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JUSTIÇA RESTAURATIVA e MEDIAÇÃO
Conselho da ComunidadeFortaleza, Ceará
10 de novembro de 2011Petronella Maria Boonen
www.cdhep.org.br
CULTURA DE GUERRA CULTURA DE PAZArmamento Desarmamento
Exploração do povo Direitos humanos
Exploração da natureza Desenvolvimento sustentável
Dominância masculina Igualdade entre mulheres e homens
Poder caracterizado pelo monopólio da força
Educação para uma cultura de paz
Ter um inimigo Tolerância e solidariedade
Hierarquia e autoridade Participação democrática
Segredo e propaganda Livre fluxo de informação
Os inícios
• Embora a Justiça Restaurativa tenha suas raízes em práticas aborígenes, os primeiros registros das estratégias de Justiça Restaurativa que conhecemos hoje datam dos anos 1970.
• No início, “Mediação era Justiça Restaurativa e Justiça Restaurativa era Mediação”
• (McCOLD, 2008).
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Mediação na área penal• Em 1970, nos Estados Unidos, foram realizados
encontros entre vítima e ofensor para construir acordos para atender aos interesses da vítima, bem antes de ser desenvolvido um trabalho teórico sobre Justiça Restaurativa.
• Foram experiências comunitárias que tornaram possível um padrão teórico para a prática da Mediação, estimulando as primeiras teorizações sobre a restituição criminal.
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O Desenvolvimento da JR• Uma das características da Justiça Restaurativa é
a ênfase dada ao atendimento das necessidades da vítima.
• Definição de Tony Marshall – 1996: Justiça Restaurativa é um processo no qual todas as
partes envolvidas em uma determinada ofensa reúnem-se para resolver coletivamente como lidar com as conseqüências da ofensa e suas implicações para o futuro. (McCOLD, 2008).
• Encaixam-se nesta definição: Mediação, Círculo de Paz e Conferência Restaurativa..
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APOIO (encorajamento, sustentação)
ALTO
ALTOBAIXO
baixo controlealto apoio
=disciplina social
PERMISSIVA
CONTROLE
(d
isci
plin
a,
limit
es)
baixo controlebaixo apoio
=Disciplina social
NEGLIGENTE
alto controlebaixo apoio
=disciplina social
PUNITIVA
alto controlealto apoio
=disciplina social
RESTAURATIVA
Paul M
cCold
e T
ed
Wach
tel
BAIXO
Janela da Disciplina SocialTed Wachtel e Paul McCold
Entendimentos diversos da Justiça tradicional retributiva
• Sobre o crime• Sobre a responsabilidade• Sobre a Justiça
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Entendimento do crime – Dr. Eduardo M. Rezende
Justiça tradicional Justiça Restaurativa
Crime definido como violação de regra Crime definido pelo dano à pessoas e às relações
Dano definido abstratamente Dano definido concretamente
Crime visto como categoricamente diferente de outros danos
Crime reconhecido como relacionado a outros danos e conflitos
Estado como vítima Pessoas e relações como vítimas
Estado e ofensor vistos como partes primárias
Vítima e ofensor vistos como partes primárias
Necessidades e direitos das vítimas ignorados
Necessidades e direitos das vítimas como centrais
Dimensões interpessoais irrelevantes Dimensões interpessoais como centrais
Natureza conflitual do crime obscurecida Reconhecida a natureza conflitual do crime
Feridas do ofensor periféricas Feridas do ofensor importantes
Ofensa definida em termos técnicos-jurídicos.
Ofensa entendida em seu amplo contexto: moral, social, econômico e político
Entendimento da responsabilidadeDr. Eduardo M. Rezende
Justiça tradicional Justiça Restaurativa
Erro cria culpa Erro cria dúvidas e obrigações
Culpa é absoluta (sim/não) Há graus de responsabilidade diferenciados
Culpa é indelével Culpa é removível através de arrependimento e reparação
Divida é abstrata Divida concreta
Débito pago pelo recebimento da punição Débito pago pela ação reparadora
Dívida devida à sociedade abstratamente Débito devida primeiramente à vítima
Responsabilidade como tomada de remédio
Prestação de contas como responsabilidade
Assunção do comportamento escolhido livremente
Reconhece a diferença entre realização potencial e atual de liberdade humana
Livre arbítrio ou determinismo social Reconhece o papel do contexto social como escolha, sem negar a responsabilidade pessoal.
Entendimento da Justiça – Dr. Eduardo M. Rezende
Justiça Retributiva Justiça RestaurativaDefinir acusação é central Resolução do problema é central
Foco no passado Foco no futuro
Necessidades são secundárias Necessidades são primarias
Modelo da batalha Diálogo normativo
Enfatiza diferenças Procura pelo comum
Imposição de dor considerada normativa Restauração e reparação consideradas normativas
Uma ofensa social acrescida às outras Ênfase na reparação de ofensas sociais
Dano pelo ofensor é compensado pelo dano ao ofensor
Dano pelo ofensor é compensado pela reparação
Foco no ofensor, vítima ignorada Necessidades da vítima são centrais
Estado e ofensor são elementos chaves Vitima e ofensor são elementos chave
Falta de informação às vítimas Informação providenciada às vítimas
Rara a restituição Restituição é normal
Verdade das vitimas é secundaria Vítimas têm a chance de dizer sua verdade
Sofrimento da vítima é ignorado Sofrimento da vítima lamentado e reconhecido
Ação do Estado em relação ao ofensor; ofensor é passivo
É dado papel ao ofensor para a solução
Monopólio do Estado na resposta ao malfeito. Reconhecidos os papeis da vítima, do ofensor e da comunidade.
Cinco necessidades das vítimas de processos criminais podem ser
atendidas:• A vítima quer informação
• A participação em seu próprio caso
• A restauração emocional e um pedido de desculpas são importantes,
• A reparação material
• A percepção de justeza e respeito em relação ao encaminhamento do processo
Perguntas norteadoras
• O que as vitimas precisam e querem?
• O que deveria ser diferente para que a vítima pudesse reatar a relação com o sistema de justiça com mais interesse?
VALORES FUNDMENTAIS: PROCESSOS FUNDAMENTAIS RESULTADOS FUNDAMENTAIS
Primazia de vítimas, ofensores e comunidades
Preparação efetiva de todos para a participação nos processos restaurativos
Reconhecimento de responsabilidade
Responsabilidade coletiva
Suporte aos participantes Aumento do entendimento das razões e conseqüências da ofensa
Sensibilidade e respeito às diversidades culturais
Justiça, respeito, envolvimento e consenso no processo de tomada de decisões
Aceitação dos resultados como apropriados
Restauração da balança de poderes
Prevenção à estigmatização Reparação dos danos e correção das ações
Atenção e atendimento a dores e sofrimentos
Reconciliação e reintegração
Três aspirações guiam o empenho para estabelecer relações justas:
Uma tentativa de ser justo com • Cada pessoa / coletividade• Com a criação • Com quem / o que está na origem da
criação – trabalhar a dimensão transcendental
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Três valores estão subjacentes a esta tarefa:
• Respeito• Responsabilidade• Re- conexção das relações
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Fundamentos Filosóficos da Justiça Restaurativa:
• O “justo” construído pelas partes (horizontal);
• Respeito às singularidades (valores) dos envolvidos na relação conflituosa;
• Foco voltado para o conflito e suas repercussões na vida do ofendido, do ofensor e da comunidade;
• Prevalência da visão presente e futura sobre a do passado;
• Abertura do interpessoal p/ uma percepção social dos problemas em situações conflitivas.
CENTRO DE DIREITOS HUMANOS E EDUCAÇÃO POPULAR DE CAMPO LIMPO
Justiça Restaurativauma tentativa de definição:
Um meio de gestão de conflitos em que Um facilitador auxilia os envolvidos – junto com os membros de sua família /comunidade por eles indicados - a iniciarem um processo dialógico, capaz de transformar uma relação marcada pela violência, em relação cooperativa, visando à responsabilização, à reparação de danos, ao fortalecimento de laços comunitários e à prevenção de violências futuras. Isso para nós é Reconciliação.
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Princípios Substantivos da Justiça Restaurativa:
Validação (reconhecimento recíproca):
• sensibilização das partes em relação à justeza dos interesses da outra parte;
• possibilidade de transformar o conflito e transformar-se no conflito;
• re-significação da situação conflituosa;
• criação de uma cultura de solidariedade.
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Princípios Substantivos da Justiça Restaurativa
Autonomia (empoderamento):• propicia a participação no procedimento;• resolve as disputas construtivamente;• identifica questões, interesses e sentimentos
subjacentes à disputa; • promove relacionamentos cooperativos;• prepara as partes para prevenir e resolver futuras
controvérsias.
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Processo
• Pré-circulo• Circulo restaurativo• Pós-circulo
A tarefa do facilitador inclui:
1. Preparar bem as partes anteriormente aos encontros; 2. Convidar a mistura certa em quantidade e
diversidade de membros da comunidade de apoio para os dois lados;
3. Promover o respeito entre as partes, criar um ambiente restaurativo e seguro;
4. Fazer aparecer os reais interesses e as necessidades dos envolvidos.
5. Ajudar cada envolvido a expressar o que pensa e sente.
A tarefa do facilitador inclui:
6. Cuidar para que as oportunidades de fala sejam distribuídas de forma igual;
7. Garantir que a comunicação de cada participante fique dentro dos padrões de assertividade: expressar visões, sentimentos, idéias; ouvir a todas; ser clara na comunicação; verificar se todos estão entendendo a mesma coisa;
8. Auxiliar na análise das opções de solução criadas;9. Incentivar a criatividade dos envolvidos na busca de
soluções.10. Facilitar a construção de um acordo, registrá-lo e
acompanhar sua aplicação.
Sobre papéis e responsabilidades:
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Uma das formas de distinção entreMediaçãoCírculos de Paz Círculo Vitima Ofensor ComunidadeSerá pensar de quem é a responsabilidade pelo processo e pelo resultado.
Kay Pranis
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JUIZ
PARTE PARTE
CONTROLA O PROCESSO
E O RESULTADO
JUSTIÇA TRADICIONAL
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MEDIADOR
PARTE PARTE
PROCESSO: RESPONSABILIDA
DEDO
MEDIADOR
MEDIAÇÃO
RESULTADO: RESPONSABILIDADE
DAS PARTES
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FAMILIA
PARTE
APOIOFAMILIA
APOIO
PARTE
FACILI-TADOR
Círculo Vítima Ofensor Comunidade
RESPONSABILIDADEPELA ORIENTAÇÃO DO
PROCESSO
RESPONSABILIDADE PELO
RESULTADO COM TODOS OS ENVOLVIDOS
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CÍRCULOS DE PAZ
APOIO
FACILI-TADOR
APOIO
OUTROS
APOIO
PARTE
PARTE
PROCESSO E RESULTADOS
RESPONSABILIDADE DE TODOS
A lógica do Poder - LEDERACH, 1997
A transformação do conflito deve levar em conta o papel do poder. Alguns tem mais e outros menos, MAS, todos têm algum grau de poder. O poder
existe sempre em relação a outras pessoas. É fácil abusar do poder quando se nega ou desconhece seu próprio poder.
Quando alguém age como se tivesse um nível de poder igual ao do outro, e na realidade tem mais poder, por ter mais recursos (materiais, sociais, status, ocupando posições, origem étnica ou de gênero), sem saber e querer, pode prejudicar a relação e intimidar o outro.
O equilíbrio de poder, entre pessoas e grupos em conflito é muito importante. Pede uma compreensão mais aguda da relação de poder existente entre os envolvidos.
Quando a relação é desequilibrada, o acordo é praticamente impossível. Para equilibrar, tem que aumentar de um lado ou/e diminuir do outro lado.
Ignorar ou subestimar a importância de balança do poder é ser injusto.
Estudo de caso – curva do conflito
Nascimento
Não reconhecimento
pelo Pai
Moradia com a avó enferma
Morte da mãe
Assalto a mão
armada
Curva de conflito do Caso João
Curva de conflito ideal
Tempo
Inte
nsiv
idad
e
17 anos
Exercício:
Desenhe uma curva, pensando nos acontecimentos ao longo do tempo e sua intensidade.
Identifique o poder dos dois ou 3 envolvidos principais. Poder no sentido de poder influenciar na transformação do conflito?
Tem claramente uma definição de papéis entre vítima e ofensor?
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Exercício: Perguntas abertas:
São perguntas que convidam a uma maior reflexão sobre um assunto e abrem para uma maior variedade de respostas.
Através de perguntas abertas, ajuda-se o outro alcançar outro olhar sobre as situações de sua vida:
• O que você pode aprender dessa situação? • Como você poderia ter feito isso de outra maneira? • Como você acha que a vitima se sente? O que pensa?• Que soluções podem beneficiar mais cada um dos
envolvidos? • O que pensou no momento do acontecimento? Estava
tentando conseguir o que?• Como mudou sua vida depois do incidente?
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Exercício: Perguntas restaurativas para um encontro entre vítma e ofensar:
Para o Ofensor. O que aconteceu?O que estava pensando no
momento do fato?O que pensa/sente agora?Quem foi afetado por causa
da sua ação? Como?O que acha precisa fazer
para reparar o dano?
Para a Vítima O que pensou quando você
percebeu o que aconteceu?
Qual é o impacto do fato em você e os outros?
O que foi a parte mais difícil para você?
Como você se sente agora?O que precisa acontecer
para reparar o dano?
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Para a oficina:
• Expresse sua percepção de justiça no atual sistema.
• Pensar o lugar da vítima em nosso sistema penal e como favorecê-la.
• Como introduzir a Justiça Restaurativa no sistema penal vigente.
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Contínuo de Práticas deJustiça Restaurativa
Informal Formal
Expressão “Eu me sinto...”
Pergunta p. ofensor: “Como você imagina
que a vítima se sente?”
Pequenos encontros espontâneos
entre envolvidos em conflitos
Encontro grande com envolvidos
(marcado ou não)
Círculo restaurativo
formal
Alfabetização Emocional Fundamentos Práticas RestaurativasRaiva Comunicação Assertiva Verdade Círculo de Paz
Perdão Comunicação Não-Violenta Justiça Punição
Necessidades
Círculos /Encontros Restaurativos com Vítima,
Ofensor, Comunidade
Site com informações sobre Justiça Restaurativa
• www.cdhep.org.br
• www.justica21.org.br
• www.mj.gov.br/reforma
• www.restorativejustice.orgwww.cdhep.org.br Petronella M Boonen - [email protected]