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26th June 2014 Queridos, Como prometido, disponibilizo a todos as questões da verificação suplementar, que deve ser respondida por todos aqueles que ficaram abaixo da linha mínima da média de desempenho global neste semestre, correspondente à nota 6,0. Para se obter aprovação neste exame suplementar (e consequentemente, no semestre), é necessário obter a nota mínima de 6,0 Estou reapresentando 4 das 9 questões que foram submetidas anteriormente durante este semestre, sendo que vcs. devem responder pelo menos duas delas, obrigatoriamente. Estas respostas devem ser enviadas em arquivo anexado a mensagem destinada a meu e-mail pessoal ([email protected]), até a próxima quarta-feira, dia 02/07, às 20:00 . Boa sorte a todos. Ad, Benjamim UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE ARTES E COMUNICAÇÃO SOCIAL DEPARTAMENTO DE ESTUDOS CULTURAIS E MÍDIA Disciplina: Introdução às Teorias da Narrativa (GEC 114) Professor: Benjamim Picado Horário: 2as e 4as, das 14 às 16:00 Local: Salas 303 – UFASA - Gragoatá VERIFICAÇÃO SUPLEMENTAR Modo de Usar: Vc. deve responder pelo menos duas das questões propostas. Para o correto tratamento das mesmas, valorize sua capacidade de argumentação, procurando exercitar certo distanciamento com respeito ao modo de exposição das idéias dos textos centrais da unidade (ao invés de transcrever os textos, Questões da Verificação Suplementar introdução às teorias da narrativ pesquisar

Introdução Às Teorias Da Narrativa

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Introdução Às Teorias Da Narrativa

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  • 26th June 2014

    Queridos,

    Como prometido, disponibilizo a todos as questes da verificao

    suplementar, que deve ser respondida por todos aqueles que ficaram

    abaixo da linha mnima da mdia de desempenho global neste

    semestre, correspondente nota 6,0. Para se obter aprovao neste

    exame suplementar (e consequentemente, no semestre), necessrio

    obter a nota mnima de 6,0

    Estou reapresentando 4 das 9 questes que foram submetidas

    anteriormente durante este semestre, sendo que vcs. devem

    responder pelo menos duas delas, obrigatoriamente. Estas respostas

    devem ser enviadas em arquivo anexado a mensagem destinada a meu

    e-mail pessoal ([email protected]), at a prxima quarta-feira, dia

    02/07, s 20:00.

    Boa sorte a todos.

    Ad,

    Benjamim

    UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

    INSTITUTO DE ARTES E COMUNICAO SOCIAL

    DEPARTAMENTO DE ESTUDOS CULTURAIS E MDIA

    Disciplina: Introduo s Teorias da Narrativa (GEC 114)

    Professor: Benjamim Picado

    Horrio: 2as e 4as, das 14 s 16:00

    Local: Salas 303 UFASA - Gragoat

    VERIFICAO SUPLEMENTAR

    Modo de Usar: Vc. deve responder pelo menos duas das questes

    propostas. Para o correto tratamento das mesmas, valorize sua

    capacidade de argumentao, procurando exercitar certo

    distanciamento com respeito ao modo de exposio das idias dos

    textos centrais da unidade (ao invs de transcrever os textos,

    Questes da VerificaoSuplementar

    introduo s teorias da narrativ pesquisar

  • procure parafrase-los um pouco). No que respeita a compreenso

    dos itens da unidade, valorize um tratamento mais esquemtico

    das idias mais importantes, prestando sempre ateno naquilo

    que especificamente pedido em cada questo. Nas perguntas de

    teor mais analtico (de exame de objetos), procure correlacionar

    os dois domnios requisitados (o da compreenso dos textos de

    base e o do exerccio da anlise dos materiais propostos).

    1. Considere o seguinte past blogging feito pelo jornal Folha de So

    Paulo, para recapitular os episdios que desfecharam o golpe militar de

    1964, no seguinte link:

    http://aovivo.folha.uol.com.br/2014/03/30/3145-aovivo.shtml

    [http://aovivo.folha.uol.com.br/2014/03/30/3145-aovivo.shtml]

    Considerando estes materiais como ilustrativos dos registros

    narrativos do relato jornalstico, analise os elementos textuais da

    reportagem, tendo em vista as consideraes de Grard Genette sobre

    as distines entre narrativa e discurso, assim como as

    observaes de Paul Ricoeur sobre os entrecruzamentos dos registros

    narrativos da histria com os da fico.

    2. Discorra brevemente mais com suficincia, sobre as idias que Paul

    Ricoeur desenvolve em seu texto, acerca dos processos de

    ficcionalizao da historia.

    3. Discorra breve mais suficientemente sobre os argumentos de mile

    Benveniste e Mikhail Bakhtin acerca dos movimentos discursivos que

    caracterizam a linguagem narrativa, especialmente nos aspectos da

    manifestao das estruturas da subjetividade que so subjacentes ao

    ato lingstico da narrao e da representao das aes de uma

    histria.

    4. Discorra com brevidade e suficincia sobre os modos pelos quais os

    textos de Paul Ricoeur (Jogos com o tempo) e Grard Genette

    (Ordem) exercitam teoricamente a correlao entre os regimes

    temporais do discurso narrativo e aqueles da histria narrada.

    Procure fazer esta recapitulao, a partir do destaque aos conceitos

    centrais atravs dos quais estes autores correlacionam a arte do

    narrar e o universo factual dos eventos narrados.

    Bibliografia:

    BAKHTIN, Mikhail. Tipologia do discurso na prosa. In: Teoria da

    Literatura em suas Fontes;

    BENVENISTE, E. Da subjetividade na linguagem. In: Problemas de

    Lingstica Geral;

    GENETTE, Grard. Fronteiras da narrativa. In: Anlise Estrutural da

  • Narrativa;

    GENETTE, Grard. Ordem. In: Discurso da Narrativa;

    ISER, Wolfgang. O jogo do texto. In: A Literatura e o Leitor;

    RICOEUR, Paul. Entrecruzamentos da histria e da fico. In: Tempo

    e Narrativa, vol. 3;

    RICOEUR, Paul. Jogos com o tempo. In: Tempo e Narrativa, vol. 2;

    RICOEUR, Paul. O mundo do texto e o mundo do leitor. In: Tempo e

    Narrativa, vol. 3.

    Postado h 26th June 2014 por Benjamim Picado

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    26th June 2014

    Queridos,

    Como prometido, segue mais abaixo o quadro com as notas finais do

    semestre. Algumas consideraes: as notas atribudas vo

    apresentadas em seu valor absoluto e com o resultado da aplicao de

    seus pesos respectivos; as notas absolutas relativas s avaliaes

    parciais constituem a mdia das duas melhores notas conseguidas por

    cada um de vcs.

    Uma ltima observao: nas notas atribudas a muitos de vcs., a mdia

    final correspondia a dois dgitos aps o nmero inteiro (aps a vrgula).

    Nestes casos, para decidir sobre jogar o dcimo para cima ou para

    baixo,adotei o critrio seguinte: para quem tinha menos do que 7

    faltas no semestre, nota para para cima; em caso contrrio, nota para

    baixo. Aqueles que caram nesta situao tm a nota final atribuda

    entre parnteses, na lista abaixo.

    Por ltimo, informo a todos aqueles que devero realizar a verificao

    suplementar que as questes referentes a esta (escolhidas por mim

    dentre todas aquelas aplicadas durante todo o semestre, menos a que

    foi de resposta obrigatria da avaliao global) estaro disponveis no

    blog da disciplina at amanh, no mais tardar.

    Ad,

    Benjamim

    UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

    Quadros de Notas Finais

  • INSTITUTO DE ARTES E COMUNICAO SOCIAL

    DEPARTAMENTO DE ESTUDOS CULTURAIS E MDIA

    Disciplina : Introduo s Teorias da Narrativa (GEC 114)

    Professor : Benjamim Picado

    Horrio : 2as e 4as, de 14 s 16 :00

    Local : Salas 303 - IACS/UFASA (Bloco A)

    NOTAS FINAIS SEMESTRE 2014/1

    Nome Parciais

    (x0,4)

    Avaliao

    Global

    (x0,5)

    Participao

    (x0,1)

    Mdia

    Global

    Ana Beatriz de

    Arajo

    6,25

    (2,5)

    6,5 (3,25) 5,6 (0,56) 6,4

    Andressa

    Teixeira

    7,5 (3,0) 7,0 (3,5) 5,2 (0,52) 7,1

    Andressa

    Nascimento

    6,75

    (2,7)

    5,5 (2,75) 1,5 (0,15) 5,6

    Anna Carolina

    Martinez

    7,5 (3,0) 8,0 (4,0) 6,7 (0,67) 7,7

    Caroline Maria

    Vicente

    6,0 (2,4) 6,5 (3,25) 1,5 (0,15) 5,8

    Dandara de

    Leiros

    7,25

    (2,9)

    5,5 (2,75) 7,0 (0,7) 6,4

    Fernanda

    Moreira

    6,0 (2,4) 6,0 (3,0) 5,2 (0,52) 5,92

    (5,9)

    Fernando

    Ferreira

    6,5 (2,6) 7,5 (3,75) 6,5 (0,65) 7,0

    Gabriela Braga 5,75

    (2,3)

    5,5 (2,75) 5,5 (0,55) 5,6

    Iara Noronha

    dos Reis

    7,5 (3,0) 7,5 (3,75) 9,0 (0,9) 8,5

    Igor Caldas de

    Souza

    5,25

    (2,1)

    6,5 (3,25) 4,0 (0,4) 5,8

    Karine Cordeiro 6,25

    (2,5)

    7,5 (3,75) 4,5 (0,45) 6,7

    Laura Jodas

    Albano

    7,0 (2,8) 7,5 (3,75) 5,0 (0,5) 7,05

    (7,0)

    Lucas Tunes

    Barbosa

    4,5 (1,8) - 8,0 (0,8) 2,9

    Luis Eduardo

    Lima

    3,5 (1,4) 6,5 (3,25) 3,0 (0,3) 4,95

    (4,9)

    Luis Henrique

    Borges

    2,5 (1,0) 7,0 (3,5) 1,0 (0,1) 4,6

    Luis Lessa

    Solha

    5,0 (2,0) 4,0 (2,0) 6,5 (0,65) 4,7

  • Marcela Costa 7,0 (2,8) 8,5 (4,25) 6,0 (0,6) 7,7

    Maria de

    Nazar

    Marinheiro

    1,0 (0,4) - 3,7 (0,37) 0,77

    (0,7)

    Mateus de

    Carvalho

    6,25

    (2,5)

    8,0 (4,0) 2,0 (0,2) 6,7

    Mayara de

    Arajo

    7,5 (3,0) 8,0 (4,0) 5,2 (0,52) 7,52

    (7,5)

    Pedro Cardoso

    Freitas

    6,5 (2,6) 6,3 (3,15) 5,5 (0,55) 6,36

    (6,3)

    Pedro Meireles 5,75

    (2,3)

    8,0 (4,0) 6,5 (0,65) 6,95

    (6,9)

    Raul de Matos

    Frota

    3,0 (1,2) - 2,0 (0,2) 1,4

    Victor Ferro 6,25

    (2,5)

    7,5 (3,75) 4,5 (0,45) 6,7

    Vitor Bavier de

    Souza

    7,75

    (3,1)

    8,5 (4,25) 5,5 (0,55) 7,9

    Wellerson

    Pimenta

    7,5 (3,0) 6,0 (3,0) 8,5 (0,85) 7,5

    Postado h 26th June 2014 por Benjamim Picado

    0 Adicionar um comentrio

    19th June 2014

    Queridos,

    Como prometido, disponibilizo de imediato as nove questes da

    avaliao global. Como mencionado anteriormente, duas destas

    questes devem ser respondidas, obrigatoriamente: uma delas de

    minha escolha (aquela que est destacada em negrito) e outra, da

    escolha de cada um de vcs.

    As instrues e dicas para o melhor desempenho nas respostas est,

    como de costume, nos "modos de usar", que antecede a formulao

    das questes propriamente ditas. Peo uma vez mais que leiam esta

    parte com muita ateno.

    Reitero a informao anterior de que, em caso de reapresentao de

    resposta j dada a alguma destas questes, peo que vcs. indiquem,

    se for o caso, a nota que atribu s mesmas, quando a avaliei pela

    Questes da Avaliao Global (emais informaes)

  • primeira vez; no garantia de repetio da nota na avaliao de

    momento, mas pode servir como parmetro.

    Finalmente, informo que a data para entrega das respostas a da

    noite da prxima tera-feira (24/06). As respostas devem ser enviadas

    para meu e-mail pessoal ([email protected]).

    Boa sorte a todos.

    Ad,

    Benjamim

    UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

    INSTITUTO DE ARTES E COMUNICAO SOCIAL

    DEPARTAMENTO DE ESTUDOS CULTURAIS E MDIA

    Disciplina: Introduo s Teorias da Narrativa (GEC 114)

    Professor: Benjamim Picado

    Horrio: 2as e 4as, das 14 s 16:00

    Local: Salas 303 UFASA - Gragoat

    AVALIAO GLOBAL

    Modo de Usar: Vc. deve responder pelo menos duas das questes

    propostas. Para o correto tratamento das questes da prova,

    valorize sua capacidade de argumentao, procurando exercitar

    certo distanciamento com respeito ao modo de exposio das

    idias dos textos centrais da unidade (ao invs de transcrever os

    textos, procure parafrase-los um pouco). No que respeita a

    compreenso dos itens da unidade, valorize um tratamento mais

    esquemtico das idias mais importantes, prestando sempre

    ateno naquilo que especificamente pedido em cada questo.

    Nas perguntas de teor mais analtico (de exame de objetos),

    procure correlacionar os dois domnios requisitados (o da

    compreenso dos textos de base e o do exerccio da anlise dos

    materiais propostos).

    1. Discorra breve mas suficientemente sobre modo como Grard

    Genette caracteriza em Fronteiras da narrativa as diferentes

    oposies entre termos que definem o modo como o conceito de

    narrativa definido, nas suas delimitaes com respeito ao discurso,

    imitao e ao relato.

    2. Considere o seguinte past blogging feito pelo jornal Folha de So

    Paulo, para recapitular os episdios que desfecharam o golpe militar de

    1964, no seguinte link:

  • http://aovivo.folha.uol.com.br/2014/03/30/3145-aovivo.shtml

    [http://aovivo.folha.uol.com.br/2014/03/30/3145-aovivo.shtml]

    Considerando estes materiais como ilustrativos dos registros

    narrativos do relato jornalstico, analise os elementos textuais da

    reportagem, tendo em vista as consideraes de Grard Genette sobre

    as distines entre narrativa e discurso, assim como as

    observaes de Paul Ricoeur sobre os entrecruzamentos dos registros

    narrativos da histria com os da fico.

    3. Discorra brevemente mais com suficincia, sobre as idias que Paul

    Ricoeur desenvolve em seu texto, acerca dos processos de

    ficcionalizao da historia.

    4. Examinando com ateno os argumentos apresentados pelos

    textos de Umberto Eco e Roland Barthes, como vc. articularia as

    noes de isotopia narrativa e o problema da sucesso das aes

    nas formas narrativas ? Procure discorrer sobre a questo a partir das

    pontuaes feitas pelos textos dos dois autores e recorrendo a

    quantos exemplos forem possveis.

    5. Discorra breve mais suficientemente sobre os argumentos de mile

    Benveniste e Mikhail Bakhtin acerca dos movimentos discursivos que

    caracterizam a linguagem narrativa, especialmente nos aspectos da

    manifestao das estruturas da subjetividade que so subjacentes ao

    ato lingstico da narrao e da representao das aes de uma

    histria.

    6. Considere esta matria, publicada no site do jornal Folha de So

    Paulo, no dia 26/05/2014, no seguinte link :

    http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/05/1460357-estado-de-saude-de-

    genoino-piorou-na-prisao-diz-defesa.shtml

    [http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/05/1460357-estado-de-saude-de-genoino-

    piorou-na-prisao-diz-defesa.shtml]

    Como vc. considera que se coloquem na maneira de a matria em

    questo tratar de seu assunto as questes das instncias de

    discurso e de unidade da fala, no modo como as concebem,

    respectivamente, mile Benveniste e Mikhail Bakhtin?

    7. Argumente, a partir de um exame aos argumentos dos textos da

    unidade, sobre as relaes entre os diferentes jogos do texto,

    propostos por Wolfgang Iser, e as interaes entre o mundo do texto

    e o mundo do leitor, no modo como as explora Paul Ricoeur.

    8. Considere algumas destas seqncias de testes de filmagens

    do filme Alien, de Ridley Scott (1979) :

  • http://www.youtube.com/watch?v=pg8n0auYGS4

    A partir destes segmentos do filme (em especial, o intervalo

    entre 2:00 e 3:50), considere o modo como produzido o

    suspense destas cenas, na relao com aquilo que Paul Ricoeur

    identifica na obra de Wolfgang Iser como sendo uma estrutura

    de retenes e protenses do texto narrativo, na sua

    relao com o horizonte da recepo e da leitura destas cenas.

    9. Discorra com brevidade e suficincia sobre os modos pelos quais os

    textos de Paul Ricoeur (Jogos com o tempo) e Grard Genette

    (Ordem) exercitam teoricamente a correlao entre os regimes

    temporais do discurso narrativo e aqueles da histria narrada.

    Procure fazer esta recapitulao, a partir do destaque aos conceitos

    centrais atravs dos quais estes autores correlacionam a arte do

    narrar e o universo factual dos eventos narrados.

    Bibliografia:

    BARTHES, Roland. As sucesses de aes. In: A Aventura

    Semiolgica;

    BAKHTIN, Mikhail. Tipologia do discurso na prosa. In: Teoria da

    Literatura em suas Fontes;

    BENVENISTE, E. Da subjetividade na linguagem. In: Problemas de

    Lingstica Geral;

    ECO, U. Estururas discursivas e Estruturas narrativas. In: Lector in

    Fabula;

    GENETTE, Grard. Fronteiras da narrativa. In: Anlise Estrutural da

    Narrativa;

    GENETTE, Grard. Ordem. In: Discurso da Narrativa;

    ISER, Wolfgang. O jogo do texto. In: A Literatura e o Leitor;

    RICOEUR, Paul. Entrecruzamentos da histria e da fico. In: Tempo

    e Narrativa, vol. 3;

    RICOEUR, Paul. Jogos com o tempo. In: Tempo e Narrativa, vol. 2;

    RICOEUR, Paul. O mundo do texto e o mundo do leitor. In: Tempo e

    Narrativa, vol. 3.

    Postado h 19th June 2014 por Benjamim Picado

    0 Adicionar um comentrio

    19th June 2014

    Queridos,

    Como mencionado em outros momentos, disponibilizo aqui o quadro

    Notas Parciais da Disciplina (antesda avaliao global)

  • geral das notas parciais da disciplina, levando em conta as entregas

    das avaliaes de cada unidade e a nota referente aos critrios de

    participao e envolvimento.

    Destaco primeiramente que estas so notas absolutas, sobre as quais

    ainda no foram feitos os clculos relativos ponderao de cada uma

    delas: para os que ainda no sabem ou no mais se lembram, a mdia

    das avaliaes parciais tem peso 4, a avaliao global tem peso 5 e os

    critrios de participao/envolvimento tem peso 1.

    H alguns alunos que ainda no entregaram suas respostas da

    avaliao da 3a unidade: falo especialmente daqueles que fizeram

    apenas uma avaliao de unidade ou que tm mdia menos do que 6,0

    nas duas avaliaes anteriores. Peo que o faam com urgncia, de

    modo a que possam regularizar sua situao.

    Ainda hoje, disponibilizarei as questes da avaliao global, com

    instrues e data-limite para envio das respostas.

    Ad,

    Benjamim

    UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

    INSTITUTO DE ARTES E COMUNICAO SOCIAL

    DEPARTAMENTO DE ESTUDOS CULTURAIS E MDIA

    Disciplina : Introduo s Teorias da Narrativa (GEC 114)

    Professor : Benjamim Picado

    Horrio : 2as e 4as, de 14 s 16 :00

    Local : Salas 303 - IACS/UFASA (Bloco A)

    LISTAGEM DAS NOTAS PARCIAIS SEMESTRE 2014/1

    Nome 1a

    unidade

    2a

    Unidade

    3a

    Unidade

    Particpao

    Ana Beatriz de

    Arajo

    3,5 9,0 - 5,6

    Andressa

    Teixeira

    7,0 8,0 - 5,2

    Andressa

    Nascimento

    4,0 7,5 6,0 1,5

    Anna Carolina

    Martinez

    3,5 7,5 7,5 6,7

    Caroline Maria

    Vicente

    3,0 7,0 5,0 1,5

    Dandara de 6,5 8,0 - 7,0

  • Leiros

    Fernanda

    Moreira

    3,5 6,0 6,0 5,2

    Fernando

    Ferreira

    7,0 6,0 - 6,5

    Gabriela Braga 5,0 6,5 4,5 5,5

    Iara Noronha

    dos Reis

    7,0 8,0 - 9,0

    Igor Caldas de

    Souza

    3,5 4,5 6,0 4,0

    Karine Cordeiro 6,5 6,0 - 4,5

    Laura Jodas

    Albano

    6,5 7,5 - 5,0

    Lucas Tunes

    Barbosa

    9,0 - - 8,0

    Luis Eduardo

    Lima

    2,0 - 5,0 3,0

    Luis Lessa

    Solha

    3,0 5,0 - 6,5

    Marcela Costa 3,5 7,0 7,0 6,0

    Maria de

    Nazar

    Marinheiro

    - 2,0 - 3,7

    Mateus de

    Carvalho

    6,5 - 6,0 2,0

    Mayara de

    Arajo

    7,5 7,5 - 5,2

    Pedro Cardoso

    Freitas

    6,5 6,5 6,8 5,5

    Pedro Meireles 3,5 7,5 4,0 6,5

    Raul de Matos

    Frota

    2,0 4,0 - 2,0

    Victor Ferro 7,5 5,5 - 4,5

    Vitor Bavier de

    Souza

    4,5 7,0 8,5 5,5

    Wellerson

    Pimenta

    7,5 7,5 - 8,5

    Postado h 19th June 2014 por Benjamim Picado

    0 Adicionar um comentrio

  • 12th June 2014

    Queridos,

    Como prometido, seguem as questes da avaliao parcial da 3a

    unidade, com algumas observaes importantes para sua realizao.

    Peo que leiam esta mensagem com ateno.

    Em primeiro lugar, esta avaliao deve ser respondida prioritariamente

    por aqueles que estiverem com mdia menos do que 6,0 nas duas

    avaliaes feitas at aqui ou ento aqueles que entregaram apenas

    uma das duas avaliaes parciais: em minha contabilidade, isto monta

    a no mais do que 10 alunos da disciplina.

    Ressalvo que, ainda que o restante dos alunos matriculados que no

    so obrigados a responder estas questes, se assim o desejarem,

    podem igualmente entregar estas respostas - tendo em vista a

    possibilidade de melhorar seu desempenho nas avaliaes parciais.

    Em segundo lugar, peo que leiam com ateno as instrues para as

    respostas s questes, procurando manter alguma autonomia de sua

    argumentao com respeito s afirmativas dos textos (nas questes

    tericas), assim como procurando articular bem o universo conceitual

    dos textos da unidade com respeito ao exame dos materiais narrativos

    (nas questes mais analticas).

    Enfim, duas informaes adicionais: como podem ver no ttulo deste

    post, a data para entrega das respostas a estas questes o dia

    18/06, prxima quarta-feira, at o limite das 21:00. As respostas

    devem ser enviadas como arquivos anexos (em pdf ou word)

    diretamente a meu e-mail pessoal, que o seguinte:

    [email protected]

    Boa sorte a todos.

    Ad,

    Benjamim

    UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

    INSTITUTO DE ARTES E COMUNICAO SOCIAL

    DEPARTAMENTO DE ESTUDOS CULTURAIS E MDIA

    Disciplina: Introduo s Teorias da Narrativa (GEC 114)

    Professor: Benjamim Picado

    Horrio: 2as e 4as, das 14 s 16:00

    Local: Salas 303 UFASA - Gragoat

    Questes da 3a avaliao parcial -para entregar no dia 18/06

  • AVALIAO 3a UNIDADE

    Modo de Usar: Para o correto tratamento das questes da prova,

    valorize sua capacidade de argumentao, procurando exercitar

    certo distanciamento com respeito ao modo de exposio das

    idias dos textos centrais da unidade (ao invs de transcrever os

    textos, procure parafrase-los um pouco). No que respeita a

    compreenso dos itens da unidade, valorize um tratamento mais

    esquemtico das idias mais importantes, prestando sempre

    ateno naquilo que especificamente pedido em cada questo.

    Nas perguntas de teor mais analtico (de exame de objetos),

    procure correlacionar os dois domnios requisitados (o da

    compreenso dos textos de base e o do exerccio da interpretao

    dos materiais propostos).

    1. Argumente, a partir de um exame aos argumentos dos textos da

    unidade, sobre as relaes entre os diferentes jogos do texto,

    propostos por Wolfgang Iser, e as interaes entre o mundo do texto

    e o mundo do leitor, no modo como as explora Paul Ricoeur.

    2. Considere algumas destas seqncias de testes de filmagens do

    filme Alien , de Ridley Scott (1979) :

    http://www.youtube.com/watch?v=pg8n0auYGS4

    A partir destes segmentos do filme (em especial, o intervalo entre 2:00

    e 3:50), considere o modo como produzido o suspense destas

    cenas, na relao com aquilo que Paul Ricoeur identifica na obra de

    Wolfgang Iser como sendo uma estrutura de retenes e

    protenses do texto narrativo, na sua relao com o horizonte da

    recepo e da leitura destas cenas.

    3. Discorra com brevidade e suficincia sobre os modos pelos quais os

    textos de Paul Ricoeur (Jogos com o tempo) e Grard Genette

    (Ordem) exercitam teoricamente a correlao entre os regimes

    temporais do discurso narrativo e aqueles da histria narrada.

    Procure fazer esta recapitulao, a partir do destaque aos conceitos

    centrais atravs dos quais estes autores correlacionam a arte do

    narrar e o universo factual dos eventos narrados.

    Bibliografia:

    GENETTE, Grard. Ordem. In: Discurso da Narrativa;

    ISER, Wolfgang. O jogo do texto. In: A Literatura e o Leitor;

    RICOEUR, Paul. Jogos com o tempo. In: Tempo e Narrativa, vol. 2;

    RICOEUR, Paul. O mundo do texto e o mundo do leitor. In: Tempo e

    Narrativa, vol. 3.

  • Postado h 12th June 2014 por Benjamim Picado

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    11th June 2014

    Introduo s Teorias da Narrativa (GEC 114)

    Aula no 9 (09 e 11/06/2014)

    Os jogos do texto e o lugar da leitura: a dimenso esttica

    do efeito e da resposta nas teorias da narrativa (P.Ricoeur

    e W.Iser)

    1. Em uma determinada etapa da exposio anterior sobre a questo

    dos diferentes tipos de temporalidades que caracterizam o discurso

    narrativo e a histria (factual ou ficcional) que por seu intermdio

    contada, nos confrontamos com o carter metafrico dos jogos com

    o tempo que definem estas mesmas relaes estipuladas entre a

    ordem do narrado e a ordem do narrar. Na relao havida entre a

    atividade de narrar e o mundo das aes, descobrimos com Ricoeur

    que haveria um aspecto fundamental do modo como o universo de

    acontecimentos cotidianos ganharia a significao com a qual o

    atribumos como sendo uma histria, a seu proprio ttulo (tanto

    aquela das sociedades e civilizaes, quanto a nossa prpria existncia

    individual mais comezinha): este aspecto revelado pelo sentido mais

    ldico da relao entre narrativa e histria se definiria pela dimenso

    radicalmente potica (ou configurativa) deste aspecto da

    compreenso do tempo instaurado pela narrativa isto , o fato de

    que o sentido existencial que atribumos s nossas histrias seria, em

    verdade, o efeito de uma construco narativa dos tempos

    existenciais (vividos como aspectos de uma experincia individual ou

    universal).

    2. Nesta idia de que o tempo da histria se restitui a uma matriz

    potica (isto , essencialmente construda no discurso), cuja

    realidade apenas se manifesta sob o signo de uma narrao, h uma

    ordem outra desta figuraco ldica das relaes entre temporalidades

    que precisaria ser trazida ao primeiro plano de nossa exposio: pois,

    ao estabelecer que o tempo da historia (pessoal ou universal) da

    ordem de uma produo de sentidos, especialmente manifesta pela

    arte do narrar, podemos nos ver enredados numa espcie de

    metafsica da artisticidade da comunicao narrativa: sob uma tal

    concepco, como se a simples inteno de colocar alguma histria na

    Notas da ltima aula do curso: Jogoscom o texto e a atividade da leitura

    (W.Iser e P.Ricoeur)

  • ordem do sentido fosse tudo aquilo que constitusse a matriz da

    necessidade pela qual se implicam a positividade dos acontecimentos

    (vividos ou imaginados) e o fato de que esta realidade factual mesma

    se manifesta sob a forma de uma sucesso de eventos narrados isto

    , postos numa ordem temporal prpria (aquela da anacronia das

    prolepses e analepses), implicando relaes entre aes, agentes e

    valores, localizao (presumida ou expressa) de vozes discursivas e

    tudo aquilo que de mais j descrevemos como caracterstico de uma

    estrutura elementar da narratividade, durante toda a exposio desta

    segunda unidade do curso.

    3. Para alm deste aspecto, h ainda uma outra questo de igual

    importncia, qual devemos nos interrogar de sada: pois, se

    afirmamos na ordem do narrar o fundamento da positividade com a

    qual atribumos ao histrico a densidade que ele tem na transmisso

    de uma srie de experincias e valores (pessoais e coletivos), assim

    definidos como uma histria factual, no estaramos incorrendo numa

    certa indistino ontolgica daquilo que faz sentido para ns? No

    estaramos, portanto, fazendo certa equiparao entre regimes de

    realidade, no que respeita a fatos narrados atravs de uma mediao

    narrativa (como o caso dos eventos aos quais se reporta o discurso

    jornalstico) e uma ordem de acontecimentos que no precisa

    manifestar-se nesta condio anterior para poder ser propriamente

    narrada, enquanto tal caso do universo de factualidades que

    constitui o tecido de uma narrativa ficcional? A histria e a fico

    poderiam ser incondicionalmente assimiladas a este princpio potico

    do sentido, que atravessaria tanto as formas discursivas que se

    reportam atualidade (histria) quanto aquelas que se valem de uma

    produtividade da imaginao (fico) ?

    4. a partir destas duas ordens de questes que se implicitam de

    algum modo a saber, o de um fundamento potico da realidade

    histrica e a necessria indistino que este fundamento aporta entre

    o que da ordem da factualidade e o que construdo como parte de

    fices - que comeamos a expor os problemas que nos colocaro em

    face de perspectivas tericas dos estudos da narrativa para as quais

    tudo isto tem a ver com o papel central que se pode atribuir aos

    processos da leitura (ou a seus correlatos mais profundos, tais como a

    recepo ou a compreenso das narrativas), definido como

    instncia originria do sentido pelo qual a narratividade confere

    estrutura a nossa apreenso de tudo aquilo que historico: em suma,

    compreender, interpretar, ler (e at mesmo, em ltima instncia, ver,

    sentir, perceber) constituiem-se como matrizes daquilo que a narrativa

    normaliza como possveis quadros estticos de uma experincia do

    tempo que se infunde aos acontecimentos, conferindo ao modo como

    falamos de fatos, acontecimentos e histrias o fundamento ontolgico

    que nos faz dizer que estas so, propriamente falando, reais.

    assim de uma abordagem esttica da compreenso narrativa que

    desejamos falar aqui, a partir de agora.

  • 5. Um primeiro ponto de nossa interrogao assume por objeto,

    portanto, o estatuto ontolgico que podemos atribuir quilo que

    chamamos de fatos histricos, com respeito a uma ordem de

    acontecimentos que se manifesta no corpo de uma fico narrativa,

    por outro lado: segundo Ricoeur, por exemplo, o aspecto factual da

    verdade e da referncia que se atribuem ao discurso da histria

    (sobretudo quando a pensamos a partir daqueles contedos que se

    universalizam, a seu nome, como sendo a narrativa de uma origem das

    comunidades, por exemplo) no aporta a esta ordem da narrativa um

    aspecto de sua veridio que a separe, necessariamente, daquilo que

    proprio compreenso de acontecimentos fundados em atos de

    imaginao como o caso das narrativas ficcionais. De sada, aquilo

    que restitudo do passado dos povos ou dos indivduos no se

    constitui estritamente como um fato que se observa, mas um

    acontecimento cuja matriz produtiva est na atividade da

    rememorao e no na do testemunho imediato dos sentidos:

    ainda segundo Ricoeur, a histria se constitui sobre a pretenso de ser

    uma reconstruo narrativa do tempo passado, decorrente de um

    princpio de representncia definido como a exigncia de um vis--

    vis que caracterizaria a origem mesmo daquilo sobre o que se discursa,

    a saber, os acontecimentos e sua sequncia.

    Dizer que certo acontecimento relatado pelo historiador

    pode ser observado por testemunhas do passado no

    rEsolve nada : o enigma da preteridade simplesmente

    deslocado do acontecimento relatado para o testemunho

    que o relata. O ter-sido problemtico na medida exata em

    que no observavel, quer se trate do ter-dio do

    acontecimento ou do ter-sido do testemunho. A preteridade

    de uma observao no passado no observvel, mas sim

    memorvel. para resolver este enigma que elaboramos a

    noao de reprsentancia (), significando com isto que as

    ocnstrunoes da historia tm a ambio de ser

    reconstrues que respondem exigncia de um vis--vis.

    (RICOEUR, 2012 : 267,268).

    6. No se pode supor que estas exigncias que fazem a pretenso de

    verdade do discurso histrico estejam fundamentalmente separadas da

    alegada irrealidade do discurso ficcional ou imaginrio: no corpo de

    uma narrativa, por outro lado, aquilo que no mbito da histria factual

    poderia ser observado (ainda que pela mediao do testemunho da

    memria), agora uma espcie de ordem das aes que se desenha a

    partir de um mundo das aes, mas que dele resguarda apenas aquilo

    que no puramente ordinrio ou insignificante para a fico,

    necessrio que a ordem da sucesso de fatos se manifeste como

    problema ou desafio (nos termos de Ricoeur, como discordncia);

    alm disto, h o fato de que as aes que constituem o universo

  • ficcional implicam numa necessria transformao da vida dos agentes

    a envolvidos (seja para a fortuna ou para a desgraa). Em um e em

    outro caso, o que incomoda Ricoeur o fato de que a histria e a fiao

    se constituam como dimenses da narratividade (nas suas diferenas

    especficas), a partir da suposio de que ambas se definam por um

    tipo de universo de referncia de seus respectivos discursos a

    realidade como testemunho memorial, no caso da histria, e como

    reconstruo imaginria, no caso da fico literria.

    7. Ora, quando consideramos os entrecruzamentos entre historia e

    fico (que definem a centralidade do conceito de narrativa, tanto para

    a imaginao acontecimental quanto para a factualidade propriamente

    histrica), para a realidade das estratgias configuradoras do tempo

    na textualidade narrativa que endereamos com mais fora a ateno

    de nossa compreenso sobre as pretenses testemunhais do relato

    factual da histria, assim como a da reconstruo imaginria do mundo

    das aes na fico: em suma, sobre os jogos com tempo (na

    forma das anacronias descritas por Genette) que podemos comear a

    discorrer, no sentido de identificar aquilo que comum reconstruo

    ficcional e rememorao histrica, naquilo que ambas implicam de um

    dbito com respeito funo das narrativas nes processo.

    8. Em todo este conjunto dos elementos mais gerais das formas

    narrativas que exploramos at aqui (sucesso das aes, definio dos

    agentes-valores, estabelecimento das vozes na transparncia ou na

    opacidade das posies de discurso, ordens temporais anacrnicas do

    discurso e da histria) exprime-se algo das teorias da narrativa que

    implicou uma espcie de fechamento da anlise destas formas do

    narrar nas estruturas imanentes das obras ficcionais e histricas.

    Quando Ricoeur se aproxima criticamente das iluses ontolgicas que

    esforaram-se por separar o factual do imaginrio, ele abre um

    campo obrigatrio da reflexo, pelo qual nos cumpre exercitar uma

    sada a este encerramento aportico que as teorias fazem sobre as

    estruturas puramente formais da narrativa: pois aqui mesmo que

    comea a despontar a importncia central das consideraes sobre a

    mediao da leitura, no contexto de uma problematizao sobre o

    modo como podemos fixar adequadamente este entrecruzamento

    necessrio do factual e do ficcional.

    Por que essa mediao da leitura ? Pelo fato de que

    percorremos apenas metade do trajeto da aplicao ao

    introduzir () a noo do mundo do texto, implicada em

    qualquer experincia temporal fictcia (). Mas deve-se

    reconhecer que, isolado da leitura, o mundo do texto

    permanece uma transcendncia na imanncia. Seu estatuto

    ontologico permanece em suspens : em excesso

    relativamente estrutura, em expectativa de leitura.

    somente na leitura que o dinamismo da configurao

  • termina seu percurso. E para alm da leitura, na ao

    efetiva, instruda pelas obras consagradas, que a

    configurao do texto se transmuta em refogurao.

    (RICOEUR, 2012: 269,270).

    9. portanto pela valorizao da leitura que se pode avaliar o aspecto

    pelo qual o sentido que caracteriza a presentificao de um tempo

    vivido na histria contada se assume como propriedade

    comunicacional da narrativa, como entidade de um sentido apreendido

    na sua recepo: neste mbito que podemos justificar, finalmente,

    que a estruturao do sentido que caracteriza a ordem temporal na

    qual a narrativa apresenta os fatos e sua sucesso experimentam a

    eficcia que lhe prpria; , finalmente no mbito da recepo que se

    pode valorizar a dimenso esttica desta experincia do tempo que

    prpria tanto fico quanto ao relato histrico, pois pela

    mobilizao das capacidades e competncias para ressentir

    passionalmente a evoluo do tempo narrado que podemos afirmar

    que a construo potica do discurso narrativo se enraza em sua

    prpria justificao. Se as estratgias poticas se perspectivam para o

    sucesso que configura a experincia do tempo narrativo na histria e

    na fico, isto devido ao fato de que na instncia do leitor (ou de

    um tipo especial de leitor concebido pela instncia da obra) que pode-

    se dizer que a narrativa existe, de uma maneira mais ou menos

    prpria.

    Numa pespectiva puramente retrica, o leitor , no limite,

    simultaneamente presa e vtima da estratgia fomentada

    pelo autor implicado, e isso tanto mais quanto mais

    dissimulada for essa estratgia. Precisa-se de uma outra

    teoria da leitura que ponha a nfase na resposta do leitor

    sua resposta aos estratagemas do autor implicado. O novo

    componente com que a potica se enriquece remete ento

    mais a uma esttica do que a uma retrica, se

    concordarmos em devolver ao termo esttica a amplitude

    de sentido que lhe confere a aisthsis grega, e lhe dar por

    tema a explorao das mltiplas maneiras como uma obra,

    ao agir sobre o leitor, o afeta. (RICOEUR, 2012 : 285).

    10. Ora, este aspecto central da leitura pode ser reclamado, sob dois

    aspectos principais: de um lado, pode-se admitir que a leitura parte

    do processo histrico no qual a prpria gnese do discurso narrativo

    est colhida, j que esta leitura um processo necessariamente

    interacional portanto, fundando em aspectos necessariamente

    partilhados de toda ordem de significaes que possam se inscrever ao

    texto, tanto no mbito das produes discursivas quanto naquele de

    sua prpria recepo, interpretao e valorizao, no decurso dos

    diferentes perodos e sociedades. Em vrias linhagens de uma teoria

    esttica da recepo, esta demarcao mais histrica e social da

  • experincia que delimita a definico dos papis configuradores da

    leitura. De nosso ponto de vista, entretanto, preferimos valorizar aqui

    a dimenso na qual esta recepo instaurada pela dinmica dos

    jogos com os quais o texto narrativo (compreendido como conjunto

    de estratgias semnticas e pragmticas) convoca seu intrprete, nas

    condies de um agente dos lances de interao com o texto,

    propostos pelo proprio texto: nesta situao que veremos trabalhar,

    com muita fora, determinadas linhagens das teorias estticas

    contemporneas, que se aproximam consideravelmente de uma certa

    pragmtica da cooperao interpretativa, como aquela que caracteriza

    as abordagens semiticas da recepo em Umberto Eco, por exemplo

    (expressas em seus textos sobre a leitura de fices literrias).

    11. Na matriz destas abordagens mais estticas das teorias da

    literatura, nota-se uma tese que valoriza o sentido com o qual as

    estruturas narrativas que constituem as obras ou os textos se

    manifesta por uma necessria incompletude algo que talvez se

    reforce pelo aspecto da heterogeneidade de sua temporalidade, com

    respeito quela que caracteriza a ordem histrica de sua origem ou de

    sua referncia. Neste sentido, h um aspecto da representao dos

    acontecimentos na narrativa que implica uma relativa vagueza do modo

    como a temporalidade originria dos acontecimentos como que

    atualizada ou presentificada na ordem narrativa: este

    aspecto anacrnico da relao entre o tempo da histria e o tempo

    da narrao institui lugares de uma relativa indeterminao pela qual se

    destaca o espao que prprio atividade do leitor ou do espectador,

    que frequentemente invocado a figurar para si, pela atividade em que

    se engaja, a sucesso dos acontecimentos e o carter dos agentes a

    empenhados pelo texto.

    12. Em um segundo aspecto importante desta incompletude

    constitutiva da narrativa, Ricoeur destaca para nossa ateno uma

    dimenso da sucesso das aes que j era manifesta, no modo como

    a anlise estrutural da narrativa em Barthes destava a economia

    proairtica da representao das aes: se naquele momento, isto

    parecia implicar a constituio das sequncias narrativas, em seu

    aspecto internamente problemtico (sem qualquer considerao

    necessria sobre o modo como o leitor pode atualizar uma escolha de

    destinos ainda no presentificada no plano diegtico), uma teoria da

    recepo parece transpor os limites estritos desta estrutura, para

    valorizar a interao mesma que o texto narrativo instaura com sua

    recepo possvel. Assim sendo, esta manifestao problemtica das

    aes (o aspecto potencialmente disjuntivo da apresentao de

    situaes particularmente dramticas de uma histria) institui um outro

    tipo de relao com a leitura, pelo qual a apresentao de um

    acontecimento ou de uma sequncia dos mesmos se d sempre a

    partir de uma economia de reticncias e de antecipaes possveis da

    resoluo de uma situao dada, aspecto este que define o tipo de

    relao que o texto institui para o leitor, na forma de uma interrogao

  • sobre a resoluo das aes, assim como as diversas temporalidades

    em que isto se resolve.

    Ora, esse jogo de retenes e protenses s funciona no

    texto se for assumido pelo leitor, que o acolhe no jogo de

    suas prprias expectativas. Mas, diferentemente do objeto

    percepcionado, o objeto literrio no vem preencher

    intuitivamente essas expectativas; pode to somente

    modific-las. Esse processo movente de modificaes de

    expectativas constitui a concretizao imagtica evocada

    acima. Consiste em viajar ao longo do texto, em deixar

    afundar na memria, abreviando-as, todas as modificaes

    efetuadas, e em se abrir para novas expectativas, tendo em

    vista novas modificaes. S este processo faz do texto

    uma obra. A obra, poder-se-ia dizer, resulta da interao

    entre o texto e o leitor. (RICOEUR, 2012 : 287).

    13. A idia mesma de que a experincia da narrativa implica uma certa

    mtafora do carter mais jogado destas relaes propostas pelo texto

    (literrio ou imagtico) com o seu leitor, j traz consigo a suposio de

    que o sistema textual (e tambm de significaes) que caracteriza a

    narrativa se concebe como necessariamente aberto aos processos

    potencialmente indeterminveis pelos quais o horizonte de

    expectativas da leitura como que aproveitado ou oportunizado pelas

    relaes de sentido que as narrativas buscam colocar em cena: nestes

    termos, a relao ldica que examinamos anteriormente entre as duas

    temporalidades da histria e da narrativa (o tempo narrado e o tempo

    do narrar) no pode ser definida estritamente como uma

    representao da cronologia histrica; o tempo pelo qual a narrativa

    atualiza uma dimenso possivelmente histrica dos acontecimentos

    (seja ela factual ou imaginria) no pode ser retida pela noo de que

    as narrativas representam este tempo, do mesmo modo que

    dizemos que um quadro representa uma paisagem ou um rosto;

    nestes termos, o tempo histrico (a temporalidade prpria s coisas

    sobre as quais um evento narrado) no uma condio objetiva e

    anterior qual a narrativa deve se restituir como uma espcie de

    modelo ou objeto, do ponto de vista de sua atualizao.

    14. No sendo ento da ordem de uma representao, esta relao

    pensada sob o paradigma de um processo dinmico e

    permanentemente contnuo, pelo qual sua referncia menos pensada

    em seus valores de verdade do que pelo modo como promovem as

    capacidades da recepo em ativ-lo, a cada ponto da interao feita

    atravs da mediao da leitura. Ao abordar estas questes, Wolfgang

    Iser insiste, uma vez mais, sobre a importncia da imagem ou metfora

    do jogo processual contnuo e de temporalidade indeterminvel

    pelo qual esta maneira de apresentao dos eventos narrados evoca a

    instncia central do leitor. Se o sentido do texto no procede da sua

  • presumida dimenso mimtica, a performatividade na qual as

    aes se manifestam como parte de uma narrativa (pela qual ela

    apresenta um problema, faz uma pergunta, prope um testemunho,

    entre outras coisas) que constitui a conexo pela qual sua

    apresentao textual evoca um certo modo de sentir no texto a sua

    conexo com uma temporalidade que constitutiva de nossa

    experincia dos fatos, na ordem histrica em que eles nos parecem

    apropriados.

    Os autores jogam com os leitores e o texto o campo do

    jogo. O proprio texto o resultado de um ato intencional

    pelo qual o autor se refere a intervem em um mundo

    existente, mas, conquanto o ato seja intencional, visa a algo

    que ainda no acessvel conscincia (). Ora como o

    texto ficcional, automaticamente invoca a conveno de

    um contrato entre autor e leitor, indicador de que o mundo

    textual h de ser concebido, no como realidade, mas como

    se fosse realidade. Assim, o que quer que seja repetido no

    texto no visa a denotar o mundo, mas apenas um mundo

    encenado. (ISER, 2001 : 107).

    15. Este processo da interao entre o leitor e o texto se define por

    uma dialtica fundamental, decorrente do modo de apresentao da

    sucesso, na economia das protenses e retenes do texto:

    apresentado o mundo para uma leitura que visa combinar a ordem dos

    fatos narrados a um mundo das aes localizado na experincia,

    prprio do texto narrativo exprimir sua temporalidade como aspecto

    no imediatamente legvel da realidade, portanto propcio a uma

    problematizao que se dar na prpria leitura; especialmente no caso

    da literatura moderna, este aspecto da dialtica marca a pressuposio

    de uma atividade da leitura - em James Joyce, por exemplo que da

    ordem de uma permanente ateno do leitor quilo que se apresenta

    sempre em estado de interrogao. Este aspecto da dialtica da

    interao redunda numa tal indeterminabilidade do sentido da obra que

    configura sua significao necessariamente como sendo da ordem de

    uma potencial inesgotabilidade. Neste contexto, estamos no ambiente

    da tipologia os jogos que Iser define sob a alcunha Alea:

    Sua proposta bsica a desfamiliarizao, que alcanada

    pela estocagem e condensao de diferentes textos, assim

    despojando de significado os seus segmentos respectivos e

    identificveis. Pela subverso da semntica familiar, ele

    atinge o at entao inconcebvel e frustra as expectativas

    guiadas pela conveno do leitor. (ISER, 2001 : 113).

    16. Ainda assim, a experincia da leitura, ao menos na perspectiva do

    mais individual de sua ocorrncia, sempre aponta para o inverso deste

    excesso de sentido, pelo qual a obra se oferece a uma certa abertura

  • de suas apropriaes: neste contexto aparentemente inverso ao

    primeiro, a interao da leitura se consuma como a concretizao da

    iluso proposta pela obra de integrar em sua prrpia totalidade a

    temporalidade de seu apresentar-se em narrao e aquela do mudno

    das aces no qual se inscreve a atividade do proprio leitor. Ainda que

    reduzida estrita individualidade existencial desta experincia, este

    aspecto da resoluo concreta do texto na leitura que manifesta a

    narrativa, em sua realizao mais prpria. Podemos dizer que, na

    tipologia construda por Iser, este o modo de jogar que se define

    como Mimicry:

    O que quer que seja denotado pelo significante ou

    prenunciado pelos esquemas deveria ser tomado como se

    fosse o que diz. H duas razes para isto : (a) quanto mais

    perfeita a iluso, tanto mais real parece o mundo que

    pinta ; (b) se, no entanto, a iluso perfurada e assim se

    rvla o que , o mundo que ele pinta se converte em um

    espelho que permite que o mundo referencial fora do texto

    seja observado. (ISER, 2001 : 113).

    17. Em seus prprios termos, e partindo das idias da fenomenogia da

    leitura de Iser, Ricoeur tambm elabora esta dialtica da interao

    entre texto e leitor, como uma oscilao entre a rejeio de uma

    configurao narrativa do mundo que seja completamente legvel (caso

    da literatura moderna) ou ento a da realizao plena de uma isonomia

    entre as duas ordens de realidade (a do texto e a da experincia

    ordinria), pela qual a efetivao da leitura valorizada no aspecto da

    transparncia com a qual o mundo narrado aparece, como se fosse um

    mundo tal e qual aquele em que vivemos. Nos variados nveis desta

    dialtica, a aobra narrativa apenas se realiza na condio de se definir

    pelo processo vivo do jogo interacional com o leitor: a vivacidade da

    leitura concebida a como parte daquilo que realiza na obra seu

    projeto narrativo.

    aqui que a teoria esttica autoriza uma interpretaco da

    leitura sensivelmente diferente da da retrica de persuaso ;

    o autor que mais respeita seu leitor no aquele que o

    gratifica ao preo mais baixo ; aquele que lhe deixa mais

    espao para desenvolver o jogo contrastado que acabamos

    de descrever. S atinge seu leitor se, por um lado,

    compartilhar com ele um repertrio do familiar, quanto ao

    gnero literrio, ao tema, ao contexto social, ou mesmo

    historico ; e se, por outro lado, praticar uma estratgia de

    desfamiliarizao com relao a todas as normas que a

    leitura cr poder facilmente reconhecer e adotar. (RICOEUR,

    2012 : 290).

    18. Este princpio pelo qual o jogo de texto se constitui

  • necessariamente para as performances da leitura e da atualizao do

    mundo das aes no tecido das narraes implica, de fato uma

    concepco pela qual o texto narrativo se constitui essencialmente na

    diferena que se pode interpor entre a estrutura potica de sua

    origem intencional (o corpo narrativo originado em um modo de

    fazer mundos) e toda a ordem das realidades s quais se reporta (a

    factualidade dos eventos que a constituem, seja do ponto de vista

    temtico, seja do modo como a expresso narrativa a apresenta, nos

    regimes temporais que lhe so prprias). Ao performarmos um mundo

    narrado pela leitura, no podemos supor que as formas narrativas o

    representem, mas fato que experimentamos esta interao com o

    textona expectativa de uma tal restituio, o que explica o carter

    constitutivamente ilusrio da experincia narrativa, dada a

    perspectiva de sua recepo ou leitura.

    Referncias Bibliogrficas :

    ISER, Wolfgang. O jogo do texto. In: A Literatura e seu Leitor.

    RICOEUR, Paul. O mundo do texto e o mundo do leitor. In : Tempo e

    Narrativa. 3

    Leituras Recomendadas :

    RICOEUR, Paul. Jogos com o tempo. In : Tempo e Narrativa.

    2.

    Postado h 11th June 2014 por Benjamim Picado

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    11th June 2014

    Introduo s Teorias da Narrativa (GEC 114)

    Aula no 8 (02 e 04/06/2014)

    Os jogos com o tempo: a ordem temporal do discurso e

    da histria nas teorias da narrativa (G.Genette e

    P.Ricoeur)

    1. No momento em que iniciamos esta ltima etapa do percurso sobre

    as teorias da narrativa, precisamos estabelecer as relaes nas quais o

    exame das estruturas textuais que constituem este corpo narrativo

    entram em relao com aquilo que caracteriza sua dimenso mais

    pragmtica, isto : precisamos avaliar como que todos estes

    aspectos que definem a arte de contar historias, em seus aspectos de

    Notas da ltima aula: Jogos com aordem temporal da histria e da

    narrativa (P.Ricoeur e G.Genette)

  • representao das aes, de ordenao seqencial de seus elementos,

    de ativao de estruturas tpicas e actanciais de seu discurso,

    encontra-se finalmente com a instncia na qual uma historia

    finalmente atualizada por seu leitor, passando a constituir o objeto de

    uma experincia propriamente dita (incluindo a os aspectos sensveis e

    emocionais que a compem), atravs dos modos como nos ligamos

    afetivamente a estes acontecimentos sejam estes dados como

    elementos de uma construo imaginria de fico ou como ordenao

    factual, prpria ao historico.

    2. Neste contexto, vimos na sesso anterior como que um dos

    aspectos da manifestao de um registro discursivo no tecido narrativo

    coincide com o fato de que os tempos verbais adotados na enunciao

    da histria podem implicar uma maior proximidade com o universo das

    aes e situaes apresentadas na histria ou ento, pelo contrrio,

    por uma menor sinalizao destes efeitos da implicao da enunciao

    do narrador ou dos agentes inscritos histria sobre os fatos

    narrados. At aqui, vislumbramos estas questes como problemas

    mais atinentes ao registro mais ou menos subjetivo do universo da

    historia narrada, justamente aqueles que implicitam a importancia e a

    influncia da lingustica do discurso ou as teorias da estilizao da fala

    na prosa narrativa (como vimos nos casos de Benveniste e Bakhtin).

    3. Nestes termos, sintomtico que o registro em que predomina a

    transparncia das marcas da enunciao, conferindo plena

    transitividade aos modos de apresentao da histria, seja aquele dos

    modos associados ao tempo pretrito, sobretudo o perfeito: nestes

    tempos verbais que se caracteriza, para fins de nossa anlise, a

    enunciao que est mais prxima ao registro da histria ou da

    narratividade mais pura, aquela em que as aes se manifestam como

    se nada ou ningum as conduzisse, a no ser estes aspectos

    puramente funcionais da conexo entre seus segmentos - como

    partes de uma pura causalidade do seguir-se prprio s coisas e suas

    relaes; ora, este tambm o tempo mais prprio dos momentos em

    que discursos como o dos acontecimentos jornalsticos procuram

    identificar a ordem dos eventos de todo dia, em seu aspecto de auto-

    determinao, sem que se possa escavar em seu trabalho de

    exposio as marcas de uma conduo subjetiva de seu modo de ser

    contada.

    4. No caso do uso dos verbos no presente do indicativo, h portanto

    uma significao que neles implica a idia de que a instncia discursiva

    vem ao primeiro plano em relao narrativa. Mas h um aspecto

    desta significao dos tempos verbais que parece escapar ao

    tratamento da enunciao narrativa que definido originariamente por

    uma lingustica do discurso: trata-se da idia de que esta ordenao

    dos eventos no presente ou no passado e, mais ainda, a exposio

    das aes em uma estrutura combinada dos tempos de sua

    ocorrncia, no contexto da histria so instncias que moldam uma

  • certa compreenso do tempo que envolve a atribuio de uma

    significao especial, um tipo de sentido que no se encontraria

    originariamente na ordem exclusiva da experincia cotidiana do tempo,

    e que implica os modelos poticos ou configurativos da sucesso

    narrativa enquanto instncias genuinamente determinantes de um

    sentido temporal desta experincia. A relao entre formas narrativas e

    a significao temporal que lhe subjacente o tema que nos

    interessa, a partir deste momento.

    5. Ao comentar a questo da diviso dos tempos verbais em sua

    relao com a explicitao ou no das instncias do discurso narrativo

    (aspecto este que j examinamos em Genette e Benveniste), o texto

    de Paul Ricoeur destaca, entretanto, que os dois sistemas do trabalho

    da enunciao narrativa (o dos tempos verbais no pretrito e o do

    presente) tm relaes com um aspecto da manifestao da

    temporalidade narrativa, em suas implicaes com respeito a uma

    experincia do tempo cotidiano, em diversos de seus aspectos : o que

    se perde de vista, na perspectiva em que as teorias do discurso

    trabalham o problema dos tempos verbais, que h uma significao

    especial a ser atribuda ao fato de que os tempos verbais se empregam

    em relao a uma narrativa de acontecimento, isto , em relao a

    uma ordem das aes cuja estrutura envolva a caracterizao de uma

    dimenso propriamente histrica - no apenas situada no passado

    ou no presente da relao entre aquilo de que se fala e o prprio ato

    discursivo, mas tambm marcada por um sentido de configurao

    temporal que no apenas fixo em sua dimenso semntica (os

    conceitos de passado, presente e futuro, sejam eles da ordem da

    atualidade ou da condicionalidade), mas precisamente dinmicos em

    sua modulaco narrativa (j que so acontecimentos que se do em

    percurso).

    6. Nestes termos, o que falta s teorias do discurso narrativo uma

    maior elaboraco sobre aquilo que se compreende do passado de uma

    ao representada narrativamente, na sua relao com o sentido

    existencialmente apreendido de um acontecimento : em suma, de que

    modo o emprego dos verbos no passado em uma narrativa pode ser

    compreendido como relativo a algum aspecto do passado, enquanto

    real. A maior explicitao da instncia do discurso pela adoo dos

    modos do presente (indicativo e contnuo) parace manifestar esta

    conexo entre temporalidades narrativas e existenciais, mas ainda

    assim, a lingustica do discurso parece por demais encerrada em um

    sentido puramente gramatical de sua manifestao, como se esta

    forma semntica dos tempos verbais no implicasse algum tipo de

    correlao entre o que o texto narrativo exprime como conceituao

    do tempo e o nvel propriamente experiencial em que o presente

    assumido como parte de uma significao que se atribui atravs de

    uma inscrio das coisas ao tempo em que elas nos ocorrem. Ao

    estarmos diante de um acontecimento que se desenrola na

    continuidade de seu presente, o sentido do testemunho que reclama a

  • instncia da enunciao explicita tambm uma certa relao entre o

    narrar e o viver o tempo, aspecto este que as teorias do discurso

    ignoram, segundo Ricoeur.

    Essa relao mimtica entre tempo do verbo e tempo

    vivido no pode ser confinada ao discurso se, com os

    sucessores de Benveniste, interessamo-nos mais pelo papel

    do discurso na prpria narrativa que na oposio entre

    discurso e narrativa. Acaso poderiam fatos passados, reais

    ou imaginrios, ser apresentados sem interveno de

    nenhum tipo de locutor da narrativa ? Os acontecimentos

    podem simplesmente aparecer no horizonte da histria sem

    que ningum fale de modo algum ? (). Se for preciso

    discernir, na prpria narrativa, entre a enunciao (o

    discurso, no sentido de Benveniste) e o enunciado (a

    narrativa, em Benveniste), o problema torna-se ento

    duplo: de um lado, o problema das relaes entre o tempo

    da enunciao e o tempo do enunciado; de outro, o

    problema da relao entre esses dois tempos e o tempo da

    vida ou da aco. (RICOEUR, 2010 : 109)

    7. Se as teorias do discurso trabalham com fora a idia de que os

    tempos verbais se prestam a elidir ou explicitar as instncias

    enunciativas que conduzem uma histria (aspecto este que manifesta

    o discurso narrativo como certamente fundado nas noes de uma

    focalizao enunciativa, definido pelo trabalho da elocuo da

    histria), elas perdem, de fato, um dos aspectos mais importantes da

    manifestao desta voz das histrias, isto , o fato de que os

    tempos verbais em que elas se exprimem acusam uma posio do

    discurso numa temporalidade histrica que transcende o proprio

    discurso isto , o tempo que se constitui como condio de

    possibilidade da prpria enunciao. Passado e presente so aqui

    perspectivas temporais, pelas quais se exprime o modo especfico de

    um discurso narrativo instaurar ou presentificar as aes que

    acontecem para um leitor ou um espectador: sem o preenchimento

    destas condies cuja dimenso temporal a mais importante de

    todas o sentido compreensvel da histria nos escapar, pois ele no

    se encontra fundamentalmente nos sujeitos que se actorializam na

    historia, seja como actantes ou como narradores, mas no fato de que

    estes se inscrevem no tecido textual a partir do modo como esta

    presentificao significada temporalmente.

    8. Nestes termos, a distino entre narrativa e discurso se

    manifesta aqui num contexto em que se distingue fundamentalmente a

    coisa narrada (nos regimes prprios transitividade da narrativa) e o

    ato de narrar (quando a voz enunciativa se torna mais explicitada): o

    recurso aos tempos verbais manifesta esta distino como uma

    separao entre o tempo narrado (Erzhalte Zeit) e o tempo do

  • narrar (Erzhaltenzeit) - noes que Genette trabalha em seu texto, e

    que Ricoeur enderea fonte de uma potica morfolgica, na obra do

    terico da literatura alemo Gnther Mller. Mais uma vez, o sentido

    em que os tempos e modos verbais instauram a distino entre a

    enunciao narrativa e a transparncia com a qual a historia pode ser

    sentida no so possivelmente apreensveis fora do contexto em que

    verbo e ao se implicam, na ordem temporal que instauram para a

    experincia: nestas condies que a presentificao das aes numa

    histria implica a distino entre discurso e narrativa como pautada

    pelos limites entre a construo potica da temporalidade da histria e

    o modo como esta pode ser ressentida por suas implicaes com o

    tempo do viver.

    9. Mas o entendimento da relao entre estes dois domnios da

    temporalidade no pode ser assumida como estritamente contnua: o

    tempo da vida no passa atravs das construes narrativas, como se

    fossem contguos um ao outro, muito pelo contrario; no que respeita

    o trabalho da enunciao das historias, este tempo se define por uma

    cronologia na qual se relacionam o emprego dos elementos do narrar,

    prprios a seus vrios meios (literrios ou outros) e uma certa

    mediao previamente culturalizada do tempo que passa, da qual j

    vimos Ricoeur tratar, quando abordava os entrecruzamentos da

    historia e da fico (os conectores, tais como o calendrio, que

    normatiza o sentido cosmolgico da passagem regular dos dias ; o

    relgio, que demarca as mudanas da posio relativa do sol).

    Veremos adiante que esta correlao entre temporalidades (a da

    histria e a da narrativa) no se constri sem a mediao de um ato de

    leitura, razo pela qual uma teoria da narrativa desta natureza sempre

    implicar uma espcie de perspectiva pragmtica da anlise da

    experincia do tempo na compreenso de histrias factuais ou

    ficcionais.

    10. De todo modo, j vimos, h um descompasso fundamental entre

    estas duas ordens da temporalidade, de tal maneira que o discurso

    narrativo e a dimenso histrica de sua compreenso no se

    correspondem, em absoluto sem contudo deixarem de se

    estabelecer, a partir de uma certa mutualidade estipulada entre eles.

    Seguindo a linha da potica morfolgica de Mller, Ricoeur identifica o

    elemento fundamentalmente diferencial desta relao como pautado

    pelos recursos de compresso temporal da histria no discurso: no

    interior de uma narrativa, a ordem dos acontecimentos

    frequentemente abreviada em sua durao, quando se trata de saltar

    os tempos mortos dos eventos, fazer precipitar os desfechos ou

    condensar em certos acontecimentos a marca exemplar daquilo que

    possui uma matriz iterativa ou durativa (eventos que duram dias,

    semanas e meses, mas que na narrativa so sumariados numa nica e

    breve ocorrncia dramtica). Nestes procedimenots j se manifesta

    uma relao com os tempos histricos, mas que modulada

    precisamente para uma compreenso da leitura ou da fruio que

  • apreende destes eventos aquilo que a narrativa seleciona, separa,

    exclui e privilegia no apenas em seus aspectos pontuais, mas

    sobretudo na modulao temporal que assumem.

    O tempo narrativo, em particular, afetado pelo modo

    como a narrao se estende em cenas em forma de

    quadros, ou se precipita de tempo forte em tempo forte ().

    A distino entre cenas e transies ou episdios

    intermedirios tambm no estritamente quantitativa. Os

    efeitos de lentido ou velocidade, brevidade ou

    espalhamento esto no limite entre o quantitativo e o

    qualitativo (). A disposio das cenas, dos episdios

    intermedirios, dos acontecimentos marcantes, das

    transies, no para de modular as qualidades e as

    extenses. A esses aspectos, somam-se as antecipaes e

    os retrospectos, as inseres que permitem incluir vastas

    extenses temporais rememoradas em sequencias

    narrativas breves, criar um efeito de profundidade em

    perspectiva ao mesmo tempo que se rompe com a

    cronologia. (RICOEUR, 2010: 135).

    11. O aspecto metafrico do jogo que caracteriza estas relaes

    entre temporalidades do narrar e do histrico revela um aspecto mais

    radical do modo como se implicam as narrativas e a vida comum :

    neste aspecto que Ricoeur identifica a dimenso radicalmente potica

    deste aspecto da compreenso do tempo instaurado pela narrativa

    o fato de que a tarefa da narrao e da histria que ela constitui

    (pautada por todos estes aspectos da escolha que a poisis narrativa

    faz sobre os elementos da evoluo temporal da histria) a de

    instaurar esta temporalidade dramtica como sentido daquilo que, na

    sua origem vivida, essencialmente insignificante. Em suma, apenas

    nos restitumos a um tempo da vida que se historiciza porque

    mediamos as longas sucesses de ocorrncias andinas de nosso viver

    pelos recursos da compresso que caracterizam a potica do narrar:

    em suma, o tempo histrico que experimentamos como natural , em

    verdade, constitudo por atos de criao que se definem pelas

    operaes que fazemos sobre a temporalidade linear do dia-a-dia. No

    apenas h descontinuidade entre o tempo narrado e o tempo do

    narrar, mas o ltimo capaz de determinar o sentido com o qual

    passamos a atribuir a compreensibilidade do primeiro.

    Se podemos chamar, como Genette, jogo com o tempo a

    relao entre o tempo do narrar e o tempo narrado na

    prpria narrativa, esse jogo tem algo que est em jogo que

    a vivncia temporal visada pela narrativa. A tarefa da

    morfologia potica mostrar a conformidade entre as

    relaes quantitativas de tempo e as qualidades de tempo

    que se ligam vida. Inversamente, essas qualidades

  • temporais s so exibidas atravs de um jogo de derivaes

    e das inseres, sem que se inclua uma meditaco temtica

    sobre o tempo, como em Laurence Sterne, Joseph Conrad,

    Thomas Mann ou Marcel Proust. O tempo fundamental

    continua implicado, sem tornar-se temtico. Contudo,

    precisamente o tempo da vida que co-determinado pela

    relao e pela tenso entre os dois tempos da narrativa e

    pelas leis da forma que delas resultam. (RICOEUR, 2010 :

    136,137).

    12. Esta idia de um descompasso essencial entre a ordem da

    narrativa e a dos eventos contados tambm se constitui na base do

    pensmento de Grard Genette sobre a ordem temporal constitutiva de

    uma histria narrada: em seu Discurso da Narrativa, este aspecto de

    uma heterogeneidade do tempo da histria e do tempo da narrativa

    aparece em vrios momentos de sua argumentaco, desde o incio do

    livro, quando discute precisamente a ordem temporal do discurso

    narrativo. nestes termos que Genette define, de sada, a convivncia

    no interior mesmo do corpo narrativo de duas temporalidades

    distintas, aquela que originariamente manifesta das histrias

    contadas (ficcionais ou factuais) e aquela que instituda pelo trabalho

    do discurso da narrao: mais do que isto, o tempo que encontramos

    manifesto numa narrativa o esforo por assimilar na ordem que lhe

    prpria, o tempo da histria; ora, este tanto o aspecto que confere

    ao narrar sua propriedade e sua fora respectivas, mas tambm o sinal

    daquilo que nele define seu fracasso exemplar (a saber, o fato de que

    a histria somente se manifesta na temporalidade prpria da

    narrao).

    13. Do mesmo modo que com Ricoeur, somos aqui restitudos

    dualidade entre um tempo da histria e um tempo da narrativa:

    apenas na leitura podemos ter a impresso de uma unidade entre as

    temporalidades da histria e do narrar, sendo que o texto narrativo,

    enquanto tal, se constitui fundamentalmente numa ordem temporal

    absolutamente prpria; nestas condies, o sentido mesmo de

    ordem explorado por Genette como um primeiro aspecto do

    discurso narrativo no pode ser pensado seno na perpspectiva

    desta fundamental heterogeneidade de sua relao com respeito aos

    acontecimentos tomados em questo pelo narrar. Se confrontarmos a

    ordem dos acontecimentos da histria com aquela que caracteriza sua

    organizao no corpo narrativo, no constataremos uma absoluta

    transparncia da passagem da histria para o discurso, muito pelo

    contrrio: ainda assim, possvel restituirmos a dimenso histrica de

    uma ordem discursiva, j que prprio da narrativa se constituir na

    relao com um universo das aes minimamente compreensvel e no

    aboslutamente arbitrrio ou convencional.

    14. Este aspecto da presena de uma ordem temporal histrica no

  • corpo narrativo destacada por Genette no apenas como um

    elemento da narrativa clssica, mas de todo discurso que pretenda no

    deixar no vcuo a relao entre os eventos narrados e sua posio

    relativa no tempo da histria, mesmo quando a ordem de sua

    apresentao no corresponda estritra linearidade da sucesso dos

    eventos: nos casos em que esta ordem invertida, por exemplo, o

    texto no se exime de fornecer quando o caso indicadores desta

    inverso ou da antecipao do futuro. Como a absoluta coincidncia da

    histria e do discurso apenas ideal (ao menos no que respeita a

    ordem temporal de sua manifestao), estes procedimentos no

    afetam a essencial anacronia que caracteriza a relao da narrativa

    com a histria: Genette acompanha aqui a tradio de anlise que

    localiza a matriz da imaginao narradora prpria de nossa civilizao

    como sendo aquela que se manifesta nas estratgias que Homero

    constri para introduzir-nos ao universo potico de sua Ilada

    lanando-nos, de sada, num universo das aes em seu presente (o

    confronto de Aquiles e Agamenon) que transcorre como implicando

    uma coincidncia entre discurso narrado e historia, para em seguida

    nos restituir a uma temporalidade anterior dos eventos, que nos seria

    auxiliar para a compreenso do contexto deste primeiro evento.

    15. A estrutura deste modo de apresentao introduz uma

    descontinuidade essencial entre o modo de apresentao dos eventos

    narrativa e aqueles que se manifestam originariamente, na ordem

    histrica (ficcional ou factual) de sua ocorrncia: a anlise desta ordem

    temporal dos dois eixos do acontecimento (o da histria e o de sua

    narrao) nos far enxergar que aquilo que a narrativa apresenta em

    primeiro lugar no necessariamente o primeiro ponto dos fatos

    histricos; esta estrutura da anacronia fundamental das relaes entre

    as cronologias da histria e da narrativa se manifesta de formas muito

    variadas, seja atravs de retrospeces ou antecipaes dos

    acontecimentos da fbula. Genette designa cada um destes

    procedimentos que fazem variar os nveis da ordem temporal da

    histria (e que podem ter determinaces objetivas ou subjetivas)

    como sendo da ordem das prolepses e das analepses: no primeiro

    caso, trata-se de fazer o discurso narrativo antecipar momentos da

    histria que, nesta ordem factual, encontram-se mais frente do

    momento imediatamente anterior do presente da narrao; as ltimas,

    por seu turno, designam o procedimento inverso, ou seja, o de

    apresentar narrativamente acontecimentos que, na ordem da histria,

    ocupavam uma posio anterior deste segmento do discurso, no

    presente de sua enunciao.

    16. O exame da estrutura narrativa do primeiro volume de La

    Recherche du Temps Perdu, de Marcel Proust (O caminho de Swann)

    revela para Genette uma manifestao fundamentalmente anacrnica

    da sucesso do discurso da narrativa, em relao ordem dos eventos

    nela apresentados, como partes de uma histria (a sucesso

    originrias dos eventos): Genette reconstri as etapas de cada uma

  • destas sucesses como necessariamente implicadas neste aspecto

    genericamente anacrnico das relaes do discurso com a sucesso

    dos eventos, mas que se manifesta por antecipao e retrospectos,

    pelos quais a narrativa se afasta e se aproxima dos acontecimentos

    que narra, deste ponto de vista de sua ordem. Ainda que a literatura

    moderna parea haver exacerbado estes procedimentos a um ponto

    at ento desconhecido, fato que suas matrizes mais importantes

    ainda se restituem quilo que vimos Homero fazer nos primeiros

    versos da Ilada, aspecto este que Genette no deixa passar sem

    destaque.

    Essas aberturas de complexa estrutura, e como que

    mimando, para melhor exorcismar, a dificuldade do comeo,

    esto aparentemente na tradio narrativa mais antiga e

    mais constante: notamos j a partida em caranguejo da

    Ilada, e deve-se recordar aqui que a convenco do comeo

    in medias res se acrescentou ou sobreps durante toda a

    poca clssica a dos encaixes narrativos (X conta que Y

    conta que), que ainda funciona, como adiante veremos ()

    e que d ao narrador tempo de colocar a voz. (GENETTE,

    s/d : 44,45).

    17. Se procurarmos analisar mais alguns outros aspectos da

    enunciao da notcia do atentado contra o presidente Kennedy, na

    voz do locutor do boletim da CBS News, no momento mesmo em que

    as primeiras informaes comeavam a chegar s redaes do mundo

    inteiro, poderemos notar como que o registro jornalstico desta

    histria necessita freqentemente atribuir a ordem sucessria dos

    eventos numa maneira de construir sua sucesso que no

    necessariamente coincide com aquela que supostamente prpria aos

    eventos, tanto no que respeita a temporalidade que o constitui, mas

    tambm para os pontos de vista que a narrativa presume instaurar,

    como marcas de um outro tipo de experincia do tempo: a partir do

    momento em que o incidente do atentato comea a ser narrado,

    recobra-se a ordem na qual o atentado desponta como o

    acontecimento em questo (o presidente Kennedy, a primeira dama e

    o governador Connelly iam em comitiva, na direo do centro de

    Dallas ), j instaurando uma primeira prolepse (onde o presidente

    era aguardado para uma conferncia), e recobrando o evento dos

    disparos contra o presidente, no meio do caminho (quando trs

    tiros foram ouvidos).

    18. Uma vez que os eventos se configuram nesta ordem do presente,

    h uma espcie de retardamento da narrao, pela qual certos detalhes

    do acontecimento podem ser narrados, como numa espcie de

    parntese que se impe temporalidade puramente sucessria das

    aes (o presidente caiu no colo da primeira dama, com ferimentos

    na cabea, enquanto o governador caiu no cho do carro, com

  • ferimentos no peito.). Pode-se dizer que este regime da narraco no

    presente, operando esta desacelerao da sucesso, avanando sobre

    os detalhes da ao, instaura um efeito sobre a amplitude da

    historia, num nvel de anacronia que afeta a relao do discurso com o

    presente das aes, no apenas como mera correspondncia, mas a

    partir de um certo retardamento (se no de sua ordem, decerto de

    sua durao). A cada um dos desenvolvimentos ulteriores da

    historia, no processo de conduo do prsidente ao hospital,

    reproduz-se esta mesma estrutura pela qual o presente do

    acontecimento retomado por esforos parentticos de desacelerao

    dos eventos e pelos quais se pode narrar as impresses e relatos de

    pessoas importantes, quanto a aspectos da evoluo dos

    acontecimentos.

    Referncias Bibliogrficas :

    GENETTE, Grard. Ordem. In : Discurso da Narrativa ;

    RICOEUR, Paul. Os jogos com o tempo. In : Tempo e Narrativa.

    Leituras Recomendadas :

    ECO, Umberto. Os bosques de Loisy. In : Seis Passeios pelos

    Bosques da Fico;

    Prximas Leituras :

    ISER, Wolfgang. O jogo do texto. In: A Literatura e seu Leitor.

    RICOEUR, Paul. O mundo do texto e o mundo do leitor. In : Tempo e

    Narrativa.

    Postado h 11th June 2014 por Benjamim Picado

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    5th June 2014

    Queridos,

    Como mencionado em nosso ltimo encontro, disponibilizo a todos um

    site no qual se pode encontrar o livro Discurso da Narrativa, de Gerard

    Genette, para download gratuito. Aqui est o link:

    http://minhateca.com.br/ravthallion/Documentos/Textos+e+E-

    books/Livros+e+Teses/GENETTE*2c+Gerard+-

    +Discurso+da+Narrativa,15124566.pdf

    ad,

    AVISO: Onde encontrar "Discurso daNarrativa" para download

  • Benjamim

    Postado h 5th June 2014 por Benjamim Picado

    1 Visualizar comentrios

    27th May 2014

    UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

    INSTITUTO DE ARTES E COMUNICAO SOCIAL

    DEPARTAMENTO DE ESTUDOS CULTURAIS E MDIA

    Disciplina: Introduo s Teorias da Narrativa (GEC 114)

    Professor: Benjamim Picado

    Horrio: 2as e 4as, das 14 s 16:00

    Local: Salas 303 UFASA - Gragoat

    AVALIAOPARCIAL - 2a UNIDADE

    Modo de Usar: Vc. deve responder pelo menos duas das questes

    propostas. Para o correto tratamento das questes da prova,

    valorize sua capacidade de argumentao, procurando exercitar

    certo distanciamento com respeito ao modo de exposio das

    idias dos textos centrais da unidade (ao invs de transcrever os

    textos, procure parafrase-los um pouco). No que respeita a

    compreenso dos itens da unidade, valorize um tratamento mais

    esquemtico das idias mais importantes, prestando sempre

    ateno naquilo que especificamente pedido em cada questo.

    Nas perguntas de teor mais analtico (de exame de objetos),

    procure correlacionar os dois domnios requisitados (o da

    compreenso dos textos de base e o do exerccio da anlise dos

    materiais propostos).

    1. Examinando com ateno os argumentos apresentados pelos

    textos de Umberto Eco e Roland Barthes, como vc. articularia as

    noes de isotopia narrativa e o problema da sucesso das aes

    nas formas narrativas ? Procure discorrer sobre a questo a partir das

    pontuaes feitas pelos textos dos dois autores e recorrendo a

    quantos exemplos forem possveis.

    2. Discorra breve mais suficientemente sobre os argumentos de mile

    Benveniste e Mikhail Bakhtin acerca dos movimentos discursivos que

    caracterizam a linguagem narrativa, especialmente nos aspectos da

    manifestao das estruturas da subjetividade que so subjacentes ao

    Questes da 2a Avaliao Parcial -Data de entrega: 02 de junho

  • ato lingstico da narrao e da representao das aes de uma

    histria.

    3. Considere esta matria, publicada no site do jornal Folha de So

    Paulo, no dia 26/05/2014, no seguinte link :

    http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/05/1460357-estado-de-saude-de-

    genoino-piorou-na-prisao-diz-defesa.shtml

    [http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/05/1460357-estado-de-saude-de-genoino-

    piorou-na-prisao-diz-defesa.shtml]

    Como vc. considera que se coloquem na maneira de a matria em

    questo tratar de seu assunto as questes das instncias de

    discurso e de unidade da fala, no modo como as concebem,

    respectivamente, mile Benveniste e Mikhail Bakhtin?

    Bibliografia:

    BARTHES, Roland. As sucesses de aes. In: A Aventura

    Semiolgica;

    BAKHTIN, Mikhail. Tipologia do discurso na prosa. In: Teoria da

    Literatura em suas Fontes;

    BENVENISTE, E. Da subjetividade na linguagem. In: Problemas de

    Lingstica Geral;

    ECO, U. Estururas discursivas e Estruturas narrativas. In: Lector in

    Fabula;

    Ad augusta per angusta

    Postado h 27th May 2014 por Benjamim Picado

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    26th May 2014

    Queridos,

    Como prometido, disponibilizo a todos dois exemplos importantes de

    alguns dos pontos desenvolvidos na aula de hoje sobre os regimes de

    disputa discursiva, caractersticos de certas dinmicas polifnicas que

    podem ocorrer, em situaes de dilogo ou de entrevistas ao vivo.

    Trata-se de dois casos da programao telejornalstica da Globo News:

    Dois exemplos de disputaspolifnicas: Entrevistas no "Jornal dasSeis" e no "Entre Aspas", da Globo

    News

  • no primeiro deles, em uma edio do telejornal Edio das Seis, em

    28/12/2010, vemos a jornalista Leilane Neubarth ter um debate mais

    intenso com uma sociloga da UERJ, em razo da interpretao de

    dados de uma pesquisa realizada sobre costumes de consumo de

    drogas ilcitas na populao de jovens universitrios brasileiros. Deixo

    aqui a imagem:

    Edio das Seis, com Leilane Neubarth (Globo News) - 28/12/2010

    Em seguida, uma emisso do programa Entre Aspas, conduzido pela

    jornalista Monica Waldvogel, vemos um debate entre a apresentadora

    e dois juristas sobre as implicaes do chamado "escndalo dos

    aloprados" no processo de disputa eleitoral que ento corria, com as

    supostas consequncias para o comit de campanha da ento

    candidata do Partido dos Trabalhadores, Dilma Rouseff. A imagem vai

    logo abaixo:

    Entre Aspas, com Monica Waldvogel (Globo News) - 02/09/2010

    Em breve, disponibilizarei pequenas notas de anlise sobre estes

    materiais: mas peo que vcs. j os considerem na relao com os

  • temas desenvolvidos na aula de hoje, sobre a orientao monolgica

    do discurso da entrevista, caracterstica de sua funcionalidade

    jornalstica, na comparao com as situaes em que a direcionalidade

    do discurso do outro (no caso, o dos entrevistados) falha em

    corresponder aos propsitos do enunciador.

    Ad,

    Benjamim

    Postado h 26th May 2014 por Benjamim Picado

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