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NEWSLETTER/13 JANEIRO / FEVEREIRO / MARÇO 2013 Editorial Nesta newsletter destacamos as alterações ao Regime de Bens em Circulação, que poderão afetar a entrega de mercadorias e de bens de consumo aos portugueses na fase inicial da sua implementação. Temos assistido à polémica gerada nos últimos meses em torno de questões de segurança alimentar e comercialização fraudulenta de géneros alimentícios, motivo pelo qual dedicamos parte desta edição a este tema. Iva Rama ALTERAÇÕES AO REGIME DE BENS EM CIRCULAÇÃO A 1 de junho entram em vigor as alterações ao Regime de Bens em Circu- lação, publicadas no Decreto-Lei nº 198/2012. Com o objetivo de se estabelecerem regras que assegurem a integrida- de dos documentos de transporte e que garantam à Autoridade Tributária (AT) um controlo mais eficaz destes documentos, obstando à sua posterior viciação ou ocultação, foram introduzidas várias alterações ao regime de bens em circulação. Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas entre sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado, deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do diploma. Uma das alterações agora introduzidas exige que se comunique previa- mente à Autoridade Tributária qualquer transporte de mercadorias. A Autori- dade Tributária emitirá depois um código que ficará referido no documento de transporte respetivo. No que diz respeito ao processamento dos documentos de transporte, es- tes podem ser emitidos através dos seguintes meios: • Por via eletrónica, devendo estar garantida a sua autenticidade; • Através de programa informático que tenha sido objeto de prévia certifi- cação pela AT; • Através de software produzido internamente pela empresa ou por outra integrada no mesmo grupo económico; • Diretamente no Portal das Finanças; • Em papel, utilizando-se impressos numerados seguida e tipograficamente. Nota:Os documentos emitidos através de programa informático certificado e em papel com impressos numerados seguida e tipograficamente deverão ser emiti- dos em triplicado. Além da obrigatoriedade de emissão, passa a ser obrigatório comunicar à AT os elementos dos documentos emitidos, antes do início do transporte. Esta comunicação pode ser feita da seguinte forma: • Por transmissão eletrónica de dados para a AT, no caso de Guia de Trans- porte devidamente autenticada e no caso da respetiva emissão ser feita no site das finanças; • Através de serviço telefónico disponibilizado para o efeito, com a indicação dos elementos essenciais do documento emitido e com a obrigatoriedade de os mesmos dados serem inseridos no Portal das Finanças até ao 5º dia útil seguinte. Sempre que a comunicação dos elementos da Guia de Transporte seja efe- tuada eletronicamente, a AT atribui um código de identificação ao documento, código que faz dispensar a impressão do documento de transporte. A comunicação prévia do transporte acima descrita não é obriga- tória para os sujeitos passivos de IVA que no período de tributação anterior, tenham tido um volume de negócios inferior ou igual a €100.000. Esta comunicação prévia e a devolução de um código em tempo útil às em- presas, poderá bloquear muitos transportes e aumentar os tempos de entre- ga condicionando o normal desenrolar da cadeia de abastecimento. Desta forma, a entrega de mercadorias e de bens de consumo aos portugueses poderá estar comprometida na fase inicial de implementação destas altera- ções, até que todas as entidades estejam adaptadas ao novo funcionamento. Inês Santos 1

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NEWSLETTER/13JANEIRO / FEVEREIRO / MARÇO 2013

EditorialNesta newsletter destacamos as alterações ao Regime de Bens em Circulação, que poderão afetar a entrega de mercadorias e de bens de consumo aos portugueses na fase inicial da sua implementação.

Temos assistido à polémica gerada nos últimos meses em torno de questões de segurança alimentar e comercialização fraudulenta de géneros alimentícios, motivo pelo qual dedicamos parte desta edição a este tema.

Iva Rama

ALTERAÇÕES AO REGIME DE BENS EM CIRCULAÇÃO

A 1 de junho entram em vigor as alterações ao Regime de Bens em Circu-lação, publicadas no Decreto-Lei nº 198/2012.

Com o objetivo de se estabelecerem regras que assegurem a integrida-de dos documentos de transporte e que garantam à Autoridade Tributária (AT) um controlo mais eficaz destes documentos, obstando à sua posterior viciação ou ocultação, foram introduzidas várias alterações ao regime de bens em circulação. Todos os bens em circulação, em território nacional, seja qual for a sua natureza ou espécie, que sejam objeto de operações realizadas entre sujeitos passivos de imposto sobre o valor acrescentado, deverão ser acompanhados de documentos de transporte processados nos termos do diploma.

Uma das alterações agora introduzidas exige que se comunique previa-mente à Autoridade Tributária qualquer transporte de mercadorias. A Autori-dade Tributária emitirá depois um código que ficará referido no documento de transporte respetivo.

No que diz respeito ao processamento dos documentos de transporte, es-tes podem ser emitidos através dos seguintes meios:• Por via eletrónica, devendo estar garantida a sua autenticidade;• Através de programa informático que tenha sido objeto de prévia certifi-

cação pela AT;• Através de software produzido internamente pela empresa ou por outra

integrada no mesmo grupo económico;• Diretamente no Portal das Finanças;• Em papel, utilizando-se impressos numerados seguida e tipograficamente.Nota:Os documentos emitidos através de programa informático certificado e em papel com impressos numerados seguida e tipograficamente deverão ser emiti-dos em triplicado.

Além da obrigatoriedade de emissão, passa a ser obrigatório comunicar à AT os elementos dos documentos emitidos, antes do início do transporte. Esta comunicação pode ser feita da seguinte forma:• Por transmissão eletrónica de dados para a AT, no caso de Guia de Trans-

porte devidamente autenticada e no caso da respetiva emissão ser feita no site das finanças;

• Através de serviço telefónico disponibilizado para o efeito, com a indicação dos elementos essenciais do documento emitido e com a obrigatoriedade de os mesmos dados serem inseridos no Portal das Finanças até ao 5º dia útil seguinte.

Sempre que a comunicação dos elementos da Guia de Transporte seja efe-tuada eletronicamente, a AT atribui um código de identificação ao documento, código que faz dispensar a impressão do documento de transporte.

A comunicação prévia do transporte acima descrita não é obriga-

tória para os sujeitos passivos de IVA que no período de tributação

anterior, tenham tido um volume de negócios inferior ou igual a

€100.000.

Esta comunicação prévia e a devolução de um código em tempo útil às em-presas, poderá bloquear muitos transportes e aumentar os tempos de entre-ga condicionando o normal desenrolar da cadeia de abastecimento. Desta forma, a entrega de mercadorias e de bens de consumo aos portugueses poderá estar comprometida na fase inicial de implementação destas altera-ções, até que todas as entidades estejam adaptadas ao novo funcionamento.

Inês Santos

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JANEIRO / FEVEREIRO / MARÇO 2013

No primeiro trimestre deste ano assistimos a inúmeras declarações de falta de segurança e higiene alimentar. Têm surgido notícias em catadupa suge-rindo que aquilo de que nos alimentamos não é seguro.

Inicialmente surgiu a notícia de presença de ADN de cavalo em carne pica-da e produtos derivados (lasanha, hambúrgueres, almondegas) originando acesas discussões públicas elevadas pela comunicação social. Para uns a evidente deficiente rotulagem e para outros questões de segurança alimen-tar se levantam. Por si só a presença de carne cavalo não indica menor ou maior segurança alimentar nos produtos visados, o que está em jogo é o conhecimento e informação dada ao consumidor. O consumidor deve estar perfeitamente consciente de que aquilo que pagou foi efetivamente uma lasanha de carne de vaca e porco. Uma questão importante é que “apenas encontramos o que procurarmos”, o que significa que apenas se detetou carne de cavalo porque se foi investigar a presença de ADN de cavalo e não de outro qualquer animal. A questão é: que mais estaremos nós a con-sumir!? Algumas marcas vieram a público também assumir a presença de carne de burro em hambúrgueres.

Foi detetada também a presença de sulfitos em carnes picadas, razão de grande preocupação por parte dos consumidores. Os fabricantes produzem os alimentos de forma a ir de encontro às necessidades e exigências dos consumidores. Ninguém quer um iogurte de morango sem cor, por isso os produtores adicionam corantes; com a vida agitada atual o consumidor pre-fere fazer as suas compras quinzenalmente ou mesmo mensalmente, por isso adicionam-se conservantes a variados alimentos para que tenham um prazo de validade mais alargado; o consumidor quer um iogurte saboroso e doce sem as calorias adjuvantes, pelo que os fabricantes adicionam edulco-rantes. Os consumidores querem a carne de cor saudavelmente vermelha nas prateleiras, os produtores adicionam sulfitos aos produtos cárneos para o manterem no expositor com uma cor mais convidativa. Apesar de alguns erros que possam ocorrer, como parece ser o caso, a utilização de aditivos em produtos alimentares está muito bem estudada, existindo legislação eu-ropeia rigorosa e apertada, sendo que o tipo de aditivos e as doses máxi-mas utilizadas estão bem definidos para garantir que não existem perigos decorrentes da sua utilização a médio/longo prazo.

Por fim, uma outra cadeia retirou do mercado produtos de pastelaria (tarte de chocolate) com níveis perigosamente elevados de coliformes de origem fe-

Daniela Leite

SEGURANÇA ALIMENTAR EM ALTA

cal. A indignação e as manifestações de desagrado nos “media” fizeram-nos perceber que os consumidores estão muito pouco informados da realidade. Infelizmente é bastante mais comum do que se poderia esperar que diversos produtos alimentares estejam contaminados com bactérias mais ou menos patogénicas, quer seja devido à presença destas bactérias nas matérias-pri-mas, contaminações cruzadas entre alimentos preparados e alimentos crus, ou mesmo devido a contaminação por parte dos manipuladores de alimentos. Aos manipuladores se exige que uma lavagem de mãos seja levada a sério, que a sua responsabilidade é elevada e que a segurança alimentar e a saúde pública dos consumidores está literalmente nas suas mãos.

Não existe legislação específica nacional ou europeia para os critérios mi-crobiológicos de alimentos prontos a consumir que aponte valores indicati-vos de contaminação microbiológica, pelo que a análise de coliformes não é aconselhada nem obrigatória. Internamente, no nosso país, existe um guia do INSA (Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge) - “Valores Guia para avaliação da qualidade microbiológica de alimentos prontos a comer preparados em estabelecimentos de restauração” onde é aceitável uma contagem de coliformes totais até 1000 UFC/g em sobremesas doces com ingredientes totalmente cozinhados (tarte de chocolate) podendo subir para 10000 UFC/g em saladas, vegetais ou frutos crus.

Alarmismos à parte, por si só, os coliformes totais não são obrigatoriamente bactérias patogénicas, isto é bactérias que provocam doença, sendo nor-malmente utilizados apenas como indicadores da higiene dos produtos, das instalações e dos manipuladores dos alimentos.

É importante que os consumidores estejam informados quanto aos alimen-tos que consomem, quer seja relativamente a rotulagem, aditivos utilizados e segurança e higiene alimentar, para que em situações de alarme levanta-dos pela comunicação social, sejam capazes de avaliar o risco, perceben-do até que ponto a sua segurança está em risco ao consumir diariamente produtos alimentares. Por fim importa referir, que os critérios de higiene e segurança alimentar estão cada vez mais apertados na União Europeia, sendo mantidos sistemas de vigilância que pretendem diminuir o número de situações problemáticas na área garantido a segurança dos consumidores.

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Propriedade VLM Consultores, S.A. | Aveiro Business Center – Rua da Igreja, nº 79 E1, N.ª Sr.ª de Fátima | 3810-744 Aveiro |t 234 378 610 | e [email protected] | www.vlm.pt | Redacção: Unidade de Segurança Alimentar | Conceção: Walk

LEGISLAÇÃO

FORMAÇÃO

JANEIRO / FEVEREIRO / MARÇO 2013

Alegações de Saúde

• Decisão de Execução da Comissão, de 24 de janeiro de 2013, que adota orien-tações para a execução de condições específicas de alegações de saúde

Alimentação Animal

• Regulamento (UE) nº 68/2013 da Comissão, de 16 de janeiro de 2013, relativo ao Catálogo de matérias-primas para alimentação animal

Aditivos Alimentares

• Regulamento (UE) nº 25/2013 da Comissão, de 16 de janeiro de 2013, relativo ao aditivo alimentar diacetato de potássio

• Regulamento de Execução (UE) nº 230/2013 da Comissão, de 14 de mar-ço de 2013, relativo à retirada do mercado de determinados aditivos para a alimentação animal pertencentes ao grupo das substâncias aromatizan-tes e apetentes

Vinhos

• Regulamento de Execução (UE) nº 144/2013 da Comissão, de 19 de fe-vereiro de 2013, referente a determinadas práticas enológicas e às restri-ções que lhes são aplicáveis

Contaminantes Alimentares

• Regulamento (UE) nº 101/2013 da Comissão, de 4 de fevereiro de 2013, relativo à utilização do ácido láctico para reduzir a contaminação superfi-cial microbiológica das carcaças de bovinos

Comercialização de alimentos

• Decreto-Lei nº 2/2013 - Primeira alteração ao Decreto-Lei n.º 118/2010, de 25 de outubro, reduzindo o prazo limite de pagamento para 30 dias quando o credor for uma micro ou pequena empresa de bens alimentares exclusivamente destinados ao consumo humano

• Recomendação da Comissão, de 19 de fevereiro de 2013, relativa a um plano de controlo coordenado com vista a determinar a prevalência de práticas fraudulentas na comercialização de certos alimentos

Qualidade dos géneros alimentícios

• Retificação do Regulamento (UE) nº 1151/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de novembro de 2012, relativo aos regimes de quali-dade dos produtos agrícolas e dos géneros alimentícios

• Regulamento de Execução (UE) nº 238/2013 da Comissão, de 15 de mar-ço de 2013, que altera o Regulamento de Execução (UE) nº 481/2012 no respeitante ao período de eficácia dos certificados de autenticidade para a carne de bovino de alta qualidade

Certificados veterinários

• Regulamento de Execução (UE) nº 191/2013 da Comissão, de 5 de março de 2013, relativo aos atestados de bem-estar animal incluídos nos mode-los de certificados veterinários

• Regulamento de Execução (UE) nº 300/2013 da Comissão, de 27 de março de 2013, que estabelece as condições de saúde pública e de sanidade animal e os requisitos de certificação veterinária para a intro-dução na União Europeia de leite cru e de produtos lácteos destinados ao consumo humano

Critérios microbiológicos

• Regulamento (UE) nº 209/2013 da Comissão, de 11 de março de 2013, relativo aos critérios microbiológicos aplicáveis a rebentos e às regras de amostragem de carcaças de aves de capoeira e carne fresca

Azeites

• Regulamento de Execução (UE) nº 299/2013 da Comissão, de 26 de mar-ço de 2013, relativo às características dos azeites e dos óleos de bagaço de azeitona, bem como aos métodos de análise relacionados

A AcademiaVLM vai promover as seguintes ações de formação na área da segurança alimentar:

• 6 de Maio - Higiene e Segurança Alimentar• 29 e 30 de Maio - Metodologia HACCP• 3 de Junho - Rotulagem de Produtos Alimentares

Mais informações em www.academiavlm.pt

www.yourlab.pt

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