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SED S UF M Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES FEVEREIRO DE 2009 Publicação Mensal SINDICATO ANDES NACIONAL ANDES-SN: nosso único e legítimo representante SINDICATO ANDES NACIONAL SINDICATO ANDES NACIONAL Ainda nesta edição: Entrevista especial, pág. 10 Pág. 06 sobre desafios de 2009 Entidades convidadas para coordenar ‘eleição' a Reitor na UFSM Presidente da SEDUFSM fala Pelotas sedia Congresso que enfatiza a defesa do Sindicato Nacional A cidade de Pelotas (RS) sedia entre os dias 10 e 15 de fevereiro, o 28º Congresso do Sindicato Nacional dos Docentes (ANDES). O evento, que deve reunir mais de 300 professores eleitos em assem- bléias por todo o país, dará ênfase à defesa de um sindicato que repre- senta hoje a principal ferramenta em defesa da universidade pública brasileira. O ANDES, mesmo com os ataques sofridos, de forma coordenada, do ProIfes-CUT, com o beneplácito do governo Lula, se mantém firme, na luta. Acompanhe mais detalhes sobre o Congresso, sobre a participação da SEDUFSM no encontro, e de outros temas da conjuntura nacional nas págs. 06 e 07. VILMA OCHOA REUNI continua gerando polêmica Ponto & contraponto, págs. 04 e 05 Mentor do projeto sócio-musical CUICA explica como a arte pode transformar Com a palavra, págs. 08 e 09 MEC entende que o ANDES deve participar em GT sobre Carreira Em audiência no MEC, dirigentes do ANDES ouviram do ministro Fernando Haddad a posição favorável a que o sindicato participe do Grupo de Trabalho que discute a Carreira do magistério de 1º e 2º graus das Instituições Federais de Ensino. Pág. 07 Diretores do ANDES reuniram-se dia 21 de janeiro com a cúpula do MEC NAJLA PASSOS Confira o Encarte Especial com AS MUDANÇAS SALARIAIS que serão implementadas em Fevereiro de 2009

Jornal SEDUFSM de Fevereiro 2009

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Page 1: Jornal SEDUFSM de Fevereiro 2009

SED SUF MSeção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

FEVEREIRO DE 2009

Publicação Mensal

S I N D I C AT O

ANDESNACIONAL

ANDES-SN: nosso único e legítimo representanteS I N D I C AT O

ANDESNACIONAL

S I N D I C AT O

ANDESNACIONAL

Ainda nesta edição:

Entrevista especial, pág. 10

Pág. 06

sobre desafios de 2009

Entidades convidadas para coordenar ‘eleição' a Reitor

na UFSM

Presidente da SEDUFSM fala

Pelotas sedia Congresso que enfatiza a defesa do

Sindicato NacionalA cidade de Pelotas (RS) sedia

entre os dias 10 e 15 de fevereiro, o

28º Congresso do Sindicato

Nacional dos Docentes (ANDES).

O evento, que deve reunir mais de

300 professores eleitos em assem-

bléias por todo o país, dará ênfase à

defesa de um sindicato que repre-

senta hoje a principal ferramenta

em defesa da universidade pública

brasileira. O ANDES, mesmo com

os ataques sofridos, de forma

coordenada, do ProIfes-CUT, com

o beneplácito do governo Lula, se

mantém firme, na luta. Acompanhe

mais detalhes sobre o Congresso,

sobre a participação da SEDUFSM

no encontro, e de outros temas da

conjuntura nacional nas págs. 06 e

07.

VILMA OCHOA

REUNI continua gerando polêmica

Ponto & contraponto, págs. 04 e 05

Mentor do projeto sócio-musical CUICA explica como a arte pode

transformarCom a palavra, págs. 08 e 09

MEC entende que o ANDES deveparticipar em GT sobre Carreira

Em audiência no MEC, dirigentes do ANDES ouviram do ministro Fernando Haddad a posição favorável a que o sindicato participe do Grupo de Trabalho que discute a Carreira do magistério de 1º e 2º graus das Instituições Federais de Ensino.

Pág. 07

Diretores do ANDES reuniram-se dia 21 de janeiro com a cúpula do MEC

NAJLA PASSOS

Confira o Encarte Especial comAS MUDANÇAS SALARIAIS

que serão implementadas emFevereiro de 2009

Page 2: Jornal SEDUFSM de Fevereiro 2009

EDITORIAL

02 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

EXPEDIENTE

PONTO A PONTO

Clauber

Desde julho do ano passado, quando foi modificada

pelo governo a carreira dos professores do 3º grau e

também dos de 1º e 2º graus, com a alteração das

gratificações, a SEDUFSM, assim como outras seções

sindicais, em virtude da suspensão do registro sindical

do ANDES, não pode mais fazer alterações via sistema

informatizado do ministério do Planejamento (SIAPE).

A conseqüência disso é que a seção sindical não está

descontando a mensalidade sobre essas novas

gratificações. Dessa forma, a arrecadação da entidade,

que é utilizada para manter sua estrutura e sustentar a

luta em defesa da categoria, foi prejudicada.

Enquanto não se resolve definitivamente a questão do

registro sindical, a saída encontrada pela direção da

SEDUFSM foi propor aos filiados a efetivação do débito

da mensalidade diretamente na conta corrente. Para

isso, foi enviada uma correspondência impressa e

também pelo correio eletrônico, chamada de “carta aos

associados”, com a explicitação dos motivos dessa

iniciativa. O débito diretamente na conta é a única forma

que se tem de não depender do SIAPE governamental.

Na forma atual, em que se depende da burocracia do

governo para poder fazer o desconto, há o risco de

estrangulamento financeiro. Por isso, torna-se urgente

que os sindicalizados autorizem essa nova metodologia

de desconto, garantindo assim a manutenção da

estrutura do sindicato, sem prejuízos.

É importante lembrar que a Seção Sindical dos

Docentes da UFSM, que completará 20 anos em

novembro de 2009, nasceu da vontade da categoria.

Antes da Constituição de 1988, a luta sindical se dava “à

margem da lei”, através das associações de professores.

Transformadas em seções sindicais do ANDES-SN, as

associações/sindicatos tiveram participação

fundamental ao longo dos anos 90 até a atualidade nas

conquistas da categoria. Por isso, não será por

formalismos legais que tanto o ANDES como a

SEDUFSM deixarão de cumprir o papel para o qual

foram criados. A defesa da categoria depende dessas

entidades. E o funcionamento destas depende do apoio e

reconhecimento da categoria.

FEVEREIRO/2009

A diretoria da SEDUFSM é composta por : Tonetto Costas (Dep. Fundamentos da Educação – CE); Secretário-Geral: Rondon Martin Souza de Castro (Dep. Ciências da Comunicação - CCSH); Primeiro secretário - Maristela da Silva Souza (Dep. Desportos Individuais - CEFD); Tesoureiro-geral – Hugo Blois (Dep. Arquitetura – CT); Primeiro tesoureiro- Cícero Urbanetto Nogueira (Colégio Politécnico); Primeiro suplente- Júlio Ricardo Quevedo dos Santos (Dep. História – CCSH); Segundo suplente: Hélio Neis ( Aposentado); Terceiro suplente: Ricardo Rondinel ( Dep. Ciências Econômicas - CCSH) Jornalista responsável: Fritz R. F. Nunes (MTb nº 8033)Relações Públicas: Vilma Luciane OchoaEstagiária de jornalismo: Regina VogtDiagramação e projeto gráfico: J. Adams PropagandaIlustrações: Clauber Sousa e Reinaldo PedrosoImpressão: Gráfica Pale, Vera Cruz (RS) Tiragem: 1.600 exemplaresObs: As opiniões contidas neste jornal são da inteira responsabilidade de quem as assina. Sugestões, críticas, opiniões podem ser enviadas via fone(fax) (55)3222.5765 ou pelo e-mail [email protected]ções também podem ser buscadas no site do sindicato: www.sedufsm.com.brA SEDUFSM funciona na André Marques, 665, cep 97010-041, em Santa Maria(RS).

Presidente em exercício: Fabiane A.

Em defesa do sindicato

AUTORIZAÇÃO PARA DÉBITO EM CONTA DA MENSALIDADE SEDUFSM

Eu, ____________________________________________________________________________________

professor(a) universitário(a) sindicalizado(a), autorizo a Seção Sindical dos Docentes da Universidade

Federal de Santa Maria (SEDUFSM) e o Banco _____________________________, a realizar o(s) débito(s)

na Agência ___________________________, Conta Corrente Nº __________________________, referente

a mensalidade e, desde já, fica autorizado que os referidos descontos sejam efetuados em meu contracheque,

caso volte a ser viabilizado pelo SIAPE.

Santa Maria,_________ de _________________________________ de 2009.

___________________________________________________ ASSINATURA

ATUALIZAÇÃO de dados Cadastrais:

CPF: _____________________________________________________________________________

Endereço: _________________________________________________________________________

Fones Prof: _____________________Res: _____________________ Cel: _____________________

E-mail: ___________________________________________________________________________

Centro: ___________________________________________________________________________

Departamento: _____________________________________________________________________

Classe: ___________________________________________________________________________

Nível: ____________________________________________________________________________

Titulação: _________________________________________________________________________

Autorização para débito em conta

Oferecemos uma opção para o professor filiado à SEDUFSM que não tem tempo de passar no sindicato para assinar a autorização para o débito em conta da mensalidade. Você pode recortar o trecho em destaque com os dados que precisam ser preenchidos e enviar por envelope, através do correio, ao sindicato. O endereço da SEDUFSM é rua André Marques, 665, Cep 97010-041, Santa Maria/RS.

Unimed

A SEDUFSM informa aos conveniados do plano de saúde os percentuais de reajuste fixados pela Unimed no segundo semestre de 2008. Para os associados que tinham os planos antigos (C1 e C2), o percentual de reajuste corresponde a 11,53% e aconteceu em agosto de 2008. Para os que possuem os chamados planos regulamentados (CR2A e CR2B), o reajuste aconteceu em dezembro de 2008 e correspondeu a 12,31%. O sindicato está implementando o débito em conta para todos os tipos de convênio, inclusive o do plano de saúde. Os filiados devem procurar a secretaria da seção sindical.

SED SUF M

Page 3: Jornal SEDUFSM de Fevereiro 2009

RADAR

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES 03FEVEREIRO/2009

VILMA OCHOA

Sindicato altera forma de descontar mensalidadeEm assembléia ocorrida no dia 15

de janei ro , no audi tór io da SEDUFSM, foi aprovada a nova de forma de desconto da mensalidade dos sindicalizados, que será feita dire-to na conta corrente, após a assinatura de uma autorização. Os demais con-vênios, como o da Unimed e da Vivo celular também serão cobrados do mesmo modo, ou seja, através do débito em conta. O encontro foi coor-denado pela professora Fabiane Costas, que assumiu interinamente a Presidência do sindicato, após o pedi-do de afastamento do professor Sérgio Prieb, em dezembro de 2008. Um total de 24 filiados assinou a lista de presenças.

Em função da suspensão temporá-ria do registro sindical do ANDES, desde julho de 2008, o sindicato tem tido dificuldades para fazer o descon-

Entenda como é feito o descontoO Estatuto do ANDES-SN, em seu art. 72, trata da seguinte forma a questão da mensalidade: “Nos

termos definidos no X Congresso do ANDES - Sindicato Nacional, que enunciou a política de contribuição dos sindicalizados ao ANDES, recomenda-se às seções sindicais a padronização da mensalidade dos sindicalizados no patamar de 1% da totalidade dos vencimentos ou remuneração de cada sindicalizado”.

Já no Regimento da SEDUFSM, em seu art. 52, está previsto que: “A contribuição mensal dos associados à SEDUFSM será igual a um percentual do salário bruto de cada docente pago pela UFSM”.

O que as siglas querem dizer: GED = Gratificação de Estímulo à DocênciaGTMS = Gratificação Temporária para o Magistério SuperiorGEDBT = Gratificação Específica de Atividade Docente do Ensino Básico Técnico e TecnológicoGEAD = Gratificação Específica de Atividade DocenteRT = Retribuição de Titulação

Cálculo para o 3º grau

Cálculo para os demais

Antes da MP 431/08Vencimento Básico + GAE + GED = Total x 1% = Mensalidade

Depois da MP 431/08Vencimento Básico + GAE + GTMS = total x 1% = MensalidadeObs: No entanto, com o registro sindical do ANDES-SN suspenso, não foi possível incluir a GTMS (criada) no lugar da GED (extinta), resultando num decréscimo em torno de 30% na arrecadação do sindicato.

Antes da MP431/08Vencimento Básico + GAE + GEAD= Total x 1% = Mensalidade

Depois da MP431/08Vencimento Básico + GEDBT + RT = Total x 1% = MensalidadeObs: Para esta carreira houve a incorporação da GAE ao vencimento básico. Foram extintos os incentivos de titulação (5% aperfeiçoamento, 12% especialização, 25% mestrado e 50% doutorado) e criada a Retribuição por Titulação (RT). Além disso, foi criada a (GEDBT) e extinta a GEAD. A GEAD nunca constou no cálculo da mensalidade dos associados antes da MP 431/08. Conforme art. 72 Estatuto ANDES e art. 52 Regimento da SEDUFSM a recém criada RT deve ser incorporada a base de cálculo da mensalidade do associado.

Em busca das autorizações

Desde o início de janeiro, a SEDUFSM está numa campanha junto aos seus associados para que seja assinada a autorização para o débito da mensalidade na conta corrente. Funcionários do sindicato têm feito visitas periódicas aos departamentos da instituição e até mesmo à residência dos associados para obter essa autorização para o débito, que permitirá a normalidade da arrecadação. Na sexta, 30 de janeiro, a campanha foi implementada junto ao prédio da Reitoria. O reitor Clovis Lima foi um dos que assinaram a autorização.

Conselho FiscalDurante a plenária ocorrida no dia 15 de janeiro

também foi escolhido o novo Conselho Fiscal da SEDUFSM, em função de que, conforme o estatuto da seção sindical, o mandato dos então conselheiros já havia se esgotado. Os nomes que passaram a compor o Conselho são: Carlos Alberto da Fonseca Pires, Rinaldo Pinheiro e Deivid da Silva Pereira, como titulares. Na suplência, os professores Clovis Guterres, Thomé Lovato e Sonia Tolfo. Os conselheiros foram eleitos por ampla maioria, havendo apenas uma abstenção.

to sobre as novas gratificações criadas pelo governo ao alterar a carreira do magistério superior e também a dos docentes do ensino básico, técnico e tecnológico. Até o momento em que o governo implementou essas alterações, negociadas somente com o ProIfes, a mensalidade era calculada pela fórmula em cima do vencimento, mais GAE e mais GED, no caso dos professores do 3º grau. E, sobre o vencimento básico, GAE e mais GEAD no caso dos profes-sores de 1º e 2º graus. Devido a impossi-bilidade de acessar o sistema informati-zado do Ministério do Planejamento, a SEDUFSM teve uma queda de 30% na arrecadação. Por isso, a saída encontra-da pela direção sindical é a efetivação do desconto através da agência bancá-ria. (Leia mais sobre este tema na entre-vista da presidente do sindicato, profes-sora Fabiane Costas, à página 10)

Ricardo Rondinel explica, em assembléia, as dificuldades enfrentadas pela SEDUFSM

Lima autorizou débito da mensalidade na conta corrente

FR

ITZ

NU

NE

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Page 4: Jornal SEDUFSM de Fevereiro 2009

04 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

PONTO &

SIM

FEVEREIRO/2009

O REUNI está garantindo expansão

A pergunta feita por este jornal, sugerida pela assessoria de imprensa da SEDUFSM, só poderá ser respon-dida plenamente após a total implan-tação dos projetos do Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, mais conhe-cido por REUNI. O aumento quanti-tativo na educação superior pública nacional, através de novos cursos e vagas, tanto de graduação como de pós-graduação é um sonho acalenta-do desde os primórdios do sistema universitário público brasileiro.

No aspecto quantitativo já em 2008 a UFSM recebeu novas cotas de bol-sas de mestrado e doutorado em função do REUNI. Neste início de 2009 continua a implantação com os cursos de graduação que aumentaram de tamanho com novas vagas. Também começa a implantação gra-dativa de novas cotas de bolsa de assistência estudantil, que tem pre-visão de crescimento até a consolida-ção do REUNI em 2012. No 2º semes-tre de 2009 com os novos cursos de graduação. De 2010 em diante segue da mesma forma, na medida em que novos cursos e/ou vagas, tanto de graduação, como de pós-graduação forem criados.

Além de aumentos quantitativos a melhoria na qualidade da educação pública superior brasileira, por outro lado, é uma meta historicamente per-seguida pelas Instituições Federais de Educação Superior.

Ao ingressar na carreira docente o compromisso com a qualidade é ine-rente a qualquer pessoa que passa a ter o privilégio do contato direto com os estudantes. A perspectiva da contribu-ição com um trabalho pedagógico de qualidade que os ingressantes na car-reira têm, salvo raras exceções, é das mais animadoras possíveis, haja vista o percurso de desafios já enfrentados pelos candidatos e o prévio conheci-

mento das condições do exercício do magistério superior. Isto não quer dizer que vão encontrar tudo pronto e em ótimo estado, com projetos vultosos já elaborados e o fluxo de recursos financeiros fartos, em ple-no andamento e de fácil aces-so. Encontrarão sim a oportunidade de se lançarem ao desafio de vencer as limi-tações existentes e de contribuírem com inovações, força de trabalho e inspiração para a elaboração das solu-ções que vão se impon-do. Também a oportunidade de ousarem a implantação de novos e desafiadores formatos pedagógi-cos, especialmente no sentido de

É preciso reconstruir nossos sonhos

Prof. do departamento de Solos do centro de Ciências Rurais da UFSM. Pró-reitor de Graduação Substituto.

“Para saber se a expansão ocorrerá com

qualidade, somente depois da

implantação total do REUNI”

Thomé Lovato

atender exigências da comunicação clara entre docentes e discentes, que estimulem os últimos a também produzirem conhecimento sobre os problemas que conhecemos, os que vão surgindo e os que nem conse-

guimos imaginar ainda.Os indicadores baliza-dos no REUNI de

1:18 como relação docente:discente e 90 % de concluin-tes em relação ao número de ingres-santes 5 anos antes

são fonte permanen-te de debate e tem

gerado muita controvér-sia, especialmente pela idéia

inicial de que são apenas aspectos quantitativos. Sabemos que as espe-cificidades de alguns cursos não

permitem uma relação docen-te/discente próxima a esta meta, mas já temos muitos cursos na própria UFSM com ultrapassagem numérica desta relação, inclusive com taxa de concluintes superior a 90%. Contribuem para isto o fato de os estu-dantes poderem estudar em tempo integral e programas como o publica-do semestralmente via editais de Reingresso/Ingresso para ocupação de vagas ociosas e o Benefício Sócio-Econômico, que auxilia na permanên-cia, grandemente contemplado com o REUNI, com destaque para o aumen-to de bolsas de ensino. Além disto, estão contemplados no REUNI em estudo quanto as formas de implanta-ção, programas de apoio a todos os estudantes que tiverem perspectivas de baixo desempenho em virtude de fragilidades na sua formação pregres-sa, já com indicativos pelo rendimen-to no processo seletivo de ingresso inicial.

Temas como a perspectiva de uni-versidade e o seu papel para a socie-dade, as expectativas de todos os atores envolvidos (estudantes, técni-cos administrativos, docentes, socie-dade...), as concepções sobre sua função para a sociedade, sobre o seu ”produto”, a formação focada para o mercado de trabalho ou para a trans-formação da sociedade e para que sociedade, entre outros, geram um conjunto efervescente de questões que inexoravelmente levam a uma continua e fértil reflexão pessoal e coletiva.

A garantia propriamente dita da expansão com qualidade, por mais belos e cativantes que sejam os planos de expansão, só poderá ser alcançada se houver o comprometimento pes-soal, que começa, na minha opinião com a recuperação da contínua reconstrução do sonho individual e coletivo de universidade que temos!

Page 5: Jornal SEDUFSM de Fevereiro 2009

CONTRAPONTO

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES 05

NÃO

FEVEREIRO/2009

do ensino com qualidade?

O ensino superior público no Brasil, tem corroborado com os conflitos político-partidários. Isso está intima-mente atrelado à falta de autonomia administrativa, financeira e acadêmi-ca prevista no artigo 207 da Constituição Federal/1988, fato este que fragiliza a gestão universitária proporcionando as constantes inter-venções dos governos no interior das Instituições.

Não é sem outro motivo que o atual Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) lançado em 2007 deve ser entendido no debate geral das políticas de educação superior vinculadas às estratégias de inserção da economia que vem ocorrendo na base produtiva do capitalismo em âmbito mundial. Internamente esse Plano se consubstancia num enorme painel de programas indo da instala-ção de energia elétrica nas escolas, distribuição de óculos à expansão do ensino superior.

Neste conjunto um dos projetos mais importantes para as intenções governamentais é o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) criado pelo Decreto N. 6.096, de 24 de abril de 2007, e regulado p o r o u t r a s P o r t a r i a s . N o entanto, mesmo que seu principal objetivo trate da expansão, do acesso e da permanência na educação superior, a coin-cidir com as principais bandeiras de luta do movimento docente, cabe a problematização, cooptação ou estratégia?

Uma reflexão mais detida sobre os meios utilizados para atingir uma das “metas globais” do REUNI como elevar o aumento da taxa de

“O debate sobre a expansão das Universidades

não poderá ser colocado no âmbito

do contra ou a favor”

conclusão média dos cursos de gra-duação presenciais de 60% para 90% ao final dos próximos cinco anos (2008/2012), revela um atrela-mento vinculado às estratégias de

lucro. Isso evidencia que tal Programa precisa

ser compreendido na dimensão de amea-ça que repercutirá sobre todo o siste-ma nacional de educação uma vez

que o ensino supe-rior brasileiro, a

médio prazo será des-qualificado, especialmen-

te com a reconfiguração das IFES servindo mais uma vez a reformas utilitaristas, tudo para atender o pro-jeto de inserção subalterna do país ao contexto da globalização.

Nenhum discurso pode explicar melhor as entrelinhas do REUNI senão compreendermos a indissoci-abilidade entre o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o PDE, que por seu turno tem como escopo justamente a ampliação da oferta de vagas no ensino superior público e como plano de reestrutu-ração está totalmente conectado ao PAC. Esse em suas primeiras metas aponta um significativo congela-mento salarial, pois prevê aumentos não mais de 1,5% por ano num período de dez anos. Portanto, não é com a desconexão (PAC, PDE e REUNI) que tais medidas engano-sas vão melhorar o que sabidamente não é bom, na medida em que, a pro-porção entre a quantidade e a quali-dade vai jogar os cursos de gradua-ção e o trabalho docente em contra-dição, pois duplicar a oferta de vagas a partir de um incremento de apenas 20% das atuais verbas de custeio e pessoal é confirmar que a

reestruturação implicará na subutili-zação dos atuais e parcos recursos existentes nas IFES. O certo é que este tipo de negócio vem com o dis-curso de melhoria, mas estrangular salários, não prever garantias que as IFES, de fato, receberão verbas de manutenção nestes cinco anos, ao mesmo tempo em que a continuidade dos recursos necessários à expansão, após o término do atual governo, dependerá das políticas da próxima equipe governamental, inibirá qual-quer esboço de elevação da qualida-de. Portanto, o que parece ampliação em um curto espaço-temporal se transformará em superlotação das salas e em sobrecarga do trabalho docente, bem como, sacrificará a qua-lidade do tripé ensino, pesquisa, extensão e a autonomia universitária.

O debate sobre a questão da expan-são das Universidades não poderá ser colocada no âmbito do contra ou a favor, exige dos segmentos que com-põem cada IES uma profunda discus-são sobre os rumos que a sociedade brasileira projeta para os brasileiros, uma vez que, esse é um problema que ultrapassa interesses de governos e envolve a cada um de nós. Nessa pers-pectiva cabe enfatizar que olhar o REUNI como um programa em si mesmo, induz o público não familia-r i zado com o co t id i ano da Universidade se posicionarem contra ou a favor, mas a discussão tem per-meado outros entendimentos, como por exemplo, do embate ferrenho que aponta o REUNI como um programa que atrela definitivamente a formação dos egressos da Universidade com a lógica mercadológica, emerge a pos-sibilidade de projetar uma formação a afirmar uma formação voltada a pro-blematizar o próprio arquétipo de convívio social baseado no imediatis-mo e no utilitarismo dessas relações.

Profa. do departamento de Administração Escolar, Centro de Educação da UFSM

Glades Tereza Félix

REUNI: cooptação e/ou estratégia de governo?

Prof. do departamento de Metodologia do Ensino, Centro de Educação da UFSM

Francisco Estigarribia de Freitas

Page 6: Jornal SEDUFSM de Fevereiro 2009

Edgar Bueno Vares, 59 anos, professor do departamento de Clínica Médica, do Centro de Ciências da Saúde.

Ivon Chagas da Rocha Junior, 5 4 a n o s , p r o f e s s o r d o departamento de Desportos Individuais, do Centro de Educação Física e Desportos.

Iberê Nodari , 66 anos , professor do departamento de Engenharia Mecânica, do Centro de Tecnologia.

“A idéia do Programa de Expansão das universidades federais (REUNI) é boa. Mas, temos dúvidas se a execução vai ter um resultado satisfatório. Até porque sua implan tação demanda dinheiro, verbas, e o

nosso país ainda é pobre. Ou, ao menos, ainda distribuímos mal os nossos recursos. Então, se isso (REUNI) realmente for implantado, vai ser uma coisa boa, vai ficar. Se não, vai ser mais um dos tantos projetos fracassados.”

“O que eu posso falar é mais em termos do meu Centro (CEFD). Nós estamos vivendo uma situação particular lá no Centro de Educação Física, que é o fato de termos duplicado os cursos antes mesmo do REUNI. Talvez tenhamos sido até um pouco ingênuos. Nós fizemos essa duplicação sem ter um professor a mais contratado. De certa forma, a nossa participação no REUNI acabou se dando pelo aumento de vagas, pois o aumento dos cursos a gente fez antes mesmo do anúncio do programa. Então, a gente vê com certo temor o fato de assumirmos compromissos no papel, que ainda não têm garantido um aceno mais rigoroso por parte do governo de que realmente serão cumpridos. Eu, particularmente, sou um pouco cético quanto a isso. Por enquanto, a qualidade não se materializou, não está garantida. Tem que esperar para ver.”

“Ao menos na UFSM, o REUNI garante uma tremenda expansão na oferta de ensino. A qualidade v a i d e p e n d e r m u i t o d a administração dessa expansão. Mas, todo o empreendimento dessa ordem começa deficiente.

A qualidade só é garantida, acaba vindo somente com o tempo.”

06 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

OPINIÃO

Fotos: REGINA VOGT

FEVEREIRO/2009

O REUNI está garantindo uma expansão do ensino

com qualidade? (*)

(*) REUNI- Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. Acompanhe mais detalhes sobre este tema na seção “Ponto & contraponto”, nas págs. 04 e 05.

Reitor mantém apoio à sede do sindicato no campus da UFSM

A presidente em exercício da SEDUFSM, professora Fabiane Costas, juntamente com os diretores, Hugo Blois Filho e Julio Quevedo dos Santos, esteve na manhã de sexta, 30 de janeiro, em audiência com o reitor da UFSM, Clovis Lima. O principal objetivo do encontro foi tratar do processo que envolve a solicitação para que seja cedida uma área no campus que permita a construção de uma sede para a seção sindical. O pedido tramita nas instâncias da universidade desde o ano de 2002, quando a decisão da categoria foi deliberada em assembléia e, após, encaminhada à Reitoria. Entretanto, os diretores do sindicato manifestaram preocupação ao reitor pelo fato de haver documento da Procuradoria Jurídica manifestando a impossibilidade de atender o pedido. Lima disse que mantém seu apoio à idéia de o sindicato ter uma sede no campus. Porém, sugeriu que o processo seja reiniciado, com a apresentação de novos argumentos da assessoria jurídica da SEDUFSM.

Depois de algumas reuniões dentro da assembléia

SEDUFSM em Pelotas

Eleição na UFSM pode repetir voto paritário

O reitor da UFSM, professor Clovis Lima, se reuniu na manhã de terça, 3 de fevereiro, com representações sindicais, do DCE e de associações de professores e servidores aposentados. O dirigente máximo da instituição manifestou o desejo de que o processo de escolha do reitor e vice da universidade este ano seja aos moldes do que foi implementado em 2005.

Naquele ano, o Conselho Universitário (Consun) delegou às entidades a realização de uma 'consulta informal', que acabou estabelecendo o critério do voto paritário, com peso proporcional dos segmentos (30% aos docentes; 30% aos técnico-administrativos; 30% aos estudantes e 10% para os aposentados). O

resultado da escolha foi referendado pelo Consun dentro do que estabelece a legislação e após, foi enviado ao MEC.

Clovis Lima informou aos representantes do Sindicato dos Docentes (SEDUFSM), Diretório Central de Estudantes (DCE), Associação dos Professores (APUSM), Sindicato dos Servidores Técnico-Administrat ivos (ASSUFSM) e Associação dos Servidores Aposentados (ASITA), que no dia 20 de janeiro encaminhou ofício ao Conselho Universitário abrindo o debate sobre o processo eleitoral. O procurador jurídico da UFSM, Athos Renner Diniz, também esteve na reunião com as entidades.

A presidente em exercício da SEDUFSM, Fabiane Costas, manifestou simpatia pela

'consulta informal', mas deixou claro que o tema ainda precisa ser

discutido em reunião de diretoria e mesmo com a sua categoria. O representante do DCE, Anderson Machado, considerou importante que seja trazido à luz o debate sobre o peso dos votos. Segundo

ele, os estudantes são defensores do voto universal e que esse modelo

pode ser vislumbrado como uma perspectiva futura. Loiva Chansis, da

ASSUFSM, também comentou que o voto universal pode ser um avanço futuro. O tema eleitoral deve voltar com força a partir de março.

“Somente o reitor sendo escolhido pela comunidade universitária

garante legitimidade política”

(Clovis Lima, reitor da UFSM)

Sindicatos e associações convidados a organizar 'consulta' para reitor

Diretores da SEDUFSM questionaram Clovis Lima sobre área para sede no campus

permanente, definida a partir de 15 de janeiro, no último dia 22 foi concluída a discussão do caderno de textos para o 28º Congresso do ANDES-SN, que ocorre em Pelotas, de 10 a 15 de fevereiro. Após a última atividade também foram escolhidos os delegados que participarão do encontro de Pelotas. São eles: Fabiane Costas, Hugo Blois Filho, Adriano Figueiró, Leila Wolff e Julio Quevedo dos Santos. O jornalista que integra a assessoria de imprensa da SEDUFSM, Fritz Nunes, também acompanhará o encontro.

Fotos: FRITZ NUNES

Page 7: Jornal SEDUFSM de Fevereiro 2009

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES 07

Ondina de Oliveira Alves, professora aposentada do departamento de Metodologia do Ensino, do Centro de Educação.

João Carlos Gilli Martins, 60 anos, professor do departamento de Matemática, do Centro de Ciências Naturais e Exatas.

“Penso que é prematuro afirmar que a expansão do ensino com qualidade, preconizada pelo REUNI,es te ja assegurada , c o n c r e t i z a d a a t r a v é s d a dinamização do projeto As metas e os objetivos delineados são altamente ambiciosos e atingem

os pontos nevrálgicos de nosso sistema de ensino: aumentar o número de vagas,ampliar/abrir cursos noturnos, combater a evasão escolar, entre outros, isso demanda expectativas e inquietações, principalmente , no que se refere a necessidade de garantir recursos humanos e materiais, para viabilizar um ensino com qualidade. Aí reside minha inquietação.”

"Apropriando-se de bandeiras históricas do movimento docente da Educação Superior no Brasil? o aumento do número de vagas nas universidades públicas e a demo-cratização de acesso a esse nível de ensino são duas dessas bandei-ras? o governo Lula desfere, com o Programa REUNI, um ataque sem precedentes contra o ensino superior público brasileiro. E é justamente na qualidade desse ensino que serão sentidos os primeiros efeitos nefastos desse ataque. Embora sejam necessárias a expansão do número de vagas nas universidades públicas brasileiras e a permanência de discentes nessas institui-ções até a conclusão de seus cursos, não vejo como o REUNI, nos seus propósitos, viabilizaria essas necessi-dades sem promover a perda de qualidade nos processos de ensino e aprendizagem nos cursos de graduação presenciais nas IFES. Por último, é importante destacar que o REUNI está atrelado ao Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) que preconiza, para os próximos anos, incrementos não superiores a 20% em relação às atuais verbas de custeio e pessoal (não contando os inativos) para a implementação do REUNI e estabelece que a folha de pagamento dos servidores das IFES estará limitada, no seu teto, por um valor estabelecido pelo governo, onde o gasto com pessoal, nas universidades públicas, não poderá crescer além de 1,5% ao ano."

ELES DISSERAM

FEVEREIRO/2009

“Sob meu governo, os EUA não vão torturar”. (Barack

Obama, Presidente dos Estados Unidos, sobre a tortura de prisioneiros

em sua gestão, Folha de São Paulo, 10 de janeiro de 2009).

“Os programas sociais mantêm o sujeito vivo, mas

não o tornam cidadão”. (João Pedro Stedile, líder do MST, sobre

os programas sociais do governo Lula, Carta Capital, 28 de janeiro de

2009).

“Efetivamente, o deputado ainda não morreu. Os

órgãos estão paralisados, mas ele ainda tem vida”. (Senador Paulo Paim, do PT-RS, se desculpando após gafe cometida,

em que antecipara na tribuna do Senado a morte do deputado Adão

Pretto (PT-RS), fato que só viria a ocorrer no dia seguinte. Correio do

Povo, 5 de fevereiro de 2009, coluna de Taline Oppitz)

Pelotas sedia 28º Congresso do ANDESA instância máxima do ANDES-SN se reunirá, de 10 a 15 de

fevereiro, em Pelotas, no 28º Congresso com o tema: Resistir e avançar na defesa do ANDES-SN, da universidade pública e dos direitos dos trabalhadores. No evento serão tratadas questões cruciais como as contra-reformas conduzidas pelo governo Lula na área do ensino superior, assim como na legislação sindical e trabalhista do país.

Para a professora Elaine Neves da ADUFPel - Seção Sindical, entidade que sedia o Congresso, tudo está sendo organizado para recepcionar os docentes das Instituições de Ensino de todo o País. “O evento será realizado no Colégio Municipal Pelotense. Escolhemos um espaço público por entendermos que investindo e divulgando a escola pública valorizamos a educação pública e gratuita. Algumas reformas foram realizadas no auditório, como pintura interna e externa, iluminação, sanitários e rampa de aces-so para portadores de necessidades especiais. Além disso, vamos utilizar toda a estrutura da Escola, como xérox, cantina, entre outros. Para o congresso, climatizadores de ar também foram ins-talados. A organização se preocupou com os detalhes para tornar um local agradável e confortável para receber os congressistas que ficam cinco dias em Pelotas debatendo temas importantes para o movimento docente do país”, explica a professora.

A diretora da ADUFPel afirma que a perspectiva quanto ao número de docentes é grande pela conjuntura que se apresenta e pelas importantes decisões que serão tomadas no evento. “Esperamos um número grande de docentes das universidades de todo país pelas questões importantes que serão discutidas, tais como: campanha salarial, carreira, imposto sindical, registro sindical, entre outros”, enfatiza. (Fonte: ADUFPel/ANDES-SN

MEC avaliza participação do ANDES em GTO Ministério da Educação – MEC concorda

e considera adequado que ANDES-SN participe do Grupo de Trabalho sobre Carreira do Magistério de 1º e 2º graus de Instituições Federais de Ensino, instituído pelo Ministério do Planejamento – MP por meio da Portaria nº 3 .210, de 27/11/2008. Esse foi o posicionamento do ministro Fernando Haddad, em audiência com o presidente do ANDES-SN, Ciro Correia, e a secretária-geral, Solange Bretas, além do chefe de gabinete do MEC, João Paulo Bachur, no último dia 21 de janeiro.

Na audiência foram discutidos também outros temas propostos pelo ANDES-SN, como a questão do registro sindical da entidade, os efeitos da lei de conversão da MP-431, Lei nº 11.784/08, na remuneração docente, o financiamento das universidades públicas, o acórdão do Tribunal de Contas da União – TCU limitando os poderes das fundações de apoio e o direito de opção dos docentes de 1º e 2º graus de manterem vínculo funcional com as universidades.

A audiência com o MEC para tratar da exclusão do ANDES-SN do GT Carreira foi solicitada pelo Sindicato Nacional após a diretoria da entidade confirmar a intenção do MP de manter o ANDES-SN fora das discussões, em função do sindicato não ter assinado o acordo salarial de 2008. Conforme a Portaria nº 3.210, apenas PROIFES e SINASEFE estão autorizados a fazer interlo-cuções sobre o tema com os representantes do governo e dos dirigentes dos CEFETs.

O ministro se disse favorável à participação do ANDES-SN no GT e disse que não faz o menor sentido excluir uma entidade de uma discussão sobre políticas públicas pelo fato dela não ter assinado um acordo com o governo. O ministro reconheceu que os dois fatos são independentes e que o ANDES-SN está no seu direito ao não assinar um acordo que não contempla os anseios da base que

representa.

Apesar de terem demonstrado que ainda não haviam se apropriado das informações do memorial sobre o registro sindical do ANDES-SN, protocolado no MEC em 14/10/2008, o ministro e seu chefe de gabinete pediram explicações sobre questões pouco claras para eles, como o fato de o ANDES-SN ter sido criado após a CONTEE e, mesmo assim, insistir no direito à representação de todos os docentes do ensino superior.

O presidente do ANDES-SN, Ciro Correia, explicou a ambos que, até 1988, a Constituição Federal vedava aos servidores públicos o direito de se organizar em sindicatos. Nas universidades públicas e também em várias instituições de ensino superior privadas, os docentes se organizavam em Associações Docentes. Em outras escolas, a representação genérica de todos os professores de instituições privadas, independentemente de se de primeiro, segundo ou terceiro graus, era feita pelos SINPROS, muitos deles organizados pela CNTEEC, e que hoje em parte se reúnem na CONTEE.

Com a promulgação da Constituição de 1988, os servidores públicos asseguraram o direito à sindicalização. Os docentes do ensino superior organizados na Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior - ANDES, após ampla, pública e democrática discussão nacional, decidiram então criar um sindicato que unificasse os três ramos da categoria: os docentes do ensino superior das federais, os das estaduais e, também, os das particulares. Com o registro em cartório do novo sindicato dos docentes do ensino superior e seu depósito no Ministério do Trabalho, a CNTEC entrou com recurso judicial contestando a validade do novo sindicato.

A vontade da categoria, entretanto, foi respaldada por decisão do Superior Tribunal de Justiça, transitada em julgado no Supremo Tribunal Federal, que reconheceu o direito ao desmembramento dos docentes das instituições de ensino superior públicas e privadas para a constituição do ANDES-SN, como representante único dos docentes do ensino superior. O Ministério do Trabalho, porém, levou oito anos para fazer valer a decisão do STF. E, quando o fez, em agosto de 2003, suspendeu arbitrariamente o registro sindical do ANDES-SN. (Fonte: ANDES-SN)

Registro Sindical

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COM A PALAVRA

08 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDESFEVEREIRO/2009F

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PERGUNTAS RESPOSTAS&

Zé Everton

A música do CUICA transformaEle era um estudante carente que

decidiu ser músico. Aproveitou as oportunidade, fez uma faculdade de Música na UFSM, se especializando em Percussão. Contudo, José Everton da Silva Rozzini via a música não apenas como uma habilidade que lhe dava prazer pessoal. Zé Everton, como é mais conhecido, fez da música uma forma de transformar muitas vidas, em especial as dos jovens da periferia. Aos 38 anos, atualmente é ele quem encabeça a Associação CUICA (Cultura, Inclusão, Cidadania e Artes). Ao longo dos últimos anos, a idéia de Zé Everton ganhou visibilidade, apoios e parcerias, e, especialmente, reconhecimento pelo alcance social. Além disso, José Everton Rozzini é oficineiro musical da prefeitura de São Martinho da Serra e também do renomado Festival de Inverno da UFSM, que ocorre anualmente em Vale Vêneto. Para Zé Everton, é preciso intervir no mundo, ser sujeito da história. Saiba nesta edição o que é o CUICA através do seu principal idealizador.

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Como surgiu o projeto CUICA? Com que motivação?

Na minha infância muito humilde eu sempre tive vontade de tocar um instrumento, mas eu não tinha condições de comprá-lo. Quando eu trabalhava na Caixa Econômica Federal como menor carente, num convênio da CEF com a Febem, eu conheci o baterista da banda da Base Aérea de Santa Maria, que foi meu professor de música. A partir daquele momento eu aprendi a ler música e queria ser baterista. Em determinado momento eu fui num concerto de percussão, quando eu vi aquilo, eu disse: é isso que eu quero estudar. Me inscrevi no curso extraordinário de Música e o professor Ney Rosauro me convidou para participar do grupo de percussão. Aí eu fiz vestibular para o Curso de Bacharelado em Música e passei a participar do grupo de percussão. Durante o curso eu fui ao Encontro Latino-Americano de Percussão em Campinas/SP.

Dentre as oficinas deste encontro tinha uma que era chamada de O papel social do percussionista. Nessa oficina eu conheci alguns projetos que usavam a percussão como instrumento de inclusão social. Quando eu voltei para Santa Maria eu comecei a pesquisar projetos. Eu concluí o meu curso, e em 2002 eu tocava na banda Os Watts. Nós gravamos um CD pela Lei de Incentivo à Cultura e fizemos um show de lançamento no Theatro Treze de Maio, que foi reproduzido pela TV Câmara. Eu estudei na Escola Municipal de E n s i n o F u n d a m e n t a l Vi c e n t e Farencena, e a minha filha também estudou nessa escola. Um dia, a professora de Educação Física me chamou para conversar. A quadra de esportes da escola estava em reforma, e a professora não podia usar a quadra para as suas aulas. Daí ela convidava os pais dos alunos para falar da sua profissão nas aulas de Educação Física. Aí eu fui contar para os alunos como era

ser músico. Passaram alguns dias, e a minha filha

chegou em casa e falou que tinha um t r a b a l h o d e solidariedade para fazer e me pediu para ajudar no trabalho. Quando gravamos o CD da banda pela Lei de Incentivo à Cultura, uma das contrapartidas era

f a z e r s h o w s gratuitos. Aí

nós fizemos

um projeto que denominamos “Fazendo Arte e Solidariedade”.

O que era o projeto?

Nós fizemos um show no Centro Comunitário ao lado da escola. A minha filha e o grupo dela que era encarregado de fazer o trabalho de solidariedade. Fizeram a divulgação e mobilizaram a escola e cobraram um agasalho, um material escolar ou um quilo de alimento como ingresso para o show. E tudo o que foi arrecadado naquele dia, o grupo da minha filha levou para a Escola Municipal Renato Nochi Zimmermann, e a gente fez o mesmo show nessa escola. O show era a gente contar como é ter uma banda. Como era a relação com os parceiros, a definição do repertório, ensaios, a gravação do disco, fazer o show de lançamento, toda a história da banda. Novamente arrecadamos alimentos como ingresso do show e levamos para outra escola. Nós adoramos fazer aquilo. Aí a professora da minha filha me chamou na escola e me pediu para criar um grupinho de percussão para uma apresentação de final de ano. Aí peguei a minha filha mais um grupinho de amigas que estava sempre lá em casa, e nós montamos um grupo de cinco meninas e três meninos e começamos os ensaios lá em casa e fizemos a apresentação. Nesse meio tempo eu havia entregado um projeto na secretaria de cultura do município para trabalhar com meninos e meninas de rua que habitam a região central da Praça Saldanha Marinho e trabalhar na Casa de Cultura. Mas eles me chamaram e disseram que não tinha dinheiro, que não era possível viabilizar o projeto, mas seria importante inscrever o projeto na Lei de Incentivo à Cultura. Conseguimos a aprovação do projeto, captamos nove mil reais com a UNIMED e bancamos o projeto no

primeiro ano. Isso foi em 2005. Como era o projeto lá em 2005? Eu colocava os instrumentos no meu carro, colocava um tapete e enchia de tambores em cima do carro e ia para escolas. No dia 28 de

fevereiro de 2005 foi a primeira aula na escola de

Ensino Funda-mental Vicente

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FEVEREIRO/2009Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES 09

Farencena. Durante quatro semanas eu fiquei trabalhando nessa escola com 11 alunos. A oficina ocorria na quarta de manhã e na segunda no final da tarde no centro comunitário ao lado da escola. Montamos um repertório com três músicas e levamos a oficina para outras três escolas: a Escola Municipal Renato Nochi Zimmermann, e duas da rede estadual, a Edna May Cardoso e a Margarida Lopes. Naquele ano tivemos 186 alunos, fizemos 62 apresentações. Isso teve um resultado muito legal de envolvimento da comunidade e a mídia foi muito generosa conosco. Aí eu inventei o Park Encantado da Música. Nesse evento nós reunimos a Orquestra Jovem de Santa Maria, o grupo de percussão da UFSM, o grupo de flautas de Horizontina e alguns outros artistas. Isso teve uma repercussão nacional. Essa iniciativa já foi repetida por quatro vezes. Em novembro de 2006, o Hotel Morotin nos convidou para um café da manhã no hotel. Nesse café também tinha um pessoal do Rotary Clube, e uma pessoa do Rotary me pediu para contar um pouco do projeto. Aí ela perguntou onde era nossa sede. Eu disse que nós não tínhamos sede. Como aconteciam os ensaios? No sábado à tarde o pessoal ia na minha casa para ensaiar. Teve sábado com 60 crianças na minha casa. Eu contei isso para essa senhora. Ela me deu um endereço e disse para eu ir até lá. Eu vim e era esse espaço onde nós estamos hoje (em Camobi). A senhora que eu falo, mora na frente. No ano seguinte o projeto foi novamente aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura. Com esse dinheiro reformamos o prédio, e passamos a ter a possibilidade de fazer outras oficinas. Nos damos conta de que precisávamos ser uma instituição, com CNPJ que pudesse apresentar projetos e captar recursos. Naquela época eu já tinha o apoio do Edu (Pacheco). Ele estava concluindo o mestrado, e toda a vez que ele tinha uma folga, vinha para cá. Aí precisávamos de um nome. E eu pensava que deveria ser algo que viesse da percussão, mas que tivesse a ver com a nossa história. Um dia eu cheguei e escrevi no quadro CUICA. Pronto, estava resolvido. Em dezembro do ano passado (2007) fizemos a assembléia de fundação e criamos a Associação Cuíca - Cultura, Inclusão, Cidadania a Artes. O projeto que era a oficina de percussão, um projeto idealizado por mim, ele passa a não ser o projeto do Zé, passa a ser um projeto da CUICA. O Zé cont inua sendo responsável pela CUICA, mas deixa de ser a “coisa” do Zé para ser a “coisa” do grupo.

Quais são as atividades desenvolvidas hoje pela Associação CUICA?

A CUICA tem a oficina de percussão que é o nosso carro-chefe, que é o projeto que aparece e que chama, que faz as coisas acontecerem, e os outros projetos que vêm junto. Que são os projetos de parceria com a universidade, em que os

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alunos da universidade fazem suas oficinas aqui, o “CUICA Dança”, que é um dia em que a gente tira todos os tambores daqui e isso aqui vira um espaço de dança. A gente chama professores diversos que estabelecem parceria para desenvolver atividades relacionadas à dança. Tem o “CUICA Comunidade”, que é um canal de relacionamento com pessoas e instituições. Como a gente pensa isso? A gente entende que só conseguimos manter o nosso projeto porque a gente se relaciona com grupos e pessoas. E s s e s g r u p o s p o d e m s e r d e empresários, de autônomos, de instituições como a UFSM, a Unifra, a Ulbra, que por diversas vezes a gente já se relacionou em projetos específicos. Por exemplo, as pessoas que estão aqui hoje (no dia da entrevista, em janeiro de 2009) tendo aula de percussão, integram um grupo de recuperação de usuários de drogas.

Além das crianças, o projeto também atende adultos. Como funciona isso?

Tem coisas que fogem do controle da gente. Quando eu pensei o projeto, eu imaginava assim: eu não tenho manhã para t r a b a l h a r c o m crianças, então eu tenho que pegar os maiorzinhos. Assim eu escrevi no projeto de as idades de 9 a 17 anos. Por que 17? Porque 17 é o l imi te dessa galera de periferia, porque quando eles chegam aos 17, 18 anos eles precisam trabalhar. Eles vêm de uma realidade em que precisam “se virar”. Ou eles vão ser serventes de pedreiro ou eles vão fazer bico; ou eles vão arrumar um emprego aqui, ali, e tal. Então, essa é a faixa etária que eu trabalho. Quando eles chegam aos 17 anos para continuar no projeto eles precisam ter uma função no projeto. Não pode ser só um membro que fica tocando; ele tem que ser monitor, ele tem que ser responsável pela manutenção, ele tem que ter algum vínculo, ele tem que fazer alguma coisa pelo projeto para poder estar junto. É uma exigência que a gente faz. Esse é o grupo que a gente trabalha. Beleza. Aí fomos fazer uma apresentação lá na Associação do Bem Viver, que é de portadores da síndrome de Down. No outro dia vieram três mães aqui e disseram: “- Pelo amor de Deus! Vocês têm que fazer um trabalho com essas crianças”. Eu disse, eu não tenho conhecimento com educação especial, como eu vou trabalhar com essas crianças? “- Não, pelo amor de Deus!” Agora eu estou, toda quarta-feira atendendo um grupo de portadores da síndrome de Down. Aí, por exemplo, veio no ano passado um grupo de

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pacientes do Hospital Psiquiátrico da Universidade. Aqueles que tinham condições de sair, toda quinta-feira à tarde vinha uma Kombi com o pessoal de jaleco branco. Vinham fazer oficina com a gente aqui. Nós somos abertos, tem um pessoal que tem um trabalho muito legal na “Associação Fernando do Ó”, que é um trabalho com crianças e adolescentes, mas que não trabalha com a questão da música. Então eles vêem a gente tocando e querem que as crianças deles também participem das oficinas. Tudo bem. A gente abre toda segunda-feira à tarde para que as crianças dessa Associação venham para cá. Vários alunos da UFSM vieram fazer aula conosco, como estágio de final de curso, cumpriram a carga horária, mas quiseram continuar. Nós não temos como pagar, mas se quiser vir, tudo bem. Agora no final do ano nós fomos fazer uma apresentação no Abrigo Espírita Oscar José Pithan. Em função de um pedido do diretor do abrigo nós elaboramos um projeto e vamos atender dez crianças que eles vão indicar e, em

contrapartida, o abrigo vai prestar uma ajuda de custo

para manter as despesas com o atendimento d e s t a s c r i a n ç a s . Bas icamente são estas as ações que a gente desenvolve. Em todo o local que nós

vamos a gente fala que o CUICA é um projeto

em construção. Quem quiser se juntar a essa idéia que

venha até nós e diga: olha, eu tenho uma idéia. Eu não posso vir aqui nunca, mas eu tenho uma idéia para dar. Se a gente conseguir viabilizar ou julgar importante a gente toca em frente. Disso tudo, o que tem de concreto? A gen te consegu iu um se lo de reconhecimento do Ministério da Cultura, que é o prêmio “Cultura VIVA”. Também fomos reconhecidos como Projeto Solidário pelo SESC/RS. Por quê? Porque o SESC tem um projeto chamado “Mesa Brasil”. O que a gente fez? Quando fizemos o Park Encantado da música, o ingresso era um quilo de alimento. No primeiro ano, nós destinamos os alimentos arrecadados para a Escola Municipal Renato Nochi Zimmermann. Isto gerou no SESC o entendimento de que foi uma ação solidária da gente. Neste ano recebemos novamente este certificado. Também fomos escolhidos para representar o Rio Grande do Sul no programa “Beleza do Meu Lugar” do canal Futura. O Ministério da Cultura tem um convênio com o canal Futura para dar visibi l idade para os audiovisuais produzidos pelos pontos de cultura bancados pelo Ministério da Cultura, como a TV OVO em Santa Maria.

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Hoje, como é mantida a Associação CUICA?

Nós criamos um grupo que quando se apresenta, cobra um cachê de quem pode pagar. Agora no Natal, nos apresentamos no Instituto São Lucas, e o cachê desta apresentação vai possibi l i tar o pagamento da conta de água e de telefone por três meses. O projeto da lei de Incentivo à Cultura paga o meu trabalho, o trabalho do Edu (Pacheco) enquanto oficineiros, e nós pegamos parte deste dinheiro para pagar as despesas que temos no projeto. Cada vez mais estamos buscando parcerias e projetos para manter e viabilizar o funcionamento do CUICA.

Acreditas que projetos como o CUICA devam ser de iniciativa do Poder Público ou de esforços particulares, em parcerias?

Eu entendo que existe uma carência enorme por parte das comunidades em apresentar alternativas. Por exemplo, se eu pegar os meninos e meninas que tocam aqui, daqui um pouquinho tu vai vê-los tocando nos melhores grupos que têm, pela dedicação e pela oportunidade que eles tiveram. Eu acho que isso deve ser incentivado, deve ser bancado, deve ser apoiado pelo Poder Público. Isso aqui só deu certo porque tinha uma pessoa que deu o sangue. Eu fiquei muitas vezes sem ter gasolina para andar, fiquei com a luz, a água cortada aqui no projeto. E isso nunca foi motivo para desistir, mas para persistir. Isso aqui é um sonho particular de reescrever minha história. A emoção que a gente sente em trabalhar com essas crianças é grande, pois eu já circulei pelos principais palcos do Rio Grande do Sul, e as maiores emoções eu senti tocando com os meninos e meninas do CUICA. Eu acho que não adianta nada a gente sonhar e fazer as coisas da cabeça da gente, se aquelas que são as pessoas diretamente envolvidas não estiverem imbuídas do mesmo ideal, que é a coisa de fazer a nossa revolução, do nosso jeito revolucionar o mundo. O meu jeito de intervir no mundo em que eu vivo é esse. E eu quero intervir, eu não quero ser um objeto, eu quero ser sujeito da minha história. Eu não quero passar em branco. Eu quero mudar o meu mundo do meu jeito, que seja aqui na minha rua.

“Eu quero

ser sujeito da

minha história.

Não quero passar

em branco”

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ESPECIAL/ENTREVISTA

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Fabiane Costas

Sindicato não é empresa

para dar lucroA professora Fabiane Adela Tonetto Costas, do departamento de Fundamentos da Educação, está na condição de vice-presidente da SEDUFSM pela segunda gestão consecutiva. Na primeira, de 2006 a 2008, foi a número dois na diretoria comandada pelo professor Diorge Konrad. Na eleição do ano passado, na chapa “Unidade Docente”, novamente concorreu a vice e foi reeleita. No último mês de dezembro, em virtude do pedido de afastamento do professor Sérgio Alfredo Massen Prieb, coube a Fabiane assumir a presidência de forma interina. Em meio a situações difíceis, em que repercute política e financeiramente o fato de o registro sindical do ANDES estar suspenso, iniciativa que tem por trás a articulação Governo-CUT-Proifes, a presidente em exercício fala sobre os desafios de 2009.

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Após o pedido de afastamento da presi-dência por parte do professor Sérgio Prieb, em dezembro de 2008, assumiste a direção do sindicato. Como encaras esse desafio?

Como dizes é de fato um desafio, pois temos um governo que apresenta um pro-jeto de universidade que cada vez mais parece distante daqueles historicamente defendidos pelo movimento docente. Como exemplo posso citar a nossa própria carreira. A título de reposição, o governo alardeou que teríamos um vultoso aumen-to salarial a partir de março de 2008, que foi negociado ao final do ano de 2007. Ora! Após o mês de agosto de 2008, quan-do o contracheque foi recebido sem o retroativo acumulado desde março de

2008, penso que nossos filiados toma-ram ciência do que, de fato, representou a nossa “recomposição salarial”. Mas a meu ver isso não é o mais alarmante, o mais preocupante, como já abordei, foi a modificação ocorrida em nossa carreira, através da diferenciação de percentuais repositórios. Esta negociação, ocorrida ao final de 2007, que o ANDES se recu-sou a assinar, pois excluía os servidores do ensino médio, fere e quebra a isono-mia da nossa carreira e este é um dos princípios fundamentais para a consti-tuição uma categoria.

O grupo de professores que comanda a SEDUFSM enfrenta um momento difícil, que decorre do fato de o ANDES estar temporariamente com seu regis-

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tro sindical suspenso, o que está impac-tando na própria arrecadação do sindi-cato. Qual a perspectiva desse proble-ma ser solucionado?

Sofremos um decréscimo de 1/3 da n o s s a a r r e c a d a ç ã o m e n s a l . Evidentemente vivenciamos uma situa-ção nada confortável em termos de finanças, porém, já estamos implemen-tando várias medidas para conter gastos e, atualmente, estamos solicitando aos nossos filiados que autorizem seu débito mensal através de desconto direto em conta, o que acreditamos, minimize o nosso desequilíbrio momentâneo e pos-sibilite a normalização do fluxo arreca-datório. Destaco que alguns de nossos funcionários vem se empenhando em visitas aos departamentos, telefonemas a professores e via e-mail no sentido de recolher estas assinaturas. Esperamos que até o final do mês de março esteja-mos com a receita e despesa equipara-das.

Desde julho do ano passado, a SEDUFSM, em função de o ANDES estar com o registro suspenso, está com sua arrecadação momentaneamente reduzida. A alternativa encontrada pela diretoria foi de deflagrar o processo de solicitação da autorização dos associa-dos para o débito em conta da contri-buição sindical. Qual a importância de os sindicalizados autorizarem esse desconto direto no banco?

Para responder é necessário explicar como ainda é realizado o desconto da mensalidade da SEDUFSM. Este se dá mediante o SIAPE do professor através de consignações. O governo federal via Decreto 6.386/2008, alterado em parte pelo Decreto 6.574/2008 e pela Portaria nº 01/2008, estabelece novas normas para recadastramento de entidades con-signadas, o que inclui o ANDES-SN e suas seções sindicais. Como é sabido nosso registro está suspenso e uma das condições para o recadastramento é a entidade possuir seu registro sindical, o que vem inviabilizando inclusões – via SIAPE – de novos filiados, descontar quando o filiado muda de classe e/ou nível na carreira e até o desconto sobre as novas gratificações não estamos conse-guindo efetivar. Assim, a relevância em autorizar o débito em conta está não apenas em manter a entidade funcionan-do em termos operacionais, mas princi-palmente em dar seguimento à luta em favor das pautas relativas ao movimento docente, desde a discussão sobre a nossa carreira, perpassando sobre as mudanças que afetam a universidade hoje e as novas formas de flexibilização do traba-lho que afetam diretamente a nossa cate-goria.

Em período recente, o conselho fiscal da SEDUFSM levantou questio-namentos quanto aos gastos da direto-ria, frisando a questão das viagens. Como isso foi respondido em assem-bléia pela diretoria?

Na última assembléia datada do dia 15/01 do corrente ano, a resposta da diretoria foi no sentido de esclarecer a todos que ali estavam, inclusive aos membros do conselho fiscal presentes

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sobre o que se entende por gastos e o que se entende por investimentos. Penso que uma viagem, como por exemplo, a do dia 06 de setembro de 2008, quando fomos a São Paulo, contando inclusive com um dos membros do conselho fiscal, para partici-par da assembléia que, através de 485 procurações, “criou” uma entidade parale-la ao ANDES-SN, não pode ser considera-da gasto. Foi sim um grande investimento, pois apesar de todos os subterfúgios cria-dos que impediram a nossa entrada na sede da CUT, local em que se realizou a dita assembléia, que representou um atentado a mais rudimentar noção de democracia, histórica e politicamente foi uma ação em que demandava a presença máxima de sindicalizados, pois reafirmou que o ANDES é o nosso único e legítimo repre-sentante, pois aqueles que fazem parte de sua diretoria e de suas seções sindicais foram eleitos pelo voto direto e não atra-vés de procurações e meios eletrônicos. E nós, da SEDUFSM, uma das bases do ANDES, não poderíamos estar alheios a este ato e a este fato. Portanto, é um inves-timento no sentido de manter a unidade docente.

No entendimento da direção do sindi-cato, as ponderações do conselho fiscal são bem fundamentadas? É papel dos conselheiros dizer como a diretoria deve ou não gastar os recursos provenientes da arrecadação dos filiados?

Como já mencionei, depende do que se entende por gasto e investimento. Há a compreensão de que investir na luta políti-ca, ainda que ela reverta em ganhos ao movimento docente, seja um gasto. Isso revela uma concepção de sindicato. Entendo que o sindicato não tem por fina-lidade o lucro, não é uma empresa que presta serviços de qualquer natureza. Sindicato é a soma de muitas pessoas que tem como interesse maior os ganhos polí-ticos, salariais e da sua carreira, que se congregam para arregimentarem esforços na defesa dos seus direitos de trabalhador, pois entendo que somos trabalhadores da, na e pela educação. Portanto cabe ao con-selho fiscal, conforme nosso regimento em seu Art. 43 a “fiscalização a gestão patrimonial e financeira da SEDUFSM”, não sendo, desse modo, propositivo.

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Presidente interina acredita que arrecadação se equilibre até fim de março

Fabiane Costas: é preciso entender o que é gasto e o que é investimento

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EXTRA-CLASSE

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES 11

REINALDO PEDROSO

FEVEREIRO/2009

Fotos: FRITZ NUNES

Cartola e a música popular no último Cultura na SEDUFSM de 2008

A sorrir, eu pretendo levar a vida. É assim que inicia um dos sambas de Cartola que leva o título de “O sol nascerá”. E era assim que Cartola vivia, com felicidade, apesar dos momentos nem sempre fáceis que enfrentou. A 35ª edição do projeto Cultura na SEDUFSM e a última do ano de 2008 exibiu no dia 10 de dezembro o longa-metragem Cartola, música para os olhos, que narra a história de um dos mais geniais sambistas brasileiros.

O documentár io mos t ra um panorama da vida do compositor. Do menino que não gostava de estudar, e sempre preferiu um violão aos cadernos; do Cartola que sumiu da Mangueira, nos anos 50, alcoólatra e sem destino. O encontro com Zica, sua

Experiências do cotidiano

Após a exibição do filme, o escritor e professor do departamento de Letras da UFSM, Orlando Fonseca, fez uma rápida explanação sobre algumas composições do letrista. Fonseca enfatizou que o repertório de Cartola foi composto a partir das experiências cotidianas de vida, em rimas simples e com um vocabulário pouco rebuscado. “Ele era capaz de transformar temas da vida simples e palavras do dia-a-dia de maneira peculiar, tinha uma aguda percepção da vida, e uma crença inabalável que o levou a produzir construções poéticas impressionantes”.

O músico e coordenador do projeto Cuíca, José Everton Rossini, fez a leitura de uma crônica escrita por Drummond de Andrade para homenagear o compositor mangueirense Angenor de Oliveira, o Cartola, que foi publicada no Jornal do

Funk e o papelda mídia

Os questionamentos da platéia foram em relação a atual configuração do cenário da música popular brasileira. O funk, com letras depreciativas pode ser considerado cultura, e qual o papel da mídia na sua divulgação? De acordo com os debatedores, precisamos considerar o momento que vivemos. As letras de Cartola dificilmente alcançariam o mesmo sucesso do funk nos dias atuais, e cada época tem suas manifestações, fruto do espaço social em que seus autores estão inseridos, e não cabe a nós fazer julgamentos.

O Cultura na SEDUFSM encerrou ao som do samba tirado dos pandeiros do Grupo de percussão integrante da Associação CuICA (Cultura, Inclusão, Cidadania e Artes). Veja entrevista com Zé Everton, coordenador do grupo, na seção “Com a palavra”, nas págs. 08 e 09. Cerca de 40 pessoas participaram da atividade cultural no auditório do sindicato, dia 10 de dezembro.

Brasil três dias antes da morte do criador de ''Quem me vê sorrindo'' e ''Tive Sim''.

O professor de música da Unicruz e da UNISC, Eduardo Guedes Pacheco, falou que são muitos os casos de cidadãos anônimos que tocam violão, que compõem e se reúnem no final de semana numa roda d e s a m b a . “ A d i fe rença é que C a r t o l a t e v e a

opor tun idade de mos t ra r sua genialidade. Isso que a gente precisa de filme para ver acontece toda hora em diversos locais da nossa cidade”, afirmou. A coordenação foi do professor do departamento de História e diretor da SEDUFSM, Júlio Quevedo.

companheira também na música. A junção dos seus nomes batizou a casa de shows “Zicartola”. Cartola foi um dos fundadores da Escola de Samba Mangueira, a popular verde e rosa. Compôs mais de 500 canções, mas apenas com 66 anos de idade gravou o primeiro disco. Participou de programas de televisão, mas suas letras alcançaram sucesso na voz de intérpretes como Nara Leão e Beth Carvalho. A única mágoa do compositor foi não ter suas canções gravadas por Roberto Carlos. O cantor teria se recusado a gravar as composições de Cartola por discordar de uma das letras mais famosas do sambista, “As rosas não falam”. O documentário foi lançado em 2006, tem duração de 85 minutos, é dirigido por Lírio Ferreira e Hilton Lacerda.

Cerca de 40 pessoas assistiram documentário sobre a vida de Cartola

Grupo de percussão do CUICA

Debate teve Orlando Fonseca, Julio Quevedo, Zé Everton e Edu Pacheco

Pacheco: Cartola foi um gênio descoberto, mas há os anônimos

- Acordo Ortográfico benfeito ou mal-feito?

Page 12: Jornal SEDUFSM de Fevereiro 2009

DICA CULTURAL

ARTIGO

12 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

LIVRO Luiz Cláudio Cunha

Operação Condor, o seqüestro dos uruguaios. Uma reportagem dos tempos da ditadura.Autor: Quem leu? Editora:Vitor Biasoli* L&PM, 2008, 464 páginas

FEVEREIRO DE 2009

Em novembro de 1978, os órgãos de repressão do Uruguai mais o DOPS gaúcho realizaram uma ação conjunta em Porto Alegre. Eles prenderam e torturaram Lílian Celiberti e Universindo Dias, dois membros do PVP (Partido da Vontade do Povo) que residiam legalmente no Brasil. Os agentes dos órgãos de repressão do Uruguai e Brasil estavam abrigados por um acordo entre as polícias do Cone Sul, capitaneadas pela DINA chilena: a Operação Condor. Organizada em 1975, as “asas do Condor” abrigavam um acerto de colaboração para troca de informações, busca, prisão e às vezes interrogatório e tortura dos inimigos políticos dos países membros (Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil). Lílian e Universindo caíram na malha da Condor, mas sobreviveram. O jornalista Luiz Cláudio Cunha, então chefe da sucursal da Veja em Porto Alegre, recebeu a notícia de que algo de sinistro estava ocorrendo e foi conferir junto com o fotógrafo J.B. Scalco. Os dois encontraram uma situação “estranha” no apartamento onde residiam os uruguaios e arregaçaram as mangas.

O livro Operação Condor: o seqüestro dos uruguaios é o relato minucioso desse “arregaçar as mangas”: a investigação jornalística a respeito do caso e também os seus desdobramentos policiais, jurídicos e políticos. Organizado em duas partes, o livro tem as primeiras 340 páginas como uma espécie de história policial: o relato documentado de um episódio que desnudou a segurança interna do Estado brasileiro. Na segunda parte, o autor apresenta dois longos anexos sobre o Uruguai e a Operação Condor.

Mais do que o relato e o registro de uma operação truculenta, o livro, no seu conjunto, é uma radiografia de um episódio que terminou confrontando “o sistema de repressão em que se sustentava o Regime Militar” brasileiro. Uma obra imprescindível para quem se interessa pela história política, policial e também da imprensa daqueles tempos em que os governos brasileiros eram orientados pela Doutrina de Segurança Nacional. Um livro que pode ser lido como um thriller policial. (* Prof. do depto. de História da UFSM)

40 anos depois, o 13 de dezembro de 1968 continua a travar sua luta contra certa memória. Naquela fatídica data, a Ditadura Civil-Militar, instaurada pelo Golpe de 1964, aprofundava a repressão do seu regime.

Se em quatro anos e meio, os golpistas não conseguiram impedir a resistência ao modelo associado e dependente, o AI-5 foi derradeiro para concluir o processo iniciado em 31 de março.

Logo que tomaram o poder, depondo o governo legítimo, legal e constitucional de Jango, os reacionários asseclas do Tio Sam na América Latina procuraram demover a organização da sociedade civil construída no período democrático, entre 1945 a 1964.

Os pr imeiros alvos foram os movimentos sociais do campo (como as Ligas Camponesas), as organizações sindicais (como o Comando Geral dos Trabalhadores – CGT) e as instituições partidárias do campo popular, trabalhista, democrático e socialista. Seus líderes foram colocados na lista dos “inimigos da pátria”, tudo para que se consolidasse a “redentora”, auto-denominada “revolução”, para varrer do Brasil a transformação e o progresso social, como as “Reformas de Base” – a reforma agrária, a reforma urbana, a reforma universitária, a reforma administrativa, a reforma tributária, etc.

Não é verdade, como querem determinadas viúvas de uma memória que justifica o corte abrupto da democracia, que o Brasil estava ameaçado pelo comunismo. As reformas propostas, todas elas nada socializantes, procuravam arredondar a revolução burguesa incompleta, dirigida por uma elite “sócia menor” do estrangeiro, defensora do latifúndio monocultor e exportador e do imperialismo ávido em manter estruturas colonialistas de dominação.

As medidas autoritárias, e não foram poucas, através de quatro Atos Institucionais e outras

medidas, no entanto, foram insuficientes para “pacificar” uma população talhada na tradição da resistência. Se operários e lideranças do campo e de partidos foram reprimidos ao nascer do Golpe, restaram os intelectuais, os artistas, os estudantes, os militantes clandestinos e outros tantos que não se intimidaram, denunciando a Ditadura aqui e no exterior.

Foi contra essa resistência que se deu o que se convencionou chamar de “Golpe dentro do Golpe”. O que certa historiografia e a majoritária memória midiática tentam mascarar, depois de 40 anos, foi o apoio político-econômico de grandes corporações nacionais e multinacionais, financiadoras do

regime para seus interesses. Apenas em “contos da carochinha” ainda se acredita que os militares da “linha dura” foram os únicos protagonistas do AI-5. Só em visões justificadoras e coniventes com o terrorismo de Estado, que matou, que torturou, que exilou, que reprimiu,

que escorraçou de cargos públicos seus “inimigos”, pode se encontrar o

argumento extemporâneo e a-histórico de que o fim do habeas-corpus, a instituição da pena

de morte, a criação dos decretos-secretos (tão execráveis como a retroativade da lei dos tempos nazistas) e tantas outras anomalias jurídicas, foram construídas como conseqüência da luta armada e de esquerda.

A partir do AI-5 a Ditadura consolidou seu projeto que, em 21 anos de duração, elevou a dívida externa de 4 para 100 bilhões de dólares, massacrou gerações e impediu que o desenvolvimento sócio-econômico do país encontrasse maioria de seu povo.

Passados 40 anos do AI-5 ainda disputamos essa memória. Falta a abertura de muitos arquivos para o completo resgate desta história, sempre em consonância com o lema anti-ditadura: “para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça”.

Diorge Alceno KonradProfessor de História da UFSM, Doutor em

História Social do Trabalho pela Unicamp (SP)

40 anos depois do AI-5

“Os primeiros

alvos foram os movimentos

sociais”

Page 13: Jornal SEDUFSM de Fevereiro 2009

SED SUF MSeção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

S I N D I C AT O

ANDESNACIONAL

Encarte EspecialFevereiro de 2009

ÍNDICEINTRODUÇÃO 2

DOCENTES DO MAGISTÉRIO SUPERIOR 3

DOCENTES DO ENSINO BÁSICO, TÉCNICO E TECNOLÓGICO 4

Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (valores em R$) 3

Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (em percentuais) 3

Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (valores em R$) 4

Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (em percentuais) 4

A inflação de 2008 ficou em 6,5% pelo

INPC e 9,8% pelo IGP-M. O primeiro

índice geralmente é usado nos dissídios

coletivos de trabalhadores. O segundo

corrige contratos de alugueis, planos de

saúde, mensalidades escolares. Nas

campanhas salariais, geralmente os

trabalhadores reivindicam a inflação

passada como forma de manter o poder

aquisitivo dos salários. No caso dos

professores da Universidade Federais, o

Governo impôs em 2008 uma

reestruturação nas carreiras que

desestruturou a hierarquia salarial das

universidades, criando muitas situações

injustas.

Para fevereiro de 2009 na UFSM estão

previstos para professores não titulares,

em regime de dedicação exclusiva,

percentuais de reajuste que chegam a ser

inexpressivos. Para graduados e com

cur so de ape r fe i çoamen to , o s

percentuais de “reajuste” variam entre

0% e 1,1%. Para professores com

doutorado, que representam 50% da

categoria entre ativos e aposentados, em

média 3,2%. Para professores com curso

de especialização, 5%. Para docentes

com Mestrado, 10%. Apenas para

professores titulares (9% do total) e

associados (18% do total) o reajuste será

acima da inflação. Para Titulares, 13% e

Associados, 18%.

A reestruturação da carreira docente

imposta em 2008, pelo Governo Lula,

vem gerando grande inconformidade

não apenas pelos reajustes abaixo da

inflação, mas também porque a carreira

docente nas Universidades Federais está

obsoleta. Na quase totalidade das novas

contratações, no caso do magistério

superior, exige-se o curso de doutorado.

Em 14 anos, um docente com essa

titulação estará em final de carreira

(professor associado 4). Entretanto, pela

legislação atual, o tempo de trabalho é de

35 anos para os homens e 30 para as

mulheres. Ou seja, a carreira docente

ficou curta para o horizonte do tempo de

aposentadoria.

Salário docente em 2009

Acompanhe a seguir, neste encarte, a análise técnica

efetuada pelo professor do departamento de Ciências

Econômicas da UFSM e diretor da SEDUFSM, Ricardo

Rondinel, a respeito do reajuste concedido em 2009.

Page 14: Jornal SEDUFSM de Fevereiro 2009

continua >

02 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDESENCARTE ESPECIAL, FEVEREIRO DE 2009

Apresentamos a seguir o aumento salarial decorrente da MP 431 de 14 de

maio de 2008, previsto para o ano de 2009.

Para a carreira do Magistério Superior, a partir de fevereiro de 2009, está

prevista a incorporação dos 160% da Gratificação de Atividade Executiva

(GAE) no Vencimento Básico (VB). Entretanto, deste VB foram retirados os

incentivos de titulação (aperfeiçoamento, 7,5%; especialização, 18%;

mestrado, 37,5%; doutorado, 75%) que fazem parte do referido VB desde a

criação do atual Plano de Carreira, Plano Único de Classificação e

Retribuição de Cargos e Empregos (PUCRCE), aprovado pela Lei 7.596, de

10 de abril de 1987. Deste modo, a partir de fevereiro de 2009, deixam de

existir esses incentivos de titulação como integrantes do VB.

Em substituição aos incentivos de titulação do PUCRCE foi criada a

Retribuição por Titulação (RT) expressa em valores nominais e diferenciada

para cada classe, nível e titulação. Os valores são expressos em moeda

brasileira (Reais), mas sem nenhuma vinculação com o VB.

Também a partir de fevereiro de 2009 desaparece a Gratificação

Temporária do Magistério Superior (GTMS) que foi criada em março de 2008

em substituição à Gratificação de Estímulo à Docência (GED). Em lugar da

GTMS foi criada a Gratificação Específica do Magistério Superior

(GEMAS). A diferença entre a GED, a GTMS e a GEMAS é que esta última

também é expressa em valores nominais, mas é diferenciada apenas por

classe e nível. Portanto, não haverá mais diferenciação nesta gratificação, ora

criada, por titulação. A forma como a GEMAS foi criada leva a acreditar que o

objetivo do Governo é não conceder reajustes no VB e sim, continuar com a

política de criação de gratificações, que foi iniciada durante o governo Collor,

em 1992, quando em vez de conceder reajustes no VB foi imposta a criação da

GAE.

O quadro abaixo mostra um comparativo da alteração que a remuneração

terá em fevereiro de 2009. Deve lembrar-se que docentes ativos e

aposentados passaram a ter a mesma composição de remuneração desde

março de 2008, sem considerar as vantagens pessoais embutidas na

remuneração de cada docente.

Finalmente, em relação ao Magistério Superior há que se salientar que na

MP 431 não é possível visualizar o vencimento básico para a classe de

professor auxiliar, nível 1. Portanto, em nossos cálculos comparativos não foi

possível considerar tal classe.

Por outro lado, na carreira de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, a partir

de fevereiro de 2009 serão concedidos reajustes na Gratificação Específica de

Atividade Docente do Ensino Básico Técnico e Tecnológico (GEDBT) e na

Retribuição por Titulação (RT), que foram criadas em julho de 2008. Não há

previsão para 2009 de reajustes no VB dos docentes desta carreira.

As tabelas a seguir apresentam o aumento salarial em valores e percentuais

dos docentes de Ensino Superior, Ensino Básico, Técnico e Tecnológico

previsto para fevereiro de 2009.

INTRODUÇÃO

Aumento salarial em valores e percentuais dos docentes de ensino superior, ensino básico,técnico e tecnológico previsto para fevereiro de 2009 Estrutura da Remuneração dos Docentes do Magistério Superior

Situação atual Alteração em fevereiro de 2009

Page 15: Jornal SEDUFSM de Fevereiro 2009

ENCARTE ESPECIAL, FEVEREIRO DE 2009

continua >

Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES 03

TABELAS Elaboradas pelo Prof. Ricardo Rondinel

DOCENTES DO MAGISTÉRIO SUPERIORATIVOS e APOSENTADOS

Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (valores em R$)

CLASSE NÍVEL GRAD. APERF. ESPEC. MEST. DOUT.

TITULAR 1 419,03 456,41 514,11 871,34 1.541,41

4 1.563,80

ASSOCIADO3 1.482,61

2 1.419,82

1 1.366,14

4 20,00 42,70 223,63 494,46 270,76

ADJUNTO3 0,00 13,32 186,82 441,42 207,34

2 0,00 3,03 169,22 413,28 165,84

1 7,37 7,36 166,37 392,61 225,71

4 22,26 22,25 168,26 364,75

ASSISTENTE3 27,58 27,58 167,42 396,25

2 29,59 29,59 163,71 422,48

1 29,60 29,60 158,31 445,53

4 29,59 29,60 148,38

AUXILIAR3 29,59 29,59 143,57

2 29,59 29,58 138,98

1

DEDICAÇÃO EXCLUSIVA

CLASSE NÍVEL GRAD. APERF. ESPEC. MEST. DOUT.

TITULAR 1 29,00 -0,02 148,84 -6,26 135,29

4 37,34

ASSOCIADO3 50,91

2 65,99

1 129,41

4 26,46 26,45 143,21 29,00 129,54

ADJUNTO3 35,46 35,47 147,42 29,00 159,44

2 45,09 45,10 152,32 29,02 189,88

1 54,75 54,75 157,35 29,01 219,88

4 52,79 52,80 147,00 36,48

ASSISTENTE3 29,01 32,50 119,25 44,03

2 29,01 32,48 115,53 48,44

1 29,02 32,50 112,14 50,99

4 29,01 32,49 63,67

AUXILIAR3 29,02 32,49 46,09

2 29,01 32,49 48,04

1

40 HORAS

CLASSE NÍVEL GRAD. APERF. ESPEC. MEST. DOUT.

TITULAR 1 27,63 43,38 49,05 50,38 49,43

4 51,25

ASSOCIADO3 54,60

2 40,37

1 40,17

4 27,63 30,94 36,02 57,22 40,18

ADJUNTO3 27,63 30,94 40,02 59,50 39,64

2 27,63 30,94 40,87 62,73 39,14

1 27,63 30,94 41,84 65,49 38,69

4 27,63 30,94 39,39 67,51

ASSISTENTE3 27,63 30,94 40,74 70,06

2 27,63 30,94 42,07 73,44

1 27,63 30,94 43,57 76,22

4 27,63 30,94 42,11

AUXILIAR3 27,63 30,94 43,88

2 27,63 30,94 45,75

1

20 HORAS

Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (em percentuais)

CLASSE NÍVEL GRAD. APERF. ESPEC. MEST. DOUT.

TITULAR 1 10,1% 10,3% 10,9% 14,6% 17,3%

4 18,8%

ASSOCIADO3 18,3%

2 17,9%

1 17,6%

4 0.6% 1,1% 5,6% 10,1% 3,9%

ADJUNTO3 0,0% 0,4% 4,8% 9,3% 3,1%

2 0,0% 0,1% 4,5% 8,9% 2,5%

1 0,2% 0,2% 4,5% 8,7% 3,5%

4 0,7% 0,7% 4,8% 8,5%

ASSISTENTE3 0,9% 0,8% 4,9% 9,5%

2 1,0% 0,9% 4,9% 10,3%

1 1,0% 1,0% 4,8% 11,1%

4 1,0% 1,0% 4,7%

AUXILIAR3 1,0% 1,0% 4,7%

2 1,1% 1,0% 4,6%

1

DEDICAÇÃO EXCLUSIVA

CLASSE NÍVEL GRAD. APERF. ESPEC. MEST. DOUT.

TITULAR 1 1,0% 0,0% 4,5% -0,2% 2,6%

4 0,8%

ASSOCIADO3 1,1%

2 1,4%

1 2,8%

4 1,0% 1,0% 5,0% 0,9% 3,1%

ADJUNTO3 1,4% 1,3% 5,3% 0,9% 3,9%

2 1,8% 1,7% 5,6% 0,9% 4,8%

1 2,2% 2,1% 5,9% 1,0% 5,6%

4 2,2% 2,1% 5,7% 1,3%

ASSISTENTE3 1,2% 1,3% 4,7% 1,6%

2 1,3% 1,4% 4,7% 1,7%

1 1,3% 1,4% 4,8% 1,9%

4 1,3% 1,4% 2,8%

AUXILIAR3 1,3% 1,5% 2,1%

2 1,4% 1,5% 2,2%

1

40 HORAS

CLASSE NÍVEL GRAD. APERF. ESPEC. MEST. DOUT.

TITULAR 1 1,4% 2,1% 2,3% 2,1% 1,7%

4 1,9%

ASSOCIADO3 2,1%

2 1,6%

1 1,6%

4 1,6% 1,7% 1,9% 2,8% 1,7%

ADJUNTO3 1,6% 1,7% 2,2% 3,0% 1,7%

2 1,6% 1,7% 2,2% 3,2% 1,7%

1 1,6% 1,8% 2,3% 3,4% 1,7%

4 1,7% 1,8% 2,3% 3,6%

ASSISTENTE3 1,7% 1,8% 2,4% 3,8%

2 1,7% 1,9% 2,5% 4,1%

1 1,7% 1,9% 2,6% 4,3%

4 1,8% 1,9% 2,6%

AUXILIAR3 1,8% 2,0% 2,8%

2 1,8% 2,0% 2,9%

1

20 HORAS

Page 16: Jornal SEDUFSM de Fevereiro 2009

04 Publicação da Seção Sindical dos Docentes da UFSM / ANDES

CLASSE NÍVEL GRAD. APERF. ESPEC. MEST. DOUT.

U 49

3 51D V

2 55

1 40

40

4 28 31 36 57 40

3 28 31 40 60 40

2 28 31 41 63 39

1 28 31 42 65 39

4 28 31 39 68

3 28 31 41 70

2 28 31 42 73

1 28 31 44 76

4 28 31 42

3 28 31 44

2 28 31 46

1

20 HORAS

D IV S

D III

D II

D I

38

38

38

38

28 31 48

100

103

108

111

38

38

37

37

28 43 49 57

53

57

57

ENCARTE ESPECIAL, FEVEREIRO DE 2009

TABELAS Elaboradas pelo Prof. Ricardo Rondinel

DOCENTES DO ENSINO BÁSICO, TÉCNICO E TECNOLÓGICOATIVOS e APOSENTADOS

Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (valores em R$) Aumento da Remuneração em fevereiro de 2009 (em percentuais)

CLASSE NÍVEL GRAD. APERF. ESPEC. MEST. DOUT.

U 1.541

3 1.564D V

2 1.483

1 1.410

1.366

4 0 23 23 474 251

3 0 13 13 441 207

2 0 3 3 413 166

1 7 7 7 393 226

4 22 22 22 365

3 28 28 28 396

2 30 30 30 422

1 30 30 30 446

4 30 30 30

3 30 30 30

2 30 30 30

1

DEDICAÇÃO EXCLUSIVA

D IV S

D III

D II

D I

234

232

246

253

30 30 30

546

556

567

507

246

284

322

354

419 456 419 894

788

893

894

CLASSE NÍVEL GRAD. APERF. ESPEC. MEST. DOUT.

U 135

3 130D V

2 130

1 130

130

4 29 29 29 130

3 29 29 29 159

2 29 29 29 190

1 29 29 29 220

4 29 29 36

3 29 32 44

2 29 32 48

1 29 32 51

4 29 32 44

3 29 32 46

2 29 32 48

1

40 HORAS

D IV S

D III

D II

D I

97

97

97

97

29 32 50

50

49

49

49

97

97

97

97

29 29 29

29

29

29

29

29

29

29

29

29

29

29

29

CLASSE NÍVEL GRAD. APERF. ESPEC. MEST. DOUT.

U 17,3%

3 18,8%D V

2 18,3%

1 17,8

17,6%

4 0,0% 0,6% 0,5% 9,7% 3,6%

3 0,0% 0,4% 0,3% 9,3% 3,1%

2 0,0% 0,1% 0,1% 8,9% 2,5%

1 0,2% 0,2% 0,2% 8,7% 3,5%

4 0,7% 0,7% 0,6% 8,5%

3 0,9% 0,8% 0,8% 9,5%

2 1,0% 0,9% 0,9% 10,3%

1 1,0% 1,0% 0,9% 11,1%

4 1,0% 1,0% 0,9%

3 1,0% 1,0% 0,9%

2 1,1% 1,0% 1,0%

1

DEDICAÇÃO EXCLUSIVA

D IV S

D III

D II

D I

3,7%

3,7%

4,0%

4,1%

1,1% 1,1% 1,0%

14,4%

14,8%

15,6%

14,1%

4,1%

4,8%

5,5%

6,2%

10,1% 10,3% 8,5% 16,4%

13,7%

16,1%

16,3%

CLASSE NÍVEL GRAD. APERF. ESPEC. MEST. DOUT.

U 2,6%

3 2,8%D V

2 2,8%

1 2,8%

2,8%

4 1,1% 1,1% 0,9% 3,1%

3 1,1% 1,1% 0,9% 3,9%

2 1,1% 1,1% 0,9% 4,8%

1 1,2% 1,1% 1,0% 5,6%

4 1,2% 1,2% 1,3%

3 1,2% 1,3% 1,6%

2 1,3% 1,4% 1,7%

1 1,3% 1,4% 1,9%

4 1,3% 1,4% 1,9%

3 1,3% 1,5% 2,1%

2 1,4% 1,5% 2,2%

1

40 HORAS

D IV S

D III

D II

D I

2,6%

2,6%

2,6%

2,7%

1,4% 1,5% 2,3%

1,9%

1,9%

1,9%

2,0%

2,7%

2,7%

2,8%

2,8%

1,0% 0,9% 0,8%

0,8%

0,8%

0,8%

1,0%

1,0%

1,0%

1,0%

1,1%

1,1%

1,1%

1,2%

0,8%

CLASSE NÍVEL GRAD. APERF. ESPEC. MEST. DOUT.

U 1,7%

3 1,9%D V

2 2,1%

1 1,6%

1,6%

4 1,7%

3 1,7%

2 1,7%

1 1,7%

4

3

2

1

4

3

2

1

20 HORAS

D IV S

D III

D II

D I

1,8%

1,8%

1,8%

1,8%

1,8%

1,9%

1,9%

1,9%

1,6% 1,7% 2,8%

1,6% 1,7% 3,0%

1,6% 1,7% 3,2%

1,6% 1,8% 3,4%

1,7% 1,8% 3,6%

1,7% 1,8% 3,8%

1,7% 1,9% 4,1%

1,7% 1,9% 4,3%

1,8% 1,9% 2,6%

1,8% 2,0% 2,8%

1,8% 2,0% 2,9%

1,9% 2,0% 3,1%

6,0%

6,4%

6,8%

7,0%

1,4% 2,1% 2,6%

2,3%

2,5%

2,6%

1,9%

2,2%

2,2%

2,3%

2,3%

2,4%

2,5%

2,6%

2,3%