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Introdução à Ciência Política ECA- USP - GESTCORP Profa. Dra. Maria do Socorro Sousa Braga Alessandra Thomazini da Silva JUNHO, 2012

Introdução à Ciência Política - USP

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Introdução à Ciência Política ECA- USP - GESTCORP Profa. Dra. Maria do Socorro Sousa Braga

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Page 1: Introdução à Ciência Política - USP

Introdução à Ciência Política

ECA- USP - GESTCORP

Profa. Dra. Maria do Socorro Sousa Braga

Alessandra Thomazini da Silva

JUNHO, 2012

Page 2: Introdução à Ciência Política - USP

ROTEIRO DO TRABALHO

Introdução à Ciência Política

Profa Dra. Maria do Socorro Sousa Braga

Data da entrega: 30/06/2012

Trabalho final

1. Escolha dois países com o mesmo regime político, mas com sistemas de governo

distintos e explique como ocorreu a formação do Estado nacional em cada um bem

como vem se organizando o poder político.

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Os países selecionados para desenvolvimento deste trabalho foram: Brasil e Portugal.

O Brasil é uma república democrática presidencialista.

O Estado brasileiro está organizado em três Poderes:

Executivo,Legislativo e Judiciário.

O Chefe do Poder Executivo (que acumula as funções de chefe de Estado e chefe de Governo) é o Presidente da República.

Portugal é uma república democrática parlamentarista.

Em Portugal existem quatro Órgãos de Soberania: Presidente da República, Assembleia da República (parlamento unicameral), Governo e os Tribunais.

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Os países escolhidos com o mesmo regime político, mas com sistemas de governo distintos

foram Brasil e Portugal. O trabalho será dividido em duas etapas. Inicialmente utilizarei os conceitos

apresentados em sala de aula pela Professora Dra Maria do Socorro Sousa Braga que embasará as

diferenças nos sistemas e na segunda etapa uma Análise comparativa do regime nos dois países.

Etapa 1: Introdutória - Conceitos apresentados em sala

1. Como as sociedades organizam o poder político?

A importância dessa questão está no fato de que é através do poder político que os

diversos segmentos da sociedade:

a. Poderão realizar seus grandes objetivos,

b. Ter suas esperanças no futuro realizadas e,

c. Viver em maior ou menor liberdade.

Isso é assim porque as políticas econômicas e sociais são elaboradas, decididas e postas

em prática nos diversos órgãos e instituições que compõem o poder político.

Por esta razão, conhecer as diferentes formas de organização do poder constitui o

primeiro passo para uma avaliação consciente sobre a melhor forma de organização

política.

2. Características que definem os regimes políticos:

Por suas regras e instituições que regulam a disputa pelo poder político e o seu

exercício entre os cidadãos ou grupos sociais.

Esse conjunto de regras e instituições funciona de acordo com valores e normas

sociais.

As regras são as leis escritas que regulam o jogo político e definem os seus

participantes.

Page 6: Introdução à Ciência Política - USP

Os valores e normas sociais são as leis não escritas, transmitidas de uma geração

para a outra, aceitas e geralmente cumpridas.

As instituições são as estruturas do poder político e os procedimentos que garantem o

desenvolvimento ordenado e regular do exercício do poder político.

As instituições políticas oferecem os mecanismos através dos quais o jogo político se dá

e os órgãos (locais) onde esse jogo ocorre e onde o poder político é exercido.

As regras, ou seja, as leis regulam e dão legalidade à origem, à distribuição e ao controle

do exercício do pode político.

Os valores, aceitos pela sociedade, dão legitimidade às leis e instituições que organizam

a disputa e o exercício do poder.

3. Dois tipos básicos de regimes políticos:

3.1 Autocracias

3.1.1 O poder político reside em única pessoa.

3.1.2 Fontes de legitimidade:

3.1.3 A divindade e a religiosidade;

3.1.4 A força e a inteligência “sobre-humanas”;

3.1.5 As doutrinas político-ideológico.

3.1.6 Dois tipos: autocracias religiosas (teocráticas) e laicas

(não religiosas)

3.2 Democracias

3.2.1 Origem do poder está em todos os membros de uma sociedade.

3.2.2 Única fonte de legitimidade: o povo residente naquele

Estado-Nação.

Page 7: Introdução à Ciência Política - USP

Esses dois tipos de regimes podem ser classificados de acordo com as seguintes formas e

sistemas de governos:

Monarquia

Define-se pela existência de uma instituição especial: a Casa Real (constitui-se

de uma família).

A Casa Real tem a obrigação moral e política de proteger o pais, a nação e o

seu povo.

Para exercer essa função cabe a Coroa a direção geral do Estado.

República

A função de guardião do país pertence ao Estado, que é uma organização

pública.

A direção do Estado fica com o chefe do Estado.

Outra função é a de governar o país.

As diferentes formas que as sociedades encontraram de organizar os seus governos

resultaram em dois sistemas: Parlamentarismo x Presidencialismo

4. Características que definem os sistemas de governo

4.1 Parlamentarismo

4.1.1 Funções de chefe de Estado e de governo estão separadas em duas

instituições e são exercidas por duas pessoas distintas.

4.1.2 Na monarquia parlamentarista, o chefe de estado é o monarca.

4.1.3 Já na república parlamentarista é o presidente, que pode ser ou não

eleito diretamente.

Page 8: Introdução à Ciência Política - USP

4.1.4 Nos dois casos, o chefe de governo tem estreitas relações com o

Legislativo.

4.1.5 Tem regras formais de participação do Parlamento na escolha do

chefe de governo e de seu gabinete.

4.1.6 A fonte de legitimidade do governo está no Parlamento: a população

elege os seus representantes e os partidos que obtiverem maioria de

deputados irão constituir o governo.

4.2 Presidencialismo

4.2.1 Funções de chefe de Estado e de governo são exercidas por uma

mesma pessoa, eleita diretamente.

4.2.2 Não existe regra formal para a participação do Legislativo na formação

do governo.

4.2.3 Fonte de legitimidade do chefe do governo decorre do eleitorado

5. Vantagens do Parlamentarismo:

A principal delas e tornar a relacao entre Executivo e Legislativo mais harmoniosa e

articulada.

O chefe de Governo e, em regra, oriundo dos quadros do Legislativo, sendo indicado

pelo partido que obteve maioria nas eleicoes parlamentares. Esse apoio da maioria

facilita a atuacao politico-administrativa.

No entanto, nao e incomum que a maioria do Parlamento retire seu apoio ao

Governo, embora isto se de apenas em face de graves divergencias. Nesse caso,

ocorre a aprovacao de um voto de desconfianca e o Governo e substituido. Em seu

lugar, passa a governar um novo Gabinete, que tenha obtido apoio parlamentar.

Page 9: Introdução à Ciência Política - USP

E possivel, inclusive, que em uma mesma legislatura o Governo seja substituido varias

vezes, sem que, para isso, sejam feitas novas eleicoes parlamentares. Nao ha,

portanto, a hipotese de um Governo que nao seja apoiado pela maioria do

Parlamento. Isso permite, em tese, uma maior eficiencia do Governo, que nao tem a

sua acao obstruida por um Legislativo hostil.

O Governo nao possui mandato. Ele governa apenas pelo periodo em que goze de

apoio parlamentar.

Nesse sistema a atividade parlamentar torna-se mais centrada na atuacao dos

partidos, ja que sao eles que indicam os Governos. Para mudar o Governo, o povo

devera votar de modo a alterar a composicao partidaria do Parlamento.

Como a eleicao do chefe de Governo depende do partido ao qual a maioria dos

parlamentares pertence, é dada atencao especial às eleicoes parlamentares.

Durante o processo eleitoral os partidos ja apresentam o quadro partidario que

ocupara, em caso de vitoria, a funcao de Primeiro-Ministro.

6. Aspectos do Presidencialismo:

Uma vez eleito, o Presidente devera cumprir um mandato. Enquanto durar o

mandato, o Presidente nao podera ser substituido – salvo procedimentos

excepcionais, como o impeachment e o recall –, mesmo que seu governo deixe de

contar com o apoio da maioria dos parlamentares e, ate mesmo, da maioria do povo.

A primeira delas diz respeito à legitimidade do chefe do Executivo. Na maioria dos

paises que adota esse sistema, a eleicao para Presidente da Republica se faz de forma

direta. Por isso, o eleito goza de grande legitimidade, sobretudo nos momentos

posteriores aos pleitos eleitorais. O fato de ter sido o proprio povo que o escolheu

torna-o mais habilitado a tomar decisoes polemicas.

o presidencialismo garantiria maior estabilidade administrativa, por conta de os

mandatos serem exercidos durante um periodo pre- determinado. No Brasil, o

Page 10: Introdução à Ciência Política - USP

Presidente da Republica e eleito para cumprir o mandato e, no curso desse periodo,

nao pode ser substituido, a nao ser por razoes excepcionais, subsumidas as hipoteses

de crime de responsabilidade, apuradas em processo de impeachment.

A forte concentracao de poder numa so figura, o que potencializa o risco de

autoritarismo.

No entanto, as decisoes do Executivo sao, em regra, controlaveis pelo Poder

Judiciario, o qual utilizaram, como parametros, tanto as leis quanto a Constituicao. Na

verdade, a atuacao judicial costuma ser mais incisiva no presidencialismo que no

parlamentarismo.

Outra desvantagem do presidencialismo – e esta sim tem gerado graves problemas na

vida politica brasileira – e a possibilidade de crises institucionais graves causadas pelo

desacordo entre o Executivo e o Legislativo.

Page 11: Introdução à Ciência Política - USP

2. Etapa: Análise dos países com o mesmo regime político e sistemas de

governo distintos: Brasil e Portugal.

Um sistema de governo republicano admite tanto a modalidade de organização

presidencialista, quanto parlamentarista. O mesmo, contudo não se dá com os regimes

monárquicos que não admitem a forma de governo presidencialista, sendo compatível,

apenas com a modalidade parlamentarista de governo. Todas essas variações são produtos

da evolução histórica dos Estados e dos Governos que foram adotando uma ou outra forma

de organização, ou seja, diferentes modalidades e formas de organização dos Estados, dos

Governos e dos respectivos sistemas e regimes.

Se considerarmos apenas a forma e o sistema de governo, as formas de estado e os

respectivos regimes políticos, não há grande variedade na maneira de se organizar cada

nação. Na medida em que consideramos outras modalidades que influem na configuração

política dos países, o número de variáveis aumenta de forma exponencial.

Podemos perceber algumas diferenças, de acordo com os debates e conceitos vistos

em sala entre o sistema de governo de Portugal e Brasil. Nos quadros abaixo as

características dos países, em estudo neste trabalho, são evidentes para entender o

desenvolvimento de cada estado e sua formação:

Regime DemocráticoFormas República

Sistemas de Governo Parlamentarista : Alemanha, Portugal e França.Presidencialista : Estados Unidos e BrasilConsorciativo: SuíçaSemipresidencialismo: Portugal e França

República Parlamentarista República PresidencialistaPoder ExecutivoChefe de EstadoGoverno:Chefe de governoMinistrosBurocraciasConselhos:De EstadoDa República

PresidentePrimeiro-MinistroParlamentaresEspecialistasEspecialistasFuncionáriosPersonalidadesPersonalidades

Presidente PresidenteEspecialistaParlamentares EspecialistasFuncionários PersonalidadesPersonalidades

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Poder LegislativoCâmaraSenadoBurocraciaSecretáriosAssessores

DeputadosSenadoresPersonalidadesEspecialistasFuncionários

DeputadosSenadoresEspecialistasFuncionários

Chefe de Estado República Parlamentarista República Presidencialista

TitularPresidente

Prof. Aníbal Cavaco Silva

Eleito em 2006 e reeleito em 2011

Dilma Rousseff

Eleita desde janeiro de 2011

Origem e forma de escolha

Cidadão:Eleição:

1. Indireta ou2. Direta (1 ou 2 turnos)

Cidadão:Eleição:

1. Direta (1 ou 2 turnos) 2. Turno – Direta ou indireta

Fonte de legitimidade

Indireta – voto do ParlamentoDireta – voto popular

Voto popular

Mandato Fixo, em geral 5 ou 6 anosCom ou sem reeleição

Fixo, em geral 4 ou 5 anos,Com ou sem reeleição

Formas de destituição

Constitucional:impeachmentPolítica: renúncia

Constitucional:impeachmentPolítica: renúncia

Responsável perante

Eleição Indireta: o parlamentoDireta: o povo

O povoO parlamento

Chefe de Estado República Parlamentarista República Presidencialista Atribuições constitucionais

• Nomear o primeiro-ministro e o gabinete

• Promulgar e sancionar leis• Dissolver o parlamento• Convocar eleições gerais• Representar o país• Zelar pela harmonia entre

os poderes e a unidade

• Administrar o Estado• Representar o país• Dirigir a política externa• Zelar pela harmonia entre

os poderes e a unidade nacional

• Nomear funcionários civis e militares

Page 13: Introdução à Ciência Política - USP

nacional • Promulgar, sancionar ou vetar leis.

CHEFE DE ESTADO República Parlamentarista República Presidencialista Prerrogativas legais para uso das atribuições

Modelos1.Clássico: apenas as

protocolares 2. Dualista: algumas ou todas3. Todas em caso de crise

grave que impeça o Parlamento de funcionar.

Modelos1.Clássico: todas2. “imperial”: todas e legislar

por decreto-lei

1. Portugal: Democracia – Parlamentarismo

A Assembleia da República, de acordo com o texto constitucional, é a assembleia

representativa de todos os cidadãos portugueses.

É, por excelência, o órgão de soberania que exerce o poder legislativo, competindo-

lhe, ainda, vigiar o cumprimento da Constituição e das demais leis, assim como apreciar os

actos do Governo e da Administração. Nos termos da actual lei eleitoral, a Assembleia da

República é composta por um mínimo de 230 deputados, eleitos por círculos eleitorais

geograficamente definidos na lei, para um mandato com uma duração normal de 4 anos. No

seguimento do resultado das eleições gerais de 20 de Fevereiro de 2005, a composição

parlamentar é a seguinte: Partido Socialista (PS) - 121 deputados; Partido Social Democrata

(PPD/PSD) - 75 deputados; Coligação dos Partidos Comunista e Os Verdes (CDU) - 14

deputados; Partido Popular (CDS/PP) - 12 deputados; Bloco de Esquerda - 8 deputados.

No artigo 185 da Constituição, o Governo surge como órgão responsável pela

condução da política geral do país e entidade superior da Administração Pública. O Governo

é constituído pelo Primeiro Ministro e por um número variável de Ministros, Secretários e

Subsecretários de Estado. O Primeiro Ministro é nomeado pelo Presidente da República,

tendo em conta os resultados das eleições para a Assembleia da República e o nome

indicado pelo partido mais votado nesse escrutínio.

Page 14: Introdução à Ciência Política - USP

O parlamentarismo tem como característica fundamental a divisão do Poder

Executivo entre um chefe de Estado e um chefe de Governo. Este último é normalmente

denominado Primeiro-Ministro, sendo escolhido pelo Parlamento. O Primeiro-Ministro

depende, para a estabilidade de seu governo, da manutenção do apoio parlamentar. Esta

dualidade no Executivo e a responsabilização do chefe de Governo perante o Poder

Legislativo são os traços fundamentais do sistema parlamentarista. A estrutura do poder

segue a repartição tripartite, mas a separação entre os Poderes Executivo e Legislativo não é

rígida. O chefe de Estado, por sua vez, exerce funções predominantemente protocolares, de

representação simbólica do Estado

.

2. Funções do Presidente da República

Lista dos Presidentes portugueses desde o início da República:

• Dr. Manuel de Arriaga (1911 - 1915)• Dr. Teófilo Braga (1915)• Dr. Bernardino Machado (1915 - 1917)• Dr. Sidónio Pais (1917 - 1918)• Admiral Canto e Castro (1918 - 1919)• Dr. António José de Almeida (1919 - 1923)• Dr. Manuel Teixeira Gomes (1923 - 1925)• Dr. Bernardino Machado (1925 - 1926)• Comdt. Mendes Cabeçadas (1926)• General Gomes da Costa (1926)• Marechal Óscar Carmona (1926 - 1951)• General Fancisco Craveiro Lopes (1951 - 1958)• Admiral Américo Tomás (1958 - 1974)• Gen. António de Spinola (1974)• Gen. Francico Costa Gomes (1974 - 1976)• Gen. António Ramalho Eanes (1976 - 1985)• Dr. Mário Soares (1985 - 1996)• Dr. Jorge Sampaio (1996 - 2006 )

O Presidente da República é o Chefe do Estado. Assim, nos termos da Constituição,

ele "representa a República Portuguesa", "garante a independência nacional, a unidade do

Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas" e é o Comandante

Supremo das Forças Armadas.

Tem como especial incumbência a de, nos termos do juramento que presta no seu

ato de posse, "defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa".

Page 15: Introdução à Ciência Política - USP

A legitimidade democrática que lhe é conferida através da eleição direta pelos

portugueses é a explicação dos poderes formais e informais que a Constituição lhe

reconhece, explícita ou implicitamente, e que os vários Presidentes da República tem

utilizado.

No relacionamento com os outros órgãos de soberania, compete-lhe, no que diz

respeito ao Governo, nomear o Primeiro-Ministro, "ouvidos os partidos representados na

Assembleia da República e tendo em conta os resultados eleitorais" das eleições para a

Assembleia da República. E, seguidamente, nomear, ou exonerar, os restantes membros do

Governo, "sob proposta do Primeiro-Ministro".

Ao Primeiro-Ministro compete "informar o Presidente da República acerca dos

assuntos respeitantes à condução da política interna e externa do país".

O Presidente da República pode ainda presidir ao Conselho de Ministros, quando o

Primeiro-Ministro lho solicitar.

E só pode demitir o Governo, ouvido o Conselho de Estado, quando tal se torne

necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas (o que

significa que não o pode fazer simplesmente por falta de confiança política).

No plano das relações com a Assembleia da República, o Presidente da República pode

dirigir-lhe mensagens, chamando-lhe assim a atenção para qualquer assunto que reclame,

no seu entender, uma intervenção do Parlamento.

Pode ainda convocar extraordinariamente a Assembleia da República, de forma a que

esta reúna, para se ocupar de assuntos específicos, fora do seu período normal de

funcionamento.

Pode, por fim, dissolver a Assembleia da República com respeito por certos limites

temporais e circunstanciais, e ouvidos os partidos nela representados e o Conselho de

Estado -, marcando simultaneamente a data das novas eleições parlamentares. A dissolução

corresponde, assim, essencialmente, a uma solução para uma crise ou um impasse

governativo e parlamentar.

Uma das competências mais importantes do Presidente da República no dia-a-dia da vida

do País é o da fiscalização política da atividade legislativa dos outros órgãos de soberania. Ao

Page 16: Introdução à Ciência Política - USP

Presidente não compete, é certo, legislar, mas compete-lhe sim promulgar (isto é, assinar), e

assim mandar publicar, as leis da Assembleia da República e os Decretos-Leis ou Decretos

Regulamentares do Governo.

Como Comandante Supremo das Forças Armadas, o Presidente da República ocupa o

primeiro lugar na hierarquia das Forças Armadas e compete-lhe assim, em matéria de defesa

nacional:

o presidir ao Conselho Superior de Defesa Nacional;

o nomear e exonerar, sob proposta do Governo, o Chefe do Estado-Maior-

General das Forças Armadas, e os Chefes de Estado-Maior dos três ramos das

Forças Armadas, ouvido, neste último caso, o Chefe do Estado-Maior General

das Forças Armadas;

o assegurar a fidelidade das Forças Armadas à Constituição e às instituições

democráticas e exprimir publicamente, em nome das Forças Armadas, essa

fidelidade;

o aconselhar em privado o Governo acerca da condução da política de defesa

nacional, devendo ser por este informado acerca da situação das Forças

Armadas e dos seus elementos, e consultar o Chefe do Estado-Maior General

das Forças Armadas e os chefes de Estado-Maior dos ramos;

o declarar a guerra em caso de agressão efetiva ou iminente e fazer a paz, em

ambos os casos, sob proposta do Governo, ouvido o Conselho de Estado e

mediante autorização da Assembleia da República;

o declarada a guerra, assumir a sua direção superior em conjunto com o

Governo, e contribuir para a manutenção do espírito de defesa e da prontidão

das Forças Armadas para o combate;

o declarar o estado de sítio ou o estado de emergência, ouvido o Governo e sob

autorização da Assembleia da República, nos casos de agressão efetiva ou

iminente por forças estrangeiras, de grave ameaça ou perturbação da ordem

constitucional democrática ou de calamidade pública.

O tipo de poderes de que dispõe o Presidente da República pouco tem que ver,

assim, com a clássica tripartição dos poderes entre executivo, legislativo e judicial.

Page 17: Introdução à Ciência Política - USP

Aproxima-se muito mais da ideia de um poder moderador (nomeadamente os seus

poderes de controlo ou negativos, como o veto, por exemplo; embora o Chefe de Estado

disponha também, para além destas funções, de verdadeiras competências de direção

política, nomeadamente em casos de crises políticas, em tempos de estado de exceção ou

em matérias de defesa e relações internacionais).

No entanto, muito para, além disso, o Presidente da República pode fazer um uso

político particularmente intenso dos atributos simbólicos do seu cargo e dos importantes

poderes informais que detém. Nos termos da Constituição cabe-lhe, por exemplo,

pronunciar-se "sobre todas as emergências graves para a vida da República", dirigir

mensagens à Assembleia da República sobre qualquer assunto, ou ser informado pelo

Primeiro-Ministro "acerca dos assuntos respeitantes à condução da política interna e

externa do país". E todas as cerimônias em que está presente, ou os discursos, as

comunicações ao País, as deslocações em Portugal e ao estrangeiro, as entrevistas, as

audiências ou os contactos com a população, tudo são oportunidades políticas de

extraordinário alcance para mobilizar o País e os cidadãos.

A qualificação do Presidente como "representante da República" e "garante da

independência nacional" fazem com que o Presidente, não exercendo funções executivas

diretas, possa ter, assim, um papel político ativo e conformador.

3. O GOVERNO

O Governo conduz a política geral do país e dirige a Administração Pública, que

executa a política do Estado. O Governo tem funções políticas, legislativas e administrativas:

• negociar com outros Estados ou organizações internacionais,

• propor leis à Assembleia da República,

• estudar problemas e decidir sobre as melhores soluções (normalmente fazendo leis),

• fazer regulamentos técnicos para que as leis possam ser cumpridas,

• Decidir onde se gasta o dinheiro público.

A formação de um governo passa-se do seguinte modo:

• Após as eleições para a Assembleia da República ou a demissão do Governo anterior,

o Presidente da República ouve todos os partidos que elegeram deputados à Assembleia

e, tendo em conta os resultados das eleições legislativas, convida uma pessoa para

formar Governo.

Page 18: Introdução à Ciência Política - USP

• O Primeiro-Ministro, nomeado pelo Presidente da República, convida as pessoas que

entende. O Presidente da República dá posse ao Primeiro-Ministro e ao Governo que,

seguidamente, faz o respectivo Programa, apresentando-o à Assembleia da República.

O Programa do Governo é um documento do qual constam as principais orientações

políticas e as medidas a adotar ou a propor para governar Portugal.

O Governo é chefiado pelo Primeiro-Ministro que coordena a ação dos ministros,

representa o Governo perante o Presidente, a Assembleia e os Tribunais.

4. Brasil: Democracia - Presidencialismo

No sistema presidencialista, os poderes da chefia de Estado e de Governo se

concentram no Presidente da República. O Presidente governa auxiliado por seus ministros,

que são, em regra, demissíveis. O Presidente não é politicamente responsável perante o

Parlamento. O programa de governo pode ser completamente divergente das concepções

compartilhadas pela maioria parlamentar.

O presidencialismo possibilita, por exemplo, a coexistência entre um Presidente

socialista e um Parlamento de maioria liberal. Uma vez eleito, o Presidente deverá cumprir

um mandato. Enquanto durar o mandato, o Presidente não poderá ser substituído – salvo

procedimentos excepcionais, como o impeachment e o recall, mesmo que seu governo deixe

de contar com o apoio da maioria dos parlamentares e, até mesmo, da maioria do povo.

O sistema presidencialista apresenta algumas virtudes destacáveis. A primeira delas

diz respeito à legitimidade do chefe do Executivo. Na maioria dos países que adotam esse

sistema, a eleição para Presidente da República se faz de forma direta. Por isso, o eleito goza

de grande legitimidade, sobretudo nos momentos posteriores aos pleitos eleitorais. O fato

de ter sido o próprio povo que o escolheu torna-o mais habilitado a tomar decisões

polêmicas. O presidencialismo, por essa razão, seria um sistema mais aberto a permitir

transformações profundas na sociedade. É por esse motivo que grande parte da esquerda

brasileira, ao contrário do que costuma ocorrer no plano internacional, tem defendido o

presidencialismo como sistema de governo adequado ao Brasil.

O presidencialismo também não está isento de críticas importantes. A primeira delas

refere-se à forte concentração de poder numa só figura, o que potencializa o risco de

autoritarismo. Na história constitucional brasileira, a emergência de governos autoritários

Page 19: Introdução à Ciência Política - USP

sempre se deu através do fortalecimento do Executivo em detrimento do Legislativo. Foi o

que ocorreu tanto na ditadura do Estado Novo quanto no regime militar de 1964.

O próprio controle de constitucionalidade tem sua origem no sistema político norte

americano, que é também a matriz do modelo presidencialista de separação de poderes.

Embora possam ser identificadas importantes exceções em países que

5. Funções do presidente da República

• Um só titular exerce, simultaneamente, a Chefia do Estado e a Chefia do Governo.

• O chefe de Estado e de Governo é escolhido por eleições diretas pela totalidade do

eleitorado.

• Como chefe de Estado, e de Governo, é o Presidente quem governa.

• Como chefe de Governo, o presidente nomeia e demite livremente seus ministros, sem

interferência dos demais Poderes do Estado.

• Como Chefe de Estado o Presidente dirige a política externa e exerce o comando das

forças armadas definindo a política de segurança nacional.

• O Presidente depende da maioria do Congresso para aprovar as leis de que necessita,

mas não precisa ter maioria para governar.

• O mandato do presidente é fixo, e tem variado, ao longo do tempo, entre 4, 5 e 6 anos;

atualmente é de quatro anos.

• Só em situações excepcionais o Congresso pode remover de seu cargo o Presidente,

através do “impeachment”.

• Desde junho de 1997, quando foi aprovada a Emenda constitucional nº 16, os

presidentes podem ser reeleitos apenas uma vez.

• O Presidente não pode dissolver o Congresso

Page 20: Introdução à Ciência Política - USP

Mandato Partido Presidente Duração

1974/1979 Militar – Arena Ernesto Geisel 5 anos

1979/1985 Militar PDS João Figueiredo 6 anos

1985/1990 PDS/PMDB José Sarney 5 anos

1990/1992 PRN Fernando Collor 2 anos e 9 meses

1992/1994 Sem partido Itamar Franco 2 anos e 3 meses

1995/2002 PSDB Fernando Henrique 8 anos

2003/2010 PT L. Inácio 8 anos

2011/2014 PT Dilma 4 anos

Como exemplo de presidencialismo e Parlamentarismo, temos o Brasil que

participou, no seu processo histórico, dessas duas estruturas governamentais. Quando por

exemplo, Jânio Quadros renunciou ao poder, foi instalado o Parlamentarismo, tendo figuras

representativas como integrantes dessa estrutura, temos Tancredo Neves e Ulises

Guimarães como representantes cruciais do regime parlamentar. Retornando o

Presidencialismo com a posse de Jango.

Em outras nações, o presidencialismo divergiu em muitos aspectos do modelo

americano. Nos países europeus em que a forma de governo é republicana e o sistema

parlamentarista, o presidente é eleito para um mandato estabelecido por lei e ocupa a

posição de chefe de estado, enquanto o primeiro-ministro exerce a função de chefe de

governo. As atribuições do presidente se assemelham às dos monarcas constitucionais. Na

Suíça o poder executivo é exercido pelo Conselho Federal, colegiado de sete membros

eleitos para um período de quatro anos pela Assembleia Federal, que a cada ano elege um

deles para o exercício da presidência. Na América Latina, a tendência histórica tem sido o

fortalecimento do executivo sem equilíbrio entre os poderes, o que levou com frequência

muitas nações às ditaduras que prescindiam não só do legislativo e do judiciário como da

própria participação popular.

Page 21: Introdução à Ciência Política - USP

BIBLIOGRAFIA

http://www.presidencia.pt

http://www.senado.gov.br/

http://portugal.gov.pt

http://www.un.int/portugal

• Material apresentado em sala no Gestcorp pela: Profa Dra Maria do Socorro de Sousa