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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL ADRIANA ZANDONADE-36 ADRIANO SANT´ANA PEDRA-18 ADRIANO SANTANA PEDRA-21 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-19 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-7, 81 ANDRÉ DIAS IRIGON-62 BRUNO MIRANDA COSTA-19, 58, 61, 88 Carolina Augusta da Rocha Rosado-34 ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-77 ES000294B - ROSEMARY MACHADO DE PAULA-20 ES003191 - ILIAS FERNANDES CARDOSO DOS SANTOS-6 ES003575 - JULIO FERNANDES SOARES-36, 82 ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-39 ES004142 - JOSE IRINEU DE OLIVEIRA-94 ES004208E - FERNANDA MONTEIRO DA CRUZ-77 ES004211 - DAVID GUERRA FELIPE-2 ES004396 - MARIA BERNARDETE LAURINDO MONTEIRO-37 ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-39 ES004578E - JANETE MARCIA DIAS-77 ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL-37 ES004875E - PAULO HENRIQUE MARÇAL MONTEIRO-77 ES004952 - JOSE COCO FONTAN-3 ES004976 - ARLETE AUGUSTA THOMAZ DE OLIVEIRA-94 ES005145E - Tadeu Trancoso de Souza-101 ES005165 - JOSE CARLOS BENINCA-90 ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-96 ES006351 - JOANA D'ARC BASTOS LEITE-56 ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-101 ES006737 - SONIA MARIA CANDIDA-99 ES006799 - MARCO CESAR G. BORGES-53 ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES-80 ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-12, 13, 33, 49, 52, 76 ES007070 - WELITON ROGER ALTOE-62, 93 ES007990 - SIMONE ELENA SOARES-36 ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI-80 ES008690 - MANOEL FERNANDES ALVES-71 ES008736 - ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO-37 ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA-1, 51 ES009114 - TACIO DI PAULA ALMEIDA NEVES-91 ES009262 - OSNI DE FARIAS JUNIOR-35 ES009281 - MARCELO MAZARIM FERNANDES-73 ES009320 - NEILIANE SCALSER-8 ES009501 - FABRICIO CALEGARIO SENA-92 ES009921 - ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS-34 ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO-80 ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO-95 ES011434 - TATIANA MARQUES FRANÇA-80 ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-39 ES011655 - ANA MARIA CALENZANI-15 ES011829 - HERON LOPES FERREIRA-79 ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-101 ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO-80 ES012201 - JOCIANI PEREIRA NEVES-80

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL

ADRIANA ZANDONADE-36ADRIANO SANT´ANA PEDRA-18ADRIANO SANTANA PEDRA-21ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-19ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-7, 81ANDRÉ DIAS IRIGON-62BRUNO MIRANDA COSTA-19, 58, 61, 88Carolina Augusta da Rocha Rosado-34ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-77ES000294B - ROSEMARY MACHADO DE PAULA-20ES003191 - ILIAS FERNANDES CARDOSO DOS SANTOS-6ES003575 - JULIO FERNANDES SOARES-36, 82ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-39ES004142 - JOSE IRINEU DE OLIVEIRA-94ES004208E - FERNANDA MONTEIRO DA CRUZ-77ES004211 - DAVID GUERRA FELIPE-2ES004396 - MARIA BERNARDETE LAURINDO MONTEIRO-37ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-39ES004578E - JANETE MARCIA DIAS-77ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL-37ES004875E - PAULO HENRIQUE MARÇAL MONTEIRO-77ES004952 - JOSE COCO FONTAN-3ES004976 - ARLETE AUGUSTA THOMAZ DE OLIVEIRA-94ES005145E - Tadeu Trancoso de Souza-101ES005165 - JOSE CARLOS BENINCA-90ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-96ES006351 - JOANA D'ARC BASTOS LEITE-56ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-101ES006737 - SONIA MARIA CANDIDA-99ES006799 - MARCO CESAR G. BORGES-53ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES-80ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-12, 13, 33, 49, 52, 76ES007070 - WELITON ROGER ALTOE-62, 93ES007990 - SIMONE ELENA SOARES-36ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI-80ES008690 - MANOEL FERNANDES ALVES-71ES008736 - ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO-37ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA-1, 51ES009114 - TACIO DI PAULA ALMEIDA NEVES-91ES009262 - OSNI DE FARIAS JUNIOR-35ES009281 - MARCELO MAZARIM FERNANDES-73ES009320 - NEILIANE SCALSER-8ES009501 - FABRICIO CALEGARIO SENA-92ES009921 - ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS-34ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO-80ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO-95ES011434 - TATIANA MARQUES FRANÇA-80ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-39ES011655 - ANA MARIA CALENZANI-15ES011829 - HERON LOPES FERREIRA-79ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-101ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO-80ES012201 - JOCIANI PEREIRA NEVES-80

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ES012231 - SABRINA TOREZANI DA FONSECA-10ES012249 - FREDERICO AUGUSTO MACHADO-14ES012448 - PRISCILLA THOMAZ DE OLIVEIRA-94ES012643 - THIAGO AARÃO DE MORAES-41ES012709 - LEANDRO FREITAS DE SOUZA-26ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-25, 47, 48, 50, 70, 97ES013058 - GLAUCO BARBOSA DOS REIS-29ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO-81ES013203 - RENATA MILHOLO CARREIRO AVELLAR-80ES013223 - ALAN ROVETTA DA SILVA-96ES013239 - ROBERTA BRAGANÇA ZÓBOLI-62ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-39ES013290 - PABLO CARETA-92ES013341 - EMILENE ROVETTA DA SILVA-96ES013495 - BERNARDO JEFFERSON BROLLO DE LIMA-77ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-26, 30, 86ES013969 - JOSÉ SILVIO BAZZO DO NASCIMENTO-62ES014006 - NICOLLY PAIVA DA SILVA-88ES014055 - IVOMAR RODRIGUES GOMES JUNIOR-42ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN-27ES014442 - HELGA CATARINA P. DE MAGALHÃES-45ES014617 - RODRIGO CAMPANA FIOROT-87ES014648 - Mer Stella Borges Mendonça-53ES014935 - RONILCE ALESSANDRA AGUIEIRAS-80ES015236 - JOANA FRANCISCO CLEN-90ES015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ-58ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH-11, 4ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-24, 74, 78, 98ES015907 - WILLIAN PEREIRA PRUCOLI-72ES015958 - FABRICIA PERES-31, 5ES016179 - FLAVIO DE ASSIS NICCHIO-83ES016312 - ROMULO BOTTECCHIA DA SILVA-69ES016437 - LARA CHAGAS VAN DER PUT-80ES016487 - ROQUE FELIX NICCHIO-83ES016520 - NATANAEL REZENDE BATISTA-75ES016533 - ENEIAS DO NASCIMENTO BATISTA-75ES016746 - katiuscia Oliveira de Souza Marins-94ES016750 - Everaldo Martinuzzo de Oliveira-43ES016751 - Valber Cruz Cereza-89ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES-33, 49, 52, 76ES016966 - Eliza Thomaz de Oliveira-94ES017112 - KELIO ALMEIDA NEVES-91ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES-33, 76ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO-80ES017361 - Rafael Thomaz de Oliveira-94ES017467 - FIDEL BOURGUIGNON BROZOLINO-78ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA-74, 98ES017733 - THIAGO HUVER DE JESUS-46ES017774 - Raphael Petronetto Nascimento-15ES017838 - SILVANIA APARECIDA DA SILVA ABILIO-68ES017915 - Lauriane Real Cereza-89ES018021 - PAULO SEVERINO DE FREITAS-8ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR-46ES018318 - Thor Lincoln Nunes Grünewald-57ES018483 - LÍVIA NOGUEIRA ALMEIDA-77ES018822 - JOSÉ AMAZIAS CORREIA DOS SANTOS-68

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ES019164 - RENATO JUNQUEIRA CARVALHO-27ES019221 - AMAURI BRAS CASER-16ES019280 - HALINE COUTINHO VAZ-68ES019430 - PEDRO GERALDO FERREIRA DA COSTA-101ES019683 - PAULA ROBERTA DE ALMEIDA DIAS-84ES019936 - ANDRÉ TRANCOSO DE SOUZA-101ES019999 - JOSÉ MOACIR RIBEIRO NETO-85ES020113 - MARILZA GONÇALVES DE AMORIM-43ES020468 - EVANDRO JOSE LAGO-102, 103ES020677 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA-54, 55, 65ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA-17, 61ES021038 - CARLOS BERKENBROCK-58, 59, 60, 64ES021174 - OHANNA OLIVEIRA RUY-42ES021410 - Luciana Possa Machado-61EUGENIO CANTARINO NICOLAU-10, 25, 26, 30, 44, 48, 57, 70, 97GISELA PAGUNG TOMAZINI-22, 39GUSTAVO CABRAL VIEIRA-23, 4, 77, 8, 82, 90GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-40HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA-33Isabela Boechat B. B. de Oliveira-53, 68, 73JORGE MEDEIROS DE LIMA-18, 21JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-17, 64, 69, 78JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-46, 72, 79JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-20, 60, 63, 65, 67, 98JULIANA BARBOSA ANTUNES-13, 85LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA-102, 103LIDIANE DA PENHA SEGAL-22, 28, 66LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-14, 42, 43, 54, 95MARCELA BRAVIN BASSETTO-24, 35, 41, 5, 80, 99MARCOS FIGUEREDO MARÇAL-28, 66, 84MARCOS JOSÉ DE JESUS-100, 75MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-101, 89, 92, 94, 96MG071690 - Alexandre Valadares-85MG110237 - CINTIA RAMALHO LOUBACK-91MG120179 - ALVIMAR CARDOSO RAMOS-32MG129454 - GASPARINO RODRIGUES DOS SANTOS JUNIOR-44PAULA GHIDETTI NERY LOPES-13PEDRO INOCENCIO BINDA-16, 51, 87RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA-1, 12, 49, 52RICARDO FIGUEIREDO GIORI-100, 7RODRIGO COSTA BUARQUE-15, 2ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-27, 3SC013520 - CARLOS BERKENBROCK-63SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ-59, 60, 63, 64SC023056 - ANDERSON MACOHIN SIEGEL-46SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO-63SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-11, 29, 55, 59, 6, 74, 83, 9THIAGO COSTA BOLZANI-31, 32THIAGO DE ALMEIDA RAUPP-71, 76, 93UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-45, 47, 50

2ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). PABLO COELHO CHARLES GOMES

Nro. Boletim 2015.000047 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

05/05/2015Expediente do dia

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FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000731-86.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000731-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA.) x GERALDO DOS ANJOS CARVALHO(ADVOGADO: ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA.).RECURSO Nº 0000731-86.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000731-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: GERALDO DOS ANJOS CARVALHORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. ALEGAÇÃO RECURSAL COM FUNDAMENTO DIVERSO DA MATÉRIATRATADA NA SENTENÇA. ATRASADOS. CORREÇÃO MONETÁRIA. ART. 1º-F DA LEI 9.494/97. RECURSOINOMINADO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA PARTE, DESPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS contra a sentença que o condenou a pagar os valores atrasadosdevidos à parte autora em razão de concessão de aposentadoria por idade rural desde 27/11/2013 (data do requerimentoadministrativo), atualizados monetariamente com base no INPC/IBGE.2. O recorrente afirma que: i) o autor está plenamente capaz para exercer suas atividades laborais, conforme atestado nolaudo pericial; ii) o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina a atualizaçãomonetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. Acrescentaque o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013,DJE 18.12.2013) teria declarado a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentementeda sua natureza”, contida no art. 100, § 12, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n.62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de moraincidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F,da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmovício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referidodispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dosdepósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, porviolação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seriaincapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.3. Em relação à alegação recursal de ausência de incapacidade, verifico que não há qualquer pertinência lógica com amatéria tratada na sentença impugnada, a qual apreciou concessão de aposentadoria por idade rural e não benefício porincapacidade. A fundamentação recursal, nesse ponto, fere o princípio da dialeticidade, que se consubstancia na exigênciade o recorrente expor a causa de pedir recursal (error ir judicando ou error in procedendo) pertinente com a impugnaçãofeita. Portanto, quanto a tal questão, deixo de conhecer o recurso.4. Para análise do índice de correção monetária a ser aplicada, destaco que o Supremo Tribunal Federal, em reiteradosjulgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou atonormativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. EllenGracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG,Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). Reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente hipótese, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).5. O entendimento adotado na sentença recorrida não diverge da posição das Turmas Recursais da Seção Judiciária doEspírito Santo.6. Ante o exposto, conheço parcialmente do recurso e, nesta parte, nego-lhe provimento. Sem condenação em custasprocessuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10%sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

2 - 0000182-07.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.000182-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x JOSIAS DA SILVA (ADVOGADO: ES004211 -DAVID GUERRA FELIPE.).RECURSO Nº 0000182-07.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.000182-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSIAS DA SILVA

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RELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento ao recurso, vencido o relator; adotou-se como fundamento o julgamentodo RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critério previsto noart. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes Federais Fábio Cesar dos SantosOliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

3 - 0000757-90.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000757-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x NATALINA VICENTE (ADVOGADO:ES004952 - JOSE COCO FONTAN.).RECURSO Nº 0000757-90.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000757-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: NATALINA VICENTERELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento ao recurso, vencido o relator; adotou-se como fundamento o julgamentodo RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critério previsto noart. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes Federais Fábio Cesar dos SantosOliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

4 - 0002865-63.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002865-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VANDECI LITTIS(ADVOGADO: ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO Nº 0002865-63.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002865-3/01)RECORRENTE: VANDECI LITTISRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 111/119, contra acórdão proferido às fls. 103/108 que deu parcialprovimento ao recurso inominado interposto pela parte autora para condenar a autarquia a conceder-lhe o benefício deauxílio-doença, com o pagamento das parcelas vencidas corrigidas monetariamente, com base no INPC, ao argumento deexistência de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado não teria indicado os exames e laudosespecíficos para legitimar o afastamento do laudo do perito judicial. Sustenta, ainda, que o acórdão embargado não teria semanifestado quanto à inexistência de posicionamento do STF sobre qual o índice de correção monetária deverá serutilizado nas condenações contra a Fazenda Pública em matéria que não seja de natureza tributária. Alega que adotarposicionamento sobre matéria que se encontra pendente de resolução no STF implicará violação do artigo 102,§ 2º, daConstituição da República de 1988. Pede a suspensão do julgamento dos presentes embargos até que o STF profirajulgamento final nas ADIs 4357 e 4425.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os

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Embargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. No que tange à omissão relacionada aos exames e laudos, observo que no item 09 do acórdão, há indicação deque é o próprio laudo pericial que fundamenta o julgamento de parcial procedência do pedido. O perito afirma a inexistênciade incapacidade laborativa. No entanto, atesta que o recorrente apresenta fotofobia e incômodo ocular em contato compoeira ou agrotóxico, o que induz à incapacidade para o desempenho do ofício de lavrador. No que tange à omissãorelacionada à inexistência de posicionamento do STF sobre qual o índice de correção monetária deverá ser utilizado nascondenações contra a Fazenda Pública em matéria que não seja de natureza tributária, observo que, no item 11 doacórdão, há fundamentação explícita sobre o tema, razão por que inexiste a omissão alegada.

04. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

08. Fl. 121 – Intime-se o INSS para cumprir a obrigação de fazer, implantando o benefício de auxílio-doença a partirda presente data, no prazo máximo de 30 dias, com base nos artigos 4º da Lei 10.259/01 e 461, do Código de ProcessoCivil.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

5 - 0004390-80.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004390-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RAIMUNDO DE JESUSCARDOSO (ADVOGADO: ES015958 - FABRICIA PERES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).RECURSO Nº 0004390-80.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004390-3/01)RECORRENTE: RAIMUNDO DE JESUS CARDOSORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 115/116, contra acórdão proferido às fls. 108/112 que declarou anulidade da sentença e determinou o retorno dos autos à origem, para que seja realizada nova perícia por médicoortopedista/traumatologista, ao argumento de existência de contradição. Para tanto, sustenta que a perícia já realizada foifeita por médico que possui especialidade em ortopedia e traumatologia. Alega ofensa ao enunciado n. 8, da súmula dajurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Aduz que o benefício em tela é decorrente deacidente de trabalho.

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02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em análise da contradição alegada, no que tange à determinação de realização de nova perícia judicial, destacoque a contradição é vício a ser corrigido pelos embargos de declaração caso no julgado existam “proposições entre siinconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira. Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro:Forense, 2001, p. 548). No acórdão recorrido, não identifico a existência de premissas contraditórias entre si, ou conclusõesque divirjam da fundamentação expendida. Com efeito, o acórdão é explicito ao determinar o retorno dos autos à origem,para que seja realizada nova perícia por médico ortopedista/traumatologista, a fim de esclarecer a capacidade do autor parasua atividade como soldador ou aquela para a qual foi comprovadamente submetido a processo de reabilitação, tendo emvista que a perícia realizada afirmou a inexistência de incapacidade para o trabalho de vigilante. A nulidade observada nãodecorreu do fato de a perícia ter sido realizado por médico sem especialidade em ortopedia – o que inexistiu, tendo-se emvista que o especialista nomeado é ortopedista -, mas da constatação de que persiste perplexidade na análise das provas,sendo certo que o enunciado n. 8, da súmula da jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do EspíritoSanto, não se sobrepõe – por óbvio – ao art. 436, do Código de Processo Civil.

04. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Ressalto que a presente ação foi ajuizada com pedido de restabelecimento de benefício de auxílio-doença econversão em aposentadoria por invalidez, por ser o autor portador de capsulite adesiva secundária em ombro esquerdo,CID - M75 (fl. 2), operado em 2006 (fl. 41). Sendo assim, a anotação de fl. 59, de que o benefício percebido pelo autor seriaderivado de acidente de trabalho, por si só, não seria hábil a afastar a competência da Justiça Federal para processar ejulgar o presente feito.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

6 - 0005252-67.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.005252-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x PAULO ARLINDO DOS SANTOS(ADVOGADO: ES003191 - ILIAS FERNANDES CARDOSO DOS SANTOS.).RECURSO Nº 0005252-67.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.005252-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: PAULO ARLINDO DOS SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento ao recurso, vencido o relator; adotou-se como fundamento o julgamentodo RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critério previsto noart. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes Federais Fábio Cesar dos SantosOliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

7 - 0000497-13.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000497-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x PRICILA PINA MARTINS(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).RECURSO Nº 0000497-13.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000497-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: PRICILA PINA MARTINSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento ao recurso, vencido o relator; adotou-se como fundamento o julgamentodo RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critério previsto noart. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes Federais Fábio Cesar dos SantosOliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

8 - 0002952-82.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002952-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARISA ALVES GONÇALVESNUNES (ADVOGADO: ES009320 - NEILIANE SCALSER, ES018021 - PAULO SEVERINO DE FREITAS.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO Nº 0002952-82.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002952-2/01)RECORRENTE: MARISA ALVES GONÇALVES NUNESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

MARISA ALVES GONÇALVES NUNES interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 107/115, contra acórdãoproferido às fls. 92/96, ao argumento de existência de contradição. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado contrariaa previsão do artigo 22, do Decreto-lei n. 3.048/99, do artigo 16, II, da Lei 8.213/91, bem como a jurisprudência dominantedo STJ quanto à dependência econômica presumida de todos os membros da família, quando se tratar de família de baixarenda.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Em análise da contradição alegada entre o posicionamento adotado pelo acórdão recorrido e a orientaçãoesposada pelo Superior Tribunal de Justiça quanto à dependência econômica presumida de todos os membros da família,quando se tratar de família de baixa renda, destaco que a contradição é vício a ser corrigido pelos embargos de declaraçãocaso no julgado existam “proposições entre si inconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira. Comentários ao Código de

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Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). Logo, eventual contraste entre o acórdão atacado e ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça não é contradição a ser sanada em julgamento de Embargos de Declaração,não devendo o recurso ser provido quanto a essa questão. Igualmente, não há contradição no que atine ao disposto nosartigos 22, do Decreto-lei n 3.048/99 e 16, II, da Lei 8.213/91, tendo sido expendida, nos itens 09 a 12 do acórdão, afundamentação pertinente à ausência de constatação de dependência econômica para fins previdenciários.

04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

05. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

06. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

9 - 0002295-09.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.002295-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x MARIA DO SOCORRO ARAÚJO.RECURSO Nº 0002295-09.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.002295-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA DO SOCORRO ARAÚJORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento ao recurso, vencido o relator; adotou-se como fundamento o julgamentodo RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critério previsto noart. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes Federais Fábio Cesar dos SantosOliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

10 - 0110429-74.2014.4.02.5004/01 (2014.50.04.110429-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA RITA TORESANI(ADVOGADO: ES012231 - SABRINA TOREZANI DA FONSECA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).RECURSO Nº 0110429-74.2014.4.02.5004/01 (2014.50.04.110429-3/01)RECORRENTE: MARIA RITA TORESANIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

MARIA RITA TOREZANI interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 223/235, contra acórdão proferido às fls.217/220, para fins de prequestionamento, ao argumento de existência de omissão quanto à alegada violação aos artigos 5º,II, 6º e 7º, XXIV, 194, caput e parágrafo único, 195, caput e § 5º, 201, caput, § 2º e 11º da Constituição da República de1988.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados (itens 04 a 10), não sendo admissível, mediante a interposição derecurso de Embargos de Declaração, novo julgamento da motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -

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PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

11 - 0000088-37.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000088-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x IZIDORO BULLERJAHN(ADVOGADO: ES015489 - CLAUDIA IVONE KURTH.).RECURSO Nº 0000088-37.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000088-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: IZIDORO BULLERJAHNRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento ao recurso, vencido o relator; adotou-se como fundamento o julgamentodo RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critério previsto noart. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes Federais Fábio Cesar dos SantosOliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

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12 - 0000979-86.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000979-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA.) x ADENILSON SANTOS LIMA (ADVOGADO:ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO Nº 0000979-86.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000979-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ADENILSON SANTOS LIMARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento ao recurso, vencido o relator; adotou-se como fundamento o julgamentodo RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critério previsto noart. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes Federais Fábio Cesar dos SantosOliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

13 - 0000006-97.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000006-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.) x NATAN DE OLIVEIRA ALMEIDA (ADVOGADO:PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO Nº 0000006-97.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000006-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: NATAN DE OLIVEIRA ALMEIDARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento ao recurso, vencido o relator; adotou-se como fundamento o julgamentodo RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critério previsto noart. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes Federais Fábio Cesar dos SantosOliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

14 - 0109588-38.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.109588-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE AVILINO INACIO(ADVOGADO: ES012249 - FREDERICO AUGUSTO MACHADO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0109588-38.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.109588-9/01)RECORRENTE: JOSE AVILINO INACIORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

INSS interpõe novamente recurso de Embargos de Declaração, às fls. 90/95, contra acórdão proferido às fls. 84/87 quenegou provimento aos embargos de declaração interpostos às fls. 74/81, ao argumento de existência de omissão. Para

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tanto, sustenta que não manifestação acerca da impossibilidade de aplicar retroativamente os efeitos da Lei n. 9.876/99.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ademais, a fundamentação declinada para julgar procedente o pedido formulado pela parte autora também seaplica se a aposentadoria por invalidez foi fruto de conversão de auxílio-doença, concedido conforme a regra prevista naredação original do art. 29, da Lei n. 8.213/91, segundo a qual o salário-de-benefício consistiria na média aritmética simplesde todos os últimos salários-de-contribuição dos meses imediatamente anteriores ao do afastamento da atividade ou dadata da entrada do requerimento, até o máximo de 36, apurados em período não superior a 48 meses. Os fundamentos doreconhecimento administrativo, veiculado no Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de2010, são a retroatividade da lei mais benéfica e a isonomia no tratamento concedido aos titulares dos benefícios deincapacidade, os quais não são infirmados se o critério de cálculo, ainda que distinto daquele previsto pelo art. 29, II, da Lein. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, não corresponde ao parâmetro de integralidade (coeficiente de100%) positivada pelo art. 75, do mesmo diploma legal. Ademais, o reconhecimento administrativo da necessidade de talcorreção, tal como prevista pelo Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, afasta aalegada infração aos arts. 5º, XXXVI, e 195, §5º, da Constituição da República de 1988.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento. Outrossim, tendo-se emvista o conteúdo protelatório dos Embargos de Declaração, que reprisa matéria já analisada por este colegiado, fixo multade 1% sobre o valor da causa, a ser arcada pelo INSS, nos termos do art. 538, parágrafo único, do Código de ProcessoCivil.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

15 - 0000835-40.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000835-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x MARILDA RODRIGUES MACHADO EPICHIN(ADVOGADO: ES017774 - Raphael Petronetto Nascimento, ES011655 - ANA MARIA CALENZANI.).RECURSO Nº 0000835-40.2012.4.02.5055/01 (2012.50.55.000835-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARILDA RODRIGUES MACHADO EPICHINRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

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A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento ao recurso, vencido o relator; adotou-se como fundamento o julgamentodo RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critério previsto noart. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes Federais Fábio Cesar dos SantosOliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

16 - 0108713-56.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.108713-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x ARLINDO BARCELOS (ADVOGADO: ES019221 -AMAURI BRAS CASER.).RECURSO Nº 0108713-56.2014.4.02.5054/01 (2014.50.54.108713-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ARLINDO BARCELOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

ARLINDO BARCELOS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 168/174, contra acórdão proferido às fls.161/165, ao argumento de existência de omissão. Para tanto, sustenta que o julgado embargado deixou de analisar osfundamentos jurídicos apontadas em contrarrazões recursais, quais sejam, os princípios da irredutibilidade do valor dosbenefícios, da contributividade e da reciprocidade contributiva.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.

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2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

17 - 0100105-47.2015.4.02.5050/01 (2015.50.50.100105-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x CARLOS ROBERTO ROSSONIFERREIRA (ADVOGADO: ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUS DA SILVA.).RECURSO Nº 0100105-47.2015.4.02.5050/01 (2015.50.50.100105-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CARLOS ROBERTO ROSSONI FERREIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

CARLOS ROBERTO ROSSONI FERREIRA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 184/191, contra acórdãoproferido às fls. 177/181, para fins de prequestionamento, ao argumento de existência de omissão quanto à alegadaviolação aos artigos 5º, XXXV e XXXVI, 194, caput, 195, caput e § 5º, 201, caput e 40, da Constituição da República de1988 e artigo 18, da Lei 8.213/91.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados (itens 04 a 10), não sendo admissível, mediante a interposição derecurso de Embargos de Declaração, novo julgamento da motivado pela irresignação de uma das partes em face doposicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentespara rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. JorgeScartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nesse

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sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

18 - 0108089-19.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.108089-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ADRIANO SANT´ANA PEDRA.) x VERA LUCIA GIRELLI (DEF.PUB: JORGEMEDEIROS DE LIMA.).RECURSO Nº 0108089-19.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.108089-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: VERA LUCIA GIRELLIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RESTITUIÇÃO DE VALORES. SAQUE DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL APÓSFALECIMENTO DA BENEFICIÁRIA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.

VERA LUCIA GIRELLI interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 88/90, contra acórdão proferido às fls. 73/76 aoargumento de existência de obscuridade. Para tanto, sustenta que o saque realizado equivocadamente era referente aomês de maio de 2014 e sua mãe, titular do benefício, faleceu em 25/05/2014, motivo pelo qual teria direito ao valorcorrespondente a vinte e cinco dias do citado mês. Aponta que o recurso inominado deveria ter sido parcialmente providoapenas para abranger o período de 26/05/2014 a 31/05/2014, e não todo o mês de maio. Requer o provimento do presenterecurso, a fim de que seja autorizada a restituição do valor referente a apenas seis dias.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. No recurso sob análise, a embargante pede que seja dado parcial provimento ao recurso inominado da autarquiae que seja desconstituída, parcialmente, a cobrança extrajudicial efetuada pelo INSS ao argumento de pagamento indevidode benefício assistencial (NB 109.834.948-0) de titularidade de Florinda Cordeiro Girelli, mãe da autora. Em sua peçainicial, a autora alega que utilizou o valor sacado para cobrir despesas de sua própria genitora, como fraldas e remédios quese encontravam pendentes de pagamento. Aduz que, juntamente com seu irmão adotivo Luís Carlos Cordeiro Tomaz, é aúnica herdeira da sua mãe e que seu irmão se encontra em lugar incerto. Para a embargante, há obscuridade na sentençapelo fato de ter determinado a devolução do mês de maio de forma integral, sendo que sua genitora faleceu no dia 25 destemesmo mês.

04. Em análise do vício aventado, assinalo que o óbito da beneficiária ocorreu em 25/05/2014, sendo correta aalegação de que ela faria jus ao pagamento referente ao interstício de 01/05/2014 a 25/05/2014. A parcela de créditoreferente ao interstício de 26/05/2014 a 31/05/2014 não era devida, motivo pelo qual, em relação a este período, o valordeve ser devolvido. O pagamento não se deu por erro administrativo e a autora contribuiu para que ele fosse indevidamenterealizado, razão por que a cobrança deve ser mantida. Ressalto, no entanto, que o valor a ser cobrado deve ser equivalentea 6 dias (26/05/2014 a 31/05/2014).

05. A questão ora examinada não cuida de controvérsia sobre a devolução de benefício previdenciário pago por forçade tutela antecipada posteriormente revogada e, portanto, a decisão ora adotada não colide com o acórdão prolatado peloSuperior Tribunal de Justiça, no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, em julgamento do RESP 1.384.418/SC(Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 30/08/2013). De igual modo, destaco que a solução propugnada nãoimplica a declaração de inconstitucionalidade, ou a negativa de vigência do art. 115, II, da Lei n. 8.213/91, ou do art. 154,§3º, do Decreto n. 3.048/99, uma vez que apenas se sustenta que sua aplicação deve ser obtemperada na hipótese emque o pagamento indevido decorra de erro administrativo, o beneficiário tenha agido de boa-fé e o montante percebidotenha natureza alimentar, o que se conforma ao entendimento de ausência de infração a dispositivo constitucional,

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consolidado no âmbito do Supremo Tribunal Federal ao se rejeitar a repercussão geral no AI 841.473/RS (Rel. Min. CezarPeluso, DJE 31/08/2011).

06. Ante o exposto, conheço os embargos da parte autora e, no mérito, dou-lhes provimento para reformar em parteo acórdão de fls. 73/76 e determinar que a autarquia se abstenha de cobrar o valor do benefício n. 109.834.948-0, somenteno período de 01/05/2014 a 25/05/2014.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

09. Fls. 82/87: Desentranhe-se a petição encartada pela Defensoria Pública da União com a respectiva devolução àembargante, uma vez que se refere a embargos apresentados no processo de n. 0000102-55.2013.4.02.5050/01 e, nestesautos, a mesma petição já foi copiada em 23/04/2015.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

19 - 0000102-55.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000102-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NEUZA MARIA DE OLIVEIRA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0000102-55.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000102-0/01)RECORRENTE: NEUZA MARIA DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 161/166, contra acórdão prolatado às fls. 151/157 que condenoua autarquia ao pagamento das parcelas vencidas corrigidas monetariamente, mediante incidência do INPC/IBGE. Paratanto, sustenta que os critérios de atualização monetária adotados contrariam o resultado final do acórdão prolatado peloSupremo Tribunal Federal em julgamento de questão de ordem nas ADIs 4357 e 4425.

02. NEUZA MARIA DE OLIVEIRA também interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 168/173, contraacórdão prolatado às fls. 151/157, ao argumento de omissão. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado não teria semanifestado sobre o pedido de conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Pede antecipaçãodos efeitos da tutela.

03. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

04. Em análise das questões alegadas pelo INSS, destaco que eventual substituição, de ofício, dos critérios paraatualização monetária da dívida não implica reformatio in pejus, pois o julgador pode substituir, a despeito de provocação daparte interessada, os consectários legais da condenação relacionados à atualização monetária e aos juros moratórios, nostermos do 293, do Código de Processo Civil, conforme orientação fixada no enunciado n. 254, da súmula da jurisprudênciado STF.

05. Ademais, saliento que o acórdão embargado contém fundamentação explícita que embasa a convicçãoexternada quanto à adoção do INPC/IBGE em substituição à TR. Cumpre destacar que a declaração deinconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, deu-se no bojo dojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), ocasião em que sedeclarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contidano art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinarque, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo equalquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com aredação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.

06. O acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal, para analisar a modulação temporal do julgado, nãomodifica o cerne do pronunciamento anterior (art. 27, da Lei n. 9.868/99), razão por que se mostra equivocada a alegaçãode que não mais subsiste a declaração de inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela

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Lei n. 11.960/09. Ademais, o resultado do julgamento de questão de ordem, realizado no dia 25/03/2015, contémmanifestação explícita sobre os precatórios expedidos no âmbito da Administração Pública Federal, os quais devem seratualizados “com base nos arts. 27 das Leis nº 12.919/13 e Lei nº 13.080/15, que fixam o IPCA-E como índice de correçãomonetária”. Portanto, tendo-se em vista que ainda não houve expedição de requisição de pagamento na presente hipótese,inexiste fundamento para que a quitação da dívida siga parâmetro cuja invalidade foi reconhecida pelo Supremo TribunalFederal, sem que fosse feita ressalva para os processos ainda em tramitação, nos quais não houve expedição de RPV ouprecatório.

07. Nesses termos, não identifico, no acórdão impugnado, vício sanável pela interposição de Embargos deDeclaração, que caracterize infração aos arts. 100, §12, e 102, I, alínea ‘l’, e §2º, da Constituição da República de 1988.

08. No que atine à alegação da parte autora de omissão quanto ao pedido de conversão do benefício deauxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análiseadequada e escorreita dos fatos e fundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediantea interposição de recurso de Embargos de Declaração, novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma daspartes em face do posicionamento esposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo deefeitos infringentes para rediscutir questão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel.Min. Jorge Scartezzini, DJ 20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

09. O acórdão foi explícito ao estabelecer que “não há suporte probatório para que se considere a parte autora inaptapara o desempenho de todo e qualquer trabalho que assegure a sua subsistência, motivo por que não faz jus à concessãoda aposentadoria por invalidez” (item 9). Com efeito, a autora, nascida em 09/08/1961 (fl. 21), tem hoje 55 anos de idade,cursou até a 2ª série do ensino básico e pode ser readaptada para outras atividades que não exijam esforço físico, comoobservado pelo perito judicial à fl. 90. Logo, as condições pessoais da demandante não indicam a existência de inaptidãopara todo e qualquer trabalho, o que é pressuposto para a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez.

10. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

12. É como voto.

13. Intime-se o INSS para cumprir a obrigação de fazer, consistente em implantar o benefício de auxílio-doença apartir da presente data, no prazo máximo de 30 dias, com base nos artigos 4º da Lei 10.259/01 e 461, do Código deProcesso Civil.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

20 - 0002020-31.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002020-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LINDAURA ESCARABELOCASTELAN (ADVOGADO: ES000294B - ROSEMARY MACHADO DE PAULA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0002020-31.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002020-4/01)RECORRENTE: LINDAURA ESCARABELO CASTELANRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento aos embargos de declaração, vencido o relator; adotou-se comofundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dêpelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes FederaisFábio Cesar dos Santos Oliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

21 - 0006809-05.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006809-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ADRIANO SANTANA PEDRA.) x ELIZEU FERNANDES DA ROCHA (DEF.PUB:JORGE MEDEIROS DE LIMA.).RECURSO Nº 0006809-05.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006809-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ELIZEU FERNANDES DA ROCHARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. RESTITUIÇÃO DE VALORES. NATUREZA ALIMENTAR. MÁ-FÉ. SAQUE PENSÃO PORMORTE APÓS FALECIMENTO DO BENEFICIÁRIO. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. O INSS interpõe, às fls. 98/113, recurso inominado contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 2º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedente pedido para determinar-lhe que se abstivesse decobrar da parte autora o valor recebido a título de benefício de pensão por morte, na condição de representante dabeneficiária, relativo ao mês de julho de 2014. Em suas alegações, o INSS afirma que a alegação de boa-fé não deve sesobrepor à observância do disposto no art. 115, II, da Lei n. 8.213/91, bem como dos princípios constitucionais dalegalidade, moralidade, razoabilidade e republicano, sob o risco de violação à segurança jurídica. Pede a revogação daantecipação dos efeitos da tutela. Contrarrazões às fls. 83/88.

2. É o relatório.

3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço os recursos e passo à análise do mérito.

4. Para melhor julgamento do recurso, destaco que, embora já tenha me alinhado à orientação jurisprudencial favorável ànão devolução de valores recebidos de boa fé, com base em erro administrativo para o qual não concorrera o servidorpúblico beneficiário (cf. STF, RE 69.178/GB, Segunda Turma, Rel. Min. Adaucto Cardoso, RTJ 54/69; MS 25.641/DF, Pleno,Rel. Min. Eros Grau, DJ 22.02.2008), verifico que tal posicionamento não guarda compatibilidade com a soluçãopreconizada no âmbito das relações jurídicas privadas.

5. Com efeito, o resguardo da presunção de legitimidade dos atos administrativos deve-se à necessidade fática de eles nãoterem sua observância mitigada pela oposição de um direito ou interesse particular, se não evidentemente ilegais. O intuitode melhor proteção dos interesses públicos, subjacente à enunciação dessa presunção, não se coaduna com o acréscimopatrimonial injustificado em benefício do servidor ou particular, que seja credor de obrigação a ser adimplida pelaAdministração Pública, caso lhe seja entregue prestação maior do que aquela efetivamente devida. Outrossim, a segurançajurídica a ser observada em prol do particular tem escopo restrito à necessidade de instauração de processo administrativopara cobrança do montante indevidamente entregue e, caso frustrada a possibilidade de devolução espontânea, aoajuizamento de ação para que se busque a via substitutiva mediante a concessão de tutela condenatória (cf. AgustínGordillo, Tratado de Derecho Administrativo. Tomo 3. 3a edição. Belo Horizonte: Del Rey e Fundación de DerechoAdministrativo, 2003, p. VI-8).

6. Não obstante minha convicção pessoal, constato que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e da TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais posiciona-se em sentido diverso, ao salientar que o titular debenefício previdenciário, revestido de natureza alimentar, não tem o dever de devolver valores recebidos de boa-fé, se elesforam pagos por erro da Administração Pública (TNU, PEDILEF 50094896020114047204, Rel. Juiz Federal João BatistaLazzari, j. 12/03/2014; DOU 23/05/2014, pp. 126/194; PEDILEF 200972500039110, Rel. Juiz Federal Alcides SaldanhaLima, DJ 06/09/2012; STJ, AgRg no RESP 1.431.725/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE21/05/2014; AgRg no ARESP 432.511/RN, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03/02/2014).

7. Cabe sublinhar que a questão ora examinada não cuida de controvérsia sobre a devolução de benefício previdenciário

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pago por força de tutela antecipada posteriormente revogada e, portanto, a decisão ora adotada não colide com o acórdãoprolatado pelo Superior Tribunal de Justiça, no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil, em julgamento do RESP1.384.418/SC (Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 30/08/2013). De igual modo, destaco que a soluçãopropugnada não implica a declaração de inconstitucionalidade, ou a negativa de vigência do art. 115, II, da Lei n. 8.213/91,ou do art. 154, §3º, do Decreto n. 3.048/99, uma vez que apenas se sustenta que sua aplicação deve ser obtemperada nahipótese em que o pagamento indevido decorra de erro administrativo, o beneficiário tenha agido de boa-fé e o montantepercebido tenha natureza alimentar, o que se conforma ao entendimento de ausência de infração a dispositivoconstitucional, consolidado no âmbito do Supremo Tribunal Federal ao se rejeitar a repercussão geral no AI 841.473/RS(Rel. Min. Cezar Peluso, DJE 31/08/2011).

8. No recurso sob análise, a parte autora pede que seja desconstituída a cobrança extrajudicial efetuada pelo INSS aoargumento de pagamento indevido de benefício de pensão por morte (NB 090.464.636-0) de titularidade da Sra. MariaFernandes Rocha, mãe do autor. Alega que, por ser cuidador da Sra. Maria Fernandes Rocha, era responsável pelorecebimento de seu benefício previdenciário. Aduz que recebeu o benefício no dia 01/08/2014 (fl. 13), dez dias após o óbitoda Sra. Maria, ocorrido em 21/07/2014 (fl. 11). Sustenta sua boa-fé no fato de ter se dirigido à agência da previdência socialpara dar baixa no benefício em razão do óbito de sua mãe, munido de recibo de pagamento de débito em supermercado,uma das dívidas deixadas por sua mãe.

9. Embora o douto magistrado sentenciante tenha considerado que não se deve atribuir à parte autora a responsabilidadede estabelecer exatidão quanto aos pagamentos de benefício do INSS, observo que é de conhecimento geral que opagamento dos benefícios previdenciários se referem à totalidade do mês. Sendo assim, tendo ocorrido o óbito dobeneficiário no dia 21/07/2014, o pagamento seria devido somente até tal data. O autor alega ter se dirigido à agência daprevidência social para dar baixa no benefício em razão do óbito de sua mãe e o INSS, em sua contestação, afirma que opagamento indevido foi apurado pelo acerto próprio da autarquia. Ademais, o fato de o autor ter se dirigido à agência daprevidencia social para informar a morte da titular do benefício não indica, por si só, sua boa-fé, eis que o óbito dabeneficiária ocorreu em 21/07/2014 e no dia 01/08/2014 o autor sacou o benefício, sem ter comprovado a data em que teriacomunicado a ocorrência do óbito. Logo, o pagamento não se deu por erro administrativo e o autor contribuiu para que elefosse indevidamente realizado, razão por que a cobrança deve ser mantida. Ressalto, no entanto, que o valor a ser cobradodeve ser equivalente a 10 dias (22/07/2014 a 31/07/2012).

10. Ante o exposto, conheço o recurso do INSS e dou-lhe parcial provimento para reformar em parte a sentença edeterminar que a autarquia se abstenha de cobrar o valor do benefício n. 090.464.363-0, somente no período de 01/07/2014a 21/07/2014. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n.9.099/95.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

22 - 0002049-47.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002049-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNG TOMAZINI.) x MILIAS FREIRE (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHASEGAL.).RECURSO Nº 0002049-47.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002049-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MILIAS FREIRERELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. SEGURADO RECLUSO DE BAIXA RENDA. MÃE DEMONSTROUDEPENDÊNCIA ECONÔMICA. CORREÇÃO MONETÁRIA. ART. 1º-F DA LEI 9.494/97. RECURSO CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA REFORMADA DE OFÍCIO PARA ADEQUAÇÃO DA CORREÇÃO MONETÁRIA.

INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso inominado, às fls. 64/70, contra sentença proferida peloMM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 55/58), que julgou procedente o pedidopara condenar a autarquia a conceder auxílio-reclusão à autora, bem como a pagar as parcelas vencidas desde a data dorequerimento administrativo (08/03/2013). O recorrente afirma que a autora não faz jus ao benefício pleiteado, tendo emvista que o último salário-de-contribuição do seu filho recluso foi de R$ 290,27 (agosto de 2012), correspondente a oito diastrabalhados, o que representa o valor mensal de R$ 1.088,51. Sustenta que nos sete meses anteriores à demissão (agostode 2012), cinco salários estão acima do limite fixado na Portaria Interministerial MPS/MF n. 2, de 06 de janeiro de 2012.Pugna pela reforma da sentença.02. A autora oferece contrarrazões às fls. 74/78, nas quais aponta que não se deve fazer uma projeção para todo o mêscom base apenas em oito dias trabalhados, haja vista que tal valor não irá representar a realidade caso o trabalhador

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laborasse até o fim do mês. Argumenta que, se não se quiser avaliar a remuneração do mês da prisão, a solução viável étomar como base o último salário-de-contribuição referente ao mês imediatamente anterior, no qual osalário-de-contribuição foi de R$ 900,49.03. É o relatório.04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo à análise do seu mérito.05. O benefício de auxílio-reclusão é concedido independente do tempo de contribuição, porém o seu recebimento exigirá acondição de segurado de baixa renda do instituidor, o não recebimento de remuneração do empregador ou deauxílio-doença, a apresentação de declaração de permanência na condição de presidiário e a comprovação dadependência econômica pelo beneficiário, quando inexistente presunção legal.06. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 587.365/SC (DJe 07.05.2009) no regime de repercussão geral,decidiu que a concessão do benefício de auxílio-reclusão deve considerar somente a renda do segurado como parâmetro,não importando a renda de seus dependentes.07. Diante da ausência de quantificação em lei específica, o critério de aferição da renda bruta mensal do segurado seguiráos reajustes incidentes sobre o valor fixado pelo art. 13, da Emenda Constitucional n. 20/98, nos termos das portarias queobservem a paridade com os índices aplicados aos benefícios do regime geral da previdência social.08. No momento da prisão do segurado (17/02/2013, fl. 12), a Portaria Interministerial MPS/MF n. 15, de 10/01/2013, fixavaa baixa renda em R$ 971,78 e não em R$ 915,05, como afirma o INSS. O último salário-de-contribuição do segurado foi deR$ 290,27 (fl. 28), referente a oito dias do mês de agosto de 2012. Por sua vez, o salário-de-contribuição do mês de julhode 2012 correspondeu a R$ 900,49. A alegação da autarquia é a de que se deve considerar o salário-de-contribuição domês de agosto de 2012 de forma proporcional, ou seja, se em oito dias o empregado auferiu R$ 290,27, em trinta dias iriaauferir R$ 1.087,50. Entretanto, reputo incorreta a forma de cálculo sugerida pelo recorrente, uma vez que, no mês dademissão, o empregado tem direito ao pagamento de outras verbas, além do montante referente à remuneração do mês.Não consta nos autos qualquer documento que informe as verbas rescisórias recebidas, motivo pelo qual não é possívelconsiderar que o valor de R$ 290,27 correspondia, unicamente, à remuneração dos dias trabalhados no mês. Sendo assim,desconsidero o mês de agosto de 2012 para fins de aferição do último salário-de-contribuição e defino o mês de julho de2012 como sendo apto a propiciar a concessão do auxílio-reclusão, eis que o valor da remuneração foi de R$ 900,49,inferior ao teto estabelecido pela Portaria Interministerial MPS/MF n. 15, de 10/01/2013.09. Em relação à correção monetária, merece reparo a sentença. As parcelas vencidas deverão ser atualizadasmonetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dadapela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenaçõespecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, daexpressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluídopela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicadosos mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.10. Reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).11. Contudo, consta da sentença que, até 14/03/2013, a correção monetária deve ser calculada com base na TR e, a partirde tal data, com base no INPC-IBGE. A admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica anecessária modificação da sistemática de cálculo da correção adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por se tratar de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto o seguinte julgado do Superior Tribunalde Justiça:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdão

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proferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula da jurisprudência doSTJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”).13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.14. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

23 - 0001309-26.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001309-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x LUCINEIA ROSA.RECURSO Nº 0001309-26.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001309-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LUCINEIA ROSARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. MÃE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA NÃO COMPROVADA. RECURSO DOINSS CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE. TUTELAANTECIPADA REVOGADA. DEVOLUÇÃO DOS VALORES. AUTORIZAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ.

01. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso inominado, às fls. 73/79, contra sentença proferida peloMM. Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 66/69), que julgou procedente pedidopara condenar a autarquia a conceder auxílio-reclusão à autora, bem como pagar os atrasados desde o requerimentoadministrativo (14/02/2012). O recorrente afirma que não há dependência econômica entre o segurado e sua mãe. Sustentaque a autora reside com o companheiro, o qual exerce atividade remunerada. Argumenta que o segurado apenas recebeusalário entre junho e agosto de 2010 e ficou desempregado quase um ano antes da prisão, o que deixa claro que era o filhoquem dependia da mãe. Pugna pela reforma da sentença para que seja julgado improcedente o pedido.02. A autora não ofereceu contrarrazões (fl. 88).03. A recorrida pediu a concessão de auxílio-reclusão, com fundamento no art. 80, da Lei n. 8.213/91, porque seriadependente econômica do seu filho Luan Francisco Rosa (recolhido à prisão em 29 de julho de 2011, fl. 09), a qual lheconferiria a condição de beneficiária, nos termos do art. 16, II, da Lei n. 8.213/91.04. O benefício de auxílio-reclusão é concedido independente do tempo de contribuição, porém o seu recebimento exigirá acondição de segurado de baixa renda do instituidor, o não recebimento de remuneração do empregador ou deauxílio-doença, a apresentação de declaração de permanência na condição de presidiário e a comprovação dadependência econômica pelo beneficiário, quando inexistente presunção legal.05. No presente recurso, a controvérsia cinge-se à existência de dependência econômica da recorrente em relação ao seufilho. Em análise aos autos, não verifico prova de efetiva dependência econômica da demandante em relação ao segurado.Para tanto, saliento que o vínculo empregatício do suposto instituidor do benefício foi breve (01/06/2010 a 16/08/2010 – fl.08), não sendo possível afirmar que a contribuição por ele dada nesse intervalo fosse indispensável ao custeio dasdespesas arcadas pela sua mãe.06. A propósito, destaco que a apuração de efetiva dependência econômica não se restringe à observância estrita daprovisão de subsistência do dependente, como já verificara o extinto Tribunal Federal de Recursos no enunciado 229, dasúmula de sua jurisprudência (“A mãe do segurado tem direito à pensão previdenciária, em caso de morte do filho, seprovada a dependência econômica, mesmo não exclusiva.”). Entretanto, como observam Daniel Machado da Rocha e JoséPaulo Baltazar Júnior (Comentários è Lei de Benefícios da Previdência Social. 4a edição. Porto Alegre: Livraria doAdvogado, 2004, p.85):“Pelo simples fato de os filhos residirem com os pais, em famílias não abastadas, é natural a existência de colaboraçãoespontânea para toda a família. Porém, sendo estas contribuições eventuais, favorecendo o orçamento doméstico, mascuja ausência não implica um desequilíbrio na subsistência dos genitores, há que ser afastada a condição de dependênciados pais. De acordo com o art. 36 da Lei nº 10.741, de 1o de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso): ‘O acolhimento de idososem situação de risco social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência econômica, para os efeitos legais’.”

07. Nas hipóteses em que não haja presunção legal de dependência, a concessão do benefício de auxílio-reclusão exigeque a prisão do segurado provoque transtorno patrimonial no núcleo familiar que se veja desprovido de fonte de renda quecontava para sua manutenção, devendo ser excluídas as situações em que o auxílio econômico prestado era ocasional enão influente no orçamento para as despesas correntes. Nesse sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo

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Tribunal Federal da 3ª Região em julgamento da AC 00074545720104036112 (Rel. Des. Fed. Therezinha Cazerta, DJF318.10.2013):

PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE AUXÍLIO-RECLUSÃO. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA NÃO COMPROVADA.INDEFERIMENTO. AGRAVO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA.- O auxílio-reclusão será devido, nas mesmascondições da pensão por morte, aos dependentes de baixa renda do segurado recolhido à prisão, uma vez preenchidos osrequisitos constantes dos arts. 80 da Lei 8.213/91 e 116 do Decreto 3.048/99.- Sendo pessoa beneficiária a mãe, adependência econômica deve ser demonstrada.- Não comprovada a dependência econômica da mãe em relação ao filho,ante a inexistência de conjunto probatório harmônico e coerente.- A mera afirmação de que a autora passou a suportardificuldades financeiras após a prisão do seu filho não é suficiente, por si só, para caracterizar a dependência econômica.-Ausente a prova da dependência econômica, inviável a concessão do auxílio-reclusão.- Agravo a que se nega provimento.

08. No presente recurso, não restou demonstrado que a renda obtida pelo ex-segurado era imprescindível para a formaçãodo orçamento familiar. Conquanto não se exija que a colaboração patrimonial tenha sido ofertada diuturnamente pelo filhoda parte autora, não há prova de que o reforço econômico prestado fosse essencial para o pagamento das despesasfamiliares, não sendo possível presumir que as condições sócio-econômicas da família do segurado sejam por si suficientespara caracterizar a dependência exigida.09. Destaco que a revogação da antecipação dos efeitos da tutela caracteriza-se como consectário lógico do julgado que dáprovimento ao recurso da parte ré para julgar improcedente o pedido. Com efeito, não se pode cogitar da subsistência datutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência de autonomia em relação ao resultado final do julgamento (art.273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).10. Saliento minha convicção pessoal de que a parte, que recebe valores por força de tutela judicial carente de eficáciadefinitiva, tem ciência da possibilidade de reversão do título e, por conseguinte, assume os riscos inerentes à situaçãojurídica criada. A precariedade dos pagamentos assim efetuados implica o dever de devolução das verbas recebidas emdecorrência de tutela provisória (art. 475-O, II, do Código de Processo Civil), ainda que concedida em sentença suscetívelde ser atacada por recurso despido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuição patrimonial baseadaem suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência do pedido econsequente confirmação da decisão anterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunal deJustiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro HermanBenjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).

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10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

11. Portanto, autorizo a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedido na sentença.12. Ante o exposto, conheço o recurso, e dou-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.14. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

24 - 0006451-11.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006451-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANGELA DA COSTA NEVES(ADVOGADO: ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).RECURSO Nº 0006451-11.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006451-7/01)RECORRENTE: ANGELA DA COSTA NEVESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento aos embargos de declaração, vencido o relator; adotou-se comofundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dêpelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes FederaisFábio Cesar dos Santos Oliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

25 - 0000318-07.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000318-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x CARLOS ROBERTO PIMENTEL(ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).RECURSO Nº 0000318-07.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000318-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CARLOS ROBERTO PIMENTELRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento aos embargos de declaração, vencido o relator; adotou-se comofundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dêpelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes FederaisFábio Cesar dos Santos Oliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

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(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

26 - 0105243-54.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.105243-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x JEAN SANTANA DE JESUS JUNIOR(ADVOGADO: ES012709 - LEANDRO FREITAS DE SOUZA, ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.).RECURSO Nº 0105243-54.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.105243-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JEAN SANTANA DE JESUS JUNIORRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. MENOR IMPÚBERE. INOCORRÊNCIA DE PRESCRIÇÃO. DIB FIXADA NADATA DO ENCARCERAMENTO. ENTENDIMENTO DA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DOS JUIZADOSESPECIAIS FEDERAIS. CORREÇÃO MONETÁRIA. ART. 1º-F DA LEI 9.494/97. RECURSO CONHECIDO EDESPROVIDO.

01. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso inominado, às fls. 69/80, contra sentença proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares (fls. 62/65), que julgou procedente o pedido para condenar a autarquia aconceder auxílio-reclusão ao autor, bem como a pagar os atrasados desde a prisão do segurado instituidor (28/06/2012). Orecorrente afirma que o autor não faz jus à retroação da DIB à data do encarceramento do segurado, tendo em vista que aalteração legislativa em relação às regras da pensão por morte deve ser considerada para o benefício de auxílio-reclusão, enão mais prevalece o entendimento de que os menores e incapazes não são atingidos pela prescrição. Sustenta que o art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina a atualização monetária e a incidência dejuros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. Acrescenta que o Supremo TribunalFederal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) teriadeclarado a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”,contida no art. 100, § 12, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, paradeterminar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobretodo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97,com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legaltambém foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos emcadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito depropriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar ovalor real do crédito a ser pago sob esse regime. Por fim, alega que deve ser observado o limite de 60 salários mínimosvigentes à época do ajuizamento da ação, parâmetro no qual se incluem 12 parcelas vincendas posteriores ao ajuizamentoda ação. Pugna pela reforma parcial da sentença.02. A autora oferece contrarrazões às fls. 84/89, nas quais aponta que o art. 103 da Lei n. 8.213/91 põe a salvo daprescrição o direito dos menores, incapazes e ausentes. Pugna, ainda, pela manutenção dos juros e correção monetárianos moldes fixados na sentença.03. O benefício de auxílio-reclusão é concedido independente do tempo de contribuição, porém o seu recebimento exigirá acondição de segurado de baixa renda do instituidor, o não recebimento de remuneração do empregador ou deauxílio-doença, a apresentação de declaração de permanência na condição de presidiário e a comprovação dadependência econômica pelo beneficiário, quando inexistente presunção legal.04. No presente recurso, uma das controvérsias é representada pela retroação da data de início do benefício deauxílio-reclusão à data do encarceramento do segurado. O INSS argumenta que o fato de o dependente do segurado sermenor impúbere não impede que corra o prazo prescricional. Contudo, entendimento contrário ao esposado pela autarquiafoi firmado pela Turma Nacional de Uniformização, nos seguintes termos:PREVIDÊNCIA SOCIAL. AUXÍLIO-RECLUSÃO. BENEFICIÁRIO MENOR IMPÚBERE À DATA DA ENTRADA DOREQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. EFEITOS FINANCEIROS A CONTAR DA DATA DE ENCARCERAMENTO E NÃODA DATA DE ENTRADA DO REQUERIMENTO. INAPLICABILIDADE DO DISPOSTO NO INCISO II DO ARTIGO 74 DALEI 8.213/1991 AOS MENORES ABSOLUTAMENTE INCAPAZES. REPRESENTATIVO DA TNU NO PEDILEF0508581-62.2007.4.05.8200/PB. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. O requerente pediu, em 15/09/2008, a concessãode auxílio-reclusão pelo encarceramento de seu pai, em 28/05/2005, sendo-lhe deferido da data do requerimento e não dadata do fato gerador, aplicando-se ao caso o disposto no artigo 74, II, da Lei 8.213/1991, dada a sistemática aplicável doquanto disposto em questão de pensão por morte ao caso desta espécie de benefício. Acórdão da Turma Recursalparaense por maioria de votos. A TNU consolidou seu entendimento no julgamento do representativo pedido deuniformização 0508581-62.2007.4.05.8200/PB, da lavra do Juiz Federal Antônio Fernando Schenkel do Amaral e Silva, emSessão de 16/08/2012, determinando que não se aplica o dispositivo aos absolutamente incapazes, dada a sua naturezaprescricional. São devidas as prestações desde o encarceramento, em 28/05/2005. Ante o exposto, voto por conhecer doPedido de Uniformização da Interpretação de Lei Federal e dar-lhe provimento para reafirmar a tese exposta no Pedilef0508581-62.2007.4.05.8200/PB, aplicado aos casos de auxílio-reclusão, para julgar procedente a pretensão do jovem autor

�da demanda, devendo ser pagas as diferenças de 28/05/2005 a 15/09/2008, conforme apurado em liquidação. (PEDILEF00241832920084013900, JUIZ FEDERAL LUIZ CLAUDIO FLORES DA CUNHA, TNU, DOU 27/06/2014 PÁG. 23/71.)

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05. Para análise do índice de correção monetária a ser aplicada, destaco que o Supremo Tribunal Federal, em reiteradosjulgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou atonormativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. EllenGracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG,Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). Reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente hipótese, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).06. O entendimento adotado na sentença recorrida não diverge da posição das Turmas Recursais da Seção Judiciária doEspírito Santo.07. Por fim, no que se refere às prestações vencidas e vincendas para fins de fixação de competência dos JuizadosEspeciais Federais, verifico que a data da prisão do instituidor foi 28/06/2012 (fl. 19) e a data de ajuizamento da ação foi26/09/2013 (fl. 22). Houve o transcurso de apenas 15 meses entre os marcos temporais e o INSS não colacionou amemória de cálculos que indique que o montante a ser pago supera o valor fixado para os Juizados Federais. Afasto,assim, esta alegação recursal.08. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei9.289/1996). Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação(art. 55 da Lei nº 9.099/95)., observada a orientação fixada no enunciado n. 111, da súmula da jurisprudência do STJ.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

27 - 0005961-18.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.005961-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUZIA FERREIRA DA SILVA(ADVOGADO: ES019164 - RENATO JUNQUEIRA CARVALHO, ES014177 - PHILIPI CARLOS TESCH BUZAN.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).RECURSO Nº 0005961-18.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.005961-0/01)RECORRENTE: LUZIA FERREIRA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. MÃE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA NÃO COMPROVADA. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.

1. LUZIA FERREIRA DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 181/190, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 1ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 175/178), que julgou improcedente pedido paracondenar o INSS a conceder-lhe auxílio-reclusão, porque não comprovada a dependência econômica em relação aoinstituidor do benefício. A recorrente sustenta que as testemunhas ouvidas em sede de justificação administrativaconfirmaram que dependia economicamente de seu filho por ocasião do encarceramento. Afirma que a percepção debenefício de pensão por morte não desnatura a relação de dependência mantida com seu filho. Pugna pela reforma dasentença para que seja julgado procedente o pedido.02. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 195/197, nas quais requer o desprovimento do recurso, porque não foramproduzidas provas dos fatos constitutivos do direito da demandante. Nesse sentido, afirma que a autora não eradependente de seu filho, eis que tem rendimento próprio e recebe pensão por morte desde 1992. Argumenta que o filho daautora trabalhou por pouco tempo, o que evidencia a inexistência de dependência econômica da mãe.03. É o relatório.04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.05. A recorrente pediu a concessão de auxílio-reclusão, com fundamento no art. 80, da Lei n. 8.213/91, porque seriadependente econômica do seu filho Rodolfo da Silva Siqueira (recolhido à prisão em 23 de março de 2012, fl. 14), o que lheconferiria a condição de beneficiária, nos termos do art. 16, II, da Lei n. 8.213/91.06. O benefício de auxílio-reclusão é concedido independente do tempo de contribuição, porém o seu recebimento exigirá acondição de segurado de baixa renda do instituidor, o não recebimento de remuneração do empregador ou deauxílio-doença, a apresentação de declaração de permanência na condição de presidiário e a comprovação dadependência econômica pelo beneficiário, quando inexistente presunção legal.07. No presente recurso, a controvérsia cinge-se à existência de dependência econômica da recorrente em relação ao seufilho. Entretanto, compulsando-se os autos, não verifico prova de efetiva dependência econômica da demandante emrelação ao segurado. Para tanto, saliento que os vínculos empregatícios do suposto instituidor do benefício foram breves eesporádicos (15/01/2007 a 15/01/2008, 07/02/2011 a 11/04/2011– fl. 96), não sendo possível afirmar que a contribuição porele dada nesses intervalos fosse indispensável ao custeio das despesas arcadas pela sua mãe.08. A propósito, destaco que a apuração de efetiva dependência econômica não se restringe à observância estrita daprovisão de subsistência do dependente, como já verificara o extinto Tribunal Federal de Recursos no enunciado 229, dasúmula de sua jurisprudência (“A mãe do segurado tem direito à pensão previdenciária, em caso de morte do filho, se

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provada a dependência econômica, mesmo não exclusiva.”). Entretanto, como observam Daniel Machado da Rocha e JoséPaulo Baltazar Júnior (Comentários è Lei de Benefícios da Previdência Social. 4a edição. Porto Alegre: Livraria doAdvogado, 2004, p.85):“Pelo simples fato de os filhos residirem com os pais, em famílias não abastadas, é natural a existência de colaboraçãoespontânea para toda a família. Porém, sendo estas contribuições eventuais, favorecendo o orçamento doméstico, mascuja ausência não implica um desequilíbrio na subsistência dos genitores, há que ser afastada a condição de dependênciados pais. De acordo com o art. 36 da Lei nº 10.741, de 1o de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso): ‘O acolhimento de idososem situação de risco social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência econômica, para os efeitos legais’.”

09. Nas hipóteses em que não haja presunção legal de dependência, a concessão do benefício de auxílio-reclusãoexige que a prisão do segurado provoque transtorno patrimonial no núcleo familiar que se veja desprovido de fonte de rendaque contava para sua manutenção, devendo ser excluídas as situações em que o auxílio econômico prestado era ocasionale não influente no orçamento para as despesas correntes. Nesse sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado peloTribunal Regional Federal da 3ª Região em julgamento da AC 00074545720104036112 (Rel. Des. Fed. Therezinha Cazerta,DJF3 18.10.2013):PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE AUXÍLIO-RECLUSÃO. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA NÃO COMPROVADA.INDEFERIMENTO. AGRAVO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA.- O auxílio-reclusão será devido, nas mesmascondições da pensão por morte, aos dependentes de baixa renda do segurado recolhido à prisão, uma vez preenchidos osrequisitos constantes dos arts. 80 da Lei 8.213/91 e 116 do Decreto 3.048/99.- Sendo pessoa beneficiária a mãe, adependência econômica deve ser demonstrada.- Não comprovada a dependência econômica da mãe em relação ao filho,ante a inexistência de conjunto probatório harmônico e coerente.- A mera afirmação de que a autora passou a suportardificuldades financeiras após a prisão do seu filho não é suficiente, por si só, para caracterizar a dependência econômica.-Ausente a prova da dependência econômica, inviável a concessão do auxílio-reclusão.- Agravo a que se nega provimento.

10. No presente recurso, não restou demonstrado que a renda obtida pelo ex-segurado era imprescindível para a formaçãodo orçamento familiar. Conquanto não se exija que a colaboração patrimonial tenha sido ofertada diuturnamente pelo filhoda parte autora, não há prova de que o reforço econômico prestado fosse essencial para o pagamento das despesasfamiliares, não sendo possível presumir que as condições sócio-econômicas da família do segurado sejam por si suficientespara caracterizar a dependência exigida. De igual modo, as provas testemunhais não autorizam a formação de umaconvicção favorável ao pedido da recorrente, porquanto, embora sinalizem que o filho da parte autora ajudasse namantença da família, elas não permitem que se conclua favoravelmente à imprescindibilidade de tal auxílio às despesas dolar, especialmente porque a autora é titular de benefício de pensão por morte desde 1992, inexistindo indício de que acolaboração do segurado recluso fosse essencial para suprir gastos não comportados pelo benefício já recebido.11. Ante o exposto, conheço o recurso, mas nego-lhe provimento. Sem condenação da recorrente ao pagamento de custase honorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido (art. 12, da Lei n. 1.060/50 – fl. 56).12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à Vara de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

28 - 0002294-58.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002294-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JÉSSICA COSTA XAVIER EOUTRO (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).RECURSO Nº 0002294-58.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002294-1/01)RECORRENTE: JÉSSICA COSTA XAVIERRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. BAIXA RENDA DO SEGURADO (ART. 201, IV, DA CONSTITUIÇÃO DAREPÚBLICA DE 1988). SEGURADO DESEMPREGADO OU SEM RENDA. ATIVIDADE INFORMAL DESCARACTERIZACONDIÇÃO DE DESEMPREGADO. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. O art. 201, IV, da Constituição da República de 1988, em sua redação atual, limitou a concessão de auxílio-reclusão aosdependentes do segurado de baixa renda, a qual é definida e reajustada de acordo com o disposto pelo art. 13, da EmendaConstitucional n. 20/1998.2. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 587.365/SC (DJe 07.05.2009) no regime de repercussão geral,decidiu que a concessão do benefício de auxílio-reclusão deve considerar somente a renda do segurado como parâmetro,não importando a renda de seus dependentes.3. Diante da ausência de quantificação em lei específica, o critério de aferição da renda bruta mensal do segurado seguiráos reajustes incidentes sobre o valor fixado pelo art. 13, da Emenda Constitucional n. 20/98, nos termos das portarias queobservem a paridade com os índices aplicados aos benefícios do regime geral da previdência social.4. No momento da prisão do segurado (14/02/2012, fl. 149), a Portaria Interministerial MPS/MF n. 2, de 06/01/2012, fixava abaixa renda em R$ 915,05. O último salário-de-contribuição do segurado foi de R$ 1.117,99 (fl. 104), referente a fevereirode 2011. Entretanto, restou comprovado que o segurado passou a realizar atividades informais após a cessação do vínculoempregatício, o que descaracteriza a situação de desemprego. Nesse sentido, colaciono julgado da Turma Nacional de

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Uniformização dos Juizados Especiais Federais:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO. CONDIÇÃO DEDESEMPREGADO AFASTADA PELO EXERCÍCIO DE ATIVIDADE INFORMAL. ART. 15, § 2º, DA LEI 8.213/91. NÃOAPLICAÇÃO. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DESPROVIDO. 1. A autora, ora recorrente, pretende a modificação doacórdão que, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos, julgou improcedente o pedido de auxílio-reclusão,sob o fundamento de que não restou comprovada a manutenção da qualidade de segurado de seu filho ao tempo da prisão.Sustenta fazer jus à percepção do aludido benefício, já que a prática de “bicos” não descaracteriza, mas sim corrobora acondição de desempregado do instituidor do benefício, o que permite a extensão do período de graça por mais 12 (doze)meses, nos termos do disposto no art. 15, § 2º, da Lei 8.213/91. Alega que a decisão combatida contraria a jurisprudênciadesta Turma Nacional. Aponta como paradigma o Pedilef 2005.50.50.007072-0. 2. Encontra-se configurada a divergênciaexigida pelo art. 14, § 2º, da Lei 10.259/2001, já que o cerne principal da discussão cinge-se à possibilidade de se aplicar aregra disposta no art. 15, § 2º, da Lei 8.213/91, nos casos em que houver o exercício de atividades autônomas regulares. 3.No tocante ao mérito, sem razão a recorrente. Recentemente, no julgamento de matéria semelhante a esta, envolvendotambém a questão atinente à possibilidade de prorrogação da qualidade de segurado em razão do desemprego, estaTurma afirmou que somente é aplicável o disposto no art. 15, § 2º, da Lei 8.213/91, quando ficar comprovado que osegurado não exerceu nenhuma atividade remunerada (nem mesmo atividade informal) após a cessação das contribuições.Sobre esse assunto, acórdão proferido no julgamento do Pedilef 2009.71.58.010103-0 (DJ 15-5-2012), de relatoria do Sr.Juiz Rogério Moreira Alves, assim ementado na parte que interessa: AGRAVO REGIMENTAL. ADMISSIBILIDADE DEINCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL COMPROVADA. PET7.115. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA. PROVA DA SITUAÇÃODE DESEMPREGO. AUSÊNCIA DE REGISTRO EM ÓRGÃO DO MINISTÉRIO DO TRABALHO. INSUFICIÊNCIA DAANOTAÇÃO EM CTPS. ADMISSIBILIDADE DE QUALQUER MEIO DE PROVA. REABERTURA DA INSTRUÇÃOPROBATÓRIA. 5. A prova da situação de desemprego implica demonstrar não só a ausência de contração de novo vínculode emprego, mas também a ausência de desempenho de quaisquer outras formas de atividade remunerada, como trabalhoautônomo informal. É preciso ficar comprovado que o segurado não exerceu nenhuma atividade remunerada (nem mesmoatividade informal) após a cessação das contribuições. 4. O trabalho esporádico não retira a condição de desempregadopara fins de prorrogação do período de graça. No caso, o filho da autora exerceu atividades informais, mas com certaregularidade, o que descaracteriza a situação de desempregado. 5. Julgamento de acordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 6.

�Pedido de uniformização desprovido. (PEDILEF 201070540021448, JUIZ FEDERAL GLÁUCIO FERREIRA MACIELGONÇALVES, TNU, DOU 15/03/2013.)5. Em que pese o julgado referir-se ao desempenho de atividade informal como apta a desconstituir a prorrogação doperíodo de graça, entendo que a interpretação deve ser estendida para aferição da renda do segurado recluso, emmomento anterior ao seu encarceramento. A comprovação de que houve prestação de atividade informal afasta odesemprego e, consequentemente, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça firmado no julgamento do RESP1.480.461/SP (Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 10.10.2014), no qual restou decidido que oauxílio-reclusão deve ser concedido aos dependentes do segurado desempregado ou sem renda, em período de graça, emobediência ao disposto pelo art. 80, da Lei n. 8.213/91, e pelo art. 116, §1º, do Decreto n. 3.048/99, uma vez que, em taishipóteses, não há salário-de-contribuição quando se deu o recolhimento à prisão.6. Ante o exposto, conheço o recurso, mas nego-lhe provimento. Sem condenação da recorrente ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido (art. 12, da Lei n. 1.060/50 – fl. 90).Dê-se vista ao Ministério Público Federal.7. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à Vara de origem.8. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

29 - 0006424-28.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006424-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DÉBORA ANDREA DE SÁ EOUTROS (ADVOGADO: ES013058 - GLAUCO BARBOSA DOS REIS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0006424-28.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006424-4/01)RECORRENTE: DÉBORA ANDREA DE SÁRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. BAIXA RENDA DO SEGURADO (ART. 201, IV, DA CONSTITUIÇÃO DAREPÚBLICA DE 1988). SEGURADO DESEMPREGADO OU SEM RENDA. CONCESSÃO. RECURSO CONHECIDO EPROVIDO.1. O art. 201, IV, da Constituição da República de 1988, em sua redação atual, limitou a concessão de auxílio-reclusão aosdependentes do segurado de baixa renda, a qual é definida e reajustada de acordo com o disposto pelo art. 13, da EmendaConstitucional n. 20/98.2. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 587.365/SC (DJe 07.05.2009) no regime de repercussão geral,decidiu que a concessão do benefício de auxílio-reclusão deve considerar somente a renda do segurado como parâmetro,não importando a renda de seus dependentes.

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3. Diante da ausência de quantificação em lei específica, o critério de aferição da renda bruta mensal do segurado seguiráos reajustes incidentes sobre o valor fixado pelo art. 13, da Emenda Constitucional n. 20/98, nos termos das portarias queobservem a paridade com os índices aplicados aos benefícios do regime geral da previdência social.4. No momento da prisão do segurado (02/09/2010, fl. 24), a Portaria Interministerial MPS/MF n. 333, de 29/06/2010, fixavaa baixa renda em R$ 810,18. Embora o último salário-de-contribuição fosse superior a esse limite, ele estavadesempregado desde 19/02/2009 (fls. 20 e 29), o que impediu que fosse aferido o salário-de-contribuição consideradonaquela data. Embora o INSS afirme que a concessão do benefício deva observar o último rendimento mensal percebidoenquanto o segurado mantinha vínculo de emprego, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.480.461/SP(Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 10.10.2014), decidiu que o auxílio-reclusão deve ser concedido aosdependentes do segurado desempregado ou sem renda, em período de graça, em obediência ao disposto pelo art. 80, daLei n. 8.213/91, e pelo art. 116, §1º, do Decreto n. 3.048/99, uma vez que, em tais hipóteses, não há salário-de-contribuiçãoquando se deu o recolhimento à prisão.5. Em relação à qualidade de segurado, verifico que apesar de o instituidor do benefício ter encerrado seu últimovínculo de emprego em 19/02/2009, permaneceu desempregado, fato que pode ser comprovado não apenas com aausência de nova anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, mas também pelo recebimento das cincoparcelas do seguro-desemprego (último recebimento em 31/08/2009 – fl. 23). Com isso, o período de graça estende-separa 24 meses, abrangendo a data da prisão do segurado.6. Em relação à autora DÉBORA ANDREA DE SÁ, verifico que houve comprovação da união estável que mantinha com osegurado, através dos seguintes documentos: i) contrato particular de união estável firmado em 25/01/2008 (fls. 16/17); ii)certidão de nascimento dos dois filhos havidos em comum (fls. 18/19); iii) recibo/extrato do plano de saúde do seguradocom indicação da autora e dos dois filhos como beneficiários (fl. 68); iv) comprovantes de residência em comum (fls. 69/70).7. Sendo assim, comprovada a qualidade de dependentes dos autores (companheira e filhos do recluso), bem como aqualidade de segurado do instituidor do benefício, eles fazem jus à percepção do benefício de auxílio-reclusão com DIB em26/10/2010, data do requerimento administrativo (fl. 25).8. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e a incidência dejuros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.9. Recurso dos autores DÉBORA ANDREA DE SÁ, EDUARDA DE SÁ DA CONCEIÇÃO e MATEUS DE SÁ DACONCEIÇÃO conhecido e provido, para julgar procedente o pedido, condenando o INSS a conceder-lhes o benefício deauxílio-reclusão com DIB em 26/10/2010 (data do requerimento administrativo). A atualização monetária deverá ser feitapelo INPC/IBGE e os juros moratórios deverão ser computados à razão de 0,5% (meio por cento) ao mês, a contar dacitação. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

30 - 0000133-03.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000133-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x HELENICE ROSA SENADOR DE ROMA EOUTRO (ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.).RECURSO Nº 0000133-03.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000133-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: HELENICE ROSA SENADOR DE ROMARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. SEGURADO DESEMPREGADO. ART. 1º-F DA LEI 9.494/97. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA REFORMADA DE OFÍCIO PARA ADEQUAÇÃO DA CORREÇÃOMONETÁRIA.

01. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso inominado, às fls. 65/72, contra sentença proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares (fls. 59/64), que julgou procedente o pedido para condenar a autarquia aconceder auxílio-reclusão a CLEZIANE SENADOR ALVES e a HELENICE ROSA SENADOR DE ROMA, bem como apagar as parcelas vencidas desde a data do requerimento administrativo (02/05/2011). O recorrente afirma que o recluso

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possuiu vínculo empregatício até 01/03/2010 e que, na data do recolhimento à prisão (10/02/2011), não ostentava aqualidade de segurado. Sustenta que o último salário-de-contribuição do recluso foi de R$ 922,64, superior ao limite fixadona Portaria n. 568 de 31/12/2010. Aponta que a companheira não apresentou início satisfatório de prova material. Por fim,requer que as parcelas atrasadas sejam limitadas ao valor de sessenta salários mínimos, parâmetro no qual se incluemdoze parcelas vincendas posteriores ao ajuizamento da ação. Pugna pela reforma da sentença.02. As autoras oferecem contrarrazões às fls. 77/86. Alegam que a interpretação das normas previdenciárias deve ser feitaem alusão ao princípio da dignidade humana. Argumentam que as verbas extraordinárias devem ser descontadas para ocômputo do salário-de-contribuição.03. É o relatório.04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.05. O benefício de auxílio-reclusão é concedido independente do tempo de contribuição, porém o seu recebimento exigirá acondição de segurado de baixa renda do instituidor, o não recebimento de remuneração do empregador ou deauxílio-doença, a apresentação de declaração de permanência na condição de presidiário e a comprovação dadependência econômica pelo beneficiário, quando inexistente presunção legal.06. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 587.365/SC (DJe 07.05.2009) no regime de repercussão geral,decidiu que a concessão do benefício de auxílio-reclusão deve considerar somente a renda do segurado como parâmetro,não importando a renda de seus dependentes.07. Diante da ausência de quantificação em lei específica, o critério de aferição da renda bruta mensal do segurado seguiráos reajustes incidentes sobre o valor fixado pelo art. 13, da Emenda Constitucional n. 20/98, nos termos das portarias queobservem a paridade com os índices aplicados aos benefícios do regime geral da previdência social.08. No momento da prisão do segurado (10/02/2011, fl. 20), a Portaria Interministerial MF/MPS n. 568, de 31/12/2010,fixava a baixa renda em R$ 862,11. O segurado trabalhou junto à Prefeitura Municipal de Sooretama entre 12/01/2009 e01/03/2010, com a remuneração de um salário mínimo (fl. 45 – declaração emitida pela Prefeitura). Por sua vez, a autarquiaalega que a remuneração do trabalhador foi de R$ 922,64. De qualquer forma, entendo que não é pertinente a discussão arespeito da última remuneração recebida, tendo em vista que, ao tempo da prisão, o segurado encontrava-sedesempregado. Embora o INSS afirme que a concessão do benefício deve observar o último rendimento mensal percebidoenquanto o segurado mantinha vínculo de emprego, o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento do RESP 1.480.461/SP(Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 10.10.2014), decidiu que o auxílio-reclusão deve ser concedido aosdependentes do segurado desempregado ou sem renda, em período de graça, em obediência ao disposto pelo art. 80, daLei n. 8.213/91, e pelo art. 116, §1º, do Decreto n. 3.048/99, uma vez que, em tais hipóteses, não há salário-de-contribuiçãoquando se deu o recolhimento à prisão. No caso ora em estudo, o autor estava desempregado no momento da prisão.09. Em relação à perda da qualidade de segurado, verifico que o recluso a mantinha no momento do encarceramento. Aúltima contribuição efetuada pelo empregador refere-se ao mês de março de 2010. O apenado deveria recolher acontribuição do mês de abril de 2011 até o dia 15 de maio de 2011. Como sua prisão ocorreu em 10 de fevereiro de 2011,ainda mantinha a qualidade de segurado.10. No que se refere às prestações vencidas e vincendas para fins de fixação de competência dos Juizados EspeciaisFederais, verifico que a data do requerimento administrativo foi 02/05/2011 (fl. 18) e a data de ajuizamento da ação foi06/02/2012 (fl. 25). Houve o transcurso de apenas 10 meses entre os marcos temporais e o INSS não colacionou amemória de cálculos que indique que o montante a ser pago supera o valor fixado para os Juizados Federais. Afasto,assim, esta alegação recursal.11. Em relação à autora HELENICE ROSA SENADOR DE ROMA, verifico que houve comprovação da união estável quemantinha com o segurado, através dos depoimentos testemunhais. Ressalto, por oportuno, trecho da sentença que expôsas razões da procedência do pedido em relação à companheira:No que se refere à condição de companheira da autora HELENICE ROSA SENADOR DE ROMA, verifica-se que a provaoral colhida foi robusta, no sentido de afirmar a existência de uma convivência pública, contínua e duradoura, com o objetivode constituição de família, salientando que o casal teve uma filha, que ocupa o pólo ativo nesta Ação. As duas testemunhasouvidas foram convergentes em seus depoimentos e disseram que o segurado recluso efetivamente convivia com a autoraHelenice e não apontaram qualquer impedimento para a configuração da União Estável. Registre-se, por oportuno, que oúnico óbice apontado para o indeferimento administrativo foi a percepção de rendimentos superiores ao teto fixado pelalegislação previdenciária (fl. 19).

12. No que atine à correção monetária, merece reparo a sentença. As parcelas vencidas deverão ser atualizadasmonetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dadapela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenaçõespecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, daexpressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluídopela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicadosos mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.13. Reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;

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AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).14. Contudo, consta da sentença que a correção monetária deve ser calculada com base no art. 5º da Lei n. 11.960/2009. Aadmissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessária modificação da sistemática decálculo da correção adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao que decidiu o STF nas mencionadas açõesdiretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação da reformatio in pejus, por se tratar de questãosuscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código de Processo Civil; enunciado n. 254, da súmula dajurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito da decisão que declara a inconstitucionalidade ou aconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio aesse entendimento, anoto os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

16. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula da jurisprudência doSTJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”).17. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.18. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

31 - 0000977-25.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000977-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA XAVIER DA CRUZ(ADVOGADO: ES015958 - FABRICIA PERES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:THIAGO COSTA BOLZANI.).RECURSO Nº 0000977-25.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000977-8/01)

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RECORRENTE: MARIA XAVIER DA CRUZRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento aos embargos de declaração, vencido o relator; adotou-se comofundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dêpelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes FederaisFábio Cesar dos Santos Oliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

32 - 0002383-81.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002383-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x PEDRO HENRIQUE DEODATO PEREIRA(ADVOGADO: MG120179 - ALVIMAR CARDOSO RAMOS.).RECURSO Nº 0002383-81.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002383-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: PEDRO HENRIQUE DEODATO PEREIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-RECLUSÃO. SEGURADO RECLUSO DE BAIXA RENDA. ART. 1º-F DA LEI 9.494/97.RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA REFORMADA DE OFÍCIO PARA ADEQUAÇÃO DA CORREÇÃOMONETÁRIA.

01. INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL interpõe recurso inominado, às fls. 96/103, contra sentença proferidapelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 88/91), que julgou procedente opedido para condenar a autarquia a conceder auxílio-reclusão ao autor, bem como a pagar os atrasados desde a data dorequerimento administrativo (28/12/2011). O recorrente afirma que o salário do segurado no mês anterior ao recolhimento àprisão era de R$ 1.180,00 e que não é possível descontar os valores auferidos a título de horas extras para o cômputo dosalário-de-contribuição, tendo em vista que tal verba é de natureza salarial. Pugna pela reforma da sentença.02. O autor não ofereceu contrarrazões.03. É o relatório.04. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso inominado e passo à análise do seu mérito.05. O benefício de auxílio-reclusão é concedido independente do tempo de contribuição, porém o seu recebimento exigirá acondição de segurado de baixa renda do instituidor, o não recebimento de remuneração do empregador ou deauxílio-doença, a apresentação de declaração de permanência na condição de presidiário e a comprovação dadependência econômica pelo beneficiário, quando inexistente presunção legal.06. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 587.365/SC (DJe 07.05.2009) no regime de repercussão geral,decidiu que a concessão do benefício de auxílio-reclusão deve considerar somente a renda do segurado como parâmetro,não importando a renda de seus dependentes.07. Diante da ausência de quantificação em lei específica, o critério de aferição da renda bruta mensal do segurado seguiráos reajustes incidentes sobre o valor fixado pelo art. 13, da Emenda Constitucional n. 20/98, nos termos das portarias queobservem a paridade com os índices aplicados aos benefícios do regime geral da previdência social.08. No momento da prisão do segurado (24/12/2011, fl. 20), a Portaria Interministerial MF/MPS n. 407, de 14/07/2011,fixava a baixa renda em R$ 862,11. O último salário-de-contribuição do segurado foi de R$ 625,08, referente ao mês dedezembro de 2011. Conforme contracheque juntado aos autos à fl. 62, o total de vencimentos do segurado, neste mês, foide R$ 781,04 (incluindo salário contratual integral, hora extra, salário família e descanso remunerado sobre horas extras).Embora o INSS alegue que o fato de o autor não ter trabalhado por todo o mês de dezembro impeça que se considere osalário recebido como salário-de-contribuição, destaco que o salário contratual do demandante era de R$ 695,00, os quais– somados ao salário-família – redundavam em R$ 715,74 (fl. 62). Logo, como corretamente observado pelo ilustremagistrado sentenciante, os valores recebidos pelo trabalho extraordinário prestado pelo autor não devem ser computadoscomo elementos fixos de sua remuneração para definição do salário-de-contribuição. Dessa forma, verifico que não háóbice à concessão do benefício de auxílio-reclusão ao dependente do segurado, visto que preenchidos os requisitosnecessários para tanto. Mesmo com o cômputo das horas extras trabalhadas no mês de dezembro (mês da prisão), odetido se enquadrava como segurado de baixa renda.09. Em relação à correção monetária, merece reparo a sentença. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas

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monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dadapela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenaçõespecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, daexpressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluídopela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicadosos mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.10. Reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).11. Contudo, consta da sentença que a correção monetária deve ser calculada com base no art. 5º da Lei n. 11.960/2009. Aadmissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessária modificação da sistemática decálculo da correção adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao que decidiu o STF nas mencionadas açõesdiretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação da reformatio in pejus, por se tratar de questãosuscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código de Processo Civil; enunciado n. 254, da súmula dajurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito da decisão que declara a inconstitucionalidade ou aconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio aesse entendimento, anoto os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, de

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modo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor dacondenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula da jurisprudência doSTJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidem sobre as prestações vencidas após a sentença”).13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

33 - 0000257-86.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000257-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE DIONIZIO(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULAGHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHOCIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000257-86.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000257-8/01)RECORRENTE: JOSE DIONIZIORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento aos embargos de declaração, vencido o relator; adotou-se comofundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dêpelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes FederaisFábio Cesar dos Santos Oliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

34 - 0001629-76.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001629-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JANIO LOROZA SERAFIM(ADVOGADO: ES009921 - ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO Nº 0001629-76.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001629-8/01)RECORRENTE: JANIO LOROZA SERAFIMRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento aos embargos de declaração, vencido o relator; adotou-se comofundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dêpelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes FederaisFábio Cesar dos Santos Oliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

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35 - 0001422-77.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001422-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA OLIVEIRADUTRA (ADVOGADO: ES009262 - OSNI DE FARIAS JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).RECURSO Nº 0001422-77.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001422-8/01)RECORRENTE: MARIA DA PENHA OLIVEIRA DUTRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. MEMBROS COMPONENTES DO NÚCLEO FAMILIAR. RENDA MÍNIMA MENSALPER CAPITA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de um saláriomínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida por suafamília. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pela Lei n. 12.435/11,que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente, o cônjuge oucompanheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e os enteadossolteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º). O art. 20, da Lei n. 8.742/93, também fixa opatamar etário mínimo para descrição de pessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigente per capita, comoparâmetro para aferição de miserabilidade da família.2. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 580.963/PR (Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJE 14.11.2013), emregime de repercussão geral, rejeitou a possibilidade de adotar-se interpretação com resultado extensivo do critério de ½ dosalário-mínimo vigente, definido em programas sociais, para aferição da condição de privação econômica exigida para aconcessão do benefício de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Contudo, a Corte decidiu que o art. 34, parágrafoúnico, da Lei n. 10.741/2003, seria parcialmente inconstitucional por omissão, porquanto não haveria critério legítimo dedistinção para que os benefícios previdenciários recebidos por idosos, de até um salário mínimo, não fossem excluídos docômputo da renda do núcleo familiar.3. Conjunto probatório contrário ao pedido da parte autora. Renda familiar per capita superior a ¼ do salário-mínimovigente. Condição de miserabilidade não configurada.4. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça (art. 12, da Lei n. 1.060/50).

RELATÓRIO

MARIA DA PENHA OLIVEIRA DUTRA interpõe recurso inominado, às fls. 57/62, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 53/54), que julgou improcedente seu pedido paraconcessão de benefício assistencial de prestação continuada, a contar da data de apresentação do requerimentoadministrativo.

02. Em suas razões, alega que: i) o juízo de primeira instância não levou em consideração o estudo social, queconstatou que o núcleo familiar é composto pela autora, seu esposo e dois netos; ii) o estudo social demonstrou claramenteo estado de miserabilidade da recorrente; iii) a assistência social é um direito do cidadão e dever do Estado, sendo políticade Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada por meio de um conjunto integrado deações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 68/73, argumentando que: i) fugir ao critério da renda legalmente definidofaria com que o magistrado se investisse na função de legislador positivo, uma vez que não foi fixada qualquer outrahipótese legal de avaliação da miserabilidade que não a renda familiar per capita; ii) ainda que se queira criar provas quelevem ao enquadramento do orçamento familiar no limite de ¼ de renda familiar per capita, este último continuaria sendo aúnico meio de prova da miserabilidade para avaliação do direito ao amparo social, pois é o único previsto na Lei Orgânicada Assistência Social, especialmente por já ter sido declarada a não auto aplicabilidade do art. 203, V, da Constituição daRepública de 1988; iii) de acordo com o estudo social, a família é composta por duas pessoas; iv) a renda per capita dafamília é significativamente superior ao limite de ¼ do salário mínimo.

04. Despacho, às fls. 78/83, no qual se determina a intimação do INSS para que manifeste eventual interesse empropor acordo.

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05. O INSS, à fl. 85, afirma a inexistência de interesse na obtenção de acordo.

06. É o relatório.

VOTO

07. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

08. O benefício assistencial, previsto no art. 203, V, da Constituição da República de 1988, será pago, no valor de umsalário mínimo, à pessoa portadora de deficiência e ao idoso incapaz de manter a própria subsistência ou tê-la provida porsua família. A sua disciplina legal segue o disposto pelo art. 20, da Lei n. 8.742/93, com a redação dada pelas Leis n.12.435/11 e 12.470/11, que define os conceitos de família (§1º) - grupo, que viva em coabitação, formado pelo “requerente,o cônjuge ou companheiro, os pais e na ausência de um deles, a madrasta ou o padrasto, os irmãos solteiros, os filhos e osenteados solteiros e os menores tutelados” – e de pessoa portadora de deficiência (§2º). O art. 20, da Lei n. 8.742/93,também fixa o patamar etário mínimo para descrição de pessoa idosa (65 anos) e o limite de ¼ do salário-mínimo vigenteper capita, como parâmetro para aferição de miserabilidade da família.

09. No presente recurso, o requisito etário restou demonstrado, uma vez que a demandante nasceu em 20.05.1945(fl. 3). Entretanto, o pedido para concessão do benefício assistencial de prestação continuada foi julgado improcedente,porque não restou comprovada a miserabilidade do núcleo familiar. Para tanto, o magistrado sentenciante consignou,baseado nas conclusões apresentadas em laudo socioeconômico (fls. 28/35), que, a despeito de a renda familiar serformada exclusivamente pelos proventos de aposentadoria por invalidez recebida pelo cônjuge da autora, ela não viveriaem condições de miserabilidade.

10. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 580.963/PR (Pleno, Rel. Min. GilmarMendes, DJE 14.11.2013), em regime de repercussão geral, rejeitou a possibilidade de adotar-se interpretação comresultado extensivo do critério de ½ do salário-mínimo vigente, definido em programas sociais, para aferição da condição deprivação econômica exigida para a concessão do benefício de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Contudo, aCorte decidiu que o art. 34, parágrafo único, da Lei n. 10.741/2003, seria parcialmente inconstitucional por omissão,porquanto não haveria critério legítimo de distinção para que os benefícios previdenciários recebidos por idosos, de até umsalário mínimo, não fossem excluídos do cômputo da renda do núcleo familiar. A propósito, transcrevo a ementa doacórdão referido:Benefício assistencial de prestação continuada ao idoso e ao deficiente. Art. 203, V, da Constituição. A Lei de Organizaçãoda Assistência Social (LOAS), ao regulamentar o art. 203, V, da Constituição da República, estabeleceu os critérios paraque o benefício mensal de um salário mínimo seja concedido aos portadores de deficiência e aos idosos que comprovemnão possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. 2. Art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993 e adeclaração de constitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal na ADI 1.232. Dispõe o art. 20, § 3º, da Lei8.742/93 que: “considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cujarenda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salário mínimo”. O requisito financeiro estabelecido pela Lei tevesua constitucionalidade contestada, ao fundamento de que permitiria que situações de patente miserabilidade social fossemconsideradas fora do alcance do benefício assistencial previsto constitucionalmente. Ao apreciar a Ação Direta deInconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3.Decisões judiciais contrárias aos critérios objetivos preestabelecidos e processo de inconstitucionalização dos critériosdefinidos pela Lei 8.742/1993. A decisão do Supremo Tribunal Federal, entretanto, não pôs termo à controvérsia quanto àaplicação em concreto do critério da renda familiar per capita estabelecido pela LOAS. Como a Lei permaneceu inalterada,elaboraram-se maneiras de contornar o critério objetivo e único estipulado pela LOAS e de avaliar o real estado demiserabilidade social das famílias com entes idosos ou deficientes. Paralelamente, foram editadas leis que estabeleceramcritérios mais elásticos para concessão de outros benefícios assistenciais, tais como: a Lei 10.836/2004, que criou o BolsaFamília; a Lei 10.689/2003, que instituiu o Programa Nacional de Acesso à Alimentação; a Lei 10.219/01, que criou o BolsaEscola; a Lei 9.533/97, que autoriza o Poder Executivo a conceder apoio financeiro a municípios que instituírem programasde garantia de renda mínima associados a ações socioeducativas. O Supremo Tribunal Federal, em decisõesmonocráticas, passou a rever anteriores posicionamentos acerca da intransponibilidade dos critérios objetivos. Verificou-sea ocorrência do processo de inconstitucionalização decorrente de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas esociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessãode outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro). 4. A inconstitucionalidade por omissão parcial do art. 34,parágrafo único, da Lei 10.741/2003. O Estatuto do Idoso dispõe, no art. 34, parágrafo único, que o benefício assistencial jáconcedido a qualquer membro da família não será computado para fins do cálculo da renda familiar per capita a que serefere a LOAS. Não exclusão dos benefícios assistenciais recebidos por deficientes e de previdenciários, no valor de até umsalário mínimo, percebido por idosos. Inexistência de justificativa plausível para discriminação dos portadores de deficiênciaem relação aos idosos, bem como dos idosos beneficiários da assistência social em relação aos idosos titulares debenefícios previdenciários no valor de até um salário mínimo. Omissão parcial inconstitucional. 5. Declaração deinconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 34, parágrafo único, da Lei 10.741/2003. 6. Recursoextraordinário a que se nega provimento.

11. Passando à análise das provas carreadas aos autos, destaco que o estudo das condições socioeconômicas (fls.28/35) concluiu que a parte autora reside com seu esposo e dois netos, que não compõem o grupo familiar para fins decálculo da renda per capita, sendo a renda familiar exclusivamente composta pelos proventos de aposentadoria por

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invalidez recebida pelo cônjuge da autora, com valor superior a um salário-mínimo. Assim, tem-se que a renda familiar percapita é superior a ¼ do salário-mínimo vigente à época. Em análise da composição da renda familiar, sublinho que o art.20, §1º, da Lei n. 8.742/92, antes da promulgação da Lei n. 12.435/11, remetia às pessoas elencadas no art. 16, da Lei n.8.213/91, para a identificação dos integrantes da família para fins previdenciários, o que não incluía os netos da requerente.

12. Ao proceder à leitura do relatório subscrito pela perita judicial (fls. 28/35), realizado em 12.06.2012, verifico que afamília reside em casa de alvenaria, composta por três quartos, uma sala, uma copa, uma cozinha, área de serviço e umbanheiro. O piso é de madeira nos quartos, de cimento grosso na área de serviço, de cerâmica no banheiro e de cimentofrio na copa e cozinha. O teto é de telhado colonial, forrado com madeira. É equipada com mobília simples, de uso comume algumas em condições ruins de uso. Possui energia elétrica, água encanada e rede de esgoto. A assistente socialconcluiu que a residência apresenta condições ruins de habitabilidade, pois exibe mofos e infiltrações nas paredes, portas eteto, bem como afundamento dos pisos nos quartos, com forte cheiro de madeira mofada por toda a casa. Quanto àsdespesas domésticas, afirmou-se que são gastos, aproximadamente, R$ 500,00 (quinhentos reais) com alimentação, R$70,00 (setenta reais) com conta de energia elétrica, R$ 60,00 (sessenta reais) com conta de água e R$ 35,00 (trinta e cincoreais) com despesas com gás de cozinha. Somam-se a essas despesas, os gastos com os netos e outra que surgem nocotidiano, tais como medicamentos, vestuário, calçados, etc. De igual modo, registrou-se que a parte autora cuida dosnetos desde seu nascimento, pois a genitora, que é filha da recorrente, foi mãe solteira e atualmente está casada, residindoem outro bairro. A renda mensal seria formada pela aposentadoria do esposo, no valor de R$ 1.136,11 (mil cento e trinta eseis reais e onze centavos).

13. O MM. magistrado sentenciante julgou improcedente o pedido, uma vez que a renda mensal per capita dosmembros do núcleo familiar seria superior a ¼ do salário-mínimo vigente, valendo destacar que o marido da autora recebeaposentadoria no valor de R$ 1.136,11 (mil cento e trinta e seis reais e onze centavos), conforme informações prestadas norelatório social (fl. 28).

14. O conjunto das provas carreadas aos autos impede que seja identificada situação peculiar que permita adesconsideração do coeficiente legal da renda mensal per capita de ¼ de salário-mínimo para a concessão do benefícioassistencial, valendo observar que a família da demandante não externa situação de grave miserabilidade que implique asuperação desse limite. Logo, o recurso interposto pela parte autora não deve ser provido.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça, nos termos do art. 12, da Lei n. 1.060/50 (fl. 25).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

17. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

36 - 0004796-67.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004796-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x MARTHA ROSÁRIO PEREIRA (ADVOGADO: ES007990 - SIMONE ELENASOARES, ES003575 - JULIO FERNANDES SOARES.).RECURSO Nº 0004796-67.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.004796-2/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: MARTHA ROSÁRIO PEREIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. SELIC. JUROS DE MORA. INACUMULÁVEL. RECURSO DA UNIÃOCONHECIDO E PROVIDO.1. UNIÃO interpõe recurso inominado contra sentença que julgou extinto o processo, com julgamento do mérito, nos termosdo artigo 269, II, do Código de Processo Civil, em razão do reconhecimento pela ré da procedência do pedido de restituiçãodo imposto de renda incidente sobre valor recebido em ação trabalhista. A recorrente foi condenada a aplicar às parcelasvencidas a correção pela taxa SELIC e juros de mora de 0,5% desde a citação até a data da expedição do requisitório. Arecorrente sustenta que a correção de valor devido não pode ser feita pela taxa SELIC, cumulada com juros de mora. Aduzque a alteração promovida pela Lei n. 11.960/09 não se aplica aos créditos tributários e que a taxa SELIC abrange acorreção monetária acrescida dos juros cabíveis, de modo que a cumulação determinada na sentença importa duplopagamento.2. Intimada, a parte autora não apresentou contrarrazões (fl. 58).3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. Por força da Lei 9.250/1995 e sem afronta ao art. 167, parágrafo único, do CTN, desde 01.01.1996, a SELIC é o critériode atualização do tributo a ser repetido, a ser aplicado desde a data do recolhimento indevido (STJ, RESP 1.111.189). ASELIC não pode ser cumulada com qualquer outro índice, seja de atualização monetária, seja de juros, porque abrange, aum só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real. Por ser norma específica para o Direito Tributário, a Lei9.250/1995 se sobrepõe à redação original do art. 1º-F da Lei 9.494/97.5. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para excluir a condenação da UNIÃO ao pagamento das

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parcelas atrasadas com a incidência de juros de mora à razão de 0,5% ao mês. Sem custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96).Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.6. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.7. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

37 - 0100499-54.2015.4.02.5050/01 (2015.50.50.100499-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ FRANCISCOMONTEIRO (ADVOGADO: ES004396 - MARIA BERNARDETE LAURINDO MONTEIRO.) x CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES008736 - ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO, ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL.).RECURSO Nº 0100499-54.2015.4.02.5050/01 (2015.50.50.100499-2/01)RECORRENTE: JOSÉ FRANCISCO MONTEIRORECORRIDO: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. DANO EXTRAPATRIMONIAL. TEMPO DEESPERA PARA ATENDIMENTO INFERIOR A DUAS HORAS E TRINTA MINUTOS. RECURSO CONHECIDO EDESPROVIDO.1. A avaliação quanto à correta prestação do serviço implica não somente a análise do adimplemento da obrigaçãoprincipal, mas também o exame das expectativas geradas pelo cumprimento idôneo do seu objeto, dentro dos limites daboa-fé objetiva. Desse modo, a contratação do serviço de entidade bancária pressupõe que a sua prestação ocorra emobediência aos padrões de urbanidade, lhaneza e respeito inerentes ao convívio social. A par da previsão em legislaçãomunicipal, é certo que o atendimento a ser prestado, no âmbito das relações de consumo, - a despeito de estipulação deprazo - deve corresponder a uma legítima expectativa do serviço em tempo apropriado, concebida a partir dasconsiderações acerca dos ganhos e riscos assumidos da atividade econômica desempenhada pelo banco, bem como danecessária proteção do direito do consumidor, que não deve despender tempo desproporcional para atendimento de seuspleitos, especialmente quando evidenciado – pelos resultados econômicos positivos do prestador de serviço – que ademora poderia ter sido evitada pelo dispêndio maior de recursos em contratação de empregados que pudessem diminuir otempo de espera excessivo.2. O desrespeito ao tempo plausível de espera para atendimento gera o direito do consumidor a ser indenizado pelo danoextrapatrimonial suportado, o qual não exige prova de situação vexatória ou de dor.3. A admissão de tal premissa não exime o julgador da aferição dos dados objetivos da situação fática narrada pela parteautora, uma vez que a espera excessiva será causa de indenização se demonstrado que o prestador de serviço nãoexperimentava situação excepcional que fugisse à sua capacidade de planejamento para atendimento idôneo4. A parte autora não provou espera por tempo excessivo para ser atendida.5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimentoda gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50

RELATÓRIO

JOSÉ FRANCISCO MONTEIRO interpõe recurso inominado, às fls. 135/139, contra sentença (fls. 128/132) proferida peloMM. Juiz do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santos que julgou improcedente o pedido paracondenar a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ao pagamento de indenização por danos morais. O recorrente sustenta que: i)permaneceu por mais de 1 hora à espera de atendimento em agência bancária, o que lhe teria causado prejuízos de ordemmoral; e ii) a Lei municipal n. 4.025/2003 prevê que a permanência em filas de bancos não pode ultrapassar 20 minutos emdias normais e 30 minutos em véspera ou após feriados prolongados.

02. A Caixa Econômica Federal ofereceu contrarrazões (fls. 143/155), nas quais requer o desprovimento do recurso,sob o fundamento de que a espera em fila de estabelecimento bancário não pode ser considerada como lesão aos direitospersonalíssimos do ser humano, tratando-se, em verdade, de mero contratempo, de mero dissabor.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos processuais, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. A Caixa Econômica Federal, empresa pública federal, está sujeita ao regime jurídico próprio às demais pessoas

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jurídicas de direito privado (art. 173, §1º, II, da Lei n. 8.078/90), submetendo-se à disciplina positivada pelo Código deDefesa do Consumidor, quando configurada a hipótese prevista pelo art. 3º, §2º, da Lei n. 8.078/90 (enunciado n. 247, dasúmula da jurisprudência predominante do Superior Tribunal de Justiça).

06. A assunção do princípio da boa-fé objetiva (art. 4º, III, da Lei n. 8.078/90, e art. 422, do Código Civil vigente) nasrelações contratuais sobressai como parâmetro de lealdade e probidade a ser observado antes e durante a conclusão eexecução da avença. Os contratantes não devem reconhecer seus direitos como posições jurídicas de vantagem que lhepermitam exercê-los além dos limites ordinários de regularidade impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé oupelos bons costumes. Com efeito, o Código Civil vigente, ao equipar o abuso de direito ao ato ilícito, prevê que aquele queexercer direito abusivamente, causando dano a outrem, fica obrigado a indenizá-lo (arts. 187 e 927).

07. Adotada a teoria da responsabilidade civil objetiva pelo Código de Defesa do Consumidor (art. 14, caput), caso oato lesivo, o dano suportado e o nexo de causalidade sejam demonstrados, faz-se presente o dever de indenizar, o qualsomente é excluído se o defeito inexiste ou se este decorreu da culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (art. 14, §3º).

08. Observadas essas diretrizes, destaco que a avaliação quanto à correta prestação do serviço implica não somentea análise do adimplemento da obrigação principal, mas também o exame das expectativas geradas pelo cumprimentoidôneo do seu objeto, dentro dos limites da boa-fé objetiva. Desse modo, a contratação do serviço de entidade bancáriapressupõe que a sua prestação ocorra em obediência aos padrões de urbanidade, lhaneza e respeito inerentes ao convíviosocial. A par da previsão em legislação municipal, é certo que o atendimento a ser prestado, no âmbito das relações deconsumo, - a despeito de estipulação de prazo - deve corresponder a uma legítima expectativa do serviço em tempoapropriado, concebida a partir das considerações acerca dos ganhos e riscos assumidos da atividade econômicadesempenhada pelo banco, bem como da necessária proteção do direito do consumidor, que não deve despender tempodesproporcional para atendimento de seus pleitos, especialmente quando evidenciado – pelos resultados econômicospositivos do prestador de serviço – que a demora poderia ter sido evitada pelo dispêndio maior de recursos em contrataçãode empregados que pudessem diminuir o tempo de espera excessivo.

09. O desrespeito ao tempo plausível de espera para atendimento gera o direito do consumidor a ser indenizado pelodano extrapatrimonial suportado, o qual não exige prova de situação vexatória ou de dor, pois, conforme leciona a melhordoutrina, “Para que exista dano moral, não é preciso que se configure lesão a algum direito subjetivo da pessoa da vítima,ou a verificação de prejuízo por ela sofrido. A violação de qualquer situação jurídica subjetiva extrapatrimonial em queesteja envolvida a vítima, desde que merecedora da tutela jurídica, será suficiente para gerara a reparação” (Maria CelinaBodin de Moraes. Danos à Pessoa Humana. Uma Leitura Civil-Constitucional dos Danos Morais, Rio de Janeiro: Renovar,2003, p. 327). Contudo, a admissão de tal premissa não exime o julgador da aferição dos dados objetivos da situaçãofática narrada pela parte autora, uma vez que a espera excessiva será causa de indenização se demonstrado que oprestador de serviço não experimentava situação excepcional que fugisse à sua capacidade de planejamento paraatendimento idôneo (cf. RESP 1.218.497/MT, Terceira Turma, Rel. Min. Sidnei Beneti, DJE 17.09.2012; AgRg no Ag1.422.960/SC, Quarta Turma, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, DJE 09.04.2012).

10. Na análise das questões controversas no recurso, observo que a parte autora juntou documentos quedemonstram que, no dia 28/11/2014, ela retirou senha para atendimento às 13hs:54mins (fl. 11), o qual foi realizado às15hs (fl. 11). Portanto, permaneceu na fila por 1 hora e 6 minutos, o que não configura tempo desproporcional paraatendimento. Ademais, “A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera emfila de banco não é suficiente para ensejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem serprovocadas pelo usuário” (REsp 1.340.394, STJ, Terceira Turma, Rel.Min. Sidnei Beneti, data do julgamento: 29/05/2013).

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 140).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91009 - CONFLITO DE COMPETÊNCIA

38 - 0000821-94.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000821-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JUÍZO FEDERAL DA VARAFEDERAL DA SERRA x JUIZO FEDERAL DA 1A. VARA DE SÃO MATEUS/ES.RECURSO Nº 0000821-94.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000821-8/01)SUSCITANTE: JUÍZO FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SERRA/ESSUSCITADO: JUIZO FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE SÃO MATEUS/ESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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EMENTA

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. DOMÍCILIO ERRONEAMENTE INFORMADO NA PETIÇÃO INICIAL.CORREÇÃO FEITA EM DEPOIMENTO PESSOAL PRESTADO EM AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO.AUSÊNCIA DE ALTERAÇÃO SUPERVENIENTE DE DOMICÍLIO. DECLARAÇÃO DE OFÍCIO. COMPETÊNCIA DO JUÍZOSUSCITANTE.1. A decisão de declínio de competência, proferida pelo Juízo suscitado, não afronta a regra veiculada pelo art. 87, doCódigo de Processo Civil, uma vez que não se cuida de hipótese de alteração superveniente de domicílio da parte autora, aqual já morava em Serra à data da propositura do feito. De igual modo, inexiste óbice para que o Juízo suscitado declarassesua incompetência de ofício, pois a aplicação da regra do art. 112, do Código de Processo Civil, e da orientação fixada noenunciado n. 33, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, limita-se à hipótese em que o Juízo sejaconcorrentemente competente para processar e julgar o feito, o que não ocorre em caso de demanda previdenciáriaproposta perante Juízo federal que não seja a sede da Seção Judiciária ou cuja competência territorial não abarque omunicípio em que o autor tiver domicílio (art. 109, §3º, da Constituição da República de 1988).2. Conflito de competência conhecido para declarar a competência do Juízo suscitante para processar e julgar o feito.

RELATÓRIO

Trata-se de conflito negativo de competência suscitado pelo Juizado Federal de Serra contra o Juizado Federal de SãoMateus, pelo fato de constatar sua incompetência para apreciação do mérito da causa. Alega o suscitante que adeterminação da competência para o exame da causa se dá no início do processo, com a propositura da ação. Invoca odisposto no artigo 87, do Código de Processo Civil, e aduz que a mudança superveniente de endereço da parte atora nãotem o condão de alterar a competência definida no momento do ajuizamento da ação, sob pena de violação às regrasobjetivas de determinação de competência, bem como ao princípio do juiz natural. Sustenta que a hipótese é de aplicaçãodo enunciado n. 33, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

02. O Juízo suscitado afirma que não detém competência para apreciação de demandas ajuizadas por pessoasdomiciliadas em Municípios incluídos no âmbito da competência de outra vara federal. Aduz que, de acordo com oentendimento consagrado pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região, a divisão interna de uma mesma Seção Judiciária,promovida pela interiorização das varas federais, constitui critério funcional de fixação da competência, destinado aassegurar uma distribuição equânime e eficiente da carga de trabalho. Alega que, nas ações de natureza previdenciária, aopção pelo Autor do foro de julgamento da causa só tem cabimento entre os juízos federais de seu domicílio e da capital doEstado, por expressa determinação do artigo 109, § 3º da Constituição da República de 1988, cujo conteúdo recebeuinterpretação ampliativa pelo enunciado n. 689, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Aduz tratar-sede competência absoluta, com base no critério funcional-territorial.

03 O Ministério Publico Federal oficiou pelo reconhecimento da competência do juízo suscitante, sob o fundamentode que não houve modificação da competência superveniente à propositura da ação (fls. 81/85).

04. É o relatório.VOTO

05. Presentes os pressupostos processuais, recebo o presente Conflito de Competência, nos termos do art. 4º, I,Regimento Interno das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais da 2ª Região.

06. Para melhor análise da questão, destaco que a ação originária foi proposta, em 13/08/2014, por ELIA DA SILVASOUZA em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, para que houvesse a condenação da autarquiaprevidenciária a conceder-lhe pensão por morte. De acordo com a petição inicial, a autora encontrava-se domiciliada noMunicípio de Pinheiros/ES, compreendido na competência do Juizado Especial Federal de São Mateus. A declaração dehipossuficiência de fl. 08, a procuração de fl. 09 e a declaração de domicílio de fl. 12, assinados em agosto de 2013,

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informam que a autora tinha domicílio no Município de Pinheiros. Em audiência de instrução e julgamento, realizada emsetembro de 2014, a autora declarou residir há quase dois anos no Município de Serra (fls. 60/62) e juntou o comprovantede residência de fl. 63, datado de 07/2014, em nome de terceira pessoa. Não obstante a incongruência entre a declaraçãoda parte autora, feita em audiência em setembro de 2014, de que estaria residindo no Município de Serra há quase doisanos e os documentos que instruíram a petição inicial, os quais foram assinados um ano antes do ajuizamento da ação,ocorrido em 2014, entendo prevalecer a afirmação feita perante o Juízo, o qual pode melhor aferir a credibilidade dasdeclarações prestadas, principalmente porque os comprovantes de residência apresentados estão em nome de terceirapessoa. A informação de endereço errado, nos documentos juntados aos autos, deverá ter sua licitude – e eventualrepercussão no âmbito penal – aferida pelo Juízo competente, o que, por ora, não impede que se entenda a prevalência doúltimo endereço comunicado.

07. Ante tal situação fática, a decisão do Juízo suscitado não afronta a regra veiculada pelo art. 87, do Código deProcesso Civil, uma vez que não se cuida de hipótese de alteração superveniente de domicílio da parte autora, a qual jámorava em Serra à data da propositura do feito. De igual modo, não identifico óbice para que o Juízo suscitado declarassesua incompetência de ofício, pois a aplicação da regra do art. 112, do Código de Processo Civil, e da orientação fixada noenunciado n. 33, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, limita-se à hipótese em que o Juízo sejaconcorrentemente competente para processar e julgar o feito, o que não ocorre em caso de demanda previdenciáriaproposta perante Juízo federal que não seja a sede da Seção Judiciária ou cuja competência territorial não abarque omunicípio em que o autor tiver domicílio (art. 109, §3º, da Constituição da República de 1988). A propósito, transcrevotrecho do cuidadoso parecer do Ministério Público Federal (fls. 84/85):“Diversamente do que sustenta o juízo suscitante, não houve modificação da competência superveniente à propositura daação. A incompetência do juízo perante o qual ela foi proposta é congênita, já que a própria parte autora declarou residir noMunicípio da Serra/ES desde antes do ajuizamento, nos seguintes termos (fl. 60):INICIADA A AUDIÊNCIA, a autora declarou residir a quase 2 (dois) anos no município da Serra/ES, no endereço RuaAmapá, nº 306, bairro Bicanga, Serra/ES, telefone 99767-5419.Ademais, a ação foi protocolada em 13 de agosto de 2014 (fl. 01) e o comprovante de residência apresentado na audiênciade conciliação, instrução e julgamento se refere ao mês de julho de 2014 (fl. 63), a confirmar que a autora, de fato, tal comodeclarara em audiência, residia na Serra/ES desde antes da propositura da ação.Por derradeiro, de se destacar que o princípio da perpetuatio jurisdictionis não prevalece sobre as hipóteses deincompetência absoluta, que é reconhecível de ofício e deve ser declarada a qualquer tempo (art. 113 do CPC).Sendo assim, além da incompetência absoluta demonstrada, seria no mínimo temerário admitir que os jurisdicionadosajuizassem ações em juízos diversos dos postos à sua disposição pela lei e pela Constituição – no caso em mesa, o juízode domicílio da autora ou o da capital do Espírito Santo -, o que implicaria, aí sim, violação ao princípio do juízo natural.”

08. Nesse sentido, posicionou-se o Tribunal Regional Federal da 3ª Região em julgamento de questão análoga (CC00057423020134030000, Terceira Seção, Rel. Juiz Federal Douglas Gonzáles, e-DJF3 25/09/2013):AGRAVO LEGAL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. ART. 120, PAR. ÚNICO, DO CPC. TEMPESTIVIDADERECURSAL. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. CABIMENTO DO AGRAVO LEGAL. NATUREZA DACOMPETÊNCIA ENTRE AS SUBSEÇÕES JUDICIÁRIAS DA JUSTIÇA FEDERAL. COMPETÊNCIA ABSOLUTA.I. Computar-se-á o prazo em dobro para recorrer quando a parte for o Ministério Público (CPC, art. 188). O Parquet Federaltomou ciência da decisão agravada em 14.06.2013 - sexta-feira, sendo certo que o prazo de dez dias para interpor opresente agravo iniciou em 17.06.2013 e findou em 26.06.2013, nos termos dos art. 120, parágrafo único c.c o art. 184,ambos do CPC. Interposto o presente agravo 26.06.2016, mostra-se tempestivo o recurso.II. Evidencia-se a legitimidade recursal do Ministério Público Federal para interpor o agravo legal previsto no art. 120, par.único, do CPC, dada a sua intervenção obrigatória nos autos de Conflito de Competência, conforme preconiza o parágrafoúnico do art. 116 do CPC. Ademais, o art. 499, § 2º, do CPC, autoriza a interposição de recurso pelo Ministério Público nosprocessos em que é parte, bem como naqueles em que oficiou como fiscal da lei, como é o caso em apreço. Neste sentidotambém é o entendimento consagrado na Súmula nº 99 do C. STJ.III. A hipótese aceita a medida processual manejada pelo Órgão Ministerial a esta E. Seção Especializada (agravo legal),habilitando-se o recurso ao reexame da matéria impugnada, nos termos do par. único do art. 120 do CPC.IV. A competência no âmbito da Justiça Federal é concorrente apenas entre o Juízo Federal da Subseção Judiciária em quea parte autora é domiciliada ou que possua jurisdição sobre tal município e o Juízo Federal da Capital do Estado-Membro,ressalvada a opção do segurado prevista no art. 109, § 3º, da Constituição Federal (delegação de competência à JustiçaEstadual). Neste sentido, a Súmula nº 689 da Suprema Corte.V. A norma insculpida no art. 109, § 3º, tem por escopo garantir o exercício do direito de ação ao hipossuficiente. Assim,não é facultado ao segurado optar, por mera conveniência, entre as diversas Subseções Judiciárias que compõem a SeçãoJudiciária da respectiva unidade federativa, sob pena de desvirtuar os princípios e normas constitucionais preconizados nosarts. 5º, XXXV e 109, § 3º, que resguardam o amplo acesso à Justiça, implicando, inclusive, em ofensa ao princípio do juiznatural e às normas constitucionais que regem a distribuição da competência.VI. A parte autora da demanda previdenciária tem domicílio no município de Taubaté, sede de Vara Federal (JuízoSuscitante), não podendo ajuizar a demanda previdenciária no Juízo Federal da 1ª Vara de São José do Campos/SP, quenão possui jurisdição sobre tal município, nem se situa na capital do Estado-Membro. Cuida-se de competência funcional(absoluta) e não territorial (relativa), sendo insuscetível de prorrogação, o que admite a declaração da incompetência deofício, na forma do art. 113 do CPC.VII. É assente a orientação pretoriana, reiteradamente expressa nos julgados desta Corte, no sentido de que o órgãocolegiado não deve modificar a decisão do Relator, salvo na hipótese em que a decisão impugnada não estiverdevidamente fundamentada ou padecer dos vícios da ilegalidade e abuso de poder, que possam gerar dano irreparável oude difícil reparação.

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VIII. Agravo legal do Ministério Público Federal não provido.

09. Ante o exposto, conheço o Conflito Negativo de Competência, e declaro competente para conhecer e julgar acausa o Juízo suscitante, qual seja, o do Juizado Especial Federal da Subseção Judiciária de Serra.

10. Dê-se ciência, por ofício, aos Juízes envolvidos no Conflito.

11. Oportunamente, baixem os autos na distribuição e arquivem-se.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

39 - 0106034-95.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.106034-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GISELA PAGUNG TOMAZINI.) x ROBERTO CARLOS BATISTA (ADVOGADO:ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE, ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS, ES011598 - MARIANAPIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS, ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ.).RECURSO Nº 0106034-95.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.106034-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ROBERTO CARLOS BATISTARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. ART. 29, II, DA LEI 8.213/1991. INTERESSE DE AGIR. AÇÃO CIVILPÚBLICA Nº 2320-59.2012.403.6183. PRAZO PRESCRICIONAL. MEMORANDO 21/DIRBEN/PFE/INSS, DE 15/04/2010.CORREÇÃO MONETÁRIA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença que julgou procedente pedido para condená-lo ao pagamento dasdiferenças devidas em decorrência da revisão da renda mensal inicial de benefício previdenciário, nos termos do art. 29, II,da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.876/99, a serem atualizadas monetariamente com base no INPC, eacrescidas de juros moratórios, nos termos do art. 1º-F, da Lei. 9.494/97, com as alterações promovidas pela Lei n.11.960/09.2. Em suas razões recursais, o INSS sustenta: i) ausência de interesse processual, porque o benefício recebido pela parteautora já teve sua renda mensal corrigida e as parcelas vencidas serão pagas administrativamente, nos termos datransação homologada nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183; e ii) o cronograma para pagamentoadministrativo dos valores em atraso pretendeu conciliar a urgência dos interesses dos segurados e a necessidade depreservação do equilíbrio orçamentário da Seguridade Social; iii) prescrição quinquenal. No que tange à atualizaçãomonetária, aduz que o STF ainda não decidiu acerca da modulação dos efeitos da decisão proferida no julgamento dasADIs 4.357/DF e 4.425/DF, devendo ser reconhecida a plena aplicabilidade da Lei 9.494/1997, com as alteraçõespromovidas pela Lei 11.960/2009. Prequestiona os artigos 5º, XXXV e 250, da Constituição Federal, os artigos 103 e 104 daLei 8078/90, c/c art. 543-C, do Código de Processo Civil, artigo 127, da Constituição Federal c/c artigo 21, da Lei 7347/85 eartigos 81, III e 82 da Lei 8078/90, e, ainda, os artigos 3º e 267, VI, do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls.76/85.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010, e o Memorando-Circular 28/INSS/DIRBEN, de17/09/2010, foram expedidos para que a autarquia previdenciária procedesse à revisão dos benefícios de incapacidade epensões derivadas destes, com DIB anterior a 29.11.1999, em que, no período básico de cálculo tenham sido computados100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição, a fim de que esses benefícios fossem revistos para que fossemconsiderados somente os 80% (oitenta por cento) maiores salários-de-contribuição, tendo-se em vista o disposto pelo art.75, segunda parte, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Lei n. 9.528/97, c/c art. 29, II, da Lei n. 8.213/91, de acordocom as alterações promovidas pela Lei n. 9.876/99. O reconhecimento do direito dos segurados não implicou a revisãoimediata dos benefícios, a qual decorreria de requerimento do interessado ou de processo de revisão desencadeado porqualquer outro motivo (item 4.3, do Memorando-Circular Conjunto 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15/04/2010), tendo sidosomente revistos os benefícios abrangidos por força da sentença que homologou transação nos autos da ação civil públican. 0002320-59.2012.403.6183, a qual definiu cronograma de até dez anos para a revisão dos benefícios e pagamento dasparcelas vencidas.5. A revisão da renda mensal do benefício em âmbito administrativo não elimina o interesse processual da parte autora emajuizar demanda para que haja o pagamento das parcelas vencidas por condenação em ação judicial individual, a ser

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satisfeita em prazo menor, consoante a jurisprudência das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo. Apropósito, assinalo que tal orientação baseia-se na interpretação conjunta dos arts. 81, III, e 104, da Lei n. 8.078/90, osquais incidem na presente hipótese por força da interpretação sistemática dos arts. 21, da Lei n. 7.347/85, e 90, da Lei n.8.078/90, a qual permite que se infira a existência de “um verdadeiro microssistema de processos coletivos, composto peloCódigo – que também criou a categoria dos interesses ou direitos individuais homogêneos – e pela Lei n. 7.347/85,interagindo mediante a aplicação recíproca das disposições dos dois diplomas” (Ada Pellegrini Grinover. Direito ProcessualColetivo. In Direito Processual Coletivo e o anteprojeto de Código Brasileiro de Processos Coletivos. Coords. Ada PellegriniGrinover, Aluísio Gonçalves de Castro Mendes, Kazuo Watanabe. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 11). Logo,inexistindo litispendência entre a ação individual e a ação civil pública, proposta para a defesa de direitos individuaishomogêneos, a coisa julgada formada na ação coletiva não impede que o titular de direito individual homogêneo proponhademanda para que a sua pretensão seja contemplada em maior extensão, tal como ocorre na presente hipótese, na qual adata de satisfação plena do crédito do titular do benefício não é próxima.6. No que se refere à prescrição, a Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais definiu que o prazoprescricional do exercício do direito à revisão da Renda Mensal Inicial (RMI) dos benefícios previdenciários pelo artigo 29,inciso II, da Lei n o. 8.213/91, tem por marco inicial o Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abrilde 2010, uma vez que o ato administrativo reconheceu publicamente a ilegalidade do cálculo efetivado pela Administraçãoe, assim sendo, importou em renúncia tácita por parte do INSS aos prazos prescricionais em curso, que voltaram a fluirintegralmente a partir da publicação do referido Memorando e não pela metade (art. 9º, do Decreto n. 20.910/32), pois aAdministração Pública não praticou ato incompatível com o interesse de saldar a dívida (cf. TNU, PEDILEF00129588520084036315, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, DOU 14.03.2014, PP. 154/159; STJ, RESP1.270.439/PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013).7. A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais também consolidou o entendimento de que, atécinco anos após a publicação do Memorando-Circular Conjunto n. 21/DIRBEN/PFEINSS, de 15 de abril de 2010, é possívelrequerer a revisão da renda mensal inicial, administrativa ou judicialmente, com a retroação dos efeitos financeiros a contarda data de concessão do benefício (cf. TNU, PEDILEF 50000472320134047100, Rel. Juiz Federal Bruno Leonardo CâmaraCarrá, DOU 16.05.2014, PP. 125/165).8. No recurso sob exame, o pedido de revisão relaciona-se a dois benefícios, o primeiro concedido em 26/07/2007 ecessado em 30/11/2008 (521.349.230-0 – fl. 10) e o segundo, concedido em 13/03/2009 e cessado em 31/12/2012 (NB534.708.488-6 – fl. 11). A presente demanda foi ajuizada em 23/09/2011 (fl. 27), antes do decurso do prazo prescricional de5 (anos) contados da publicação do referido Memorando-Circular. A sentença determinou o pagamento dos valoresreconhecidos pelo INSS (fl. 17), sobre os quais não incidiu a prescrição quinquenal, uma vez que a autarquia considera adata da sua citação nos autos da ação civil pública nº 0002320-59.2012.4.03.6183, ocorrida em 17/04/2012, como marcoinicial da prescrição.9. Em relação aos critérios de atualização das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamentodas ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.10. Reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente situação, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRgno Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).11. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o INSS ao pagamento dehonorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL

40 - 0001565-86.2014.4.02.5053/01 (2014.50.53.001565-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.) x ANDRÉA MARIA COSTA PITTOL RIGO.RECURSO Nº 0001565-86.2014.4.02.5053/01 (2014.50.53.001565-7/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: ANDRÉA MARIA COSTA PITTOL RIGO

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RELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

RECURSO CONTRA DECISÃO QUE ANTECIPOU OS EFEITOS DA TUTELA. LIBERAÇÃO DE MERCADORIASPROVENIENTES DO EXTERIOR. NATUREZA SATISFATIVA. RECURSO PROVIDO.

UNIÃO interpõe recurso contra decisão proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que deferiu orequerimento de antecipação dos efeitos da tutela nos autos do processo n. 0001565-86.2014.4.02.5053, para determinarque a ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos procedesse à liberação do produto proveniente do exterior(UR801990042YP), independentemente do pagamento do imposto de importação (fls. 29/31).

2. A recorrente alega que a decisão recorrida viola a regra do artigo 1º da Lei n. 2.770/56, que veda a concessão deliminares para liberação de mercadorias provenientes do exterior, e a regra do artigo 273, §2º, do Código de Processo Civil,por ostentar caráter satisfativo. Aduz que o valor do tributo não recolhido, no caso de liberação da mercadoria, é depequena monta, inferior, portanto, ao próprio custo de movimentação do aparato estatal para a sua recuperação. Invoca oart. 165, do Decreto-Lei n. 37/66 c/c art. 2º, da Lei n. 2.770/56. Pugna pela concessão do efeito suspensivo para determinaraos Correios que seja mantida a retenção da mercadoria até o efetivo recolhimento do imposto de importação devido. Pedeque, ao final, o presente recurso seja provido para que seja cassada a liminar deferida.

3. Documentos juntados às fls. 10/34.

4. Decisão, de fls. 35/38, na qual foi deferida liminar.

5. Ofício expedido ao MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares para comunicar-lhe a decisão proferida à fl. 39.

6. A parte recorrida não apresentou contrarrazões, apesar de intimada (fls. 46 e 48).

7. É o Relatório.

8. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

9. O Decreto-Lei nº 1.804/80, no art. 2º, II, estabelece que as remessas de até cem dólares são isentas do imposto deimportação quando destinados a pessoas físicas, nada mencionando sobre o remetente. A Portaria MF nº 156/99 e a INSRF 096/99 passaram a exigir que tanto o destinatário quanto o remetente fossem pessoas físicas e diminuiu o valor daisenção para o limite de US$ 50,00 (cinquenta dólares). Com base no princípio da legalidade, o Juízo a quo deferiu o pedidode antecipação dos efeitos da tutela nos autos do processo n. 0001565-86.2014.4.02.5053, para determinar que a ECT –Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos procedesse à liberação do produto proveniente do exterior (UR801990042YP),independentemente do pagamento do imposto de importação

10. Contudo, a decisão liminar que determina o desembaraço aduaneiro, ainda que a causa de retenção do bem estejafundamentada em exigência tributária relacionada ao pagamento de imposto de importação, tem natureza satisfativa e, porconseguinte, deve ser antecedida de cuidadosa avaliação em razão da elevada probabilidade de irreversibilidade damedida. Tal cotejo não passou despercebido pelo legislador, como se depreende da regra positivada pelo art. 1o, da Lei n.2.270/56, que dispões, in verbis:“Art. 1o - Nas ações e procedimentos judiciais de qualquer natureza, que visem obter a liberação de mercadorias, bens oucoisas de qualquer espécie procedentes do estrangeiro, não se concederá, em caso algum, medida preventiva ou liminarque, direta ou indiretamente, importe na entrega da mercadoria, bem ou coisa”

11. A possibilidade de superação da referida regra somente deve ocorrer se a proibição nela veiculada possa afetar oexercício de direito constitucional de forma desproporcional, o que não se verifica na hipótese em que – sem garantia doJuízo – o importador pretenda a liberação ou desembaraço de bem ou mercadoria para uso pessoal, prescindível para amanutenção de sua saúde ou vida. Nesse sentido, observo que o Superior Tribunal de Justiça, em reiterados julgadosposiciona-se favoravelmente à aplicação do art. 1º, da Lei n. 2.270/56, o qual não teve sua vigência afastada mediante apromulgação das Leis ns. 8.437/92 e 9494/97, conforme é possível inferir das seguintes ementas:PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. MULTA DO ART. 538,P. ÚN., DO CPC. AFASTAMENTO. APLICAÇÃO DA SÚMULA N. 98 DESTA CORTE SUPERIOR. PODER DE POLÍCIA.MERCADORIAS PROVENIENTES DO ESTRANGEIRO. TUTELA ANTECIPADA VISANDO SUA LIBERAÇÃO.IMPOSSIBILIDADE. ART. 1º DA LEI N. 2.770/56.1. Os órgãos julgadores não estão obrigados a examinar todas as teses levantadas pelo jurisdicionado durante umprocesso judicial, bastando que as decisões proferidas estejam devida e coerentemente fundamentadas, em obediência aoque determina o art. 93, inc. IX, da Lei Maior. Isso não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC. Precedente.2. Presente o nítido caráter prequestionador, deve ser afastada a multa aplicada pela origem com base no art. 538, p. ún.,do CPC, na forma da Súmula n. 98 do Superior Tribunal de Justiça.3. Embora o Supremo Tribunal Federal (STF) venha sinalizando pela necessidade de conferir interpretação conforme àsnormas que vedem genericamente a concessão de tutela antecipada, não existe pronunciamento específico acerca do art.1º da Lei n. 2.770/56, que permanece vigente e, portanto, deve ser aplicada, sob pena de desrespeito à Súmula Vinculanten. 10.

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4. Na espécie, trata-se de mercadorias provenientes do exterior apreendidas pelo Fisco em razão da suspeita desubfaturamento, com possível aplicação da pena de perdimento. Plenamente incidente, pois, o art. 1º da Lei n. 2.770/56.Precedentes.5. O art. 273, § 2º, do CPC veda a concessão de tutela em situações nas quais haja perigo de irreversibilidade doprovimento judicial. Frise-se que o desembaraço antecipado das mercadorias (kits de cartas de baralho), considerando serpossível a venda a varejo, pode impedir eventual cominação do perdimento.6. Recurso especial parcialmente provido.(RESP 1.184.720/DF, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 01.09.2010) TRIBUTÁRIO – IMPORTAÇÃO – LIBERAÇÃO DE MERCADORIAS ESTRANGEIRAS: PROIBIÇÃO – LEI N. 2.770/56.1. A concessão de liminar para liberação de mercadorias estrangeiras está vedada pelo art. 1° da Lei 2.770/56.2. Recurso especial provido.(RESP 666.092/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 30.05.1995)

12. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para suspender decisão que autorizou a retirada de bemimportado (UR801990042YP), de agência da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafo. Sem condenação em custasprocessuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art.55, da Lei n. 9.099/95.

13. Certificado o trânsito em julgado, comunique-se o teor do acórdão ao juizado de origem, dê-se baixa e arquivem-se osautos.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

41 - 0000446-21.2013.4.02.5055/01 (2013.50.55.000446-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x MARINALDO RODRIGUES DA COSTA FILHO(ADVOGADO: ES012643 - THIAGO AARÃO DE MORAES.).RECURSO Nº 0000446-21.2013.4.02.5055/01 (2013.50.55.000446-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARINALDO RODRIGUES DA COSTA FILHORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento aos embargos de declaração, vencido o relator; adotou-se comofundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dêpelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes FederaisFábio Cesar dos Santos Oliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

42 - 0006292-97.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006292-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x SERGIO RENAN DA SILVANASCIMENTO (ADVOGADO: ES021174 - OHANNA OLIVEIRA RUY, ES014055 - IVOMAR RODRIGUES GOMESJUNIOR.).RECURSO Nº 0006292-97.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.006292-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SERGIO RENAN DA SILVA NASCIMENTORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento aos embargos de declaração; por conseguinte o recurso inominado doINSS foi provido, restando suprimida a condenação em honorários advocatícios, vencido o relator; adotou-se comofundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dêpelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes FederaisFábio Cesar dos Santos Oliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

43 - 0107056-28.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.107056-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MIGUEL IGNACIO DA COSTA(ADVOGADO: ES020113 - MARILZA GONÇALVES DE AMORIM, ES016750 - Everaldo Martinuzzo de Oliveira.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0107056-28.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.107056-6/01)RECORRENTE: MIGUEL IGNACIO DA COSTARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO. ATIVIDADE RURAL NÃO COMPROVADA.RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.1. O benefício de pensão por morte independe de período de carência (art. 26, I, da Lei nº 8.213/91), todavia, a suaconcessão exige a qualidade de segurado do extinto contribuinte e a comprovação da dependência econômica pelobeneficiário (art. 74, da Lei nº 8213/91), a qual é presumida na presente hipótese.2. Ausência de prova da qualidade de segurado especial, em regime de economia familiar.5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos doart. 12, da Lei n. 1.060/50.

RELATÓRIO

MIGUEL IGNACIO DA COSTA interpõe recurso inominado, às fls. 112/118, contra sentença (fls. 107/109) proferida peloMM. Juiz 1º do Juizado Especial da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente pedido para condenar oINSS a conceder-lhe o benefício de pensão por morte de seu cônjuge. Em suas razões, alega que a instituidora da pensãoostentava a qualidade de segurada especial na data do óbito e que o julgamento de improcedência desconsiderou oconjunto das provas carreadas aos autos. Aduz que o documento de fl. 19, em nome do autor, faz prova extensiva àesposa. Afirma que, analisando as condições da parte autora, pode-se confirmar, em tese, o direito da esposa àaposentadoria por idade rural, porque ela possuía mais de 55 anos de idade e comprovaria mais de 60 meses de atividaderural.

02. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 123/125, nas quais requer o desprovimento do recurso.

03. É o relatório.VOTO

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04. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. O benefício de pensão por morte independe de período de carência (art. 26, I, da Lei nº 8.213/91), todavia, a suaconcessão exige a qualidade de segurado do extinto contribuinte e a comprovação da dependência econômica pelobeneficiário (art. 74, da Lei nº 8213/91), a qual é presumida na presente hipótese.

06. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à demonstração da qualidade de segurada da instituidorado benefício, Sra. Olinda de Souza Costa, na condição de segurada especial. Para comprovar suas alegações, a parteautora juntou: i) certidão de casamento, na qual consta a profissão da parte autora como lavrador e de sua esposa comodoméstica, em 1970 (fl. 13); ii) certidão de óbito da Sra. Olinda de Souza Costa, ocorrido em 24/03/1994, na qual consta aqualidade de aposentada (fl. 14); iii) contrato de parceria agrícola, no qual consta o autor como parceiro outorgado, cominício em 30/08/1993 e término em 30/08/1996, firmado em 30/08/1993 (fls. 16/17); iv) contrato de empreitada de formaçãode café firmado em 06/08/1985, em nome do autor (fl. 18); v) carteira de identidade do INAMPS, na qual consta a qualidadede trabalhador rural do autor (fl. 19); vi) carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais em Afonso Cláudio, Laranja daTerra e Brejetuba, em nome do autor, com admissão em 31/05/1994 (fl. 65); vii) declaração do Sr. Anderson CurpetinoEutropio, informando que a Sra. Olinda trabalhou, como meeira na propriedade rural de seu pai, no período de 1980 a06/08/1990 (fl. 67); viii) declaração do Sr. Bertildo Tesch informando que a Sra. Olinda exerceu atividade rural napropriedade pertencente a Jorge Oliveira Rocha, no período de 07/08/1991 a julho de 1992 (fl. 70).

07. O demandante, na entrevista rural, afirmou que a Sra. Olinda teria parado de trabalhar na lavoura no início de1992 e mudou-se para a área urbana, em Afonso Cláudio (fl. 81). As testemunhas afirmaram, na justificação administrativa,que a Sra. Olinda era trabalhadora rural (fls. 94/99).

08. Da análise do acervo probatório, concluo que a parte autora não provou que a instituidora do benefício tinha aqualidade de segurada especial. O contrato de parceria agrícola firmado a partir de 1993, em nome da parte autora, nãoteria sido cumprido por sua esposa que já residia na área urbana de Afonso Cláudio. A carteira do Sindicato dosTrabalhadores Rurais em Afonso Cláudio, Laranja da Terra e Brejetuba, em nome do autor, foi expedida após o óbito daSra. Olinda. E, conforme ressaltado na sentença, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais em Afonso Cláudio informou quenão poderia emitir declaração de atividades rural em nome da Sra. Olinda porque, após análise in loco, não ficoucomprovada a qualidade de segurada especial da esposa do autor (fl. 84). Ademais, a certidão de óbito da supostainstituidora do benefício, cujo declarante foi o Sr. Vicente Inácio da Costa, contém referência à sua qualidade de“aposentada” (conforme informado pelo INSS, beneficiária de pensão por morte de industriário – fl. 73). Ressalto que odocumento de fl. 19 não comprova, por si só, a qualidade de segurada especial da Sra. Olinda. Sendo assim, também nãorestou comprovado, com base na análise das condições da parte autora, que a Sra. Olinda preenchia os requisitosnecessários à concessão de aposentadoria por idade rural.

09. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, nos termos do art. art. 12, da Lei n. 1.060/50, em razão do benefício de gratuidade de justiçaconcedido à fl. 25.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

44 - 0000235-25.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000235-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDILSON DOS SANTOSALMEIDA (ADVOGADO: MG129454 - GASPARINO RODRIGUES DOS SANTOS JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0000235-25.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000235-6/01)RECORRENTE: EDILSON DOS SANTOS ALMEIDARECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento aos embargos de declaração, vencido o relator; adotou-se comofundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dêpelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes FederaisFábio Cesar dos Santos Oliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

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Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

45 - 0000114-94.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000114-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x SANDRA MARIA JESUS SILVERIO(ADVOGADO: ES014442 - HELGA CATARINA P. DE MAGALHÃES.).RECURSO Nº 0000114-94.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000114-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SANDRA MARIA JESUS SILVERIORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA (VENCIDO EM PARTE)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DA MÃE EM RELAÇÃO AO INSTITUIDOR DOBENEFÍCIO NÃO COMPROVADA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. O benefício de pensão por morte, na hipótese do art. 16, II, §4º, da Lei n. 8.213/91, deve ser concedido se a morte dosegurado provoca transtorno patrimonial no núcleo familiar que se vê desprovido de fonte de renda que contava para suamanutenção, devendo ser, assim, excluídas as situações em que o auxílio econômico prestado era ocasional e nãoinfluente no pagamento das despesas correntes.2. Hipótese na qual não restou comprovado que a renda obtida pelo ex-segurado era imprescindível para a formação doorçamento familiar.3. Recurso conhecido e provido para julgar improcedente o pedido formulado pela parte autora. Sem condenação emcustas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordocom o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 41/47, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal deLinhares (fls. 35/37) que julgou procedente pedido feito por SANDRA MARIA JESUS SILVÉRIO para condenar o INSS aconceder-lhe o benefício de pensão por morte de seu filho, Wesley de Jesus, a partir da data do óbito do segurado. Emsuas razões, a autarquia sustenta que não há documentos que comprovem a dependência econômica da parte autora emrelação ao ex-segurado.

02. A parte autora não apresentou contrarrazões, apesar de intimada (fls. 55/56).

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. A parte autora pediu a concessão de pensão por morte, com fulcro no art. 74, da Lei nº 8.213/91, em razão dadependência econômica que mantinha em relação ao seu finado filho, a qual lhe conferiria a condição de beneficiária nostermos do art. 16, II, da Lei nº 8.213/91. Cumpre, de início, assinalar que o benefício pleiteado independe de período decarência (art. 26, I, da Lei nº 8.213/91), todavia, a sua concessão exige a qualidade de segurado do extinto contribuinte e acomprovação da dependência econômica pelo beneficiário (art. 74, da Lei nº 8213/91).

06. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à demonstração de dependência econômica. Para tanto, a

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parte autora juntou: i) comprovante de residência de Wesley de Jesus, na Av. Júpiter, s/n, Pontal do Ipiranga, Linhares (fl.11); ii) carnê em nome de Wesley referente a compra realizada na loja Móveis Veloso, constando endereço na R. Principal,nr. 27, Pontal do Ipiranga, Linhares (fls. 12/ 13); iii) comprovante de residência da autora, na Rua João Calmon, Linhares(fl. 14); iv) declaração do Presidente da Associação de Moradores do Pontal do Ipiranga de que Wesley morava na R.Robalo e que contribuía com a associação (fl. 15); v) ficha da Secretaria de Saúde da Prefeitura de Linhares, preenchidaem 27/07/2009, na qual constam seis moradores na R. Robalo, Pontal, Linhares (fl. 16); e vi) certidão de óbito de Wesley deJesus (fl. 18).

07. Em seu depoimento, a parte autora afirmou que tinha 43 anos e que seu filho Wesley sempre morou com ela, atéa data do óbito, ocorrido 01/07/2011. Afirmou que tem outros três filhos, além de Wesley e que está sem companheiro háuns três anos. Alegou que Wesley tinha acabado de pedir contas quando faleceu, começado a trabalhar no posto Camata enão houve anotação na CTPS porque ele trabalhou por apenas 4 dias. Alegou que teve que trabalhar na lavoura depois queo filho faleceu. Sustentou que não fica muito tempo no emprego porque tem que correr para casa para socorrer o filhomenor que tem problemas de saúde. As testemunhas arroladas responderam que o falecido contribuía para o sustento dafamília (fls. 35/36).

08. Para análise das provas, afasto a incidência do art. 143, caput, do Decreto nº 3.048/99, quanto à exigência deinício de prova material para demonstração de existência de dependência econômica, bem como interpretação que reputeexaustivo o rol de documentos listados no art. 22, §3o, do Decreto nº 3.048/99, eis que o sistema de persuasão racional dojulgador (art. 131, do Código de Processo Civil) não está adstrito a uma prévia valoração de provas se inexistentefundamento legal que subsidie a delimitação dos critérios de ponderação entre os elementos fáticos levados aoconhecimento do magistrado (cf. TRF da 4ª Região, AC 200070070001287-PR, Quinta Turma, Rel. Des. Fed. Paulo AfonsoBrum Vaz, DJU 02.04.2003, p.734).

09. A apuração de efetiva dependência econômica não se restringe, porém, à observância estrita da provisão desubsistência do dependente, como já verificara o extinto Tribunal Federal de Recursos no enunciado n. 229, da súmula desua jurisprudência predominante (“A mãe do segurado tem direito à pensão previdenciária, em caso de morte do filho, seprovada a dependência econômica, mesmo não exclusiva.”). Entretanto, como observam Daniel Machado da Rocha e JoséPaulo Baltazar Júnior (Comentários è Lei de Benefícios da Previdência Social. 4a edição. Porto Alegre: Livraria doAdvogado, 2004, p.85):“Pelo simples fato de os filhos residirem com os pais, em famílias não abastadas, é natural a existência de colaboraçãoespontânea para toda a família. Porém, sendo estas contribuições eventuais, favorecendo o orçamento doméstico, mascuja ausência não implica um desequilíbrio na subsistência dos genitores, há que ser afastada a condição de dependênciados pais. De acordo com o art. 36 da Lei nº 10.741, de 1o de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso): ‘O acolhimento de idososem situação de risco social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência econômica, para os efeitos legais’.”

10. Logo, o benefício de pensão por morte deve ser concedido se a morte do segurado provoca transtornopatrimonial no núcleo familiar que se vê desprovido de fonte de renda que contava para sua manutenção, devendo ser,assim, excluídas as situações em que o auxílio econômico prestado era ocasional e não influente no pagamento dasdespesas correntes. Neste sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Tribunal Federal da 4ª Região emjulgamento do EI 96.04.44524-3/SC (Terceira Seção, Rel. p/ acórdão Des. Fed. João Surreaux Chagas, DJU 01.11.2000, p.161):PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. PENSÃO POR MORTE DA FILHA. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA.Para fins de obtenção de pensão por morte da filha há que ser comprovada a dependência econômica em relação à decujus, ainda que não exclusiva, falecendo direito ao pensionamento se o auxílio prestado não era vital à manutenção dosgenitores.

11. No presente recurso, não restou demonstrado que a renda obtida pelo ex-segurado era imprescindível para aformação do orçamento familiar. Com efeito, a prova documental não demonstra que a participação do instituidor dobenefício era indispensável para a manutenção da recorrente. Ademais, quando o filho da autora faleceu, com apenas 20anos (fl. 31), a autora já trabalhava como safrista (fl. 9). Ressalto que o Sr. Wesley de Jesus manteve apenas dois vínculosempregatícios, de forma esparsa e por curto lapso temporal, tendo o primeiro se iniciado em 14/09/2009 e findo em25/09/2009, e o último iniciado em 02/08/2010 e findo em 18/06/2011 (fls. 29). Nesse sentido, a ausência de estabilidadeem seus empregos soma-se aos demais elementos contrários à alegada dependência econômica exigida para a concessãodo benefício de pensão por morte.

12. Destaco que a revogação da antecipação dos efeitos da tutela caracteriza-se como consectário lógico dopresente julgado, que contempla apenas prestações vencidas em período anterior à prolação da sentença. Com efeito, nãose pode cogitar da subsistência da tutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência de autonomia em relaçãoao resultado final do julgamento (art. 273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).

13. Saliento minha convicção pessoal de que a parte, que recebe valores por força de tutela judicial carente deeficácia definitiva, tem ciência da possibilidade de reversão do título e, por conseguinte, assume os riscos inerentes àsituação jurídica criada. A precariedade dos pagamentos assim efetuados implica o dever de devolução das verbasrecebidas em decorrência de tutela provisória (art. 475-O, II, do Código de Processo Civil), ainda que concedida emsentença suscetível de ser atacada por recurso despido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuiçãopatrimonial baseada em suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência dopedido e consequente confirmação da decisão anterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunal

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de Justiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro HermanBenjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

14. Portanto, autorizo a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedido nasentença.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pelaparte autora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Por consequência, revogo a tutela antecipadaconcedida na sentença e autorizo a restituição ao INSS dos valores recebidos pela parte autora enquanto vigeu aantecipação dos efeitos da tutela. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenaçãoao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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46 - 0101634-72.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101634-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x JOSE ALOIR GOMES(ADVOGADO: ES018033 - ALICE DESTEFANI SALVADOR, SC023056 - ANDERSON MACOHIN SIEGEL, ES017733 -THIAGO HUVER DE JESUS.).RECURSO Nº 0101634-72.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101634-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSE ALOIR GOMESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento aos embargos de declaração, vencido o relator; adotou-se comofundamento o julgamento do RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dêpelo critério previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes FederaisFábio Cesar dos Santos Oliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

47 - 0000330-55.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000330-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x JOSENITA VIEIRA BRITO (ADVOGADO:ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).RECURSO Nº 0000330-55.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000330-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSENITA VIEIRA BRITORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA (VENCIDO EM PARTE)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. SEGURADA ESPECIAL. INÍCIO DE PROVA MATERIALSUFICIENTE. COMPLEMENTAÇÃO PELA PROVA TESTEMUNHAL. RECURSO DO INSS CONHECIDO EDESPROVIDO. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE ASPRESTAÇÕES VENCIDAS.1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. No caso dos autos, o início de prova material foi corroborado pelos depoimentos testemunhais colhidos em audiência.4. A análise das provas juntadas aos autos permite concluir que, de fato, a autora trabalhou no labor rural durante sua vida,o que foi corroborado pelas testemunhas que afirmaram que a segurada trabalhava na lavoura de cacau.5. As condições do trabalho formal das mulheres nas atividades agrícolas são historicamente precárias, o que não deve serignorado pelo julgador sob o risco de agravar a situação de vulnerabilidade a que se submeteram.6. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sentença reformada, em parte, para substituir, de ofício, o cálculo da correçãomonetária ao que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF. Sem condenação em custas(art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) do valor da condenação (art.55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no enunciado nº 111 da súmula de jurisprudência dominante do STJ.Cálculo da atualização monetária com base no INPC, em atenção à legislação específica para a matéria (art. 41-A, da Lei n.8.213/91). Juros de mora incidentes a partir da citação, observada a nova redação do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97.Precedentes do STJ.

RELATÓRIO

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O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 72/75, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal deLinhares (fls. 69/71), que julgou procedente o pedido inicial para condená-lo a implantar em favor da parte autora obenefício de aposentadoria rural por idade e a pagar as prestações vencidas desde a data do requerimento administrativo(28/11/2011), com observância da prescrição quinquenal.

02. O recorrente alega que a parte autora não apresenta qualidade de segurada especial. Sustenta que a autorainformou que não recebia qualquer remuneração por parte dos patrões e que apenas ajudava o marido, o qual recebiarenda acima do salário mínimo. Com isso, pugna pela reforma da sentença, para que seja julgado improcedente o pedido.

03. A parte autora oferece contrarrazões (fls. 86/88), nas quais argumenta que sempre trabalhou com seu esposo nalavoura de cacau, e teve a sua Carteira de Trabalho assinada por duas vezes. Afirma que não era usual que os patrõesformalizassem o vínculo das mulheres, apenas dos homens. Alega que restou comprovado que exerceu atividade rural emtoda a sua vida. Pugna pela manutenção da sentença.

04. É o relatório.VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

10. A comprovação do exercício da atividade rural constitui, porém, desafio maior ao julgador, uma vez que aapreciação dos elementos trazidos à formação de sua convicção deve considerar as dificuldades patentes do trabalhodesempenhado pelo rurícola que raramente possui ampla documentação de sua atividade laborativa. Embora ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tenha consolidado, no enunciado 149 de sua súmula, que “a provaexclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefícioprevidenciário”, deve ser rejeitada a aplicação literal do art. 106, da Lei nº 8.213/91, cujo rol de documentos é meramenteexemplificativo, e não taxativo, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência. Nesse sentido, trago à colação oseguinte julgado:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DECARÊNCIA. COMPROVAÇÃO RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PROVA TESTEMUNHAL CONSISTENTE.PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.1. Não é necessário que o início de prova material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lein. 8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, vinculando-o, pelo menos, a uma fraçãodaquele período.2. O rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n. 8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo. Foram aceitascomo início de prova material do tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, as quais qualificaram comolavrador o cônjuge da requerente de benefício previdenciário.3. O Tribunal de origem considerou que as provas testemunhais serviram para corroborar as provas documentais. Modificaro referido argumento, a fim de entender pela ausência de comprovação da atividade rural pelo período de carência,demandaria evidente reexame de provas, o que é vedado nesta Corte, nos termos da Súmula 7/STJ. Agravo regimentalimprovido.(AgRg no AREsp 360.761/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 01/10/2013, DJE 09/10/2013) (original semgrifos).

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11. A melhor exegese do dispositivo demanda, portanto, uma leitura inspirada na persuasão racional do magistrado(art. 131, do Código de Processo Civil) que não deve desprezar certos critérios legais de valoração das provas e asdificuldades vivenciadas pelos trabalhadores rurais.

12. Destarte, ainda que os critérios de valoração de cada prova venham a ser definidos na apreciação do casoconcreto levado a juízo, a demonstração do desempenho de atividade rurícola para obtenção de aposentadoria por idadeem seu valor mínimo requer início de prova material (art. 55, §3o, da Lei n. 8.213/91).

13. Com a análise dos autos, observo que a recorrida nasceu em 16/07/1951 (fl. 11) e pretende ver reconhecido oexercício de atividade rural durante período superior à carência legalmente exigida para a obtenção do benefício pretendido.Para tanto, juntou: i) certidão de casamento contraído em 11/07/1969, na qual há a qualificação do cônjuge da autora comolavrador (fl. 12); ii) Carteira de Trabalho e Previdência Social com duas anotações de vínculos rurais, um deles iniciado em01/03/1985 e cessado em 01/09/1985 e o outro iniciado em 01/06/1990 e cessado em 28/02/1991 (fls. 13/14); iii) Carteira deTrabalho e Previdência Social de seu cônjuge contendo várias anotações como trabalhador rural (fls. 19/25).

14. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento apresentado pela parte autora em 28/11/2011, sob oargumento de ausência de cumprimento do período de carência (fl. 49).

15. No caso dos autos, os documentos acima relacionados suprem a exigência legal de início de prova material, oque permite a sua complementação pela prova testemunhal colhida pelo Juízo de origem.

16. Destaco que, conforme consta da sentença confrontada, o início de prova material foi corroborado pela provatestemunhal colhida em audiência. Transcrevo, por oportuno, os depoimentos produzidos em audiência:

Depoimento. 60 anos, reside na Fazenda São Benedito há 6 anos; antes morava em outras fazendas (Faz. Santo Antonio,10 anos; Faz. São Pedro, 6 anos; Faz. Capixaba, 9 anos). é casada com Lidio, trabalhador rural aposentado; trabalha emroças de cacau. A depoente trabalha junto com ele. Só trabalhou em roça de cacau. Não teve atividade na cidade.3’ – INSS perguntou do teor da entrevista administrativa.Só teve CTPS assinada na fazenda Capixaba. Teve 7 filhos; a filha mais velha tem 42.

1ª testemunha. IRINEU, 74 anos, conhece a autora desde mais ou menos 1983, onde trabalharam juntos na FazendaCapixaba. O marido dela é Lídio, trabalhava com cacau. Ela também trabalha com cacau. Ela e o marido moraram nasfazendas. Ela trabalha até hoje e trabalha na fazenda São Benedito.

2ª testemunha. EDMUNDO, 49 anos; conhece JOSENITA desde 1995, quando trabalharam juntos na Fazenda São Pedro(depoente é encarregado da fazenda); a autora trabalhava com cacau, junto com o marido; ela tem uns 5 ou 6 filhos.Depois que eles saíram da Fazenda São Pedro, foi para outra fazenda, a Beira Rio, onde ficou uns 8 anos. tambémtrabalhou comigo um ano na fazenda São Sebastião.

3ª testemunha. LUZIA, 43 anos, do lar, conhece a autora desde 2006; são vizinhas; ela mora na Fazenda São Benedito.JOSENITA trabalha com cacau. atualmente ela continua trabalhando. Ela trabalha junto com o marido.

17. A análise das provas encartadas aos autos permite concluir que, de fato, a autora trabalhou no labor rural durantesua vida. Os dois anos e três meses trabalhados com vínculo formal de emprego ocorreram em atividades rurais, o quedemonstra que se dedicava ao trabalho campesino. Esta prova, corroborada pelas testemunhas que afirmaram que asegurada trabalhava na lavoura de cacau, representa início de prova material plenamente válido. A alegação recursal deque apenas o esposo da autora era trabalhador rural e de que a recorrida apenas o ajudava no labor não merece prosperar,visto existirem provas em sentido contrário. Nesse sentido, é importante destacar que as condições do trabalho formal dasmulheres nas atividades agrícolas são historicamente precárias, o que não deve ser ignorado pelo julgador sob o risco deagravar a situação de vulnerabilidade a que se submeteram. O trabalho em colaboração diária com o marido não deve serconsiderado de menor relevância, pois, segundo as testemunhas, as atividades desempenhadas pela autora concorriam emparidade com a de seu cônjuge para o bom desempenho do labor agrícola.

18. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destacoque o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e aincidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo TribunalFederal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013)declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contidano art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinarque, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo equalquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com aredação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.

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19. Reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índicede atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

20. Contudo, consta da sentença que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas na forma do art. 1º-F da Lei n.9.494/97, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 11.960/2009 (fl. 42). Desta feita, a admissão do INPC para atualizaçãomonetária, no presente recurso, implica a necessária modificação da sistemática de cálculo da correção adotada no julgadoconfrontado, a fim de ajustá-la ao que decidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que nãocaracteriza violação à vedação da reformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício dojulgador (art. 293, do Código de Processo Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conformedestacado acima, o efeito da decisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativofederal inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintesjulgados do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

21. Em relação aos juros de mora, a sua incidência deve ocorrer a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 dasúmula da jurisprudência do STJ, aplicando-se a nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, uma vez que a citaçãoocorreu após a entrada em vigor da Lei nº 11.960/09 (fl. 16).

22. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, deofício, o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF,de modo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculofinal que deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Os juros de mora deverão ser calculados a partir dacitação, observado o disposto no 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação determinada pela Lei nº 11.960/09. Semcondenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, osquais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95), observada a diretriz contida no

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enunciado nº 111 da súmula da jurisprudência do STJ (“Os honorários advocatícios, nas ações previdenciárias, não incidemsobre as prestações vencidas após a sentença”).

23. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

24. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

48 - 0000053-39.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000053-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LAIDE LUNZ TRANSPADINI(ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).RECURSO Nº 0000053-39.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000053-0/01)RECORRENTE: LAIDE LUNZ TRANSPADINIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE RURAL PELO CÔNJUGE NAMODALIDADE DE SEGURADO EMPREGADO. CONDIÇÃO DE SEGURADA ESPECIAL DA RECORRENTE NÃOCARACTERIZADA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DA ATIVIDADE RURAL EM REGIME DEECONOMIA FAMILIAR. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. O exercício de atividade rural pelo cônjuge da autora como segurado empregado não é extensível para a recorrente.Ausência de provas de que a autora exercia individualmente a atividade campesina.4. A parte autora não demonstrou que auferia renda com a atividade rural que fosse indispensável para a manutenção dafamília.5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido.

RELATÓRIO

LAIDE LUNZ TRANSPADINI interpõe recurso inominado, às fls. 64/68, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de Linhares (fls. 60/61), que julgou improcedente o pedido inicial de aposentadoria por idade rural.

02. A recorrente alega que restou comprovado nos autos o exercício de atividade rural em regime de economiafamiliar por período superior à carência legalmente exigida. Afirma que, quando solteira, exerceu atividades rurais com ospais e que, depois do casamento, passou a trabalhar como meeira juntamente com seu esposo. Sustenta que sempreajudou seu cônjuge quando este passou a trabalhar como empregado rural. Por fim, alega que, nos últimos doze anos, foimorar em um sítio com seu filho, local onde exerce labor rural. Pugna pelo provimento do recurso, com a reforma dasentença, para que seja julgado procedente o pedido inicial.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, embora regularmente intimado.

04. É o relatório.VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria rural

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por idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

10. A comprovação do exercício da atividade rural constitui, porém, desafio maior ao julgador, uma vez que aapreciação dos elementos trazidos à formação de sua convicção deve considerar as dificuldades patentes do trabalhodesempenhado pelo rurícola que raramente possui ampla documentação de sua atividade laborativa. Embora ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tenha consolidado, no enunciado 149 de sua súmula, que “a provaexclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefícioprevidenciário”, deve ser rejeitada a aplicação literal do art. 106, da Lei nº 8.213/91, cujo rol de documentos é meramenteexemplificativo, e não taxativo, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência. Nesse sentido, trago à colação oseguinte julgado:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DECARÊNCIA. COMPROVAÇÃO RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PROVA TESTEMUNHAL CONSISTENTE.PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.1. Não é necessário que o início de prova material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lein. 8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, vinculando-o, pelo menos, a uma fraçãodaquele período.2. O rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n. 8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo. Foram aceitascomo início de prova material do tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, as quais qualificaram comolavrador o cônjuge da requerente de benefício previdenciário.3. O Tribunal de origem considerou que as provas testemunhais serviram para corroborar as provas documentais. Modificaro referido argumento, a fim de entender pela ausência de comprovação da atividade rural pelo período de carência,demandaria evidente reexame de provas, o que é vedado nesta Corte, nos termos da Súmula 7/STJ. Agravo regimentalimprovido.(AgRg no AREsp 360.761/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 01/10/2013, DJE 09/10/2013) (original semgrifos).

11. A melhor exegese do dispositivo demanda, portanto, uma leitura inspirada na persuasão racional do magistrado(art. 131, do Código de Processo Civil) que não deve desprezar certos critérios legais de valoração das provas e asdificuldades vivenciadas pelos trabalhadores rurais.

12. Destarte, ainda que os critérios de valoração de cada prova venham a ser definidos na apreciação do casoconcreto levado a juízo, a demonstração do desempenho de atividade rurícola para obtenção de aposentadoria por idadeem seu valor mínimo requer início de prova material (art. 55, §3o, da Lei nº 8.213/91).

13. Em análise aos autos, observo que a recorrente nasceu em 15/03/1945 (fl. 12) e pretende ver reconhecido oexercício de atividade rural durante período superior à carência legalmente exigida para a obtenção do benefício pretendido.Para tanto, juntou: i) certidão de casamento, contraído em 20/09/1965, na qual seu esposo é qualificado como “lavrador” (fl.09); ii) históricos escolares de seus filhos, que demonstram que a escola na qual estudaram era localizada em zona rural (fl.13); iii) carta de concessão de aposentadoria por idade para seu esposo, na qualidade de segurado empregado rural (fls.31/32).

14. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento apresentado pela parte autora em 02/09/2011, por nãoter sido comprovado o efetivo exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, durante o períodocorrespondente à carência do benefício (fl. 52).

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15. O Juízo a quo julgou improcedente o pedido sob o fundamento de que a autora, embora tenha exercido algumasatividades na lide campesina, não comprovou que seu trabalho era essencial para a subsistência do núcleo familiar.Transcrevo, por oportuno, o seguinte trecho da sentença proferida (fl. 61):

Ao se verificar o sistema PLENUS, constata-se que o marido da autora recebe aposentadoria por idade (empregado rural)desde 04/12/1998, auferindo proventos no valor de R$ 819,45 (06/2012). Ademais, consultando a relação de salários decontribuição do cônjuge (fl. 34), constato que estes sempre foram superiores ao salário mínimo vigente.

(...) Como restou comprovado, apenas o cônjuge da autora exercia atividades rurais, tanto que se aposentou comoempregado rural. Não obstante a autora exercer algumas tarefas na lide campesina, estas eram apenas complementarespara a renda familiar e não atividade econômica exclusiva, o que descaracteriza a condição de segurado especial.

16. Verifico que a recorrente não logrou êxito em infirmar os fundamentos da sentença. O argumento lançado napeça recursal de que exercia atividade rural juntamente com seu esposo não restou devidamente comprovado. Ademais, ocônjuge da autora sempre exerceu atividade rural como segurado empregado. Seu cônjuge trabalhou como empregadopara terceiros e este fato não é capaz de abranger a recorrente. Se a autora exercia atividade campesina o faziaindividualmente e, em relação a tal trabalho, não há comprovação. Ademais, o trabalho rurícola deve ser exercidoimediatamente antes do requerimento administrativo, ao passo que a terceira testemunha declarou que a recorrente paroude trabalhar há cinco ou seis anos.

17. A análise das provas carreadas aos autos não permite que se conclua favoravelmente ao pedido da recorrente,inclusive porque a parte autora não demonstrou que auferia renda com a atividade rural por ela exercida que fosseindispensável para a manutenção da família.

18. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido (fl. 46).

19. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

20. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

49 - 0107975-11.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.107975-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA.) x ARLINDO VIEIRA DE SOUZA (ADVOGADO:ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO Nº 0107975-11.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.107975-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ARLINDO VIEIRA DE SOUZARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento ao recurso, vencido o relator; adotou-se como fundamento o julgamentodo RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critério previsto noart. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes Federais Fábio Cesar dos SantosOliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

50 - 0000248-24.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000248-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x JACIRA LIMA DA SILVA (ADVOGADO:ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).RECURSO Nº 0000248-24.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000248-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JACIRA LIMA DA SILVA

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RELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA (VENCIDO EM PARTE)

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL INSUFICIENTE PARA ACONCESSÃO DO BENEFÍCIO PRETENDIDO. CARÊNCIA NÃO PREENCHIDA. RECURSO DO INSS CONHECIDO EPROVIDO. SENTENÇA REFORMADA. PEDIDO JULGADO IMPROCEDENTE. TUTELA ANTECIPADA REVOGADA.DEVOLUÇÃO DOS VALORES. AUTORIZAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DO STJ.1. O benefício de aposentadoria rural por idade é concedido ao segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n.8.213/91, que tenha idade mínima de 60 anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou emregime de economia familiar (§1º), em atividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carênciaexigida, sendo dispensável o recolhimento de contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).2. O direito à aposentadoria passa a integrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a suafruição, tal como veiculado pelo enunciado n. 359, da súmula da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que tambémé aplicável aos segurados no Regime Geral da Previdência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral -no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).3. Os documentos juntados aos autos, para demonstrar o exercício de atividade rural, são insuficientes para comprovartempo de atividade durante todo o período de carência. A propriedade de imóveis rurais não assegura a concessão deaposentadoria por idade sem o correspondente exercício de labor rurícola.4. Recurso do INSS conhecido e provido. Sentença reformada. Pedido julgado improcedente. Tutela antecipada revogada,com autorização de reembolso dos valores recebidos pela parte autora, de conformidade com a jurisprudência do STJ. Semcondenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 126/130, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federalde Linhares (fls. 123/125), que julgou procedente o pedido inicial para condená-lo a implantar em favor da parte autora obenefício de aposentadoria rural por idade e a pagar as prestações vencidas desde a data do requerimento administrativo(06/12/2011), com observância da prescrição quinquenal.

02. O recorrente alega que o cônjuge da autora exercia atividades urbanas e que a sua qualificação junto àautarquia, em 1998, era como trabalhador da área industrial. Aponta que, entre 2003 e 2004, o esposo da recorrida recebeuauxílio-doença como comerciário. Argumenta que a autora exerceu atividade remunerada como segurada urbana em 1990(servente) e em 2000 (empregada doméstica), e que, apenas em 2007, foi trabalhadora rural. Alega que a mera existênciade duas propriedades rurais no estado da Bahia não a qualifica como segurada especial. Por fim, afirma que a autoraadmitiu que residiu em Vila Velha durante 07 (sete) anos, o que descaracterizaria o labor rural. Pugna, com isso, pelareforma da sentença.

03. A parte autora oferece contrarrazões (fls. 141/143), nas quais argúi que apresenta todos os requisitos para aconcessão do benefício. Alega que seu cônjuge aposentou-se como segurado especial, através do processo judicial n.0000409-34.2012.4.02.5053, no qual foi feito acordo entre as partes. Pugna pela manutenção da sentença.

04. É o relatório.VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Em análise da controvérsia relacionada ao cumprimento dos requisitos para o benefício de aposentadoria ruralpor idade, destaco que o segurado especial, nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91, deverá ter idade mínima de 60anos, se homem, e 55 anos, se mulher, tendo laborado individualmente ou em regime de economia familiar (§1º), ematividade rural por tempo igual ao número de meses correspondentes à carência exigida, sendo dispensável o recolhimentode contribuições (arts. 39, I, 48, §2º, da Lei n. 8.213/91).

07. O Regime Geral da Previdência Social contém regra de transição específica para os segurados especiais aoassegurar-lhes o direito de requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contadosa partir da data de sua vigência, desde que comprovado o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no períodoimediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência exigida (art. 143, da Lei n.8.213/91). Complementando o artigo 143 na disciplina da transição de regimes, o artigo 142 da Lei 8.213/91 estabeleceuque para o segurado inscrito na Previdência Social Urbana até 24 de julho de 1991, bem como para o trabalhador e oempregador rural cobertos pela Previdência Social Rural, a carência das aposentadorias por idade, por tempo de serviço eespecial deve obedecer a uma tabela que prevê prazos menores no período de 1991 a 2010.

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08. Cumpre destacar que o Supremo Tribunal Federal tem firme orientação de que o direito à aposentadoria passa aintegrar o patrimônio jurídico do sujeito quando preenchidos os requisitos para a sua fruição, tal como veiculado peloenunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, que também é aplicável aos segurados no Regime Geral daPrevidência Social, conforme o decidido - em regime de repercussão geral - no RE 630.501/RS (Pleno, Rel. p/acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23.08.2013).

09. Em exame da questão, observo que a aposentadoria por idade concedida ao segurado especial – a par dorecolhimento de contribuição - tem um preponderante caráter assistencial, cujo propósito seria infirmado caso seu titularfosse proprietário ou tivesse a posse de imóvel rural de significativa extensão que, para ser explorado, exigiria um conjuntode atividades além daquelas tipicamente desempenhadas em regime de economia familiar.

10. A comprovação do exercício da atividade rural constitui, porém, desafio maior ao julgador, uma vez que aapreciação dos elementos trazidos à formação de sua convicção deve considerar as dificuldades patentes do trabalhodesempenhado pelo rurícola que raramente possui ampla documentação de sua atividade laborativa. Embora ajurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tenha consolidado, no enunciado 149 de sua súmula, que “a provaexclusivamente testemunhal não basta à comprovação da atividade rurícola, para efeito de obtenção de benefícioprevidenciário”, deve ser rejeitada a aplicação literal do art. 106, da Lei nº 8.213/91, cujo rol de documentos é meramenteexemplificativo, e não taxativo, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência. Nesse sentido, trago à colação oseguinte julgado:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADORA RURAL. ATIVIDADE LABORAL NO PERÍODO DECARÊNCIA. COMPROVAÇÃO RECONHECIDA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. PROVA TESTEMUNHAL CONSISTENTE.PRETENSÃO DE REEXAME DE PROVAS. SÚMULA 7/STJ.1. Não é necessário que o início de prova material diga respeito a todo período de carência estabelecido pelo art. 143 da Lein. 8.213/91, desde que a prova testemunhal amplie sua eficácia probatória, vinculando-o, pelo menos, a uma fraçãodaquele período.2. O rol de documentos descrito no art. 106 da Lei n. 8.213/91 é meramente exemplificativo, e não taxativo. Foram aceitascomo início de prova material do tempo de serviço rural as Certidões de óbito e de casamento, as quais qualificaram comolavrador o cônjuge da requerente de benefício previdenciário.3. O Tribunal de origem considerou que as provas testemunhais serviram para corroborar as provas documentais. Modificaro referido argumento, a fim de entender pela ausência de comprovação da atividade rural pelo período de carência,demandaria evidente reexame de provas, o que é vedado nesta Corte, nos termos da Súmula 7/STJ. Agravo regimentalimprovido.(AgRg no AREsp 360.761/GO, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, j. 01/10/2013, DJE 09/10/2013) (original semgrifos).

11. A melhor exegese do dispositivo demanda, portanto, uma leitura inspirada na persuasão racional do magistrado(art. 131, do Código de Processo Civil) que não deve desprezar certos critérios legais de valoração das provas e asdificuldades vivenciadas pelos trabalhadores rurais.

12. Destarte, ainda que os critérios de valoração de cada prova venham a ser definidos na apreciação do casoconcreto levado a juízo, a demonstração do desempenho de atividade rurícola para obtenção de aposentadoria por idadeem seu valor mínimo requer início de prova material (art. 55, §3o, da Lei n. 8.213/91).

13. Em análise aos autos, observo que a recorrida nasceu em 15/07/1950 (fl. 14) e pretende ver reconhecido oexercício de atividade rural durante período superior à carência legalmente exigida para a obtenção do benefício pretendido.Para tanto, juntou: i) Carteira de Trabalho e Previdência Social, na qual consta vínculo de emprego como trabalhadora ruralcom admissão em 10/05/2007 (fl. 16); ii) Carteira de Trabalho e Previdência Social de seu cônjuge, na qual consta vínculoempregatício como trabalhador rural entre 04/05/1995 e 12/03/1996 e a partir de 01/07/1997 (fls. 20/21 – sem data desaída); iii) escritura de compra e venda de imóvel rural situado no município de Itamaraju/BA, na qual consta o sogro daautora como comprador, com aquisição em 09/04/1974 (fls. 38/40); iv) demais documentos pertinentes à propriedade deseu sogro (fls. 45/76).

14. Há informações nos autos de que o cônjuge da autora percebeu auxílio-doença por acidente de trabalho entre04/08/1997 e 23/06/1998. Em 24/06/1998, passou a receber auxílio-acidente (fls. 81/84).

15. O INSS, em sede administrativa, indeferiu o requerimento apresentado pela parte autora em 06/12/2011, sob oargumento de falta de comprovação de atividade rural durante o período de carência (fl. 90).

16. A análise das provas juntadas aos autos não permite concluir que a autora exerceu atividade rural em regime deeconomia familiar pelo período de carência exigido. Consoante as anotações na CTPS, a autora exerceu atividade urbanaentre 1990 e 1995, ao atuar como merendeira junto ao Município de Itamaraju. Entre 01/06/2000 e 30/09/2000, a autorateve vínculo como “empregada doméstica” em Vila Velha. Por sua vez, as anotações constantes da Carteira de Trabalho deseu esposo não podem ser utilizadas em seu proveito, visto que os vínculos rurais, que este exerceu, compreendem osanos de 1995, 1996 e 1997, períodos nos quais a autora estava inserida no mercado de trabalho urbano. Em 04/08/1997,ocorreu o acidente de trabalho com o esposo da autora e, a partir de então, este passou a receber auxílio-doençaacidentário seguido de auxílio-acidente. Não há informações de que seu esposo tenha voltado a exercer atividade rurícolaapós o acidente.

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17. Em entrevista administrativa, para análise de requerimento formulado em 06/12/2011 junto ao INSS (fls. 88/89), arecorrida relatou que residiu 07 (sete) anos no município de Vila Velha, o que, inclusive, é corroborado pelo vínculotrabalhista que teve neste município (ano de 2000). Disse, ainda, que morava há 07 (sete) anos em Jacupemba, interior domunicípio de Aracruz. De tais informações, é possível concluir que, entre 1997 e 2003, a autora residiu em Vila Velha e,entre 2004 e 2011, em Aracruz. O único vínculo trabalhista que teve, enquanto residiu em Vila Velha, foi o de empregadadoméstica. No período em que morou nesta cidade, não há qualquer informação que corrobore a alegação de que exerceuatividade rural. Seu cônjuge, logo no início do vínculo trabalhista iniciado em 1997, sofreu acidente de trabalho e não háinformações de que tenha voltado a desempenhar trabalho rural. A primeira prova material existente nos autos, que podeser considerada como início de prova material, é a anotação na CTPS como “trabalhadora rural”, com admissão em10/05/2007 (fl. 16).

18. As testemunhas presentes à audiência confirmaram que a autora exerceu atividade na lavoura de cacau noEstado da Bahia. Contudo, estes fatos foram anteriores ao trabalho de servente, que se iniciou em 1990. As atividades quea autora prestou na década de 80 não são capazes de lhe garantir aposentadoria rural por idade atualmente. Depreende-sedas provas coligidas aos autos que a recorrida retornou ao labor rural apenas em 2007.

19. A mera propriedade de imóvel rural no Estado da Bahia não qualifica a autora como segurada especial. Aliás, ascópias dos documentos coligidos nos autos apenas fazem referência ao sogro da autora. Por fim, a concessão deaposentadoria rural ao esposo da autora não vincula este magistrado, que pode decidir livremente com base nas provasdestes autos.

20. Nesse contexto, a análise das provas carreadas aos autos não permite que se conclua favoravelmente aopedido da autora, uma vez que a única prova material apta a comprovar atividade rural data de 2007, pelo que não há opreenchimento da carência necessária à concessão do benefício pleiteado.

21. Destaco que a revogação da antecipação dos efeitos da tutela caracteriza-se como consectário lógico do julgadoque dá provimento ao recurso da parte ré para julgar improcedente o pedido. Com efeito, não se pode cogitar dasubsistência da tutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência de autonomia em relação ao resultado final dojulgamento (art. 273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).

22. Saliento minha convicção pessoal de que a parte, que recebe valores por força de tutela judicial carente deeficácia definitiva, tem ciência da possibilidade de reversão do título e, por conseguinte, assume os riscos inerentes àsituação jurídica criada. A precariedade dos pagamentos assim efetuados implica o dever de devolução das verbasrecebidas em decorrência de tutela provisória (art. 475-O, II, do Código de Processo Civil), ainda que concedida emsentença suscetível de ser atacada por recurso despido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuiçãopatrimonial baseada em suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência dopedido e consequente confirmação da decisão anterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunalde Justiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro HermanBenjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamente

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uma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

23. Portanto, autorizo a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedido nasentença.

24. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para reformar a sentença, de modo a julgarimprocedente o pedido formulado pela parte autora, na forma do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Por consequência,revogo a tutela antecipada concedida na sentença e autorizo a restituição ao INSS dos valores recebidos pela parte autoraenquanto vigeu a antecipação dos efeitos da tutela. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios,de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

25. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

26. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

51 - 0000116-33.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000116-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x ELSON WANDERLEY DOS SANTOS(ADVOGADO: ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA.).RECURSO Nº 0000116-33.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000116-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ELSON WANDERLEY DOS SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento ao recurso, vencido o relator; adotou-se como fundamento o julgamentodo RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critério previsto noart. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes Federais Fábio Cesar dos SantosOliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

52 - 0000017-29.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000017-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO

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SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RAFAEL NOGUEIRA DE LUCENA.) x ELZA MARIA DE JESUS OLIVEIRA(ADVOGADO: ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.).RECURSO Nº 0000017-29.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000017-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ELZA MARIA DE JESUS OLIVEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

A 2ª Turma Recursal, por maioria, deu provimento ao recurso, vencido o relator; adotou-se como fundamento o julgamentodo RE 856175/ES para determinar que a incidência da correção monetária e juros de mora se dê pelo critério previsto noart. 1º F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei 11.960/09. Votaram os MM. Juízes Federais Fábio Cesar dos SantosOliveira, Francisco de Assis Basílio de Moraes e Pablo Coelho Charles Gomes.

Vitória, 04 de maio de 2015.

(assinado eletronicamente)Tadeu Antonio Menegardo Martins – MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

53 - 0100229-64.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100229-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCUS VINICIUSGUIMARAENS (ADVOGADO: ES006799 - MARCO CESAR G. BORGES, ES014648 - Mer Stella Borges Mendonça.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).RECURSO Nº 0100229-64.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100229-2/01)RECORRENTE: MARCUS VINICIUS GUIMARAENSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA (VENCIDO EM PARTE)

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. ADEQUAÇÃO AOS TETOS ESTABELECIDOS PELAS EMENDASCONSTITUCIONAIS N. 20/1998 E 41/2003. PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, FIRMADO SOB ASISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.1. O Supremo Tribunal Federal, sob a sistemática da repercussão geral, decidiu que “não ofende o ato jurídico perfeito aaplicação imediata do art. 14 da Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art. 5º da Emenda Constitucional n. 41/2003 aosbenefícios previdenciários limitados a teto do regime geral de previdência estabelecido antes da vigência dessas normas,de modo a que passem a observar o novo teto constitucional” (RE 564354, Pelno, Rel.Min. Cármen Lúcia, DJE 14/02/2011).2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à incidência do novo teto no cálculo da renda mensal deaposentadoria especial. Conforme revela o documento de fl. 16, a renda mensal do benefício previdenciário cuja revisão sepostula restou limitada ao teto vigente por ocasião da revisão administrativa empreendida com base no art. 144 da Lei n.8.213/91, o que torna aplicável, no vertente caso, o referido precedente do Supremo Tribunal Federal.3. Incide à espécie o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.506.092/SC, no qualeste Tribunal Superior afastou o prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/91 para revisão da renda mensal nointuito de que sejam observados os novos valores do teto definidos nas Emendas Constitucionais 20/1998 e 41/2003.4. A parte autora faz jus às diferenças decorrentes da aplicação dos novos tetos ao benefício em questão, instituídos pelasEmendas Constitucionais n. 20/1998 e n. 41/2003, devidamente atualizados, respeitada a prescrição quinquenal.5. Recurso da parte autora conhecido e provido. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenaçãoem honorários advocatícios diante da previsão normativa contida na segunda parte do art. 55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

MARCUS VINICIUS GUIMARAENS interpõe recurso inominado, às fls. 52/60, contra sentença de fls. 47/49, proferida peloMM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que extinguiu o processo com resolução demérito, na forma do art. 269, IV do Código de Processo Civil. Alega o recorrente que não decaiu o direito de pleitear arevisão. Fundamenta sua irresignação no fato de o acórdão do Recurso Extraordinário 626.489 não ter sido publicado,motivo pelo qual não seria possível o reconhecimento do prazo decadencial de dez anos. Pontua as alterações legislativasque trataram do instituto da decadência para a revisão de benefício previdenciário e, por fim, requer a reforma da sentençapara que sejam julgados procedentes seus pedidos iniciais.

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02. O INSS oferece contrarrazões às fls. 64/70, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que a data deinício do benefício a ser revisado é anterior a 28/06/1997 e a presente demanda apenas foi ajuizada em 16/01/2014, o quefez com que ocorresse a decadência do direito da parte autora à revisão de seu benefício. Pugna pela manutenção dasentença.

03. É o Relatório.VOTO

04. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao seu exame.

05. Preliminarmente, analiso a prejudicial de mérito apontada pela autarquia. O argumento trazido pelo INSS, emsede de contrarrazões, pugna pela aplicação da decadência do direito à revisão. Contudo, verifico que a renda mensal queo autor pretende revisar não é a renda mensal inicial, fixada em Cr$ 60.677,35 (02/01/1991), mas a renda mensal com ointuito de que sejam observados os novos valores do teto definidos nas Emendas Constitucionais 20/1998 e 41/2003.Nesse sentido, verifico incidir à espécie o entendimento firmado pelo Superior Tribunal de Justiça no julgamento do RESP1.506.092/SC (Segunda Turma, Rel. Ministro Herman Benjamin, DJE 20/03/2015), cuja ementa é abaixo transcrita:PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO.SÚMULA 284/STF. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. EMENDAS CONSTITUCIONAIS 20/1998 E 41/2003.DECADÊNCIA AFASTADA.1. Não se conhece do Recurso Especial em relação à ofensa ao art. 535 do CPC quando a parte não aponta, de formaclara, o vício em que teria incorrido o acórdão impugnado. Aplicação, por analogia, da Súmula 284/STF.2. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 aplica-se somente aos casos em que o segurado busca arevisão do ato de concessão do benefício previdenciário.3. A pretendida extensão do disposto no mencionado dispositivo legal ao caso dos autos - revisão da renda mensal nointuito de que sejam observados os novos valores do teto definido nas Emendas Constitucionais 20/1998 e 41/2003, ouseja, reajustamento da renda mensal inicial - é inadequada, porquanto o autor requer aplicação de normas supervenientes àdata da concessão do benefício.4. A Instrução Normativa INSS/PRES 45, de 6 de agosto de 2010, corrobora tal entendimento: "art. 436. Não se aplicam àsrevisões de reajustamento e às estabelecidas em dispositivo legal, os prazos de decadência de que tratam os arts. 103 e103-A da Lei 8.213, de 1991".5. Ressalte-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 564.354/SE, submetido à sistemática da repercussãogeral, nos termos art. 543-B, § 3º, do CPC, afirmou que "não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art. 14da Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art. 5º da Emenda Constitucional n. 41/2003 aos benefícios previdenciárioslimitados a teto do regime geral de previdência estabelecido antes da vigência dessas normas, de modo a que passem aobservar o novo teto constitucional"6. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido.

06. Compulsando os autos, verifico que a renda mensal do benefício previdenciário em questão (aposentadoriaespecial) restou limitada ao teto vigente por ocasião da revisão empreendida administrativamente, nos termos do art. 144da Lei n. 8.213/91 (fl. 16).

07. Acerca da incidência do novo teto sobre a renda mensal dos benefícios implantados em momento anterior à suaentrada em vigor, registro que as alegações relacionadas à violação ao ato jurídico perfeito, à possível retroatividade daaplicação do novo limite e à determinação de reajuste de benefício previdenciário sem a prévia definição de fonte de custeiojá foram objeto de análise pelo Supremo Tribunal Federal que, em julgamento do RE 564.354 (Pleno, Rel. Min. CármenLúcia, DJE 14/02/2011), sob a sistemática da repercussão geral (art. 543-B do Código de Processo Civil), decidiu que aelevação dos limites máximos dos benefícios previdenciários, concedidos no Regime Geral da Previdência Social, deveriamser ajustados aos novos patamares definidos pelas Emendas Constitucionais ns. 20/1998 e 41/2003. A propósito,transcrevo a ementa do acórdão referido:

DIREITOS CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. ALTERAÇÃO NO TETO DOSBENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA. REFLEXOS NOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS ANTES DAALTERAÇÃO. EMENDAS CONSTITUCIONAIS N. 20/1998 E 41/2003. DIREITO INTERTEMPORAL: ATO JURÍDICOPERFEITO. NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DA LEI INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE OFENSA AOPRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Hápelo menos duas situações jurídicas em que a atuação do Supremo Tribunal Federal como guardião da Constituição daRepública demanda interpretação da legislação infraconstitucional: a primeira respeita ao exercício do controle deconstitucionalidade das normas, pois não se declara a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei sem antesentendê-la; a segunda, que se dá na espécie, decorre da garantia constitucional da proteção ao ato jurídico perfeito contralei superveniente, pois a solução de controvérsia sob essa perspectiva pressupõe sejam interpretadas as leis postas emconflito e determinados os seus alcances para se dizer da existência ou ausência da retroatividade constitucionalmentevedada. 2. Não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art. 14 da Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art.5º da Emenda Constitucional n. 41/2003 aos benefícios previdenciários limitados a teto do regime geral de previdênciaestabelecido antes da vigência dessas normas, de modo a que passem a observar o novo teto constitucional. 3. Negado

�provimento ao recurso extraordinário. (original sem grifos).

08. Desta feita, ainda que se trate de benefício concedido em momento anterior a 05 de abril de 1991, a parte autorafaz jus à revisão da respectiva renda mensal. De fato, conforme pode ser aferido no documento de fl. 16, o valor da renda

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mensal foi limitado ao teto por ocasião da revisão administrativa efetuada nos termos do art. 144 da Lei n. 8.213/91. Nomesmo sentido, confira-se o seguinte julgado:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. REVISÃO DE RENDA MENSAL. ECs Nº20-1998 E Nº 41-2003.PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. CONTAGEM. I - Segundo orientação consolidada por nossa Corte Suprema, em sederepercussão geral, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 564.354, não ofende a garantia do ato jurídico perfeito aaplicação imediata do artigo 14 da Emenda Constitucional nº20-1998 e do artigo 5º da Emenda Constitucional nº 41-2003aos benefícios previdenciários limitados a teto do Regime Geral de Previdência Social estabelecido antes da vigênciadessas normas, de modo a que passem a observar o novo teto constitucional. II - O reconhecimento do direito àreadequação da renda mensal do benefício fica condicionado à demonstração, no caso concreto, de que osalário-de-benefício do segurado tenha sido calculado em valor maior que o teto vigente na época da concessão, o queensejou a incidência do redutor legal e justifica a revisão a partir do momento da majoração operada no teto, mediantefixação de um novo limite para o valor da prestação pecuniária previdenciária. III - Ao firmar entendimento a respeito dotema, o Supremo Tribunal Federal não impôs qualquer limitação temporal, em razão da data em que foi concedido obenefício (DIB), para o reconhecimento do direito à readequação dos valores da prestação mensal diante da majoração doteto previdenciário nas Emendas Constitucionais nº 20-1998 e nº 41-2003, já que, independente da data da sua concessão,a determinação para referida readequação está condicionada à demonstração nos autos de que o seu valor tenha sofridolimitação devido aos tetos então vigentes, inexistindo fundamento, portanto, para obstar peremptoriamente a revisãopleiteada quanto aos benefícios deferidos antes de 5 de abril de 1991, haja vista o disposto no 145 da Lei nº 8.213-91, bemcomo quanto aos concedidos entre 05 de outubro de 1988 e 05 de abril de 1991, no período comumente chamado de"buraco negro", diante do estabelecido no artigo 144 do mesmo diploma. IV - Não representa óbice à aplicação daorientação pronunciada pelo Supremo Tribunal Federal o disposto no artigo 26 da Lei 8.870, de 15 de abril de 1994 e no §3º do artigo 21 da Lei nº 8.880, de 27 de maio de 1994, que, ao instituírem o chamado "índice teto", determinaram aincorporação ao valor do benefício, juntamente com o primeiro reajuste após a sua concessão, da diferença percentualentre a média apurada sobre os salários-de-contribuição utilizados para o cálculo do salário-de-benefício e o teto vigente,nos casos em que essa média se mostrasse superior e ensejasse o aplicação do redutor; tendo em vista que a alegadarecuperação do valor do benefício, para ser constatada de fato, demanda prova nesse sentido, não havendo fundamentopara que, de plano, se conclua, pela inexistência de prejuízo do segurado diante da incidência do teto vigente à época daconcessão. V - A Egrégia Segunda Turma Especializada do TRF da 2ª Região firmou entendimento de que o ajuizamentoda ação civil pública nº 0004911-28.2011.4.03.6183, perante o Juízo da 1ª Vara Federal da Seção Judiciária de São Paulo,interrompeu a prescrição. VI - Remessa Necessária e apelação do INSS desprovidas. VII - Apelação do autor

�provida. (APELRE 201351010035088, Desembargador Federal ANDRÉ FONTES, TRF2 - SEGUNDA TURMAESPECIALIZADA, E-DJF2R - Data::13/11/2014.) (original sem grifos).

09. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destacoque o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e aincidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo TribunalFederal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013)declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contidano art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinarque, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo equalquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com aredação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.

10. Os juros de mora deverão incidir a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência doSuperior Tribunal de Justiça, aplicando-se a nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, uma vez que, no caso dos autos,a citação ocorreu após a entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento, a fim de condenar o INSS a revisar a renda mensal dobenefício da parte autora, mediante adequação ao novo limite máximo para o valor dos benefícios do Regime Geral dePrevidência Social instituído pelas Emendas Constitucionais ns. 20/1998 e 41/2003, assim como a pagar as diferençasdecorrentes desta revisão sobre as prestações já pagas, respeitada a prescrição quinquenal. Sem condenação em custas(art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios diante da previsão normativa contida na segundaparte do art. 55, da Lei n. 9.099/95.

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

54 - 0114892-68.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.114892-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MOACIR OLIVEIRA

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(ADVOGADO: ES020677 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0114892-68.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.114892-0/01)RECORRENTE: MOACIR OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. EQUIVALÊNCIA DE REAJUSTE ENTRESALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO E BENEFÍCIO. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.

1. MOACIR OLIVEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 80/87, contra a sentença de fls. 64/66, proferida pelo MM. Juiz do1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSSa revisar/reajustar o benefício previdenciário a fim de incorporar o aumento real estabelecido ao limite máximo dossalários-de-contribuição (teto) e, consequentemente, do limite máximo para o valor dos benefícios do RGPS instituídospelas Emendas Constitucionais 20/1998 (reajustado a partir de junho de 1999 – 2,28%) e 41/2003 (reajustado a partir demaio de 2004 – 1,75%), alterando sua renda mensal e pagando os atrasados.2. O recorrente alega que, em junho de 1999, o limite máximo do salário-de-contribuição deveria ter sido atualizado deacordo com a variação inflacionária ocorrida a partir de dezembro de 1998 (publicação da Emenda Constitucional 20) e que,em maio de 2004 (publicação da Emenda Constitucional 41), também deveria ter sido observada a variação inflacionária.Contudo, aponta que o Poder Executivo aplicou índices diversos (4,61% e 4,53%, respectivamente), o que gerou grandedefasagem em seu benefício, pois houve uma “diminuição real” do poder aquisitivo em comparação com o limite máximo dosalário-de-contribuição. Afirma que todos os benefícios devem sofrer reajuste geral, na mesma data e com os mesmosíndices, não podendo o legislador ordinário aumentar o limite de cobertura previdenciária sem repassar o aumento para arenda mensal dos benefícios. Pugna pela reforma da sentença, a fim de que seu pedido inicial seja julgado procedente.3. O INSS ofereceu contrarrazões às fls. 92/94, nas quais requer o desprovimento do recurso. Pugna pela manutenção dasentença por entender que não há amparo no ordenamento jurídico pátrio para o pedido formulado pelo autor.4. É o relatório.5. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.6. Em exame da questão controversa, destaco que o recorrente pede que seu benefício seja reajustado em 2,28% (desdejunho de 1999) e em 1,75% (desde maio de 2004), a fim de que tenha o mesmo percentual de reajuste que sofreu o limitemáximo do salário-de-contribuição. Sustenta que as alterações neste limite devem ser repassadas para os benefícios emmanutenção, a fim de corrigir a renda mensal.7. O pedido do recorrente não encontra respaldo no ordenamento jurídico, tendo em vista que os reajustes dos benefíciossão realizados tendo por base o art. 41 da Lei n. 8.213/91, na época e com os índices determinados pelo legisladorordinário, por expressa determinação da Constituição da República de 1988.8. Promulgada a Lei n. 8.213/91, o seu art. 41, II, dispunha que “os valores dos benefícios em manutenção serãoreajustados, de acordo com suas respectivas datas de início, com base na variação integral do INPC, calculado pelo IBGE,nas mesmas épocas em que o salário mínimo for alterado, pelo índice da cesta básica ou substituto eventual”. Por sua vez,o art. 9o, §2o, da Lei nº 8.542/92, alterou o referido dispositivo, passando a determinar que “a partir da referência janeiro de1993, o IRSM substitui o INPC para todos os fins previstos nas Leis nº 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991”.9. Posteriormente, a Lei nº 8.880, publicada em 27 de maio de 1994, positivou, em seu art. 20, inciso I, a regra de que osbenefícios mantidos pela Previdência Social seriam convertidos em URV em 1o de março de 1994, “dividindo-se o valornominal, vigente nos meses de novembro e dezembro de 1993 e janeiro e fevereiro de 1994, pelo valor em cruzeiros reaisdo equivalente em URV do último dia desses meses”. Outrossim, o seu art. 29 preconizou que o indexador dos benefíciosprevidenciários em manutenção seria o IPC-r, determinando que os reajustes anuais deveriam ocorrer no mês de maio.Deveras, conforme relato de Simone Barbisan e Leandro Paulsen (Direito da Seguridade Social. Prestações e Custeio daPrevidência, Assistência e Saúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 244-245)“Em 30/06/1995, a Medida Provisória n. 1.053 extinguiu o IPC-R, tendo deixado de apontar qual indexador deveriasubstituí-lo na atualização dos benefícios previdenciários, o que somente veio a ser feito com a edição da Medida Provisórian. 1.415, de 29/04/1996. Referido diploma trouxe duas previsões distintas: (1) determinou a aplicação, a título dereajustamento, em maio de 1996, da variação do IGP-DI, acrescido de um ‘aumento real’, de forma a totalizar 15% (art. 2oe art. 5o); (2) determinou que, a partir de então, os benefícios seriam reajustados consoante a variação do IGP-DI,mantendo a periodicidade anual, porém transferindo o mês de revisão para junho de cada ano (art. 4o). Os dispositivos daMedida Provisória n. 1415/96 foram convertidos na Lei 9.711/98 (arts. 7o a 11).Antes da ocorrência do reajustamento de junho de 1997, foi editada a Medida Provisória n. 1.572-1 (art. 2o), convertida naLei 9.711/98 (art. 12), na qual restou estabelecida aplicação, para reajustamento dos benefícios, do percentual de 7,76%,sem vinculação a nenhum dos denominados ‘indexadores oficiais’, isto é, índices de medição de inflação apurados porinstituições idôneas, com base em critérios públicos de variação de preços de determinados produtos e serviços.Desde então, o fato tem-se repetido: os benefícios previdenciários têm sido reajustados com base em percentuais que nãocorrespondem a nenhum dos chamados ‘indexadores oficiais’.”

10. Ao conferir ao legislador o poder para fixar os índices de reajuste das contraprestações devidas pela Seguridade Social,a Constituição da República de 1988 determina que: “A manutenção, em bases permanentes, do valor real dos benefíciosprevidenciários tem, no próprio legislador - e neste, apenas -, o sujeito concretizante das cláusulas fundadas no art. 194,parágrafo único, n. IV, e no art. 201, § 4º (na redação dada pela EC 20/98), ambos da Constituição da República, pois o

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reajustamento de tais benefícios, para adequar-se à exigência constitucional de preservação de seu quantum, deveráconformar-se aos critérios exclusivamente definidos em lei” (STF, RE 322.348AgR - SC, Segunda Turma, Rel. Min. Celsode Mello, j. 12.11.2002, DJ 06.12.2002, p. 74). Com efeito, conforme leciona Wladimir Novaes Martinez (Comentários à LeiBásica da Previdência Social. 6a edição. São Paulo: Editora LTr, 2003, p. 274):“A filosofia orientadora da política governamental, grosso modo, deve atrelar-se ao estágio econômico e social do País, nãosendo técnico, assim permitir aos aposentados e pensionistas quedarem-se aquém ou situarem-se além dos indicadores dariqueza da Nação.Diante da dinâmica econômica e social dos agrupamentos humanos, do avanço da tecnologia e da modificação dos usos ecostumes, não é possível manter exatamente o poder aquisitivo dos benefícios previdenciários. A escolha de um coeficienteé tentativa de preservação da capacidade de aquisição dos bens.Para enfrentar, normalmente, o fato de as necessidades serem progressivas e alterarem-se no curso do tempo e darealidade, o legislador deve rever, periodicamente, o critério de atualização e, como norma superior, reexaminar o estágioda economia do País e suas conquistas materiais. Eleger novas prescindibilidades e abandonar outras. Se o mercadocresce normal e genericamente, é válido, sobretudo, tentar acompanhar o padrão dos trabalhadores ativos.”

11. A manutenção do valor real não adstringe, porém, o legislador à escolha de determinado índice que melhor recomporiao poder de compra dos benefícios previdenciários, uma vez que as variações dos preços refletidas pelos indicadoresmensais de inflação correspondem a determinadas cestas de bens que têm composições distintas conforme os mercadosalvos, cujas mudanças de preços deseja-se perquirir. Da leitura do art. 201, §4o, da Constituição da República de 1988,conclui-se que o constituinte “deixou para a legislação ordinária o estabelecimento dos critérios para sua preservação. E,por isso, a legislação tem adotado indicadores que visam a recompor os valores em face da inflação, não dando margem,evidentemente, à caracterização da inconstitucionalidade dela a alegação de que, pela variação que pode ocorrer entreesses índices pelo critério de sua aferição, se deva ter por inconstitucional um que tenha sido menos favorável que o outro.Para essa inconstitucionalidade seria mister que se demonstrasse que o índice estabelecido em lei para esse fim émanifestamente inadequado, o que não ocorre no caso” (RE 219.880-RN, Primeira Turma, Rel. Min. Moreira Alves, DJ06.08.1999).12. Insta destacar que a alteração do limite máximo dos benefícios pagos no Regime Geral da Previdência Social, operadapela promulgação das Emendas Constitucionais ns. 20/1998 e 41/2003, não implica o reajuste linear de todos os benefíciospagos, porque somente acarreta a definição de um novo patamar a incidir sobre o salário-de-benefício que servirá paraestabelecimento da renda mensal inicial. Esse teto é fixado em obediência ao regime contributivo e à necessidade deequilíbrio atuarial não sendo, por conseguinte, calculado com o intuito de recompor perdas decorrentes do processoinflacionário, motivo por que não existe uma paridade entre o índice aplicado e aquele incidente para reajuste dosbenefícios já pagos.13. Colaciono, nesse sentido, recente julgado da Desembargadora Federal Tânia Marangoni do Tribunal Regional Federalda 3ª Região (AC 0008944062013403611 – Oitava Turma, e-DJF3 Judicial, Data: 12/12/2014):PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO LEGAL. REVISÃO DE BENEFÍCIO. REAJUSTE. APLICAÇÃO DOS ÍNDICES LEGAIS.PRESERVAÇÃO DO VALOR REAL. DECISÃO FUNDAMENTADA.- Agravo legal, interposto pela parte autora, em face dadecisão monocrática que negou seguimento ao seu apelo, com fundamento no art. 557 do CPC, mantendo a sentença querejeitou o pedido de revisão dos critérios de reajustamento do benefício, com o acréscimo, em junho de 1999, da diferençapercentual de 2,28%, e em maio de 2004, da diferença percentual de 1,75%, decorrentes dos novos tetos estabelecidospelas ECs 20/98 e 41/03, com o pagamento das diferenças daí decorrentes.- Alega o agravante que RMI foi calculada emdesacordo com os dispositivos legais da época, pois, quando se aposentou teria direito a ter sua base de cálculo elaboradasob a égide da Lei 8.212/91 e da Lei 8.213/91, que previa a aplicação dos mesmos índices de reajuste aplicados ao teto decontribuição para os benefícios do RGPS. Sustenta, ainda, que a matéria em questão não se encontra pacificada. Requerseja reconsiderada a decisão, ou, caso mantida, sejam os autos apresentados em mesa para julgamento.- O benefício daautora, pensão por morte, teve DIB em 13/02/1992.- Apurada a RMI, o benefício sofreu os reajustes na forma determinadapelo art. 41 da Lei 8.213/91, na época e com os índices determinados pelo legislador ordinário, por expressa delegação daCarta Maior, a teor do seu art. 201, § 4º, não tendo nenhuma vinculação com qualquer aumento conferido ou alteração dossalários-de-contribuição.- Não há falar em violação dos princípios constitucionais da irredutibilidade do valor dos proventos(art. 194, parágrafo único, inciso IV, da CF/88) e da preservação do valor real (art. 201, § 4º, da CF/88) por inexistirregramento que vincule o valor do benefício concedido ao limite fixado como teto do salário-de-contribuição. A fixação denovo patamar do salário-de-contribuição, em face do novo teto dos benefícios previdenciários, não importa o reajuste dossalários-de-contribuição, mas uma adequação decorrente da elevação do valor-teto.- Não previsão na Lei de Benefícios daPrevidência Social para que o salário-de-benefício corresponda ao salário-de-contribuição, ou que tenham reajustesequivalentes.- Não merece acolhida a alegação do autor, de que o administrador não pode promover a elevação do limitede cobertura previdenciária em condições diversas das aplicáveis aos benefícios de prestação continuada, de modo que, seas EC 20/98 e EC 41/03 não observaram o critério pro rata, o Poder Executivo estava obrigado à observância do critério prorata ao fixar o novo limite de cobertura previdenciária.- Ainda que se admita que o índice pro rata não tenha sido adotado, oindevido reajuste do teto não se estende para os benefícios previdenciários.- O acolhimento dessa tese poderia resultar,quando muito, na diminuição do valor dos tetos, mas jamais no aumento dos reajustes aplicados.- Decisão monocráticacom fundamento no art. 557, caput e § 1º-A, do C.P.C., que confere poderes ao relator para decidir recurso manifestamenteimprocedente, prejudicado, deserto, intempestivo ou contrário a jurisprudência dominante do respectivo Tribunal, doSupremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior, sem submetê-lo ao órgão colegiado, não importa em infringência aoCPC ou aos princípios do direito. Precedentes.- É assente a orientação pretoriana no sentido de que o órgão colegiado nãodeve modificar a decisão do Relator, salvo na hipótese em que a decisão impugnada não estiver devidamentefundamentada, ou padecer dos vícios da ilegalidade e abuso de poder, e for passível de resultar lesão irreparável ou dedifícil reparação à parte.- In casu, a decisão está solidamente fundamentada e traduz de forma lógica o entendimento doRelator, juiz natural do processo, não estando eivada de qualquer vício formal, razão pela qual merece ser mantida.- Agravo

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legal improvido.14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido à parte autora (fl. 46), nos termos do art. 12, da Lein. 1.060/50.15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

55 - 0002272-97.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002272-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GENES ESTANISLAU KOBE(ADVOGADO: ES020677 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0002272-97.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002272-2/01)RECORRENTE: GENES ESTANISLAU KOBERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. EQUIVALÊNCIA DE REAJUSTE ENTRESALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO E BENEFÍCIO. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.

1. GENES ESTANISLAU KOBE interpõe recurso inominado, às fls. 129/131, contra a sentença de fls. 74/77 (integrada pelasentença de fls. 125/126), proferida pelo MM. Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo,que julgou improcedente o pedido de revisão da renda mensal, com aplicação dos limites-teto fixados nas EmendasConstitucionais 20/1998 e 41/2003.2. O recorrente alega que o Juízo monocrático julgou matéria diversa daquela contida em sua causa de pedir. Frisa que apetição inicial requer a aplicação do critério pro rata determinado pela Emendas Constitucionais 20/1998 e 41/2003 e que asentença não tratou de tal aplicação. Requer a anulação da sentença para que outra seja prolatada em seu lugar.3. O INSS ofereceu contrarrazões às fls. 136/169, nas quais requer o desprovimento do recurso. Pugna pela manutençãoda sentença.4. É o relatório.5. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.6. Em exame da questão controversa, destaco que o recorrente pede que seu benefício seja reajustado em 2,28% (desdejunho de 1999) e em 1,75% (desde maio de 2004), a fim de que tenha o mesmo percentual de reajuste que sofreu o limitemáximo do salário-de-contribuição. Sustenta que as alterações neste limite devem ser repassadas para os benefícios emmanutenção, a fim de corrigir a renda mensal.7. O pedido do recorrente não encontra respaldo no ordenamento jurídico, tendo em vista que os reajustes dos benefíciossão realizados tendo por base o art. 41 da Lei n. 8.213/91, na época e com os índices determinados pelo legisladorordinário, por expressa determinação da Constituição da República de 1988.8. Promulgada a Lei n. 8.213/91, o seu art. 41, II, dispunha que “os valores dos benefícios em manutenção serãoreajustados, de acordo com suas respectivas datas de início, com base na variação integral do INPC, calculado pelo IBGE,nas mesmas épocas em que o salário mínimo for alterado, pelo índice da cesta básica ou substituto eventual”. Por sua vez,o art. 9o, §2o, da Lei nº 8.542/92, alterou o referido dispositivo, passando a determinar que “a partir da referência janeiro de1993, o IRSM substitui o INPC para todos os fins previstos nas Leis nº 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991”.9. Posteriormente, a Lei nº 8.880, publicada em 27 de maio de 1994, positivou, em seu art. 20, inciso I, a regra de que osbenefícios mantidos pela Previdência Social seriam convertidos em URV em 1o de março de 1994, “dividindo-se o valornominal, vigente nos meses de novembro e dezembro de 1993 e janeiro e fevereiro de 1994, pelo valor em cruzeiros reaisdo equivalente em URV do último dia desses meses”. Outrossim, o seu art. 29 preconizou que o indexador dos benefíciosprevidenciários em manutenção seria o IPC-r, determinando que os reajustes anuais deveriam ocorrer no mês de maio.Deveras, conforme relato de Simone Barbisan e Leandro Paulsen (Direito da Seguridade Social. Prestações e Custeio daPrevidência, Assistência e Saúde. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p. 244-245)“Em 30/06/1995, a Medida Provisória n. 1.053 extinguiu o IPC-R, tendo deixado de apontar qual indexador deveriasubstituí-lo na atualização dos benefícios previdenciários, o que somente veio a ser feito com a edição da Medida Provisórian. 1.415, de 29/04/1996. Referido diploma trouxe duas previsões distintas: (1) determinou a aplicação, a título dereajustamento, em maio de 1996, da variação do IGP-DI, acrescido de um ‘aumento real’, de forma a totalizar 15% (art. 2oe art. 5o); (2) determinou que, a partir de então, os benefícios seriam reajustados consoante a variação do IGP-DI,mantendo a periodicidade anual, porém transferindo o mês de revisão para junho de cada ano (art. 4o). Os dispositivos daMedida Provisória n. 1415/96 foram convertidos na Lei 9.711/98 (arts. 7o a 11).Antes da ocorrência do reajustamento de junho de 1997, foi editada a Medida Provisória n. 1.572-1 (art. 2o), convertida naLei 9.711/98 (art. 12), na qual restou estabelecida aplicação, para reajustamento dos benefícios, do percentual de 7,76%,sem vinculação a nenhum dos denominados ‘indexadores oficiais’, isto é, índices de medição de inflação apurados porinstituições idôneas, com base em critérios públicos de variação de preços de determinados produtos e serviços.Desde então, o fato tem-se repetido: os benefícios previdenciários têm sido reajustados com base em percentuais que nãocorrespondem a nenhum dos chamados ‘indexadores oficiais’.”

10. Ao conferir ao legislador o poder para fixar os índices de reajuste das contraprestações devidas pela Seguridade Social,

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a Constituição da República de 1988 determina que: “A manutenção, em bases permanentes, do valor real dos benefíciosprevidenciários tem, no próprio legislador - e neste, apenas -, o sujeito concretizante das cláusulas fundadas no art. 194,parágrafo único, n. IV, e no art. 201, § 4º (na redação dada pela EC 20/98), ambos da Constituição da República, pois oreajustamento de tais benefícios, para adequar-se à exigência constitucional de preservação de seu quantum, deveráconformar-se aos critérios exclusivamente definidos em lei” (STF, RE 322.348AgR - SC, Segunda Turma, Rel. Min. Celsode Mello, j. 12.11.2002, DJ 06.12.2002, p. 74). Com efeito, conforme leciona Wladimir Novaes Martinez (Comentários à LeiBásica da Previdência Social. 6a edição. São Paulo: Editora LTr, 2003, p. 274):“A filosofia orientadora da política governamental, grosso modo, deve atrelar-se ao estágio econômico e social do País, nãosendo técnico, assim permitir aos aposentados e pensionistas quedarem-se aquém ou situarem-se além dos indicadores dariqueza da Nação.Diante da dinâmica econômica e social dos agrupamentos humanos, do avanço da tecnologia e da modificação dos usos ecostumes, não é possível manter exatamente o poder aquisitivo dos benefícios previdenciários. A escolha de um coeficienteé tentativa de preservação da capacidade de aquisição dos bens.Para enfrentar, normalmente, o fato de as necessidades serem progressivas e alterarem-se no curso do tempo e darealidade, o legislador deve rever, periodicamente, o critério de atualização e, como norma superior, reexaminar o estágioda economia do País e suas conquistas materiais. Eleger novas prescindibilidades e abandonar outras. Se o mercadocresce normal e genericamente, é válido, sobretudo, tentar acompanhar o padrão dos trabalhadores ativos.”

11. A manutenção do valor real não adstringe, porém, o legislador à escolha de determinado índice que melhor recomporiao poder de compra dos benefícios previdenciários, uma vez que as variações dos preços refletidas pelos indicadoresmensais de inflação correspondem a determinadas cestas de bens que têm composições distintas conforme os mercadosalvos, cujas mudanças de preços deseja-se perquirir. Da leitura do art. 201, §4o, da Constituição da República de 1988,conclui-se que o constituinte “deixou para a legislação ordinária o estabelecimento dos critérios para sua preservação. E,por isso, a legislação tem adotado indicadores que visam a recompor os valores em face da inflação, não dando margem,evidentemente, à caracterização da inconstitucionalidade dela a alegação de que, pela variação que pode ocorrer entreesses índices pelo critério de sua aferição, se deva ter por inconstitucional um que tenha sido menos favorável que o outro.Para essa inconstitucionalidade seria mister que se demonstrasse que o índice estabelecido em lei para esse fim émanifestamente inadequado, o que não ocorre no caso” (RE 219.880-RN, Primeira Turma, Rel. Min. Moreira Alves, DJ06.08.1999).12. Insta destacar que a alteração do limite máximo dos benefícios pagos no Regime Geral da Previdência Social, operadapela promulgação das Emendas Constitucionais ns. 20/1998 e 41/2003, não implica o reajuste linear de todos os benefíciospagos, porque somente acarreta a definição de um novo patamar a incidir sobre o salário-de-benefício que servirá paraestabelecimento da renda mensal inicial. Esse teto é fixado em obediência ao regime contributivo e à necessidade deequilíbrio atuarial não sendo, por conseguinte, calculado com o intuito de recompor perdas decorrentes do processoinflacionário, motivo por que não existe uma paridade entre o índice aplicado e aquele incidente para reajuste dosbenefícios já pagos.13. Colaciono, nesse sentido, recente julgado da Desembargadora Federal Tânia Marangoni do Tribunal Regional Federalda 3ª Região (AC 0008944062013403611 – Oitava Turma, e-DJF3 Judicial, Data: 12/12/2014):PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO LEGAL. REVISÃO DE BENEFÍCIO. REAJUSTE. APLICAÇÃO DOS ÍNDICES LEGAIS.PRESERVAÇÃO DO VALOR REAL. DECISÃO FUNDAMENTADA.- Agravo legal, interposto pela parte autora, em face dadecisão monocrática que negou seguimento ao seu apelo, com fundamento no art. 557 do CPC, mantendo a sentença querejeitou o pedido de revisão dos critérios de reajustamento do benefício, com o acréscimo, em junho de 1999, da diferençapercentual de 2,28%, e em maio de 2004, da diferença percentual de 1,75%, decorrentes dos novos tetos estabelecidospelas ECs 20/98 e 41/03, com o pagamento das diferenças daí decorrentes.- Alega o agravante que RMI foi calculada emdesacordo com os dispositivos legais da época, pois, quando se aposentou teria direito a ter sua base de cálculo elaboradasob a égide da Lei 8.212/91 e da Lei 8.213/91, que previa a aplicação dos mesmos índices de reajuste aplicados ao teto decontribuição para os benefícios do RGPS. Sustenta, ainda, que a matéria em questão não se encontra pacificada. Requerseja reconsiderada a decisão, ou, caso mantida, sejam os autos apresentados em mesa para julgamento.- O benefício daautora, pensão por morte, teve DIB em 13/02/1992.- Apurada a RMI, o benefício sofreu os reajustes na forma determinadapelo art. 41 da Lei 8.213/91, na época e com os índices determinados pelo legislador ordinário, por expressa delegação daCarta Maior, a teor do seu art. 201, § 4º, não tendo nenhuma vinculação com qualquer aumento conferido ou alteração dossalários-de-contribuição.- Não há falar em violação dos princípios constitucionais da irredutibilidade do valor dos proventos(art. 194, parágrafo único, inciso IV, da CF/88) e da preservação do valor real (art. 201, § 4º, da CF/88) por inexistirregramento que vincule o valor do benefício concedido ao limite fixado como teto do salário-de-contribuição. A fixação denovo patamar do salário-de-contribuição, em face do novo teto dos benefícios previdenciários, não importa o reajuste dossalários-de-contribuição, mas uma adequação decorrente da elevação do valor-teto.- Não previsão na Lei de Benefícios daPrevidência Social para que o salário-de-benefício corresponda ao salário-de-contribuição, ou que tenham reajustesequivalentes.- Não merece acolhida a alegação do autor, de que o administrador não pode promover a elevação do limitede cobertura previdenciária em condições diversas das aplicáveis aos benefícios de prestação continuada, de modo que, seas EC 20/98 e EC 41/03 não observaram o critério pro rata, o Poder Executivo estava obrigado à observância do critério prorata ao fixar o novo limite de cobertura previdenciária.- Ainda que se admita que o índice pro rata não tenha sido adotado, oindevido reajuste do teto não se estende para os benefícios previdenciários.- O acolhimento dessa tese poderia resultar,quando muito, na diminuição do valor dos tetos, mas jamais no aumento dos reajustes aplicados.- Decisão monocráticacom fundamento no art. 557, caput e § 1º-A, do C.P.C., que confere poderes ao relator para decidir recurso manifestamenteimprocedente, prejudicado, deserto, intempestivo ou contrário a jurisprudência dominante do respectivo Tribunal, doSupremo Tribunal Federal ou de Tribunal Superior, sem submetê-lo ao órgão colegiado, não importa em infringência aoCPC ou aos princípios do direito. Precedentes.- É assente a orientação pretoriana no sentido de que o órgão colegiado nãodeve modificar a decisão do Relator, salvo na hipótese em que a decisão impugnada não estiver devidamente

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fundamentada, ou padecer dos vícios da ilegalidade e abuso de poder, e for passível de resultar lesão irreparável ou dedifícil reparação à parte.- In casu, a decisão está solidamente fundamentada e traduz de forma lógica o entendimento doRelator, juiz natural do processo, não estando eivada de qualquer vício formal, razão pela qual merece ser mantida.- Agravolegal improvido.14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido à parte autora (fl. 32), nos termos do art. 12, da Lein. 1.060/50.15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

56 - 0100092-69.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.100092-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ULISSES DOS SANTOS(ADVOGADO: ES006351 - JOANA D'ARC BASTOS LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0100092-69.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.100092-4/01)RECORRENTE: ULISSES DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. EQUIVALÊNCIA COM O SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.1. ULISSES DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 71/82, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 1º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente pedido para que fosse feito novo cálculodo seu benefício de aposentadoria por invalidez, uma vez que, “entre os princípios que devem reger a previdência socialestá a manutenção do valor real do benefício, o qual deve ser atualizado monetariamente a fim de assegurar a naturezasocial e alimentar dos benefícios, garantindo o mínimo necessário ao segurado” (fl. 76). Em suas razões recursais, sustentaque a sentença deve ser reformada.2. O INSS não ofereceu contrarrazões, embora tenha sido regularmente intimado (fl. 87).3. É o relatório.4. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. O demandante, em sua petição inicial, afirma que se aposentou por invalidez em 01/01/1987, com renda mensal inicial deCz$ 2.215,65, montante que correspondia a 2,30 salários mínimos. Relata que recebe atualmente pouco mais de um saláriomínimo, o que demonstra a disparidade entre o seu salário-de-contribuição (“referente a uma aposentadoria de 2,30salários mínimos) e o valor atual de sua aposentadoria.6. A irredutibilidade dos benefícios e a garantia do seu reajuste, voltada à preservação de seu valor real (arts. 194, IV, e201, §4o, da Constituição da República de 1988; art. 41, I, da Lei n. 8.213/91), consubstanciam direitos dos seguradoscontra o aviltamento dos valores dos benefícios previdenciários. Ao conferir, ao legislador, o poder para fixar os índices dereajuste das contraprestações devidas pela Seguridade Social, a Constituição da República de 1988 determina que: “Amanutenção, em bases permanentes, do valor real dos benefícios previdenciários tem, no próprio legislador - e neste,apenas -, o sujeito concretizante das cláusulas fundadas no art. 194, parágrafo único, n. IV, e no art. 201, § 4º (na redaçãodada pela EC 20/98), ambos da Constituição da República, pois o reajustamento de tais benefícios, para adequar-se àexigência constitucional de preservação de seu quantum, deverá conformar-se aos critérios exclusivamente definidos emlei” (STF, RE 322.348AgR - SC, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, j. 12.11.2002, DJ 06.12.2002, p. 74). Com efeito,conforme leciona Wladimir Novaes Martinez (Comentários à Lei Básica da Previdência Social. 6a edição. São Paulo:Editora LTr, 2003, p. 274):“A filosofia orientadora da política governamental, grosso modo, deve atrelar-se ao estágio econômico e social do País, nãosendo técnico, assim permitir aos aposentados e pensionistas quedarem-se aquém ou situarem-se além dos indicadores dariqueza da Nação.Diante da dinâmica econômica e social dos agrupamentos humanos, do avanço da tecnologia e da modificação dos usos ecostumes, não é possível manter exatamente o poder aquisitivo dos benefícios previdenciários, A escolha de um coeficienteé tentativa de preservação da capacidade de aquisição dos bens.Para enfrentar, normalmente, o fato de as necessidades serem progressivas e alterarem-se no curso do tempo e darealidade, o legislador deve rever, periodicamente, o critério de atualização e, como norma superior, reexaminar o estágioda economia do País e suas conquistas materiais. Eleger novas prescindibilidades e abandonar outras.Se o mercadocresce normal e genericamente, é válido, sobretudo, tentar acompanhar o padrão dos trabalhadores ativos.”

7. A manutenção do valor real não adstringe o legislador à escolha de determinado índice que melhor recomporia o poderde compra dos benefícios previdenciários, uma vez que as variações dos preços refletidas pelos indicadores mensais deinflação correspondem a determinadas cestas de bens que têm composições distintas conforme os mercados alvos, cujasmudanças de preços deseja-se perquirir. Da leitura do art. 201, §4o, da Constituição da República de 1988, conclui-se queo constituinte “deixou para a legislação ordinária o estabelecimento dos critérios para sua preservação. E, por isso, alegislação tem adotado indicadores que visam a recompor os valores em face da inflação, não dando margem,evidentemente, à caracterização da inconstitucionalidade dela a alegação de que, pela variação que pode ocorrer entreesses índices pelo critério de sua aferição, se deva ter por inconstitucional um que tenha sido menos favorável que o outro.Para essa inconstitucionalidade seria mister que se demonstrasse que o índice estabelecido em lei para esse fim é

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manifestamente inadequado, o que não ocorre no caso” (RE 219.880-RN, Primeira Turma, Rel. Min. Moreira Alves, DJ06.08.1999).8. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido à parte autora (fl. 44), nos termos do art. 12, da Lein. 1.060/50.9. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

57 - 0000384-21.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000384-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JONAS FABRES(ADVOGADO: ES018318 - Thor Lincoln Nunes Grünewald.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).RECURSO Nº 0000384-21.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000384-1/01)RECORRENTE: JONAS FABRESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. EQUIVALÊNCIA COM O SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.1. JONAS FABRES interpõe recurso inominado, às fls. 45/48, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado EspecialFederal de Linhares, que julgou improcedente pedido para que fosse feito novo cálculo do seu benefício de aposentadoriapor tempo de contribuição, uma vez que, “no período em que estava contribuindo, o valor pago foi referente a umaaposentadoria de três salários mínimos, tornando o valor aquém do que teria direito, sendo necessário, portanto, suarevisão” (fl. 02). Em suas razões recursais, sustenta que a sentença deve ser declarada nula, pois não houve produção deperícia contábil ou juntada de documentos do INSS que indicassem a correção dos cálculos elaborados pela autarquiaprevidenciária quando estabeleceu a renda mensal do atual benefício do recorrente.2. O INSS não ofereceu contrarrazões, embora tenha sido regularmente intimado (fl. 51).3. É o relatório.4. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. O recorrente afirma que a sentença deve ser declarada nula, uma vez que a convicção externada pelo julgador, quanto àcorreção dos cálculos do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, não encontrou suporte em perícia contábilou cálculo elaborado pelo INSS para tal finalidade. Contudo, da análise dos autos, observo que a parte autora formulararequerimento extrajudicial de revisão de seu benefício, no qual aduziu a suposta incorreção da forma de apuração do seuvalor atual. Indeferido o requerimento, foi apresentado recurso perante a 24ª Junta de Recursos, do Conselho de Recursosda Previdência Social, que não o conheceu, em razão de sua intempestividade (fls. 20/21), tendo sido aduzido que não foiencontrado fundamento para a revisão administrativa do benefício, pois os seus reajustes se deram em conformidade como disposto pelo art. 41-A, da Lei n. 8.213/91.6. O demandante, em sua petição inicial, afirmou que esteve em gozo de benefício de aposentadoria por invalidez (NB521.530.099-37), que foi convertido em aposentadoria por tempo de contribuição em 20/05/2005. Entretanto, afirma que ocálculo de tal benefício está incorreto, ante a disparidade entre o seu salário-de-contribuição (“referente a umaaposentadoria de três salários mínimos) e o valor atual de sua aposentadoria.7. Não obstante o rito dos Juizados Especiais Federais paute-se pelo princípio da informalidade (art. 2º, da Lei n. 9.099/95),a parte autora deve apresentar relato minimamente coerente do seu pedido e da causa de pedir correspondente. Napresente hipótese, o magistrado sentenciante observou que, após a promulgação da Lei n. 8.213/91, já vigente quando obenefício do autor foi concedido, não mais existe um sistema de reajustes atrelado ao salário-mínimo. Logo, não apontadarazão objetiva para que se impugne o cálculo do INSS, não cabe ao Judiciário pesquisar possível erro cometido pelaautarquia previdenciária, motivo por não constato infração ao direito de acesso à justiça ou aos princípios do contraditório edo devido processo legal (art. 5º, XXXV, LIV, LV, da Constituição da República de 1988).8. Cabe assinalar que a irredutibilidade dos benefícios e a garantia do seu reajuste, voltada à preservação de seu valor real(arts. 194, IV, e 201, §4o, da Constituição da República de 1988; art. 41, I, da Lei n. 8.213/91), consubstanciam direitos dossegurados contra o aviltamento dos valores dos benefícios previdenciários. Ao conferir, ao legislador, o poder para fixar osíndices de reajuste das contraprestações devidas pela Seguridade Social, a Constituição da República de 1988 determinaque: “A manutenção, em bases permanentes, do valor real dos benefícios previdenciários tem, no próprio legislador - eneste, apenas -, o sujeito concretizante das cláusulas fundadas no art. 194, parágrafo único, n. IV, e no art. 201, § 4º (naredação dada pela EC 20/98), ambos da Constituição da República, pois o reajustamento de tais benefícios, paraadequar-se à exigência constitucional de preservação de seu quantum, deverá conformar-se aos critérios exclusivamentedefinidos em lei” (STF, RE 322.348AgR - SC, Segunda Turma, Rel. Min. Celso de Mello, j. 12.11.2002, DJ 06.12.2002, p.74). Com efeito, conforme leciona Wladimir Novaes Martinez (Comentários à Lei Básica da Previdência Social. 6a edição.São Paulo: Editora LTr, 2003, p. 274):“A filosofia orientadora da política governamental, grosso modo, deve atrelar-se ao estágio econômico e social do País, nãosendo técnico, assim permitir aos aposentados e pensionistas quedarem-se aquém ou situarem-se além dos indicadores dariqueza da Nação.Diante da dinâmica econômica e social dos agrupamentos humanos, do avanço da tecnologia e da modificação dos usos e

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costumes, não é possível manter exatamente o poder aquisitivo dos benefícios previdenciários, A escolha de um coeficienteé tentativa de preservação da capacidade de aquisição dos bens.Para enfrentar, normalmente, o fato de as necessidades serem progressivas e alterarem-se no curso do tempo e darealidade, o legislador deve rever, periodicamente, o critério de atualização e, como norma superior, reexaminar o estágioda economia do País e suas conquistas materiais. Eleger novas prescindibilidades e abandonar outras.Se o mercadocresce normal e genericamente, é válido, sobretudo, tentar acompanhar o padrão dos trabalhadores ativos.”

9. A manutenção do valor real não adstringe o legislador à escolha de determinado índice que melhor recomporia o poderde compra dos benefícios previdenciários, uma vez que as variações dos preços refletidas pelos indicadores mensais deinflação correspondem a determinadas cestas de bens que têm composições distintas conforme os mercados alvos, cujasmudanças de preços deseja-se perquirir. Da leitura do art. 201, §4o, da Constituição da República de 1988, conclui-se queo constituinte “deixou para a legislação ordinária o estabelecimento dos critérios para sua preservação. E, por isso, alegislação tem adotado indicadores que visam a recompor os valores em face da inflação, não dando margem,evidentemente, à caracterização da inconstitucionalidade dela a alegação de que, pela variação que pode ocorrer entreesses índices pelo critério de sua aferição, se deva ter por inconstitucional um que tenha sido menos favorável que o outro.Para essa inconstitucionalidade seria mister que se demonstrasse que o índice estabelecido em lei para esse fim émanifestamente inadequado, o que não ocorre no caso” (RE 219.880-RN, Primeira Turma, Rel. Min. Moreira Alves, DJ06.08.1999).10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas e honoráriosadvocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça concedido à parte autora (fl. 23), nos termos do art. 12, da Lein. 1.060/50.11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

58 - 0100797-80.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100797-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x ANTONIO EDITO GAVA (ADVOGADO: ES021038 -CARLOS BERKENBROCK, ES015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ.).RECURSO Nº 0100797-80.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.100797-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANTONIO EDITO GAVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. DIREITO ADQUIRIDO AO MELHOR BENEFÍCIO. LAUDO CONTÁBIL NO QUAL SEAPONTA A EXISTÊNCIA DE INCREMENTO DA RENDA MENSAL. RECURSO INOMINADO DO INSS CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da SeçãoJudiciária do Espírito Santo que julgou procedente pedido para que a data de início do seu benefício fosse retroagida paraobtenção da renda mensal inicial maior, conforme o disposto pelo art. 122, da Lei n. 8.213/91. Em suas razões, o recorrentealega que a sentença deve ser substituída, pois não há direito adquirido da parte autora sendo ameaçado ou violado; aretroação da data de início do benefício viola os artigos 5º, XXXVI e 201, caput, da Constituição da República de 1988; oartigo 122 da Lei 8.213/91 é aplicável somente às hipóteses de aposentadoria integral e quando implica mudança nasregras de cálculo do benefício; o segurado não possui direito à eleição da melhor data para a aposentação; o magistradonão pode atuar como legislador positivo. A parte autora apresentou contrarrazões, às fls. 153/156, nas quais requer odesprovimento do recurso.2. É o relatório.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 630.501/RS (Rel. p/ acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23/08/2013)sob regime de repercussão geral, fixou orientação – nos termos do voto proferido pela Min. Ellen Gracie -, de que ossegurados têm o direito adquirido a “verem seus benefícios deferidos ou revisados de modo que correspondam à maiorrenda mensal inicial possível no cotejo entre aquela obtida e as rendas mensais que estariam percebendo na mesma datacaso tivessem requerido o benefício em algum momento anterior, desde quando possível a aposentadoria proporcional,com efeitos financeiros a contar do desligamento do emprego ou da data de entrada do requerimento, respeitadas adecadência do direito à revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas”.5. O Supremo Tribunal Federal, por sua maioria, no acórdão referido, sublinhou que o segurado tem direito adquirido (art.5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988) a perceber benefício previdenciário que lhe seja mais vantajoso, nostermos do enunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, e salientou que essa interpretação fora acolhida nos arts. 3º,da Emenda Constitucional n. 20/98, 6º, da Lei n. 9.876/99, e 102, §1º, e 122, ambos da Lei n. 8.213/91. Contudo, a Cortedestacou que o acatamento dessa tese não implicava a admissão de regimes híbridos, nos quais fosse possível haver acombinação dos aspectos mais benefícios previstos em diferentes leis, ou que fatos posteriores à lei nova fossemsubmetidos à disciplina da legislação pretérita.6. Na presente demanda, o Juizado de origem determinou a remessa dos autos à Contadoria Judicial, a qual apurou (fls.98/107 e 131/132) que o novo salário-de-benefício seria superior àquele obtido pelo segurado, caso retroagido para a novadata de início indicada na peça vestibular. Portanto, constatado que o autor teria sua renda mensal majorada, o julgamento

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de procedência do pedido deve ser mantido. A propósito, destaco que a tese assentada no julgamento do RE 630.501/RS(Rel. p/ acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23/08/2013), sob regime de repercussão geral, não traça distinção relacionada àmudança da qualificação da aposentadoria – integral ou proporcional -, tampouco exige que tenha ocorrido mudança doregime jurídico, com a instituição de nova disciplina legal para apuração da renda mensal inicial. Nesse sentido, vale atranscrição da seguinte passagem do voto proferido pela Min. Ellen Gracie:“Embora seja, via de regra, vantajoso para aquele que permaneceu na ativa ter contribuído ao longo de mais alguns mesesou anos, pode não sê-lo em circunstâncias específicas como a da redução do seu salário-de-contribuição, com influêncianegativa no cálculo da renda mensal inicial.Em tais casos, mesmo que a diminuição não decorra de lei, mas de novos elementos considerados para o cálculo dobenefício, impende assegurar-se o direito adquirido ao melhor benefício possível.Destaco que o legislador, atualmente, já vai ao encontro desse objetivo ao determinar, no art. 122, da Lei 8.213/91, com aredação da Lei 9.528/97, que: “Se mais vantajoso, fica assegurado o direito à aposentadoria, nas condições legalmenteprevistas na data do cumprimento de todos os requisitos necessários à obtenção do benefício, ao segurado que, tendocompletado 35 anos de serviço, se homem, ou trinta anos, se mulher, optou por permanecer e atividade”.Embora o dispositivo legal se refira ao cumprimento dos requisitos para aposentadoria integral ao assegurar o benefíciomais vantajoso, tal deve ser assegurado também na hipótese de a aposentadoria proporcional se apresentar maisvantajosa.8. O benefício de aposentadoria caracteriza-se por uma prestação mensal de caráter permanente, substitutiva dosrendimentos do segurado e concedida a este quando lhe advenha incapacidade laboral definitiva ou quando reúna tempode contribuição associado à idade.A proporcionalidade e a integralidade são simples critérios de cálculo do benefício de aposentadoria e não elementosessenciais capazes de caracterizar benefícios distintos.”

7. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e a incidência dejuros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.8. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).9. Certificado o trânsito em julgado, baixem-se os autos ao Juizado de origem.10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

59 - 0105810-94.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105810-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x ANTONIO ALBERTO DE FREITAS(ADVOGADO: SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.).RECURSO Nº 0105810-94.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105810-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANTONIO ALBERTO DE FREITASRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. DIREITO ADQUIRIDO AO MELHOR BENEFÍCIO. LAUDO CONTÁBIL NO QUAL SEAPONTA A EXISTÊNCIA DE INCREMENTO DA RENDA MENSAL. RECURSO INOMINADO DO INSS CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença, proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da SeçãoJudiciária do Espírito Santo, que julgou procedente pedido para que a data de início do seu benefício fosse retroagida paraobtenção da renda mensal inicial maior, conforme o disposto pelo art. 122, da Lei n. 8.213/91. Em suas razões, o recorrentealega, como prejudicial de mérito, a ocorrência da decadência. Sustenta que a sentença deve ser substituída, pois não hádireito adquirido da parte autora sendo ameaçado ou violado; a retroação da data de início do benefício viola os artigos 5º,XXXVI e 201, caput, da Constituição da República de 1988; o artigo 122 da Lei 8.213/91 é aplicável somente às hipótesesde aposentadoria integral e quando implica mudança nas regras de cálculo do benefício; o segurado não possui direito àeleição da melhor data para a aposentação; o magistrado não pode atuar como legislador positivo; o art. 1º-F, da Lei n.

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9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina a atualização monetária e a incidência de juros moratóriosa todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. A parte autora apresentou contrarrazões, às fls. 108/111,nas quais requer o desprovimento do recurso.2. É o relatório.3. A autarquia argumenta que a parte autora decaiu de seu direito de requerer a revisão do benefício em razão do decursodo prazo previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/91. Contudo, verifico que não transcorreu prazo superior a 10 (dez) anos entrea data da concessão do benefício (30/12/2003) e a data de ajuizamento desta ação (15/10/2013), motivo pelo qual não háque se falar em decadência. Afasto, assim, a prejudicial de mérito apontada pelo recorrente.4. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.5. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 630.501/RS (Rel. p/ acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23/08/2013)sob regime de repercussão geral, fixou orientação – nos termos do voto proferido pela Min. Ellen Gracie -, de que ossegurados têm o direito adquirido a “verem seus benefícios deferidos ou revisados de modo que correspondam à maiorrenda mensal inicial possível no cotejo entre aquela obtida e as rendas mensais que estariam percebendo na mesma datacaso tivessem requerido o benefício em algum momento anterior, desde quando possível a aposentadoria proporcional,com efeitos financeiros a contar do desligamento do emprego ou da data de entrada do requerimento, respeitadas adecadência do direito à revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas”.6. O Supremo Tribunal Federal, por sua maioria, no acórdão referido, sublinhou que o segurado tem direito adquirido (art.5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988) a perceber benefício previdenciário que lhe seja mais vantajoso, nostermos do enunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, e salientou que essa interpretação fora acolhida nos arts. 3º,da Emenda Constitucional n. 20/98, 6º, da Lei n. 9.876/99, e 102, §1º, e 122, ambos da Lei n. 8.213/91. Contudo, a Cortedestacou que o acatamento dessa tese não implicava a admissão de regimes híbridos, nos quais fosse possível haver acombinação dos aspectos mais benefícios previstos em diferentes leis, ou que fatos posteriores à lei nova fossemsubmetidos à disciplina da legislação pretérita.7. Na presente demanda, o Juizado de origem determinou a remessa dos autos à Contadoria Judicial, a qual apurou (fls.67/73) que, embora a renda mensal inicial do benefício não sofresse alteração, porque limitada pelo teto, haveria alteraçãoda renda mensal subsequente ao primeiro reajuste, porque incidiria um fator previdenciário menor, conforme alterada a datade início do benefício. Portanto, constatado que o autor teria sua renda mensal majorada, o julgamento de procedência dopedido deve ser mantido. A propósito, destaco que a tese assentada no julgamento do RE 630.501/RS (Rel. p/ acórdão Min.Marco Aurélio, DJE 23/08/2013), sob regime de repercussão geral, não traça distinção relacionada à mudança daqualificação da aposentadoria – integral ou proporcional -, tampouco exige que tenha ocorrido mudança do regime jurídico,com a instituição de nova disciplina legal para apuração da renda mensal inicial. Nesse sentido, vale a transcrição daseguinte passagem do voto proferido pela Min. Ellen Gracie:“Embora seja, via de regra, vantajoso para aquele que permaneceu na ativa ter contribuído ao longo de mais alguns mesesou anos, pode não sê-lo em circunstâncias específicas como a da redução do seu salário-de-contribuição, com influêncianegativa no cálculo da renda mensal inicial.Em tais casos, mesmo que a diminuição não decorra de lei, mas de novos elementos considerados para o cálculo dobenefício, impende assegurar-se o direito adquirido ao melhor benefício possível.Destaco que o legislador, atualmente, já vai ao encontro desse objetivo ao determinar, no art. 122, da Lei 8.213/91, com aredação da Lei 9.528/97, que: “Se mais vantajoso, fica assegurado o direito à aposentadoria, nas condições legalmenteprevistas na data do cumprimento de todos os requisitos necessários à obtenção do benefício, ao segurado que, tendocompletado 35 anos de serviço, se homem, ou trinta anos, se mulher, optou por permanecer e atividade”.Embora o dispositivo legal se refira ao cumprimento dos requisitos para aposentadoria integral ao assegurar o benefíciomais vantajoso, tal deve ser assegurado também na hipótese de a aposentadoria proporcional se apresentar maisvantajosa.8. O benefício de aposentadoria caracteriza-se por uma prestação mensal de caráter permanente, substitutiva dosrendimentos do segurado e concedida a este quando lhe advenha incapacidade laboral definitiva ou quando reúna tempode contribuição associado à idade.A proporcionalidade e a integralidade são simples critérios de cálculo do benefício de aposentadoria e não elementosessenciais capazes de caracterizar benefícios distintos.”

8. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e a incidência dejuros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).10. Certificado o trânsito em julgado, baixem-se os autos ao Juizado de origem.

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11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

60 - 0102307-31.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.102307-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x ALDINO COFFER (ADVOGADO:SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.).RECURSO Nº 0102307-31.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.102307-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ALDINO COFFERRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. DIREITO ADQUIRIDO AO MELHOR BENEFÍCIO. LAUDO CONTÁBIL NO QUAL SEAPONTA A EXISTÊNCIA DE INCREMENTO DA RENDA MENSAL. RECURSO INOMINADO DO INSS CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado contra sentença, proferida pelo MM. Juiz do 1º Juizado Especial Federal da SeçãoJudiciária do Espírito Santo, que julgou procedente pedido para que a data de início do seu benefício fosse retroagida paraobtenção da renda mensal inicial maior, conforme o disposto pelo art. 122, da Lei n. 8.213/91. Em suas razões, o recorrentealega que a sentença deve ser substituída, pois não há direito adquirido da parte autora sendo ameaçado ou violado; aretroação da data de início do benefício viola os artigos 5º, XXXVI e 201, caput, da Constituição da República de 1988; osegurado não possui direito à eleição da melhor data para a aposentação; o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenaçõespecuniárias impostas à Fazenda Pública. A parte autora apresentou contrarrazões, às fls. 109/112, nas quais requer odesprovimento do recurso.2. É o relatório.3. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.4. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento do RE 630.501/RS (Rel. p/ acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23/08/2013)sob regime de repercussão geral, fixou orientação – nos termos do voto proferido pela Min. Ellen Gracie -, de que ossegurados têm o direito adquirido a “verem seus benefícios deferidos ou revisados de modo que correspondam à maiorrenda mensal inicial possível no cotejo entre aquela obtida e as rendas mensais que estariam percebendo na mesma datacaso tivessem requerido o benefício em algum momento anterior, desde quando possível a aposentadoria proporcional,com efeitos financeiros a contar do desligamento do emprego ou da data de entrada do requerimento, respeitadas adecadência do direito à revisão e a prescrição quanto às prestações vencidas”.5. O Supremo Tribunal Federal, por sua maioria, no acórdão referido, sublinhou que o segurado tem direito adquirido (art.5º, XXXVI, da Constituição da República de 1988) a perceber benefício previdenciário que lhe seja mais vantajoso, nostermos do enunciado n. 359, da súmula da sua jurisprudência, e salientou que essa interpretação fora acolhida nos arts. 3º,da Emenda Constitucional n. 20/98, 6º, da Lei n. 9.876/99, e 102, §1º, e 122, ambos da Lei n. 8.213/91. Contudo, a Cortedestacou que o acatamento dessa tese não implicava a admissão de regimes híbridos, nos quais fosse possível haver acombinação dos aspectos mais benefícios previstos em diferentes leis, ou que fatos posteriores à lei nova fossemsubmetidos à disciplina da legislação pretérita.6. Na presente demanda, o Juizado de origem determinou a remessa dos autos à Contadoria Judicial, a qual apurou (fls.69/75) que a nova renda mensal inicial do benefício seria superior àquela obtida pelo segurado, caso retroagida para a novadata de início indicada na peça vestibular. Portanto, constatado que o autor teria sua renda mensal inicial majorada, ojulgamento de procedência do pedido deve ser mantido. A propósito, destaco que a tese assentada no julgamento do RE630.501/RS (Rel. p/ acórdão Min. Marco Aurélio, DJE 23/08/2013), sob regime de repercussão geral, não traça distinçãorelacionada à mudança da qualificação da aposentadoria – integral ou proporcional -, tampouco exige que tenha ocorridomudança do regime jurídico, com a instituição de nova disciplina legal para apuração da renda mensal inicial. Nessesentido, vale a transcrição da seguinte passagem do voto proferido pela Min. Ellen Gracie:“Embora seja, via de regra, vantajoso para aquele que permaneceu na ativa ter contribuído ao longo de mais alguns mesesou anos, pode não sê-lo em circunstâncias específicas como a da redução do seu salário-de-contribuição, com influêncianegativa no cálculo da renda mensal inicial.Em tais casos, mesmo que a diminuição não decorra de lei, mas de novos elementos considerados para o cálculo dobenefício, impende assegurar-se o direito adquirido ao melhor benefício possível.Destaco que o legislador, atualmente, já vai ao encontro desse objetivo ao determinar, no art. 122, da Lei 8.213/91, com aredação da Lei 9.528/97, que: “Se mais vantajoso, fica assegurado o direito à aposentadoria, nas condições legalmenteprevistas na data do cumprimento de todos os requisitos necessários à obtenção do benefício, ao segurado que, tendocompletado 35 anos de serviço, se homem, ou trinta anos, se mulher, optou por permanecer e atividade”.Embora o dispositivo legal se refira ao cumprimento dos requisitos para aposentadoria integral ao assegurar o benefíciomais vantajoso, tal deve ser assegurado também na hipótese de a aposentadoria proporcional se apresentar maisvantajosa.8. O benefício de aposentadoria caracteriza-se por uma prestação mensal de caráter permanente, substitutiva dosrendimentos do segurado e concedida a este quando lhe advenha incapacidade laboral definitiva ou quando reúna tempode contribuição associado à idade.A proporcionalidade e a integralidade são simples critérios de cálculo do benefício de aposentadoria e não elementos

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essenciais capazes de caracterizar benefícios distintos.”

7. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e a incidência dejuros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.8. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).9. Certificado o trânsito em julgado, baixem-se os autos ao Juizado de origem.10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

61 - 0101404-59.2015.4.02.5050/01 (2015.50.50.101404-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE LUCIO REGAZZIGOMES FERREIRA (ADVOGADO: ES021410 - Luciana Possa Machado, ES020702 - MARCELI APARECIDA DE JESUSDA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0101404-59.2015.4.02.5050/01 (2015.50.50.101404-3/01)RECORRENTE: JOSE LUCIO REGAZZI GOMES FERREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. O art. 103, caput, da Lei n 8.213/91, em sua redação original, fixava o prazo prescricional de cinco anos para que fossempleiteadas as prestações não pagas nem reclamadas à época própria. Posteriormente, a Medida Provisória n. 1.5239, de 27de junho de 1997, convertida na Lei n 9.528, de 10 de dezembro de 1997, modificou sua redação, passando o art. 103,caput, a dispor que: “É de 10 anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiáriopara a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeiraprestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbitoadministrativo”. Com a publicação da Medida Provisória n. 1.663-15, de 22 de outubro de 1998, convertida na Lei n 9.711,de 20 de novembro de 1998, o prazo decadencial foi reduzido para cinco anos. Em seguida, com a edição da MedidaProvisória n 138, de 19 de novembro de 2003, convertida na Lei n. 10.839, de 05 de fevereiro de 2004, tal lapso temporal foinovamente alterado para dez anos.2. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos Recursos Especiais 1.309.529/PR e 1.326.114/SC (Primeira Seção,Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 04.06.2013, DJE 13.05.2013), decidiu, no regime previsto pelo art. 543-C, do Código deProcesso Civil, que “incide o prazo de decadência do art. 103, da Lei 8.213/91, instituído pela Medida Provisória1.523-9/1997, convertida na Lei 9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente aesse preceito normativo, com termo a quo a contar da sua vigência (28.6.1997)”. A Corte também fixou que, tendo sido obenefício concedido após a aplicação da nova redação do art. 103, da Lei n. 8.213/91, o referido prazo decadencial poderáter dois marcos iniciais: “o primeiro a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação, osegundo, quando for o caso de requerimento administrativo, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitóriadefinitiva no âmbito administrativo” (RESP 144.0868/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE02.05.2014).3. O Supremo Tribunal Federal, ao decidir o Recurso Extraordinário 626.489/SE (Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j.16.10.2013), na sistemática da repercussão geral, julgou que: “inexiste prazo decadencial para a concessão inicial debenefício previdenciário”; é legítima a “a instituição de prazo decadencial de dez anos apara a revisão de benefício jáconcedido, com fundamento no princípio da segurança jurídica, no interesse em evitar a eternização dos litígios e na buscade equilíbrio financeiro e atuarial para o sistema previdenciário”; bem como “o prazo decadencial de dez anos, instituídopela Medida Provisória 1.523, de 28.06.1997, tem como termo inicial o dia 1º de agosto de 1997, por força de disposiçãonela expressamente prevista. Tal regra incide, inclusive, sobre benefícios concedidos anteriormente, sem que isso importeem retroatividade vedada pela Constituição”.4. No presente recurso, a parte autora pede a revisão do benefício-previdenciário com DIB em 11/04/2002 (fl. 17). Ajuizadaa ação em 28 de janeiro de 2015, há que ser declarada a decadência ao direito de revisão da renda mensal inicial dobenefício, nos termos do art. 103, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Medida Provisória 1.523-9/1997, convertida

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na Lei 9.528/1997, porque já transcorrido lapso temporal superior a dez anos a contar de 1º de agosto de 1997.5. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido (art. 12, da Lei n. 1.060/50) (fl. 33).6. Intimem-se as partes. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.7. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

62 - 0100070-08.2013.4.02.5002/01 (2013.50.02.100070-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIAO DA SILVARIBEIRO (ADVOGADO: ES007070 - WELITON ROGER ALTOE, ES013969 - JOSÉ SILVIO BAZZO DO NASCIMENTO,ES013239 - ROBERTA BRAGANÇA ZÓBOLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:ANDRÉ DIAS IRIGON.).RECURSO Nº 0100070-08.2013.4.02.5002/01 (2013.50.02.100070-2/01)RECORRENTE: SEBASTIAO DA SILVA RIBEIRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. O art. 103, caput, da Lei n 8.213/91, em sua redação original, fixava o prazo prescricional de cinco anos para que fossempleiteadas as prestações não pagas nem reclamadas à época própria. Posteriormente, a Medida Provisória n. 1.5239, de 27de junho de 1997, convertida na Lei n 9.528, de 10 de dezembro de 1997, modificou sua redação, passando o art. 103,caput, a dispor que: “É de 10 anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiáriopara a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeiraprestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbitoadministrativo”. Com a publicação da Medida Provisória n. 1.663-15, de 22 de outubro de 1998, convertida na Lei n 9.711,de 20 de novembro de 1998, o prazo decadencial foi reduzido para cinco anos. Em seguida, com a edição da MedidaProvisória n 138, de 19 de novembro de 2003, convertida na Lei n. 10.839, de 05 de fevereiro de 2004, tal lapso temporal foinovamente alterado para dez anos.2. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos Recursos Especiais 1.309.529/PR e 1.326.114/SC (Primeira Seção,Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 04.06.2013, DJE 13.05.2013), decidiu, no regime previsto pelo art. 543-C, do Código deProcesso Civil, que “incide o prazo de decadência do art. 103, da Lei 8.213/91, instituído pela Medida Provisória1.523-9/1997, convertida na Lei 9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente aesse preceito normativo, com termo a quo a contar da sua vigência (28.6.1997)”. A Corte também fixou que, tendo sido obenefício concedido após a aplicação da nova redação do art. 103, da Lei n. 8.213/91, o referido prazo decadencial poderáter dois marcos iniciais: “o primeiro a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação, osegundo, quando for o caso de requerimento administrativo, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitóriadefinitiva no âmbito administrativo” (RESP 144.0868/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE02.05.2014).3. O Supremo Tribunal Federal, ao decidir o Recurso Extraordinário 626.489/SE (Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j.16.10.2013), na sistemática da repercussão geral, julgou que: “inexiste prazo decadencial para a concessão inicial debenefício previdenciário”; é legítima a “a instituição de prazo decadencial de dez anos apara a revisão de benefício jáconcedido, com fundamento no princípio da segurança jurídica, no interesse em evitar a eternização dos litígios e na buscade equilíbrio financeiro e atuarial para o sistema previdenciário”; bem como “o prazo decadencial de dez anos, instituídopela Medida Provisória 1.523, de 28.06.1997, tem como termo inicial o dia 1º de agosto de 1997, por força de disposiçãonela expressamente prevista. Tal regra incide, inclusive, sobre benefícios concedidos anteriormente, sem que isso importeem retroatividade vedada pela Constituição”.4. No presente recurso, a parte autora pede a revisão do benefício-previdenciário com DIB em 27/03/1986 (fl. 22). Ajuizadaa ação em 10 de janeiro de 2013 (fl. 47), há que ser declarada a decadência ao direito de revisão da renda mensal inicial dobenefício, nos termos do art. 103, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Medida Provisória 1.523-9/1997, convertidana Lei 9.528/1997, porque já transcorrido lapso temporal superior a dez anos a contar de 1º de agosto de 1997.5. Recurso conhecido e desprovido. Defiro o benefício de gratuidade de justiça. Sem condenação ao pagamento de custase honorários advocatícios.6. Intimem-se as partes. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

63 - 0102955-45.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102955-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HELIDA DENADAIESPÍNDULA (ADVOGADO: SC013520 - CARLOS BERKENBROCK, SC024692 - RODRIGO FIGUEIREDO, SC015426 -SAYLES RODRIGO SCHUTZ.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTESANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0102955-45.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102955-4/01)RECORRENTE: HELIDA DENADAI ESPÍNDULA

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RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. PRAZO DECADENCIAL. TERMO INICIAL. DATA DE CONCESSÃO DOBENEFÍCIO ORIGINÁRIO. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. Trata-se de recurso inominado interposto por HELIDA DENADAI ESPÍNDULA contra sentença que julgou improcedente opedido de condenação do INSS à revisão do ato de concessão do benefício previdenciário originário, com retroação doinício da aposentadoria (em tese mais benéfica) e reflexos no benefício de pensão por morte.2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.3. O art. 103, caput, da Lei n 8.213/91, em sua redação original, fixava o prazo prescricional de cinco anos para que fossempleiteadas as prestações não pagas nem reclamadas à época própria. Posteriormente, a Medida Provisória n. 1.523-9, de27 de junho de 1997, convertida na Lei n. 9.528, de 10 de dezembro de 1997, modificou sua redação, passando o art. 103,caput, a dispor que: “É de 10 anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiáriopara a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeiraprestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbitoadministrativo”. Com a publicação da Medida Provisória n. 1.663-15, de 22 de outubro de 1998, convertida na Lei n. 9.711,de 20 de novembro de 1998, o prazo decadencial foi reduzido para cinco anos. Em seguida, com a edição da MedidaProvisória n. 138, de 19 de novembro de 2003, convertida na Lei n. 10.839, de 05 de fevereiro de 2004, tal lapso temporalfoi novamente alterado para dez anos.4. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos Recursos Especiais 1.309.529/PR e 1.326.114/SC (Primeira Seção,Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 04.06.2013, DJE 13.05.2013), decidiu, no regime previsto pelo art. 543-C, do Código deProcesso Civil, que “incide o prazo de decadência do art. 103, da Lei 8.213/91, instituído pela Medida Provisória1.523-9/1997, convertida na Lei n. 9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormentea esse preceito normativo, com termo a quo a contar da sua vigência (28.6.1997)”. A Corte também fixou que, tendo sido obenefício concedido após a aplicação da nova redação do art. 103, da Lei n. 8.213/91, o referido prazo decadencial poderáter dois marcos iniciais: “o primeiro a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação, osegundo, quando for o caso de requerimento administrativo, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitóriadefinitiva no âmbito administrativo” (RESP 144.0868/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE02.05.2014).5. O Supremo Tribunal Federal, ao decidir o Recurso Extraordinário 626.489/SE (Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j.16.10.2013), na sistemática da repercussão geral, julgou que: “inexiste prazo decadencial para a concessão inicial debenefício previdenciário”; é legítima a “a instituição de prazo decadencial de dez anos apara a revisão de benefício jáconcedido, com fundamento no princípio da segurança jurídica, no interesse em evitar a eternização dos litígios e na buscade equilíbrio financeiro e atuarial para o sistema previdenciário”; bem como “o prazo decadencial de dez anos, instituídopela Medida Provisória 1.523, de 28.06.1997, tem como termo inicial o dia 1º de agosto de 1997, por força de disposiçãonela expressamente prevista. Tal regra incide, inclusive, sobre benefícios concedidos anteriormente, sem que isso importeem retroatividade vedada pela Constituição”.6. A equivalência entre a renda mensal da pensão por morte e aquela da aposentadoria concedida ao instituidor dobenefício torna coincidente os fundamentos que seriam empregados para a revisão da renda mensal inicial de ambos.Dessa forma, a aquisição do direito ao recebimento da pensão por morte não renovou o prazo decadencial do direito àrevisão da renda mensal inicial da aposentadoria originária, pois, tal como dispõe o art. 207, do Código Civil, uma vezcomeçado o seu cômputo – quando ainda era vivo o instituidor do benefício – “ele não pode ser interrompido nem sesuspende depois de iniciado, nem deixa de começar, qualquer que seja a causa impeditiva” (Caio Mário da Silva Pereira.Instituições de Direito Civil. Vol. I. 21. ed. Atualizado por Maria Celina Bodin de Moraes. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p.690). Portanto, o prazo decadencial deve ter sua contagem iniciada a partir de 1º de agosto de 1997. Nesse sentido,posicionou-se o Superior Tribunal de Justiça em julgamento do AgRg no RESP 1.222.079/PR (Sexta Turma, Rel. Min.Assusete Magalhães, DJE 09.09.2013):PREVIDENCIÁRIO, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECONHECIMENTO DE REPERCUSSÃO GERAL, PELO STF.SOBRESTAMENTO DO JULGAMENTO DO RECURSO ESPECIAL. INAPLICABILIDADE. PRETENSÃO DE APRECIAÇÃODE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. INVIABILIDADE, NA VIA DE RECURSO ESPECIAL. DECADÊNCIA. MEDIDAPROVISÓRIA 1.523-9, DE 27/06/1997. INCIDÊNCIA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTE DA 1ª SEÇÃO DO STJ, EM SEDEDE RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.I. Consoante a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ, AgRg no REsp 1.140.018/SP, Rel. Ministro Paulo deTarso Sanseverino, TERCEIRA TURMA, DJe de 04/02/2013; STJ, AgRg no REsp 1.239.474/PR, Rel. Ministra MARIATHEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe de 19/12/2012), o reconhecimento da repercussão geral, no SupremoTribunal Federal, da matéria ora em apreciação não acarreta o sobrestamento do exame do presente Recurso Especial,sobrestamento que se aplica somente aos Recursos Extraordinários interpostos contra acórdãos do Superior Tribunal deJustiça, em consonância com o disposto no art. 543-B do Código de Processo Civil.II. A análise de suposta ofensa a dispositivos constitucionais compete exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal, nostermos do art. 102, inciso III, da Constituição da República, sendo defeso o seu exame, no âmbito do Recurso Especial, sobpena de usurpação da competência da Suprema Corte. Precedentes do STJ.III. Conforme ficou decidido pela 1ª Seção desta Corte, em 28/11/2012, no julgamento do Recurso Especial 1.326.114/SC,admitido como representativo da controvérsia (art. 543-C do CPC), o prazo decadencial de que trata a Medida Provisória1.523-9, de 27/06/1997, de 10 (dez) anos, tem incidência nos pedidos de revisão de benefícios concedidos antes da entradaem vigor da Medida Provisória 1.523-9, de 27/06/1997, adotando-se, nesses casos, como marco inicial, a data da vigênciada referida Medida Provisória, no dia 28/06/1997 (STJ, REsp 1.326.114/SC, Rel. Ministro HERMAM BENJAMIN, PRIMEIRA

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SEÇÃO, julgado em 28/11/2012, DJe de 13/05/2013).IV. Na espécie, cuida-se de pensão por morte decorrente de aposentadoria por tempo de serviço, aposentadoria com datade início em 14/03/1994, estando sujeita ao prazo decadencial, cujo termo inicial é o dia 28/06/1997. A presente ação,porém, somente foi protocolada no dia 10/11/2008, quando já havia decaído o direito à revisão.V. Agravo Regimental improvido

7. No presente recurso, a parte autora pede a revisão de renda mensal inicial de pensão por morte, instituída com base emaposentadoria por tempo de contribuição concedida em 06/01/1994 (fl. 27). Ajuizada a ação em 20 de junho de 2013 (fl. 35),há que ser declarada a decadência ao direito de revisão da renda mensal inicial do benefício, nos termos do art. 103, da Lein. 8.213/91, com a redação dada pela Medida Provisória 1.523-9/1997, convertida na Lei 9.528/1997, porque já transcorridolapso temporal superior a dez anos a contar de 1º de agosto de 1997.8. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios,em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido (art. 12, da Lei n. 1060/50) (fl. 36).9. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

64 - 0105054-70.2013.4.02.5055/01 (2013.50.55.105054-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MAURICIO DO NASCIMENTO(ADVOGADO: SC015426 - SAYLES RODRIGO SCHUTZ, ES021038 - CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0105054-70.2013.4.02.5055/01 (2013.50.55.105054-0/01)RECORRENTE: MAURICIO DO NASCIMENTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.1. O art. 103, caput, da Lei n 8.213/91, em sua redação original, fixava o prazo prescricional de cinco anos para que fossempleiteadas as prestações não pagas nem reclamadas à época própria. Posteriormente, a Medida Provisória n. 1.5239, de 27de junho de 1997, convertida na Lei n 9.528, de 10 de dezembro de 1997, modificou sua redação, passando o art. 103,caput, a dispor que: “É de 10 anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiáriopara a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeiraprestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbitoadministrativo”. Com a publicação da Medida Provisória n. 1.663-15, de 22 de outubro de 1998, convertida na Lei n 9.711,de 20 de novembro de 1998, o prazo decadencial foi reduzido para cinco anos. Em seguida, com a edição da MedidaProvisória n 138, de 19 de novembro de 2003, convertida na Lei n. 10.839, de 05 de fevereiro de 2004, tal lapso temporal foinovamente alterado para dez anos.2. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos Recursos Especiais 1.309.529/PR e 1.326.114/SC (Primeira Seção,Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 04.06.2013, DJE 13.05.2013), decidiu, no regime previsto pelo art. 543-C, do Código deProcesso Civil, que “incide o prazo de decadência do art. 103, da Lei 8.213/91, instituído pela Medida Provisória1.523-9/1997, convertida na Lei 9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente aesse preceito normativo, com termo a quo a contar da sua vigência (28.6.1997)”. A Corte também fixou que, tendo sido obenefício concedido após a aplicação da nova redação do art. 103, da Lei n. 8.213/91, o referido prazo decadencial poderáter dois marcos iniciais: “o primeiro a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação, osegundo, quando for o caso de requerimento administrativo, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitóriadefinitiva no âmbito administrativo” (RESP 144.0868/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE02.05.2014).3. O Supremo Tribunal Federal, ao decidir o Recurso Extraordinário 626.489/SE (Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j.16.10.2013), na sistemática da repercussão geral, julgou que: “inexiste prazo decadencial para a concessão inicial debenefício previdenciário”; é legítima a “a instituição de prazo decadencial de dez anos apara a revisão de benefício jáconcedido, com fundamento no princípio da segurança jurídica, no interesse em evitar a eternização dos litígios e na buscade equilíbrio financeiro e atuarial para o sistema previdenciário”; bem como “o prazo decadencial de dez anos, instituídopela Medida Provisória 1.523, de 28.06.1997, tem como termo inicial o dia 1º de agosto de 1997, por força de disposiçãonela expressamente prevista. Tal regra incide, inclusive, sobre benefícios concedidos anteriormente, sem que isso importeem retroatividade vedada pela Constituição”.4. No presente recurso, a parte autora pede a revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário com DIB em21/04/1989 (fl. 14). Ajuizada a ação em 18 de setembro de 2013, há que ser declarada a decadência ao direito de revisãoda renda mensal inicial do benefício, e seus consectários, nos termos do art. 103, da Lei n. 8.213/91, com a redação dadapela Medida Provisória 1.523-9/1997, convertida na Lei 9.528/1997, porque já transcorrido lapso temporal superior a dezanos a contar de 1º de agosto de 1997.5. Recurso conhecido e desprovido. Defiro o benefício de gratuidade de justiça. Sem condenação ao pagamento de custase honorários advocatícios.6. Intimem-se as partes. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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Juiz Federal Relator

65 - 0114891-83.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.114891-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MOACIR OLIVEIRA(ADVOGADO: ES020677 - EFIGENIA CAMILO DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0114891-83.2014.4.02.5001/01 (2014.50.01.114891-9/01)RECORRENTE: MOACIR OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. DIREITO AO MELHOR BENEFÍCIO. DECADÊNCIA. RECURSOCONHECIDO E DESPROVIDO.1. MOACIR OLIVEIRA interpõe recurso inominado (fls. 35/43) contra sentença de fls. 31/33, sob a alegação de que nãoocorreu a decadência no caso em apreço.2. A ocorrência da decadência está atrelada ao próprio pedido do autor, qual seja, o de revisão do benefício para que sejaconsiderado período básico de cálculo diverso do que foi utilizado no momento da concessão da aposentadoria. Não setrata de renúncia ao benefício até então vigente em prol de concessão de novo benefício. O benefício continuará o mesmo,apenas com renda mensal diversa. Este fenômeno nada mais é do que revisão do benefício, motivo pelo qual deve incidir oprazo decadencial.3. O art. 103, caput, da Lei n 8.213/91, em sua redação original, fixava o prazo prescricional de cinco anos para que fossempleiteadas as prestações não pagas nem reclamadas à época própria. Posteriormente, a Medida Provisória n. 1.5239, de 27de junho de 1997, convertida na Lei n 9.528, de 10 de dezembro de 1997, modificou sua redação, passando o art. 103,caput, a dispor que: “É de 10 anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiáriopara a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeiraprestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbitoadministrativo”. Com a publicação da Medida Provisória n. 1.663-15, de 22 de outubro de 1998, convertida na Lei n 9.711,de 20 de novembro de 1998, o prazo decadencial foi reduzido para cinco anos. Em seguida, com a edição da MedidaProvisória n 138, de 19 de novembro de 2003, convertida na Lei n. 10.839, de 05 de fevereiro de 2004, tal lapso temporal foinovamente alterado para dez anos.4. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos Recursos Especiais 1.309.529/PR e 1.326.114/SC (Primeira Seção,Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 04.06.2013, DJE 13.05.2013), decidiu, no regime previsto pelo art. 543-C, do Código deProcesso Civil, que “incide o prazo de decadência do art. 103, da Lei 8.213/91, instituído pela Medida Provisória1.523-9/1997, convertida na Lei 9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente aesse preceito normativo, com termo a quo a contar da sua vigência (28.6.1997)”. A Corte também fixou que, tendo sido obenefício concedido após a aplicação da nova redação do art. 103, da Lei n. 8.213/91, o referido prazo decadencial poderáter dois marcos iniciais: “o primeiro a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação, osegundo, quando for o caso de requerimento administrativo, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitóriadefinitiva no âmbito administrativo” (RESP 144.0868/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE02.05.2014).5. O Supremo Tribunal Federal, ao decidir o Recurso Extraordinário 626.489/SE (Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j.16.10.2013), na sistemática da repercussão geral, julgou que: “inexiste prazo decadencial para a concessão inicial debenefício previdenciário”; é legítima a “a instituição de prazo decadencial de dez anos apara a revisão de benefício jáconcedido, com fundamento no princípio da segurança jurídica, no interesse em evitar a eternização dos litígios e na buscade equilíbrio financeiro e atuarial para o sistema previdenciário”; bem como “o prazo decadencial de dez anos, instituídopela Medida Provisória 1.523, de 28.06.1997, tem como termo inicial o dia 1º de agosto de 1997, por força de disposiçãonela expressamente prevista. Tal regra incide, inclusive, sobre benefícios concedidos anteriormente, sem que isso importeem retroatividade vedada pela Constituição”.6. No presente recurso, a parte autora pede a revisão do benefício-previdenciário com DIB em 01/07/1980 (fl. 12). Ajuizadaa ação em 22 de novembro de 2014, há que ser declarada a decadência ao direito de revisão da renda mensal inicial dobenefício, nos termos do art. 103, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pela Medida Provisória 1.523-9/1997, convertidana Lei 9.528/1997, porque já transcorrido lapso temporal superior a dez anos a contar de 1º de agosto de 1997.7. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido (art. 12, da Lei n. 1.060/50) (fl. 32).8. Intimem-se as partes. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

66 - 0000222-98.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000222-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.) x ADÃO GONÇALVES (DEF.PUB: LIDIANE DAPENHA SEGAL.).RECURSO Nº 0000222-98.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000222-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ADÃO GONÇALVES

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RELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ANÁLISE CONJUNTA DO ACERVOPROBATÓRIO. INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO EDESPROVIDO. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE ASPRESTAÇÕES VENCIDAS.

1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 133/136, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença. A autarquia afirma que a sentença merece ser reformada, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da parte autora, efetuadas as devidas adaptaçõesem relação ao uso de equipamentos de proteção, às quais reputa não serem exageradas a ponto de impossibilitar odesempenho da atividade de pedreiro por parte do demandante.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 141/150, nas quais requer o desprovimento do recurso, pois afirma serportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de procedência corretamenteconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos e a realidade fática do exercício dos trabalhos de pedreiro e pintor.Alega que o uso de equipamentos de proteção não o protege completamente do contato com os produtos aos quais éalérgico, de modo que a sua permanência no âmbito da construção civil lhe exigirá um esforço maior que a média dosdemais trabalhadores, além de submetê-lo a risco desproporcional.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 49/52,88 e 92) indicam que ela apresenta placas acastanhadas, pruriginosas, liquenificadas nos joelhos, cotovelos e dorso dospés, líquen simples crônico, dermatite de contato a bicromato de potássio, eczema crônico, sendo o autor acometido dealergia a bicromato de potássio, substância presente em tintas, cerâmicas, fios elétricos, materiais de construção, tijolos esecadores de parede. Afirma-se que o autor está em tratamento e apresenta piora clínica quando em contato com cimento.De igual modo, no atestado de fl. 92, datado em 28/09/2012, os médicos subscritores afirmaram que ele estariaincapacitado para o trabalho sem especificar se de forma definitiva ou temporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo peritonomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de eczema. Conclui que não há incapacidade laborativa parao exercício da atividade de pedreiro, afirmando que ele pode usar material de proteção de contato ao cimento.

8. Da leitura do laudo judicial observo que, apesar de afirmar a existência de capacidade laboral da parte autora para aatividade de pedreiro e pintor, o médico perito atesta que o recorrente apresenta eczema causado pelo contato combicromato de postássio. Porém, ressalto que, para a aferição da capacidade para o trabalho, é necessário que se analisenão somente as condições clínicas apresentadas pelo periciado, mas também as circunstâncias de trabalho às quais este ésubmetido, de modo que tal conjuntura não deve acarretar a piora do quadro de enfermidade do segurado ou lhe exigiresforço físico superior à média dos demais trabalhadores na mesma atividade. Embora o perito do Juízo haja aduzido que odesempenho do trabalho do recorrido seria possível se houvesse uso de equipamento de proteção, assinalo que inexisteprova da oferta deste tipo de segurança pelo empregador do demandante, sendo certo que as profissões de pedreiro epintor são exercidas em meio à grande quantidade de poeira e em contato direto com substâncias capazes de gerar reaçãoalérgica ao autor, contato este que nem sempre poderá ser evitado, apesar do uso de equipamento de proteção. Ademais,a imersão do segurado nesse ambiente de trabalho gera dificuldades ao tratamento dermatológico desenvolvido (fl. 88).Nesse sentido, do confronto entre o laudo do perito judicial e os demais atestados médicos coligidos nos autos, verificosignificativa discrepância, a qual não foi resolvida pelas respostas dadas pelo especialista nomeado pelo Juízo a quo.

9. Avalio que os documentos que instruem a petição inicial – atestados médicos firmados por médicos do SUS, do HospitalUniversitário da UFES e de clínica particular - demonstram, com maior pertinência, que o recorrente é portador de doençasque o incapacitam de exercer seu trabalho, porém não o tornam definitivamente inapto para o desempenho de atividadelaborativa. Desse modo, o segurado faz jus ao benefício de auxílio-doença a contar da data da cessação indevida, ocorridaem 12/07/2011 (fl. 16). Nesse sentido, transcrevo o seguinte julgado da TNU:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. RESTABELECIMENTO. LAUDO NÃO PRECISOU A DII. DIB FIXADA NA DATA

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DO LAUDO. PRESUNÇÃO DE CONTINUIDADE DO ESTADO INCAPACITANTE. REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DEREFERIDA PRESUNÇÃO. INCIDENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.1. Trata-se de pedido de uniformização apresentado pela parte autora-recorrente em face de acórdão que reformou emparte sentença concessiva de benefício de auxílio-doença. A sentença monocrática fixou a DIB na data da cessação deanterior benefício por incapacidade. O acórdão recorrido, por sua vez, considerou que, diante constatada impossibilidade nolaudo de fixação da DII, a DIB deveria ser fixada na data da elaboração do laudo.2. A parte autora sustenta que o acórdão afronta jurisprudência do STJ (RESP 445.604, 6a Turma, DJ 13/12/2004 e AgRgno Ag 446.168, 6a Turma, j. 29/11/2005).3. Comprovada a divergência jurisprudencial, na forma do art. 14, §2°, Lei n° 10.259/2001, em relação ao AgRg no Ag446.168. Embora oriundo de Turma do STJ, a leitura do inteiro teor do acórdão permite inferir que o julgado espelhajurisprudência dominante daquele Tribunal, nos termos da Questão de Ordem n° 5/TNU.4. Sobre a questão discutida, a TNU possui o seguinte posicionamento:“1. O enunciado da Súmula nº 22 da TurmaNacional se aplica aos casos em que a perícia judicial conseguiu especificar a data de início da incapacidade (DII), servindode parâmetro inclusive em relação aos benefícios por incapacidade. 2. Porém, quando a perícia judicial não conseguiuespecificar a data de início da incapacidade (DII), e em se tratando de restabelecimento de auxílio-doença, em sendo aincapacidade atual decorrente da mesma doença ou lesão que justificou a concessão do benefício que se pretenderestabelecer, presume-se a continuidade do estado incapacitante desde a data do cancelamento, que, sendo reputadoindevido, corresponde ao termo inicial da condenação ou data de (re)início do benefício.” (PEDILEF n.º 200772570036836,Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 11 jun. 2010; PEDILEF n.º 200763060051693, Rel. Juíza FederalJacqueline Michels Bilhalva, DJ 22 nov. 2008)”. Mais recentemente, o mesmo entendimento fora reafirmado no PEDILEF201071650012766, JUIZ FEDERAL JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA, DJ 26/10/2012. 4.1 Proposta para fixação deparâmetros para aplicação da tese acima invocada. A presunção de continuidade da incapacidade laborativa pressupõe oatendimento cumulativo a alguns requisitos, quais sejam: a) que a incapacidade laborativa constatada seja derivada damesma doença que motivou a concessão de benefício por incapacidade anterior; b) que o laudo pericial não demonstre arecuperação da capacidade no período que medeia a DCB anterior e o laudo pericial produzido em juízo; c) que a naturezada patologia não implique a alternância de períodos significativos de melhora e piora; d) que o decurso de tempo entre aDCB e a perícia judicial não seja significativo a ponto de interromper a presunção do estado incapacitante, o que deverá seraferido no caso concreto.5. Caso em que o acórdão não considerou aplicar a presunção de continuidade do estado incapacitante de que se tratouacima.6. Não é possível, todavia, sem revolver o conjunto fático-probatório– o que é vedado nesta sede recursal – avaliar se foramatendidos os requisitos acima expostos para aplicação da tese invocada. Tem lugar a Questão de Ordem n° 20 da TNU:“Se a Turma Nacional decidir que o incidente de uniformização deva ser conhecido e provido no que toca a matéria dedireito e se tal conclusão importar na necessidade de exame de provas sobre matéria de fato, que foram requeridas e nãoproduzidas, ou foram produzidas e não apreciadas pelas instâncias inferiores, a sentença ou acórdão da Turma Recursaldeverá ser anulado para que tais provas sejam produzidas ou apreciadas, ficando o juiz de 1º grau e a respectiva TurmaRecursal vinculados ao entendimento da Turma Nacional sobre a matéria de direito”.6. Incidente conhecido e parcialmenteprovido para o fim de: a) reafirmar a tese já uniformizada no sentido de que quando a perícia judicial não conseguiuespecificar a data de início da incapacidade (DII), e em se tratando de restabelecimento de auxílio-doença, em sendo aincapacidade atual decorrente da mesma doença ou lesão que justificou a concessão do benefício que se pretenderestabelecer, é possível aplicar a presunção de continuidade do estado incapacitante; b) uniformizar o entendimento de que,para aplicação da presunção da continuidade do estado incapacitante, é necessário o atendimento cumulativo dosseguintes requisitos: b.1) que a incapacidade laborativa constatada seja derivada da mesma doença que motivou aconcessão de benefício por incapacidade anterior; b.2) que o laudo pericial não demonstre a recuperação da incapacidadeno período que medeia a DCB anterior e o laudo pericial produzido em juízo; b.3) que a natureza da patologia não impliquea alternância de períodos significativos de melhora e piora; b.4) que o decurso de tempo entre a DCB e a perícia judicial nãoseja significativo a ponto de interromper a presunção do estado incapacitante, o que deverá ser aferido no caso concreto; c)determinar à Turma Recursal de origem novo julgamento do feito com base nas premissas de direito fixadas neste julgado.(PEDILEF 00503044220084013400, JUÍZA FEDERAL ANA BEATRIZ VIEIRA DA LUZ PALUMBO, TNU, DOU 31/05/2013).(sem grifos no original).

10. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

11. Reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice de

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atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

12. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (fl. 130). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessáriamodificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

13. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo ser mantida asua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como a aplicaçãoda nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% sobre o valor dasparcelas vencidas até a data da prolação da sentença, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95, observada a orientaçãoveiculada pelo enunciado n. 111, da súmula da jurisprudência do STJ.

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

67 - 0001914-69.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001914-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x ALDA SEGUNDO BADOCA.RECURSO Nº 0001914-69.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001914-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ALDA SEGUNDO BADOCARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇAREFORMADA.1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 94/97, contra sentença proferida pela MMª. Juíza do 2º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedente o pedido para condená-lo a conceder o benefício deaposentadoria por invalidez desde a data da primeira perícia judicial. A autarquia alega que não houve a comprovação deincapacidade laboral da parte autora, uma vez que os laudos emitidos por dois peritos nomeados pelo Juízo atestam aplena capacidade laboral da demandante, conforme conclusões já apresentadas pelo médico perito do INSS. Sustenta,ainda, que a atividade de vendedora em banca de revistas não exige da autora grande esforço físico.

2. A parte autora não ofereceu contrarrazões (fl. 105).

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 14/24,77, 82/84) indicam que ela é acometida de osteopenia, síndrome do túnel do carpo moderada bilateral, dor crônica,lombalgia com irradiação para membros inferiores, cervicobranquialgia, poliartralgia degenerativa de difícil controle,fibromialgia, discopatias degenerativas, hérnia de disco e ansiedade. Ademais, afirma-se que a autora é portadora deneoplasia de mama, tendo sido submetida a tratamento cirúrgico (18/09/2009), radioterápico e quimioterápico. Documentosde fls. 82/83 afirmam que a demandante fora internada na Clínica de Acidentados de Vitória, em 16/11/2012 e 08/01/2013,com o diagnóstico de mononeuropatias dos membros superiores. Em atestado de fl. 84, de 08/01/2013, afirma-se que aautora se encontra em pós-operatório de cirurgia nas mãos devido à síndrome de túnel carpo, devendo permanecerafastada do trabalho por quatro meses. Em atestado de fl. 77, datado em 13/03/2013, o médico subscritor afirma que aautora se encontra em pós-operatório de cirurgia nas mãos, que ela apresenta quadro de cervicobranquialgia,lombociatalgia, espondilodiscopatia e abaulamentos discais e que deve ser afastada do trabalho pelo período de seismeses. De igual modo, nos atestados de fls. 16, 18, 24 os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitadapara o trabalho sem especificar se de forma definitiva ou temporária. No atestado de fl. 19, aponta-se que a autora estáinapta para qualquer esforço. No atestado de fl. 23, datado de 20/03/2010, afirma-se que ela deve ser afastada do trabalhopelo período de 90 dias. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito ortopedista nomeado judicialmente, registrou-se que arequerente é portadora de dor em coluna cervical com discopatia e hérnia de disco extrusa e subligamentar, apresentandocompressão em nervos medianos bilateralmente, além de depressão, fibromialgia e história de câncer de mama emtratamento. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de vendedora autônoma e afirma que o trabalhocom peso pode acelerar a patologia. Em segundo laudo elaborado por perito nomeado judicialmente, o médico neurologistadesignado afirmou que a autora apresenta quadro de osteoartrose de coluna cervical, que levam a quadro álgicoprincipalmente aos movimentos e ao pegar peso. Conclui, igualmente, que não há incapacidade laboral para o trabalhohabitual da autora de vendedora autônoma, o qual, por si, não implica o carregamento de peso médio ou elevado.

8. Observo que os laudos dos peritos judiciais estão idoneamente fundamentados e foram firmados em datas posterioresaos atestados juntados pela segurada. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os

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requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

9. Embora a douta magistrada tenha concluído, com base nos laudos particulares e nas condições pessoais da autora, queela faria jus à percepção do benefício de aposentadoria por invalidez, observo que as condições pessoais da autora sóteriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situaçãoindividual da requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, para efeito de converter auxílio-doençaem aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro socialisoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. A propósito, destaco o teor doenunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais esociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual.”

10. Destaco que a revogação da antecipação dos efeitos da tutela caracteriza-se como consectário lógico do presentejulgado. Com efeito, não se pode cogitar da subsistência da tutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência deautonomia em relação ao resultado final do julgamento (art. 273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).

11. Saliento minha convicção pessoal de que a parte, que recebe valores por força de tutela judicial carente de eficáciadefinitiva, tem ciência da possibilidade de reversão do título e, por conseguinte, assume os riscos inerentes à situaçãojurídica criada (art. 475-O, II, do Código de Processo Civil). A precariedade dos pagamentos assim efetuados implica odever de devolução das verbas recebidas em decorrência de tutela provisória, ainda que concedida em sentença suscetívelde ser atacada por recurso despido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuição patrimonial baseadaem suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência do pedido econsequente confirmação da decisão anterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunal deJustiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro HermanBenjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintes

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parâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

12. Portanto, autorizo a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedido na sentença.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Por consequência, revogo a tutela antecipada concedida nasentença e autorizo a restituição ao INSS dos valores recebidos pela parte autora enquanto vigeu a antecipação dos efeitosda tutela. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

68 - 0101630-35.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101630-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIÃO ELI ABILIO,(ADVOGADO: ES018822 - JOSÉ AMAZIAS CORREIA DOS SANTOS, ES019280 - HALINE COUTINHO VAZ, ES017838 -SILVANIA APARECIDA DA SILVA ABILIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: IsabelaBoechat B. B. de Oliveira.).RECURSO Nº 0101630-35.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101630-4/01)RECORRENTE: SEBASTIÃO ELI ABILIORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. SEBASTIÃO ELI ABILIO interpõe recurso inominado, às fls. 123/128, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 1ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que éportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de auxiliar administrativo. Emcontraposição à afirmação do médico perito de que o autor somente não deve trabalhar em lugares altos, sustenta que estácorrendo riso de sofrer acidentes ou quedas em qualquer lugar.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 133/136, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento de novaperícia médica. Contudo, ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentaçãoidônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve seracolhido em sede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, da leitura das conclusões do perito judicial, nãoobservo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos queacompanharam a peça vestibular.

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual

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desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 25,30/42, 61/62, 90/91) indicam que ela foi internada em 01/07/2004 devido à queda de altura com trauma cranioencefálico etrauma abdominal com hemoperitonio, tendo sido submetida à leminectomia com nefrectomia direita e enterorrafia edrenagem do hemoperitonio, permanecendo na UTI por 15 dias. Indicam também que o autor está acometido deencefalomalacia pós-traumática frontal basal bilateral, tendo apresentado episódio de trauma crânio-encefálico grave comsequela, apresentando desde então episódios súbitos de tonturas, vertigens, convulsões, com períodos de desorientação eperda de consciência. Relata-se episódio de queda de bicicleta em 21/06/2012 apresentando dor interna na base dohemitórax direito, sendo-lhe aconselhado repouso. De igual modo, nos atestados de fl. 33/36, 41/42, os médicossubscritores afirmaram que ele estaria incapacitado para o trabalho sem especificar se de forma definitiva ou temporária. János atestados de fls. 37/38 e 39 (16/07/2012 e 13/08/2012), os médicos afirmam que o autor se encontra incapacitado deforma temporária pelo período de 90 dias, e por 15 dias, conforme o atestado de fl. 30 (24/05/2011). Por sua vez, no laudoredigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de epilepsia (crise convulsiva), devido atraumatismo de crânio, apresentando cefaleia, tonturas e desmaios. Conclui que não há incapacidade laborativa para otrabalho de auxiliar administrativo, embora ressalve que o autor deve evitar subir e trabalhar em altura.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e suas conclusões podem legitimamenteembasar a convicção do julgador. Com efeito, tal como registrado pelo ilustre magistrado sentenciante, o cerne dasatividades de auxiliar administrativo não envolve o uso de escadas ou o trabalho em alturas, restrições detectadas peloespecialista nomeado pelo Juízo. A possibilidade de o autor se acometido de crises epilépticas, ainda que no trajeto para oseu trabalho, não acarreta a sua incapacidade, uma vez que se trata de situação excepcional que não pode ser consideradacomo limitação ao desempenho de sua atividade habitual, tendo-se em vista que o demandante está seguindo o tratamentoclínico que lhe fora prescrito. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. Acrescento que, após a prolação da sentença, não deve ser admitida a juntada de novos atestados médicos, sob o riscode ampliar-se a causa de pedir da demanda, valendo destacar, nesse sentido, o teor do enunciado n. 84 das TurmasRecursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição da incapacidade para fins debenefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegaçõesque digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra”.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

69 - 0001900-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001900-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x OLIVIO THOMAS DE AQUINONETO (ADVOGADO: ES016312 - ROMULO BOTTECCHIA DA SILVA.).RECURSO Nº 0001900-85.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001900-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: OLIVIO THOMAS DE AQUINO NETORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇAREFORMADA.1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 167/174, contra sentença proferida pela MMª. Juíza do 2º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedente o pedido para condenar o INSS a conceder obenefício de aposentadoria por invalidez a contar da data da cessação do auxílio-doença n. 137.012.201-0, ocorrida em13/03/2012. A autarquia afirma que a sentença merece ser reformada uma vez que o laudo emitido por perito nomeado peloJuízo atesta a plena capacidade laboral da parte autora, conforme conclusões já apresentadas pelo médico perito do INSS.

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Aduz que o autor concluiu com sucesso seu processo de reabilitação.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 189/195, nas quais requer o desprovimento do recurso, pois afirma serportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de procedência corretamenteconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devidoàs suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam seu reingresso ao mercado de trabalho para odesempenho de qualquer tipo de atividade intelectual.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 14/26)indicam que ela é acometida de artrose, dor intensa em joelho direito, tendo realizado tratamento cirúrgico de artroscopiaque lhe proporcionou melhora parcial do quadro, mas mantendo limitação funcional e dor, sendo necessário o usopermanente de muletas. Além disso, os atestados indicam que o autor é portador de gonartrose bilateral, pior à direita, comlesões condrais difusas, osteoartrose e alterações degenerativas dos ligamentos cruzados. No atestado de fl. 71 de27/08/2012 afirma-se que o autor se encontra internado com quadro de infarto agudo do miocárdio. De igual modo, nosatestados de fls. 24, 23, 22, 14, 16, 21, 26, datados em 07/10/2005, 25/09/2006, 23/02/2007, 12/04/2007, 25/10/2007,26/07/2010 e 23/03/2012 respectivamente, os médicos subscritores afirmaram que ele estaria incapacitado para o trabalhosem especificar se de forma definitiva ou temporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,afirma-se que o recorrente é portador de gonartrose, cujo estágio é mais avançado à direita. Conclui que há incapacidadeparcial e temporária para o trabalho de vigilante motorista e alega que, com o tratamento correto, é possível que elemelhore em quatro meses para retornar ao trabalho. Em resposta a quesito complementar elaborado pelo INSS, a peritaafirma que não há incapacidade laboral para o exercício da função de auxiliar administrativo.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

9. Cumpre destacar que a parte autora concluiu reabilitação profissional para a atividade de auxiliar administrativo, o queseria causa de cessação do benefício de auxílio-doença (art. 62, da Lei n. 8.213/91), inexistindo prova de que eventuaisrestrições físicas se estendam ao novo trabalho para o qual ele foi treinado. A douta magistrada sentenciante concluiu quetal reabilitação não teve êxito, uma vez que o esforço intelectual necessário para o exercício da atividade de auxiliaradministrativo é incompatível com a atividade exercida pelo autor desde 1996 (vigilante ou vigilante motorista) e com seunível de escolaridade. No entanto, o demandante, nascido em 14/05/1961 (fl. 38), conta hoje com 53 anos, idade em queainda é possível ter vida laboral ativa e readaptar-se a novas atividades. Outrossim, o seu nível de instrução escolar (8ªsérie primária, fl. 112) não impede o desempenho da atividade para o qual fora reabilitado, tampouco há provas de que oautor não poderia desempenhar trabalho que não demande movimentos repetitivos, tampouco exija esforços físicos. Assimsendo, conclui-se que não foram preenchidos os requisitos necessários para a percepção dos benefícios previdenciários deauxílio-doença e aposentadoria por invalidez.10. Destaco que a revogação da antecipação dos efeitos da tutela caracteriza-se como consectário lógico do presentejulgado. Com efeito, não se pode cogitar da subsistência da tutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência deautonomia em relação ao resultado final do julgamento (art. 273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).

11. Saliento minha convicção pessoal de que a parte, que recebe valores por força de tutela judicial carente de eficáciadefinitiva, tem ciência da possibilidade de reversão do título e, por conseguinte, assume os riscos inerentes à situaçãojurídica criada. A precariedade dos pagamentos assim efetuados implica o dever de devolução das verbas recebidas emdecorrência de tutela provisória (art. 475, O, II, do Código de Processo Civil), ainda que concedida em sentença suscetívelde ser atacada por recurso despido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuição patrimonial baseadaem suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência do pedido econsequente confirmação da decisão anterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunal deJustiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro HermanBenjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

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PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

12. Portanto, autorizo a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedido na sentença.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Por consequência, revogo a tutela antecipada concedida nasentença e autorizo a restituição ao INSS dos valores recebidos pela parte autora, enquanto vigeu a antecipação dos efeitosda tutela. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

70 - 0000661-37.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000661-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PEDRO ALVES PINHEIRO(ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).

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RECURSO Nº 0000661-37.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000661-1/01)RECORRENTE: PEDRO ALVES PINHEIRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA DESDE 2008. INCAPACIDADE PRÉ-EXISTENTE À FILIAÇÃO AO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL.RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. PEDRO ALVES PINHEIRO interpõe recurso inominado, às fls. 86/90, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefício deauxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que não houve nova filiação ao RegimeGeral da Previdência Social em 2011, mas que sua inscrição estava em aberto. Afirma que as parcelas pagas referentes aoperíodo entre 1997 e 2010 devem ser computadas para efeito de carência, ainda que tenham sido pagas em atraso.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 93).

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à constatação ou não da manutenção da qualidade de seguradoquando teve início a incapacidade laborativa.

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o autor contribuiu para o Regime Geral da Previdência Socialaté 31/05/1996. Sendo assim, perdeu a qualidade de segurado em 16/07/1997 (art. 15, II, § 4º, da Lei n. 8.213/91). Em 2011recolheu contribuições relativas a um mês dos anos 1997 a 2010, e a três meses do ano de 2011 (fls. 44/47).

8. Os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 21/29) indicam que ela é acometida de hipertensão arterialsistêmica, diabetes mellitus tipo II, insuficiência arterial, com ferida necrótica em dorso do pé esquerdo, úlcera isquêmica dopé esquerdo com dor na ferida e impossibilidade de revascularização de membro, colesterol alto, com oclusão arterialcrônica dos membros inferiores pior à esquerda De igual modo, nos atestados de fls. 23, 25, os médicos subscritoresafirmaram que ele estaria incapacitado para o trabalho, sem especificar se de forma definitiva ou temporária. Por sua vez,no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de isquemia crônica emmembros inferiores associado à diabetes mellitus, hipertensão arterial, além de apresentar claudicação à marcha. Concluique há incapacidade parcial e temporária para qualquer atividade que envolva esforço físico ou caminhadas longas oufrequentes. Alega que o início da incapacidade se deu em 2008 após trauma de pé esquerdo, quando houve o surgimentode lesões tróficas e claudicação para curtas distâncias. Sendo assim, o recorrente não ostentava a qualidade de seguradoquando teve início a sua incapacidade laborativa.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado. Não merece respaldo a alegação do recorrentede que as parcelas pagas, referentes ao período entre 1997 e 2010, devem ser computadas para efeito de carência, aindaque tenham sido recolhidas com atraso. O artigo 27, II, da Lei 8.213/91 dispõe que não serão consideradas, para efeito decarência, as contribuições do segurado, contribuinte individual (hipótese dos autos) recolhidas com atraso referentes acompetências anteriores. A primeira contribuição recolhida sem atraso, após a perda da qualidade de segurado, é a relativaa agosto de 2011, posterior, portanto, ao início da incapacidade. O autor recolheu em dia também a contribuição relativa aomês de setembro. E, ao requerer o benefício de auxílio-doença n. 547.968.152-0, ainda não tinha cumprido o disposto noartigo 24, parágrafo único, da Lei 8.213/91. Ressalto que, ainda que o autor tivesse cumprido o disposto no artigo 24,parágrafo único da Lei 8.213/91, contribuindo com 1/3 do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carênciadefinida para o benefício de auxílio-doença, o quadro não mudaria, pois a incapacidade é pré-existente ao seu reingressoao RGPS. Correta, portanto, a postura da autarquia ao indeferir o benefício de auxílio-doença n. 531.674.451-5, requeridoem 14/08/2008, por ausência da qualidade de segurado, e o benefício de auxílio-doença n. 547.968.152-0, pleiteado em14/09/2011, por falta de carência.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)

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FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

71 - 0001036-41.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.001036-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.) x ADMILSON RODRIGUES DAMASCENO(ADVOGADO: ES008690 - MANOEL FERNANDES ALVES.).RECURSO Nº 0001036-41.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.001036-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ADMILSON RODRIGUES DAMASCENORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTEPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇAREFORMADA.1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 62/66, contra sentença proferida pelo MMª. Juíza do Juizado Especial Federalde São Mateus, que julgou parcialmente procedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefício deauxílio-doença. A autarquia alega que a sentença merece ser reformada, uma vez que o laudo emitido por perito nomeadopelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da parte autora, conforme conclusões já apresentadas pelo médico perito doINSS. Aduz que os atestados médicos particulares não comprovam por si só a incapacidade do demandante.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 73/75, nas quais requer o desprovimento do recurso, pois afirma que éportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de parcial procedênciaacertadamente considerou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não épossível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de pedreiro.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 19/25)indicam que ela está em tratamento ambulatorial de síndrome pós-trombótica, devido à trombose venosa profunda demembro inferior esquerdo e é acometida de dor e edema de membro inferior esquerdo. Afirma-se que o autor foi submetidoà cirurgia de joelho esquerdo em 2009, com fratura lateral do côndilo medial do joelho, de modo que a fratura se apresentaconsolidada e sem mais o que fazer do ponto de vista ortopédico. Nos atestados de fls. 21, 22 e 24, datados em11/08/2010, 05/11/2010 e 28/08/2012, respectivamente, os médicos subscritores afirmaram que ele estaria incapacitadopara o trabalho sem especificar se de forma definitiva ou temporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que o autor é portador de trombose venosa profunda no membro inferior esquerdo. Conclui quenão há incapacidade laborativa para o trabalho de pedreiro.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e pode legitimamente embasar a convicção dojulgador. Embora a douta magistrada sentenciante tenha concluído que o demandante faria jus à percepção do benefício deauxílio-doença, porque a situação de sua saúde seria incompatível com a realização das atividades de pedreiro, por ter quefazer uso de meias compressivas, sentir fortes dores nas pernas e porque estaria impossibilitado de fazer esforço físico,observo que, apesar de constatar a existência de trombose venosa profunda no membro inferior esquerdo, o peritoinformou que a parte autora encontra-se capaz para o exercício da sua atividade habitual. Compulsados os autos, nãoidentifico prova robusta de que o tratamento cirúrgico não tenha alcançado êxito, tampouco que tenha deixado sequelasque impeçam o trabalho habitual do recorrido. Logo, não tendo sido comprovada a incapacidade da parte autora, ela nãofaz jus à percepção do benefício de auxílio-doença.

10. Destaco que a revogação da antecipação dos efeitos da tutela caracteriza-se como consectário lógico do presentejulgado. Com efeito, não se pode cogitar da subsistência da tutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência deautonomia em relação ao resultado final do julgamento (art. 273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).

11. Saliento minha convicção pessoal de que a parte, que recebe valores por força de tutela judicial carente de eficáciadefinitiva, tem ciência da possibilidade de reversão do título e, por conseguinte, assume os riscos inerentes à situaçãojurídica criada. A precariedade dos pagamentos assim efetuados implica o dever de devolução das verbas recebidas emdecorrência de tutela provisória, ainda que concedida em sentença suscetível de ser atacada por recurso despido de efeito

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suspensivo (art. 475-O, II, do Código de Processo Civil), por não ser legítimo impor ao réu diminuição patrimonial baseadaem suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência do pedido econsequente confirmação da decisão anterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunal deJustiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro HermanBenjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

12. Portanto, autorizo a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedido na sentença.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei9.289/1996). Por consequência, revogo a tutela antecipada concedida na sentença e autorizo a restituição ao INSS dosvalores recebidos pela parte autora enquanto vigeu a antecipação dos efeitos da tutela. Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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72 - 0004690-42.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004690-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANILDO NUNESGONÇALVES (ADVOGADO: ES015907 - WILLIAN PEREIRA PRUCOLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0004690-42.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004690-4/01)RECORRENTE: ANILDO NUNES GONÇALVESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ANÁLISE CONJUNTA DO ACERVO PROBATÓRIO.INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DACORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕES VENCIDAS. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO EPROVIDO.

ANILDO NUNES GONÇALVES interpõe recurso inominado, às fls. 77/81, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedente o pedido paracondenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença, indeferindo, contudo, sua conversão em aposentadoria porinvalidez. A parte autora afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de parcial procedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivoexercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenhoda atividade de carpinteiro. Sustenta que, devido à sua avançada idade, não apresenta condições de reingressar aomercado de trabalho, necessitando, assim, ser aposentado por invalidez.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 85/87, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudo emitidopor perito nomeado pelo Juízo atesta a incapacidade laboral do recorrente de forma parcial e temporária. Alega que ascondições pessoais do demandante já foram analisadas pelas perícias administrativa e judicial, que não concluíram pelanecessidade de implementação do benefício pleiteado.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 16,21/23, 26/33, 67/69) indicam que ela é acometida de radiculopatia crônica com sinais de reativação, espondilodiscoartroselombar grave com compressões radiculares e hérnia discal, abaulamentos discais, dor lombociática, com episódios deperda de força (falseios) e risco de quedas súbitas durante a marcha, lombalgia, parestesia lombossacra direita, reduçãodos espaços discais associado a crescimento osteofitário posterior, calcificações vasculares. Ademais, há a indicação pararealização de cirurgia de coluna lombossacra, tendo o autor realizado cirurgia de descompressões foraminais comartrodese anterior e posterior na coluna lombossacra em 05/07/2012. Após a alta, houve redução da dor ciática, persistindocom choques e pontadas no membro inferior direito, em razão do acometimento crônico e em outros segmentos. Afirma-seque ocorreu melhora imediata da dor ciática direita no pós-operatório, devendo ser mantida a orientação de uso diário demedicamentos para controle da dor residual e evitar esforço físico permanentemente, em razão das degenerações nossegmentos vertebrais adjacentes (fl. 69). De igual modo, no atestado de fl. 29, o médico subscritor afirma que o recorrenteestá incapacitado temporariamente pelo período de 90 dias, a contar de 16/02/2012, enquanto o atestado de fl. 31 atestapela incapacidade pelo período de 15 dias a partir de 12/06/2012. Nos atestados de fls. 33, 28 e 23, elaborados em01/12/2011, 12/04/2012 e 20/06/2012 respectivamente, os médicos subscritores afirmaram que ele estaria incapacitadopara trabalhos que exijam esforço físico sem especificar se de forma definitiva ou temporária. No atestado de fl. 32,afirma-se que o demandante se encontra afastado do trabalho até 05/01/2012 em função de benefício concedido paratratamento de doença coronariana, tendo retornado ao trabalho em 09/01/2012, devendo, porém, ser afastado do trabalho apartir de tal data pelo período de 15 dias para tratamento cirúrgico ortopédico. Por sua vez, no laudo redigido pelo peritonomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de artrose de coluna lombar, com artrodese realizada em05/07/2012. Conclui que há incapacidade laborativa temporária para o trabalho de carpinteiro, uma vez que se encontra nafase de recuperação pós-operatória. Afirma que a incapacidade teve início na data da cirurgia, devendo o autor manter-seem repouso por seis meses para consolidação da cirurgia e melhora do quadro geral.

8. Embora o médico perito tenha apontado o caráter temporário da inaptidão da parte autora, observo que o quadro clínico

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de incapacidade é corroborado pela idade do recorrente que, nascido em 24/04/1952 (fl. 9), conta hoje com 63 anos deidade, e sua instrução escolar (ensino fundamental completo, fl. 40) que seriam reais impeditivos para que ele aprendesseatividade diversa daquela que habitualmente exercia. Insta ressaltar que a aventada possibilidade de reabilitação nãoimpede a concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, tendo-se em vista a possibilidade de a autarquiaprevidenciária aferir, administrativamente, a recuperação de condições físicas e mentais que permitam o retorno dosegurado ao trabalho (art. 46, do Decreto n. 3.048/99).

9. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

10. Reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

11. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (fl. 71). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessáriamodificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial do

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art. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

12. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo ser mantida asua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como a aplicaçãoda nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar o pedido procedente, nos termos do art. 269, I, doCódigo de Processo Civil, a fim de condenar o INSS converter o benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalideza contar da data da realização da perícia judicial (06/09/2012). Substituo, de ofício, o cálculo da correção monetária peloque restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, de modo a determinar a incidência do INPCda data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo final que deverá embasar a expedição dorequisitório de pagamento. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55,da Lei n. 9.099/95.

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

73 - 0001582-21.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.001582-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x JAQUELINE IZOTON AZEVEDO(ADVOGADO: ES009281 - MARCELO MAZARIM FERNANDES.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0001582-21.2013.4.02.5001/01 (2013.50.01.001582-8/01)RECORRENTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS e JAQUELINE IZOTON AZEVEDORECORRIDOS: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTEPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. DATA DO INÍCIO DO BENEFÍCIO. QUALIDADE DE SEGURADO. RECURSO DO INSS CONHECIDO EDESPROVIDO. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SUBSTITUIÇÃO, DEOFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕES VENCIDAS.1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 113/117, contra sentença, proferida pelo MM. Juiz do 1º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença, a contar da data da perícia judicial, indeferindo, porém, sua conversão emaposentadoria por invalidez. A autarquia afirma que a parte autora não mais se incluía no quadro de segurados do RegimeGeral da Previdência Social na data fixada pelo perito judicial como sendo o início da incapacidade, motivo pelo qual ospedidos deveriam ser julgados improcedentes.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 130/134, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob o fundamentode que se encontra incapacitada desde a cessação indevida do benefício, época em que ostentava qualidade de segurada.Afirma que o perito não fixou uma data de início da incapacidade, atestando apenas que no dia 30/01/2013 a inaptidão parao labor já existia.

3. A autora também interpõe recurso inominado, às fls. 125/129, no qual pugna pela alteração da data do início dobenefício, pois afirma que o julgamento de parcial procedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autosnos quais se demonstra que seu quadro incapacitante subsiste desde a época da cessação do benefício. Ademais, requerque o INSS seja condenado a converter o benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, haja vista o caráterdefinitivo da doença apresentada.

4. A autarquia ofereceu contrarrazões, às fls. 138/141, nas quais requer o desprovimento do recurso da parte autora,porque não teria sido comprovado nos autos que a demandante já se encontrava inapta para o labor quando da cessaçãoadministrativa do benefício de auxílio-doença.

5. É o Relatório.

6. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

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7. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

8. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

9. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 11/16)indicam que ela é acometida de edema linfático na perna, linfedema em membros inferiores com dor, pruridos, câimbras,peso nas pernas, dificuldade para ortostatismo. De igual modo, nos atestados de fls. 15/16, datados em 12/01/2010 e em08/10/2009, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho sem especificar se de formadefinitiva ou temporária, alegando que ela necessitava de repouso domiciliar (fl. 15). Ademais, às fls. 21/26, consta períciamédica judicial realizada em 17/01/2011 na ação autuada sob o nº 024.10.004850-3, movida pela parte autora em face doINSS, perante a Vara Especializada em Acidentes do Trabalho da Comarca de Vitória, cujo laudo afirmou que a autoraapresenta linfedema no membro inferior esquerdo, doença crônica diagnosticada desde os 14 anos de idade. Aduz que apresença do linfedema por si só não enseja a incapacidade, mas deve-se observar o grau de desenvolvimento da doença.Alega que a autora recebera o benefício previdenciário no período de 21/04/2007 a 24/08/2008, inicialmente em função dedoença psiquiátrica (Síndrome do Pânico), e depois, devido ao linfedema de membro inferior esquerdo. Conclui quenaquele momento a autora estava incapaz parcial e temporariamente, devendo evitar atividades que exigissem grandesesforços, que a expusesse à umidade excessiva e à possibilidade de traumas. Por sua vez, no laudo redigido pelo peritonomeado judicialmente, aponta-se que a demandante é portadora de linfedema de membro inferior esquerdo. Conclui quehá incapacidade laborativa temporária para o trabalho de merendeira e outras atividades exercidas em ortostaseprolongada ou que demandem carregar peso com frequência. Afirma que o linfedema pode variar de intensidade emespaços relativamente curtos de tempo, de modo a dificultar que se estipule o período de incapacidade, entretanto,confirma que este já se manifestava em 30/01/2013. Alega não ter sido identificada incapacidade definitiva e que, seguindoo tratamento adequado, a autora poderia recuperar sua capacidade laboral em cerca de três meses.

10. A parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença n. 520.291.874-3 no período de 21/04/2007 a 24/08/2008, por serportadora de linfedema de membro inferior (fls. 16 e 23). No atestado médico particular juntado à fl. 16, o médico afirma queem consulta anterior realizada no dia 22/07/2008 a autora apresentava quadro de linfedema do membro inferior esquerdo(CID I89) e não apresentou melhora até a nova consulta ocorrida no dia 08/10/2009, tendo alegado não ter condiçõeseconômicas de realizar o tratamento em ambas as oportunidades. Igualmente, em janeiro de 2010, médico angiologista doHospital dos Ferroviários reafirma o diagnóstico de linfedema em membros inferiores da parte autora, prescrevendo-lherepouso domiciliar. Posteriormente, a perita médica judicial, constituída no processo que tramitou na Justiça do Trabalhoatestou que, em janeiro de 2011, a periciada estava igualmente incapacitada em função da mesma doença venosa. Por fim,a incapacidade da autora também é reconhecida em Juízo em perícia realizada em 22/04/2013, na qual o expert reconhecea incapacidade da autora, em razão de ser portadora de linfedema de membro inferior esquerdo e que tal incapacidade jáexistia em 30/01/2013 (quesito 13). De tal modo, embora o perito judicial não tenha apontado a data do início daincapacidade laborativa da parte autora, a análise dos documentos que instruem a petição inicial, em conjunto com o laudopericial, indica que, na data da cessação do benefício n. 520.291.874-3, ocorrida em 24/08/2008 (data em queindubitavelmente ostentava qualidade de segurada), persistia a incapacidade laborativa que originou a concessão dosbenefícios de auxílio-doença. Desse modo, a segurada faz jus ao restabelecimento dos benefícios, a contar da cessaçãoindevida. Nesse sentido, transcrevo o seguinte julgado da TNU:PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. RESTABELECIMENTO. LAUDO NÃO PRECISOU A DII. DIB FIXADA NA DATADO LAUDO. PRESUNÇÃO DE CONTINUIDADE DO ESTADO INCAPACITANTE. REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DEREFERIDA PRESUNÇÃO. INCIDENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.1. Trata-se de pedido de uniformização apresentado pela parte autora-recorrente em face de acórdão que reformou emparte sentença concessiva de benefício de auxílio-doença. A sentença monocrática fixou a DIB na data da cessação deanterior benefício por incapacidade. O acórdão recorrido, por sua vez, considerou que, diante constatada impossibilidade nolaudo de fixação da DII, a DIB deveria ser fixada na data da elaboração do laudo.2. A parte autora sustenta que o acórdão afronta jurisprudência do STJ (RESP 445.604, 6a Turma, DJ 13/12/2004 e AgRgno Ag 446.168, 6a Turma, j. 29/11/2005).3. Comprovada a divergência jurisprudencial, na forma do art. 14, §2°, Lei n° 10.259/2001, em relação ao AgRg no Ag446.168. Embora oriundo de Turma do STJ, a leitura do inteiro teor do acórdão permite inferir que o julgado espelhajurisprudência dominante daquele Tribunal, nos termos da Questão de Ordem n° 5/TNU.4. Sobre a questão discutida, a TNU possui o seguinte posicionamento:“1. O enunciado da Súmula nº 22 da TurmaNacional se aplica aos casos em que a perícia judicial conseguiu especificar a data de início da incapacidade (DII), servindode parâmetro inclusive em relação aos benefícios por incapacidade. 2. Porém, quando a perícia judicial não conseguiuespecificar a data de início da incapacidade (DII), e em se tratando de restabelecimento de auxílio-doença, em sendo aincapacidade atual decorrente da mesma doença ou lesão que justificou a concessão do benefício que se pretenderestabelecer, presume-se a continuidade do estado incapacitante desde a data do cancelamento, que, sendo reputadoindevido, corresponde ao termo inicial da condenação ou data de (re)início do benefício.” (PEDILEF n.º 200772570036836,Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 11 jun. 2010; PEDILEF n.º 200763060051693, Rel. Juíza FederalJacqueline Michels Bilhalva, DJ 22 nov. 2008)”. Mais recentemente, o mesmo entendimento fora reafirmado no PEDILEF201071650012766, JUIZ FEDERAL JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA, DJ 26/10/2012. 4.1 Proposta para fixação de

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parâmetros para aplicação da tese acima invocada. A presunção de continuidade da incapacidade laborativa pressupõe oatendimento cumulativo a alguns requisitos, quais sejam: a) que a incapacidade laborativa constatada seja derivada damesma doença que motivou a concessão de benefício por incapacidade anterior; b) que o laudo pericial não demonstre arecuperação da capacidade no período que medeia a DCB anterior e o laudo pericial produzido em juízo; c) que a naturezada patologia não implique a alternância de períodos significativos de melhora e piora; d) que o decurso de tempo entre aDCB e a perícia judicial não seja significativo a ponto de interromper a presunção do estado incapacitante, o que deverá seraferido no caso concreto.5. Caso em que o acórdão não considerou aplicar a presunção de continuidade do estado incapacitante de que se tratouacima.6. Não é possível, todavia, sem revolver o conjunto fático-probatório– o que é vedado nesta sede recursal – avaliar se foramatendidos os requisitos acima expostos para aplicação da tese invocada. Tem lugar a Questão de Ordem n° 20 da TNU:“Se a Turma Nacional decidir que o incidente de uniformização deva ser conhecido e provido no que toca a matéria dedireito e se tal conclusão importar na necessidade de exame de provas sobre matéria de fato, que foram requeridas e nãoproduzidas, ou foram produzidas e não apreciadas pelas instâncias inferiores, a sentença ou acórdão da Turma Recursaldeverá ser anulado para que tais provas sejam produzidas ou apreciadas, ficando o juiz de 1º grau e a respectiva TurmaRecursal vinculados ao entendimento da Turma Nacional sobre a matéria de direito”.6. Incidente conhecido e parcialmenteprovido para o fim de: a) reafirmar a tese já uniformizada no sentido de que quando a perícia judicial não conseguiuespecificar a data de início da incapacidade (DII), e em se tratando de restabelecimento de auxílio-doença, em sendo aincapacidade atual decorrente da mesma doença ou lesão que justificou a concessão do benefício que se pretenderestabelecer, é possível aplicar a presunção de continuidade do estado incapacitante; b) uniformizar o entendimento de que,para aplicação da presunção da continuidade do estado incapacitante, é necessário o atendimento cumulativo dosseguintes requisitos: b.1) que a incapacidade laborativa constatada seja derivada da mesma doença que motivou aconcessão de benefício por incapacidade anterior; b.2) que o laudo pericial não demonstre a recuperação da incapacidadeno período que medeia a DCB anterior e o laudo pericial produzido em juízo; b.3) que a natureza da patologia não impliquea alternância de períodos significativos de melhora e piora; b.4) que o decurso de tempo entre a DCB e a perícia judicial nãoseja significativo a ponto de interromper a presunção do estado incapacitante, o que deverá ser aferido no caso concreto; c)determinar à Turma Recursal de origem novo julgamento do feito com base nas premissas de direito fixadas neste julgado.(PEDILEF 00503044220084013400, JUÍZA FEDERAL ANA BEATRIZ VIEIRA DA LUZ PALUMBO, TNU, DOU 31/05/2013).(sem grifos no original).

11. Outrossim, verifico que não ficou comprovada a presença de incapacidade total e definitiva da segurada, pressupostosintransponíveis para a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez. Ressalto que perícia judicial éclara ao afirmar a possibilidade de recuperação da capacidade laborativa da parte autora para o exercício de sua atividadehabitual e os exames particulares não apontaram a existência de incapacidade definitiva da parte autora para odesempenho da atividade de merendeira. Ademais, observado que a incapacidade perdura desde a cessação indevida dobenefício em 2008, a autora manteve sua qualidade de segurada o que, por conseguinte, infirma as alegações expendidasno recurso interposto pelo INSS.

12. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

13. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (fl. 109). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessáriamodificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei

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9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

14. Os juros de mora deverão incidir a partir da citação, por aplicação analógica do enunciado nº 204 da súmula dajurisprudência do STJ, bem como a aplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, uma vez que, no caso dosautos, a citação ocorreu após a entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

15. Ante o exposto, conheço os recursos e nego provimento ao recurso da autarquia e dou provimento em parte ao recursoda parte autora para, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, condenar o INSS a conceder o benefício deauxílio-doença a contar da data da cessação indevida do benefício n. 520.291.874-3, ocorrida em 24/08/2008. Substituo, deofício, o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF,de modo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculofinal que deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Determino, de ofício, a incidência dos juros mora acontar da citação, devendo ser observada, neste particular, a nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir daentrada em vigor da Lei n. 11.960/09. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sucumbente em maiorfração, condeno o INSS ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 5% do valor da condenação, nos termos doart. 55, da Lei n. 9.099/95, observada a orientação fixada o enunciado n. 111, da súmula da jurisprudência do STJ.

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

74 - 0001872-83.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001872-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x CLÁUDIO RAIMUNDO ROCHA(ADVOGADO: ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA, ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.).RECURSO Nº 0001872-83.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001872-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CLÁUDIO RAIMUNDO ROCHARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

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PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA INCAPACIDADELABORATIVA TOTAL E TEMPORÁRIA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO.SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕESVENCIDAS.1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 82/93, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 1º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedente o pedido para condenar o INSS a restabelecer o benefício deauxílio-doença a contar da data da cessação. A autarquia afirma que o laudo médico do perito judicial deve serdesconsiderado, haja vista não ter sido elaborado com o rigor necessário. Alega que os laudos elaborados pelo médicoperito que fora designado para o feito são repetitivos, quase sempre apresentando pareceres semelhantes e com baseapenas nas alegações dos periciados e nos atestados médicos particulares por eles apresentados. Destaca que o médico,que realizou a perícia nos presentes autos, não possui registro no Conselho Regional de Medicina do Estado do EspíritoSanto. Pugna pela improcedência dos pedidos ou, alternativamente, para que o benefício concedido seja deferido apenas apartir da data da perícia judicial ou pela conversão do feito em diligência para que seja realizada nova perícia.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 100/109, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob o fundamentode que seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam odesempenho de qualquer atividade. Aduz que as conclusões do perito condizem com seu histórico clínico, uma vez que seencontra enfermo há muitos anos devido a doenças psiquiátricas.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. O INSS alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o magistrado teria se baseado em laudo médico atécnicoe pouco confiável. Embora as razões recursais expendidas pela autarquia previdenciária tenham se valido de linguagemveemente, a alegação de desempenho inescrupuloso das atribuições confiadas ao especialista nomeado não podebasear-se em indícios consolidados a partir de conclusões desfavoráveis à posição defendida pelo INSS em Juízo. Anulidade da perícia realizada exige efetiva demonstração de que não houve escorreito cumprimento do mister confiado aoprofissional, o que poderia ser comprovado pela significativa discrepância entre suas conclusões e aquelas declinadas nosatestados médicos juntados pelas partes. Entretanto, tal disparidade não é observada na presente demanda, ao seconstatar que a parte autora ter um histórico clínico de doenças psíquicas (com notícia de crises enquanto dirigia)condizentes com as conclusões descritas no laudo. Ressalto que o artigo 145, § 1º, do Código de Processo Civil dispõe queo perito, na qualidade de auxiliar da justiça, será escolhido entre profissionais de nível universitário, devidamente inscritosno órgão de classe competente. Consta que o médico Davi Urias Batista Vidigal possui inscrição número CRM/SC 5876, oque por si o habilita para o desempenho do munus para o qual foi designado. Portanto, entendo que o requerimento pararealização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada nãoesclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código deProcesso Civil).

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 13,17/26) indicam que ela é acometida de crise de ausência, transtorno de ansiedade com reação aguda ao estresse, estressepós-traumático causado por acidente de trânsito, episódios depressivos, apresentando alteração de atenção, concentraçãoe de humor afetivo, sono irregular, lapsos de memória, anedonia e agitação, estando em tratamento psiquiátrico desde2008 (fl. 25). De igual modo, nos atestados de fls. 14, 17/19, 21, 23/25, os médicos subscritores afirmaram que ele estariaincapacitado para o trabalho, sem especificar se de forma definitiva ou temporária, por tempo indeterminado (fl. 17), nãopodendo voltar a exercê-lo pelo risco de acidente (fl. 14), já que a medicação de uso controlado prejudicou o desempenhode suas atividades (fl. 23). Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrido éportador de transtorno de ansiedade (CID X F41), reação aguda ao estresse (CID X F43) e transtorno de ausência (G40),em tratamento desde 2007. Conclui que há incapacidade laborativa para o trabalho de motorista de ônibus de forma total,multiprofissional e temporária, sendo possível sua reabilitação para outras atividades que não impliquem em riscos para suavida ou para terceiros. Alega que o periciado está incapaz desde outubro de 2012.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior às períciasadministrativas realizadas e aos atestados juntados pela recorrente. Ademais, da leitura das conclusões do perito judicial,não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentosque acompanharam a peça vestibular. Embora o caráter sucinto das respostas dadas no laudo de fls. 41/43 não sejamedida recomendável, não vislumbro efetivo obstáculo ao devido processo legal, pois houve o esclarecimento de questão

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técnica referente à eventual incapacidade da autora para o trabalho.

10. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

11. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (fl. 78). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessáriamodificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

12. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo ser mantida asua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como a aplicação

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da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% sobre o valor dasparcelas vencidas até a data da prolação da sentença, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95, observada a orientaçãoveiculada pelo enunciado n. 111, da súmula da jurisprudência do STJ.

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

75 - 0006769-91.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006769-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSEMARO DE JESUSSILVA (ADVOGADO: ES016520 - NATANAEL REZENDE BATISTA, ES016533 - ENEIAS DO NASCIMENTO BATISTA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0006769-91.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.006769-5/01)RECORRENTE: JOSEMARO DE JESUS SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIASOBRE AS PRESTAÇÕES VENCIDAS.1. JOSEMARO DE JESUS SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 92/96, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 1ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedentes os pedidos paracondenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença entre o período de 11/04/2012 e 30/08/2012, indeferindo, porém,sua conversão em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doença incapacitante para oexercício de atividade laboral e que o julgamento de parcial procedência desconsiderou o conjunto das provas carreadasaos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quaisimpossibilitam o desempenho da atividade de pedreiro. Pugna pela reforma da sentença para que sejam concedidos ospedidos iniciais e, sucessivamente, requer a intimação do perito para que sejam respondidos os quesitos complementarespor ele formulados.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 101/105, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento deresposta aos quesitos complementares ao laudo pericial. Contudo, ressalto que o pedido esclarecimento não veioacompanhado de fundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria,razão por que ele não deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, os quesitossuplementares formulados pela parte autora já tiveram seu conteúdo suprido pelas respostas apresentadas no laudopericial, o qual não se mostrou contraditório, tampouco omisso.

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

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8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 13/30)indicam que ela é acometida de alterações pós-cirúrgicas com túnel ósseo de provável reconstrução ligamentar (LCA) nojoelho esquerdo com parafusos de fixação nas extremidades, osteófitos nas eminências intercondilianas, redução dosespaços articulares femorotibiais, instabilidade de joelho esquerdo devido à lesão do ligamento cruzado anterior, lesãoligamentar e meniscal em joelho direito, dor em joelho esquerdo, lesão meniscal residual em joelho esquerdo, necessitandode tratamento cirúrgico. De igual modo, nos atestados de fls. 20, 27, 30, datados em 20/07/2012, 26/03/2012 e 07/05/2012respectivamente, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho de forma temporária peloperíodo de 15 dias. No atestado de fl. 18 e 21, datados em 13/09/2012 e 30/07/2012, afirma-se que a reabilitação do autorserá completa em cerca de seis meses (180 dias). Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,afirma-se que o recorrente sofreu lesão ligamentar nos dois joelhos e foi operado com bom resultado, já tendo serecuperado completamente da cirurgia, apresentando “outras rupturas espontâneas dos ligamentos do joelho” (CID M23.6).Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de pedreiro.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Embora o autor requeira que o laudo seja declarado nulo, constato que o especialista nomeadoesclareceu de forma suficiente as questões técnicas que lhe foram submetidas, inexistindo discrepância entre as doenças esequelas detectadas por ele e aquelas apontadas nos atestados médicos juntados pelo demandante. Cabe ressaltar que acriação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovadaincapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para amanutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios,o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dos segurados.

10. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

11. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (fl. 85). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessáriamodificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZA

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PREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

12. Em relação aos juros de mora, deve ser afastada a aplicação do índice de 1% (um por cento) ao mês, determinada nojulgado confrontado, uma vez que, no caso dos autos, a citação ocorreu após a entrada em vigor da Lei nº 11.960/09,devendo ser observada, neste particular, a nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Os juros de mora, incidentes a partir da citação, deverãoser calculados de acordo com a nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, determinada pela Lei nº 11.960/09. Semcondenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art.12 da Lei nº 1060/50.

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

76 - 0000692-60.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000692-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.) x MARINETE GONCALO DE OLIVEIRA(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES, ES016822 - PAULAGHIDETTI NERY LOPES.).RECURSO Nº 0000692-60.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000692-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARINETE GONCALO DE OLIVEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇAREFORMADA.1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 44/48, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federalde São Mateus, que julgou procedente o pedido para condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença. Aautarquia afirma que o laudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrida,conforme conclusões já apresentadas pelo médico perito do INSS.

2. A autora ofereceu contrarrazões, às fls. 50/51, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que alega serportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de parcial procedênciaacertadamente considerou o conjunto das provas carreadas aos autos, bem como suas reais condições de saúde epessoais, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de cozinheira.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

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5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 7/9 e12) indicam que ela é acometida de artrose, gonartrose grave de joelhos direito e esquerdo, lesões condriais, além dediabetes e obesidade, que dificultam o tratamento. De igual modo, no atestado de fls. 8, o médico subscritor afirmou que elaestaria com dificuldade de exercer o trabalho de cozinheira. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que a autora é portadora de artrose poliarticular com comprometimento mais intenso nos doisjoelhos, além de obesidade mórbida com alterações circulatórias e edema das mãos e pés que compromete sua mobilidadenormal. Afirma que a autora informa ter sofrido acidente vascular cerebral em 2009, de modo que, após isso, recebeu obenefício de auxílio-doença por três meses, mas que as alterações ortopédicas não foram motivo para tal concessão.Conclui que não há incapacidade laborativa do ponto de vista ortopédico para o trabalho de cozinheira, embora ressalte anecessidade de tratamento para a obesidade, por se tratar de pessoa hipertensa e diabética.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela parte autora. Destaco que não restou demonstrado por meio da perícia médica judicial, tampouco pelosatestados médicos particulares, que a parte autora se encontra impossibilitada de exercer sua atividade laborativa habitual.Embora o médico subscritor do atestado de fl. 8 observe “dificuldade para o trabalho de costureira”, bem como o peritojudicial aponte restrições físicas, entendo não se tratar de quadro incapacitante, mas de limitações funcionais, as quais nãoensejam a concessão do benefício de auxílio-doença. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe amanutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária oupermanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo,não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critériosmais favoráveis à pretensão dos segurados.

10. As condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial parao trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada,para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar ascondições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

11. Destaco que a revogação da antecipação dos efeitos da tutela caracteriza-se como consectário lógico do presentejulgado. Com efeito, não se pode cogitar da subsistência da tutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência deautonomia em relação ao resultado final do julgamento (art. 273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).

12. Saliento minha convicção pessoal de que a parte, que recebe valores por força de tutela judicial carente de eficáciadefinitiva, tem ciência da possibilidade de reversão do título e, por conseguinte, assume os riscos inerentes à situaçãojurídica criada (art. 475-O, II, do Código de Processo Civil). A precariedade dos pagamentos assim efetuados implica odever de devolução das verbas recebidas em decorrência de tutela provisória, ainda que concedida em sentença suscetívelde ser atacada por recurso despido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuição patrimonial baseadaem suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência do pedido econsequente confirmação da decisão anterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunal deJustiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro HermanBenjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.

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5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

13. Portanto, autorizo a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedido na sentença.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Por consequência, revogo a tutela antecipada concedida nasentença e autorizo a restituição ao INSS dos valores recebidos pela parte autora enquanto vigeu a antecipação dos efeitosda tutela. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

77 - 0004964-06.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004964-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCOS ANTONIOGREGORIO DOS SANTOS (ADVOGADO: ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO, ES013495 - BERNARDOJEFFERSON BROLLO DE LIMA, ES004875E - PAULO HENRIQUE MARÇAL MONTEIRO, ES018483 - LÍVIA NOGUEIRAALMEIDA, ES004578E - JANETE MARCIA DIAS, ES004208E - FERNANDA MONTEIRO DA CRUZ.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).RECURSO Nº 0004964-06.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004964-4/01)RECORRENTE: MARCOS ANTONIO GREGORIO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELAINCAPACIDADE TEMPORÁRIA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIASOBRE AS PRESTAÇÕES VENCIDAS.1. MARCOS ANTONIO GREGORIO DO SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 130/133, contra sentença proferida

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pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedentes os pedidos paracondenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença, indeferindo, porém, sua conversão em aposentadoria porinvalidez. A parte autora afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de parcial procedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivoexercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenhoda atividade de motorista de ônibus, bem como o de qualquer atividade laboral. Aduz que a doença deve ser entendidacomo de caráter definitivo, uma vez que ele se encontra em tratamento há oito anos, sem, contudo, ter recuperado suacapacidade laboral.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 137/138, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que a sentençade piso não merece reforma, devendo ser mantida pelos próprios fundamentos.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 32/38)indicam que ela é acometida de estenose aórtica grave, tendo sido internada no Hospital Evangélico de Vila Velha no dia04/07/2012, valvulopatia grave, com dupla lesão valvar, insuficiência aórtica, apresentando alto risco de morte súbita. Deigual modo, nos atestados de fls. 33, 35/38 os médicos subscritores afirmaram que ele estaria incapacitado para o trabalhosem especificar se de forma definitiva ou temporária. No atestado de fl. 34 de 29/05/2007, afirma-se que o autor seencontra incapacitado definitivamente para suas funções trabalhistas. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de valvopatia aórtica, tendo sido submetido à troca aórtica em10/07/2012, porém, ressalta que mesmo após a cirurgia sempre permanece algum grau de estenose, o que pode trazerrisco de complicações. Afirma que o autor deve evitar atividades com riscos de acidentes, pois em casos de traumas amedicação utilizada pode levar a hemorragias graves, atestando, assim, pela incapacidade temporária do autor. Após osexames de ecocardiograma e teste de esforço, o perito conclui que há incapacidade temporária para a atividade demotorista de ônibus coletivo desde a realização da cirurgia, o que lhe impõem limitações para atividades físicas, podendo,porém, desempenhar atividades laborais com esforço leve.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado. Outrossim, verifico que não ficou comprovada apresença de incapacidade definitiva e sem possibilidade de reabilitação da parte autora, pressupostos intransponíveis paraa concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez. O autor nasceu em 06/04/1966 (fl. 13), conta hojecom 49 anos de idade, sendo possível voltar a exercer sua atividade habitual ou ser reabilitado para outro trabalho. Dessemodo, restam preenchidos apenas os requisitos para a concessão de auxílio-doença, conforme decidido pelo Juízo a quo.

9. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

10. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (fl. 126). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessáriamodificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com a

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publicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

11. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo ser mantida asua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como a aplicaçãoda nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

78 - 0001118-78.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001118-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIZANGELA KELLYRIBEIRO DOS SANTOS (ADVOGADO: ES017467 - FIDEL BOURGUIGNON BROZOLINO, ES015788 - JOSE ROBERTOLOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERMEBARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0001118-78.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001118-5/01)RECORRENTE: ELIZANGELA KELLY RIBEIRO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELAINCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. IMPOSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL NÃOCOMPROVADA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕESVENCIDAS.1. ELIZANGELA KELLY RIBEIRO DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 140/149, contra sentença proferidapelo MM. Juiz do 1º Juizado Especial Federal do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedentes os pedidos paracondenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença, indeferindo, porém, sua conversão em aposentadoria porinvalidez. A parte autora afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de parcial procedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivoexercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenhoda atividade de empregada doméstica, bem como o de qualquer atividade laboral, tendo em vista o caráter definitivo dadoença.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 154/156, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a incapacidade parcial da autora para o trabalho, sendo possível a reabilitaçãoprofissional da recorrente para atividade condizente com suas limitações de ordem física e educacional.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 13/29,35/36) indicam que ela é acometida de lombociatalgia direita, tendo sido submetida ao tratamento cirúrgico de hérnia discalem 2005, porém, mantendo sintomatologia. Além disso, afirma-se que ela apresenta alterações pós-cirurgicas,espondiloartrose, protusões discais, fibromialgia, tendinite e artrose de joelhos e mãos, poliartralgia difusa, polimialgia,fadiga material, sono não reparador, lombociatalgia bilateral, alterações degenerativas da coluna lombar, fibrose epidural,dorsalgia, dor no ombro, parestesia em mão e pés, estando em tratamento reumatológico e devendo evitar pegar peso,fazer esforço físico, ficar muito tempo sentada, em pé ou em posição viciosa, sob o risco de agravamento do quadro clínico.De igual modo, nos atestados de fls. 24, 22, 21, 19, 15/16 datados em 29/10/2007, 04/06/2008, 08/07/2008, 22/09/2008,09/12/2011, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho sem especificar se de formadefinitiva ou temporária (fls. 21/22). Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que arecorrente é portadora de espondiloartrose, discopatia degenerativa e depressão, devendo evitar elevar pesos e realizaresforços intensos. Conclui que há incapacidade laborativa para o trabalho de empregada doméstica. Alega que aincapacidade já existia em 17/07/2008, quando da cessação administrativa do benefício, e que não houve intermitência ouperíodos de aptidão. Afirma-se que a incapacidade é uniprofissional, além de total e definitiva em relação à atividadehabitual da recorrente (empregada doméstica). Por outro lado, atesta ser possível a reabilitação profissional.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado. Outrossim, verifico que não há indícios nos autosque demonstrem a impossibilidade de reabilitação da autora, que nascida em 11/01/1972 (fl. 10), conta hoje com 43 anos,idade em que ainda é possível ter vida laboral ativa e readaptar-se a novas atividades. Portanto, não foram preenchidos osrequisitos para a concessão da aposentadoria por invalidez, restando apenas a possibilidade de concessão doauxílio-doença a contar da cessação indevida.

9. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.

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14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

10. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (fl. 130). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessáriamodificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

11. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo ser mantida asua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como a aplicaçãoda nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

79 - 0101454-56.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101454-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x JOSÉLIA DA CRUZ SALOTOSILVA (ADVOGADO: ES011829 - HERON LOPES FERREIRA.).RECURSO Nº 0101454-56.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101454-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSÉLIA DA CRUZ SALOTO SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. DATA DO INÍCIO DOBENEFÍCIO. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DECÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕES VENCIDAS.

1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 55/59, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefício deauxílio-doença a contar da cessação indevida. A autarquia afirma que o perito do Juízo não conseguiu precisar a data deinício da incapacidade, de modo que não se pode presumir a inaptidão da parte autora em período anterior ao laudo. Aduzque os atestados médicos particulares não devem ser utilizados como base para afirmar a incapacidade da demandantenesse intervalo, uma vez que as perícias administrativas, dotadas de presunção de legitimidade e veracidade, concluíram ocontrário. Pugna pela reforma da sentença para que seja alterada a data de início da percepção do benefício deauxílio-doença para o dia da juntada do exame pericial.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 65/69, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que,diferentemente do que alegou o recorrente, o entendimento consolidado nos Tribunais é de que o benefício deauxílio-doença cessado injustamente deverá ter como marco inicial a data da cessação indevida.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a data do início do benefício por incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 11/16)indicam que ela é acometida de hipertensão arterial sistêmica severa, de tipo II, obesidade, alegando cansaço e dispneiaaos médios esforços e comunicação interatrial (CIA). De igual modo, nos atestados de fls. 11/12, emitidos respectivamenteem 08/02/2012 e 13/06/2012, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho semespecificar se de forma definitiva ou temporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,afirma-se que a recorrida é portadora de comunicação inter atrial e hipertensão arterial sistêmica. Conclui que háincapacidade laborativa para o trabalho de cuidadora de idosos, pois deve evitar esforços intensos. Atesta que aincapacidade é temporária e parcial, podendo ser reabilitada para outras atividades. Aponta a inexistência de exames quepermitam fixar uma data de início da incapacidade.

8. Embora o perito judicial não tenha apontado a data do início da incapacidade laborativa da parte autora, a análise dosdocumentos que instruem a petição inicial, em conjunto com o laudo pericial, indica que, na data da cessação do benefícion. 547.809.522-9, ocorrida em 02/05/2012 (fl. 32), persistia a incapacidade laborativa que originou a concessão do benefíciode auxílio-doença. Desse modo, a segurada faz jus ao restabelecimento dos benefícios, a contar da cessação indevida.Nesse sentido, transcrevo o seguinte julgado da TNU:PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. RESTABELECIMENTO. LAUDO NÃO PRECISOU A DII. DIB FIXADA NA DATADO LAUDO. PRESUNÇÃO DE CONTINUIDADE DO ESTADO INCAPACITANTE. REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DEREFERIDA PRESUNÇÃO. INCIDENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.1. Trata-se de pedido de uniformização apresentado pela parte autora-recorrente em face de acórdão que reformou emparte sentença concessiva de benefício de auxílio-doença. A sentença monocrática fixou a DIB na data da cessação deanterior benefício por incapacidade. O acórdão recorrido, por sua vez, considerou que, diante constatada impossibilidade nolaudo de fixação da DII, a DIB deveria ser fixada na data da elaboração do laudo.2. A parte autora sustenta que o acórdão afronta jurisprudência do STJ (RESP 445.604, 6a Turma, DJ 13/12/2004 e AgRg

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no Ag 446.168, 6a Turma, j. 29/11/2005).3. Comprovada a divergência jurisprudencial, na forma do art. 14, §2°, Lei n° 10.259/2001, em relação ao AgRg no Ag446.168. Embora oriundo de Turma do STJ, a leitura do inteiro teor do acórdão permite inferir que o julgado espelhajurisprudência dominante daquele Tribunal, nos termos da Questão de Ordem n° 5/TNU.4. Sobre a questão discutida, a TNU possui o seguinte posicionamento:“1. O enunciado da Súmula nº 22 da TurmaNacional se aplica aos casos em que a perícia judicial conseguiu especificar a data de início da incapacidade (DII), servindode parâmetro inclusive em relação aos benefícios por incapacidade. 2. Porém, quando a perícia judicial não conseguiuespecificar a data de início da incapacidade (DII), e em se tratando de restabelecimento de auxílio-doença, em sendo aincapacidade atual decorrente da mesma doença ou lesão que justificou a concessão do benefício que se pretenderestabelecer, presume-se a continuidade do estado incapacitante desde a data do cancelamento, que, sendo reputadoindevido, corresponde ao termo inicial da condenação ou data de (re)início do benefício.” (PEDILEF n.º 200772570036836,Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 11 jun. 2010; PEDILEF n.º 200763060051693, Rel. Juíza FederalJacqueline Michels Bilhalva, DJ 22 nov. 2008)”. Mais recentemente, o mesmo entendimento fora reafirmado no PEDILEF201071650012766, JUIZ FEDERAL JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA, DJ 26/10/2012. 4.1 Proposta para fixação deparâmetros para aplicação da tese acima invocada. A presunção de continuidade da incapacidade laborativa pressupõe oatendimento cumulativo a alguns requisitos, quais sejam: a) que a incapacidade laborativa constatada seja derivada damesma doença que motivou a concessão de benefício por incapacidade anterior; b) que o laudo pericial não demonstre arecuperação da capacidade no período que medeia a DCB anterior e o laudo pericial produzido em juízo; c) que a naturezada patologia não implique a alternância de períodos significativos de melhora e piora; d) que o decurso de tempo entre aDCB e a perícia judicial não seja significativo a ponto de interromper a presunção do estado incapacitante, o que deverá seraferido no caso concreto.5. Caso em que o acórdão não considerou aplicar a presunção de continuidade do estado incapacitante de que se tratouacima.6. Não é possível, todavia, sem revolver o conjunto fático-probatório– o que é vedado nesta sede recursal – avaliar se foramatendidos os requisitos acima expostos para aplicação da tese invocada. Tem lugar a Questão de Ordem n° 20 da TNU:“Se a Turma Nacional decidir que o incidente de uniformização deva ser conhecido e provido no que toca a matéria dedireito e se tal conclusão importar na necessidade de exame de provas sobre matéria de fato, que foram requeridas e nãoproduzidas, ou foram produzidas e não apreciadas pelas instâncias inferiores, a sentença ou acórdão da Turma Recursaldeverá ser anulado para que tais provas sejam produzidas ou apreciadas, ficando o juiz de 1º grau e a respectiva TurmaRecursal vinculados ao entendimento da Turma Nacional sobre a matéria de direito”.6. Incidente conhecido e parcialmenteprovido para o fim de: a) reafirmar a tese já uniformizada no sentido de que quando a perícia judicial não conseguiuespecificar a data de início da incapacidade (DII), e em se tratando de restabelecimento de auxílio-doença, em sendo aincapacidade atual decorrente da mesma doença ou lesão que justificou a concessão do benefício que se pretenderestabelecer, é possível aplicar a presunção de continuidade do estado incapacitante; b) uniformizar o entendimento de que,para aplicação da presunção da continuidade do estado incapacitante, é necessário o atendimento cumulativo dosseguintes requisitos: b.1) que a incapacidade laborativa constatada seja derivada da mesma doença que motivou aconcessão de benefício por incapacidade anterior; b.2) que o laudo pericial não demonstre a recuperação da incapacidadeno período que medeia a DCB anterior e o laudo pericial produzido em juízo; b.3) que a natureza da patologia não impliquea alternância de períodos significativos de melhora e piora; b.4) que o decurso de tempo entre a DCB e a perícia judicial nãoseja significativo a ponto de interromper a presunção do estado incapacitante, o que deverá ser aferido no caso concreto; c)determinar à Turma Recursal de origem novo julgamento do feito com base nas premissas de direito fixadas neste julgado.(PEDILEF 00503044220084013400, JUÍZA FEDERAL ANA BEATRIZ VIEIRA DA LUZ PALUMBO, TNU, DOU 31/05/2013).(sem grifos no original).

9. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

10. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (fl. 52). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessáriamodificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:

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PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

11. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo ser mantida asua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como a aplicaçãoda nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% sobre o valor dasparcelas vencidas até a data da prolação da sentença, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95, observada a orientaçãoveiculada pelo enunciado n. 111, da súmula da jurisprudência do STJ.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

80 - 0100351-14.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100351-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WAINNER PEREIRA DESOUZA (ADVOGADO: ES012008 - ANA CAROLINA DO NASCIMENTO MACHADO, ES010417 - FLAVIA SCALZI PIVATO,ES012201 - JOCIANI PEREIRA NEVES, ES017151 - KARIME SILVA SIVIERO, ES007019 - VERA LÚCIA FÁVARES,ES008598 - MAURA RUBERTH GOBBI, ES013203 - RENATA MILHOLO CARREIRO AVELLAR, ES014935 - RONILCEALESSANDRA AGUIEIRAS, ES011434 - TATIANA MARQUES FRANÇA, ES016437 - LARA CHAGAS VAN DER PUT.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).RECURSO Nº 0100351-14.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.100351-6/01)RECORRENTE: WAINNER PEREIRA DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTEPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA INCAPACIDADETEMPORÁRIA DA PARTE AUTORA. DEPENDÊNCIA QUÍMICA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO EDESPROVIDO. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE ASPRESTAÇÕES VENCIDAS.1. WAINNER PEREIRA DE SOUZA interpõe recurso inominado, às fls. 70/77, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedente o pedido paracondenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença, indeferindo, porém, sua conversão em aposentadoria porinvalidez. A parte autora afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de parcial procedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivoexercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenhode qualquer atividade. Aduz que a dependência química não tem cura, de modo a fazer jus à percepção do benefício deaposentadoria por invalidez.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 81/84, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudo emitidopor perito nomeado pelo Juízo atesta incapacidade temporária para o trabalho.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 27/30)indicam que ela é acometida de dependência química de crack (CID 10 F 14.2), cocaína, THC, álcool (CID F19), tendodesenvolvido, em razão dos excessos, transtorno mental e de comportamento, surto psicótico agudo, de modo a apresentarquadro de delírios auditivos, sonhos repetitivos e crise de paranoia. Nos atestados de fls. 27, 28 e 30, afirma-se que eleficou internado em comunidade terapêutica desde 20/08/2012. No atestado de fl. 29, o médico atesta que o autor esteveinternado no dia 01/09/2012. De igual modo, nos atestados de fls. 27/30, os médicos subscritores afirmaram que a parteautora estaria incapacitada para o trabalho de forma temporária, tendo sido afirmado em atestados de fls. 28 e 30 que operíodo de tratamento é de cerca de nove meses, ou por tempo indeterminado (fl. 29). Por sua vez, no laudo redigido peloperito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de psicose aguda causada por dependência química.Conclui que há incapacidade laborativa para o trabalho de expedição, haja vista se encontrar em tratamento clínico quedepende de uma reclusão total por um período mínimo de nove meses. Afirma que a incapacidade é temporária, pois épassível de recuperação dentro de prazo previsível. Ademais, alega não ser necessária a reabilitação, contudo, sugere quesejam exercidas atividades com baixo nível de estresse.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado. Outrossim, verifico que não ficou comprovada apresença de incapacidade definitiva e sem possibilidade de reabilitação da parte autora, pressupostos intransponíveis paraa concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez. O autor nasceu em 25/07/1986 (fl. 17), conta hojecom 28 anos de idade, sendo possível voltar a exercer sua atividade habitual ou ser reabilitado para outro trabalho. Asconsequências advindas da dependência química não implicam, por si, a inaptidão para o desempenho de atividade quepossa prover a sua subsistência (TRF da 3ª Região, AC 00417167119944039999, Primeira Turma, DJ 16/12/1997). Oexercício de trabalho pode ser uma das etapas do processo terapêutico de recuperação do dependente químico, a fim deque ele encontre motivação para abstinência em medidas de socialização e valorização de sua capacidade de recuperação,motivo por que a necessidade de controle da dependência não é causa para concessão de aposentadoria por invalidez, aqual pressupõe a inaptidão total e permanente para o trabalho. Desse modo, restam preenchidos apenas os requisitos paraa concessão de auxílio-doença, conforme decidido pelo Juízo a quo.

9. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da

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isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

10. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (fl. 67). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessáriamodificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

11. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo ser mantida asua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como a aplicaçãoda nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

81 - 0002449-61.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002449-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x EDNA OLIVEIRA DOS REIS(ADVOGADO: ES013172 - RAMON FERREIRA COUTINHO PETRONETTO.).RECURSO Nº 0002449-61.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002449-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: EDNA OLIVEIRA DOS REISRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA INCAPACIDADELABORATIVA DEFINITITVA E SEM POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSSCONHECIDO E DESPROVIDO. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃOMONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕES VENCIDAS.1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 44/57, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedente o pedido para condenar o INSS a conceder o benefício deaposentadoria por invalidez. A autarquia afirma que o laudo médico do perito judicial deve ser desconsiderado, haja vistanão ter sido elaborado com o rigor necessário. Alega que os laudos elaborados pelo médico perito que fora designado parao feito são repetitivos, quase sempre apresentando pareceres semelhantes e com base apenas nas alegações dospericiados e nos atestados médicos particulares por eles apresentados. Destaca que o médico que realizou a perícia nospresentes autos não possui registro no Conselho Regional de Medicina do Estado do Espírito Santo. Pugna pelaimprocedência dos pedidos autorais ou pela conversão do feito em diligência para que seja realizada nova perícia.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 62/64, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob o fundamento deque o INSS teve a oportunidade de se manifestar sobre o laudo pericial e não o fez, não podendo impugná-lo em sede derecurso. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quaisimpossibilitam o desempenho de qualquer atividade. Aduz que as conclusões do perito condizem com seu histórico clínico,uma vez que se encontra incapacitada há mais de dez anos devido a doenças psiquiátricas.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. O INSS alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o magistrado teria se baseado em laudo médico atécnicoe pouco confiável. Embora as razões recursais expendidas pela autarquia previdenciária tenham se valido de linguagemveemente, a alegação de desempenho inescrupuloso das atribuições confiadas ao especialista nomeado não podebasear-se em indícios consolidados a partir de conclusões desfavoráveis à posição defendida pelo INSS em Juízo. Anulidade da perícia realizada exige efetiva demonstração de que não houve escorreito cumprimento do mister confiado aoprofissional, o que poderia ser comprovado pela significativa discrepância entre suas conclusões e aquelas declinadas nosatestados médicos juntados pelas partes. Entretanto, tal disparidade não é observada na presente demanda, pois, além dea parte autora ter um histórico clínico de doenças psíquicas (com notícia de tentativas de suicídio), ela já era titular debenefício de auxílio-doença, administrativamente concedido, quando propôs a presente ação. Ressalto que o artigo 145, §1º, do Código de Processo Civil dispõe que o perito, na qualidade de auxiliar da justiça, será escolhido entre profissionais denível universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente. Consta que o médico Davi Urias Batista Vidigal,possui inscrição número CRM/SC 5876 (fl. 23), o que por si o habilita para o desempenho do munus para o qual foidesignado. Portanto, entendo que o requerimento para realização de nova perícia não veio acompanhado defundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que elenão deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 10/11,15/18) indicam que ela é acometida de depressão recorrente, pânico, transtorno afetivo bipolar, apresentando apatia,desânimo, prostração, ideias de ruína e falta de pragmatismo, confusão mental, fazendo uso de diversas medicações.

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Afirma-se que a doença da autora teve início em aproximadamente 2003, e sua primeira internação ocorreu em 2006.Ademais, foi alegado que a autora tentou retornar ao trabalho, mas não conseguiu desempenhá-lo adequadamente,apresentando dificuldades em realizar tarefas do outro setor para o qual fora realocada. De igual modo, nos atestados defls. 10, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho sem especificar se de formadefinitiva ou temporária. Nos atestados de fls. 11, 15 e 16, afirma-se que a autora se encontra temporariamente incapazpara o trabalho por 120 dias. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrida éportadora de transtorno de humor bipolar sintomática com labilidade de humor, pensamento negativo, anedonia, períodoscom confusão mental e comprometimento de juízo e crítica. Conclui que há incapacidade laborativa para o trabalho detécnica em enfermagem. Aduz que a incapacidade é definitiva e omniprofissional, pois ela está em tratamento há dez anos,tendo passado por várias internações e mantendo quadro de crises regulares e prognóstico negativo.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior às períciasadministrativas realizadas e aos atestados juntados pela recorrente. Ademais, da leitura das conclusões do perito judicial,não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentosque acompanharam a peça vestibular. Embora o caráter sucinto das respostas dadas no laudo de fls. 29/31 não sejamedida recomendável, não vislumbro efetivo obstáculo ao devido processo legal, pois houve o esclarecimento de questãotécnica referente à eventual incapacidade da autora para o trabalho.

10. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

11. Reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

12. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (fl. 41). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessáriamodificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

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PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

13. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo ser mantida asua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como a aplicaçãoda nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% sobre o valor dasparcelas vencidas até a data da prolação da sentença, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95, observada a orientaçãoveiculada pelo enunciado n. 111, da súmula da jurisprudência do STJ.

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

82 - 0000344-14.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000344-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x LUCIA HELENA BATISTA (ADVOGADO:ES003575 - JULIO FERNANDES SOARES.).RECURSO Nº 0000344-14.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000344-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LUCIA HELENA BATISTARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇAREFORMADA.1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 37/44, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença. A autarquia alega que a sentença merece ser reformada, uma vez que o laudo emitido porperito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da parte autora, conforme conclusões já apresentadas pelomédico perito do INSS. Aduz que os atestados médicos particulares não comprovam por si só a incapacidade dodemandante. Ademais, alega que a autora estava em pleno exercício de suas atividades laborativas, o que corrobora oentendimento de que ela se encontra apta para o trabalho.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 54/62, nas quais requer o desprovimento do recurso, pois afirma serportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de parcial procedênciaacertadamente considerou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não épossível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de técnica deenfermagem. Aduz que, apesar de acometida de doença incapacitante, trabalhou após a cessação do benefícioprevidenciário, tendo em vista a necessidade de renda para seu sustento.

3. É o Relatório.

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4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 4/8)indicam que ela é acometida de cervicobraquialgia refratária ao tratamento conservador, hérnia discal e compressão dosaco dural, lombociatalgia, dores em membros inferiores e superiores com perda de coordenação motora e reflexosalterados. De igual modo, nos atestados de fl. 4, datados em 04/06/2012 e 16/10/2012, os médicos subscritores afirmaramque ela estaria incapacitada para o trabalho sem especificar se de forma definitiva ou temporária. Nos atestados de fls. 6 e7/8 de 10/01/2013 e 08/01/2013, os médicos apontaram que a autora não apresenta condições de retornar ao trabalho,estando totalmente incapacitada, motivo por que sugeriram que ela fosse aposentada por invalidez. Por sua vez, no laudoredigido pelo perito nomeado judicialmente em 25/04/2013, afirma-se que a autora é portadora de dor em coluna cervical elombar e em ombro, além de déficit de equilíbrio. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de técnica deenfermagem.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e pode legitimamente embasar a convicção dojulgador. Embora o douto magistrado sentenciante tenha concluído que a demandante faria jus à percepção do benefício deauxílio-doença, porque a atividade por ela desenvolvida requer equilíbrio e coordenação ao caminhar, observo que o peritoinformou que, apesar da existência de tais enfermidades, a parte autora encontra-se capaz para o exercício da suaatividade habitual. Logo, não tendo sido comprovada a incapacidade da autora, ela não faz jus à percepção do benefício deauxílio-doença. Ademais, conforme consulta ao banco de dados do CNIS (fl. 44), a autora teve vínculos empregatícios apósa data alegada de início da inaptidão para o trabalho, o que infirma a alegada incapacidade laboral.

9. Destaco que a revogação da antecipação dos efeitos da tutela caracteriza-se como consectário lógico do presentejulgado. Com efeito, não se pode cogitar da subsistência da tutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência deautonomia em relação ao resultado final do julgamento (art. 273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).

10. Saliento minha convicção pessoal de que a parte, que recebe valores por força de tutela judicial carente de eficáciadefinitiva, tem ciência da possibilidade de reversão do título e, por conseguinte, assume os riscos inerentes à situaçãojurídica criada. A precariedade dos pagamentos assim efetuados implica o dever de devolução das verbas recebidas emdecorrência de tutela provisória (art. 475-O, II, do Código de Processo Civil), ainda que concedida em sentença suscetívelde ser atacada por recurso despido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuição patrimonial baseadaem suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência do pedido econsequente confirmação da decisão anterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunal deJustiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro HermanBenjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg no

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REsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado eincontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

11. Portanto, autorizo a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedido na sentença.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei9.289/1996). Por consequência, revogo a tutela antecipada concedida na sentença e autorizo a restituição ao INSS dosvalores recebidos pela parte autora enquanto vigeu a antecipação dos efeitos da tutela. Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

83 - 0001396-45.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001396-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x JOSÉ ALVES DOS SANTOS(ADVOGADO: ES016487 - ROQUE FELIX NICCHIO, ES016179 - FLAVIO DE ASSIS NICCHIO.).RECURSO Nº 0001396-45.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001396-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSÉ ALVES DOS SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIUPELA INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. RECURSO DO INSSCONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 89/102, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença bem como a pagar indenização por danos morais. A autarquia afirma que asentença merece ser reformada para que seja suprimida a condenação referente ao dano de natureza extrapatrimonial.Alega que não houve ofensa à dignidade ou à imagem do autor de modo a justificar tal condenação, além de oindeferimento do benefício ter se baseado na perícia médica do INSS, isto é, em prova técnica elaborada de boa-fé.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 106/113, nas quais requer o desprovimento do recurso, haja vista ter sidoilegal o indeferimento do benefício por incapacidade que o levou a uma situação atentatória a sua dignidade. Alega que oindeferimento administrativo lhe causou constrangimentos e humilhações, tendo em vista a natureza alimentar da verbaprevidenciária que lhe foi negada indevidamente.

3. É o Relatório.

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4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência do dever de o INSS pagar indenização por dano extrapatrimonialcausado pelo indeferimento de benefício por incapacidade no âmbito administrativo.

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o autor fez jus à percepção dos benefícios de auxílio-doençanº 538.835.144-7 e nº 548.155.057-8 nos períodos de 16/12/2009 a 11/10/2010 e de 27/09/2011 a 23/08/2012 (fl. 58). Osatestados médicos carreados pela parte autora (fls. 6/9, 12/19) indicam que ela foi vítima de queda da própria altura em2008 causando-lhe fratura no cóccix, além de estar acometida de lombalgia crônica com irradiação e parestesia emmembro inferior até os pés, dores progressivas refratárias ao tratamento clínico fisioterápico, dor lombar intensa comdiminuição da força muscular, degenerações, abaulamentos e protusões discais, lombociatalgia bilateral com pioraprogressiva, limitações para flexão e inclinação lateral esquerda, laségue positivo à esquerda com ausência de déficitneurológico motor, espondiloartrose lombar com abaulamento discal difuso compriminto a face ventral do saco dural,estendendo-se para os recessos inferiores dos respectivos forames neurais, em tratamento fisioterápico, demonstrandodificuldade para caminhar, sentar e permanecer por muito tempo em pé. Afirma-se que ele fora submetido à ressecção decóccix, tendo evoluído com infecção. De igual modo, nos atestados de fls. 6, 13 e 17, de 17/12/2009, 24/08/2011 e22/08/2012, os médicos subscritores afirmaram que ele estaria incapacitado para o trabalho sem especificar se de formadefinitiva ou temporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o autor é portadorde espondilodiscopatia com hérnia discal entre L4-L5, além de fratura de cóccix operada em 2010. Conclui que hálimitações físicas para a atividade de açougueiro, não podendo carregar ou levantar peso acima de 20 quilos. Alega que taislimitações são definitivas e afirma ser possível a reabilitação profissional caso as restrições funcionais forem consideradasincompatíveis com o trabalho de açougueiro. O INSS ofereceu proposta de acordo às fls. 50/59, que fora recusada peloautor (fls. 64/65).

8. Ademais, no que atine à condenação do INSS ao pagamento de indenização por danos morais, destaco que oindeferimento do benefício previdenciário é causa para tal pagamento se o ato administrativo se baseou em ilegalidademanifesta ou exercício abusivo do poder de controle da Administração Pública, que pudesse gerar transtorno psicológicoexcepcional característico ao dano extrapatrimonial (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988). Na presente hipótese, o ilustre magistrado sentenciante destacou que o indeferimento do benefíciodivergiu da fundamentação apresentada pelo médico perito da autarquia ao examinar a parte autora, o que constituiriamanifesta ilegalidade, por vício de motivo do ato administrativo, a ensejar a manutenção da condenação ao pagamento deindenização por danos morais. Acrescento que a indenização, no valor de R$ 3.500,00, foi fixada em montante proporcionalao transtorno experimentado pelo autor, que se viu privado do benefício previdenciário de 23/08/2012 até a prolação dedecisão judicial em junho de 2013 (fl. 46). Nesse sentido, destaco o seguinte trecho da sentença atacada (fls. 85/86):“O último auxílio-doença foi cessado em 23/8/2012. Naquela data, o perito médico do INSS examinou o autor e constatou“limitação dos movimentos da coluna lombar em grau médio”, bem como “Lasègue positivo a 60º bilateralmente”. Mesmoassim, o perito do INSS considerou que o autor só ficaria incapacitado para o trabalho após a realização da entãoprogramada cirurgia na coluna lombar (fl. 81). Ocorre que os subsídios coletados pelo próprio perito já seriam suficientespara confirmar a ausência de plena aptidão física para carregar peso antes mesmo da realização da cirurgia. Como podealguém carregar peso sem risco de agravamento do quadro clínico sendo portador de limitação dos movimentos da colunalombar, objetivamente confirmada pelo teste de Lasègue. (...)”

9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n.9.289/96). Condeno o INSS ao pagamento de honorários advocatícios, correspondentes a 10% do valor atualizado daindenização, por danos morais, a ser paga ao autor (art. 55, da Lei n. 9.099/95).

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

84 - 0000722-67.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000722-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.) x MARIA APARECIDA LIMA (ADVOGADO:ES019683 - PAULA ROBERTA DE ALMEIDA DIAS.).RECURSO Nº 0000722-67.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.000722-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARIA APARECIDA LIMARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

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PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ANÁLISE CONJUNTA DO ACERVOPROBATÓRIO. INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO EDESPROVIDO. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE ASPRESTAÇÕES VENCIDAS.1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 72/75, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença a contar do dia 14/09/2012, data do início da incapacidade. A autarquia afirma que a sentençamerece ser reformada, uma vez que não houve requerimento administrativo formulado pela parte após a data de início daincapacidade fixada pelo Juízo a quo, de modo que os indeferimentos administrativos foram realizados quando a autoraainda apresentava capacidade para o trabalho, logo não foram inválidos.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 80/82, nas quais requer o desprovimento do recurso, pois afirma serportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de procedência corretamenteconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos para fixar a data do início da incapacidade. Alega que o seu efetivoexercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenhoda atividade de diarista.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que a parte autora fez jus à percepção do benefício deauxílio-doença sob o nº 536.518.355-6 no período de 29/06/2009 a 07/12/2011 (fl. 51) e, após o encerramento do benefício,não recolheu contribuição ao Regime Geral da Previdência Social. Os atestados médicos carreados pela parte autora (fls.16/20) indicam que ela é acometida de lombociatalgia, lombalgia crônica, com formações osteofitárias anteriores eposteriores e redução do espaço discal em coluna cervial e esteve em pós-operatório de artrodese há cerca de 3 anos,apresentando melhora do quadro neurológico, porém com a persistência de quadro álgico. De igual modo, no atestado de fl.18 datado em 14/09/2012, o médico subscritor afirmou que ela estaria incapacitada para o trabalho, sem especificar se deforma definitiva ou temporária, pois apresentava dificuldades para realizar atividades laborais. Por sua vez, no laudoredigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a autora é portadora de dor na coluna. Conclui que háincapacidade parcial e definitiva para atividades pesadas como a de diarista. Ao ser indagado sobre a possibilidade deestimar a data de início da incapacidade ou se esta já existia há seis ou doze meses (quesito 12), o perito se restringe aresponder “16/05/13”, data em que foi efetuado o exame pericial.

8. Apesar de o médico perito apresentar a data do exame médico pericial em resposta ao questionamento acerca da datado início da incapacidade, verifico que a menção a ela é significativamente discrepante em relação aos demais exames eatestados médicos particulares juntados nos autos, os quais já convergiam para as mesmas conclusões do perito judicialem datas anteriores, demonstrando assim, com maior pertinência que a autora apresentava quadro de incapacidadelaborativa antes da perícia. Em apoio a esse entendimento, destaco que as causas dos benefícios de incapacidadeanteriores foram as doenças encontradas no sistema ósseo-muscular da autora, cuja natureza crônica corrobora aalegação de que a incapacidade já existia em momento anterior àquele apontado pelo perito judicial. Cabe ressaltar que aautora fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença por cerca de dois anos e almeja o seu restabelecimento, deforma que, conforme jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, nessas hipóteses entende-se haver presunçãode continuidade da incapacidade do segurado, haja vista se tratar de inaptidão gerada pela mesma doença que deu causa aconcessão do benefício anterior. Nesse sentido, transcrevo o seguinte julgado da TNU:

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. RESTABELECIMENTO. LAUDO NÃO PRECISOU A DII. DIB FIXADA NA DATADO LAUDO. PRESUNÇÃO DE CONTINUIDADE DO ESTADO INCAPACITANTE. REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DEREFERIDA PRESUNÇÃO. INCIDENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.1. Trata-se de pedido de uniformização apresentado pela parte autora-recorrente em face de acórdão que reformou emparte sentença concessiva de benefício de auxílio-doença. A sentença monocrática fixou a DIB na data da cessação deanterior benefício por incapacidade. O acórdão recorrido, por sua vez, considerou que, diante constatada impossibilidade nolaudo de fixação da DII, a DIB deveria ser fixada na data da elaboração do laudo.2. A parte autora sustenta que o acórdão afronta jurisprudência do STJ (RESP 445.604, 6a Turma, DJ 13/12/2004 e AgRgno Ag 446.168, 6a Turma, j. 29/11/2005).3. Comprovada a divergência jurisprudencial, na forma do art. 14, §2°, Lei n° 10.259/2001, em relação ao AgRg no Ag446.168. Embora oriundo de Turma do STJ, a leitura do inteiro teor do acórdão permite inferir que o julgado espelhajurisprudência dominante daquele Tribunal, nos termos da Questão de Ordem n° 5/TNU.

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4. Sobre a questão discutida, a TNU possui o seguinte posicionamento:“1. O enunciado da Súmula nº 22 da TurmaNacional se aplica aos casos em que a perícia judicial conseguiu especificar a data de início da incapacidade (DII), servindode parâmetro inclusive em relação aos benefícios por incapacidade. 2. Porém, quando a perícia judicial não conseguiuespecificar a data de início da incapacidade (DII), e em se tratando de restabelecimento de auxílio-doença, em sendo aincapacidade atual decorrente da mesma doença ou lesão que justificou a concessão do benefício que se pretenderestabelecer, presume-se a continuidade do estado incapacitante desde a data do cancelamento, que, sendo reputadoindevido, corresponde ao termo inicial da condenação ou data de (re)início do benefício.” (PEDILEF n.º 200772570036836,Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 11 jun. 2010; PEDILEF n.º 200763060051693, Rel. Juíza FederalJacqueline Michels Bilhalva, DJ 22 nov. 2008)”. Mais recentemente, o mesmo entendimento fora reafirmado no PEDILEF201071650012766, JUIZ FEDERAL JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA, DJ 26/10/2012. 4.1 Proposta para fixação deparâmetros para aplicação da tese acima invocada. A presunção de continuidade da incapacidade laborativa pressupõe oatendimento cumulativo a alguns requisitos, quais sejam: a) que a incapacidade laborativa constatada seja derivada damesma doença que motivou a concessão de benefício por incapacidade anterior; b) que o laudo pericial não demonstre arecuperação da capacidade no período que medeia a DCB anterior e o laudo pericial produzido em juízo; c) que a naturezada patologia não implique a alternância de períodos significativos de melhora e piora; d) que o decurso de tempo entre aDCB e a perícia judicial não seja significativo a ponto de interromper a presunção do estado incapacitante, o que deverá seraferido no caso concreto.5. Caso em que o acórdão não considerou aplicar a presunção de continuidade do estado incapacitante de que se tratouacima.6. Não é possível, todavia, sem revolver o conjunto fático-probatório– o que é vedado nesta sede recursal – avaliar se foramatendidos os requisitos acima expostos para aplicação da tese invocada. Tem lugar a Questão de Ordem n° 20 da TNU:“Se a Turma Nacional decidir que o incidente de uniformização deva ser conhecido e provido no que toca a matéria dedireito e se tal conclusão importar na necessidade de exame de provas sobre matéria de fato, que foram requeridas e nãoproduzidas, ou foram produzidas e não apreciadas pelas instâncias inferiores, a sentença ou acórdão da Turma Recursaldeverá ser anulado para que tais provas sejam produzidas ou apreciadas, ficando o juiz de 1º grau e a respectiva TurmaRecursal vinculados ao entendimento da Turma Nacional sobre a matéria de direito”.6. Incidente conhecido e parcialmenteprovido para o fim de: a) reafirmar a tese já uniformizada no sentido de que quando a perícia judicial não conseguiuespecificar a data de início da incapacidade (DII), e em se tratando de restabelecimento de auxílio-doença, em sendo aincapacidade atual decorrente da mesma doença ou lesão que justificou a concessão do benefício que se pretenderestabelecer, é possível aplicar a presunção de continuidade do estado incapacitante; b) uniformizar o entendimento de que,para aplicação da presunção da continuidade do estado incapacitante, é necessário o atendimento cumulativo dosseguintes requisitos: b.1) que a incapacidade laborativa constatada seja derivada da mesma doença que motivou aconcessão de benefício por incapacidade anterior; b.2) que o laudo pericial não demonstre a recuperação da incapacidadeno período que medeia a DCB anterior e o laudo pericial produzido em juízo; b.3) que a natureza da patologia não impliquea alternância de períodos significativos de melhora e piora; b.4) que o decurso de tempo entre a DCB e a perícia judicial nãoseja significativo a ponto de interromper a presunção do estado incapacitante, o que deverá ser aferido no caso concreto; c)determinar à Turma Recursal de origem novo julgamento do feito com base nas premissas de direito fixadas neste julgado.(PEDILEF 00503044220084013400, JUÍZA FEDERAL ANA BEATRIZ VIEIRA DA LUZ PALUMBO, TNU, DOU 31/05/2013).(sem grifos no original).

9. Desse modo, não tendo a parte autora recorrido a fim de alterar a data do início do benefício para a data docancelamento indevido, mantenho a DIB em 14/09/2012 conforme estabelecido em sentença atacada.

10. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

11. Reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

12. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (fls. 69/70). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica anecessária modificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-laao que decidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código de

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Processo Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

13. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo ser mantida asua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como a aplicaçãoda nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% sobre o valor dasparcelas vencidas até a data da prolação da sentença, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95, observada a orientaçãoveiculada pelo enunciado n. 111, da súmula da jurisprudência do STJ.

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

85 - 0106097-07.2013.4.02.5002/01 (2013.50.02.106097-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZENILTON BASTOS DECARVALHO (ADVOGADO: ES019999 - JOSÉ MOACIR RIBEIRO NETO, MG071690 - Alexandre Valadares.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.).RECURSO Nº 0106097-07.2013.4.02.5002/01 (2013.50.02.106097-8/01)RECORRENTE: ZENILTON BASTOS DE CARVALHO

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RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. ZENILTON BASTOS DE CARVALHO interpõe recurso inominado, às fls. 116/127, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSSa conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que éportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de lavrador.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 130).

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 48,49/50, 51/52, 53, 54, 55, 57, 58 e 90) indicam que ela é acometida de lombociatalgia e foi submetida a tratamento cirúrgicoem 07/10/2011 (descompressão/artrose lombar). De igual modo, nos atestados de fls. 48, 49/50, 51/52, 53, 54, 55, 57, 58 e90, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho sem indicar se de forma definitiva outemporária. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente (fls. 93/95), afirma-se que o recorrente éportador de artrose em coluna lombar, submetido à laminectomia bilateral de L3 a L5, parafusos transpedicularesnormoposicionados de L2-L5 com hastes metálicas de fixação posterior determinando artefatos de imagem, redução doespaço discal de L3-L4 e L4-L5, sem sinais de compressão racidular ou atrofias musculares. Conclui que não háincapacidade laborativa para o trabalho de lavrador.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e pode legitimamente embasar a convicção dojulgador. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

9. Acrescento que, após a prolação da sentença, não deve ser admitida a juntada de novos atestados médicos, sob o riscode ampliar-se a causa de pedir da demanda, valendo destacar, nesse sentido, o teor do enunciado n. 84 das TurmasRecursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição da incapacidade para fins debenefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegaçõesque digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra”.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

86 - 0103230-82.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.103230-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ DA CONCEIÇÃO

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(ADVOGADO: ES013596 - ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0103230-82.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.103230-0/01)RECORRENTE: JOSÉ DA CONCEIÇÃORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELAINCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. PERÍODO DE INCAPACIDADE RECONHECIDO EM LAUDOPERCIAL. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA EMPARTE.1. JOSÉ DA CONCEIÇÃO interpõe recurso inominado, às fls. 118/124, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefício deauxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doença incapacitantepara o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadasaos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, asquais impossibilitam o desempenho da atividade de pescador.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado à fl. 127.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 37 e57/58) indicam que ele é acometido de neoplasia maligna de próstata e que fora submetido a tratamento cirúrgico deprostatectomia radical em 21/05/2012, seguido de radioterapia do dia 13/12/2012 usque 07/02/2013. No atestado de fl. 58, omédico subscritor afirma que ele estaria incapacitado para o trabalho de forma temporária pelo período de 06 meses. Porsua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de neoplasia depróstata. Conclui que não há incapacidade laborativa (resposta ao quesito n° 7). Entretanto, o expert consignou que o autorteve incapacidade temporária de 21/05/2012 até 07/02/2013, período dentro do qual passou por tratamento cirúrgico(resposta ao quesito n° 103).

8. Desse modo, verifico que o segurado faz jus à concessão do auxílio-doença dentro do lapso temporal mencionado peloperito, visto que esta constatação vai ao encontro das conclusões dos laudos de fls. 57/58, os quais, da mesma forma,atestam a dita incapacidade para o trabalho durante o período de 21/05/2012 até 07/02/2013. O benefício de auxílio-doençadeve ter início a contar da data do requerimento, ocorrido em 11/06/2012 (fl. 38), até 07/02/2013, diante do disposto no art.60, §1º, da Lei nº 8.213/91. Aplica-se ao caso o entendimento consolidado no enunciado nº 22, da súmula da jurisprudênciada TNU: “Se a prova pericial realizada em juízo dá conta de que a incapacidade já existia na data do requerimentoadministrativo, esta é o termo inicial do benefício assistencial”. Nesse sentido, transcrevo o seguinte julgado da TNU:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. RESTABELECIMENTO DEAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIALMENTE REFORMADA PELA TURMARECURSAL DO PIAUÍ. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNALDE JUSTIÇA. INCAPACIDADE DECORRENTE DA MESMA DOENÇA QUE JUSTIFICOU A CESSAÇÃO. DATA DE INÍCIODO BENEFÍCIO (DIB) NA DATA DO CANCELAMENTO. SIMILITUDE FÁTICA E JURÍDICA ENTRE OS ACÓRDÃOSRECORRIDO E PARADIGMAS. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO DO INCIDENTE.-Comprovada a similitude fático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e os paradigmas do STJ (AgRg no AI n.º446168, 6.ª T., Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa, j. 29 nov. 2005; Resp n.º 409678, 6.ª T., Rel. Min. Hamilton Carvalhido, j. 23abr. 2002), tem cabimento o Incidente de Uniformização.- Tratando-se de restabelecimento de benefício por incapacidade esendo a incapacidade decorrente da mesma doença que justificou a concessão do benefício cancelado, há presunção decontinuidade do estado incapacitante a ensejar a fixação da data do início do benefício (DIB) ou o termo inicial dacondenação desde a data do indevido cancelamento.- Hipótese na qual o recorrente alega que o acórdão da TurmaRecursal de origem, ao reformar parcialmente sentença de procedência para alterar a DIB -substituindo a data da cessaçãodo benefício pela data da realização da perícia médica - divergiu da jurisprudência dominante do STJ, no sentido de que otermo inicial do benefício de aposentadoria por invalidez é a data da juntada do laudo médico pericial em juízo somentequando não existir concessão de auxílio doença prévio ou não houver requerimento administrativo por parte do segurado,

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bem como que, em tendo sido cancelado indevidamente a aposentadoria por invalidez, o termo inicial do benefício deve sero da data em que foi suspenso o seu pagamento.- A TNU já firmou o entendimento de que “Se a prova pericial realizada emjuízo dá conta de que a incapacidade já existia na data do requerimento administrativo, esta é o termo inicial do benefícioassistencial” (Súmula n.º 22). Decidiu também que “O enunciado da Súmula n.º 22 da Turma Nacional se aplica aos casosem que a perícia judicial conseguiu especificar a data de início da incapacidade (DII), servindo de parâmetro inclusive emrelação aos benefícios por incapacidade. 2. Porém, quando a perícia judicial não conseguiu especificar a data de início daincapacidade (DII), e em se tratando de restabelecimento de auxílio-doença, descortinam-se duas possibilidades emrelação à fixação do termo inicial da condenação ou data de início do benefício (DIB). 3. Quando não houve retorno aotrabalho após a data do cancelamento do benefício (DCB) e em sendo a incapacidade atual decorrente da mesma doençaou lesão que justificou a concessão do benefício que se pretende restabelecer, presume-se a continuidade do estadoincapacitante desde a data do cancelamento, que, sendo reputado indevido, corresponde ao termo inicial da condenação oudata de (re)início do benefício” (PEDILEF n.º 200772570036836, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 11 jun.2010; PEDILEF n.º 200763060051693, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 22 nov. 2008). Prescreve ajurisprudência da TNU, ainda, que “Conquanto não se possa, em termos genéricos, fixar como devido o benefício deauxílio-doença desde a data do cancelamento administrativo do auxílio recebido anteriormente, há de se reconhecer que,nas situações em que inexistente melhora no quadro de saúde do segurado, não há motivo para se deferir benefício apenasa partir da citação. 2. O auxílio-doença cancelado deve ser restabelecido desde a cessação sempre que se constatar quedito cancelamento se operou indevidamente” (PEDILEF n.º 200763060020453, Rel. Juíza Joana Carolina Lins Pereira, DJU10 out. 2008). No caso, o acórdão recorrido, ao alterar a DIB da data do cancelamento do benefício para a data darealização da perícia médica, não considerou o fato de tratar-se da mesma doença incapacitante, conforme fixado nasentença: “(...) Ademais, e nada obstante não ter sido possível precisar a data de início da referida incapacidade, deve elaser fixada naquela em que principiou o benefício, vez que presumida a continuidade dos males incapacitantes até estadata”.- Incidente de Uniformização conhecido e provido para restabelecer a sentença de procedência.- Condeno o INSS emhonorários advocatícios arbitrados em dez por cento do valor da condenação, respeitada a Súmula n.º 111 do STJ, nos

�termos da Questão de Ordem nº 2 da TNU. (PEDILEF 200840007122940, JUIZ FEDERAL JANILSON BEZERRA DESIQUEIRA, TNU, DOU 16/08/2013.) (sem grifos no original).

9. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e a incidência dejuros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.

10. Nesses termos, reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC comoíndice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada peloSuperior Tribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

11. Ante o exposto, conheço o recurso da parte autora e dou-lhe provimento em parte para julgar o pedido parcialmenteprocedente, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, a fim de condenar o INSS a conceder o benefício deauxílio-doença no período de 11/06/2012 até 07/02/2013. As parcelas atrasadas deverão ser atualizadas monetariamentepelo INPC/IBGE, acrescidas de juros moratórios, à razão de 0,5% (meio por cento) ao mês a contar da citação (consoante odisposto pela parte do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, cuja inconstitucionalidadenão foi declarada). Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, da Lei n.9.099/95.

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

87 - 0000904-44.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000904-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROSIANE ARSARI CALMON(ADVOGADO: ES014617 - RODRIGO CAMPANA FIOROT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).RECURSO Nº 0000904-44.2013.4.02.5053/01 (2013.50.53.000904-5/01)RECORRENTE: ROSIANE ARSARI CALMONRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

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RELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. ROSIANE ARSARI CALMON interpõe recurso inominado, às fls. 65/75, contra sentença proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado à fl. 78.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento de novaperícia médica com especialista em cardiologia. Contudo, ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veioacompanhado de fundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria,razão por que ele não deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, da leitura dasconclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelasenunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular. Com efeito, a TNU tem orientação no sentido de que aperícia médica por especialista, como solicitada pela parte autora, somente tem cabimento na hipótese de doença ouquadro médico complexo, o que não se verifica no caso concreto, conforme conclusões do especialista nomeado (PEDILEFnº 2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 11/05/2010).

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Não obstante haja equívocos nos documentos coligidos nos autos, verifico que o atestado médico juntado pela parteautora (fl. 20) indica que ela é acometida de miocardiopatia isquêmica com disfunção ventricular. No atestado de fl. 20, omédico subscritor afirma que ela teria intolerância a esforços físicos e dificuldades no desempenho de suas ocupaçõeshabituais, consignando, por fim, ser a moléstia de caráter irreversível. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se, de igual modo, que a recorrente é portadora de miocardiopatia isquêmica. Conclui que não háincapacidade laborativa, pois a atividade laboral da recorrente (auxiliar de negócios – bancária, fl. 53) prescindiria degrandes esforços físicos.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

88 - 0002778-39.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.002778-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IZAEL DA SILVA

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(ADVOGADO: ES014006 - NICOLLY PAIVA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0002778-39.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.002778-5/01)RECORRENTE: IZAEL DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. IZAEL DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 38/45, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3° JuizadoEspecial Federal, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença econvertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portador de sequela incapacitante para o exercíciode atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alegaque o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quaisimpossibilitam o desempenho da atividade de pedreiro.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de ter acessado eletronicamente os autos, conforme fl. 48.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento de novaperícia médica com especialista em “tornozelo”. Contudo, ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veioacompanhado de fundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria,razão por que ele não deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, da leitura dasconclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelasenunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular. Acrescento que o perito judicial é médico ortopedista (fl.18) e, portanto, detém os conhecimentos necessários para esclarecer a repercussão das sequelas do acidente sofrido peloautor em seu aparelho ósseo e sua capacidade de locomoção.

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado médico carreado pelo demandante (fls. 9) indicaque ele é acometido de fratura exposta e de lesão das partes moles em região poplítea. De igual modo, no atestado de fls.9, o médico subscritor afirmar que ele estaria incapacitado para o trabalho de forma temporária pelo período de 90 dias. Porsua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente (fls. 24/27), afirma-se que o recorrente está em pós-operatóriode fratura de tornozelo direito. Conclui que, naquele momento, não havia incapacidade laborativa

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. As condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para otrabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, paraefeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar ascondições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

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13. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

89 - 0000696-03.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000696-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FABIO GOMES OLIVEIRA(ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0000696-03.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000696-4/01)RECORRENTE: FABIO GOMES OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. FÁBIO GOMES OLIVEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 68, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde e pessoais.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 76/79, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudo emitidopor perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento de novaperícia médica com especialistas em ortopedia e traumatologia. Contudo, ressalto que o pedido de realização de novaperícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceusuficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código de ProcessoCivil). Ademais, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que elediagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular. Com efeito, aTNU tem orientação no sentido de que a perícia médica por especialista, como solicitada pela parte autora, somente temcabimento na hipótese de doença ou quadro médico complexo, o que não se verifica no caso concreto, conformeconclusões do especialista nomeado (PEDILEF nº 2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira,julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº 2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em11/05/2010).

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 16/17,23) indicam que ela é acometida de discopatia degenerativa, fratura cervical, escoliose e protusão discal. No atestado defls. 23, o médico subscritor afirma que o demandante estaria incapacitado para o trabalho por período indeterminado. Porsua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente (fls. 38/40), afirma-se que o recorrente é portador decervicalgia postural. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de lavrador, pois os sintomas seriampassíveis de controle e de correção com atividade física sob supervisão.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. As conclusões do perito judicial se somam aos pareceres do corpo técnico do INSS, nos quais osmédicos subscritores indicaram a existência de sinais exteriores de prática recente de trabalho e mobilidade incongruentecom a inaptidão alegada. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os

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requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

11. As condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para otrabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, paraefeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar ascondições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

90 - 0001488-23.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001488-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x FLOREMIL LIZARDO DA SILVA (ADVOGADO:ES015236 - JOANA FRANCISCO CLEN, ES005165 - JOSE CARLOS BENINCA.).RECURSO Nº 0001488-23.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.001488-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: FLOREMIL LIZARDO DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL EM QUE SE CONCLUIUPELA INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIASOBRE AS PRESTAÇÕES VENCIDAS.1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 70/73, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 1º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedentes os pedidos para condená-lo a conceder o benefício deauxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A autarquia afirma que houve cerceamento de defesa, hajavista a suspeição do médico perito. Alega que tal profissional tem apresentado pareceres reiteradamente contrários àautarquia, e quase sempre fundamenta-os em critérios subjetivos. Ademais, argui ofensa aos princípios do contraditório eda ampla defesa, ante a ausência de intimação para manifestação sobre o laudo pericial. No mérito, afirma que asconclusões dos atestados médicos particulares não são capazes de se sobrepor ao que fora atestado pelas períciasadministrativas. Alega que não houve a fixação da data do início da doença, de modo que não pode ser conferido benefícioem data anterior ao laudo.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 78/80, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta sua plena incapacidade laboral.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. O INSS alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o pedido de anulação daperícia com base na suspeição do médico perito. Contudo, ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veioacompanhado de fundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria,razão por que ele não deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, da leitura dasconclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelasenunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular. A causa de suspeição alegada pela autarquiaprevidenciária baseia-se em suposições que não encontraram suporte efetivo no laudo pericial juntado aos autos. Em suasconclusões, o especialista nomeado teceu considerações específicas sobre o estado clínico do demandante e como asrestrições físicas encontradas impossibilitam o desempenho de seu trabalho. Em razão disso, não identifico elementosconcretos que pudessem apontar a suspeição do perito, a qual não pode estar embasada na apuração de resultados emque o médico tenha obtido conclusões distintas daquelas encontradas nos pareceres do corpo técnico do INSS. No quetange ao pedido de anulação da sentença com base na falta de intimação para se manifestar em relação ao laudo pericial,saliento que ao ser citado, o INSS também foi intimado para se manifestar sobre o laudo pericial (fls. 42/43). Ademais, aautarquia foi regularmente intimada da designação da perícia, conforme se extrai das fls. 34/35.

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade de

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recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 13/19)indicam que ela se encontra em acompanhamento neurológico e está acometida de síndrome extra-piramidal (doença deParkinson, discinesia por impregnação por neurolepticos, parkinsonismo vascular) associada ao transtorno psiquiátricobipolar de humor, com história de Haldol, apresentando oscilações de humor, alterações comportamentais, agitaçãopsicomotora, alucinações, delírio, insônia, hipomimia facial, festinação, tremor em repouso, rigidez plástica e doresmusculares, além de ter sido vítima de acidente vascular cerebral e apresentar hipertensão arterial sistêmica e lombalgia.Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o autor é portador de sequela de acidentevascular cerebral isquêmico e demência. Conclui que há incapacidade laborativa para o trabalho de lavrador de forma total,definitiva e omniprofissional.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado. Desse modo, apesar da irresignação daautarquia-ré em relação às conclusões do perito do juízo, não ficou demonstrada qualquer ilegalidade na confecção dolaudo médico pericial, de forma que este constitui prova técnica adequada para nortear a formação da convicção dojulgador. Logo, o segurado faz jus ao benefício de auxílio-doença a contar da data do requerimento, ocorrido em 07/05/2012(fl. 22), uma vez que os atestados médicos particulares, bem como os exames juntados aos autos, demonstram que o autorjá apresentava, à época do requerimento administrativo, o quadro clínico descrito pelo médico perito.

10. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

11. Reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

12. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (fl. 66). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessáriamodificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei

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8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

13. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo ser mantida asua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como a aplicaçãoda nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% sobre o valor dasparcelas vencidas até a data da prolação da sentença, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95, observada a orientaçãoveiculada pelo enunciado n. 111, da súmula da jurisprudência do STJ.

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91 - 0000026-25.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000026-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO SERGIO PAULINODE OLIVEIRA (ADVOGADO: ES017112 - KELIO ALMEIDA NEVES, MG110237 - CINTIA RAMALHO LOUBACK, ES009114- TACIO DI PAULA ALMEIDA NEVES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.RECURSO Nº 0000026-25.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000026-4/01)RECORRENTE: PAULO SERGIO PAULINO DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELAINCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. RECURSO DA PARTE AUTORACONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. SUBSTITUIÇÃO, DE OFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DACORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕES VENCIDAS.

1. PAULO SERGIO PAULINO DE OLIVEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 73/79, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença desde a cessação indevida até o seu retorno ao exercício de atividade remunerada.A parte autora afirma que é portadora de doença incapacitante para a sua atividade laboral e que o julgamento de parcialprocedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não épossível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de repositor em

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supermercado. Aduz que seu retorno ao trabalho se deu em função da necessidade de prover renda, levando em conta oindeferimento da antecipação de tutela, embora seu quadro clínico ainda seja de incapacidade laboral. Alega que odesempenho da atividade de repositor demanda grande esforço físico e que, conforme o laudo pericial, ele estaria incapazde exercer tal tipo de atividade.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 84).

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 26/29,37) indicam que ela é acometida de hérnia discal lombar, com repercussões radiculares à direita, episódios recorrentes delombociatalgia à direita, dor lombar crônica com irradiação para membros inferiores, espondiloartrose, degeneração discalreduzindo os forames neurais. De igual modo, no atestado de fl. 26 de 08/02/2010, afirma-se que o recorrente apresentaimportante redução da capacidade funcional. Nos atestados de fls. 28, 56/57, o médico subscritor afirmou que sãocontra-indicadas, de maneira definitiva, atividades com sobrecarga ou risco ergonômico para coluna vertebral, tal qualesforço físico intenso e levantamento e transporte manual de peso. Nos atestados de fl. 37, os médicos subscritoresafirmaram que a parte autora estaria incapacitada para o trabalho de forma temporária pelo período de seis meses,devendo ficar de repouso em relação às atividades com esforço lombar. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que o recorrente apresenta quadro de alterações degenerativas de coluna vertebral, inclusivehérnia de disco. Conclui que há incapacidade laboral definitiva para atividades que necessitem grande esforço físico deforma constante e que causem sobrecarga da coluna, tal como carregar grandes pesos. Atesta, porém, a possibilidade dereabilitação para outra função.

8. Observo que o perito do Juízo atesta a possibilidade de reabilitação do recorrente para outras atividades que não geremsobrecarga à coluna vertebral. O magistrado sentenciante julgou parcialmente procedente o pedido para conceder obenefício de auxílio-doença ao autor até a data em que ele iniciou trabalho como repositor em supermercado no ano de2013 (fl. 79). Em suas razões recursais, o demandante afirma a incorreção da data para que o benefício fosse cessado,pois as suas novas atribuições também exigem o dispêndio de força física, incompatível com as suas restrições. Contudo,saliento que o conteúdo do novo emprego do demandante somente foi objeto de discussão na abertura da fase recursal,não tendo sido debatida – ao longo da instrução processual – a correlação entre as limitações inerentes à sua doença e onúcleo das atribuições do seu novo vínculo. Por constituir inovação nos elementos fáticos do pedido, verifico que oacatamento das alegações do autor pressupõe a ampliação da causa de pedir, o que é vedado no presente momento. Casoo autor repute que suas limitações físicas impõem a impossibilidade de desempenhar seu atual trabalho, cabe-lhe avaliar apossibilidade de formular novo requerimento administrativo, a fim de que ocorra nova aferição do preenchimento dosrequisitos para concessão de benefício por incapacidade. Nesse sentido, nos limites da causa da presente demanda, ovínculo empregatício mantido após a data alegada de início da inaptidão para o trabalho indica que o autor fora reabilitadoprofissionalmente, o que é razão para cessação do benefício de auxílio-doença (art. 62, da Lei n. 8.213/91).

9. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho, razão porque a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

10. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos a

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serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

11. Reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

12. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança (fl. 68). Desta feita, a admissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessáriamodificação da sistemática de cálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao quedecidiu o STF nas mencionadas ações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação dareformatio in pejus, por tratar-se de questão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código deProcesso Civil; enunciado n. 254, da súmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito dadecisão que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do SuperiorTribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

13. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo ser mantida aaplicação da nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09. Os juros demora deverão incidir a partir da citação, por aplicação analógica do enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ.

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo finalque deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

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16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

92 - 0002944-39.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.002944-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AUGUSTA LANGA DOSSANTOS (ADVOGADO: ES013290 - PABLO CARETA, ES009501 - FABRICIO CALEGARIO SENA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0002944-39.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.002944-7/01)RECORRENTE: AUGUSTA LANGA DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. AUGUSTA LANGA DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 59/63, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença ou o de aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora dedoença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjuntodas provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de babá.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado à fl. 64.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fl. 12)indicam que ela é acometida de quadro psiquiátrico de depressão ansiosa, preocupações excessivas, crises de angústia,prejuízos cognitivos, da coordenação sensorial e motora, neurocisticercose cerebral, cefaleia crônica e depressão. Noatestado de fl. 12, o médico subscritor afirma que ela estaria sem condição mental para o desempenho de suas atividadeslaborativas. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente (fl. 33), afirma-se que a recorrente éportadora de transtorno depressivo recorrente e outros transtornos ansiosos. Conclui que não há incapacidade laborativapara o trabalho de babá.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Insta salientar que a autora afirmou que trabalhou como babá no cuidado de seus netos, mediantepagamento dos filhos (fl. 27). A proximidade entre os sujeitos dessa relação de trabalho impede que a sua participação nomercado de trabalho pudesse estar sob risco. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutençãodas condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente,deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, nãoatendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios maisfavoráveis à pretensão dos segurados. Ademais, conforme consulta ao banco de dados do CNIS, continuou a recolhercontribuições na qualidade de contribuinte individual, o que constitui indício de sua capacidade laboral.

9. As condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para otrabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, paraefeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar as

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condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

93 - 0003665-88.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003665-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS ALBERTOGONÇALVES BRUM (ADVOGADO: ES007070 - WELITON ROGER ALTOE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO Nº 0003665-88.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003665-8/01)RECORRENTE: CARLOS ALBERTO GONÇALVES BRUMRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL EM QUE SE CONCLUIUPELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. CARLOS ALBERTO GONÇALVES BRUM interpõe recurso inominado, às fls. 160/175, contra sentença proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que éportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de frentista.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado à fl. 176.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento de novaperícia médica com especialista em ortopedia (fls. 123/139). Contudo, ressalto que o pedido de realização de nova perícianão veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente amatéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, daleitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora eaquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular. Com efeito, a TNU tem orientação no sentidode que a perícia médica por especialista, como solicitada pela parte autora, somente tem cabimento na hipótese de doençaou quadro médico complexo, o que não se verifica no caso concreto, conforme conclusões do especialista nomeado(PEDILEF nº 2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 11/05/2010).

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 55, 59,60 e 63) indicam que ela é acometida de dor no joelho direito, dor interlinha articular, dor ao fazer esforço físico, dor patelofemoral e sinovite. De igual modo, nos atestados de fls. 55, 59, 60 e 63, os médicos subscritores afirmaram que odemandante estaria incapacitado para o trabalho por tempo indeterminado. Por sua vez, no laudo redigido pelo peritonomeado judicialmente (fls. 116/117), afirma-se que o recorrente é portador de condropatia em joelhos. Conclui que não háincapacidade laborativa para o trabalho de frentista.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e pode legitimamente embasar a convicção do

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julgador. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados. Ademais, conforme consulta ao banco de dados do CNIS, o recorrente teve vínculo empregatício após oencerramento do seu benefício anterior, o que infirma a alegada incapacidade laboral.

10. As condições pessoais do autor só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para otrabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, paraefeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar ascondições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

94 - 0000640-67.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000640-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA BEATRIZ MARINHOMACHADO (ADVOGADO: ES012448 - PRISCILLA THOMAZ DE OLIVEIRA, ES016746 - katiuscia Oliveira de SouzaMarins, ES017361 - Rafael Thomaz de Oliveira, ES004976 - ARLETE AUGUSTA THOMAZ DE OLIVEIRA, ES016966 -Eliza Thomaz de Oliveira, ES004142 - JOSE IRINEU DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0000640-67.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.000640-0/01)RECORRENTE: MARIA BEATRIZ MARINHO MACHADORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. MARIA BEATRIZ MARINHO MACHADO interpõe recurso inominado, às fls. 86/97, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSSa restabelecer o benefício de auxílio-doença, ou a conceder a aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que éportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado à fl. 102.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimento de novaperícia médica com especialistas em psiquiatria. Contudo, ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veioacompanhado de fundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria,razão por que ele não deve ser acolhido em sede recursal (art. 437, do Código de Processo Civil). Ademais, da leitura dasconclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelasenunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular. Com efeito, a TNU tem orientação no sentido de que aperícia médica por especialista, como solicitada pela parte autora, somente tem cabimento na hipótese de doença ouquadro médico complexo, o que não se verifica no caso concreto, conforme conclusões do especialista nomeado (PEDILEFnº 2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 11/05/2010).

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de

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12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 26/32)indicam que ela é acometida de transtorno de humor, alterações do sono, tremores de extremidades, desânimo, tristeza,desatenção, descontrole emocional, falta de prazer ao dia a dia, impulsividade e depressão. De igual modo, nos atestadosde fls. 26/32, os médicos subscritores afirmaram que ela estaria sem condições de retornar ao trabalho. Por sua vez, nolaudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de transtorno de humor, tendosido anotado que (fl. 60): “No caso em questão a autora foi diagnosticada em seus momentos depressivos deste transtorno(CID F 31.4) em suas consultas ambulatoriais, conforme laudos apresentados e anexos. No momento sem sintomatologiacaracterística de episódio depressivo agudo” (fl. 60). Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de agentede saúde.

9. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado. A existência de doença não implica,necessariamente, a incapacidade para o trabalho, devendo ser pontualmente aferido se as restrições constatadas impedemo exercício do trabalho, o que não se verificou no recurso sob exame. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Socialpressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho,temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência dotrabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderáadotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dos segurados.

10. Acrescento que, após a prolação da sentença, não deve ser admitida a juntada de novos atestados médicos (fl. 99), sobo risco de ampliar-se a causa de pedir da demanda, valendo destacar, nesse sentido, o teor do enunciado n. 84 das TurmasRecursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição da incapacidade para fins debenefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegaçõesque digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra”.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

95 - 0002108-69.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002108-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.) x OEDSON ALMEIDA NASCIMENTO(ADVOGADO: ES011114 - FELIPE SILVA LOUREIRO.).RECURSO Nº 0002108-69.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002108-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: OEDSON ALMEIDA NASCIMENTORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. PORTADOR DO VÍRUS HIV. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SUBSTITUIÇÃO, DEOFÍCIO, DO CRITÉRIO DE CÁLCULO DA CORREÇÃO MONETÁRIA SOBRE AS PRESTAÇÕES VENCIDAS.

1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 137/144, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 1º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo (integrada pela decisão de fls. 130/131), que julgou parcialmente procedenteo pedido para condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença. A autarquia afirma que o laudo emitido pelo peritonomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do requerente. Alega que a presença do vírus HIV por si só nãoenseja concessão de benefício por incapacidade e que o estigma causado pela doença não pressupõe incapacidade,motivo por que se faz necessário constatar sinais exteriores da doença que impeçam o segurado de exercer seu labor.Aduz que não restou comprovada nos autos a existência de incapacidade total e definitiva, sem possibilidade dereabilitação. Pugna pela reforma integral da sentença atacada, a fim de que sejam julgados improcedentes os pedidosformulados pela parte autora.

2. A parte autora não ofereceu contrarrazões (fl. 149).

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3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 23,26/39) indicam que ela é portadora do vírus da imunodeficiência adquirida (HIV) realizando tratamento anti-retroviral combom controle da doença. Ademais, os atestados indicam que ele apresenta doenças oportunistas como: sarcoma de kaposiestádio IV com metástases cutâneas, apresentando neoplasia maligna das partes moles de estadiamento clínico II (CID 10C49), além de quadro pulmonar AIE (asma induzida pelo exercício) e bronquiectasia lobo médio. De igual modo, nosatestados de fls. 30, 29, 27 elaborados em 05/10/2010, 28/09/2011 e 01/02/2012 respectivamente, os médicos subscritoresafirmaram que ela estaria incapacitada para o trabalho por período indeterminado. No atestado de fl. 28, datado em28/12/2011, afirma-se que o autor se encontra em controle clínico sem evidência de doença ativa e que ele não apresentacondições de trabalhar. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito oncologista nomeado judicialmente, afirma-se que orecorrente é portador de sarcoma de kaposi, além de AIDS. Afirma que o sarcoma de kaposi não é reativo, estando adoença sob controle, e ele, recuperado e apto para o trabalho. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalhode auxiliar de obras, pois não foram constatadas limitações que lhe impeçam de andar, carregar peso, ficar em pé outrabalhar sentado.

8. Todavia, o douto magistrado sentenciante concluiu, com base nas condições sociais e pessoais do autor portador dovírus HIV, que este faz jus à concessão de auxílio-doença, por estar suscetível ao preconceito existente no mercado detrabalho. Não obstante a debilidade progressiva que o vírus HIV ocasione seja conhecida, o avanço científico permite umcontrole maior dos níveis de imunidade dos pacientes e, por conseguinte, traz condições de vida que permitem que odoente assintomático possa trabalhar e exercer as demais atividades civis do cotidiano. Desse modo, a concessão debenefícios por incapacidade não é consequência imediata da contração do vírus, sendo importante analisar o quadro clínicodo segurado e se há comprovada impossibilidade de sua inserção em novo emprego. Nesse sentido, trago à colaçãoementa do acórdão prolatado pela Turma Nacional de Uniformização em julgamento do PEDILEF 05071068220094058400(Rel. Juiz Federal Alcides Saldanha Lima, DOU 31.08.2012):DIREITO PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. (IN)CAPACIDADE PARA OTRABALHO. SEGURADO PORTADOR DE VÍRUS HIV (AIDS) ASSINTOMÁTICO. CONSIDERAÇÃO DE CONDIÇÕESSÓCIO-CULTURAIS ESTIGMATIZANTES. NECESSIDADE. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM AJURISPRUDÊNCIA ATUAL DESTE COLEGIADO. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM Nº. 13, TNU. INCIDENTE NÃOCONHECIDO. ARTS. 7º VII, “A” E 15, §§ 1ºE 3º, DA RESOLUÇÃO CJF Nº. 22 DE 4 DE SETEMBRO DE 2008 (RI/TNU).1 - Pedido de Uniformização manejado em face de acórdão que deu provimento ao recurso inominado da parte autora, parareformar a sentença, julgando procedente o pedido de restabelecimento de auxílio-doença, com fundamento nas condiçõessócio-culturais estigmatizantes da patologia. Segurado portador de vírus HIV (AIDS) assintomático semi-alfabetizado querefere discriminação social.2 - É devido, independentemente de carência, auxílio-doença/aposentadoria por invalidez ao segurado acometido dedoença e afecção que por critério de estigma ou outro fator materialize especificidade ou gravidade a merecer tratamentoparticularizado, entre elas a síndrome da deficiência imunológica adquirida - AIDS (cf. art. 26, II, c/c art. 151 da Lei nº.8.213/91).3 - A ausência de sintomas, por si só, não implica capacidade efetiva para o trabalho, se a doença se caracteriza porespecífico estigma social. Há que se aferir se as condições sociais a que submetido o segurado permitem o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência.4 - Jurisprudência dominante desta Turma Nacional: “1. A interpretação sistemática da legislação permite a concessão deauxílio-doença ou aposentadoria por invalidez se, diante do caso concreto, os fatores pessoais e sociais impossibilitarem areinserção do segurado no mercado de trabalho, conforme livre convencimento do juiz que, conforme o brocardo judexperitus peritorum, é o perito dos peritos, ainda que não exista incapacidade total para o trabalho do ponto de vista médico.1.1. Na concessão do benefício de aposentadoria por invalidez, a incapacidade para o trabalho deve ser avaliada do pontode vista médico e social. (...) 3. A intolerância e o preconceito contra os portadores do HIV, que ainda persistem no seio dasociedade brasileira, impossibilitam sua inclusão no mercado de trabalho e, em consequência, a obtenção dos meios para asua subsistência. 4. O princípio da dignidade humana é fundamento do Estado Democrático de Direito (art. 1º, III, CF). 4.1.O Poder Judiciário tem coibido a discriminação contra o portador do HIV, nos casos concretos e específicos que lhe sãosubmetidos. 4.1.1. Quando o preconceito se manifesta de forma difusa, velada, disfarçada, o Estado-Juiz deve intervir,reconhecendo as diferenças, sob pena de, na sua omissão, compactuar com a intolerância com os portadores dessasmesmas diferenças” (PEDILEF Nº 2007.83.00.50.5258-6, Relª. Juíza Federal Maria Divina Vitória, DJ 2.2.2009); “Não hácontrovérsias que para a concessão de benefício de incapacidade para portador de HIV deve-se apurar a incapacidadesocial, a saber, o preconceito, a dificuldade de ingresso no mercado de trabalho e as condições pessoais dosoropositivo”(PEDILEF nº 0510549-05.2008.4.05.8100, Rel. Juiz Federal Vladimir Santos Vitovsky, DOU 8.6.2012); “Não

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examinada na sentença ou no acórdão a existência de incapacidade social em relação ao autor, exigível nos termos dajurisprudência da Turma (...) deve o processo, fixada a tese da exigibilidade de o juiz analisar as condições pessoais esociais do segurado portador de HIV, inclusive sinais exteriores da doença, para concessão de aposentadoria por invalidez,retornar ao Juízo de primeira instância para produção e análise da prova (TNU - Questão de Ordem n.º 20)”(PEDILEF nº0521906-61.2008.4.05.8300, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, DOU 13.7.2012).5 - Incidência da Questão de ordem nº. 13 desta Turma Nacional: “Não cabe Pedido de Uniformização, quando ajurisprudência da Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou nomesmo sentido do acórdão recorrido”.6 - Incidente de uniformização não conhecido.7 - O julgamento deste incidente de uniformização, que reflete o entendimento consolidado da Turma Nacional deUniformização, resultará na devolução à Turma de origem de todos os outros recursos que versem sobre o mesmo objeto afim de que mantenham ou promovam a adequação do acórdão recorrido à tese jurídica firmada, em cumprimento aodisposto nos arts. 7º VII, “a” e 15, §§ 1º e 3º, da Resolução CJF nº. 22 de 4 de setembro de 2008 (RI/TNU).

9. Essa orientação foi consolidada no enunciado n. 78, da súmula da jurisprudência da TNU, o qual estabelece que:“Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais,sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatizaçãosocial da doença.” No presente recurso, registro que o autor trabalhava como auxiliar de obras, nasceu em 01/01/1964 (fl.14) e conta hoje com 51 anos, inexistindo indícios de que tenha concluído ensino médio. O histórico de evolução daSíndrome de Imunodeficiência indica períodos assintomáticos e outros de agravamento, em decorrência de moléstiastípicas à degeneração de sua saúde, destacando-se a detecção de Sarcoma de Karposi. No exame pericial, o especialistanomeado não constatou a presença de lesões cutâneas próprias ao Sarcoma de Karposi, motivo por que não o consideroureativado. Embora o perito judicial haja concluído que demandante conservava aptidão para o desempenho do seu trabalho,os atestados médicos juntados pelo autor indicam que ele tem se submetido a longo tratamento médico, no curso do qual oINSS detectou a existência de incapacidade laborativa entre 20/06/2006 e 12/01/2011, o que indica que as melhorasclínicas têm sido pontuais e inconstantes Colaciono, por oportuno, os seguintes trechos da sentença recorrida (fls. 118/119):“No caso em tela, o demandante não poderá se reinserir no mercado de trabalho já que possui baixa escolaridade, idaderazoavelmente avançada (48 anos) e é portador do vírus HIV com câncer na pele. A falta de qualificação profissional érelevante porque o serviço de auxiliar de obras impõe o demandante diariamente ao risco de ser cortado em seu ambientede trabalho, pois pega materiais pesados, leva equipamentos diversos, prepara massas de cimento etc (fl. 111). Além disso,pelo fato de possuir câncer de pele adicionado a AIDS, o autor poderá voltar a ter lesões cutâneas o que o impossibilitaráde trabalhar novamente em seu local de trabalho usual – devido à exposição à luz solar -, e também consiste em um fatorexteriorizante da Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS). Assim, pelo risco de trabalhar em ambientes insalubres eestar exposto a obter mais doenças, bem como pelo preconceito exacerbado que impedem novas contrataçõestrabalhistas, o benefício auxílio-doença deverá ser concedido ao autor. Ainda que o perito tenha concluído pela inexistênciade incapacidade laboral, é certo que em caso de uma doença grave que possibilita o surgimento de novas doenças, aanálise deve ser mais detida e diferenciada, com base em princípios constitucionais. Assim, os tribunais concedem obenefício até mesmo para os portadores do vírus HIV que ainda não possuem sintomas da referida doença (AIDS em faseassintomática). Tal entendimento pode ser utilizado no caso em tela, pois a doença está aparentemente silente perante oautor.(Omissis)Assim, pela análise das condições socioeconômicas do autor, resta evidente que o mesmo está incapaz de exercer suaatividade habitual pelo preconceito que o impede de se reinserir no mercado de trabalho e pelas dificuldades que enfrentariase tivesse que voltar ao mesmo ambiente de trabalho mesmo sendo portador de câncer de pele e dos órgãos internos.Além disso, é sabido que o autor teria dificuldade para voltar ao trabalho visto que foi analisado por médico do trabalho emsede de Atestado de Saúde Ocupacional para o Sindicato de Construção Cível de Guarapari (SINDICIG – fl. 24), o quetorna notória a sua enfermidade para o seu antigo empregador. Destarte, até que o autor seja reabilitado para uma funçãoque não o exponha ao risco de obter outras doenças ou de transmitir suas enfermidades, ele deverá receber o benefício deauxílio-doença.”

10. A impossibilidade de recuperação da Síndrome de Imunodeficiência, a contração de doenças inerentes à debilidade dosistema imunológico e a natureza do trabalho desempenhado pelo recorrente corroboram o julgamento de parcialprocedência do pedido, nos termos da sentença recorrida, de acordo com o disposto pelo art. 436, do Código de ProcessoCivil. Com efeito, o trabalho na construção civil implica o exercício de trabalho físico extenuante, exposto ao sol e a riscoselevados de acidente. A alegação de que o recorrido poderia desempenhar sua atividade laborativa habitual, sob taiscondições, ignora a realidade do trabalho da construção civil e impõe ao autor situação de excepcional gravame, aocogitar-se que o exercício do seu labor poderia ocorrer normalmente, tendo-se em vista que, tal como demonstra a extinçãode seu anterior vínculo de emprego, é baixa a probabilidade de que ele seja admitido em novo emprego, como auxiliar deobra, diante de seu quadro clínico.

11. No que atine à atualização monetária, saliento que as parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente combase no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009,disciplinava a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas àFazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux,j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a

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inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

12. Reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

13. Contudo, consta da sentença a aplicação dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta depoupança, tal como previstos pelo art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação da Lei n. 11.960/09 (fl. 122). Desta feita, aadmissão do INPC para atualização monetária, no presente recurso, implica a necessária modificação da sistemática decálculo da correção monetária adotada no julgado confrontado, a fim de ajustá-la ao que decidiu o STF nas mencionadasações diretas de inconstitucionalidade, o que não caracteriza violação à vedação da reformatio in pejus, por tratar-se dequestão suscetível ao conhecimento de ofício do julgador (art. 293, do Código de Processo Civil; enunciado n. 254, dasúmula da jurisprudência do STF). Ademais, conforme destacado acima, o efeito da decisão que declara ainconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal inicia-se com a publicação da ata da sessãode julgamento. Em apoio a esse entendimento, anoto os seguintes julgados do Superior Tribunal de Justiça:PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIAESPECIAL. JUROS DE MORA. LEI 11.960/2009. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL POR ARRASTAMENTODECLARADA PELO STF NA ADI 4.357/DF E ADI 4.425/DF. SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESNECESSIDADE. ÍNDICEDE CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. PRECEDENTES. REFORMATIO IN PEJUS. NÃO CARACTERIZAÇÃO. AGRAVOREGIMENTAL NÃO PROVIDO.1. Os juros de mora corresponderão aos juros dos depósitos em caderneta de poupança, nos termos do artigo 1º-F da Lei9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. Solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doartigo 5º da Lei 11.960/2009, proferida na ADI 4.357/DF e ADI 4.425/DF.2. A pendência de julgamento de ação em que se discute a constitucionalidade de lei não enseja o sobrestamento dosrecursos que tramitam no STJ, salvo determinação expressa do STF.3. No que se refere à correção monetária, impõe-se o afastamento do artigo 1º-F da Lei 9.494/1997, com a redação dadapela Lei 11.960/2009, em razão da declaração de inconstitucionalidade quanto ao ponto, no julgamento da ADI 4.357 e daADI 4.425/DF.4. Tratando-se de benefício previdenciário, havendo lei específica, impõe-se a observância do artigo 41-A da Lei8.213/1991, que determina a aplicação do INPC.5. O Tribunal a quo não incorreu em reformatio in pejus, porque ajustou os consectários da condenação à declaração deinconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, sendo certo que juros e correção monetária possuemnatureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício pelo Tribunal a quo.6. Agravo regimental não provido.(AgRg no REsp 1451962/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE 23/09/2014) (original sem grifos).

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. CONDENAÇÃO IMPOSTA À FAZENDA PÚBLICA. NATUREZAPREVIDENCIÁRIA DA DEMANDA. JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA. AUSÊNCIA DE REFORMATIO IN PEJUS.DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO ART. 5º DA LEI N. 11.960/09, QUE ALTEROU O ART. 1º-FDA LEI N. 9.494/97. JUROS MORATÓRIOS CORRESPONDENTES AOS APLICÁVEIS À CADERNETA DE POUPANÇA.CORREÇÃO MONETÁRIA. INPC. ART. 41-A DA LEI N. 8.213/91. SOBRESTAMENTO. DESNECESSIDADE.1. É entendimento assente neste Tribunal Superior de que a correção monetária e os juros de mora, como consectárioslegais da condenação principal, possuem natureza de ordem pública e podem ser analisados até mesmo de ofício,bastando que a matéria tenha sido debatida na Corte de origem, o que afasta suposta violação do princípio do nonreformatio in pejus.2. "Tratando-se de benefício previdenciário, a correção monetária deve ser calculada segundo a variação do INPC, porforça do que dispõe o art. 41-A da Lei nº 8.213, 1991 - solução que resulta da declaração de inconstitucionalidade parcial doart. 5º da Lei nº 11.960, de 2009 (ADI nº 4.357, DF, e ADI nº 4.425, DF)" (AgRg no AREsp 39.787/SC, Rel. Ministro ARIPARGENDLER, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/5/2014, DJe 30/5/2014.) 3. "A pendência de publicação do acórdãoproferido na ADI 4.357/DF não impede que esta Corte, desde logo, afaste parcialmente a aplicação do artigo 5º da Lei11.960/2009, tampouco determina o sobrestamento do presente feito. Precedentes do Supremo Tribunal Federal." (AgRgno REsp 1.312.057/SP, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/9/2013, DJe 27/9/2013.) Agravoregimental improvido.(AgRg no AgRg no REsp 1424522/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 28/08/2014) (original sem grifos).

14. Em relação aos juros de mora, a sentença revela-se consentânea com os referidos precedentes, devendo ser mantida asua incidência a partir da citação, conforme o enunciado nº 204 da súmula da jurisprudência do STJ, bem como a aplicaçãoda nova redação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.960/09.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Reformo a sentença, parcialmente, para substituir, de ofício,o cálculo da correção monetária pelo que restou decidido pelo STF no julgamento da ADI 4.357 e da ADI 4.425/DF, demodo a determinar a incidência do INPC da data em que houve o vencimento das parcelas até a apuração do cálculo final

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que deverá embasar a expedição do requisitório de pagamento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96).Condenação do recorrente vencido ao pagamento de honorários advocatícios, arbitrados em 10% sobre o valor dasparcelas vencidas até a data da prolação da sentença, nos termos do artigo 55 da Lei nº 9.099/95, observada a orientaçãoveiculada pelo enunciado n. 111, da súmula da jurisprudência do STJ.

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

96 - 0003638-08.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003638-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIAO DA SILVA(ADVOGADO: ES005395 - ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA, ES013341 - EMILENE ROVETTA DA SILVA, ES013223 -ALAN ROVETTA DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHABARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0003638-08.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003638-5/01)RECORRENTE: SEBASTIAO DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ANÁLISE CONJUNTA DO ACERVOPROBATÓRIO. INCAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO EPARCIALMENTE PROVIDO.1. SEBASTIÃO DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 103/110, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de soldador.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado à fl. 111.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 23/27,29/37 e 38/40) indicam que ela é acometida de crises epileptiformes, falhas na memória e oscilação do humor. Por sua vez,no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente (fls. 88/89), afirma-se que o recorrente é portador de epilepsia eartrose. O especialista nomeado afirmou que essas patologias se encontram controladas ambulatoriamente, mas destacou,na resposta dada ao quesito n. 11 da parte autora, que o segurado foi reabilitado para o mesmo trabalho de soldado, comrestrições de carregamento de peso e altura e que “não é incomum que a exposição à luz forte com variações deintensidade seja um fator precipitante de crises epilépticas. No caso atua como soldador que de é uma atividade de risconeste caso”. Ademais, nas resposta dadas aos quesitos 9 e 10 do INSS, o perito judicial concluir que o autor temincapacidade parcial para o trabalho, porém definitiva para a atividade de soldador.

8. O exame do acervo probatório leva-me à convicção distinta daquela externada pelo magistrado sentenciante, uma vezque o processo de reabilitação do demandante não teve êxito, principalmente porque foi treinado para desempenhar omesmo trabalho de soldador, cujas condições particulares (exposição à luz forte) não são recomendadas para osportadores de epilepsia, doença que o acomete.

9. Os documentos que instruem a petição inicial – atestados médicos firmados por médicos do SUS – demonstram tambémque o recorrente é portador de doenças que o incapacitam de exercer seu trabalho, porém não o tornam definitivamenteinapto para o desempenho de atividade laborativa. Nesse sentido, assinalo que o demandante não tem vínculoempregatício formal por período superior a três anos, o que é significativo indício de impossibilidade do exercício de sua

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profissão como soldador. A incapacidade da parte autora é decorrente de doença que o acomete desde a época em quefora-lhe concedido o benefício de auxílio-doença n. 517.467.339-7 (01/08/2006 a 29/11/2011) e não houve modificação doquadro, conforme se infere dos laudos acostados à inicial. Desse modo, o segurado faz jus ao restabelecimento doauxílio-doença n. 517.467.339-7, a contar da cessação indevida, ocorrida em 29/11/2011 (fl. 45). Nesse sentido, transcrevoo seguinte julgado da TNU:PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. RESTABELECIMENTO. LAUDO NÃO PRECISOU A DII. DIB FIXADA NA DATADO LAUDO. PRESUNÇÃO DE CONTINUIDADE DO ESTADO INCAPACITANTE. REQUISITOS PARA APLICAÇÃO DEREFERIDA PRESUNÇÃO. INCIDENTE CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.1. Trata-se de pedido de uniformização apresentado pela parte autora-recorrente em face de acórdão que reformou emparte sentença concessiva de benefício de auxílio-doença. A sentença monocrática fixou a DIB na data da cessação deanterior benefício por incapacidade. O acórdão recorrido, por sua vez, considerou que, diante constatada impossibilidade nolaudo de fixação da DII, a DIB deveria ser fixada na data da elaboração do laudo.2. A parte autora sustenta que o acórdão afronta jurisprudência do STJ (RESP 445.604, 6a Turma, DJ 13/12/2004 e AgRgno Ag 446.168, 6a Turma, j. 29/11/2005).3. Comprovada a divergência jurisprudencial, na forma do art. 14, §2°, Lei n° 10.259/2001, em relação ao AgRg no Ag446.168. Embora oriundo de Turma do STJ, a leitura do inteiro teor do acórdão permite inferir que o julgado espelhajurisprudência dominante daquele Tribunal, nos termos da Questão de Ordem n° 5/TNU.4. Sobre a questão discutida, a TNU possui o seguinte posicionamento:“1. O enunciado da Súmula nº 22 da TurmaNacional se aplica aos casos em que a perícia judicial conseguiu especificar a data de início da incapacidade (DII), servindode parâmetro inclusive em relação aos benefícios por incapacidade. 2. Porém, quando a perícia judicial não conseguiuespecificar a data de início da incapacidade (DII), e em se tratando de restabelecimento de auxílio-doença, em sendo aincapacidade atual decorrente da mesma doença ou lesão que justificou a concessão do benefício que se pretenderestabelecer, presume-se a continuidade do estado incapacitante desde a data do cancelamento, que, sendo reputadoindevido, corresponde ao termo inicial da condenação ou data de (re)início do benefício.” (PEDILEF n.º 200772570036836,Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 11 jun. 2010; PEDILEF n.º 200763060051693, Rel. Juíza FederalJacqueline Michels Bilhalva, DJ 22 nov. 2008)”. Mais recentemente, o mesmo entendimento fora reafirmado no PEDILEF201071650012766, JUIZ FEDERAL JANILSON BEZERRA DE SIQUEIRA, DJ 26/10/2012. 4.1 Proposta para fixação deparâmetros para aplicação da tese acima invocada. A presunção de continuidade da incapacidade laborativa pressupõe oatendimento cumulativo a alguns requisitos, quais sejam: a) que a incapacidade laborativa constatada seja derivada damesma doença que motivou a concessão de benefício por incapacidade anterior; b) que o laudo pericial não demonstre arecuperação da capacidade no período que medeia a DCB anterior e o laudo pericial produzido em juízo; c) que a naturezada patologia não implique a alternância de períodos significativos de melhora e piora; d) que o decurso de tempo entre aDCB e a perícia judicial não seja significativo a ponto de interromper a presunção do estado incapacitante, o que deverá seraferido no caso concreto.5. Caso em que o acórdão não considerou aplicar a presunção de continuidade do estado incapacitante de que se tratouacima.6. Não é possível, todavia, sem revolver o conjunto fático-probatório– o que é vedado nesta sede recursal – avaliar se foramatendidos os requisitos acima expostos para aplicação da tese invocada. Tem lugar a Questão de Ordem n° 20 da TNU:“Se a Turma Nacional decidir que o incidente de uniformização deva ser conhecido e provido no que toca a matéria dedireito e se tal conclusão importar na necessidade de exame de provas sobre matéria de fato, que foram requeridas e nãoproduzidas, ou foram produzidas e não apreciadas pelas instâncias inferiores, a sentença ou acórdão da Turma Recursaldeverá ser anulado para que tais provas sejam produzidas ou apreciadas, ficando o juiz de 1º grau e a respectiva TurmaRecursal vinculados ao entendimento da Turma Nacional sobre a matéria de direito”.6. Incidente conhecido e parcialmenteprovido para o fim de: a) reafirmar a tese já uniformizada no sentido de que quando a perícia judicial não conseguiuespecificar a data de início da incapacidade (DII), e em se tratando de restabelecimento de auxílio-doença, em sendo aincapacidade atual decorrente da mesma doença ou lesão que justificou a concessão do benefício que se pretenderestabelecer, é possível aplicar a presunção de continuidade do estado incapacitante; b) uniformizar o entendimento de que,para aplicação da presunção da continuidade do estado incapacitante, é necessário o atendimento cumulativo dosseguintes requisitos: b.1) que a incapacidade laborativa constatada seja derivada da mesma doença que motivou aconcessão de benefício por incapacidade anterior; b.2) que o laudo pericial não demonstre a recuperação da incapacidadeno período que medeia a DCB anterior e o laudo pericial produzido em juízo; b.3) que a natureza da patologia não impliquea alternância de períodos significativos de melhora e piora; b.4) que o decurso de tempo entre a DCB e a perícia judicial nãoseja significativo a ponto de interromper a presunção do estado incapacitante, o que deverá ser aferido no caso concreto; c)determinar à Turma Recursal de origem novo julgamento do feito com base nas premissas de direito fixadas neste julgado.(PEDILEF 00503044220084013400, JUÍZA FEDERAL ANA BEATRIZ VIEIRA DA LUZ PALUMBO, TNU, DOU 31/05/2013).(sem grifos no original).

10. As parcelas vencidas deverão ser atualizadas monetariamente com base no INPC/IBGE. A propósito, destaco que o art.1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplinava a atualização monetária e a incidência dejuros moratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. O Supremo Tribunal Federal, nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de

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poupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.

11. Reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o INPC como índice deatualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n. 8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo SuperiorTribunal de Justiça (cf. . AgRg no RESP 1.417.699/SC, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014;AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

12. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento em parte para julgar o pedido parcialmente procedente, nostermos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, a fim de condenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença acontar da data da cessação indevida, e a pagar as parcelas vencidas atualizadas monetariamente pelo INPC/IBGE,acrescidas de juros moratórios, à razão de 0,5% (meio por cento) ao mês a contar da citação (consoante o disposto pelaparte do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, cuja inconstitucionalidade não foideclarada). Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

97 - 0000395-50.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000395-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.) x MARLENE FERNANDES PESSOA(ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).RECURSO Nº 0000395-50.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000395-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARLENE FERNANDES PESSOARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA – VENCIDO EM PARTE

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 74/77, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federalde Linhares, que julgou procedente o pedido para condená-lo a restabelecer o benefício de auxílio-doença, a contar da datada perícia médica, ocorrida em 24/08/2012. A autarquia sustenta que o laudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atestaa plena capacidade laboral da demandante.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 81/84, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que háincapacidade laborativa para o desempenho da atividade de atendente de trabalhadora rural e doméstica.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado médico carreado pela parte autora (fl. 13) indicaque ela é acometida de lesão do manguito rotador dos ombros. O médico subscritor afirmou que ela estaria incapacitadapara o trabalho de forma temporária pelo período de 90 (noventa) dias. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de lesão do manguito rotador direito. Conclui que não há incapacidadelaborativa, mas apenas restrições (limitações), tendo em vista o processo de artrose que compromete vários componenteso sistema osteoarticular da recorrida.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e pode legitimamente embasar a convicção dojulgador. Insta salientar que o douto magistrado sentenciante concluiu que a demandante faria jus à percepção do benefício

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de auxílio-doença, porque a atividade por ela desenvolvida requer completa aptidão física, a qual seria impossibilitada emrazão das dificuldades de suspender o membro superior direito acima da linha do obro, na medida em que o sistema(músculo/tendão) músculo supraespinhoso estaria comprometido. Contudo, o perito informou que, apesar da existência detais enfermidades, a parte autora encontra-se capaz para o exercício da sua atividade habitual (empregadadoméstica/trabalhadora rural), pois o sintoma de dor ao levantar o membro superior direito por ela suscitado não foicorroborado no exame a que se submeteu (fl. 60). Acrescento que a existência de restrição de levantar o braço direito,além da linha do ombro, é limitação que não torna o segurado inapto para o desempenho das atividades próprias àempregada doméstica ou à trabalhadora rural, tal como exigido pela legislação previdenciária (art. 60, da Lei n. 8.213/91).Logo, não tendo sido comprovada a incapacidade da autora, ainda que de forma temporária, ela não faz jus à percepção dobenefício de auxílio-doença.

9. Destaco que a revogação da antecipação dos efeitos da tutela caracteriza-se como consectário lógico do presentejulgado. Com efeito, não se pode cogitar da subsistência da tutela antecipada, ante a sua natureza precária e a ausência deautonomia em relação ao resultado final do julgamento (art. 273, §§4º e 5º, do Código de Processo Civil).

10. Saliento minha convicção pessoal de que a parte, que recebe valores por força de tutela judicial carente de eficáciadefinitiva, tem ciência da possibilidade de reversão do título e, por conseguinte, assume os riscos inerentes à situaçãojurídica criada. A precariedade dos pagamentos assim efetuados implica o dever de devolução das verbas recebidas emdecorrência de tutela provisória (art. 475-O, II, do Código de Processo Civil), ainda que concedida em sentença suscetívelde ser atacada por recurso despido de efeito suspensivo, por não ser legítimo impor ao réu diminuição patrimonial baseadaem suporte fático-jurídico que não se mostre suficiente para o julgamento definitivo de procedência do pedido econsequente confirmação da decisão anterior. Esse posicionamento foi acatado em julgados do Superior Tribunal deJustiça, conforme demonstra ementa do acórdão prolatado no julgamento do REsp 1384418/SC (Rel. Ministro HermanBenjamin, Primeira Seção, julgado em 12/06/2013, DJe 30/08/2013), abaixo transcrita:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.RECEBIMENTO VIA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. DEVOLUÇÃO. REALINHAMENTOJURISPRUDENCIAL. HIPÓTESE ANÁLOGA. SERVIDOR PÚBLICO. CRITÉRIOS. CARÁTER ALIMENTAR E BOA-FÉOBJETIVA. NATUREZA PRECÁRIA DA DECISÃO.RESSARCIMENTO DEVIDO. DESCONTO EM FOLHA. PARÂMETROS.1. Trata-se, na hipótese, de constatar se há o dever de o segurado da Previdência Social devolver valores de benefícioprevidenciário recebidos por força de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) posteriormente revogada.2. Historicamente, a jurisprudência do STJ fundamenta-se no princípio da irrepetibilidade dos alimentos para isentar ossegurados do RGPS de restituir valores obtidos por antecipação de tutela que posteriormente é revogada.3. Essa construção derivou da aplicação do citado princípio em Ações Rescisórias julgadas procedentes para cassardecisão rescindenda que concedeu benefício previdenciário, que, por conseguinte, adveio da construção pretoriana acercada prestação alimentícia do direito de família. A propósito: REsp 728.728/RS, Rel. Ministro José Arnaldo da Fonseca, QuintaTurma, DJ 9.5.2005.4. Já a jurisprudência que cuida da devolução de valores percebidos indevidamente por servidores públicos evoluiu paraconsiderar não apenas o caráter alimentar da verba, mas também a boa-fé objetiva envolvida in casu.5. O elemento que evidencia a boa-fé objetiva no caso é a "legítima confiança ou justificada expectativa, que o beneficiárioadquire, de que valores recebidos são legais e de que integraram em definitivo o seu patrimônio" (AgRg no REsp1.263.480/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 9.9.2011, grifei). Na mesma linha quanto à imposiçãode devolução de valores relativos a servidor público: AgRg no AREsp 40.007/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki,Primeira Turma, DJe 16.4.2012; EDcl nos EDcl no REsp 1.241.909/SC, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, PrimeiraTurma, DJe 15.9.2011;AgRg no REsp 1.332.763/CE, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 28.8.2012; AgRg no REsp 639.544/PR,Rel. Ministra Alderita Ramos de Oliveira (Desembargador Convocada do TJ/PE), Sexta Turma, DJe 29.4.2013; AgRg noREsp 1.177.349/ES, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 1º.8.2012; AgRg no RMS 23.746/SC, Rel. Ministro JorgeMussi, Quinta Turma, DJe 14.3.2011.6. Tal compreensão foi validada pela Primeira Seção em julgado sob o rito do art. 543-C do CPC, em situação na qual sedebateu a devolução de valores pagos por erro administrativo: "quando a Administração Pública interpreta erroneamenteuma lei, resultando em pagamento indevido ao servidor, cria-se uma falsa expectativa de que os valores recebidos sãolegais e definitivos, impedindo, assim, que ocorra desconto dos mesmos, ante a boa-fé do servidor público." (REsp1.244.182/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Seção, DJe 19.10.2012, grifei).7. Não há dúvida de que os provimentos oriundos de antecipação de tutela (art. 273 do CPC) preenchem o requisito daboa-fé subjetiva, isto é, enquanto o segurado os obteve existia legitimidade jurídica, apesar de precária.8. Do ponto de vista objetivo, por sua vez, inviável falar na percepção, pelo segurado, da definitividade do pagamentorecebido via tutela antecipatória, não havendo o titular do direito precário como pressupor a incorporação irreversível daverba ao seu patrimônio.9. Segundo o art. 3º da LINDB, "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece", o que induz à premissade que o caráter precário das decisões judiciais liminares é de conhecimento inescusável (art. 273 do CPC).10. Dentro de uma escala axiológica, mostra-se desproporcional o Poder Judiciário desautorizar a reposição do principal aoErário em situações como a dos autos, enquanto se permite que o próprio segurado tome empréstimos e consignedescontos em folha pagando, além do principal, juros remuneratórios a instituições financeiras.11. À luz do princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF) e considerando o dever do segurado de devolveros valores obtidos por força de antecipação de tutela posteriormente revogada, devem ser observados os seguintesparâmetros para o ressarcimento: a) a execução de sentença declaratória do direito deverá ser promovida; b) liquidado e

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incontroverso o crédito executado, o INSS poderá fazer o desconto em folha de até 10% da remuneração dos benefíciosprevidenciários em manutenção até a satisfação do crédito, adotado por simetria com o percentual aplicado aos servidorespúblicos (art. 46, § 1º, da Lei 8.213/1991.12. Recurso Especial provido.

11. Portanto, autorizo a restituição dos valores recebidos a título do benefício previdenciário que foi concedido na sentença.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedentes os pedidos formulados pela parteautora, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil. Por consequência, revogo a tutela antecipada concedida nasentença e autorizo a restituição ao INSS dos valores recebidos pela parte autora enquanto vigeu a antecipação dos efeitosda tutela. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Sem condenação ao pagamento dehonorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

98 - 0000831-47.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000831-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DIRCINHA SABARA DASILVA (ADVOGADO: ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA, ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOSSANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGOJUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0000831-47.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.000831-6/01)RECORRENTE: DIRCINHA SABARA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. DIRCINHA SABARA DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 72/85, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 1°Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que éportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde e pessoais, as quais impossibilitam o desempenho de suas atividades.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 90/91, nas quais requer o desprovimento do recurso, mantendo-se a sentençacom seus próprios fundamentos..

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 14/17e 20/21) indicam que ela é acometida de transtorno depressivo recorrente (CID 10 – F33) e transtorno misto ansioso edepressivo (CID 10 – F41.2). Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrenteé portadora de transtorno depressivo. Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho de auxiliar de obras.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os

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requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

9. As condições pessoais da autora só teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para otrabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, paraefeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença. Apropósito, destaco o teor do enunciado nº 77, da súmula da jurisprudência da TNU: “O julgador não é obrigado a analisar ascondições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual”.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

99 - 0000352-76.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.000352-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x ERMINDA DE AMORIM VIEIRA (ADVOGADO:ES006737 - SONIA MARIA CANDIDA.).RECURSO Nº 0000352-76.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.000352-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ERMINDA DE AMORIM VIEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL SUBSCRITO POR FISIOTERAPEUTA. RECURSOCONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA NULA.

INSS interpõe recurso inominado, às fls. 91/101, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal deColatina, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a conceder à parte autora o benefício deauxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. Sustenta que a sentença é nula, eis que fundamentada emlaudo médico produzido por fisioterapeuta. Subsidiariamente, pugna pela aplicação do artigo 1º-F da Lei 9.494/97.

2. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 112/120, nas quais requer o desprovimento do recurso.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 38, 39,40, 41 e 42) indicam que ela é acometida de artralgia crônica limitante em joelho direito com fratura grave e já teve operadoo joelho esquerdo devido a várias lesões ligamentares, o que ocasiona fortes dores, osteoartrite e espondiloartrose. Informaque há indicação de cirurgia em ambos os joelhos. De igual modo, nos atestados de fls. 38, 39, 40 e 42, o médico subscritorafirmou que ela estaria incapacitada para o trabalho de forma definitiva. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de limitação na articulação do cotovelo e apresenta perda total dosmovimentos e perda parcial da amplitude de movimento do punho e joelho. Conclui que há incapacidade laborativatemporária para o trabalho de lavradora.

8. Todavia, o INSS aduz que a sentença é nula, pois o Juizado de origem nomeou, como perito, fisioterapeuta paraconstatar a existência de doença incapacitante. Com efeito, o laudo firmado por fisioterapeuta não pode dar suporte à

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convicção do julgador, porque a aferição da incapacidade para o trabalho, em razão de doença, acidente ou sequelasdecorrentes deles, é privativa do profissional formado em medicina (cf. TRF da 1ª Região, AC 546420064013306, SegundaTurma, Rel. Des. Fed. Neuza Maria Alves da Silva, e-DJF1 16/01/2013, p. 212; AC 40048120064013306, Segunda Turma,Rel. Juiz Federal Cleberson José Rocha, e-DJF1 28/11/2013, p. 107; TRF da 4ª Região, APELREEX00170123420124049999, Quinta Turma, Rel. Des. Fed. Ricardo Teixeira do Valle Pereira, D.E 07/12/2012; APELREEX00041551920134049999, Quinta Turma, Rel. Des. Fed. João Pedro Gebran Neto, D.E 21/06/2013). Portanto, ante aausência de atestados médicos que pudessem com segurança embasar a convicção sobre a aptidão da demandante parao trabalho, a sentença deve ser declarada nula para reabertura da instrução processual a fim de que seja feita nova periciapor médico ortopedista.

9. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para declarar a nulidade da sentença e determinar que sejaefetuada nova perícia médica judicial por especialista em ortopedia. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,por não terem as partes dado causa à nulidade identificada.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

100 - 0000906-57.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000906-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARGARIDA MARIACALMON DE ANDRADE (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0000906-57.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000906-3/01)RECORRENTE: MARGARIDA MARIA CALMON DE ANDRADERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. MARGARIDA MARIA CALMON DE ANDRADE interpõe recurso inominado, às fls. 139/145, contra sentença proferidapelo MM. 1° Juiz do Juizado Especial Federal, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições desaúde, as quais impossibilitam o desempenho da atividade de professora de ensino fundamental.

2. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 150/155, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

6. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.

7. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

8. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico, inicialmente, que a autora se submeteu, em janeiro de 2009, àoperação de tumor papilífero de tireóide. Os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 39 e 40) indicam que ela éacometida de bursite no ombro direito, artralgia intensa e quadro depressivo. No atestado de fl. 40, o médico subscritorafirmou que ela deveria manter-se afastada do trabalho. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito, ortopedista etraumatologista, nomeado judicialmente (fls. 60/64), afirma-se que a recorrente é portadora de fibromialgia e depressão.Conclui que não há incapacidade laborativa para o trabalho. No segundo laudo judicial (fls. 109/111), elaborado peloespecialista em psiquiatria designado pelo Juízo, aponta-se que não foi verificada doença mental estruturada. Conclui, da

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mesma forma, que não há incapacidade laborativa para o trabalho.

9. Observo que os laudos dos peritos judiciais estão idoneamente fundamentados e foram firmados em data posterior aosatestados juntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

101 - 0003938-67.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003938-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IRANI VIANA DE SOUZASILVA (ADVOGADO: ES006639 - ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA, ES011926 - CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA,ES005145E - Tadeu Trancoso de Souza, ES019430 - PEDRO GERALDO FERREIRA DA COSTA, ES019936 - ANDRÉTRANCOSO DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHABARBOSA BRITO.).RECURSO Nº 0003938-67.2012.4.02.5051/01 (2012.50.51.003938-6/01)RECORRENTE: IRANI VIANA DE SOUZA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. IRANI VIANA DE SOUZA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 114/128, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefício deauxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez. A parte autora afirma que é portadora de doença incapacitantepara o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadasaos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde.

2. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado à fl. 129.

3. É o Relatório.

4. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

5. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.

6. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

7. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados médicos carreados pela parte autora (fls. 22/24)indicam que ela é acometida de lombociatalgia crônica. No atestado de fl. 23, o médico subscritor afirma que ela teria deafastar-se de atividades para as quais se exige grande esforço físico. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de artrose. Conclui que não há incapacidade laborativa para otrabalho de lavradora.

8. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados. Ademais, conforme consulta ao banco de dados do CNIS, a recorrente teve vínculos

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empregatícios após a data alegada de início da inaptidão para o trabalho, o que infirma a alegada incapacidade laboral.

9. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendoem vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

102 - 0102690-43.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102690-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x LAURO CARDOSO(ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSE LAGO.).RECURSO Nº 0102690-43.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102690-5/01)IMPETRANTE: UNIAO FEDERALIMPETRADO: JUIZ FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR APOSENTADO DNER. RECEBIMENTO GDAPEC EM MOMENTOPOSTERIOR AO ESTABELECIDO NA SENTENÇA. PEDIDO PROCEDENTE.

UNIÃO, às fls. 03/16, impetra mandado de segurança, com requerimento para concessão de liminar, contra decisão do MM.Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, proferida nos autos n.0102690-43.2013.4.02.5050 (fls. 87/88, 107 e 111 dos autos originais), que, em fase de cumprimento de sentença,determinou que ela trouxesse aos autos os valores discriminados por competência das gratificações pagas no período de01/07/2008 a 02/07/2010 em favor da parte autora; informasse os valores de 80 pontos da GDAPEC do referido período eapurasse as diferenças das gratificações pagas com os valores apurados referentes à GDAPEC.

2. A impetrante alega que as decisões proferidas pelo magistrado do 2º Juizado Especial Federal violam a coisa julgadamaterial, pois o pedido deduzido na ação, autuada sob o n. 0102690-43.2013.4.02.5050, fora julgado procedente paracondená-la ao pagamento da diferença apurada a título de GDAPEC entre os pontos pagos aos aposentados/pensionistase os 80 pontos pagos aos servidores ativos entre 01/07/2008 e 02/07/2010. No entanto, o autor da referida demanda nãofaria jus à percepção da GDAPEC, no período mencionado, mas ao recebimento de outras gratificações, por estarenquadrado no Plano de Cargos e Salários do Poder Executivo, motivo pelo qual não haveria diferença a ser apurada.Alega que, ao determinar a apuração das diferenças devidas a título de GDAPEC, a autoridade impetrada teria ampliado omérito da causa julgada, condenando a impetrante em obrigação diversa da determinada na sentença transitada emjulgado. Aduz que, somente a partir de agosto de 2011, a parte autora passou a receber a GDAPEC, em razão do decididona ação coletiva nº 0006542-44.2006.4.01.3400. Requer a concessão da segurança para que seja determinada asuspensão da execução, anuladas as decisões impugnadas e declarada a inexistência de valores a serem liquidados atítulo de diferenças da GDAPEC.

3. Documentos juntados às fls. 17/129.

4. Decisão, de fls. 130/134, na qual foi parcialmente deferida liminar.

5. Citado, o litisconsorte Lauro Cardoso não se manifestou (fls. 137, 144 e 150).

6. Informações prestadas pelo MM. Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal Cível da Seção Judiciária do Espírito Santoàs fls. 139/141.

7. Intimada, a UNIÃO manifestou ausência de interesse em atuar no presente feito, na forma do artigo 7º, II, da Lei12.016/09 (fl. 143).

8. O Ministério Público Federal lançou parecer, às fls. 146/149, em que deixou de opinar sobre o mérito da presente ação eprotestou pelo seguimento do feito.

9. É o Relatório.

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10. A impetração de mandado de segurança contra decisão judicial interlocutória é juridicamente possível nas hipóteses emque ela não possa ser substituída mediante interposição de recurso com efeito suspensivo (enunciado n. 267, da súmula dajurisprudência do Supremo Tribunal Federal, art. 5º, II, da Lei n. 12.016/09). A orientação restritiva, que limita aadmissibilidade da ação constitucional para impugnar decisão judicial se constada teratologia ou determinaçãoevidentemente discrepante de lei, é abrandada no rito dos Juizados Especiais Federais, tendo-se em vista o não cabimentode recurso contra decisão que não verse sobre tutela cautelar ou antecipada (arts. 4º e 5, da Lei n. 10.259/01).

11. Contudo, a consideração de tais elementos para a impetração do mandado de segurança deve observar os princípiosda celeridade e da oralidade, uma vez que a referida ação constitucional não deve ser convertida em um novo recurso deagravo, contra a orientação que guia a disciplina dos Juizados Especiais Federais.

12. Compulsando-se os autos, verifico que a decisão judicial é suscetível de discussão pela via mandamental, uma vez quepoderá implicar prejuízo irreversível à parte na fase de execução da sentença condenatória, especialmente porque nãoseria cabível meio de impugnação alternativo. A propósito, ressalto que não há previsão legal para cabimento de recursoinominado contra decisão interlocutória proferida para correção de eventual erro material detectado em sentença transitadaem julgado. Entendimento diverso, data vênia, implica violação ao princípio da taxatividade dos recursos, permitindo-se queo magistrado crie, em violação ao art. 22, I, da Constituição da República de 1988, nova hipótese de impugnaçãodesprovida de amparo legal.

13. Em análise do mérito da causa, observo que o exequente, nos autos n. 0102690-43.2013.4.02.5050, formulara pedidopara que a União fosse condenada à “implantação da Gratificação GDAPEC” em paridade com o valor recebido pelosservidores em atividade, e ao pagamento das diferenças retroativas à implantação, observado o prazo prescricional decinco anos (fls. 21/22). Citada, a União sustentou que o termo de eventual condenação ao pagamento da GDAPEC deveriaser a data da publicação da Portaria n. 175, de 01 de julho de 2010, e que a referida gratificação não deveria ser estendidaaos servidores aposentados por não ser vantagem de caráter geral (fls. 45/54). Registre-se que a resposta da parte ré foiinstruída por parecer da Consultoria Jurídica do Ministério dos Transportes que tampouco se pronunciou sobre a situaçãoespecífica do demandante, limitando-se a tecer considerações gerais sobre a natureza da GDAPEC (fls. 56/75).

14. A sentença, de fls. 81/86, condenou a “ré a pagar, respeitada a prescrição quinquenal, a diferença apurada a título deGDAPEC entre os pontos pagos aos aposentados/pensionistas e os 80 pontos pagos aos servidores ativos entre01/07/2008 (data da vigência da gratificação) e 02/07/2010 (data da publicação da Portaria 175 do Ministério do Trabalho),observada a compensação dos valores já pagos pela Administração Pública, a serem apurados na fase de execução”.Contra a referida decisão, não houve a interposição de recursos, tendo sido certificado o seu trânsito em julgado em 06 defevereiro de 2014 (fl. 92).

15. Entretanto, a União se insurgiu contra o comando da sentença – baseado em fato constante em seus bancos de dados– na liquidação do julgado, momento no qual alega que o servidor não fazia jus à GDAPEC (devida aos servidores doDNIT), mas somente à GDPGTAS e à GDPGE, pagas aos servidores do Ministério dos Transportes (fls. 98/99). Ofundamento alegado para impedir a execução é fato contrário ao direito da parte autora e já era conhecido pelaAdministração Pública ao tempo em que fora apresentada defesa no feito (art. 300, do Código de Processo Civil), razão porque o julgador não poderá reverter o que já fora decidido em sentença transitada em julgado sem que infrinja ao dispostopelos arts. 463, 471 e 475-G, do Código de Processo Civil.

16. A despeito da eventual desídia da defesa judicial da União, cumpre salientar que a liquidação do julgado exige que aparte autora tenha efetivamente recebido a GDAPEC para que seja feita a equiparação nos termos determinados pelo títulojudicial. Sem que tal pagamento tenha ocorrido, a execução que pretenda valer-se de verba remuneratória paga a títulodiverso, como parâmetro para a liquidação, não guardará congruência com a coisa julgada formada. Compulsando-se osautos, observo que a autoridade coatora teria se valido das informações insertas nos documentos de fls. 32/33 para formarconvicção favorável ao pleito do exequente. Neles consta que o Sr. Lauro Cardoso é aposentado pelo DNER, não tendorecebido a GDAPEC nos meses de julho de 2008, novembro de 2009 e setembro de 2010, a qual somente lhe foi paga emnovembro de 2011, período não incluído no dispositivo da sentença proferida pelo MM. Juiz Federal do 2º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo.

17. Posto isso, julgo procedente o pedido, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, para anular as decisõesproferidas, às fls. 87/88, 107 e 111 dos autos n. 0102690-43.2013.4.02.5050, pelo MM. Juiz Federal do 2º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo e declarar a inexistência de valores a serem liquidados a título de diferençasda GDAPEC.

18. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art. 25, da Lei n. 12.016/09. Deixo decondenar a UNIÃO ao pagamento de custas, em razão do disposto pelo art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96 e do benefício degratuidade de justiça requerido originariamente pelo litisconsorte. Dê-se ciência ao Ministério Público Federal.

19. Certificado o trânsito em julgado, comunique-se o teor do acórdão à autoridade coatora, dê-se baixa e arquivem-se osautos.

20. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

103 - 0101068-26.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101068-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: LETICIA SILVEIRA B. CORREIA LIMA.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x ANTONIA TOSTALEAL ROMANO DE ARAUJO (ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSE LAGO.).RECURSO Nº 0101068-26.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101068-5/01)IMPETRANTE: UNIAO FEDERALIMPETRADO: JUIZ FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR APOSENTADO DNER. RECEBIMENTO GDAPEC MOMENTO POSTERIORAO ESTABELECIDO NA SENTENÇA. PEDIDO PROCEDENTE.

UNIÃO, às fls. 03/16, impetra mandado de segurança, com requerimento para concessão de liminar, contra decisão do MM.Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, proferida nos autos n.0101068-26.2013.4.02.5050 (fls. 89/90 dos autos originais), que, em fase de cumprimento de sentença, determinou que elatrouxesse aos autos os valores discriminados por competência das gratificações pagas no período de 01/07/2008 a02/07/2010 em favor da parte autora; informasse os valores de 80 pontos da GDAPEC do referido período e apurasse asdiferenças das gratificações pagas com os valores apurados referentes à GDAPEC.

02. A impetrante alega que as decisões proferidas pelo magistrado do 2º Juizado Especial Federal violam a coisajulgada material, pois o pedido deduzido na ação, autuada sob o n. 0101068-26.2013.4.02.5050, fora julgado procedentepara condená-la ao pagamento da diferença apurada a título de GDAPEC entre os pontos pagos aosaposentados/pensionistas e os 80 pontos pagos aos servidores ativos entre 01/07/2008 e 02/07/2010. No entanto, o autorda referida demanda não faria jus à percepção da GDAPEC, no período mencionado, mas ao recebimento de outrasgratificações, por estar enquadrado no Plano de Cargos e Salários do Poder Executivo, motivo pelo qual não haveriadiferença a ser apurada. Alega que, ao determinar a apuração das diferenças devidas a título de GDAPEC, a autoridadeimpetrada teria ampliado o mérito da causa julgada, condenando a impetrante em obrigação diversa da determinada nasentença transitada em julgado. Aduz que, somente a partir de agosto de 2011, a parte autora passou a receber aGDAPEC, em razão do decidido na ação coletiva nº 0006542-44.2006.4.01.3400. Requer o deferimento de liminar para queseja determinada a suspensão da execução, anulada a decisão impugnada e declarada a inexistência de valores a seremliquidados a título de diferenças da GDAPEC.

3. Documentos juntados às fls. 17/124.

4. Decisão, de fls. 125/129, na qual foi parcialmente deferida liminar.

5. Informações prestadas pelo MM. Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal Cível da Seção Judiciária do Espírito Santoàs fls. 132/134.

6. Citada, a litisconsorte Antônia Tosta Leal Romano de Araújo não se manifestou (fls. 135 e 137).

7. Intimada, a UNIÃO não se manifestou (fl. 139).

8. O Ministério Público Federal lançou parecer, às fls. 141/145, em que opinou pela denegação da segurança.

9. É o Relatório.

10. A impetração de mandado de segurança contra decisão judicial interlocutória é juridicamente possível nas hipóteses emque ela não possa ser substituída mediante interposição de recurso com efeito suspensivo (enunciado n. 267, da súmula dajurisprudência do Supremo Tribunal Federal, art. 5º, II, da Lei n. 12.016/09). A orientação restritiva, que limita aadmissibilidade da ação constitucional para impugnar decisão judicial se constada teratologia ou determinaçãoevidentemente discrepante de lei, é abrandada no rito dos Juizados Especiais Federais, tendo-se em vista o não cabimentode recurso contra decisão que não verse sobre tutela cautelar ou antecipada (arts. 4º e 5, da Lei n. 10.259/01).

11. Contudo, a consideração de tais elementos para a impetração do mandado de segurança deve observar os princípiosda celeridade e da oralidade, uma vez que a referida ação constitucional não deve ser convertida em um novo recurso deagravo, contra a orientação que guia a disciplina dos Juizados Especiais Federais.

12. Compulsando-se os autos, verifico que a decisão judicial é suscetível de discussão pela via mandamental, uma vez quepoderá implicar prejuízo irreversível à parte na fase de execução da sentença condenatória, especialmente porque nãoseria cabível meio de impugnação alternativo. A propósito, ressalto que não há previsão legal para cabimento de recursoinominado contra decisão interlocutória proferida para correção de eventual erro material detectado em sentença transitadaem julgado. Entendimento diverso, data vênia, implica violação ao princípio da taxatividade dos recursos, permitindo-se que

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o magistrado crie, em violação ao art. 22, I, da Constituição da República de 1988, nova hipótese de impugnaçãodesprovida de amparo legal.

13. Em análise do mérito da causa, observo que o exequente, nos autos n. 0101068-26.2013.4.02.5050, formulara pedidopara que a União fosse condenada à implantação do percentual da Gratificação GDAPEC em paridade com o valorrecebido pelos servidores em atividade, e ao pagamento das diferenças retroativas à implantação, observado o prazoprescricional de cinco anos (fl. 21). Citada, a União sustentou que a GDAPEC não deveria ser estendida aos servidoresaposentados por não ser vantagem de caráter geral (fls. 53/60). Registre-se que a resposta da parte ré foi instruída porparecer da Consultoria Jurídica do Ministério dos Transportes que tampouco se pronunciou sobre a situação específica dodemandante, limitando-se a tecer considerações gerais sobre a natureza da GDAPEC (fls. 62/81).

14. A sentença, de fls. 83/87, condenou a “ré a pagar, respeitada a prescrição quinquenal, a diferença apurada a título deGDAPEC entre os pontos pagos aos aposentados/pensionistas e os 80 pontos pagos aos servidores ativos entre01/07/2008 (data da vigência da gratificação) e 02/07/2010 (data da publicação da Portaria 175 do Ministério do Trabalho),observada a compensação dos valores já pagos pela Administração Pública, a serem apurados na fase de execução”.Contra a referida decisão, não houve a interposição de recursos, tendo sido certificado o seu trânsito em julgado em 06 defevereiro de 2014 (fl. 93).

15. Entretanto, a União se insurgiu contra o comando da sentença – baseado em fato constante em seus bancos de dados– na liquidação do julgado, momento no qual alega que o servidor não fazia jus à GDAPEC (devida aos servidores doDNIT), mas somente à GDPGTAS e à GDPGE, pagas aos servidores do Ministério dos Transportes (fls. 99/100). Ofundamento alegado para impedir a execução é fato contrário ao direito da parte autora e já era conhecido pelaAdministração Pública ao tempo em que fora apresentada defesa no feito (art. 300, do Código de Processo Civil), razão porque o julgador não poderá reverter o que já fora decidido em sentença transitada em julgado sem que infrinja ao dispostopelos arts. 463, 471 e 475-G, do Código de Processo Civil.

16. A despeito da eventual desídia da defesa judicial da União, cumpre salientar que a liquidação do julgado exige que aparte autora tenha efetivamente recebido a GDAPEC para que seja feita a equiparação nos termos determinados pelo títulojudicial. Sem que tal pagamento tenha ocorrido, a execução que pretenda valer-se de verba remuneratória paga a títulodiverso, como parâmetro para a liquidação, não guardará congruência com a coisa julgada formada. Compulsando-se osautos, observo que a autoridade coatora teria se valido das informações insertas nos documentos de fls. 30/32 para formarconvicção favorável ao pleito da exequente. Neles consta que a Sra. Antônia Tosta Leal Romano de Araújo é aposentadapelo DNER, não tendo recebido a GDAPEC no mês de janeiro de 2010, a qual lhe foi paga em dezembro de 2012, períodonão incluído no dispositivo da sentença proferida pelo MM. Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciáriado Espírito Santo.17. Posto isso, julgo procedente o pedido, nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, para anular a decisãoproferida, às fls. 89/90 dos autos n. 0101068-26.2013.4.02.5050, pelo MM. Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal daSeção Judiciária do Espírito Santo e declarar a inexistência de valores a serem liquidados a título de diferenças daGDAPEC.

18. Sem condenação ao pagamento de honorários advocatícios, de acordo com o art. 25, da Lei n. 12.016/09. Deixo decondenar a UNIÃO ao pagamento de custas, em razão do disposto pelo art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96 e do benefício degratuidade de justiça requerido originariamente pela litisconsorte. Dê-se ciência ao Ministério Público Federal.

19. Certificado o trânsito em julgado, comunique-se o teor do acórdão à autoridade coatora, dê-se baixa e arquivem-se osautos.

20. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

Acolher os embargosTotal 1 : Conceder o mandado de segurançaTotal 2 : Dar parcial provimentoTotal 3 : Dar provimentoTotal 15 : Dar provimento ao rec. do autor e negar o do réuTotal 1 : Negar provimentoTotal 62 : Rejeitar os embargosTotal 18 :