8
Ano II edição nº 10 9912281558/2011 – DR/PR ABRAP Artigo Autarquias - representação judicial e ilegitimidade passiva do Estado Rio + 20: transformar o mundo ou a nós mesmos? Processos Judiciais Página 08 Página 07 Da esq. p/ a dir.: Edmilson Moura de Oliveira, João Clímaco Penna Trindade, Marcos V. Stamm, Fábio de Oliveira Moura, Olavo Câmara de Oliveira Jr, Renato Souza Faria, Edson Pinto Jr, Athos Pedroso e João Gualberto Pinheiro Jr. Reunião da ABRAP é realizada em Brasília para deliberações Diretores são homenageados no Mato Grosso Foi realizada em Brasília, no dia 26 de novembro, uma reunião de direto- ria da ABRAP. Entre outras deliberações, o presidente da APAFEP, Fabio de Oli- veira Moura, foi nomeado Diretor Regio- nal para o Estado do Pará. Ficou tam- bém definido que o II Congresso Nacio- nal da ABRAP será realizado em Forta- leza (CE), em novembro de 2013. O presidente da ABRAP, juntamente com os diretores regionais, foram homenageados em solenidade realizada na Assembleia Legislativa do Esta- do do Mato Grosso, comemorativa ao “Dia do Procurador Autárquico e Funda- cional do Mato Grosso” (05 de novem- bro), em Cuiabá, por iniciativa da Asso- ciação dos Procuradores Autárquicos e Fundacionais de Mato Grosso – APA- FMT, sob a presidência de Marcelo Gal- vão Marques. Confira excertos de palestras do Seminário “A Advocacia Pública nos Estados” (2011) “Procuradores Legislativos no contexto da Advocacia Pública” “O Modelo da Advocacia Autárquica e Fundacional na Advocacia-Geral da União” Página 04 Página 05 e 06 Na foto: Levy Pinto de Castro Filho (Rio de Janei- ro), Marcos Vitório Stamm (pres. ABRAP), João Clímaco P. Trindade (São Paulo), Renato Souza Faria (Goiás), Tânia Coutinho (Ceará) e Marié de Miranda (Alagoas). STF: alcance do termo "procuradores" Página 03

Jornal 10

  • Upload
    abrap

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Edição 10 - Nov//Dez de 2012

Citation preview

Page 1: Jornal 10

Ano IIedição nº 10

9912281558/2011 – DR/PR

ABRAP

Artigo

Autarquias -

representação judicial e

ilegitimidade passiva do

Estado

Rio + 20: transformar o

mundo ou a nós

mesmos?

Processos Judiciais

Página 08

Página 07

Da esq. p/ a dir.: Edmilson Moura de Oliveira,João Clímaco Penna Trindade, Marcos V.Stamm, Fábio de Oliveira Moura, Olavo Câmarade Oliveira Jr, Renato Souza Faria, Edson PintoJr, Athos Pedroso e João Gualberto Pinheiro Jr.

Reunião da ABRAP é realizada

em Brasília para deliberações

Diretores são homenageados no Mato Grosso

Foi realizada em Brasília, no dia26 de novembro, uma reunião de direto-ria da ABRAP. Entre outras deliberações,o presidente da APAFEP, Fabio de Oli-veira Moura, foi nomeado Diretor Regio-nal para o Estado do Pará. Ficou tam-bém definido que o II Congresso Nacio-nal da ABRAP será realizado em Forta-leza (CE), em novembro de 2013.

O presidente da ABRAP, juntamente com os diretores regionais, foramhomenageados em solenidade realizada na Assembleia Legislativa do Esta-

do do Mato Grosso, comemorativa ao“Dia do Procurador Autárquico e Funda-cional do Mato Grosso” (05 de novem-bro), em Cuiabá, por iniciativa da Asso-ciação dos Procuradores Autárquicos eFundacionais de Mato Grosso – APA-FMT, sob a presidência de Marcelo Gal-vão Marques.

Confira excertos de

palestras do Seminário

“A Advocacia Pública

nos Estados” (2011)“Procuradores Legislativos

no contexto da Advocacia

Pública”

“O Modelo da Advocacia

Autárquica e Fundacional

na Advocacia-Geral da

União”

Página 04

Página 05 e 06

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Na foto: Levy Pinto de Castro Filho (Rio de Janei-ro), Marcos Vitório Stamm (pres. ABRAP), JoãoClímaco P. Trindade (São Paulo), Renato SouzaFaria (Goiás), Tânia Coutinho (Ceará) e Mariéde Miranda (Alagoas).

STF: alcance do termo

"procuradores"Página 03

Page 2: Jornal 10

ABRAP - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DEADVOGADOS PÚBLICOSRua Inácio Lustosa, 909. São Francisco.Curitiba- PR. CEP: 80.510-000.Fone/Fax: (41) 3323 6118email: [email protected]: www.abrap.org.brDIRETORIAPresidenteMarcos Vitório Stamm1º Vice-PresidenteEdmilson Moura de Oliveira2º Vice-PresidentePaulo Eduardo de Barros Fonseca1º Secretário

EXPEDIENTEEdigardo Maranhão SoaresSuplentesRose Oliveira DequechNeroci da SilvaSilvio Carlos Cavagnari

JORNAL ABRAPTiragem3.000 exemplaresImpressãoEditora Central Ltda

Jornalista ResponsávelFernanda Cequinel (DRT/PR 8043)

* Os artigos assinados não refletem

necessariamente a opinião deste jornal.

Athos Pedroso2º SecretárioLevy Pinto De Castro Filho1º TesoureiroLuiz Alceu Pereira Jorge2º TesoureiroRomulo Tonini BarcellosDiretor Cultural e de EventosZuleik Carvalho OliveiraDiretor de Comunicaçãoe InformaçãoJoão Gualberto Pinheiro JuniorDiretores regionais:Rodrigo Rocha Rodrigues - ESRenato Sousa Faria - GOCarlos Roberto Gonçalves Melro- ALFrancisca Tânia Coutinho - CE

Samir Machado - SCLevy Pinto De Castro Filho - RJJoão Climaco Penna Trindade –SPArt Tourinho –BAAntônio Eustáquio Vieira - MGFábio de Oliveira Moura - PADiretor de Relacionamento comAdvogados Públicos Federais,Estaduais e MunicipaisEpitácio Bittencourt SobrinhoDiretor de Assuntos Jurídicos,Legislativos e de Defesa de PrerrogativasRenato Eduardo Ventura FreitasMembros Titulares do ConselhoConsultivoJoão Climaco Penna TrindadeMarié de Miranda Pereira

MENSAGEM DO PRESIDENTE

Prezados associados/as

Completamos 10 edições e dois anos do Jornal ABRAP.

Procuramos neste período selecionar as informações mais

representativas para a causa defendida pela ABRAP - a efetivação

do Provimento 114/2006 do Conselho Federal da OAB - e as

principais ações desenvolvidas neste sentido, inclusive, a

realização do Seminário de Brasília (2011) e o Iº Congresso Nacional

em São Paulo (2012).

Neste número, a par de importante decisão do STF sobre o

alcance constitucional do termo “procuradores”, resgatamos duas

palestras do Seminário de Brasília (2011), uma tratando das

procuradorias autárquicas e fundacionais na União e outra das

procuradorias legislativas, um apanhado jurisprudencial sobre

representação judicial das autarquias e ilegitimidade passiva do

Estado, e finalizamos com um artigo para reflexão dos advogados

públicos como participantes de uma sociedade globalizada, onde

a autotransformação e o desenvolvimento sustentável se colocam

na ordem do dia, nas suas vidas e no seu trabalho.

Agradecemos a colaboração de todos nesse desiderato de

informar sobre temas palpitantes e anseios legítimos que envolvem

os integrantes das carreiras que compõem a advocacia pública

nos Estados.

Feliz Natal e Próspero Ano Novo!

São os votos do Diretor de Comunicação e Informação

João Gualberto Pinheiro Junior.

Mensagem da Diretoria de

Comunicação e InformaçãoAo findar mais um ano da nossa história e consequentemente da nossa luta nacondição de advogados públicos, é necessário destacar que a nossa união e ações imple-mentadas vem surtindo efeitos e, com as devidas ressalvas, estão sendo muito importan-tes para fazermos a diferença na recuperação do tempo perdido, pois temos certeza que seestivéssemos juntos a mais tempo teríamos avançado mais na busca da dignidade profis-sional e das garantias das prerrogativas que nos devem ser conferidas.

Muitas foram nossas ações tomadas durante este ano, merecendo destaque a rea-lização do I Congresso da ABRAP, em São Paulo, bem como o acompanhamento dasPropostas de Emenda à Constituição e projetos que tramitam no Congresso Nacional quetratam de assuntos de interesse da advocacia pública e, especialmente, aquelas que con-templam as categorias vinculadas a ABRAP, bem como as providências tomadas em vári-os Estados, junto com as respectivas associações locais.

Importante registrar as decisões recentes do Supremo Tribunal Federal, como no AgrReg no RE 574.203/SP, em que o Min. Gilmar Mendes motivou sua decisão na jurisprudên-cia daquela Corte e reportou-se à decisão monocrática do Min. Ayres Brito no RE 562.238,que compartilha da decisão da 1ª Turma do STF no RE 558258/SP, julgado em 09.11.2010,onde o relator Min. Ricardo Lewandowski, deixou expresso que os procuradores autárqui-cos exercem função essencial à Justiça, que o vocábulo “Procuradores”, em nosso ordena-mento jurídico, mostra-se polissêmico, servindo para designar tanto os membros do Minis-tério Público, como os Advogados Públicos que atuam na defesa do Estado; e, que aConstituição quando utilizou o termo “Procuradores” o fez de forma genérica, sem distinguirentre os membros das distintas carreiras da Advocacia Pública.

Finalizando, desejamos que o espírito de Natal renove as esperanças de cada um denós, fazendo com que estejamos preparados para continuarmos nossa jornada rumo asnossas conquistas.

Desejamos a todos um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de realizações!

Marcos Vitorio Stamm Presidente da ABRAP

Page 3: Jornal 10

123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789

Associe-se à ABRAP

www.abrap.org.br

Tel (41) 3232-7763

RE 574203 AgR-segundo/SP -SÃO PAULO - SEGUNDO AG.REG. NORECURSO EXTRAORDINÁRIO -Relator(a):  Min. GILMAR MENDES -Julgamento: 09/11/2012 - Publicação:DJe-226 DIVULG 16/11/2012 PUBLIC19/11/2012 - Partes: AGTE.(S): SACHI-KO IKE ITAGAWA - ADV.(A/S): RICAR-DO LUIZ MARCAL FERREIRA E OU-TRO (A/S) - AGDO.(A/S) : ESTADO DESÃO PAULO - PROC.(A/S)(ES): PRO-CURADOR-GERAL DO ESTADO DESÃO PAULO - ADV.(A/S): RICARDOLUIZ MARCAL FERREIRA E OUTRO(A/S) - ADV.(A/S): LUIZ GUSTAVO COR-DEIRO GOMES

Decisão: Trata-se de agravo re-gimental em recurso extraordinário in-terposto contra decisão de fls. 237-240que deu provimento ao apelo, por en-tender que a Constituição Federal vedaa equiparação de remuneração de ser-vidores. Contudo, consoante as razõesdo agravo regimental, verifico que acontrovérsia não diz respeito à equi-paração do teto remuneratório entreprocuradores autárquicos e procurado-res de estado, mas ao alcance do ter-mo “procuradores” inserido no art. 37,XI, da CF.

Com efeito, o acórdão do Tribu-nal de Justiça de São Paulo (fls. 142-145) assim decidiu: “Procurador autár-quico inativo – Redução de proventos– Não se pode inferir que o termo ‘pro-curadores’ empregado pelo inciso XIdo art. 37 da Lei Maior possibilita aconclusão de exclusão dos procura-dores autárquicos, em sua generalida-de – Não há como se chegar à conclu-são que há na Constituição Federal dis-tinção entre procuradores da Adminis-tração Pública Direta e Indireta – Indu-

vidoso que o termo foi utilizado paraabrange a todos que exercem seu mis-ter na defesa judicial ou na consultoriados entes públicos, inclusive de enti-dades descentralizadas – O autor,como procurador autárquico, não estásubmetido ao redutor criado pelo De-creto Estadual n. 48.407/04, mas estásujeito ao redutor de 90,25% do subsí-dio mensal de Ministro do SupremoTribunal Federal”. (...)

Especificamente quanto à distin-ção entre procuradores de estado eprocuradores de autarquias e funda-ções, ressalte-se que a Primeira Tur-ma desta Corte enfrentou a controvér-sia nos autos do RE 558.258, Rel. Min.Ricardo Lewandowski, DJe 18.3.2011,cujo acórdão restou ementado nosseguintes termos: “CONSTITUCIONAL.RECURSO EXTRAORDINÁRIO. SERVI-DOR PÚBLICO. SUBTETO REMUNE-RATÓRIO. ART. 37, XI, DA CONSTITUI-ÇÃO DA REPÚBLICA. ABRANGÊNCIADO TERMO “PROCURADORES”. PRO-CURADORES AUTÁRQUICOS ABRAN-GIDOS PELO TETO REMUNERATÓ-RIO. ALTERAÇÃO QUE, ADEMAIS,EXIGE LEI EM SENTIDO FORMAL.RECURSO EXTRAORDINÁRIO IMPRO-VIDO. I – A referência ao termo “Procu-radores”, na parte final do inciso IX doart. 37 da Constituição, deve ser inter-pretada de forma a alcançar os Procu-radores Autárquicos, uma vez que es-tes se inserem no conceito de Advo-cacia Pública trazido pela Carta de1988. II – A jurisprudência do SupremoTribunal Federal, de resto, é firme nosentido de que somente por meio delei em sentido formal é possível a esti-pulação de teto remuneratório. III - Re-curso extraordinário conhecido parci-

almente e, nessa parte, improvido”.Na oportunidade, ficou con-

signada a necessidade de lei em sen-tido formal para regramento da matériarelativa à remuneração de servidorespúblicos. Contudo, o relator tambémadentrou no mérito e enfrentou a ques-tão referente ao alcance do termo “pro-curador” inserto no art. 37, IX, da CF,concluindo que o referido vocábuloabrangeria os defensores das autarqui-as. Confira-se trecho do voto-condutor:“Acrescento, ainda, que a Constituiçãoquando utilizou o termo ‘Procuradores’o fez de forma genérica, sem distin-guir entre os membros das distintascarreiras da Advocacia Pública. Assim,seria desarrazoada uma interpretaçãoque, desconsiderando o texto consti-tucional, exclua da categoria “Procura-dores” os defensores das autarquias,mesmo porque aplica-se, à espécie,o brocardo latino “ubi lex non distinguit,nec interpres distinguere debet”.

Registre-se, ainda, que oMinistro Ayres Britto, no julgamentomonocrático do RE 562.238, DJe7.2.2012, perfilhando do mesmo enten-dimento, consignou: “Prossigo, então,para anotar que a insurgência mereceacolhida. Isso porque a Primeira Tur-ma do Supremo Tribunal Federal, nojulgamento do RE 558.258, da relatoriado ministro Ricardo Lewandowski, as-

sentou que a ‘referência ao termo ‘Pro-curadores’, na parte final do inciso IXdo art. 37 da Constituição, deve serinterpretada de forma a alcançar osProcuradores Autárquicos, uma vezque estes se inserem no conceito deAdvocacia Pública trazido pela Cartade 1988.’

Nessa esteira, entendo quenão merece reparos o acórdão recor-rido ao afirmar que: “Não se pode infe-rir que o termo ‘procuradores’ empre-gado pelo inciso XI do art. 37 da LeiMaior possibilita a conclusão de exclu-são dos procuradores autárquicos, emsua generalidade. Não há como sechegar à conclusão que há na Consti-tuição Federal distinção entre procura-dores da Administração Pública Diretae Indireta. Induvidoso que o termo foiutilizado para abranger a todos queexercem seu mister na defesa judicialou na consultoria dos entes públicos,inclusive de entidades descentraliza-das”. (fl. 144) Ante o exposto, reconsi-dero a decisão de fls. 237-240 para,nos termos da jurisprudência destaCorte, negar seguimento ao recursoextraordinário e julgar prejudicado oagravo regimental.

Publique-se. Brasília, 9 denovembro de 2012. Ministro GilmarMendes - Relator. Documento assina-do digitalmente.

Page 4: Jornal 10

De 1988 para cá, podemos re-conhecer que nas Procuradorias le-gislativas passamos por dois grandesmomentos. Um primeiro momento denormatização dessas Procuradorias.E um segundo momento, a partir de2004, com uma consolidação dessasProcuradorias legislativas. (...) Dianteda falta de previsão na ConstituiçãoFederal, qual foi a solução encontra-da, nos estados que tinham suas Pro-curadorias legislativas em funciona-mento? A solução foi simples: (...) “Va-mos colocar as procuradorias de As-sembleias Legislativas nas Constitui-ções dos estados”. (...) Isso em 89,nas Constituições dos respectivosestados e, hoje, fazendo, aqui, umlevantamento de como isso foi siste-matizado: (...) 21 Procuradorias comprevisão em Constituições dos esta-dos; eu estou incluindo, inclusive, oDistrito Federal, e sete outras, semessa previsão.

Só que dessas outras sete quenão têm previsão na Constituição, têmprevisão em resolução própria, reso-lução legislativa própria da Assem-bleia Legislativa respectiva ou previ-são em Regimento Interno. Algumas,inclusive, muito bem estruturadas,como, por exemplo, a Procuradoriada Assembleia de Pernambuco, bemconsistente, que tem conseguido, in-clusive, perante os tribunais algumasconquistas institucionais, quando hádiscussão junto à Procuradoria-Geraldo estado, só por questão de função,que vocês sabem como funciona.

Quando foram criadas essasProcuradorias legislativas nas Consti-tuições dos estados, houve, inclusi-ve, quando apareceu dispositivo umaLei Orgânica do Distrito Federal, umaação direta de inconstitucionalidade

“Procuradores Legislativos no

Contexto da Advocacia Pública”

proposta pela Associação Nacionaldos Procuradores de Estado, afirman-do que era inconstitucional, por víciode iniciativa, a previsão na respectivaLei Orgânica. O Supremo Tribunal Fe-deral teve que enfrentar a questão naAção Direta de Inconstitucionalidadenº 1.557, relatada pela Ministra EllenGracie. Ali, a solução foi até bastantesimples: “A Assembleia Legislativa éente despersonalizado, não dotadode personalidade jurídica. Mas mes-mo sendo ente despersonalizado elatem personalidade judiciária. Ela podeestar em juízo para a defesa de suasquestões institucionais relacionadascom a sua autonomia e com sua inde-pendência, questões essas que,eventualmente, podem ter confrontocom o próprio Poder Executivo”.

A partir dessa visão, o STF, ape-nas um voto vencido, que foi do Mi-nistro Marco Aurélio, reconheceu aconstitucionalidade das Procuradoriaslegislativas, a constitucionalidade daprevisão nas Constituições ou nas leisrespectivas de cada estado, da exis-tência das Procuradorias legislativas.Então, esse é o segundo momentoque nós chamamos, aqui, de consoli-dação das Procuradorias legislativascom base nessa previsão em Consti-tuição e legislação local e regional.(...)

Ainda enfrentamos certos pro-blemas. Cito alguns: se as Procura-dorias das Assembleias Legislativasatuam na defesa de funções ou dequestões institucionais, o que signifi-ca a questão institucional a ser defen-dida? (...) A Assessoria de ComissãoParlamentar de Inquérito, que vai in-vestigar ato do Poder Executivo. Ób-vio, que isso é uma questão instituci-onal, questão investigativa. Nas fun-

ções típicas, investigação e legisla-ção, é óbvio que a Procuradoria daAssembleia Legislativa tem a capaci-dade para externar juízo, e não a Pro-curadoria do Estado. A prestação deassessoramento à presidência daCasa, à Mesa Diretora, em ação dire-ta de inconstitucionalidade.(...) Isso foi até motivo de voto do Mi-nistro Sepúlveda Pertence, que garan-tiu o direito dos procuradores legisla-tivos existirem. Ele dizia o seguinte:“A Assembleia Legislativa aprova umprojeto de lei; vai para sanção do go-vernador. O governador veta; voltapara Assembleia Legislativa; a Assem-bleia Legislativa derruba o veto; o go-vernador, legitimado, ingressa comação direta de inconstitucionalidade.Ora, quem vai prestar as informaçõesnessa ação direta de inconstituciona-lidade? É alguém ligado ao Executi-vo?”. Então, com muito mais razão, apartir dessas questões práticas, des-sas questões sempre presentes nosnossos tribunais, é a Procuradoria daAssembleia Legislativa que deve fa-zer o assessoramento, a consultoriajurídica do Poder Legislativo.

O problema não para aí: a Pro-curadoria da Assembleia Legislativapode atuar (...) defendendo questõesrelacionadas com função administrati-va da Assembleia Legislativa. O art.27, § 3º, da Constituição Federal é ca-tegórico: “Compete às AssembleiasLegislativas dispor sobre o seu regi-me interno, polícia e serviço adminis-trativos de sua secretaria e prover osrespectivos cargos”. Qualquer ativida-de administrativa adotada no âmbitoda Assembleia Legislativa, em um pri-meiro momento, passa por uma con-sultoria jurídica da Procuradoria da As-sembleia Legislativa.

Ocorre que essas questões po-dem ser judicializadas, não é? O in-conformado procura o Poder Judiciá-rio, para ingressar com uma ação, plei-teando esse aquele direto que, even-tualmente, tenha sido negado. Quemdefende? E, aqui, é que está o gran-de problema. A gente não sabe exa-tamente como que a jurisprudência vaicaminhar. Nós temos alguns parâme-tros. (...) O primeiro parâmetro é o se-guinte, o Supremo sempre diz, o STJjá mesma linha, o Tribunal de Justiçade São Paulo na mesma linha: ques-tões institucionais que foram relacio-nados com patrimônio, com dinheiro,é a Procuradoria do estado que atua.As questões institucionais, não neces-sariamente vinculadas à cobrança deum débito passado, é a AssembleiaLegislativa que atua. Isso muito emconta, por força do art. 100 da Consti-tuição, por força da ordem dos preca-tórios. O estado tem que estar pre-sente, porque é ele que, no fundo,vai pagar a dívida.

A união de esforços é muitoimportante, nós brigando para saberquem tem competência para fazer oque fazer e questões que, talvez,também tenham a mesma relevância,passando ao largo, por conta de brigasjurídicas, falta de sedimentação deespaço, de espaço jurídico deatuação de um ou outro órgão.

Alexandre Issa KimuraProcurador da Assembleia Legislativa de SP;mestre e doutor em direito constitucional pelaPUC/SP; professor de direito constitucional ede direito eleitoral na Unisul; autor das obras:Manual do Direito Eleitoral; Curso de DireitoConstitucional e CPI – Teoria e Prática.

*Este texto contém excertos da palestra proferida no Seminário “A Advocacia Pública nos Estados”, realizado

em Brasília, em outubro de 2011.

Page 5: Jornal 10

Como é o modelo da Advoca-cia autárquica e fundacional na admi-nistração federal, como é que chega-mos ao modelo que hoje existe. (...)Com a Constituição de 88, em rela-ção à Advocacia-Geral da União, pre-vista no art. 131 da Constituição, haviauma expressão que, desde sempre,chamou a atenção de qual seria o seusignificado. O art. 131 diz o seguinte:“A Advocacia-Geral da União, direta-mente ou por seus órgãos vinculados,exercerá a representação judicial e ex-trajudicial da União, e as atividades deconsultoria e assessoramento do Po-der Executivo”. A expressão (...) quegerou alguma curiosidade, foi essaexpressão “diretamente ou por seusórgãos vinculados”. Embora, hoje,essa expressão se amolde com bas-tante clareza à administração indireta,ela, na verdade, não foi criada paraatender à questão específica da Ad-vocacia da administração indireta.

E é curioso porque, até então,nós, advogados autárquicos e funda-cionais da União, entendíamos queessa expressão “diretamente ou vin-culado” foi criada para colocar, nessavinculação, o serviço jurídico da ad-ministração indireta. E qual não foi anossa surpresa, quando foi feita pes-quisa nos anais da Assembleia Naci-onal Constituinte, o que se pensava àépoca para os órgãos vinculados, di-zia respeito não aos advogados daadministração indireta, estes já erampensados pelos constituintes como in-tegrantes da Advocacia-Geral daUnião, diretamente. (...)

“O Modelo da Advocacia Autárquica e

Fundacional na Advocacia-Geral da União”

Foi dita uma falácia, à época,que era absurda, de que, nas autar-quias e fundações federais havia umcontingente de mais de 30 mil advo-gados sem concurso, e que se elesfossem colocados dentro de uma ins-tituição que estava nascendo, que eraa Advocacia-Geral da União, ela “jánasceria um órgão viciado”. E comessa falácia que, à época, infelizmen-te, ninguém conseguiu contrastar, por-que a organização da burocracia ad-ministrativa sequer permitia que al-guém tivesse um dado seguro dequantos eram esses advogados, se,de fato, eram 30 mil ou se não eramtantos, essa falácia não conseguiu serdesmontada. E, à época, se atribuiuque se a advocacia da administraçãoindireta ingressasse na AGU, haveriaum verdadeiro “trem da alegria”. E aí,essa foi a expressão cunhada “tremda alegria”, que tanto assustou os par-lamentares e que acabou garantindoessa inversão de polos.

Então, a Lei Orgânica da AGUé editada integrando diretamente a Ad-vocacia-Geral da União, o serviço con-sultivo dos Ministérios, a Procurado-ria-Geral da Fazenda Nacional; crioua carreira de advogado da União, paracuidar só do serviço contencioso daadministração direta, e previu, lá noart. 17, de forma bem tímida, que oserviço jurídico de cada autarquia ede cada fundação seria consideradocomo um serviço vinculado às ativi-dades da Advocacia-Geral da União.

Isso é o cenário até 93, quan-do a Lei Orgânica, então, é aprovada.

Só que eles não contaram com umdado bastante interessante, que, euimagino que isso também seja verda-de para as Procuradorias-Gerais dosestados, aliás, imagino, não, afirmoque também seja verdade para a Pro-curadoria-Geral dos estados. Logo sedescobriu que a Advocacia-Geral daUnião sem a Advocacia da adminis-tração indireta, na verdade, era umaAdvocacia parcial da União, e nãouma Advocacia-Geral da União. Por-que era uma advocacia que só se pre-ocupava com isso (...) só se preocu-pava com a parte da formulação daspolíticas públicas nos órgãos da ad-ministração direta.

Quando as políticas públicasdesciam para a fase de execução,onde há o contato com o cidadão; nosguichês do INSS; nos balcões da Fu-nai, em relação ao atendimento aosíndios; na execução da política de re-forma agrária, com relação ao Incra,aí, neste caso, a Advocacia-Geral da

União, então, não atuava. Só que, em-bora seja extremamente importante, afase de formulação das políticas pú-blicas na administração direta, eu creioque ninguém imagina que também nãoé tão importante, ao menos, tambéma execução e implementação dessaspolíticas por aquelas entidades quesão criadas, exatamente, para, com-pondo a administração indireta, exe-cutarem algumas atividades em nomeda União, como é o caso das autar-quias e fundações.

E, logo então, os advogados-gerais da união começaram a perce-ber que tinham nas mãos só um pe-daço do todo; e que ter nas mãos sóum pedaço do todo, lhes trazia pro-blemas seriíssimos, (...) Quando o Mi-nistro Gilmar Mendes assume a Ad-vocacia-Geral da União, estavam tra-mitando no Supremo Tribunal Fede-ral, vários processos de interesse daPrevidência Social, do INSS, de im-

Marcelo deSiqueira Freitas

Brasiliense, graduado em direito

pela Universidade de Brasília,

procurador autárquico do INSS,

atualmente, exerce o cargo de

procurador-geral federal.

*Este texto contém excertos da palestra proferida no Seminário “A Advocacia Pública nos Estados”, realizado em Brasília, em outubro de 2011.

Page 6: Jornal 10

pactos, eu não sei se, à época, milio-nários ou bilionários, porque eu nãosei qual era a moeda da época, seera muito milhão ou bilhão.

Mas que, hoje, seriam bilioná-rios, como são os processos doINSS, no Supremo Tribunal Federal.E o então advogado-geral da união,Ministro Gilmar Mendes, começou adescobrir o seguinte: “Olha, enquan-to eu estou, aqui, preocupado com osprocessos da União, que são extre-mamente relevantes, no que diz res-peito à administração direta, toda aparte da administração indireta estápassando por entre os dedos de todomundo. Então, eu tenho causas bilio-nárias do INSS no Supremo TribunalFederal, desapropriações bilionáriasdo Incra no Superior Tribunal de Justi-ça, e não tenho condições de estarverificando o que está acontecendo.Nem para saber se o trabalho estásendo bem ou malfeito, e para, alémdisso, para garantir uma efetiva coor-denação do trabalho jurídico de todaa Administração Pública Federal, des-de a fase de formulação da política,até a fase de implementação”. (...) O Ministro Gilmar, então, se deuconta de que assim ele não ia conse-guir atender aos interesses da Admi-

nistração Pública Federal. E ele en-tão, começa a trazer para junto dele oserviço jurídico da administração indi-reta. E a primeira providência foi apartir da criação do que é o embriãoda Procuradoria-Geral Federal, queera a antiga Coordenação dos ÓrgãosVinculados. (...) E a Coordenação dosÓrgãos Vinculados, então, começoua fazer essa ponte entre o serviço ju-rídico das autarquias e fundações e aAdvocacia-Geral da União. E quantomais essa ponte ia sendo construída,mais a Advocacia-Geral da União iase inteirando da importância dos pro-cessos que estavam sendo discutidospelas autarquias e fundações públicasfederais em juízo, e da importância dostemas que esses mesmos procurado-res, no âmbito interno das autarquias,estavam discutindo do ponto de vistado assessoramento jurídico, da con-sultoria jurídica. E isso acabou mostrando para aAdvocacia-Geral da União que ela te-ria que se preocupar, cada vez mais,com o serviço jurídico da administra-ção indireta (...). E o Ministro Gilmarsempre fazia questão da ressalvar aexcelência que ele encontrou em al-gumas Procuradorias, como a antigaProcuradoria-Geral do INSS, mas tam-

bém para começar a auxiliar e trataraquelas em que, embora em caráterexcepcional, eventualmente, havia al-gum tipo de desvio que demandavauma atenção mais direta, também, daAdvocacia-Geral da União. E aí, a primeira providência doMinistro Gilmar, depois da criação daCoordenação dos Órgãos Vinculados,foi criar uma carreira única. E aí, co-meça a se moldar o que, hoje, é aProcuradoria-Geral Federal. Então, oque é que o Ministro Gilmar fez? “Bom,então, eu vou criar uma carreira única,a carreira de procurador federal, vouenfrentar a discussão constitucionalcom relação ao aproveitamento dequem já é servidor público, nesta novacarreira, e vou prever, então, agora,um intercambiamento, por ser umacarreira única, com um quadro único,eu vou administrar a distribuição deprocuradores entre as autarquias efundações. Vai ser o primeiro passo”.E esse primeiro passo, então, foi ado-tado. Então, o Ministro Gilmar criou acarreira de procurador federal. Nós que já éramos procuradoresautárquicos ou fundacionais, mesmoaqueles que ingressaram antes de 88,sem concurso público, em relaçãoàquelas autarquias, cuja legislação

admitia, fomos aproveitados e passa-mos, então, a ser denominados pro-curadores federais. E, logo na sequ-ência, ele abriu um concurso, também,para já nomear procuradores federaisjá aprovados para esta carreira espe-cífica. E, hoje, é uma carreira única,que íntegra, tanto nós que éramos au-tárquicos, quanto aqueles que ingres-saram depois do concurso público. Eaí, se descobriu um dado interessan-te: nós não éramos 30 mil. Os procu-radores autárquicos e fundacionais,eram pouco mais de quatro mil. En-tão, era um número significativamenteinferior àquele “trem da alegria” quese previa. (...) E aí, o que é que cabe à PGF?Aquilo que os senhores sabem me-lhor do que eu. A gente faz todo oserviço de representação judicial,todo o serviço de consultoria e asses-soramento jurídico e inscreve em dí-vida ativa, para fins de cobrança ami-gável ou judicial. (...) Então, nós estamos divididos, ba-sicamente, assim: procuradores cui-dando de consultorias e assessora-mento, dentro das autarquias, mas re-cebendo pela Advocacia-Geral daUnião. São procuradores federais in-tegralmente.

As palestras do Seminário “A Advocacia Pública nos Estados” (2011), realizado emBrasília; e do 1º Congresso Nacional da ABRAP (2012), realizado em São Paulo, divulgadasno Jornal ABRAP, foram transcritas pela Steno do Brasil por estenotipia computadorizada.

A estenotipia computadorizada utiliza o sistema TAC (transcrição assistida porcomputador) para a transcrição de discursos, oitivas, reuniões, depoimentos, audiências etranscrição em geral, para entrega em 12, 24 ou até 72 horas úteis. (Realiza também o serviçoem tempo real).Essa tecnologia permite transformar grande volume de áudios da palavrafalada em texto, com custo/benefício excelente.

www.steno.com.brPR – (41) 2112-9973 / SP (11) 3747-0100 / DF (61) 3964-0904/0906 / RS (51) 3061-8889

Page 7: Jornal 10

EMENTA: Ação de indenizaçãopor acidente de trânsito. Demandaproposta em face de autarquia esta-dual e do Estado do Paraná. Exclusãodo Estado do Paraná do polo passi-vo por ilegitimidade passiva. Decisãocorreta. Autarquia que detém perso-nalidade jurídica e patrimônio pró-prio. Responsabilidade subsidiáriado Estado do Paraná que não implicaem litisconsórcio necessário. (...) “Aautarquia não é um simples ‘órgão’ daAdministração direta. (...) Sua caracteri-zação como pessoa jurídica importa au-sência de identidade subjetiva da autar-quia em face da Administração direta. Aautarquia é titular de direitos e deveresem nome próprio. Há um patrimônio pró-prio da autarquia. Em termos práticos,isso significa a diferenciação entre a au-tarquia e a pessoa da Administração di-reta a que ela se vincula. Os atos pratica-dos pela autarquia não são atribuídos àAdministração direta e vice-versa” (JUS-TEN FILHO, Marçal. In Curso de DireitoAdministrativo. São Paulo: Saraiva, 2010.pg. 204). (TJPR - Agr. de Instrumento0815481-4, da Vara Cível e Anexos da Co-marca de Pérola. Relator: Des. Ruy Fran-cisco Thomaz).

EMENTA: ação de indenizaçãopor danos material e moral - pleito di-rigido originariamente contra o DE-TRAN/PR - determinação da julgado-ra singular de que fosse substituídaa parte passiva com a citação do Es-tado do Paraná - indenização postu-lada em face de atos atribuídos ao DE-TRAN/PR, que se trata de autarquiacom personalidade jurídica e autono-mia própria - ilegitimidade passiva doEstado do Paraná para figurar na de-manda - recurso provido para cassara sentença e anular o processo a par-tir de fls. 52/53, inclusive, a fim de quese proceda a citação do DETRAN/PR,nos termos postulados na inicial.Decisão na moldura do art. 557, § 1º- ado CPC. O DETRAN/PR é autarquia es-tadual dotada de personalidade jurídica

de direito público, autonomia administra-tiva, financeira e patrimonial, razão pelaqual responde por seus atos, sendo, por-tanto, o Estado do Paraná parte ilegítimapara figurar como Réu na lide em queaquele é demandado. Entendimento rei-terado desta Corte em consonância como E. STJ. (TJPR - Processo: 877834-1(Decisão Monocrática) - Relator: CunhaRibas - 2ª Câmara Cível - Data do Julga-mento: 06/06/2012)

EMENTA: Ação anulatória deautos de infração cumulada com an-tecipação dos efeitos da tutela e ou-tras avenças. Pleito de cancelamentode infrações de trânsito aplicadas porente municipal e estadual. Ilegitimi-dade passiva do Estado. Ainda quese considerasse a legitimidade pas-siva do DETRAN, para corrigir irregu-laridades, também, pleiteadas pelaapelante, o Estado seria parte ilegíti-ma. Sentença mantida. (...) O pleito decancelamento de referidas infrações de-veria ter sido requerido em face de cadaórgão competente, na esfera municipale federal e não na estadual, como pre-tende a apelante, configurando assim ailegitimidade passiva do Estado. Mesmoque a apelante requeira a regulação dasituação de suposta clonagem de pla-cas, ainda assim, o Estado do Paraná nãoseria parte legítima, pois a ação deveriaapontar no pólo passivo da demanda oDETRAN. Da mesma forma, o recorren-te não seria parte legítima, pois o DE-TRAN trata de uma autarquia estadualdetentora de autonomia administrativa,operacional, financeira e patrimonial, deacordo com o disposto no artigo 1º daLei 7.811/1983, devendo responder porseus atos, até porque, é esta autarquiaque aufere as receitas provenientes dasmultas trânsito, além do que é o órgãocompetente para registrar veículos e re-novar licenciamento (artigo 3.º, inciso II,Decreto 3.382/83). (TJPR - Ap. Cível815796-0 - Relator: Des. Luiz Mateus deLima.)

EMENTA: Administrativo. Recursoespecial. Infração de trânsito. Aplica-ção de penalidade pela Polícia Mili-tar. Ação anulatória. Ilegitimidade adcausam do Estado. Arts. 22 e 23 doCTB. (...) 3. É ilegítimo o Estado para fi-gurar no polo passivo de ação que buscaa anulação de autos de infração, supe-daneados em penalidades de trânsito, la-vrados pela Polícia Militar. O Estado nãotem ingerência sobre o procedimento ad-ministrativo de autuação, notificação epenalização por infração de trânsito, sen-do o DETRAN - Departamento Estadualde Trânsito, o órgão da administraçãopública dotado de personalidade jurídi-ca para fins de implementação do dis-posto no Código de Trânsito Brasileiro.(...) 5. Exclusão do Estado do Rio Grandedo Sul do pólo passivo da demanda, ex-tinguindo-se o feito em relação a este seapreciação de mérito. 6. Recurso espe-cial provido.”.(REsp 789117/RS - STJ, 1ªTurma, Rel. Min. José Delgado - DJ 07/11/2006, p. 251).

EMENTA: Embargos à execu-ção. Ação de execução fiscal em queo Instituto Ambiental do Paraná - IAPrestou vencido. Requerimento decumprimento da sentença transitadaem julgado efetuado em face do Esta-do do Paraná. Impossibilidade. Ilegi-timidade passiva. IAP - autarquia quepossui personalidade jurídica, admi-nistração, orçamento e patrimôniopróprios. Legitimidade da autarquia.Responsabilidade subsidiária do Es-tado apenas em caso de esgotamen-to dos recursos autárquicos. Senten-ça que merece ser reformada. (...) Ten-do em vista que as autarquias caracteri-zam-se por possuírem personalidade ju-rídica própria, sendo sujeito de direitos eencargos e possuindo patrimônio e re-ceita próprios, os bens a ela pertencen-tes não se confundem com os da Admi-nistração direta a que se vinculam. Ape-nas em caso de esgotamento dos recur-sos pertencentes à autarquia, possui oente público a que a entidade autárquica

está vinculada, responsabilidade subsi-diária de reparar os danos. (TJPR - Ape-lação Cível nº 742736-9, de Mangueiri-nha, Vara Única. Relator: Des. Luiz Ma-teus de Lima. Revisor: Des. José Marcosde Moura)

EMENTA: Tributário. Ação de-claratória c/c obrigação de fazer. Ex-tinção sem julgamento de mérito, porilegitimidade passiva do Estado doParaná. Registro e alteração de con-trato social. Competência da JUCE-PAR. Autarquia dotada de personali-dade jurídica própria e autonomia.Lei Estadual nº 7.039/1978. arts. 1º e2º. Emenda à inicial posterior à con-testação. Impossibilidade. Art. 264,CPC. (...) 1. A Junta Comercial do Paraná- JUCEPAR tem natureza jurídica de au-tarquia estadual, e como tal, possui per-sonalidade jurídica autônoma, sendo ti-tular de direitos e obrigações próprios,distintos daqueles que pertencem aoEstado. 2. A extinção sem julgamento domérito da ação principal, por ilegitimida-de passiva, acarreta na perda do objetoda ação cautelar, ante seu caráter aces-sório. (TJPR - Ap. Cível 935168-4 e ApCível 935428-5, ambas da Vara Única deIpiranga - Relator: Des.. Salvatore Anto-nio Astuti - Publicação: DJ: 1001 04/12/2012).

EMENTA: Agravo de instrumento. Di-reito previdenciário. O IGEPREV é au-tarquia, entidade de direito público, cria-do pela Lei Complementar Esadual nº039/2002, a qual compete a gestão dosbenefícios previdenciários do Estado.Portanto, o IGEPREV é parte legítimapara figurar no polo passivo da lide. Cor-reta a decisão do Juiz de primeiro grauque determinou a exclusão da lide do Es-tado do Pará. Agravo de Instrumento co-nhecido e improvido. Decisão unânime.(TJPA, 1ª Câmara Cível Isolada, Agravode Instrumento, Processo nº200830029458, Acórdão nº 83068, Rela-tora Desa. Marneide Trindade PereiraMerabet, Publicação: 15/12/2009).

Autarquias - representação judicial e ilegitimidade passiva do Estado

Page 8: Jornal 10

Rua Inácio Lustosa, 909. São Francisco. Curitiba - PR. CEP 80510-000

“IMPRESSO FECHADO-PODE

SER ABERTO PELA ECT”

A recém concluída Rio + 20 sus-citou discussões acerca de valoreshumanos sem precedentes na recen-te história das cúpulas internacionaissobre sustentabilidade. Embora a de-finição de metas para o desenvolvi-mento sustentável tenha sido adiadapara 2015, parece revelador o fato deque formadores de opinião, antes pro-pagadores do ceticismo, passaram areconhecer publicamente a vulnerabi-lidade do sistema econômico vigen-te, a interdependência do homem emrelação a natureza e a importância derever o papel das empresas. Refle-xões sobre o excessivo foco no de-senvolvimento material, que tem ocu-pado a sociedade nas ultimas déca-das, e o resgate de um propósito maisprofundo para a vida, ganharam vozpela primeira vez numa conferênciado gênero. Estamos próximos do ca-minho que levará ao modelo deseja-do?

O debate sobre a governançanecessária para promover sustentabi-lidade reflete a maturidade que a dis-cussão começa a alcançar. Parece serconsenso que uma ampla mobilizaçãoda sociedade, aliada à organizaçãode estruturas institucionais para ges-tão e fomento são indispensáveis parafazer acontecer. Enquanto a iniciativaprivada e organizações da socieda-de civil avançam em compromissospara altos investimentos em tecnolo-gias sociais e ambientais, a pautapolítica prega a necessidade de erra-dicação da pobreza e segue compouca ambição, deixando de lado oponto crucial: a revisão dos padrõesde consumo. Motivos para mais oti-mismo virão quando dermos a devi-

Rio + 20: transformar o mundo

ou a nós mesmos?Por Clarissa Medeiros *

da atenção ao papel do engajamentoindividual, da responsabilização decada cidadão nos diversos extratosda sociedade, o que é diferente dedelegar a tarefa às lideranças políti-cas e econômicas. Isto parece meioabstrato? Então, vejamos:Discussões políticas, seja no âmbitode governos ou empresas, são basi-camente processos de tomada dedecisões conduzidos por pessoas, jáque não é possível inventar computa-dores capazes de processar signifi-cados e tomar decisões que impli-quem em valores humanos. O quepesa em uma decisão é, basicamen-te, a visão de mundo de cada partici-pante. É a ótica individual que defineas escolhas no contexto profissional,da vida familiar e comunitária. São asdecisões que pautam a governançae as regras que orientam a vida emsociedade nas mais variadas escalas,desde as reuniões de condomínio eassociações de bairro, aos conselhosempresariais e as conferencias inter-nacionais. Em suma, organizaçõesnão tomam decisões, e sim pessoasque ocupam posições e exercempapéis e liderança.

Assim, cabe perguntar o queestamos escolhendo, pois já sabe-mos quais são os desafios, o que pre-cisa ser modificado e temos o conhe-cimento e os recursos necessários.O que nos impede? Na hora das de-cisões que podem alterar para melhoro curso do mundo, surgem os confli-tos de interesses. Não bastará aguar-dar por acordos e leis internacionaisque ditem regras e coloquem puni-ções. Cúpula após cúpula, a principalquestão que permanece é “quem vaipagar a conta”, e falta uma visão mais

consciente acompanhada de estraté-gias plausíveis. A novidade é que,desta vez, já se sabe que é mais ba-rato promover a mudança para o de-senvolvimento sustentável do que ar-car com as consequências decorren-tes do atual modelo predatório. Masnem isso parece sensibilizar os toma-dores de decisão. Afinal, o que preci-samos transformar?

O renomado PHD em física qu-ântica Amit Goswami, que vem fomen-tando uma revolução silenciosa namaneira cartesiana como temos vistoo mundo, diz que se houvesse maisamor e compaixão nas relações hu-manas, não precisaríamos de tantasleis! Outro indiano notável, o econo-mista Pavan Sukdhe, propôs uma re-visão do papel das empresas duran-te a Rio + 20 ao defender que geremcomo subproduto bem estar, preser-vação ambiental e desenvolvimentosocial. É simples constatar que a mu-dança do modelo empresarial requeruma transformação na visão de mun-do dos próprios empresários, paraque criem novas formas de geraçãode valor e inspirem colaboradores aabraçar este processo de mudançacomo uma causa capaz de transfor-mar as pessoas, as organizações e omundo, ao mesmo tempo.

Como colocar isto em prática?Para encontrar a resposta devemosobservar, a cada dia, o que e o quan-to estamos comprando, o que nossotrabalho está gerando, com que qua-lidade estamos passando pela vida epelo que gostaríamos de ser lembra-dos. Há muito trabalho pela frente,pois a maior parte da sociedade ain-da está desmobilizada. O caminho da

autotransformação é o único caminhopossível para que as verdadeirastransformações ocorram, e o maiorsaldo da Rio + 20 parece ter sido ointenso processo de reflexão e auto-conhecimento pelo qual a sociedadeparece começar a adentrar.

A necessidade de superar a atu-al crise nos leva a rever o que é im-portante, e isso inevitavelmente noslevará a buscar mais equilíbrio entreo ser e o ter. As mudanças que que-remos ver no mundo partem de umamudança interna capaz de se traduzirem transformação cultural, que extra-pole fronteiras rumo à verdadeira arti-culação global. Em nenhum outromomento o engajamento individual foitão importante. Isto traz uma oportuni-dade única para inovar e construir umavida mais plena de sentido e signifi-cado. Esta é, sem dúvida, uma épo-ca fascinante para se viver, sendo oautoconhecimento e o desenvolvimen-to de pessoas a mais valiosa matéria-prima.Acesse o inteiro teor do artigo no

site

www.conscienciaeacao.com.br.

* Graduada em Comunicação Social(PUC-SP); especializada em Comu-nicação Empresarial Internacional(Syracuse University/ABERJE); cer-tificada em Coaching (InternationalCoaching Community - ICC); forma-da em Ativismo Quântico por Amit

Goswami/Instituto Aleph.