ajustasse o valor das cotas da pensão por morte. Alega o embargante que o acórdão, aoaplicar o Enunciado nº 52 desta Turma Recursal, foi omisso a respeito da legislação vigente sobre o tema (artigos 273, §§2º e 3º e 475-O do CPC, art. 115 da Lei nº 8.213/91 e art. 46, § 3º, da Lei nº 8.112/90), bem como incorreu em contradição edivergência com recente decisão da 1ª Seção do STJ, que fixou orientação de que os valores referentes a benefíciosprevidenciários, recebidos por força de ordem judicial provisória, posteriormente revogada, devem ser restituídos àautarquia.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e do art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.No presente caso, o embargante intitula de omissão a suposta contrariedade do entendimento adotado no acórdão com osdispositivos legais que elenca, bem como intitula de contradição a contrariedade desse mesmo entendimento comprecedente jurisprudencial do STJ. Ocorre que a contradição referida nos arts. 535 do CPC e 48 da Lei nº 9.099/95 deve seconfigurar entre as disposições constantes do próprio acórdão e não entre suas disposições e as de outro julgado. Tambémnão se configura omissão a interpretação dos dispositivos legais de forma diversa da que defende a parte. Menos aindapoderiam se configurar tais vícios em se tratando de entendimento sumulado tanto nesta turma recursal quanto na TNU.Ressalte-se, por oportuno, que o pronunciamento da 1ª Seção do STJ não vincula os demais órgãos judicantes, tendo emvista que não se deu pela sistemática dos recursos repetitivos.Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recursoinominado. Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargosdeclaratórios, descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

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10 - 0000478-37.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000478-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADEMILTON MOREIRA DOSSANTOS (ADVOGADO: ES006970 - MARIA JOSE LUCINDO DE ALMEIDA BARBOSA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS.Processo nº. 0000478-37.2010.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: ADEMILTON MOREIRA DOS SANTOSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL NÃO VERIFICADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 173-192, em razão da sentença (fls.169-171) que julgou improcedente o pedido de concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença e sua conversãoem aposentadoria por invalidez.Sustenta, em suas razões, ser portador de espondilodiscopatia degenerativa lombar inferior, com sinais de espondilosedeformante. Aduz, outrossim, que, nada obstante o perito do Juízo tenha concluído pela capacidade laboral, reconheceu aexistência das referidas patologias. Pugna, então, seja levada em consideração a totalidade do conjunto probatório,sopesando-se os demais documentos carreados, tais como resultados de exames e demais laudos médicos que

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comprovam sua alegação. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedentes os pedidos.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 195).A controvérsia diz com existência ou não de incapacidade para o trabalho, encontrando-se preenchidos os demaisrequisitos. (fl. 200)Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença previdenciário: 16.03.2005 a 03.06.2009, 16.09.2009 a 11.11.2009, 23.06.2010 a 30.08.2010,24.05.2011 a 12.10.2011, 23.11.2011 a 20.11.2012 (fl. 200).Histórico clínico:Ressonância magnética à fl. 19, em 14.03.2006, imprime espondiloartrose lombar; espondilose inflamatória do tipo Modic Iem L4-L5 e D12-L1, com franco predomínio no nível mais baixo; abaulamentos discais difusos nos níveis D12-L1 e L1-L2,que ocupam parcialmente as porções inferiores dos forames neurais relacionados; abaulamento discal difuso no nívelL4-L5, que comprime a face ventral do saco dural e ocupa parcialmente as porções inferiores dos forames neurais; e,abaulamento discal difuso no nível L5-S1, com componente assimétrico látero-foraminal à direita, que apaga a gorduraepidural anterior e reduz a amplitude dos forames neurais, com pequeno predomínio à direita;

Laudos médicos particulares às fls. 21, 37 e 43, em 16.04.2007, 24.03.2009 e 20.01.2010, relatam que o paciente não deveexercer nos próximos 90 (noventa) dias, qualquer tipo de atividade laborativa, que requeiram levantamento de pesoexcessivo, atividades físicas forçadas e similares definitivamente, devido às alterações patológicas. Encontra-se emtratamento conservador (fisioterapia, RPG);

Eletroneuromiografia à fl. 48, em 25.08.2009, conclui radiculopatia crônica L4 à esquerda;

Ressonância magnética da coluna lombar às fls. 15-16, em 06.05.2010, apresenta espondilodiscopatia degenerativa natransição dorsolombar envolvendo D12-L1 e L1-L2, destacando-se protrusão disco-osteofitária póstero-mediana L1-L2 quecomprime e deforma o saco tecal; e, espondilodiscopatia degenerativa lombar inferior, com sinais de espondilosedeformante moderada em L4-L5, complexos disco-osteofitários nos dois níveis, com moderada estenose foraminal bilaterale pequena protrusão discal paramediana direita L5-S1;

Solicitação de internação à fl. 18, em 09.06.2010, para realização de exames, com cirurgia marcada para o dia 25.06.2010;

Laudos médicos particulares às fls. 17, 78 e 104, em 09.06.2010, 05.01.2011 e 10.05.2011, demonstram que paciente nãoapresenta nenhuma condição para exercer qualquer atividade laborativa, devido a sequelas irreversíveis (paraparestesias,lombociatalgia constante, lombalgia intensa – principalmente em ortostáse, claudicação intermitente) causadoras deincapacidade física completa, total e permanente, ocasionadas por doença degenerativa de coluna lombossacra, comcompressão e lesão (radiculopatia espondilética e estenose degenerativa de canal lombar grave) radicular associada,complicadas por hipertensão arterial sistêmica de difícil controle e síndrome depressiva severa com alterações freqüentesimportantes da labilidade emocional (em tratamento com psiquiatria), para os quais encontra-se em tratamentomedicamentoso e propedêutica ambulatorial até hoje, inclusive com períodos fazendo fisioterapia, além de imobilizaçãoexterna (Colete Putti), já com indicação de Cirurgia (artrodese lombar via posterior com órteses – parafusos pediculares –com Laminectomia descompressiva e discectomia) para qual aguarda vaga pelo SUS (será operado em um primeiro tempoda coluna na transição lombo-sacra e depois em um segundo tempo da transição dorso-lombar). Há limitação de mais de80% dos movimentos da coluna lombar em membros inferiores, por causa da doença degenerativa;

Solicitação de internação à fl. 185, em 23.02.2012, em razão de cirurgia marcada para o mesmo dia;

Laudo médico particular à fl. 191, em 26.02.2012, solicita fisioterapia motora, por tempo indeterminado, como tratamento desequelas (monoparesia crural à direita) devidas a orteo e discopatia degenerativas de coluna lombossacra;

(iv) laudo de perícia médica administrativa: (x) sim ( ) não

Observações: A perícia médica administrativa reconheceu a incapacidade laborativa do autor em 01.04.2005, 12.05.2005,13.06.2005, 13.09.2005, 12.01.2006, 26.09.2006, 10.01.2007, 19.03.2007, 25.04.2007, 04.07.2007, 04.09.2007, 18.04.2008,25.03.2009, 03.06.2009, 11.11.2009, 30.08.2010 e em 10.08.2011. Sendo que reconheceu a capacidade laborativa nasdatas de 05.04.2011, 18.03.2010, 07.10.2010, 06.12.2010 (fls. 133-155).Histórico laboral:Idade: 48 anos (fl. 12)Profissão/ocupação: Vaqueiro (fl. 01)Reabilitação profissional:( ) sim (x) nãoObservações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em ortopedia e traumatologia, em 26.06.2011 (fls. 87-90), foiverificado quadro de artrose e discopatia em coluna lombar (quesito nº 1 – fl. 87). Quanto à origem, afirmou o peritotratar-se de doença de origem degenerativa (quesito nº 2 – fl. 87). Em relação às características da doença perceptíveis no

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paciente, afirmou que “a artrose é uma afecção de caráter degenerativo das articulações do corpo humano, de evoluçãolenta e normal a todos os seres humanos” (quesito nº 2 – fl. 87). Asseverou, ainda, que o paciente não se encontraincapacitado para o trabalho (quesito nº 6 – fl. 87).Ademais, como bem asseverado pelo magistrado sentenciante, abstraindo-se o interregno em que o recorrente percebeubenefício previdenciário de auxílio-doença (24.05.2011 a 12.10.2011), quanto aos demais períodos, anterior e posterior àessas datas, não se vislumbra incapacidade diante das provas apresentadas pelo recorrente.O recorrente requer a anulação da perícia do Juízo e a realização de nova perícia médica. Ocorre que a especialidade doperito é em ortopedia e mesmo que fosse diversa, não haveria, neste caso, necessariamente, comprometimento daconclusão do laudo pericial.Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil - CPC ). Entretanto, nocaso em apreço, o substrato-fático realçado no item nº 5 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial,cabendo realçar, a bem desse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: a contingência amparada pelaLei é a incapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo recorrente, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Nesse diapasão, o médico não encarregado da perícia diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatosnarrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico epropondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixade doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico não encarregado da perícia não é fontesegura da existência da incapacidade para o trabalho. (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de14.12.2011 por esta Turma Recursal, da relatoria do Juiz Federal Rogério Moreira Alves).Por derradeiro, não deve prosperar a alegação de que as condições pessoais do segurado ensejariam razões para orecebimento do benefício de auxílio-doença, pois apesar do quadro de artrose e discopatia em coluna lombar, não foiencontrada nenhuma limitação funcional e o baixo grau de instrução, considerado isoladamente não basta para respaldar aconcessão do benefício previdenciário.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiçaà fl. 54, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxjun/gabd

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

11 - 0007315-88.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007315-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x MARINA ALVES PEREIRA (ADVOGADO:ES009277 - RICARDO LEAO DE CALAIS ROLDAO, ES012449 - ROGÉRIO KEIJÓK SPITZ.).PROCESSO: 0007315-88.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007315-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTARECORRIDO: MARINA ALVES PEREIRA

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ADVOGADO (S): ROGÉRIO KEIJÓK SPITZ, RICARDO LEAO DE CALAIS ROLDAO

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que manteve a sentença que o condenou arevisar a renda mensal inicial do benefício da parte autora (pensão por morte), afastando a decadência alegada pelorecorrente. Alega o embargante que o acórdão contém omissão quanto à incidência do art. 5º, XXXVI da CF/1988, queresta violado quando o conflito de leis no tempo é solucionado de modo incorreto.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e do art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. No presentecaso, o embargante intitula de omissão a suposta violação a dispositivo constitucional.Na verdade, busca o embargante rediscutir, na via dos embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recursoinominado. Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargosdeclaratórios, descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

12 - 0004022-68.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.004022-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RAPHAEL DEMIANESPERIDIÃO (ADVOGADO: ES013343 - DANIELE RICARDO DE SOUZA.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARCOSDUPIN COUTINHO.).Processo n.º 0004022-68.2012.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: RAPHAEL DEMIAN ESPERIDIÃORecorrida: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO - EMENTARECURSO INOMINADO. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. EQUIPARAÇÃO. ISONOMIA. NÃO OCORRÊNCIA. PORTARIA Nº 88DO CJF. LEGALIDADE. NÃO DEMONSTRAÇÃO, INEXISTÊNCIA DE CORRELAÇÃO LÓGICA ENTRE OS CRITÉRIOSDE DESIGUALAÇÃO E O VALOR FIXADO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Este recurso inominado foi interposto pela parte autora da demanda de primeiro grau às fls. 58-63, em razão da sentença(fls. 49-51) que julgou improcedente o pedido de condenação ao pagamento das diferenças entre os valores recebidos pelorecorrente e aqueles pagos aos servidores do Supremo Tribunal Federal - STF, Tribunais Superiores, Tribunal de Justiça doDistrito Federal e Territórios - TJDFT e Conselho Nacional de Justiça - CNJ a título de auxílio-alimentação.

2. Sustenta que os atos legais e regulamentares expedidos pelos órgãos do Poder Judiciário Federal, dos quais resultou aatribuição de valores inferiores àqueles conferidos aos servidores do STF e Tribunais Superiores a título de auxílioalimentação, guardam consonância com a legislação aplicável, traduzindo o exercício típico do poder discricionário. Invoca,dentre outros, o princípio da legalidade (arts. 37 e 5º, inciso II, da Constituição da República), a autonomia financeira doPoder Judiciário (art. 99, caput e §1º, idem), os artigos 2º, 61, §1º, inciso I, “a” e 169 da CR e a Súmula 339 do STF, queveda o aumento de vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. Alega, ademais, que inexiste noordenamento jurídico brasileiro obrigatoriedade de assegurar isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ouassemelhadas do mesmo poder (art. 37, inciso XIII e 39, §1º da CR). E, ainda que assim não fosse, o § 4º do art. 40 da Leinº 8.112/1990 assegura isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou assemelhadas, ressalvadas asvantagens relativas à natureza ou ao local de trabalho, exceção a que se subsume o auxílio alimentação, verba de cunhoindenizatório. Postula sejam julgados procedentes os pedidos deduzidos na inicial. Eventualmente, pugna peloprequestionamento dos princípios constitucionais ventilados no recurso e pela fixação do termo inicial dos juros de mora nadata da citação válida.

4. Embora tenha sido reconhecida a repercussão geral da matéria no bojo do Recurso Extraordinário (RE) nº 710293, no

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Supremo Tribunal Federal, relatoria do Ministro Luiz Fux, não há óbice processual para o conhecimento e julgamento dorecurso inominado por esta Turma Recursal.

5. Por certo ocorrerá a seguir a interposição de RE e aí sim – na perspectiva de se ultimar com presteza o processamentonesta TR – a questão irá ser examinada à luz do art. 543-B, § 1º, do Código de Processo Civil e do art. 5º, parágrafo único,inciso II, do Regimento Interno.

6. Assim sendo, passo à análise e ao voto.

7. Extrai-se, desde logo, das razões do recurso que a tônica do exame recai, preponderantemente, sobre a eficácia doprincípio da isonomia, especificamente se é possível, na perspectiva legal e jurídica a equiparação do patamar pecuniáriopago a título de auxílio-alimentação aos servidores dos órgãos do Poder Judiciário Federal de primeiro e segundo graus, incasu, Tribunal Regional Federal da 2ª Região – Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo, àquele alçado pelosservidores do STF, Tribunais Superiores, TJDFT e CNJ, em cargos correspondentes.

9. Como todos sabemos, o princípio em voga tem, de direito, a extensão e compostura que a ordem jurídica houver lheatribuído, seja pela Constituição – ápice do sistema político-normativo -, seja pela legislação infraconstitucional com elaconsonante.

10. Para pontuar, o princípio da isonomia guarda assento constitucional no caput do art. 5º: “Todos são iguais perante a lei,sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade dodireito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)”. (grifei)

11. Transparece, mesmo como produto de exame literal e apressado, a ênfase no Texto Constitucional do referidoprincípio, eis que mencionado em duas oportunidades: “Todos são iguais perante a lei, sem distinções de qualquernatureza” e, em passo mais adiantado, “garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidadedo direito [...] à igualdade”.

12. Serenamente analisado, contudo, revela que o legislador constituinte foi mais além, colocando em relevo os doisaspectos do princípio da isonomia, quais os de igualdade formal e de igualdade material. Aquela primeira decorre daafirmação “todos são iguais perante a lei”, e deve ser entendida como igualdade na aplicação do direito, assumindo

�“particular relevância no âmbito da aplicação igual da lei (do direito) pelos órgãos da administração e pelos tribunais” . Estaúltima, por sua vez, acha-se ligada à expressão “sem distinção de qualquer natureza”, compreendida no sentido de que a leideverá respeitar o conteúdo discriminativo positivo, ou affirmatives actions, inerente às categorias paradigmaticamenteconfrontadas, não podendo ser fonte de discriminação injustificada e desproporcional ou estabelecer critérios deigualdade/desigualdade sem razão. Trata-se, em outras palavras, do clássico conceito aristotélico de igualdade que reclama“tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais”.

13. Assim, a desigualdade se produz quando:

“a norma distingue de forma não razoável ou arbitrária um tratamento específico a pessoas diversas. Para que asdiferenciações normativas possam ser consideradas não discriminatórias, torna-se indispensável que exista umajustificativa objetiva e razoável, de acordo com critérios e juízos valorativos genericamente aceitos, cuja existência deveaplicar-se à finalidade e efeitos da medida considerada, devendo estar presente por isso uma razoável relação deproporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade perseguida, sempre em conformidade com os direitos egarantias constitucionalmente protegidos.”...

“a disciplina jurídica não se basear num (i) fundamento sério; (ii) não tiver um sentido legítimo; e (iii) estabelecerdiferenciação jurídica sem um fundamento razoável”....

desrespeitadas pelo menos uma das três questões seguintes: “(a) a primeira diz com o elemento tomado como fator dedesigualação; (b) a segunda reporta-se à correlação lógica abstrata existente entre o fator erigido em critério de discrímen ea disparidade estabelecida no tratamento jurídico diversificado; (c) a terceira atina à consonância desta correlação lógicacom os interesses absorvidos no sistema constitucional e destarte juridicizados.”

14. Como se vê, as citações conduzem à idéia central de “proibição geral do arbítrio”; de fato, a observância da igualdadese dá quando indivíduos ou situações iguais não são arbitrariamente tratados como desiguais.

15. No tocante aos servidores públicos, especificamente, e naquilo que interessa ao feito, a Constituição prevê, verbis:

“Art. 39.........................................................................................................§1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório observará:I – a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira;II – os requisitos para a investidura;III – as peculiaridades dos cargos.”

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16. O texto anterior do §1º, entretanto, dispunha:

“§1º” A Lei assegurará, aos servidores da administração direta, isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguaisou assemelhados do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, ressalvadas asvantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho”.

17. Percebe-se, ao ângulo estritamente gramatical, que após a alteração promovida pela Emenda Constitucional nº 19, de4.6.1998, restou supressa a garantia a priori de isonomia entre os servidores da administração direta para cargos deatribuições iguais ou assemelhados do mesmo Poder.

18. Assim, em tese, é possível que duas realidades substancialmente iguais – como a percepção de auxílio-alimentação porservidores que ocupam cargos de atribuições correlatas do mesmo Poder - sejam regidas de maneira diferente, assimcomo duas realidades substancialmente diferentes podem estar parificadas sob um mesmo regime; a depender dosmotivos ou razões que a estratificam, se postos de modo arbitrário ou não pela Administração.

19. Registre-se, conquanto modificada a redação original do § 1º do art. 39 da CR, não se afigura judicioso concluir pelaautomática exclusão da garantia de isonomia aos servidores públicos, seja pela teleologia que informa a hermenêuticaconstitucional, da qual o Preâmbulo da Constituição consubstancia exemplo frisante, seja porque remanesce comocoordenada básica apta a orientar as questões atinentes ao princípio da isonomia o caput do art. 5º, o qual, conformeassentado anteriormente, assume particular relevância no âmbito da aplicação da lei (do direito) pelos órgãos daAdministração e pelos Tribunais.

20. A título ilustrativo e

“para que se tenha presente o seu relevo nos regimes democráticos, vale lembrar, com Forsthoff, que o TribunalConstitucional da Alemanha, repetidas vezes, afirmou que o princípio da igualdade, como regra jurídica, tem um carátersuprapositivo, anterior ao Estado, e que mesmo se não constasse do texto constitucional, ainda assim seria respeitado”.

21. É digno de registro, ademais, que o teor do § 1º do art. 39 da CR, tal como se achava em sua antiga redação, continua�vigente na legislação infraconstitucional. Cuida-se do § 4 do art. 41 da Lei nº 8.112/1990 , preceptivo que somente

corrobora o acerto da interpretação sistemática conferida ao texto atual.

22. Ingressando na análise estrita da legislação acerca da concessão mensal de auxílio-alimentação aos servidorespúblicos federais civis, tem-se, como ponto de partida, o art. 22 da Lei nº 8.460/1992, com a redação dada pela Lei nº9.527/1997, o qual prevê:

Art. 22 O Poder Executivo disporá sobre a concessão mensal de auxílio-alimentação por dia trabalhado, aos servidorespúblicos federais civis ativos da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.§1º A concessão do auxílio-alimentação será feita em pecúnia e terá caráter indenizatório.§2º O servidor que acumule cargo ou emprego na forma da Constituição fará jus a percepção de um únicoauxílio-alimentação, mediante opção.§3º O auxílio alimentação não será:incorporado ao vencimento, remuneração, provento ou pensão;configurado como rendimento tributável e nem sofrerá incidência de contribuição para o Plano de Seguridade Social doservidor público;caracterizado como salário-utilidade ou prestação salarial in natura.§4º O auxílio-alimentação será custeado com recursos do órgão ou entidade em que o servidor estiver em exercício,ressalvado o direito de opção pelo órgão ou entidade de origem.[...] (Grifo não original)

23. Sem embargo, em se tratando se servidores do Poder Judiciário, compete a este dispor sobre os valores pagos, naforma do art. 99 da CR, in verbis:

Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.§ 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demaisPoderes na lei de diretrizes orçamentárias.[...]

24. Enquanto que a Lei nº 11.798/2008, que dispõe sobre a composição e competência do Conselho da Justiça Federal, porsua vez revogou a Lei nº 8.472/1992 e deu outras providências. Eis a dicção de seu art. 5º, no que interessa:

Art. 5º. Ao Conselho da Justiça Federal compete:examinar e encaminhar ao Superior Tribunal de Justiça:a) proposta de criação ou extinção de cargos e fixação de vencimentos e vantagens dos juízes e servidores da JustiçaFederal de primeiro e segundo graus;

25. Utilizando-se desse poder regulamentar, o Conselho da Justiça Federal - CJF, por meio da Resolução 4, de 14.3.2008,assim disciplinou a questão:

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Art. 17. O auxílio-alimentação de que trata o art. 22 da Lei nº 8.460, de setembro de 1992, com a redação dada pela Lei nº9.527, de 10 de dezembro de 1997, será concedido, em pecúnia, na folha de pagamento do mês anterior ao decompetência do benefício, aos servidores em efetivo exercício.§1º Para fins deste artigo consideram-se servidores:os ocupantes de cargos efetivos; eos titulares de cargos em comissão ou funções comissionadas;§ 2º O auxílio-alimentação, de caráter indenizatório, destina-se a subsidiar à operacionalização do disposto neste capítulo,no âmbito interno da Administração dos mencionados órgãos. (Grifo não original)

Art. 30. Compete ao Presidente do Conselho da Justiça Federal e aos Presidentes dos Tribunais Regionais Federaisexpedir normas complementares necessárias à operacionalização do disposto neste capítulo, no âmbito interno daAdministração dos mencionados órgãos. (Grifei)

Art. 31. É de R$ 590,00 (quinhentos e noventa reais) o valor do auxílio-alimentação a ser pago aos servidores do Conselhoe da Justiça Federal de primeiro e segundo graus.Parágrafo único. A partir do exercício de 2008, quando houver alteração do valor a ser pago como auxílio-alimentação,deverá ser fixado em portaria do Presidente do conselho da Justiça Federal, de modo a se observar a disponibilidadeorçamentária e a sua distribuição isonômica entre o Conselho da Justiça Federal e os Tribunais Regionais Federais. (grifomeu)

26. Doutro vértice, a Portaria 88, da Presidência do referido Conselho, expedida em 30.11.2008, resolveu:

Art. 1º Fixar em R$ 630 (seiscentos e trinta reais) o valor do auxílio-alimentação a ser pago aos servidores do Conselho eda Justiça Federal de primeiro e segundo graus a partir de 1º de julho de 2009, observada a disponibilidade orçamentária.(grifo meu)

27. E, por fim, a Portaria Conjunta 5, de 5 de dezembro de 2011, unificou os valores per capita mensais e estabeleceu umapolítica conjunta de reajuste do auxílio-alimentação, nos seguintes termos:

“OS PRESIDENTES DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, DOS TRIBUNAIS SUPERIORES, DO CONSELHO DAJUSTIÇA FEDERAL, DO CONSELHO SUPERIOR DA JUSTIÇA DO TRABALHO E DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DODISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS, no uso de suas atribuições:CONSIDERANDO o disposto no art. 22 da Lei nº 8.460, de 17 de setembro de 1992, na redação dada pelo art. 3º da Lei nº9.527, de 10 de dezembro de 1997;CONSIDERANDO o disposto no art. 54, inciso IV, da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; eCONSIDERANDO a conveniência de unificar os valores per capita mensais e de estabelecer uma política conjunta dereajuste dos benefícios assistenciais de auxílio-alimentação e de assistência pré-escolar no âmbito do Poder Judiciário daUnião, resolvem:Art. 1º O valor mensal do auxílio-alimentação a ser pago no âmbito dos órgãos signatários desta portaria é fixado em R$710,00 (setecentos e dez reais), a partir de 20 de dezembro de 2011. [...]” (grifo meu)

28. O encadeamento lógico-normativo acima realçado denota que a fixação pela Portaria 88, do auxílio-alimentação novalor de R$ 630,00 (seiscentos de trinta reais) se pautou na discricionariedade conferida ao Conselho da Justiça Federal ede acordo com o disposto em seu art. 1º o qual prevê a observância da disponibilidade orçamentária. Resta saber se esseato normativo harmoniza-se com a garantia constitucional da isonomia.

29. Volvendo ao que foi explanado anteriormente, a eficácia do princípio da isonomia irradia seus efeitos somente diante desituações desiguais e arbitrárias, vale dizer, fundadas em motivo não razoável e desproporcional, e não sobre toda equalquer desigualdade factual e de conveniência e oportunidade regrada.

30. Vejamos. O pressuposto lógico ou motivo que embasa a concessão do auxílio-alimentação é a cobertura das despesasrealizadas com a alimentação do servidor, cujas cifras encontram fundamento não apenas em estudos sobre variaçãoacumulada de índices oficiais, como também em valores adotados em outros órgãos públicos federais, respeitados ospreços de refeição no mercado local, de par, necessariamente, com a disponibilidade orçamentária.

31. Assim, podem coexistir validamente, no âmbito do mesmo Poder, diferenciações regionalizadas quanto aos patamaresdo auxílio-alimentação desde que bem delineados cada um dos critérios de desigualação, de modo que se possa extrair, desua correlação lógica com o valor nominal atribuído ao benefício, um mínimo de razoabilidade e proporcionalidade,notadamente quando tais valores são paradigmaticamente confrontados.

32. In casu, o ato normativo apontado como paradigma, a Portaria Conjunta 5, de 5 de dezembro de 2011, representou umacréscimo de R$ 80,00 (oitenta reais) ao valor nominal atribuído ao auxílio-alimentação. Diante disso indaga-se: a fixação,pelo CJF de patamar indenizatório no importe de R$ 630,00 (seiscentos e trinta reais) afigura-se não razoável oudesproporcional em relação aos critérios que lhe serviram de suporte? Respeitosamente: assim não me parece.

33. Tenha-se presente, por primeiro, que a Portaria Conjunta 5, que unificou os valores per capita mensais do benefício,

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não alcança – por ausência de previsão normativa - os facta praeterita, projetando, dessarte, efeitos financeiros somentepara o futuro. Nada obstaria a que o ato normativo retroagisse seus efeitos para o passado, mas não o fez; donde seconclui, à míngua de outros elementos fático-jurídicos, no sentido de sua irretroatividade.

34. A título de ilustração, calha pertinente traçar breve panorama dos atos normativos expedidos por alguns dos Órgãos quemajoraram, anteriormente à Portaria Conjunta 5, o valor do auxílio-alimentação para R$ 710,00 (setecentos e dez reais),situando-os temporalmente:

DATAÓRGÃO FEDERALATO

18.06.2010STFDecisão do Excelentíssimo Ministro Presidente (fls. 123-124 do Processo Administrativo nº 328.186/2007), com efeitoretroativo a 1º de maio de 2010

18.06.2010CNJPortaria nº 127, com efeitos financeiros a partir de 1º de maio de 2010.

20.07.2010STMAto normativo nº 20, com efeitos financeiros a 1º maio de 2010.

09.12.2010TJDFTPortaria GPR 1.415/2010, a contar de 1º maio de 2010.

13.12.2010TSTAto nº 580/SEAOF.GDGSET.GP, em vigor na data de sua publicação, com efeitos financeiros a contar da folha depagamento do mês de maio de 2010.

29.11.2011TSEPortaria nº 593, com efeitos financeiros a partir de 20.12.2011.

35. Percebe-se, da análise do quadro esquemático, que tais Órgãos expressamente consignaram a modulação de seusefeitos financeiros, seja para o futuro (TSE) seja para o passado (STF, CNJ, STM, TJDFT e TST), de acordo com suaspossibilidades orçamentárias; sem embargo da reminiscência legítima, na mesma região metropolitana e no mesmo Poder,de valores inferiores, a exemplo do CJF.

36. Em segundo lugar, cumpre realçar que o acréscimo pecuniário no importe de apenas R$ 80,00 (oitenta reais) nãopermite, primo ictu oculi e sem maior exame analítico pela parte recorrida, inferir a desproporcionalidade do valor pretéritoem relação ao custo de vida local (defasagem do valor do benefício); muito ao revés, faz concluir – em razão de sua relativainexpressividade – pela adequação de política indenizatória, cuja alocação financeira embasa-se em critérios deoportunidade e conveniência comprometida com a melhoria da condição de vida dos servidores, sem que isso represente,por si só e necessariamente, a equiparação estrita de seus componentes, de par com as implicações orçamentárias eoutras avaliações autorizadas em Lei.

37. Por terceiro, o valor atribuído pela Portaria 88 do CJF (R$ 630,00), em si mesmo considerado, afigura-se razoável eadequado, prima facie, ao mister de custear as despesas com alimentação do servidor, até mesmo porquanto próximo aosalário mínimo nacional, o qual, como todos sabemos, é estipulado em razão das múltiplas necessidades humanas(alimentação, lazer, vestuário, higiene etc.), aquém do ideal, é verdade, mas dentro da realidade possível, ante as injunçõese conjuntura econômicas país afora.

38. Por fim, cumpre registrar a ausência de comprovação pela parte recorrida de que os valores fixados pelo CJF a título deauxílio-alimentação, não cumpriram o seu mister estrito no período postulado, revelando-se, por exemplo, em descompassocom o preço da alimentação no mercado local; ônus que de fato lhe incumbia, nos termos do art. 333, inciso I, do Código deProcesso Civil.

39. Por tudo isso, conclui-se que a desigualdade verificada na quantificação dos valores a título de auxílio-alimentação,dentre os órgãos do Poder Judiciário da União no período pretérito reclamado, por não ser arbitrária não contrasta com agarantia constitucional da isonomia à espécie.

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�40. Não se trata, in casu, da aplicação do enunciado da Sumula nº 339 do Supremo Tribunal Federal , ao qual não sesubsume verbas de natureza indenizatória – as quais se exaurem na finalidade específica - mas sim, de juízo – semembargos de posições em contrário – guiado pela razoabilidade, adequação e proporcionalidade.

41. Nesse passo, oportuno transcrever passagem da sentença proferida pela Juíza Federal RENATA ALICE SERAFIM DEOLIVEIRA, do 10º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Rio de Janeiro (Processo nº0000206-69.2012.4.02.5151, in verbis:

“(...) Não há, portanto, qualquer imposição legal a que o auxilio-alimentação seja uniforme para todos os servidores dacarreira do Poder Judiciário da União, independente dos órgãos onde estejam lotados, bastando seja o mesmo suficiente asubsidiar as despesas do servidor com a refeição por cada dia trabalhado. Esse é o pressuposto legal para a concessão dobenefício. E evidentemente que a fixação do valor desse benefício deve levar em conta a disponibilidade orçamentária decada órgão, também sob pena de violação ao preceito constitucional inserto no art. 169 da CR/88.”...

42. Na mesma trilha, recentemente manifestou-se a Turma Nacional de Uniformização – TNU:ADMINISTRATIVO. SERVIDORES PÚBLICOS DA JUSTIÇA FEDERAL. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DEEQUIPARAÇÃO COM SERVIDORES DOS TRIBUNAIS SUPERIORES, DO CNJ E DO TJDF. ISONOMIA. 1. O acórdãorecorrido reconheceu direito de servidor público federal da Justiça Federal de 1º e 2º graus em receber auxílio-alimentaçãocom o mesmo valor auferido pelos servidores dos tribunais superiores, do Conselho Nacional de Justiça e do Tribunal deJustiça do Distrito Federal e Territórios. O fundamento central da decisão foi a isonomia entre servidores ocupantes demesmo cargo. 2. O acórdão paradigma da 4ª Turma Recursal do Rio Grande do Sul, em contrapartida, considerou que aisonomia assegurada pelo art. 41, § 4º, da Lei nº 8.112/90 refere-se tão somente aos vencimentos, não tendo pertinênciacom a indenização de alimentação determinada por mera norma administrativa e custeada pelo órgão ou entidade em queo servidor estiver em exercício. 3. Está demonstrada divergência jurisprudencial em relação a questão de direito material. Oacórdão paradigma teve a autenticidade demonstrada com a indicação da URL que permite acesso na internet à fonte dojulgamento. 4. O art. 41, § 4º, da Lei nº 8.112/90 somente garante isonomia de vencimentos, de forma que não serve defundamento para estabelecer equiparação de auxílio-alimentação, verba com natureza indenizatória. 5. O art. 37, XIII, daConstituição Federal proíbe a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito deremuneração de pessoal do serviço público. 6. A Súmula nº 339 do STF enuncia que “Não cabe ao Poder Judiciário, quenão tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia”. Oauxílio-alimentação não tem natureza de vencimentos, mas as razões da súmula são mesmo assim aplicáveis para repelir arevisão do valor dessa vantagem com fundamento na isonomia. Em matéria de vantagens de servidores públicos, cumpreao legislador, e não ao Poder Judiciário, dar-lhe concretização. 7. O Supremo Tribunal Federal recentemente decidiu emagravo regimental em recurso extraordinário interposto contra acórdão da Turma Recursal do Rio Grande do Norte serimpossível majorar o valor de auxílio-alimentação sob fundamento de isonomia com servidores de outro órgão: “EMENTA:AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. SERVIDORES PÚBLICOS. REAJUSTEDE AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE EQUIPARAÇÃO DE VENCIMENTOS POR DECISÃO JUDICIALSOB O FUNDAMENTO DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ISONOMIA: SÚMULA N. 339 DO SUPREMO TRIBUNALFEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO” (RE-AgR 670974, Segunda Turma, Rel.CÁRMEN LÚCIA, DJ 10/10/2012). 8. Uniformizado o entendimento de que não cabe ao Poder Judiciário majorar o valor deauxílio-alimentação dos servidores da Justiça Federal de 1º e 2º graus com base no fundamento de isonomia com o valorauferido pelos servidores dos tribunais superiores, do Conselho Nacional de Justiça ou do Tribunal de Justiça do DistritoFederal e Territórios. 9. Incidente provido para reformar o acórdão recorrido, julgando improcedente a pretensão da parteautora. 10. O Presidente da TNU poderá determinar que todos os processos que versarem sobre esta mesma questão dedireito material sejam automaticamente devolvidos para as respectivas Turmas Recursais de origem, antes mesmo dadistribuição do incidente de uniformização, para que confirmem ou adequem o acórdão recorrido. Aplicação do art. 7º, VII,“a”, do regimento interno da TNU, com a alteração aprovada pelo Conselho da Justiça Federal em 24/10/2011.Acordam osmembros da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais dar provimento ao incidente de

�uniformização. (PEDILEF 05028447220124058501, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES, DOU 14/06/2013 pág.85/112.) (grifei)43. Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.44. Custas e honorários devidos, estes fixados em 10% sobre o valor da causa (art. 20, §4º, do CPC c/c art. 55 da Lei nº9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º Relator

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Assinado eletronicamente

mms/jesgecs

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

13 - 0000030-67.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000030-5/01) MIGUEL PEREIRA DOS SANTOS (ADVOGADO: ES008522- EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTONAUGUSTO FERNANDES.).PROCESSO: 0000030-67.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000030-5/01)RECORRENTE: MIGUEL PEREIRA DOS SANTOSADVOGADO (S): EDGARD VALLE DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): JAILTON AUGUSTO FERNANDES

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que deu parcial provimento ao recursoinominado interposto pela parte autora para anular a sentença que julgo julgou improcedente o pedido de concessão deauxílio-doença por não ter ficado comprovada a incapacidade do autor. O acórdão considerou que, em momento algum, asentença se referiu ao teor da causa de pedir exposta na inicial. Alega o embargante que o acórdão é absolutamenteomisso a respeito do entendimento da TNU, segundo o qual é dever do Poder Judiciário perquirir todos os requisitos legaispara a concessão de quaisquer benefícios previdenciários. Argumenta que, não havendo incapacidade que justifique aconcessão do benefício, não faz qualquer sentido a anulação da sentença.

Não há que se falar em omissão quanto a entendimentos diversos de outros órgãos. De qualquer forma esclareço que opresente caso apresenta uma peculiaridade. O INSS reconhecera expressamente, ainda em sede administrativa, aincapacidade do autor, tendo indeferido o benefício por considerar que a incapacidade teve início antes de seu reingressono RGPS. A situação é diversa daquela em que INSS não reconhece a incapacidade e, por isso, indefere o benefício, nadaaduzindo acerca dos demais requisitos legais

Por argumentação, registro que o precedente invocado pelo embargante nada tem que ver com o caso concreto. Comefeito, o INSS afirmou que a TNU tem precedente no sentido de que “... é dever do Juiz realizar a análise de todos osrequisitos legais para a concessão de benefícios previdenciários” (fl. 121). Contudo, não houve concessão de benefícioalgum, e sim anulação de sentença, donde se infere que o precedente invocado refere-se a hipótese fático-jurídicatotalmente diversa da existente nestes autos.

Perceba-se o absurdo proposto nos embargos de declaração: para anular uma sentença – porque se supõe haver nela errode procedimento –, este Colegiado estaria obrigado a manifestar-se sobre os requisitos de filiação, carência e incapacidade,como se estivesse a analisar a pertinência em deferir ou indeferir o benefício. Ora, pela leitura mesma do acórdão recorrido,afere-se que não seria viável aplicar os §§2º a 4º do artigo 515 do CPC no caso concreto.

Na eventualidade de o INSS interpor Pedido de Uniformização (Pedilef) dirigido à TNU, esse recurso não será dotado deefeito suspensivo, pelo simples fato de que não há sentença (por ora, anulada por esta TR) a se suspender; e não há quese falar em suspensão de efeitos condenatórios do acórdão proferido, visto que o mesmo não possui conteúdocondenatório. Em vista do exposto, havendo interposição de PEDILEF, a Secretaria das TR’s deverá informar ao Juízo aquo, mediante ofício, para dar andamento ao feito em primeiro grau de jurisdição; realizando outra prova pericial, se julgarnecessário; ou encaminhando ao perito os quesitos formulados pelo autor , caso entenda essa medida como sendo a maispertinente. Caso não seja viável ao Juízo a quo, por razão de ordem técnica, movimentar o feito originário

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(nº0000030-67.2010.4.02.5052), deverá ser tomada medida prática que viabilize o andamento do feito independentementedo processamento do PEDILEF (como, por exemplo, formação de autos físicos suplementares, com remessa dos mesmosao Juízo a quo).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO IMPROVIDOS.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

14 - 0000338-89.2013.4.02.5055/01 (2013.50.55.000338-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LAURITA ROSA(ADVOGADO: ES019402 - PATRICIA VITORIO BOA MORTE.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO:ES018685 - SUELLEM RIBEIRO BOTON, ES009141 - UDNO ZANDONADE.).Processo nº. 0000338-89.2013.4.02.5055/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de SerraRecorrente: LAURITA ROSARecorrida: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEFRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ESPERA EM FILA DEBANCO. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESTADUAL OU MUNICIPAL. INSUFICIÊNCIA. MERO DISSABOR. RECURSOIMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 10-18, em razão da sentença (fls.06-08) que julgou improcedente o pedido de indenização a título de dano moral, supostamente sofrido em decorrência dedemora na prestação de serviço, vale dizer, de espera em fila de banco.Sustenta a inaplicabilidade do art. 285-A do CPC em casos como o presente, dada a divergência jurisprudencial sobre otema no âmbito dos Tribunais Regionais Federais. Esclarece ter aguardado por aproximadamente 02 (duas) horas e 30(trinta) minutos na fila para ser atendido em uma das agências da recorrida (Agência 4190 – localizada no HospitalMetropolitano – fl. 04). Alega que a Lei do Município da Serra/ES nº 2.829/2005 estabelece o prazo de 15 (quinze) a 30(trinta) minutos como sendo tempo máximo de espera para que o cliente seja atendido na fila de qualquer agência bancáriainstalada no município. Argumenta que, por certo, a espera por tempo superior a quase quatro vezes o período fixado em leidenota inequívoco defeito na prestação de serviço, tendo o condão de expor o cliente a angústias, aflições e desequilíbrioem seu bem estar. Conclui no sentido de que o descaso da instituição financeira em atender à legislação de regência ésuficiente para transcender a esfera do mero aborrecimento do dia a dia e ensejar a reparação por dano moral. Pretende,assim, seja conhecido e provido o recurso, a fim de reformar totalmente a sentença de piso, para julgar procedente o pedidodeduzido na inicial.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 22-32.Inicialmente, nada a prover quanto à alegada inaplicabilidade do art. 285-A do Código de Processo Civil ao presente caso,na medida em que o julgamento liminar de improcedência não demanda a existência de jurisprudência pacífica dostribunais superiores ou do tribunal a que está vinculado o magistrado no mesmo sentido da sentença. Basta que hajasentença anterior do mesmo Juízo: i) em processo com pedido idêntico ao anteriormente julgado; b) que a sentença seja detotal improcedência; e c) que a matéria seja só de direito.Passo ao mérito. Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entesfederados legislar sobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípiossuplementar essa normatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito.A União editou o Código de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000,

�recentemente alterada pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do BancoCentral do Brasil – a BACEN (art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Municípiode Vitória a Lei nº 5.590/2002. Registre-se que o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislaçãomunicipal que positive normas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).No tocante à prestação de serviços bancários, há de destacar a necessidade de que sejam prestados em tempo adequado,tendo em vista os afazeres e a escassez de tempo das pessoas frente a inúmeros compromissos: profissional, comercial,de saúde, familiar, de estudo etc., de par com o que, diga-se, se paga de tarifas por esses serviços. No entanto, não éincomum a manutenção de quantidade insuficiente de pessoas para atendimento adequado em caixas de agênciasbancárias e outros setores, o que gera demora excessiva, transtornos e prejuízos para os clientes; tudo somado ao fato deque o expediente destinado ao público é reduzido em relação ao expediente de outros serviços.

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Contudo, a previsão de 15 (quinze) minutos estabelecida como tempo máximo, em dias normais, para atendimento�constante da Lei Municipal de Serra/ES nº 2.829/2005 não indica razoabilidade. É bastante exíguo e não expressa

adequação frente aos usos e costumes da população usuária e dos fornecedores dos serviços bancários, de modo aconfigurar conduta danosa e indenizável, tal como se encontra na norma. A experiência e a convivência diária denotam adificuldade, quando não impossibilidade de atendimento do limite de tempo prescrito, com potencial de não só gerardesencontros, atritos e lides evitáveis, mas também de levar a descrédito a lei.Qual seria, então, o tempo máximo razoável? Conquanto não seja papel do Poder Judiciário suprir lacuna legislativa ouatuar como legislador positivo, tem-se um parâmetro na legislação federal do que seria o tempo razoável de espera, mutatismutandis, na fila de um estabelecimento bancário. Trata-se do art. 7º da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Ordem dosAdvogados do Brasil – OAB). Lá se estabeleceu o tempo de espera máximo do Advogado para o ato judicial em 30 (trinta)minutos do horário previsto.Considerado o aspecto concorrencial entre as muitas instituições bancárias, surge como razoável o tempo máximo –portanto excepcional – de espera de 30 (trinta) minutos para o atendimento bancário. Ultrapassado esse prazo, estariaconfigurada a falha no serviço bancário “fato do serviço”, nos termos do art. 14 do CDC e tipificado como ilícito civil (art. 186do Código Civil). No caso em exame, a recorrente afirma ter ficado por aproximadamente 2 (duas) horas e 30 (trinta)minutos aguardando atendimento; destarte estaria, em tese, configurado o ato ilícito e o nexo de causalidade, havendoainda de se perquirir a existência de dano para ser reconhecido o dever de indenizar.Acontece que a situação idônea à caracterização de dano moral exige que a ofensa capaz de gerar, numa perspectiva donão aceitável pelo sentimento médio do meio social, um reflexo individual interno de tal ordem que expresse abalodiferenciado frente ao que a média dos cidadãos na convivência cotidiana.Ausentes esses atributos, a ofensa, embora existente, caso a caso, consubstancia aborrecimento absorvido pela dinâmicada vida comunitária. Portanto, frise-se, caso a caso, o aborrecimento não apresenta substrato jurígeno para ser indenizado.O dano moral, que é o aborrecimento com os atributos que o coloca para além do socialmente aceitável, v.g.: aquele quedesborda a realidade do cotidiano ou que tenha afetado o sentimento de honra da recorrente sob o ângulo protetivo dadignidade humana, sim.No caso específico deste processo, trata-se de aborrecimento. Senão vejamos: a necessidade de comparecimento aosbancos e atendimento pelos caixas e gerentes é uma realidade nacional. Não obstante, os bancos disponibilizam meiosalternativos aos clientes, tais como caixas de auto-atendimento, agendamento e internet. Sabe-se que na prática, nemsempre atendem plenamente às necessidades dos usuários. Por outro lado, nada impede que os clientes, em tese, mudemde banco. Na verdade, a liberdade de escolha é uma expressão da auto-regulação de mercado.Noutro vértice, nos casos nos quais o cliente não possa optar por outra instituição bancária (FGTS, PIS,Seguro-Desemprego), estar-se-ia diante de caso de dano patrimonial, e não moral. Não se estar a concordar ou a justificara falha noticiada pela recorrente. Mas certo é que seus efeitos, embora indesejáveis, podem ser absorvidos – repita-se,mas não aceitos – como atendimento demorado e anômalo e que tem que ser mudado, mas não, neste caso,necessariamente como dano moral, mas, p. ex., pela presença fiscalizadora do setor do Poder Público com atribuiçõespreferencialmente proativas, de modo a, ao assegurar o atendimento respeitoso ao cidadão, obviar demandas evitáveiscomo esta.Não é outro o entendimento que predomina na jurisprudência pátria:AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ESPERA EM FILA DE BANCO POR TEMPO SUPERIOR AO E MEIA HORA FIXADO PORLEGISLAÇÃO LOCAL - INSUFICIÊNCIA DA SÓ INVOCAÇÃO LEGISLATIVA ALUDIDA - OCORRÊNCIA DE DANOMORAL AFASTADO PELA SENTENÇA E PELO COLEGIADO ESTADUAL APÓS ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIASFÁTICAS DO CASO CONCRETO - PREVALÊNCIA DO JULGAMENTO DA ORIGEM. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ -RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.1.- A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximode espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, quepodem ser provocadas pelo usuário.2.- Afastado pela sentença e pelo Acórdão, as circunstâncias fáticas para configuraçãodo dano moral, prevalece o julgamento da origem (Súmula 7/STJ).3.- Recurso Especial improvido. (REsp 1340394/SP, Rel.Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 10/05/2013) (grifo nosso)

CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ESPERA EM FILA DE BANCO. CEF. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL.INSUFICIÊNCIA. DANO MORAL INEXISTÊNCIA. 1. De acordo com a jurisprudência, "a só invocação de legislaçãomunicipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito àindenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelo usuário". (REsp 1218497/MT, Ministro

�Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJe 17/09/2012). 2. Apelação improvida. (AC 200836000005768, DESEMBARGADORFEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA, TRF1 - QUINTA TURMA, e-DJF1 DATA:16/11/2012 PAGINA:751.) (grifo nosso)

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. ESPERA EM FILA DE BANCO POR PERÍODO SUPERIOR A 1 (UMA) HORA. DANOMORAL NÃO CONFIGURADO. AFASTAMENTO DE INDENIZAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA.HONORÁRIOS DEVIDOS PELA PARTE AUTORA. APELO PROVIDO. 1. Apelação Cível em Ação Ordinária, interpostacontra sentença que julgou procedente o pedido formulado pela parte autora, no sentido de obter indenização decorrente dedemora no atendimento bancário, fixada esta em R$3.000,00 (três mil reais), corrigida monetariamente a partir da data daprolação da sentença. A magistrada de primeiro grau deixou assentado que a indenização, nessa hipótese, tem comofundamento o fato de o cidadão não poder ser compelido a suportar as conseqüências da má organização, abuso e falta deeficiência, decorrente do mau atendimento da CEF. Deve ser frisado que o tempo de espera do Apelado resultou em 1(uma) hora e 25 (vinte e cinco) minutos, fato não contestado pela ora Recorrente. 2. Para a caracterização do dano moral,cabe averiguar a ocorrência de perturbação nas relações psíquicas, nos sentimentos, nos afetos e na tranqüilidade de umapessoa, em decorrência do ato cometido por terceiro, resultando em afronta ao direito do bem estar emocional, afetivo epsicológico, que importa em diminuição do gozo destes bens, o que leva ao dever de indenizar. 3. Não restou comprovadonos autos dano moral passível de indenização, não bastando a simples alegação, de forma genérica, de demora superior a

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1 (uma) hora de atendimento bancário para fazer incidir a reparação por danos morais, merecendo a comprovação doconstrangimento, o qual não pode ser confundido com mero dissabor ou aborrecimento. 4. O fato não foi capaz de ensejarqualquer sofrimento ou lesão psicológica ao autor, de forma que descabe indenização por dano moral, não havendoviolação ao princípio da dignidade da pessoal humana, por se tratar de mero dissabor para o Apelado. 5. Inversão do ônusda sucumbência. Honorários arbitrados em R$200,00 (duzentos reais) em desfavor da parte autora. 6. Apelo conhecido eprovido. (AC 200985000004153, Desembargador Federal Francisco Barros Dias, TRF5 - Segunda Turma, DJE -Data:18/11/2010 – p. 373). (grifo nosso)

DIREITO CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. TEMPO de ESPERA. FILA DE BANCO. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. LEINº 1.758/2001. TANGARÁ da SERRA/MT. OFENSA À DIGNIDADE da PESSOA HUMANA. INEXISTÊNCIA.RESPONSABILIDADE NÃO CARACTERIZADA. I - O desrespeito da instituição financeira ao tempo máximo de 30 minutospara atendimento do cliente, estabelecido em lei municipal, pode ensejar a aplicação das medidas de advertência e multaprevistas na respectiva legislação, mas a condenação à indenização por dano moral exige a ocorrência de lesão capaz deatingir a dignidade da pessoa humana, o que não se verifica no presente caso. II - Recurso improvido. (Processo234087520074013, JULIER SEBASTIÃO da SILVA, TR1 - 1ª Turma Recursal - MT, DJMT 26/06/2009.) (grifo nosso)Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Defiro o benefício da Gratuidade de Justiça postulado à fl. 18, haja vista ainda não apreciado e por restar configurada asituação de pobreza exigida pelo art. 5º, LXXIV, da Constituição da República. Em sendo assim, sem condenação emcustas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

JESXKEB/jesgecs

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

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15 - 0002637-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002637-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.) x JOSE ANTONIO COSTA (ADVOGADO:ES002111 - ALTAIR CARLOS GOMES.).PROCESSO: 0002637-25.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002637-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): TELMA SUELI FEITOSA DE FREITASRECORRIDO: JOSE ANTONIO COSTAADVOGADO (S): ALTAIR CARLOS GOMES

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ATIVIDADE ESPECIAL. VIGILANTE. USO DE ARMA DE FOGO. CONTRADIÇÃO NÃOCONFIGURADA.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão que negou provimento ao recurso inominadopor ele interposto e manteve sentença que o condenou a conceder aposentadoria por tempo de contribuição à parte autora,com proventos integrais e efeitos retroativos à data do requerimento administrativo. Para tanto, a sentença reconheceucomo especial o período de 20/06/1978 a 28/04/1995, considerando que o autor trabalhou como vigilante e utilizou arma defogo. Alega o embargante, para efeito de prequestionamento, a inexistência de prova quanto à utilização de arma de fogo econtrariedade com a jurisprudência da TNU.

Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e do art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas. No presentecaso, o embargante aponta contradição entre o acórdão e a jurisprudência da TNU.

Ocorre que a contradição referida nos arts. 535 do CPC e 48 da Lei nº 9.099/95 deve se configurar entre as disposiçõesconstantes do próprio acórdão e não entre suas disposições e as de outro julgado. Menos ainda pode se configurarcontradição quando se trata da interpretação dada pelo acórdão ao aresto nele mencionado e a interpretação que a partesustenta ser a correta.

Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado.

Pelo exposto, nego provimento aos embargos de declaração.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

16 - 0008963-40.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008963-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES009181 - ERIKA SEIBEL PINTO.) x AUGUSTO DA PENHA (ADVOGADO: ES010851 -RENATA GOES FURTADO, ES011137 - PABLO LUIZ ROSA OLIVEIRA, ES000016A - EDISON ALVES FURTADO.).PROCESSO: 0008963-40.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008963-4/01)RECORRENTE: CAIXA ECONÔMICA FEDERALADVOGADO (S): ERIKA SEIBEL PINTORECORRIDO: AUGUSTO DA PENHAADVOGADO (S): RENATA GOES FURTADO, EDISON ALVES FURTADO, PABLO LUIZ ROSA OLIVEIRA

VOTO-EMENTA

Trata-se de embargos de declaração opostos pela parte autora em face do acórdão de fls. 152/154, que negou provimentoao recurso inominado interposto pela Caixa Econômica Federal contra a sentença que julgou procedente o pedido deaplicação da taxa progressiva de juros sobre o saldo da conta vinculada de FGTS da parte autora. Alega a embargante queo acórdão contém omissão, pois, sendo vencida a empresa embargada, deveria ter sido condenada no pagamento dascustas e honorários advocatícios.O Plenário do Supremo Tribunal Federal, em 08/09/2010, julgou procedente a ADI nº 2736- 1, declarando, com efeitos extunc, a inconstitucionalidade do artigo 9º da Medida Provisória nº 2.164-41/2001 na parte em que introduziu o artigo 29-C naLei nº 8.036/90 (Nas ações entre o FGTS e os titulares de contas vinculadas, bem como naquelas em que figurem osrespectivos representantes ou substitutos processuais, não haverá condenação em honorários advocatícios). O acórdãoembargado deixou de condenar a recorrente vencida em honorários advocatícios, a despeito do disposto no art. 55 da Lei

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nº 9.099/95, sem nada aduzir a respeito, pelo que resta configurada a omissão apontada.No que diz respeito às custas, contudo, não é cabível a condenação da CEF em razão do disposto no artigo 24-A da Lei nº9.028/95.Pelo exposto, conheço dos embargos e a eles DOU PROVIMENTO para reconhecer a omissão apontada e, sanando-a,com fulcro nos fundamentos constantes do item 2, alterar o item 12 do acórdão embargado para condenar a CEF emhonorários advocatícios de 10% do valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

17 - 0005190-21.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.005190-0/01) ROMANO FERNANDES (ADVOGADO: ES010477 -FABIANO ODILON DE BESSA LURETT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: IsabelaBoechat B. B. de Oliveira.).Processo nº 0005190-21.2006.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaEmbargante: ROMANO FERNANDESEmbargado: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO - EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO.IMPOSSIBILIDADE DE CÔMPUTO DOS SALÁRIOS-DE-CONTRIBUIÇÃO RELATIVOS AO PERÍODO DE 1996 A 2002.AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO. RASURA NA CTPS. INEXISTÊNCIA DERECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES. CONTRADIÇÃO. VÍCIO NÃO CONSTATADO. INCONFORMISMO. EMBARGOSDESPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 261-264, em razão deacórdão proferido por esta Turma Recursal (fls. 258-259). Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foicontraditório ao concluir pela ausência de comprovação de vínculo empregatício já reconhecido administrativamente peloINSS. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de contradição no julgado.

Inexiste contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, sobretudo no que tange à comprovação da existência de vínculo empregatício no períodovindicado.

Nesse ponto, calha pertinente rememorar fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“3. De fato, a alteração salarial anotada pela sociedade empresária Kiepper Transporte Ltda., especificamente em relação a1996, encontra-se rasurada (fl. 48), inexistindo elementos de prova aptos a corroborar o vínculo empregatício nesse ano.

4. O recorrente alega que a análise global da CTPS permite concluir pela veracidade dos dados lançados. Não concordo.Ao revés, a ausência de anotação das férias relativamente ao período aquisitivo de 1996 (fl. 49), somente corrobora ainveracidade da alteração.

5. Consigne-se, intimada a organização para apresentar os livros contábeis e financeiros no período de 1995 a 2002,informou um dos sócios, na fl. 182, que esta “encerrou duas atividades em 1995, por motivo de situação financeirainsuficiente para o devido funcionamento da mesma. Porém, o funcionário Romano Fernandes, que naquela época eramotorista da empresa acima, permaneceu prestando serviços diversos para a família pertencente ao quadro de sócios daKiepper Transporte Ltda, até junho de 2002, e por conseqüência, não foram recolhido a previdência, pela empresa, pormotivos já mencionado acima. Quanto aos documentos solicitados no período de 1995 a 2002, não será possível seremapresentados por motivos dos mesmos terem sido extraviados e ou perdidos” (sic).

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6. Decerto o recolhimento das contribuições previdenciárias é atribuição inafastável do empregador (art. 30, inciso V, da Leinº 8.212/1991), não podendo, por si só, significar prejuízos para o empregado (Precedente: AC 9802215236,Desembargadora Federal MARIA HELENA CISNE, TRF2 - PRIMEIRA TURMA ESPECIALIZADA, DJU - Data::30/06/2008 -Página::313). Entretanto, do substrato fático-probatório acostado não emergem elementos suficientes para a inclusão, nocômputo da renda mensal inicial, dos alegados salários-de-contribuição entre os anos de 1996 e 2002.

7. Por fim, descabido o pleito de anulação da sentença, ante a desnecessidade de audiência de instrução e julgamento,haja a vista a inexistência de razoável início de prova material e demais diligências realizadas pela magistrada.” (fls.258-259)

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o magistrado, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegaçõesdas partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, detal sorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem quese achem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesgecs

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18 - 0100749-92.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100749-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIAO PEDROGONÇALVES (ADVOGADO: SC013520 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 -SAYLES RODRIGO SCHUTZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULABARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0100749-92.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100749-9/01)RECORRENTE: SEBASTIAO PEDRO GONÇALVESADVOGADO (S): CARLOS BERKENBROCK, SAYLES RODRIGO SCHUTZ, RODRIGO FIGUEIREDORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN

VOTO-EMENTA

Trata-se de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos pela parte autora em face do acórdão que (i) deu provimento aorecurso inominado por ela interposto para reconhecer o interesse de agir e reformar a sentença que extinguiu o feito semresolução do mérito, e (ii) com fulcro no art. 269, I, e art. 515, § 3º, do CPC, julgou improcedente o pedido de revisão dosbenefícios previdenciários de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91. Alegao embargante que “as cartas de concessão de fls. 21/24 colacionada aos autos já foi revisada conforme acordado na ACP0002320-59.2012.4.03.6183” e que o INSS não demonstrou nos autos o pagamento dos valores atrasados, pelo que ademanda deve ser julgada procedente, encontrando-se equivocada a decisão do juízo.

2. Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos noart. 535 do CPC e no art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo

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julgamento da matéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para aviabilização de eventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presenteomissão de ponto fundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razõesdesenvolvidas. No presente caso, o embargante sequer apontou qualquer dos referidos vícios.

3. De qualquer forma, esclareço que o acórdão julgou improcedente o pedido, tendo em vista que Conforme severifica na carta de concessão do benefício (fls. 22/24), o INSS desconsiderou as 22 (vinte e duas) contribuições de menorvalor, do total de 107 (cento e sete), cumprindo exatamente o disposto no art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, ao calcular obenefício com a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo o períodocontributivo (item 5). O mesmo expôs o INSS na contestação de fls. 29/35, comprovando, por meio do documento de fl. 42,que a revisão do benefício do autor não importa em alteração de nenhum dado básico. Por óbvio, as cartas de concessãodos benefícios (fls. 21/24) não foram emitidas após o acordo judicial firmado em ação civil pública, como se sugere nospresentes embargos.

4. Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

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19 - 0000401-34.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000401-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x FRANCISCO CARLOS PEREIRA DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES017915 - Lauriane Real Cereza, ES016751 - Valber Cruz Cereza.).Processo nº 0000401-34.2010.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: FRANCISCO CARLOS PEREIRA DE OLIVEIRARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. USO DE EQUIPAMENTO DEPROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. INOVAÇÃORECURSAL. PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 157-162, em razão de acórdãoproferido por esta Turma Recursal (fls. 153-154). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado foi omisso econtraditório, porquanto não se manifestou expressamente sobre as normas constitucionais que incidem na temática dautilização de Equipamento de Proteção Individual – EPI eficaz. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios eprequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, inclusive no que tange à utilização de Equipamento de Proteção Individual –EPI eficaz.

Nesse ponto, calha pertinente rememorar fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“7. Sobre o afastamento ou não da especialidade do serviço em virtude do uso eficaz do equipamento de proteção individualidentificamos três entendimentos: 1) o do INSS, para o qual, em quaisquer períodos trabalhados, havendo prova sobre aefetiva eliminação ou neutralização do agente nocivo, não caberá o enquadramento da atividade como especial; 2) o dojudiciário, para quem “o uso de equipamento de proteção individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de

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exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço prestado (verbete nº 09 da Súmula da TNU) e 3) o doutrinário,pelo qual comprovada a adequada utilização do EPI e a eficácia do equipamento utilizado, o período especial não deve serconsiderado especial após a Lei 9.732, de 13 de dezembro de 1998.8. Nessa ordem de ideias, a posição adotada pelo judiciário, plasmada na Súmula nº 09 da TNU, parece-me a maisavisada.9. Com efeito, em que pese o protetor auricular eliminar a possibilidade de perda auditiva ocasionada por níveis pressóricoselevados, não se pode afirmar com idêntica precisão que esse equipamento neutralize os efeitos extra-auditivos do ruído(fadiga, depressão, stress, impotência, dentre outros).10. Assim, ainda que comprovado o uso eficaz do equipamento de proteção individual no LTCAT, faz jus o recorrido àaverbação do período impugnado como tempo especial.” (fls. 153-154)

Quanto à aventada tese de que o período compreendido entre 01.06.1999 a 26.09.2008 não deve ser reconhecido comoespecial, eis que o CNIS (fl. 48) informa que o vínculo empregatício teve uma intermitência, ou seja, não foi contínuo, tendosido encerrado em 29.03.2007 e retomado em 12.08.2008, verifica-se que, em verdade, não fora arguida nestes termos emnenhuma outra oportunidade nos autos, cuidando-se, pois, de questão nova, incabível de ser aduzida em sede deembargos de declaração, haja vista tal espécie recursal ter por único escopo expurgar eventual obscuridade, contradição,omissão ou dúvida do julgado combatido, conforme já salientado no item nº 02.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os dispositivos legais que a partealega incidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de ProcessoCivil, pois o magistrado, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas asalegações das partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentoslevantados, de tal sorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos dedeclaração, sem que se achem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de suaincidência.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesgecs

20 - 0000542-07.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000542-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x JOSE RODRIGUES DA SILVA(ADVOGADO: ES017409 - RAFAELLA CHRISTINA BENÍCIO, ES015723 - GERALDO BENICIO.).Processo nº 0000542-07.2011.4.02.5055/01 – Juízo de Origem: 1ª VF da SerraEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: JOSE RODRIGUES DA SILVARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. USO DE EQUIPAMENTO DEPROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

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Trata-se de embargos de declaração opostos pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 157-164, em razão de acórdãoproferido por esta Turma Recursal (fls. 153-154). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado foi omisso econtraditório, porquanto não se manifestou expressamente sobre as normas constitucionais que incidem na temática dautilização de Equipamento de Proteção Individual – EPI eficaz. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios eprequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, inclusive no que tange à utilização de Equipamento de Proteção Individual –EPI eficaz.

Nesse ponto, calha pertinente rememorar fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“5. Noutro vértice, sobre o afastamento ou não da especialidade do serviço em virtude do uso eficaz do equipamento deproteção individual, a posição adotada pelo judiciário, plasmada na Súmula nº 09 da TNU, parece-me a mais avisada.” (fl.154)

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os dispositivos legais que a partealega incidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de ProcessoCivil, pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas asalegações das partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentoslevantados, de tal sorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos dedeclaração, sem que se achem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de suaincidência.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesgecs

21 - 0000236-10.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000236-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x BERNADINO RAMOS (ADVOGADO:MG129454 - GASPARINO RODRIGUES DOS SANTOS JUNIOR.).

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Processo nº 0000236-10.2012.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF da LinharesEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: BERNADINO RAMOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. USO DE EQUIPAMENTO DEPROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 108-115, em razão de acórdãoproferido por esta Turma Recursal (fls. 104-105). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado foi omisso econtraditório, porquanto não se manifestou expressamente sobre as normas constitucionais que incidem na temática dautilização de Equipamento de Proteção Individual – EPI eficaz. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios eprequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, inclusive no que tange à utilização de Equipamento de Proteção Individual –EPI eficaz.

Nesse ponto, calha pertinente rememorar fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“5. Noutro vértice, sobre o afastamento ou não da especialidade do serviço em virtude do uso eficaz do equipamento deproteção individual, a posição adotada pelo judiciário, plasmada na Súmula nº 09 da TNU, parece-me a mais avisada.” (fl.105)

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os dispositivos legais que a partealega incidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de ProcessoCivil, pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas asalegações das partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentoslevantados, de tal sorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos dedeclaração, sem que se achem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de suaincidência.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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jesgecs

22 - 0004951-07.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004951-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JORGE LUIZ DIAS(ADVOGADO: ES018446 - GERALDO BENICIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x OS MESMOS.Processo nº 0004951-07.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: JORGE LUIZ DIASRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. USO DE EQUIPAMENTO DEPROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO DESPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 134-138, em razão de acórdãoproferido por esta Turma Recursal (fls. 130-131). Alega o embargante, em resumo, que o julgado guerreado foi omisso econtraditório, porquanto não se manifestou expressamente sobre as normas constitucionais que incidem na temática dautilização de Equipamento de Proteção Individual – EPI eficaz. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios eprequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada, inclusive no que tange à utilização de Equipamento de Proteção Individual –EPI eficaz.

Nesse ponto, calha pertinente rememorar fragmento elucidativo do julgado, in verbis:

“7. Noutro vértice, sobre o afastamento ou não da especialidade do serviço em virtude do uso eficaz do equipamento deproteção individual, a posição adotada pelo judiciário, plasmada na Súmula nº 09 da TNU, parece-me a mais avisada”. (fl.131)

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os dispositivos legais que a partealega incidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de ProcessoCivil, pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas asalegações das partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentoslevantados, de tal sorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos dedeclaração, sem que se achem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de suaincidência.

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

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Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesgecs

23 - 0000322-54.2007.4.02.5053/02 (2007.50.53.000322-5/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNASA - FUNDACAONACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x LUIS CARLOS PIANTAVINHA x UNIAOFEDERAL (PROCDOR: ARLINDO PALASSI FILHO.).Processo nº 0000322-54.2007.4.02.5053/02 – Juízo de origem: 1ª VF LinharesRecorrente: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARecorridos: LUIS CARLOS PIANTAVINHA e UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS.NÃO INCIDÊNCIA. PEDIDO DE SUSPENSÃO DA RETENÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA DA FUNASA. PEDIDO DEREPETIÇÃO DO INDÉBITO. LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇAREFORMADA.Trata-se de recurso inominado interposto pela ré da demanda em primeiro grau às fls. (154-171), em razão da sentença(fls. 131-135) que extinguiu o processo sem resolução de mérito em relação à União por ilegitimidade passiva ad causam ejulgou procedente o pedido para condenar a FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA a pagar ao recorrido o valor deR$ 180,53 (cento e oitenta reais e cinquenta e três centavos), atualizados até setembro/2007, bem como a se abster deefetuar o desconto na remuneração do servidor, relativo à contribuição para o Plano de Seguridade Social (PSS), incidentesobre o adicional de 1/3 de férias.Oportuno registrar que, por meio do acórdão proferido às fls. 116-117, esta Turma Recursal anulou a sentença de fls.76-80, ao entendimento de ser da FUNASA a legitimidade para figurar no polo passivo desta demanda enquantoresponsável tributário pelo recolhimento da questionada contribuição social, determinando, pois, sua citação; de outra parte,extinguiu o feito sem resolução de mérito em relação à União. Procedida à citação da FUNASA, foi proferida nova sentençaàs fls. 131-135, a qual ora se impugna.Pois bem. Sustenta a FUNASA, em suas razões, a preliminar de ilegitimidade passiva ad causam, sob a alegativa de nãopossuir qualquer ingerência sobre o desconto da mencionada contribuição previdenciária, o qual é efetuado diretamente emfolha de pagamento de todos os servidores do Poder Executivo. No entanto, caso se entenda pela legitimação, pugna sejareconhecido estar adstrita ao pedido de abstenção dos descontos efetuados, não abarcando o pleito de restituição dosvalores retidos. No mérito, assevera que não tendo sido excluído o adicional em questão da base de cálculo da aludidacontribuição, consoante se dessume do art. 4º, §1º, incisos I a X, da Lei nº 10.887/2004, não pode a Administração Públicadeixar de proceder aos questionados recolhimentos. Ademais, ressalta o nítido caráter remuneratório do adicional de 1/3 deférias. Afirma, outrossim, que o regime previdenciário do servidor público acha-se fundado no princípio da solidariedade,conforme art. 40 da CR/88, não tendo o financiamento da previdência como contrapartida necessária a previsão deprestações específicas ou proporcionais em favor do contribuinte. Pretende o acolhimento da preliminar, ou,subsidiariamente, a total reforma do julgado.Contrarrazões da União às fls. 197-198. Não foram apresentadas contrarrazões pela parte autora, conforme fl. 202.No que concerne à arguição de ilegitimidade passiva da FUNASA, embora à luz dos arts. 7º e 119, ambos do CódigoTribunal Nacional não se possa extrair a condição de sujeito ativo da exação em debate, tem atuação de relevo no contexto,porquanto à autarquia cumpre a obrigação de não fazer atinente à suspensão dos recolhimentos que venham a serconsiderados indevidos.Vê-se assim que, no plano fático, o fato gerador e suas consequências até chegar aos cofres da União estão sob seucontrole e autoridade, e, tal a densidade dessa autoridade, vinculada é certo, que, não se mostra razoável nemrecomendável, ante o teor do art. 47 do Código de Processo Civil, conjugado com o art. 10 da Lei nº 9.099/1995 e com oart. 1º da Lei nº 10.259/2001, excluí-la da relação jurídico-tributária. Nesse sentido é, p. ex. o julgado no âmbito do SuperiorTribunal de Justiça a seguir transcrito:PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. PEDIDO DE SUSPENSÃO DA RETENÇÃO. LEGITIMIDADE DA UNIVERSIDADEFEDERAL. PEDIDO DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO. LEGITIMIDADE DA UNIÃO. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO.1. Não havendo no acórdão omissão, contradição ou obscuridade capaz de ensejar o acolhimento da medida integrativa, talnão é servil para forçar a reforma do julgado nesta instância extraordinária. Com efeito, afigura-se despicienda, nos termosda jurisprudência deste Tribunal, a refutação da totalidade dos argumentos trazidos pela parte, com a citação explícita de

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todos os dispositivos infraconstitucionais que aquela entender pertinentes ao desate da lide.2. A fonte de validade da contribuição social destinada ao custeio do regime próprio de previdência dos servidores públicosfederais é extraída, atualmente, dos arts. 40, caput, 149, caput, e 195, inc. II, da Constituição da República (CR/88). Dessesdispositivos se extrai que a instituição do tributo é de competência da União, sendo a prestação descontada diretamentedos vencimentos dos servidores e repassada ao Fundo Previdenciário da União. Ademais, a União também é responsávelpela cobertura de eventuais insuficiências financeiras do regime decorrentes do pagamento de benefícios previdenciários(art. 8º, parágrafo único, da Lei n. 10.887/2004).3. A entidade ou o órgão ao qual esteja vinculado o servidor é responsável apenas pelo recolhimento da contribuição, que érepassada para a União, não integrando tais exações o patrimônio do pessoa jurídica responsável pela retenção.4. Quando se demanda em razão do recolhimento indevido da contribuição, deve-se indicar no polo passivo tanto aentidade responsável pelo recolhimento quanto a União. Isso porque cumpre àquela a obrigação de não fazer atinente àsuspensão dos recolhimentos indevidos, enquanto em relação à União se busca a condenação à devolução dos valores jávertidos.5. In casu, a demanda tem por objeto também a restituição do indébito tributário relativo à cobrança de contribuição socialprevista na Lei n. 9.783/99. Dessarte, a União Federal detém a legitimidade para figurar no polo passivo desta demanda, naqualidade de sujeito ativo do tributo e por ter recebido os valores (in)devidamente retidos dos vencimentos dos servidores,em razão de sua responsabilidade pelo custeio do regime próprio de previdência. Ao seu lado, deve figurar a entidaderesponsável pela retenção dos valores, em relação apenas ao pedido relativo à obrigação de não fazer (suspensão daretenção).6. "Por conseguinte, sendo a União destinatária dos recursos referentes ao custeio das aposentadorias e pensões dosservidores públicos, cabendo a ela restituir parcelas indevidamente descontadas, e sendo os descontos procedidos pelaUniversidade Federal de Santa Maria, ambas devem figurar no pólo passivo da presente demanda, formando-se, assim,litisconsórcio necessário, conforme dispõe o art. 47 do CPC" (REsp 670.651/RS, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma,DJ 16/04/2007).Assim colocado, merece ser acolhida a preliminar de ilegitimidade passiva da FUNASA apenas e tão somente no queconcerne ao pleito de repetição dos valores indevidamente retidos, por ser da União a legitimação para tanto.Passo ao mérito. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, em julgamento de Incidente de Uniformização

�Jurisprudencial, acolheu a Petição nº 7.296-PE e na linha da orientação do Supremo Tribunal Federal firmou oentendimento segundo o qual não incide contribuição previdenciária sobre o terço constitucional de férias, ante a naturezaindenizatória, uma vez que não se incorpora à remuneração do servidor para fins de aposentadoria.Consigne-se, o direito ao adicional de ao menos um terço a mais que a remuneração normal foi estabelecidoconstitucionalmente como direito dos trabalhadores urbanos e rurais e estendido aos servidores públicos. Esse adicionaltem por objetivo premiar e proporcionar ao trabalhador no período de férias um aporte financeiro num momento de gastosexcepcionais. Assim, sua natureza não é remuneratória, mas indenizatória.Dentro dessa linha, a verba não se incorpora para fins de aposentação. Aqui tem lugar o raciocínio que lastreia areferibilidade ou retributividade, enquanto requisito ínsito às contribuições em geral; as quais se dirigem e por isso colocamcomo contribuintes específicos determinadas categorias à conta da relação de causa e finalidade. Esse é o traço distintivodos impostos (art. 167, inciso IV, da Constituição da República). Exceção parcial encontra-se no art. 195 da CR/88, uma vezque determina que as contribuições sociais do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) serão custeadas por toda asociedade.Nesse sentido, a jurisprudência a seguir transcrita:RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO-MATERNIDADE E FÉRIASUSUFRUÍDAS. AUSÊNCIA DE EFETIVA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PELO EMPREGADO. NATUREZA JURÍDICA DAVERBA QUE NÃO PODE SER ALTERADA POR PRECEITO NORMATIVO. AUSÊNCIA DE CARÁTER RETRIBUTIVO.AUSÊNCIA DE INCORPORAÇÃO AO SALÁRIO DO TRABALHADOR. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃOPREVIDENCIÁRIA. PARECER DO MPF PELO PARCIAL PROVIMENTO DO RECURSO. RECURSO ESPECIAL PROVIDOPARA AFASTAR A INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE O SALÁRIO-MATERNIDADE E ASFÉRIAS USUFRUÍDAS. 1. Conforme iterativa jurisprudência das Cortes Superiores, considera-se ilegítima a incidência deContribuição Previdenciária sobre verbas indenizatórias ou que não se incorporem à remuneração do Trabalhador. 2. Osalário-maternidade é um pagamento realizado no período em que a segurada encontra-se afastada do trabalho para afruição de licença maternidade, possuindo clara natureza de benefício, a cargo e ônus da Previdência Social (arts. 71 e 72da Lei 8.213/91), não se enquadrando, portanto, no conceito de remuneração de que trata o art. 22 da Lei 8.212/91. 3.Afirmar a legitimidade da cobrança da Contribuição Previdenciária sobre o salário-maternidade seria um estímulo àcombatida prática discriminatória, uma vez que a opção pela contratação de um Trabalhador masculino será sobremaneiramais barata do que a de uma Trabalhadora mulher. 4. A questão deve ser vista dentro da singularidade do trabalhofeminino e da proteção da maternidade e do recém nascido; assim, no caso, a relevância do benefício, na verdade, devereforçar ainda mais a necessidade de sua exclusão da base de cálculo da Contribuição Previdenciária, não havendorazoabilidade para a exceção estabelecida no art. 28, § 9o., a da Lei 8.212/91. 5. O Pretório Excelso, quando do julgamentodo AgRg no AI 727.958/MG, de relatoria do eminente Ministro EROS GRAU, DJe 27.02.2009, firmou o entendimento de queo terço constitucional de férias tem natureza indenizatória. O terço constitucional constitui verba acessória à remuneraçãode férias e também não se questiona que a prestação acessória segue a sorte das respectivas prestações principais.Assim, não se pode entender que seja ilegítima a cobrança de Contribuição Previdenciária sobre o terço constitucional, decaráter acessório, e legítima sobre a remuneração de férias, prestação principal, pervertendo a regra áurea acimaapontada. 6. O preceito normativo não pode transmudar a natureza jurídica de uma verba. Tanto no salário-maternidadequanto nas férias usufruídas, independentemente do título que lhes é conferido legalmente, não há efetiva prestação deserviço pelo Trabalhador, razão pela qual, não há como entender que o pagamento de tais parcelas possuem caráterretributivo. Consequentemente, também não é devida a Contribuição Previdenciária sobre férias usufruídas. 7. Da mesmaforma que só se obtém o direito a um benefício previdenciário mediante a prévia contribuição, a contribuição também só se

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justifica ante a perspectiva da sua retribuição futura em forma de benefício (ADI-MC 2.010, Rel. Min. CELSO DE MELLO);dest'arte, não há de incidir a Contribuição Previdenciária sobre tais verbas. 8. Parecer do MPF pelo parcial provimento doRecurso para afastar a incidência de Contribuição Previdenciária sobre o salário-maternidade. 9. Recurso Especial providopara afastar a incidência de Contribuição Previdenciária sobre o salário-maternidade e as férias usufruídas. (RESP201200974088, NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:08/03/2013 RDDT VOL.:00212PG:00153 RIOBTP VOL.:00287 PG:00176 RSTJ VOL.:00230 PG:00389 ..DTPB:.) (grifei)

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DO STJ E DO STF. ALEGADA OFENSA ÀCLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (CF, ART. 97). NÃO OCORRÊNCIA. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. "A PrimeiraSeção do Superior Tribunal de Justiça, na linha de orientação adotada pelo Supremo Tribunal Federal, revendo seuposicionamento, firmou compreensão segundo a qual não incide contribuição previdenciária sobre 'o terço constitucional deférias, verba que detém natureza indenizatória por não se incorporar à remuneração do servidor para fins de aposentadoria'(Pet 7.296/PE, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJe 10/11/09)" (AgRg na Pet 7.207/PE, de minha relatoria, DJe 15/9/10) 2. Nãocaracteriza ofensa à reserva de plenário a interpretação dispensada por órgão fracionário de Tribunal a dispositivo de leique, mediante legítimo processo hermenêutico, tem sua incidência limitada. 3. Agravo regimental não provido. (AGARESP201201826431, ARNALDO ESTEVES LIMA, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:09/05/2013 ..DTPB:.) (grifei)No mesmo sentido, o entendimento consagrado no Enunciado nº 39 desta Turma Recursal, verbis: “Não incide contribuiçãoprevidenciária sobre o terço constitucional de férias ou quaisquer outras parcelas não incorporáveis ao salário de servidorpúblico”. (DIO - Boletim da Justiça Federal, 14/12/07, pág. 03 - Anexo).

Destarte, merece reparo a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento para: i) reconhecer a ilegitimidade passiva daFUNASA em relação ao pleito de repetição dos valores indevidamente retidos a título de contribuição previdenciária sobre oterço constitucional de férias, e ii) condenar a União a restituir ao recorrido referidos valores, observada a prescriçãoquinquenal e com atualização pela taxa SELIC até o mês do efetivo pagamento.

Custas isentas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Sem condenação em honorários advocatícios ante asucumbência recíproca (CPC, art. 21).

ACÓRDÃODecide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesgecs

24 - 0000754-39.2008.4.02.5053/02 (2008.50.53.000754-5/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x JOÃO CARLOS DE ALMEIDA (ADVOGADO: ES012916 - MARIADE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).Processo nº. 0000754-39.2008.4.02.5053/02 – Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente: UNIÃO

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Recorrido:JOÃO CARLOS DE ALMEIDARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IMPOSTO DE RENDA. COMPLEMENTO DEAPOSENTADORIA. BIS IN IDEM. ENTENDIMENTO DO STJ E DA TNU. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado (fls. 99-105) interposto pela UNIÃO, em razão de sentença às fls. 93-97 que julgouprocedente o pedido de não incidência do imposto de renda sobre os benefícios de previdência privada até o limite do quefoi recolhido exclusivamente pela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/1988, bem como à restituição do respectivoindébito, deduzidos os valores já percebidos a título de restituição do próprio imposto de renda.Sustenta a nulidade da sentença, ao argumento de julgamento extra petita e ainda, a incidência da prescrição quinquenal.Pretende assim, a reforma do julgado.Contrarrazões às fls. 109-118.Os pedidos versando inexigibilidade de imposto de renda e restituição sobre o que se comprovar indevidamente cobradosobre a complementação de aposentadoria expressam compatibilidade e relação de complementaridade entre si. Assim,inexiste a inépcia arguida pela recorrente.A questão de mérito recursal encontra amparo na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e da Turma Nacional deUniformização dos Juizados Especiais Federais, conforme verbis: “não incide imposto de renda sobre os benefícios deprevidência privada auferidos a partir de janeiro de 1996 até o limite do que foi recolhido exclusivamente pelos beneficiários(excluídos os aportes das patrocinadoras) sob a égide da Lei nº 7.713/1988, ou seja, entre 01.01.1989 e 31.12.1995 ouentre 01.01.1989 e a data de início da aposentadoria, se anterior a janeiro de 1996”. PEDILEF 200685005020159, RelatoraJuíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJe de 09.02.2009.No que se refere à prescrição, o Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nº 566.621/RS,assentou que nas ações de repetição ou compensação de indébito tributário ajuizadas após o decurso da vacatio legis de120 dias prevista na Lei Complementar nº 118/2005, o prazo prescricional é de cinco anos, a despeito da data dopagamento considerado indevido. Assim, se a ação tiver sido proposta depois de 09.06.2005, a consagrada tese dos “cincomais cinco” não mais pode ser aplicada para regular a prescrição.Noutro vértice, “o termo inicial da prescrição é o mês em que o beneficiário efetivamente passou a perceber o benefíciocorrespondente à aposentadoria complementar, sempre posteriormente a 1995, eis que a Lei nº 9.250/1995 passou aproduzir efeitos a partir de janeiro de 1996” (AgRg no REsp 1042540/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA,julgado em 20.05.2010, DJe 14.06.2010).6. Como o(a) recorrido(a) aposentou-se em 15.05.2007 (fl. 18) e a presente ação foi ajuizada em 15.12.2008 (fl. 01), nãoestá prescrita a pretensão de repetição das retenções do imposto de renda sobre o benefício.7. Nesse passo, os requisitos para o reconhecimento do pedido são: (1) que tenham ocorrido contribuições no período dejaneiro de 1989 a dezembro de 1995, e não se afigura indispensável – caso a caso – a exibição de toda a documentaçãocomprobatória, eis que a aferição completa do valor do alegado bis in idem tributário poderá ser feita na fase de execuçãoda sentença e (2) que o servidor esteja aposentado. No caso sob exame, os documentos apresentados demonstram opreenchimento dos dois requisitos, quais sejam: contribuições no período de janeiro de 1989 a dezembro de 1995 (fls.90-91) e aposentadoria em 15.05.2007 (fl. 18).8. Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.9. Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos moldes do art. 55, segundaparte, da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade, mantendo-se a sentença, na forma da ementa, parte integrante dojulgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

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gabd

25 - 0006785-50.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006785-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x JACONIAS ALVES (ADVOGADO: ES012643 -THIAGO AARÃO DE MORAES.).Processo nº 0006785-50.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:JACONIAS ALVESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM A REDAÇÃO DA PELA LEI Nº11.960/2009. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO RESP1.270.439. RECURSO PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base namédia dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo,desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999. Determinou, outrossim, que, ao valor em execução, serão acrescidas as diferençasdecorrentes da nova RMI apurada nas prestações vincendas do benefício até a efetiva implantação da mesma, casoaquelas não sejam pagas administrativamente, bem como os encargos de correção monetária e juros de mora de 1% aomês a partir da citação, estes incidentes até a expedição do respectivo ofício requisitório de pagamento.

Sustenta, em resumo, i) aplicabilidade imediata do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº11.960/2009, aos processos em curso quando do advento da alteração legislativa, tendo em vista o caráter processual danorma; ii) constitucionalidade da Lei nº 11.960/2009; iii) incidência dos juros apenas até a data de elaboração dos cálculoshomologados judicialmente, sob pena de importar capitalização, visto que, homologado o cálculo de liquidação,descaracterizada está a mora do ente público. Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para queseja determinada a incidência dos juros de mora no montante previsto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dadapela Lei 11.960/2009, desde a citação até a data de apresentação dos cálculos homologados judicialmente.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 69).

Pois bem. No que concerne à incidência plena do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação do art. 5º da Lei nº11.960/2009, diante do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal das ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF, em razão dapossibilidade de modulação temporal de seus efeitos, oportuno destacar o entendimento adotado por esta 1ª TurmaRecursal em diversos julgados proferidos na sessão de 26.02.2014, como exemplo destaco, por elucidativo, um dosarestos, unânime, relatado pelo Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES, in verbis:

“Processo: 0002834-14.2010.4.03.5050/01 - VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PROVIDOS PARADETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997.

(...)

13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos os

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processos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Embargos de declaração conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucionala fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1%e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo observar,no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”

Assim sendo, em relação a esse aspecto a sentença, de fato, merece ser ajustada, para adequá-la ao entendimentofirmado pelo Superior Tribunal de Justiça, no REsp 1.270.439, e encampado por esta Turma Recursal, de modo que, sobreo valor da condenação, até 29.06.2009 incidirão juros de mora de 1% (um por cento) a.m. e, a partir de 30.06.2009 a regrado art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação da Lei nº 11.960/2009. A correção monetária dar-se-á pelo Índice Nacionalde Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A, caput, da Lei nº 8.213/1991.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

JESGECS

26 - 0104007-29.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.104007-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x NIER SÉRGIO CORDEIROBARBOSA (ADVOGADO: ES017197 - ANDERSON MACOHIN.).Processo nº 0104007-29.2013.4.02.5001/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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Recorrido:NIER SÉRGIO CORDEIRO BARBOSARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.RECURSO PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA ACRESCIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base namédia dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo,desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologadanos autos da Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de formaescalonada, mediante razoável cronograma de pagamento; ii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil públicaproduz coisa julgada com efeito erga omnes; iii) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS,de 15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); iv) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; v)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 95-103.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados com

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finanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto ao recomeço doprazo prescricional pela metade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

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Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento, apenas para pronunciar a prescrição das parcelasanteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação (Súmula nº 85 do STJ).

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

JESGECS

27 - 0100910-05.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100910-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x MARIA DAS GRAÇAS SOARES PAIXÃO(ADVOGADO: SC013520 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 - SAYLESRODRIGO SCHUTZ.).Processo nº 0100910-05.2012.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrida: MARIA DAS GRAÇAS SOARES PAIXÃO

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Relator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.RECURSO PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base namédia dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo,desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologadanos autos da Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de formaescalonada, mediante razoável cronograma de pagamento; ii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil públicaproduz coisa julgada com efeito erga omnes; iii) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS,de 15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); iv) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 72-77.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

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Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

De outra parte, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto ao recomeço do referido prazo prescricional pelametade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida, para pronunciar a prescrição dasparcelas anteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento, apenas para pronunciar a prescrição das parcelasanteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação (Súmula nº 85 do STJ).

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Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesgecs

28 - 0100462-95.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100462-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x JOÃO CLEBER DA ROCHA(ADVOGADO: ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO.).Processo nº 0100462-95.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS

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Recorrido: JOÃO CLEBER DA ROCHARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.RECURSO PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou procedenteo pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologadanos autos da Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de formaescalonada, mediante razoável cronograma de pagamento; ii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil públicaproduz coisa julgada com efeito erga omnes; iii) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS,de 15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); iv) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 69).

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

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Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

De outra parte, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto ao recomeço do referido prazo prescricional pelametade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida, para pronunciar a prescrição dasparcelas anteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento, apenas para pronunciar a prescrição das parcelasanteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação (Súmula nº 85 do STJ).

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Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesgecs

29 - 0004010-23.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004010-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x JANES MARIA MEIRELES ROSEMBERG.Processo nº 0004010-23.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrida: JANES MARIA MEIRELES ROSEMBERGRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DO

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MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.RECURSO PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base namédia dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo,desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologadanos autos da Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de formaescalonada, mediante razoável cronograma de pagamento; ii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil públicaproduz coisa julgada com efeito erga omnes; iii) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS,de 15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); iv) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 50).

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, inciso

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VI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

De outra parte, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto ao recomeço do referido prazo prescricional pelametade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida, para, em relação ao benefício deaposentadoria por invalidez NB 32/506.135.296-0, pronunciar a prescrição das parcelas anteriores ao quinquênio queprecedeu o ajuizamento desta ação.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento, apenas para, em relação ao benefício de aposentadoriapor invalidez NB 32/506.135.296-0, pronunciar a prescrição das parcelas anteriores ao quinquênio que precedeu oajuizamento desta ação.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

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ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesgecs

30 - 0100442-07.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100442-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x JOSE CARLOS TOBIAS(ADVOGADO: ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO.).Processo nº 0100442-07.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:JOSE CARLOS TOBIASRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.RECURSO PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA ACRESCIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou procedenteo pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologadanos autos da Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de formaescalonada, mediante razoável cronograma de pagamento; ii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil públicaproduz coisa julgada com efeito erga omnes; iii) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS,de 15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importa

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reconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); iv) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; v)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 63-69.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

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Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto ao recomeço doprazo prescricional pela metade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento, apenas para pronunciar a prescrição das parcelasanteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação (Súmula nº 85 do STJ).

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

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JESGECS

31 - 0100626-60.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100626-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x LUCIANO ALVES RIBEIRO (ADVOGADO:SC013520 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 - SAYLES RODRIGOSCHUTZ.).Processo nº 0100626-60.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:LUCIANO ALVES RIBEIRORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL APARTIR DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCORECONHECIMENTO DO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DASPARCELAS ANTERIORES AO QUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DOSUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RECURSO PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou procedenteo pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, apenasestabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelas Procuradorias narevisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importa reconhecimento do direitosubjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razão pela qual não há falar eminterrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); ii) que, caso se entenda pela interrupção da prazoprescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) julgar improcedente a pretensão autoral; b)eventualmente, o reconhecimento da prescrição quinquenal.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 48-51.

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Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso no Processo nº201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná, relatora JuízaFederal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto ao recomeço doprazo prescricional pela metade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida, para pronunciar a prescrição dasparcelas anteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

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Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

JESGECS

32 - 0002706-23.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002706-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x MARCELO ABDALLA HENRIQUE(ADVOGADO: ES015993 - FREDERICO DOMINGOS ALTREIDER IABLONOWSKY.).Processo nº 0002706-23.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:MARCELO ABDALLA HENRIQUERelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO APENAS DAS PARCELASANTERIORES AO QUINQUÊNIO QUE PRECEDEU A EDIÇÃO DO MEMORANDO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou procedenteo pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologadanos autos da Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de formaescalonada, mediante razoável cronograma de pagamento; ii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil públicaproduz coisa julgada com efeito erga omnes; iii) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS,de 15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); iv) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; v)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal.

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As contrarrazões encontram-se nas fls. 76-95.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto ao recomeço doprazo prescricional pela metade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

Considerando que a ação foi ajuizada em data anterior a 15.10.2012 (fl. 20), faz jus a parte recorrida às parcelas devidasdentro do quinquênio que precedeu a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, a dizer, desde 15.04.2005, restandoprescritas as parcelas anteriores a esta data, conforme assentado na sentença recorrida.

Por essas razões, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, merece ser mantida asentença recorrida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensos

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fundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e negar provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

JESGECS

33 - 0100386-71.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100386-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x CLIVES ANTONIO COSTA (ADVOGADO:ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR, ES023056 - ANDERSON MACOHIN, ES017733 - THIAGO HUVER DE

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JESUS.).Processo nº 0100386-71.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:CLIVES ANTONIO COSTARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL APARTIR DO MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCORECONHECIMENTO DO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DASPARCELAS ANTERIORES AO QUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DOSUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RECURSO PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base namédia dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo,desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, apenasestabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelas Procuradorias narevisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importa reconhecimento do direitosubjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razão pela qual não há falar eminterrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); ii) que, caso se entenda pela interrupção da prazoprescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) julgar improcedente a pretensão autoral; b)eventualmente, o reconhecimento da prescrição quinquenal.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 69-77.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamente

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revista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso no Processo nº201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná, relatora JuízaFederal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto ao recomeço doprazo prescricional pela metade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida, para, em relação ao benefício deaposentadoria por invalidez NB 32/506.795.735-9, pronunciar a prescrição das parcelas anteriores ao quinquênio queprecedeu o ajuizamento desta ação.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesgecs

34 - 0000836-06.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000836-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x EDUARDO ALTAFIM SANTANA (ADVOGADO:ES014023 - RAUL DIAS BORTOLINI, ES013758 - VINICIUS DINIZ SANTANA.).Processo nº 0000836-06.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:EDUARDO ALTAFIM SANTANARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DO

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MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM A REDAÇÃO DA PELA LEI Nº 11.960/2009. CONSEQUÊNCIAS DA DECLARAÇÃO DEINCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO RESP 1.270.439. RECURSO PROVIDOEM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base namédia dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo,desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) plena aplicabilidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009,até que o Supremo Tribunal Federal defina o exato alcance do julgamento proferido nas ADIs nºs 4.357/DF e 4.425/DF,consoante orientação firmada pelo Superior Tribunal de Justiça no Resp 1.205.946/SP, submetido ao rito dos recursosrepetitivos; ii) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologada nos autos daAção Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de forma escalonada,mediante razoável cronograma de pagamento; iii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil pública produzcoisa julgada com efeito erga omnes; iv) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); v) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; vi)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal; e que os juros de mora sejam conforme o art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação dada pela Lei nº11.960/2009, eis que plenamente vigente, porquanto o julgamento das ADIs 4.425 e 4.357, pende de modulação dos efeitostemporais, segundo exposto nas razões recursais precedentes.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 100-102.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados com

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finanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto ao recomeço doprazo prescricional pela metade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida para, relativamente ao benefíciopensão por morte (NB 21/137.622.321-7), pronunciar a prescrição das parcelas anteriores ao quinquênio que precedeu oajuizamento desta ação; mantido o entendimento do magistrado sentenciante quanto ao benefício de auxílio-doença (NB31/506.180.996-0).

Em relação à discussão acerca do pleito da observância plena do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação do art. 5ºda Lei nº 11.960/2009, diante do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal das ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF, em razão dapossibilidade de modulação temporal de seus efeitos; oportuno destacar o entendimento adotado por esta 1ª TurmaRecursal em diversos julgados proferidos na sessão de 26.02.2014, como exemplo destaco, por elucidativo, um dosarestos, unânime, relatado pelo Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES, in verbis:

“Processo: 0002834-14.2010.4.03.5050/01 - VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PROVIDOS PARADETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997.

(...)

13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)

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afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Embargos de declaração conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucionala fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1%e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo observar,no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”

Assim sendo, também em relação a esse aspecto a sentença merece ser ajustada, vale dizer, em conformidade com oentendimento do Superior Tribunal de Justiça, REsp 1.270.439, até 29.06.2009 os juros de mora serão de 1% (um porcento) a.m. e, a partir de 30.06.2009 incide a regra do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação da Lei nº 11.960/2009.A correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A, caput, da Lei nº8.213/1991.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento, apenas para, relativamente ao benefício pensão pormorte (NB 21/137.622.321-7), pronunciar a prescrição das parcelas anteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamentodesta ação

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo emvista a sucumbência recíproca (CPC, art. 21).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer do

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recurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

JESGECS

35 - 0100749-58.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100749-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x IZALMIRA NEVES PEREIRA(ADVOGADO: ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR, ES017197 - ANDERSON MACOHIN, ES017733 - THIAGOHUVER DE JESUS.).Processo nº 0100749-58.2013.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida: IZALMIRA NEVES PEREIRARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM A REDAÇÃO DA PELA LEI Nº 11.960/2009. CONSEQUÊNCIAS DA DECLARAÇÃO DEINCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO RESP 1.270.439. RECURSO PROVIDOEM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base namédia dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo,desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) plena aplicabilidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009,até que o Supremo Tribunal Federal defina o exato alcance do julgamento proferido nas ADIs nºs 4.357/DF e 4.425/DF,consoante orientação firmada pelo Superior Tribunal de Justiça no Resp 1.205.946/SP, submetido ao rito dos recursosrepetitivos; ii) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologada nos autos daAção Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de forma escalonada,mediante razoável cronograma de pagamento; iii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil pública produzcoisa julgada com efeito erga omnes; iv) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); v) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; vi)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal; e que os juros de mora sejam conforme o art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação dada pela Lei nº11.960/2009, eis que plenamente vigente, porquanto o julgamento das ADIs 4.425 e 4.357, pende de modulação dos efeitostemporais, segundo exposto nas razões recursais precedentes.

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As contrarrazões encontram-se nas fls. 98-112.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto ao recomeço doprazo prescricional pela metade com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida, para pronunciar a prescrição dasparcelas anteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação.

Em relação à discussão acerca do pleito da observância plena do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação do art. 5ºda Lei nº 11.960/2009, diante do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal das ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF, em razão dapossibilidade de modulação temporal de seus efeitos; oportuno destacar o entendimento adotado por esta 1ª TurmaRecursal em diversos julgados proferidos na sessão de 26.02.2014, como exemplo destaco, por elucidativo, um dosarestos, unânime, relatado pelo Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES, in verbis:

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“Processo: 0002834-14.2010.4.03.5050/01 - VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PROVIDOS PARADETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997.

(...)

13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Embargos de declaração conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucionala fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1%e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo observar,no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”

Assim sendo, também em relação a esse aspecto a sentença merece ser ajustada, vale dizer, em conformidade com oentendimento do Superior Tribunal de Justiça, REsp 1.270.439, até 29.06.2009 os juros de mora serão de 1% (um porcento) a.m. e, a partir de 30.06.2009 incide a regra do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação da Lei nº 11.960/2009.A correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A, caput, da Lei nº8.213/1991.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muito

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pacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo emvista a sucumbência recíproca (CPC, art. 21).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

JESGECS

36 - 0104309-08.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104309-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x JOSE CARLOS SILVA (ADVOGADO: SC015426 -SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.).Processo nº 0104309-08.2013.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:JOSE CARLOS SILVARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 11.960/2009. CONSEQUÊNCIAS DA DECLARAÇÃODE INCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO RESP 1.270.439. RECURSO

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PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base namédia dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo,desprezando-se os 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redaçãodada pela Lei nº 9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) plena aplicabilidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009,até que o Supremo Tribunal Federal defina o exato alcance do julgamento proferido nas ADIs nºs 4.357/DF e 4.425/DF,consoante orientação firmada pelo Superior Tribunal de Justiça no Resp 1.205.946/SP, submetido ao rito dos recursosrepetitivos; ii) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologada nos autos daAção Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de forma escalonada,mediante razoável cronograma de pagamento; iii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil pública produzcoisa julgada com efeito erga omnes; iv) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); v) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; vi)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal; e que os juros de mora sejam conforme o art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação dada pela Lei nº11.960/2009, eis que plenamente vigente, porquanto o julgamento das ADIs 4.425 e 4.357, pende de modulação dos efeitostemporais, segundo exposto nas razões recursais precedentes.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 81-87.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

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Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto ao recomeço doprazo prescricional pela metade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida, para pronunciar a prescrição dasparcelas anteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação.

Em relação à discussão acerca do pleito da observância plena do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação do art. 5ºda Lei nº 11.960/2009, diante do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal das ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF, em razão dapossibilidade de modulação temporal de seus efeitos; oportuno destacar o entendimento adotado por esta 1ª TurmaRecursal em diversos julgados proferidos na sessão de 26.02.2014, como exemplo destaco, por elucidativo, um dosarestos, unânime, relatado pelo Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES, in verbis:

“Processo: 0002834-14.2010.4.03.5050/01 - VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PROVIDOS PARADETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997.

(...)

13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes a

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questões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Embargos de declaração conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucionala fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1%e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo observar,no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”

Assim sendo, também em relação a esse aspecto a sentença merece ser ajustada, vale dizer, em conformidade com oentendimento do Superior Tribunal de Justiça, REsp 1.270.439, até 29.06.2009 os juros de mora serão de 1% (um porcento) a.m. e, a partir de 30.06.2009 incide a regra do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação da Lei nº 11.960/2009.A correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A, caput, da Lei nº8.213/1991.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo emvista a sucumbência recíproca (CPC, art. 21).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

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JESGECS

37 - 0100650-25.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100650-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x SEBASTIAO COELHO ROCHA (ADVOGADO:ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR, ES017197 - ANDERSON MACOHIN, ES017733 - THIAGO HUVER DEJESUS.).Processo nº 0100650-25.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:SEBASTIAO COELHO ROCHARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM A REDAÇÃO DA PELA LEI Nº 11.960/2009. CONSEQUÊNCIAS DA DECLARAÇÃO DEINCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO RESP 1.270.439. RECURSO PROVIDOEM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou procedenteo pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) plena aplicabilidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009,até que o Supremo Tribunal Federal defina o exato alcance do julgamento proferido nas ADIs nºs 4.357/DF e 4.425/DF,consoante orientação firmada pelo Superior Tribunal de Justiça no Resp 1.205.946/SP, submetido ao rito dos recursosrepetitivos; ii) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologada nos autos daAção Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de forma escalonada,mediante razoável cronograma de pagamento; iii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil pública produzcoisa julgada com efeito erga omnes; iv) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); v) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; vi)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal; e que os juros de mora sejam conforme o art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação dada pela Lei nº11.960/2009, eis que plenamente vigente, porquanto o julgamento das ADIs 4.425 e 4.357, pende de modulação dos efeitostemporais, segundo exposto nas razões recursais precedentes.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 71-83.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se na

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inexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto ao recomeço doprazo prescricional pela metade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida, para pronunciar a prescrição dasparcelas anteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação.

Em relação à discussão acerca do pleito da observância plena do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação do art. 5ºda Lei nº 11.960/2009, diante do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal das ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF, em razão dapossibilidade de modulação temporal de seus efeitos; oportuno destacar o entendimento adotado por esta 1ª TurmaRecursal em diversos julgados proferidos na sessão de 26.02.2014, como exemplo destaco, por elucidativo, um dosarestos, unânime, relatado pelo Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES, in verbis:

“Processo: 0002834-14.2010.4.03.5050/01 - VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃO

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MONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PROVIDOS PARADETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997.

(...)

13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Embargos de declaração conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucionala fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1%e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo observar,no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”

Assim sendo, também em relação a esse aspecto a sentença merece ser ajustada, vale dizer, em conformidade com oentendimento do Superior Tribunal de Justiça, REsp 1.270.439, até 29.06.2009 os juros de mora serão de 1% (um porcento) a.m. e, a partir de 30.06.2009 incide a regra do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação da Lei nº 11.960/2009.A correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A, caput, da Lei nº8.213/1991.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

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Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo emvista a sucumbência recíproca (CPC, art. 21).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

JESGECS

38 - 0100344-56.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.100344-5/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x CLEONICE DA SILVA FERNANDES(ADVOGADO: SC013520 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 - SAYLESRODRIGO SCHUTZ.).Processo nº 0100344-56.2012.4.02.5050/02 - Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida:CLEONICE DA SILVA FERNANDESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM A REDAÇÃO DA PELA LEI Nº 11.960/2009. CONSEQUÊNCIAS DA DECLARAÇÃO DEINCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO RESP 1.270.439. RECURSO PROVIDOEM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou procedenteo pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) plena aplicabilidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009,até que o Supremo Tribunal Federal defina o exato alcance do julgamento proferido nas ADIs nºs 4.357/DF e 4.425/DF,consoante orientação firmada pelo Superior Tribunal de Justiça no Resp 1.205.946/SP, submetido ao rito dos recursosrepetitivos; ii) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologada nos autos daAção Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de forma escalonada,mediante razoável cronograma de pagamento; iii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil pública produzcoisa julgada com efeito erga omnes; iv) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importa

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reconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); v) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; vi)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal; e que os juros de mora sejam conforme o art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação dada pela Lei nº11.960/2009, eis que plenamente vigente, porquanto o julgamento das ADIs 4.425 e 4.357, pende de modulação dos efeitostemporais, segundo exposto nas razões recursais precedentes.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 96-103.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso no

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Processo nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, esta Turma Recursal possui o entendimento assente quanto ao recomeçodo prazo prescricional pela metade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida, para pronunciar a prescrição dasparcelas anteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação.

Em relação à discussão acerca do pleito da observância plena do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação do art. 5ºda Lei nº 11.960/2009, diante do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal das ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF, em razão dapossibilidade de modulação temporal de seus efeitos; oportuno destacar o entendimento adotado por esta 1ª TurmaRecursal em diversos julgados proferidos na sessão de 26.02.2014, como exemplo destaco, por elucidativo, um dosarestos, unânime, relatado pelo Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES, in verbis:

“Processo: 0002834-14.2010.4.03.5050/01 - VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PROVIDOS PARADETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997.

(...)

13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Embargos de declaração conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucionala fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1%e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo observar,no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”

Assim sendo, também em relação a esse aspecto a sentença merece ser ajustada, vale dizer, em conformidade com oentendimento do Superior Tribunal de Justiça, REsp 1.270.439, até 29.06.2009 os juros de mora serão de 1% (um porcento) a.m. e, a partir de 30.06.2009 incide a regra do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação da Lei nº 11.960/2009.A correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A, caput, da Lei nº8.213/1991.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com a

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matéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo emvista a sucumbência recíproca (CPC, art. 21).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

JESGECS

39 - 0100439-52.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100439-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x EDSON PEREIRA LOPES (ADVOGADO:ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO.).Processo nº 0100439-52.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:EDSON PEREIRA LOPESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTO

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DO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM A REDAÇÃO DA PELA LEI Nº 11.960/2009. CONSEQUÊNCIAS DA DECLARAÇÃO DEINCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO RESP 1.270.439. RECURSO PROVIDOEM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou procedenteo pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) plena aplicabilidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009,até que o Supremo Tribunal Federal defina o exato alcance do julgamento proferido nas ADIs nºs 4.357/DF e 4.425/DF,consoante orientação firmada pelo Superior Tribunal de Justiça no Resp 1.205.946/SP, submetido ao rito dos recursosrepetitivos; ii) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologada nos autos daAção Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de forma escalonada,mediante razoável cronograma de pagamento; iii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil pública produzcoisa julgada com efeito erga omnes; iv) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); v) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; vi)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal; e que os juros de mora sejam conforme o art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação dada pela Lei nº11.960/2009, eis que plenamente vigente, porquanto o julgamento das ADIs 4.425 e 4.357, pende de modulação dos efeitostemporais, segundo exposto nas razões recursais precedentes.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 61-67.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parte

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recorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto ao recomeço doprazo prescricional pela metade, com base com nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida, para pronunciar a prescrição dasparcelas anteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação.

Em relação à discussão acerca do pleito da observância plena do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação do art. 5ºda Lei nº 11.960/2009, diante do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal das ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF, em razão dapossibilidade de modulação temporal de seus efeitos; oportuno destacar o entendimento adotado por esta 1ª TurmaRecursal em diversos julgados proferidos na sessão de 26.02.2014, como exemplo destaco, por elucidativo, um dosarestos, unânime, relatado pelo Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES, in verbis:

“Processo: 0002834-14.2010.4.03.5050/01 - VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PROVIDOS PARADETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997.

(...)

13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,

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considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Embargos de declaração conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucionala fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1%e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo observar,no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”

Assim sendo, também em relação a esse aspecto a sentença merece ser ajustada, vale dizer, em conformidade com oentendimento do Superior Tribunal de Justiça, REsp 1.270.439, até 29.06.2009 os juros de mora serão de 1% (um porcento) a.m. e, a partir de 30.06.2009 incide a regra do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação da Lei nº 11.960/2009.A correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A, caput, da Lei nº8.213/1991.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo emvista a sucumbência recíproca (CPC, art. 21).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

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Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

JESGECS

40 - 0000443-81.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000443-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x DEBORA SCHWARTZ SOARES.Processo nº 0000443-81.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida:DEBORA SCHWARTZ SOARESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA ACRESCIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou procedenteo pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologadanos autos da Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de formaescalonada, mediante razoável cronograma de pagamento; ii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil públicaproduz coisa julgada com efeito erga omnes; iii) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS,de 15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); iv) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; v)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 60).

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº

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0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre o recomeço do prazo prescricional, esta Turma Recursal possui entendimento assentede que referido prazo voltou a correr pela metade, nos termos do arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

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Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento, apenas para pronunciar a prescrição das parcelasanteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação (Súmula nº 85 do STJ)

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

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JESGECS

41 - 0102784-88.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102784-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x DELMA DOS ANJOS PINTO(ADVOGADO: ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO, ES018483 - LÍVIA NOGUEIRA ALMEIDA, ES019897 -PAULO HENRIQUE MARÇAL MONTEIRO, ES013495 - BERNARDO JEFFERSON BROLLO DE LIMA.).Processo nº 0102784-88.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida:DELMA DOS ANJOS PINTORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.RECURSO PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA ACRESCIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou procedenteo pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologadanos autos da Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de formaescalonada, mediante razoável cronograma de pagamento; ii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil públicaproduz coisa julgada com efeito erga omnes; iii) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS,de 15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); iv) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 80-91.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valores

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atrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; neste

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caso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento, apenas para pronunciar a prescrição das parcelasanteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação (Súmula nº 85 do STJ).

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

JESGECS

42 - 0100759-05.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100759-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x DANIEL AVILA FILHO (ADVOGADO: ES011114 -FELIPE SILVA LOUREIRO, ES017197 - ANDERSON MACOHIN.).Processo nº 0100759-05.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:DANIEL AVILA FILHORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.RECURSO PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA ACRESCIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou procedenteo pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologadanos autos da Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de formaescalonada, mediante razoável cronograma de pagamento; ii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil públicaproduz coisa julgada com efeito erga omnes; iii) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS,de 15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); iv) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; v)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de mérito

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por ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 91-99.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, a partir do entendimento ora adotado, esta Turma Recursal possuientendimento assente quanto ao recomeço do prazo prescricional pela metade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentença

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merece ser mantida tal como proferida.

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento, apenas para pronunciar a prescrição das parcelasanteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação (Súmula nº 85 do STJ).

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

JESGECS

43 - 0100743-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100743-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x ALISSON THIAGO RAIMUNDOTHEOTONIO E OUTROS (ADVOGADO: SC013520 - CARLOS BERKENBROCK.).Processo nº 0100743-85.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:ALISSON THIAGO RAIMUNDO THEOTONIORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.RECURSO PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA ACRESCIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou procedenteo pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº

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9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologadanos autos da Ação Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de formaescalonada, mediante razoável cronograma de pagamento; ii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil públicaproduz coisa julgada com efeito erga omnes; iii) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS,de 15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); iv) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; v)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 100-103.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,

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consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, esta Turma Recursal possui entendimento assente quanto recomeço doprazo prescricional pela metade, com base nos arts. 8º e 9º do Decreto nº 20.910/1932.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ. Merece acréscimo, no ponto, a sentença recorrida.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento, apenas para pronunciar a prescrição das parcelasanteriores ao quinquênio que precedeu o ajuizamento desta ação (Súmula nº 85 do STJ).

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

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Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

JESGECS

44 - 0101021-52.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101021-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x MARCOS ANTONIO RIBEIRO (ADVOGADO:ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO.).Processo nº 0101021-52.2013.4.02.5050/01 - Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:MARCOS ANTONIO RIBEIRORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA Nº 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM A REDAÇÃO DA PELA LEI Nº 11.960/2009. CONSEQUÊNCIAS DA DECLARAÇÃO DE

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INCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO RESP 1.270.439. RECURSO PROVIDOEM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou procedenteo pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) plena aplicabilidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009,até que o Supremo Tribunal Federal defina o exato alcance do julgamento proferido nas ADIs nºs 4.357/DF e 4.425/DF,consoante orientação firmada pelo Superior Tribunal de Justiça no Resp 1.205.946/SP, submetido ao rito dos recursosrepetitivos; ii) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologada nos autos daAção Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de forma escalonada,mediante razoável cronograma de pagamento; iii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil pública produzcoisa julgada com efeito erga omnes; iv) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); v) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; vi)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal; e que os juros de mora sejam conforme o art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação dada pela Lei nº11.960/2009, eis que plenamente vigente, porquanto o julgamento das ADIs 4.425 e 4.357, pende de modulação dos efeitostemporais, segundo exposto nas razões recursais precedentes.

Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 110).

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 deabril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

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Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, a partir do entendimento ora adotado, observo que a sentença recorridabem analisou a questão, fez a conjugação do entendimento assente nesta Turma Recursal com os arts. 8º e 9º do Decretonº 20.910/1932, vale dizer, adotou o recomeço do prazo prescricional pela metade.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ.

Em relação à discussão acerca do pleito da observância plena do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação do art. 5ºda Lei nº 11.960/2009, diante do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal das ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF, em razão dapossibilidade de modulação temporal de seus efeitos; oportuno destacar o entendimento adotado por esta 1ª TurmaRecursal em diversos julgados proferidos na sessão de 26.02.2014, como exemplo destaco, por elucidativo, um dosarestos, unânime, relatado pelo Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES, in verbis:

“Processo: 0002834-14.2010.4.03.5050/01 - VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PROVIDOS PARADETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997.

(...)

13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei

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9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Embargos de declaração conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucionala fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1%e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo observar,no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”

Assim sendo, apenas em relação a esse aspecto, a sentença pontualmente merece ser ajustada, vale dizer, emconformidade com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, REsp 1.270.439, até 29.06.2009 os juros de moraserão de 1% (um por cento) a.m. e, a partir de 30.06.2009 incide a regra do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redaçãoda Lei nº 11.960/2009. A correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A,caput, da Lei nº 8.213/1991.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Assim colocado, exceto em relação à questão acerca da incidência plena do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997 com a redaçãodo art. 5º da Lei nº 11.960/2009, que já recebeu pronunciamento extenso acima, ante o contexto que se instalou mercê dapendência da delimitação temporal dos efeitos do julgado nas ADIs 4.357/DF e 4.225/DF pelo STF; de modo algum aabordagem jurídica inovadora rende ensejo a ponto indevidamente omitido no voto.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

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Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

JESGECS

45 - 0003301-85.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003301-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x RUBENS FERREIRA RIBEIRO(ADVOGADO: ES012643 - THIAGO AARÃO DE MORAES.).Processo nº 0003301-85.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRecorrido: RUBENS FERREIRA RIBEIRORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29, INCISO II, DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DA LEI Nº 9.876/1999. ACORDO EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA. SUBSISTÊNCIA DOINTERESSE DE AGIR. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL A PARTIR DOMEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, DE 15.04.2010. INEQUÍVOCO RECONHECIMENTODO DIREITO PELO INSS (ART. 202, INCISO VI, DO CÓDIGO CIVIL). PRESCRIÇÃO DAS PARCELAS ANTERIORES AOQUINQUÊNIO QUE PRECEDEU O AJUIZAMENTO DA AÇÃO. SÚMULA 85 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM A REDAÇÃO DA PELA LEI Nº 11.960/2009. CONSEQUÊNCIAS DA DECLARAÇÃO DEINCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO RESP 1.270.439. RECURSO PROVIDOEM PARTE. SENTENÇA AJUSTADA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau em razão da sentença que julgou procedenteo pedido de revisão do salário-de-benefício, espécie auxílio-doença/aposentadoria por invalidez, com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999.

Sustenta, em resumo: i) plena aplicabilidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009,até que o Supremo Tribunal Federal defina o exato alcance do julgamento proferido nas ADIs nºs 4.357/DF e 4.425/DF,consoante orientação firmada pelo Superior Tribunal de Justiça no Resp 1.205.946/SP, submetido ao rito dos recursosrepetitivos; ii) ausência do interesse de agir da parte recorrida, tendo em vista a transação judicial homologada nos autos daAção Civil Pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, que propiciará a revisão de todos os benefícios, de forma escalonada,mediante razoável cronograma de pagamento; iii) que a sentença que homologou o acordo na ação civil pública produzcoisa julgada com efeito erga omnes; iv) que o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, apenas estabeleceu regras internas quanto ao procedimento a ser adotado pelas Agências do INSS e pelasProcuradorias na revisão dos benefícios enquadrados no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, e não importareconhecimento do direito subjetivo do(a) segurado(a) de ter a renda mensal inicial – RMI de seu benefício revista, razãopela qual não há falar em interrupção do prazo prescricional (art. 202, inciso VI, do Código Civil); v) que, caso se entendapela interrupção da prazo prescricional, há que ser considerado como marco interruptivo a data do ajuizamento da ação; vi)que, na hipótese de se considerar o MEMORANDO-CIRCULAR CONJUNTO Nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15.04.2010 como

�marco interruptivo da prescrição, esta voltou a correr pela metade, nos termos do art. 9º do Decreto nº 20.910/1932 , demodo que para as ações ajuizadas após 16.10.2012 (a dizer, dois anos e meio contados da edição do aludido memorando)aplica-se o enunciado da Súmula 85 do Superior Tribunal de Justiça, o que importa considerar prescritas as parcelasvencidas antes do quinquênio que precedeu o ajuizamento da ação.

Nesse passo, pretende o conhecimento e o provimento do recurso para: a) extinguir o processo sem resolução de méritopor ausência de interesse de agir da parte recorrida; b) julgar improcedente a pretensão autoral seja porque inaplicável doart. 103, inciso III, do Código de Defesa do Consumidor, ao caso em tela, seja em virtude da inegável razoabilidade docronograma de pagamento previsto no acordo homologado na ACP; c) eventualmente, o reconhecimento da prescriçãoquinquenal; e que os juros de mora sejam conforme o art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação dada pela Lei nº11.960/2009, eis que plenamente vigente, porquanto o julgamento das ADIs 4.425 e 4.357, pende de modulação dos efeitostemporais, segundo exposto nas razões recursais precedentes.

As contrarrazões encontram-se nas fls. 123-129 e, em síntese, aduzem a ocorrência de vão esforço de reforma dasentença, mediante a utilização de argumentos descabidos. Conclui no sentido do improvimento do recurso e dacondenação em honorários advocatícios.

Passo ao voto.

Registre-se, considerando o conteúdo do ato normativo (Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS de 15 de

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abril de 2010), o entendimento desta Turma Recursal acerca da matéria era no sentido de confirmar sentença extintiva deprimeiro grau, sem resolução de mérito, pelos próprios fundamentos. Esse posicionamento pontual baseava-se nainexistência de interesse de agir na modalidade necessidade/utilidade, porquanto a revisão do benefício em questãodar-se-ia administrativamente pela autarquia previdenciária.

Novo cenário fático-jurídico levou à modificação desse entendimento, notadamente a existência da ação civil pública nº0002320-59.2012.4.03.6183/SP, em trâmite na 2ª Vara Federal Previdenciária de São Paulo, ajuizada pelo MinistérioPúblico Federal e pelo Sindicato Nacional dos Aposentados, cuja pretensão é exatamente a revisão dos benefícios porincapacidade concedidos após 29.11.1999, em cujo período básico de cálculo levou-se em conta 100% (cem por cento) dossalários-de-contribuição, de modo a passar a considerar, substitutivamente, apenas os 80% (oitenta por cento) maioressalários-de-contribuição.

Então, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS apresentou proposta de acordo para a revisão do cálculo de benefíciospagos e originados entre os anos de 1999 e 2009, de maneira a englobar todos os segurados prejudicados pela aplicaçãodas mudanças introduzidas no Decreto nº 3.048/1999 que culminaram na redução da renda mensal do benefício.

O acordo foi aceito e homologado em 05.09.2012 pelo Juízo competente, e prevê cronograma de pagamento dos valoresatrasados que se estende de fevereiro de 2013 a abril de 2022, tendo por critério, precipuamente, a idade dos segurados.

Indiscutivelmente, acha-se configurado o interesse de agir do (a) recorrido (a), tendo em vista o mais que dilatado prazo opagamento dos atrasados em decorrência do reconhecimento ao direito às revisões, aproximadamente 10 (dez) anos;sendo certo que o requerimento administrativo pertinente necessariamente observará o referido escalonamento.

Tal se afigura, porquanto, embora se tenha alcançado o acordo possível, nas circunstâncias; os motivos relacionados comfinanças da autarquia recorrente etc., não denotam justeza, nem razoabilidade eis que na prática termina por obstar a parterecorrida de buscar receber seu crédito – de natureza alimentar – ainda a tempo, p. ex., de atender a necessidades vitais nainatividade, ou mesmo, realizar, já em idade avançada e/ou com a saúde debilitada, algum objetivo de vida e de família comalguma dignidade.

Assim sendo, não obstante o brilho das razões recursais, não se sustenta o pleito de ausência de interesse de agir.Desacolho-o.

Quanto ao prazo prescricional e a interrupção de seu curso, tenho que a edição do Memorando 21/DIRBEN/PFE/INSS, em15.04.2010, não se limitou a estabelecer regras internas quanto ao procedimento de revisão, mas sim importou eminequívoco reconhecimento do direito dos segurados de terem a renda mensal de seus benefícios administrativamenterevista, de modo que, naquela data, há que ser considerado interrompido o prazo prescricional, por força do art. 202, incisoVI, do Código Civil, de par com o entendimento da Turma Nacional de Uniformização – TNU (PEDILEF5007045-38.2012.4.04.7101), relator Juiz Federal GLÁUCIO FERREIRA MACIEL GONÇALVES.

Assim se me afigura, tendo em conta a natureza, o objetivo e o alcance fático-jurídico de seu conteúdo [Ato decomunicação oficial assinado conjuntamente pelo Diretor de Benefícios e pelo Procurador-Chefe, em 15 de abril de 2010,consoante, mutaitis mutandis, o art. 42 da Lei Complementar nº 73 de 10.02.1993. E, frise-se, embora seja um documentointerno, pode veicular inúmeros conteúdos], sua principal característica é a agilidade. No caso em apreço, veiculou oreconhecimento do direito revisar benefícios em descompasso com o ordenamento previdenciário vigente, com efeitosconcretos; confira-se, por exemplo, além de sua especificidade e abrangência o teor de seu ANEXO DECLARAÇÃO.

Portanto, também não se sustentam, sejam as razões recursais, no ponto, seja o respeitável entendimento expresso noProcesso nº 201070500205100, da 3ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Paraná,relatora Juíza Federal FLÁVIA DA SILVA XAVIER, de 03 de junho de 2011.

Quanto à discussão pontual sobre a prescrição, a partir do entendimento ora adotado, observo que a sentença recorridabem analisou a questão, fez a conjugação do entendimento assente nesta Turma Recursal com os arts. 8º e 9º do Decretonº 20.910/1932, vale dizer, adotou o recomeço do prazo prescricional pela metade.

No entanto, considerada a data do ajuizamento da ação, ou seja, em data posterior a 15.10.2012, tem lugar a incidência doprazo prescricional normal de 5 (cinco) anos; e considerando a natureza continuativa do direito em disputa, de fato incide oenunciado da Súmula nº 85 do STJ, em conformidade com a jurisprudência destacada na sentença.

Em relação à discussão acerca do pleito da observância plena do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação do art. 5ºda Lei nº 11.960/2009, diante do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal das ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF, em razão dapossibilidade de modulação temporal de seus efeitos; oportuno destacar o entendimento adotado por esta 1ª TurmaRecursal em diversos julgados proferidos na sessão de 26.02.2014, como exemplo destaco, por elucidativo, um dosarestos, unânime, relatado pelo Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES, in verbis:

“Processo: 0002834-14.2010.4.03.5050/01 - VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,

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POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PROVIDOS PARADETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997.

(...)

13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Embargos de declaração conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucionala fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1%e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo observar,no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”

Assim sendo, apenas em relação a esse aspecto, a sentença pontualmente merece ser ajustada, vale dizer, emconformidade com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, REsp 1.270.439, até 29.06.2009 os juros de moraserão de 1% (um por cento) a.m. e, a partir de 30.06.2009 incide a regra do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redaçãoda Lei nº 11.960/2009. A correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A,caput, da Lei nº 8.213/1991.

Quanto aos demais aspectos, na forma do art. 46 da Lei nº 9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, a sentençamerece ser mantida tal como proferida.

Relativamente ao prequestionamento, oportuno ressaltar entendimento do egrégio STJ o qual guarda relação com amatéria: “(...) o magistrado, ao analisar o tema controvertido, não está obrigado a refutar todos os aspectos levantadospelas partes, mas, tão somente, aqueles que efetivamente sejam relevantes para o deslinde do tema.” (REsp 717265, 4ªTurma DJU1 12/32007, P. 239). De igual modo: “(...) não está o juiz obrigado a examinar, um a um, os pretensosfundamentos das partes, nem todas as alegações que produzem: o importante é que indique o fundamento suficiente desua conclusão, que lhe apoiou a convicção no decidir.” (STF, EDcl/RE 97558/GO, 1ª Turma, relator Ministro Oscar Corrêa,RTJ 109/1098).

�O voto ora proferido apreciou a matéria objeto do enunciado nº 47 da Turma Recursal desta Seção Judiciária ,representativo de diversos precedentes, v.g.: nos recursos nºs 0000052-51.2012.4.02.5054/01;0000205-62.2013.4.02.5050/01; e 0000053-36.2012.4.02.5054/01, dentre outros.

Portanto, o entendimento consolidado ora se apresenta com nova abordagem jurídica, mas já em assimetria tópica com adiscussão travada e decidida pela sentença recorrida; na medida em que, não obstante a competência técnica presente nasrazões do recurso, não mais denota estreita correlação fático-jurídica.

Isso indica estratégia de – reiniciar em segundo grau – a discussão acerca de múltiplos dispositivos de matriz constitucionale infraconstitucional, para assim ensejar prequestionamento e, casuisticamente, novos recursos sobre matéria há muitopacificada.

Ressalte-se, no estágio em que se encontra o tema (Revisão de benefício. Art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04/2010), sua apreciação e decisão acham-se lastreadas,

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fundamentalmente, no campo subsuntivo fático; porquanto há muito a Turma Recursal assentou o entendimento que ora setenta rediscutir.

Assim colocado, exceto em relação à questão acerca da incidência plena do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997 com a redaçãodo art. 5º da Lei nº 11.960/2009, que já recebeu pronunciamento extenso acima, ante o contexto que se instalou mercê dapendência da delimitação temporal dos efeitos do julgado nas ADIs 4.357/DF e 4.225/DF pelo STF; de modo algum aabordagem jurídica inovadora rende ensejo a ponto indevidamente omitido no voto.

Confira-se sobre o tema, mutatis mutandis, o precedente do STF in litteris:

“Prequestionamento. Questão nova suscitada em embargos de declaração. A pretexto de prequestionar determinado tema,não pode o recorrente embargar de declaração o acórdão, suscitando questão nova, não agitada até o momento; nestecaso, a omissão não é do acórdão, mas da parte ( RT 107/412). No mesmo sentido, entre outros: RTJ 107/827, 109/371,109/415, 113/789, 115/866, 122/393, 152/243, 152/648. Assim: “A jurisprudência do STF é pacífica ao afirmar que o temaconstitucional suscitado originariamente em embargos de declaração não enseja o seu prequestionamento” (STF-2ª T., AI

�220.472-9-AgReg, Ministro Maurício Corrêa, j. 26.10.98, DJU 16.4.99) .

Portanto, voto para conhecer do recurso, e dar parcial provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários pela parte recorrente, fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação – porquanto a sucumbência pontual da parte recorrida afigura-se inexpressiva – combase no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma do voto-ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

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jesgecs

46 - 0005766-72.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005766-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MAURICIO DALLEPRANEMACHADO JUNIOR (ADVOGADO: ES014023 - RAUL DIAS BORTOLINI, ES013758 - VINICIUS DINIZ SANTANA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).Processo nº 0005766-72.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: MAURICIO DALLEPRANE MACHADO JUNIORRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO - EMENTA

RECURSO INOMINADO. REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. RAZÕES DESCONEXAS COM A SENTENÇA.RECURSO NÃO CONHECIDO.

Trata-se de recurso interposto pelo autor demanda em primeiro grau às fls. 64-78 em razão de sentença (fls. 57-59) quejulgou procedente o pedido de revisão do benefício previdenciário, com base no art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991.

Desde logo, observo que a tese sustentada no recurso inominado é incongruente com o mérito da sentença, porquanto ojuízo a quo julgou procedente o pedido, e as razões do recorrente presumem o indeferimento da inicial.

Assim, em face da evidente incongruência, o recurso sequer tem objeto a ser analisado, razão pela qual se encontraprejudicado seu exame. Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery, ao tratar sobre fundamentação deficiente dorecurso, sustentam que:

“Não preenche o pressuposto de admissibilidade da regularidade formal a apelação cujas razões estão inteiramentedissociadas do que a sentença decidiu, não podendo ser conhecida (JTJ 165/155)” (in Código de Processo Civil Comentadoe Legislação Extravagante, 9ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 740).

Nesse sentido, ainda, o aresto a seguir:

AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO COM PEDIDO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RAZÕES DO RECURSO DEAPELAÇÃO DISSOCIADAS DOS FUNDAMENTOS DA SENTENÇA. EXEGESE DO ART. 514, II, DO CPC. MERAREFERÊNCIA, AO FINAL, À PETIÇÃO INICIAL. NÃO CONHECIMENTO.“Carece de pressuposto de admissibilidade formal a apelação que não se ocupa do fundamento único utilizado pelasentença recorrida, detendo-se exclusivamente sobre a matéria não decidida” (AC n. 2008.016334-4, de Brusque, rel. Des.Newton Janke, j. 26-5-2009). Apelação Cível n. 2008.007146-7, de Tubarão, Segunda Câmara de Direito Comercial, Rel.Des. Jorge Luiz de Borba, j. em 16/05/11).

As considerações feitas aplicam-se, mutatis mutandis, ao recurso em tela.

Nessas condições, não conheço do recurso.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo nãoconhecer do recurso, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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47 - 0105318-05.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105318-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOCARLY MARTINSDUARTE (ADVOGADO: SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).Processo nº 0105318-05.2013.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: JOCARLY MARTINS DUARTERecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO - EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DALEI Nº 8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MP 1.523-9/1997 AOS BENEFÍCIOS ANTERIORES À PUBLICAÇÃODESTA. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DA NORMA QUEFIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 79-95, em razão de sentença (fls.74-76) que pronunciou a decadência do direito, julgando extinto o processo com resolução de mérito, nos termos do art.269, inciso IV, do CPC.Sustenta que ao tempo da concessão do benefício previdenciário não existia prazo decadencial a regulamentar o direito emtela. Aduz, portanto, irretroatividade de norma posterior sob pena de violação ao direito adquirido e ao ato jurídico perfeito.Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido inicial.

Contrarrazões às fls. 100-102.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à vigência daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a Corte

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Especial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, recentemente, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR,realizado no dia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES.n º. 8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Não discrepa desse raciocínio o entendimento consagrado na Súmula nº 64 da Turma Nacional de Uniformização – TNU,verbis: o direito à revisão do ato de indeferimento de benefício previdenciário ou assistencial sujeita-se ao prazodecadencial de dez anos. (DOU de 23.08.2012, p. 00070)Citem-se, por fim, os seguintes precedentes desta Turma Recursal do Espírito Santo: 2007.50.50.004060-8/01, de relatoriado MM. Juiz Federal Alexandre Miguel; e 2008.50.50.001913-2/01, de relatoria do MM. Juiz Federal José EduardoNascimento.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 03.03.1993 – fl. 19). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 30.09.2013 (fl. 26), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do (a) autor (a).Não merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 27, nos termos do

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art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1º RelatorAssinado eletronicamente

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48 - 0000100-47.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000100-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOÃO FERREIRA DA SILVA(ADVOGADO: ES009732 - MARCOS ANTÔNIO GIACOMIN.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x OS MESMOS.Processo nº 0000100-47.2011.4.02.5053/01 – Juízo de origem: 1ª VF de LinharesRecorrentes: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS e JOÃO FERREIRA DA SILVARecorridos: OS MESMOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSOS INOMINADOS. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.RECURSO DO INSS IMPROVIDO. RECURSO DA PARTE AUTORA PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EM PARTE.Estes recursos inominados foram interpostos às fls. 84-92 e 116-135, em razão de sentença (fls. 73-82) que julgouparcialmente procedente a pretensão autoral de renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo decontribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefício da mesma espécie, em razão de o (a) segurado (a) tercontinuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral de Previdência Social – RGPS.

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Sustenta o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS): a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao empregodas contribuições posteriores à aposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie queapenas contribui para o custeio do sistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez umaopção por uma renda menor, mas recebida por mais tempo; d) o ato jurídico não pode ser alterado unilateralmente; e)violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma do julgado, julgando-se improcedente opedido.

O autor da demanda em primeiro grau aduz nas razões recursais desnecessidade de restituição dos valores percebidos atítulo de aposentadoria. Pretende a reforma parcial do julgado.

Sem contrarrazões.

A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado (a) que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

No caso sob exame, cuida-se de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição (fl. 12), com DIB em 06.04.2000 erenda mensal inicial (RMI) de R$ 863,23. Por sua vez, não há dúvida que, após aposentar-se, o (a) recorrido (a) continuoulaborando, conforme se verifica às fls. 20-24.

A autarquia recorrente rechaça a pretensão autoral com a assertiva de que encontra óbice na teleologia das múltiplasredações do § 2o, do art. 18, da Lei no 8.213/1991 (original, da Lei no 9.032/1995 e da Lei no 9.528/1997), as quaissubmetem o aposentado pelo Regime Geral da Previdência Social – RGPS, que permanecer em atividade nesse regime,ao recolhimento das contribuições previdenciárias pertinentes e, simultaneamente, reduz o rol de benefícios previdenciáriospassíveis de concessão a segurados nessa condição.

No entanto, entendo que os efeitos da regra em comento não afastam, ante a ausência de vedação explícita, apossibilidade de o segurado renunciar à aposentadoria, com o intuito de ver considerado o tempo de contribuiçãosubsequente, na concessão de novo benefício. A renúncia à aposentadoria não resulta, per si, em renúncia ao tempo decontribuição, mas à fruição do direito inteiramente integrado ao patrimônio jurídico do (a) segurado (a).

Ademais, trata-se de regra cuja constitucionalidade está sendo examinada à luz do art. 201 da Constituição da República,nos autos do Recurso Extraordinário no 381.367/RS, relatado pelo Ministro Marco Aurélio, cujo voto foi no sentido de "... lheemprestar alcance consentâneo com a Constituição, ou seja, no sentido de afastar a duplicidade de benefício, porém não onovo cálculo de parcela previdenciária que deva ser satisfeita.", consoante noticiou o Informativo no 600, de 22.9.2010, doSupremo Tribunal Federal, ipsis verbis:

“O Min. Marco Aurélio, relator, proveu o recurso. Consignou, de início, a premissa segundo a qual o trabalhadoraposentado, ao voltar à atividade, seria segurado obrigatório e estaria compelido por lei a contribuir para o custeio daseguridade social. Salientou, no ponto, que o sistema constitucional em vigor viabilizaria o retorno do prestador de serviçoaposentado à atividade. Em seguida, ao aduzir que a previdência social estaria organizada sob o ângulo contributivo e comfiliação obrigatória (CF, art. 201, caput), assentou a constitucionalidade do § 3º do art. 11 da Lei 8.213/91, com a redaçãoconferida pelo art. 3º da Lei 9.032/95 (“§ 3º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS que estiverexercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este Regime é segurado obrigatório em relação a essa atividade,ficando sujeito às contribuições de que trata a Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para fins de custeio da SeguridadeSocial.”). Assinalou que essa disposição extinguira o denominado pecúlio, o qual possibilitava a devolução dascontribuições implementadas após a aposentadoria. Enfatizou que o segurado teria em patrimônio o direito à satisfação daaposentadoria tal como calculada no ato de jubilação e, ao retornar ao trabalho, voltaria a estar filiado e a contribuir semque pudesse cogitar de restrição sob o ângulo de benefícios. Reputou, dessa forma, que não se coadunaria com o dispostono art. 201 da CF a limitação do § 2º do art. 18 da Lei 8.213/91 que, em última análise, implicaria desequilíbrio na equaçãoditada pela Constituição. Realçou que uma coisa seria concluir-se pela inexistência da dupla aposentadoria. Outra seriaproclamar-se, conforme se verifica no preceito impugnado, que, mesmo havendo a contribuição — como se fosse primeirovínculo com a previdência —, o fenômeno apenas acarretaria o direito ao salário-família e à reabilitação profissional.Reiterou que, além de o texto do examinado dispositivo ensejar restrição ao que estabelecido na Constituição, abalaria afeição sinalagmática e comutativa decorrente da contribuição obrigatória. Em arremate, afirmou que ao trabalhador que,aposentado, retorna à atividade caberia o ônus alusivo à contribuição, devendo-se a ele a contrapartida, os benefíciospróprios, mais precisamente a consideração das novas contribuições para, voltando ao ócio com dignidade, calcular-se,ante o retorno e as novas contribuições e presentes os requisitos legais, o valor a que tem jus sob o ângulo daaposentadoria. Registrou, por fim, que essa conclusão não resultaria na necessidade de se declarar a inconstitucionalidadedo § 2º do art. 18 da Lei 8.213/91, mas de lhe emprestar alcance consentâneo com a Constituição, ou seja, no sentido deafastar a duplicidade de beneficio, porém não o novo cálculo de parcela previdenciária que deva ser satisfeita. Após, pediuvista o Min. Dias Toffoli.” (grifei)

As razões acima explicitadas estão também em consonância, diga-se, com os fundamentos da República, conforme osincisos III (dignidade da pessoa humana) e IV (valores sociais do trabalho e da livre iniciativa) do art. 1o da Constituição, ehomenageia o direito fundamental de segunda geração do inciso XXIV do art. 7o da Constituição (aposentadoria), namedida em que impede que o trabalhador contribuinte, numa perspectiva de efetivo equilíbrio financeiro e atuarial, tenha, na

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velhice, a chance de receber proventos mais dignos e consentâneos com as necessidades e a fruição conquistada comtoda a vida de trabalho remunerado, em regra, com baixos salários.

Estes aspectos colidem e suplantam, no ponto, a força normativa do próprio princípio da solidariedade, do qual dimana acompreensão que forra o argumento, segundo o qual a contribuição do trabalhador após a aposentadoria atende aoprincípio da universalidade contributiva, para assim assegurar o equilíbrio da Seguridade Social; quando há, por outro lado,que se ter em conta a ausência de melhor ponderação acerca do papel, da proporcionalidade e da razoabilidade de sedeixar penalizar socialmente, ainda mais, o segmento historicamente menos incluído socialmente, sob o ângulo tambémremuneratório, dos aposentados do RGPS.

Não há de se falar também em proibição à relativização do ato jurídico perfeito, visto que este, considerando a flagrantedesigualdade contrária aos segurados, há de contemplar e servir, na contextura e peculiaridade da matéria, é de garantiaatribuída ao trabalhador contribuinte, para assim protegê-lo ante ingerências lesivas do Estado ao seu patrimônio jurídico;de modo que descabe, desta feita, utilizá-lo em prol da autarquia previdenciária, para reduzir direitos subjetivos.

Não se constata, outrossim, contrariedade ao princípio da preservação da fonte de custo da Previdência Social (CR, art.195, §5º) ou ao equilíbrio atuarial do RGPS, uma vez que as contribuições vertidas pelo aposentado que continua atrabalhar têm a mesma base de cálculo dos segurados não aposentados, isto é, levam em conta as mesmas projeçõesentre receitas previdenciárias e dispêndios necessários à manutenção dos benefícios, visando assegurar a higidezeconômico-financeira do sistema.

Outra questão a ser abordada diz com os efeitos do ato de renúncia ao benefício, do que decorre a (não) obrigatoriedadede o segurado devolver o que recebeu a título de proventos.

Nesse ponto, a Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se de atocom eficácia ex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual sepretenda renunciar. Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO.1. Esta Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimentode necessidade de devolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins deobtenção de novo benefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2.Incidente improvido. (PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEIFEDERAL. Relatora JUIZA FEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

Na linha do dito alhures, entretanto, não se me afigura a solução mais justa com quem continuou trabalhando e contribuindopara o RGPS após a aposentadoria, sem contrapartida, considerando que: (i) primeiro, caso o que recebeu de proventospor direito, tiver que ser devolvido é como se a renúncia não só o penalizasse, como se a tornasse proibitiva, na medida emque dificilmente se compatibilizaria com a situação sócio-econômica da massa de aposentados, além de seu caráteralimentar e por isso legitimamente não repetível; e (ii) não faria justiça com quem apenas busca uma chance de,trabalhando mais e contribuindo, melhorar – não obstante o fator previdenciário e a tábua da mortalidade – um pouco, seurendimento na velhice contributiva, sinalagmática e comutativa, como sói ocorrer a partir do comando expresso no § 5º, doart. 195, da Constituição da República; o qual restaria, inversa unilateralmente desnaturado, em nome da universalidadecontributiva.

Não destoa desse raciocínio aquele esposado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamentodo REsp 1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código deProcesso Civil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE.1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade de renúncia a aposentadoriae, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a que pretende abdicar.2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar período contributivo utilizado,conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para a concessão deposterior e nova aposentação.3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seustitulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja preterir para aconcessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ.4. Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE.5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionou posterioraposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada a imposição

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de devolução.6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdão submetido ao regime do art.543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ.(REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

Nessas condições, conheço de ambos os recursos e dou provimento ao recurso do autor e nego provimento ao recurso doINSS para reformar em parte a sentença de primeiro grau e dispensar a restituição dos valores recebidos a título deaposentadoria.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289, de 4 de julho de 1996. Honorários advocatícios devidos pelo INSS,correspondentes a 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos moldes do art. 55, segunda parte, da Lei nº9.099/1995 e do art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer deambos os recursos, dar provimento ao recurso da parte autora e negar provimento ao recurso do INSS, na forma daementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

gabd

49 - 0003607-93.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003607-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x RUTH TEIXEIRA DE BARROS MAIA(ADVOGADO: ES011678 - ADRIANA ALVES, ES011678 - ADRIANA ALVES.).Processo nº. 0003607-93.2009.4.02.5050/01– Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DE SEGURIDADE SOCIAL – INSSRecorridos: RUTH TEIXEIRA DE BARROS MAIA e NAIDE REGINA PENHA LIOIRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO - EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL COMPROVADA. DIB FIXADANA DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADAEM PARTE.Trata-se de recurso inominado interposto pela ré da demanda em primeiro grau às fls. 275-284, em razão de sentença (fls.258-268) que julgou procedente o pedido para excluir a Sra. Naide Regina Penha Lioi (ex-esposa) da condição debeneficiária e incluir a Sra. Ruth Teixeira de Barros Maia (companheira) como beneficiária do benefício de pensão pormorte, desde a data do óbito do segurado falecido.Sustenta ausência de comprovação da qualidade de dependente na data do óbito. Alega que o óbito ocorreu emAraruama/RJ, conforme certidão de óbito, cidade onde o falecido recebia o benefício de aposentadoria e tais fatosconfirmam que tenha sido ali que o segurado passou os últimos anos de sua vida e não na cidade de Vila Velha, comoalegado pela recorrida. Assevera que a recorrente formulou o requerimento administrativo somente em 28.01.2008, razão

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pela qual não deveria ter sido concedido o beneficio desde a data do óbito.Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido. Subsidiariamente, requer que aData de Início do Benefício – DIB seja fixada na data do requerimento administrativo e não na data do óbito. Eventualmente,caso mantida a sentença, requer que a responsabilidade pelo pagamento das parcelas anteriores seja atribuída a Sra.Naide.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 296-307.A controvérsia cinge-se à análise da condição de dependente da Sra. Ruth e à DIB.In casu, o instituidor da pensão por morte, companheiro da recorrida, faleceu em 10.04.2007 (fl. 16). A companheirarequereu administrativamente o benefício previdenciário em 28.01.2008 (fl. 39), indeferido sob o argumento de ausência daqualidade de dependente e por haver outro dependente habilitado (Sra. Naide).Registra-se que para comprovação da união estável, a Sra. Ruth juntou aos autos: a) declaração da Secretaria Municipal deSaúde de Vila-Velha/ES, confirmando o tratamento de saúde da autora a partir do ano de 2004, cujo acompanhante era ofalecido (fl. 11); b) carteira do sindicato dos rodoviários de Nova Iguaçu, na qual a autora aparece como dependente dosegurado (fl. 17); c) cópia da carteira profissional do falecido, na qual a autora aparece como dependente (fls. 18-19); d)recibos referentes aos pagamentos de alugueis no ano de 2007 (fls. 20); e) cartão de natal direcionado ao casal “Ruth eMario” (fls. 23 e 30); f) fotos do casal (fls. 25-26).Ocorre que, após o óbito do instituidor do benefício, a ex-esposa do falecido, Sra. Naide, em 11.04.2007, munida dacertidão de casamento sem averbação de separação ou divórcio, requereu e obteve administrativamente o benefício depensão por morte. Todavia, comprovou-se que ex-esposa encontrava-se separada de fato do falecido há mais de vinteanos, sem comprovar dependência econômica. Ademais, o falecido já havia constituído nova família, como confirmado naaudiência de instrução (fls. 249-252).Assim, comprovada a condição de dependente da companheira, passo à análise da DIB. De fato, assiste razão aorecorrente quanto à sua modificação, porquanto o requerimento administrativo superou o prazo de 30 (trinta) dias contadosdo óbito, de forma que deve ser a DIB fixada em conformidade com o disposto no art. 74, inciso II, da Lei nº 8.213/1991(data do requerimento administrativo).Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento, tão somente para alterar a DIB, fixando-a em28.01.2008 – data do requerimento administrativo.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem honorários, em razão da sucumbência recíproca.

ACÓRDÃODecide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, à unanimidade na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João Andrade1º Juiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

Jesxmms/gabd

50 - 0002346-54.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002346-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SILVANICE PEREIRAMEDEIROS (ADVOGADO: ES010602 - LILIAN MAGESKI ALMEIDA, ES019516 - EVERSON FERREIRA DE SOUZA,ES012739 - JOSE GERALDO NUNES FILHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Marcos Figueredo Marçal.).Processo nº. 0002346-54.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: SILVANICE PEREIRA MEDEIROSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO - EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOLEGAL NÃO PREENCHIDO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende a concessão do benefício de aposentadoria porinvalidez, bem como a indenização por dano material e moral em decorrência do período em que o benefício previdenciáriode auxílio-doença restou cessado.Sentença (fls. 83-86): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada a incapacidade, baseando-se no laudomédico pericial.

Razões do recorrente: a) o perito do juízo não considerou os atestados e/ou laudos médicos dando conta de que éportadora de várias patologias na coluna; b) o perito não solicitou exames complementares para basear sua conclusão; c) oquadro mórbido a impede de trabalhar, porque é operadora de telemarketing e fica longos períodos sentada.

Contrarrazões nas fls. 102-104.

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A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade permanente para o trabalho.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário: 12.06.2003 a 30.09.2003; 27.03.2009 a 31.05.2010; 16.06.2010 a03.01.2011; 23.08.2012 a 11.12.2013.Histórico clínico:Guia de solicitação de internação particular à fl. 24, sem data informada, evidencia lombalgia com limitações de locomoção,com necessidade de artrodese com L4 e L5;

Guia de solicitação de internação particular à fl. 26, sem data informada, informa paciente com dor lombar constante comcrises recorrentes há 03 (três) anos, sem melhora com tratamento clínico;

Laudo médico à fl. 27, em 21.12.2010, narra paciente submetida a artrodese lombar. Apresenta dor lombar esquerdaconstante que piora após pequenos esforços e quando senta. Não apresentou melhoras aos tratamentos realizados.Realizou revisão do enxerto e a retirada do material de síntese da coluna, em 27.09.2010. Permanece em tratamentofisioterápico pós-operatório de, no mínimo, 90 (noventa) dias;

Laudo médico particular à fl. 28, em 17.02.2011, descreve tomografia atual que mostra artrose facetaria L4-L5, comartrodese L5-S1 consolidada. Indicação de procedimento para rizotomia L4-L5 consolidada, com observação deafastamento do trabalho por tempo indeterminado;

Laudo médico particular à fl. 30, em 17.11.2011, expõe que não irá submeter a paciente ao bloqueio teste, devido aexuberância dos sintomas e dos sinais radiológicos e, por tal procedimento sujeitar em carga adicional de radiação eanestesia (sedação);

Exame médico particular à fl. 31, em 04.07.2012, conclui pela artrodese em L5-S1, com aparente parafuso intrapedicular ehaste à esquerda e material metálico de síntese intradiscal aparentemente normoposicionados, e possível pertuito deparafusos prévios à direita, que poderão ser melhores evidenciados no estado radiográfico convencional em AP e perfilrecente. Pequeno abaulamento discal difuso em L3-L4 e L4-L5, onde esta última reduz discretamente a amplitude doforame neural esquerdo. Pequeno aumento da lordose lombar e desvio do eixo longitudinal à esquerda. Não há evidênciasde fibrose intracanalar em atividade inflamatória;

Exame médico particular à fl. 32, informa que a estrutura óssea está normal, que os corpos vertebrais também estãonormais. Possui redução dos espaços discais de L4-L5 e L5-S1, com expansor metálico em L5-S1. Pedículos íntegros.Atitude escoliótica lombar esquerda com 16º. Ilíaco direito é 1.41 cm mais alto que o esquerdo. Ângulo lombrossacro dentrodos padrões da normalidade;

Exame médico particular à fl. 33, em 16.07.2012, conclui pela escoliose lombar rotacional de convexidade esquerda comcurvatura estimada em 15º (D12/L4). Infradesnivelamento de 7,8mm da hemibacia à esquerda. Corpos vertebrais comalturas preservadas e apresentando osteófitos marginais esparsos. Alterações pós-cirúrgicas com presença de Cage emL5-S1. Pedículos íntegros. Ângulos de cifose dorsal, lardose lombar e Ferguson de 57º, 31º e 37º, respectivamente;

Laudo médico particular à fl. 34, em 23.08.2012, impõe à paciente afastamento do trabalho por esta sentir piora dossintomas aos esforços médios e pequenos e sedestação prolongada. Orienta reavaliação periódica;

Empresa “Legião da Boa Vontade” à fl. 37, em 12.09.2012, atesta que não houve retorno para o trabalho;

Laudo médico particular, à fl. 35, em 18.10.2013, evidencia melhora na dor, com posterior retorno. Limitações de mobilidadee das atividades diárias. Orienta manter o afastamento do trabalho;

(xii) laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (X) nãoHistórico laboral:Idade: 40 anos (fl. 57)Grau de instrução: 8ª série primária (fl. 57)Profissão: operadora de telemarketing (fl. 57)Reabilitação profissional:(X) sim ( ) não.- Observações: assinatura da CTPS, em 01.04.1997 sem data de saída (fl. 16), como auxiliar de agente social, sendotransferida para operadora de telemarketing em 01.05.1999 (fl. 57 – laudo pericial)

Conforme a perícia do Juízo realizada por médica especialista em ortopedia, em 28.08.2013 (fls. 57-60), foi verificadapatologia de coluna lombar, entretanto não foi constatada incapacidade laborativa (quesito nº 10 – fl. 58). Consignou, aindao médico-perito: “Sem déficit neurológico ao exame físico, laseg ausente bilateral. Sem deformidade em membrossuperiores e inferiores, sem edema ou limitação de mobilidade.” (exame físico – fl. 57).Em resposta ao quesito do INSS, afirmou o perito, que a conclusão da capacidade para o labor da periciada decorreu daanálise dos laudos médicos e do exame físico (quesito nº 5 – fl. 58). Ressaltou também o perito que a limitação da

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mobilidade lombar não a incapacita para realizar suas atividades laborais (quesito nº 11 - fl. 58)Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil ). Entretanto, no caso em apreço, osubstrato-fático realçado no item nº 6 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial, cabendo realçar, a bemdesse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: a contingência amparada pela Lei é a incapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pela recorrente, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica, ou comprovada grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Registre-se, o médico não encarregado da perícia diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatosnarrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico epropondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixade doença incapacitante é ou não real. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico não encarregado da perícia não é fontesuficiente da existência de incapacidade para o trabalho. (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de14.12.2011 por esta Turma Recursal, relatoria do Juiz Federal Rogério Moreira Alves).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 48-50, nos termosdo art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

JESXKEB/gabd

51 - 0000026-56.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000026-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EUTAMARO LENKE(ADVOGADO: ES014744 - ANA PAULA DOS SANTOS GAMA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo nº. 0000026-56.2012.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: EUTAMARO LENKERecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

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VOTO - EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOLEGAL NÃO PREENCHIDO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende a concessão de auxílio-doença cessadoadministrativamente, com sua conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 75-77): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada a incapacidade, baseando-se no laudomédico pericial (fls. 58-62).

Razões do recorrente: a) o perito do juízo, nem o magistrado sentenciante consideraram os laudos médicos dando conta deque é portador de lombociatalgia; b) já foi submetido a cirurgia de grande porte na coluna lombossacra; c) o quadro mórbidoo impede de trabalhar, porque é trabalhador braçal e envolve acentuado esforço físico, incompatível com sua condição desaúde.

Contrarrazões não apresentadas.A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário: 05.11.1993 à 31.10.1996; 25.05.2010 à 14.02.2011; 04.09.2013 à23.12.2013; 24.12.2013 e em gozo de benefício atualmente (fls. 91-92).Histórico clínico:Exame de Ressonância Magnética, à fl. 12, em 30.03.2010, evidencia espondiloartrose lombar; abaulamento discal difusoem L4-L5 e L5-S1, com protusão focal póstero-mediana nos dois níveis, comprimindo o saco dural e reduzindo asdimensões dos forames neurais, notadamente à direita em L5-S1, comprimindo a raiz neural intraforaminal de L5; canalvertebral nos limites inferiores da normalidade de L4-L5;

Receituário médico particular, à fl. 13, em 28.05.2010, informa que recebeu tratamento cirúrgico na coluna lombo sacra,com determinação de afastamento das atividades por 180 (cento e oitenta) dias;

Receituário médico particular à fl. 15, em 28.07.2010, narra paciente sem condições para retornar às atividades, com 02(dois) meses de pós-operatório de cirurgia em coluna lombar. Necessita de mais 06 (seis) meses de afastamento;

Receituário médico particular à fl. 16, em 07.02.2011, refere paciente que recebeu tratamento cirúrgico em colunalombossacra, sem condições de retornar para suas atividades laborais devido ao impacto que esta provoca em sua coluna;

Receituário médico particular à fl. 14, em 04.04.2011, atesta que o paciente recebeu tratamento cirúrgico de grande porteem coluna lombossacra e não possui condições de retornar para suas atividades laborativas de forma definitiva;

Laudo ambulatorial particular, à fl. 20, sem data informada, descreve exame de fisioterapia para fortalecimento da MMII,com justificativa de pós-operatório;

Laudo médico particular, à fl. 23, em 25.11.2011 relata tratamento cirúrgico realizado em coluna lombossacra, comaplicação de parafusos e hastes. Após cirurgia, manteve tratamento com fisioterapia. Conseguiu perda significativa de pesoe reabilitação muscular. Atesta impossibilidade permanente para retornar às suas atividades laborais.

Laudo médico particular, à fl. 73, em 25.11.2012, evidencia que a atividade de borracheiro é nociva para a coluna ecompromete o resultado da cirurgia;

Laudo de perícia médica administrativa: (X) sim () não

- Observações:(ix.i) Laudo administrativo, à fl. 47, em 29.01.2011, sugere prazo para a consolidação da artrodese, em razão daconstatação de incapacidade laborativa;

(ix.ii) Laudo administrativo, à fl. 48, em 14.02.2011, narra inexistência de evidências de complicações e agravamentos. Semcritérios para invalidez permanente multifuncional.

(ix.iii) Laudo administrativo, à fl. 49, em 06.04.2011, consta que não há elementos que justifiquem a reconsideração dadecisão.

(ix.iv) Laudo administrativo, à fl. 51, em 13.07.2011, dá parecer contrário ao deferimento do recurso, por entender que nãohá elementos de comprovação da incapacidade laborativa, para o exercício laboral que o segurado exerce atualmente.

(ix.v) Laudo administrativo, à fl. 50, em 26.10.2011, descreve que segurado não apresenta incapacidade laboral, uma vezque o quadro de artrodese lombar está completamente consolidado, com ótimo posicionamento dos parafusos pediculares.Sem qualquer alteração impeditiva ao exame físico inclusive comprovada pelo fato do segurado ter informado, após

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questionamento, que está trabalhando.

Histórico laboral:Idade: 49 anos (fl. 58)Grau de instrução: Primeiro grau incompleto (fl. 58)Profissão/ocupação/área de atuação: Borracheiro (fl. 58)Reabilitação profissional:( ) sim (X) não.

Conforme a perícia do Juízo realizada por médica especialista em ortopedia, em 13.08.2012 (fls. 58-62), foi verificadainexistência de nexo causal entre a patologia e o local de trabalho do recorrente (quesito nº 6 do INSS – fl. 5). Narratambém, o perito judicial, que não existe incapacidade laboral (quesitos do juízo “A”, “B” e “C”, nº 4 – fls. 59-60; quesito nº 6do INSS – fl. 61).Consignou, por fim a médica perita: “o periciado durante o exame físico apresentou-se lúcido e orientado em tempo eespaço, respondendo bem as solicitações, com boa mobilidade dos membros, andando em [sic] uso de muletas ou auxíliode terceiros. Durante o exame levantou-se sem apoio dos móveis. Cicatriz de 9 cm, em região lombar, sem déficitneurológico em membros inferiores, com boa mobilidade dos mesmos, sem hipotrofia.” (quesito do INSS nº 13 - fl. 61).Não assiste razão ao recorrente, sob o prisma das provas não terem sido analisadas de forma plena e prudente pelo juízo aquo, uma vez que a sentença está em consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal. Ademais,sendo os quesitos do juízo suficientes para aferir a existência ou não de capacidade laborativa, afastada está ocerceamento de defesa.Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil ). Entretanto, no caso em apreço, osubstrato-fático realçado no item nº 6 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial, cabendo realçar, a bemdesse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: a contingência amparada pela Lei é a incapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo recorrente, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica, ou comprovada grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Registre-se, o médico não encarregado da perícia diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatosnarrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico epropondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixade doença incapacitante é ou não real. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico não encarregado da perícia não é fontesuficiente da existência de incapacidade para o trabalho. (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de14.12.2011 por esta Turma Recursal, relatoria do Juiz Federal Rogério Moreira Alves).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 31, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxkeb/gabd

52 - 0000826-84.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000826-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROSA LOURENÇO(ADVOGADO: ES014617 - RODRIGO CAMPANA FIOROT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).

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Processo nº. 0000826-84.2012.4.02.5053/01– Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: ROSA LOURENÇORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO - EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADENÃO VERIFICADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende o restabelecimento do benefício previdenciário deauxílio-doença desde a data da cessação, bem como sua conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 55-57): julgou improcedente o pedido por considerar ausente a incapacidade definitiva para o trabalho.

Razões do recorrente: a) necessidade de realizar nova perícia com médico especializado, porquanto não consideradas asdoenças enumeradas nos laudos médicos particulares; b) os laudos médicos não poderiam ter sido dispensados, uma vezque foram realizados por médicos especialistas e confirmam a incapacidade.

As contrarrazões não foram apresentadas.A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho, encontrando-se demonstrados os demaisrequisitos (fl. 35).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário no período de 19.01.2012 a 19.03.2012 (fl. 36).Histórico clínico:Exame médico particular (Ressonância magnética da coluna lombar) à fl. 20, em 13.12.2011, revela espondiloartroselombar, abaulamento discal difuso de L3-L4 à L5-S1, comprimindo suavemente o saco dural e reduzindo a amplitude dosforames neurais, maior nos dois últimos níveis, estenose secundária pequena do canal vertebral em L4-L5;

Atestado médico à fl. 18, em 04.01.2012, evidencia necessidade de afastamento do trabalho por dez dias; (CID M54.4 –Lumbago com ciática);

Laudo médico particular à fl. 24, em 31.01.2012, assegura tratamento neurológico devido às múltiplas lesões discaislombares e estenose de canal, recomendação de terapia minimamente invasiva com bloqueios epidurais seriados comcorticóides, para alívio da sintomatologia, manutenção da fisioterapia e afastamento profissional. Assegura que, nomomento, a paciente está impossibilitada de exercer suas funções profissionais;

Declaração da LOJA SIMBOLICA LINHARES UNIDO à fl. 23, em 01.02.2012, certifica apresentação de atestados médicosentre o período de 02.01.2012 a 31.01.2012: 04.01.2012 – 15 dias de afastamento e 31.01.2012 laudo médico, dias deafastamento indeterminado;

Relatório de fisioterapia à fl. 19, em 19.03.2012, informa início de tratamento, quadro de lombociatalgia aguda, realização desessões de hidroterapia, com resultado não satisfatório, persistência de quadro álgico e necessidade de dar continuidadeao tratamento;

Laudo médico particular à fl. 21, em 04.04.2012, refere discopatia degenerativa em coluna lombar com estenose de canalmedular, com evolução para lombociatalgia bilateral e diminuição de força dos membros inferiores, impossibilidade deexercer suas atividades, devendo ficar afastada para tratamento; (CID- M54.4 – Lumbago com ciática e M51.1 –Transtornos de discos lombares e de outros discos intervertebrais com mielopatia);

(iv) Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) não.

- Observações:Histórico laboral:Idade: 62 anos (fl. 11)Grau de instrução: 3ª série primária (fl. 43)Profissão/ocupação/área de atuação: Zeladora (fl. 43)Reabilitação profissional:( ) sim (x) não. Caso positivo, para qual atividade.- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico perito em 26.11.2012 (fls. 43-47), a recorrente foi diagnosticada comoespondiloartrose (quesito nº 1 – fl. 44), de origem degenerativa (quesito nº 02 – fl. 44), com provável início em 2011 (quesitonº 03 – fl. 44). Concluiu pela ausência de incapacidade para o trabalho, realçando restrições para atividades que exijamcarga intensa em coluna lombar.Consignou, por fim o médico perito: “Apta para o retorno a atividade laboral do ponto de vista ortopédico. A artrose dacoluna lombar é freqüente nas pessoas acima de quarenta anos e seu tratamento geralmente é com medicamento quando

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necessário. controle de peso corporal e fortalecimento muscular. A autora não apresentou ao exame físico alterações queimpossibilita seu retorno à atividade laboral (conclusão – fl. 44).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil ). Entretanto, no caso em apreço, osubstrato-fático realçado no item nº 6 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial, cabendo realçar, a bemdesse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: a contingência amparada pela Lei é a incapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo (a) recorrente, vale dizer, diante de prova materialrobusta e harmônica, ou comprovada grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Registre-se, o médico não encarregado da perícia diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatosnarrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico epropondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixade doença incapacitante é ou não real. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico não encarregado da perícia não é fontesuficiente da existência de incapacidade para o trabalho. (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de14.12.2011 por esta Turma Recursal, relatoria do Juiz Federal Rogério Moreira Alves).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 27, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado EletronicamenteJesxmms/gabd

53 - 0001700-78.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001700-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIANA BASILIO DAVITORIA (ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).Processo nº. 0001700-78.2012.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: SEBASTIANA BASILIO DE VITÓRIARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO - EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADENÃO VERIFICADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende a concessão de aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 76-77): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada a incapacidade, baseando-se no laudomédico pericial.

Razões do recorrente: a) o perito do juízo não considerou os atestados e/ou laudo (s) médico (s) dando conta de que éportadora de doença mental; b) a sua condição de saúde deve ser considerada juntamente com sua idade e grau deinstrução.

Contrarrazões nas fls. 89-92.A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho, encontrando-se demonstrados os demaisrequisitos (fls. 11).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário no período de 20.01.2008 a 21.09.2011 (fl. 28).Histórico clínico:Laudo médico à fl. 51, em 30.03.2010, refere quadro compatível com CID10 – F32 – episódio depressivo leve;

Receituário médico particular à fl. 14, em 19.05.2010, evidencia solicitação de afastamento do trabalho. Assegura pacienteem observação e informa que, caso não haja melhora, será novamente submetida à exploração cirúrgica;

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Atestado médico à fl. 13, em 10.10.2011, informa tratamento médico desde 19.10.2010 e quadro de forma mista, ideiasobsessivas e comportamentos compulsivos;

Receita médica à fl. 12, em 13.02.2012, prescreve uso de medicamentos;

Receituário médico à fl. 52, em 08.08.2012, revela tratamento medicamentoso e quadro de transtorno misto ansioso edepressivo (CID10-F41.2);

(iv) Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) não.

- Observações:Histórico laboral:Idade: 65 anos (fl. 08)Grau de instrução: 6ª série fundamental (fl. 65)Profissão/ocupação/área de atuação: costureira autônoma (fl. 43)Reabilitação profissional:( ) sim (x) não. Caso positivo, para qual atividade.- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em psiquiatria em 31.08.2012 (fls. 43-46), não foi verificadapatologia, realçando ainda que a recorrente “foi afastada do trabalho por problemas nos ossos” (quesito nº 01 – fl. 43).Assegurou não haver necessidade de uso medicação, do ponto de vista psíquico (quesito nº 11 - fl. 44). Concluiu pelaausência de incapacidade do ponto de vista psíquico (quesito nº 08 – fl. 43).Conforme a segunda perícia do Juízo realizada por médico perito em 18.12.2012 (fls. 65-69), a periciada é portadora dedoença osteoarticular em ombro (quesito nº 1 – fl. 66). Quanto às características informou tratar-se de “doençadegenerativa e inflamatória das articulações, que se manifesta, principalmente com dor e limitação dos movimentos.”Concluiu pela capacidade laborativa, ressaltando que a pequena limitação dos movimentos não importa impedimentoabsoluto para a sua atividade habitual (quesito de nº 9 - fl. 69)Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil ). Entretanto, no caso em apreço, osubstrato-fático realçado no item nº 6 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial, cabendo realçar, a bemdesse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: a contingência amparada pela Lei é a incapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pelo (a) recorrente, vale dizer, diante de prova materialrobusta e harmônica, ou comprovada grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Registre-se, o médico não encarregado da perícia diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatosnarrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico epropondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixade doença incapacitante é ou não real. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico não encarregado da perícia não é fontesuficiente da existência de incapacidade para o trabalho. (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de14.12.2011 por esta Turma Recursal, relatoria do Juiz Federal Rogério Moreira Alves).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 77, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

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Jesxmms/gabd

54 - 0001089-28.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001089-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROSA FABRIS CALIARI(ADVOGADO: ES010545 - JURANDIR BARBOSA DE SOUZA FILHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).Processo nº. 0001089-28.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: ROSA FIBRIS CALIARIRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO - EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOLEGAL NÃO PREENCHIDO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende a concessão da aposentadoria por invalidez ou orestabelecimento de auxílio-doença cessado administrativamente.Sentença (fls. 135-137): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada a incapacidade, baseando-se nolaudo médico pericial (fls. 105-108).

Razões do recorrente: a) não foram analisados, pelo magistrado e pelo perito, os exames e laudos anexados a inicial; b) hádivergência entre o laudo do perito do juízo e os diagnósticos particulares; c) sua condição de saúde, bem como sua idadee grau de instrução não foram analisadas.

Contrarrazões nas fls. 156-158.A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário: 18.12.1995 a 28.06.1996; 20.12.2009 a 10.03.2010; 27.03.2010 a27.06.2011; 28.06.2011 a 25.10.2011 (fl. 162-163)Histórico clínico:Laudos médicos particulares às fls. 39 e 42, em 17.05.2010 e em 08.04.2010, evidenciam paciente com artrite, lombalgia etendinite;

Declaração médico particular à fl. 45, sem data informada, relata paciente em tratamento semanal de fisioterapia, comprevisão de 10 (dez) sessões;

Laudo médico particular à fl. 51, em 14.06.2011, narra paciente portadora de artrite reumatóide que impede o retorno paraas atividades laborativas pelo período de 90 (noventa) dias;

Laudo médico particular à fl. 48, em 11.09.2011, informa paciente com diagnóstico de artrite reumatóide, artrite de tornozeloesquerdo. Informa ainda, a inaptidão para o trabalho;

(iv) laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (X) nãoHistórico laboral:Idade: 58 anos (fl. 105)Grau de instrução: 4ª série do ensino fundamental (fl. 105)Profissão/ocupação/área de atuação: ajudante de cozinha (fl. 105)Reabilitação profissional:( ) sim (X) não. Caso positivo, para qual atividade.- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em ortopedia, em 18.07.2012 (fl. 105-108), foi verificada que:“a autora é portadora de artrose da coluna lombar e das mãos, sem limitação da mobilidade e sem compressões nervosas.Não há incapacidade laboral.” Em resposta a quesito nº 04 – fl. 106, o perito afirmou que baseou sua conclusão no exameclínico da recorrente.Descabido o pleito de anulação da sentença sob o argumento de indeferimento de esclarecimentos do perito. Nessa seara,imperioso ter em mente que o direito de produzir provas não é absoluto, sendo certo que seu indeferimento, por si só, nãoimplicaria cerceamento de defesa, sobretudo quando a prova requerida é prescindível à elucidação do quadro clínico, comoneste caso. Ademais, sendo os quesitos do juízo suficientes para aferir a existência ou não de capacidade laborativa,afastada está o cerceamento de defesa.

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Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos�comprovados, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil ). Entretanto, no caso em apreço, o

substrato-fático realçado no item nº 6 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial, cabendo realçar, a bemdesse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: a contingência amparada pela Lei é a incapacidade.Não assiste razão à recorrente, porquanto as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo magistrado deprimeiro grau e a sentença está em consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastaros argumentos reproduzidos no presente recurso.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pela recorrente, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica, ou comprovada grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Registre-se, o médico não encarregado da perícia diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatosnarrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico epropondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixade doença incapacitante é ou não real. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico não encarregado da perícia não é fontesuficiente da existência de incapacidade para o trabalho. (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de14.12.2011 por esta Turma Recursal, relatoria do Juiz Federal Rogério Moreira Alves).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 94, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

JESXKEB/gabd

55 - 0005436-07.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005436-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OSCARINA DE VARGASSANTOS (ADVOGADO: ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).Processo nº. 0005436-07.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: OSCARINA DE VAGAS SANTOSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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Relator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOLEGAL NÃO PREENCHIDO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende o restabelecimento de auxílio-doença cessadoadministrativamente, com sua conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 64-66): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada a incapacidade, baseando-se no laudomédico pericial (fls. 40-43).

Razões do recorrente (fls. 69-78): a) o magistrado sentenciante não analisou provas e laudos acostados, nem tampoucoseu exercício laboral e idade; b) o quadro clínico da moléstia é essencial para a conclusão do deferimento do pedido; c) adecisão foi tomada sem o devido processo legal e sem o contraditório, não respeitando o mínimo de motivação exigida emlei; d) o retorno para o trabalho acarretará aceleração da degeneração com a perda total da função do membro; e) seu laboré incompatível com a patologia que lhe acomete.

Contrarrazões nas fls. 83-87.A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário (fls. 90-91): 01.09.1994 a 30.09.1994; 23.01.2001 a 05.02.2001;22.07.2007 a 31.12.2007; 17.10.2010 a 31.12.2010; 25.03.2011 a 26.04.2011.Histórico clínico:Atestado médico particular à fl. 27, em 16.10.2010, relata a necessidade de afastamento das atividades;

Atestado médico particular à fl. 26, em 09.03.2011, solicita afastamento de 15 (quinze) dias do trabalho;

Atestado médico particular à fl. 23, em 27.04.2011, informa a necessidade de 10 (dez) dias de afastamento do trabalho;

Laudos médico particular às fls. 19 e 24, em 07.06.2011 e em 28.03.2011, informam paciente portadora de abaulamentodiscal difuso L5-S1, que comprime o saco dural;

(iv) laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (X) nãoHistórico laboral:Idade: 58 anos (fl. 11)Grau de instrução: 3ª série (fl. 40)Profissão/ocupação/área de atuação: auxiliar de serviços gerais (fl. 40)Reabilitação profissional:( ) sim (X) não.

Conforme conclusão da perícia do Juízo realizada por médico especialista em ortopedista em 24.10.2012 (fl. 40-43), “aautora é portadora de artrose da coluna lombar sem compressões nervosas, tendo mobilidade e força normais. Sinaisdiscretos de artrose do joelho esquerdo sem alteração da mobilidade. A autora não apresenta alteração que gereincapacidade e está trabalhando atualmente.”Consignou, o médico-perito em resposta ao quesito nº 10 – fl. 42, que não há alterações funcionais e que a periciada estáapta a exercer suas atividades habituais. Informa ainda, que não há necessidade de adaptações no local de trabalho(quesito nº 24 – fl. 42).Os únicos laudos apresentados pela periciada e que não fazem parte dos anexados nos autos referem-se a: (a) radiografiado joelho esquerdo datada de 02.10.2010, na qual narra diminuição do espaço articular medial; (b) Ressonância da colunalombar, datada de 17.03.2011, informa artrose da coluna lombar com abaulamentos discais comprimindo o saco dural e asraízes emergentes à esquerda (exames complementares – fl. 41).Não assiste razão à recorrente, porquanto as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo magistrado deprimeiro grau e a sentença está em consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal, ao afastaros argumentos reproduzidos no presente recurso.Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil ). Entretanto, no caso em apreço, osubstrato-fático realçado no item nº 6 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial, cabendo realçar, a bemdesse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: a contingência amparada pela Lei é a incapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pela recorrente, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica, ou comprovada grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Registre-se, o médico não encarregado da perícia diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatosnarrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e

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propondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixade doença incapacitante é ou não real. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico não encarregado da perícia não é fontesuficiente da existência de incapacidade para o trabalho. (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de14.12.2011 por esta Turma Recursal, relatoria do Juiz Federal Rogério Moreira Alves).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 31-34, nos termosdo art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

JESXKEB/gabd

56 - 0000379-67.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000379-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA CONCEIÇÃOSANTOS (ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo n.º 0000379-67.2010.4.02.5053/01– Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: MARIA DA CONCEIÇÃO SANTOSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. INCAPACIDADENÃO CONFIGURADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 68-72, em razão de sentença (fls.62-65) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao idoso previsto noart. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta ser portadora de artrose em coluna lombar e cervical de natureza degenerativa, razão pela qual alega estarincapacitada para desenvolver atividades que lhe assegurem a subsistência. Informa que a perícia médica além deconstatar as patologias referidas, reconheceu a limitação para atividades que demandam esforço físico. Argumenta que ascondições pessoais como idade (64 anos) e escolaridade (é iletrada) dificultam ingresso no mercado de trabalho. Pretendeseja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 76-78.

Pois bem. A controvérsia diz com existência ou não de incapacidade para o trabalho.

Consoante a análise pericial de fls. 51-54, foi a autora diagnosticada com artrose da coluna cervical e lombar de origemdegenerativa. Concluiu o médico perito pela ausência de incapacidade para exercer suas atividades habituais no lar.Questionado se a periciada pode exercer atividade laborativa, respondeu que pode exercer qualquer atividade semsobrecarga de peso extremo em coluna lombar.

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Assim, verifico que não há incapacidade para a vida independente que enseje a concessão do benefício assistencial.

Portanto, não merece reparo a sentença de primeiro grau.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiçaà fl. 65, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxmms/gabd

57 - 0002599-13.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002599-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAUDIO KANISKI(ADVOGADO: ES006249 - SERGIO RIBEIRO PASSOS, ES015549 - LARISSA FURTADO BAPTISTA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).Processo n.º 0002599-13.2011.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: CLAUDIO KANISKIRepresentante: AUGUSTO MAGNO KANISKIRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. INCAPACIDADE NÃO CONFIGURADA.RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 133-135, em razão de sentença (fls.130-131) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao deficienteprevisto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta ser portador de retardo mental leve, razão pela qual está incapacitado para desenvolver atividades que lheassegurem a subsistência. Expõe que embora a perícia médica tenha diagnosticado a deficiência, concluiu pela ausênciade incapacidade. Argumenta que a ausência de incapacidade não prospera, pois é interditado para os atos da vida civil.Aduz que devido ao seu retardo mental não consegue aprovação em exame admissional. Pretende seja conhecido e

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provido o recurso, julgando-se procedente o pedido inicial.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 140-142.

Consoante disposição contida no caput do art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS), com aredação conferida pela Lei nº 12.435, em vigor a partir da data de publicação no Diário Oficial da União – DOU (7.7.2011), obenefício assistencial de prestação continuada corresponde à garantia de um salário-mínimo mensal à pessoa comdeficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos de idade ou mais que comprovem não possuir meios de prover aprópria manutenção nem de tê-la provida por sua família. Para os efeitos de aplicação do citado dispositivo, a família serácomposta pelo requerente, o cônjuge ou companheiro, os pais e, na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, osirmãos solteiros, os filhos e enteados solteiros e os menores tutelados, desde que vivam sob o mesmo teto (§1º).

Pois bem. A controvérsia diz com existência ou não de incapacidade para o trabalho.

Antes de ingressar na análise do mérito propriamente dito, convém sumariar o teor do relatório social, realizado em30.03.2012 (fls. 99-109). No que tange à composição familiar, consta do relatório social que o recorrente (49 anos),divorciado, ensino fundamental incompleto, desempregado, reside com seu irmão, Sr. Augusto Magno Kaniski (52 anos),sua cunhada, Sra. Joseilda Maria G. Laranjeiras (24 anos) e seu concunhado, Joseildo Silva Laranjeiras (17 anos). Por suavez, destaca-se que as despesas domésticas são custeadas pelo Sr. Augusto, que não soube precisar o valor real de suarenda mensal, pois não possui salário fixo e ser a renda proveniente da colheita, bem como de cultivo de produtos taiscomo ovos, leite e gado.

Com relação às despesas habituais (fl. 103) esclarece o relatório social que são assim distribuídas: R$ 60,00 (sessentareais) com medicação, R$ 250,00 (duzentos e cinquenta reais) com alimentação, R$ 7,00 (sete reais) com energia elétrica,R$ 35,00 (trinta e cinco reais) com gás de cozinha.

A casa onde reside a família é própria. O imóvel é de madeira e alvenaria, com cobertura de telhas de amianto; compostapor cinco cômodos, sendo apenas um quarto, sala, cozinha, banheiro, varanda e quintal. Concernente à mobília,verificou-se: 02 (duas) geladeiras, 02 (dois) aparelhos de televisão e 02 (dois) colchões. Quanto à infraestrutura do localonde residem, verificou-se ausência de pavimentação, de escoamento sanitário, sendo utilizada uma fossa. O comérciolocal é distante da residência do recorrente.

No decorrer da visita observou-se que moradia necessita de melhorias; a mobília aparentava irrisória, em estágio de usoavançado- fl. 103. Cumpre salientar que em parecer social, fl. 105, consta que embora o recorrido tenha mencionado totalincapacidade para o trabalho o mesmo demonstrou-se lúcido e orientado, respondendo de forma positiva, sem prejuízosaos quesitos que lhe eram propostos, concluindo, assim, que o recorrido não possui perfil compatível com o benefício emquestão. Ademais a assistente social responsável pela visita assegura que o local onde o recorrido reside não ficouesclarecido, isso porque se dirigiu ao endereço que consta nos autos por três vezes, sem êxito. Informa ainda que foinecessário entrar em contato com a genitora do recorrente para que assim tivesse acesso ao local onde este encontra-seresidindo atualmente.

Consoante a análise pericial médica, realizada em 03.08.2011, por médico especialista em psiquiatria (fls. 64-65), orecorrente foi diagnosticado com retardo mental leve, com nenhum ou mínimo comprometimento do comportamento (CID10 F70.0), de origem adquirida. Concluiu pela ausência de incapacidade, destacando que a patologia contatada interfereminimamente em sua vida civil independente, não necessitando assim da assistência de terceiros, pois está lúcido,orientado, coerente, cooperativo e sem alterações da realidade e da percepção. Verbalizando e deambulando semalterações. Ausência de sinais e/ou sintomas psicóticos. Está no limite superior de retardo mental e está apto para suaatividade habitual.

Assim, verifico que não há incapacidade que enseje a concessão do benefício assistencial. Acrescente-se ainda que estefato foi realçado pela assistente social, que salientou que “o autor demonstrou-se lúcido e orientado, respondendo de formapositiva. Sem prejuízos aos quesitos que lhe eram propostos.”. Concluiu ainda “o autor não possui perfil compatível com obenefício em questão”.

Tenha-se presente que a caracterização do estado de pobreza não configura, por si só e necessariamente, causa eficientede incidência do art. 20 da Lei nº 8.742/1993.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiçaàs fls. 130-131, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

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Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxmms/gabd

58 - 0000296-88.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000296-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.) x JACKSON DIAS SANTOS.Processo n.º 0000296-88.2009.4.02.5052/01– Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:JACKSON DIAS SANTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. PESSOA COM DEFICIÊNCIA.REQUISITOS PREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 51-56, em razão de sentença (fls.45-48) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC à pessoa comdeficiência, previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta que a renda per capita familiar é superior a ¼ do salário mínimo. Alega que o recorrido se insere em um núcleofamiliar cuja renda mensal totaliza R$ 750,00 (setecentos e cinqüenta) reais, além dos valores recebidos do Programasocial Bolsa Família. Argumenta que não se pode adotar critério diverso do previsto em lei para aferição da capacidade demanutenção própria ou de tê-la provida por sua família. Pretende seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido.

As contrarrazões não foram apresentadas.

A controvérsia diz com o requisito atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a flexibilização docritério objetivo de aferição, restando incontroversa a incapacidade.

Pois bem. Em 18.04.2013, o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº 567.985/MT, publicadoem 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidade do §3º do art. 20 da Lei nº 8.742/1993.

Isso importa, na prática, que a avaliação do real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos oudeficientes será realizada caso a caso.

Vale transcrever a ementa do julgado. Verbis:

Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovem

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não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei tevesua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de se contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o BolsaFamília; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a Municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade do critérios objetivos. Verificou-se aocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais)e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão deoutros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem

�pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE567985, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 02-10-2013 PUBLIC 03-10-2013 RAC-MIN-GILMAR MENDES)

Passo, portanto, à análise do caso concreto. Consoante a análise pericial de fls. 39-40, em 22.01.2011, o recorrido foidiagnosticado com retardo mental moderado, epilepsia não especificada e hipoacusia bilateral. São características dadoença: idade mental de “6 a menos de 9 anos”, crises convulsivas freqüentes, diminuição da acuidade auditiva. Concluiupela existência de limitação, assegurando que o periciado possui atraso cognitivo moderado que o impede de realizartarefas da vida civil. Realçou que portadores dessas patologias, quando em idade adulta, necessitam de assistência emgrau variado para trabalhar e viver em comunidade.

De par com isso, foi feito o relatório social de fls. 15-17, em 18.03.2009. No que tange à composição familiar, consta que orecorrido reside com os pais e seu irmão. Por sua vez, a renda familiar advém do trabalho dos genitores como diaristas, noimporte de R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais), ficando a renda per capita de R$ 187,50 (cento e oitenta e sete reais ecinquenta centavos).

Apurou-se ainda que o recorrido faz uso de medicamento controlado, sendo doado pela Prefeitura Municipal e às vezescomprado pela família. Não frequenta escola regular há aproximadamente cinco anos, devido à dificuldade deaprendizagem e fala. O irmão e a cunhada ajudam nos cuidados com o recorrente (fl. 15).

A casa onde reside a família é própria, de alvenaria, quatro cômodos, sendo dois quartos, sala e cozinha; os móveis eequipamentos são escassos e simples; observou-se que a moradia encontra-se em área de risco, com energia elétricapadrão e água canalizada (fl. 15).

Como se vê, do cotejo entre o montante da renda familiar a época do relatório social (R$ 750,00) e a composição legal dafamília (recorrido e seus genitores) resulta que objetivamente não foi preenchido o requisito atinente à renda per capitainferior a ¼ do salário mínimo (renda per capita = R$ 187,00).

Registre-se que o valor recebido pelo Programa Bolsa Família não deve ser considerado para o cálculo da renda per capita,haja vista o caráter transitório e precário do benefício.

Descortina-se no horizonte do recorrido, entretanto, a possibilidade de aferição da miserabilidade à conta de outroselementos referentes à situação econômico-financeira do beneficiário, à exceção de gastos (i) com aquisição demedicamentos ou consultas médicas, porquanto fornecidos pelo Sistema Único de Saúde – SUS, importante mecanismo de

�promoção da equidade no atendimento das necessidades de saúde da população e (ii) que provenham das necessidadesbásicas do dia-a-dia, como energia elétrica, gás de cozinha e alimentos, dentre outros, pois que carecem da necessáriauniformidade.

Assim, ainda que a renda per capita familiar mensal seja superior a ¼ do salário mínimo, apresenta-se possível a aferiçãoda condição de hipossuficiência econômica por outros meios.

Com efeito, no caso em apreço, verifica-se que a renda per capita do núcleo familiar é variável, porquanto os pais não têmvínculo empregatício. Assim, resta caracterizada a miserabilidade, porquanto não a renda obtida é esporádica e de poucamonta e não atende as necessidades básicas do recorrido, enquadrando-se, portanto, num quadro de vulnerabilidade sociale fazendo jus ao recebimento do benefício assistencial.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

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Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios, devidos pelo INSS, fixados em 10%(dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxmms/gabd

59 - 0001069-62.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.001069-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OZENI JESUS DOS SANTOS(ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo n.º 0001069-62.2011.4.02.5053/01– Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: OZENI JESUS DOS SANTOSRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. INCAPACIDADE NÃO CONFIGURADA.RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 108-112, em razão de sentença (fls.103-106) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada – BPC ao deficienteprevisto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta ser portadora de graves problemas de ordem neurológica, possuir válvulas de DVP no crânio, o que a impede deabaixar a cabeça, pois fica tonta e pode desencadear desmaios. Informa que se encontra sob constante tratamentomedicamentoso e que a renda familiar é esporádica, decorrente do labor de seu companheiro como ajudante de pedreiro.Argumenta que devido ao seu estado de saúde encontra-se impossibilitada de trabalhar e expõe que não consegue realizarnem tarefas simples, como varrer a casa. Pretende seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedidoinicial.

As contrarrazões não foram apresentadas.

Pois bem. A controvérsia diz com existência ou não de incapacidade para o trabalho.

Antes de ingressar na análise do mérito propriamente dito, convém sumariar o teor do relatório social de fl. 15. No que

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tange à composição familiar, consta do relatório social que a recorrente (46 anos) reside com seu companheiro, o Sr.Horrivail Carvalho de Souza, e um filho de criação, Leandro Ferreira Lopes (07 anos). A renda familiar é proveniente dotrabalho do Sr. Horrivail, que exerce a função de ajudante de pedreiro autônomo e recebe cerca de um salário mínimo pormês. No entanto, essa renda é esporádica, variando para mais ou para menos, pois o mesmo possui problemas de saúde(reumatismo, bico de papagaio) e quando adoentado, fica sem trabalhar, ficando a família sem renda.

Consoante a análise pericial de fls. 88-93, realizada por médico especialista em neurologia, a recorrente foi diagnosticadacom hidrocefalia, de origem estenose de aqueduto há cinco anos. Relata que o exame de ressonância magnética doencéfalo evidencia “provável cisto aracnóide em cisternas supraverminiana e quedrigêmina com questionável drenagem porcateter de fossa posterior. Cateter de derivação supratentorial bem posicionado, aparentemente funcionante. Não há sinaisde hipontensão liguórica.” Certificou que a paciente não faz uso de medicações para controle da epilepsia. Concluiu pelaausência de incapacidade para o trabalho, ressaltando que no momento a doença não induz incapacidade.

Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pela requerente, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Nesse diapasão, “o médico não encarregado da perícia diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatosnarrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico epropondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixade doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura daexistência da incapacidade para o trabalho” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de 14.12.2011por esta Turma Recursal, da relatoria do Juiz Federal Rogério Moreira Alves).Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiçaàs fls. 103-106, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxmms/gabd

60 - 0000232-47.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000232-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: VINICIUS DOMINGUES FERREIRA.) x JOSE LUCIO RODRIGUES (ADVOGADO: ES005098 - SIRO DACOSTA.).Processo n.º 0000232-47.2010.4.02.5051/01– Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido:JOSE LUCIO RODRIGUESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO - EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. PESSOA COM DEFICIÊNCIA.INCAPACIDADE VERIFICADA. REQUISITOS PREENCHIDOS. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 88-98, em razão de sentença (fls.83-86) que julgou procedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC à pessoa comdeficiência, previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

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Sustenta que o recorrido não faz jus ao benefício assistencial de prestação continuada, uma vez que a perícia judicial nãoconstatou a existência de doença incapacitante para o trabalho. Argumenta que a perícia administrativa avalia aincapacidade não como um atributo da pessoa, mas como um conjunto complexo de situações, das quais um númerorazoável decorre do ambiente social, razão pela qual afirma que sua avaliação deve prevalecer. Pretende seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se improcedente o pedido.

As contrarrazões não foram apresentadas.

A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho.

Passo, portanto, à análise do caso concreto. Consoante a análise pericial de fls. 56-57, em 08.06.2011, o recorrido foidiagnosticado com outras sequelas de fraturas do membro inferior (CID 10 T93.2), com ausência de patela à direita elimitação de marcha, decorrentes de acidente. Narra o perito que o periciado marcha com auxílio de apoio na mão direita,que apresenta calosidade no local de apoio. Concluiu pela incapacidade total e definitiva para desempenho de sua funçãohabitual de lavrador.

Entretanto, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil ).

Na perspectiva do amparo assegurado a partir da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, de 13 dedezembro de 2006, e seu Protocolo Facultativo assinado em Nova Iorque, em 30 de março de 2007, aprovado pelo DecretoLegislativo nº 186, de 9 de julho de 2008 e promulgado pelo Decreto nº 6949, de 25 de agosto de 2009, se extraibasicamente, que: (i) pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimento de longo prazo de natureza física, mental,intelectual ou sensorial, as quais, em interação com diversas barreiras podem obter sua participação plena e efetiva nasociedade em igualdade de condições com as demais pessoas (artigo 1º); e (ii) incapacidade é um fenômenomultidimensional que abrange limitação do desempenho de atividade e restrição da participação, com redução, efetiva eacentuada da capacidade de inclusão social em correspondência à interação entre a pessoa com deficiência e seuambiente físico e social (artigo 4º, inciso III).

Extraem-se dos autos que o recorrido é portador de doença ortopédica grave decorrente de acidente e paralisia facial direitaem razão de meningite (fl. 19), movendo-se com auxílio de muleta. A idade é outro fator importante no que respeita àprodutividade e ao desempenho laboral.

Isoladamente consideradas decerto tais patologias não consubstanciam fator impediente do exercício laboral. No entanto,analisadas dentro de uma perspectiva holística e transdisciplinar, vale dizer, conglobadamente e à vista da condiçãosocioeconômica, profissional e cultural do autor da demanda, denotam a existência de incapacidade não apenas para aatividade profissional habitual (lavrador), a qual demanda intenso esforço físico e permanência por longos períodos naposição em pé, como para toda e qualquer atividade que lhe garanta a subsistência.

De par com isso, não é ocioso enfatizar que a incapacidade para o trabalho é requisito que deve ser analisado à luz dosprincípios basilares que norteiam a Constituição da República, como o da dignidade da pessoa humana, da justiça social eda redução das desigualdades, e, igualmente, sob a ótica da proteção ao direito fundamental à saúde (CR/88, art. 6º).

Nesse contexto, o magistrado prolator da sentença, no correto alvitre de que a incapacidade reconhecida, ainda que apenaspara a função habitual de lavrador, impede seu (re) ingresso no mercado de trabalho em igualdade de condições com osdemais trabalhadores da mesma categoria profissional e sem risco de agravamento do seu quadro clínico, entendeu que orecorrido encontra-se, em verdade, incapacitado total e definitivamente para o trabalho. Assim colocado, o recorrido faz jusao benefício assistencial, mesmo porque o não acolhimento em situações como a presente importa, na prática, apenasresponder à demanda, mas não a soluciona na medida em que certamente retornará ao Poder Judiciário com a mesmacausa de pedir. Ademais, a concessão do benefício implica avaliação da continuidade das condições que lhe deram origem(art. 21 da Lei nº 8.742/1993).

De par com isso, foi feito o relatório social de fls. 22-25, realizado em 18.04.2008. No que tange à composição familiar,consta que o recorrido (52 anos), 2ª série do primeiro grau incompleta, lavrador, reside há cinco anos com sua irmã, Sra.Maria Aparecida Rodrigues (38 anos), seus sobrinhos Estefânia Rodrigues Ribeiro (15 anos), Bruna Rodrigues Ribeiro (13anos), Eduarda Rodrigues Ribeiro (10 anos), Amanda Rodrigues (13 anos), Gustavo Rodrigues (09 meses) e osobrinho/agregado Marcelo Miguel dos Santos (19 anos), companheiro de sua sobrinha.

Por sua vez, tem-se que a renda familiar advém da pensão alimentícia recebida pelos filhos da irmã, no importe de R$200,00 (duzentos reais); R$ 25,00 (vinte e cinco reais) diários, referente à renda da irmã nos meses de colheita do café; R$25,00 (vinte e cinco reais) diários nos meses de colheita do café, referente à renda de um dos sobrinhos; R$ 20,00 (vintereais) diários, referente à renda de um dos sobrinhos. Todavia, essa renda não pode ser considerada, porquanto ossobrinhos não compõem o núcleo familiar do recorrido.

No que toca aos gastos, as despesas – fora vestuário e gastos extraordinários - totalizam R$ 798,82 (setecentos e noventae oito reais e oitenta e dois centavos), distribuídos entre alimentação, medicamentos, água, luz, gás de cozinha e aluguel (fl.25), cabendo, desde logo, a ressalva de que tais valores não podem ser deduzidos da renda mensal para aferição da

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miserabilidade, eis que provêm das necessidades do dia-a-dia, carecendo, portanto, da necessária uniformidade.

Averbe-se, outrossim, a casa onde reside a família é alugada, de alvenaria, piso de cimento liso, teto de eternit, luz elétrica,água encanada e tratada, esgoto sanitário, com 07 (sete) cômodos, sendo 03 (três) quartos, cozinha, banheiro, área deserviço, sala; em precário estado de conservação, higiene e limpeza; arejada/clara com infiltrações na cozinha, necessidadede pintura e reparos na estrutura física. A casa é simples, possui poucos móveis em médio estado de conservação;localizada na zona urbana, de fácil acesso e em rua pavimentada.

Verifica-se, no caso em apreço, que a idade, a condição física e o nível sócio-cultural foram fatores que analisados econsiderados em conjunto para a concessão do benefício assistencial.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação do INSS em custas na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº. 9.289/1996. Honorários advocatícios, noentanto, devidos e ora fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxmms/gabd

61 - 0000671-15.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000671-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MICHELI SAQUETTO(ADVOGADO: ES004894 - OSMAR JOSE SAQUETTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).Processo n.º 0000671-15.2011.4.02.5054/01– Juízo de Origem: 1ª VF de ColatinaRecorrente: MICHELI SAQUETTORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. DEFICIENTE. AUSENCIA DEMISERABILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 131-150, em razão de sentença (fls.122-127) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao deficiente,previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta que a renda familiar não é suficiente para cobrir todas as despesas mensais. Aduz ser portadora de deficiênciamental desde o seu nascimento, não discernindo, nem exprimindo sua vontade real, além de inúmeras deficiências físicas.Assevera que o laudo social constata a situação de vulnerabilidade social do núcleo familiar. Argumenta que a rendafamiliar é proveniente da aposentadoria do pai da recorrente que, sozinho, é o responsável por todas as despesas da casa.Informa que além dos gastos com remédios, fraldas geriátricas, alimentação, água e luz. Outrossim, destaca que o limite darenda fixada na referida norma afronta o preceito constitucional contido no art. 203, inciso V, da Constituição da República.Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 154-155.

Manifestação do Ministério Público Federal às fls. 156-157.

A controvérsia diz com o requisito atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a flexibilização docritério objetivo de aferição do benefício.

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Pois bem. Em 18.04.2013, o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº 567.985/MT, publicadoem 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidade do §3º do art. 20 da Lei nº 8.742/1993.

Isso importa, na prática, que a avaliação do real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos oudeficientes será realizada caso a caso.

Vale transcrever a ementa do julgado. Verbis:

Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei tevesua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de se contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o BolsaFamília; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a Municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade do critérios objetivos. Verificou-se aocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais)e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão deoutros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem

�pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE567985, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 02-10-2013 PUBLIC 03-10-2013 RAC-MIN-GILMAR MENDES)

Feitas as considerações acerca do novo entendimento jurisprudencial, passo à análise do caso concreto.

Antes de ingressar na análise do mérito propriamente dito, convém sumariar o teor do relatório social de fls. 93-104,realizado em 06.02.2009. No que tange à composição familiar, consta do relatório social que a recorrente (32 anos) residecom seu pai, Sr. Adauto José Saquetto (60 anos), aposentado, sua mãe, Sra. Ivete Valentina Manffioletti (54 anos), sua tiae cuidadora, Sra. Margarida Manfioletti (45 anos) e sua prima, Lara Manffioletti (13 anos). Por sua vez, tem-se que a rendafamiliar advém da aposentadoria auferida pelo pai da recorrente no valor de R$ 1.024,00 (mil e vinte quatro reais).

Com relação às despesas habituais (fl. 95) esclarece o relatório social que são assim distribuídas: R$ 500,00 (quinhentosreais) mensalmente com alimentação, R$ 220,00 (duzentos e vinte reais) com conta de água, luz e gás, R$ 150,00 (cento ecinquenta reais) com medicamentos e R$ 160,00 (cento e sessenta reais) com fraldas geriátricas.

O imóvel onde reside a família é próprio, de alvenaria, com oito cômodos, provido de energia elétrica, água, coleta de lixoregular, rede de esgoto, condições físicas estruturais adequadas internas e externas e sem anormalidades construtivas.Está localizado em área de fácil acesso, sem barreiras no entorno e com infraestrutura regular. O imóvel tem boahabitabilidade e mobiliário adequado (fl. 95).

Todavia, em que pese o entendimento jurisprudencial esposado nos itens 7 e 8, no presente caso tem-se que as despesasda casa são suficientemente supridas com a renda auferida pelo pai da recorrente. Assim, verifico que não há aspecto devulnerabilidade social para a concessão do benefício assistencial.

Tenha-se presente que a caracterização do estado de pobreza não configura, por si só e necessariamente, causa eficientede incidência do art. 20 da Lei nº 8.742/1993; para os fins assistenciais “pobreza” e “miserabilidade” são situações distintas.

Portanto, merece ser mantida a sentença de primeiro grau.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento da Gratuidade da Justiça à fl. 85, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

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A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxmms/gabd

62 - 0003306-49.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003306-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SÔNIA COSTA (ADVOGADO:ES012566 - CHRISTINNE ABOUMRAD RIBEIRO AGUIAR LEITE, ES015647 - MANOELA MELLO SARCINELLI.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).Processo nº 0003306-49.2009.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: SÔNIA COSTARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ASSISTÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA. LOAS. PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA.AUSENCIA DE MISERABILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Este recurso inominado foi interposto pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 190-204, em razão de sentença (fls.185-188) que julgou improcedente o pedido de concessão do Benefício de Prestação Continuada - BPC ao deficiente,previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/1993 (Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS).

Sustenta que a renda de seu irmão e curador não deve ser computada para aferição da renda familiar, porquanto nãocompõem o mesmo núcleo familiar. Aduz que o limite de renda previsto na LOAS não deve ser visto como uma limitaçãodos meios de prova da condição de miserabilidade. Argumenta que o limite da renda fixado na referida norma afronta opreceito contido no art. 203, inciso V, da Constituição da República. Pretende seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido inicial.

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Contrarrazões às fls. 209-214.

Manifestação do Ministério Público Federal às fls. 182-183 e 218.

A controvérsia diz com o requisito atinente à renda per capita, especificamente se é possível ou não a flexibilização docritério objetivo de aferição do benefício.

Pois bem. Em 18.04.2013, o Supremo Tribunal Federal julgou o mérito do Recurso Extraordinário nº 567.985/MT, publicadoem 03.10.2013, ATA nº 146/2013, DJE nº 194, declarando a inconstitucionalidade do §3º do art. 20 da Lei nº 8.742/1993.

Isso importa, na prática, que a avaliação do real estado de miserabilidade social das famílias com entes idosos oudeficientes será realizada caso a caso.

Vale transcrever a ementa do julgado. Verbis:

Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela lei tevesua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e Processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de se contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de se avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para a concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o BolsaFamília; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a Municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade do critérios objetivos. Verificou-se aocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais)e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão deoutros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem

�pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE567985, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-194 DIVULG 02-10-2013 PUBLIC 03-10-2013 RAC-MIN-GILMAR MENDES)

Feitas as considerações acerca do novo entendimento jurisprudencial, passo à análise do caso concreto.

Conforme perícia médica judicial (fls. 72-77), em 18.08.2010, a recorrente foi diagnosticada com deficiência mental levedecorrente de disritmia de origem degenerativa (CID - F72.0). Questionado acerca da atividade profissional da periciada,respondeu que a mesma não possui qualificação ou condições física e mental de exercer atividade laborativa, podendoexercer funções de pouca complexidade após tratamento psiquiátrico. Assegurou que não há incapacidade definitiva, mastemporária.

No que tange à composição familiar, consta do relatório social de fls. 101-113, realizado em 19.08.2011, que a recorrente(38 anos) reside apenas com seu pai, Sr. Valter Costa (82 anos), viúvo, aposentado. Por sua vez, tem-se que a rendafamiliar advém da aposentadoria auferida pelo pai no valor de um salário mínimo.

Com relação às despesas habituais (fl. 109) esclarece o relatório social que são assim distribuídas: R$ 22,00 (vinte e doisreais) mensalmente com conta de energia, R$ 18,00 (dezoito reais) com conta de água e R$ 200,00 (duzentos reais) comalimentação e R$ 300,00 (trezentos reais) com cuidadora.

A casa onde reside a família é própria, de alvenaria, composta por 03 (três) cômodos, sendo 02 (dois) quartos, cozinha,sala e banheiro, piso de cerâmica e teto de laje. É humilde, mas apresenta boas condições de habitabilidade. Possuienergia elétrica, água tratada, rede de esgoto. A região onde moram é de periferia. (fls. 108-109).

Em que pese o entendimento jurisprudencial esposado nos itens 6 e 7, no presente caso tem-se que as despesas da casasão supridas com a renda auferida pelo pai e pelo auxílio prestado pelo curador da recorrente. Assim, verifico que não háaspecto de vulnerabilidade social para a concessão do benefício assistencial.

Ademais, conforme parecer do MPF: “o múnus da curatela traz para o curador a obrigação de sustento do curatelado,

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conforme haveres e condições daquele (art. 1.781 combinado com o art. 1.740, I, ambos do Código Civil). Além do mais aobrigação do estado de sustentar o deficiente através da Seguridade Social é secundária, cabendo primeiro à família, casoesta tenha condição.” (fl. 149).

Tenha-se presente que a caracterização do estado de pobreza não configura, por si só e necessariamente, causa eficientede incidência do art. 20 da Lei nº 8.742/1993; para os fins assistenciais “pobreza” e “miserabilidade” são situações distintas.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento da Gratuidade da Justiça à fl. 57, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 19 de março de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesxmms/gabd

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

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63 - 0000700-76.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000700-7/01) REINALDO ADOLFO DOMINGOS (ADVOGADO: ES007025- ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTOFERNANDES.).PROCESSO: 0000700-76.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000700-7/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por REINALDO ADOLFO DOMINGOS, em face da sentença de fls.123/124, que julgou improcedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença e sua conversão emaposentadoria por invalidez. O recorrente alega que a conclusão do juízo a quo decorre de laudo médico pericial que nãocondiz com a realidade, não tendo sido avaliados os laudos e exames particulares apresentados e sem que houvesseresposta integral aos quesitos. Requer o provimento do recurso para anular a sentença, retornado-se os autos ao peritopara que responda integralmente aos quesitos, ou a reforma da sentença, julgando-se procedente o pedido inicial.

2. O autor (nascido em 12/07/1967) recebeu benefício de auxílio-doença previdenciário nos seguintes períodos:23/11/2006 a 29/09/2008, 03/03/2009 a 11/03/2009 e 26/05/2009 a 31/03/2010. Por força da decisão de fls. 84/85, queantecipou os efeitos da tutela, passou a receber o benefício com DIB em 01/04/2010 e, conquanto tenha havido arevogação da tutela na sentença de fls. 123/124, vem recebendo o auxílio-doença até os dias atuais. Teve vários vínculosempregatícios, iniciando em 12/10/1986. Seu último emprego iniciou-se em 26/08/2004 e a competência da últimaremuneração é junho de 2009. Na peça inicial indicou ser motorista. Seu pedido inicial é o de restabelecimento doauxílio-doença cessado em 29/09/2008, com sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez.

3. Trouxe aos autos os seguintes exames médicos do período controverso (após a cessação do auxílio-doença):ressonância magnética de coluna lombossacra (fl. 79), eletroneuromiografia (fls. 97/99), radiografia digital de coluna lombar(fl. 100) e tomografia computadorizada de coluna lombar (fl. 101). Ressalto que os demais exames e laudos constantes dosautos referem-se a período em que houve a percepção do benefício, quando a incapacidade era reconhecida pelo INSS.

4. A perícia médica judicial (fls. 116/117) foi realizada em 19/09/2011, por médico especialista em ortopedia etraumatologia. O perito diagnosticou hérnia de disco lombar e destacou o procedimento cirúrgico ao qual o autor sesubmeteu em 2009. Informou que o quadro atual do recorrente é assintomático, sem limitações aparentes, não havendoincapacidade laboral. Assim, restaram prejudicados os demais quesitos acerca da data de início de incapacidade, o estadode incapacidade e a possibilidade de reabilitação profissional.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o perito atestou aplena capacidade do autor para realizar a atividade profissional; o recorrente colacionou aos autos apenas laudos médicosque atestam a incapacidade durante período incontroverso, quando houve percepção de auxílio-doençaadministrativamente; os exames juntados pela parte autora não têm o condão de afastar a conclusão do perito judicial; olaudo pericial do Juízo foi plenamente satisfatório e descreveu de forma objetiva e suficiente o quadro clínico do autor.

Sendo assim, entendo que o autor não faz jus ao restabelecimento do benefício e tampouco sua conversão emaposentadoria por invalidez. O laudo elaborado pelo perito judicial foi completo e capaz de afastar qualquer dúvida arespeito da capacidade do recorrente. Verifico, in casu, que o autor não se desincumbiu de provar os fatos alegados nainicial, restando clara a sua aptidão atual para o trabalho.

Posto isso, conheço do recurso do autor e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

64 - 0008364-62.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.008364-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAUDIA MEIRE MOREIRA(ADVOGADO: ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA, ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).PROCESSO: 0008364-62.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.008364-7/01)

V O T O / E M E N T A

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1. Trata-se de recurso inominado, interposto por CLAUDIA MEIRE MOREIRA, em face da sentença de fls. 47/48,que julgou improcedente o pedido inicial de concessão de auxílio-doença. A recorrente alega que a conclusão do juízo aquo decorre de laudo médico pericial que não condiz com a realidade, não tendo sido avaliados os laudos e examesparticulares apresentados e que, apesar do controle medicamentoso duradouro, não houve restauração da capacidadelaboral. Aduz, ainda, que o laudo judicial não vincula o juízo de piso, havendo, inclusive, incapacidade social, que tornaforçoso o reingresso no mercado de trabalho. Requer o provimento do recurso para reformar a sentença e julgarprocedente o pedido inicial.

2. A autora (nascida em 17/07/1971) recebeu benefício de auxílio-doença previdenciário no seguinte período:11/01/2011 a 31/07/2011. Teve vários vínculos empregatícios, iniciando em 07/05/1990. Seu último emprego (na empresaLB Assessoria e Cobrança Ltda.) iniciou-se em 19/03/2013 e perdurou até 05/07/2013. Na peça inicial indicou ser auxiliar decobrança.

3. Trouxe aos autos um único laudo do período controverso (após o indeferimento do auxílio-doença): laudo médico(fl. 15 – 10/11/2011) indicando transtorno afetivo bipolar e episódios depressivos, sem condições para o trabalho. Ressaltoque os demais exames e laudos constantes dos autos referem-se a período em que a incapacidade era reconhecida peloINSS.

4. A perícia médica judicial (fls. 35/39) foi realizada em 23/03/2012, por médico especialista em psiquiatria. O peritoasseverou a inexistência de sinais ou sintomas de doença mental. Segundo o expert, não há limitações funcionais queimpeçam o exercício da atividade habitual de auxiliar de cobrança, mantendo-se íntegros os ícones de funcionamentomental da recorrente.

5. Ao se analisar todo o contexto probatório colacionado aos autos, fixo as seguintes premissas: o perito sequeridentificou algum sinal ou sintoma de doença mental e asseverou não haver limitações para a atividade de auxiliar decobrança; o único laudo médico de período controverso juntado pela parte autora não tem o condão de afastar a conclusãodo perito judicial; o laudo pericial do Juízo foi plenamente satisfatório e descreveu de forma objetiva e suficiente o quadroclínico da recorrente.

Sendo assim, entendo que a autora não faz jus à concessão de auxílio-doença e tampouco sua conversão emaposentadoria por invalidez. O laudo elaborado pelo perito judicial foi completo e cumpriu seu objetivo, avaliando de formaimparcial a condição clínica da paciente e afastando qualquer dúvida a respeito da capacidade laborativa da recorrente combase nas alegadas doenças psiquiátricas.

6. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

65 - 0000721-82.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000721-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LAURIDE SERRA(ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).PROCESSO: 0000721-82.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000721-6/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por LAURIDE SERRA, em face da sentença de fls. 71/72, que julgouimprocedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença, concessão de aposentadoria por invalidez eindenização por dano moral. A recorrente alega que o perito judicial atestou a capacidade laboral sem que levasse emconsideração a atividade profissional exercida e que o juízo a quo se absteve de analisar a farta documentação coligida aosautos, baseando-se apenas no laudo pericial. Requer o provimento do recurso para que seja designada nova perícia commédico ortopedista ou reformada a sentença, julgando-se procedente o pedido inicial.

2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de demanda objetivando a concessão de aposentadoria por invalidez e a condenação do INSS em indenização pordano moral.

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Dispenso a citação do réu com base no art. 285-A do CPC.

A autora submeteu-se a duas perícias médicas em juízo.

O primeiro perito, especialista em ortopedia, relatou dor na mão e na coluna cervical e lombar (quesito 1, fl. 47). Avaliou queao exame físico a autora apresentou teste de Lasègue negativo, sem déficits neurológicos aparentes, sem atrofiasmusculares, Spurling negativo e sem parestesias nos membros (quesito 2). Afirmou que a autora possui aptidão paraexercer a atividade habitual de auxiliar de serviços gerais (quesitos 8/9). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho(quesito 14).

O segundo perito, especialista em neurologia, diagnosticou osteoartrose da coluna lombar e cervical (quesito 1, fl. 61). ).Afirmou que a autora possui aptidão para exercer a atividade habitual de auxiliar de serviços gerais (quesitos 8/9). Atestouque a autora não possui déficit motor, não há sinais de atrofia muscular e o exame neurológico teve resultado normal(quesito 10). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 14).

A autora impugnou o laudo pericial (fls. 66/68). Alegou que é portadora de osteoatrose na coluna lombar e cervical e quenão consegue desempenhar suas funções laborativas, porque é auxiliar de serviços gerais e já possui 48 anos. Para terdireito ao auxílio-doença ou à aposentadoria por invalidez, porém, não basta ao segurado comprovar ser portador desequela: é preciso ficar comprovado que a lesão tenha causado alterações que impeçam o desempenho das funçõesespecíficas de uma atividade ou ocupação. Somente o médico detém conhecimentos técnicos para aquilatar se a doençadiagnosticada inabilita o segurado para o trabalho. E no presente caso a perícia médica não confirmou nenhuma limitaçãofuncional que, apesar da idade, impeça a autora de desempenhar sua atividade habitual.

A autora impugnou a informação de que ela não tem déficit motor nem sinais de atrofia muscular. Alegou que sente fortesdores durante o dia e não consegue laborar de forma produtiva. A alegação, porém, não foi comprovada na prova pericial.

A autora alegou que a documentação médica constante dos autos comprova sua incapacidade para o trabalho. Ocorre queo diagnóstico constante de atestado de médico assistente ou sugerido em exame complementar não vincula a períciajudicial. O atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência deopiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal doEspírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, emprincípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre oparticular”. O médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente,mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento queconsidere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante éverdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para otrabalho.

Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

P.R.I.

Vitória, 3 de dezembro de 2013.

3. Sem razão a recorrente. Entendo que a sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e ojulgado está em consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal.

4. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. A

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certificação digital consta na parte inferior da página]

66 - 0000384-93.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000384-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x ALDALILIA ANDRADE DOSSANTOS (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).PROCESSO: 0000384-93.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000384-3/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 51/52, que julgou procedente o pedido paracondenar o INSS a restabelecer o auxílio-doença desde a cessação, em 6/12/2012, concedendo, ainda, a antecipação dosefeitos da tutela. Sustenta o recorrente que a conclusão do perito judicial confirma a conclusão da perícia médica do INSS,pela inexistência de incapacidade laboral, mesmo levando em consideração a profissão da autora e tendo em vista todos oslaudos médicos assistentes. Questiona por que se gastar dinheiro público e tempo já que o juiz não se convence daconclusão do laudo médico.

2. A autora, auxiliar de serviços gerais, atualmente com 50 anos de idade, recebeu o benefício de auxílio-doença noperíodo de 08/11/2012 a 06/12/2012, quando foi cessado (fl. 44). Em consulta ao CNIS (fls. 42/43), verifica-se quecontribuiu para o RGPS nos períodos de 15/02/1991 a 12/1993; 15/02/1991 a 12/1991; 03/06/1996 a 02/09/1996;01/10/1996 a 10/12/1998; 01/12/1999 a 09/05/2001; 16/05/2003 a 02/06/2003; 02/05/2006 a 02/06/2006; 03/02/2012 a12/2012; e 08/11/2012 a 06/12/2012.

3. Trouxe aos autos os seguintes documentos médicos emitidos em datas próximas à cessação do benefício(6/12/2012): laudo de médico ortopedista relatando pinçamento discal dos espaços cervico-lombares, dedos das mãos ededos dos pés, quadro de fibromialgia, uso de medicação e indicação de fisioterapia, com conclusão pela incapacidadepara o trabalho (fl. 09 – datado de 12/12/2012); laudo de médico ortopedista relatando quadro de artrose cervical compinçamento L5-L6 e L6-L7, redução do espaço discal em L3-L4 e L5-S1, dedos das mãos e pés com quadro compatívelcom osteoartrite e fibromialgia, concluindo pela incapacidade para o trabalho (fl. 10, reproduzido à fl. 29 – datado de24/10/2012); radiografia das mãos e dos pés (fl. 12, reproduzido à fl. 30 – datada de 15/12/2011); radiografia da colunacervical e lombossacra (fl. 13 – datada de 14/06/2012); laudo de médico ortopedista relatando osteoartrite, dor poliarticular enos segmentos da coluna cervical e lombar, concluindo pela limitação da capacidade laboral de maneira parcial e definitiva(fls. 34/35 – datado de 08/05/2013); laudo de médica reumatologista relatando artrose nas mãos e coluna associada afibromialgia em atividade e incapacidade para o trabalho de serviços gerais (fl. 49 – datado de 22/05/2013).

4. Na análise pericial do Juízo (fls. 20/22), realizada em 11/04/2013 por médico ortopedista, a autora foi examinadae diagnosticada com “dor em diversas articulações”. Concluiu que a autora possui aptidão para exercer a profissão deauxiliar de produção.

O perito afirma que, apesar das patologias - artrose facetaria na coluna e osteofitos marginais, cistos subcorticais ediminutas calcificações na mão, conforme exames de raio x da coluna cervical e lombar, de 31/01/2013, e raio x da mão,cuja data não é mencionada – não há elementos que comprovem incapacidade para a função.

O perito teve acesso aos laudos médicos listados no item 4 desta ementa, como se depreende da resposta ao quesito 4.Não obstante, com base no fato de que o laudo pericial relatara dados objetivos que justificam a queixa de dor, o Juízo aquo encetou conclusão diversa da do Perito: “A autora pode preservar aptidão física para executar tarefas inerentes àprofissão de auxiliar de serviços gerais, mas, para trabalhar, teria de suportar alta dose de sacrifício e provavelmente comcomprometimento da sua produtividade. Imaginar que uma mulher possa exercer as atividades preponderantementebraçais de auxiliar de serviços gerais sentindo dores na coluna lombar, na coluna cervical e na mão contraria o princípioconstitucional da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da Constituição Federal).”

6. Como se infere de fls. 60/61, o INSS demonstrou elevada irresignação contra a sentença.

Creio que esta irresignação tenha ocorrido porque o recorrente supôs que a autora (i) teria trabalhado durante todo o ano de2012 e, (ii) com a condenação estipulada na sentença, iria receber duas vezes (salário e benefício por incapacidade); é oque suponho pelo relato do 3º parágrafo de fl. 61.

Mas o INSS equivocou-se. Em suas contrarrazões, na fl. 70, a defesa explicitou o que de fato ocorreu; e o relato é plausívelà luz do documento encartado pelo INSS à fl. 42 (relatório do CNIS); vejamos.

Analisando o relatório de fl. 42, afere-se que: (i) a autora recebeu benefício previdenciário não durante todo o ano de 2012,mas apenas entre 08/11/2012 até 06/12/2012 (DCB), ou seja, por menos de 30 dias; (ii) o vínculo trabalhista iniciado em03/02/2012, embora não tenha indicação no campo “rescisão/competência final”, há indicação no campo “competênciaúltima remuneração” no sentido de que o último recolhimento que se fez foi relativo a dezembro de 2012. Ora: o relatóriodo CNIS foi juntado aos autos em junho de 2013; resta evidente que a “última remuneração” lançada no vínculo 010,relativa à competência 12/2012, foi representativa da rescisão do contrato de trabalho (se houvesse outras remuneraçõesposteriores, constariam do relatório, visto que foi juntado aos autos bem depois de dezembro de 2012).

Este contexto evidencia ser verdadeiro tudo quanto afirmou a DPU na fl. 70: após a cessação do auxílio-doença em

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06/12/12, a autora retornou à empresa onde trabalhava e foi demitida naquele mesmo mês de dezembro.

O receio do INSS de a autora receber duas vezes é infundado. Perceba-se que a sentença fixou DIB na cessação dobenefício, ou seja, em 06/12/2012. Ora: nesse mesmo mês de dezembro ocorreu a rescisão do contrato de trabalho.

7. Nada há a reparar na sentença.

Se o Perito descreve objetivamente a ocorrência de dor para realizar um trabalho que exige esforço braçal e, depois,conclui pela ocorrência de capacidade, isso não é óbice a que o Juízo conclua diferentemente, desde que aponte,objetivamente, o momento do raciocínio do expert em que inferiu a ocorrência de equívoco. Ora: da sentença consta essafundamentação.

No mais, equivocada a ilação do INSS no sentido de que o Juízo “... não pode formular conclusão completamente contráriaa posição do perito do juízo...” (fl. 60). Com efeito, o segurado que aciona o INSS no Judiciário não possui um mero direitosubjetivo a um novo ponto de vista médico-pericial. Se assim fosse, vigoraria um sistema de vinculação do juiz ao teor dolaudo pericial, ou seja, exatamente o oposto do que o direito positivo consagrou (artigo 436 do CPC).

8. NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, visto que a autora foi patrocinada pela DPU e figurou comocondenado uma autarquia federal (súmula 421 do STJ).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

67 - 0001045-72.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001045-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROBERTA PEREIRA DONASCIMENTO SILVA (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).PROCESSO: 0001045-72.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001045-8/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por ROBERTA PEREIRA DO NASCIMENTO SILVA, em face dasentença de fls. 80/81, que julgou improcedente o pedido inicial de concessão de auxílio-doença desde 07/01/2013 eproventos de auxílio-doença retroativos ao período de 30/11/2012 a 07/01/2013. A recorrente sustenta a impossibilidade deaplicação do artigo 285-A do CPC. Alega que a sentença baseou-se exclusivamente no artigo 285-A e no laudo pericial, oqual fora absolutamente contraditório e omisso, não havendo qualquer análise da atividade habitualmente exercida e doslaudos particulares coligidos aos autos. Requer o provimento do recurso, pugnando pela nulidade ou reforma da sentença.

2. Da aplicação do artigo 285-A do CPC.

A autora alegou nulidade pelo fato de o Juízo a quo ter aplicado o disposto no art. 285-A do CPC, sentenciando o processosem previamente ter citado o INSS. Houve, de fato, nulidade. Com efeito, para aplicar-se tal dispositivo, é imprescindívelque a matéria controvertida seja apenas de direito. Ora: no caso dos autos, há matéria fática envolvida; tanto assim o é que,sem embargo de não ter havido citação, houve produção de prova pericial (registre-se que o Juízo a quo assim procedeupara imprimir maior celeridade ao feito; atitude plenamente justificável, tendo em vista o elevadíssimo número de açõesvisando à concessão de benefícios previdenciários por incapacidade laborativa ajuizadas mensalmente nesta SeçãoJudiciária). Não obstante, a aplicação do artigo 285-A do CPC não trouxe qualquer prejuízo ao réu, visto que o pedido foijulgado improcedente. E não trouxe nenhum prejuízo à autora (que ora alega nulidade), uma vez que, já tendo ocorridodilação probatória, a eventual anulação da sentença em nada iria alterar o resultado do processo. Com efeito, o INSS,intimado do recurso da autora, apresentou contrarrazões e não alegou nulidade. A nulidade foi alegada apenas pela autora,e se me afigura meramente formal. Nesta ordem, a mera anulação da sentença apenas prorrogaria ainda mais a marchaprocessual: o INSS seria citado; apresentaria contestação com conteúdo similar ao das contrarrazões ao recurso (jáapresentadas) e, por fim, o Juízo provavelmente sentenciaria o processo no mesmo sentido (julgando improcedente opedido). Em vista deste contexto, à luz do que alegou o INSS nas contrarrazões ao recurso (não houve reconhecimentojurídico do pedido, nem qualquer outra argumentação favorável à pretensão formulada na inicial), embora o pedido tenhasido julgado improcedente, inexistem elementos de fato a indicar que o critério adotado pelo Juízo a quo tenha prejudicadoa parte autora.

Pelo exposto, aplicando-se os critérios da celeridade e informalidade (art. 2º da Lei 9.099/95) e tendo em vista,especialmente, a inexistência de prejuízo (§ 1º do art. 13 da Lei 9.099/95), rejeito a alegação de nulidade veiculada norecurso da autora.

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3. Eis o teor da sentença:

Dispenso a citação do réu com base no art. 285-A do CPC.

Trata-se de demanda objetivando a concessão de auxílio-doença NB 554.424.648-0 desde a data do requerimentoadministrativo, em 7/1/2013, bem como os proventos de auxílio-doença retroativos ao período de 30/11/2012 a 7/1/2013.

O perito nomeado pelo juízo, médico clínico geral, diagnosticou insuficiência renal crônica e hipertensão arterial secundária(quesito 1, fl. 45), mas não constatou, no momento do exame pericial, nenhuma repercussão clínica que caracterizasseincapacidade para a atividade habitual de operadora de crédito (quesitos 8/9). Concluiu que não há incapacidade para otrabalho (quesito 14).

O perito considerou que os atestados médicos e laudos de exames apresentados pela autora não comprovam incapacidadepara o trabalho no momento anterior à perícia. Mencionou que a autora apresentou laudos antigos atestando incapacidade(há mais de 8 meses), mas não os ratificou (quesito 9). O perito deve ter se referido ao laudo médico datado de 7/2/2013 (fl.14). Esse laudo, isoladamente considerado e sem ratificação do perito, não basta para comprovar incapacidade para otrabalho na data de entrada do requerimento administrativo, porque sua fundamentação é muito precária: o laudo apenasconfirma o diagnóstico de insuficiência renal e de hipertensão, sem narrar qualquer sintoma patológico que justificasse aconclusão pelo afastamento do trabalho.

A autora impugnou o laudo pericial (fls.49/50). Alegou que sua doença foi reconhecida pelo INSS nos anos de 2003 e 2009e, em 2005, o médico atestou sua incapacidade definitiva para o trabalho. O fato de o INSS ter concedido o benefícioanteriormente não significa que a incapacidade para o trabalho tenha persistido. O auxílio-doença é benefício precário, quesó mantém enquanto comprovada a persistência da incapacidade para o trabalho. Se, no futuro, for comprovada aincapacidade para o trabalho, a autora poderá renovar o requerimento de auxílio-doença.

A autora alegou que o laudo pericial incidiu em contradição, pois reconheceu que a autora é portadora de doença crônica eirreversível, fato que seria incompatível com a aptidão para o trabalho. Ocorre que a natureza crônica e irreversível dapatologia não garante que ela tenha atingido grau incapacitante, mas apenas que a evolução da doença é progressiva. Se,no futuro, o quadro clínico se agravar em razão da progressão da enfermidade, a autora poderá renovar o requerimento deauxílio-doença.

A autora alegou que a documentação médica constante dos autos comprova a existência da doença. O perito não negou aexistência da doença, apenas negou que ela estivesse impedindo a autora de trabalhar. Para ter direito ao auxílio-doençaou à aposentadoria por invalidez, não basta ao segurado comprovar ser portador de sequela: é preciso ficar comprovadoque a lesão tenha causado alterações morfopsicofisiológicas que impeçam o desempenho das funções específicas de umaatividade ou ocupação. Somente o médico detém conhecimentos técnicos para aquilatar se a doença diagnosticada inabilitao segurado para o trabalho.

Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

P.R.I.

Vitória, 10 de dezembro de 2013.

4. Sem razão a recorrente. Entendo que a sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e ojulgado está em consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal.

5. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

68 - 0002927-69.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002927-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x FRANCISCO CARLOS DA SILVA(ADVOGADO: ES015691 - RODRIGO LOPES BRANDÃO.).PROCESSO: 0002927-69.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002927-3/01)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 57/57, que julgou procedente opedido e o condenou a revisar os benefícios de auxílio-doença recebidos pela parte autora, conforme previsto no art. 29, II,da Lei nº 8.213/91. Sustenta o recorrente a ausência de interesse de agir, tendo em vista o acordo celebrado nos autos daAção Civil Pública nº 00023205920124036183, que faz coisa julgada erga omnes, ressaltando, ainda, a razoabilidade docronograma para pagamento das parcelas atrasadas previsto no referido acordo. Alega, por fim, a não interrupção do prazoprescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

2. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, explicitamente referido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou oacordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu um escalonamento de10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisãoadministrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja,a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

3. Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongadopara efetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir.

4. No mérito, o parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração das RMI dos benefícios da parte autora,conforme se verifica na carta de concessão de fls. 12/13, contraria a legislação previdenciária, em especial, o art. 29, II, daLei nº 8.213/91, segundo o qual, o “salário-de-benefício consiste na média aritmética simples dos maioressalários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo."

5. A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Parao segurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

6. Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados jáfiliados à Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 daLei n.º 8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nuncainferior a 60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

7. O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, paraa aposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

8. Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. Oart. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vezde apenas 80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não temprevisão na lei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislaçãosupracitada, ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

9. No que diz respeito à prescrição, correta a sentença ao reconhecer a interrupção do respectivo prazo com oMemorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, que determinou a revisão administrativa dos benefícios,configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazo prescricional (art. 8º doDecreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do Código Civil. Os benefícios daparte autora foram concedidos em 19/09/2008 e 04/09/2006 (fls. 27/29 e 30/32), respectivamente), pelo que na data doreferido memorando (15/04/2010) não havia parcelas prescritas.

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11. A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, dadata do ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF).

No presente caso, a ação foi proposta após 15/10/2012 - em 23/07/2013 – e o primeiro benefício foi pago no período de04/09/2006 a 30/04/2007, não havendo, por outro lado, termo final do pagamento do segundo benefício, ainda em vigor,como se vê à fl. 54. Assim é que a prescrição atinge todas as prestações referentes ao primeiro benefício (NB517.832.630-6), não aproveitando à parte autora a interrupção do prazo prescricional em 15/04/2010, não estando prescrita,por outro lado, nenhuma prestação referente ao segundo benefício (NB 532.246.171-6), eis que iniciado após 23/07/2008.

12. Em face de todo o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do INSS para reformar, em parte, asentença para julgar improcedente o pedido quanto ao benefício NB 517.832.630-6, mantida a sentença quanto aobenefício NB 532.246.171-6.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários, em face do disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

69 - 0000439-44.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000439-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x JORGE ANTONIO MELLO ABRAHÃO(ADVOGADO: ES012411 - MARCELO CARVALHINHO VIEIRA, ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN,ES006942 - LUÍS FERNANDO NOGUEIRA MOREIRA.).PROCESSO: 0000439-44.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000439-2/01)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 159/161, que julgou procedenteo pedido e o condenou a pagar à parte autora as diferenças devidas referentes à revisão dos benefícios previdenciários porela recebidos, conforme previsto no art. 29, II, da Lei nº 8.213/91. Sustenta o recorrente a ausência de interesse de agir,tendo em vista o acordo celebrado nos autos da Ação Civil Pública nº 00023205920124036183, que faz coisa julgada ergaomnes, ressaltando, ainda, a razoabilidade do cronograma para pagamento das parcelas atrasadas previsto no referidoacordo. Alega, por fim, a não interrupção do prazo prescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

2. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, explicitamente referido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou oacordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu um escalonamento de10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisãoadministrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja,a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

3. Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongadopara efetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir,mormente quando os pagamentos estão previstos para maio de 2020, como se vê às fls. 08 e 09.

4. No que diz respeito à prescrição, no cálculo de fls. 139/140, consideraram-se prescritas as parcelas anteriores a07/03/2008. A propósito, o Memorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 determinou a revisãoadministrativa dos benefícios, configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazoprescricional (art. 8º do Decreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do CódigoCivil. Os benefícios da parte autora foram concedidos em 01/11/2006 (fl. 37) e 20/04/2010 (fl. 38), pelo que na data doreferido memorando (15/04/2010) não havia parcelas prescritas.

5. A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, dadata do ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF).

No presente caso, a ação foi proposta após 15/10/2012 - em 07/03/2013 – e o primeiro benefício foi pago no período de01/11/2006 a 20/03/2009 e o segundo, no período de 20/04/2010 a 14/10/2011 (fls. 37/38). Assim é que a prescrição atingeas prestações referentes ao primeiro benefício (NB 518.481.236-5), anteriores a 07/03/2008, não aproveitando à parte

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autora a interrupção do prazo prescricional em 15/04/2010, não estando prescrita, por outro lado, nenhuma prestaçãoreferente ao segundo benefício (NB 100.343.675-4), eis que iniciado após 07/03/2008.

6. Em face de todo o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS.

Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

70 - 0100444-74.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100444-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x PERMINIO MARQUES(ADVOGADO: ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO.).PROCESSO: 0100444-74.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100444-2/01)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 48/50, que julgou procedente opedido e o condenou a revisar o benefício de auxílio-doença recebido pela parte autora, conforme previsto no art. 29, II, daLei nº 8.213/91. Sustenta o recorrente a falta de interesse de agir, tendo em vista o acordo celebrado nos autos da ação civilpública nº 2320-59.2012.403.6183. Alega prescrição das parcelas vencidas mais de cinco anos antes do ajuizamento daação. Aduz que aos benefícios concedidos no período de vigência da MP 242/2005, não há direito a revisão. Argumentaque a data da citação nos autos da ação civil pública é que determinará o marco inicial da prescrição, pelo que o valor dasparcelas vencidas será reduzido com a posterior propositura da presente ação.

2. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, explicitamente referido no recurso inominado, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou oacordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu um escalonamento de10 anos para revisão dos benefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisãoadministrativamente, terá como resposta que o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja,a depender da idade do segurado, é possível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

3. Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongadopara efetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir,mormente considerando que o pagamento está previsto para maio de 2019 (fl. 37).

4. Impertinente a menção à MP 242/2005, eis que concedido o benefício muito após o período de sua vigência.

5. No que diz respeito à prescrição, correta a sentença ao reconhecer a interrupção do respectivo prazo com oMemorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, que determinou a revisão administrativa dos benefícios,configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazo prescricional (art. 8º doDecreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do Código Civil. O benefício NB531.157.259-7 foi concedido em 10/07/2008 (fl. 18), pelo que na data do referido memorando (15/04/2010) não haviaparcelas prescritas.

6. A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, dadata do ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF).

7. No presente caso, a ação foi proposta após 15/10/2012 - em 04/02/2013 – e o benefício foi pago no período de10/07/2008 a 31/05/2010 (fl. 37). Assim é que a prescrição não atinge nenhuma prestação, eis que todas posteriores a04/02/2008.

8. Em face de todo o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS.

Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação.

É como voto.

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Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

71 - 0004538-91.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.004538-9/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x FABIANA CARDOSO ALVARENGA (ADVOGADO:SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, RJ155930 - CARLOS BERKENBROCK.).PROCESSO: 0004538-91.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.004538-9/02)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 113/115, que julgou procedenteo pedido e o condenou a revisar o benefício previdenciário recebido pela parte autora, na forma do art. 29, II, da Lei nº8.213/91, pagando as diferenças decorrentes da revisão incidentes sobre as prestações mensais devidas após 15/04/2005.Sustenta o recorrente a ausência de interrupção da prescrição com o Memorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15/04/2010.

2. Correta a sentença ao reconhecer a interrupção do respectivo prazo com o Memorando-Circular nº21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, que determinou a revisão administrativa dos benefícios, configurandoreconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazo prescricional (art. 8º do Decreto nº20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do Código Civil. O benefício da parte autora foiconcedido em 06/06/2004 (fl. 14), pelo que na data do referido memorando (15/04/2010) já estavam prescritas as parcelasanteriores a 15/04/2005.

3. A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, dadata do ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF).

4. No presente caso, a ação foi proposta antes de 15/10/2012 – em 02/08/2012 – não havendo, portanto, nenhumaparcela prescrita posteriormente a 15/04/2005.

5. Em face de todo o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS.

Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

72 - 0005617-08.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005617-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x AMANDA SANTOS DE SOUZA x TEREZASANTOS DE SOUZA x RENAN SANTOS DE SOUZA x GIZELE SANTOS DE SOUZA MARTINS x TREVISANE SANTOSDE SOUZA x JAIRO SANTOS DE SOUZA x JACKSON SANTOS DE SOUZA (ADVOGADO: RJ155930 - CARLOSBERKENBROCK.).PROCESSO: 0005617-08.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005617-0/01)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 98/101, que julgou parcialmenteprocedente o pedido e o condenou a revisar o benefício previdenciário recebido pela parte autora, na forma do art. 29, II, daLei nº 8.213/91, bem como a pagar as diferenças decorrentes da revisão especificamente sobre as cotas de pensão pagasaos autores Amanda, Renan e Gisele por ele recebidas até 15/4/2005. Sustenta o recorrente a ausência de interesse deagir, tendo em vista o acordo celebrado nos autos da Ação Civil Pública nº 00023205920124036183, que faz coisa julgadaerga omnes, ressaltando, ainda, a razoabilidade do cronograma para pagamento das parcelas atrasadas previsto noreferido acordo. Alega, por fim, a não interrupção do prazo prescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

2. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios e

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pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como resposta que opagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, é possívelque o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

3. Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongadopara efetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir.

4. No que diz respeito à prescrição, correta a sentença ao reconhecer a interrupção do respectivo prazo com oMemorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, que determinou a revisão administrativa dos benefícios,configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazo prescricional (art. 8º doDecreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do Código Civil. O benefício da parteautora foi concedido em 04/09/2000 (fl. 49), pelo que na data do referido memorando (15/04/2010) já estavam prescritas asparcelas anteriores a 15/04/2005.

5. A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, dadata do ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF).

6. No presente caso, a ação foi proposta antes de 15/10/2012 - em 27/09/2012 – não havendo, portanto, parcelasprescritas posteriormente a 15/04/2005.

7. Em face de todo o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS.

Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

73 - 0100626-94.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100626-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x ERALDO SANTOS DE SOUZA (ADVOGADO:SC013520 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 - SAYLES RODRIGOSCHUTZ.).PROCESSO: 0100626-94.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100626-4/01)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 50/53, que julgou parcialmenteprocedente o pedido e o condenou a revisar o benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez recebido pela parteautora, na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar as diferenças decorrentes da revisão incidentes sobreas prestações mensais devidas após 15/4/2005. Sustenta o recorrente a ausência de interesse de agir, tendo em vista oacordo celebrado nos autos da Ação Civil Pública nº 00023205920124036183, que faz coisa julgada erga omnes,ressaltando, ainda, a razoabilidade do cronograma para pagamento das parcelas atrasadas previsto no referido acordo.Alega, por fim, a não interrupção do prazo prescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

2. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios epagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como resposta que opagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, é possívelque o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

3. Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongadopara efetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir,mormente considerando que a competência prevista para pagamento, no presente caso, é maio de 2016 (fl. 48).

4. No que diz respeito à prescrição, correta a sentença ao reconhecer a interrupção do respectivo prazo com oMemorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, que determinou a revisão administrativa dos benefícios,configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazo prescricional (art. 8º doDecreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do Código Civil. O benefício da parteautora foi concedido em 06/05/2004 (fl. 22), pelo que na data do referido memorando (15/04/2010) já estavam prescritas as

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parcelas anteriores a 15/04/2005.

5. A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, dadata do ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF).

6. No presente caso, a ação foi proposta após 15/10/2012 - em 28/11/2012 – e o benefício, iniciado em 06/05/2004,estando ainda em vigor. Assim é que a prescrição atinge as parcelas anteriores a 28/11/2007, não aproveitando à parteautora a interrupção do prazo prescricional em 15/04/2010.

7. Em face de todo o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do INSS para reformar a sentença e limitara condenação ao pagamento das parcelas devidas após 28/11/2007.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

74 - 0100647-70.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.100647-1/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x RENATA ROSA (ADVOGADO:ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR, ES017197 - ANDERSON MACOHIN, ES017733 - THIAGO HUVER DEJESUS.).PROCESSO: 0100647-70.2012.4.02.5050/02 (2012.50.50.100647-1/02)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 112/114, que julgou procedenteo pedido e o condenou a revisar o benefício previdenciário recebido pela parte autora, na forma do art. 29, II, da Lei nº8.213/91, bem como a pagar as diferenças decorrentes da revisão incidentes sobre as prestações mensais devidas após15/4/2005. Sustenta o recorrente a não interrupção do prazo prescricional por conta da publicação do Memorando-Circularnº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

2. Correta a sentença ao reconhecer a interrupção do respectivo prazo com o Memorando-Circular nº21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, que determinou a revisão administrativa dos benefícios, configurandoreconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazo prescricional (art. 8º do Decreto nº20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do Código Civil. O benefício da parte autora foiconcedido em 25/09/2004 (fl. 23), pelo que na data do referido memorando (15/04/2010) já estavam prescritas as parcelasanteriores a 15/04/2005.

5. A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, dadata do ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF).

6. No presente caso, a ação foi proposta após 15/10/2012 - em 29/11/2012 – e o benefício, iniciado em 25/09/2004,estando ainda em vigor. Assim é que a prescrição atinge as parcelas anteriores a 29/11/2007, não aproveitando à parteautora a interrupção do prazo prescricional em 15/04/2010.

7. Em face de todo o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso do INSS para reformar a sentença e limitar acondenação ao pagamento das parcelas devidas após 29/11/2007.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. A

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certificação digital consta na parte inferior da página]

75 - 0100968-08.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100968-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x ANA MARIA DE SOUZA BALBINO E OUTRO(ADVOGADO: SC013520 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 - SAYLESRODRIGO SCHUTZ.).PROCESSO: 0100968-08.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100968-0/01)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 42/44, que julgou procedente opedido e o condenou a revisar o benefício previdenciário recebido pela parte autora, na forma do art. 29, II, da Lei nº8.213/91, bem como a pagar as diferenças decorrentes da revisão incidentes sobre as prestações mensais devidas após15/4/2005. Sustenta o recorrente a ausência de interesse de agir, tendo em vista o acordo celebrado nos autos da AçãoCivil Pública nº 00023205920124036183, que faz coisa julgada erga omnes, ressaltando, ainda, a razoabilidade docronograma para pagamento das parcelas atrasadas previsto no referido acordo. Alega, ainda, a não interrupção do prazoprescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010. Aduz, por fim, quena eventualidade de o pedido ser julgado procedente, os juros moratórios somente são devidos a contar da citação e osencargos moratórios devem obedecer ao disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº11.960/2009, incidindo, na correção monetária, o INPC no período anterior a 30/06/2009, e a TR após tal data.

2. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios epagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como resposta que opagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, é possívelque o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

3. Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongadopara efetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir,mormente considerando que a competência prevista para pagamento, no presente caso, é maio de 2017 (fl. 41).

4. No que diz respeito à prescrição, correta a sentença ao reconhecer a interrupção do respectivo prazo com oMemorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, que determinou a revisão administrativa dos benefícios,configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazo prescricional (art. 8º doDecreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do Código Civil. O benefício da parteautora foi concedido em 03/04/2002 (fl. 27), pelo que na data do referido memorando (15/04/2010) já estavam prescritas asparcelas anteriores a 15/04/2005.

5. A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, dadata do ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF).

6. No presente caso, a ação foi proposta após 15/10/2012 - em 18/12/2012 – e o benefício, iniciado em 03/04/2002,estando ainda em vigor. Assim é que a prescrição atinge as parcelas anteriores a 18/12/2007, não aproveitando à parteautora a interrupção do prazo prescricional em 15/04/2010.

7. Quanto aos juros de mora e a correção monetária, a sentença já determinou a aplicação do dispositivo legalinvocado no recurso.

8. Em face de todo o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do INSS para reformar a sentença e limitara condenação ao pagamento das parcelas devidas após 18/12/2007.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

76 - 0100104-33.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100104-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x SANDRA REGINA ATAIDE DE MORAES

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(ADVOGADO: ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR, SC023056 - ANDERSON MACOHIN SIEGEL, ES017733 -THIAGO HUVER DE JESUS.).PROCESSO: 0100104-33.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100104-0/01)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 71/73, que julgou parcialmenteprocedente o pedido e o condenou a pagar as diferenças incidentes sobre as prestações devidas após 15/4/2005, tendo emvista a revisão da RMI do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez da parte autora, já efetuada em sedeadministrativa. Sustenta o recorrente a ausência de interesse de agir, tendo em vista o acordo celebrado nos autos da AçãoCivil Pública nº 00023205920124036183, que faz coisa julgada erga omnes, ressaltando, ainda, a razoabilidade docronograma para pagamento das parcelas atrasadas previsto no referido acordo. Alega, por fim, a não interrupção do prazoprescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

2. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios epagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como resposta que opagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, é possívelque o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

3. Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongadopara efetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir,mormente considerando que a competência prevista para pagamento, no presente caso, é maio de 2014 (fl. 70) e a ação foiajuizada em 15/01/2013.

4. No que diz respeito à prescrição, correta a sentença ao reconhecer a interrupção do respectivo prazo com oMemorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, que determinou a revisão administrativa dos benefícios,configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazo prescricional (art. 8º doDecreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do Código Civil. Os benefícios daparte autora foram concedidos em 30/11/2003 (auxílio-doença - fl. 15) e 03/05/2005 (aposentadoria por invalidez - fl. 19),tendo cessado o primeiro em 02/05/2005 (fl. 46), pelo que na data do referido memorando (15/04/2010) já estavamprescritas todas as parcelas a ele referentes, não estando prescrita, por outro lado, nenhuma parcela referente ao segundobenefício.

5. A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, dadata do ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF).

6. No presente caso, a ação foi proposta após 15/10/2012 - em 15/01/2013 – e o benefício de aposentadoria porinvalidez, iniciado em 03/05/2005, estando ainda em vigor. Assim é que a prescrição atinge as parcelas anteriores a15/01/2008, não aproveitando à parte autora a interrupção do prazo prescricional em 15/04/2010.

7. Conquanto a sentença tenha incluído na condenação as diferenças incidentes sobre as prestações devidas emvista da revisão da RMI do benefício de auxílio-doença, limitou tal condenação às prestações devidas após 15/4/2005, nãohavendo, portanto, prestações devidas com relação ao NB 31/506.076.730-9.

Ressalto que a concessão da aposentadoria por invalidez precedida de auxílio-doença constitui novo ato administrativo, oqual incidiu na mesma ilegalidade que o anterior (concessão do auxílio-doença), exatamente porque o INSS não corrigiu – enão havia óbice para que o fizesse - a ilegalidade cometida no cálculo do salário de benefício.

9. Em face de todo o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do INSS para reformar a sentença e limitara condenação ao pagamento das parcelas devidas após 15/01/2008.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

77 - 0008251-90.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.008251-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x JOSÉ TIBÚRCIO COELHO FILHO(ADVOGADO: ES020189 - ALESSANDRO SANTA'ANA, ES020193 - HUDSON CANCELIERI ASTOS.).PROCESSO: 0008251-90.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.008251-9/01)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 44/45, que julgou procedente opedido e o condenou a pagar as diferenças devidas, referentes à revisão da renda mensal inicial do benefícioprevidenciário, nos termos do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, acrescidas de correção monetária pelo INPC e juros de 1% aomês a partir da citação. Sustenta o recorrente a ausência de interesse de agir, tendo em vista o acordo celebrado nos autosda Ação Civil Pública nº 00023205920124036183, que faz coisa julgada erga omnes, ressaltando, ainda, a razoabilidade docronograma para pagamento das parcelas atrasadas previsto no referido acordo. Alega, ainda, a não interrupção do prazoprescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010. Pede a extinção doprocesso sem resolução do mérito; subsidiariamente, pede a improcedência do pedido; eventualmente, pede sejareconhecida a prescrição qüinqüenal e que os juros de mora sejam aplicados na forma prevista no art. 1º-F da Leinº9.494/97, alterado pela Lei nº 11.960/2009.

2. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios epagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como resposta que opagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, é possívelque o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

3. Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongadopara efetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir,mormente considerando que o pagamento está previsto para maio de 2016 (fl. 10).

4. No que diz respeito à prescrição, impertinentes os argumentos do recorrente, tendo em vista que a sentençadeterminou o pagamento do valor apurado pelo próprio INSS, constante da carta de fl. 10, nada aduzindo acerca daprescrição.

5. A Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439, consideraaplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correção monetária ede juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, oIPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes a questões do regimegeral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questões assistenciais) e aSELIC para as condenações referentes questões tributárias.

6. Em face de todo o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do INSS para reformar a sentença apenasquanto aos juros de mora, que deverão incidir na forma determinada no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dadapela Lei nº 11.960/2009.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

78 - 0001409-44.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001409-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x GERALDO AUGUSTO DE MORAES (ADVOGADO:ES012203 - BRUNO DE CASTRO QUEIROZ.).PROCESSO: 0001409-44.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001409-9/01)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 46/48, que julgou parcialmenteprocedente o pedido e o condenou a pagar as diferenças incidentes sobre as prestações devidas após 15/4/2005, tendo emvista a revisão da RMI do auxílio-doença recebido pela parte autora, na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91. Sustenta orecorrente a não interrupção do prazo prescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº

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21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

2. Correta a sentença ao reconhecer a interrupção do respectivo prazo com o Memorando-Circular nº21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, que determinou a revisão administrativa dos benefícios, configurandoreconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazo prescricional (art. 8º do Decreto nº20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do Código Civil. O benefício da parte autora foiconcedido em 17/01/2006 (fl. 17), pelo que na data do referido memorando (15/04/2010) nenhuma parcela estava prescrita.

5. A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, dadata do ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF).

6. No presente caso, a ação foi proposta após 15/10/2012 - em 05/04/2013 – e o benefício, iniciado em 17/01/2006e cessado em 28/02/2007 (conforme consulta ao CNIS). Assim é que a prescrição atinge as parcelas anteriores a05/04/2008, não aproveitando à parte autora a interrupção do prazo prescricional em 15/04/2010.

Como todas as parcelas são anteriores a 05/04/2008 (já que o benefício fora cessado em 2007), toda a pretensãocondenatória restou atingida pela prescrição.

7. Em face de todo o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso do INSS para reformar a sentença e pronunciar aprescrição do direito de crédito pretendido, com base no artigo 269, IV do CPC.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

79 - 0100415-24.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100415-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x HENRIQUE DA VITÓRIA ALVES E OUTROS(ADVOGADO: SC013520 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 - SAYLESRODRIGO SCHUTZ.).PROCESSO: 0100415-24.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100415-6/01)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 91/93, que julgou procedente opedido e o condenou a revisar o benefício previdenciário de pensão por morte, recebido pela parte autora, com base nomesmo salário-de-benefício já revisado no auxílio-doença, na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, bem como a pagar asdiferenças incidentes sobre as prestações devidas após 15/4/2005, tendo em vista a revisão da RMI do auxílio-doença e daRMI da pensão por morte. Sustenta o recorrente a ausência de interesse de agir, tendo em vista o acordo celebrado nosautos da Ação Civil Pública nº 00023205920124036183, que faz coisa julgada erga omnes, ressaltando, ainda, arazoabilidade do cronograma para pagamento das parcelas atrasadas previsto no referido acordo. Alega, ainda, a nãointerrupção do prazo prescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010.

2. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios epagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como resposta que opagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, é possívelque o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

3. Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongadopara efetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir.

4. No que diz respeito à prescrição, correta a sentença, em princípio, ao reconhecer a interrupção do respectivoprazo com o Memorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, que determinou a revisão administrativa dosbenefícios, configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazo prescricional (art.8º do Decreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do Código Civil. Os benefíciosem tela, contudo, foram concedidos menos de cinco anos antes do referido memorando, em 19/02/2008 (auxílio-doença - fl.79) e 11/07/2009 (pensão por morte fl. 81), pelo que nenhuma parcela estava prescrita em 15/04/2010.

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5. A ação foi proposta em 02/02/2013, portanto menos de cinco anos após a concessão dos benefícios, nãohavendo nenhuma parcela prescrita. Uma vez que a sentença reconheceu a prescrição das parcelas vencidas até10/4/2005, não há qualquer prejuízo para a parte autora, eis que todas as parcelas são posteriores.

6. Em face de todo o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS.

Custas ex lege. Condeno o recorrente em honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

80 - 0103846-66.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.103846-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x JOSE FRANCISCO MARCOS (ADVOGADO:SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, SC013520 - CARLOS BERKENBROCK.).PROCESSO: 0103846-66.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.103846-4/01)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 40 e 48/50, que julgouparcialmente procedente o pedido e o condenou a pagar as diferenças incidentes sobre as prestações devidas após15/4/2005, tendo em vista a revisão da RMI do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, recebidos pela parte autora,na forma do art. 29, II, da Lei nº 8.213/91. Sustenta o recorrente a ausência de interesse de agir, tendo em vista o acordocelebrado nos autos da Ação Civil Pública nº 00023205920124036183, que faz coisa julgada erga omnes, ressaltando,ainda, a razoabilidade do cronograma para pagamento das parcelas atrasadas previsto no referido acordo. Alega, ainda, anão interrupção do prazo prescricional por conta da publicação do Memorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15/04/2010.

2. Quanto ao interesse de agir, registre-se que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor da sentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº2320-59.2012.403.6183. Ocorre que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dos benefícios epagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como resposta que opagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, é possívelque o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022.

3. Ante esse contexto específico e concreto (reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongadopara efetivar o pagamento, em vista de acordo celebrado em ação civil pública), é evidente que há, sim, interesse de agir.

4. No que diz respeito à prescrição, correta a sentença, em princípio, ao reconhecer a interrupção do respectivoprazo com o Memorando-Circular nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, que determinou a revisão administrativa dosbenefícios, configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazo prescricional (art.8º do Decreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do Código Civil. Os benefíciosem tela, foram concedidos em 01/11/2004 (auxílio-doença - fl. 23) e 25/08/2006 (aposentadoria por invalidez - fl. 22), peloque, na data do referido memorando, estavam prescritas apenas parcelas do auxílio-doença.

5. Ocorre que a ação foi proposta apenas em 29/07/2013, pelo que restam prescritas todas as parcelas relativas aoauxílio-doença, bem como as parcelas relativas à aposentadoria por invalidez posteriores a 27/09/2008, não aproveitando àparte autora a interrupção do prazo prescricional em 15/04/2010.

6. Em face de todo o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do INSS para reformar a sentença apenaslimitando a condenação ao pagamento das diferenças incidentes sobre as prestações devidas após 27/09/2008.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários, tendo em vista o disposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

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81 - 0000515-21.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.000515-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZILDA FREITAS VIEIRA(ADVOGADO: ES010192 - PATRICIA NUNES ROMANO TRISTÃO PEPINO, ES013115 - ROGÉRIO NUNES ROMANO,ES011063 - JEANINE NUNES ROMANO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCELA BRAVIN BASSETTO.).PROCESSO: 0000515-21.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.000515-0/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por ZILDA FREITAS VIEIRA, em face da sentença de fls. 118/119, quejulgou improcedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença desde a cessação com sua conversão emaposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que o Juízo a quo indeferiu o pedido autoral pautado unica eexclusivamente no laudo pericial, desconsiderando o vasto arcabouço probatório acostado aos autos. Afirma, ainda, que olaudo pericial demonstra-se sucinto, superficial, incompleto e lacunoso, motivo pelo qual não deve balizar a decisão. Porfim, requer a anulação da sentença para que nova perícia judicial seja realizada.

A autora nasceu em 1961 e atuava na função de merendeira.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Dispenso a citação do réu com base no art. 285-A do CPC.

Trata-se de demanda objetivando o restabelecimento do auxílio-doença NB 549.534.329-4 desde a cessação com suaconversão em aposentadoria por invalidez.

O perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedia, avaliou que a autora submeteu-se a tratamento de síndrome dotúnel do carpo bilateral com bom resultado e boa mobilidade das duas mãos (fl. 106). Afirmou que a autora possui aptidãopara exercer a atividade habitual de merendeira (quesitos 8/9). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito14).

A autora impugnou o laudo pericial (fls. 111/113). Alegou que o perito não respondeu aos quesitos formulados na inicial.Ocorre que este Juízo formulou os quesitos pertinentes ao esclarecimento dos fatos. Por conseguinte, os quesitosformulados à fl. 11 foram indeferidos porquanto abarcados pelos quesitos do juízo.

A autora alegou que o laudo pericial foi superficial e sem fundamentação.

O laudo pericial, embora lacônico, não é nulo, porque esclareceu satisfatoriamente a matéria fática. Nos juizados especiais,os atos processuais são regidos pela simplicidade e pela informalidade (art. 2º da Lei nº 9.099/95), razão pela qual o laudopericial não precisa conter fundamentação detalhada. O que importa é que o laudo pericial está bem fundamentado,revelando que o perito detém conhecimento técnico pertinente à doença da qual o autor se queixa. Não há necessidade denova perícia, porque a questão de fato já está esclarecida.

A autora alegou que os diversos atestados médicos carreados aos autos comprovam sua incapacidade para o trabalho. Odiagnóstico constante de atestado de médico assistente não vincula a perícia judicial. O atestado médico equipara-se amero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecerdo perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular éprova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. O médico assistente diagnosticae trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relaçãomédico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médicoperito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o diagnósticoemitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para o trabalho.

A autora alegou que os atestados médicos comprovam que possui esquizofrenia. Ocorre que todos os atestados médicosexibidos pela autora relatam apenas problemas ortopédicos. A alegação de problema psiquiátrico não foi inserida na causade pedir exposta na petição inicial e documentos anexos. Logo, trata-se de fato estranho à causa de pedir.

A autora requer a designação de nova perícia médica. Não há motivo para realizar segunda perícia, porque a matéria foisuficientemente esclarecida no laudo pericial (art. 437 do CPC) e porque não foi comprovada nenhuma nulidade quecontaminasse a produção da prova.

Para ter direito ao auxílio-doença ou à aposentadoria por invalidez, não basta ao segurado comprovar estar doente: épreciso ficar comprovado que a doença tenha causado alterações morfopsicofisiológicas que impeçam o desempenho dasfunções específicas de uma atividade ou ocupação. Somente o médico detém conhecimentos técnicos para aquilatar se adoença diagnosticada inabilita o segurado para o trabalho. Não há motivo para descartar a aplicação da conclusão expostano laudo pericial.

Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.

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Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. Os atestados anexados foram emitidos em 2012 (fls. 51/57). O laudo pericial foi lavrado em 23/05/2013. O laudocontém fundamentação razoável e não vejo como excluir a sua conclusão a partir do teor dos atestados apresentados.

A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que as provasforam analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está em consonância com a lei e o entendimentopacificado desta Turma Recursal. Ademais, todas as alegações suscitadas na peça recursal já foram apreciadas emsentença e refutadas pelo magistrado a quo.

5. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita (fl. 100).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

82 - 0002433-10.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002433-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CONCEIÇÃO GOMESNASCIMENTO (ADVOGADO: ES010602 - LILIAN MAGESKI ALMEIDA, ES019516 - EVERSON FERREIRA DE SOUZA,ES012739 - JOSE GERALDO NUNES FILHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCOS JOSÉ DE JESUS.).PROCESSO: 0002433-10.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002433-0/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado interposto por CONCEIÇÃO GOMES NASCIMENTO em face da sentença de fls. 45/46, quejulgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, bem como de indenizaçãopor danos morais, caso constatada incapacidade definitiva. Sustenta a requerente a nulidade da sentença, eis que baseadaem laudo pericial nulo – omisso e contraditório – e com cerceamento de defesa ante a negativa de produção de nova provapericial. Alega que apresenta quadro de síndrome compressiva de túnel do carpo nos punhos e que já não reúne condiçõesde trabalho, fazendo uso de vários medicamentos e tendo de se submeter a novas cirurgias na mão. Diz que o perito afirmaa existência da doença, mas afirma que a autora está apta para o labor, com o que não pode concordar, pois é contrárioaos laudos juntados com a exordial. Argumenta, ainda, que o indeferimento de nova prova pericial implicou em inequívococerceamento de defesa.

A autora nasceu em 1958 e atuava como auxiliar de serviços gerais.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de demanda objetivando a concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez, caso seja constatada aincapacidade definitiva da autora, bem como a condenação da Autarquia ao pagamento de indenização por danos morais.Dispenso a citação do réu com base no art. 285-A do CPC.O perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedia, diagnosticou quadro de síndrome compressiva do túnel do carponos punhos, já submetida à neurólise bilateral (quesito 1, fl. 36). Relatou que a autora apresentou exame físico com marchanormal sem auxílio, com teste de Phalen negativo e sem limitação funcional dos punhos e das mãos (quesito 2). Atestouque a autora tem aptidão para o exercício de suas atividades habituais como auxiliar de serviços gerais (quesitos 8/9).Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 15).A autora impugnou o laudo pericial (fls. 40/43). Alegou que o perito reconheceu que ela tem problemas nos punhos emesmo assim concluiu que tem condições de trabalho. Afirmou que não tem mais forças para trabalhar e que estátotalmente incapacitada, de forma definitiva e irreversível. O laudo é contrário aos demais elementos dos autos e o peritosequer solicitou qualquer laudo ou exame complementar. No quesito 10, quando questionado sobre atestados e laudos ouexames apresentados pela pessoa examinada, o perito apenas respondeu que não foi verificada incapacidade. O laudopericial não retrata a realidade da autora. Afirmou que o retorno às atividades só iria agravar o seu quadro. Requereu a

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nulidade da perícia, com designação de outro perito para o caso.Afirmou, ainda, que o juiz pode formar seu livre convencimento, conforme art. 436, do CPC, não estando vinculado ao laudopericial. Sendo o laudo exclusivamente opinativo, o juiz pode decidir de forma diversa.O laudo pericial não vincula o juiz, mas, no presente caso, não depreendo subsídios que autorizem afastar a conclusão doperito. O atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniõesdeve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do EspíritoSanto, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.O médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, masacreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento queconsidere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante éverdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para otrabalho.A autora alegou que o perito não solicitou qualquer laudo ou exame complementar para fundamentar o laudo pericial. Operito considerou desnecessária a realização de exames complementares adicionais (quesito 6) e avaliou os exame deultrassom apresentado pela autora. Esse fato não compromete a conclusão do laudo pericial. Somente o médico temcondições de, em cada caso, aferir a necessidade de exames complementares para formar sua conclusão quanto àincapacidade para o trabalho. Se, apenas com o exame clínico e com os exames complementares apresentados na perícia(quesito 4), o perito já reúne condições suficientes para se convencer da inexistência de incapacidade para o trabalho, osexames complementares são mesmo dispensáveis.Não há necessidade de realização de nova perícia porque a matéria foi suficientemente esclarecida no laudo pericial (art.437 do CPC) e porque não foi comprovadanenhuma nulidade que contaminasse a produção das provas. Ademais, não há razão para duvidar do acerto na conclusãodo perito, que é especialista e goza de presunção de imparcialidade.O perito confirmou o diagnóstico de síndrome compressiva do túnel do carpo nos dois punhos, mas foi expresso em negarrestrições para o exercício das atividades e afastar a incapacidade da autora. Para ter direito ao auxílio-doença ou àaposentadoria por invalidez, não basta ao segurado comprovar estar doente: é preciso ficar comprovado que a doençatenha causado alterações morfopsicofisiológicas que impeçam o desempenho das funções específicas de uma atividade ouocupação. Somente o médico detém conhecimentos técnicos para aquilatar se a doença diagnosticada inabilita o seguradopara o trabalho.Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.DispositivoJulgo improcedente o pedido.Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. O laudo pericial não apresenta nulidade, mas fundamentação concisa. O Perito indicou o teste realizado e ascaracterísticas físicas que embasaram sua conclusão (fl. 36, item 2).

A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que as provasforam analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está em consonância com a lei e o entendimentopacificado desta Turma Recursal.

4. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício da assistência judiciária gratuita(fl. 30).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

83 - 0000738-21.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000738-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ELIANE COELHO DO CARMO (ADVOGADO:ES015750 - GILMAR MARTINS NUNES.).PROCESSO: 0000738-21.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000738-1/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 142/144, que julgou procedente o pedidopara condenar o INSS a restabelecer o auxílio-doença desde a cessação, em 2/5/2013, e a convertê-lo em aposentadoriapor invalidez com DIB em 19/8/2013. Sustenta o recorrente a ausência de incapacidade laboral da autora, tendo em vista

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que a perícia judicial neurológica não constatou incapacidade, sendo todas as queixas relatadas na inicial referentes aneurologia. Alega que o laudo da perícia psiquiátrica não deve prevalecer diante do enorme quantitativo de laudos queconcluem pela incapacidade, da ausência de registro do profissional do CRM/ES e do descompasso entre os sintomasrelatados e a conclusão pela incapacidade. Argumenta que a autora possui apenas 32 anos de idade e um elevado nível deinstrução, exercendo a atividade de analista de crédito na empresa Casas Bahia, pelo que se revela prematura a suaaposentação. Pede sejam julgados improcedentes os pedidos formulados na inicial, e sucessivamente, a anulação dasentença e realização de nova perícia médica.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de demanda objetivando o restabelecimento de auxílio-doença, desde a data da cessação, bem como aconcessão do benefício de aposentadoria por invalidez.A antecipação de tutela foi deferida, conforme decisão de fl. 121.O autor se submeteu a duas perícias médicas em juízo, respectivamente nas especialidades de neurologia e de psiquiatria.O primeiro perito, especialista em neurologia, afirmou que a autora é portadora de lesão cerebral, sem diagnóstico definido.Questionou se seria tumor, displasia ou outro, associado a crise convulsiva e distúrbio psiquiátrico (quesito 1, fl. 93).Relatou que se trata de alteração tecidual, podendo ser inclusive neoplásica (quesito 2). Atestou que a autora tem aptidãopara o exercício de suas atividades habituais como analista de crédito, sendo, contudo, pertinente a avaliação porespecialista em psiquiatria (quesitos 8/9). Conclui que, do ponto de vista neurológico, não há incapacidade para o trabalho(quesito 14).O segundo perito, especialista em psiquiatria, relatou que o autor começou a manifestar sintomas há três anos. Ossintomas iniciaram com um ‘apagão” e cefaleia, foi diagnosticado um tumor, realizada cirurgia em julho de 2011 e, desdeentão, o autor não retornou mais ao trabalho. Ao exame de estado mental, a autora apresentou humor deprimido,ansiedade e sintomas de déficit cognitivo, memória recente e remota comprometida, crises convulsivas (quesito 1, fl. 116).Atestou que a autora não tem aptidão para exercer as atividades habituais como analista das Casas Bahia, pois estácompletamente incapacitada para o trabalho, devido ao comprometimento de exame de estado mental (quesitos 6/7).Acrescentou que há déficit cognitivo e comprometimento de memória recente e remota (quesito 9). Concluiu que háincapacidade definitiva para qualquer atividade laborativa (quesito 12).O INSS impugnou o laudo pericial. Requereu a revogação da nomeação do perito especialista em psiquiatria, por causa doseu histórico flagrantemente favorável ao segurado e porque ele confere credibilidade cega aos laudos particulares ourelatos formulados pelo segurado ao avaliar o início da incapacidade. Rejeito a arguição do INSS, porque na períciarealizada neste processo não há evidências de que a avaliação feita pelo perito esteja errada. As alegações do INSScaracterizam mera irresignação quanto à conclusão do perito.O INSS também alegou que o perito não tem autorização para exercer a medicina no Estado do Espírito Santo, por estarinscrito apenas no Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina. O Ministério Público Federal, por esse mesmomotivo, opinou pela anulação da perícia. Ocorre que o art. 18, § 2º, da Lei nº 3.268/57 somente exige que o médico obtenhainscrição secundária em outro Estado caso se transfira para a nova jurisdição em caráter definitivo ou se ali exercer aprofissão por mais de noventa dias. Eis o texto legal:“§ 2º Se o médico inscrito no Conselho Regional de um Estado passar a exercer, de modo permanente, atividade em outraregião, assim se entendendo o exercício da profissão por mais de 90 (noventa) dias, na nova jurisdição, ficará obrigado arequerer inscrição secundária no quadro respectivo, ou para êle se transferir, sujeito, em ambos os casos, à jurisdição doConselho local pelos atos praticados em qualquer jurisdição.”O perito não incidiu em nenhuma das hipóteses que justificam a exigência de inscrição secundária do médico. Rejeito aarguição do INSS e do Ministério Público Federal.Com base no segundo laudo pericial, considero comprovada a incapacidade total e definitiva para o trabalho, comimpossibilidade de reabilitação profissional. Por isso, a autora tem direito à aposentadoria por invalidez.O segundo perito examinou a autora em 19/8/2013 (fl. 113), estimou que a incapacidade existe desde julho de 2011 e quehá incapacidade definitiva a partir da data da realização da perícia (quesito 12). Então, na data da cessação do benefício NB545.352.498-3, em 2/5/2013 (fl. 119), a autora ainda estava incapacitada para o trabalho.A autora tem direito ao restabelecimento do auxílio-doença NB 545.352.498-3 desde a cessação do pagamento, em2/5/2013, cabendo a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez a partir da data do segundo exame pericialjudicial, em 19/8/2013.DispositivoJulgo procedente o pedido para condenar o INSS a restabelecer o auxílio-doença desde a data da cessação, em 2/5/2013,e a convertê-lo em aposentadoria por invalidez com DIB em 19/8/2013. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Paraefeito de correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados àcaderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).O valor dos honorários periciais antecipados à conta de verba orçamentária deverá ser incluído na ordem de pagamento aser feita em favor do tribunal (art. 12, § 1º, da Lei nº 10.259/2001).Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. A irresignação do INSS não tem fundamento. Registro que o próprio perito neurologista atestou a existência de“crise convulsiva e distúrbio psiquiátrico” (resposta ao quesito 1 – fl. 93) e a pertinência de avaliação psiquiátrica para aferira aptidão mental da autora para exercer a atividade habitual (resposta ao quesito 9 – fl. 94). Acrescente-se, ainda, que emse tratando de lesão cerebral resultante de cirurgia para retirada de tumor, irrelevante o fato de a autora ter apenas 32 anospara caracterização da incapacidade definitiva.

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4. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista queas provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está em consonância com a lei e oentendimento pacificado desta Turma Recursal.

5. Posto isso, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Condenação do recorrente em honorários advocatícios de 10% do valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

84 - 0001186-91.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001186-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JADILSON MIGUEL DOSSANTOS (ADVOGADO: ES013379 - LEONICE BARROS BORGES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0001186-91.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001186-4/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado interposto por JADILSON MIGUEL DOS SANTOS em face da sentença de fl. 41, que julgouimprocedente o pedido de concessão de auxílio-doença desde a cessação. Sustenta o requerente que a conclusão doperito judicial está em desacordo com a função de vendedor de livros, para a qual é necessário carregar livros para mostraraos clientes.

O autor nasceu em 1974 e afirmou ser vendedor de livros (cf. laudo, fl. 33).

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Dispenso a citação do réu com base no art. 285-A do CPC.Trata-se de demanda objetivando a concessão do auxílio-doença NB 554.119.284-2 desde a cessação.O perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedia, diagnosticou processo degenerativo cervical e lombar, comabaulamentos discais e discopatia degenerativa tocando a medula espinhal cervical (fl. 35). Afirmou que o autor possuiaptidão para exercer a atividade habitual de vendedor de livros, porque não necessita de realizar esforço físico (quesitos8/9). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 14).O autor não impugnou o laudo pericial (fl. 39).Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.DispositivoJulgo improcedente o pedido.Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. O perito considerou a profissão do autor como sendo “vendedor de livros, orientador de saúde e pregador doevangelho”, relata que o autor trabalha em atividades de venda de livros em domicílio e oferecendo orientação sobre saúde,tema dos livros vendidos, concluindo, ao final, que o autor trabalha em atividade sem esforço, não havendo incapacidade.

4. O esforço da atividade habitual do autor, conforme relatado na inicial, decorre da necessidade de “caminharbastante para vender seu material”. O peso dos livros não foi mencionado na inicial, não sendo provável, nem mesmoplausível, que se trate de livros volumosos e pesados. O laudo afirma não haver “nenhum sinal de compressão nervosa”,pelo que se pode concluir que a caminhada e o peso dos livros não representam esforço significativo que induzaincapacidade parcial.

5. Posto isso, conheço do recurso do autor e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício da assistência judiciária gratuita(fl. 41).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

85 - 0004359-60.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004359-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDECI DIAS RAMOS(ADVOGADO: ES010192 - PATRICIA NUNES ROMANO TRISTÃO PEPINO, ES011063 - JEANINE NUNES ROMANO,ES013115 - ROGÉRIO NUNES ROMANO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONELENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0004359-60.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004359-9/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por VALDECI DIAS RAMOS, em face da sentença de fls. 78/80, quejulgou improcedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença, desde a data da cessação ou a concessão daaposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente que o magistrado a quo não pode desconsiderar os laudos particularescolacionados aos autos e pautar-se apenas na conclusão do laudo pericial, o que tornaria nula a decisão proferida. Requera reforma da sentença afirmando que há provas suficientes da sua incapacidade laboral.

O autor é ajudante de pedreiro. Nasceu em 1984 (cf. CTPS, fl. 12).

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de demanda objetivando o restabelecimento de auxílio-doença, desde a data da cessação, ou a concessão dobenefício de aposentadoria por invalidez, caso seja constatada a incapacidade definitiva do autor.

O autor submeteu-se a duas perícias médicas, sendo uma na especialidade oncologia e outra na ortopedia. O primeiroperito diagnosticou neoplasia de boca, soalho de boca (quesito 1, fl. 35). Afirmou que ele foi submetido à cirurgia, commargens cirúrgicas livres e esvaziamento cervical com um linfonodo comprometido em treze examinados (quesito 2).Atestou que o autor tem aptidão para o exercício de suas atividades habituais como servente de obra, pois apresentou-selivre de doença, sem lesão em soalho de boca, região cervical bilateral livre de comprometimento, lúcido, orientado,excelente compleição física, mãos apresentando evidencia de atividade laborativa (quesitos 8/9). Concluiu que não háincapacidade laborativa (quesito 14).

O autor impugnou o laudo pericial (fl. 40/41). O perito esclareceu que o autor pode carregar peso de acordo com suaconstituição física que é boa. Ele não se encontra incapacitado para carregar peso, mas não há como precisar emquilogramas. Acrescentou que o laudo cita que o autor deve evitar exposição a ambientes externos, com exposição ao sol,mas não foram evidenciadas lesões de pele pré malignas e o tratamento da lesão oral foi efetuado com sucesso.Esclareceu que Neoplasia de pele é Câncer de pele e que não se apresentaram lesões de pele no momento do examepericial que contraindicassem a exposição ao sol com E.P.I (equipamento de proteção individual). Concluiu que o autor nãoestá com a doença controlada, assintomático, recuperado e apto, não apresentando outros problemas de saúde em relaçãoa essa doença.

O autor impugnou a complementação aos quesitos (fls. 49/52). Foi deferida uma outra perícia com especialista emortopedia.

O segundo perito afirmou que o autor apresentou quadro de carcinoma epidermoide em língua, já submetido a tratamentocirúrgico (quesito 1, fl. 59). Relatou que o autor apresentou exame físico com marcha normal, sem auxílio, sem limitaçõesou atrofias e com perda de parte da língua (quesito 2). Atestou que ele tem aptidão para o exercício de suas atividadeshabituais como auxiliar de obras. O autor informou ter sido demitido por abandono de emprego durante o recebimento deseu auxílio-doença (quesitos 8/9). Negou limitações funcionais (quesito 11). Concluiu que não há incapacidade laborativa(quesito 14).

O autor impugnou o segundo laudo (fls. 63/66). Alegou que o perito não realizou nenhum exame complementar e que nãotem aptidão física e mental para exercer sua atividade habitual. Afirmou que não está curado e não pode carregar pesoexcessivo, nem trabalhar sob o sol, pois corre risco de adquirir neoplasia na pele. Há laudo juntado aos autos que esclareceisso. Alegou que está incapacitado para qualquer tipo de atividade e não pode exercer sua profissão que exige exposiçãoao sol diariamente. Requereu seja anulado o laudo pericial, por ser contraditório e não ter conclusão lógica, pois o próprioINSS reconheceu sua incapacidade e deferiu o benefício de auxílio-doença, o qual foi cessado antes da sua reabilitação.Requereu nova perícia e formulou quesitos complementares.

Indefiro o requerimento de nova perícia. Não há necessidade de realização de nova perícia porque a matéria foisuficientemente esclarecida nos laudos periciais (art. 437 do CPC) e porque não foi comprovada nenhuma nulidade quecontaminasse a produção da prova.

O primeiro perito deixou claro que o autor não apresentou lesões de pele que o impedissem de se expor ao sol com o usode E.P.I. e acrescentou que não existem lesões pré malignas (fl. 44). O laudo foi bastante esclarecedor no sentido de que otratamento do autor foi efetuado com sucesso.

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O laudo do segundo perito também foi claro e conclusivo quanto ao diagnóstico e a capacidade laborativa do autor. O fatode o autor já ter recebido benefício anteriormente não significa que a incapacidade para o trabalho tenha persistido. Éperfeitamente possível que o autor tenha melhorado e tenha seu benefício cessado. O auxílio-doença um benefícioprecário, que só mantém enquanto comprovada a persistência da incapacidade para o trabalho. Se, no futuro, forcomprovada a incapacidade laborativa, pelo agravamento da doença, o autor poderá renovar o requerimento deauxílio-doença.

Não há também necessidade de complementação ao segundo laudo. O segundo perito deixou claro que não existemlimitações ao exercício das atividades exercidas pelo autor (quesito 11, fl. 60). A aptidão da capacidade para o trabalho équestão que somente pode ser resolvida por médico. O perito examinou o autor e descartou a incapacidade para o trabalho.Para ter direito ao auxílio-doença ou à aposentadoria por invalidez, não basta ao segurado comprovar estar doente: épreciso ficar comprovado que a doença tenha causado alterações morfopsicofisiológicas que impeçam o desempenho dasfunções específicas de uma atividade ou ocupação. Somente o médico detém conhecimentos técnicos para aquilatar se adoença diagnosticada inabilita o segurado para o trabalho.

Depois de dois laudos periciais judiciais subscritos por médicos oncologista e ortopedista, é desnecessário realizar umaterceira perícia. Na primeira perícia e na segunda perícia, os peritos do juízo confirmaram que o autor está capacitado parao exercício de suas atividades. Os peritos realizaram exame clínico e avaliaram os exames apresentados por ele (quesito3).

Acrescenta-se que o autor pode se submeter aos tratamentos médicos e ao uso de medicamentos e, concomitantemente,exercer suas atividades habituais. O perito não confirmou a necessidade de afastamento das atividades habituais. Muitostratamentos podem ser mantidos sem prejuízo do concomitante desempenho da atividade laboral.

A divergência com o parecer constante de atestados médicos não invalida o laudo pericial. O atestado médico equipara-sea mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor doparecer do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médicoparticular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudopericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. O médicoassistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta éa base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere maisindicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Porisso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para o trabalho.

Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

3. Não há que se falar em nulidade da sentença porque teria julgado contra a prova dos autos. Em verdade, o quehouve foi percuciente produção probatória, sendo efetivadas duas perícias, com médicos de especialidades distintas, sendoque ambos atestaram a capacidade laborativa do autor.

A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que as provasforam analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está em consonância com a lei e o entendimentopacificado desta Turma Recursal. Ademais, todas as alegações suscitadas na peça recursal já foram apreciadas emsentença e refutadas pelo magistrado a quo.

4. Posto isso, conheço do recurso do autor e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita (fl. 30).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

86 - 0003306-10.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003306-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x ANDRÉIA DA CRUZ SILVA (ADVOGADO:ES017092 - GAUDENCIO BARBOSA.).

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PROCESSO: 0003306-10.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003306-9/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 64/66, que julgou parcialmenteprocedente o pedido para condenar o réu a conceder auxílio-doença a partir de 01/08/2013. Sustenta o recorrente que, nadata do início da incapacidade (05/06/2013), a recorrida contava com apenas 02 (duas) contribuições mensais após oreingresso no RGPS, o que inviabiliza o deferimento do benefício de auxílio-doença. Alega que a carência deve sercumprida antes da data do início da incapacidade, sendo inviável o cômputo das contribuições realizadas após a instalaçãoda incapacidade laborativa. Colaciona voto proferido no processo 0000644-12.2009.4.02.5051/01, no qual a TurmaRecursal acatou a tese veiculada na peça recursal. Requer a reforma da sentença.

2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de demanda objetivando a concessão de aposentadoria por invalidez. A autora formulou requerimentoadministrativo em 21/6/2013. O requerimento administrativo foi indeferido por falta de cumprimento do período de carência.

De acordo com o art. 59 da Lei nº 8.213/91, são requisitos para a concessão do auxílio-doença: manutenção da qualidadede segurado, cumprimento do período de carência (em alguns casos) e incapacidade do segurado para o exercício do seutrabalho ou atividade habitual por mais de quinze dias consecutivos. Não há controvérsia sobre a existência deincapacidade para o trabalho. A controvérsia se limitou ao cumprimento do período de carência.

A perícia médica do INSS, em 16/7/2013 (fl. 63), diagnosticou obstrução da via biliar. Relatou que a autora foi internada em5/6/2013 com dor epigástrio com irradiação para o dorso e piora ao se alimentar, evidenciando litíase da vesícula biliar ecálculo de 6 mm colédoco distal em 12/6/2013. Fixou a data de início da doença em 1º/5/2013 (início da dor) e a data doinício da incapacidade em 5/6/2013 (data da internação hospitalar). A doença incapacitante não dispensa a carência.

Após a rescisão do penúltimo vínculo de emprego, em 11/8/2011, a autora havia perdido a qualidade de segurada em16/10/2012. Em 1º/4/2013, a autora reingressou no Regime Geral de Previdência Social. Até 5/6/2013, data de início daincapacidade, a autora havia recolhido apenas duas contribuições mensais após o reingresso no Regime Geral dePrevidência Social: abril e maio/2013.

A carência do auxílio-doença corresponde a doze contribuições mensais. Na data de início da incapacidade, a autoracontava apenas duas contribuições mensais após o reingresso na previdência social. A autora pode aproveitar ascontribuições anteriores à perda da qualidade de segurada, mas desde que, a partir da nova filiação à previdência social,tenha recolhido, no mínimo, 1/3 (um terço) do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definidapara o benefício a ser requerido (art. 24, parágrafo único, da Lei nº 8.213/91). Como a carência do auxílio-doença equivale adoze contribuições, a autora precisa, após a nova filiação, recolher 1/3 disso (1/3 de 12 = 4). Na data de início daincapacidade, em 5/6/2013, a autora não havia cumprido essa condição.

Não obstante, a autora continuou contribuindo para a previdência social após a data início da incapacidade - DII. O extratode fl. 61 confirma que foram recolhidas contribuições nos meses de abril a agosto/2013. As contribuições posteriores aoinício da incapacidade podem ser computadas para fins de carência. A lei proíbe a concessão de benefício se a DII forfixada antes da filiação ao RGPS. Entretanto, a lei não exige que a carência do benefício seja completada antes da DII. Se aDII for posterior à filiação, mas o segurado não tiver recolhido contribuições em número suficiente para cumprir a carência,pode complementar as contribuições faltantes, desde que não sejam antecipadas.

“Interessante observar que o art. 24, parágrafo único, da Lei nº 8.213/91, nada diz sobre a necessidade de completar umterço do período de carência antes da incapacidade, mas sim da necessidade da incapacidade tomar lugar após a filiação,sob pena de fraude ao sistema previdenciário (art. 59, parágrafo único, da Lei nº 8.213/91 e art. 71, § 1º, RPS). Daí, estandoa data de início da incapacidade (DII) em período posterior à nova filiação do segurado, devera ser lícito a este recolher operíodo faltante, mesmo na qualidade de facultativo, e obter a prestação previdenciária devida, no caso, o auxílio-doença.Somente quando a DII é fixada em data anterior à nova filiação, é que o benefício não poderia ser concedido.”

Portanto, as contribuições posteriores a 5/6/2013 podem ser computadas para fins de carência. A quarta contribuiçãomensal após o reingresso da autora no Regime Geral de Previdência Social foi completada na competência julho/2013, comdata de vencimento em 15/8/2013. A partir de 1º/8/2013, a autora já havia completado as quatro contribuições mensais que,na forma do art. 24, parágrafo único, da Lei nº 8.213/91, autorizam o aproveitamento das contribuições antigas para atingir ototal de doze contribuições mensais.

A autora tem direito ao benefício de auxílio-doença a partir do mês subseqüente ao preenchimento da carência, em1º/8/2013. Não tem direito à aposentadoria por invalidez porque não ficou comprovada a incapacidade definitiva para otrabalho (fl. 63).

Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento da parte autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

Dispositivo

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Julgo parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a conceder o auxílio-doença a partir de 1º/8/2013.Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Para efeito de correção monetária e de juros de mora, aplicam-se os índicesoficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº 11.960/2009).

Antecipo os efeitos da tutela para determinar ao réu que implante o benefício, com base nos seguintes parâmetros:

Segurado = Andréia da Cruz Silva;Benefício = 31 – auxílio-doença;NB = “novo benefício”;RMI/RMA = “a calcular pelo INSS”;DIB = 1º/8/2013;DIP = data da sentença.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

O valor dos honorários periciais antecipados à conta de verba orçamentária deverá ser incluído na ordem de pagamento aser feita em favor do tribunal (art. 12, § 1º, da Lei nº 10.259/2001).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. Sem razão o recorrente. Entendo que a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 daLei nº 9.099/95), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso. O argumentorecursal do INSS foi devidamente enfrentado na decisão impugnada. Fixada a data de início da incapacidade em junho de2013, ou seja, posterior à nova filiação da segurada (abril de 2013), não se pode presumir que houve fraude ao regimeprevidenciário pelo fato de duas das contribuições faltantes para que fosse possível o reaproveitamento da carência teremsido recolhidas após junho de 2013.

O que importa é que o benefício foi concedido após o recolhimento de um terço da carência, o que se deu em agosto de2013, como bem pontuado na sentença. O caso indicado pelo recorrente – como sendo similar ao ora analisado – destedifere, tendo em vista que naquele foi concedido benefício antes do recolhimento das 04 (quatro) contribuições necessáriaspara que fossem reaproveitadas as contribuições anteriores. Neste, o magistrado observou que, apenas em agosto de2013, é que a segurada teria direito ao benefício, fixando, somente nesse momento, a DIB.

4. Posto isso, conheço do recurso do INSS e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10 %sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

87 - 0002795-17.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002795-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VALDERLENE VIRGÍLIOFAQUERES (ADVOGADO: ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).PROCESSO: 0002795-17.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002795-0/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por VALDERLENE VIRGILIO FAQUERES, em face da sentença de fl.69, que julgou improcedentes os pedidos iniciais de concessão de auxílio-doença e de concessão de aposentadoria porinvalidez. Sustenta a recorrente que as provas carreadas aos autos não deixam dúvidas quanto a sua incapacidade. Afirmaque tem lombociatalgia crônica, espondilodiscoartrose degenerativa lombar multissegmentar e fibromialgia. Alega, por fim,que sua incapacidade deve ser avaliada de forma multidimensional, levando em consideração aspectos sociais, ambientaise pessoais. Requer que se proceda a nova perícia ou, então, que se reforme a sentença.

A autora nasceu em 1970. Na inicial afirma ser empregada doméstica. O relatório SABI de fl. 17 a qualifica na ocupação“outros cozinheiros e trabalhadores assemelhados”.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Relatório dispensado. São requisitos para a concessão do auxílio-doença: (1) que o requerente seja segurado daprevidência; (2) que tenha cumprido o período de carência exigido por lei e (3) que seja incapaz para o exercício de

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atividade que lhe garanta a subsistência, por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Já para a concessão de aposentadoriapor invalidez, é necessário, ainda, que a incapacidade seja de caráter permanente e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que garanta a subsistência do requerente.

Nos que se refere à capacidade laboral da autora, observo a perícia deste juízo, apresentada nas fls. 45 a 50, segundo aqual a autora é portadora de abaulamento discal discreto lombar, como se pode observar no quesito 1 do laudo pericial nafl. 47.

Ressalto que os benefícios previdenciários em questão não são devidos em razão da existência ou não de uma doença,mas sim da incapacidade gerada pela enfermidade.

No caso da autora, embora haja a comprovação de seu quadro de abaulamento discal discreto lombar, sua doença nãocompromete sua capacidade laboral, conforme conclui o perito em fls. 46 e 47. Deve-se atentar para o fato de que tanto asperícias realizadas em juízo quanto as realizadas pelo INSS gozam de presunção de veracidade, necessitando de provarobusta em contrário para que sejam questionados.

Diante do exposto, julgo IMPROCEDENTES os pedidos de restabelecimento de auxílio-doença e de concessão deaposentadoria por invalidez. Por consequência, extingo o feito com resolução de mérito nos termos do inciso I do art. 269do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, conforme artigos 55 da Lei n.º 9.099/95 c/c art. 1º daLei n.º 10.259/2001. Assistência judiciária deferida. Após o trânsito em julgado, arquive-se. P.R.I.

3. A autora apresentou seu requerimento de auxílio-doença em 26/01/2010. Teve o pedido indeferido por não tersido constatada incapacidade para o trabalho. Sua última contribuição ao RGPS, conforme extrato do CNIS, foi em junho de2008. Não há nos autos cópia da CTPS que demonstre que a autora tinha vínculo empregatício e que o empregador nãoestava recolhendo a respectiva contribuição. Em sua peça inicial, a recorrente indicou ser “doméstica”.

4. Conforme laudo pericial (fls. 45/50), a autora é portadora de abaulamento discal discreto, não apresentanenhuma alteração clínica e a doença não tem relação com o seu trabalho. Todos os exames complementares analisadospelo perito tiveram resultado normal. A autora informou não fazer uso de medicamento ou fisioterapia por não ter observadomelhora com os tratamentos. Também fez o mesmo relato para o médico da autarquia durante perícia administrativa. Aperícia judicial foi realizada em 23/09/2010. A perícia administrativa foi realizada em 16/03/2010.

5. O laudo particular, emitido por ortopedista, foi elaborado em 12/05/2010. Em tal laudo o médico sugeriu oafastamento do trabalho pelo período de 90 (noventa) dias para fins de tratamento ortopédico e fisioterápico para controledo quadro álgico. Entretanto, a própria autora afirmou, tanto para o perito do INSS quanto para o perito do Juízo, que não sesubmetia ao tratamento com medicamentos e fisioterapia por entender que não faziam efeito, o que demonstra que aprópria recorrente se recusa a tratar-se.

6. Verifico, assim, que dois requisitos do benefício pleiteado não foram preenchidos: 1) a autora contribuiu pelaúltima vez em junho de 2008 e, dessa forma, quando requereu o benefício em janeiro de 2010, já não mais possuía aqualidade de segurada (pelo menos não comprovou nos autos); 2) o requisito incapacidade não restou comprovadoconforme fundamentação explanada nos itens 4 e 5.

7. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita (fl. 35).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

88 - 0002968-41.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002968-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA GORETH DOSSANTOS RODRIGUES (ADVOGADO: ES000294B - ROSEMARY MACHADO DE PAULA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PROCESSO: 0002968-41.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002968-5/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARIA GORETH DOS SANTOS RODRIGUES, em face dasentença de fls. 114/118, que julgou procedente, em parte, o pedido inicial, para condenar o INSS a restabelecer eimplantar o auxílio-doença, a partir da data da realização da perícia médica judicial (21/02/2011 – fl. 75), benefício quedeverá ser mantido enquanto permanecer a incapacidade para o trabalho e/ou não houver reabilitação da autora para outra

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atividade profissional. Sustenta a recorrente que a farta prova documental acostada aos autos confirma a sua incapacidadedefinitiva, não podendo mais laborar na atividade de faxineira, ou qualquer outra, pois sua mão direita atrofiou. Afirma que,na atual conjuntura do país, com o mercado de trabalho cada vez mais restrito, seletivo e competitivo, devem ser levadasem consideração as suas condições sociais e culturais. Alega que o laudo pericial não vincula o juiz, motivo pelo qual estedeve ser declarado nulo, para que sejam acatados os inúmeros laudos e atestados médicos particulares anexados. Requer,por fim, a reforma da sentença, julgando-se totalmente procedente o pleito autoral quanto à concessão da aposentadoriapor invalidez.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Nesta ação objetiva-se a concessão de aposentadoria por invalidez ou, subsidiariamente, auxílio-doença. Como causa depedir sustenta estar incapacitada para o trabalho. Requer antecipação da tutela.

O INSS manifestou-se nas fls. 84-87, apresentando proposta de acordo, a qual foi recusada pela autora.

Laudo médico pericial nas fls. 76-77.

Decido.

(...)

No tocante à qualidade de segurado e ao cumprimento da carência, neste caso, restaram incontroversos, mesmo porque aautora recebeu auxílio-doença até 08/10/2010.

Feitas essas considerações, tem-se que realizada perícia na especialidade de ortopedia (fls. 76-77), ficou constatado que aparte autora encontra-se incapacitada ao exercício de múltiplas atividades laborativas, consoante laudo médico, in verbis:

13- Caso existente, a incapacidade para o trabalho pode ser caracterizada como:[…]R: Multiprofissional. Incapacidade para atividades com carga de peso e esforço em membros superiores. […]

Ao expert, contudo, não foi possível afirmar desde quando a incapacidade afligia a autora. Oportuno considerar no contexto:

“Não há como afirmar, pois não se sabe sobre o quadro clínico apresentado pela autora nestas datas.” (laudo pericial, fl. 77,item 11, c).

Dito isto, diante da ausência de prova inequívoca de incapacidade no período que antecedeu o exame pericial judicial, em21/02/2011, fixo esta data como DIB.

(...)

Ressalta-se, à vista do laudo médico pericial, a demandante às fls. 100-106 e 107-113, ao argumento de se encontrar totale definitivamente incapacitada, requer a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez.

Ocorre que não merece prosperar seus argumentos.

Oportuno considerar no contexto as seguintes afirmações, in verbis:

13 – […]R: […] Apta para outras atividades que não exijam esforço físico em membros superiores. (fl. 77) (grifei)

Dito isto, evidencia-se que a demandante encontra-se total e definitivamente incapacitada ao exercício de atividades queexijam esforços em membros superiores, o que não significa que há incapacidade definitiva e total para o trabalho de ummodo geral, mormente tendo em vista que após a devida reabilitação poderá a autora exercer outras atividades laborativasque não exijam referido esforço. Forçoso concluir, por conseguinte, que a incapacidade na hipótese não é definitiva, senãotemporária.

Assim, comprovado pela perícia que a incapacidade da autora é temporária e multiprofissional, impõe-se a conclusão nosentido de que deve ser restabelecido o benefício de auxílio-doença, até mesmo diante da clareza do artigo 59 da Lei nº8.213/1991.

Face ao exposto, julgo procedente, em parte, o pedido, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS arestabelecer e implantar o benefício de auxílio-doença, a partir da data da realização da perícia médica judicial (21/02/2011– fl. 75), benefício que deverá ser mantido enquanto permanecer a incapacidade para o trabalho e/ou não houverreabilitação da autora para outra atividade profissional.

As parcelas em atraso serão pagas – observadas as DIBs estabelecidas no parágrafo precedente – corrigidas desde oajuizamento, de acordo com o Capítulo 4, itens “4.3.1” e “4.3.2” do Manual/CJF de Orientação de Procedimentos para os

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Cálculos na Justiça Federal, desde o ajuizamento (Súmula nº 148 do egrégio STJ), e de juros de 1% (um por cento) aomês, a partir da citação, observada, a partir de 30/06/2009, a regra do art. 1º - F da Lei nº 9.494/1997 introduzida pela Lei nº11.960/2009, respectivamente.

Os elementos probatórios levados em conta na fundamentação e a natureza alimentar do benefício, além do tempodecorrido desde o ajuizamento, demonstram a presença dos requisitos fático-jurídicos necessários à antecipação da tutela.

Portanto, presentes os requisitos necessários à concessão da medida de urgência, determino, na forma dos artigos 1º e 4ºda Lei nº 10.259/2001 e dos arts. 5º e 6º da Lei nº 9.099/1995, ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS que, no prazoimprorrogável de 15 (quinze) dias, implante o benefício.

O INSS arcará com os honorários periciais antecipados pelo Juízo, nos termos do artigo 12, §1º, da Lei nº 10.259/01.

P.R.I. Transitada em julgado, oficie-se ao INSS para informar, no prazo de 30 (trinta) dias, o valor das diferenças devidaspara a expedição a Requisição de Pequeno Valor – RPV, na forma do art. 17 da Lei nº 10.259/2001.

Descabe condenação em custas e honorários advocatícios, conforme artigos 55 da Lei nº. 9.099/95 c/c art. 1º da Lei nº.10.259/2001.

A seguir, satisfeita a obrigação, dê-se baixa e arquivem-se com as precauções de praxe.

3. O laudo pericial foi claro ao diagnosticar a deformidade congênita de membro superior direito devido à lesão doplexo braquial (nervos em nível das axilas) durante o parto. Atestou o perito que a autora, faxineira, apresenta incapacidadeparcial e definitiva, mas deixou claro que, se a autora quisesse, poderia exercer sua atividade habitual de costume, poissempre trabalhou nessa função. Os laudos particulares colacionados aos autos confirmam a doença apresentada pelaautora e não reputo o laudo pericial contraditório a estes.

4. O que deve ser considerado no caso em comento é se a incapacidade da autora a afasta para sempre domercado de trabalho ou se ela seria capaz de voltar a exercer algum tipo de atividade. Considerando a idade da autora (46anos), o fato de ter sido submetida à cirurgia para tratamento da síndrome do túnel do carpo e que o perito judicial falousobre a necessidade de tratamento fisioterápico, entendo que a melhor decisão é aquela proferida na sentença oracombatida. O auxílio-doença, de caráter temporário, é o benefício que deve abrigar a recorrente. Afinal, relegá-la, desde já,a uma invalidez permanente, diminuiria a sua responsabilidade pela sua própria existência, afastando-a do convívio dasociedade em aspecto amplo e privando-a das conquistas próprias que apenas o trabalho traz ao ser humano.

5. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita (fl. 47).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

89 - 0006486-73.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006486-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA NELSELI FEU DOSSANTOS (ADVOGADO: ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).PROCESSO: 0006486-73.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006486-5/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARIA NELSELI FEU DOS SANTOS, em face da sentença de fls.97/99, que julgou improcedente o pedido inicial de concessão do benefício de auxílio-doença a partir da data dorequerimento administrativo, em 17/09/2007. Sustenta a recorrente que, conforme entendimento da TNU, o segurado quedeixa de contribuir para a Previdência Social em razão de comprovada incapacidade laboral, não perde a qualidade desegurado enquanto perdurar esta situação. Requer, assim, a reforma da sentença.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Cuida-se de ação, com pedido antecipatório, na qual se pretende provimento que assegure a concessão de aposentadoriapor invalidez, ou sucessivamente, a concessão de auxílio-doença, a partir da data do requerimento administrativo, em17/09/2007, com o pagamento das parcelas vencidas desde então, devidamente atualizadas.

Como causa de pedir a autora sustenta estar incapacitada para o exercício de atividade laborativa (técnica de

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enfermagem), haja vista sofrer de “graves enfermidades NEUROLÓGICAS. A autora é portadora de LUPUSERITEMATOSO SISTÊMICO que leva a sentir: MAL-ESTAR CONSTANTE, FEBRE, FADIGA, DOR ARTICULAR EMUSCULAR, MANCHAS AVERMELHADAS NA PELE, FRAQUEZA MOTORA COM PIORA AOS ESFORÇOS EMIASTENIA GRAVIS-CID G70, TAL ENFERMIDADE ATACA O SISTEMA NEUROMUSCULAR CAUSANDO UM DEFEITONA TRANSMISSÃO DOS IMPULSOS DOS NERVOS PARA OS MUSCULOS DIFICULTANDO SUA MOVIMENTAÇÃO.”

O INSS, em contestação, (fls. 72-81), pugnou, em síntese, pela improcedência do pedido, alegando a falta de qualidade desegurada por doença préexistente.

Laudo médico pericial às fls. 46-53 (neurologista).

Às fls. 85-88, a autora impugna a alegação do INSS de que seria a doença pré-existente, uma vez que no laudo do peritojudicial consta como impossibilidade de afirmar sobre a existência de incapacidade antes do ajuizamento da ação.

(...)

Nesse passo, a questão controvertida não diz com a constatação ou não, de incapacidade para o trabalho, mas sim acercada qualidade segurado e ao período de carência. Por sua vez os documentos juntados às fls. 92-96, demonstram que aautora contribuiu para o RGPS até a data de 26/02/1997; e voltou a contribuir somente a partir de 11/10/2006 à 09/12/2006,não completando o período de carência necessário conforme o art. 24, § único da lei 8.213/91.

Tal o contexto, independentemente da incapacidade total e definitiva para sua atividade habitual, consoante os quesitos 9,10, 11 e 13 do laudo pericial (fl. 51), acha-se evidenciado o não cumprimento da carência perante a qualidade de seguradada autora.

Isso posto, julgo improcedente o pedido.

P.R.I.

Após, dê-se baixa e arquivem-se, feitas as anotações de praxe.

3. Conforme já mencionado pelo Juízo a quo, a autora foi segurada do RGPS até fevereiro de 1997. Perdeu aqualidade de segurada e só retornou ao Regime Geral em 11/10/2006, com o recolhimento de contribuições nos meses deoutubro, novembro e dezembro de 2006. Tais contribuições foram insuficientes para que fosse possível computar ascontribuições anteriores para fins de carência. A recorrente afirma, em sua peça recursal, que não se perde a qualidade desegurado caso esteja incapaz. Entretanto, 03 (três) são os requisitos para a concessão do benefício pretendido:incapacidade, qualidade de segurado e carência. O requisito que a autora não preencheu foi a “carência”, conforme bemexplicitado na sentença.

4. Entendo que a sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95),tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está emconsonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal. Ademais, todas as alegações suscitadas napeça recursal já foram apreciadas em sentença e refutadas pelo magistrado a quo.

5. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita (fl. 39).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

90 - 0005255-06.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005255-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIENE DAMASCENO DOSSANTOS (ADVOGADO: ES006249 - SERGIO RIBEIRO PASSOS, ES015549 - LARISSA FURTADO BAPTISTA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.PROCESSO: 0005255-06.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005255-2/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado interposto por ELIENE DAMASCENO DOS SANTOS em face da sentença de fls. 57/58, quejulgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta arecorrente que o laudo pericial no qual o juiz se embasou para proferir a sentença encontra-se equivocado por conterincorreções quanto ao seu estado de saúde, além de o perito ter deixado perguntas sem respostas. Requer, assim, que

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seja reformada a sentença para que sejam julgados procedentes seus pedidos ou que seja designada nova perícia a fim deconstatar sua incapacidade.

2. A autora possui 55 anos de idade e é auxiliar de serviços gerais (fl. 15).

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Pretende a parte autora a condenação do INSS à concessão do benefício de auxílio doença ou aposentadoria por invalidez.(...)Na presente demanda, a incapacidade ficou afastada pela prova pericial (laudo às folhas 39/42), já que a perícia médicarealizada certificou que a parte autora não apresenta sinais ou sintomas de doença física ou mental, não tendo sidoconstatada limitação na sua capacidade laborativa.DISPOSITIVOAnte o exposto, julgo IMPROCEDENTES os pedidos aduzidos na inicial, não havendo condenação da parte autora aopagamento das custas processuais e honorários advocatícios nos termos do disposto no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c art. 1ºda Lei n.° 10.259/2001.Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos com baixa na distribuição.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. O laudo pericial foi razoavelmente fundamentado. A conclusão aposta na fl. 40 teve evidente correlação com oconteúdo das rubricas “exame físico” e “exames complementares” (fls.39/40).

A afirmação do perito de que “não foi encontrada deficiência física ou mental”, impugnada no recurso, está em pleno acordocom a conclusão do laudo no sentido de que o autor apresentou “estar sem restrição à atividade laboral do ponto de vistaortopédico” e não contradiz os exames e laudos anexados aos autos, mas apenas interpreta o que deles consta. Essa é,aliás, uma das tarefas do perito.

Os quesitos que permaneceram sem resposta restaram prejudicados pela constatação de ausência de incapacidade, já quediziam respeito aos aspectos da incapacidade, tais como data de início, totalidade ou parcialidade, definitividade outemporariedade etc.

4. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício da assistência judiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

91 - 0002174-20.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002174-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCILENE FRANCISCODIAS AVANCINI (ADVOGADO: ES017107 - HELENICE DE SOUSA VIANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).PROCESSO: 0002174-20.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002174-1/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARCILENE FRANCISCO DIAS AVANCINI, em face da sentençade fls. 67/69, que julgou improcedente o pedido inicial de concessão de auxílio-doença com sua conversão emaposentadoria por invalidez. Sustenta a recorrente que tem esquizofrenia e transtorno bipolar, e que o juiz de piso teriadeixado de analisar provas indispensáveis, não motivando sua decisão. Alega, também, que o próprio diagnóstico detranstorno bipolar e transtorno depressivo grave, realizado pela perícia judicial, enseja a incapacidade laborativa.

2. A autora possui 31 anos de idade e é operadora de caixa.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Relatório dispensado, nos termos do art. 38 da Lei nº. 9.099/95.Passo a decidir.(...)Oportuno salientar que a questão controvertida diz respeito à constatação ou não de incapacidade para o trabalho, eis quenão se questiona acerca da qualidade de segurado ou ao período de carência.Pois bem.In casu, a perícia realizada em 07.11.2010 (fls. 24/26) atestou que a Autora apresenta quadro de transtorno afetivo bipolar,

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o qual, contudo, provoca apenas incapacidade temporária. Isto porque, no período entre crises, é possível o retorno àsatividades laborativas, ou seja, a Autora apresenta épocas em que não possui capacidade laborativa, conjugadas comperíodos em que o labor é possível. Neste sentido, verificando a incapacidade naquele momento, a expert do Juízoestipulou um período de afastamento de 06 (seis) meses, não tendo sido possível dizer se, na época do requerimentoadministrativo, a Autora estava ou não apta ao trabalho.Sobre o ponto, imperioso destacar que, à época da perícia, a Autora já estava recebendo benefício de auxílio-doença (fl.46), concedido administrativamente em maio de 2010 – com DIB em 15.04.2010, isto é, anterior ao próprio ajuizamento daação –, o que se coaduna com a manifestação da expert acerca da incapacidade da Autora em novembro de 2010.Ocorre que, como foi ressaltado pela perita, esta incapacidade não é definitiva, variando de acordo com as crises da Autora.Em sendo assim, mister dar guarida à manifestação do INSS acerca da inexistência da incapacidade quando da avaliaçãoadministrativa realizada em março de 2011. De fato, o exame realizado no INSS atestou que a Autora não apresentavasintomas de transtornos psiquiátricos. Pelo contrário, àquela época, o médico constatou a existência de uma possívelsimulação de comportamento, a denotar a recuperação da capacidade laborativa.Destaque-se que esta conclusão administrativa vai ao encontro daquilo que foi averiguado pela perita do Juízo (existênciade incapacidade temporária), não havendo incompatibilidade nos laudos apresentados. Com efeito, o fato de a expertnomeada por este JEF ter previsto um prazo de afastamento de 06 (seis) meses não impede que a Autora possa terrecuperado sua capacidade em 04 (quatro) meses, conforme foi informado pelos médicos do INSS. Essa presunção derecuperação é corroborada pelo fato de que, após a perícia, a Autora não juntou aos autos nenhum documento queatestasse a continuidade da fase crítica da doença.Por conta destas razões, entendo que os elementos constantes dos autos demonstram que, atualmente, a Autora não seencontra incapacitada para o trabalho. Ademais, no que diz respeito à época em que a incapacidade foi constatada pelaexpert do Juízo, verifico que já foi concedido o benefício de auxílio-doença correspondente ao período, nada mais tendoque ser provido quanto a isso.Dispositivo:Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES OS PEDIDOS AUTORAIS, extinguindo o processo com resolução de mérito,nos moldes do art. 269, I, do Código de Processo Civil.Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 55 da Lei nº.9.099/95 c/c art. 1º da Lei nº. 10.259/01).Após o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se os autos.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. A perícia judicial foi realizada em 07/11/2010 (fl. 26), sendo que a perita afirmou a incapacidade laborativamultiprofissional por período de cerca de seis meses (fl. 24).

Analisando o CNIS da autora, aferem-se que, nos registros nº 019 e 020, a autora obteve auxílio-doença entre 06/08/2009 e26/04/2010; e 15/04/2010 e 01/03/2011.

O pedido administrativo de restabelecimento do benefício registrado sob nº 019 foi negado (cf. “comunicação de decisão”de fl. 06, expedida em 15/04/10), razão pela qual a autora ingressou com esta ação em maio de 2010. Contudo, a autoraobteve alteração dessa primeira decisão administrativa. Tanto assim o é que lhe foi deferido o benefício registrado sob o nº020, no interregno de 15/04/2010 até 01/03/2011. Por essa razão, no momento em que a autora estava sendo submetida àperícia judicial (novembro de 2010), estava recebendo benefício concedido administrativamente. Somente subsistiainteresse de agir porque fora formulado pedido de aposentadoria por invalidez.

Pelo contexto exposto, a autora foi submetida a uma nova avaliação administrativa, posterior à perícia judicial, queredundou na cessação do benefício em 01/03/2011.

4. O laudo pericial contém fundamentação razoável e bastante para afastar a conclusão de que a autora seriaportadora de incapacidade omniprofissional. Por essa razão, não procede, ao menos por ora, o pedido de aposentadoriapor invalidez. Logo, correto o entendimento adotado na sentença no sentido de julgar improcedente o pedido.

5. No que refere ao auxílio-doença, cessado em março de 2011, não se dispõe, nesse momento, de elementos deprova supervenientes à perícia judicial e hábeis a excluir a validade da conclusão dessa perícia do INSS.

6. Posto isso, conheço do recurso do autor e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

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92 - 0006517-88.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006517-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA DESOUSA (ADVOGADO: ES003575 - JULIO FERNANDES SOARES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).PROCESSO: 0006517-88.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006517-0/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARIA DA PENHA DE SOUSA, em face da sentença de fls.113/115, que julgou improcedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença desde a data da cessação, em24/05/2012, e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. A recorrente alega ser portadora de diversasdoenças que, associadas as suas condições pessoais, impossibilitam a sua reinserção no mercado de trabalho. Aduz,ainda, que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, devendo velar pela dignidade da pessoa humana. Requer o provimentodo recurso para reformar a sentença, julgando-se totalmente procedente o pedido inicial.

A autora nasceu em 1955 e afirmou ser auxiliar de serviços gerais. Foi submetida a duas perícias, uma psiquiátrica e outraortopédica.

2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de demanda objetivando o restabelecimento do auxílio-doença desde a cessação, em 24/5/2012, com suaconversão em aposentadoria por invalidez.

O perito nomeado pelo juízo, especialista em ortopedia, diagnosticou artrose generalizada em grau leve semcomprometimento funcional articular e sem compressões nervosas (fl. 84). Afirmou que a autora possui aptidão paraexercer a atividade habitual de auxiliar de serviços gerais porque possui boa mobilidade e não apresenta alteraçõesneurológicas nos membros (quesitos 8/9). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 14).

O perito nomeado pelo juízo, especialista em psiquiatria, diagnosticou quadro de humor deprimido e ansiedade, cujossintomas se intensificaram nos últimos dois meses em razão do falecimento da mãe (fl. 100). Afirmou que a autora possuiaptidão para exercer a atividade de auxiliar de serviços gerais porque mantém quadro de humor triste com ansiedade esintomas de somatização, mas não foram observados sinais e sintomas de incapacidade psiquiátrica (quesitos 8/9).Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 12).

A autora impugnou o laudo pericial (fls. 105/107). Alegou que o perito deixou claro que possui doença mental. Para terdireito ao auxílio-doença ou à aposentadoria por invalidez, não basta ao segurado comprovar estar doente: é preciso ficarcomprovado que a doença tenha causado alterações morfopsicofisiológicas que impeçam o desempenho das funçõesespecíficas de uma atividade ou ocupação. Somente o médico detém conhecimentos técnicos para aquilatar se a doençadiagnosticada inabilita o segurado para o trabalho. Não há motivo para descartar a aplicação da conclusão exposta no laudopericial.

A autora alegou que o perito confirmou que é vulnerável a crises colocando a si e terceiros em risco. O perito afirmou que adoença manifesta-se na forma de crises repetitivas e imprevisíveis (quesito 3), mas descartou a doença fosse causa deincapacidade para o trabalho.

A autora alegou que os atestados médicos acostados aos autos e até referidos pelo perito confirmam que seu problemamental incapacita para o trabalho. O diagnóstico constante de atestado de médico assistente não vincula a perícia judicial.O atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deveser resolvida em favor do parecer do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo,“o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.O médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, masacreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento queconsidere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante éverdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para otrabalho.

A autora alegou que os exames complementares comprovam sua doença psiquiátrica. Ocorre que transtornos do humorsão doenças que não podem ser reveladas por exames complementares. O diagnóstico geralmente se baseia apenas noexame clínico. A queixa da autora não deve ter se referido a laudos de exames complementares, mas atestados demédicos assistentes. A omissão do perito em analisar atestados de médicos assistentes não invalida a perícia, uma vez queo parecer do assistente não vincula a avaliação do perito.

A autora alegou que a atividade de auxiliar de serviços gerais necessita lavar chão, varrer, limpar vidraças, subir e descerescadas. Ocorre que tanto o perito ortopedista quanto o perito psiquiatra descartaram a existência de limitações funcionais.Não há motivos para supor que a autora não possa empreender tais movimentos.

A autora alegou que realiza tratamento psiquiátrico desde 2009 e utiliza remédios controlados os quais provocam efeitoscolaterais incapacitantes. Ocorre que muitos tratamentos podem ser realizados concomitante ao exercício da atividade

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habitual e o perito psiquiatra descartou que os medicamentos utlizados pela autora fossem causa de efeito colateralincapacitante (quesitos 11).

A autora alegou que é portadora de diversas doenças e possui idade avançada de 60 anos, tendo direito a aposentadoriapor invalidez. A TNU já decidiu que “quando o juiz conclui que não há incapacidade para o trabalho, não fica obrigado aexaminar as condições pessoais e sociais (Processo nº 0507072-34.2009.4.05.8101, Rel. Juiz Rogério Moreira Alves, DOU1º/02/2013). “Em contrapartida, quando negada a incapacidade para o trabalho habitual, forçoso inadmitir o exame dascondições pessoais, já que o mesmo não pode, por si só, afastar a conclusão sobre a aptidão laboral calcada na valoraçãode prova pericial” (Processo nº 0020741-39.2009.4.03.6301, Relator Juiz André Carvalho Monteiro, julgado em 8/3/2013).

Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Vitória, 24 de setembro de 2013.

3. A sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vistaque as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está em consonância com a lei e oentendimento pacificado desta Turma Recursal.

Registro, ainda, que o laudo psiquiátrico encartado aos autos pela autora, embora tenha classificado o problemapsiquiátrico da autora (CID-F32.2), não afirmou haver estado de incapacidade laboral (fl. 28). Já o atestado subscrito porortopedista, conquanto tenha afirmado o estado de incapacidade laborativa (fl. 29), foi lavrado em julho de 2012, dez mesesantes da perícia ortopédica (fls. 83 e seguintes). Não me parece viável excluir o resultado desta a partir do teor daquele.

4. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

93 - 0004650-94.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004650-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALMIRALICE SANTANAPORTO (ADVOGADO: ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO,ES012201 - JOCIANI PEREIRA NEVES, ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO, ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES,ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI, ES014935 - RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS, ES011434 - TATIANAMARQUES FRANÇA, ES016437 - LARA CHAGAS VAN DER PUT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).PROCESSO: 0004650-94.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004650-0/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado interposto por ALMIRALICE SANTANA PORTO em face da sentença de fls. 165/167, quejulgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença com DIB em08/09/2010, até a total recuperação da autora para o exercício de sua atividade laborativa habitual ou até a sua reabilitação,concedendo, ainda, a antecipação dos efeitos da tutela. Sustenta a requerente que é portadora de sinovite, tenossinovite,síndrome do túnel do carpo e distrofia simpático-reflexa do túnel do carpo, encontrando-se totalmente incapacitada para aprática de suas atividades habituais de doméstica, conforme diversos laudos médicos juntados aos autos. Alega que olaudo, que concluiu pela incapacidade temporária e parcial para determinadas funções, não informa qual seria a limitaçãofísica da autora nem qual seria a função que ela poderia executar levando em consideração sua incapacidade, nemesclarece em quanto tempo a autora teria condições para a prática de suas atividades habituais ou de qualquer outraatividade laborativa. Alega, ainda, o descaso do perito ao não emitir laudo complementar determinado pelo próprio juízo.Argumenta que o perito não é o juiz e o laudo não é uma sentença, pelo que não apenas o laudo pericial, mas também os

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pareceres dos assistentes e documentos juntados pela recorrente devem ajudar na formação da convicção do magistrado,para o que o ideal de aplicar a justiça seja alcançado em sua plenitude. Sustenta que a sentença viola os princípios docontraditório e da ampla defesa, uma vez que a sentença sequer leva em consideração a teoria multidimensional na qual orequerente está inserido, ressaltando que a incapacidade é um fenômeno multidimensional, de maneira que deve seravaliada não apenas do ponto de vista médico, mas considerando-se os aspectos sociais, psicológicos e educacionais.

A autora nasceu em 1967 e exerce a profissão de doméstica.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Dispensado o relatório, na forma do artigo 38 da Lei 9.099/95, subsidiariamente aplicado, nos termos do artigo 1º da Lei10.259/2001.Trata-se de ação previdenciária proposta por ALMIRALICE SANTANA PORTO em face do INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL – INSS, através da qual almeja o restabelecimento do benefício de auxílio-doença, bem como suaposterior conversão em aposentadoria por invalidez.Na inicial, a autora, empregada doméstica, atualmente com 44 anos de idade, alega que é portadora de “sinovites etenossinovite não especificadas”, “síndrome do túnel do carpo” , “distrofia simpático reflexa síndrome do túnel do carpo”,dizendo, ainda, que tais doenças lhe causam fortes dores e incapacidade para trabalhar, o que a impossibilita de realizarsuas atividades habituais.A autora recebeu o benefício de auxílio-doença NB 538.314.279-3 durante o período de 08/01/2010 a 08/09/2010 devido àconstatação de que a autora estava incapacitada por ser portadora de “Sinovite e tenossinovite” (CID-10 M65).Os laudos médicos particulares acostados aos autos constatam a incapacidade da autora (fls. 33/71).Para o recebimento da aposentadoria por invalidez mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditadospelo art. 42 da Lei n.º 8.213/90, quais sejam: ostente a qual idade de segurado, atenda a carência de 12 contribuiçõesmensais e tenha constatada a incapacidade total e permanente para o exercício de atividade profissional que lhe garanta asubsistência com insuscetibilidade de reabilitação. Já em relação ao benefício auxílio-doença, a única diferençarelaciona-se ao último requisito, uma vez que o art. 59 da Lei n.º 8.213/90 exige que o postulante esteja incapacitado para oseu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos.Cabe destacar que inexiste discussão nos autos em relação ao fato da parte autora ostentar a qualidade de seguradaespecial da Previdência Social, bem como preencher a carência mínima exigida em lei para os benefícios em tela.Com relação ao requisito da incapacidade, tal verificação ficou a cargo do perito judicial, cujo laudo encontra-se ofertado àsfls. 82/83 dos autos. Pelas conclusões apresentadas no laudo, restou constatado pelo perito que a autora é portadora de“lesão degenerativa” (quesitos 01 e 02) que a acomete com dor ao nível do punho direito e esquerdo com dormência eperda da força muscular (quesito 04). Em resposta ao quesito 06, o perito afirma que a doença induz em incapacidadelaborativa, sendo tal incapacidade temporária e parcial para determinadas funções, podendo a autora ser reabilitada paraexercer funções compatíveis com a sua incapacidade. Ressalte-se que o perito afirmou, em resposta ao quesito 14, que aautora apresente “lesão específica necessitando readaptação para o trabalho na função compatível”Em relação à data de início da incapacidade, o perito afirmou que a autora já se encontra incapacitada desde 08/09/2010(quesito 7.1).Pelas conclusões apresentadas no laudo pericial, constata-se que a autora está parcial e temporariamente incapacitadapara o exercício de sua atividade laborativa habitual .Importante observar que o perito, em resposta ao quesito 7.1 do laudo pericial ( f l . 66) , afirma que a incapacidade daautora já existia em 08/09/2010 (data da cessação do benefício NB 538.314.279-3) . Portanto, faz jus a autora aorestabelecimento do benefício NB 538.314.279-3 desde 08/09/2010.Ressalte-se que, a despeito de o perito não ter respondido diretamente aos quesitos formulados pela autora, o laudopericial juntado aos autos possuía os elementos suficientes à elucidação da incapacidade da autora, não havendo que sefalar em nulidade ou inépcia do laudo pericial.Não faz jus a autora ao benefício de aposentaria por invalidez, visto que a sua incapacidade é parcial e temporária.Por fim, ressalto que o fato da parte autora ter permanecido contribuindo para a Previdência Social no período em que seencontrava incapaz, não é suficiente para, por si só, desconstituir a condição incapacitante da parte autora. Consideroperfeitamente plausível a hipótese da parte autora estar sacrificando a si própria e a sua família para conseguir efetuar taiscontribuições, a fim de não perder a sua qual idade de segurada.Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO, para o fim de condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença NB 538.314.279-3 com DIB em 08/09/2010, devendo o benefício ser mantido até a totalrecuperação da autora para o exercício de sua atividade laborativa habitual ou, não havendo condições, até a reabilitaçãoda parte autora para o exercício de atividades laborativas compatíveis com a sua incapacidade. Ressalta-se, ainda, quedeverão ser deduzidas parcelas eventualmente já pagasadministrativamente à parte autora a título de auxílio-doença em relação ao mesmo período ora deferido.Incidentalmente, CONCEDO A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, nos termos do art. 4º da Lei n.º 10.259/01,tendo em vista o caráter alimentar, para que seja implementado o benefício no prazo de 30 (trinta) dias, devendo o INSS serintimado para proceder ao cumprimento, devendo comprovar nos autos o atendimento da presente determinação judicial nomesmo prazo.CONDENO O INSS, ainda, ao pagamento das parcelas vencidas, corrigidas conforme os índices oficiais de remuneraçãobásica e juros aplicados à caderneta de poupança, devendo ser respeitado o teto fixado para este Juizado e a prescriçãoqüinqüenal.Sem honorários advocatícios e custas judiciais na forma do art. 55 da Lei n.º 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei n.º 10.259/01.

P.R.I.

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3. Sem razão a recorrente. Entendo que a sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e ojulgado está em consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal.

4. Ressalte-se que não há nos autos nenhum laudo, nem mesmo particular, que ateste a incapacidade total edefinitiva da autora, pelo que, por ora, não é possível a concessão de aposentadoria por invalidez.

5. Posto isso, conheço do recurso da autora e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício da assistência judiciária gratuita(fl. 73).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

94 - 0007545-28.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007545-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VILSON SIMÃO(ADVOGADO: ES018001 - VÂNIA SOUSA DA SILVA, ES009724 - LILIAN GLAUCIA HERCHANI.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO: 0007545-28.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007545-6/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por VILSON SIMÃO, em face da sentença de fls. 174/175, que julgouimprocedente o pedido inicial de concessão de auxílio-doença. O recorrente alega estar incapacitado para o trabalho porapresentar doenças ortopédicas que o impedem de realizar trabalho braçal. Aduz, ainda, que a perícia judicial fora obscurae contraditória. Argumenta, por fim, que a reabilitação profissional (para a função de porteiro) não o inseriu no mercado detrabalho. Requer o provimento do recurso para reformar a sentença do juízo a quo, fixando o estabelecimento do auxíliodoença com a possibilidade de conversão para aposentadoria por invalidez, bem como o pagamento de parcelas atrasadasdesde 2010.

O autor nasceu em 1973 (fl. 14). Qualificou-se como “auxiliar de carga” (fls. 11/12). Foi reabilitado para a função de porteiro.

2. Eis o teor da sentença:

Pretende a parte autora a condenação do INSS à concessão do benefício de auxílio doença ou aposentadoria por invalidez.Dispensado o relatório por expressa disposição legal (art. 38 da Lei 9.099/95).Dos requisitos legais necessários ao benefício mencionadoA lei 8.213, de 24.07.91, com relação aos benefícios de auxílio-doença e aposentadoriapor invalidez, dispõe, in verbis:(...)A diferença do auxílio-doença para a aposentadoria por invalidez é que esta requer uma incapacidade insusceptível dereabilitação e para qualquer atividade que garanta a subsistência do segurado, enquanto aquela pressupõe umaincapacidade temporária, suscetível de recuperação para o trabalho, bastando que se refira à sua atividade habitual. Daíporque o auxílio-doença foi previsto, em regra, com o objetivo de ser concedido por um tempo, para depois ser canceladoou, se for o caso, convertido em aposentadoria por invalidez.Na presente demanda, a incapacidade ficou afastada pela prova pericial (laudo às folhas 131, 141 e 165), já que a períciamédica realizada certificou que apesar do autor padecer de “hérnia de disco lombar”, sua condição atual não é limitantepara o desempenho da atividade profissional para o qual foi reabilitado, qual seja, Porteiro de Edifício (fls. 120/121).Ademais, o perito confirma, em resposta ao quesito 09 do laudo complementar (fls. 165), que o processo de reabilitaçãoprofissional foi realizado para função compatível com a patologia diagnosticada, estando o autor apto para a atividade deporteiro. Logo, não há que se falar em restabelecimento do auxílio-doença, visto que o requerente, impossibilitado derealizar suas atividades habituais, foi reabilitado para desempenhar função compatível com seu quadro clínico atual. Desdemodo, não resta dúvida quanto à capacidade laborativa do autor para o exercício de atividade que lhe garanta subsistência,cumprindo-se a previsão do art. 62 da Lei 8.213/1991, in verbis:“Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverásubmeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Não cessará o benefício até queseja dado como habilitado para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando consideradonão-recuperável, for aposentada por invalidez”.DISPOSITIVOAnte o exposto, julgo IMPROCEDENTES os pedidos deduzidos na inicial, não

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havendo condenação da parte autora ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios nos termos dodisposto no art. 55 da Lei 9.099/9595 c/c art. 1º da Lei n.° 10.259/2001.Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos com baixa na distribuição.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.Vitória/ES, 10 de janeiro de 2013EDUARDO NUNES MARQUESJuiz(a) Federal Substituto(a) no exercício da TitularidadeAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

3. O auxílio doença, conforme já explicitado na própria sentença, se destina a garantir a subsistência do segurado,enquanto o mesmo se encontra sob incapacidade temporária. A própria natureza deste benefício pressupõe que o mesmovenha a ser cancelado, caso o segurado esteja apto para o retorno às suas atividades laborais ou tenha sido reabilitadopara outra função.

O processo de reabilitação profissional (artigo 62 da lei 8.213/91) se destina a reabilitar o segurado para o exercício deatividade compatível com a sua capacidade laborativa, levando em conta diversos fatores. Estando apto o segurado atrabalhar em função adequada a seu estado de saúde, não há que se falar em responsabilização da autarquia federal pelascondições do mercado de trabalho após a reabilitação profissional.

4. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

5. RECURSO IMPROVIDO. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista odeferimento dos benefícios da assistência judiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

95 - 0002966-71.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002966-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANA MARIA ALVES(ADVOGADO: ES004048 - JADER NOGUEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0002966-71.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002966-1/01)

V O T O / E M E N T A

Trata-se de recurso inominado interposto por ANA MARIA ALVES em face da sentença de fls. 108/110, que julgouimprocedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sustenta a requerente que as doenças das quais é portadora são incapacitantes. Alega ser insuscetível de recuperaçãopara sua atividade habitual de auxiliar de serviços gerais. Diz que a perícia em momento algum infirmou os documentoscolacionados na inicial, pelo contrário, confirma a artrose colunar e a condropatia patelar, deixando de se manifestar ounegar a existência das demais patologias indicadas nos documentos médicos trazidos aos autos. Argumenta que o perito écontraditório quanto à incapacidade laboral da recorrente, já que à fl. 61 aponta que ela precisa de reabilitação profissional.Alega que não foi sequer razoável o juízo em não dar crédito às provas juntadas, provenientes de profissionais sérios erenomados neste Estado, bem como que inexiste motivo a macular a veracidade dos laudos médicos colacionados,sobretudo se não o suscitou a ré, quando da contestação. Por fim, aduz que não detém formação curricular capaz de lheproporcionar uma profissão que lhe remunere igual ou melhor do que a de outrora, principalmente levando em conta que foiacometida de seqüelas.

A autora nasceu em 1962. A inicial afirma que a autora trabalha como auxiliar de serviços gerais.

Houve duas perícias realizadas com médicos ortopedistas. Os laudos seguem nas fls. 51/52 e 60/63, complementado àsfls. 100/102

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Dispensado o relatório, na forma do artigo 38 da Lei 9.099/95, subsidiariamente aplicado, nos termos do artigo 1º da Lei10.259/2001.Trata-se de ação previdenciária proposta por ANA MARIA ALVES em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL – INSS, através da qual almeja o restabelecimento do benefício auxílio-doença, como posterior conversão emaposentadoria por invalidez.Na inicial, a autora, que alega exercer a profissão de auxiliar de serviços gerais e conta atualmente com 49 anos de idade,afirma ser portadora de diversas doenças e enfermidades elencadas à fl. 02, que a “impõem dificuldades de deambular elimitação a movimentos”.A autora recebeu o benefício auxílio-doença durante o período de 27/04/2006 a 18/06/2006 (NB 516.641.598-8), sob

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diagnostico de “dorsalgia (CID10 M54)”, e de 22/03/2010 a 16/09/2010 (NB 539.938.025-7), sob diagnostico de “Gonartrose– artrose do joelho (CID10 M17)”, tendo sido cessados por parecer contrário da perícia médica.Os laudos médicos particulares apresentados pela parte autora ( fls. 15/16) , datados de 12/2009 e 03/2010, elencaram adoença sofrida, mas não constataram a incapacidade laborativa.Para o recebimento da aposentadoria por invalidez mister se faz que o demandante atenda aos requisitos legais ditadospelo art. 42 da Lei n.º 8.213/90, quais sejam: ostente a qual idade de segurado, atenda a carência de 12 contribuiçõesmensais e tenha constatada a incapacidade total e permanente para o exercício de atividade profissional que lhe garanta asubsistência com insuscetibilidade de reabilitação. Já em relação ao benefício auxílio-doença, a única diferençarelaciona-se ao último requisito, uma vez que o art. 59 da Lei n.º 8.213/90 exige que o postulante esteja incapacitado para oseu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos.Com relação ao requisito da incapacidade, tal verificação ficou a cargo da perícia judicial na área de ortopedia, cujo laudose encontra às fls. 51/52 e 60/64 dos autos.No laudo judicial de fls. 51/52, restou constatado pelo perito que a autora é portadora de “condropatia patelar IV em joelhoesquerdo tratada com cirurgia em 2010”, que, ao exame físico, “apresenta normalidade de movimentos em joelhoesquerdo”, não apresentando incapacidade laborativa (quesitos 01, 04 e 06). Concluiu o perito que não encontrouincapacidade para o trabalho, do ponto de vista ortopédico (quesitos 09 e 10).Realizada nova pericia com profissional diverso, restou constatado pelo perito, no laudo de fls. 60/64, que a autora é“portadora de artrose da coluna lombar sem compressão nervosa econdropatia patelar não incapacitante”, não havendoincapacidade laboral (quesitos 01, 04, 06, 07, 09, 10, 11, 12 e 13). Reafirmou tal conclusão em petição de fls. 99/102.Pelas conclusões apresentadas nos laudos periciais, restou incontroverso a inexistência de incapacidade (parcial ou total)para o exercício de atividades profissionais que garantam subsistência à parte autora, não tendo sido apresentado nenhumdado médico factual que indique existir impossibilidade involuntária do exercício da atividade habitual ou peculiaridaderelevante que torne tal exercício inexigível ou razoavelmente dispensável .Os documentos médicos particulares juntados pela parte autora não são suficientes para afastar as conclusões da períciamédica judicial , nos termos do Enunciado de n. 08 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da SeçãoJudiciária do Espírito Santo:”O laudo médico particular é prova uni lateral , enquanto o laudo médico pericial produzido pelojuízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há deprevalecer sobre o particular”.Não havendo incapacidade temporária ou permanente, parcial ou total, nem atualmente e nem à época da cessação dosbenefícios referidos, não há como prosperar o pleito autoral.Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE o pedido veiculado na inicial, extinguindo o feito com julgamento de mérito, nostermos do inciso I do art. 269 do Código de Processo Civil. Sem custas e honorários advocatícios, conforme artigos 55 daLei n.° 9.099/95 c/c art. 1º da Lei n.° 10.259/2001. P.R.I. Após o trânsito em julgado, arquive-se.

3. Ambas as perícias detectaram a existência de doenças ortopédicas. Contudo, ambas afirmaram que a autoraestá apta para sua atividade laboral.

Para ter direito ao auxílio-doença ou à aposentadoria por invalidez, não basta ao segurado comprovar estar doente: épreciso ficar comprovado que a doença tenha causado alterações morfopsicofisiológicas que impeçam o desempenho dasfunções específicas de uma atividade ou ocupação. Somente o médico detém conhecimentos técnicos para aquilatar se adoença diagnosticada inabilita o segurado para o trabalho. Não há motivo para descartar a aplicação da conclusão expostano laudo pericial.

4. Tanto o 2º laudo pericial quanto sua complementação (fls. 100/102) apresentaram fundamentação consistente,relatando de forma pormenorizada as razões pelas quais o perito detectou a aptidão laborativa.

5. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95).

6. RECURSO IMPROVIDO.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o benefício da assistência judiciária gratuita(fl. 19).

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

96 - 0006916-54.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006916-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MANOEL AMANCIO(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉVICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).PROCESSO: 0006916-54.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006916-0/01)RECORRENTE: MANOEL AMANCIOADVOGADO (S): RICARDO FIGUEIREDO GIORIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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ADVOGADO (S): JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA

V O T O – E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MANOEL AMANCIO, em face da sentença de fls. 75/77, que julgouprocedente em parte o pedido inicial e condenou o réu a implantar o benefício de auxílio-doença com DIB em 22/12/2011, ea mantê-lo enquanto o autor não for reabilitado para outra função que seja equivalente com sua capacidade laborativa.Afirma o recorrente que sua incapacidade é para qualquer atividade laboral, tendo em vista sua idade, seu parco grau deinstrução e a natureza das limitações físicas. Sustenta que, na prática, é uma utopia falar em reabilitação profissional parauma pessoa de 62 anos de idade. Alega que deve ser analisada a incapacidade parcial dentro do contexto social e pessoalem que vive, assim como enuncia a súmula nº 47 da Turma Nacional de Uniformização. Ademais, requer a fixação da DIBna data de cessação do benefício anterior – e não na data da perícia judicial como feito pelo magistrado – uma vez que oauxílio-doença cessado tinha como fundamento de concessão a mesma doença que ora o acomete, e que apenas seagravou com o passar do tempo. Requer a reforma da sentença.

2. O autor nasceu em 24/02/1952. É auxiliar de serviços gerais.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Dispensado o relatório, nos termos do art. 38 da Lei 9099 / 95.

Cuida-se de ação, com pedido de antecipação de tutela, objetivando a condenação do réu a concessão do benefício deauxílio-doença, desde a data de cessação em 28/12/2010, e sua conversão em aposentadoria por invalidez, com opagamento das parcelas vencidas desde então, devidamente atualizadas, ao argumento que preenche os requisitosautorizativos para tal.

Como causa de pedir o autor afirma possuir dor lombar e ciática, transtornos de discos lombares e de outros discosintervertebrais com radiculopatia, outras artroses, hipertensão essencial (fl. 2).

(...)

De proêmio, cumpre salientar que a questão controvertida dos autos cinge-se na constatação de incapacidade laborativa,haja vista não haver questionamento quanto à qualidade segurado e ao período de carência, já que a parte autora recebeuauxílio-doença até 28/12/2010 (fls. 62-65).

Todavia, numa e noutra situações, a concessão do benefício fica adstrita ao resultado da perícia médica. Na hipótese, operito afirmou que o autor é portador de discopatia e artrose na colona lombar, e por isso não possui capacidade paraexercer atividades que exijam sobrecarga na coluna lombar.

Assim, observa-se que o demandante possui uma incapacidade, porém, apenas para atividades com sobrecarga na colunalombar, podendo ser reabilitado para outra atividade, segundo laudo pericial (fl. 54, quesitos 11 e 18).

Presente a incapacidade definitiva para sua atividade laborativa específica, o benefício de auxílio-doença deve serconcedido a partir da realização da perícia judicial em 22/12/2011, uma vez que o perito não pôde afirmar a existência deincapacidade nos períodos anteriores. Por óbvio, concluo pela improcedência da aposentadoria por invalidez.

Face ao exposto, julgo PROCEDENTE, EM PARTE, o pedido, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSSa implantar o benefício de auxílio-doença, a partir da data da perícia judicial, fixando a DIB em 22/12/2011, benefício esteque deverá ser mantido enquanto o autor não for reabilitado para outra função que seja equivalente a sua capacidadelaborativa. Bem como pagar as parcelas atrasadas entre a DIB e a implantação por meio de Requisição de Pequeno Valor,observando os créditos porventura gerados até a data da efetiva expedição do RPV.

Os elementos probatórios levados em conta na fundamentação e a natureza alimentar do benefício, além do tempodecorrido desde o ajuizamento, demonstram a presença dos requisitos fático-jurídicos necessários à antecipação da tutela.

Portanto, presentes os requisitos necessários à concessão da medida de urgência, determino, na forma dos artigos 1º e 4ºda Lei nº 10.259/2001 e dos artigos 5º e 6º da Lei nº 9.099/1995, ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS restabelecero respectivo benefício.

(...)

4. Analisando os documentos particulares colacionados aos autos, tais como o laudo médico de fls. 26/28, emitidoem 08/04/2011 e o exame de ressonância magnética de fl. 33, realizado em 20/04/2011, verifico que as alegações recursaismerecem prosperar. O laudo médico aponta hipotrofia muscular, limitação de movimentos e impotência funcional, assimcomo episódios de marcha claudicante e falseio frequente no membro inferior esquerdo. Já o exame de ressonânciamagnética apresenta como impressão diagnóstica (entre outros) abaulamento discal em L4-L5, que comprimeacentuadamente o saco dural e ocupa os recessos inferiores dos forames neurais, tocando a raiz neural, com sinaisinflamatórios. Diante de tais informações, entendo que a reabilitação para outra atividade é realmente inviável. O autor

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sempre exerceu atividades de cunho braçal, tais como ajudante de rede de manilhas, auxiliar de serviços gerais e auxiliarde obras. Atualmente, possui 62 (sessenta e dois) anos de idade, o que, com certeza, dificulta (ou praticamente obsta) asua recolocação no mercado de trabalho em atividades que não demandem sobrecarga lombar.

Quanto à alteração da data de início do beneficio para o dia em que ocorreu a cessação administrativa (28/12/2010),entendo que o pedido também deve prosperar. Os documentos médicos (laudos e exames) que fundamentaram aconversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez são os mesmos que podem ser utilizados pararetroagir a DIB à data da cessação administrativa, visto que foram emitidos no interregno temporal compreendido entre28/12/2010 e 22/12/2011. O histórico clínico observado em dezembro de 2011 pelo perito judicial - muito provavelmente –também estava instalado em dezembro de 2010. Por tal motivo, entendo por bem retroagir a data de início do benefício aodia da cessação administrativa do benefício anterior.

5. Sendo assim, conheço do recurso do autor e a ele DOU PROVIMENTO para reformar a sentença impugnada econdenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença desde a cessação administrativa (28/12/2010). Fixo comodata de conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez a data da sessão de julgamento.

Demais termos da sentença, tais como a fixação de juros de mora, permanecem inalterados.

Custas na forma da lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que, nos Juizados Especiais, apenaso recorrente vencido arca com tais verbas.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

97 - 0002500-72.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002500-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MAURO CAMILO LACERDA(ADVOGADO: ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA, ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0002500-72.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002500-0/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MAURO CAMILO LACERDA, em face da sentença de fls. 61/62,que julgou improcedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença desde a data da cessação, em 16/06/2009,e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez a partir do laudo do perito judicial. O recorrente alega que aconclusão do juízo a quo decorre de laudo médico pericial que não condiz com a realidade, não tendo sido avaliados oslaudos e exames particulares apresentados. Afirma ser portador de doenças e limitação funcional que o incapacitam para olabor. Aduz, ainda, que o laudo judicial não vincula o juízo de piso, havendo, inclusive, incapacidade social, que tornaforçoso o reingresso no mercado de trabalho. Requer o provimento do recurso para reformar a sentença e julgarprocedente o pedido inicial.

2. O autor nasceu em 02/12/1961. Na petição inicial indicou ser autônomo. No laudo pericial afirmou ser motoristade caminhão pipa. Recebeu auxílio-doença de 03/08/2008 a 16/06/2009.

3. Eis o teor da sentença:

Trata-se de demanda objetivando a concessão de aposentadoria por invalidez.

Dispenso a citação do réu com base no art. 285-A do CPC.

O perito nomeado pelo juízo, especialista em cardiologia, diagnosticou doença coronariana crônica e hipertensão arterial(quesito 1, fl. 50). Afirmou que o autor possui aptidão para exercer a atividade habitual de motorista da Prefeitura deCariacica (quesitos 7/8). Atestou que o autor não pode carregar peso em excesso (quesito 11). Concluiu que não háincapacidade para o trabalho (quesito 14).

O autor impugnou o laudo pericial (fls. 56/59). Alegou que os exames complexos realizados por especialistas comprovamincapacidade para o trabalho. Ocorre que o diagnóstico sugerido em exame complementar não vincula a perícia judicial. Operito tem liberdade para formular sua conclusão conjugando as impressões do exame de imagem com a avaliação noexame clínico.

O autor alegou que os atestados médicos anexados aos autos comprovam sua incapacidade para exercer qualqueratividade laborativa. A divergência com laudos de médico assistente não prejudica a conclusão da perícia judicial. Ocorreque a opinião constante de atestado de médico assistente não vincula a perícia judicial. O atestado médico equipara-se amero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer

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do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular éprova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. O médico assistente diagnosticae trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relaçãomédico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médicoperito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o parecer emitidopelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para o trabalho.

O autor alegou que sua moléstia é de origem degenerativa multifatorial com componentes hereditários, etários ecomportamentais, ou seja, piora com o passar do tempo e não tem cura. A natureza degenerativa não garante que aenfermidade já tenha atingido grau incapacitante, mas apenas que a evolução da doença é progressiva. Se, no futuro, oquadro clínico se agravar em razão da progressão da enfermidade, o autor poderá renovar o requerimento deauxílio-doença.

O autor alegou que a atividade de motorista de caminhão pipa é desempenhada sobre os membros lesionados, ficandomuito tempo na posição sentada, concentrado, piorando seu estado de saúde. Ocorre que a limitação atestada pelo peritonão é incompatível com a atividade habitual do autor. O autor não precisa carregar peso para dirigir o caminhão pipa. Operito afirmou que o autor pode trabalhar na posição sentada. Não há motivos para supor que o autor não possa exercersua atividade habitual.

O autor alegou que possui 51 anos de idade e não tem a mesma agilidade e reflexo de uma pessoa jovem. A TNU jádecidiu que “quando o juiz conclui que não há incapacidade para o trabalho, não fica obrigado a examinar as condiçõespessoais e sociais (Processo nº 0507072 34.2009.4.05.8101, Rel. Juiz Rogério Moreira Alves, DOU 1º/02/2013). “Emcontrapartida, quando negada a incapacidade para o trabalho habitual, forçoso inadmitir o exame das condições pessoais,já que o mesmo não pode, por si só, afastar a conclusão sobre a aptidão laboral calcada na valoração de prova pericial”(Processo nº 0020741- 39.2009.4.03.6301, Relator Juiz André Carvalho Monteiro, julgado em 8/3/2013).

O autor alegou que uma pessoa com doença ortopédica não pode exercer atividade habitual cujas funções afetadas sãoessenciais ao seu exercício. Ocorre que todos os laudos médicos exibidos pelo autor relatam apenas problemas cardíacos.A alegação de problema ortopédico não foi inserida na causa de pedir exposta na petição inicial e documentos anexos.Logo, trata-se de fato estranho à causa de pedir

Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Defiro obenefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Vitória, 7 de novembro de 2013.

4. Sem razão o recorrente. Entendo que a sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e ojulgado está em consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal.

Ademais, ressalte-se que os laudos particulares acostados aos autos – e que indicam incapacidade – foram emitidos emperíodo anterior à cessação do benefício, quando a incapacidade era incontroversa. Não há laudos emitidos após16/06/2009 que indiquem incapacidade. Sendo assim, verifico que o autor não logrou êxito em comprovar os fatosconstitutivos de seu direito.

5. Posto isso, conheço do recurso do autor e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

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Inscrição Principal: 1.202.274.015-9 Inscrição Informada: 1.202.274.015-9

Nome: MAURO CAMILO LACERDA -*** O INSS poderá rever a qualquer tempo as informações constantes deste extrato, art. 19, §3 Decr. Nr. 3.048/99. ***

Empregador/ Inscrição Admissão/ Rescisão/ Comp. Tipo Identificação Acerto Recl

Seq Tipo Informações SE Cadastrada Comp. Inicial Comp. Final Ult Remun Vínculo CBO da ObraPendente Trab

001 CNPJ 17.168.923/0001-50 1.202.274.015-9 18/11/1980 29/12/1980 CLT 99999

EMTEC EMPRESA TECNICA DE CONSTRUCOES LTDA

002 CNPJ 33.036.302/0001-79 1.202.274.015-9 08/01/1981 14/01/1981 CLT 99999

CASTELLO BRANCO SA ENGENHARIA COM IND

003 CNPJ 17.285.834/0001-93 1.202.274.015-9 13/10/1981 05/07/1983 CLT 99999

KAEFER ISOBRASIL TECNOLOGIA DE ISOLAMENTOS LTDA.

004 CNPJ 33.047.861/0014-07 1.202.274.015-9 05/06/1985 04/09/1985 CLT 99999

CMEL CARNEIRO MONTEIRO ENGENHARIA S A

005 CNPJ 21.430.871/0001-15 1.202.274.015-9 11/11/1985 12/09/1986 CLT 99999

MONLEVADE POSTO DE SERVICOS LTDA

006 CEI 07.053.087/7863-00 1.202.274.015-9 01/05/1987 31/07/1987 CLT 99999

NAO CADASTRADO

007 CNPJ 60.925.302/0012-55 1.202.274.015-9 01/11/1988 07/12/1990 CLT 99999

BRAXON TECNICAS DE MANUTENCAO LTDA

008 CNPJ 39.275.748/0001-32 1.202.274.015-9 26/11/1993 31/05/1994 CLT 99920

FRANCAVILLA CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA - EPP

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009 CNPJ 17.308.602/0023-19 1.202.274.015-9 26/11/1994 06/02/1996 CLT 65190

FLORESTAS RIO DOCE S.A.

010 CEI 07.053.117/4367-00 1.202.274.015-9 01/03/1998 09/1998 CLT 95932

»(EXT-NT) ORLANDO CAETANO ONOFRE PEREIRA LOPES

011 CNPJ 35.976.372/0003-02 1.202.274.015-9 15/09/1998 30/08/2005 CLT 53190

»(EXT-NT) KOMIDA CAPIXABA INDUSTRIA COMERCIO E SERVICOS LTDA

012 BEN 120.399.756-3 1.202.274.015-9 06/04/2001

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 15/07/2001

013 BEN 137.164.300-5 1.202.274.015-9 11/12/2004

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 31/01/2005

014 CNPJ 07.138.157/0001-27 1.202.274.015-9 01/08/2007 09/12/2009 CLT 7825

LIDERANCA SERVICOS AMBIENTAIS LTDA - EPP

015 BEN 531.505.378-0 1.202.274.015-9 03/08/2008

BENEFICIO DA PREVIDENCIA SOCIAL Cessação: 16/06/2009

016 CNPJ 07.138.157/0001-27 1.202.274.015-9 01/10/2010 12/06/2011 CLT 7823

»(EXT-NT) LIDERANCA SERVICOS AMBIENTAIS LTDA - EPP

017 CI 1.202.274.015-9 08/2012 03/2013

*** Fim da pesquisa de Vínculos ***

98 - 0006240-09.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006240-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOEL FRIQUES SOARES(ADVOGADO: ES010838 - Leonardo Martins Gabrieli, ES008890 - RAFAEL DE ANCHIETA PIZA PIMENTEL.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0006240-09.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006240-1/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por JOEL FRIQUES SOARES, em face da sentença de fl. 59, quejulgou improcedente o pedido inicial de concessão de auxílio-doença desde 01/09/2011, e sua posterior conversão emaposentadoria por invalidez. O recorrente alega, preliminarmente, a negativa de prestação jurisdicional. Requer, assim, a

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remessa dos autos ao juízo de origem para que seja proferido novo julgamento. No mérito, aduz a manutenção daqualidade de segurado, tendo em vista que o período de graça fora estendido em 24 meses em razão do pagamento demais de 120 contribuições. Aduz, ainda, ser portador de doenças e limitação funcional que o incapacitam para o labor.Requer o provimento do recurso para reformar a sentença e julgar procedente o pedido inicial.

O autor nasceu em 1956. Sua última atividade foi arrumador de docas.

Recebeu auxílio-doença de 23/11/2002 a 28/03/2010, conforme informa o extrato do CNIS anexado no teor da contestação(fls. 18/21).

2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de demanda objetivando a concessão do auxílio-doença NB 547.776.491-7 desde a data do requerimentoadministrativo, em 1º/9/2011, com sua conversão em aposentadoria por invalidez.

O INSS alegou a perda da qualidade de segurado do autor (fl. 18). O último vinculo empregatício do autor terminou emmarço/2002. Depois, o autor passou a receber sucessivos benefícios de auxílio-doença, sendo que o último auxílio-doençacessou em 28/3/2010 (fls. 20/21). O autor perdeu a qualidade de segurado em 16/5/2011.

Na data do requerimento administrativo, o autor já não era mais segurado da Previdência Social.

Entretanto, foi designada perícia médica com médico ortopedista. O perito nomeado pelo juízo diagnosticou artrose dacoluna lombar sem compressões nervosas e discreta dos joelhos (fl. 38). Afirmou que o autor possui aptidão para exercer aatividade habitual de arrumador (quesitos 8/9). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 14).

O autor impugnou o laudo pericial (fls. 43/44 e 46/50). Considerando a inexistência de comprovação do requisito dequalidade de segurado, desnecessário analisar os argumentos do autor com fins de comprovar que se encontraincapacitado para o trabalho.

Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da qualidade de segurado.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Defiro obenefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Vitória, 10 de outubro de 2012.

3. Admitindo-se, por argumentação, que o autor-recorrente não tenha perdido a qualidade de segurado, inexisteprova da incapacidade laborativa.

O único atestado médico colacionado aos autos (fl. 52) não afirma haver estado de incapacidade. Os demais elementos deprova colacionados nas fls. 6/(três tomografias de coluna lombar, laudo radiológico, três tomografias de joelhos), embora relatem a detecção deproblemas de saúde, também não apresentam qualquer informação a respeito da existência de estado de incapacidadelaborativa.

A incapacidade laborativa integra o fato constitutivo do direito. No caso dos autos, além de o laudo pericial ter afirmado acapacidade laborativa, o autor não carreou qualquer elemento probatório que afirmasse estar o mesmo incapaz.

Em conclusão, inexiste prova do fato constitutivo do direito.

4. RECURSO IMPROVIDO.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. A

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certificação digital consta na parte inferior da página]

99 - 0005387-34.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005387-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BENEDITO DE SOUZACOSTA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).PROCESSO: 0005387-34.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005387-0/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por BENEDITO DE SOUZA COSTA, em face da sentença de fls.80/83, que julgou parcialmente procedente o pedido inicial para condenar o INSS a restabelecer o benefício deauxílio-doença, com DIB em 13/09/2010, e a pagar as parcelas atrasadas. O recorrente alega ser portador de doença/lesãoe limitação funcional que o incapacita para o labor. Aduz que a incapacidade total, definitiva e multiprofissional detectada naperícia judicial é suficiente para ensejar o deferimento do pedido de conversão do benefício em aposentadoria por invalidez.Aduz, ainda, que a incapacidade multiprofissional não constitui óbice ao deferimento do pedido de conversão. Por fim,destaca as suas condições pessoais como fator determinante da inaptidão laboral definitiva. Requer o provimento dorecurso para que seja reformada a sentença, julgando-se totalmente procedente o pedido inicial para que haja a conversãodo auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.

2. Eis o teor da sentença:

Busca-se nesta demanda o restabelecimento do benefício de auxílio-doença desde a cessação administrativa (13/09/2010).

DECIDO.

Do auxílio-doença

(...)

(...)

Da aposentadoria por invalidez

(...)

(...)

(...)

No caso sob exame, o cumprimento do período de carência e a qualidade de segurado, considerando a data da cessaçãodo benefício, são fatos incontroversos. A controvérsia cinge-se então, ao fato de estar ou não a parte autora incapacitadapara o trabalho.

Exerce a parte autora a função de cozinheiro, contando atualmente 46 anos de idade, referindo possuir problemasortopédicos, principalmente em seus quadris.

A perícia médica judicial constatou que a parte autora apresentava incapacidade total para sua função habitual decozinheiro, devendo evitar atividades com esforço intenso e sobrecarga nos quadris. Assim, concluiu pela incapacidadelaborativa, conforme laudo pericial de fls. 53-55.

Assim, em relação à data do início da incapacidade, estabeleço-a na data da cessação administrativa (13/09/2010), vistoque o perito informou que a incapacidade provavelmente perdura desde então, considerando tratar-se de lesão comevolução lenta e progressiva (quesito nº 11, letra “c” do laudo).

Assim, presente a incapacidade para o trabalho, a pretensão autoral encontra guarida. Quanto à sua conversão emaposentadoria por invalidez, não estão preenchidos, por ora, os requisitos para a sua concessão, eis que, para este caso, aincapacidade deve ser total e definitiva para todas as funções.

Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTES OS PEDIDOS, condenando o Réu a:

a) restabelecer o benefício previdenciário de auxílio-doença da parte autora, com DIB em 13/09/2010 (data da cessaçãoadministrativa);

b) pagar as parcelas atrasadas entre a DIB e a implantação, observando os créditos porventura gerados até a data daefetiva expedição do RPV.

Os elementos probatórios levados em conta na fundamentação e a natureza alimentar do benefício, além do tempodecorrido desde o ajuizamento, demonstram a presença dos requisitos fático-jurídicos necessários à antecipação da tutela.

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Portanto, presentes os requisitos necessários à concessão da medida de urgência,determino, na forma dos artigos 1º e 4º da Lei nº 10.259/2001 e dos artigos 5º e 6º da Lei nº 9.099/1995, ao InstitutoNacional do Seguro Social – INSS que, no prazo improrrogável de 10 (dez) dias, implante o respectivo benefício.

Sobre os valores atrasados deverá incidir correção monetária a contar da data emque deveria ter se dado o pagamento, e juros de mora de 1%, nos termos do art. 406 do Código Civil de 2002, e § 1º do art.161 do CTN, a partir da citação, até 30/06/2009, quando, então, deverá ser observado o artigo 1º - F da Lei nº 9.494/97,com as alterações promovidas pela Lei 11.960/2009.

Sem custas e sem verba honorária (art. 55, da Lei 9099/95 c/c artigo 1°, da Lei10.259/2001).

Condeno o INSS ao ressarcimento do valor pago a título de honorários periciais em favor desta Seção Judiciária, nos temosdo art. 12, §1º da lei 10.259/2001.

Em sendo apresentado recurso inominado, intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões. Vindas essas oucertificada pela Secretaria sua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.

Se não houver recurso, certifique-se o trânsito em julgado. Com o trânsito em julgado, expeça-se a Requisição de PequenoValor. Após, venham-me os autos para encaminhamento do RPV ao Egrégio Tribunal Regional Federal da 2º Região.

Com a comprovação do depósito e realizadas as comunicações de estilo, desde que não haja manifestação desfavorável,arquivem-se os autos, com as baixas e anotações de praxe.

P.R.Intimem-se.

3. Sem razão o recorrente. Entendo que a sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e ojulgado está em consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal.

4. Posto isso, conheço do recurso do autor e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

100 - 0001425-34.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001425-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x JOÃO BATISTA MARQUES (ADVOGADO: ES007904 - SERGIO DE LIMAFREITAS JUNIOR.).PROCESSO: 0001425-34.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001425-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): ANDRÉ DIAS IRIGONRECORRIDO: JOÃO BATISTA MARQUESADVOGADO (S): SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, em face dasentença de fls. 99/100, que julgou extinto o processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, VIII do Código deProcesso Civil (desistência da ação). Alega o recorrente que o Juízo a quo homologou a desistência da ação sem a suaanuência, mesmo já tendo ocorrido a fase probatória que concluiu pela capacidade do autor. Afirma que tem o direito deobter sentença de mérito favorável a si. Requer a reforma da sentença para que o pedido inicial seja julgado improcedente.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

JOÃO BATISTA MARQUES moveu ação pelo rito dos Juizados Especiais Federais em face do INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL – INSS, objetivando o restabelecimento e o pagamento do benefício de Auxílio-Doença, no valor de 01(um) salário mínimo, desde o dia que foi cessado (03/11/2008) até os dias atuais, mais acréscimos legais, honorários

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advocatícios, custas processuais, corrigidos monetariamente e juros de mora, bem como a conversão do benefício emAposentadoria por Invalidez, sendo constatada incapacidade definitiva, com pedido de antecipação de tutela.Dispensado o relatório, conforme o art. 38, da Lei 9.099/95.DECIDO.(...)Quanto à incapacidade, a perícia médica realizada (fls. 65/70) constatou que a parte autora sofre de EspondilodiscoartroseLombar e hérnia de disco (resposta ao quesito nº 01 do autor), que, no entanto, não a incapacitava para exercer suaatividade laborativa habitual de trabalhador rural, no momento da perícia (resposta ao quesito nº 06 do INSS).Ocorre que à fl. 91, o autor requereu a extinção do processo, tendo em vista o teor do Laudo Médico.O art. 267, parágrafo 4º, do Código de Processo Civil, que exige o consentimento do Réu para a desistência do Autorformulada após a contestação, não se aplica ao rito dos Juizados Especiais.DispositivoPor todo o exposto, JULGO EXTINTO O PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nos termos do art. 267, VIII, doCPC, por desistência da parte autora.(...)

3. In casu, verifico que o réu apresentou motivo justificável para que o processo não seja extinto sem resolução domérito. O argumento de que possui interesse no julgamento do mérito da demanda não constitui abuso de direito, tendo emvista que a sentença de improcedência interessa mais ao réu do que a sentença de extinção sem resolução do mérito.Ressalte-se que, em decorrência da formação da coisa julgada material, o autor estará impedido de ajuizar outra ação como mesmo fundamento e em relação ao mesmo período.

Nesse sentido: REsp 1.318.558-RS (Rel. Min. Nancy Andrigui, julgado em 04/06/2013).

4. Não cabe, no presente caso, anular a sentença. Verifico presentes os requisitos aptos a ensejar a aplicação dateoria da causa madura, quais sejam: a sentença extinguiu o processo sem resolução do mérito (art. 267, VIII do CPC); oréu impugnou a sentença; a causa em análise trata de matéria de direito e fato, mas, quanto à questão de fato, já foiproduzida prova convincente, não havendo necessidade de reabertura da instrução processual; a causa está em condiçõesde imediato julgamento.

Dessa forma, passo a julgar a lide:

O autor nasceu em 20/06/1963. É trabalhador rural. Sua qualidade de segurado é incontroversa nos autos, assim como acarência para a obtenção do benefício pretendido. A controvérsia cinge-se à verificação da capacidade para o labor.

O perito judicial prestou as seguintes informações: 1) o autor é portador de espondilodiscoartrose e hérnia de disco; 2) nãohá nexo entre a atividade laboral e a doença; 3) o autor deve continuar em tratamento ambulatorial e fisioterápico; 4) o autorencontra-se apto para realizar suas atividades laborais; 5) há sinais de que o autor continua exercendo atividades (mãosevidenciando queratose de pressão na sua superfície, pele muito queimada de sol).

Ademais, não há laudos particulares emitidos após a cessação do auxílio-doença (10/09/2008) que indiquem incapacidadepara o trabalho.

Considerando a ausência de incapacidade para o trabalho, o pedido deve ser julgado improcedente, extinguindo-se oprocesso com resolução do mérito (art. 269, I, CPC).

5. Recurso conhecido e PROVIDO, julgando-se improcedente o pedido.

Não obstante, registro que a coisa julgada formada se estende até a data do último ato de conteúdo probatório produzido,qual seja, a prova pericial, realizada em 14/10/2010 (fl. 66). Por essa razão, este acórdão não é óbice à apreciação deeventual pedido posterior, que refira a uma data de início de benefício posterior ao mencionado exame pericial.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

101 - 0005948-87.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005948-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FREDERICO MONFARDINIFILHO (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).PROCESSO: 0005948-87.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005948-0/01)

V O T O / E M E N T A

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1. Trata-se de recurso inominado, interposto por FREDERICO MONFARDINI FILHO, em face da sentença de fls.91/92, que julgou improcedente o pedido inicial de restabelecimento de auxílio-doença desde a data da cessação, em13/05/2011, e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. O recorrente alega ser portador de doenças elimitação funcional que o incapacitam para o labor. Aduz que a desgastante jornada de trabalho como representante devendas não foi devidamente analisada pelos peritos judiciais, tendo sido realizadas perícias objetivas e infundadas. Aduz,ainda, que o juiz não está adstrito ao laudo pericial, devendo velar pela dignidade da pessoa humana. Requer o provimentodo recurso para reformar a sentença e julgar procedente o pedido inicial.

2. Eis o teor da sentença:

Trata-se de demanda objetivando o restabelecimento do auxílio-doença desde a cessação, em 13/5/2011, com suaconversão em aposentadoria por invalidez.

O autor submeteu-se em juízo a duas perícias com médicos ortopedistas. Os pareceres são convergentes.

O primeiro perito constatou fratura do calcâneo direito já tratada (quesito 1, fl. 60). Avaliou que ao exame físico o autorapresentou mobilidade normal do pé, sem edema, e consolidação completa da fratura (quesitos 2 e 9). Afirmou que o autorpossui aptidão para exercer a atividade habitual de vendedor de medicamentos (quesitos 8/9). Concluiu que não háincapacidade para o trabalho (quesito 14).

O segundo perito também constatou fratura do calcâneo direito (conclusão, fl. 84). Afirmou que o autor possui aptidão paraexercer a atividade habitual de vendedor de medicamentos porque não foi encontrado comprometimento articular (quesitos7/8). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 14).

O autor impugnou o laudo pericial (fl. 89). Alegou que o tratamento conservador com gesso não promoveu a eficazrecuperação da fratura do calcâneo, tanto que o atestado datado de 4/10/2012 indicou tratamento cirúrgico. O médicoassistente que indicou tratamento cirúrgico confirmou que a fratura do autor estava consolidada, mas relatou queixa doautor de dor na articulação do calcâneo (fl. 27). Por isso, indicou tratamento cirúrgico. Ocorre que a mera indicação detratamento cirúrgico feita pelo médico assistente não comprova a incapacidade do autor para o trabalho. Recomendação decirurgia não assegura existência de limitações funcionais.

O autor alegou que os atestados médicos carreados aos autos comprovam sua incapacidade para o trabalho. De acordocom o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudomédico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plenacapacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. O médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguara veracidade dos fatos narrados pelo paciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo odiagnóstico nosológico e propondo o tratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscarevidências de que a queixa de doença incapacitante é verdadeira. Por isso, o parecer emitido pelo médico assistente não éfonte segura da existência da incapacidade para o trabalho.

O autor alegou que os exames complementares sugerem diagnóstico incapacitante. Ocorre que o diagnóstico sugerido emexame complementar não vincula a perícia judicial. O perito tem liberdade para formular sua conclusão conjugando asimpressões do exame de imagem com a avaliação no exame clínico.

O autor alegou que a sequela que o afeta é relevante para sua incapacidade, pois o desempenho de sua atividade habitualdepende de esforço e higidez física, tendo limitação para caminhar e dirigir. Ocorre que os dois peritos nomeados pelo juízodescartaram a existência de limitação funcional. Não há motivos para supor que o autor não possa caminhar ou dirigir.

O autor alegou que o primeiro perito ortopedista confirmou a queixa de dor na movimentação do calcanhar em pronação esupinação e, na anamnese, relatou que o autor não consegue andar e sente falseio ao pisar com a lateral do pé direito. Olaudo pericial registrou, na parte destinada à anamnese, as queixas de dor manifestadas pelo autor, mas o perito nãoconfirmou a veracidade das queixas quando descartou a existência de incapacidade para o trabalho.

Falta, portanto, pelo menos um dos requisitos necessários à concessão de benefício por incapacidade (seja auxílio-doença,seja aposentadoria por invalidez), qual seja, a prova da incapacidade para o trabalho.

Dispositivo

Julgo improcedente o pedido.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

Defiro o benefício da assistência judiciária gratuita.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Vitória, 18 de novembro de 2013.

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3. Ambas as perícias foram incisivas a respeito da capacidade laborativa. Ambas referiram à alegação de dor nostrechos relativos à anamnese. Como bem registrou o Juízo a quo, ‘... o perito não confirmou a veracidade das queixasquando descartou a existência de incapacidade para o trabalho.”

4. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista queas provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está em consonância com a lei e oentendimento pacificado desta Turma Recursal.

5. Posto isso, conheço do recurso do autor e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

102 - 0000992-62.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000992-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x ANTONIO VIANA DE ARAUJO (ADVOGADO:ES011885 - Leonardo José Vulpe da Silva, ES012605 - FELIPE MORAIS MATTA.).PROCESSO: 0000992-62.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000992-7/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 143/146, que julgou procedenteo pedido, para o fim de conceder o benefício de auxílio-doença com DIB em 30/03/2010, devendo ser mantido até a totalrecuperação ou reabilitação do autor. O recorrente alega, preliminarmente, o cerceamento de defesa, tendo em vista que ojuiz a quo absteve-se de analisar petição juntada aos autos e não designou nova perícia. Requer, assim, a nulidade dasentença e a realização de nova perícia. Alega, no mérito, que as análises feitas pelos médicos peritos do INSS gozam defé pública e, portanto, de presunção de veracidade e legitimidade. Aduz, ainda, que o expert não fixou a data de início daincapacidade na data da cessação do benefício, tendo firmado uma estimativa de melhora em apenas 120 dias, devendoser limitada a concessão entre 05/08/2010 e 18/09/2011. Requer o provimento do recurso, pugnando pela reforma dasentença em relação à fixação da DIB.

2. Da preliminar de cerceamento de defesa.

A entidade ré alegou nulidade pelo fato de o Juízo a quo ter deixado de apreciar a petição de fls. 130/131, sentenciando oprocesso sem previamente designar nova perícia médica.

Certamente, somente a nulidade que sacrifica os fins de justiça do processo deve ser declarada. Não é o caso. Não houve,de fato, nulidade. Em atenção às petições de fls. 130/131 e 134/136, o juízo de piso promoveu o despacho de fl. 137,intimando a parte autora para que, no prazo de 10 (dez) dias, apresentasse laudos médicos atualizados na especialidade decardiologia que demonstrassem a continuidade da incapacidade laboral.

Ora, evidentemente, o referido despacho não atendeu aos anseios da entidade autárquica pela designação de nova períciamédica. Todavia, não há que se falar em erro ou discrepância no ato judicial, este fora formulado segundo a necessidade eadequação e, sob os auspícios do magistrado, avaliado cuidadosamente para que viesse a produzir, tão logo, efeito jurídicoeficaz e célere na busca pela resolução do litígio.

Pelo exposto, aplicando-se os critérios da celeridade e informalidade (art. 2º da Lei 9.099/95) e tendo em vista,especialmente, o livre convencimento motivado do juiz (artigos 131 e 436 da Lei nº 5.869/73), rejeito a alegação de nulidadeveiculada no recurso da entidade ré.

3. Eis o teor da sentença:

Dispensado o relatório, na forma do artigo 38 da Lei 9.099/95, subsidiariamente aplicado, nos termos do artigo 1º da Lei10.259/2001.

Trata-se de ação previdenciária proposta por ANTÔNIO VIANA DE ARAÚJO em face do INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL – INSS, através da qual almeja o restabelecimento do benefício de auxílio-doença e a sua posteriorconversão em aposentadoria por invalidez.

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Na inicial, o autor, carpinteiro, atualmente com 52 anos, alega ser portador de “hipertensão arterial de difícil controle” e“degeneração dos discos intervertebrais L1-L2 e L2-L3”, conforme laudos médicos de fls. 30/70, datados de 06/2007 a10/2010. O autor recebeu o benefício de auxílio-doença NB 537.743.286-6 de 29/09/2009 a 30/03/2010, tendo sido cessadopor parecer contrário da perícia médica.

(...)

(...)

(...)

Em resposta aos quesitos formulados, o perito disse que o autor é portador de “hipertensão arterial sistêmica III\C”, sendotal doença de base genética e degenerativa e se iniciado em 2008 (quesitos 01, 02 e 03). Questionado se a doença do autorinduz em incapacidade laborativa (quesito 06), o perito respondeu que sim, tendo em vista o estágio da sua doença debase, a hipertensão arterial sistêmica III\C, e co-morbidades, como obesidade grau II, possível insuficiência coronariana,doença arterial carotídea e exames complementares apresentados, principalmente ecocardiograma de 10/05/2011.

Afirma, ainda, que tal incapacidade se iniciou em 05/08/2010 (quesito 07) e que tal incapacidade é parcial para a atividadehabitual do autor e temporária, até elucidação da suspeita de doença arterial coronariana obstrutiva crônica e otimização detratamentos pertinentes (quesitos 09 e 10). Estima um tempo inicial de 120 dias para o tratamento e recuperação da parteautora (quesito 11).

Diante do fato de ter o perito estimado o prazo inicial de 120 dias para a recuperação do autor, e tendo sido o laudoconfeccionado em 22/05/2011, o INSS alega, em petição de fls. 130/131, que a incapacidade do autor já cessou, devendo opagamento do benefício ser restrito ao período de 05/08/2010 (data de início da incapacidade definida pelo perito) e22/09/2011 (120 dias após a elaboração do laudo judicial).

Contudo, é necessário que sejam observados os demais documentos presentes nos autos para se elucidar as questõesreferentes às datas de início e de cessação da incapacidade do autor.

Inicialmente, constata-se que o benefício de auxílio-doença recebido pelo autor, pelo fato de ser portador de incapacidaderesultante de “insuficiência cardíaca” (CID-10 I50), foi cessado em 30/03/2010. Em atenção aos laudos particularesjuntados, em especial aos de fls. 53/54, datados, respectivamente, de 23/03/2010 e 11/05/2010, constata-se que durante operíodo em que autor estava recebendo o benefício em face da insuficiência cardíaca, o mesmo já era portador de“hipertensão arterial”, tendo sido, em razão desta, recomendado o afastamento de suas atividades laborativas.

Portanto, ainda que o motivo da incapacidade do autor, quando da concessão de benefício de auxílio-doença, tenha sidodoença diversa de “hipertensão arterial”, constata-se que a incapacidade laborativa do autor persistiu durante o período emque seu benefício foi cessado (30/03/2010) e a data estipulada pelo perito judicial como data de início da incapacidade(05/08/2010). Portanto, o autor faz jus ao restabelecimento do benefício desde a data da cessação indevida do seubenefício, ou seja, 30/03/2010.

Em relação à recuperação do autor, apesar de ter o INSS alegado, às fls. 130/131, que o autor não mais está incapacitado,tendo em vista o prazo estipulado pelo perito para sua recuperação ter sido, inicialmente, de 120 (cento e vinte) dias, há quese atentar aos laudos médicos contemporâneos juntados aos autos, especificamente aos laudos de fls. 140/142, datadosde 01/2012 a 02/2012, que comprovam que o autor continua incapaz.

Ressalte-se que o perito não definiu o prazo de 120 dias para a recuperação do autor como sendo um prazo definitivo, tantoque, ao responder ao quesito, utiliza a expressão “inicialmente”. Resta comprovado, portanto, não há prazo absolutodeterminado para a recuperação do autor.

Portanto, pela análise dos laudos particulares citados, constata-se que o autor está parcial e temporariamente incapacitado,inexistindo previsão inconteste de recuperação da capacidade laborativa do autor.

No que tange à data do início do benefício, fixo a DIB em 30/03/2010, data da cessação do benefício de auxílio-doença NB537.743.268-6, uma vez que os laudos particulares comprovam que a incapacidade do autor persistiu durante o períodocompreendido entre a cessação do benefício e a data fixada pelo perito judicial como sendo a de início da incapacidade, ouseja, de 30/03/2010 a 05/08/2010.

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, para o fim de conceder o benefício de auxílio-doença em favor deANTONIO VIANA DE ARAUJO, com DIB em 30/03/2010, devendo ser o benefício mantido até a total recuperação do autorpara o exercício de atividades laborativas que lhe garantam a subsistência ou a sua reabilitação para o desempenho deatividade laborativa compatível com a sua enfermidade. Destaco que deverão ser descontadas eventuais parcelas já pagasadministrativamente sob o mesmo título.

Incidentalmente, CONCEDO A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, nos termos do art. 4º da Lei n.º 10.259/01,tendo em vista o caráter alimentar, para que seja implementado o benefício no prazo de 30 (trinta) dias, devendo o INSS serintimado para proceder ao cumprimento, devendo comprovar nos autos o atendimento da presente determinação judicial no

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mesmo prazo.

CONDENO O INSS, ainda, a pagar a parte autora os atrasados devidos, respeitado o limite de alçada e a prescriçãoqüinqüenal. Sobre tais valores deve-se aplicar a correção prevista no art. 1º-F da Lei 9494/97, com a nova redação dadapela Lei 11.960/2009.

Sem custas e honorários advocatícios, conforme os artigos 55 da Lei 9099/95 e 1º da Lei 10.259/2001. Sem reexamenecessário (art. 13 da Lei 10.259/2001). Publique-se. Registre-se esta sentença no livro próprio. Intimem-se as partes.

4. Sem razão o recorrente. Entendo que a sentença a quo deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que as provas foram analisadas de forma plena e prudente pelo juízo de piso e ojulgado está em consonância com a lei e o entendimento pacificado desta Turma Recursal.

5. Posto isso, conheço do recurso do INSS e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10% sobre o valor dacondenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

103 - 0002695-91.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002695-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DE FATIMAOLIVEIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x OS MESMOS.PROCESSO: 0002695-91.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002695-4/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recursos inominados, interpostos pelo INSS e por MARIA DE FATIMA OLIVEIRA, em face dasentença de fls. 112/114, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a restabelecer oauxílio-doença NB 522.641.967-4 desde a cessação, em 20/08/2008. Alega a autora que sua incapacidade é definitiva edeve ser apurada não apenas sob o ponto de vista médico, mas também sob o prisma social. Sustenta que sua idade (54anos), aliada à sua baixa escolaridade, evidencia a impossibilidade de desempenhar outra função. Requer, assim, areforma da sentença no que tange à conversão de seu benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Já aautarquia previdenciária alega, preliminarmente, suspeição do primeiro perito judicial (Dr. Renato Itaboraí Pereira), pelo fatodeste possuir ação em curso contra o Instituto. No mérito, sustenta que a prova produzida nos autos não é suficiente parasubsidiar a condenação. Afirma que a fixação da DIB na data da cessação do benefício anterior (20/08/2008) não deve sermantida, visto que há um intervalo temporal de 05 (cinco) anos no qual a autora foi submetida a várias períciasadministrativas que concluíram pela sua capacidade. Dessa forma, requer acolhimento da preliminar de nulidade dasentença ou que seja reformada a sentença com total improcedência dos pedidos autorais. Subsidiariamente, requer que oauxílio-doença seja concedido apenas desde a data da perícia judicial.

2. Inicialmente, afasto a alegação de nulidade da sentença em virtude da realização de perícia médica compsiquiatra que litiga contra a autarquia previdenciária. Verifico que o Juízo a quo, após a alegação de suspeição por parte doréu, determinou a realização de nova perícia (com outro psiquiatra). Posteriormente, uma terceira perícia foi realizada – commédico neurologista. Sendo assim, não foi apenas o primeiro laudo pericial que embasou a decisão judicial. Por mais que omagistrado tenha acolhido a conclusão do perito apontado como suspeito, por óbvio levou em consideração todas asdemais provas dos autos, assim como as alegações do INSS. O acolhimento de tese contrária àquela apresentada pelaautarquia não torna o perito suspeito, visto que os casos de suspeição, como bem pontuado pelo magistrado, estãoexpressos no Código de Processo Civil, e não correspondem ao caso ora analisado.

Veja-se a respeito o seguinte acordão do STJ:DIREITO PROCESSUAL CIVIL. MOMENTO ADEQUADO PARA A ALEGAÇÃO DE SUSPEIÇÃO DO PERITO.A parte não pode deixar para arguir a suspeição de perito apenas após a apresentação de laudo pericial que lhe foidesfavorável. Por se tratar de nulidade relativa, a suspeição do perito deve ser arguida na primeira oportunidade em quecouber à parte manifestar-se nos autos, ou seja, no momento da sua nomeação, demonstrando o interessado o prejuízoeventualmente suportado sob pena de preclusão (art. 245 do CPC). Permitir que a alegação de irregularidade da períciapossa ser realizada pela parte após a publicação do laudo pericial que lhe foi desfavorável seria o mesmo que autorizá-la aplantar uma nulidade, o que não se coaduna com o sistema jurídico pátrio, que rejeita o venire contra factum proprium.AgRg na MC 21.336-RS, Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 17/9/2013.3. Passo ao exame do mérito.

Eis o teor da sentença prolatada pelo Juízo a quo:

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Trata-se de demanda objetivando a concessão do auxílio-doença desde a cessação do benefício concedido em 2007 (fl. 2)com sua conversão em aposentadoria por invalidez.

A autora recebeu auxílio-doença nos períodos de 5/1/2005 a 2/4/2005, de 28/6/2005 a 31/5/2006, de 14/12/2006 a28/2/2007, de 8/11/2007 a 20/8/2008 (fls. 25/26) e de 9/3/2013 a 30/4/2013 (fl. 111).

Da alegação de suspeição.

O INSS arguiu a suspeição do primeiro perito psiquiatra (fl. 38), ao argumento de que ele move ação contra o INSSobjetivando o recebimento de verba salarial em razão de serviços prestados, bem como indenização por danos morais. Ascausas de suspeição encontram-se relacionadas no art. 137 do CPC e, por força do inciso III do art. 138, se aplicam aoperito:

“Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateralaté o terceiro grau;III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ousubministrar meios para atender às despesas do litígio;V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo."

A ação judicial movida pelo perito contra o INSS não se subsume ao inciso I. Ou seja, o fato de o perito ter ingressado emjuízo não o torna “inimigo capital” da Autarquia. O perito não é parte no processo. Por isso, não se aplica o inciso II.Tampouco há qualquer indício de que o perito possa de adequar aos incisos III, IV ou V.

Ademais, § 1º do artigo 138 do CPC afirma que “a parte interessada deverá argüir o impedimento ou a suspeição, empetição fundamentada e devidamente instruída, na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos; (...)”.

A suspeição tornou-se suscetível de arguição em 29/6/2012, ou seja, a partir da data da intimação do INSS acerca dodespacho que nomeou o perito para elaborar o laudo pericial (fl. 31). O INSS, por sua vez, apenas arguiu a suspeição apósa entrega do laudo pericial favorável à autora. Portanto, a faculdade de opor exceção de suspeição do perito ficouprejudicada pela preclusão.

Da incapacidade para o trabalho.

O primeiro perito psiquiatra diagnosticou transtorno de humor afetivo persistente, retardo mental moderado, transtorno deansiedade, epilepsia convulsiva, perda da audição e hipertensão arterial (fl. 32). Afirmou que a autora não possui aptidãopara exercer a atividade habitual de faxineira (quesitos 8/9). Concluiu que há incapacidade temporária para o trabalho(quesito 14).

O segundo perito psiquiatra não detectou doença mental (fl. 87). Afirmou que a autora possui aptidão para exercer aatividade habitual de faxineira (quesitos 7/8). Concluiu que não há incapacidade para o trabalho (quesito 13).

O perito neurologista diagnosticou distúrbio de comportamento, distúrbio de ansiedade, relato de desmaios, tremores,agressividade, impulsividade, labilidade emocional e nervosismo e sugeriu avaliação por médio psiquiatra (fl. 105).

O diagnóstico atestado pelo perito neurologista é compatível com o diagnóstico informado pelo primeiro perito psiquiatra.Por isso, analisando os laudos dos peritos psiquiatras reputo mais coerente com a prova dos autos o laudo do primeiroperito psiquiatra. Concluo, com base no primeiro laudo psiquiátrico, que o autor possui incapacidade temporária para otrabalho.

O primeiro perito psiquiatra examinou a autora em 1º/8/2012 (fl. 29) e estimou que o início da incapacidade ocorreu em2006 (quesito 12, fl. 33). Assim, quando o benefício NB 31/522.641.967-4 cessou, em 20/8/2008 (fl. 26), a autora aindaestava incapacitada para o trabalho.

A autora tem direito ao restabelecimento do auxílio-doença NB 522.641.967-4 desde a cessação, em 20/8/2008. Não temdireito a aposentadoria por invalidez porque não ficou comprovada a incapacidade definitiva para o trabalho.

Cabe antecipar os efeitos da tutela. O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. O sustento da parte autora depende do imediato pagamento das prestações vincendas.

Dispositivo

Julgo parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a restabelecer o auxílio-doença NB 522.641.967-4 desde acessação, em 20/8/2008. Aplicam-se juros de mora a partir da citação. Para efeito de correção monetária e de juros de

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mora, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança (art. 5º da Lei nº11.960/2009).

Antecipo os efeitos da tutela para determinar ao INSS que restabeleça imediatamente o benefício por incapacidade,observando os seguintes parâmetros:

Segurado: Maria de Fátima Oliveira;Benefício = 31 – auxílio-doença;NB = 522.641.967-4;RMI/RMA = “restabelecimento do benefício”;DIB = “restabelecimento do benefício”;DIP = data da sentença.

Na fase de execução da sentença, deverão ser descontados do crédito da autora os proventos recebidos a título doauxílio-doença NB 601.132.384-0 no período de 9/3/2013 a 30/4/2013.

Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01).

O valor dos honorários periciais antecipados à conta de verba orçamentária deverá ser incluído na ordem de pagamento aser feita em favor do tribunal (art. 12, § 1º, daLei nº 10.259/2001).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. Fixo as seguintes premissas:

i) o juízo a quo condenou o INSS ao pagamento de auxílio-doença retroativo à cessação ocorrida em 20/08/2008. Napetição inicial, a autora pediu a condenação do réu ao pagamento do benefício de auxílio-doença desde o requerimentoadministrativo acrescido das parcelas vencidas. Não informou a qual requerimento administrativo se referia;ii) o primeiro psiquiatra que periciou a autora atestou que foram apresentados laudos de exames complementares e que afixação da incapacidade em 2006 foi embasada nos atestados e laudos psiquiátricos apresentados (quesitos 04, 12 e 13);iii) a autora, entretanto, não juntou aos autos os alegados atestados e laudos psiquiátricos. Há apenas 02 (dois) laudosanexados à peça exordial: um deles de 03/05/2012 (fl. 16 – sem identificação do signatário) e outro de 02/05/2012,assinado por psiquiatra (fl. 17).iv) o segundo perito judicial (psiquiatra) que examinou a autora atestou sua capacidade e informou que a pericianda nãoapresentou laudos e exames complementares; já o neurologista atestou não existir doença neurológica;v) o INSS, em março de 2013, concedeu auxílio-doença para a autora.

5. Com base nos argumentos acima apresentados, concluo que não há provas nos autos de que a autora estivesseincapacitada para o trabalho entre 2008 e 2012. A mera referência do primeiro psiquiatra ao ano de 2006 não foicorroborada com qualquer outra prova. Noto, ainda, que a autora sequer indicou a qual requerimento administrativo estavase referindo na peça inicial e apenas pediu parcelas atrasadas equivalentes a 12 meses de benefício (entre maio de 2011 emaio de 2012). Sendo assim, verifico que não pode subsistir condenação no período compreendido entre 2008 e 2012.

A primeira prova constante dos autos que atesta a incapacidade da autora é do mês de maio de 2012, o perito judicial (emagosto desse ano) também atestou sua incapacidade. Como o INSS concedeu administrativamente o benefício em marçode 2013, apenas alguns meses após a perícia, entendo que a autora realmente deveria encontrar-se incapacitada no anode 2012. Afinal, tanto o laudo judicial, quanto o laudo particular e, posteriormente, o laudo administrativo convergem para amesma conclusão.

6. Quanto ao pedido recursal da autora – aposentadoria por invalidez – entendo que não merece prosperar. O peritofoi claro ao afirmar que a incapacidade é temporária, sendo cabível, apenas, o auxílio-doença. Não há quaisquer dados nosautos que indiquem a necessidade de afastamento definitivo do trabalho.

7. Conclusão.

DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso do INSS a fim de reduzir a condenação fixada na sentença, determinando que obenefício de auxílio-doença seja pago apenas a partir de 01/08/2012 (data da primeira perícia), assim como requeridosubsidiariamente pelo réu.

NEGO PROVIMENTO ao recurso da autora.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

104 - 0007950-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007950-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VILMA CARMEN DOSSANTOS GOULART (ADVOGADO: ES013010 - FRANCISCO MACHADO NASCIMENTO.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).PROCESSO: 0007950-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007950-4/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora em face da sentença que julgou extinto o processo, semresolução de mérito, por falta de interesse de agir, tendo em vista que, conforme Memorando Circular nº21/DIRBEN/PFEINSS, o INSS irá proceder à revisão dos benefícios de forma administrativa, mediante simplesrequerimento administrativo. O recorrente requer a reforma da sentença, sustentando a inexistência de previsãoconstitucional acerca do esgotamento da via administrativa como requisito de admissibilidade para ação, bem como afirmaseu desinteresse em aguardar a revisão administrativa por conta do acordo firmado nos autos da ação civil pública,subsistindo a pretensão resistida devido ao prazo absurdo proposto. Alega o recorrente, ainda, que há três teses a respeitoda prescrição, em se tratando de pedido de revisão de benefício com base no art. 29, II, da Lei nº 8.213/91. A primeiradefende a prescrição e decadência a partir do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, quereconheceu o direito à revisão dos benefícios com DIB a partir de 29/11/1999, desde que não tenha se operado adecadência (art. 103 da Lei nº 8.213/91); a segunda defende a prescrição e decadência a partir do Decreto nº 6.939/2009,de 18/08/2009, que revogou o § 20 do art. 32 e alterou o § 4º do art. 188-A do Regulamento da Previdência Social – RPS,reconhecendo o direito ora postulado, o que importou na interrupção da decadência e renúncia da prescrição; a terceiradefende a prescrição e decadência a partir do Parecer CONJUR/MPS nº 248/2008, de 23/07/2008, que reconheceu ailegalidade da redação do § 20 do art. 32 e do § 4º do art. 188-A do Decreto nº 3.048/99, em razão de sua incompatibilidadecom o art. 29 da Lei nº 8.213/91, o que implicou na interrupção do prazo prescricional (art. 202, VI, do CC). Requer sejareconhecida a interrupção da prescrição em 23/07/2008 ou, subsidiariamente, a aplicação de uma das outras tesesapresentadas.

2. A questão posta no presente recurso recebia tratamento uniforme por parte dos relatores da Turma Recursal, no sentidode confirmar a sentença de extinção por ausência de interesse de agir. O fundamento para se negar provimento ao recursoconsistia no teor do Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010 (restabelecido peloMemorando-Circular nº 25/INSS/DIRBEN), que orientava a autarquia previdenciária a proceder à revisão dos benefícios porincapacidade e pensões derivadas destes, assim como as não precedidas, com DIB a partir de 29/11/1999, em que, noPeríodo Básico de Cálculo – PBC, foram considerados 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, cabendorevisá-los para que fossem considerados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição. Como o atonormativo interno obrigava todas as instâncias administrativas do INSS a efetuar a revisão reclamada, não se fazianecessária ação judicial para a consecução do direito pleiteado, ante a ausência de lide.

3. Ocorre que o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15.04.2010, restou ultrapassado pelo teor dasentença que homologou o acordo celebrado na ação civil pública nº 2320-59.2012.403.6183. Em face disso, a falta deinteresse administrativo não traduz ausência de interesse de agir. A razão é simples: uma vez que houve acordo na açãocivil pública nº 2320-59.2012.403.6183 e que esse acordou previu um escalonamento de 10 anos para revisão dosbenefícios e pagamento dos atrasados, se doravante alguém pleitear tal revisão administrativamente, terá como respostaque o pagamento somente ocorrerá na forma do referido escalonamento; ou seja, a depender da idade do segurado, épossível que o mesmo receba o valor já no ano de 2013 ou apenas em 2022. Ante esse contexto específico e concreto(reconhecimento do direito na esfera administrativa; e prazo prolongado para efetivar o pagamento, em vista de acordocelebrado em ação civil pública), é evidente que haveria, sim, interesse de agir, não obstante a ausência de requerimentoadministrativo.

4. Reconhecido o interesse recursal, passo a analisar o mérito, tendo em vista que o INSS foi regularmente citado,conforme certidão de fl. 23, tendo, inclusive, apresentado contestação às fls. 24/33. Nos termos do art. 515, § 3º do Códigode Processo Civil, nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito, o tribunal pode julgar desde logo a lide, sea causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento.

5. O parâmetro utilizado pela autarquia para a apuração da RMI do benefício da parte autora contrariou a legislaçãoprevidenciária, em especial, o art. 29, II, da Lei nº 8.213/91, segundo o qual o “salário-de-benefício consiste na médiaaritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a oitenta por cento de todo o períodocontributivo". É o que se constata na carta de concessão de fls. 13/15.

6. A Lei nº 9.876/99, por seu turno, estabelece critérios para o cálculo dos benefícios previdenciários: "Art. 3º - Para osegurado filiado à Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, que vier a cumprir as condiçõesexigidas para a concessão dos benefícios do Regime Geral da Previdência Social, no cálculo do salário-de-benefício seráconsiderada a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, oitenta porcento de todo o período contributivo decorrido desde a competência julho de 1994, observado o disposto nos incisos I e IIdo § 6º, do art. 29, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada por esta Lei."

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7. Na verdade, o art. 3º da Lei nº 9.876/99 trouxe ao sistema previdenciário regra de transição para os segurados já filiadosà Previdência Social à época de sua vigência e determina que, para apuração do cálculo do salário-de-benefício, seconsidere a média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição, correspondentes a, no mínimo, 80% de todo operíodo contributivo decorrido desde a competência julho/94, observado o disposto nos incisos I e II do caput do art. 29 daLei n.º 8.213/91. Assim, apurada a mencionada média, deveria incidir um divisor, correspondente a um percentual (nuncainferior a 60%) sobre o número de meses compreendidos entre julho/94 e a data do requerimento.

8. O Enunciado nº 47 da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais desta Seção Judiciária dispõe que, para aaposentadoria por invalidez e para o auxílio-doença concedido sob a vigência da Lei nº 9.876/99, o salário-de-benefíciodeve ser apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% doperíodo contributivo, independentemente da data de filiação do segurado e do número de contribuições mensais no períodocontributivo, frisando que é ilegal o art. 32, § 20, do Decreto nº 3.048/99, acrescentado pelo Decreto nº 5.545/2005.

9. Denota-se, assim, que há ilegalidade no critério utilizado pelo INSS, que tem como base o Decreto nº 3.048/99. O art. 32,§ 20, do Decreto nº 3.048/99 elege como fator objetivo para considerar 100% dos salários-de-contribuição (em vez deapenas 80%) o número de contribuições no período contributivo (menos de 144 contribuições), fator esse que não temprevisão na lei. Com efeito, para obtenção da RMI do benefício previdenciário já referido, deveria, nos termos da legislaçãosupracitada, ter efetuado a média aritmética simples quantos aos 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuiçãodesconsiderando os 20% (vinte por cento) menores.

10. Ressalto que o benefício de pensão por morte, quando originário, tem a renda mensal equivalente àquela a que teriadireito o segurado se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, a teor do art. 75 da Lei nº 8.213/91,aplicando-se a tal benefício o art. 29, II, da mesma lei.

11. Quanto à prescrição, observe-se que o Decreto nº 6.939, de 16 de agosto de 2009, revogou o parágrafo 20 do art. 32 ealterou o parágrafo 4º do art. 188-A, ambos do Regulamento da Previdência Social-RPS (Decreto nº 3.048/99), modificandoa fórmula de cálculo dos benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez (e também aqueles benefícios que seutilizam da mesma forma de cálculo). Considerando que a lei tem vigor até que outra a modifique ou revogue (art. 2º daLINDB), a referida revogação somente gerou efeitos para os benefícios iniciados após a entrada em vigor da normarevogadora, que nada dispôs acerca do reconhecimento do direito à revisão dos benefícios concedidos antes de suavigência. Não há, pois, que se falar em interrupção da decadência e renúncia à prescrição em razão do referido decreto, aocontrário do que afirma a parte autora/recorrente.

12. O fato de a Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS ter expedido a Nota Técnica nº70/2009/PFE-INSS/CGMBEN/DIVCONT, manifestando-se no sentido de que a alteração do regulamento deveria repercutirtambém para os benefícios com data de início anterior à publicação do Decreto nº 6.939/2009, não importa na interrupçãoda prescrição, pois a nota, por si só, não pode produz qualquer efeito sobre os benefícios. A teor do art. 42 da LeiComplementar nº 73/1993, os pareceres das Consultorias Jurídicas somente obrigam os órgãos autônomos e entidadesvinculadas quando aprovados pelo Ministro de Estado, pelo Secretário-Geral e pelos titulares das demais Secretarias daPresidência da República. Por essa razão, o Parecer CONJUR/MPS nº 248/2008, de 23/07/2008, por si só, não importa noreconhecimento do direito ora postulado, não tendo o condão de interromper a prescrição.

13. Apenas com o Memorando-Circular Conjunto nº 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, é que foi determinada a revisãoadministrativa dos benefícios, configurando reconhecimento do direito. A partir dessa data, portanto, interrompe-se o prazoprescricional (art. 8º do Decreto nº 20.910/32), aplicando-se ao caso a mesma regra prevista no artigo 202, VI, do CódigoCivil. O benefício da parte autora foi concedido em 03/02/2007 (fls. 13/15), pelo que na data do referido memorando(15/04/2010) não havia parcelas prescritas.

14. A teor do art. 9º do Decreto nº 20.910/32 (a prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, da datado ato que a interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo), em 15/10/2012 (dois anos e meio após omemorando) teriam prescrito todas as parcelas anteriores a 15/10/2007 (dois anos e meio após 15/04/2005). Isso porque aprescrição não poderia ocorrer em prazo inferior a cinco anos (Súmula 383 do STF). No presente caso, a ação foi propostaantes disso, em 21/11/2011, pelo que não há parcelas prescritas.

15. Em face de todo o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso da parte autora para julgar procedente o pedido inicial eCONDENAR O INSS na obrigação de rever o valor da Renda Mensal Inicial do benefício previdenciário da parte autora(Pensão por morte NB 131.992.400-7), apurando novo salário-de-benefício calculado com base na média aritmética simplesdos maiores salários-de-contribuição correspondentes a oitenta por cento de todo o período contributivo. Condeno, ainda, aautarquia previdenciária a pagar à parte autora, os valores correspondentes às parcelas atrasadas, que deverão sercorrigidas monetariamente desde o momento em que deveriam ter sido pagas e acrescidas de juros de mora de 1% ao mêsa partir da citação válida.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes

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2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

105 - 0000706-43.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000706-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ AUGUSTO GOLDNER(ADVOGADO: ES004211 - DAVID GUERRA FELIPE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).PROCESSO: 0000706-43.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000706-6/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por JOSÉ AUGUSTO GOLDNER, em face da sentença de fls.199/202, que julgou improcedente o pedido inicial de concessão de aposentadoria rural por idade desde o requerimentoadministrativo, em 16/03/2006. O recorrente alega que o limite legal de 4 módulos fiscais somente passou a existir a partirde 2008, muito após à aquisição do direito à aposentadoria rural em 15/03/2006, constituindo-se assim em direito adquirido.Afirma que os documentos juntados aos autos comprovam o labor rural ao longo de toda sua vida, tendo o INSS járeconhecido administrativamente a atividade rural no lapso de 01/01/1993 até 15/03/2006. O recorrente destaca que otamanho da área rural não afasta, por si só, a sua qualificação como segurado especial e que o espaço cultivado eexplorado não ultrapassa o limite legal, vez que o imóvel é montanhoso e rochoso, com apenas 30 (trinta) hectarescultiváveis. Requer o provimento do recurso para reformar a sentença, julgando-se totalmente procedente o pedido inicial.

2. Eis o teor da sentença:

JOSÉ AUGUSTO GOLDNER ajuizou ação previdenciária em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL –INSS, objetivando a concessão de aposentadoria por idade.

Dispensado o relatório, na forma do art. 38 da Lei nº 9.099/95.

Inexistindo questões processuais a analisar, passo diretamente para o exame do mérito.

O pleito da parte autora encontra fundamento jurídico no art. 48, § 1º, da Lei nº 8.213/91.

(...)

Primeiramente, analiso a existência de início de prova material.

O demandante juntou aos autos os seguintes documentos: a) certidão de casamento, datada em 29/04/1985, na qualconsta que exercia a profissão de lavrador (fl. 32); b) certidão de registro de imóveis, informando ser o autor proprietário deimóvel (fls. 65-72); c) documentos referentes ao ITR do imóvel (fls. 73-80); d) certidão emitida pelo INCRA, dando conta queentre 1989 a 2007, não há notícia da existência de empregados na propriedade do demandante (fl. 28); e) CCIR do imóveldo demandante de 1996 a 2005 constando que a propriedade possui 214,8 hectares equivalentes a 12,1 números demódulos fiscais (fls. 82 a 85).

Entendo que os documentos apresentados pela parte autora são suficientes para demonstrar o efetivo exercício deatividade rural desempenhado por ela. Reputo-o, portanto, como apto a comprovar o início de prova material do direitoalegado na inicial.

Como dito acima, porém, não basta o autor comprovar o exercício de trabalho rural, deve ficar também evidenciado queeste era desempenhado em regime de economia familiar.

Em sua peça de bloqueio (fls. 159-162), o INSS negou o benefício almejado na inicial, afirmando que o pedido inicial nãopode ser acolhido, haja vista a extensão de seus imóveis rurais (214,8 hectares).

Assim, pelos documentos de fls. 82 a 85, nota-se que os imóveis do demandante possuem uma área total de 214,8hectares, fato este que, por si só, impõe o julgamento de improcedência do pedido inicial, haja vista que a extensão dosmesmos não condiz com o benefício almejado nos autos. Conforme o documento de fls. 84, a propriedade possui 12,10módulos fiscais.

A aposentadoria por idade rural é um benefício de índole assistencial, que visa resguardar uma renda mensal mínima paraos indivíduos que, por toda a vida, exerceram atividade rural, em regime de economia familiar.

Como mencionado anteriormente, a nova disciplina previdenciária prevê como descaracterizador do regime de economiafamiliar o fato do indivíduo ser proprietário de imóvel com área superior a 04 módulos fiscais.

De acordo com os documentos apresentados, os imóveis do demandante ultrapassam os 12 módulos fiscais; muito alémdo limite legal para a configuração do regime de economia familiar.

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A propriedade do autor, portanto, impede a caracterização da parte autora como segurado especial da Previdência, namedida em que não condiz com o conceito legal de regime de economia familiar.

Ressalto que nesta sentença não se nega em momento algum que o autor tenha laborado no campo quase toda a sua vida.Porém, as particularidades do exercício desse trabalho obstam seu enquadramento como regime de economia familiar,tornando insubsistente seu pleito inicial.

ISTO POSTO, JULGO IMPROCEDENTE o pedido de concessão da aposentadoria por idade. JULGO EXTINTO OPROCESSO COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, nos termos do art. 269, inc. I, do CPC.

Sem custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, da Lei nº 9.099/95.

Após o trânsito em julgado desta sentença e observadas as cautelas legais, arquivem-se os autos.

P.R.I.

3. Decerto que o mero fato de a propriedade rural ser superior a 4 módulos fiscais, por si só, não é suficiente àconclusão de que a pessoa que nela trabalha não seja segurado especial.

Nesse sentido, está equivocada a diretriz encampada na sentença.

Ocorre que no caso concreto há outros elementos de prova no sentido de que o autor não era, de fato, segurado especial.

As guias de notificação de ITR de fls. 130/131 (anos 1994 e 1995) afirmam que o autor possui enquadramento sindicalcomo “empregador rural II-B”.

Também esse enquadramento, por si só, não seria fato suficiente para descaracterizar a condição de segurado especial.

Não obstante, há mais elementos probatórios contrários à pretensão.

Na entrevista administrativa, o autor afirmou que possuía 98 (noventa e oito) cabeças de gado e que não possui vaqueiros;que mora com sua família no imóvel, sendo um filho casado e uma filha solteira (fl. 97, item IV). É implausível concluir que oautor consiga proceder a todos os cuidados necessários que requerem 98 cabeças de gado sem que, para tanto, conte comauxílio de terceiros (peões), tendo em vista que possui apenas um filho homem. Registre-se que na propriedade não háapenas gado, mas também café, como afirmou o próprio autor na referida entrevista (fls. 97/98).

Esses dados conjugados indicam ser improvável que o autor lograsse êxito em viabilizar sua atividade produtiva apenascom o auxílio de sua pequena família (esposa, filho e filha) e sem o auxílio de terceiros.

4. Por tais razões, NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Sem honorários e sem custas.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

106 - 0005175-13.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005175-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARILZA PEREIRA DEJESUS (DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).PROCESSO: 0005175-13.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005175-7/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por MARILZA PEREIRA DE JESUS, em face da sentença de fls. 82/84,que julgou improcedente o pedido inicial de concessão do benefício de aposentadoria por invalidez ou, sucessivamente, aconcessão do benefício de auxílio-doença desde a data do requerimento administrativo (09/10/2009). Sustenta a recorrenteque é portadora de artrite e infecções nas mãos e joelhos, doenças que causam dores intensas, sobretudo ao permanecerlongos períodos na mesma posição. Afirma que tais enfermidades provocam absoluto prejuízo para a sua condição laboral,visto que exerce a atividade de faxineira/diarista. Requer a reforma da sentença.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Busca-se nesta demanda a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, ou, sucessivamente, a concessão do

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benefício de auxílio-doença desde a data do requerimento administrativo (09/10/2009).

(...)

Exerce a parte autora a função de empregada doméstica, contando atualmente 43 anos de idade, referindo possuir artrite.

Em relação à existência ou não da incapacidade, pela perícia médica judicial realizada (fls. 57-59) foi constatada que aparte autora apresentava capacidade laborativa. Afirmou ainda, que na perícia, não foi constatada nenhuma doença noquadro clínico da autora.

O argumento sobre a existência da doença referida, por haver nos autos laudos e exames médicos particulares que aconfirma não pode prosperar. Isso porque tal fato – diagnóstico de doença - não significa, por si só, incapacidade, esta deveser constatada por perícia médica, pois o atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma queeventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo.

Neste sentido o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

Registre-se, ademais, que a perícia médica judicial tem o escopo de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojuiz, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, tais como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade, inserçãosócio-econômica etc.) para conjugar com o laudo pericial judicial produzido a partir da realidade controvertida trazida pelaspartes.

Não se conclui, assim, pela incapacidade da autora para o trabalho

Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO.

Sem honorários advocatícios nem custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/2001).

Em sendo apresentado recurso inominado, intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões. Vindas estas oucertificada pela Secretaria sua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.

Se não houver recurso, certifique-se o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se.

P.R. Intimem-se.

3. Compulsando os autos, verifico que o indeferimento do INSS deu-se em razão do não cumprimento do períodode carência (fl. 13). Alega a autarquia, em sua contestação, que, no momento do requerimento administrativo, a autoracontava apenas com 03 contribuições ao RGPS. Tal argumento, portanto, não merece prosperar, visto que a autora trouxesua CTPS, com vínculo laborativo iniciado em 27/04/2006 e término em 07/05/2009 e novo vínculo entre 13/06/2009 e27/07/2009. Sendo assim, no momento do pedido administrativo, a autora possuía tanto a qualidade de segurada quanto acarência exigida de 12 (doze) meses para concessão de benefício por incapacidade. Caberia à autarquia, naquelemomento, verificar tal fato e diligenciar no sentido de punir o empregador e não o empregado, principalmente pelo fato de arecorrente possuir recibos de pagamento de salário em que constam os descontos previdenciários (fls. 19/32).

Quanto à incapacidade da recorrente, verifico que era certa a sua impossibilidade de trabalhar no período questionado. Nãocabe, no caso analisado, averiguar se a autora está incapaz atualmente. O laudo pericial, realizado em maio de 2011,também não poderia retroagir ao ano de 2009 para atestar fato lá ocorrido. Existem exames médicos e laudo particular nosautos (fls. 38/46) que demonstram claramente que a recorrente esteve internada no período de 03/10/2009 a 26/10/2009com lesões infectadas bolhosas nas mãos e processo inflamatório dos joelhos com artrite inflamatória por estafilococos,sendo feito tratamento com oxacilina por 21 (vinte e um) dias. Ademais, os exames laboratoriais indicam que a autora,desde 15/09/2009, apresentava leucócitos variando de 9.800 a 16.300 por ml/mm³ e anti-estreptolisina acima do valor dereferência.

In casu, a perícia realizada pelo perito do Juízo é inservível para comprovar a incapacidade da autora em 2009. A meraanálise dos dados constantes nos laudos e exames particulares é suficiente para se concluir que a autora estava incapazde exercer atividades como faxineira/diarista no período em que esteve internada e no período imediatamente subsequente.Afinal, não é crível que alguém contrataria uma pessoa que estivesse com lesões bolhosas nas mãos e nas pernas paraafazeres domésticos. Deixo claro, ainda, que fatos notórios independem de prova, como estes elencados acima. E não épossível entender que esta análise dependeria de experiência técnica, sendo claramente experiência comum, pois qualquerhomem médio é capaz de ordinariamente entender que alguém internado está incapaz para o trabalho.

4. Posto isso, entendo que o recurso da autora deve ser conhecido e provido, a fim de condenar o INSS a concederà autora o benefício de auxílio-doença desde o requerimento administrativo (09/10/2009) e pagá-lo pelo prazo de 06 (seis)meses a contar de tal data, tendo em vista que seria um tempo razoável para cessar o benefício caso este tivesse sidoconcedido no momento pertinente e adequado.

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A Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439, considera aplicáveis àscondenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-F da Lei 9.494/1997(exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correção monetária e de juros demora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei 9.494/1997, o IPCA-E comocritério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes a questões do regime geral deprevidência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questões assistenciais) e a SELIC paraas condenações referentes a questões tributárias.

As parcelas vencidas deverão ser corrigidas monetariamente pelo INPC, desde que devidas, e acrescidas de juros de morade 1% ao mês, a partir da citação e até 29/06/2009, e a partir de 30/06/2009, de juros de mora na forma estabelecida noartigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dada pela Lei nº 11.960/2009, devendo-se observar, no mais, o Manual deCálculos da Justiça Federal.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista que a recorrente é vencedora.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

107 - 0001511-37.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001511-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FAUZE ALCHAAR(ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).PROCESSO: 0001511-37.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001511-3/01)

V O T O / E M E N T A

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por FAUZE ALCHAAR, em face da sentença de fl. 53/55, que julgouimprocedente o pedido inicial de concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Sustenta o recorrente que aperícia realizada pelo perito judicial foi superficial e negligente. Aduz, ainda, que o magistrado de piso não levou emconsideração a documentação juntada aos autos. Requer, assim, a marcação de nova perícia médica na área psiquiátrica ea reforma da sentença.

2. Inicialmente, recebo o recurso como inominado (art. 41 da lei 9.099/95), eis que interposto no prazo legal, tendoem vista o princípio da fungibilidade recursal.

3. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

(...)No caso dos autos, o cumprimento do período de carência e a qualidade de segurado, considerando a data da cessação dobenefício, para o caso de concessão, são fatos incontroversos. A controvérsia cinge-se, pois, ao fato de estar ou não aparte autora incapacitada para o trabalho, o que corresponde às teses antagônicas sustentadas pelas partes.Exerce a parte autora a função de locutor, contando atualmente 41 anos de idade, referindo problemas de ordemneurológica e psiquiátrica (depressão e insônia). Em relação à existência ou não da incapacidade, pela perícia médicajudicial realizada (fls. 27-28) foi constatada que a parte autora apresentava capacidade laborativa, apesar de tambémconfirmar sua doença, não descrevendo, contudo, limitações que prejudiquem o autor no exercício de suas atividadeshabituais.O argumento sobre a existência da doença referida, por haver nos autos laudos e exames médicos particulares que aconfirma não pode prosperar. Isso porque tal fato – diagnóstico de doença - não significa, por si só, incapacidade, esta deveser constatada por perícia médica, pois o atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma queeventual divergência de opiniões deve ser resolvida em favor do parecer do perito do juízo.Neste sentido o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo, “o laudo médico particular é prova unilateral,enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo arespeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.Registre-se, ademais, que a perícia médica judicial tem o escopo de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojuiz, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, tais como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade, inserçãosócio econômica etc.) para conjugar com o laudo pericial judicial produzido a partir da realidade controvertida trazida pelaspartes.Não se conclui, assim, pela incapacidade da parte autora para o trabalho.Quanto aos períodos posteriores não abrangidos por esta sentença poderão ser discutidos em nova demanda, pois não seelimina a possibilidade de questionar a instauração do estado de incapacidade para o trabalho no período ulterior ao examepericial.Isso posto, JULGO IMPROCEDENTE O PEDIDO.

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Sem honorários advocatícios nem custas judiciais (art. 55, da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º, da Lei nº 10.259/2001).Em sendo apresentado recurso inominado, intime-se a parte recorrida para apresentar contrarrazões. Vindas estas oucertificada pela Secretaria sua ausência, remetam-se os autos à Turma Recursal.Se não houver recurso, certifique-se o trânsito em julgado, dê-se baixa e arquivem-se.P.R.Intimem-se.

3. O atestado médico mais recente anexado à inicial foi lavrado em 21/12/2010 (Fl. 15). A perícia judicial foirealizada mais de seis meses depois, em 06/07/2011, e o laudo encontra razoável fundamentação. A sentença deve sermantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95), tendo em vista que as provas foram analisadas deforma plena e prudente pelo juízo de piso e o julgado está em consonância com a lei e o entendimento pacificado destaTurma Recursal, especialmente com relação ao Enunciado nº 8.

4. Posto isso, conheço do recurso do autor e a ele nego provimento.

Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios tendo em vista o deferimento dos benefícios da assistênciajudiciária gratuita.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

108 - 0006035-48.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006035-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x EDILZA DE ALMEIDA MATTOS (ADVOGADO:ES005916 - KATIA BOINA, ES009320 - NEILIANE SCALSER.).PROCESSO: 0006035-48.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006035-5/01)

VOTO-EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 93/95, que julgou procedentesos pedidos, condenando o réu a pagar o benefício previdenciário de auxílio-doença da parte autora, com DIB em12/06/2011, mediante expedição de RPV. Sustenta o recorrente que o laudo médico pericial afirmou estar a recorrida comcapacidade laborativa, no mesmo sentido do laudo administrativo. Afirma também que, na data apresentada pelomagistrado para conceder o auxílio-doença, não possuía a autora qualidade de segurada no Regime Geral da Previdência.Requer, por fim, a reforma da sentença.

A autora nasceu em 1963 e exercia a função de agente de vigilância ambiental (fl. 20), ou seja, efetivava controle dedengue, consoante afirma a sentença e o laudo pericial (fl. 72, item 7).

Eis a parte decisória da sentença:

“(...)No caso dos autos, a controvérsia cinge-se, pois, ao fato de estar ou não a parte autora incapacitada para o trabalho, o quecorresponde às teses antagônicas sustentadas pelas partes.Exerce a parte autora a função de agente de saúde, contando atualmente 49 anos de idade, referindo problemasortopédicos, principalmente na coluna.Em relação à existência ou não da incapacidade, pela perícia médica judicial realizada (fls. 72-73) foi constatada que aparte autora apresentava capacidade laborativa, apesar de também confirmar sua doença, afirmando apenas que ela deveevitar esforço físico extremo, visto que a doença que a acomete possui caráter degenerativo, de evolução lenta e normal atodos os seres humanos.Assim, considerando que o próprio perito do Juízo informa que a parte autora sofre das doenças citadas na inicial, bemcomo que tais doenças são de natureza degenerativa e, ainda, os laudos e exames médicos particulares juntados, fls.27-28, 41-42, os quais afirmam a incapacidade autoral, entendo que a conclusão apresentada pelo perito não deveprosperar neste caso.Saliento, por oportuno, que a perícia médica judicial tem o condão de auxiliar o julgamento do feito, sem, contudo, vincular ojulgador, o qual utiliza-se de todos os elementos presentes nos autos para sua convicção, como os laudos e examesmédicos particulares, a situação e características pessoais da parte autora (função, idade, grau de escolaridade), bemcomo o próprio laudo pericial.Nesse caso específico, o fato do perito do Juízo informar que a autora deve evitar carga de peso e esforço físico extremo,dada sua função habitual de agente de controle da dengue, que exige postura inadequada, além longas caminhadascarregando seu material de trabalho, se torna difícil o retorno ou desempenho de sua atividade laborativa.Quanto ao marco inicial do benefício para o caso, se por um lado – a favor da parte autora - o Juízo não levou em

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consideração a conclusão do perito, por outro – a favor do INSS - não há elementos suficientes e definitivos para fixação daDIB desde o requerimento/cessação. Assim, a fim de ser justo com ambas as partes, defino a data da citação do réu paratanto (12/06/2011, fl. 79).DispositivoAnte o exposto, JULGO PROCEDENTES OS PEDIDOS, para condenar o Réu a:a) conceder à parte autora o benefício previdenciário de auxílio-doença, com DIB em 12/06/2011;b) Pagar o valor das prestações vencidas, não atingidas pela prescrição qüinqüenal.(...)

2. O perito do Juízo (ortopedista), no laudo judicial às fls. 72/73, confirmou a doença da qual a autora é portadora,qual seja: artrose na coluna cervical (CID-10 M54). No entanto, afirma o mesmo que esta não estaria incapacitada para otrabalho, apenas teria ressalvas para “atividades com esforço físico extremo” (fl.72).

3. Na linha do que expôs a sentença e não obstante a conclusão do laudo pericial, a incapacidade para a funçãohabitual pareceu-me evidenciada. Como bem observou o Juízo a quo na sentença, “...o fato do perito do Juízo informar quea autora deve evitar carga de peso e esforço físico extremo, dada sua função habitual de agente de controle da dengue,que exige postura inadequada, além longas caminhadas carregando seu material de trabalho, se torna difícil o retorno oudesempenho de sua atividade laborativa.”

4. O INSS alegou que na DIB fixada na sentença (12/06/11), a autora não mais possuía a qualidade de segurada (fl.103).

O último vínculo da autora cessou em 30/06/2009 (fls. 84 e 86), de modo que, se inexistente eventual incapacidade, elateria perdido a qualidade de segurado em 16/08/2010.

A sentença fixou a DIB na data da citação (12/06/11), que por sua vez ocorreu antes da realização da perícia (ocorrida em07/02/11).

Se a incapacidade foi afirmada com base nos elementos que há na própria perícia, a data de início do benefício não poderiaser posterior à data da realização da perícia.

Nesse ponto, se a autora recorresse, obteria êxito na retroação da DIB.

E os vários elementos de prova que há nos autos (fls.9, 17, 18, 23, 26, 27, 28 e 40) apontam que o problema ortopédicoiniciou-se, de forma intensa, no mínimo em 2008.

Dentre tais documentos, ressalto o “atestado de saúde ocupacional” relativo ao retorno da autora à sua função na CáritasArquidiocesana de Vitória: no exame clínico realizado em 23/03/2009, o médico do trabalho Dr. Carlos Miguel Arantes Sadafirmou que a Sr. Edilsza estava inapta para o trabalho. O mesmo médico, em 02/04/09, encaminhou a Sr. Edilza ao INSS,afirmando que a mesma “fez retorno ao trabalho e não conseguiu trabalhar devido a dores em região cervical e lombar.Encaminho para novo afastamento do trabalho. CID M54 e M51” (fl. 41).

Desde então, a autora não obteve a concessão administrativa do benefício. Ingressou com a ação pouco tempo depois, em09/10/09, mas a perícia somente foi realizada em 07/02/11, ou seja, 15 meses após a propositura da ação.

O contexto probatório me indica que a autora estava incapaz já em 2009.

Não posso retroceder a DIB porque a autora não recorreu. Contudo, se me resta evidente que a autora estava incapaz noperíodo de graça, não é pelo fato de não poder fazer retroceder a DIB que se deve considerar ter-se verificado a perda daqualidade de segurado.

Em resumo: (a) havendo a incapacidade no período de graça, não há perda da qualidade de segurado; e (b) se por razãomeramente processual (ausência de recurso da autora) a DIB teve de ser fixada mais de um ano depois da cessação doúltimo vínculo, tal dado não exclui a primeira conclusão antes mencionada.

Por tais razões, o recurso do INSS há de ser improvido.

5. NEGO PROVIMENTO ao recurso do INSS.

Custas ex lege. Condeno o INSS em honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação. É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

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109 - 0001051-47.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001051-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x CARLOS ALBERTO NOVAES (ADVOGADO: ES002558 -MARILUSA CARIAS DE PAULA, ES016398 - Bernard Pereira Almeida.).PROCESSO: 0001051-47.2011.4.02.5051/01 (2011.50.51.001051-3/01)

VOTO/EMENTA

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 40/42, que julgou procedente emparte o pedido e o condenou a revisar o benefício de auxílio-doença recebido pela parte autora, na forma do art. 29, II, daLei nº 8.213/91. Sustenta o recorrente a incompetência absoluta da Justiça Federal, por força do art. 109, I, da CF/88 econforme entendimento do STF no RE 176.532, tendo em vista que o benefício do qual o autor foi titular é decorrente deacidente de trabalho, devendo ser extinto o processo, conforme art. 3º, § 1º, inciso I, da Lei nº 10.259/2001 e Enunciado 24do FONAJEF. Alega, ainda, falta de interesse de agir, tendo em vista o Memorando-Circular Conjunto nº21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, que determinou a revisão administrativa dos benefícios.

2. O recurso do INSS parece ter sido protocolizado por engano nos presentes autos. Com efeito, o processo neleindicado é o de nº 0000977-90.2011.4.02.5051 e o recorrido, Marcio dos Santos Araújo. Não se trata de mero erro material,pois a alegação de incompetência absoluta da Justiça Federal não tem pertinência com o presente processo, eis que obenefício não decorreu de acidente de trabalho, tratando-se de Auxílio-Doença Previdenciário (31), como se verifica nacarta de concessão de fl. 13 e nas informações do sistema PLENUS, de fls. 31/32.

3. Pelo exposto, NÃO CONHEÇO DO RECURSO.

Custas ex lege. Condeno o recorrente a pagar à parte autora honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

110 - 0006023-34.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.006023-9/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) MILTON DOS SANTOSVIEIRA (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARCUSVINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).PROCESSO: 0006023-34.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.006023-9/02)RECORRENTE: MILTON DOS SANTOS VIEIRAADVOGADO (S): MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTIRECORRIDO: UNIÃO FEDERALADVOGADO (S): MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA

VOTO-EMENTA

O acórdão de fls. 202/208 declarou a prescrição da pretensão autoral de restituição de indébito tributário relativo ao impostode renda incidente sobre a complementação de aposentadoria recebida pelo autor, tendo em vista que a data de início dosbenefícios de aposentadoria complementar é 01/12/1998 e o ajuizamento da ação se deu somente em 09/10/2009 - após avacatio legis da LC 118/2005, portanto -, o que atrai a incidência do novo prazo prescricional de cinco anos à hipótese, acontar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

O autor interpôs incidente de uniformização de jurisprudência, em razão do qual foi determinada a remessa a esta relatoriapara adequação do acórdão à tese adotada pela TNU no PEDILEF 200683005146716.

A TNU, no julgamento do referido PEDILEF, fixou a tese de que “(...) renova-se a pretensão de repetição de indébito – e,portanto, o início do prazo prescricional – a cada incidência do imposto de renda sobre a complementação percebida peloautor (...)”.

O mesmo ocorre com o entendimento adotado pelo STJ a respeito do tema, como se infere do teor do voto do Relator doRecurso Especial nº 1.278.598-SC, do qual extraio o seguinte trecho:

“(...)Sendo assim, hoje tanto o STF quanto o STJ entendem que, para as ações de repetição de indébito relativas a tributossujeitos a lançamento por homologação ajuizadas a partir de 09.06.2005, deve ser aplicado o prazo prescricionalquinquenal previsto no art. 3º da Lei Complementar n. 118/2005, ou seja, prazo de cinco anos com termo inicial na data dopagamento; para as ações ajuizadas antes de 09.06.2005, deve ser aplicado o entendimento anterior que permitia a

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cumulação do prazo do art. 150, § 4º, com o do art. 168, I, do CTN (tese do 5+5).No caso, como a ação judicial foi proposta em 24.7.2009, deve ser mantido o reconhecimento da prescrição em relação aosvalores indevidamente pagos a título de imposto de renda antes do quinquênio que antecede a propositura da ação.(...)”(g.n.)(STJ – 2ª Turma. RESP 1.278.598-SC. Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05-02-2013).

Embora haja possibilidade de todo o crédito estar acobertado pela prescrição, somente será possível chegar-se a essaconclusão após os cálculos, na fase de cumprimento da sentença, a serem elaborados nos exatos moldes mencionados novoto do Relator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC, Min. Mauro Campbell Marques, conforme determinado no dispositivoa seguir.

Dessa forma, com base no art. 15, § 3º, do Regimento Interno da TNU, procedo à adequação do acórdão ao precedente daTNU, passando o dispositivo do voto que o integra a ter o seguinte teor:

Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO para afastar a incompetência dosJuizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda, bem como para JULGAR PROCEDENTEO PEDIDO para declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de rendasobre as verbas recebidas a título de complementação de aposentadoria até o limite do que foi recolhido exclusivamentepela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/1989 e 31/12/1995, bem como para CONDENAR AUNIÃO FEDERAL à restituição/compensação do respectivo indébito, de acordo com a sistemática estabelecida nestaementa e as instruções que se seguem:As contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995,deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal, referenteàs ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisão administrativadas declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do impostodevido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por esta ementa. Eventual restituição administrativa deimposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberá ao autor o ônusde apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.Efetuada a revisão na forma estabelecida nesta ementa, deverá a ré informar ao Juízo o valor total da restituição a serrequisitado.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

111 - 0006506-64.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.006506-7/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) MAURILIO FONSECACASTRO DE REZENDE (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.).PROCESSO: 0006506-64.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.006506-7/02)RECORRENTE: MAURILIO FONSECA CASTRO DE REZENDEADVOGADO (S): MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTIRECORRIDO: UNIÃO FEDERALADVOGADO (S): MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA

VOTO-EMENTA

O acórdão de fls. 108/111 declarou a prescrição da pretensão autoral de restituição de indébito tributário relativo ao impostode renda incidente sobre a complementação de aposentadoria recebida pelo autor, tendo em vista que a data de início dosbenefícios de aposentadoria complementar é 03/03/1994 e o ajuizamento da ação se deu somente em 20/10/2009 - após a

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vacatio legis da LC 118/2005, portanto -, o que atrai a incidência do novo prazo prescricional de cinco anos à hipótese, acontar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

O autor interpôs incidente de uniformização de jurisprudência, em razão do qual foi determinada a remessa a esta relatoriapara adequação do acórdão à tese adotada pela TNU no PEDILEF 200683005146716.

A TNU, no julgamento do referido PEDILEF, fixou a tese de que “(...) renova-se a pretensão de repetição de indébito – e,portanto, o início do prazo prescricional – a cada incidência do imposto de renda sobre a complementação percebida peloautor (...)”.

O mesmo ocorre com o entendimento adotado pelo STJ a respeito do tema, como se infere do teor do voto do Relator doRecurso Especial nº 1.278.598-SC, do qual extraio o seguinte trecho:

“(...)Sendo assim, hoje tanto o STF quanto o STJ entendem que, para as ações de repetição de indébito relativas a tributossujeitos a lançamento por homologação ajuizadas a partir de 09.06.2005, deve ser aplicado o prazo prescricionalquinquenal previsto no art. 3º da Lei Complementar n. 118/2005, ou seja, prazo de cinco anos com termo inicial na data dopagamento; para as ações ajuizadas antes de 09.06.2005, deve ser aplicado o entendimento anterior que permitia acumulação do prazo do art. 150, § 4º, com o do art. 168, I, do CTN (tese do 5+5).No caso, como a ação judicial foi proposta em 24.7.2009, deve ser mantido o reconhecimento da prescrição em relação aosvalores indevidamente pagos a título de imposto de renda antes do quinquênio que antecede a propositura da ação.(...)”(g.n.)(STJ – 2ª Turma. RESP 1.278.598-SC. Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05-02-2013).

Embora haja possibilidade de todo o crédito estar acobertado pela prescrição, somente será possível chegar-se a essaconclusão após os cálculos, na fase de cumprimento da sentença, a serem elaborados nos exatos moldes mencionados novoto do Relator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC, Min. Mauro Campbell Marques, conforme determinado no dispositivoa seguir.

Dessa forma, com base no art. 15, § 3º, do Regimento Interno da TNU, procedo à adequação do acórdão ao precedente daTNU, passando o dispositivo do voto que o integra a ter o seguinte teor:

Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO para afastar a incompetência dosJuizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda, bem como para JULGAR PROCEDENTEO PEDIDO para declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de rendasobre as verbas recebidas a título de complementação de aposentadoria até o limite do que foi recolhido exclusivamentepela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/1989 e 31/12/1995, bem como para CONDENAR AUNIÃO FEDERAL à restituição/compensação do respectivo indébito, de acordo com a sistemática estabelecida nestaementa e as instruções que se seguem:As contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995,deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal, referenteàs ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou oque tiver sido pago será objeto de repetição.A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisão administrativadas declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do impostodevido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por esta ementa. Eventual restituição administrativa deimposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberá ao autor o ônusde apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.Efetuada a revisão na forma estabelecida nesta ementa, deverá a ré informar ao Juízo o valor total da restituição a serrequisitado.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

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112 - 0004854-12.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.004854-9/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) OLINTO MORAIS REIS(ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: Kleison Ferreira.).PROCESSO: 0004854-12.2009.4.02.5050/02 (2009.50.50.004854-9/02)RECORRENTE: OLINTO MORAIS REISADVOGADO (S): MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTIRECORRIDO: UNIÃO FEDERALADVOGADO (S): Kleison Ferreira

VOTO-EMENTA

O acórdão de fls. 86/89 declarou a prescrição da pretensão autoral de restituição de indébito tributário relativo ao impostode renda incidente sobre a complementação de aposentadoria recebida pelo autor, tendo em vista que a data de início dosbenefícios de aposentadoria complementar é 01/04/2004 e o ajuizamento da ação se deu somente em 23/07/2009 - após avacatio legis da LC 118/2005, portanto -, o que atrai a incidência do novo prazo prescricional de cinco anos à hipótese, acontar do pagamento antecipado, na forma do art. 3º da LC 118/2005.

O autor interpôs incidente de uniformização de jurisprudência, em razão do qual foi determinada a remessa a esta relatoriapara adequação do acórdão à tese adotada pela TNU no PEDILEF 200683005146716.

A TNU, no julgamento do referido PEDILEF, fixou a tese de que “(...) renova-se a pretensão de repetição de indébito – e,portanto, o início do prazo prescricional – a cada incidência do imposto de renda sobre a complementação percebida peloautor (...)”.

O mesmo ocorre com o entendimento adotado pelo STJ a respeito do tema, como se infere do teor do voto do Relator doRecurso Especial nº 1.278.598-SC, do qual extraio o seguinte trecho:

“(...)Sendo assim, hoje tanto o STF quanto o STJ entendem que, para as ações de repetição de indébito relativas a tributossujeitos a lançamento por homologação ajuizadas a partir de 09.06.2005, deve ser aplicado o prazo prescricionalquinquenal previsto no art. 3º da Lei Complementar n. 118/2005, ou seja, prazo de cinco anos com termo inicial na data dopagamento; para as ações ajuizadas antes de 09.06.2005, deve ser aplicado o entendimento anterior que permitia acumulação do prazo do art. 150, § 4º, com o do art. 168, I, do CTN (tese do 5+5).No caso, como a ação judicial foi proposta em 24.7.2009, deve ser mantido o reconhecimento da prescrição em relação aosvalores indevidamente pagos a título de imposto de renda antes do quinquênio que antecede a propositura da ação.(...)”(g.n.)(STJ – 2ª Turma. RESP 1.278.598-SC. Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 05-02-2013).

Embora haja possibilidade de todo o crédito estar acobertado pela prescrição, somente será possível chegar-se a essaconclusão após os cálculos, na fase de cumprimento da sentença, a serem elaborados nos exatos moldes mencionados novoto do Relator do Recurso Especial nº 1.278.598-SC, Min. Mauro Campbell Marques, conforme determinado no dispositivoa seguir.

Dessa forma, com base no art. 15, § 3º, do Regimento Interno da TNU, procedo à adequação do acórdão ao precedente daTNU, passando o dispositivo do voto que o integra a ter o seguinte teor:

Pelo exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO para afastar a incompetência dosJuizados Especiais Federais para apreciação e julgamento da presente demanda, bem como para JULGAR PROCEDENTEO PEDIDO para declarar a inexistência de relação jurídica tributária da parte autora pelo pagamento do imposto de rendasobre as verbas recebidas a título de complementação de aposentadoria até o limite do que foi recolhido exclusivamentepela parte autora sob a égide da Lei nº 7.713/88, ou seja, entre 01/01/1989 e 31/12/1995, bem como para CONDENAR AUNIÃO FEDERAL à restituição/compensação do respectivo indébito, de acordo com a sistemática estabelecida nestaementa e as instruções que se seguem:As contribuições efetuadas pela parte autora, no período compreendido entre janeiro de 1989 até dezembro de 1995,deverão ser atualizadas monetariamente pelos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para osCálculos da Justiça Federal, aprovado pela Resolução 561/CJF, de 02.07.2007, do Conselho da Justiça Federal, referenteàs ações condenatórias em geral, até o mês de abril do ano seguinte ao recolhimento do tributo (ano-base).O valor apurado, em favor da parte autora, deverá ser deduzido do montante total anual recebido a título decomplementação de aposentadoria, por ano-base, de acordo com as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, obtendo-se assim o Imposto de Renda indevido de cadaexercício, valor este que deverá ser restituído, devidamente corrigido pela Taxa SELIC, a partir de maio de cada ano, com aexclusão de outro índice de correção monetária ou de taxa de juros (EREsp 548711/PE, Rel. Ministra Denise Arruda,Primeira Seção, julgado em 25.04.2007, DJ 28.05.2007, p. 278).Em prosseguimento, é importante frisar que a operação mencionada acima deve ser repetida sucessivamente, até oesgotamento do crédito. Na hipótese em que, após restituírem-se todos os valores, ainda restar crédito, a dedução do saldocredor pode ser efetuada diretamente na base de cálculo das declarações de imposto de renda referentes aos futurosexercícios financeiros, atualizada pelos índices da tabela de Precatórios da Justiça Federal até a data do acerto anual.Assim, o beneficiário não pagará IR sobre o complemento de benefício até o esgotamento do saldo a ser deduzido, ou o

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que tiver sido pago será objeto de repetição.A União deverá ser intimada, após o trânsito em julgado, para efetuar, no prazo de sessenta dias, a revisão administrativadas declarações anuais do imposto de renda pessoa física da parte autora, para excluir da base de cálculo do impostodevido a parcela relativa ao crédito do contribuinte, na forma fixada por esta ementa. Eventual restituição administrativa deimposto poderá ser computada. Se a União não dispuser das declarações de ajuste anual antigas, caberá ao autor o ônusde apresentá-las, sob pena de prejudicar a liquidação.Efetuada a revisão na forma estabelecida nesta ementa, deverá a ré informar ao Juízo o valor total da restituição a serrequisitado.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

113 - 0000384-89.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000384-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLEBER NASCIMENTOGOMES (ADVOGADO: ES005595 - JOAO MIGUEL ARAUJO DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO: 0000384-89.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000384-4/01)

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PROVIDOS PARADETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997.1. A redação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (artigo incluído pela MP 2.180-35/2001) fixava juros de mora de 0,5% aomês “nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores eempregados públicos”. Não tinha incidência, portanto, em condenações referentes a questões tributárias, previdenciárias,assistenciais e de responsabilidade civil, dentre outras.2. Com o advento do art. 5º da Lei 11.960/2009, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, em toda e qualquercondenação imposta à Fazenda Pública, “para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação damora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança”.3. Os critérios de correção monetária e de juros de mora decorrem de lei, e, nestes casos, a lei nova tem incidênciaimediata, inclusive sobre os processos que já se encontravam em curso (STF, Rcl 2.683 e RE 453.740; STJ, EREsp1.207.197 e REsp 1.205.946).4. Em 14 de março de 2013, o STF, ao julgar as ADIns 4.357 e 4.425, tendo por objeto a (in)constitucionalidade de diversasnormas da EC 62/2009, decidiu que (i) o índice de correção da poupança (TR) não é suficiente nem adequado à finalidadede recompor o valor da moeda e que (ii) a Fazenda Pública não pode pretender impor correção e juros nas suascondenações por índices diversos daqueles que pratica, nas mesmas relações jurídicas, em sentido contrário. Declarou,então, a inconstitucionalidade material das expressões “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança” e“independentemente de sua natureza” constante do § 12 do art. 100 da Constituição da República, na redação dada pelaEC 62/2009, e, por arrastamento, do art. 5º da Lei 11.960/2009 na parte em que conferiu nova redação ao art. 1º-F da Lei9.494/1997. Decidiu, ainda, que aos precatórios de natureza tributária devem ser aplicados os mesmos juros de moraincidentes sobre o crédito tributário.5. Instaurou-se dúvida quanto à abrangência do que foi decidido pelo STF. A fundamentação apontava ainconstitucionalidade por arrastamento do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 apenas na parte em que determinava o uso da TRcomo fator de correção monetário das condenações da Fazenda Pública, mantida íntegra a regra que determina o empregodos juros remuneratórios da poupança como índice de juros de mora; entretanto, as notícias a respeito do julgamentoveiculadas no próprio site do STF fizeram crer que a declaração de inconstitucionalidade atingiu o art. 5º da Lei 11.960/2009por inteiro – compreendendo, portanto, também a regra sobre os juros de mora.6. A decisão proferida pelo STF em matéria de inconstitucionalidade produz resultado a partir da publicação da ata dasessão de julgamento, independentemente da publicação do acórdão ou do trânsito em julgado (STF, Rcl 3.473 e 2.576, AI636933).7. O julgamento das ADIns 4.357 e 4.425 não estava encerrado, uma vez que havia requerimento expresso de modulaçãodos efeitos da decisão. Diante disto, em 11 de abril de 2013, o Relator para acórdão, Ministro Luiz Fux, instado por petiçãodo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil que noticiava a paralisação do pagamento de precatórios poralguns Tribunais de Justiça, determinou monocraticamente, até o julgamento da modulação dos efeitos das ADIns 4.357 e4.425, a continuidade do pagamento dos precatórios nos moldes da própria EC 62/2009: “A decisão do Plenário doSupremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade parcial da Emenda Constitucional nº 62/09, assentando ainvalidade de regras jurídicas que agravem a situação jurídica do credor do Poder Público além dos limitesconstitucionalmente aceitáveis. Sem embargo, até que a Suprema Corte se pronuncie sobre o preciso alcance da sua

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decisão, não se justifica que os Tribunais Locais retrocedam na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo. Carece defundamento, por isso, a paralisação de pagamentos noticiada no requerimento em apreço. Destarte, determino, adcautelam, que os Tribunais de Justiça de todos os Estados e do Distrito Federal deem imediata continuidade aospagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época, respeitando-se a vinculação de receitas para fins de quitação da dívidapública, sob pena de sequestro.”8. Em 24/10/2013, o STF ratificou a decisão do Ministro Luiz Fux e deu início à votação da modulação, com a apresentação,por este, de voto no sentido de apenas modular no tempo os efeitos da inconstitucionalidade do § 15 do art. 100 e do art. 97do ADCT (mantendo, portanto, a eficácia ex tunc da inconstitucionalidade do § 12 do art. 100), ao que se seguiu o pediu devista do Ministro Roberto Barroso – interrompendo o julgamento (ainda não retomado).9. Em 26/06/2013, a Primeira Seção do STJ decidiu, no REsp 1.270.439 (submetido à sistemática dos recursos repetitivos),que a declaração de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009 pelo STF na ADI 4.357 se referiu apenas àutilização da TR como critério de correção monetária, permanecendo eficaz a redação atual do art. 1º-F da Lei 9.494/2009em relação aos juros de mora (exceto para as dívidas de natureza tributária). O Tribunal fixou que, diante dainconstitucionalidade da TR, as condenações da Fazenda Pública deveriam ser corrigidas, em regra, pelo IPCA-E, salvo aexistência de leis específicas (por exemplo, SELIC para as dívidas tributárias).10. Surgiu, então, nova questão: o decidido pela Primeira Seção do STJ (IPCA-E para correção monetária dascondenações da Fazenda Pública) deve ser aplicado pelos juízes de imediato ou, por força da decisão do Min. Luiz Fux(referendada pelo STF), todos os efeitos das ADIns 4.357 e 4.425 estão suspensos, devendo ser utilizada a TR, comomanda o art. 1º-F da Lei 9.494/1997 com redação dada pelo art. 5º da Lei 11.960/2009? Noutras palavras: qual aabrangência da decisão do STF que, posteriormente ao julgamento das ADIns, suspendeu os efeitos deste?11. Quanto ao STF, os seis Ministros que até agora puderam se manifestar divergem sobre o alcance da própria decisão.Quatro Ministros proferiram decisões liminares em Reclamações ajuizadas contra acórdãos que adotaram índices decorreção monetária diversos da TR: Teori Zavascki (Rcl 16.745), Luiz Fux (Rcl 16.981), Cármen Lúcia (Rcl 16.855), DiasToffoli (Rcl 16.651). Em sentido contrário, os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl17.200) indeferiram as liminares, tendo este último adotado a seguinte fundamentação: “O pronunciamento [do Min. LuizFux] foi direcionado não ao Superior, atuando no campo jurisdicional, mas aos tribunais de justiça. Sua Excelência objetivouevitar a babel no tocante à definição do índice a ser aplicado para a atualização monetária e juros da mora, presente adeclaração de inconstitucionalidade da expressão ‘índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança’,constante do § 12 do artigo 100 da Carta da República, na redação imprimida pela Emenda Constitucional nº 62/2009.Consoante se verifica no ato tido por inobservado, a providência fez-se dirigida a impedir a paralisação dos pagamentos elevantamentos de valores pela Presidência dos tribunais estaduais. Não se pretendeu obstar a prestação jurisdicional pelosdemais órgãos judiciários. Descabe conferir à reclamação natureza de sucedâneo recursal, servindo de atalho visandodecisão passível de ser prolatada apenas na via da recorribilidade.”12. O STJ mantém a orientação firmada no REsp 1.270.439 (que foi julgado durante a vigência da decisão do Min. LuizFux) no sentido de afastar a TR prevista no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 e empregar o IPCA-E para as condenações daFazenda Pública (2ª Turma, Ag no AREsp 18272; 6ª Turma, AgRg no REsp 1086740), mantido o INPC para ascondenações em matéria previdenciária por força do art. 41-A da Lei 8.213/1991 (1ª Turma, REsp 1.272.239 e AGRESP1.263.644) e a SELIC para as condenações em matéria tributária.13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Embargos de declaração conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucionala fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1%e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo observar,no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.

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Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

114 - 0002079-21.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002079-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PEDRO INACIO DA SILVA(ADVOGADO: ES010380 - ARMANDO VEIGA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.).PROCESSO: 0002079-21.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002079-2/01)RECORRENTE: PEDRO INACIO DA SILVAADVOGADO (S): ARMANDO VEIGARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Vinícius de Lacerda Aleodim Campos

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PARCIALMENTEPROVIDOS PARA DETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART.1º-F DA LEI 9.494/1997. CONTRADIÇÃO COM SÚMULA 33 DA TNU NÃO CONFIGURADA.1. A redação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (artigo incluído pela MP 2.180-35/2001) fixava juros de mora de 0,5% aomês “nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores eempregados públicos”. Não tinha incidência, portanto, em condenações referentes a questões tributárias, previdenciárias,assistenciais e de responsabilidade civil, dentre outras.2. Com o advento do art. 5º da Lei 11.960/2009, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, em toda e qualquercondenação imposta à Fazenda Pública, “para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação damora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança”.3. Os critérios de correção monetária e de juros de mora decorrem de lei, e, nestes casos, a lei nova tem incidênciaimediata, inclusive sobre os processos que já se encontravam em curso (STF, Rcl 2.683 e RE 453.740; STJ, EREsp1.207.197 e REsp 1.205.946).4. Em 14 de março de 2013, o STF, ao julgar as ADIns 4.357 e 4.425, tendo por objeto a (in)constitucionalidade de diversasnormas da EC 62/2009, decidiu que (i) o índice de correção da poupança (TR) não é suficiente nem adequado à finalidadede recompor o valor da moeda e que (ii) a Fazenda Pública não pode pretender impor correção e juros nas suascondenações por índices diversos daqueles que pratica, nas mesmas relações jurídicas, em sentido contrário. Declarou,então, a inconstitucionalidade material das expressões “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança” e“independentemente de sua natureza” constante do § 12 do art. 100 da Constituição da República, na redação dada pelaEC 62/2009, e, por arrastamento, do art. 5º da Lei 11.960/2009 na parte em que conferiu nova redação ao art. 1º-F da Lei9.494/1997. Decidiu, ainda, que aos precatórios de natureza tributária devem ser aplicados os mesmos juros de moraincidentes sobre o crédito tributário.5. Instaurou-se dúvida quanto à abrangência do que foi decidido pelo STF. A fundamentação apontava ainconstitucionalidade por arrastamento do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 apenas na parte em que determinava o uso da TRcomo fator de correção monetário das condenações da Fazenda Pública, mantida íntegra a regra que determina o empregodos juros remuneratórios da poupança como índice de juros de mora; entretanto, as notícias a respeito do julgamentoveiculadas no próprio site do STF fizeram crer que a declaração de inconstitucionalidade atingiu o art. 5º da Lei 11.960/2009por inteiro – compreendendo, portanto, também a regra sobre os juros de mora.6. A decisão proferida pelo STF em matéria de inconstitucionalidade produz resultado a partir da publicação da ata dasessão de julgamento, independentemente da publicação do acórdão ou do trânsito em julgado (STF, Rcl 3.473 e 2.576, AI636933).7. O julgamento das ADIns 4.357 e 4.425 não estava encerrado, uma vez que havia requerimento expresso de modulaçãodos efeitos da decisão. Diante disto, em 11 de abril de 2013, o Relator para acórdão, Ministro Luiz Fux, instado por petiçãodo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil que noticiava a paralisação do pagamento de precatórios poralguns Tribunais de Justiça, determinou monocraticamente, até o julgamento da modulação dos efeitos das ADIns 4.357 e4.425, a continuidade do pagamento dos precatórios nos moldes da própria EC 62/2009: “A decisão do Plenário doSupremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade parcial da Emenda Constitucional nº 62/09, assentando ainvalidade de regras jurídicas que agravem a situação jurídica do credor do Poder Público além dos limitesconstitucionalmente aceitáveis. Sem embargo, até que a Suprema Corte se pronuncie sobre o preciso alcance da suadecisão, não se justifica que os Tribunais Locais retrocedam na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo. Carece defundamento, por isso, a paralisação de pagamentos noticiada no requerimento em apreço. Destarte, determino, adcautelam, que os Tribunais de Justiça de todos os Estados e do Distrito Federal deem imediata continuidade aospagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época, respeitando-se a vinculação de receitas para fins de quitação da dívidapública, sob pena de sequestro.”

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8. Em 24/10/2013, o STF ratificou a decisão do Ministro Luiz Fux e deu início à votação da modulação, com a apresentação,por este, de voto no sentido de apenas modular no tempo os efeitos da inconstitucionalidade do § 15 do art. 100 e do art. 97do ADCT (mantendo, portanto, a eficácia ex tunc da inconstitucionalidade do § 12 do art. 100), ao que se seguiu o pediu devista do Ministro Roberto Barroso – interrompendo o julgamento (ainda não retomado).9. Em 26/06/2013, a Primeira Seção do STJ decidiu, no REsp 1.270.439 (submetido à sistemática dos recursos repetitivos),que a declaração de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009 pelo STF na ADI 4.357 se referiu apenas àutilização da TR como critério de correção monetária, permanecendo eficaz a redação atual do art. 1º-F da Lei 9.494/2009em relação aos juros de mora (exceto para as dívidas de natureza tributária). O Tribunal fixou que, diante dainconstitucionalidade da TR, as condenações da Fazenda Pública deveriam ser corrigidas, em regra, pelo IPCA-E, salvo aexistência de leis específicas (por exemplo, SELIC para as dívidas tributárias).10. Surgiu, então, nova questão: o decidido pela Primeira Seção do STJ (IPCA-E para correção monetária dascondenações da Fazenda Pública) deve ser aplicado pelos juízes de imediato ou, por força da decisão do Min. Luiz Fux(referendada pelo STF), todos os efeitos das ADIns 4.357 e 4.425 estão suspensos, devendo ser utilizada a TR, comomanda o art. 1º-F da Lei 9.494/1997 com redação dada pelo art. 5º da Lei 11.960/2009? Noutras palavras: qual aabrangência da decisão do STF que, posteriormente ao julgamento das ADIns, suspendeu os efeitos deste?11. Quanto ao STF, os seis Ministros que até agora puderam se manifestar divergem sobre o alcance da própria decisão.Quatro Ministros proferiram decisões liminares em Reclamações ajuizadas contra acórdãos que adotaram índices decorreção monetária diversos da TR: Teori Zavascki (Rcl 16.745), Luiz Fux (Rcl 16.981), Cármen Lúcia (Rcl 16.855), DiasToffoli (Rcl 16.651). Em sentido contrário, os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl17.200) indeferiram as liminares, tendo este último adotado a seguinte fundamentação: “O pronunciamento [do Min. LuizFux] foi direcionado não ao Superior, atuando no campo jurisdicional, mas aos tribunais de justiça. Sua Excelência objetivouevitar a babel no tocante à definição do índice a ser aplicado para a atualização monetária e juros da mora, presente adeclaração de inconstitucionalidade da expressão ‘índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança’,constante do § 12 do artigo 100 da Carta da República, na redação imprimida pela Emenda Constitucional nº 62/2009.Consoante se verifica no ato tido por inobservado, a providência fez-se dirigida a impedir a paralisação dos pagamentos elevantamentos de valores pela Presidência dos tribunais estaduais. Não se pretendeu obstar a prestação jurisdicional pelosdemais órgãos judiciários. Descabe conferir à reclamação natureza de sucedâneo recursal, servindo de atalho visandodecisão passível de ser prolatada apenas na via da recorribilidade.”12. O STJ mantém a orientação firmada no REsp 1.270.439 (que foi julgado durante a vigência da decisão do Min. LuizFux) no sentido de afastar a TR prevista no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 e empregar o IPCA-E para as condenações daFazenda Pública (2ª Turma, Ag no AREsp 18272; 6ª Turma, AgRg no REsp 1086740), mantido o INPC para ascondenações em matéria previdenciária por força do art. 41-A da Lei 8.213/1991 (1ª Turma, REsp 1.272.239 e AGRESP1.263.644) e a SELIC para as condenações em matéria tributária.13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Quanto à suposta contradição com o disposto na Súmula 33 da TNU, esclareço que a contradição referida nos artigos535 do CPC e 48 da Lei nº 9.099/95 é aquela configurada entre as disposições contidas no próprio acórdão e não entreestas e o entendimento defendido pela parte. De qualquer forma, é de se registrar que a DER era 08/05/2009 (fl. 29) e oacórdão fixou a DIB em 20/10/2009 (dia em que o autor completou 35 anos de tempo de contribuição), pelo queimpertinente a invocação da referida súmula e a alegação de inexistência de preenchimento dos requisitos para concessãodo benefício na DER.17. Embargos de declaração conhecidos e parcialmente providos para, reformando o acórdão na parte em que declarouinconstitucional a fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros demora serão de 1% e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997,devendo-se observar, no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.É como voto.

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Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

115 - 0000307-70.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000307-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IZABEL OLIVEIRA DEJESUS (ADVOGADO: SP145207 - CLÁUDIO LÉLIO DOS ANJOS, ES015707 - PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).PROCESSO: 0000307-70.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000307-5/01)RECORRENTE: IZABEL OLIVEIRA DE JESUSADVOGADO (S): PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO, CLÁUDIO LÉLIO DOS ANJOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PARCIALMENTEPROVIDOS PARA DETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART.1º-F DA LEI 9.494/1997.1. A redação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (artigo incluído pela MP 2.180-35/2001) fixava juros de mora de 0,5% aomês “nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores eempregados públicos”. Não tinha incidência, portanto, em condenações referentes a questões tributárias, previdenciárias,assistenciais e de responsabilidade civil, dentre outras.2. Com o advento do art. 5º da Lei 11.960/2009, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, em toda e qualquercondenação imposta à Fazenda Pública, “para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação damora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança”.3. Os critérios de correção monetária e de juros de mora decorrem de lei, e, nestes casos, a lei nova tem incidênciaimediata, inclusive sobre os processos que já se encontravam em curso (STF, Rcl 2.683 e RE 453.740; STJ, EREsp1.207.197 e REsp 1.205.946).4. Em 14 de março de 2013, o STF, ao julgar as ADIns 4.357 e 4.425, tendo por objeto a (in)constitucionalidade de diversasnormas da EC 62/2009, decidiu que (i) o índice de correção da poupança (TR) não é suficiente nem adequado à finalidadede recompor o valor da moeda e que (ii) a Fazenda Pública não pode pretender impor correção e juros nas suascondenações por índices diversos daqueles que pratica, nas mesmas relações jurídicas, em sentido contrário. Declarou,então, a inconstitucionalidade material das expressões “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança” e“independentemente de sua natureza” constante do § 12 do art. 100 da Constituição da República, na redação dada pelaEC 62/2009, e, por arrastamento, do art. 5º da Lei 11.960/2009 na parte em que conferiu nova redação ao art. 1º-F da Lei9.494/1997. Decidiu, ainda, que aos precatórios de natureza tributária devem ser aplicados os mesmos juros de moraincidentes sobre o crédito tributário.5. Instaurou-se dúvida quanto à abrangência do que foi decidido pelo STF. A fundamentação apontava ainconstitucionalidade por arrastamento do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 apenas na parte em que determinava o uso da TRcomo fator de correção monetário das condenações da Fazenda Pública, mantida íntegra a regra que determina o empregodos juros remuneratórios da poupança como índice de juros de mora; entretanto, as notícias a respeito do julgamentoveiculadas no próprio site do STF fizeram crer que a declaração de inconstitucionalidade atingiu o art. 5º da Lei 11.960/2009por inteiro – compreendendo, portanto, também a regra sobre os juros de mora.6. A decisão proferida pelo STF em matéria de inconstitucionalidade produz resultado a partir da publicação da ata dasessão de julgamento, independentemente da publicação do acórdão ou do trânsito em julgado (STF, Rcl 3.473 e 2.576, AI636933).7. O julgamento das ADIns 4.357 e 4.425 não estava encerrado, uma vez que havia requerimento expresso de modulaçãodos efeitos da decisão. Diante disto, em 11 de abril de 2013, o Relator para acórdão, Ministro Luiz Fux, instado por petiçãodo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil que noticiava a paralisação do pagamento de precatórios poralguns Tribunais de Justiça, determinou monocraticamente, até o julgamento da modulação dos efeitos das ADIns 4.357 e4.425, a continuidade do pagamento dos precatórios nos moldes da própria EC 62/2009: “A decisão do Plenário doSupremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade parcial da Emenda Constitucional nº 62/09, assentando ainvalidade de regras jurídicas que agravem a situação jurídica do credor do Poder Público além dos limitesconstitucionalmente aceitáveis. Sem embargo, até que a Suprema Corte se pronuncie sobre o preciso alcance da suadecisão, não se justifica que os Tribunais Locais retrocedam na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo. Carece defundamento, por isso, a paralisação de pagamentos noticiada no requerimento em apreço. Destarte, determino, adcautelam, que os Tribunais de Justiça de todos os Estados e do Distrito Federal deem imediata continuidade aospagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época, respeitando-se a vinculação de receitas para fins de quitação da dívidapública, sob pena de sequestro.”8. Em 24/10/2013, o STF ratificou a decisão do Ministro Luiz Fux e deu início à votação da modulação, com a apresentação,

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por este, de voto no sentido de apenas modular no tempo os efeitos da inconstitucionalidade do § 15 do art. 100 e do art. 97do ADCT (mantendo, portanto, a eficácia ex tunc da inconstitucionalidade do § 12 do art. 100), ao que se seguiu o pediu devista do Ministro Roberto Barroso – interrompendo o julgamento (ainda não retomado).9. Em 26/06/2013, a Primeira Seção do STJ decidiu, no REsp 1.270.439 (submetido à sistemática dos recursos repetitivos),que a declaração de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009 pelo STF na ADI 4.357 se referiu apenas àutilização da TR como critério de correção monetária, permanecendo eficaz a redação atual do art. 1º-F da Lei 9.494/2009em relação aos juros de mora (exceto para as dívidas de natureza tributária). O Tribunal fixou que, diante dainconstitucionalidade da TR, as condenações da Fazenda Pública deveriam ser corrigidas, em regra, pelo IPCA-E, salvo aexistência de leis específicas (por exemplo, SELIC para as dívidas tributárias).10. Surgiu, então, nova questão: o decidido pela Primeira Seção do STJ (IPCA-E para correção monetária dascondenações da Fazenda Pública) deve ser aplicado pelos juízes de imediato ou, por força da decisão do Min. Luiz Fux(referendada pelo STF), todos os efeitos das ADIns 4.357 e 4.425 estão suspensos, devendo ser utilizada a TR, comomanda o art. 1º-F da Lei 9.494/1997 com redação dada pelo art. 5º da Lei 11.960/2009? Noutras palavras: qual aabrangência da decisão do STF que, posteriormente ao julgamento das ADIns, suspendeu os efeitos deste?11. Quanto ao STF, os seis Ministros que até agora puderam se manifestar divergem sobre o alcance da própria decisão.Quatro Ministros proferiram decisões liminares em Reclamações ajuizadas contra acórdãos que adotaram índices decorreção monetária diversos da TR: Teori Zavascki (Rcl 16.745), Luiz Fux (Rcl 16.981), Cármen Lúcia (Rcl 16.855), DiasToffoli (Rcl 16.651). Em sentido contrário, os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl17.200) indeferiram as liminares, tendo este último adotado a seguinte fundamentação: “O pronunciamento [do Min. LuizFux] foi direcionado não ao Superior, atuando no campo jurisdicional, mas aos tribunais de justiça. Sua Excelência objetivouevitar a babel no tocante à definição do índice a ser aplicado para a atualização monetária e juros da mora, presente adeclaração de inconstitucionalidade da expressão ‘índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança’,constante do § 12 do artigo 100 da Carta da República, na redação imprimida pela Emenda Constitucional nº 62/2009.Consoante se verifica no ato tido por inobservado, a providência fez-se dirigida a impedir a paralisação dos pagamentos elevantamentos de valores pela Presidência dos tribunais estaduais. Não se pretendeu obstar a prestação jurisdicional pelosdemais órgãos judiciários. Descabe conferir à reclamação natureza de sucedâneo recursal, servindo de atalho visandodecisão passível de ser prolatada apenas na via da recorribilidade.”12. O STJ mantém a orientação firmada no REsp 1.270.439 (que foi julgado durante a vigência da decisão do Min. LuizFux) no sentido de afastar a TR prevista no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 e empregar o IPCA-E para as condenações daFazenda Pública (2ª Turma, Ag no AREsp 18272; 6ª Turma, AgRg no REsp 1086740), mantido o INPC para ascondenações em matéria previdenciária por força do art. 41-A da Lei 8.213/1991 (1ª Turma, REsp 1.272.239 e AGRESP1.263.644) e a SELIC para as condenações em matéria tributária.13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Quanto à alegada ausência de início de prova material em nome próprio da autora, não se configura nenhuma dashipóteses previstas nos artigos 535 do CPC e 48 da Lei nº 9.099/95 como de cabimento de embargos de declaração. Oembargante, na verdade, insurge-se contra o entendimento adotado no acórdão, o que não é possível nesta sede.17. Embargos de declaração conhecidos e parcialmente providos para, reformando o acórdão na parte em que declarouinconstitucional a fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros demora serão de 1% e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997,devendo-se observar, no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. A

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certificação digital consta na parte inferior da página].

116 - 0005439-64.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005439-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ARMENZINDA MARTINS DOCARMO (ADVOGADO: ES011273 - BRUNO SANTOS ARRIGONI, ES004925 - HENRIQUE SOARES MACEDO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).PROCESSO: 0005439-64.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005439-2/01)RECORRENTE: ARMENZINDA MARTINS DO CARMOADVOGADO (S): HENRIQUE SOARES MACEDO, BRUNO SANTOS ARRIGONIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): MARCIA RIBEIRO PAIVA

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PARCIALMENTEPROVIDOS PARA DETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART.1º-F DA LEI 9.494/1997.1. A redação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (artigo incluído pela MP 2.180-35/2001) fixava juros de mora de 0,5% aomês “nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores eempregados públicos”. Não tinha incidência, portanto, em condenações referentes a questões tributárias, previdenciárias,assistenciais e de responsabilidade civil, dentre outras.2. Com o advento do art. 5º da Lei 11.960/2009, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, em toda e qualquercondenação imposta à Fazenda Pública, “para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação damora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança”.3. Os critérios de correção monetária e de juros de mora decorrem de lei, e, nestes casos, a lei nova tem incidênciaimediata, inclusive sobre os processos que já se encontravam em curso (STF, Rcl 2.683 e RE 453.740; STJ, EREsp1.207.197 e REsp 1.205.946).4. Em 14 de março de 2013, o STF, ao julgar as ADIns 4.357 e 4.425, tendo por objeto a (in)constitucionalidade de diversasnormas da EC 62/2009, decidiu que (i) o índice de correção da poupança (TR) não é suficiente nem adequado à finalidadede recompor o valor da moeda e que (ii) a Fazenda Pública não pode pretender impor correção e juros nas suascondenações por índices diversos daqueles que pratica, nas mesmas relações jurídicas, em sentido contrário. Declarou,então, a inconstitucionalidade material das expressões “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança” e“independentemente de sua natureza” constante do § 12 do art. 100 da Constituição da República, na redação dada pelaEC 62/2009, e, por arrastamento, do art. 5º da Lei 11.960/2009 na parte em que conferiu nova redação ao art. 1º-F da Lei9.494/1997. Decidiu, ainda, que aos precatórios de natureza tributária devem ser aplicados os mesmos juros de moraincidentes sobre o crédito tributário.5. Instaurou-se dúvida quanto à abrangência do que foi decidido pelo STF. A fundamentação apontava ainconstitucionalidade por arrastamento do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 apenas na parte em que determinava o uso da TRcomo fator de correção monetário das condenações da Fazenda Pública, mantida íntegra a regra que determina o empregodos juros remuneratórios da poupança como índice de juros de mora; entretanto, as notícias a respeito do julgamentoveiculadas no próprio site do STF fizeram crer que a declaração de inconstitucionalidade atingiu o art. 5º da Lei 11.960/2009por inteiro – compreendendo, portanto, também a regra sobre os juros de mora.6. A decisão proferida pelo STF em matéria de inconstitucionalidade produz resultado a partir da publicação da ata dasessão de julgamento, independentemente da publicação do acórdão ou do trânsito em julgado (STF, Rcl 3.473 e 2.576, AI636933).7. O julgamento das ADIns 4.357 e 4.425 não estava encerrado, uma vez que havia requerimento expresso de modulaçãodos efeitos da decisão. Diante disto, em 11 de abril de 2013, o Relator para acórdão, Ministro Luiz Fux, instado por petiçãodo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil que noticiava a paralisação do pagamento de precatórios poralguns Tribunais de Justiça, determinou monocraticamente, até o julgamento da modulação dos efeitos das ADIns 4.357 e4.425, a continuidade do pagamento dos precatórios nos moldes da própria EC 62/2009: “A decisão do Plenário doSupremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade parcial da Emenda Constitucional nº 62/09, assentando ainvalidade de regras jurídicas que agravem a situação jurídica do credor do Poder Público além dos limitesconstitucionalmente aceitáveis. Sem embargo, até que a Suprema Corte se pronuncie sobre o preciso alcance da suadecisão, não se justifica que os Tribunais Locais retrocedam na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo. Carece defundamento, por isso, a paralisação de pagamentos noticiada no requerimento em apreço. Destarte, determino, adcautelam, que os Tribunais de Justiça de todos os Estados e do Distrito Federal deem imediata continuidade aospagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época, respeitando-se a vinculação de receitas para fins de quitação da dívidapública, sob pena de sequestro.”8. Em 24/10/2013, o STF ratificou a decisão do Ministro Luiz Fux e deu início à votação da modulação, com a apresentação,por este, de voto no sentido de apenas modular no tempo os efeitos da inconstitucionalidade do § 15 do art. 100 e do art. 97do ADCT (mantendo, portanto, a eficácia ex tunc da inconstitucionalidade do § 12 do art. 100), ao que se seguiu o pediu devista do Ministro Roberto Barroso – interrompendo o julgamento (ainda não retomado).9. Em 26/06/2013, a Primeira Seção do STJ decidiu, no REsp 1.270.439 (submetido à sistemática dos recursos repetitivos),

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que a declaração de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009 pelo STF na ADI 4.357 se referiu apenas àutilização da TR como critério de correção monetária, permanecendo eficaz a redação atual do art. 1º-F da Lei 9.494/2009em relação aos juros de mora (exceto para as dívidas de natureza tributária). O Tribunal fixou que, diante dainconstitucionalidade da TR, as condenações da Fazenda Pública deveriam ser corrigidas, em regra, pelo IPCA-E, salvo aexistência de leis específicas (por exemplo, SELIC para as dívidas tributárias).10. Surgiu, então, nova questão: o decidido pela Primeira Seção do STJ (IPCA-E para correção monetária dascondenações da Fazenda Pública) deve ser aplicado pelos juízes de imediato ou, por força da decisão do Min. Luiz Fux(referendada pelo STF), todos os efeitos das ADIns 4.357 e 4.425 estão suspensos, devendo ser utilizada a TR, comomanda o art. 1º-F da Lei 9.494/1997 com redação dada pelo art. 5º da Lei 11.960/2009? Noutras palavras: qual aabrangência da decisão do STF que, posteriormente ao julgamento das ADIns, suspendeu os efeitos deste?11. Quanto ao STF, os seis Ministros que até agora puderam se manifestar divergem sobre o alcance da própria decisão.Quatro Ministros proferiram decisões liminares em Reclamações ajuizadas contra acórdãos que adotaram índices decorreção monetária diversos da TR: Teori Zavascki (Rcl 16.745), Luiz Fux (Rcl 16.981), Cármen Lúcia (Rcl 16.855), DiasToffoli (Rcl 16.651). Em sentido contrário, os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl17.200) indeferiram as liminares, tendo este último adotado a seguinte fundamentação: “O pronunciamento [do Min. LuizFux] foi direcionado não ao Superior, atuando no campo jurisdicional, mas aos tribunais de justiça. Sua Excelência objetivouevitar a babel no tocante à definição do índice a ser aplicado para a atualização monetária e juros da mora, presente adeclaração de inconstitucionalidade da expressão ‘índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança’,constante do § 12 do artigo 100 da Carta da República, na redação imprimida pela Emenda Constitucional nº 62/2009.Consoante se verifica no ato tido por inobservado, a providência fez-se dirigida a impedir a paralisação dos pagamentos elevantamentos de valores pela Presidência dos tribunais estaduais. Não se pretendeu obstar a prestação jurisdicional pelosdemais órgãos judiciários. Descabe conferir à reclamação natureza de sucedâneo recursal, servindo de atalho visandodecisão passível de ser prolatada apenas na via da recorribilidade.”12. O STJ mantém a orientação firmada no REsp 1.270.439 (que foi julgado durante a vigência da decisão do Min. LuizFux) no sentido de afastar a TR prevista no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 e empregar o IPCA-E para as condenações daFazenda Pública (2ª Turma, Ag no AREsp 18272; 6ª Turma, AgRg no REsp 1086740), mantido o INPC para ascondenações em matéria previdenciária por força do art. 41-A da Lei 8.213/1991 (1ª Turma, REsp 1.272.239 e AGRESP1.263.644) e a SELIC para as condenações em matéria tributária.13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Quanto à alegada ausência de início de prova material em nome próprio da autora, não se configura nenhuma dashipóteses previstas nos artigos 535 do CPC e 48 da Lei nº 9.099/95 como de cabimento de embargos de declaração. Oembargante, na verdade, insurge-se contra o entendimento adotado no acórdão, o que não é possível nesta sede.17. Embargos de declaração conhecidos e parcialmente providos para, reformando o acórdão na parte em que declarouinconstitucional a fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros demora serão de 1% e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997,devendo-se observar, no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

117 - 0006416-22.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006416-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO HENRIQUE COSTADA SILVA (ADVOGADO: ES014613 - ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO

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SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).PROCESSO: 0006416-22.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006416-8/01)RECORRENTE: PAULO HENRIQUE COSTA DA SILVAADVOGADO (S): ESDRAS ELIOENAI PEDRO PIRESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): Carolina Augusta da Rocha Rosado

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PARCIALMENTEPROVIDOS PARA DETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART.1º-F DA LEI 9.494/1997. ADICIONAL A APOSENTADORIA POR INVALIDEZ DE 25%, PREVISTO NO ART. 45 DA LEI Nº8.213/91. NECESSIDADE DE ASSISTÊNCIA PERMANENTE DE OUTRA PESSOA NÃO DEMONSTRADA.1. A redação original do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 (artigo incluído pela MP 2.180-35/2001) fixava juros de mora de 0,5% aomês “nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores eempregados públicos”. Não tinha incidência, portanto, em condenações referentes a questões tributárias, previdenciárias,assistenciais e de responsabilidade civil, dentre outras.2. Com o advento do art. 5º da Lei 11.960/2009, que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, em toda e qualquercondenação imposta à Fazenda Pública, “para fins de atualização monetária, remuneração do capital e compensação damora, haverá a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e jurosaplicados à caderneta de poupança”.3. Os critérios de correção monetária e de juros de mora decorrem de lei, e, nestes casos, a lei nova tem incidênciaimediata, inclusive sobre os processos que já se encontravam em curso (STF, Rcl 2.683 e RE 453.740; STJ, EREsp1.207.197 e REsp 1.205.946).4. Em 14 de março de 2013, o STF, ao julgar as ADIns 4.357 e 4.425, tendo por objeto a (in)constitucionalidade de diversasnormas da EC 62/2009, decidiu que (i) o índice de correção da poupança (TR) não é suficiente nem adequado à finalidadede recompor o valor da moeda e que (ii) a Fazenda Pública não pode pretender impor correção e juros nas suascondenações por índices diversos daqueles que pratica, nas mesmas relações jurídicas, em sentido contrário. Declarou,então, a inconstitucionalidade material das expressões “índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança” e“independentemente de sua natureza” constante do § 12 do art. 100 da Constituição da República, na redação dada pelaEC 62/2009, e, por arrastamento, do art. 5º da Lei 11.960/2009 na parte em que conferiu nova redação ao art. 1º-F da Lei9.494/1997. Decidiu, ainda, que aos precatórios de natureza tributária devem ser aplicados os mesmos juros de moraincidentes sobre o crédito tributário.5. Instaurou-se dúvida quanto à abrangência do que foi decidido pelo STF. A fundamentação apontava ainconstitucionalidade por arrastamento do art. 1º-F da Lei 9.494/1997 apenas na parte em que determinava o uso da TRcomo fator de correção monetário das condenações da Fazenda Pública, mantida íntegra a regra que determina o empregodos juros remuneratórios da poupança como índice de juros de mora; entretanto, as notícias a respeito do julgamentoveiculadas no próprio site do STF fizeram crer que a declaração de inconstitucionalidade atingiu o art. 5º da Lei 11.960/2009por inteiro – compreendendo, portanto, também a regra sobre os juros de mora.6. A decisão proferida pelo STF em matéria de inconstitucionalidade produz resultado a partir da publicação da ata dasessão de julgamento, independentemente da publicação do acórdão ou do trânsito em julgado (STF, Rcl 3.473 e 2.576, AI636933).7. O julgamento das ADIns 4.357 e 4.425 não estava encerrado, uma vez que havia requerimento expresso de modulaçãodos efeitos da decisão. Diante disto, em 11 de abril de 2013, o Relator para acórdão, Ministro Luiz Fux, instado por petiçãodo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil que noticiava a paralisação do pagamento de precatórios poralguns Tribunais de Justiça, determinou monocraticamente, até o julgamento da modulação dos efeitos das ADIns 4.357 e4.425, a continuidade do pagamento dos precatórios nos moldes da própria EC 62/2009: “A decisão do Plenário doSupremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade parcial da Emenda Constitucional nº 62/09, assentando ainvalidade de regras jurídicas que agravem a situação jurídica do credor do Poder Público além dos limitesconstitucionalmente aceitáveis. Sem embargo, até que a Suprema Corte se pronuncie sobre o preciso alcance da suadecisão, não se justifica que os Tribunais Locais retrocedam na proteção dos direitos já reconhecidos em juízo. Carece defundamento, por isso, a paralisação de pagamentos noticiada no requerimento em apreço. Destarte, determino, adcautelam, que os Tribunais de Justiça de todos os Estados e do Distrito Federal deem imediata continuidade aospagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época, respeitando-se a vinculação de receitas para fins de quitação da dívidapública, sob pena de sequestro.”8. Em 24/10/2013, o STF ratificou a decisão do Ministro Luiz Fux e deu início à votação da modulação, com a apresentação,por este, de voto no sentido de apenas modular no tempo os efeitos da inconstitucionalidade do § 15 do art. 100 e do art. 97do ADCT (mantendo, portanto, a eficácia ex tunc da inconstitucionalidade do § 12 do art. 100), ao que se seguiu o pediu devista do Ministro Roberto Barroso – interrompendo o julgamento (ainda não retomado).9. Em 26/06/2013, a Primeira Seção do STJ decidiu, no REsp 1.270.439 (submetido à sistemática dos recursos repetitivos),que a declaração de inconstitucionalidade do art. 5º da Lei 11.960/2009 pelo STF na ADI 4.357 se referiu apenas àutilização da TR como critério de correção monetária, permanecendo eficaz a redação atual do art. 1º-F da Lei 9.494/2009

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em relação aos juros de mora (exceto para as dívidas de natureza tributária). O Tribunal fixou que, diante dainconstitucionalidade da TR, as condenações da Fazenda Pública deveriam ser corrigidas, em regra, pelo IPCA-E, salvo aexistência de leis específicas (por exemplo, SELIC para as dívidas tributárias).10. Surgiu, então, nova questão: o decidido pela Primeira Seção do STJ (IPCA-E para correção monetária dascondenações da Fazenda Pública) deve ser aplicado pelos juízes de imediato ou, por força da decisão do Min. Luiz Fux(referendada pelo STF), todos os efeitos das ADIns 4.357 e 4.425 estão suspensos, devendo ser utilizada a TR, comomanda o art. 1º-F da Lei 9.494/1997 com redação dada pelo art. 5º da Lei 11.960/2009? Noutras palavras: qual aabrangência da decisão do STF que, posteriormente ao julgamento das ADIns, suspendeu os efeitos deste?11. Quanto ao STF, os seis Ministros que até agora puderam se manifestar divergem sobre o alcance da própria decisão.Quatro Ministros proferiram decisões liminares em Reclamações ajuizadas contra acórdãos que adotaram índices decorreção monetária diversos da TR: Teori Zavascki (Rcl 16.745), Luiz Fux (Rcl 16.981), Cármen Lúcia (Rcl 16.855), DiasToffoli (Rcl 16.651). Em sentido contrário, os Ministros Roberto Barroso (Rcl 17.012) e Marco Aurélio (Rcl 16.982 e Rcl17.200) indeferiram as liminares, tendo este último adotado a seguinte fundamentação: “O pronunciamento [do Min. LuizFux] foi direcionado não ao Superior, atuando no campo jurisdicional, mas aos tribunais de justiça. Sua Excelência objetivouevitar a babel no tocante à definição do índice a ser aplicado para a atualização monetária e juros da mora, presente adeclaração de inconstitucionalidade da expressão ‘índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança’,constante do § 12 do artigo 100 da Carta da República, na redação imprimida pela Emenda Constitucional nº 62/2009.Consoante se verifica no ato tido por inobservado, a providência fez-se dirigida a impedir a paralisação dos pagamentos elevantamentos de valores pela Presidência dos tribunais estaduais. Não se pretendeu obstar a prestação jurisdicional pelosdemais órgãos judiciários. Descabe conferir à reclamação natureza de sucedâneo recursal, servindo de atalho visandodecisão passível de ser prolatada apenas na via da recorribilidade.”12. O STJ mantém a orientação firmada no REsp 1.270.439 (que foi julgado durante a vigência da decisão do Min. LuizFux) no sentido de afastar a TR prevista no art. 1º-F da Lei 9.494/1997 e empregar o IPCA-E para as condenações daFazenda Pública (2ª Turma, Ag no AREsp 18272; 6ª Turma, AgRg no REsp 1086740), mantido o INPC para ascondenações em matéria previdenciária por força do art. 41-A da Lei 8.213/1991 (1ª Turma, REsp 1.272.239 e AGRESP1.263.644) e a SELIC para as condenações em matéria tributária.13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Quanto ao adicional de 25% do valor da aposentadoria por invalidez, previsto no art. 45 da Lei nº 8.213/91, configura-sea omissão apontada nos embargos de declaração opostos pela parte autora, eis que formulado pedido específico na iniciale concedido o benefício de aposentadoria por invalidez no acórdão. Considerando que o autor não necessita de assistênciapermanente de outra pessoa, eis que realiza sem a ajuda de terceiros, conforme afirmado na inicial, as atividades dehigiene pessoal, alimentação, troca de roupas e sapatos, necessitando apenas de acompanhante para sair, principalmenteem locais desconhecidos, não se configura a hipótese prevista no art. 45 da Lei nº 8.213/91.17. Embargos de declaração do autor conhecidos e parcialmente providos para sanar a omissão ora reconhecida, nostermos do item 16 desta ementa, sem alteração do acórdão embargado.18. Embargos de declaração do INSS conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarouinconstitucional a fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros demora serão de 1% e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997,devendo-se observar, no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página].

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118 - 0001702-82.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001702-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALTAIR FERNANDES DASILVA (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:BRUNO MIRANDA COSTA.).PROCESSO: 0001702-82.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001702-0/01)RECORRENTE: ALTAIR FERNANDES DA SILVAADVOGADO (S): RICARDO FIGUEIREDO GIORIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSADVOGADO (S): BRUNO MIRANDA COSTA

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREQUESTIONAMENTO – AUSÊNCIA DE VÍCIO A SER SANADO - EMBARGOSCONHECIDOS E IMPROVIDOS.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSS em face do acórdão de fls. 97/99, que deu provimento ao recursoinominado interposto pela parte autora para reformar, em parte, a sentença - que o condenou à concessão do benefícioassistencial de prestação continuada à parte autora – apenas para alterar a data de início do benefício para 05/06/2006.Alega o embargante, para efeito de prequestionamento, que o acórdão contém omissão e contradição quanto à incidênciado art. 195, § 5º e do art. 203, V, da CF/1988 à hipótese dos autos, ao dar interpretação extensiva ao art. 20 da Lei nº8.742/93 em detrimento dos referidos artigos constitucionais.Os embargos de declaração têm como requisito de admissibilidade a indicação de algum dos vícios previstos no art. 535 doCPC e no art. 48 da Lei nº 9.099/95, constantes do decisum embargado, não se prestando, portanto, a novo julgamento damatéria posta nos autos, tampouco ao mero prequestionamento de dispositivos constitucionais para a viabilização deeventual recurso extraordinário, porquanto visam, unicamente, completar a decisão quando presente omissão de pontofundamental, contradição entre a fundamentação e a conclusão ou obscuridade nas razões desenvolvidas.Não restou, assim, caracterizada nenhuma das hipóteses legais previstas para oposição de embargos declaratórios,descabendo a utilização de dito recurso para modificação do julgado. Na verdade, busca o embargante rediscutir, na viados embargos de declaração, a matéria já apreciada em sede de recurso inominado. O que se tem na hipótese é o uso dosembargos declaratórios com fins meramente protelatórios, pois destituídos de fundamentos ou qualquer razão plausível quejustifique sua utilização.Embargos conhecidos e improvidos, em razão da inexistência de vício a ser sanado.

É como voto.

Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

119 - 0000946-05.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000946-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x JUREMA VENANCIO DE CARVALHO.PROCESSO: 0000946-05.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000946-8/01)

VOTO-EMENTA

Trata-se de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos pela União em face do acórdão de fls. 97/98, que negou provimentoaos embargos de declaração anteriormente opostos por ela contra acórdão que dera parcial provimento ao recursoinominado também por ela interposto, mantendo a sentença que havia julgado procedente o pedido para declarar ainexistência de relação jurídico-tributária entre as partes, tenho por objeto a incidência de contribuição previdenciária sobrea parcela de 1/3 de férias, e condenou a União a restituir à parte autora as parcelas indevidamente descontadas a essetítulo, ressalvada a prescrição qüinqüenal e com atualização pela taxa SELIC. Alega a embargante que o acórdão contémomissão quanto ao argumento, constante do recurso inominado por ela interposto, de a taxa SELIC se prestaexclusivamente a atualizar os débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, a teor do art.39, § 4º da Lei nº 9.250/95, não incidindo, pois, no caso da contribuição ao Plano de Seguridade do Servidor, que éadministrada pela Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento. Aduz que, com a correção do indébitoexclusivamente pelo art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, o acórdão padecerá de contradição quanto à data de início da incidência,tendo em vista que a SELIC é devida a partir do pagamento indevido (art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95), enquanto o art. 167do CTN determina a incidência dos juros a partir do trânsito em julgado, o mesmo não ocorrendo com o art. 1º-F da Lei nº9.494/97, que deve ser aplicado conjuntamente com o art. 167 do CTN. Requer seja sanada a omissão para que acorreção do indébito observe exclusivamente o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, bem como seja corrigida a contradição paradeterminar também a incidência do art. 167 do CTN, de modo que os índices oficiais de remuneração básica de jurosaplicados à caderneta de poupança sejam aplicados a partir do trânsito em julgado da demanda.

Conquanto o acórdão de fls. 81/85, no trecho transcrito no acórdão de fls. 97/98, tenha sido muito claro ao dispor que o art.167 do CTN – tal como o entendimento consolidado na Súmula 188 do STJ (juros de mora a partir do trânsito em julgado) -continuam aplicáveis apenas para tributos de competência estadual e municipal, visto que a SELIC foi instituída por lei

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ordinária federal (Lei nº 9.250/95) que superou o referido entendimento, não foi apreciada em nenhum dos referidosacórdãos a alegação de que não incide a taxa SELIC aos tributos não administrados pela Secretaria da Receita Federal dobrasil. Reconheço, pois, a omissão apontada, pelo que passo a saná-la.

O § 4º do artigo 39 da Lei 9.250/95 não faz qualquer menção a tributos administrados pela SRFB, mas apenas a “títulosfederais”, ou seja, precatórios (ou requisitórios de pequeno valor) expedidos contra a União. O caput do mesmo artigo 39também não faz tal restrição; apenas remete à compensação prevista no artigo 66 da Lei nº 8.383/91, o qual, por sua vez,alude genericamente à possibilidade de compensar-se valores a pagar com valores pagos indevidamente ou a maior a títulode “tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais”. Enfim, a interpretação restritivadefendida no recurso da União não encontra fundamento na legislação que rege o tema.

4. Por oportuno, registro que, ainda em 2009 (bem antes, portanto, do julgamento das ADIN’s nº 4.357 e nº 4.425) aProcuradoria Geral da Fazenda Nacional aprovou o Parecer PGFN/CAT/Nº 1.929/2009. No referido parecer, analisou-se “...a interpretação que deve ser dada pelas projeções da PGFN acerca da recente alteração do art. 1ºF da Lei nº 9.494, de1997, promovida pelo art. 5º da Lei 11.960, de 2009.” (item 1 do parecer). Reconheceu-se a existência de “... conflito entrea norma acima citada e a Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que determina a aplicação da Taxa Selic para osvalores devidos pela fazenda Pública em matéria tributária...” (item 6 do parecer). Fixou-se a incidência do critério daespecialidade para dirimir o conflito aparente de normas, concluindo-se que “...a nova redação do art. 1ºF da Lei nº 9.494,de 1997, promovida pelo art. 5º da Lei 11.960, de 2009, não modificou a aplicação da Taxa SELIC para as repetições deindébito tributário.” (item 13 do parecer).

5. Pelo exposto, conheço dos embargos de declaração e DOU-LHES PARCIAL PROVIMENTO para reconhecer aomissão apontada e saná-la nos termos do presente voto, mantendo inalterado o acórdão embargado.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal

[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

120 - 0100893-66.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100893-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALOISIO FELIPE DA SILVA(ADVOGADO: ES017846 - maike bicudo celestino, ES019738 - MORENO BETELHO GUIMARÃES, ES010186 - JOSÉCONSTANTINO MAZZOCO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DEJESUS.).PROCESSO: 0100893-66.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.100893-5/01)

V O T O / E M E N T A

AUXÍLIO-ACIDENTE. ACIDENTE AUTOMOBILÍSTICO OCORRIDO 19 ANOS ANTES DA LEI 9032/95, QUE AMPLIOU AABRANGÊNCIA DO BENEFÍCIO PREVISTO NO ARTIGO 86 DA LEI Nº 8.213/91. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO TEMPUSREGIT ACTUM, EM ATENÇÃO À POSIÇÃO CONSOLIDADA NO STF NO QUE REFERE À TEMÁTICA DOS BENEFÍCIOSPREVIDENCIÁRIOS. RECURSO IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto por ALOÍSIO FELIPE DA SILVA em face da sentença de fl. 134, quejulgou improcedente o pedido de concessão de auxílio-acidente. Aduz o requerente que pretende a implantação dobenefício de auxílio-acidente em razão de acidente automobilístico sofrido no ano de 1976, quando não havia previsão paratal benefício, tendo sido cancelado o benefício de aposentadoria por invalidez – concedido após amputação da perna – porter retornado ao trabalho em razão de dificuldades financeiras. Alega que tem direito ao benefício nos moldes da Lei nº8.213/91, tendo em vista o princípio da dignidade da pessoa humana, não sendo cabível a distinção entre segurados namesma situação fática, ou seja, entre amputados antes e depois da Lei nº 8.213/91. Diz que há fonte de custeio para obenefício, prevista no art. 22, II, da Lei nº 8.212/91.

2. Segue a sentença prolatada pelo Juízo a quo:

Trata-se de ação visando à concessão de auxílio-acidente.DecadênciaO INSS arguiu a decadência do direito à concessão do benefício, tendo em vista que o suposto fato gerador – acidente –ocorreu há mais de dez anos. Ocorre que o art. 103 da Lei nº 8.213/91 somente prevê prazo de decadência para a revisãodo ato de concessão ou indeferimento de benefício previdenciário. E, no presente caso, o requerimento administrativo deauxílio-acidente foi indeferido em 19/6/2013. Logo, não se consumou a decadência. Rejeito a questão preliminar.MéritoO autor quer receber o auxílio-acidente em decorrência de acidente automobilístico ocorrido em 2/2/1976. Naquela época,estava em vigor o Decreto nº 77.077/76, que não previa essa espécie de benefício previdenciário.O autor, porém, alega que, em se tratando de benefícios previdenciários, deve ser aplicada a legislação mais benéfica parao segurado. Por isso, sustenta que a Lei nº 8.213/91, que passou a prever a concessão de auxílio-acidente e que daria

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suporte à pretensão do autor, poderia ser aplicada retroativamente.Não assiste razão ao autor. O benefício previdenciário deve ser regulado pela lei vigente na época em que foram atendidosos requisitos necessários para a concessão. Além disso, a incidência da lei previdenciária nova a fatos pretéritos oupendentes, sem previsão da fonte de custeio, implica ofensa ao art. 195, § 5º, da Constituição Federal.Aliás, essas mesmas razões foram acolhidas pelo Supremo Tribunal Federal ao rejeitar a aplicação retroativa da Lei nº9.032/95, que introduziu critérios de cálculo mais vantajosos para o pensionista.DispositivoJulgo improcedente o pedido.Sem honorários advocatícios e custas judiciais (art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01). Calcular ascustas para recurso.Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

3. O julgado referido pelo Juízo a quo na sentença foi o Recurso Extraordinário nº 416827, cuja ementa transcrevo abaixo:

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. INTERPOSTO PELO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS),COM FUNDAMENTO NO ART. 102, III, “A”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, EM FACE DE ACÓRDÃO DE TURMARECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO: PENSÃO POR MORTE (LEI Nº9.032, DE 28 DE ABRIL DE 1995).1. No caso concreto, a recorrida é pensionista do INSS desde 25/6/1972, recebendo através do benefício nº 020.719.902-7,aproximadamente o valor de R$ 248,94. Acórdão recorrido que determinou a revisão do benefício de pensão por morte,com efeitos financeiros correspondentes à integralidade do salário de benefícios da previdência geral, a partir da vigênciada Lei no 9.032/1995.2. Concessão do referido benefício ocorrida em momento anterior à edição da Lei no 9.032/1995. No caso concreto, aomomento da concessão, incidia a Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991.3. O recorrente (INSS) alegou: i) suposta violação ao art. 5o, XXXVI, da CF (ofensa ao ato jurídico perfeito e ao direitoadquirido); e ii) desrespeito ao disposto no art. 195, § 5o, da CF (impossibilidade de majoração de benefício da seguridadesocial sem a correspondente indicação legislativa da fonte de custeio total).4. Análise do prequestionamento do recurso: os dispositivos tidos por violados foram objeto de adequadoprequestionamento. Recurso Extraordinário conhecido.5. Referência a acórdãos e decisões monocráticas proferidos quanto ao tema perante o STF: RE (AgR) no 414.735/SC, 1ªTurma, unânime, Rel. Min. Eros Grau, DJ 29.4.2005; RE no 418.634/SC, Rel. Min. Cezar Peluso, decisão monocrática, DJ15.4.2005; e RE no 451.244/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, decisão monocrática, DJ 8.4.2005.6. Evolução do tratamento legislativo do benefício da pensão por morte desde a promulgação da CF/1988: arts. 201 e 202na redação original da Constituição, edição da Lei no 8.213/1991 (art. 75), alteração da redação do art. 75 pela Lei no9.032/1995, alteração redacional realizada pela Emenda Constitucional no 20, de 15 de dezembro de 1998.7. Levantamento da jurisprudência do STF quanto à aplicação da lei previdenciária no tempo. Consagração da aplicação doprincípio tempus regit actum quanto ao momento de referência para a concessão de benefícios nas relaçõesprevidenciárias. Precedentes citados: RE no 258.570/RS, 1ª Turma, unânime, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 19.4.2002; RE(AgR) no 269.407/RS, 2ª Turma, unânime, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 2.8.2002; RE (AgR) no 310.159/RS, 2ª Turma,unânime, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJ 6.8.2004; e MS no 24.958/DF, Pleno, unânime, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ1o.4.2005.8. Na espécie, ao reconhecer a configuração de direito adquirido, o acórdão recorrido violou frontalmente a Constituição,fazendo má aplicação dessa garantia (CF, art. 5o, XXXVI), conforme consolidado por esta Corte em diversos julgados: REno 226.855/RS, Plenário, maioria, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 13.10.2000; RE no 206.048/RS, Plenário, maioria, Rel. Min.Marco Aurélio, Red. p/ acórdão Min. Nelson Jobim, DJ 19.10.2001; RE no 298.695/SP, Plenário, maioria, Rel. Min.Sepúlveda Pertence, DJ 24.10.2003; AI (AgR) no 450.268/MG, 1ª Turma, unânime, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ27.5.2005; RE (AgR) no 287.261/MG, 2ª Turma, unânime, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 26.8.2005; e RE no 141.190/SP,Plenário, unânime, Rel. Ilmar Galvão, DJ 26.5.2006.9. De igual modo, ao estender a aplicação dos novos critérios de cálculo a todos os beneficiários sob o regime das leisanteriores, o acórdão recorrido negligenciou a imposição constitucional de que lei que majora benefício previdenciário deve,necessariamente e de modo expresso, indicar a fonte de custeio total (CF, art. 195, § 5o). Precedente citado: RE no92.312/SP, 2ª Turma, unânime, Rel. Min. Moreira Alves, julgado em 11.4.1980.10. Na espécie, o benefício da pensão por morte configura-se como direito previdenciário de perfil institucional cuja garantiacorresponde à manutenção do valor real do benefício, conforme os critérios definidos em lei (CF, art. 201, § 4o).11. Ausência de violação ao princípio da isonomia (CF, art. 5o, caput) porque, na espécie, a exigência constitucional deprévia estipulação da fonte de custeio total consiste em exigência operacional do sistema previdenciário que, dada arealidade atuarial disponível, não pode ser simplesmente ignorada.12. O cumprimento das políticas públicas previdenciárias, exatamente por estar calcado no princípio da solidariedade (CF,art. 3o, I), deve ter como fundamento o fato de que não é possível dissociar as bases contributivas de arrecadação daprévia indicação legislativa da dotação orçamentária exigida (CF, art. 195, § 5o). Precedente citado: julgamento conjuntodas ADI´s no 3.105/DF e 3.128/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, Red. p/ o acórdão, Min. Cezar Peluso, Plenário, maioria, DJ18.2.2005.13. Considerada a atuação da autarquia recorrente, aplica-se também o princípio da preservação do equilíbrio financeiro eatuarial (CF, art. 201, caput), o qual se demonstra em consonância com os princípios norteadores da Administração Pública(CF, art. 37).14. Salvo disposição legislativa expressa e que atenda à prévia indicação da fonte de custeio total, o benefícioprevidenciário deve ser calculado na forma prevista na legislação vigente à data da sua concessão. A Lei no 9.032/1995somente pode ser aplicada às concessões ocorridas a partir de sua entrada em vigor.

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15. No caso em apreço, aplica-se o teor do art 75 da Lei 8.213/1991 em sua redação ao momento da concessão dobenefício à recorrida.16. Recurso conhecido e provido para reformar o acórdão recorrido.(STF – RE 416827. Publicado no DJ de 26/10/2007)

4. Nos termos da ementa acima transcrita, o STF consagrou a aplicação do princípio tempus regit actum quanto aomomento de referência para a concessão de benefícios nas relações previdenciárias.

5. Pela razão exposta, a sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (artigo 46 da Lei nº 9.099/95)

6. NEGO PROVIMENTO ao recurso.

Custas ex lege. Condenação do autor em honorários advocatícios de R$200,00 em favor do INSS, tendo em vista odisposto no art. 55 da Lei nº 9.099/95.

É como voto.

Pablo Coelho Charles Gomes2º Juiz Relator da 1ª Turma Recursal[Ato judicial assinado eletronicamente, nos termos do parágrafo único do artigo 164 do Código de Processo Civil. Acertificação digital consta na parte inferior da página]

Dar parcial provimentoTotal 33 : Dar provimentoTotal 12 : Dar provimento ao rec. do autor e negar o do réuTotal 1 : Não conhecer o recursoTotal 2 : Negar provimentoTotal 67 : Rejeitar os embargosTotal 5 :