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ONG foi criada para assegurar os direitos das crianças e adolescentes autistas
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1-AC U L T U R A & V A R I E D A D E S
Centro de Integração
AAZZUULL NO PRÓXIMO MÊS SERÁ LANÇADA EM IPATINGA A PRIMEIRA ONG VOLTADA PARAAUTISTAS DO VALE DO AÇO
Débora Anício
RREEPPÓÓRRTTEERR
IPATINGA - No início do próximo mês serálançada em Ipatinga a ONG Centro de Integra-ção Azul (CIA), Associação de Pais e Amigosdos Autistas do Vale do Aço. O projeto, quetem o intuito de integrar as crianças autistas aoconvívio social, será lançado oficialmente nodia 03 de agosto no Clube dos Pioneiros, nobairro Bom Retiro. Além de reunir os pais e ascrianças no primeiro encontro oficial da associa-ção, também será exibido o filme "Arthur e oInfinito - Um Olhar Sobre o Autismo".
A ideia de criar a ONG surgiu da necessida-de e desejo dos pais. "Foi um choque quandorecebi o diagnóstico da minha filha porque eunão conhecia o autismo. E quando ela começouo tratamento, aos dois anos de idade, é que fuiconhecendo o transtorno e vendo as necessida-des dela. Quando passei por esse processo é queentendi como a informação é tão importantepara os pais lidarem com o autismo", explicou otécnico em eletrotécnica Ismael Tavares, de 27anos, pai de Luiza, de quatro anos. A ideia decriar a associação nasceu na Clínica Comportar,no centro de Ipatinga, onde Luiza faz tratamen-to. "Uma das médicas que atende minha filhadisse que tinha o desejo de montar um grupovoltado para trabalhar com crianças com autis-mo. A partir daí a conversa amadureceu e envol-veu outros pais".
Atualmente o Centro de Integração Azul estáem processo de formação, mas já tem algunspontos acertados. "O estatuto e regimento inter-no já estão definidos, mas ainda precisamos for-mar a diretoria e decidir quais atividades serãooferecidas", explicou a fonoaudióloga LidianeBitencourt. Atualmente a ONG funciona deforma provisória na rua Belo Horizonte, nº320, no centro de Ipatinga. "Agora as ativida-des se limitam aos encontros com os pais nadefinição das atividades da associação", lem-brou Lidiane, contando que há cerca de 20 paisenvolvidos neste processo.
A fonoaudióloga ressalta também o momentoem que a ONG está sendo criada. "60% dascrianças que eu atendo são autistas. Hoje a inci-dência do transtorno é de 1 em 100 crianças,número considerado alto, já que supera a inci-dência de câncer e diabetes em crianças", pon-tuou Lidiane. "As características do autismo sãovariadas e diferem de pessoa para pessoa. Eesse um motivo ainda maior para que as pessoasse informem sobre o transtorno, principalmenteos pais, que precisam entender com o que estãolidando".
Os interessados em participar do lançamentoda ONG no dia 03 de agosto precisam confir-mar presença via email ([email protected]) ou telefone (9666-1459 - CarolinaBorges). Mais informações na página do grupono Facebook (CIA - Centro de Integração Azul).
ATIVIDADESEmbora a ONG ainda não tenha definido
todas as suas atividades, os organizadores daassociação adiantam o que pode vir pela frente."No início do ano fizemos um projeto de artecom as crianças e vamos repetir a dose no pró-ximo mês", contou Lidiane, falando sobre a ati-vidade programa para acontecer no dia 17 deagosto na sede do Lions Clube, no bairro Horto."Iremos estimular as crianças a desenhar atravésde brincadeiras".
A associação também prevê a realização de
cursos, palestras, treinamentos de pais e a buscapor convênios para atendimento terapêutico."Vamos buscar tudo que as crianças e as famí-lias precisam. Nosso foco é que a ONG sejauma referência não só para nossa região, maspara o Estado", enfatizou Lidiane.
O principal foco do grupo é melhorar a inte-gração das crianças à sociedade. "Vamos lidarcom as dificuldades de comportamento e comu-nicação das crianças. E para isso é preciso cons-cientizar os pais e ajudá-los a lidar com seusfilhos em casa e em ambientes sociais", refor-çou a profissional. "Os pais ficam perdidos como diagnóstico, e nossa missão é ajudar e apontarcaminhos, além de buscar tratamento para ascrianças, que precisam de atendimento multidis-ciplinar", enfatizou ela, lembrando que os autis-tas precisam de tratamentos como terapia com-portamental, terapia ocupacional e o acompa-nhamento de um neurologista um de um psi-quiatra infantil.
LUTA DIÁRIAComo a escala de classificação do autismo
varia de leve, moderado à grave; e as caracte-rísticas variam de paciente para paciente; nemsempre é fácil diagnosticar a doença. "Minhafilha não interagia com outras crianças e comum ano ela só conseguia pronunciar palavrasemboladas", explicou Ismael Madeira, que apósperceber as dificuldades de convívio social dafilha procurou ajuda médica. "Nós passamospor diversos profissionais até chegarmos àfonoaudióloga, que logo viu, pela fala da Luiza,que poderia ser autismo. Daí ela nos encami-nhou para a neuropsicóloga que confirmou odiagnóstico".
"O autismo da Luiza é leve. Temos um cui-dado especial com ela por conta do transtorno,mas ela não se enquadra no esterótipo de autistaque as pessoas imaginam", ressaltou o pai. "Otratamento é muito caro e não há previsão detérmino, pois depende do desenvolvimento decada um. Lidar com o transtorno é um desafiodiário", afirmou ele.
Ismael também ressalta que poucas pessoassabem lidar com o autismo. "Muitas escolas,inclusive particulares, não aceitaram minha filhaporque ela é autista. A verdade é que na práticaninguém sabe lidar com o transtorno e quasenenhuma escola é preparada para receber crian-ças especiais na região".
Hoje a filha de Ismael estuda em uma escolaparticular e no próximo ano precisará de umaprofessora particular. "Ela precisa de atençãoespecial na escola e o máximo que conseguimosfazer foi dividir os gastos com a professora. Aescola vai pagar metade do salário dela, e eupagarei a outra parte", explicou Ismael. "Aescola se mostrou disposta a ajudar, porém exis-te uma defasagem na educação de autistas.Minha filha já deveria estar fazendo algumasatividades que ainda não são ministradas. Aescola está aberta a ajudar, mas não está prepa-rada para isso".
Diante de todas essas dificuldades, Ismaelacredita que o funcionamento de uma ONG naregião possa amenizar os problemas. "A asso-ciação será um ponto de preparação e acompa-nhamento para que as escolas comecem ainvestir em crianças especiais. Vamos correratrás dos direitos dos nossos filhos", garantiuele. "Em alguns estados a passagem de ônibusé gratuita para quem faz tratamento médico,em outros é possível comprar um carro comdescontos, mas aqui nossa realidade é outra.O que a ONG tentará fazer é facilitar a rotinadas famílias".
A IDEIA de criar a associação surgiu de pais como Ismael Madeira, que tem uma
filha autista, Luiza de quatro anos
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