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“Os gestores precisam estar sempre atuantes para não perderem as boas oportunidades” ÍNDICE Entrevista - Editorial - página 2 páginas 3, 4 e 5 Em Dia - páginas 11 a 14 Artigos - páginas 6 a 10 Editorial Leia mais nas páginas 3,4 e 5 Diante da nova legislação de investimentos editada pela Secretaria de Previdência Com- plementar (SPC), em setembro do ano passado, que amplia os limites para as classes não tradicionais, Bernardo Queima, sócio responsável pela área de produtos da Itajubá Investimentos, em artigo baseado num estudo da Greenwich Roundtable - que mostra os pontos relevantes para os Institucionais na gestão de sua carteira de Alternativos -, ressalta que é preciso, entre outras coisas, escutar e aprender com os gestores, ser inovador, ter liquidez suficiente para se manter na estratégia traçada e estar preparado para a possibilidade de erro. Leia mais nas páginas 6, 7 e 8 Janeiro / Fevereiro de 2010 INFORME ITAJUBÁ Nº 5 ** A Itajubá Investimentos elaborou este material com propósito meramente informativo. Este material não é e nem deve ser interpretado como uma oferta, promessa ou recomendação de compra e venda de qualquer ativo ou instrumentos financeiros. As melhores práticas em gestão de Alternativos Leia na página 2 Multimercados: Alfa e eficiência de portfólio Em artigo publicado nesta edição, Tiago Sant’Anna e Eduardo Lopes, da Ashmore Brasil Gestão de Recursos Ltda, falam sobre o risco-retorno dos fundos multimercado e como essa classe de ativos pode ser bastante atraente na montagem de um portfólio eficiente. Veja na página 11 Veja nas páginas 9 e 10 Mais de 30 grandes empresas eu- ropeias subestimaram suas obriga- ções previdenciárias em mais de 40%, de acordo com uma pesquisa da Alpha Value. A organização afir- ma que os déficits previdenciários foram subestimados em cerca de 300 bilhões, já que os emprega- dores dessas empresas minimi- zaram futuros aumentos salariais e maximizaram as taxas de juros. A Boeing planeja analisar Hedge Funds para realizar um investimento na casa de US$ 1,7 bilhão em 2010. O Fundo de Pensão da companhia tem como atual meta uma alocação de 27% em Investimentos Alternativos. Veja na página 13 Déficits previdenciários foram subestimados Boeing trilha rumo aos Alternativos Em entrevista ao Informe Itajubá, o presidente do Fundo de Pensão dos funcionários da Caixa Econômica Fe- deral (FUNCEF), Guilherme Lacerda, conta sua experiência à frente do ter- ceiro maior Fundo de Pensão do país e fala das transformações que ajudou a realizar desde que assumiu o cargo, em 2003. Guilherme ressalta a im- portância da governança corporativa e de um planejamento estratégico para o crescimento da Fundação, cujo ativo total , em 2003, ainda não ha- via chegado a R$ 10 bilhões e, agora, no início de 2010, já se aproxima dos R$ 39 bilhões. O presidente fala ainda sobre a alocação dos ativos da Funda- ção e o seu destaque como líder em Private Equity, já tendo investido em mais de 30 FIPs. Sócio responsável pela área de Produ- tos da Itajubá Investimentos, Bernardo Queima afirma que 2010 anuncia um cenário positivo, mas não menos desa- fiador, para os investidores brasileiros.

ÍNDICE “Os gestores precisam estar sempre atuantes … · entendimento e aplicação prática nas políticas de investimento de 2010. Diante de todas as novidades previstas para

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“Os gestores precisam estar sempre atuantes para não perderem as

boas oportunidades”

ÍNDICEÍNDICE

Entrevista -

Editorial - página 2

páginas 3, 4 e 5

Em Dia - páginas 11 a 14

Artigos - páginas 6 a 10

Editorial

Leia mais nas páginas 3,4 e 5

Diante da nova legislação de investimentos editada pela Secretaria de Previdência Com-plementar (SPC), em setembro do ano passado, que amplia os limites para as classes não tradicionais, Bernardo Queima, sócio responsável pela área de produtos da Itajubá Investimentos, em artigo baseado num estudo da Greenwich Roundtable - que mostra os pontos relevantes para os Institucionais na gestão de sua carteira de Alternativos -, ressalta que é preciso, entre outras coisas, escutar e aprender com os gestores, ser inovador, ter liquidez suficiente para se manter na estratégia traçada e estar preparado para a possibilidade de erro.

Leia mais nas páginas 6, 7 e 8

Janeiro / Fevereiro de 2010

INFORME ITAJUBÁ Nº 5

** A Itajubá Investimentos elaborou este material com propósito meramente informativo. Este material não é e nem deve ser interpretado como uma oferta, promessa ou recomendação de compra e venda de qualquer ativo ou instrumentos financeiros.

As melhores práticas em gestão de Alternativos

Leia na página 2

Multimercados: Alfa e eficiência de portfólioEm artigo publicado nesta edição, Tiago Sant’Anna e Eduardo Lopes, da Ashmore Brasil Gestão de Recursos Ltda, falam sobre o risco-retorno dos fundos multimercado e como essa classe de ativos pode ser bastante atraente na montagem de um portfólio eficiente.

Veja na página 11

Veja nas páginas 9 e 10

Mais de 30 grandes empresas eu-ropeias subestimaram suas obriga-ções previdenciárias em mais de 40%, de acordo com uma pesquisa da Alpha Value. A organização afir-ma que os déficits previdenciários foram subestimados em cerca de

300 bilhões, já que os emprega-dores dessas empresas minimi-zaram futuros aumentos salariais e maximizaram as taxas de juros.

A Boeing planeja analisar Hedge Funds para realizar um investimento na casa de US$ 1,7 bilhão em 2010. O Fundo de Pensão da companhia tem como atual meta uma alocação de 27% em Investimentos Alternativos.

Veja na página 13

Déficits previdenciários foram subestimados

Boeing trilha rumo aos Alternativos

Em entrevista ao Informe Itajubá, o presidente do Fundo de Pensão dos funcionários da Caixa Econômica Fe-deral (FUNCEF), Guilherme Lacerda, conta sua experiência à frente do ter-ceiro maior Fundo de Pensão do país e fala das transformações que ajudou a realizar desde que assumiu o cargo, em 2003. Guilherme ressalta a im-portância da governança corporativa e de um planejamento estratégico para o crescimento da Fundação, cujo ativo total , em 2003, ainda não ha-via chegado a R$ 10 bilhões e, agora, no início de 2010, já se aproxima dos R$ 39 bilhões. O presidente fala ainda sobre a alocação dos ativos da Funda-ção e o seu destaque como líder em Private Equity, já tendo investido em mais de 30 FIPs.

Sócio responsável pela área de Produ-tos da Itajubá Investimentos, Bernardo Queima afirma que 2010 anuncia um cenário positivo, mas não menos desa-fiador, para os investidores brasileiros.

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Por Bernardo Queima O ano de 2010 começa com um cenário melhor do que o de 2009, mas não menos desafiador. Ao mesmo tempo em que no Brasil há um horizonte positivo, nos países desenvolvidos há muita incerteza. Pipocam dúvidas sobre a saúde financeira dos países da comunidade europeia e as repercussões da retirada dos incentivos fiscais. Estes são apenas alguns pontos de destaque no mercado internacional e que já afetaram o mercado local no início do ano.

No mercado doméstico, temos uma demonstração de força da economia interna que tem se refletido positivamente nos principais cadernos econômicos do mundo. Entretanto, será preciso continuar avançando nas reformas estruturais (infraestrutura, fiscal, educacional, previdenciária etc.) para refletir as expectativas do crescimento robusto e sustentado. Como “tempero” para 2010, teremos uma eleição presidencial e a Copa do Mundo, que prometem ser disputadas.

No ambiente dos Fundos de Pensão brasileiros, temos um momento único. Um novo patamar estrutural de juros básicos para longo prazo, abaixo das metas atuariais, e um ambiente regulatório que permite enfrentar este desafio. Comemoramos, em conjunto com os Fundos de Pensão, a criação da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), e temos convicção de que ela multiplicará o trabalho positivo que já vinha sendo feito pela Secretaria de Previdência Complementar (SPC). A nova legislação de investimentos, Resolução CMN nº 3.792, lançada em setembro de 2009, é um ótimo exemplo deste trabalho. Com diretrizes alinhadas às melhores práticas internacionais, a 3792 foi lançada em momento adequado e possibilitou um amplo processo de entendimento e aplicação prática nas políticas de investimento de 2010.

Diante de todas as novidades previstas para este ano singular, e com o compromisso de levar informação de qualidade e relevante ao mercado brasileiro de Fundos de Pensão, o Informe Itajubá apresenta, nesta edição, uma entrevista com Guilherme Lacerda, Presidente da FUNCEF, onde abordamos sua experiência e os desafios de uma entidade de previdência que é referência de sucesso na gestão de investimentos.

Abordamos também as melhores práticas na gestão de investimentos estruturados em um artigo assinado por mim, que divulga o trabalho da Greenwich Roundtable, documento que contém conceitos interessantes para ajudar os Fundos de Pensão no Brasil.

Tiago San’tAnna e Eduardo Lopes apresentam a visão dos Hedge Funds pela perspectiva da Ashmore, maior casa mundial dedicada à gestão de investimentos em países emergentes, com US$ 32 bilhões de ativos.

Por último, como de costume, apresentamos o que observamos de interessante em Investimentos Alternativos e sobre a indústria mundial de pensões.

Esperamos que esta edição contribua com ideias para um 2010 muito positivo.

Editorial

2

Carlos Garcia – Sócio-Presidente

Telefone : (21) 2272.5272

[email protected]

Agnaldo Andrade - Sócio Vendas e Pós-Venda

Telefones : (11) 2165.6825

[email protected]

Gianmarco Gomes – Sócio Vendas e Pós-Venda

Telefone : (21) 2272.5259

[email protected]

Augusto Janiszewski - Sócio Região Sul

Telefone : (41) 3653-5739

[email protected]

Bernardo Queima – Sócio Produtos

Telefones : (11) 2165.6828

[email protected]

Diego Maia – Sócio Produtos

Telefone : (21) 2272.5255

[email protected]

Paulo Henrique Duarte - Produtos

Telefone : (21) 2272.5257

[email protected]

Fernando Lifsic – Sócio Risco e Pesquisa

Telefone : (21) 2272.5261

[email protected]

Márcia Longo – Sócia Administração

Telefone : (21) 2272.5262

[email protected]

Contatos

Bernardo Queima é sócio responsável pela área de Produtos da

Itajubá Investimentos

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Entrevista

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5,5%, e reavaliar as tábuas de sobrevivência, adotando, agora, a tábua AT 2000, que tem parâmetros mais conservadores do que a realidade de nosso grupo de participantes. A partir dessas ações, foi possível conceder uma correção real dos benefícios do plano saldado em mais de 25%, recuperando em ritmo jamais imaginado uma situação de achatamento que ocorreu no período 1995/2002, quando os valores ficaram totalmente estagnados. Tudo isso aconteceu em um contexto de crescimento de quase 40 mil associados. Enquanto no início de 2003 havia cerca de 67 mil associados, hoje estamos ultrapassando os 106 mil, e, até o final do ano, superaremos a casa dos 110 mil. Ademais, no período de nossa gestão, incluímos grupos de assistidos de idade média avançada que estavam injustamente excluídos de uma Fundação que ajudaram a criar nos anos 70.

3- Como está distribuída atualmente a alocação dos ativos da FUNCEF, no total e por plano, dividida por classe de ativos (Ações, Títulos Públicos, Títulos Privados, Imóveis, Empréstimos, Investimentos no Exterior e Estruturados: Private Equity, Multimercado e Fundos Imobiliários)?

Guilherme Lacerda - Nossa carteira de investimentos consolidada obedece à seguinte distribuição, conforme a Resolução 3.792:

1- Como tem sido, do ponto de vista pessoal, a experiência de presidir a FUNCEF, terceiro maior Fundo de Pensão do país, durante os últimos seis anos? O que mais o encantou? Do que menos gostou?

Guilherme Lacerda - Participar da Diretoria da FUNCEF desde 2003 tem sido uma experiência profissional e pessoal muito marcante e gratificante. Constatei como é importante ter um trabalho de equipe com foco em resultados dentro de um ambiente sadio e de muitas realizações. No início os desafios eram muito grandes. Felizmente, os temas diagnosticados como aqueles que deveriam ser enfrentados foram se transformando, e os resultados sendo conquistados com muito esforço coletivo. Um aspecto que registro como de resolução aquém do que precisamos refere-se ao elevado nível de contencioso que possuímos, especialmente àquele associado às relações trabalhistas da Patrocinadora com seus empregados antes de 2003. Outro aspecto relevante foi o enfrentamento realizado para equacionar os investimentos problemáticos feitos na década dos 90. Para recuperar o que foi investido, enfrentamos deficiências na governança, baixas rentabilidades, riscos de perdas de ativos, superando indesejáveis ameaças ao patrimônio de nossos participantes.

2- Que mudanças significativas foram realizadas na sua gestão? Quais foram os resultados? Está satisfeito com eles?

Guilherme Lacerda - À exceção do histórico ano de 2008, em todos os demais as rentabilidades anuais foram muito superiores às metas atuariais. No acumulado de 2003 a 2008, a rentabilidade total foi de 186% contra um acumulado da meta atuarial de 99%. Estamos fechando os resultados de 2009, mas já temos uma indicação preliminar de que nosso desempenho esteve acima de 20%, contra uma meta de 9,8%. Mesmo em 2008, nosso resultado positivo de 1,7% foi bem superior àquele obtido em média pelo setor no Brasil, que foi 1,3% negativo. A satisfação com o resultado é grande. Porém sempre carrego comigo um sentimento que passo para a equipe e rotulo de “insatisfação benigna”, para estarmos sempre perseguindo um aperfeiçoamento contínuo em nossas ações.

As transformações processadas aqui na Fundação são de diversas ordens. Ela cobriu os aspectos processuais/administrativos, de relacionamento com os participantes, de governança corporativa, tudo isto assentado em um planejamento estratégico com forte presença da alta administração e acompanhamento efetivo das decisões tomadas. No início de 2003, o ativo total da Fundação ainda não havia chegado a R$ 10 bilhões. Agora, no início de 2010, estamos nos aproximando de R$ 39 bilhões.

Após um acordo fechado em 2003 com a Patrocinadora e o alcance dos resultados, foi possível realizar um ambicioso dever de casa: saldamento do principal plano e constituição de um novo, moderno e menos suscetível a desequilíbrios futuros. Além de sermos rigorosos na definição das provisões de risco, realizamos, simultaneamente, ajustes importantíssimos, como reduzir a meta atuarial, passando de INPC + 6% para INPC +

4- Segundo recentes pesquisas, os Investidores Institucionais estrangeiros estão aumentado substancialmente a alocação dos seus ativos em Real Assets, ou seja, na economia real. A FUNCEF já vem realizando esse tipo de investimento há alguns anos; como tem sido essa experiência? O esforço interno para analisar, escolher parceiros e investir é muito grande? O retorno tem compensado?

Guilherme LacerdaPresidente do Fundo de Pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal (FUNCEF)

“À exceção do histórico ano de 2008,

em todos os demais as rentabilidades

anuais foram muito superiores às metas atuariais. No

acumulado de 2003 a 2008, a rentabilidade total foi de 186% ”

FUNCEF – Ativos totais e por Plano de Benefícios (nov/2009)

Segmento

Renda Fixa Renda Variável

ImobiliárioEstruturados

Oper. C/ ParticTotal

Consolidado

54%30%7%6%3%

100%

R$

19. 6 bilhões10.9 bilhões2.4 bilhões1.9 bilhão1.3 bilhão

36.4 bilhões

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Entrevista

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Guilherme Lacerda - Quando assumimos, em 2003, tínhamos uma percepção de que seria necessário um aumento gradativo de nossa carteira atrelado aos ativos ancorados na economia real, diminuindo nossas posições em papéis atrelados ao CDI/SELIC a partir de duas convicções: a queda nos juros domésticos e o surgimento de um novo ciclo de crescimento do país.

Para se ter uma ideia de como nos movimentamos nessa direção, a FUNCEF migrou de 47% da carteira atrelada a CDI/juros em 2003 para os atuais 17%; de 25% da carteira vinculada ao índice de inflação (2003) para os atuais 43%; e aumentou para 40% a carteira designada aos ativos reais ancorados no setor produtivo (ações de empresas e segmento imobiliário).

Obviamente esses ativos possuem estruturas e desenhos mais complexos, o que exige ótima qualificação de nosso quadro de funcionários para avaliar e selecionar os melhores projetos. Nesse ponto destacamos nosso avanço na Governança Corporativa, constituindo Comitês de Investimentos com a participação de representantes da Patrocinadora e dos Empregados, além de Grupos Técnicos nos quais os representantes das diretorias analisam com muita profundidade os investimentos e subsidiam a tomada de decisão da Diretoria Executiva.

Enfim, nossa experiência está muito positiva tendo em vista os resultados que já podemos perceber. Mas nossa percepção é a de que os retornos serão ainda maiores no longo prazo.

5- A FUNCEF é o Fundo de Pensão brasileiro que possui a maior carteira de investimentos no setor imobiliário, tanto em termos absolutos quanto relativos. Como está distribuída percentualmente a carteira entre os seguintes segmentos: terrenos para incorporação, imóveis residenciais, comerciais, industriais e hotéis? Existe a intenção de alterar o percentual alocado em imóveis? Qual o impacto no atual mix? Os investimentos via FIPs e Fundos Imobiliários estão no radar da FUNCEF?

Guilherme Lacerda - Nossa posição de investimentos no setor imobiliário mantém-se por volta de 8%, que é o teto do limite legal. Com a nova Resolução CMN 3.792 há espaço para aumentar a participação no setor via os Fundos Imobiliários, classificados como Investimentos Estruturados. Estamos analisando essa alternativa, embora nossa preferência seja investir diretamente, não arcando com os custos administrativos dos gestores terceirizados. Quanto aos Fundos de Participação, já aprovamos um capital subscrito de grande soma que parte já foi investida e a outra será investida nos próximos anos. Mas continuamos atentos, verificando a adesão a bons projetos que nos chegam ou que prospectamos. A composição dos investimentos imobiliários é mostrada no quadro abaixo:

6- A possibilidade de os Fundos de Pensão nacionais investirem em Private Equity é relativamente nova – tem pouco mais de uma década. A FUNCEF vem se destacando como líder nessa classe de ativos, já tendo investido em mais de 30 FIPs. Como está sendo essa experiência? Quais são as vantagens e desvantagens observadas? Que conselhos o senhor daria para outros Fundos de Pensão que pretendam iniciar seus investimentos em Private Equity?

Guilherme Lacerda - Desde 2004 iniciamos uma ação planejada para ampliar nossa participação em renda variável. Um dos caminhos definidos foi através do FIP’s (Fundo de Investimento em Participação, termo nacional definido pela CVM e equivalente ao de Private Equity no mercado internacional). Acompanhamos de perto as adequações da legislação, muito bem conduzida pela CVM, e procuramos incentivar ao máximo o desenvolvimento de gestores e a criação de fundos. Hoje, temos um montante destinado aos 35 FIP’s em que participamos com R$ 2,8 bilhões de capital comprometido. Temos feito um acompanhamento efetivo do desempenho de cada um deles e avaliamos que ocorrem desempenhos díspares: uns vão bem, dentro do esperado, e outros aquém do que gostaríamos.

No decorrer deste tempo, verificamos que é preciso aperfeiçoar o relacionamento entre os quotistas e destes com os gestores e com as empresas investidas. Da mesma forma, faz-se necessário conceituar muito bem os direitos e deveres das partes na definição dos regulamentos, incluindo responsabilidades para as não realizações. Nós, investidores institucionais, temos uma responsabilidade muito grande em fortalecer e aperfeiçoar o mercado de capitais no País e não podemos ter uma postura passiva perante os acontecimentos. Infelizmente nem todos os gestores compreendem isto. Mesmo entre as Entidades de Previdência Complementar é necessário fortalecer esta concepção. Mas estou seguro de que o saldo é positivo. Através dos FIP’s em que participamos, estamos presentes em mais de 70 empresas nacionais de diversos setores e considero que as perspectivas são boas. O Brasil está vivendo um momento econômico muito auspicioso. Há um grande número de empresas médias, com alto potencial, aptas a melhorarem a gestão e aumentarem de capital para atender a mercados regionais, nacionais ou mundiais. Os gestores precisam estar sempre atuantes para não perderem as boas oportunidades.

7- Nos últimos dois anos, a FUNCEF investiu mais de R$ 1,5 bilhão em operações lastreadas em títulos de crédito privado. Qual a sua leitura sobre esses investimentos e qual a proposta para 2010? Quais os segmentos que receberão uma maior atenção?

Guilherme Lacerda - Com o Brasil vivenciando a prática dos juros reais mais baixos dos últimos quinze anos, o cenário de queda das taxas parece estar se consolidando. A perspectiva de dívida pública decrescente, a percepção de grande

Carteira Imobiliário FUNCEF (Em R$ Mil, Nov/2009)

TerrenosConstrução

Ed. P/ Uso PróprioEd. P/ Patrocinadora

Ed. P/ RendaShopping Center

HotéisAlienações

Fundos ImobiliáriosTotal

R$ 12.308R$215.777

R$ 503 R$269.802 R$400.113 R$749.744 R$358.542R$248.783 R$470.888

R$2.726.461

0,45%7,91%0,02%9,90%14,68%27,50%13,15%9,12%17,27%100,00%

“Nós, investidores institucionais, temos uma responsabilidade muito grande em fortalecer e aperfeiçoar o mercado de capitais no País e

não podemos ter uma postura passiva perante os acontecimentos. Infelizmente, nem todos os

gestores compreendem isto.”

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desenvolvimento institucional e o aperfeiçoamento da lei de recuperação judicial corroboram com a visão de que teremos espaço suficiente para a expansão do crédito privado na carteira dos investidores institucionais.

A expansão se torna mais evidente se levarmos em consideração que a queda dos juros virá em um ambiente de inflação baixa e de maior estabilidade cambial. Com o maior controle das contas públicas, e o reconhecimento da comunidade financeira internacional (grau de investimento) de que o Brasil e suas empresas são boas alternativas de investimento, é possível esperar que a redução de juros será interpretada como um sinal de sucesso, atraindo mais investidores.

A menor vulnerabilidade da economia brasileira e o fato de o país estar pagando menos juros diminuem a necessidade de o Tesouro captar e absorver poupança interna. Essa mudança estrutural possibilita a captação de recursos para investimentos na produção, criando condições para o crescimento mais sustentável, com ampliação dos investimentos de longo prazo e possibilidade de juros reais cada vez mais baixos.

Diante desse cenário, investimentos em ativos de crédito privado, como DPGE, CDBs, CCBs, CCCBs, FIDCs, notas promissórias, debêntures e fundos de crédito, deverão ser boas alternativas de diversificação de investimentos, especialmente no cenário desenhado. Os setores que deverão ser priorizados e estão no nosso radar são Imobiliário, Concessões Públicas, Elétrico e, é claro, os setores onde o Brasil possui vantagem competitiva.

8- A FUNCEF possui R$ 35,4 bilhões em ativos e 429 funcionários que garantem a qualidade dos seus processos no tratamento dos ativos e passivos. Muitos fundos de pensão menores não contam com tal estrutura e encontram maior dificuldade para investir em ativos mais complexos. Seria possível para eles investir em conjunto com a FUNCEF nos mesmos negócios? A FUNCEF já possui alguma experiência na realização de co-investimentos? Essas experiências têm sido positivas?

Guilherme Lacerda - Terminamos 2009 com um patrimônio em torno de R$ 39 bilhões. Nossa rentabilidade global foi de 20,2% contra uma meta atuarial de 9,8%. Temos algo em torno de 500 colaboradores pelo fato de internalizarmos os serviços gerais e a Central de Atendimento. Entendo que o setor de FP no Brasil precisa se movimentar para uma gestão de ativos distinta da que possuiu até hoje. Os Fundos com patrimônios menores, abaixo de R$ 1 bilhão, constituem a maioria: no total, são 260 de 334 existentes. Estas entidades não podem ter estruturas sofisticadas de análises próprias e têm que terceirizar suas gestões de ativos. A associação de entidades maiores com estas menores é um caminho que defendo. É preciso que a ABRAPP e o SINDAPP atuem para organizar meios de forma que tal cooperação cresça. A FUNCEF tem respondido sempre

às demandas das co-irmãs que a procuram buscando apoio na apreciação de projetos comuns, porém, acho que estamos distantes de uma integração ideal.

9- Como a indústria de Fundos de Pensão brasileira pode ajudar no crescimento do país sem perder de vista o seu dever fiduciário de garantir as aposentadorias contratadas com os participantes?

Guilherme Lacerda - O tempo de destinar os recursos majoritariamente para títulos públicos, de curto prazo e que pagavam altas taxas de juros, já passou. Simultaneamente, há uma transformação acelerada do perfil demográfico de nossos grupos de participantes. As expectativas de vida mudam a ritmos fortes. Portanto, os gestores precisam encontrar meios de obter uma valorização de seus patrimônios compatíveis com suas necessidades atuariais. Resolver esta equação requer repensar a composição dos ativos de cada entidade. Há um espaço grande para crescer, investindo em projetos de boa rentabilidade e dentro de parâmentros adequados de risco e liquidez projetados no médio e longo prazos. O Brasil está carente de muito investimento e os Fundos de Pensão que detêm um patrimônio conjunto da ordem de 18% do PIB têm um papel importante neste cenário. Felizmente, a legislação evoluiu e, agora, com a PREVIC, o setor não deverá passar por instabilidades, como já ocorreu em um passado não muito distante. Enfim, há uma confluência de fatores ambientais favoráveis que se integra com uma safra muito boa de gestores qualificados. Enfim, a perspectiva que temos é muito favorável, mas tal dimensão não nos permite “baixar a guarda”. Temos que atuar sempre sob a referência de uma “insatisfação benigna”, tal como já conceituei anteriormente.

“Os Fundos com patrimônios menores não podem ter estruturas sofisticadas de

análises próprias e têm que terceirizar suas gestões de ativos.”

“O Brasil está carente de muito investimento e os Fundos de Pensão que detêm um patrimônio conjunto da ordem de 18% do PIB têm um papel

importante neste cenário.”

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O ano de 2010 certamente será um ano importante para os Fundos de Pensão no Brasil. Depois de um longo perío-do de SELIC acima das metas atuariais, o novo ano se apre-senta como o início de um ciclo onde a taxa básica de juros não será suficiente para cumprir os compromissos com os participantes. Antevendo este cenário, a SPC edi-tou, em setembro de 2009, uma nova legislação de inves-timentos que possibilita enfrentar este desafio. Alinhada com as melhores legislações internacionais, a nova regra de investimentos amplia os limites para as classes de in-vestimentos não tradicionais, como Hedge Funds, Private Equity, Venture Capital, Imóveis, Energia, Infraestrutura etc.

O cenário corrente no Brasil em muito se assemelha ao ocorrido em alguns países desenvolvidos, onde os Fun-dos de Pensão trocaram um pedaço dos investimentos tradicionais (fundos de ações com baixo track error em relação aos índices de mercado e títulos públicos) por Investimentos Alternativos para superar suas metas atu-ariais. Desta forma, ao longo dos últimos 15 anos, os investidores institucionais e as principais universidades (Harvard, Wharton, Chicago, Yale, Princeton etc.) pro-duziram um rico aprendizado sobre como selecionar, investir e gerenciar Investimentos Alternativos que cer-tamente será valioso neste novo panorama brasileiro.

Dentro do trabalho de pesquisa realizado constantemente pela equipe da Itajubá, identificamos um documento que reúne com excelência as melhores práticas em Investimen-tos Alternativos. Em março de 2009, depois do amargo ano de 2008, a Greenwich Roundtable1 publicou um es-tudo que contempla a recente crise e também abriga a experiência adquirida nos últimos anos nos mercados de-senvolvidos sobre as melhores práticas de como construir

Gestão de Investimentos Alternativos - Melhores Práticas Bernardo Queima

“Através de três métodos podemos aprender com sensatez. Primeiro, por reflexão, que é mais nobre, segundo, por imitação, que é o mais fácil, e terceiro, por experiência, que é o mais amargo.”

Confúcio

e gerenciar um portfólio de Investimentos Alternativos.

Gestão de Investimentos Alternativos

A maioria dos trabalhos relativos à gestão de Investimentos Al-ternativos sempre aborda dois pontos fundamentais: escolha de gestores de qualidade e gestão efetiva de risco. A Greenwich Roundtable aprofundou o entendimento destes dois pontos, abrindo três subcategorias valiosas que abordaremos ao longo deste trabalho.

1. Escolha Parceiros de Qualidade

a) Escute e aprenda com seus gestores

b) Seja contrário quando apropriado

c) Seja inovador

2. Gestão de Risco é a chave do sucesso

a) Diversifique entre classe de ativos, estratégias e gestores

b) Tenha liquidez suficiente para se manter na estratégia traçada

c) Planeje para a eventualidade de estar errado

Escolher um parceiro de qualidade

Diferente dos investimentos tradicionais, que normalmente apre-sentam pouca dispersão nos retornos, os gestores de Investimen-tos Alternativos apresentam uma acentuada dispersão nos re-tornos. Na figura 1, nós temos um histograma dos retornos em 2009 dos fundos de renda fixa. Na figura 2, o histograma dos retornos dos multimercados também em 2009. Importante notar que os retornos destes fundos em 2009 ratificam a importância da qualidade. O desvio padrão dos retornos nos fundos de renda fixa ficou em 4,12% e nos multimercados em 19,42% no ano de 2009. Sendo assim, além da tarefa de escolha ser mais difícil, o custo de não optar por um gestor de qualidade em Investimentos Alternativos, que se perpetue no longo prazo consistentemente no primeiro quartil da sua classe, pode significar para o Fundo de Pensão um retorno medíocre frente ao esperado.

Figura 1 Figura 2

1- Instituição sem fins lucrativos de pesquisa e educação em Investimentos Alternativos. Com mais de 14 anos de história, a Greenwich Roundtable conta com 200 membros que administram algo em torno de US$ 6.4 trilhões. Entre seus membros, encontram-se o renomado consultor Charley Ellis e casas como BlackRock, Blenheim Capital Management, Bridgewater Associates, Halcyon Asset Management, Highbridge Capital, III Associates, Lumina Foundation, Newman’s Own Foundation, Price Waterhouse Coopers, Schulte Roth & Zabel LLP e Strategic Value Partners.

“Quando os fatos mudam, eu mudo minha cabeça. O que você faz?” John Maynard Keynes

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Qualidade em Investimento Alternativo significa apresen-tar Alphas consistentes ao longo do tempo. A melhor ma-neira de assegurar isto é realizar um trabalho profundo para verificar se o retorno foi sorte ou uma habilidade genuína do gestor. As melhores práticas na busca de In-vestimentos Alternativos indicam que, além de uma mi-nuciosa análise quantitativa da performance, os investi-dores devem dedicar uma parte significativa ao processo de análise qualitativa da nova gestora de recursos. Todo o retorno passado passível de ser comprovado, ao longo da carreira do gestor, deve ser analisado. O processo de due diligence deve avaliar equipe, cultura, estrutura do negó-cio, operação, proposta de geração de valor e as habili-dades da casa. Neste processo, a experiência possui papel fundamental, pois será sempre necessário fazer um julga-mento sobre a integridade, qualidade e a motivação da equipe de gestão para gerar retorno. Ao final do processo, o investidor deve sempre ter a confiança de que o gestor tem uma grande chance de replicar seu sucesso passado.

Como manter qualidade? O trabalho da Greenwich Roundtable identifica algumas características importantes que, nor-malmente, são observadas nas melhores casas de Investi-mentos Alternativos:

a) Preocupação com a qualidade dos investimentos obti-dos. Processo de venda claro e atento ao correto enten-dimento dos clientes sobre as características do investi-mento e os respectivos riscos envolvidos;

b) Claro entendimento sobre o volume ótimo de ativos sob gestão. O gestor deve apresentar sempre sólidos funda-mentos sobre o tamanho máximo que garanta eficiência na gestão da estratégia;

c) Os principais executivos devem possuir volumes significa-tivos da poupança pessoal nos investimentos da casa;

d) A maior fatia da remuneração dos gestores deve, pre-ferencialmente, ser proveniente da taxa de performance;

e) Os compromissos devem sempre prover uma porta de saída na eventualidade da troca do gestor;

f) A gestora deve promover um ambiente de cooperação, competição, aprendizado e respeito mútuo da equipe.

Escute e aprenda com seu gestor

Normalmente, os Investimentos Alternativos possuem ho-rizontes de investimento de longo prazo. Neste sentido, o relacionamento com o gestor deve ser encarado tão seria-mente como um casamento. Os envolvidos devem buscar construir uma avenida larga de mão dupla que possibilite uma troca frequente de informações. O ideal é que o pro-cesso de due diligence seja enfrentado como uma sequência sem fim. As reuniões de avaliação de performance devem

ser francas e diretas. Estas atitudes possibilitarão que am-bas as partes tenham profundo conhecimento sobre a ma-neira de pensar e reagir do outro. Isto certamente será benéfico para as tomadas de decisão de ambas as partes.

Normalmente, os gestores “fora de série” possuem ide-ias originais, anteveem tendências e descobrem oportuni-dades. Um bom relacionamento com os gestores possibili-tará aos investidores um resultado maior do que a soma das partes.

Seja contrário quando apropriado

Geralmente, não é factível obter retornos excepcionais em longo prazo pensando da mesma forma que a maioria do mercado. O desempenho diferenciado é obtido quando conseguimos comprar ativos de qualidade no momento em que a maioria não percebe valor neles. Os Investimentos Alternativos buscam a falta de consenso para conseguir pagar pouco e ganhar muito. As melhores práticas na construção de um portfólio de Investimentos Alternativos indicam que é importante estar preparado para ser con-trário quando for apropriado.

Seja inovador

O sucesso que alguns investidores institucionais tiveram com Investimentos Alternativos foi obtido através da pro-moção de uma cultura interna de inovação. Manter a men-te aberta para inovar é fundamental. O investidor institu-cional deve estar sempre aberto para observar e fomentar novas iniciativas de investimento a fim de construir novas alternativas de retornos diferenciados.

Gestão de Risco é a chave do sucesso

A efetiva gestão de risco é crucial para obter sucesso em Investimentos Alternativos. As melhores práticas são obti-das quando a gestora de recursos entende que gestão de risco e gestão de portfólio são dois lados de uma mesma moeda. Gestores de sucesso são bons porque sabem pesar bem a relação do retorno potencial versus o risco assumi-do. Normalmente, os gestores administram o risco em di-versas frentes, como, por exemplo:

a) No indivíduo: integrando todo o processo de análise e de-cisão de compra e venda ao sistema de risco da empresa;

b) No portfólio: determinando o risco de perda que os investidores estão dispostos a suportar. Tendo o apetite de risco de seus clientes bem definido, obter um portfólio que maximize as oportunidades disponíveis no mercado com o nível de risco acordado;

c) Num sistema de risco que se retroalimente, isto é, seja capaz de evoluir com as experiências passadas e percep-ções dos gestores, de forma a facilitar a gestão futura do risco.

d) Outros pontos importantes que devem ser observados na gestão de risco: risco de liquidez deve ser encarado sempre de duas formas, capacidade de obter crédito e resgatar os investimentos (liquidez); tempo de maturação

“ O desempenho diferenciado é obtido quando conseguimos comprar ativos de

qualidade no momento em que a maioria não percebe valor”

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deve ser observado como fator de risco; qualquer análise de risco só é boa se a base de dados e as premissas forem confiáveis; mensuração de risco não é gestão de risco; bons gestores utilizam diversas métricas de risco para en-tender sua real exposição.

Diversificação

Diferentemente dos investimentos tradicionais, os Inves-timentos Alternativos não podem ser observados pura-mente através de análises quantitativas para realizar uma boa diversificação. Os ativos ilíquidos e a maneira opor-tunista como os gestores buscam retornos podem signifi-car grandes variações de risco ao longo do tempo. É de fundamental importância compreender a classe do ativo, a estratégia de investimento e o processo de escolha dos investimentos realizados pelo gestor. Desta forma, será possível escolher gestores com baixa correlação e realizar uma boa ponderação de investimento entre eles. Diversifi-car entre as classes, a estratégia e o gestor é chave entre as melhores práticas de diversificação.

Tenha liquidez suficiente para se manter na estratégia traçada

A melhor prática para obter retornos diferenciados em longo prazo é gerenciar bem sua liquidez de recursos de forma a se manter no curso, quando as tempestades apa-recerem, e/ou realizar investimentos quando os outros não podem. As recentes crises, incluindo a de 2008, demons-traram que investidores que gerenciaram bem sua solvên-cia não foram obrigados a vender seus ativos no meio da crise e tiveram a possibilidade de comprar “barato” novos ativos, obtendo retornos expressivos.

Os termos de compromisso e “locked-ups” dos Investimen-tos Alternativos podem funcionar muito bem, pois são ca-pazes de barrar a vontade emocional de vender diante das costumeiras manchetes “negras” dos jornais.

Aceite e planeje para a eventualidade de perda

O pensamento e o planejamento do investidor devem sem-pre considerar a possibilidade de erro na escolha da classe de ativo, do gestor e da operação. Esta atitude possibili-tará uma dosagem ótima na diversificação dos ativos nos três níveis e pode evitar traumas insuperáveis. Os exem-plos de Long-Term Capital, Bear Sterns, Bernad Madoff etc. demonstram como pode ser custoso não pesar a eventu-alidade de perda.

Consequências têm geralmente mais importância que probabilidades

Uma boa parte das melhores práticas destacadas aqui neste trabalho podem parecer óbvias e, na verdade, são. Entretanto, encontrar um investidor que aplica todas as melhores práticas com disciplina é uma raridade. Nor-malmente, como na vida, buscamos atalhos. O desafio está em dedicar tempo ao diálogo franco e direto com os gestores, diversificar com qualidade e aplicar um pro-fundo e trabalhoso processo de due diligence que não deve ter fim.

Desejo que 2010 seja o ano das estradas longas, quando os investidores institucionais não confiarão somente nas estatísticas para montar um portfólio, e que as melhores práticas de gestão de Investimentos Alternativos sejam aplicadas com disciplina.

Por Bernardo Queima, Mestre em Finanças pela PUC-Rio e sócio responsável pela área de Produtos da Itajubá Investimentos

“O pensamento e o planejamento do investi-dor devem sempre considerar a possibilidade

de erro na escolha da classe de ativo, do gestor e da operação.”

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Multimercados: geração de Alfa, baixa correlação e eficiência em um portfólioTiago Sant’Anna e Eduardo Lopes

A classe de multimercados no Brasil, como conhecemos hoje, tem pouco mais de dez anos. Em 1999, existiam apenas cerca de 230 fundos dessa categoria. Hoje, esse número já chega a mais de 2 mil (excluindo-se FICs). Esse aumento expressivo em número e representatividade deve-se em grande parte à queda estrutural de juros no Brasil, que forçou poupadores a procurarem investimen-tos com retornos maiores, uma vez que os juros básicos (nominais) caíram de cerca de 45%, em 1999, para menos de 9% nos dias de hoje. Mas este crescimento foi também fortemente impulsionado pela consolidação e proliferação de gestores independentes no mercado. Com a falta de capilaridade para distribuição de produtos tradicionais (aqueles considerados mais “commodities”), e compostos por equipes bastante experientes (geralmente formadas por ex-tesoureiros de instituições de renome), esses ges-tores independentes se destacam por oferecer ao mercado produtos mais sofisticados que demandam uma expertise maior ou mais específica.

O fundo multimercado é o veículo que oferece aos ges-tores maior grau de liberdade para expressarem suas visões de mercados, seja pelos ativos ou pelos instrumen-tos que podem utilizar. Esses produtos possuem manda-to abrangente para operar, comprados ou vendidos – a qualquer momento –, os mercados de ativos e derivativos de juros (nominais ou reais), câmbio, bolsa, cupom cambi-al, commodities e, mais recentemente, ativos no exterior, aumentando sua capacidade de gerar resultado. Com risco acima da renda fixa tradicional, mas bastante abaixo da Bolsa e, principalmente, acima da reta de uma combinação linear e fixa dessas duas classes de ativo, o risco-retorno dessa classe de produto se mostra bastante interessante e construtivo na montagem de um portfólio.

A diversidade de instrumentos disponíveis culmina por gerar muita heterogeneidade entre fundos, mesmo

aqueles de mesma classificação na Anbima. As diferenças são um excelente instrumento para montagem diversifi-cada de uma carteira de multimercados, mas, ao mesmo tempo, um desafio para o investidor, que deverá entender o perfil de cada produto. Por características particulares de cada gestor, uns fazem uso mais intensivo de renda fixa, outros de Bolsa, outros usam muitas posições direcionais, preferem arbitragem ou, ainda, o uso intensivo de opções. As diferenças se estendem ainda ao perfil de gestão, que pode ser mais ou menos ativo, mais macro, mais Long & Short ou mais trading. Alguns gestores aceitam mais vola-tilidade, outros procuram mitigar os desvios do fundo em torno de sua média. Por isso, é relevante um trabalho sério de due diligence para o entendimento da indústria e perfil dos gestores, o que gera uma carteira com ganhos poten-ciais muito mais interessantes, ao mesmo tempo em que o risco consolidado é reduzido. Em tese, ao incluir multi-mercados (ou uma carteira deles) em um portfólio, o inves-tidor dilui o risco total, aumentando o retorno esperado.

Se a teoria sugere que os fundos agregam valor, é sensato verificar na prática a performance dessa categoria contra o custo de oportunidade, medido pelo CDI. Ainda que em tese o correto seja analisar esses fundos como produtos de retorno absoluto, na prática, o histórico de elevadas taxas de juros, e a consequente cultura mais conservadora dos investidores, levaram a média da indústria a adaptar a gestão para gerar retornos excedentes ao CDI, ao mesmo tempo em que se busca minimizar a volatilidade. O gráfico a seguir mostra o CDI contra o Índice Multimercado Arse-nal Composto Investível, “que reflete a rentabilidade de todos os fundos constantes da base de dados da Arsenal” de modo a “proporcionar uma visão geral de rentabilidade dos fundos classificados como multimercado”. Mesmo uma cesta – como podemos ver no gráfico – agrega valor ao longo do tempo. Por maior razão, uma seleção de bons gestores deverá agregar retornos ainda mais interessantes.

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As diferenças para os Hedge Funds

Em 1948, nos Estados Unidos, Alfred Wislow Jones escrevia um artigo para a revista Fortune sobre tendências de investimento quando teve uma ideia que resolveu testar. No ano seguinte, Jones conseguiu US$100 mil – dos quais 40 mil do seu bolso – e montou um portfólio para minimizar o risco, através de posições de longo prazo compradas em ações aliadas a posições vendidas em outras ações que julgasse supervalorizadas, estan-do assim protegido (hedged). Jones também utilizava alavanca-gem para aumentar os retornos. Esta inovação de investimento é hoje conhecida como o clássico long/short de ações. Nasceu, assim, o primeiro Hedge Fund. Jones colocou o seu nome na história das finanças.

Em 1966, um outro artigo da revista Fortune chamou a aten-ção para um obscuro investimento que vinha performando me-lhor do que todos os fundos mútuos do mercado por mais de dois dígitos nos 6 anos anteriores. Nasceu assim a indústria de Hedge Fund. Em 1968, já havia cerca de 140 Hedge Funds em operação. Com um esforço de maximizar retornos, muitos fun-dos procuraram estratégias além da de Jones, como renda fixa, commodities, moedas etc., e entraram em investimentos com mais risco baseados em alavancagem estrutural de longo prazo.

Ainda que haja uma interseção conceitual – geração de Alfa independente da direção do mercado –, os multimercados brasileiros foram concebidos em outro momento e em um ambi-ente econômico e arcabouço jurídico completamente diferentes dos Hedge Funds globais. Da mesma maneira, o uso de alavan-cagem no Brasil é muito mais comedida e, por consequência, a volatilidade dos nossos multimercados é muito mais suave.

Nos Estados Unidos, os fundos são constituídos como empre-sas – sociedades limitadas –, com baixo grau de controle por parte dos órgãos reguladores. Isso implica baixa transparência para os cotistas, falta de limites de concentração, ausência de regras claras para precificação de ativos e, por consequência, baixo nível de segurança e confiabilidade para o investidor final.

Outra diferença bastante relevante é que, no Brasil, publicam-se cotas diariamente, enquanto os Hedge Funds possuem travadas estruturas que geralmente publicam cota mensal, possuem lock-ups, carências, gates, períodos específicos para receberem aplicação e taxas de entrada/saída.

No sentido do arcabouço legal e regulatório, principalmente depois da crise de 2008, tudo indica que o mercado externo deverá convergir para o mercado brasileiro e não o contrário. Em contrapartida, do ponto de vista de público-alvo, nós é que devemos convergir gradativamente para o modelo externo em função da queda estrutural da Selic. Atualmente, no Brasil, os investidores típicos dos multimercados são basicamente inves-tidores pessoa física de alta renda, enquanto que em diversos países desenvolvidos, e mesmo emergentes, os investidores institucionais diversificam parcelas consideráveis de seus port-fólios em Investimentos Alternativos, tais como Hedge Funds e Private Equity, para poderem superar suas metas atuariais.

No Brasil, a elevada taxa de juros que presenciamos até o mo-mento permitiu que investidores institucionais conseguissem bater suas metas atuariais correndo pouco ou nenhum risco. Com títulos públicos pagando juros reais de longo prazo entre 6% e 10% – como vimos nos últimos 5 anos, para ficarmos apenas

no passado recente –, compreensivelmente a necessidade de se sofisticar era pequena. Com a queda estrutural da taxa de juros, que vem acontecendo nos últimos 10 anos e que, ao que tudo indica, deverá continuar acontecendo, é menos uma questão de opção e mais uma questão de necessidade buscar investi-mentos mais sofisticados ou que contenham mais risco para se obter maiores retornos. Um exemplo claro e simples, além dos multimercados e dos fundos de Private Equity, é a alocação dos investidores institucionais em renda variável. Enquanto no Brasil é de cerca de 15%, nos EUA, essa alocação é de cerca de 70%.

Muito provavelmente, em um futuro próximo, um portfólio eficiente e padrão, que busque atingir os objetivos de risco e retorno que fazem sentido para um investidor institucional no Brasil, será composto por mais ativos de risco, como fundos multimercado, e menos títulos públicos.

Conclusão

A queda estrutural dos juros tem o efeito de transformar in-vestidores individuais e institucionais em demandadores na-turais de risco. Esse movimento veio em um momento opor-tuno, após mais de uma década de consolidação dos gestores independentes, de aprendizado e aperfeiçoamento do arca-bouço regulatório. A indústria independente amadureceu e se profissionalizou.

Gestores especializados, sofisticados e focados – cercados pelas melhores práticas de controle de risco e compliance internacio-nais – estão aptos a oferecer produtos que agreguem Alfa, com redução do risco consolidado do portfólio pelo ganho da di-minuição de correlação dos ativos em carteira. Esse ganho de correlação tende a se intensificar com o acesso a mercados in-ternacionais, garantido pela Instrução CVM 450, em função da possibilidade de diversificação das estratégias. Por tudo isso, o produto multimercado é um dos vários produtos que deve com-por o portfólio padrão do investidor brasileiro, seja um investi-dor institucional, seja um indivíduo de alta renda.

O Ashmore Group, gestor dedicado a mercados emergentes com sede em Londres e uma subsidiária no Brasil, tem 91% de sua base de clientes formada por investidores institucionais. A empresa viu e foi parte do processo de migração de portfólio dos investidores institucionais europeus e americanos. Tais mo-vimentos de migração demoram a acontecer, mas, quebrada a inércia – ou o preconceito -, acontecem rapidamente. Nos anos 70, nenhum Fundo de Pensão americano investia em ações de empresas fora dos EUA. Em 1975, grande parte já investia. Na década de 80, quase não se investia em Investimentos Alterna-tivos. Nos anos 90, diversos fundos já possuíam mais de 50% de seu portfólio nessa classe de investimento.

O Brasil começa a entrar nessa fase de mudanças. Os portfólios precisarão ser repensados. O risco é ser excessivamente con-servador. É preciso buscar alternativas de investimentos. Bons fundos multimercado são, sem dúvida, uma forma de alcançar portfólios eficientes.

Por Tiago Sant’Anna e Eduardo Lopes Ashmore Brasil Gestão de Recursos Ltda.

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O uso do LDI (Liability Driven Investment) aumentou con-sideravelmente entre os Fundos de Pensão dos Estados Unidos, Reino Unido, Holanda e Canadá, segundo uma pesquisa da SEI Institutional Solutions. 54% dos 150 exe-cutivos de Fundos de Pensão privados e públicos consul-tados estão usando uma estratégia de LDI esse ano (2009), um crescimento em relação aos 37%, em 2008, e 20%, em 2007, primeiro ano em que a pesquisa foi realizada. Os pla-nos holandeses são os que mais utilizam a estratégia (94%), comparado com 61%, no ano anterior, e 43%, em 2007.

Nos Estados Unidos, 51% usaram uma estratégia de LDI em 2009, contra 36%, em 2008, e 17%, em 2007. A maioria dos entrevistados acredita que a volatilidade do mercado aumentou o valor do uso das estratégias de LDI. A pesquisa foi realizada em agosto e setembro. 51% dos entrevistados eram executivos dos Fundos de Pensão americanos, 28% eram do Reino Unido, 11% holandeses e 10% canadenses.

(Por Drew Carter, Pensions & Investments, 18 de novembro de 2009)

(Pensions & Investments, 30 de novembro de 2009)

Países vivenciam boom no uso de LDI por planos de previdência

Boeing trilha rumo aos Alternativos

Investidores de Private Equity lutam por princípios mais robustos

A Companhia Boeing, Chicago, planeja analisar Hedge Funds para realizar um investimento na casa de US$ 1,7 bilhão no início de 2010, segundo seu Diretor Financeiro, Andrew War. A análise começará após a definição da estrutura a ser usada pelo plano de benefício definido de US$ 43,6 bilhões, incluindo se serão utilizados Hedge Funds exclusivos ou em conjunto com um grupo de investidores, disse o Sr. Ward.

Além da consultoria geral do Russell Investments, a Boeing contratou a Albourne Partners Ltda. para assessorar o es-tudo e a implementação da estratégia dos Hedge Funds. A ideia é atingir 7% do patrimônio total do fundo, segundo o Sr. Ward. No momento, o plano tem 3% investido nos Hedge Funds. “Temos,hoje, quase exclusivamente, um programa

Cerca de 10 instituições financeiras europeias e asiáticas, entre elas o CDC Group, que investe em Private Equities de mercados emergentes, incluindo a Índia, endossaram a criação da Institutional Limited Partners Association, associação dos investidores de Private Equity, sem fins lucrativos, que representa os interesses do grupo. Ativos no mercado de Private Equity indiano, esses investidores estão apoiando o movimento para utilização de novos princípios nesse mercado. Em um ambiente onde o aces-so ao capital irá decidir o futuro do setor, como possuem

de fundo de fundos. Planejamos complementar a gestão externa dos fundos de fundos com um programa de inves-timento direto em Hedge Funds nos próximos três anos. Se conseguirmos alcançar esse objetivo antes, não ficare-mos desapontados, mas planejamos ser bastante metódi-cos e sistemáticos na implementação”, disse o Sr. Ward.

A Boeing planeja fazer a busca pelos Hedge Funds num “trajeto alternativo”, através de um estudo de ALM que deve terminar no meio do ano. A diretoria também es-pera investir US$ 1,5 bilhão em imóveis nos próximos três a cinco anos. “Hoje temos, aproximadamente, 3,5% da nossa meta de 7%. Obviamente, com os imóveis sendo uma classe de ativos que sofreu nos últimos anos, nos ajudou bastante estar subalocados nela”, ressaltou Ward.

Os executivos também estão considerando investir em commodities, um ativo que seria novo para o fundo. “Com o risco de inflação estando na frente na lista de preocu-pação de alguns agentes, queremos estar certos de pos-suir investimentos que se comportarão favoravelmente num ambiente inflacionário. Faremos nossa revisão para 2010 de forma a lapidar os investimentos, em vez de fazer uma reforma total da atual alocação e da estraté-gia de investimentos da Boeing, adotada em 2006”, con-cluiu. A atual meta de alocação do fundo é ter 45% em renda fixa, 28% em ações globais e 27% em Alternativos.

uma enorme reserva, estão estabelecendo os termos para conduzir as coisas a seu favor.

Lançada em abril de 2009, a ILPA surgiu com um conjunto de melhores práticas que potencialmente poderiam im-pactar a forma de gestão dos fundos de Private Equity. Essas recomendações foram publicadas após discussões entre seus 200 membros e uma extensa pesquisa com in-vestidores ao redor do mundo. A reforma sugere que os gestores devem cobrar taxas de administração modera-

Inte

rnet

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( PREQUIN, 2 de dezembro de 2009)

( VC Circle Prequin, 2 de dezembro de 2009)

das, se ater à política de investimento do fundo, que as taxas obtidas com as transações devem ir para o fundo, não para os gestores, e que as mudanças na tributação que impactem os gestores sejam repassadas aos investi-dores. Os princípios que orientam a associação enfatizam a necessidade de provisões menores de distribuição e de clawback liabilities (um acordo para assegurar que o ges-tor não receba pagamentos baseados na performance, além dos que tenham sido acordados previamente).

As instituições que endossaram os princípios da ILPA foram o CDC Group, o Deutsche Investitions-und Entwick-lungsgesellschaft mbH (DEG), o IFU, a Belgian Investment Company for Developing Countries SA/NV (BIO), o Finn-fund, o Norfund, o Proparco, a Asian Development Bank e o Financierings-Maatschappij voor Ontwikkelingslanden NV (FMO). “Acreditamos que os princípios refletem me-lhores práticas em várias áreas e apoiam o desejo da ILPA de melhorar em longo prazo a indústria de Private

Equity para todos os participantes, particularmente para aqueles que investem em países em desenvolvimento”, de-clararam as instituições financeiras. Tais instituições com-prometeram uma significativa quantidade de capital em fundos de Private Equity que investem em negócios sus-tentáveis no setor privado de países em desenvolvimento.

Os princípios ILPA também apontam para uma maior transparência para os investidores e uma melhor gover-nança do fundo por parte dos gestores, a partir da ava-liação detalhada e disponibilização trimestral de informa-ções financeiras relacionadas às empresas do portfólio aos investidores. Ficaram para trás os dias nos quais os termos e as condições na indústria de Private Equity eram muito favoráveis aos gestores, o período de boom econômico. A indústria de Private Equity, incluindo a da Índia, está caminhando para uma grande reviravolta.

Índia possui 1000 profissionais na indústria de Private Equity

O número pode parecer pequeno, mas a Índia emprega mais profissionais na área de Private Equity do que Honk Kong (900), Suíça (900), China (800), Itália (800) e Suécia (800). A Índia se situa entre os 10 primeiros países em número de profissionais empregados nessa indústria. Existem cerca de mil pessoas trabalhando no mercado indiano, de acordo com um relatório de empregabilidade e compensação publicado pela Preqin, empresa de pesquisa situada em Londres e que acompanha a captação de fundos de Private Equity no mundo.

A Índia chega perto do Japão (1.100) nessa mesma análise. Já os Estados Unidos possui o maior número de profis-sionais da área, com 38.500 pessoas na indústria, segui-dos pelo Reino Unido (7.700), num distante segundo lugar.

Apesar da recessão econômica, o número de empresas ge-renciando ativamente um fundo de Private Equity continu-ou crescendo em 2009, com 412 novas firmas estabelecidas mundialmente entre janeiro e outubro de 2009, levando o total para 4.270, de acordo com o relatório. Quando são in-cluídas empresas de Private Equity que não levantam capital consideravelmente alto, ou aquelas que gerem capital privado ou pessoal, o número sobe para algo em torno de 6.000 em-presas. “Existe ainda um grupo de firmas pequenas que inves-tem somas menores de capital, angariando recursos de fontes privadas, tais como amigos e familiares”, acrescenta o estudo.

Os Estados Unidos se mantêm como o mercado mais desenvolvi-do para o Private Equity e isso se reflete na participação do seu número total de empresas As firmas norte-americanas repre-

sentam 53% do total dos gestores de Private Equity no mundo.

Empresas focadas em venture capital e buyout empregam o maior número de pessoas, sendo que cada um desses setores representa cerca de 30% do total, apesar de o fato de que ati-vos sob gestão das empresas de buyouts representem mais de duas vezes o valor de ativos que as firmas de venture capital geram, sugerindo que as grandes empresas se beneficiam sig-nificativamente de uma economia de escala.

Diante do momento econômico corrente, e seu impacto na rela-ção gestores/ investidores, existe pressão dos investidores para que os gestores reduzam as taxas de administração em novos veículos, possibilitando um aumento do volume investido. Inves-tidores buscam trazer os níveis das taxas para os patamares dos custos reais associados à gestão dos atuais fundos de diferentes tamanhos e tipos.

Analisando a tendência de comportamento das taxas de adminis-tração pelo tamanho do fundo e tempo do mandato, a pesquisa mostrou que as reduções recentes mais significativas nas taxas de administração ocorreram nos maiores fundos de buyout. Em uma de suas conclusões mais interessantes, o relatório afirma que as operações econômicas favoráveis dos maiores fundos estão canalizadas através de remuneração para os empregados, até certa medida. Por exemplo: a média total de remuneração para um gestor das menores firmas de Private Equity da amostra da Preqin ganha US$ 1,4 milhão por ano, enquanto esse valor sobe para US$ 5,1 milhões para os sócios das empresas maiores.

IPERS dobrará seus investimentos em Hedge Funds

O Fundo de Pensão dos funcionários públicos de Indiana (IPERS) está pronto para quase dobrar seus investimentos em Hedge Funds. A fundação está reestruturando seu portfólio global de ações com a meta de aumentar sua exposição a Hedge Funds para 10%. No momento, a IPERS possui 5,4% dos seus ativos

alocados no setor. O fundo, que tem US$ 13,1 bilhões sob gestão, anunciou que irá reduzir a alocação total em ações de 70% para 40% após o resultado de um estudo de ALM, fi-nalizado em 2008 e implementado apenas recentemente.

(FINalternatives, 2 de dezembro de 2009)

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Foco do Benchmark dos Fundos de Pensão deve mudar para os passivos

HOLANDA - Segundo Jan Willem van Stuijvenberg, um dos nove candidatos ao Outstanding Industry Contribution (Contribuição Marcante na Indústria), premiação IPE dos Fundos de Pensão eu-ropeus, um impacto da crise de crédito sobre os Fundos de Pen-são é,hoje, uma das maiores razões da importância da gestão de riscos e um foco na utilização dos regimes dos passivos, como benchmark. Segundo ele, há mais pesquisas referentes ao casa-mento dos passivos na indústria de pensões holandesa, com “muitos já pensando em cobrir uma parte adicional de seus pas-sivos, tão logo as taxas de juro se normalizem um pouco “. Jan destacou que os Fundos de Pensão que tiveram um forte foco na gestão de seus passivos, ao invés de focar em retorno ab-soluto baseado nos benchmarks totais dos fundos, “sofreram uma redução menor em suas taxas de solvência”. Portanto, “o passivo, representado por um benchmark investível, passará a ser o único benchmark para os Fundos de Pensão, o que criará a

estrutura correta de retorno e de risco”, disse Van Stuijvenberg.

Van Stuijvenberg, que dirige a sua própria consultoria de ser-viços financeiros, observou que, ao longo dos últimos anos, houve um “aumento no entendimento da necessidade de ge-renciamento de risco dos ativos versus os passivos e do interesse pela gestão passiva de classes de ativos mais líquidos.” Ele su-geriu que, através de investimentos mais tradicionais em ações e produtos de renda fixa, os Fundos de Pensão estejam se con-centrando em uma gestão menos ativa e mais passiva. Adicio-nalmente, transferem os ativos de risco para classes de ativos alternativos, usando suas parcelas de risco ativo nos investimen-tos menos líquidos, onde a possibilidade de ganho de Alfa é maior: “Este é um bom e interessante desenvolvimento, porque o risco é utilizado de forma mais eficiente, em áreas onde a pos-sibilidade de geração de Alfa é maior”, disse Van Stuijvenberg.

Déficit com pensões foi subestimado por empresas europeias

Mais de 30 grandes empresas europeias subestimaram suas obrigações previdenciárias em mais de 40%, de acordo com uma pesquisa da Alpha Value. A organização afirma que os dé-ficits previdenciários foram subestimados em cerca de 300 bilhões entre as 430 empresas europeias pesquisadas, já que seus empregadores minimizaram futuros aumentos salariais e maximizaram as taxas de juros. A análise, baseada nos cál-culos dos pagamentos previdenciários de cada empresa em seus relatórios anuais de 2008, revelou que estimativas con-vencionais dos déficits previdenciários das 430 companhias cresceram 22%, chegando a 280 bilhões. Mas a Alpha Value afirma que existem 300 bilhões adicionais que passaram des-percebidos, principalmente pelo uso de altas taxas de juros.

A consultoria notou que em 2008 a taxa de inflação média caiu de 3,7% para 3,6%, enquanto a taxa de desconto média aumentou de 5,38% para 5,57%. A Alpha Value argumentou que, embora o aumento de 0,3bp no spread possa parecer insignificante, “na realidade, não é, quando aplicado a 1,1 tri-lhão em passivo. Uma estimativa grosseira indica que essa dife-rença no spread em 2008 economizou para as companhias europeias cerca de 51 bilhões em provisionamento extra”.

A Alpha Value sugere que existem em termos percentuais 31 empresas europeias com obrigações subestimadas em 40% ou mais. Em valores absolutos, as maiores obrigações previden-ciárias subestimadas incluem alguns bancos do Reino Unido, sendo que o Lloyds Banking Group é o primeiro da lista, com um valor de 14,2 bilhões.

Pierre-Yves Gauthier, director da AlphaValue, afirma que “mais de um terço das obrigações de 2008 – algo em torno de 1,1 trilhão – são devidos às companhias do Reino Unido, onde atuam as em-presas com os mais elevados comprometimentos de benefícios definidos. O grosso do déficit previdenciário “não provisionado” também é das empresas inglesas, especialmente os bancos, que usam taxas de desconto levemente mais altas quando compara-das às outras empresas da análise. Gauthier alerta também que as condições desfavoráveis de mercado tornam ainda mais im-portante que “a consistência seja encontrada pelas empresas eu-ropeias, particularmente no uso de taxas de desconto coerentes”.

(IPE.com, 16 de novembro de 2009)

Lloyds Banking GrpRBS

British AirwaysSiemensBarclays

Royal Dutch ShellHSBC

GlaxosmithklineBT Group

INGElectricité de France

18,37532,65315,06822,65418,22137,11916,95514,45739,21214,21916,939

32,61745,96625,58032,74227,92845,95825,20222,44346,98621,78723,002

Subestimação

14,24213,31210,51210,0889,7078,8388,2477,9867,7747,5686,063

Obrigações 2008

ObrigaçõesRecalculadas

Todas as informações fornecidas pela Alpha Value estão em milhares de euros

(IPE.com, 18 de novembro de 2009)

CalPERS perde US$ 1 bilhão em compras às cegas

O nível de confiança, ou ingenuidade, no novo mundo da alta finança mundial antes da crise é duramente revelado em uma ação movida pelo Fundo de Pensão dos Professores da Califórnia (CalPERS), o maior dos Estados Unidos, contra três agências clas-

sificadoras de risco de crédito.

O CalPERS alega que, quando comprou US$ 1,3 bilhão em títulos especiais vendidos apenas aos grandes investi-

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Em dia

( Ed Mendel, Calpers on line, 25 de novembro de 200 9)

(Drew Carter, Pensions & Investments, 7 de dezembro de 2009)

Relatório recomenda fusão entre quatros Fundos de Pensão suecos

Os quatro Fundos de Pensão suecos AP2, Goteborg e AP1, AP3 e AP4, todos de Estocolmo, devem se fundir para cor-tar custos e melhorar a rentabilidade, de acordo com um relatório do ESO, comissão do Ministério de Finanças do país.

Com a fusão, os fundos, que possuem ativos no valor de US$ 107 bilhões, poderiam reduzir seus custos anuais em cer-ca de US$ 50 milhões além de aumentar o retorno em US$ 107 milhões, segundo Malin Björkmo, autor do relatório.

O documento também recomenda alterações às restrições de investimentos, tais como o relaxamento da limitação de 5% para investimentos em capital privado e a abertura para investi-mentos em commodities. “O fato de os investimentos em renda fixa precisarem representar 30% do total da carteira também pode ser uma restrição ineficiente”, de acordo com o relatório.

Fundos de Pensão devem priorizar a reavaliação das suas estratégias de alocação

Consultores afirmam que a crise econômica fez com que os con-selhos dos Fundos de Pensão tomassem maior consciência dos riscos do mercado. A crise também trouxe um novo foco no plane-jamento para o momento em que os mercados se recuperem, obrigando os dirigentes a repensarem suas estratégias de alocação.

John Finch, diretor de divisão da HSBC Actuaries and Consul-tants, afirmou que, durante a turbulência que os mercados atravessaram em 2008, não foi o momento para agir. Mas, cer-tamente, deveria se estar olhando para ações a serem tomadas em determinados segmentos do mercado, de forma a evitar que alguns dos choques sofridos voltem a acontecer. É um pouco como planejar uma viagem, definindo quando tomar certas me-didas, quais são os objetivos e como implementá-los”, afirmou. John ressaltou ainda que há várias decisões a serem tomadas pelo Conselho de um Fundo de Pensão, e que a diversificação é apenas uma parte do trabalho. Contudo, observou que “uma vez que as correlações aumentaram, uma das formas tradicio-nais de se buscar diversificação não funcionou durante a crise”.

Finch, um dos nove candidatos ao Outstanding Industry Contribu-tion (Contribuição Marcante na Indústria) na premiação IPE dos Fundos de Pensão europeus, argumentou que “a alocação estáti-ca não tem funcionado, sobretudo na área dos Alternativos, não entregando os benefícios esperados.” Ele sugeriu que “ao invés de alocar um determinado volume em todas as classes de Ativos, um gestor pode assumir a atribuição de todo o portfólio de Alternati-vos e ações, de tal forma que esse gestor cubra todo o portfólio”.

Finch afirmou que “os consultores não são hábeis para este tipo de alocação, e certamente os painéis utilizados pelos conselhos dos Fundos de Pensão não são muito bons para essa finalidade. Então, ao invés de contratar uma meia dúzia de gestores, deveria

contratar alguém para administrar o dia-a-dia do mix, permitindo-lhe fazer movimentos mais rapidamente e, em alguns casos, até mesmo buscar liquidez. Segundo ele, “estruturas complexas de gestão são boas para os consultores, mas não necessariamente para os clientes”, complementando que há uma necessidade de se definir melhor o papel dos gestores. “A redução do número desses profissionais também diminui a carga de trabalho de governança sobre o conselho e os dirigentes dos Fundos de Pensão”, ressalta.

Duas opções possíveis que os administradores poderiam con-siderar, segundo Finch, são a nomeação de um gestor para fazer a alocação em todo os cenários do mix, ou a utilização de um completion fund (fundos utilizados para neutralizar al-gumas exposições a risco): “A questão é como obter a diversi-ficação sem contratar um conjunto enorme de gestores. Pre-cisamos olhar como todas as peças se encaixam”, finalizou.

dores, como Fundos de Pensão, tudo o que sabia sobre os complexos instrumentos financeiros é que eles tiveram os melhores ratings da Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch.

O CalPERS, que pode ter perdido US$ 1 bilhão no negócio, soube, tardiamente, que havia hipotecas subprime e outros ativos de risco nos Veículos de Investimento Estruturado (VIEs) comprados em 2006 de três Hedge Funds, dois deles com sede em Londres. Um segundo processo contra as três agên-cias de rating foi apresentado em nome de vários Fundos de Pensão públicos de Ohio, que perderam US$ 457 milhões.

As composições exatas dos títulos foram tratadas como

confidenciais para que ninguém, mesmo os investidores, pudesse ser capaz de copiar. O CalPERS, justificadamente, baseou-se nos ratings ‘AAA’ que persistiram em 2007 e 2008, mesmo com alarme sobre hipotecas subprime.

De acordo com um ex-consultor da Standard & Poor’s, os “VIEs” se tornaram nada mais do que um mecanismo pelo qual os bancos de investimento poderiam mover sua ex-posição a ativos de risco para fora de seus balanços, segundo o processo legal movido pelo CalPERS. Na opinião da con-sultoria, os “VIEs” foram o fim da estrada para esses ativos.

(IPE.com, 17 de novembro de 2009)

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Informativo da Itajubá Investimentos – Editado pela Monte Castelo IdéiasJornalista Responsável: Gisele Macedo

Supervisor Editorial: Diego Maia