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JJOOGGAADDAASS BBEEMM--AASSSSOOMMBBRRAADDAASS
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© Copyright 2012, Carlos José dos Santos.
Capa e Ilustrações: Alison Nogueira e Emilio Grigoleto
1ª edição
(2012)
2ª Edição
(2013)
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida - em
qualquer meio ou forma -, nem apropriada e estocada sem a expressa
autorização de Carlos José dos Santos.
________________________________________ Santos, Carlos José dos
JOGADAS BEM-ASSOMBRADAS. Carlos José dos Santos. 2 ed. São
Paulo, SP: Perse Editora, 2013.14x21 cm. 68p.
ISBN 9788579535987
1. Literatura infanto-juvenil. Lendas. Folclore. Brasil. Título.
CDD- B869
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Reeditado pelo Autor
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Aos Coautores dos quatro primeiros episódios do
Projeto Histórias da Lua-cheia:
Estudantes da E.E. “Yoshiya Takaoka” – Turmas de
3ºs e 4ºs anos de 1990 a 1994
Estudantes da EMEF. “Profa. Vera Lúcia Carnevalli
Barreto – Turmas de 2ºs, 3ºs e 4ºs anos de 1992 a
1997
A VOCÊ, FIEL LEITOR(A) ___________________,
MEU CARINHO E GRATIDÃO,
________________________ ___/____/_____
O AUTOR
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OS “DIFER-ENTES”
Entes Esquisitos
“O Curupira é um anãozinho de cabelos cor de fogo, orelhas
muito pontudas como as de um duende e pés virados para
trás, ficando para frente os calcanhares.
Protege as plantas e os animais dos
caçadores, com muita garra, enganando-os
com seus pés que parecem estar vindo
quando estão indo.”
Ilustração de Emílio Grigoleto
“O Lobisomem é um ser metade homem, metade lobo; filho
nascido depois de sete filhas de uma família, aparece à noite,
com o corpo metade homem, metade lobo, nas
encruzilhadas e cemitérios. Às
vezes ataca as pessoas com
mordidas. Aparece em
galinheiros para comer o cocô
das galinhas.”
Ilustração de Emílio Grigoleto
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“O Homem-do-saco é um homem horroroso e maltrapilho,
que anda pelas estradas com um enorme saco nas costas.
Coloca crianças desobedientes e de mau comportamento
dentro do saco e vai-se embora
levando-as para fazer mingau ou
sabão.”
Ilustração de Emílio Grigoleto
Ilustração de Emílio Grigoleto
“O Bicho-papão é um monstrengo
cabeçudo, de orelhas e boca grandes,
todo esfarrapado que aparece nas
cantigas de ninar à noite para as
crianças. Gosta muito de ficar em
quartos escuros para assustar crianças
desobedientes que não querem dormir.”
Ilustração de Emílio Grigoleto
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“O Saci-pererê é um negrinho pestinha que
anda sempre com um capuz vermelho e um
baita cachimbo na boca, fazendo
travessuras tais como: amarrar os cadarços
dos sapatos de uma pessoa um no outro
para que ela caia ao dar um passo; dar nó
em rabo e crina de cavalo, arrancar pena
das galinhas e quebrar seus ovos. Dar
baforadas de cachimbo e rir de suas vítimas. O Saci tem uma
perna só e vive aos pulos. Sua carapuça pode fazê-lo
aparecer e desaparecer quando quiser. Mora no meio de
bambuzeiros com seus irmãos.”
“O Pé-de-garrafa tem a figura de um
homem, mas seus pés até os joelhos
têm formas de garrafa. Anda pela
mata, dando gritos bem fortes que
fazem as pessoas, geralmente
caçadores, ficarem surdos, loucos e
se perderem na mata.”
Ilustrações de Alison Silva
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OS “BICHANHOS”
Bichos Estranhos
“A Mula-sem-cabeça é uma mula assombradora que galopa
pela noite dando sustos .Solta chispas de fogo pelo pescoço.
Às vezes, soluça muito feito criança para enganar suas
vítimas. Para não ser percebido
pela Mula-sem-cabeça é só
esconder o branco dos olhos, as
unhas e os dentes.
Ilustração de Emílio Grigoleto
“O Boitatá é uma serpente
gigantesca inteirinha de fogo
que mora nos lagos mais
profundos. Ataca pessoas que
tem costume de atear fogo nas
matas. É portanto, um monstro
horripilante que protege as
matas contra incêndios.”
Ilustração de Alison Silva
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“A Mãozinha-preta como o nome diz, é uma mãozinha que
sem mais nem menos aparece se movimentando pelo ar. Às
vezes ajuda nos serviços de casa para que a pessoa fique
assustada. Outras vezes fica
muito nervosa e sai
atacando as pessoas com
beliscões muito fortes.”
Ilustração de Emílio Grigoleto
“Domingos Pinto Colchão é um galo endiabrado,
assombrador, meio desengonçado, mas esperto. Seu modo
de assombrar é entrando nas casas à
noite e derrubando tudo: cadeiras,
panelas, armários... Faz uma bagunça e
enquanto isso ri às gargalhadas. Também
é conhecido como Pinto Pelado.”
Ilustração de Alison Silva
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“A Anta-cachorro é um animal grande e monstruoso. Metade
do seu corpo para trás é igual ao de uma anta e os cascos
também. A metade do corpo para frente é de uma onça. É
mais feroz que um cachorro do mato, mas não consegue
trepar em árvores. Se estiver
perseguindo alguém e este
subir em uma árvore, a Anta-
cachorro vai cavando ao redor
da árvore até que ela caia e
então possa devorar a vítima.”
Ilustração de Emílio Grigoleto
“A Onça-boi é um animal assombrador com corpo de onça e
cabeça de boi, que anda pela floresta sempre em duplas.
Quando persegue alguém e este
sobe em uma árvore, o casal
monstruoso que não sabe subir,
fica embaixo esperando até o
fugitivo se cansar.”
Ilustração de Emílio Grigoleto
Obs.: É preciso ficar claro que, neste episódio a Onça-boi fêmea não
aparece, pois não há situação em que se precise assustar.
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PERSONAGEM SURPRESA
“A Iara é uma sereia que vive nas águas doces das
cachoeiras. Protetora das águas, ela tem o corpo da cintura
para baixo peixe e da cintura para cima mulher. Aliás, uma
linda moça de cabelos verdes e
olhos claros. Sua beleza dói tanto
nas vistas de quem a olha, que
podem ficar cegos. A Iara atrai para
as águas homens gananciosos com
seu belo e estridente canto.
Hipnotizados, tais homens se afogam.”
Ilustração de Emílio Grigoleto
A GUARDIÃ DA NOITE
“Ficou combinado entre a Lua, satélite
Terra, e os satélites que giram em torno dos
outros planetas, que toda vez que o dia 13
coincidisse com uma sexta-feira, os astros
fariam um grande encontro no espaço.
A Lua-cheia, grande contadora de histórias,
escolheria algum caso curioso e o contaria para entreter a
todos.
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Na primeira história, ela conta que...
altavam quinze minutos para as dezoito horas,
quando Garibaldo, o menino que todos chamavam de
perneta do time, só de raiva, resolveu dar um bico na
bola quando tivesse a chance de tocá-la.
O campinho ficava à margem de uma mata, que
pertencia à Fazenda Arvoredo.
Sabiam da mata, que nos últimos cem anos, jamais
alguém ousou adentrá-la, nem mesmo os mais corajosos e
experientes caçadores.
Sabiam os garotos, que exatamente há um século,
coisas estranhas aconteciam por lá, como o sumiço de um
grupo de pesquisadores gananciosos decididos a revelar ao
mundo dos negócios a presença de duendes mágicos e
graciosos.
Irritado com as gozações do grupo, Garibaldo estava
decidido a mostrar ao menos uma vez que não era tão mau
jogador assim.
Quando seu pé esquerdo encontrou a bola, o impacto
obteve um efeito tão impressionante a ponto de provocar as
F
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caras de espanto dos colegas como se dissessem uns aos
outros “não acredito no que vejo!”.
A bola voou a uma altura incrível. As caras de espanto
deram lugar em seguida a gestos de raiva, porque naquele
instante acabava-se o jogo. A bola tinha ido parar no meio da
mata e por mais que xingassem e mandassem Garibaldo
entrar lá para pegá-la, o coitadinho não teve coragem.
Como corria por aquelas redondezas que a partir das
dezoito horas as assombrações estavam à solta, a molecada
correu para casa, pálidos de medo.
Prometeram voltar para procurar o objeto no período
da manhã, que era a hora em que os monstros dormiam,
segundo a lenda.
Após uma votação, por decisão unânime, Garibaldo
entraria na mata até certo ponto, enquanto os outros
ficariam no campinho esperando o grito de “achei”. Só
depois do aviso é que entrariam na mata também.
No primeiro dia, Garibaldo após muitas tentativas de
fazer os colegas mudarem de ideia, sem sucesso, entrou, já
se borrando no primeiro minuto. A garotada ficou lá fora, no
campo, a manhã e a tarde inteira e nada de alguém gritar
pelo achado.
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Quase às dezoito horas e mortos de fome, resolveram
abandonar Garibaldo à própria sorte e se mandarem dali por
causa do momento horripilante que se aproximava. Foram-
se. Garibaldo, que espertamente, havia subido na primeira
árvore de galhos baixos que encontrou logo na entrada da
mata, pôs-se a descer após o longo período em que lá ficara
à espreita. Foi quando viu pela primeira vez uma
assombração. Um bicho grande, do tamanho de um avestruz
que mais parecia um galo gigante. O animalão tinha as penas
todas arrepiadas e o mais incrível, o bico repleto de dentes
afiados como os de um lobo.
Garibaldo ficou imóvel, pálido. Tentou gritar, mas sua
voz ficou presa na garganta. Tentou botar força, mas a voz
não saía mesmo. Pensou em seguida na sorte que teve por
não conseguir ser ouvido. Se o galo assombrado o
percebesse ali, nem imaginava o que teria acontecido.
Esperou apenas que o monstrinho se afastasse e foi
descendo devagar. Caminhando lentamente e a passos
medidos para não fazer qualquer coisa que denunciasse sua
presença nos domínios das assombrações, alcançou a saída
daquele lugar amedrontador. Ao avistar o campinho, não
havia um só “amigo” a esperar por ele. Voltou para casa,
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inventou uma desculpa para os pais pelo seu sumiço e se
entocou no quarto.
Bem à noitinha, enquanto Garibaldo tratava de
elaborar melhor a desculpa para dizer à professora a respeito
de sua falta, recebeu a visita dos outros meninos. Eles
estavam envergonhados pela atitude de deixarem o amigo
sozinho no meio da mata, exposto ao perigo. Apareceram
dispostos a pedir desculpas e prometer esquecer o episódio
da bicuda na bola.
Feito. Garibaldo aceitou as desculpas, afastou-se um
pouco até outro cômodo da casa e voltou logo mais
escondendo um estranho pacote às costas. Revelou-o em
seguida, dizendo a Tavinho:
_ Toma! Fique com essa bola nova que o meu pai
comprou. Devo isso a você por ter mandado a sua para o
meio da floresta assombrada.
Tavinho pegou o presente e agradeceu com um
sorriso de orelha a orelha.