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La lucha por la memoria. A 150 años de la Guerra de la Triple Alianza
Viviana Civitillo
Esteban Chiaradia
Jorge Coronel
Silvania de Queiroz
Mauro Silveira
Pedro R. Caballero C.
Eder Luis Rodas Sanabria
Mercedes Rubio
Marco Augusto Ferreira
Miryam Celeste Buzó Silva
Augusto Velzáquez Belotto
Licencia Creative Commons Atribución-NoComercial-SinDerivadas 4.0 Internacional
Editorial Facultad de Filosofía.
Gestionada por la Dirección de Investigación de la
Facultad de Filosofía de la Universidad Nacional de Asunción.
Contacto: [email protected]
Asunción – Paraguay
2021
2
ÍNDICE
Prólogo………………………………………………………………………………………….3
Historiografía de Trincheras: Historia oficial e revisionismo
Silvania de Queiróz……………………………………………………………………………4
Génesis y producción de los Papeles de Burton
Mercedes Rubio……………………………………….………………………………………10
La campaña de Mato Grosso en la historiografía argentina del Siglo XX: ignorancia,
descubrimiento y olviso
Esteban Chiaradia…………………………..…………………………………………………20
De Provincia a República. De Caseros a Cerro Corá. Paraguay en la Cuenca del Plata
Viviana Civitillo………….……………………………………………………………………44
El Paso de los Cuatrocientos, la Intención Subyacente en la Narración Histórica
Marco Augusto Ferreira…………..…………………………………………………………..59
Historiografía restauradora, El Imperio Contraataca
Jorge Coronel………………………………………………………………………………….64
O Jornalismo português, um aliado pouco conhecido do Brasil na Guerra contra o Paraguai
Mauro César Silveira……………………………………………………………………….…69
Alicia Elisa Lynch en la historia paraguaya. Un recorrido bibliográfico
Miryam Celeste Buzó S………………………………………………………….…………….91
La Guerra contra la Triple Alianza en los textos escolares. La construcción del relato sobre la
guerra en textos escolares de la actualidad de Paraguay, Argentina, Brasil y Uruguay
Pedro R. Caballero C. – Eder Luis Rodas Sanabria…………………………………..……….103
La reivindicación de la figura del Mcal. Francisco Solano López (1870-1936)
Pedro R. Caballeero C. – Augusto Velázquez Belotto…………………………………………123
3
PRÓLOGO
El presente material de lectura es el fruto de las diferentes ponencias presentadas en el
Congreso Internacional Virtual ―La lucha por la Memoria. A 150 años de la Guerra de la Triple
Alianza‖, evento que aglutinó a investigadores y expertos en la materia de Argentina, Brasil,
Paraguay y Uruguay. El mencionado Congreso fue organizado por la Dirección de Investigación y
la Carrera de Historia de la Facultad de Filosofía de la Universidad Nacional de Asunción.
A 150 años de la finalización de esta gran guerra resulta de suma utilidad analizar las
visiones sobre la Guerra contra la Triple Alianza en Paraguay, Argentina, Brasil y Uruguay, con la
finalidad de ver los enfoques de los mencionados países sobre este episodio nefasto en la historia de
la región y a partir de ahí, iniciar una verdadera construcción regional, superando las diferencias
ocasionadas por una guerra que dejó secuelas hasta el presente.
Es evidente que los nuevos abordajes historiográficos sobre la Guerra del Paraguay todavía
no han logrado cambiar las representaciones que se construyeron en épocas pasadas. Todavía es
muy grande el abismo entre los nuevos avances historiográficos sobre la Guerra de la Triple Alianza
y las representaciones sociales que sostiene gran parte de la sociedad de los países beligerantes.
Como expresó el Decano de la Facultad de Filosofía, el Dr. Ricardo Pavetti, en ocasión de la
apertura de la Semana de la Carrera de Historia en el 2018, al referirse sobre la Guerra de la Triple
Alianza, ―esta guerra es un dolor interminable y es importante dedicarnos a su estudio con el
máximo rigor‖. Sin duda alguna, son muchos aún los aspectos y temas a seguir investigando y
debatiendo sobre esta conflagración armada, y en ese sentido, la presenta obra viene a representar
un aporte al interminable debate sobre esta fatídica guerra.
En el presente libro podrán encontrar trabajos que abordan la cuestión de la Guerra contra la
Triple Alianza desde diferentes ángulos, lo que enriquece aún más el material; y pretende abordar
este espinoso tema desde una mirada renovadora, con un enfoque nuevo sobre un conflicto que
marcó la historia de las naciones del Plata. Los temas abordan el campo de la historia, la literatura y
el periodismo, con un relato académico de elevado nivel que visualiza la labor de investigación
desarrollada por cada uno de los autores.
Dr. Pedro R. Caballero C.
Director de Investigación-Facultad de Filosofía
Universidad Nacional de Asunción
4
HISTORIOGRAFIA DE TRINCHEIRAS: HISTÓRIA OFICIAL E REVISIONISMO
Silvania de Queiróz1
A escrita da história é um processo complexo, que envolve inúmeros aspectos, sobretudo,
ideológicos, políticos e econômicos. Após a Guerra da Tríplice Aliança com a República do
Paraguai [1864-70], esse processo concentrou-se nas mãos das forças ―vencedoras‖. No Brasil foi
controlado pelos representantes das forças militares, e no Paraguai, pelas forças aliancistas
(imperiais e argentinas), apoiadas pelos legionários, grupo formado por paraguaios que combateram
contra seu próprio país. Podemos perceber que logo após a guerra, as representações
historiográficas e culturais dos vencedores se tornaram hegemônica nos dois países, dando origem a
chamada historiografia de trincheira.
Antes mesmo do fim da guerra do Paraguai, surgiam no Brasil obras oficialistas2, ligadas,
sobretudo a ex-oficiais de linha ou voluntários, principalmente do Exército, que descreveram os
fatos e acontecimentos a partir da visão de corte essencialmente patriótico e ufanista, que definimos
como historiografia nacional-patriótica3. Alguns oficiais das forças armadas prosseguiriam nas
décadas seguintes escrevendo sobre o conflito, no geral sem modificação de conteúdo.
Para essa literatura, o Brasil lutara naquela guerra essencialmente para defender-se de
agressão militar e para por fim a um ditador odioso e ambicioso, responsável exclusivo por aquele
confronto. Em forma quase exclusiva, ela limitou-se à narrativa cronológica dos grandes combates,
do aprisionamento do navio Marquês de Olinda [1864] à morte de Solano López, em Cerro Cora,
em 1870. Todas as obras destacaram os feitos do exército imperial/brasileiro como justos,
respeitosos e bravos; que devido às pressões e exploração realizada pelo tirano do Paraguai, o
Império não teve outra escolha a não ser intervir na região platina. É uma historiografia pautada na
1 Universidade de Passo Fundo – RS - Brasil. E-mail: [email protected]
2 Cf. MADUREIRA, Antonio de Sena. [1841-1889], A guerra do Paraguai: resposta ao sr. Jorge
Thompson, autor da ―guerra del Paraguay‖ e aos anotadores argentinos D. Lewis e A. Estrada. Brasília: Universidade de
Brasília. 1982; DUARTE, Paulo de Queiróz. Os voluntários da Pátria na guerra do Paraguai. Rio de Janeiro: Biblioteca
do Exército, 1981; CERQUEIRA, Dionísio. Reminiscências da Campanha do Paraguai. Rio de Janeiro: Biblioteca do
Exército, 1980; PIMENTEL, Joaquim Silvério de Azevedo. Episódios Militares. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército,
1978; FRAGOSO, Tasso. História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai. Rio de Janeiro: Biblioteca do
Exército, 1956. 3 Cf. sobre essa definição: MAESTRI, Mário. A Guerra do Papel: História e Historiografia da Guerra no Paraguai
(1864-1870). PPHG/UPF, 2013; MAESTRI, Mário. Paraguai: a república camponesa. Porto Alegre: FCM, 2015. 322
pp.
5
descrição factual e superficial dos acontecimentos, sem considerar os contextos, as causas, as
decorrências, etc., assim o real entendimentos do desenrolar dos fatos.
A razão apresentada para a guerra é sempre a tirania de Solano López que não respeitava
seu povo e seus vizinhos e planejava expandir seus territórios, iniciando pela invasão do Mato
Grosso. Do mesmo modo, o soldado paraguaio é descrito como fanático e louco, que defende
Solano López mesmo nos piores momentos, sem abandonar a batalha, o que contribuiu na demora
para acabar a guerra.
No Paraguai, a partir de janeiro 1869, quando tomaram a capital, as forças aliancistas e
―novo governo‖ iniciaram a construção da narrativa historiográfica oficial muito semelhante a
historiografia brasileira, onde toda a culpa da guerra foi atribuída a Solano López e seu desejo de
poder. Essa historiografia não realizava qualquer análise a respeito do contexto platino, das causas e
motivações da guerra. Sob a influência do Império do Brasil, sobretudo, mas também da República
Argentina, as explicações sobre os responsáveis pelo conflito apontavam todas para o Estado
paraguaio, no geral, e para Francisco Solano López, em especial. Os próprios oficiais paraguaios
que se integraram à administração do Estado aceitaram, ao menos inicialmente, tal explicação,
enfatizando, porém, o heroísmo do soldado e do povo do país naquele conflito.
Para se legitimar no poder as forças aliancistas/legionárias passaram a negar qualquer
elemento positivo no passado paraguaio. Para eles, o Paraguai antes da guerra era o país mais
atrasado do mundo, marcado por regimes despóticos, onde as tiranias – Francia, Carlos Antonio
López e Francisco Solano López- teriam levado o país a completa barbárie. A Tríplice Aliança se
apresentava como a portadora da liberdade e da civilização. Com este argumento, os legionários,
em especial, tentavam fugir da posição de traidores da pátria afirmando que a guerra não seria
contra o povo paraguaio, mas sim contra o tirano Solano López.
A historiografia oficial se utilizou dos jornais da época para fortalecer sua narrativa. Os
jornais La Regeneración e La Voz del Pueblo, os primeiros jornais do pós-guerra, buscaram
legitimar essa ―versão‖ dos acontecimentos ao mesmo tempo em que rivalizavam entre si acerca da
influência argentina ou imperial nos rumos do país.
Autores como Cecilio Báez, afirmavam não haver nada de positivo no Paraguai antes da
guerra, que seria o país mais atrasado do mundo, que seu povo era um povo embrutecido,
cretinizado por secular despotismo, por isso seria incapaz de qualquer reação contra seus tiranos.
Para além disso, esta narrativa afirmava que a guerra foi positiva pois trouxe a civilização ao
Paraguai4. Visão absurda que nega o processo histórico de desenvolvimento paraguaio.
4 BÁEZ, Cecilio. El Dr. Francia: ensayo sobre la dictadura en Sudamérica. Asunción: Cromos Mediterráneo, 1985;___
La tirania de Solano López: su aspecto comercial in Junta Patriótica Paraguaya, El Mariscal Solano López. Asunción:
6
Apesar disso, parte da citada Geração dos Novecentos começou a produzir narrativas que se
opuseram a visão historiográfica oficial. Blas Garay, Juan Silvano Godoi, Juan Emiliano O‘Leary e
Manuel Domínguez foram os primeiros escritores paraguaios a iniciarem um processo de ruptura e
oposição a historiografia oficial aliancista. De modos variados e com aspectos e elementos
diferentes eles iniciaram o que hoje chamamos de revisionismo histórico paraguaio5, fortemente
determinado por suas opções políticas e ideológicas.
O revisionismo possui múltiplos significados, mas aqui, está definido como o processo de
reinterpretar e reanalisar determinados acontecimentos e, sobretudo, interpretações históricas, em
gerais produzidas pelas classes dominantes, a partir de novos métodos, olhares, fontes, etc. Nesse
sentido, ―revisionismo‖ interpreta-se também como leitura nova, a partir dos silenciados, oprimidos,
ofendidos, etc., em geral sem direito à história. Buscando superar narrativas simplistas sobre a
guerra e sobre seus elementos e personagens6.
Ao estudarmos a história e a historiografia da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai
percebemos que muitos aspectos e elementos precisam ainda de maiores aprofundamentos. Pois a
visão oficial, através da historiografia de trincheiras produziu e ainda produz interpretações
incompletas. Tal posição ciclópica, não conseguiu enxergar ou não quis enxergar que desde o fim
do conflito houve um movimento de simpatia para com o mariscal
Referências:
ALLIOT, Enrique. Elementos de Historia y Geografía. Asunción: La Democracia,1884.
BÁEZ, Cecilio. El Dr. Francia: ensayo sobre la dictadura en Sudamérica. Asunción: Cromos
Mediterraneo, 1985.
________________. La tirania de Solano López: su aspecto comercial in Junta Patriótica
Paraguaya, El Mariscal Solano López. Asunción: Junta Patriótica Paraguaya, 1926.
_______________. La tiranía en el Paraguay: sus causas, caracteres y resultados. Colección de
artículos publicados en ―El Civico‖. Asunción: El País, 1903.
Junta Patriótica Paraguaya, 1926; _____. La tiranía en el Paraguay: sus causas, caracteres y resultados. Colección de
artículos publicados en ―El Civico‖. Asunción: El País, 1903.
5 Cf. MELLO, Demian Bezerra de. (org) A miséria da historiografia: uma crítica ao revisionismo contemporâneo. Rio
de Janeiro: Consequência Editora, 2014. 260 p. 6 Conferir sobre conceito de revisionismo: FURET, François e NOLTE, Ernst. Fascismo y comunismo. Espanha:
História Alianza Editorial. 2005; FELICE, Renzo. Explicar o Fascismo. Portugal: Edições 70. 1976; FAURISSON,
ROBERT. Las victorias del revisionismo. Espanha: Ojeda. 2008; RASSINIER, Paul. Le Drame des Juifs Européens.
Paris: Les Sept Couleurs. 1964.
Francisco Solano López, entre a população do país, reação à sua demonização, que expressava, em forma mais ou
menos consciente, o movimento de resistência à invasão, ocupação e refundação neocolonial do país. Para o bem e o
mal, ele representava a oposição indômita do povo contra os invasores e tudo o que significaram.
7
BREZZO, Liliana. Juan E. O‘Leary: El Paraguay convertido en acero de pluma. Colección
Protagonistas de la Historia. Asunción: El Lector, 2011.
CERQUEIRA, Dionísio. Reminiscências da Campanha do Paraguai. Rio de Janeiro: Biblioteca do
Exército, 1980;
CHAVES, Julio Cesar. Compendio de historia paraguaya. Asunción: Carlos Schauman, 1988;
CHIAVENATTO, Julio José. Genocídio americano: a guerra do Paraguai. 21ª ed. São Paulo:
Brasiliense, 1987.
CORONEL, Bernardo. Breve interpretación marxista de la historia paraguaya (1537-2011).
Asunción: Arandurã; Base, 2011.
DECOUD, Hector Francisco. Sobre los escombros de la guerra: una década de vida nacional. 1869-
1880. [Edición facsimilar]. Asunción: Servilibro, 2015.
DOMÍNGUEZ, Manuel. El Alma de la Raza. Buenos Aires: Editorial Ayacucho, 1917.
__________. El Paraguay: sus grandezas y sus glorias. Buenos Aires: Editorial Ayacucho, 1946.
DORATIOTO, Francisco. Maldita Guerra: Nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo:
Companhia das Letras, 2002.
DUARTE, Paulo de Queiróz. Os voluntários da Pátria na guerra do Paraguai. Rio de Janeiro:
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FAURISSON, ROBERT. Las victorias del revisionismo. Espanha: Ojeda. 2008;
FELICE, Renzo. Explicar o Fascismo. Portugal: Edições 70. 1976;
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8
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Brasília: Universidade de Brasília. 1982;
MAESTRI, Mário. A Guerra do Papel: História e Historiografia da Guerra no Paraguai (1864-
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MAESTRI, Mário. Estanislao Zeballos: a história jamais escrita da Guerra da Tríplice Aliança in
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MAÍZ, Fidel. Pequeña geografía (para los niños de la escuela de Arroyos y Esteros). Asunción:
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9
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YEGROS, Ricardo e YEGROS, Sebastian. Cecilio Báez e Juan E. O‘Leary: polémica sobre la
historia del Paraguay. Asunción: Tiempo de História, 2011.
ZEBALLOS, Estanislao. Historia de la guerra del Paraguay: relatos y memorias en primera
persona: Fondo Estanislao Zeballos. Buenos Aires: Ministerio de Relaciones Exteriores y
Culto/Ministério de Cultura de la Nación, 2015.
10
GÉNESIS Y PRODUCCIÓN DE LOS PAPELES DE BURTON
Mercedes Rubio7
Génesis
Cuando recibí la generosa invitación del Doctor Pedro Caballero y de la Profesora Viviana
Civitillo, a este Congreso Internacional de LA LUCHA POR LA MEMORIA, ―mi primer
movimiento fue de gratitud, mi segundo de aceptación, mi tercero de fuga‖, como dijera Borges
alguna vez.
Porque no podía no pensar en lo intruso de mi voz, en un encuentro en el que predominan
historiadores, preocupados e interesados por dirimir, pensar, reflexionar y compartir diferentes
ideas, pensamientos, lecturas e investigaciones sobre los Ejes Temáticos que los convoca, --una voz,
como la mía que se atrevió a incursionar en una historia tan compleja, tan llena de versiones, de
ocultamientos, de mentiras y de verdades llenas de disfraces, como la Guerra del Paraguay o
Guerra Grande , o de la Triple Alianza , o quizá mejor aún, Guerra contra Paraguay . Los diversos
títulos con los que se la nombra, para decir o significar, ya en ‗ese mismo decir‘ lo que se trae entre
manos.
Quizá, me gustaría empezar por contarles que la simiente de mi novela fue un mito de
origen, una suerte de saga familiar, de la que yo escuché hablar, desde que tengo uso de razón.
Siempre me contaban, en particular una tía, que venía de visita, quizá para entretener a unos niños,
cuyo padre había muerto de modo imprevisto, que ― dos mujeres habían muerto en el cepo comidas
por las hormigas, untadas con miel, por culpa del tirano López, durante la Guerra del Paraguay”
Y simultáneamente, ella agregaba que descendemos de una princesa india , lo que hacía que
sonaran a cuento, una historia y la otra. Cuando años atrás, empecé a considerar la posibilidad de
investigar de qué se trataba aquella historia, quizá pensando en escribir una novela, pregunté en la
familia, pero nadie sabía, ni cuándo había sido, ni los nombres, ni las razones, y menos aún el
vínculo familiar preciso. Solo que eran unas tías untadas con miel.
7 Buenos Aires, Argentina. Correo electrónico: [email protected]
11
Era casi gracioso, porque todos, incluso cuando les preguntaba a primos mayores que yo,
todos repetían la misma frase. Casi como si fuera una cantinela. La frase era complicada, además,
porque venía cargada de ideología, y de una postura firme frente a los hechos, al considerar tirano,
a Solano López. O sea que era una frase que estaba fosilizada. Que alguien había construido y que
había diseminado en la familia.
Era cuestión entonces de indagar la veracidad de la frase. O el sentido. Y las causas. Desde
siempre escribo cuentos cortos y poemas, pero nunca hasta ahora había escrito una novela.
Recuerdo que sentí, en esos días, que ahí, con este relato, tenía una historia que quizá me estaba
esperando. Entonces empecé a leer cuanto libro había sobre la guerra que llegaba a mis manos, de
un modo o de otro. Pero nada aparecía en lo que leía. Era un relato perdido en la neblina de la
historia.
Hasta que un día una prima tercera apareció de la nada. Fue gracioso, porque este mismo
relato de ‗las tías‘, funcionó como una suerte de anagnórisis, para saber que ambas pertenecíamos a
la misma familia. Que ambas teníamos el mismo origen. Y más aún, el mismo origen paraguayo.
Ante mis preguntas sobre este origen me pasó un cuaderno manuscrito. El cuaderno tenía en
cada página nombres que arrancaban con Antonio Martínez de Viana, seguía con el de Fernando
Fernández de la Mora, Rafael de la Mora, y con Rosa Francisca de la Mora, casada en segundas
nupcias con Ramón de la Paz Rodríguez. Supe después que estos últimos eran los padres de Rosa
Rafaela Rodríguez, mi bisabuela.
Luego seguía con otros nombres. De cada uno contaba la historia. Minuciosa. Y hacia el
final del cuaderno estaban los nombres de Ma. de Jesús Egusquiza y Mercedes Egusquiza muertas
en 1868. Y junto a estos nombres, se mencionaba un libro, Hombres y épocas del Paraguay, de
Arturo Bray, y una página. Lo busqué afanosamente, y allí, me encontré con el relato de un
fusilamiento de doce personas, en noviembre de 1868.
Allí, entre los doce, estaba el de Mercedes Egusquiza. Luego acabé sabiendo que era ‗mi tía
bisabuela‘. Confieso que cuando vi que se llamaba Mercedes, me impactó. Mi nombre, quizá, era
por ella. Los nombres de los otros fusilados aquel día eran: Manuel Antonio Palacios, Vicente
Barrios, Benigno López, José Bergés, Eugenio Bogado, José María Leite Pereira, Simón Fidanza,
Paulino Alén, Juan Bautista Zalduondo, Juliana Insfrán y Dolores Recalde.
12
Entonces, me puse a averiguar quiénes habían sido los otros once, uno por uno. Al saber
quién era quién, sentí entonces que me acercaba a una historia terrible. Con este hecho abre Los
papeles de Burton y, a la manera de una novela policial cual, si fuera una suerte de Arsenio Dupin,
Richard Burton transformado en narrador y personaje, terminará de dar cuenta de la investigación
que llevará a cabo durante el viaje de Buenos Aires a Londres.
Mientras hacía esa búsqueda, en otra oportunidad, le conté a un primo hermano mayor, que
andaba buscando información sobre esta historia, y me dijo que tenía una caja con documentos, y
algunos libros sobre la guerra, como el libro de Thompson, y el de Resquin, y otros más. Que me
daba todo. Eran cartas manuscritas de ‗Bergés a Egusquiza‘, de ‗Venancio a Egusquiza‘, de
‗Benigno a Egusquiza‘, de Solano López, alguna de Carlos Antonio López, de un tal Fevré, de Elisa
Lynch, y otras más.
La mayoría de 1860 a 1864.
Me pasé leyendo esas palabras escritas con pluma durante un mes de enero, en especial las
cartas manuscritas de Bergés, Ex Ministro de Relaciones Exteriores, porque era uno de los
fusilados. Me sirvieron, en particular, para descubrir la frecuencia de ese ir y venir entre Asunción y
Buenos Aires, en barco, cada quince días; y para tomar nota de los diferentes pedidos de Bergés, ‗el
tratamiento‘ del mismo Bergés hacia Egusquiza, diferente en ocasiones, y algunas frases
inquietantes, en las que luego, en la novela, me demoro en hacer una suerte de análisis del discurso,
para ver o descubrir, qué había detrás de ellas. Las de Benigno eran pocas, pero vi que en ellas
mencionaba varias veces a la Casa Blyth. Entonces, pensé, no está tan ‗cerrado‘ ese país, como
decían.
Producción
Otro día estaba leyendo Jornadas de agonía , el tercer tomo de las novelas de Gálvez que
alguien me había pasado, cuando leí una nota sobre la guerra en la Revista Ñ , del diario Clarín de
Buenos Aires, que recogía unas palabras de la historiadora Liliana Brezzo, que hablaban de la
posibilidad de una lectura cultural de la guerra, y que sería revelador volver sobre los relatos de
Manuel Gálvez, de Estanislao Zeballos, de Emilio Salgari, de Augusto Roa Bastos, y de Richard
Francis Burton, sin olvidar los sermones de sacerdotes paraguayos o los discursos antibélicos de
Juan Bautista Alberdi y Carlos Guido Spano.
13
Por ese entonces, las coincidencias a veces abrumaban. No me demoraré en otras. Pero
confieso que me sedujo la idea de relacionar los dos conceptos de guerra y cultura, quizá por mi
propia formación, por no ser historiadora, o quizá porque sabía que iba a vérmelas con un episodio
como la Guerra del Paraguay, sobre la que había una enorme biblioteca con la versión de los
triunfadores, y otra muy reducida, para contar la verdad de los derrotados, y que ella propusiera este
otro camino, me interesó.
Empecé a buscar todos los textos que ella mencionaba, mientras seguía, al mismo tiempo,
leyendo de los otros. Conocía el nombre de Burton, porque sabía que era uno de los traductores de
Las mil y una noches que menciona Jorge Luis Borges en su ensayo ―Los traductores de Las mil y
una noches‖, pero desconocía su libro sobre la Guerra del Paraguay. Me costó conseguir la única
versión reciente en español de Cartas desde los Campos de Batalla del Paraguay, de la Editorial
―El Foro‖, de 1998.
Cuando lo leí, pude entender por qué razón nunca se había traducido al español hasta ese
año, en la traducción de una uruguaya. Ese día, recuerdo, que empecé a sentir que algo se estaba
moviendo. El nombre de Estanislao Zeballos, que ella mencionaba, no me resultó desconocido,
porque tenía un extenso ejemplar de la Legation de Paraguay en París, firmado por Cándido
Bareiro, con fecha del 10 de julio de 1867. Esta copia manuscrita había sido hecha por mi padre, y
al pie de la misma, él sostenía que había sido ‗sacada de un ejemplar que había pertenecido al Dr.
Estanislao Zeballos‘.
Pero cuando supe que Zeballos había tenido el proyecto de una ‗Historia de la Guerra del
Paraguay‘, y que había querido buscar como fuente, la memoria de sus actores y de los que habían
sido testigos, de un lado y del otro, y que pensaba utilizar como estrategia, su propio recorrido por
todo el escenario en el que se habían desarrollado las acciones militares, empecé a vislumbrar que
lo que él había pensado hacer, quizá podría darme la estructura o la forma para mi novela, y que
podría incluir de este modo, ‗ otras voces ‘ que habían sido silenciadas o ignoradas.
Y después, más aún, porque es, en parte, lo que hace también el propio Burton en sus
Cartas, cuando recorre los escenarios de la guerra. Aprovecho en este instante para hacerle llegar
mi agradecimiento a Liliana Brezzo, que me envió tiempo después --cuando me puse en contacto
con ella--, el CD que recogía una serie de entrevistas hechas por Estanislao Zeballos, y por haberme
dado el mail de Guido Rodríguez Alcalá, al que agradezco, en particular, no solo los libros que me
14
envió en aquel momento, sino por haber respondido con enorme generosidad a cuantas dudas o
consultas me iban surgiendo, a medida que avanzaba en la investigación.
Junto a aquel cuaderno que mencioné al principio de esta charla, había también una
fotocopia de la portada de la Constitución para la Franc-Masonería Argentina Aprobada por la
Hon. Convención Masónica , de 1874, y en la portadilla, aparecían los nombres de dos de sus
Vicepresidentes. Uno de ellos era Félix Egusquiza, con el número 33, entre paréntesis. Recuerdo
que me pregunté: ¿pero Egusquiza no era de origen paraguayo? ¿No había sido el Agente
Confidencial y Encargado de Negocios de Carlos Antorio López y de Solano López?¿Qué hacía ahí
entonces Egusquiza en este libro de la Constitución de la Franc-Masonería Argentina?
Cuando leí después en el ―Archivo Personal del Doctor Roque Pérez, Misión al Paraguay‖
que Félix Egusquiza se había ‗iniciado‘ en la Masonería , en Asunción, el 19 de septiembre
de 1869, junto a otras ocho personas, luego de la caída de Asunción, algo me hizo ruido.
¿Cómo podría ser que, aunque le hubieran otorgado los tres grados dentro de la Masonería
-Aprendiz, Compañero y Maestro- al mismo tiempo, como se dijo, hubiera podido ascender
en menos de tres años, nada menos que al Grado 33, o sea, al Grado 33 del rito masónico
denominado Rito Escocés Antiguo y Aceptado?
Empecé a observar, en muchos textos que leía sobre la guerra, demasiadas coincidencias
discursivas. Todos los de la Alianza coincidían en defender la ―cruzada civilizatoria‖, inspirada por
aquellas ideas liberales que llamaban ‗civilización‘, a lo que era coincidente con estas ideas, y
‗barbarie‟, a todo aquello que se le opusiera.
Siempre me interesó y me intrigó la Masonería --por varias razones--, pero, en particular,
desde que estudié Crítica Literaria con Josefina Ludmer. Durante un año entero, estudiamos la
Literatura Gauchesca, y nos enseñó, entre otras cosas, a ver y descubrir las huellas masónicas en
un texto literario; en particular, en ―La vuelta‖, de 1879, la segunda parte del Martín Fierro, de José
Hernández, donde pudimos ver varios símbolos masónicos, y sin ir más lejos, aquella frase tan
difundida: ―l os Hermanos sean unidos/ que esa es la Ley primera‖…
La guerra se jugaba en el lenguaje, pensé, y desnudaba sus huellas. Entonces, de a poco,
atando cabos, mirando los hechos y las decisiones que se tomaban, empecé a dibujar e imaginar la
hipótesis de que hubo en aquel tiempo, una herramienta imprescindible para lograr los fines
estratégicos que se buscaban, una ‗alianza masónica‘, que como es oculta, secreta y discreta ,
15
nunca se habla de ella, y que actuó, además, en ese momento, de modo operativo , tratando de
influenciar sobre los hechos. Una presencia de Inglaterra, sutil, disfrazada, que desparramaba las
ideas de Libertad, Igualdad y Fraternidad entre las elites de los países. Pero detrás de esos
objetivos idealizados, los ingleses buscaban apoderarse económicamente de los mercados
latinoamericanos. Decisiones que se tomaban lejos, y que se ejecutaban en estos lares.
Por eso, pienso que la Masonería contribuyó y fue ‗el instrumento para lograr los fines
imperiales, hegemónicos y colonialistas‘ que se buscaban, y que están inscriptos en la letra
del Tratado, coincidentes con aquellos deseos y aquellos fines.
Pero vayamos a Los papeles de Burton
La novela la escribí dos veces. La primera la escribió, digamos, mi alter ego. Yo lo incluía a
Burton como personaje, pero el escritor Juan Martini que leía mi novela, a medida que la iba
escribiendo, me sugirió primero, me insistió después, y finalmente, me convenció para que la
escribiera, desde la voz de Burton. Recuerdo bien que me vinieron las palabras de Gustave Flaubert,
cuando dijo ―Madame Bovary soy yo‖, entonces me decidí y me dije: ‗Seré Burton‘. Con cierto
miedo y atrevimiento.
Y empecé de cero otra vez. Porque, aunque sustancialmente la historia era la misma, fue
totalmente diferente el modo de encararla. Debía ponerme en la piel de Burton, y en el cuerpo de un
varón. Y en la época. No era poco. Para poder ser Burton, leí la biografía de Edward Rice, El
capitán Richard F. Burton. Supe entonces que no solo había sido fuertemente crítico de cómo
Inglaterra había llevado adelante su empresa colonizadora en la India y en África, que estaba ‗harto
de la ‗civilización y de lo que se hacía en su nombre‟, sino que era, además, un escritor que estaba
queriendo traducir las Os Lusiadas de Camoens, que amaba a Shakespeare, a Las mil y una noches,
a Flaubert, a Marx, y que amaba leer, con lo cual supe que me daba margen para poder moverme
como pez en el agua.
Además de ser las Cartas un libro apasionante por lo que él observa, por lo que comenta, y
por lo que opina, la voz de Burton resultó para mí particularmente sorprendente por la ´mirada
crítica´ sobre los hechos de esta guerra total, que, entre 1864 y 1870, produjo, en términos de hoy,
un verdadero genocidio, silenciado, que buscó arrasar con el pueblo paraguayo, y que quiso borrar
la memoria de un proyecto de desarrollo autónomo. Burton admiró la pasión paraguaya del
16
Mariscal Solano López, y fue fuertemente crítico de la actitud de Mitre, y de ‗esta guerra de tres
contra uno‘.
No era poco.
Así como sus prejuicios no le impiden expresar su admiración sin atenuantes por el soldado
paraguayo; tampoco deja de señalar, los numerosos barcos de bandera inglesa que navegan el
Paraná y el Paraguay desafiando la fingida neutralidad.
Creo ciertamente que su modo de ver y de considerar los hechos y a los protagonistas, me
fue sirviendo, para varias cuestiones a tener en cuenta a la hora de escribir la novela. Como saber
que uno de los motivos --por lo menos esgrimidos por él-- como razón de su viaje a los ‗campos de
batalla‘, era su fuerte cuestionamiento no solo de las mentiras reiteradas de la prensa de la Triple
Alianza, sino porque Burton quería escuchar la voz de los paraguayos que, hasta ese momento, él no
había podido escuchar. Conocía una sola campana. Este punto, en particular, me ayudó a decidir que
iba a trabajar más que nada con las versiones, relatos, cartas, y documentos de los que habían sido
testigos principales de la guerra, en particular de Paraguay, y no dejarme llevar tanto por las voces
de los historiadores, que mediatizaban su opinión, en su discurso historiográfico.
Por este motivo, usé en especial, además del texto del propio Burton, a ingleses como
Thompson --lugarteniente del propio Solano--, o a Masterman, otro viajero inglés que me
proporcionó una mirada cercana sobre lugares, personas, costumbres, sobre el El Club Nacional,
etc., personas y lugares todavía no ‗contaminados‘ por la guerra; pero también, los testimonios del
Padre Maíz, el Álbum de la Guerra del Paraguay , El fusilamiento del Obispo Palacios , de Godoi,
el Archivo de Roque Pérez, el Archivo de la Cancillería Argentina, el Fallo contra Egusquiza de la
Corte Suprema Argentina , los Escritos Históricos , de Falcón, el libro de Pomer, el Memorandum
del Consejero Silva Paranhos, etc., etc., en fin, y todos esos otros textos que ustedes encontrarán, o
habrán visto que, en algunos casos, cito a pie de página, cuando me interesa dejar en claro quién lo
dijo.
O, como los facsímiles de Bergés y otros que aparecen en varias páginas de Los papeles de
Burton, que encontré en el Archivo de Asunción , cuando fui a Paraguay, totalmente a ciegas, como
quien va a buscar una aguja en el pajar, a averiguar lo que intuía que estaba ahí, cuando solo me
faltaban escribir los cuatro capítulos finales.
17
Tengo que agradecer a la vida haber trabajado en la investigación y en la búsqueda de los
textos inéditos de Jorge Luis Borges que habían quedado sin recoger en sus Obras Completas, para
los Textos recobrados, que me dio una capacidad infernal y una paciencia infatigable para la
búsqueda de textos ignotos. Aprendí, durante aquellos siete años, a tener los ojos y los oídos
atentos, y a buscar, además, en las Bibliotecas más inverosímiles.
Sabía más o menos lo que quería hacer en la novela, y lo que no. Por ejemplo, cuando
empecé a diseñar los personajes sabía que no quería construir en la persona de Solano López un
héroe sin fisuras; recordaba muy bien la frase que Bertolt Brecht le hace decir a Galileo Galilei:
pobres los pueblos que necesitan héroes, y quería decir de él, lo que hubiera que decir. Entonces
traté de pensar en cómo Shakespeare construye sus personajes, complejos, con luces y sombras, y
recordaba, también, la gran lección de Flaubert de que hay que ‗mostrar y no opinar‘, así que traté
de contar los hechos, sin disfraz, y contar la verdad de lo que fui descubriendo, sea cual fuere, como
lo decía el propio Burton que es ‗el deber del escritor‘.
Y recordando, también, lo que decía Burton acerca de que la mejor manera de conocer a un
pueblo y de aprender su lengua era teniendo relaciones íntimas con las mujeres nativas, decidí que
Burton se encontraría con una mujer paraguaya. Pero Liduvina, que es su nombre, no solo va a
llegar a ser la mujer que le atraviese el alma, sino que en términos de Greimas, traté de pensarla
como una ayudante de Burton.
Cuando aparece en el texto por primera vez, ella lo llamará por su nombre, le dirá Burton,
porque ella sabe quién es, y lo pondrá en contacto con los personajes que sabe también ayudarán a
Burton a encontrar lo que él busca. Y que es incluso lo que ella misma desea: que se sepa la verdad
de lo ocurrido.
Cuando ella cuenta su origen guaraní, estoy contando el mío propio, porque desciendo como
ella de Domingo Martínez de Irala, el fundador de la ciudad de Asunción, y de la india Leonor, por
mi bisabuela paraguaya Rafaela Rodríguez.
Liduvina en la novela será su prima hermana, y de este modo, podrá estar cerca de ciertos
personajes. Cuando pensé en el género y en la estructura, decidí también que iba a intentar escribir
una novela que se asemejara al género non-fiction, teniendo presente lo que Rodolfo Walsh había
hecho en Operación masacre.
18
Finalmente, el título Los papeles de Burton alude a aquellos escritos que Burton siempre
escribía, y que ocultaba celosamente donde desplegaba la opinión crítica que tenía sobre la
Inglaterra victoriana y el Imperio. La novela abre con las siguientes frases:
“Él me miró en silencio, cuando le dije que las mentiras y los secretos, a veces, logran traspasar el
hilo delgado de la memoria y del tiempo.
Por eso quiero levantar los velos con que se han ocultado para que los hechos no se pierdan en los
laberintos del olvido”.
Frases con las que busca decir, desde el vamos, lo que él, Burton, el personaje-narrador se
propone hacer. Burton irá hilvanando una multitud de acontecimientos e irá anudando unos con
otros, con lo que escuchó, con lo que observó, con lo que leyó, y con lo que lleva en su bolsa de
cuero; y tratará de armar una suerte de rompecabezas, durante el transcurso del viaje, que lo llevará
a Londres y a su nuevo destino en Damasco, y que lo irá alejando para siempre de Liduvina,
„mientras todavía la recuerda, antes de que la desdibuje el impiadoso olvido, mientras se aleja
definitivamente de ella para siempre‟´.
Mercedes Rubio, 1 de agosto 2020.
Referencias
Borges, Jorge Luis, (1996), ―Los Traductores de Las mil y una noches”, Buenos Aires, Emecé
Editores, S.A.
Bray, Arturo, (1957). Hombres y épocas del Paraguay. Libro Primero , Buenos Aires, Ediciones
Nizza (pág.75).
Burton, Richard F. (1870). Letters from theBattlre-Fields of Paraguay, London, Tinsley Brothers,
18, Catherine Street, Strand.
Chaparro, Felix A. (1951). José Roque Pérez, (Un héroe civil argentino), Rosario, Multicartas,
Editores.
Clarín, Revista Ñ, (21 de agosto de 2004). Eduardo Pogoriles, ―La primera guerra moderna‖.
Corbière, Emilio J. (2006). ―La logia operativa‖, (pág 208-209), en La Masonería, Política y
Sociedades Secretas , Buenos Aires, De Bolsillo.
Fallos de la Suprema Corte de Justicia Nacional con la Relación de sus Respectivas Causas, Tomo
Cuarto (1869). Buenos Aires, Imprenta de Pablo E. Coni.
19
Gálvez, Manuel (1929). Escenas de la guerra del Paraguay, Los caminos de la muerte, I, Buenos
Aires, Editorial Tor; Humaitá, II , (1929). Buenos Aires, Librería y Editorial,
―La Facultad‖; Jornadas de agonía, III, (1929). Buenos Aires, Librería y Editorial, ―La Facultad‖.
Godoi, Juan Silvano (1996), El Fusilamiento del Obispo Palacios y los Tribunales de Sangre de San
Fernando, Asunción, Editorial El Lector.
Maíz, Fidel (1996). Etapas de mi vida, Asunción, Paraguay, Editorial El Lector.
Masterman, Jorge Federico (1911). Siete años de aventuras en el Paraguay , Buenos Aires, Juan
Palumbo Editor.
Pomer, León (1971). La Guerra del Paraguay , Buenos Aires, Centro Editor de América Latina.
Resquin, General Don Francisco Isidoro, Datos Históricos de la Guerra del Paraguay con la Triple
Alianza (1895). Buenos Aires, Compañía Sud-Americana de Billetes de Banco.
Rice, Edward (2001). El Capitán Richard F. Burton , Huertas, Ediciones Siruela.
Thompson, Jorge (1910). La Guerra del Paraguay, Tomo I y II , Buenos Aires, Talleres Gráficos de
L.J. Rosso y Cía.
20
LA CAMPAÑA DE MATO GROSSO EN LA HISTORIOGRAFÍA ARGENTINA DEL
SIGLO XX: IGNORANCIA, DESCUBRIMIENTO Y OLVIDO.
Esteban Chiaradía8
La Guerra de la Triple Alianza contra Paraguay (1864-1870) enfrentó al Imperio esclavista de
Brasil, al gobierno de Bartolomé Mitre en Argentina (cuya autoridad se estaba imponiendo en
sangrientas guerras civiles por ese entonces) y a la dictadura florista impuesta al Uruguay, aliados
los tres contra la República de Paraguay. Fue la mayor guerra latinoamericana y una de las cuatro
mayores del mundo decimonónico (Hobsbawm, 2010). Los aliados se impusieron con dificultad y
quedaron endeudados, mientras los financistas –británicos, fundamentalmente- fueron los grandes
beneficiados por el desenlace del conflicto. Paraguay sufrió los mayores daños de esta
conflagración, viendo eliminada gran parte de su población, reducido su territorio nacional,
destruida su capacidad productiva e infraestructura, entre otras trágicas consecuencias, lo que llevó
a que allí se denomine habitualmente a este conflicto como guerra guasú (Guerra Grande),9
enfatizando en la duración y dimensión del enfrentamiento y sus consecuencias.
En términos generales, la historiografía que abordó esta guerra suele ser clasificada a partir de
dos ejes. Uno es el de la historia de las historiografías nacionales, centrando la atención en el
abordaje de la guerra al interior del campo historiográfico de cada una de las naciones entonces
beligerantes y su desarrollo. El otro refiere a corrientes interpretativas que se presentaron como
sucesivas, aunque en la práctica esto ocurrió de distinto modo en cada país. Entonces, tenemos una
historiografía ―nacional-patriótica‖ (que sería la ―visión de los vencedores‖), un revisionismo
historiográfico con modulaciones nacionalistas o marxistas (que sería una suerte de ―visión de los
vencidos‖) y, por último, una ―nueva‖ historiografía académica que se postuló como objetiva (algo
así como la ―visión de la ciencia‖, o al menos la pretensión de serlo), aunque en gran medida es
restauracionista de la primera corriente y rabiosamente antirevisionista.10
8 Instituto Interdisciplinario de Estudios e Investigaciones sobre América Latina (INDEAL / FFyL-UBA). Correo
electrónico: [email protected]
9En Brasil se la llama Guerra do Paraguai, cargando la responsabilidad del conflicto en Paraguay. En Argentina se la
conoce, indistintamente, como ―Guerra del Paraguay‖, “Guerra contra Paraguay‖ o ―Guerra de la Triple Alianza‖.
Milcíades Peña (1972 [1955-1957]) acuñó la denominación ―Guerra de la Triple Infamia‖, que luego retomó José María
Rosa (1968). Mucho después, Leonardo Castagnino (2001) la denominó ―Guerra de la Triple Alianza contra los países
del Plata‖, dando cuenta del contexto regional en el que se inscribió el conflicto. Esta diversidad de denominaciones en
Argentina puede deberse a la temprana aparición de posturas revisionistas respecto al canon mitrista y el desarrollo de
nuevos revisionismos.
10Sobre interpretaciones en torno a la guerra y corrientes historiográficas, véase Crespo, Palacio y Palacios, 2012; y
también Chiaradía, 2016a, 2017.
21
Debemos considerar que la Guerra de la Triple Alianza contra Paraguay, junto con el período
rosista y el proceso de la independencia, resultan en la historiografía argentina una terna sobre la
que giraron las discusiones planteadas por historiadores diversos -genéricamente denominados
―revisionistas‖- en sus impugnaciones a la historiografía oficial de corte liberal.
Los debates suscitados sobre esta guerra rondaron en torno a diversos temas: la ponderación
de sus causas, la responsabilidad por el inicio del conflicto, el despliegue del proyecto mitrista en la
región, el exterminio de la población paraguaya, la caracterización del Estado, el papel de Gran
Bretaña en el conflicto, la economía y la sociedad paraguaya durante la Primera República (1811-
1870), la figura del presidente Francisco Solano López, los debates en la prensa de época, la
movilización militar, el rechazo en Argentina a la guerra, la estrategia militar, la adquisición y uso
de armamentos, entre otros aspectos que fueron objeto de la atención de los historiadores en
diferentes momentos.
Respecto a las causas de la guerra, generalmente se las asoció a la campaña de
desestabilización del gobierno ―blanco‖ oriental a manos del ―colorado‖ Venancio Flores en 1863,
apoyado por el gobierno argentino y el brasileño, y los entretelones del tratado secreto de la Triple
Alianza. Las hostilidades comenzaron cuando Brasil invadió territorio uruguayo desoyendo las
protestas diplomáticas paraguayas, que plantearon como casus belli una intervención imperial en
Uruguay. Estos acontecimientos suscitaron acalorados debates, poniendo en primer plano al estuario
platino en las explicaciones en torno a la guerra, tanto para los liberales como para los revisionistas
(De Paoli y Mercado, 1973; Rebollo Paz, 1965; Scenna, 1978; Tjarks, 1975).
Aquí procuraremos ubicarnos en otro ángulo de la dilatada cuenca del Plata para ver otro
―motor‖ que también impulsó el trágico conflicto bélico.
Un lugar lejano pero estratégico
En el otro extremo de la cuenca platina, el Mato Grosso era una región de frontera de gran
valor estratégico11
, que enfrentaba a Brasil y Paraguay, albergaba a poblaciones indígenas con
amplio margen de autonomía, y también involucraba a Bolivia (especialmente la región de Santa
Cruz de la Sierra), siendo transitada sus tierras -en su carácter de triple frontera-por comerciantes,
espías, militares y exploradores (Coronel Prosman, 2016; Moniz Bandeira, 2006).
11 Mato Grosso se ubica en una región más amplia de la alta cuenca platina, que engloba también al Oriente boliviano,
el Chaco y el Paraguay. En esa región de frontera se articulan las grandes cuencas hídricas del Amazonas y del Plata.
22
Mário Travassos, militar brasileño que sentó las bases de la geopolítica en su país, le otorgó a Mato
Grosso un lugar de gran relevancia en la geopolítica brasileña del siglo XX, como el que ocupara en
el siglo XIX Rio Grande do Sul en relación al estuario platino (Travassos, 1978)12
. Sin embargo,
nos interesa destacar que Mato Grosso tuvo un lugar destacado en la política sudamericana
decimonónica, si bien dicho lugar apareció eclipsado por la boca del Plata. En general, las obras
históricas le otorgaron escaso interés, difuminando así su valor estratégico, lo cual se reflejó en la
comparación que realizara Travassos.
El sur de Mato Grosso era objeto de controversia de límites desde tiempos coloniales, en
particular tras el descubrimiento de oro en la primera mitad del siglo XVIII. Hubo diversos tratados
y una política lusitana de ocupar sitios estratégicos. Tras su independencia, Paraguay defendió los
derechos allí heredados, tanto con Gaspar Rodríguez de Francia como con Carlos Antonio López. El
episodio de armas de 1850 en el cerro Pan de Azúcar (Fecho dos Morros) es, quizá, el más
conocido de este conflicto en el período. Iniciado el siglo XIX la explotación aurífera decayó, pero
fue suplantada por las posibilidades de explotación agropecuaria (Batista Corréa, 2014). Para Brasil
la comunicación fluvial con la disputada provincia era una cuestión clave13
, comunicación que
presentaba un doble obstáculo: la política del gobernador bonaerense Juan Manuel de Rosas y la del
gobierno paraguayo. Un nuevo escenario se presentó tras la batalla de Caseros (1852), conduciendo
a la libre navegación de los ríos dispuesta por la Confederación Argentina que lideraba Justo José de
Urquiza. La medida mejoró, sin duda, el comercio de Paraguay y de Mato Grosso, pero también
tuvo efectos negativos: la liberación e incremento de la navegación provocaron conflictos que
derivaron en posibles escenarios bélicos (Barcellos, 2012; Miranda Filho, 2015; Maestri, 2015).
Esta situación contribuyó a subir la tensión por el diferendo limítrofe en Mato Grosso.
Asunción insistió en mantener el río Paraguay cerrado hasta que no se firmara un tratado de límites,
adoptando así una tesitura similar a la del Imperio respecto a la cuenca del Amazonas (Moniz
Bandeira, 2006). Brasil respondió enviando una expedición diplomático-militar en 1854-1855 al
12 En la década de 1930 Travassos identificó un ―triángulo mágico‖ (Santa Cruz de la Sierra, Sucre y Cochabamba).
Sostenía que quien lo controle dominaría Sudamérica, resolviendo los antagonismos entre las dos grandes cuencas
hídricas.
13 Había una ruta alternativa, a la vez terrestre y fluvial, pero la misma era larga, lenta y compleja, pasando por Curitiba
antes de llegar al litoral atlántico brasileño, resultando así una ruta inviable para el transporte regular de mercaderías
(Barcellos Teixeira, 2012). La ruta del Paraná-Paraguay era la mejor opción. Sin embargo, tengamos presente que la
navegación a vela en el trayecto Montevideo-Corumbá (Mato Grosso) insumía cuatro meses, mientras que la
navegación a vapor demandaba solo doce días (Bossi, 1863), y a esto hay que sumar la inestabilidad política en relación
a la navegación fluvial.
23
mando de Ferreira de Oliveira14
, que fracasó y derivó en un tratado. Entonces, el Imperio optó por
fortalecer su presencia militar en la provincia: acumuló pertrechos militares en Mato Grosso,
destinó un mayor número de esclavos para atender tareas vinculadas a establecimientos militares,
creó una fábrica de pólvora en Coxipó y un Laboratorio Pirotécnico local (Coronel Prosman, 2016;
Maestri, 2015) y también fomentó los ataques al lado paraguayo por parte de indígenas de Mato
Grosso (Esselin, 2018), en particular los belicosos Mbaya-Guaikurú y en menor medida los Txané-
Guaná. En paralelo, el Imperio envió al navegante italiano Bartolomé Bossi -establecido en
Argentina- a una misión de reconocimiento en Mato Grosso, tarea referida por Bossi como un
inocente ―viaje pintoresco‖ motivado en su inclinación viajera y el estímulo de la apertura fluvial
tras Caseros, que operaba como una invitación a la aventura15
. Pero esta militarización de Mato
Grosso no sólo temía un ataque paraguayo: el orden imperial-esclavista temía una insurrección de
esclavos, indígenas y trabajadores, lo que explicará el fácil avance paraguayo durante la campaña de
diciembre de 1864 (Maestri, 2017).
El tratado de 1856 le daba algunas ventajas al Imperio en materia de navegación, aunque las
partes debían abstenerse de realizar nuevas ocupaciones en el territorio contestado. Sin embargo,
Brasil estableció dos fuertes, uno en Dourados a menos de un mes de suscribirse el tratado y otro en
1858 en Miranda, dando pie a un virulento cruce diplomático en 1862, cuyas derivas luego
enlazaron con los entretelones de la crisis oriental (Barcellos Teixeira, 2012; Gómez Sanjurjo y
Nakayama, 2013; Sánchez Quell, 1957).
Estos sucesos ayudan a entender por qué Mato Grosso fue la primera campaña paraguaya de
la guerra, al avanzar sus fuerzas en diciembre de 1864 remontando el río hasta Corumbá y por el
interior hasta Coxim (Maestri, 2017), en vez de dirigirse directamente al sur en apoyo al sitiado
gobierno blanco oriental, opción ésta última que era vista como lógica por los historiadores liberales
posteriores, desde el brasileño Tasso Fragoso16
al paraguayo Efraim Cardozo17
, entre tantos otros.
14 Se movilizó para la ocasión cerca de 3.000 soldados, se enviaron 36 embarcaciones con 100 cañones y se dispuso un
ejército de refuerzo en Sao Borja (Barcellos Teixeira, 2012).
15También reconoció que el informe de su viaje lo ofrecía a Brasil ―en retribución á las atenciones y á la fina
cordialidad con que me atendió mi amigo el Exmo Sr Consejero de S. M. Y. Dn Herculano Ferreira Penna, actual
Presidente de la provincia de Mato Grosso‖ (Bossi, 1863, pp. X-XI).
16Manifiesta lo sorpresivo e ilógico que Francisco S. López ―se houvesse voltado preliminarmente para a província de
Mato Grosso. Os orientais clamavam con insistencia pelo seu auxílio‖, siendo que ―nós estávamos con nossa força
dentro do território uruguaio e de Mato Grosso não lhe poderia vir nenhuna ameaça de gravidade‖ en razón de su estado
de abandono (Tasso Fragoso, 1956, p. 253).
17Escribe: ―En vez de acudir en socorro de los blancos que lo esperaban desesperadamente en Paysandú (…) López
dedicó su primera actividad militar a ocupar la provincia de Matto Grosso‖ (Cardozo, 2009, p. 99).
24
Una vez ocupada la región en disputa y lindante –rebautizada como Provincia de Alto
Paraguay- se construyó un camino hacia el Oriente boliviano (Nunes da Silva, 2012), empalmando
con las rutas hacia el Pacífico y activando el comercio en la región. Este camino fue de gran
importancia cuando el país muy pronto se vio bloqueado por los aliados tras la batalla de Riachuelo
(11/06/1865), y su comercio abasteció de ciertos productos que la guerra había revalorizado, como
las hojas de coca para los hospitales de sangre (Coronel Prosman, 2016; Barbosa Nassar, 2013). La
administración paraguaya en Mato Grosso continuó sin grandes sobresaltos -la malograda Retirada
da Laguna y la efímera Retomada de Corumbá- hasta la evacuación en abril de 1868 para sostener
la defensa de Asunción (Chiaradía, 2016b).
Paraguay respondió a la intervención brasileña –tanto en Mato Grosso desde 1862 como en
Uruguay en 1864- movilizándose hacia el norte (1864), para luego dirigirse hacia el sur (1865):
Corrientes (Argentina) y Río Grande do Sul (Brasil). Los aliados respondieron recuperando
Uruguayana y Corrientes, para pasar después al asedio de las fortificaciones paraguayas en la
Campaña del Cuadrilátero (1866-1868), estancándose la guerra frente a las defensas de Humaitá y
Curupayty. Tras la toma y saqueo de Asunción (1869) la guerra no concluyó, rearmándose
precariamente Paraguay. Esta fase se caracterizó por la saña con que fueron tratados el pueblo
paraguayo y la infraestructura del país por parte de los aliados, particularmente brasileños, y en el
revés de trama, por el heroísmo de la resistencia paraguaya y las tensiones con una parte de la elite
paraguaya predispuesta al acuerdo con el invasor. Se colocó un gobierno títere afín a los aliados y
en paralelo al gobierno legítimo del presidente Francisco Solano López. La guerra finalizó con la
muerte del mariscal López en Cerro Corá el 1° de marzo de 1870 (Maestri, 2017, 2018).
Respecto al contexto continental, hay que señalar que la guerra guasú se produjo en un
momento de una intensa escalada colonialista de monarquías europeas sobre Nuestra América y de
una política injerencista de los EE.UU. de Norteamérica, detenida momentáneamente por la guerra
civil en dicho país18
. Las repúblicas sudamericanas del Pacífico en ese momento estaban en guerra
contra España con motivo del episodio de las islas Chincha, mientras la Triple Alianza otorgaba
suministros a la flota española. En consecuencia, dichas repúblicas –organizadas en una Cuádruple
Alianza- movilizaron a su cuerpo diplomático y círculos intelectuales en apoyo a Paraguay,
utilizando la ruta de Corumbá para tal fin (Chiaradía, 2016b).
18 Esta escalada se fue intensificando desde los años cuarenta a los sesenta del siglo XIX: España anexó República
Dominicana (1862-65), intervino en México (1861-62) y el Pacifico sudamericano (1864-66), Francia intervino en
México varias veces (1851-1867) y en el Río de la Plata (1845-50), EEUU hará lo propio en México (1847-1857), en
Paraguay (1859) y en Centroamérica (1856-1860), Gran Bretaña intervino en México (1861-62) y en el Río de la Plata
(1845-50 contra Rosas y 1859 contra Paraguay), la monarquía europea de Brasil intervino en el Río de la Plata (1852
contra Rosas, 1854 contra Paraguay, 1864 contra Uruguay, 1865 contra Paraguay).
25
La campaña de Mato Grosso, entonces, no solo buscaba intereses militares inmediatos,
provisión de ganado y de armamento, y resolver cuentas pendientes de límites, como afirmaron los
pocos autores que se detuvieron en la misma. También se insertó en ese escenario continental que
Paraguay supo captar y en necesidades del contexto de la guerra (Chiaradía, 2016b). Pero pese a
estos elementos, si bien esta campaña fue mencionada en casi todas las obras generales sobre la
guerra, no tuvo especial atención entre los historiadores. Y la historiografía argentina sobre esta
conflagración prefirió posar los ojos en otro vértice de la amplia cuenca platina, enfrascada en los
debates en torno a la crisis oriental y la declaración de guerra de Paraguay al gobierno de Mitre (y la
negación de tal declaración por los más obstinados mitristas).
Pasaremos a continuación una rápida revista al tratamiento de la campaña de Mato Grosso
en obras de cinco autores argentinos en distintos momentos del siglo XX, para así ilustrar un
movimiento que pasó de la ignorancia inicial sobre esta campaña y sus implicancias a un
descubrimiento prometedor de potenciales indagaciones renovadoras, y finalmente un contexto que
implicó la clausura de esa posibilidad.
Los ojos bien cerrados: Mato Grosso invisibilizado
Las historiografías argentinas de todos los tiempos y con sus distintas corrientes otorgaron a
esta campaña un lugar secundario o incluso directamente la ignoraron. Tendieron a mirar el
conjunto de la región a partir del estuario platino. Este estrabismo no solo desatendió el valor
estratégico de las tierras bañadas por la cuenca del río Paraguay, sino que también obturó para dicha
historiografía la posibilidad de una compresión cabal del conflicto bélico al calor del cual se
conformó el Estado nacional argentino. Las referencias desde un contexto latinoamericano, con una
mirada más amplia que las barrosas aguas del Plata, fueron descartadas o tildadas de propaganda
enemiga, e incluso obra de ―traidores‖, como le ocurriera a Juan Bautista Alberdi.
El primero de los autores que abordaremos en este rápido recorrido por la historiografía
argentina sobre el tema es José Ignacio Garmendia (1841-1925), un destacado militar de la
Argentina oligárquica cuya foja de servicios incluyó Pavón, Paraguay, las campañas del ―desierto‖
(Pampa-Patagonia y Chaco), la represión a la Revolución de 1890 y la dirección del Colegio Militar
de la Nación. Su obra como historiador es deudora de la producción historiográfica mitrista. La
guerra de la Triple Alianza le inspiró varios escritos y también pinturas, y protagonizó un cruce por
la prensa con el vicepresidente paraguayo Manuel Domínguez en torno a la cuestión de las causas
26
del heroísmo paraguayo en la guerra, cruce que se enmarcó en el contexto del célebre debate Báez-
O‘Leary, y que tuvo un inesperado eco en la mitrista Junta de Historia y Numismática Americana
(Chiaradía, 2016a).
Fallecido Bartolomé Mitre en 1906, Garmendia era un fósil viviente de los tiempos en que
los tradicionales enemigos se volvieron aliados (para desgracia de los pueblos platinos). El
historiador no perdió oportunidad para exaltar la alianza con Brasil y la guerra compartida contra
Paraguay. En 1915 publicó su discurso leído ante militares brasileños donde destacó el ―porvenir
brillantemente hermoso del Paraguay como la consecuencia saludable que compensa toda la sangre
derramada‖, país que gracias a las armas brasileñas podía ahora vivir en libertad (Garmendia, 1915,
p. 96). Y en 1916, con la visita oficial del senador brasileño Ruy Barbosa para los festejos del
Centenario de la Independencia argentina, Garmendia escribió al visitante volviendo a exaltar la
―digna‖ alianza entre los dos países para destruir a un ―tirano‖ (Ortemberg, 2018).
En su obra Del Brasil, Chile y Paraguay (1915), con prólogo de Carlos Ibarguren,
Garmendia recogió diversos escritos, como el mencionado discurso apologético ante militares
brasileños. Pero también incluyó su artículo ―El Paraguay durante la guerra contra la Triple
Alianza‖, dedicado a Pastor Servando Obligado. En relación a la campaña norte, en dicho artículo
señaló que López
[c]omenzó la lucha invadiendo como una irrupción de hunos, que no respeta ni el honor de la mujer, a
Corrientes, Río Grande y Matto Grosso; en seguida viendo malogrado el éxito de esas poco meditadas
empresas, se reconcentran cargados de botín en el territorio paraguayo; vil botín que había dejado en la
miseria y en la orfandad a centenares de pudientes familias; y allí, en la tierra clásica de la tiranía,
empieza la pertinaz resistencia (Garmendia, 1915, p. 206).
Véase el orden de presentación de las campañas: Mato Grosso aparece tercera, cuando en
realidad fue la primera. Parece indicar, más bien, la importancia que el autor le otorga a dicho
episodio de armas. Y el móvil de la acción militar se reduce al saqueo, comparable a las ―invasiones
bárbaras‖ que enmarcan el derrumbe del Imperio romano; no hay ninguna estrategia ni es una
acción meditada. Se trata de una agresión gratuita que irrumpe sin motivo en un escenario ajeno. Y
no hay distingo entre las tres acciones militares: Mato Grosso no tiene siquiera una lógica propia
como campaña sino que es explicable en la sumatoria y como mero vandalismo sin razón.
Esta interpretación de Garmendia, muy propia del mitrismo, tenía en Brasil su correlato. En
1901 Joaquim Nabuco escribía sobre Paraguay en términos muy similares:
27
Un mes después del atentado contra el Marqués de Olinda, invade Matto Grosso, llevando sus tropas las
mismas órdenes de saqueo y lascivia con que más tarde las vemos cruzar el Uruguay. No era una guerra
civilizada la que nos sorprendía. Era como una invasión de bárbaros, una horda de hunos lanzados de
repente sobre nuestras indefensas poblaciones (Nabuco, 1977, p. 53).
Como vemos, la alianza no fue solo militar y diplomática, sino que proyectó su sombra
también sobre las historiografías nacionales, cortadas por la misma tijera. En esta operatoria resultó
relevante la labor del Instituto Histórico y Geográfico Brasileño (IHGB), creado en 1838. Como
destaca Tomás Sansón Corbo, el IHGB procuraba:
conjugar erudición y pragmatismo en la labor historiográfica, con el propósito de obtener el monopolio
interpretativo sobre el pasado y zanjar disensos. Articularon un proyecto historiográfico condicionado por
la matriz iluminista, que implicó identificar los orígenes de la nación y explicar su evolución singular por
la senda del ‗progreso‘ y la ‗civilización‘ (Sansón Corbo, 2015: pp. 114-115).
En tal sentido, la labor del IHGB influyó en el desarrollo de la historiografía de los países de
la región. En 1871, apenas derrotado Paraguay, Bartolomé Mitre fue incorporado a la institución, y
los epígonos de Mitre no cesaron de elogiar a sus aliados, como vimos con Garmendia.
El dogma imperial-mitrista creó un discurso donde Mato Grosso era un primer y fugaz
escenario idóneo para ilustrar el ―salvajismo‖ del ―tirano‖ paraguayo –el ―Atila‖ americano- a fin de
lucir mejor los argumentos del bando aliado como abanderado de la ―civilización‖. Así, la provincia
invadida era presentada como la indefensa y sorprendida víctima de una operación militar que no
tenía una explicación lógica más allá de la búsqueda de botín. Los historiadores tradicionales
argentinos continuaron repitiendo ese gastado libreto, obra tras obra, Garmendia incluido.
En 1921, con motivo del centenario del natalicio de Bartolomé Mitre, el diario La Nación de
Buenos Aires –fiel custodio de la memoria de su fundador- editó una serie de artículos sobre esta
guerra redactados por un historiador militar. Se trata del segundo autor en nuestro análisis, el
coronel Juan Beverina (1877-1943). En 1943 Beverina recopiló dichos artículos en una
publicación de la Biblioteca del Suboficial. Allí Insistió en que Mato Grosso era una provincia casi
olvidada por el Imperio y estrangulada por el capricho de los gobernantes paraguayos que
controlaban el río, y que la acción militar fue determinada por los acontecimientos en el Uruguay. Y
luego de dar noticia del avance de las fuerzas paraguayas, concluyó:
28
La guerra estaba así desencadenada entre los dos países, con su cortejo de devastaciones y rapiñas,
que con tanto escrúpulo habían puesto en práctica los invasores de Matto Grosso; procedimiento
que los paraguayos no dejarían de repetir en más vasta escala, pocos meses después al llevar a
cabo su doble invasión a las provincias de Corrientes y Río Grande del Sur.
La operación paraguaya sobre Matto Grosso no pudo ser inspirada por el deseo de obtener un éxito
militar importante contra el adversario, tratando de destruir una parte apreciable de sus fuerzas,
que le restarían elementos para cuando las operaciones de la guerra entrasen en su faz decisiva.
(…)
Hay, pues, que buscar en otro orden de ideas la razón de este proceder.
Del estudio del objetivo de la expedición paraguaya a Matto Grosso surge inmediatamente la
finalidad política que la aconsejó (Beverina, 1943, p. 40).
Y remató el párrafo con una nota al pie donde discrepaba con historiadores (cuyos nombres
no mencionó) que le otorgaban a López una genialidad militar por esta campaña, que nuestro autor
le negó enfáticamente. Nótese, además, que las ―devastaciones y rapiñas‖ propias de la guerra sólo
parecen existir cuando son ejercitadas por uno solo de los bandos beligerantes.
Calificando a López como moderno Nerón, Calígula o César Borgia, en su obra insistió que
dicha campaña no tenía lógica militar. Entonces, afirmó Beverina:
…Solano López quiere, por cualquier medio, llamar hacia sí la atención del mundo, preparando un golpe
de efecto que le proporcione un éxito inmediato, fácil y seguro, en la esperanza de que los
acontecimientos, magnificados por la distancia y la sorpresa, tendrán una repercusión desastrosa, si no en
el Gobierno imperial, por lo menos en la opinión pública del Brasil [que] no dejará de hacer graves cargos
al Gobierno por el abandono en que ha dejado esa parte del país, y que le obligará a entrar en arreglos con
Paraguay ante la imposibilidad inmediata de reconquistar por vía militar lo que el enemigo ha sabido
arrebatarle tan rápida y fácilmente (Beverina, 1943, p. 41).
En estos párrafos Beverina retomó un tópico del discurso mitrista centrado en la figura del
presidente paraguayo como epitome del mal. Así, no alcanza con que el ―tirano‖ ordene el saqueo
mediante hordas bárbaras, debe conseguir algo más que el botín para realzar el papel recurrente que
le atribuye la interpretación mitrista. Entonces Beverina nos presenta un vanidoso déspota que
demanda la atención mundial, y en el revés de trama, una provincia indefensa y un Imperio
sorprendido ante un ataque sin lógica militar, todo enmarcado en el conflicto oriental19
. Sin
embargo, la elaboración de Beverina tiene un mérito respecto a la anterior de Garmendia: le
19 En esencia, el planteo se aproxima al que décadas después ensayó Francisco Doratioto (2008), solo que este
actualiza la retórica con trasnochadas comparaciones con el nazismo. Véase Chiaradía, 2016b, y Crespo, 2012.
29
atribuye un plan a la acción militar, aunque movido por razones patológicas, una obsesión en las
interpretaciones de los historiadores de prosapia mitrista.
Por esos años también surgen dos interesantes obras sobre la temática: La Guerra del
Paraguay. Orígenes y causas (1939), seguida de Guerra del Paraguay. Acción y reacción de la
Triple Alianza (1941), ambas del abogado, veterinario e historiador Ramón José Cárcano (1860-
1946), que fuera embajador en Brasil en los años treinta. Desde la década de 1910 Cárcano venía
editando títulos menores sobre la cuestión, siempre haciendo hincapié en aspectos diplomáticos. Y
este es el tercer autor de nuestro breve recorrido.
Su obra de 1939 tuvo el mérito de ligar la guerra a los avatares del proceso de organización
nacional argentino, y distinguió diferentes niveles de causas, remontándose al conflicto de Colonia
del Sacramento en tiempos coloniales (Crespo, 2012). En relación a Mato Grosso, si bien analizó la
cuestión fluvial y se remitió a la larga saga de conflictos luso-hispánicos en la región, apenas le
dedicó unas líneas a la campaña. Sin embargo, parecía encontrarle una lógica que prescindía de la
caracterización de Francisco Solano López como déspota vanidoso. Así, en su obra de 1941 destacó
que el ejército paraguayo realizó una fácil ocupación del territorio en disputa cuyo objeto:
consiste en apoderarse del enorme material allí reunido, que representa la mayor parte de lo consumido
durante la guerra; requisar todos los elementos de movilidad y alimentación, y destruir el peligro que el
Imperio pueda organizar una fuerza que perturbe su retaguardia.
(…)
Matto Grosso representa un importante objetivo de guerra, como hecho de valor material y ofensiva
moral (Cárcano, 1941, p. 164).
La provincia ya no aparecía tan indefensa si sus pertrechos militares permiten asistir a las
necesidades paraguayas en la prolongada e intensa guerra. Pero esta interpretación de la campaña
norte se insertaba en una presentación del conflicto en la obra de Cárcano donde se destacaba la
preparación de Paraguay para la guerra y la premisa mitrista de que las repúblicas pequeñas
(Uruguay y Paraguay) enturbian el entendimiento entre las grandes (Argentina y Brasil). Entonces,
Cárcano destacó un ánimo belicista por parte de Paraguay, que promovía la defensa del gobierno
blanco oriental para desplegar su plan:
El primitivo plan consiste en ocupar Matto Grosso, manteniendo sus comunicaciones por tierra y la vía
fluvial. Penetrar en Río Grande por el Sud de la línea del río Uruguay, continuar la ofensiva de sorpresa,
30
vigorosa y rápida a medida que se aseguren nuevos puntos de concentración y comunicaciones (Cárcano,
1941, p. 162).
Así, la campaña norte no era mero vandalismo ni megalomanía, como en Garmendia y
Beverina, pero su lógica era dependiente de un plan mayor cuyo objetivo estaba en la boca del Plata
y su motor era el fanatismo paraguayo, aspecto reforzado por el autor mediante una cita epistolar
del comerciante Anacarsis Lanús (cit. en Cárcano, 1941, p. 164). De ahí la importancia material y
moral que nuestro autor encuentra a la campaña y el reconocimiento del equipamiento militar de
Mato Grosso, y allí se reencuentra Cárcano con la interpretación tradicional al analizar el plan
militar: ―La división paraguaya de Matto Grosso conducida por Resquin, realiza ampliamente su
objetivo. Ocupa Coimbra y el territorio sin resistencia, se apodera del material de guerra, saquea
metódicamente las poblaciones, sin omitir ningún atropello. Es una resurrección indígena‖
(Cárcano, 1941, p. 168). Este párrafo parece no escapar al discurso que vimos con Garmendia,
recurriendo este último a los hunos. Fanatismo y barbarie resultan tópicos que obnubilan una cabal
comprensión del episodio militar bajo estudio. Como bien indica León Pomer, la obra de Cárcano
―estaba llena de adjetivos peyorativos, que es la forma más fácil de explicar un problema histórico,
explicar y dejarlo más complicado de lo que estaba antes de esa supuesta explicación‖ (Pomer,
2018, min. 0:50)20
.
Con su conocimiento de la historia y diplomacia brasileña21
podría esperarse de Cárcano un
abordaje más complejo de la guerra, sopesando distintas regiones y situaciones. Pero pese a todos
sus avances, los mismos se deslucieron al no escapar el autor al esquema interpretativo heredado del
mitrismo y con centralidad en los asuntos relevantes para la boca del Plata.
Abriendo los ojos: de la ignorancia al descubrimiento
La década del cincuenta aportó una renovación en la historiografía argentina sobre la guerra
desde vertientes críticas, nacionalistas y marxistas22
. Este renacer se produjo en un contexto de
política americanista impulsada por el peronismo gobernante, los acuerdos entre los presidentes
20 De hecho, Cárcano se anticipó a Doratioto en el recurso al nazismo para el tratamiento peyorativo del tema: ―El
mariscal dispone también de su Reichstag que reúne para cumplir sus órdenes, 75 años antes de la invención de Hitler‖
(Cárcano, 1941, p. 158).
21 En 1910 Cárcano se incorporó al IHGB, prolongando la alianza historiográfica regional.
22Algunas figuras que contribuyeron a esto fueron el nacionalista José María Rosa, el trotskista de la izquierda nacional
Enrique Rivera, el también trotskista -pero de otra tendencia- Milcíades Peña, el nacionalista Elías Giménez Vega, el
forjista Raúl Scalabrini Ortiz y el nacionalista Ernesto Palacio. Sea en artículos, en obras generales o específicas sobre
el tema, estos autores cuestionaron desde distintas posiciones la versión tradicional sobre la guerra guasú y su contexto
(Giménez Vega, 1954; Palacio, 1968; Peña, 1972; Rivera, 2007; Rosa, 1985; Scalabrini Ortiz, 1956).
31
argentino y paraguayo -Juan Domingo Perón y Federico Chaves, respectivamente-, las
vinculaciones entre círculos intelectuales paraguayos y argentinos en clave revisionista y
americanista desde tiempo antes, y por el clima creado por la devolución de los trofeos de guerra a
Paraguay en 1954 por parte de Perón.
De los autores de esta década, destaca el historiador nacionalista José María Rosa (1906-
1991) y su obra La Guerra del Paraguay y las montoneras argentinas, aparecida primero en la
forma de cuarenta y ocho notas durante 1958 y 1959 en el semanario Mayoría, que dirigía Tulio
Jacovella23
, y que en 1964 se publicó como libro completo, contando con distintas ediciones.
Tras el golpe de Estado que derrocó a Perón e inició la dictadura Fusiladora24
, Rosa
comenzó su exilio en Uruguay y España, y durante el mismo consultó archivos y bibliotecas.
Alentado por el historiador revisionista oriental Luis Alberto de Herrera25
, Rosa supo componer una
obra que se convirtió en una reconocida referencia en contrapunto a la versión liberal sobre el tema.
Incorporó el análisis de la situación política interna de Brasil (Crespo, 2012), y ofreció una saga que
va de la batalla de Caseros (1852) a Cerro Corá (1870), en el transcurso de la cual se desbarató la
posibilidad para la América española de integrarse en una sola nación. Rosa dedicó su obra ―A la
memoria de Luis Alberto de Herrera‖, a quien agradeció en el prólogo el facilitarle documentos para
su investigación. Así, reconocía la deuda con la producción historiográfica que en torno al
novecientos desmontó en el área rioplatense los mitos de la historiografía oficial nacional-patriótica
y liberal, introduciendo una lectura americanista.
Respecto a Mato Grosso, J. M. Rosa intentó una explicación de mayor vuelo. Parte del
impasse en las negociaciones para el tránsito de las tropas paraguayas por las Misiones argentinas –
lo que coloca el foco de atención en la boca del Plata-, y allí ubicó la campaña norte, es decir, como
23 Si bien Jacovella era antiperonista, viró hacia una crítica a la dictadura Fusiladora (1955-1958) tras el
desplazamiento de la línea católico-nacionalista de Lonardi por parte de Aramburu y Rojas en noviembre de 1955. Su
revista Esto es fue clausurada y luego Jacovella lanzó Mayoría, abriendo sus páginas a la crítica al gobierno militar. Allí
se publicaron los artículos de Operación masacre de Rodolfo Walsh. Mayoría fue clausurado bajo la presidencia del
radical Arturo Frondizi, a raíz de la publicación de otra investigación de Rodolfo Walsh, El caso Satanowski.
24 Quienes condujeron el golpe de Estado contra Perón (julio-septiembre de 1955) llamaron a su acción ―Revolución
Libertadora‖, y ratificaron el terrorismo de Estado –iniciado con el bombardeo a la población en la Plaza de Mayo el 16
de junio de 1955- con los fusilamientos sin proceso de junio de 1956, llevando a que la resistencia popular denomine a
la dictadura ―revolución Fusiladora‖ o ―libertadura‖. No nos parece adecuado tomar el nombre que los golpistas se
atribuyeron –como acostumbran hacer numerosos historiadores-, por lo que utilizamos ―dictadura Fusiladora‖,
articulando el régimen político instalado y el apelativo que le dio la resistencia antidictatorial en razón del carácter
terrorista del mismo.
25 L. A. de Herrera realizó una temprana acción revisionista sobre la guerra guasú, contando con el archivo personal de
su padre Juan José de Herrera -quien fuera canciller del gobierno blanco durante la crisis oriental que antecede a la
fatídica guerra- y publicando cinco volúmenes entre 1908 y 1926 acompañados de una profusa documentación. Herrera
se mantuvo en vínculo con el círculo revisionista paraguayo.
32
una campaña secundaria y supeditada a los sucesos del sur, una acción que transcurre en el marco
del impasse misionero. Tras repetir algunos conceptos de autores anteriores (v.g., la provincia
desguarnecida, la sorpresa de la guerra), introdujo elementos que escapaban al fantasioso recurso
mitrista del ―tirano loco‖ como ultima ratio. Veamos:
Algunos han criticado esta expedición, juzgando inútil y peligroso distraerse en los momentos iniciales
del conflicto con una operación secundaria. El cargo no es consistente: en primer lugar los soldados
enviados al Norte no pasaron de 8 mil; los preparados en la costa del Paraná para cuando Urquiza o Mitre
les permitieran cruzar por el territorio argentino e ir en defensa de Montevideo, superaban 20.000.
Además la pertenencia del Matto Grosso era una vieja ambición de los paraguayos, ya que había sido de
los españoles desde el tratado de Tordesillas hasta que la ocuparon, contra todo derecho, los bandeirantes
en el siglo XVII. Si bien España reconoció la posesión portuguesa, entusiasmaba a los paraguayos la
esperanza de recuperarla. Por otra parte Matto Grosso permitiría a Paraguay abastecerse de carne si las
comunicaciones con Corrientes quedaban cortadas en una guerra por el sur (Rosa, 1985, p. 170).
Resulta interesante la crítica a quienes restan importancia a esta campaña por no poderla
ubicar plenamente en la lógica del escenario del estuario del Plata. En esa crítica, Rosa intenta posar
su mirada sobre motivaciones paraguayas para su campaña, pero aun así no logra traspasar lo
vinculado a la situación limítrofe y el abasto de carne, y la relevancia del estuario platino sigue
siendo central. El apoderarse de pertrechos militares no aparece como un objetivo prioritario en
Rosa. Pero, de todos modos, fue un intento de comprender esta campaña, aunque solo se quedó en
el intento.
Entrados los años sesenta, continuaron los aportes al estudio de la guerra desde un amplio
revisionismo26
, profundizándose los planteos que destacaban un rol significativo de los intereses
británicos en la guerra contra Paraguay.
Ubicamos en esa etapa al último historiador que seleccionamos para este trabajo. León
Pomer (nacido en 1928) presentó en 1965 un capítulo de anticipo del que será el libro más
destacado sobre el tema: La Guerra del Paraguay. ¡Gran negocio! (1968), que mudó su nombre a
La Guerra del Paraguay. Estado, política y negocios en su segunda edición de 1987. La obra tuvo
tres ediciones en Argentina y otras dos ediciones abreviadas. En Brasil, país donde Pomer se exilió
26Se publicó Testigos y actores de la Triple Alianza de Elías Giménez Vega (1961); Atilio García Mellid editó su
Proceso a los falsificadores de la Historia del Paraguay en dos tomos (1964), con gran repercusión en Paraguay; los
revisionistas de izquierda Rodolfo Ortega Peña y Eduardo Duhalde en 1965 editaron Felipe Varela contra el Imperio
Británico (1975), y salió ese mismo año la obra inconclusa del cuasi-revisionista José Luis Busaniche (2005). En
contrapartida, desde la corriente historiográfica tradicional, se reafirmaron los postulados mitristas con La guerra del
Paraguay. Historia de una epopeya. 1865-1965 de León Rebollo Paz (1965).
33
a mediados de los años setenta, la obra contó con dos ediciones bajo el título A guerra do Paraguai:
grande tragédia rio-platense27
, influyendo sobre el brasileño Júlio José Chiavenato y su Genocidio
americano, de 1979. El mundo académico, por lo general, recibió con encono y frialdad cada
edición del libro de Pomer28
, como relató el propio autor en su prólogo a la tercera edición
argentina:
En sus cuarenta años de vida, este libro ha acumulado una historia de aventuras y desventuras. La primera
edición (editorial Caldén, 1968) tuvo una recepción entre mezquina y rabiosa; después fue el silencio.
(…)
Una segunda edición apareció en 1986 por el Centro Editor de América Latina. De nuevo el silencio. En
Brasil fueron dos ediciones (Global Editora, 1980 y 1981), que produjeron varios y encontrados ecos.
Miembros del Instituto Histórico y Geográfico de Río de Janeiro, en sesión pública, encontraron el texto
hiriente para los bríos nacionales brasileños (Pomer, 2008, p. 7).
Pomer realizó una intensa labor de archivo y recurrió a bibliografía actualizada. Abrevando
en el marxismo, rompió con la manera tradicional de leer esta guerra, relegando la narración bélica
propia de las obras clásicas y centrándose en factores económicos y políticos en el contexto de la
consolidación del capitalismo a nivel planetario. Así, dedicó cinco capítulos a presentar la situación
de cada uno de los países beligerantes y también de Gran Bretaña, potencia de peso indiscutible en
la región, y se detuvo en las consecuencias del conflicto para los cinco países. Vinculó las
necesidades británicas de abastecimiento a la industria textil de Lancashire en el contexto de la
Guerra de Secesión Norteamericana (1861-1865) con la guerra de la Triple Alianza, guerra que
destruyó el proceso autónomo de desarrollo nacional del Paraguay que se mostraba como una
amenaza para el orden que las oligarquías liberal-conservadoras y el capital británico impulsaban en
el continente, en sintonía con el desarrollo global del capitalismo (Garavaglia, 1969).
En el capítulo dedicado a Brasil, analizó la relación entre las coronas lusitana y británica, y
los conflictos diplomáticos y militares con Paraguay en torno a la libre navegación y la cuestión de
Mato Grosso. Destacó que uno de los principales problemas de la burguesía anglo-brasileña era la
unificación del mercado interno y su libre acceso, siendo Paraguay con su firme posición respecto a
Mato Grosso y la navegación fluvial un obstáculo para los objetivos de unificación del mercado y
27Desde la década de 1980 el autor sacó otros títulos, tanto en Argentina como en Brasil, donde refiere a esta guerra.
También cuenta con publicaciones sobre otras temáticas de historia argentina y americana. Su último libro, De la
dominación consentida (Buenos Aires: Nuevos Tiempos, 2019) refiere a la forma de la dominación actual del
capitalismo, y en este momento se encuentra profundizando aspectos de esta obra (León Pomer, comunicación personal,
octubre 2020).
28Tal vez la única reseña favorable a la primera edición fuera la escrita por Juan Carlos Garavaglia (1969) en la revista
Los libros, fundada y dirigida por Héctor Schmucler.
34
libre acceso, y en ese plano ubicó el episodio de los fuertes ilegales y la crisis diplomática de 1862.
Al respecto, hacia el final del capítulo Pomer concluyó lo siguiente:
La ocupación brasileña de tierras paraguayas o en litigio continuará. En febrero de 1862 una patrulla
paraguaya comprueba la existencia de los fuertes Dourados y Miranda en el territorio neutralizado por el
tratado de 1856. La fuerza paraguaya exigirá el desalojo de esas posiciones, lo que genera un pedido de
explicaciones por el encargado de negocios del Brasil […] En diciembre de 1864 los paraguayos ocupan
los territorios en disputa con el Brasil entre los ríos Apa y Blanco; Paraguay está en guerra con el Brasil.
Las preliminares de la declaración de guerra, que incluyen reiteradas advertencias paraguayas al Brasil
por su intervención en los sucesos uruguayos, han sido vastamente tratados por distintos historiadores, de
modo que prescindiremos de detallarlos (Pomer, 2008, p. 71).
Lo interesante aquí es que se colocó a la campaña de Mato Grosso coronando la relación de
los conflictos en torno al río Paraguay y la inserción mundial de la economía brasileña,
independizando esta explicación del conflicto en la boca del Plata –aunque sin desconocerlo-,
conflicto que el autor analizará en el capítulo siguiente dedicado al Uruguay. No hay en esta
presentación de los sucesos un Imperio sorprendido por el desenlace ni una provincia
desguarnecida, ni hay sorpresa del autor por el carácter ―ilógico‖ de la campaña en razón de los
acontecimientos del sur de la cuenca platina. Y mucho menos, no hay una explicación de corte
―patológico‖, propia de la historiografía forjada al calor de la Triple Alianza.
Por primera vez contaba la historiografía argentina con un relato sobre la guerra que
intentaba enlazar una explicación amplia y plural de las distintas áreas de la extensa cuenca de los
ríos de la Plata-Paraná-Paraguay en un contexto de creciente integración a la economía mundial. En
ese sentido, podemos afirmar que el libro de Pomer resultó un descubrimiento de la cuestión de
Mato Grosso y su inserción en el conflicto bélico para los historiadores argentinos que, avanzando
por esa senda abierta, encontrarían un campo fecundo para futuras investigaciones, superando así el
oscurantismo producido por la historiografía tradicional.
Desviando la mirada: del descubrimiento al olvido
El libro de Pomer presentó un buen punto de partida para profundizar aspectos locales dentro
de la totalidad y experimentar con nuevos elementos, incluso no previstos por el propio autor, por
ejemplo el carácter de triple frontera de Mato Grosso. Pomer no transitó los potenciales recorridos
que su obra en cierta forma invitaba, como la posibilidad de incorporar a Bolivia en un análisis
enriquecido de la alta cuenca platina. Tan solo mostró interés en el episodio de Mato Grosso desde
35
una mirada sobre el contexto regional y mundial, pero su enfoque dejó la puerta entreabierta a
futuros historiadores hacia terrenos inexplorados. Sin embargo, la puerta fue cerrada con violencia.
Esta proliferación de obras sobre la Guerra Guasú, que mostró una expansión de los
horizontes para abordar el tema y enlazarlo con desarrollos locales y globales, también dio cuenta
de otros procesos en consonancia con su contexto de producción. En los años sesenta y setenta, en
el marco la Doctrina de Seguridad Nacional impulsada por los Estados Unidos de Norteamérica y
adoptada por los gobiernos argentinos, surgieron diversas polémicas en el revisionismo histórico
reflejando el conflicto político-ideológico de la época y dando paso a prácticas macartistas (Otal
Landi, 2016). José María Rosa fue acusado de ―desviaciones‖ marxistas por los revisionistas
ortodoxos, como Giménez Vega, aunque las críticas que le realizaban los revisionistas de izquierda
Ortega Peña y Duhalde no parecen hacer de Rosa un marxista consumado como pretende Giménez
Vega.
En relación a la obra de León Pomer, podemos mencionar una polémica suscitada al
publicarse en 1969 en el Boletín del Instituto de Investigaciones Históricas “Juan Manuel de
Rosas” –donde se alojaba el ala derechista del revisionismo- una virulenta nota de Juan Pablo
Oliver (Stortini, 2004). Allí se acusaba a Pomer de promover la infiltración comunista al cuestionar
con su libro el sentimiento nacional en aras de una publicidad ―lopista-montonera‖ (Otal Landi,
2016). La nota generó numerosas respuestas, algunas de las cuales fueron publicadas por el Boletín,
pero se negó a Pomer el derecho a réplica:
Aludo al ataque con traza de denuncia policial (gobernaba el dictador Onganía) que me obsequió Juan
Pablo Olivier (…) Para mi detractor yo era un agente del Kremlin devorador de niños de pecho. De ahí se
siguió una polémica en el Boletín en que intervinieron varios historiadores menos el suscripto, ya que
haciendo gala de su afección por la libertad de expresión, el Instituto vetó la publicación de una respuesta
por mí solicitada. De esa polémica participó Fermín Chávez, que estampó lo siguiente: ―el doctor Oliver
ha abandonado las categorías de Aristóteles para hacer suyas las de la CIA.‖. Me sentí vengado. Además
había ganado un amigo, que lo fue hasta el final de su vida (Pomer, 2008, p. 7).
El episodio mostraba el impacto del contexto de guerra fría que tensaba las aguas en el amplio
espectro revisionista, siendo Oliver la facción más reaccionaria que repliega su revisionismo hacia
una defensa del mitrismo frente a una supuesta amenaza comunista en el presente que reaviva una
amenaza en el pasado.
36
Los años setenta aportaron algunas producciones destacables, como la de Germán Tjarks,
Miguel Ángel Scenna y la obra conjunta de Pedro de Paoli y Manuel Mercado, además de la
reedición de Ortega Peña y Duhalde. En el caso de Tjarks (1975) se focalizó en los sucesos que
jalonaron la crisis oriental y la firma del Tratado de la Triple Alianza, por lo que no hay un abordaje
de otros vértices del mundo platino. De Paoli y Mercado (1975) se centraron en la resistencia
montonera en las provincias y la represión mitrista, y se mostraron muy enfrascados en las tensiones
al interior del campo revisionista en el contexto de guerra fría, cuestionando a Ortega Peña y
Duhalde, pero procurando distanciarse de Olivier; las referencias a la campaña norte paraguaya son
inexistentes. Finalmente, Scenna (1978) cuestionó las tesis que daban relevancia a Inglaterra en el
conflicto –aunque sin mencionar a Pomer-, al tiempo que relativizó los aportes de Tjarks sobre los
entretelones de la firma del tratado secreto. Scenna fue un gran conocedor de las cuestiones
diplomáticas y estratégicas en la relación argentino-brasileña y de la obra de Travassos, pero pese a
esto no hay en su artículo un abordaje de los problemas de la alta cuenca platina.
Desde mediados de los años setenta una parte de la historiografía argentina sufrió la represión
y la censura que anticipó el ascenso de la dictadura surgida del golpe cívico-militar de 1976. Un
conjunto de historiadores de corte liberal y con pretensiones profesionalizantes se favoreció de esa
situación, hegemonizando el mundo académico postdictadura (Galasso, 1995; Romero, 1996);
incluso una figura emblemática de esa corriente, Luis Alberto Romero, dejó entrever cierta alegría y
alivio por la sangrienta represión sobre las corrientes historiográficas rivales, marxistas y
revisionistas (Romero, 1996)29
.
En 1980 Tulio Halperín Donghi publicó el ensayo Una nación para el desierto argentino. Allí
retomó la idea esbozada por Cárcano y continuada por Milcíades Peña en el sentido que la Guerra
de la Triple Alianza se articuló íntimamente con el proceso de gestación estatal bajo la égida del
mitrismo, y negó la existencia de proyectos alternativos (Crespo, 2012; Rosemberg, 2013). Con
tales propósitos, fue lógico que el ensayista no detuviera su mirada en aspectos geopolíticos
relativos al Alto Paraguay desde un ángulo distinto al del estuario platino. Esta obra fue como la
Biblia para la facción historiográfica hegemónica en gran parte de las universidades argentinas con
la transición democrática y el proyecto alfonsinista, contribuyendo en tal modo a que el abordaje de
la campaña de Mato Grosso quedara por fuera de la agenda de la corporación historiográfica. La
mayoría de los historiadores profesionales continuaron con los viejos relatos liberales, mostrándose
29Ese alivio se tradujo en complicidad sostenida con los años. Apenas Mauricio Macri inició su gobierno, Luis A.
Romero le solicitó que revisara las condenas a los militares responsables de crímenes de lesa humanidad. Véase:
http://www.politicargentina.com/notas/201601/11120-un-intelectual-de-cambiemos-le-pidio-a-macri-que-termine-con-
los-juicios-contra-los-represores.html
37
reacios a los aportes del revisionismo y el marxismo, siquiera para una apropiación crítica de los
mismos, y reduciendo las líneas de investigación a los pareceres y temáticas de quienes detentaban
las mayores posiciones en un campo profesional jerarquizado y con prácticas ―endogámicas‖.
En las últimas décadas, las pocas obras argentinas sobre la guerra se ocuparon de distintos
temas, pero los relatos globales del conflicto fueron abandonados o reiteraron los términos que
definieron las posiciones historiográficas en pugna décadas atrás. Tal es el caso de Leonardo
Castagnino con Guerra del Paraguay. La Triple Alianza contra los países del Plata (2014), donde
retoma varios de los planteos de José María Rosa. Respecto a Mato Grosso, el autor señala que ―[e]l
primer objetivo paraguayo era la defensa y auxilio a los ‗blancos‘ orientales, pero mientras se
obtiene el paso por territorio argentino, Solano López decide la ocupación de Matto Grosso‖
(Castagnino, 2014, p. 199), volviendo al planteo de la provincia indefensa y la búsqueda de parque
bélico como objetivo militar, justificando la campaña pero sin una comprensión cabal. Por su parte,
el capitán de fragata Miguel Ángel de Marco (2007), ligado a la tradicional Academia Nacional de
la Historia, continuó con una versión remozada de la interpretación mitrista de la guerra, pero
enfatizando en los aspectos de la vida cuartelaria. Finalmente, la Historia general de las relaciones
exteriores de la República Argentina, dirigida por Carlos Escudé y Andrés Cisneros (1998), apenas
destinó tres párrafos a analizar la campaña de Mato Grosso, pero a la luz del asedio florista-imperial
a Montevideo.
Una mención aparte merece la labor de Nidia Areces. La historiadora viene presentando
trabajos desde los años noventa sobre la región paraguaya de Concepción, lindante con Mato
Grosso, desde el período tardocolonial a vísperas de la guerra guasú, tomando un enfoque
sumamente interesante hacia la historia regional y de frontera que se expresó en su investigación
para la tesis doctoral (Areces, 2007).
En algunos trabajos recientes las escasas referencias a la campaña de Mato Grosso solo se
limitaron a citar al brasileño Francisco Doratioto (2008) –que presenta una versión ―aggiornada‖ de
la interpretación aliancista-, y en el mejor de los casos, a Luiz Moniz Bandeira (1985; 2006), que
aporta una mirada enriquecida de la amplia región platina30
. No se incorporaron los aportes de otros
30De nuestra parte, intentamos un acercamiento a la problemática de la campaña norte paraguaya (Chiaradía, 2016b),
que compartimos luego con un colega de Mato Grosso (Chiaradía y Rodrígues, 2019) sobre el análisis de la
historiografía al respecto. En el presente trabajo retomamos estas elaboraciones.
38
historiadores brasileños, incluidos los del medio matogrossense31
, ni de historiadores paraguayos.
Así, Mato Grosso siguió siendo un rincón olvidado para los historiadores argentinos, centrando su
mirada desde la boca del Plata hacia las regiones interioranas y de río arriba.
Conclusión
La campaña norte paraguaya de diciembre de 1864 hacia Mato Grosso fue habitualmente
incomprendida en la historiografía de todas las latitudes y todos los tiempos. El breve recorrido que
aquí presentamos a lo largo de la historiografía argentina del siglo XX, a través de cinco autores
(José I. Garmendia, Juan Beverina, Ramón J. Cárcano, José M. Rosa y León Pomer), nos permitió
apreciar el pasaje de interpretaciones ―patológicas‖, que cobraron mayor vuelo hacia los años
cuarenta, a una lectura revisionista en de década de 1950 que pudo ensayar algunas explicaciones
más racionales, y que en los años sesenta supo mostrar una producción donde se presentó un
escenario regional complejo e inserto en un contexto mundial cambiante. Pero de conjunto, estas
obras podían indicar un camino para investigaciones futuras, insinuando una invitación a una
mirada renovadora sobre el proceso de gestación del Estado nacional argentino en un contexto
regional e internacional. Sin embargo, el desinterés de los historiadores profesionales y la represión
dictatorial volvieron a relegar a Mato Grosso como terra ignota para la historiografía argentina.
En una entrevista filmada en 2018 León Pomer nos señalaba la necesidad de recuperar una
mirada sobre la totalidad de la región e ―integrar todo ese conjunto en una historia unificada, y no
dividida artificialmente por las fronteras nacionales‖, que en aquel entonces eran sumamente
lábiles, resaltando así la interdependencia entre diversos fenómenos históricos.
―Metodológicamente, los que están interesados en esa historia deberían recuperar la posibilidad de
ver todo eso en conjunto. Como esto excede las fuerzas intelectuales y físicas de una persona,
requiere un equipo de trabajo‖ (Pomer, 2018).
Un desafío interesante para los historiadores argentinos, recurriendo a investigaciones
locales y el intercambio con historiadores de distintas nacionalidades, puede ser intentar un abordaje
de este frente bélico integrando diferentes planos: el local, el regional, el nacional y el mundial,
dando cuenta así de Mato Grosso, de la dilatada cuenca del Plata, de la gestación de los Estados
nacionales en la región y de la integración de los mercados bajo un pujante capitalismo en plena
31 La creación del estado de Mato Grosso do Sul en 1977 alentó la investigación histórica de la región en aras de la
construcción de la memoria histórica de la nueva entidad política. Para un recorrido de la producción historiográfica
matogrossense, véase Chiaradía y Rodrígues, 2019.
39
―era del capital‖ (Hobsbawm, 2010). Un esfuerzo que, como indicara Pomer en la citada entrevista,
requiere un equipo de trabajo.
Un intento que puede aportar nueva luz a los estudios de la guerra guasú y del escenario
regional, resultando un contrapeso a la estrábica impronta del estuario platino que caracterizó a gran
parte de la historiografía argentina como reflejo de los intereses aliados en la guerra, a la par que un
esfuerzo de colaboración que rompa también con la balcanización en ―historiografías nacionales‖
para abordar una totalidad de contornos más amplios que los Estados nacionales.
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44
DE PROVINCIA A REPÚBLICA. DE CASEROS A CERRO CORÁ. PARAGUAY EN LA
CUENCA DEL PLATA
Viviana Civitillo32
El presente trabajo reconoce su origen en el Seminario de Investigación: De Caseros a
Cerro Corá. Paraguay en la Región Platina (1848-1870), dictado en la Facultad de Filosofía y
Letras de la Universidad de Buenos Aires, en el año 2018, con la finalidad de constituir un espacio
de aprendizajes, discusión y construcción de conocimientos alrededor de la historia del Paraguay
durante la segunda etapa republicana (presidencias de Carlos Antonio López y Francisco Solano
López) y su relación con los espacios políticos rioplatenses. Se buscaba deconstruir las
historiografías delimitadas por la territorialidad de los Estados nacionales para observar, en su
proceso formativo -particularmente en el caso del Paraguay-, la conflictividad creciente en la región
de la cuenca del Plata alrededor de dos problemáticas recurrentes: la libre navegación de los ríos y
las cuestiones de límites. La resolución diplomática del bloqueo naval de las potencias europeas
aguas abajo, en 184833
no impedirá el desenvolvimiento de las condiciones geopolíticas y el
desarrollo de los intereses económicos y políticos de los grupos dirigentes locales y regionales,
continentales e interestatales que, en el marco de una ofensiva de las potencias europeas sobre las
antiguas posesiones de España en América, en el contexto de la ―era del capital‖34
, conducirán a la
Guerra de la Triple Alianza y la consecuente y extendida destrucción de la República del Paraguay.
Entre las cuestiones que despertaron nuestra curiosidad y generaron más preguntas que
respuestas, fue el uso del término Provincia -con relación (y no sólo) al Paraguay- en más de un
documento en ese periodo y, más aún, el uso alternativo del término al de República. Así, escribe
Mitre en su Diario La Nación Argentina, en 1864:
―La alianza de 1851 [se refiere a la que conformó el Ejército Grande que derrotó a Rosas en Caseros, en 1852] es
el punto de partida y la base sobre la que reposa la política liberal en el Río de la Plata ¿Qué nos falta para
alcanzar los propósitos de 1851? Que las provincias de la República Oriental y el Paraguay se den gobiernos
liberales regidos por instituciones libres. Viene ahora el turno del Paraguay... El Paraguay que es la negación de
la alianza de 1851, se encuentra hoy precisamente por eso unido al Uruguay … La República Argentina está en
32 Universidad de Buenos Aires. Facultad de Filosofía y Letras. INDEAL (Instituto Interdisciplinario de Estudios e
Investigaciones de América Latina). Correo electrónico: [email protected]
33 Convención Arana-Southern del 24 de noviembre de 1849, entre la Confederación Argentina y Gran Bretaña, y
Convención Arana-Le-Prédour del 31 de agosto de 1850, entre la Confederación Argentina y Francia
34 Así denomina Hobsbawm el periodo que va desde las revoluciones del ‘48 hasta la Comuna de París en 1871 y las
consecuencias de la crisis económica mundial (1873) hacia 1875 (Hobsbawm, 1981).
45
el imprescindible deber de formar alianza con el Brasil, a fin de derrocar a esta abominable dictadura de López y
abrir al comercio del mundo esa espléndida y magnífica región que posee además los más variados y preciosos
productos de los trópicos y ríos navegables para exportarlos.‖35
[la negrita es nuestra]
La República Oriental del Uruguay había sido reconocida en su independencia en 1828, luego
de la firma del Tratado de Paz entre las Provincias Unidas del Río de la Plata y el Imperio del Brasil
y la República del Paraguay había obtenido ese reconocimiento por parte de numerosos países, a lo
largo de las décadas de 1840 y 185036
. Sin embargo, y a pesar de las declaraciones formales por
parte del Gobierno de Justo José de Urquiza, primero en su carácter de Director Provisional37
y más
luego Presidente de la Confederación Argentina38
, y de la misión Derqui que gestionara el primer
acuerdo de límites con Paraguay, el diario fundado por Bartolomé Mitre, entonces presidente
constitucional de la recientemente unificada y ahora denominada Nación Argentina -luego de la
reforma constitucional de 1860 y de la Batalla de Pavón en 1861-, continuaba hablando de
Provincias, denominación que abona la polemicidad e historicidad de los conceptos39
pero, también,
habilita una pregunta: ¿es acaso que Mitre aún duda de la independencia del Paraguay y aspira a su
reinserción en el seno de la territorialidad –herencia del antiguo virreinato- imaginada por su
proyecto estratégico, liberal y pretendidamente nacional? No obstante, no es más que cierta
continuidad de las preocupaciones que generaba la sanción de la Constitución de la Confederación
Argentina en 1853, a expensas de la secesión del Estado de Buenos Aires. Así lo explicaba
Sarmiento, en el Prólogo de sus Comentarios de la Constitución de la Confederación Argentina:
La libre navegación de los ríos que afluyen al Plata, lejos de introducir cambio desfavorable a Buenos Aires, en
la economía interna del comercio, no hace más que darle mayor auge… [P]or las condiciones de la navegación
fluvial, la carga y descarga se hará siempre en Buenos Aires, para que el comercio americano y no el europeo, se
apropie la cantidad y la especie de mercaderías que conviene a cada localidad… Estas son leyes inmutables del
comercio. El Paraguay y Corrientes, el interior por tierra, o por los ríos, tienen, pues, su centro comercial en
Buenos Aires, a despecho de la política y de las divisiones territoriales. (Sarmiento, 1853, pp 36-37)
Y como corolario:
Cada río de los que forman el estuario argentino ha dado nombre a una república fraccionaria. Hay la del
Paraguay, la del Uruguay: la República Argentina trae su origen de la boca del río de que Buenos Aires es único
ribereño… ¿Quién puede asegurar desde ahora adónde irá a detenerse la escisión obrada por el fatal convenio de
San Nicolás? Parte del virreinato de Buenos Aires se llama hoy Bolivia, Paraguay, Uruguay, y los que los
pueblan se envanecen de ello. Nosotros hemos sido en menos de cuarenta años, Provincias Unidas, República y
Confederación Argentina (Idem, p. 40).
35 La Nación Argentina. 23 y 24 de diciembre de 1864, Buenos Aires
36 Sobre esta cuestión ver Scavone Yegros y Brezzo, 2010; Brezzo, 1997
375
Según lo establece el Protocolo de Palermo del 6 de abril de 1852 y el Acuerdo de San Nicolás firmado el 31 de
mayo del mismo año
38 Presidente Constitucional durante el periodo 1854-1860
39 Sobre esta cuestión ver Rosanvallon, 2002
46
En su afilada crítica a los principios generales enunciados en el preámbulo constitucional,
Sarmiento señalaba la necesidad del
reconocimiento de los ‗pactos preexistentes‘, en lo que se refiere a demarcaciones territoriales por lo que hace a
fijar la extensión de la Confederación Argentina, entrando en esta clasificación el reconocimiento de la
independencia del Uruguay, y como puntos que requieren aún para su perfección la sanción de un Congreso
Legislativo, el tratado de límites con el Brasil, sobre la base acordada del uti possidetis, la renuncia de
soberanía sobre el Paraguay, y otras cuestiones del mismo género‖ (Sarmiento, 1853, p.71). [la negrita es
nuestra]
La cita precedente de Mitre justificaría por sí sola la apreciación de Alberdi sobre los
verdaderos objetivos de la política regional de su gobierno. En un fluido y extenso intercambio
epistolar con Gregorio Benítez -por entonces diplomático paraguayo en Francia a cargo de la
legación-, en 1864, Alberdi advierte al diplomático que sería un riesgo mayor para Paraguay
[t]omar a Buenos Aires como expresión de la República Argentina [pues existen] dos partidos … dos países, dos
causas públicas, dos patrias y dos patriotismos … Un interés profundo los divide… Aquél interés es el tráfico
directo con el mundo exterior, la renta pública procedente del tráfico y el poder y el influjo derivados de la renta,
es decir del tesoro del crédito público, y Río de Janeiro y Buenos Aires aspiran a dividírselo entre los dos, a
expensas de todos los países interiores, de que quieren hacer verdaderas colonias tributarias más o menos
disimuladamente.40
Es bien conocida la calificación de Alberdi sobre el conflicto al que atribuía el carácter de una
―guerra civil‖, pues consideraba que la del Paraguay ―no es una nueva guerra exterior, es la vieja
guerra civil ya conocida, entre Buenos Aires y las provincias argentinas, sino en las apariencias, al
menos en los intereses y miras positivos que la sustentan‖ (Alberdi, 1988, p. 139); es ese mismo
interés el que colocaría a Paraguay del lado del ―país argentino situado al norte de Martín García‖ y
a la otra porción del país como aliado natural de Brasil por situarse ambos ―a las puertas del
Plata‖41
.
Como puede apreciarse en esta breve reseña, desde Caseros hasta el comienzo de la guerra, en
sus consideraciones sobre el status independiente y soberano del Paraguay, los principales
dirigentes políticos e intelectuales de la Argentina declaman su posición y preservan sus intenciones
e intereses.
No obstante, una mirada en perspectiva temporal y espacial permitiría trazar algunas líneas
indagatorias acerca de las tradiciones jurídico-políticas a partir de las cuales se resignificaron
40 Respecto de dicha carta, Brezzo señala –en nota al pie nº 10- que está ―Reproducida en David Peña, Alberdi, los
mitristas y la guerra de la Triple Alianza. Buenos Aires. A. Lillo editor, 1965. p. 22 [y que e]l autor indica que la carta,
fechada el 27 de noviembre de 1864, procede del Archivo General de la Nación, Museo Histórico Nacional, aunque la
pieza no figura [como otras] en el catálogo de la institución.‖ (Brezzo, 2006, p. 33)
41 Alberdi a Benítez, en Brezzo, 2006, p. 33. Ver nota 9 ut supra.
47
algunos de los conceptos que organizaron el debate político sobre la cuestión del Paraguay. En
primer lugar, la herencia de la tradición jurídica del derecho indiano y su sustrato teológico en la
transición de los imperios a las naciones (Aninno, Castro Leiva y Guerrà, 1994), como un proceso
que excede el mero pasaje para hablar de la transformación de un mundo a otro, presupone un antes
y un después y operó sobre las prácticas y discursos que procuraron los argumentos fundantes de
una nueva legitimidad política a partir de las revoluciones de independencia (Garriga, 2018); en
segundo lugar, los conflictos locales, regionales e interestatales que, en la Cuenca del Plata,
instalaron un estado de guerra permanente; y, en tercer lugar, la sola presencia del Paraguay y su
política autónoma respecto de sus asuntos internos y la relación con sus vecinos en el proceso
formativo de los nuevos Estados y sus gobernanzas (como las denomina Ternavasio42
) se
conformaba progresivamente en un obstáculo para la expansión de los intereses mercantiles de
aguas abajo.
El derrumbe de la Monarquía Hispana y su Imperio en 1808, dejó al descubierto un conflicto
jurisdiccional en virtud de un conjunto de instituciones que, más allá de su origen castellano como
los Cabildos o producto de las Reformas Borbónicas como el Régimen de Intendencias, respondían
a una lógica propia del Antiguo Régimen. Garriga (2018) afirma que:
El problema que enfrentaron entonces los americanos fue cómo construir, a partir de la nueva legitimidad que
proporcionaba la soberanía popular, comunidades políticas viables, lo que de necesidad exigía definir las
relaciones de pertenencia (ciudadanía) y determinar su configuración territorial (espacios políticos)… estas
operaciones se llevaron a cabo a partir [de aquel] … sustrato normativo realmente existente y al mismo tiempo
…incorporaron elementos ajenos a la tradición católica que lo sostenía más próximos a algunos referentes del
pensamiento ilustrado (p.16).
Pérez Collados (2012) señala que el triángulo conceptual que sustenta políticamente los
Estados de Antiguo Régimen está constituido por la idea de auctoritas, el concepto de potestas y el
régimen jurídico de naturaleza. La primera, da cuenta de la legitimidad encarnada en la monarquía.
La segunda, es la materialización de esa autoridad en forma de Administración; para el caso, las
Audiencias, Municipios, Gobernaciones. El tercero -el régimen jurídico de naturaleza- es la
institución de la reserva de oficios para los naturales. Es en este punto en que el autor encuentra
alguna explicación al proceso constitutivo del concepto de nación: aquélla que estaría constituida
por los súbditos cuya naturaleza los habilita para el ejercicio de los oficios y, consecuentemente, ―el
conjunto de ciudadanos que la integran‖ (p. 24). Esta interpretación será la que muchos juristas
argumentarán en tiempos de independencia.
Si en la tradición neoescolástica suareciana de la Escuela de Salamanca el triángulo de la
realidad política quedaba configurado por Dios -comunidad política de origen natural-, Gobierno -
42 Al respecto, ver Ternavasio, 2007; 2020 y Agüero, 2018
48
amparado en el pactus translationis- y en el principio del consentimiento43
, para la tradición
ilustrada la comunidad política es contractual. Pero como sostiene Pérez Collados (2012), también
en la tradición castellana estaban muy difundidos estos postulados, cuestión que habilitaría la
transición hacia una nueva legitimidad sustentada en la soberanía popular de una comunidad
nacional en términos ciudadanos antes que corporativos (pp. 34-35).
Desde el punto de vista del espacio político, Agüero (2018) sostiene que es necesario
diferenciar territorio de jurisdicción, siendo el primero de carácter patrimonialista mientras la
segunda es de carácter administrativo. Esta distinción abre la fisura conceptual entre diferentes
instituciones hispanoamericanas que entrarán en conflicto cuando sea necesario resolver la crisis
orgánica generada por la ausencia de legitimidad del nuevo poder político metropolitano, llámese
Consejo de Regencia o monarquía bonapartista. En este marco jurídico, el autor afirma que el
término provincia se definiría como ―el espacio puesto por el poder central bajo la competencia de
un magistrado‖ (p. 444) y, por lo tanto, será utilizado para designar las circunscripciones del poder
real y no los espacios tradicionales. Así, los ámbitos municipales se fundaron como territorios
sujetos a una comunidad, con jurisdicción ordinaria, constituyeron la sede de la vida política,
encarnaban el ideal corporativo naturalizado por la tradición, y se identificaron con el término
―república‖ y su institución: el Cabildo. En contraste con la forma tradicional de concebir el
territorio local, el espacio provincial se reprodujo en el proceso de territorialización y designó el
distrito puesto bajo la autoridad real: Audiencias (provincia mayor) o gobernador o intendente
(provincias menores). Esta nueva territorialidad americana fue producto de las Reformas
Borbónicas (Agüero, 2018, p. 446).
En esta línea de argumentación, la provincialización postrevolucionaria que implicó la
extensión de la jurisdicción ordinaria que aunaba el territorio a la soberanía retrovertida en los
pueblos e institucionalizada en los Cabildos desconfiguró el vínculo con la auctoritas e inició el
proceso de objetivación de las repúblicas concebidas como comunidades políticas.
Así, sin eludir las variadas y múltiples razones del conflicto político entre Asunción y Buenos
Aires desde los primeros movimientos juntistas en una y otra, esta disquisición respecto de la
relación entre jurisdicción y territorio, entre provincia y república, podría entreabrir una hendija
para observar la complejidad del proceso de autonomía e independencia del Paraguay y contribuir
con argumentos plausibles respecto de las razones por las cuales los gobiernos rioplatenses negaron
su reconocimiento antes de Caseros y, luego, cuando se inician las tratativas para su concreción, el
proceso conduce a la guerra.
43 Sobre este principio ver también Chiaramonte, 2010
49
En el Congreso General de la Provincia del Paraguay, en junio de 1811, se congregan ―los
individuos convocados para la Junta General así de las diferentes corporaciones, como los vecinos y
moradores de la ciudad y de la campaña, juntamente con los seis diputados de las tres villas y tres
poblaciones de esta jurisdicción.‖44
En el discurso inaugural del Congreso se afirma que ―la
soberanía ha desaparecido en la nación [y que n]o hay tribunal que cierta e indubitablemente pueda
considerarse como el órgano o representación de la autoridad suprema.‖45
Si revisamos la carta del
20 de julio de 1811, dirigida a la Junta de Buenos Aires, la provincia, en su defensa frente a las
fuerzas porteñas, se afirma en el derecho de cada pueblo a ser participante del atributo de la
soberanía cuando ―la representación del Poder Supremo queda abolida o deshecha… [y] recae éste
o queda refundido naturalmente en toda la Nación‖.46
La dinámica del proceso político conduce a
una actualización conceptual en el Congreso Soberano de 1813. La convocatoria amplía la
representación a un ―número de sufragantes que no baje de mil individuos de votos enteramente
libres y que sean naturales de esta provincia… [que incluye a] todas las villas, poblaciones, partidos
y departamentos de su comprensión… [elegidos por] todos los ciudadanos de cualquier estado,
clase, o condición‖.47
Como puede observarse, del Congreso de 1811 al de 1813 comienza a tejerse
el entramado entre la jurisdicción y el territorio cuando en el Estatuto aprobado se utilizan
simultáneamente los términos de Provincia y de República y comienza a definirse la naturaleza de
la comunidad (el tercer componente que señalaba Pérez Collados) en la que ya no se habla de
corporaciones sino de ciudadanos en una transición de la comunidad natural a la comunidad
política.
El acta correspondiente al Congreso de 1814 comienza nombrando a la ciudad de Asunción
como ―capital de la República‖48
, y ya no se hablará de Provincia, tampoco en la del Congreso de
1816.49
La dictadura temporal y luego la perpetua, parecería afirmarse en la voluntad general de esa
―nación‖ (en el sentido antes mencionado) que por tradición era una entidad natural y necesaria,
pre-existente al poder coyuntural del que ahora, al desvincularse del monarca y de todo otro poder
superior carentes de legitimidad, deviene en un nuevo Poder Supremo que no es concebido como
representación de la comunidad política contractual en proceso constituyente en los sucesivos
congresos, sino que aquél ―tiene la misma potestad sobre la república que ésta tenía sobre sí misma‖
(Agüero, 2012, p. 36) y había transferido a través del principio de traslación y del consentimiento y
ahora otorgaba a través del sufragio ampliado. Es en esta lógica en la que podría anclarse luego el
44 Acta de la primera sesión del Congreso General de la Provincia. Asunción, 17 de junio de 1811. En Francia I, 2009,
pp. 81-82
45 Discurso inaugural del Congreso General de la Provincia. Asunción, 17 de junio de 1811. En Francia I, 2009, pp. 83
46 Carta de la Junta de Gobierno de Paraguay a la de Buenos Aires. Asunción, 20 de julio de 1811. En Francia I, 2009,
p. 120
47 Oficio al Comisionado de Ybycuy. Asunción, 26 de agosto de 1813. En Francia I, 2009, p. 254
48 Acta del Congreso General anual de la provincia. Asunción, 3 de octubre de 1814. En Francia I, 2009, pp. 314-316
49 Acta del Congreso General. Asunción, 1º de junio de 1816. En Francia I, 2009, pp. 423-424
50
proceso de homogeneización demográfica que llevara a cabo la política francista respecto de -entre
otras- las leyes sobre el matrimonio (Potthast y Telesca, 2012) en paralelo al proceso de
autopreservación generado por el peligro que implicaba la conflictividad bélica de sus vecinos del
Plata.
La crisis regional de 1820 desarticuló todo intento de recomponer los fragmentos de soberanía
que la revolución habría de dejar como herencia. El Directorio de las Provincias Unidas se llevó
puesto consigo el proyecto artiguista pero la política rioplatense, en manos de la provincia de
Buenos Aires, desde entonces encargada de las Relaciones Exteriores, pareció no abandonar sus
expectativas respecto del status quo de las provincias que integraban el antiguo Virreinato del Río
de la Plata.
Durante el gobierno de Martín Rodríguez y su ministro Bernardino Rivadavia (1821-1824),
fueron varios los intentos por reanudar las relaciones diplomáticas y comerciales con el Paraguay.
El encargado de la misión fue Juan García de Cossio quien fue enviado a Asunción con el objetivo
de "concertar una alianza con el Paraguay ante la inminencia de la lucha con el Imperio de la Banda
Oriental" (Chaves, 1942, p.297). En virtud de no haber obtenido el pasaporte autorizando su
entrada a Paraguay y cumpliendo las órdenes de su gobierno, García de Cossio envía una segunda
nota a Francia en la que, en primer lugar, traza los vínculos que unen a ambas provincias y analiza
los peligros que implica la situación internacional con la segunda restauración de Fernando VII, la
derogación –una vez más- de la constitución liberal y la presión de la Santa Alianza sobre las
monarquías europeas; luego, solicita que "el Paraguay acuerde también su representación a dicho
comisionado para que el plenipotenciario de las Provincias Unidas del Río de la Plata
[conjuntamente] con los representantes de Chile, Perú, Venezuela y México, ajuste el tratado
definitivo de paz y amistad" con la monarquía restaurada (Chaves, 1942, p. 298). La misiva incluía
también la convocatoria al Congreso Constituyente. Por último, reclama igual trato que Brasil
respecto de la apertura de un puerto para el comercio, del mismo modo que se ha otorgado al
Imperio como resultado de la misión de Correa da Camara. Puede apreciarse entonces que, al igual
que en ocasiones anteriores, el trato otorgado es el de una provincia más sin atisbos del
reconocimiento de su independencia (como no lo será durante todo el periodo de las autonomías
provinciales y de la Confederación Rosista): no se solicita un representante propio como los estados
de Chile o Perú sino el otorgamiento de la credencial al plenipotenciario y sí se invita a un
representante de la provincia al Congreso a realizarse en Buenos Aires. Hubo tres intentos de
acceder a una negociación con Francia de los que García de Cosio no obtuvo respuesta, por lo que
el comisionado regresó a Buenos Aires.
La reunión del Congreso Constituyente de 1824-1827, en Buenos Aires, pondrá de manifiesto
la voluntad de reunir nuevamente los territorios desmembrados durante la década revolucionaria.
51
La campaña llevada a cabo por los "33 Orientales" en la (ahora) provincia Cisplatina –incorporada
al Imperio del Brasil de reciente desvinculación de la corona lusitana- tenía la finalidad,
precisamente, de recuperar el territorio de la Banda Oriental para las Provincias Unidas y enviar sus
representantes al Congreso Constituyente, como efectivamente ocurrió, decisión que derivó en el
conflicto bélico entre las Provincias Unidas y el Imperio del Brasil (1825-1828).
Si la recuperación de la Provincia de Montevideo formaba parte de un objetivo compartido
con los orientales, la reinserción de la región de Tarija y de la antigua provincia del Paraguay al
seno de las Provincias Unidas no gozará de similares consensos. Respecto de Tarija, Bolívar y
Sucre resultaron bien predispuestos a su devolución a las Provincias Unidas ante los reclamos de la
provincia de Salta a la cual pertenecía, pero las presiones locales lograron, finalmente, su
incorporación a la República de Bolivia en 1831.
El caso de Paraguay será más complicado aún por varios motivos: la sanción del Estatuto de
1813 prácticamente había decretado su independencia de hecho y el caso Bonpland50
distanciaba las
apreciaciones de Bolívar respecto de su posible intervención contra el Imperio del Brasil que la
misión oficial rioplatense Alvear-Díaz Vélez solicitaba en 1825. En 1823, el Libertador había
reclamado por la libertad de Bonpland en términos algo imperativos que no fueron bien recibidos
por Rodríguez de Francia. En mayo de 1825, para la misma fecha en que se concreta el envío de la
misión oficial al Alto Perú, Bolívar escribe al Dean Funes –por entonces representante diplomático
de la Gran Colombia en el Río de la Plata-: "si el Río de la Plata quiere que las tropas del Perú,
hagan una invasión en el Paraguay, avíseme Ud., pues entiendo que no es difícil por el Río
Bermejo"51
, idea que repetirá ante Alvear y Dorrego –este último en visita no oficial-.
La compleja geopolítica de la cuenca del Plata colocaba al Paraguay de Rodríguez de Francia
en el centro de las decisiones pues era considerado un obstáculo, habida cuenta de la identificación
de su gobernante con la tiranía de la que había que deshacerse para avanzar sobre las fronteras del
Imperio. Las negociaciones no dieron los frutos esperados y la participación del ejército libertador
en la Guerra contra el Imperio nunca se concretó: ni durante la presidencia de Rivadavia (1826-
1827) ni durante la gobernación de Dorrego (1827-1828).
Dorrego comparte la visión geopolítica que la misión oficial encomendada por Las Heras
pone en conocimiento de Bolívar pues considera que
50 Aime Bonpland, naturalista de origen francés, retenido en Paraguay por Rodríguez de Francia entre los años 1821 y
1829. Autorizado a abandonar el territorio, permanece algún tiempo más en la región. Su liberación es reclamada
internacionalmente; entre otros, por Simón Bolívar. Entre una extensa bibliografía general que aborda el tema, ver
Pérez Costa, 1942.
51 Bolívar a Funes, circa 28 de mayo de 1825 (B.N. d.12.298) citado en Carretero, 1968, p. 63
52
la cuenca del Plata abarcaba por el este, hasta el Estado de Río Grande y por el norte, siguiendo las
ramificaciones fluviales del Paraná y del Uruguay, se internaba profundamente mas allá de Misiones,
comprendía Paraguay y por el Pilcomayo y el Bermejo atraían a las provincias del Alto Perú (Carretero, 1968,
p. 68)
A partir de su incorporación como diputado al Congreso Constituyente, sostenía que, así
como se había recuperado a la Banda Oriental, había que esperar que en algún momento de
recuperara el Paraguay. En las sesiones del 2 y 3 de octubre de 1826, Dorrego afirmaba la
necesidad de disociar el federalismo de la anarquía, término con el que también los propios
federalistas denigraban el proyecto artiguista en los debates; frente a ello señalaba:
también entonces sería bueno traer en comparación el Estado en que se halla el Paraguay para sostener el
sistema de unidad ... El Paraguay se podría decir está bajo el mando de un hombre, cuya voluntad es la única
ley, y la que da impulso a todo el estado: el Estado del Paraguay es malo, luego el sistema de unidad es malo:
¿valdría este argumento? Luego tampoco vale la comparación de Artigas.52
En última instancia, los sistemas no eran buenos ni malos pero las provincias tenían derecho
a resistirse si un proyecto de unidad buscaba reemplazar el despotismo de Madrid por el de la nueva
metrópolis porteña (Di Meglio, 2014)
Tras el fallecimiento de José Gaspar Rodríguez de Francia, el Consulado primero y el
presidente Carlos Antonio López más luego, reorientarán la política hacia sus vecinos en busca de
un equilibrio diplomático que garantizara la navegabilidad de los ríos, el reconocimiento de la
independencia y su consecuente delimitación territorial. La dura batalla verbal que enfrentará al
presidente López con el Encargado de las Relaciones Exteriores de la Confederación Argentina,
Juan Manuel de Rosas, acompañará los movimientos militares en la región del Plata que
involucrarán a las provincias litoraleñas firmantes del Pacto Federal de 1831, la República Oriental
del Uruguay, la por entonces república riograndense en guerra contra el Imperio del Brasil, las
diferentes facciones políticas que los integran y a las dos potencias extranjeras que bloqueaban el
puerto de Buenos Aires: Inglaterra y Francia. En reclamo de su reconocimiento, el presidente
López argumentará la independencia de la República del Paraguay de hecho y de derecho pues
antes y después de separarse de España
se había separado de Buenos Aires … que habiendo ajustado ambos países un tratado de alianza para defender
su común emancipación y libertad [acuerdo Belgrano-Echevarría del 12 de octubre de 1811], el Gobierno de
Buenos Aires, postergando el Derecho de las gentes … violó amplia y manifiestamente todas las condiciones
convencionadas, y por eso el Gobierno paraguayo lo declaró roto, y se desprendió en 1813 de dicho tratado, y de
todas la relaciones con Buenos Aires, ratificando su independencia absoluta y definitiva … en 1842 nada más
52 Manuel Dorrego. Sesiones del 2 y 3 de octubre de 1826. En: Ravignani, 1937, p. 881-882
53
hizo que renovar esa ratificación para el único fin de pedir el reconocimiento general de las naciones (López,
1996, abril 26 de 1845).
Se refiere al acta de Independencia declarada por el Congreso General Extraordinario de
cuatrocientos diputados del 25 de noviembre de 1842, que en su artículo segundo establece que la
República del Paraguay ―Nunca jamás será el patrimonio de una persona, o de una familia.‖53
Continúa López:
Disuelta la sociedad política, que existió, era libre a los socios fundar otra u otras. Ellos, y no la división
territorial o la personalidad extinta del virreinato, eran los únicos que tenían derecho de determinar la naturaleza
del nuevo poder político y entidad que lo ejercería. Extinguido el único poder que existía con todos sus
atributos, no quedaba alguno…El Paraguay nunca quiso, ni tuvo el nombre de Provincia unida del Rio de la
Plata [y] nunca mandó Diputados a congreso alguno de tales Provincias. (López, 1996)
Reconocía, igualmente, que el Pacto Federal de 1831 es la única fuente legítima ―cual es la
libre voluntad de los Pueblos…Ese tratado es el único título de nacionalidad, fuera de él no hay sino
Repúblicas independientes.‖ (Ibidem)
A través del Archivo Americano que dirige Pedro de Ángelis, el gobierno encargado de las
Relaciones Exteriores sienta oposición con argumentaciones de hecho y de derecho:
El Gobierno del Paraguay se ha pues, asociado a sabiendas a un bando de piratas, y lo ha hecho, olvidándose de
que existía una autoridad superior, encargada de las relaciones políticas de la Confederación Argentina por el
voto libre de sus comitentes. Tan efectiva es esta delegación, como es notorio el tratado que liga la provincia de
Corrientes a las demás provincias litorales, entre las cuales figura la de Buenos Aires. Este tratado, ajustado en 4
de enero de 1831, es el pacto fundamental en que descansa la Confederación, y que no es dado violar sin
conmoverla.54
El gobierno Buenos Aires,
como encargado de las Relaciones Exteriores de la Confederación Argentina, no [tiene facultades para]
desmembrar su territorio, ni declarar independientes a los que no han cesado de ser sus partes integrantes. Este
poder reside en el Congreso General de las Provincias Confederadas, al que, si por algún tiempo han dejado de
concurrir los diputados del Paraguay, no por esto han perdido el derecho de integrarlo. Son ellos los que deben
promover la demanda de su independencia, y exponer los motivos que tengan para solicitarla.55
Sin duda, la década de 1840 será la de mayor beligerancia en el Litoral de los ríos entre el
Sitio Grande sobre Montevideo y el bloqueo anglo-francés sobre el puerto de Buenos Aires.
Entonces, insistía de Ángelis en su crítica, en este caso como respuesta al periódico El Comercio del
53 Acta de la Independencia de la República del Paraguay. Asunción, 25 de noviembre de 1842. Colección Doroteo
Bareiro, Archivo Nacional de Asunción, Sección Presidente Carlos Antonio López, Volumen 2 (1842-1844), pp. 408-
409
54 El Paraguay y Corrientes (1), Archivo americano, Nº 16, Diciembre 11 de 1844. En de Angelis, 2009, p. 256
55 El Paraguay y Corrientes (3), Archivo americano, Nº 20, Julio 31 de 1845. En de Angelis, 2009, p. 277
54
Plata, que dirigía Florencio Varela, y que comparaba a Juan Manuel de Rosas con José Gaspar
Rodríguez de Francia:
No solamente sostuvo siempre el gobierno Argentino de un modo explícito y constante sus derechos sobre la
provincia del Paraguay, y respecto del río Paraná, no sólo no declaró jamás el Dr. Francia a esa provincia
―República independiente‖, sino que jamás tampoco lo declaró así, ni con motivo de la comisión de Herrera, ni
con ocasión de los decretos del gobierno Argentino … ni cuando … después fue invitada la provincia del
Paraguay a enviar sus diputados al Congreso Argentino. Sólo en 1842 fue que el gobierno de Paraguay declaró
injusta e impolíticamente a la provincia del Paraguay en el carácter de República independiente; y al pronto
protestó el gobierno Argentino contra la nulidad e inconveniencia de semejante separación ilegítima, y muy
perjudicial a la seguridad e intereses comunes.56
Como puede observarse, mientras el discurso de López se afirma en la República como
unidad política y no sólo territorial, la defensa de la Confederación se asienta en el recurso de la
interpelación como provincia integrante del antiguo territorio virreinal y, para ello, debe recurrir al
periodo previo al Congreso y Estatuto de 1813 (misión Herrera).
Cuando en 1848, Francia e Inglaterra levanten el bloqueo en atención de cuestiones más
urgentes en Europa, se inicia el camino sin retorno para la política exterior dirigida por Rosas desde
la Provincia de Buenos Aires. No obstante, el presidente López negará su participación en la
alianza que conformó el Ejército Grande por cuanto el tratado propuesto no garantizaba el
reconocimiento de la independencia de Paraguay y su defensa ante los posibles vencedores de la
contienda. (Scavone Yegros y Brezzo, pp. 25-26)
Recién el 15 de julio de 1852, cuando la Confederación se encontraba bajo la dirección
provisional de Justo José de Urquiza57
, se firma el primer Tratado de Límites y Navegación, y dos
días después, el Encargado de Negocios Santiago Derqui ―procedió a reconocer solemnemente ‗en
nombre de la Confederación Argentina, la independencia y soberanía de la República del Paraguay
como un hecho consumado, competentemente comunicado al gobierno argentino‘‖. (Scavone
Yegros y Brezzo, 2010, p. 54). No obstante, la década de 1852-62 transcurrió bajo la secesión del
Estado de Buenos Aires y sus implicancias que pospusieron la aprobación del Tratado por el
Congreso de la Confederación, en virtud de múltiples vericuetos relacionados con el nudo central
del problema: la delimitación territorial y la navegación de los ríos Paraná y Paraguay.
Entre Caseros y Pavón, el Paraguay se verá amenazado por múltiples conflictos con vecinos y
potencias extranjeras de los que sin duda pueden consultarse muchos trabajos. Menos atención ha
merecido, por lo menos en la historiografía argentina, la mediación del Paraguay en el conflicto
entre Buenos Aires y la Confederación como garante del Pacto de San José de Flores buscando
56 El Comercio de Varela. El Dr. Francia. La Provincia del Paraguay, Archivo Americano, Nº 32, Enero 28 de 1847. En
de Angelis, 2009, pp. 418-419
57 Ver nota 5 ut supra.
55
restablecer el equilibrio de fuerzas que permitiera garantizar -en términos diplomáticos- la
estabilidad política aguas abajo.
Mientras la Constitución del Estado de Buenos Aires, sancionada el 11 de abril de 1854
establecía en su artículo 1° que ―Buenos Aires es un Estado con el libre ejercicio de su soberanía
interior y exterior‖, el acuerdo firmado el 10 de noviembre de 1859 establece que Buenos Aires se
declara parte integrante de la Confederación y que ―[d]entro de los veinte días de haberse firmado el
presente Convenio, se convocará a una Convención Provincial que examinará la Constitución de
mayo de 1853, vigente en las demás Provincias Argentinas‖.58
Como puede observarse, la
recuperación del término provincia apela a la territorialidad tal como la establece la Constitución
Confederal de 1853 que, a partir de la reforma de 1860, pasará a denominarse de la Nación
Argentina.
Sin embargo, sólo después de Pavón, cuando la dirección política de la provincia de Buenos
Aires, recién incorporada, reinicie la ofensiva contra las autoridades constitucionales del presidente
Derqui, retornamos a las citas iniciales. Ofensiva que se propone una operación de intervención,
ocupación territorial y deliberado exterminio respecto de las resistencias federales al proyecto
porteño, la constitución de una alianza con las facciones liberales del Imperio y de la República del
Uruguay, y la avanzada definitiva sobre el Paraguay. Para ello, debía retornar al criterio de
territorialidad que había sostenido desde el momento en que se impone el argumento atribuido a
Juan José Paso en el Cabildo Abierto del 22 de mayo de 1810 respecto del derecho de Buenos Aires
a decidir la destitución del virrey en nombre de las demás provincias hasta tanto se convoque a su
representación.59
Para cerrar, una cita de Lucio Mansilla (1890) en Una excursión a los indios
ranqueles:
El Paraguay no existe. La última estadística después de la guerra arroja la cifra de ciento cuarenta mil mujeres y
catorce mil hombres. Esta grande obra la hemos realizado con el Brasil. Entre los dos lo hemos mandado a
López a la difuntería. ¿No te parece que no es tan poco hacer en tan poco tiempo? (p. 72).
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58 Convenio de Paz. Celebrado en San José de Flores á 10 de noviembre de 1859, entre el Gobierno del Estado de
Buenos Ayres y el de la Confederación Argentina. En: Báez Valenzuela, 2017, pp. 242-245
59 No existe registro en actas de los debates; su reconstrucción puede consultarse en Bazán Lezcano, 2011, pp. 11-42
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Carretero, A. Dorrego, 1968
59
El Paso de los Cuatrocientos, la Intención Subyacente en la Narración Histórica
Marco Augusto Ferreira
Han pasado dos años desde la publicación de mi novela El Paso de los Cuatrocientos, y a lo
largo de este tiempo logré notar manifestaciones emocionales muy interesantes en sus lectores; creo
que muchas de estas manifestaciones son reflejo del sentimiento actual de gran cantidad de
paraguayos en relación a la Guerra Contra la Triple Alianza, y son sentimientos de los que quiero
hablar ahora.
Así que, empecemos hablando de la novela en sí, y luego de su acogida. Si uno lee El Paso,
podrá notar que ya se plantan las semillas de lo que posteriormente serán los problemas inherentes
al liderazgo, los conflictos interpersonales entre los distintos actores que marchaban hacia
Montevideo, y las diferencias ideológicas que existían entre los líderes del gran ejército paraguayo
que pretendía liberar al Uruguay de la invasión brasileña. Estos dramas nacen porque sus
protagonistas ocultan de sí mismos y de sus líderes la duda de saber si están siguiendo el camino
correcto o si en cambio deambulan sin sentido. Y, este conflicto en los personajes del libro -que
pertenecen al Regimiento 27 de Caballería del ejército paraguayo-, se manifiesta en las maneras con
las que tratan de mantener el optimismo pese a las crecientes dudas.
Les explico: La Batalla de Mbutuy se trató de una batalla clave para el Paraguay a nivel
moral, pero logísticamente no importaba demasiadas consecuencias. El asunto es que, tanto para los
medios del momento como para los historiadores de la época, se trató de una victoria paraguaya en
la cual 400 caazapeños mal armados, mal alimentados y perdidos –lógicamente, esto no se decía-,
lucharon y vencieron contra un ejército de casi 4000 soldados profesionales de la Caballería
Imperial Brasileña.
Sin embargo, los historiadores argentinos y brasileños de la misma época disienten,
afirmando que no fue una victoria, sino una supervivencia mezcla de suerte, de oportunidades
perdidas por parte de los brasileños, y un poco de buen tino táctico en el liderazgo del capitán José
del Rosario López -que fue quien lideró a los cuatrocientos-, pero, en síntesis, los paraguayos eran
bárbaros. Empezamos a notar que la animosidad y la intención política estaban detrás de las
crónicas de la época, y en todos los bandos, lo cual es de esperarse en tiempos de guerra, pero acá
es donde el pasado empieza a mezclarse con el presente.
60
¿Por qué escribí yo sobre esta batalla en particular? Número uno, porque si uno lo compara
con las demás batallas de la Guerra Grande desde el lado paraguayo, se da cuenta de que la batalla
de Mbutuy representó el empujón inicial que permitió decir al gobierno: “Nuestro ejército es
poderoso y no hay quien pueda detenerlo”. Y, sin embargo, en comparación a las batallas
posteriores, historiadores modernos no vuelven a discutir de Mbutuy sino a través de testimonios de
soldados/historiadores que participaron con cierta distancia, testimonios que vuelven a repetirse a lo
largo de los años y siguen vigentes hasta ahora. No se habla mucho de los protagonistas, salvo por
menciones breves, y nadie parecía hacerse la pregunta de cómo fue que 400 soldados que
empezaron su entrenamiento después de todos los otros soldados del país, 400 soldados que estaban
compuestos quizás no por oficiales preparados sino por voluntarios y, lógicamente, 400 soldados
que nunca fueron a una academia militar, fueron capaces de semejante hazaña.
De todas maneras, los nombres y registros se pierden por varias razones, como el frío que
pudo haber empujado a los soldados a quemar documentos para armar fogatas en Uruguayana, o el
robo de los mismos por parte de los Aliados, pero lo cierto es que esto forma parte de un evento
cataclísmico para el ejército paraguayo, que a su vez moralmente habrá tenido la capacidad de
eclipsar esta victoria, a sus protagonistas y a todo el estudio de la historia de esa campaña que
vendría más adelante. Este evento es la rendición del ejército paraguayo en la ciudad de
Uruguayana.
Yo mismo, como paraguayo, necesitaba seguir entendiendo por qué nos fue tan bien al
principio de la campaña, pero de repente se produjo la rendición en Uruguayana, o la derrota de
Yatay, que vino poco después de Mbutuy; cómo se llegó hasta ahí, qué pasó con los soldados
después de eso.
Ante la curiosidad de entender este fenómeno y con la motivación de rescatar estos nombres
-porque, dentro de todo, la hazaña sigue pareciéndome digna de los 300 de Leónidas-, fue que
empecé a escribir El Paso de los Cuatrocientos. Necesitaba entender quiénes fueron esos 400, cómo
consiguieron lo que consiguieron, qué pensaban y qué pasó con ellos. Sin darme cuenta, al contar la
historia desde la perspectiva de los soldados, al terminar el libro con una nota positiva, es decir, con
la victoria en Mbutuy, me encontraba siguiendo el mismo ritmo emocional que los hombres de
aquel momento también habrán sentido: que estaban en el camino correcto; “estamos ganando,
estamos yendo a paso firme y nuestros planes se están concretando”.
61
Sin embargo, esto no hubiese sido justo para los verdaderos soldados, porque debieron vivir
mucho más y, si bien podía dejar el libro ahí, pasar a algo más y ayudar a sostener el mito
legendario del heroísmo del soldado paraguayo, me parecía que me acercaba más a esos
historiadores de la época, con agendas y pensamientos políticos claros. El asunto es que tengo la
ventaja de que tantos años desde aquel entonces me dan la posibilidad de ser más objetivo y neutral
en relación a estos testimonios. También, me pareció que pecaba de ser engañoso u oportunista,
porque el trasfondo completo fue mucho más complejo, así como los hombres que protagonizaron
esas decisiones; eran humanos, después de todo. Si bien grandes historiadores de mi país y del
extranjero hablan in extenso de la ―Rendición‖, yo necesitaba entender particularmente en qué
pensaban sus líderes, en qué pensaban sus soldados, por qué se produjeron las divisiones dentro del
ejército, por qué hoy se habla de traidores y de héroes como si hubiese sido tan fácil entonces tomar
decisiones que los clasificarían de la misma forma frente al futuro; para eso, necesitaba humanizar
al soldado paraguayo y a los extranjeros que pelearon con ellos, y solamente la ficción tiene el
poder de humanizar; fue por eso que convertí la historia en una trilogía.
Ya al empezar a escribir el segundo libro, noté que, entre mis personajes empezaban a surgir
orgánicamente desertores, cobardes, líderes natos, fanáticos, oportunistas, hombres desesperados,
amistad, lealtad, traiciones e intrigas, no porque yo quisiera meterle elementos interesantes a la
historia, sino porque el propio contexto y la atmósfera de toda esta campaña estuvieron realmente
cargados de actos y personas así. Así que, a medida que voy escribiendo la historia me doy cuenta
de que, a veces, poco a poco estoy sacando lo peor de mis protagonistas, sacando lo peor y lo mejor
de muchísimos hombres; los testimonios históricos te dan a entender en numerosas oportunidades
que esto en verdad pudo haber ocurrido con más frecuencia de la que se registró.
Esta humanización permite que la gente se encariñe o empiece a detestar las decisiones
tomadas por los protagonistas, y el solo hecho de que ya los hayan empezado a conocer es
justamente el primer efecto positivo que ha generado la primera parte de mi libro, y lo que hasta
ahora está haciendo -creo yo- un gran favor en sus ventas. Ahora, hay que estar atento, porque en
muchos de los comentarios se habla del heroísmo paraguayo -el cual existió definitivamente- y, si
bien es cierto en que nos encontramos ahora mismo en un momento en el que parece que
necesitamos héroes a la usanza mitológica, muchos también parecen obviar o desconocer los
eventos que se aproximan en la historia, los cuales empiezan a hablar de los peores aspectos de lo
que fue nuestra campaña, así que va a ser interesante ver cuáles serán las reacciones en estos
mismos lectores.
62
También llegué a darme cuenta de que el libro ha llegado a manos de personas realmente
fanáticas; ¿qué van a decir si ven a algún personaje querido entablando conversación o relaciones
con quienes en aquel entonces eran considerados los enemigos del pueblo paraguayo? ¿O con los
que hoy son llamados ―Legionarios‖? Vagamente, explico: los legionarios eran exiliados y traidores
a la patria según la vista del paraguayo de la época; son quienes armaron un ejército propio para
“luchar contra López”, y son quienes posteriormente volverían para refundar el país como amigos
de los Aliados una vez que la Guerra hubo terminado.
O, ¿qué van a decir cuando los protagonistas tengan contacto con extranjeros que -en
verdad- prestaron su servicio y sus vidas a pelear por el Paraguay? Acá ustedes pueden pensar que
estoy exagerando, pero hubo alguien en Facebook -me acuerdo muy bien porque es imposible
olvidar sus palabras- entre los comentarios que formaban parte de una promoción de El Paso, que
comentó -con palabras mucho menos amables- “Buen libro, pero está mal porque retrata a los
correntinos como héroes, cuando todos sabemos que los paraguayos dieron todo”. Bueno, tuve que
explicarle a esta persona por qué los correntinos y los uruguayos podían ser igual de heroicos que
los paraguayos, y por qué muchos pelearon en las filas paraguayas durante la Guerra.
Más allá de que me haya respondido o no después eso, me dio a entender que mucha de
nuestra gente todavía siente internamente el dolor de lo que fueron las heridas sociales y
psicológicas de la guerra, dolor manifestado en un rencor particular hacia los extranjeros y hacia los
mismos soldados de la campaña de Uruguayana. En el caso de los extranjeros, esta desconfianza es
manifestada abiertamente, sin miedo, porque parece haber un acuerdo implícito en estos discursos
sobre la maldad de nuestros vecinos, pero cuando se dirigen las críticas hacia los soldados, más bien
se hace el silencio, y ya desde esa época, posteriores gobiernos y casi nulos sobrevivientes, han
castigado a los ―perdedores‖ de Uruguayana con el olvido, y me refiero a los 400, específicamente
cuando me enteré de que los descendientes en la misma Caazapá –localidad de donde partieron- no
tenían idea de que este regimiento existió en primer lugar.
Si bien este no es un debate que pueda desarrollarse en este momento, creo que en el fondo
también escribí El Paso para tratar de generar empatía hacia tantos nombres y hombres de la época
como fuera posible meter en un libro que a su vez resultase interesante; es decir, confío en que la
ficción es una de las pocas maneras que tenemos de lograr el entendimiento pleno, y que a través
del entendimiento podemos generar empatía, especialmente con aquellos que pelearon la guerra -a
quienes hoy en día clasificamos de dos maneras solamente: héroe o legionario, pero esta
clasificación nace a nivel popular y como insulto, no a nivel académico-.
63
Me encantaría que, al leer El Paso de los Cuatrocientos uno se sienta con el mismo pecho
hinchado que tuvieron los hombres de la época después de ganar la Batalla de Mbutuy, pero que, al
leer La Arena de los Leones, la segunda parte, este se sienta como el golpe emocional, físico y
estratégico que en verdad recibió nuestro ejército cuando sus líderes se dieron cuenta de que el
ejército Aliado era por lo menos tres veces más grande, que la propia comunicación entre los altos
mandos no funcionaba, y que el plan general tenía problemas en extremo graves. Y, si el lector
todavía sigue conmigo después de este segundo libro, el tercero me gustaría pensar que va a ser la
expiación de lo profano, la epifanía que afirme: estos hombres actuaron de acuerdo a lo que sabían -
que no era mucho-, de acuerdo a lo que imaginaban que era lo correcto, de acuerdo principios y
sensibilidades que hoy en día son ajenos para nosotros, y que como tales, lo único que podemos
hacer es tratar de entender el contexto dentro del cual tomaron esas decisiones; no convertirlos en
mártires, villanos o héroes, sino sencillamente respetarlos como hombres que tuvieron miedo, que
sintieron alegría y, sobre todo, que sufrieron los efectos de la guerra y de la desesperanza al mismo
tiempo. De esta manera, espero que Las Crónicas de Uruguayana -que es la saga completa- permita
ayudar a mucha gente a entender quiénes cuentan las historias, por qué las cuentan, y empezar a
cerrar las heridas provocadas por el rencor hacia nuestros vecinos, hacia nuestros propios soldados,
a los que vivieron, a los que desertaron, y a los que fueron olvidados porque se rindieron, porque
siempre es más fácil haber muerto en batalla que explicar por qué sobrevivieron y sin embargo
perdieron.
64
Historiografía restauradora, El Imperio Contraataca
Jorge Coronel
Cuando en marzo de 1870 acaban las batallas de la Guerra de la Triple Alianza, con el
Paraguay devastado por las tropas imperiales del Brasil, mitristas de Argentina y legionarias de
paraguayos exiliados, empieza, en forma sumamente caótica y desorganizada, otra batalla. Esta
batalla historiográfica. Es el combate de los sectores subalternos paraguayos. Es la lucha por la
memoria y que hoy, a 150 años, sigue viva.
Esta apasionante, y apasionada, batalla teórica, política, ideológica, fue objeto de
permanente revisión por las distintas corrientes historiográficas que investigaron, e investigan, la
conflagración bélica más importante de Latinoamérica. Como era lógico, primero aparece el relato
montado por los triunfadores, la civilización derrotando a la barbarie. A esto correspondió también,
años después, lógicamente, la corriente que expuso dudas sobre esa dicotomía de ángeles contra
malvados60
. Las distintas corrientes historiográficas en estos 150 años son agrupadas por los
historiadores según la coincidencia en algunos puntos clave del conflicto, como causas, injerencias
externas, principales protagonistas, pero sobre todo por lecturas ideológicas del nacionalismo,
liberalismo, marxismo y últimamente el neoliberalismo restaurador.
Dentro de esta lucha por la memoria, a finales del siglo XX, unas pretendidas nuevas
interpretaciones emergieron con fuerza, pero en realidad eran, o son, proyectos de restauración del
primogénito discurso de los triunfadores. Así como al término de los combates, hace 150 años, esa
interpretación es la voz de los triunfadores, la voz de las élites que salieron ganando de la
hecatombe, comerciantes, especuladores, militares, financistas. Son interpretaciones propias de las
clases dominantes de los cuatro países, clases dominantes de antes y de ahora.
Esta corriente restauradora aparece cuando, aparentemente, ya se había consolidado una
historiografía basada en los complejos procesos que originaron el peor desastre bélico de América.
La denominada nueva historia, vuelve a poner a una o dos personas, especialmente al Paraguay y al
mariscal López, como explicación casi única de los acontecimientos. Se vuelve a sostener el relato
histórico basado en personajes trascendentales o carismáticos, olvidando que como dice el manual
político marxista. ―Los hombres hacen su propia historia, pero no la hacen a su libre arbitrio, bajo
circunstancias elegidas por ellos mismos, sino bajo aquellas circunstancias con que se encuentran
directamente, que existen y les han sido legadas por el pasado‖ (Marx, 2003, p 13).
60 El Dr. Mario Maestri tiene un excelente libro sobre estas distintas tendencias, La Guerra en el Papel, donde analiza
varias obras de autores de distintas nacionalidades y tendencias. Esta traducida al español.
65
Este proyecto restaurador del relato original Patriótico-Liberal-Militarista se puede entender
como propiciador del discurso de poner punto final a la discusión historiográfica. Intención que hoy
cuenta con muy poca argumentación, por la gran variedad de aportes académicos en curso, sobre la
Guerra de la Triple Alianza, desde hace más de 30 años (Chiaradia, 2017)(Jardim, 2015)(Caballero,
2019)(Pomer, 1980)(Silvera, 2009). Era más del discurso oficial, especialmente de los archivos
militares y de Itamaraty.
Este intento de terminar la discusión, con argumentos del tipo ―porque ya está todo dicho
sobre la guerra‖, pretendió hacer nuevamente, lo que hace unos años ocurrió con la campaña de
descalificación de la corriente historiográfica revisionista argentina. Esta corriente sostenida por un
importante núcleo de investigadores, sobre todo argentinos marxistas, Leon Pomer, Milciades Peña,
José María Rosas, entre otros, influenciados por los acontecimientos mundiales de los años 60
(movimientos de liberación, mayo francés, Vietnam, etc.), incorporaron nuevas lecturas a la
historiografía sobre la guerra. Algunos de sus integrantes sostenían la tesis de la fuerte injerencia de
Inglaterra en el conflicto.
El proyecto de restauración historiográfica sostenía, decretó dirían algunos, que el
argumento del interés de Inglaterra de asegurar nuevos proveedores de algodón, materia prima clave
para las industrias de Manchester, no era válida (Menezes, 1998) (Doratioto, 2010). Sentenciaron, y
numerosos historiadores lo asumieron como verdad, que luego de la crisis del algodón
norteamericano por la guerra de secesión, Inglaterra ya tenía asegurada la materia prima con el
algodón egipcio, por lo que el algodón paraguayo ya no sería de su interés.
Justamente el historiador argentino Esteban Chiaradia, hoy presente en esta mesa virtual,
realizó un excelente trabajo de investigación sobre esta afirmación (Chiaradia, 2018). El trabajo
llega a la conclusión que nada de eso era así. La supuesta gran producción de algodón egipcio
estaba en realidad en crisis, a raíz de la gran demanda de mano de obra en la construcción del Canal
de Suez que había despoblado el campo de agricultores dedicados al cultivo del algodón. De esta
conclusión, no se puede interpolar que la tesis de la injerencia de Inglaterra fue decisiva o no,
simplemente demuestra que corrientes historiográficas con suficiente capacidad de divulgación y
casi ilimitados recursos financieros y académicos, pueden lograr instalar una falacia, una, hoy
diríamos, Fake News.
Así también, esta corriente historiográfica restauradora se asentó sobre la tesis del
nacimiento del Lopizmo positivo, como lo denomina el historiador Mario Maestri (Maestri, 2013),
atribuyendo al historiador y periodista paraguayo, O´Leary, la creación de dicha corriente. Inclusive
dejando entrever e insinuando que el origen de ese trabajo historiográfico fue un mero negocio
financiero. Sin embargo, uno de los héroes historiográficos de esta corriente, el intelectual argentino
66
Estanislao Zeballos, que había prometido escribir la obra cumbre sobre la guerra del Paraguay,
justamente desmiente esta versión en las notas dejadas en sus archivos (Brezzo, 2015).
Zeballos había visitado el Paraguay como parte de la busca de documentación y testimonios
para su prometida monumental obra. En las notas dejadas sobre esas entrevistas trascribe su
desazón pues en Paraguay había, según él, de hecho, un Partido Lopizta y que en numerosas casas
donde entrevistó a los protagonistas, existían rústicos y gastados retratos del mariscal López, como
adornos o pequeños altares. Es decir que cuando Zeballos visitó el Paraguay en 1886, O´Leary, ¡¡el
supuesto fundador o creador del lopizmo positivo tenía tan solo 8 años!! Es interesante acotar que
finalmente, esa obra prometida por Zeballos, no se concretó jamás.
Este movimiento historiográfico restaurador tuvo su inicio en el Brasil, y surge con la clara
intención de tratar de recomponer los relatos y representaciones historiográficas tradicionales,
oficiales del ejército brasileño, relato que había sido duramente vapuleado y herido,
intelectualmente, por la aparición en 1979, del libro Genocidio americano, del periodista
Chiavenato (Chiavenato, 1979). Esta obra aun con todas sus contradicciones, exageraciones,
limitaciones académicas con sus fuentes (no debemos olvidar que Chiavenato era periodista no
historiador académico, como él mismo lo dice y lo expuso la Dra. Silvania Queiroz en estos días en
este mismo seminario), había causado un verdadero terremoto en la historia oficial-militarista-
patriótica que era absolutamente hegemónica en Brasil (Queiroz, 2018).
Ante esta verdadera revolución historiográfica causada por el libro, comenzó la operación
restauradora, primero atacando al libro y al autor, tratando de descalificarlos y acusando a ambos de
antipatrióticos, incluso de comunistas. Este ataque, que fue liderado por los medios de
comunicación, dio pie al movimiento historiográfico que con los años trató de consolidar y
reconstruir el muy golpeado discurso oficial del ejército brasileño, que había dejado a sus héroes
como miserables malhechores.
Para 1996 aparece el libro Maldita Guerra, de Francisco Doratioto, que con el solemne sub-
título de ―Nueva Historia de la Guerra‖, tenía la intención de cerrar la discusión sobre este episodio
(Doratioto, 2010). En realidad no tenía nada de nuevo, era la más pura restauración del viejo
discurso imperial, como dejar sobre el Paraguay y López toda la responsabilidad de casi 6 años de
guerra, o el relato de un supuesto pequeño y sorprendido ejército brasileño, cuando que se sabe que
solamente la Guardia Nacional del Rio Grande del Sur tenía casi 40 mil hombres, o la confusión
permanente entre ciudadanos, esclavos y pueblo, y por sobre todo, nunca contextualiza las
sociedades de la época que estaban en pugna, como la monarquía esclavista del Brasil.
Esta obra, con el clásico gran despliegue de prestigiosas editoriales, la amplia difusión en los
medios y en el ámbito académico, instala nichos de difusión, con el apoyo de todos los sectores que
responden a la clase dominante de nuestras sociedades. A la nueva corriente rápidamente le surgen
67
cuestionamientos porque no logran superar el discurso decimonónico que explicaba la guerra desde
una fuerza liberal, aunque monárquica, contra un estado tiránico y bárbaro. Quedándose en elogios
a Don Pedro II, Mitre, Caxias y barbarizando a López y los soldados paraguayos. Es decir, nada de
nuevo.
En los cuatro países involucrados en la guerra hace 150 años, florecieron y acompañaron
discursos militaristas, mitristas, legionarios, patrióticos, que se articulaban para hablar de la guerra,
pero sin la guerra, es decir, de la vestimenta, de la comida, de la iglesia, es decir hablar ―más allá de
la Guerra‖. Solo que el movimiento restaurador tropezaba con que seguía sin poder explicar por
ejemplo la férrea defensa de los paraguayos a sus territorios, atribuyendo esta decisión al fanatismo
o simple miedo al mariscal, o la gran deserción en las tropas de la Alianza, tanto del Brasil como de
Argentina, o el casi inexplicable reagrupamiento de las tropas paraguayas en torno a López luego de
las duras batallas de diciembre de 1868 (Doratioto, 2016). Los restauradores solo repetían lo que ya
decían las obras aliancistas-militaristas a finales de la guerra.
Estas limitaciones y contradicciones de la Historiografía Restauradora dieron origen a un
denominado Neo-Revisionismo en las principales academias de los países del Mercosur, que
rebaten, complementan y refutan los relatos de la supuesta Nueva Historia, lejos de las posiciones
maniqueistas de lopizmo-antilopizmo. Estas líneas de investigación aparecen en importantes
trabajos de tesis de maestría y doctorados, así como publicaciones en revistas científicas, y para
nuestra satisfacción muchos de estos autores están participando de este congreso regional virtual.
Por eso el titulo de esta ponencia, parafraseando a la exitosa saga cinematográfica Star Wars, la
historiografía de la Guerra de la Triple Alianza tiene su capítulo que podríamos denominar El
Imperio Contraataca, o para ser más preciso podríamos decir la nueva arremetida de la alianza
imperial contra la singularidad del Paraguay de hace 150 años.
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69
O JORNALISMO PORTUGUÊS, UM ALIADO POUCO CONHECIDO DO BRASIL NA
GUERRA CONTRA O PARAGUAI
Mauro César Silveira61
O notável poder de barganha da elite política imperial diante do governo português, nos anos
60 do século XIX, reservou à nação lusitana um papel tão relevante quanto desconhecido na
campanha militar no Paraguai. Como precioso braço da diplomacia brasileira, o jornalismo de além-
mar significou a porta de entrada da imprensa europeia para a versão do governo de D. Pedro II
sobre o conflito, apresentado como a missão "civilizadora" contra o "bárbaro" país comandado pelo
"cruel tirano" Francisco Solano López.
A cobertura da guerra da Tríplice Aliança contra as forças paraguaias era, quase sem
exceção, a mera e exaustiva reprodução das publicações brasileiras, sobretudo do oficialista Jornal
do Commercio. Mas o jornalismo português também cumpriu uma função estratégica, ao contribuir
para neutralizar o impacto de casos tormentosos como o do navio "Octavio", que trouxe cidadãos
lusitanos para serem levados à força para os campos de batalha no Paraguai, e o fuzilamento dos
diplomatas lusos José Maria Leite Pereira e Antonio Augusto de Vasconcelos, acusados de
conspirarem contra o presidente do país guarani a serviço do Brasil e seus aliados oficiais na guerra,
a Argentina e o Uruguai. Ao longo deste artigo, examinaremos os principais fatores que propiciaram
esse movimento a favor do Império e abordaremos as principais ações da imprensa lusitana naquele
período.
Aspectos favoráveis ao Brasil nas suas relações com Portugal
O maior conflito bélico da história do continente americano, a chamada Guerra do Paraguai,
que se estendeu de 12 de novembro de 1864 a 1º de março de 1870, exigiu um grandioso esforço da
diplomacia brasileira para tentar evitar que o inevitável desgaste da ação militar abalasse os
interesses econômicos e políticos sustentados pelo governo imperial. Era natural que o empenho
fosse redobrado em relação a Portugal, que ainda mantinha fortes vínculos com o Brasil e
constituía-se no principal porta-voz da sua ex-colônia na Europa. Também pesava o fato de que a
força hegemônica da época, a Inglaterra, exercia extraordinária influência na nação lusitana – que
tem raízes numa aliança que remonta à primeira dinastia portuguesa, a de Borgonha, no século XII.
61 Universidade Federal de Santa Catarina, Curso de Jornalismo. E-mail: [email protected]
70
Se os anos que sucederam a declaração da independência brasileira foram marcados pela
tensão no relacionamento com a antiga metrópole, a situação foi se modificando gradativamente,
movida por aspectos econômicos que pendiam a favor do nosso país a partir das décadas seguintes.
Por um lado, verificou-se que o baixo e lento nível de crescimento em relação aos maiores vizinhos
europeus determinou que Portugal ocupasse um papel secundário no comércio internacional.
Autores como Pedro Lains (1995), levando em conta o rendimento per capita, consideram que o
país luso integrava a denominada ―terceira Europa‖ – constituída pelos países mais pobres da
periferia do continente -, apresentando um empecilho de partida, ou origem, na introdução e
aplicação generalizada das novas tecnologias e dos novos métodos de produção, sejam elaborados
internamente ou importados.
Em outras palavras, a estrutura produtiva e o nível de acumulação de capital seriam
obstáculos ao crescimento econômico no patamar atingido pelos maiores países europeus. Mas
Lains observa que Portugal compensou parte dessas dificuldades para alcançar um grau de
desenvolvimento, ainda que modesto para os padrões do continente. Mesmo com dificuldades no
setor exportador, responsável por boa parte do pagamento das importações, a economia portuguesa
não teria sido limitada pela compra de mercadorias no exterior, encontrando sucessivamente novas
fontes de financiamento das aquisições, primeiro através das remessas de emigrantes – sobretudo os
do Brasil – e mais tarde pelas reexportações de produtos coloniais. ―Assim, apesar de relativamente
lento, o crescimento econômico em Portugal prosseguiu no seu passo regular até finais do século
XIX‖ (Lains, p. 10-11).
De outro lado, o Segundo Reinado atingiria um período de maior tranquilidade, com picos
econômicos derivados de uma sociedade escravocrata. No início da fase de conciliação da
sociedade portuguesa, a Regeneração, o Brasil também experimentava um período de estabilidade
política. Mas ia além disso. Na década de 50, o país vivia o chamado apogeu do Império. A
sociedade escravocrata alcançava seu grande momento: detinha praticamente o monopólio do café e
conservava o ritmo de produção em outros setores agrícolas importantes, como o do açúcar e do
algodão, nos razoáveis níveis dos anos anteriores. O Estado imperial, por seu lado, relacionava-se
com essa agricultura de base escravista sem profundas discordâncias, pois boa parte da elite política
pertencia à classe dominante. Havia, sim, alguma ambiguidade nesse relacionamento, em razão da
presença dos magistrados no governo. Mas a acomodação ocorria com uma certa naturalidade e boa
dose de pragmatismo, distinguindo-se a economia brasileira da portuguesa, como aponta, com
propriedade, José Murilo de Carvalho (1981, p. 179):
Independentemente da elite política, o Estado não podia sustentar-se sem a agricultura de
exportação, pois era ela que gerava 70% das rendas do governo-geral através dos impostos
de exportação e importação. Não cabe assim falar de um Estado separado e dominando a
71
nação como queriam os liberais da época (quando fora do poder) e como repete hoje Faoro
(1958). [...] igualmente, a manutenção da ordem no interior não poderia ter sido
conseguida sem a colaboração dos senhores de terra. Gostando ou não, e muitos não
gostavam, a elite política, particularmente os magistrados, tinha que compactuar com os
proprietários a fim de chegar a um arranjo, senão satisfatório, que pelo menos
possibilitasse uma aparência de ordem, embora profundamente injusta. A criação da
Guarda Nacional e dos outros serviços litúrgicos tiveram esse sentido de barganha. O
Brasil não era uma economia mercantil como a portuguesa que pudesse ser governada pela
aliança de um estamento burocrático com comerciantes. Era uma economia de produtores
agrícolas com mão-de-obra escrava e de criadores de gado com ou sem escravos. As bases
do poder tinham que ser aqui redefinidas.
Ainda que estivesse longe de constituir-se em força econômica no mercado internacional,
face à condição limitada de exportador de produtos primários dependente de financiamento externo
– especialmente do capital inglês -, o Brasil ostentava uma posição predominante, para não dizer
hegemônica, no continente sul-americano. Nos anos 50, a relativa paz interna também contrastava
com as violentas lutas políticas entre caudilhos das repúblicas vizinhas, principalmente na
Argentina – dividida entre a Confederação, sediada em Paraná, e o governo de Buenos Aires -,
criando condições para os resultados alcançados na década seguinte. Entre 1860 e 1869, de acordo
com Virgílio Noya Pinto (apud Toral, 1997, p. 124), o país detinha 49% da produção mundial de
café,, provocando um aumento de volume e de valor absoluto na balança comercial. Nesse período
– que antecede e percorre os anos do conflito com o Paraguai -, destacava-se também o algodão,
especialmente aquele produzido na província do Maranhão, beneficiado pela guerra da Secessão
norte-americana (1861-1865). Esse produto, que representava apenas 6,2% das exportações
brasileiras, na década anterior, salta nos anos 60 para 18,3%, ultrapassando o açúcar – que caiu para
o terceiro posto. Entre 1861 e 1870, o café reinava, soberano, na lista dos produtos exportados,
atingindo o índice de 45% do total comercializado no exterior. Sem a mesma importância, o cacau
igualmente vivia uma fase de crescimento, aproveitando-se do aumento do consumo europeu. A
Bahia, que liderava a produção, passa das 103 toneladas vendidas em 1840 para 1.215 toneladas em
1870.
O quadro favorável invertia a posição da balança comercial, anteriormente deficitária. O
Império passaria a ter sucessivos resultados superavitários, mas que foram insuficientes para cobrir
o crônico rombo do orçamento, comprometido pelo crescente endividamento externo, agravado
grandemente durante a guerra empreendida contra o Paraguai. O saldo positivo da balança
comercial também era anulado pela dependência fiscal do governo dos valores arrecadados com as
exportações. Isso implicava no recurso frequente aos empréstimos, internos e externos, para atender
minimamente a máquina administrativa. Para dar conta de ações militares ou enfrentar desastres
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naturais, o governo não tinha outra saída que lançar mão do endividamento. De acordo com José
Murilo de Carvalho (1988, p.33), somente a campanha contra o país guarani consumiu 613 mil
contos – aproximadamente 337 milhões de dólares.
De qualquer maneira, a dependência portuguesa dos eventuais sucessos econômicos
brasileiros era mais do que evidente. Isso ficava estampado, com alarde, nas páginas da imprensa
lusitana. Houve euforia quando surgiram notícias de que haveria iminente vitória aliada contra o
Paraguai, dois anos antes do fim do conflito. A passagem de Humaitá, considerada uma fortificação
inexpugnável, rendeu matérias enaltecedoras, sempre vinculando o êxito brasileiro aos benefícios
que poderiam redundar à economia portuguesa. Um dos trechos do editorial publicado na capa do
Commercio do Porto de 4 de abril de 1868 é muito claro: ―O nosso país, pela sua posição
geográfica, e pela importância das transações internacionais, de certo partilhará muitos dos
progressos que o grande império americano realizar. A vitória do Brasil é, nos seus efeitos, um
grande acontecimento favorável ao comércio português. Saudamo-la, e por ela felicitamos o
império‖. Pouco mais de duas semanas depois, em 22 de abril de 1868, o editorial do Braz Tisana,
também do Porto, comentava a preocupante situação econômica de Portugal e manifestava o desejo
de que a ―guerra do Brasil‖ terminasse o mais rápido possível. As últimas informações favoráveis à
ação militar do Império indicavam melhores tempos: ―Pareceram animar-se um pouco as transações
comerciais da nossa praça e se as posteriores comunicações continuarem a ser igualmente
interessantes é indubitável que nos teríamos libertado de uma apatia que há muito tempo se torna
bastante pesada‖.
A queda da fortaleza paraguaia, em 25 de julho de 1868, foi comemorada como o fim das
hostilidades no Prata. Nos meses seguintes, os jornais lusitanos publicaram muitos textos sobre a
ocupação de Humaitá pelas tropas aliadas e a fuga de Solano López para o interior do país. A
destacada nota intitulada ―Acabou a guerra do Brasil – Parabéns!‖, estampada na capa do
Bracarense, em 17 de outubro de 1868,, sintetizava o sentimento que predominava na imprensa
portuguesa naquela época. O texto registrava ―o grande contentamento do povo desta cidade com a
confirmação da notícia de haver terminado a guerra entre o Brasil e o Paraguai‖, manifestado
através de foguetório na frente do prédio da Associação Comercial de Braga, e antevia o proveito
que isso representaria para a nação portuguesa: ―Damos os parabéns à respeitável classe comercial
portuguesa e especialmente ao comércio bracarense, por ser chegado o termo das imensas
dificuldades de transações e prejuízos ocorridos durante a guerra. Oxalá que o Brasil possa em
breve cicatrizar as feridas recebidas durante uma luta prolongada e desastrosa, para que readquira
depressa a sua grande importância comercial. É o Brasil filho de Portugal, e como tal tem sempre
vivido conosco em estreitas relações. Se dos males do filho tocou grande quinhão ao pai, é quase
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certo que teremos quinhão na sua glória e na sua futura prosperidade. Parabéns aos nossos irmãos
do Brasil! Parabéns ao comércio do mundo inteiro!‖
Se as limitações econômicas decorrentes do prolongamento da guerra desagradavam a nação
portuguesa, por todas as possibilidades que o Brasil representava para a antiga metrópole, há
indicações de que os ganhos obtidos pelo país lusitano foram maiores do que os anunciados. O
jornalista, dirigente da Associação Comercial do Porto e político influente, José Joaquim Rodrigues
de Freitas, responsável pelos editoriais do Commercio do Porto durante aproximadamente 30 anos,
produziria o texto ―Negócios de Portugal no Brasil‖ em 23 de junho de 1881, duvidando dos
números oficiais em relação comércio entre as duas nações. Para ele, a realidade ultrapassaria, em
muito, as estatísticas divulgadas por ambos os governos. Rodrigues de Freitas observava nesse
artigo que o volume comercial do último quartel do século XIX ―tornara-se notável para a
estabilidade do comércio nacional (português) e os gêneros envolvidos, de um e de outro lado,
continuavam idênticos àquilo que já era costume trocar-se sistematicamente antes da independência
do Brasil‖ (apud Santos, 1997, p. 220). O notório aumento da exportação portuguesa – e o
consequente saldo positivo na balança comercial – precisava, segundo ele, ser mais bem explicado.
Afinal, nos números oficiais, despontava um fundamento pouco convincente: o que provocara o
resultado favorável a Portugal era o vinho. Embora reconhecendo que esse era um produto de
exportação importante, Rodrigues de Freitas inquietava-se com o fato de que a ―indústria
manufatora‖ lusitana não tivesse conseguido manter suas vendas no solo brasileiro, registrando-se
aumento apenas na comercialização de sapatos e de artefatos de ouro. Dúvidas à parte, o certo é que
as relações comerciais entre os dois países, naquela época, eram significativas e que, visivelmente,
os interesses portugueses no Brasil eram maiores do que os brasileiros em Portugal.
Outro aspecto importante a ser considerado é o relacionado ao fluxo migratório. Nas
estatísticas brasileiras de longo prazo, como revela Amado Cervo (2000, p. 112), a nação lusitana
lidera o balanço geral dos contingentes humanos que se radicaram no país antes do último quartel
do século XX: entre 1820 e 1968 entraram 1.769.986 portugueses, 1.607.888 italianos, 783.853
espanhóis, 295.669 alemães, 247.312 japoneses e outros 960.974, num total de 5.603.682 pessoas.
A emigração portuguesa é, na verdade, um fenômeno antigo, manifestado com vigor logo
depois das grandes aventuras marítimas do século XV. Movida pelo sonho da fortuna fácil, como
escreveu o conhecido político e intelectual lusitano José da Silva Mendes Leal ao discorrer sobre o
tema no jornal A America, em abril de 1868, boa parte da população do país seguiu inicialmente
para o oriente. Entretanto, alguns sucessivos revezes no vasto domínio asiático, ―mais e mais
unificou a direção daquele veio humano, até o condensar e quase o circunscrever às vastas
províncias de Santa Cruz, apanágio não menos opulento, e ainda acaso excessivo‖.
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Depois da ocupação do grande território sul-americano, o êxodo aumentou
consideravelmente, segundo Gerardo Pery (1875, p. 92), em razão da descoberta das ―inesgotáveis
minas de ouro do Brasil‖. Mendes Leal afirmava no seu artigo que o fluxo migratório seria
renovado com a transferência da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808:
―Convidavam simultaneamente as funções públicas e os progressos do trato mercantil. Os
negociantes da metrópole, que ali fundavam casas, enviavam para elas ou os seus filhos ou os seus
agentes. O exemplo das rápidas fortunas por muitos realizadas atraiu outros e outros; o número
chamou o número; e assim se foi difundindo e entranhando em quase sentimento familiar o ter o
Brasil como segunda pátria, ou, antes, sequência da pátria‖.
Após a independência, o movimento arrefeceu, contido pelos ressentimentos acumulados
nos dois lados do Atlântico. No Brasil, o cuidadoso silêncio oficial contrastava com as hostilidades
públicas dispensadas aos portugueses que permaneceram na ex-colônia e que ainda lutavam para se
integrarem no novo país, principalmente os pequenos comerciantes. Em pouco tempo, já no final da
década de 30, a emigração seria retomada, estimulada pelo interesse do governo brasileiro em atrair
mão de obra europeia para ocupar o interior do país, ainda que esse incentivo oficial ocorresse de
forma desordenada e sem controle. Amado Cervo (2000, p. 111) chega a afirmar, com ênfase, que
não havia uma diretriz política para a imigração, ―aliás, nunca houve no Brasil do século XIX, que
ensaiou várias e sucessivas experiências‖. Na mesma linha de raciocínio, José Murilo de Carvalho
(1988, p. 41-42) vai mais além e considera que os gastos do Império nesse setor foram ―modestos‖
e que tudo não passava de ―retórica‖ do governo para acalmar os proprietários rurais. Outro
pesquisador brasileiro, o gaúcho Paulo Pinheiro Machado (1999, p. 12) não pensa assim e declara
que ―como fruto de políticas públicas, podemos avaliar o estímulo à imigração e à organização da
colonização como resultado de um esforço razoável do Estado brasileiro durante todo o século
XIX‖.
Havendo uma diretriz política ou não, o que nos interessa sublinhar é a constatação do
desejo do governo brasileiro na vinda dos portugueses. Esse fato encontraria resistência no país
lusitano, que pretendia desviar os excedentes demográficos para as colônias africanas – onde,
segundo Cervo (2000, p.111), se sonhava erigir, ao modo antigo, um ―outro Brasil‖ colonial. Quer
dizer, as duas posições chocavam-se frontalmente. De um lado, o Brasil disposto a receber os
imigrantes e, de outro, Portugal querendo conter a corrente emigratória direcionada para a ex-
colônia. Mas a conjuntura lusitana era altamente favorável à consecução dos interesses brasileiros:
as distorções do capitalismo dependente português, como enfatiza Miriam Halpern Pereira (1981, p.
7), imprimiram ao velho fenômeno da emigração, nos oitocentos, uma feição nova, desvinculando-
se de um projeto imperial e desempenhando um papel decisivo na redução de uma mão de obra
camponesa subempregada, que o lento crescimento industrial do país não conseguia absorver.
75
Mesmo que a direção do fluxo não agradasse os governantes de Portugal, não havia dúvida que a
busca de melhores condições de vida no exterior resolvia um grave problema interno: ―Permitiu
assim manter a reserva de força de trabalho a um nível equilibrado e evitar as consequências sócio-
políticas do seu crescimento desproporcionado em relação às possibilidades da estrutura agrária e
industrial‖.
O caminho natural era, inegavelmente, o Brasil. O interesse do governo imperial em atrair
imigrantes favorecia essa tendência, permitindo que uma poderosa rede de recrutamento se
estendesse até a Europa e contribuindo para reforçar a imagem de que o maior país sul-americano
era uma terra de enriquecimento fácil. Assim, difundia-se, cada vez com maior força, a antiga ideia
do Eldorado, estimulada pelas histórias da época do ciclo do ouro, na passagem do século XVII
para o XVIII, e da exploração dos diamantes, a partir de 1729, além das grandes áreas de cultivo do
açúcar, do tabaco e de outros produtos coloniais. Gerardo Pery (1875, p. 92) alinha a ―ambição das
riquezas‖ como uma das principais causas da emigração para o Brasil, entre muitas outras,
estimulada pelas sedutoras promessas de contratadores de mão de obra. ―Falta de trabalho não há
atualmente, porque na maior parte do país é sensível a falta de braços‖, pondera aquele autor
português. ―A insuficiência dos salários e a carestia dos meios de subsistência, para um povo sóbrio
como o das províncias do norte de Portugal, são causas secundárias.‖
Bem mais incitante que o quadro econômico seria, na visão de Pery, o penoso serviço militar
português. Um fator considerado também por Miriam Halpern Pereira (1981), lembrando que esse
compromisso representava um período de 6 a 7 anos fora do mercado de trabalho. Assim, diante dos
limites de desenvolvimento industrial, constituindo-se em prodigiosos obstáculos para a abertura de
possibilidades de emprego para o excedente demográfico registrado nas zonas rurais, os
camponeses do país não vacilavam em optar pela compra de uma passagem para o Brasil ao invés
de pagar a remissão do serviço militar. A emigração afigurava-se como um investimento muito mais
seguro:
Quem embarcava para o Brasil, partia com a intenção de fugir a uma proletarização, em
perspectiva ou real, no país de origem. Chegar ao Brasil, fazer fortuna e voltar ao país natal,
onde se instalaria numa situação consolidada de proprietário, constituíam os dois tempos de
projeto sociológico do emigrante. [...] as casas dos brasileiros de ontem, tal como as
vivendas dos franceses de hoje, testemunham este sonho de regresso ligado a um desejo de
ascensão social. A vontade da ostentação e a ausência de sensibilidade estética mostram a
origem recente da fortuna ainda desacompanhada dos vernizes da educação.
Boa parte da corrente migratória legalizada aproveitava-se, no Brasil, de uma sólida
estrutura comercial e financeira controlada pela colônia portuguesa que permaneceu no país após a
76
independência. Essa poderosa base econômica tem origem no contingente lusitano que integrava o
séquito de D. João VI, estimado em 15 mil pessoas, e não retornou com a família real à Lisboa, em
1821. Sua força, calcada no domínio do rendoso negócio da venda de escravos - sobretudo depois
que a convenção assinada entre o novo país e a Inglaterra em 26 de novembro de 1826, decretou,
formalmente, a extinção do tráfico -, ampliou-se, de forma gradativa, para outros setores e para o
mercado financeiro. Assim, em 1850, quando a Lei Eusébio de Queiroz foi aprovada e o tráfico
finalmente recebeu o golpe que o faria retroceder, a parcela mais favorecida da colônia portuguesa
já se constituía em expressiva burguesia comercial. Em meados da década seguinte, duas
publicações portuguesas – O Clarim Terceirense, da ilha Terceira, nos Açores, em 7 de novembro de
1867; e o mensário A America, de Lisboa, em abril de 1868 – divulgavam números idênticos sobre a
presença lusitana no comércio brasileiro, avaliada em um terço do total. Das 43.653 casas de
comércio existentes, 25.068 seriam brasileiras, 14.449 portuguesas e 4.136 de outras nações. Antes
disso, O Braz Tisana, do Porto, em 4 de maio de 1866, destacara em editorial estampado na
primeira página, que as relações com o Brasil eram ―transcendentes‖, informando que ―existem
naquele ponto da América muito mais de trezentos mil portugueses, que ali possuem avultadíssimas
fortunas, e exercem um comércio altamente valioso‖.
A situação de tão abastados emigrantes, evidentemente, não preocupava as autoridades
portuguesas como aquela vivida pelos colonos contratados para trabalhar na agricultura, ao lado de
escravos, ou pela massa levada clandestinamente para o Brasil. A atenção dispensada aos mais
aquinhoados era de outra ordem: acompanhar o ritmo e o volume de suas remessas em dinheiro.
Como sintetiza Miriam Halpern Pereira (1981, p.8), ―a continuidade das remessas enviadas pelos
emigrantes tornou as divisas brasileiras uma componente fundamental dos invisíveis da balança de
pagamentos de 1850 a 1930‖.
Isso transparece nos jornais portugueses a partir das interrupções registradas durante a
guerra do Paraguai, quando o câmbio em relação a Londres tornou-se criticamente desfavorável à
moeda brasileira e provocou a redução, de forma drástica, da quantidade enviada para Portugal. A
queda da fortaleza paraguaia de Humaitá, em 25 de julho de 1868, era saudada com alívio diante do
quadro vivido naquela época: ―A vinda de quantiosos (sic) capitais que há muito esperam a baixa do
câmbio para serem transferidos para Portugal, e o emprego desses capitais na indústria e no
comércio seriam de incalculável benefício‖, escrevia o correspondente em Lisboa que usava apenas
a inicial C, no Braz Tisana, do Porto, em 29 de agosto de 1868. No mesmo dia, o Boletim do Clero
e do Professorado, de Lisboa, anunciava que ―houve demonstrações de alegria no Rio de Janeiro, e
o câmbio baixou, esperando-se uma remessa de milhares de contos para Portugal, visto os depósitos
que havia nos bancos‖.
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Também merecem ser referidos os laços familiares que uniam as duas monarquias. Superada
a fase turbulenta que caracterizou a primeira década da independência, as relações entre Brasil e
Portugal contariam com esse expressivo fator, para aliviar tensões e aparar arestas. Se havia o
manifesto desejo de que ―os vínculos mais sagrados devam conciliar em perpétua aliança‖, como
firmaram D. João VI e seu filho D. Pedro I, em 1825, no tratado de amizade celebrado para
assegurar o reconhecimento português da nova nação, essa ligação adquiriria mais força ao longo
do século XIX. ―Seria o sangue comum a fazer continuamente ouvir a sua voz em todas as ocasiões
mais importantes das relações luso-brasileiras‖, como observa A. da Silva Rego (1966, p. 4).
Mas as circunstâncias ajudariam muito. Primeiro, quando D. Maria II ascendeu ao trono
português em 1834, aos 15 anos. Ela era irmã do D. Pedro II brasileiro, que conquistaria a
maioridade em 1840, aos 14 anos. Como D. Maria II permaneceu no poder até sua morte em 1853,
durante 13 anos os dois irmãos estiveram à frente do regime monárquico, nos dois lados do
Atlântico. Depois, com a morte prematura do novo rei português, D. Pedro V, em 1861, aos 23 anos,
e a ascensão de seu irmão D. Luís I, surgiria um novo vínculo familiar: o ocupante do trono de
Portugal era sobrinho do imperador do Brasil. Os dois também pertenciam à velha dinastia de
Bragança.
Esse grau de parentesco perduraria até 1889, quando quase ao mesmo tempo ocorreria o
falecimento de D. Luís I (19 de outubro de 1889) e a queda de D. Pedro II, com a proclamação da
República,. Portanto, sobrinho e tio ficariam no poder, ao mesmo tempo, durante quase três décadas
– exatos 28 anos -, aproveitando esse largo tempo para estreitar os laços pessoais e consolidar um
relacionamento fraterno, marcado por gestos mútuos de apreço e carinho. Nas vésperas da guerra do
Paraguai, em 1864, o círculo familiar foi reforçado com o casamento das princesas brasileiras Isabel
e Leopoldina. A primeira, casou com o francês Luís Felipe Gastão de Orléans, o Conde d‘Eu, em 15
de outubro. Leopoldina, a mais nova, uniu-se ao primo do Conde d‘Eu, o também francês - embora
tenha sido educado na Áustria - Luís Augusto Maria de Eudes, o Duque de Saxe, em 15 de
dezembro. Ambos consortes estrangeiros eram netos do ex-rei francês Luís Felipe – da Casa
Bourbon, como a imperatriz brasileira Teresa Cristina - e sobrinhos de D. Fernando, pai do monarca
português. Os dois, acompanhados das filhas de D. Pedro II, visitariam Portugal e conviveriam com
o tio e o primo, o rei D. Luís I, nos anos seguintes, contribuindo para aproximar ainda mais as duas
Coroas.
Não causa surpresa, portanto, que as atitudes e decisões políticas, mas também militares, de
D. Pedro II, fossem louvadas, com frequência, nos jornais portugueses. Aliás, previsivelmente, essa
foi a tônica da cobertura da guerra contra o Paraguai nas publicações lusitanas. Os laços familiares
sobressaíram-se, igualmente, na aproximação entre Brasil e Inglaterra, rompidos, em 1863, em
78
consequência de atritos envolvendo o destemperado ministro inglês junto à Corte, William Dougal
Christie. D. Luís I, o monarca português, tomou a iniciativa de mediar o reatamento das relações
diplomáticas entre os dois países, acionando seu representante em Londres, o Conde de Lavradio,
para negociar um acordo com Lord John Russell, o ministro de Negócios Estrangeiros da Coroa
britânica.
Na abertura das câmaras brasileiras em 3 de maio de 1864, D. Pedro II salientou que ―tendo
o governo britânico aceitado a mediação oferecida pelo de Sua Majestade Fidelíssima (seu
sobrinho), aceitou o governo brasileiro tão graciosa oferta, esperando que em breve tenha esse
negócio a desejada solução,‖. No ano seguinte, na primeira sessão do parlamento lusitano, no dia 2
de janeiro de 1865, D. Luís I destacou a importância do restabelecimento dessas relações: ―Tendo-
se, no ano de 1863, suscitado entre o Brasil e a Grã-Bretanha dissentimentos de que resultou o
rompimento das relações políticas dos dois estados, animado do vivo desejo de ver
satisfatoriamente terminado este conflito entre duas nações com quem nos achamos tão intimamente
ligados, ofereci a minha mediação, que foi aceita por ambas as cortes, e havendo encarregado desta
negociação o meu ministro em Londres, não tem este afrouxado no seu zelo para conseguir um
resultado propício, sem quebra na mútua dignidade das duas potências divergentes,‖.
O discurso real, destacando o Brasil, foi publicado na íntegra na maioria dos jornais
portugueses, como o Commercio de Lisboa, e o Commercio de Coimbra, de 3 de janeiro; O
Campeão das Provincias, do Aveiro, de 4 de janeiro; o Commercio da Covilhan, de 7 de janeiro; e o
Campeão Liberal, dos Açores, de 27 de janeiro de 1865. Em 6 de janeiro daquele ano, o Commercio
de Coimbra comentou as palavras de D. Luís I em editorial intitulado ―O discurso da Coroa‖. O
gesto do monarca português mereceu aplausos: ―Estimamo-lo; porque os males dos brasileiros
sejam eles quais forem, não podem ser indiferentes aos portugueses, seja qual for a situação destes‖.
As afinidades entre as duas Coroas não contribuíram apenas para a imagem favorável do
imperador brasileiro em Portugal, mas serviram, acima de tudo, para reafirmar o poder da
monarquia nos dois lados do Atlântico. No único momento em que surgiram boatos de abdicação de
D. Pedro II, no início de 1868, face o prolongamento da guerra, O Campeão das Provincias
manifestava, numa frase, a apreensão dos políticos situacionistas portugueses: ―Oxalá não se
verifique tão triste notícia‖, escrevia o redator do jornal em 1º de fevereiro de 1868.
As duas famílias reais costumavam ser tratadas com louvor e reverência e a imprensa
costumava reagir, com vigor, quando a instituição monárquica era atacada, como fizeram os
republicanos espanhóis em novembro de 1868. O redator da seção ―Revista Estrangeira‖ do
Commercio, de Braga, no dia 26 daquele mês, saiu em defesa do Império brasileiro. O manifesto a
79
favor da República afirmara que, no Brasil, a monarquia existia apenas ―para sustentar as infâmias
da escravidão e os crimes dos negreiros‖. A resposta do jornal português foi ironicamente incisiva:
―É provável que o Brasil também se indigne com a apreciação inexata que a seu respeito fazem os
signatários do manifesto em questão. Pode, porém, responder-lhe triunfalmente, porque a
monarquia brasileira está muito acima dos estados republicanos de origem espanhola; nunca lá
apareceram tiranos como Rosas e infames como López. Estas belezas estavam reservadas para os
povos, cujas instituições são puramente democráticas, e, digamos toda a verdade, cujos costumes
são idênticos aos da maioria da nação espanhola‖.
A propagação do discurso oficial do Império e a defesa dos interesses brasileiros nas páginas
da imprensa lusitana
O cotejo entre a correspondência diplomática e a imprensa, no período compreendido entre
1860 e 1870, juntamente com a análise de depoimentos daquela época, mostrou que as políticas
externas de Brasil e Portugal se valeram desses dois instrumentos para buscar a afirmação dos
interesses políticos e econômicos – em menor grau, os sociais – que moviam ambos os governos.
Indiscutivelmente, o lado brasileiro revelou-se bem mais eficiente na utilização do jornalismo como
ferramenta de sua ação no exterior, que contribuiu, de forma admirável, para fixar as ideias que
sustentavam as principais decisões do Império de D. Pedro II. O gabinete instalado no Rio de
Janeiro soube aproveitar, com maestria, o poderoso canal de comunicação que estava à disposição
da diplomacia, disseminando suas mensagens na América do Sul e na Europa.
O teste de fogo dessa estratégia foi a demorada e desgastante guerra do Paraguai. Os
controlados jornais brasileiros foram acionados com o objetivo de obter a legitimação da ação
armada empreendida no território guarani, com o apoio da Argentina e do Uruguai. As versões
oficiais não conquistaram apenas suas páginas, mas tomaram conta das publicações portuguesas,
que, em regra, transcreveram o imenso material produzido na ex-colônia – sobretudo no Rio de
Janeiro e, particularmente, pelo áulico Jornal do Commercio, a maior publicação brasileira do
século XIX. Além disso, a cidade de Lisboa, conectada pelo telégrafo com as principais capitais
europeias, era a porta de entrada daquele continente para as informações que provinham da América
do Sul. Ainda não havia um cabo telegráfico cruzando a parte meridional do Oceano Atlântico, mas
o discurso imperial disseminava-se pelos principais países da Europa com bastante eficácia, como
veremos em seguida.
80
A predominância brasileira na imprensa de Portugal se deve, basicamente, a dois fatores,
como antecipamos. Por um lado, a balança comercial pendia, em muitos momentos, para a nação
lusitana, por outro, o fluxo migratório direcionado para a América do Sul conferia ao Brasil um
notável poder de barganha. Nos jornais portugueses, a posição contrária à emigração prevaleceu nos
anos do conflito no Prata, mas na correspondência diplomática desapareceria progressivamente, em
especial entre 1865 e 1870, em razão das substanciosas remessas enviadas pela colônia fixada no
território brasileiro. Na verdade, como pudemos verificar, Portugal dependia desse dinheiro para
cobrir o déficit crônico da balança de pagamentos. Também nos deparamos com as transferências
especiais ocorridas durante a guerra, que visavam afastar o fantasma da chamada União Ibérica,
representado pela revolução liberal que irrompera na Espanha em 1868. Nesse caso, imprensa e
diplomacia deram as mãos para aplaudir a iniciativa dos emigrantes de reunir divisas para a compra
de armamento para a defesa da pátria ameaçada, atitude desprezada pela historiografia luso-
brasileira.
O efeito multiplicador do Jornal do Commercio, dentro e fora do país, era extraordinário.
Seus textos eram reproduzidos pelas publicações das províncias brasileiras e seguiam pelo correio
marítimo para Lisboa, deflagrando mais duas fontes emissoras: o jornalismo de Portugal, com
destaque para O Commercio do Porto – o mais importante periódico lusitano entre 1864 e 1870 – e
o serviço da agência noticiosa Reuters, que retransmitia as informações quase instantaneamente,
pelo telégrafo elétrico, para Londres e outras capitais europeias.
A capital portuguesa era o principal ponto de recepção de notícias do Brasil. Lá, num
interstício quinzenal, chegava o aguardado paquete transatlântico que vinha do continente
americano, numa viagem que demorava entre 20 e 30 dias. O Commercio do Porto, impresso na
segunda cidade do país – distante 312 quilômetros de Lisboa – conseguia antecipar as notícias
trazidas pela embarcação proveniente do Império brasileiro, através de mensagens transmitidas pelo
telégrafo. Um ou dois dias depois, complementava as informações no município do Porto, com a
correspondência chegada do Rio de Janeiro. O maior volume era, sem dúvida, da maior publicação
da Corte.
Nessa época, as edições do Jornal do Commercio contendo os relatos das ações bélicas pela
pena dos comandantes brasileiros também eram enviadas para Lisboa mensalmente pelo
representante lusitano no Império, integrando a correspondência diplomática. As pequenas – e raras
– observações críticas sobre a guerra eram obscurecidas por esse imenso material publicado pelos
jornais. Uma das exceções ocorreu em 22 de fevereiro de 1867, quando o chefe da Legação de
Portugal no Rio de Janeiro, José de Vasconcelos e Sousa, dirigiu o ofício n 25 ao ministro José
Maria do Casal Ribeiro. O diplomata comentou uma nota do Diario Official do Imperio do Brasil,
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da mesma data, informando que D. Pedro II havia mandado entregar, à pagadoria das tropas, a
quantia de 100.000$000 Réis, ―a fim de ser empregada na liberdade de escravos que assentem praça
no exército em operações contra a guerra do Paraguai‖. Nesse dia, ele não resistiu em fazer uma
observação: ―A simples leitura do impresso acima dá a medida da gravidade das coisas quanto a
guerra, falta gente para ela‖, escreveu Sousa ao titular da pasta dos Negócios Estrangeiros.
De uma maneira geral, as versões apresentadas pelo Jornal do Commercio eram
corroboradas pelas autoridades portuguesas, através da correspondência diplomática, e reproduzidas
na íntegra em muitos periódicos lusitanos. Assim, o discurso oficial brasileiro foi repetido à
exaustão no numeroso e diversificado espectro editorial português daquela época, que somava 635
títulos. Mas foi nos diários, que costumavam destinar generosos espaços à vida política, social e
econômica brasileira, que o conflito bélico recebeu um lugar de destaque na sua cobertura
internacional, com protagonismo do Commercio do Porto, que tinha boa parte de seus textos –
copiados do Jornal do Commercio – reproduzidos por outras publicações lusitanas. Logo no início
das ações armadas, surgia em Portugal a imagem da cruzada civilizatória do Império de D. Pedro II
disseminada pelo maior periódico brasileiro:
Brasileiros! Eis chegado o momento de empunhares as armas e voardes ao Rio do Prata,
onde vos chama ansiosa a causa da pátria e da civilização! [...] brasileiros! Hoje não há
partidos, nem desuniões políticas, somos todos brasileiros, somos todos irmãos, a causa é
comum, a causa é nacional; demos, pois, o abraço fraternal e corramos unidos onde a
pátria nos chama! [...] é ao Paraguai, é a Assunção, que cumpre correr, e ali plantarmos o
nosso pavilhão auriverde, e com ele a liberdade e a civilização daqueles bárbaros. Às armas
pois brasileiros! Às armas, e a vitória é nossa, porque a causa é justa, a causa é
santa,(grifo nosso).
Cabe observar que, das seis centenas de publicações portuguesas desse período histórico,
duas solitárias vozes destoaram do coro uníssono a favor do Brasil na guerra contra o Paraguai: Os
Gafanhotos e O Braz Tisana, ambas editadas na cidade do Porto. A primeira, uma revista mensal
satírica concebida pelo jornalista Urbano Loureiro no ano de 1868, teve uma vida efêmera, de
apenas sete meses, interrompida depois da intervenção do cônsul geral do Brasil em Lisboa, Manoel
de Araújo Porto Alegre, que receberia o título de Barão de Santo Ângelo em 1874, e fora designado
cônsul geral do Brasil em Portugal no ano de 1867. Sua ação contra a revista satírica Os Gafanhotos
não deixa de ser irônica. Afinal, ele é considerado o primeiro caricaturista – ou chargista – do país,
publicando em 1837 folhas soltas com desenhos cômicos. Depois, em 1844, no Rio de Janeiro, foi o
responsável pelo lançamento da Lanterna Mágica, considerado o marco inicial do humor visual
satírico na imprensa brasileira. Já O Braz Tisana não precisou sair de circulação, mas se adequou à
linha editorial desejada pelo Império brasileiro. Até a edição de 29 de novembro de 1866, esse
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jornal criticava duramente a conduta do governo de D. Pedro II na região platina. Nessa data,
quando publicou o texto intitulado ―Brasil – A Esquadra em Operações, Rio Paraguai, em frente a
Curuzú, 9 de outubro de 1866‖, de autoria do 1º tenente da armada imperial, Joaquim Cardoso
Pereira de Mello, a cobertura da guerra deu uma guinada, alinhando-se completamente com as
versões divulgadas pela Corte brasileira.
Uma das mais fortes composições da imprensa do Rio de Janeiro projetou-se, com vigor, nos
jornais portugueses: o estereótipo do presidente paraguaio como um homem autoritário e de maus
instintos, comandando um país mergulhado nas trevas, atrasado e selvagem. Como prolongamento
da cobertura brasileira, essa visão atendia ao teor do Tratado da Tríplice Aliança, assinado em
Buenos Aires pelos representantes do Brasil, da Argentina e do Uruguai, em 1º de maio de 1865,
redigido com o claro intuito de legitimar a ação militar contra a nação guarani. Pelo artigo VI, os
signatários do documento se comprometiam a não depor as armas enquanto não desalojassem
Francisco Solano López do poder. Já o VII salientava que, consequentemente, o embate não era
travado contra ―o povo paraguaio, mas contra o governo‖. A descrição do interior do Paraguai pelo
coronel brasileiro Carlos de Oliveira Nery, publicada pelo Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro,
e transcrita pelo Commercio do Porto em 17 de outubro de 1869 reforçava essa representação:
Grande era a quantidade de velhos, mulheres e meninos, sem forças, já pela fome e pelo
cansaço e em completa nudez, abandonados no caminho por onde foi fugindo o tirano
López; isto atesta mais uma vez a inumanidade desse monstro para com seus
compatriotas (grifo no original).
A ideia-imagem de que o Brasil estava mal acompanhado e que todos os méritos alcançados
na campanha militar deveriam ser creditados unicamente ao Império de D. Pedro II também foram
estampados nos jornais portugueses. Como um dos exemplos em que houve deslocamento entre o
discurso diplomático – sempre respeitoso e enaltecendo a participação dos aliados – e a versão
apresentada pelas controladas publicações da Corte, a Argentina - sob a liderança de seu presidente
Bartolomeu Mitre - era apontada como um incômodo estorvo. Em 16 de novembro de 1866, O
Commercio do Porto lançaria, inclusive, uma suspeita sobre o comportamento do chefe do governo
argentino: ―Boatos na Corte colocam em dúvida a lealdade de Mitre‖. No final do ano, em 29 de
dezembro, seria a vez do Campeão das Provincias, do Aveiro, espalhar a maledicência: ―A aliança
do Império com o Uruguai e a Argentina está quase rota; enredos e intrigas tomam conta dos
governos das duas Repúblicas‖.
Sem meias palavras, a morte de Solano López era anunciada nas páginas da imprensa
lusitana, fazendo coro à outra representação cara ao governo imperial – a de que o Mariscal
precisava pagar pelos seus ―crimes‖ com sua vida. Reduzindo a importância da comunicação de
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novas vitórias alcançadas pelas tropas aliadas, A Autonomia Portugueza, de Lisboa, sublinhava, em
30 de setembro de 1869, que ―conquanto para nós não seja o fim da guerra; pois não a julgaremos
acabada sem que saibamos que López está preso ou morto‖ (grifo nosso). Em 17 de outubro
daquele ano, esse jornal reafirmava que ―é opinião nossa, e de há muito, que a guerra do Paraguai
será uma guerra interminável enquanto López não cair em poder do inimigo‖. No mesmo dia, O
Commercio do Porto proclamava que o ―exército aliado, descansando um pouco após a longa
corrida que levava, prepara-se para aniquilar o déspota de uma vez‖.
Em 19 de novembro de 1869, O Commercio do Porto previa que até o final do mês a guerra
acabaria, valendo-se de material do Jornal do Commercio, do Rio de Janeiro: ―Se agarrarmos
López, teremos conseguido plenamente nosso fim, e se ele refugiar-se, o que não me parece crível,
nos inóspitos ervais do Paraguai, não restará mais que o trabalho de prendê-lo nessas matas e
hostilizá-lo por pequenas partidas (grifo nosso)‖. Para atenuar o impacto do trágico fim do chefe
guarani, os documentos dos comandantes imperiais, propagados pela imprensa luso-brasileira,
espalharam o boato de que as irmãs de Solano López, Rafaela e Inocencia, estavam condenadas à
morte, juntamente com a mãe, dona Juana Carrillo, e anunciaram que ela seria fuzilada exatamente
no dia do assalto à Cerro Corá, ocorrido em 1º de março de 1870, que culminou com a morte de
Solano López.
Um dos jornais que deu ampla difusão a isso foi O Bracarense, nos dias 19 e 21 de abril,
mais de um mês depois do fim da guerra, devido às dificuldades de comunicação da época. Nessa
última edição, o jornal de Braga não mencionava mais a ameaça que pairava sobre os familiares de
López e louvava a execução do Mariscal: ―Era difícil que López se escapasse com vida, aceitasse a
posição modesta de Rosas que lá está na Europa como um exemplo da fragilidade dos déspotas.
Havia de tentar muitas vezes contra o Paraguai, perturbar-lhe a liberdade e a ordem, procurar em
suma a sua antiga posição. A sua morte foi um ato providencial (grifo nosso)‖.
Houve outro tema em que o jornalismo e a diplomacia do Império apresentaram posturas
distintas. Em 1865, a imprensa portuguesa acabou trazendo à tona um dos casos mais tormentosos
da guerra, o do brigue Octavio, completamente ignorado pela historiografia luso-brasileira. Esse
antigo navio à vela teria partido de Lisboa, em 3 de maio daquele ano, trazendo 23 cidadãos
portugueses ―comprados‖ pela armada imperial para lutar no Paraguai, e atracando no Rio de
Janeiro em 18 de junho. A denúncia apareceu nas páginas de O Braz Tisana, do Porto, antes da
intervenção brasileira que modificou sua linha editorial, enquadrando-a na política externa do
governo de D. Pedro II. Na edição de 15 de novembro de 1865, o correspondente do jornal no Rio
de Janeiro divulgou essa informação pela primeira vez, acusando o representante português de
omissão. No dia 1º de dezembro, ele afirmaria que um dos portugueses havia resistido ao
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engajamento forçado, fora preso e posteriormente libertado, mas que não se conhecia o destino dos
demais 22 homens da embarcação, ―vendidos à armada brasileira‖.
No início de 1866, em 4 de janeiro, o mesmo jornalista reafirmaria a grave denúncia,
responsabilizando o cônsul e o ministro do Brasil em Portugal – respectivamente, Vicente Ferreira
da Silva e Antonio Pingrim Maciel Monteiro, o Barão de Itamaracá – pela ―cilada‖ armada contra
os passageiros do navio brasileiro. As acusações incluíam a falsificação de passaportes:
Em melhor português, aí (Portugal) mandou o governo do Brasil caçar em Lisboa para vir-
lhe defender a integridade do Império, visto que sua covardia o impedia de arrostar com os
próprios seus, das falanges de López. [...] No Octavio, vieram com passaportes de
brasileiros quatro portugueses, um branco natural de Penafiel, e três pretos, dois naturais de
Angola e um de Moçambique, os quais foram, como todos, convidados a tirar passaportes
no consulado brasileiro, como meio justificativo para aqui se praticar com eles, mais a
salvo, a violência de que foram vítimas, mas não conseguiram os agentes brasileiros em
Lisboa iludir todos, como pretenderam iludir, sendo só os quatro os únicos a quem
conseguiram enganar! Este escândalo, praticado em Lisboa, nas faces do governo de
Portugal, não tem comentários.
Convicto do que escrevia, o autor do texto desafiava publicamente o ministro brasileiro em
Portugal e identificava alguns lesados:
Comprometo-me a provar estes fatos e a sustentá-los em público, com meu próprio nome se
for necessário, sem que esses homens possam justificar seu indigno procedimento. [...] as
vítimas assim imoladas ao infame logro e arrastadas ao campo de morte são as seguintes:
negros Felipe de Carvalho Bastos, natural de Angola; Máximo da Luz, idem; Faustino da
Gama, natural de Moçambique; do branco natural de Penafiel apenas sei que se chama
João. Escuso repetir, como já disse, que todos os passageiros do Octavio foram para a
guerra, apenas João Joaquim Gomes de Sequeira não foi, porque resistindo, formaram-lhe
processo de que foi absolvido, e, portanto, posto em liberdade.
Outra publicação lusitana a mencionar o episódio foi o Commercio de Coimbra. Em 17 de
novembro de 1865, criticando a ação de ―aves de rapina‖ dos cônsules no Brasil, o correspondente
do jornal no Rio de Janeiro exigia ―energia, patriotismo e dedicação‖ para o cargo de chefe da
Legação na Corte brasileira. Ele nutria esperança de que o ministro dos Negócios Estrangeiros, o
Conde de Castro, tomasse providências, substituindo os representantes diplomáticos que estavam
sendo acusados:
É, no entanto, convicção nossa que S. Excia. (Conde de Castro) nos apreciará, fazendo com
que nos sejam dadas as garantias, que não temos. Saberá que foram vendidos 22
portugueses para a armada brasileira em 18 de junho de 1865; vieram pelo navio Octavio,
de nacionalidade brasileira, que os trouxe de Lisboa, tendo largado o Tejo em 3 de maio.
Pobre nação portuguesa! Pedimos, por honra dessa cara mãe de nós todos, que vos levanteis
aí bem alto nas colunas do vosso jornal, para fulminardes esses funcionários, que nos
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atraiçoam! As folhas públicas já publicaram este escândalo; nem o consulado, nem a
Legação portuguesa deu solução deste fato! Nunca se viu uma nação descer mais pela
infâmia cometida por homens deste quilate!
Na correspondência diplomática, o caso foi tratado com muita cautela. O primeiro registro
data de 12 de agosto de 1865 – portanto, antes da sua divulgação na imprensa -, quando o titular da
pasta dos Estrangeiros de Portugal, Conde de Ávila, se dirigiu ao ministro português no Rio de
Janeiro, José de Vasconcelos e Sousa, que havia comunicado a denúncia alguns dias antes: ―Ao
Ministério do Reino dei conhecimento dos ofícios de V. Excia. nºs 99 e 107 acerca de vários
indivíduos que deste Reino seguiram viagem para essa capital a bordo do brigue brasileiro Octavio,
passando depois como emigrados para bordo de uma fragata da armada imperial, afim de que o
mesmo ilustre ministro haja de mandar colher os mais minuciosos esclarecimentos, tanto em relação
aos referidos indivíduos como a respeito do fato do engajamento que se diz feito pela Legação do
Brasil nesta Corte,‖.
Depois disso, em 24 de agosto, o Conde de Ávila encaminharia a Vasconcelos e Sousa
cópias do ofício ―que o ilustre ministro do Reino lhe dirigiu com a resposta (expedida em 16 de
agosto) sobre a denúncia do Octavio,‖. Mas essa correspondência não figura no livro oficial,
indicando que o governo português fez questão de manter o assunto no mais absoluto sigilo. Uma
importante lacuna no Arquivo Histórico-Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros de
Portugal atinge exatamente o ano de 1865 da correspondência da Legação portuguesa no Rio de
Janeiro. A Caixa nº 208 foi extraviada, sem que haja uma razão plausível para isso. Sabe-se apenas
que, em 1994, foi realizada a microfilmagem da documentação dessa representação diplomática e as
películas saltam da Caixa nº 207 (Ano de 1864) para a Caixa nº 209 (Ano de 1866). Os funcionários
do Ministério ignoram os motivos do desaparecimento. Corroborando essa hipótese, não há mais
nenhuma referência ao navio brasileiro nos documentos diplomáticos da época emitidos pelos
governos de Portugal e do Brasil.
Sintomaticamente, o jornal lusitano mais influente, O Commercio do Porto, guardou o mais
absoluto silêncio, o tempo inteiro, sobre o brigue Octavio. Nesse caso específico, houve sintonia
entre a imprensa e a política do gabinete do monarca D. Luís I, afinada com o Império de seu tio, D.
Pedro II. As graves acusações, envolvendo autoridades luso-brasileiras, produziram convergência
entre o discurso oficial e a representação do poder. Se na questão da emigração era interessante
permitir a crítica nas publicações lusitanas, numa denúncia grave como a do brigue brasileiro era
conveniente apagar os vestígios mais comprometedores. É certo, porém, que, nas duas situações, o
governo português fez vistas grossas, constrangido pela conivência – ou mesmo participação - de
altos funcionários do Estado.
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Outro caso embaraçoso foi a execução dos representantes diplomáticos portugueses
em Asunción, Antonio Augusto de Vasconcelos – vice-cônsul – e José Maria Leite Pereira – gerente
consular – (Figura 1), condenados à morte pelos tribunales de sangre constituídos no acampamento
de San Fernando, em 1868, acusados de conspirarem contra Solano López. A imprensa portuguesa
ficou desconcertada com as notícias do fuzilamento dos dois diplomatas, reagindo de forma muito
semelhante aos atônitos representantes lusitanos na Corte brasileira. O primeiro jornal a tocar no
assunto foi O Commercio do Porto, em 16 de outubro de 1868. Em texto do correspondente no Rio
de Janeiro, produzido em 24 de setembro, as execuções eram antecipadas: ―Grande número
daqueles que tanto o ajudaram (López) caíram debaixo das balas dos fuziladores. O próprio cônsul
português foi arrancado da casa da delegação dos Estados Unidos e vitimado com outros
personagens ilustres‖. No dia seguinte, o Boletim do Clero e do Professorado, de Lisboa, também
anunciaria as mortes, que ocorreriam mais de três meses depois: ―Enviando (López) os prisioneiros
para o acampamento, mandou-os fuzilar, calcula-se em 400 pessoas de ambos os sexos, que
sofreram este martírio. Entre os assassinados, conta-se o cônsul português. É de esperar que o
governo tome com relação a isto mais algumas providências‖. Em 22 de outubro, seria O
Commercio, de Braga, que publicaria uma curta nota intitulada ―O tirano do Paraguai‖,
confirmando que Solano López havia mandado fuzilar o ―vice-cônsul de Portugal, o sr. José Maria
Leite Pereira, e um grande número de estrangeiros notáveis, estabelecidos em Assunção‖.
Figura 1 – Imagem dos diplomatas portugueses executados
no Paraguai vendida em Buenos Aires em 1869
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Fonte: Caixa nº 212 do Arquivo Histórico-Diplomático
do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, em Lisboa
No dia 25 de outubro, O Commercio do Porto, reafirmaria que o ―vice-cônsul, português
Leite Pereira foi barbaramente assassinado‖, complementando com informações da imprensa
brasileira recebidas pelo Jornal do Commercio, de Lisboa (grifo nosso). Por essa versão, o
diplomata teria morrido antes do tempo, e na via pública: ―Apenas dera alguns passos na rua, foi
agarrado pela soldadesca e assassinado‖, descreveria o jornal o momento em que Leite Pereira
abandonou o prédio da representação norte-americana em Assunção. Em material extenso transcrito
do Diario do Rio de Janeiro, O Braz Tisana, também do Porto, especularia, em 28 de outubro, sobre
a condição financeira de Leite Pereira e igualmente noticiaria que ele havia sido executado logo
após sair da Legação dos Estados Unidos: ―Parece que Pereira era homem que ocupava boa posição
e dispunha de grande fortuna, tendo-se casado com uma senhora paraguaia rica. No decurso da
presente guerra gastara toda a sua fortuna em mitigar os padecimentos dos prisioneiros de guerra e
por isso caiu no desagrado de López. [...] Pereira, julgando que o governo empregaria meios
violentos para dali o levar, partiu da Legação. Foi preso ao voltar a esquina da rua para ir encontrar
uma morte prematura‖.
Alinhados com o governo de Portugal, que temia a repercussão negativa dessas notícias,
alguns jornais passaram a descaracterizar Leite Pereira. Sob o título ―Esclarecimentos‖, uma nota
publicada pelo Braz Tisana, em 17 de novembro, asseverava que, ―o Sr. Leite mandado fuzilar por
López era de feito súdito português, mas não vice-cônsul‖. Na mesma semana, no dia 21, O
Campeão das Provincias seria ainda mais enfático ao desmentir informações publicadas
anteriormente: ―Os leitores devem estar ainda lembrados do que dissemos numa das nossas
correspondências que o sanguinário López, ditador da República do Paraguai, fez fuzilar o nosso
cônsul. Hoje, sabemos, por cartas vindas no último paquete, que é destituída de fundamento tal
notícia. Efetivamente o ditador López fez fuzilar um português por nome Leite; porém esse nosso
irmão não estava investido de nenhum caráter consular‖. Esse extraordinário empenho em
desqualificar o diplomata tornara-se indispensável. No início daquele mês, uma rara voz da
imprensa lusitana clamaria por justiça, mesmo descrente de que alguma medida fosse adotada pelo
governo português. Era O Commercio, de Braga, que estampava uma indignada nota na primeira
página de sua edição de 1º de novembro de 1868: ―Mais um insulto à nação portuguesa! Lá foi
barbaramente assassinado no Paraguai o nosso cônsul naquela república. O tiguerino (sic) ditador
López, que ordenou o assassínio, tinha necessidade de fazer derramar nos seus estados o sangue
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português, para se vingar dos portugueses, porque estes têm coadjuvado a guerra do Brasil contra
aquele tirano. Vingou-se o maldito! [...] que respeito infunde no estrangeiro a nação dos
portugueses! E ficará impune a ofensa do tirano dos nossos dias? Talvez não haja quem peça contas
ao bárbaro do Paraguai! Não. Não há quem sequer se lembre de tais ninharias‖.
As publicações portuguesas voltariam a se referir ao tema somente em 1869. Em fevereiro,
jornais como O Bracarense, O Campeão das Provincias, O Commercio, de Braga, e O Commercio
do Porto, iriam publicar relações de vítimas do Mariscal, incluindo os nomes de Leite Pereira e,
pela primeira vez, do vice-cônsul Antonio Augusto de Vasconcelos. No mês de abril, O Commercio,
de Braga, faria uma pequena menção a Pereira, ao anunciar que Solano López instalara o governo
em Pirebebuy, a terceira capital paraguaia na guerra. ―Ali está o monstro (López), o general Mac-
Mahon (novo ministro norte-americano), todos os cônsules estrangeiros, menos o português porque
esse foi à ordem do tirano ditador fuzilado!‖, assinalava um trecho da resenha noticiosa da guerra.
Depois, em 13 e 23 de junho, respectivamente O Commercio do Porto e O Campeão das
Provincias, publicariam o longo relato do britânico George Frederick Masterman, extraído do
Memorial Diplomatique, de Paris, contando seu padecimento como prisioneiro, no Paraguai, e
citando, por diversas vezes, o ―cônsul português Leite Pereira‖.
A imprensa lusitana continuou em silêncio até 1870, no epílogo do conflito bélico. Ao
registrar o resgate de miseráveis famílias confinadas em Espadín, no interior do território guarani,
em 25 de fevereiro daquele ano, O Commercio do Porto ressaltava que ―entre as mulheres que se
achavam sob o poder de López foi encontrada a viúva do infeliz cônsul português no Paraguai,
covardemente assassinado; a viúva conta os horrores que sofreu‖. Na mesma edição, o
correspondente do jornal no Rio de Janeiro também se reportaria à mulher de Leite Pereira e as
agruras que viveu no desterro: ―Entre as senhoras ultimamente libertadas das garras do déspota
figura a jovem esposa do Sr. Leite Teixeira (sic), vice-cônsul de Portugal, morto, como se sabe, pelo
feroz ditador. A jovem senhora fez um longo depoimento dos seus padecimentos e de seu marido. A
miséria dessas pobres chegou ao ponto de comerem sapos, e algumas com o fim de por termo à
vida, chegaram a comer cobras venenosas‖. A última referência, condenando o episódio ao
esquecimento, apareceria, no mês de março, quase ao mesmo tempo, no Commercio do Porto e no
Jornal do Commercio, de Lisboa, numa série de artigos redigidos por um certo dr. Antonio
Henriques Leal em favor da posição brasileira na guerra contra o Paraguai. ―Alguns jornais (em
Portugal), se bem que não os de grande formato e de melhor conceito, propagaram versões
favoráveis a López mesmo depois do assassinato do infeliz cônsul português‖, queixava-se ele.
Nos ofícios diplomáticos, o fuzilamento dos cônsules portugueses já não seria mencionado.
Nem mesmo quando o chefe da Legação no Rio de Janeiro, Mathias de Carvalho e Vasconcelos
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comunicou ao ministro de Negócios Estrangeiros de Portugal, José da Silva Mendes Leal, ―a
importantíssima notícia da terminação da guerra do Paraguai‖, anexando as partes oficiais do
General José Antonio Correa da Câmara, em 25 de março, ou quando felicitou o ministro brasileiro
João Maurício Wanderley, o Barão de Cotegipe, em 22 de abril de 1870, as execuções foram
lembradas. Nessa última correspondência, Carvalho e Vasconcelos congratulou-se pelo final dos
embates, em 1º de março, com a morte de Solano López, em Cerro Corá, sublinhando que ―os
aliados aumentaram o brilho das suas vitórias, sendo sempre humanos com os vencidos e diligentes
em socorrer os estrangeiros oprimidos,‖. Se o principal representante lusitano na América do Sul
esquecia-se dos dois diplomatas de seu país justiçados no Paraguai, o cônsul em Assunção,
Francisco José Correia Madruga, que saiu de Asunción no início da guerra e retornou apenas em
1869, iria exigir, do Império uma compensação financeira para o trabalho ―benemerente‖ que seu
genro, José Maria Leite Pereira, desenvolveu em favor dos brasileiros durante a guerra. Não teve
êxito. Prevaleceram, mais uma vez, os interesses que uniam as duas Coroas, nos dois lados do
Atlântico. Assim, a diplomacia e o jornalismo de Brasil e Portugal voltaram a dar as mãos,
ignorando solenemente o pleito de Madruga. A eficaz aliança estava mantida.
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MACHADO, Paulo Pinheiro (1999). A política de colonização do Império. Porto Alegre: Ed. da
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90
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Jorge Fernandes; e Garcia, Maria do Pilar (Orgs.). Rodrigues de Freitas; a obra e os contextos.
Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, p.217-222.
TORAL, André (1997). Adiós, xamigo brasilero; um estudo sobre a iconografia da guerra da
Tríplice Aliança com o Paraguai (1864-1870). São Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da USP, 318p. (Tese, Doutorado em História).
91
Alicia Elisa Lynch en la historia paraguaya. Un recorrido bibliográfico
Miryam Celeste Buzó S.62
Introducción
Después de Francisco Solano López, de quien fue compañera, quizá sea Elisa Alicia Lynch
la figura de la historia paraguaya que más ha movilizado la curiosidad dentro y fuera del país. Entre
las figuras femeninas, es la que más ha tentado la imaginación de los escritores.
Mucho se ha escrito sobre la personalidad y la vida de Elisa Alicia Lynch, compañera
amorosa del mariscal Francisco Solano López y madre de sus hijos. Sin embargo, son escasos los
hechos concretos que se conocen sobre esta mujer que acompañó con lealtad al hombre de su vida,
hasta su muerte. Se sabe dónde nació, quiénes fueron sus padres y otros familiares, se conocen
algunos detalles de su vida de casada con el médico francés Xavier de Quatrefages y fueron menos
difundidos aún los hechos protagonizados por ella luego de la tragedia de Cerro Corá en 1870.
Pero esa falta de información no fue problema para quienes quisieron escribir sobre ella y
sobre su influencia en la política y en la vida social del Paraguay. Algunos autores recurrieron a un
seudo barniz de investigación y otros se valieron de la fantasía y de la imaginación para llenar
huecos en la historia de esa mujer que dejó huellas profundas en la historia nacional.
Luego de finalizada la guerra, los ataques a la viuda de López se acrecentaron; los
vencedores paraguayos, miembros de la Legión, como Héctor Francisco Decoud, la atacaron sin
piedad y la acusaron de varias barbaridades, llenándola de calumnias.
A partir de la victoria aliada, sobre la figura de Elisa Lynch se afirman hechos sin probarlos,
se destila odio en los relatos y, para personificar la culpa en alguien, qué mejor que maldecir a la
extranjera y cargarla con los defectos más ruines. La Guerra destruyó al país y atacó a las figuras
asociadas al Mcal. López, principalmente a Elisa Lynch.
Es así que se publican las obras de Villavicencio, de Héctor Francisco Decoud y otras donde
la Lynch es pintada con los rasgos más grotescos y terribles, en ellas se ve a una ambiciosa mujer,
capaz de todas las bajezas y de todas las abyecciones para lograr sus objetivos: dominar el Paraguay
y hacerse de una gran fortuna.
62
Miryam Celeste Buzó Silva es Licenciada en Letras por la Facultad de Filosofía de la Universidad Nacional de
Asunción. Postgrado en Didáctica Universitaria por la Facultad de Filosofía (UNA) y Magíster en Literatura
Hispanoamericana por la Facultad de Filosofía de la Universidad Nacional de Asunción.
92
Para lectores atentos y capaces de razonar, los textos mencionados son fáciles de
desmenuzar y de discutir, tienen el inconfundible color de la falta de perspectiva histórica, están
escritos con rabia y la objetividad se encuentra ausente. Recién al comenzar el siglo XX aparecieron
algunos intelectuales que comenzaron a defender a ambas figuras del pasado nacional.
Así, años más tarde se suceden otras biografías noveladas, como la de Héctor Pedro
Blomberg, argentino; luego la de Concepción Leyes de Chaves, paraguaya; la de William Barret,
norteamericano, y la de Henry Pitaud, de nacionalidad francesa, que dieron otro matiz a la figura de,
quizás la mujer más famosa de la historia paraguaya. De acuerdo a la investigación bibliográfica
realizada, pudimos constatar que prácticamente todas las obras se caracterizan por la visión
maniqueísta de la figura de la irlandesa.
La vida de Elisa Alicia Lynch Lloyd
Elisa Alicia Lynch nació en Charleville, condado de Cork, Irlanda, en 1833. Sus padres
fueron, John Lynch, médico al servicio de la Armada Real inglesa, y Jane Elizabeth Lloyd. Se
conoce muy poco lo que fue la infancia de Elisa, porque prácticamente no se tienen datos de esta
etapa de su vida.
A los 16 años, en 1849, siendo aún menor de edad, contrae matrimonio con el médico
francés, Xavier Quatrefages, en la localidad de Folkestone, condado de Kent, Inglaterra. La razón
de que contrajera matrimonio muy joven se debió a los problemas económicos por los que
atravesaba la familia. El padre de Elisa Lynch había fallecido y entre los años 1845 y 1849 asoló
Irlanda una gran hambruna que provocó la muerte de millones de personas.
Por su parte, el médico francés, ingresó al Cuerpo Médico francés en 1841 y fue destinado a
Argelia, donde permaneció por espacio de cinco años. Comenzó primeramente como cirujano y
posteriormente como farmacéutico, carrera que definitivamente adoptó como profesión años más
tarde.
Entre los años 1847 y 1850 Xavier Quatrefages cumplía funciones en Calais, situada al
norte de Francia, y es probablemente en ese lugar donde se conocieron Elisa Lynch y el médico
francés, 18 años mayor que ella. La familia Lynch Lloyd se había trasladado al norte de Francia
para vivir en la casa de la hermana de la madre de Elisa, Elizabeth Lloyd, en la ciudad de
Boulogne.
Lo llamativo de este casamiento es que se realizó bajo credo protestante, siendo que los
novios eran católicos. En el caso de Elisa Lynch, su padre fue católico y su madre protestante. De
acuerdo a las normas de la época en Irlanda, la religión de la criatura dependía del sexo de la
93
misma y en base a esto se desprendía si dependía de la madre o el padre. En lo referente a Elisa
Lynch esta norma no se cumplió, porque tenía que haber sido protestante, pero llamativamente fue
católica, probablemente por influencia de su padre.
Fueron testigos del casamiento entre el médico francés, Xavier Quatrefages, y la joven Elisa
Lynch, Jane Eliza Clarke Lynch por parte de la novia, y Delafolie, por parte del novio. Años más
tarde, producida la separación de Elisa Lynch de Quatrefages, llama la atención el hecho de que el
médico francés solicitara permiso para contraer matrimonio con Nanette Servel, lo que da a
entender que el casamiento con Elisa Lynch no tenía valor. ―Al no solicitar el permiso
correspondiente, como lo sí lo hizo con Nanette Servel, Xavier obligó a Elisa a vivir una vida
matrimonial escondida, algo parecido al status de una ―amante privada‖, sin los beneficios públicos
que le darían ser una esposa reconocida de un médico militar‖63
.
La relación duró tres años y para 1850 ya estaban separados. Elisa Lynch se instaló en París
y comenzó una nueva vida. En esa ciudad conoció a Francisco Solano López, Ministro
Plenipotenciario de la República del Paraguay, enviado por su padre, el Presidente Carlos A. López
con la finalidad de comprar maquinarias y vapores, así como contratar técnicos y profesores para
llevarlos al Paraguay.
En qué lugar se produjo el encuentro entre ambos no se sabe exactamente y lo referente a la
profesión que ejercía en París, hasta hoy en día sigue siendo tema de discusión. De entre todas las
versiones, la que tiene más partidarios es la considera que Elisa Lynch fue una cortesana, que se
movía en las altas esferas con el objetivo de ser la amante de un hombre rico.
La tesis de que Elisa fue una cortesana o prostituta lo fue una versión de los propios
paraguayos que viajaron con el Gral. Francisco Solano López. La comitiva estuvo integrada,
además del General Ministro, Juan Andrés Gelly, Secretario Privado del Gral. López; Benigno
López, Secretario; Juan Brizuela, Oficial del Consulado paraguayo en Montevideo; el Tte. Rómulo
José Yegros; el Capitán José Aguiar; y el Cnel. Vicente Barrios. ―Prostituta, al igual que cortesana,
podrían ser referidos con exageración, más aún teniendo en cuenta quienes divulgaron esa versión,
fueron casualmente estos hombres que acompañaron a López, agrandado luego por los demás en
Asunción‖64
.
La relación entre Francisco Solano López y Elisa Lynch se fortaleció aún más y para 1854,
la irlandesa ya formaba parte de la delegación paraguaya. De la mano de Francisco, Elisa recorrió
España, Roma e Inglaterra. Precisamente en esos años, Elisa Lynch quedó encinta y la noticia hizo
que Francisco acelera el proceso de divorcio de la Lynch con el médico Quatrefages.
63
BARRETO, ANA. 2011. Elisa Lynch. Ed. El Lector, Asunción, p. 18. 64
BARRETO, ANA. 2011. Elisa Lynch. Ed. El Lector, Asunción, p. 20.
94
En 1854, Elisa se embarcó rumbo a Paraguay, país al que llegó al año siguiente con un hijo
en sus brazos: Panchito, que nació en la ciudad de Buenos Aires. Desde su llegada a Asunción, la
figura de Elisa Lynch fue muy rechazada por varios motivos, pero a lo largo de los años se
convirtió en una mujer influyente, ―en parte, gracias a los buenos vínculos con los diplomáticos
europeos; en parte gracias a negocios inmobiliarios, de tabaco, de ganado; en parte por sus alianzas
con las mujeres del pueblo, las kyguá verá, ocasionales apoyos para enfrentar a la élite que le
rechazaba por ―adúltera‖ o ―prostituta‖; y en parte porque comenzó a realizar festivas inusuales
para el bucólico Paraguay lopista‖65
.
Las actividades realizadas por Elisa Lynch transformaron la vida asuncena. A partir de sus
fiestas y recepciones, se convirtió en el principal referente de la moda en Paraguay y varias familias
comenzaron a importar de Europa ropas y artículos de lujo con el fin de imitar el estilo de la
irlandesa.
Al fallecer Carlos Antonio López en 1862, Elisa Lynch pasó a ser la figura principal de la
sociedad paraguaya, y la asunción de Francisco Solano López al poder, la elevó aún más,
desplazando lentamente a Doña Juana Pabla Carrillo en el rol de ―Señora Presidenta‖. Eso tenía
también sus repercusiones en el ámbito económico, pues Elisa Lynch se ―convirtió en una de las
principales proveedoras de los artículos más finos importados de Londres y París; un negocio
bastante beneficioso, ya que no sólo estaba guiando una nueva práctica social, sino lucraba con
ello‖66
.
En 1864 estalló la Guerra contra la Triple Alianza, acontecimiento que marcó la vida de la
nación paraguaya y la de Elisa Lynch. Al ser la compañera del Mariscal Francisco Solano López,
Elisa no estuvo expuesta a los peligros de los enfrentamientos armados, a la que sí estaban la
mayoría de las mujeres paraguayas. En pleno conflicto, Elisa Lynch compró aproximadamente,
unos seis millones de hectáreas, adquiridas a bajo precio.
Al culminar la Guerra contra la Triple Alianza, con la consiguiente derrota paraguaya, Elisa
Lynch perdió toda influencia en el país y sus propiedades, al igual que la de los López, fueron
confiscados por los Aliados. La guerra le quitó su compañero de vida y dos hijos, y la obligó a
partir al exterior, desde donde inició la lucha por recuperar su patrimonio confiscado.
En esa disputa por recuperar sus propiedades, Elisa regresó al país el 23 de octubre de 1875,
durante la presidencia de Juan Bautista Gill. Su estadía fue corta, pues a poco de llegar, el Cnel.
Ignacio Genes le comunicó que cincuenta mujeres paraguayas solicitaron al gobierno la expulsión
de Elisa Lynch del Paraguay, porque ―era la culpable de los ajusticiamientos de San Fernando‖67
.
65
BARRETO, ANA. 2011. Mujeres que hicieron historia en el Paraguay. Ed. Servilibro, Asunción, p. 53. 66
BARRETO, ANA. 2011. Elisa Lynch. Ed. El Lector, Asunción, p. 39. 67
BARRETO, ANA. 2011. Elisa Lynch. Ed. El Lector, Asunción, p. 83.
95
Elisa Alicia Lynch nunca recuperó las tierras y propiedades que había adquirido en el país.
Sí pudo recuperar parte del dinero que había enviado a Inglaterra. Sus últimos años de vida las pasó
en medio de la soledad, calumnias, mentiras e intrigas de todo tipo. Falleció a los 56 años de edad
en París el 25 de junio de 1886.
Lectura sobre Madame Lynch. Un intento de recorrido bibliográfico
Desde el final de la Guerra contra la Triple Alianza hasta el día de hoy, numerosos
escritores, historiadores, cuentistas y novelistas paraguayos y extranjeros han intentado esbozar una
historia ―verdadera‖ sobre la figura de la mujer más controvertida de la historia paraguaya.
El interés que despierta la figura de Elisa Alicia Lynch ha dado nacimiento a numerosas
obras a lo largo de los años y en varios países. Cada una de estas obras buscó escrudiñar los
diversos aspectos de esta mujer que llegó a convertirse en una especie de enigma o mito dentro de la
historia nacional. Los ejes centrales de estas obras consideran aspectos nobles en algunos casos, o
abominables, en otros. Otras, sin embargo, discurren en el confuso fresco de una sociedad en
camino hacia la destrucción, difuminada por la sombra poderosa de su compañero, el Mariscal
Francisco Solano López.
Es evidente que, acuciado por estos datos, cada autor ha profundizado uno u otro aspecto,
según la propia fantasía creativa, dando vida a una imagen multifacética, difícil de determinar de la
imagen de Elisa Lynch. Al cotejar los diferentes títulos de los materiales biográficos e historias
noveladas, nos damos cuenta de que Elisa Alicia Lynch vivió varias facetas, que abarcan desde la
―Mujer Amazonas‖, pasando por ser dama, cortesana, prostituta, guerrera, hasta la ―Heroína
paraguaya‖. Elisa, ―se nos presenta hermosa, joven, pero con triste pasado de caídas y amores
perdidos, sola en una nación extranjera y hostil, en equilibrio constante entre lo lícito y lo ilícito
pero capaz de marcar una época de cambios políticos, sociales y culturales en un país, hasta aquel
momento, impermeable a todo lo que estaba ocurriendo a su alrededor‖68
.
Partiendo de estas premisas, podemos ver que los temas sobre la figura de Elisa Lynch son
múltiples y variados. Otra característica de esta paradigmática mujer es que todos los temas tratados
generan un gran interés, no sólo en el ámbito intelectual, sino a nivel general.
Debido a la extensa cantidad y variedad de textos referentes a la figura de Elisa Alicia
Lynch, y dada la necesidad de, por lo menos, referirlas con cierta consideración, se ha procedido a
elaborar un rápido comentario sobre algunas obras que tratan sobre la irlandesa que llegó al
Paraguay a mediados del siglo XIX.
68
DIONISI, María Gabriella. Lecturas y re-lecturas de la ―Madama del Paraguay‖: un recorrido bibliográfico.
Universitá della Tuscia. [en línea].
96
Entre las mencionadas obras, podemos mencionar la escrita por Héctor Varela, titulada
“Elisa Lynch”, publicada primeramente en 1870 y luego reeditada en los años 1933, 1934 y 1997.
Héctor Varela (1832 – 1896), fue el primero en escribir una supuesta biografía sobre la compañera
del Mariscal Francisco Solano López. El mencionado texto tuvo una gran recepción en las ciudades
de Buenos Aires, Rosario y Montevideo, por el acentuado antilopizmo en las mencionadas
localidades.
El texto originalmente debía componerse de tres partes, pero nunca vieron la luz la segunda
y la tercera parte. La obra giró en torno a la pregunta de cuál fue el rol de Elisa Lynch en la
sangrienta y penosa guerra, donde muchos protagonistas del conflicto vieron en ella como la
culpable del fatídico fin del Paraguay.
La principal crítica sobre la obra de Héctor Varela, “Elisa Lynch”, es que la misma presenta
mucho subjetivismo al analizar la figura de la ―concubina de López‖, como llamaban a la Lynch, y
al carecer de objetividad, no logró ser la obra histórico – analítico que pretendió ser desde el
momento de su creación.
Otra obra que merece figurar en esta lista es la Katharina von Dombrowski, titulada ―Land
of women: the tale of a lost nation. Esta novela fue publicada en Nueva York y en Londres
respectivamente en 1935. También hay una traducción en alemán y las reediciones de esta novela se
realizaron en 1937, 1950, 1952 y 2002, este último en la ciudad de Filadelfia, chaco paraguayo.
La novela giró en torno a la historia colonial paraguaya, donde surgió la tradición histórica
de denominar al Paraguay como el ―paraíso de Mahoma‖, donde supuestamente, cada hombre
disponía de siete a diez mujeres cada uno. Ese argumento utiliza para comparar con la situación
reinante en el país tras la hecatombe del 70', donde existía aproximadamente una proporción de diez
mujeres por cada hombre. Es muy interesante desde el punto de vista histórico porque proporciona
una visión del rol cumplido por las mujeres a lo largo de la historia paraguaya.
En 1938 apareció una de las obras más polémicas. Ese año, William Edmund Barret publicó
Woman on horseback. The biografy of Francisco López and Eliza Lynch. Lo interesante de esta
novela es que a lo largo de los años, el título fue modificándose por varios motivos, entre ellos, el
polivalente valor metafórico de las palabras ―woman on horseback‖.
Al respecto, es muy interesante la apreciación que realizó, sobre el mencionado título,
Gabriella Dionisi.
Cuando salió a la luz, contemporáneamente en Nueva York y en Londres en 1938 el autor
pensó titularla Woman on horseback The biografy of Francisco López and Eliza Lynch. De
tal manera, se introduzcan inmediatamente a los dos actores principales de la acción y, al
mismo tiempo, con la expresión Woman on horseback, rica de un intrínseco y polivalente
97
valor metafórico, se anticipaba el papel que Elisa iba a desempeñar en la narración. De
hecho, es consabido que la figura de la ―mujer a caballo‖ en el imaginario colectivo está
estrechamente vinculada a la idea casi icnonográfica de mando, de alguien que ejercita
poder sobre los demás, y que tal connotación se aplica incluso a la esfera sexual. En efecto,
Barrett atribuye a Elisa cualidades físicas y amatorias excepcionales junto con una
capacidad decisional muy grande, al considerarla no sólo quien, después de la primera
noche de amor, ya ―había domado‖ a López, sino también ―el genio de su propia fuerza‖69
.
La obra de William Barret luego de varios cambios y reediciones adoptó el título de Una
Amazonas. La apasionante biografía de Madame Lynch y Solano López, donde se narra la vida de
Elisa Lynch y Francisco Solano López, pero desde una perspectiva que busca ahondar más en la
figura de la irlandesa y su rol en la historia paraguaya.
Héctor Francisco Decoud (1855 – 1934), escritor paraguayo, escribió el libro titulado Elisa
Lynch de Quatrefages publicado en 1939. El título de la obra demuestra la averración que sentía
Decoud sobre Madame Lynch. En la introducción misma, el autor ya menciona su postura. ―[…] él
(autor) mismo afirma en la dos palabras introductorias, como protesta contra un intento de elevarla
por encima de los millares de muertos que dejó a su paso temiendo que tras la reivindicación
libertina pudiera suceder el reclamo de las tres mil leguas de tierra, despojadas al Pueblo Paraguayo
y el pedido de erección de un monumento‖70
.
El libro de Decoud apareció en pleno proceso de reivindicación de la figura del Mcal.
Francisco Solano López71
y, por ende, muchas figuras del siglo XIX necesariamente iban a ser
reivindicados, entre ellos, la compañera del Mariscal, Elisa Alicia Lynch. Para evitar esto, el libro
de Decoud intentó ser una especie de protesta contra una campaña nacionalista que avanzaba a
grandes pasos.
María Concepción Leyes de Cháves escribió la obra Madame Lynch. Evocación, texto
aparecido en 1957 y que sufrirá un cambio en el título, pues en con el tiempo la obra pasó a
llamarse, Elisa Lynch y Solano López, editada en 1976 y reeditada en 1996.
La novela de María Concepción Leyes de Cháves es la segunda en sufrir transformaciones,
cambios y cortes. Con el primer título, la autora define claramente que la misma está centrada sobre
69
DIONISI, María Gabriella. Lecturas y re-lecturas de la ―Madama del Paraguay‖: un recorrido bibliográfico.
Universitá della Tuscia. [en línea]. 70
DIONISI, María Gabriella. Lecturas y re-lecturas de la ―Madama del Paraguay‖: un recorrido bibliográfico.
Universitá della Tuscia. [en línea]. 71
El gobierno revolucionario del Cnel. Rafael Franco emitió el Decreto Nº 66 del 1º de maro de 1936 que elevó a la
categoría de ―Héroe máximo de la Nación‖ al Mariscal Francisco Solano López. Así también, de un plumazo fueron
eliminados todos los decretos y líbelos acusatorios contra la figura del héroe caído en Cerro Corá. Otro decreto elevó a
categoría de héroe nacional a Carlos Antonio López.
98
la imagen de Elisa Lynch, haciendo evocaciones de recuerdos, memorias y figuras del pasado,
donde la autora le ―atribuye un sentido casi onírico al relato‖72
.
Con las obras editadas en Buenos Aires en 1976 y Asunción, en 1996, el título se transforma
para brindar un espacio a Francisco Solano López, compañero de infortunio de Elisa Lynch. Pero la
autora aclara que la novela sigue centrada sobre la irlandesa, que representa la evocación del pasado
glorioso y heroico del Paraguay. ―De alguna manera, la autora insinuaba la idea de una total
identificación del personaje […] merecedor, a su parecer, de admiración por lo que hubo en ella de
verdadero, femenino y esencial: el resplandor de su vida espiritual y afectiva, lo único que puede
iluminar u oscurecer su memoria‖73
.
En 1958 apareció la obra Madama Lynch, de Henry Pitaud, cuyo prólogo fue escrito por
Juan E. O'Leary74
, máximo defensor del Lopizmo. Esta obra es ―el ejemplo evidente del uso de
todos los medios para sustentar una ideología política‖75
. El 20 de abril de 1960, a través de la
Orden General Nº 50, el Comandante en Jefe, General de Ejército, Don Alfredo Stroessner, declaró
que la obra de Henry Pitaud es útil para las Fuerzas Armadas de la Nación.
La obra apareció justo en el momento en que el gobierno de Alfredo Stroessner buscaba
extraditar los restos de Elisa Alicia Lynch y depositarlos en el Panteón Nacional de los Héroes, al
lado de su compañero, el Mariscal Francisco Solano López, considerado el ―Héroe máximo del
Paraguay‖.
Desde 1936, el Nacionalismo se instauró como Político de Estado y a partir de 1937, se
observó una fuerte injerencia de los militares en el quehacer político. Se gobierna para y desde
Campo Grande y la coronación de todo este proceso en el largo gobierno del Gral. Alfredo
Stroessner, quien estuvo en el poder desde 1954 hasta 1989.
Durante el gobierno de Stroessner, el nacionalismo se acentúo aún más y aparecieron
numerosas obras de tinte nacionalista, que reivindicaron figuras del pasado y trataron de mostrar al
Gral. Stroessner como el continuador de esa línea de prohombres de la patria. La obra de Henry
Pitaud se encuadra dentro de este proceso, porque su obra buscó reivindicar a una mujer que era
considerada por las esferas oficiales como una heroína, como la madre de la patria heroica.
72
DIONISI, María Gabriella. Lecturas y re-lecturas de la ―Madama del Paraguay‖: un recorrido bibliográfico.
Universitá della Tuscia. [en línea]. 73
DIONISI, María Gabriella. Lecturas y re-lecturas de la ―Madama del Paraguay‖: un recorrido bibliográfico.
Universitá della Tuscia. [en línea]. 74
Juan Emiliano O‘Leary (1870 – 1969). Periodista. Político y poeta. Escribió varias obras de tinte nacionalista, entre
ellas, podemos mencionar: ―Nuestra Epopeya‖, ―El Mariscal Francisco Solano López‖, ―El Libro de los Héroes‖, ―Los
Legionarios‖ y ―Apostolado Patriótico‖. La idealización de la Guerra por parte de O‘Leary asumió caracteres extremos,
llegando incluso a exaltar la muerte y el sacrificio del pueblo. Al decir de Raúl Amaral, O‘Leary generó una nueva
conciencia histórica, un distinto sentido de historicidad. 75
DIONISI, María Gabriella. Lecturas y re-lecturas de la ―Madama del Paraguay‖: un recorrido bibliográfico.
Universitá della Tuscia. [en línea].
99
A parte de las obras citadas, podemos mencionar otras que fueron publicadas en español
como en otros idiomas, en Paraguay como en otros países. Entre estas obras, citamos las siguientes:
La Dama del Paraguay, de Héctor Pedro Blomberg, aparecida en 1942; Elisa Lynch o la tragedia
como destino, de Hilde Kruger, editada en 1946; Eliza Lynch, Regent of Paraguay, de Henry Lyon
Young, publicada en 1966; Elisa Lynch, biografía novelada de la heroína paraguaya, editada en
1968 y cuya autora fue Sixta Segovia de Giuliano; Madame Lynch & Friend: a true account of an
Irish adventuress and the dictador of Paraguay, who destroyed the American nation, de Alyn
Brodsky, aparecida en 1976; Por quien llora el urutaú. Francisco Solano López – Elisa Lynch y la
Guerra de la Triple Alianza, de Nicola Siri Eros, editada en 1978.
Elisa Lynch, mulher do mundo e da guerra, de Fernando Baptista, publicada en 1986;
Madame Lynch. El fuego de una vida, de Shelby Graham, aparecida em 1992; Martes del final, de
Mabel Pagano, editada en 1991; Facetas públicas y privadas en la Guerra de la Triple Alianza, de
Antonio Salúm Flecha, publicada en 2001. El mismo autor publicó El secreto de Madame Lynch,
aparecida en el 2010; El dedo trémulo, de Esteban Cabañas, editada en 2002; The pleasure of Eliza
Lynch, de Anne Enright, publicada en el 2002; The shadows of Eliza Lynch: how a nineteenth
century Irish courtesan became the most powerful woman in Paraguay, de Siȃn Rees; The Empress
of South America. The true story of Eliza: the Irishwoman who destroyed Latin American's
wealthiest country – and became its national heroine, de Nigel Cawthorne, editada en el 2003; The
news from Paraguay: a novel, de Lily Tuck, editada en el 2005; Calumnia, cuyos autores fueron
Michael Lillis y Ronan Fanning, aparecida en el 2009; y por último, la obra Elisa Alicia Lynch, de
Ana Barreto Valinotti, publicada en el 2011.
La enorme cantidad de obras aparecidas sobre la figura de Elisa Alicia Lynch no permite
visualizar la importancia que tuvo y tiene esta mujer no sólo dentro del ámbito cultural paraguayo,
sino también dentro de los extranjeros. Varios textos en inglés, francés, portugués, alemán y español
atestiguan la importancia de la figura de esta irlandesa que a pesar de que pasaron más de cien años
de su muerte, aún permanece en el subconsciente colectivo de los paraguayos.
Elisa Alicia Lynch fue la mujer más famosa y destacada de la historia de Sudamérica en el
siglo XIX. Se convirtió en el eje central de una vasta producción literaria en diversos idiomas,
compuesta biografías, novelas, estudios históricos, cientos de artículos periodísticos y caricaturas
groseras e insultantes.
Fue objeto de informes diplomáticos a Washington, Londres y París, al Emperador de
Brasil y al Presidente de la Argentina. Aun sus enemigos coincidían en que era hermosa, glamorosa
y sensual. Vivió en el epicentro de uno d elos cataclismos más devastadores de la Edad
Contemporánea, del cual, según opinión de sus enemigos, fue en medida responsable.
100
Por dos generaciones, Elisa y su compañero, Francisco Solano López, fueron retratados
como los destructores del Paraguay. En la década de 1920, López se transformó en el mártir
heroico, el defensor de la libertad paraguaya, y Elisa Lynch fue recordada por el amor sin egoísmo
que le dedicó a su país adoptivo.
Luego de este recorrido bibliográfico sobre Elisa Lynch, tenemos una especie de croquis
sobre los libros aparecidos sobre ella y el momento histórico en que aparecieron, respondiendo a los
intereses del momento. De ahí que sostenemos que estudiar la figura de esta mujer es de suma
importancia para brindar una nueva visión sobre el rol cumplido por ella dentro del imaginario
colectivo y la historia paraguaya.
Conclusión
Una definición clásica de la Historia es la que afirma que la misma es una narración
cronológica de hechos o acontecimientos realizados por el hombre e tiempo y espacio definido.
Pareciera ser que esta definición se aplica a rajatabla en la realidad. Si bien, el concepto de hombre
se aplica tanto al varón como a la mujer, la historia como disciplina ha sido construida sobre bases
andropocéntricas.
La mujer, prácticamente fue relegada a un rincón de la historia universal, donde su voz no es
oída, quedando en la mayoría de los casos en el anonimato, a pesar de ser ellas grandes
protagonistas de los acontecimientos históricos. Sin duda, fueron acertadas las palabras de Simone
de Beauvoir, que sostuvo, refiriéndose a la mujer, ―No es la inferioridad de las mujeres lo que ha
determinado su insignificancia histórica, sino que ha sido su insignificancia histórica lo que las ha
destinado a la inferioridad‖.
La mujer paraguaya a lo largo de la historia nacional cumplió un rol destacado desde el lugar
que ocupó dentro de la sociedad paraguaya. Una vez lograda la independencia, la mujer quedó
relegada a un segundo plano, a pesar de su participación en el proceso revolucionario, donde Juana
María de Lara cumplió un rol destacado y fue sin duda una figura sin par de la revolución de mayo
de 1811.
Ante este panorama, apareció la figura de Alicia Elisa Lynch, quien vino y revolucionó la
anquilosada sociedad paraguaya. A partir de Lynch, la sociedad nacional adquirió nuevas prácticas
y estilos que transformaron el modo de vivir y los gustos de hombres y mujeres en el Paraguay. Así
como la envidiaban y odiaban, buscaban copiar su elegancia y distinción, traída de París, con
pianos, libros, representantes de la cultura francesa, entre otros aspectos.
101
Elisa Alicia Lynch vivió la trágica Guerra de la Triple Alianza, sufrió la muerte del Mariscal
Francisco Solano López, a quien enterró con sus propias manos. Fue golpeada igualmente con la
muerte de su hijo Panchito. Culminada la guerra, fue vilipendiada, echada, sin nada, con sus cuatro
hijos. A pesar de esto, su figura perduró en los anales de la historia paraguaya. Sin dudad alguna, la
influencia que ejerció esta mujer fue muy fuerte y duradera, que aún hoy podemos encontrar rastros
de ese ascendiente.
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103
La Guerra contra la Triple Alianza en los textos escolares. La construcción del relato sobre la
guerra en textos escolares de la actualidad de Paraguay, Argentina, Brasil y Uruguay
Pedro R. Caballero C.76
Eder Luis Rodas Sanabria77
Resumen
El abordaje de la retórica de los textos escolares permite detectar concepciones historiográficas y
temáticas trasmitidas por la educación formal e instala estampas descriptivas de ciertos
acontecimientos, personajes y situaciones históricas. Este artículo tiene como punto de partida
reconocer modos de escritura de visiones históricas sobre la Guerra contra la Triple Alianza, a partir
del análisis discursivo de los textos escolares de enseñanza secundaria utilizados en la actualidad,
relevando imágenes y representaciones del hecho bélico en el esquema educativo vigente en los
cuatro países que participaron de esta guerra. A partir de esto, se pretende determinar las
dimensiones históricas priorizadas en Argentina, Brasil, Paraguay y Uruguay.
Palabras claves: Guerra contra la Triple Alianza, textos escolares, historia, visiones históricas.
Introducción
A un siglo y medio de la Guerra más grande de Latinoamérica, es sumamente importante
estudiar de qué manera los cuatro países (Paraguay, Argentina, Brasil y Uruguay) enfocan la
enseñanza de este acontecimiento crucial dentro de la historia de la región. No podemos dejar de
mencionar que la importancia del texto escolar como objeto de estudio ha adquirido una notable
presencia en las investigaciones de la enseñanza de la historia y se constituye en una línea de
estudio muy fructífero dentro del ámbito de las ciencias sociales.
El texto escolar pasa a ser el vehículo de trasmisión de la interpretación histórica dada a la
guerra por parte del gobierno de turno; la escuela, al decir de Mario Carretero, pasa a ser un
dispositivo socio cultural hegemónico que contribuye a fabricar muy tempranamente las bases
cognitivas y afectivas de las comunidades imaginadas. La historia escolar legitima los saberes
históricos hegemónicos de una nación, que generalmente suele escribirse como patriótica y heroica.
Una de las herramientas didácticas más utilizadas en la enseñanza de la historia es el libro escolar,
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Facultad de Filosofía-Universidad Nacional de Asunción. Correo electrónico: [email protected] /
Facultad de Filosofía-Universidad Nacional de Asunción. Correo electrónico: [email protected]
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portador del discurso de la historia oficial y elemento eficaz a la hora de trasmitir un conocimiento
estable, lineal y ―verdadero‖.
En ese sentido, el problema que plantea la presente investigación es determinar cuál es la
versión oficial sobre la Guerra contra la Triple Alianza vislumbrada en los textos escolares de
Paraguay, Argentina, Brasil y Uruguay, de modo a contrastar las visiones e importancias dadas por
los mencionados países al acontecimiento histórico citado, para verificar si existen diferencias y
semejanzas sobre el relato de este fatídico suceso que marcó la historia de la Cuenca del Plata.
La investigación pretende presentar un nuevo enfoque sobre la Guerra contra la Triple
Alianza al analizar los textos escolares de los cuatro países que fueron protagonistas de la guerra.
Hasta el momento, solo es posible encontrar trabajos realizados sobre textos escolares de uno de los
países o de dos, contrastando el enfoque historiográfico que le daban los países a lo largo de la
historia, pero hasta el presente no se ha realizado un trabajo que compare la visión histórica de los
cuatro países plasmados en los textos escolares utilizados en la actualidad.
A 150 años de la finalización de esta gran guerra resulta de suma utilidad analizar las
visiones oficiales sobre la Guerra contra la Triple Alianza en Paraguay, Argentina, Brasil y
Uruguay, con la finalidad de ver qué es lo que se enseña a los jóvenes de los mencionados países, y
a partir de ahí, iniciar una verdadera construcción regional, superando las diferencias ocasionadas
por una guerra que dejó secuelas hasta el presente.
La guerra en los textos escolares
El enfoque paraguayo sobre el conflicto en los textos escolares
En comparación con los textos brasileños, la Guerra contra la Triple Alianza ganó más
espacio y profundidad. Al respecto, es interesante el trabajo de Tesis del brasileño André Mendes
Salles,
O Compêndio de Terán e Gamba (1882) tratou a temática em torno de sete (7) páginas, enquanto
Garay (1897) a abordou em treze (13). Ambos os livros foram escritos ainda no século XIX e,
portanto, ainda muito próximos temporalmente do evento analisado. A temática Guerra do
Paraguai, entre as obras escritas no século XX, girou em torno de vinte (20) a trinta (30) e
poucas páginas. Vinte e duas (22) páginas em Vasconcellos (1970), vinte e três (23) em Cardozo
(1965) e trinta e oito (38) em Chaves (1991) (Mendes, 2017, p. 142).
La principal razón de esta característica observada en los textos escolares es por la
influencia del Nacionalismo, que se instauró como política de Estado en el país desde 1936. En ese
105
sentido, el gobierno fijó las normas para la enseñanza nacionalista en los establecimientos
educativos, instituyendo que ―todas las energías instintivas que favorezcan el robustecimiento del
nacionalismo deben elevarse, por la educación, a estado de conciencia nacional‖ (Decreto Nº 2118,
junio 18 de 1936).
Durante los gobiernos liberales, la Historia del Paraguay, y en especial sobre la Guerra
contra la Triple Alianza, presentaba a Paraguay como el país agresor, comandado por gobernantes
déspotas, despotricando contra el pasado nacional y las figuras del siglo XIX, tildados de
antihéroes. A ello se suma la fuerte corriente ―antiguaraní‖, formada por los docentes contratados,
después de la Guerra Grande, para educar al pueblo paraguayo. La mayoría de estos profesores
fueron formados en ―la célebre Escuela Normal de Paraná, de tendencia mitrista‖ (Gómez, 2007, p.
176) y consideraban al idioma vernáculo como el principal obstáculo para el aprendizaje. Pero esta
forma de pensar sobre el guaraní cambió a partir del inicio del conflicto chaqueño, en el cual el
idioma guaraní reflotó en cuanto a importancia. El guaraní, después de la Guerra del Chaco, ya no
sufrió una persecución tan despiadada como en la postguerra de la Triple Alianza.
A partir de este hecho, se reafirma la reivindicación histórica del pasado nacional y el acento
nacionalista del nuevo gobierno, ―el nacionalismo debe nutrir sus raíces en los orígenes en las
reafirmaciones históricas de nuestra independencia‖ (Decreto Nº 2118, Junio 18 de 1936). De esta
forma, las instituciones educativas se consideran como campos de captación de las ideas
nacionalistas.
El decreto que hizo referencia al ámbito educativo estableció en su primer artículo, ―Las
instituciones de enseñanza primaria, secundaria y normal de Estado, así como las asimiladas a las
mismas con autorización Gubernamental, organizarán conferencias quincenales sobre el contenido
ideológico del nacionalismo, impugnando toda otra ideología contraria o que pueda generar la
simpatía del niño a la mixtificada dictadura proletaria rusa o la plutocracia del occidente‖ (Decreto
Nº 2118, Junio 18 de 1936). Por ello, el mismo decreto estipuló en su segundo artículo: ―La
Dirección General de Escuelas, los Directores de los Colegios Secundarios y Normales dispondrán
de inmediato la dación de conferencias en las que se interprete el verdadero Nacionalismo y se
exalte el sentimiento Nacionalista Paraguayo‖ (Decreto Nº 2118, Junio 18 de 1936).
Se observa claramente la directriz a seguir. La enseñanza de la historia en las escuelas
abarca, a partir de allí, valores y creencias que se mezclan con los relatos históricos, con la finalidad
de brindar a los alumnos una imagen triunfal, positiva, progresista e incluso mesiánica de las figuras
sobresalientes del pasado nacional, buscando acentuar la identidad nacional, para ―reanudar la
continuidad interrumpida de la Historia‖ (González, 1986, p. 35). La enseñanza de la historia pasó a
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ser una punta de lanza en el proceso de cambio implementado a partir de 1936. La política estatal se
centró en la revisión del pasado nacional y reivindicación de varias figuras del pasado, y en este
sentido, la educación fue trascendental para el cambio.
Comenzó el revisionismo nacionalista de la historia paraguaya. Ya existía – incluso uno de ellos
ya había muerto-paladines de la causa nacionalista: la historia ―positivista‖, liberal e ilustrada –
la de Garay, Héctor F. Decoud, Cecilio Báez- que se enseñaba en las escuelas, fue sustituida por
una nueva versión, radicalmente distinta en su contenido, en sus énfasis y silencios, en su
ideología (Rivarola, 2001, p. 53).
Todos estos factores influenciaron en la presentación de la Guerra contra la Triple Alianza
en los textos actuales, que pretenden, por medio de sus páginas, acentuar la identidad nacional
forjada a través de la derrota en la Guerra Grande. En los textos escolares analizados se puede
constatar que las causas que desembocaron el conflicto, desde la perspectiva paraguaya, están
directamente relacionadas con las cuestiones de límites, pues las pretensiones argentinas y
brasileñas sobre las tierras paraguayas ocasionaron el estallido de la guerra. En ese sentido, el texto
de Irmina C. de Lezcano sostiene que la llegada de Francisco Solano López al poder se produjo en
un momento álgido de las relaciones con los países limítrofes.
Por su parte, el libro Historia y Geografía, de la Dra. Mary Monte de López y colaboradores,
sostiene que el conflicto se da a partir de la búsqueda de un cierto equilibrio de poderes en el Río de
la Plata. El Paraguay buscó establecer una nueva política externa y asumió ―el mismo status
regional que poseían la Argentina y el Imperio del Brasil‖ (Moreira, 2009, p. 273). En consecución
de esa política, el Paraguay protestó contra la invasión brasileña al Uruguay y la injerencia
argentina en la política interna del mencionado país, pues ―Montevideo significaba, además, el
acceso paraguayo al mar, su inserción en la economía internacional y al mismo tiempo, la liberación
de la dependencia comercial con Buenos Aires‖ (Moreira, 2009, p. 273).
La diplomacia es un tema que enfatiza mucho el texto de la Dra. Mary Monte de López
Moreira, al destacar el desaire que sufrió Francisco Solano López ante su ofrecimiento para mediar
en el conflicto brasileño-uruguayo. Al respecto, el texto Historia y Geografía 8 sostiene: ―Los
sucesivos desaires diplomáticos sufridos por Francisco S. López y las denuncias orientales sobre la
connivencia argentino-brasileña contra la independencia nacional movieron al presidente paraguayo
a tomar medidas fuertes frente al Imperio del Brasil, buscando infundir respeto a las potencias de la
región‖ (Moreira, 2009, p. 273).
El texto mencionado continúa sobre el mismo punto y señala que el Paraguay ―[...] carecía
de un representante oficial ante Buenos Aires y tampoco había un embajador porteño en Asunción
que hubieran podido resolver diplomáticamente estas desavenencias‖ (Moreira, 2009, p. 275). Con
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esta afirmación, el texto de la Dra. Mary Monte recalca la importancia de la diplomacia en el
contexto regional en los prolegómenos de la guerra.
En cuanto a la cuestión inglesa en la guerra, a diferencia de los textos brasileños, argentino y
uruguayos, los libros paraguayos no hacen mucha mención sobre este tema. En el libro de
Saccaraggio, editado en el 2004, se puede leer cierta evocación a la mano inglesa en el estallido del
conflicto, quizás una explicación a esto se deba a la poca influencia ejercida por la historiografía de
izquierda sobre la construcción histórica del pasado nacional. En ese sentido, el libro ―Paraguay
Ñane retá. Estudios Sociales para el 3er. ciclo de la Educación‖, de Pedro Saccaraggio, es el único
que presenta ciertos elementos del revisionismo de izquierda, paradigma que se observa en gran
medida en los textos escolares brasileños.
La mayoría de los textos escolares paraguayos se remiten a describir las campañas bélicas,
resaltando los actos heroicos y las principales batallas de este conflicto a lo largo de los cinco años
que duró la guerra. Un aspecto interesante de las obras analizadas en esta investigación es que
ninguna de ellas realiza un juicio de valor sobre la figura de Francisco Solano López, aunque hacen
referencia a ciertos episodios de la guerra que generan controversias, tal fue el caso de los tribunales
de San Fernando.
Asimismo, algunos textos presentan otros aspectos de la guerra, como la participación de las
mujeres en el conflicto. Al respecto, Moreira, en el texto escolar afirma que ―Las mujeres también
se enfrentaron al enemigo armadas de sables, fusiles, piedras y vidrios.‖ (Moreira, 2009, p. 285). En
cuanto a esta temática, cabe resaltar que dentro de la historiografía paraguaya hay varios textos que
analizan esa cuestión, a diferencia de los otros países de la región. Una de las razones obedece a que
el conflicto prácticamente se desarrolló en su totalidad en suelo paraguayo, lo que obligó a la
población civil a participar activamente de la guerra.
Otra peculiaridad de los textos escolares paraguayos es que en el relato se otorga mucha
preponderancia a la acción individual, sobre todo de los militares, como una manera de enaltecer el
espíritu combativo del paraguayo. Sobre el este punto, André Mendez Salles sostiene que:
Todos os livros didáticos paraguaios analisados – com exceção de Saccaggio e colaboradores
(2004), estruturaram suas narrativas em torno da Guerra do Paraguai através de campanhas
militares, em que a perspectiva descritiva e as ações individuais adquiriram uma forte conotação.
Muito desses autores analisados descreveram batalhas da guerra de forma relativamente
ponderada, deixando entrever, entretanto, passagens, implícitas ou explícitas, de uma perspectiva
mais nacionalista, sobretudo ao associar características heroicas a personagens que participaram
do evento (Mendes, 2017, p. 185).
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Es interesante observar que a pesar de los cambios políticos operados en el país desde 1989,
la visión histórica que se tiene del pasado, y en especial de la Guerra contra la Triple Alianza,
prácticamente no ha variado mucho. Desde 1936, se creó una concepción histórica que se mantiene
hasta hoy, sin que la mayoría de los profesores y estudiantes puedan percibir, a pesar de las
reformas impuestas en el currículum educativo durante esta transición a la Democracia.
Es interesante observar cómo se fueron perfilando y consolidando las características básicas
de la historia paraguaya. La simbiosis de revisionismo histórico y la adopción del Nacionalismo
como Política de Estado a partir de 1936, provocó la instauración y consolidación de las tres
categorías epistemológicas de nuestra historia: el mito del eterno retorno, el maniqueísmo y el mito
del héroe máximo, que, de alguna manera, se perciben en los textos escolares nacionales.
Es por ello que, en un análisis de textos anteriores y posteriores a 1989 se puede constatar
que el relato sobre la Guerra contra la Triple Alianza gira en torno a una perspectiva descriptiva de
las campañas militares, de las principales batallas, de las grandes hazañas heroicas de los soldados
paraguayos, asociados a una visión heroica del pueblo en una guerra que prácticamente aniquiló al
Paraguay.
El discurso de los textos escolares paraguayos se centra en la resistencia heroica, no sólo por
parte del ejército, sino del pueblo entero. En ese sentido, algunos libros recogen la historia de las
mujeres y de los niños, que son elevados a categoría de héroes, pues la titánica labor se traslada al
período de posguerra, cuando se erige la figura prominente de la mujer paraguaya, símbolo de la
reconstrucción nacional. A partir de este discurso planteado en los textos escolares, es palpable aún
la fuerte influencia de la historiografía nacionalista, aunque se ven ciertos elementos que inducen a
pensar que en un futuro no lejano se podrá tener otras interpretaciones históricas sobre este
conflicto regional que marcó la vida de las naciones del Plata, y en especial del Paraguay.
La visión brasileña sobre la guerra
En lo referente a los textos escolares brasileños, de acuerdo con el trabajo de Tesis doctoral
realizado por André Mendes Salles, la Guerra contra la Triple Alianza fue perdiendo extensión e
importancia, para luego llegar al presente siglo con prácticamente dos páginas de extensión en los
libros utilizados por los alumnos.
O conhecimento escolar Guerra do Paraguai foi, ao longo do século XX, perdendo espaço nos
livros didáticos brasileiros. Enquanto nas primeiras obras didáticas examinadas, como as de
Macedo/Bilac (1905) e de Rocha Pombo (s/d)73, a temática foi abordada em vários capítulos,
aquelas publicadas nas décadas de 1980/90, passou a ser composta apenas de alguns parágrafos.
109
O espaço destinado ao tema, que era de 42 páginas no início do século XX, na obra de
Macedo/Bilac, passou a ser abordado em meras 2 páginas na década de 1980, pelo livro de
Piletti, por exemplo (Mendes, 2017, p. 114).
El cambio que se observa en los textos escolares obedeció a varios factores, uno de ellos es
la influencia del paradigma historiográfico a lo largo de los siglos XIX y XX, que repercutió en la
forma de presentación de la guerra en los textos escolares. Otro factor, sin duda alguna, muy
importante, fue la naturaleza del libro escolar, el cual debe ser didáctico y atractivo para el alumno.
Las diferentes visiones sobre el conflicto se pueden notar incluso en la denominación de la
contienda. Así, en los textos, tanto escolares como no escolares, se puede leer Guerra del Paraguay
o Guerra contra el Paraguay, lo que da a entender las discrepancias de interpretaciones sobre la
contienda bélica.
La dicotomía en cuanto a la denominación otorgada a la guerra obedece a la interpretación
dada. Así, al llamar Guerra del Paraguay da a entender que fue un conflicto provocado por el
Paraguay, con lo que se justifica la acción militar del Brasil. Por su parte, al denominar Guerra
contra el Paraguay, como una manera de indicar que el conflicto fue direccionado hacia nuestro
país. En ese sentido, Mendes Salles, sostiene:
Na análise realizada, pudemos identificar que, também nas obras didáticas selecionadas, o termo
recorrente para tratar à temática foi e continua sendo Guerra do Paraguai. Dos quatorzes livros
analisados, dez deles utilizaram essa expressão. As únicas exceções foram: (1) Maia e (2) Nadai
e Neves, que utilizaram a expressão Guerra contra o Paraguai, sendo esta última influenciada
pela corrente revisionista; (3) Rocha Pombo, que utilizou a expressão Guerra contra o dictador
do Paraguai, reforçando a historiografia oficial e memorialístico-patriótica, que enfatizava que a
guerra tinha sido direcionada contra Francisco Solano López e não contra o povo paraguaio. A
última exceção foi (4) Alencar Filho, Ramalho e Ribeiro, que utilizaram a expressão Guerra da
Tríplice Aliança, expressão hegemonicamente utilizada pela historiografia paraguaia para
designar o conflito. Nesse sentido, apesar de não terem indicado em seu texto, talvez os autores
tenham tido acesso há alguma obra de autor paraguaio – ou mesmo argentino – sobre o evento
(Mendes, 2017, p. 122).
En el caso del texto de Gilberto Cotrim, Historia y conciencia del Brasil, publicado en
1999, se destaca por el enfoque dado a la disciplina, que, de acuerdo al autor, debe enfatizar más la
reflexión y centrarse menos en la memorización. Otro aspecto resaltante de este texto escolar lo
constituye la presentación de temas que rompen el esquema tradicional, al presentar nuevos estudios
históricos como la visión de los vencidos, la situación de la mujer, la mentalidad de los grupos
sociales, etc. En este texto escolar, ya se observa la influencia de la Nueva Historia, lo que
110
enriquece de sobremanera el valor de este material didáctico, al presentar al alumno nuevos temas y
enfoques historiográficos.
Con respecto al texto Historia del Brasil, de Joana Neves y Elza Neves, editado en 1997, el
libro busca explorar el pasado, pero sin desligarlo del presente. Presenta la sociedad brasileña en sus
diversas facetas y demuestra la pluralidad a lo largo de las diversas etapas de la historia del Brasil,
lo que le otorga un interesante enfoque del estudio del pasado.
En cuanto a la presentación de la Guerra contra la Triple Alianza, objeto de nuestro estudio,
en los autores Nadai y Neves (1997), Cotrim (1999), las causas de la guerra están relacionadas
directamente con el imperialismo inglés, considerado como el factor decisivo para la explosión del
conflicto armado en la región del Plata.
Para Nadai y Neves (1997) el modelo autónomo paraguayo fue la razón para el estallido de
la guerra. Recalcan que el interés británico estuvo detrás del conflicto con la clara finalidad de
destruir el exitoso modelo paraguayo. Así, las autoras sostienen que, ―Na segunda metade do século
XIX, ainda no governo de Antônio Carlos López, era evidente que, a Inglaterra, fazendo valer sua
condição de potência hegemônica e tendo firmado sua preponderância no cone Sul da América, não
permitiria que seu poderio econômico sofresse qualquer limitação‖ (Nadai e Neves, 1997, p. 228).
En la lectura del material escolar, se puede deducir que para las autoras la guerra era
inevitable, pues los intereses británicos que se enseñoreaban en esa época no permitirían que se
desarrolle un modelo alternativo al liberalismo. El inicio de la guerra, para las autoras, se sitúa en la
intervención brasileña en el Uruguay, que provocó la inestabilidad que empujó a las naciones del
Plata a la guerra. ―Em 1864, o Brasil interferiu militarmente no Uruguai, depondo Aguirre, que era
apoiado por Francisco Solano López, então governante do Paraguai. Esse fato pode ser considerado,
a rigor, o início da guerra entre Brasil e Paraguai (Nadai y Neves, 1997, p. 228).
El texto de Nadai y Neves presenta a los gobiernos brasileño y argentino como títeres de los
intereses británicos en la región. Llegan al extremo de afirmar que el Brasil era el representante del
capital ingles en la zona del Río de la Plata y para sostener esta afirmación, las autoras citan el
empréstito inglés como el elemento clave para que los aliados pudieran emprender la lucha armada
contra el Paraguay.
En el caso del libro Historia y conciencia del Brasil (1999) de Gilberto Cotrim, la guerra es
enfocada desde la perspectiva económica, pues el autor sostiene ―Acima de quaisquer motivos
políticos ou reivindicações territoriais, o que verdadeiramente alimentou a Guerra do Paraguai
foram questões de natureza econômica‖ (Cotrim, 1999, p. 211). Estos intereses, mencionados por el
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autor, son los de ―Abrir o Paraguai ao ‗comércio do mundo‘ e explorar seus produtos tropicais‖
(Cotrim, 1999, p. 211). A partir de estas líneas, se puede observar que es el modelo económico del
Paraguay el factor decisivo para el estallido de la guerra, y al igual que el texto anterior, el capital
inglés tiene un rol importante en el entramado político del Río de la Plata en el período histórico
estudiado, porque a pesar de no afirmar explícitamente la participación inglesa, Cotrim sostiene que
―financiou com todo o empenho‖ os países da Tríplice Aliança, quando estes ―decidiram lutar
contra o Paraguai‖ (Cotrim, 1999, p. 209). Aunque el autor no quiera afirmar el protagonismo
inglés en el conflicto; al otorgar primacía al factor económico por encima de las cuestiones
territoriales o políticas, le está otorgando al país europeo una posición central en el estallido de la
guerra.
En cuanto al acontecimiento que dio inicio a la guerra, para Cotrim fue el apresamiento del
buque Marqués de Olinda por parte del gobierno paraguayo, en noviembre de 1864 como medida
adoptada ante la situación vigente en el Uruguay. Cotrim afirma que ―para o Brasil, o episódio que
deu início ao conflito foi o aprisionamento, pelo governo paraguaio, em novembro de 1864, do
navio brasileiro Marquês de Olinda, que navegava próximo a Assunção, com destino à província de
Mato Grosso‖ (Cotrim, 1999, p. 210). Sobre el mismo episodio, Cotrim sostiene en el libro que para
el Paraguay la toma del Marqués de Olinda fue ―contra a invasão brasileira [no] Uruguai e a
deposição do presidente Aguirre, que era apoiado por Solano López‖ (Cotrim, 1999, p. 210).
Los tres textos analizados se caracterizan por responder a los parámetros de la historiografía
revisionista, en la que aparece Gran Bretaña como la principal culpable del estallido de la guerra;
mientras que Brasil y Argentina son los elementos utilizados por el capital inglés para entrometerse
en las cuestiones políticas del Río de la Plata. En el caso de Paraguay, esta Nación aparece como la
víctima de la expansión económica inglesa en la región del Plata. El exitoso modelo paraguayo
desarrollado por los primeros gobiernos nacionales tras lograr la independencia fue la causa de su
destrucción.
En la obra de Nadai y Neves, se puede ver que el tratamiento otorgado a las figuras
protagonistas de la guerra se desliga de la clásica visión que enaltece a las figuras militares, en
especial, los jefes, y hace hincapié en la burguesía mercantil de los países beligerantes, en especial
de Buenos Aires, que, según las autoras, ―teria dado apoio às ações britânicas com o objetivo de
―enriquecer e de assumir o controle político de seu país‖ (Nadai y Neves, 1997, p. 226).
Giberto Cotrim, por su parte, hace un esbozo breve de los tres mandatarios que marcaron la
vida política de Paraguay en el período 1811 y 1870, ―Francia, Carlos López e Solano López e aos
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papéis desempenhados pelos mesmos na construção de um país soberano e livre das influências
capitalistas internacionais‖ (Cotrim, 1999, p. 209).
Por su parte, el texto escolar de Pellegrino, Dias y Grinberg ―Vontade de saber História‖
editado en el 2015, es un reciente material escolar que presenta la guerra dentro del análisis de los
conflictos regionales, observados en prácticamente toda Latinoamérica, y en el contexto de la
expansión económica movida por el capitalismo resultante de la Segunda Revolución Industrial. De
acuerdo al texto, la región del Río de la Plata era una zona estratégica ―pois seus rios eram
utilizados por vários países da região para a navegação e isso provocava conflitos entre esses países
pelo controle da área‖ (Pellegrino, Dias y Grinberg, 2015, p. 242).
En el libro se puede observar que la inestabilidad en el Uruguay, polarizado entre los
Blancos y Colorados, arrastró a los demás países a los estragos de la guerra. Para los autores, ―a
intervenção do governo brasileiro na política uruguaia contrariava os interesses do presidente do
Paraguai, Solano López, a partir disso, ele teria ordenado a apreensão do navio brasileiro Marquês
de Olinda‖ (Pellegrino, Dias y Grinberg, 2015, p. 243).
En ninguna parte de este material se hace referencia al imperialismo inglés como el factor
preponderante para el estallido de la guerra, con lo cual se rompe el esquema de los otros textos
analizados. Por lo tanto, no se encuadra dentro de la historiografía memorialístico-militar-
nacionalista, ni del revisionismo, por lo que el texto puede encuadrarse dentro de los parámetros de
la escuela neo-revisionista, al tratar de explicar la guerra desde teorías más contemporáneas y al
destacar los problemas regionales dentro de la órbita de la economía mundial, una interpretación
que rompe el esquema tradicional.
En lo referente al tratamiento de los protagonistas del conflicto, Pellegrini, Dias y Grinberg
trazan una narrativa centrada en los sujetos colectivos, como las mujeres y la población de color,
como se observa en el libro al referirse que ―Considerada o maior conflito externo brasileiro, a
Guerra do Paraguai contou com a participação de homens e mulheres‖ (Pellegrini, Dias y Grinberg,
2015, p. 242). Cabe resaltar que en el texto se puede apreciar una parte titulada ―As mulheres
participaram ativamente da Guerra do Paraguai. Entre elas havia mães, esposas, comerciantes e
escravas, que muitas vezes pegaram em armas para socorrer os feridos durante as batalhas‖
(Pellegrini, Dias y Grinberg, 2015, p. 244), lo cual demuestra el enfoque otorgado al texto escolar.
Otro título interesante es el referente a los Voluntarios de la Patria, en la que se afirma:
Pessoas de diferentes setores da sociedade foram convocadas, sendo que a maior parte dos
soldados era de origem negra ou mestiça. Muitos escravos foram alforriados para lutar na guerra e,
em troca, seus proprietários receberiam uma indenização do governo brasileiro. Além disso,
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muitos escravos fugidos se alistavam nas tropas, pois havia a promessa de que, se fossem aceitos
pelo Exército Brasileiro, se tornariam homens livres. (Pellegrini, Dias y Grinberg, 2015, p. 243).
En el texto escolar de Pellegrini, Dias y Grinberg, se puede ver que los militares brasileños
aparecen como un factor decisivo de la política brasileña de la postguerra, tras el prestigio ganado
en la guerra, ―tiveram, nas décadas seguintes, importante papel no processo de transição política do
regime monárquico para o regime republicano‖ (Pellegrini, Dias y Grinberg, 2015, p. 244). El
discurso está centrado en crear una historia basada en la importancia de los grupos sociales y no en
las figuras políticas y militares.
La obra de Pellegrini, Dias y Grinber es el texto más nuevo y se caracteriza por plantear la
Guerra contra la Triple Alianza dentro del análisis del proceso de afianzamiento de la identidad
brasileña, forjada a partir de la creación de un enemigo externo, en este caso, el Paraguay. Con esto,
se puede observar que la identidad brasileña es planteada por el texto como una problemática a
analizar y no como un simple dato histórico. Esta perspectiva puede permitir al alumno que
reflexione sobre temas poco estudiados dentro de la asignatura de Historia, tópicos que pueden
ayudar a desarrollar el pensamiento crítico y tolerante.
La visión argentina sobre la guerra
En cuanto a la producción argentina referente a textos escolares, son varios los libros
utilizados en la educación secundaria que hacen referencia a la guerra contra el Paraguay, pero al
igual que los textos uruguayos, la Guerra contra la Triple Alianza está inserta dentro del apartado
correspondiente a las guerras civiles, entre Federales y Unitarios, que fueron configurando el Estado
– Nación argentino.
Entre los materiales analizados, se encuentra “Historia. El Mundo contemporáneo y la
Argentina (siglos XIX y XX)”, de Carroza, Cattaruzza, Denkberg y Privitellio, publicado en el 2003,
que engloba la guerra dentro de los conflictos internos sufridos por la Argentina durante gran parte
del siglo XIX. El apartado correspondiente a la guerra aparece con el título de ―Las fronteras
interiores y las fronteras exteriores‖, lo que a entender que este acontecimiento regional fue una
extensión de las luchas locales. En las páginas del mencionado libro se puede leer:
El Ejército nacional fue sometido a una dura prueba en ocasión de la Guerra del Paraguay (1865
a 1870), que nuestro país libró en alianza con el Brasil y Uruguay. Los problemas limítrofes, la
voluntad del presidente paraguayo de desempeñar un papel importante en la política rioplatense
y el interés que tenían la Argentina y Brasil en abrir el mercado paraguayo al comercio con el
exterior son algunas de las principales causas del enfrentamiento. La guerra que terminó con la
114
derrota del Paraguay provocó el aumento del número de soldados y la profesionalización de sus
oficiales (Carozza y otros, 2003, p. 38).
La interpretación de los autores del texto escolar se encuadra dentro de los lineamientos
academicistas actuales, que tratan de explicar la guerra como parte del proceso de construcción de
los Estados Nacionales dentro de la región del Río de la Plata y ―por ende la redefinición de los
intereses geopolíticos de los países de la cuenca del Plata, obviando las explicaciones de carácter
revisionista, también minimiza la importancia del conflicto en el proceso de conformación de la
Argentina ni tampoco menciona las ventajas territoriales que se lograron como consecuencia de la
guerra‖ (Bel, 2015, p. 144).
Otro texto analizado es el de Vilma Paura, “De las guerras civiles a la consolidación del
Estado nacional argentino (1820–1880)”, editado en el 2005, que al igual que el libro
anteriormente citado, incluye la Guerra contra la Triple Alianza dentro de las luchas civiles
argentinas. Bajo el título de “Las resistencias federales al proceso de organización nacional”, la
autora afirma que:
Las principales causas de este enfrentamiento fueron dos. El Paraguay había llevado a cabo un
proceso modernizador fomentando la industria y limitando al máximo el intercambio con el
exterior; el comercio inglés veía frustradas sus miras de acceder a ese mercado y, por tanto,
apoyaba cualquier medida que llevara a la apertura de la economía paraguaya. Por otra parte, el
Imperio del Brasil buscaba extender su dominio hasta la región del Río de la Plata. El detonante
fue la participación del Paraguay y el Brasil en la guerra civil uruguaya. (Paura, 2005, p. 41).
En ambos textos, el tratamiento dado a la guerra no es extenso, pues en forma sintética,
describe las acciones políticas y diplomáticas realizadas por el gobierno argentino en los inicios de
la contienda bélica. A diferencia de los textos paraguayos, no se encuentran datos referentes al
desarrollo de la guerra ni las consecuencias del mismo, aunque el texto va acompañado de una
pintura de Cándido López, en el caso del libro de Carozza, y fotografías referentes al conflicto en el
texto de Paura.
Otro texto escolar utilizado en la Argentina es el de Rizzi, Raiter, Browarnik y Mantiñan,
“Una historia para pensar: la Argentina en el largo siglo XIX”, publicado en el año 2009, el cual
aborda de una manera más extensa e inclusive problematizadora la Guerra contra la Triple Alianza,
pero a diferencia de los dos textos anteriores, analiza el conflicto junto a la Guerra del Pacífico, lo
que da a entender que la guerra contra el Paraguay fue producto de la lucha por la demarcación
territorial en Sudamérica. Al inicio del texto, las autoras explican la política llevada por los
presidentes paraguayos desde su independencia, desde Gaspar Rodríguez de Francia hasta los
gobiernos de los López que permitió el desarrollo de una economía autosuficiente:
115
El Estado asumió el monopolio de la explotación y comercialización del tabaco y de la yerba
mate e impulsó la producción de bienes manufacturados (fábricas textiles, de armamentos y
astilleros), sin recurrir a préstamos extranjeros. La introducción del telégrafo y el ferrocarril
mejoró las comunicaciones. También incentivó la educación pública, mediante la construcción
de escuelas y la presencia de maestros europeos. Francisco Solano López continuó esta política y
aumentó la capacidad militar del país. Este desarrollo del Paraguay se oponía a los intereses
británicos, que pretendían la inserción de los países de América Latina en el nuevo orden
internacional como productores de materias primas. Además, la política paraguaya de
intervención en la cuenca del Plata para lograr una salida al mar para su producción generaba
rivalidades con los otros países de la región —el Brasil, la Argentina y Uruguay—, que estaban
consolidando sus vínculos con el mercado exterior. (Rizzi y otras, 2009, p. 244).
La explicación dada por las autoras sobre el modelo paraguayo coincide con la postura de
varios textos brasileños y uruguayos que consideraron que el desarrollo autónomo del Paraguay fue
una causa de la guerra. Otro aspecto interesante del libro de Rizzi y demás colaboradoras es la
problemática que plantean al sostener que la intervención paraguaya en la política rioplatense se dio
con el propósito de instalarse como una potencia regional, con el objetivo de garantizar su salida al
mar y ser el artífice del equilibrio de poderes en el Río de la Plata.
En el texto, las autoras sostienen que el detonante de la guerra fue la crisis uruguaya, en la
que colorados y blancos se disputaban el poder. La injerencia argentina en el conflicto y la invasión
brasileña al territorio uruguayo convirtieron este problema local en regional. A diferencia de los
otros textos argentinos analizados, este material hace alusión a las consecuencias de la guerra la
mencionar que:
La guerra dejó a Paraguay con su economía arrasada y su población diezmada. El 90 % de la
población masculina murió y los que sobrevivieron eran en su mayoría niños o ancianos. Por
primera vez, este país pidió un préstamo a la banca britá- nica y, por lo tanto, quedó incluido en
el nuevo orden internacional. Además, perdió porciones de su territorio a favor de la Argentina y
el Brasil. Los países aliados, si bien lograron ventajas territoriales y el control de la cuenca del
Plata, sufrieron considerables pérdidas humanas y acrecentaron su deuda externa debido a los
gastos militares del período (Rizzi y otras, 2009, p. 244).
Al leer el libro de Rizzi y sus colaboradoras, se puede deducir que este material está
encuadrado dentro de la escuela revisionista, en la cual el principal culpable del estallido de la
guerra fue Gran Bretaña, que a través de la expansión de sus intereses en la región del Plata provocó
el inicio de la Guerra contra la Triple Alianza.
En lo referente al tratamiento de los protagonistas del conflicto, todos los textos analizados
se centran en las figuras colectivas, y no tanto en las figuras militares, a excepción de Francisco
Solano López, mandatario paraguayo, y los líderes argentinos Justo José de Urquiza, Bartolomé
116
Mitre y Domingo Sarmiento. Sin duda alguna, los textos escolares argentinos buscan alejarse del
discurso memorialista-nacionalista, pero a pesar de los cambios que intentan realizar, se observan
aún ciertos elementos del paradigma historiográfico mencionado anteriormente, pues la
construcción de la historia argentina todavía se sigue moviendo bajos los lineamientos del
nacionalismo.
La posición uruguaya sobre la guerra en los textos escolares
En el caso uruguayo, la Guerra del Paraguay no es un tema muy abordado, pues son pocas
las páginas destinadas para la presentación y análisis de un tema tan controvertido para la región,
por los impactos que provocó en las cuatro naciones beligerantes.
Para el análisis de este trabajo nos centramos en el texto “Encuentro con la Historia”, de
Amejeiras, M. y Siniscalco, C., publicado en el 2008, “Comprender América”, de Guidece y Moya,
editado en el 2001, “Libro de Ciencias Sociales‖, de Míguez, S., Peña M. y Pereira, A., publicado
en 2010, y el texto ―Historia. Mundo, América, América Latina y Uruguay 1850-2000‖, de Lucila
Artagaveytia y Cristina Barbero.
En los mencionados textos, la guerra es analizada en media carilla de una página, lo que no
permite un análisis muy extenso. Esta característica se debe a que es ―predominante la afirmación
de que el gobierno uruguayo se involucró en la guerra debido a que el presidente Venancio Flores
debía importantes favores a los gobiernos del imperio brasileño y de la Argentina en su lucha contra
el gobierno de los blancos‖ (Bel, 2015, p. 141).
En los dos textos escolares se puede ver que la interpretación dominante de la guerra es que
la participación uruguaya fue indeseada, ya que prácticamente fueron obligados a ir al frente. En los
relatos de ambos libros, se destaca que el gobierno uruguayo participó en esta guerra regional como
consecuencia de la lucha entre Blancos y Colorados; así como la injerencia brasileña y argentina
sobre la política interna del Uruguay, que provocó la inestabilidad regional que desembocó en la
guerra. Así se explica que ―El gobierno de Venancio Flores transcurrió de 1865 a 1868. Estuvo
condicionado por la guerra del Paraguay, en la que tuvo que participar Uruguay por deberle Flores
apoyo a Brasil y Argentina. El conflicto duró cinco años‖ (Míguez y otras, 2010, p. 210).
La idea de que Uruguay fue obligado a participar en la contienda se puede leer en el texto
escolar de Amejeiras, M. y Siniscalco, C. Encuentro con la Historia, editado en el 2008, donde se
afirma que, ―En 1865, Uruguay integró la Triple Alianza junto a Brasil y Argentina. Venancio
Flores que gobernaba nuestro país, había sido ayudado por estos países a ganar la revolución contra
117
el presidente Berro. Este hecho lo había obligado a entrar en una guerra en la que el Uruguay no
tenía ningún interés directo‖ (Amejeiras y Siniscalco, 2008, p. 57).
En la presentación que hace el texto escolar, no se hace ninguna mención a los pormenores
políticos y diplomáticos que sirven de base para comprender el proceso histórico que arrastró a las
cuatro naciones a un conflicto bélico. De esta manera, es difícil comprender el papel jugado por el
Uruguay en ese período histórico, en medio de las pretensiones porteñas, las ambiciones brasileñas
y los intereses paraguayos.
En el texto se puede ver la referencia que se hace al desarrollo económico del Paraguay, un
modelo exitoso que buscó modernizar al país e insertarlo en el mercado internacional, pero, al
mismo tiempo, esta política económica provocó su aislamiento político. ―Hasta 1865 Paraguay
mostró una creciente capacidad de producción económica interna, funcionando como un país
autosuficiente‖ (Giudice y otros, 2001, p. 157). Esa misma idea se puede leer en el texto de
Amejeiras y Siniscalco, al sostener que: ―El Paraguay se había mantenido prácticamente aislado de
los conflictos rioplatenses desde los comienzos de la revolución en el Río de la Plata en 1810. Bajo
los gobiernos de Gaspar Rodríguez de Francia (1814–1840), y particularmente el de Carlos Antonio
López (1849–1862), el país alcanzó un importante desarrollo económico sin solicitar ayuda a
extranjeros‖ (Amejeiras y Siniscalco, 2008, p. 57).
En las pocas páginas dedicadas a la guerra, se puede ver el énfasis otorgado a las secuelas de
la guerra en el Paraguay y la destrucción provocada por la acción militar de los aliados, que durante
cinco años de lucha arrasaron el país y destruyeron el modelo político, social y económico
paraguayo forjado desde 1811. En ―Encuentro con la Historia‖, de Amejeiras, M. y Siniscalco, se
puede leer:
La guerra duró cinco años (1865–1870), y finalizó con la muerte del presidente Francisco Solano
López. El Paraguay perdió más de la mitad de su población (casi la totalidad de la población
masculina). Se desmantelaron las fábricas, los astilleros y los hornos de fundición. Se fijaron las
fronteras de acuerdo a la voluntad de los vencedores. Paraguay quedó obligado a pagar una
multimillonaria deuda de guerra a los vencedores. El Paraguay fue arrasado. (Amejeiras y
Siniscalco, 2008, p. 57)
Por su parte, el texto, “Libro de Ciencias Sociales‖, de Míguez, S., Peña M. y Pereira, A
sobre el mismo punto, afirma que:
Al finalizar la guerra la mayor parte de la población paraguaya fue masacrada, sobre todos los
hombres jóvenes. Esto tendrá importantes consecuencias negativas en la natalidad, pues en
Paraguay prácticamente sólo quedaron vivos los niños, las mujeres y los ancianos. Incluso en las
últimas etapas de la guerra participaron niñas y niños. (Míguez y otras, 2010, p. 210).
118
Para profundizar aún más lo que van explayando en el texto escolar, las autoras del último
material mencionado se apoyan en datos demográficos de los países beligerantes, además, apoyan el
escrito con fotografías y un mapa del Paraguay. De acuerdo con lo observado en el material de
lectura, el dato presentado por las autoras es erróneo, pues mencionan que la población de la época
era de 1.300.000 habitantes, cifra muy exorbitante para una población que no llegaba ni a la mitad
de lo que las autoras mencionan en su texto.
Un dato interesante que se puede ver en los textos analizados es que ninguno de los
materiales hace alusión a la culpabilidad del Mcal. Francisco Solano López, todos coinciden en
otorgar la responsabilidad de la guerra a los gobiernos brasileño y argentino, así como tampoco
culpan al gobierno uruguayo de ser partícipe de la conflagración.
Al fin de cuentas, es evidente que las tropas uruguayas de Venancio Flores fueron enviadas a esa
guerra más por compromiso político que por convicción, como una devolución de favores del
gobierno colorado de Venancio Flores a los gobiernos de Brasil y Argentina que lo habían
apoyado para derrocar al gobierno blanco, en una guerra donde la nación uruguaya no podría
ganar nada desde lo económico ni tampoco desde lo político (Bel, 2015, p. 143-144).
Básicamente, los textos escolares uruguayos presentan la Guerra del Paraguay como una
continuación de la guerra civil entre Blancos y Colorados. En el texto de ―Historia. Mundo,
América, América Latina y Uruguay 1850-2000‖, de Lucila Artagaveytia y Cristina Barbero, se
puede leer que ―Luego de la caída de Paysandú, Montevideo fue sitiada por tierra y por mar. El 20
de febrero de 1865, el general Venancio Flores entró a la capital y, aunque prometió elecciones a
corto plazo, bajo el título de gobernador provisorio ejerció el poder de facto. Por otra parte, sus
compromisos con Brasil y Argentina, por la ayuda que le habían prestado, arrastraron al Uruguay a
la Guerra de la Triple Alianza contra el Paraguay‖ (Artagaveytia y Barbero, s.a., p. 90).
Los textos escolares uruguayos enfatizan mucho que la Guerra contra la Triple Alianza se da
como una continuación de los conflictos internos del Uruguay, desde la Guerra Grande uruguaya,
sucedida entre 1839 y 1851, hasta la Guerra Civil entre los Blancos y Colorados, acaecida entre
1864 y 1865.
En ese sentido, los textos escolares analizan el conflicto desde una visión revisionista y este
abordaje presenta al Paraguay como una Nación con un desarrollo autónomo, exitoso, víctima de la
injerencia política y económica del imperio británico en la región del Plata. Sobre este punto, Bel
sostiene que ―la pervivencia de esas interpretaciones, hoy en día cuestionadas desde la investigación
científica actual, quizás se fundamente en la prolongada tradición revisionista que la historiografía
uruguaya ha sostenido sobre esta problemática‖ (Bel, 2015, p. 143).
119
En lo referente al tratamiento de los protagonistas del conflicto, todos los textos analizados
se centran en las figuras colectivas, y no tanto en las figuras militares, a excepción de Francisco
Solano López, mandatario paraguayo, y Venancio Flores, caudillo uruguayo que se apoderó del
poder en 1865 y llevó al Uruguay a formar parte de la tríplice.
Sin duda, en la elaboración de los textos escolares, el Nacionalismo juega un papel
importante, al otorgar preponderancia a las élites locales en la construcción del relato y prestar poca
atención al escenario regional, lo cual permite tener un análisis más profundo del contexto histórico
que desembocó en la guerra. Otro aspecto interesante para resaltar es lo que Bal menciona en su
trabajo, ―las dificultades éticas y políticas del abordaje de un conflicto fratricida donde los
gobiernos y los estados argentino y uruguayo no pueden obviar su responsabilidad en la masacre
sufrida por la nación guaraní‖ (Bel, 2015, p. 146).
En los textos escolares uruguayos sobresale el relato de que el Paraguay era un país con un
desarrollo económico y social significativo a partir de su política de autonomía y control estatal de
la economía, situación que propiciaría la intervención británica, a través de la acción de Brasil y
Argentina, países ya subordinados a esta lógica capitalista, que fueron manipulados para destruir el
modelo de desarrollo paraguayo.
Conclusión
En cuanto al tratamiento otorgado por los textos escolares de las cuatro naciones analizadas,
es interesante observar que existen ciertas similitudes entre las versiones ofrecidas, así comas las
diferencias, que abarcan desde el enfoque hasta la interpretación dada al tema. En el caso
paraguayo, la herida provocada por la guerra sigue abierta y esto es palpable en los textos escolares,
pues prácticamente todos los libros otorgan varias páginas a la guerra, donde se detallas las causas,
el desarrollo y las consecuencias del conflicto, pero desde una mirada memorialistico-nacionalista,
dando realce al heroísmo paraguayo y la causa nacional en oposición a los intereses de los aliados.
La denominación dada por los textos paraguayos es una alusión clara y directa de lo que representa
la guerra para el país, al denominar Guerra contra la Triple Alianza, se está afirman que la guerra
fue contra nuestro país.
En los textos brasileños, la guerra es consecuencia de los intereses ingleses en la región del
Río de la Plata. El Brasil y la Argentina fueron una especie de títeres de los intereses en la región y
los textos escolares dejan en claro ese esa argumentación. De esta manera, los libros escolares
120
buscan sentar la idea de que el Brasil no tuvo la culpa de la guerra, sino que fue al conflicto
empujado por los vínculos que tenía con los ingleses en ese momento.
Desde la perspectiva argentina, la Guerra del Paraguay aparece solo escasamente
mencionada y en artículos que no la tienen en el centro de su análisis. Al igual que la versión
brasileña, los textos argentinos mencionan los intereses ingleses como la principal causa del
estallido de la guerra, y de esa manera, buscan deslindar responsabilidades al gobierno argentino
sobre esta conflagración regional.
Los textos uruguayos, por su parte, exponen la idea de que la Guerra del Paraguay o Guerra
de la Triple Alianza fue una continuación de las diferentes guerras civiles que vivió el pueblo
uruguayo. Al igual que los brasileños y argentinos sostienen que los intereses británicos jugaron un
rol importante en el estallido de la guerra, pero a diferencia de los demás países mencionados, los
libros uruguayos afirman que ellos fueron obligados a formar parte de la tríplice, con lo que
también buscaron deslindar responsabilidades en el conflicto.
En los textos escolares de los cuatro países se puede visualizar la pervivencia de ciertos
estereotipos históricos como: mitos, discursos y nacionalismos, que se reproducen en los textos
escolares, lo cual genera que ciertas ideas perduren a través de los años, a pesar de la aparición de
varias escuelas historiográficas que influenciaron en la percepción de este acontecimiento que
marcó la historia de los cuatro países.
Es evidente que los nuevos abordajes historiográficos sobre la Guerra del Paraguay todavía
no han logrado cambiar las representaciones que se construyen en los manuales escolares. Todavía
es muy grande el abismo entre los nuevos avances historiográficos sobre la Guerra de la Triple
Alianza y las representaciones sociales que sostiene gran parte de la sociedad de los países
beligerantes.
Los libros de texto actuales tienen que adecuarse a lo que los alumnos del siglo XXI deben
aprender, es decir, han de tratar contenidos relacionados con las necesidades de la sociedad y, al
mismo tiempo, ser una herramienta útil para formar ciudadanos críticos con conocimientos
históricos y sociales que les permitan interpretar su mundo y participar en él y, a la vez,
comprenderlo, criticarlo y mejorarlo, teniendo consciencia de que existe una realidad cada vez más
global, diversa y plural en la que existen problemas comunes.
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123
La reivindicación de la figura del Mcal. Francisco Solano López (1870-1936)
Pedro R. Caballero C.78
Augusto Velázquez Belotto79
Resumen
En el presente artículo se analizará el proceso que llevó a la reivindicación de la figura del Mariscal
Francisco Solano López. Para lograr la reivindicación de la figura de López pasó por tres etapas. La
primera, la de condenación, que comenzó el 17 de agosto de 1870, cuando el gobierno provisorio lo
declaró culpable de la guerra y procedió a confiscar sus bienes y los de sus familiares. Esta etapa
abarca hasta 1902, año en que se produce un debate público a través de los periódicos de la época,
entre Juan E O‘Leary y Cecilio Báez, este período va hasta 1936 y es el de confrontación, proceso
en que se observa la lucha entre dos visiones históricas sobre el pasado nacional y la figura del
Mcal. López. La última etapa es la de la reivindicación, cuando finalmente el gobierno provisorio
del Cnel. Rafael Franco (1936-1937) erige al Mcal. López a la categoría de héroe máximo de la
nación paraguaya.
Palabras claves: Mcal. López, historia, reivindicación, héroe máximo.
Introducción
La figura del Mcal. Francisco Solano López es la más controvertida de la historia paraguaya
y su memoria va indisolublemente ligada a la Guerra contra la Triple Alianza. El Mariscal fue
proscripto y puesto fuera de la ley por los primeros gobiernos paraguayos instaurados durante y
después de la guerra. Durante décadas fue condenado y su proceso de reivindicación llevó varias
etapas.
La laboriosa instauración de la figura heroica del Mcal. López llevó por varias etapas, desde
―desconocimiento‖ y la ―incomprensión‖ de los contemporáneos, a través de sucesivas
―revelaciones‖ hasta el triunfo definitivo de la ―verdad histórica‖ (Demasi: 2005). Precisamente, ese
fue el derrotero seguido por la figura del Mcal. Francisco Solano López, para convertirse de villano
a héroe en la historia nacional.
A fines del siglo XIX emergieron jóvenes intelectuales que iniciaron una campaña que ya
apuntaba a la reivindicación de las figuras más representativas del pasado. Pero éstos, de alguna
manera, carecían de las herramientas necesarias para lograr la reivindicación nacional, en esa
78
Facultad de Filosofía-Universidad Nacional de Asunción. Correo electrónico: [email protected] /
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búsqueda constante de la afirmación de la propia identidad. A partir de este momento, ya se inició
el abismo entre la historia sostenida por el Estado y la historia reivindicativa, que se ahondará aún
más en la década del 20‘ del siglo XX.
El Nacionalismo que emergió con fuerza, caracterizando y dominando los aspectos político
y cultural del siglo XX paraguayo, se mezcló con la figura del Mcal. Francisco Solano López,
confundiéndose mutuamente, dando origen también al Lopizmo. El nuevo régimen surgido a partir
de 1936 implantó un Nacionalismo que apuntó a despertar el orgullo nacional, un orgullo herido,
engendrado en la derrota de la Guerra Grande. Este despertar consistió en volver al pasado para
proyectarse en el futuro. De esta forma la ideología nacionalista utilizó a la Nación como
instrumento de concienciación histórica y política, y en ese proceso, fue clave la reivindicación de
la figura del Mcal. Francisco Solano López.
Primera etapa. La condenación de la figura del Mcal. López
La Guerra de la Triple Alianza significó el derrumbe del país. Con las fuerzas aliadas
también ingresaron a Asunción los jefes y oficiales legionarios; los cuales, influenciados por los
representantes aliados, sintieron la necesidad de conformar un gobierno provisorio para, de alguna
manera, reorganizar el país.
El Brasil fue el principal promotor de la formación de un gobierno ‗paraguayo‘ que
representara a la destruida nación ante las pretensiones de los Aliados. La verdadera razón del
gobierno brasileño para el establecimiento de un gobierno provisorio fue la de frenar toda tentativa
argentina de anexar el territorio chaqueño, que significaría, por un lado la expansión argentina en la
región, rodeando totalmente al Paraguay; y por otro, ampliar aún más sus fronteras con el Imperio
del Brasil. Por ello, la política de los conservadores brasileños consistió ―en reafirmar la existencia
del Paraguay como estado independiente y, al mismo tiempo, evitar que Argentina se apoderase de
todo el Chaco, como se había previsto en el Tratado de la Triple Alianza‖ (Doratioto: 2011,). Para
establecer esta política brasileña en el país, se procedió a la ocupación del territorio paraguayo,
como una forma de ‗garantizar la existencia como nación‘.
Luego de varias reuniones, se constituyó en el 15 de agosto de 1869 el Triunvirato, formado
por Cirilo A. Rivarola, José Díaz de Bedoya y Carlos Loizaga. La primera disposición tomada por
este nuevo Gobierno respaldado por las bayonetas enemigas fue la de decretar al Mariscal Francisco
Solano López ―fuera de la ley arrojado y para siempre del suelo paraguayo, como asesino de su
patria y enemigo del género humano‖ (García Mellid: 1964).
125
Para el gobierno establecido por los aliados, la figura del Mcal. López significó un
problema, más aún que López seguía vivo combatiendo a las fuerzas invasoras en los confines del
suelo paraguayo. En ese sentido, los triunviros firmaron el 17 de agosto un decreto ley que
reconocía a ―todos los habitantes del territorio como soberanos y liberados de la opresión del tirano
Francisco Solano López‖ (La Regeneración, 14 de octubre de 1869). En el mismo documento, en el
artículo 3º, el decreto mencionaba lo siguiente:
El ciudadano paraguayo que continua al servicio de la odiosa tiranía de Francisco Solano López,
dejando por voluntad propia de acudir a la defensa de la existencia de su Patria, y de la vida de
sus mujeres, ancianos y niños forzados a morir en la más espantosa miseria en los desiertos, será
considerado y punido con todo el rigor, considerado traidor de la Nación y enemigo de la
humanidad‖ (La Regeneración, 14 de octubre de 1869).
En el mismo decreto, declara al Mcal. Francisco Solano López ―desnaturalizado‖ y
establecía sea arrojado fuera del suelo patrio como asesino de su Patria y enemigo del género
humano. A su vez ordenaba el embargo de todos sus bienes, en cuya ejecución el gobierno incluyó
aquellos que le fueron legados por su padrino, Don Lázaro Rojas de Aranda.
El Congreso paraguayo, el 22 de Julio de 1871 promulgó la Ley por la cual se estipulaba que
quedaban aprobados todos los artículos del Decreto del 17 de agosto de 1869 y el del 04 de mayo de
1870, a fin de darle un marco de legalidad, atendiendo que varios de sus artículos, reñían con la
nueva constitución vigente.
El decreto de 1869 fue un anatema sobre la figura del Mcal. López que perduró por muchos
años. Por décadas el discurso oficial sobre López estuvo centrado en vilipendiarlo con apelativos
como traidor, asesino, verdugo de su pueblo, bárbaro y criminal. Los primeros intentos de rever las
leyes y los decretos en cuestión ocurrieron durante el amplio debate del año 1926, en
conmemoración del centenario del natalicio del Mariscal. La discusión se iniciaba en el seno de los
grupos de excombatientes y sectores del Gobierno y fracciones de distintos partidos políticos.
Durante las primeras décadas de la postguerra la oligarquía política paraguaya comenzó su
formación y en ese germen inicial de la política paraguaya, aparecieron los Lopiztas y antilopiztas.
El primer grupo estuvo conformado por ex becarios del gobierno de López y ex combatientes del
ejército paraguayo, mientras que el segundo grupo estuvo formado por los emigrados a Buenos
Aires durante el régimen Lopizta. La supervivencia del grupo identificado a López fue debido a la
confrontación política entre la Argentina y el Brasil. Para el Imperio del Brasil la supervivencia del
grupo denominado despectivamente ‗Lopizta‘ fue crucial para frenar la influencia de la Argentina, a
través de los legionarios, en el gobierno paraguayo.
126
La supervivencia del grupo denominado Lopizta no significó que fuera reivindicada la
figura del Mcal. López. Eso se debió a una cuestión estructural, la guerra, pues este acontecimiento
histórico dejó marcas indelebles en la historia y era imposible, tanto para gobiernos civiles como
militares, cualquier tentativa de restauración del Mcal. López.
El nuevo orden jurídico establecido en el país generó la inestabilidad entre los miembros de
la nueva oligarquía política, lo que dejó aún más sometido al país a los intereses de los países
vecinos. El fin del poder concentrado en la persona del Mcal. López causó abruptamente una
especie de vacío de poder, con muchos caudillos deseosos de monopolizarlo. Esta situación originó
que desde los primeros días después de la guerra, la revuelta armada sea considerada como el
mecanismo para llegar al poder.
La disputa entre las dos facciones llevó a la formación de los partidos políticos tradicionales
en 1887. El Centro Democrático, más tarde Partido Liberal, se abanderó como el defensor de la
Constitución de 1870 y, por ende, asumió la condición de antilopiztas. La ANR, por su parte, se
configuró a partir de una autoimagen de un cierto nacionalismo, estructurado a partir de la figura de
Bernardino Caballero. No se trataba aún de un nacionalismo lopizta, pues el antilopizmo liberal se
observaba en las propias filas del Partido Colorado, al menos eso se observa en los registros
oficiales y públicos. Pero la presencia de Bernardino Caballero tenía la fuerza de imprimir una
tonalidad épica al partido. La identificación del caballerismo con el lopizmo recién se logró con la
publicación de la obra ‗El Centauro de Ybycuí‘ en 1929, a través de una curiosa construcción, de
que el Mariscal López, en sus días finales en Cerro Corá, habría pasado a Caballero la tarea y la
responsabilidad de la reconstrucción de la nación.
Con todo, para construir una nación liberal diferente al Lopizta era también necesario alterar
la moral del pueblo, vista por las nuevas autoridades como ‗degenerada‘ por el secular despotismo
de los regímenes anteriores. La dicotomía entre barbarie y civilización llevó a la instauración de las
ideas de regeneración y reconstrucción. Cabe mencionar que el Triunvirato en un manifiesto del 10
de setiembre de 1869 ya hacía alusión a la necesidad de ‗regenerar el pueblo‘. En el Manifiesto del
Gobierno Provisorio de la mencionada fecha, sostienen la necesidad de emprender una ardua tarea
en la preparación de los elementos para la organización de la nacionalidad paraguaya, de la
condenación de los tiranos López y de la tiranía; así como sostener que el Paraguay fue hasta ese
momento una tierra clásica de tiranía.
La tiranía del país, ya en su agonía, escupe todavía a la faz de la civilización, devolviéndole en la
condición más mísera y abyecta, los restos truncados del heroico pueblo cuyo valor, virtud,
abnegación merecen el respeto universal. ¿Puede inculparse al pueblo paraguayo de todos estos
127
crímenes? ¡No! El Gobierno Provisorio, primera autoridad del país constituida en condiciones
de civilización, de derecho y de moral, levanta su voz para protestar por tamaña injusticia. No
nunca. La víctima jamás fue cómplice del verdugo: éste es un hecho que repugna a la razón y la
historia no presenta un ejemplo semejante. Pero, es preciso que el pueblo paraguayo sea
regenerado para que otra vez no caiga en la esclavitud. Es preciso hacer por medio de la
instrucción pública y liberales instituciones, imposible la creación y elevación de un tirano
(Esteves: 1920).
Para la élite política regenerar al pueblo fue una tarea de suma importancia y para ello, la
educación se volvió un escenario ideal para inculcar el gusto por la libertad recién conquistada en
los campos de batalla, con la idea de que no sugiera una nueva tiranía. Con la creación de
establecimientos educativos emblemáticos como el Colegio Nacional de la Capital y la Universidad
Nacional de Asunción, se buscó inculcar en la población paraguaya la ideología liberal con las
premisas de progreso y civilización.
Para construir la nación civilizada y antilopizta, los valores de la ideología liberal platina de
la época, notoriamente argentina, dieron el norte. Entre los valores, traducidos en prácticas
cotidianas, el que más directamente golpeó a la población sobreviviente a la guerra fue el desprecio
al guaraní, lengua hablada por la mayoría de la población paraguaya, considerada a partir de ahí
como prueba del atraso cultural y propio del lopizmo.
La regeneración del pueblo se daría no solo por la instrucción pública y la prohibición del
guaraní, había que sumarle otro elemento: el inmigrante. Al respecto, un artículo de La Reforma,
titulado ‗Cuestiones políticas y económicas‘, de 1877, sostenía que:
[…] la fisionomía moral del pueblo no es tan fácil de mudar. Era necesario que el elemento
extranjero estuviera en mayor número para que pudiera operar el fenómeno de la transformación
de nuestro pueblo, tradicionalmente indolente por más que se diga lo contrario, donde los
hombres de la campaña son muy poco afecto al trabajo y prefieren en su mayor parte la vida
haragana y vagabunda (La Reforma, p. 7).
De esta manera, la instrucción pública y la inmigración fueron los hechos de una política de
‗regenerar el pueblo‘, práctica heredada particularmente de los viejos ex emigrados de Buenos
Aires. El propio Luciano Recalde, secretario de la Asociación Paraguaya, expresó el 22 de
diciembre de 1864, que, una vez liberado el país en los campos de batalla, ―se debería fundar una
patria e incluso la población, pues el pueblo que existió en el Paraguay era una masa dócil que
obedecía los caprichos de un malvado‖ (García Mellid: 1964).
128
Segunda etapa. La confrontación de visiones sobre el Mcal. López
La primera confrontación sobre el pasado nacional, la guerra y la figura del Mcal. López se
dio entre Blas Garay y Manuel Gondra, un debate poco valorado, pero que sentó las bases para las
discusiones posteriores sobre la historia paraguaya, perfilándose a partir de ahí la existencia de dos
formas de interpretar el pasado, una versión oficial y una no oficial. Blas Garay fue el primer gran
revisionista de la historia nacional. Sus ensayos sirvieron de base para estructurar el nacionalismo
lopizta, que fue lentamente instituyéndose entre los intelectuales y militares.
El Novecentismo prácticamente inició el estudio del pasado nacional, correspondiendo a
dichos escritores la primera lectura de la Guerra contra la Triple Alianza. Esta generación estuvo
conformada por intelectuales de la talla de Cecilio Báez, Blas Manuel Garay, Manuel Gondra,
Fulgencio Ricardo Moreno, Ignacio A. Pane, Juan Emiliano O‘Leary, José de la Cruz Ayala,
Manuel Domínguez, entre otros. Precisamente, el Dr. Cecilio Báez fue el primero que articuló una
lectura del pasado patrio, esbozando un juicio severo sobre los gobiernos anteriores a la Guerra
contra la Triple Alianza y el conflicto armado mismo, concluyendo que los largos años de tiranía en
el Paraguay provocaron su ruina. Básicamente, este juicio lapidario de Báez se resume en tres
obras: La Tiranía en el Paraguay (1904), Cuadros Históricos y descriptivos del Paraguay (1907) y
Resumen de Historia del Paraguay (1910). En contraposición a las obras de Báez, emergieron los
periódicos La Patria y el Tiempo, donde Enrique Solano López, en el primero, y O‘leary,
Domínguez y Pane, en el segundo, estructuraron una lectura alternativa del pasado nacional en
oposición a la tesis desarrollada por el Dr. Cecilio Báez.
En lo referente al Paraguay, el Nacionalismo emergió con fuerza, caracterizando y
dominando los aspectos político-culturales del siglo XX paraguayo, se mezcló con la figura del
Mcal. Francisco Solano López, y se confundieron mutuamente y dieron origen también al lopismo.
Luego, en la década de 1920, el movimiento historiográfico inició la campaña de la
reivindicación del Mcal. López. En dicha década se recordaba dos grandes acontecimientos: el
Centenario del natalicio del Mcal. Francisco Solano López y el cincuentenario de la finalización de
la Guerra contra la Triple Alianza. La Comisión Nacional de Celebración del Centenario elevó la
solicitud de derogación del decreto del 17 de agosto de 1869, mencionado anteriormente. Además
de ello, el proyecto del 31 de agosto de 1926 estipuló que queden anulados no sólo el decreto que
pesaba sobre el Mariscal López, sino también todos aquellos decretos emitidos por el gobierno de
Francisco Solano López en los cuáles se tildaban de traidores a varios ciudadanos, civiles y
militares, nacionales. De esta forma se buscaba la nulidad absoluta de los documentos antilopiztas y
lopiztas. Pero la misma no tuvo eco en el Poder Legislativo y fue rechazado.
129
De cualquier manera, el Paraguay fue sacudido por la lucha entre lopistas y antilopiztas, en
vísperas y durante el año 1926. Se agudizó la tensión dialéctica entre la reivindicación o execración
del héroe. Al respecto, el diario ―La Patria‖ expresaba lo siguiente:
Ahora, el sentir nacionalista ha despertado por completo y la hora de reivindicación definitiva ha
sonado. Y con ella ha llegado el momento de que el Poder Legislativo, levante este oprobio que
la raza maldita en su afanoso empeño de menoscabar la memoria ciclópea del Mariscal López,
puso sobre ella, excluyendo de la ley precisamente al más grande de nuestros mayores, el que en
cinco años de martirologio mantuvo con fuerza indoblegable de su voluntad férrea, de su valor
espartano y de su decisión admirable, la defensa de la patria… (La Patria, 13 de julio de 1926).
En cuanto a la producción historiográfica de la década del 20‘se destacan las obras de
Manuel Domínguez, ―El Alma de la Raza (1918)‖, ―El Patriota y el Traidor (1920)‖, ―El Paraguay,
sus grandezas y sus glorias (1920)‖; Natalicio González, por su parte, publicó ―Cincuentenario de
Cerro Corá (1920)‖ y ―Solano López y otros ensayos (1926)‖; Juan Emiliano O‘leary, ―Nuestra
Epopeya‖, ―El Mariscal Francisco Solano López‖, ―El Libro de los Héroes‖, ―Los Legionarios‖ y
―Apostolado Patriótico‖. La idealización de la Guerra por parte de O‘leary asumió caracteres
extremos, llegando incluso a exaltar la muerte y el sacrificio del pueblo. Como respuesta a este
fenómeno historiográfico apareció la publicación de la Junta Patriótica, obra titulada ―El Mariscal
Francisco Solano López‖, con el propósito de ―contribuir al esclarecimiento de la Historia del
Paraguay‖.
Además, en este período estaba latente el conflicto con Bolivia por la posesión del territorio
chaqueño. Precisamente, en este punto dónde más reacias eran las críticas contra los gobiernos
liberales, acusados de no tener una política de defensa de dicho territorio. Esto se acrecentó, durante
el gobierno de Eligio Ayala, con la fundación de varios fortines que llevaban nombres que
recordaban el pasado nacional. Entre ellos citamos los fortines Mariscal López, Bernardino
Caballero, Sargento Cándido Silva, entre otros.
Pero la denominación que se le otorgó a los fortines llama poderosamente la atención. Una
explicación que nos arriesgamos a lanzar sería la necesidad de unificar al pueblo y despertar en él
un fuerte sentimiento nacionalista. El mejor ejemplo de patriotismo fueron los hombres del 70´ y en
especial la figura del Mariscal López, visto por la mayoría de la población paraguaya como un
héroe80
. El propio Arzobispo de la Asunción, Monseñor Juan Sinforiano Bogarín lo expresó en sus
80
Al respecto, el encargado de negocios argentino, Luís Castiñeiras, al referirse al Lopizmo expresó “que, si el tirano
resucitara en la plenitud de su poder y volviera a declararnos la guerra, la masa del pueblo se alzaría en su favor y en
contra nuestra. Esa es la herencia legada al Paraguay por el doctor Francia y los dos López. Ser enemigo de los de
abajo, recelar siempre de los porteños, es decir, de los argentinos”. BREZZO, Liliana. “Paz en paz y guerra a la guerra”:
130
Apuntes, al escribir ―que [el pueblo paraguayo] casi en su totalidad [es] amante del Mariscal‖
(Bogarín: 1986).
Las fuerzas sociales que aparecieron en dicha época relativizaron la importancia de los
Partidos Políticos tradicionales y disminuyeron el rol ejercido por los caudillos políticos. Al mismo
tiempo contribuyeron para reforzar, de alguna manera, el Nacionalismo conservador forjado por los
intelectuales lopiztas. A partir de allí este nacionalismo comenzó a ganar espacio y respaldo en la
sociedad paraguaya.
Juan Emiliano O‘leary fue el gran propulsor de la reivindicación de la figura del Mcal.
López. Ya en su polémica con Cecilio Báez en 190281
sentó su postura sobre dicho tema. Inspirado
en el pensamiento de Charles Maurras, O‘leary desarrolló un nacionalismo integral en
contraposición a la ideología liberal. De la mano de este intelectual la figura del Mcal. López se fue
transformando de asesino de su Patria a constituirse en constructor y forjador de su pueblo. Es decir,
hay un cambio del rol histórico de Francisco Solano López en las páginas de la historia paraguaya.
Durante las primeras tres décadas del siglo XX el lopizmo se fue estructurando fuertemente y ocupó
espacios en la vida nacional. El conflicto chaqueño fue el combustible necesario para la
consolidación de la ideología nacionalista y la Revolución del 17 de febrero de 1936 lo catapultó
como política de Estado.
Tercera etapa. La redención del Mcal. Francisco Solano López
En lo referente al Paraguay, el Nacionalismo emergió con fuerza, caracterizando y
dominando los aspectos político-culturales del siglo XX paraguayo, y se mezcló con la figura del
Mcal. Francisco Solano López, y se confundieron mutuamente y dieron origen también al lopismo.
La figura del Mcal. Francisco Solano López fue la más atacada tras la finalización de la Guerra
contra la Triple Alianza. Ya el decreto de 1869 lo vejaba al grado de declararlo ‗enemigo del género
humano‘. Pero esta retórica era una política de los vencedores de relacionar al paraguayo pro-
lopizta con la ―barbarie‖, característica, según ellos, del Lopizmo.
Blas Garay fue el primer gran revisionista de la historia nacional. Sus ensayos sirvieron de
base para estructurar el nacionalismo lopizta, que fue lentamente instituyéndose entre los
¿Una nueva historiografía sobre la Guerra de la Triple Alianza? En: Revista Paraguaya de Sociología. Año 38, N°
111/112 (Mayo-Diciembre de 2001), p. 19 81
Básicamente, la polémica entre ambos, iniciada el 18 de octubre de 1902 y culminada el 11 de febrero de 1903, giró
en torno a la interpretación de la historia nacional, más que una lucha entre lopiztas y antilopiztas. Más bien, parece un
quiebre generacional entre los jóvenes novecentistas y el maestro Cecilio Báez. No debemos olvidar que el Dr. Cecilio
Báez reivindicó la figura del Dr. José Gaspar Rodríguez de Francia en 1888 y la misma se encuadra también dentro de
los lineamientos del revisionismo histórico. Ver, Polémica sobre la Historia del Paraguay.
131
intelectuales y militares. Luego, en la década de 1920, el movimiento historiográfico inició la
campaña de la reivindicación del Mcal. López. En dicha década se recordaba dos grandes
acontecimientos: el Centenario del natalicio del Mcal. Francisco Solano López y el cincuentenario
de la finalización de la Guerra contra la Triple Alianza. Además, en este período estaba latente el
conflicto con Bolivia por la posesión del territorio chaqueño. Precisamente, en este punto dónde
más reacias eran las críticas contra los gobiernos liberales, acusados de no tener una política de
defensa de dicho territorio. Las fuerzas sociales que aparecieron en dicha época relativizaron la
importancia de los Partidos Políticos tradicionales y disminuyeron el rol ejercido por los caudillos
políticos. Al mismo tiempo contribuyeron para reforzar, de alguna manera, el Nacionalismo
conservador forjado por los intelectuales lopiztas. A partir de allí este nacionalismo comenzó a
ganar espacio y respaldo en la sociedad paraguaya.
Juan Emiliano O‘leary fue el gran propulsor de la reivindicación de la figura del Mcal.
López. Ya en su polémica con Cecilio Báez en 190282
sentó su postura sobre dicho tema. Inspirado
en el pensamiento de Charles Maurras, O‘leary desarrolló un nacionalismo integral en
contraposición a la ideología liberal. De la mano de este intelectual la figura del Mcal. López se fue
transformando de asesino de su Patria a constituirse en constructor y forjador de su pueblo. Es decir,
hay un cambio del rol histórico de Francisco Solano López en las páginas de la historia paraguaya.
Durante las primeras tres décadas del siglo XX el lopizmo se fue estructurando fuertemente y ocupó
espacios en la vida nacional. El conflicto chaqueño fue el combustible necesario para la
consolidación de la ideología nacionalista y la Revolución del 17 de febrero de 1936 lo catapultó
como política de Estado.
El gobierno de Rafael Franco se abocó a la tarea de la revisión del pasado nacional. Ya en la
Proclama del ejército hacedor de la revolución de febrero proclamaron que ―La Nación será
restituida al nivel de su historia en el Río de la Plata (…) y a la grandeza de su porvenir‖. (Proclama
del Ejército Libertador. Asunción, febrero de 1936). La apoteosis del Mcal. Francisco Solano López
se consumó con el decreto del 1° de Marzo por el cual el gobierno encabezado por el Cnel. Rafael
Franco estipulaba que: ―Quedan cancelados para siempre de los Archivos Nacionales
reputándoselos como no existentes todos los decretos-líbelos dictados contra el Mariscal Presidente
de la República del Paraguay don Francisco Solano López, por los primeros Gobiernos establecidos
82
Básicamente, la polémica entre ambos, iniciada el 18 de octubre de 1902 y culminada el 11 de febrero de 1903, giró
en torno a la interpretación de la historia nacional, más que una lucha entre lopiztas y antilopiztas. Más bien, parece un
quiebre generacional entre los jóvenes novecentistas y el maestro Cecilio Báez. No debemos olvidar que el Dr. Cecilio
Báez reivindicó la figura del Dr. José Gaspar Rodríguez de Francia en 1888 y la misma se encuadra también dentro de
los lineamientos del revisionismo histórico. Ver, Polémica sobre la Historia del Paraguay.
132
en la República a raíz de la conclusión de la guerra de 1865‖. (Decreto Nº 66. Artículo 1º.
Asunción, marzo 1º de 1936).
De esta forma, de un solo plumazo, el gobierno eliminaba los decretos antilopiztas,
tratando, con esta obra, eliminar toda mancha que pese sobre la figura del Mcal. Francisco Solano
López. Debemos tener en cuenta, que la construcción de un héroe, así como de varios mitos, va
asociado al proceso de fortalecimiento de una Nación, que necesita sustentar la identidad nacional, a
través de un símbolo poderoso que encarne los ideales y las aspiraciones de un determinado pueblo
y responda a un proceso complejo, cuyo objetivo final sea la de unir y acentuar el sentido de
comunidad. Al decir de Dukheim, ―es al repetir el mismo grito, pronunciar la misma palabra, o
ejecutar el mismo gesto en relación a algún objeto (los individuos) se sienten y se convierten en una
unidad‖ (Guibernau: 1993).
La obra del gobierno de Franco no sólo se remitió a la eliminación definitiva de los
documentos que atacaban la figura del Mcal. López. En el artículo 2° del mismo decreto se estipuló:
―Declarase Héroe Nacional sin ejemplar al Mariscal Presidente de la República del Paraguay don
Francisco Solano López, inmolado en representación del idealismo paraguayo, con sus soldados, en
la Batalla de Cerro Corá el 1° de Marzo de 1870‖ (Decreto Nº 66. Artículo 2º. Asunción, marzo 1º
de 1936). Con este artículo se daba un giro al papel que ocupaba el Mcal. López en la historia
nacional.
De esta forma pasaba de ser asesino de su patria, culpable del genocidio de su pueblo y la
destrucción del país a ser ―Héroe Máximo‖ de la Nación. La razón de este decreto obedece a ―Que
es tiempo de elevar los corazones hasta la ofrenda final de una consagración pública que interprete
la reivindicación de todo el pasado del Paraguay y de la memoria incomparable de su Mariscal
Presidente, único jefe de Estado que murió con las armas en la mano en nombre de un ideal de
civilización humana‖ (Decreto Nº 66. Asunción, marzo 1º de 1936). En el mismo decreto se fijaba
la erección de ―un gran monumento conmemorativo sobre la más alta colina sita a orillas del río
Paraguay a la entrada de la Ciudad de la Asunción‖ (Decreto Nº 66. Artículo 3º. Asunción, marzo 1º
de 1936) y se autorizaba al Ministerio del Interior a ponerse de acuerdo con la Comisión Pro-
homenaje, cuya tarea era la de organizar todo lo concerniente con el homenaje. Luego de sesenta y
seis años la figura del Mcal. López era reivindicada por el Estado paraguayo.
A partir de este decreto el Mcal. López se convierte en la figura histórica alta de la Nación
Paraguaya y ―es nuestro deber honrar su memoria esclarecida tanto como seguir su ejemplo‖83
. Para
83
Discurso pronunciado por el Presidente Provisional de la República Cnel. Rafael Franco. Asunción, Marzo, 1° de
1936.
133
honrar la memoria del héroe nacional fue establecido un monumento que reúna a los beneméritos de
la Patria. ―Designase con el nombre de Panteón Nacional el monumento expresado y destínasele en
tal carácter a conservar los restos de los Próceres beneméritos de la Nación que se hicieron
merecedores de la gratitud de la posteridad de sus virtudes excepcionales al servicio de la patria‖
(Decreto Nº 4834. Artículo 1º. Asunción, setiembre 14 de 1936).
Para ello, fue necesario la expropiación de la manzana comprendida por las calles Chile, 25
de noviembre (actual Nuestra Señora de la Asunción), Palma y Estrella. ―Procédase, en
consecuencia, a la expropiación de las tierras que le faltan al Panteón para completar la manzana,
las que serán indemnizadas por el Estado‖ (Decreto del 21 de diciembre de 1935. Artículo 2º). Para
depositar los restos del Mcal. López en el Panteón Nacional de los Héroes fue necesario la
localización y exhumación de los restos del Mcal. López. Una vez hallados los restos fueron
trasladados en el cañonero Humaitá a Asunción, llegando al puerto de la Capital el domingo once a
las diez horas.
Los restos del Mcal. López fue depositado en el Panteón Nacional de los Héroes el día doce
de octubre de 1936. ―Queda cumplida asimismo la superior disposición gubernativa que ordena
sean depositados en el recinto central del mismo los restos del Mariscal Presidente de la República,
Don Francisco Solano López (…) El fuego de nuestro patriotismo seguirá velando junto a ellos, día
y noche, hoy y siempre‖84
. De esta forma, la figura del Mcal. Francisco Solano López ascendió a
ser considerado como el Héroe Máximo de la República del Paraguay, adquiriendo una imagen
positiva y triunfal, convirtiéndose en conductor nacional y hacedor de la historia patria. ―El
revisionismo conllevaba la apología del gobernante fuerte, del ―mesías‖ militar, depositario y
salvador de la nacionalidad‖ (Cardozo: 1956). Al punto de ser considerado el pro-hombre de la
Nación y modelo a ser imitado por que reúne las características de la raza paraguaya, según la
óptica de sus reivindicadores.
Un fenómeno asociado al culto del Mcal. López fue la nacionalización del centro asunceno.
Este fenómeno se observa a través de varios aspectos. Una de ellas es el nombre de las calles, la
mayoría de ellos llevan nombres de héroes que hacen recordar acontecimientos importantes de
nuestra historia. Así nombres como López, Caballero, Díaz, Iturbe, Yegros, De la Mora, Humaitá,
Cerro Corá, entre otros, configuran el tejido simbólico de una Nación que ―se superó en la derrota‖
(Capdevila: 2010). Los símbolos y los rituales son agentes determinantes en la instauración de la
identidad nacional. ―La conciencia de formar una comunidad se crea mediante el uso de símbolos y
la repetición de rituales que inyectan energía a los miembros de la nación‖ (Guibernau: 1993). Esto
84
Discurso del Dr. Juan Stefanich, Ministro de Relaciones Exteriores e interino de Guerra y Marina. Asunción, 11 de
octubre de 1936.
134
se da a través de acontecimientos que ayuden a afianzar la unidad, como festividades, símbolos, ya
sean palabras, objetos o signos, como la bandera, por ejemplo.
Los edificios del centro también hacen mención al pasado nacional. Construcciones como el
Palacio de López, la Catedral, el Teatro Nacional, el Panteón Nacional de los Héroes, alimentan el
imaginario colectivo de un relato estructurado en torno a la figura de los López, las armas y los
trofeos de guerra. De esta manera se buscó fundar la acción del presente en las raíces del pasado, en
ese proceso de transformación de la sociedad.
Lo que se observa es que existe una patrimonialización de los lugares históricos
mencionados, y este fenómeno se acentuó aún más bajo la dictadura Stronista (1954 – 1989), con un
discurso totalitario sobre el pasado nacional, instalando ―en la duración un metadiscurso sobre el
pasado‖ (Capdevila: 2010). No debemos olvidar que la conciencia colectiva de una determinada
sociedad se plasma tanto en la práctica de los sujetos como en los lugares, de ahí la importancia del
diseño de los espacios públicos, de los monumentos, las corrientes estéticas, etc., que determinan e
imponen, en un determinado momento de poder, determinados imaginarios sociales.
Existe una representación del pasado a través de los espacios físicos, con un claro objetivo
de buscar la cohesión social, tratando de hacer recordar el heroísmo del pueblo paraguayo. Este fue
el elemento del cual se valieron los distintos gobiernos autoritarios que se sucedieron en el
Paraguay entre 1936 – 1989, para legitimar su poder. ―Ser una historia que cada uno conoce, una
historia que empapa el espacio público, que alimenta el imaginario colectivo y estructura las
identidades‖ (Capdevila: 2010), de forma a acrecentar y reforzar el nacionalismo por medio de
símbolos y creencias.
Conclusión
El nuevo régimen instaurado tras la Revolución de febrero de 1936 adoptó el Nacionalismo
como Política de Estado, volviéndose a partir de allí un elemento gravitante en el sistema político.
―El movimiento de masas que se cristalizó en la apoteosis de Francisco Solano López sacó
provecho de las dinámicas culturales de la guerra, de la aspiración al consenso y del culto a los
jefes, de la consolidación de los valores marciales y de una relectura del pasado cercano vinculada
al acontecimiento que acababa de producirse en el Chaco‖ (Capdevila: 2010).
La adopción del Nacionalismo implicó una revisión del pasado nacional, con el objetivo de
reivindicar figuras de la historia patria que habían sido vejadas y olvidadas por el modelo político
implantado en el país tras la culminación de la Guerra contra la Triple Alianza, siendo considerados
135
a partir de allí, los gobiernos del Doctor José Gaspar Rodríguez de Francia y Carlos Antonio López,
como modelos a seguir; al considerar, sus respectivos gobiernos, como paradigmas a imitar y
posibilitar el triunfo del imaginario político militar nacionalista, que años más tarde, se trasformó en
católico y colorado, nombre con que es llamado la Asociación Nacional Republicana.
El siguiente paso en el desarrollo del nacionalismo paraguayo tiene lugar en el periodo de la
posguerra, entre 1936 y 1947, después de la Guerra del Chaco con Bolivia. Con la llegada al poder
de los gobiernos militares, el nacionalismo se convirtió en ideología oficial del Estado, lo que
implicó la intervención estatal en la economía y las reformas sociales de corte nacional popular.
Bibliografía
Decretos
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Decreto N° 4834. Artículo 1°. Asunción, setiembre 14 de 1936.
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Discurso pronunciado por el Presidente Provisional de la República Cnel. Rafael Franco. Asunción,
Marzo, 1° de 1936.
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Asunción, 11 de octubre de 1936.
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