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La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

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1

La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la Triple Alianza

Viviana Civitillo

Esteban Chiaradia

Jorge Coronel

Silvania de Queiroz

Mauro Silveira

Pedro R. Caballero C.

Eder Luis Rodas Sanabria

Mercedes Rubio

Marco Augusto Ferreira

Miryam Celeste Buzó Silva

Augusto Velzáquez Belotto

Licencia Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0 Internacional

Editorial Facultad de Filosofía.

Gestionada por la Dirección de Investigación de la

Facultad de Filosofía de la Universidad Nacional de Asunción.

Contacto: [email protected]

Asunción – Paraguay

2021

Page 3: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

2

ÍNDICE

Prólogo………………………………………………………………………………………….3

Historiografía de Trincheras: Historia oficial e revisionismo

Silvania de Queiróz……………………………………………………………………………4

Génesis y producción de los Papeles de Burton

Mercedes Rubio……………………………………….………………………………………10

La campaña de Mato Grosso en la historiografía argentina del Siglo XX: ignorancia,

descubrimiento y olviso

Esteban Chiaradia…………………………..…………………………………………………20

De Provincia a República. De Caseros a Cerro Corá. Paraguay en la Cuenca del Plata

Viviana Civitillo………….……………………………………………………………………44

El Paso de los Cuatrocientos, la Intención Subyacente en la Narración Histórica

Marco Augusto Ferreira…………..…………………………………………………………..59

Historiografía restauradora, El Imperio Contraataca

Jorge Coronel………………………………………………………………………………….64

O Jornalismo português, um aliado pouco conhecido do Brasil na Guerra contra o Paraguai

Mauro César Silveira……………………………………………………………………….…69

Alicia Elisa Lynch en la historia paraguaya. Un recorrido bibliográfico

Miryam Celeste Buzó S………………………………………………………….…………….91

La Guerra contra la Triple Alianza en los textos escolares. La construcción del relato sobre la

guerra en textos escolares de la actualidad de Paraguay, Argentina, Brasil y Uruguay

Pedro R. Caballero C. – Eder Luis Rodas Sanabria…………………………………..……….103

La reivindicación de la figura del Mcal. Francisco Solano López (1870-1936)

Pedro R. Caballeero C. – Augusto Velázquez Belotto…………………………………………123

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3

PRÓLOGO

El presente material de lectura es el fruto de las diferentes ponencias presentadas en el

Congreso Internacional Virtual ―La lucha por la Memoria. A 150 años de la Guerra de la Triple

Alianza‖, evento que aglutinó a investigadores y expertos en la materia de Argentina, Brasil,

Paraguay y Uruguay. El mencionado Congreso fue organizado por la Dirección de Investigación y

la Carrera de Historia de la Facultad de Filosofía de la Universidad Nacional de Asunción.

A 150 años de la finalización de esta gran guerra resulta de suma utilidad analizar las

visiones sobre la Guerra contra la Triple Alianza en Paraguay, Argentina, Brasil y Uruguay, con la

finalidad de ver los enfoques de los mencionados países sobre este episodio nefasto en la historia de

la región y a partir de ahí, iniciar una verdadera construcción regional, superando las diferencias

ocasionadas por una guerra que dejó secuelas hasta el presente.

Es evidente que los nuevos abordajes historiográficos sobre la Guerra del Paraguay todavía

no han logrado cambiar las representaciones que se construyeron en épocas pasadas. Todavía es

muy grande el abismo entre los nuevos avances historiográficos sobre la Guerra de la Triple Alianza

y las representaciones sociales que sostiene gran parte de la sociedad de los países beligerantes.

Como expresó el Decano de la Facultad de Filosofía, el Dr. Ricardo Pavetti, en ocasión de la

apertura de la Semana de la Carrera de Historia en el 2018, al referirse sobre la Guerra de la Triple

Alianza, ―esta guerra es un dolor interminable y es importante dedicarnos a su estudio con el

máximo rigor‖. Sin duda alguna, son muchos aún los aspectos y temas a seguir investigando y

debatiendo sobre esta conflagración armada, y en ese sentido, la presenta obra viene a representar

un aporte al interminable debate sobre esta fatídica guerra.

En el presente libro podrán encontrar trabajos que abordan la cuestión de la Guerra contra la

Triple Alianza desde diferentes ángulos, lo que enriquece aún más el material; y pretende abordar

este espinoso tema desde una mirada renovadora, con un enfoque nuevo sobre un conflicto que

marcó la historia de las naciones del Plata. Los temas abordan el campo de la historia, la literatura y

el periodismo, con un relato académico de elevado nivel que visualiza la labor de investigación

desarrollada por cada uno de los autores.

Dr. Pedro R. Caballero C.

Director de Investigación-Facultad de Filosofía

Universidad Nacional de Asunción

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4

HISTORIOGRAFIA DE TRINCHEIRAS: HISTÓRIA OFICIAL E REVISIONISMO

Silvania de Queiróz1

A escrita da história é um processo complexo, que envolve inúmeros aspectos, sobretudo,

ideológicos, políticos e econômicos. Após a Guerra da Tríplice Aliança com a República do

Paraguai [1864-70], esse processo concentrou-se nas mãos das forças ―vencedoras‖. No Brasil foi

controlado pelos representantes das forças militares, e no Paraguai, pelas forças aliancistas

(imperiais e argentinas), apoiadas pelos legionários, grupo formado por paraguaios que combateram

contra seu próprio país. Podemos perceber que logo após a guerra, as representações

historiográficas e culturais dos vencedores se tornaram hegemônica nos dois países, dando origem a

chamada historiografia de trincheira.

Antes mesmo do fim da guerra do Paraguai, surgiam no Brasil obras oficialistas2, ligadas,

sobretudo a ex-oficiais de linha ou voluntários, principalmente do Exército, que descreveram os

fatos e acontecimentos a partir da visão de corte essencialmente patriótico e ufanista, que definimos

como historiografia nacional-patriótica3. Alguns oficiais das forças armadas prosseguiriam nas

décadas seguintes escrevendo sobre o conflito, no geral sem modificação de conteúdo.

Para essa literatura, o Brasil lutara naquela guerra essencialmente para defender-se de

agressão militar e para por fim a um ditador odioso e ambicioso, responsável exclusivo por aquele

confronto. Em forma quase exclusiva, ela limitou-se à narrativa cronológica dos grandes combates,

do aprisionamento do navio Marquês de Olinda [1864] à morte de Solano López, em Cerro Cora,

em 1870. Todas as obras destacaram os feitos do exército imperial/brasileiro como justos,

respeitosos e bravos; que devido às pressões e exploração realizada pelo tirano do Paraguai, o

Império não teve outra escolha a não ser intervir na região platina. É uma historiografia pautada na

1 Universidade de Passo Fundo – RS - Brasil. E-mail: [email protected]

2 Cf. MADUREIRA, Antonio de Sena. [1841-1889], A guerra do Paraguai: resposta ao sr. Jorge

Thompson, autor da ―guerra del Paraguay‖ e aos anotadores argentinos D. Lewis e A. Estrada. Brasília: Universidade de

Brasília. 1982; DUARTE, Paulo de Queiróz. Os voluntários da Pátria na guerra do Paraguai. Rio de Janeiro: Biblioteca

do Exército, 1981; CERQUEIRA, Dionísio. Reminiscências da Campanha do Paraguai. Rio de Janeiro: Biblioteca do

Exército, 1980; PIMENTEL, Joaquim Silvério de Azevedo. Episódios Militares. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército,

1978; FRAGOSO, Tasso. História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai. Rio de Janeiro: Biblioteca do

Exército, 1956. 3 Cf. sobre essa definição: MAESTRI, Mário. A Guerra do Papel: História e Historiografia da Guerra no Paraguai

(1864-1870). PPHG/UPF, 2013; MAESTRI, Mário. Paraguai: a república camponesa. Porto Alegre: FCM, 2015. 322

pp.

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5

descrição factual e superficial dos acontecimentos, sem considerar os contextos, as causas, as

decorrências, etc., assim o real entendimentos do desenrolar dos fatos.

A razão apresentada para a guerra é sempre a tirania de Solano López que não respeitava

seu povo e seus vizinhos e planejava expandir seus territórios, iniciando pela invasão do Mato

Grosso. Do mesmo modo, o soldado paraguaio é descrito como fanático e louco, que defende

Solano López mesmo nos piores momentos, sem abandonar a batalha, o que contribuiu na demora

para acabar a guerra.

No Paraguai, a partir de janeiro 1869, quando tomaram a capital, as forças aliancistas e

―novo governo‖ iniciaram a construção da narrativa historiográfica oficial muito semelhante a

historiografia brasileira, onde toda a culpa da guerra foi atribuída a Solano López e seu desejo de

poder. Essa historiografia não realizava qualquer análise a respeito do contexto platino, das causas e

motivações da guerra. Sob a influência do Império do Brasil, sobretudo, mas também da República

Argentina, as explicações sobre os responsáveis pelo conflito apontavam todas para o Estado

paraguaio, no geral, e para Francisco Solano López, em especial. Os próprios oficiais paraguaios

que se integraram à administração do Estado aceitaram, ao menos inicialmente, tal explicação,

enfatizando, porém, o heroísmo do soldado e do povo do país naquele conflito.

Para se legitimar no poder as forças aliancistas/legionárias passaram a negar qualquer

elemento positivo no passado paraguaio. Para eles, o Paraguai antes da guerra era o país mais

atrasado do mundo, marcado por regimes despóticos, onde as tiranias – Francia, Carlos Antonio

López e Francisco Solano López- teriam levado o país a completa barbárie. A Tríplice Aliança se

apresentava como a portadora da liberdade e da civilização. Com este argumento, os legionários,

em especial, tentavam fugir da posição de traidores da pátria afirmando que a guerra não seria

contra o povo paraguaio, mas sim contra o tirano Solano López.

A historiografia oficial se utilizou dos jornais da época para fortalecer sua narrativa. Os

jornais La Regeneración e La Voz del Pueblo, os primeiros jornais do pós-guerra, buscaram

legitimar essa ―versão‖ dos acontecimentos ao mesmo tempo em que rivalizavam entre si acerca da

influência argentina ou imperial nos rumos do país.

Autores como Cecilio Báez, afirmavam não haver nada de positivo no Paraguai antes da

guerra, que seria o país mais atrasado do mundo, que seu povo era um povo embrutecido,

cretinizado por secular despotismo, por isso seria incapaz de qualquer reação contra seus tiranos.

Para além disso, esta narrativa afirmava que a guerra foi positiva pois trouxe a civilização ao

Paraguai4. Visão absurda que nega o processo histórico de desenvolvimento paraguaio.

4 BÁEZ, Cecilio. El Dr. Francia: ensayo sobre la dictadura en Sudamérica. Asunción: Cromos Mediterráneo, 1985;___

La tirania de Solano López: su aspecto comercial in Junta Patriótica Paraguaya, El Mariscal Solano López. Asunción:

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6

Apesar disso, parte da citada Geração dos Novecentos começou a produzir narrativas que se

opuseram a visão historiográfica oficial. Blas Garay, Juan Silvano Godoi, Juan Emiliano O‘Leary e

Manuel Domínguez foram os primeiros escritores paraguaios a iniciarem um processo de ruptura e

oposição a historiografia oficial aliancista. De modos variados e com aspectos e elementos

diferentes eles iniciaram o que hoje chamamos de revisionismo histórico paraguaio5, fortemente

determinado por suas opções políticas e ideológicas.

O revisionismo possui múltiplos significados, mas aqui, está definido como o processo de

reinterpretar e reanalisar determinados acontecimentos e, sobretudo, interpretações históricas, em

gerais produzidas pelas classes dominantes, a partir de novos métodos, olhares, fontes, etc. Nesse

sentido, ―revisionismo‖ interpreta-se também como leitura nova, a partir dos silenciados, oprimidos,

ofendidos, etc., em geral sem direito à história. Buscando superar narrativas simplistas sobre a

guerra e sobre seus elementos e personagens6.

Ao estudarmos a história e a historiografia da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai

percebemos que muitos aspectos e elementos precisam ainda de maiores aprofundamentos. Pois a

visão oficial, através da historiografia de trincheiras produziu e ainda produz interpretações

incompletas. Tal posição ciclópica, não conseguiu enxergar ou não quis enxergar que desde o fim

do conflito houve um movimento de simpatia para com o mariscal

Referências:

ALLIOT, Enrique. Elementos de Historia y Geografía. Asunción: La Democracia,1884.

BÁEZ, Cecilio. El Dr. Francia: ensayo sobre la dictadura en Sudamérica. Asunción: Cromos

Mediterraneo, 1985.

________________. La tirania de Solano López: su aspecto comercial in Junta Patriótica

Paraguaya, El Mariscal Solano López. Asunción: Junta Patriótica Paraguaya, 1926.

_______________. La tiranía en el Paraguay: sus causas, caracteres y resultados. Colección de

artículos publicados en ―El Civico‖. Asunción: El País, 1903.

Junta Patriótica Paraguaya, 1926; _____. La tiranía en el Paraguay: sus causas, caracteres y resultados. Colección de

artículos publicados en ―El Civico‖. Asunción: El País, 1903.

5 Cf. MELLO, Demian Bezerra de. (org) A miséria da historiografia: uma crítica ao revisionismo contemporâneo. Rio

de Janeiro: Consequência Editora, 2014. 260 p. 6 Conferir sobre conceito de revisionismo: FURET, François e NOLTE, Ernst. Fascismo y comunismo. Espanha:

História Alianza Editorial. 2005; FELICE, Renzo. Explicar o Fascismo. Portugal: Edições 70. 1976; FAURISSON,

ROBERT. Las victorias del revisionismo. Espanha: Ojeda. 2008; RASSINIER, Paul. Le Drame des Juifs Européens.

Paris: Les Sept Couleurs. 1964.

Francisco Solano López, entre a população do país, reação à sua demonização, que expressava, em forma mais ou

menos consciente, o movimento de resistência à invasão, ocupação e refundação neocolonial do país. Para o bem e o

mal, ele representava a oposição indômita do povo contra os invasores e tudo o que significaram.

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7

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GÉNESIS Y PRODUCCIÓN DE LOS PAPELES DE BURTON

Mercedes Rubio7

Génesis

Cuando recibí la generosa invitación del Doctor Pedro Caballero y de la Profesora Viviana

Civitillo, a este Congreso Internacional de LA LUCHA POR LA MEMORIA, ―mi primer

movimiento fue de gratitud, mi segundo de aceptación, mi tercero de fuga‖, como dijera Borges

alguna vez.

Porque no podía no pensar en lo intruso de mi voz, en un encuentro en el que predominan

historiadores, preocupados e interesados por dirimir, pensar, reflexionar y compartir diferentes

ideas, pensamientos, lecturas e investigaciones sobre los Ejes Temáticos que los convoca, --una voz,

como la mía que se atrevió a incursionar en una historia tan compleja, tan llena de versiones, de

ocultamientos, de mentiras y de verdades llenas de disfraces, como la Guerra del Paraguay o

Guerra Grande , o de la Triple Alianza , o quizá mejor aún, Guerra contra Paraguay . Los diversos

títulos con los que se la nombra, para decir o significar, ya en ‗ese mismo decir‘ lo que se trae entre

manos.

Quizá, me gustaría empezar por contarles que la simiente de mi novela fue un mito de

origen, una suerte de saga familiar, de la que yo escuché hablar, desde que tengo uso de razón.

Siempre me contaban, en particular una tía, que venía de visita, quizá para entretener a unos niños,

cuyo padre había muerto de modo imprevisto, que ― dos mujeres habían muerto en el cepo comidas

por las hormigas, untadas con miel, por culpa del tirano López, durante la Guerra del Paraguay”

Y simultáneamente, ella agregaba que descendemos de una princesa india , lo que hacía que

sonaran a cuento, una historia y la otra. Cuando años atrás, empecé a considerar la posibilidad de

investigar de qué se trataba aquella historia, quizá pensando en escribir una novela, pregunté en la

familia, pero nadie sabía, ni cuándo había sido, ni los nombres, ni las razones, y menos aún el

vínculo familiar preciso. Solo que eran unas tías untadas con miel.

7 Buenos Aires, Argentina. Correo electrónico: [email protected]

Page 12: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

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Era casi gracioso, porque todos, incluso cuando les preguntaba a primos mayores que yo,

todos repetían la misma frase. Casi como si fuera una cantinela. La frase era complicada, además,

porque venía cargada de ideología, y de una postura firme frente a los hechos, al considerar tirano,

a Solano López. O sea que era una frase que estaba fosilizada. Que alguien había construido y que

había diseminado en la familia.

Era cuestión entonces de indagar la veracidad de la frase. O el sentido. Y las causas. Desde

siempre escribo cuentos cortos y poemas, pero nunca hasta ahora había escrito una novela.

Recuerdo que sentí, en esos días, que ahí, con este relato, tenía una historia que quizá me estaba

esperando. Entonces empecé a leer cuanto libro había sobre la guerra que llegaba a mis manos, de

un modo o de otro. Pero nada aparecía en lo que leía. Era un relato perdido en la neblina de la

historia.

Hasta que un día una prima tercera apareció de la nada. Fue gracioso, porque este mismo

relato de ‗las tías‘, funcionó como una suerte de anagnórisis, para saber que ambas pertenecíamos a

la misma familia. Que ambas teníamos el mismo origen. Y más aún, el mismo origen paraguayo.

Ante mis preguntas sobre este origen me pasó un cuaderno manuscrito. El cuaderno tenía en

cada página nombres que arrancaban con Antonio Martínez de Viana, seguía con el de Fernando

Fernández de la Mora, Rafael de la Mora, y con Rosa Francisca de la Mora, casada en segundas

nupcias con Ramón de la Paz Rodríguez. Supe después que estos últimos eran los padres de Rosa

Rafaela Rodríguez, mi bisabuela.

Luego seguía con otros nombres. De cada uno contaba la historia. Minuciosa. Y hacia el

final del cuaderno estaban los nombres de Ma. de Jesús Egusquiza y Mercedes Egusquiza muertas

en 1868. Y junto a estos nombres, se mencionaba un libro, Hombres y épocas del Paraguay, de

Arturo Bray, y una página. Lo busqué afanosamente, y allí, me encontré con el relato de un

fusilamiento de doce personas, en noviembre de 1868.

Allí, entre los doce, estaba el de Mercedes Egusquiza. Luego acabé sabiendo que era ‗mi tía

bisabuela‘. Confieso que cuando vi que se llamaba Mercedes, me impactó. Mi nombre, quizá, era

por ella. Los nombres de los otros fusilados aquel día eran: Manuel Antonio Palacios, Vicente

Barrios, Benigno López, José Bergés, Eugenio Bogado, José María Leite Pereira, Simón Fidanza,

Paulino Alén, Juan Bautista Zalduondo, Juliana Insfrán y Dolores Recalde.

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Entonces, me puse a averiguar quiénes habían sido los otros once, uno por uno. Al saber

quién era quién, sentí entonces que me acercaba a una historia terrible. Con este hecho abre Los

papeles de Burton y, a la manera de una novela policial cual, si fuera una suerte de Arsenio Dupin,

Richard Burton transformado en narrador y personaje, terminará de dar cuenta de la investigación

que llevará a cabo durante el viaje de Buenos Aires a Londres.

Mientras hacía esa búsqueda, en otra oportunidad, le conté a un primo hermano mayor, que

andaba buscando información sobre esta historia, y me dijo que tenía una caja con documentos, y

algunos libros sobre la guerra, como el libro de Thompson, y el de Resquin, y otros más. Que me

daba todo. Eran cartas manuscritas de ‗Bergés a Egusquiza‘, de ‗Venancio a Egusquiza‘, de

‗Benigno a Egusquiza‘, de Solano López, alguna de Carlos Antonio López, de un tal Fevré, de Elisa

Lynch, y otras más.

La mayoría de 1860 a 1864.

Me pasé leyendo esas palabras escritas con pluma durante un mes de enero, en especial las

cartas manuscritas de Bergés, Ex Ministro de Relaciones Exteriores, porque era uno de los

fusilados. Me sirvieron, en particular, para descubrir la frecuencia de ese ir y venir entre Asunción y

Buenos Aires, en barco, cada quince días; y para tomar nota de los diferentes pedidos de Bergés, ‗el

tratamiento‘ del mismo Bergés hacia Egusquiza, diferente en ocasiones, y algunas frases

inquietantes, en las que luego, en la novela, me demoro en hacer una suerte de análisis del discurso,

para ver o descubrir, qué había detrás de ellas. Las de Benigno eran pocas, pero vi que en ellas

mencionaba varias veces a la Casa Blyth. Entonces, pensé, no está tan ‗cerrado‘ ese país, como

decían.

Producción

Otro día estaba leyendo Jornadas de agonía , el tercer tomo de las novelas de Gálvez que

alguien me había pasado, cuando leí una nota sobre la guerra en la Revista Ñ , del diario Clarín de

Buenos Aires, que recogía unas palabras de la historiadora Liliana Brezzo, que hablaban de la

posibilidad de una lectura cultural de la guerra, y que sería revelador volver sobre los relatos de

Manuel Gálvez, de Estanislao Zeballos, de Emilio Salgari, de Augusto Roa Bastos, y de Richard

Francis Burton, sin olvidar los sermones de sacerdotes paraguayos o los discursos antibélicos de

Juan Bautista Alberdi y Carlos Guido Spano.

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Por ese entonces, las coincidencias a veces abrumaban. No me demoraré en otras. Pero

confieso que me sedujo la idea de relacionar los dos conceptos de guerra y cultura, quizá por mi

propia formación, por no ser historiadora, o quizá porque sabía que iba a vérmelas con un episodio

como la Guerra del Paraguay, sobre la que había una enorme biblioteca con la versión de los

triunfadores, y otra muy reducida, para contar la verdad de los derrotados, y que ella propusiera este

otro camino, me interesó.

Empecé a buscar todos los textos que ella mencionaba, mientras seguía, al mismo tiempo,

leyendo de los otros. Conocía el nombre de Burton, porque sabía que era uno de los traductores de

Las mil y una noches que menciona Jorge Luis Borges en su ensayo ―Los traductores de Las mil y

una noches‖, pero desconocía su libro sobre la Guerra del Paraguay. Me costó conseguir la única

versión reciente en español de Cartas desde los Campos de Batalla del Paraguay, de la Editorial

―El Foro‖, de 1998.

Cuando lo leí, pude entender por qué razón nunca se había traducido al español hasta ese

año, en la traducción de una uruguaya. Ese día, recuerdo, que empecé a sentir que algo se estaba

moviendo. El nombre de Estanislao Zeballos, que ella mencionaba, no me resultó desconocido,

porque tenía un extenso ejemplar de la Legation de Paraguay en París, firmado por Cándido

Bareiro, con fecha del 10 de julio de 1867. Esta copia manuscrita había sido hecha por mi padre, y

al pie de la misma, él sostenía que había sido ‗sacada de un ejemplar que había pertenecido al Dr.

Estanislao Zeballos‘.

Pero cuando supe que Zeballos había tenido el proyecto de una ‗Historia de la Guerra del

Paraguay‘, y que había querido buscar como fuente, la memoria de sus actores y de los que habían

sido testigos, de un lado y del otro, y que pensaba utilizar como estrategia, su propio recorrido por

todo el escenario en el que se habían desarrollado las acciones militares, empecé a vislumbrar que

lo que él había pensado hacer, quizá podría darme la estructura o la forma para mi novela, y que

podría incluir de este modo, ‗ otras voces ‘ que habían sido silenciadas o ignoradas.

Y después, más aún, porque es, en parte, lo que hace también el propio Burton en sus

Cartas, cuando recorre los escenarios de la guerra. Aprovecho en este instante para hacerle llegar

mi agradecimiento a Liliana Brezzo, que me envió tiempo después --cuando me puse en contacto

con ella--, el CD que recogía una serie de entrevistas hechas por Estanislao Zeballos, y por haberme

dado el mail de Guido Rodríguez Alcalá, al que agradezco, en particular, no solo los libros que me

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envió en aquel momento, sino por haber respondido con enorme generosidad a cuantas dudas o

consultas me iban surgiendo, a medida que avanzaba en la investigación.

Junto a aquel cuaderno que mencioné al principio de esta charla, había también una

fotocopia de la portada de la Constitución para la Franc-Masonería Argentina Aprobada por la

Hon. Convención Masónica , de 1874, y en la portadilla, aparecían los nombres de dos de sus

Vicepresidentes. Uno de ellos era Félix Egusquiza, con el número 33, entre paréntesis. Recuerdo

que me pregunté: ¿pero Egusquiza no era de origen paraguayo? ¿No había sido el Agente

Confidencial y Encargado de Negocios de Carlos Antorio López y de Solano López?¿Qué hacía ahí

entonces Egusquiza en este libro de la Constitución de la Franc-Masonería Argentina?

Cuando leí después en el ―Archivo Personal del Doctor Roque Pérez, Misión al Paraguay‖

que Félix Egusquiza se había ‗iniciado‘ en la Masonería , en Asunción, el 19 de septiembre

de 1869, junto a otras ocho personas, luego de la caída de Asunción, algo me hizo ruido.

¿Cómo podría ser que, aunque le hubieran otorgado los tres grados dentro de la Masonería

-Aprendiz, Compañero y Maestro- al mismo tiempo, como se dijo, hubiera podido ascender

en menos de tres años, nada menos que al Grado 33, o sea, al Grado 33 del rito masónico

denominado Rito Escocés Antiguo y Aceptado?

Empecé a observar, en muchos textos que leía sobre la guerra, demasiadas coincidencias

discursivas. Todos los de la Alianza coincidían en defender la ―cruzada civilizatoria‖, inspirada por

aquellas ideas liberales que llamaban ‗civilización‘, a lo que era coincidente con estas ideas, y

‗barbarie‟, a todo aquello que se le opusiera.

Siempre me interesó y me intrigó la Masonería --por varias razones--, pero, en particular,

desde que estudié Crítica Literaria con Josefina Ludmer. Durante un año entero, estudiamos la

Literatura Gauchesca, y nos enseñó, entre otras cosas, a ver y descubrir las huellas masónicas en

un texto literario; en particular, en ―La vuelta‖, de 1879, la segunda parte del Martín Fierro, de José

Hernández, donde pudimos ver varios símbolos masónicos, y sin ir más lejos, aquella frase tan

difundida: ―l os Hermanos sean unidos/ que esa es la Ley primera‖…

La guerra se jugaba en el lenguaje, pensé, y desnudaba sus huellas. Entonces, de a poco,

atando cabos, mirando los hechos y las decisiones que se tomaban, empecé a dibujar e imaginar la

hipótesis de que hubo en aquel tiempo, una herramienta imprescindible para lograr los fines

estratégicos que se buscaban, una ‗alianza masónica‘, que como es oculta, secreta y discreta ,

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nunca se habla de ella, y que actuó, además, en ese momento, de modo operativo , tratando de

influenciar sobre los hechos. Una presencia de Inglaterra, sutil, disfrazada, que desparramaba las

ideas de Libertad, Igualdad y Fraternidad entre las elites de los países. Pero detrás de esos

objetivos idealizados, los ingleses buscaban apoderarse económicamente de los mercados

latinoamericanos. Decisiones que se tomaban lejos, y que se ejecutaban en estos lares.

Por eso, pienso que la Masonería contribuyó y fue ‗el instrumento para lograr los fines

imperiales, hegemónicos y colonialistas‘ que se buscaban, y que están inscriptos en la letra

del Tratado, coincidentes con aquellos deseos y aquellos fines.

Pero vayamos a Los papeles de Burton

La novela la escribí dos veces. La primera la escribió, digamos, mi alter ego. Yo lo incluía a

Burton como personaje, pero el escritor Juan Martini que leía mi novela, a medida que la iba

escribiendo, me sugirió primero, me insistió después, y finalmente, me convenció para que la

escribiera, desde la voz de Burton. Recuerdo bien que me vinieron las palabras de Gustave Flaubert,

cuando dijo ―Madame Bovary soy yo‖, entonces me decidí y me dije: ‗Seré Burton‘. Con cierto

miedo y atrevimiento.

Y empecé de cero otra vez. Porque, aunque sustancialmente la historia era la misma, fue

totalmente diferente el modo de encararla. Debía ponerme en la piel de Burton, y en el cuerpo de un

varón. Y en la época. No era poco. Para poder ser Burton, leí la biografía de Edward Rice, El

capitán Richard F. Burton. Supe entonces que no solo había sido fuertemente crítico de cómo

Inglaterra había llevado adelante su empresa colonizadora en la India y en África, que estaba ‗harto

de la ‗civilización y de lo que se hacía en su nombre‟, sino que era, además, un escritor que estaba

queriendo traducir las Os Lusiadas de Camoens, que amaba a Shakespeare, a Las mil y una noches,

a Flaubert, a Marx, y que amaba leer, con lo cual supe que me daba margen para poder moverme

como pez en el agua.

Además de ser las Cartas un libro apasionante por lo que él observa, por lo que comenta, y

por lo que opina, la voz de Burton resultó para mí particularmente sorprendente por la ´mirada

crítica´ sobre los hechos de esta guerra total, que, entre 1864 y 1870, produjo, en términos de hoy,

un verdadero genocidio, silenciado, que buscó arrasar con el pueblo paraguayo, y que quiso borrar

la memoria de un proyecto de desarrollo autónomo. Burton admiró la pasión paraguaya del

Page 17: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

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Mariscal Solano López, y fue fuertemente crítico de la actitud de Mitre, y de ‗esta guerra de tres

contra uno‘.

No era poco.

Así como sus prejuicios no le impiden expresar su admiración sin atenuantes por el soldado

paraguayo; tampoco deja de señalar, los numerosos barcos de bandera inglesa que navegan el

Paraná y el Paraguay desafiando la fingida neutralidad.

Creo ciertamente que su modo de ver y de considerar los hechos y a los protagonistas, me

fue sirviendo, para varias cuestiones a tener en cuenta a la hora de escribir la novela. Como saber

que uno de los motivos --por lo menos esgrimidos por él-- como razón de su viaje a los ‗campos de

batalla‘, era su fuerte cuestionamiento no solo de las mentiras reiteradas de la prensa de la Triple

Alianza, sino porque Burton quería escuchar la voz de los paraguayos que, hasta ese momento, él no

había podido escuchar. Conocía una sola campana. Este punto, en particular, me ayudó a decidir que

iba a trabajar más que nada con las versiones, relatos, cartas, y documentos de los que habían sido

testigos principales de la guerra, en particular de Paraguay, y no dejarme llevar tanto por las voces

de los historiadores, que mediatizaban su opinión, en su discurso historiográfico.

Por este motivo, usé en especial, además del texto del propio Burton, a ingleses como

Thompson --lugarteniente del propio Solano--, o a Masterman, otro viajero inglés que me

proporcionó una mirada cercana sobre lugares, personas, costumbres, sobre el El Club Nacional,

etc., personas y lugares todavía no ‗contaminados‘ por la guerra; pero también, los testimonios del

Padre Maíz, el Álbum de la Guerra del Paraguay , El fusilamiento del Obispo Palacios , de Godoi,

el Archivo de Roque Pérez, el Archivo de la Cancillería Argentina, el Fallo contra Egusquiza de la

Corte Suprema Argentina , los Escritos Históricos , de Falcón, el libro de Pomer, el Memorandum

del Consejero Silva Paranhos, etc., etc., en fin, y todos esos otros textos que ustedes encontrarán, o

habrán visto que, en algunos casos, cito a pie de página, cuando me interesa dejar en claro quién lo

dijo.

O, como los facsímiles de Bergés y otros que aparecen en varias páginas de Los papeles de

Burton, que encontré en el Archivo de Asunción , cuando fui a Paraguay, totalmente a ciegas, como

quien va a buscar una aguja en el pajar, a averiguar lo que intuía que estaba ahí, cuando solo me

faltaban escribir los cuatro capítulos finales.

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Tengo que agradecer a la vida haber trabajado en la investigación y en la búsqueda de los

textos inéditos de Jorge Luis Borges que habían quedado sin recoger en sus Obras Completas, para

los Textos recobrados, que me dio una capacidad infernal y una paciencia infatigable para la

búsqueda de textos ignotos. Aprendí, durante aquellos siete años, a tener los ojos y los oídos

atentos, y a buscar, además, en las Bibliotecas más inverosímiles.

Sabía más o menos lo que quería hacer en la novela, y lo que no. Por ejemplo, cuando

empecé a diseñar los personajes sabía que no quería construir en la persona de Solano López un

héroe sin fisuras; recordaba muy bien la frase que Bertolt Brecht le hace decir a Galileo Galilei:

pobres los pueblos que necesitan héroes, y quería decir de él, lo que hubiera que decir. Entonces

traté de pensar en cómo Shakespeare construye sus personajes, complejos, con luces y sombras, y

recordaba, también, la gran lección de Flaubert de que hay que ‗mostrar y no opinar‘, así que traté

de contar los hechos, sin disfraz, y contar la verdad de lo que fui descubriendo, sea cual fuere, como

lo decía el propio Burton que es ‗el deber del escritor‘.

Y recordando, también, lo que decía Burton acerca de que la mejor manera de conocer a un

pueblo y de aprender su lengua era teniendo relaciones íntimas con las mujeres nativas, decidí que

Burton se encontraría con una mujer paraguaya. Pero Liduvina, que es su nombre, no solo va a

llegar a ser la mujer que le atraviese el alma, sino que en términos de Greimas, traté de pensarla

como una ayudante de Burton.

Cuando aparece en el texto por primera vez, ella lo llamará por su nombre, le dirá Burton,

porque ella sabe quién es, y lo pondrá en contacto con los personajes que sabe también ayudarán a

Burton a encontrar lo que él busca. Y que es incluso lo que ella misma desea: que se sepa la verdad

de lo ocurrido.

Cuando ella cuenta su origen guaraní, estoy contando el mío propio, porque desciendo como

ella de Domingo Martínez de Irala, el fundador de la ciudad de Asunción, y de la india Leonor, por

mi bisabuela paraguaya Rafaela Rodríguez.

Liduvina en la novela será su prima hermana, y de este modo, podrá estar cerca de ciertos

personajes. Cuando pensé en el género y en la estructura, decidí también que iba a intentar escribir

una novela que se asemejara al género non-fiction, teniendo presente lo que Rodolfo Walsh había

hecho en Operación masacre.

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Finalmente, el título Los papeles de Burton alude a aquellos escritos que Burton siempre

escribía, y que ocultaba celosamente donde desplegaba la opinión crítica que tenía sobre la

Inglaterra victoriana y el Imperio. La novela abre con las siguientes frases:

“Él me miró en silencio, cuando le dije que las mentiras y los secretos, a veces, logran traspasar el

hilo delgado de la memoria y del tiempo.

Por eso quiero levantar los velos con que se han ocultado para que los hechos no se pierdan en los

laberintos del olvido”.

Frases con las que busca decir, desde el vamos, lo que él, Burton, el personaje-narrador se

propone hacer. Burton irá hilvanando una multitud de acontecimientos e irá anudando unos con

otros, con lo que escuchó, con lo que observó, con lo que leyó, y con lo que lleva en su bolsa de

cuero; y tratará de armar una suerte de rompecabezas, durante el transcurso del viaje, que lo llevará

a Londres y a su nuevo destino en Damasco, y que lo irá alejando para siempre de Liduvina,

„mientras todavía la recuerda, antes de que la desdibuje el impiadoso olvido, mientras se aleja

definitivamente de ella para siempre‟´.

Mercedes Rubio, 1 de agosto 2020.

Referencias

Borges, Jorge Luis, (1996), ―Los Traductores de Las mil y una noches”, Buenos Aires, Emecé

Editores, S.A.

Bray, Arturo, (1957). Hombres y épocas del Paraguay. Libro Primero , Buenos Aires, Ediciones

Nizza (pág.75).

Burton, Richard F. (1870). Letters from theBattlre-Fields of Paraguay, London, Tinsley Brothers,

18, Catherine Street, Strand.

Chaparro, Felix A. (1951). José Roque Pérez, (Un héroe civil argentino), Rosario, Multicartas,

Editores.

Clarín, Revista Ñ, (21 de agosto de 2004). Eduardo Pogoriles, ―La primera guerra moderna‖.

Corbière, Emilio J. (2006). ―La logia operativa‖, (pág 208-209), en La Masonería, Política y

Sociedades Secretas , Buenos Aires, De Bolsillo.

Fallos de la Suprema Corte de Justicia Nacional con la Relación de sus Respectivas Causas, Tomo

Cuarto (1869). Buenos Aires, Imprenta de Pablo E. Coni.

Page 20: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

19

Gálvez, Manuel (1929). Escenas de la guerra del Paraguay, Los caminos de la muerte, I, Buenos

Aires, Editorial Tor; Humaitá, II , (1929). Buenos Aires, Librería y Editorial,

―La Facultad‖; Jornadas de agonía, III, (1929). Buenos Aires, Librería y Editorial, ―La Facultad‖.

Godoi, Juan Silvano (1996), El Fusilamiento del Obispo Palacios y los Tribunales de Sangre de San

Fernando, Asunción, Editorial El Lector.

Maíz, Fidel (1996). Etapas de mi vida, Asunción, Paraguay, Editorial El Lector.

Masterman, Jorge Federico (1911). Siete años de aventuras en el Paraguay , Buenos Aires, Juan

Palumbo Editor.

Pomer, León (1971). La Guerra del Paraguay , Buenos Aires, Centro Editor de América Latina.

Resquin, General Don Francisco Isidoro, Datos Históricos de la Guerra del Paraguay con la Triple

Alianza (1895). Buenos Aires, Compañía Sud-Americana de Billetes de Banco.

Rice, Edward (2001). El Capitán Richard F. Burton , Huertas, Ediciones Siruela.

Thompson, Jorge (1910). La Guerra del Paraguay, Tomo I y II , Buenos Aires, Talleres Gráficos de

L.J. Rosso y Cía.

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LA CAMPAÑA DE MATO GROSSO EN LA HISTORIOGRAFÍA ARGENTINA DEL

SIGLO XX: IGNORANCIA, DESCUBRIMIENTO Y OLVIDO.

Esteban Chiaradía8

La Guerra de la Triple Alianza contra Paraguay (1864-1870) enfrentó al Imperio esclavista de

Brasil, al gobierno de Bartolomé Mitre en Argentina (cuya autoridad se estaba imponiendo en

sangrientas guerras civiles por ese entonces) y a la dictadura florista impuesta al Uruguay, aliados

los tres contra la República de Paraguay. Fue la mayor guerra latinoamericana y una de las cuatro

mayores del mundo decimonónico (Hobsbawm, 2010). Los aliados se impusieron con dificultad y

quedaron endeudados, mientras los financistas –británicos, fundamentalmente- fueron los grandes

beneficiados por el desenlace del conflicto. Paraguay sufrió los mayores daños de esta

conflagración, viendo eliminada gran parte de su población, reducido su territorio nacional,

destruida su capacidad productiva e infraestructura, entre otras trágicas consecuencias, lo que llevó

a que allí se denomine habitualmente a este conflicto como guerra guasú (Guerra Grande),9

enfatizando en la duración y dimensión del enfrentamiento y sus consecuencias.

En términos generales, la historiografía que abordó esta guerra suele ser clasificada a partir de

dos ejes. Uno es el de la historia de las historiografías nacionales, centrando la atención en el

abordaje de la guerra al interior del campo historiográfico de cada una de las naciones entonces

beligerantes y su desarrollo. El otro refiere a corrientes interpretativas que se presentaron como

sucesivas, aunque en la práctica esto ocurrió de distinto modo en cada país. Entonces, tenemos una

historiografía ―nacional-patriótica‖ (que sería la ―visión de los vencedores‖), un revisionismo

historiográfico con modulaciones nacionalistas o marxistas (que sería una suerte de ―visión de los

vencidos‖) y, por último, una ―nueva‖ historiografía académica que se postuló como objetiva (algo

así como la ―visión de la ciencia‖, o al menos la pretensión de serlo), aunque en gran medida es

restauracionista de la primera corriente y rabiosamente antirevisionista.10

8 Instituto Interdisciplinario de Estudios e Investigaciones sobre América Latina (INDEAL / FFyL-UBA). Correo

electrónico: [email protected]

9En Brasil se la llama Guerra do Paraguai, cargando la responsabilidad del conflicto en Paraguay. En Argentina se la

conoce, indistintamente, como ―Guerra del Paraguay‖, “Guerra contra Paraguay‖ o ―Guerra de la Triple Alianza‖.

Milcíades Peña (1972 [1955-1957]) acuñó la denominación ―Guerra de la Triple Infamia‖, que luego retomó José María

Rosa (1968). Mucho después, Leonardo Castagnino (2001) la denominó ―Guerra de la Triple Alianza contra los países

del Plata‖, dando cuenta del contexto regional en el que se inscribió el conflicto. Esta diversidad de denominaciones en

Argentina puede deberse a la temprana aparición de posturas revisionistas respecto al canon mitrista y el desarrollo de

nuevos revisionismos.

10Sobre interpretaciones en torno a la guerra y corrientes historiográficas, véase Crespo, Palacio y Palacios, 2012; y

también Chiaradía, 2016a, 2017.

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Debemos considerar que la Guerra de la Triple Alianza contra Paraguay, junto con el período

rosista y el proceso de la independencia, resultan en la historiografía argentina una terna sobre la

que giraron las discusiones planteadas por historiadores diversos -genéricamente denominados

―revisionistas‖- en sus impugnaciones a la historiografía oficial de corte liberal.

Los debates suscitados sobre esta guerra rondaron en torno a diversos temas: la ponderación

de sus causas, la responsabilidad por el inicio del conflicto, el despliegue del proyecto mitrista en la

región, el exterminio de la población paraguaya, la caracterización del Estado, el papel de Gran

Bretaña en el conflicto, la economía y la sociedad paraguaya durante la Primera República (1811-

1870), la figura del presidente Francisco Solano López, los debates en la prensa de época, la

movilización militar, el rechazo en Argentina a la guerra, la estrategia militar, la adquisición y uso

de armamentos, entre otros aspectos que fueron objeto de la atención de los historiadores en

diferentes momentos.

Respecto a las causas de la guerra, generalmente se las asoció a la campaña de

desestabilización del gobierno ―blanco‖ oriental a manos del ―colorado‖ Venancio Flores en 1863,

apoyado por el gobierno argentino y el brasileño, y los entretelones del tratado secreto de la Triple

Alianza. Las hostilidades comenzaron cuando Brasil invadió territorio uruguayo desoyendo las

protestas diplomáticas paraguayas, que plantearon como casus belli una intervención imperial en

Uruguay. Estos acontecimientos suscitaron acalorados debates, poniendo en primer plano al estuario

platino en las explicaciones en torno a la guerra, tanto para los liberales como para los revisionistas

(De Paoli y Mercado, 1973; Rebollo Paz, 1965; Scenna, 1978; Tjarks, 1975).

Aquí procuraremos ubicarnos en otro ángulo de la dilatada cuenca del Plata para ver otro

―motor‖ que también impulsó el trágico conflicto bélico.

Un lugar lejano pero estratégico

En el otro extremo de la cuenca platina, el Mato Grosso era una región de frontera de gran

valor estratégico11

, que enfrentaba a Brasil y Paraguay, albergaba a poblaciones indígenas con

amplio margen de autonomía, y también involucraba a Bolivia (especialmente la región de Santa

Cruz de la Sierra), siendo transitada sus tierras -en su carácter de triple frontera-por comerciantes,

espías, militares y exploradores (Coronel Prosman, 2016; Moniz Bandeira, 2006).

11 Mato Grosso se ubica en una región más amplia de la alta cuenca platina, que engloba también al Oriente boliviano,

el Chaco y el Paraguay. En esa región de frontera se articulan las grandes cuencas hídricas del Amazonas y del Plata.

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Mário Travassos, militar brasileño que sentó las bases de la geopolítica en su país, le otorgó a Mato

Grosso un lugar de gran relevancia en la geopolítica brasileña del siglo XX, como el que ocupara en

el siglo XIX Rio Grande do Sul en relación al estuario platino (Travassos, 1978)12

. Sin embargo,

nos interesa destacar que Mato Grosso tuvo un lugar destacado en la política sudamericana

decimonónica, si bien dicho lugar apareció eclipsado por la boca del Plata. En general, las obras

históricas le otorgaron escaso interés, difuminando así su valor estratégico, lo cual se reflejó en la

comparación que realizara Travassos.

El sur de Mato Grosso era objeto de controversia de límites desde tiempos coloniales, en

particular tras el descubrimiento de oro en la primera mitad del siglo XVIII. Hubo diversos tratados

y una política lusitana de ocupar sitios estratégicos. Tras su independencia, Paraguay defendió los

derechos allí heredados, tanto con Gaspar Rodríguez de Francia como con Carlos Antonio López. El

episodio de armas de 1850 en el cerro Pan de Azúcar (Fecho dos Morros) es, quizá, el más

conocido de este conflicto en el período. Iniciado el siglo XIX la explotación aurífera decayó, pero

fue suplantada por las posibilidades de explotación agropecuaria (Batista Corréa, 2014). Para Brasil

la comunicación fluvial con la disputada provincia era una cuestión clave13

, comunicación que

presentaba un doble obstáculo: la política del gobernador bonaerense Juan Manuel de Rosas y la del

gobierno paraguayo. Un nuevo escenario se presentó tras la batalla de Caseros (1852), conduciendo

a la libre navegación de los ríos dispuesta por la Confederación Argentina que lideraba Justo José de

Urquiza. La medida mejoró, sin duda, el comercio de Paraguay y de Mato Grosso, pero también

tuvo efectos negativos: la liberación e incremento de la navegación provocaron conflictos que

derivaron en posibles escenarios bélicos (Barcellos, 2012; Miranda Filho, 2015; Maestri, 2015).

Esta situación contribuyó a subir la tensión por el diferendo limítrofe en Mato Grosso.

Asunción insistió en mantener el río Paraguay cerrado hasta que no se firmara un tratado de límites,

adoptando así una tesitura similar a la del Imperio respecto a la cuenca del Amazonas (Moniz

Bandeira, 2006). Brasil respondió enviando una expedición diplomático-militar en 1854-1855 al

12 En la década de 1930 Travassos identificó un ―triángulo mágico‖ (Santa Cruz de la Sierra, Sucre y Cochabamba).

Sostenía que quien lo controle dominaría Sudamérica, resolviendo los antagonismos entre las dos grandes cuencas

hídricas.

13 Había una ruta alternativa, a la vez terrestre y fluvial, pero la misma era larga, lenta y compleja, pasando por Curitiba

antes de llegar al litoral atlántico brasileño, resultando así una ruta inviable para el transporte regular de mercaderías

(Barcellos Teixeira, 2012). La ruta del Paraná-Paraguay era la mejor opción. Sin embargo, tengamos presente que la

navegación a vela en el trayecto Montevideo-Corumbá (Mato Grosso) insumía cuatro meses, mientras que la

navegación a vapor demandaba solo doce días (Bossi, 1863), y a esto hay que sumar la inestabilidad política en relación

a la navegación fluvial.

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mando de Ferreira de Oliveira14

, que fracasó y derivó en un tratado. Entonces, el Imperio optó por

fortalecer su presencia militar en la provincia: acumuló pertrechos militares en Mato Grosso,

destinó un mayor número de esclavos para atender tareas vinculadas a establecimientos militares,

creó una fábrica de pólvora en Coxipó y un Laboratorio Pirotécnico local (Coronel Prosman, 2016;

Maestri, 2015) y también fomentó los ataques al lado paraguayo por parte de indígenas de Mato

Grosso (Esselin, 2018), en particular los belicosos Mbaya-Guaikurú y en menor medida los Txané-

Guaná. En paralelo, el Imperio envió al navegante italiano Bartolomé Bossi -establecido en

Argentina- a una misión de reconocimiento en Mato Grosso, tarea referida por Bossi como un

inocente ―viaje pintoresco‖ motivado en su inclinación viajera y el estímulo de la apertura fluvial

tras Caseros, que operaba como una invitación a la aventura15

. Pero esta militarización de Mato

Grosso no sólo temía un ataque paraguayo: el orden imperial-esclavista temía una insurrección de

esclavos, indígenas y trabajadores, lo que explicará el fácil avance paraguayo durante la campaña de

diciembre de 1864 (Maestri, 2017).

El tratado de 1856 le daba algunas ventajas al Imperio en materia de navegación, aunque las

partes debían abstenerse de realizar nuevas ocupaciones en el territorio contestado. Sin embargo,

Brasil estableció dos fuertes, uno en Dourados a menos de un mes de suscribirse el tratado y otro en

1858 en Miranda, dando pie a un virulento cruce diplomático en 1862, cuyas derivas luego

enlazaron con los entretelones de la crisis oriental (Barcellos Teixeira, 2012; Gómez Sanjurjo y

Nakayama, 2013; Sánchez Quell, 1957).

Estos sucesos ayudan a entender por qué Mato Grosso fue la primera campaña paraguaya de

la guerra, al avanzar sus fuerzas en diciembre de 1864 remontando el río hasta Corumbá y por el

interior hasta Coxim (Maestri, 2017), en vez de dirigirse directamente al sur en apoyo al sitiado

gobierno blanco oriental, opción ésta última que era vista como lógica por los historiadores liberales

posteriores, desde el brasileño Tasso Fragoso16

al paraguayo Efraim Cardozo17

, entre tantos otros.

14 Se movilizó para la ocasión cerca de 3.000 soldados, se enviaron 36 embarcaciones con 100 cañones y se dispuso un

ejército de refuerzo en Sao Borja (Barcellos Teixeira, 2012).

15También reconoció que el informe de su viaje lo ofrecía a Brasil ―en retribución á las atenciones y á la fina

cordialidad con que me atendió mi amigo el Exmo Sr Consejero de S. M. Y. Dn Herculano Ferreira Penna, actual

Presidente de la provincia de Mato Grosso‖ (Bossi, 1863, pp. X-XI).

16Manifiesta lo sorpresivo e ilógico que Francisco S. López ―se houvesse voltado preliminarmente para a província de

Mato Grosso. Os orientais clamavam con insistencia pelo seu auxílio‖, siendo que ―nós estávamos con nossa força

dentro do território uruguaio e de Mato Grosso não lhe poderia vir nenhuna ameaça de gravidade‖ en razón de su estado

de abandono (Tasso Fragoso, 1956, p. 253).

17Escribe: ―En vez de acudir en socorro de los blancos que lo esperaban desesperadamente en Paysandú (…) López

dedicó su primera actividad militar a ocupar la provincia de Matto Grosso‖ (Cardozo, 2009, p. 99).

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Una vez ocupada la región en disputa y lindante –rebautizada como Provincia de Alto

Paraguay- se construyó un camino hacia el Oriente boliviano (Nunes da Silva, 2012), empalmando

con las rutas hacia el Pacífico y activando el comercio en la región. Este camino fue de gran

importancia cuando el país muy pronto se vio bloqueado por los aliados tras la batalla de Riachuelo

(11/06/1865), y su comercio abasteció de ciertos productos que la guerra había revalorizado, como

las hojas de coca para los hospitales de sangre (Coronel Prosman, 2016; Barbosa Nassar, 2013). La

administración paraguaya en Mato Grosso continuó sin grandes sobresaltos -la malograda Retirada

da Laguna y la efímera Retomada de Corumbá- hasta la evacuación en abril de 1868 para sostener

la defensa de Asunción (Chiaradía, 2016b).

Paraguay respondió a la intervención brasileña –tanto en Mato Grosso desde 1862 como en

Uruguay en 1864- movilizándose hacia el norte (1864), para luego dirigirse hacia el sur (1865):

Corrientes (Argentina) y Río Grande do Sul (Brasil). Los aliados respondieron recuperando

Uruguayana y Corrientes, para pasar después al asedio de las fortificaciones paraguayas en la

Campaña del Cuadrilátero (1866-1868), estancándose la guerra frente a las defensas de Humaitá y

Curupayty. Tras la toma y saqueo de Asunción (1869) la guerra no concluyó, rearmándose

precariamente Paraguay. Esta fase se caracterizó por la saña con que fueron tratados el pueblo

paraguayo y la infraestructura del país por parte de los aliados, particularmente brasileños, y en el

revés de trama, por el heroísmo de la resistencia paraguaya y las tensiones con una parte de la elite

paraguaya predispuesta al acuerdo con el invasor. Se colocó un gobierno títere afín a los aliados y

en paralelo al gobierno legítimo del presidente Francisco Solano López. La guerra finalizó con la

muerte del mariscal López en Cerro Corá el 1° de marzo de 1870 (Maestri, 2017, 2018).

Respecto al contexto continental, hay que señalar que la guerra guasú se produjo en un

momento de una intensa escalada colonialista de monarquías europeas sobre Nuestra América y de

una política injerencista de los EE.UU. de Norteamérica, detenida momentáneamente por la guerra

civil en dicho país18

. Las repúblicas sudamericanas del Pacífico en ese momento estaban en guerra

contra España con motivo del episodio de las islas Chincha, mientras la Triple Alianza otorgaba

suministros a la flota española. En consecuencia, dichas repúblicas –organizadas en una Cuádruple

Alianza- movilizaron a su cuerpo diplomático y círculos intelectuales en apoyo a Paraguay,

utilizando la ruta de Corumbá para tal fin (Chiaradía, 2016b).

18 Esta escalada se fue intensificando desde los años cuarenta a los sesenta del siglo XIX: España anexó República

Dominicana (1862-65), intervino en México (1861-62) y el Pacifico sudamericano (1864-66), Francia intervino en

México varias veces (1851-1867) y en el Río de la Plata (1845-50), EEUU hará lo propio en México (1847-1857), en

Paraguay (1859) y en Centroamérica (1856-1860), Gran Bretaña intervino en México (1861-62) y en el Río de la Plata

(1845-50 contra Rosas y 1859 contra Paraguay), la monarquía europea de Brasil intervino en el Río de la Plata (1852

contra Rosas, 1854 contra Paraguay, 1864 contra Uruguay, 1865 contra Paraguay).

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La campaña de Mato Grosso, entonces, no solo buscaba intereses militares inmediatos,

provisión de ganado y de armamento, y resolver cuentas pendientes de límites, como afirmaron los

pocos autores que se detuvieron en la misma. También se insertó en ese escenario continental que

Paraguay supo captar y en necesidades del contexto de la guerra (Chiaradía, 2016b). Pero pese a

estos elementos, si bien esta campaña fue mencionada en casi todas las obras generales sobre la

guerra, no tuvo especial atención entre los historiadores. Y la historiografía argentina sobre esta

conflagración prefirió posar los ojos en otro vértice de la amplia cuenca platina, enfrascada en los

debates en torno a la crisis oriental y la declaración de guerra de Paraguay al gobierno de Mitre (y la

negación de tal declaración por los más obstinados mitristas).

Pasaremos a continuación una rápida revista al tratamiento de la campaña de Mato Grosso

en obras de cinco autores argentinos en distintos momentos del siglo XX, para así ilustrar un

movimiento que pasó de la ignorancia inicial sobre esta campaña y sus implicancias a un

descubrimiento prometedor de potenciales indagaciones renovadoras, y finalmente un contexto que

implicó la clausura de esa posibilidad.

Los ojos bien cerrados: Mato Grosso invisibilizado

Las historiografías argentinas de todos los tiempos y con sus distintas corrientes otorgaron a

esta campaña un lugar secundario o incluso directamente la ignoraron. Tendieron a mirar el

conjunto de la región a partir del estuario platino. Este estrabismo no solo desatendió el valor

estratégico de las tierras bañadas por la cuenca del río Paraguay, sino que también obturó para dicha

historiografía la posibilidad de una compresión cabal del conflicto bélico al calor del cual se

conformó el Estado nacional argentino. Las referencias desde un contexto latinoamericano, con una

mirada más amplia que las barrosas aguas del Plata, fueron descartadas o tildadas de propaganda

enemiga, e incluso obra de ―traidores‖, como le ocurriera a Juan Bautista Alberdi.

El primero de los autores que abordaremos en este rápido recorrido por la historiografía

argentina sobre el tema es José Ignacio Garmendia (1841-1925), un destacado militar de la

Argentina oligárquica cuya foja de servicios incluyó Pavón, Paraguay, las campañas del ―desierto‖

(Pampa-Patagonia y Chaco), la represión a la Revolución de 1890 y la dirección del Colegio Militar

de la Nación. Su obra como historiador es deudora de la producción historiográfica mitrista. La

guerra de la Triple Alianza le inspiró varios escritos y también pinturas, y protagonizó un cruce por

la prensa con el vicepresidente paraguayo Manuel Domínguez en torno a la cuestión de las causas

Page 27: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

26

del heroísmo paraguayo en la guerra, cruce que se enmarcó en el contexto del célebre debate Báez-

O‘Leary, y que tuvo un inesperado eco en la mitrista Junta de Historia y Numismática Americana

(Chiaradía, 2016a).

Fallecido Bartolomé Mitre en 1906, Garmendia era un fósil viviente de los tiempos en que

los tradicionales enemigos se volvieron aliados (para desgracia de los pueblos platinos). El

historiador no perdió oportunidad para exaltar la alianza con Brasil y la guerra compartida contra

Paraguay. En 1915 publicó su discurso leído ante militares brasileños donde destacó el ―porvenir

brillantemente hermoso del Paraguay como la consecuencia saludable que compensa toda la sangre

derramada‖, país que gracias a las armas brasileñas podía ahora vivir en libertad (Garmendia, 1915,

p. 96). Y en 1916, con la visita oficial del senador brasileño Ruy Barbosa para los festejos del

Centenario de la Independencia argentina, Garmendia escribió al visitante volviendo a exaltar la

―digna‖ alianza entre los dos países para destruir a un ―tirano‖ (Ortemberg, 2018).

En su obra Del Brasil, Chile y Paraguay (1915), con prólogo de Carlos Ibarguren,

Garmendia recogió diversos escritos, como el mencionado discurso apologético ante militares

brasileños. Pero también incluyó su artículo ―El Paraguay durante la guerra contra la Triple

Alianza‖, dedicado a Pastor Servando Obligado. En relación a la campaña norte, en dicho artículo

señaló que López

[c]omenzó la lucha invadiendo como una irrupción de hunos, que no respeta ni el honor de la mujer, a

Corrientes, Río Grande y Matto Grosso; en seguida viendo malogrado el éxito de esas poco meditadas

empresas, se reconcentran cargados de botín en el territorio paraguayo; vil botín que había dejado en la

miseria y en la orfandad a centenares de pudientes familias; y allí, en la tierra clásica de la tiranía,

empieza la pertinaz resistencia (Garmendia, 1915, p. 206).

Véase el orden de presentación de las campañas: Mato Grosso aparece tercera, cuando en

realidad fue la primera. Parece indicar, más bien, la importancia que el autor le otorga a dicho

episodio de armas. Y el móvil de la acción militar se reduce al saqueo, comparable a las ―invasiones

bárbaras‖ que enmarcan el derrumbe del Imperio romano; no hay ninguna estrategia ni es una

acción meditada. Se trata de una agresión gratuita que irrumpe sin motivo en un escenario ajeno. Y

no hay distingo entre las tres acciones militares: Mato Grosso no tiene siquiera una lógica propia

como campaña sino que es explicable en la sumatoria y como mero vandalismo sin razón.

Esta interpretación de Garmendia, muy propia del mitrismo, tenía en Brasil su correlato. En

1901 Joaquim Nabuco escribía sobre Paraguay en términos muy similares:

Page 28: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

27

Un mes después del atentado contra el Marqués de Olinda, invade Matto Grosso, llevando sus tropas las

mismas órdenes de saqueo y lascivia con que más tarde las vemos cruzar el Uruguay. No era una guerra

civilizada la que nos sorprendía. Era como una invasión de bárbaros, una horda de hunos lanzados de

repente sobre nuestras indefensas poblaciones (Nabuco, 1977, p. 53).

Como vemos, la alianza no fue solo militar y diplomática, sino que proyectó su sombra

también sobre las historiografías nacionales, cortadas por la misma tijera. En esta operatoria resultó

relevante la labor del Instituto Histórico y Geográfico Brasileño (IHGB), creado en 1838. Como

destaca Tomás Sansón Corbo, el IHGB procuraba:

conjugar erudición y pragmatismo en la labor historiográfica, con el propósito de obtener el monopolio

interpretativo sobre el pasado y zanjar disensos. Articularon un proyecto historiográfico condicionado por

la matriz iluminista, que implicó identificar los orígenes de la nación y explicar su evolución singular por

la senda del ‗progreso‘ y la ‗civilización‘ (Sansón Corbo, 2015: pp. 114-115).

En tal sentido, la labor del IHGB influyó en el desarrollo de la historiografía de los países de

la región. En 1871, apenas derrotado Paraguay, Bartolomé Mitre fue incorporado a la institución, y

los epígonos de Mitre no cesaron de elogiar a sus aliados, como vimos con Garmendia.

El dogma imperial-mitrista creó un discurso donde Mato Grosso era un primer y fugaz

escenario idóneo para ilustrar el ―salvajismo‖ del ―tirano‖ paraguayo –el ―Atila‖ americano- a fin de

lucir mejor los argumentos del bando aliado como abanderado de la ―civilización‖. Así, la provincia

invadida era presentada como la indefensa y sorprendida víctima de una operación militar que no

tenía una explicación lógica más allá de la búsqueda de botín. Los historiadores tradicionales

argentinos continuaron repitiendo ese gastado libreto, obra tras obra, Garmendia incluido.

En 1921, con motivo del centenario del natalicio de Bartolomé Mitre, el diario La Nación de

Buenos Aires –fiel custodio de la memoria de su fundador- editó una serie de artículos sobre esta

guerra redactados por un historiador militar. Se trata del segundo autor en nuestro análisis, el

coronel Juan Beverina (1877-1943). En 1943 Beverina recopiló dichos artículos en una

publicación de la Biblioteca del Suboficial. Allí Insistió en que Mato Grosso era una provincia casi

olvidada por el Imperio y estrangulada por el capricho de los gobernantes paraguayos que

controlaban el río, y que la acción militar fue determinada por los acontecimientos en el Uruguay. Y

luego de dar noticia del avance de las fuerzas paraguayas, concluyó:

Page 29: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

28

La guerra estaba así desencadenada entre los dos países, con su cortejo de devastaciones y rapiñas,

que con tanto escrúpulo habían puesto en práctica los invasores de Matto Grosso; procedimiento

que los paraguayos no dejarían de repetir en más vasta escala, pocos meses después al llevar a

cabo su doble invasión a las provincias de Corrientes y Río Grande del Sur.

La operación paraguaya sobre Matto Grosso no pudo ser inspirada por el deseo de obtener un éxito

militar importante contra el adversario, tratando de destruir una parte apreciable de sus fuerzas,

que le restarían elementos para cuando las operaciones de la guerra entrasen en su faz decisiva.

(…)

Hay, pues, que buscar en otro orden de ideas la razón de este proceder.

Del estudio del objetivo de la expedición paraguaya a Matto Grosso surge inmediatamente la

finalidad política que la aconsejó (Beverina, 1943, p. 40).

Y remató el párrafo con una nota al pie donde discrepaba con historiadores (cuyos nombres

no mencionó) que le otorgaban a López una genialidad militar por esta campaña, que nuestro autor

le negó enfáticamente. Nótese, además, que las ―devastaciones y rapiñas‖ propias de la guerra sólo

parecen existir cuando son ejercitadas por uno solo de los bandos beligerantes.

Calificando a López como moderno Nerón, Calígula o César Borgia, en su obra insistió que

dicha campaña no tenía lógica militar. Entonces, afirmó Beverina:

…Solano López quiere, por cualquier medio, llamar hacia sí la atención del mundo, preparando un golpe

de efecto que le proporcione un éxito inmediato, fácil y seguro, en la esperanza de que los

acontecimientos, magnificados por la distancia y la sorpresa, tendrán una repercusión desastrosa, si no en

el Gobierno imperial, por lo menos en la opinión pública del Brasil [que] no dejará de hacer graves cargos

al Gobierno por el abandono en que ha dejado esa parte del país, y que le obligará a entrar en arreglos con

Paraguay ante la imposibilidad inmediata de reconquistar por vía militar lo que el enemigo ha sabido

arrebatarle tan rápida y fácilmente (Beverina, 1943, p. 41).

En estos párrafos Beverina retomó un tópico del discurso mitrista centrado en la figura del

presidente paraguayo como epitome del mal. Así, no alcanza con que el ―tirano‖ ordene el saqueo

mediante hordas bárbaras, debe conseguir algo más que el botín para realzar el papel recurrente que

le atribuye la interpretación mitrista. Entonces Beverina nos presenta un vanidoso déspota que

demanda la atención mundial, y en el revés de trama, una provincia indefensa y un Imperio

sorprendido ante un ataque sin lógica militar, todo enmarcado en el conflicto oriental19

. Sin

embargo, la elaboración de Beverina tiene un mérito respecto a la anterior de Garmendia: le

19 En esencia, el planteo se aproxima al que décadas después ensayó Francisco Doratioto (2008), solo que este

actualiza la retórica con trasnochadas comparaciones con el nazismo. Véase Chiaradía, 2016b, y Crespo, 2012.

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29

atribuye un plan a la acción militar, aunque movido por razones patológicas, una obsesión en las

interpretaciones de los historiadores de prosapia mitrista.

Por esos años también surgen dos interesantes obras sobre la temática: La Guerra del

Paraguay. Orígenes y causas (1939), seguida de Guerra del Paraguay. Acción y reacción de la

Triple Alianza (1941), ambas del abogado, veterinario e historiador Ramón José Cárcano (1860-

1946), que fuera embajador en Brasil en los años treinta. Desde la década de 1910 Cárcano venía

editando títulos menores sobre la cuestión, siempre haciendo hincapié en aspectos diplomáticos. Y

este es el tercer autor de nuestro breve recorrido.

Su obra de 1939 tuvo el mérito de ligar la guerra a los avatares del proceso de organización

nacional argentino, y distinguió diferentes niveles de causas, remontándose al conflicto de Colonia

del Sacramento en tiempos coloniales (Crespo, 2012). En relación a Mato Grosso, si bien analizó la

cuestión fluvial y se remitió a la larga saga de conflictos luso-hispánicos en la región, apenas le

dedicó unas líneas a la campaña. Sin embargo, parecía encontrarle una lógica que prescindía de la

caracterización de Francisco Solano López como déspota vanidoso. Así, en su obra de 1941 destacó

que el ejército paraguayo realizó una fácil ocupación del territorio en disputa cuyo objeto:

consiste en apoderarse del enorme material allí reunido, que representa la mayor parte de lo consumido

durante la guerra; requisar todos los elementos de movilidad y alimentación, y destruir el peligro que el

Imperio pueda organizar una fuerza que perturbe su retaguardia.

(…)

Matto Grosso representa un importante objetivo de guerra, como hecho de valor material y ofensiva

moral (Cárcano, 1941, p. 164).

La provincia ya no aparecía tan indefensa si sus pertrechos militares permiten asistir a las

necesidades paraguayas en la prolongada e intensa guerra. Pero esta interpretación de la campaña

norte se insertaba en una presentación del conflicto en la obra de Cárcano donde se destacaba la

preparación de Paraguay para la guerra y la premisa mitrista de que las repúblicas pequeñas

(Uruguay y Paraguay) enturbian el entendimiento entre las grandes (Argentina y Brasil). Entonces,

Cárcano destacó un ánimo belicista por parte de Paraguay, que promovía la defensa del gobierno

blanco oriental para desplegar su plan:

El primitivo plan consiste en ocupar Matto Grosso, manteniendo sus comunicaciones por tierra y la vía

fluvial. Penetrar en Río Grande por el Sud de la línea del río Uruguay, continuar la ofensiva de sorpresa,

Page 31: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

30

vigorosa y rápida a medida que se aseguren nuevos puntos de concentración y comunicaciones (Cárcano,

1941, p. 162).

Así, la campaña norte no era mero vandalismo ni megalomanía, como en Garmendia y

Beverina, pero su lógica era dependiente de un plan mayor cuyo objetivo estaba en la boca del Plata

y su motor era el fanatismo paraguayo, aspecto reforzado por el autor mediante una cita epistolar

del comerciante Anacarsis Lanús (cit. en Cárcano, 1941, p. 164). De ahí la importancia material y

moral que nuestro autor encuentra a la campaña y el reconocimiento del equipamiento militar de

Mato Grosso, y allí se reencuentra Cárcano con la interpretación tradicional al analizar el plan

militar: ―La división paraguaya de Matto Grosso conducida por Resquin, realiza ampliamente su

objetivo. Ocupa Coimbra y el territorio sin resistencia, se apodera del material de guerra, saquea

metódicamente las poblaciones, sin omitir ningún atropello. Es una resurrección indígena‖

(Cárcano, 1941, p. 168). Este párrafo parece no escapar al discurso que vimos con Garmendia,

recurriendo este último a los hunos. Fanatismo y barbarie resultan tópicos que obnubilan una cabal

comprensión del episodio militar bajo estudio. Como bien indica León Pomer, la obra de Cárcano

―estaba llena de adjetivos peyorativos, que es la forma más fácil de explicar un problema histórico,

explicar y dejarlo más complicado de lo que estaba antes de esa supuesta explicación‖ (Pomer,

2018, min. 0:50)20

.

Con su conocimiento de la historia y diplomacia brasileña21

podría esperarse de Cárcano un

abordaje más complejo de la guerra, sopesando distintas regiones y situaciones. Pero pese a todos

sus avances, los mismos se deslucieron al no escapar el autor al esquema interpretativo heredado del

mitrismo y con centralidad en los asuntos relevantes para la boca del Plata.

Abriendo los ojos: de la ignorancia al descubrimiento

La década del cincuenta aportó una renovación en la historiografía argentina sobre la guerra

desde vertientes críticas, nacionalistas y marxistas22

. Este renacer se produjo en un contexto de

política americanista impulsada por el peronismo gobernante, los acuerdos entre los presidentes

20 De hecho, Cárcano se anticipó a Doratioto en el recurso al nazismo para el tratamiento peyorativo del tema: ―El

mariscal dispone también de su Reichstag que reúne para cumplir sus órdenes, 75 años antes de la invención de Hitler‖

(Cárcano, 1941, p. 158).

21 En 1910 Cárcano se incorporó al IHGB, prolongando la alianza historiográfica regional.

22Algunas figuras que contribuyeron a esto fueron el nacionalista José María Rosa, el trotskista de la izquierda nacional

Enrique Rivera, el también trotskista -pero de otra tendencia- Milcíades Peña, el nacionalista Elías Giménez Vega, el

forjista Raúl Scalabrini Ortiz y el nacionalista Ernesto Palacio. Sea en artículos, en obras generales o específicas sobre

el tema, estos autores cuestionaron desde distintas posiciones la versión tradicional sobre la guerra guasú y su contexto

(Giménez Vega, 1954; Palacio, 1968; Peña, 1972; Rivera, 2007; Rosa, 1985; Scalabrini Ortiz, 1956).

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31

argentino y paraguayo -Juan Domingo Perón y Federico Chaves, respectivamente-, las

vinculaciones entre círculos intelectuales paraguayos y argentinos en clave revisionista y

americanista desde tiempo antes, y por el clima creado por la devolución de los trofeos de guerra a

Paraguay en 1954 por parte de Perón.

De los autores de esta década, destaca el historiador nacionalista José María Rosa (1906-

1991) y su obra La Guerra del Paraguay y las montoneras argentinas, aparecida primero en la

forma de cuarenta y ocho notas durante 1958 y 1959 en el semanario Mayoría, que dirigía Tulio

Jacovella23

, y que en 1964 se publicó como libro completo, contando con distintas ediciones.

Tras el golpe de Estado que derrocó a Perón e inició la dictadura Fusiladora24

, Rosa

comenzó su exilio en Uruguay y España, y durante el mismo consultó archivos y bibliotecas.

Alentado por el historiador revisionista oriental Luis Alberto de Herrera25

, Rosa supo componer una

obra que se convirtió en una reconocida referencia en contrapunto a la versión liberal sobre el tema.

Incorporó el análisis de la situación política interna de Brasil (Crespo, 2012), y ofreció una saga que

va de la batalla de Caseros (1852) a Cerro Corá (1870), en el transcurso de la cual se desbarató la

posibilidad para la América española de integrarse en una sola nación. Rosa dedicó su obra ―A la

memoria de Luis Alberto de Herrera‖, a quien agradeció en el prólogo el facilitarle documentos para

su investigación. Así, reconocía la deuda con la producción historiográfica que en torno al

novecientos desmontó en el área rioplatense los mitos de la historiografía oficial nacional-patriótica

y liberal, introduciendo una lectura americanista.

Respecto a Mato Grosso, J. M. Rosa intentó una explicación de mayor vuelo. Parte del

impasse en las negociaciones para el tránsito de las tropas paraguayas por las Misiones argentinas –

lo que coloca el foco de atención en la boca del Plata-, y allí ubicó la campaña norte, es decir, como

23 Si bien Jacovella era antiperonista, viró hacia una crítica a la dictadura Fusiladora (1955-1958) tras el

desplazamiento de la línea católico-nacionalista de Lonardi por parte de Aramburu y Rojas en noviembre de 1955. Su

revista Esto es fue clausurada y luego Jacovella lanzó Mayoría, abriendo sus páginas a la crítica al gobierno militar. Allí

se publicaron los artículos de Operación masacre de Rodolfo Walsh. Mayoría fue clausurado bajo la presidencia del

radical Arturo Frondizi, a raíz de la publicación de otra investigación de Rodolfo Walsh, El caso Satanowski.

24 Quienes condujeron el golpe de Estado contra Perón (julio-septiembre de 1955) llamaron a su acción ―Revolución

Libertadora‖, y ratificaron el terrorismo de Estado –iniciado con el bombardeo a la población en la Plaza de Mayo el 16

de junio de 1955- con los fusilamientos sin proceso de junio de 1956, llevando a que la resistencia popular denomine a

la dictadura ―revolución Fusiladora‖ o ―libertadura‖. No nos parece adecuado tomar el nombre que los golpistas se

atribuyeron –como acostumbran hacer numerosos historiadores-, por lo que utilizamos ―dictadura Fusiladora‖,

articulando el régimen político instalado y el apelativo que le dio la resistencia antidictatorial en razón del carácter

terrorista del mismo.

25 L. A. de Herrera realizó una temprana acción revisionista sobre la guerra guasú, contando con el archivo personal de

su padre Juan José de Herrera -quien fuera canciller del gobierno blanco durante la crisis oriental que antecede a la

fatídica guerra- y publicando cinco volúmenes entre 1908 y 1926 acompañados de una profusa documentación. Herrera

se mantuvo en vínculo con el círculo revisionista paraguayo.

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una campaña secundaria y supeditada a los sucesos del sur, una acción que transcurre en el marco

del impasse misionero. Tras repetir algunos conceptos de autores anteriores (v.g., la provincia

desguarnecida, la sorpresa de la guerra), introdujo elementos que escapaban al fantasioso recurso

mitrista del ―tirano loco‖ como ultima ratio. Veamos:

Algunos han criticado esta expedición, juzgando inútil y peligroso distraerse en los momentos iniciales

del conflicto con una operación secundaria. El cargo no es consistente: en primer lugar los soldados

enviados al Norte no pasaron de 8 mil; los preparados en la costa del Paraná para cuando Urquiza o Mitre

les permitieran cruzar por el territorio argentino e ir en defensa de Montevideo, superaban 20.000.

Además la pertenencia del Matto Grosso era una vieja ambición de los paraguayos, ya que había sido de

los españoles desde el tratado de Tordesillas hasta que la ocuparon, contra todo derecho, los bandeirantes

en el siglo XVII. Si bien España reconoció la posesión portuguesa, entusiasmaba a los paraguayos la

esperanza de recuperarla. Por otra parte Matto Grosso permitiría a Paraguay abastecerse de carne si las

comunicaciones con Corrientes quedaban cortadas en una guerra por el sur (Rosa, 1985, p. 170).

Resulta interesante la crítica a quienes restan importancia a esta campaña por no poderla

ubicar plenamente en la lógica del escenario del estuario del Plata. En esa crítica, Rosa intenta posar

su mirada sobre motivaciones paraguayas para su campaña, pero aun así no logra traspasar lo

vinculado a la situación limítrofe y el abasto de carne, y la relevancia del estuario platino sigue

siendo central. El apoderarse de pertrechos militares no aparece como un objetivo prioritario en

Rosa. Pero, de todos modos, fue un intento de comprender esta campaña, aunque solo se quedó en

el intento.

Entrados los años sesenta, continuaron los aportes al estudio de la guerra desde un amplio

revisionismo26

, profundizándose los planteos que destacaban un rol significativo de los intereses

británicos en la guerra contra Paraguay.

Ubicamos en esa etapa al último historiador que seleccionamos para este trabajo. León

Pomer (nacido en 1928) presentó en 1965 un capítulo de anticipo del que será el libro más

destacado sobre el tema: La Guerra del Paraguay. ¡Gran negocio! (1968), que mudó su nombre a

La Guerra del Paraguay. Estado, política y negocios en su segunda edición de 1987. La obra tuvo

tres ediciones en Argentina y otras dos ediciones abreviadas. En Brasil, país donde Pomer se exilió

26Se publicó Testigos y actores de la Triple Alianza de Elías Giménez Vega (1961); Atilio García Mellid editó su

Proceso a los falsificadores de la Historia del Paraguay en dos tomos (1964), con gran repercusión en Paraguay; los

revisionistas de izquierda Rodolfo Ortega Peña y Eduardo Duhalde en 1965 editaron Felipe Varela contra el Imperio

Británico (1975), y salió ese mismo año la obra inconclusa del cuasi-revisionista José Luis Busaniche (2005). En

contrapartida, desde la corriente historiográfica tradicional, se reafirmaron los postulados mitristas con La guerra del

Paraguay. Historia de una epopeya. 1865-1965 de León Rebollo Paz (1965).

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a mediados de los años setenta, la obra contó con dos ediciones bajo el título A guerra do Paraguai:

grande tragédia rio-platense27

, influyendo sobre el brasileño Júlio José Chiavenato y su Genocidio

americano, de 1979. El mundo académico, por lo general, recibió con encono y frialdad cada

edición del libro de Pomer28

, como relató el propio autor en su prólogo a la tercera edición

argentina:

En sus cuarenta años de vida, este libro ha acumulado una historia de aventuras y desventuras. La primera

edición (editorial Caldén, 1968) tuvo una recepción entre mezquina y rabiosa; después fue el silencio.

(…)

Una segunda edición apareció en 1986 por el Centro Editor de América Latina. De nuevo el silencio. En

Brasil fueron dos ediciones (Global Editora, 1980 y 1981), que produjeron varios y encontrados ecos.

Miembros del Instituto Histórico y Geográfico de Río de Janeiro, en sesión pública, encontraron el texto

hiriente para los bríos nacionales brasileños (Pomer, 2008, p. 7).

Pomer realizó una intensa labor de archivo y recurrió a bibliografía actualizada. Abrevando

en el marxismo, rompió con la manera tradicional de leer esta guerra, relegando la narración bélica

propia de las obras clásicas y centrándose en factores económicos y políticos en el contexto de la

consolidación del capitalismo a nivel planetario. Así, dedicó cinco capítulos a presentar la situación

de cada uno de los países beligerantes y también de Gran Bretaña, potencia de peso indiscutible en

la región, y se detuvo en las consecuencias del conflicto para los cinco países. Vinculó las

necesidades británicas de abastecimiento a la industria textil de Lancashire en el contexto de la

Guerra de Secesión Norteamericana (1861-1865) con la guerra de la Triple Alianza, guerra que

destruyó el proceso autónomo de desarrollo nacional del Paraguay que se mostraba como una

amenaza para el orden que las oligarquías liberal-conservadoras y el capital británico impulsaban en

el continente, en sintonía con el desarrollo global del capitalismo (Garavaglia, 1969).

En el capítulo dedicado a Brasil, analizó la relación entre las coronas lusitana y británica, y

los conflictos diplomáticos y militares con Paraguay en torno a la libre navegación y la cuestión de

Mato Grosso. Destacó que uno de los principales problemas de la burguesía anglo-brasileña era la

unificación del mercado interno y su libre acceso, siendo Paraguay con su firme posición respecto a

Mato Grosso y la navegación fluvial un obstáculo para los objetivos de unificación del mercado y

27Desde la década de 1980 el autor sacó otros títulos, tanto en Argentina como en Brasil, donde refiere a esta guerra.

También cuenta con publicaciones sobre otras temáticas de historia argentina y americana. Su último libro, De la

dominación consentida (Buenos Aires: Nuevos Tiempos, 2019) refiere a la forma de la dominación actual del

capitalismo, y en este momento se encuentra profundizando aspectos de esta obra (León Pomer, comunicación personal,

octubre 2020).

28Tal vez la única reseña favorable a la primera edición fuera la escrita por Juan Carlos Garavaglia (1969) en la revista

Los libros, fundada y dirigida por Héctor Schmucler.

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libre acceso, y en ese plano ubicó el episodio de los fuertes ilegales y la crisis diplomática de 1862.

Al respecto, hacia el final del capítulo Pomer concluyó lo siguiente:

La ocupación brasileña de tierras paraguayas o en litigio continuará. En febrero de 1862 una patrulla

paraguaya comprueba la existencia de los fuertes Dourados y Miranda en el territorio neutralizado por el

tratado de 1856. La fuerza paraguaya exigirá el desalojo de esas posiciones, lo que genera un pedido de

explicaciones por el encargado de negocios del Brasil […] En diciembre de 1864 los paraguayos ocupan

los territorios en disputa con el Brasil entre los ríos Apa y Blanco; Paraguay está en guerra con el Brasil.

Las preliminares de la declaración de guerra, que incluyen reiteradas advertencias paraguayas al Brasil

por su intervención en los sucesos uruguayos, han sido vastamente tratados por distintos historiadores, de

modo que prescindiremos de detallarlos (Pomer, 2008, p. 71).

Lo interesante aquí es que se colocó a la campaña de Mato Grosso coronando la relación de

los conflictos en torno al río Paraguay y la inserción mundial de la economía brasileña,

independizando esta explicación del conflicto en la boca del Plata –aunque sin desconocerlo-,

conflicto que el autor analizará en el capítulo siguiente dedicado al Uruguay. No hay en esta

presentación de los sucesos un Imperio sorprendido por el desenlace ni una provincia

desguarnecida, ni hay sorpresa del autor por el carácter ―ilógico‖ de la campaña en razón de los

acontecimientos del sur de la cuenca platina. Y mucho menos, no hay una explicación de corte

―patológico‖, propia de la historiografía forjada al calor de la Triple Alianza.

Por primera vez contaba la historiografía argentina con un relato sobre la guerra que

intentaba enlazar una explicación amplia y plural de las distintas áreas de la extensa cuenca de los

ríos de la Plata-Paraná-Paraguay en un contexto de creciente integración a la economía mundial. En

ese sentido, podemos afirmar que el libro de Pomer resultó un descubrimiento de la cuestión de

Mato Grosso y su inserción en el conflicto bélico para los historiadores argentinos que, avanzando

por esa senda abierta, encontrarían un campo fecundo para futuras investigaciones, superando así el

oscurantismo producido por la historiografía tradicional.

Desviando la mirada: del descubrimiento al olvido

El libro de Pomer presentó un buen punto de partida para profundizar aspectos locales dentro

de la totalidad y experimentar con nuevos elementos, incluso no previstos por el propio autor, por

ejemplo el carácter de triple frontera de Mato Grosso. Pomer no transitó los potenciales recorridos

que su obra en cierta forma invitaba, como la posibilidad de incorporar a Bolivia en un análisis

enriquecido de la alta cuenca platina. Tan solo mostró interés en el episodio de Mato Grosso desde

Page 36: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

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una mirada sobre el contexto regional y mundial, pero su enfoque dejó la puerta entreabierta a

futuros historiadores hacia terrenos inexplorados. Sin embargo, la puerta fue cerrada con violencia.

Esta proliferación de obras sobre la Guerra Guasú, que mostró una expansión de los

horizontes para abordar el tema y enlazarlo con desarrollos locales y globales, también dio cuenta

de otros procesos en consonancia con su contexto de producción. En los años sesenta y setenta, en

el marco la Doctrina de Seguridad Nacional impulsada por los Estados Unidos de Norteamérica y

adoptada por los gobiernos argentinos, surgieron diversas polémicas en el revisionismo histórico

reflejando el conflicto político-ideológico de la época y dando paso a prácticas macartistas (Otal

Landi, 2016). José María Rosa fue acusado de ―desviaciones‖ marxistas por los revisionistas

ortodoxos, como Giménez Vega, aunque las críticas que le realizaban los revisionistas de izquierda

Ortega Peña y Duhalde no parecen hacer de Rosa un marxista consumado como pretende Giménez

Vega.

En relación a la obra de León Pomer, podemos mencionar una polémica suscitada al

publicarse en 1969 en el Boletín del Instituto de Investigaciones Históricas “Juan Manuel de

Rosas” –donde se alojaba el ala derechista del revisionismo- una virulenta nota de Juan Pablo

Oliver (Stortini, 2004). Allí se acusaba a Pomer de promover la infiltración comunista al cuestionar

con su libro el sentimiento nacional en aras de una publicidad ―lopista-montonera‖ (Otal Landi,

2016). La nota generó numerosas respuestas, algunas de las cuales fueron publicadas por el Boletín,

pero se negó a Pomer el derecho a réplica:

Aludo al ataque con traza de denuncia policial (gobernaba el dictador Onganía) que me obsequió Juan

Pablo Olivier (…) Para mi detractor yo era un agente del Kremlin devorador de niños de pecho. De ahí se

siguió una polémica en el Boletín en que intervinieron varios historiadores menos el suscripto, ya que

haciendo gala de su afección por la libertad de expresión, el Instituto vetó la publicación de una respuesta

por mí solicitada. De esa polémica participó Fermín Chávez, que estampó lo siguiente: ―el doctor Oliver

ha abandonado las categorías de Aristóteles para hacer suyas las de la CIA.‖. Me sentí vengado. Además

había ganado un amigo, que lo fue hasta el final de su vida (Pomer, 2008, p. 7).

El episodio mostraba el impacto del contexto de guerra fría que tensaba las aguas en el amplio

espectro revisionista, siendo Oliver la facción más reaccionaria que repliega su revisionismo hacia

una defensa del mitrismo frente a una supuesta amenaza comunista en el presente que reaviva una

amenaza en el pasado.

Page 37: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

36

Los años setenta aportaron algunas producciones destacables, como la de Germán Tjarks,

Miguel Ángel Scenna y la obra conjunta de Pedro de Paoli y Manuel Mercado, además de la

reedición de Ortega Peña y Duhalde. En el caso de Tjarks (1975) se focalizó en los sucesos que

jalonaron la crisis oriental y la firma del Tratado de la Triple Alianza, por lo que no hay un abordaje

de otros vértices del mundo platino. De Paoli y Mercado (1975) se centraron en la resistencia

montonera en las provincias y la represión mitrista, y se mostraron muy enfrascados en las tensiones

al interior del campo revisionista en el contexto de guerra fría, cuestionando a Ortega Peña y

Duhalde, pero procurando distanciarse de Olivier; las referencias a la campaña norte paraguaya son

inexistentes. Finalmente, Scenna (1978) cuestionó las tesis que daban relevancia a Inglaterra en el

conflicto –aunque sin mencionar a Pomer-, al tiempo que relativizó los aportes de Tjarks sobre los

entretelones de la firma del tratado secreto. Scenna fue un gran conocedor de las cuestiones

diplomáticas y estratégicas en la relación argentino-brasileña y de la obra de Travassos, pero pese a

esto no hay en su artículo un abordaje de los problemas de la alta cuenca platina.

Desde mediados de los años setenta una parte de la historiografía argentina sufrió la represión

y la censura que anticipó el ascenso de la dictadura surgida del golpe cívico-militar de 1976. Un

conjunto de historiadores de corte liberal y con pretensiones profesionalizantes se favoreció de esa

situación, hegemonizando el mundo académico postdictadura (Galasso, 1995; Romero, 1996);

incluso una figura emblemática de esa corriente, Luis Alberto Romero, dejó entrever cierta alegría y

alivio por la sangrienta represión sobre las corrientes historiográficas rivales, marxistas y

revisionistas (Romero, 1996)29

.

En 1980 Tulio Halperín Donghi publicó el ensayo Una nación para el desierto argentino. Allí

retomó la idea esbozada por Cárcano y continuada por Milcíades Peña en el sentido que la Guerra

de la Triple Alianza se articuló íntimamente con el proceso de gestación estatal bajo la égida del

mitrismo, y negó la existencia de proyectos alternativos (Crespo, 2012; Rosemberg, 2013). Con

tales propósitos, fue lógico que el ensayista no detuviera su mirada en aspectos geopolíticos

relativos al Alto Paraguay desde un ángulo distinto al del estuario platino. Esta obra fue como la

Biblia para la facción historiográfica hegemónica en gran parte de las universidades argentinas con

la transición democrática y el proyecto alfonsinista, contribuyendo en tal modo a que el abordaje de

la campaña de Mato Grosso quedara por fuera de la agenda de la corporación historiográfica. La

mayoría de los historiadores profesionales continuaron con los viejos relatos liberales, mostrándose

29Ese alivio se tradujo en complicidad sostenida con los años. Apenas Mauricio Macri inició su gobierno, Luis A.

Romero le solicitó que revisara las condenas a los militares responsables de crímenes de lesa humanidad. Véase:

http://www.politicargentina.com/notas/201601/11120-un-intelectual-de-cambiemos-le-pidio-a-macri-que-termine-con-

los-juicios-contra-los-represores.html

Page 38: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

37

reacios a los aportes del revisionismo y el marxismo, siquiera para una apropiación crítica de los

mismos, y reduciendo las líneas de investigación a los pareceres y temáticas de quienes detentaban

las mayores posiciones en un campo profesional jerarquizado y con prácticas ―endogámicas‖.

En las últimas décadas, las pocas obras argentinas sobre la guerra se ocuparon de distintos

temas, pero los relatos globales del conflicto fueron abandonados o reiteraron los términos que

definieron las posiciones historiográficas en pugna décadas atrás. Tal es el caso de Leonardo

Castagnino con Guerra del Paraguay. La Triple Alianza contra los países del Plata (2014), donde

retoma varios de los planteos de José María Rosa. Respecto a Mato Grosso, el autor señala que ―[e]l

primer objetivo paraguayo era la defensa y auxilio a los ‗blancos‘ orientales, pero mientras se

obtiene el paso por territorio argentino, Solano López decide la ocupación de Matto Grosso‖

(Castagnino, 2014, p. 199), volviendo al planteo de la provincia indefensa y la búsqueda de parque

bélico como objetivo militar, justificando la campaña pero sin una comprensión cabal. Por su parte,

el capitán de fragata Miguel Ángel de Marco (2007), ligado a la tradicional Academia Nacional de

la Historia, continuó con una versión remozada de la interpretación mitrista de la guerra, pero

enfatizando en los aspectos de la vida cuartelaria. Finalmente, la Historia general de las relaciones

exteriores de la República Argentina, dirigida por Carlos Escudé y Andrés Cisneros (1998), apenas

destinó tres párrafos a analizar la campaña de Mato Grosso, pero a la luz del asedio florista-imperial

a Montevideo.

Una mención aparte merece la labor de Nidia Areces. La historiadora viene presentando

trabajos desde los años noventa sobre la región paraguaya de Concepción, lindante con Mato

Grosso, desde el período tardocolonial a vísperas de la guerra guasú, tomando un enfoque

sumamente interesante hacia la historia regional y de frontera que se expresó en su investigación

para la tesis doctoral (Areces, 2007).

En algunos trabajos recientes las escasas referencias a la campaña de Mato Grosso solo se

limitaron a citar al brasileño Francisco Doratioto (2008) –que presenta una versión ―aggiornada‖ de

la interpretación aliancista-, y en el mejor de los casos, a Luiz Moniz Bandeira (1985; 2006), que

aporta una mirada enriquecida de la amplia región platina30

. No se incorporaron los aportes de otros

30De nuestra parte, intentamos un acercamiento a la problemática de la campaña norte paraguaya (Chiaradía, 2016b),

que compartimos luego con un colega de Mato Grosso (Chiaradía y Rodrígues, 2019) sobre el análisis de la

historiografía al respecto. En el presente trabajo retomamos estas elaboraciones.

Page 39: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

38

historiadores brasileños, incluidos los del medio matogrossense31

, ni de historiadores paraguayos.

Así, Mato Grosso siguió siendo un rincón olvidado para los historiadores argentinos, centrando su

mirada desde la boca del Plata hacia las regiones interioranas y de río arriba.

Conclusión

La campaña norte paraguaya de diciembre de 1864 hacia Mato Grosso fue habitualmente

incomprendida en la historiografía de todas las latitudes y todos los tiempos. El breve recorrido que

aquí presentamos a lo largo de la historiografía argentina del siglo XX, a través de cinco autores

(José I. Garmendia, Juan Beverina, Ramón J. Cárcano, José M. Rosa y León Pomer), nos permitió

apreciar el pasaje de interpretaciones ―patológicas‖, que cobraron mayor vuelo hacia los años

cuarenta, a una lectura revisionista en de década de 1950 que pudo ensayar algunas explicaciones

más racionales, y que en los años sesenta supo mostrar una producción donde se presentó un

escenario regional complejo e inserto en un contexto mundial cambiante. Pero de conjunto, estas

obras podían indicar un camino para investigaciones futuras, insinuando una invitación a una

mirada renovadora sobre el proceso de gestación del Estado nacional argentino en un contexto

regional e internacional. Sin embargo, el desinterés de los historiadores profesionales y la represión

dictatorial volvieron a relegar a Mato Grosso como terra ignota para la historiografía argentina.

En una entrevista filmada en 2018 León Pomer nos señalaba la necesidad de recuperar una

mirada sobre la totalidad de la región e ―integrar todo ese conjunto en una historia unificada, y no

dividida artificialmente por las fronteras nacionales‖, que en aquel entonces eran sumamente

lábiles, resaltando así la interdependencia entre diversos fenómenos históricos.

―Metodológicamente, los que están interesados en esa historia deberían recuperar la posibilidad de

ver todo eso en conjunto. Como esto excede las fuerzas intelectuales y físicas de una persona,

requiere un equipo de trabajo‖ (Pomer, 2018).

Un desafío interesante para los historiadores argentinos, recurriendo a investigaciones

locales y el intercambio con historiadores de distintas nacionalidades, puede ser intentar un abordaje

de este frente bélico integrando diferentes planos: el local, el regional, el nacional y el mundial,

dando cuenta así de Mato Grosso, de la dilatada cuenca del Plata, de la gestación de los Estados

nacionales en la región y de la integración de los mercados bajo un pujante capitalismo en plena

31 La creación del estado de Mato Grosso do Sul en 1977 alentó la investigación histórica de la región en aras de la

construcción de la memoria histórica de la nueva entidad política. Para un recorrido de la producción historiográfica

matogrossense, véase Chiaradía y Rodrígues, 2019.

Page 40: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

39

―era del capital‖ (Hobsbawm, 2010). Un esfuerzo que, como indicara Pomer en la citada entrevista,

requiere un equipo de trabajo.

Un intento que puede aportar nueva luz a los estudios de la guerra guasú y del escenario

regional, resultando un contrapeso a la estrábica impronta del estuario platino que caracterizó a gran

parte de la historiografía argentina como reflejo de los intereses aliados en la guerra, a la par que un

esfuerzo de colaboración que rompa también con la balcanización en ―historiografías nacionales‖

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DE PROVINCIA A REPÚBLICA. DE CASEROS A CERRO CORÁ. PARAGUAY EN LA

CUENCA DEL PLATA

Viviana Civitillo32

El presente trabajo reconoce su origen en el Seminario de Investigación: De Caseros a

Cerro Corá. Paraguay en la Región Platina (1848-1870), dictado en la Facultad de Filosofía y

Letras de la Universidad de Buenos Aires, en el año 2018, con la finalidad de constituir un espacio

de aprendizajes, discusión y construcción de conocimientos alrededor de la historia del Paraguay

durante la segunda etapa republicana (presidencias de Carlos Antonio López y Francisco Solano

López) y su relación con los espacios políticos rioplatenses. Se buscaba deconstruir las

historiografías delimitadas por la territorialidad de los Estados nacionales para observar, en su

proceso formativo -particularmente en el caso del Paraguay-, la conflictividad creciente en la región

de la cuenca del Plata alrededor de dos problemáticas recurrentes: la libre navegación de los ríos y

las cuestiones de límites. La resolución diplomática del bloqueo naval de las potencias europeas

aguas abajo, en 184833

no impedirá el desenvolvimiento de las condiciones geopolíticas y el

desarrollo de los intereses económicos y políticos de los grupos dirigentes locales y regionales,

continentales e interestatales que, en el marco de una ofensiva de las potencias europeas sobre las

antiguas posesiones de España en América, en el contexto de la ―era del capital‖34

, conducirán a la

Guerra de la Triple Alianza y la consecuente y extendida destrucción de la República del Paraguay.

Entre las cuestiones que despertaron nuestra curiosidad y generaron más preguntas que

respuestas, fue el uso del término Provincia -con relación (y no sólo) al Paraguay- en más de un

documento en ese periodo y, más aún, el uso alternativo del término al de República. Así, escribe

Mitre en su Diario La Nación Argentina, en 1864:

―La alianza de 1851 [se refiere a la que conformó el Ejército Grande que derrotó a Rosas en Caseros, en 1852] es

el punto de partida y la base sobre la que reposa la política liberal en el Río de la Plata ¿Qué nos falta para

alcanzar los propósitos de 1851? Que las provincias de la República Oriental y el Paraguay se den gobiernos

liberales regidos por instituciones libres. Viene ahora el turno del Paraguay... El Paraguay que es la negación de

la alianza de 1851, se encuentra hoy precisamente por eso unido al Uruguay … La República Argentina está en

32 Universidad de Buenos Aires. Facultad de Filosofía y Letras. INDEAL (Instituto Interdisciplinario de Estudios e

Investigaciones de América Latina). Correo electrónico: [email protected]

33 Convención Arana-Southern del 24 de noviembre de 1849, entre la Confederación Argentina y Gran Bretaña, y

Convención Arana-Le-Prédour del 31 de agosto de 1850, entre la Confederación Argentina y Francia

34 Así denomina Hobsbawm el periodo que va desde las revoluciones del ‘48 hasta la Comuna de París en 1871 y las

consecuencias de la crisis económica mundial (1873) hacia 1875 (Hobsbawm, 1981).

Page 46: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

45

el imprescindible deber de formar alianza con el Brasil, a fin de derrocar a esta abominable dictadura de López y

abrir al comercio del mundo esa espléndida y magnífica región que posee además los más variados y preciosos

productos de los trópicos y ríos navegables para exportarlos.‖35

[la negrita es nuestra]

La República Oriental del Uruguay había sido reconocida en su independencia en 1828, luego

de la firma del Tratado de Paz entre las Provincias Unidas del Río de la Plata y el Imperio del Brasil

y la República del Paraguay había obtenido ese reconocimiento por parte de numerosos países, a lo

largo de las décadas de 1840 y 185036

. Sin embargo, y a pesar de las declaraciones formales por

parte del Gobierno de Justo José de Urquiza, primero en su carácter de Director Provisional37

y más

luego Presidente de la Confederación Argentina38

, y de la misión Derqui que gestionara el primer

acuerdo de límites con Paraguay, el diario fundado por Bartolomé Mitre, entonces presidente

constitucional de la recientemente unificada y ahora denominada Nación Argentina -luego de la

reforma constitucional de 1860 y de la Batalla de Pavón en 1861-, continuaba hablando de

Provincias, denominación que abona la polemicidad e historicidad de los conceptos39

pero, también,

habilita una pregunta: ¿es acaso que Mitre aún duda de la independencia del Paraguay y aspira a su

reinserción en el seno de la territorialidad –herencia del antiguo virreinato- imaginada por su

proyecto estratégico, liberal y pretendidamente nacional? No obstante, no es más que cierta

continuidad de las preocupaciones que generaba la sanción de la Constitución de la Confederación

Argentina en 1853, a expensas de la secesión del Estado de Buenos Aires. Así lo explicaba

Sarmiento, en el Prólogo de sus Comentarios de la Constitución de la Confederación Argentina:

La libre navegación de los ríos que afluyen al Plata, lejos de introducir cambio desfavorable a Buenos Aires, en

la economía interna del comercio, no hace más que darle mayor auge… [P]or las condiciones de la navegación

fluvial, la carga y descarga se hará siempre en Buenos Aires, para que el comercio americano y no el europeo, se

apropie la cantidad y la especie de mercaderías que conviene a cada localidad… Estas son leyes inmutables del

comercio. El Paraguay y Corrientes, el interior por tierra, o por los ríos, tienen, pues, su centro comercial en

Buenos Aires, a despecho de la política y de las divisiones territoriales. (Sarmiento, 1853, pp 36-37)

Y como corolario:

Cada río de los que forman el estuario argentino ha dado nombre a una república fraccionaria. Hay la del

Paraguay, la del Uruguay: la República Argentina trae su origen de la boca del río de que Buenos Aires es único

ribereño… ¿Quién puede asegurar desde ahora adónde irá a detenerse la escisión obrada por el fatal convenio de

San Nicolás? Parte del virreinato de Buenos Aires se llama hoy Bolivia, Paraguay, Uruguay, y los que los

pueblan se envanecen de ello. Nosotros hemos sido en menos de cuarenta años, Provincias Unidas, República y

Confederación Argentina (Idem, p. 40).

35 La Nación Argentina. 23 y 24 de diciembre de 1864, Buenos Aires

36 Sobre esta cuestión ver Scavone Yegros y Brezzo, 2010; Brezzo, 1997

375

Según lo establece el Protocolo de Palermo del 6 de abril de 1852 y el Acuerdo de San Nicolás firmado el 31 de

mayo del mismo año

38 Presidente Constitucional durante el periodo 1854-1860

39 Sobre esta cuestión ver Rosanvallon, 2002

Page 47: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

46

En su afilada crítica a los principios generales enunciados en el preámbulo constitucional,

Sarmiento señalaba la necesidad del

reconocimiento de los ‗pactos preexistentes‘, en lo que se refiere a demarcaciones territoriales por lo que hace a

fijar la extensión de la Confederación Argentina, entrando en esta clasificación el reconocimiento de la

independencia del Uruguay, y como puntos que requieren aún para su perfección la sanción de un Congreso

Legislativo, el tratado de límites con el Brasil, sobre la base acordada del uti possidetis, la renuncia de

soberanía sobre el Paraguay, y otras cuestiones del mismo género‖ (Sarmiento, 1853, p.71). [la negrita es

nuestra]

La cita precedente de Mitre justificaría por sí sola la apreciación de Alberdi sobre los

verdaderos objetivos de la política regional de su gobierno. En un fluido y extenso intercambio

epistolar con Gregorio Benítez -por entonces diplomático paraguayo en Francia a cargo de la

legación-, en 1864, Alberdi advierte al diplomático que sería un riesgo mayor para Paraguay

[t]omar a Buenos Aires como expresión de la República Argentina [pues existen] dos partidos … dos países, dos

causas públicas, dos patrias y dos patriotismos … Un interés profundo los divide… Aquél interés es el tráfico

directo con el mundo exterior, la renta pública procedente del tráfico y el poder y el influjo derivados de la renta,

es decir del tesoro del crédito público, y Río de Janeiro y Buenos Aires aspiran a dividírselo entre los dos, a

expensas de todos los países interiores, de que quieren hacer verdaderas colonias tributarias más o menos

disimuladamente.40

Es bien conocida la calificación de Alberdi sobre el conflicto al que atribuía el carácter de una

―guerra civil‖, pues consideraba que la del Paraguay ―no es una nueva guerra exterior, es la vieja

guerra civil ya conocida, entre Buenos Aires y las provincias argentinas, sino en las apariencias, al

menos en los intereses y miras positivos que la sustentan‖ (Alberdi, 1988, p. 139); es ese mismo

interés el que colocaría a Paraguay del lado del ―país argentino situado al norte de Martín García‖ y

a la otra porción del país como aliado natural de Brasil por situarse ambos ―a las puertas del

Plata‖41

.

Como puede apreciarse en esta breve reseña, desde Caseros hasta el comienzo de la guerra, en

sus consideraciones sobre el status independiente y soberano del Paraguay, los principales

dirigentes políticos e intelectuales de la Argentina declaman su posición y preservan sus intenciones

e intereses.

No obstante, una mirada en perspectiva temporal y espacial permitiría trazar algunas líneas

indagatorias acerca de las tradiciones jurídico-políticas a partir de las cuales se resignificaron

40 Respecto de dicha carta, Brezzo señala –en nota al pie nº 10- que está ―Reproducida en David Peña, Alberdi, los

mitristas y la guerra de la Triple Alianza. Buenos Aires. A. Lillo editor, 1965. p. 22 [y que e]l autor indica que la carta,

fechada el 27 de noviembre de 1864, procede del Archivo General de la Nación, Museo Histórico Nacional, aunque la

pieza no figura [como otras] en el catálogo de la institución.‖ (Brezzo, 2006, p. 33)

41 Alberdi a Benítez, en Brezzo, 2006, p. 33. Ver nota 9 ut supra.

Page 48: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

47

algunos de los conceptos que organizaron el debate político sobre la cuestión del Paraguay. En

primer lugar, la herencia de la tradición jurídica del derecho indiano y su sustrato teológico en la

transición de los imperios a las naciones (Aninno, Castro Leiva y Guerrà, 1994), como un proceso

que excede el mero pasaje para hablar de la transformación de un mundo a otro, presupone un antes

y un después y operó sobre las prácticas y discursos que procuraron los argumentos fundantes de

una nueva legitimidad política a partir de las revoluciones de independencia (Garriga, 2018); en

segundo lugar, los conflictos locales, regionales e interestatales que, en la Cuenca del Plata,

instalaron un estado de guerra permanente; y, en tercer lugar, la sola presencia del Paraguay y su

política autónoma respecto de sus asuntos internos y la relación con sus vecinos en el proceso

formativo de los nuevos Estados y sus gobernanzas (como las denomina Ternavasio42

) se

conformaba progresivamente en un obstáculo para la expansión de los intereses mercantiles de

aguas abajo.

El derrumbe de la Monarquía Hispana y su Imperio en 1808, dejó al descubierto un conflicto

jurisdiccional en virtud de un conjunto de instituciones que, más allá de su origen castellano como

los Cabildos o producto de las Reformas Borbónicas como el Régimen de Intendencias, respondían

a una lógica propia del Antiguo Régimen. Garriga (2018) afirma que:

El problema que enfrentaron entonces los americanos fue cómo construir, a partir de la nueva legitimidad que

proporcionaba la soberanía popular, comunidades políticas viables, lo que de necesidad exigía definir las

relaciones de pertenencia (ciudadanía) y determinar su configuración territorial (espacios políticos)… estas

operaciones se llevaron a cabo a partir [de aquel] … sustrato normativo realmente existente y al mismo tiempo

…incorporaron elementos ajenos a la tradición católica que lo sostenía más próximos a algunos referentes del

pensamiento ilustrado (p.16).

Pérez Collados (2012) señala que el triángulo conceptual que sustenta políticamente los

Estados de Antiguo Régimen está constituido por la idea de auctoritas, el concepto de potestas y el

régimen jurídico de naturaleza. La primera, da cuenta de la legitimidad encarnada en la monarquía.

La segunda, es la materialización de esa autoridad en forma de Administración; para el caso, las

Audiencias, Municipios, Gobernaciones. El tercero -el régimen jurídico de naturaleza- es la

institución de la reserva de oficios para los naturales. Es en este punto en que el autor encuentra

alguna explicación al proceso constitutivo del concepto de nación: aquélla que estaría constituida

por los súbditos cuya naturaleza los habilita para el ejercicio de los oficios y, consecuentemente, ―el

conjunto de ciudadanos que la integran‖ (p. 24). Esta interpretación será la que muchos juristas

argumentarán en tiempos de independencia.

Si en la tradición neoescolástica suareciana de la Escuela de Salamanca el triángulo de la

realidad política quedaba configurado por Dios -comunidad política de origen natural-, Gobierno -

42 Al respecto, ver Ternavasio, 2007; 2020 y Agüero, 2018

Page 49: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

48

amparado en el pactus translationis- y en el principio del consentimiento43

, para la tradición

ilustrada la comunidad política es contractual. Pero como sostiene Pérez Collados (2012), también

en la tradición castellana estaban muy difundidos estos postulados, cuestión que habilitaría la

transición hacia una nueva legitimidad sustentada en la soberanía popular de una comunidad

nacional en términos ciudadanos antes que corporativos (pp. 34-35).

Desde el punto de vista del espacio político, Agüero (2018) sostiene que es necesario

diferenciar territorio de jurisdicción, siendo el primero de carácter patrimonialista mientras la

segunda es de carácter administrativo. Esta distinción abre la fisura conceptual entre diferentes

instituciones hispanoamericanas que entrarán en conflicto cuando sea necesario resolver la crisis

orgánica generada por la ausencia de legitimidad del nuevo poder político metropolitano, llámese

Consejo de Regencia o monarquía bonapartista. En este marco jurídico, el autor afirma que el

término provincia se definiría como ―el espacio puesto por el poder central bajo la competencia de

un magistrado‖ (p. 444) y, por lo tanto, será utilizado para designar las circunscripciones del poder

real y no los espacios tradicionales. Así, los ámbitos municipales se fundaron como territorios

sujetos a una comunidad, con jurisdicción ordinaria, constituyeron la sede de la vida política,

encarnaban el ideal corporativo naturalizado por la tradición, y se identificaron con el término

―república‖ y su institución: el Cabildo. En contraste con la forma tradicional de concebir el

territorio local, el espacio provincial se reprodujo en el proceso de territorialización y designó el

distrito puesto bajo la autoridad real: Audiencias (provincia mayor) o gobernador o intendente

(provincias menores). Esta nueva territorialidad americana fue producto de las Reformas

Borbónicas (Agüero, 2018, p. 446).

En esta línea de argumentación, la provincialización postrevolucionaria que implicó la

extensión de la jurisdicción ordinaria que aunaba el territorio a la soberanía retrovertida en los

pueblos e institucionalizada en los Cabildos desconfiguró el vínculo con la auctoritas e inició el

proceso de objetivación de las repúblicas concebidas como comunidades políticas.

Así, sin eludir las variadas y múltiples razones del conflicto político entre Asunción y Buenos

Aires desde los primeros movimientos juntistas en una y otra, esta disquisición respecto de la

relación entre jurisdicción y territorio, entre provincia y república, podría entreabrir una hendija

para observar la complejidad del proceso de autonomía e independencia del Paraguay y contribuir

con argumentos plausibles respecto de las razones por las cuales los gobiernos rioplatenses negaron

su reconocimiento antes de Caseros y, luego, cuando se inician las tratativas para su concreción, el

proceso conduce a la guerra.

43 Sobre este principio ver también Chiaramonte, 2010

Page 50: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

49

En el Congreso General de la Provincia del Paraguay, en junio de 1811, se congregan ―los

individuos convocados para la Junta General así de las diferentes corporaciones, como los vecinos y

moradores de la ciudad y de la campaña, juntamente con los seis diputados de las tres villas y tres

poblaciones de esta jurisdicción.‖44

En el discurso inaugural del Congreso se afirma que ―la

soberanía ha desaparecido en la nación [y que n]o hay tribunal que cierta e indubitablemente pueda

considerarse como el órgano o representación de la autoridad suprema.‖45

Si revisamos la carta del

20 de julio de 1811, dirigida a la Junta de Buenos Aires, la provincia, en su defensa frente a las

fuerzas porteñas, se afirma en el derecho de cada pueblo a ser participante del atributo de la

soberanía cuando ―la representación del Poder Supremo queda abolida o deshecha… [y] recae éste

o queda refundido naturalmente en toda la Nación‖.46

La dinámica del proceso político conduce a

una actualización conceptual en el Congreso Soberano de 1813. La convocatoria amplía la

representación a un ―número de sufragantes que no baje de mil individuos de votos enteramente

libres y que sean naturales de esta provincia… [que incluye a] todas las villas, poblaciones, partidos

y departamentos de su comprensión… [elegidos por] todos los ciudadanos de cualquier estado,

clase, o condición‖.47

Como puede observarse, del Congreso de 1811 al de 1813 comienza a tejerse

el entramado entre la jurisdicción y el territorio cuando en el Estatuto aprobado se utilizan

simultáneamente los términos de Provincia y de República y comienza a definirse la naturaleza de

la comunidad (el tercer componente que señalaba Pérez Collados) en la que ya no se habla de

corporaciones sino de ciudadanos en una transición de la comunidad natural a la comunidad

política.

El acta correspondiente al Congreso de 1814 comienza nombrando a la ciudad de Asunción

como ―capital de la República‖48

, y ya no se hablará de Provincia, tampoco en la del Congreso de

1816.49

La dictadura temporal y luego la perpetua, parecería afirmarse en la voluntad general de esa

―nación‖ (en el sentido antes mencionado) que por tradición era una entidad natural y necesaria,

pre-existente al poder coyuntural del que ahora, al desvincularse del monarca y de todo otro poder

superior carentes de legitimidad, deviene en un nuevo Poder Supremo que no es concebido como

representación de la comunidad política contractual en proceso constituyente en los sucesivos

congresos, sino que aquél ―tiene la misma potestad sobre la república que ésta tenía sobre sí misma‖

(Agüero, 2012, p. 36) y había transferido a través del principio de traslación y del consentimiento y

ahora otorgaba a través del sufragio ampliado. Es en esta lógica en la que podría anclarse luego el

44 Acta de la primera sesión del Congreso General de la Provincia. Asunción, 17 de junio de 1811. En Francia I, 2009,

pp. 81-82

45 Discurso inaugural del Congreso General de la Provincia. Asunción, 17 de junio de 1811. En Francia I, 2009, pp. 83

46 Carta de la Junta de Gobierno de Paraguay a la de Buenos Aires. Asunción, 20 de julio de 1811. En Francia I, 2009,

p. 120

47 Oficio al Comisionado de Ybycuy. Asunción, 26 de agosto de 1813. En Francia I, 2009, p. 254

48 Acta del Congreso General anual de la provincia. Asunción, 3 de octubre de 1814. En Francia I, 2009, pp. 314-316

49 Acta del Congreso General. Asunción, 1º de junio de 1816. En Francia I, 2009, pp. 423-424

Page 51: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

50

proceso de homogeneización demográfica que llevara a cabo la política francista respecto de -entre

otras- las leyes sobre el matrimonio (Potthast y Telesca, 2012) en paralelo al proceso de

autopreservación generado por el peligro que implicaba la conflictividad bélica de sus vecinos del

Plata.

La crisis regional de 1820 desarticuló todo intento de recomponer los fragmentos de soberanía

que la revolución habría de dejar como herencia. El Directorio de las Provincias Unidas se llevó

puesto consigo el proyecto artiguista pero la política rioplatense, en manos de la provincia de

Buenos Aires, desde entonces encargada de las Relaciones Exteriores, pareció no abandonar sus

expectativas respecto del status quo de las provincias que integraban el antiguo Virreinato del Río

de la Plata.

Durante el gobierno de Martín Rodríguez y su ministro Bernardino Rivadavia (1821-1824),

fueron varios los intentos por reanudar las relaciones diplomáticas y comerciales con el Paraguay.

El encargado de la misión fue Juan García de Cossio quien fue enviado a Asunción con el objetivo

de "concertar una alianza con el Paraguay ante la inminencia de la lucha con el Imperio de la Banda

Oriental" (Chaves, 1942, p.297). En virtud de no haber obtenido el pasaporte autorizando su

entrada a Paraguay y cumpliendo las órdenes de su gobierno, García de Cossio envía una segunda

nota a Francia en la que, en primer lugar, traza los vínculos que unen a ambas provincias y analiza

los peligros que implica la situación internacional con la segunda restauración de Fernando VII, la

derogación –una vez más- de la constitución liberal y la presión de la Santa Alianza sobre las

monarquías europeas; luego, solicita que "el Paraguay acuerde también su representación a dicho

comisionado para que el plenipotenciario de las Provincias Unidas del Río de la Plata

[conjuntamente] con los representantes de Chile, Perú, Venezuela y México, ajuste el tratado

definitivo de paz y amistad" con la monarquía restaurada (Chaves, 1942, p. 298). La misiva incluía

también la convocatoria al Congreso Constituyente. Por último, reclama igual trato que Brasil

respecto de la apertura de un puerto para el comercio, del mismo modo que se ha otorgado al

Imperio como resultado de la misión de Correa da Camara. Puede apreciarse entonces que, al igual

que en ocasiones anteriores, el trato otorgado es el de una provincia más sin atisbos del

reconocimiento de su independencia (como no lo será durante todo el periodo de las autonomías

provinciales y de la Confederación Rosista): no se solicita un representante propio como los estados

de Chile o Perú sino el otorgamiento de la credencial al plenipotenciario y sí se invita a un

representante de la provincia al Congreso a realizarse en Buenos Aires. Hubo tres intentos de

acceder a una negociación con Francia de los que García de Cosio no obtuvo respuesta, por lo que

el comisionado regresó a Buenos Aires.

La reunión del Congreso Constituyente de 1824-1827, en Buenos Aires, pondrá de manifiesto

la voluntad de reunir nuevamente los territorios desmembrados durante la década revolucionaria.

Page 52: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

51

La campaña llevada a cabo por los "33 Orientales" en la (ahora) provincia Cisplatina –incorporada

al Imperio del Brasil de reciente desvinculación de la corona lusitana- tenía la finalidad,

precisamente, de recuperar el territorio de la Banda Oriental para las Provincias Unidas y enviar sus

representantes al Congreso Constituyente, como efectivamente ocurrió, decisión que derivó en el

conflicto bélico entre las Provincias Unidas y el Imperio del Brasil (1825-1828).

Si la recuperación de la Provincia de Montevideo formaba parte de un objetivo compartido

con los orientales, la reinserción de la región de Tarija y de la antigua provincia del Paraguay al

seno de las Provincias Unidas no gozará de similares consensos. Respecto de Tarija, Bolívar y

Sucre resultaron bien predispuestos a su devolución a las Provincias Unidas ante los reclamos de la

provincia de Salta a la cual pertenecía, pero las presiones locales lograron, finalmente, su

incorporación a la República de Bolivia en 1831.

El caso de Paraguay será más complicado aún por varios motivos: la sanción del Estatuto de

1813 prácticamente había decretado su independencia de hecho y el caso Bonpland50

distanciaba las

apreciaciones de Bolívar respecto de su posible intervención contra el Imperio del Brasil que la

misión oficial rioplatense Alvear-Díaz Vélez solicitaba en 1825. En 1823, el Libertador había

reclamado por la libertad de Bonpland en términos algo imperativos que no fueron bien recibidos

por Rodríguez de Francia. En mayo de 1825, para la misma fecha en que se concreta el envío de la

misión oficial al Alto Perú, Bolívar escribe al Dean Funes –por entonces representante diplomático

de la Gran Colombia en el Río de la Plata-: "si el Río de la Plata quiere que las tropas del Perú,

hagan una invasión en el Paraguay, avíseme Ud., pues entiendo que no es difícil por el Río

Bermejo"51

, idea que repetirá ante Alvear y Dorrego –este último en visita no oficial-.

La compleja geopolítica de la cuenca del Plata colocaba al Paraguay de Rodríguez de Francia

en el centro de las decisiones pues era considerado un obstáculo, habida cuenta de la identificación

de su gobernante con la tiranía de la que había que deshacerse para avanzar sobre las fronteras del

Imperio. Las negociaciones no dieron los frutos esperados y la participación del ejército libertador

en la Guerra contra el Imperio nunca se concretó: ni durante la presidencia de Rivadavia (1826-

1827) ni durante la gobernación de Dorrego (1827-1828).

Dorrego comparte la visión geopolítica que la misión oficial encomendada por Las Heras

pone en conocimiento de Bolívar pues considera que

50 Aime Bonpland, naturalista de origen francés, retenido en Paraguay por Rodríguez de Francia entre los años 1821 y

1829. Autorizado a abandonar el territorio, permanece algún tiempo más en la región. Su liberación es reclamada

internacionalmente; entre otros, por Simón Bolívar. Entre una extensa bibliografía general que aborda el tema, ver

Pérez Costa, 1942.

51 Bolívar a Funes, circa 28 de mayo de 1825 (B.N. d.12.298) citado en Carretero, 1968, p. 63

Page 53: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

52

la cuenca del Plata abarcaba por el este, hasta el Estado de Río Grande y por el norte, siguiendo las

ramificaciones fluviales del Paraná y del Uruguay, se internaba profundamente mas allá de Misiones,

comprendía Paraguay y por el Pilcomayo y el Bermejo atraían a las provincias del Alto Perú (Carretero, 1968,

p. 68)

A partir de su incorporación como diputado al Congreso Constituyente, sostenía que, así

como se había recuperado a la Banda Oriental, había que esperar que en algún momento de

recuperara el Paraguay. En las sesiones del 2 y 3 de octubre de 1826, Dorrego afirmaba la

necesidad de disociar el federalismo de la anarquía, término con el que también los propios

federalistas denigraban el proyecto artiguista en los debates; frente a ello señalaba:

también entonces sería bueno traer en comparación el Estado en que se halla el Paraguay para sostener el

sistema de unidad ... El Paraguay se podría decir está bajo el mando de un hombre, cuya voluntad es la única

ley, y la que da impulso a todo el estado: el Estado del Paraguay es malo, luego el sistema de unidad es malo:

¿valdría este argumento? Luego tampoco vale la comparación de Artigas.52

En última instancia, los sistemas no eran buenos ni malos pero las provincias tenían derecho

a resistirse si un proyecto de unidad buscaba reemplazar el despotismo de Madrid por el de la nueva

metrópolis porteña (Di Meglio, 2014)

Tras el fallecimiento de José Gaspar Rodríguez de Francia, el Consulado primero y el

presidente Carlos Antonio López más luego, reorientarán la política hacia sus vecinos en busca de

un equilibrio diplomático que garantizara la navegabilidad de los ríos, el reconocimiento de la

independencia y su consecuente delimitación territorial. La dura batalla verbal que enfrentará al

presidente López con el Encargado de las Relaciones Exteriores de la Confederación Argentina,

Juan Manuel de Rosas, acompañará los movimientos militares en la región del Plata que

involucrarán a las provincias litoraleñas firmantes del Pacto Federal de 1831, la República Oriental

del Uruguay, la por entonces república riograndense en guerra contra el Imperio del Brasil, las

diferentes facciones políticas que los integran y a las dos potencias extranjeras que bloqueaban el

puerto de Buenos Aires: Inglaterra y Francia. En reclamo de su reconocimiento, el presidente

López argumentará la independencia de la República del Paraguay de hecho y de derecho pues

antes y después de separarse de España

se había separado de Buenos Aires … que habiendo ajustado ambos países un tratado de alianza para defender

su común emancipación y libertad [acuerdo Belgrano-Echevarría del 12 de octubre de 1811], el Gobierno de

Buenos Aires, postergando el Derecho de las gentes … violó amplia y manifiestamente todas las condiciones

convencionadas, y por eso el Gobierno paraguayo lo declaró roto, y se desprendió en 1813 de dicho tratado, y de

todas la relaciones con Buenos Aires, ratificando su independencia absoluta y definitiva … en 1842 nada más

52 Manuel Dorrego. Sesiones del 2 y 3 de octubre de 1826. En: Ravignani, 1937, p. 881-882

Page 54: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

53

hizo que renovar esa ratificación para el único fin de pedir el reconocimiento general de las naciones (López,

1996, abril 26 de 1845).

Se refiere al acta de Independencia declarada por el Congreso General Extraordinario de

cuatrocientos diputados del 25 de noviembre de 1842, que en su artículo segundo establece que la

República del Paraguay ―Nunca jamás será el patrimonio de una persona, o de una familia.‖53

Continúa López:

Disuelta la sociedad política, que existió, era libre a los socios fundar otra u otras. Ellos, y no la división

territorial o la personalidad extinta del virreinato, eran los únicos que tenían derecho de determinar la naturaleza

del nuevo poder político y entidad que lo ejercería. Extinguido el único poder que existía con todos sus

atributos, no quedaba alguno…El Paraguay nunca quiso, ni tuvo el nombre de Provincia unida del Rio de la

Plata [y] nunca mandó Diputados a congreso alguno de tales Provincias. (López, 1996)

Reconocía, igualmente, que el Pacto Federal de 1831 es la única fuente legítima ―cual es la

libre voluntad de los Pueblos…Ese tratado es el único título de nacionalidad, fuera de él no hay sino

Repúblicas independientes.‖ (Ibidem)

A través del Archivo Americano que dirige Pedro de Ángelis, el gobierno encargado de las

Relaciones Exteriores sienta oposición con argumentaciones de hecho y de derecho:

El Gobierno del Paraguay se ha pues, asociado a sabiendas a un bando de piratas, y lo ha hecho, olvidándose de

que existía una autoridad superior, encargada de las relaciones políticas de la Confederación Argentina por el

voto libre de sus comitentes. Tan efectiva es esta delegación, como es notorio el tratado que liga la provincia de

Corrientes a las demás provincias litorales, entre las cuales figura la de Buenos Aires. Este tratado, ajustado en 4

de enero de 1831, es el pacto fundamental en que descansa la Confederación, y que no es dado violar sin

conmoverla.54

El gobierno Buenos Aires,

como encargado de las Relaciones Exteriores de la Confederación Argentina, no [tiene facultades para]

desmembrar su territorio, ni declarar independientes a los que no han cesado de ser sus partes integrantes. Este

poder reside en el Congreso General de las Provincias Confederadas, al que, si por algún tiempo han dejado de

concurrir los diputados del Paraguay, no por esto han perdido el derecho de integrarlo. Son ellos los que deben

promover la demanda de su independencia, y exponer los motivos que tengan para solicitarla.55

Sin duda, la década de 1840 será la de mayor beligerancia en el Litoral de los ríos entre el

Sitio Grande sobre Montevideo y el bloqueo anglo-francés sobre el puerto de Buenos Aires.

Entonces, insistía de Ángelis en su crítica, en este caso como respuesta al periódico El Comercio del

53 Acta de la Independencia de la República del Paraguay. Asunción, 25 de noviembre de 1842. Colección Doroteo

Bareiro, Archivo Nacional de Asunción, Sección Presidente Carlos Antonio López, Volumen 2 (1842-1844), pp. 408-

409

54 El Paraguay y Corrientes (1), Archivo americano, Nº 16, Diciembre 11 de 1844. En de Angelis, 2009, p. 256

55 El Paraguay y Corrientes (3), Archivo americano, Nº 20, Julio 31 de 1845. En de Angelis, 2009, p. 277

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54

Plata, que dirigía Florencio Varela, y que comparaba a Juan Manuel de Rosas con José Gaspar

Rodríguez de Francia:

No solamente sostuvo siempre el gobierno Argentino de un modo explícito y constante sus derechos sobre la

provincia del Paraguay, y respecto del río Paraná, no sólo no declaró jamás el Dr. Francia a esa provincia

―República independiente‖, sino que jamás tampoco lo declaró así, ni con motivo de la comisión de Herrera, ni

con ocasión de los decretos del gobierno Argentino … ni cuando … después fue invitada la provincia del

Paraguay a enviar sus diputados al Congreso Argentino. Sólo en 1842 fue que el gobierno de Paraguay declaró

injusta e impolíticamente a la provincia del Paraguay en el carácter de República independiente; y al pronto

protestó el gobierno Argentino contra la nulidad e inconveniencia de semejante separación ilegítima, y muy

perjudicial a la seguridad e intereses comunes.56

Como puede observarse, mientras el discurso de López se afirma en la República como

unidad política y no sólo territorial, la defensa de la Confederación se asienta en el recurso de la

interpelación como provincia integrante del antiguo territorio virreinal y, para ello, debe recurrir al

periodo previo al Congreso y Estatuto de 1813 (misión Herrera).

Cuando en 1848, Francia e Inglaterra levanten el bloqueo en atención de cuestiones más

urgentes en Europa, se inicia el camino sin retorno para la política exterior dirigida por Rosas desde

la Provincia de Buenos Aires. No obstante, el presidente López negará su participación en la

alianza que conformó el Ejército Grande por cuanto el tratado propuesto no garantizaba el

reconocimiento de la independencia de Paraguay y su defensa ante los posibles vencedores de la

contienda. (Scavone Yegros y Brezzo, pp. 25-26)

Recién el 15 de julio de 1852, cuando la Confederación se encontraba bajo la dirección

provisional de Justo José de Urquiza57

, se firma el primer Tratado de Límites y Navegación, y dos

días después, el Encargado de Negocios Santiago Derqui ―procedió a reconocer solemnemente ‗en

nombre de la Confederación Argentina, la independencia y soberanía de la República del Paraguay

como un hecho consumado, competentemente comunicado al gobierno argentino‘‖. (Scavone

Yegros y Brezzo, 2010, p. 54). No obstante, la década de 1852-62 transcurrió bajo la secesión del

Estado de Buenos Aires y sus implicancias que pospusieron la aprobación del Tratado por el

Congreso de la Confederación, en virtud de múltiples vericuetos relacionados con el nudo central

del problema: la delimitación territorial y la navegación de los ríos Paraná y Paraguay.

Entre Caseros y Pavón, el Paraguay se verá amenazado por múltiples conflictos con vecinos y

potencias extranjeras de los que sin duda pueden consultarse muchos trabajos. Menos atención ha

merecido, por lo menos en la historiografía argentina, la mediación del Paraguay en el conflicto

entre Buenos Aires y la Confederación como garante del Pacto de San José de Flores buscando

56 El Comercio de Varela. El Dr. Francia. La Provincia del Paraguay, Archivo Americano, Nº 32, Enero 28 de 1847. En

de Angelis, 2009, pp. 418-419

57 Ver nota 5 ut supra.

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55

restablecer el equilibrio de fuerzas que permitiera garantizar -en términos diplomáticos- la

estabilidad política aguas abajo.

Mientras la Constitución del Estado de Buenos Aires, sancionada el 11 de abril de 1854

establecía en su artículo 1° que ―Buenos Aires es un Estado con el libre ejercicio de su soberanía

interior y exterior‖, el acuerdo firmado el 10 de noviembre de 1859 establece que Buenos Aires se

declara parte integrante de la Confederación y que ―[d]entro de los veinte días de haberse firmado el

presente Convenio, se convocará a una Convención Provincial que examinará la Constitución de

mayo de 1853, vigente en las demás Provincias Argentinas‖.58

Como puede observarse, la

recuperación del término provincia apela a la territorialidad tal como la establece la Constitución

Confederal de 1853 que, a partir de la reforma de 1860, pasará a denominarse de la Nación

Argentina.

Sin embargo, sólo después de Pavón, cuando la dirección política de la provincia de Buenos

Aires, recién incorporada, reinicie la ofensiva contra las autoridades constitucionales del presidente

Derqui, retornamos a las citas iniciales. Ofensiva que se propone una operación de intervención,

ocupación territorial y deliberado exterminio respecto de las resistencias federales al proyecto

porteño, la constitución de una alianza con las facciones liberales del Imperio y de la República del

Uruguay, y la avanzada definitiva sobre el Paraguay. Para ello, debía retornar al criterio de

territorialidad que había sostenido desde el momento en que se impone el argumento atribuido a

Juan José Paso en el Cabildo Abierto del 22 de mayo de 1810 respecto del derecho de Buenos Aires

a decidir la destitución del virrey en nombre de las demás provincias hasta tanto se convoque a su

representación.59

Para cerrar, una cita de Lucio Mansilla (1890) en Una excursión a los indios

ranqueles:

El Paraguay no existe. La última estadística después de la guerra arroja la cifra de ciento cuarenta mil mujeres y

catorce mil hombres. Esta grande obra la hemos realizado con el Brasil. Entre los dos lo hemos mandado a

López a la difuntería. ¿No te parece que no es tan poco hacer en tan poco tiempo? (p. 72).

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Córdoba, Argentina: Editorial de la UNC y Zamora, México: El Colegio de Michoacán

58 Convenio de Paz. Celebrado en San José de Flores á 10 de noviembre de 1859, entre el Gobierno del Estado de

Buenos Ayres y el de la Confederación Argentina. En: Báez Valenzuela, 2017, pp. 242-245

59 No existe registro en actas de los debates; su reconstrucción puede consultarse en Bazán Lezcano, 2011, pp. 11-42

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El Paso de los Cuatrocientos, la Intención Subyacente en la Narración Histórica

Marco Augusto Ferreira

Han pasado dos años desde la publicación de mi novela El Paso de los Cuatrocientos, y a lo

largo de este tiempo logré notar manifestaciones emocionales muy interesantes en sus lectores; creo

que muchas de estas manifestaciones son reflejo del sentimiento actual de gran cantidad de

paraguayos en relación a la Guerra Contra la Triple Alianza, y son sentimientos de los que quiero

hablar ahora.

Así que, empecemos hablando de la novela en sí, y luego de su acogida. Si uno lee El Paso,

podrá notar que ya se plantan las semillas de lo que posteriormente serán los problemas inherentes

al liderazgo, los conflictos interpersonales entre los distintos actores que marchaban hacia

Montevideo, y las diferencias ideológicas que existían entre los líderes del gran ejército paraguayo

que pretendía liberar al Uruguay de la invasión brasileña. Estos dramas nacen porque sus

protagonistas ocultan de sí mismos y de sus líderes la duda de saber si están siguiendo el camino

correcto o si en cambio deambulan sin sentido. Y, este conflicto en los personajes del libro -que

pertenecen al Regimiento 27 de Caballería del ejército paraguayo-, se manifiesta en las maneras con

las que tratan de mantener el optimismo pese a las crecientes dudas.

Les explico: La Batalla de Mbutuy se trató de una batalla clave para el Paraguay a nivel

moral, pero logísticamente no importaba demasiadas consecuencias. El asunto es que, tanto para los

medios del momento como para los historiadores de la época, se trató de una victoria paraguaya en

la cual 400 caazapeños mal armados, mal alimentados y perdidos –lógicamente, esto no se decía-,

lucharon y vencieron contra un ejército de casi 4000 soldados profesionales de la Caballería

Imperial Brasileña.

Sin embargo, los historiadores argentinos y brasileños de la misma época disienten,

afirmando que no fue una victoria, sino una supervivencia mezcla de suerte, de oportunidades

perdidas por parte de los brasileños, y un poco de buen tino táctico en el liderazgo del capitán José

del Rosario López -que fue quien lideró a los cuatrocientos-, pero, en síntesis, los paraguayos eran

bárbaros. Empezamos a notar que la animosidad y la intención política estaban detrás de las

crónicas de la época, y en todos los bandos, lo cual es de esperarse en tiempos de guerra, pero acá

es donde el pasado empieza a mezclarse con el presente.

Page 61: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

60

¿Por qué escribí yo sobre esta batalla en particular? Número uno, porque si uno lo compara

con las demás batallas de la Guerra Grande desde el lado paraguayo, se da cuenta de que la batalla

de Mbutuy representó el empujón inicial que permitió decir al gobierno: “Nuestro ejército es

poderoso y no hay quien pueda detenerlo”. Y, sin embargo, en comparación a las batallas

posteriores, historiadores modernos no vuelven a discutir de Mbutuy sino a través de testimonios de

soldados/historiadores que participaron con cierta distancia, testimonios que vuelven a repetirse a lo

largo de los años y siguen vigentes hasta ahora. No se habla mucho de los protagonistas, salvo por

menciones breves, y nadie parecía hacerse la pregunta de cómo fue que 400 soldados que

empezaron su entrenamiento después de todos los otros soldados del país, 400 soldados que estaban

compuestos quizás no por oficiales preparados sino por voluntarios y, lógicamente, 400 soldados

que nunca fueron a una academia militar, fueron capaces de semejante hazaña.

De todas maneras, los nombres y registros se pierden por varias razones, como el frío que

pudo haber empujado a los soldados a quemar documentos para armar fogatas en Uruguayana, o el

robo de los mismos por parte de los Aliados, pero lo cierto es que esto forma parte de un evento

cataclísmico para el ejército paraguayo, que a su vez moralmente habrá tenido la capacidad de

eclipsar esta victoria, a sus protagonistas y a todo el estudio de la historia de esa campaña que

vendría más adelante. Este evento es la rendición del ejército paraguayo en la ciudad de

Uruguayana.

Yo mismo, como paraguayo, necesitaba seguir entendiendo por qué nos fue tan bien al

principio de la campaña, pero de repente se produjo la rendición en Uruguayana, o la derrota de

Yatay, que vino poco después de Mbutuy; cómo se llegó hasta ahí, qué pasó con los soldados

después de eso.

Ante la curiosidad de entender este fenómeno y con la motivación de rescatar estos nombres

-porque, dentro de todo, la hazaña sigue pareciéndome digna de los 300 de Leónidas-, fue que

empecé a escribir El Paso de los Cuatrocientos. Necesitaba entender quiénes fueron esos 400, cómo

consiguieron lo que consiguieron, qué pensaban y qué pasó con ellos. Sin darme cuenta, al contar la

historia desde la perspectiva de los soldados, al terminar el libro con una nota positiva, es decir, con

la victoria en Mbutuy, me encontraba siguiendo el mismo ritmo emocional que los hombres de

aquel momento también habrán sentido: que estaban en el camino correcto; “estamos ganando,

estamos yendo a paso firme y nuestros planes se están concretando”.

Page 62: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

61

Sin embargo, esto no hubiese sido justo para los verdaderos soldados, porque debieron vivir

mucho más y, si bien podía dejar el libro ahí, pasar a algo más y ayudar a sostener el mito

legendario del heroísmo del soldado paraguayo, me parecía que me acercaba más a esos

historiadores de la época, con agendas y pensamientos políticos claros. El asunto es que tengo la

ventaja de que tantos años desde aquel entonces me dan la posibilidad de ser más objetivo y neutral

en relación a estos testimonios. También, me pareció que pecaba de ser engañoso u oportunista,

porque el trasfondo completo fue mucho más complejo, así como los hombres que protagonizaron

esas decisiones; eran humanos, después de todo. Si bien grandes historiadores de mi país y del

extranjero hablan in extenso de la ―Rendición‖, yo necesitaba entender particularmente en qué

pensaban sus líderes, en qué pensaban sus soldados, por qué se produjeron las divisiones dentro del

ejército, por qué hoy se habla de traidores y de héroes como si hubiese sido tan fácil entonces tomar

decisiones que los clasificarían de la misma forma frente al futuro; para eso, necesitaba humanizar

al soldado paraguayo y a los extranjeros que pelearon con ellos, y solamente la ficción tiene el

poder de humanizar; fue por eso que convertí la historia en una trilogía.

Ya al empezar a escribir el segundo libro, noté que, entre mis personajes empezaban a surgir

orgánicamente desertores, cobardes, líderes natos, fanáticos, oportunistas, hombres desesperados,

amistad, lealtad, traiciones e intrigas, no porque yo quisiera meterle elementos interesantes a la

historia, sino porque el propio contexto y la atmósfera de toda esta campaña estuvieron realmente

cargados de actos y personas así. Así que, a medida que voy escribiendo la historia me doy cuenta

de que, a veces, poco a poco estoy sacando lo peor de mis protagonistas, sacando lo peor y lo mejor

de muchísimos hombres; los testimonios históricos te dan a entender en numerosas oportunidades

que esto en verdad pudo haber ocurrido con más frecuencia de la que se registró.

Esta humanización permite que la gente se encariñe o empiece a detestar las decisiones

tomadas por los protagonistas, y el solo hecho de que ya los hayan empezado a conocer es

justamente el primer efecto positivo que ha generado la primera parte de mi libro, y lo que hasta

ahora está haciendo -creo yo- un gran favor en sus ventas. Ahora, hay que estar atento, porque en

muchos de los comentarios se habla del heroísmo paraguayo -el cual existió definitivamente- y, si

bien es cierto en que nos encontramos ahora mismo en un momento en el que parece que

necesitamos héroes a la usanza mitológica, muchos también parecen obviar o desconocer los

eventos que se aproximan en la historia, los cuales empiezan a hablar de los peores aspectos de lo

que fue nuestra campaña, así que va a ser interesante ver cuáles serán las reacciones en estos

mismos lectores.

Page 63: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

62

También llegué a darme cuenta de que el libro ha llegado a manos de personas realmente

fanáticas; ¿qué van a decir si ven a algún personaje querido entablando conversación o relaciones

con quienes en aquel entonces eran considerados los enemigos del pueblo paraguayo? ¿O con los

que hoy son llamados ―Legionarios‖? Vagamente, explico: los legionarios eran exiliados y traidores

a la patria según la vista del paraguayo de la época; son quienes armaron un ejército propio para

“luchar contra López”, y son quienes posteriormente volverían para refundar el país como amigos

de los Aliados una vez que la Guerra hubo terminado.

O, ¿qué van a decir cuando los protagonistas tengan contacto con extranjeros que -en

verdad- prestaron su servicio y sus vidas a pelear por el Paraguay? Acá ustedes pueden pensar que

estoy exagerando, pero hubo alguien en Facebook -me acuerdo muy bien porque es imposible

olvidar sus palabras- entre los comentarios que formaban parte de una promoción de El Paso, que

comentó -con palabras mucho menos amables- “Buen libro, pero está mal porque retrata a los

correntinos como héroes, cuando todos sabemos que los paraguayos dieron todo”. Bueno, tuve que

explicarle a esta persona por qué los correntinos y los uruguayos podían ser igual de heroicos que

los paraguayos, y por qué muchos pelearon en las filas paraguayas durante la Guerra.

Más allá de que me haya respondido o no después eso, me dio a entender que mucha de

nuestra gente todavía siente internamente el dolor de lo que fueron las heridas sociales y

psicológicas de la guerra, dolor manifestado en un rencor particular hacia los extranjeros y hacia los

mismos soldados de la campaña de Uruguayana. En el caso de los extranjeros, esta desconfianza es

manifestada abiertamente, sin miedo, porque parece haber un acuerdo implícito en estos discursos

sobre la maldad de nuestros vecinos, pero cuando se dirigen las críticas hacia los soldados, más bien

se hace el silencio, y ya desde esa época, posteriores gobiernos y casi nulos sobrevivientes, han

castigado a los ―perdedores‖ de Uruguayana con el olvido, y me refiero a los 400, específicamente

cuando me enteré de que los descendientes en la misma Caazapá –localidad de donde partieron- no

tenían idea de que este regimiento existió en primer lugar.

Si bien este no es un debate que pueda desarrollarse en este momento, creo que en el fondo

también escribí El Paso para tratar de generar empatía hacia tantos nombres y hombres de la época

como fuera posible meter en un libro que a su vez resultase interesante; es decir, confío en que la

ficción es una de las pocas maneras que tenemos de lograr el entendimiento pleno, y que a través

del entendimiento podemos generar empatía, especialmente con aquellos que pelearon la guerra -a

quienes hoy en día clasificamos de dos maneras solamente: héroe o legionario, pero esta

clasificación nace a nivel popular y como insulto, no a nivel académico-.

Page 64: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

63

Me encantaría que, al leer El Paso de los Cuatrocientos uno se sienta con el mismo pecho

hinchado que tuvieron los hombres de la época después de ganar la Batalla de Mbutuy, pero que, al

leer La Arena de los Leones, la segunda parte, este se sienta como el golpe emocional, físico y

estratégico que en verdad recibió nuestro ejército cuando sus líderes se dieron cuenta de que el

ejército Aliado era por lo menos tres veces más grande, que la propia comunicación entre los altos

mandos no funcionaba, y que el plan general tenía problemas en extremo graves. Y, si el lector

todavía sigue conmigo después de este segundo libro, el tercero me gustaría pensar que va a ser la

expiación de lo profano, la epifanía que afirme: estos hombres actuaron de acuerdo a lo que sabían -

que no era mucho-, de acuerdo a lo que imaginaban que era lo correcto, de acuerdo principios y

sensibilidades que hoy en día son ajenos para nosotros, y que como tales, lo único que podemos

hacer es tratar de entender el contexto dentro del cual tomaron esas decisiones; no convertirlos en

mártires, villanos o héroes, sino sencillamente respetarlos como hombres que tuvieron miedo, que

sintieron alegría y, sobre todo, que sufrieron los efectos de la guerra y de la desesperanza al mismo

tiempo. De esta manera, espero que Las Crónicas de Uruguayana -que es la saga completa- permita

ayudar a mucha gente a entender quiénes cuentan las historias, por qué las cuentan, y empezar a

cerrar las heridas provocadas por el rencor hacia nuestros vecinos, hacia nuestros propios soldados,

a los que vivieron, a los que desertaron, y a los que fueron olvidados porque se rindieron, porque

siempre es más fácil haber muerto en batalla que explicar por qué sobrevivieron y sin embargo

perdieron.

Page 65: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

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Historiografía restauradora, El Imperio Contraataca

Jorge Coronel

Cuando en marzo de 1870 acaban las batallas de la Guerra de la Triple Alianza, con el

Paraguay devastado por las tropas imperiales del Brasil, mitristas de Argentina y legionarias de

paraguayos exiliados, empieza, en forma sumamente caótica y desorganizada, otra batalla. Esta

batalla historiográfica. Es el combate de los sectores subalternos paraguayos. Es la lucha por la

memoria y que hoy, a 150 años, sigue viva.

Esta apasionante, y apasionada, batalla teórica, política, ideológica, fue objeto de

permanente revisión por las distintas corrientes historiográficas que investigaron, e investigan, la

conflagración bélica más importante de Latinoamérica. Como era lógico, primero aparece el relato

montado por los triunfadores, la civilización derrotando a la barbarie. A esto correspondió también,

años después, lógicamente, la corriente que expuso dudas sobre esa dicotomía de ángeles contra

malvados60

. Las distintas corrientes historiográficas en estos 150 años son agrupadas por los

historiadores según la coincidencia en algunos puntos clave del conflicto, como causas, injerencias

externas, principales protagonistas, pero sobre todo por lecturas ideológicas del nacionalismo,

liberalismo, marxismo y últimamente el neoliberalismo restaurador.

Dentro de esta lucha por la memoria, a finales del siglo XX, unas pretendidas nuevas

interpretaciones emergieron con fuerza, pero en realidad eran, o son, proyectos de restauración del

primogénito discurso de los triunfadores. Así como al término de los combates, hace 150 años, esa

interpretación es la voz de los triunfadores, la voz de las élites que salieron ganando de la

hecatombe, comerciantes, especuladores, militares, financistas. Son interpretaciones propias de las

clases dominantes de los cuatro países, clases dominantes de antes y de ahora.

Esta corriente restauradora aparece cuando, aparentemente, ya se había consolidado una

historiografía basada en los complejos procesos que originaron el peor desastre bélico de América.

La denominada nueva historia, vuelve a poner a una o dos personas, especialmente al Paraguay y al

mariscal López, como explicación casi única de los acontecimientos. Se vuelve a sostener el relato

histórico basado en personajes trascendentales o carismáticos, olvidando que como dice el manual

político marxista. ―Los hombres hacen su propia historia, pero no la hacen a su libre arbitrio, bajo

circunstancias elegidas por ellos mismos, sino bajo aquellas circunstancias con que se encuentran

directamente, que existen y les han sido legadas por el pasado‖ (Marx, 2003, p 13).

60 El Dr. Mario Maestri tiene un excelente libro sobre estas distintas tendencias, La Guerra en el Papel, donde analiza

varias obras de autores de distintas nacionalidades y tendencias. Esta traducida al español.

Page 66: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

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Este proyecto restaurador del relato original Patriótico-Liberal-Militarista se puede entender

como propiciador del discurso de poner punto final a la discusión historiográfica. Intención que hoy

cuenta con muy poca argumentación, por la gran variedad de aportes académicos en curso, sobre la

Guerra de la Triple Alianza, desde hace más de 30 años (Chiaradia, 2017)(Jardim, 2015)(Caballero,

2019)(Pomer, 1980)(Silvera, 2009). Era más del discurso oficial, especialmente de los archivos

militares y de Itamaraty.

Este intento de terminar la discusión, con argumentos del tipo ―porque ya está todo dicho

sobre la guerra‖, pretendió hacer nuevamente, lo que hace unos años ocurrió con la campaña de

descalificación de la corriente historiográfica revisionista argentina. Esta corriente sostenida por un

importante núcleo de investigadores, sobre todo argentinos marxistas, Leon Pomer, Milciades Peña,

José María Rosas, entre otros, influenciados por los acontecimientos mundiales de los años 60

(movimientos de liberación, mayo francés, Vietnam, etc.), incorporaron nuevas lecturas a la

historiografía sobre la guerra. Algunos de sus integrantes sostenían la tesis de la fuerte injerencia de

Inglaterra en el conflicto.

El proyecto de restauración historiográfica sostenía, decretó dirían algunos, que el

argumento del interés de Inglaterra de asegurar nuevos proveedores de algodón, materia prima clave

para las industrias de Manchester, no era válida (Menezes, 1998) (Doratioto, 2010). Sentenciaron, y

numerosos historiadores lo asumieron como verdad, que luego de la crisis del algodón

norteamericano por la guerra de secesión, Inglaterra ya tenía asegurada la materia prima con el

algodón egipcio, por lo que el algodón paraguayo ya no sería de su interés.

Justamente el historiador argentino Esteban Chiaradia, hoy presente en esta mesa virtual,

realizó un excelente trabajo de investigación sobre esta afirmación (Chiaradia, 2018). El trabajo

llega a la conclusión que nada de eso era así. La supuesta gran producción de algodón egipcio

estaba en realidad en crisis, a raíz de la gran demanda de mano de obra en la construcción del Canal

de Suez que había despoblado el campo de agricultores dedicados al cultivo del algodón. De esta

conclusión, no se puede interpolar que la tesis de la injerencia de Inglaterra fue decisiva o no,

simplemente demuestra que corrientes historiográficas con suficiente capacidad de divulgación y

casi ilimitados recursos financieros y académicos, pueden lograr instalar una falacia, una, hoy

diríamos, Fake News.

Así también, esta corriente historiográfica restauradora se asentó sobre la tesis del

nacimiento del Lopizmo positivo, como lo denomina el historiador Mario Maestri (Maestri, 2013),

atribuyendo al historiador y periodista paraguayo, O´Leary, la creación de dicha corriente. Inclusive

dejando entrever e insinuando que el origen de ese trabajo historiográfico fue un mero negocio

financiero. Sin embargo, uno de los héroes historiográficos de esta corriente, el intelectual argentino

Page 67: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

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Estanislao Zeballos, que había prometido escribir la obra cumbre sobre la guerra del Paraguay,

justamente desmiente esta versión en las notas dejadas en sus archivos (Brezzo, 2015).

Zeballos había visitado el Paraguay como parte de la busca de documentación y testimonios

para su prometida monumental obra. En las notas dejadas sobre esas entrevistas trascribe su

desazón pues en Paraguay había, según él, de hecho, un Partido Lopizta y que en numerosas casas

donde entrevistó a los protagonistas, existían rústicos y gastados retratos del mariscal López, como

adornos o pequeños altares. Es decir que cuando Zeballos visitó el Paraguay en 1886, O´Leary, ¡¡el

supuesto fundador o creador del lopizmo positivo tenía tan solo 8 años!! Es interesante acotar que

finalmente, esa obra prometida por Zeballos, no se concretó jamás.

Este movimiento historiográfico restaurador tuvo su inicio en el Brasil, y surge con la clara

intención de tratar de recomponer los relatos y representaciones historiográficas tradicionales,

oficiales del ejército brasileño, relato que había sido duramente vapuleado y herido,

intelectualmente, por la aparición en 1979, del libro Genocidio americano, del periodista

Chiavenato (Chiavenato, 1979). Esta obra aun con todas sus contradicciones, exageraciones,

limitaciones académicas con sus fuentes (no debemos olvidar que Chiavenato era periodista no

historiador académico, como él mismo lo dice y lo expuso la Dra. Silvania Queiroz en estos días en

este mismo seminario), había causado un verdadero terremoto en la historia oficial-militarista-

patriótica que era absolutamente hegemónica en Brasil (Queiroz, 2018).

Ante esta verdadera revolución historiográfica causada por el libro, comenzó la operación

restauradora, primero atacando al libro y al autor, tratando de descalificarlos y acusando a ambos de

antipatrióticos, incluso de comunistas. Este ataque, que fue liderado por los medios de

comunicación, dio pie al movimiento historiográfico que con los años trató de consolidar y

reconstruir el muy golpeado discurso oficial del ejército brasileño, que había dejado a sus héroes

como miserables malhechores.

Para 1996 aparece el libro Maldita Guerra, de Francisco Doratioto, que con el solemne sub-

título de ―Nueva Historia de la Guerra‖, tenía la intención de cerrar la discusión sobre este episodio

(Doratioto, 2010). En realidad no tenía nada de nuevo, era la más pura restauración del viejo

discurso imperial, como dejar sobre el Paraguay y López toda la responsabilidad de casi 6 años de

guerra, o el relato de un supuesto pequeño y sorprendido ejército brasileño, cuando que se sabe que

solamente la Guardia Nacional del Rio Grande del Sur tenía casi 40 mil hombres, o la confusión

permanente entre ciudadanos, esclavos y pueblo, y por sobre todo, nunca contextualiza las

sociedades de la época que estaban en pugna, como la monarquía esclavista del Brasil.

Esta obra, con el clásico gran despliegue de prestigiosas editoriales, la amplia difusión en los

medios y en el ámbito académico, instala nichos de difusión, con el apoyo de todos los sectores que

responden a la clase dominante de nuestras sociedades. A la nueva corriente rápidamente le surgen

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cuestionamientos porque no logran superar el discurso decimonónico que explicaba la guerra desde

una fuerza liberal, aunque monárquica, contra un estado tiránico y bárbaro. Quedándose en elogios

a Don Pedro II, Mitre, Caxias y barbarizando a López y los soldados paraguayos. Es decir, nada de

nuevo.

En los cuatro países involucrados en la guerra hace 150 años, florecieron y acompañaron

discursos militaristas, mitristas, legionarios, patrióticos, que se articulaban para hablar de la guerra,

pero sin la guerra, es decir, de la vestimenta, de la comida, de la iglesia, es decir hablar ―más allá de

la Guerra‖. Solo que el movimiento restaurador tropezaba con que seguía sin poder explicar por

ejemplo la férrea defensa de los paraguayos a sus territorios, atribuyendo esta decisión al fanatismo

o simple miedo al mariscal, o la gran deserción en las tropas de la Alianza, tanto del Brasil como de

Argentina, o el casi inexplicable reagrupamiento de las tropas paraguayas en torno a López luego de

las duras batallas de diciembre de 1868 (Doratioto, 2016). Los restauradores solo repetían lo que ya

decían las obras aliancistas-militaristas a finales de la guerra.

Estas limitaciones y contradicciones de la Historiografía Restauradora dieron origen a un

denominado Neo-Revisionismo en las principales academias de los países del Mercosur, que

rebaten, complementan y refutan los relatos de la supuesta Nueva Historia, lejos de las posiciones

maniqueistas de lopizmo-antilopizmo. Estas líneas de investigación aparecen en importantes

trabajos de tesis de maestría y doctorados, así como publicaciones en revistas científicas, y para

nuestra satisfacción muchos de estos autores están participando de este congreso regional virtual.

Por eso el titulo de esta ponencia, parafraseando a la exitosa saga cinematográfica Star Wars, la

historiografía de la Guerra de la Triple Alianza tiene su capítulo que podríamos denominar El

Imperio Contraataca, o para ser más preciso podríamos decir la nueva arremetida de la alianza

imperial contra la singularidad del Paraguay de hace 150 años.

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O JORNALISMO PORTUGUÊS, UM ALIADO POUCO CONHECIDO DO BRASIL NA

GUERRA CONTRA O PARAGUAI

Mauro César Silveira61

O notável poder de barganha da elite política imperial diante do governo português, nos anos

60 do século XIX, reservou à nação lusitana um papel tão relevante quanto desconhecido na

campanha militar no Paraguai. Como precioso braço da diplomacia brasileira, o jornalismo de além-

mar significou a porta de entrada da imprensa europeia para a versão do governo de D. Pedro II

sobre o conflito, apresentado como a missão "civilizadora" contra o "bárbaro" país comandado pelo

"cruel tirano" Francisco Solano López.

A cobertura da guerra da Tríplice Aliança contra as forças paraguaias era, quase sem

exceção, a mera e exaustiva reprodução das publicações brasileiras, sobretudo do oficialista Jornal

do Commercio. Mas o jornalismo português também cumpriu uma função estratégica, ao contribuir

para neutralizar o impacto de casos tormentosos como o do navio "Octavio", que trouxe cidadãos

lusitanos para serem levados à força para os campos de batalha no Paraguai, e o fuzilamento dos

diplomatas lusos José Maria Leite Pereira e Antonio Augusto de Vasconcelos, acusados de

conspirarem contra o presidente do país guarani a serviço do Brasil e seus aliados oficiais na guerra,

a Argentina e o Uruguai. Ao longo deste artigo, examinaremos os principais fatores que propiciaram

esse movimento a favor do Império e abordaremos as principais ações da imprensa lusitana naquele

período.

Aspectos favoráveis ao Brasil nas suas relações com Portugal

O maior conflito bélico da história do continente americano, a chamada Guerra do Paraguai,

que se estendeu de 12 de novembro de 1864 a 1º de março de 1870, exigiu um grandioso esforço da

diplomacia brasileira para tentar evitar que o inevitável desgaste da ação militar abalasse os

interesses econômicos e políticos sustentados pelo governo imperial. Era natural que o empenho

fosse redobrado em relação a Portugal, que ainda mantinha fortes vínculos com o Brasil e

constituía-se no principal porta-voz da sua ex-colônia na Europa. Também pesava o fato de que a

força hegemônica da época, a Inglaterra, exercia extraordinária influência na nação lusitana – que

tem raízes numa aliança que remonta à primeira dinastia portuguesa, a de Borgonha, no século XII.

61 Universidade Federal de Santa Catarina, Curso de Jornalismo. E-mail: [email protected]

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Se os anos que sucederam a declaração da independência brasileira foram marcados pela

tensão no relacionamento com a antiga metrópole, a situação foi se modificando gradativamente,

movida por aspectos econômicos que pendiam a favor do nosso país a partir das décadas seguintes.

Por um lado, verificou-se que o baixo e lento nível de crescimento em relação aos maiores vizinhos

europeus determinou que Portugal ocupasse um papel secundário no comércio internacional.

Autores como Pedro Lains (1995), levando em conta o rendimento per capita, consideram que o

país luso integrava a denominada ―terceira Europa‖ – constituída pelos países mais pobres da

periferia do continente -, apresentando um empecilho de partida, ou origem, na introdução e

aplicação generalizada das novas tecnologias e dos novos métodos de produção, sejam elaborados

internamente ou importados.

Em outras palavras, a estrutura produtiva e o nível de acumulação de capital seriam

obstáculos ao crescimento econômico no patamar atingido pelos maiores países europeus. Mas

Lains observa que Portugal compensou parte dessas dificuldades para alcançar um grau de

desenvolvimento, ainda que modesto para os padrões do continente. Mesmo com dificuldades no

setor exportador, responsável por boa parte do pagamento das importações, a economia portuguesa

não teria sido limitada pela compra de mercadorias no exterior, encontrando sucessivamente novas

fontes de financiamento das aquisições, primeiro através das remessas de emigrantes – sobretudo os

do Brasil – e mais tarde pelas reexportações de produtos coloniais. ―Assim, apesar de relativamente

lento, o crescimento econômico em Portugal prosseguiu no seu passo regular até finais do século

XIX‖ (Lains, p. 10-11).

De outro lado, o Segundo Reinado atingiria um período de maior tranquilidade, com picos

econômicos derivados de uma sociedade escravocrata. No início da fase de conciliação da

sociedade portuguesa, a Regeneração, o Brasil também experimentava um período de estabilidade

política. Mas ia além disso. Na década de 50, o país vivia o chamado apogeu do Império. A

sociedade escravocrata alcançava seu grande momento: detinha praticamente o monopólio do café e

conservava o ritmo de produção em outros setores agrícolas importantes, como o do açúcar e do

algodão, nos razoáveis níveis dos anos anteriores. O Estado imperial, por seu lado, relacionava-se

com essa agricultura de base escravista sem profundas discordâncias, pois boa parte da elite política

pertencia à classe dominante. Havia, sim, alguma ambiguidade nesse relacionamento, em razão da

presença dos magistrados no governo. Mas a acomodação ocorria com uma certa naturalidade e boa

dose de pragmatismo, distinguindo-se a economia brasileira da portuguesa, como aponta, com

propriedade, José Murilo de Carvalho (1981, p. 179):

Independentemente da elite política, o Estado não podia sustentar-se sem a agricultura de

exportação, pois era ela que gerava 70% das rendas do governo-geral através dos impostos

de exportação e importação. Não cabe assim falar de um Estado separado e dominando a

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nação como queriam os liberais da época (quando fora do poder) e como repete hoje Faoro

(1958). [...] igualmente, a manutenção da ordem no interior não poderia ter sido

conseguida sem a colaboração dos senhores de terra. Gostando ou não, e muitos não

gostavam, a elite política, particularmente os magistrados, tinha que compactuar com os

proprietários a fim de chegar a um arranjo, senão satisfatório, que pelo menos

possibilitasse uma aparência de ordem, embora profundamente injusta. A criação da

Guarda Nacional e dos outros serviços litúrgicos tiveram esse sentido de barganha. O

Brasil não era uma economia mercantil como a portuguesa que pudesse ser governada pela

aliança de um estamento burocrático com comerciantes. Era uma economia de produtores

agrícolas com mão-de-obra escrava e de criadores de gado com ou sem escravos. As bases

do poder tinham que ser aqui redefinidas.

Ainda que estivesse longe de constituir-se em força econômica no mercado internacional,

face à condição limitada de exportador de produtos primários dependente de financiamento externo

– especialmente do capital inglês -, o Brasil ostentava uma posição predominante, para não dizer

hegemônica, no continente sul-americano. Nos anos 50, a relativa paz interna também contrastava

com as violentas lutas políticas entre caudilhos das repúblicas vizinhas, principalmente na

Argentina – dividida entre a Confederação, sediada em Paraná, e o governo de Buenos Aires -,

criando condições para os resultados alcançados na década seguinte. Entre 1860 e 1869, de acordo

com Virgílio Noya Pinto (apud Toral, 1997, p. 124), o país detinha 49% da produção mundial de

café,, provocando um aumento de volume e de valor absoluto na balança comercial. Nesse período

– que antecede e percorre os anos do conflito com o Paraguai -, destacava-se também o algodão,

especialmente aquele produzido na província do Maranhão, beneficiado pela guerra da Secessão

norte-americana (1861-1865). Esse produto, que representava apenas 6,2% das exportações

brasileiras, na década anterior, salta nos anos 60 para 18,3%, ultrapassando o açúcar – que caiu para

o terceiro posto. Entre 1861 e 1870, o café reinava, soberano, na lista dos produtos exportados,

atingindo o índice de 45% do total comercializado no exterior. Sem a mesma importância, o cacau

igualmente vivia uma fase de crescimento, aproveitando-se do aumento do consumo europeu. A

Bahia, que liderava a produção, passa das 103 toneladas vendidas em 1840 para 1.215 toneladas em

1870.

O quadro favorável invertia a posição da balança comercial, anteriormente deficitária. O

Império passaria a ter sucessivos resultados superavitários, mas que foram insuficientes para cobrir

o crônico rombo do orçamento, comprometido pelo crescente endividamento externo, agravado

grandemente durante a guerra empreendida contra o Paraguai. O saldo positivo da balança

comercial também era anulado pela dependência fiscal do governo dos valores arrecadados com as

exportações. Isso implicava no recurso frequente aos empréstimos, internos e externos, para atender

minimamente a máquina administrativa. Para dar conta de ações militares ou enfrentar desastres

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naturais, o governo não tinha outra saída que lançar mão do endividamento. De acordo com José

Murilo de Carvalho (1988, p.33), somente a campanha contra o país guarani consumiu 613 mil

contos – aproximadamente 337 milhões de dólares.

De qualquer maneira, a dependência portuguesa dos eventuais sucessos econômicos

brasileiros era mais do que evidente. Isso ficava estampado, com alarde, nas páginas da imprensa

lusitana. Houve euforia quando surgiram notícias de que haveria iminente vitória aliada contra o

Paraguai, dois anos antes do fim do conflito. A passagem de Humaitá, considerada uma fortificação

inexpugnável, rendeu matérias enaltecedoras, sempre vinculando o êxito brasileiro aos benefícios

que poderiam redundar à economia portuguesa. Um dos trechos do editorial publicado na capa do

Commercio do Porto de 4 de abril de 1868 é muito claro: ―O nosso país, pela sua posição

geográfica, e pela importância das transações internacionais, de certo partilhará muitos dos

progressos que o grande império americano realizar. A vitória do Brasil é, nos seus efeitos, um

grande acontecimento favorável ao comércio português. Saudamo-la, e por ela felicitamos o

império‖. Pouco mais de duas semanas depois, em 22 de abril de 1868, o editorial do Braz Tisana,

também do Porto, comentava a preocupante situação econômica de Portugal e manifestava o desejo

de que a ―guerra do Brasil‖ terminasse o mais rápido possível. As últimas informações favoráveis à

ação militar do Império indicavam melhores tempos: ―Pareceram animar-se um pouco as transações

comerciais da nossa praça e se as posteriores comunicações continuarem a ser igualmente

interessantes é indubitável que nos teríamos libertado de uma apatia que há muito tempo se torna

bastante pesada‖.

A queda da fortaleza paraguaia, em 25 de julho de 1868, foi comemorada como o fim das

hostilidades no Prata. Nos meses seguintes, os jornais lusitanos publicaram muitos textos sobre a

ocupação de Humaitá pelas tropas aliadas e a fuga de Solano López para o interior do país. A

destacada nota intitulada ―Acabou a guerra do Brasil – Parabéns!‖, estampada na capa do

Bracarense, em 17 de outubro de 1868,, sintetizava o sentimento que predominava na imprensa

portuguesa naquela época. O texto registrava ―o grande contentamento do povo desta cidade com a

confirmação da notícia de haver terminado a guerra entre o Brasil e o Paraguai‖, manifestado

através de foguetório na frente do prédio da Associação Comercial de Braga, e antevia o proveito

que isso representaria para a nação portuguesa: ―Damos os parabéns à respeitável classe comercial

portuguesa e especialmente ao comércio bracarense, por ser chegado o termo das imensas

dificuldades de transações e prejuízos ocorridos durante a guerra. Oxalá que o Brasil possa em

breve cicatrizar as feridas recebidas durante uma luta prolongada e desastrosa, para que readquira

depressa a sua grande importância comercial. É o Brasil filho de Portugal, e como tal tem sempre

vivido conosco em estreitas relações. Se dos males do filho tocou grande quinhão ao pai, é quase

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certo que teremos quinhão na sua glória e na sua futura prosperidade. Parabéns aos nossos irmãos

do Brasil! Parabéns ao comércio do mundo inteiro!‖

Se as limitações econômicas decorrentes do prolongamento da guerra desagradavam a nação

portuguesa, por todas as possibilidades que o Brasil representava para a antiga metrópole, há

indicações de que os ganhos obtidos pelo país lusitano foram maiores do que os anunciados. O

jornalista, dirigente da Associação Comercial do Porto e político influente, José Joaquim Rodrigues

de Freitas, responsável pelos editoriais do Commercio do Porto durante aproximadamente 30 anos,

produziria o texto ―Negócios de Portugal no Brasil‖ em 23 de junho de 1881, duvidando dos

números oficiais em relação comércio entre as duas nações. Para ele, a realidade ultrapassaria, em

muito, as estatísticas divulgadas por ambos os governos. Rodrigues de Freitas observava nesse

artigo que o volume comercial do último quartel do século XIX ―tornara-se notável para a

estabilidade do comércio nacional (português) e os gêneros envolvidos, de um e de outro lado,

continuavam idênticos àquilo que já era costume trocar-se sistematicamente antes da independência

do Brasil‖ (apud Santos, 1997, p. 220). O notório aumento da exportação portuguesa – e o

consequente saldo positivo na balança comercial – precisava, segundo ele, ser mais bem explicado.

Afinal, nos números oficiais, despontava um fundamento pouco convincente: o que provocara o

resultado favorável a Portugal era o vinho. Embora reconhecendo que esse era um produto de

exportação importante, Rodrigues de Freitas inquietava-se com o fato de que a ―indústria

manufatora‖ lusitana não tivesse conseguido manter suas vendas no solo brasileiro, registrando-se

aumento apenas na comercialização de sapatos e de artefatos de ouro. Dúvidas à parte, o certo é que

as relações comerciais entre os dois países, naquela época, eram significativas e que, visivelmente,

os interesses portugueses no Brasil eram maiores do que os brasileiros em Portugal.

Outro aspecto importante a ser considerado é o relacionado ao fluxo migratório. Nas

estatísticas brasileiras de longo prazo, como revela Amado Cervo (2000, p. 112), a nação lusitana

lidera o balanço geral dos contingentes humanos que se radicaram no país antes do último quartel

do século XX: entre 1820 e 1968 entraram 1.769.986 portugueses, 1.607.888 italianos, 783.853

espanhóis, 295.669 alemães, 247.312 japoneses e outros 960.974, num total de 5.603.682 pessoas.

A emigração portuguesa é, na verdade, um fenômeno antigo, manifestado com vigor logo

depois das grandes aventuras marítimas do século XV. Movida pelo sonho da fortuna fácil, como

escreveu o conhecido político e intelectual lusitano José da Silva Mendes Leal ao discorrer sobre o

tema no jornal A America, em abril de 1868, boa parte da população do país seguiu inicialmente

para o oriente. Entretanto, alguns sucessivos revezes no vasto domínio asiático, ―mais e mais

unificou a direção daquele veio humano, até o condensar e quase o circunscrever às vastas

províncias de Santa Cruz, apanágio não menos opulento, e ainda acaso excessivo‖.

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Depois da ocupação do grande território sul-americano, o êxodo aumentou

consideravelmente, segundo Gerardo Pery (1875, p. 92), em razão da descoberta das ―inesgotáveis

minas de ouro do Brasil‖. Mendes Leal afirmava no seu artigo que o fluxo migratório seria

renovado com a transferência da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808:

―Convidavam simultaneamente as funções públicas e os progressos do trato mercantil. Os

negociantes da metrópole, que ali fundavam casas, enviavam para elas ou os seus filhos ou os seus

agentes. O exemplo das rápidas fortunas por muitos realizadas atraiu outros e outros; o número

chamou o número; e assim se foi difundindo e entranhando em quase sentimento familiar o ter o

Brasil como segunda pátria, ou, antes, sequência da pátria‖.

Após a independência, o movimento arrefeceu, contido pelos ressentimentos acumulados

nos dois lados do Atlântico. No Brasil, o cuidadoso silêncio oficial contrastava com as hostilidades

públicas dispensadas aos portugueses que permaneceram na ex-colônia e que ainda lutavam para se

integrarem no novo país, principalmente os pequenos comerciantes. Em pouco tempo, já no final da

década de 30, a emigração seria retomada, estimulada pelo interesse do governo brasileiro em atrair

mão de obra europeia para ocupar o interior do país, ainda que esse incentivo oficial ocorresse de

forma desordenada e sem controle. Amado Cervo (2000, p. 111) chega a afirmar, com ênfase, que

não havia uma diretriz política para a imigração, ―aliás, nunca houve no Brasil do século XIX, que

ensaiou várias e sucessivas experiências‖. Na mesma linha de raciocínio, José Murilo de Carvalho

(1988, p. 41-42) vai mais além e considera que os gastos do Império nesse setor foram ―modestos‖

e que tudo não passava de ―retórica‖ do governo para acalmar os proprietários rurais. Outro

pesquisador brasileiro, o gaúcho Paulo Pinheiro Machado (1999, p. 12) não pensa assim e declara

que ―como fruto de políticas públicas, podemos avaliar o estímulo à imigração e à organização da

colonização como resultado de um esforço razoável do Estado brasileiro durante todo o século

XIX‖.

Havendo uma diretriz política ou não, o que nos interessa sublinhar é a constatação do

desejo do governo brasileiro na vinda dos portugueses. Esse fato encontraria resistência no país

lusitano, que pretendia desviar os excedentes demográficos para as colônias africanas – onde,

segundo Cervo (2000, p.111), se sonhava erigir, ao modo antigo, um ―outro Brasil‖ colonial. Quer

dizer, as duas posições chocavam-se frontalmente. De um lado, o Brasil disposto a receber os

imigrantes e, de outro, Portugal querendo conter a corrente emigratória direcionada para a ex-

colônia. Mas a conjuntura lusitana era altamente favorável à consecução dos interesses brasileiros:

as distorções do capitalismo dependente português, como enfatiza Miriam Halpern Pereira (1981, p.

7), imprimiram ao velho fenômeno da emigração, nos oitocentos, uma feição nova, desvinculando-

se de um projeto imperial e desempenhando um papel decisivo na redução de uma mão de obra

camponesa subempregada, que o lento crescimento industrial do país não conseguia absorver.

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Mesmo que a direção do fluxo não agradasse os governantes de Portugal, não havia dúvida que a

busca de melhores condições de vida no exterior resolvia um grave problema interno: ―Permitiu

assim manter a reserva de força de trabalho a um nível equilibrado e evitar as consequências sócio-

políticas do seu crescimento desproporcionado em relação às possibilidades da estrutura agrária e

industrial‖.

O caminho natural era, inegavelmente, o Brasil. O interesse do governo imperial em atrair

imigrantes favorecia essa tendência, permitindo que uma poderosa rede de recrutamento se

estendesse até a Europa e contribuindo para reforçar a imagem de que o maior país sul-americano

era uma terra de enriquecimento fácil. Assim, difundia-se, cada vez com maior força, a antiga ideia

do Eldorado, estimulada pelas histórias da época do ciclo do ouro, na passagem do século XVII

para o XVIII, e da exploração dos diamantes, a partir de 1729, além das grandes áreas de cultivo do

açúcar, do tabaco e de outros produtos coloniais. Gerardo Pery (1875, p. 92) alinha a ―ambição das

riquezas‖ como uma das principais causas da emigração para o Brasil, entre muitas outras,

estimulada pelas sedutoras promessas de contratadores de mão de obra. ―Falta de trabalho não há

atualmente, porque na maior parte do país é sensível a falta de braços‖, pondera aquele autor

português. ―A insuficiência dos salários e a carestia dos meios de subsistência, para um povo sóbrio

como o das províncias do norte de Portugal, são causas secundárias.‖

Bem mais incitante que o quadro econômico seria, na visão de Pery, o penoso serviço militar

português. Um fator considerado também por Miriam Halpern Pereira (1981), lembrando que esse

compromisso representava um período de 6 a 7 anos fora do mercado de trabalho. Assim, diante dos

limites de desenvolvimento industrial, constituindo-se em prodigiosos obstáculos para a abertura de

possibilidades de emprego para o excedente demográfico registrado nas zonas rurais, os

camponeses do país não vacilavam em optar pela compra de uma passagem para o Brasil ao invés

de pagar a remissão do serviço militar. A emigração afigurava-se como um investimento muito mais

seguro:

Quem embarcava para o Brasil, partia com a intenção de fugir a uma proletarização, em

perspectiva ou real, no país de origem. Chegar ao Brasil, fazer fortuna e voltar ao país natal,

onde se instalaria numa situação consolidada de proprietário, constituíam os dois tempos de

projeto sociológico do emigrante. [...] as casas dos brasileiros de ontem, tal como as

vivendas dos franceses de hoje, testemunham este sonho de regresso ligado a um desejo de

ascensão social. A vontade da ostentação e a ausência de sensibilidade estética mostram a

origem recente da fortuna ainda desacompanhada dos vernizes da educação.

Boa parte da corrente migratória legalizada aproveitava-se, no Brasil, de uma sólida

estrutura comercial e financeira controlada pela colônia portuguesa que permaneceu no país após a

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independência. Essa poderosa base econômica tem origem no contingente lusitano que integrava o

séquito de D. João VI, estimado em 15 mil pessoas, e não retornou com a família real à Lisboa, em

1821. Sua força, calcada no domínio do rendoso negócio da venda de escravos - sobretudo depois

que a convenção assinada entre o novo país e a Inglaterra em 26 de novembro de 1826, decretou,

formalmente, a extinção do tráfico -, ampliou-se, de forma gradativa, para outros setores e para o

mercado financeiro. Assim, em 1850, quando a Lei Eusébio de Queiroz foi aprovada e o tráfico

finalmente recebeu o golpe que o faria retroceder, a parcela mais favorecida da colônia portuguesa

já se constituía em expressiva burguesia comercial. Em meados da década seguinte, duas

publicações portuguesas – O Clarim Terceirense, da ilha Terceira, nos Açores, em 7 de novembro de

1867; e o mensário A America, de Lisboa, em abril de 1868 – divulgavam números idênticos sobre a

presença lusitana no comércio brasileiro, avaliada em um terço do total. Das 43.653 casas de

comércio existentes, 25.068 seriam brasileiras, 14.449 portuguesas e 4.136 de outras nações. Antes

disso, O Braz Tisana, do Porto, em 4 de maio de 1866, destacara em editorial estampado na

primeira página, que as relações com o Brasil eram ―transcendentes‖, informando que ―existem

naquele ponto da América muito mais de trezentos mil portugueses, que ali possuem avultadíssimas

fortunas, e exercem um comércio altamente valioso‖.

A situação de tão abastados emigrantes, evidentemente, não preocupava as autoridades

portuguesas como aquela vivida pelos colonos contratados para trabalhar na agricultura, ao lado de

escravos, ou pela massa levada clandestinamente para o Brasil. A atenção dispensada aos mais

aquinhoados era de outra ordem: acompanhar o ritmo e o volume de suas remessas em dinheiro.

Como sintetiza Miriam Halpern Pereira (1981, p.8), ―a continuidade das remessas enviadas pelos

emigrantes tornou as divisas brasileiras uma componente fundamental dos invisíveis da balança de

pagamentos de 1850 a 1930‖.

Isso transparece nos jornais portugueses a partir das interrupções registradas durante a

guerra do Paraguai, quando o câmbio em relação a Londres tornou-se criticamente desfavorável à

moeda brasileira e provocou a redução, de forma drástica, da quantidade enviada para Portugal. A

queda da fortaleza paraguaia de Humaitá, em 25 de julho de 1868, era saudada com alívio diante do

quadro vivido naquela época: ―A vinda de quantiosos (sic) capitais que há muito esperam a baixa do

câmbio para serem transferidos para Portugal, e o emprego desses capitais na indústria e no

comércio seriam de incalculável benefício‖, escrevia o correspondente em Lisboa que usava apenas

a inicial C, no Braz Tisana, do Porto, em 29 de agosto de 1868. No mesmo dia, o Boletim do Clero

e do Professorado, de Lisboa, anunciava que ―houve demonstrações de alegria no Rio de Janeiro, e

o câmbio baixou, esperando-se uma remessa de milhares de contos para Portugal, visto os depósitos

que havia nos bancos‖.

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Também merecem ser referidos os laços familiares que uniam as duas monarquias. Superada

a fase turbulenta que caracterizou a primeira década da independência, as relações entre Brasil e

Portugal contariam com esse expressivo fator, para aliviar tensões e aparar arestas. Se havia o

manifesto desejo de que ―os vínculos mais sagrados devam conciliar em perpétua aliança‖, como

firmaram D. João VI e seu filho D. Pedro I, em 1825, no tratado de amizade celebrado para

assegurar o reconhecimento português da nova nação, essa ligação adquiriria mais força ao longo

do século XIX. ―Seria o sangue comum a fazer continuamente ouvir a sua voz em todas as ocasiões

mais importantes das relações luso-brasileiras‖, como observa A. da Silva Rego (1966, p. 4).

Mas as circunstâncias ajudariam muito. Primeiro, quando D. Maria II ascendeu ao trono

português em 1834, aos 15 anos. Ela era irmã do D. Pedro II brasileiro, que conquistaria a

maioridade em 1840, aos 14 anos. Como D. Maria II permaneceu no poder até sua morte em 1853,

durante 13 anos os dois irmãos estiveram à frente do regime monárquico, nos dois lados do

Atlântico. Depois, com a morte prematura do novo rei português, D. Pedro V, em 1861, aos 23 anos,

e a ascensão de seu irmão D. Luís I, surgiria um novo vínculo familiar: o ocupante do trono de

Portugal era sobrinho do imperador do Brasil. Os dois também pertenciam à velha dinastia de

Bragança.

Esse grau de parentesco perduraria até 1889, quando quase ao mesmo tempo ocorreria o

falecimento de D. Luís I (19 de outubro de 1889) e a queda de D. Pedro II, com a proclamação da

República,. Portanto, sobrinho e tio ficariam no poder, ao mesmo tempo, durante quase três décadas

– exatos 28 anos -, aproveitando esse largo tempo para estreitar os laços pessoais e consolidar um

relacionamento fraterno, marcado por gestos mútuos de apreço e carinho. Nas vésperas da guerra do

Paraguai, em 1864, o círculo familiar foi reforçado com o casamento das princesas brasileiras Isabel

e Leopoldina. A primeira, casou com o francês Luís Felipe Gastão de Orléans, o Conde d‘Eu, em 15

de outubro. Leopoldina, a mais nova, uniu-se ao primo do Conde d‘Eu, o também francês - embora

tenha sido educado na Áustria - Luís Augusto Maria de Eudes, o Duque de Saxe, em 15 de

dezembro. Ambos consortes estrangeiros eram netos do ex-rei francês Luís Felipe – da Casa

Bourbon, como a imperatriz brasileira Teresa Cristina - e sobrinhos de D. Fernando, pai do monarca

português. Os dois, acompanhados das filhas de D. Pedro II, visitariam Portugal e conviveriam com

o tio e o primo, o rei D. Luís I, nos anos seguintes, contribuindo para aproximar ainda mais as duas

Coroas.

Não causa surpresa, portanto, que as atitudes e decisões políticas, mas também militares, de

D. Pedro II, fossem louvadas, com frequência, nos jornais portugueses. Aliás, previsivelmente, essa

foi a tônica da cobertura da guerra contra o Paraguai nas publicações lusitanas. Os laços familiares

sobressaíram-se, igualmente, na aproximação entre Brasil e Inglaterra, rompidos, em 1863, em

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consequência de atritos envolvendo o destemperado ministro inglês junto à Corte, William Dougal

Christie. D. Luís I, o monarca português, tomou a iniciativa de mediar o reatamento das relações

diplomáticas entre os dois países, acionando seu representante em Londres, o Conde de Lavradio,

para negociar um acordo com Lord John Russell, o ministro de Negócios Estrangeiros da Coroa

britânica.

Na abertura das câmaras brasileiras em 3 de maio de 1864, D. Pedro II salientou que ―tendo

o governo britânico aceitado a mediação oferecida pelo de Sua Majestade Fidelíssima (seu

sobrinho), aceitou o governo brasileiro tão graciosa oferta, esperando que em breve tenha esse

negócio a desejada solução,‖. No ano seguinte, na primeira sessão do parlamento lusitano, no dia 2

de janeiro de 1865, D. Luís I destacou a importância do restabelecimento dessas relações: ―Tendo-

se, no ano de 1863, suscitado entre o Brasil e a Grã-Bretanha dissentimentos de que resultou o

rompimento das relações políticas dos dois estados, animado do vivo desejo de ver

satisfatoriamente terminado este conflito entre duas nações com quem nos achamos tão intimamente

ligados, ofereci a minha mediação, que foi aceita por ambas as cortes, e havendo encarregado desta

negociação o meu ministro em Londres, não tem este afrouxado no seu zelo para conseguir um

resultado propício, sem quebra na mútua dignidade das duas potências divergentes,‖.

O discurso real, destacando o Brasil, foi publicado na íntegra na maioria dos jornais

portugueses, como o Commercio de Lisboa, e o Commercio de Coimbra, de 3 de janeiro; O

Campeão das Provincias, do Aveiro, de 4 de janeiro; o Commercio da Covilhan, de 7 de janeiro; e o

Campeão Liberal, dos Açores, de 27 de janeiro de 1865. Em 6 de janeiro daquele ano, o Commercio

de Coimbra comentou as palavras de D. Luís I em editorial intitulado ―O discurso da Coroa‖. O

gesto do monarca português mereceu aplausos: ―Estimamo-lo; porque os males dos brasileiros

sejam eles quais forem, não podem ser indiferentes aos portugueses, seja qual for a situação destes‖.

As afinidades entre as duas Coroas não contribuíram apenas para a imagem favorável do

imperador brasileiro em Portugal, mas serviram, acima de tudo, para reafirmar o poder da

monarquia nos dois lados do Atlântico. No único momento em que surgiram boatos de abdicação de

D. Pedro II, no início de 1868, face o prolongamento da guerra, O Campeão das Provincias

manifestava, numa frase, a apreensão dos políticos situacionistas portugueses: ―Oxalá não se

verifique tão triste notícia‖, escrevia o redator do jornal em 1º de fevereiro de 1868.

As duas famílias reais costumavam ser tratadas com louvor e reverência e a imprensa

costumava reagir, com vigor, quando a instituição monárquica era atacada, como fizeram os

republicanos espanhóis em novembro de 1868. O redator da seção ―Revista Estrangeira‖ do

Commercio, de Braga, no dia 26 daquele mês, saiu em defesa do Império brasileiro. O manifesto a

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favor da República afirmara que, no Brasil, a monarquia existia apenas ―para sustentar as infâmias

da escravidão e os crimes dos negreiros‖. A resposta do jornal português foi ironicamente incisiva:

―É provável que o Brasil também se indigne com a apreciação inexata que a seu respeito fazem os

signatários do manifesto em questão. Pode, porém, responder-lhe triunfalmente, porque a

monarquia brasileira está muito acima dos estados republicanos de origem espanhola; nunca lá

apareceram tiranos como Rosas e infames como López. Estas belezas estavam reservadas para os

povos, cujas instituições são puramente democráticas, e, digamos toda a verdade, cujos costumes

são idênticos aos da maioria da nação espanhola‖.

A propagação do discurso oficial do Império e a defesa dos interesses brasileiros nas páginas

da imprensa lusitana

O cotejo entre a correspondência diplomática e a imprensa, no período compreendido entre

1860 e 1870, juntamente com a análise de depoimentos daquela época, mostrou que as políticas

externas de Brasil e Portugal se valeram desses dois instrumentos para buscar a afirmação dos

interesses políticos e econômicos – em menor grau, os sociais – que moviam ambos os governos.

Indiscutivelmente, o lado brasileiro revelou-se bem mais eficiente na utilização do jornalismo como

ferramenta de sua ação no exterior, que contribuiu, de forma admirável, para fixar as ideias que

sustentavam as principais decisões do Império de D. Pedro II. O gabinete instalado no Rio de

Janeiro soube aproveitar, com maestria, o poderoso canal de comunicação que estava à disposição

da diplomacia, disseminando suas mensagens na América do Sul e na Europa.

O teste de fogo dessa estratégia foi a demorada e desgastante guerra do Paraguai. Os

controlados jornais brasileiros foram acionados com o objetivo de obter a legitimação da ação

armada empreendida no território guarani, com o apoio da Argentina e do Uruguai. As versões

oficiais não conquistaram apenas suas páginas, mas tomaram conta das publicações portuguesas,

que, em regra, transcreveram o imenso material produzido na ex-colônia – sobretudo no Rio de

Janeiro e, particularmente, pelo áulico Jornal do Commercio, a maior publicação brasileira do

século XIX. Além disso, a cidade de Lisboa, conectada pelo telégrafo com as principais capitais

europeias, era a porta de entrada daquele continente para as informações que provinham da América

do Sul. Ainda não havia um cabo telegráfico cruzando a parte meridional do Oceano Atlântico, mas

o discurso imperial disseminava-se pelos principais países da Europa com bastante eficácia, como

veremos em seguida.

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80

A predominância brasileira na imprensa de Portugal se deve, basicamente, a dois fatores,

como antecipamos. Por um lado, a balança comercial pendia, em muitos momentos, para a nação

lusitana, por outro, o fluxo migratório direcionado para a América do Sul conferia ao Brasil um

notável poder de barganha. Nos jornais portugueses, a posição contrária à emigração prevaleceu nos

anos do conflito no Prata, mas na correspondência diplomática desapareceria progressivamente, em

especial entre 1865 e 1870, em razão das substanciosas remessas enviadas pela colônia fixada no

território brasileiro. Na verdade, como pudemos verificar, Portugal dependia desse dinheiro para

cobrir o déficit crônico da balança de pagamentos. Também nos deparamos com as transferências

especiais ocorridas durante a guerra, que visavam afastar o fantasma da chamada União Ibérica,

representado pela revolução liberal que irrompera na Espanha em 1868. Nesse caso, imprensa e

diplomacia deram as mãos para aplaudir a iniciativa dos emigrantes de reunir divisas para a compra

de armamento para a defesa da pátria ameaçada, atitude desprezada pela historiografia luso-

brasileira.

O efeito multiplicador do Jornal do Commercio, dentro e fora do país, era extraordinário.

Seus textos eram reproduzidos pelas publicações das províncias brasileiras e seguiam pelo correio

marítimo para Lisboa, deflagrando mais duas fontes emissoras: o jornalismo de Portugal, com

destaque para O Commercio do Porto – o mais importante periódico lusitano entre 1864 e 1870 – e

o serviço da agência noticiosa Reuters, que retransmitia as informações quase instantaneamente,

pelo telégrafo elétrico, para Londres e outras capitais europeias.

A capital portuguesa era o principal ponto de recepção de notícias do Brasil. Lá, num

interstício quinzenal, chegava o aguardado paquete transatlântico que vinha do continente

americano, numa viagem que demorava entre 20 e 30 dias. O Commercio do Porto, impresso na

segunda cidade do país – distante 312 quilômetros de Lisboa – conseguia antecipar as notícias

trazidas pela embarcação proveniente do Império brasileiro, através de mensagens transmitidas pelo

telégrafo. Um ou dois dias depois, complementava as informações no município do Porto, com a

correspondência chegada do Rio de Janeiro. O maior volume era, sem dúvida, da maior publicação

da Corte.

Nessa época, as edições do Jornal do Commercio contendo os relatos das ações bélicas pela

pena dos comandantes brasileiros também eram enviadas para Lisboa mensalmente pelo

representante lusitano no Império, integrando a correspondência diplomática. As pequenas – e raras

– observações críticas sobre a guerra eram obscurecidas por esse imenso material publicado pelos

jornais. Uma das exceções ocorreu em 22 de fevereiro de 1867, quando o chefe da Legação de

Portugal no Rio de Janeiro, José de Vasconcelos e Sousa, dirigiu o ofício n 25 ao ministro José

Maria do Casal Ribeiro. O diplomata comentou uma nota do Diario Official do Imperio do Brasil,

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da mesma data, informando que D. Pedro II havia mandado entregar, à pagadoria das tropas, a

quantia de 100.000$000 Réis, ―a fim de ser empregada na liberdade de escravos que assentem praça

no exército em operações contra a guerra do Paraguai‖. Nesse dia, ele não resistiu em fazer uma

observação: ―A simples leitura do impresso acima dá a medida da gravidade das coisas quanto a

guerra, falta gente para ela‖, escreveu Sousa ao titular da pasta dos Negócios Estrangeiros.

De uma maneira geral, as versões apresentadas pelo Jornal do Commercio eram

corroboradas pelas autoridades portuguesas, através da correspondência diplomática, e reproduzidas

na íntegra em muitos periódicos lusitanos. Assim, o discurso oficial brasileiro foi repetido à

exaustão no numeroso e diversificado espectro editorial português daquela época, que somava 635

títulos. Mas foi nos diários, que costumavam destinar generosos espaços à vida política, social e

econômica brasileira, que o conflito bélico recebeu um lugar de destaque na sua cobertura

internacional, com protagonismo do Commercio do Porto, que tinha boa parte de seus textos –

copiados do Jornal do Commercio – reproduzidos por outras publicações lusitanas. Logo no início

das ações armadas, surgia em Portugal a imagem da cruzada civilizatória do Império de D. Pedro II

disseminada pelo maior periódico brasileiro:

Brasileiros! Eis chegado o momento de empunhares as armas e voardes ao Rio do Prata,

onde vos chama ansiosa a causa da pátria e da civilização! [...] brasileiros! Hoje não há

partidos, nem desuniões políticas, somos todos brasileiros, somos todos irmãos, a causa é

comum, a causa é nacional; demos, pois, o abraço fraternal e corramos unidos onde a

pátria nos chama! [...] é ao Paraguai, é a Assunção, que cumpre correr, e ali plantarmos o

nosso pavilhão auriverde, e com ele a liberdade e a civilização daqueles bárbaros. Às armas

pois brasileiros! Às armas, e a vitória é nossa, porque a causa é justa, a causa é

santa,(grifo nosso).

Cabe observar que, das seis centenas de publicações portuguesas desse período histórico,

duas solitárias vozes destoaram do coro uníssono a favor do Brasil na guerra contra o Paraguai: Os

Gafanhotos e O Braz Tisana, ambas editadas na cidade do Porto. A primeira, uma revista mensal

satírica concebida pelo jornalista Urbano Loureiro no ano de 1868, teve uma vida efêmera, de

apenas sete meses, interrompida depois da intervenção do cônsul geral do Brasil em Lisboa, Manoel

de Araújo Porto Alegre, que receberia o título de Barão de Santo Ângelo em 1874, e fora designado

cônsul geral do Brasil em Portugal no ano de 1867. Sua ação contra a revista satírica Os Gafanhotos

não deixa de ser irônica. Afinal, ele é considerado o primeiro caricaturista – ou chargista – do país,

publicando em 1837 folhas soltas com desenhos cômicos. Depois, em 1844, no Rio de Janeiro, foi o

responsável pelo lançamento da Lanterna Mágica, considerado o marco inicial do humor visual

satírico na imprensa brasileira. Já O Braz Tisana não precisou sair de circulação, mas se adequou à

linha editorial desejada pelo Império brasileiro. Até a edição de 29 de novembro de 1866, esse

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jornal criticava duramente a conduta do governo de D. Pedro II na região platina. Nessa data,

quando publicou o texto intitulado ―Brasil – A Esquadra em Operações, Rio Paraguai, em frente a

Curuzú, 9 de outubro de 1866‖, de autoria do 1º tenente da armada imperial, Joaquim Cardoso

Pereira de Mello, a cobertura da guerra deu uma guinada, alinhando-se completamente com as

versões divulgadas pela Corte brasileira.

Uma das mais fortes composições da imprensa do Rio de Janeiro projetou-se, com vigor, nos

jornais portugueses: o estereótipo do presidente paraguaio como um homem autoritário e de maus

instintos, comandando um país mergulhado nas trevas, atrasado e selvagem. Como prolongamento

da cobertura brasileira, essa visão atendia ao teor do Tratado da Tríplice Aliança, assinado em

Buenos Aires pelos representantes do Brasil, da Argentina e do Uruguai, em 1º de maio de 1865,

redigido com o claro intuito de legitimar a ação militar contra a nação guarani. Pelo artigo VI, os

signatários do documento se comprometiam a não depor as armas enquanto não desalojassem

Francisco Solano López do poder. Já o VII salientava que, consequentemente, o embate não era

travado contra ―o povo paraguaio, mas contra o governo‖. A descrição do interior do Paraguai pelo

coronel brasileiro Carlos de Oliveira Nery, publicada pelo Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro,

e transcrita pelo Commercio do Porto em 17 de outubro de 1869 reforçava essa representação:

Grande era a quantidade de velhos, mulheres e meninos, sem forças, já pela fome e pelo

cansaço e em completa nudez, abandonados no caminho por onde foi fugindo o tirano

López; isto atesta mais uma vez a inumanidade desse monstro para com seus

compatriotas (grifo no original).

A ideia-imagem de que o Brasil estava mal acompanhado e que todos os méritos alcançados

na campanha militar deveriam ser creditados unicamente ao Império de D. Pedro II também foram

estampados nos jornais portugueses. Como um dos exemplos em que houve deslocamento entre o

discurso diplomático – sempre respeitoso e enaltecendo a participação dos aliados – e a versão

apresentada pelas controladas publicações da Corte, a Argentina - sob a liderança de seu presidente

Bartolomeu Mitre - era apontada como um incômodo estorvo. Em 16 de novembro de 1866, O

Commercio do Porto lançaria, inclusive, uma suspeita sobre o comportamento do chefe do governo

argentino: ―Boatos na Corte colocam em dúvida a lealdade de Mitre‖. No final do ano, em 29 de

dezembro, seria a vez do Campeão das Provincias, do Aveiro, espalhar a maledicência: ―A aliança

do Império com o Uruguai e a Argentina está quase rota; enredos e intrigas tomam conta dos

governos das duas Repúblicas‖.

Sem meias palavras, a morte de Solano López era anunciada nas páginas da imprensa

lusitana, fazendo coro à outra representação cara ao governo imperial – a de que o Mariscal

precisava pagar pelos seus ―crimes‖ com sua vida. Reduzindo a importância da comunicação de

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novas vitórias alcançadas pelas tropas aliadas, A Autonomia Portugueza, de Lisboa, sublinhava, em

30 de setembro de 1869, que ―conquanto para nós não seja o fim da guerra; pois não a julgaremos

acabada sem que saibamos que López está preso ou morto‖ (grifo nosso). Em 17 de outubro

daquele ano, esse jornal reafirmava que ―é opinião nossa, e de há muito, que a guerra do Paraguai

será uma guerra interminável enquanto López não cair em poder do inimigo‖. No mesmo dia, O

Commercio do Porto proclamava que o ―exército aliado, descansando um pouco após a longa

corrida que levava, prepara-se para aniquilar o déspota de uma vez‖.

Em 19 de novembro de 1869, O Commercio do Porto previa que até o final do mês a guerra

acabaria, valendo-se de material do Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro: ―Se agarrarmos

López, teremos conseguido plenamente nosso fim, e se ele refugiar-se, o que não me parece crível,

nos inóspitos ervais do Paraguai, não restará mais que o trabalho de prendê-lo nessas matas e

hostilizá-lo por pequenas partidas (grifo nosso)‖. Para atenuar o impacto do trágico fim do chefe

guarani, os documentos dos comandantes imperiais, propagados pela imprensa luso-brasileira,

espalharam o boato de que as irmãs de Solano López, Rafaela e Inocencia, estavam condenadas à

morte, juntamente com a mãe, dona Juana Carrillo, e anunciaram que ela seria fuzilada exatamente

no dia do assalto à Cerro Corá, ocorrido em 1º de março de 1870, que culminou com a morte de

Solano López.

Um dos jornais que deu ampla difusão a isso foi O Bracarense, nos dias 19 e 21 de abril,

mais de um mês depois do fim da guerra, devido às dificuldades de comunicação da época. Nessa

última edição, o jornal de Braga não mencionava mais a ameaça que pairava sobre os familiares de

López e louvava a execução do Mariscal: ―Era difícil que López se escapasse com vida, aceitasse a

posição modesta de Rosas que lá está na Europa como um exemplo da fragilidade dos déspotas.

Havia de tentar muitas vezes contra o Paraguai, perturbar-lhe a liberdade e a ordem, procurar em

suma a sua antiga posição. A sua morte foi um ato providencial (grifo nosso)‖.

Houve outro tema em que o jornalismo e a diplomacia do Império apresentaram posturas

distintas. Em 1865, a imprensa portuguesa acabou trazendo à tona um dos casos mais tormentosos

da guerra, o do brigue Octavio, completamente ignorado pela historiografia luso-brasileira. Esse

antigo navio à vela teria partido de Lisboa, em 3 de maio daquele ano, trazendo 23 cidadãos

portugueses ―comprados‖ pela armada imperial para lutar no Paraguai, e atracando no Rio de

Janeiro em 18 de junho. A denúncia apareceu nas páginas de O Braz Tisana, do Porto, antes da

intervenção brasileira que modificou sua linha editorial, enquadrando-a na política externa do

governo de D. Pedro II. Na edição de 15 de novembro de 1865, o correspondente do jornal no Rio

de Janeiro divulgou essa informação pela primeira vez, acusando o representante português de

omissão. No dia 1º de dezembro, ele afirmaria que um dos portugueses havia resistido ao

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engajamento forçado, fora preso e posteriormente libertado, mas que não se conhecia o destino dos

demais 22 homens da embarcação, ―vendidos à armada brasileira‖.

No início de 1866, em 4 de janeiro, o mesmo jornalista reafirmaria a grave denúncia,

responsabilizando o cônsul e o ministro do Brasil em Portugal – respectivamente, Vicente Ferreira

da Silva e Antonio Pingrim Maciel Monteiro, o Barão de Itamaracá – pela ―cilada‖ armada contra

os passageiros do navio brasileiro. As acusações incluíam a falsificação de passaportes:

Em melhor português, aí (Portugal) mandou o governo do Brasil caçar em Lisboa para vir-

lhe defender a integridade do Império, visto que sua covardia o impedia de arrostar com os

próprios seus, das falanges de López. [...] No Octavio, vieram com passaportes de

brasileiros quatro portugueses, um branco natural de Penafiel, e três pretos, dois naturais de

Angola e um de Moçambique, os quais foram, como todos, convidados a tirar passaportes

no consulado brasileiro, como meio justificativo para aqui se praticar com eles, mais a

salvo, a violência de que foram vítimas, mas não conseguiram os agentes brasileiros em

Lisboa iludir todos, como pretenderam iludir, sendo só os quatro os únicos a quem

conseguiram enganar! Este escândalo, praticado em Lisboa, nas faces do governo de

Portugal, não tem comentários.

Convicto do que escrevia, o autor do texto desafiava publicamente o ministro brasileiro em

Portugal e identificava alguns lesados:

Comprometo-me a provar estes fatos e a sustentá-los em público, com meu próprio nome se

for necessário, sem que esses homens possam justificar seu indigno procedimento. [...] as

vítimas assim imoladas ao infame logro e arrastadas ao campo de morte são as seguintes:

negros Felipe de Carvalho Bastos, natural de Angola; Máximo da Luz, idem; Faustino da

Gama, natural de Moçambique; do branco natural de Penafiel apenas sei que se chama

João. Escuso repetir, como já disse, que todos os passageiros do Octavio foram para a

guerra, apenas João Joaquim Gomes de Sequeira não foi, porque resistindo, formaram-lhe

processo de que foi absolvido, e, portanto, posto em liberdade.

Outra publicação lusitana a mencionar o episódio foi o Commercio de Coimbra. Em 17 de

novembro de 1865, criticando a ação de ―aves de rapina‖ dos cônsules no Brasil, o correspondente

do jornal no Rio de Janeiro exigia ―energia, patriotismo e dedicação‖ para o cargo de chefe da

Legação na Corte brasileira. Ele nutria esperança de que o ministro dos Negócios Estrangeiros, o

Conde de Castro, tomasse providências, substituindo os representantes diplomáticos que estavam

sendo acusados:

É, no entanto, convicção nossa que S. Excia. (Conde de Castro) nos apreciará, fazendo com

que nos sejam dadas as garantias, que não temos. Saberá que foram vendidos 22

portugueses para a armada brasileira em 18 de junho de 1865; vieram pelo navio Octavio,

de nacionalidade brasileira, que os trouxe de Lisboa, tendo largado o Tejo em 3 de maio.

Pobre nação portuguesa! Pedimos, por honra dessa cara mãe de nós todos, que vos levanteis

aí bem alto nas colunas do vosso jornal, para fulminardes esses funcionários, que nos

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atraiçoam! As folhas públicas já publicaram este escândalo; nem o consulado, nem a

Legação portuguesa deu solução deste fato! Nunca se viu uma nação descer mais pela

infâmia cometida por homens deste quilate!

Na correspondência diplomática, o caso foi tratado com muita cautela. O primeiro registro

data de 12 de agosto de 1865 – portanto, antes da sua divulgação na imprensa -, quando o titular da

pasta dos Estrangeiros de Portugal, Conde de Ávila, se dirigiu ao ministro português no Rio de

Janeiro, José de Vasconcelos e Sousa, que havia comunicado a denúncia alguns dias antes: ―Ao

Ministério do Reino dei conhecimento dos ofícios de V. Excia. nºs 99 e 107 acerca de vários

indivíduos que deste Reino seguiram viagem para essa capital a bordo do brigue brasileiro Octavio,

passando depois como emigrados para bordo de uma fragata da armada imperial, afim de que o

mesmo ilustre ministro haja de mandar colher os mais minuciosos esclarecimentos, tanto em relação

aos referidos indivíduos como a respeito do fato do engajamento que se diz feito pela Legação do

Brasil nesta Corte,‖.

Depois disso, em 24 de agosto, o Conde de Ávila encaminharia a Vasconcelos e Sousa

cópias do ofício ―que o ilustre ministro do Reino lhe dirigiu com a resposta (expedida em 16 de

agosto) sobre a denúncia do Octavio,‖. Mas essa correspondência não figura no livro oficial,

indicando que o governo português fez questão de manter o assunto no mais absoluto sigilo. Uma

importante lacuna no Arquivo Histórico-Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros de

Portugal atinge exatamente o ano de 1865 da correspondência da Legação portuguesa no Rio de

Janeiro. A Caixa nº 208 foi extraviada, sem que haja uma razão plausível para isso. Sabe-se apenas

que, em 1994, foi realizada a microfilmagem da documentação dessa representação diplomática e as

películas saltam da Caixa nº 207 (Ano de 1864) para a Caixa nº 209 (Ano de 1866). Os funcionários

do Ministério ignoram os motivos do desaparecimento. Corroborando essa hipótese, não há mais

nenhuma referência ao navio brasileiro nos documentos diplomáticos da época emitidos pelos

governos de Portugal e do Brasil.

Sintomaticamente, o jornal lusitano mais influente, O Commercio do Porto, guardou o mais

absoluto silêncio, o tempo inteiro, sobre o brigue Octavio. Nesse caso específico, houve sintonia

entre a imprensa e a política do gabinete do monarca D. Luís I, afinada com o Império de seu tio, D.

Pedro II. As graves acusações, envolvendo autoridades luso-brasileiras, produziram convergência

entre o discurso oficial e a representação do poder. Se na questão da emigração era interessante

permitir a crítica nas publicações lusitanas, numa denúncia grave como a do brigue brasileiro era

conveniente apagar os vestígios mais comprometedores. É certo, porém, que, nas duas situações, o

governo português fez vistas grossas, constrangido pela conivência – ou mesmo participação - de

altos funcionários do Estado.

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Outro caso embaraçoso foi a execução dos representantes diplomáticos portugueses

em Asunción, Antonio Augusto de Vasconcelos – vice-cônsul – e José Maria Leite Pereira – gerente

consular – (Figura 1), condenados à morte pelos tribunales de sangre constituídos no acampamento

de San Fernando, em 1868, acusados de conspirarem contra Solano López. A imprensa portuguesa

ficou desconcertada com as notícias do fuzilamento dos dois diplomatas, reagindo de forma muito

semelhante aos atônitos representantes lusitanos na Corte brasileira. O primeiro jornal a tocar no

assunto foi O Commercio do Porto, em 16 de outubro de 1868. Em texto do correspondente no Rio

de Janeiro, produzido em 24 de setembro, as execuções eram antecipadas: ―Grande número

daqueles que tanto o ajudaram (López) caíram debaixo das balas dos fuziladores. O próprio cônsul

português foi arrancado da casa da delegação dos Estados Unidos e vitimado com outros

personagens ilustres‖. No dia seguinte, o Boletim do Clero e do Professorado, de Lisboa, também

anunciaria as mortes, que ocorreriam mais de três meses depois: ―Enviando (López) os prisioneiros

para o acampamento, mandou-os fuzilar, calcula-se em 400 pessoas de ambos os sexos, que

sofreram este martírio. Entre os assassinados, conta-se o cônsul português. É de esperar que o

governo tome com relação a isto mais algumas providências‖. Em 22 de outubro, seria O

Commercio, de Braga, que publicaria uma curta nota intitulada ―O tirano do Paraguai‖,

confirmando que Solano López havia mandado fuzilar o ―vice-cônsul de Portugal, o sr. José Maria

Leite Pereira, e um grande número de estrangeiros notáveis, estabelecidos em Assunção‖.

Figura 1 – Imagem dos diplomatas portugueses executados

no Paraguai vendida em Buenos Aires em 1869

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Fonte: Caixa nº 212 do Arquivo Histórico-Diplomático

do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, em Lisboa

No dia 25 de outubro, O Commercio do Porto, reafirmaria que o ―vice-cônsul, português

Leite Pereira foi barbaramente assassinado‖, complementando com informações da imprensa

brasileira recebidas pelo Jornal do Commercio, de Lisboa (grifo nosso). Por essa versão, o

diplomata teria morrido antes do tempo, e na via pública: ―Apenas dera alguns passos na rua, foi

agarrado pela soldadesca e assassinado‖, descreveria o jornal o momento em que Leite Pereira

abandonou o prédio da representação norte-americana em Assunção. Em material extenso transcrito

do Diario do Rio de Janeiro, O Braz Tisana, também do Porto, especularia, em 28 de outubro, sobre

a condição financeira de Leite Pereira e igualmente noticiaria que ele havia sido executado logo

após sair da Legação dos Estados Unidos: ―Parece que Pereira era homem que ocupava boa posição

e dispunha de grande fortuna, tendo-se casado com uma senhora paraguaia rica. No decurso da

presente guerra gastara toda a sua fortuna em mitigar os padecimentos dos prisioneiros de guerra e

por isso caiu no desagrado de López. [...] Pereira, julgando que o governo empregaria meios

violentos para dali o levar, partiu da Legação. Foi preso ao voltar a esquina da rua para ir encontrar

uma morte prematura‖.

Alinhados com o governo de Portugal, que temia a repercussão negativa dessas notícias,

alguns jornais passaram a descaracterizar Leite Pereira. Sob o título ―Esclarecimentos‖, uma nota

publicada pelo Braz Tisana, em 17 de novembro, asseverava que, ―o Sr. Leite mandado fuzilar por

López era de feito súdito português, mas não vice-cônsul‖. Na mesma semana, no dia 21, O

Campeão das Provincias seria ainda mais enfático ao desmentir informações publicadas

anteriormente: ―Os leitores devem estar ainda lembrados do que dissemos numa das nossas

correspondências que o sanguinário López, ditador da República do Paraguai, fez fuzilar o nosso

cônsul. Hoje, sabemos, por cartas vindas no último paquete, que é destituída de fundamento tal

notícia. Efetivamente o ditador López fez fuzilar um português por nome Leite; porém esse nosso

irmão não estava investido de nenhum caráter consular‖. Esse extraordinário empenho em

desqualificar o diplomata tornara-se indispensável. No início daquele mês, uma rara voz da

imprensa lusitana clamaria por justiça, mesmo descrente de que alguma medida fosse adotada pelo

governo português. Era O Commercio, de Braga, que estampava uma indignada nota na primeira

página de sua edição de 1º de novembro de 1868: ―Mais um insulto à nação portuguesa! Lá foi

barbaramente assassinado no Paraguai o nosso cônsul naquela república. O tiguerino (sic) ditador

López, que ordenou o assassínio, tinha necessidade de fazer derramar nos seus estados o sangue

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português, para se vingar dos portugueses, porque estes têm coadjuvado a guerra do Brasil contra

aquele tirano. Vingou-se o maldito! [...] que respeito infunde no estrangeiro a nação dos

portugueses! E ficará impune a ofensa do tirano dos nossos dias? Talvez não haja quem peça contas

ao bárbaro do Paraguai! Não. Não há quem sequer se lembre de tais ninharias‖.

As publicações portuguesas voltariam a se referir ao tema somente em 1869. Em fevereiro,

jornais como O Bracarense, O Campeão das Provincias, O Commercio, de Braga, e O Commercio

do Porto, iriam publicar relações de vítimas do Mariscal, incluindo os nomes de Leite Pereira e,

pela primeira vez, do vice-cônsul Antonio Augusto de Vasconcelos. No mês de abril, O Commercio,

de Braga, faria uma pequena menção a Pereira, ao anunciar que Solano López instalara o governo

em Pirebebuy, a terceira capital paraguaia na guerra. ―Ali está o monstro (López), o general Mac-

Mahon (novo ministro norte-americano), todos os cônsules estrangeiros, menos o português porque

esse foi à ordem do tirano ditador fuzilado!‖, assinalava um trecho da resenha noticiosa da guerra.

Depois, em 13 e 23 de junho, respectivamente O Commercio do Porto e O Campeão das

Provincias, publicariam o longo relato do britânico George Frederick Masterman, extraído do

Memorial Diplomatique, de Paris, contando seu padecimento como prisioneiro, no Paraguai, e

citando, por diversas vezes, o ―cônsul português Leite Pereira‖.

A imprensa lusitana continuou em silêncio até 1870, no epílogo do conflito bélico. Ao

registrar o resgate de miseráveis famílias confinadas em Espadín, no interior do território guarani,

em 25 de fevereiro daquele ano, O Commercio do Porto ressaltava que ―entre as mulheres que se

achavam sob o poder de López foi encontrada a viúva do infeliz cônsul português no Paraguai,

covardemente assassinado; a viúva conta os horrores que sofreu‖. Na mesma edição, o

correspondente do jornal no Rio de Janeiro também se reportaria à mulher de Leite Pereira e as

agruras que viveu no desterro: ―Entre as senhoras ultimamente libertadas das garras do déspota

figura a jovem esposa do Sr. Leite Teixeira (sic), vice-cônsul de Portugal, morto, como se sabe, pelo

feroz ditador. A jovem senhora fez um longo depoimento dos seus padecimentos e de seu marido. A

miséria dessas pobres chegou ao ponto de comerem sapos, e algumas com o fim de por termo à

vida, chegaram a comer cobras venenosas‖. A última referência, condenando o episódio ao

esquecimento, apareceria, no mês de março, quase ao mesmo tempo, no Commercio do Porto e no

Jornal do Commercio, de Lisboa, numa série de artigos redigidos por um certo dr. Antonio

Henriques Leal em favor da posição brasileira na guerra contra o Paraguai. ―Alguns jornais (em

Portugal), se bem que não os de grande formato e de melhor conceito, propagaram versões

favoráveis a López mesmo depois do assassinato do infeliz cônsul português‖, queixava-se ele.

Nos ofícios diplomáticos, o fuzilamento dos cônsules portugueses já não seria mencionado.

Nem mesmo quando o chefe da Legação no Rio de Janeiro, Mathias de Carvalho e Vasconcelos

Page 90: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

89

comunicou ao ministro de Negócios Estrangeiros de Portugal, José da Silva Mendes Leal, ―a

importantíssima notícia da terminação da guerra do Paraguai‖, anexando as partes oficiais do

General José Antonio Correa da Câmara, em 25 de março, ou quando felicitou o ministro brasileiro

João Maurício Wanderley, o Barão de Cotegipe, em 22 de abril de 1870, as execuções foram

lembradas. Nessa última correspondência, Carvalho e Vasconcelos congratulou-se pelo final dos

embates, em 1º de março, com a morte de Solano López, em Cerro Corá, sublinhando que ―os

aliados aumentaram o brilho das suas vitórias, sendo sempre humanos com os vencidos e diligentes

em socorrer os estrangeiros oprimidos,‖. Se o principal representante lusitano na América do Sul

esquecia-se dos dois diplomatas de seu país justiçados no Paraguai, o cônsul em Assunção,

Francisco José Correia Madruga, que saiu de Asunción no início da guerra e retornou apenas em

1869, iria exigir, do Império uma compensação financeira para o trabalho ―benemerente‖ que seu

genro, José Maria Leite Pereira, desenvolveu em favor dos brasileiros durante a guerra. Não teve

êxito. Prevaleceram, mais uma vez, os interesses que uniam as duas Coroas, nos dois lados do

Atlântico. Assim, a diplomacia e o jornalismo de Brasil e Portugal voltaram a dar as mãos,

ignorando solenemente o pleito de Madruga. A eficaz aliança estava mantida.

Referências

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Universidade de Brasília.

CARVALHO, José Murilo de (1988). Teatro de sombras; a política imperial. São Paulo: Vértice.

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entre Portugal e o Brasil 1808-2000. Lisboa: Instituto Camões.

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Alegre: Globo.

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Moeda.

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Universidade/UFRGS.

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A Regra do Jogo.

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Lisboa: Imprensa Nacional.

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Page 91: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

90

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Jorge Fernandes; e Garcia, Maria do Pilar (Orgs.). Rodrigues de Freitas; a obra e os contextos.

Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, p.217-222.

TORAL, André (1997). Adiós, xamigo brasilero; um estudo sobre a iconografia da guerra da

Tríplice Aliança com o Paraguai (1864-1870). São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências

Humanas da USP, 318p. (Tese, Doutorado em História).

Page 92: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

91

Alicia Elisa Lynch en la historia paraguaya. Un recorrido bibliográfico

Miryam Celeste Buzó S.62

Introducción

Después de Francisco Solano López, de quien fue compañera, quizá sea Elisa Alicia Lynch

la figura de la historia paraguaya que más ha movilizado la curiosidad dentro y fuera del país. Entre

las figuras femeninas, es la que más ha tentado la imaginación de los escritores.

Mucho se ha escrito sobre la personalidad y la vida de Elisa Alicia Lynch, compañera

amorosa del mariscal Francisco Solano López y madre de sus hijos. Sin embargo, son escasos los

hechos concretos que se conocen sobre esta mujer que acompañó con lealtad al hombre de su vida,

hasta su muerte. Se sabe dónde nació, quiénes fueron sus padres y otros familiares, se conocen

algunos detalles de su vida de casada con el médico francés Xavier de Quatrefages y fueron menos

difundidos aún los hechos protagonizados por ella luego de la tragedia de Cerro Corá en 1870.

Pero esa falta de información no fue problema para quienes quisieron escribir sobre ella y

sobre su influencia en la política y en la vida social del Paraguay. Algunos autores recurrieron a un

seudo barniz de investigación y otros se valieron de la fantasía y de la imaginación para llenar

huecos en la historia de esa mujer que dejó huellas profundas en la historia nacional.

Luego de finalizada la guerra, los ataques a la viuda de López se acrecentaron; los

vencedores paraguayos, miembros de la Legión, como Héctor Francisco Decoud, la atacaron sin

piedad y la acusaron de varias barbaridades, llenándola de calumnias.

A partir de la victoria aliada, sobre la figura de Elisa Lynch se afirman hechos sin probarlos,

se destila odio en los relatos y, para personificar la culpa en alguien, qué mejor que maldecir a la

extranjera y cargarla con los defectos más ruines. La Guerra destruyó al país y atacó a las figuras

asociadas al Mcal. López, principalmente a Elisa Lynch.

Es así que se publican las obras de Villavicencio, de Héctor Francisco Decoud y otras donde

la Lynch es pintada con los rasgos más grotescos y terribles, en ellas se ve a una ambiciosa mujer,

capaz de todas las bajezas y de todas las abyecciones para lograr sus objetivos: dominar el Paraguay

y hacerse de una gran fortuna.

62

Miryam Celeste Buzó Silva es Licenciada en Letras por la Facultad de Filosofía de la Universidad Nacional de

Asunción. Postgrado en Didáctica Universitaria por la Facultad de Filosofía (UNA) y Magíster en Literatura

Hispanoamericana por la Facultad de Filosofía de la Universidad Nacional de Asunción.

Page 93: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

92

Para lectores atentos y capaces de razonar, los textos mencionados son fáciles de

desmenuzar y de discutir, tienen el inconfundible color de la falta de perspectiva histórica, están

escritos con rabia y la objetividad se encuentra ausente. Recién al comenzar el siglo XX aparecieron

algunos intelectuales que comenzaron a defender a ambas figuras del pasado nacional.

Así, años más tarde se suceden otras biografías noveladas, como la de Héctor Pedro

Blomberg, argentino; luego la de Concepción Leyes de Chaves, paraguaya; la de William Barret,

norteamericano, y la de Henry Pitaud, de nacionalidad francesa, que dieron otro matiz a la figura de,

quizás la mujer más famosa de la historia paraguaya. De acuerdo a la investigación bibliográfica

realizada, pudimos constatar que prácticamente todas las obras se caracterizan por la visión

maniqueísta de la figura de la irlandesa.

La vida de Elisa Alicia Lynch Lloyd

Elisa Alicia Lynch nació en Charleville, condado de Cork, Irlanda, en 1833. Sus padres

fueron, John Lynch, médico al servicio de la Armada Real inglesa, y Jane Elizabeth Lloyd. Se

conoce muy poco lo que fue la infancia de Elisa, porque prácticamente no se tienen datos de esta

etapa de su vida.

A los 16 años, en 1849, siendo aún menor de edad, contrae matrimonio con el médico

francés, Xavier Quatrefages, en la localidad de Folkestone, condado de Kent, Inglaterra. La razón

de que contrajera matrimonio muy joven se debió a los problemas económicos por los que

atravesaba la familia. El padre de Elisa Lynch había fallecido y entre los años 1845 y 1849 asoló

Irlanda una gran hambruna que provocó la muerte de millones de personas.

Por su parte, el médico francés, ingresó al Cuerpo Médico francés en 1841 y fue destinado a

Argelia, donde permaneció por espacio de cinco años. Comenzó primeramente como cirujano y

posteriormente como farmacéutico, carrera que definitivamente adoptó como profesión años más

tarde.

Entre los años 1847 y 1850 Xavier Quatrefages cumplía funciones en Calais, situada al

norte de Francia, y es probablemente en ese lugar donde se conocieron Elisa Lynch y el médico

francés, 18 años mayor que ella. La familia Lynch Lloyd se había trasladado al norte de Francia

para vivir en la casa de la hermana de la madre de Elisa, Elizabeth Lloyd, en la ciudad de

Boulogne.

Lo llamativo de este casamiento es que se realizó bajo credo protestante, siendo que los

novios eran católicos. En el caso de Elisa Lynch, su padre fue católico y su madre protestante. De

acuerdo a las normas de la época en Irlanda, la religión de la criatura dependía del sexo de la

Page 94: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

93

misma y en base a esto se desprendía si dependía de la madre o el padre. En lo referente a Elisa

Lynch esta norma no se cumplió, porque tenía que haber sido protestante, pero llamativamente fue

católica, probablemente por influencia de su padre.

Fueron testigos del casamiento entre el médico francés, Xavier Quatrefages, y la joven Elisa

Lynch, Jane Eliza Clarke Lynch por parte de la novia, y Delafolie, por parte del novio. Años más

tarde, producida la separación de Elisa Lynch de Quatrefages, llama la atención el hecho de que el

médico francés solicitara permiso para contraer matrimonio con Nanette Servel, lo que da a

entender que el casamiento con Elisa Lynch no tenía valor. ―Al no solicitar el permiso

correspondiente, como lo sí lo hizo con Nanette Servel, Xavier obligó a Elisa a vivir una vida

matrimonial escondida, algo parecido al status de una ―amante privada‖, sin los beneficios públicos

que le darían ser una esposa reconocida de un médico militar‖63

.

La relación duró tres años y para 1850 ya estaban separados. Elisa Lynch se instaló en París

y comenzó una nueva vida. En esa ciudad conoció a Francisco Solano López, Ministro

Plenipotenciario de la República del Paraguay, enviado por su padre, el Presidente Carlos A. López

con la finalidad de comprar maquinarias y vapores, así como contratar técnicos y profesores para

llevarlos al Paraguay.

En qué lugar se produjo el encuentro entre ambos no se sabe exactamente y lo referente a la

profesión que ejercía en París, hasta hoy en día sigue siendo tema de discusión. De entre todas las

versiones, la que tiene más partidarios es la considera que Elisa Lynch fue una cortesana, que se

movía en las altas esferas con el objetivo de ser la amante de un hombre rico.

La tesis de que Elisa fue una cortesana o prostituta lo fue una versión de los propios

paraguayos que viajaron con el Gral. Francisco Solano López. La comitiva estuvo integrada,

además del General Ministro, Juan Andrés Gelly, Secretario Privado del Gral. López; Benigno

López, Secretario; Juan Brizuela, Oficial del Consulado paraguayo en Montevideo; el Tte. Rómulo

José Yegros; el Capitán José Aguiar; y el Cnel. Vicente Barrios. ―Prostituta, al igual que cortesana,

podrían ser referidos con exageración, más aún teniendo en cuenta quienes divulgaron esa versión,

fueron casualmente estos hombres que acompañaron a López, agrandado luego por los demás en

Asunción‖64

.

La relación entre Francisco Solano López y Elisa Lynch se fortaleció aún más y para 1854,

la irlandesa ya formaba parte de la delegación paraguaya. De la mano de Francisco, Elisa recorrió

España, Roma e Inglaterra. Precisamente en esos años, Elisa Lynch quedó encinta y la noticia hizo

que Francisco acelera el proceso de divorcio de la Lynch con el médico Quatrefages.

63

BARRETO, ANA. 2011. Elisa Lynch. Ed. El Lector, Asunción, p. 18. 64

BARRETO, ANA. 2011. Elisa Lynch. Ed. El Lector, Asunción, p. 20.

Page 95: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

94

En 1854, Elisa se embarcó rumbo a Paraguay, país al que llegó al año siguiente con un hijo

en sus brazos: Panchito, que nació en la ciudad de Buenos Aires. Desde su llegada a Asunción, la

figura de Elisa Lynch fue muy rechazada por varios motivos, pero a lo largo de los años se

convirtió en una mujer influyente, ―en parte, gracias a los buenos vínculos con los diplomáticos

europeos; en parte gracias a negocios inmobiliarios, de tabaco, de ganado; en parte por sus alianzas

con las mujeres del pueblo, las kyguá verá, ocasionales apoyos para enfrentar a la élite que le

rechazaba por ―adúltera‖ o ―prostituta‖; y en parte porque comenzó a realizar festivas inusuales

para el bucólico Paraguay lopista‖65

.

Las actividades realizadas por Elisa Lynch transformaron la vida asuncena. A partir de sus

fiestas y recepciones, se convirtió en el principal referente de la moda en Paraguay y varias familias

comenzaron a importar de Europa ropas y artículos de lujo con el fin de imitar el estilo de la

irlandesa.

Al fallecer Carlos Antonio López en 1862, Elisa Lynch pasó a ser la figura principal de la

sociedad paraguaya, y la asunción de Francisco Solano López al poder, la elevó aún más,

desplazando lentamente a Doña Juana Pabla Carrillo en el rol de ―Señora Presidenta‖. Eso tenía

también sus repercusiones en el ámbito económico, pues Elisa Lynch se ―convirtió en una de las

principales proveedoras de los artículos más finos importados de Londres y París; un negocio

bastante beneficioso, ya que no sólo estaba guiando una nueva práctica social, sino lucraba con

ello‖66

.

En 1864 estalló la Guerra contra la Triple Alianza, acontecimiento que marcó la vida de la

nación paraguaya y la de Elisa Lynch. Al ser la compañera del Mariscal Francisco Solano López,

Elisa no estuvo expuesta a los peligros de los enfrentamientos armados, a la que sí estaban la

mayoría de las mujeres paraguayas. En pleno conflicto, Elisa Lynch compró aproximadamente,

unos seis millones de hectáreas, adquiridas a bajo precio.

Al culminar la Guerra contra la Triple Alianza, con la consiguiente derrota paraguaya, Elisa

Lynch perdió toda influencia en el país y sus propiedades, al igual que la de los López, fueron

confiscados por los Aliados. La guerra le quitó su compañero de vida y dos hijos, y la obligó a

partir al exterior, desde donde inició la lucha por recuperar su patrimonio confiscado.

En esa disputa por recuperar sus propiedades, Elisa regresó al país el 23 de octubre de 1875,

durante la presidencia de Juan Bautista Gill. Su estadía fue corta, pues a poco de llegar, el Cnel.

Ignacio Genes le comunicó que cincuenta mujeres paraguayas solicitaron al gobierno la expulsión

de Elisa Lynch del Paraguay, porque ―era la culpable de los ajusticiamientos de San Fernando‖67

.

65

BARRETO, ANA. 2011. Mujeres que hicieron historia en el Paraguay. Ed. Servilibro, Asunción, p. 53. 66

BARRETO, ANA. 2011. Elisa Lynch. Ed. El Lector, Asunción, p. 39. 67

BARRETO, ANA. 2011. Elisa Lynch. Ed. El Lector, Asunción, p. 83.

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95

Elisa Alicia Lynch nunca recuperó las tierras y propiedades que había adquirido en el país.

Sí pudo recuperar parte del dinero que había enviado a Inglaterra. Sus últimos años de vida las pasó

en medio de la soledad, calumnias, mentiras e intrigas de todo tipo. Falleció a los 56 años de edad

en París el 25 de junio de 1886.

Lectura sobre Madame Lynch. Un intento de recorrido bibliográfico

Desde el final de la Guerra contra la Triple Alianza hasta el día de hoy, numerosos

escritores, historiadores, cuentistas y novelistas paraguayos y extranjeros han intentado esbozar una

historia ―verdadera‖ sobre la figura de la mujer más controvertida de la historia paraguaya.

El interés que despierta la figura de Elisa Alicia Lynch ha dado nacimiento a numerosas

obras a lo largo de los años y en varios países. Cada una de estas obras buscó escrudiñar los

diversos aspectos de esta mujer que llegó a convertirse en una especie de enigma o mito dentro de la

historia nacional. Los ejes centrales de estas obras consideran aspectos nobles en algunos casos, o

abominables, en otros. Otras, sin embargo, discurren en el confuso fresco de una sociedad en

camino hacia la destrucción, difuminada por la sombra poderosa de su compañero, el Mariscal

Francisco Solano López.

Es evidente que, acuciado por estos datos, cada autor ha profundizado uno u otro aspecto,

según la propia fantasía creativa, dando vida a una imagen multifacética, difícil de determinar de la

imagen de Elisa Lynch. Al cotejar los diferentes títulos de los materiales biográficos e historias

noveladas, nos damos cuenta de que Elisa Alicia Lynch vivió varias facetas, que abarcan desde la

―Mujer Amazonas‖, pasando por ser dama, cortesana, prostituta, guerrera, hasta la ―Heroína

paraguaya‖. Elisa, ―se nos presenta hermosa, joven, pero con triste pasado de caídas y amores

perdidos, sola en una nación extranjera y hostil, en equilibrio constante entre lo lícito y lo ilícito

pero capaz de marcar una época de cambios políticos, sociales y culturales en un país, hasta aquel

momento, impermeable a todo lo que estaba ocurriendo a su alrededor‖68

.

Partiendo de estas premisas, podemos ver que los temas sobre la figura de Elisa Lynch son

múltiples y variados. Otra característica de esta paradigmática mujer es que todos los temas tratados

generan un gran interés, no sólo en el ámbito intelectual, sino a nivel general.

Debido a la extensa cantidad y variedad de textos referentes a la figura de Elisa Alicia

Lynch, y dada la necesidad de, por lo menos, referirlas con cierta consideración, se ha procedido a

elaborar un rápido comentario sobre algunas obras que tratan sobre la irlandesa que llegó al

Paraguay a mediados del siglo XIX.

68

DIONISI, María Gabriella. Lecturas y re-lecturas de la ―Madama del Paraguay‖: un recorrido bibliográfico.

Universitá della Tuscia. [en línea].

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96

Entre las mencionadas obras, podemos mencionar la escrita por Héctor Varela, titulada

“Elisa Lynch”, publicada primeramente en 1870 y luego reeditada en los años 1933, 1934 y 1997.

Héctor Varela (1832 – 1896), fue el primero en escribir una supuesta biografía sobre la compañera

del Mariscal Francisco Solano López. El mencionado texto tuvo una gran recepción en las ciudades

de Buenos Aires, Rosario y Montevideo, por el acentuado antilopizmo en las mencionadas

localidades.

El texto originalmente debía componerse de tres partes, pero nunca vieron la luz la segunda

y la tercera parte. La obra giró en torno a la pregunta de cuál fue el rol de Elisa Lynch en la

sangrienta y penosa guerra, donde muchos protagonistas del conflicto vieron en ella como la

culpable del fatídico fin del Paraguay.

La principal crítica sobre la obra de Héctor Varela, “Elisa Lynch”, es que la misma presenta

mucho subjetivismo al analizar la figura de la ―concubina de López‖, como llamaban a la Lynch, y

al carecer de objetividad, no logró ser la obra histórico – analítico que pretendió ser desde el

momento de su creación.

Otra obra que merece figurar en esta lista es la Katharina von Dombrowski, titulada ―Land

of women: the tale of a lost nation. Esta novela fue publicada en Nueva York y en Londres

respectivamente en 1935. También hay una traducción en alemán y las reediciones de esta novela se

realizaron en 1937, 1950, 1952 y 2002, este último en la ciudad de Filadelfia, chaco paraguayo.

La novela giró en torno a la historia colonial paraguaya, donde surgió la tradición histórica

de denominar al Paraguay como el ―paraíso de Mahoma‖, donde supuestamente, cada hombre

disponía de siete a diez mujeres cada uno. Ese argumento utiliza para comparar con la situación

reinante en el país tras la hecatombe del 70', donde existía aproximadamente una proporción de diez

mujeres por cada hombre. Es muy interesante desde el punto de vista histórico porque proporciona

una visión del rol cumplido por las mujeres a lo largo de la historia paraguaya.

En 1938 apareció una de las obras más polémicas. Ese año, William Edmund Barret publicó

Woman on horseback. The biografy of Francisco López and Eliza Lynch. Lo interesante de esta

novela es que a lo largo de los años, el título fue modificándose por varios motivos, entre ellos, el

polivalente valor metafórico de las palabras ―woman on horseback‖.

Al respecto, es muy interesante la apreciación que realizó, sobre el mencionado título,

Gabriella Dionisi.

Cuando salió a la luz, contemporáneamente en Nueva York y en Londres en 1938 el autor

pensó titularla Woman on horseback The biografy of Francisco López and Eliza Lynch. De

tal manera, se introduzcan inmediatamente a los dos actores principales de la acción y, al

mismo tiempo, con la expresión Woman on horseback, rica de un intrínseco y polivalente

Page 98: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

97

valor metafórico, se anticipaba el papel que Elisa iba a desempeñar en la narración. De

hecho, es consabido que la figura de la ―mujer a caballo‖ en el imaginario colectivo está

estrechamente vinculada a la idea casi icnonográfica de mando, de alguien que ejercita

poder sobre los demás, y que tal connotación se aplica incluso a la esfera sexual. En efecto,

Barrett atribuye a Elisa cualidades físicas y amatorias excepcionales junto con una

capacidad decisional muy grande, al considerarla no sólo quien, después de la primera

noche de amor, ya ―había domado‖ a López, sino también ―el genio de su propia fuerza‖69

.

La obra de William Barret luego de varios cambios y reediciones adoptó el título de Una

Amazonas. La apasionante biografía de Madame Lynch y Solano López, donde se narra la vida de

Elisa Lynch y Francisco Solano López, pero desde una perspectiva que busca ahondar más en la

figura de la irlandesa y su rol en la historia paraguaya.

Héctor Francisco Decoud (1855 – 1934), escritor paraguayo, escribió el libro titulado Elisa

Lynch de Quatrefages publicado en 1939. El título de la obra demuestra la averración que sentía

Decoud sobre Madame Lynch. En la introducción misma, el autor ya menciona su postura. ―[…] él

(autor) mismo afirma en la dos palabras introductorias, como protesta contra un intento de elevarla

por encima de los millares de muertos que dejó a su paso temiendo que tras la reivindicación

libertina pudiera suceder el reclamo de las tres mil leguas de tierra, despojadas al Pueblo Paraguayo

y el pedido de erección de un monumento‖70

.

El libro de Decoud apareció en pleno proceso de reivindicación de la figura del Mcal.

Francisco Solano López71

y, por ende, muchas figuras del siglo XIX necesariamente iban a ser

reivindicados, entre ellos, la compañera del Mariscal, Elisa Alicia Lynch. Para evitar esto, el libro

de Decoud intentó ser una especie de protesta contra una campaña nacionalista que avanzaba a

grandes pasos.

María Concepción Leyes de Cháves escribió la obra Madame Lynch. Evocación, texto

aparecido en 1957 y que sufrirá un cambio en el título, pues en con el tiempo la obra pasó a

llamarse, Elisa Lynch y Solano López, editada en 1976 y reeditada en 1996.

La novela de María Concepción Leyes de Cháves es la segunda en sufrir transformaciones,

cambios y cortes. Con el primer título, la autora define claramente que la misma está centrada sobre

69

DIONISI, María Gabriella. Lecturas y re-lecturas de la ―Madama del Paraguay‖: un recorrido bibliográfico.

Universitá della Tuscia. [en línea]. 70

DIONISI, María Gabriella. Lecturas y re-lecturas de la ―Madama del Paraguay‖: un recorrido bibliográfico.

Universitá della Tuscia. [en línea]. 71

El gobierno revolucionario del Cnel. Rafael Franco emitió el Decreto Nº 66 del 1º de maro de 1936 que elevó a la

categoría de ―Héroe máximo de la Nación‖ al Mariscal Francisco Solano López. Así también, de un plumazo fueron

eliminados todos los decretos y líbelos acusatorios contra la figura del héroe caído en Cerro Corá. Otro decreto elevó a

categoría de héroe nacional a Carlos Antonio López.

Page 99: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

98

la imagen de Elisa Lynch, haciendo evocaciones de recuerdos, memorias y figuras del pasado,

donde la autora le ―atribuye un sentido casi onírico al relato‖72

.

Con las obras editadas en Buenos Aires en 1976 y Asunción, en 1996, el título se transforma

para brindar un espacio a Francisco Solano López, compañero de infortunio de Elisa Lynch. Pero la

autora aclara que la novela sigue centrada sobre la irlandesa, que representa la evocación del pasado

glorioso y heroico del Paraguay. ―De alguna manera, la autora insinuaba la idea de una total

identificación del personaje […] merecedor, a su parecer, de admiración por lo que hubo en ella de

verdadero, femenino y esencial: el resplandor de su vida espiritual y afectiva, lo único que puede

iluminar u oscurecer su memoria‖73

.

En 1958 apareció la obra Madama Lynch, de Henry Pitaud, cuyo prólogo fue escrito por

Juan E. O'Leary74

, máximo defensor del Lopizmo. Esta obra es ―el ejemplo evidente del uso de

todos los medios para sustentar una ideología política‖75

. El 20 de abril de 1960, a través de la

Orden General Nº 50, el Comandante en Jefe, General de Ejército, Don Alfredo Stroessner, declaró

que la obra de Henry Pitaud es útil para las Fuerzas Armadas de la Nación.

La obra apareció justo en el momento en que el gobierno de Alfredo Stroessner buscaba

extraditar los restos de Elisa Alicia Lynch y depositarlos en el Panteón Nacional de los Héroes, al

lado de su compañero, el Mariscal Francisco Solano López, considerado el ―Héroe máximo del

Paraguay‖.

Desde 1936, el Nacionalismo se instauró como Político de Estado y a partir de 1937, se

observó una fuerte injerencia de los militares en el quehacer político. Se gobierna para y desde

Campo Grande y la coronación de todo este proceso en el largo gobierno del Gral. Alfredo

Stroessner, quien estuvo en el poder desde 1954 hasta 1989.

Durante el gobierno de Stroessner, el nacionalismo se acentúo aún más y aparecieron

numerosas obras de tinte nacionalista, que reivindicaron figuras del pasado y trataron de mostrar al

Gral. Stroessner como el continuador de esa línea de prohombres de la patria. La obra de Henry

Pitaud se encuadra dentro de este proceso, porque su obra buscó reivindicar a una mujer que era

considerada por las esferas oficiales como una heroína, como la madre de la patria heroica.

72

DIONISI, María Gabriella. Lecturas y re-lecturas de la ―Madama del Paraguay‖: un recorrido bibliográfico.

Universitá della Tuscia. [en línea]. 73

DIONISI, María Gabriella. Lecturas y re-lecturas de la ―Madama del Paraguay‖: un recorrido bibliográfico.

Universitá della Tuscia. [en línea]. 74

Juan Emiliano O‘Leary (1870 – 1969). Periodista. Político y poeta. Escribió varias obras de tinte nacionalista, entre

ellas, podemos mencionar: ―Nuestra Epopeya‖, ―El Mariscal Francisco Solano López‖, ―El Libro de los Héroes‖, ―Los

Legionarios‖ y ―Apostolado Patriótico‖. La idealización de la Guerra por parte de O‘Leary asumió caracteres extremos,

llegando incluso a exaltar la muerte y el sacrificio del pueblo. Al decir de Raúl Amaral, O‘Leary generó una nueva

conciencia histórica, un distinto sentido de historicidad. 75

DIONISI, María Gabriella. Lecturas y re-lecturas de la ―Madama del Paraguay‖: un recorrido bibliográfico.

Universitá della Tuscia. [en línea].

Page 100: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

99

A parte de las obras citadas, podemos mencionar otras que fueron publicadas en español

como en otros idiomas, en Paraguay como en otros países. Entre estas obras, citamos las siguientes:

La Dama del Paraguay, de Héctor Pedro Blomberg, aparecida en 1942; Elisa Lynch o la tragedia

como destino, de Hilde Kruger, editada en 1946; Eliza Lynch, Regent of Paraguay, de Henry Lyon

Young, publicada en 1966; Elisa Lynch, biografía novelada de la heroína paraguaya, editada en

1968 y cuya autora fue Sixta Segovia de Giuliano; Madame Lynch & Friend: a true account of an

Irish adventuress and the dictador of Paraguay, who destroyed the American nation, de Alyn

Brodsky, aparecida en 1976; Por quien llora el urutaú. Francisco Solano López – Elisa Lynch y la

Guerra de la Triple Alianza, de Nicola Siri Eros, editada en 1978.

Elisa Lynch, mulher do mundo e da guerra, de Fernando Baptista, publicada en 1986;

Madame Lynch. El fuego de una vida, de Shelby Graham, aparecida em 1992; Martes del final, de

Mabel Pagano, editada en 1991; Facetas públicas y privadas en la Guerra de la Triple Alianza, de

Antonio Salúm Flecha, publicada en 2001. El mismo autor publicó El secreto de Madame Lynch,

aparecida en el 2010; El dedo trémulo, de Esteban Cabañas, editada en 2002; The pleasure of Eliza

Lynch, de Anne Enright, publicada en el 2002; The shadows of Eliza Lynch: how a nineteenth

century Irish courtesan became the most powerful woman in Paraguay, de Siȃn Rees; The Empress

of South America. The true story of Eliza: the Irishwoman who destroyed Latin American's

wealthiest country – and became its national heroine, de Nigel Cawthorne, editada en el 2003; The

news from Paraguay: a novel, de Lily Tuck, editada en el 2005; Calumnia, cuyos autores fueron

Michael Lillis y Ronan Fanning, aparecida en el 2009; y por último, la obra Elisa Alicia Lynch, de

Ana Barreto Valinotti, publicada en el 2011.

La enorme cantidad de obras aparecidas sobre la figura de Elisa Alicia Lynch no permite

visualizar la importancia que tuvo y tiene esta mujer no sólo dentro del ámbito cultural paraguayo,

sino también dentro de los extranjeros. Varios textos en inglés, francés, portugués, alemán y español

atestiguan la importancia de la figura de esta irlandesa que a pesar de que pasaron más de cien años

de su muerte, aún permanece en el subconsciente colectivo de los paraguayos.

Elisa Alicia Lynch fue la mujer más famosa y destacada de la historia de Sudamérica en el

siglo XIX. Se convirtió en el eje central de una vasta producción literaria en diversos idiomas,

compuesta biografías, novelas, estudios históricos, cientos de artículos periodísticos y caricaturas

groseras e insultantes.

Fue objeto de informes diplomáticos a Washington, Londres y París, al Emperador de

Brasil y al Presidente de la Argentina. Aun sus enemigos coincidían en que era hermosa, glamorosa

y sensual. Vivió en el epicentro de uno d elos cataclismos más devastadores de la Edad

Contemporánea, del cual, según opinión de sus enemigos, fue en medida responsable.

Page 101: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

100

Por dos generaciones, Elisa y su compañero, Francisco Solano López, fueron retratados

como los destructores del Paraguay. En la década de 1920, López se transformó en el mártir

heroico, el defensor de la libertad paraguaya, y Elisa Lynch fue recordada por el amor sin egoísmo

que le dedicó a su país adoptivo.

Luego de este recorrido bibliográfico sobre Elisa Lynch, tenemos una especie de croquis

sobre los libros aparecidos sobre ella y el momento histórico en que aparecieron, respondiendo a los

intereses del momento. De ahí que sostenemos que estudiar la figura de esta mujer es de suma

importancia para brindar una nueva visión sobre el rol cumplido por ella dentro del imaginario

colectivo y la historia paraguaya.

Conclusión

Una definición clásica de la Historia es la que afirma que la misma es una narración

cronológica de hechos o acontecimientos realizados por el hombre e tiempo y espacio definido.

Pareciera ser que esta definición se aplica a rajatabla en la realidad. Si bien, el concepto de hombre

se aplica tanto al varón como a la mujer, la historia como disciplina ha sido construida sobre bases

andropocéntricas.

La mujer, prácticamente fue relegada a un rincón de la historia universal, donde su voz no es

oída, quedando en la mayoría de los casos en el anonimato, a pesar de ser ellas grandes

protagonistas de los acontecimientos históricos. Sin duda, fueron acertadas las palabras de Simone

de Beauvoir, que sostuvo, refiriéndose a la mujer, ―No es la inferioridad de las mujeres lo que ha

determinado su insignificancia histórica, sino que ha sido su insignificancia histórica lo que las ha

destinado a la inferioridad‖.

La mujer paraguaya a lo largo de la historia nacional cumplió un rol destacado desde el lugar

que ocupó dentro de la sociedad paraguaya. Una vez lograda la independencia, la mujer quedó

relegada a un segundo plano, a pesar de su participación en el proceso revolucionario, donde Juana

María de Lara cumplió un rol destacado y fue sin duda una figura sin par de la revolución de mayo

de 1811.

Ante este panorama, apareció la figura de Alicia Elisa Lynch, quien vino y revolucionó la

anquilosada sociedad paraguaya. A partir de Lynch, la sociedad nacional adquirió nuevas prácticas

y estilos que transformaron el modo de vivir y los gustos de hombres y mujeres en el Paraguay. Así

como la envidiaban y odiaban, buscaban copiar su elegancia y distinción, traída de París, con

pianos, libros, representantes de la cultura francesa, entre otros aspectos.

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101

Elisa Alicia Lynch vivió la trágica Guerra de la Triple Alianza, sufrió la muerte del Mariscal

Francisco Solano López, a quien enterró con sus propias manos. Fue golpeada igualmente con la

muerte de su hijo Panchito. Culminada la guerra, fue vilipendiada, echada, sin nada, con sus cuatro

hijos. A pesar de esto, su figura perduró en los anales de la historia paraguaya. Sin dudad alguna, la

influencia que ejerció esta mujer fue muy fuerte y duradera, que aún hoy podemos encontrar rastros

de ese ascendiente.

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103

La Guerra contra la Triple Alianza en los textos escolares. La construcción del relato sobre la

guerra en textos escolares de la actualidad de Paraguay, Argentina, Brasil y Uruguay

Pedro R. Caballero C.76

Eder Luis Rodas Sanabria77

Resumen

El abordaje de la retórica de los textos escolares permite detectar concepciones historiográficas y

temáticas trasmitidas por la educación formal e instala estampas descriptivas de ciertos

acontecimientos, personajes y situaciones históricas. Este artículo tiene como punto de partida

reconocer modos de escritura de visiones históricas sobre la Guerra contra la Triple Alianza, a partir

del análisis discursivo de los textos escolares de enseñanza secundaria utilizados en la actualidad,

relevando imágenes y representaciones del hecho bélico en el esquema educativo vigente en los

cuatro países que participaron de esta guerra. A partir de esto, se pretende determinar las

dimensiones históricas priorizadas en Argentina, Brasil, Paraguay y Uruguay.

Palabras claves: Guerra contra la Triple Alianza, textos escolares, historia, visiones históricas.

Introducción

A un siglo y medio de la Guerra más grande de Latinoamérica, es sumamente importante

estudiar de qué manera los cuatro países (Paraguay, Argentina, Brasil y Uruguay) enfocan la

enseñanza de este acontecimiento crucial dentro de la historia de la región. No podemos dejar de

mencionar que la importancia del texto escolar como objeto de estudio ha adquirido una notable

presencia en las investigaciones de la enseñanza de la historia y se constituye en una línea de

estudio muy fructífero dentro del ámbito de las ciencias sociales.

El texto escolar pasa a ser el vehículo de trasmisión de la interpretación histórica dada a la

guerra por parte del gobierno de turno; la escuela, al decir de Mario Carretero, pasa a ser un

dispositivo socio cultural hegemónico que contribuye a fabricar muy tempranamente las bases

cognitivas y afectivas de las comunidades imaginadas. La historia escolar legitima los saberes

históricos hegemónicos de una nación, que generalmente suele escribirse como patriótica y heroica.

Una de las herramientas didácticas más utilizadas en la enseñanza de la historia es el libro escolar,

76

Facultad de Filosofía-Universidad Nacional de Asunción. Correo electrónico: [email protected] /

[email protected] 77

Facultad de Filosofía-Universidad Nacional de Asunción. Correo electrónico: [email protected]

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portador del discurso de la historia oficial y elemento eficaz a la hora de trasmitir un conocimiento

estable, lineal y ―verdadero‖.

En ese sentido, el problema que plantea la presente investigación es determinar cuál es la

versión oficial sobre la Guerra contra la Triple Alianza vislumbrada en los textos escolares de

Paraguay, Argentina, Brasil y Uruguay, de modo a contrastar las visiones e importancias dadas por

los mencionados países al acontecimiento histórico citado, para verificar si existen diferencias y

semejanzas sobre el relato de este fatídico suceso que marcó la historia de la Cuenca del Plata.

La investigación pretende presentar un nuevo enfoque sobre la Guerra contra la Triple

Alianza al analizar los textos escolares de los cuatro países que fueron protagonistas de la guerra.

Hasta el momento, solo es posible encontrar trabajos realizados sobre textos escolares de uno de los

países o de dos, contrastando el enfoque historiográfico que le daban los países a lo largo de la

historia, pero hasta el presente no se ha realizado un trabajo que compare la visión histórica de los

cuatro países plasmados en los textos escolares utilizados en la actualidad.

A 150 años de la finalización de esta gran guerra resulta de suma utilidad analizar las

visiones oficiales sobre la Guerra contra la Triple Alianza en Paraguay, Argentina, Brasil y

Uruguay, con la finalidad de ver qué es lo que se enseña a los jóvenes de los mencionados países, y

a partir de ahí, iniciar una verdadera construcción regional, superando las diferencias ocasionadas

por una guerra que dejó secuelas hasta el presente.

La guerra en los textos escolares

El enfoque paraguayo sobre el conflicto en los textos escolares

En comparación con los textos brasileños, la Guerra contra la Triple Alianza ganó más

espacio y profundidad. Al respecto, es interesante el trabajo de Tesis del brasileño André Mendes

Salles,

O Compêndio de Terán e Gamba (1882) tratou a temática em torno de sete (7) páginas, enquanto

Garay (1897) a abordou em treze (13). Ambos os livros foram escritos ainda no século XIX e,

portanto, ainda muito próximos temporalmente do evento analisado. A temática Guerra do

Paraguai, entre as obras escritas no século XX, girou em torno de vinte (20) a trinta (30) e

poucas páginas. Vinte e duas (22) páginas em Vasconcellos (1970), vinte e três (23) em Cardozo

(1965) e trinta e oito (38) em Chaves (1991) (Mendes, 2017, p. 142).

La principal razón de esta característica observada en los textos escolares es por la

influencia del Nacionalismo, que se instauró como política de Estado en el país desde 1936. En ese

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105

sentido, el gobierno fijó las normas para la enseñanza nacionalista en los establecimientos

educativos, instituyendo que ―todas las energías instintivas que favorezcan el robustecimiento del

nacionalismo deben elevarse, por la educación, a estado de conciencia nacional‖ (Decreto Nº 2118,

junio 18 de 1936).

Durante los gobiernos liberales, la Historia del Paraguay, y en especial sobre la Guerra

contra la Triple Alianza, presentaba a Paraguay como el país agresor, comandado por gobernantes

déspotas, despotricando contra el pasado nacional y las figuras del siglo XIX, tildados de

antihéroes. A ello se suma la fuerte corriente ―antiguaraní‖, formada por los docentes contratados,

después de la Guerra Grande, para educar al pueblo paraguayo. La mayoría de estos profesores

fueron formados en ―la célebre Escuela Normal de Paraná, de tendencia mitrista‖ (Gómez, 2007, p.

176) y consideraban al idioma vernáculo como el principal obstáculo para el aprendizaje. Pero esta

forma de pensar sobre el guaraní cambió a partir del inicio del conflicto chaqueño, en el cual el

idioma guaraní reflotó en cuanto a importancia. El guaraní, después de la Guerra del Chaco, ya no

sufrió una persecución tan despiadada como en la postguerra de la Triple Alianza.

A partir de este hecho, se reafirma la reivindicación histórica del pasado nacional y el acento

nacionalista del nuevo gobierno, ―el nacionalismo debe nutrir sus raíces en los orígenes en las

reafirmaciones históricas de nuestra independencia‖ (Decreto Nº 2118, Junio 18 de 1936). De esta

forma, las instituciones educativas se consideran como campos de captación de las ideas

nacionalistas.

El decreto que hizo referencia al ámbito educativo estableció en su primer artículo, ―Las

instituciones de enseñanza primaria, secundaria y normal de Estado, así como las asimiladas a las

mismas con autorización Gubernamental, organizarán conferencias quincenales sobre el contenido

ideológico del nacionalismo, impugnando toda otra ideología contraria o que pueda generar la

simpatía del niño a la mixtificada dictadura proletaria rusa o la plutocracia del occidente‖ (Decreto

Nº 2118, Junio 18 de 1936). Por ello, el mismo decreto estipuló en su segundo artículo: ―La

Dirección General de Escuelas, los Directores de los Colegios Secundarios y Normales dispondrán

de inmediato la dación de conferencias en las que se interprete el verdadero Nacionalismo y se

exalte el sentimiento Nacionalista Paraguayo‖ (Decreto Nº 2118, Junio 18 de 1936).

Se observa claramente la directriz a seguir. La enseñanza de la historia en las escuelas

abarca, a partir de allí, valores y creencias que se mezclan con los relatos históricos, con la finalidad

de brindar a los alumnos una imagen triunfal, positiva, progresista e incluso mesiánica de las figuras

sobresalientes del pasado nacional, buscando acentuar la identidad nacional, para ―reanudar la

continuidad interrumpida de la Historia‖ (González, 1986, p. 35). La enseñanza de la historia pasó a

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106

ser una punta de lanza en el proceso de cambio implementado a partir de 1936. La política estatal se

centró en la revisión del pasado nacional y reivindicación de varias figuras del pasado, y en este

sentido, la educación fue trascendental para el cambio.

Comenzó el revisionismo nacionalista de la historia paraguaya. Ya existía – incluso uno de ellos

ya había muerto-paladines de la causa nacionalista: la historia ―positivista‖, liberal e ilustrada –

la de Garay, Héctor F. Decoud, Cecilio Báez- que se enseñaba en las escuelas, fue sustituida por

una nueva versión, radicalmente distinta en su contenido, en sus énfasis y silencios, en su

ideología (Rivarola, 2001, p. 53).

Todos estos factores influenciaron en la presentación de la Guerra contra la Triple Alianza

en los textos actuales, que pretenden, por medio de sus páginas, acentuar la identidad nacional

forjada a través de la derrota en la Guerra Grande. En los textos escolares analizados se puede

constatar que las causas que desembocaron el conflicto, desde la perspectiva paraguaya, están

directamente relacionadas con las cuestiones de límites, pues las pretensiones argentinas y

brasileñas sobre las tierras paraguayas ocasionaron el estallido de la guerra. En ese sentido, el texto

de Irmina C. de Lezcano sostiene que la llegada de Francisco Solano López al poder se produjo en

un momento álgido de las relaciones con los países limítrofes.

Por su parte, el libro Historia y Geografía, de la Dra. Mary Monte de López y colaboradores,

sostiene que el conflicto se da a partir de la búsqueda de un cierto equilibrio de poderes en el Río de

la Plata. El Paraguay buscó establecer una nueva política externa y asumió ―el mismo status

regional que poseían la Argentina y el Imperio del Brasil‖ (Moreira, 2009, p. 273). En consecución

de esa política, el Paraguay protestó contra la invasión brasileña al Uruguay y la injerencia

argentina en la política interna del mencionado país, pues ―Montevideo significaba, además, el

acceso paraguayo al mar, su inserción en la economía internacional y al mismo tiempo, la liberación

de la dependencia comercial con Buenos Aires‖ (Moreira, 2009, p. 273).

La diplomacia es un tema que enfatiza mucho el texto de la Dra. Mary Monte de López

Moreira, al destacar el desaire que sufrió Francisco Solano López ante su ofrecimiento para mediar

en el conflicto brasileño-uruguayo. Al respecto, el texto Historia y Geografía 8 sostiene: ―Los

sucesivos desaires diplomáticos sufridos por Francisco S. López y las denuncias orientales sobre la

connivencia argentino-brasileña contra la independencia nacional movieron al presidente paraguayo

a tomar medidas fuertes frente al Imperio del Brasil, buscando infundir respeto a las potencias de la

región‖ (Moreira, 2009, p. 273).

El texto mencionado continúa sobre el mismo punto y señala que el Paraguay ―[...] carecía

de un representante oficial ante Buenos Aires y tampoco había un embajador porteño en Asunción

que hubieran podido resolver diplomáticamente estas desavenencias‖ (Moreira, 2009, p. 275). Con

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107

esta afirmación, el texto de la Dra. Mary Monte recalca la importancia de la diplomacia en el

contexto regional en los prolegómenos de la guerra.

En cuanto a la cuestión inglesa en la guerra, a diferencia de los textos brasileños, argentino y

uruguayos, los libros paraguayos no hacen mucha mención sobre este tema. En el libro de

Saccaraggio, editado en el 2004, se puede leer cierta evocación a la mano inglesa en el estallido del

conflicto, quizás una explicación a esto se deba a la poca influencia ejercida por la historiografía de

izquierda sobre la construcción histórica del pasado nacional. En ese sentido, el libro ―Paraguay

Ñane retá. Estudios Sociales para el 3er. ciclo de la Educación‖, de Pedro Saccaraggio, es el único

que presenta ciertos elementos del revisionismo de izquierda, paradigma que se observa en gran

medida en los textos escolares brasileños.

La mayoría de los textos escolares paraguayos se remiten a describir las campañas bélicas,

resaltando los actos heroicos y las principales batallas de este conflicto a lo largo de los cinco años

que duró la guerra. Un aspecto interesante de las obras analizadas en esta investigación es que

ninguna de ellas realiza un juicio de valor sobre la figura de Francisco Solano López, aunque hacen

referencia a ciertos episodios de la guerra que generan controversias, tal fue el caso de los tribunales

de San Fernando.

Asimismo, algunos textos presentan otros aspectos de la guerra, como la participación de las

mujeres en el conflicto. Al respecto, Moreira, en el texto escolar afirma que ―Las mujeres también

se enfrentaron al enemigo armadas de sables, fusiles, piedras y vidrios.‖ (Moreira, 2009, p. 285). En

cuanto a esta temática, cabe resaltar que dentro de la historiografía paraguaya hay varios textos que

analizan esa cuestión, a diferencia de los otros países de la región. Una de las razones obedece a que

el conflicto prácticamente se desarrolló en su totalidad en suelo paraguayo, lo que obligó a la

población civil a participar activamente de la guerra.

Otra peculiaridad de los textos escolares paraguayos es que en el relato se otorga mucha

preponderancia a la acción individual, sobre todo de los militares, como una manera de enaltecer el

espíritu combativo del paraguayo. Sobre el este punto, André Mendez Salles sostiene que:

Todos os livros didáticos paraguaios analisados – com exceção de Saccaggio e colaboradores

(2004), estruturaram suas narrativas em torno da Guerra do Paraguai através de campanhas

militares, em que a perspectiva descritiva e as ações individuais adquiriram uma forte conotação.

Muito desses autores analisados descreveram batalhas da guerra de forma relativamente

ponderada, deixando entrever, entretanto, passagens, implícitas ou explícitas, de uma perspectiva

mais nacionalista, sobretudo ao associar características heroicas a personagens que participaram

do evento (Mendes, 2017, p. 185).

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108

Es interesante observar que a pesar de los cambios políticos operados en el país desde 1989,

la visión histórica que se tiene del pasado, y en especial de la Guerra contra la Triple Alianza,

prácticamente no ha variado mucho. Desde 1936, se creó una concepción histórica que se mantiene

hasta hoy, sin que la mayoría de los profesores y estudiantes puedan percibir, a pesar de las

reformas impuestas en el currículum educativo durante esta transición a la Democracia.

Es interesante observar cómo se fueron perfilando y consolidando las características básicas

de la historia paraguaya. La simbiosis de revisionismo histórico y la adopción del Nacionalismo

como Política de Estado a partir de 1936, provocó la instauración y consolidación de las tres

categorías epistemológicas de nuestra historia: el mito del eterno retorno, el maniqueísmo y el mito

del héroe máximo, que, de alguna manera, se perciben en los textos escolares nacionales.

Es por ello que, en un análisis de textos anteriores y posteriores a 1989 se puede constatar

que el relato sobre la Guerra contra la Triple Alianza gira en torno a una perspectiva descriptiva de

las campañas militares, de las principales batallas, de las grandes hazañas heroicas de los soldados

paraguayos, asociados a una visión heroica del pueblo en una guerra que prácticamente aniquiló al

Paraguay.

El discurso de los textos escolares paraguayos se centra en la resistencia heroica, no sólo por

parte del ejército, sino del pueblo entero. En ese sentido, algunos libros recogen la historia de las

mujeres y de los niños, que son elevados a categoría de héroes, pues la titánica labor se traslada al

período de posguerra, cuando se erige la figura prominente de la mujer paraguaya, símbolo de la

reconstrucción nacional. A partir de este discurso planteado en los textos escolares, es palpable aún

la fuerte influencia de la historiografía nacionalista, aunque se ven ciertos elementos que inducen a

pensar que en un futuro no lejano se podrá tener otras interpretaciones históricas sobre este

conflicto regional que marcó la vida de las naciones del Plata, y en especial del Paraguay.

La visión brasileña sobre la guerra

En lo referente a los textos escolares brasileños, de acuerdo con el trabajo de Tesis doctoral

realizado por André Mendes Salles, la Guerra contra la Triple Alianza fue perdiendo extensión e

importancia, para luego llegar al presente siglo con prácticamente dos páginas de extensión en los

libros utilizados por los alumnos.

O conhecimento escolar Guerra do Paraguai foi, ao longo do século XX, perdendo espaço nos

livros didáticos brasileiros. Enquanto nas primeiras obras didáticas examinadas, como as de

Macedo/Bilac (1905) e de Rocha Pombo (s/d)73, a temática foi abordada em vários capítulos,

aquelas publicadas nas décadas de 1980/90, passou a ser composta apenas de alguns parágrafos.

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109

O espaço destinado ao tema, que era de 42 páginas no início do século XX, na obra de

Macedo/Bilac, passou a ser abordado em meras 2 páginas na década de 1980, pelo livro de

Piletti, por exemplo (Mendes, 2017, p. 114).

El cambio que se observa en los textos escolares obedeció a varios factores, uno de ellos es

la influencia del paradigma historiográfico a lo largo de los siglos XIX y XX, que repercutió en la

forma de presentación de la guerra en los textos escolares. Otro factor, sin duda alguna, muy

importante, fue la naturaleza del libro escolar, el cual debe ser didáctico y atractivo para el alumno.

Las diferentes visiones sobre el conflicto se pueden notar incluso en la denominación de la

contienda. Así, en los textos, tanto escolares como no escolares, se puede leer Guerra del Paraguay

o Guerra contra el Paraguay, lo que da a entender las discrepancias de interpretaciones sobre la

contienda bélica.

La dicotomía en cuanto a la denominación otorgada a la guerra obedece a la interpretación

dada. Así, al llamar Guerra del Paraguay da a entender que fue un conflicto provocado por el

Paraguay, con lo que se justifica la acción militar del Brasil. Por su parte, al denominar Guerra

contra el Paraguay, como una manera de indicar que el conflicto fue direccionado hacia nuestro

país. En ese sentido, Mendes Salles, sostiene:

Na análise realizada, pudemos identificar que, também nas obras didáticas selecionadas, o termo

recorrente para tratar à temática foi e continua sendo Guerra do Paraguai. Dos quatorzes livros

analisados, dez deles utilizaram essa expressão. As únicas exceções foram: (1) Maia e (2) Nadai

e Neves, que utilizaram a expressão Guerra contra o Paraguai, sendo esta última influenciada

pela corrente revisionista; (3) Rocha Pombo, que utilizou a expressão Guerra contra o dictador

do Paraguai, reforçando a historiografia oficial e memorialístico-patriótica, que enfatizava que a

guerra tinha sido direcionada contra Francisco Solano López e não contra o povo paraguaio. A

última exceção foi (4) Alencar Filho, Ramalho e Ribeiro, que utilizaram a expressão Guerra da

Tríplice Aliança, expressão hegemonicamente utilizada pela historiografia paraguaia para

designar o conflito. Nesse sentido, apesar de não terem indicado em seu texto, talvez os autores

tenham tido acesso há alguma obra de autor paraguaio – ou mesmo argentino – sobre o evento

(Mendes, 2017, p. 122).

En el caso del texto de Gilberto Cotrim, Historia y conciencia del Brasil, publicado en

1999, se destaca por el enfoque dado a la disciplina, que, de acuerdo al autor, debe enfatizar más la

reflexión y centrarse menos en la memorización. Otro aspecto resaltante de este texto escolar lo

constituye la presentación de temas que rompen el esquema tradicional, al presentar nuevos estudios

históricos como la visión de los vencidos, la situación de la mujer, la mentalidad de los grupos

sociales, etc. En este texto escolar, ya se observa la influencia de la Nueva Historia, lo que

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110

enriquece de sobremanera el valor de este material didáctico, al presentar al alumno nuevos temas y

enfoques historiográficos.

Con respecto al texto Historia del Brasil, de Joana Neves y Elza Neves, editado en 1997, el

libro busca explorar el pasado, pero sin desligarlo del presente. Presenta la sociedad brasileña en sus

diversas facetas y demuestra la pluralidad a lo largo de las diversas etapas de la historia del Brasil,

lo que le otorga un interesante enfoque del estudio del pasado.

En cuanto a la presentación de la Guerra contra la Triple Alianza, objeto de nuestro estudio,

en los autores Nadai y Neves (1997), Cotrim (1999), las causas de la guerra están relacionadas

directamente con el imperialismo inglés, considerado como el factor decisivo para la explosión del

conflicto armado en la región del Plata.

Para Nadai y Neves (1997) el modelo autónomo paraguayo fue la razón para el estallido de

la guerra. Recalcan que el interés británico estuvo detrás del conflicto con la clara finalidad de

destruir el exitoso modelo paraguayo. Así, las autoras sostienen que, ―Na segunda metade do século

XIX, ainda no governo de Antônio Carlos López, era evidente que, a Inglaterra, fazendo valer sua

condição de potência hegemônica e tendo firmado sua preponderância no cone Sul da América, não

permitiria que seu poderio econômico sofresse qualquer limitação‖ (Nadai e Neves, 1997, p. 228).

En la lectura del material escolar, se puede deducir que para las autoras la guerra era

inevitable, pues los intereses británicos que se enseñoreaban en esa época no permitirían que se

desarrolle un modelo alternativo al liberalismo. El inicio de la guerra, para las autoras, se sitúa en la

intervención brasileña en el Uruguay, que provocó la inestabilidad que empujó a las naciones del

Plata a la guerra. ―Em 1864, o Brasil interferiu militarmente no Uruguai, depondo Aguirre, que era

apoiado por Francisco Solano López, então governante do Paraguai. Esse fato pode ser considerado,

a rigor, o início da guerra entre Brasil e Paraguai (Nadai y Neves, 1997, p. 228).

El texto de Nadai y Neves presenta a los gobiernos brasileño y argentino como títeres de los

intereses británicos en la región. Llegan al extremo de afirmar que el Brasil era el representante del

capital ingles en la zona del Río de la Plata y para sostener esta afirmación, las autoras citan el

empréstito inglés como el elemento clave para que los aliados pudieran emprender la lucha armada

contra el Paraguay.

En el caso del libro Historia y conciencia del Brasil (1999) de Gilberto Cotrim, la guerra es

enfocada desde la perspectiva económica, pues el autor sostiene ―Acima de quaisquer motivos

políticos ou reivindicações territoriais, o que verdadeiramente alimentou a Guerra do Paraguai

foram questões de natureza econômica‖ (Cotrim, 1999, p. 211). Estos intereses, mencionados por el

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111

autor, son los de ―Abrir o Paraguai ao ‗comércio do mundo‘ e explorar seus produtos tropicais‖

(Cotrim, 1999, p. 211). A partir de estas líneas, se puede observar que es el modelo económico del

Paraguay el factor decisivo para el estallido de la guerra, y al igual que el texto anterior, el capital

inglés tiene un rol importante en el entramado político del Río de la Plata en el período histórico

estudiado, porque a pesar de no afirmar explícitamente la participación inglesa, Cotrim sostiene que

―financiou com todo o empenho‖ os países da Tríplice Aliança, quando estes ―decidiram lutar

contra o Paraguai‖ (Cotrim, 1999, p. 209). Aunque el autor no quiera afirmar el protagonismo

inglés en el conflicto; al otorgar primacía al factor económico por encima de las cuestiones

territoriales o políticas, le está otorgando al país europeo una posición central en el estallido de la

guerra.

En cuanto al acontecimiento que dio inicio a la guerra, para Cotrim fue el apresamiento del

buque Marqués de Olinda por parte del gobierno paraguayo, en noviembre de 1864 como medida

adoptada ante la situación vigente en el Uruguay. Cotrim afirma que ―para o Brasil, o episódio que

deu início ao conflito foi o aprisionamento, pelo governo paraguaio, em novembro de 1864, do

navio brasileiro Marquês de Olinda, que navegava próximo a Assunção, com destino à província de

Mato Grosso‖ (Cotrim, 1999, p. 210). Sobre el mismo episodio, Cotrim sostiene en el libro que para

el Paraguay la toma del Marqués de Olinda fue ―contra a invasão brasileira [no] Uruguai e a

deposição do presidente Aguirre, que era apoiado por Solano López‖ (Cotrim, 1999, p. 210).

Los tres textos analizados se caracterizan por responder a los parámetros de la historiografía

revisionista, en la que aparece Gran Bretaña como la principal culpable del estallido de la guerra;

mientras que Brasil y Argentina son los elementos utilizados por el capital inglés para entrometerse

en las cuestiones políticas del Río de la Plata. En el caso de Paraguay, esta Nación aparece como la

víctima de la expansión económica inglesa en la región del Plata. El exitoso modelo paraguayo

desarrollado por los primeros gobiernos nacionales tras lograr la independencia fue la causa de su

destrucción.

En la obra de Nadai y Neves, se puede ver que el tratamiento otorgado a las figuras

protagonistas de la guerra se desliga de la clásica visión que enaltece a las figuras militares, en

especial, los jefes, y hace hincapié en la burguesía mercantil de los países beligerantes, en especial

de Buenos Aires, que, según las autoras, ―teria dado apoio às ações britânicas com o objetivo de

―enriquecer e de assumir o controle político de seu país‖ (Nadai y Neves, 1997, p. 226).

Giberto Cotrim, por su parte, hace un esbozo breve de los tres mandatarios que marcaron la

vida política de Paraguay en el período 1811 y 1870, ―Francia, Carlos López e Solano López e aos

Page 113: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

112

papéis desempenhados pelos mesmos na construção de um país soberano e livre das influências

capitalistas internacionais‖ (Cotrim, 1999, p. 209).

Por su parte, el texto escolar de Pellegrino, Dias y Grinberg ―Vontade de saber História‖

editado en el 2015, es un reciente material escolar que presenta la guerra dentro del análisis de los

conflictos regionales, observados en prácticamente toda Latinoamérica, y en el contexto de la

expansión económica movida por el capitalismo resultante de la Segunda Revolución Industrial. De

acuerdo al texto, la región del Río de la Plata era una zona estratégica ―pois seus rios eram

utilizados por vários países da região para a navegação e isso provocava conflitos entre esses países

pelo controle da área‖ (Pellegrino, Dias y Grinberg, 2015, p. 242).

En el libro se puede observar que la inestabilidad en el Uruguay, polarizado entre los

Blancos y Colorados, arrastró a los demás países a los estragos de la guerra. Para los autores, ―a

intervenção do governo brasileiro na política uruguaia contrariava os interesses do presidente do

Paraguai, Solano López, a partir disso, ele teria ordenado a apreensão do navio brasileiro Marquês

de Olinda‖ (Pellegrino, Dias y Grinberg, 2015, p. 243).

En ninguna parte de este material se hace referencia al imperialismo inglés como el factor

preponderante para el estallido de la guerra, con lo cual se rompe el esquema de los otros textos

analizados. Por lo tanto, no se encuadra dentro de la historiografía memorialístico-militar-

nacionalista, ni del revisionismo, por lo que el texto puede encuadrarse dentro de los parámetros de

la escuela neo-revisionista, al tratar de explicar la guerra desde teorías más contemporáneas y al

destacar los problemas regionales dentro de la órbita de la economía mundial, una interpretación

que rompe el esquema tradicional.

En lo referente al tratamiento de los protagonistas del conflicto, Pellegrini, Dias y Grinberg

trazan una narrativa centrada en los sujetos colectivos, como las mujeres y la población de color,

como se observa en el libro al referirse que ―Considerada o maior conflito externo brasileiro, a

Guerra do Paraguai contou com a participação de homens e mulheres‖ (Pellegrini, Dias y Grinberg,

2015, p. 242). Cabe resaltar que en el texto se puede apreciar una parte titulada ―As mulheres

participaram ativamente da Guerra do Paraguai. Entre elas havia mães, esposas, comerciantes e

escravas, que muitas vezes pegaram em armas para socorrer os feridos durante as batalhas‖

(Pellegrini, Dias y Grinberg, 2015, p. 244), lo cual demuestra el enfoque otorgado al texto escolar.

Otro título interesante es el referente a los Voluntarios de la Patria, en la que se afirma:

Pessoas de diferentes setores da sociedade foram convocadas, sendo que a maior parte dos

soldados era de origem negra ou mestiça. Muitos escravos foram alforriados para lutar na guerra e,

em troca, seus proprietários receberiam uma indenização do governo brasileiro. Além disso,

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113

muitos escravos fugidos se alistavam nas tropas, pois havia a promessa de que, se fossem aceitos

pelo Exército Brasileiro, se tornariam homens livres. (Pellegrini, Dias y Grinberg, 2015, p. 243).

En el texto escolar de Pellegrini, Dias y Grinberg, se puede ver que los militares brasileños

aparecen como un factor decisivo de la política brasileña de la postguerra, tras el prestigio ganado

en la guerra, ―tiveram, nas décadas seguintes, importante papel no processo de transição política do

regime monárquico para o regime republicano‖ (Pellegrini, Dias y Grinberg, 2015, p. 244). El

discurso está centrado en crear una historia basada en la importancia de los grupos sociales y no en

las figuras políticas y militares.

La obra de Pellegrini, Dias y Grinber es el texto más nuevo y se caracteriza por plantear la

Guerra contra la Triple Alianza dentro del análisis del proceso de afianzamiento de la identidad

brasileña, forjada a partir de la creación de un enemigo externo, en este caso, el Paraguay. Con esto,

se puede observar que la identidad brasileña es planteada por el texto como una problemática a

analizar y no como un simple dato histórico. Esta perspectiva puede permitir al alumno que

reflexione sobre temas poco estudiados dentro de la asignatura de Historia, tópicos que pueden

ayudar a desarrollar el pensamiento crítico y tolerante.

La visión argentina sobre la guerra

En cuanto a la producción argentina referente a textos escolares, son varios los libros

utilizados en la educación secundaria que hacen referencia a la guerra contra el Paraguay, pero al

igual que los textos uruguayos, la Guerra contra la Triple Alianza está inserta dentro del apartado

correspondiente a las guerras civiles, entre Federales y Unitarios, que fueron configurando el Estado

– Nación argentino.

Entre los materiales analizados, se encuentra “Historia. El Mundo contemporáneo y la

Argentina (siglos XIX y XX)”, de Carroza, Cattaruzza, Denkberg y Privitellio, publicado en el 2003,

que engloba la guerra dentro de los conflictos internos sufridos por la Argentina durante gran parte

del siglo XIX. El apartado correspondiente a la guerra aparece con el título de ―Las fronteras

interiores y las fronteras exteriores‖, lo que a entender que este acontecimiento regional fue una

extensión de las luchas locales. En las páginas del mencionado libro se puede leer:

El Ejército nacional fue sometido a una dura prueba en ocasión de la Guerra del Paraguay (1865

a 1870), que nuestro país libró en alianza con el Brasil y Uruguay. Los problemas limítrofes, la

voluntad del presidente paraguayo de desempeñar un papel importante en la política rioplatense

y el interés que tenían la Argentina y Brasil en abrir el mercado paraguayo al comercio con el

exterior son algunas de las principales causas del enfrentamiento. La guerra que terminó con la

Page 115: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

114

derrota del Paraguay provocó el aumento del número de soldados y la profesionalización de sus

oficiales (Carozza y otros, 2003, p. 38).

La interpretación de los autores del texto escolar se encuadra dentro de los lineamientos

academicistas actuales, que tratan de explicar la guerra como parte del proceso de construcción de

los Estados Nacionales dentro de la región del Río de la Plata y ―por ende la redefinición de los

intereses geopolíticos de los países de la cuenca del Plata, obviando las explicaciones de carácter

revisionista, también minimiza la importancia del conflicto en el proceso de conformación de la

Argentina ni tampoco menciona las ventajas territoriales que se lograron como consecuencia de la

guerra‖ (Bel, 2015, p. 144).

Otro texto analizado es el de Vilma Paura, “De las guerras civiles a la consolidación del

Estado nacional argentino (1820–1880)”, editado en el 2005, que al igual que el libro

anteriormente citado, incluye la Guerra contra la Triple Alianza dentro de las luchas civiles

argentinas. Bajo el título de “Las resistencias federales al proceso de organización nacional”, la

autora afirma que:

Las principales causas de este enfrentamiento fueron dos. El Paraguay había llevado a cabo un

proceso modernizador fomentando la industria y limitando al máximo el intercambio con el

exterior; el comercio inglés veía frustradas sus miras de acceder a ese mercado y, por tanto,

apoyaba cualquier medida que llevara a la apertura de la economía paraguaya. Por otra parte, el

Imperio del Brasil buscaba extender su dominio hasta la región del Río de la Plata. El detonante

fue la participación del Paraguay y el Brasil en la guerra civil uruguaya. (Paura, 2005, p. 41).

En ambos textos, el tratamiento dado a la guerra no es extenso, pues en forma sintética,

describe las acciones políticas y diplomáticas realizadas por el gobierno argentino en los inicios de

la contienda bélica. A diferencia de los textos paraguayos, no se encuentran datos referentes al

desarrollo de la guerra ni las consecuencias del mismo, aunque el texto va acompañado de una

pintura de Cándido López, en el caso del libro de Carozza, y fotografías referentes al conflicto en el

texto de Paura.

Otro texto escolar utilizado en la Argentina es el de Rizzi, Raiter, Browarnik y Mantiñan,

“Una historia para pensar: la Argentina en el largo siglo XIX”, publicado en el año 2009, el cual

aborda de una manera más extensa e inclusive problematizadora la Guerra contra la Triple Alianza,

pero a diferencia de los dos textos anteriores, analiza el conflicto junto a la Guerra del Pacífico, lo

que da a entender que la guerra contra el Paraguay fue producto de la lucha por la demarcación

territorial en Sudamérica. Al inicio del texto, las autoras explican la política llevada por los

presidentes paraguayos desde su independencia, desde Gaspar Rodríguez de Francia hasta los

gobiernos de los López que permitió el desarrollo de una economía autosuficiente:

Page 116: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

115

El Estado asumió el monopolio de la explotación y comercialización del tabaco y de la yerba

mate e impulsó la producción de bienes manufacturados (fábricas textiles, de armamentos y

astilleros), sin recurrir a préstamos extranjeros. La introducción del telégrafo y el ferrocarril

mejoró las comunicaciones. También incentivó la educación pública, mediante la construcción

de escuelas y la presencia de maestros europeos. Francisco Solano López continuó esta política y

aumentó la capacidad militar del país. Este desarrollo del Paraguay se oponía a los intereses

británicos, que pretendían la inserción de los países de América Latina en el nuevo orden

internacional como productores de materias primas. Además, la política paraguaya de

intervención en la cuenca del Plata para lograr una salida al mar para su producción generaba

rivalidades con los otros países de la región —el Brasil, la Argentina y Uruguay—, que estaban

consolidando sus vínculos con el mercado exterior. (Rizzi y otras, 2009, p. 244).

La explicación dada por las autoras sobre el modelo paraguayo coincide con la postura de

varios textos brasileños y uruguayos que consideraron que el desarrollo autónomo del Paraguay fue

una causa de la guerra. Otro aspecto interesante del libro de Rizzi y demás colaboradoras es la

problemática que plantean al sostener que la intervención paraguaya en la política rioplatense se dio

con el propósito de instalarse como una potencia regional, con el objetivo de garantizar su salida al

mar y ser el artífice del equilibrio de poderes en el Río de la Plata.

En el texto, las autoras sostienen que el detonante de la guerra fue la crisis uruguaya, en la

que colorados y blancos se disputaban el poder. La injerencia argentina en el conflicto y la invasión

brasileña al territorio uruguayo convirtieron este problema local en regional. A diferencia de los

otros textos argentinos analizados, este material hace alusión a las consecuencias de la guerra la

mencionar que:

La guerra dejó a Paraguay con su economía arrasada y su población diezmada. El 90 % de la

población masculina murió y los que sobrevivieron eran en su mayoría niños o ancianos. Por

primera vez, este país pidió un préstamo a la banca britá- nica y, por lo tanto, quedó incluido en

el nuevo orden internacional. Además, perdió porciones de su territorio a favor de la Argentina y

el Brasil. Los países aliados, si bien lograron ventajas territoriales y el control de la cuenca del

Plata, sufrieron considerables pérdidas humanas y acrecentaron su deuda externa debido a los

gastos militares del período (Rizzi y otras, 2009, p. 244).

Al leer el libro de Rizzi y sus colaboradoras, se puede deducir que este material está

encuadrado dentro de la escuela revisionista, en la cual el principal culpable del estallido de la

guerra fue Gran Bretaña, que a través de la expansión de sus intereses en la región del Plata provocó

el inicio de la Guerra contra la Triple Alianza.

En lo referente al tratamiento de los protagonistas del conflicto, todos los textos analizados

se centran en las figuras colectivas, y no tanto en las figuras militares, a excepción de Francisco

Solano López, mandatario paraguayo, y los líderes argentinos Justo José de Urquiza, Bartolomé

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116

Mitre y Domingo Sarmiento. Sin duda alguna, los textos escolares argentinos buscan alejarse del

discurso memorialista-nacionalista, pero a pesar de los cambios que intentan realizar, se observan

aún ciertos elementos del paradigma historiográfico mencionado anteriormente, pues la

construcción de la historia argentina todavía se sigue moviendo bajos los lineamientos del

nacionalismo.

La posición uruguaya sobre la guerra en los textos escolares

En el caso uruguayo, la Guerra del Paraguay no es un tema muy abordado, pues son pocas

las páginas destinadas para la presentación y análisis de un tema tan controvertido para la región,

por los impactos que provocó en las cuatro naciones beligerantes.

Para el análisis de este trabajo nos centramos en el texto “Encuentro con la Historia”, de

Amejeiras, M. y Siniscalco, C., publicado en el 2008, “Comprender América”, de Guidece y Moya,

editado en el 2001, “Libro de Ciencias Sociales‖, de Míguez, S., Peña M. y Pereira, A., publicado

en 2010, y el texto ―Historia. Mundo, América, América Latina y Uruguay 1850-2000‖, de Lucila

Artagaveytia y Cristina Barbero.

En los mencionados textos, la guerra es analizada en media carilla de una página, lo que no

permite un análisis muy extenso. Esta característica se debe a que es ―predominante la afirmación

de que el gobierno uruguayo se involucró en la guerra debido a que el presidente Venancio Flores

debía importantes favores a los gobiernos del imperio brasileño y de la Argentina en su lucha contra

el gobierno de los blancos‖ (Bel, 2015, p. 141).

En los dos textos escolares se puede ver que la interpretación dominante de la guerra es que

la participación uruguaya fue indeseada, ya que prácticamente fueron obligados a ir al frente. En los

relatos de ambos libros, se destaca que el gobierno uruguayo participó en esta guerra regional como

consecuencia de la lucha entre Blancos y Colorados; así como la injerencia brasileña y argentina

sobre la política interna del Uruguay, que provocó la inestabilidad regional que desembocó en la

guerra. Así se explica que ―El gobierno de Venancio Flores transcurrió de 1865 a 1868. Estuvo

condicionado por la guerra del Paraguay, en la que tuvo que participar Uruguay por deberle Flores

apoyo a Brasil y Argentina. El conflicto duró cinco años‖ (Míguez y otras, 2010, p. 210).

La idea de que Uruguay fue obligado a participar en la contienda se puede leer en el texto

escolar de Amejeiras, M. y Siniscalco, C. Encuentro con la Historia, editado en el 2008, donde se

afirma que, ―En 1865, Uruguay integró la Triple Alianza junto a Brasil y Argentina. Venancio

Flores que gobernaba nuestro país, había sido ayudado por estos países a ganar la revolución contra

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117

el presidente Berro. Este hecho lo había obligado a entrar en una guerra en la que el Uruguay no

tenía ningún interés directo‖ (Amejeiras y Siniscalco, 2008, p. 57).

En la presentación que hace el texto escolar, no se hace ninguna mención a los pormenores

políticos y diplomáticos que sirven de base para comprender el proceso histórico que arrastró a las

cuatro naciones a un conflicto bélico. De esta manera, es difícil comprender el papel jugado por el

Uruguay en ese período histórico, en medio de las pretensiones porteñas, las ambiciones brasileñas

y los intereses paraguayos.

En el texto se puede ver la referencia que se hace al desarrollo económico del Paraguay, un

modelo exitoso que buscó modernizar al país e insertarlo en el mercado internacional, pero, al

mismo tiempo, esta política económica provocó su aislamiento político. ―Hasta 1865 Paraguay

mostró una creciente capacidad de producción económica interna, funcionando como un país

autosuficiente‖ (Giudice y otros, 2001, p. 157). Esa misma idea se puede leer en el texto de

Amejeiras y Siniscalco, al sostener que: ―El Paraguay se había mantenido prácticamente aislado de

los conflictos rioplatenses desde los comienzos de la revolución en el Río de la Plata en 1810. Bajo

los gobiernos de Gaspar Rodríguez de Francia (1814–1840), y particularmente el de Carlos Antonio

López (1849–1862), el país alcanzó un importante desarrollo económico sin solicitar ayuda a

extranjeros‖ (Amejeiras y Siniscalco, 2008, p. 57).

En las pocas páginas dedicadas a la guerra, se puede ver el énfasis otorgado a las secuelas de

la guerra en el Paraguay y la destrucción provocada por la acción militar de los aliados, que durante

cinco años de lucha arrasaron el país y destruyeron el modelo político, social y económico

paraguayo forjado desde 1811. En ―Encuentro con la Historia‖, de Amejeiras, M. y Siniscalco, se

puede leer:

La guerra duró cinco años (1865–1870), y finalizó con la muerte del presidente Francisco Solano

López. El Paraguay perdió más de la mitad de su población (casi la totalidad de la población

masculina). Se desmantelaron las fábricas, los astilleros y los hornos de fundición. Se fijaron las

fronteras de acuerdo a la voluntad de los vencedores. Paraguay quedó obligado a pagar una

multimillonaria deuda de guerra a los vencedores. El Paraguay fue arrasado. (Amejeiras y

Siniscalco, 2008, p. 57)

Por su parte, el texto, “Libro de Ciencias Sociales‖, de Míguez, S., Peña M. y Pereira, A

sobre el mismo punto, afirma que:

Al finalizar la guerra la mayor parte de la población paraguaya fue masacrada, sobre todos los

hombres jóvenes. Esto tendrá importantes consecuencias negativas en la natalidad, pues en

Paraguay prácticamente sólo quedaron vivos los niños, las mujeres y los ancianos. Incluso en las

últimas etapas de la guerra participaron niñas y niños. (Míguez y otras, 2010, p. 210).

Page 119: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

118

Para profundizar aún más lo que van explayando en el texto escolar, las autoras del último

material mencionado se apoyan en datos demográficos de los países beligerantes, además, apoyan el

escrito con fotografías y un mapa del Paraguay. De acuerdo con lo observado en el material de

lectura, el dato presentado por las autoras es erróneo, pues mencionan que la población de la época

era de 1.300.000 habitantes, cifra muy exorbitante para una población que no llegaba ni a la mitad

de lo que las autoras mencionan en su texto.

Un dato interesante que se puede ver en los textos analizados es que ninguno de los

materiales hace alusión a la culpabilidad del Mcal. Francisco Solano López, todos coinciden en

otorgar la responsabilidad de la guerra a los gobiernos brasileño y argentino, así como tampoco

culpan al gobierno uruguayo de ser partícipe de la conflagración.

Al fin de cuentas, es evidente que las tropas uruguayas de Venancio Flores fueron enviadas a esa

guerra más por compromiso político que por convicción, como una devolución de favores del

gobierno colorado de Venancio Flores a los gobiernos de Brasil y Argentina que lo habían

apoyado para derrocar al gobierno blanco, en una guerra donde la nación uruguaya no podría

ganar nada desde lo económico ni tampoco desde lo político (Bel, 2015, p. 143-144).

Básicamente, los textos escolares uruguayos presentan la Guerra del Paraguay como una

continuación de la guerra civil entre Blancos y Colorados. En el texto de ―Historia. Mundo,

América, América Latina y Uruguay 1850-2000‖, de Lucila Artagaveytia y Cristina Barbero, se

puede leer que ―Luego de la caída de Paysandú, Montevideo fue sitiada por tierra y por mar. El 20

de febrero de 1865, el general Venancio Flores entró a la capital y, aunque prometió elecciones a

corto plazo, bajo el título de gobernador provisorio ejerció el poder de facto. Por otra parte, sus

compromisos con Brasil y Argentina, por la ayuda que le habían prestado, arrastraron al Uruguay a

la Guerra de la Triple Alianza contra el Paraguay‖ (Artagaveytia y Barbero, s.a., p. 90).

Los textos escolares uruguayos enfatizan mucho que la Guerra contra la Triple Alianza se da

como una continuación de los conflictos internos del Uruguay, desde la Guerra Grande uruguaya,

sucedida entre 1839 y 1851, hasta la Guerra Civil entre los Blancos y Colorados, acaecida entre

1864 y 1865.

En ese sentido, los textos escolares analizan el conflicto desde una visión revisionista y este

abordaje presenta al Paraguay como una Nación con un desarrollo autónomo, exitoso, víctima de la

injerencia política y económica del imperio británico en la región del Plata. Sobre este punto, Bel

sostiene que ―la pervivencia de esas interpretaciones, hoy en día cuestionadas desde la investigación

científica actual, quizás se fundamente en la prolongada tradición revisionista que la historiografía

uruguaya ha sostenido sobre esta problemática‖ (Bel, 2015, p. 143).

Page 120: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

119

En lo referente al tratamiento de los protagonistas del conflicto, todos los textos analizados

se centran en las figuras colectivas, y no tanto en las figuras militares, a excepción de Francisco

Solano López, mandatario paraguayo, y Venancio Flores, caudillo uruguayo que se apoderó del

poder en 1865 y llevó al Uruguay a formar parte de la tríplice.

Sin duda, en la elaboración de los textos escolares, el Nacionalismo juega un papel

importante, al otorgar preponderancia a las élites locales en la construcción del relato y prestar poca

atención al escenario regional, lo cual permite tener un análisis más profundo del contexto histórico

que desembocó en la guerra. Otro aspecto interesante para resaltar es lo que Bal menciona en su

trabajo, ―las dificultades éticas y políticas del abordaje de un conflicto fratricida donde los

gobiernos y los estados argentino y uruguayo no pueden obviar su responsabilidad en la masacre

sufrida por la nación guaraní‖ (Bel, 2015, p. 146).

En los textos escolares uruguayos sobresale el relato de que el Paraguay era un país con un

desarrollo económico y social significativo a partir de su política de autonomía y control estatal de

la economía, situación que propiciaría la intervención británica, a través de la acción de Brasil y

Argentina, países ya subordinados a esta lógica capitalista, que fueron manipulados para destruir el

modelo de desarrollo paraguayo.

Conclusión

En cuanto al tratamiento otorgado por los textos escolares de las cuatro naciones analizadas,

es interesante observar que existen ciertas similitudes entre las versiones ofrecidas, así comas las

diferencias, que abarcan desde el enfoque hasta la interpretación dada al tema. En el caso

paraguayo, la herida provocada por la guerra sigue abierta y esto es palpable en los textos escolares,

pues prácticamente todos los libros otorgan varias páginas a la guerra, donde se detallas las causas,

el desarrollo y las consecuencias del conflicto, pero desde una mirada memorialistico-nacionalista,

dando realce al heroísmo paraguayo y la causa nacional en oposición a los intereses de los aliados.

La denominación dada por los textos paraguayos es una alusión clara y directa de lo que representa

la guerra para el país, al denominar Guerra contra la Triple Alianza, se está afirman que la guerra

fue contra nuestro país.

En los textos brasileños, la guerra es consecuencia de los intereses ingleses en la región del

Río de la Plata. El Brasil y la Argentina fueron una especie de títeres de los intereses en la región y

los textos escolares dejan en claro ese esa argumentación. De esta manera, los libros escolares

Page 121: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

120

buscan sentar la idea de que el Brasil no tuvo la culpa de la guerra, sino que fue al conflicto

empujado por los vínculos que tenía con los ingleses en ese momento.

Desde la perspectiva argentina, la Guerra del Paraguay aparece solo escasamente

mencionada y en artículos que no la tienen en el centro de su análisis. Al igual que la versión

brasileña, los textos argentinos mencionan los intereses ingleses como la principal causa del

estallido de la guerra, y de esa manera, buscan deslindar responsabilidades al gobierno argentino

sobre esta conflagración regional.

Los textos uruguayos, por su parte, exponen la idea de que la Guerra del Paraguay o Guerra

de la Triple Alianza fue una continuación de las diferentes guerras civiles que vivió el pueblo

uruguayo. Al igual que los brasileños y argentinos sostienen que los intereses británicos jugaron un

rol importante en el estallido de la guerra, pero a diferencia de los demás países mencionados, los

libros uruguayos afirman que ellos fueron obligados a formar parte de la tríplice, con lo que

también buscaron deslindar responsabilidades en el conflicto.

En los textos escolares de los cuatro países se puede visualizar la pervivencia de ciertos

estereotipos históricos como: mitos, discursos y nacionalismos, que se reproducen en los textos

escolares, lo cual genera que ciertas ideas perduren a través de los años, a pesar de la aparición de

varias escuelas historiográficas que influenciaron en la percepción de este acontecimiento que

marcó la historia de los cuatro países.

Es evidente que los nuevos abordajes historiográficos sobre la Guerra del Paraguay todavía

no han logrado cambiar las representaciones que se construyen en los manuales escolares. Todavía

es muy grande el abismo entre los nuevos avances historiográficos sobre la Guerra de la Triple

Alianza y las representaciones sociales que sostiene gran parte de la sociedad de los países

beligerantes.

Los libros de texto actuales tienen que adecuarse a lo que los alumnos del siglo XXI deben

aprender, es decir, han de tratar contenidos relacionados con las necesidades de la sociedad y, al

mismo tiempo, ser una herramienta útil para formar ciudadanos críticos con conocimientos

históricos y sociales que les permitan interpretar su mundo y participar en él y, a la vez,

comprenderlo, criticarlo y mejorarlo, teniendo consciencia de que existe una realidad cada vez más

global, diversa y plural en la que existen problemas comunes.

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Doctoral. Universidad Federal de Pernambuco. Recife: UFP.

Rivarola, Milda (2001). Filosofías, pedagogías y percepción colectiva de la historia en el Paraguay,

en: Revista Paraguaya de Sociología. Año 38. N° 111/112, Mayo – Diciembre 2001, Asunción:

CPES, p. 37-58.

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La reivindicación de la figura del Mcal. Francisco Solano López (1870-1936)

Pedro R. Caballero C.78

Augusto Velázquez Belotto79

Resumen

En el presente artículo se analizará el proceso que llevó a la reivindicación de la figura del Mariscal

Francisco Solano López. Para lograr la reivindicación de la figura de López pasó por tres etapas. La

primera, la de condenación, que comenzó el 17 de agosto de 1870, cuando el gobierno provisorio lo

declaró culpable de la guerra y procedió a confiscar sus bienes y los de sus familiares. Esta etapa

abarca hasta 1902, año en que se produce un debate público a través de los periódicos de la época,

entre Juan E O‘Leary y Cecilio Báez, este período va hasta 1936 y es el de confrontación, proceso

en que se observa la lucha entre dos visiones históricas sobre el pasado nacional y la figura del

Mcal. López. La última etapa es la de la reivindicación, cuando finalmente el gobierno provisorio

del Cnel. Rafael Franco (1936-1937) erige al Mcal. López a la categoría de héroe máximo de la

nación paraguaya.

Palabras claves: Mcal. López, historia, reivindicación, héroe máximo.

Introducción

La figura del Mcal. Francisco Solano López es la más controvertida de la historia paraguaya

y su memoria va indisolublemente ligada a la Guerra contra la Triple Alianza. El Mariscal fue

proscripto y puesto fuera de la ley por los primeros gobiernos paraguayos instaurados durante y

después de la guerra. Durante décadas fue condenado y su proceso de reivindicación llevó varias

etapas.

La laboriosa instauración de la figura heroica del Mcal. López llevó por varias etapas, desde

―desconocimiento‖ y la ―incomprensión‖ de los contemporáneos, a través de sucesivas

―revelaciones‖ hasta el triunfo definitivo de la ―verdad histórica‖ (Demasi: 2005). Precisamente, ese

fue el derrotero seguido por la figura del Mcal. Francisco Solano López, para convertirse de villano

a héroe en la historia nacional.

A fines del siglo XIX emergieron jóvenes intelectuales que iniciaron una campaña que ya

apuntaba a la reivindicación de las figuras más representativas del pasado. Pero éstos, de alguna

manera, carecían de las herramientas necesarias para lograr la reivindicación nacional, en esa

78

Facultad de Filosofía-Universidad Nacional de Asunción. Correo electrónico: [email protected] /

[email protected] 79

Facultad de Filosofía-Universidad Nacional de Asunción. Correo electrónico: [email protected]

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búsqueda constante de la afirmación de la propia identidad. A partir de este momento, ya se inició

el abismo entre la historia sostenida por el Estado y la historia reivindicativa, que se ahondará aún

más en la década del 20‘ del siglo XX.

El Nacionalismo que emergió con fuerza, caracterizando y dominando los aspectos político

y cultural del siglo XX paraguayo, se mezcló con la figura del Mcal. Francisco Solano López,

confundiéndose mutuamente, dando origen también al Lopizmo. El nuevo régimen surgido a partir

de 1936 implantó un Nacionalismo que apuntó a despertar el orgullo nacional, un orgullo herido,

engendrado en la derrota de la Guerra Grande. Este despertar consistió en volver al pasado para

proyectarse en el futuro. De esta forma la ideología nacionalista utilizó a la Nación como

instrumento de concienciación histórica y política, y en ese proceso, fue clave la reivindicación de

la figura del Mcal. Francisco Solano López.

Primera etapa. La condenación de la figura del Mcal. López

La Guerra de la Triple Alianza significó el derrumbe del país. Con las fuerzas aliadas

también ingresaron a Asunción los jefes y oficiales legionarios; los cuales, influenciados por los

representantes aliados, sintieron la necesidad de conformar un gobierno provisorio para, de alguna

manera, reorganizar el país.

El Brasil fue el principal promotor de la formación de un gobierno ‗paraguayo‘ que

representara a la destruida nación ante las pretensiones de los Aliados. La verdadera razón del

gobierno brasileño para el establecimiento de un gobierno provisorio fue la de frenar toda tentativa

argentina de anexar el territorio chaqueño, que significaría, por un lado la expansión argentina en la

región, rodeando totalmente al Paraguay; y por otro, ampliar aún más sus fronteras con el Imperio

del Brasil. Por ello, la política de los conservadores brasileños consistió ―en reafirmar la existencia

del Paraguay como estado independiente y, al mismo tiempo, evitar que Argentina se apoderase de

todo el Chaco, como se había previsto en el Tratado de la Triple Alianza‖ (Doratioto: 2011,). Para

establecer esta política brasileña en el país, se procedió a la ocupación del territorio paraguayo,

como una forma de ‗garantizar la existencia como nación‘.

Luego de varias reuniones, se constituyó en el 15 de agosto de 1869 el Triunvirato, formado

por Cirilo A. Rivarola, José Díaz de Bedoya y Carlos Loizaga. La primera disposición tomada por

este nuevo Gobierno respaldado por las bayonetas enemigas fue la de decretar al Mariscal Francisco

Solano López ―fuera de la ley arrojado y para siempre del suelo paraguayo, como asesino de su

patria y enemigo del género humano‖ (García Mellid: 1964).

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Para el gobierno establecido por los aliados, la figura del Mcal. López significó un

problema, más aún que López seguía vivo combatiendo a las fuerzas invasoras en los confines del

suelo paraguayo. En ese sentido, los triunviros firmaron el 17 de agosto un decreto ley que

reconocía a ―todos los habitantes del territorio como soberanos y liberados de la opresión del tirano

Francisco Solano López‖ (La Regeneración, 14 de octubre de 1869). En el mismo documento, en el

artículo 3º, el decreto mencionaba lo siguiente:

El ciudadano paraguayo que continua al servicio de la odiosa tiranía de Francisco Solano López,

dejando por voluntad propia de acudir a la defensa de la existencia de su Patria, y de la vida de

sus mujeres, ancianos y niños forzados a morir en la más espantosa miseria en los desiertos, será

considerado y punido con todo el rigor, considerado traidor de la Nación y enemigo de la

humanidad‖ (La Regeneración, 14 de octubre de 1869).

En el mismo decreto, declara al Mcal. Francisco Solano López ―desnaturalizado‖ y

establecía sea arrojado fuera del suelo patrio como asesino de su Patria y enemigo del género

humano. A su vez ordenaba el embargo de todos sus bienes, en cuya ejecución el gobierno incluyó

aquellos que le fueron legados por su padrino, Don Lázaro Rojas de Aranda.

El Congreso paraguayo, el 22 de Julio de 1871 promulgó la Ley por la cual se estipulaba que

quedaban aprobados todos los artículos del Decreto del 17 de agosto de 1869 y el del 04 de mayo de

1870, a fin de darle un marco de legalidad, atendiendo que varios de sus artículos, reñían con la

nueva constitución vigente.

El decreto de 1869 fue un anatema sobre la figura del Mcal. López que perduró por muchos

años. Por décadas el discurso oficial sobre López estuvo centrado en vilipendiarlo con apelativos

como traidor, asesino, verdugo de su pueblo, bárbaro y criminal. Los primeros intentos de rever las

leyes y los decretos en cuestión ocurrieron durante el amplio debate del año 1926, en

conmemoración del centenario del natalicio del Mariscal. La discusión se iniciaba en el seno de los

grupos de excombatientes y sectores del Gobierno y fracciones de distintos partidos políticos.

Durante las primeras décadas de la postguerra la oligarquía política paraguaya comenzó su

formación y en ese germen inicial de la política paraguaya, aparecieron los Lopiztas y antilopiztas.

El primer grupo estuvo conformado por ex becarios del gobierno de López y ex combatientes del

ejército paraguayo, mientras que el segundo grupo estuvo formado por los emigrados a Buenos

Aires durante el régimen Lopizta. La supervivencia del grupo identificado a López fue debido a la

confrontación política entre la Argentina y el Brasil. Para el Imperio del Brasil la supervivencia del

grupo denominado despectivamente ‗Lopizta‘ fue crucial para frenar la influencia de la Argentina, a

través de los legionarios, en el gobierno paraguayo.

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126

La supervivencia del grupo denominado Lopizta no significó que fuera reivindicada la

figura del Mcal. López. Eso se debió a una cuestión estructural, la guerra, pues este acontecimiento

histórico dejó marcas indelebles en la historia y era imposible, tanto para gobiernos civiles como

militares, cualquier tentativa de restauración del Mcal. López.

El nuevo orden jurídico establecido en el país generó la inestabilidad entre los miembros de

la nueva oligarquía política, lo que dejó aún más sometido al país a los intereses de los países

vecinos. El fin del poder concentrado en la persona del Mcal. López causó abruptamente una

especie de vacío de poder, con muchos caudillos deseosos de monopolizarlo. Esta situación originó

que desde los primeros días después de la guerra, la revuelta armada sea considerada como el

mecanismo para llegar al poder.

La disputa entre las dos facciones llevó a la formación de los partidos políticos tradicionales

en 1887. El Centro Democrático, más tarde Partido Liberal, se abanderó como el defensor de la

Constitución de 1870 y, por ende, asumió la condición de antilopiztas. La ANR, por su parte, se

configuró a partir de una autoimagen de un cierto nacionalismo, estructurado a partir de la figura de

Bernardino Caballero. No se trataba aún de un nacionalismo lopizta, pues el antilopizmo liberal se

observaba en las propias filas del Partido Colorado, al menos eso se observa en los registros

oficiales y públicos. Pero la presencia de Bernardino Caballero tenía la fuerza de imprimir una

tonalidad épica al partido. La identificación del caballerismo con el lopizmo recién se logró con la

publicación de la obra ‗El Centauro de Ybycuí‘ en 1929, a través de una curiosa construcción, de

que el Mariscal López, en sus días finales en Cerro Corá, habría pasado a Caballero la tarea y la

responsabilidad de la reconstrucción de la nación.

Con todo, para construir una nación liberal diferente al Lopizta era también necesario alterar

la moral del pueblo, vista por las nuevas autoridades como ‗degenerada‘ por el secular despotismo

de los regímenes anteriores. La dicotomía entre barbarie y civilización llevó a la instauración de las

ideas de regeneración y reconstrucción. Cabe mencionar que el Triunvirato en un manifiesto del 10

de setiembre de 1869 ya hacía alusión a la necesidad de ‗regenerar el pueblo‘. En el Manifiesto del

Gobierno Provisorio de la mencionada fecha, sostienen la necesidad de emprender una ardua tarea

en la preparación de los elementos para la organización de la nacionalidad paraguaya, de la

condenación de los tiranos López y de la tiranía; así como sostener que el Paraguay fue hasta ese

momento una tierra clásica de tiranía.

La tiranía del país, ya en su agonía, escupe todavía a la faz de la civilización, devolviéndole en la

condición más mísera y abyecta, los restos truncados del heroico pueblo cuyo valor, virtud,

abnegación merecen el respeto universal. ¿Puede inculparse al pueblo paraguayo de todos estos

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crímenes? ¡No! El Gobierno Provisorio, primera autoridad del país constituida en condiciones

de civilización, de derecho y de moral, levanta su voz para protestar por tamaña injusticia. No

nunca. La víctima jamás fue cómplice del verdugo: éste es un hecho que repugna a la razón y la

historia no presenta un ejemplo semejante. Pero, es preciso que el pueblo paraguayo sea

regenerado para que otra vez no caiga en la esclavitud. Es preciso hacer por medio de la

instrucción pública y liberales instituciones, imposible la creación y elevación de un tirano

(Esteves: 1920).

Para la élite política regenerar al pueblo fue una tarea de suma importancia y para ello, la

educación se volvió un escenario ideal para inculcar el gusto por la libertad recién conquistada en

los campos de batalla, con la idea de que no sugiera una nueva tiranía. Con la creación de

establecimientos educativos emblemáticos como el Colegio Nacional de la Capital y la Universidad

Nacional de Asunción, se buscó inculcar en la población paraguaya la ideología liberal con las

premisas de progreso y civilización.

Para construir la nación civilizada y antilopizta, los valores de la ideología liberal platina de

la época, notoriamente argentina, dieron el norte. Entre los valores, traducidos en prácticas

cotidianas, el que más directamente golpeó a la población sobreviviente a la guerra fue el desprecio

al guaraní, lengua hablada por la mayoría de la población paraguaya, considerada a partir de ahí

como prueba del atraso cultural y propio del lopizmo.

La regeneración del pueblo se daría no solo por la instrucción pública y la prohibición del

guaraní, había que sumarle otro elemento: el inmigrante. Al respecto, un artículo de La Reforma,

titulado ‗Cuestiones políticas y económicas‘, de 1877, sostenía que:

[…] la fisionomía moral del pueblo no es tan fácil de mudar. Era necesario que el elemento

extranjero estuviera en mayor número para que pudiera operar el fenómeno de la transformación

de nuestro pueblo, tradicionalmente indolente por más que se diga lo contrario, donde los

hombres de la campaña son muy poco afecto al trabajo y prefieren en su mayor parte la vida

haragana y vagabunda (La Reforma, p. 7).

De esta manera, la instrucción pública y la inmigración fueron los hechos de una política de

‗regenerar el pueblo‘, práctica heredada particularmente de los viejos ex emigrados de Buenos

Aires. El propio Luciano Recalde, secretario de la Asociación Paraguaya, expresó el 22 de

diciembre de 1864, que, una vez liberado el país en los campos de batalla, ―se debería fundar una

patria e incluso la población, pues el pueblo que existió en el Paraguay era una masa dócil que

obedecía los caprichos de un malvado‖ (García Mellid: 1964).

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128

Segunda etapa. La confrontación de visiones sobre el Mcal. López

La primera confrontación sobre el pasado nacional, la guerra y la figura del Mcal. López se

dio entre Blas Garay y Manuel Gondra, un debate poco valorado, pero que sentó las bases para las

discusiones posteriores sobre la historia paraguaya, perfilándose a partir de ahí la existencia de dos

formas de interpretar el pasado, una versión oficial y una no oficial. Blas Garay fue el primer gran

revisionista de la historia nacional. Sus ensayos sirvieron de base para estructurar el nacionalismo

lopizta, que fue lentamente instituyéndose entre los intelectuales y militares.

El Novecentismo prácticamente inició el estudio del pasado nacional, correspondiendo a

dichos escritores la primera lectura de la Guerra contra la Triple Alianza. Esta generación estuvo

conformada por intelectuales de la talla de Cecilio Báez, Blas Manuel Garay, Manuel Gondra,

Fulgencio Ricardo Moreno, Ignacio A. Pane, Juan Emiliano O‘Leary, José de la Cruz Ayala,

Manuel Domínguez, entre otros. Precisamente, el Dr. Cecilio Báez fue el primero que articuló una

lectura del pasado patrio, esbozando un juicio severo sobre los gobiernos anteriores a la Guerra

contra la Triple Alianza y el conflicto armado mismo, concluyendo que los largos años de tiranía en

el Paraguay provocaron su ruina. Básicamente, este juicio lapidario de Báez se resume en tres

obras: La Tiranía en el Paraguay (1904), Cuadros Históricos y descriptivos del Paraguay (1907) y

Resumen de Historia del Paraguay (1910). En contraposición a las obras de Báez, emergieron los

periódicos La Patria y el Tiempo, donde Enrique Solano López, en el primero, y O‘leary,

Domínguez y Pane, en el segundo, estructuraron una lectura alternativa del pasado nacional en

oposición a la tesis desarrollada por el Dr. Cecilio Báez.

En lo referente al Paraguay, el Nacionalismo emergió con fuerza, caracterizando y

dominando los aspectos político-culturales del siglo XX paraguayo, se mezcló con la figura del

Mcal. Francisco Solano López, y se confundieron mutuamente y dieron origen también al lopismo.

Luego, en la década de 1920, el movimiento historiográfico inició la campaña de la

reivindicación del Mcal. López. En dicha década se recordaba dos grandes acontecimientos: el

Centenario del natalicio del Mcal. Francisco Solano López y el cincuentenario de la finalización de

la Guerra contra la Triple Alianza. La Comisión Nacional de Celebración del Centenario elevó la

solicitud de derogación del decreto del 17 de agosto de 1869, mencionado anteriormente. Además

de ello, el proyecto del 31 de agosto de 1926 estipuló que queden anulados no sólo el decreto que

pesaba sobre el Mariscal López, sino también todos aquellos decretos emitidos por el gobierno de

Francisco Solano López en los cuáles se tildaban de traidores a varios ciudadanos, civiles y

militares, nacionales. De esta forma se buscaba la nulidad absoluta de los documentos antilopiztas y

lopiztas. Pero la misma no tuvo eco en el Poder Legislativo y fue rechazado.

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De cualquier manera, el Paraguay fue sacudido por la lucha entre lopistas y antilopiztas, en

vísperas y durante el año 1926. Se agudizó la tensión dialéctica entre la reivindicación o execración

del héroe. Al respecto, el diario ―La Patria‖ expresaba lo siguiente:

Ahora, el sentir nacionalista ha despertado por completo y la hora de reivindicación definitiva ha

sonado. Y con ella ha llegado el momento de que el Poder Legislativo, levante este oprobio que

la raza maldita en su afanoso empeño de menoscabar la memoria ciclópea del Mariscal López,

puso sobre ella, excluyendo de la ley precisamente al más grande de nuestros mayores, el que en

cinco años de martirologio mantuvo con fuerza indoblegable de su voluntad férrea, de su valor

espartano y de su decisión admirable, la defensa de la patria… (La Patria, 13 de julio de 1926).

En cuanto a la producción historiográfica de la década del 20‘se destacan las obras de

Manuel Domínguez, ―El Alma de la Raza (1918)‖, ―El Patriota y el Traidor (1920)‖, ―El Paraguay,

sus grandezas y sus glorias (1920)‖; Natalicio González, por su parte, publicó ―Cincuentenario de

Cerro Corá (1920)‖ y ―Solano López y otros ensayos (1926)‖; Juan Emiliano O‘leary, ―Nuestra

Epopeya‖, ―El Mariscal Francisco Solano López‖, ―El Libro de los Héroes‖, ―Los Legionarios‖ y

―Apostolado Patriótico‖. La idealización de la Guerra por parte de O‘leary asumió caracteres

extremos, llegando incluso a exaltar la muerte y el sacrificio del pueblo. Como respuesta a este

fenómeno historiográfico apareció la publicación de la Junta Patriótica, obra titulada ―El Mariscal

Francisco Solano López‖, con el propósito de ―contribuir al esclarecimiento de la Historia del

Paraguay‖.

Además, en este período estaba latente el conflicto con Bolivia por la posesión del territorio

chaqueño. Precisamente, en este punto dónde más reacias eran las críticas contra los gobiernos

liberales, acusados de no tener una política de defensa de dicho territorio. Esto se acrecentó, durante

el gobierno de Eligio Ayala, con la fundación de varios fortines que llevaban nombres que

recordaban el pasado nacional. Entre ellos citamos los fortines Mariscal López, Bernardino

Caballero, Sargento Cándido Silva, entre otros.

Pero la denominación que se le otorgó a los fortines llama poderosamente la atención. Una

explicación que nos arriesgamos a lanzar sería la necesidad de unificar al pueblo y despertar en él

un fuerte sentimiento nacionalista. El mejor ejemplo de patriotismo fueron los hombres del 70´ y en

especial la figura del Mariscal López, visto por la mayoría de la población paraguaya como un

héroe80

. El propio Arzobispo de la Asunción, Monseñor Juan Sinforiano Bogarín lo expresó en sus

80

Al respecto, el encargado de negocios argentino, Luís Castiñeiras, al referirse al Lopizmo expresó “que, si el tirano

resucitara en la plenitud de su poder y volviera a declararnos la guerra, la masa del pueblo se alzaría en su favor y en

contra nuestra. Esa es la herencia legada al Paraguay por el doctor Francia y los dos López. Ser enemigo de los de

abajo, recelar siempre de los porteños, es decir, de los argentinos”. BREZZO, Liliana. “Paz en paz y guerra a la guerra”:

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Apuntes, al escribir ―que [el pueblo paraguayo] casi en su totalidad [es] amante del Mariscal‖

(Bogarín: 1986).

Las fuerzas sociales que aparecieron en dicha época relativizaron la importancia de los

Partidos Políticos tradicionales y disminuyeron el rol ejercido por los caudillos políticos. Al mismo

tiempo contribuyeron para reforzar, de alguna manera, el Nacionalismo conservador forjado por los

intelectuales lopiztas. A partir de allí este nacionalismo comenzó a ganar espacio y respaldo en la

sociedad paraguaya.

Juan Emiliano O‘leary fue el gran propulsor de la reivindicación de la figura del Mcal.

López. Ya en su polémica con Cecilio Báez en 190281

sentó su postura sobre dicho tema. Inspirado

en el pensamiento de Charles Maurras, O‘leary desarrolló un nacionalismo integral en

contraposición a la ideología liberal. De la mano de este intelectual la figura del Mcal. López se fue

transformando de asesino de su Patria a constituirse en constructor y forjador de su pueblo. Es decir,

hay un cambio del rol histórico de Francisco Solano López en las páginas de la historia paraguaya.

Durante las primeras tres décadas del siglo XX el lopizmo se fue estructurando fuertemente y ocupó

espacios en la vida nacional. El conflicto chaqueño fue el combustible necesario para la

consolidación de la ideología nacionalista y la Revolución del 17 de febrero de 1936 lo catapultó

como política de Estado.

Tercera etapa. La redención del Mcal. Francisco Solano López

En lo referente al Paraguay, el Nacionalismo emergió con fuerza, caracterizando y

dominando los aspectos político-culturales del siglo XX paraguayo, y se mezcló con la figura del

Mcal. Francisco Solano López, y se confundieron mutuamente y dieron origen también al lopismo.

La figura del Mcal. Francisco Solano López fue la más atacada tras la finalización de la Guerra

contra la Triple Alianza. Ya el decreto de 1869 lo vejaba al grado de declararlo ‗enemigo del género

humano‘. Pero esta retórica era una política de los vencedores de relacionar al paraguayo pro-

lopizta con la ―barbarie‖, característica, según ellos, del Lopizmo.

Blas Garay fue el primer gran revisionista de la historia nacional. Sus ensayos sirvieron de

base para estructurar el nacionalismo lopizta, que fue lentamente instituyéndose entre los

¿Una nueva historiografía sobre la Guerra de la Triple Alianza? En: Revista Paraguaya de Sociología. Año 38, N°

111/112 (Mayo-Diciembre de 2001), p. 19 81

Básicamente, la polémica entre ambos, iniciada el 18 de octubre de 1902 y culminada el 11 de febrero de 1903, giró

en torno a la interpretación de la historia nacional, más que una lucha entre lopiztas y antilopiztas. Más bien, parece un

quiebre generacional entre los jóvenes novecentistas y el maestro Cecilio Báez. No debemos olvidar que el Dr. Cecilio

Báez reivindicó la figura del Dr. José Gaspar Rodríguez de Francia en 1888 y la misma se encuadra también dentro de

los lineamientos del revisionismo histórico. Ver, Polémica sobre la Historia del Paraguay.

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intelectuales y militares. Luego, en la década de 1920, el movimiento historiográfico inició la

campaña de la reivindicación del Mcal. López. En dicha década se recordaba dos grandes

acontecimientos: el Centenario del natalicio del Mcal. Francisco Solano López y el cincuentenario

de la finalización de la Guerra contra la Triple Alianza. Además, en este período estaba latente el

conflicto con Bolivia por la posesión del territorio chaqueño. Precisamente, en este punto dónde

más reacias eran las críticas contra los gobiernos liberales, acusados de no tener una política de

defensa de dicho territorio. Las fuerzas sociales que aparecieron en dicha época relativizaron la

importancia de los Partidos Políticos tradicionales y disminuyeron el rol ejercido por los caudillos

políticos. Al mismo tiempo contribuyeron para reforzar, de alguna manera, el Nacionalismo

conservador forjado por los intelectuales lopiztas. A partir de allí este nacionalismo comenzó a

ganar espacio y respaldo en la sociedad paraguaya.

Juan Emiliano O‘leary fue el gran propulsor de la reivindicación de la figura del Mcal.

López. Ya en su polémica con Cecilio Báez en 190282

sentó su postura sobre dicho tema. Inspirado

en el pensamiento de Charles Maurras, O‘leary desarrolló un nacionalismo integral en

contraposición a la ideología liberal. De la mano de este intelectual la figura del Mcal. López se fue

transformando de asesino de su Patria a constituirse en constructor y forjador de su pueblo. Es decir,

hay un cambio del rol histórico de Francisco Solano López en las páginas de la historia paraguaya.

Durante las primeras tres décadas del siglo XX el lopizmo se fue estructurando fuertemente y ocupó

espacios en la vida nacional. El conflicto chaqueño fue el combustible necesario para la

consolidación de la ideología nacionalista y la Revolución del 17 de febrero de 1936 lo catapultó

como política de Estado.

El gobierno de Rafael Franco se abocó a la tarea de la revisión del pasado nacional. Ya en la

Proclama del ejército hacedor de la revolución de febrero proclamaron que ―La Nación será

restituida al nivel de su historia en el Río de la Plata (…) y a la grandeza de su porvenir‖. (Proclama

del Ejército Libertador. Asunción, febrero de 1936). La apoteosis del Mcal. Francisco Solano López

se consumó con el decreto del 1° de Marzo por el cual el gobierno encabezado por el Cnel. Rafael

Franco estipulaba que: ―Quedan cancelados para siempre de los Archivos Nacionales

reputándoselos como no existentes todos los decretos-líbelos dictados contra el Mariscal Presidente

de la República del Paraguay don Francisco Solano López, por los primeros Gobiernos establecidos

82

Básicamente, la polémica entre ambos, iniciada el 18 de octubre de 1902 y culminada el 11 de febrero de 1903, giró

en torno a la interpretación de la historia nacional, más que una lucha entre lopiztas y antilopiztas. Más bien, parece un

quiebre generacional entre los jóvenes novecentistas y el maestro Cecilio Báez. No debemos olvidar que el Dr. Cecilio

Báez reivindicó la figura del Dr. José Gaspar Rodríguez de Francia en 1888 y la misma se encuadra también dentro de

los lineamientos del revisionismo histórico. Ver, Polémica sobre la Historia del Paraguay.

Page 133: La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la

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en la República a raíz de la conclusión de la guerra de 1865‖. (Decreto Nº 66. Artículo 1º.

Asunción, marzo 1º de 1936).

De esta forma, de un solo plumazo, el gobierno eliminaba los decretos antilopiztas,

tratando, con esta obra, eliminar toda mancha que pese sobre la figura del Mcal. Francisco Solano

López. Debemos tener en cuenta, que la construcción de un héroe, así como de varios mitos, va

asociado al proceso de fortalecimiento de una Nación, que necesita sustentar la identidad nacional, a

través de un símbolo poderoso que encarne los ideales y las aspiraciones de un determinado pueblo

y responda a un proceso complejo, cuyo objetivo final sea la de unir y acentuar el sentido de

comunidad. Al decir de Dukheim, ―es al repetir el mismo grito, pronunciar la misma palabra, o

ejecutar el mismo gesto en relación a algún objeto (los individuos) se sienten y se convierten en una

unidad‖ (Guibernau: 1993).

La obra del gobierno de Franco no sólo se remitió a la eliminación definitiva de los

documentos que atacaban la figura del Mcal. López. En el artículo 2° del mismo decreto se estipuló:

―Declarase Héroe Nacional sin ejemplar al Mariscal Presidente de la República del Paraguay don

Francisco Solano López, inmolado en representación del idealismo paraguayo, con sus soldados, en

la Batalla de Cerro Corá el 1° de Marzo de 1870‖ (Decreto Nº 66. Artículo 2º. Asunción, marzo 1º

de 1936). Con este artículo se daba un giro al papel que ocupaba el Mcal. López en la historia

nacional.

De esta forma pasaba de ser asesino de su patria, culpable del genocidio de su pueblo y la

destrucción del país a ser ―Héroe Máximo‖ de la Nación. La razón de este decreto obedece a ―Que

es tiempo de elevar los corazones hasta la ofrenda final de una consagración pública que interprete

la reivindicación de todo el pasado del Paraguay y de la memoria incomparable de su Mariscal

Presidente, único jefe de Estado que murió con las armas en la mano en nombre de un ideal de

civilización humana‖ (Decreto Nº 66. Asunción, marzo 1º de 1936). En el mismo decreto se fijaba

la erección de ―un gran monumento conmemorativo sobre la más alta colina sita a orillas del río

Paraguay a la entrada de la Ciudad de la Asunción‖ (Decreto Nº 66. Artículo 3º. Asunción, marzo 1º

de 1936) y se autorizaba al Ministerio del Interior a ponerse de acuerdo con la Comisión Pro-

homenaje, cuya tarea era la de organizar todo lo concerniente con el homenaje. Luego de sesenta y

seis años la figura del Mcal. López era reivindicada por el Estado paraguayo.

A partir de este decreto el Mcal. López se convierte en la figura histórica alta de la Nación

Paraguaya y ―es nuestro deber honrar su memoria esclarecida tanto como seguir su ejemplo‖83

. Para

83

Discurso pronunciado por el Presidente Provisional de la República Cnel. Rafael Franco. Asunción, Marzo, 1° de

1936.

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133

honrar la memoria del héroe nacional fue establecido un monumento que reúna a los beneméritos de

la Patria. ―Designase con el nombre de Panteón Nacional el monumento expresado y destínasele en

tal carácter a conservar los restos de los Próceres beneméritos de la Nación que se hicieron

merecedores de la gratitud de la posteridad de sus virtudes excepcionales al servicio de la patria‖

(Decreto Nº 4834. Artículo 1º. Asunción, setiembre 14 de 1936).

Para ello, fue necesario la expropiación de la manzana comprendida por las calles Chile, 25

de noviembre (actual Nuestra Señora de la Asunción), Palma y Estrella. ―Procédase, en

consecuencia, a la expropiación de las tierras que le faltan al Panteón para completar la manzana,

las que serán indemnizadas por el Estado‖ (Decreto del 21 de diciembre de 1935. Artículo 2º). Para

depositar los restos del Mcal. López en el Panteón Nacional de los Héroes fue necesario la

localización y exhumación de los restos del Mcal. López. Una vez hallados los restos fueron

trasladados en el cañonero Humaitá a Asunción, llegando al puerto de la Capital el domingo once a

las diez horas.

Los restos del Mcal. López fue depositado en el Panteón Nacional de los Héroes el día doce

de octubre de 1936. ―Queda cumplida asimismo la superior disposición gubernativa que ordena

sean depositados en el recinto central del mismo los restos del Mariscal Presidente de la República,

Don Francisco Solano López (…) El fuego de nuestro patriotismo seguirá velando junto a ellos, día

y noche, hoy y siempre‖84

. De esta forma, la figura del Mcal. Francisco Solano López ascendió a

ser considerado como el Héroe Máximo de la República del Paraguay, adquiriendo una imagen

positiva y triunfal, convirtiéndose en conductor nacional y hacedor de la historia patria. ―El

revisionismo conllevaba la apología del gobernante fuerte, del ―mesías‖ militar, depositario y

salvador de la nacionalidad‖ (Cardozo: 1956). Al punto de ser considerado el pro-hombre de la

Nación y modelo a ser imitado por que reúne las características de la raza paraguaya, según la

óptica de sus reivindicadores.

Un fenómeno asociado al culto del Mcal. López fue la nacionalización del centro asunceno.

Este fenómeno se observa a través de varios aspectos. Una de ellas es el nombre de las calles, la

mayoría de ellos llevan nombres de héroes que hacen recordar acontecimientos importantes de

nuestra historia. Así nombres como López, Caballero, Díaz, Iturbe, Yegros, De la Mora, Humaitá,

Cerro Corá, entre otros, configuran el tejido simbólico de una Nación que ―se superó en la derrota‖

(Capdevila: 2010). Los símbolos y los rituales son agentes determinantes en la instauración de la

identidad nacional. ―La conciencia de formar una comunidad se crea mediante el uso de símbolos y

la repetición de rituales que inyectan energía a los miembros de la nación‖ (Guibernau: 1993). Esto

84

Discurso del Dr. Juan Stefanich, Ministro de Relaciones Exteriores e interino de Guerra y Marina. Asunción, 11 de

octubre de 1936.

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se da a través de acontecimientos que ayuden a afianzar la unidad, como festividades, símbolos, ya

sean palabras, objetos o signos, como la bandera, por ejemplo.

Los edificios del centro también hacen mención al pasado nacional. Construcciones como el

Palacio de López, la Catedral, el Teatro Nacional, el Panteón Nacional de los Héroes, alimentan el

imaginario colectivo de un relato estructurado en torno a la figura de los López, las armas y los

trofeos de guerra. De esta manera se buscó fundar la acción del presente en las raíces del pasado, en

ese proceso de transformación de la sociedad.

Lo que se observa es que existe una patrimonialización de los lugares históricos

mencionados, y este fenómeno se acentuó aún más bajo la dictadura Stronista (1954 – 1989), con un

discurso totalitario sobre el pasado nacional, instalando ―en la duración un metadiscurso sobre el

pasado‖ (Capdevila: 2010). No debemos olvidar que la conciencia colectiva de una determinada

sociedad se plasma tanto en la práctica de los sujetos como en los lugares, de ahí la importancia del

diseño de los espacios públicos, de los monumentos, las corrientes estéticas, etc., que determinan e

imponen, en un determinado momento de poder, determinados imaginarios sociales.

Existe una representación del pasado a través de los espacios físicos, con un claro objetivo

de buscar la cohesión social, tratando de hacer recordar el heroísmo del pueblo paraguayo. Este fue

el elemento del cual se valieron los distintos gobiernos autoritarios que se sucedieron en el

Paraguay entre 1936 – 1989, para legitimar su poder. ―Ser una historia que cada uno conoce, una

historia que empapa el espacio público, que alimenta el imaginario colectivo y estructura las

identidades‖ (Capdevila: 2010), de forma a acrecentar y reforzar el nacionalismo por medio de

símbolos y creencias.

Conclusión

El nuevo régimen instaurado tras la Revolución de febrero de 1936 adoptó el Nacionalismo

como Política de Estado, volviéndose a partir de allí un elemento gravitante en el sistema político.

―El movimiento de masas que se cristalizó en la apoteosis de Francisco Solano López sacó

provecho de las dinámicas culturales de la guerra, de la aspiración al consenso y del culto a los

jefes, de la consolidación de los valores marciales y de una relectura del pasado cercano vinculada

al acontecimiento que acababa de producirse en el Chaco‖ (Capdevila: 2010).

La adopción del Nacionalismo implicó una revisión del pasado nacional, con el objetivo de

reivindicar figuras de la historia patria que habían sido vejadas y olvidadas por el modelo político

implantado en el país tras la culminación de la Guerra contra la Triple Alianza, siendo considerados

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a partir de allí, los gobiernos del Doctor José Gaspar Rodríguez de Francia y Carlos Antonio López,

como modelos a seguir; al considerar, sus respectivos gobiernos, como paradigmas a imitar y

posibilitar el triunfo del imaginario político militar nacionalista, que años más tarde, se trasformó en

católico y colorado, nombre con que es llamado la Asociación Nacional Republicana.

El siguiente paso en el desarrollo del nacionalismo paraguayo tiene lugar en el periodo de la

posguerra, entre 1936 y 1947, después de la Guerra del Chaco con Bolivia. Con la llegada al poder

de los gobiernos militares, el nacionalismo se convirtió en ideología oficial del Estado, lo que

implicó la intervención estatal en la economía y las reformas sociales de corte nacional popular.

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