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um caminho de possibilidades e desafios INFORMÁTICA NA

Informatica na Educação

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Discussão de diversos assuntos relativos ao uso da informatica na educação.

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  • um caminho de possibilidades e desafios

    I N F O R M T I C A N A

  • Ministrio da EducaoMinistro da Educao Fernando Haddad

    Ifes - Instituto Federal do Esprito SantoReitorDenio Rebello ArantesPr-Reitora de EnsinoCristiane Tenan Schlittler dos SantosDiretor Geral - Campus SerraAdemar Manoel Stange

    Centro de Educao a DistnciaDiretora do CEAD Yvina Pavan Baldo

    UAB - Universidade Aberta do BrasilCoordenadoresJos Mario Costa JuniorMarize Lyra Silva Passos

  • Editora IfesSerra, 2010

    um caminho de possibilidades e desafios

    Isaura Alcina Martins NobreVanessa Battestin Nunes

    Tnia Barbosa Salles GavaRutinelli da Penha FveroLydia Mrcia Braga Bazet

    Organizadores

    I N F O R M T I C A N A

  • SUMRIO

    2011 Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Esprito Santo.

    proibida a reproduo, mesmo que parcial, por qualquer meio, sem autorizao escrita dos autores e do detentor dos direitos autorais.

    Instituto Federal de Educao Cincia e Tecnologia do Esprito Santo / Centro de Educao DistnciaAv. Rio Branco, n 50 - Santa Lcia - Vitria - ES CEP: 29056-255 telefone: (27) 3227-5564

    Produo de Materiais - CEAD/Ifes

    Capa Thiago Fagner Gonalves dos Santos

    Projeto grfico Andria Cristina Carvalho da Silva

    Editorao eletrnicaGrfica Editora Ftima

    Reviso de originais Regina Clia Freitas e Silva

    Dados Internacionais de Catalogao-na-publicao (CIP)(Biblioteca do Campus Cariacica do Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Esprito Santo)

    I434 Informtica na educao: um caminho de possibilidades e desafios. / organizadores, Isaura Alcina Martins Nobre... [et al]. - Serra, ES : Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Esprito Santo, 2011. 256 f. ISBN: 978856293408-7

    1. Educao - Informtica 2. Ensino-Aprendizagem - Tecnologia. I. Nobre, Isaura Alcina Martins II. Nunes, Vanessa Battestin. III. Gava, Tnia Barbosa Salles. IV. Fvero, Rutinelli da Penha. V. Bazet, Lydia Mrcia Braga. VI. Ttulo.

    CDD: 371.3944

  • SUMRIOPREFCIO 7

    APRESENTAO 11

    1 | Uso do computador na educao: desafios tecnolgicos e pedaggicos 15

    2 | A importncia do uso de recursos computacionais na educao do sculo xxi 41

    3 | Aprendizagem e docncia digital 67

    4 | Produo de material digital como diferencial no processo de ensino-aprendizagem 85

    5 | Aplicaes de mapas conceituais na educao 103

    6 | Software educativo e objetos de aprendizagem 127

    7 | Os projetos de aprendizagem e as tics 161

    8 | Acessibilidade e informtica na escola inclusiva 187

    9 | As comunidades virtuais de aprendizagem como espao de formao docente 207

    10 | Informtica na gesto escolar 229

  • 7Prefcio

    A ideia de usar a informtica para favorecer os processos educacionais, ainda que no seja novidade, continua a encantar e desafiar a mente dos professores em geral e dos pesquisadores das reas da Informtica, da Psicologia, da Educao e de maneira mais enftica da Informtica Aplicada Educao.

    A cada nova gerao de computadores ou de suas tecnologias; novas perspectivas se revelam. Isso sempre motivo para novas investigaes, novos experimentos que por sua vez originam novas formas de uso e sistemas computacionais ligados s prticas educacionais. A divulgao dessas inovaes fundamental para ampliar as discusses e para facilitar o acesso dos novos interessados e alimentar a formao continuada. por isso que recebemos com grande entusiasmo a produo desse novo livro sobre a temtica, que fruto do empenho de uma equipe de professores do IFES, envolvidos no desenvolvimento de um curso de especializao em Informtica na Educao.

    A chegada desse livro vem em boa hora, justo no momento em que vivenciamos dois grandes projetos nacionais que se apiam no uso intensivo do computador e das redes de comunicao. A formao de professores mediada pela Internet, liderado pela Universidade Aberta do Brasil (UAB) e o Projeto Um Computador por Aluno (UCA), no qual se busca usar o computador nas escolas pblicas, de forma intensiva nas prticas escolares. Junte-se a isso a chegada ao mercado de uma nova gerao de computadores, os tablets, que ao

  • 8facilitarem o uso do computador, atraem novos adeptos, quebrando assim inmeras restries quanto ao seu uso na escola. Embora a produo de textos didticos seja bem-vinda a qualquer instante, principalmente nesses momentos que se mostra mais importante o aporte de novos textos que ampliam e aprofundam a discusso sobre o uso do computador na escola e que, alm disso, traz contribuies para a formao dos professores interessados na incorporao da informtica em suas prticas pedaggicas.

    O advento das novas tecnologias digitais nas atividades intelectuais, notadamente na aprendizagem, no podem se restringir, to somente, ao apoio das abordagens pedaggicas consolidadas, mas espera-se que estas contribuam para inovaes, para a quebra de barreiras, que ajudem a romper com prticas superadas, cujo uso se mantenha pelas deficincias das ferra-mentas atuais, e ajudem-nos a conceber e trilhar novos caminhos.

    Tem-se hoje consolidada, ainda que paire algumas resistncias e equvocos, a concepo de que a aprendizagem um processo de construo do conhecimento pelo indivduo, que para tanto necessita da interao com os objetos e com outros indivduos. Precisamos, pois de sistemas computacionais (mquinas e programas) e de propostas pedaggicas mediadas pelas tecnologias (Arquiteturas Pedaggicas) que facilitem as interaes, a melhoria das percepes, a aproximao dos sujeitos e desses com os objetos.

    Os textos apresentados nesse livro tratam de vrios aspectos dessa temtica, desde as questes pedaggicas, passando por ambientes computacionais especficos para apoio interao, at as tecnologias que facilitem os processos de incluso. Dessa forma, constituem-se em um material bibliogrfico, que por certo trar excelentes contribuies para os interessados no uso

  • 9da informtica na educao, sejam eles professores ou estudantes. Convido os leitores a explorarem e ques-tionarem os diversos captulos e que assim possam criar ou aprofundar suas concepes sobre as possibilidades de melhorias dos processos educacionais, a partir do uso dessas ferramentas como suporte autoria, cooperao e incluso, em busca da formao de cidados autnomos.

    Prof. Dr. Credin Silva de Menezes

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  • 11

    APRESENTAO

    Esse livro nasceu do empenho de um grupo de professores com formao na rea de tecnologia e interesse na rea de educao, e outros com formao em educao e envoltos na rea tecnolgica. Todos tinham algo em comum, acreditavam no potencial do uso da tecnologia a favor do processo de ensino-aprendizagem.

    Consideramos hoje, que a informtica e suas apli-caes no dia a dia se fazem no apenas necessrias, mas imprescindveis. Vivemos em uma sociedade atrelada tecnologia e no h caminho de volta. A tecnologia est em toda parte, por meio de uma srie de recursos e possibilidades para, dentre tantas outras coisas, permitir a execuo mais rpida de tarefas; dar acesso s mais diversas fontes de informaes; facilitar comunicao, independente de onde e quando se esteja, especialmente, pela Internet.

    Enfim, estamos cada vez mais imersos nessa so-ciedade, em que somos nodos de uma grande rede de usurios e recursos interconectados. Por meio das Tecnologias de Informao e Comunicao, novas relaes tm sido estabelecidas nessa sociedade. Novas concepes polticas, econmicas e culturais tm sido geradas pela interligao, dessa disseminao de informaes, desse acesso possvel, dessa globalizao estabelecida.

    Diante desse quadro, dessa denominada sociedade do conhecimento, vemos a informtica, por meio do desenvolvimento de softwares especficos, sendo aplicada a diversas reas como: gesto de servios, comrcio,

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    automao industrial, medicina, educao entre outras. Porm, assim como vemos o bom uso da tecno-

    logia em tantos setores, vemos tambm escolas com laboratrios de informtica mal utilizados; professores total ou parcialmente desconectados desse universo tecnolgico; equipes administrativas das escolas ainda realizando grande parte das suas atividades, manualmente, com o uso de caneta e papel. Percebemos que h falta de conhecimento tecnolgico, retrabalho, falta de produtividade e de oportunidade para novos aprendizados pelo uso das tecnologias. Identificamos, assim, uma rea que precisa, ainda, ser muito explorada, apreendida e vivida, especialmente, considerando o perfil dos alunos de hoje, imersos em um universo de computadores, notebooks, celulares, videogames, leitores digitais, aparelhos de mp3, mp4, mp* (onde * um nmero que no sabemos qual ser, quando voc ler esse livro) entre outros. E alunos esses que so, ainda, altamente conectados por meio das comunidades virtuais, blogs, fruns, salas de bate-papo e das diversas redes sociais.

    E nesse cenrio que esse grupo de professores autores, preocupados em buscar conhecimento e refletir sobre o mesmo, elaborou textos que tambm levem o leitor a refletir sobre essa sociedade na qual est inserido; na importncia da tecnologia nessa sociedade e, principalmente, no papel primordial a ser desempenhado pela educao.

    Esse grupo de professores se reuniu a partir do processo de planejamento, elaborao e conduo de um curso de Ps-Graduao Lato Sensu em Informtica na Educao, na modalidade a distncia, ofertado pelo Centro de Educao a Distncia (CEAD), do Instituto Federal do Esprito Santo (Ifes), por meio do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). Curso este que tem como principal objetivo capacitar professores a

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    explorar o uso potencial da tecnologia na educao, em sua prtica docente.

    Toda a equipe foi capacitada para atuar com a Educao a Distncia (EaD), pelos cursos ofertados pelo prprio CEAD/Ifes. O fato de o curso ser ofertado nessa modalidade, tambm reforou a reflexo sobre a prtica por parte de todos da equipe quanto ao uso da tecnologia na educao. Tecnologia sem a qual o curso no seria ofertado a um nmero to grande de alunos dispersos geograficamente, mas com grande nvel de interao, favorecendo a mediao da aprendizagem.

    Na primeira edio do curso, uma das atividades da equipe foi a produo de artigos reflexivos que objetivavam levar o aluno a refletir sobre a temtica das disciplinas e a formao de professores para o uso da informtica na educao. Afinal, de nada adiantaria dispor de uma srie de conhecimentos relativos tecnologia se no houvesse um claro entendimento de onde esse conhecimento seria utilizado, de quais problemas educacionais ele ajudaria a resolver.

    Os artigos tambm tm o propsito de apresentar conceitos, considerados at mesmo bsicos, tanto tecnolgicos como pedaggicos, para o leitor que no possua conhecimento em uma das duas grandes reas - educao e/ou informtica.

    Esse livro surge a partir de uma reviso desses artigos, agora mais contextualizados a partir da experincia na conduo do curso. Porm, nossa proposta no est em extinguir o assunto. Pelo contrrio, est em fazer com que o leitor se coloque como um ator reflexivo dentro da sociedade quer enquanto aluno, professor ou at mesmo profissional da rea. Que se coloque como observador curioso, capaz de quebrar paradigmas, de conciliar diversidades e de questionar.

    Buscamos por meio desse convidar o leitor a dialogar conosco sobre essas temticas.

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    Aproveitamos o espao para, tambm, agradecer a essa maravilhosa equipe, que se empenhou muito durante todo o curso, e sem a qual esse livro no teria se tornado realidade. Agradecemos aos tutores presenciais e a distncia, aos orientadores de TCC, aos coordenadores dos polos de apoio presencial, s equipes do CEAD, sempre disposio para ajudar e, especialmente, aos professores, autores desse livro, e equipe de coordenao:

    Isaura Alcina Martins Nobre: Coordenadora do curso Vanessa Battestin Nunes: Coordenadora de tutoria Lydia Mrcia Braga Bazet: Apoio Acadmico Tnia Barbosa Salles Gava: Designer instrucional Rutinelli da Penha Fvero: Coordenadora de TCC Roque Gonalves: Secretrio

    Agradecemos, tambm, Jussara Martins Albernaz, nossa querida orientadora de doutorado, que nos proporcionou diversos momentos de reflexo a respeito desse e de outros temas, e que foram fundamentais para um maior embasamento terico para a conduo do curso e elaborao desse livro.

    Isaura Alcina Martins NobreVanessa Battestin Nunes

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    1 | Uso do computador na educao: desafios tecnolgicos e pedaggicos

    Wagner Kirmse Caldas Isaura Alcina Martins Nobre

    Tnia Barbosa Salles Gava

    O mundo moderno vive uma rpida evoluo influenciada pelas descobertas cientficas que esto sendo feitas a cada dia e em um intervalo menor de tempo. A Educao tambm tem evoludo, principalmente com a utilizao adequada das Tecnologias da Comunicao e Informao (TIC) que viabilizam formas alternativas de aprendizagem, quebrando assim, o paradigma vigente. O uso das novas tecnologias, tambm, permite mudanas importantes, viabilizando aes que antes eram de difcil realizao, inviveis ou at mesmo inimaginveis, quebrando barreiras associadas ao tempo, espao, paradigmas organizacionais e hbitos de comunicao (LUCENA; FUKS, 2000).

    Percebemos, tambm, que em qualquer rea do conhecimento, em especial na Educao, leva-se um tempo para a apropriao e a adequao das tecnologias disponveis, que criam um novo e amplo espao de possibilidades.

    Ao longo da histria temos nos apropriado de algumas dessas tecnologias e inventado diversas outras, com o intuito de melhorar o pro-cesso de ensino-aprendizagem, como por exemplo: a linguagem escrita, o livro etc. (LVY, 1993). Em vrios momentos dessa Histria ocorrem revolues e novas descobertas que provocaram mudanas. o caso da Revoluo Industrial, que trouxe a produo em massa e, tambm, algumas invenes dos sculos XIX e XX, proporcionando, entre outros, grandes ganhos de velocidade e de escala. Atualmente, vivenciamos outro tipo de Revoluo: a Revoluo da Tecnologia da Informao.

    A chamada Sociedade da Informao, tambm, a Sociedade do Conhecimento e da Aprendizagem. Lidamos hoje, com um mundo alta-mente globalizado e dependente da tecnologia. Segundo Alarco:

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    Esta era comeou por se chamar a sociedade da informao, mas rapidamente se passou a chamar sociedade da informao e do conhecimento a que, mais recentemente, se acrescentou a designao de sociedade da aprendizagem. Reconheceu-se que no h conhecimento sem aprendizagem. E que a informao, sendo uma condio necessria para o conhecimento, no condio suficiente (2008).

    Nessa sociedade do conhecimento e da aprendizagem professores, alunos e a prpria escola assumem novos papeis. nesse contexto que pen-samos na atuao do profissional/professor, que atue direta ou indiretamente com a informtica na Educao.

    Em especial, faz-se necessrio refletir sobre a prtica docente existente nas escolas, quanto ao uso da tecnologia. Ficam alguns questionamentos: Como se situa o professor diante de todo o aparato tecnolgico implantado na maioria das escolas? Quais so suas demandas, suas necessidades e seus desafios tecnolgicos e pedaggicos quanto ao uso desses recursos?

    nesse contexto que esse captulo se insere, buscando, antes de tudo, apresentar a importncia de se entender melhor o funcionamento de um computador, a interligao entre os mesmos e os desafios inerentes ao seu uso potencial na educao.

    1.1 CONHECENDO MELHOR ESSA MQUINA CHAMADA COMPUTADOR

    1.1.1 Da Pascalina ao computador pessoal

    Desde que o homem se entende por ser social, precisou de formas que o auxiliassem no processo de matematizar as coisas. Os nmeros, conforme os conhecemos, so chamados de dgitos, originados do grego digitus, que significa dedo. Isso porque o homem contava nos dedos.

    Conta a histria que nos primrdios os pastores, para contar seu rebanho, o faziam colocando pedrinhas em um saco, durante o dia. Ao final do mesmo, contavam as pedras para conferir as cabeas do rebanho.

    Caldas, Wagner K. Nobre, Isaura Alcina M.Gava, Tnia Barbosa S.

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    Da, segundo os historiadores, surge a palavra clculo, que vem de calculus (pedra).

    E assim, pela histria, tivemos homens que desenvolveram formas melhores de calcular e de contar. Em 1642, Blaise Pascal desenvolveu a pascalina (La pascaline), com a qual, originalmente, ele pretendia efetuar as quatro operaes bsicas: adio, subtrao, multiplicao e diviso. Entretanto, a pascalina ficou limitada adio e subtrao.

    E aps 30 anos a pascalina, Gottfried Wilhelm Leibniz desenvolveu um dispositivo composto por um carreto com 10 dentes - um mais comprido que o outro - o qual calculava, automaticamente, a multiplicao e a diviso.

    Charles Babbage, em 1822, traz ao mundo sua mquina diferencial, a qual efetuava clculos com polinmios. Graas a essa mquina, Babbage ficou conhecido como o pai do computador. Em 1837, ele descreveu o que seria um computador mecnico moderno, a mquina analtica, a qual considerada um marco na histria da computao, na qual trabalhou at sua morte em 1871, sem jamais t-la concludo.

    S entre 1951 e 1959 que surgiram os computadores de primeira gerao, os quais eram muito grandes e muito lentos, com clculos na velocidade de milissegundos e programados em linguagem de mquina. Seu personagem mais conhecido o computador ENIAC, o qual utilizava vlvulas.

    As vlvulas foram ento substitudas por transistores entre 1959 e 1965, o que marca o incio da segunda gerao. Os computadores passam a calcular em microssegundos (milionsimos) e eram programados em linguagem montadora.

    De 1965 a 1975 temos a terceira gerao, na qual os transistores foram trocados por circuitos integrados e outros componentes eletrnicos foram miniaturizados e colocados num nico CHIP. Esses computadores calculavam na ordem de nanossegundos (bilionsimos). Nessa gerao surge a linguagem de alto nvel, orientada para os procedimentos.

    Entre 1975 e 1981 surge a quarta gerao. Seguindo a tendncia da terceira gerao de miniaturizao dos seus componentes e o aperfeioamento dos seus Circuitos Integrados (CI). As linguagens utilizadas nessa gerao eram de altssimo nvel, orientada para um problema.

    A quinta gerao surge a partir de 1991, com o princpio da Ultra Large Scale of Integration (ULSI) e marcada pelo Processamento Paralelo e Robtica.

    Uso do computador na educao: desafios tecnolgicos e pedaggicos

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    Nossos computadores atuais devem seu formato concepo de Von Neumann (1903-1957), que entendia a estrutura dos processadores a partir dos seguintes componentes: (i) uma memria, (ii) uma unidade aritmtica e lgica (ALU), (iii) uma unidade central de processamento (CPU), composta por diversos registradores e (iv) uma Unidade de Controle (CU). Os computadores modernos, ainda, partem desse esquema.

    1.1.2 Computadores atuais

    Hoje, os computadores existem em vrios formatos e apresentaes. Temos os modelos desktop, que so aqueles de mesa, com gabinete maior e monitor avulso. J os notebooks esto na categoria dos portteis, ideais para acompanhar o usurio onde ele for, e possuem capacidade de processamento equivalente aos desktops.

    Pensando nas pessoas que no precisam de tanto poder surgiram os netbooks, similares a notebooks, mas com capacidade reduzida, ideal para quem quer utiliz-los apenas para pacotes de escritrio (editor de texto, planilha etc) e para navegar na internet.

    Mas a reduo, ainda, no acabou; hoje vivemos a invaso dos tablets, computadores de processamento inferior ou similar aos netbooks, mas com capacidade de armazenamento muito abaixo, porm, ideais para navegao na internet e leitura de textos. Assemelham-se apenas tela de um netbook, onde encontramos verses de at 10 polegadas.

    Para finalizar, temos a presena dos smartphones, que so aparelhos de celular com capacidade de processamento a partir de seu sistema operacional, o qual lhe possibilita a execuo de aplicativos: texto, planilhas e navegao na internet.

    1.1.3 Especificao dos computadores

    Num sistema computacional coexistem diversos elementos de ordem fsica ou de ordem lgica. Vamos pontuar dois desses grandes grupos de elementos: o Hardware e o Software.

    O Hardware a parte fsica de um sistema computacional, ou seja, os equipamentos e perifricos, como: monitor, teclado, mouse, impressora, scanner etc.

    Caldas, Wagner K. Nobre, Isaura Alcina M.Gava, Tnia Barbosa S.

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    J o Software a parte lgica, aquilo que no ocupa lugar no espao fsico, apenas ocupa lugar em meios eletrnicos de armazenamento; nesse grupo encontramos os programas de computador: editores de texto, navegadores de internet, jogos etc.

    importante que conheamos as especificaes de computadores. O mercado oferece diversas alternativas e nem sempre sabemos qual escolher.

    Algumas informaes so importantes, mas infelizmente, no temos espao para nos aprofundar demais; assim gostaramos de trazer alguns elementos nos quais voc deve manter a ateno na hora de identificar um computador do tipo desktop (computador de mesa).

    Em primeiro lugar, temos o processador; ele considerado o crebro do computador e ele quem executa todas as funes de processamento demandadas pelos programas. Existem vrios modelos atuais de processador; segue a relao em grau crescente de desempenho: Pentium D, Core Duo, Dual Core, Core 2 Duo, Core 2 Quad, i3, i5, i7. Assim, seguindo essa linha, temos que o Pentium D o mais fraco e o i7 o mais forte dos processadores. O Dual Core se aproxima muito do Core 2 Duo em arquitetura, porm perde para o segundo em rendimento, especialmente, em notebooks, por isso aparece atrs.

    Outro fator consistente a memria RAM. nela que os programas e dados so armazenados, temporariamente, enquanto esto em execuo. Isso nos remete a imaginar que quanto mais memria RAM: melhor. De fato, de modo simplista assim mesmo que pensamos. Atualmente, os computadores so ofertados com 2GB de memria RAM, mas, encontramos opes com 3GB, 4GB e at 6 GB. Para quem usa o computador como ferramenta de trabalho, 2GB so suficientes; agora, se o seu negcio so jogos de computador ou ferramentas grficas, pense em uma configurao mais robusta.

    A escolha do Disco Rgido (HD) igualmente importante. nesse dispositivo que todos os seus programas e dados ficam armazenados logicamente e permanentemente (at que sejam apagados), estando em execuo ou no. Ou seja, quando voc salvar aquele texto, apresentao ou planilha em seus respectivos editores, nesse componente que ele ser gravado (desconsiderando, claro, que voc esteja salvando em mdias removveis como pendrive ou DVD). A quantidade de armazenamento a ser requerida, ento deve ser bem pensada. Pessoas que gostam de jogos

    Uso do computador na educao: desafios tecnolgicos e pedaggicos

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    eletrnicos, vdeos, filmes e udio, precisam de muito espao. J aqueles que s querem fazer seus textos, apresentaes, planilhas e navegar na internet no precisam de tanto assim. Atualmente, os computadores vm sendo vendidos com HDs de 320 GB, um espao considervel para quem s quer o bsico. Para os mais exigentes, bom pensar em configuraes a partir de 500GB.

    Apesar de termos focado nos computadores de mesa, essas dicas tambm so aplicadas aos notebooks. J os netbooks so mini mesmo, em todos os sentidos, passando por processador, memria e HD e isso, sem contar que esse tipo de equipamento no dispe de drive de DVD. Encontramos verses que oferecem 512MB de RAM e 160GB de HD. Considerando a poca da escrita desse texto, recomendamos que sejam observadas configuraes que contemplem o Processador Intel Atom do N450 em diante, por oferecer suporte Sistemas Operacionais de 64bits. Com relao memria e HD, permanecem as dicas que demos para desktops.

    Na Tabela 1 temos os vrios tipos de equipamentos e as faixas de capacidade encontradas no mercado at a data deste texto.

    Tipo de Equipamento Capacidade do Processador Memria

    RAM Capacidade de

    Armazenamento

    Desktop 3.46 GHz 4 a 6 GB 320 GB a 1 TB

    Notebook 3.46 GHz 4 a 6 GB 320 GB a 1 TB

    Netbook 1.66 GHz 2 GB 320 GB

    Tablet 1.5 GHz 2 GB 64 GB

    Smartphone 1.2 GHz 768 MB 12 GB

    Fonte: Dados extrados das ofertas top de linha do mercado na poca de escrita desse artigo.

    1.1.4 Tipos de software

    Os softwares que do sentido a um computador; possvel dizer que um computador sem software como um grande peso de papel morto sobre a mesa.

    Caldas, Wagner K. Nobre, Isaura Alcina M.Gava, Tnia Barbosa S.

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    Existem vrias categorias de software. No entanto, vamos nos ater a trs delas: Sistemas Operacionais, Linguagem de Programao e Software Aplicativo.

    O Sistema Operacional

    Esse, efetivamente, o software que faz o computador funcionar. Aps a carga eltrica que faz com que os componentes eletrnicos interajam entre si, chega um momento em que a mquina ser preparada para a utilizao do usurio. nesse ponto que entra o Sistema Operacional (SO), quando, aps as checagens iniciais, ele torna seus componentes eletrnicos acessveis e nesse ponto que o SO comea a ser executado.

    Caso seu computador no possua um sistema operacional, ele vai parar na mensagem DISCO SEM SISTEMA OU INVLIDO, o que pode significar que seu computador realmente no tem SO, ou que o disco rgido est danificado, ou que pela sequncia de boot (processo de ligar o computador) um dos carregadores est com uma mdia no compatvel com o Sistema Operacional (Ex: se o DVD for o boot primrio e nele estiver inserido um disco de filme)

    Existem vrios Sistemas Operacionais no mercado. O mais famoso o Windows, seguido por um vasto oferecimento de verses Linux. H, tambm, o Mac OS; dedicado famlia Mac.

    Falando do sistema mais conhecido atualmente, temos vrias verses de Windows: o XP, o Vista e o 7 (seven). Os Sistemas Operacionais podem ser de 32 ou 64 bits, porm para executar sistemas de 64 bits necessrio que o processador, tambm, seja de 64 bits. O que ocorre que, para acompanhar a evoluo dos processadores foram lanados os Sistemas Operacionais de 64 bits, os quais conseguem usufruir ao mximo o desempenho do processador. Os sistemas de 32 bits, tambm, rodam em processadores de 64 bits, porm no conseguem utilizar a capacidade total dos mesmos.

    Os Sistemas Operacionais so livres ou proprietrios. Os proprietrios so aqueles onde preciso adquirir a licena de uso, normalmente paga, como o caso do Windows e do Mac OS. Os livres, por sua vez, so gratuitos em sua essncia, na maioria das vezes. Como o caso do Linux, o qual possvel baixar livremente e distribuir licenas diretamente da internet.

    Uso do computador na educao: desafios tecnolgicos e pedaggicos

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    Linguagem de Programao

    Os programas de computador so cdigos de instruo nos quais mandamos que o computador execute determinadas tarefas. Ora, para que possamos dar essas ordens ao computador necessrio que o faamos em uma linguagem compreensvel pelo computador: o cdigo de mquina, que so os conjuntos de instrues que o processador consegue executar, os quais so representados por sequncias de bits (representada por uma sequncia de 0s e 1s).

    Dificilmente, um ser humano escreveria diretamente em cdigo de mquina, por isso existem as linguagens de programao. A forma de escrita delas se aproxima da nossa (principalmente do ingls), possibilitando que escrevamos em cdigos inteligveis. Esses cdigos, por sua vez, sero convertidos/traduzidos em cdigo de mquina por meio da compilao/interpretao. Ou seja, escrevemos em uma linguagem de alto nvel (existem linguagens de baixo e mdio nvel) e o compilador converte nossa escrita para uma linguagem que o computador possa entender.

    S para exemplificar, o cdigo abaixo,

    #include int main(){ printf(Ola Mundo);}escrito na linguagem C, gerou um cdigo de 979 linhas, das quais

    extramos essas 5:0E1F BA0E 00B4 09CD 21B8 014C CD21 54686973 2070 726F 6772 616D 2063 616E 6E6F7420 6265 2072 756E 2069 6E20 444F 53206D6F 6465 2E0D 0D0A 2400 0000 000 000005045 0000 4C01 0500 F41B B84D 0016 0000

    No tem como entendermos nada, certo? Isso porque o cdigo em linguagem de mquina est sendo exibido em hexadecimal1.

    1 Sistema de numerao posicional que representa os nmeros em base 16, empregando 16 smbolos: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A, B, C, D, E, F.

    Caldas, Wagner K. Nobre, Isaura Alcina M.Gava, Tnia Barbosa S.

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    Como linguagens de programao, podemos citar: C, C++, Python, PHP, C#, Visual Basic, Pascal, Assembly entre outras.

    Software Aplicativo

    So programas de computador que buscam resolver problemas e auxiliar na execuo de tarefas do cotidiano, presentes na escola, em casa e no trabalho (escritrio, empresa, indstria etc). Esses aplicativos possuem uma interface amigvel para facilitar o seu uso pelo usurio final.

    Esto nessa categoria os processadores de texto e as planilhas eletrnicas, softwares de uso geral so bem conhecidos por auxiliar em tarefas simples nas mais diversas reas. Os processadores de texto so utilizados para edio de documentos de todo o tipo e que podem, inclusive, possuir recursos como tabelas, figuras, numerao de pginas, cabealho, rodap etc. J as planilhas so teis para atividades associadas ao processamento e controle dos dados numricos que so tabulados, classificados, filtrados e, at mesmo, manipulados por meio de frmulas. Outro uso importante da planilha a possibilidade de fazer diversos tipos de grficos com os dados armazenados nestas.

    Outro software aplicativo que vale destacar, so os navegadores ou browsers, utilizados para acessar a internet.

    Na seo seguinte compreenderemos melhor como os computadores se interligam e, afinal, o que vem a ser a internet.

    1.2 INTERLIGANDO COMPUTADORES

    1.2.1 O que vem a ser Rede de Computadores?

    Rede de computadores consiste em um conjunto de computadores independentes interligados por um meio de comunicao (fsico ou wireless (rede sem fio)) para o compartilhamento de recursos tais como: impressoras, dados etc. Isso os diferencia bem de um sistema de terminais, onde os mesmos funcionam como uma unidade de entrada e sada de dados do computador principal chamado servidor.

    Um computador sozinho sem estar interligado em rede s tem acesso

    Uso do computador na educao: desafios tecnolgicos e pedaggicos

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    s informaes que so processadas por meio dos programas instalados e dos dados armazenados nele. Para acessar outros dados e/ou informaes ser necessrio realizar o acesso por dispositivos como CDs, DVDs e/ou pen drives.

    J conectado a uma rede, o computador acessa informaes e/ou dados disponveis em outro computador presente na rede, bastando que esse tenha compartilhado o recurso desejado.

    Destacamos que computadores conectados em rede so sistemas autnomos, onde cada computador, ou n da rede, processa localmente suas informaes, executa seus prprios programas e opera de maneira individual em relao aos demais.

    Os principais motivos que levam a implantao de uma rede de computadores so:

    Possibilitar o compartilhamento de informaes (programas e da-dos) armazenadas nos computadores da rede;

    Permitir o compartilhamento de recursos associados s mquinas interligadas;

    Permitir a troca de informaes entre os computadores interligados;

    Permitir a troca de informaes entre usurios dos computadores interligados;

    Possibilitar a utilizao de computadores localizados remotamente;

    Permitir o gerenciamento centralizado de recursos e dados;

    Melhorar a segurana de dados e recursos compartilhados.

    Atualmente, a maioria das empresas opera em rede. Nos grandes centros muito difcil encontrar um computador que seja considerado totalmente stand alone (solitrio), isso porque, nos dias de hoje, a maioria de ns est conectada de alguma forma.

    Caldas, Wagner K. Nobre, Isaura Alcina M.Gava, Tnia Barbosa S.

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    Basicamente, redes de computadores so classificadas em: rede local (LAN), na qual computadores prximos, normalmente presentes em um mesmo espao fsico, so interligados por cabos denominados cabos de rede; rede extensa (WAN) na qual computadores geograficamente dispersos esto interligados, mediante conexo telefnica, satlite, ondas de rdio etc.

    Um bom exemplo de rede WAN, tambm denominada grande rede, a chamada rede internet.

    1.2.2 A Rede internet

    A origem da internet remonta os anos de 1960, poca da Guerra Fria, quando o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, por meio da Agncia de Projetos de Pesquisa Avanada (ARPA), desenvolveu uma forma de estabelecer a troca de informaes entre pesquisadores e projetistas, bem como de manter os dados replicados em outros locais, para o caso de um ataque. Assim, em 1969, estabelecia-se o primeiro link ligando a Universidade da Califrnia em Los Angeles e o SRI2, em Menlo Park, Califrnia; nascia, assim, a ARPANET.

    O uso do termo internet para descrever uma nica rede TCP/IP3 global se originou em dezembro de 1974 e a abertura da rede, para interesses comerciais, comeou em 1988. De l pra c seu uso s fez crescer no mundo. Estimativas apontam que o crescimento da internet, a partir de 1990 dava-se na proporo de 100% ao ano.

    A Figura 1 apresenta um grfico feito pela Unio Internacional de Telecomunicaes, mostrando a proporo de usurios de internet a cada 100 pessoas, entre 1997 e 2007.

    2 Stanford Research Institute Instituto de Pesquisa Stanford3 Conjunto de protocolos de comunicao entre computadores em rede. Seu nome vem de dois protocolos: Transmission Control Protocol (TCP) - Protocolo de Controle de Transmisso e o internet Protocol (IP)- Protocolo de Interconexo

    Uso do computador na educao: desafios tecnolgicos e pedaggicos

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    Figura 1 - Usurios de internet a cada 100 pessoas, entre 1997 e 2007 Fonte: Wikipedia

    Esse crescimento coloca, hoje, a internet como um dos recursos de informtica mais utilizados no mundo. Sua versatilidade e possibilidades atraem, a cada dia, mais e mais pessoas, bem como a estabelece como mais um dos lcus de formao e distribuio de conhecimento.

    Atualmente, diversos servios so oferecidos pela internet, dentre os quais destacamos:

    World Wide Web (WWW): servio mais popular e conhecido da Web, a partir do qual encontramos as pginas da internet e navegamos em seus contedos;

    Correio Eletrnico: servio que permite a troca de mensagens. Por ele possvel enviar arquivos, fotos e vdeos, compartilhando mate-rial eletrnico com diversas pessoas. Hoje em dia, muito comum ver esse servio ser oferecido na prpria Web, a partir do que co-

    Caldas, Wagner K. Nobre, Isaura Alcina M.Gava, Tnia Barbosa S.

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    nhecido como webmail (ferramenta de correio eletrnico na inter-net, a qual dispensa a utilizao de um software especfico de correio eletrnico ou que as mensagens precisem ser descarregadas em seu computador).

    Acesso Remoto: pela internet possvel a conexo com outros com-putadores espalhados pelo mundo. possvel que essa conexo seja estabelecida de forma segura, utilizando mecanismos de segurana, como autenticao e criptografia.

    Vrios sites so famosos por oferecerem servios essenciais aos usurios de internet, sendo um dos mais conhecidos o site da Google, no qual encontramos diversas ferramentas disponibilizadas, desde a ferramenta de busca, mais usada no mundo, e que leva o mesmo nome da empresa Google, aos demais servios que foram incorporados com o tempo tais como email gratuito (Gmail), compartilhamento de vdeos (Youtube), redes sociais (Orkut), mapas (Maps e Google Earth), grupos de discusso (Google Groups), compartilhamento de documentos (Google Docs) entre tantas outras ferramentas oferecidas, todas na Web, o que gera um novo conceito da oferta de servios, informao, armazenamento e compartilhamento na internet, evitando o armazenamento local de informaes.

    Porm, a internet tambm traz seus problemas. Como uma rea livre e no regulada, possvel a publicao de qualquer assunto, contedo e material pelos mais diversos tipos de pessoas, com as mais variadas intenes.

    Nem sempre um contedo da internet considerado vlido; preciso fazer uma pesquisa mais ampla e sempre recorrer aos livros como instncia de comparao. Por exemplo: se procuramos artigos cientficos ou informaes que contribuiro para trabalhos acadmicos, no podemos utilizar, simplesmente, a primeira fonte sem traar um paralelo com outras informaes. Claro que existem locais mais apropriados para isso como as bibliotecas virtuais das universidades, onde so disponibilizadas as publicaes acadmicas, bem como sites de referncia como o Scielo (http://www.scielo.org).

    A internet por ter essas caractersticas de terra de ningum, tambm, oferece riscos no que tange aos relacionamentos virtuais, onde no se conhece pessoalmente o interlocutor, portanto, desconhece-se

    Uso do computador na educao: desafios tecnolgicos e pedaggicos

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    sua identidade e motivao. Esses contatos possibilitam o vazamento de informaes confidenciais, invaso de privacidade e disseminao de vrus de computador. Para cuidarmos da nossa segurana, nesse ambiente, devemos tomar algumas precaues tais como:

    No dar informaes essenciais a pessoas que s se conhece no virtual;

    Evitar disponibilizar dados pessoais em meios no seguros;

    Manter suas senhas bem guardadas;

    No abrir emails de fontes desconhecidas ou de contedo duvidoso;

    Navegar em sites confiveis;

    Procurar referncias antes de efetuar uma compra on line.

    A internet um universo nossa disposio; nela encontraremos fer-ramentas de utilidade inegvel e imprescindvel, porm tambm en-contramos as mazelas sociais e os riscos. preciso ter em mente que, alm de interligar computadores, a internet interliga pessoas.

    1.3 LABORATRIOS DE INFORMTICA

    nesse cenrio envolto de computadores interligados em rede e com conexo a internet que tm sido implantados laboratrios de informtica em escolas pblicas e privadas.

    Desde 1997, por meio do Programa Nacional de Informtica na Educao ProInfo, o Ministrio da Educao (MEC) busca promover o uso pedaggico das Tecnologias de Informao e Comunicao (TICs), na rede pblica de ensino fundamental e mdio. O MEC compra, distribui e instala laboratrios de informtica nas escolas pblicas de educao bsica. Em contrapartida, os governos locais (governos estaduais e prefeituras) providenciam a infraestrutura das escolas, indispensvel para que elas recebam os computadores (PROINFO, 2011).

    O governo, tambm, implantou o chamado Programa Nacional de Formao Continuada em Tecnologia Educacional (ProInfo Integrado),

    Caldas, Wagner K. Nobre, Isaura Alcina M.Gava, Tnia Barbosa S.

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    um programa de formao voltada para o uso didtico-pedaggico das Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC), no cotidiano escolar, articulado distribuio dos equipamentos tecnolgicos nas escolas e oferta de contedos e recursos multimdia e digitais oferecidos pelo Portal do Professor, pela TV Escola e DVD Escola, pelo Domnio Pblico e pelo Banco Internacional de Objetos Educacionais (PROINFO INTEGRADO, 2011). Outro Projeto do Governo que podemos destacar o UCA (Um Computador por aluno), que tem a finalidade de promover a incluso digital (http://www.uca.gov.br/institucional)

    Tem-se, tambm, o programa de educao a distncia Mdias na Educao, com estrutura modular, que visa proporcionar formao continuada para o uso pedaggico das diferentes tecnologias da informao e da comunicao TV e vdeo, informtica, rdio e impresso. O pblico-alvo prioritrio so os professores da educao bsica. O programa desenvolvido pela Secretaria de Educao a Distncia (SEED), em parceria com secretarias de educao e universidades pblicas responsveis pela produo, oferta e certificao dos mdulos e pela seleo e capacitao de tutores (MDIAS, 2011).

    Mas ficam alguns questionamentos acerca do uso potencial do computador na educao e da formao dos professores: esses esto preparados para a sua utilizao como apoio ao processo de ensino-aprendizagem? As escolas possuem profissionais preparados para a gesto e manuteno deste espao? Como na verdade tm sido utilizados os denominados laboratrios de informtica? Como tm ocorrido as chamadas aulas de informtica? Como essas tm sido inseridas no currculo escolar?

    Muitos so os desafios tecnolgicos e pedaggicos presentes na utilizao desse espao. Algumas escolas, apesar de terem laboratrios com excelente infraestrutura fsica e tecnolgica, se encontram pedagogicamente despreparadas para fazer uso do mesmo. Seus professores no foram capacitados a explorar as potencialidades dos recursos disponveis, muitos no sabem como utilizar softwares simples ou, at mesmo, a realizar uma pesquisa eficiente na internet.

    Reportagem publicada na Folha.com sob o ttulo Despreparo faz computador e internet serem subutilizados nas escolas em 29/12/2009 aponta dados sobre uma pesquisa realizada em 400 escolas pblicas, em 13 capitais brasileiras e destaca que o problema da falta de infraestrutura est

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    sendo superado pela falta de preparo para lidar com as novas tecnologias. A pesquisa afirma que a grande maioria das escolas possui computador e a maioria tem acesso a internet, com conexo banda larga, mas ainda assim, em poucas escolas os equipamentos so utilizados de forma eficiente na melhoria da aprendizagem (DESPREPARO, 2011).

    A diretora executiva da Fundao Victor Civita, ngela Danneman, responsvel pela pesquisa nos diz que A formao inicial no prepara os professores para isso. Voc precisaria combinar a disponibilidade dos recursos com a melhor formao para que a tecnologia fique a servio da aprendizagem dos contedos escolares (DANNEMAN, apud DESPREPARO, acesso em 11 abr. 2011).

    Hoje, o uso de tecnologia por jovens e crianas se d de forma muito natural. Eles convivem com o uso avanado de internet, redes sociais, blogs, twitters e outros. importante que os professores consigam fazer uso da tecnologia para favorecer a transmisso dos contedos, de forma a motivar o aprendizado.

    Os professores se sentem pedagogicamente e tecnologicamente despreparados em estabelecer uma ponte entre o computador e a educao. Por meio de planos de aulas elaborados, de acordo com os recursos disponveis nos laboratrios estes poderiam apoiar o ensino dos contedos, e com isso, tornar a aprendizagem muito mais ldica e prazerosa. Imaginem, por exemplo, uma aula de geografia onde o professor leva os alunos at o laboratrio para juntos explorar os diversos tipos de mapas exibidos pelo Google Maps. O professor pode ir alm e ao estudar um determinado continente dividir a turma em grupos, para que cada grupo pesquise algum aspecto do continente como vegetao, relevo, cultura, pases entre outros. Os alunos podem, ainda, contribuir colaborativamente na edio de um texto ou at mesmo de um blog que descreva as caractersticas do mesmo.

    Com base em outra pesquisa quantitativa sobre o uso das TICs, nas escolas das capitais brasileiras, realizada pela Fundao Victor Civita sob o ttulo: O uso do computador e da internet na escola pblica, destacamos algumas de suas concluses:

    a maioria das escolas tm recursos materiais para fazer algum tipo de uso pedaggico do computador;

    quanto maior o tamanho da escola e os recursos e infraestrutura disponveis, mais proficiente a uti-

    Caldas, Wagner K. Nobre, Isaura Alcina M.Gava, Tnia Barbosa S.

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    lizao do computador e da internet no processo de aprendizagem;

    apesar dos dados levantados sobre recursos e in-fraestrutura serem favorveis, infraestrutura, for-mao de professores e problemas com acesso in-ternet so apontados como os principais problemas para o uso pedaggico do computador;

    a formao oferecida no percebida como sufi-ciente e adequada, pois falta preparo para o uso da tecnologia centrado em ensino e aprendizagem dos contedos escolares;

    o nmero de professores que usam a tecnologia com seus alunos ainda pequeno e este uso se d eminentemente no laboratrio de informtica;

    na maioria das escolas, as atividades que utili-zam tecnologia e so realizadas com os alunos tm pouca complexidade ou usam de recursos simples. (CIVITA, 2011).

    Evidenciamos que apesar de vrias escolas estarem despreparadas quanto a infraestrutura, a grande maioria possui recursos suficientes para que se faa um uso pedaggico adequado com seus alunos. O problema central est na formao, no despreparo dos professores.

    1.4 COOPERAO E COLABORAO

    Pode-se ver, ao longo da histria, que o homem tem buscado o desenvolvimento de diversas tecnologias. Chama-se a ateno em particular para as tecnologias de apoio comunicao, que do suporte interao. A comear pelo desenvolvimento da linguagem falada, que permite o relato das aventuras, a emisso das crticas e o pedido de esclarecimentos. Vrios foram os limites que tiveram de ser quebrados para que, hoje se atingisse a possibilidade de se conversar de forma sncrona e assncrona com pessoas do mundo inteiro, em tempos apropriados, viabilizando assim a construo de uma comunidade global onde todos podem falar e ouvir. a era da Internet, na qual todos so produtores e consumidores da informao.

    Uso do computador na educao: desafios tecnolgicos e pedaggicos

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    As novas Tecnologias da Informao e Comunicao (TIC) trazem novas oportunidades para a melhoria do processo educacional. Com a internet surge um novo espao: o virtual. Nesse espao, as barreiras de tempo e espao so rompidas. As atividades j praticadas no processo de aprendizagem ganham nova roupagem e surge a oportunidade para novas iniciativas.

    Nesse cenrio, merece destaque a aprendizagem colaborativa, que apesar de no ser uma nova abordagem, teve sua prtica amplificada qualitativa e quantitativamente pela telemtica. Surge mais um desafio para o professor: o de propiciar a colaborao e a cooperao entre seus alunos, na realizao de trabalhos e pesquisas que so, ainda, mais favorecidos por meio do uso de computadores.

    Nitzke et al. (1999) apresentam algumas definies sobre esses dois termos, dadas por vrios autores. Ted Panitz (1998) define a cooperao como uma estrutura de interao projetada para facilitar a realizao de um produto final ou objetivo especfico atravs de pessoas trabalhando conjuntamente em grupos. J a colaborao ele define como uma filosofia de interao e estilo de vida pessoal, na qual os indivduos so responsveis por suas aes, incluindo a aprendizagem e o respeito s habilidades e contribuies de seus pares.

    Segundo Schrange (apud COLLIS, 1993), a colaborao um processo de criao compartilhada: dois ou mais indivduos, com habilidades complementares, interagem para criar um conhecimento compartilhado que nenhum deles tinha, previamente, ou obteria por conta prpria. A colaborao cria um significado compartilhado sobre um processo, um produto ou um evento.

    No Brasil observa-se que ambos os termos so utilizados por diferentes grupos para caracterizar o significado definido por Panitz para a aprendizagem colaborativa. Um dos grupos emprega a aprendizagem cooperativa como referncia ao construto co-operao, originrio da Teoria de Piaget, no qual a cooperao representa as trocas sociais entre os indivduos, com um objetivo compartilhado, que pressupe um acordo inicial suportado por uma base conceitual comum (common ground). Nessas interaes est presente o respeito mtuo, que pressupe a reciprocidade das trocas sociais e a livre expresso (ARRIADA; RAMOS, 2000).

    De posse dessas novas tecnologias (TIC), h hoje um intenso esforo

    Caldas, Wagner K. Nobre, Isaura Alcina M.Gava, Tnia Barbosa S.

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    internacional de pesquisa e desenvolvimento para dar suporte interao, ao desenvolvimento conjunto e ao compartilhamento de artefatos, entre os membros de um grupo. Uma destas reas de pesquisa a Computer Supported Collaborative Learning (CSCL) que busca alternativas para o uso da tecnologia no apoio ao processo de aprendizagem, que ocorre quando estudantes colaboram para a realizao das tarefas.

    A rea CSCL centra sua ateno na aprendizagem. Nessa rea, como um dos resultados dos esforos emergiu os Ambientes Virtuais de Aprendizagem, que renem diferentes ferramentas sncronas e assncronas, como chats, fruns, correio eletrnico, murais de aviso, wikis e blogs, o que anteriormente era utilizado de maneira isolada.

    Um desses sistemas o sistema Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment (Moodle) - Ambiente de Aprendizagem Dinmico Modular Orientado a Objeto; um software projetado para atuar como sala de aula virtual, com o intuito de produzir e gerenciar atividades educacionais, baseadas no uso da internet e/ou em redes locais. Dizemos que o Moodle um sistema que gera um ambiente educacional de aprendizagem, com vrias possibilidades de interao entre seus participantes, em tempo real ou no, permitindo que tenham contato entre si e com o material didtico.

    O objetivo central dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) facilitar o desenvolvimento das atividades coletivas, dando surgimento ao que tem se chamado de comunidades virtuais de aprendizagem.

    1.5 EDUCAO A DISTNCIA

    A Educao a Distncia (EaD), ao contrrio do que imaginamos, existe h muito tempo. Basta pensarmos em sua definio, como uma modalidade de Educao, onde o professor e o aluno se encontram distantes, geograficamente.

    O Instituto Universal Brasileiro (IUB), pioneiro nessa modalidade, formou, desde 1941, aproximadamente quatro milhes de pessoas utilizando, principalmente, o envio de apostilas pelos Correios e o esclarecimento das dvidas pelo telefone. S recentemente o IUB comeou a utilizar os recursos da internet como apoio (IUB, 2011).

    Algumas iniciativas, que persistem at hoje, utilizam a TV como meio de comunicao e transmisso das informaes. Atualmente, a Educao a

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    Distncia ganhou grandes impulsos, com o uso das ferramentas da internet: como o correio eletrnico, os fruns e os chats, alm dos diversos espaos virtuais que apiam esse tipo de Educao.

    As TICs trazem novas oportunidades para a EAD. Essas novas tecnologias permitiram a quebra do paradigma dos encontros presenciais, eliminando as limitaes de tempo e espao. A telemtica proporcionou o desenvolvimento de recursos importantes, que potencializaram o exerccio da aprendizagem cooperativa, tais como a utilizao dos ambientes virtuais de apoio s comunidades de aprendizagem, onde seus membros interagem estando geograficamente dispersos e no momento em que desejarem, sem que sejam limitados por paredes e horrios fixados. As TICs e todas as possibilidades que seu uso possibilitam a quebra de outro paradigma: o modelo organizacional e estrutural da escola tradicional.

    No entanto, se analisarmos como a EAD tem sido conduzida, atualmente, observaremos que a limitao de tempo e espao j foi quebrada, mas no a da estrutura e organizao da escola tradicional. Quando uma comunidade de aprendizagem se rene para aprender, apoiada pelos ambientes virtuais de aprendizagem, ela ainda imita a escola tradicional. Embora em uma comunidade virtual as pessoas esperem os mesmos papis de professor e aluno da escola tradicional.

    A EAD um paradigma de educao, que traz atrelada a ela, novas possibilidades para seus participantes. Dentre elas citamos:

    A integrao das pessoas com interesses similares, mas que residem em locais distantes, geograficamente e at com culturas, lnguas e cos-tumes diferentes, como o caso dos cursos entre pessoas que residem em pases distintos.

    A possibilidade de capacitao dos diferentes profissionais em servi-o, ou seja, sem a necessidade de nem mesmo sarem dos seus postos de trabalho ou residncias.

    Educao continuada com cursos de aperfeioamento referentes atividade do funcionrio.

    Viabilizao da educao formal para pessoas que residem em locali-dades de baixa densidade demogrfica.

    K. Caldas, Wagner A. M. Nobre, Isaura B. S. Gava, Tnia

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    1.5.1 Perfil dos alunos e professores na EAD

    Na verdade temos uma percepo de que deve haver, no mnimo, algumas diferenas entre os perfis dos alunos e professores ao cursarem e atuarem em cursos da Educao Presencial ou EAD. Mas quais so essas diferenas? A Tabela 2 apresenta um resumo de caractersticas que devem estar presentes em alunos e professores da EAD, e assim se desenvolvam nos cursos, da melhor maneira possvel.

    O aluno da EAD deve: O Mediador da EAD deve:Estar motivado para realizar o curso. uma das principais caractersticas desse aluno, para que possa levar o curso at o fim.

    Motivar o aluno. Um dos maiores pro-blemas da EAD a evaso dos estudan-tes. Isso se d, muitas vezes, porque o aluno se sente sozinho, sem respostas s suas questes etc. O Mediador de EAD deve estar atento, por exemplo, ao feedback dado ao aluno na realiza-o das atividades, no atendimento as suas dvidas, para que a participao do aluno no diminua

    Ter autodisciplina. O aluno da EAD no possui um mediador ao seu lado cobrando suas tarefas. Em um curso de EAD do aluno a responsabilidade de estar atento aos prazos de entrega das atividades, provas etc.

    Estar sempre atento s aes dos alu-nos. Tudo deve ser observado e na me-dida do possvel, sempre, dar feedback ao aluno, referente as suas aes.

    Dedicar-se s atividades propostas. de suma importncia que o aluno participe, ativamente, das atividades propostas. Na EAD o aluno no tem como se esconder. Se um ambiente virtual de aprendizagem utilizado, todas as suas aes so registradas, ou o no cumprimento delas.

    Analisar a trajetria dos alunos. im-portante que o Mediador esteja atento evoluo dos alunos, no decorrer do curso. Isso apoiado pelo uso dos am-bientes virtuais de aprendizagem, por exemplo, que permitem que todos os passos de um aluno sejam analisados.

    Uso do computador na educao: desafios tecnolgicos e pedaggicos

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    Expressar suas opinies. A interao um ponto muito forte da EAD. Sem interao em um curso a distncia, as aprendizagens ficam muito prejudica-das. O aluno da EAD no deve e no pode ter medo de expressar suas opi-nies, pois muitas avaliaes na EAD partem da anlise dessas opinies.

    Analisar as opinies dos alunos e dar feedback. O retorno que dado, dire-tamente, a um aluno, incentiva a par-ticipao do mesmo. No entanto, o aluno da EAD deve, tambm, entender que to importante quanto o feedback do mediador e ter uma interface com outros colegas. Isso deve ser incentiva-do em um curso a distncia, para que no fique apenas a cargo do mediador interagir com os alunos. A interao deve ser tanto entre Mediador x Aluno, quanto entre Aluno x Aluno.

    Interagir com as pessoas: compartilhar dvidas e descobertas

    Motivar a interao e a cooperao; no permitir que o aluno se sinta s e incentivar a interao no s com o mediador, mas com os demais partici-pantes do curso.

    Tabela 2 Perfil do Aluno da EAD x Perfil do Professor de EAD

    No entanto, a EAD , ainda, um grande desafio. Identificamos dois grandes importantes eixos que so considerados e revistos a todo o momento: o eixo tecnolgico e o eixo pedaggico.

    Se por um lado as tecnologias tm avanado cada dia mais, proporcionando novas oportunidades para a EAD, o planejamento pedaggico dos cursos a distncia deve ser feito de forma cuidadosa, buscando inovar no que j sabemos, que no anda bem na educao presencial tradicional. Ou seja: buscar as ferramentas e recursos mais adequados para aplicarmos na EAD; escolher o ambiente virtual mais adequado e, alm disso: pensar em um modelo pedaggico correto para ser aplicado a esses cursos. Esse modelo no deve imitar o do ensino presencial, mas buscar novas possibilidades diante de todo o aparato tecnolgico disponvel e de uma nova realidade de alunos e professores.

    Caldas, Wagner K. Nobre, Isaura Alcina M.Gava, Tnia Barbosa S.

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    1.6 CONSIDERAES FINAIS Apesar de encontrarmos com facilidade computadores interligados

    em rede e recursos de hardware e software nas escolas, os professores se encontram despreparados para as muitas possibilidades do seu uso efetivo, no apoio ao processo ensino-aprendizagem.

    Cabe ao professor conhecer melhor o computador e seu funcionamento, para poder desmistificar a complexidade da sua utilizao. certo que as escolas possuem profissionais especializados na rea da pedagogia e da informtica para apoiar o desempenho das atividades dos professores no uso dos laboratrios de informtica.

    Alm disso, temos por meio das TICs um universo de recursos disponveis na internet e que favorecem a aprendizagem, se bem explorados claro, por meio da cooperao, colaborao, pesquisa etc.

    Muitos so os desafios pedaggicos e tecnolgicos no uso do computador, dentre os quais no podemos deixar de destacar a implantao e gesto dos cursos na modalidade de EaD.

    REFERNCIAS

    ALARCO, Isabel. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. So Paulo: Editora Cortez, 2008.

    ARRIADA, Mnica Carapeos, RAMOS, Edla Faust. Como promover condies favorveis aprendizagem cooperativa suportada por computador? In: Congresso Iberoamericano de Informtica na Educao, 5., 2000, Chile. Anais eletrnicos.Disponvel em: . Acesso em: 15 ago. 2001.

    BRASIL. Programa nacional de tecnologia educacional. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=236&Itemid=471. Acesso em 28 abr. 2011.

    PROINFO. Programa Nacional de Tecnologia Educacional. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=236&Itemid=471. Acessado: 28/04/2011. (REPETIDO) _____. Programa nacional de formao continuada em tecnologia educacional. Disponvel

    Uso do computador na educao: desafios tecnolgicos e pedaggicos

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    em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13156:proinfo-integrado&catid=271:seed. Acesso em 28 abr. 2011.

    CIVITA. O uso do computador e da internet na escola pblica. Fundao Victor Civita. Estudos e pesquisas Educacionais. Disponvel em: http://www.fvc.org.br/estudos-e-pesquisas/avulsas/estudos1-7-uso-computadores.shtml?page=3. Acesso em 30 abr. 2011.

    COLLIS, B. Cooperative Learning and CSCW: Research Perspectives for internetworked Educational Environments. IFIP Working Group 3.3 Working Conference Lessons from Learning. Archamps, Frana: set, 1993.

    DESPREPARO faz computador e internet serem subutilizados nas escolas. Site da Folha.com. Publicado em 27/12/2009. Disponvel em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u671713.shtml. Acesso em: 28 abr.2011.

    INSTITUTO Universal Brasileiro. Disponvel em: http://www.institutouniversal.com.br/. Acesso em 30 abr. 2011.

    LVY, Pierre. As tecnologias da inteligncia. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993.

    LUCENA, Carlos; FUKS, Hugo. A educao na era da internet. Rio de Janeiro: Clube do futuro, 2000.

    MDIAS na educao. Disponvel em:http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=art icle&id=12333:midias-na-educacao&catid=298:midias-na-educacao&Itemid=681. Acesso em 28 abr. 2011.

    NITZKE, Julio Alberto et al. Criao de ambientes de aprendizagem colaborativa. In: Simpsio Brasileiro de Informtica na Educao. 10. Curitiba: 1999.

    PANITZ, Theodoro; Patricia. Encouraging the use of collaborative learning in higher education. In: University Teaching: International Perspectives. Ed. James JF Forest,1998. p. 161201.

    Caldas, Wagner K. Nobre, Isaura Alcina M.Gava, Tnia Barbosa S.

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    Uso do computador na educao: desafios tecnolgicos e pedaggicos

    Wagner Kirmse CaldasBacharel em Sistemas de Informaes. Mestre em Educao e Doutorando em Educao PPGE/UFES (Linha de Diversidade e Prticas Educacionais Inclusivas). Professor do Instituto Federal do Esprito Santo - Campus Serra Coordenadoria de Informtica.

    Isaura Alcina Martins NobreDoutoranda em Educao. Mestre em Informtica pela UFES. Professora efetiva do Ifes desde 1993. Atuou como coordenadora dos cursos superiores em tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas e Redes de Computadores, na modalidade presencial de jul/2004 a abr/2008. Atuou como coordenadora do Curso Superior de Tecnologia em Anlise e Desenvolvimento de Sistemas a distncia pelo Ifes/UAB de nov/2006 a abr/2009. Hoje, coordena o Curso de Ps-graduao em Informtica na Educao a distncia ofertado pelo Ifes/UAB.

    Tnia Barbosa Salles Gava

    Doutora na rea de Inteligncia Artificial Aplicada, mestre em Informtica

    na rea de Informtica na Educao e graduada em Cincia da Computao e Matemtica Aplicada e Computacional, todos pela Universidade Federal do Esprito Santo. Professora efetiva do Departamento de Arquivologia da UFES. Atuou em vrias instituies de ensino superior e atualmente trabalha em cursos de graduao, ps-graduao, presenciais e a distncia. Desenvolve pesquisas na rea de Informtica na Educao e Cincia da Informao.

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    2 | A importncia do uso de recursos computacionais na educao do sculo xxi

    Elvira Padua Lovatte

    Isaura A. M. Nobre

    Neste mundo globalizado, novas informaes e descobertas surgem a cada instante e a comunicao facilitada pelos recursos tecnolgicos. Porm as relaes se tornam cada vez mais complexas, exigindo pessoas flexveis, inovadoras, competitivas, que se adaptem facilmente as mudanas e, sobretudo, que sejam ticas compreensivas e solidrias.

    Vive-se um momento de muitas discusses em relao aos direitos humanos, aquecimento global, energia atmica, avanos tecnolgicos e todos so temas de extrema importncia para a sobrevivncia humana a curto, mdio e longo prazo. A preocupao, por parte de alguns grande, e as consequncias sero avassaladoras caso as pessoas no se conscientizem das suas responsabilidades. As pessoas precisam conhecer os danos que podem causar ao prximo, a natureza, enfim a si mesmo ao usarem indevidamente as palavras, os gestos, a tecnologia, as vrias energias, as informaes ou talvez, ainda no us-las em determinadas situaes.

    Mas como e onde aprender a usar os diversos recursos que se tm?Certamente, a resposta est relacionada educao, mas a de

    qualidade, com princpios, capaz de, realmente, preparar a pessoa como um ser reflexivo, ativo e responsvel pelos seus atos. Pessoas que no se deixem corromper por status, poder, dinheiro e que saibam respeitar a vida. E essa educao precisa ser transmitida pelos lares, pelas figuras das pessoas referncias e pelas escolas. Ressalta-se que a escola pode contribuir muito para a formao do indivduo, mas sozinha no pode mudar o futuro do mundo. Considerando-se que a unio faz a fora, juntos: governo, famlia, escola, empresas, sociedade em geral conquistaro o sucesso coletivo.

    A tecnologia precisa ser inserida nesse contexto, pois ela est presente como nunca esteve antes. Ela agiliza processos, possibilita a resoluo dos inmeros problemas; apesar de causar outros. Atrai os jovens e j interage com os seres humanos em diversas situaes como: Leitores de cdigos de barra nos supermercados, mquinas de cafezinho, brinquedos eletrnicos,

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    leitores digitais nas portarias de edifcios e as interaes sociais pela Internet. So inmeras as vezes que se usa a tecnologia. Dessa forma a tecnologia encontra-se inserida no dia a dia, sem que as pessoas precisem refletir sobre seus benefcios ou prejuzos. A exploso da utilizao da tecnologia pode estar associada a diversos fatores, dentre eles: a possibilidade de interao, a agilidade que provoca; a necessidade que causa; a criao dos diversos aplicativos que melhoraram a interface homem - mquina e o preo mais acessvel.

    Em situaes mais especializadas como no mundo dos negcios, na medicina, na educao, nas cincias, de forma geral, a sua utilizao ser feita por profissionais altamente capacitados. So pessoas que estudaram no apenas como usar a tecnologia, mas para que e quando us-la. Essas pessoas sabem que os resultados produzidos podem ser timos, trazendo grandes benefcios ou causando prejuzos, at mesmo irreparveis. Para usar a tecnologia dessa forma as pessoas precisam se atualizar.

    A escola, com sua parcela de responsabilidade na formao do aluno, no pode se eximir do seu papel. Ela precisa contribuir com a formao do indivduo, que ser capaz, no apenas de ser um usurio da tecnologia nas situaes corriqueiras, mas tambm em ambientes mais complexos, como aqueles existentes no mercado de trabalho.

    No ensino fundamental e mdio, uma forma de se inserir a tecnologia por meio da utilizao dos computadores e dos seus inmeros aplicativos. Ao fazer uso do computador, em situaes apropriadas, o professor atrair ateno e participao do aluno.

    Segundo Valente (1993):

    [] para a implantao dos recursos tecnolgicos de forma eficaz na educao so necessrios quatro ingredientes bsicos: o computador, o software educativo, o professor capacitado para usar o computador como meio educacional e o aluno, sendo que nenhum se sobressai ao outro.

    Almeida (2000) refere-se ao computador como:

    [] uma mquina que possibilita testar idias ou hipteses, que levam criao de um mundo abstrato e simblico, ao mesmo tempo em que permite introduzir diferentes formas de atuao e interao entre as pessoas.

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    Precisa-se evidenciar que o computador deve ser encarado como mais um recurso em sala de aula e no como um substituto ao professor. Para Borges (1999), o computador ser explorado pelo professor em sua potencialidade e capacidade, tornando possvel simular, praticar ou vivenciar situaes; podendo at sugerir conjecturas abstratas, fundamentais a compreenso de uma informao ou modelo de conhecimento que se est construindo.

    Na escola, o computador ser utilizado como uma ferramenta pedaggica que auxilia o processo de construo do conhecimento. Alunos e professores precisam aprender a usar o computador como um meio e no um fim, no desenvolvimento dos componentes curriculares. Dessa forma, o computador transforma-se em um poderoso recurso de suporte aprendizagem, com inmeras possibilidades pedaggicas.

    2.1 SCULO XXI E AS TRANSFORMAES SOCIAIS

    Vive-se hoje numa sociedade em que as mudanas sociais so aceleradas e repletas de imprevisibilidades em que se destaca o grande avano cientfico e tecnolgico. Esse avano permite uma interconexo com grandes reflexos no aperfeioamento dos transportes e da comunicao.

    Algumas situaes que no eram concebidas na era industrial agora so corriqueiras, como: bancos eletrnicos, dinheiro de plstico, mercados financeiros, comrcio computadorizado e educao distncia. Em decorrncia disso, surge a mercantilizao das relaes sociais ou mercado de rede que tem como sua principal mercadoria a informao.

    Segundo Costa (2005), as tecnologias da informao tornaram-se protagonistas das novas relaes sociais em um mundo globalizado, levando a uma reengenharia industrial com a adoo crescente de sistemas automatizados. Muitas profisses existentes at pouco tempo, tornaram-se desnecessrias e outras foram criadas. Como consequncia, muitos profissionais que no acompanharam a transio perderam seus empregos e outros necessitaram e necessitam aprender novas tcnicas profissionais.

    Nesse novo cenrio, as consideraes e conceituaes das palavras tempo e espao no so mais as mesmas, tendo em vista, como cita Santinelo (2004), o surgimento das novas formas de comunicao, tais como: realidade virtual, tempos online e offline, espao virtual, ciberespao, comunidades virtuais, redes de conhecimento virtual e outros.

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    A relao espao tempo exemplificada por Costa (2005) da seguinte forma:

    [] se dois jogadores disputam uma partida de xadrez on line, estando um de manh no Japo e o outro noite do outro lado do mundo, em que dia se realiza o jogo? A qual calendrio se refere a partida? Se estes jogadores estiverem estabelecendo um contrato, qual a data que dever rezar esse documento? Qualquer resposta depender de um acordo entre eles, ou seja, de uma conveno. (2005).

    Ainda, de acordo com Costa (2005), as relaes em rede nos fazem perder as referncias do mundo, que nos cerca adquirindo uma artificialidade nova e desconhecida.

    Lima Filho e Queluz (2005) enfatizam a necessidade de se associar o desenvolvimento tecnolgico s questes sociais e o homem como participante desse avano, interagindo criticamente com a realidade, capaz de modific-la e aprendendo com sua prpria histria.

    Costa (2005) relata que para muitos estudiosos da sociedade contempornea so as desigualdades sociais: a excluso e a misria os principais problemas da atualidade. Problemas que contrastam pela sua agudeza, com a aparente riqueza do mundo e com o desenvolvimento da cincia e da tecnologia.

    Assim infere-se que muitas ondas de violncia e destruio seriam evitadas caso a cincia e a tecnologia no fossem utilizadas por pessoas to gananciosas.

    E como nomear esse perodo em que se vive?Para Telarolli e Albino (2007):

    Sociedade global, Aldeia global, Sociedade ps-industrial, Sociedade da informao, Sociedade em rede, Sociedade tecnolgica, Sociedade do conhecimento, assim, diante de tantas denominaes, um nico rtulo no se torna possvel. Mas no importa a denominao deste momento histrico-cultural que se est vivendo, e sim o que fazer para sobreviver nele de forma

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    digna e alcanando os objetivos fundamentais de liberdade e bem-estar.

    H que se levar em considerao que o cenrio atual exige pessoas criativas, dinmicas, questionadoras e que se adaptem facilmente, saiba inovar, relacionar-se com os demais e que reajam, positivamente, face ao inesperado. Pessoas que tenham capacidade de adquirir e tratar as informaes a fim de inferir resultados. So muitas as competncias que um profissional de hoje precisa desenvolver. Fleury e Fleury (2001), inspirado na obra de Le Boterf, citam as seguintes:

    Saber agir (aplicar conhecimentos para interferir sobre a realidade);

    Saber comunicar (compartilhar significados);

    Saber aprender (aprender a aprender);

    Saber engajar-se e comprometer-se (ser sujeito);

    Saber assumir responsabilidades (foco no bem comum);

    Ter viso estratgica (relao das aes com o todo).

    Para Toro (1996), as exigncias e as competncias podem ser associadas s seguintes caractersticas:

    O domnio da leitura e da escrita; a capacidade de fazer clculos e resolver problemas; a capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situaes; a capacidade de compreender e atuar em seu entorno social; em receber criticamente os meios de comunicao; a capacidade de localizar, acessar e usar melhor a informao acumulada; e a capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo. (1996)

    O computador ser uma excelente ferramenta de mediao na estruturao dessas competncias. Para formao do individuo na sociedade competitiva atual importante associar ao processo educativo as novas ferramentas de mediao e construo do conhecimento, que a informtica tem disponibilizado aos educadores e educandos. O computador, por si s,

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    no capaz de educar nem formar nenhum individuo, mas associado a um processo educativo, mediado por um educador, proporciona aos educandos excelentes resultados.

    2.2 PAPEL DA EDUCAO EM UM CONTEXTO DE TRANSFORMAO

    Devido evoluo tecno-social-cultural-histrica do sculo XXI, a educao se torna imprescindvel a qualquer ser humano. Mas no a educao bancria; atualmente a escola precisa educar para uma cidadania global, possibilitando ao aluno o entendimento do todo. Para Moraes citado por Santinello (2004): [...] educar ensinar a viver na mudana e no querer control-la.

    A Escola deve incentivar e promover a convivncia harmoniosa e o respeito entre as pessoas e possibilitar mtodos de ensino, que desenvolvam a intuio, a criatividade, diante de uma responsabilidade reflexiva nas aes com a sociedade.

    Noe (2000) citando Durkheim escreve que a educao expressa uma doutrina pedaggica, que se apia na concepo do homem e da sociedade. O processo educacional emerge pela famlia, igreja, escola e comunidade.

    Oliveira e outros (2007) afirmam que:

    A literatura da ltima dcada aponta para um repensar em torno do conhecimento cientfico-tecnolgico, conhecimento este que no apenas transmissvel, acumulado ou exclusivo de pesquisadores presos em suas universidades, mas construdo e incansavelmente redefinido pela relao do indivduo com a cultura, com a cincia e com a tecnologia. Esse conhecimento tambm no est preso na empresa ou nos setores produtivos e industriais, mas se encontra no mbito escolar, onde alunos e professores estabelecem relaes scio-culturais e relaes materiais que so fundamentais na constituio do indivduo enquanto ser social. (2007)

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    Santinello (2004) corroborando com Moraes apresenta que o profissional da educao, assim como a educao necessita: [...] oferecer instrumentos e condies que ajudem o aluno a aprender a aprender, a aprender a pensar, a conviver e a amar. Uma educao que ajude a formular hipteses, construir caminhos, tomar decises, tanto no plano individual; quanto no coletivo.

    Pode-se acrescentar que para isso o professor assumir a postura de administrador de contingncias de aprendizagem e no de um transmissor de informaes.

    E como ser o perfil de um professor para atuar na era da informao? Segundo Torres (1999), nesse novo modelo educacional exige-se um rol

    de competncias para o docente:

    Ele desenhado para ser eficiente e eficaz, sendo caracterizado como sujeito polivalente, profissional competente, agente de mudana, praticante reflexivo, professor investigador, intelectual crtico e transformador.

    Para a autora, entretanto, essa lista de competncias, por si s, no permite ao docente desempenhar seu trabalho com a eficcia exigida, caso as suas reais condies de trabalho no correspondam com essa realidade.

    E como fazer para melhorar as condies de trabalho dos profissionais da educao, tornar as escolas mais atrativas e o mundo melhor para se viver com dignidade e respeito?

    imprescidvel lembrar que a formao de um cidado no se d, apenas, nos aspectos tcnico e cientfico. A participao ativa do Estado, da famlia, dos alunos, das empresas e da sociedade de forma geral torna a educao ou o ato de aprender e ensinar mais valorizado. Esses atores assumem papis diferenciados, que no so excludentes e nem so categorizados em um rol de importncia. Assim, todos so, igualmente, relevantes conforme descrito a seguir:

    O Estado tem a obrigao de criar polticas de valorizao do cidado respeitando-o como tal. Na rea escolar precisa investir financeiramente: na capacitao dos professores e demais profissionais da educao, na reviso dos seus contratos de trabalho, na criao de programas reais e acessveis

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    de formao continuada, na reestruturao dos espaos fsicos das escolas, na aquisio de materiais educativos, dentre outros.

    De acordo com Kramer, citado por Ferraz (2001): [...] uma poltica de formao permanente de professores no o nico aspecto determinante de um ensino de qualidade, mas , sem dvida, um dos mais relevantes.

    Para Martins (1999) o Estado tem o dever de oferecer novas oportunidades aos professores para atualizarem-se para que o processo de aprendizagem dos mesmos seja constante.

    A famlia, de acordo com Gokhale (1980) no somente o bero da cultura e a base da sociedade futura, mas , tambm, o centro da vida social. A educao bem sucedida da criana no seio da famlia que servir de apoio sua criatividade e ao seu comportamento produtivo, quando adulto. A famlia tem sido, e ser a influncia mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do carter das pessoas.

    As empresas, tambm, precisam investir na educao, j que necessitam de profissionais que as tornem ou as mantenham competitivas no mercado. A comunicao das empresas com as escolas fundamental para a formao dos profissionais, pois dessa comunicao sero desenvolvidos diversos projetos que enriquecero o processo de ensino e aprendizagem.

    Ser que as escolas, os professores, os alunos, a sociedade de forma geral consideram a educao como um fator determinante para a constante evoluo da humanidade?

    2.3 A TECNOLOGIA E A INFORMTICA NA EDUCAO DO SCULO XXI

    Diante de tantas transformaes ocorridas nos ltimos anos, se faz necessria uma mudana nos padres educacionais a fim de atualizar e facilitar o processo pedaggico. A introduo das novas tecnologias o computador, a Internet no ambiente escolar podem enriquecer a mediao pedaggica e oportunizar a mudana de paradigma educacional, tornando o processo de ensinar e aprender mais agradvel, gil e til para o mundo atual.

    Para mitigar o uso dos sentimentos como estudar chato ou o estudo no serve para nada; a escola no deve ignorar o que se passa no mundo.

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    Introduzir a informtica na escola significa dot-la de um novo mtodo de realizar o processo educacional, bem como aproxim-la das mudanas que ocorrem na sociedade.

    Para Valente, citado por Santinello (2004):

    [...] o computador pode ser um importante recurso para promover a passagem da informao ao usurio ou facilitar o processo de construo de conhecimento (...). No entanto, necessrio entender que qualquer tentativa para analisar os diferentes usos do computador na educao problemtica e pode resultar em uma viso muito simplista sobre o software e seu uso. Porm pode tornar-se um exerccio interessante e nos ajudar a entender o papel do computador e como ele pode ser efetivo no processo de construo do conhecimento.

    necessrio considerar que o advento da informtica tem provocado um processo de mudana contnua na vida das pessoas. Muitas crianas e jovens j incorporaram o computador nas suas vidas e interagem facilmente com eles.

    Por que ser que para os adultos, a utilizao do computador no to fcil? Por que ser que alguns se negam a utilizar o computador?

    Quando se refere ao mundo educacional, na maioria das vezes os alunos tm mais intimidade com os computadores que os seus prprios mestres. Talvez motivados por isso, alguns professores, ainda, neguem a importncia da tecnologia na educao. Eles argumentam que a tecnologia est tornando os jovens mais dispersos e sem vontade de estudar.

    Partindo do princpio de que os computadores, normalmente, provocam um fascnio muito grande nos mais jovens, ento envolv-los em projetos que dependam do apoio dessa tecnologia ser bastante enriquecedor. importante que ao fazer isso o professor no deixe de orientar os alunos no desenvolvimento das competncias, habilidades e conhecimentos, respeitando sempre a autonomia de cada um. necessrio que o processo seja compartilhado.

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    Alm do poder de seduo que o computador provoca ser que ele torna a educao mais eficiente?

    O professor precisa utilizar o seu conhecimento para, quando possvel, empregar a tecnologia disponvel na conduo e apresentao dos contedos, o que ser facilitado com o auxlio do computador.

    De forma alguma o professor dever impedir seus alunos de usarem, nos momentos corretos, as novas tecnologias. Elas so inseridas, num processo irreversvel, no canal de comunicao do professor/aluno e a partir da necessariamente tm que ser consideradas ou um rudo, algo prejudicial ou destruidor da comunicao, ou ento, caso sejam usadas adequadamente, aliadas do processo educacional.

    O professor no deve se envergonhar caso o seu domnio das ferramentas computacionais seja menor do que o de alguns alunos, pois isso perfeitamente normal e aceitvel. Apenas admita isso e pea a colaborao deles no desenvolvimento de determinadas atividades. Oriente-os, diga o que gostaria de fazer, proponha desafios e pergunte se de alguma forma utilizariam a tecnologia? Com certeza eles se sentiro teis e participaro mais ativamente das aulas.

    Teixeira e Brando (2003) afirmam que:

    [...] a utilizao do computador em Educao s faz sentido na medida em que os professores o conceberem como uma ferramenta de auxlio as suas atividades didtico pedaggicas, como instrumento de planejamento e realizao de projetos interdisciplinares, como elemento que motiva e ao mesmo tempo desafia o surgimento de novas prticas pedaggicas, tornando o processo ensino-aprendizagem uma atividade inovadora, dinmica, participativa e interativa.

    Pode-se afirmar que a educao atual necessita de professores capacitados, dinmicos, dispostos participar, desenvolver projetos transdisciplinares e que consigam, na medida do possvel, utilizar o computador para auxiliar o desenvolvimento das suas aulas.

    Como a tecnologia ajuda os professores e os alunos a construrem

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    um ambiente propcio para a manifestao das ideias e aquisio do conhecimento?

    Segundo Favoreto (2009),

    [...] a informtica deve ser vista como um instrumento de interao com o educando, a fim de proporcionar um ambiente experimental, o que significa que o ambiente de aprendizagem e descoberta que o educando vivencia nas experincias de investigao da aprendizagem cria um processo cclico de ao-testagem-depurao-generalizao que por fim acabam gerando o conhecimento. Portanto, os softwares educativos podem ser extremamente proveitosos se utilizados no processo experimental da aprendizagem.

    Infelizmente, a adoo de recursos tecnolgicos associada com novas metodologias de ensino e avaliao, que estimulem a aprendizagem e possibilitem o trabalho transdisciplinar, ainda, continua sendo um grande desafio educacional.

    De que forma o professor usar a informtica de maneira a contribuir para a formao dos alunos que atuaro em um mundo, cada vez mais exigente?

    Voc professor: Tente utilizar o computador! Hoje est mais fcil utiliz-lo que h 10 anos. Na verdade, os avanos da tecnologia de software, a proliferao das linguagens de programao orientada a objetos, as linguagens de autoria do tipo arrastar e soltar e muitos outros recursos permitem que professores, alunos e demais pessoas utilizem o computador mesmo com pouco conhecimento de informtica.

    Entretanto, necessrio reforar que na educao indica-se o computador como um facilitador da aprendizagem e no, apenas, como um recurso para diverso. Esse um grande desafio a ser considerado.

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    2.4 USO DE RECURSOS COMPUTACIONAIS NO PROCESSO EDUCACIONAL

    De acordo com Favoreto (2009), a informtica disponibiliza recursos que so excelentes ferramentas, que no s despertam o interesse e a concentrao como, tambm, aperfeioam o desenvolvimento da criatividade e habilidade do educando. Caso esses recursos sejam bem utilizados, ento os computadores funcionaro como uma excelente alternativa para o ensino.

    Mas, as precaues precisam ser tomadas para que os programas de computadores no sejam utilizados como verses eletrnicas de exerccios de memorizao e repetio. Esses programas so criticados por utilizarem uma metodologia baseada em estmulo e resposta, que s vezes pode ser desnecessariamente cansativa e, ainda, levar os alunos a um tipo de aprendizagem bastante limitada, por memorizao e assimilao de informaes, sem maiores consequncias pedaggicas para o aprendiz.

    Segundo props Piaget, citado em Favoreto (2009), o conhecimento no transmitido, mas construdo progressivamente por meio de aes e coordenaes das mesmas, que so interiorizadas e se transformam. A inteligncia surge de um processo evolutivo, no qual muitos fatores tm tempo para encontrar seu equilbrio.

    [...] a partir de suas prprias aes, o educando, como ser ativo, constri suas estruturas de conhecimento em interao com seu meio, pois o conhecimento no procede, em suas origens, nem de um sujeito consciente de si mesmo nem de objetos j construdos que a ele sejam impostas. O conhecimento resulta das interaes que se produzem a meio caminho entre os dois, dependendo, portanto dos dois ao mesmo tempo, mas em decorrncia de uma indiferenciao completa e no de intercmbio entre formas distintas (...) (PIAGET, 1972)

    Processadores de textos, banco de dados, planilhas, Internet, dentre outros recursos favorecem a aprendizagem ativa, desde que o professor utilize-os de maneira que os alunos obtenham as suas concluses a partir

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    das suas prprias aes. Deve ficar claro, que o professor no encaminhar todas as aes. Na verdade, ele utilizar os aplicativos dos computadores para promover atividades que permitam aos alunos interagir com o equipamento, para que a partir das suas prprias aes, obtenham o conhecimento esperado.

    Gardner (1995) defende:

    [...] a pluralizao da inteligncia, onde umas atuam com mais fora que outras e funcionam sempre combinadas entre si, podendo-se desenvolver as de menos intensidade atravs de estmulos em ambientes ricos em materiais fsicos e humanos, currculo flexvel, diversificando o mximo possvel a maneira de se apresentar um contedo especfico e valorizando as interaes entre os indivduos e as sociedades.

    O ambiente computacional, com toda a sua interatividade e potencialidade, propcio para abordar contedos importantes de vrias maneiras: histrias, debates, jogos, simulaes, filmes, desenhos, diagramas ou exerccios prticos. O computador, certamente, possibilita essa pluralizao, desde que bem utilizado por professores e alunos.

    Considerando que ferramentas computacionais so utilizadas para facilitar o aprendizado de alguns contedos, ento a unio entre contedo e tais ferramentas ser planejada, visando o aprendizado significativo para o aluno.

    Como e quando utiliz-las?O mais importante estar predisposto a investigar o potencial

    pedaggico dessas ferramentas. Conhecer as experincias de uso dos outros colegas, tambm, favorece a incorporao mais rpida dessa tecnologia.

    Recursos como Internet e programas do pacote Office da Microsoft ou os do BrOffice so utilizados como uma opo para diversificar a forma de ensino. Nesses ambientes, uma pessoa ou grupo de pessoas pode fazer visitas virtuais a museus e cidades, executar simulaes, jogar e criar jogos, estabelecer facilmente a comunicao entre grupos de pessoas, construir histrias e praticar a leitura e a escrita, fazer uso de recursos para a organizao do raciocnio, dentre muitas outras possibilidades.

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    2.4.1 A Internet

    A Internet surgiu por volta de 1960, pice da Guerra Fria, desenvolvida pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos por intermdio da Agncia de Projetos de Pesquisa Avanada ARPA -, visando facilitar a troca de informaes entre os projetistas contratados pelo governo norte-americano e os pesquisadores do Departamento de Defesa, tambm daquele pas.

    No mercado, obteve maior fora a partir de 1995, iniciando uma nova revoluo: A Revoluo Digital, a era da inteligncia em rede, na qual seres humanos combinam sua inteligncia, conhecimento e criatividade para produo de riquezas e desenvolvimento social. Essa revoluo atinge todos os empreendimentos da humanidade - aprendizagem, sade, trabalho e entretenimento. (TAPSCOTT, 1997).

    Atualmente, a facilidade de acesso a Internet vem permitindo que, cada vez mais, empresas e pessoas utilizem esse importante veculo informacional, possibilitando uma distribuio mais democrtica dos conhecimentos da humanidade.

    Muitos so os professores que j utilizam a internet como fonte de pesquisa para a sua fundamentao terica, atualizao e para fazer cursos a distncia. Tambm, j sugerem endereos confiveis e com informaes importantes para que os alunos faam suas investigaes. E como muitos textos so ligados a outros textos, o aluno tem a possibilidade de navegar por um oceano de informaes.

    Alm disso, so inmeras as bibliotecas virtuais que disponibilizam obras consagradas, muitas delas com edies esgotadas, que podem ser facilmente acessadas no ciberespao.

    Devido imensido de informaes disponveis na rede de computadores, e da origem duvidosa de algumas delas necessrio que se saiba fazer pesquisas utilizando melhor os diversos recursos disponveis nos mecanismos de busca e, tambm, conhecer alguns sites especficos para evitar problemas.

    So inmeros os mecanismos de busca. O Goog