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2 Revista Joias & Design - Setembro 2014

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joalheria

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2 Revista Joias & Design - Setembro 2014

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2 Revista Joias & Design - Novembro 2014

editorial

Rene Carlos Cruz RodriguesDiretor - Editor Chefe

Amanda Borges RodriguesDiretora - Editora

Marcia PompeiColaboradora

Liviane PiresColaboradora

Projeto GráficoEquipe Editora Leon

A Revista “Joias & Design” não se res-ponsabiliza por eventuais mudanças na programação de pauta, bem como pelas opiniões emitidas por colabora-dores, colunistas emitidas em suas edições.O conteúdo publicado em anúncios é de total responsabilidade do anun-ciante.

Se você tem alguma crítica, suges-tão ou elogio, escreva para o email: [email protected]. Sua opinião é muito importante para nós.

Se você é designer e quer ver seu trabalho divulgado na revista escreva para: [email protected]

AnúnciosA Editora Leon está abrindo

espaço para anunciantes. Preços de anúncios assim como informa-ções sobre a revista serão divul-gados no site da Editora Leon. Caso você queira anunciar na re-vista escreva para o email:[email protected].

Editora LeonRua Fortaleza n.244/2 - Recanto Elizabeth - Bragança Paulista - SP - CEP 12903-374Telefone (11)2473-3187

Um novo tempo

As novidadesdo novo tempo

Fiquem com Deus! Até a próxima!

Rene Carlos Cruz RodriguesEditor chefe

Todos vivemos momentos de novos tempos; alguns bons e outros ruins. Para nós o “novo tempo”, depois da mudança para Bragança Paulista, nos trouxe tristezas e alegrias. A tristeza veio da perda de um ente querido que nos abalou muito e as alegrias vieram do número de leitores que cresce a cada dia mostrando que estamos trilhando o caminho certo.

Você deve ter estranhado o atraso da revista no mês de novembro. Tive-mos problemas - mudança, nova estrutura, novos projetos e problemas pes-soais. Pensamos em juntar as edições de novembro e dezembro para diminuir o atraso, mas achamos que isso interromperia o projeto da revista mensal.

Publicar uma revista mensal com conteúdo técnico não é fácil. Mas, esse é nosso compromisso. Continuaremos nesse caminho.

Pois bem, amigo leitor! Nossa decisão foi de, mesmo atrasada, manter a revista com edições mensais. Estamos trabalhando muito para que a edição de fevereiro esteja no ar ainda no mês de fevereiro.

Temos certeza que juntos continuaremos a publicar uma revista de quali-dade e voltada para os interesses de quem cria e produz joias.

Uma revista técnica depende muito de seu conteúdo e da maneira com que o leitor aproveita esse conteúdo. Nossas edições têm mostrado que em termos de conteúdo estamos no caminho certo. No entanto, também perce-bemos que muitas coisas precisam ser melhoradas - anúncios, site interativo, novos produtos e maior participação do leitor. É isso! Estamos trabalhando para, passo a passo, conseguir alcançar essas metas.

Sabemos que sua participação é de extrema importância e contamos com ela.

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biojoia

Capim douradoo “ouro” da biojoia

Seu brilho é como o do ouro, o preço nem tanto. Em Tocantins, não é tão díficil de encontrar quanto seu “amigo valioso”, mas sua raridade o torna protegido por leis brasileiras que asseguram sua continuidade na natureza.

O fato é que o capim dourado caiu na admiração dos brasileiros e estrangeiros.

O capim dourado (Syngonanthus nitens) é uma espécie de “sempre viva”. Ganhou este nome por ter uma cor semelhante à do ouro. Ele só é en-contrado nas planícies e cerrados da região do Jalapão, em Tocantins, nor-deste do Brasil. É uma planta selva-gem, nativa desta região, que cresce sem o uso de adubos ou pesticidas.

Foto: Agência Tocantinense de Notícias

Através do incentivo da primeira--dama do estado, Eleusa Miranda Costa, os artesãos deram início à uma história de evolução e cresci-mento sustentável da região, pois desenvolveram novas peças e apri-moraram o artesanato - que logo foi reconhecido pelo público geral e pe-las autoridades locais.

Em 2007, através do apoio do Se-

brae e do Governo Brasileiro, o Capim dourado ganhou o mundo com a utili-zação da técnica em joias e adornos pessoais. A comunidade local come-çou a criar joias e vendê-las através da internet. Os turistas que visitavam a região foram se apaixonando pelas peças e divulgando em todos os can-tos do mundo.

O lado ruim dessa história é que isso atraiu colhedores de outras regi-ões, que começaram a “contrabande-ar” as plantas, em períodos de coleta inapropriados, prejudicando a popu-lação local e a própria sobrevivência da espécie.

Para acabar com esse problema, o Governo Brasileiro criou diversas Essa planta ganhou mais vida

com as técnicas de artesanato que foram criadas pelos indígenas da re-gião e passadas de geração em gera-ção e, repassadas aos ex-escravos, nos quilombos.

Nesta época, as técnicas eram uti-

lizadas principalmente para fabricar utensílios domésticos como cestas, vasos e cumbucas. A primeira vez que apareceu ao público geral foi em 1993, na 1ª edição da FECOARTE (Feira de Folclore, Comidas típicas e Artesanato do Estado do Tocantins), realizada em Palmas-TO.

www.hak.com.brwww.piejan.com.br

www.goldengrass.co.uk

Amanda Rodrigues

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leis que, desde 2007, regulamentam a forma e a época da colheita, que só pode ocorrer de 20 de setembro a 20 de novembro. O capim “in natura” foi proibido de ser retirado da região e, além disso, somente artesãos cadas-trados e da comunidade podem fazer a colheita.

Essas leis permitem que somente peças prontas de artesanato sejam comercializadas, garantindo a susten-tabilidade social e econômica do local.

A utilização do capim dourado

O capim dourado é uma planta forte, durável e flexível, por isso sua manipulação e adaptação ao proces-so de criação de joias e bijuterias foi mais fácil e com uma grande gama de oportunidades de utilização e desen-volvimento de design das peças.

Após a colheita, os galhos já ma-duros devem secar à sombra e, aí sim, podem ser manipulados.

A “costura” do capim dourado, como é chamada a técnica de arte-sanato dessa planta, é feita com o fio de seda do buriti, retirada das folhas jovens dessa palmeira, também pre-ciosa, natural do Tocantins. O fio de seda é desfiado e tratado para ser usado como linha.

Esse processo de costura exi-ge muita paciência, atenção e cui-dado.

Mesmo após colhido e manipula-do, o capim dourado não perde a cor e brilho. Conforme dissemos, é um material leve, o que torna brincos e colares muito confortáveis na hora do uso. Deve-se evitar a utilização durante o sono, atividades esportivas ou banho, para manter a durabilidade e beleza da joia.

Mesmo sendo flexível, o capim é frágil e se quebra com facilidade du-rante o manuseio. O artesão que o manipula deve ter cuidado para que sempre haja uma harmonia entre a linha de seda do buriti e do capim, tornando a peça visualmente propor-cional, como qualquer outro tipo de artesanato.

A utilização de fios coloridos, mi-çangas e sementes incrementam e adicionam cor às peças. Materiais im-portados da China como linhas dou-radas também são muito utilizados.

Alguns designers de joias traba-lham em conjunto com esses arte-sãos aplicando materiais mais no-bres, como o próprio ouro e pedras, agregando maior valor às peças.

Designer Meire Bonadio

www.goldengrass.co.uk

www.goldengrass.co.uk

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Escola de joalheriaO Atelier Márcia Pompei

desde 1997 conta com professoresaltamente qualificados e uma sériede cursos para atender quem buscaconhecimentos no ramo de joalheria

www.joia-e-arte.com.br Tel: 11 5181-7968

São [email protected]

Atelier Márcia Pompei

Cursos ministradosJoalheria - Curso básicoJoalheria - Curso intemediárioJoalheria Clássica (Tradicional)Joalheria ContemporâneaCriação em bancadaLapidação de GemasForjaCasamento de metaisDesign de Joias - Curso básicoDesign de Joias - Curso avançadoDesign de Joias - 3D RhinocerosModelagem em ceraFundição por cera perdidaMolde de borracha e Injeção de cera para fundiçãoEsmaltação em Joalheria - Básico e AvançadoInlay de pedrasTitânio na joalheriaCravação - Curso básicoCravação - Curso avançadoTear em joalheriaAlumínio Anodizado na joalheriaAcrílico na joalheriaLaca JaponesaGemologiaMontagem de Colar de PérolasColar articulado com fio metálicoColeções de joias - A criaçãoFormação de preços em joalheriaInformações para o vendedor de joias

Um dia na semana é reservado para o “Atelier Livre”, período em que o aluno utiliza as ferramen-tas, instalações e equi-pamentos do Atelier para adiantar seus exercícios ou produzir novas peças, por conta própria, sem a presença de professor. Uma pequena taxa é co-brada, por hora de Atelier Livre.

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destaque

A forma orgânicade Silina Pandelidou

A designer grega Silina Pandelidou deixa claro em suas peças o amor pelas formas orgânicas. Segundo blogueiros americanos, Silina consegue transmitir, por exemplo, a vontade de estar em uma praia, em algumas de suas peças.

Brincos produzidos em prata e papel

Num post de Ann Martin da All Things Paper, ela diz que Silina co-meça por fazer um pequeno esboço daquilo que está vagando em sua mente. Ás vezes são conchas ou flo-res. Todo seu trabalho se baseia em formas orgânicas inspiradas na natu-reza.

Ás vezes ela permite que o metal escolha o caminho da criação.

Silina usa papel em suas joias e diz que ele a atrai pela versatilidade. Segundo ela, a fibra do papel forma um ambiente onde ela pode brincar com as cores da natureza como uma espécie de tela, onde ela pode narrar suas histórias.

Silina estudou design gráfico e encadernação em Sevilha. Aprendeu a trabalhar com metal em Florença e começou a criar e produzir joias. Segundo ela, a união do metal e do papel permite que ela conte suas his-tórias na forma de objetos pequenos e preciosos.

Ela corta o papel e o adere ao metal. Pinta-o e veda a pintura com verniz para que a peça fique imper-meável.

Segundo ela, as linhas encon-tradas na natureza mostram bele-za, perfeição e harmonia e são elas sua maior fonte de inspiração, pois as linhas retas são atéias, isto é, Deus nunca desenha com linhas re-tas.

Silina diz que ela admira as manifes-tações da natureza. Elas a impres-sionam. Ela as observa com cuidado, em fragmentos, que mais tarde tenta transmití-los com suas mãos.As joias de Silina são muito vendidas na Grécia e em toda a Europa. Suas joias tem história.

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capa

Quem vive antenado com a joalheria contemporânea está sempre pensando em novos materiais,principalmente aqueles que tenham versatilidade, sejam fáceis de encontrar e fáceis de usar; requisitos que não é

para qualquer material. Mas, alguns materiais atendem esses requisitos e vão além. A resina é um desses materiais que tem como limite de criação e produção apenas a imaginação e criatividade do designer que a usa, pois com ela é

possível fazer qualquer coisa em que se possa pensar. Ela é uma grande aliada da joalheria contemporânea.

A resina na produção de joiasum recurso contemporâneo de criação e produção

As resinas

rias como no complemento de partes de uma joia.

Muita gente acredita que a resina é um produto específico para pro-dução de bijuterias. Todavia, neste artigo, você verá que ela pode fa-zer composição com metais nobres como é o caso do ouro e da prata e, pode também, compor lindas peças com madeira e outros materiais.

Assim, posso dizer que a resina é um produto contemporâneo e muito versátil - que pode ser usado na cria-ção e produção de joias com resulta-dos profissionais.

Rene Rodrigues

A resina é um produto muito ver-sátil que pode ser combinado com muitos materiais como: metais, ma-deira, plásticos, vidro, entre outros.

É muito fácil e simples de usar. É encontrada facilmente no mercado. Não necessita de equipamentos para aplicação e permite a transformação do líquido viscoso (resina) em qual-quer tipo de objeto sólido. Seu aspec-to final pode ser manipulado de muitas formas: ela pode ficar transparente, opaca, colorida, translúcida, etc, e em qualquer forma tridimensional.

Numa aplicação de resina pode-mos incluir (literalmente embutir) dife-rentes tipos de materiais e objetos na peça que estamos produzindo.

Com toda essa versatilidade a re-sina tem sido muito empregada na jo-alheria, tanto na produção de bijute-

Provavelmente você já se deparou com uma aplicação de resina sem ter

percebido. Ela é muito utilizada na in-dústria em geral e no artesanato.

Depois de curada apresenta um aspecto vitrificado ou plastificado, dependendo da técnica que foi usada em sua aplicação e preparo, além do tipo de resina usado.

Existem dois grandes grupos de resinas: as naturais e as sintéticas (artificiais).

As naturais são secreções externas do metabolismos dos vegetais. Algu-mas árvores, por exemplo, produzem resina quando recebem um corte na-tural ou artificial. Essas secreções são formadas por produtos orgânicos como óleos e ácidos. Quando expos-tas ao exterior (fora do organismo do vegetal) podem se manter líquidas ou endurecer por ação de temperatura, evaporação do óleo, etc. São empre-gadas na indústria de lacas, adesivos, na indústria de papel e na medicina.

As resinas sintéticas são produtos orgânicos derivados do petróleo com inúmeras aplicações industriais e ar-tesanais. Existem vários tipos de re-sinas para diferentes aplicações. Elas são bi-componentes, isto é, a resina e mais um catalisador que, depois de misturados, provocam a polimeriza-ção (endurecimento) da resina.www.etsy.com - Luddite Made

Anéis reproduzidos em forma de silicone com inclusões.

www.everyjewel.com

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8 Revista Joias&Design - Novembro 2014

Antes de entrar no passo a passo da aplicação das resinas, acho importante mostrar à você algumas imagens de como ela é usada na joalheria.

Os resultados são sempre atraentes porque a resina combina com a maioria dos materiais usados na joalheria. Ouro, prata, alumínio, madeira e pedra, são alguns deles.

Além de fazer belas composições com outros materiais, a resina permite a exploração de cores - um recurso indis-pensável na joalheria contemporânea.

Conhecendo as possibilidades e a facilidade de emprego das resinas, arrisco dizer que seu uso está apenas no começo. Há muito o que se explorar com esse material.

www.okajewelry.com

www.isharya.com

O pingente da The Purple Baloon foi estru-turado em prata. As partes coloridas foram preenchidas com resina.

Britta Boeckmann combina resina com madei-ra australiana.

The Purple Baloon

www.isharya.com

L. Sue Azabo combinando prata com resina

www.isharya.com

Pulseira Emporio Armani

Vania Ruizwww.isharya.comSilver Chamber

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9 Revista Joias&Design - Novembro 2014

www.unusualengagementringsreview.com

www.polyvor.com

www.amazon.com.uk

www.teemtry.com

www.fashionsev.com

Observe e conclua os resulta-dos de aplicação das resinas. Pense também no que ainda pode ser feito. Com o uso e experimentos, você po-derá descobrir muitas maneiras de usar esse incrível material.

Neste artigo abordarei apenas dois tipos de resinas sintéticas: a re-sina epóxi e a de poliéster devido às suas características, que a meu ver se adaptam melhor às necessidades das joias e bijuterias. Entretanto, exis-tem muitos outros tipos, também em-pregadas na joalheria.

Antes de conhecer as caracterís-ticas específicas de cada uma delas vamos para o lado prático do em-prego das resinas. Vamos começar fazendo coisas bem básicas com as resinas para, depois, entender me-lhor suas possibilidades e maneiras de sua incrível aplicação.

www.everyjewel.com

Caso você decida usar resina em suas peças, pesquise na Internet. Existe um grande número de fabricantes oferecendo características diferentes em seus produtos. É muito fácil encontrar fornecedores de resinas e borracha de silicone (usada para produzir moldes). Muitos tutoriais apresentam a resina como um produto simples. No entanto, seu emprego pode apresentar resulta-dos sofisticados se você souber usá-la.

Tipos de aplicação de resina

A resina é muito usada para a re-produção de peças por meio de mol-de de silicone. Neste caso a resina, depois de preparada, é derramada num molde de borracha de silicone

e, após o tempo de cura, endurece e reproduz com fidelidade a imagem contida na cavidade do molde .

Ela pode ser aplicada com um pincel sobre vários materiais. Pode

ser aplicada sobre áreas vazadas em peças de metal. São muitas as ma-neiras que a resina pode ser aplica-da. Nas imagens anteriores, mostrei várias dessas aplicações da resina.

Aplicando resina em peça de metal

Para entender melhor como a resina funciona, segue um exemplo bem simples de aplicação.

Veja nas imagens abaixo o pin-gente em prata bem simples, que

usaremos como exemplo de aplica-ção de resina.

Meu objetivo, neste exemplo, é mostrar à você a forma bem básica de aplicação da resina, por isso usei

um formato bem simplificado.Na sequência, apresento um pas-

so-a-passo que mostra o preparo e a aplicação da resina no pingente da figura ao lado.

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A ideia é preencher a cavidade do pingente com resina colorida, de ma-neira que a cor combine com a prata e que também apresente uma certa transparência.

No decorrer deste artigo, você po-derá avaliar melhor as características da sua peça e escolher o fabricante que atenda melhor suas necessidades.

Os produtos, como resinas e bor-racha de silicone líquida, são comer-cializados com boletins técnicos que orientam o uso do produto.

ATENÇÃO - Sempre use luvas e óculos de proteção em local bem ventilado. Eles são produtos químicos tóxicos. Mantenha-os longe do alcan-ce de crianças.

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Produtos para o preparo da resina

Na imagem acima você vê os produtos básicos para o preparo da resina de poliéster: 1 - resina, 2 - ca-talisador, 3 - diluente, 4 - pigmento, 5 - copos plásticos para mistura, 6 - balança de precisão, 7 - pingente a ser resinado, 8 - palitos para mistura e 9 - colher de plástico para mistura.

As resinas são fornecidas total-mente transparentes.

Cada fabricante tem sua fórmula de composição da resina, por isso é imprescindível seguir as orientações do seu fornecedor no que diz respeito às quantidades exatas dos produtos. Normalmente, eles são fornecidos com boletins técnicos detalhados. Todavia, como mostrarei neste arti-go, é importante saber qual a função de cada produto e os resultados que eles proporcionarão durante o pro-cesso. Assim, você poderá alterar as quantidades dos produtos conforme suas necessidades.

Para misturar os componentes

pode-se usar um vasilhame de plás-tico ou vidro. É aconselhável utilizar produtos descartáveis. Isso elimina o processo de limpeza. Entretanto, caso use um pote de vidro, a limpeza deve ser feita com solvente especial para a resina. Esse produto também é vendido pelo fabricante da resina.

Existe ainda um produto chamado “carga”, usado para eliminar a trans-parência. Calcita, talco industrial, dolomita, quartzo, gesso, são alguns tipos de carga usadas nas resinas de poliéster. É sempre importante seguir a orientação do fabricante no que diz respeito a quantidade de carga que pode ser usada no preparo da resina, pois quantidades exageradas podem impedir a cura (endurecimento).

Quando usamos carga do tipo cal-cita na resina, o resultado será uma peça branca sem transparência como a que podemos ver na imagem aci-ma. Existem muitos recursos para pli-car carga na resina.

Pode-se usar vários materiais como carga, vidro moído, glitter e pó de madeira, mas é importante testar os materiais antes de partir para um processo de produção, pois alguns materiais, ou a quantidade deles, po-dem impedir a cura completa e corre-ta da peça acabada.

www.polyvore.com

By My Crap

Nesta imagem pode-se ver o uso de resina com carga (parte branca) combinada com madeira.

Na imagem acima pode-se ver a pulseira e a forma de borracha de silicone usada para pro-duzir a pulseira.

Peça de resina produzida em forma de silicone. Na resina foi usada carga para deixá-la branca.

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1 - O primeiro passo para o preparo de resina consiste em despejar a quantidade adequada de resina no copo, colocado sobre a balança.

Caso a resina tenha sido fornecida em embalagem com abertura peque-na pode-se despejá-la em recipiente intermediário, isto é, colocá-la em um copinho separado para, dali, tirar a quantidade que será pesada.

5 - Ainda usando a balança, para con-trolar a quantidade de produtos no preparo da resina, colocamos a quan-tidade indicada para o catalisador.

4 - Caso necessário, acrescenta-se o material de carga. Depois desta etapa é importante misturar bem os ingredientes.

2 - Em seguida, acrescenta-se o corante na quantidade indicada pelo fabricante. Antes de continuar o preparo, aconselho misturar bem o corante com a resina para depois prosseguir.

1 - Depois da resina preparada, deixe-a descansar por alguns minu-tos. Usando um palito de madeira, despeje a resina na cavidade do pin-gente. Mantenha uma certa distân-cia na altura do palito. Isso diminui a quantidade de bolhas. Aplique de pequenas em pequenas quantidades.

2 - Logo em seguida, repita a ope-ração em outra área do pingente, de maneira que a resina possa escorrer acomodando-se na cavidade. Você pode voltar com o palito no copinho onde a resina foi preparada.

3 - Seguindo o mesmo critério dos passos anteriores, vá preenchendo os espaços do pingente.

3 - Caso necessário, a resina tam-bém pode ser diluída. Essa diluição somente deve ser feita com produto indicado pelo fabricante da resina.

Preparando a resina

Aplicando a resina

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Um aspecto importante na apli-cação da resina é o nivelamento da peça. Quando aplicamos resina ela escorre e, se não houver nivelamen-to, um lado pode apresentar maior es-pessura do que o outro.

No mercado encontra-se níveis bem simples, que podem ser usados para o nivelamento da peça. Para fa-cilitar, você pode colocá-la sobre uma base de vidro ou madeira e calçar essa base para conseguir nivelar.

Sempre que for trabalhar com re-sina proteja os olhos com óculos e as mãos com luvas de borracha. Traba-lhe em lugar ventilado, se possível com ventilador para eliminar os gases emitidos pela resina. Essa não preci-sa ser uma preocupação exagerada. Muitas pessoas trabalham com ar-tesanato de resinas. Todavia, por se tratar de produto químico, que emite gases, é importante a preocupação com a segurança de quem os usa.

Durante o processo de preenchi-mento é importante ter atenção com o nivelamento da peça.

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Pingente com imagem de fundo

Ainda usando o mesmo pingente, é possível aplicar uma imagem de fundo e depois cobrí-la com resina. Esse é um recurso muito usado para produção de bijuterias. A imagem pode ser em papel, plástico, foto, etc.

1 - A imagem é recortada no tamanho exato da cavidade do pingente.

2 - Usando cola branca, a imagem é colada no fundo da cavidade.

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3 - Usando um palito de madeira a imagem é ajus-tada pressionando-a em todas as áreas.

4 - O preparo e aplicação da resina segue os mesmos critérios que vimos anteriormente.

Esse recurso permite a produção de uma grande variedade de pingen-tes, brincos, pulseiras, etc.

A resina pode ter cor ou não.É importante que a imagem seja

protegida por um adesivo transpa-rente quando se pretende usar uma imagem impressa, pois as tintas de impressão podem ser diluídas pelos produtos químicos contidos na resi-na. Quando não se tem a opção de aplicar adesivo sobre a imagem, tam-bém é possível aplicar sobre ela uma camada de cola branca (essa usada na escola). A cola forma uma cama-da protetora sobre a imagem que se tornará resistente aos produtos quí-micos da resina.

Esta técnica pode ser aplicada a qualquer tipo e formato de pingente.

www.sarahbober.com

www.bebetsy.com

Na imagem acima vemos que o pingente da esquer-da não tem borda. Veremos esse recurso mais adiante.

Está técnica pode ser usada tanto com resina epóxi quanto com resina de poliéster. Em qualquer um dos casos é importante seguir as instruções do fornecedor da resina.

Em casos mais delicados a resina pode ser aplicada com seringa. É importante que a seringa seja limpa com solvente logo após a aplicação. Converse com seu fornecedor para saber se a resina não ataca o plástico da seringa. Os pro-dutos de alguns tipos de resina podem atacar alguns tipos de plásticos.

goneaussiequilting.blogspot.com.br

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13 Revista Joias&Design - Novembro 2014

www.etsy.com/pt/shop/ivywoodrose

Várias partes em resina

Peças com fio e sem fundo

Um outro recurso interessante é a possibilidade de aplicação de várias partes de resina numa mesma peça. Assim, peças mais complexas, com fio quadrado, redondo e outros também podem receber resinas nas suas diferen-tes cavidades.

Neste caso, as peças são produ-zidas pelo processo convencional de joalheria: cortadas, soldadas, lima-das e polidas para depois receber a aplicação da resina.

Os resultados podem ser sofisti-cados dependendo da técnica e cria-tividade do designer.

O trabalho de Ivy Solomon da Ivy Woodrose, nas três fotos ao lado di-reito, mostra o cuidado e criatividade que podem ser aplicados na joalhe-ria com resina. São peças em prata e resina.

Na figura 1, temos a imagem de um pingente de prata com aplicação de resina em duas áreas de cores di-ferentes.

Neste caso, o pingente não tem fundo e a cor da resina será vista dos dois lados. Para que o acabamento da resina apresente o mesmo resul-tados dos dois lados será necessário usar alguns recursos que analisare-mos a seguir.

Na figura 2 você vê apenas o pingente sem a aplicação da resina. Neste caso as partes foram soldadas, limadas e polidas e a resina será apli-cada com o material de prata já aca-bado. Todavia, poderíamos fazer o acabamento da prata posteriormente. A resina de poliéster aceita polimento por meio de politriz, o mesmo recur-so que é usado para polir metais.

A resina deve se acomodar de for-ma correta nas cavidades do pingen-te. Para isso ela deve ser fixada numa placa de vidro. Podemos usar uma cola de tato permanente e aplicá-la com pincel nas áreas que ficarão em contato com o vidro. Essa cola pode ser encontrada facilmente. Pesquise na Internet pelo nome “cola perma-nente”. Ela é facilmente eliminada de-pois da aplicação da resina.

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Outro recurso que pode ser usado com a resina é a peça feita com fios quadrados, redondos, etc, mas sem fundo. Neste caso a peça já soldada, limada e polida deve ser presa sobre um material bem plano. Novamente o nivelamento da peça é de grande importância para que a resina seja bem distribuída.

Brincos da AJ Design

Área de aplicação da resina

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Aplicando resina em material sem borda

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A resina de poliéster tem gran-de poder de fixação ao vidro, por isso será necessário aplicar um desmoldante nas áreas onde será aplicada a resina. Como desmoldante podemos usar vaselina líquida aplica-da com pincel.

Após a aplicação do desmoldante, fazemos a preparação da resina. Ela pode ter cor com transparência ou com aparência opaca. Na aparência opaca podemos usar as cargas como eu disse anteriormente. Neste caso é uma escolha pessoal.

O mesmo procedimento é feito para as outras áreas onde será apli-cada a resina. Como você viu na pá-gina anterior, no trabalho da Ivy So-lomon, é possível aplicar a resina em muitas áreas diferentes e separadas entre si.

É possível também aplicar resina sobre materiais sem bordas. Na imagem ao lado temos uma imagem fotográfica num papel grosso. Ela pode ser resinada como mostrarei no passo-a-passo abaixo. Essa téc-nica pode ser aplicada em qualquer material que a resina não ataque. Impressões com inkjet não devem ser usadas.

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Na figura 1, temos a imagem em papel fotográfico sobre uma placa de “LEGO”. Esse é um recurso para evi-tar que a resina transborde pelas late-rais, caso ela esteja em total contato com a superfície.

Na figura 2, podemos ver o deta-lhe do material impresso sobre a pla-ca de “LEGO”. As saliências (pinos) da placa de “LEGO” permitem que a resina pare nos limites do material impresso.

Na figura 3, podemos ver a resina depois de aplicada e curada sobre a imagem fotográfica. Se o seu impres-so é com inkjet, você pode usar o re-curso de cobrí-lo com adesivo trans-parente para, depois, resiná-lo.

O material a ser resinado também pode ser acomodado sobre dois pali-tos de sorvete ou outro material que ofereça suporte. É importante sem-pre observar o nível do material sobre a mesa de trabalho, para que a resina não escorra pelas laterais do material que será resinado.

O processo de resinagem (figura 5) é o mesmo que vimos anteriormen-te usando o palito de sorvete como aplicador. A resina pode ser rígida ou

flexível dependendo do tipo de traba-lho que você pretende fazer. Pode-se usar ainda resina de poliéster, resi-na epóxi e resina PU. Antes de usar qualquer uma delas, é importante consultar seu fornecedor para saber mais sobre as características da resi-na que você escolherá e saber, tam-bém, sobre as características de pre-paro, tempos de descanso, cura, etc.

Esta técnica permite, ainda, que você aplique um nova camada de re-sina sobre a resina já curada. Esse recurso proporciona efeitos criativos. Sempre teste esses recursos em quantidade pequenas. Você verá o que é possível se fazer com resina.

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Moldes com borracha de silicone

No mercado de joalheria, quando se fala em borracha de silicone, a primeira coisa em que pensamos é na borra-cha usada para fazer moldes para fundição da cera e no processo de fundição por cera perdida. Aquela vulcanizada a quente, que é fornecida em chapas flexíveis e maleáveis. Entretanto, a mesma borracha também é fornecida em estado líquido que, ao invés de ser curada por vulcanização (curada a quente), é curada a frio, por meio de catalisação (cura a frio), num processo mais simples e rápido sem dependência de equipamentos.

A borracha de silicone líquida co-nhecida como RTV (Room Tempera-ture Vulcanizing) é um líquido muito viscoso que, após ser misturado ao catalisador, cura por meio de reação química na temperatura ambiente transformando-se em borracha.

Na joalheria, a borracha de silico-ne líquida pode ser usada na produ-ção de moldes para injeção de cera ou, ainda, na produção de peças em resina.

A borracha de silicone líquida é comercializada em várias cores, que apenas definem as características da borracha, pois existem varias formu-lações disponíveis.

Para quem vai utilizar borracha de silicone líquida na joalheria, a cor pouco importa. O que se deve avaliar nas características da borracha, de-pois de curada, é a dureza, resistên-cia ao rasgo e a flexibilidade.

Com a borracha de silicone líquida você poderá fazer moldes para usar as resinas de poliéster e epóxi ou, ainda, usá-las na produção de mol-des para fundição por cera perdida.

Molde de silicone com vul-canização (cura a quente).

Molde de silicone com cura a frio.

O molde de silicone com cura a quente é obtido por meio de borra-cha de silicone em chapas flexíveis e macias, que quando colocadas na fôrma (figura ao lado) toma parte da forma do original. Depois de vulcani-zada em máquina especial, por meio de alta temperatura, a borracha toma a forma final da peça com todos seus detalhes.

O molde de silicone com cura a frio é obtido por meio de borracha de silicone líquida despejada sobre a peça a ser moldada. A cura, neste processo, não depende de equipa-mentos e apresenta excelentes resul-tados. Permite a obtenção de moldes precisos, de alta resistência e boa flexibilidade.

Na imagem acima você vê a pul-seira vermelha e a fôrma, de borracha de silicone, usada para produzí-la. Qualquer tipo de peça tridimensio-nal pode ser reproduzida em resina usando a borracha de silicone como molde.

Nas duas imagens acima você vê os camafeus produzidos em resina e o molde de borracha de silicone usado para produzí-los. Neste caso, é possível usar corante e carga na resina para que o camafeu tenha a aparência de pedra esculpida.

É possível produzir um único mol-de para pequenas tiragens ou, ainda, produzir um molde com várias ca-vidades da mesma imagem para o caso de grandes tiragens. Qualquer peça pode ser reproduzida em resina usando molde de silicone.

Mold Muse

www.ecvv.com/

Mold Muse

www.brookestonejewelry.com

By My Crap

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16 Revista Joias&Design - Novembro 2014

O molde de silicone

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Usando massa de modelar, tipo plastilina, faça uma bola e depois amasse com um rolete como mostra a figura 1.

A peça deve estar bem presa. En-tretanto não deve afundar muito na massa de modelar.

A figura 7 mostra as partes do copinho separadas.

Na figura 8, você vê o copinho posi-cionado sobre a peça.

O copinho também é pressiona-do para ficar bem firme.

Para definir o volume de borracha de silicone pode-se usar arroz.

Despeja-se o arroz pela parte su-perior do copinho.

O arroz é acomodado com os dedos para ocupar bem o espaço vazio.

Utilize um copinho de plástico que servirá de reservatório para o silicone líquido.

A parte de cima do copinho será cortada. A figura 6 mostra a altura aproximada do corte.

Use outros dois roletes mais finos como guia para determinar a espes-sura da massa. Ela servirá de apoio para a peça que será reproduzida.

Em seguida, coloque sobre a massa a peça a ser reproduzida e a pressione bem.

Amy De Anda - The Sweets Lab - www.etsy.com/pt/shop/sweetslab

Existem diversas maneira de se fazer um molde de silicone. No passo-a-passo a seguir, mostramos o tutorial da Amy mostrando como fazer um molde com borracha de silicone.

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Com um palito define-se o quanto o volume ultrapassa a peça a ser re-produzida.

É importante que o volume de ar-roz ultrapasse pelo menos 1,5 cm do final da peça a ser reproduzida.

Retira-se o copinho para avaliar o volume que devemos usar de borra-cha de silicone.

O arroz é despejado num novo copinho.

O catalisador deve ser bem mistu-rado com o silicone para que o endu-recimento seja homogêneo.

A mistura deve descansar segun-do orientação do fabricante e, depois, derramada no copinho sobre a peça a ser reproduzida.

Observa-se a quantidade de arroz e faz-se uma marcação no copinho. Essa marcação define o volume aproximado.

Seguindo as orientações do fabri-cante da borracha de silicone, faz-se a mistura do silicone com o catalisa-dor.

Derramando o silicone aos pou-cos, forma-se um fio bem fino. Quanto maior for a distância do derramamen-to menor será a quantidade de bolhas.

Observação: O preparo da borracha de silicone deve seguir sempre a orientação do fabricante, pois existem muitas fórmulas diferentes desse produto e cada uma segue um padrão de preparo.

Preparar a borracha de silicone é um processo muito simples. Entretanto, quando preparada com o catalisador (endurecedor) a sobra também endurecerá.

Quando a peça a ser reproduzida possuir muitos detalhes pode-se usar borracha de silicone mais flexível, o que permite a melhor reprodução de detalhes. No entanto, quanto mais macia for a borracha maior possibilidade terá de rasgar. Muitas pessoas utilizam a borracha de dureza média que tem mais resistência e também reproduz os detalhes menores.

O reservatório para despejar a borracha, como vimos o copinho no tutorial da Amy, pode ser feito de papelão, ma-deira, plástico, etc. É importante que se use um material onde a borracha não tenha aderência definitiva, pois neste caso as laterais do molde ficam prejudicadas.

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18 Revista Joias&Design - Novembro 2014

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Depois de aguardar o tempo cor-reto de cura, o copinho que contém o molde é retirado da massa plástica.

A retirada é feita com cuidado para preservar a integridade dos de-talhes do molde.

O copinho plástico também é re-tirado com cuidado para preservar o molde.

Na imagem 27 podemos ver a peça modelo usada para fazer o mol-de.

A peça modelo também é retirada com cuidado para a preservação dos detalhes do molde.

Aqui, vemos o molde pronto, que poderá gerar centenas ou milhares de cópias do mesmo objeto usado como modelo.

Moshiko Art Jewelry

Medalhão Persa

www.jinfudabutton.en.made-in-china.com

www.artclayscotland.com

Pulseira transparente com inclusões, um recurso das resinas.

www.williansheshire.com

www.isharyacom

A grande vantagem do uso da resina na joalheria é que você pode usá--la em seu ateliê, sem a necessidade de equipamentos. Pode reproduzir seus próprios moldes ou comprá-los prontos. Pode reproduzir pequenas e grandes quantidades. Você não precisa de muito espaço. Até mesmo sobre a bancada de joalheiro é possível trabalhar com a resina, apenas o lugar deve ser ventilado e você deve usar óculos e luvas.

Um único molde pode gerar varia-ções no produto. Uma possibilidade é a variação de cor.

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19 Revista Joias & Design - Novembro 2014

dos dos seus filhos. Hoje, os pequeni-nos escolhem inclusive os adereços e joias. A transformação do consumo de moda e acessórios pelas crianças está ligada ao aumento da renda mé-dia do brasileiro, principalmente das classes C e D. Não menos importante, a mudança de configuração da família brasileira, que diminuiu a quantidade de filhos, o que possibilita o aumento da renda disponível para gastar com cada criança. Marcela Agra, autora da matéria da Revista Administradores afirma que mercados de luxo como o de joias para crianças ou produtos artesanais perso-nalizados são a bola da vez e só tendem a crescer. O consumismo é uma realidade que passamos para nossos filhos até de forma incons-ciente, mas que eles aprendem com facilidade, tornando o desejo de com-prar e estar no mundo da moda im-portante e valorizado.

De qualquer forma, a realidade é que as crianças se identificam emo-cionalmente com esses produtos. Qual garotinha não quer parecer com a mamãe? Vestir as mesmas roupas, as mesmas joias e sapatos?

Sem contar os produtos que re-presentam personagens famosos.

mercado

Joia Infantilé uma boa perspectiva de negócio?

O designer de joias iniciante e, até mesmo os mais experientes, precisam definir um público-alvo para suas criações. Em questões de

mercado, definir esse público é traçar uma linha de trabalho e um planeja-mento específico para criar, produzir e vender sua peças. Nada impede que

o designer trabalhe com diversos segmentos, mas sempre é necessário pensar nos lucros. Nesta matéria você verá o que pesquisamos e o que o

mercado reflete em termos de joias infantis.

O mercado infantil tem crescido no Brasil ao longo dos últimos anos, mais especifica-mente o de brin-quedos, cresce em média 14% ao ano, segundo a “Revista Admi-nistradores” publi-cada pelo portal administradores.com. Na joalheria esse aumento não é diferente e vem impulsionado pelas campanhas midi-áticas de marcas e personagens de desenhos e filmes infantis.

Além disso, já foi o tempo em que os pais escolhiam roupas e brinque-

thejewelryvine.com

Cabe aos pais, neste caso, equili-brar o alto consumo dos pequenos e torná-lo saudável e consciente.

Psicologia à parte, voltemos para o nosso foco. O fato é que por to-das essas razões o mercado de joia infantil está crescendo e devemos aproveitar e ficar na crista da onda. Dar ao mercado o que ele deseja e, com isso, alavancar os negócios.

E o mercado infantil de joias tem diversos segmentos, além das “mo-dinhas”, os batizados e cerimônias religiosas para os bebês sempre alavancam a venda de joias, pois são produtos que duram por toda a vida e vão sempre conter o sentimen-to do momento.

Irene HoofsBloesem Kids

Irene HoofsBloesem Kids

thejewelryvine.com

theginghamgrasshopper.com

Orianne Collins

Amanda Rodrigues

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20 Revista Joias & Design - Novembro 2014

As joias mais tradicionais para es-ses eventos são facilmente encontra-das, porém há uma escassez no mer-cado de joias de peças criadas para a própria criança, com motivos lúdicos e que a criança se identifique emo-cionalmente. Está claro que, hoje em dia, o perfil da criança mudou, eles têm personalidade e gostam de ex-pressá-la através das roupas e ade-reços. Há uns anos atrás, eu ouvia muito aquela frase “criança não tem querer”. Isso caiu por terra, a crian-çada desse milênio sabe muito bem o que quer e como quer.

Este é um nicho de mercado que vem sendo preenchido aos poucos.Diversas ideias vem se consolidan-do como as joias feitas a partir dos desenhos, da caligrafia e com peças que podem ser manipuladas como brinquedos. Aí é que entra a criati-vidade do designer para entrar com inovação e pioneirismo no mundo das crianças, algo que traga divertimento, com cores e histórias.

E quem pensa que o público-alvo são só as meninas está enganado. Os garotos também aderiram à moda e usam colares, pulseiras e até brin-cos, com desenhos de skate, bola de futebol e personagens famosos.

Cuidados na produção de joias

infantis

No mercado joalheiro, em torno de 95% das empresas são de pequeno porte e buscar um diferencial é fator fundamental de sucesso e de desta-que em um setor que movimentou R$ 7,5 bilhões em 2012, segundo a últi-ma estimativa disponível do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Precio-sos (IBGM).

E para quem quer explorar esse mercado, deve-se ter cuidado com a

utilização de níquel na liga ou banho, esse ma-terial é altamente aler-gênico e o consumidor deve sempre ser alerta-do. No caso do chumbo, esse material não deve ser utilizado. No Bra-sil, não há legislação específica para regular a quantidade permiti-da de tais elementos. Na União Europeia, em

contrapartida, o nível máximo libera-do é de 0,05% para níquel, e 0% para chumbo. A lei foi revisada e hoje é considerada a taxa de migração dos elementos, calculada de acordo com tempo de uso e outros parâmetros adotados. De qualquer forma, esses níveis servem como referência para assegurar a segurança dos peque-nos. O material mais recomendado é o ouro maciço, por ter menor risco de infecção ou reação alérgica. O aço inoxidável também pode ser uma boa opção.

O design recomendado, no caso dos brincos de recém-nascidos, deve priorizar os de tamanho pequeno e arredondados, para que fiquem bem coladinhos na orelha.

Outro cuidado a ser considerado é o de alertar os pais quanto ao peri-go dos bebês engolirem as pequenas joias, de só usá-las na presença dos pais e retirá-las quando o bebê ador-mecer.

O designer de joias infantis deve sempre cuidar para que as bordas das peças sejam arredondadas e leves. É interessante, no caso das pulseiras, que o designer desenhe de forma que possam ser ajustadas, para um melhor aproveitamento do uso conforme a criança cresce.

De um modo geral, é preciso sem-pre ter em mente que todo cuidado é pouco quando se trata de crianças.

Orianne Collinsthejewelryvine.com

theginghamgrasshopper.com

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Silvia Heiden

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21 Revista Joias & Design - Novembro 2014

safira estar relacionado à essa cor, a pedra preciosa que conhecemos tem uma grande variedade de cores, devi-do à presença de “impurezas metáli-cas” em sua composição.

A safira pode ser confundida com outras pedras. Em algumas das pe-ças utilizadas na antiguidade foram cravadas gemas como lápis-lazuli ou topázio, achando que era safira. Só por volta de 1800 que descobriu-se que a safira pertencia ao grupo dos coríndons.

De acordo com a presença de al-guns elementos, as safiras podem se apresentar em diversas cores como: amarela (com baixo teor de ferro), verde (pela presença de titânio), rosa, roxa, marrom, laranja (com a presen-ça de ferro e cromo) e a safira Padparads-cha, alaranjada ten-dendo para o rosa sal-mão (com a presença de ferro e cromo).

Quando denomi-nada safira (sem ad-jetivo) se refere sem-pre à azul. No caso das outras cores seu nome leva sempre a cor como complemen-to, também são co-nhecidas como fancy.

O coríndon verme-lho se refere ao rubi, sempre.

gemas

Safiraa pureza da natureza e símbolo da honestidade

O nome safira é derivado do termo grego sappheiros que significa “a coi-sa mais bela” e do latim saphirus que significa “azul”.

Era muito utilizada por reis, rai-nhas e grandes homens da Igreja. Cravadas em anéis, tiaras e coroas, representavam o alto grau social das pessoas que as possuíam. Ainda hoje, a Corte Inglesa exibe suas pe-ças excepcionais cravadas com essa pedra preciosa.

A safira pertence ao grupo mine-ral coríndon com qualidades gemoló-gicas. É composto, basicamente, de óxido de alumínio, com a fórmula quí-mica Al²O³. No estado natural, esse composto químico é incolor. No caso da safira, a cor azul característica se deve à presença de titânio e ferro em sua composição. Apesar do nome

A safira era conhecida na antiguidade, pelos egípcios, como “a pedra das estrelas”. Eles acreditavam que a safira estimulava a honestidade, a verdade e a justiça. Independente das suas propriedades e “poderes”, a

cor e a pureza dessa pedra, tão cobiçada e apreciada quanto o diamante, despertam o desejo e o interesse dos amantes das joias.

A safira (azul) é muito utilizada, na joalheria, em anéis de noivado e em peças com designer diferenciado, principalmente por sua cor intensa e luminosa. Entretanto, nos últimos anos, a popularidade das safiras colo-ridas, principalmente a amarela, vem crescendo. A possibilidade de substi-tuir o diamante, raro e caro, foi “abra-çada” por inúmeras celebridades. E, como não podia deixar de ser, caiu no gosto do povo.

Nós, da Revista Joias & Design te-mos que concordar, são lindas! E ain-da com grande potencial de vendas!

kay.com

crystalsrocksandgems.com

gggems.com

Foto: Robert Weldonwww.gia.edu

Amanda Rodrigues

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22 Revista Joias & Design - Novembro 2014

Característicasgemológicas

As safiras tem um elevado grau de dureza o que, consequentemente, aumenta o seu valor e a dificuldade da lapidação. Dureza - 9 Mohs. Den-sidade relativa - 4,0. Fratura - con-coide. Transparência - pode variar de transparente a opaco e apresenta brilho (lustre) vítreo a sub-adaman-tino translúcido. A safira apresenta um hábito piramidal cristalizando em bipirâmides hexagonais com estria-ções transversais nas suas faces.

Sua composição principal é de óxi-do de alumínio e traços de outros ele-mentos como cobalto, ferro, titânio e cromo, que dão as cores à gema. Além das cores já citadas ainda podem ser encontradas em cinza e preta.

Safira branca ou leucossafira

Safira amarela

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As safiras brancas são, na verdade, incolores. Não tem a presença de ele-mentos que podem alterar a cor. Atualmente, são muito utilizadas na joalheria, por serem uma ótima opção de substituição do diamante em anéis de noivado. Só perdem no brilho. São mais baratas que as amarelas, rosas e azuis e com ótima durabilidade. Apesar de serem raras, a demanda não é tão alta, o que dá maior acessibilidade no preço.

As safiras amarelas estão em cres-cente popularidade e demanda. São ótimas na substituição de diamantes, como as brancas. Entretanto, sua cor especial dá um toque alegre e jovial. A cor se dá devido à presença de um baixo teor de ferro no coríndon.

Há quem diga que esta gema esti-mula a energia criativa e traz prospe-ridade. Ativa o intelecto e a ação.

Safira rosaA cor dessa safira é devido à baixa

quantidade de cromo. Se a quantida-de for grande a cor seria vermelho e, então, um rubi. Essa linha que divide a safira rosa do rubi é sempre atesta-da por testes gemológicos e análise da quantidade da presença de cromo.

A cor rosa também está com alta demanda no mercado. Elas foram en-contradas recentemente, mais ou me-nos 15 anos, na ilha de Madagascar, tornando-se mais abundante. Antes disso, só eram encontradas na Bir-mânia e Sri Lanka.

Se apresentam desde o rosa cla-ro, intenso, até o rosa chiclete. Este último muito procurado na joalheria.

As melhores safiras são da Ca-xemira, na Índia, mas essas minas estão esgotadas. De lá, vinham as azuis, tão procuradas. Na Tailândia, em Chanthaburi, as safiras vão do azul escuro até o verde água. Safiras australianas não são de alta qualida-de, apresentam uma cor azul-água, e às vezes negra. No Sri Lanka (região de Ratnapura), há uma pedra azul clara com uma pitada de roxo. São encontradas, também, safiras colori-das e a safira Padparadscha, alaran-jada tendendo para o rosa salmão.

As mais belas pedras têm preços elevados, encontradas no Sri Lanka, Vietnã e Tanzânia. Os principais pa-íses produtores são a Birmânia, Tai-lândia, Sri Lanka, Austrália e Mada-gascar. É rara no Brasil, existindo no Mato Grosso, Goiás, Santa Catarina e Minas Gerais. O maior centro de la-pidação é a Índia.

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23 Revista Joias & Design - Novembro 2014

natural, sem evidência de tratamento térmico. Re-centemente foi encontrada no Sri Lanka a maior sa-fira do mundo com 42Kg. A empresa, Guruge Gems, proprietária da pedra dividiu-a em vários pedaços e lapidou a gema de que você vê na figura, ela vale incríveis 800 milhões de dólares. Essa cor sempre foi a preferida de ho-mens da Igreja, reis e rainhas, pois é carregada de significados espirituais e de prosperidade.

A safira é a pedra azul mais pre-ciosa e valiosa. Ela se destaca dentre as outras por sua cor e brilho inigualá-veis. Quando denominamos somente

“safira” estamos nos referindo sempre à de cor azul. Uma das mais famo-sas é a “Logan Sapphire”, com uma cor azul profunda e cla-reza excepcio-nal, especial-

mente para uma pedra de seu tamanho. Ela foi exa-minada pelo Instituto Ge-mológico da América, em 1997, que a considerou uma safira natural de cor

Padparadscha são safiras pouco conhecidas do grande público, mas muito apreciadas por gemologistas, colecionadores e conhecedores do ramo. Esse nome veio do termo Sangalês que significa “flor de ló-tus”. A sua característica de cor é definida como um rosa alaranjado que pende para o salmão. Apesar de laboratórios renomados como AGTA e GIA divergirem sobre a certificação destas safiras, a maior parte delas tem esse tom e advém do Sri Lanka e, sob contro-vérsias, de Madagascar. São muito raras e caras, a “queridinha” das safiras.

A safira preta é extraída em gran-de quantidade, a pedra é quase opa-ca. São baratas e consideradas de baixa qua-lidade. Pode, perfeitamente,

substituir o ônix. Ás vezes podem ser de tom cinza bem escuro.

Safira verde

Safira cinza e preta

Safira laranja

Safira violeta ou roxa

Safira Padparadscha

As cores violeta e roxo geralmen-te são confundidas mas, na verdade, são tonalidades diferentes de uma mesma cor. O roxo é uma mistura de vermelho com azul e o violeta é do roxo com branco. Essas cores são ra-ras. Não raramente são confundidas com a ametista. As safiras violetas tem uma característica singular, pois podem mostrar mudanças na cor sob diferentes tipos de iluminação.

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gemselect.com

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thejewelersguild.complanetarygems.com

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A cor verde das safiras é rara. É possível de encontrá-las quando as azuis e amarelas se encontram na mesma mina. A demanda dessa cor é pequena, portanto, os preços não são altos, até porque esmeraldas e turmalinas são mais fáceis de encontrar. As safiras verdes tem um tom mais escuro ou bem claros, porém com brilho intenso. Não raro, podem ser vistos traços de amare-lo e azul, sob ampliação e, algumas vezes, até a olho nu.

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Safiras laranjas também são raras, porém como sua cor não é das mais populares, seu preço também não acompanhou. Ainda no caso delas, o laranja que se compõe da mistura

de cro-mo e fer-ro não é dos mais bonitos e agradá-veis de se ver.

Safira

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gurugegems.com

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24 Revista Joias & Design - Novembro 2014

Safira sintética

Tratamentos

O que é asterismoNa gemologia, asterismo é a pro-

priedade de alguns minerais (p.ex., a safira, a esmeralda, a granada) de apresentarem, por efeito da reflexão ou da refração da luz, a imagem de uma estrela, na safira causado por

inclusões de agulha do mine-ral rutilo. Quan-do a presença desse mineral é pequena se dá um aspecto sedoso, quando é maior provo-ca o asterismo. Há alguns es-tudiosos que

defendem que o rutilo não provoca o asterismo e, sim, a presença de ca-nais ocos cruzados seguindo três di-reções.

As safiras que apresentam esse efeito são chamadas de safira estrela ou astéricas e seu valor depende não só do quilate da pedra, mas também de sua cor e da visibilidade e intensi-dade do asterismo.

Recentemente, esse fenômeno está sendo provocado em safiras sintéticas o que diminuiu considera-velmente o valor das pedras naturais que o apresentam.

Para que o efeito de estrela seja perfeito, a gema deve ser lapidada em forma de cabochão ou esfera. Em alguns casos a estrela parece se mo-

ver ao girar-mos a gema. As estrelas podem ser de 4, 6 ou 12 pontas.

Foto: Robert Wel-don, Gems and Jewels LLC/Ben-jamin Zucker

wholesalegemstones.org

As safiras sintéticas, como outras gemas, não são artificiais. Essa con-fusão pode ser provocada por inexpe-riência ou traduções errôneas. As ge-mas artificiais não tem nenhum tipo de traço ou origem da gema natural, ou seja, ela não existe na natureza.

As gemas sintéticas, produzidas em laborató-rio, tem como matéria prima as gemas na-turais pulve-rizadas, que passam por um processo de fundição e recristalização, de forma que suas pro-priedades são muito semelhantes às naturais e, em alguns casos, idênticas. Essa síntese só pode ser identificada por microscópios gemológicos.

Por passar por processos rigo-rosos e caros, as gemas sintéticas também tem valor alto, porém mais

acessíveis compara-das às na-turais.

Os métodos mais utili-zados na síntese de safiras sintéticas são: o pri-meiro que é o de fusão à chama ou

processo de Verneuil, criado em 1902 pelo francês Auguste Verneuil, até hoje continua sendo o mais utilizado e um dos mais baratos. Neste proces-so utiliza-se o pó de óxido de alumí-nio, que é colocado em um aparelho, após a colocação, é injetado oxigê-nio empurrando a mistura para baixo para que encontre com o hidrogênio injetado na parte inferior do aparelho. Isso provoca uma combustão com uma chama que atinge 2000°C. O pó de óxido de alumínio sofre fusão for-ma gotas, que vão caindo num supor-te, se resfriam e cristalizam em co-ríndon. Ao incluir neste processo sais de crômio, titânio, ferro, etc. obtém-se safiras, safiras coloridas e rubis.

Já o processo de fluxo baseia-se em dissolver a alumina (no caso das safiras e rubis) em um composto fun-dido que atua como solvente. Essa mistura é colocada em um cadinho de platina e, após, é colocado em um

gemologyproject.com

forno com tem-peratura próxima a 1.300 ºC.

Já o proces-so hidrotermal, envolve várias técnicas de cris-talização de substâncias em soluções aquo-sas submetidas à altas tempera-

turas e pressões de vapor.Outros processos como o Czo-

chralski e Float-zone também são uti-lizados. Muitas safiras sintéticas são produzidas para aplicações indus-triais, comerciais e tecnológicas.

Para identificar a origem natural ou sintética da gema, é imprescindí-vel o exame das inclusões à lupa e ao microscópio. Algumas outras carac-terísticas como natureza e conteúdo de seus elementos-traços podem for-necer indícios dessa origem, entre-tanto, não são diagnósticas.

As safiras naturais costumam apre-sentar inclusões minerais e líquidas, bem como zoneamento retilíneo de cor.

Tratamento térmico - é utilizado para intensificar a cor natural da gema ou até modificá-la, a safira pode ficar tanto mais clara quanto mais escura. Também é usado para melhorar a clareza da pedra. São utilizadas al-tas temperaturas que vão de 1.500 a 1.800ºC, em fornos elétricos com aplicação de oxigênio ou não. A cor final é permanente e muito estável, desde que a pedra não seja exposta novamente à altas temperaturas.

tradeindia.com

langantiques.com

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25 Revista Joias & Design - Novembro 2014

COR/COLOR - As safiras pos-suem uma ampla gama de cores e cada cor tem suas próprias variações de qualidade. Em geral, quanto mais intensa a cor e menor a quantidade zonas de distração (inclusões), mais valiosa é a gema. Para as safiras azuis a avaliação da cor é mais im-portante para determinar seu valor. As mais valorizadas são azuis avelu-dadas para azul violeta (chamado de violetish blue), em meio a tons escu-ros médios. A saturação deve ser tão forte quanto possível, sem escurecer a cor e comprometer o brilho.

A graduação da cor das safiras é dividida em três catego-rias quan-tificáveis: intensidade (saturação), matiz (cor) e tom (cla-ro/escuro) especifica-das pela GIA. Ter-mos como “azul”, “azul ligeiramen-

te esverdeado”, “azul muito ligeira-mente esverdeado” são usados para descrever as tendências de cores. A nomenclatura de gradação de cor também especifica seis níveis de sa-turação que variam de “acinzentado” para “moderadamente forte” para “cores vivas” e, nove níveis de tom, variando de “muito muito leve” para “muito muito escuro”.

excelente brilho apesar de eventuais inclusões.

Semitransparentes - visualização ligeiramente turva ou borrada através da pedra.

Translúcido - visualização difícil através da safira. A luz é um pouco difusa.

Semi-translúcida ou semi-opaca - uma pequena fração da luz passa através da pedra.

Opaca - quase nenhuma luz pas-sa através da pedra.

As safiras azuis tendem a ter mais inclusões que a maioria das safiras coloridas. O termo “inclusão” é utili-zado para definir características en-contradas dentro de uma gema e são, frequentemente, usados para indicar que a pedra é de origem natural. As inclusões, geralmente, diminuem o valor da gema, principalmente se elas ameaçarem a durabilidade. Elas podem se apresentar de diversas for-mas como cristais (inclusões sólidas como pequenos grãos), seda (fibras finas de rutilo) esta, apesar de ser uma imperfeição é a preferida pois, algumas vezes proporciona um as-pecto aveludado à gema, aumentan-do seu valor, rachaduras, impressões digitais (inclusões que tem o aspecto de impressões digitais), entre outras.

Esse tratamento é considerado o mais natural e aceitável pela GIA e ou-tros laboratórios de certificação, pois não há adição de nenhum componen-te. Esse processo “termina” a reação química das impurezas minerais que ocorrem naturalmente dentro da pedra.

Difusão - esse processo consiste em introduzir impurezas na gema por difusão de óxidos a altas temperatu-ras (em torno de 1.900 ºC). A gema é co-locada em um cadinho, mistu-rada à óxido de titânio ou outro agente colo-rante em pó e aquecida à alta temperatura. A atmosfera e o tempo são vari-áveis. O resul-tado é uma fina camada muito colorida de cor estável.

Clareamento - é o uso de produ-tos químicos para clarear a gema ou para remover cores indesejáveis.

Outros tratamentos como: preen-chimento das cavidades, aquecimen-to seguido de resfriamento e tingidura, também são utilizados, porém muitos são temporários e inaceitáveis.

sapphiregb.com

AvaliaçãoComo nas outras gemas coradas,

a avaliação das safiras é baseada na saturação e intensidade da cor, trans-parência, lapidação e o tamanho. Os mesmos 4C´s do diamante que já fa-lamos na edição nº 4 da revista.

sapphirerings.org

TRANSPARÊNCIA/CLARITY - O grau de visibilidade através de uma safira é conhecido como transpa-rência, que varia de transparente a opaca, sendo a transparente a ideal, conforme classificadas abaixo:

Transparente - visualização cla-ra e distinta de objetos através da pedra. Estes safiras geralmente tem

revoni.co.uk

myjewelrysource.com

jewelry.ha.com

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26 Revista Joias & Design - Novembro 2014

CuidadosDevido à sua dureza, a safira

não requer muitos cuidados e pode ser limpa com ape-nas água morna e sabão, também pode ser utilizada uma por-ção de amônia para seis partes de água. Use uma escova de dente para esfregar

CORTE/CUT - Com-parável aos diamantes, os melhores cortes ou lapida-ções de safiras oferecem uma relação maior de pro-fundidade/largura.

As pedras mais pro-fundas parecem menores, mas mostram mais cor do que se fossem cortadas em proporções normais. Elas também preservam o peso e, consequentemen-te, o valor da gema. Quan-do o corte é raso parecem de cor mais clara do que os profundos. Safiras de qualidade têm boa simetria quando vistas de perfil - refletindo a luz de forma uniforme. Como a forma ori-ginal do cristal é em forma de pirâmide hexagonal, o corte profundo proporcio-na melhor obtenção da cor e proporções. Os cortes são orientados de acordo com o zoneamento de cores (cores diferentes em determinadas áreas), com o pleocroísmo (diferentes cores em diferentes direções) e a claridade da gema.

A safira estrela é sempre cortada em cabochão, para exibir o asterismo. A maioria das safiras são lapidadas em formato oval, esmeralda, corte redondo e cortes de almofada. Nas lapidações mistas, o pavilhão é lapidado em degraus paralelos e a parte superior é do tipo brilhante, como no corte esmeralda, que permitem um melhor aproveitamento da gema. Atualmente, na Tailândia, Índia ou Sri Lanka a grande maioria das safiras apresentam lapidações mistas.

Na figura abaixo você pode ver os tipos mais comuns de cortes de safiras.

eragem.com

CARAT/PESO - o efeito do quilate sobre o valor de uma safira varia pela cor. As safiras amarelas são relati-vamente abundantes em tamanhos acima de cinco quilates, porém cinco quilates de safiras Padparadscha são extremamente difíceis de encontrar. Safiras azuis, rosa, laranja ou Padpa-radscha que excedam quinze quilates são especialmente valiosas. Como as safiras tem uma alta densidade, uma safira de um quilate parece menor que um diamante do mesmo peso.

A safira azul do centro do anel abaixo tem 18.79 carats.

Vagabonde Bleue Ring © 2011 Fabergé Ltd

raredelights.com

Chanel

atrás da pedra, onde pode juntar poeira. Como a maioria das pedras

preciosas, evite realizar trabalho pesado ou entrar em contato com produtos quí-micos, pois isto pode danificá-la.

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27 Revista Joias & Design - Novembro 2014

metais

Além dos metais nobres o alumínio anodizado

Estamos acostumados a associar joia à ouro, platina e, até mesmo, à prata. Estão tão arraigados entre si, que fica difícil aceitar outros metais na joia.

O fato é que, cada vez mais, outros metais e materiais têm sido vistos nesse charmoso universo - como a madeira, o acrílico, a borracha,

as sementes e fibras vegetais, a resina, o murano e muito mais. Hoje, falaremos sobre o alumínio anodizado.

Márcia Pompei

O caminho que a joia tem trilhado, de alguns anos para cá, possibilitou a aceitação de materiais considerados “primos pobres” do ouro e das pedras preciosas. Esse caminho é fruto da própria história da humanidade, refle-xo de ques-tões sócio--econômicas.

A joia tem sofrido mudanças necessárias para manter seu status, anteriormente dependente apenas dos materiais no-bres utiliza-dos na sua produção. Hoje, esses materiais nobres não são suficientes.

Agora, a nobreza vai além do material, ela está no design, no estilo, na inova-ção, na arte.

No final dos anos 90, vimos surgir em países da Europa, a joia feita com um metal arrojado: o alumínio. Herói

de nossos tempos onde a consciência ecológica, a susten-tabilidade e outras “ideias verdes” se fortalecem e pesam, cada vez mais, na cabeça do consumi-dor.

O alumínio é um metal infinitamente reciclável, ele mini-miza o impacto das atividades econô-micas no meio am-biente. Como se não fosse o bastante ele

oferece outras vantagens:- Baixo Custo- Baixo Peso (possibilita a confec-

ção de peças grandes que não pe-sem durante o uso)

- É um metal resistente à corrosão- Quando anodizado oferece inúme-

ras possibilidades de cores e efeitos.Ao contrário do que muita gente

pensa, o alumínio oxida sim. O fato é que esse metal recebe um tratamento denominado selagem. Este tratamen-

to forma micro casulos sobre a su-perfície metálica - eles lembram uma colmeia.

Casulos sobre a superfície do alumínio

No Alumínio usado pela indústria esses casulos são preenchidos com uma substância incolor e, posterior-mente, selados, fechados, para que fiquem protegidos. Esse tratamento evita que o metal sofra a corrosão. É como se fosse aplicada uma cober-tura impermeabilizante sobre o metal.

Bracelete alumínio anodizadoMaura Dias

Brincosalumínio anodizadoMaura Dias

Bracelete alumínio anodizado e pérolasJuliana Landmann

Anéis em prata, alumínio anodizado e pérolasHideca Nomoto e Daniella Calle

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28 Revista Joias & Design - Novembro 2014

tanque. Antes de seguir para a ano-dização, a peça deve estar pratica-mente pronta, serrada, limada, lixada e polida, além de muito limpa e livre de gorduras. Após a anodização, co-loração e selagem não é aconselhá-vel trabalhar o metal. Essa camada é

frágil e pode se trincar ou que-brar.

Diversos joalheiros des-cobriram e se identificaram com o alumí-nio anodizado. O resultado do seu trabalho são peças ar-rojadas, inova-doras e belas.

Márcia Pompei

Para anodizar o alumínio utiliza-mos um banho químico associado à corrente elétrica, no tanque de ano-dização. Quando mergulhado no tanque, os casulos se formam e vão crescendo. Quando muito “baixos” a quantidade de corante será peque-na, oferecendo cores pálidas. Quando muito “alto” pode se tornar frágil.

Há um limi-te quanto à es-pessura dessa camada, em joalheria utili-zamos 12 mí-crons, o que é conseguido com a exposi-ção por 30 a 45 minutos no

As possibilidades são infinitas. Além do uso de corantes líquidos po-demos usá-los em pasta, criando for-mas com traços e pinceladas.

O silk-screen pode acrescentar desenhos pré-definidos, logotipos, textos e muito mais.

Atelier Márcia Pompei www.joia-e-arte.com.br – [email protected]

www.joalherianatela.com.br – [email protected].: 55 11 5181-7968 – WhatsApp 55 11 96246-2226Alumínio com silk-screen

Nem todas as ligas do metal podem ser usadas, as mais indicadas são a 1100 H14 (em chapas) e a 6063 TS (em tubos), isso porque, outras ligas não oferecem bons resultados na anodização.

Não existe mistério na anodização do alumínio. No lugar de uma substância incolor usamos cor. Depois da cor, a selagem. Então o alumínio fica “colorido”.

Entre os anos 2007 a 2009, o Atelier Márcia

Pompei em parceria com a designer de joias

Maura Dias, trouxe para o Brasil a técnica da anodização do alu-

mínio em joalheria.

Enquanto a prata escurece durante a corrosão, o alumínio desprende um pó branco muito fino. A selagem evita a formação desse pó branco e man-tém o metal em bom estado. Por isso as pessoas pensam que o alumínio não oxida.

Experimente usar uma palha de aço sobre uma esquadria de alumínio e veja o resultado disso depois de al-gum tempo. Uma fina camada branca porosa se forma sobre o metal soltan-

do-se aos poucos. Quando ocorre a abrasão com a palha de aço a selagem é retirada da superfície, deixando o metal exposto e sujeito à corrosão.

Gargantilha em prata e alumínio anodizadoMaura Dias

Anel alumínio anodizado, prata e coralMari Vieira

Pingente em prata e alumínio anodizadoHideca Nomoto

Casulos preenchidos com corante Casulos selados

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24 Revista Joias & Design - Junho 2014

Em breve novidades quentíssimas!www.editoraleon.com.br

Quer saber mais sobre comodesenhar e produzir joias?