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INVERTEBRADOS AQUÁTICOS

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    Invertebrados Aquticos

    A raridade de citaes em escala mundial re ete a di culdade no sentido de constatar espcies em extino ou ameaadas de extino de invertebrados aquticos, em parte decorrente da inconspicuidade da maioria dos orga-nismos, mas principalmente pela falta de estudos populacionais, de monitoramento faunstico e do ambiente em que vivem. A lista o cial das espcies ameaadas de 1989 inclua apenas uma espcie de invertebrado aqutico (Millepora nitidae). Embora o conhecimento da diversidade e da densidade dos invertebrados marinhos e de guas continentais seja ainda insu ciente para permitir uma avaliao de maior amplitude, a reviso da lista nacional chegou ao resultado de que 79 espcies estariam Ameaadas de Extino e dez Sobreexplotadas ou Ameaadas de Sobreexplotao (Instruo Normativa n. 5, de 21 de maio de 2004). Essa ltima categoria foi proposta pelo Ministrio do Meio Ambiente, cujas espcies nela representadas fazem parte do Anexo II da men-cionada Instruo Normativa.

    De acordo com as categorias de ameaa adotadas para a reviso da lista, que seguiram o modelo da Unio Mundial para a Natureza IUCN, verso 3.1, de 2001, dentre os invertebrados aquticos ameaados, 47 foram classi cados como Vulnerveis (VU), 26 Em Perigo (EN) e seis Criticamente em Perigo (CR), dos quais a grande maioria so espcies endmicas. No entanto, em uma alterao da Instruo Normativa que reconheceu o cialmente as espcies ameaadas desse grupo, ocorrida em 8 de novembro de 2005, a partir da publicao da IN n 52 do Ministrio do Meio Ambiente, a espcie Strombus goliath foi excluda da lista das ameaadas, passando para a categoria de Sobreexplotada ou Ameaada de Sobreexplotao. A elaborao do diagnstico,

    A Situao de Ameaa dos Invertebrados Aquticos no BrasilAntonia Ceclia Zacagnini Amaral1Cecilia Volkmer Ribeiro2Maria Cristina Dreher Mansur3Sonia Barbosa dos Santos4Wagner Eustquio Paiva Avelar5Helena Matthews-Cascon6Fosca Pedini Pereira Leite7

    Gustavo Augusto Schmidt de Melo8Petrnio Alves Coelho9Georgina Bond Buckup10Ludwig Buckup11Carlos Renato Rezende Ventura12Cludio Gonalves Tiago13

    1 Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas - CP 6109, CEP: 13.083-970, Campinas / SP. E-mail: [email protected]

    2 Museu de Cincias Naturais da Fundao Zoobotnica do Rio Grande do Sul - CP 1188, CEP: 9001-970, Porto Alegre / RS. E-mail: [email protected]

    3 Museu de Cincias e Tecnologia, Aquacultura, Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul - Av. Ipiranga, 6.681, Partenon, CEP: 90.619-900, Porto Alegre / RS. E-mail: [email protected]

    4 Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Rua So Francisco Xavier, 524, Maracan, CEP: 20550-900, Rio de Janeiro / RJ. E-mail:[email protected]

    5 Faculdade de Filosofia, Cincias e Letras de Ribeiro Preto/FFCLRP - Av. dos Bandeirantes, 3.900, CEP: 14.040-901, Ribeiro Preto / SP. E-mail: [email protected]

    6 Universidade Federal do Cear, Centro de Cincias, Depto. de Biologia - Campus do Pici, bloco 906, CEP: 60.455-760, Fortaleza /CE. E-mail: [email protected]

    7 Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas - CP 6109, CEP: 13.083-970, Campinas / SP. E-mail: [email protected]

    8 Museu de Zoologia, Universidade de So Paulo - Av. Nazar, 481, CP 42494, CEP: 04.299-970, So Paulo / SP. E-mail: [email protected] Departamento de Oceanografia, Universidade Federal de Pernambuco - Av. Arquitetura, s/n, Cidade Universitria, CEP: 50.601-910,

    Recife / PE. E-mail: [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Av. Bento Gonalves, 9.500, bloco 4, prdio 43435, CEP: 91.501-970, Porto Alegre /

    RS. E-mail: [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Av. Bento Gonalves, 9.500, bloco 4, prdio 43435, CEP: 91.501-970, Porto Alegre /

    RS. E-mail: [email protected] Museu Nacional/UFRJ, Departamento de Invertebrados, Laboratrio Echinodermata - Quinta da Boa Vista, s/n, So Cristvo, CEP:

    20.940-040, Rio de Janeiro / RJ. E-mail: [email protected] Centro de Biologia Marinha, Universidade de So Paulo - Rodovia Manuel Hiplito do Rego, km 131,5, CEP: 11.600-000, So

    Sebastio / SP. E-mail: [email protected]

  • Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino

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    homologado em 2004 pelo Ministrio do Meio Ambiente, envolveu a participao da maioria dos especialistas do pas, o que assegura a qualidade cient ca do trabalho. Um dos principais motivos da incluso dessas espcies na lista, alm da poluio, o excesso de captura e/ou captura no seletiva, principalmente por arrasto de fundo, atividade altamente predatria.

    Entretanto, alm da extino isolada da espcie, consenso entre os especialistas que a extino de habitats altamente preocupante, particularmente os costeiros, por sustentarem grande diversidade de espcies e serem mais vulnerveis ao antrpica. A soluo no est em apenas deixar de coletar uma determinada espcie e/ou em uma regio por um tempo. Como medidas de proteo, podem ser citados o emprego de estratgias para a conservao dos ambientes e o incentivo a projetos de manejo sustentvel, ambos fortemente associados implantao de programas de educao ambiental. Recomenda-se tambm, para o sucesso dessas aes, contem-plar o conhecimento prtico do dia-a-dia de moradores locais, que tm a possibilidade de observar e conhecer naturalmente a histria de vida de muitas dessas espcies. No entanto, a proteo legal das espcies includas nas listas como Ameaadas de Extino ou Sobreexplotadas ou Ameaadas de Sobreexplotao, mesmo aquelas re-lacionadas na categoria De ciente em Dados (DD), fundamental para a preservao da biodiversidade. Segue-se, nos pargrafos subseqentes, uma anlise da situao das espcies de invertebrados aquticos ameaados no Brasil, de acordo com os diferentes grupos representados na lista.

    PorferaPela primeira vez, em mbito mundial, o lo Porifera integra uma lista nacional de fauna ameaada. No Brasil, constitui o segundo exemplo, pois para o Estado do Rio Grande do Sul foram includas trs espcies de esponjas continentais na lista da fauna ameaada (Decreto n 41.672, de 11 de junho de 2002). A relao de porferos brasileiros ameaados integrada por 11 espcies, todas de ambientes continentais do pas, sejam rios ou lagoas. A proposta baseia-se no conhecimento acumulado, oriundo da continuidade e abrangncia dos levantamentos realizados em distintas bacias e ambientes de guas doces brasileiras, permitindo uma viso mais ampla, com assinalamento de endemismos e impactos ambientais, fatores primordiais das indicaes. Porm, no correspon-de ainda a um levantamento considerado su ciente, dada a extenso territorial e a riqueza de ambientes hdricos ocorrentes no pas. Apesar de reduzida em nmero de espcies, quando comparada com outros invertebrados dulccolas, a fauna sul-americana de porferos a mais rica do planeta, com a maioria das espcies ocorrendo em guas brasileiras (44 espcies registradas at o presente).

    Por outro lado, as esponjas, como componentes dos bentos, constituem organismos indicadores de primeira ordem de ambientes aquticos naturais e mesmo de biomas, dada a sua reconhecida sensibilidade a fatores impactantes de origem antrpica. Assim, podem ser utilizadas como indicadores hbeis em projetos de recupe-rao ambiental, quando detectadas pr-alteraes ou, no caso de trechos de rios impactados, a montante desses. Considerando a riqueza da fauna brasileira de esponjas, seus representantes agregam alto valor cient co no en-tendimento da evoluo, no s das esponjas de gua doce, como tambm das marinhas, de onde se originaram. As espcies listadas como ameaadas integram as trs famlias atualmente reconhecidas para ambientes conti-nentais, Spongillidae, Potamolepidae e Metaniidae. Na ordem de citao, essas famlias contm, de modo geral, espcies tpicas de ambientes lnticos permanentes, de ambientes lticos torrentosos e de lagos temporrios de vrzea. O alto grau de endemismo e a falta de novos registros para algumas espcies, que contam somente com os originais, como Metania kiliani e Corvospongilla volkmeri, justi cam a indicao.

    A isso somam-se os altos nveis de impacto a que foram, e continuam sendo, submetidos a maioria dos ambien-tes de guas continentais do pas, desde a poca da colonizao. Sterrastrolepis brasiliensis tem seu segundo registro feito para o rio Piquiri, PR (Volkmer-Ribeiro & Parolin, 2005), mantendo-se sua condio de endmica da Bacia do Paran, no Brasil. Por sua vez, valendo-se de resguardo em reas protegidas, esto somente quatro espcies das 11 listadas: Corvoheteromeyenia heterosclera (Parque Nacional dos Lenis Maranhenses, MA), Racekiella sheilae (Parque Nacional da Lagoa do Peixe, RS), Oncosclera jewelli (Parque Estadual do Rio Tai-nhas, RS) e Corvoheteromeyenia australis (Parque Estadual do Delta do Jacu, RS). No consta da lista nacional a espcie Drulia browni, indicada na lista da fauna ameaada do Rio Grande do Sul. Apesar de ter sua ocorrncia no Estado restrita ao rio Ibicu, rea impactada pelas drenagens do Programa Pr-vrzeas, D. browni tem ampla distribuio nas grandes bacias brasileiras, em especial a Amaznica. As esponjas de guas doces produziram depsitos biominerais, denominados espongilitos, em ambientes pretritos pleistocnicos, particularmente na regio sudoeste do Brasil. Tais depsitos, constitudos pelo acmulo de suas espculas silicosas em ambientes

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    Invertebrados Aquticos

    lnticos de Cerrado, constituem recurso natural no renovvel, que tem grande valor econmico na produo de cermicas refratrias de alto grau de resistncia. Por essa razo, estudos biolgicos visando a espongicultura de gua doce, dirigida produo de bioslica, mostram-se de alto interesse, no s para essa mas para outras mltiplas aplicaes na cincia dos novos materiais e na nanocincia (Volkmer-Ribeiro, 1999).

    Por outro lado, essa mesma constituio mineral das espculas e o conhecimento taxonmico das espcies, em-basado justamente nesses elementos silicosos, constituem ferramentas de alto valor em interpretaes paleoam-bientais a partir de colunas de sedimentos recuperados do fundo de lagos. As espcies atuais vm se mostrando com idades no mnimo pleistocnicas, enquanto os gneros esto despontando como miocnicos. Recomenda-se intensi car os levantamentos dessa fauna nas numerosas reas de ambientes aquticos continentais preservados do pas, garantindo-se a oferta de mais conhecimento dessas ferramentas, conforme se aprofundem pesquisas ecolgicas nesses locais e se descubram a novas espcies.

    MolluscaOs moluscos so o segundo maior grupo de animais, em termos de espcies descritas, com estimativas que variam de 50.000 a 100.000 espcies (Boss, 1971; Solem, 1984), podendo atingir 200.000 espcies (Gaston & Spicer, 1998). Desempenham diversos papis nos ecossistemas terrestres, lmnicos e marinhos, em diferentes nveis tr cos, podendo ser carnvoros predadores, detritvoros, herbvoros raspadores ou fragmentadores e

    ltradores. Apresentam grande importncia econmica, pois muitas espcies so utilizadas como recurso ali-mentar desde a mais remota antigidade, mediante a extrao tanto de estoques naturais como de cultivo (helici-cultura, ostreicultura, mitilicultura). Alm disso, em situaes de modi caes ambientais, como na agricultura, vrias espcies de caracis e lesmas atuam como pragas, ocasionando grandes perdas econmicas. Em relao aos ambientes lmnicos, estima-se a existncia de 308 espcies de gua doce, sendo 115 bivalves e 193 gastr-podes (Avelar, 1999; Rocha, 2003). As espcies de moluscos bivalves de gua doce que constam da lista (11 de Hyriidae e 15 de Mycetopodidae) so na grande maioria endmicas de rios, como o So Francisco, o alto Paran e rios das bacias do Sudeste brasileiro, atualmente impactados, tendo em vista a construo de grande nmero de barragens. A devastao da mata ciliar, o avano agropastoril e urbano sem planejamento, dada a falta de servios bsicos para combater a contaminao e a degradao do meio ambiente junto s comunidades rurais e urbanas, assim como a canalizao, o assoreamento, a dragagem de areia para a construo civil e a poluio dos rios, tm causado a destruio do hbitat natural dessas espcies, provocando, assim, o desaparecimento das mesmas. As principais fontes de ameaa biodiversidade nativa so o desmatamento, a alterao de habitats e a introduo de espcies exticas (Cox, 1999), cujos efeitos so globais, re etindo-se na homogeneizao da fauna (Cowie, 2001).

    A introduo recente de grande nmero de espcies exticas, como os bivalves Limnoperna fortunei, Corbiculafluminea e C. largillierti, tem causado tambm o afastamento das espcies nativas, no s por competio pelo alimento e pelo hbitat, mas, principalmente, por sufocamento. Essas espcies exticas, originrias do sudeste asitico, foram introduzidas, provavelmente, com a gua de lastro de navios. A mais danosa para as formas ind-genas L. fortunei, mais conhecida como mexilho dourado, que utiliza como substrato de xao os bivalves nativos, obliterando a abertura inalante e exalante, impedindo assim os mecanismos de tomada de alimento e as trocas gasosas. Os bivalves nativos, em razo do hbito ltrador, desempenham importante papel na manuteno da dinmica dos ambientes lmnicos. Levam uma vida praticamente sssil e, para completar o ciclo de vida, a fase larval, na grande maioria das espcies, necessita de um hospedeiro intermedirio, que normalmente um peixe, indo praticamente de carona, aproveitando o perodo da piracema para colonizar os mananciais hdricos em suas reas mais a montante, constituindo, assim, um dos mecanismos de disperso.

    O gastrpode marinho Strombus goliath, conhecido como bzio-de-chapu, apesar de ter sofrido uma reclassi cao aps a publicao da lista o cial, passando para a categoria de espcie Sobreexplotada ou Ameaada de Sobreexplotao, forte vtima de pesca predatria, pelo valor comercial de sua carne e de sua concha, que vendida como souvenir e utilizada no artesanato. Considerada a maior espcie de Strombus do Brasil e do mundo, chegando a medir 40 cm de comprimento, uma espcie endmica do litoral brasileiro, ocorrendo do Cear at o Esprito Santo. Habita reas costeiras de substrato arenoso, em profundidades que variam de 4 a 25 m. Strombus goliath tem hbito herbvoro, alimentando-se de macroalgas. Segundo a literatura, sua maturidade sexual e reproduo ocorrem aps longo perodo de crescimento, sendo particularmente sensvel destruio de seu hbitat natural. Esse fato, acrescido do hbito herbvoro especializado, tambm o torna vulnervel, por

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    causa da destruio de suas fontes de alimentos. Esse conjunto de aspectos caracteriza muito bem a condio de ameaa da espcie quando aplicados os critrios da Unio Mundial para a Natureza IUCN. Desse modo, torna-se evidente que sua mudana de categoria re ete mais uma diferena entre os critrios adotados para a elaborao da lista e aqueles que de nem os txons como Sobreexplotados.

    Para as demais classi cadas como Sobreexplotadas, entre as quais podemos incluir diversos gastrpodes e bi-valves marinhos comercializados em toda a costa brasileira, tendo em vista sua direta relao com a economia e principalmente a sobrevivncia de populaes tradicionais, so necessrios estudos sobre reproduo, ecologia e biologia geral capazes de estabelecer os ciclos vitais de modo preciso, permitindo estabelecer pocas de prote-o. Um bom exemplo de trabalhos nessa rea que devem ser incentivados e ampliados o estabelecimento das Resex (Reservas Extrativistas Marinhas) (Arajo et al., 2003). Alm disso, necessrio um trabalho relativo legislao da atividade pesqueira, estabelecendo tamanho mnimo de pesca, cotas por coletor, alm de criao de reas com proibio de coleta ou captura total, visando manter estoques naturais. Um dos principais problemas que di cultam a avaliao do risco de ameaa das espcies de invertebrados no Brasil que, para a maioria das espcies, quase nada se sabe sobre densidades populacionais, reas de ocorrncia e ciclos de vida, parmetros indispensveis para a aplicao dos critrios da Unio Mundial para a Natureza IUCN. Essa a rmao pode ser demonstrada a partir do nmero de txons de invertebrados aquticos includos na categoria DD (De cientes em Dados), que corresponde a um total de 38, ou seja, aproximadamente 50% do nmero de espcies que tive-ram seu status de nido nas categorias de ameaa da Unio Mundial para a Natureza IUCN. Dentre as medidas de conservao recomendadas, podemos citar: formao de sistematas e taxnomos para levantar e mapear a imensa biodiversidade nativa e, especialmente, avaliar seu valor econmico; efetuar levantamentos das reas ainda desconhecidas; monitorar e tentar minimizar os efeitos de espcies exticas j estabelecidas; criar e im-plantar medidas mais e cientes de controle da entrada de espcies exticas; manuteno das reas nativas como estoques de biodiversidade; planos de recuperao ambiental; estudos para reproduo e criao em cativeiro de espcies nativas, visando futuros repovoamentos. Finalmente, tendo em vista as discrepncias observadas entre as listas internacionais e nacionais, necessria uma reviso aprofundada dos critrios que motivaram a incluso de espcies em uma lista e no em outra.

    PolychaetaEm virtude do papel ecolgico que desempenham, os poliquetas tm uma importncia econmica indireta, por participar da cadeia tr ca que envolve animais de valor comercial, promovendo a produo de recursos ex-plorveis, tais como peixes, camares, siris e caranguejos. A utilizao ou explorao com objetivos comerciais tambm comum, principalmente na crescente indstria de isca para a pesca. No entanto, raro o uso desses animais na alimentao humana (Amaral & Nonato, 1996). A explorao de forma artesanal pelo extrativismo local j prtica usual h muito tempo. Algumas espcies de Nereididae, Glyceridae, Nephtyidae, Eunicidae e Arenicolidae so usualmente exploradas como iscas vivas, por causa do tamanho que alcanam (em geral mais de 30 cm de comprimento) e da presena, muitas vezes notvel, na regio entremars de praias arenosas. Muitos poliquetas tambm so comumente conhecidos por mergulhadores e coletados para atividades de aquario lia, dada a sua beleza e seu colorido, como os Serpulidae (verme rvore-de-natal) e alguns Sabellidae, ambos fre-qentes em recifes de corais. Alm desses fatores, os poliquetas so considerados espcies indicadoras e vrias so potenciais bioindicadoras de reas poludas (Amaral et al., 2003).

    A diversidade de formas dos poliquetas acompanhada por uma grande variao no tamanho do corpo. Embora a maioria seja de pequeno porte (menos de 5 cm), formas mais robustas, como Eurythoe complanata, Diopatra cuprea, Australonuphis casamiquelorum, Eunice sebastiani, Arenicola brasiliensis e Chaetopterusvariopedatus se destacam na costa brasileira. Dentre essas, trs so consideradas ameaadas no Brasil, Eunicesebastiani e Diopatra cuprea, comuns na parte inferior de praias arenosas e/ou lamosas, e Eurythoe complanata (verme-de-fogo), freqente debaixo de pedras na regio entremars e facilmente coletada por sua exuberncia. Na lista da Unio Mundial para a Natureza IUCN (2006), apenas uma espcie de poliqueta citada como ameaada de extino em nvel global, no caso, Mesonerilla prospera (Nerillidae), alm de uma segunda, viridis, conhecida como verme-palolo, classi cada na categoria De cientes em Dados (DD). Contudo, nenhuma delas ocorre no Brasil. O fato de poucos poliquetas integrarem listas de espcies ameaadas em nvel mundial deve-se, em parte, inconspicuidade dos animais no ambiente em que vivem, geralmente enterrados, passando desapercebidos pelo homem. Esse argumento comprovado pelo fato de a maioria das espcies listadas serem aquelas notadas no ambiente por meio de marcas e/ou tubos conspcuos.

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    Invertebrados Aquticos

    Alm disso, h que se considerar que os estudos populacionais e de monitoramento faunstico so ainda escas-sos. Duas espcies, das trs consideradas ameaadas no Brasil, esto em risco por causa do excesso de captura, pois so utilizadas como iscas em pesca esportiva. Dessas, E. sebastiani, um animal de grande porte e solitrio, com adultos alcanando cerca de 2 m de comprimento, tem registro con rmado, at o momento, apenas para a regio Sudeste do Brasil, principalmente por falta de estudos; portanto, no se sabe ainda a real extenso de sua distribuio. No entanto, usando-se do conhecimento disponvel para a espcie, foi consenso entre os especia-listas consider-la como ameaada. Diopatra cuprea, que ocorre na regio entremars e na franja do infralitoral, tem mostrado uma diminuio acentuada de suas populaes, conforme observado por Marsh (2003) e Amaral & Jablonski (2005). D. cuprea tem sido considerada como um complexo de espcies e no Brasil representada, at o momento, por quatro diferentes espcies. Dessas, duas so de pequeno porte (at 10 cm de comprimento), sendo, portanto, improvvel a ameaa de extino por captura. As outras duas alcanam at 50 cm de compri-mento, possuindo, portanto, tubos maiores, mais visveis (Steiner & Amaral, 2006) e mais fceis de serem loca-lizados e coletados, sendo, provavelmente, as que so utilizadas como isca e que sofrem risco de extino. Cabe ressaltar que essas espcies so descritas, at o momento, apenas para os Estados de So Paulo e Rio Grande do Sul. Alm das espcies listadas como ameaadas, tem-se conhecimento de que o Onuphidae Australonuphiscasamiquelorum tambm vem sendo utilizado como isca na regio Sul do Brasil. Entretanto, no se tem conhe-cimento do estado atual dessas populaes. Essas espcies ameaadas so capturadas em seu ambiente natural, no havendo qualquer tipo de cultivo espec co para essa nalidade.

    Alm da constatao da diminuio das populaes por excesso de captura, essas espcies podem estar sofrendo o impacto de fatores de origem antrpica, como poluio por despejo de esgoto de origem domstica e/ou in-dustrial e agrcola, como tambm de descaracterizao ambiental, em conseqncia de atividades imobilirias. Outros fatores intrnsecos regio entremars e, eventualmente, a reas permanentemente submersas em regies litorneas podem induzir a vulnerabilidade da fauna, sobrepondo-se decisivamente explorao predatria. No somente a in uncia antrpica (contaminao e poluio) mas tambm as alteraes ambientais que per-manecem pouco conhecidas, como as interaes entre a composio qumica e as peculiaridades fsicas de uma determinada rea, podem condicionar ou no sua habitabilidade.

    CrustaceaDez espcies de crustceos foram includas na lista das ameaadas de extino, enquanto outras dez foram consideradas Sobreexplotadas ou Ameaadas de Sobreexplotao. O nmero de espcies includas tanto na lista de ameaadas de extino como as consideradas Sobreexplotadas ou Ameaadas de Sobreexplotao pode no representar a real situao dos crustceos, considerando a grande extenso da costa brasileira e dos recursos hdricos continentais, mas poder iniciar o processo de conscientizao da necessidade de estudos sobre essas populaes no Brasil e, certamente, servir como estmulo sua conservao. Esse nmero reduzido de esp-cies constitui re exo das poucas informaes que se tem no presente sobre esses invertebrados aquticos, tanto em relao sua biologia como ao ambiente em que vivem. Essa di culdade claramente demonstrada pela observao da relao das espcies ameaadas de extino, pois dela constam apenas representantes da classe Malacostraca, com predomnio de decpodes anomuros, braquiros e de trs camares (um palemondeo e dois atiideos), animais de maior porte e, conseqentemente, mais notados e estudados. Entre os decpodes anomuros, destaca-se a incluso de espcies de caranguejos dulccolas da famlia Aeglidae, que representam o nico grupo de Crustacea Anomura restrito regio neotropical na Amrica do Sul. Esses animais ocorrem nos cursos dgua de bacias hidrogr cas do Uruguai, da Argentina, do Paraguai, do Chile, do sul da Bolvia e do Sudeste e Sul brasileiros. No Brasil, h registros de egldeos desde os tributrios da bacia do rio Grande, na divisa en-tre So Paulo e Minas Gerais, at os a uentes da bacia do rio Uruguai, que faz fronteira com a Argentina e o Uruguai no extremo sul do Estado do Rio Grande do Sul. Um aspecto peculiar dos egldeos a presena de at quatro espcies no mesmo rio, em bacias dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

    O uso de modelo experimental, em laboratrio e no campo, vem sendo pesquisado com a espcie Aegla platensis Schmitt, sob os mais diversos enfoques, seja sob a tica da ecologia de populaes, seja na siologia e na dinmica da reproduo. Na perspectiva da biologia da conservao, a maioria das espcies tem sua distribuio restrita a um curso dgua ou a rios contguos, na mesma bacia hidrogr ca, con gurando forte endemismo. No Chile, 16 espcies so endmicas, sete ocorrem na Argentina, enquanto 36 so registradas para o Brasil, junto s nascentes dos rios e arroios, em guas lmpidas e bem oxigenadas. Os impactos que vm sendo registrados nas guas super ciais da regio neotropical alteram fortemente os habitats dos egldeos. A isto se acrescentam as

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    prticas silviculturais, que vm se ampliando ao longo dos ltimos anos nas bacias hidrogr cas no sul do Brasil e no Chile, com o uso exagerado de pesticidas e com a rpida expanso de plantaes de exticas, como Pinuse Eucalyptus, ocasionando a crescente degradao da qualidade das guas. Esses impactos negativos sobre as guas tm como conseqncia direta o enquadramento de muitas espcies na condio comprovada de ameaadas de extino. Destaca-se que, aps o exerccio realizado para a elaborao da lista de invertebrados aquticos a que a presente publicao se refere, Bond-Buckup et al. (2005), utilizando a mesma verso dos critrios da Unio Mundial para a Natureza IUCN para a avaliao das espcies de egldeos mundialmente conhecidas, concluram que, das 63 espcies, 23 ou 36,5% esto ameaadas de extino. Em relao s espcies com distribuio para o Brasil, Bond-Buckup et al. (2005) consideraram o egldeo de caverna Aegla microphthalma como Criticamente em Perigo, enquanto na lista o cial ele aparece relacionado como Vulnervel. Aeglaleptochela Bond-Buckup & Buckup, que na lista brasileira possui o status de Vulnervel, foi classi cada como Em Perigo, acrescentando-se ainda uma outra espcie, Aegla lata Bond-Buckup & Buckup, nessa mesma categoria. Diferindo ainda da lista o cial, uma vez que dela consta um total de trs espcies de egldeos ameaadas [alm de A. microphthalma e A.leptochela, cuja situao foi descrita acima, inclui-se tambm a espcie A. caverncola (VU)], sete outras espcies, endmicas de rios de So Paulo e do Rio Grande do Sul, foram avaliadas como Vulnerveis. Considerando esse trabalho mais recente, numa prxima reviso da lista o cial os resultados para esse grupo devero ser alterados. Assim como na avaliao realizada para a elaborao da lista vermelha brasileira, na qual quatro espcies dessa famlia foram consideradas De cientes em Dados (Aegla grisella, A. inermis, A.obstipa e A. violacea), Bond-Buckup et al. (2005) incluram vrias espcies nessa categoria, o que signi ca que a ausncia de pesquisas sobre sua biologia e ecologia atinge o txon como um todo.

    A falta de apoio s pesquisas, por outro lado, um dos principais entraves avaliao correta do status de conser-vao das espcies. A importncia ecolgica dos egldeos deve-se a seu papel nas cadeias alimentares aquticas, com hbitos omnvoros, alimentando-se de matria vegetal alctone, de invertebrados aquticos e de matria orgnica particulada. Alm disso, servem de alimento para vrias espcies de vertebrados, destacando-se peixes (truta marrom, no Chile), mo pelada Procyon cancrivorus, cuca dgua Philander opossum e a lontra Lontra longicaudis. Apenas um crustceo no decpode, pertencente Ordem Amphipoda, foi includo na lista. Trata-se do anfpodo gamardeo Hyalella caeca Pereira, 1989, espcie tambm de cavernas, encontrada at o presente apenas no Estado de So Paulo. Esse possvel endemismo pode ser atribudo ao parco conhecimento que se tem sobre a distribuio e biologia de muitas espcies de crustceos de tamanho reduzido, em oposio avaliao mais documentada sobre a evidente diminuio dos estoques naturais e da alterao do hbitat das espcies de maior porte, como os decpodes. O preocupante estmulo ao aumento do a uxo de turistas em am-bientes ecologicamente frgeis fez com que, alm de H. caeca, fosse includo na lista o caranguejo Johngarthialagostoma (Gecarcinus lagostoma), endmico em ilhas ocenicas, como Atol das Rocas, Fernando de Noronha, Trindade e Ascenso. Este decpode transcorre a fase juvenil e adulta em terra, o que permite que seu ciclo de vida esteja bastante sujeito a perturbaes ambientais.

    As espcies classi cadas como Sobreexplotadas ou Ameaadas de Sobreexplotao foram, por muitos anos, objeto de intensa explorao pesqueira por serem utilizadas no consumo humano, demonstrando, aps algumas dcadas de explorao, grande decrscimo na quantidade de indivduos pescados. Em decorrncia desse panorama, o IBAMA procurou normalizar essas atividades com a publicao de vrias portarias. Entretanto, continuou-se veri cando a diminuio dos estoques e a reduo do tamanho dos espcimes. Na lista de espcies Sobreexplotadas ou Ameaadas de Sobreexplotao, anexo II da IN n 05/04, esto includos os caranguejos de mangue Cardisoma guanhumi (guaiamum) e Ucides cordatus (caranguejo u), as lagostas Panulirus argus e P. laevicauda, os camares Farfantepenaeus brasiliensis, F. paulensis e F. subtilis; Litopenaeus schmitti e Xyphopenaeus kroyeri e a espcie de siri Callinectes sapidus. Ucides cordatus considerada uma das espcies mais importantes da fauna de manguezais, sendo encontrada nesses ambientes costeiros desde o Oiapoque (Amap) at Laguna (Santa Catarina) (Melo, 1996). A maior parte da extrao desse recurso ocorre na regio Norte (Maranho e Par), em quantidade cerca de 15 vezes maior que a obtida nas regies Sudeste e Sul.

    As lagostas Panulirus argus e P. laevicauda so os recursos pesqueiros mais importantes da regio Nordeste. A pesca desses decpodes cresceu at 1979, quando atingiu a produo mxima, constatando-se que, a partir desta data, a produo sofreu oscilaes bastante signi cativas, mas nos ltimos anos est novamente em decrscimo, fator atribudo sobrepesca, o que permite deduzir que no h sustentabilidade de seu uso. Os camares pene-deos F. brasiliensis, F. paulensis e F. subtilis, aps sofrer extensa explorao, apresentaram variaes quanto recuperao dos estoques, considerando-se que nas regies Sudeste e Sul a situao deles crtica. Da mesma forma, a situao atual de L. schmitti e X. kroyeri considerada preocupante tambm nas regies Sudeste e

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    Invertebrados Aquticos

    Sul. Dados de 1990 indicam que a produo desses camares naquela ocasio era a mais baixa dos ltimos 30 anos. A incluso dessas espcies na categoria de Sobreexplotadas ou Ameaadas de Sobreexplotao pode ser atribuda e comprovada por alteraes no tamanho das populaes e dos espcimes, fatores que podem estar relacionados sobrepesca e captura seletiva. Dentre esses estoques de recrutamento, destacam-se ainda os ca-ranguejos de mangue, que tiveram reduo de sua rea de vida, em funo da destruio de manguezais, resul-tando, portanto, em fatores que em conjunto contribuem sobremaneira para a no recuperao dos estoques.

    EchinodermataAs espcies do lo Echinodermata desempenham importantes papis ecolgicos nas comunidades marinhas, especialmente em relao s cadeias alimentares. Elas ocupam vrios nveis tr cos e podem ser herbvoras, carnvoras, detritvoras e onvoras. Alm disso, vrias espcies de importncia comercial e ecolgica, como peixes e caranguejos bentnicos, alimentam-se de equinodermos ou so predados por esses quando juvenis. Os equinodermos, especialmente os ourios-do-mar, so considerados bons bioindicadores ambientais, porque exibem alta sensibilidade s mudanas ocorridas no ambiente, alm de possuir forma de vida sedentria, o que permite a investigao da contaminao local ao longo do tempo. Sendo bioacumuladores, so utilizados para identi car e quanti car os poluentes no ambiente em que vivem. A lista de equinodermos ameaados composta de 19 espcies pertencentes s classes Asteroidea (estrelas-do-mar), Echinoidea (ourios-do-mar) e Holothu-roidea (pepinos-do-mar), que possuem distribuio costeira, em sua maioria. Por apresentar formas corporais peculiares (especialmente as estrelas-do-mar e ourios-do-mar), as espcies de equinodermos fascinam os tu-ristas e aquario listas, que as retiram de seus ambientes para a comercializao ou simples utilizao como ar-tefatos decorativos ou religiosos (como o caso das espcies de estrelas-do-mar do gnero Echinaster Oreaster reticulatus, Asterina stellifera e Narcissia trigonaria e do ourio-do-mar Eucidaris tribuloides, todas ex-postas coleta predatria). Seis espcies de estrelas-do-mar relacionadas (espcies dos gneros Astropecten e Luidia) sofrem forte presso de coleta por arrastos de pesca, pois habitam fundos arenosos e lodosos e so capturadas como fauna acompanhante na pesca de camares e peixes bentnicos. Duas outras espcies (o ourio-do-mar Paracentrotus gaimardi e o pepino-do-mar Isostichopus badionotus) vm sendo capturadas sem qualquer controle e comercializadas para ns comestveis, pois so itens requintados na culinria oriental e europia.

    O conhecimento da biologia e da dinmica populacional dessas espcies no ambiente natural fundamental e deve anteceder qualquer iniciativa de explorao comercial responsvel. Espcies congenricas so ampla-mente exploradas na Europa (como o caso de Paracentrotus lividus, uma das espcies de equinides mais consumidas no mundo) e na sia. Duas espcies endmicas (o pepino-do-mar Synaptula secreta e o ourio-do-mar Cassidulus mitis) possuem disperso potencial muito limitada, pois apresentam desenvolvimento di-reto (o caso de S. secreta) ou larvas de curta durao, que se desenvolvem sobre as fmeas adultas (caso de C. mitis). So espcies ameaadas de extino por possurem distribuio extremamente limitada e baixo poten-cial de recuperao populacional. As estrelas-do-mar Linckia guildingii e Coscinasterias tenuispina possuem dis-tribuio descontnua e baixas densidades populacionais. Como so capazes de se reproduzir assexuadamente, provvel que muitas populaes sejam mantidas por esse processo, o que ocasiona menor variabilidade gentica (presena de clones) e baixo uxo gnico entre populaes. Como essas espcies tambm sofrem coletas preda-trias, grande o risco de extines locais. So necessrias mais informaes a respeito da biologia reprodutiva e gentica de populaes para a maioria das espcies mencionadas. Por apresentarem grande polimor smo, as trs espcies do gnero Echinaster (Othilia) que ocorrem no litoral brasileiro e o ourio-do-mar Paracentrotus gaimardi necessitam de maior aprofundamento taxonmico, pois podem representar um complexo de espcies (ou espcies crpticas) ainda desconhecidas. Por tais motivos, a proteo o cial contra a coleta e o uso indiscri-minado dessas espcies essencial para garantir o tempo necessrio ao acmulo de informaes. A produo de conhecimentos dessa natureza j se iniciou e, talvez, depois da elucidao de tais questes, algumas espcies mudem seu status na Lista de Espcies Ameaadas de Extino. Em resumo, os equinodermos so componentes ecolgicos importantes em todas as comunidades marinhas bentnicas. A complexidade das interaes entre espcies competidoras, entre predadores e presas e a sensibilidade s mudanas das condies do ambiente tra-duzem o relevante papel ecolgico exercido pelo grupo. A alterao na densidade de espcies de equinodermos pode causar graves danos ambientais, re etidos na queda da biodiversidade, alm de grandes prejuzos econmi-cos. Portanto, a proteo legal das espcies mencionadas fundamental para a preservao ambiental.

  • Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino

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    Referncias Bibliogrficas

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    Outros InvertebradosEntre os cnidrios, so poucas as espcies que sofrem presso seletiva de coleta. Excees importantes so as anmonas-do-mar, os corais ptreos, os corais-de-fogo e os gorgonceos, coletados indiscriminada e intensivamente por turistas e comercializados em lojas de aqurios. As espcies Millepora, junto com os corais ptreos, so os principais construtores de formaes coralinas da costa brasileira, cujo limite sul de distribuio Cabo Frio (RJ). Os recifes de corais em mares tropicais so comparveis s orestas midas em produtividade, biodiversidade e importncia ecolgica. O enteropneusto gigante Willeya loya foi descrito para So Sebastio e ocorre na regio entremars de praias muito abrigadas, locais que esto comumente sob intensa ao antrpica.

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    Invertebrados Aquticos

    Solem, A. 1984. A world model of land snail diversity and abundance, p.6-22. In: A. Solem & A.C. Van Bruggen (ed.). World Wide Snails. Brill/Backhuys, Leiden, The Netherlands.

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    The World Conservation Union IUCN. 2006. 2006 IUCN Red List of Threatened Species. Disponvel em: http://www.iucnredlist.org. Acesso em: mai. 2006.

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  • Condylactis gigantea (Weinland, 1860)

    NOME POPULAR: Anmona-giganteSINONMIAS: Anthea gigantea Weinland, 1860; Condylactis passiflora Duchassaing & Michelotti, 1864; Bunodes passiflora Andres, 1883; Ilyanthopsis longifilis Hertwig, 1888; Condylactis gigantea Verrill, 1907; Condylactis passiflora Duchassaing & Michelotti, 1864; Bunodes passiflora Andres, 1883; Ilyanthopsis longifilis Hertwig, 1888FILO: CnidariaCLASSE: AnthozoaORDEM/CLADO: ActiniariaFAMLIA: Actiniidae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: RJ (EN); ES (VU)

    CATEGORIAS RECOMENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): VU A2d; C1; D2

    INFORMAES GERAIS

    Condylactis gigantea uma espcie bentnica solitria e est entre as maiores anmonas que ocorrem no Brasil, atingindo comumente cerca de 25 cm de dimetro. Apresenta a coluna rosada e tentculos esbranquiados, amarelados ou esverdeados. Os tentculos so longos, com pequenas estrias, e suas extremidades arredondadas podem ser esbranquiadas ou de colorao prpura. Habitam recifes de coral e ambientes coralneos, ocorrendo at cerca de 30 m de profundidade. So carnvoras e consomem presas macroscpicas, alm de possurem zooxantelas em seus tecidos. Abrigam-se normalmente em pequenas fendas e, desta maneira, sua base e coluna cam protegidas, expondo apenas o disco oral e tentculos. Estudos realizados na Flrida indicam que a espcie diica e que a proporo sexual entre machos e fmeas de 1:1. As fmeas produzem ovcitos grandes, de at 1.100 m de dimetro, em pequeno nmero, que so liberados para fecundao externa. As larvas produzidas so lecitotr cas e, presumivelmente, com poderes de disperso limitados. A liberao de gametas praticamente sincrni-ca dentro de uma mesma populao e indivduos com mais de 4,5 g de peso corporal so potencialmente reprodutivos. No h evidncias de que a espcie realize reproduo assexuada. A espcie de grande importncia ecolgica nas comunidades em que ocorre. Pequenos peixes e mais comumente crustceos, sobretudo camares, vivem em associao com C. gigantea. Esses organismos so imunes ao t-xica da anmona e se protegem assim contra predadores. Esta espcie tambm serve como estao de limpeza de peixes. Existem vrios trabalhos sobre as toxinas secretadas pela espcie. Esta anmona explorada pela indstria de aquario lia.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    Estados do MA, BA, ES, RJ.

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    PARNA Marinho de Abrolhos e APA Ponta da Baleia (BA); PE Marinho do Parcel do Manuel Luiz (MA).

    PRINCIPAIS AMEAAS

    A espcie vem sendo explorada no Brasil como recurso ornamental h pelo menos duas dcadas. En-tretanto, no h nenhum dado antes dessa poca, de distribuio e/ou abundncia, em seus locais de

    Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino

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    Invertebrados Aquticos

    ocorrncia. Belm et al. (1986) registraram que a espcie ocorrera em grande densidade em Arraial do Cabo, RJ, e se encontrava quase extinta na regio. As observaes foram feitas sobretudo na Praia do Forno, onde foram realizados mergulhos mensais entre junho de 1980 e julho de 1982. Gasparini et al. (2005) con rmaram a superexplorao da espcie em Arraial do Cabo. Indicaram que, no incio dos anos 90, eram coletados at cerca de 100 indivduos/dia e que, aps o colapso do recurso em Arraial do Cabo, muitos coletores comearam a explorar reas no Esprito Santo, onde eram coletados at 600 exemplares/dia. Estudo sobre a distribuio de bentos, realizado no ano 2000, em dez localidades de Bzios, RJ, no registrou a presena de C. gigantea, cuja ocorrncia era esperada para a regio (S. S. Oigman-Pszczol, com. pess.). A espcie consta tambm da Lista da Fauna ameaada de Extino do Estado do Rio de Janeiro, tendo sido considerada como Em Perigo (Bergallo et al., 2000). No Banco dos Abrolhos, BA, a espcie ainda ocorre em quantidades razoveis. Condylactis gigantea tem sido um dos invertebrados contabilizados em atividades de monitoramento realizadas pelo Reef Check Brasil, realizadas na rea (ver www.ReefCheck.org). Em levantamento feito em 2002, no Parcel dos Abrolhos foram contados at quatro indivduos num nico transecto de linha de 20 m. Em 2005, a mesma equipe realizou transectos na rea e foram observadas no mximo duas anmonas por transecto. Apesar de no haver dados quantitativos, foram observados indivduos pequenos, que demonstram a ocorrncia de recrutamento da espcie na rea (Pires & Castro, dados no publicados).

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO

    Realizao de aes que garantam a proibio imediata de qualquer tipo de uso da espcie, salvo em pesquisas cient cas que visem manuteno e recuperao de suas populaes. Realizao de estudos sobre a biologia reprodutiva da espcie. Realizao de mapeamentos de distribuio e abundncia. Dados de presena e quanti cao da espcie j vinham sendo obtidos em campanhas de monitora-mento do Programa Reef Check, realizadas em diferentes recifes e comunidades coralneas brasileiras. Recentemente, C. gigantea foi o cialmente includa entre os invertebrados indicadores de bom estado de conservao das reas onde ocorre (B. P. Ferreira, coordenadora do Reef Check Brasil, com. pess.). Implantao de programas de mobilizao social, visando a conscientizao geral da importncia de se conservar, proteger e recuperar os recifes de coral e ambientes coralneos.

    ESPECIALISTAS/NCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAO

    Clovis Barreira e Castro e Dbora de Oliveira Pires (MNRJ); Erika Schlenz (IBUSP); Paula Braga Gomes (UFRPE).

    REFERNCIAS

    22, 23, 63, 68, 78, 82, 91, 101, 137, 213 e 215.

    Autores: Dbora de Oliveira Pires e Clovis Barreira e Castro

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    Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino

    Phyllogorgia dilatata (Esper, 1806)

    NOME POPULAR: Orelha-de-elefante; GorgniaSINONMIAS: Gorgonia dilatata Esper, 1806; Phyllogorgia dilatata + Phyllogorgia quercifolia (var. quercifolia + var. lacerata) Verrill, 1912; Phyllogorgia frondosa Verrill, 1912; Phyllogorgia dilatata Bayer, 1961; Phyllogorgia dilatata Castro, 1990FILO: CnidariaCLASSE: AnthozoaORDEM/CLADO: AlcyonaceaFAMLIA: Gorgoniidae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: RJ (VU)

    CATEGORIAS RECOMENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): VU A2d; C1; D2

    INFORMAES GERAIS

    Phillogorgia dilatata encontrada no infralitoral, freqente em ambientes e recifes coralneos de guas rasas registro mais profundo: 28 m ao largo de Rocas (Tixier Durivault, 1970). A colnia pode atingir mais de 50 cm de altura. Esta espcie particular por sua estrutura colonial eixos que se anastomosam, formando um retculo, e cennquima preenchendo os espaos entre eixos, de modo a formar uma folha mais ou menos contnua, onde esto os plipos. H colnias aberrantes onde no ocorre anastomose ou formao de folha. Entretanto, essas colnias anormais podem ser distinguidas de outras espcies com esclerito tipo escafide pela distribuio de plipos ao redor de todo o ramo e pelo cennquima mais grosso. A continuidade da folha pode estar relacionada a caractersticas ambientais, como intensidade, direo e uniformidade das correntes. Colnias de um mesmo local parecem ter graus semelhantes de continuidade de lmina. Porm, algumas vezes, colnias muito laceradas so observadas ao lado de colnias com lminas mais contnuas. Esta espcie j foi objeto de estudos farmacolgicos. Muitas vezes, seu eixo (com cennquima removido) usado para ornamentao em aqurios ou outros arranjos decorativos.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    Espcie endmica do litoral e ilhas ocenicas brasileiras: MA (inclui parcel do Manuel Luiz), CE, RN (inclui atol das Rocas), PE (inclui Fernando de Noronha), BA (inclui o banco dos Abrolhos), ES (inclui a ilha da Trindade), RJ (limite sul de distribuio conhecido em Arraial do Cabo).

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    APA Fernando de Noronha e PARNA Marinho Fernando de Noronha (PE); REBIO Atol das Rocas (RN); PARNA Marinho Abrolhos e RESEX Corumbau (BA); RESEX Arraial do Cabo (RJ); PE Manuel Luiz (MA).

    PRINCIPAIS AMEAAS

    Os principais tipos de ameaas so localizados, em especial a coleta predatria para a comercializao e os efeitos de poluentes (derrames de leo, esgotos de origem domstica e industrial). H registros e evidncias (aqurios, lojas de souvenirs, vitrines) de colnias coletadas comercialmente, pelo menos desde a dcada de 1970.

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    Invertebrados Aquticos

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO

    Realizar estudos sobre a biologia reprodutiva e ecologia da espcie e a variabilidade gentica das po-pulaes. Manuteno, proteo e recuperao das Unidades de Conservao. Fiscalizar sempre que necessrio e buscar atuao do governo e rgos competentes no que tange aplicao de leis de crimes ambientais. Implantao de programas de mobilizao social, visando a conscientizao geral quanto importncia de conservar, proteger e recuperar os recifes de coral e ambientes coralneos.

    ESPECIALISTAS/NCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAO

    Beatrice Padovani Ferreira e Mauro Maida (UFPE); CEPENE/IBAMA; Carlos Daniel Perez (UFPE); Clovis Barreira e Castro e Dbora de Oliveira Pires (MNRJ); Joel Christopher Creed e Simone Oigman-Pszczol (IBRAG/UFRJ).

    REFERNCIAS

    21, 60, 61, 62, 71, 91, 103, 146, 172 e 190.

    Autores: Clovis Barreira e Castro e Dbora de Oliveira Pires

    Cerianthomorphe brasiliensis Carlgren, 1931

    NOME POPULAR: Anmona-de-tuboSINONMIAS: Cerianthromorphe brasiliensis Hedgpeth, 1954FILO: CnidariaCLASSE: AnthozoaORDEM/CLADO: CerianthariaFAMLIA: Cerianthidae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: no consta

    CATEGORIAS RECOMENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): EN A1a

    INFORMAES GERAIS

    Ceriantheomorphe brasiliensis uma anmona bentnica e solitria. Esta espcie, assim como os de-mais membros da ordem, semi-sssil, e jamais se xa solidamente ao fundo, j que, no estgio adulto, vive dentro de tubos, que se enterram em substratos lodosos. Estes tubos so secretados pelos plipos e so resultantes da exploso de uma enorme quantidade de um tipo especial de cnidcito os pticocistos. Estes so organelas celulares especializadas, caracterizadas por serem constitudas de uma cpsula e um

    lamento bastante longo. Os lamentos, quando evertidos e entrelaados, formam em conjunto uma grande teia viscosa, que agrega o sedimento do fundo, formando os tubos onde vivem estes animais. Os ceriantrios so capazes de secretar, em minutos, novos tubos, quando deles se dissociam por alguma razo. Medidas realizadas em espcimes xados de C. brasiliensis mostram que o comprimento da coluna varia de 15 a 21 cm e a largura, de 2,5 a 4,0 cm (Carlgren, 1931; Carlgren & Hedgpeth, 1952). Possuem muitos tentculos, dispostos em duas ordens, uma oral (prximo boca) e uma marginal (pr-ximo margem). O nmero de tentculos marginais varia de 170 a 180 em espcimes maiores e 150 em espcimes menores, e atingem cerca de 4,5 cm de comprimento. A coluna de exemplares preservados

  • Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino

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    em lcool acinzentada. Outro exemplar, tambm preservado, apresentou a coluna e a actinofaringe marrom-esverdeadas, o disco oral marrom-amarelado. Este mesmo espcime, quando recm-coletado, possua a coluna de cor marrom-spia e faixas marrons nas reas externas dos tentculos. Os lados inter-nos dos tentculos eram de cor salmo vivo. A espcie hermafrodita e apresenta gnadas masculinas e femininas em todos os mesentrios, exceto nos diretivos. H um enorme desconhecimento das espcies do grupo que ocorrem no Brasil. H somente algumas poucas publicaes/dados sobre a ocorrncia de ceriantrios no Brasil, que, entretanto, s fornecem imagens (ver Hetzel & Castro, 1994, e.g.) ou dados de presena/ausncia da ordem Ceriantharia (Pires et al., dados no publicados), sem conter identi -cao em qualquer nvel sub-ordinal. Na lista de cnidrios do Brasil, de Migotto et al. (2000), consta a espcie Cerianthus sp. para So Paulo, referindo-se ao trabalho de Luederwaldt (1929). Entretanto, consta, na descrio original de C. brasiliensis, que os espcimes examinados por Carlgren eram pro-venientes de So Sebastio, SP, e foram doados por Luederwaldt em 1925. As anmonas-tubo so alvos freqentes de explorao pela indstria de aquario lia.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    No Brasil registrada para So Sebastio (SP), sendo citada ainda para os Estados de AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE, SP, em Machado et al. (2005), que teve como base as informaes do Workshop de Reviso da Lista da Fauna Brasileira Ameaada de Extino.

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    Desconhecida.

    PRINCIPAIS AMEAAS

    Devido a sua grande beleza, as anmonas-tubo so exploradas como recurso ornamental em vrias partes do mundo.

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO

    Realizao de estudos taxonmicos, mapeamentos de distribuio e abundncia das espcies de Ce-riantrios que ocorrem no Brasil. Implantao de programas de mobilizao social, visando a cons-cientizao geral da importncia de se conservar, proteger e recuperar os recifes de coral, comunidades coralneas e ambientes associados.

    ESPECIALISTAS/NCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAO

    No h especialistas e/ou ncleos de pesquisa no Brasil trabalhando com o grupo.

    REFERNCIAS

    54, 55, 78, 91, 106, 108 e 137.

    Autores: Dbora de Oliveira Pires e Clovis Barreira e Castro

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    Invertebrados Aquticos

    Cerianthus brasiliensis Mello-Leito, 1919

    NOME POPULAR: Anmona-de-tuboFILO: CnidariaCLASSE: AnthozoaORDEM/CLADO: CerianthariaFAMLIA: Cerianthidae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: no consta

    CATEGORIAS RECOMENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): EN A1a

    INFORMAES GERAIS

    Cerianthus brasiliensis uma anmona bentnica e solitria. Assim como os demais membros da ordem, semi-sssil, e jamais se xa solidamente ao fundo, j que, no estgio adulto, vive dentro de tubos, que se enterram em substratos lodosos. Esses tubos so secretados pelos plipos e so resultantes da exploso de uma enorme quantidade de um tipo especial de cnidcito os pticocistos. Estes so organelas celulares especializadas, caracterizadas por serem constitudas de uma cpsula e um lamento bastante longo. Os

    lamentos, quando evertidos e entrelaados, formam em conjunto uma grande teia viscosa, que agrega o sedimento do fundo, formando os tubos onde vivem estes animais. Os ceriantrios so capazes de secretar, em minutos, novos tubos, quando deles se dissociam por alguma razo. A espcie tem coluna alongada, dilatando-se ligeira e gradualmente a partir da extremidade apical, onde perfurada pelo poro aboral, at a coroa de tentculos. Possuem muitos tentculos, dispostos em duas ordens, uma oral (prximo boca) e uma marginal (prximo margem). O nmero de tentculos marginais varia de 96 a 120 e estes podem atingir 6 cm de comprimento. Os tentculos orais so menores, com cerca de 3 cm, dispostos em quatro ciclos irregulares, e so menos numerosos. A colorao interna do tubo gra te, azulada e brilhosa. Alguns pequenos invertebrados podem viver tambm na parte interna dos tubos. A coluna de C. brasiliensis cinzenta ou pardacenta. O tero basal dos tentculos marginais da mesma colorao da coluna e os dois teros mais apicais so esbranquiados ou rseos. Os tentculos orais so esbranquiados. A espcie hermafrodita. H um enorme desconhecimento das espcies do grupo que ocorrem no Brasil. O trabalho de Mello-Leito, que contm a descrio original, a nica referncia espcie. H somente algumas poucas publicaes/dados sobre a ocorrncia de ceriantrios no Brasil, que, entretanto, s fornecem imagens (ver Hetzel & Castro, 1994, e.g.) ou dados de presena/ausncia da ordem Ceriantharia (Pires et al., dados no publicados), sem conter identi cao em qualquer nvel sub-ordinal. A nica exceo a lista de cnidrios do Brasil de Migotto et al. (2000), que indica dvida de ocorrncia de uma espcie do gnero (Cerianthus sp.) para So Paulo. Esta espcie provavelmente Cerianthomorphe brasiliensis (ver captulo desta espcie). As anmonas-tubo so alvos freqentes de explorao pela indstria de aquario lia.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    No Brasil a espcie registrada a Baa de Guanabara (RJ) (Mello-Leito, 1919), sendo citada ainda para os Estados de AL, BA, CE, ES, PB, PE, RJ, RN, SE, SP, em Machado et al. (2005), que teve como base as informaes do Workshop de Reviso da Lista da Fauna Brasileira Ameaada de Extino.

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    Desconhecida.

  • Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino

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    PRINCIPAIS AMEAAS

    Devido a sua grande beleza, as anmonas-tubo so exploradas como recurso ornamental em vrias partes do mundo.

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO

    Realizao de estudos taxonmicos, mapeamentos de distribuio e abundncia das espcies de ce-riantrios que ocorrem no Brasil. Implantao de programas de educao ambiental, visando a cons-cientizao geral da importncia de se conservar, proteger e recuperar os recifes de coral, comunidades coralneas e ambientes associados.

    ESPECIALISTAS/NCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAO

    No h especialistas e/ou ncleos de pesquisa no Brasil trabalhando com o grupo.

    REFERNCIAS

    78, 91, 108, 132 e 137.

    Autores: Dbora de Oliveira Pires e Clovis Barreira e Castro

    Coscinasterias tenuispina Lamarck, 1816

    NOME POPULAR: Estrela-do-marSINONMIAS: Coscinasterias tenuispina var. atlantic Verril, 1915, Tommasi, 1966; Stolasterias tenuispina Verril, 1907, Fisher, 1926FILO: EchinodermataCLASSE: AsteroideaORDEM/CLADO: ForcipulatidaFAMLIA: Asteriidae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: no consta

    CATEGORIAS RECOMENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): VU B2ac(iii); D2

    INFORMAES GERAIS

    Coscinasterias tenuispina uma espcie de estrela-do-mar capaz de se reproduzir tanto sexualmente quanto assexuadamente, por sso do disco central. Portanto, comum encontrar indivduos com bra-os assimtricos, variando de seis a nove, e mltiplos madreporitos, de um a cinco (Clark & Downey, 1992). As placas adambulacrais possuem pedicelrias cruzadas, com um dente largo projetado no nal da srie curvada (no desenvolvido em espcimes do Brasil). Os espcimes brasileiros possuem uma colorao castanho-marrom-laranja. Este asteride encontrado desde a regio entremars at 165 m de profundidade, estando geralmente associada a substratos rochosos. Coscinasterias tenuispina possui uma distribuio geogr ca ampla e descontnua, provavelmente em razo da marcante reproduo assexuada, que limita a capacidade de disperso. Apresenta ventosas nos ps ambulacrais, que possuem

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    Invertebrados Aquticos

    forte poder de adeso. Por isso, essa espcie capaz de viver em ambientes com forte hidrodinamismo (ao de ondas e correntes). O ciclo reprodutivo de C. tenuipina anual (Alves et al., 2002), com um longo perodo de liberao de gametas, que se inicia no inverno e se prolonga at o nal da primavera. Segundo Alves et al. (2002), a predominncia de machos na populao estudada na Praia de Itaipu, em Niteri (RJ), sugere que a reproduo assexuada por sso seja dominante e, conseqentemente, a quantidade de clones deve ser signi cativa. Como outros asterides, ocupa a posio de predador de topo, possuindo importante papel regulador nas comunidades litorneas de invertebrados marinhos. Alimenta-se de organismos da epifauna, principalmente mexilhes.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    Espcie com distribuio no Atlntico: Carolina do Norte (EUA), Bermudas, Brasil (Salvador/BA at Santos/SP), ilha dos Aores, ilhas Santa Helena, sudeste da Baa de Biscay (Portugal) at ilhas Canrias, ilhas de Cabo Verde e Guin. Presente tambm no mar Mediterrneo. Sem evidncias de que a distri-buio pretrita seja distinta da atual.

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    reas onde essa espcie pode ocorrer: APA Guapimirim, EE Tamoios e ARIE Ilha das Cagarras (RJ); EE Tupinambs e ASPE CEBIMar/USP (SP); PARNA Marinho Abrolhos (BA).

    PRINCIPAIS AMEAAS

    Os principais tipos de ameaa so a constante destruio e descaracterizao do hbitat, a eroso do substrato, os efeitos poluentes (derrames de leo, esgotos de origem domstica e industrial), o sanea-mento precrio e o excesso de turistas e mergulhadores.

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO

    Explorao mnima do ecossistema marinho em que a espcie ocorre, visando conservar a biodiver-sidade como um todo. Atuao do governo e rgos competentes no que diz respeito scalizao e aplicao de penas aos infratores das leis de crimes ambientais. Realizao de estudos cient cos sobre a biologia da espcie. Manuteno, proteo e recuperao das Unidades de Conservao. Implantao de programas de educao ambiental.

    ESPECIALISTAS/NCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAO

    Carlos Renato Rezende Ventura (MNRJ).

    REFERNCIAS

    5, 65, 95 e 175.

    Autores: Carlos Renato Rezende Ventura, Camila Freire Barcellos e Iuri Verssimo de Souza

  • Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino

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    Astropecten brasiliensis Mller & Troschel, 1842

    NOME POPULAR: Estrela-do-marSINONMIAS: Astropecten riensis Tommasi, 1970FILO: EchinodermataCLASSE: AsteroideaORDEM/CLADO: PaxillosidaFAMLIA: Astropectinidae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: no consta

    CATEGORIAS RECOMENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): VU A3c; D2

    INFORMAES GERAIS

    Astropecten brasiliensis uma estrela-do-mar com cinco braos longos e estreitos, com o corpo achatado e vrios espinhos arredondados nas margens dos braos, que formam uma franja marginal. Possui espinhos proeminentes nas placas marginais superiores e dois espinhos por placa marginal inferior (franja). Na regio prxima aos sulcos dos braos (adambulacrais), h espinhos arredondados. Astropecten brasiliensis habita fundos arenosos, incapaz de everter o estmago (digesto intra-oral), possui ps ambulacrais sem ventosas, seu trato digestivo incompleto (sem nus) e pode viver em profundidades de at 360 m. predador generalista e se alimenta de organismos da endofauna bentnica, como bivalves e gastrpodes, principalmente, alm de crustceos, equinodermos e poliquetas. Na regio do Cabo Frio (RJ), A. brasiliensis estoca nutrientes no outono e inverno (abril a junho), atinge o pico reprodutivo em novembro e libera os gametas na gua em dezembro, coincidindo com o perodo em que a ressurgncia de guas subtropicais mais freqente. Como todas as espcies do gnero j estudadas, A. brasiliensis deve desenvolver apenas uma fase larvar plactotr ca (bipinria), pois possui ovcitos pequenos (com cerca de 150 micrmetros). Em janeiro, estrelas pequenas (recrutas), com cerca de 1 cm de raio (e idade estimada de um ms), so mais freqentes na regio de Cabo Frio. Estima-se que A.brasiliensis inicie o desenvolvimento gonadal a partir de sete meses de vida, quando possui um raio menor que 5 cm. A longevidade relativa estimada de cerca de cinco anos. Como a espcie se reproduz uma vez ao ano, estima-se que sejam potencialmente capazes de se reproduzir quatro vezes ao longo de suas vidas. Como todas as espcies que habitam o substrato arenoso-lodoso, as populaes de A. brasiliensis sofrem grande impacto de coleta, pois so capturadas em redes de pesca de fundo e, freqentemente, no resistem aos danos sofridos. O papel ecolgico desses asterides predadores relevante, pois regulam as densidades populacionais de espcies detritvoras, ltradoras e predadoras da endofauna.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    Espcie com distribuio no Atlntico Sul: Antilhas, Brasil, Uruguai e Argentina (Bernasconi, 1964).

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    Pelos limites de sua distribuio, possvel que esta espcie de asteride possa ser encontrada em todas as Unidades de Conservao marinhas do pas.

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    Invertebrados Aquticos

    PRINCIPAIS AMEAAS

    Devido ao hbito de viverem em fundos arenosos, as espcies do gnero Astropecten so ameaadas principalmente pelas redes de arrasto de fundo. Outra ameaa a destruio do hbitat natural das esp-cies por eutro zao do ambiente, efeitos poluentes e excesso de turistas e mergulhadores.

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO

    Realizao de pesquisas sobre a taxonomia do grupo, importantes para identi cao e obteno de in-formaes sobre a distribuio geogr ca desses animais na costa brasileira. Proteo das Unidades de Conservao. Programas de educao ambiental com pescadores. Aplicao de penas aos infratores de leis ambientais, sobretudo no que diz respeito coleta predatria.

    ESPECIALISTAS/NCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAO

    Carlos Renato Rezende Ventura (MNRJ).

    REFERNCIAS

    25 e 151.

    Autores: Carlos Renato Rezende Ventura, Camila Freire Barcellos e Iuri Verssimo de Souza

    Astropecten cingulatus Sladen, 1889

    NOME POPULAR: Estrela-do-marSINONMIAS: Astropecten jarli Madsen, 1950FILO: EchinodermataCLASSE: AsteroideaORDEM/CLADO: PaxillosidaFAMLIA: Astropectinidae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: no consta

    CATEGORIAS RECOMENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): VU A3c; D2

    INFORMAES GERAIS

    Astropecten cingulatus uma estrela-do-mar que possui cinco braos estreitos e longos. As placas mar-ginais superiores so cobertas por grnulos. Os espaos presentes entre as placas possuem espinhos nas bordas. Nas placas marginais inferiores esto presentes trs espinhos paralelos ao espao entre as placas. O espinho do meio grande, robusto, curva-se levemente na direo do espao entre as placas. Na su-perfcie dorsal, as placas possuem um longo e pontiagudo espinho e geralmente de um a trs espinhos pequenos. As placas orais so pequenas e estreitas, cobertas por espinhos, e possuem conjuntos de es-pinhos orais. O madreporito muito pequeno, arredondado, geralmente alcanando at as placas inter-radiais marginais. Astropecten cingulatus difere das outras espcies do gnero por possuir trs espinhos nas placas marginais inferiores, formando a franja ambital. Ocorre em fundos arenosos ou lamosos da

  • Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino

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    regio litornea at 50 m de profundidade (Tommasi, 1970). A taxonomia do gnero Astropecten mui-to discutida em razo das muitas variaes morfolgicas que ocorrem entre as espcies.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    Espcie com distribuio no Atlntico: da Carolina do Norte (EUA) at o Brasil, Argentina, Uruguai, e tambm na costa oeste africana.

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    Pelos limites de sua distribuio, possvel que esta espcie possa ser encontrada em todas as Unidades de Conservao marinhas do pas.

    PRINCIPAIS AMEAAS

    Por viverem associados a fundos arenosos, so freqentemente encontrados em redes de pescadores, que vivem da pesca de camares e peixes bentnicos. Esses espcimes geralmente morrem por desse-cao, porque no so devolvidos ao mar. A destruio do hbitat das espcies por eroso do substrato, efeitos poluentes e excesso de turistas e mergulhadores tambm podem ser fatores determinantes para a extino da espcie.

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO

    Realizao de estudos sobre taxonomia e biologia da espcie, principalmente trabalhos com base em dados de distribuio e abundncia. Proteo das Unidades de Conservao. Programas de educao ambiental com pescadores. Aplicao de penas aos infratores de leis ambientais, sobretudo no que diz respeito coleta predatria.

    ESPECIALISTAS/NCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAO

    Carlos Renato Rezende Ventura (MNRJ); Flvio da Costa Fernandes (IEMAPM).

    REFERNCIAS

    65, 175 e 176.

    Autores: Carlos Renato Rezende Ventura, Camila Freire Barcellos e Iuri Verssimo de Souza

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    Invertebrados Aquticos

    Astropecten marginatus Gray, 1840

    NOME POPULAR: Estrela-do-marSINONMIAS: Astropecten ciliatus Grube, 1857; Doderlein, 1917; Verril, 1914; Astropecten orans Sluiter, 1895FILO: EchinodermataCLASSE: AsteroideaORDEM/CLADO: PaxillosidaFAMLIA: Astropectinidae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: no consta

    CATEGORIAS RECOMENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): VU A3c; D2

    INFORMAES GERAIS

    Astropecten marginatus possui corpo no e achatado. A rea do disco relativamente maior do que nas outras espcies do gnero. Os braos so curtos, triangulares e pontiagudos. As placas marginais superiores so bem desenvolvidas. As placas so cobertas por pequenos grnulos espaados e a borda possui espinhos uniformes. Difere das outras espcies do gnero por possuir dois espinhos nas placas marginais inferiores, formando a franja ambital; as placas marginais inferiores se localizam sob as marginais superiores; com uma rea lisa nas marginais inferiores e sem espinhos bem desenvolvidos nas marginais superiores (Tommasi, 1999). Sua colorao azul, com as partes marginais brancas. Ha-bitante de fundos arenosos ou lamosos, podendo ser encontrados em profundidades de 6 a 130 m. So considerados predadores carnvoros. Bernasconi (1959) admite que h muitas variaes morfolgicas entre as espcies do gnero Astropecten e que em certos casos a identi cao das subespcies muito complicada.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    Sua distribuio geogr ca vai de Porto Rico at o Sul do Brasil (RS).

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    Como sua distribuio geogr ca se estende a toda a costa brasileira, provavelmente esta espcie ocorre em quase todas as Unidades de Conservao marinhas brasileiras.

    PRINCIPAIS AMEAAS

    As espcies do gnero Astropecten sofrem grande presso de coleta por arrastos de pesca, pois habitam fundos arenosos ou lamosos e so capturadas como fauna acompanhante na pesca de camares e peixes bentnicos. A destruio do hbitat natural das espcies e o excesso de turistas e mergulhadores tambm podem ser considerados ameaas efetivas.

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO

    Realizao de pesquisas sobre a taxonomia do grupo, importantes para identi cao e obteno de in-formaes sobre a distribuio geogr ca desses animais na costa brasileira. Proteo das Unidades de Conservao. Programas de educao ambiental com pescadores. Aplicao de penas aos infratores de leis ambientais, sobretudo no que diz respeito coleta predatria.

  • Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino

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    ESPECIALISTAS/NCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAO

    Carlos Renato Rezende Ventura (MNRJ).

    REFERNCIAS

    24, 151 e 176.

    Autores: Carlos Renato Rezende Ventura, Camila Freire Barcellos e Iuri Verssimo de Souza

    Luidia clathrata (Say, 1825)

    NOME POPULAR: Estrela-do-marSINONMIAS: Asterias clathrata Say, 1825FILO: EchinodermataCLASSE: AsteroideaORDEM/CLADO: PaxillosidaFAMLIA: Luidiidae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: no consta

    CATEGORIAS RECO MENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): VU A3c; D2

    INFORMAES GERAIS

    Luidia clathrata uma estrela-do-mar com a superfcie superior de cor cinza azulada, com uma faixa superior mediana mais escura. Alguns espcimes podem apresentar cor rosada ou marrom claro, ao invs de cinza. A superfcie ventral de cor creme. Possuem o disco central pequeno e cinco braos longos e achatados. A distncia entre o centro do disco e a ponta dos braos pode chegar a 160 mm. O comprimento do brao de duas a trs vezes maior do que o dimetro do disco. Possuem paxilas retangulares ou quadradas, arranjadas em sries longitudinais e transversais. No possuem pedicelrias e os ps ambulacrais so longos e terminam em ponta, sem ventosas. A espcie fototrpica negativa, enterrando-se no substrato para fugir da luz. Sobrevive em guas com baixa salinidade, com valores de at 14%. So predadores muito geis, principalmente de moluscos, crustceos e outros equinodermes, mas alimentam-se tambm de animais mortos e detritos orgnicos. Espcimes inteiros de bolachas-da-praia j foram encontrados no estmago de L. clathrata. Geralmente so encontrados em locais de baixo hidrodinamismo prximos costa, com fundos lodosos ou arenosos. Longe da costa, so encontrados em fundos arenosos e de cascalho de concha. As populaes vm apresentando reduo, sendo estima-das em menos de 1.000 indivduos adultos. A espcie est sujeita aos efeitos de atividades antrpicas, correndo o risco de se tornar Criticamente em Perigo ou Extinta em curto perodo de tempo.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    A espcie ocorre nos Estados de New Jersey e Flrida (EUA), Bermudas, Golfo do Mxico, Caribe e na costa da Amrica do Sul, da Venezuela at o Sul do Brasil. A distribuio batimtrica vai do infralitoral at 130 m, mas so raras abaixo dos 70 m. Sem evidncias de que a distribuio pretrita seja distinta da atual.

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    Invertebrados Aquticos

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    Desconhecida.

    PRINCIPAIS AMEAAS

    Como toda espcie de hbito bentnico, L. clathrata altamente suscetvel ao efeito dos poluentes, tan-to os presentes na coluna de gua como aqueles que se acumulam no substrato. A coleta acidental, como fauna acompanhante em arrastos de pesca, coloca em risco populaes inteiras desta espcie.

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO

    Proteo dos habitats de ocorrncia da espcie, com nfase na scalizao da captura acidental. Incen-tivar programas de educao ambiental como ferramentas de auxlio na preservao e scalizao. So necessrias pesquisas na rea da taxonomia, distribuio, biologia e ecologia da espcie, a m de obter dados essenciais para evitar ou mitigar eventuais impactos antrpicos e naturais sobre as populaes.

    ESPECIALISTAS/NCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAO

    Carlos Renato Rezende Ventura (MNRJ).

    REFERNCIAS

    64, 90 e 176.

    Autores: Alice Dantas Brites, Valria Flora Hadel e Cludio Gonalves Tiago

    Luidia ludwigi Bell, 1917

    NOME POPULAR: Estrela-do-marSINONMIAS: Luidia scotti Bell, 1917; Luidia doello-juradoi Bernaconi, 1941; Luidia rosaurae John & A.M. Clark, 1954FILO: EchinodermataCLASSE: AsteroideaORDEM/CLADO: PaxillosidaFAMLIA: Luidiidae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: no consta

    CATEGORIAS RECOMENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): VU A3c; D2

    INFORMAES GERAIS

    Luidia ludwigi uma estrela-do-mar que tem a superfcie superior do disco central com manchas na cor rosa escuro e bandas transversais do mesmo tom nos braos, por vezes unidas por uma faixa central contnua. A superfcie ventral de cor creme. Possui disco central pequeno e cinco braos. A distncia entre o centro do disco e a ponta dos braos pode chegar a 90 mm. Os ps ambulacrais terminam em ponta, sem ventosas. So predadores, alimentando-se de moluscos, crustceos e o urides. Geralmente,

  • Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino

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    so encontrados em fundos no consolidados de areia grossa ou na. As populaes vm apresentando reduo, sendo estimadas em menos de 1.000 indivduos adultos. A espcie est sujeita aos efeitos de atividades antrpicas, correndo o risco de se tornar Criticamente em Perigo ou Extinta em curto perodo de tempo.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    A espcie ocorre no Golfo do Mxico, no Estado da Flrida (EUA), no Caribe e na costa da Amrica do Sul, da Venezuela Argentina. A distribuio batimtrica vai de 30 a 130 m. Sem evidncias de que a distribuio pretrita seja distinta da atual.

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    Desconhecida.

    PRINCIPAIS AMEAAS

    Como toda espcie de hbito bentnico, L. ludwigi altamente suscetvel ao efeito dos poluentes, tanto os presentes na coluna de gua como aqueles que se acumulam no substrato. A coleta acidental, como fauna acompanhante em arrastos de pesca, coloca em risco populaes inteiras desta espcie.

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO

    Proteo dos habitats da espcie, com nfase na scalizao da captura acidental. Incentivar programas de educao ambiental, como ferramentas de auxlio na preservao e scalizao. So necessrias pes-quisas na rea da taxonomia, distribuio, biologia e ecologia da espcie, a m de obter dados essenciais para evitar ou mitigar eventuais impactos antrpicos e naturais sobre as populaes.

    ESPECIALISTAS/NCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAO

    Carlos Renato Rezende Ventura (MNRJ).

    REFERNCIAS

    64, 90, 176, 186, 188 e 189.

    Autores: Alice Dantas Brites, Valria Flora Hadel e Cludio Gonalves Tiago

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    Invertebrados Aquticos

    Luidia senegalensis (Lamarck, 1816)

    NOME POPULAR: Estrela-do-marSINONMIAS: Asterias senegalensis Lamarck, 1816; Luidia marcgravii Steenstrup in Ltken, 1860FILO: EchinodermataCLASSE: AsteroideaORDEM/CLADO: PaxillosidaFAMLIA: Luidiidae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: no consta

    CATEGORIAS RECOMENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): VU A3c; D2

    INFORMAES GERAIS

    Luidia senegalensis uma estrela-do-mar com a superfcie superior de cor cinza azulada ou esverdeada, com as bordas dos braos esbranquiadas. A superfcie inferior creme ou branca. O disco central pequeno e arredondado. Possui nove braos longos e achatados, raramente oito. A distncia entre o centro do disco e a ponta dos braos pode chegar a 250 mm. Possui paxilas retangulares e prximas umas das outras. No possui pedicelrias e os ps ambulacrais so longos e terminam em ponta, sem ventosas. geralmente encontrada em locais de baixo hidrodinamismo, com fundos lodosos, arenosos ou areno-lodosos, entremeados por conchas. uma predadora voraz de uma grande variedade de presas, especialmente dos moluscos bivalves. Pode predar outras espcies de equinodermes, entre as quais estrelas do gnero Astropecten e indivduos de sua prpria espcie. No entanto, pode ser predada por outras estrelas-do-mar e por aves marinhas, na mar baixa. As populaes vm apresentando reduo, sendo estimadas em menos de 1.000 indivduos adultos. A espcie est sujeita aos efeitos de atividades antrpicas, correndo o risco de se tornar Criticamente em Perigo ou Extinta em curto perodo de tempo.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    A espcie pode ocorrer no sul do Estado da Flrida (EUA), de forma espordica. Ocorre na Jamaica, nas Antilhas menores, em Belize, na Nicargua e ao longo da costa Sul-americana at o Estado de Santa Catarina (Brasil). Registros para a costa da frica no foram con rmados. A distribuio batimtrica vai do infralitoral at 64 m de profundidade, mas so raras abaixo dos 40 m. Sem evidncias de que a distribuio pretrita seja distinta da atual.

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    ASPE do CEBIMar/USP (SP).

    PRINCIPAIS AMEAAS

    Como toda espcie de hbito bentnico, L. senegalensis altamente suscetvel ao efeito dos po-luentes, tanto os presentes na coluna de gua como aqueles que se acumulam no substrato. A coleta acidental, como fauna acompanhante em arrastos de pesca, coloca em risco populaes inteiras desta espcie.

  • Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino

    | 182 |

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO

    Proteo dos habitats de ocorrncia da espcie, com nfase na scalizao da captura acidental. Incen-tivar programas de educao ambiental, como ferramentas de auxlio na preservao e scalizao. So necessrias pesquisas na rea da taxonomia, distribuio, biologia e ecologia da espcie, a m de obter dados essenciais para evitar ou mitigar eventuais impactos antrpicos e naturais sobre as populaes.

    ESPECIALISTAS/NCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAO

    Carlos Renato Rezende Ventura (MNRJ).

    REFERNCIAS

    64, 90 e 176.

    Autores: Alice Dantas Brites; Valria Flora Hadel e Cludio Gonalves Tiago

    Echinaster (Othilia) brasiliensis Mller & Troschel, 1842

    NOME POPULAR: Estrela-do-marSINONMIAS: Echinaster multispinus Rowe, 1974FILO: EchinodermataCLASSE: AsteroideaORDEM/CLADO: SpinulosidaFAMLIA: Echinasteridae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: no consta

    CATEGORIAS RECOMENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): VU A1d; C1; D2

    INFORMAES GERAIS

    Echinaster brasiliensis caracterizada por possuir entre nove e 13 leiras longitudinais de espinhos pequenos e numerosos, sustentados por placas planas. As placas adambulacrais possuem geralmente dois espinhos externos. A forma mais comum da espcie possui braos estreitos e alongados, enquanto, em propores menores, so encontrados espcimes com braos curtos e grossos e com espinhos menos numerosos. Echinaste brasiliensis apresenta uma produo contnua de gametas em todos os meses do ano, na regio de Bzios (RJ). Este asteride freqentemente encontrado nas regies entremars ou guas rasas, podendo ser fortemente in uenciado pelo fator salinidade. uma espcie comum na costa do Rio de Janeiro, sendo muito coletada por aquario listas, sem que haja a scalizao e o controle dessa extrao e comercializao. As espcies brasileiras do gnero Echinaster encontram-se ainda mal de nidas, pois possuem vrios morfotipos.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    A espcie ocorre em todo o litoral brasileiro, com distribuio geogr ca que se estende da Flrida at o Golfo de San Matias, na Argentina.

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    Invertebrados Aquticos

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    No comprovada. Provavelmente ocorre nas Unidades de Conservao da costa brasileira, como o PARNA Marinho de Abrolhos (BA).

    PRINCIPAIS AMEAAS

    Destruio e descaracterizao de hbitat, coleta predatria para ns de aquario lia, efeitos poluentes causados pelos constantes derramamentos de leo, esgotos sanitrios de origem domstica e industrial sem tratamento.

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO

    Fiscalizao e atuao do governo e dos rgos competentes na aplicao de penas aos infratores de leis ambientais, sobretudo no que diz respeito coleta predatria e comercializao. Realizao de pes-quisas sobre a biologia e a taxonomia, relacionadas principalmente aos problemas de identi cao das espcies desse gnero. Alm disso, a manuteno, proteo e recuperao das Unidades de Conservao e os programas de educao ambiental so necessrios como estratgias de conservao.

    ESPECIALISTAS/NCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAO

    Carlos Renato Rezende Ventura (MNRJ); Teresa Cristina Sauer de vila-Pires (MPEG); Luiz Roberto Tommasi (IO/USP).

    REFERNCIAS

    15, 65, 93, 96 e 175.

    Autores: Carlos Renato Rezende Ventura, Camila Freire Barcellos e Iuri Verssimo de Souza

    Echinaster (Othilia) echinophorus Lamarck, 1816

    NOME POPULAR: Estrela-do-marSINONMIAS: Echinaster spinosus Sladen, 1889FILO: EchinodermataCLASSE: AsteroideaORDEM/CLADO: SpinulosidaFAMLIA: Echinasteridae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: no consta

    CATEGORIAS RECOMENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): VU A1d; C1; D2

    INFORMAES GERAIS

    Echinaster (Othilia) echinophorus uma estrela-do-mar que se caracteriza por ser uma espcie de h-bitos bentnicos, geralmente associada a substratos consolidados. Possui colorao avermelhada. Pode ser encontrada desde a regio entremars at mais de 55 m de profundidade (Clark & Downey, 1992).

  • Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaada de Extino

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    Apesar de ser comum em nosso litoral, o genro Echinaster (Mller & Troschel, 1840) est mal de -nido na literatura, havendo muita confuso a respeito da identi cao das espcies do gnero. Alguns autores consideram esse gnero como um dos mais confusos entre os asterides que ocorrem no Oceano Atlntico. Essa confuso se baseia em dois pontos principais: a existncia de uma grande variabilidade nos caracteres morfolgicos, inclusive aqueles considerados diagnsticos (ou seja, taxonomicamente importantes para identi cao), e a descrio de vrias espcies de nidas de forma comparativa e com grande interpenetrao de caracteres. uma espcie relativamente pequena: a distncia entre o meio do disco e a extremidade distal do brao alcana aproximadamente 5 cm. Os braos so curtos e grossos e possuem, na superfcie oposta boca (aboral), duas faixas irregulares de espinhos grandes e fortes (de 2 a 3 mm), relativamente pouco numerosos e espaados entre si. Na regio oral, os sulcos ambulacrais so marginados em ambos os lados por trs sries de espinhos (vila-Pires, 1982; Clark & Downey, 1992). Geralmente, possuem cinco braos, mas j foram coletados espcimes com trs ou seis braos. De acordo com Jangoux & Lawrence (1982), alimentam-se preferencialmente de organismos incrustan-tes da epifauna e de detritos orgnicos depositados no substrato.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    Atlntico Sul: Brasil (regies Norte, Nordeste e parte do Sudeste [at a Bacia de Campos, RJ] [Cabo Frio, ver Clark & Downey, 1992]). Possui uma distribuio geogr ca que vai desde o Atlntico Norte: Golfo da Flrida (EUA) ao Mar do Caribe: Porto Rico, Jamaica, Nicargua, Belize, Bahamas e Vene-zuela.

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    REBIO Atol das Rocas (RN), PARNA Marinho de Fernando de Noronha (PE) e PARNA Marinho de Abrolhos (BA).

    PRINCIPAIS AMEAAS

    Os principais tipos de ameaa so: destruio e descaracterizao do hbitat, captura predatria para comercializao, efeitos poluentes (derrames de leo, esgotos de origem domstica e industrial), sanea-mento precrio e excesso de turistas e mergulhadores nas localidades onde ocorrem.

    ESTRATGIAS DE CONSERVAO

    Entre as principais estratgias de conservao da espcie, est a scalizao e atuao do governo e dos rgos competentes na aplicao de penas aos infratores de leis ambientais, sobretudo no que diz respeito coleta predatria e comercializao, feita principalmente por aquario listas e turistas. A realizao de pesquisas sobre a biologia e taxonomia importante para a compreenso da reproduo, dos hbitos alimentares e dos problemas quanto identi cao segura das espcies congenricas e dos morfotipos, que podem ser de mais de uma espcie. Alm disso, a manuteno, proteo e recuperao das Unidades de Conservao e os programas de educao ambiental so necessrios como estratgias de conservao.

    ESPECIALISTAS/NCLEOS DE PESQUISA E CONSERVAO

    Carlos Renato Rezende Ventura (MNRJ); Teresa Cristina Sauer de vila-Pires (MPEG); Luiz Roberto Tommasi (IO/USP).

    REFERNCIAS

    15, 65, 93 e 96.

    Autores: Carlos Renato Rezende Ventura, Camila Freire Barcellos e Iuri Verssimo de Souza

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    Invertebrados Aquticos

    Echinaster (Othilia) guyanensis Clark, 1987

    NOME POPULAR: Estrela-do-marFILO: EchinodermataCLASSE: AsteroideaORDEM/CLADO: SpinulosidaFAMLIA: Echinasteridae

    STATUS DE AMEAABrasil (MMA, IN 05/04): AmeaadaEstados Brasileiros: no consta

    CATEGORIAS RECOMENDADASMundial (IUCN, 2007): no constaBrasil (Biodiversitas, 2002): VU A1d; C1; D2

    INFORMAES GERAIS

    Echinaster (Othilia) guyanensis uma estrela-do-mar que possui os braos moderadamente largos, com as extremidades arredondadas. Os espinhos so dispersos, a ados e curvos, especialmente nas placas marginais dos braos. A maioria dos espinhos localizados na margem do sulco dos braos (ambulacrais) est alinhada transversalmente ao sulco, de forma irregular. Os poros das ppulas esto distribudos em uma linha nica e de forma discreta, o que a difere de E. brasiliensis. O gnero Echinaster possui uma taxonomia mal de nida na literatura. As espcies congenricas possuem caracteres morfolgicos muito variados. De acordo com vila-Pires (1982) e Clark & Downey (1992), ocorrem trs espcies desse gnero na costa brasileira: E. brasiliensis, E. echinophorus e E. guyanensis. As trs espcies possuem caracteres morfolgicos muito variados, o que di culta a sua identi cao. Quando vivo, esse asteride possui colorao vermelho-escura. J foram coletados espcimes desde a regio litornea at 106 m de profundidade. No existem dados relacionados aos aspectos ecolgicos e reprodutivos dessa espcie.

    DISTRIBUIO GEOGRFICA

    Este asteride possui distribuio geogr ca que se estende do leste da Guatemala, costa sul atlntica da Amrica Central e norte da Amrica do Sul, at pelo menos a Guiana Francesa. Possivelmente, tambm encontrado na costa nordeste do Brasil. No h evidncias de que a distribuio pretrita seja distinta da atual.

    PRESENA EM UNIDADES DE CONSERVAO

    No comprovada. Provavelmente ocorre na REBIO do Atol das Rocas (RN), PARNA Marinho de Fer-nando de Noronha