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Jornal Regional de Barretos www.redebrasilatual.com.br BARRETOS nº 2 Junho de 2011 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA CULTURA A constatação é do presidente do Conselho Municipal, José Geraldo Resende Pág. 6 QUASE NãO SE PRODUZ NADA POR AQUI Parece inacreditável, mas no país do futebol a notícia é verdadeira Pág. 7 VáRZEA FALTA CAMPO Célia Aiélo conta como o Frigorífico Anglo agia com os operários Pág. 3 MEMóRIA HISTÓRIA SECRETA Recebido com festa, jornal Brasil Atual chega para ficar Pág. 2 IMPRENSA Ó NÓS AQUI O setor da indústria brasileira que tem um pé no futuro e outro no atraso TRABALHADORES RURAIS CANA BRAVA

Jornal Brasil Atual - Barretos 02

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imPrensa falta campo memória várzea história secreta ó nós aqui Distribuiçã o nº 2 Junho de 2011 Pág. 6 Pág. 7 Pág. 2 Pág. 3 www.redebrasilatual.com.br Jornal Regional de Barretos Recebido com festa, jornal Brasil atual chega para ficar Célia Aiélo conta como o Frigorífico Anglo agia com os operários Parece inacreditável, mas no país do futebol a notícia é verdadeira

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Jornal Regional de Barretos

www.redebrasilatual.com.br barretos

nº 2 Junho de 2011

DistribuiçãoGratuita

cultura

A constatação é do presidente do Conselho Municipal, José Geraldo Resende

Pág. 6

quase não se Produz nada Por aqui

Parece inacreditável, mas no país do futebol a notícia é verdadeira

Pág. 7

várzea

falta campo

Célia Aiélo conta como o Frigorífico Anglo agia com os operários

Pág. 3

memória

história secreta

Recebido com festa, jornal Brasil atual chega para ficar

Pág. 2

imPrensa

ó nós aquiO setor da indústria brasileira que tem um pé no futuro e outro no atraso

trabalhadores rurais

cana brava

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expediente rede Brasil atual – Barretoseditora Gráfica atitude ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Leonardo Brito (estagiário) e Aquino José revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman telefone (11) 3241-0008 tiragem: 6 mil exemplares Distribuição Gratuita

imPrensa

Jornal brasil atual – barretosNova mídia é lançada com grande festa na cidade

Foi lançado o jornal Brasil Atual, edição de Barretos, da Rede Brasil Atual, compos-ta de uma revista (Revista do Brasil), um programa de rádio em São Paulo (Jornal Brasil Atual, levado ao ar pela FM 98,9), o portal www.redebra-silatual.com.br e cinco jornais mensais no interior do Estado – Bebedouro, Limeira, Garça, Jundiaí e Vale do Ribeira – aos quais, agora, se soma a edição de Barretos, e mais quatro estão por chegar – Guaíra, Catandu-va, Bragança Paulista e Taboão da Serra. O lançamento foi na sede do Sindicato dos Bancá-

rios de Barretos, com a exibição de um vídeo sobre os 50 anos do Sindicato dos Bancários, no

dia 17 de maio, com a presença de representantes da categoria, convidados e jornalistas.

bancários

Posse da nova diretoriaAto teve a presença de deputado e sindicalistas

roberto rodrigues apresentou o projeto de comunicação

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Foi empossada na noi-te de 21 de maio, no Rio das Pedras Country Club, a nova diretoria do Sindicato dos Bancários de Barretos e Região. Marco Antonio Pereira, reeleito presidente, vai comandar a entidade nos

próximos três anos. O deputa-do estadual Luiz Claudio Mar-colino (PT) prestigiou a posse, destacando que a participação social da entidade barretense foi modelo para a criação da Rede Brasil Atual. O parla-mentar defendeu a necessida-

de de os bancários assumi-rem espaço no Legislativo, na área de comunicação e no Judiciário.

Acompanharam a solenida-de, Sebastião Cardoso, secretá-rio-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT-SP); Ra-quel Kacelnikas, secretária-ge-ral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região; e o ex-prefeito de Guaíra, Sér-gio Mello. José Rosa de Paiva, fundador da Associação dos Bancários de Barretos, e Ru-bens Luiz, dirigente sindical, receberam homenagens póstu-mas de seus familiares.

marcolino e raquel cumprimentam marco antonio

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As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

vale o que vier

editorial

O jornal Brasil Atual mostra, nesta edição, como os trabalha-dores da cana-de-açúcar vivem uma situação inusitada no Brasil, que mescla um pé no futuro – de um setor que se moderniza para competir no Exterior – e outro no atraso, com um ritmo insano da jornada diária. Em média, cada pessoa anda nove quilômetros para cortar 12 toneladas diárias de cana, faz 17 flexões de tronco e desfere 54 golpes de facão por minuto – nesta safra, a região de Barretos conta com quatro mil trabalhadores que colherão quase 25 milhões de toneladas de cana. Realidade assustadora.

Também vem do campo a notícia que dá conta de uma re-volução que se opera na colheita de laranja – e, por extensão, das demais frutas do município. A partir de agora, nossas frutas serão lindas, cheirosas e maquiadas, graças a uma engenhosa máquina de pós-colheita, produzida em Limeira, que caiu nas graças dos pequenos agricultores da região. Pena que a gente não possa festejar, dançando ao ritmo de uma congada ou da dança de São Gonçalo, manifestações folclóricas que estão à morte e exigem de nós pronta reação. Reação, aliás, que deve-mos ter com o sumiço dos campos de futebol de várzea e com a falta de apoio para outros esportes, como o xadrez. Boa leitura!

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Pastoral da criança

memória

Precisa-se de voluntários

a repressão aos trabalhadores do Frigorífico

A Igreja Católica luta para acompanhar as crianças de Barretos. Mas precisa da sua ajuda

Como os empresários e o governo se uniram para disciplinar os operários, segundo a história

vó zilda vê o peso da neta

os trabalhadores do Frigorífico na década de 1930

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A Pastoral da Criança da Diocese de Barretos preci-sa de voluntários nas mais diversas áreas para desen-volver suas ações de orien-tação de saúde e prevenção de doenças. Os interessados em ajudar podem obter in-formações nas 13 paróquias onde a entidade atua, infor-ma a coordenadora Mariste-la Magalhães, de Severínia.

Presente em oito cida-des da região, a Pastoral da Criança atua em dois locais diferentes em Barretos. No

A professora Célia Aiélo estudou o perfil dos operários do Frigorífico Anglo, de 1927 a 1935. A tese, apresentada ao Departamento de História da Unicamp, está disponível na bi-blioteca virtual da universidade.

Ela conta que, em 1927, 40% dos trabalhadores da in-dústria eram lituanos, portu-gueses, alemães, iugoslavos, sírios e italianos. A contratação dava-se no portão da fábrica, sem exigência de qualificação. Havia grande rotatividade de mão-de-obra. Aos grevistas era impossibilitado o retorno.

Em 1931 houve uma greve porque os brasileiros temiam ser trocados por estrangeiros. Os operários pararam em 22 de janeiro. Houve piquetes e confusão. Com a chegada de reforços de cidades vizinhas,

registraram-se feridos e pre-sos. Segundo o jornal da épo-ca A Semana, os grevistas exi-giam aumento de salários, oito horas de trabalho diário e re-muneração extra pelo serviço noturno. Quatro operários do Anglo negociavam as reivin-dicações, chefiados por José Eugênio de Carvalho, chefe da Legião Revolucionária do Frigorífico, demitido por cau-sa de sua liderança. O delega-do de polícia, Hugo Ribeiro da Silva, ainda argumentou que o trabalhador era uma pessoa pacífica e questionou a postu-ra do gerente geral Mr. Cun-ningham em despedir os en-volvidos na greve. Cópias das fichas de registro dos operá-rios foram enviadas à Polícia Política pelo superintendente do frigorífico, A.M. Moore

– havia também uma preocu-pação da polícia política com a União Operária Camponesa do Brasil, presente em cidades como Barretos, Campinas, Ri-beirão Preto e Bauru.

Em 1934, depois de nova ameaça de greve, o Frigorífi-co atendeu o Sindicato e deu 30% de aumento sobre as ho-

visita domiciliar mensal, reali-zam um encontro para celebrar a mística da entidade e conferir o peso das crianças. A avalia-ção ocorre na terceira sexta-feira de cada mês, às 20 h. A principal dificuldade naquele setor da cidade é “agregar as famílias”, visto que muitas pessoas não compreendem a proposta de “informação constante” e buscam uma “ação assistencialista da Pas-toral” – afirma a coordenadora Luciana Santos. No bairro Na-dir Kenan, as ações da Pasto-

ral foram interrompidas. Mas os voluntários querem retomar o trabalho na paróquia Santa Ana e São Joaquim.

No Centro Comunitário do bairro São Francisco a pesagem das crianças é no segundo sába-do de cada mês, às 15 h. Atual-mente, cerca de 20 crianças são acompanhadas por três voluntá-rias. “Precisamos formar novos agentes para ampliar o trabalho” – diz Elisângela Bastos Arantes, que se dedica ao trabalho volun-tário com a garotada. Adriana de Castro Costa leva dois filhos

para avaliação da Pastoral da Criança, no bairro São Fran-cisco. Nos encontros, conse-gue obter mais informações sobre o desenvolvimento dos meninos e troca experi-ências com outras mães. Zil-da Santos acompanha a neta Mariana Vazon, de dois anos e meio, nos encontros da Pas-toral. Revela que a criança já esteve abaixo do peso para a idade, mas conseguiu se de-senvolver com o uso de com-plemento alimentar oferecido pelas voluntárias.

Centro Comunitário São João Batista, no bairro Barretos II, sete agentes acompanham cerca de 10 famílias. Além de

ras extras, 1$000 réis como pagamento mínimo por hora e definiu um novo ponto na linha do trem para os operá-rios. Na época, a Polícia Po-lítica investigava o Sindicato dos Operários do Frigorífico e o Sindicato da Construção Civil de Barretos, por envol-vimento com comunistas.

o angloA história da indústria

frigorífica no Brasil come-ça em 1913 com a Compa-nhia Pastoril de Barretos que, no ano seguinte, tinha 350 operários. Na época, havia vida social na vila do frigorífico, com casas que abrigavam os operários. Em 1917, uma sociedade recreativa oferecia bailes, sessões cinematográficas e havia até uma escola muni-cipal. Acabou vendido, em 1919, à Companhia Me-chanica e Importadora de São Paulo e, em 1923, para a empresa Brazilian Meat Company, que se tornaria mais tarde a S/A Frigorífi-co Anglo.

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trabalhadores rurais

um pé no futuro, outro no atrasoO setor se moderniza para competir lá fora, mas os trabalhadores são excluídos Por Vitor Nuzzi

A safra de cana-de-açúcar no período 2010-2011 fechou com recorde de 625 milhões de toneladas colhidas, segun-do a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na Região Centro-Sul, chegou a 557 milhões de toneladas, com 55% destinados à produção de etanol e 45%, à de açúcar.

O setor sucroalcooleiro se modernizou nos últimos anos, ganhou o mercado externo, mas as condições de trabalho conti-nuam sofríveis: jornadas exaus-tivas, más condições de higiene e de moradia e pouca qualifica-

ção. Em São Paulo, que produz mais de 50% da cana do país, um acordo firmado em 2007 entre usineiros e o governo prevê o fim das queimadas em áreas mecanizadas em 2014 e, nas demais, em 2017. A meca-nização já representa mais da metade da área colhida e é uma ameaça ao emprego.

“A introdução da colheita mecanizada deslocou a mão de obra braçal de São Paulo para o Triângulo Mineiro, Goiás e Mato Grosso” – diz o padre Antônio Garcia Peres, da Pas-toral do Migrante em Guariba,

o trabalho pelo paísA jornada de trabalho, em

Ribeirão Preto, que era de 12 horas, agora é das 7 h às 16 h e o pessoal é registrado em car-teira – acabou-se com o “gato”, agenciador de mão de obra. Itens como água gelada e lugar para sentar e almoçar deixaram a pauta de discussão.

Em Pernambuco, a Fetape, Federação dos Trabalhadores Rurais do Estado, também avalia que o acordo coletivo trouxe avanços. Além de abri-go e alojamento, o salário pas-sou a R$ 547, há a contratação formal após cinco dias de tra-balho e ampliou-se o tempo de

afastamento remunerado para internação hospitalar.

Em Goiás, 40 mil traba-lhadores cobram reajuste de 34,7% no piso salarial, que é de R$ 606,77. A Federação de Goiás quer alimentação, re-qualificação profissional e fim do trabalho precário e escravo.

Fonte: Grupo de Extensão em Mercado do Trabalho (GEMT)/Esalq-USP

Perfil do trabalhador O número de trabalhadores nos canaviais caiu de

625.016, em 1981, para 542.588, em 2009

Um terço tem de 20 a 30 anos

60% têm de 20 a 40 anos

A escolaridade média é de 4,5 anos

cidade paulista a 350 quilôme-tros da capital, palco de uma greve famosa, em 1984. Gua-riba acostumou-se a receber mi-grantes do interior do Maranhão, um dos Estados campeões em denúncias de trabalho escravo. Padre Antônio relata que o tra-balhador preferiria continuar em São Paulo, porque em ou-tras regiões as condições são mais insalubres e os ganhos, menores. Mas a falta de qua-lificação e de escolaridade o empurra para onde existir tra-balho. “É o grande drama da mão de obra rural do Brasil.”

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rotina no canavial: máquinas substituem os boias-frias

Jornada começa às 7 h

ritmo insano 17 flexões de tronco

por minuto 54 golpes de facão

por minuto 12 toneladas de cana

cortadas e carregadas por dia

Percurso de nove quilômetros/dia

Perda de oito litros de água na jornada diária

Fonte: Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo

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as malvadezas nos canaviais

Em 2008, o Ministério Público do Trabalho criou o Plano Nacional de Promoção do Trabalho Decente no Setor Sucroalcooleiro, com o objeti-vo de impedir que a expansão do setor se desse em condi-ções de trabalho desumanas. Coordenador de forças-tarefa em Alagoas, na Bahia e no Rio Grande do Norte, o pro-curador Rodrigo Raphael Ro-drigues de Alencar, do MPT

alagoano, afirma que as fis-calizações precisam voltar a se intensificar. “A atividade é quase sub-humana” – diz.

Nas fiscalizações de usi-nas em 2008 e 2009, que resultaram em dezenas de termos de ajustamento de conduta (TACs) e ações ci-vis públicas, os casos mais comuns eram falta de exame médico, transporte irregular, ausência de instalações sani-tárias e de abrigo para refei-ções – até para se tomar um gole de água potável.

Outra situação comum é o tempo de percurso até o cam-po. As horas in itinere, consi-deradas horas de trabalho, nem sempre são pagas. “Às vezes são duas horas até o canavial” – observa Alencar. O procura-dor também defende a contra-tação por prazo indeterminado, para garantir direito a seguro-desemprego ao final da safra.

trabalhadores esperam condução: a luta começa cedo

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máquina de suor

O número de empregados no setor sucroalcooleiro pau-lista deve encolher de 260 mil, em 2006-2007, para 146 mil em 2020-2021. Enquanto a indús-tria vai ganhar 20 mil emprega-dos, indo de 55 mil para 75 mil, e a colheita mecânica passará de 15 mil para 71 mil, os trabalha-dores na colheita manual cairão de 190 mil para zero.

Em 2009, o Brasil já respon-dia por um terço da produção mundial de cana-de-açúcar, mas as condições de trabalho eram ruins. A mecanização se ace-lerava por razões ambientais e econômicas e a perda de empre-gos era a consequência negativa dessa automação. Na época, o então presidente Lula dizia que o trabalho insalubre no campo devia ser cada vez menos feito pelo homem. O desafio era onde colocar esses trabalhadores.

Em 2010, a Unica, associa-ção dos empresários do sertor, lançou o RenovAção, um pro-

rota maranhão–são PauloCidade de 30 mil habitan-

tes no Maranhão, a 300 qui-lômetros da capital, São Luís, Timbiras fornece mão de obra para as usinas de cana. “Três em quatro famílias têm um membro migrando para a cana, para a construção civil ou para a soja” – observa o professor Marcelo Sampaio Carneiro, coordenador da pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Fe-deral do Maranhão (UFMA). A pedido da Comissão Pasto-ral da Terra (CPT), ele entre-vistou 114 famílias de 2005 a 2008, que tinham como destino Goiás (31,18%), São

Paulo (30%) e o Pará (6,45%). Outras regiões do Maranhão re-ceberam 19,35% dos trabalha-dores – especialmente o municí-pio de Campestre do Maranhão, onde fica a destilaria Cayman. A cultura da cana foi a ocupação

lições de uma greveEm 1984, os cortadores de

cana e colhedores de laranja de Guariba deflagraram uma greve marcada por conflitos violentos. A revolta contra as más condi-ções de trabalho foi o início de um lento processo de melhorias, que acabou com a “era do gato” na região. Afora a usina de São Martinho, lá só se trabalhava para terceiros. “Era um período sem negociação coletiva, sem direito sequer a água gelada” – diz o presidente do Sindicato dos Empregados Rurais de Guariba, Wilson Rodrigues da Silva.

mencionada em mais da me-tade (54%) dos casos. Quase 61% tinham de 20 a 29 anos (um terço, de 20 a 24), 54% eram casados e 84%, homens.

A migração é forçada pela falta de oportunidades no lo-cal, onde predomina a cul-tura do arrendamento, mas que sofre a expansão da soja e do eucalipto, reduzindo os agricultores familiares. “Uma área de latifúndio tradicional” – define Marcelo Carneiro. Segundo o pesquisador, seria mais fácil fazer reforma agrá-ria no local, já que o preço do hectare não é elevado e man-teria o trabalhador na região.

“Não havia registro nem horário pra nada. Transporte era no pau de arara, em cami-nhões abertos. Os óculos de proteção vieram mais tarde, como luvas e caneleiras. O pessoal machucava a vista, so-fria corte, trabalhava de tênis” – enumera Antônio Mariano, 66 anos, 44 safras. Colher 17 toneladas de cana num dia permitiu fazer um bom pé de meia? “Consegui esta casinha e criei sete filhos” – diz Antô-nio, que passa o tempo num velho sofá no quintal.

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jeto de requalificação, com um módulo dentro da usina e outro na comunidade. Antes da atual safra, metade dos trabalhadores que passaram pelo projeto exer-cia outra atividade. “A máquina precisa de 18 homens e essas profissões, como soldador es-pecializado de colheitadeiras, não existiam” – diz Maria Luiza Barbosa, assessora da entidade. Mas a mesma colheitadeira que cria 18 funções dispensa 80 cor-tadores. “O impacto negativo sobre o emprego em São Paulo não é maior devido à expansão da produção” – diz a professo-ra Marcia Azanha Ferraz Dias Moraes, do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP. “O etanol vi-rou produto de exportação e não há como vender um produto li-gado ao trabalho escravo ou à degradação do meio ambiente” – afirma ela.

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o brasil responde por um terço da cana mundial

colheita: retrato de mulher

barretos tem 500 cortadores, a maioria migranteBarretos tem cerca de 500

cortadores de cana-de-açúcar. Somada a base do Sindicato da categoria, que abrange os mu-nicípios de Colômbia, Colina e Jaborandi, são aproximada-mente quatro mil trabalhadores.

Migrantes do Norte e Nor-

deste compõem 90% do total dos cortadores no município, segundo informações da enti-dade que os representa. O sa-lário médio está em torno de R$ 900. Para a safra 2011/2012, a previsão de colheita na re-gião de Barretos está estimada

em 24.850.401 toneladas, de acordo com informações do IEA – Instituto de Eco-nomia Agrícola. Nenhuma usina está instalada no mu-nicípio. As indústrias sucro-alcooleiras funcionam em cidades vizinhas.D

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a safra de barretos este ano: quase 25 milhões de toneladas

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cultura

Patrimônio material e imaterial do município em debateDança do Vilão e de São Gonçalo, do foclore regional, estão ameaçadas de extinção

José Geraldo resende, presidente do conselho municipal

“Barretos tem um poten-cial gigantesco de economia da cultura. Mas o que falta é a produção cultural” – diz José Geraldo Resende, 50 anos, bacharel em interpretação de teatro e presidente do Conse-lho Municipal de Cultura. “É preciso pensar uma política cultural para o município, que é diferente de um plano de eventos.” – completa ele.

A Lei que dispõe sobre o Sistema Municipal de Cultura está em vigor desde novembro de 2009. Porém, os artistas e agentes culturais esperam que até julho a Prefeitura assine o protocolo do Sistema com o Governo Federal. Tal fato dá condições ao município para receber recursos. Entretanto, é

preciso definir o custo do Pla-no Municipal.

De acordo com José Geral-do, que representa também o Instituto João Falcão, é neces-sária a montagem da “gover-

nança” na área. Ele defende a volta da Secretaria Municipal de Cultura, atualmente, um departamento da Secretaria de Assistência Social e De-senvolvimento Humano. Os

dirigentes só pensam na área de “fruição”, mas como o povo pode ter acesso a sua cultura se ele não se vê – argumenta. E lembra a necessidade da reali-zação de fóruns das várias áreas para debater a questão.

José Geraldo Resende alerta para a morte do folclo-re na cidade, como a conga-da, dança do Vilão, dança de São Gonçalo, entre outras manifestações. “Precisamos recuperar e fortalecer os ele-mentos da sociedade que de-senvolvem essas manifesta-ções, dando-lhes condições de trabalho”. A cidade carece de espaços culturais – susten-ta José Geraldo Resende. A utilização do Prédio do Anti-go Fórum, na esquina da Ave-

nida 15 com a Rua 18, para abrigar a Biblioteca Munici-pal no térreo e criar o Arquivo Municipal Histórico no andar superior é uma das ideias pro-postas. “O arquivo morto do Judiciário de Barretos está em Jundiaí, não se sabe em que condições” – revela.

Artistas e agentes são con-vidados para debater os pro-blemas culturais nas reuniões do Conselho Municipal, rea-lizadas nas primeiras segun-das-feiras de cada mês, às 16 horas, na Casa dos Conselhos, na Avenida 23, número 1135, entre as Ruas 26 e 28. O Pla-no Municipal de Cultura de-verá ser revisado no início de 2012, segundo deliberação do Conselho atual.

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revolução

Frutas lindas, cheirosas e maquiadaso mote

Produtores investem em máquinas que dão polimento à colheitaOs pequenos agricultores

de Barretos se animam para comprar uma máquina de R$ 40 mil para beneficiamento e classificação de laranja, usan-do financiamento do Programa Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microba-cias II. Três pessoas da Asso-ciação das Comunidades Ru-rais de Barretos (Ascorb) e o agrônomo Rolando Salomão, da Casa da Agricultura, visita-ram no fim de maio a fábrica Barana, que produz maquinaria pós-colheita, em Limeira-SP.

Os barretenses viram o setor de montagem da máquina e sou-

O Programa Microba-cias II promove o desen-volvimento rural sustentá-vel em São Paulo, amplia o emprego, a renda e pre-serva os recursos naturais e o bem-estar da comuni-dade. O foco é o aumento da competitividade da agri-cultura familiar paulista, fortalecendo a posição dos agricultores familiares nas cadeias produtivas e refor-çando sua capacidade de negociação coletiva com os operadores do mercado. Os beneficiários são as or-ganizações de produtores rurais (associações ou co-operativas) constituídas de agricultores familiares.Fruticultores conheceram a máquina em limeira

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beram que ela trabalha com ou-tras frutas, além da laranja. A di-versificação ocorre com a troca do kit das escovas de lavagem e polimento do equipamento. Ou-tra novidade apresentada foi o aplicador de cera, acessório que ajuda na aparência da fruta, dei-xando-a brilhante e aumentando sua longevidade na prateleira. Com a compra das máquinas, haverá um produto de melhor qualidade, que pode ser incorpo-rado à merenda escolar de Barre-tos e se abrirão novos mercados para comercialização da colhei-ta. “A máquina realmente agrega valor à fruta” – diz Salomão.

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várzea

Xadrez

há falta de campos para a prática de futebol

um esporte completo

A notícia parece brincadeira, mas mostra a que ponto chegam algumas cidades do interior

Mas os aficionados já pensaram em abandoná-lo

A falta de campo para os jogos dos campeonatos pro-movidos pela Liga Barretense de Futebol está preocupando o presidente Osmir Duarte Pei-xoto, o Titão. Todos os jogos da Série B2 são disputados nas tardes de domingo, nos campos disponíveis. Em mé-dia ocorrem seis jogos neste período – as séries A e B1 rea-lizam as partidas nas manhãs de domingo. “Estamos no limite” – afirma o presidente, que en-tende que a Prefeitura deveria

desapropriar áreas na periferia da cidade para a instalação de campos de futebol.

O campeonato varzeano de

2011 reúne 38 clubes, divididos em três Séries. A competição movimenta todos os domingos aproximadamente 840 jogado-res, 380 diretores, cerca de 100 pessoas relacionadas à arbitra-gem, além de diversas torcidas espalhadas pela cidade. Neste ano não será realizado o Cam-peonato Rural/Urbano, em vir-tude da desistência das equipes. A atitude foi tomada por causa das despesas que os dirigentes têm para a manutenção das agremiações.

são Francisco 3 x 2 atlêtico Paulista, na região dos lagos, pela série b2

titão, presidente da ligaa

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“O xadrez é um esporte completo. Ele abrange vá-rios campos da inteligência, como a lógica, a matemática e a sinestesia – associação (de natureza psicológica) de sensações de caráter distinto, como a de um som com uma cor, de um sabor com uma textura, etc. Costumo dizer a meus alunos que é um jogo para quem não tem preguiça de pensar.” A afirmação é do professor e enxadrista Darley Silva, 46 anos, “apaixonado” pelo esporte há 30 anos. Ele dá aulas da modalidade no Programa Escola da Família, desenvolvido aos domingos na Escola Fábio Junqueira Franco, no bairro Cristiano Carvalho, e participa de com-petições regionais, mas recla-ma da falta de apoio – na cida-

de há dez praticantes ativos, que não têm patrocínio. Ele confessa uma certa desilusão com a for-ma como o enxadrismo é tratado no município. “Quando há um torneio importante na região, o grupo se reúne e vai de carro, dividindo as despesas” – conta.

Eduardo Atique, 17 anos, joga na equipe masculina de basquete da cidade e também dá

aulas de xadrez para crianças e adolescentes, no Centro de Referência da Assistência So-cial do bairro Barretos II. São 25 alunos inscritos no projeto. Ele prepara a equipe barreten-se para participar dos “Jogui-nhos” e da 2ª fase dos 55º Jo-gos Regionais do Interior, que serão disputados em Taquari-tinga, de 19 a 30 de julho.

cinema

tela da consciênciaO debate de temas cotidianos

O projeto Tela Críti-ca aborda temas que propi-ciam um debate que desperte a consciência sobre questões como trabalho, preconceito, gênero, cultura, etc. O ciclo, iniciado em maio, apresentou, no cineclube Tempos Moder-nos, de Charles Chaplin. Por-

tanto, agende seu ingresso na secretaria da UNIFEB – Cen-tro Universitário da Fundação Educacional de Barretos –, na Avenida Professor Frade Monte, 389. As exibições se-rão no Tribunal do Júri. Ao final do ciclo serão emitidos certificados aos participantes.

dia 18/06 – 9h30Ladrões de BicicletaDe Vitorio de Sicca (1948)dia 24/09 – 9h30A Classe Operária vai ao ParaísoDe Elio Petri (1971)

dia 29/10 – 9h30O Sucesso a Qualquer PreçoDe James Foley (1990)dia 19/11 – 9h30Ou Tudo ou NadaDe Peter Cattaneio (2000)Professor darley silva observa uma partida de xadrez

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conFira a ProGramação

charles chaplin em Tempos Modernos

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Palavras cruzadasFoto síntese – marco histórico Palavras cruzadas

respostas

Palavras cruzadas

sudoku

horizontal – 1. Aquele que palestra 2. Nervoso; O, em espanhol; Graceja 3. Rede de Propriedade Intelectual; Rápidos 4. Principal artéria do corpo humano; Cidade do Ceará 5. Ruim; Desejar, cobiçar, 6. Antecede a volta; resultado da sobreposição das cores vermelha e verde 7. Consignado para dotação; Antigo Testamento 8. Época; Obrigações do Tesouro; Espírito Santo (sigla) 9. Ceará (sigla); 999, em algarismos romanos; Caneta, em inglês 10. Maranhão (sigla); Pessoa avarenta 11. Dado consentimento, permitido; Poeiravertical – 1. Uma das maravilhas do mundo antigo 2. Uma praia carioca; Medida Provisória 3. Prenome de um autor de livros de autoajuda; Investir com ímpeto (sobre algo ou alguém) 4. Mota, cantor brasileiro; Forma sincopada de está 5. Abalado, minado; Alta Vista 6. Aquela que se emociona facilmente 7. Faça novamente; Nome de uma revista de cartum 8. Fundação; Rondônia (sigla)9. Melado; Lugar onde as pessoas se hospedam para combater o estresse 10. Terapia de Reidratação Oral; Feminino de ele 11. Aqui está; Que não dá espaço a contestações

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Palavras cruzadas

PALESTRANTEIRADOELRIRPILEPIDOSAORTAICOMAAPETECERIDAAMARELODOTADOCATERAOTESUSCEIMPEN

MAAVARADAPROVADOPO

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