Introdução ao direito III

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    Introduo ao direito II

    O Direito como Ordem NormativaNorma Jurdica (Conceito e Classificaes)

    Norma Jurdica - Conceptualizao

    Estrutura da norma Jurdica

    Num mdulo lgico da norma jurdicacompletapodemos distinguir:

    Previso ( facti-species, Tatbstand)- Delimita uma determinada situao da realidade,uma situao tpica da vida, descrevendo-a j de forma a exprimir um certo sentido

    jurdico. A previso normativa no se limita, na verdade, a captar os referentes do

    mundo real e a descrever situaes ou factos naturalsticos; os factos so recortados

    por apelo a determinadas consideraes valorativas, que moldam o sentido da

    descrio legal. Basicamente, a norma define um mbito de aplicao, para a qual ela

    se vai estatuir.

    Tal como afirma BAPTISTA MACHADO todas as noes que a lei vai buscar s

    situaes tpicas da vida sofrem sempre uma tal ou qual deformao teleolgica ao serem

    incorporadas no sistema jurdico, pois so sempre elementos integrantes do sentido da lei, so

    sempre conceitos funcionais.

    A OJ decompem-se em unidades

    normativas que, ao mesmo tempo que a

    exprimem, e em certo sentido, a

    concretizam, funcionam como

    mediadores na aplicao do Direito s

    situaes concretas da vida - so as

    normas jurdicas. ainda importante

    salientar que as normas so uma

    consequncia do Direto, e no o contrrio,

    dado que o Direito possui um significado

    prtico que altera completamente a OJ.

    Na verdade, as normas jurdicas

    definem padres de comportamento

    social que se propem a orientar a

    conduta humana , podendo, contudo, o

    seu destinatrio escolher rebelar-se

    contra elas (expondo-se a uma eventual

    sano), ou agir de acordo com elas.

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    Daqui resulta que muitas vezes, esses mesmos conceitos ficam suscetveis aplicao de

    factos, e a sua interpretao ir ser feita luz de valores e significados, que se incorporam na

    OJ.

    Ento, entre os factos jurdicos distinguem-se:

    Puros Factos jurdicos: Tantopodem ser Naturais,independentes do conhecer,do querer e do agir doHomemnascimento, morte,avulso (art. 1329 CC); eHumanos Involuntrios-animais perdidos (art. 1318CC)

    Atos Jurdicosatosvoluntrios, so modos deconduta humana dirigidos pelavontade, que tanto podemconsistir numa omisso, ousimples aes (art.486 CC);

    Ora estas condutas dirigidasela vontade odem ser:

    Simples atos jurdicos:simples atuaes de facto, ouseja, condutas que direta eimediatamente apenasproduzem uma consequnciade facto, que pode ser

    pressuposto de umaconsequncia jurdica,mesmo que no tenha sidoquerida pelo agente (p.e.animal abandonado (art.1318); confuso casual (art1335 .

    Declaraes quase

    negociais:

    exteriorizaes decincia ou de vontade,que produzem ou efeito

    jurdico,

    independentemente davontade do agente sedirigir a tal efeito (p.e. aconfirmao - art. 288CC)

    Negcios Jurdicos ou

    declaraes negociais:

    so exteriorizaes devontade dirigidas produo dedeterminados efeitos

    jurdicos, efeitos estesem que a lei modela de

    acordo com a vontademanifestada(testamento, contrato,aceitao da herana,etc.,).

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    Estatuio - a consequncia ou efeito jurdico, favorvel (direito) ou desfavorvel (obrigao,

    sano, nulidade) associado e desencadeado pela hiptese legal.

    Existem aqui associadas:

    Silogismo judiciriomtodo da lgica jurdica onde a norma premissa maior e o caso

    constitui uma premissa menor.

    Partindo de uma estrutura tpica da norma jurdica, podemos compreender o silogismo

    judicirio. Este, como qualquer outro silogismo, analisa-se em duas premissas e uma concluso.

    Premissa maior: constituda pela norma aplicvel: Quem ofender o corpo ou asade de outra pessoa punido com pena de priso at trs anos ou com pena de

    multa (art. 143 CC);

    Premissa menor: dada pelo caso individual: A Agrediu B.

    Aps a verificao das duas premissas, a concluso extrai-se a partir da subsuno dos factos

    concretos norma: A dever ser punido.

    Situao Jurdicaposio do sujeito ou ente resultante da estatuio das normas, podendo-se

    traduzir:

    Direito subjetivoquando o direito confere a determinada pessoa um poderdestinado satisfao de um interesse prprio ou alheio, acompanhado da

    faculdade de dispor dos meios coercivos que protegem esse mesmo poder

    (direitos de personalidade, direitos sobre as coisas, etc.); Tem um respetivo

    dever jurdicoou seja, do poder atribudo a algum corresponde sempre um

    dever ou uma obrigao imposta a outra ou outras pessoas; sendo que essepoder imposto generalidade das pessoas ou a pessoas determinadas,

    Normas sem sano/soft law - disposiessem coercibilidade;sem transformaes(p.e. normas do DIP,do Direito econmico).

    Sanes premiaisvisam incentivar aadeso das pessoas auma dada participao,ou ento aludem

    justia distributiva, ouseja, tornar

    juridicamente relevanteum comportamento ou

    uma conduta que tembenefcios sociaissano positiva.

    nus Jurdico-obrigao a que algumfica sujeito se pretenderque uma determinadaconsequncia jurdicaocorra; se se pretendebeneficiar da

    comprovao de umfacto. O nus jurdicono imposto como umdever.

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    interesse do titular do direito subjetivo e no do estado ou da coletividade.

    Possui ainda uma vinculao positiva ou negativa, seja ela geral, com uma

    chamada obrigao passiva universaldireito absoluto- ou ento particular

    (obrigao)direitos relativos. Mas sempre que ao direito de um sujeito

    determinado corresponde um dever de outro sujeito jurdico (privado ou

    pblico) determinado, podemos falar de uma relao jurdica. Rigorosamente

    uma relao jurdica sempre uma relao entre duas ou mais pessoas.

    Direito potestativopoder conferido a uma as partes numa relao jurdica de,por ato unilateral modificar (a escolha entre obrigaes alternativas (art.543

    CC) ou extinguir a relao jurdica (revogao ou mandatoart. 1170 CC);

    divrcio) ou ainda de constituir um direito que vai limitar o direito de outrem

    (servido legal de passagemart. 1550 n 1 CC); tem como correspetivo um

    estado de sujeiono propriamente um dever jurdico; um estado em

    que encontra a contraparte do titular de um direito potestativo; este consiste no

    poder conferido a uma das partes numa relao jurdica de, por ato unilateral

    modificar ou extinguir a relao jurdica.

    Num estatuto, qualidade, faculdade (nacionalidade, personalidade jurdica,capacidade matrimonial, etc.).

    Caractersticas da norma:

    i.

    Imperatividade - Na maioria dos casos, as normas jurdicas assumem a natureza deum comando ou imperativo, apresentando-se como regras de conduta destinadas

    a orientar o comportamento humano, e nesse sentido, estar-lhes-ia associada a

    caracterstica imperatividade. Mas sobretudo nos deve pr de sobreaviso contra as

    possveis implicaes da norma jurdica como um imperativo a conotao

    voluntarista associada a este vocbulo; isto porque o Direito antes de mais uma

    ordem objetiva da sociedade, com a sua racionalidade prpria, em boa medida

    subtrada s intervenes voluntaristas arbitrrias do legisladora norma

    fundamentalmente resposta a um problema de ordenao social em que se concretizapor forma percetiva uma determinada valorao, uma determinada opo valorativa;

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    ii. GeneralidadeGeral o preceito que por natureza se dirige a uma generalidade que mais ou menos ampla de destinatrios (pessoas), isto , no tem destinatrio ou

    destinatrios determinados.

    iii. Abstrao - diz-se abstrato o preceito que disciplina ou regula um n indeterminado decasos, uma categoria mais ou menos ampla de situaes e no casos, situaes ou

    hipteses determinadas, concreta ou particularmente visadas.

    iv. Alteridade - a norma jurdica torna socialmente relevante um dado facto ou situao;diferente de bilateridade .

    a) De acordo com os efeitos da ordem jurdica

    Normas interpretativastm a funo de esclarecer o sentido e o alcance de certas

    expresses obscuras ou susceptveis de dvida, utilizadas pelo legislador ou pelos

    particulares.

    Ex.: norma que defende o uso contnuo, uso dirio, uso noturno, etc, a respeito dos ttulos

    que estabelecem os condomnios de guas (art.1404 CC)

    Normas inovadoras - modificam a OJ.

    b) De acordo com o alcance jurdico da norma

    Devemos ter em ateno entra a

    diferena existente entre generalidade

    e pluralidade, dado que um preceito

    pode ter uma pluralidade de

    destinatrios e no ser geral. o que

    acontece com as regras

    constitucionais que definem as

    competncias e deveres do PR, do

    PM e do Provedor de Justia;

    Contrariamente, pode haver uma norma

    destinada a vrias pessoas e no ser, apesar

    disso, uma norma geral, por essas pessoas serem

    nele individualmente consideradas e no por

    referncia uma categoria abstrata ou a uma certa

    funo exercida (p.e. eu despacho ou uma

    nomeao ou demisso de A,B C como

    embaixadores).

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    Norma autnomacompe-se de previso e de estatuio, e por isso, exprimem um

    sentido completo, que no depende da articulao com outras normas jurdicas.

    Normas no autnomas: Normas que por si s no tm um sentido completo (falta-lhe toda

    ou parte da hiptese, toda ou parte da estatuio), s o obtendo atravs da remisso para

    outras normas. Tais so as normas remissivas, normas de devoluo ou normas indiretas,

    bem aquelas que ampliam ou restringem o campo de aplicao de normas anteriores.

    c) De acordo com a autonomia da vontade

    Normas imperativasso as que vinculam de forma absoluta os particulares, sobrepondo-

    se sua vontade; esto normalmente ligadas tutela de interesses superiores da ordem

    pblica (tutela da pessoa humana, da segurana jurdica, proteo de certas categorias de

    sujeitos, os quais devem sobrepor-se aos interesses particulares, assim justificando a

    natureza inderrogvel das suas prescries.

    Normas dispositivas: permitem ou autorizam comportamentos atribuindo relevo vontade

    dos particulares; no estando em causa a realizao de um interesse geral superior, falta a

    motivao ordem jurdica para se sobrepor vontade dos particulares.

    Normas prescritivasimpemcomportamentos positivos;

    P.e.: Norma que determina que

    os contratos devem ser

    pontualmente cumpridos (art.

    406 CC)

    Normas proibitivasprobem determinados

    comportamentos, ou seja,

    impem abstenes ou

    omisses. P.e.: proibio

    de celebrar o casamento

    para quem tenha menos

    de 16 anos (art. 1601

    CC

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    d) De acordo com o mbito territorial ou funcional.

    Normas nacionaisP.e: caso portugus, (regies autnomas);

    Normas regionais

    Normas locaisrestringem-se ao territrio de uma autarquia local (freguesia ou municpio);

    P.e: as normas contidas em posturas municipais, em regulamentos da assembleia de

    freguesia, ect.)

    Normas estaturiasnormas que regem o funcionamento de uma entidade autnoma. P.e:

    estatutos da FDUP.

    e) De acordo com o regime jurdico estabelecido

    Normas gerais ou comunsinstituem o regime-regra para todo o tipo de relaes situadas

    numa determinada rea jurdica. Estas normas, baseadas em princpios gerais de direito,

    abarcam um elevado nmero de relaes sociais, ficando apenas de fora do seu mbito as

    relaes para as quais existam normas especiais ou excecionais. P.e: norma que consagra o

    princpio da consensualidade dos negcios jurdicos (art. 219 do CC).

    Normas excecionais - consagram um regime oposto ao regime-regra para um setor restrito de

    relaes jurdicas. O direito excecional est em coliso com os princpios do direito geral.

    Normas facultativas, permissivas ou atributivas

    permitem certos comportamentos, concedendo

    poderes ou faculdades ou atribuindo direitos aos seus

    destinatrios (cujo exerccio depende da vontade dos

    particulares e cujo no exerccio no acarreta qualquerdesvantagem). P.e: concede-se ao arguido o direito de

    contestar a acusao apresentada (art.: 316 CPP)

    Normas supletivassuprem a falta de

    manifestao da vontade das partes sobre

    determinados aspetos de um negcio que

    carecem de regulamentao ou fixam um

    regime que se aplica no caso de as partes no

    manifestarem validamente a sua vontade, em

    sentido contrrio. Em regra, as normas

    supletivas consagram as clusulas mais

    usuais na prtica negocial ou ento as

    solues que o legislador entendeu

    preferveis mais justas ou adequadas).

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    P.e: normas que invertem o nus da prova (art. 344, n2; art. 313).

    Normas especiaisconsagram uma disciplina nova para crculos mais restritos de pessoas,

    coisas ou atividades, adaptando o regime-regra s circunstncias particulares dessas pessoa s

    ou setores de atividade, sem contrariarem o princpio contido na regra comum.

    A especialidade pode reportar-se a todo o ramo do direito. P.e.: as normas que regulam as

    relaes jurdicas dos comerciantes (direito comercial: taxas de juro, etc.) e, dentro destas,

    temos, as normas que regulam o comercio por mar (direito martimo), etc.

    f) As normas imperativas, de acordo com as consequncias jurdicas:Normas mais que perfeitas normas cuja violao importa ao mesmo tempo a nulidade do

    ato e uma pena.

    Normas perfeitas normas cuja violao importa somente a nulidade do ato.

    Normas menos perfeitas normas cuja violao importa uma pena, mas no a nulidade do

    ato.

    Normas imperfeitas normas cuja violao no importa qualquer tipo de sano.

    Princpios e regras da norma jurdica

    Princpios gerais de direitoreferidos na CRP, art. 22 CC e n1 CC

    - So normas, no so regras- as regras, ao contrrio dos princpios, so de aplicao

    absoluta; os princpios so orientaes valorativas que determinam a realidade de um

    domnio mais precrio que as regras.

    - Funo pragmtica/ constitutiva- criadora de regras;

    -Funo interpretativainterpretao dos princpios

    -Funo integradora de lacunasencontra um regime que seja aplicvel no caso concreto, na

    correo de lacunas;

    As Fontes do DireitoTeoria geral e tipos de Fontes

    Sentido da expresso : Fontes do Direito

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    Histrico-culturalrefere a influncia histrica e cultural que marca umdeterminado sistema jurdico, um ramo ou setor normativo ou um instituto. (p.e. o

    DR como fonte do Direito Portugus, do direito civil, da impugnao paulianaarts.

    610 a 618 CC)

    Histrico-jurdicorefere a influncia derivada num ramo, setor normativo ouinstituto (p.e. o BGB como fonte do CC; a responsabilidade extracontratual civil no

    regime da responsabilidade extracontratual da administrao pblica)

    Orgnico ou institucionalrefere os rgos ou entidades de que emana o direito.

    Instrumentalrefere os suportes materiais ou formais, os veculos atravs dos quaiso Direito se revela (p.e. documentos ).

    Material ou sociolgicorefere o circunstancialismo casual (econmico, social,poltico) que originou uma regulao jurdicaoccasio legis.

    Jurdicodogmticorefere as modalidades de formao (fontes iuris essendi) e derevelao das normas (fontes iuris cognoscendi).

    - Classificaes:

    De acordo com o modo de deliberao: intencionais/deliberativas; De acordo com o sujeito emitente:

    unilaterais/convencionais/nacionais/internacionais/estaduais/ regionais/locais/estaduais/

    corporativas;

    De acordo com a forma: escritas/ no escritas; De acordo com o mbito de aplicao territorial ou funcional: nacionais/ regionais/

    locais/ institucionais/ estaturias;

    De acordo com a autonomia na determinao do seu valor: autnomas/ no autnomas(os usosart. 3 n1 CC);

    As fontes de normas jurdicas

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    - H deste modo que distinguir fontes voluntrias de fontes involuntrias:

    - Fontes voluntriaspressupem um ato explcito de criao normativalei (em

    sentido material), os assentos, e ainda a jurisprudncia e a doutrina;

    - Fontes involuntriaspertenceriam os princpios fundamentais de direito e costume;

    - Existem ainda fontes mediatas e imediatas:

    -Fontes imediatasas leis e as normas corporativas;

    -Fontes mediatas- os assentos, os usos e a equidade, ou seja, aquelas cuja fora

    vinculante resulta, afinal, da lei que para elas remetem;

    1. O costume

    - Relao costume /lei

    Tm-se ainda algumas classificaes para os costumes.

    Como fonte de direito distinta da lei, no voluntria, de uso definir costume como uma prtica

    social constante, acompanhada do sentimento ou convico da obrigatoriedade da norma que lhe

    corresponde (ex. art. 1402). So portanto, dois os elementos do costume:

    - O corpustraduzido na

    observnciageneralizada e uniforme,

    com certa durao, de determinado

    padro de conduta em que est

    implcita uma norma;

    - o animusisto , a convico de se

    estar a obedecer a uma regra geral e

    abstrata, obrigatria, caucionada pela

    conscincia jurdica da comunidade

    (opinio iuris vel necessatis).

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    - O secundum legem : os costumes contidos netsa classificao seriam aqueles que retratam uma

    prtica idntica ao comportamento exigido pela lei. Seria o costume correspondente vontade

    da lei.

    - O Praeter Legem: segundo esta classificao, os costumes seriam utilizados no caso de lacunas

    na lei, ou seja, diante da inexistncia de uma lei especfica para regular determinada situao.

    - O contra legem : no costumecontra legem h um verdadeiro costume que se ope h regra

    jurdica. mais difcil de provar, visto supor a demonstrao da convico de obrigatoriedade,

    mas natural que actue mais energicamente, pois h tambm um negcio enrgico repdio da lei.Ora bem:

    o mero desuso de uma lei no importa a extino desta. Com isso, a lei nocessa a sua vigncia.

    S cessar se se criar a convico de que lcito de se proceder assim, portanto, se se formar umverdadeiro costume contra legem.

    Posio do Cdigo Civi

    O CC exclui o costume como fonte imediata de direito, apenas admitindo que o usus tenha

    relevncia juridica quando a lei para eles remetaomisso no art. 1; remisso substantiva nos

    art 1400 e 1401.

    Posio da CRP

    Art. 8 n1 e 29, n 2onde vigora o costume interncional, de forma direta, na ordem jurdica

    interna portuguesa, pelo simples facto de vigorar na ordem internacional.

    No Direito Internacional Pblico, o costume continua a ser uma importante fonte de Direito

    art 38, n1 b) ETIJ.

    2. A lei.A lei um ato jurdico unilateral, imperativo, que cria, modifica ou extingue as normas

    jurdicas.

    Lei em sentido materialdeclarao

    de uma ou mais normas jurdicas pela

    autoridade competentealm dos atos

    legislativos designados no art. 112n1 da CRP- noo inclui mesmo

    regulamentos (decretos

    regulamentares, portarias, despacho

    normativos regulamentos municipais

    Lei em sentido formal- poder-se-

    ia considerar a lei de qualquer

    diploma emanado do rgo

    legislativo por excelncia, quernesse diploma contenham normas

    jurdicas, quer comandos

    individuais concretos.

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    So leis em sentido material e formal a Constituio, as leis, a reviso constitucional e as leis

    ordinrias da AR.

    - Validadeconformidade com os requisitos substanciais e formais do ornamento juridico;

    - Vingnciaintegrao do ornamento jurdico;

    - Eficciapode depender de regulamentao complementar.

    a) A CRP distingue leilei formalde ato legislativo (que integra antes a categoria de leimaterial)art. 112 - engloba lei, DL e DLR.

    b) Cessao da vingncia

    - Caducidaded-se por supervenincia de um facto ou desaparecimento, em termos

    definitivos, daquela realidade que a lei se destina a regular. frequente estabelecer-se

    numa lei que o regime nela estabelecido ser revisto dentro de certo prazo. Passado o prazo

    em que se verifique a reviso, no cessa a vingncia de tal leipor caducidade: ela continua

    em vigor at sua substituio.

    - Revogaoesta pressupe a entrada em vigor de uma nova lei. A revogao pode ser

    expressa ou tcita, total (ab-rogao) ou parcial (derrogao).

    expressa quando consta a declrao feita na lei posterior, fica revogado. tcita quando resulta da incompatibilidade entre as disposies novas e as

    antigas, ou ainda quando a nova lei regula toda a matria da lei anterior

    substituio global. Porm, nos termos do art 7 n 3, a lei geral posterior no

    revoga a lei especial anterior, salvo se essa for a inteno inequivoca do

    legislador.

    - Porm, nos termos do art 7, n 3 a revogao da lei revogatria no importa de per si

    represtinao , isto , o renascimento da lei anteriormente revogada, salvo que o legislador

    a repe em vigor.

    c) Desvalor jurdico :

    - Inexistnciapor falta de promulgao do PRart. 137 CRP; por falta de referenda

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    ministrialart. 140, n 2 CRP)no podem produzir nenhum efeito jurdico.

    - InvalidadeInconstitucionalidade ou ilegalidade.

    -Ineficciapor falta de publicaoart. 119 CRP.

    d) Constituio como fonte de Direitolei ou fonte autnoma? Na pirmidenormativa tem uma hierarquia superior leiprincpios gerais do Direito

    enquanto normas.

    e) Regulementos como fonte de Direitotiposcomplementares ou deexecuo; independentes ou autnomos; - relao com a leifundamento legal

    dos primeiro; habilitao legal dos segundosart 112, n 8 CRP.

    f) Cdigoso leis; tm uma funo sob forma de lei que regulam umdeterminado sector social, exige uma relao hierrquica entre os diferentes

    setores. Um cdigo tem que conter os 3s sinttico, cientfico e sistemtico,

    ou seja, estabelece o que essencial (racional); projeto ideolgico, poltico e

    cultural; tem uma articulao entre as diferentes posies.

    3. As normas corporativasSo normas impostas por organismos representativos de corporaes, no domnio

    das suas atribuies (Ordem dos Advogados, Ordem dos Mdicos, Ordem dos

    Engenheiros, etc.). So fonte imediataart. n 1 CC; definio art.. 1, n 2 CC;

    posio hierrquicaart.1, n 3 CC; art. 2, n 2 CC.

    O estado portugus um Estado que apela ao corporativismoliberdade deassociao- reconhece a autonomia de diversas entidades.

    4. Doutrina.Por doutrina entendem-se aqui as opinies ou pareceres dos jurisconsultos em que

    estes se desenvolvem, em bases cientficas ou doutrinrias, as suas concees sobre

    interpretao ou integrao do direito.

    A influncia que a doutrina exerce, de facto,

    nas decises jurisprudenciais depende em

    muito do apuro tcnico da mesma e daautoridade cientfica do autor que a

    subscreve.

    Desempenha um papel fundamental na elaborao de

    princpios jurdicos e na definio de conceitos jurdicos-

    fontes iuris essendi. acincia do DR; na Idade Mdia,

    a opinio de Brtolo valia como critrio predominante;

    segundo a teoria clssica, onde a doutrina assumia um

    papel de fonte medieval, sendo uma fonte

    racionalizada/explicadora; contudo, quando aplicada

    acaba por elaborar princpios e criar conceitos, ou seja,

    torna-se uma fonte essendi.

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    5. JurisprudnciaEntende-se por jurisprudncia o conjunto das decises em que se exprime a

    orientao seguida pelos tribunais ao julgar os casos concretos que lhes sosubmetidos. Rigorosamente, deveria entender-se que a jurisprudncia apenas fonte

    de direito quando a orientao assumida pelos tribunais na deciso de casos

    concretos fica a vincular os mesmos ou outros tribunais no julgamento de casos

    futuros do mesmo tipo.

    Outras fontes de normas no sistema jurdico portugus:

    - Direito internacional moldado e pensado em cada Estado como uma fonte autnoma,

    apesar disso, admite-se que na verdade as normas jurdicas internacionais fazem parte do

    sistema jurdico de um pas; A CRP reconhece a importncia do DI; Fazem parte do DI:

    - O Costume, que vigora na ordem jurdica portuguesa, de acordo com o artigo 8 n 1 CRP;

    - As convenes internacionais (artigo 8 n 2 CRP, que s vinculam se estiverem publicadas no

    Dirio da Repblica;

    - Atos unilaterais de Ordem Internacional de que Portugal seja parte (artigo 8n2 CRP);

    algumas doutrinas pretendem alargar o seu contedo a outras Ordens Internacionais, a condio

    que esses mesmos atos tm que vigorar diretamente;

    - Direito da Unio Europeiaintegram-se aqui:

    - Tratados que vinculam o Estado portugus e se encontram integrados no artigo 8 n 2 CRP;

    - Os atos unilaterais que se encontram estabelecidos no artigo 8 n 3CRP

    Nota (os regulamentos+ decises+ diretivas devem incluir-se no artigo 8 n 3 ou no?

    incompletude deste artigo);

    - O valor jurdico do Direito da EU vem definido no artigo 8 n 4, onde se encontra o primado

    do Direito da EU e a sua pretenso em ser superior ao Direito interno, onde o seu alcance

    definido pelos tratados;

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    Uma teoria plural de fontes:

    Praxes administrativas: so usos dos rgos a nvel interno que garantem umauniformidade. Se a administrao pblica contrariar um princpio, dever fundamentar

    esse desvio prtica habitualrazes que so vlidas para mudar essa prtica;

    Usos

    Instrumentos de regulao coletiva de trabalho: negociais ou no negociaisporexemplo, a greve uma regulao no legal;

    Normas tcnicas: standards de conduta a cumprir com zelo e diligncia, no sendoconsagradas numa fonte de Direito;

    -Esto definidas por organismos associativos sem competncia para impor essas normas;

    podem ser consuetudinrias , possuindo lacunas que tm que ser supridas nos termos do

    artigo 10 n 3 CC;

    Podem ser relevantes, pois se do seu desrespeito existir prejuzo para alguma das partes,

    poder existir responsabilidade civil;

    Guerra e revoluo: mutao poltica radical que institucionaliza um novo sistemajurdico (law in contexto)por exemplo, o 25 de Abril de 1974, em que o Estado se

    converte perante a cessao da vigncia da CRP de 1933;

    Atos polticosdotados de fora normativa, ditam normas (regras jurdicas), contudo asua legitimao levanta crticas;

    - Vejamos o caso de Santo Agostinho que tenta legitimar a Guerra luz do Direito,

    encarando-a como um combate tirania e em defesa dos valores cristos; esta teoria

    acaba por perder sentido devido mudana de mentalidades;

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    -A guerra proibida, contudo temos direito a exerc-la por uma questo de justia;

    - Veja-se agora o exemplo do 11 de Setembro, momento a partir do qual se volta a reformular o

    conceito de Guerra Justa - a teoria da Guerra como Fonte de Direito;

    -Ora, a possibilidade de considerarmos que a guerra e a Revoluo como fonte de Direito

    referente existncia de um conjunto de crenas e valores que esto em oposio ou marcham

    para a rutura de um sistema anterior, se se der a imposio dos vencedores, quando a sua

    legitimidade e os seus valores prevalecem;

    Atos polticoss existem em estado de necessidade ou em legtima defesa; noexiste qualquer criao normativa;

    Equidadecorresponde aplicao da justia no caso concreto;- o elemento jurdico que permite flexibilizar a rigidez da lei (artigo n 4 CC);

    - No faz sentido convocar a equidade no sentido das normas dado que ela est condicionada

    pelo caso concreto, dado que o instrumento da justia concreta que se aplica a partir de certos

    valores e princpios;

    - uma fonte criadora de direito e no de normas;

    Hierarquia das fontes e das normas

    Em caso de conflito, as normas de hierarquia superior prevalecem sobre as normas dehierarquia inferior, e a este respeito a hierarquia das normas depende da hierarquia das

    fontes em que esto contidas ou de que procedem;

    - Concurso e conflitos de normas e fontes:

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    - A tutela do direito e dos Direitos

    - Em princpio, as normas jurdicas acarretam uma sanopositiva ou negativa - , isto , uma

    reao do ornamento verificao da previso normativa;

    - O exerccio da coero compete ao Estado para efetivar as sanes negativas e pode envolver

    o uso da fora; em situaes excecionais pode ser exercida pelos indivduos (legitima defesa,

    etc);

    -Coao e tutela preventiva da ordem jurdicaartigo 272 CRPa ao dos rgospoliciais

    -Princpio da legalidade;

    -Princpio da personalidade;

    -Respeito dos DLG;

    - A Coercibilidade da ordem jurdicafuno do Estadoartigo 9 b) CRP tarefa

    fundamental do Estado garantir os direitos e liberdades fundamentais e o respeito pelos

    princpios do Estado de Direito democrtico;

    o A ordem jurdica estadual tem por detrs de si o aparelho estadual que, se porum lado impe e tutela do direito objetivo, por outro lado representa a garantia

    jurdica dos direitos subjetivos, dando-lhes uma consistncia prtica que

    contribui decisivamente um trfico econmico de bens e servios, bem como

    uma circulao de valores econmicos;

    Como ouros rgos de tutela temos ainda:

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    Tribunais; Administrao pblica; Polcias (artigo 272 n 1 CRP); Foras armadasem regime excecionalestado de sitio e estado de

    emergncia artigo 19 e 275 n 7 CRP)

    TUTELA PREVENTIVA

    - Conjunto de medidas destinadas a impedir a violao da ordem jurdica, ao prevenir ou a

    evitar o desrespeito das normas;

    - Entre tais medidas tm grande importncia a interveno da autoridade pblica, no exerccio

    da atividade dos particulares, fiscalizando, limitando, condicionando, ou sujeitado autorizaes

    prvias o exerccio de certas atividades, evitando danos sociais que elas possam causar;

    - So ainda medidas preventivas aquelas que probem a prtica de determinada atividade ou o

    exerccio de certa profisso queles que tenham sido condenados por certo delito;

    - Algo de paralelo se passa com as medidas de segurana: quem pratique certo crime em

    condies eu revelam particular perigosidade do agente, alm de pena (priso preventiva), ser-

    lhe- aplicada, se for caso disso, uma medida de segurana;

    - Compete administrao pblica, s polcias e aos tribunaisprovidncias cautelares,

    medidas inibitrias e medidas de segurana);

    TUTELA COMPULSRIA

    -Destina-se a atuar sobre o infrator da norma, forando-o a tomar o comportamento devido.

    Aqui j se iniciou a leso mas ainda se pode compelir, forar o agente violador da norma aterminar essa situao de violao (ex: sano pecuniria compulsria).

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    - Temos como exceo de no cumprimento o artigo 428, n 1 CC;

    TUTELA RECONSTITUTIVA

    - J houve leso e esta j est consumada. Neste caso o infrator tem de repor a ordem das

    coisas, tal como estavam antes da violao da norma.

    -Hipteses:- Coloca-se o lesado exatamente na mesma situao em que estaria se no tivesse havido leso.

    Ex: A emprestou a B um relgio e este no lho devolve. O tribunal fora coativamente, por um

    ato de autoridade pblica, a entrega daquele relgio. a chamada reconstituio natural (in

    natura ou em espcie)art.. 562. CC.

    Um exemplo de uma reconstituio natural +e o artigo 827 CCse a prestaoconsistir na entrega da coisa determinada, o credor tem a faculdade de requerer, em

    execuo, que a entrega lhe seja feita judicialmente;

    - Reintegrao por equivalente - Se no for possvel a reconstituio natural, h lugar a uma

    reconstituio por mero equivalente: se B estragou o relgio, ser condenado a pagar uma

    quantia pecuniria equivalente ao valor do relgioart. 566. CC.

    - Compensao - H ainda casos em que se fala de compensao quando est em causa

    indemnizar algum por um dano num bem que no tem um valor pecunirio (danos morais, no

    avaliveis em dinheirodor sofrida, dano esttico, stress causado por um evento496. CC).

    - Reconstituio normativaa invalidade e a ineficcia;

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    TUTELA PUNITIVA

    -Nos casos das punies mais graves da ordem jurdica, o direito recorre aplicao de penas,

    as quais implicam simultaneamente a privao de um bem (vida, liberdade, valores

    patrimoniais), e uma reprovao da conduta do infrator;

    -Ex: as sanes de direito penalpena de priso e de multa.

    AUTOTUTELA

    - Realizada pelos particulares nas situaes excecionais legalmente previstas.

    Modalidades:

    -Direito de resistnciaartigo 21 CRP

    Faculdade de resistir a qualquer ordem que ofenda os nossos DLG e de repelir pela fora

    qualquer agresso se no for possvel recorrer autoridade pblica;

    - Ao Direta

    o recurso fora para evitar a anulao prtica de um direito (apropriao, destruio de

    uma coisa). O agente no pode exceder o necessrio para evitar o prejuzo nem sacrificar

    interesses superiores aos que visa realizar - art... 336. CC.

    - Legtima defesa

    Ato que afasta uma agresso atual ou iminente ilcita contra a pessoa ou patrimnio do agente

    ou de terceiro, quando no for possvel recorrer autoridade pblica e o prejuzo causado no

    exceder manifestamente o que puder resultar da agresso - art. 337. CC;

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    - Estado de necessidade

    Situao em que algum se encontra que justifica a legalidade da ao de destruir ou danificar

    uma coisa alheia para remover o perigo atual ou iminente de um dano manifestamente superior

    quer do agente quer de terceiro. O autor do dano , no entanto, obrigado a indemnizar o lesadopelo prejuzo sofrido se o perigo for provocado por sua culpa - art.. 339. CC

    - Direito de reteno

    Faculdade que, em determinadas situaes, o credor retm uma coisa do devedor para o coagir

    a cumprir a sua obrigao - art. 754. e 755. CC

    TUTELA ADMINISTRATIVA COMO FORMA DE AUTOTUTELA DO ESTADO AO

    SERVIO DO INTERESSE PBLICO

    - O princpio da tutela pblica implica que a tutela da ordem jurdica, bem como a sua

    implementao, derivem do Estado;

    - Deste aparelho fazer parte, por um lado, os prprios tribunais e por outro lado a administrao

    pblicadesignadamente a Administrao Pblica estadual;

    - A partir daqui existe uma distino material e orgnica entre Administrao e Jurisdio:

    Jurisdio: apreciao e deciso duma situao jurdica concreta a cargo de rgos doEstado independentes e imparciais, nos termos de um processo organizado e

    disciplinado pela lei. Deciso jurdica.

    Administrao: desempenhada por rgos que so parte nas suas decises. Decisesque pretendem implementar as diretivas polticas do Governo;

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    - Cabe assim Administrao Pblica:

    Realizar os diferentes fins do Estadomanuteno da paz pblica (rgos policiais);

    Realizao de interesses coletivosprivilgio da execuo prvia;

    Recorrer a tribunal: O Estado tem de recorrer aos tribunais para exercer certos dos seusDireitos, como o Direito de punir, sem pedir ao tribunal a condenao do arguido;

    - Tambm no executa as obrigaes tributrias diretamente,antes recorre interveno dos tribunais competentes;

    Meios de tutela perante a prpria Administrao A administrao, atravs dareclamao para o prprio rgo que praticou o to ou atravs de recurso hierrquico,para a entidade hierarquicamente superior, pode pedir a revogao ou a reforma do ato

    administrativo legal, inconveniente ou injusto;

    Garantias graciosas: resultam da institucionalizao, no seio da AP, de mecanismosque controlam a sua atividade, por isso tornam-se efetivas atravs da atuao dos seus

    rgos. Podem ser:

    Petitrias: visam prevenir a leso de direitos ou interesses legalmente protegidos doscidados (o direito de petio, direito de representao, direito de queixa);

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    Impugnatrias: so os meios que os particulares podem utilizar para atacar um atoadministrativo perante os rgos da Administrao Pblica (reclamao, recurso

    hierrquico);

    Queixa ao Provedor de Justia: pode incidir sobre aes ou omisses dos poderespblicos para que sejam supridas as deficincias das tradicionais garantias de proteo

    dos cidados perante a Administrao Pblica.

    Garantias contenciosas: efetivam-se atravs dos tribunais e constituem a forma maiseficaz de defesa dos direitos subjetivos pblicos (recurso contencioso, aes).

    Jurisdio: apreciao e deciso duma situao jurdica concreta a cargo de rgos doEstado independentes e imparciais, nos termos de um processo organizado e

    disciplinado pela lei. Deciso jurdica.

    Administrao: desempenhada por rgos que so parte nas suas decises. Decisesque pretendem implementar as diretivas polticas do Governo.

    HETEROTUTELA

    - A tutela exercida pelos rgos do Estado;

    - O direito de acesso justia e a uma tutela jurisdicional efetiva artigo 20 CRP;

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    - Os objetivos das formas de resoluo dos litgios:

    Proximidade; Informalidade; Celebridade; Economia; Eficincia; Simplicidade; Voluntariedade; Proporcionalidade; Oportunidade; Participao/ responsabilidade; Confidencialidade;

    TUTELA JURISDICIONAL

    - Corresponde descriminao jurdica dos litgios, seja por aplicao estrita do direito, seja por

    ex aequo bono (equidade) arbitragem

    Tutela judicialos tribunais, que resolvem os Litgios atravs do Direito ou da Justia;

    Arbitragemtem como trao fundamental a voluntariedade e a escolha pelas partesDireito ou equidade do modo de alcanar a arbitragem; a arbitragem encontra-se

    institucionalizada em Portugal, onde existem 11 centros de Arbitragem;

    Julgados de pazsendo tribunais, o respetivo processo envolve uma fase de mediaoos tribunais de 2 linha, dado que so os mais propcios para resolver litgios de

    proximidade;

    TUTELA NO JURISDICIONAL

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    - Existe aqui uma composio dos litgios, cujo objetivo a concrdia, encontrando-se assente

    na voluntariedade e na construo da soluo pelas partes;

    Conciliaoprocura aproximar as partes propondo uma soluo por litgio;

    Mediaono visa apresentar uma soluo; so as pessoas estranhas ao litgio que sevo fazer chegar a uma soluo; pode ser:

    - Laboral;

    - Penal;

    - Familiar;

    - Civilnos casos dos julgados de paz;

    TUTELA JURISDICIONAL

    - Pertence aos tribunais, que possuem competncia legal e funcionamento determinado por lei,

    permanncia, anterioridade e aplicao estrita dos juzes;

    - Podemos encontrar no artigo 216 CRP o estatuto dos juzes, segundo os quais devem

    demonstrar:

    Independncias obedecem lei segundo a sua prpria conscincia; no obedecem aordens;

    Imparcialidade - funcionam como uma 3 parte do litgiotraduz-se na garantia para aspartes, pela suspeio dos juzes;

    Inamovibilidadeno podem ser mudados de tribunal; Irresponsabilidadeno podem ser responsabilizados pelas suas decises;

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    - Estatuto do Ministrio pblicoartigo 219 CRP

    O ministrio pblico um rgo autnomo e independente;

    Organizao judicial portuguesa;

    - Dentro da hierarquia dos tribunais h tribunais de 1 3 2 instncia e o STJ;

    Tribunais de 1 instncia so os tribunais de comarca que se agrupam em crculosjudiciais;

    Tribunais de 2 instncia so as relaes, aos quais correspondem a distritos judiciais; O STJ o rgo superior da hierarquia dos tribunais judiciais;

    Estrutura judicial Portuguesa:

    - Tribunais judiciais;

    - Tribunais Administrativoscompetncia dos litgios da administrao Pblica;

    - Tribunal constitucional;

    - Tribunal de Contasfiscaliza a utilizao do capital do Estado;

    - Tribunais Militaresartigo 213 CRPem caso de exceo;

    - A Interpretao e integrao de lacunas

    - O texto possui mltiplos sentidospolissemia do textoe contm com frequncia expresses

    ambguas ou obscuras;

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    - Daqui resulta pois a necessidade da interpretao, ou seja, daquela atividade do jurista que se

    destina a fixar o sentido e o alcance com que o texto deve valer;

    Assim, de todos os sentidos possveis do texto, h que eleger um, mas qual deles?

    - Ter que se fixar aqui um sentido decisivo na lei que garanta um mnimo de uniformidade de

    solues;

    - Para esse efeito pois indispensvel um conjunto de critrios que orientem a atividade do

    intrprete, de forma a evitar o casusmo e o arbtrio de cada julgador, incompatvel no s com

    as necessidades da vida social, como tambm com a segurana jurdica; esse conjunto de

    critrios constitui ento a chamada hermenutica jurdica;

    Assim a INTERPRETAO um percurso dialtico entre o texto e o contexto designificao e entre o direito positivo e a juridicidade transpositiva. O papel

    fundamental do pensamento jurdico.

    A INTERPRETAO JURDICA a tarefa do jurista destinada a definir o sentido e oalcance normativo (funo normativa) de um texto que considerado fonte de Direito;

    - Classificao da Interpretao jurdica:

    Quanto aos Autores:

    - Interpretao doutrinal (art.. 9 CC);

    - Interpretao autntica (art. 13, n 1 CC)contrape-se interpretao doutrinal;

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    Aqui, o rgo competente que cria uma leipor exemplo a ARtem tambm acompetncia para a interpretar, modificar, suspender ou revogar;

    Isto significa que uma vez promulgada uma certa lei, e suscitadas dvidas importantesacerca do seu sentido ou alcance, o seu rgo criador tem, competncia para interpretar

    a partir de uma nova lei;

    Isto a interpretao autntica, que tem por fora vinculante, a prpria lei;

    Quanto aos Objetivos:

    -Interpretao subjetivista(mens legislatoris)no subjetivismo (sentido do intrprete);

    Faz finca-p na mens legistaloris na vontade ou na inteno do legislador;

    Entende que a atividade interpretativa deve ir apontada descoberta da vontade dolegislador, dando menos importncia ao texto da lei;

    -Interpretao objetivista(mens legis);

    Apega-se mens legisvontade ou inteno da lei;

    Entende que a interpretao se deve dirigir essencialmente descoberta da frmulanormativa presente no texto, autonomizando-o em face da vontade do legislador, pois s

    assim se descobrir a soluo mais razovel;

    - Interpretao historicista;

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    O sentido das leis mantm-se imutvel;

    - Interpretao atualista;

    O sentido das leis evolui segundo o evoluir da vidade acordo com as mudanastcnicas, as necessidades e as concees sociais;

    - Elementos da interpretaoelementos atravs dos quais o intrprete lana mo para

    desvendar o verdadeiro sentido e alcance dos textos legais;

    1. Elemento gramatical;

    - letra da lei o texto o ponto de partida da interpretao, como tal, cabe-lhe partida uma

    funo negativa: a de eliminar aqueles sentidos que no tenham qualquer apoio, ou pelo menos

    uma qualquer ressonncia nas palavras da lei;

    - Cabe-lhe contudo uma funo positivaprimeiro, se o texto apenas comporta um sentido,

    esse o sentido da normacom a exceo porm de se poder concluir que a redao do texto

    atraioou o pensamento do legislador;

    - Ora, na falta de outros elementos que induzam ao sentido menos imediato do texto, o

    intrprete deve optar por aquele princpio que melhor e mais imediatamente corresponde ao

    significado natural das expresses verbais utilizadas, e ainda o seu significado tcnico-juridico;

    -Artigo 9 n 1/ 2 CC;

    2. Elementos lgicos:

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    - Elemento teleolgico:

    Este elemento consiste na razo de ser da lei, no fim visado pelo legislador a elaborar anorma;

    O conhecimento deste fim, sobretudo quando acompanhado do conhecimento dascircunstncias em que a norma foi elaborada ou da conjuntura poltico-econmico-

    social que motivou a deciso legislativa, constitui o ponto de maior importncia para

    determinar o sentido da norma;

    - Elemento sistemtico:

    Este elemento compreende a considerao das outras disposies que formam ocomplexo normativo do instituto em que se integra a norma interpretada;

    Isto , que regulam a mesma matria (contexto da lei), assim como a considerao dedisposies legais que regulam problemas normativos paralelos (lugares paralelos);

    Baseia-se este elemento interpretativo no postulado da coerncia inerente do ornamento,designadamente no facto de que as normas contidas numa condio obedecem por

    princpio, a um pensamento unitrio;

    - Elemento histrico

    Compreende todos os materiais relacionados com a histria do preceito, a saber:

    - A histria evolutiva do instituto - a norma produto de uma evoluo histrica de certo

    regime jurdico, pelo que o conhecimento dessa evoluo ser necessrio para a interpretao da

    mesma norma, dado que nos faz entender o que pretendeu o legislador com a frmula ou com a

    interpretao legislativa introduzida;

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    -As chamadas fontes de lei ou seja, os textos legais que inspiraram o legislador na

    elaborao da lei;

    - Os trabalhos preparatriosentendem-se aqui os estudos prvios que levaram elaborao

    da norma; muitas vezes, o confronto da frmula finalmente adotada com as frmulas propostas

    nos projetos de grande valia para definir a atitude final e a opo do legislador, servindo assim

    para afastar interpretaes que devem ser consideradas rejeitadas;

    CLASSIFICAO DA INTERPRETAO JURDICA

    Quanto aos Resultados(relao letra/esprito da lei):

    - Interpretao declarativa - o intrprete limita-se a eleger um dos sentidos que o texto direta e

    claramente comporta, por ser esse aquele que corresponde ao pensamento legislativo;

    - Interpretao extensivao intrprete chega concluso que a letra do texto fica aqum do

    esprito da lei e que a frmula verbal adotada paca por defeito, pois diz menos que aquilo que

    pretendia dizer;

    - Alarga ou estende ento o texto dando-lhe um alcance conforme o pensamento

    legislativo, fazendo corresponder a letra da lei ao esprito da lei;

    - Os argumentos usados pelo jurista para fundamentar a interpretao extensiva so:

    Argumentos de identidade de razo - onde a razo de decidir seja a mesma, a mesmadeve ser a deciso;

    Argumento de maioria de razo - se a lei explicitamente contempla certas situaes,para que estabelece dado regime, h-de forosamente pretender abranger outra ou

    outras, que com mais fortes motivos, exigem ou justificam aquele regime;

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    - Interpretao restritiva - aqui, o intrprete chega concluso que o legislador adotou um texto

    que atraioa o seu pensamento, na medida em que diz mais que aquilo que haveria de dizer;

    - O intrprete deve assim restringir o texto em termos de o tornar compatvel com o

    pensamento legislativo, isto , com a ratio;

    - Interpretao revogatria ou ab-rogante - por vezes, necessrio ir mais alm e sacrificar, em

    obedincia ao pensamento legislativo, parte ou a totalidade de uma norma;

    - Trata-se de frmulas legislativas abortadas e com verdadeiros lapsos;

    - Interpretao enunciativa - aquela pela qual o intrprete deduz de uma norma um preceito

    que nela apenas est virtualmente contido, utilizando para tal certas dedues lgico-juridicas

    que assentam nos seguintes argumentos:

    A maiori ad minus a lei permite que o mais tambm permite o menosse certoindivduo pode alinear determinados bens, pode tambm vincul-los;

    A minori ad maius a lei que probe o menos tambm probe o mais; A contratio por meio deste argumento deduz-se de um ius singulare, isto , da

    disciplina excecional, estabelecida para certo caso, um princpio-regra oposto aos casos

    no abrangidos pela norma excecional;

    - Basicamente, a partir de uma norma excecional deduz-se a contrario que os casos queela no contempla na sua hiptese seguem um regime oposto, que ser regime- regra;

    O Artigo 9 do Cdigo Civil

    - Qual a posio do CC perante o problema da Interpretao?

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    1- O art. 9 do CC no tomou nenhuma posio quanto controvrsia existente entre adoutrina subjetivista e objetivista;

    -Comprova esta situao o facto de no se referir nem vontade do legislador, nem

    vontade da lei, mas apontar antes como fim da atividade interpretativa a descoberta

    do pensamento legislativo;

    2- Comea tambm por dizer que a interpretao no deve cingir-se letra (texto) eesprito (pensamento) da lei, declarando que a atividade interpretativa deve procurar

    este, a partir daquela;

    3- Ainda no que concerne letra do texto esta exerce uma terceira funo: a de dar ummais forte apoio quelas interpretaes possveis de melhor sentido com o significado

    natural e correto das expresses utilizadas;

    Elementos:

    o relevo da letra da lei (ns 1ponto partida -, 2limite (teoria daaluso) -, e reforo - 3);

    o elemento sistemtico (a unidade do sistema jurdico; o elemento histrico (as circunstncias em que a lei foi elaborada); o elemento teleolgico (as condies especficas do tempo em que

    aplicada)

    - Integrao jurdica

    - Razes:

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    Nenhum legislador capaz de prever todas as relaes da vida social merecedoras detutela jurdica, existindo mesmo situaes que so imprevisveis no momento de

    elaborao da lei;

    Perante os casos omissos, perante as situaes que no caibam em qualquer previsolegal, poderia formalmente adotar-se a seguinte atitude:

    - Considerar tais situaes excludas do mbito jurdico;

    - Esta atitude abertamente repudiada pelo Artigo 8 n 1 CC;

    Advm ainda o facto de a lacuna ser sempre uma incompletude, uma falha, contrria aoplano do Direito vigente, determinada segundo critrios eliciveis da ordem jurdica global;

    - Existir uma lacuna sempre que a lei e o Direito consuetudinrio no tm

    regulamentao exigida pela OJ global;

    - Espcies de lacunas;

    - Lacuna de previso e estatuio;

    H lacunas de previso quando determinada facto ou categoria de casosno so contemplados por disposio legal.

    - Lacunas da lei

    Lacunas de regulamentao;

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    Lacunas de colisonascem das contradies teleolgicas e lgicas; um espao jurdico primeira vista duplamente ocupado fica a constituir um espao desocupado, uma lacuna;

    - Ora como a aplicao das duas normas impossvel, dizemos que se

    anulam uma outra;

    Lacunas teleolgicasso lacunas de segundo nvel a determinar em face do propsito visadopelo legislador, ou seja, em face da ratio legis, de uma norma ou da teleologia imanente a um

    complexo; a analogia serve aqui tanto para determinar a existncia de uma lacuna como para o

    preenchimento da mesma;

    - Lacunas do Direito

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    - A Integrao de lacunas

    a. Recurso analogia - art. 10, n 1 CC

    - Dois casos dizem-se anlogos quando neles se verifique um conflito de interesses , de modo a

    que o critrio valorativo utilizado pelo legislador para compor esse conflito de interesses num

    dos casos seja por igual ou por maioria de razo aplicvel ao outro; artigo 10 n 2 CC;

    -Limites: a excluso no Direito Penal, o regime jurdico excecional (art. 11 CC); a enumerao

    completa (art, 1306 , n 1 CC);

    b. A elaborao de uma norma ad hoc (art. 10, n 3 CC)

    - Como se verifica, o legislador no remete o intrprete para juzos de equidade, para a justia

    do caso concreto; antes pelo contrrio, o incumbe de elaborar e formular uma norma, isto , umaregra geral e abstrata que contemple o tipo de casos em que se integra o caso omisso;

    - Esta norma ser uma simples norma ad hoc, sem carter vinculante para futuros casos ou

    para outros julgadores;

    - Codificao e tcnicas legislativas;

    OBJETOramo de direito/setor social LINHAS ESTRUTURAISunidade, sistematicidade, cientificidade (os 3 s

    sinttico, scientfico, sistemtico)

    TELEOLOGIAprojeto de ordenao scio-jurdica inovadora FATORESpoltico-ideolgicos; tcnico-prticos

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    VANTAGENS E DESVANTAGENSlgica e coerncia v. rigidez e incompletude FORMAlei DIVISOlivro/ttulo/captulo

    - O cdigo uma lei em sentido material; na hierarquia das leis tem a fora prpria da lei que o

    aprova ou no qual est contido; contm a disciplina fundamental de certa matria ou ramo de

    direito, disciplina essa elaborada de forma sistemtica e unitria;

    - A codificao formaliza e rigidifica o Direito, da a sua inadequao para resolver os

    problemas de uma sociedade em mutao constante e acelerada;

    Figuras idnticas:

    - COMPILAO - redao na forma escrita, de costumes e leis, muitas vezes adaptadas

    poca em que so compilados;

    - CONSOLIDAO- alterao dos textos existentes e unio num texto.

    - ESTATUTO - Estatuto um conjunto normas jurdicas, acordada pelos scios ou fundadores,

    que regulamenta o funcionamento de uma pessoa jurdica, quer seja uma sociedade, uma

    associao ou uma fundao.

    - LEI ORGNICA - Conhece-se como lei orgnica qualquer lei de que se necessita de um ponto

    de vista constitucional para regular os aspetos da vida social. As leis orgnicas tm uma

    competncia diferente das leis. Conhece-se como lei orgnica qualquer lei de que se necessita

    de um ponto de vista constitucional para regular os aspetos da vida social. As leis orgnicas tm

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    uma competncia diferente das leis ordinrias e requerem alguns requisitos extraordinrios,

    como a maioria absoluta na hora de serem aprovadas.

    - O cdigo civil

    - Parte geralLivro I do CC

    A existncia da parte geral resulta obviamente de uma exigncia da tcnicajurdica: trata-se de evitar repeties, de fixar desde logo os princpios gerais e as

    disposies normativas que , de outro modo, teriam que ser repetidas em

    frmulas idnticas em diversos pontos da lei;

    - Proposies jurdicas no normativas

    Definio: 202 CC Classificao: 203 CC Qualificao: 204 CC

    - Remisses

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