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Liliana Abrantes, Ludmila Paquim e Rui Correia, alunos do I Ciclo em Economia, DEGEI “Um Pensador acerca da Europa” No passado dia 5 de Março, pelas 16h, o Dr. João Pedro Dias deslocou-se à Universidade de Aveiro para apresentar uma conferência intitulada “União Europeia Caminhos do futuro”. O orador começou por expor a situação atual da União Europeia no contexto da crise, acrescentando que esta é uma das mais graves desde os anos 50 e, posteriormente, apontou as suas causas exógenas e endógenas. Relativamente às primeiras, foi destacado o irreversível fenómeno da globalização, durante o qual o comércio foi liberalizado. A UE não se soube adaptar às novas circunstâncias e este fato, aliado às consequências da crise financeira americana (conhecida como Subprime) criaram desde logo um ambiente de risco. Como causas internas, João Pedro Dias destacou cinco: o fato de a UE não se ter adaptado às mudanças geopolíticas do projeto europeu desde o final da 2ª Guerra Mundial, o que ajudou a desenvolver uma bipolaridade no mundo (entre o Ocidente e o Oriente); a forma apressada e precipitada como a UE se alargou e o fato de se ter decidido reformar após os alargamentos; a criação da moeda única o Euro, sem o suporte de mecanismos adequados a esse processo, tais como, o tesouro europeu, e do orçamento insignificante da UE face aos seus desafios (consome cerca de 1% do PIB comunitário); o tratado de Lisboa que mudou a natureza da EU na medida em que reforçou o pilar intergovernamental e desvalorizou o pilar supranacional; e, por último, o desaparecimento da ambição política, gerando assim, uma crise nas lideranças políticas (quem mais contribui para

João Pedro Dias

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Page 1: João Pedro Dias

Liliana Abrantes, Ludmila Paquim e Rui Correia, alunos do I Ciclo em Economia, DEGEI

“Um Pensador acerca da Europa”

No passado dia 5 de Março,

pelas 16h, o Dr. João Pedro Dias

deslocou-se à Universidade de

Aveiro para apresentar uma

conferência intitulada “União

Europeia – Caminhos do futuro”.

O orador começou por expor a

situação atual da União Europeia no contexto da crise, acrescentando que

esta é uma das mais graves desde os anos 50 e, posteriormente, apontou as

suas causas exógenas e endógenas. Relativamente às primeiras, foi

destacado o irreversível fenómeno da globalização, durante o qual o

comércio foi liberalizado. A UE não se soube adaptar às novas circunstâncias

e este fato, aliado às consequências da crise financeira americana

(conhecida como Subprime) criaram desde logo um ambiente de risco.

Como causas internas, João Pedro Dias destacou cinco: o fato de a UE

não se ter adaptado às mudanças geopolíticas do projeto europeu desde o

final da 2ª Guerra Mundial, o que ajudou a desenvolver uma bipolaridade

no mundo (entre o Ocidente e o Oriente); a forma apressada e precipitada

como a UE se alargou e o fato de se ter decidido reformar após os

alargamentos; a criação da moeda única – o Euro, sem o suporte de

mecanismos adequados a esse processo, tais como, o tesouro europeu, e do

orçamento insignificante da UE face aos seus desafios (consome cerca de

1% do PIB comunitário); o tratado de Lisboa que mudou a natureza da EU na

medida em que reforçou o pilar intergovernamental e desvalorizou o pilar

supranacional; e, por último, o desaparecimento da ambição política,

gerando assim, uma crise nas lideranças políticas (quem mais contribui para

Page 2: João Pedro Dias

Liliana Abrantes, Ludmila Paquim e Rui Correia, alunos do I Ciclo em Economia, DEGEI

o orçamento comunitário é quem tem maior poder – caso da Alemanha e da

França).

Para além disto, constatou-se que é cada vez mais vulgar depararmo-

nos com o seguinte paradoxo proferido pelo orador “Critica-se o poder da

Alemanha, mas receia-se que esta deixe de contribuir para o orçamento

comunitário”.

Posto isto, o professor referiu três cenários possíveis ao desfecho da

crise. O primeiro assenta no pressuposto do Status Quo, isto é, a

manutenção da União Europeia tal como está, sem alterações tanto a nível

político, como monetário e social. Um segundo panorama passaria pela

própria dissolução da UE, visto que a sua permanência não pode ser

considerada como um dado adquirido, pois, todas as uniões criadas

historicamente tiveram um início e um fim. Por último, num cenário mais

positivo, perspetivou-se o aprofundamento político dos países que

compõem esta comunidade, dando origem, num futuro próximo, a um

verdadeiro modelo federal: “Estados Unidos da Europa”.

Em suma, o orador insistiu que é preciso reforçar o orçamento

comunitário, de forma a enfrentar os desafios futuros mais ambiciosos da UE

e, de uma forma metafórica, a conferência terminou com um excerto de

uma música emblemática portuguesa “Sempre que o homem sonha/ O

mundo pula e avança/ Como uma bola colorida/ Nas mãos de uma criança”.