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2 Maio/08 Jornal do V Congresso da USP • Publicação unificada das entidades representativas Adusp, APGs, DCE e Sintusp Congresso unificado busca avanços na luta pela democratização da USP Os debates ocorrerão nos dias 26 a 30 de maio, semana em que não haverá aula, e questionarão a atual estrutura de poder, na perspectiva de uma Estatuinte Democrática No ano passado, o processo de mobilização que envolveu estudantes, funcionários e professores, em defesa da autonomia universitária, culminou com a ocupação da Reitoria da USP e uma greve das três universidades estaduais paulistas. Na USP, o movimento criou a proposta de realização de um Congresso unificado das três categorias, que pu- desse elaborar um projeto comum para a transfor- mação da universidade. Negociado como uma das pautas de reivindicação do movimento de ocupa- ção da Reitoria, o V Congresso foi incorporado ao calendário oficial da universidade. O princípio da autonomia universitária, de- fendido pelo movimento político em 2007, sig- nifica tanto a independência na produção de co- nhecimento, quanto a autonomia financeira na gestão dos recursos públicos. Entretanto, a au- tonomia universitária da USP, defendida e re- conquistada no ano passado, continua sendo li- mitada por uma estrutura de poder hierárqui- ca, que carece de democratização. A USP possui a estrutura de poder mais an- tidemocrática das universidades públicas do Bra- sil. O Conselho Universitário (CO), instância máxima de decisão da universidade, é compos- to por mais de 80% de professores, dentre os quais quase 90% são professores titulares. A re- presentação dos funcionários, estudantes e até mesmo dos professores não titulares no CO é extremamente reduzida. A cada quatro anos, um colegiado com 300 pessoas elabora e enca- minha ao governador uma lista tríplice, da qual um dos nomes será escolhido reitor. Esta estru- tura meritocrática, que confunde o mérito aca- dêmico com o poder político, cria um sistema de privilégios e clientelismo, ao qual a univer- sidade pública está sujeita. Conflito de interesses As relações de poder na USP também são al- tamente comprometidas pelo fato de que cerca de 1/4 dos membros do CO pertencem à admi- nistração de fundações privadas ditas “de apoio” à USP. Isto gera um flagrante conflito de inte- resses entre o público e o privado. Como parte de todo este quadro, está em cur- so desde 2006 um processo de Reforma do Es- tatuto da USP no CO, feita a portas fechadas, e que pode aprofundar esta estrutura de privilé- gios. A proposta de realização do V Congresso surgiu também do questionamento da legitimi- dade do CO para alteração do Estatuto. Tendo como eixo central o tema “Da Univer- sidade que temos à Universidade que queremos”, no V Congresso serão formuladas propostas de transformação e democratização da USP, e traça- da a perspectiva de luta por uma Estatuinte So- berana e Democrática, como espaço legítimo de decisão pública. A Adusp, a APG/USP-Capital, o DCE-Livre e o Sintusp apresentam este segundo Jornal do V Congresso da USP , com o intuito de impulsio- nar a reflexão sobre as estruturas de poder, as fun- dações privadas ditas “de apoio”, a falta de de- mocracia no acesso à universidade, a ausência de políticas efetivas de permanência estudantil, a função do tripé “ensino, pesquisa, extensão”, as políticas de financiamento da universidade. Participar do V Congresso é construir um projeto comum de transformação da univer- sidade! Boa leitura! Protesto bem-humorado contra eleição indireta de reitor (2005) Daniel Garcia

Jornal do V Congresso da USP • Publicação unificada das ...Tendo como eixo central o tema “Da Univer-sidade que temos à Universidade que queremos”, no V Congresso serão formuladas

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2Maio/08Jornal do V Congresso da USP • Publicação unificada das entidades representativas Adusp, APGs, DCE e Sintusp

Congresso unificado busca avançosna luta pela democratização da USPOs debates ocorrerão nos dias 26 a 30 de maio, semana em que não haverá aula, equestionarão a atual estrutura de poder, na perspectiva de uma Estatuinte Democrática

No ano passado, o processo de mobilização queenvolveu estudantes, funcionários e professores,em defesa da autonomia universitária, culminoucom a ocupação da Reitoria da USP e uma grevedas três universidades estaduais paulistas. Na USP,o movimento criou a proposta de realização de umCongresso unificado das três categorias, que pu-desse elaborar um projeto comum para a transfor-mação da universidade. Negociado como uma daspautas de reivindicação do movimento de ocupa-ção da Reitoria, o V Congresso foi incorporado aocalendário oficial da universidade.

O princípio da autonomia universitária, de-fendido pelo movimento político em 2007, sig-nifica tanto a independência na produção de co-nhecimento, quanto a autonomia financeira nagestão dos recursos públicos. Entretanto, a au-tonomia universitária da USP, defendida e re-conquistada no ano passado, continua sendo li-mitada por uma estrutura de poder hierárqui-ca, que carece de democratização.

A USP possui a estrutura de poder mais an-tidemocrática das universidades públicas do Bra-sil. O Conselho Universitário (CO), instânciamáxima de decisão da universidade, é compos-to por mais de 80% de professores, dentre osquais quase 90% são professores titulares. A re-presentação dos funcionários, estudantes e atémesmo dos professores não titulares no CO éextremamente reduzida. A cada quatro anos,um colegiado com 300 pessoas elabora e enca-minha ao governador uma lista tríplice, da qualum dos nomes será escolhido reitor. Esta estru-tura meritocrática, que confunde o mérito aca-dêmico com o poder político, cria um sistemade privilégios e clientelismo, ao qual a univer-

sidade pública está sujeita.Conflito de interesses

As relações de poder na USP também são al-tamente comprometidas pelo fato de que cercade 1/4 dos membros do CO pertencem à admi-nistração de fundações privadas ditas “de apoio”à USP. Isto gera um flagrante conflito de inte-resses entre o público e o privado.

Como parte de todo este quadro, está em cur-so desde 2006 um processo de Reforma do Es-tatuto da USP no CO, feita a portas fechadas, eque pode aprofundar esta estrutura de privilé-gios. A proposta de realização do V Congressosurgiu também do questionamento da legitimi-dade do CO para alteração do Estatuto.

Tendo como eixo central o tema “Da Univer-sidade que temos à Universidade que queremos”,

no V Congresso serão formuladas propostas detransformação e democratização da USP, e traça-da a perspectiva de luta por uma Estatuinte So-berana e Democrática, como espaço legítimo dedecisão pública.

A Adusp, a APG/USP-Capital, o DCE-Livre eo Sintusp apresentam este segundo Jornal do VCongresso da USP, com o intuito de impulsio-nar a reflexão sobre as estruturas de poder, as fun-dações privadas ditas “de apoio”, a falta de de-mocracia no acesso à universidade, a ausência depolíticas efetivas de permanência estudantil, afunção do tripé “ensino, pesquisa, extensão”, aspolíticas de financiamento da universidade.

Participar do V Congresso é construir umprojeto comum de transformação da univer-sidade!

Boa leitura!

Protesto bem-humorado contra eleição indireta de reitor (2005)

Daniel Garcia

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2 Jornal do V Congresso da USP Maio/2008

O V Congresso da USP —“Da universidade que temos àuniversidade que queremos” —ocorre em um contexto em quemudanças radicais incidem so-bre a instituição universitária al-terando, assim, os alicerces desua pretensa estrutura básica:ensino, pesquisa e extensão.

A universidade passa, nos últi-mos anos, por um processo detransformação que vai transfigu-rando as suas funções principais.Por um lado, a criação de meca-nismos de transferência de tec-

nologia, a multiplicação e homo-geneização dos indicadores deprodutividade e o encurtamentodos prazos conferem uma novaforma à pesquisa; por outro, aproliferação de cursos pré-bacha-relado, novas profissões ultra-es-pecializadas e a massificação devagas sem controle refletem al-terações radicais na concepçãodo ensino universitário.

Se essas modificações democra-tizam relativamente o acesso, poroutro lado diminuem a distânciaentre o ensino técnico e o univer-sitário, ou seja, afastam a univer-sidade de um projeto de formaçãoque inclui a pesquisa crítica.

As mudanças do discurso (au-to) legitimador da ciência, que sesustenta numa concepção de de-senvolvimento econômico que

coloca como eixo principal a ino-vação tecnológica e a qualifica-ção da mão-de-obra, repercutemno âmbito das mudanças identi-ficadas na política universitária.

Se é verdade que a pesquisasempre esteve articulada às polí-ticas de desenvolvimento dopaís, agora poderíamos dizer quehá uma mudança na sua articu-lação, caracterizada por uma bus-ca de maior intimidade. Essa bus-ca de intimidade fica sob respon-sabilidade da própria universida-de, que precisa preparar os seus

pesquisadores para o mercado detrabalho (mesmo que nele nãoexistam empregos para a mão-de-obra qualificada) e tornar asua pesquisa atraente, seja orien-tando-a para a aplicação comer-cial, seja acionando mecanismosde propriedade intelectual. Nas-ce assim a figura da “universida-de empreendedora”.Prestígio, negóciose dividendos eleitorais

O ensino superior, por sua vez,ganha cada vez mais “prestígio”e a necessidade de sua ampliaçãoé o consenso que atravessa a so-ciedade. Aparentemente, ele foialçado quase unanimemente co-mo condição primeira de justiçasocial. Esse “prestígio” e a con-seqüente “necessidade de sua am-

pliação”, no entanto, são susten-tados pelos mais diversos fatores:seja pela necessidade de qualifi-car mão-de-obra para o mercadode trabalho, seja pela lucrativi-dade de fazer do ensino superiorum negócio, seja pelos dividendoseleitorais experimentados ao tor-ná-lo foco de políticas públicas.No fim, o que temos diante dosolhos é o fenômeno da expansãovertiginosa das vagas nas univer-sidades e um novo tipo de “ensi-no” que concede incontáveis di-plomas nas mais diferentes e inu-sitadas profissões, nos mais diver-sos cursos e especializações.

Sob essas novas determinaçõesdas funções constitutivas da uni-versidade — o ensino, a pesqui-sa e a extensão —, o que se ex-pressa é uma brutal modificaçãona relação entre produção e re-produção de conhecimento, quetendem, através de uma cadeiade mediações cada vez mais ex-tensa, a se autonomizarem qua-se por completo. Com isso, o pro-jeto de universidade no qual en-sino, pesquisa e extensão esta-

vam inerentemente ligados, for-mando conhecimento crítico ecríticos do conhecimento, vaisendo deixado para trás.

A situação torna-se aindamais grave quando nos defron-tamos com uma estrutura depoder altamente autoritária quese recusa, até não haver mais op-ção, a discutir e deliberar com asua “comunidade”, mesmo osassuntos mais fundamentais —como ficou explícito na sistemá-tica recusa da Reitoria em dis-cutir, com a universidade, os de-cretos do governador José Serrano ano passado.

É para transformar este qua-dro interno, e tentando fazerfrente a esta nova configura-ção da universidade, que o VCongresso, valendo-se do his-tórico de luta das entidadesdos estudantes, funcionários eprofessores, coloca-se como es-paço privilegiado de formulaçãode projetos e estratégias de lutapara a democratização da USPe da própria instituição univer-sitária.

A “nova” universidade que temosMais do que nunca, lutar por democracia para pensare realizar a universidade que queremosAPG/USP-CAPITAL

Nos defrontamos com uma estrutura depoder altamente autoritária que se recusa,até não haver mais opção, a discutir edeliberar com a sua “comunidade”mesmo os assuntos mais fundamentais

Greve da FFLCH, 2001

Jorge Alves

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Maio/2008 Jornal do V Congresso da USP 3

O desenvolvimento social, ci-entífico, cultural, político eeconômico de um país tem es-treita relação com seu desenvol-vimento educacional. Assimsendo, por suposto, uma educa-ção escolar de boa qualidade –em todos os níveis e modalida-des – é essencial para a consti-tuição de uma sociedade sem-pre mais democrática e, por con-seqüência, para garantir umamelhor qualidade de vida a to-da população. Custe o que cus-tar, essa educação é investimen-to social e condição fundamen-tal para a construção de umpaís autônomo e soberano. Por-tanto, essa educação tem queser garantida pelo Poder Públi-co, por meio dos impostos reco-lhidos da sociedade justamentepara cumprir finalidades afins.

Nesse contexto, uma vez pre-servados os preceitos constituci-onais de autonomia didático-ci-entífica, administrativa e degestão financeira e patrimoni-al e de respeito ao princípio daindissociabilidade ensino-pes-quisa-extensão, cabe à institui-ção universidade – exatamen-te pelo fato de caracterizar-sepor tais prerrogativas – um pa-pel relevante na construção etransmissão de conhecimentoinovador e crítico, que conside-re a diversidade de pensamen-to e o pluralismo de ideais,constituindo-se numa das prin-cipais alternativas de socializa-ção da experiência cultural e ci-entífica dessa mesma socieda-de, ou seja, de perenizar esse ci-clo virtuoso, realimentando-o.Tudo isso, como já foi aponta-do, consome recursos públi-cos; mas é exatamente por

constituir-se num patrimôniosocial inestimável que deve sergarantido pelo Poder Público.

Porém, é a concepção neoli-beral do ensino superior comoserviço ou mercadoria e não co-mo direito que tem prevaleci-do no Brasil, particularmenteno Estado de São Paulo, nas úl-timas décadas. Dessa concep-ção decorrem políticas governa-mentais que favorecem a ex-pansão indiscriminada do ensi-no superior privado, ao mes-mo tempo em que limitam oacesso dos estratos mais po-bres da sociedade à universida-de pública, gratuita, laica e dequalidade socialmente referen-ciada, seja em nível de gradua-ção ou de pós-graduação.

Há tempos as entidades quecompõem o Fórum das Seis,dentre as quais as promotorasdeste V Congresso da USP,têm denunciado a insuficiênciado financiamento público paragarantir o bom funcionamentodas universidades, sendo oportu-no relatar brevemente a luta pe-la ampliação dos recursos vincu-lados destinados à manutençãodas atividades das universida-des públicas estaduais paulistas.

Como um dos resultados dagreve de dois meses realizadaem 1988 por docentes, estudan-tes e funcionários técnico-admi-nistrativos da USP, Unesp eUnicamp, o então governoQuércia publicou no início de1989 um decreto que fixou em8,4% da quota parte do ICMSdo Estado a dotação de recur-sos públicos para as três univer-sidades estaduais paulistas. Es-se índice foi denunciado comoinsuficiente desde o primeiro

momento, entre outros moti-vos porque, na época, significa-va uma redução do que tradicio-nalmente era destinado pelo go-verno a essas universidades; con-tudo, tal índice foi recebidosem nenhuma crítica pelas res-pectivas reitorias.Pressão conjunta fezdotação crescer

Em 1990, tentamos conse-guir o aumento da dotaçãodas universidades durante a tra-mitação da Lei de Diretrizes

Orçamentárias (LDO) na As-sembléia Legislativa (Alesp),mas a emenda que elevava adotação de 8,4% para 10,5%do ICMS foi derrotada em ple-nário por margem reduzida devotos. Em 1991, a pressão con-junta de docentes, estudantese funcionários das universida-des públicas estaduais conse-guiu que a LDO para 1992mudasse de 8,4% para 9% orepasse da arrecadação doICMS. Em 1994, também sobnossa pressão, a Alesp apro-vou o aumento da dotação or-çamentária das universidadespara 9,57% da quota parte doICMS do Estado para o ano de1995, índice este que vigoraaté hoje.

A partir daí, portanto hámais de 13 anos, as entidadescongregadas no Fórum das Seistêm insistido que tal destinaçãode recursos não é suficiente pa-ra a manutenção das atividadesdas três universidades estaduaispaulistas, com o agravante deque, em conluio com sucessivosgovernantes, as autoridades uni-versitárias têm permitido aocorrência de uma expansão devagas sem qualidade, seja pelamera ampliação física de campi(em geral com recursos adicio-

nais apenas para a construçãode prédios), seja pela incorpora-ção de unidades isoladas, acres-centando problemas ao já precá-rio funcionamento dessas insti-tuições, por exemplo, pela so-brecarga de trabalho de docen-tes e funcionários técnico-administrativos (cujo númerotem sido mantido, quando nãoreduzido) e pela superlotaçãode estudantes por sala de aula;ademais, sem planejamentoadequado e sem a garantia deinfra-estrutura efetiva (transpor-te público, refeições, laboratóri-os, bibliotecas etc.).

Mas é importante ressaltarque os setores organizados dacomunidade universitária conti-nuam denunciando essa insufi-

É a concepção neoliberal do ensinosuperior como serviço ou mercadoria enão como direito que tem prevalecido noBrasil, particularmente no Estado de SãoPaulo, nas últimas décadas

Financiamento da UniversidadePrecisamos combater as políticas neoliberais e garantir maiores recursos públicospara universidades públicas estaduais (USP, Unesp e Unicamp)ADUSP

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4 Jornal do V Congresso da USP Maio/2008

ciência de recursos para a manu-tenção adequada das universida-des públicas e têm acompanha-do – ano a ano – os sucessivosprocessos de elaboração daLDO e da Lei OrçamentáriaAnual (LOA) na Alesp, tendo jácriado uma certa tradição deacompanhamento dessas impor-tantes peças de planejamentodo Estado. Contudo, a constan-te mobilização realizada pelas en-tidades do Fórum das Seis nãotem sido suficiente para mudara política orçamentária dos go-vernantes do Estado e nem se-quer para provocar uma postu-ra mais aguerrida nas autorida-des universitárias, que deveriamlutar ao nosso lado pela amplia-ção de recursos para as universi-dades estaduais paulistas.

Ademais, cada vez fica maisclaro que o tipo de vinculaçãovigente hoje – a renovação anu-al da destinação, para as univer-sidades públicas estaduais, de9,57% da cota-parte do ICMSdo Estado, quando da votaçãodas leis orçamentárias – não é

a melhor maneira de propiciaro financiamento da USP,Unesp e Unicamp. O financia-mento deveria constar de lei es-pecífica, de forma a torná-lo pe-rene, tendo como referencial oProduto Interno Bruto (PIB)do Estado de São Paulo, confor-me as metas apontadas no Pla-no Estadual de Educação – Pro-posta da Sociedade Paulista(PEE-PSP), Projeto de Lei n°1.074/2003, em tramitação naAlesp (para conhecê-lo na ínte-gra ver www.adusp.org.br).

A seguir, apresentamos umasíntese dessas metas, destacan-do as que têm a ver diretamen-te com o tema em questão,mantendo sua numeração origi-nal, conforme elas aparecemno Plano Estadual de Educa-ção – Proposta da SociedadePaulista (PEE-PSP):Metas para aEducação Superior

1. Assegurar, a partir da apro-vação do PEE-PSP, a aplicaçãode recursos progressivamente

crescentes até atingir 1,2% doPIB para o ensino público e gra-tuito de graduação, acrescidosde 1,5% do PIB, divididos en-tre as instituições que realizampós-graduação e pesquisa, perfa-zendo 2,7% do PIB estadualno fim de uma década.

2. Ampliar, em 15% aoano, o número de matrículasno Ensino Superior público,de modo a assegurar no finalda década uma proporção de30% do total das matrículas(no setor público), em parceriacom a União, garantindo o fi-nanciamento correspondente ea qualidade deste ensino.

3. Estabelecer, em até um(1) ano a partir da aprovaçãodo PEE-PSP, uma política de ex-pansão do Ensino Superior pú-blico que elimine as desigualda-des de oferta existentes entreas diferentes regiões do Estado.

4. Contemplar, a partir daaprovação do PEE-PSP, priorita-riamente, a expansão de vagasno Ensino Superior público,nas diversas áreas do conheci-mento, começando pelas licenci-aturas cuja carência já foi diag-nosticada (Física, Matemática,Química e Biologia), visando eli-minar o déficit de professores,principalmente para os quatroúltimos anos do Ensino Funda-mental e para o Ensino Médio.

5. Definir a relação de um(1) docente para doze (12) estu-dantes como limite superiorno ensino de graduação nasUniversidades.

[...]7. Criar e instalar, a partir

de um (1) ano da aprovaçãodo PEE-PSP, Conselhos Soci-ais, com participação da comu-nidade e entidades civis organi-zadas, para acompanhamentoe controle social das atividadesde ensino, pesquisa e exten-são, com o objetivo de assegu-rar a função pública da institui-ção de Ensino Superior.

8. Assegurar a escolha demo-crática de dirigentes das Insti-tuições de Ensino Superior(IES), em todos os níveis da ad-

ministração.[...]10. Garantir representação

paritária de docentes, discen-tes e funcionários técnico-ad-ministrativos nos órgãos cole-giados deliberativos das Insti-tuições de Ensino Superior,em todos os níveis de decisão,respeitando a auto-aplicabili-dade do Artigo 207, da Cons-tituição Federal de 1988.

11. Institucionalizar, pro-gressivamente, em até quatro(4) anos a partir do PEE-PSP,um amplo e diversificado siste-ma de avaliação interna e ex-terna nas Instituições de Ensi-no Superior, públicas e priva-das, que promova a melhoriada qualidade do ensino, dapesquisa, da extensão e da ges-tão acadêmica, contemplandoas especificidades das diferen-tes áreas do conhecimento.

12. Ampliar gradativamentea Pós-graduação e a pesquisanas universidades, a partir daaprovação do PEE-PSP, elabo-rando um planejamento comobjetivos claros e metas defini-das e com a garantia de recur-sos anuais para atingir, em dezanos, o número de pesquisado-res qualificados para as diver-sas demandas sociais existentes.

[...]14. Estabelecer, imediata-

mente após a aprovação doPEE-PSP, e manter a realiza-ção sistemática de concursospúblicos para todos os traba-lhadores nas IES.

[...]16. Definir e implementar,

em um ano a partir da aprova-ção do PEE-PSP, planos de capa-citação de docentes e funcionári-os técnico-administrativos e deapoio, bem como medidas volta-das para a melhoria das respecti-vas condições de trabalho.

[...]20. Iniciar, imediatamente a

partir da aprovação do PEE-PSP, uma auditoria pública dasfundações de caráter privadonas universidades públicas,apontando para sua extinção.

O financiamento deveria constar de leiespecífica, de forma a torná­lo perene, tendocomo referencial o Produto Interno Bruto (PIB)do Estado de São Paulo, conforme as metasapontadas no Plano Estadual de Educação –Proposta da Sociedade Paulista (PEE­PSP),Projeto de Lei n° 1.074/2003

Manifestação contra o veto de Alckmin (2005)

Daniel Garcia

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Maio/2008 Jornal do V Congresso da USP 5

Hoje no Brasil, quase 90%da juventude entre 18 e 24anos está excluída do Ensino Su-perior. O acesso à universidadeé tratado como privilégio de pou-cos e não como um direito soci-al de todos. Num contexto devagas insuficientes no ensino su-perior público, qualquer mode-lo de seleção para a entrada nauniversidade terá problemas.Os dispositivos de exclusão soci-al da universidade são principal-mente dois: as altas mensalida-des das universidades particula-res e a prova técnica dos vestibu-lares nas universidades públicas.A maioria dos vestibulares priori-za a avaliação de mérito com ba-se em um conhecimento técni-co adquirido nos cursinhos pa-gos, em detrimento de um co-nhecimento crítico. Assim, gran-de parte dos estudantes deescola pública, economicamentedesfavorecidos, tem dificulda-des em pagar mensalidades doscursinhos e portanto menoreschances de ter acesso a uma uni-versidade pública.

A realidade precária da escolapública determina tambémuma exclusão social imensa. Ho-je, 75% dos estudantes da USPvieram de escolas particulares.Além disso, menos de 13% dosalunos da USP são negros, oque revela uma profunda exclu-são racial do conhecimento. Aprodução de conhecimento nauniversidade é também produ-ção de poder. Os grupos sociaisque dispõem de acesso à univer-sidade se mantêm mais fortesnas relações de poder da socieda-

de, a despeito dos excluídos doconhecimento.

Esta exclusão social do conhe-cimento é um aspecto determi-nante da história do Brasil. Aselites brasileiras ergueram insti-tuições de ensino próprias paraa formação de quadros políti-cos, intelectuais, científicos etécnicos próprios para seu proje-to nacional de desenvolvimen-to do capitalismo. A USP é umexemplo destas instituições: foicriada em 1934 com a funçãoexplícita de servir como instru-mento de saber e poder de umdeterminado grupo social domi-nante, qual seja, a chamada oli-garquia paulista.Função social e pública

A USP que reivindicamos, en-tretanto, deve cumprir uma fun-ção social e pública, e para isso

ser precisam ter acesso a ela to-dos os setores da sociedade; de-ve produzir conhecimento quesirva aos grupos sociais menosfavorecidos. Um exemplo deproposta para a democratiza-ção da universidade na USP foia idéia da criação de um cursode “Pedagogia da Terra”, minis-trado para assentados e acampa-dos rurais que não teriam quepassar pelo filtro social do vesti-bular. Este curso poderia repre-sentar uma ampliação qualitati-

va do acesso de grupos sociaisdesfavorecidos ao conhecimen-to de Ensino Superior. Estaidéia acabou rechaçada peloConselho Universitário e nãofoi possível conseguir verba pú-blica para sua realização.

Em 2006, a Reitoria da USPcriou um “programa de inclu-são” chamado Inclusp. O In-clusp prevê, entre outrasações, o acréscimo de 3% napontuação do vestibular paraestudantes da rede pública.

Hoje, 75% dos estudantes da USP vieram deescolas particulares. Além disso, menos de13% dos alunos da USP são negros, o querevela uma profunda exclusão racial

Acesso à Universidade:não há vagasA ampliação do acesso à universidade pública implicaa defesa conjunta de políticas de Permanência EstudantilDCE-LIVRE DA USP

PM reprime protesto contra decretos de Serra (2007)

Daniel Garcia

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6 Jornal do V Congresso da USP Maio/2008

O movimento estudantil avaliaque esse bônus é insuficiente pa-ra reverter um processo de que-da de ingresso dos estudantesde escola pública na USP, pro-cesso este que aprofunda a dis-torção social que existe no aces-so à universidade pública. Algu-mas mudanças no Inclusp es-tão sendo discutidas no Conse-lho de Graduação da USP:

apresentam a possibilidade deaumento deste bônus na Fu-vest, através de um mecanismode “avaliação seriada”. A “avali-ação seriada” consistiria de pro-vas, aplicadas ao final de todosos anos do Ensino Médio públi-co, que comporiam uma notado aluno, nota esta que incre-mentaria o bônus de cada alu-no da escola pública na Fuvestde acordo com seu desempe-nho. A proposta inclui tam-bém uma meta para o Incluspde ingresso de 30% de alunos

de escola pública na USP. Entre-tanto, esta meta é, na nossa ava-liação, bastante tímida, umavez que se propõe a aumentarapenas 5% dos alunos de esco-la pública na USP, e este valoré incapaz de alterar a exclusãosocial do conhecimento e as dis-torções produzidas com relaçãoao direito social à educação.

Através do V Congresso, po-

deremos debater o problemada exclusão social da universi-dade e criar propostas que de-mocratizem este acesso, comoa luta por ações afirmativas ecotas, por mais verbas e quali-dade no ensino público básico,por mudanças democráticasno vestibular.Permanência estudantilé um direito

A ampliação do acesso àuniversidade pública implicaa defesa conjunta de políti-

cas de Permanência Estudan-til. A necessidade de amplia-ção da moradia estudantil,dos Restaurantes Universitári-os, do transporte gratuito edas bolsas faz parte da garan-tia do direito de gratuidadeno ensino superior, que consti-tui um direito social. No Bu-tantã, em Ribeirão Preto, emSão Carlos, faltam centenasde vagas de moradia a cadaano, em relação à demanda es-tudantil. Na USP-Leste e emLorena, nem sequer existe mo-radia estudantil e transportecircular. Na EACH, o restau-rante universitário é terceiri-zado e completamente insufi-ciente em relação à deman-da. Em Piracicaba, existeuma proposta de terceiriza-ção do RU e há alguns meseso restaurante já não conse-gue atender a demanda estu-dantil. Em Lorena, sequerexiste restaurante.

Estas condições aprofun-dam o processo de exclusão so-cial dentro da universidade,por conta do enorme númerode evasões por motivos soci-ais dentro da USP. A defesada ampliação de vagas naUSP, através da democratiza-ção do seu acesso, deve propi-

ciar as condições necessáriaspara que alunos de baixa ren-da possam desenvolver suasatividades acadêmicas, pelomenos em pé de igualdadecom os demais estudantes.

O movimento estudantiltambém defende que o finan-ciamento das políticas de per-manência seja público, e quehaja um planejamento estraté-gico para diminuir as evasõessociais da universidade, numaperspectiva de ampliação qua-lificada de suas vagas. O fun-do que hoje financia a Perma-nência, proveniente da antigaLei de Heranças Vacantes, es-tá se esgotando. É preciso quea USP organize um fundo fi-nanceiro para a Permanênciaestudantil, quanto mais agoraque o crescimento do ICMSem 2007 permite tal medida.

O V Congresso terá a tarefade organizar e propor a defesadas políticas de permanênciana USP: campanha por Mora-dia Estudantil, pela qualidadedos restaurantes universitári-os, por transporte circular. Sa-bemos que a USP tem dinhei-ro, pois o ICMS cresceu no úl-timo ano, e precisamos nego-ciar o financiamento públicoda permanência estudantil.

É preciso que a USP organize um fundofinanceiro para a Permanência estudantil,quanto mais agora que o crescimento do ICMSem 2007 permite tal medida

Movimento dos Sem Educação pede fim do vestibular e democratização do acesso (2003)

Daniel Garcia

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Maio/2008 Jornal do V Congresso da USP 7

A reflexão e o debate sobreas fundações privadas ditas “deapoio” que atuam na universida-de ocorre há mais de uma déca-da. Em 2001, a Revista Adusppublicou o “Dossiê Funda-ções”, que teve forte impactona comunidade. No mesmoano, o Conselho Universitárioda USP foi impedido, pelo mo-vimento estudantil, de delibe-rar sobre uma proposta de regu-lamentação das fundações quenão havia sido debatida na uni-versidade. Desde então o temafoi ganhando espaço e hoje che-gou aos jornais e telejornais,após escândalos e crises que en-volveram não só as fundações“de apoio” ligadas à USP (co-mo a Fundação Zerbini), mastambém à UFSC (Feesc), àUFSM (Fatec, Fundae), à UnB(Finatec) e tantas outras.

As fundações "de apoio" sãoorganismos privados que aolongo dos anos disseminaram-se de forma ampla e preocupan-te, no âmbito das universida-des públicas estaduais e fede-rais. A Adusp tem desenvolvi-do um intenso trabalho de pes-quisa e análise destes organis-mos na USP (em 2006 e 2007a Revista Adusp publicou o“Dossiê 2”), o que nos permi-tiu constatar que elas têm re-presentado a privatização deatividades de ensino, pesquisae extensão em uma instituiçãoestritamente pública.

Salvo raras exceções, ao contrá-rio de apoiar as universidades pú-blicas, tais fundações apóiam-senelas. Os docentes que as consti-tuem, ou delas participam, na

sua maioria contratados pelasuniversidades públicas em regi-me de dedicação integral(RDIDP, no caso da USP), utili-zam parte importante do seutempo de trabalho, remuneradocom recursos públicos, para rea-lizar as atividades privadas quecaracterizam essas fundações.

Usam comercialmente o pres-tígio das universidades ao fa-zer propaganda de projetos ecursos pagos, que freqüente-mente ocupam prédios e insta-lações públicas para fins priva-dos. Celebram contratos milio-nários com o poder público mu-nicipal, estadual e federal, semlicitação, valendo-se da facha-da de entidades supostamentededicadas “ao ensino e à pesqui-sa, sem fins lucrativos”. Po-rém, repassam recursos finan-ceiros ínfimos às instituições“apoiadas”: geralmente, nãomais do que 5% das receitasque arrecadam! De fato,uma“galinha dos ovos de ouro”!

Ao contrário do que propa-lam, portanto, a finalidade detais fundações “de apoio” émercantil: gerar lucros para ospequenos grupos de docentesque nelas atuam. A autodefini-ção dessas fundações “deapoio” como entidades “semfins lucrativos” esconde a realvocação da maioria delas: fo-mentar e realizar negócios pri-vados que resultem em remu-neração adicional para os do-centes que delas se beneficiam.

É precisamente a condiçãode entidades “incumbidas esta-tutariamente de pesquisa, ensi-no ou desenvolvimento institu-

cional” e “sem fins lucrativos”,que lhes concede privilégios,entre outros, de isenção fiscale dispensa de licitação por par-te do poder público.Grave situação

A USP abriga 30 fundaçõesprivadas “de apoio”: é a univer-sidade pública brasileira quese relaciona com o maior núme-ro de instituições desse tipo. Apartir de dados concretos levan-tados em sucessivas edições daRevista Adusp, foi possível des-mitificá-las, revelando uma rea-lidade que pode ser sintetiza-

da da seguinte forma:1- As fundações privadas “de

apoio”, consideradas em seu con-junto, historicamente transfe-rem à USP recursos inexpressi-vos, cujo montante equivale, atu-almente, a menos de 1% do Or-çamento anual da universidade;

2- As quatro maiores funda-ções (excetuadas as ligadas aoshospitais da USP), que apresen-tam receitas anuais que che-gam à casa dos R$ 60 milhões,repassam à universidade, indivi-dualmente, somente 5% ou me-nos de tudo que arrecadam;

3- Na quase totalidade dasfundações, os recursos arreca-dados são, na sua maior parte,apropriados privadamente pe-los docentes que delas fazemparte; naquelas ligadas aos hos-pitais da USP, que gerem ver-bas SUS, a apropriação privadaé menor, mas também ocorre,e apesar disso, graças ao fortelobby que possuem, gozam deisenção do recolhimento da co-ta patronal do INSS;

4- Parcela substantiva dasverbas auferidas pelas funda-ções provém de órgãos públicosfederais, estaduais e municipais,

por meio de contratos realiza-dos sem licitação, como revelaestudo do Tribunal de Contasda União (relatório TC-005.168/2000-5, de 7/2/2001);

5- Os cursos pagos promovi-dos pelas fundações tornaram-se uma indústria, ferindo o ca-ráter público da USP, em des-cumprimento flagrante do ar-tigo 206 da Constituição Fede-ral (gratuidade do ensino eminstituições oficiais) e tambémda Constituição Estadual;

6- Durante muitos anos, asfundações apropriaram-se do

As fundações privadas “de apoio”,consideradas em seu conjunto,historicamente transferem à USP recursosinexpressivos, cujo montante equivale,atualmente, a menos de 1% do Orçamentoanual da universidade

Sobre as fundações “de apoio”nas universidadesAo contrário de apoiar as universidades públicas, essas entidades privadasapóiam-se nelas para promover lucrativas atividades remuneradasADUSP

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logotipo “USP”, utilizando-oao seu bel-prazer em materiaisde propaganda. Isto só mudouapós as diversas iniciativas domovimento universitário con-tra a atuação das fundações;

7- Muitas delas continuamocupando permanentementeinstalações da universidade;

8- Além de quebrar a isono-mia salarial, as atividades priva-das (cursos pagos, projetos eoutras) vêm induzindo modifi-

cações na graduação e na pós-graduação gratuitas, afetandoa grade curricular, o programadas disciplinas e a relação en-tre docentes e alunos, bem co-mo o objeto das pesquisas, de-terminado, em larga escala,por interesses de mercado;

9- A presença dessas funda-ções privadas nas universida-des públicas contempla fortesconflitos de interesse, em parti-cular quando o dirigente da

fundação exerce cargos de dire-ção no Departamento ou naunidade com a qual a funda-ção se relaciona. É falacioso oargumento de que os dirigen-tes das fundações de “apoio”nada recebem na condição dediretores ou de membros dosconselhos curadores dessas enti-dades: na verdade, o que se ve-rifica é que essas mesmas pesso-as acabam recebendo pagamen-tos por participarem de proje-

tos gerenciados pela fundação.Dada a gravidade da situa-

ção descrita, o V Congressoda USP terá como item especí-fico de seu temário de discus-são a questão das fundaçõesprivadas ditas “de apoio” nasuniversidades. Será fundamen-tal nos prepararmos para indi-car caminhos consistentes decombate a esta forma aguda ealtamente danosa de privatiza-ção da universidade pública.

FinalidadesO V Congresso da USP, promovido conjuntamente pela Associação dos Docentes da USP – ADUSP, pe-las Associações de Pós-Graduandos – APGs, pelo Diretório Central dos Estudantes – DCE Livre “Ale-xandre Vannucchi Leme”, e pelo Sindicato dos Trabalhadores da USP – SINTUSP, será realizado nocampus Butantã, em São Paulo, nos dias 26 a 30 de maio de 2008, com a finalidade de discutir edeliberar sobre propostas que visem à democratização da estrutura e do funcionamento da USP –“Por uma Estatuinte democrática e soberana na USP”.OrganizaçãoO V Congresso da USP será organizado pela Comissão Organizadora composta por professores, estu-dantes e funcionários técnico-administrativos indicados pelas instâncias de suas entidades representa-tivas: SINTUSP, DCE, APGs e ADUSP. As atividades consistirão de debates, discussões em Grupos deTrabalho (GT) temáticos e plenárias deliberativas. Poderão ocorrer painéis temáticos, sob a responsabi-lidade de qualquer uma das quatro entidades promotoras do V Congresso, desde que não concorramcom as demais atividades relacionadas no Calendário de Atividades, a seguir. Tais painéis serão divul-gados pela Comissão Organizadora, desde que a entidade responsável a informe em tempo hábil.ParticipantesPoderão participar do V Congresso, com direito a voz e voto, até 250 delegados de cada um dos três seg-mentos da comunidade universitária – estudantes, funcionários técnico-administrativos e professores –,escolhidos por seus pares e credenciados pela Comissão Organizadora. A lista dos delegados e suplentesde cada uma das categorias é de responsabilidade da entidade que representa essa categoria, que deveentregá-la à Comissão Organizadora até 26/5, segunda feira, às 12h na sede da Adusp.Não-delegados credenciados pela Comissão Organizadora poderão participar, com direito a voz e voto, dosGrupos de Trabalho (GT). No caso das Plenárias, estas só serão abertas a não-delegados, com direito a voz,caso a infra-estrutura à disposição do V Congresso assim o permita; ou seja, a participação de não-delega-dos nas plenárias, com direito a voz, está condicionada à acomodação prioritária dos delegados.Direção e Organização dos Trabalhos (GT)A coordenação das atividades dos GT será realizada por mesas compostas por Coordenador, Secretá-rio e Relator, de preferência delegados, eleitos pelos participantes de cada atividade, que serão res-ponsáveis pela sistematização escrita dos debates e das deliberações.Os GT serão formados por participantes das três categorias, tendo um número em torno de 50 pessoas(delegados + não-delegados), sendo que cada GT deve ter no mínimo 15 delegados credenciados.As propostas aprovadas pelos GT só serão encaminhadas para as plenárias se obtiverem 1/3 (um ter-ço) dos votos do total de delegados e não-delegados presentes em cada atividade.As mesas coordenadoras das plenárias serão indicadas pela Comissão Organizadora do V Congresso.Para a realização das plenárias deverão estar presentes, no mínimo, metade mais um (50% + 1)do número de delegados credenciados.TemárioO eixo central do V Congresso será Da Universidade que temos à Universidade que queremos, tendocomo temas:1. Ensino, pesquisa e extensão;2. Financiamento da universidade;3. Expansão, acesso e permanência estudantil;4. Fundações e outras formas de mercantilização da universidade;5. Estrutura de poder na universidade;6. Plano de luta para a instalação de uma Estatuinte democrática e soberana na USP.TesesAs teses relativas ao temário enviadas – por meio eletrônico – à Comissão Organizadora até 19/5, às16h ([email protected]) por grupos de professores, funcionários e estudantes, com no mínimocinco (5) pessoas, serão divulgadas aos delegados do V Congresso. As teses deverão ter no máximo20.000 caracteres (incluindo espaços). Para divulgação mais ampla poderão ser apresentadas síntesesde teses com no máximo 6.000 caracteres (incluindo espaços). O que for enviado – teses e/ou sínteses

– deve respeitar o seguinte padrão: Arial, 12, formato RTF ou ODT (formato Open Office ou BrOffice).DeliberaçõesO V Congresso será paritário (igual número de delegados das três categorias) e o peso do voto de cada dele-gado será o mesmo. As propostas que obtiverem o quórum mínimo colocado no item Direção e Organizaçãodos Trabalhos (GT) serão remetidas para discussão e deliberação nas plenárias correspondentes.Organização dos Grupos de Trabalho (GT)Após o término do credenciamento, a Comissão Organizadora do V Congresso fará a montagem dosGrupos de Trabalho, de forma a garantir participação o mais equilibrada possível de estudantes (degraduação e de pós-graduação), funcionários técnico-administrativos e professores.Orientações para o funcionamento dos GT- Apresentação dos participantes;- Escolha de Coordenador, Secretário e Relator;- Discussão e votação das propostas;- Os relatores dos GT devem participar dos trabalhos de sistematização logo após o término das dis-cussões, trazendo por escrito as propostas aprovadas;- Sugere-se que ao final de suas atividades o GT aprove o texto que o Relator encaminhará à Comis-são de Sistematização.CALENDÁRIO DE ATIVIDADES DO V CONGRESSODia 26/5, segunda feira – Anfiteatro “Camargo Guarnieri”a partir das 13h – Credenciamento e formação dos Grupos de Trabalho (GT)14h – Debate de abertura: “Da Universidade que temos à Universidade que queremos”18h – Coral da USP (a confirmar).Dia 27/5, terça feira8h30 – Plenária de Instalação – aprovação do Regimento do V Congresso11h – Exposição de visões sobre Conjuntura e Universidade14h00 – Grupos de Trabalho sobre os temas 1 e 218h – Sistematização dos debates e das deliberações dos GT sobre os temas 1 e 219h – Debate: “Condições de acesso e políticas de permanência estudantil”Dia 28/5, quarta feira9h – Plenária – temas 1 e 214h00 – Grupos de Trabalho sobre os temas 3 e 418h –Sistematização dos debates e das deliberações dos GT sobre os temas 3 e 419h – Debate: “Universidade e políticas para Ciência e Tecnologia”Dia 29/5, quinta feira9h – Plenária – temas 3 e 414h30 – Grupos de Trabalho sobre os temas 5 e 618h –Sistematização dos debates e das deliberações dos GT sobre os temas 5 e 619h – Debate: “Educação popular e transformação da universidade”Dia 30/5, sexta feira9h – Plenária – temas 5 e 615h – Plenária de Encerramento do V Congresso

São Paulo, 12 de maio de 2008Comissão Organizadora do V Congresso

ADUSP, APGs, DCE-Livre e SINTUSP

REGIMENTO (proposta)