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Os javalis vieram para o Brasil com os portugueses que apreciavam muito sua carne e não se sabe ao certo acabaram adentrando por nossas matas e se instalando nos mais diversos ambientes. Atualmente os javalis são criados por alguns produtores (devem obrigatoriamente ter registro de suas criações junto ao IBAMA) interessados em sua carne de alto valor agregado (1 Kg de carne de javali pode chegar a custar R$ 50,00). Devido às poucas pesquisas referentes a esses animais, o técnicos atuais utilizam as mesmas técnicas de criação de suínos (pois são os animais mais próximos dos javalis). Uma técnica que pode ser utilizada com relativo sucesso é o SISCAL (sistema intensivo de criação ao ar livre, criado pela EMBRAPA) desenvolvido para criar suínos ao ar livre, nesse sistema os animais são divididos em piquetes ao ar livre, permitindo que a espécie expresse seus hábitos naturais, como o de fuçar a terra. Tratando-se da nutrição desses animais, pode ser utilizado os mesmos núcleos vitamínicos (PREMIX) e ração (geralmente a base de soja e milho) semelhantes as utilizados em criações convencionais de suínos. Devemos ficar atentos ao fato que o javali por ser um animal rústico, provavelmente deverá ser criado por um maior tempo (visando o peso de abate). Ao que se referem à reprodução dos javalis, esses são animais menos prolíficos que os suínos (geralmente cada leitegada é composta por 5 a 7 leitões) então será necessário um sério processo de seleção genética para aumentar a prolificidade da espécie. Os cuidados sanitários para criação devem ser visando principalmente à eliminação de parasitas (devido a criação

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Javalis

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Os javalis vieram para o Brasil com os portugueses que apreciavam muito sua carne e não se sabe ao certo acabaram adentrando por nossas matas e se instalando nos mais diversos ambientes.

Atualmente os javalis são criados por alguns produtores (devem obrigatoriamente ter registro de suas criações junto ao IBAMA) interessados em sua carne de alto valor agregado (1 Kg de carne de javali pode chegar a custar R$ 50,00).

Devido às poucas pesquisas referentes a esses animais, o técnicos atuais utilizam as mesmas técnicas de criação de suínos (pois são os animais mais próximos dos javalis). Uma técnica que pode ser utilizada com relativo sucesso é o SISCAL (sistema intensivo de criação ao ar livre, criado pela EMBRAPA) desenvolvido para criar suínos ao ar livre, nesse sistema os animais são divididos em piquetes ao ar livre, permitindo que a espécie expresse seus hábitos naturais, como o de fuçar a terra.

Tratando-se da nutrição desses animais, pode ser utilizado os mesmos núcleos vitamínicos (PREMIX) e ração (geralmente a base de soja e milho) semelhantes as utilizados em criações convencionais de suínos. Devemos ficar atentos ao fato que o javali por ser um animal rústico, provavelmente deverá ser criado por um maior tempo (visando o peso de abate).

Ao que se referem à reprodução dos javalis, esses são animais menos prolíficos que os suínos (geralmente cada leitegada é composta por 5 a 7 leitões) então será necessário um sério processo de seleção genética para aumentar a prolificidade da espécie.

Os cuidados sanitários para criação devem ser visando principalmente à eliminação de parasitas (devido a criação ser ao ar livre) que irão prejudicar o desempenho dos animais. A utilização do vazio sanitário nas instalações é indicada para quebrar o ciclo de vida dos patógenos.

Mais informações são necessárias para se estabelecer uma criação técnica dos javalis, porém a sua adaptação a técnicas zootécnicas já utilizadas para os suínos convencionais (desde que não haja um confinamento dos animais) mostra-se viável, além do que o maior tempo de abate dos javalis é compensado pelo seu valor de mercado.

Tabela 1. Dados zootécnicos da criação de javali (Sus scrofas).

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Desmame (dias) = 70

Peso ao abate (Kg) = 80

Nº Crias/javali/ano = 2

Idade ao abate (dias) = 300

Nº de leitões/leitegada = 3-7

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Criação de javali em cativeiro - técnicas empregadas no sistema de manejoMuitas das técnicas empregadas no manejo de javali são baseadas nas mesmas práticas utilizadas na suinocultura. O produtor deverá ter o bom senso de adaptá-las às características de sua propriedade, para prosperar no empreendimento

A carne de javali sempre terá o atrativo do exótico, além de ser saborosa e saudável

O consumo de carne de javali, animal silvestre, sempre terá o atrativo do exótico e, nos dias de

hoje, com a preocupação voltada para a diminuição do consumo decolesterol e gordura, os

moradores dos grandes centros urbanos têm mostrado grande interesse no consumo de uma

carne saborosa e saudável, como a de javali. 

No entanto, o javali, tanto em sua forma selvagem como os mestiços, originados do

cruzamentos com os porcos domésticos, “javaporcos”, é considerado uma praga agrícola. Além

da alta taxa de  reprodução, estes animais  devastam culturas agrícolas como milho e cana-de-

açúcar. É comum o ataque dos javalis à filhotes de outros animais e aos ninhos de algumas

aves, quando feitos no chão. Neste último caso, além de comerem os ovos, comem, também,

os filhotes.

“Esta espécie afeta também o equilíbrio das matas quando consome e pisoteia as raízes das

plantas, dispersa os propágulos das plantas que se multiplicam vegetativamente e degrada o

habitat de aves nativas pelo distúrbio que provoca na vegetação, além de influenciar na

sucessão florestal, afirma o professor Sérgio Luiz Gama Nogueira Filho, do curso Criação de

Javali, elaborado pelo CPT – Centro de Produções Técnicas.

Sendo assim, o IBAMA, órgão responsável pelo meio ambiente, impôs restrições quanto ao seu

manejo e, somente permite a criação em cativeiro do javali por meio de um maior controle

possível para que se desenvolva a atividade de tal maneira, que impeça a sua fuga.

O javali, tanto o selvagem como o mestiço, é considerado uma praga agrícola

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Para garantir o mercado de comercialização da carne do Javali, cabe aos produtores

controlarem o seu cruzamento com o porco doméstico, já que na realidade, na carne do animal

meio-sangue, as características do porco doméstico prevalecem mais facilmente.

Para os criadores, um maior controle do cruzamento do javali com o porco doméstico é

importante porque: 

a) garante a qualidade do produto; 

b) protege o consumidor, que não será lesado por comprar “gato por lebre”;

c) garante a manutenção dos ganhos obtidos com a comercialização da carne de javalis que

sempre vai ser um produto nobre, destinado a um mercado consumidor de maior poder

aquisitivo, em virtude dos maiores custos de produção em relação ao porco doméstico ou do

javaporco.

Muitas das técnicas empregadas no manejo de javali são baseadas nas mesmas práticas

utilizadas e descritas em manuais de suinocultura com algumas adaptações. O produtor, por

sua vez, deverá ter o bom senso de adaptá-las às características de sua propriedade, para

prosperar no empreendimento.

Sistemas de manejo

Fatores como disponibilidade de recursos financeiros, área, matrizes e reprodutores, água e

vegetação arbórea e/ou arbustiva, devem ser levados em conta na hora da escolha dos

diferentes sistemas de criação que podem ser utilizados para o manejo de javalis. Em geral, a

criação de javalis pode ser estabelecida em propriedades nas quais já existam instalações

destinadas à criação tradicional de porcos, em que era empregado um sistema misto de

criação (parte confinado e parte à solta em piquetes) mas vão ser necessárias várias

adaptações. O melhor é a construção de instalações específicas para a criação de javalis. A

criação de javalis pode ser feita basicamente da mesma maneira que era feita a criação de

porcos antigamente no sistema de semi confinamento. Matrizes, reprodutores e animais em

engorda são mantidos em piquetes gramados. Como consequência, a sua carcaça e o sabor

de sua carne vai ser ainda mais diferenciado em relação à carne de porco, o ganho de peso

será mais acelerado e os animais terão uma condição de vida mais próxima da que teriam na

natureza, isto é, estaremos fornecendo conforto que vai ser traduzido em bem estar dos

animais e, consequentemente, melhores índices zootécnicos. Além disso, as matrizes e

machos reprodutores mantidos em piquetes não apresentam problemas de casco e não

estando confinados poderão se exercitar mais, não se tornarão obesos e terão uma

performance reprodutiva melhor.

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Na natureza, os javalis são considerados onívoros, isto é, consomem tanto alimentos de origem vegetal quanto animal

Instalações para a criação de javalis

Para a escolha do local onde vai ser instalada a criação de javalis, o produtor deve levar em

conta as seguintes considerações: deve ser feita em um terreno alto, seco, com boa drenagem

de fácil acesso, afastado de trânsito e com água abundante. Cada animal adulto consome de 8

a 16 litros de água por dia e os animais em crescimento, uma média de 3 a 5 litros por dia;

além disso o criador deve se lembrar de que precisará de água para limpeza periódica de

corredores e outras partes das instalações com piso cimentado. O produtor ainda deve levar

em conta: declividade (não pode ser superior a 12 % para evitar problemas de erosão);

presença de sombra (é recomendável, mas não pode ser em excesso) e tipo de solo (deve ter

boa drenagem mas não pode ser muito arenoso). Para se tornar rentável o produtor vai

precisar de pelo menos 20 matrizes e dois machos reprodutores para iniciar a criação de

javalis.

Manejo reprodutivo de javalis

Nos trópicos, sua reprodução pode ocorrer durante o ano todo. O produtor conseguirá duas

parições ao ano, caso alimentar e manejar adequadamente as fêmeas matrizes. As fêmeas

têm um ciclo estral de 21 dias e são receptivas por dois a três dias. O período de gestação

varia de 100 a 140 dias (em geral é de 115 dias). O número de filhotes varia de 1 a 12, mas,

usualmente, nascem de 4 a 8. Na natureza, ao contrário dos demais artiodáctilos, os filhotes de

javali nascem em um ninho e aí permanecem até 15 dias após o parto, as fêmeas afastam-se

apenas para se alimentar e logo retornam para o ninho. Naturalmente, são desmamados com

três a quatro meses e podem deixar a mãe antes do nascimento da próxima ninhada, mas as

fêmeas jovens quase sempre permanecem com a mãe por mais tempo. A entrada na vida

reprodutiva pode ser a partir do oitavo mês, mas recomenda-se esperar ao menos o segundo

cio para cobrir uma javalina; existe muita variação individual, mas até os 18 meses de vida, a

javalina já deve ter entrado no segundo cio. Após a cópula, o criador deve fornecer o máximo

de conforto para as fêmeas possivelmente prenhes, fornecer o alimento em comedouros

espalhados pelo piquete para evitar disputas por alimento e observar o seu comportamento,

detectando a entrada em novo cio.

Manejo alimentar de javalis

Na natureza, os javalis são considerados onívoros, isto é, consomem tanto alimentos de origem

vegetal quanto animal, raízes, tubérculos, capim, salamandras, ovos de aves, e filhotes de

outros animais são incluídos em sua dieta. Não existem informações específicas sobre as suas

exigências nutricionais. Contudo, por se tratar do ancestral do porco doméstico podemos, a

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princípio, adotar as mesmas tabelas de exigências nutricionais de suínos, mas com o bom

senso de fazer adaptações em razão de serem animais muito menos exigentes e que nem

sempre vão responder aos níveis nutricionais empregados na moderna suinocultura e o

produtor estaria jogando dinheiro fora se seguisse à risca estas recomendações nutricionais.

Não podemos esquecer que os javalis devem ter à disposição água fresca, pura e à vontade.

Os machos reprodutores devem receber de 1,0 a 2,0 kg de ração por dia divididos em duas

refeições. Deve-se controlar o peso do animal e fornecer água limpa e à vontade. Em geral, os

criadores de javali procuram suplementar a dieta com alimentos volumosos, na ordem de 25%

do consumo voluntário diário, para fêmeas em reprodução, machos reprodutores e animais em

terminação. Utiliza-se abóbora, cana-de-açúcar, silagem de milho ou sorgo, capim elefante

picado (Napier), o que ajuda a diminuir os gastos com a alimentação, evita o perigo dos

animais reprodutores engordarem demais, melhora consideravelmente a carcaça e também

auxilia a diferenciar ainda mais o sabor da sua carne em relação à carne de suínos. Se a

criação for em região próxima a um laticínio, o fornecimento de soro de queijo vai deixar sua

carne ainda mais vermelha. O produtor também deve estar ciente que, quando os animais são

criados em piquetes com pastagem de gramíneas e/ou leguminosas, isto não significa que vão

diminuir o seu consumo de outros alimentos. A alimentação de fêmeas que vão entrar em

reprodução deve ser diferenciada da fornecida para animais que vão para o abate. É

necessário que seja rica em proteína (14%). Cuidados com a alimentação dos filhotes de javali

devem ser os seguintes: enquanto não são feitos testes específicos para evitar anemia em

função da pequena quantidade de ferro presente no leite da javalina e por estarem sendo

criados em baias com piso de cimento, pode-se aplicar uma injeção de ferro dextran no terceiro

dia de vida para suprir as necessidades de ferro dos filhotes.

O produtor conseguirá duas parições ao ano, caso alimentar e manejar adequadamente as fêmeas matrizes

Crescimento e idade de abate

Em locais onde os javalis são criados em pequenos piquetes com densidade em torno de 50

m2 por animal, o abate é realizado por volta dos 180 a 300 dias de vida, ou quando atingem de

40 kg de peso vivo. Animais cruzados apresentam taxas de crescimento mais aceleradas, mas

suas exigências nutricionais são maiores do que os puros que têm crescimento mais lento.

Para o produtor, quanto mais cedo o abate mais interessante, porque nas fases iniciais do

crescimento os animais apresentam a maior taxa de ganho de peso e melhor conversão

alimentar, isto é, crescem mais rápido com um menor consumo. Outro fator que deve ser

levado em consideração é que restaurantes preferem carcaças grandes mas, quando a carne

for comercializada para boutiques de carne, os consumidores desses estabelecimentos dão

preferência a peças menores (pernis de no máximo 2,0 kg).

Castração e marcação

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A finalidade da castração varia com cada espécie animal e, no caso de suínos, ela é obrigatória

para eliminar da carne de machos inteiros o odor e sabor repugnantes ao consumo humano.

Este odor é proveniente das secreções de uma bolsa presente próxima à extremidade do

pênis. A melhor época para realizar este procedimento seria por volta dos 15 dias de vida, mas

como é necessário um prazo maior para selecionar os futuros reprodutores, atualmente alguns

produtores estão realizando a castração aos 120 dias de vida. Para a marcação, é mais

utilizada a prática de marcação com brincos plásticos existentes no mercado para suínos,

apenas toma-se o cuidado da colocação do brinco na parte central da orelha para evitar que

caia após uma briga. Outra alternativa é o uso de “microchips” ainda, relativamente, caros no

Brasil.

Cuidados diários

Diariamente, deve-se observar o estado geral dos animais, as instalações e fazer os reparos

necessários. Deve-se verificar o funcionamento e fazer a limpeza dos bebedouros. Manter os

comedouros limpos sem restos do dia anterior, evitar ambientes sujos e lamacentos e entrada

de pessoas e animais estranhos à criação.

Diariamente, deve-se observar o estado geral dos animais, as instalações e fazer os reparos necessários