INFORME C3 - EDIÇÃO 13

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INFORME C3Edição 13 – Abr - 2013MOVER (DES)FAZER DESTERRITORIARIZAR DESPIR LIBERAR

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  • Corpo - Cultura - Artes - Moda - Educao

    Informe C3, Porto Alegre, v. 04, n. 13, abr, 2013. www.processoc3.com 1

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    MOVER(DES)FAZER

    DESTERRITORIARIZARDESPIR

    LIBERAR

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    Foto: Anderson de Souza

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    EXPEDIENTEDireo Geral e Coordenao Editorial:

    Wagner Ferraz

    Editores

    Wagner Ferraz e Miriam Piber Campos

    Pesquisa e Organizao:

    Processo C3 - Coletivo de vrias coisas

    Equipe Editorial

    Wagner Ferraz, Miriam Piber Campos e Anderson de Souza

    Projeto Grfico e Direo de Arte:

    Diego Mateus e Wagner Ferraz

    Edio de Arte e diagramao:

    Diego Mateus / [email protected]

    Arte da Capa:

    Anderson de Souza

    Conselho Editorial:

    Prof. Dr. Alexandre Rocha da Silva (UFRGS/RS); Prof. Dr. Samuel Edmundo Lopez Bello (UFRGS/RS); Prof. Dr. Luis Henrique Sacchi dos Santos (UFRGS/RS); Prof Dr Kathia Castilho (UAM/SP); Prof. Dr. Lu-ciano Bedin da Costa (UFRGS/RS); Prof Dr Marta Simes Peres (UFRJ/RJ); Prof Dr Fabiana de Amorim Marcello (ULBRA/RS); Prof Dr Airton Tomazzoni (UERGS/RS); Prof Dr Marilice Corona (IPA/UNISINOS/RS); Prof Dr Sayonara Pereira (USP/SP); Prof Dr Magda Bellini (UCS/RS); Prof Dr Celso Vitelli (ULBRA/RS); Prof Dr Daniela Ripoll (ULBRA/RS); Prof. Ms. Leandro Valiati (UFRGS/RS); Prof Ms Luciane Cocca-ro (UFRJ/RJ); Prof Ms Flavia Pilla do Valle (UFRGS/RS); Prof Ms Camilo Darsie de Souza (INDEPIN/UFR-GS/RS); Prof Ms Eleonora Motta Santos (UFPEL/RS); Prof Ms Giana Targanski Steffen (UFSC/SC); Ms Zenilda Cardoso (UFRGS/RS); Prof Ms Miriam Piber Campos (INDEPIN/RS); Ms Luciane Glaeser (RS); Ms Jeane Flix (UFRGS/RS); Ms Alana Martins Gonalves (UFRGS/RS); Prof Ms Sabrine Faller (INDEPIN/RS); Ms Luiz Felipe Zago (UFRGS/RS); Ms Carla Vendramin (RS); Prof Esp Anderson de Souza (FATEC/SENAC/RS); Prof Esp Wagner Ferraz (INDEPIN/Processo C3/RS); Prof Dr Luciana boli (Unilasalle/RS);

    INDEPIn Editora - Editora Associada - Porto Alegre/RS

    Informe C3 - Peridico EletrnicoProcesso C3 - Coletivo de vrias coisas

    Porto Alegre

    Ano 04 - Edio 13Abril - 2013

    Classificao: 18 anos

    O contedo apresentado pelos colaboradores (textos, imagens...) no so de responsabilidade do Processo C3 Coletivo de Vrias Coisas e da Informe C3 Perodico eletrnico. Nem todo opinio expressa neste meio eletrnico ou em possvel verso impressa, expressam a opinio e posi-cionamento dos organizadores e responsveis por este veculo.

    Informe C3 / v. 04, n. 13, ( abril. 2013). Porto Alegre, RS : Processo C3 e Indepin Edito-ra, 2013. Online. Disponvel em: http://www.processoc3.com

    Periodicidade indefinidaISSN: 2177-6954

    1. Cultura. 2. Artes. 3. Corpo. 4. Moda. 5. Pesquisa. 6. Educao

    CDD:301.2370.157793.3646

    Capa:Composio de fotogrfias

    Foto:Anderson de Souza

    Local:Porto Alegre/RS/Brasil

    Edio e tratamento de imagem:Anderson de Souza

    Contatos:Wagner Ferraz

    55-51-9306-0982 [email protected]

    www.processoc3.com

    http://processoc3.tumblr.com/

    http://processoc3.posterous.com

    http://www.twitter.com/processoc3

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    APRESENTAO 13 Wagner Ferraz

    POSIES E (EN)CANTOS DO DESEJO 16 Andr Masseno

    PENSAMENTO DESENHANTE 18 Anderson Luiz de Souza

    UM CORPO SEM TTULO 20 Francine Pressi

    COMO UMA AULA PODE SER ARTE SEM SE PREOCUPAR EM

    REPRESENTAR UMA TCNICA? 22 Raul Voges

    COMPOSIES 24 Camila Mozzini

    REENCONTROS 26 Wagner Ferraz

    O SERIAL KILLER SOLIPSISTA 28 Fbio Valenti Possamai

    ENTREVISTA COM ALAN MACIAS 32 By T. Angel

    ENSAIO FOTOGRFICO 39 Modelo: Simone Braz Schuster / Fotos: Anderson de Souza

    AKEDIA 50

    RVORE DA VIDA 58

    A MORTE OFERECE CARONA 66 Jaqueline Lunkes

    A MODA POP...

    APROPRIAO, PASTICHE OU (RE)INVENO 72 Robson Xavier da Costa

    POSIES DO MUNDO DA BOLA:

    DE QUE LADO DA LINHA VOC EST? 76 Andreana Marchi - UFSC / Raquel da Cruz - UNIVALI

    INDICE

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    Agradecemos tambm a todos que de forma diretaou indireta colaboraram com o Processo C3 e com o Informe C3.

    AGRADECIMENTOS APRESENTAO

    APRESENTAO

    Wagner Ferraz Agradecimentos desta edio

    Andr MassenoRio de Janeiro/RJ

    Anderson de SouzaPorto Alegre/RS

    Thiago Soares - Frrrk GuysSo Paulo/Brasil

    www.frrrkguys.com

    INDEPInPorto Alegre/RS

    Matheus Dreher Porto Alegre/RS

    Francine PressiSo Leopoldo/RS

    Raul Voges, Camila Mozzini e Fbio Valenti Possamai Porto Alegre/RS

    Alan Macias So Francisco/USA

    Simone Braz SchusterMontenegro/RS

    Daniele Alves, Dbora Zebelin, Jackeline Alves, J Ferrer, Natlia Avelar e

    Ana SteinSo Paulo/Brasil

    Nathlia Ribeiro, Rafaela Wohlers e Vinicius Uehara e Ana Stein

    So Paulo/Brasil

    Jaqueline LunkesPorto Alegre/RS

    Robson Xavier da CostaJoo Pessoa/PB

    Andreana Marchi - UFSC e Raquel da Cruz - UNIVALISanta Catarina

    Rodrigo Scapini NeurerPorto Alegre/RS

    Diego MateusPorto Alegre/RS

    Uma apresentao dos atrasos

    Criar, produzir, articular, fazer, remanejar, convidar, solicitar, ajustar, esperar... aes para a produo de uma revista que no acontece, que no se d, que no se finaliza, que no fica pronta...

    Atraso! Atraso! Atraso!

    Essa a potncia dessa produo, o atraso. Tantas pessoas aguardando a publicao de seus textos, de suas imagens, de seus comentrios, de suas ilustraes...

    O tempo cronolgico evapora, se esvai, cai, desfaz... o tempo denuncia que o atraso existe e a edio da re-vista no est pronta.

    Por mais que sempre se possa contar com muitos colaboradores que enviam suas participaes, a parte de organizao, edio, diagramao e finalizao sempre pesa e seus efeitos so os atrasos.

    Mas at que enfim uma edio realizada, uma revista, um peridico eletrnico, uma publicao atualizada com a composio do projeto de trs edies que estavam travadas.

    No se trata de uma justificativa acompanhada de choro e lamrias, mas de localizar como tudo isso se d, como e em que condies se torna possvel uma publicao.

    A est a to esperada edio. claro que tenho que agradecer a todos que colaboraram e tiveram e tiverem a pacincia de esperar. Desculpas eu lano no ventilador por meus discursos j no do mais conta!

    Que os interessados possam fazer uso de algo que os afete nessa edio!

    Obrigado!!!

    Abrao Ferraz Wagner

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    VERTEBRA 01

    POSIES E (EN)CANTOS DO DESEJO

    Andr Masseno

    este corpo estranho que tanto nos atrai. Este Outro, ao qual me refiro com uma inicial maiscula, no se trata daquela alteridade domesticada que discursos homogeneizantes e (falsamente) democrticos vm midiaticamente nos bombardeando atravs de imagens de uma (falsa) relao intercultural. Remeto-me a uma certa estncia, inominvel e radical, que nos assombra e sobre a qual, paradoxalmente, o nosso desejo se debrua e nos impele a uma aproximao. Friso, de antemo, que estou interessado na problematizao acerca da relao entre o desejo e o Outro sob o ponto de vista artstico, isto , no modo como a arte encena as potncias mltiplas do desejo. Sendo assim, partirei da leitura de versos da cano Menino do Rio, de Caetano Veloso, permitindo-me enveredar pelas trilhas do desejo sob o mote de uma letra bastante presente no imaginrio cultural brasileiro.

    Composta em 1979, sabe-se que o compositor inspirou-se na figura do jovem carioca conhecido como Petit (apelido de Jos Artur Machado), surfista e figura lendria do badalado per da Praia de Ipanema no incio da dcada de 1970, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Menino do Rio foi marcante por ter sido uma das canes pioneiras a conjugar a figura masculina com a paisagem carioca, optando por uma abordagem diversa da linhagem antecedente e bossa novista que, em letras como Garota de Ipanema e Ela carioca (ambas de Vincius de Moraes e Antnio Carlos Jobim), relacionava a imagem da mulher geografia litornea do Rio.

    Nos versos de Menino do Rio, o eu-lrico oferta a cano como uma carcia da boca Tome essa cano como um beijo , evidenciando que esta dedicatria no s tem um apelo reverencial, mas tambm ertico, a uma juventude que seduz o olhar alheio com a sua fora desbravadora estampada na pele: Menino do Rio/ Calor que provoca arrepio/ Drago tatuado no brao. Alm do arrepio causado pelas altas temperaturas do vero carioca, h tambm o arrepiar-se ao se perceber olhando para o lado quente do ser (parafraseio aqui o ttulo de uma cano de Antonio Ccero e Marina) na figura de um jovem rapaz, que se torna espelho-amlgama daquele que o observa: Pois quando eu te vejo/ Eu desejo o seu desejo. O corpo de menino, que flerta descompromissado com a vida, aquece o olhar de seu observador que, por sua vez, flerta o jovem e se deixa ser devorado pelo desejo alheio. Portanto, dois

    o rapaz ou o mar quem tatuaem meus braos o pergaminho dos nufragos,

    a rota insana de veleiros esquecidos?Alexandre Bonafim

    A Leonardo Davino

    Em uma determinada passagem do livro O corpo como objeto de arte (2002), Henri-Pierre Jeudy comenta a recusa de Paul Gauguin representao desdenhosa da cultura do Taiti, justamente no perodo em que o pintor francs vivera naquele pas em busca de uma nova temtica para suas obras. Segundo Jeudy, o pintor destituiu-se de qualquer poltica de dominao e de exotismo ao aceitar a cultura taitiana em detrimento de sua cultura europeia: Os corpos d[as] mulheres [do Taiti] no intrigam [Gauguin] como a um europeu que busca sensaes desconhecidas; eles o atraem a ponto de deixar de ser ele mesmo, (...) guardando seu olhar de pintor que perde, pouco a pouco, suas prprias convenes culturais (JEUDY, 2002, p. 103).

    Gauguin, entregue experincia violenta das diferenas deste corpo estranho que invade o seu espao, tanto de artista quanto de sujeito, torna-se uma ferramenta de leitura crtica de Jeudy quanto viso reducionista do Outro promovida pelo idealismo democrtico-igualitrio, que apaga as diferenas e coloca todas as particularidades tnicas, culturais, sexuais e de gnero em uma tabula rasa. Neste territrio atual onde todos so (aparentemente) iguais, tornou-se condenatrio qualquer discurso que fuja da clave piedosa do reconhecimento e da compreenso do corpo estranho e de sua alteridade irredutvel. Como atesta Jeudy, o reconhecimento da diferena e a compreenso dos sinais de sua manifestao j anunciam a prpria morte da diferena em um mecanismo de integrao recproca (JEUDY, 2002, p. 105).

    Tendo em vista este pensamento de Henri-Pierre Jeudy, procurarei discorrer acerca deste impetuoso movimento chamado desejo que, a meu ver, tem uma estreita relao com o Outro, com

    corpos desejantes acabam por se amalgamar em uma voz que canta em ode no s paisagem carioca to bem personificada pela figura masculina da cano, mas tambm mxima potncia do desejo, isto , ao desejar que o desejo seja liberto e deliciosamente devastador em todo o instante, seja no agora da realidade ou na imensido do sonho: O Hava/ Seja aqui/ Tudo o que sonhares/ Todos os lugares. O desejo um mar que lambe corpos, espaos e temporalidades.

    Na letra de Caetano, o desejo pode ser entrevisto como fora que se desprende do sujeito e se expande no seu entorno, que ento recontextualizado e transformado. O desejo mobiliza o sujeito, coloca-o tanto em fruio como em postura de reflexo, numa tentativa de apreender, por meio da conscincia, e de enunciar aquilo que lhe tira do estado de coisas e o instaura no momento de um acontecimento. Contudo, o desejo capaz de ser capturado pela conscincia? No que tange cano Menino do Rio, o eu-lrico pouco se importa em circunscrever o permetro de seu desejo, deixando-se levar pelo deleite de ser invadido pelo objeto de (en)canto que lhe penetra o corpo, tornando-se, assim como o menino, um corpo aberto no espao. Entretanto, ressalto que este estado fusional entre o observador e o observado em Menino do Rio somente possvel mediante um inicial pacto de distncia entre o desejante (o eu-lrico da cano) e o desejado (a presena solar da jovem figura masculina). O desejo instaura-se justamente no encontro das diferenas entre o sujeito e o Outro sob o corpo do observador. Trata-se de uma fuso que, paradoxalmente, no extingue as diferenas, e somente atravs destas que o encontro torna-se possvel. Alm disso, na cano de Caetano, este Outro figurado pelo jovem carioca, tambm tem seus prprios desejos. Portanto, a riqueza do eu-lrico de Menino do Rio est na sua astcia em perceber que a figura masculina que ele tanto deseja, no um algo inanimado como geralmente a noo de Outro pode ser assemelhada/assimilada ao ser enunciada pelo vocbulo objeto , mas sim um sujeito tambm desejante, que lhe escapa a compreenso e que pode ter desejos contrrios aos seus. Entretanto, este desconhecimento mtuo de modo

    algum impossibilita o encontro entre os desejantes, muito pelo contrrio: instiga e alimenta proximidades.

    O desejo apresenta-se como um encontro incisivo com o Outro, acontecimento no qual o sujeito deixa-se ser violentado pelo inesperado. Porm, como assinala o texto de Jeudy sobre Gauguin, necessrio abdicar-se de seus construtos identitrios para se pr em direo a um encontro radical. Contudo, como podemos deixar o nosso corao [em] eterno flerte com o desejo, ns que, cada vez mais, sentimos a urgncia de (re)afirmar nossas identidades tnicas, sexuais e de gnero como um modo de resistir a uma sociedade que busca categorizar os sujeitos no intuito de uniformiz-los e, assim, tornar seus desejos explcitos e socialmente dominveis? Neste ponto de discusso, deparamo-nos com duas frentes: por um lado, todo um legado filosfico que argumenta a dissoluo da ideia de identidade nas sociedades contemporneas; por outro lado, sabido que nem sempre os comportamentos sociais modificam-se com a mesma velocidade das mentalidades ainda mais se tratando de nossa arena sociopoltica nacional, onde certas questes tnicas, sexuais, fsicas e de gneros enfrentam um permanente descaso da maquinaria poltica, que prorroga a sano de leis que criminalizem o preconceito sofrido por negros, mulheres, portadores de deficincia, bi/trans/homossexuais e transgneros. Talvez uma resposta possvel, e em linhas gerais, seja a de pensar que os construtos identitrios so mais uma (importante) possibilidade entre muitas pertencentes ao sujeito, que tambm constitudo pelo que inapreensvel a autoconscincia, como o prprio desejo ao qual me refiro nesta escrita e que o eu-lrico da cano de Caetano Veloso parece se entregar.

    O Outro fricciona violentamente tanto o corpo do sujeito contra o dele quanto faz o sujeito friccionar o seu prprio corpo contra si mesmo. Deixar-se ser violentamente devorado pelo Outro uma atitude que se resvala de qualquer vontade de colonizar as diferenas, ou melhor dizendo, uma passividade necessria para se deixar estar fora de si, para sair do seu ntimo ao encontro da experincia de uma extimidade radical. De acordo com o pensamento de Adam Phillips, o sujeito precisa aprender a suportar ser possudo por uma fonte desejante, que est simultaneamente dentro e alm do sujeito (BERSANI; PHILLIPS, 2008, p. 84). O Outro domina, brutal e deliciosamente, como um assalto no qual o sujeito dominado se rende, porm deslumbrado pela perda.

    Concluindo, porm sem respostas peremptrias acerca desta rede to intricada e complexa chamada desejo, e que Caetano Veloso encena atravs do jogo de olhares especulares entre ambos os sujeitos desejantes/desejados em Menino do Rio, arrisco algumas questes que, no entanto, deixarei pairando no ar: de que lado est, e quantos lados tm, o nosso desejo? O desejo tem posies polticas, escolhas ticoestticas? possvel delimitar o reino e o permetro do desejo?

    REFERNCIAS:

    BERSANI, Leo; PHILLIPS, Adam. Intimacies. Chicago: University of Chicago Press, 2008.

    BONAFIM, Alexandre. Sob o silncio do anjo. Franca, So Paulo: Ribeiro Grfica e Editora, 2009.

    JEUDY, Henri-Pierre. O corpo como objeto de arte. So Paulo: Estao Liberdade, 2002.

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    Informe C3, Porto Alegre, v. 04, n. 13, abr, 2013. www.processoc3.com Informe C3, Porto Alegre, v. 04, n. 13, abr, 2013. www.processoc3.com18 19

    VERTEBRA 02

    PENSAMENTO DESENHANTE

    Anderson Luiz de Souza

    Um desenho pode se dar pelo disparo1 de sensaes de manchas, riscos, linhas e traos produzidos por meio de lpis, carvo, tinta, giz, caneta, pincel, esptula, esponja, pano, vassoura, caco de tijolo, mo ou qualquer outro material sobre o papel, tecido, madeira ou outra superfcie. Um desenho se d no prprio ato de desenhar e no somente na busca incessante pelo desenho ideal como resultado final. Desenhar como constituio de vida artista, como experimentao que brinca, borra, mancha, que faz pensar o impensado no pensamento desenhante. O desenhar como modo de pensar. Um desenho pensamento grafado abstrato, figurativo, realista, Naf2, seja qual for o estilo, o desenho se torna matria artstica produzindo sensaes. O desenho pode representar, mas o desenhar pode se tornar condies de possibilidade para sensaes que muitas vezes no esto na ordem do dizvel e da razo. O desenho como resultado e o desenhar como processo, experimentao e ato de criao.

    Os apontamentos lanados neste breve texto so efeitos da necessidade de desenhar e da busca de diferentes possibilidades para o ensino do desenhar/desenho, usando tcnicas tradicionais e tambm criando tcnicas particulares. Experimentando, saboreando, degustando linha por linha, trao por trao, mancha por mancha... Diante da superfcie a ser desenhada, e das possibilidades de um pensamento violentado nos instantes de criar linha-risco-mancha, constitui-se um plano de construes de imagem, que se faz possvel na multiplicidade e devires que se do diante da folha em branco.

    O desenhar como ato de compor imagens e figuras, articulando o uso de tcnicas, materiais, levando em considerao as necessidades de um currculo, que nem sempre vai ao encontro de possibilidades de criao, mas que preza muitas vezes, pela representao. No se trata de ir contra aos modos de desenhar que se focam em resultados representativos, mas de pensar em condies de possibilidades para a criao no ato de desenhar.

    Estas condies, alm do caos e dos acasos durante a criao, se do tambm pelo uso de tcnicas de desenho entendidas como os modos de construo de figuras envolvendo estudos de proporo, volumetria (sombra e luz), conhecimento

    sobre estilos e uso de diversos materiais com grande ateno para as possibilidades de pintura.

    A composio de linhas, rabiscos, manchas, traos, cores, borres, formas e texturas, que constituem um desenho com caractersticas singulares da experincia do ato de desenhar em um determinado instante, sendo tambm possvel se dar de outra forma em outros momentos em cada criao

    pode ser compreendida como a produo de um estilo. Estilo mltiplo que no fixa um modo de ser e fazer, mas que pode ser uma linha infinita que se ramifica para a produo da diferena no desenhar.

    Durante o desenhar se produz linhas que indicaro condies para a criao do desenho, algumas linhas so apagadas, borradas, desfeitas, outras so conectadas produzindo formas, e algumas vezes formas sobre formas, passando pela necessidade de abandonar os pequenos diferentes desenhos que produzem uma arte por meio de agenciamentos dessas pequenas diferenas. Um desenho no se finaliza, o ato de desenhar que abandonado, interrompido ou pausado.

    Referncias:

    ZORDAN, Paola. Disparos e Excesso de Arquivos. 20 Encontro Nacional da Associao Nacional de Pesquisa em Artes Plsticas: Subjetividade, Utopias e Fabulaes Rio de Janeiro, 2011. (Endnotes)

    1 Por disparador entende se a fora motriz que d a potncia do desenvolvimento de uma

    pesquisa. Linha de fuga do pensamento, que se espraia sobre alguma coisa antes no pensada, dando uma nova maneira de olhar aos transcorreres de uma vida. Essa fora de disparo mobiliza o desejo, cria a vontade para todo um trabalho. Uma pesquisa que pode se constituir dos mais variados elementos existentes, como por exemplo: obra de arte, engenho, teoria; um objeto/subjeto qualquer, coisa ou palavra, Figuras que disparam pressupostos, suposies, indagaes, confuses. ZORDAN, 2011. P.4

    2 O termo naf ou arte naf aparece no vocabulrio artstico, em geral, como sinnimo de arte ingnua, original e/ou instintiva, produzida por autodidatas que no tm formao culta no campo das artes. Disponvel em http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=5357 acesso em 31/03/2013.

    Ilustrao: Anderson de S

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    Ilustrao: Anderson de S

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    VERTEBRA 03

    UM CORPO SEM TTULO

    Francine Pressi

    Olhar no olho do outro pode ser constrangedor!

    No o fato de olhar,

    Mas de no saber o que se passa pela cabea do outro durante o olhar.

    No o olho, o pensamento, no do outro, mas o meu.

    Porque essa sua preciso de mim fome, a mesma que tambm me faria te devorar inteiro, mas aos pouquinhos para saborear melhor. Porque essa tua imagem, teu cheiro, teu olhar que no me saem da cabea me cansam, mas nunca enjoa. Isso deliciosamente irritante.

    Paradoxal que sou, te repilo com todas as foras que consigo reunir, diante da nsia interna de te querer, te ter, fuder.

    Deixa ser palavra esdrxula. Carne, corpo, dionisaco, intenso, vivo, deixa ser/estar o que quer que seja. Vem que eu te espero agora, no mais que agora. Minha vulnerabilidade no permite muito tempo de espera. A vida exaspera devir constante, ouo Nietzcshe e no fluxo dos acontecimentos encaixo meus desejos mais profundos, a fora do universo se encarrega de realizar tudo, assentar as ideias, os sentires... te sinto!

    O corpo de que me aproprio/sou fala de coisas que desconheo

    Sensaes que apreendo/vivo, vivendo

    Num agora de energias subjetivas

    ATIVAS

    Nessa zona de convergncia em que o real s um instante

    simultneo, subcutneo, interno

    Um jogo entre dentro e fora que no cessa

    De um inconsciente/consciente muito presente

    Nesse Corpo E s p a o

    De representao, experimentos, desejos, ou escarificao

    Revelao dinmica, direta e passageira de discursos infindveis

    De possibilidades permeveis por um mundo em constante modificao.

    E lembrando DELEUZE que vos digo...

    no tal plano de imanncia que me potencializo enquanto corpo-devir

    E se SPINOZZA questiona o que pode um corpo?

    OUSADA, pergunto EU... de que corpo se trata?Fotos: Anderson de Souza

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    VERTEBRA 04

    Como uma aula pode ser arte sem se preocupar em representar uma tcnica?

    Raul Voges

    H muito tempo, escolhi criar um caminho onde eu possa construir pensamentos diferentes, sobre o uso das tcnicas corporais que fazem parte do meu trabalho. Diferentes, digo, por no estarem na ordem de representaes de como deve ser feito. Sem a intenso modificar a tcnica criada e codificada, busco a pesquisa desperta e esperta do pensar, pensar a prtica. Tive o corpo perpassado, afetado e codificado pelo processo copiativo, disciplinado pela presso da vara ou do basto, vigiado por olhos severos, embora especialmente mergulhados na tcnica. Aprendi, que um corpo que absorve o molde representativo de uma forma, comportamento, movimento, no est necessariamente apto a distribuir, compartilhar tudo o que absorveu para chegar at ali. E enquanto absorvido por inquietaes constantes quanto prtica dos movimentos, sua execuo, suas fases de aperfeioamento, me deparei com a quase total incapacidade de alguns Mestres em verbalizarem a ao do fazer, em seu prprio mtodo. O espao criado para ocupar com indagaes, logo foi vorazmente preenchido pela necessidade em buscar conhecimento acerca do funcionamento do meu prprio corpo enquanto re-transmissor de arte atravs dos movimentos. Ao prazer de ver meu corpo representar a tcnica de forma correta do outro lado do espelho, somava-se a sensao de estar mais prximo do animal que morre do que de um homem vivo1, pelo afunilamento de possibilidades pensantes que ao corpo, a tcnica apresentava, nas restries do prprio entendimento. Tornar-se professor, no tornar-se um bailarino que sabe o tanto para ensinar. As tcnicas de dana, que por definies e localizaes histricas habitam o mundo chamado da arte, envolvem procedimentos tcnicos, ferramentas e matrias-corpo-etapas, mudanas, alteraes de quantidade e qualidade, e nos demonstram que Arte no tcnica, a tcnica funciona como instrumento de atualizao das virtualidades que a arte compe. Ento, como uma aula pode ser arte, se tudo o que se faz durante seu acontecimento representar uma tcnica? Como tornar importante no campo educacional a funo que a arte tem no acontecimento da aprendizagem? Toda obra de arte uma espcie de aula silenciosa,

    1 DELEUZE e GUATTARRI, 1992, p. 140.

    muitas vezes imprevista2. Uma aula s pode ser uma obra de arte com aquele professor que se confunde com a matria, que deixa de ser o sujeito de um conhecimento e se torna o corpo pelo qual os devires da matria deixam inundar os corpos daqueles que ali vieram aprender3. Deste ponto de vista, os artistas so como filsofos tem frequentemente uma pequena saudade frgil, mas no por suas doenas nem por suas neuroses, mas por eles virem na vida algo grande demais para qualquer um, grande demais para eles e que ps neles a marca discreta da morte. Tornei-me professor certo dia, mas no sei quando passei a educador-artista. Muitos corpos foram perpassados por minhas representaes at eu deixar que estes corpos retornassem para dentro de mim, e surgisse um fluxo contnuo, que transformou o fazer da tcnica pela troca de experincia, trazendo a possibilidade de pensar e viver a alegria em educao. Uma aula ensaiada como no teatro4 diz CORAZZA com DELEUZE, se no a ensaiarmos suficientemente, no estaremos inspirados5, e se ela no resultar de momentos de inspirao, no querer nada. O ensaio que fornece a inspirao consiste em considerar fascinante a matria da qual tratamos6, em achar interessante o que se est dizendo7. O professor ser um bom arteso, um esteta, um pesquisador de palavras, frases, imagens, para atuar no limite, na ponta extrema8 que separa o saber e a ignorncia, e os transforma. A pesquisa constante os tira da inrcia pedaggica que impele a simplesmente refletir. No ir propor gestos a serem reproduzidos, no dir Faa como eu fao, mas convidar: Venha, faa comigo!9, encadeando sensibilidade, intuio e pensamento. Uma proposta de currculo que aprende ao mesmo tempo em que ensina, porque faz pensar, abre poros, cria novas possibilidades.

    2 ZORDAN, 2005, p. 265.3 ZORDAN, 2005, p. 265.4 CORAZZA, 2012, p. 68.5 CORAZZA, 2012, p. 68.

    6 CORAZZA, 2012, p. 68.7 CORAZZA, 2012, p. 68.8 CORAZZA, 2012, p. 71.9 CORAZZA, 2012, p. 26.

    Um professorartista-educador, vai analisar as multiplicidades e os pontos de singularidades e individuao, para ver do que os currculos-codificados ainda so capazes, quais as suas vagas, andamentos, suas linhas disponveis e seus fios invisveis. E da, engendrar, encontrar e recriar. nesta capacidade que a covardia ou a coragem de cada um de ns decide. O aluno no o corpo, mas esse corpo. Ser este um caminho?

    REFERNCIAS:

    CORAZZA, Sandra. Para pensar, pesquisar e artistar a educao: sem ensaio no h inspirao. In.: Revista Educao: Especial Deleuze Pensa a Educao. 2012. Pag. 68-73.

    DELEUZE; GUATTARI. O que filosofia? Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992.

    ZORDAN, Paola. Criao de Planos. In.: Revista Educao: Especial Deleuze Pensa a Educao. 2012. Pag. 38-47. ZORDAN, Paola. Arte com Nietzsche e Deleuze. Educao e Realidade. V. 30, n. 2 (2005). Disponvel em: http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/12472. Acessado: 01/04/2013. Foto: Anderson de Souza

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    VERTEBRA 05

    Composies

    Camila Mozzini

    Sobre buracos

    Do buraco da pele sai o pelo

    No buraco do dente vive a crie

    O buraco do ouvido est repleto de sebo

    Na vagina, o buraco explode em desejos

    Mas e o buraco da alma: qual ser o seu recheio?

    Estou cheia de buracos cheios?

    Ou estes buracos derivam na imensido do espao?

    Quais as cores das valas que habitam esse vcuo?

    Que espessuras formam as dobras destes buracos?

    Ainda vou fazer uma expedio

    Ainda vou escavar todos esses fossos

    No para descobrir verdades ou essncias...

    S para sentir de novo o encontro feliz das mos

    Que um dia cavocavam tneis entre castelos de areia.

    Interna-me!

    Interna-me, por favor! Eu no consigo ser feliz com apenas uma casa, um marido e um filho! Srios problemas me acometem, pois no consigo me sentir satisfeita com a lambana diria da vida. Interna-me, voz da razo! Sei que sabes o melhor para mim! Sei que tens a resposta para minha questo! Interna-me, ento, pois no possuo a vareta mgica do uso correto da razo! Meu gestos expressam demais, minha voz fala demais, meu teatro encena demais. Interna-me e salva o que resta de mim! Interdita meu corpo, paralisa meus olhos, cala a minha boca! Retifica minha intensidade, prende meu instante ao eterno, desvela minha essncia! grande mestre, suplico-te que me internes, pois perdi a membrana que separa fico e realidade! No sei mais viver sem teatralidade e vivo cada momento como um grande esquete! Interna-me para que eu possa ter essa paz! Interna-me para que eu possa ter a normalidade que tanto te apraz! Interna-me para que eu no seja esse louco coiote! Interna-me no para que eu no morra... mas sim para que eu me mate!

    Vida

    A Vida

    Ah... a vida...

    Nascer, crescer, reproduzir, falecer?

    Dormir, andar, falar, comer, cagar?

    Vestir, duchar, limpar, assear?

    Trabalhar, ler, escrever, correr?

    Ah... No pode ser!

    preciso...

    ... Morrer...

    Morrer.

    Morrer!

    Quantas mortes so necessrias

    Para que nasa uma vida?

    A pedra bruta e a prola

    Uma pedra bruta resolveu virar uma prola. Todo dia ela passou a se lixar, cortar suas arestas, polir sua superfcie, fechar as frestas. Todo dia ela acordava e dormia com essa busca: perder o opaco, ficar lustra. A pedrinha queria brilhar e enfeitar belos pescoos. Queria ser vista, desejada, admirada. Sonhava com o dia em que ocuparia seu lugar de destaque. Mas nada disso aconteceu... A pedra j toda lixada e sem forma chorou ao ver que no havia se tornado uma prola. Desesperada, esbravejou aos cus, amaldioou os mares, blasfemou os solos. Mesmo tendo tanto se esforado, no concretizou seu maior anseio em vida... Ela no via que por trs de sua estrutura bruta no estava uma prola, mas sim o indescritvel brilho de um diamante.

    Foto: Anderson de Souza

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    VERTEBRA 06

    Reencontros

    Wagner Ferraz

    Entre tantos encontros onde se d a constituio de corpos, dos seres e dos eus em devir, vivi muitos desencontros com os instantes que j estavam na ordem de cada dia, e assim se produziram reencontros como novas possibilidades de encontros onde se atualizavam os corpos.

    Entre tantas variaes um reencontro produziu a brecha para um longo corredor cheio de portas, e o fluxo ao andar por esse corredor definido pelas portas que se abrem e fecham. Algumas portas se abrem para grandes espelhos que reinventam tudo o que passa em sua frente, outras so como telas em branco cheias de nada e de imagens prontas.

    As lmpadas foram quebradas e o infinito corredor ficou escuro impedindo os espelhos de criar imagens, pois no se sabia que as imagens s se davam nos espelhos, mas no eram criadas por eles. Se as imagens no so criadas pelos espelhos ento se pode criar imagens na escurido do corredor.

    De um lado estava o efeito do encontro passado, no centro a possibilidade de um novo encontro, do outro lado o reencontro se intensificando, no como descoberta, mas algo em ato naquele instante. E cada momento pode ser instante, pode ser intenso, pode ser encontro no vazio de algo que se v como um corredor com portas.

    E aconteceu, uma das portas foi transformada em outro caminho que leva para um lugar de medos, e desse novo caminho sai uma boiada que passa por cima de tudo. Cortes, pisadas, empurres, uma vida toda esmagada na encruzilhada daquele corredor. Ento, j no sentindo o mundo que me atravessava antes, sinto um novo encontro com o que restou dessa violncia ou com o que se produz nessa violncia.

    Uma violncia que coloca em movimento outros modos de sentir, pensar, viver cada encontro.

    Todo e cada instante apenas o instante sentido por cada um. Senti que, o que estava em outro tempo parecia ter se atualizado no corpo que se deu no gozo dos corpos.

    J no sei mais o que vontade, desejo ou necessidade... S sei o que tem acontecido, o que era vazio parece se tornar um vazio cada vez maior, o que foi preenchido segue se preenchendo e transbordando, o que era esquecido continua esquecendo e cada vez que tento lembrar crio um modo novo, no sei bem de que, mas sei que algo se constitui que no sei classificar nem nomear. Mas sempre me disseram que quando eu souber terei que escolher apenas um. No quero apenas um, pois no sou feito de uma verdade, sou feito de muitas invenes, de muitas fragilidades potentes, de lugares que prefiro no identificar, e de encontros que so sempre nicos. Escolher no faz parte, prefiro ser escolhido.

    s vezes quando me escolhem me dizem o que eu sou, como sou, o que fao, o que normalmente digo, de que me alimento e o que gosto. Em outros momentos quando me escolhem criam um novo eu com caractersticas mltiplas, o eu da vida toda instante, diferena, possibilidade, potncia, ao, um vir a ser eu. Esse eu no vive essncia, mas vive instante, inveno, criao...

    Se eu no sou mais eu, s posso encontrar o eu que se d no encontro dos corpos. Alguns encontros so potentes e se tornam uma variao de encontros na vida, um corpo de encontros de infinitas pequenas grandezas. E cada vez mais no sei dizer quem sou, s dizer o que quero experimentar em cada instante de uma vida de violentas sensaes.

    Foto: Anderson de Souza

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    VERTEBRA 07

    O serial killer solipsista

    Fbio Valenti Possamai

    Lembro muito bem do dia em que me chamaram de uma coisa que eu jamais havia escutado. O responsvel por isso foi um professor de filosofia que tive h muitos anos atrs. Ele me chamou de solipsista, mas, para minha sorte, ainda em estado incipiente. Fiquei calado. Nunca fui de falar muito durante as aulas mesmo. Ao chegar em casa, entretanto, corri para o dicionrio no intuito de descobrir o que aqueles dois termos significavam. Folhei as pginas com sofreguido e corri os olhos alucinadamente. L estava a soluo para esse mistrio. Incipiente quer dizer algo em seu estado inicial, que ainda no est completamente desenvolvido. Pensando bem, nada mais justo para um adolescente do que estar em desenvolvimento. O segundo termo, por sua vez, pegou-me de surpresa. Eu era um solipsista. Sabe-se l porque cargas dgua o professor achava que eu era uma pessoa desse tipo. Mas enfim, eu era, oficialmente, um solipsista. O que isso queria dizer, afinal? Isso queria dizer que, e at faz um certo sentido dado o meu histrico, a nica pessoa que realmente existia no mundo era eu ou melhor, a minha conscincia. Tudo o mais um mero resultado, uma simples consequncia, da minha existncia. A minha mente havia criado cada pessoa e cada objeto do mundo exterior. Levando isso ao extremo, poderamos dizer, ento, que as mudanas climticas so culpa minha e no do capitalismo. O holocausto, infelizmente, saiu da minha mente. Claro que eu ainda no estava vivo naquela poca, mas como estudei sobre isso e tal informao reside no meu crtex, de alguma forma todas aquelas coisas tenebrosas que aconteceram saram da minha prancheta de desenhos mental. Confesso que no foi nada fcil viver com toda essa responsabilidade e todo esse poder, mas fui me adaptando. Todos os dias eu realizava uma espcie de meditao solipsista, e as coisas foram melhorando. At que um dia alguma coisa mudou. Eu tive uma ideia.

    J havia se passado algum tempo desde minha transformao em um solipsista completo quando resolvi colocar prova aquilo que meu antigo professor dissera sobre mim. Pensando bem, o professor no havia me dito absolutamente nada. Quem disse tudo aquilo sobre mim fui eu mesmo. simples assim. E a reao que

    meus colegas tiveram ao escutar toda aquela conversa tambm teve o meu dedo ontolgico. Todas as vezes que joguei futebol (eu era um exmio goleiro) e todas as sensacionais defesas que fiz no tiveram l muito mrito, pois eu chutava a bola e depois a defendia. Sabem aquela histria de fazer o cruzamento e ir l cabecear? Pois , eu fazia isso. Isso pode dar um pequeno n na nossa (ops! minha) cabea. Quando eu era pequeno e apanhava do meu pai, todas aquelas palmadas eram aplicadas por mim mesmo em meu prprio corpo. Isso sim que masoquismo! Quero ver algum superar isso. Mas no existe mais ningum nesse universo, portanto, a medalha de ouro minha e a de prata, e a de bronze. A meno honrosa minha tambm. Mas perco-me em digresses, peo desculpas aos leitores. H! Mas ningum est lendo isto. Vocs (eu) sabem (sei) disso.

    Onde eu estava mesmo? Ah sim! Um belo dia resolvi testar aquela teoria sobre o solipsismo de uma maneira um tanto quanto radical. Escolhi minha primeira vtima aleatoriamente e o resto foi fcil. Tornei-me, ento, um serial killer, um serial killer solipsista. No consegui compreender a razo pela demora em ser preso, j que eu estava caando a mim mesmo, e deveria saber onde me encontrar. Mas, seja como for, alguns anos se passaram at que, finalmente, eu estava atrs das grades. A mdia usou uma enxurrada de termos infames para me descrever: assassino, monstro, demnio, e talicoisa. Eu pouco me importei. Eu j sabia que aquilo iria acontecer. Como algum pode ficar bravo ao ser acertado em cheio por um ovo podre quando quem atira o ovo a prpria pessoa que vai ter de, mais tarde, tomar um belo e demorado banho de sais aromticos? Veja bem, ser um solipsista no tarefa fcil. Ser um serial killer solipsista, entretanto, algo bem mais fcil. No preciso se importar com a dor alheia, ela inexiste. Todo aquele sangue, todos aqueles gritos e expresses de terror, eram meras criaes minhas. Ento, ao fim e ao cabo, por que eu iria me importar? Quanto mais o tempo passava, e mais pessoas eu matava, mais eu me convencia de que realmente era um solipsista. Eu no sentia absolutamente coisa alguma por todas aquelas pessoas. Se o mundo fosse outra coisa que no uma

    criao da minha mente ento eu deveria sentir alguma coisa. No era possvel ser de outra forma. As provas eram muito claras. Eu estava absolutamente convencido.

    E assim chegou o dia da minha condenao. Depois de uma longa e intensa deliberao, o jri chegou ao veredicto de que eu era, obviamente, culpado. Pena mxima, abertura de novos precedentes e todo aquele papo jurdico chatssimo. Fiquei l sentado, s ouvindo. s vezes eu podia ser extremamente enfadonho e montono, isso verdade. E ficar ouvindo a prpria voz no ajudava nem um pouco. O jri no teve nenhuma clemncia comigo. Realmente eu queria punir a mim mesmo de uma maneira exemplar. Eu deveria ser enforcado, ou eletrocutado nada de injeo letal ou formas mais humanas de execuo. E isso l existe? Seja como for, as coisas que fiz estavam alm de qualquer tipo de compaixo. Eu deveria

    ir para o inferno (outra criao minha) ou coisa parecida. O juiz bateu o martelo e voltei minha cela. Eu estava em uma ala que fora isolada especialmente para mim, j que era considerado extremamente perigoso e imprevisvel. Os guardas j haviam se retirado e o nico prisioneiro l era eu. Naquele momento, sentado na minha cela pude perceber a verdade sobre o mundo, a verdade sobre a minha existncia. No havia mais ningum, realmente. Eu estava como sempre estivera e como sempre estarei. Completamente sozinho.

    Foto: Anderson de Souza

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    ENTREVISTA

    Entrevista com Alan Macias

    By T. Angel

    Entrevista originalmente publicada em 21/02/2011 em:

    http://www.frrrkguys.com.br/entrevista-com-alan-macias/

    Fotos: Arquivo pessoal Traduo: Silvia Taschen

    Em 17 de Dezembro de 1997 aos 33 anos de idade Alan Macias sofreu um gravssimo acidente de moto em So Francisco, que modificou sua vida por completo. Aps oito meses internado e depois de passar por uma mdia de quarenta cirurgias, Alan sobreviveu, mas acabou perdendo um brao. As vsperas de completar os seus quarenta e sete anos no prximo 17 de Maro dia de So Patrick -, Alan Macias mostra ser um homem de bem com a vida, muito seguro de si, confortvel e feliz com seu corpo, assim como ele . Muito receptivo e querido atendeu prontamente o nosso pedido de uma entrevista e com muito orgulho compartilhamos com todos vocs.

    Como bonito e bom ver pessoas que superam problemas e vivem a vida de uma forma positiva e feliz. Confiram abaixo!

    T. Angel: Quando voc comeou a se modificar?

    Alan: Eu tinha algumas tattoos antes do acidente, mas a maior parte do que voc v foi feita nos ltimos 10 anos.

    T. Angel: Voc perdeu o brao em um acidente de moto muito srio h alguns anos. Antes disso, voc experimentou tatuar o corpo?

    Alan: S um pouco, veja acima.

    T. Angel: O desenho das suas tattoos e tambm o local do corpo que voc escolheu para elas peculiar. O que voc pode dizer sobre isso?

    Alan: Gosto de tatuagens minimalistas. Minha ideia para elas serem simples como clip-art. Voc pode olhar rpido e saber o que est vendo. S por diverso, para fazer as pessoas sorrirem. Comecei com os dedos e o ombro, depois um pouco na bunda e descendo as costas. A ideia de fazer o short evoluiu por procurar por as tatuagens em lugares no muito ocupados. No fim, h um monte de reentrncias para dificultar o trabalho. Tentei criar imagens fceis de tatuar, para ficarem bonitas e no borradas.

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    T. Angel: Vamos falar de nulificao. Como j foi dito, voc perdeu o brao em um acidente, mas como se sabe, algumas pessoas removem partes do corpo por opo. Qual a sua opinio?

    Alan: uma escolha pessoal, cada um tem a sua. Sou da opinio de manter as partes, desde que sejam necessrias. Meu brao foi recolocado aps o acidente, mas no funcionou. Um ano depois, pedi para amputarem. Meu ombro no funciona, mas pedi para deixarem o bastante para eu usar camiseta. Se for feito um brao binico realmente bom, vou pedir para removerem o ombro, para eu usar prtese de ombro, brao e mo. A nica coisa que eu tive trabalho para me livrar foi o pelo do corpo. Levei anos e anos e s vezes ainda preciso tirar quando alguns aparecem.

    T. Angel: Ns vemos as suas fotos no Flickr e voc parece vontade e feliz consigo mesmo. Voc posa nu e mostra a beleza do seu corpo, real como . Voc sempre antes e depois do acidente teve essa boa relao com o prprio corpo?

    Alan: Acho que mais depois do acidente. Depois de ir ao Burning Man (o festival de arte e msica no deserto de Nevada) em 1999, eu percebi que a maioria das pessoas igual por dentro. Por fora, todas so diferentes, mas por dentro existem desejos e necessidades universais. As pessoas adoram observar pessoas, e se observam pessoas nuas, melhor ainda. a natureza humana. Estar nu diante de 50.000 pessoas libertador. Voc tem que abandonar a preocupao de ser julgado ou no, porque no fim, no importa; no deixe isso o atingir, divirta-se e curta ser voc mesmo.

    T. Angel: Deixe uma mensagem para nossos leitores de todo o globo.

    Alan: Eu gostaria de agradecer a todos que dedicaram tempo para ler sobre mim. Se vocs gostaram, um grande elogio para mim. Obrigado.

    Contato http://www.flickr.com/people/20275745@N08/

    Matria com Alan na revista Body Art 4

    Matria com Alan na Bizarre Magazine

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    ESPAO

    LIVRE

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    Modelo:

    Simone Braz Schuster

    Fotos:

    Anderson de Souza

    Ensaio Fotogrfico

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    ESPAO LIVRE 01

    Akedia

    CONCEITO

    Mais que um sentimento ou sensao, AKEDIA, baseado no filme Melancolia de Lars Von Trier, se tra-duz em roupas leves e fotografia plida, contrapondo o leve e pesado em um estado de delicado silncio in-terno de acordo com a funesta beleza do drama relido.

    EQUIPE DE PRODUOOrientadora: J Souza

    Styling: Daniele Alves, Dbora Zebelin, Jackeline Alves, J Ferrer e Natlia Avelar

    Fotografia: Ana Stein

    Make & Hair: Alessandro Tierni

    Modelo: Daiana Stein

    Cena 1- Oflia

    Vestido AcervoPulseira e Colar Marco Apolnio

    Cena 2 - Desalento

    Brincos e Anel Marco Apolnio Vestido Dta

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    Cena 3 - Deriva

    Brincos e Anel Marco Apolnio Vestido Dta

    Cena 4 - Languidez

    Brincos Marco Apolnio Vestido acervo pessoal

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    Cena 5 - Flego

    Brincos e Bracelete Marco Apolnio Vestido acervo pessoal

    Cena 6 - Lacitude

    Cena 6 - Lacitude

    Blusa Cavalera

    Bracelete Marco Apolnio Blusa e Cala Acervo

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    Cena 8 - Solido

    Camisa Zara

    Cena 8 - Solido

    Tiara Marco Apolnio Vestido Zara

    Contatos

    Daniele Alves [email protected]

    Dbora Zebelin [email protected]

    Jackeline Alves [email protected]

    J Ferrer [email protected]

    Natlia Avelar [email protected]

    Marcas

    Dta www.dtajeans.com.br/

    Cavalera www.cavalera.com.br/

    Marco Apolnio R. Oscar Freire,2234

    Tel.: 11 3062-1949

    LocaoPalcio de Cedros

    R. Bom Pastor, 800 Ipiranga So Paulo. Tel: 11 2272-1263 / 11 9468-6216

    [email protected]

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    Informe C3, Porto Alegre, v. 04, n. 13, abr, 2013. www.processoc3.com Informe C3, Porto Alegre, v. 04, n. 13, abr, 2013. www.processoc3.com58 59

    ESPAO LIVRE 02

    rvore da Vida

    CONCEITO

    O editorial Vias Vitae, que em grego significa ca-minhos da vida demonstra as escolhas que fazemos diante de nossos trajetos e como traamos nossos caminhos. Uns escolhem a natureza, outros a graa divina. Em Vias Vitae, tenta-se trazer a tona os dois elementos, que se misturam em perfeita sintonia. A proposta do editorial consiste em trazer todo esse conceito para a figura materna, a figura feminina, que demonstra sensibilidade, leveza, delicadeza e mais essencialmente sua ligao com a natureza e com a f. Para fazer essa ligao da mulher com a natureza e a f (ambas as qualidades sutis e sensveis) utilizou-se de looks muito romnticos que em sintonia com o plano exter-no traz lirismo e a qualidade potica s fotografias. Abu-sou-se da espontaneidade tanto da modelo quanto da prpria locao (Jardim Botnico de So Paulo), criando-se um editorial quase que experimental. A beleza natu-ral, usando um make entre tons claros e nude, com poucas nuances. O cabelo do coque mais formal a tranas com arranjos florais e romnticos ao cabelo totalmente solto.

    Ficha Tcnica

    Fotgrafa: Ana Stein

    Modelo: Gabriela Chiodelli - Way

    Locao: Jardim Botnico de So Paulo

    Beleza: Marcio Akiyoshi

    Produo: Jssica Dias, Rafaela Wohlers e Iashmine Nas-cimento

    Stylist: Nathlia Ribeiro, Rafaela Wohlers e Vinicius Uehara

    Roupas: Gloria Coelho, brech Tony Jr, Loja Balls Place, Boutique Vintage, Loja AMP

    Sapatos: Shutz e acervo

    Acessrios: Acervo, Melancia

    Orientao de concepo de imagem: J Souza

    Nome do grupo: Iashmine Nascimento, Jeniffer Paes, Jssi-ca Dias, Nathalia Ribeiro e Rafaela Wohlers

    Projeto de Editorial do sexto semestre da graduao de Moda - FMU- SP- 2011

    Regata Melancia, Saia Marisa e sapato Shultz.

    Regata Melancia, Saia Marisa e sapato Shultz.

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    Camisa brech Tony Jr, vesti-do brech Tony Jr, colete je-ans Boutique Vintage e cinto Boutique Vintage.

    Chapu Liquido, vestido acervo, meia cala Lupo e sapato Shultz.

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    Blazer Acervo, broche Acessorize, vestido Boutique Vintage, meia florida 7/8 acervo, regata Fit e

    oxford Bottero.Vestido brech Tony Jr, leno Bou-tique Vintage e brinco acervo.

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    Leno acervo, T-shirt AMP, cinto Acessorize, saia brech Tony Jr e sapatos Shultz.

    Blusa Glria Coelho, saia Limeli-ght, colar Melancia e headband Melancia.

    Vestido Melancia, meia cala acervo, colar Melancia e oxford

    Bottero.

    Vitrolas Acervo

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    ESPAO LIVRE 03

    A Morte Oferece Carona Jaqueline Lunkes

    Premiada no concurso Next Generation 2010, a designer de moda recm-formada Jaqueline Lunkes, desfilou na passarela, entre os nomes consagrados do Donna Fashion Iguatemi, a sua primeira coleo em um evento de

    grande porte.

    O desfile, que ocorreu no dia 31 de maro, revelou uma mistura de tecidos fludos com tecidos rgidos, confor-to com sofisticao e uma cartela de tonalidades degrad expondo as faces do medo, contrapondo com as cores

    do pr do sol, tambm presentes na coleo.

    A inspirao veio do trabalho de concluso do bacharelado em Moda, em 2011, sobre a Influncia da China e do terrorismo Islmico na Moda e o reflexo no comportamento humano, na primeira dcada do sculo 21. Desse

    tema to contemporneo, a estilista tirou informaes relevantes para o desenvolvimento dessa coleo que encan-tou o pblico com peas andrgenas.

    Apaixonada pelo processo de construo das roupas, Jaqueline atualmente atua como instrutora de aulas de corte, costura e modelagem na Eskola de Costura para Moda, em Porto Alegre. No seu currculo, a designer conta com experincias como criao de figurino para a LG, customizao de camisetas para a Coca-Cola e desenvolvi-

    mento tcnico de produto nas Lojas Renner.

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  • Foto: Rodrigo Scapini Neurer

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    ARTIGO

    A MODA POP...

    APROPRIAO, PASTICHE OU (RE)INVENO

    Robson Xavier da Costa*

    Eu quero morrer de jeansAndy Warhol

    Sou como todo homem, por natureza, um curioso... Vivi quase todo o tempo fascinado pelos materiais, exceto quando a idade adulta me obrigou a ser racional, foram poucos esses momentos, claro... haja visto a lucidez que ainda me acompanha. Os materiais que me vinham a mo e ao olho sempre me instigaram ao toque. Criado no Serto da Paraba, esturricado (ressecado) pelo sol escaldante de brilho intenso e convivendo diariamente em uma alfaiataria (ofcio do meu pai) sempre fui atraido pelos inumeros materiais espalhados naquela loja em estilo colonial, seus mveis de madeira pesada, solenes, quase mortos e as peas de tecidos espalhadas, cores e texturas diversas, caixas com botes de vrios tipos e tamanhos, linhas, agulhas, tesouras, giz de alfaiate, ternos semi costurados nos manequins antigos, e uma fascinante sala de espelhos, para meu pai... a sala de provas, para mim... um universo mgico, capaz de transformar um rude sertanejo em um lord.

    Em meio aos materiais de costura e ao clima de produo artesanal das roupas masculinas foi me formando. Guardo de memria imagens dessa poca, detalhes que me marcaram pra toda a vida, como o brilho dos tecidos ao sol, nos varais a secar, ou a beleza das cores da risca de linho, os cheiros, as texturas, os formatos de muitas dessas peas ainda carrego comigo. Ao me descobrir artista foi inevitvel a incorporao dessas memrias e desses materiais.

    Sempre me perguntei onde os ternos, as roupas, apareciam em meu trabalho? O desejo de abrir esse velcro me levou a observar minha trajetria como artista visual e refletir sobre os segredos que ela me esconde em relao a esse tempo, to vivo em mim. Foi na moda, na apropriao de imagens de

    obras de arte pela alta costura, que percebi como minha trajetria como pintor contemporneo, est tambm contaminada pelas imagens desses dois campos, (arte/moda).

    No final da dcada de 1980, incorporei de forma alegrica, ingnua e potica na minha pintura a figura do sol sertanejo, que passou a povoar meu universo pictrico a partir da estilizao da imagem do sol. Influenciado pela proposta presente na srie o por do sol, dos anos 1960, de Roy Lichtenstein1, que foi referenciada na produo do estilista Lee Rudd Simpson2 em 1965 (ver figuras 01), no meu trabalho, nesse perodo, as roupas dos personagens so simples e a estampa foi o elemento referencial moda.

    Figura 1 - Robson Xavier leo s/tela 60 X 80 Cm Coleo Particular 1989.

    1 O artista visual Roy Lichtenstein (19231997) foi, na dcada de 1960, um dos cones da Pop Art que discutiu a cultura de massas e o universo imagtico norte-americanos, apropriando-se das imagens das histrias em quadrinhos e transpondo para as telas.2 Estilista americano que fez referncia direta aos trabalhos de Linchenstein em uma de suas colees nos anos 1960.

    *Artista Visual, Arte/Educador e Arteterapeuta. Doutorando em Arquitetura e Urbanismo pelo PPGAU/UFRN/Brasil e Bolsista Erasmus Mundus pela EA/UMinho/Portugal. Mestre em Histria PPGH/UFPB e Prof. do Departamento de Artes Visuais da UFPB, Joo Pessoa PB Brasil. E-mail: [email protected].

    Figura 1.1 LICHTENSTEIN + SIMPSON: Em 1965, Lee Rudd Simpson criou este vestido com desenho de Roy Lichtenstein, cuja

    obra contm vrias verses pop art do pr-do-sol. Disponvel em: http://freakshowbusiness.com/2010/04/23/35-roupas-inspiradas-em-quadros-

    e-esculturas-modaarte/

    Nos anos 1990, passei a experimentar novos materiais, passei a utilizar a tinta acrlica, pintar sobre lona crua, praticamente abandonando as telas, e incorporei colagens de tecidos, preferencialmente chitas. Tomei contado a mesma poca com a obra de dois grandes artistas contemporneos, o americano Keith Haring3 e o brasileiro Leonilson4, que na pintura trabalham com espaos amplos, cores intensas e uma figurao espontnea. A citao dos seus trabalhos no meu foi imediata e notria. Passei a construir uma temtica mais urbana e intimista.

    A incorporao fsica do tecido de chita com suas estampas florais e o uso da lona como suporte tornou minha pintura quente e texturalmente mais intensa. A referncia da imagem do serto permaneceu nas cores e estampas, mas a temtica de cunho sexual eclodiu, permitindo a abertura do velcro, apontando pistas para um corpo agora mais livre (ver figura 2 e 3).

    A pintura de Haring por seu carter grfico se apresenta como possibilidade para a impresso em tecidos, experincia levada a cabo pelo artista ao imprimir seus trabalhos em superfcies variadas, como objetos e camisetas, sua obra virou referencia para a alta costura nas mos do estilista Jean-Charles Castelbajac5 em 2002 (ver figura 2.1) e em 2011 voltou as lojas pela coleo primavera/vero da Zara.

    Leonilson transitou pelo universo da costura, ao bordar inumeros trabalhos ao longo da curta carreira, interrompida em 1993 pela AIDS. Seus recortes, pinturas, bordados e colagens, remetem sempre a um universo pessoal, potico e intimo, que relfete sua condio de artista, gay e imigrante nordestino.

    Nesse perodo tambm experimentei costuras sobre lona e tecidos, associadas pinturas e colagens. A obra dos dois artistas citados me proporciona um mergulho na cor e na histria

    3 1948 1990. Artista contemporneo e ativista gay estadunidense, seu trabalho oriundo do grafitti dos anos 1980 reflete sempre sobre a temtica homoertica. Faleceu aos 31 anos por complicaes devido a AIDS. 4 1957 1993. Artista contemporneo brasileiro, sua obra predominantemente autobiogrfica e reflete os ltimos 10 anos de sua vida. Em 1991foi diagnosticado portador do HIV, fato que repercute na sua obra.

    5 Estilista internacional atuante desde 1968, que utiliza referncias da cultura pop.

    de vida que permite o contato com imagens sutis da minha prpria histria. A maleabilidade dos tecidos, suas cores intensas, a possibilidade da manipulao mais livre do que a tela, a pintura na posio horizontal sobre a mesa, a possibilidade do recorte,do uso da tesoura, me tornou tambm um construtor de formas, um estilista da minha prpria obra.

    Minha pintura virou moda, moda... na concepo plana do tecido e da lona, moda... na configurao grfica das imagens, moda... na ausncia desnuda porm velada dos corpos, moda na presena e na pertena sexual dos corpos. A obra sacralizou o tecido, tornou o suporte um corpo, vestiu a arte. Concordo com Leonilson quando afirma que o templo o corpo humano, o nico templo da gente , a tela virou tecido, o tecido virou arte e a arte vestiu um corpo.

    Figura 2 Robson Xavier S/Ttulo - Acrlica S/Lona e colagem de tecido anos 1990 Coleo Particular.

    Figura 2.1 - HARING + CASTELBAJAC: O prprio Keith Haring costumava desenhar suas formas humanas caractersticas em jaquetas

    e calas, criando roupas que hoje valem como obras de arte. Mas a pea acima de 2002, assinada por Jean-Charles Castelbajac.

    Disponvel em: http://freakshowbusiness.com/2010/04/23/35-roupas-inspiradas-em-quadros-e-esculturas-modaarte/

  • Corpo - Cultura - Artes - Moda - Educao

    Informe C3, Porto Alegre, v. 04, n. 13, abr, 2013. www.processoc3.com Informe C3, Porto Alegre, v. 04, n. 13, abr, 2013. www.processoc3.com74 75

    Figura 3 Robson Xavier - O pensador Acrlica S/Lona anos 1990 - 10 X 20 Cm Coleo particular.

    Figura 3.1 Leonilson - Rios de Palavras 1987 - acrlica sobre lona - imagem: Eduardo Brando. Disponvel em:

    http://www.itaucultural.org.br/leonilson/

    No final da dcada de 1990, meu trabalho foi marcado pelo retorno tela. Telas triangulares (ver figura 4), essa forma me veio aps um workshop ministrado pela artista Leda Catunda, onde encontrei em um depsito uma estrutura em madeira em formato triangular que transformei no primeiro de vrios trabalhos com o tringulo como suporte.

    A forma por si s j me remete a uma simbologia feminina, marcada pela imagem popular encontrada em rabiscos adolescentes nos banheiros pblicos com um carter explicitamente sexual, o tringulo como vagina. Ao me apropriar dessa forma outros elementos simblicos do universo feminino, fitas, rendas, sianinhas, agulhas de tric, retalhos de tecidos, etc. tambm foram incorporados ao trabalho, mais uma vez, a paleta do pintor estava mesclada com os elementos da costura.

    Esse imaginrio feminino me levou imediatamente a uma associao com a estamparia floral, utilizada na srie anterior, dei vazo aos elementos grficos ligados a vegetao, tais como flores e folhas, em composies diversas, essa fauna comeou a povoar minha produo, experimento que levei at a exausto, chegando a tratar as pinturas como peas de quebra-cabeas, que poderiam ser montadas formando dpticos, trpticos ou mais peas, compondo formas geomtricas planas, passando tambm por vrios experimentos pictricos, chegando a incorporar flores artificiais aos trabalhos.

    Observando atualmente essas imagens vejo a similitude

    com a srie de estamparias florais de Andy Warhol6, realizada na dcada de 1960, que inspirou a pea Parallle, criao do estilista Emanuel Ungaro7 nos anos 1990 (ver figura 4.1). Estampas florais, tecidos, apliques e a forma triangular foram unidas pela paleta, criando um imaginrio feminino e acima de tudo fashion.

    Figura 4 Robson Xavier S/Ttulo Acrlica e colagem S/Tela 1 X 1 m Fim dos anos 1990 incio dos Anos 2000 Coleo Particular.

    Figura 4.1 - WARHOL + UNGARO: Nos anos 90, Emanuel Ungaro criou para a Parallle sua releitura das flores em cores

    saturadas de Andy Warhol. Disponvel em: http://freakshowbusiness.com/2010/04/23/35-roupas-inspiradas-em-quadros-e-esculturas-

    modaarte/

    6 Andy Warhol (nascido Andrew Warhola; Pittsburgh, 6 de agosto de 1928 Nova Jersey, 22 de fevereiro de 1987) foi um empresrio, pintor e cineasta norte-americano, bem como uma figura maior do movimento de pop art. 7 Emanuel Ungaro (Aix-en-Provence, 1933) um estilista francs de famlia italiana, atualmente aposentado.

    Na ltima dcada experimentei outros meios na produo de imagens, mas permanei fiel a pintura contempornea. Um dos novos caminhos foi a apropriao de imagens digitais, preferencialmente da internet, que juntas formam novos contextos. Um desses trabalhos a campanha pr-arte, uma obra de work in progress, o ttulo foi retirado de um anncio de um trabalho social para crianas e sobreposto a produtos comerciais, tais como sacolas, bolsas, camisetas, carteiras, etc. que foram enviados a amigos artistas para que tambm capturassem imagens na internet e colocassem dentro ou sobre o objeto e reenviasse por e-mail, dessa forma, as imagens foram sendo modificadas e acrescidas com diferentes abordagens.

    Esse tipo de experimentao aproximou o meu trabalho do design e da arte conceitual, na vertente da concepo do mail art, mantendo minha referncia incial Neo Pop . Um dos objetos de consumo que me apropriei e que mantem um link com a moda foi a sacola de compras como bom e fiel acessrio do mercado, j utilizada como arte pela artista Barbara Kruguer8 na dcada de 1980 (ver figura 5.1) .

    A sacola, a bolsa vazia, pode conter tudo ou nada, pede uma incurso nas lojas, um mergulho no consumo, uma busca pelo produto, sacola vazia incomoda, por impulso que se busca enche-las, sacola vazia lixo, descarte de um mercado de consumo implacvel. Esse trabalho segue ad infinintum enquanto dure.

    Tenho voltado, atualmente, o olhar para a srie de retratos dos cones pop, realizada por Warhol nos anos 1960, consagrada nos seus autoretratos e na imagem de Marilyn Monroe e transformada em moda em 2008 por Hannah Hoyle9. Minha proposta reler esse trajeto, retratando pessoas comuns como cones (ver figura 6), a partir da sua clebre frase no futuro todas as pessoas sero famosas durante 15 minutos, me proponho proporcionar muito mais do que isso, ouso torn-las POP.

    Figura 5 Robson Xavier Campanha Pr-Arte Mdias diversas 2010 - Coleo do artista.

    Figura 5.1 Barbara Kruguer I shop Therefore I am. 1990. Photolithograph on paper shopping bag Composition the Museum of Modern Art, New York City. Disponvel em: Disponvel em: http://

    freakshowbusiness.com/2010/04/23/35-roupas-inspiradas-em-quadros-e-esculturas-modaarte/

    8 Artista conceitual americana utiliza em seus trabalhos fotografias em preto, branco e vermelho, com frases crticas ao mercado de consumo. 9 Estilista que utilizou em uma de suas colees imagens de cones pop da cultura americana.

    Figura 6 Robson Xavier Srie Warhol Portrait Acrlica S/Tela 50 X 70 Cm 2010 - Coleo Particular.

    Figura 6.1 - WARHOL + HOYLE: Em 2008, a onipresente Marilyn Monroe de Andy Warhol se revelou por entre as dobras de um vestido plissado de Hannah Hoyle. Disponvel em: http://freakshowbusiness.

    com/2010/04/23/35-roupas-inspiradas-em-quadros-e-esculturas-modaarte/

    REFERNCIAS

    FERRARI, Silvia. Guia de histria da arte contempornea. Trad. Maria Jorge Vilar de Figueiredo. Lisboa Portugal: Artes Grficas Toledo, 2008.

    PRADEL, Jean-Louis. A arte contempornea. Coleo reconhecer compreender. Trad. Fernando Brazo. Lisboa Portugal: Edies 70, 2001.

    35 roupas inspiradas nas artes plsticas: moda/arte. Disponvel em: http://freakshowbusiness.com/2010/04/23/35-roupas-inspiradas-em-quadros-e-esculturas-modaarte/. Acesso em: 16 de junho de 2011.

  • Corpo - Cultura - Artes - Moda - Educao

    Informe C3, Porto Alegre, v. 04, n. 13, abr, 2013. www.processoc3.com Informe C3, Porto Alegre, v. 04, n. 13, abr, 2013. www.processoc3.com76 77

    ARTIGO

    POSIES DO MUNDO DA BOLA:DE QUE LADO DA LINHA VOC EST?

    Andreana Marchi - UFSC

    Raquel da Cruz - UNIVALI

    Como acontece com a religio, com a ptria e com a poltica, muitos horrores so cometidos em nome do futebol, e muitas tenses explodem por seu intermdio. (Galeano, 1995, p.149)

    Poderamos apresentar esse texto como um ensaio sobre a cegueira futebolstica analisada sob o senso-comum miditico e tratada como prioridade pelas multides. Ou ainda, uma anlise que veio para discutir um dos assuntos mais polmicos da sociedade, tirando claro a religio, a ptria e a poltica. Ou at mesmo, um texto que tem como pano de fundo o futebol dos ltimos anos no Brasil e a definio do pas como sede da Copa do Mundo em 2014, algo que est em voga e que parece ser foco dos holofotes. Sendo verdadeiras essas proposies, pretendemos ir alm das quatro linhas, do rbitro, dos bandeirinhas e por assim dizer, dos 22 jogadores em campo. Esse artigo vem sustentado pelo simples torcer por um time de futebol, sem, no entanto, perder de vista a realidade e o senso crtico por trs do espetculo da bola. Essa uma de nossas propostas: desvendar as posies do mundo da bola, escalando o torcedor em uma posio de cidado crtico que sabe em que lado da linha est.

    O futebol, que sempre foi assunto de grande relevncia na sociedade e cultura brasileira, atualmente parece estar tomando dimenses ainda maiores. Essa posio de destaque se d atravs do contexto que o mesmo se insere. Devido exposio exacerbada na mdia e aos contratos milionrios de seus jogadores, o futebol passou de esporte para um mercado. No entanto, o desporto mais importante do mundo contemporneo pode ainda ser considerado um parmetro da cultura e da identidade do povo, principalmente do povo brasileiro. Neste ensaio procuramos apresentar alguns fatos que tm provocado discusses apaixonadas (e por muitas vezes antiticas) entre as torcidas. Tratamos ainda de expor de maneira imparcial e sem demagogias, como a ascenso social atravs do esporte e os egos inflados perante os cifres do mundo da bola esto modificando significativamente os valores e caractersticas do futebol profissional no contexto brasileiro.

    Quando torcemos por determinado time estamos afirmando quem somos atravs de uma das mais claras linguagens esportivas. O futebol pode ser considerado uma forma de identidade. Torcer fazer uma escolha, e nesse ato de escolher implica nossa essncia. E no mundo da bola eis que a paixo do torcedor brasileiro pela seleo canarinho demonstra esse esprito alegre, entusiasmado e patriota que ocorre a cada quatro anos.

    Segundo Cordeiro e Boni (2005, citados por Fabricio e Chiapinotto, p. 83) os brasileiros apreciam tanto este esporte, que chamado de paixo nacional. Sempre foi possvel perceber a intensidade dessa paixo atravs do ardor e do entusiasmo das comemoraes dos torcedores nos jogos de seus times e principalmente quando a seleo brasileira entrava em campo. O mundo inteiro conhece essas peculiaridades dos torcedores brasileiros, alm de conhecer o talento dos jogadores da nica seleo pentacampe do mundo. Por tudo isso, o Brasil conhecido como o pas do futebol.

    Assim, um esporte que usa os ps tem um poder imensurvel quando alcana os coraes brasileiros. Os maestros da bola ditam com sabedoria onde a bola deve parar. Quando esto com a bola no p, os jogadores que fazem a diferena em um time definem a partida, o campeonato, e colocam a torcida em um estado de euforia que difcil descrever.

    Mas o que um esporte com tantos pontos positivos e descrito pelo nosso confivel Aurlio (2008, p.259) como um jogo esportivo disputado por dois times, de 11 jogadores cada um, com uma bola de couro, num campo com um gol em cada uma das extremidades, e cujo objetivo fazer entrar a bola no gol defendido pelo adversrio possui de to mgico que pode provocar brigas violentas entre torcidas organizadas e at mesmo posicionamentos antiticos em relao arbitragem e aos prprios clubes?

    Nesse cenrio em que o futebol profissional no Brasil tornou-se indstria, ou como diria Galeano (1995, p.2) neste mundo do fim do sculo, o futebol profissional condena o que intil, e intil o que no rentvel, parece que esto

    perdidas a graa do espetculo e a alegria da arte com os ps. Acompanhamos de certa forma atnitos novelas da vida real de jogadores milionrios e suas negociaes financeiramente estramblicas. Diante de tantos altos e baixos neste esporte de multides, vrias so as questes que colocam em xeque o comportamento tico e moral de seus protagonistas durante os noventa minutos de jogo e no terceiro tempo fora dos gramados. Para que se entendam estas jogadas preciso observar todos os ngulos possveis e o seu contexto nacional. Afinal, se este esporte est inserido na vida dos brasileiros de forma to significativa, podemos interferir ativamente opinando, participando de clubes e discutindo a sua construo enquanto esporte!

    O torcedor-sujeito e as outras questes da sociedade

    O pas que se transformou em celeiro de tantos craques e dolos exportados para o mundo tem novamente a oportunidade de sediar uma Copa. Essa responsabilidade lanada para 2014 tem ecoado de norte a sul. Com isso, um dos maiores desafios para os brasileiros enxergar este evento de mbito mundial sob uma tica que v alm do parmetro futebolstico.

    Segundo Medina (2010) o esporte de uma forma geral e o futebol no caso particular de alguns pases como o Brasil podem ser uma poderosa ferramenta de educao, sade e cultura de um povo. Mas para que isso ocorra necessrio que haja uma intencionalidade clara nesta direo. O esporte por si s no bom nem ruim. Ao contrrio do que entende a viso simplista de senso comum, se mal orientado na verdade pode provocar violncia, insegurana, estmulo ao uso de drogas, entre outros malefcios. Muitas vezes, tambm tem sido utilizado ao longo da histria como ferramenta de manipulao poltico-ideolgica e at mesmo alienao.

    Para atender as exigncias da FIFA muitos estados brasileiros tero estdios totalmente reformados ou construdos especialmente para a ocasio. Alm disso, todo o conjunto social (incluindo espaos pblicos, a rede hoteleira, segurana, a mobilidade e o acesso aos eventos), precisar sofrer melhorias a fim de receber e acomodar visitantes internacionais e at mesmo brasileiros oriundos de outras regies do pas.

    Pensar estrategicamente sobre estas mudanas se estruturar de maneira que estes recursos no estejam disponveis apenas durante o evento, mas sim que tragam desenvolvimento e amparem a populao tendo em vista uma funo social. Isso tudo sem deixar de lado as questes ambientais e os impactos que por ventura sero causados.

    Os oramentos, que podem aumentar ao longo do processo, esto estipulados em bilhes de reais, sendo que a maior parte desses recursos vir dos cofres pblicos. Por esta razo, de dever do cidado brasileiro acompanhar de maneira minuciosa e exigir transparncia na exposio do destino dado ao seu dinheiro.

    O ex-presidente Lula, companheiro de partido da atual presidente Dilma Rousseff, afirmou durante o seu mandato que todos os gastos e contrataes, no perodo das obras, sero divulgados na internet e podero ser acompanhados em

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    Torcida esta que os tem como verdadeiros deuses da bola e dolos imortais, rendendo-lhes apelidos como imperador, fenmeno e fabuloso. E, por meio das redes sociais, farpas so trocadas entre torcedores mais apaixonados e desafetos so mostrados para o mundo inteiro em forma de protestos, caso o jogador no corresponda s expectativas iniciais. Os anos de amor e devoo a um jogador se transformam em crticas e mensagens de reprovao e desprezo, rebaixando-o e desvalorizando-o perante a torcida que tanto almejava t-lo novamente no clube.

    Eis que a busca por um dolo maior alcana proporo nacional. O jogador que deu certo no seu clube, seja aqui ou no futebol de outros continentes, pode viver o mesmo cu e inferno que o grande dolo desprezado pelo clube que o lanou. Nestes altos e baixos, um pas que vive das alegrias futebolsticas e que quer manter a seleo canarinho como a melhor do mundo, constantemente tenta encontrar em um de seus jogadores aquele que carregar nas costas (ou seria nos ps?) a responsabilidade de fazer voltarem os tempos de glria que Edson Arantes do Nascimento, o rei Pel, protagonizou.

    Ao olhar pelo retrovisor podemos enxergar, apenas na ltima dcada, dezenas de jogadores que foram apontados como sendo promessas e que no passaram disso. Em um curto perodo de tempo, durante uma boa fase, tiveram seus nomes e rostos altamente explorados pela mdia, foram perseguidos e viraram celebridades. Conforme Cordeiro e Boni (2005, citados por Fabricio e Chiapinotto, p. 82), trata-se de um fenmeno de massa, em que os meios de comunicao divulgam informaes e imagens esportivas em forma de espetculo. Esta postura da imprensa parece ter como objetivo atrair seus expectadores e, pelo contrrio do que muitos pensam, levam a alienao frente a outras questes que esto por trs das cortinas e das luzes deste show.

    A arbitragem, a tica e os torcedores

    A relao jogador-torcedor entre os gramados e fora deles costuma ser de exaltao ou de crticas. No entanto, no se pode negar que na grande maioria das vezes os torcedores se unem e formam um coro que faz tremer os estdios para demonstrarem carinho e apoio ao seu dolo, ou ao seu clube. Esta uma caracterstica marcante em quase todos os esportes que permitem tal participao dos expectadores, mas no futebol parece dividir a ateno dada aos jogadores, evidenciando a participao ativa da torcida.

    Por outro lado, quando se observa a relao torcedor-rbitro-bandeirinha, esta demonstrao de confiana deixada de lado e entram em jogo manifestaes de ofensa, revolta e presso sobre estes profissionais. ento travado um duelo entre arquibancada e campo. Desse modo, centenas, talvez milhares de torcedores esto de um lado, verbalizando sua indignao em um coro unssono; e do outro, rbitros e bandeirinhas so postos prova durante noventa minutos, tempo este em que erram, cometem injustias e muitas vezes favorecem um dos times. Mesmo cometendo alguns deslizes, mudando placares e at mesmo definindo campeonatos, a arbitragem tenta desempenhar suas funes creditadas pela interpretao do juiz ou bandeirinha. E, estes profissionais que detm nas mos o poder de um carto vermelho, por vezes esto cientes de que ao se tratar de futebol e de sua legio de torcedores, talvez nunca daro o apito final desejado por um dos lados da torcida.

    tempo real por qualquer brasileiro. Os principais canais para esta fiscalizao durante os prximos meses at o trmino das construes e preparativos, prazo este estabelecido para o dia 31 de dezembro de 2012, so os meios de comunicao de massa, incluindo os veculos internacionais, que j comearam expor um perfil sobre o Brasil e o andamento dos preparativos.

    Segundo o Observatrio da Imprensa (2010) a imprensa vai desempenhar um papel crucial: se ficar quieta a coisa desanda, se no cobrar, fiscalizar, espernear e fizer barulho ser muito pior. Com isso, cada vez mais jornalistas so escalados para a cobertura de eventos esportivos, porm o contedo oferecido tem sido abordado geralmente de maneira superficial. Ao invs de ser o canal da fiscalizao, a mdia tem seu foco centralizado na figura dos jogadores (ou seriam semi-deuses?) e nas partidas disputadas: um show que parece ter sua funo vinculada a satisfao momentnea do seu pblico.

    Posies de jogador-sujeito: de que lado da linha ele deveria estar?

    O jogador do futebol profissional no Brasil visto como exemplo de sucesso, prestgio diante de numerosas torcidas e ascenso social graas habilidade nos ps e ao conseqente reconhecimento financeiro. Desse modo, tendo em vista o talento e a fama que o mundo da bola pode proporcionar, muitos garotos sonham em fazer parte do time profissional de grandes clubes. Jovens que, por uma questo social ainda a ser desenvolvida no Brasil, no vem nos estudos ou em outra carreira o mesmo futuro que o esporte pode lhes trazer.

    Como so na grande maioria originrios de camadas sociais menos favorecidas, esses mesmos jogadores acabam tendo seus comportamentos transformados pelo mundo da bola. Assim, garotos recm sados dos clubes de treinamentos desses grandes times so colocados para jogar no time profissional sem nenhum acompanhamento pessoal e at mesmo psicolgico. Dessa forma, diante dos olhos das torcidas, so julgados por sua imaturidade em relao a atitudes dentro e fora do campo.

    Assim sendo, estas decises de certa forma precoces, tomadas por jogadores com mdia de idade de 19 anos, tm influncias no s na qualificao profissional dos garotos, mas tambm na formao pessoal. Situados em outro contexto, devido a uma nova contratao, os jogadores precisam encarar outra realidade que no a sua: esto muitas vezes a quilmetros de distncia de seu pas de origem, longe de suas famlias e com muito mais dinheiro em mos do que estavam acostumados a ter.

    A vida bomia e os altos e baixos no futebol europeu tem encurtado os contratos destes jogadores nos grandes times. A principal sada encontrada por eles o retorno s suas origens e o recomeo das relaes com grandes equipes brasileiras e suas torcidas entusiasmadas. Geralmente as especulaes acerca de contratos a serem firmados despertam a ateno nacional e costumam se desenrolar durante semanas. A partir de ento comeam as campanhas de marketing e os torcedores correm para as lojas de artigos esportivos com o desejo de adquirir as camisas de seus clubes com o nome destes jogadores agora conhecidos internacionalmente.

    Alm disso, os clubes que por ventura os lanaram, sonham em t-los de volta para reavivar o imaginrio da torcida.

    Dentro dessa perspectiva, muitos questionamentos surgiram ao longo dos anos devido ao advento da tecnologia em jogos de tnis e vlei para verificar possveis erros de arbitragem. No entanto, os aplicadores da lei futebolstica ainda no recorrem ao uso do tira-teima, o que seria uma ferramenta til e decisiva. Assim, ao trmino do jogo, as torcidas e os times acabam discordando em muitos lances ocorridos nos noventa minutos (e seus acrscimos) ao julgar as faltas, impedimentos e cartes distribudos.

    Haja vista a disseminao de opinies nas redes, no as dos campos, mas as redes de relacionamento e de informao do mundo 2.0, observa-se que os comentrios em blogs especializados e os programas de TV que discutem o futebol aps as partidas tomam dimenses de destaque e promovem novas discusses e pontos de vista. Percebe-se que h um contraste enorme quanto s diferenas de posies dos torcedores muito ativos no que diz respeito s suas opinies de terceiro tempo. E, geralmente um dos principais nomes citados nessas rodas de opinio esportiva o do rbitro que marcou ou deixou de marcar um pnalti, ou do bandeirinha que levantou a bandeira discutivelmente. Nestas situaes o julgamento destes profissionais feito pelas duas torcidas condicionado pelo placar da partida. Na viso daqueles que apiam o time vencedor, o trabalho da arbitragem geralmente visto com bons olhos. J no outro lado da linha, os torcedores do time perdedor criticam severamente lances rpidos e duvidosos que, muitas vezes, nem interfeririam no resultado final, mas que no deixam de ser questionados como injustos e tendenciosos.

    Quando a tica posta em foco nestas situaes corriqueiras dentro do futebol, nas quais o seu time favorecido pelo rbitro ou perde de maneira injusta, de que lado voc est?

    CONSIDERAES FINAIS

    Diante de tantas perspectivas sobre um nico desporto, os rumos que a bola toma so diversos e por isso o futebol considerado muito mais que um esporte para grande maioria dos brasileiros. Sendo assim, fica evidente que, apesar das partidas serem uma disputa entre dois times, h vrios lados em que se pode tomar partido; do rbitro, do torcedor e do dolo. As opinies e as questes a respeito de um jogo, dos boleiros e do mundo da bola podem ser mais complexas. Hoje o futebol transcende at mesmo sua definio. Por isso, importante observar o contexto de um esporte inserido na cultura de um pas, pois so vrios os lados, muitas vezes tomados e guiados pela paixo do torcedor.

    Apesar de essa anlise ter sido feita de diversos ngulos, ela foi baseada nas questes dos grandes times e dos prestigiados jogadores. Com isso, temos a inteno de promover com esse recorte de realidade uma reflexo contextualizada da interao entre as torcidas e os profissionais da bola, mesmo que no se alcance uma convergncia acerca de comportamentos e opinies. Afinal, o esporte alm de proporcionar grandes benefcios vida das pessoas, instiga tambm a competio, e esta s pode ser alcanada com respeito e dilogo dentro e fora de campo.

    REFERNCIAS

    AURLIO: o dicionrio da lngua portuguesa/Aurlio Buarque de Holanda Ferreira; coordenao Marina Baird Ferreira, Margarida dos Anjos Curitiba: Ed. Positivo; 2008.

    AVALLONE, Roberto. Incrveis histrias do futebol. So Paulo: Tipo Editora. 2001.DINES, Alberto. Mdia & Educao: a revoluo sem maquinetas. Disponvel em: . Acesso em: 26 mar. 2011.

    ______________. Imprensa na Copa: cobertura festiva, superficial. Disponvel em: . Acesso em: 26 mar. 2011.

    GALEANO, Eduardo. Futebol Ao Sol e Sombra. Porto Alegre: L&PM, 1995.

    MEDINA, Joo P. S. Universidade do Futebol: projeto copa e olimpadas cidads. Disponvel em: . Acesso em: 26 mar. 2011.

    FABRICIO, Laura E. de Oliveira, CHIAPINOTTO, Marina L. O discurso Fotojornalstico no Zero Hora: a figura do Ronaldinho Gacho na Copa do Mundo de 2006. Vozes & Dilogo: linguagem e esttica da mdia. Itaja, v. 9, n. 9, p.79-90, 2008.

    PEIXOTO, Felipe. O pas do futebol precisa ser o pas da educao. Disponvel em: < http://blog.felipepeixoto.com.br/o-pais-do-futebol-precisa-ser-o-pais-da-educacao/2010/07/>. Acesso em: 26 mar. 2011.

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    Informe C3, Porto Alegre, v. 04, n. 13, abr, 2013. www.processoc3.com Informe C3, Porto Alegre, v. 04, n. 13, abr, 2013. www.processoc3.com80 81

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