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{l: B, EPÍSTOLAS s 11. A EPÍSTOLA COMOFORMALIrERÁR|A EM O NT 3'17 ensaio artisticamente elaborado e dirigido a um público mais vasto, empregando a forma epistolar apenascomo for- ma externa. Enffe-as epístolas católicas, somente a segunda e terceira epístolas de João são realmente cartas' com en- dereços exatos e espúíficos. O esquema segundo o qual são redigidas .as epístolas é o seguinte: logo no começo uma fórmula de saudação' com o Àome do remetente e do destinatâtio; segue-se uma Paulo, nas fórmulas com que se dirige às pessoas' aplgïi- ma-se mais da maneira oriental e judaica ao passo que'I'ia; go ( e as epístolas contidas em At 15,23 e 23,26) segte ó uso helenístico neste particular. I Cf. Schubert, Sanders, Mullins' 2 Ver Funk. S 11. A rpísrore coMo FoRMl rrrenÁnrR EM o Novo TTsTAMENTo Dos escritos do NT, vinte e um rêm a Íotma de epís- tola. Mas nem todos sãô realmente cartas, ou seja, escritot endereçados em ocasiõesespecíficasa pessoasdeterminadas ou a círculo de pessoas, escritas com a finalidade de co- municação íntima, sem intenção de maior divulgação. Em Tiago, por ex., falta tudo o que constitui realmente uma

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B, EPÍSTOLASs 11. A EPÍSTOLA COMO FORMA LIrERÁR|A EM O NT 3'17

ensaio artisticamente elaborado e dirigido a um públicomais vasto, empregando a forma epistolar apenas como for-ma externa. Enffe-as epístolas católicas, somente a segundae terceira epístolas de João são realmente cartas' com en-dereços exatos e espúíficos.

O esquema segundo o qual são redigidas .as epístolasé o seguinte: logo no começo uma fórmula de saudação'com o Àome do remetente e do destinatâtio; segue-se uma

Paulo, nas fórmulas com que se dirige às pessoas' aplgïi-ma-se mais da maneira oriental e judaica ao passo que'I'ia;go ( e as epístolas contidas em At 15,23 e 23,26) segteó uso helenístico neste particular.

I Cf. Schubert, Sanders, Mullins'2 Ver Funk.

S 11. A rpísrore coMo FoRMl rrrenÁnrREM o Novo TTsTAMENTo

Dos escritos do NT, vinte e um rêm a Íotma de epís-tola. Mas nem todos sãô realmente cartas, ou seja, escritotendereçados em ocasiões específicas a pessoas determinadasou a círculo de pessoas, escritas com a finalidade de co-municação íntima, sem intenção de maior divulgação. EmTiago, por ex., falta tudo o que constitui realmente uma

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3í8 B. EPÍSTOLAS s 12. NoÇóES GEBATS 319

ça motriz paÍa a formação independente da forma epistolarnum meio'de autocomJnicação-Iitetátia da cristandade foi

a rcal necessidade da missão paft ^

edificação e insuução,admoestação e trabalho pastoral, defesa contra idéias errô-neas, e manutenção da õrdem eclesial. A forma das epís-

tolas mais co-uÀt contidas no NT não está diretamentetelacionada com a epístola helenística (cf. Epicuro, Sêne-

ca) ou com a epístoia judeu-helenística (por ex., a Cafta

de Aristéias ).

João. Mas também estas poucas e íntimas liúas de pauloou do "presbítero", que nas suas intimações e alusões sósão completamente compreensíveis por aqueles que esta-vam mais de perto envolvidos, são,- do mèsmo mbdo qreas epístolas paulinas maiores, não correspondência privaãa,mas frutos do trabalho missionário dos primeiros ãristãos.

. As epístolas_ paulinas que chegaram até nós são epís-tolas do Apóstolo ,em catàter ofiiial; servem para leïaradiante sua atividade missionária, à distância. Nã pena doApóstolo, a forma da epístola toma todas as Íormas esti-lísticas do discurso misiionário oruL falando de maneirageral, desde a ptegação da Palavta até a orução de adora-

sição doutrinátia, testemunho)ntemente, na igreja primitivaio escrita, tanto da literaturarto teológico. Ocasionalmenteue tinham sido anteriormente

cristã p-limitiva ( por ex., r.ïrn'r"i3lj; lï T,?.oi'Htui,6-11; Cl 1,,15-20); contudo o vocabulário e a origem detais trechos só podem ser afirmados conjecturalmeíte.

Em vista da maneira toda especial 'de

usar a Íotmaepistolar na primitiva missão cristã, as liúas demarcató-

ente ditas e as epístolas 3 dottaçadas com precisão. Uma

sião toda especial, e que evi-: todos os cristãos em deter-27 ), uma epístola dirigida a

uma comunidade particular, e que deve sei permutadá comoutra dirigida a uma comunidade vizinha lcl 4,t6;, ouepístolas dirigidas a váfias comunidades (Gl 1,2; cÍ. 2CorL,1), estão todas destinadas a se tomar textos literárioscom caráter oficial. Por- ouffo lado, em epístolas de alcancetão gelzl como lPd ou Hb, não f.alta alguma alusão a dè-terminadas comunidades e a determinadal situações. A for-

J A distinção de Dissmann enue "carta" e "epístola" não cones-ponde às características particulares das cartas da

- cristandade antiga.

Doty, propõe a distinção-entre cartâs mais ou menos privadas.

I. EPÍSTOLAS PAULINáS

S 12. NoçõES GERAIS

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t '

320 B. EpÍsrolAs

uma construção forçada da história, como o fizerum as cons-truções posteriores 2.

Juntamente com as quatro ,,grandes

gr1tas", a primeira carta aos Tessalonicenses, a caÍta aosFilipenses e a Cafta a Filêmon devem ser dãfinitivamente

I Bruno .Bauer, A. Pierson, S. A. Naber, A. D, Loman, 17. C, vanManen, G. A. van den Bergh van Eysinga,'R. Steck.

2 J. G. Rylands, A. Loisy, H. DelaÍãjse, entre ouros.

rl' l

s í2. NOçÕES GERATS 321

tadores é bastante incerta r. Discute-se também se as epís-tolas autênticas contêm üechos inautênticos, e se devemser parcialmente explicadas como compilações de vátiasepístolas.

Paulo, sem dúvida alguma, ütava suas epístolas ( RmL6,22), mas, de acordo com o costume da época, faziaquestão de marcar a sua autenticidade mediante uma sau-dação final, escrita de própdo puúo. Esta prática, semdúvida al;;uma, continua sendo verdadefua para todas asepístolas paulinas, mãs aparece claramente em algumas, pois,quando as epístolas eram lidas em voz alta, eta somentedesta maneirâ que a comunidade podia ficar sabendo queesta adição era do próprio punho de Paulo (lCor 16,27; Gl6,LL; Cl 4, I8; 2Ts 3,L7; Frn 19) 4. A suposição segundoa qual Paulo tetia confiado a redação de suas epístolas asecretários 5 é, em vista das numerosas indicações de queas palavras ditadas por Paulo eram interrompidas e tâm-bém em vista da unidade das epístolas especificamente pau-linas, impossível6.

Todas as epístolas paulinas que chegaram até nós da-tam da época do âpogeu e do final da atividade missioná-ria t{o Apóstolo. Da primeira década e da metade da suaativi.{ade, falta evidência de escritos seus. Mas, jâ na épo-ca de suas epístolas mais antigas Paulo f.ala de seu hábitoepistolar (2Ts 3,L7 ). Portanto, estas epístolas mais anti-gas dcvem ter sido perdidas.

. I Contra a prova. de Morto.n, segundo 9 qual, a Íreqliência do teô

rico emprego inconsciente de kai é marcadamente mais baixo nas car-tas principais do que no restante das cartas de Paulo, eÍgue-se estaobjeção "Antes que o próprio teste seja testado, o juízo só pode ser:não aprovado" (Dinwoodie). Com fundamento no critério de Morton,Rom 7 não seria de Paulo (O'Rourke); por ouuo lado, McArthur dc-monstrou que sernelhantes diÍerenças na freqüência do Ëal podem sercomprovadas, como em Paulo, também nas cartas de Inácio, Basílio deCesatéia e de Sinésio de Cirene.

4 Isso não prova que a amplitude da conclusão escrita pelo ptó-prio punho de Paulo, fosse tão ampla (contra Bahr).

5 Assim pensa, sobtetudo, O. Roller, Das Formular der paulinischenBriefe, L9fi; mas ver também Búr, CBQ L966, 465ss.

6 Ver sobre o assunto, ̀centemente, J. N. Sevenster, Do YouKnou Greek?, Supl. NovTest 19, 1968, 11s.

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322 B. EPISToLAS

O próprio Apóstolo menciona duas epístolas aos co-ríntios que não chegaram até nós (lCor 5,9; 2Cor 2,4),como também uma epístola aos laodicenses (Cl 4,16).Esta útima referência deu azo ao aparecimento de uma"Epístola de Paulo aos laodicenses" 7 evidentemente falsi-ficada. O autor dos Âtos de Paulo, apócrifos (c. 180),pensando em lCor 7,I;5,9, inventou ou aproveitou umaepístola dos coríntios a Paulo e uma resposta de Paulo ( ter-ceira epístola aos coríntios) t. A troca de correspondênciaem latim entre Paulo (seis epístolas) e o filósofo Sêneca(oito epístolas) é uma produção attificial, provavelmentedo século IV.

S í3. CRONOLOGIA DA VIDA DE PAULo 323

crição de Galião: A. Deissmann, Paul, 1967, 261ss; DBS II, l%4, )55ss(bibl.); B. Schwaú, "Der sog. Brief an Gallio und the Datierung desI Thess", BZ, 15, 1971, 265ss.

Até hoje não temos datas fixad as par^ uma cronolo-gia absoluta de Paulo, isto é, o arranjo numérico dos acon-tecimentos de sua vida no contexto da cronologia gerul.Também se as datas da assunção da procuradoria do pro-cônsul Sérgio Paulo em Chipre (At 13,7ss) e da transfe-tência da procuradoria da Judéia de Félix para Festo ( At24,27) pudessem sér Íixadas com certeza - o que não éo caso I - pouco nos ajudaria, visto que a oÍdem das via-gens missionátias (At 13,14) é incerta, como resulta do re-sumo que o próprio Paulo Íaz de sua atividade em GlL,16ss e também porque é difícil decidir com certeza se adietia mencionada em At 24,27 se refere'aos anos em queFélix permaneceu no cargo ou ao câtiveiro de Paulo emCesaréia ( o que é mais provável ). Por outro lado, resta-nos uma possibilidade de chegar a uma cronologia absolu-ta, isto é, a menção do governadot Galião, diante do qualPaulo foi acusado, pelo fim de sua atividade em Corinto,de acordo com At 18,12-18. Uma inscrição encontrada emDelfos e publicada pela primefta vez em 1905, reproduzuma catta do imperador Cláudio à cidade de Delfos, es-crita quando Cláudio, depois de uma campanha militar bernsucedida, fora proclamado "imperator" pela vigésima sextavez. Nomeia Lúcio Júnio Galião como predecessor do pro-cônSul da província da Acaia pata este período. Os pro-cônsules, para assumir o cargo, deviam deixar Roma pelametade de abril. Nas províncias senatórias, às quais perten-cia a Acaia, os procônsules ficavam no cargo por um ano.Uma vez que a vigésima sexta aclamação de Cláudio deveter ocorddo entre 15 de janeiro de 52 a 1 de agosto de52, o mandato, de Galião deve ser colocado provavelmenteentre a primavera de 51 e 522. O encontro de Paulo comGalião talvez tenha tido lugar em maio ou junho de 51.

1 Ver OGG, ó0ss, l4óss.2 As descobertas mais recentes, conferem mais certeza a essa de-

tenninação. Cf. Schwank (bibl.).

S 13. CnoNoLocIÁ DÁ vIDA DE PÁuLo

7 Ver essa justapoaiçãó irreflexiva de exptessões paulinas, especial'mente de Filipeirses,- em E. Hennecke-\í. ScÏneemelcLer, Nt. Apokry'phen ìn d.eatscher Übersetzang, II, t* ed., 1964, 80ss.

8 Em Nl. Apokryphen... (ver nota 7), 258ss.e Em Nr. Apokryphen... (ver nota 7), 84ss (bibl.). Sobre a to

talidade, cf. K. Pink, "Die pseudoPaúnisúen Briefe", Bb 6, 1925,(rtlss, l79ss e D. Guthrie, "Aèts and Epistles in Apocryphal 'Writings",Al Í ( ì , l l8ss.

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t

324 B. EPíSTOLAS

[)or esta época, Paulo jâ contava um ano e meio de per-manência em Corinto (At 18,1L), portanto, desde o fimde 49. At 18,2 contam que Paulo, quando viajou de Ate-nas para Co,rinto, hospedou-se em casa do casal Áquila ePriscila, os quais, por causa do edito de Cláudio relativoaos judeus, tinham recentemente (prosphátos) viajado daItâlia paru Corinto. Esta expulsão dos judeus de Roma(Suetônio, Claudius, 25: "Ele [Cláudio] expulsou os ju-deus de Roma, pois estes provocavam continuamente per-turbação da ordem pública sob a instigação de Çhgsse" -Judaeos impulsore Chresto assidue tumultuantes Romaexpulit) pode também ter ocorrido no ano 49. Pofianto,a cronologia da atividade de Paulo pode set fixada comcerta probabilidade - retrospectivamente e progressiva-mente - tendo por base este ponto cronológico fixadoda primeira estada do Apóstolo em Corinto.

Este procedímento, por cetto, é correto somente se ad-mitido o pressuposto de que a inÍ.ormação cronológica, quepode ser inferida das cartas de Paulo, é essencialmentecompatível com o desenvolvimento da atividade de Faulonanada pelos Atos dos Apóstolos. Essa pressuposição f.oirecentemente questionada com base na exigência metodo-lógica segundo a qual a seqüência das cattas de Paulo sópode ser estabelecida ignorando-se, como primeiro pontonecessário, os Atos e, conseqüentemente, considerando ascartas paulinas como fonte primária. Somente numa segun-da etapa poder-se-á indagar se a seqüência já. estabelecidapode ser harmonizada com as infotmações oferecidas pelosAtos (Riddle, Knox, Suggs, Hurd, Bucl< e Taylor, Jewett).

Essa exigência metodológica é basicamente correta eas várias tentãtivas Íeitas parz rcalizâ-la concretamente I de-

s í3. cRoNOLOGtA DA V|DA DE PAULO 325

monstraram que, com base nas declarações de Paulo a rcs-peito da coleta para os cristãos de Jerusalém, pode-sc csrrr-belecer com segurança a seqüência: tCor, 2Cór 1-9, lìm.Mas o atanjo cronológico das outrâs cartas só pode scrconseguido com base em conjecturas problemáticas acercada evolução do pensamento de Paulo a. Destarte, o métodonão oferece resultados seguros para um delineamento com-preensivo da atividade de Paulo. Campbell demonsrrou con-vincentemente - e a aÍhmação será confirmada pelo quesegue ---- que a seqüência da atividade missionária de Paulodeduzível das suas cattas é de tal forma compatível comas informações oÍerecidas pelos Atos dos Apóstolos, quetemos motivos sólidos para derivar a cronolo gia rclativa àatividade de Paulo de uma combinação ctltica das inÍorma-ções contidas nas cartas paulinas com o'relato dos Atos.

Essa abordagem produz a seguinte cronologia, emboranão possamos situat com precisão os acontecimentos nesteou naquele ano: de acordo com os cálculos mais ptováveis,passarâm-se dezesseis anos entre a vocação de Paulo e oconcílio apostólico, conforme Gl 1,L8;2,1. Ttês anos sãorealmente poucos para o período que intercorre entÍe oconcflio apostólico e o encerramento dos dezoito meses deatividade em Corinto (Gl 2,11; lTs 2,2; Fl 4,15s; lTs3.,1; 2Cor Il,7-9; At 15,30-78,18a). E o tempo necessá-io paru o retoÌno de Corinto até a Ãsia Menor, passando--se pela Palestina, a permanência de mais de 2 anos emÉfeso, a viagem a Corinto passando pela Macedônia coma petmanência de ffês meses na Acaia, mais o tempo re-querido para levat até Jerusalém o resultado da coleta(lCor 76,8; 2Cor 2,'1.2s;9,4; Rm L5,25-27; At 18,18b-21,'1.5), abrangem indubitavelmente, mais de três anos. Cal-culando tudo, tomando como ponto de partida a permanên-cia em Corinto (49-5t), temos as seguintes datas:

4 Assim, especialmente, Hurd e Buck-Taylor, os quais, com o apoioda teoria, prüamente atbitrâria, de uma fonte (ver acima, S 9; nota74) pam os Atos, indicam uma ordem completamente ertada para as via-gens apostólicas de Paulo, em Atos, e aÍirmam que todas as cartas dePaulo teriam sido escritas enue 44 e 49-52.

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326

ConversãoPrimeira visita a JerusalémPermanência na Síria e na CilíciaConcílio apostólicoPrimeira viagem à Ásia Menor e GréciaSegunda visita à Ásia Menor e GréciaChegada a Jerusalém

B. EPÍSTOLAS

3r/3234/)534/35-484848-5115251.152-55 /56c. 55/56

s 14. PRIMEIRA EPISTOLA AOS TFSSALONTOENSES 327

l . ( ì rntcr ic lo

Dcpois da saudação dc abcrtura ( l , l ) há uma expres-são de agradecimento pela maneira exemplar com que acomunidade aceitou a fé cr istã ( I ,2-I0). Em seguida, Pau-Io, fazendo um retrospecto, defende sua obra missionáriaem Tessalônica (2,L-1.2) , e volta, mais uma vez, parz aconduta do leitor (2,13-16). Ele conclui este trecho ini-cial da epístola com.um testemunho cheio de gratidão a res-peito do seu relacionamento com a comunidade (2,17 --3,L0) e com uma intercessão que se enquadra no esquemade abertura da epístola. Nos capítulos 4 e 5, vêm advertên-cias e instruções: teavivarn-se as obrigações éticas dos cris-tãos tessalonicenses para com o -passado. pagão (4,1-1.2);há uma instrução escatológica referente ao destino dos mem-bros da comunidade que "adormeceram" antes da parusia,acompanhada de um chamado à vigilância por parte dos vi-vos (4,13-5,11), e de uma série de conselhos pormenori-zados paru a viáa da comunidade (5,12-22). Para encer-rar, preces e bênçãos (5,23-28).

2. Situação da comunidade

Tessalônica - ^té

1937, Saloniki -, capital da Pro-vincia Romana da Macedônia, situa-se ao longo da grandeestrada militar, a Yia Egnatia, que ia de Dyrthachium aBizâncio, e pela qual Roma se ligava ao Oriente. Ela en,naquela época, uma cidade populosa, que possuía uma si-nagoga ( At 17 ,L) corn muitos não-judeus " tementes aDeus" (At 1,7,4).

Na chamada segunda viagem missionária, por volta doano 49, Paulo foi de Filipos para Tessalônica, e aí fundoua comunidade ctistã, ajudado por Silvano (ou, como é cha'mado em At, Silas) e Timóteo (cf. LTs 1,1 .5-8;2,I-1,4;3,1-6; Fl 4,L6; e ver At L7,I-1,0;18,5). A comunidaáe enquase toda pagã (t ,9;2,14; At 77,4); Ar istarco (At 20,4)era um judeu ctistão de Tessalônica segundo Cl 4,10s.

Daí, e pelo menos com base lazoâvel, certas afirma-ções a respeito da cronologia não podem ser feitas, umavez que não sabemos quanto durou a prisão de Paulo emCesatéia. Do mesmo modo que o ponto de vista segundoo qual teria sido matirizado (sob Nero?, I Clem. 5,7;6,L ), também o ponto de vista segundo o qual Paulo teriasido posto em liberdade depois de dois anos de cariveiro(At 28,30) e viajado pata a Espanha (cf. Rm 15,24; IClem. 5,7) não passa de'uma suposição provável.

S 14. PnrrrarInn EpísroLA Âos TESSALoNTcENSES

Untersuchungen zu den Kleinen Plsbr., T1'Ê 25, 1965,89ss; B. Rigaux,art. "Thess", LThK 10, L965, 105ss.

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: ì28 B. EPÍSTOLAS

At I7,2 não prova que Paulo tenha ai atuado apenasprlr três ou quatro semânas. Um relacionâmento de con-ftança, como fica evidente em 2,9-I2.t7.I9s;3,6, não po-deria ter-se desenvolvido em tão pouco tempo, e muitomenos a fé exemplar dos tessalonicenses teria tido oportu-nidade de f.azer o que fez (1,8ss). Segundo Fl 4,16, oscristãos de Filipos mais de uma vez enviaram auxílio parao Apóstolo em Tessalônica, o que denota que sua perma-nência na cidade deve ter sido de maior duração. Paulonão ctiou em Tessalônica uma comunidade rigorosamenteorganizada: 5 ,I2 não Í.ala de " superiores e guias " no sen-tido formal dos termos (cf. tTm 5,77), mas fáJo referin-do-se a membros da comunidade que voluntariamente cui-dam dos irmãos, e as exortações (5,L4) não se dirigem aautoridades estabelecidas, mas estimulam a própria comu-nidade a assumir a responsabilidade do bem-estar espiri-tual de seus membros.

A comunidade deve ter-se desenvolvido rapidamente ede maneira gratificante (1,3s;2,I3). Paulo caructeriza osmembros que a formam como exempiares (1,7s) para oscrentes da Macedônia e da Acaia. Os judeus, porém, inci-taram o povo da cidade contra Paulo e Silas, a ponto deterem eles de fugir durante a noite p^ra a Beréia (At 17,5ss ). Paulo deixou a cidade iustamente quando a pregaçãoest^va sendo Íortemente prejudicada pelos judeus de Tes-salônica, e viajou primeiro paru Atenas e daí para Corinto(At 17,13s). Segundo At 17,14s, Si las e Timóteo perma-necerâm em Beréia, mas receberam ordens de Paulo emAtenas para irem ter com ele o mais depressa possível;vindos da Macedônia, encontraram-se com Paulo em Corinto(At 18,5). Tais aÍirmações não concordam exatamente comITs 3,1-6. Aí Paulo declara que, em seu desejo de recebernotícias da jovem comunidade, que ele tivera de deixar tãoapressadamente, "resolvemos ficar sozinhos em Atenas, eenviamos Timóteo" (1s), isto é, para Tessalônica. Ele re-pete a mesma coisa no versículo 5: "mandei", ponto emque o versículo 5 retoma, depois de uma digressão, o ver-sículo 2 ("nós" em suâ forma editorial equivale ao "eu",cm 1,6ss e em outros'lugares, referindo-se ã Paulo)..4 ex-

s 14. PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS TESSALONTCENSES 329

pressão "resolvemos ficar sozinhos em Atenas" pressupõea presença de Timóteo no local. As várias tentaìivas ãm-preendidas no sentido de remover as conrradições não semostraÍam c pazes de provar o que se pretendia c foramprovavelmente inúteis, já' que At não estão devidamcnre in-formados a respeito das viagens dos companheiros de Paulo I

3. Época e ocasião da Epístola

lTs oferece afirmações que pressupõem a situação queinduziu Paulo a enviar Timóteo de Atenas para Tessalô-nica (3,1s), a Íim de tomar algum conhecimento sobre oestado da comunidade. Como, segundo l,I e 3,6, Timó-teo e Silas se acham com Paulo, e Timóteo trouxe notí-cias de Tessalônica, e como, além disto, Atenas é mencio-nada em 3,1 dando a impressão de que Paulo não estives-se mais lâ, a hipótese predominante é a de que LTs tenha

. sido escrita em Corinto, pata onde Paulo se dirigira ao dei-xar Atenas, e onde, conforme At 18,5, Timóteo e Silasnovamente se encontraram com Paulo. Uma vez que serianecessário reservar algum tempo para Timóteo viajar deAtenas para Tessalônica e depois voltar a Corinto, e parutransmitir as notícias sobre o estado da fé dos tessaloni-censes na Macedônia e na Acaia (LTs 1,8s), a PrimeiraEpístola aos Tessalonicenses deve ter sido escrita por voltado ano 50. lTs é, portanto, a mais antiga epístola de Pauloaté hoje sobrevivente.

Yfuias objeções foram feitas a tal suposição 2:

a ) Os opositores contra os quais Paulo estava lutan-do em lTs apresentavam os mesmos pontos de vista (se-gundo Schmithals, eram eles gnósticos judeu-cristãos ) queos combatidos em Gl e em 2Cnr, e Paulo precisava defen-der-se contra críticas idênticas. Isso leva a supor que 1Ts

1 Cf. von Dobschütz, Comw., I)ss.2 Ver Lütgert, Hadorn, Michaelis, Schmithals; Buck-Taylot, 46ss.

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330

dcva ter sido escrita durante o mesmo período de atividadede Paulo, no qual ele escreveu Gl e 2Cor r.

b ) Os relatos referentes à difusão das notícias sobrea Íé dos tessalonicenses na Macedônia e na Acaia, e naverdade em todos os lugares (1,8s), os relativos à perse-guição da comunidade (2,1,4) e à organização qlue nelajâ existia (5,L2) implicam um espaço de tempo já decor-rido desde a fundação da comunidade, o qual pode ter sidomais longo do que apenas alguns meses.

c ) A ocorrência de divetsos óbitos na comunidade éinconcebível dentto de um período tão curto.

d) Como, segundo At 17,L4;18,5, Timóteo não esta-va com Paulo em Atenas, embora 1Ts 3,1 pressuponha queele estivesse, a petmanência em Atenas mencionada em LTsnão pode set idêntica à çitada em At. Conseqüentemente,lTs deve ter sido escrita durante a terceira viagem missio'nária, enquanto Paulo rcalizava sua "visita interina" a Co-rinto (2Cor 2,L). Teríamos, pois, que supor uma estadaem Atenas durante esta viagem, ocasião em que Paulo sefez acompanhar por Timóteo.

e ) No início de sua breve permanência em Atenas (At17,15ss), Paulo não pode ter planejado várias vezes viaiaraté Tessalônica, sem haver sido capaz de pôr em práticaseus planos ( lTs 2,17s).

f ) lTs deve ter sido escrita em Atenas, depois quePaulo veio de Corinto, porque, durante sua permanênciaem Cotinto, Paulo ainda partilhava da exPectativa de quetodos os cristãos viveriam até a patusia, ao passo que, se-gundo lTs 4,15ss, esta perspectiva iá não corresponde aoseu pensamento na época.

Tais argumentos, porém, não são convincentes.

a) É vetdade que, em lTs 2,1ss, Paulo se defendecontra censuras semelhantes às implícitas em Gl e em lCor:

I Segundo Schmithals também lCor, Fl, Rm 16.

S 14. PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES 33í

de estar desviando outros (2,3:2Cor 6,8); de intençõesenganosas e motivos espúrios (2,3:2Cor 4,2); de ganân-cia (2,5:2Cor L2,I6-78); de procurar sua glória pessoal(2,6:2Cot 10,17s; 3, I ;4,5 ) ; de não permit i r que a co-munidade o sustente (2,7 -2Cor 11,9); de adular e debuscar as boas graças do povo (2,4s:Gl 1,10)4. Tal evi-dência não requer que 1Ts provenha do período da lutado Apóstolo contra os judaizantes e os gnósticos. Judeus,judaizantes e gnósticos indubitavelmente usaram rnuitas ve-zes as mesmas arrnas contfa Paulo.

Em Tessalônica, foram evidentemente os judeus locaisque persuadiram a jovem comunidade cristã de que Pauloera um mágico de espírito corrompido, gu€, servindo-se detodo tipo de truques, tentava. autopromover-se empreen-dendo uma propaganda ambiciosa. Em 2,1ss.18s, e ),9s,Paulo procura defender-se de tais ataques, e não pensa com-bater a falsa douttina que penetara na comunidade. Se ocontexto histórico erâ este, então o súbito golpe contra ahostilidade do judaísmo contra os cristãos está Íacilmenteexplicado (2,14-16).

b ) As referências à expansão da f.ama da fé dos tes-salonicenses e à perseguição que eles soÍreram não exigemum longo ,período de tempo, e não existe alusão algumaa uma otganização estabelecida (ver p. 328).

c) Alguns óbitos poderiam ter oconido mesmo numcurto lapso de tempo.

d ) Os Atos dos Apóstolos não poderiam estar tão beminfotmados sobre os companheiros de viagem de Paulo.

e ) Não sabemos quanto tempo durou a permanênciade Paulo em Atenas, rêlataáa ro lãngo do capíìulo 17 dosAtos dos Apóstolos, e não podemos determinar a que obs-

4 CÍ. Schmithals, "Historische Situation", 100ss. Schmithals nãoconsegue provar que essas censuras contra Paulo- procedem de .oposito-res gãóstièos, os quais, desde a partida de Paulo, se introduziram nacomunidade de Tessalônica.

B. EPÍSTOLAS

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!

332 B. EPíSTOLAS

táculos Paulo se rcÍeúa quando dizia: "Quisemos ir visitar-

lTs não poderia ter sido escrira nesta época.

f ) Não está provado que Paulo, na época de sua pri-meira visita a Corinto, esperasse que todos os cristãos vi-vessem até a patusia 6. Assim sendo, tal argumento apre-senta-se simplesmente inútil.

Mais importante, porém, do que estas asserções nega-tivas, o que a epístola nos fala sobre o relacionamento dePaulo com a comunidade, até essa época, constitui um ar-gumento contra o fato de haver lTs sido escrita vários anosdepois da panida de Paulo de Tessalônica. Em L,5-2,L2,alusões Íeitas ao tempo em que Paulo pela primeira vezexerceu sua atividade missionária em Tessalônica (1,5.9;2,2.8s.L2) e à sua "chegada" entre eles (1,9;2,L) indicamcomo não pode haver objeções contra sua ida a Tessalô-níca, como os tessalonicenses, pela sua conversão, se tor-naÍam imitadores de Paulo e de Cristo (1,6), passandoassim a servir de exemplo para outros (L,7).Com as con-tínuas mudanças de expressão, o Apóstolo lembraJhes estesfatos: "Bem sabeis" (1,5;2,1ss); "Ainda vos lembrais" (2,9); "Vós sois testemunhas" (2,L0). Todas estas são lem-branças recentes. Além disto (2,I7s), depois de sua par-tida, Paulo sentiu-se " pròs kairòn bóras privado de sua corn-panhia" e, por isso, inclinado a dirigir-se a seus leitores.Portanto, ele deve ter estado ausente de Tessalônica aindaque por pouco tempo- As saudades que tinha de sua co-munidade oprimiram-no tanto, que ele decidiu, não um4mas duas vezes, viajat até Tessalônica, a Íim de ver se acomunidade permanecia firme no período de tribulação e

5 Schmithals, "Historische Situation", lJ3.', É o que pensa Buck-Taylor, 47.

s 14. PR|ME|RA EPÍSTOLA AOS TESSALONTCENSES 333

_ Segundo 3,6, LTs foi escrita imediatamente depois davolta de Timóteo e do enconrro deste com Paulo. d ApOs-tolo viajara de Atenas para Corinto e começara a pregara1 na sinagoga,

^té que Silas e Timóteo se enconrraram

4,9.13;5,7.L2).

As notícias livram Paulo de uma grande preocupação.:a comunidade persevera firme na Íé e no amor (3,6); aprofunda alegria que ele experimenta com isto exprime-seem termos que servem paru f.ortalecer a fé da comunidadee para af.astar as suspeitas suscitadas conüa Paulo. Eviden-cia-se aqui a dificuldade que os primeiros pagãos sentiramdiante da pregação de uma glória escatológica iminente (cf.4,1 ls. L 3ss;5,1ss.14 ) , mas patenteia-se também a necessi-dade de inserir numa harmonia vital a responsabilidadeainda futura em face de Deus, e a sóbria obrigação moralrelativa ao momento presente ( 5,6ss;4,3ss.5,L2s.79s). Em-bora em lTs falte qualquer tipo de instrução sistemática,ela é uma epístola real em todo o resto de sua estrutura,uma epístola que nasceu numa situação especíÍica e única,um testemunho pessoal da obra missionária de Paulo.

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334

4. Autenricidade e integtidade

. Es'e argumento. porém, só podera seÌ considerâdo vá-IIdo, se âceirarúos a pressuposiçáo de que lls provenhade Paulo. na íorma em-que loi riansmirida às geraiões pos

Por outro lado, E. Fuchs,, Eckart e Schmithalsì0preÍeririam pro,, ar de vírjas maneiras que lTs se compõede duas epísrobs aurénricâs renoeridâs aos tessalonicen-ses rt. Com as duas epístolas aos tessalonicenses SchmithalsreLonsti lui quarró epísrolas 'origirais", das qrais a segunda incÌui l fs 1,t-2.12 | 4.2-5,íE, e â qual; âbrange "tTs2,114.1. Segundo Schmirhals, existem doi" fundamenros

e.I. Fuchs, "HebeneuÌik?', ThViâÌ 7, 1960, 46ss t=E F, Gtdrbe,"t E4ëhtz.r. 1965. rre,s)_..._.r0 DÌ ao.do cod V Schmk,'D.Ì I Kor âts Bliefsanntuns.,'/N\I 6A, ]969, 21)

Ìr (:onúr â posição de EckÍt, ú Künmel (vú .ÒÌá s), 220*

S 14 PnÌÍllEiFA EPlsÌoLA AOS ÌESSALONTCENSES J35

tanto, este modo de agir do rcdator é incompreensível.

B EPÍSÌOLAS

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t

336 B EPÍSÌOLAS

O Íato é qr:e a hipótese de uma coleção originâl de serccpístolâs paulinâs, em si, não esrá provâdâ (ver 5 J5.2).O que acontece, porém, é que não há ninguém que aduzamotivos na reâlidade convincentes para demonstrar que alËJem, que náo fosse o auLor or iginal . haja reunido diversas das epísrolas de Paulo, excluindo alguns rrechos e re-elaborando outros !t.

O patalelo acrcscentado por G. Borúamm t6 - aprovável combinâçãoJ na Carta de Policarpo aos Íiüpenses,de duas epístolas: 7-72 e 1)-74 r7 - nâde plova a res-peito dessa conexão, porquânto, no caso, duas efstolas sãocolocadas lado a lado, ao passo que, na hipórese dos tes-salonicenses, as epístolas são mistuÌadas Íormando um mes-

Se é verdade que "na ântigüidade não existem para-lelos" para tal combinação de epístolas 1x, então â hipótesede que as duas epístolas âos tessalonicenses Íoram combi-nadas pârâ formar â nossa 1Ts deve ser considerada im-

5 15 SEGIJNDA EPÍSÌOLA AOS ÌESSaLONICENSES 337

slonicherbrieÍes", ZI.IXI 14, 1952/53, 1,r2s' (=Güahhlhe Statlièk ."dNT aid rìd* Udueu, 1962, 20ts); P D,y, "Thc Pdcti.âl Purpo*ôÍ SIìúd Th6salúi,rs', ATR 45, 1961, 20ls; D L hrm.nn, DdJOlle"bzt,netue5tiinrln6 beì Psrlt! r, den pdÀhh]che" Genetaden,!íMANT 16, 1965, 109$

l. Conreúdo

Depois de uma fótmula de saudação introdutória (1,1-2), Paulo agrzdece pela preseÌvação da comunidade nafé e no amor, e, princìpalmente, pela paciência de seusmembros em suportar o soÍrimento, Adverre-os sobre aparusia e o juízo final, e encerta a introdução da epístoÌacom uma súplica pela comunidade (1,1-12).

 epístola propriamente dita, começâ com urn apeloem favor do equiÍbrio e da ponderação em Íâce de umâexpectativâ ex4geÌada da parusia, que estavâ ocoÌrendo nâcomunidâde de Tessalônica: o dia do Senlor ainda nãoveio; pÌiheiÌo deve vir 'o Adversário'. Este já está tâ-balhando setretameore, mas será coibido por um poder conhecido da comunidade Depois desta rnanifestação, eleserá desttuldo por ocasião da parusia (2,1-12).

Seguem-se agradecimentos pela escolha dos cristãos,gue recebem o mnseÌho de s€ mantetenr firmes. Repete-seo pedido relativo à conÍiança que meÌece a Íidelidade deCristo e de Deus (2,11-1,5).

Vêm depois instruções especiais â propósito dos quelevam vida desordenada, preferindo a pÍeguiça e â ociosi-dade por causa da proximidade da paÌì.Ìsia (1,6-16).

Á epístola termina com saudações de Paulo enviadasde propf lo puhho {J.r / - lõ i .

2. Seqúência cronológica daI e ll EpisLoÌas aos tessaìonicenses

Desde Hugo GÌotius (1ó41), repetidâs vezes tem-seproposto que ã segunda Epístola aos tessalonicenses foi

S 15, SscuNoe EpÍsÍor-Á Áos rEssÁLoNtcENsEs

Alén dâ bibÌiosúfiâ .o $ 14: ì{ \ì(Ìrede, Die Echthêìí des 2 Thüs,TU, NF 9, 2, 1901i Á. Hünack, "Des Probled dcs 2 The$", S,{Brer0, r60$i J. W@1, Die tchtteit dps 2 Íhat Lsk,tt.rt, BSi 19,4,raf6; J. C,rÍ"n, Dp Echth.it d8 2 B?hkt a" .!p Tba,'lÒDknÌ,NT,4 14, t, l9l0; E. Schvejzer, "Der Thcs ei! Phil2" -IbZ r, 1945,90ssi 286ss; 2, 1946, 74sj nourro seotido, ver: V. Miúae]is, ThZ 1,282sj H Brá!n, "Zur nrchtpaulinischcn Húku.ft des neiten Ths-

It CÍ W MióáeÌis, - TeiÌursshypotbesen beì PrdusbrieÍe', ThZ14, 1958, 12lss

ra C Borúr'm, Ae Voryd.hi.hte da "az Zuaren K.a*betffi./.Í, SAH 1461, 2, 14, norá Ì11.

l'Ve, B. Alraner.A. Strih"Í, PdtoloaÊ, 0ô6, 7' ed, \ìs.rB 5 t ì Ìhr l ! , 'B:r Í loDDo. i r io len , , la. A reÍerência de J Srhm.d

llhRv 62, 1966, J05) ãos €soiÌos dc SiDeão dã Msopo,âúi., como'nr ,\empln diíi. note pode lfld à algum pmgEso, pois âqur ndb' ' , ' . ' r !1" câ' , . . e. i ì , prc\aveìrenÌc. de d(epções t \er I . Qúi ' .I I PrtúLtp, Illi 1960, 164s)

Page 12: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

I338 8 EPISÌOLAS

(scfi tâ anres da primeira'. Os Íundamenros apÌesenÌâdoslura Íustrt icar eslá dara an.erior de 2Ts são:

1) lTs Íoi colocadâ antes de 2Ts no cânone porqueerâ mâis Ìonga.

. 2) Timóteo, ao ser enviado a Tessâlônice, ffouxe comele uma epístolâ.

3) 4 pr"vaçao em 2Ts refere,se ao presente; em 1Ts,ao passado.

. 5) A. referéncia à assinalura pessoal em 2Ts f,t7 úteÌla senttdo se iosse es!â a primeira epÍsrola

- 6), A. observação de que a comu,ridade nào rin_ha ne

cessrdade de ser rnstruída no tocante ao tempo e âo prazo(1Ts 5,1) ÍicaÌia meÌhoÍ entendida se seui rnembràs jáhouvessem lido 2Ts 2,3ss.

8) A escatologia e a cristologia em 2Ts apresenrâm-se mars. pnmf,vas do que as exposras em lTs.

târs árg!men1os, porém. não sáo absoluramenre con-

l) Não há fundamento prra se coni€cLurâr umâ Ìrrns.posição denLÌo da coleção das epíslolas pâulinâs.

.. I n(rnchmk Alberp, Appel r2Tr Íoi sômenre env:adr d,es de

HadoÌn, llóa8i T. \l(. Msnson; Ì. ìí-s. DaJ Lt/.rri' ; t t 'üa 1qt7 21,.s: B ú fâylôÌ , t r0$. ì . \ú i rh. ls co;s idèÌ, ) , r 12:'.ò

rÍ onô pimeiro sdro dc paulo pàÌr . Iess,lóni(á.

I 1s SEGUNDA EPiSÌOLA Aos ÌÉSSALoNICENSES 339

2) Timóteo é um mensageiro, um irmão qrrc loienviâdo poÌ PauÌo. Por isto, ele não poderia ter lcvltlocorìsigo a epístola.

3) Segundo 1Ts l,ls, ainda perduram as diÍicLrldadcs,e levando-se em conta âs condiçóes existentes em Tessalô-nica, elas poderiam recrudesaer novâmente â qualquer mo-mento. Aliás, é o que 2Ts 1,4ss mostra que Ìealmcntc

4) Pâulo, por ocasião da fundação da comunidade,1á havia advertido cohtrâ uma tendência à ociosidade, queesrava sJÌgindo como conseqüénciâ do en.usia.mo escaLo.lógico (lTs 4,11); ele tÌ^t^ do âssurìto em lTs 4,10s eetn 5,14. Em conttapâÌtidâ, na segunde Epístola aos tes-salonicenses, Paulo precisou tomar medidas enérgicas, e,parâ isto, nâturalmente recorÌe mais à instrução oral dadaquando â comunidáde foi fr:ndada, do que a aÌusões a lTs4,10s;5,14

5; Paulo recorda comunicaóes escÌitâs ânreÌiormenLenão só em lcor 5,9i 2CoÌ 2,3ssi 7,8.12, Ínas também em2Ts 2,15. E 2Ts talvez pressuponhâ que ulna epístola es'púia de Paulo esteia úcuìando em Tessâìônica. Tâl con'jectura, porém, justiÍica de sobra a obseÌvação contida em2Ts 1,17 sobre seu costume quando escreve cartas.

6) 1Ts 5,rs âlude à insrução orâ1, como o fâz iguâl-mente o trecho lTs 4,9.

7t Nada indica que âs questões errsrentes na comu-nidade Íossem ocasionadas por uma epístola de Paulo

8) 2Ts não menciona os que moÌrern aDtes da patusia, mas isso nada implica a proEísito de uma visão es-

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341340 s EPÍSÌOLAS

({ì jrìrnidade conúâriâ decisjvâmente a suposição de que lTsrcja a segund-a episrola es.Íila à comunÌdadi. A seqüênciacanónica deve, port nro. ser a oÌiginâl.

J. Autênticidade e unidade

O primeiro â coltestaÌ a autentícidade de 2Ts, ÍoiJ. E, Clnistian Schmidt em Venflut neen über díe beidenBriele an die Thessalonkher Í1798): Juas adveÌrênciâs em2,1'12 recomenrlando que conÍiem numa epístola escrita emseu nome, onde Paulo afirma a proximidade da parusia,são tão antipaulinâs quanro as fantasias natrada" iobre áAnticÌisÌo.

F, H, Kern r acÌescentou a esta teotiâ a suDosicão deque 2Ts era literariamente dependente de 1Ts,-e indicouexpressões não-paulinas e o trecho 2Ts 3,17. Tal reÍerên-cia evidencis a tenrariva de querer mnseguir qüe ptedo-minc a aceitação da inautenticidade da carta como epístolaPâUlrnâ,

Durante várias décadas, a pesquisa de Kern foi en-cârâda como normadva. ì0. \íredè, ao estabelecer a inau-tenticidade dâ epístola, enfatizoü a dependência literáriade 2Ts em reJação a lTs: 2Ts é quase rotáImanre depen-dente de lTs. AJém disro, se Paulo pudesse ter jmaginadoque seu nome seria indevidamente usado numa cata Íot-iada \2Ts 2,2;3,171, ter.se-ia detido mais longamenre noassunto. Esta crítica de Wrede, em rods a sua exrmsão,repousa na negâçào hodierna da autentìcidade de 2Ts, mas.,lem dlsto, Ìessalta o seÂulnte:

a) a incornparibildld e de 2Ts 2,1-12 corn as passâ-gens escatológicas de lTs 4,1lss e lCot 15,20ss!;

b) o tom moralìzante de 2Ts 1,5ss e 2,12 eíít con-fronro com a árirude cornum em Paulo';

? Âc€@ da hisúriâ dâ cÌlücr, cí. Rjs?ü, Conn, r24ssI "Sobre 2Ts 2,1'12", 121Ï 1819, 14t$.a Mtrson, Fuü*, Mds.n, G ZieDer, GANT, l05i Lührnmn

S 15 SÉGIJNDA EPÍSTOLA AOS ÌESSALONICENSES

c) o enÍoque consistente do aÌgumento conÌido2Ts sobre a aütoridâde do âpóstolo 6.

2Ts tâbbém se codpõe de duas epístolas, e que â semelhança literrtia entre 1 e 2Ts pode ser expJicada pela ma-neirâ pârecida de combinar duas epístolas em ambas âsepístolas canônicas.

 suposição da origem não-paulina de 2Ts sofre o de-safio de importantes consideÌaçóes, contudo. Àtgumentoscontrâ â qutenticidâde baseados em atitudes diÍetentes diante da expectativâ do Fim em lTs e em 2Ts não Podemset considerados v,ilidos. Os conceitos empregados em 2Tsconstituein um material apocalíptìco tadicional; o homemímpio (2Ts 2,1) e aquele qüe Ìetém (katéchok, o misr6rio dá iniqüidade em 2,7 são figuras apocalípticas 3; osaconrecimentos que o lrecho z.Jss PressuPõe são

64, r97Ì, EE33 Vd Dibelius, ,l lo.

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342 B EPISÌOLAS

rctém o mistério dâ iniqüidade). Convém lembrar que asduas concepções - o Fim chegando rcpenÌinamente, e oFim rendo an.ecedenLes hisLóricos - ocorrem junras naàpocaliprica do iudaísmo e do oisrianismo prjmirivo, e re-pousâm nâ mesma peÌspectrva. Também não é verdade quePaulo, em nenhum outrc Ìugâr, âpresente um tâl d€tâÌheapocâlíptico (cf . 1Ts 4,15-17;1Cor 15,23-78.5Is).

A 'escatologia consümadâ" e dos falsos mesttes queproclamam: 'O Dia do Senhor já esú próxino" l2Ts 2,2)ro, de maneira alguma, deveria seÌ Ìelacionade com ognosticjsmo. Além do mais, Paulo, apesar de re{erências, àcontecimenros que ainda retardam o fim, pressupôe, em2Ts 2,1, que "o mistério da impiedade ainda esteja agindo", e, desre modo, calc..rla que os eventos escatológicosesrejam começando. Embora os relatos, que a ele chega'ram, sobre a expectativa escatológica super.entusiástÌca dealguns oistãos em Tessalônica, compreensivelmente, levam--no a enlatizar os fatores que contribuem parâ â demora,ainda que, mesmo assim, ele conserve vivâ â expectativâoe uma patusla Lmlnente

Âs outÌâs objeções contta o Íato de haver Paulo es-crito 2Ts também não são convincmtes, e, realmente, al-guns Íarotes servem de apoio à süposição de que eìe atenhâ escÌito-

É claro que, baseado nos relâtos recebidos, Paulo Ìi-nha razão de admitit que uma cartâ espútia, escrita em seunome, estivesse circulando (2,2), e, pot câusa disso, em1,17 ele alude âos traços característrcos de todâs as suâscartas. Não há nada, porém, que justiÍique a afirmação deque eÌe pudesse ter ido mais longe, na tentativa de escla-recer melhor o assr.rnto, iá que, principâlmente em Gl 6,11,aooiado em outros Íu:ndaDrentos. ele ambém se ÉÍeriu àarrtenticidade da Epístola aos gálatas, recorÌendo à meÍ|çãode sua assinatura feira de p6prio punho.

q Á$im Dêns R H. FulÌe!, Lr, 59.

'o A ÌespeiÌô d.!sa ìínis ródução .,ssiÉl de eãésthehcr, cl

S.hmirÌrÍls. "Histo.ische Sitü&iô.", l46s

9 !s SÉGUNDÁ EPÍSÌOLA AOS ÌESSALONTCENSÊS 343

Embora Braun tivesse desejado ver ern 2Ts uma ex-tensão moralizadoÌa da teologia contidâ em 1Ts, poÌ causâda predição do julgamento divino para os optessores dacomunidade (1,5ss), existe um julgamento análogo dos judeus que se opõem à misúo no tÌecho lTs 2,16. E 2'fs1,11 mosira que, em 2TsJ não existe absolutemente umâexpectativa que assumisse o câÌáter de utna aceitação geraldos cristãos diante do julgamento, pelo simples Íato de se-rem eles crisrãosrr.'Indicar um tipo nìais cohsisterìte dÈapoìo à autoridade do Apóstolo e da tÌadrção transmiddâpor eLe | 2,2,1);t,1.6.tu,12,tÍ+), Clo que nâs ourrâs epìi-tolas de Paulo eqr.rivale a minimizar o Íato de que Paulo,em 1Ts 4,1s; lCot 7,25.40;1,4,37; Gl 5,2; FI 2,12, Dáodá uma ênÍase menos expìícita à sua autoridade apostólica.

Enquanto as objeçõ€s contÌa á autoÌia paulina de 2Tsnão são âbsoÌulameúte Dersuâsivâs. existern váÌios elemen-tos que falam a favor di sua âut€nticidade.

A linglagem e o estilo de 2Ts, com exceção de pou'cas palavÌes, são de cuhho proÍundâmente paulino: epipbá-xeìa pzf;^ a paÌusia só ocoÌre em 2Ts 2,8 e nas epístolâsPastorais. Este, porém, não constitui o íÍ\t.o tetmifiustechfiìcrs em 2Ts. Se ocasionalmente em 2Ts (2,!);3,16)klios é vado em vez ée theós ( 1Ts-1,4;5,2J ), encontra'-se iguaìrnente substituição sehelhânte em outros lugareslITs 2,12; cÍ. Cl 1,10). Os vínculos litetários entre 2Tse lTs são, sem a menoÍ dúvida, rnuito estreitos t2, mas,ao coítÍârio do que afirma lwrede, os pontos de contatonão ocoÌrem na m€smâ seqüência ao longo das epísolas,e âchâm-se espalhados ern apenâs ceÌca de um terço dasegr]nda epístola, de modo que nada há que nos induzâ âsupot que exista uma dependência litetária. A mudançade tom - coÌnpaïem-se 2Ts 1);2,1) e chalisteifl opÈei-lomen am íTs 12:2,13 elcha stoúmen - é compÌeensível, tendo-se em vista a censuÌâ que Paulo precisa fazer

11 Ouros arNnenrôs conÍ, BMün cú Schniü.Ìs, "BÌiefkonpo

t2 C{ a úbua m RiÊâux. Coz, rlls

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5 í5 SEGUNDA EPÍSÍOLÁ AOS ÌESSATONICÉNSES344

em 2Ts, e quer atás, cortesponde ao estiÌo litúrgico (ICIem )8,4; Batn 5 )),

A hipótese de inaurenricrdade, po!ém, crja suas pró-prias difículdades. Como, a partit do início do século II(Policarpo, Filipenses, 11,4; MâÌcião ) 2Ts passou, iÍcon-resravelmente, e izzet p^Ìre dos escritos Pâulinos, elâ deveter sido escdta bem mais taúe, nos primeiros aDos do se_cllo IL Mas a controvérsta sobÌe a "escetoloqia cotrsuma-da", que constitui o ponto centÌâl da epístoú, não podeser expücada de acordo com as tendêDcias pós-pauìioas noséculo L Na verdade, 2Ts 2,4 Íoi evidentemente

dizer, do que um autor que o imite conscientemente-EvidenrcmeÍrte, tal argumeno só seú váiido s€ esti'

ver pressumsro que 2Ts representa uma rlnidade liteníriadentro da'Íorma em que fói uansmitida. Contra esta su

cio de uma fórmula conclutiva em 2,16s no contetto oripinal de uma eDicrolâ Dâulina. E isto enquanto nào se com-i 'orar o dado ìndemonsrrãvel e injusti f i ;dvel de que Paulo

Lr (lí lTs 1,12 e lon Dobrhütz fo commtÁlio À essa pass4em

tenha sempre conservado o mesmo esquema literário emtodâs as suâs epístolas, O cotrjünto d€ eÌementos evidmciâantes que 2Ts constitui üma segunda epístola de Paulo àcomunidade de Tessalônica.

Resta âinda explicar a inteÍessante circustância de qÌrePaulo deveria tet escrito à mesma comunidâde uma epís-tola em vários pontos semelhânte à ante ot. Fizeram'setenÍâtrvâs pâra evitar as conseqüêÍÌciâs da Íorça de tal hi-Fítese, mediente a aÍiÌmâção de que a epístola Íora origiÍÁÌiamente ender€çada ã umâ miooÌiá judeu.cristã em Tes-salôaicara, ou , um grupo especjal dentro da igejar5. ouà comunid.rde de Berãa fr ou de FiÌiposL?, Todai estas hi-póteses, porém, são iontrove$idas pelo fato de que, nocaso, o endereço original precisaria teÌ sido altetado (porquê?), e de que, segundo 2Ts 2,15, Paulo já havia escÌitouma epístoÌa À mesmâ comÌüridade.

2Ts setia, pois, mais compreensível se o ptóptio Pau-lo a houvesse esctito âlgumes semânrs depois de ter es-crito 1Ts, quando esta priheiÌâ carta ainda se eoconüavâhem dtida em sua mente.

olâ-pão" (l,lls), á taÌ ponro que Páulo se vê obÌigadoa recomendar certas medidas pata a disciplina da igreiacontÍa esse tipo de Íanatismo (3,6ss.11ss).

ü Alb€rÌz, ll$Eck.It Dibelils,16 Goêuel.

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B EPÍSÌOLAS 5 16 PBIMEIBA EPISÌOLA AOS COBÍNÌIOS 347

ritados de 1Ts, que Íez com que lTs 2,1-r,10 ainda Per-mânecesse essendalmente lnusltadâ.

náricos.

Se 2Ts rrão tivesse sido esuita muito tempo depoisde lTs, eotão poder-se-ia deduzit que o lugaÌ provável desua Ìedação Íosse Corinto e a época prováveÌ os anos50151

óbm, W G Kümhel, ThLZ 91, tots); lì Llotcy, "Pauls InkÌ,cÌionswirh the Coínthìans', JBL 81, L9ó5, Ll9ssi J. HaÍisôn, 'SÌ PâulslaÍec ro rfc Colinüians, [xrT 11, 19óó, 26r!st Á FaìilLeÌ, DBSVII, 1966, 17lsj l. B Richüd!, 'Ronâns âDd I Corinthhns: TheirCh!o!olop',,1 R.laÌior.h,o and Coroam,:r" Dtk, . NTS lJ. 196ú167.l4*: N - \ D,hl. P,ul rd rhe úrú I GÚrh

^c.oÍdina ,o I

Corinrhims 1:r0.4:2r", Cbtirti'n HÉtdt ú,1 I'te.p,et'tìo' Fe'tscbt.l. K"ox, 1961, ltls; J. C ì( FÌeebom, "Thc DereloDncnr oí h('oilc ar Corinth", SrEv IV, Tu 102, 1968, 404*; R BuÌtúánn, il4iÍd!"d Nath des Chlhdìche, Eìr. A,slequr| ,ah 1 Ko/ 1,1-J,4, N'lA,NF 5, 1968j lí. Scbenk, 'Dú 1 Kof als Bri.fsannbne , ZNìí 60,1969, 219s, R Jeverr, Prl,t Arthrcpalôs'@l Teth\, IG'IU 1a,1971, 2Jts

1. Conteúdo

Depois do proêmio e da expressão de agradecimentopelâ açã; de Deìs no seio da comunidade, Paulo, baseadoem reiarrjr ios (1,11r, discuÌe os coníÌ i to" exisrenles na co-Ínuhidade (1,10-4,21): teagindo contta â estima erïâda_menre superválorüadâ pelos cheies oistãos primitivos, considerados individualmente, Paulo ÌeÍeÌe-se à não'esseÂclâ'lidade do pregador individual do evangelho, já que o evan-

nos reÍetentes à comunidade (o envio de Timóreo, que jáse veriÍicara, e seu ptóptio plano de ir até lá).

Por causa de uma comìrnjcâção posteÌior (r,1), suÌgeuma discussão sobre problemas sexuais: 5,1-1J, o câso de

aos ídolos (8,1-11,1). (Digressão ern 9,1-27 sobre o-diteito que âssiste ao Apóstõlo de Ìecebet sustento, sobÌesuâ mâ;utenção oscilânte, e sobte sua capacidade de se adap-tat em beneÍício de sua missãoi eÍn 10,1_11 trata-se do

$ 16. Puvrrn,r EPísroLÁ Áos coRiNTlos

Page 17: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

349 B EPISÍOIÀS

perigo dos abtepâssados no deserto e do perigo ânáÌogoque existe pára os cristãos ).

Passa.se então para problemas rclacionadot com oculto (11,2-14,40); e, em 6eqüência, abordam-se proble-mas relativos à conveniência da cabeça cobetta pâm as mu_lheres no culto (11,J-16), à corÌetâ celebração dâ Ceiado Senhor (11,17-14), e ao l:gar dos dons do Espíritonas assembléias da comunidade (12,1-14,40). (Nova di-

dações e bênção (16,19-24).Vê-se daramente que a epístola não obedece â ümâ

seqüéncie lócica de idéias, mas vai abordando diverso. assunros tobÌe-a vida e a Íé da comunidade crisrã, baseando--se nos relatóÌios da comunidade e procurando ÌespofldeÌa umâ calta enviada pela comunidade. Por isto, não existe

2. Situação ds comunidade

Em 146 a.C., a ricâ e antrga cidade de Corinro'Íoidestruída. César Ì€ÉoDstÌuiu a cidade, dela fazendo umacolônia romana, e, àe 29 aÊ. em diante, Corinto ficou

Releuvanenre a CoÌúto, v.! Th Le-$hlu P\í 3upl 4 lq2a,9t\. 6. 1rJ5. tal* 4at'pit CÒìirth A CuidP to thè Lx.duatton!1960, 6s'cd.r R. M. Grúr, BhHv lÌ, 1964, 988s

5 16 PBTMETBÀ EPÍSTOIÂ ÂOS COBINÌ|OS 349

smdo a sede do procônsul, e a capital da provincr.Ì scnrr.torial da Acaia. Localizada às margens de dois mares c comportos I leste ( Cêncteas ) e a oeste (Lecheeum), era clnum cenüo de comércio natuÌal entre o Oriente e oOcidente.

epÍstolas aos coÌínÌios.

pois de um ano e meio de ministério de Pâulo (Át 18,11)al: iâ havía uma comunidade Ílorescente, que consistiâ degen;os cristãos llGÍ 12,2), na maioriá pÌocedenles ìasclasses mais bai:as ( ICor 1,26ss), mas o elemenlo iudeu-

2 Â .lim.éo, mpldotc diÍlrdida d€ que 'ìo l@Dlo de. 4qD

d'r., n. .cúpol. de Cdirro. dâ iords@@k pnüc.d... p!o5ü.ruç$'não <orsDof,de ,q tâto5 (L€! tu prevâs c6 rI (rnz.únanD.

^on4'nd die Ìúìidct"ez det AphtudiÌe Zu Relisontc.r.bkbt. dPt \tadt lao'tì'th, N^G t961, 8).

Page 18: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

350 3 EPISÌOLAS

Àntes de lCor, Paulo já escÌevera uma epístola aoscoríntios ( lCot 5,9ss), na qual proibita que 4 comunidâdetivesse quâlquer tipo de relacionamento com pessoâs sen-suais e ávidas de ptazer. Em Colinto, isto foÍa intetPre-rado como se o Aprjstolo se referissr â pcssoas imorais queviviam fora da cdmunidade. O problema de saber se eita"€pÍstola anteÌio!" a lCor se pirdeu ou se, em parte ounJ todo, pode ser reconstituíd; por meio das duas epís-tolas aos coríntios que se conservâÌâmJ é algo a que só sepode rcsponder em conexão com a qllestão reÌstiva à uni_dade das duas epísrolas

5 13, PATMETFA EPÍSÌOLA AOS COÀINÌIOS 351

gãos (8,10). Durante a Ceia do Senhor, os ricos se eÍn,PanturravaÍn de cornjda e bebida que tráziam coÍlsigo, âopasso que os pobres permaneciam com Íome (11,17ss).O culto acaba pot degenemr em desordem, enquafito âglo*solalia, cuja práticr era exaltaÁl- como smdo o caris-tna cristão poÌ excelêffiá, ameaçzva supÌi-mjr outÌâs óÌâsdo Espírito (14). Toda a idéia da cença cdstã na ressuÌreição dos moÌtos erâ negadá por ume parceìa da comu-nidrde ( I5,12).

No entanto, Pâulo preocupava.se priocipalmente coma noúcia de discórdias e cisões derìtÌo da comunidade. PeÍofato de Paulo, no início de s€us comentários sobrc tal si-tuâção na coÍnunidâde (1-4), dizer que existiad pessoâsna comunidade que se identificavam como rpeftencendo aPar.rlo, Ápolo, Crfas ou Gisto" (1,12), tem havido, a co-meçar coh F. C. Baur r, discr:súo a pmÉsito de " peÌú-dos" em Cotinto í. Fizeram-se rent4tivas ro sentido de es-DecificâÌ os "oartidos" individualmeote e de distribuir alolêrnica hclúda na epístola de modo a coÍrelecionálacom os PâÌtlclos '.

Com base no rúro de Gl (2,llss), é fáciì perceberque os adeptos de Pedro eram repÌesentarÌtes de um cris-tianisrlÌo judaico, que âpelâveÍÍì parâ os apóstolos oÍiginá-rios de Jetusalém, emborâ em lCor não ouçamos nada aÌespeito do c!-oìpÌimento da Lei, nem saibamos coisa al-guma sobre a cstada de Pedro em Corinto 6. Ápoiados enAt 1E,24 e €rh lcor l,18ss poderíamos também deÍendera hipótese de que Àpolo representasse um tlpo de cÌistia-nicmo indinâdo a desmvolver a rctórice e a eúeir sabedo-

, F. C. Bru!. "Die chrkhrlDríeí in der koÌinrtó.n Gdeh&'erc,,'tzT\ 4, 1831, 61ss (:F. e. R, Aase'uôhh. W*kê ií ÊiDzt.atstbeb, ed. w K, Scholde!, I, 1961, l$))i qcúto m VGK, NTlrE$

. !q. Sclmiúúls, D^ kç.blith. Apolt.hht, FIU-ÁNT 81, 1961, 191,noú 4ó2 fdr dê l@ '(rJl]Mid.d. D€úio-.

t Ve! o rcsllm seÉl d. situ.ção @ Hurd, 9ú6.6 Â]sn de 6 mscionados o Hurd (100, nota l), a hipótea

dê h niristédo de PedF. oìr Elo nsos de ma su. .!t.dá €nCo!in!o, úontr. defensors em Éurtt, "Cephas", 5s, e SúDiÌhals,Gtoti', )! èd,., )54s.

Page 19: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

352 B EPÍSÌOLAS

dè Cbìstotâ

7 CoD nuir. !eão, a ptopolb de qDe P.!lo en lcar stejapotcmiando onrn u.

-bdE.;re de su, eu@ridcde, .htuldo.p€ros

ãdeor6 de AFlo. 03 auâjs * *'ao, pd loto. dt @b quc ^pooã.àãìã ï* iiri,""i- aËõ'i;6. .o i"ir" FÌ cr.sinod, cdrc íú,4

iiüi iõ"-ii-i".ãìi, úá., *;.H. M;nt.rioe, cazz o' H,á, BNrc1964,22Ès).

3 F C- Bá!!i FeinelB€hrq c. vei^iid.ú. D.! A}dtolit.hc z.itdttè dã .hdttlkh'n Kit'hc

tA92, ! eÀ.,277s: E. Bod;ê|, TIZ tt, r95r,4r2Io LieEdn@; Jiilichd Fáeàd.11 Lülcqt, Schniúals, Jd.tt.12 Mr.son. Jr., 207.ti R^erÌ- Chhttiaritl. 284.tt úiú.i. ttGú. -1. vJ.h: cocúel, Michad'si vilcl.ns: H

Mcb(h, ',4roío{or i; úe NI", StTh 2, t94c/t0, te6

s 1ô, PÊjME|FA ËPISTOLA AOS COFINÌ|OS 353

OutÌos rèm discrtido o Íaro de que não hâvra íbsolu!ârDente secraÌismo nem Íâcçóes em Corinto, e acabaÌâmpor. apresentãr o ponro de vhra de que o que exisria emUoÌinto €râ siÌnpÌesmente oposiçâo a Paulo, ranro assimque, cenamente por isro, o priprio Paulo, mediânte oslogan egò dè cbüstoít prcr:u"? estábelecer â únicâ posiçãocoÌleta contra os Jogans de "grupo" que, â tíruìo de exemplo, eJe [ormula r'. Óonudo, "nráu

há que sr:gira rer sidoo própdo Paulo quem criou os slogau en 1,12 - e mui-to menos o últimd deles como expressão de seu pontode vistâ!

 divisão não surgiu como Íesultado dâ meÍa presen-ça de diÍerentes mestres ou tendências nâ comunidáde, masem cohseqüêricid de uma esúma indébita dedjcada a mes-tres humanos, pÌilìcipâlmehte àqueles que usaÌafl hatismosentre os coríntios dando ao batismo umâ inteÌpÌetação impregnada de um sabot diÍerente de mistério (l,72ss;4,15;cÍ. 4,6: "Ninguém se ensoberbeça, tomando o partido deum conrra o ourro ),

a t^l aÍtÍÍtâúo valor diverso do que cle Ã*t aos sloganscitados posteriormeDte, Baseando-nos na contÌové$iâ emlCor 1.4, não podemosJ porranto, conclui! com segurançaque nesta epíEtola Paulo estela teôtândo estâbeleceÌ umâpolêmica em duas Ítentes (ou mais). Com o apoio de ou-tros fundrtDentos, isto é impmvável.

It Assim !m!.n, dF lor6rB divsss, À,lunck, Dâu, 129, B4uánn.,0, ,4s; R. Ì..iraníeiô, DE hclknútú.hpd MrttoPn.elicto,c". te21.

hii; l.ri9"\: I(iiffim, "EinÍiihnnB d F. c R'!' . A*zeudbh.

Page 20: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

S 16- PFIMEJFA EPÍSTOLA AOS COÀÍNTIOS354 B EPÍSTOLAS

Nada existe em lCrr com â ÍoÌma de uma polêmica

tionável â asserção, fundamentada na suposição de quePaulo estivesse insuÍícientemente inÍormado sobte os pon-

cos como o pérequisito necessário PaÌal| Pesso, se man-

rer ficl à pregação de JesLts CÌislo que Íoi crucificâdo e

4. Autenticidade e integddade

 autenticidade de lCor não é discutida: a epístolaìr é claramente conhecida em I Clem 17.5;47.1-3r49,J;Ínácio, E/ Io.1;18,t ; Rn 5,1' , FIad 3,1. Reperidas ve

l Conrtâ f4ansoli H I S(hoeps, Pdul't lctq 1r' ^ . . , .

./ A$iD, por crúplo, Fulk'. R. M Gmnt: \4á'x!en; \chhtn. s

Dinlrú, FGhoÍo, Jeeett." "

iji* -i,áãii".ç- d. c.trolqiâ d6 snôticos de,coriÌb'Ier.ã oor Scfrirhá1s. d. rccen.merte, Coülnáf,n Ãot' rvi .!rLna_n. 20.5. 28oi H. R Balz, /\íatÒdi!.he PtÒbl.qP der nt L'ttrotaqt'ìíMÂNT 2t, 1967, 1r7s

menLo sobre o assunto, porém, dào coostitui fundamentoadequado pâra aÍúmermos que existe umâ interpolâção, Omandamenro. ou melhor, â ordem: ..Estejam caladas as mu_lheres nss assembléias. . ." (lC-ot 14,33b-j5|36l ) não criatensão com 1l)3ss, e 14,33a leva suavemente a 14,37,!9 pas_so que 14,3)h.36 não se auto-explica no conlexto.Não obstante lalein e eperatân são proibidos em 14,34s,

zf P. CíEhr.Ì, Perrs tnd !an. Zei!, 19t8. )|ss

Ì /(,1 uã,11"\ï:'*i1'í3'alt Fi4keht de' K"'hc ú1 P'64'!t dP'

,r V.i Lietzn.Dn-KüDm.l, r't to.

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B- ÉPISTOLAS s 16. pnrMÊrFA EPISÌOLA AOS @BlNÌlOS 357

Page 22: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

358 B EPÍSÌOLAS

J, CJ H von SôdÊF "Sdt@ór und Lrhü bci P'ul!r"' ch H

,. s'. i;#";;;;";;ì c;;;"h;; í ret-!' zras; G Bornk"ro:À.ï..ïiú-i,ìã-l*t'" úi P",r*'

- G R sì!'tied z! A't'k'

,"1 Chntteìttd, BevTh 2E, I95q U,$Jr ar Bárêt e Coô*lndn, ,? roaìa McNeilcìíiliaN, Itt, 116.

5 16- PÂjME|FA EPÍSToLA AOS COFINÌ|OS 359

cÌr:ída, qtrando pârÍi ísto não se consegue âpres€nrâr ne-hìum motil,o pìausível. Deste modo, a suposição de umacompilação secundríria de lCor deve ser rejeitada comoextremament€ improvável,

5. Data e lugaÌ de composição

ÂÌgum tempo antes da redação de 1Cor, Paulo haviaenviado Timóteo á CoÌinto, arravés da Macedônia (4,17;

r' Ì\ok, 4?: rmelhalcnenrc Srhn .|.ah. Gro-n, ì, cd., cìb Seelndo Hud. Prulo ,ssl4! úá posiçlo 'c-'ka", úiein.

nrhdre (.sih rÍmá ràDb€b Fc.bomì. Em sur -'priocrm oiu',porém, ele s. mpenha o prcmover ú Corinro r obs.rvtuc â do''Je rao apor!ó co_, ,tuc fese í"'crin .'" reiroJ,

Page 23: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

360 B EPÍSTOLAS g 1?, SECUNDA EPÍSÌOLA AOS COBJNÌIOS 361

S 17 SecuNo,r EPÍsÍoLÂ Áos coRÍNaÍos

)t  d€du(ão de 5J, ..gundt â qüâl '

clrr! Eú sido csiE d'

!H'"1ï #'Ëtri *ffï$: l'*iï*'g#i-i#r.Ttr1962. r%).

; $\i.'; r ;-#".,IïJio.x"',i?i l"J'fi'Ì:1,1:''j *" "

1970/11,2))ss.

. 1. Conteúdo

Á epístola compõe.se de três parteç que úo apÌ€-sentam uma conexão clara entre si: 1.7;8-9;10.1J.

Page 24: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

1362 B EP|SÌOLAS

Em 7,5-16, Paulo prossegue até o Íim a pÌé-históÌiâda epístola. Em 8,7-24, sem nenhuma t.aÍìsição, continuáa recomendação reÍetente à coleta pâÌa Jerusalém e aoscompanìeiros de trabalho de Paulo oue Íoram enviadospati recollrê-la. O trecho 9,1-15 retorni a discussão do probÌema da coleta, novamente menciona o envio de colabo-râdores, e conclui com umâ hêrìção-

Em 10,1 surge um hício completamente novo, comurÌl,l sevcta advertência e urnâ firme deÍesâ contra censu.râs e acusâts€s, deÍesa que o leva à "loucum" de um ar.rto.-elogio sob a forma de justificâtiva (11,1-12-lJ).

No treúo 12,14.1J,10 a acusação de haver ele lesadoâ comuôidade é negada, e os pÌanos de viagem são dis-

Parâ encerrar, voros e uma tríplice bênção em lt,1r-11

2. PÉ-história e ocasiâo

A epístola provoca uma impressão muito contraditó-ria. Não existe uma conexão clara entre âs tÌËs Dartes,l-7,8-9,10-l l , o rema da colera cm 8 e 9 e abordadõ duasvezes sem umÁ relação nítida entre âmbâs, e a epístolâ seditige à comunidade ern 10.1J num tom completamente diÍerente do empregado tro trecto l-9. AIém disto, mesmo aprimeira parte ( 1-7) não representa em si uma unidade.

A narrativa sobre a históde que ptecede a tedação daepístoÌa intemompe-se en 2,1, e, depois, reaparece resu-mida em 7,5; a transição de 6,2 pat^ 6,J é muito abÍüptâ,e ó,J realmenre se iigaria melhor com 5,ll; por cons€guin.Ê, 5,14-6,2 Íunciona como uma digressào. Â advertênciagetal (6,14-7,l) inlerÌompe a expânsão pessoâl em 6,11-l) e 1,2-4 ãe maneira muiro ústica. Compreende-ce, por-

tanto, que haja dúvidas amplamente diÍundidâs de que estâepístola, em sua oÌigem, teúâ constituído um todo único.

A suDosição de que a eoistola. tal como a remos hoic,nao se aihe inr".,, 'u.r sendo apoiada pela diÍiculdade

s 17 SEGUNDA EP|SÌOLA AOS CORÍNÌLOS 363

que enconr. nos em_determinar com nitidez a pré-históriae a ocasião dá epístola.

ção è, em parre. muito opaca. É possível chegarmos a algumâs conctusões como as seguintes:

1. 2cor é posrerior a 1Cor. Pouco dntes de esce,

noÌogicaÍneDte útil.

2. 2cot vrs , enüre outras, â hera de acábar de umâvez poÌ todas com o conflito entre o A1úotolo e a igteja.Segundo 12,4;13,1, Paulo pretende ir-em breve a- io,rinto pela terceira vez. Em sua segunda visita, ele já amea-

. i Páúlo oio Fde €ns sc Éíúindo âqui [email protected] @ ereiro po

duzdo mlc p.lrr más nc í.i., p o\enren.e\ de aorinÌô ,coFo pmq

Page 25: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

364 s EPISTOLAS

çara que, (e tivesse de voltar, não usâíâ de condescen_dènciJnem de meias medrdas (l ] ,2; cf l2,20sr' Portânro,suâ sequnda visitâ provomu sinâis de tensão entre ele e âcoÍnuúud.. 2,lss vai mâis Ìonge do que isso, pois' segundo este trecho, Pâulo já se enrristecera uma vez emGrinto, e, * verdade, ele úmbém câu6ou uislez: aos queo fizeram soÍrer.

Esta sezunda visita não pode ter ocorÌido antes de1Cor. Em 1Õor não há naàa que Írdique alguma tensão:Paulo íala à comunidade sempÌe aliúentândo a esPeÌânça

Á segunda visita, pois, ocoÌÌe entre 1CoÍ e 2cor (avisita intenoediária).

Na realidade, a inÍormação sobre os planos de viagemde Paulo não constitui um todo uúicado Ao mesmo tem-

s 17 sEcuNDA EPISÌOLA ÀOS COFINÌ|OS 365

o mais rápido possíveÌ, e, por isso, serve como um aÌgumento a mâis contra ürnâ conexão orieinal entÌe 1.9 e10-13 (ver adianre, p 372).

). A lazAo do abalo no relacionamento de Paulo coma comunidade é diÍícil de detetminar exatamente. Seeundo12,21 e 1r,2, duÌmte suâ segunda visita, Paulo deve ter--se sentido triste com os membros da comunidade. oueainda náo se haviam arrependido de sua vida imoral. Mìs,como lJ,2 mencioDã iguâlmente " todos os outros [pecâ-doresl", deduz-se que haja outras ofensas em questão. Otema é desenvolvido em 7.12. onde se mencioha uh ho-mem que cometeu umá injustiça pessoal contra Paulo (Doadì*ésas), e em 2,5ss, onde há teÍerência a alguém que"causou tristeza" não a Paulo, porém à maio â, ou, ba'sicahente â toda a comurudade. À situacão a oue estasduas passzçns aludem pode ter surgido'apenes na épeca em que Paulo se achava Ìá {2,1 l, e. por conseguinte.deve ter ocorido durante sua segundâ €stadâ em Corinto(1,1r), e não durante a primeira, quando elc estavâ fun-dando a comunidade.

A pessoa que procedeu mal (2,5;7,12) não deve seridentificada com o homem incestuoso de 1C-ôr 5,lss. For-tes razões impedem que s€ consideÌe os dois como umá úpessoa, inteÌpÍetâção que âÌiá6 já Íoi rejeirada pot Ter-tuÌiano'?. A exclusão do pecadoÌ da assembléiâ, pedida emlCnr 5,1s, z mtrega do mesmo a Satanás, de maneira algumâ estão coerentes com a branda atitude de 2Cor 2,6sst Para tal fomem, basta a censura inf l igida pela maìoria").É concebÍvel que Paulo, que escreveu- lCor 6,l2ss; lTs4,3ss; Rm 11,12, rivess€ posreÌioÌmente atenuado sua opi-nião a tespeito de um caso grâve de desvio sexual. Md6 âinjustiçe contra Paulo também pode não seÌ levâdaeÍtr consideração (2CoÌ 12,16ss) - diziam que Paulo es'tâtia usando em beneÍlcio próptio o dinheiro da coleta -,já que tal suspeita não é atdbuída â nenhuna pessoa es-pecífica e não pode ser caracterizrdâ como algo que esti-

, Tcr.ul-oo. r'e D,l tl. S.eoh.!sr. 'InteúÃ". 9ó. rtrorrider'r idenÌif'co\ào d. diÉ;.,, @m o ócc*uoo dc Có.in-o (tcor sr.

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366 B EPísïoLAs

segue deLernìinâr nem se , pessoá de mau proceder eramembro da comunidade, nrar ë cerro que a comunidadeemitiu um juÌgamento a respeito delar.

4. De.de que lCor Íoi enviada. Darece reÌ se inreìsificado a polêmica conua Paulo * .o.,loidrd" de Corinto.Dt um lado, ao longo da epístoÍa, Paulo teve de se reÍeriraos ataques contm sua pessoa: a mudança dos planos deviagem reveÌâ instabilidade (1,15ss); suas epístolas nãodizem claramente o que ele pensa (1,11s); ele deixa deâptesentaÌ uma câïta de recomendâção (3,1;4,2); seu evan-gelho não é claro (4,1); seu comportamento é obscuro,

Corinto sem âutorização (10,11s); ele é iníerior aos quechama de "eminentes ápóstolos" (11,5; 12,11); não que-ria correÌ o risco de ser sustentado pelâ comunidâde (11,7ss; 12,!)); ele não é absolutamente âFóstolo (12,12)ide fato, Cristo não Íala por ÍDeio dele (1r,r).

Está maís do que claÌo que, aqui, Paulo se envolvenuma polêmica, nâo contra umâ perversão gnóstica damensagem cfistã, mas contÌâ pessoas tesldentes em co-Ìjnto que criticam â pessoa de Paulo como apósrolo deJesus Cristo e que contestâm seu ministério âposrólico.Além do mais, pode+e peÌceber que em 2Cor Paulo com-bate pessoas específicâs que o

^t^c rztn dentro da comu'

nidade. Uma mtnoria (2,6;L0,2) que âceira pâgar (2,17;11,20) e que conseguiu rcesso à comunidade mediante

' SesunJo 8,r"". Feí,.h' SÌàhli". r5r, ad*.rr, eid um v-,r'hr Jd \om.n,d.d" de Con-ro, I q-r l . pô'êm, nõo roÌou uìJ po,,ç i

cÌan cm iâ!ôr .le P:1,1.

5 17 SEGUNDA EPÍSÌOLA AOS COFINÌIOS 367

cârtâs de recomendação e de auro-ïecomendação (1,1;10,12.18) se vangìor i : de cef los pr iv i légios t5. t2 i 11.12.t8):sao pessoas que tém êxtâses (J, l ) i l2,7l ; conhecem Criç-

Paulo repror a-as por esrâÌem pregando ourro Crisroe ourro evangelho ( | 1,4), avenrurando-s

I ì,fánson. KA€oam hupelza opo,totot. rr,5, .ãÒ Ind,.r dtr,sruror id,d.s de Jerustér aqin, <onr ia Bü;, , , NÌS l97O 7lr , mIoposi,o,€s d Coijnro (ver RôloÍÍ, 79, OsÈndorp, 11, not. 16).

Page 27: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

B. TPÍSÌOLAS

deu-cristãos itinerâÂtes, Pâra os quâis "o respeito à letratradicional da Lei e a autoconsciênciâ PneurnáticÊ" deviamestar combinadas eotre si; eles encaravam Jesus como umtheios an&', oÌr "pessoas de EstËlanas", isro é, iudeus he-lenistas que pteÍètiram ser considelados cofio the?o1

te pèni. Búeü, NTS 1970/71,252s.

s r7. SEGUNDA EPÍSÌOLA AOS COÀÍNÌ|OS 369

Laneamenre, atingem a comunidade u, que ainda nào se liberLara totaloenLe das concepções gnósiicas 1cÍ. 12,20s1, cque se mostÍe indecisâ dieDte dos opositores de Paulo.Cortra os dois iipos de oposição, ele- deÍende, ao longoda efstola, a legiLimidade u do seu minisrério apostóliõ.

5. Pâulo escreverx u-mâ c!Ìüa à comunidade entre 1

munidade. a cDísrola sihrâ-se no Derrodo de maior tmsão.Tudo indìca que o porradoi da epístola teúa sido

Tito, em quem Paulo via'Íirmeza, perspicícia e tato súi-crertes pârâ conseguiÌ fâzÊÌ a comunidade aceihÌ bova-mente a autoridade do Apóstolo. Dante da diÍiculdade dalareÍá, foi necessário muiio esÍorço pâra peÌsuadir Tito ÂaceiE-r a missão (7,1rs). Elc combinara com Tito, combâstante pÌecisão, o roteiÌo e a época da viagem de volta.Esperava encontiar-se com Tito -em Trôades" (2,12s). Ademota de Tito deixou PauÌo muito preocupado. Pof isso,apesâr dos óüimos resultados missionííos, ele saiu de Túa-

pâÌâ plosseguiÌ a instru@o e pâÌa rrâbslhar em beoeÍícioda colerâ (8,6;12,17s).

6, Deste modo, o quadro seguinte emerge dos âcon-tecinenros ocoÌÌidos eDüe 1 e 2Côr: o envio de Tt:rróteoa Corinto í lCor 4,17116.10) nào püece ter alcânçádopÌeno sucesso; peÌo conrrârio, Timóteo trouxera más no-

u Cí. Córs, C.caô, nts: C. W. M*R.c, 'Â!d-Du.lbÌ PoLmici^ 2ç,or. 4.61". StEv IV. TU 102. 1968. 4!0..

1, Kiisemd,

Page 28: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

tB EPISÌOLAS S J7 SÉGUNDA EPiSÌOLA AOS COFÍNÌIOS 371370

úcias de Corinto. Mesmo lcor não despertou um Ìespeítoduradouro diante de Par.:lo. Por isso Paulo - talvez logodepois de lCor - saiu de Éfeso para Corinto. a íim deai'estabelecer a oÍdem. No enlanio, o que ocorreu foi

"," i'.*aïilili, Ti", il'iï'*.1""5.i:ï"Ë:iJ i',i;l';:.F:l:

J. Áurenticidade e unidade

Á autenticidade de 2Cor como um todo é incontestá-vel. Por outro lado, a origem paulina de 2C-r:r 6,14-1,1suscitou por múto tempo sérias dúvidas tt, ao passo queouttos estudiosos pensâm que um texto €xtraído por Pâulodo cristianismo judaico ou de Qumrã tenha sido errada-mente aí inserido 16. Decisivo para estâ suposição é nãotanto o fato inconÌestável de que este trecho irnpropriâ-mente 6e âdapta ao seÌÌ coDtexto - o texto então pode-ria ser paulÌno, poÉm erradrmente i-oserido no lugat emque se âchâ 17 -, mâs muito mais o nrímero relativamentegrande de palavras que não ocoÍÌem em Pâulo ou oo NTcomo um todo, a combirÌaçeo de termos habituâlmenteÍÌão usâdos por PÀt)lo, tliollxttlòs sarkòs kaì pneumatos 17,I) e koixonla pút (6,14), e a afinidade impressionante-mente Íorte com os conceitos da comunidade de Qumrã'3. Mas, ainda que esteja cerÌo dizer que o dua-lismo deDeus e Belial é câracterístico de Qum; e que Paulo emoutros lugares não Íala de molytmòs saíkòt kaì pneumalot,deve+e igualmente observar que PauÌo não possìli ìrm ter-

' { 6c$;o náo e D,ulii, Fb ürqã. E{e e o ponto d€ ú61âde l-rller, H;r,.sro-, lÚ.úe! tásch.r, Mâdr'; Dnl,.* (vc! 5 to':BornJ.ámm. F:Lznter. cliLfâ. Geolai: R. üln.ú. Íhpalad. í1"' NTla5E, ì r id. ,2oo, oou l ; L. Blck, "Der C;ube dÊ, P.r lus" inL. R., Paalú, die Phdtbiiú a^d dat NT, \961, 7s; G Fri.drich, "ChÌis

r A Ì.sFno do Èl*iôndenro oh Orfft, FÌ pormenoret emFitmyr,, GnilÌd, Amuh, Càme, (vcÌ nolrs 15, t7); tb. H V HUDpmbi.-q, Dal Mcair .avh.n zse Wplt.n AThANI )4. lct9, t9,

Page 29: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

372 B EPÍSÌOLAS

mo lingüstico Íixo pata designar o Demônio, e que lCor7,14 pressupõe a possibilidade de profanação do sôna kaìlfletinta. Não se pode piovar que o trecho seja paulino(cf., porém, o patalelismo de koinoftía e metêchehl em lcor10,16 e 2Cnt 6,141). Menos ainda se pode provât queele não possa vir de Paulo ou qüe devâ vir de Qumrã.De qualquer maneira, a fráfl coÍrexão com o contexto Ìe-quet uma expücação. Além do mais, Súmithals 1' tentoumostÌar que 2Cor 3,17.18b, e 5,16 são gÌosas gnósticas

Mesmo assim, nâo existe Íundâmento adeqr:ado para

Íato de se saber se 10-1J peÍteoce ao mesmo texto que1-9r enquanto eÌn l-7 Paulo maniÍesta a suâ aÌegria pojhaver terminado o cohflito com a cornunidade e pode ad-veÌtfu corìtra uh castigo demâsiado ri+otoso p r^ adikésas

te Scbnithâls, Glo$e,; prro o qne diz resF€iÌo â 5,16, @ncorda

S 17 SEGUNDA EPÍSÍOLA AOs conÍNÌ los 373

nás qüe se Íevestem da at i rude de servos da iust içâ" (11,15 ), etc.

Paulo receia que, ao chegar, não encontre os corín_tios corno gostaÌia de encontrálos (12,20). Ele adverteque então . não usará de meias Ìnedidas novâmeÍ\te' ( | 3,2 ), eespeÌâ que, "à sua chegada", "não teúâ de agir comsevetidade" (11,10). Como estes tÌaços evídenciam umasituação completamente diÍerente do teÌacionamento entrePaulo e a i$eja de Corinto em 1-9, se compaÌadâ com10-11, este segundo trecho, desde a época de J. S. Sem-

cviso seral em 6,14-7,1 fun( iona como uÍna inserçào esrraúaìas observações pessoais dir ig idas à comunidade lo.ll-1317,2-4J, e os dois avisos sobÍe â coleta em 8 e 9 pa-recem não teÌ estado reunidos oÍiginâlmente,

,0 J. S SeÍúe!, Patdphtdes II EPìstslae ad Cointbos, \776

2J Ded, Dnler, veÌ g 16j Blltma.n

Page 30: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

374 B EPÍSÌOLAS

drária (1073)'11, e, nesre câso, 8-9 seria considerado uma

outras possibilidades.

, .Acon.ece ale que. em visra des-as hipdreses cnr ico-tr ler inas, â. resposrâ a d!ras pergunÍac se Âpresenla mdis

a) Será que o texto, ral como nos foi trânsmirido,nos compele a afirmrr que o material foi combinado demaneirâ secundáÉa?

br Pode se ponenrura perceber um morivo convincente pâra a combinação taÌ como nos Íoi tmnsmitidal

a. O problema crucial consiste em saber se 1-9 el0- lJ reËam conçriruído pâf les da m."ma episLola. já quea di í icr- ldade no Ìelacion;menro en,r. . . 'u ' dua' parìe"não é meta questão de idéias sutilmenre compatíveis, mâsde fases diÍerentes de PauÌo no seu relâcmnamenÌo com âcomunidade. Não se pode discutir que haja diÍerenças (verp. 37)), tÃas tâmbém não é possível minimízar o Íato deque Paulo de forma aÌguma aÍirma em 1,7 que tudo emCorinto esteja errr ordem 3. Pelo contráÍio, esre tÌecho daepístola está repleto de deÍesas contrâ más interpret4çõesa respeito do pÌocedimento de Paulo (1,13ss.23ss;4,2s;5,11ss;7,2), e de polêmica coDta outros missionários (2,17s;3,1), e somente uÍÌìâ minoriâ da comunidrde aquies-ceu aos desejos de Paulo (2,6).

Pot outro lado, mesmo em 10-11 Paulo dedara queapenas certâs pessgas o âtacam (10,2.7 11s;11,5.12s.18.

2a'ì/sdÌ,ndj FulleÍ, Maixrnr Schnlthals, ver g 16, Borúmm,cm-e_ r L. M an. 1 t" rÒ-nd.Ò, al the PoLh.e I orpÀr tars.

,s C Ceo,si . "Kol leÌ " . ro.s \ :ckle, Ì7. O rra. h!d,"se. em

Loslel . / ' r . LÚ,2.8". . i cu\ne. lh i l I b2,s S(hn.hal . , G,o. . ,(ver $ 16), l " ed, 121.

,6 Cf. sobre o Nsuntô. SÈphenson, Ì,resltr, 87ssi Bãres, 6ls,Pí€, 100

5 17 SEGUNDA EPISÌOLA AOS COH|NÌjOS 375

20;I2,ll.27;13,2J , e o resto da comunidade se vê ,mea-çâdâ por tais pessoas (11,1b.4 16:12,11.19 .1),2) . CoíÌ t tãa suposição de que 10-1J esteja Ìelâcionado com a epístoÌa intermedifuia exíste mais uma evidência a de que12,18, com bastante clateza, se ïelere) cono ocorrê14ciapasrada, ao envio de Tito e de um "iÌrnão" mencionadoem 8,6.16-18, e de que o evento do quâl se tratá, nâ epís-Ìol, intermediáÌiâ, segundo 2,3-5,9, já não é de todo abor-dado en 10-11, e, inveÌsâmenie, 2,3ss e 7,8ss nada dizema respeito da reâÉo da comunidâde à polêmica contra os"âpóstolos eminentes" em 10-11, coisa que dificiÌmenteacontecedâ se 10-11 fosse, de Íaro, um trecho dâ epístolaÌnterhediária .

A conjectura de que 10'19 Íaça parte de uma epís-tola esoita depois de 1-9 é conttariada pelo Íâto de que10 13 não contérÌ) nenhuma âlusão ao conhecimento de Pau1o a propósito da situação em CoÌinto, situação que sedeteriorou depois da tedação de sua carta (1-9) e qìrecom pouquíssimâ probâbilidade deixaria de ser ÌÌrencionada.

Estas duas hipóteses (a de que 10-13 constltuâ âepístoÌa intermediária, ou de que seja uma carta posterioÌ) requerem uma suposição adicional: a de que o fimda epístola 1-9 e o começo da epístola 10-13 (ou da epís-tolâ mais extens, de que este tÌecho é âpenâs uma parte )Íoram rer irados do Lerto. E. para isso. não se conregLeapÍesenrar nelhumâ expì icaCão pÌarsiveì.

Embom seja somente bem remota a possibilidade de

' Ì0, ì e a co1'uqo do próor i" ou.ho de P,ulo, 'ecu_do fetoe.Aerdr B!.s, M DbeÌ lN, Cd.,{r" t lp l Lt br j , t l ibp" t prdtüt tL.1926, 2r. P^tlD t*ebeu novs .orícias, sesundo R M. GmnÌ, Húri.e-con, lülichd-Fascheri Price, 1o2i MuncÌ, ver S Ì6. Entre 19 e 10ll

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376 B EPISÍOLÂS

bem que poderiam seÌ deixadrs de ledo, já que úo pâs-sâm lodas elas de coniecturzs improváveis.

Mas será que a uddade originôl de 1.9 pode ser sus-tentada? Embota não haja duvida de que 2,14-7,4 repre.senLe uma interrupçiio no Íelârc da Íeação dâ comlrnidadediante da epístola inreÌmedjdriâ, é plenamenre compreen.sível que Paulo, êo mencionâr (2,11) seu enconüo comTito, tivesse Íeito dele uma opottunidade prrs se expandtnuma doxologie (d. E,1ó; Rm 9,5), ptosseguindo depois

das passagms abnrptas do singular pata o plutal e depnetôma para sárx8,

Ernbota não haja necessidade imptescindível de enca'Éfiulrs 2,14-7,4 @rao um4 inserção seofdÁtia, merece des-taque o Íâto de que, no capln:lo 9, Paulo m4is ìr-Ea v€zÌetoma a drscussão sobre as providêacias relativas à co-leta, depois ée, em 8,24, haver conclúdo suás ÌeÍoÍ)en-

dar-lhe um novo cllúo de úgênciâ.Uma difio-rldede, que rcalmmte possui poucas probâ'

biüdades de set ".!oluii",

é apresentaàa pclo uecho 6 t4'-7,1, que intelrohpe â razoável conexão enïÍe 6,1) e 7,2,

M uba noirc oúe Peulo D.tsd d clúo, como PcDr Uemúb Dú'üds rct@ do .urcnticid.à. d mud@ç' .ú Co.into, csdt E, Èpenúl|.lmÌe Paulo, s.sunò Gutlúie c dtM.

2â Eâlff. TilJ, 9, mr. 2t.È vú Sr.Dh.Bon, "Prririon Theon6', í2

S 17 SEGUNDA EPISÌOLA AOS COFINIIOS 377

e que não tee vínc,ulo temático com seu coDtexto. ,APc_sar de oão haver bose suÉciente paÌâ encaÌâr o texto coÍIìoDão-pâulilo, o rDáxfuDo que se pode dizer sobÌe â pr€sença deste trcclo no ponto eln que se 6châ é que, a PâÌtirde 6,1, Paulo, com hesitâções e intetrupÉes, resume suacorrespondêncía, pâra retoúáI4 substancialEÌente em 6,14--7,1, mÍn o conselho de que se abstenham do pecado, as'sunto que cle começara em 6,1. Mesmo assifi, como co_mço dàsra volta à ìua correspondêncis sobre remas pes_soais, 6,1-11 intetòmpe a advértência: 6,1 está muito malcoDectâdo com 6,2! Isto, porém, rcaimeote l1ão aPreseDtâuma explicação esclatecedora, e á suposição d4 hserção se_cundáriã de um ÍÌagmento pauÌino passâ â ser pratica'mente nec€ssális, Mas como poderÍarnos gâranLfu a inseÌ-ção de tal recho exâtâmente no Ponto em que está?

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378 B EPÍSÌOLAS

omitisse suas pattes introdurótms ou títulos, e seus pós_

dade está antecipadamente pteseÍÌte.

Se 2Cor fosse considetada uma epGtola de nossos

tivos em {âvor da coleta, e que o faça com uma certâdescon{iança.

s 17 SEGUNOÁ EPTSTOLA AOS COFÍNÌjOS 37S

Em 10,1, o Apóstolo começâ mais uma vez â apte-senrar ,s sâudações Í inais; no entanro. novamente mani_festa preocupação com o {utuÌo da comunidade, que ainda se acha âmeâçada por seüs opositoÌes. ParaÌelos maisbreves deste tipo d€ severas obsetvações finais enconttam_-se também em Gl 6,12ss; lCot 16,22; Rm 16,17ss. Noentanto, um voto eÍpressivo do desejo de concíliação e umasaudação (11,11 1l) são as últimas palâvÍas da epístoÌâ.

4. Jlpoca e local da redação

Se a reconstitúção acimâ adotâda (5 17.26) pataos acontecimentos ocortidos entÌe 1 e 2cor repÍesefltaÌ umtrabalho cuidadoso, então €ntÍe a redação de 1Cot, na pri_maverz áe 54 ou 55, e â redação de 2Cor, dever'se-ãosituat a volta de Timóteo de Corinto, a viagem de PauJo

12 Â rrDosi(ao de que enúe I e 2cor p,s'trãmse âpe!á' se'e.*-"". . àe qu" d ,er;dcia en 2cor a á e_Íeea d, le /fr 20ìque

-"st'ar que 2cor fo: 6r't, "o rerpo de Penr"úJes 'BLCL.Tavlor, 20), aúiáse d prdsupotios onPGlaúe.re DsusÌstave6

Page 33: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

380 B. CPISÌOIaS

um ano e meio ebtte a ledação de lCor e a de 2Cor. Sema menor dúvida, 2Cor Íoi escrita na Macedônia.

É orovável que 2Cor tenha posto teÌmo deíinitiva_meore aà conÍüto -com a coounidâde de Corinro, porquea Epístola aos romanos, presumivelmmte escÌitâ em Co_rinto, não demonstra quaiiquer di{iculdades com á comu_oidade.

1. Conteúdo

Depols da intodução (que se expande ao longo deaìgumas lioÀas apologéricasl I,l-5), conrrariamente ao M-bito episrolar paulino, não se seguem agÌadeciÍnenlos aosdestinatários, nem ações de graças tendidas poÍ câusa de-Ìes. Paulo, porém, coíneçâ imediatamente suâs reÍetêmiâsà situação na comuhidade, nas quais censura os leitorespor seu atraadono do evangelho e pronuncia seu julge'meoto a respeito dos sedutores dos gálatas (1,ó,10). Vemern pÌimeiro l:.Jgat (Pineira pafie: l,l1'2,21) uúa defesâpessoal feita por Paulo contrâ âtaques que atirgrám seuministério apostólico: seu evangelho não pÍocede de sereshumzros; ele o Ìecebeu diretarlente de Deus, pela tevela-éo de Cristo à enrrada de Damasco, Íato de onde se ori-gina sua independência em relação ao chamado para sermissionário, que lhe {oi dirigido desde o primeiÌo die (1,ll-24). Exptessamentè e em sua Íorma específicâ, seu evân-gelho foi aprovado e recoohecldo pel igÌeja primitiva deJenrsalém, e pelos primeiros apóstolos na reuoião apostólicâ (2,1-10), Por ocasião de uma visita de Pedro a Án-tioquia, Paulo demonstrara, nun enconlto com o pdmeirochefe dos apóstolos, s dep€ndência deste em Íace de sereshumanos e defendera a vetdade do evancelho coÍno lei ÌibeÌradorâ (2,t l-21).

A Segu da paúe (J,1-J,12) demonstra, atÍavés de Ìe-cursos exegéticos e refeÉocias à experiência do leitot, anecessidade da liberdade diante da Lei. É a Íé que alcan-ça a salvação, e Ì1ão rs obtas. A justilicâção está vinculadâ,

umâ oposição reoproczmente €xclusivâ. PoÌ meio de Gis_,o, a Lei ugora p.tde a sua fuoção í),15-24), e chegouo tempo de nos toÍnâÌmos Íilhos de Deus (J,25.4,7tComo. com isso a escravidão aos elementos do mr:ndo

5 i3- EPISTOTA AOS GÁLÁTAS 381

S 18. EPísÍoLA ^os

GÁLraÁl

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383382 B ÉPISÌOLAS S IA- EPISÌOLÂ AOS GÁLAÌAS

foi aboÌida, os gAâLas nunca mais devem ousar - cust€o que cusÌar - se submeLer novamente a eles (4,8_ll).Deiois de um âpelo pessoal a eles diúgido no .enrido deconservatem bem vivo na mente o âmot que existe entÌeeìes e seu Apóstolo {4.12-20). segue-se uma prova escrirurística em Íavor da liberdade dps cristãos, baseada em umainterpretâção alegórica da râÌrativa de Agat e Sara (411--ll), e de umâ admoestaçiLo renovada parâ que renunciemà escravidão à Lei (5,1-12).

A Terceira poTte (5,13 6,10) r, que se üga ao temada Ìiberdade dos cristãos, adverte.os a fim de que preservem - na liherdade em face da Ì,ei - a liberdade quelhes Íoi dada, e que o Íaçam poÌ meio dâ obediência aoEspírito; o texto Íinaliza com lnsttuÉes concÌetas.

. A saudação final, escrita de.próprio punho (6,11-18)âdmoeSta novamente a Ìespelto cl€ mestres que enslnam oerÍo e que só buscam a si mesrnos, mas nãq. cantém ne_nhuma üudação pessoâl! e epenas umâ bênção.

2. Tertirório da Galócio

I O. Múk deúonstrcu ( Der BeeeiD der P.liinese n G'1"' ZN\v60, 196t, E1$) a veúsibjlhançá de què e patanêse ó cooeça con ,'ll

com qÌande {reqüência, e não possúam nenhLrm nome oÍicialmmte uniÍicado. A desigaação abreviada para a provín-cla, Galácia, é usada às vezes peÌos escdtores do períodoimperiâI, mas hão é encohtrada em inscrições. O nome degáÌatâs só é empregado paÌa os habitantes do distrito daGalácia orooriamente dita 'z.

I Destinatátios <la Epístola

Na época da redação da Epístola âos gáÌatas, haviana Galácia várias dssembléias ou coÍnuhidâdes locâlizadâsem lugates destituídos de nome especíÍico (1,2), A epís-tola nada diz e respeito dâ época em que foram f'.:ndadas.O livro dos Atos dos Apóstolos mencionâ âs teÌrâs dâGalácia duas vezes: em 16,6, a passâgem do Apóstolo ede seus companheiros attavés da Galácia e da Ftígia é men-cionada; segundo 18,23, existiam discípulos na Galácia enâ Fígiâ no inicio da úamada terceira viagem missiooá-Ìiá, o que signiÍicâ que havia igrejasl nesta região. S€Ìápara essas comunidades "das terras da Gaìácia" que PauÌo

Duas Ìespostâs se opóem entÌe si: as teoÍias IaÌsamen' ,te denominadas da "Galácia do Sul" e "Galácia do Notte'.A tmria da Galácia do Sul, ou melhot, a teoriâ dâ pÍovín-cia. reÍere-'e às igrejâs de Antioq.ria, Listra, Derbe e lcò-nio, enLre ourras (AÌ 1],14), fundadas na Pisídia e na Licaôniâ durânte â primeirâ visita missionária e novammtevisitadas pot Paulo na segunda viagem missionária (At 16,lss). Á t€oriâ da Galácia do Norte, ou melhot, a hilútesedo tertitório, vê os destinaários da epístola nos habirân-tes da âtuâl Galácia, o distúto da Galácia. Apesar do si'lêncio dos Àtos dos Ápóstolos, a menção de igÍ€jâs em At18,2' Ievá à hipórese de que Paulo, ao passar pelo dis-rr iro da Galácis (At 16,ót, imprimiu um novo esrimuloà Íundação de igrejas.

, Ci H Schìlcr, Mevú VU, 1962, 12' ed, lt!

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385384 B EPISÌOLAS s 13 EprsÌoLA aos ôÁLAÍas

região paÌâ onde vaì, primeiÌo de Sítia, o tertitório dâSeÌêucida onde Íica Antioquia. En lTs 2,14, quando Íâlâdas comunidades cÍistAs da Judéia, ele de Íato está pen.sando na região da Judéia, e*atamente como em 2Coi 1,16. E Atábia, pata onde Paulo foi depois de suâ conveÌ-são e de sua vocação (Gl 1,17), eÌa um nome não oÍicìalpata o reino nabaeu

2) Os textos que deveriam reÍerir-se a judeus crÌstãos nas comunidedês l),2s|)s.23s;4,2.5;5,1) Íalam doscÌistãos em geÌâl; más, se nos bâseÍÌÌmos ern 4,8;5,2s;6,12s, setá mais do que certo que os gálatas em questãoeram gentios cristãos, Os textos mencionados realmenteatestâm qÌÌe um âhtigo judeu PauÌo era naturalmente deopinião de que a Lei do AT tinha validade para toda a hu-manidade, já que a morte redentora de Cristo ljberta mes-mo os gentios do jugo da Lei.

l) Em Ât 20,4, os ÌepÌesentântes da Âcaia tambémÍaltam na delegação da coleta, embora Íosse de esperar queestivessem prcsentes segundo 1C.or 16.1ss. Aliás, conti-nuâ questão âbertâ â pesquisâ pâÌâ sâb€r se Gaio tenâsido ou não um macedônio t

4) Se os opositores na Galácia forem reelmenre pes-soas enviadas de Jen-rsalém (ver adiante, pp J86Ês), €n-tão não sâbeÌemos âbsolutâmefite mais nada sobie as via-gens deles, e, portanto, esÌe argumento seÍá inútil.

Por outro lado. Delo menos dois Iatotes servem deapoio à suposição de que GJ teúa sido escÌita pâre co-munidades cistãe cstebel€cidas na região da Galácia:

Ì) Se a Epístola âos gálatâs houvesse sido dirigida aigrejas furdadas durante a primeira viaçm missionária,Paulo diÍicilmente leria es$ito o trecho seguinte (2,1):"Então fui para es regiões dâ SíÍia e dâ Cilícia", mas an'

5 ü. Ar 1929 . 20,4, e ú DoubLe) os òek s.t lido comorm D sis c{. f. G Kcnyon, Ttp T,tt Òl tte Ca"h BìbÌc. 1949, 214mrz I cooüáro. H.cnchcD {vêr noD 4). 4es

A teoria da pÍovíncia surgiu pela primeita vez comÌoh. Ìoachim Schmidt (1748), e, como ela era vigoÌosa'mente lideÌada poÌ \7. Ramsay e Th Zâhn, encontroülogo muitos adeptos'. Os princiPais argumentos para â teo_ria são os seguiates:

2) Nas iereias da Calácia havia judeus de nasclmen-to, o que so pioditiu o.orr., nâ pÌovinciâ da Galácia. por_que na utuul regiào dos gálátas ìinguém

"abe o que seja

judeu.

úeiro.

4) Á atividade dos emissários de Jerusalém - ter-se-iâ

exeÌcido mâiq orovavelmente na parre meridronal das mon'tanhas do Tauio, do que no intérior da Ásìa Menor. qua'se inacessível.

Enttetanto, nenhum deôses ârgumentos é tealmentedecisivo.

r por dmpro. core. RiddcÌq6, st:nnt, $h,r*..F#i .ffi.ê.d Gdthlie Éedd. Hetrsh'w, Klijn McNeil€'\ì:-M;'ï:'o;À;ã: ïru"" e-.i, ourres ddm"ore' dá 'ese E'ú;i'4!.-."*,Í t''""1*':'.''x,f! i,:{'i\:,:-i'::'ì;lo"o; ",,

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386 B, EPÍSÌOLAS Iì II! IPISÌOLA AOS GÁLAÌAS 387

rcs hâverie dito: 'Então fui à Síria e à Cilícia, e depoisaté vós".

2) laulo possivelrrente não poderia tec escrito zosticaônio. e aos habilanres da Pisídia: O ga' laras írsensz-tos" (Gl 1,1), ulna vez que tal uso não é encohtrrdo em

4. Situâção históricâ

Para detetminar â ocasião histórica em que â eplstolâ{oi escrita, precisamos primelto ser câpâzes de iesPonoera dr'r" p.ig"n,rs, ambai muito discutidas:

a) Quem são os âdversários que Paulo ataca em GI?

b) Que acontecimentos na vida de PauÌo a Epístolaaos gálâta; pÌessuPõe qu€ tenham ocotri'lô?

'A i 'n !_1. ,m. Bolnrd, I reuúânn rh { Cocu' l R À' í c ' r"Háir inuÌDn i i lnhd-Piç h", . VÌ i '_ i , Múrse_ \ .heu' l . L l â-dr: IC'Èi;ã ., ; ' -

"; ; l- iõi, u eò'., "Die wu-drãrc unJ de' rú.

ã*u.*r'.ii;. s2. ÁrÉ'iq, ieio, q7 e R Jruel Pa'tt Á"thúpoloekzlT. tnt , AG^N 10, 1971, l7s

prova está nos Prólogos antimarcionrtas à Epístola aos gálxt^\ - Galatae.. . tcnptat i vn a lal : i , apo,tol is. t t incgh et . t rcum.ìsìonen Ie etei trr t"O. gâlaus.err i -rarn-se tentados pelos falsos apóstolos a voltar à Lei e àcircuncisão") - deduziu-se que os ìudeus cristãos vindosde Jerusalém e adversários dË Paulo, os mesmos que erâm, hamados de judaizantes. penetrâram nas igrejas de Pauloe tentaram persuadir, os gentios cÍisrãos, que viviam_ livresda Lei, a aceitâr a citcuncisão e, assim, a adotar a Lei iu-daica. De diversos pontos de vista, em épocas mais recen:tes surgiram dúvidas sobre esta suposição.

De trm lado, afrrmava-se que os adversários na Ga-lácie só Fodiam ser cristãos gendos, que desejavam Íazeroutros cristãos gentios âdotâreÍn a circuncisão que eles jáadotavam, e qüe somehte deste modo se explicariam o exa-geto sarcástico a ptopósito da exigência da circunscisão (5,12), o uso do tempo presente em hoì perítemnómenoi em

7 D. ÍoÚa âleuna,s Fde Ér úa alusóo â P€db (cono p€n-e H. Li.rznún, izw€i Noúis

^ Paulus", SÁÌ L9)0, r54=H. L.

K,t,e Sc5alte, ÍÍ, TU ò8, le'8 28EJ Conkdrd a esa tcor.r' .;o

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B EP|SÌOIÂS il III EPISÌOLA AOS GÁLAÌAS 389388

6,1), e a ^le}

eão de que os ptóptios opositores não guar-d,"em a Lri 3.

fl J"Hï,,"ïffi t'H#'"*ffi t;#'iff ':i,'JÌ):,'l,r:,'Ot tao serrio. que há pouco 3e tomtÉn prcêrÍor

' prcpu_

ffird lubhcÌeFie ã orondsáo

ïti:íïifff:; schris, purlet.- M,*. el*üre; courÀÍierdS.iü'u".-Íiir'i.-", T.1b.í, Kij6-Ìcr, SÌlI mailer' Jeveí; H -R

pl|z'ia"ìt'àà;',t, p.otÈ-, ttet d! Chtiído4ir' vÀ'r\NT 25' 196? 162'

tt SchnitháLs, Vcs.nst. Gücs.óanns

rncnte de base em GÌ.

conseguir que os gílatas observem a l-Êt ld, 5,2s.6.12 Itb).Os adversários erem, sem a menor sombra de dúvida,

juderx cristãos, que pregâvrm, eotes de majs nada, a cir

" A ássc!Éo de que o crlendário d,3 Íesrs (4,10) devia tc! bse

sim.tísriq (aim pe@ liìhÌmÍn,69, Jwetr, 20E) não ren foçr

f, Âqd d! nFÌDrdaao Ãe paitêúnóãdoì = "or qúe s Ía2dci!t{ncid,r", cÍ. Jevert, 202!.

Page 38: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

$ l0 EPISÌOLA ÁOs GÁLAÌAS 39í

Jos nos Aros dos Apcisrclo. " respeiro das viagens de pau-lo a Jerusa)ém e do seu encontro con os apoirolos ai tÁrlS. lssl)

Como Paulo só Íala de duas visitas z Ìerusalém. in-cluindo nelas o enconrro com os apó.rolos {ôl 1,t8i2.1).ao passo qÌre Ât menciona rès 19,26;lt ,10;12,25;15,4 \ , equestão decisivâ consiste em saber se os dois textos - Gl2,1ss e At 15,1ss - relatam o mesmo episódio, e, se foreste o caso, er4 descobrir de que modo devem ser expli-cadas as viìtss a Jensalém naj duas Íonres 1?.

1. A soÌuçâo Ínai6 6in ples é a de negar que os doi6ÌelaLos {Cl 2 e Ar 15) se reÌi Ìâm ao mesmo âconreclmento.Para apoiar €ste ponto de vista. podemos acÌescmtâr quea arsência do DecreLo Aposról ico de At 1í em Gl 2 Í;cs,

4t 12,25.Neste caso também, o Concílio Apostólico de At 15,

1ss ocorreu depois da redação da EpGtola aos gálatas. Maô,para sc conseguir situar a rcdação de Át antes do ConcíioApostólico de Â[ 15,1ss, seÌia necessário â{irmaÌ áinda queeuegellitámen hymin tò próteton (Gl 4,13) se reÍere âpe.nas a urnâ visit. de Paulo às igrejas da província da Galá-ciâ - ou, no máximo, à suâ esrada duÌente a Íundação dasigrejas (At l3,lt-14,20), â quâl Íicâ equilibrâda pela via-gem de volta (Át 14,21ss). Neste câso, Gl setia a majs an-riga epísLola de Paulo conservada, escriÌa enlre a viagemmissionária de At 11,14 e o Concílío Apostólico de At 15 rr

17 V.r o eLcnco d6 oobin ço€s pGsiveis d Trlb€Í. 26, mrr Le á úbur m l. C. Hnld (v€Ì nob l), 18.

rs Rèce.Ènentc deÍeodcm esa teoria, Colei Gurhrie; HeaÌd, Hcn.sh.v; Ofrbdd, BNcej D R. Há11, 'SÌ Pâul ând Fânirc Relielr AStudi in G.Ìatiá.5 2,10", ExpT 82, 1970/7r, t9gs- Tãlb.lt defmdc aprcFsta aioda hais impNiv€|, ssüdo a qü.1 Prulo idb 6ciÌo ac'rÌá ao! s:íáras pooco depois dâ visit! À pmvínciá dâ G.ÌÁcn, naradaem Aros 16,1-4, pô! oc6ião da qlrl elê transmilju a esa comnidrde

Page 39: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

352 B EPISÌOLAS

de cl.rmprit a Lei,

2. Se a teoria máis provável Íot a de que Gl 2,1ss eÁt 15.1ss esteiam Ìelatando os mestuos acotrt€cimeDtos, áin'da restatão duas possibilidades para esclarecer a situáção re'lâtiva à visitas a Jcrusâlém:

â) o ,contecimenlo nâÌrâdo em At 15,1ss ( =Gl 2,lss)foi erradamente tratrsPosto PaÌâ depois de Ât 1J'14 - em-bora haia ocorddo réal-enì"

"a época de Ât l1'3o e 12,

)i -,'r, "o

caso, a viagcm de Át 15 constitui uma du'plicâção errada; ou:

b) Át l5.1ss está no ÌuPâr ceÌIo, mas erÌa âo men'cionar ume visira de Paulo a-Jerusalém em AI t l . l0i12,25, situândo-Ê ehtte duas viagensr Gl 1,18 (=At 9,26) eGl 2,r (=At 15,4J.

O telato dos Atos dos Âpóstolos constitui üm ettoem embos os cásos. A PriÍneiÌa hipótese' a), que tem en'cohtrsdo rnÌritos defensóres te, deve não só coÌocât e pri

" ddêto ãD6tólko d. Ar lt. Gl 2ls é d Ehto da viasem t J''

uzlém. nâi.& .h At ll,l0 . l22t' o P.6s qú o €lì@h Ú'

*'fiJ'*]t""€.í#f."ïiR1**ï'li;*ror, 2ss: rs reio. 2ós,"-bé.'ú";;.d, C B.';k"" P,l6 UÌb.nBüóer rle D le6e,64

5 rs. EPlsÌOt AOG GATATAS 393

meira viagen missioÍ,íÌia (At rr-14) depois do ConcílioApostólico - do contúrio, não M neDhumâ cl:úa razãaque justiÍique o dado -, mas também utilizar, como umanarração útil, o conteìído inquestionável das notas Íragmeotárias induídas eÍD Át 11,27ss e 12,25ss. Ás duas sulnsi

Ìitório ".Haveria apoio substâncial para esta decisão se outÌos

fundamentos nâo demonsrassern a probabilidade de que GlLenha sido escrira depois de Ar 18,2!, e, por consegrinLe.deoois da sesunda visitâ à recião dos qálatas e loqo no prinrípio da per-manèncir ern ÉÍãso (Àt -19,tt"t. De Íaro. íoi

Já Íoi observado que a terminologia e a linguagem deCl possuem pootos de conuto significâtivos com Rm, prin-c;pa]menLe nà erteÍrso uso da tcr-minologia ücadâ à justiÍi-câção existente neslas duas eplstolas, como igualmente sob

Page 40: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

394 B EPjSÌOLAS

Tudo isto mostra que a tedação de Gl, cronoÌogica-mente, não se dbtancìa da de 2Cnr e da de Rm. Por ouüolado, a tentativa posteÌior de demonsrrar que Rm cotnbinâ idéias cronologicamente próximâs das epístolas Gl e2Cor ", ou de que Gl se situa etrtre 2CoÌ e Rm no seuensinamento sobre o Espírito e sobre a cnÌ7 e a ressurrei-çãoa, não obteve êxito. Como as observaçóes apÌesentadassão suÍicientes pâra mosttar que Gl se acha 'cÍonologicâmen-te pÍóximá de 2Cr.Ì ê d€ Rm, a hipótese do territóÌio ficâmals ümâ vez conilÌmadâ-

5. Tempo e lugar da redação

O tempo e o lugar da redação de GJ úo podem serdeterminados com muita exâtidão dentto dos limites acimaindicados. Uma data sitada no fim do período da perma-nência de Paulo em ÉÍeso " é tão possível quânto o é âsuposi@o de que Gl teúa sido escrita, como 2Cor, na Ma'cedônia. É rnenos ptovável que Gl tenha sido escrita emCorinr antes da Ephtola âos românos (na épocâ mehcionada em Át 20,2s) zí, porque então as drÍetenças ÌeâiÊ en-tre Gl e Rm não podêriâm ser levadas em conta

A redação de Gl, depois de Rm, no camiúo de Co-Ìinto páÌa JeÌusâlém, não pode bâseer-se nâ interpÌetaçãode hoi sy enoì pântes adelphoí (1,2) como se se referisseaos delegados*das comunidades que acompanhavam PauloDestâ v1âgem _'

Pot conseguinte, podemos apresentar como data paraGt cerca de 54 ou 55. e como lusar ÉÍeso ou a Macedônia

} Buck: B!.k Tallor. E2s.,a Fâv dúm, a atcriçao tanbém parâ a f.hà de heÀção dos coL"'

boaddp. e dá acnruãção dÒ enceÌgo apoÌóüco rJn.o no endereço da(ìd G sáhtr' omo nr Cnrá s.ntc nr$ãs dutr.

2t O Pditoso maEìoniÌâ já ,Íúnàs. '.tìbe"t

eir .b Epbero26 Á$in p.nM Bonnúd,? Foeht.r De.M o conúárni

6. Âutenticidade

As dúvidas mais antigas, qr.le com {reqüêncis repÌe-sentâvâm hipóteses de interpolação ou compilação de Gl,,hoje em dia são râraÍnente discutidass, e isto é que esrá

É indiscuÌível que a Epístola aos gãJatas conitirui umaepístola real e genuína

S 19. EPísroLA Áos RoMÂNos

,3 Rêldivamen!. à üítlca mdicâì msis a.tjsa, cf. J. Gloel, D,"ìiì"sste kìtick dêt Gal aul ihre Bdühtisarc s,piilt, i89O Recenre.nóle â â!Ìedricidrde foi Dôía em dila$ão boÍ Mccúre.

ã Cf. C. CIo.n, Dì. Eì,be,ti.híat ,1e, ì,arli"ìtchú Blele, rs94,

" A l -por\ão úb. rr :ã) ae \ í Koepp, ,esunco r quál uú didrdxe sobre AbBão .eria lido n.Tido nelá 'Dle Àbhhrm.M dÌÈschiókeÍÌ. ds G,l .ls das voÌpaÌìinischc hiedtrhristÌiche UÍheoloÊu.n6on", Vìsse"Ìhzltlicbe Zenlcbii det U'iEÃità! Rütok 2, ÇÃ;tlschaiÌs lnd Sp.achwssens.h^Ít i ). r9t2/tt 181s), é ú€ncionadã €dK. Weiss, DLZ 89, 1968, 299

919 EPTSIOLA aOS ROMANOS 395

Page 41: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

' I Conteúdo

s 19, EPíSÌOLA AOS BOMANOS 397

ele é Íorça de Deus para a salvação de todo aquele quectê, em prirneÍto lugar do judeu, mas rambém do grego.Porque nele a justiça de Deus se tevela da lé para a Íé,conÍoroe esuí escrito: O justo viveté. ü Íé".

O desenvolvimento do tema mostra, pÌineiÌarneÍte,os âspectos positivo e negativo do ato salvífico de Deusem Ctisto, o úlico ato que possibilita a justificação pelaÍé (L,18425\. Sob o aspecto regetivo, o auto! âpontâo fato de que aqueles que se mântêm Íora do evangelhopermanecem sob â iú de Der:s (1,1E-3,20), Segue+e oaspecto positivo 11,21-4,251: o novo ato justiÍicante, ba-seado na gag, medrrnte â fé em Gisto (),21-26); FoÍia nova rJrelação de Deus à fé, toda espécie de orgulhoe âuto+uficiênciá ficam excluídos (),27.-)0), a objeçãode que a I*i se tomou ineÍiciente é conttariada pela te-ferência a Abraão, que Íoi jr.rstificado pela fé.

Depois desta demonsttação sobre o fundaÌnenlo datedençãô, colocado tro ato salvíico de Deus, há um tetta-!o d, Ìealidade do novo set dos ctistãos (5,1-8.19) 1.

B EPISÍOLAS396

Gè'dnhclk Aul'àt., IV 1971 120ss)

Page 42: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

3gg B EPÍSÌOLAS

o pecado e â morte nos homens que se âchâm debaixodela (a Lei), mas que já não possui poder algum graçâsao ato salvífico de Ctisto (7,7.25); quem se deixa guiarpelo Espíríto está livÌe do pecado e da mone (8,1-11), aposse do Espítito gatânte â cettezâ dâ redenção ( 8,12-17 );deste modo, â esperânça da eterna saÌvação Íica cettamenteasseglrada (8,.18-30), pelo que Paulo rende jubilosas açõesde gÌaças ( 8,11.19 )

Paulo voÌta depois ao assunto do fundamento da cren-

ça judaica no advento do tempo dâ salvâção em 9-11. Ofato inconcebível da atual rejeição de Ìstael é conÍron-tado com os beneÍícios da Ìedenção que este povo recebeu(9,1-5); mâs, ao rejeìtar os judeus, Deus não voltou âtrásna sua promessa a Israel, e ele goza da liberdade de acei-tar ou reieitâr (9,6-29); o pecado do homem constituia causa real da rejeição 19,30-10,21); a rejeição dos iudeus, porém, repÌesenta úma medída meramente provisó-r ia no plano redenror divino (11,1-12); esta l inba de pen-samento é encertada com um hino ( l l )3-36).

Com o trecho de 12,1-2, Paulo inlroduz umâ séri€de a[ i rmaçoes porenêl:cas: adverténciâs gerais pára o coÍn_

Êm 14,1-15,6, a questão coocÌetâ dos Íortes e dosfracos na comunidade romana é discutida: âdver!ência âosfracos na {é (14,13-15,6); admoestação geÌâl tomândocomo ponto de referência o exemplo de Cristo (15,7 1l).

panteiros de Pado; 16,25 27 é unra doxoÌogia

519 IPISTOLA AOS FOMANOS

2. PriÍnórdios da comunidade romana

A pÌovâ seguÍâ ÍÌlâis âhtiga da exisrência de uma comunidade romana é a própÌia Epístola aos ÌomâDos, acoÍnpanhada por At 28,15 com o relato de que cristãos vindosde Roma Ìevaram Paulo para lá.

Em Rm f5,22s (cf. f,f3), Paulo €screve que duranrevários anos pÌetendeta iÌ visitar os irmãos €m Rorna, oque significa que já devia hâver cdstãos na capital do Impelian Romantm desde os anos 50 A observação do es-critoÌ Ìomâno Suetônio eÍn sua Vida de Cláudio, 25 (ca1,2o) Íaz-nos retrocedet a uma data orovavelmente ante-riot: [Claudius] ludaeos ìmputsote Chìesto assid.*e tunut-t antet Rama etpulít \ -Cláuàio)

"expulsou os judeus deRoma porque viviam continuâmente provocândo peÌturbações, instigados por certo Crestos")- C{,mo Cbrcuos poàeser ouÌrâ merieim de escrever Crlrjros, tratândo-se, por-tanto, do mesmo noÍDe, Suetônio provavelEÌente está in'reressado, nào por um judeu anarquista residente em Romae conhecido pelo nome de Chrestos'?, mas por Jesus Cris-to, cujo evangelho ttouxera grande mal-estât paÌâ a comu-nidade judaica em Roma. chegando a propiciar ao impera-dor Cláudio oportunidade para expulsar os judeus ou parre deles. O telato, que não é muito claro, baseia se numainformação inexáta dada por um escritot pagão. Ta1 infor-mação não implicâ necessaÍiamente a dedução de que ocrisrianismo tenh: chegado a Roma pela primeiu vez pouco antes do edito de CÌáudio, que ocotreu no ano 49 (ver5 13), mas o Íato é que, nessa época, ele já se achavaefetrvamente difundido entre os judeus romanos, a ponrode orovocar lutas Íerozes entÌe os cue mânrinhâm a Íéanti;a e os que âderiÌâm à Íé em Gisìo.

De qualquer maneira, Pedro não foi o Íundador daigreja romana, nem exerceu âtividade em Roma antes quePaulo escrevesse a Epístola áos românos. Contra a süpo_sição de que Pedro dirìgira uma missão em Roma ântes

, St. Benko, "Tbe Edici of Claudú of A D 49 and the ln$is.ktrChEços' , ThZ 2t . 1969,406sr

399

Page 43: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

4OO s EPlsÍorÁs

de Paulo', temos a pÌova contida em Gl 2,7; Rrn 15,20;2cor 10,15s (Paulo ìão Íez papel de intÌúso em tetritóriode missão confiado a outtem); lCor 9.,5, em que a pÌe_sacão mis6ionáÌir itberante de Pedro é mencioneda masãnã. oada se diz a respeito de se haver ele estabelecido

Imoério. nâo airavés de um aprístolo ou de um missioú-rio esoeclÍicos. Do'ém muitlssimo cedo, levado pelas cor_.en.es de comérìio mundial de então, medianle â insrÍu_menLalidade da srande Dáspora iudaica em Roma. Umsinaì dos laços r.'Íiglotot.ntti os iudeus rornanos da Diâs_oora e os dc Ìerusalém ttansparece lâìvez no fsto de queLavia em Jeruialém uma Sinágoga dos LibeÍtos {41 6'qr.

iudaics romana ".' O cristianismo em Roma já tinla uma longa hisróriaquândo Páulo escneveu sua Epísola aos romanos

J. Estrututa da comunidade na época da Epístola

\ Cono rfrma H. Lnn.úi 'Zsei No.tri.n d Ptulu" SAirqrc jji" r=ri. 4.. Ia.* ki,ift," Ir. ru ó8, ler8, 2c05 : Eai,"it. 'p..t,, und p"JU"", zNfJí 29, lclo, 6J$

c ht. È. Èsi'cr.-, ,4p;, M.ve! IIl tq65 14 cd 22ì hora IH i. tf,on. Tr. Ipu d a".P. Roze lq60 156 pêns. drverammre

s f9 EptsÌolÀ Âos ÂoMANos 401

a epístola contém aÍitmações que indican tatar-se especi-ficamente de uma comunidade de cristãos eennos.

As suposições a) de que a comunidãde romana €rãpredominentehente judeu-cristã,, ou b) de que Paulo esti-vesse tentando cooqústar judeus cdsrãos para e missão jÌrntoâos gentios 6, oü âinda c) de que Paulo estivcsse mmbateodoos judeus cristãos que houvessem voltado a Româ para Ìeto.mat o controle da comunidade âí existente 7, só encon'úam êpoio na foÌte.controvérsia de Paulo, que recorte aâtguhentos judaicos ( cf , 2,17 ;3,1 ;4,1 ;7,1.4 ), Mas não exis-te nenhum treúo que apfesente os cÌistãos rcmanos cornosendo na maioria antigos judeus. Também nada há queleve à suposição de que os cristãos çntios tivessem sidoobrigrdos a se submeterem à ciÌcr-lncisão antes do batis.mo 3l ou de que existissem na igteja romana judeus ctis.tãos citcuncísos e cristãos centios incircuncisos e. Ém RmÍalta por completo um ârármento contta a aceitação dáciruncisão poÌ pâÌte dos cfistãos gentios, como aconteceem Gl. Peto contÌário, a epístola caracterizr seus leitores,sem ambigiÍdade, cotl'o critt'aos gentios.

Em 1,5, Paulo se âpresenrâ como encaÌregado do rni.nisrério apostólico enlre todâs âs nações páaãs, às quaisrambém icrrencem os cÌis!ãos em Roma.'Ëm l, l l , elemanifesta o desejo de "colher algum Íruto tambéÍn entrevrjs, como entre os outÌos gentios', e diz algo de seme-lhânte em l5,l 'ss. Em l l , l l escÍeve: "E , vó6, genrios,eu digo..,", e, ao Íazer isto, demonstra estar dirigindo--se aos lcitores como gentios, e, não, como judeus des-crentes. E em 9,lss;10,Is;II ,2ì 28.11, Paulo fala a não--judeus como se foasem o seu próprio povo,

Qualquer tentativa feita oò sèntidó de conseguír umrettato dos leitores de Rm deve ser emoreendida oartindodeste ponto de visrâ iá estsbelecido. Meìmo os trechos de

Ásin dnd. s.tor.D F.hy; ìü Mmsn, Tb. Ìtprstle .o tb. H.-

IGicGrMicÈel.Mich.clisH.!d.!

Page 44: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

B EP'SÌOLAS s 19 EPISÌOLA AOS BOMANOS 403

Se o capítulo 16 pertencer de Íato à Epístola aos ro-manos (ver S 19.5), 16,7.11 provâÌá a pÌesença de ânti'gos judeus na comunidade romana. É, por cetto, questio-nável o Íato de se querer sabêr se o coÂtÌasle entre "foÌ-tes" e 'Írâcos" na questão de comeÌ carne (14,1ss) deveseÌ equipâÌado ao contÌâsle eitÌe cristãos getrtios e cristãosjudeus, como volta-e-Ìneia se tem suposb 11. De um lado,o judaísmo desconhece o vegetarianismo básico, ao passoque este é muitas vezes encontrado no prgânismo dessaépoca 1'z; de outÌo lâdor nade do que é mencionado a res-peito dos "{racos" em Roma se refere a uma abstinênciade catne especrÍicamente judaica 1r. Pot conseguinte, nadapodemos deduzir de 14,1-15,6 sobrc a estÍuturâ d,a comu-nidade cristã em Româ 14.

4, Época, lugar, ocasião e objetivo 'da Epistola aos toÍìanos

A epístoÌa foi, muito provaveìrnente, escúLa eÍìr Co-rinto, durante a ítima estada de três meses de Paulonesra cidade (15,251 At 20,2s). mais ou menos nâ pr j-mavera de 55 ou 56 ( segrmdo At 20,6, Pzülo jâ esÁvabovamente em Filipos na Páscoa) tt, e antes da viagem aJerusalém com a coÌetâ. Pârâ confirmar a suposição deste

rr R€enrmene nan!ên e$e ponto de visi. Michel, H \í- SchmidtiMdxsenj Bal1sch, DonÍried, Mine,r, JeweÌt, Bornkanm. Minear, comefeito, pdsa podef prova. que a Cãrta âos lonanos iÍteir, dirìJe{e,aÌt€madmente, d6ses etupos (cf. p. 45, nota 8l),o qle nao conv€n.e

t, Cf RÁC I, 1910, 7t0s; VII, 1969, 447s, 1105$.1r  |jÉ€se secu.do r quâÌ os fra$ seriab j!de! ciis,ãos que,

depois do edio de Cláudio @nrrá os judeus ldim rduciâdo ao usodâ cdne, porqle já não podiám obrer cú.€ culdcmste pnra, é conpÌ€tânenÌe dsdtuída de Íundmdto (nio obstarte Bút{h, Afltiirdannô,l l ) . Tmbéb â'dist inção entr€ dia e diâ ' (14, t ) não se ref€re, ine-quivommente, âo sábado.

ra Vú Klein, 1lós.15 Nád, levâ à conclusão, @ro qler K H RengíoÍ {Dic á,le-

stehu,s ks,, r9ó0, 4r ed, 64s), qus PanÌo "quelnãG dôs desijnatários lela Páscoa"

402

nhum ponto de conraro para a aceita-çào mútua, com sua

; i ; ;a" l i r , . eÍeiro da encarnação sobre judeus e genrios

(15,7ss), se âmbos os grupos não se achâssem representâ

10 Co.rrâ, Munck

Page 45: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

4O4 R ÉPlSroLAS

Ì6 L. P. Phenso, "P'uÌ an'l th€ Griothi'n Chur'h" JBL 68' 1949'

20 VêÌ SchEnk

s 19 EPíSÍOLA AOS ROMANOS 405

PauÌo não se dirige a esta comunidade, que ele nãoÍundou, para ú trabalhar como missionáÌio, mas antes,como "ministÌo de Jesus Cristo para os gentios " (15,16),ele alimentava o compteensível 'ptopósito de levat o evan-geÌho também a vós que estais em Roma", ou, como tam-bém o expressou, "no sentido de avivar a vossa memóÌia,em virtude da gÌaçâ que me foi concedida por Deus" (15,15) E Rm de fato já representa este teavivaÌ da rne-móriá.

No entanto, sommte â ocasião exrerna e a Íinalidadeimediata da epístola são explicadas peÌo ânúncio de sua visita, pelo esclârecimento de seus objetivos, e pelo ehfoquedado à compreensão e ao auxílio que ele espera dos ctís_tãos de Româ Dâra a consecucão de suas. metas missionárias. Â ampla discussão teológiia e o dehate com o judaís-úo que ;mpregnâm a episrola devem ter oulros mol ivosmais ptofundos

laços com os cristãos tomânos em benefício de sua contfnua atividâde missionária, não deixa de ser bâstânte ade-quado que ele se apÌesenLe aos lerÌores e que lhes talesobre a essència do cristianismo e sobÌe o conleúdo do

) { ,m',a lo, ,s,v,dr Do, Roo.en Rorrnos è uh "emioevr-se'

I o ffipánhdo de uÌa cdrá fl lusd de rúpLmen'o"

Page 46: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

406 O EPÍSÌOLAS519 EPÍSTOLA AOS FOMANOS 40?

tecet sua obrâ missionária, ela constitui â conÍissão teoÌó_gica de Paulo, que Íoi, com graode propriedade, carâcre-ii""d, .o-o o

_tesramenlo d. Puuloo"

No entanto, este ltestamento" não dá absolutamentea impÌesúo de um monólogo ". Pelo contlítio, nele seenconüam numetosâs indicações que nos levam â coniec_

mâs rambém o caso da ampla Poìêmicâ conlÌâ os eÌtos jLr_

daicos e contta as cúticas ao evaogeho (2,17;3,1')1;4,1;7 ,1i;9 )ls;11,11), bem como o câso da rejeição das conclusóes libertinas-andnômicas sobre a meosagem dá liber-dade dos cristãos em Íace da Lei (),a 31;6,1.15;1,7ss) eda repulsa provocada pela presunção dos cristãos gentios( 11,1lss )

O caráter literário de Rm náo admite o teotia de que

ela tenha sido escrila cofio uma encíclic ou um mânifesto

z A$iD suúe Bomr'.,lM, Its, o quál deroo{'1 útro d Bì

se m-ootEn o!'ìotiv6 dd errs toFriores s (útúdo in(luir ás

clrcunsÌânciâs que d DÕÌivârâú (ver llGs)

â suposição.de ,quc Prulo c.rej .r rrnundo, pol meio de,raeplsrota,

.esr,mular o , lcsenvolvimenro de uÀa comunidadecrlsÌâ urutlcâda em Romrr', ou proporcìonar, pela orimei.râ \ez, umá base aposról ica para a comunidade -6pana,,

^ ,^,1: lr.-*i.ll:1. Búr.ch e À,{har...( q!,is cr_r'hsn ô a.nção pa,/no .nd€reÇo dG dGrinaúrc

Page 47: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

g EPÍSÌOLAS

5. Auteoticidade e integridade da Epístola

são dc Rm apÌesenta imPoltentes dificuldedes crítico-tex'tuais.

tr BuIú.n., Schcúcu xi"-tti,,

" qu.l rodávi,, úo Ìe.tâ- elPÌic.'

" .PPP'I'Fgt) OrlÈen6, Côún.,t,,ia h cPi'tot.a dd KÓt,,or (vrr' 4ìr Úm'

S 19 EPÍSTOLA AOS FOMANOS

a) ! , r - 142t,

409408signúica, segundo Origenes ( dissecuit = desecuit) , q,te Mat.cião coÌtou os capítulos 15 e 16; sua Epístole âos roma-tros tenninavâ no veÍsíqrlo 23 do capítulo 14. O texto daEpístola aos romanos de MáÌaião, excetuados os capítulosIt e 16, conrrminou alguns manuscritos da lgreja ociden-tal, os quais tinham somente a doxologia de l6,25ss logoem seguida e 14,234.É indiscutível que o techo 15,1,76,23 provém de Paulo, mas a doxologia contida em 16,25ss é encontrâda na tradição do texto não só depois de14,21, aomo também ern lugares inteiramente diversos rt;

b) 1,1- 14,23i16,25-27 r5,1, - 1,6,Di,16,25 27 A P mn\

.l 1,I - 14,2)11625-27 1r,1 16,24

r5,l 1623i162tn P6r B CbosDdcívg stD

r5,r 1,6,24 FGsÁÌquéripo & D

d) L, t -142t

el r,r - l42ttr624-,

d;írììos e'n ciori'm

Í) t ,1 . tt,33tI6,2t-27 16,7-2) P4é

A doxologia não poderi, tet sido mlocada otiginaria-mente dcpois ôe 14,2.) e de 16,21, priacipaÌmente porque,depois de f4,21, ela destrói a coDtinüid{de. Mas se elaestivesse originâlheDte depois dc 16,2r, como podeÌia terúegado a ser colocada depois de 14,232

Á conjectura de que o texto de Marcião - qìre omi-te os capítulos 15 e 16 - tam um papel a deseúpenhaÌ

' 'r Cf. DupoDt, RB€n rca8, ósj H. I trcde, Altloklrilch. P.'ltlHd"dtòiÍt.i: Vetls Lrrinr. Au6 d.! Gòclnôk de! l.t. Bibel a,1964, t 2t

rt A .lbu. .Dffib âFêns um. *le(.o d6 rsLcEunhor; .(rFdo tertehunho d;'

-i"úo16, cí. K. ÂtDd,'GI(É, lnr.rpoìiÌid,

Rlddrion urd Kd6iri6 E dq SichÌ dd trl. TddaitiÌ'. ,4roráe,êtd. F.lttclr. E. lide,.b.D, BÌrzÌ.t!{r lO, l%4, l8s=X. Â. Írrt"rz"t üb.ìiel.ü"e d4 M B'd

'eif$ T.'/er, ANTF 2, \97,46st.

Page 48: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

410 B EPÍSÌOLAS

Texto oÌiúâl (I ,L ' 16'23)

Texto de Marcião (l , l ' 1'4'2))

Texto de Marcião ampüado pela doxologia - texto e

Combinâção do texto original com o texto e: a' b' c' d' f'

O pressuposto da hipóLese'.que é afirmada pela gran'

de maioria dás exegetâs i i é de que 1625'27 seia um

r, D de 8ruync, 'Le dú dcr{cB cl-'Dir.tes d' 1á ìe-Ìe áJr

,i": iìB.n it. 190s 4.?\'j P castrl '/ú tb'ttielc"at qr'n".li.,Y. ï's.i' ïiì' rsoï" ìi\:, 4 ce.J*. " 7 u, 0 bertk te,u tt s-iii,ïiì u] "iì.í."z,íú' ro.-íõõq.-rss, zss

5 19 EPÍsÌoLA aos AoMANos 411

[ragmento de outra epísrola paulina s, ou um suplementonÁo pauroo "-

Ern si. não é provâvel que um Íragmento tão peque-no de um texro pãuJino r."I,u sido conservado a0 EnrretaJrto. 4ceita-se como plausível â teoriâ de que, nos cíÌ-

culos eclesiásticos ou ;os cíÌculos mârclonitas Postedores

Mnn, (vs mÌâ le).

Page 49: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

B EPiSTOLAS 519 EPÍSÌOLA AOS FOMANOS 413412

À neeacão de que o texto com Ìâis dimen\ões repre

t.nr. , .pÏiiol" odginal de Paulo aos romanos refere-se a

duas séries de fatos:

{} S@ido Dor Mun<} e P N Hârúôn

" r i s".r... 1969, .1. vcK NT, 79, t]o.; ;.ï;ì;.';;;;.;; dc -Finre:uncen de ErhhôÌ' P ce !íaR

TlSrKr 2, 1829, 609$

Esta hipórese, defendida hoje em di, por numero.osexegetas e ;studtosos 6. com ligeirâs vâriâções'-' repousâsobre os seguintes argumentos:

às personalidades com liderânçâ na comunidade, mas quedavãm ênfase a suas velfias amizades

16,19 )

Page 50: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

5 19, EPÍSÌOLA AOS FOMANOS 415414

4. 15,11 reveste-se do caráter de umâ conclüsão eplstolar cerimoniosa, como âcontece eÌrl 16,20. A duplicâçãoé totalmente arípica em se ttatando de Paulo

s. \ào hâ ouuo lugar onde Paulo cumprimenLe in-dividualmenre ránÌos cr isLãos como no Ím de uma episLola

Os arsumentos aptesentados nos itens 1 a 3 foÌnecem o funãunl.n 'o da prcbabi l ìdade de que as par.e< e.-senciais de Rm 16 Ìoram oÍigúâlnenle àirigiàas a Lleso

Mesmo assirn, porém, a hipótese não é âbsolutâmente

ì) N:o se pode delermirar com certeTa quem sáo-âspessoas visadas pelo duro araque conrido em l6 l7-20:

nada indica ÌraL;r-e dos ' judaizaÍLes" que conf iam na

a Lerna-n :.d1ou coro á^âloeia uú rïÀo' ás"cjãcãoì, bn

ouic, que de :n "r\;o Pubr(áda;zl at A<hpoLoÈt. 17 lolÌ" r lrì h'\ âie rf ialâdo

Leile; houve quem sugedsse setem os gnósrícos t1, sem,contudo. apre..nrar nerúuma comprovaçào val ida Mas ad_ver. i r a comunidade sobre um perigo que aindâ não se t ÍansÍormou em realidade é muito Ìnenos diÍícil de entenderno caso de Româ do que no de Éfeso

4) O voto f inal ( l5, lJ) não é âbsolutamente impo""í,rel d.ntro do contexto de uma epístola pauÌina (cf

1Ts 1,11-11;Fl 4,9 ) .

t) Dois fatores depõem decisívamente contrâ á hi-pótese de ÉÍeso, porém;

bl Por que haveria aleuém de reürar as saudaçõesindispensáveis â uma episLolã que terminasse em l5lJ eairda corLar o endereço da suposra eprsrola aos eíésios' '

ae CÍ Schenke, 282, noÌ, 1 Ses!Ádo DonÍried, 448s s idm@s

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416 B EPISTOLAS 5 20 EPÍSTOLA AOS FILIPENSES 417

desse ser enviada também a Éfeso. oode fornecer-nos umatesPosta satis{atória.

Á aÍirmação de que se trara âp€nâs do frâgmento deumâ epístola aos eíésios lorDã âté ÍÍìesmo a preservâçãode tal Íragmento, em si, inconcebível.

Por outro lado, Paulo tem boas râzões para expÌorârseus vínculos pessoais com uma comunidade qüe ele nãoconhece, como Cl 4,10ss o mostÌa. Já foi corretâmerlte en-fatizado 5r que a saudação dirigida a "todas as igrelas deCristo" ficaria substancialmente mais adeouada numa epís'tola a Roma do que numa epísrola a ÉÍãso. A supos(ãomais convincenre sobre a tradiéo do texto é a de que eleoriginalmente incìuía o trecho l,l-16,2t'

P,dse Lf,treb ÍrcD ',evreà'

ErpT 68, lerÒ ì7, 2is, V Schn,rnJ.,'De l t r lehrer d$ Phi l , I IHK <., 1917, 2ets \ . \ \ t .5. , P. , t , - unddie GhÒstìla, TbF 15, rgS6,47ssi J Miiu€r-Bârdorff, "ZÚ Fmse derüteFdrhen EiDhert d6 PÉil", Visterúchdltlcbe Zeìttchnlt det Ficdeibetrb Scbi eruriountu IeN, 1, r951/rE, G@lsóÍts und sprach-vissnrh.ÍÌìich. Reihe 4, tlss; B D. RóÌieq "TtE ThF. latreBof Pzuì to the Phdippids;, NTS É, r9t9/60, 161*; B S M0ck.y,'Fudhe, Thous[Ìs or Philippids', NTS 7, 1960/6], Ìólssi G DeÌli.s, RGG, It cd, 1%1, lllsi G Bdnkúm,'De. PhiÌ ,Ìs lauLÍiis.lcBrreÍsnnluns', NeakrtMe'tica et P.ttntic4, Frea"tl4s,be O Cully, , , , NdTet luD 6, Õ62, lq25!, (=G B, Ce'hrhk 4d Ckubel l , Cptuan. lÊ A, l ' . tze lV. Berïh 53, 1971, oa"r , H. Kôíe! , lhePurpose oí the Polenic of a Páuline FmshenÌ (Phil III)', NTS I,1,96r/62, Jl?ss, v FÈmjsh, Th. Plâe aDd P!!p*e of PhiuppiánsIII", NTS r0, 19ó,/U, Msst  F J Klijn, "P,ult Opponóts inPhülDians III', NovTBt 7, 1 /65, 278sr; J Müphy-O'Conno., DBSVII, l9ó5, l2llss {bbl); T X Pollrd, "Tbe ItrEsÌjty ol Ph,l,pPl'ns",NTS 11, 19ó6/ó7, tTsj R Jd€(, "Tìe EpistoÌzry Taokssivins andthe Intqriry of thilippi@', NovT6Ì 12, 1970, 40$i idd, "ConÍlic!ins Moeem.nt in rhe Eúly Chúch áls Rcfl€ded if Philippidns', NovTesl12, 1910, ,62Êst B. Reiúe, "Ca€M!.., Rôóe and rbe Captivlty Ephrles",ÁHG. 1970.277s.

1. Conteúdo

Depois do título e endereço (l,ls) e da introduçãoà epístoÌa (1,3 11), em que Paulo rende grâças pelo estadoda comunidade e suptica pelo seu crescimenro poslerior.üá uma inÍormação sobre a situação do Âpóstolo (1,12.-26): ele estÁ prisìoneiro, embora a obra do evangelho nãose ache com isto prejudicâdâ; pelo contráÌio, no t)ornentose mostra incrementadâ Seus comDanheiros Íoram estimu,lados por sua conúçao de preso a proclamarem e conÍes-sarem alcgÍemente o evangelho (1,12-18a). Também, ospÌojetos pessoais que PauÌo tem são favoráveis: emboraespere á morte com desejo ârdenle, mesmo assim ptevê umbom desÍecho paÍâ a suâ experiência: a sua libertação docativeiro. EIe sabe que peÌrnânecerá vivo, que suas igre-jas se cons€fvaÌão firmes, e que ele verá novamente os fi-lipenses (l,f8b-26). Vêm depois as exortações à comuni-dade (1,27-2,18): prirneito, o apelo para que perseverecoÉiosamente na luta pela Íé (1,27-301; em seguida, aadmoestação no senrido de que se mânteúâm firmes oumsó espírito e numa só alma, âtitLÌde qìre depende sobretudo

S 20. EPísroLA Âos FÌLrPENsEs

ComotóÌic. Va Í 4l E5Ìu.lo6: w' Lú|gm, "Di. Volkdmeooin Philippi úd die EnrhusioÍo tu Thssloni.h", BFChTh rl, 6, l9ó9,

H Dodd, NI Stadi.t, r935,8ts; G S. Düftú, '!le P l's Iúpr'enoút Episd6 Vrillft ÍÌú EDIEÌS?' ExpT 67, 1955/56, r6t*jid.d, P,ulì Mi'istÌy rn Asiô - The I4Ì PÀ05.', NTS I, r95ólr7,2Ì13si idd, 'ChronôÌosicrl Tsble to iÍu$rét€ P.ull MinbÌry in Âsa',NIS 5, l9t8/59, 4\si P. N tlriiisod, 'Th. P.!rc(r, tpisdes rdD!nc.n s tphesiá Theory", NTS 2, lcrr / ì6,2tos; L. Iofnson, " lhe

u K. Ho]l, "Der KilcheÀbesrifÍ des PauÌus in finm VeÌhzüniszu dcn der Ursmdnd.', SAB t921, 924, nolà L =K. H. GaaúneLteAahàtzè II, 1924, 47, not. 2

Í Esr. ë "

opinião de BúrcÍ, Crucler, Huhr.Lydner. Uetz'nfin,!liôê|. MúBy, H. SdtÍúidr, Cosuel, CüthÌ,c, HüÌincld, tltrris.J'llióq-Fashd, Kliin, K. M.ly, CÁNT, 9), M.i,rn', Wi[dÌEusiPrcisk.r, nardd, Renc$oí, DonÍiied; r. bhsc, -Dlc Mirarbeittr desPáulur im Ko'. V,bott4 VenM\ he,t,cú. G Stahlta, ta1a, taa

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418 B EPÍSTOLAS

da humildade e do desprendimento de todos, como mem-

concÌusão

2. Paulo e â comunidede de FiliPos

A Íundacão desta comuhidade foi o pÌirneiro ato dePeulo em soú euroPeÌr, quândo chegou à Macedônia notrro 48,149, vindo da Ásia em sua segunda viagem mis-sionáriâ.

5 20 EPISÌOLA AOS FTLTPENSES 419

Filipos, constúda por Filipe da Macedôía (par deAlexandre Magno ) e assim denoÌnihadâ pelo próprio Íun-dadot, viúa sendo desde 42 a.C, lma colônia militar to-nana, Calonia Aagssra Jrlia Philippetsis, cujos Labitantesgozâvam dos privilégios do íus ltaLica,n 1

A história de ptimeira missão de Paúo em Filipos éconhecida através do relato de Ai 16,1240. Por meio dostrechos de lTs 2,2 e Fl 1,iO, pode-se deduzir que nestamasião Paulo soÍreu âtaques e Inaus tÌatos. Sua ptimeirapermanência não palece ter sido longa, nem have! che-gâdo a conseguit o estabeÌecimento de uma comunidademais ampla. O livro dos Atos dos Ápóstolos mencionaapenas a proúlita LÍdia, negociante de púrpura da cidadede Ïatira, com s€us ÍâmiüâÌes (16,f4s), e, além destes,z Íamília ào carcereiro (16,lls). Excluindo tais pessoas,só conhecemos as hehcionâdas em Fl, que talv€z se te-nham convertido depoir: Epaftodito (2,25ss;4,18 ), Evódio,Síntique, Clemente, e o "colaboredor' sem nome (J1rygosnâo é usado como nome pnípÌio), citados eú 4,2s. ?orestes nohes, podeoos deduzir que se tratava de uma co-munidade essencialmente geDtio-cristãJ e ,,, âfirma que osleitorcs não eram judeus circuncisos.

No título Pâulo saúda "epíscopos" e " diáconos" ( epís-Èopoi kaì ãiákonoi), prirÌcipalmente (1,1: a comunidadeinc)ui pessoas encategades de certas tatefas específicas,cuio exercício é indicado por designa$es de uso comumem clubes e âssociaçõ€s flJrurâis.

Durance mütos anos Paulo não visitou F ipos nova-mente, mas os víaculos que o ligavam com os cristãos daíeÌ4fn bem estteitos. Este Íato Íica comDrcvado Delo do-narivo cm dinìe;ro oue os Íilioenses lhe oÍereceràm comoauxíio, tÂnto em Tessalônica

_quanto posrengrÌD€nre em

Cotinto (4,15s:2CoÌ I l ,8s ).Á missão de Timóteo e Elasto na Macedônia (At 19,

22) poÊ ceÍto havia incluído também os Íilipenses. O pró-prio Paulo deve ler ido, provavelmente, primeito à Ma-

, CÍ P knerlc, Pbilippet et I' Ma.é.loi|e aÌie,talê à l'ëpoqzcrhìétih,. et bt@ti& 194r, 7s. I

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420 B EPiSÌOLAS

cedônia ern Írns do outono de 54 ou 55 (At 20,1s) e,nesta ocasião, segumrnerìte deve ter parado em Filipos.É possível que âí haja ocoÌÌido seü encontio com Tito, quevieia de Corinro, e óue, também âí, renha ele escrito 2cor( ver p. 179)

Ele visitou a comunidade pela última vez em 55 ou5ó, quando viajava de Corinto perâ Jerusâlém, âtÌavés dâMacedônia, com a Íinalidade de receber a colerâ. Provâ-veÌrnente celebÌou a Páscoâ com os filipenses (At 20,lss).

3. A oportunidade para â iedação da Epístolâ

a) PauÌo recebera recentemente um novo donativo

estava restabeÌecido (2,28 )

poÌtas da morte, eÌe metecia set tecebido, em seu retomo)

ielos filipenses com um Ìespeito aínàa maiot 12,21'30)

2 ver Máckây, ló8s, Reicke, 284

S 20 EPÍSÌOLA AOS FILPÉNSES 421

c) Paulo deseja igualmente comunicâr à comunidadede Fílipos como as coisâs vão indo com ele (1,12ss), jáque, em conseqüência de sua pÌisão, ele não podia ir tetcom eles no momento, e avisálos de que pretende, muitoem breve, enviaÌ Timóteo a Filipos, poïque está ansiosopot recebet notíciâs da comunidade (2,19ss)

merece total con{iânça por parte do Apóstolo. Somente aenfática recordação de que a harmonia corìstitui uÍn devet(1,27-2,78) indica algurna Íalta específica Ìelâtivâ ao com-poÍamento moral dos membros da comunidade, que numiaso isolado (4,2) descambatam, de maneira rude, pataum conÍlito entre duas mulheres, Paulo ainda deseja adver-tir a comunidade sobre pessoas que câÌâcterizâ como "Ìtrausoperários" e como "inimigos da cruz de Cristo" (J,2.18),que poderiam impressionar os Íilipenses. EÌe, porém, nãoconsidera a comunjdade grrvemente ameâçadâ.

Os motivos para a redação desta epístola muito. pessoal são tão numerosos) que suá oÌlgem se tornã fac mente compreensíveÌ. No entanto, as citcllnstâncias históÌicasqo..rtuoluer"- tal redação são as menos claras possíveis

4. Lugat e época da redação dá Epístolâ

r Dspn|âdo por T \( Mrnv- srôì bses srÍi'ìentê\

Page 54: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

422

12s). Seu julgâmenro pode terminar com a sentença demotte (1,202,1,7), mas ele acha mâis provável vir â serliberrado. Por isso, ele está com bom espírito e cheio deesperanças de podeÌ mâis umâ vez ir a Filipos como umhomem Ìivre ( | ,25;2,24 )

No lugar onde ele se ercontÍa pÌeso, desenvolve seintensa atividâde evangélica (1,14ss), e Timóteo está emsu, compânhia (1,1.;2,19 .23 )

Quando esteve Paulo na situação indicada pelas inÍot-mações contidas em Fl?

Pelos trechos de Ar 23,33-26,32 e 28,14-.)1, ficzmossabendo de duas písões de Paulo: uma em CesâÌéiâ e ou-tra €m Româ. Não sabemos quanto tempo durou o julga-menio em Cesâréiâ, depois de haver ele ficado detido emJerusalém (mais ou menos no P€ntecostes de 56 ou 57).O livto dos Àtos dos Apóstolos menciona dois anos, masnão se consegue discernir com segurança ôe os dois ânosse referem ao peíodo em que PauÌo Iicou pÌeso, ou. comopárece metros provável, ao lérnino do mandato de Félixcomo DÌoflÌrâdor'. Segundo Át 28,10. Pâulo €steve livresob custódiá (.ustodt; libcTal durante dois anos em Ro-ma. Vinculâr-se-iâ a Epístola aos {ilipenses a um destesdois períodos de prisão. ou reve origem em uma .erceiuptisão que, bâseadâ em Íundzmentos hipotétjcos, tetia ocoÌ-Ìido em outro lugâr?

1) O ponto de vistâ tradicionâl é o de que Fl Íoi escrita em Roma5. Para apoiríJo, temos os seguintes Íugu'

ái A Cuarda Prcroti^n I prultót iôtt l , I l ) . que [ ica-va localizada em Roma. Segundo At 28,16, estava presosob cìrstódia em suâ- DÌóbtia casa, coÌn um soldado que ovigiava. EIe foi, poriano, colocado sob a vigilância de

a cÍ E. Haenchen, DÊ Ape, Wq IIÍ, l9ó5, 14' ed '

@ss- ,-t I; rì."" indi{;ndo dci,Ie o Pr,íoep Mcidtto do séoìo ll

't. o Àno Kvlll. Ms. v., mais roEmorei poÌ qempLo BdÌ'

lohnson. Nlülle' c. \'l GÈnr, Curhi,e, Ê. f Hainon, Hãrd He+1Èiï'lüti.ij. È,,.f;. spâ;ksi s,hm,d òodd P N H*r^on Rahre'

s 20 EPlsÍoLA AOS F|L|PÊNSÊS 423

membros da Cuarda Preror jana, que se rerezavarn jurrrodeÌe.

b) Á expressão roi ek tés Kakaros oikias 14,22), que,segundo o uso Ìingüístico da época imperial lc[ donrs oolanilia Caesa\s\, derìgnaua os q,e pprteIdam a casd ? aoseruiço de César, os seraos d.a inperad.or, taxto escruuoscomo homens Litres o lìbertos Não haveria outto lugaronde pudesse sutgir melhor oportunidade de encontros {á-ceis com escravos jnperiais, e de trabalho pârâ convertê-Ìos ao cr ist ianismo, do que Roma

c) A situação de Paulo prisìoneiro. Ë muito compre-ensíveÌ que Roma, onde havia uma grande comunidade de.fistãos, fosse o Ìugar mais pÌopício pâra numetosos pÌegadores do evangeÌho trabalharem ativâfiente ao lado detruln í1,14r(r . \4a. rs circunsràncias pessoaìs do Apci-roìo contr ibuem igualmenre para isro I l . ; . l2ss' : ôeu iulgâmento peÌante â corte iÍnperial €stá pâïâ terminaÌ; Pau-Io vê como alternativas da decisão judicial tânto â senten-ça de morte como a libertação (1,l9ss), Já ocorteu umâJefesa Í 1,7. apologia, bebaiosis), cuio resultado consisriu

"nr rer ele de ìomparece. diante do lr iburar, por vontadede Cristo, sozinho e corno missionário do cristianismo. E aliberdade para mviâr cârtas € pâra prossegÌit sua atividã_Je apostólica juntamente colrr seus compânheitos missioná'rios combina bem com a siluação d€ PauÌo descrita emAt 28,16.10s.

Entretanto. surgiram serias consideraç-oes contra tais.rgumentos em deleú da or igem de Fl em Roma

a) De Roma Paulo queria ir para a Espanha (Rrn 15,24.28), Como encaixar isso com o ânúncio de utnq visitâa Filipos, prometida por Paulo, se o resultado do julga-

mento fosse fa,rorável 12,24,1,26 )?

b) Tendo.se em vista a grande disúncia de Roma aFiÌpos. como Doderiamos conceber ás úânsaçòes cheias deuitalidade e a ìroca de cartas entre Pâulo e a comunidadeque Fl nos leva a pressupor? Já sg cat:lou que, antes de

B EPÍSÌOLAS

Page 55: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

424 B EpISÌOLAS

Paulo escrever sua epístola, deve ter havido quatrc per-cursos dâ distâìciâ entre o lugar da prisão de Paulo e FiÌipos: os Íilipenses souberam da pÌisão de Paulo e enviâ-ram EpaÍrodito âo encontro dele; a doença deste é contadaem Filipos, e a comunidade, pot suâ vez, manifesta su,preocupâção e interesse. Entte a redação de Fl e a viagempÌanejada por Paulo para Filipos, s mesmâ distâncit teÍiâde ter sido percorridâ mâis três vez€s: EpâÍrodito voltapara Filipos levando a Epístola aos filipenses; Timóteodeve partir logo depois dele e trezer de voÌta no[ícias dosfìlipenses. Levando-se em contâ, poÌém, o período de tem-po necessário pãrâ uma viâgem de Roma a Filipos, verifi-câ.se que estas numeÌosâs viâgens exigem, de qualquer ma-

")ogo" (2,24)?

c) PauÌo "evdentemente não esteve em Fiìipos novamente depois da fundação da comunidade, segundo 1,10;4,15s (cÍ . também 2,12;1,26 e 2,22)"ó. Mas esta af i Íma-ção não é válida nem verdadeira quando se refere ao pe't íodo da pr isão em Roma (cf- At 20,1ss)

d, Paulo em J,2ss abre uma polêmica con(ra os iudaizantes de modo semelhânte ao usado em Gl e 1Cor,más Rm mostÌâ que naquela época não havia petiSo de jìr_daizantes nem ern Corinio nem em Roma EsIa poÌêmicâé, poÌtanto, incompreensível no petíodo da prisão emRoma

Estes âÌgümentos a Íavor e as obieções contra a re'dação de Fl em Roma, em larga escaÌa. não possuem pesoreal

a) À alusão ao conhecimento amplamente di{undidode sua prisão corno cristão en hólo tô Pt,tita a (1,13) e

6 V MicÈ,elis, Ei"l, 2O7; cí Gnlka, Koútu , 20

as saudações enviadas pelos escravos rmperiâis (4,22) siruam-se b€m em Roma, mas seriam iguaÌmenre possíveisem quaÌque( outÌo lugâÌj já q\te plattó on pode tambémindicar o lugat da residência de um governado. tomano oude ourros oíiciais romanos. e hevia escravor imperiais emmuitos Ìugares.

b) Nada de ceÌto pode'se deduzir de 1,14 a respeìtodas dimensões da comunidade cristã local ou sobre o nú-meto de missionátios que aí atuavam. A situação pessoalde Paulo com zs alternativas de sentença de motte ou deIibertação fica melhor explicada por um julgamento diantedo imperadot de Roma, mesmo qìre não tivesse havidoapelo para umâ instáncia superior. Mâs não sâbemos s€Paulo em Cesaréia, por exemplo, pretendìa, conforme o desfecho dos acontecimeoros, apelar para uma ulterior decisão(At 25 ,11;26 )2;28,19 ) .

c) Nada sâbemos sobre os planos de Paulo duranteos dois anos de prisão em Roma: se abandonou a viagemqu€ pÌogâmâÌâ à Espanha, ou se apenas resolveu âdiálâ, ãfim de primeiro voÌtâr ao OÌiente, logo depois de sua tãoespeÍadâ libertação. De qualquet mâneim, potéo, este fator ctiâ uma dificuldade real pâra á teoriâ de uma origemromâna pârâ a Epístola aos íìlipenses.

d) Ás viagens pressupostâs em Fl e planejadas paraserem Íeitas entre o lusar onde Paulo estâvâ residindo eFilipos seriam indr:bitav:elmente melhor compreendidas sePauÌo se achasse roais perto de Filipos do que de Roma oude Cesaréia. Em todo caso, potém, deve-se obsetvat quenão há necessidade de contarmos qìratÌo movimentos de idâe voltâ ocoÌridos anrcs d, Ìedação de Fl'/, já que, de umlado, em nenhurn lugar se diz que os filipenses enviaramseu donatìvo por intermédio de Epafrodito depois que sou-betam da pdsão de Paulo; e, de outro lado, 2,26 não im-plicá que EpafÌodito soubesse como os filipenses reagitâmà notícia de suâ doença. Não podemos, pois, deduzir comsegurança, do texto de Fl- nada mais além do Íato de quc

S 20 EPISÌOLA AOS FILIPENSES 425

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S 20 EPÍSÌOLA ÁOS FILIPENSES 427426 B EP|SÌOLAS

Paulo, depois do restabelecimmto de EpaÍtodito, agrade.ceu aos Íilipenses o donativo que lhe mandatam por meiodeste emissário. E o pedodo cronológico entre a úegád,do donativo e r red4ão de epístola de agradecimenro in-depende da duração de urna úâg€h íeira entre Filipcs e olocal onde Paulo estivesse Ìesidindo. Na veÌdâde, 2,19.24aÍirma que Timóteo deve viajar para Filipos e daí voltarânres que o próprio Paulo empreenda a suã viagem pâralá dentro em breve {/ogot. DËvido às grandes dlisrância".isso seria mâis dlÍícil de compreendet em se traiaodo deRoma ou de CesaÌéia do que de uJD lugar mais perto deFilipos.

e) Neúuma passâsem em Fl irrdica, sem ambigüdade, que Paulo nãã ten-ha mais esLado em Filipos depoisque â comunidade se estábeleceu. Este atgumento, poÌtan_to, não âÍasta â possibilidade de Roma e Cesaréia.

üante de tudo isso, verÍicamos que não apareceunenhuma obiefo convincente cohtta â redação de.Fl .emRoma. Mas tanr&m não Dodemos dererminãr com absolutâceftere coÍìüa queln é diúgidâ a polêrnica.

1, Os que Íejeitâm â interpretação de que eram. osiudaizantes o alvo do ataque muitâs vezes têÍn sügerido,e. vez delet, propâeandiEt;s judeus'. cuja Propagândá emravor da cjrcuncisãJ en sa*í se apóia na asserção: "Os

citcuncidados somos nóÊ'r (J,l). Mas é pouco prováveÌque Paulo teúa usado o termo oÍensivo "cãest (3,2)

2ss) exâtamente âs rnesmas pessoas que propunham umestilo de vida evidentemente telaxado'em -maié.ia

d. co-midr e de sexo r Ì , l7ss). Por isso, durantc muiro rempoafirmou-se ro que, em ),2ss e 1,l7ss, Paulo estaria dir igindo sua atmção para dois grupos diferentes que ameaça-vam a comuoidade: ele se opunLa ou a iudeus e a cristãosde mau procedimento rr, ou a judaizantes e libertinos 1', ouainda a hissionários judeu-ctistãos que só se relacionavamcom os falsos mestÌes de Gl e com os cristão9 líbertinosque haviam abandonado a comunidade

Uma vez, porém, que Paulo, em parie slguma, de-monstra claramenLe estar lanpodo edvertências conúâ doisgrupos diÍetentes, em J,2 e em l,l7ss, Ìecentemente os âd-versários forarn desctitos, de Íorma uoificada, como gDós-

Císto ' ( r ,18)-Por mnseguinte, é pÌaticaoente impossível delinear

um esboço nítido dos Íalsos mestÌes, tomando-se comobase as poucas indicações coôtidâs na polêmica em FÌ 3.

ìt Gnrlka: m tanto div*sFcnte, FxÌÌer: sLncrêtlstâs que ünemà cndrclsão idás saoâõeniri! helcnísti.s

Page 57: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

424

Só uma coisa fica bem clata. na opinìão de Paulo, os ad-versários que ele ataca apenas arneaçam ou poderiam amea-çar (i,2 blépete; 3,17 skopeite) o gÌau de entusiâsmo dâcomunidade (cf. 2, lsrJ, l5sr4,9) Ì ' , sem que, paÌa isto,precisem pert€flceÌ à mesma comr.rnidade. De qualquer ma-neira, o caÍáter dos adversários em Fl I de nâda Âdiântâpara determinar o lugar de Ìedâção dá epístola

2. Como não existem aÌguÍDentos ioeqúvocos para aredação de Fl em Roma, e, por outro lado, como algunsdados conttariam tal hipótese, facilmente compreendemospor que, começando com H. E. G. PauÌus (1799), nume-rosos exegetas r7 se têm plonunciâdo em de{esa da supo'sição de que Paulo teria escÌito â epísrola ern oulro lugaÌonde o livro dos Âtos dos Âpóstolos nos inÍorma que ele

viagem de Filipos a Roma.Realmente, não há objeçoes razoáveis contra Cesâ-

réia como local da redação de Flr3, embora não hâjâ em

ú Cí. hwsÌ. l7l$t7 vú ; dúo en J Schnid, 2, ooG t Ultiomentc LohneveÌl

L. Jorúsn13 M.d*n, E rl., 62, rpremts óm pr@, u@menr€ que - â

pdP r sÈnde dlrà_' a d€ Ftlip6 - .ão si:tP _ê^hum doonmroàe p,oü r * i . -+". de un; .o-nid,d. em

'e 'úé 3 O'á i ' 'o

5 20 EP|SÍOLA AOS FTLTPENSES 42g

l l r rcnhuma prova.especial que aponLe.CesaÌéiâ como berçoo.r Lprsrola, âos flxpenses, ftoje esrâ jocalizáção esra, quásc untversalrrcnte, âbrndonâcla, apesar de. em âÌguns ca.sos, têlo sido com demasiada preisa Ìe.

CoúoÌme a oF,iÌìião de muitos exegeras, pode-se le-vantar a questão sobre uma pÌisão ocorrlda e passada en

. _A hipótese de ÉÍeso Íoi lançada pela pÌjmeirâ vez porA.

-Deissmann l l897r{ e conra hoje com muiros adep

todr. Os argumenros mais imçr,orrantÉs em fauor dela sjoos seguhtes:

_. .á) Apreciad€ do ponro de visLa da l inguagem. do esrilo Jirerário e do' conceiros. Fl eombina í.1Íor .om asepístolas mais ántigas do que coÌn âs outrÍìs epístolas docâtiveiÌo qÌre possam seÌ atribuídas a Rorna ou Cesaréia.Mas as obsetvações referentes às aÍinidades lingüísticas deFÌ com I e 2Cor e Rm?'z podem ser conttabalãnçadas pe-

,, vê. Feine, 4ls

B EPISÌOLAS

Page 58: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

430 B ÉpÍsÌolAs

escritâs poÌ Pâulo

b) Fl I só se insete âdequadamente no peÌíodo daluta de Paulo com os judaizantes (ou gnósiicos), e os mo-numentos literários de tal conÍüto se ènconttan em Gl e

2Cor. Mas ainda que Paulo tivesse feito advertências so_

bre o perigo judaizãnte ou grnóstico, como em Gl e 2Cor,

Lro ÍÌão i;Dediria que, mais rârde e com bàse em novasexperièncias. Paulo n;o pudes'e rer-se enconrrado com um

peÌigo análogo.

2r ÀsLú rulPà S(hmid, Ì22s'. . i

'1. ü: ,"- ; " , t ; ; rpt | . . ! t . rà4i . ,4 ' . . ìar ' Ì22s

9 20 EPISÌOLA Aos FILIPENSES $1

d) Tanto â "Guarda Pretor iaaa" (1,11) quanto os"esrravos imperiais ,4.22rpodem ser recÍ.rmados em Ía-vor de I feso. que rambém era .ede de uma guarniçio pre-toriana, e escÌavos ou homens livres a serviço do Ìmpériose achavam espalhados por todo o Ìmpétio, e onde qu€rque houvesse urna propì i .drd. imperìai para

' . ' ud. i" ; ' -

t rada. como ocorr ia em l Íe.o. e igualnenre o ca.o de Cesatéiar e, por conseguinte, não pïova coisa alguma.

e) Ás viagens entre o Ìocal de residência de Paulo eFilipos, pressupostas em Fl (ver p. 325) são mais Íacilmente concebíveis em se tratando de ÉÍeso do que de Ce-saÌéiâ ou de Roma. O plano de Paulo de ir a Fí1ipos de-pois de sua libettação e de enviar Timóteo na Írente paraque Íicasse esperando 1á o retorno dele óoncorda com Âr19,22;20,1; 1CoÍ 4,17;16,5 10. Embora este ârgumentoseja válido, convém notâï que o próprío Paulo ( lCor 4,17;16,10) não deÍìonstrâ estar eoviando Timóteo a Codntoattavés da Macedônia, e At 19,22 não menciona o Íato deque Paulo pretenda esperar que Timóteo volte antes desua pattida. Quanto ao destino de Timóteo depois de At20,6 isto é, depois da patida de FiÌipos, acompanhan-do Paulo em sua última visita - nada sabemos. Por isso,é bem admissível a suposição de que Paulo houvesse que.fido enviá-lo novamente â Filipos, estândo em Cesáréiaou Roma. Como vemos, este é mais um âtgumento não

t) Em 1,10. PauJo compara .eu atr i ro com o. ma-gistrados em Filipos (At 16,19ss) a uma experiência se-melhante de que os filipenses agoru esÍão ouvindo ÍalarÌsto indica um acontecimento recentemente ocoftido e de

Sesue-se a indiscutíveÌ diÍiculdade de que os fatoa relativos ã prisão em Éfeso não podem ser cliretamente con

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5 20 EPÍSÌOLA AOS FILIPENSES 433432

3 EPíSÌOLAS

" Cf Schmid, lgrsi H ConzeliÌrnn, I ("' Meve' V 1969 1r'

At " intencionalmente nada qr-rls dizer á respeito da Prisão

(Cesatéia )

5. Autenúcidâde e ünidâde

As dúvidas da escola de Baur sobre a âutenticida"

de - já atestada em Policarpo, FtÌìp,3,2 - iá não encon'

Lram aDoio hoie em dia, âcontecendo o ÍDesmo com às

i..ì^i'l" a. excluir de Fl certos lrechos como inautênri

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434 S 20 EPíSÌOLA AOS FIL PENSES 435

,o Schmnhals, loJ ôu J_2

Enretanto, a linha inteìra desre rrgumenro é rora!mente mcâpâz de convencer nos', A nova Iqe conveÌlc€Ì nos,,,  nova inseÌção em J,2e chocaDre e a aspercz3 da advertência em l.2s;.19. i.".-em f,2ss.I8s, ines-perada

À4F.\er ôl$ MuthÌBr;; r bor;ài; ' r i : i .11;" . ' "d": Fr" ï ; , . . , . ' , . . \hn, jJ ro . .p, ,

1,"F"1",. ' ..., n. u ç."".. r",,. i i . È. i 'r_.,i,_ Kr,,,. Mdian,M(h.ex( rcr supì . \ ,hptkh. vrk,v. DF jns F,_, .h d i ; ; ; , ì ,) r , bulk I ry or 76.s

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436 B. EP|SÌOIAS

alinÀavado, é atgo difícil de se discemir' ainìa mâis qlle1,7 e 2,2i contêm âlusões clâras ao auxíio oíetecido pelosfilipenses.

( ver 5 14.4).

)a Ássim Detr. Bere; Müle*Bardorífr5 BoElnm, A'ltutÉ lY, 2ot,o õ"Ë'õìiúì.' rr..p*J ua posívd .dPlic*âg q' q6:'F1

.{ v. üi;: ui nì,f a"' lsãati6 tod A'ììÚhü !n|t de' rottÊop

€xtlehamente mceÌtê.Ainda que o hino (2,6-11) houvesse sido coÍnPosto

e ditado poi Paulo - dado qüe parêce improvável, mas

S 20, EPISÌOLA AOS FILIPENgÈS 437

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438 B EPISÌOLAS

que empÌega poÌmenorcs de Íormula$o rradicional ou atéum rexro hftico tradicional -, nada e:dste que induza à

pÌiâ pÌoclamação do Cristo. E, simplesmente poÍ este mo-tivo, desmoronariam rcdâs as râz6es, alegadas ou supostas,pâra se questionar a origem paulina do rcxro rtadicionaì.

5 2í EPISÌOLA AOS COTOSSENSES 439

1. Conteúdo

sâlvação em Cnsto (1,21-23)Como setvo da igÌeja, o Apóstolo está encatregado dé

preeâr os mistéÍios divit'ot mesmo para aqueles que. comoi o caso dos colossenses, ele não conLece peòsoaìmenre ( I24-25 ) .

dâde Ìitual âscéticâ

1 A É3p.tro dá míÌi*, cf L!ihn.h.ôn, 29s 6P€c 6Ìs

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B EPISÌOLAS

Prosseguindo a polêmica, nâ terceiÌa pâÌre (.1,1 4,6)está a parênes€: primeirc, os princlpios básicos (1,1-4);depois, admoesta@es minuciosâs que colocâm cada um emface de Cristo (3,5-17), e, finalmente, advertências a gru-pos individualizados dentro da comuoidade: mulheres, ho-mens, crianç,Ìsj irmãos, escravos, senhoÌes ll= Ha ttaÍet) ),18 4,1).

A epístola termina clm exortâções à oÌâção, Inclusivepara o Ápóstolo (4,2-4), a rma condutâ inteÌigente diântedos não-cristãos (4,5s).

A conclusão dâ epístoÌa (4,7-18) constâ de urnâ re-comendação sobre Tíquico (4,7-9), o portador da epísto-la, que é um cristão de C-oìossas, de saudações e instru-çóes (4,10-17), de uma saudação escrita por Paulo depróprio punho, e de umâ bênção (4,18)

2. Odgem da comunidade

A cidade trigra de Colos.as. situadâ na Pãrte superiordo Lico, um afluente do Meandro, e âo Ìongo da grândeestrada que conduz à parte otiental de Éfeso, eta nâ épocade Paulo uma insigniÍicanre cidadc comercial, qÌr: conÌrâçravâ com as cidades vizinhas, maiores e mais desenvoh idas, de Hierápoìis e t aodicéia.

Como as comunidades de Laodicéia e de Hierápolis,

s 21, EPISÌOLA AOS COLOSSENSÉS 441

seu teÌÌitóÌio míssionário na Ásia; pelo contrário, recoúe-ce eÍn EpaÍms'oosso querido companheiro de serviço,que nos prestâ aiuda', que pregara "a palavra da verdadedo evangelho' ( 1,5ss;2,6 ).

A comunidade, da qual se mencionâm duás Ìesidên-cias que servem de igrejâs r4,lr.17r cf. Fm 2), consisLiapredomioanremente de crisLãos gentìos t2,1Ji1,21,21 ). Nãobá sinal aÌguÌtr da presetça de elementos iudeu<risrãos náigreja de Colossas.

Paulo escreve a epístola como pÌisioneiÌo (4,1.10.18;1,24). Attavés de reÍérências disseminadas aoui á aü. delduz-se que EpaÍras - que é chamado companieiro de pri-são de Paulo (Fm 21); que falou ao Apóstolo sobtã o

Impressionado pelo relato de Epafras, Paulo escreveuaos colossenses. Tíquico Íoi enrregar â epísrola, enquantoEpaÍras permanecia-mm o Âpóstõlo 14,ìs.t2s), Epàphnôsconslitú uma Íorma abreviada do nome muito comumEpaphródttos. Mas, apesaÌ da semelhança, o Epafras de Cle Fm não pode ser idenriÍicado com o Epa{rodiro de Fl4.1E.

3, Oportunidade para a redÁção da Epísrola

Os oistãos de Colossas estavam smdo ameaçados peloperigo dos Íúos mestres. Embora esres ainda'úo hou-vessem ob,tido compleio sucesso (2,4.8.20) 2, evidenremen-te iá teriam causado Íorte imoressão à comunidade r. Poristo, Paulo se mostta agradecido pela condição dos colos-senscs coEìo ctistãos, e alegÌe por causa da disciplina exis"

2 Relativ:úE . àosõrttzêtthe = Nt qr. @t luÊuai . pabtçõ.r2 d. MJI|!M. ad Id., FqsÌü,72.

) Os Írls ú6tlè são, difieíÌncn.c, ,peid umo úeçe qreÌD.(contldimúÌe a Fo.Ì*d,72sj èÍ L?iMêm;n,41, 107)

Page 64: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

B tPÍSIOLAS

tente em suas Íileiras e da Íidelidade que demonstram àfé em Cdsto ( l ,3ss;2,5).

No entanto, Paulo juÌga necessário o âperfeiçoamentoe o fortâlecimento da confissão da comunidade cristã (19ss;2,6s).

Os Íalsos mestres estão €r.igindo a obseÌvância de fes'las anuais ou de lua nova ou de sábado (2,16), apÍesen-tândo pÌescdções Ìel4tivás à comidâ (2,16.21) com intuitoacentuadamente ascético (2,20ss), pois servem pârâ moralicaÍ o cotpo (2,2)) a.

Se a dimensão ascética das âfiÌmações criÌticâs possuialoo de helentra. a doutr ina rel ieioso{úl t ica sobre os an-ioï ensioada pelos falsos mestrei é heJeni"La inequivocamente. Tais mestres exigem o "culto dos anjos" (threskeiatón angélon; 2,f8), "dos elementos do mundo" (Li rtoi-cheia toú kósmou; 2,8; cf. Gl 4,9), espíÌitos qÌre en-chem o mundo e têm podeÌ sobre a humarìidade, Lalveztambém os espíritos dos astros (2,16, conforme BoÌn-kamm). O ascet ismo e o cul to da "humildade" (2,1821)são tidos como condições para prepâÍar a pessoa pâÌa oenconüo diteto com os poderes ângéÌicos, encontro que serealiz através de visões (2,18)

Paulo condena as exigênciâs Ìituâis dos Íâlsos mestÌes,poÌque estes considerâm como Íatotes de primordial irn-òotãncia coisas que 'são âpenas sombras daquelas queirão de vit", e, pot conseguiÀte, irrelevantes do ponto de

I É ânDtânmte âdnitido qte â dercnção do ba$úo @no xmârhc*dsão ào leitd bat ftõo

'lì hÒftetu (2Ir) ddonsüa qle os he

FEü €xisián ole os .olo\e!r. se .irú(idàsêm (omo, por eÍm_p.ã,

' - {ãnrá Sf-ke, 1a2 Sàu d'r ' . l ì r 140: L$1cúdn r l 78120$), ms isso é improvável, vjsÌô qne não ápaíee

S 21 EFÍSÌOLA AOs COLOSSENSES 443

fé ciistã.

- O_pondo-se à errada doutrina da redenção pÌoposta

pelos falsos mestres, Pâulo deÍende a dourinã verdadeira:

Ì ia- secrela de ripo sincÌerisra {2,8.18i, gue combira oculro ascérico-ritualisra dos elemmtos com o rirualismo ju-daico e com a especulação judaica sobre os anjos.

Não Íoi possível demonstrar com segurânçâ a preserÌ-ça de inÍluências de um culto predominãntemente pagão-oriental. E a gnose, no sentido eitrito do termo, raramenteenna e1n cena, já que o culto dos elementos não se com-preenderia dentro da pefspectivâ gnósticâ 7.

7 SòenÌe, 197s, considerÈ 6 Éâlsc mdrÌes codo ,,vêrdadeiros

cnóÍ ic, mò eÌ , io \êr obrsado a s l l iú o .d.o do, emÕ.c(omo 36do "ltruÍLãrm . Â nesaçào de qlalqus tulú do. elmen.osem (-lG6.s íconô Mm,o. Kli;ni Percy, 8ie

Page 65: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

444

Poftanto, â árnpla designâção do erro coÌossense comouma Íorma primitive de gnose, ou como um judaísmo deLendências gnósdcas 3, na reâlidâde se mostra inútil, apesarde nào sabermos se na Ásia Menor havia aÌguma forma ououttas fotmas de iudaísmo sinoetista, e â heiesia colos_sense pârece ter ehvolvido uma das formas de sincretismofortemente inÍlueociada pelo judaísmo e, ao rìesmo tempo,vinculada ao cÌisútìismo e.

Paulo enfaúa o papel cósmico de Cúto e o domíniodos poderes espir i luâis por ele exercido í1.15-17.19129sl5),- iustamentã porqut os íalsos mesrres colossenses le 'vanraram dúvidaq-sobìe o Íaro de haver CrisLo subjrgadoos elementos do mundo, e porque ProcuÌaram reivindicâÌpara si próprios tais poderes por meio de Ìecursos qihicos

e âscéticos, E seus esÍorços neste sentido impressionaramuma oarte da comunidade.

5 21 EPISÌOLA AOS COLOSSENSES 445

meÌhante. Álém disto, várias hipóteses de ìnterpolação Ío-"- '^"".""uÁ..r i

Crntta a suposição, Íreqüentemente repetida, d, oÍi-gern pauliaa de Cl t, principalmente â pârtir dâ obÌa deDibelius, Lohmeyer e Petcy, ás dúvidas surgiram de novorecentemente e com dimensões crescenLes 1',

Os fundamentos para uma cuidadosa comptovâção daâutenticidade são os seguintes: 1) a linguagem e o estiÌo;2) a teologia e, pdrrcipaÌmeote, a cristologia da epístola;l) as relações existeltes entre CI e Ef

1. CÌ possui alguns traços distintivos no uocabulárioe na estrutatu da oração Ia. Além disso, paft algoDs hapaxIegomena existem tÌifitâ e seis palavtas que ocotrem emoutros textos do Nf, nao, porém, nas eplstolas de Paulo(excetuadas Ef e as epístolas Pastorais ). Áinda mais im-pressionânre é a freqüència de sinònimos - rais como"orar e pedir", "com toda a sebedoÌia e discetnimento es-pir i tual" (1,9); "santos, imaculados e irreprcensíveis" (1,221 - e Ì;:troa série de genitivos - pâÍ Ploútos têt ple-

rr É$, .u@rcão é sus.sLada. !d esD<iÍk.cE$. oo' Sreindek,t), noÌl 74i J. Wiiss, D', Uahittentss. 1917. l0E!; J. Knor, J.rcJ.La a"d Chast, t9t8, l)8, norá 20. P \ HJ,ìson qu* Drdá!. @Ea esÌitísúca vdábul.!, qúe r,6h,1,9v2ri2,2b41.2,82JirJ4-16 so it

218s.

e Uihnmam, a qu6Ìão pdnú.c. ábrtâu CÍ. Unhse, Kotzfl., lllss (bibl.).

S EPÍSÌOLAS

4. Autenticidade e integtidade

der. Kcl . J98$ (,. Delline, TIW vll. 196Á, ô8íç f çchvez!Í 'Die'Fl;múk d., \íel. GJ 4.r.9: Kol ),a 20", Vetbotüa vPrit s re'^'hlG. Stàhlin. 1970. 245$) é dificildmte defosóvel

s Pd ermolo. Conzdôm. DLbelutcRvm, tlt6e Fulls Hü_rlon, Ktrrn, Moi:m; Aoinkúmm, 8tuce S'unddt G Dâuranbcr8 eG- Ziencr, GANT, 109, l0l.q CÍ. Lihnedmn. óls, e'Dc l02s

r0 Â respeiro da hisória dd o ròr:iô v.' Percv 5+ Lthnemãnn'

Page 66: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

446 s. EPÍSTOLAS

Ìophõri4t tês s?néseot (2,2); tês pítteos tês energei4t tolútbeoi (2,12)Ú. Digno de nota é, outÌossim, o uso difusoe esparso de dè e a *sència de nèt dê ú,

O egtilo é enJadonho, ptolixo, pesado, chegando qua-se à opacidade, com üusulas dependcntes, coÍÌsttuçóescottr pardcípios e inÍinitivos, ou subctaotivas com az. Porexemplo, t,9-20 constâ praticafiente de um único perÍodo\cÍ .2,9-15) l

Na epísrolâ Íaham alguns concejroa paÌrlinos bem co_nhecidoc, como justificâção, justiça, lei, salvâção, revela-

objetivo polêmico da epístola.As peculiarìdades do discurso e do modo de se expri-

miÌ são majs evidenres nm trechos de C.l em que Paujoestabeleaê polêmics contra a falsa pr€84Éo, ou qurndo,tmdo isso eÍD üsta, cxpó€ suas pópriâs idéi.s sob a lorttrâde hino ( r,10-20;2,16-21).

Pot outro lado. rnostÌ4 ídiossincÌesias estilísticâs dePaúot o kaí oleonÁÁrico depois áe dià to*o (1,9) só é.o.ontrado no -NT ern tertoi de Paulo (1Ts 2,13;1,5; Rm

Ìr Vcr Lolse, Koit6, r16t Pzte!, 2Os, s16 CÍ. Sánd6. 403,'/ Pdcy. ì8. Respoda a qúcateo pol!ú P.ulo eúpr3a ú.is in_

d Fl 2,5ss dpr€s@ €* 6ulo ícdh Ljihn@nn )rs Cl. tóhb€teÌ, Kott, r2s.Ìe v.r E. scÌNcizd (E not. rl).

ç 2r. EPíSÌOLA AOS COLOSSENSES 447

1),6; cÍ. também Rlr 9,24 te err Ef 1,1t, na dependên-cia de Cl 1,91); chôrízettai : "perdoar" ern 2,Dtt,B, e

Com barc na linguagcm e no estilo, porranto, não hátaáo para duvidar da auroria paulina da epístola rr.

2. Enquânto se aÍirmou que os falsos mestres de Clerêrn gnósucos, e que â gnose surgiu primeìramenre sob atoÌEâ da gnosa cristã do sécUlo II, o combatc destes Íal-sos eosinâmentos contidos em Q Íazcm z autoria paulinade Cl parecer improvável.

_ No entanto, se já em lCor Paulo discr.:tio os pontosde vista gnósticos entusiásúcos, e se, além disto, se ques-tiona o fato de os falsos ensinsmentos colossenses deve,!_em ser caÌrctc zados como grìósticos (ver pp, 443s), de-duz-se que tâis ensinamentos Íalsoô neo repÌ€ôentarn râzãosuÍiciente pârâ negar que Paulo tenha escrito CI. Alguns

que levou ...a novas Íoftnu1ações ná cdstoÌogiâ, na ecle.

20 Relativmút. so siiallú hhcon atcìhôn cl. V. S.hrcc?, DELonketer rúz.lr.bote h dcl pdtttiis.he; Pdrrere, 196I, 54i". Nioh{ p!trdmÌe juãaico pan c*i sp,ss,io, üío mbén que Do he-ttr.jco o plüãl é doniunie, (lDhse, KMd., rt), \õt6 7J.

x Srnd$ ducidoü Ddr@ . dcD€ndéúci. I'Ie6ia dè C) dú ertudc Pflrlo 'o rel.tjgl,lÉtr Dolc !Gl<d6' {p. 45).

Page 67: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

448 B EPISTOTÂS s 21 EPiSÍOLA ÁOS @IGSENSES 449

É bem mais provável que o oróorio auror de CI Lenha criado o hino, uri.lizanão mareriàl rradicional,a. Se-gundo esta )inha de pensamenro, a hipótese, Íantás vezesrepetida, de que as aÍiroa@s cósrnicis do hioo Íoram,por meio do acréscimo de têt ekhlettat (1,18), transíoi-madas em afirmaçóes ecleôiásticas carece totaÌmente deptovâs.

Pelo conttÁrio, como anútese aos ensinamentos dosfalsos msues, o autor aüÍibui á C.dsto o papel cosmo.âblan-gclte de_mediador da cÌiação e de vencedor das Íorças cós-mrcas pelâ sua moíe e Íessurteição (1,15-17.20a;2,10.15),alérh do fâro de o Crisro abÌanser em si mesmo a lcreia,:l'*':" '1:"0?:.i::l: :ï:i*"t,'iÌ :'" Tfi:' :,IÊ*jarem oo râúo oe o Lftsto abtanser em sl mesmo â lÂfetâ.como se esrá fosse seu corpi (1, t8,19.20b;2,19) ã. À

siologia. sobre a imagem do Apósrolo, na escaLoÌogia. e nacompreensão do batismo" 2.

-Nesta conexão, as re{erêrcias Íeitas atingem sobretudoo câÌáteÌ cósmico da cristologia (1,16-I9;2,9s.191 n Ìe'presmtâção de Cristo como "cabeça do corPo, a igÌeiâ"(1,18; d, 2,19), mas também, de modo mais geral, aomoralismo, ao estilo oratóúo da argumentação, a substitui

Coneçrndo com esta útima $+osição, ceÌtaúente não se

suposifro de.que zrz hit,o toxst*,ido se,gtndo ua rigotosoesqaema tenha sido usado, e de que, de acondo com isso,toão fr"gmcnto de oração Íora do esquema deva ptovir doautor de CL

2 MoÌ*.n, Eitl., 158; S.Ìhke, 'l0l; G.ó,s, r52i lÃh,''' Komd '

po, z igrda" (1,18;2,19) seja Íìova, ÌeaLnente não é deadmirar, no esqÌremâ da eclesiologia paúina, observar-seque, nas epÍstolas czrônicas - além Áa comparaç'ao daigreja com o s6na (Rm 12,4s; lcor 12,12.14ss; cÍ, tam-béÍn Cl 1,15) - Paulo conhece o conceito da identidade

seu coÌpo, que é ^

igÍej^ (1,1a.24;2,19), quando ume eoutra go vistas como a evolução de um corceito iá exis.tenre, ou quando se lhes atribui como primeìra origemparte da polêmica contra os Íalsos mesres%.

'È EDúe @lros. DbeUus4rcqve. Modr: C. Miurcr. _Die B.Eün-duns d6 HffihaJ ChÌisÈi üb6 di. íúii.ü!e o&h Col l,lt 20", VuD,NF 4, l9tt, 79sj Â. FoileÍ (E bt 2l).

ã Gislo é . cab.ld d. todo priocip.do, n.r G prin.ip.<|o3 nãorão o seu 6rpo (2,10.19) CJ LáhneErú, l19, noú 41, 140s.

26 Ct. BN@,28J, LÌibnm.nn, 140sj E. Be!t, Oré Bodt i, Chlitt,t9rt, LL5Ë

Page 68: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

450 B EPTSTOLAS

Se o conceito de Clisto como cabeça da igeja não

s 2l EPtsÌoLA aos coLossENsEs 451

tione com Ìigidez conceitos já Íormulados D. Pelo contrá-rio, Liihnemann r0 hostÍou qüe as ÍoÌmulações ttudicionaissão empregadas de maneira crítica em CÌ, e que os pontosde vista dos [alsos mesrres nào demonstmm ser cristiani-zados, No entanto, atg]]menta iguâlmelte que contÌastarì-do com EÍ, a comunidade é levada a participat do debatecrítico e petmânente com os falsos erÌsinamentosJ e a te-conheceÌ "que a vida em obedíência â CÌisto envolve osfiás em sua totalidade" (p. 222). E ele áinda âcresceÍtaque isto..naturalmente corresponde à argumentação teoló-g1ca paunnâ.

Se as difermças substantivas de Cl puderem ser com-preendidas com o apoio do argumento polêmico e concÌe-to da epístola, então haveÌá oirtÌos assqDtos substantivosqre sewitão.de supoÌte tâÍDbém parâ a suposição da auto-Ía paullna dâ cârta,

a) Á.s relâções que se âfirda exisírem entle oautor e os leitotes coffesponde, eÌn vários pontos, a Fm:em ambas as epístolas há saudações de EpaÍras, Atistarco,Marcos, Lücas, Demas (Cl 4,10ss; Fm 2Js); âs duâs men-cionam o envio de Onésimo (Cl 4,9; Fm 12) e dirigempalavfas especiâis a Ârquipo (Cl 4,17; Fm 2). Estes pon-tos de concotdância não ocofiem, porém, no mesmo graude relacionamento nem no mesmo nível de Íormulações.E, sendo assim, â tese não conveÍrce de que a indiscutívelepístola paulina a Filemon Lerìha sido imitada poÌ um es-clitot hão-paulino somenLe Ììessâs obsefvações pessoâis'l.

b) Ás advertências a propósito da moral domésticaeln Cl 3,18-4,1 revelam um grau de cristianizâção impÌes-

2e A$im leDsám, !ri@prìJD6t€, MaÉ6, Eìn|., 1J66sj Bomkm,212, Drlianb€rg, GÁNT, 106

30 L;ihn(:mú, )5, 42s, ,), lr2, 105s, U5$. Cf. tb. H. Châdwi&,"'All Tbibss to á.Í Men' (1 Co!. Ix, 22)", NTS \, 1954/55,27oss.

r1 c,nüálimÕle âo qle úmd IrrhËe lKanh., 247, 256), Dáoeüre iìdi@do ãlc@a de que CJ d.?úda Lihúimen.e de l-lT e qrrúha mpliado o els.o d6 saudrcõ€. deís ['râ. Nrdá indicã râmbéì,m lista de saudações de C1 que ela túlé sido eseita inediãtsosÌeapó6 á bdte de Pallo (@Fo pcns âindâ Lohse, F*tcht Stiihlín,191).

Page 69: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

452 B. EP|SÌOLAS

ïi"ïj:Tï" _ryS"*9, em . espec.ìal se coopârÂdas coolLL. ),zz-o,>,.gue mÌlto hajs dilicilmenLe se admjújam

Ë:"f;1ï,* de urn escriror nâo-pautino d. q". d;;;ü;

- -.. 9) F* conrrasre com Ef, o uso das fórmulas en Cbisró::o:t":o.: Cl corresponde perfeitamenre âo uso comumem Yaulo,,

",,,.rj 1.-?Tll$c'"1*n ebÌe cr ,.r84,rj o. M.rk {v.! Dorá r2l,

ffi; trïij,Hï"fl* rzss, o qLár intc,pma sse pasogtu jo

-"-,'Jf' j!"^,ri":-, rn ch.i,t,,. Lqó:, r7r$,. @D'r4 o qu,r sreinluscaüc .pB.nr,Ì objeçõe, MqÍì@6_

5 2r, EPÍSÌOLA AO€ COLOSSENSES453

5. Lugar e época da re<tação

{,1.10.18 ) em Éfeso, Cesatéia,

páÌa encontÌaÌ,se com pauìo,

,. ,;J:'igfi:"'*..' Eikt, 1r4 con M,son c{ rb ìí Bjede!, rhz

seJ. o âu,or de CÌ (óho oDinaE2ì ë ,ào ròiúfti! icÍ. $;;ì;pâÌ, ô q rát Ep,lrás lerio o duto.

:iis, RiddlèHurson; p. N. H,rison.20. BJc!-Taylor. rzr. S.r.."L..- jãõ.h rcdiçno: seelndo ltÀ,e, Koah,

qü. sc rcha por derús da @re;

Page 70: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

B TPISIOLÂs

oào a Roma."'" b';;diã" de aloiamenro { Fm 22 ) seriâ po"sivel no

caso de 'Cesaréia se Paulo ainda nào houvesse âpelado Parâ

rí Ver a !6Deno dúsô, bhnúmD.16-4$o oìÀa:,;üiiii;, LohÍNei Goauer' de zvâ€n Jon\$" Reirì{e

v*520

S 22 EPISÌOLA A FILEMON 455

o imperador, ou se ele estivesse supondo que iria ser escoltaâo através da Ásia Menor, como Inácio o foi maistâÌde.

Roma (1,6.21).A viiita de EpaÍras a Paulo é mais diÍícil de se con

ceber em Roma do que em Cesarëia, e o pedido de aloiamen(o (fm 22r imtl icâ no rbândono dos plano' de ir àEspanha.'

Conclurndo, podemos dizer que exjsÌe alguma PJoba_bi[dade de CI rei sido e,crira em Cesâréiâ, embora Romanào possa ser excluída

Á época da redâçào \ìruàr-se:a ou em 56-58 ou em58-60.

S 22. EPÍsroLA A FÌLEMoN

Comentários. Vcr S 4l Estudos: J Kngx e P N HaEiso!' ver

$ ,ra .;;bé- J. Knot, Pt"iteqot Aaoaz th! t-!t t ol Paüt (:q.1')

2 ed.. -9t9: Tl ' . Pre*, "LI ' Ch,r Ì and 5o , l Ln(t In rhe lDrnc; p| i . ; . . ; . . rn P,10 úe,a ct t ! tq. o ' . H c,e ' \e1

,rrÀ não n.nção, m Cl, denke c que deven seÌ eudãdc, de

"*. à; oa-* à'ãria*, a. aÌslo moão M prisão de Pdulô cd

Cèsúéir (fu 2),2)-2c)2), não pode ser lsâdâ óúo areloento côn@a hLmr'e dc que Ce"dêh 'eÌis o luBr' d. reda âo d' càía àÔ ao

Lo".ìces t.on", lÃhse, KÕnh 2J5\

Page 71: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

456 B EPISÌOLASS 22- EPÍSÌOLA A FILEMON 457

'PÍütulc dd Tle vú J. Kd zm Pfilo", TLI,Z 79, 1954, t7rsiU. Vi.tcn, 'De! Ph.it.bonbÌid - PrivatbricÍ odd Âpo6Ìolisches Sór.i-bÒì", Z'lV J2, 19ó91, 210$i P. Booit, DBS VII, 196ó, 1204s,F F Bluce, "St. P.ul in RÕo., II The Episíe to Philemon', BJRJ48, 1966, 81ss

1. Conteúdo

Título (1-l). Ágradecimenros a Filemon pelo seu amore pela sua Íé (4.7).

. . Pedido a Filemo_n a respeiro ,:lo escÌavo Onésimo., queÌuglÍâ e que, neste mÉflm, se converteu áo cftstrán$mo:Paulo deseja quc ele seja perdoado e acolhido como umirmão cús!ão e um âuxilier do Apóstolo, que pÌetehde irem brcve, pessoaLrnente, visitar Filemon e hospedar"se emcesâ deste ( E-22 ).

Saudações (23s) e bênção (2J).

2. Opomrnidade, época e lugar

Fm é uma epístola dirigida a uma pessoa iniLvidualmen-te, a Filemon, um cristão dc bom nível sociel, pÌovaveLnen-te desconhecido de Paulo pessoalmente (5; cÍ. A 1,41.

Um esoavo de Filemon, Onésimo, fugira (15s), ápa'rentemente depois de um roubo (18), FiÌemon motava comsua irmã, Ápiã, e ÁÌqúpo (que, sem fúdameoto âdequa-do, muitas vezes Íoram identificados com a mulher e o {ilho de Filemon ), e havia uma comunidade que se reuniaeItr suâ cas& (2), evidentemenre localizada em Colossas

Onésíno era oriundo daí íCl 4,9: "vosso conterrâ_neo"), c Arquipo, que é mencionado em Fm 2, juntãmentecom Filemon, ümbEm era de Colossas (Cl 4,17ì

tÍeito rclacionalìrento pessoal com ele (12s.16s). O AprSstoìo terìa preferido conservar Onésimo consigo a serviço doevângelho, mas, respeirando. o diteito legal que Filemonpossuiâ 6obre o escravo, enviou este de voJra a seu dono.DiÌige, enlão, rlm pedido. a Filemon em favor do fugitivoque, do contrârro, Lena cte sotrer um severo casLigo,

Á tese de que o dono de Onésimri é Ârqúpo, queem Cl 4,17 Íoi advertido no sentido de libertar Oïsino,

Como Onésioo volrou para CoJossas com Tiquico, oporLadot de Cl ÍCl 4,7ss), e é Ìrencionado por Pâulo emFm e Cl, associado às mesmas pessoas (tet p. 4521, é da-ro que Fm deve datar da mesma época que Cl7. (Ver S21 5ì .

Ì Cí Viúq, o quá.I irt.rpr.b @(.túeú. pt.tbrkt (9t norn.do d. alelib cnmgàdo de-una r1rcf." {ds rm6o Joh$!on.Lôhmeye!, Mode: Pris! : opõ6.* a ess. ,nrelp'cr.çào. Lohrct C.Bomk.M, TDNT VL 68.

r JohEroD, Knox

r Knox, pú.iaLhcnte co1@dahf, com Gle.ven c 'ü. SchJniúrj.,EXL III, 18].

J Cot!. KnoÌ: Lãbse, Mdlle; cuü!i.: Bmoit, Btuce.6 MaL. tusFd: Hmison- Knor.7 t h*, KriiD. Mt;sen. Mkhrtii, d.r.n Fln d. pÌiúo m Ércs.

I

Page 72: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

459 B EpISÌOLAS

l. Autenticidâde

Somente uma crítica tendenciosa podetia duvidar daãutenticidade desta carta, que já Íoi incluída no cânone deMarcião 3.

A eoístola. oue de toda" as epGtoìàs de Paulo é a que

.ais se âproxi . , da forma das ant igas cartas pr ivadas re'

vela, em ;us traços pessoais, car4clerísLicas de autêndca ve-racidade em Íace da vida real Fm constitui a pÌova con

S 2J. EPÍsroLÁ Âos E!Éslos

ErTh 11, 1951/12, I5l$, V. N!u.k, "Eph 2,19-22 e'n líuliir(li,FvTh I ì . Iqí ì , ìd.s F. Cornerus. 'Dk sescì i (hr l : .he \ r l l . ' i i .h,fp l zRGo 7. 9.1,14\, , St"dtp, t4 fpt . , t .1 ' ed For F I ,

'o. . .1956; J. Coutts, 'Ephesi'ns 1 J-14 rnd I Perer lil 12 , NTS u, 1916/,?, 116$; J. A. ÁÌlan, "The 'In Chrisf Fornìía in Epleslans", NTS5, \918/59, 54ssi E. Kâsemam, RGG, lr ed., ll, I9t8, tlTsi id€n,.Ds InÌa?ÌeÌorioNlrôblo d6 Eph', ThLZ 86, 1961, ls (= E KEresetìtchc Va"rhe uhd Büìrnuflse" 11, t964,253*)t jdm, "Ephesims aDd Ácre", Srt-A, 288$; Il. J CâdbuÌy, "The Dilèhna of Ephe-siús', NTS t, 1958/59, 9lssi H. S.hhei, LTIìK III, 19t9, 91Gs; L.(e, f r .x. Eo Íá,cur d€ Irurhenrci ,é ds ío i r le! d. la C:p,rre La'ì'at,a 4 tbëÒtôEìe P'ú.Ê"act, R<nB V; ."ô0, oo.. I Rp.rqt LC IlI, 1962, 26ós)i H Chadwick, "Diê Ábsiút des Eph , ZN|ií 51,1960, l4tsi K G Knhr, "D* Eph im Lichre der QuúrâltexÌe", NTS1, 1960/6r, ))4sr P. Pokomy, 'Eph lnd sno$ische Mystetien', ZNìü51, 1962, 16A*, ideú, De. Eph

"hd die Gro!ìs. Die Bedettu"s d4

Hd"ptl:liedeú:eddnkent ìn det eúttêhende" K/'..Èe, 1965j R. Bâtey,.Tbe Deíinotjo! of Eph$ians', JBL 82, 196), 101j F MD$nc!, Bdoâ'se zus Q@rd ^d

V{sriindnis des Eph", Nr Aah,tte, F$t'ch6. I.S.húid, 196), 185s (=F M. Pruese'ln Szlati\, 1%7, 197$)r P NH*tis@, Pdlibs drd Ptstdals, 1%4, Jlsj idm, "lte Alrho. oIEpb6Ìans", StEv II, TU 87, 196'1, 595s, A. R. \ìfiìson, "'líe dd 'You'in òe EpGtle to the Ephesians", StEv II, TU 87, 1964, 676s; VBiedet, Die Vabe)'!/ks det Ta"le ih NÏ, 1966, 221ssi F. F Bruce,"St Paul in Rone, Iv The Épistle ro üc Ephesiús', BJRL 49, 1967,l0l$r R- P MÂrrin, 'Áì Ep'tle in seâÌó of â LiJ. sdLiDs", EapT1q re61/68,2e6ó\, ) C rJtbr, Eph,naa,. Brph\n rad P.rtp.on. AaIrqLÌt

'.ta the Shú!.- a.d PL,pÒ!ê ol th" Fb e lo thc rpteú.,.

1968 (ver sobE a obM, E. lnhse, ÏhLZ 94, 1969,4l'l); M. Sántü,"The Tear of Ephesid! I:1", NTS 1r, 19ó8/69, 247sj J Gnilkâ, "Pâ.llinerische Tmdllio' \n Eph", Mél1"se' BìbLi4r6, Filtstb B. Riedr*.

1. Conteúdo

Excetuando-se o título e â conclusáo, a epístola dividese em duas prrtes. À pÌimeirâ, 7,3-i,21, ú^ta do mis-téio da vocação dos gentios dentro do esquema das sú-plices introdutóriás, e a segunda 4,1-6,20 eÍ,tÌ^ âb pta-mente nas advertências conclusivas- Assim sendo, falta apaÌte do meio, comum rìâ epísrcla paulina (há tambémuma semelhança com a forma de 1Ts).

Depois do título (1,1), há uma doxologia hínica aDeus (1,1-14), que coloca o "nós" e o "vós" eÌn seu pÌâ-no tedentor cósÍDico (provavelmente signiÍicando que o âìrtor e todos os cristãos se distinguem das pessoâs a qlrem

5 23. EPISÌOLA AOS EFÊS|OS 459

3 Âsim óen", bor eieúDlô. F. C 8ru, m* rb C rw€kdcüer.

Dat ApoÍioL:-te le;hlt.. dê; i-i'lnr., t\t.iP 1902 l ed <45

Page 73: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

460 B. EPÍSÌOLAS

se dirigeìI. Vem, em seguida a ação de gÈâçâs (que cons-úrui uma das ca-racúerísricas da introdução de uma epísto_

Com uma recoFendaçâo â resPeito do portador daepísrola. Tíqujco,(6.21s), e com uma bênção (6.21s)' en-ceffâ-se â eplstolâ,

rA ásseleo de 'iíúon seslndo , qud 'nós m Et rcIe'e r*-",-iãàãtãn;,e ÁuÌad. D€lo h@ de que 'vo5' étru@ 63tao eEÈ

-.r,"ÀË[ ó*'r,a"

" "'ó"- ÉÍe'indo se â ìudn<rú'ãos

S 23. EPISÌOLA AOS EFESIOS 461

2. O problema ütetário

A eflstola, segundo o título P/òr Ephésioas (como todos os manuscritos desde o Íim do sécr:lo II) e o texto de1,1, tra $ande maioria dos mânuscritos desde o fim dosécrlo IV'?, Íoi enviada pelo Apóstolo Paulo à comuni-dade em ÉÍeso.

ComDarada com âs outÌas epíslolas paulinâs, ela sede"acu pàa ausêncìa completa de- quaisquãr detalhes con-creLos.  prisão de Paulo é de Íato mencionada (1,1;4,1;6,20; cI. 3,1,3), más pârece que o autor nuncâ teve ne-nhum tipo de relacionameoto com os leitotes. Ele ouviuÍalat dz Íé e do amor que eles têm (1,15) e ditige-se aeles como a ctistãos gentios (2,1ss.113s;3,1s;4,17), queestão âÍÌeaçados de cottar suas relaçóes com a cristandadejudaica (2,llss). Entretanto, ele não se ÌeÍeÍe a problemasioncretos existentes no seio dâ comunidade. Não existemsaudaçoes pessoâis, Íenòmeno que só enconlra Pârâlelo napolêmica Epístola aos gálatas.

Por outro lado, o autor precisâ apÍesentâÍ-se pÈimei_ro aos leitores como um missionârio d-o" genrios enviadopoÌ Deus (l,2ss), e pode aludü à pregação que a comu-nidade ouvir-r como algo esLranho â ele (4,21sì.

, Ver Scbnid, 66s.

Page 74: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

462 B ÉPISÌOLÁS

tigos desde F3) No rexro de L,l' as palavtas et Ephéso

1J A F Gre<!. JT! I lc !2.2l t

i Hï,i'i:,.i': .ïíi"; à; ii;,"1á;', rreneú, Grnen,e d" A,e'rí

5 23. EPisÌoLA AOS EFESIOS 463

rradição, a Írase en Epbéso penetrou no rexto do títuloantes do fim do século IV

Cx:mo en Ephéso faÌtava, sem dúvìda alguma, no ar-

Não somente arbitrária, mas incâpâz de expÌicaÌ a au-sência de um nome de lugar nâ trâdiçáo máis ântiga do

ó Cf- M:Mn, MeirerÌz. Schiiferì Ha6.ú; O. Roìle!, Dat Fo/nutüd.

-i'"i'.b;; Bzri.. B$0ANT, i, wijp o. reÌÌ lqcss r2os5

i Múeb: sinithote Vik€nhtosc,, D'hl

Page 75: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

B FPISIOLA5

rrAlbeíz; ïïïË; c znntT. Ihc tp't ol th. Epi' et lq5i 288 noLr'

.ão dd mrior âiud.

5 23 EPÍSÌOLA AOS EFÉS|OS 465

u vd a Drovás m qchnrd, lloss Percv 4)05 A râ1 "

do aÉeo

iti':i:*r#"ï,it"Ì,lT:.'J':.:;. "úii::ï:ïï,:ï xï eì"1:'ío no6e do luedr.

,"'ï;È.ã*1",'.v'":*ï,'lf ;JiiT,'""ii'Il'2",'f ;'.'i;l!'i:?-' r!"Ã# g:::"!;ï;i,1ì*,hIi'ii;ìïl ëxÏ,i'"iiÌ "*",,0

Page 76: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

466 B. ÊPISTOLÁS 4675 23, EPISÌoLA Àos EFÊslos

3' Autenticidade

eoístolas oaulinas (ver 5 21.4).' Hoie em die, EÍ continua defendide, como uma das

epístolã paulinas,'pot mútos exegetal2',4o passo que o

,o J. N. S.ndds m Ccs, .lrl'r'

,2 H R.ndrcdf, NTD 8, 191r, 44.jj 5i;.1'lï1,,1i""*"llllâ !10ï*+ '".

peÉv, ,ss ..,

^"J.eli.tim".'#"fu"f "Éi"i'""ïÌlï"L-.f, H:.'.frjÌ: *

Page 77: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

468 s 23 EPISTOLA AOS EFÉSIOS 469

"",.JriffiiaJ'ss.ï1 2e) n€n ion, ltrmos que úo são arestadG

rt Vd Perca. 186$. Cf. tb o fato de Ef, cdpletmente Ú de

sácordo com Paiio, p6sir ápenas úâ Írase inÌdrÔ&iivr (4,9, ver

Hrrisn. StEv II, ,97 ).i Í. C. ruLn,.rlos I.e aplio se tmbèF À Ìeldção de^inÍlJá'rd r

nlli(á e FeÊa M siDrde de prcpos'çõ6 @Ddroon'r' u K Fver'\enihsche-Svtax ,u NT, I, t, l%2, 298

ì ia i Éetc1, ì60s, B-oi , , f " , . t , J.Á'r l . fúr ' .d,5í( ' .27e$

Page 78: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

470 B EPI$otÂs

4,7.4.25). Esres dois elementos reriarÌÌ extÌema importáD-cia se os textos ptocedessem do mesmo auror.

Decisivos mnrra â asse!ção de que o mesmo auror es-creveu Cl c EÍ, muito depressa e logo uma depois da ou-tra, são os exemplos em luc EÍ mãÍesta clar_ameore: a)depeÌìdeocie lirerária, ou b) simuftaaeamente uma díeren-9 de Íato substancial em relaÉo a C[.

Cl j,Sss, mas rambái a ordem de as mulheres obedece-

a 7t áü 155 vesíc1nG dc Ef DosNen DaÌslel6 lirerâis o Cl.Cf. , l isE em Golne! I t . , IV,2,46ó8.

ìÌ Vitron, 9&s. b6eádo -o €*@lo de Fl. oro'oueste @niâro. CÍ. Eúbrb á rrbela e. Hr.i"*", Pad;ar, 4Os, e as qasen Mi!Ìon, 120s. lJl$.

rem a seus maÌidos hos tnékefl eí,€)t,o (CI. ' ,18), €m Ef

5,22, e6ú \inuIadí. à subordinação hot tô kJtío

que cl.

eo Í RÚo'Ú 'OtKONoMIATerns jn Pául ú ComPdúon*i,r'-ii,i.'i-xï'e.*l"t úf NTS rJ.-ìe66/67,' 1q3!! dFore o *s'!

iiã"-L'l,iã"";z - -pt.; !'doÌor' em ef Neo conrsle onv'n'

s 29- EPÍ6ÌOLÁ AOS EÉSlCrS 471

Page 79: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

472 s 23, EPISÌOLA AOS EFÈSIOS 473S EPISÌOLAS

t CÍ- rmbém- Pôkomy, crd6,6jp (6tutr. tdtetprpbha' p-obkap, \ .Í. th. 255

rar Cì I,10, emprega o pluÌâl etga agarhó, que Paulo cos-iuma sempre evi lar (ver 5 2L4.1) r ' .

Iguâl_mente caÌacterístico é o Íato de que EÍ, em con_ttaste iom Cl, usa diversas en'formulae que Paulo não em_DÍeEAt e,t tô chrisú letoú l), I l t , cn tò lesoú (4,21\, en)ó

"tyrio lesoú ( l . l t) . E, em 1.t5. pir l ir âcha-se l igâdo -a,&yrios. enguanto em Pauìo só aparece vinculado a rárrilós'

Também não podeÌnos considetar meÌo âcident€ o Íâtode somente en El 1,11;3,14 (contrastaldo com todâs âsepístolas pauünas) ouvirmos recotet-se , Deus nâ súplicacomo Pai 41.

' 'ì Biede!. 226. Den.r oodd Èelver o dúGldtd. P.do "Ìomou_se livre retativmoË á sua pGição @úbâtivâ

'. CJ. S'.i*@. %$t Allú; F Nflcóáuú. /' Chatt'" tc6ttt'o]t8Ì"*.*.

Pd'tct ,'d ddt c?ba, NrF t, r0. rqrh. 186 srúnez, 82, fgla de ceno mi.ú da imagm de Gwo óm t in4em

a2 SteinúeÌZ. l4$, rclâtivúent€ a 1,14,4)0jr,5,6,1), f^la de "Úà'r@" de eqroloeiâ tu uEi seclndo Kiúv, 16ì. PóMdo e ruturo

"e en'

aonüú ,a "*aÌoloai, ljtúrsrca" do PÌ6ste.

Page 80: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

474 B EPISTOLAS 6 23 EPÍSÍOLA AoS EFÉSIOS 475

lidade pressuposta por Paulo em 2Ts 2,2;3,17, de ro:aepístoÌa esgíria de Paulo).

Na verdade, ainda não se encontrou um câDinho tremum métoalo adequados para esclatecet o probleoz da pszu-donomú na antigiídade, principalmenre â questão do en-eano intencionãl ou nãointencional que o escritor impõeão lçitor de uÌn documento teligioso pszudônimo r.

No entanto, é realmente impossível provar tanto que

ptLgìáÍLca de um apóstolo como âutot rtrprihia "apeDrs â

40rs.a Hdis, SiEv II, 604.4 V. S!€ys, JbÀC E/9, r2l (v.Í Do'a 47)

ar Á idoú'üção do rcdlb! @m OtrBim íCt 49; Ftn r0s,

ffi#J- cd'p.cd. P. N HúÌi5s; J. Knd. Ej; mh 2ôr, a

a Sd ú, K@h, 2k.4r CÊíru, Rftlü V, ó8 = R.d?i, L'dd C.lou, ttl, nr-+ GurhÌie, 282si Mrch..lk, 26.

Page 81: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

476

conseqüèflcia Jógica do^ pressuposto de qr.:e o próprio Esp[lro Ìoss€ o autor" -.

4. Obietivo, situação histótica e épocada Ìedação dâ Epístola

Os vinculos entre E[ e Paulo podem ser conhecidosem I, I i l , l r4, l i6, l9-22 mediânle a nít ida concordáncia com

í ál?nd {vtr nora 47), 10.

^"',"i^,:rt*,

m,a 47,. 4r0. 4lr, reDdh.DFboc Hegcmam rv.r

S x. EPísÌoLA ^Os

EfÉÊlos 477

a linguagem e â situâção que são evidentes em CI, muitoembora esta siÈuação históÌicâ não esteja, de forma algu-mr, exatâmente câtacterjzdda. Menos ainda se conhece arespeito da situação dos leitorès, afora que se tÌata de üis-tãos gentios (2,lss,llss),1.1)',4,L7 ) e faltam completa-mente poimenotes concretos sobte os Íâlôos ensinamentosou cls abusos eristenres mrre os leitoÌes.

Somente um pouco é enÍatizado pela epístola, o quaÌse reÍere tanto a "Pauìo", que escÌeve, quanto aos leito-res: os gentios âgota peftenceb, em Crìsto, ao povo deDeus, e, através da morrc de Cristo, a mualha que sepe-Ìava os gentios dos judeus Íoi derrubada, e por ele (Cris-ro) "uns e outros têm scesso âo Pai num mesmo Espírito"(2, l lss;3,1ss;4,1).

A fim de maniÍestat, de modo abrangente, o signiÍi-cado de Cristo, â epístola descreve â âção da obÍa de Deusem Cristo, a quâl tudo penetÌa (1,10.20ss;1,10.18;4,10),e, com isro, ela acentuâ â reìâção erernâ que existe en!ÍeCristo, Cabeça, e seu coÌpo, a lgteja (1,4s.22s;2,15s.21s;4,1).15si5,23s.29.32), e aindá a nec€ssidade de se consi'deÌár â impoÌtânciâ de peÌtenceÌ a este coÌpo e de se mosttardigno dele ( 1, 18s;2,1 1 ;4,1ss.20ss.25 ;5,22ss ). Contudo, nãose consegue perceber qual terha sido a ocâsúo concret4paÌÊ estâ reelâboÌação da mensagem paulina, enfatizarrdoa unidade da Igreja Íormada de gentios e de judeust,

Nào basta, porém, ver em Eí âpenâs uma " apÍesen-Ìaçâo abÌangenre ìa doutrina paulina" " ou uma "fecomen-dação da teologia de Paulo Íeita à igeja de outra ge!á-éo"

Y-

Em vez disto, o que se conclui é que Ef se reÍere aurÌrá crise espiritual geral no cristianismo gentio És-pÁÌr-

,2 Contrdimmte à op,nião de !í. Grundnann ('Dc NEPIOI ind* urchristlichen Patàn*e", NTS 5, ]95A/59, 194, noÌa 1), não cúste rcosão entre G ébiccdisúG da Ásiá Mmor . os iuds.oistãos quedeiÌ.tm â P.lstin. dcpois da gumr ludde. E a hipot ração dc e'âçõ$ enE Eí e â cxis,éniâ d. Fá cer:m<lnig de Fnovsção pactud.qnculádr ro Pef'"cte!. r, comu_idadê trisú d. ÊÍeso (KúbyJ é ilÈeirâmenre

'rbir!án (cÍ. t bsc).

B- EPÍSÌOLAS

Page 82: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

474 B, EP|SÌOLAS

. Y-lg d_. Lais faros e da linguagem forremenle se_mrtâ de tstJ !é pÍo!ável que o autor Íosse um .judeu cris.rao, como ele próprio parece indtcaÌ (2).ll.1j)n.

, ,--O *i- dedo certo- é. o_de que ele tfurla algun re_Éoon,rmento com um cfistianisÍÌìo gendo que adotata in_

Ílr-rêncjas bem Íortes da mholoeia qnósrica e talvez tambémde um judaísmo intensamente-helËnizado t.

Ele reconhece o perigo de dissolucão que corre z uniãoentte a ÌedenÉo histórica e o antigo Povo de Deus, e en-cara isso como uma séria ameaça, Por isso, apesar da es_

menorizadamente,

Se. oorLanto. Íicar determinado que E[ Íoi escrira nooeríodo óós-per,tino, o Fato de Tnácio tèla conhecido (verS lS.Z)' Í^r 'supor uma data que não se sirue depois daprimeira década do século IL

Podetíamos estábelecer uma data mais precisa se nosÍosse possível ptovar üma dependênciâ literátia de 1Pd em

s 23, EPlSÌOt AOS ÉF€SIOS 479

Í Â$in Dosâ C ColDe, 'Zur leú Chr!,ivo,srellu.s r Eph ,atúUt btiltent'frKìftt;c. iellkht I lo.út8, BhZN\q 26, lcí)I

"de ít Mu t btilten t rtKìft t;e, I lo.úú. BÁZNV 26. \q&,

Page 83: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

480 8. EPÍSÌOLA8

telação z EÍ6t; mas, tendo em vista â comum tradição pa-Ìenética, tal dependência literária não é convincenre. E,como EÍ patece coúecer as eplstolas pâuliÍÌâs já colecio-[âdâs, uma das antedor não seria provável.

_ Considerando-se todos esses dados, a data da redaçãode Ef só pode ser determinâdÊ com Íelativâ e aproximadâpfecisão, e, assim, colocâdâ mâis ou Ìnènos mtre os anosde 80 e 100.

A especia.l familiaridade com Cl Dodetiâ suserir a ÁsiaMenor coìo tendo sido o lugar da-redação i'. EÍ. I.to,poiém, não passâ de EÌeÌâ conjecturà.

tl 24 LPlsÌoLAs PAsToFAls 481

Lln. Pástolal Epistles", NTS 17, 1970/71, 318$

O nome "Epístolas Pastotais" sutgiu paÌâ estas epís_rolas no século XVÌIII. Elas contéÍn instruções e avisoslclativos ao cuhpdmento do mrinus pastoral nâs comuni-tlades cistãs. São instÌuções ditigidas a dois dos mais ín-Limos colaboradotes e companheiÌos de Paulo, em Iotmatlc epístolas, que, a1iás, não trazem o estiÌo de cattas par'

língua e estilo.

I O remo Íoi $âdo pdã pribeüá ve7, pâÍá Tno, po, D. \ Búd6Ì(1.0ìi DáÌr "6 uês pâsrorrjs, loi mprcsado !€l, pr'6rir, vv poÍ P\ 'on, rxereh-h? Abhadtursen d+ P^t Pa"L ( t111/<.) .

S 24. EpÍsror,,r,s PÁsroRÁrs:

. EPÍsroLAs A TrMóÌEo E A Trro

é,r A$im penvm. po. exemplo, CâusleÌ; Miuon, (lrelis \o quà]pús que EÍ Íoi eqnÌ1 no .empo m qE PeoÌo 'e enco!Íavs em

Page 84: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

482 B EPISÌOLAS

1. Conteúdo

1,. Túlóteo Depois da inttodução (1,1s) segue-se umâexoÌtação a Timóteo pâÌa que lute contm os falsos douto-Ìes, que se perderam em especulações míticas reÌativas ageneâlogias, deseiaodo por isso mesrno sercm doutores daIÉi, sem entendeÌeDr o verdadeiro sentido da Lei (1,1 11).A Paulo, o antigo perseguidor, foi coníiado, 1nr mercê deDeus, o evangeÌho que sâlva os pecâdoÌes (1,12-17). PoÌ-tanro, supõe-se que Timóteo coDseÌva a tradição cristã daÍé (1,1E-20). Segriem-se dÌtetivas concernentes à otaçãolitúrgica (2,1-7) e ao compottamento de homens e mulhe-tes no culto (2,8-15), rcÌativas aos tequisitos dos que exer.cem o múnus episcopal (3,1-7) e que os diáconos e dlaconi-sas (1,8-11) devem possuìr, e nâ conclusão umâ palavÌat Tihóteo relativa à impottância de tais instruções: elasdizem respeito à casa do Senhot, a lgreja, guardiã do gran-de mistério de Deus (1,14'16). O cap.4 proÍetiza o apa'recimelto de Íalsos doutores e dá hsrruçóes sobre comocombatêlos (4,1-10), lembrando â Thnóteo os devetesque o cârisoa, que lhe Íoi conÍerido mediante r imposiçãodas mãos, lhe impõe (4,11-16). Á 6eção seguinre (t, l-6,2)aDlesenta noÌnìas relativas às váriâs etabas da vida e aosdiÍprentes sexos (5,1-3), tegulamentaçãô pata as diversasclasses de viúvas (5,4 1ó) e anciãos (5,17-22) (en partedirigida a Timóteo), um conselho pessoal a Timóteo (5,23), uma túetènciz ao fato de que cedo ou tarde os pe.cddos e as boas obras serão maniÍestados (5,24s) e final.mente ÍÌoÌmas de conduta pata os escravos cristãos (6,1s).Um grupo de admoestações de ordem geral temina â úl-tims s€ção (6,r-21a): advertência contta os Íalsos douto-res e o âmoÌ ao dinheito (6,1-10), exortação a Timóteopârâ que se manteúa firme na fé (ó,11-16), aviso paraque tenha cuidado pâstoÌal pâra com os Ìicos (6,17-19),e finalmente advertência conua a Íalsa ciêncra (6,20 2la).Bênção (6,21b)

2. Tilhóteo À introdução (1,1s) está unida a inter.cessão por Timóteo (1,3-5), exortação dirigida ao próptio

s 24 EPÍSÌOLAS PASÌOFA|S 493

Timóteo parâ que adira ao caÌisma que lhe foi uansmitidopeÌa imposição das mãos (1,6,14), e teÍerência às expe-riências de PauÌo nas suas circunstânciâs imedíaras (1,15.18) O cap. 2 exofte Timóteo a não esmotecer no soÍri-meDÍo. como Paulo, apoiado na verdadeira prorcção datndiiao (2.1-13\ e â corrigiÌ a manipuJaçào da verdade,cvitando as discussões inúteis cúm áqueles que já se desencamirüararn (2,14.16). Segue-se Uma pmíecia a respeito do aparecimento de Íalsos doutores nos útimos dias,os quais haverão de seduzir sobretudo "mulheres" (1,1-9);no mais, que Timóteo continue Íirme naquiÌo que apren-<leu de Paulo e das Sagradas Escriturrs (1,10-lt), e con-tinue â espalhat 4 '6ã doutrina" (4,1,5). Finalmente, Par:-lo desoeve a pÌópria situâção: aguarda pela Írente a morte(los máÌtires 14,6.8), dâ informações a respeito dos seuscolabotadores (4,9-12), aptesenta algumas determinaçõesr Timóteo (4,11-15), ofeÌece uma últimâ noúciâ a res-pcito da gavidade de sua situação (4,16-18), envia sau-rlações (4,19-21). Bêoção final (4,22).

Tito Á verboe iniÌodução descEve também o con-tcúdo da mensagem paulinâ (1,1-4). Em 1,J-16 Tito re-ccbe notmas relativas À instalação e ão c.ÌráteÍ dos ptesbírcros ou bispos de Cretá (1,5-9), com uma alusão a res-t'eiro dos íalsos doutores que apareceram poÌ ìá, os quais,.r[:rn de avarenLos, dieseminam poÌ loda a pafte as Íábìr-l ,r ' judaicas e os mandammtos ascétìcos { I , t0-16), O cap.

,'s homens, tambem Íundada mrma rcferência à bondade. rìo âÍÌor de Deus que apar€ceu em Cristo (1,1.7), erlrrc leva à pÌática de boas obras (3,8s). Seguem-se umar,.tlcrição da advertência contra os {alsos doutores (3,10sJ,

" ,rlgumas recomendações e sar:dações (3,12-15). Bênçãos

(1,15b)

Page 85: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

454

2. Os deetinatários

Âs eoístolas oastotaís indicsm como destinatários Timóteo etl Éfeso alTnì 1,3; 2Tm 1,15), e Títo em Creta(Tt 1,5). Ambos são colaboradotes de Pauio, coúecidG-simos por Ìhe estarem ao lado desde os tempos do apogeude sua misúo-

Tirnóteo, naturd de Listra, na Licaônia, era Íilho dep^i p^Eão e de mãe judeu-distâ (Ât 16,1); de acoÌdo com2Tm 1,5, o nome de sua mãe etâ Eunice. Talvez já ti-vesse sido conqüsrado paÌe Cristo ia na primeira viagemde Paulo à sua cidade nâúal (A! l4,6ss). Foi escoÌhtdo

4,11;16,10; Fl 2,19.2) ).Na üagem de colera para Jerusalém eÌe estava em

companhia de Paulo (Àt 20,4) e, de âcordo com Cl 1,1e Fm 1, com ele no local de seu cativeto. Fl 2,20ss mos'ttu o Eúr,de apteço çlu€ o Apóstolo tinhâ à pessoa eao setviço de Timóteo. Âquilo qtre de hisrórico há em Hbú,23, o .ihiÍno lugat em o N'1' em que há reÍerência aTimóteo, perma-nece obscuro,

Tito, um cÌistão convertido do pagânismo, â respeitodo qual os Atos, pot estrânho que pâreçâ, nada àjzen, êpela pÌirneira vez mencíonado pot Paulo em Gl 2,1.3,iomo um de seus compâúeiros de viagem para o concílio.Postólico, Do qual o AÉstolo resisüu rêní'menre Âo pe'dido para que Tito fosse circuncidado. h acordo com2Cor, ele teria sido o ponador da "epGola intermediá-ria" à comunidade de Corinto,

Foi eÌe quem resolveu a discórdia existente entte Pau'Io e Corinto, e promoveu âtivamente â coleta l2,l);1,6s.l3ss). Depois de ter cumptido essâ missão, veio mais umavez da Macedônia com a sesunda EDístola âos coÌlnlios,

li ?4 EpÍSTOLAS pASTOFA|S 495

L,)rno pÌecuÌsor de Paulo em Corinto (8,6.16ss;12,18)..llln 4,10 Íala ainda de uma viagem de Tito, paÌtindo del{orra, onde se achava juntamente com Paulo, e em dire.çrrrr à Dalmácia.

J. Problehe histórico

O problema histórico e teológico das epístolas Pasto-r(is cstá inexlricavelmente entrcÌâçado com a questão da,rrrtora oLr não das epístolas de PauÌo.

C) testemunho externo da lgteja dos primórdios é des-Invorivcl à tese da autotia pauÌina. No cânon de Marciãorrtrrs epístoÌas ÍaÌtam, mas, não obstânte a afitmação delirtrhano'z, a opinião segundo a qual Marcião teria co-rr)r'cido, mas rejeitado estas epístolas I é tão pouco prová-v, l como a opinião següÍìdo a qual as epístolas não pode-rirrrrr tcr existido no tempo da Íormação do câDon de Mar-,i:r,' A partir do final do século II em diante t, as Pas-r,,'ris [oram consideradas, sem coÍìtrovérsia, como epístolas,1, I'rrulo. Por isso, não podemos i-oreÌpretaÌ o Íato de querr, l>k (vet S l8.b) as Pastorais não apareceÌn no (não

l,rcscrvado) final da coleção de papiros apenas dizendo que

' tvr i tor não quis incÌui Ì as Pastorais.Na primeira metade do sécu1o IÌ os pontos de contato

, ||lrr lnácio e âs PasbÌais só dizem tespeito à expressóesr.,l,rrl:rs, para as quâis não existe nenhuma dependência,'l,vi,r Âs semelhanças lingüísticas entte as Pastorais e Iná-,r,' . Policarpo nadâ mâis pÌovam de que ambos perten-,, rrìì ì mesÍtâ tradição eclesiástica e cultural, e não de'

' ìlúot q'od dd Tinotheui duq et uM zd Titut de eccle't t'|n., ÍtÃtu conpotiht /êeut@dit 'IeÍiìiffi, Adv lituc , V, 2ll.

\ slt.q, cohh, 1ó8r MicbÂelisI V,nì Câmpcnhâus.n, 179j W Baue! Con bs€ no qu. áfhh,

l,trrtrr 'laha"ut qai et iptc tonr"lat Pt"li epìúLL.t rcpu.liótit,ti, t'1 t"axìn!, hoc {t ad Titzn, apostolì ptolt,cìdndarn ct.didìt,,

'i, tr (.lq deduzível com seslrdça é qne Taciano cônhe.eu a Epís.

ì (ì1Í!ìe de MurdtoÌi, AtenÁc.ms, Ireneu, TerruÌi.no,

B EPISÌOLAS

Page 86: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

486 B, EPÍsÌoLAs

pendência dessâs caltas 6. Por isso não rcmos evidência su,Íiciente de uma Íamiliaridade com as Paslorais antes doterceito quartel do século I1, evidência esta que, áliás, nãopermite um iuüo seguro a respeiLo de sua êpoca.

A origem paÌrÌinâ das Ìrastorâis Dão Íoi conresradadesde o tempo de seu Ìeconhecimenro como escÍitos cânô-nicos, por volta do Íinal do século II, até o começo dosécuÌo XÌX Mas depois que J. E. C. Schmidr (1804) ex-ptessou dúvidas a respeito de 1Tm, F. Schleiermacher, noser Sendschreibezt at I. C. Gess (1807), pôs em dúvidaa composiçào paulina de tTm, com bâse oâ linguagem eem inlormações biogfifìcas. Vãrios anos depois. J. C. Eichhorn (1812), corn ÌefeÌência à linguagem reÌigiosa diver-gente, estendeu este juízo às tÌês PastoÌais- Então F. C.Bâur (1E15) Íechou o círculo mediâhre prova de que apolêmica em torno dâs PâstoÌais estava rcÌacionada com ogÍìosticismo do século ÌI7. Desde que H. J Holtzmannreuniu todas as objeçóes, a visão da impossibilidade daâutorje pâulinâ das Pastotais tem predominado largamente 3.

Numetosos estudiosos discuriÌâm â autoriâ paulìna dâscartas, mais ou menos abertâmente, frras admitem ao mes-mo tempo a inseÌção de Ítagmentos pâulinos genuínos e.Do mesmo modo a convicção de que as Pastorais, diretaou indiretâmente, temontâm a Paulo ainda conrâ com tru-merosos deÍensoÌes ro-

6 A$id, por e*hplq Btox, Confl., 26sï rú1,éú Ktnos, jissj\o! Ghppnh,d*n. Pobcdp. 2aE = 224s, .onÍ! sprlq, Co", lbo$j

7 CÍ vGK, NT, 84s; 1l0s

1ì 24 EPÍSÌOLAS PAsÌoFAlS 4g7

Âs objeçóes cont!â e composição pauüna das Pasro-r,ìis se baseiâm princrpalmente em: l) â lingurgem e o'*r i lor,2) a siLr ação hrsrór ica presumíveÌ: j ì â oposição,"( lâ lcos cLourore. 4) o reÌacionamenro no seio da co-rrrrnjdade; 5) a teologia das Pastorais

Ì ,Ìtr.und nachálctolische Zait', em Die Kbche ì, ihÈ Gachìchte I

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488 B. EPISTOLAS

é exatâmente este o caso, quando compâramos âs Pâsto-rais com as demaís epístoìas paúnas. Nos seus dados es'tadsucos Morgenthaler 14 mostrou que as Pastotais, comll5 vccábulos no seu vocabulário especiál, exibe duâs ve-zes e meia o núm€Ìo de semelhâÌìtes vocábuÌos contra umâ

estaística telativa à razão de proposições condiciorÌais gre'gas e seníticâs nos escritos do Novo Testamento indica'tque as Pastorais exibem de dez a vinte vezes mâis "gre'cismos" do que âs epístolas paulinas.

Jultamente com essas obsetvações estatísticâs a res-peito da linguagern e do estilo das Pastorâis, apatecem fatosliagústicos adicionais que são decisivamente de grande pesoDe um lado, faltam nas Pastorais pârrícJas de todos ostilns usadas freqüentemente por Pâulo, tais como, iìr,

11 R. Morsdih.re! Stttiltik det ht. WúxclJôt4*, 1958, 28, t8lì K. Bev€; Í.41d.re Svntd i. NT, I I, toó2. )\2, 295, 298c Kelly. 2<, (!irq, l4Íj lSes V(hârLis. fitl 219\.

ri 24 EPÍSÌOLAS PASTOFATS 4Ag

l,ara, dró, eite, ékartos, éí;, nuni, sukéti, pálín, sjn, ótper,,irlí rr, e, como regra getal, o uso de precisamente tâis;,:rLrvras ocorrer instinrivamenre Mais signiÍicativo, po-r(rrìì, é o uso de dúerentes palavtas para signiÍicar a mes,ntt coisa: k1ìoi para os proprietários de escravos (Clt,22,4,1), derpótat nas pastorais; arcbai em P^.ulo p Í^

,'' poderes espirituais, rnas em Tt ),1 p^r^ ^s

autoddâdesr(llcnâs; em PaËIo, eachdtittein ras intÌoduções epistolâ-rcs í usado a respeito de Deus, mas chárì* écbeix emllr)r 1,12 e 2' fm l) , ao pâsso que estâ combinação deJ'xLrvfâs em 2Cor signiÍica "receber uma gÌaça". Finâl-rrcrtc, se excluírmos pot um momerto o problema dos' ' "rr . rro. reológ:cos. ocoÍre reperidamenÌe o âpaÌecimenrork lrases que não são ehcontradas alhures em Paulo: porcvnt; io, diabebaioústhai peú t i t los (1Tm 1,7; Tt l ,E);,lttttar4,resthaì eltóPiolt toâ theoú (lTm 5,27; 2Tm 2,l4Á,1); pistòr ho lógos, <inco vezes; di' bèn aitian, ttês!.7cs Por outÍo lado, há nas Pastorais o empÌego inÍrc-,tiìtrìre de ez cbtistô o qual, em compâração, Ìestring€t quase completamente a combinaçóes com oomes abs-

lr:rros de ÍarÍna nunca encontrada em Pâulo ú. Se con-.i,ìtrrrmos todos esses fatos em seu coDjunto, não pode-llr)s negâr que jâ a Iiagua e o estilo ÍâÌâm decisivsmente{(ìr ì rrâ â or igem paul ina das Pastorais-

Pata sermos precisos, aquilo que H. À Súott (18J0)t,r rxpressavâ como um4 conjecturâ, O Roller te procurou, ,t rbcJecer, ou seja, o próptio Paulo não ditou as Pasto-rrls, mâs têlas-ia escÌito üm âmânuense, utilizândo afir-rrrrçõcs de Paulo, o qu4l somehte tefia cortigido o texto, rssinado de próprio punho. Isso corÌesponde, ârgüe-se,r.rì somente às cjrcuntânciâs pressÌrpostas em quâse tdasr.. ,,rrtras epístolas paulinas, mas pode também ser inferido,lr rrccessidade ctiada pela sitìração, Ìecoúecível em 2TmI ri 16;2,9, de Paulo como um ptisioneiro aìgemado. Essar' i tìpârece â numerosos estudiosos como explica@o ade-

I (:f s listas en Haqison í1921)- l7r v{ 6 pÌdas eE ÁllÁnL)() Rol le! {ve. nôra l0ì . 20$

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490 B, EPISTOLAS

t Bmo , lB; Folr/, JtrÊúiás. K4lv SP'cq Âlbúu, FêibeBehÍ;E- F Hdrison, Falcone, Moule.

,r V* rmb,ím Mic},deìrs, EirÌ., 242sa, cl

' r^bú I en Roll{ (wer nora 10).

$ 24 EPÍSÌOLAS PASTOFAIS 491

que se encontrâ comigo" (isto é, Pauto ) está inteiÍâmenteíora de cogitação, por causa de amplâs difeÌenças teoló'gicâs entÌe os dois grupos de escrttos. Por isso, diante dos,rrdos tirgüisricos, a hiprirese do arnânLense não conseguescqoer gârântir a composição indireta das Pastorais Potl)aulo.

2 A sìtuaçãa históica plessuposta. lTm ptessupõeqlre âté recentemente Paulo e Timóteo iinhâm tÌâbâlhádojrrntos em Efeso. Depois Pauto viajou para a Macedônia,Llcixando atrás dele Timóteo pâÍâ resistir aos Íalsos douto.rcs em Efeso (1,3)

A Epístola é úna ditetlva pa!â Timóteo sobre comorlcveria exetcer sua missão durante a ausêncíâ iemporáriâ(lc PauÌo (3,14;4,1.1), Mas essa diretiva não se diÍige pti-rnciramente a Timóteo pois para estâ Íinaüdade a re-t \r ;ç;o escr i Ìâ pormenorüÁdâ de insLÌJçóes orâis que o

^póstolo já havia dado ao seu já provado ajudante (1,lss)

rìio teriám sido necessárias. Âdemais, o própÌio Pâulo de-sejava voltar até ele em breve. Didgia-se, antes de maisnada, às comunidades nâs quais Tihóteo desempenha suarurissão oficiaÌ.

De acordo com Tito, Paulo estavâ em Creta e lá dei-nou Tito para completâr a otganlzação já começada das co-rrumdades nas cidades da ilha (1,5ss). O objetivo da Epís-r,rla é o de Íornecer instruçóes e designat Tito diante dasr omunidades, do mesmo modo que Timóteo em 1Tm,((rrìo ÌepteseÂtante formal de Paulo, Tzlvez o j.rÌist^ Zeí^s, ApoÌo tenham sido os pottadores dâ Epístola (1,13).l)Iulo desejâ que Tito sejâ substituído logo por Artemasrr Tíquico. Então Tito devetá encontmt-se logo que por-sívcì com PauÌo em Nicópots, onde este tiúa determina",h passar o inverno (1,12). Das várias cidades com esse

rrr um lado, qu dbos, k-Ât e Past., letocd â uâ ojst"ndadel,ì lemenre h€ldzada, e, por oulb lado, distorce o escârÕIogjá e a í-,L{çio comuo ns lmtomis O problm, da colocação das pastorais é, rt'licitdìen1e exduÍdo dr @nsideiaéo, mbora seja suposraneote plo\r,l(i que o âltar Cos Ar seja Lrcãsl

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4gz B EPISÌOLAA

mesmo nome, só devemos pensff seriâmente em NicóPolisno EpiÌo.

De acordo com 2Tm, na qual os assuntos oficiais epessoâis estão mris enrrelaçâdos do que em | [m e em Tt?a.: lo esrá na orisáo em Roma i l ,8s;2,9t Mais uma veztem ele de deÍàder-se drante do tnbunal, abandonado por

o lugat de ttabalho de Timóteo.Nenhuma das situâções aqú descdtas se ajusta à vida

de Paulo desde Damasco até Roma, ao menos pelo quesabemos dela âtrâvés das outÌas eústolas paulinas e de

L Tilhóteo. Deoois de ttês anos de atividades emÉfeso, Paulo viajou- desta cidade para a Macedônia (At

s 24 EPÍSTOLÁS PASÌOFA|s 493

2Q,l5i d. 19,21). Nesra ocâsião, porém, ele nào deixoulimóreo em fÍeso, mas envio.r.o à ÍrenLe para a Macedó-oia (At 19,22), Os objetivos de suas outtas viagens fo-tam Corinto e JeÌusálém (At 20,2ss), e ele não vokou aDfeso (Ât 20,l6ss). Timóteo, que já devia ter alcançadode novo Paulo na Macedônia (2Cor 1,1), encontrava-secntre seus comparüeiros na viâgem a Jerusalém (20,4ss)

Tìto De acordo com o que sabemos, Paulo jamaiscsteve em Creta ou em Nicópolis durante a sua grandeviagem. A viagem do prisioneiro Paulo conduziu-o ao lon.go dâ costa de Creta (At 27,7ss), mzs, embora tenhamrncorado em Bons Portos, não houve opoÌLunidade paÌânenhuma atividade missionária. Não sabemos se Tito esta-va com Paulo nesta ocâsião. O inverno sesuínte Paulo ot,.rs"o.r em Mala {ÁL 28,lssi, e nào em Nicópolis.

2. Tìr óteo. Paúo visitou CoÌinro, Tróades e Mileto naviagem descÌitâ em At 20,2.5s.15ss Mas 2Tm, especial-rnente 4,9ss, não pode re{edr-se a esta viagem, na qual Ti,móteo tomou parte como companheiro de Paulo, e a tes-pcito da qual ele não tinha, poÌtanto, necessidade de serinformado por cârtá. Se Timóteo acompânhou, nestâ oca-sião, PâuÌo a Jerusalém (Ât 20,4ss), então não podefiater sido encarregado de trazer consigo para Roma os obje.tos esquecidos pot Paulo em Trôades, vátios anos antes(4,13). Trófimo segliu, nessa ocasião, com Paulo pata.lerusaÌém (Át 21,,29),

^o passo que aqui ele Íica em Mi-

lcro, por causa da doença (4,20). E Paulo deve ter espe-trdo anos para inforhar Timóteo a Ìespeito dessâ doença.No câtiveiro, dutante o qual Íoi esoita C1, Paulo tbhatonsigo Timóteo (1,1). No caso de se üatar de Roma (ver$ 21.5), isto estariâ eÍn contÌaúção com o Íato de Paulorhamar Timóteo de É{eso para Roma (4,9;21).

Ás situações pressupostâs nas Pastorais devem, porisso mesmo, na medida em que são hist6Ìicâs, peÌtenceÌrrr tempo posterior ao cativeiro de Paulo em RoÍna ( At 28 ).

Mas há alguma inÍotmação histórica a respeito da viúrìe Par:Ìo depois do íinal dos Atos?

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4g4 B, EPISÍOLAS

Leste

5 24 EPISTOLAS PASÌORAIS 495

como testemunha ocular de muitos ,contecimentos, rle üâ-çou este plano omitindo a paixão de Pedto e a viagem dePaulo de Roma à Espanha". Âqui a viagem de Paulo épressupostâ como uln Íato tão bem conhecido como o mâr-Lírio de Pedro. Â viagem de Paulo à Espaúa podeÌia tersido deduzida pelo autoÌ do cânon de Mumtori com base

Por ourro lado, e pouco prová\eì quc o /uror rornano. lc lClem no Í inal do século I nào pòssuisse enrão umarrâdição iÍdependente a Ìespeiro do Íim da vida de Paulo;c LÌma vez que ele evidentemente quer Íalar nos caps. 5 e6 a respeito dos mártites rcmanos, existe â real possibili-J.rde de que conhecia, com bases seguras. que Pàúo hâ\iarrabaÌhado na Espanha como m;ssio;áÌ io e depois morreucomo tnáÌtiÌ em Româ a,

Portanto, existe a possibilidade, e âÍé â probabilidade,tìe que PauÌo mais uma vez tenha sido libertado em Romac mais târde tenha morridó máÌtir na mesma cidade. Mas.rs condições pressuposlai pelas Pasrorais paÌa ìrma viagelr'lrro Leste não são indicadas pelâs testemünhas, e muiro me,

 notícia do seglndo câtiveiro de Paulo em Roma(pela primeira vez cirado por Eus., ]{F- II, 22,2), úranteo quaÌ 2Tm Íoi supostamente escrita, e a suptacitada su,posição da viagem de Paulo ao Ì,este (deÍendida por todos,'s modernos defensores da composição paulina das Pasto,râis) não possrÌi nenhuma espécie de testemunho em pró-

?3 Cí. F. DÀhtú, TUì, NF 2{, ìcíc, 2o\.2e Músm, Ì,r., 210ss, dúonstrâ ã inDGsibitdade de deduzi!

,lls pastc!âis nna seAedâ prisão de Pãuio en Roo,.

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496 B' EPISTOLÃS

pÌio ÍavoÌ, devendo Pois, ser consideradâs como âfiÌmaçõescatents de Íundamento.

3- Opotìçãa conttu or laltos doutotes Se.ptdetmosencarar os_ Íalios ôutores, contra os quais são dirigìdas as

Pastorais, como uma eôtidâde unificada r, então existe Ìres-

sas entiáâdes duas características proeminentes, inexplicâveLnente telâcionâdás: o judaísmo (ou cústianismo de orí-gem judaica) e o gfiosticismo.

cetos aümentos (ITlJi 4,3; Tt 1,14s), e poÌ. isso susten-Èm o ponto de visra gnóstico segundo o qual ê redençaosó e cooseeuida ârÌavés da procuÌa da verdade dentÌo dos

segredos dõ mundo suPeÌioi e âlravés da prárica do a'ce-Ísmo,

{ Nãc obstante Mi.hó.Iìs, Pdí úd Gefa"sekçhdltlbTiele' rc2ss

5 2r, EPÍSÍOLAS PASÌOÂÂIS 457

move o relaxameÍìto moÍal. é precu$ofâ de terríveis errosescâtológicos em todas as esferaì da vida (1Tm 4,1ss; 2Tml,1ss;4,1s ) .

Se as Pastorajs lidam com um Snosticismo mais oìr

fecia telativa aos "últimos dias", que evidentemente des-

rr É o oue rno. G6lv: tusF.ed tuddle Hutson: voD Gr'mnhaum: fl K'iox: Ptikqot Aúoaa the ktte^ al P'ul teJs 2l;d., 74. B,'ir esr; :_,"i,o. Â s-po'iç;o d. Ford sesúdo E .qu,l 6coo"..or. mencion"/os na' pâ*orr'' ';o prcffo- ántar' su!8dor rnr;s Je \4ontóno, é srer"rc- te deJi Ì r id, de ÍJ^d,nen'õ

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498 8, EPÍSÌOLAS s 24, EPÍSÌOLAS PASÌOFA|S 499

DiÍicilmente podemos detetminar com precisáo nas Pas-roÌais, s€ para Dm episkopos (L'lm 3,2; \t 1,7),há ume,m i ,oÌJ^ d,e prcsbtterci \ r la 5,11.19; ' I ! 1,5), lsto é, seé pressuposta a exisÌência de um ofício epFcopâl Ìnonár'qurco'J ou se o bjspo, embota como chete, é uma partedos ptesbíteros r, ou ârnd se ePÍr,€oPor Ìepresentâ somen_re ourÍA desgnação para os prertryerci '.

Não havetia absolutamente problema se presblleroinas Pastorais se Íosse sempre umâ designação paÌa idâde,como em l1'm 5)., e se epithetìs tôfl cheiún toíÌ prerb!-teúou (l1m 4,14) fosse trâduido por "imposiçâo dasmãos, que toÍÌâ um homem um anclão " n. Á tradução entretanto é insustehlável, por estaÌ constrúdâ sobÌe umtermo técnico rabínjco, ìncompteeDível para um leitor gre-go, conttariando, aìém drsso, o emprego usual de ptêsbrté'/ro, em o Novo Testamenro i/, Âlém d6so, em Tt 1,5presbltérous designa clarâmente um ofício. Uma vez queem 'Ìt 1,5 prclbytérous loi substituído por eqiskopon, ee 'admiração" a que se reÍere l.tm l,4s e 5,17 se âpúcado mesmo modo a um bispo como a um presbíiero, é prc'vável que as Pâstoráis desgnem com ePiskoPos e ptesb!'lelor o mesmo ofício, que não é ainda monárquico. Âssim,

' Von Cmpe.haus.n

1971, 12E!) .:- P. Kdz, ZNW tl, Io60, 27st, dúonrúá que nôo eriÍcm dG

cmflc clÌ geeo pàt. prctbttèrìo" ' scü8o dos mrrãôs Ll tm'bén Spi.q (vo nob )ó)-

rr Di b.Liuscorzelnaôn

creve fenômenos presenres, só pode ser um recrrso ürerã-no rrâdicionaj í uaticittiurn cx eventa), que -paulo' usanesÉ rugar.

Mais surpreendente anrda é como se desenvolve a ÌutacontÌâ os falsos doutores. Em evidente contraste com Cl,os pontos de vista dos falsos doutores não úo refutados

r2 Guútie

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500 B. EP|SÌOLAS

quando os anciãos lhe impuseram âs mãos sobre â câbeça(1Tm 4,14), assim também Timóteo ordena outrcs parâo ofício de bispos, estendendo suas mãos sobre eles (lTm5,22). Do mesmo modo, Tt 1,5 dá normas a Tito paraordenar presbíteros. Âlguns estudiosos consideram o ofíciode Timóteo ou de Tito, que é superioÌ à igreja local, comosendo igual ao oÍício do atual bispo ou metropolita re, ouconsrderam esles discípulos do Ápóstolo como delegadosapostólicos s. Mas "as relaçoes pressupostâs coorinuâm aìn.da demasiado indefinidas" rr parâ se poder identÍicar a po'sição de Tímóteo e de Tito corDo um ofício eclesiásticotaÌdio. O "encaÌgo qu€ Timóteo e Tito encaïnâm, de acor-do com as aÍirmações dessas epístolas nünca ex6íu nâ cons-titüição da Igreja" e só pode ser expìicado na perspectivados destinarários Íicúcios das Pastorais €.

A verdadeita tarefa de Timóteo € de Tito consisrcantes €m ptesetvaÌ e tÌansmitiÌ aos seus discípuÌos o en-sino ortodoxo que eles próprios Íeceb€râin de Paulo (lTm7,1116,20; 2Tm 1,14t2,2). Assim como a câdera de rrcei-rão de Pâulo attavés dos seus discÍpulos até os diÌigentesmais velhos das comunidades não está estâbelecidâ. tâm-pouco a cádeiâ da rrad4áo que começâ com o Apóstoìo(2Tm 2.2.8\ está fortemente enfatizzdza'.

 ptessuposição que está por detrás desta fr.rnção cen-tral da tradição é umâ igÌeja, qÌre, coÍrtrastândo com a ex-pectativa eminente do Íim de uma era, de Paulo, já estáÍ^zendo ptovisão pata depois da motte dos portadoÌes-da--tradição institúdos pelos discípulos dos apóstolos (2Tm2,1s), Se Paulo, indubitavelrnente, desconheceu a tarela âapreservâção da tradição por presbíteros ordenados (pres-byteros não se elcontÌa em Páulo como designa@o de umofício!), então o oÍício eclesiástico dâs viúvas (1Tm 5,lss),cuja principal obrigáção é a oração contínua âüadâ a uma

t Eason, Geály4 Guthricar Vd (-m prhLm. trn hlrtp! Aht, 117

a, Cont!á, Schlierj SchniúaÌsr B!oí, Kr't,J, 86 CóúerúênÌq Dibeliuecoü.lrnám. 8, Súohel. 207

5 24 EP|SÌOLAS PASÌOBÁIS 501

5. Teoloeu dat Pastotait. O mundo conceptuaÌ teo-lóeico das Paìtoraìs conesponde plenamenle com as con-cÌusões acima. Para sermos exatos, âs Pastorais contêm ümâ

a MiiU*-BâtdôrlÍ, BrGch (vd nota 1t), 1?9s, subliôbt ndo eísrr , o tundo, ncnhun ìoso r 'céno nr ' "o Or

-àÌB!mrÌor m-r ' j .

r : o ura íunçeo dá6 viuvó, a!-e '_nLdG^por A $nd, - , \Jír l r rsBnd,,n,1 Án .h ' Ì luÉn in den úÍ . ,hr \ ' chen çene-n. lc , DtbcMa Ì eÒen12, 186$, não sAo persuasjvos-

. "ÀÍ';".ãAì..." da ,eooeâ dÀ lsreL s.o ercllíd4" 8'o1

a7 von C,mp.nheurn, Kncblic\5 Aht,, t29

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502 B. EPÍSÌOLAS

expÌessões â cristologla d-as PastoÌâis, suprime â cristolo-giâ paulinâ dâ preexistêmiâ 4. Assim torna-se evldenÌe nâsPastorais uma posição crisÍológicâ completamenre dúerenteda de PauJo, e â suposiçdo de que Paulo, desde o começode seu primeiro cativeiro em Roma teúa alargado o seucâmpo mental "num hotj2onte completamente novo", queo levou "a incorpoÌar em seu vocâbuÌáÌio pâlavÌas ante-dommte entmnhas a eÌe", especialmente â terminologiâdo culto do imoeradotle. Íaz de Paulo um sincrético.

 descriçãã da vída cristã encontrâdâ nas PâstoÌaisé ainda mais estÌanhâ do que a formulação divergente dasâÍimâções sotetiológicas. Frcqüentemente a âtitude corÌe[ado cr isrão é châmadá de eulebeìa \ l ln 2,2;4,7;6,3.5s ILI2Tín 3,5; Tt l,l); pktii, ainda designa freqüentemente aaútude de Íé (por exemplo, 1Tm 1,5), mas tâmbém regÍade fé (1Tm 3,9;6,10; 2Tn 4,7 etc.) , de modo qrre rnâisdo que nunca é enconrrada

^ ÍórÍ!:ul^ en pktei (lTíÍt 7,2;

2,7 etc. ); paralelo com pirtrl neste sentido âpârece então Èdlèdidaskalío l1'In 4,6), he kzt' ertébeìan didarÈatid (l"tÍí'6,3), e sobretudo hygiainorsa dìdarkalia (lTm l]q 2Tm4,3; Tt 1,9;2,1),ou hJ!íainonrer lógoì ( lTm 6,3; 2Tm l ,13). Dos cristãos, por isso mesmo, se htgìaífieifi en tê pítteì(Tr 1,IJ;2,2); sophrónos d.ikaíos leaì eutebôs zêfl (Tt 2,12)ihèmerox kaì hesychion biot diágem ea páse easebéia kaì sen-nóteí (lTm 2,2), A esta descrição racional, etlciz àa dsvida oistã e da exigência cristã coÌresponde o fâto que,como em Ef 2,10, o plural érya açathá é encontrado enÍa-tizado em 1Tm 2,10 e \t 2,14, do mesmo modo queagathe otr katbaü $)netdet i t en lTm I.5;r ,o e.c. ; ç lJe pzChnstó lesoi apârece relâcionado somenre com conce.losde salvação, não com pessors (por exemplo, 2Tm 1,1;lTm l,li); q.re p eúrnd só se encontra duas vezes comodesignâção do Espírito de Deus dado aos cristãos (2Tm1,14; Tt 3,5); nesra segrnda passâgem limitado à salvâçãoÍ^ Iaíatòfl paLheerêsíat; e sóhta não âpâÌece ábsoluta-

I çl Brcr, Conn., 51. 16l*f Micìaús, Ei,l, 24lr sebelháíteíeíte Kelly, 25.

5 24 EP'SÍOLAS PASÌOBA S 503

pâulina, oú suâ completa ou paÌcial {âÌsificação, não- pode

ier tesolvida rnediânte um juízo Ìiterário â Ìespeito do seuautor, mas somente mediânte uEì juízo crítico e teológicodesÌâs mesmas epístolâs.

0aí BJ.m"hn, 4ó8. r ì t : S(hwei7"r , .67s Cõì ' r idsre 'o

quepen â Smbd, 20/. dlfrlmenÌe Podcsc lalàr dP 'rrp<r_ vá lone e

ì v- D,b€ürrcon?elmún Exõr$ , lTm I '1022t, Búúam, 516r: Ceíau ú Robên Feo'llet, 481, ôão ÕhsÌdte @ite a orgeú

muii@ ds D6bmL <omo pÌolaveìmenk qG rs psrG

l.' ;a*. *, brds @m ì dodâ c'lretr d órÀ púbenb 'ien

;ii.,. '"À; , ,rc1.4,, paulr.i ôu 'obÌP "

l'isb1r do criJiáni'no D'i

-;;di"Ì; (Bis""'.d,;,-,itr.". essâs obsêruãções lvêr noo 10llt4l)

Page 95: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

504

4. Objetivo. rernpo e lugar de composiçào

_ Como _entidades, as Pastorâis não são homogêneas.Por um lado. em ÍTm e lr as direr:ras purn a orgüúu-ção das igrejas, instruções sobre como lidâ; com âs -diver-

sas classes de pessoas, e oposição âos Íalsos dourores Íor-mam o conteúdo teaÌ, de tal modo que, em sua essência,estâs duas epístolâs tratam â respeito da discipìina ecle-siásticâ. PoÌ outro lado, 2Tm consisre em uma advertên-cia de Pauìo. o qual iá camiúa para a morre, ao seu discipulo, exonando-o a licar Íjrme e a lutaÌ conrâ a heresiz,isto é, a epístola tem a Íormâ de um testamento literátio Ja.E ao passo que ÍÌas três epístolas Paulo apârece claÌa-

Os estudiosos, desde 1836, têm defendido â tese, quevatiâ muito de autor para aütor t5, de qrÌe as PâstoÌaiscontém um, série de íragmenros das eph,olas paulinas au-,énric/s, que o âuror das Pasrorais reria úserido nas suaccoÌÌìunicações. Especialnente Hâriison, teve o ttabalho deâgtupârJ de versículos distintos, ptiÍneilarnente cinco, d€-pois tfês peçâs genuínas que originaÌiâmenre deviam ter es-râdo jun'âs, e a seguir zponLou o Iuear delas na hisrdriade Paulo no rempo.de seu carivei"o ãm Roma".

. ' i Nr lTÌ e t i r 'PJ lo dpõe a, szniaçio da rc-eja; eì 2 lúele erpõe á si nsmo _ (Mdse., Ei,l, 179).

, , . ; . .": ; . : ; i . :T.11* em co$er. r,2. rv. 2. r00. no.r : spi.q.

" ! í . . : r - Ct hài . RïÈ. i@.. Appel . (Joê!4 HeÌd, Hen.

.h-s. M,Ne; 'e. \ ) r i l l i rms, sp"r( . i fâ.Õne,. cdmi,hals: f ; .on " i ' Í i inceftoi Fulle,i M,úeÌ.

5 24, EPISÌOLAS PASÌOFAIS 505

Duas razões decisivas, mtretanto, pesâm cofltrâ essâsuposição t7.

â) É ircxplicável corì.o tâis pequenâs epístolâs oufragmentos epistolares de Paulo poderiam ter sido preser_vados e tâmbém o motivo por que o autoÌ das Pastoraisos teriâ inseÌido tão natutalment€ nas epístolâs.

vemos levar em contâ que essâ teodâ, se tem aÌgufiâ pÌo-babilidade, pressupóe o âbsutdo de que o AutoÌ das Pas'torais escreve em nome de Paúlo e pensa qrje é câpaz dedar a estes escÌitos pseudonímicos a aprrênci4 de âÌrtentj-cidade mediante â inserção de ÍÍagmentos genuínos.

Pelo contrário, devemos reconhecer o Íato de qüe âsÌrês PâsioÍais, que pÍesumivelmente oÍiginam do mesmoautoÍ, exigem se; co;sideradâs como epísiolâs paulinas não<omenre por causâ dos seus de<t iratár ios, mac rrmbém porcauia de suas observâçòe. pessoais. da menção de oulrrcpessoas, e das saudações s.

t7 CÍ tb BÌox, Kellyi Guürie, 224ss, Mrdsmj Schmld, Moule,.1ll$.

53 B.cx, BZ 1969, prdoú que âs notâs pessoáis frcriciâs pdienceÍnâo !íveÌ Ìitdâio d6 pato!âb, e els indlcam qle o objeÌivo teolósicÒvincú1adô à inr4ão ãe mis hlormações !€$ods pode F freqüdte'

te Hdnson, ExpT 1955/5ó, 77

B, EPISÌOLAS

Page 96: Kümmel - Comentario Biblico Epistolas Paulinas

506 B EpÍsÌoLAs

Provavelmente não podemos sâbe! ao ceïto n€m a si.

Ár Cf. Hccsmann, 58.,

F ^!ìlÌ

pel.:r von.dnp..hâusen, poLJka,p; )dem Dte Ent .hu,o

ìíi,i;1*1,;*. m', 15, ros r4o. noo ,i t K,*--. vF r;aìi50.

FossuiÍ. Á sìrposiçâo de que as Pastorais teúam surgidona Ásia À4enor é improvárel. Uma dara múto tardìa isrá

s 25, NOçOES cEFAtS 507

II. EPÍSTOLA AOS HEBREUSE EPÍSTOIAS CATÓLICAS

$ 25. NoçõEs cERÁrs

t. r$chú, '(a holi5c$e Brieí€", RGG Ì. €d., Íll. tt9âs: Á.srobel. 'Dic íirclenbr.d. in deÌ nêkrú A"d.suns , lrlr+;'arrMorotsbelte 3, 196t, Lir.lrturheft, ls.

"Áos hebreus" e, assim, Íicou sendo identiÍicado na cole,ção d,a lgreja pelo nome drqueles a quem era úrigido, ralcomo acohteceu com as tÌeze epístolas pâulinâs, PoÌ este

6t Mich.l Nruú: do lado op6ro. Hr6d, ll,