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Entrevista: Cidinha Campos fala sobre cenário político e experiência no Executivo PÁGINAS 10 E 11 Autismo: Rio tem primeira clínica pública do país e discute legislação robusta PÁGINAS 8 E 9 JORNAL DA ALERJ ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Ano XIII N° 316 – Rio de Janeiro, 16 a 31 de maio de 2016 Conheça as ações do Parlamento para assegurar o sucesso dos Jogos e histórias de atletas que são esperança de medalhas PÁGINAS 3, 4 e 5 Olimpíada 2016: Rio na mira do esporte

Jornal da Alerj

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Pedro Ernesto em Crise - a atuação da Comissão de Acompanhamento da Situação do Hospital Pedro Ernesto, presidida pelo deputado estadual Zaqueu Teixeira

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Page 1: Jornal da Alerj

Entrevista: Cidinha Campos fala sobre cenário político e

experiência no Executivo PÁGINAS 10 E 11

Autismo: Rio tem primeira clínica pública do país e

discute legislação robusta PÁGINAS 8 E 9

JORNAL DA ALERJA S S E M B L E I A L E G I S L A T I V A

D O E S T A D O D O R I O D E J A N E I R O

Ano XIII N° 316 – Rio de Janeiro, 16 a 31 de maio de 2016

Conheça as ações do Parlamento para assegurar o sucesso dos Jogos e histórias de atletas que são esperança de medalhas

PÁGINAS 3, 4 e 5

Olimpíada 2016:Rio na mira do esporte

Page 2: Jornal da Alerj

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Frases

Expediente

Queremos discutir a cultura do estupro. Não importa o que fez e quem é a moça, importa protegê-la, bem como todas as mulheres que diariamente são violentadas"Deputada Enfermeira Rejane (PCdoB), que também participou da manifestação, no plenário da Casa.

A bancada feminina manifesta seu mais veemente repúdio aos episódios recentes que demonstram que o machismo e a misoginia estão radicalizados em nosso cotidiano"Ana Paula Rechuan (PMDB), em protesto contra o estupro coletivo de uma jovem de 16 anos no Rio.

NA PONTA DO LÁPIS

O curso de educação fi nanceira organizado pela comissão da Alerj responsável pela implanta-ção da A3P na Casa – programa para inserir critérios de susten-tabilidade na administração pública – já rendeu frutos. Dos 50 alunos que participaram das aulas, ministradas pelo professor Luiz Antônio Leal, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na Escola do Legislativo (Elerj), 17 decidiram criar um grupo de WhatsApp para se reunir, trocar experiências e avançar no planejamento fi nanceiro. O diretor-geral da Assembleia, Geraldo Machado (foto), deu a aula inaugural. Diretora do Fórum de Desenvolvimento do Estado, Geiza Rocha, que faz parte da comissão da A3P, adianta mais novidades: “A ideia, agora, é fazer uma palestra por mês sobre educação fi nanceira para atrair outras pessoas que não puderam fazer o curso”.

Foto: Vitor Soares

Presidente - Jorge Picciani

1º Vice-presidente - Wagner Montes2º Vice-presidente - André Ceciliano3º Vice-presidente- Marcus Vinicius4º Vice-presidente - Carlos Macedo1º Secretário - Geraldo Pudim2º Secretário - Samuel Malafaia3º Secretário - Fábio Silva4º Secretário - Pedro Augusto 1o Suplente - Zito2o Suplente - Bebeto3º Suplente- Renato Cozzolino4º Suplente- Márcio Canella

JORNAL DA ALERJPublicação quinzenal da Subdiretoria de Comunicação Social da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de JaneiroJornalista responsável: Daniella Sholl (MTB 3847)Editora: Mirella D'EliaCoordenação: André Coelho e Jorge RamosEquipe: Buanna Rosa, Camilla Pontes, Isabela Cabral, Symone Munay , Tainah Vieira, Thamara Laila, Thiago Lontra e

Vanessa Schumacker.Editor de Arte: Rodrigo CortezEditor de Fotografi a: Rafael WallaceSecretária da Redação: Regina TorresEstagiários: Andressa Garcez (publicidade), Felipe Teixeira, Gustavo Natario, Lucas Moritz, Octacílio Farah (foto), Rayza Hannah (publicidade) e Vitor Soares (foto).Impressão: Imprensa Ofi cialTiragem: 2 mil exemplaresTelefones: (21) 2588-1404 / 1383

Rua Primeiro de Março s/nº, sala 406Palácio Tiradentes - CentroRio de Janeiro/RJ - CEP 20.010-090 Email: [email protected]: www.alerj.rj.gov.brwww.twitter.com/alerjwww.facebook.com/assembleiarjInstagram: @instalerj

Capa: Thiago Lontra (foto)

RedesSociais

*As mensagens postadas nas redes sociais são publicadas sem edição de conteúdo.

dep. Marcelo Freixo@ @MarceloFreixo

Twitter

Não é possível que debater sobre a cultura do estupro incomode mais do

que o fato de uma mulher ser violentada a cada 11 minutos no Brasil.

Mariana Oliveira@marianaolv

Instagram

Dep. Carlos Minc@minc_rj

Twitter

Estupro: temos que falar sobre isto até q não exista+! Cada pai+mãe devem

olhar no olho do fi lho e dizer: respeite as mulheres, nunca agrida

/assembleiaRJ

/alerj

/Alerj sustentável

D aqui a menos de dois me-ses, quando começarem os Jogos Olímpicos Rio 2016, cerca de 4,5 bilhões de

pessoas em todo o mundo estarão de olho no Rio de Janeiro, segundo estimativa do Comitê Olímpico Internacional (COI). Com 10,5 mil atletas de 206 países competindo em 42 modalidades, a Olimpíada de 2016 dará visibilidade ao Brasil e ao estado. A maior expectativa da população é que o evento, além dos ganhos econômicos, deixe um legado em áreas como turismo, esporte, infraestrutura, transporte e segurança pú-blica. As competições acontecerão entre os dias 5 e 21 de agosto.

Cerca de 400 mil turistas estrangeiros visitarão o país na Rio 2016, segundo o Ins-tituto Brasileiro de Turismo (Embratur). Mais de 90% da capacidade dos hotéis da cidade já está reservada, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ). Segundo o Conselho Re-gional de Corretores de Imóveis (Creci), 80% dos aluguéis por temporada foram fechados. Opções de hospedagem fora do circuito tra-dicional também atraem turistas.

Mais de 4 milhões (de um total de 7,5 mi-

lhões) de ingressos foram vendidos. Ao todo, 306 medalhas serão distribuídas aos atletas vencedores, em esportes como vôlei, natação, ginástica artística, hipismo, boxe, ciclismo e as novidades rugby e golfe.

Transformações Em abril, a Comissão de Coordenação do

COI afirmou que 98% das instalações esta-vam concluídas. Os jogos serão disputados em quatro bairros da cidade: Barra da Tijuca, Deodoro, Maracanã e Copacabana.

Estão em andamento transformações urba-nas e obras de mobilidade. Entre elas, a expan-são do metrô, o VLT, a ampliação do Elevado do Joá, os BRTs Transoeste e Transolímpica, o piscinão contra enchentes na região da Tijuca e a urbanização da área do Engenhão.

As instalações dos Jogos também serão aproveitadas. O Parque Olímpico da Barra da Tijuca, por exemplo, terá boa parte de seu espaço destinada a empreendimentos resi-denciais e comerciais. Além de se tornar um parque público, o resto da área deverá ter uso compartilhado por estudantes da rede pública e atletas de alto rendimento.

A expectativa sobre os 400 atletas do Brasil é grande. O diretor de Esportes do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Marcus Vinícius Freire, projeta o melhor desempenho do país. A meta é conquistar de 27 a 30 pódios em 10 modalidades diferentes (confira na pág. 5 a performance brasileira).

Na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), a preocupação com o sucesso dos Jogos Olímpicos motivou uma série de iniciativas.

Confira a seguir.

ISABelA CABrAl e CAMIllA PonTeS

Foto: Rafael Wallace

CAPA

Foto: Thiago Lontra

Jogos Olímpicos darão visibilidade ao estado; população espera legado

Page 3: Jornal da Alerj

Marcus D'Almeida é o sexto no ranking mundial de tiro com arco: "Estamos fazendo história só de entrar no combate"

Foto: Rafael Wallace

A Assembleia aprovou propostas para garantir recursos para a prepara-ção dos Jogos, como incentivos fiscais para as obras da Linha 4 do Metrô e para o fornecimento de energia. A Casa fez uma doação para a Secretaria de Estado de Segurança. E atuou na fiscalização das ações executadas para a despoluição da Baía de Guanabara.

A Lei 7.036/15 permitiu que empresas investidoras em

projetos credencia-dos pelo Comitê

Organizador dos Jogos O l í mpi-

cos e Paralímpicos recebessem incenti-vo fiscal, por meio do abatimento de até 4% do ICMS. Imóveis e equipamentos esportivos construídos por meio desse benefício serão usados após os jogos.

Outra norma permitiu que a conces-sionária Light forneça energia elétrica extra. A Lei 7.218/16 autorizou a isenção de ICMS em até R$ 85 milhões.

Fórum de Desenvolvimento do Rio

O Fórum Permanente de Desen-volvimento do Estado realiza diversas atividades sobre os Jogos. O turismo será o principal legado do evento, se-gundo estudo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-gico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro

(Faperj) apresentado em março.Parceria entre o Fórum, o Sebrae-RJ e a Secretaria

de Estado de Esporte e Lazer, o Programa

Lidera Rio nos

Esportes percorreu o estado capaci-tando gestores públicos. Em agosto de 2015, o Fórum lançou o e-book O Futuro dos Megaeventos Esportivos.

Reforço na segurança

Em 5 de maio deste ano, a Assem-bleia doou R$ 3,5 milhões à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Se-seg) para que 1.398 alunos do curso do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (CFAP) da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ) pudessem se formar. Com a crise no estado e a carga horária reduzida pela metade, eles corriam o risco de não estar preparados a tempo de poder atuar nos Jogos Rio 2016.

O presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), já adiantou que vai solicitar à Mesa Diretora a doação de mais R$ 20 milhões para a pasta. Ele lembra que os Jogos Olímpicos têm o potencial de até dobrar o número de turistas no estado nos próximos anos. “Estamos dispostos a usar valores substanciais

Desempenho do Brasil em Jogos Olímpicos

Olimpíadas disputadas

Medalhas conquistadas

Esportes que maisrenderam medalhas

Melhor desempenho Olímpico: Londres 2012

21

108

23

3

20vôlei

19judô

17vela

30

5

55

9

do nosso fundo para fortalecer setores estratégicos da segurança neste momento que é de grande oportunidade”, diz.

Em audiência pública da Co-missão Especial de Segurança nas Olimpíadas da Casa, presidida pelo deputado Marcus Muller (PHS), a pasta informou que será adotado um plano de segurança integrada.

Empréstimo para a Linha 4 do Metrô

A sanção da Lei 7.254/16, em abril, permitiu que o Governo do Es-tado solicite financiamento de até R$ 989,2 milhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com a garantia da União, para a conclusão das obras da Linha 4 do metrô - trecho da Barra da Tijuca, à estação General Osório, em Ipanema..

O texto foi aprovado com a

inclusão de emendas para dar mais transparência ao empréstimo. "Garantimos que o valor seja usado apenas no metrô", diz Picciani.

Comissão da Baía de Guanabara

A Comissão Especial que dis-cute a despoluição da Baía de Gua-nabara já realizou diversas visitas técnicas e audiências públicas. O grupo produz um relatório que vai apontar problemas, como a ocupa-ção do entorno da baía.

A comissão apurou que, desde 2009, aumentou 800% o fluxo de na-vios na baía. “O chorume vai direto para a baía. Sem a remediação dos lixões e dos aterros, ela nunca será despoluída”, afirma Flávio Serafini (PSol), que preside a comissão.

Na próxima edição do JORNAL DA ALERJ, confira as ações da Casa para os Jogos Paralímpicos.

Alerj em campo: ações do Parlamento para os Jogos

Esperança de medalhas na Rio 2016Ações como as empreendi-

das pela Alerj reforçam a impor-tância de incentivar o esporte no país para estimular o surgi-mento de novos talentos. Aos 18 anos e com um currículo repleto de vitórias, Marcus D’Almeida (na página ao lado) já é o sexto no ranking mundial de tiro com arco. “Estamos fazendo história só de entrar no combate”, diz o jovem, que está mergulhado em uma rotina intensa de treinos.

Ele espera que, com os Jo-

gos, o esporte ganhe projeção: “É uma modalidade diferente, com emoção e fácil de entender. Acho que o público vai gostar.”

Já Fernanda Nunes (acima, à dir.) espera conseguir uma medalha no remo. “A prepara-ção é muito intensa. Respiro remo o dia inteiro, de segunda a domingo”, diz.

Fernanda está na Europa pa-ra a Copa do Mundo de remo. "É uma experiência única. Temos a real noção do cenário mundial.”

Foto: Gabriel HeusiFoto: Luiz Humberto Pereira

Page 4: Jornal da Alerj

PEDRO ERNESTO

EM CRISE

Deputado Zaqueu Teixeira, que analisa a situação do hospital, em vistoria à unidade, ao lado do diretor Edmar dos Santos

OHospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) passa por uma grave crise desde o fi nal do ano passado. Referência em diversas áreas, como urologia, cardiologia e transplante, a unidade teve que

reduzir os atendimentos e cancelar cirurgias devido à falta de recursos. Dos 512 leitos do hospital, apenas 255 estão funcionan-do atualmente. A crise também causou atrasos nos pagamentos dos residentes e dos funcionários terceirizados. Única unidade hospitalar universitária administrada pelo estado do Rio, o Hupe realiza 10 mil internações anuais, além de 450 mil consultas e mais de 5 mil cirurgias.

Para acompanhar a situação do hospital, foi instalada uma comissão de representação na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Presidente do grupo, o deputado Zaqueu Teixeira (PDT) ressalta que a unidade é referência e não pode fechar as portas: “O hospital tem serviços que não são encontrados em vários locais. É uma unidade de alta complexidade, que atende pacientes da capital e do interior”. O parlamentar vistoriou o hos-pital, ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e localizado em Vila Isabel, Zona Norte do Rio, em 17 de maio. Na ocasião, foram constatados problemas de infraestrutura. O almo-xarifado, por exemplo, está funcionando em uma quadra esportiva.

Apesar da crise, o diretor do Hupe, Edmar José Alves dos San-tos está otimista e acredita que as difi culdades serão superadas. Edmar garantiu que até o fi nal de junho outros 100 leitos voltarão a funcionar na unidade. De acordo com o diretor, o aumento das atividades será possível graças a uma liminar da Defensoria Pú-blica que determinou o repasse de R$ 7 milhões pelo Governo do Rio ao Hupe até o dia 27 de cada mês.

“A liminar da Defensoria permitiu também o funcionamento de oito salas de intervenção cirúrgica e do setor de radiologia. Temos que lutar para que essa decisão seja respeitada. A direção consegue administrar melhor o hospital com a previsibilidade dos recursos. Agora, sabemos que todo mês teremos R$ 7 milhões e

podemos nos planejar. Mas ainda precisamos melhorar a nossa infraestrutura", ressalta Edmar dos Santos.

O atraso no pagamento dos funcionários terceirizados foi outro problema. Profi ssionais de segurança e limpeza chegaram a paralisar as atividades. A falta de recursos também difi cultou a compra de materiais. O diretor da unidade chegou a dizer, em audiência pública da Comissão de Saúde da Alerj, que ela poderia fechar no meio do ano. Com a liminar, os salários dos terceirizados foram regularizados. “Com o recurso liberado, conseguimos pagar os terceirizados. As atividades do hospital não estão paralisadas. Sabemos que a Uerj está em greve e nos sensibilizamos com a causa dos funcionários e professores. Mas, no momento, o maior protesto que o Hupe pode fazer é manter as atividades e o aten-dimento à população mesmo com todas as difi culdades”, ressalta Edmar dos Santos.

Mesmo com a crise, em 2015, o Hupe formou 1.360 alunos de graduação, 628 residentes, 116 pós-graduandos e 575 mestrandos e doutorandos (veja quadro ao lado). Para evitar futuros problemas, o deputado Zaqueu Teixeira afi rmou vai solicitar reforço orça-mentário: “Vou conversar com o presidente da Alerj, deputado Picciani, e com os integrantes da Comissão de Orçamento para que seja destinada uma verba maior ao hospital no ano de 2017. Ainda vamos estudar e analisar as principais demandas para saber exatamente o valor”.

Segundo o secretário de Estado de Saúde, Luiz Antonio de Souza Teixeira Júnior, a regularidade dos repasses para o hospi-tal tem que acontecer independentemente de liminar da justiça. "Nem o Pedro Ernesto tem verba e nem a Secretaria, mas vamos conseguir passar por esse momento e retomar todas as atividades do hospital", garante. O secretário também explica que o Hupe, apesar da autonomia, conta no índice da saúde. "O hospital sem-pre mandou as suas ordens de pagamento para a Fazenda e ela executava, não tinha uma integração com a Secretaria de Saúde, apesar de termos uma ótima relação com a direção da unidade."

SAÚDE

Unidade ligada à Uerj tem problemas de infraestrutura e atraso nos pagamentos de residentes e terceirizados

o drama dos Residentesraio-x do hupe A crise no Hospital Universitário

Pedro Ernesto também atingiu em cheio os residentes da unidade. Em 2015, havia 628 residentes no Hupe (ao lado, conheça o hospital em números). Ofi cialmente, os alunos deveriam receber uma bolsa de R$ 2.939, mas estão sofrendo com atrasos desde outubro de 2015.

O diretor do Pedro Ernesto, Edmar dos Santos, disse que já fi rmou um acordo com a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) para normalizar a situação até julho.

"A pasta é responsável pelo pagamento dos residentes. Atual-mente, eles ainda estão com um mês de atraso, mas já está acor-dado que, em julho, será realizado o pagamento de duas bolsas para restabelecer corretamente as re-munerações destes estudantes", explica Edmar dos Santos.

Além do atraso no recebimento das bolsas, os residentes também reclamam de outros problemas, entre eles a carga horária extensa que devem cumprir. Pelas normas da unidade, os alunos têm que, obrigatoriamente, trabalhar por 60 horas semanais, entre aulas práticas e teóricas.

Letícia Diniz, que é residente de serviço social no Hupe, expli-ca que grande parte dos jovens trabalha em regime de dedicação exclusiva: "Temos que trabalhar durante muitas horas semanais e a bolsa que recebemos normalmente é a nossa única fonte de renda. Nós não podemos continuar a receber os pagamentos com atraso. Com exceção dos residentes médicos, todos os outros residentes têm dedicação exclusiva e, por isso, não podem ter outro vínculo em-pregatício", ressalta.

GUSTAVo nATArIo

512 leitos255 leitos funcionando

10 mil internações/ano5 mil cirurgias/ano

450 mil consultas/ano

1.360 alunos formados (2015):628 graduação 628 residentes116 pós-graduandos575 mestrandos e doutorandos

3.800 funcionários estatutários 800 funcionários terceirizados

Foto: Thiago Lontra

Page 5: Jornal da Alerj

A primeira clínica pública especializada no tratamento de autismo do país fi ca no Rio de Janeiro, mais especifi camente no município de Itaboraí, no Leste do estado. A Clínica-Escola

do Autista, inaugurada em abril de 2014, é especializada na educação de autistas, preparando-os para o convívio com ou-tras crianças e jovens e para a inserção no ensino regular. Ela possui profi ssionais de neuropediatria, nutrição, fi sioterapia, pedagogia e terapia ocupacional. Atualmente, 120 autistas são atendidos na instituição. Todo o tratamento é de graça, atraindo, inclusive, famílias de outros estados.

A excelência já está gerando frutos. No dia 12 de maio, o superintendente estadual de Políticas para Pessoas com Defi ciências da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (Seasdh), Marco Castilho, visitou a unidade. Ele busca subsídios para a elaboração de legislação estadual voltada ao tema.

Acompanhado, na visita, da representante do Con-selho de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), Andrea Bussade, e de Nives Porto, do Conselho Estadual de Pessoas com Defi ciência - ambas mães de portado-res da síndrome -, Castilho informou que existem cinco projetos de lei em tramitação na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) sobre autismo. Um dos mais recentes é o projeto de lei 748/15, da deputa-da Martha Rocha

(PDT), que estabelece a Política Estadual de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (leia mais no box ao lado).

Para criar regras robustas, a secretaria defende que as pro-postas já existentes no Parlamento sejam aglutinadas. Por isso, Castilho pediu à parlamentar que retire o texto de tramitação. Martha concordou: "Participei de uma audiência da Comissão da Pessoa com Defi ciência e soube que um grupo de trabalho já realizava estudos sobre o tema. Resolvi agregar. O melhor é o que realmente atenda à população autista do estado".

AuxílioA criação da clínica era uma antiga reivindicação do Movimento Família Azul, que foi criado por

Berenice Piana, mãe de um jovem autista de 19 anos e moradora de Itaboraí. Ela lutou pela criação da Lei Federal 12.764/12, que garante a matrícula de autistas na rede regular de ensino. A lei, inclusive, leva o seu nome. Há dois anos, Berenice procurou o pre-

feito da cidade, Helil Cardozo, para apresentar o projeto. “Aqui é um espaço não de segregação, mas para a inclusão dos portadores de autismo na escola e na sociedade. A ideia

é que eles se adaptem para a escola regular", diz o prefeito. Be-renice atua na

POLÍTICAS PÚBLICAS

Rio é precursor no tratamento de autismo

Estado possui primeira clínica pública especializada do país e discute legislação

abrangente para educação de jovens

Por uma política de inclusão

JorGe rAMoS e ISABelA CABrAl

Foto: Sandro Giron

Um dos projetos de lei sobre o tema em tramitação na Alerj é o PL 267/15, que pretende ajudar na aplicação das políticas públicas, por meio de es-tatísticas. O autor, deputado Márcio Pacheco (PSC), quer instituir um censo das pessoas com autismo e familiares. A ideia do estudo seria obter o perfi l socioeconômico, étnico e cultural dessa parcela da população. "O Brasil e o esta-do do Rio desconhecem seus autistas. Precisamos conhecê-los para tratá-los melhor", justifi ca o parlamentar.

Pacheco também é responsável pe-lo projeto de lei 268/15, que visa ao diagnóstico precoce do transtorno do espectro autista e determina a realiza-ção de exames, avaliação, identifi cação e tratamento na rede pública. Já a pro-posta do deputado Nivaldo Mulim (PR), autor do PL 685/15, é proibir no estado a cobrança de valores adicionais para matrícula ou mensalidade de estudan-

tes com autismo, síndrome de down, transtorno invasivo do desenvolvimento e outras síndromes.

Leis sancionadasEstão em vigor normas aprovadas na

defesa das pessoas com autismo. A Lei 6708/14 obriga a reserva de vagas nas redes pública e privada de educação do estado para crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista. Além disso, a norma, de autoria do ex--deputado Xandrinho, cria um programa de conscientização sobre o tema.

A Semana de Conscientização do Autismo, realizada em de 2 de abril, foi incluída no calendário ofi cial do Rio de Janeiro pela Lei 5645/10. Já segundo a Lei 6807/14, as pessoas com autismo devem ter atendimento prioritário, sem fi la, nos órgãos públicos estaduais. Am-bas as medidas também foram criadas por Xandrinho.

instituição como orientadora de pais que buscam auxílio.

Mudança de vidaMais de 20 municípios já envia-

ram representantes a Itaboraí para conhecer a instituição e implantar projetos semelhantes. Um dos casos mais emblemáticos é o de uma fa-mília de Juiz de Fora (MG). O comer-ciante mineiro Fabiano Zeferino viu na TV uma entrevista de Berenice Piana falando sobre a Clínica-Escola. Pegou um ônibus para Itaboraí e marcou uma consulta.

Cansado de buscar um diagnósti-co para seu fi lho Fabiano, de 3 anos, voltou ao local e teve a confi rmação do diagnóstico. Como a instituição é um órgão municipal e só pode-ria aceitar residentes na cidade, Zeferino não pensou duas vezes: largou o emprego e se mudou para Itaboraí. Hoje, a família comemora a melhora do menino. "A mudança no comportamento foi grande. Esta-mos satisfeitos com a decisão que tomamos pelo bem do nosso fi lho."

No colo de Berenice Piana, que lutou pelo projeto, Fabianinho, a mãe, Mírian Seixas, e o pai, Fabiano Zeferino: satisfação

Page 6: Jornal da Alerj

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Por que a senhora deixou a Secretaria de Proteção e Defesa do Consumidor?O (governador em exercício Francisco) Dornelles pediu muito para eu não sair, mas não podia. Não vou ter outra chance. Fui deputada a vida inteira e de repente o Sérgio Cabral me inventou como secretária. Estou com 73 anos, não que-ria sair com a imagem de que fui enterrada junto com a secretaria. Vou ficar gastando dinheiro ali sem fiscalizar? A crise afetou muito o trabalho?Afetou só não, vai destruir. A fiscalização está parada há mais de dois meses, não tem carro. O Fundo do Procon, para onde vai o dinheiro das multas aplicadas, que deveria ser usado em custeio, estava indo para a vala comum. E tínhamos recurso para pagar nossos custos por 14 anos! É um desvio do recurso carimbado. Eu sei que saúde, educação e segurança são impor-tantes. Mas esse dinheiro não foi feito para isso. É uma pedalada. Como foi ver um trabalho de três anos e meio ser in-terrompido?Eu adorava aquilo. Por mim, morria secretária de defesa do consumidor. Dá muita tristeza ver esse trabalho desmoro-nar. Antes de eu chegar lá, não havia fiscalização. Fizemos concurso, aumentamos o atendimento presencial, criamos um aplicativo para denúncias. O Procon virou uma referên-cia. Fomos aplaudidos em bancos, agências dos Correios. Quando me afastei, sindicatos me ligaram para prestar soli-dariedade. Eles jamais ficaram ofendidos com a fiscalização.

Como vê essa crise?Todo mundo sabe que o petróleo é finito, mas empurramos com a barriga. O Rio conseguiu alternativas, na área de cul-tura, serviços, hotelaria, mas não foi o suficiente. Não sei qual a saída. Todo governante diz que a previdência está mal. É verdade. Mas é preciso administrar melhor os funcionários. Quem está trabalhando e quem não está? Existe uma visão errada do serviço público, que eu também tinha, de que só concursado pode trabalhar. Mas hoje o serviço público não funciona sem os comissionados. Eu ouço o Dornelles falar que vai demitir os comissionados. Se isso acontecer, o serviço público para. No Procon, eles são a alma do órgão. É preciso fazer um censo dos servidores, do serviço que têm para fazer e o dinheiro para pagar. O Estado brasileiro só é adminis-trado politicamente, nunca pelos interesses da população. Qual a expectativa no retorno ao Parlamento?Confesso que cheguei com os quatro pneus arriados. Ainda não estou quente pra briga, não conheço muitos dos colegas. Mas eu já falei com o Picciani que quero uma CPI. Não sei qual, mas estou procurando encrenca pra me meter! Porque o lugar onde me sinto trabalhando de verdade é em CPI. Também não gostei de ter acabado o expediente inicial. Acho que o deputado tem que falar mais. Está muito frio isso aqui. Nem sei se sou uma boa oradora, mas sou animada!

Após três anos e meio no comando da Secretaria de Estado de Proteção e Defesa do Consumidor, com um breve in-tervalo nas eleições de 2014, a deputada Cidinha Campos (PDT) retornou à Assembleia Legislativa do Estado do

Rio de Janeiro (Alerj) em maio, com a promessa de elevar a temperatura dos debates no plenário. Conhecida por não ter papas na língua e pelos discursos inflamados, que já foram vistos por quase dois milhões de pessoas no YouTube, no dia em que voltou à Casa sugeriu, em tom de brincadeira, ao presidente Jorge Picciani (PMDB), comprar mais ex-tintores de incêndio. “Ele me respondeu que já tinha um bem grande na presidência e que estava providenciando outros”, diverte-se. Nesta entrevista, a jornalista e radialista, conduzida à política pelas mãos de Leonel Brizola e filiada ao PDT desde 1982, conta como a experiência no Executivo mudou seu olhar sobre o Estado e o Parlamento. No cargo que acaba de deixar, habituou-se a tirar do papel normas aprovadas na Alerj, e propôs alterações em quase 30 leis para torná-las mais efetivas. Cidinha fala ainda sobre como a crise econômica atingiu em cheio o trabalho desenvolvido à frente da Secretaria e do Procon-RJ, o que cul-minou na sua saída. Com a bagagem de 26 anos de trajetória política, vê com desconfiança o atual momento brasileiro, e dispara: “Temer não é só provisório, é um improvisado!”.

"O Estado brasileiro só é administrado politicamente, nunca pelos interesses da população"

"Para melhorar a sociedade, não adianta só fazer leis"

" Jogaram para a galera cortando ministério, mas isso não reduziria o custo"

"Quero uma encrenca pra me meter"

Em seu retorno à Alerj, Cidinha Campos traz na bagagem a experiência de lidar, na prática, com a aplicação das leis

Cidinha: para a presidência, só se Brizola estivesse vivo

André Coelho

A senhora propôes alteração em várias leis. O que que falta para elas saírem do papel?Tem muita lei. Cada uma exige o pagamento de uma multa fixa, que às vezes vale a pena pagar. É preciso fazer respeitar o Código de Defesa do Consumidor, que coloca uma multa variável, dependendo de vários fatores. É isso que estamos tentando unificar nesses projetos. Se o CDC for respeitado, o país está salvo, pelo menos em matéria de consumo. Para melhorar a sociedade, não adianta só fazer leis. É preci-so educação, bom senso, isso é que vai fazer a diferença..

Como avalia o atual cenário político?O governo Temer não é só provisório, é improvisado. Como é que ele junta a previdência com outro ministério? Devia ser independente, com um grande ministro. Quis juntar a cultura com a educação. O Brasil continua sendo o país da demagogia. Jogaram para a galera cortando ministério, mas isso não reduziria o custo. Aí vem o caso do (ex-ministro do Planejamento Romero) Jucá. O Temer sabia. Quem é que não conhece o Jucá? Disseram que iam fazer um ministério de notáveis, só se forem notáveis bandidos! Fico pensando: tem uma pessoa ideal para botar na presidência? Só se o Brizola ainda fosse vivo.

ENTREVISTAFoto: Octacilio Barbosa

Foto: Acervo pessoal

Page 7: Jornal da Alerj

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P assar a história a limpo e trazer o passado para o tempo presente. Essas são as propostas da exposição Tira-

dentes – Singular e Plural, segundo o curador Mário Margutti. A mostra, que faz parte das comemorações do aniversário de 90 anos do Palácio Tiradentes, reúne 69 obras de 41 artis-tas, tendo a fi gura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, como ponto de partida para diversas expressões artísticas: pinturas, desenhos, banners, esculturas, objetos, co-lagens, fotografi as e gravuras. “Convidamos artistas mais experientes e novos talentos. Cada um tem uma visão singular de Tiradentes, e o conjunto oferece uma visão plural”, diz Margutti.

A exposição ocupará o terceiro andar do Palácio até 30 de junho. A entrada é gratuita. Entre as obras, há dois quadros do artista plástico Rubens Gerchman, morto em 2008, que foi diretor da Escola de Artes Visuais do

Parque Lage. As peças Negra, Mulher e mãe, da artista plástica Drica Voivodic, Tiradentes, de André Bombonatti e a escultura Vitória!, de Núbia Oliveira da Silva, chamam atenção por expressar a morte e a liberdade do home-nageado.

A inauguração da mostra contou com uma performance de dança e música da artista Te-resa Prado, tendo sua tela Envolvimento como inspiração. "Trata-se de um encontro mágico do artista com a sua arte. Criador encontra criatura, que é um signo e um enigma dele mesmo. A ideia é fazer o público sentir, pulsar", diz Teresa.

“Os expositores exploraram tudo aquilo que o nome Tiradentes evoca: nativismo, indepen-dência, liberdade, repressão, tortura, morte, cidadania. Além disso, as obras refl etem o Brasil que os artistas desejam, com respeito aos direitos humanos, às mulheres e WWWàs minorias raciais e sexuais”, explica o curador

Refl exões sobre Tiradentes

Teresa Prado, em performance na abertura da mostra: "Ideia é fazer público sentir, pulsar"

SYMone MUnAY e ISABelA CABrAl

Foto:Rafael Wallace