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Publicação dos alunos de jornalismo da Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina Setembro de 2009 • Ano 1 • Número 2 Leão em foco James Tavares 0 X 2 Torcedores do Avaí otimistas antes da partida contra o Internacional

Leão em Foco - n. 2 - setembro/2009

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Segunda edição da revista 'Leão em Foco', feita por alunos e professores do curso de Jornalismo da Faculdade Estácio de Sá, para cobrir a partida Avaí x Internacional, em setembro de 2009.

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Publicação dos alunos de jornalismo da Faculdade Estácio de Sá de Santa CatarinaSetembro de 2009 • Ano 1 • Número 2

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0 X 2

Torcedores do Avaí otimistas antes da

partida contra o Internacional

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nesta edição3Gabriela Wolff, Jerônimo Rubim e Jorge Jr.Leão é atropelado pelo Inter

6Cleber Latrônico e Ivanir FrançaAvaí treinou forte para enfrentar o Inter

7Ana BrambillaOnde estão as mulheres?

8Marinês Barboza, Janine Souza Costa e Jerônimo RubimTrinta anos à espera do tetracampeonato

10Bruna Rodrigues Andrett, James Tavares, Jerônimo Rubim, Osvaldo Sagaz e Rodolfo Carreirão de MedeirosLeões de onde?

11Diego Wendhausen PassosPerfil do torcedor: Moacir Cardoso Pereira

12Vicente Parcias Figueiredo, James Tavares e Jerônimo RubimA cobertura da mídia

13Hemilin Candido AlvesA internet é azul

14Camila Budag e Fernando SilvaAções preventivas garantem tranquilidade

15Letícia Mathias Aragão e Jaqueline RichterOs vizinhos da Ressacada

16Cleber Latrônico e Ivanir FrançaMão na roda

16Vanessa SilvaEntrevista: João Nilson Zunino

18Mário César Gomes e Vanessa Silva86 anos e mais forte do que nunca

19Cristina SchulzeDia Municipal do Avaí

19cartas • erramos

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editorialEsta segunda edição da Leão em Foco, produzida pelos

estudantes de jornalismo da Faculdade Estácio de Sá, vai além do que aconteceu no jogo Avaí x Internacional, domingo, 6 de setembro. Nossa equipe de repórteres e fotógrafos saiu a campo para revelar personagens, fatos e histórias de bastidores dos dois times, em matérias diferentes, escritas sob diversos pontos de vista.

A revista contou mais uma vez com a colaboração de jornalistas profissionais e com o apoio dos assessores e dirigentes do clube. Desde o começo da parceria, ficou claro - tanto para o Avaí quanto para os estudantes - que a Leão em Foco não seria uma publicação do clube e, portanto, iria relatar tudo aquilo que fosse jornalisticamente relevante, sem nenhum tipo de impedimento. E que todas as informações aqui publicadas seriam de nossa inteira responsabilidade.

Foi assim que agimos na nossa primeira edição, em junho deste ano. O Avaí estava na zona de rebaixamento, com quatro pontos, ocupava a 17ª posição e ainda não tinha vencido na série A do Campeonato Brasileiro. Três meses depois, mesmo com duas derrotas consecutivas, o Avaí está na sétima posição e tem 34 pontos. Hoje, todos sabem do que esse time é capaz. É capaz de superar adversários difíceis, em situações adversas, porque tem talento e vontade de fazer bem feito. E é exatamente esse o espírito da equipe da Leão em Foco.

Boa leitura.

expedienteeditoresFernando Evangelista e Juliana Kroeger

editor de fotografiaSilvio da Costa Pereira

coordenador de jornalismofaculdade estácio de sáPaulo Scarduelli

reportagemAna Brambilla, Bruna Rodrigues Andrett, Bruna Coelho, Camila Budag, Camila Stuart, Carmelo Cañas, Cleber Latrônico, Cristina Schulze, Diego Wendhausen Passos, Gabriela Wolff, Hemilin Candido Alves, Jorge Jr., Letícia Mathias Aragão, Mário César Gomes, Marinês Barboza, Vanessa Silva, Vicente Parcias Figueiredo

fotografiaFábio Célio Ramos, Fernando Silva, James Tavares, Janine Souza Costa, Jerônimo Rubim, Jaqueline Richter, Ivanir França, Osvaldo Sagaz, Rafael Xavier, Rodolfo Carreirão de Medeiros, Silvestre Lacerda, Silvio da Costa Pereira

colaboração especialJames Tavares

revisãoDaise Ribeiro

projeto gráfico e diagramaçãoJuliana Kroeger

contato: [email protected]

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Leão é atropelado pelo Inter

tarde de domingo começou azul, mas acabou vermelha na Ressacada. O Internacional venceu o Avaí por 2 x 0, com gols de Fabiano Eller, aos

34 minutos do primeiro tempo, e de Magrão, aos 35 do segundo. Mesmo com dois jogadores a mais em campo, o Avaí não conseguiu marcar e sofreu a segunda derrota consecutiva, passando para a sétima colocação na tabela. Já o Inter manteve-se na vice-liderança e continua forte na disputa pelo título. A partida registrou o segundo maior público da Ressacada no Brasileirão 2009, com 15.257 espectadores.

Primeiro tempoO jogo começou truncado, com passes errados dos

dois lados. Muitas faltas, chutes sem rumo e alguns tombos. O técnico Silas ficou visivelmente irritado com os jogadores que estavam escorregando sozinhos, e o atacante Roberto levou uma bronca por estar com as travas erradas da chuteira.

O primeiro lance de perigo veio após falta sofrida por Muriqui, quase na linha da grande área. Marquinhos cobrou com força, Ferdinando desviou de cabeça e Eltinho chutou para fora.

A noite prometia ser de Roberto, que foi titular do Avaí pela primeira vez. Ele recebeu lançamento de Marquinhos após o capitão driblar Bolívar, e o esforço para não deixar a bola sair foi recompensado pelo

incentivo da torcida e o inflamado grito de “Vamo, Vamo, Avaê”.

Aos 12 minutos, o primeiro chute a gol. Magrão estava na bola, escorregou sozinho, e Marquinhos aproveitou para dominar e chutar, mas a bola foi para fora. Já aos 14, D’Alessandro bateu o escanteio curto para Bolívar, recebendo de volta e cruzando com categoria na área avaiana. A zaga tirou, e no rebote Giuliano chutou por cima do gol de Eduardo Martini. Minutos depois, Marquinhos teve a oportunidade de abrir o placar, mas também acabou escorregando.

Com 20 minutos de partida, mesmo com o domínio do Inter no jogo, os goleiros não haviam trabalhado. Índio, aos 26, recuou fraco para Lauro e quase que o guarda-meta se complica, já que Roberto veio para tentar aproveitar o vacilo.

Assim que conseguiu se organizar, o Inter dominou o jogo e, aos 34 minutos, D’Alessandro bateu o escanteio, a bola desviou na área e Fabiano Eller abriu o placar com um gol de cabeça.

O placar adverso e a torcida vermelha cantando alto na Ressacada exaltaram os ânimos em campo. Marquinhos dividiu uma bola com D’Alessandro e o meia avaiano acertou com as travas na coxa do argentino e ainda lhe deu uma cotovelada. Guiñazu foi tirar satisfações, o árbitro deu falta para o Inter e o jogo seguiu.

Texto: Gabriela Wolff e Jorge Jr.Fotos: Jerônimo Rubim

DE CABEÇA: Fabiano Eller comemorao primeiro gol do Colorado

AVAÍ X INTERNACIONAL

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Depois de D’Alessandro tentar colocar Fabinho Capixaba para bailar com o seu drible “La Boba”, passando o pé por cima da pelota e empurrando-a com a sola, aos 43 minutos, o Avaí saiu em contra-ataque. Roberto recebeu na direita, esquivando-se do carrinho de Eller, mas não teve como escapar da chegada de Índio. Na gíria do futebol, o zagueiro gaúcho “deu no meio” do atacante avaiano. O árbitro Wallace do Nascimento Valente aplicou o cartão vermelho. E as esperanças avaianas reacenderam o estádio.

Segundo tempoCom um jogador a mais, o técnico Silas abriu mão

do zagueiro Augusto para colocar o meia Caio. Em contrapartida, visando segurar a vitória, Tite sacou o centroavante Alecsandro para a entrada do zagueiro Danilo Silva.

O Avaí tentou se organizar em campo, enquanto o Inter trocava passes e fazia o tempo correr. Aos 10 minutos, Muriqui recebeu sozinho de Roberto, ajeitou para a perna boa, a direita, e chutou cruzado. A bola foi por cima do gol de Lauro.

As oportunidades de gols ficavam cada vez mais raras, tanto que Kleber tentou sozinho, mas o chute não passou perto do alvo. A estrela de Eduardo Martini brilhou aos 22 minutos. Primeiro Magrão tentou concluir e Martini saiu fechando o gol. A bola sobrou na entrada da área para Taison, que bateu forte no ângulo esquerdo, e mais uma vez o goleiro do Avaí saltou em uma linda ponte, espalmando a bola, e depois segurando-a com firmeza.

Aos 26, outra intervenção segura de Martini. Danilo Silva arriscou chute e o goleiro defendeu. O jogo caminhava para os 15 minutos finais, quando Fabinho

Capixaba cruzou com perfeição para a cabeçada de Muriqui. O atacante avaiano chegou a acreditar no gol, mas Lauro, em uma defesa de puro reflexo, espalmou para escanteio.

Nem o incentivo da torcida ajudou o Leão a empatar a partida. D’Alessandro, reaparecendo no jogo, tocou para Kleber, que lançou Magrão no meio da defesa. Na corrida, ele ganhou de Eltinho e Emerson. Cara a cara com Martini, Magrão teve a frieza de encobrir o goleiro e comemorar o segundo gol do Colorado, garantindo mais três pontos e a vice-liderança do Brasileirão.

Ainda na euforia do gol, o zagueiro Bolívar, que havia tomado o cartão amarelo no primeiro tempo, recebeu o segundo amarelo e foi expulso após fazer falta em Muriqui. Aos 46 do segundo tempo, Ferdinando arriscou um chute do meio da intermediária colorada. A bola foi longe, muito longe do seu alvo, assim como o Avaí na partida. O time não se acertou e acabou sofrendo a terceira derrota em casa no campeonato, caindo para a sétima colocação.

O objetivo é a permanência Na coletiva de imprensa, o técnico do Avaí,

Silas, afirmou que a derrota não abalou o time. “Já esperávamos um jogo difícil, o Inter é umas das equipes mais organizadas do Brasil”. Ele disse ainda que a tabela ajudou o Avaí, que conseguiu se manter na zona da Sul-Americana.

Silas recebeu com alegria a declaração de Tite que o Avaí tem um bom time e está em condições de disputar uma vaga na Libertadores, mas afirmou que o objetivo continua sendo o mesmo: a permanência na série A. No próximo sábado, dia 12, o Leão enfrenta o São Paulo, às 18h30, no Morumbi. n

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ficha técnica

Gols: Fabiano Eller (Int), aos 34 minutos do primeiro tempo, e Magrão (Int), aos 35 minutos do segundo tempo.

Cartões vermelhos: Índio e Bolívar (Int).

Cartões amarelos: Bolívar (Int).

Arbitragem: Wallace Nascimento Valente, auxiliado por Fabiano da Silva Ramires e José Ricardo Maciel Linhares (trio do ES).

Público total: 15.257

Renda: R$ 136.695,00

GOLEIRO: Eduardo Martini faz umabela defesa

PLACAR: Mesmo com dois homens a mais, Avaí não chega ao gol

classificação - 23ª rodada0 x 2

Eduardo MartiniAugusto (Caio)RafaelEmersonFabinho CapixabaFerdinandoMarcus Winícius (Leonardo)Eltinho MarquinhosMuriquiRoberto (Cristian)

Técnico: Silas

LauroBolívar

ÍndioFabiano Eller

KleberMagrão

GuiñazuGiuliano

D’Alessandro (Danny Morais)

Taison (Edu) Alecsandro (Danilo Silva)

Técnico: Tite

P: Pontos - J: Jogos - V: Vitórias - E: Empates - D: Derrotas - GP: Gols pró - GC: Gols contra - SG: Saldo de gols. Os 4 primeiros colocados estão na zona de classificação para a Libertadores. Os classificados do 5º ao 12º estão na zona de classificação para a Copa Sul-Americana. Os quatro últimos colocados estão na zona de rebaixamento.

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Texto: Cleber Latrônico Fotos: Ivanir França

TREINO: Dois torcedores

acompanham o treino na Ressacada

Terça-feira, 1º de setembro, 15h40, reapresentação da equipe. Silas, o comandante do esquadrão azurra, reúne seus atletas para uma longa conversa. A derrota contra o Coritiba, em 29 de agosto, e o clássico contra o embalado Internacional, que busca a liderança do campeonato, foram os assuntos que marcaram o início da semana do Avaí.

O bate-papo à beira do gramado já não contava mais com o meia Odair, emprestado ao Bahia até o fim do ano. Outra ausência era a do volante Fernando Bob, que, constatada a gravidade de sua lesão, só voltará a atuar em 2010. O atacante William ainda era dúvida para a partida contra o Inter e treinava sem bola, sob o olhar atento do traumatologista do clube, Fernando Funchal.

Contudo, a equipe continuava motivada, graças à boa campanha realizada até aquele momento na competição. “Não é uma derrota que vai tirar a empolgação e a alegria da equipe, afinal, é normal uma derrota num campeonato disputado como é a série A”, afirmou o capitão Marquinhos.

O meia destacou ainda a melhora na estrutura do clube desde sua estreia com a camisa do Avaí. “As dificuldades eram grandes. Eram noventa dias

pra cobrir um mês, a gente não tinha CT (Centro de Treinamento), aí depois se formou um campo, que foi melhorando com o passar do tempo, com a ajuda do torcedor, que abraçou o Avaí de forma diferente e mostrou que ele é o coração do clube”.

A semana em que o clube completou 86 anos foi marcada por treinos táticos e físicos. Os atletas ainda encontraram um tempinho para ir à praia do Campeche, no sul da Ilha. Engana-se quem pensa que foi a passeio. As areias da praia serviram para um puxado trabalho físico comandado pela comissão técnica do clube.

Sobre o clássico contra o clube gaúcho, que vinha de duas goleadas contra o Goiás e o Atlético Mineiro, os jogadores enfatizaram a dificuldade do confronto. “Vamos enfrentar uma equipe motivada e com jogadores rápidos e perigosos, precisamos ter muita atenção”, declarou o volante Marcus Winícius.

No sábado (05), último dia de preparação, após um leve treino tático pela manhã, a última baixa do time que enfrentaria o Colorado: o atacante Luís Ricardo foi vetado pelo departamento médico. Em seguida, a delegação seguiu em direção a um hotel no centro de Florianópolis, onde ficou em regime de concentração até horas antes do duelo.

Avaí treinou forte para enfrentar o Inter

COLETIVA: O Capitão Marquinhos dá entrevista após o treino

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Texto e foto: Ana Brambilla

TORCIDA DE BOTECO

uspiros, palavras chulas, gritos. E tome cerveja. Ofensas, discussões, risos. E tome cerveja. O público, quase todo masculino, é formado por

“doutores” em futebol - uns mais reservados, outros totalmente extrovertidos. E tome cerveja. Estamos no Bar do Jony, em Forquilhinhas, na cidade de São José, para assistir à partida entre Avaí e Internacional pelo campeonato brasileiro. São 18h30min da tarde de domingo.

Tem cerveja e, aparentemente na mesma proporção, tem também muito cigarro. E respire fumaça. Tem avaiano-avaiano, tem avaiano-gaúcho, tem colorado-catarina e tem colorado legítimo. Tem até quem se diz neutro. E, claro, tem o Jony, o dono do bar. Todos sentados em frente à personagem principal do ambiente, atentos ao que ela fala e exibe: a tevê.

A televisão é a dona da festa. O mundo e os olhos giram em torno dela. O cidadão congela o movimento das mãos, esquece de bater as cinzas do cigarro e, por alguns segundos, fica em silêncio. Respeito no recinto. Depois disso, o de sempre: palavrões, gritos, discussões e risos. Cada um vê o que gostaria de ver e não o que acontece. O roteiro é quase sempre o mesmo, e parece que – nem por isso – a emoção diminui. Pelo contrário, o tempo vai passando e tudo fica mais intenso.

Alguns avaianos roem as unhas. A quantidade de garrafas sobre a mesa dá a impressão de que teriam economizado mais indo ao estádio. Estão desconfiados de que o glorioso Leão da Ilha terá uma tarefa duríssima. A derrota para o Coritiba, que quebrou uma longa série invicta, abalou a confiança do pessoal. Mas eles não demonstram medo, afinal, estão em casa, os visitantes é que devem temer.

Tudo perfeito, mas onde estão as mulheres? A pergunta soa como um trovão. Olhos perplexos. Nova pausa nos gestos. O motorista Carlos Alberto da Silva Filho quebra o gelo: “Minha mulher é avaiana, mas fica em casa cuidando do nosso filho”. Para ele, “mulher e criança não combinam com ambientes como o do bar”. Paulo Eduardo Corrêa, auxiliar de instalações, aproveita a deixa e complementa: “Eu traria a esposa sem problemas, caso ela não fosse torcedora do Figueirense”. E tome cerveja.

O Inter domina. Pressiona. Tem mais volume de jogo. Ataca. E faz o primeiro gol. É uma barulheira sem tamanho, amplificada pelas paredes estreitas de azulejo. Um jogador colorado é expulso. Alegria avaiana. Mais discussões. O juiz, coitado, sobra sempre pra ele.

A maioria que está aqui, no Bar do Jony, aponta um motivo diferente para não ir à Ressacada: distância, valor do ingresso, falta de condução, idade avançada. Tem até quem diga que é por causa disso tudo junto,

mas ninguém lamenta porque – mesmo que não reconheçam - gostam de estar ali. Estão acostumados a vibrar pelo time do coração naquele bar, em meio àquelas garrafas vazias e àquela fumaceira. E as mulheres em casa...

Geralmente são os mesmos torcedores e “secadores” reunidos, é quase uma irmandade. O promotor de vendas Marcelo Scheitz, torcedor do Figueirense, comenta que veio torcer, torcer muito, torcer rezando “para o Avaí cair pra série B”. Segundo ele, este é o bar mais tranquilo que conhece para assistir aos jogos em meio a uma torcida mista. “Todo mundo se conhece e se respeita.” É, parece que todos os que estão aqui se conhecem de longa data. “Ah, sim, nós nos conhecemos no Campeonato Catarinense de 1991, não, minto, no campeonato de 1992”, alguém explica. É o calendário do futebol. E respire fumaça.

Segundo tempo. O Inter, com um a menos, parece ter garra a mais. E ataca e pressiona e faz o segundo gol. Depois dos gritos e dos xingamentos, um silêncio incomum. Os avaianos sabem que esse jogo não tem mais jeito. A festa de hoje, no Bar do Jony, é vermelha. Os colorados, legítimos ou não, estão com o sorriso de orelha a orelha. E tome cerveja e respire fumaça.

Final de jogo. Hora de ir embora para alguns, hora de começar de fato a festa para outros. Uns vão caminhando lentamente, cabeças baixas, outros vão a passos largos, confiantes. Mas todos têm o amor pelo esporte, cada qual com a sua camisa. E só quem tem essa paixão entende. E tome futebol.

Onde estão as mulheres?

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Trinta anos à espera dojogo contra o Avaí estava marcado para as 18h30, mas a festa da torcida do Internacional começou às 11h, no esquenta

de confraternização em Florianópolis. Este não é só o ano do centenário do time para os colorados, é o ano mais esperado da torcida para o tetracampeonato brasileiro. São 30 anos de espera. No último título, em 1979, o Inter foi campeão invicto, mas desde então não ganhou mais esse campeonato. No mesmo ano, o Avaí disputou pela última vez o torneio pela série A.

Com a vitória do último domingo, 2 a 0 sobre o time catarinense, o Inter segue na vice-liderança, com 43 pontos, sendo o clube que mais venceu até agora.

O clube vermelho não é mais só do Rio Grande do Sul como há três décadas. Ele cresceu, virou internacional, como seu nome, e hoje é o maior clube em número de sócios da América do Sul, com 101.918 sócios de acordo com o último levantamento feito pelo clube. Tem ainda 150 sócios no exterior e uma arrecadação de R$ 3 milhões mensais.

Neste ano, o Colorado tem muito o que comemorar. A festa dos gaúchos, organizada pelos “consulados” do Inter da Grande Florianópolis, começou horas antes do confronto com o Avaí, no bairro do Abraão, continuou durante o percurso do comboio colorado, escoltado pelo Grupo de Resposta Tática do 4º Batalhão da Polícia Militar de Florianópolis (GRT/4ºBPM), e terminou muito tempo depois do jogo.

O conselheiro do Inter, coronel aposentado da Polícia Militar do Rio Grande do Sul, Jaime Soligo, 60 anos, parabenizou o serviço dos policias catarinenses. “É importante salientar o importante trabalho da escolta. Nós queremos evitar atrito. Há muitas famílias, mulheres, crianças nas caravanas, mas com essa segurança nós vamos e voltamos com tranquilidade do jogo”.

O ano do centenárioEm cem anos de história, o Sport Club Internacional

tornou-se o único time brasileiro que venceu todos os títulos possíveis da atualidade. “O Inter cresceu, transcendeu, exige cada vez mais dedicação. O Inter é campeão de tudo”, comemorou o vice-presidente de comunicação social do Internacional, Gelson Tadeu Pires. “É emocionante para todos nós. É difícil de explicar essa paixão”.

O Inter foi fundado em abril de 1909 e tinha como objetivo congregar de forma democrática todos os interessados em jogar futebol, independentemente da nacionalidade e sem distinção de cor. A família Poppe, de São Paulo, fundou o Internacional no estado gaúcho porque os times que existiam não aceitavam negros nem jogadores que não fossem alemães ou italianos.

Davi Parizotto, o FanátiColorado, símbolo de

INTERNACIONAL

FANÁTICO: Davi Parizotto encarna o personagem há 16 anos

NAMORADOS: Torcida mista uniu Laís Favero e Cristian Xavier Aranha

EX-GOLEIRO: Milton Vergara entrou no Colorado em 1951

Texto: Marinês BarbozaFotos: Janine Souza Costa e Jerônimo Rubim

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Trinta anos à espera doINTERNACIONAL tetracampeonato

paixão da torcida, pode admirar muitos jogadores, mas seus grandes ídolos são os fundadores do Inter. O FanátiColorado já virou marca registrada de Davi, 32 anos, que há 16 pinta o corpo para demonstrar o amor que sente pelo Inter. O jovem militar já é a terceira geração de colorados da família. É quase impossível não notá-lo, com sua peruca cor de fogo e o rosto pintado. É essa paixão a herança sentimental que Davi deixará para o filho de dez meses, “Little Colorado”, que já assistiu a cinco jogos com o pai.

Primeiras décadasO time, que tem mais de 500 consulados espalhados

pelo Brasil e em todos os continentes, também passou por muitas dificuldades. Até na compra do terreno para a construção do estádio Beira-Rio precisou da ajuda dos torcedores. Cada colorado levava tijolo, cimento, para que o sonho de ter um estádio fosse realizado. Hoje são mais de quatro mil pessoas envolvidas nos consulados do colorado. “São pessoas que se doam por pura paixão”, ratifica Gelson Tadeu Pires.

Milton Vergara, hoje com 77 anos, ex-goleiro do Colorado, lembra muito bem dessa época. Na década de 50, o Inter ainda não tinha recursos para pagar os jogadores. Milton começou no juvenil em 1950 e, já naquele ano, o time foi campeão da categoria. Quando foi se apresentar para jogar, o ex-goleiro pediu

emprestado uma chuteira para um amigo. Em 1951, o ex-goleiro já era aspirante do Colorado.

Nesse ano, também conquistou o campeonato e subiu para a categoria profissional. Milton jogou por dez anos, sendo sete pelo Inter. Nessa época, ele também ajudava o roupeiro do time a cortar a grama.

Hoje, o ex-jogador não assiste aos jogos pela televisão, tampouco os ouve pelo rádio. Ele espera os intervalos para perguntar ao filho o resultado, porque o coração do goleiro não aguenta mais a emoção. Foram sete anos jogando pelo Vermelho, mas Milton não esquece o ano de 1956 quando a seleção brasileira, formada pela base do Internacional, disputou o Pan-Americano. O ex-goleiro, na época, foi convocado, mas não jogou porque havia fraturado um dedo da mão esquerda. Uma de suas maiores marcas: é o único goleiro do Inter que nunca perdeu um Gre-Nal.

A torcida do Inter veio em peso assistir ao duelo contra o Avaí. O adversário reservou uma parte da arquibancada coberta para a torcida mista. Uma inovação avaiana criada para abrigar torcedores de outros times. Um espaço que favoreceu o encontro do casal de namorados, Cristian Xavier Aranha, 25 anos, florianopolitano, e Laís Favero, 17 anos, de Chapecó. Ele, avaiano de coração, e ela, colorado “desde que nasceu”. O encontro, agendado há dois meses, marcou oficialmente o início do namoro. n

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Leões de

Avaí está na moda e a torcida, apesar dos dois últimos jogos, parece cada vez mais presente nos estádios. Prova disso é a força das torcidas

organizadas. A mais nova delas chama-se Leões do Vale.

A Leões do Vale foi fundada em abril de 2006, em Santo Amaro da Imperatriz, município localizado a 45 km de Florianópolis. Seu presidente e fundador é Roni Peterson Porcidônio, de 35 anos. No começo, como costumam ser os começos, era aquela meia dúzia de torcedores pingados. Hoje, são mais de cem integrantes cadastrados.

O patrimônio da torcida, segundo Jean Anderson da Rosa, vice-presidente, é composto por “quatro bandeiras, duas faixas - uma de 30 metros e outra de 40, duas caixas, um repenique e três paulistão”.O patrimônio ainda é pequeno, mas a paixão é grande e impõe respeito. No jogo Avaí x Inter, a organizada quase lotou as arquibancadas do setor H. Guilherme Sauthier, um dos membros da Leões, no meio do jogo e com a evidente superioridade do Inter, dizia que “independentemente do resultado do jogo, estamos sempre presentes na Ressacada”. O que importa é soltar a voz.

E, para surpresa de muita gente, a Leões soltou a voz e encontrou fanáticos torcedores na cidade de Gaspar, a 116 km da capital. Além desses lugares, conta com torcedores em alguns bairros do norte de Florianópolis. Segundo Roni, com o crescimento da Leões, o grupo foi dividido em comandos, surgindo assim o 1º Santo Amaro, 2º de Caldas (Santo Amaro), 3º Norte da Ilha e o 4 º em Gaspar. O próximo passo da torcida é arrecadar fundos para confeccionar um bandeirão. A torcida tem um blog (www.torcidaleoesdovale.blogspot.com) e criou uma página no orkut (Torcida Leões do Vale), com quase 700 membros.

A relação da organizada com as outras torcidas, segundo seus membros, é de total harmonia. “Mantemos um clima de cordialidade com todas as outras torcidas”, afirma Peterson. A ideologia da torcida é paz, dentro e fora de campo.

O setor H, onde está a base da Leões, fica num local oposto ao da Mancha Azul, a maior e mais antiga organizada do time azurra. A Mancha foi fundada em 21 de fevereiro de 1995, no bairro Bela Vista, em São José, por três jovens - Fabiano Capela, Rodrigo Amaral e Alexandre Silva. Hoje, a Mancha tem mais de mil integrantes, e conta 11 regionais espalhadas em todas as regiões de Santa Catarina. A Leões do Vale também quer chegar lá.

TORCIDA AVAIANA

Texto: Bruna Rodrigues AndrettFotos: Osvaldo Sagaz, Jerônimo Rubim,James Tavares e Rodolfo Carreirão de Medeiros

onde?

ANIVERSÁRIO: Torcedores comemoram os 86 anosdo Avaí

ARQUIBANCADA: “Maestro” puxa os gritos da torcida no jogo contra o Inter

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PERFIL DO TORCEDOR

Moacir Cardoso PereiraTexto: Diego Wendhausen Passos

Moacir Cardoso Pereira, o Moinha, vai aos estádios acompanhar o Avaí desde o final da década de 1970, quando o clube ainda comandava seus jogos no Estádio Adolfo Konder, onde atualmente situa-se o Beiramar Shopping. Hoje, com 39 anos, preside a Torcida 10 Organizada Raça Azul, grupo mais conhecido no Setor C da Ressacada, também chamado de curva da Raça. Fundada em junho de 1983, é a torcida organizada mais antiga do Avaí.

Durante algum tempo, o líder da torcida, por causa dos maus resultados em campo e pela desvantagem em que o time ficou em relação aos rivais em Santa Catarina, fez duras críticas ao presidente do Avaí, João Nilson Zunino. “O Avaí era o clube mais vezes campeão, tinha 12 vitórias a mais em clássicos e passou a perder todos esses indicadores positivos, vivia uma fase ruim, quase caiu para a série C”, justifica Moinha.

O grupo fez inúmeros protestos contra os dirigentes do clube. A manifestação mais conhecida foi a das faixas viradas de cabeça para baixo nos jogos do ano passado. Moinha disse que as faixas seriam desviradas quando o Avaí conquistasse o acesso para a série A ou voltasse a ser campeão catarinense. As faixas foram desviradas antes, pois os torcedores perceberam que o time estava unido e mostrando garra dentro de campo.

Hoje, Moinha enaltece a persistência de Zunino que, mesmo diante de inúmeras críticas, provocações dos torcedores rivais, manteve-se firme e conseguiu formar uma base vencedora para o Avaí, levando o clube à elite do futebol brasileiro e quebrando um jejum de 12 anos sem títulos catarinenses.

“Nós tivemos muitos problemas com algumas pessoas do clube por conta dos protestos, mas apoiamos quem estiver no cargo, queremos ver nosso time ganhar”, finalizou.

LEÕES DO VALE: Faixa faz parte do “patrimônio” da torcida

PARA DAR SORTE: Torcedor leva o seu

mascote para a Ressacada

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A cobertura daTexto: Vicente Parcias FigueiredoFotos: James Tavares e Jerônimo Rubim

POR TRÁS DA CORTINA - PARTE 2

mídianze da manhã. Ressacada quase vazia. Paulo Nelson, técnico externo da CBN Diário, está montando o equipamento para a transmissão radiofônica. Depois que todo o aparato está

devidamente em ordem, começam os testes. Às duas da tarde, é iniciada a transmissão com os flashes (informações rápidas) de cada time. Nelson fica de prontidão, na espreita, caso o repórter tenha algum contratempo, como falhar ou acabar a bateria do microfone. É o técnico externo que tem que resolver. “Sou o suporte do repórter”, explica.

As cadeiras e arquibancadas já vão ganhando vida, avaianos e colorados decoram o estádio de azul e vermelho. Quatro e meia, é hora de os repórteres de televisão entrarem em ação. Edmilson Ortiz, repórter de campo da SporTV, está na beira do gramado e, como é de praxe antes de cada transmissão, inicia o Lip Sinc – procedimento para sincronizar o áudio e o movimento da boca. Após testar as partes técnicas, Ortiz bate um papo com os setoristas dos dois times para checar se há novas informações.

Dentro de campo, além de ser uma fonte de notícias para os telespectadores, muitas vezes o repórter também leva informações aos técnicos e jogadores que ficam no banco de reservas. “Quanto tempo falta?”, “foi pênalti?”, “estava em posição irregular mesmo?”, são as perguntas mais corriqueiras que os jornalistas à beira do gramado escutam.

“Quantos minutos faltam para acabar o jogo eu sempre respondo sem problemas, já perguntas sobre arbitragem, procuro não comentar, falar que não vi direito, que não sei, senão posso acabar interferindo no jogo”, explica Ortiz. “Alguns técnicos que já conheço, como Dorival Júnior, Adilson Batista e o próprio Silas, sei que não vão utilizar a minha declaração para pressionar o árbitro, aí posso até lhes tirar alguma dúvida em relação a lances polêmicos”, admite.

O jogo começa em uma hora, Zequinha, locutor da Rádio Mais Alegria, chama o repórter de campo: “Vamos até o lado da equipe da casa. Do outro lado está o Márcio Coral, como está a situação aí, Márcio?”

Silêncio. “O time do Internacional ainda não está definido”,

improvisa o locutor. A transmissão dos jogos da rádio é feita por Zequinha e pelo comentarista Elétrico, mas, nos bastidores, quem dá todo o suporte é a técnica Rosana Catarina. Ela fica responsável por tudo: montar os equipamentos, testá-los, fazer ligações e informar o locutor e o comentarista.

É dado o pontapé inicial. Na cabine de imprensa escrita, os laptops já têm esboços de textos, quase não se ouve sons de teclado. Somente em um dos computadores as teclas parecem não gostar de ficar em silêncio. Os dedos de Amilton Alexandre, mais conhecido como Mosquito, não deixam o teclado em paz. Pelo @tijoladas, twitter do blog tijoladas.com.br, os dedos inquietos de Mosquito transmitem seu olhar a respeito do jogo. “Está com cara de zero a zero”, diz, segundos antes de sair o primeiro gol do Inter. O barulho dos outros teclados aparece. “Gol do Inter”, “twita” o blogueiro. No decorrer do jogo, além do teclado de Mosquito, ouvem-se as reclamações, nem sempre discretas: “pooorra” (no lance em que Índio cometeu falta dura e foi expulso), “putz” (no escorregão de Marquinho), “puta que pariu” (quando a bola cabeceada de Muriqui parou nas mãos de Lauro).

E as palavras finais, depois da partida, são quase sempre as mesmas: o técnico vencedor elogia o adversário, o adversário elogia a torcida, a torcida xinga o juiz e o campeonato continua. Todos os que estão ali, trabalhando ou torcendo, estão unidos pela paixão pelo futebol. É ele a grande estrela desse espetáculo.

IMPRENSA: Dolmar Frizon grava para a Globo/SporTV/PFC e fotojornalistas trabalham em meio à chuva.

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Presente na vida de muitas pessoas, a internet chegou aos gramados. Por meio de sites, do orkut, do twitter e de blogs, os fanáticos e os não tão fanáticos por futebol podem ir além do estádio. Os blogs têm conquistado um grande espaço entre os torcedores e hoje já existem mais de 30 blogs sobre o Avaí.

O blog da Raça Azul, criado em outubro de 2007, foi o primeiro a surgir e veio da necessidade da torcida, hoje com 26 anos, de colocar todo o arquivo impresso que possuía na internet. Mas com o blog no ar, a Raça Azul decidiu que o principal objetivo seria apoiar o time. “Já fizemos manifestações contra o presidente, mas nós só queríamos que o Avaí fosse campeão”, reconhece Moacir Cardoso Pereira, de 39 anos, criador do blog, que recebe uma média de 150 visitas diárias (matéria na página 11).

Aos poucos, os blogueiros ganham leitores entre os torcedores, jogadores e dirigentes. “Eu soube que alguns diretores do Avaí leem o blog constantemente e até o próprio (João Nilson) Zunino dá uma espiada de vez em quando”, afirma o blogueiro Fábio Trierveiler, que comanda o DeVirada, blog no ar desde janeiro deste ano e que contabiliza 20 mil acessos mensais.

O Avaí faz uma reunião mensal com os blogueiros, inclusive com a participação do presidente do clube. E alguns blogs, como o Elite Azul e Branca, funcionam um pouco como ouvidoria. “Estou em contato constante com o presidente e com os diretores, buscando esclarecimentos, tirando dúvidas de torcedores e até mesmo levando reclamações”, explica Rogério Cavallazzi, que dá continuidade ao trabalho do pai, Tullo Cavallazzi.

Com a marca de 100 mil visitas por mês, o Elite Azul & Branca tem como uma das metas levar ao torcedor uma opinião diferente sobre o dia a dia do clube. É o que pretende também Kátia de Paula em seu blog, o DNAzul. “Tento dar características próprias aos meus posts, com um estilo mais poético e também mais extrovertido”, diz.

Treino de cinco mil pessoasUm acontecimento em especial mostrou a força

que os blogueiros têm entre os torcedores. No treino antes da final do campeonato catarinense deste ano, o blog Elite Azul & Branca iniciou, em conjunto com a comunidade do Avaí no orkut e com o apoio de todos os blogs avaianos, um movimento para incentivar o time. Eles conseguiram reunir cerca de cinco mil torcedores no treino. “Em apenas três dias de divulgação nos blogs avaianos, a repercussão foi surpreendente. O mais otimista esperava algo em torno de duas mil pessoas”, revela Fábio Trierveiler. O resultado dessa união foi a vitória do Avaí sobre a Chapecoense e a conquista do

título catarinense.Os blogueiros mostraram que existe um canal de

comunicação muito forte com a torcida. “Eu creio que juntando todos os blogueiros tenhamos pelo menos uns 500 mil acessos por mês. O que me dá orgulho é que o clube entendeu nossa importância e hoje em dia somos convidados para todos os eventos”, fala com entusiasmo Rogério Cavallazzi.

A partir de então, os blogueiros uniram-se ainda mais e hoje realizam encontros para buscar ideias de incentivo à equipe e organizar festas e comemorações para os jogos. Como a mobilização que levou quatro mil torcedores a Curitiba no jogo do dia 29 de agosto e aquela idealizada pelo blogueiro Esteves Júnior: no dia 1º de setembro, aniversário do time, todos os avaianos vestiriam a camisa do clube.

As torcedoras avaianas acabam de ganhar três novas representantes no mundo dos blogs. Dentro do novo site idealizado por Esteves Júnior, o SouAvaiana, Gisele, Marcelle e Thaís juntam o charme e a feminilidade da mulher com o conhecimento sobre futebol. “Queremos mostrar que entendemos tanto de futebol quanto os homens”, desafia a blogueira Marcelle Lisboa.

Esteves Júnior, criador do site SouAvaiano, também está à frente do blog do Avaí no portal da Globo. No ar desde 8 de maio, véspera de estreia do Avaí na série A, o Blog do Torcedor mostra para o Brasil a história do Leão. “A responsabilidade é grande, pois escrevo em um blog dentro de uma das maiores empresas de mídia do mundo”, afirma.

A dedicação dos blogueiros conquistou os torcedores. É o caso do estudante Jean Tavares. “Tento acompanhar os blogs relacionados ao Leão frequentemente. É uma fonte de informação sobre o meu clube, de uma maneira mais informal e descontraída”.

A primeira edição da revista Leão em Foco foi amplamente noticiada pelos blogs avaianos. O primeiro a falar sobre a publicação foi o blog Avaí meu Avaí (www.marcostoto.blogspot.com), do torcedor Marcos “Totô” Evangelista. O blog, criado em junho de 2008, já foi visitado por quase 24 mil pessoas.

A Internet é azulTexto: Hemilin Candido Alves

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em o placar de 2 x 0 para o time adversário alterou os ânimos da torcida avaiana.

Mesmo com uma média de 15 mil torcedores, o jogo transcorreu de forma tranquila. Não foi registrada nenhuma ocorrência dentro ou fora do campo, nem ao menos briga entre as torcidas. Os gaúchos comemoraram a vitória de forma pacífica e a torcida da casa aceitou o placar. Apesar disso, a equipe de segurança estava preparada para as eventualidades. Eram 300 policiais compostos por equipes do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais), do PPT (Pelotão de Patrulhamento Tático), da Cavalaria e demais militares.

De acordo com o capitão Maurício Silveira, comandante do PPT, a tranquilidade da partida se deve à atuação da polícia de forma preventiva. “Tivemos o trabalho de isolar as torcidas adversárias, revistar os torcedores, escoltar as caravanas tanto na chegada quanto na saída do estádio e reforçar o policiamento na torcida mista. É por isso que as incidências são menores nos jogos atuais”, completa. Aliado ao trabalho dos policiais, as partidas

de futebol catarinenses contam, desde 2006, com a presença da justiça nos estádios, sendo representada por um delegado, um juiz, um promotor, advogados e um escrivão.

Em caso de ocorrência registrada pelos policiais, os infratores são levados à presença do delegado, que dá início ao processo e verifica os antecedentes criminais. Se necessário, encaminha os envolvidos à julgamento. O ato ocorre dentro do próprio estádio, em sala reservada e, quando necessário, o acusado é encaminhado à delegacia mais próxima.

A delegada Ester Fernanda Coelho, responsável pela partida, informou que as principais ocorrências são porte de drogas, ação dos cambistas, briga entre as torcidas e já houve até registro de atentado ao pudor. Segundo o juiz Rodrigo Tavares Martins, Santa Catarina é pioneira no atendimento judicial dentro dos campos, mas a intenção é que o sistema seja implantado em todos os estados. O juiz ainda afirma que a presença de um corpo de justiça dentro do estádio não faz necessariamente

o torcedor se sentir mais seguro, mas previne as ilegalidades. “A melhor maneira de manter a ordem dentro do campo é conscientizar o torcedor”.

Segurança vigiadaUm dos itens de segurança de

maior destaque dentro do campo é o monitoramento por câmeras da Polícia Militar. O equipamento custa em média R$ 50 mil e é operado por dois policiais. O sistema é capaz de registrar imagens em todos os pontos do estádio, focar no torcedor mais distante da câmera e até paralisar o vídeo, ajudando assim na identificação dos envolvidos nas ocorrências. As gravações são arquivadas pela polícia por até dois anos para possíveis investigações.

Para o cabo Daniel Estevam Ferreira, operador do equipamento, o impacto maior com o uso das câmeras é no âmbito psicológico. “As pessoas ao saberem que estão sendo filmadas ficam mais intimidadas a cometerem delitos. Além disso, é comprovado que nos eventos em que utilizamos essa tecnologia o índice de infrações é consideravelmente menor”, declara.

Ações preventivas garantem tranquilidadeSEGURANÇA

Texto: Camila BudagFoto: Fernando Silva

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Passando pelas ruas que rodeiam o Estádio da Ressacada é possível encontrar bandeiras nas janelas e decorações que indicam que ali vive um avaiano. A maioria dos que moram nas imediações do Estádio Aderbal Ramos da Silva torce pelo time local. Uma das figuras mais conhecidas como torcedora fanática é a dona de casa Arlete Martins, de 53 anos. Em frente à sua casa azul com uma bandeira do time hasteada, ela afirma que é uma paixão sem explicação.

Arlete conta que apanhou do pai quando pequena e já brigou até com a família por causa do time. É sócia e vai a todos os jogos na Ressacada, a única reclamação em dia de jogo é o trânsito. “O Avaí é tudo pra mim, já saí do estádio de ambulância duas vezes porque fiquei nervosa, mas é maravilhoso morar aqui, é um bairro tranquilo e o pessoal se respeita. O trânsito é que acaba com a gente, é muito lento e em dia de jogo chegam a levar duas horas do centro até aqui.”

Aqueles que torcem por outro time afirmam que a divergência de torcida não impede a harmonia entre os vizinhos. “Eu sou gaúcho, moro aqui há nove anos e torço pelo Avaí e Inter; quando os dois times jogam torço pelo Inter. Quando joga Avaí e Figueirense é que o pessoal fica mais agitado, mas aqui, entre os moradores, não tem briga.” afirma o estudante Ismael Pilger.

O comércio e a segurançaA agitação que acontece por causa dos jogos tem

grande influência no bairro Carianos, local do estádio. Segundo a moradora Luciane Faria, essa movimentação é bem-vinda e positiva para os vizinhos. “É muito legal, principalmente para o comércio. O movimento aumenta muito na região, ainda mais depois que o Avaí subiu para a série A. O único problema é o trânsito mesmo. Quando tem jogo e eu estou trabalhando é bem complicado, demoro muito pra chegar em casa”.

Lauro Dias é morador do bairro e proprietário de um mercado ao lado da Ressacada. Ele acredita que ter o campo ali perto é positivo. “É bom ter o Avaí aqui, o movimento aumenta bastante, mas é uma coisa bem organizada, os policias estão sempre rondando e com a cavalaria presente, a segurança é bem feita, nunca tive nenhum problema.”

Em dia de jogo os vizinhos da Ressacada começam a se preparar cedo para mais uma disputa. Apesar da grande movimentação, o que vale para eles é fazer do jogo uma diversão com respeito e tolerância. O importante é a disposição e a alegria em receber os amigos, sejam eles avaianos ou não.

Os vizinhos daTexto: Letícia Mathias AragãoFotos: Jaqueline Richter

AMBIENTE

Ressacada

FANÁTICA: Arlete Martins (no meio) pintou a casa

com as cores do time

FAMÍLIA: Torcida dividida para o jogo Avaí x

Internacional

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Elevadores, rampas, funcionários solícitos e até um espaço com vista privilegiada para o campo, reservado para os cadeirantes e seus acompanhantes. O estádio da Ressacada é referência nessa questão, segundo o torcedor Leonardo Anges, de 26 anos. “É o melhor de Santa Catarina. Já estivemos em outros estádios e aqui dá um banho,” comenta. Leonardo estava acompanhando João Felipe de Souza no jogo do último domingo.

“Aqui é formidável”, afirma o cadeirante João Felipe, de 24 anos, que fez uma ressalva: “O Avaí tem que dar um jeito no espaço, que é pequeno para a quantidade de cadeirantes”. O espaço reservado aos cadeirantes fica no segundo andar do setor D, ao lado dos camarotes corporativos. Durante a partida contra o Internacional, nove cadeirantes se espremiam em um espaço de mais ou menos seis metros, enquanto os acompanhantes se posicionavam em pé, atrás deles.

Leonardo, amigo de Felipe, revelou que até aquele dia, quando lotava o espaço, eles tinham a opção de descer um andar e se posicionar em um lugar semelhante. Porém, para a sua surpresa, o Avaí colocou uma placa de publicidade, tampando a visão da antiga segunda opção. “Talvez seja o momento de eles reavaliarem se não existe outro lugar no estádio para colocar esta placa e abrir novamente aquele espaço para nós”, comentou.

Segundo Alceu Atherino, assessor de imprensa do Avaí, o Estádio Aderbal Ramos da Silva está em reforma, com a conclusão das obras prevista para o segundo semestre de 2011. O projeto prevê o aumento do espaço para acolher os cadeirantes.

Mão na rodaTexto: Cleber LatrônicoFoto: Ivanir França

Fica, Zunino! Por muito tempo, esse era o grito recorrente nos jogos em Florianópolis. Mas quem pedia pela permanência do presidente do Avaí, João Nilson Zunino, era justamente a torcida do Figueirense, principal rival do Leão da Ilha, devido à má fase que o time atravessava na época. Poucos anos depois, esse é o apelo que os torcedores do Avaí fazem ao presidente, que está à frente do clube catarinense há sete anos.

O médico e empresário é o principal responsável pelas mudanças que acontecem desde 2001. Entre elas, destaca-se o acesso à série A em 2008, fato que não acontecia há quase trinta anos. O Avaí passou de desconhecido para ser a principal surpresa do Campeonato Brasileiro 2009. Com um longo planejamento, a administração foi reestruturada e o time catarinense passou a ser citado como exemplo para os grandes clubes de futebol do país. Confira a entrevista feita durante a festa de aniversário de 86 anos do Avaí, realizada no Clube 12 de Agosto, no centro de Florianópolis, no dia 1º de setembro de 2009.

Leão em Foco: Por que o senhor, um empresário de sucesso, resolveu ser presidente de um time de futebol?Zunino: Eu sou médico. Escolhi uma especialidade que me levou a ser empresário, e essa veia empresarial me levou a outras atividades dentro da medicina, ora para colaborar com hospitais, ora para colaborar com a comunidade de uma maneira geral, principalmente quando faltava alguma coisa em Florianópolis. O fato é que conseguimos sucesso também. Mas a par de tudo isso, tinha a grande paixão, que é o Avaí, e acabei sendo levado a ele para presidi-lo. Passamos por sérias dificuldades, mas devagar fomos organizando, fomos buscando a organização administrativa, administração patrimonial, além da administração naquilo que se refere ao futebol e, evidentemente, os frutos estão aparecendo. Estamos passando por um ótimo momento, mas que não pode passar como um vento, um sopro que logo desaparece, temos que continuar com seriedade.

Em 2007, o Avaí não foi bem no campeonato da segunda divisão e quase foi rebaixado para a série C. Em 2008, fez uma campanha incontestável na série B, classificando-se para a elite do futebol brasileiro com quatro rodadas de antecipação. Neste ano está sendo destaque no Campeonato Brasileiro. Como o senhor explica tantas mudanças em tão pouco tempo?Na realidade, eu pensava em alguma coisa melhor

O grito é o mesmo, mas mudou de torcidaTexto: Vanessa Silva

ENTREVISTA: JOÃO NILSON ZUNINO

INCLUSÃO: Cadeirantes assistem à partida no setor D

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O grito é o mesmo, mas mudou de torcidaENTREVISTA: JOÃO NILSON ZUNINO

antes de 2008. Os anos de 2002, 2003 e 2004 foram de muito trabalho, mas como não dominávamos todas as coisas, fazíamos uma revisão daquele ano, víamos o que havia de bom, selecionávamos para o lado positivo e tirávamos o negativo. Em 2007, começamos a ter uma parceria que eu sempre acreditei que ia dar certo. Quando terminou 2007, a imprensa me perguntou o que eu tirava de bom daquele ano. Eu claramente respondi que era a parceria que tinha trazido para o clube. Os resultados podiam ter vindo em 2007, precisávamos de alguns ajustes, mas que podiam acreditar que viriam em 2008. Em 2009, não esperávamos as dez primeiras rodadas tão ruins, como não esperávamos uma recuperação tão extraordinária como tivemos depois. Sempre confiamos que faríamos uma boa campanha. Quanto a isso nunca houve dúvidas.

Qual a importância do sócio torcedor para o Avaí?Precisamos de garantias por meio de ações, garantir a

estabilidade financeira do clube, que possa suportar uma queda técnica em um determinado momento, o que é comum no futebol, para nos levantarmos logo em seguida. O Avaí passa por um momento de ápice, o que pode dar a falsa impressão de que já está lá em cima, que não tem problema nenhum, mas não é bem assim. Esse momento é muito bom para o Avaí, mas não quer dizer que o time vai continuar ganhando sempre. Precisamos levar a equipe para uma absoluta tranquilidade e, obviamente, conseguir subir financeiramente. Só assim conseguiremos encarar as dificuldades que certamente surgirão. É isso que queremos, é esse Avaí que queremos. Nós queremos que o torcedor avaiano se torne sócio. O torcedor sócio, se for a todos os jogos, paga muito pouco para ir ao estádio, mas dá ao clube uma garantia de receita. Isso faz com que possamos ter tranquilidade.

A Arena do Avaí vai sair? Como vai ser?Vai sair e está saindo, mas é uma coisa que tem que ser devagar, pois precisa de muitos investimentos. A Arena vai servir para ser um centro executivo, vai ter praça de alimentação e lojas. Mas o que é mais importante: queremos que a parte interna da Arena seja de multiúso, pois para o futebol são utilizadas apenas 16 horas por mês e é muito caro manter essa estrutura.

O governo federal havia destinado uma verba para Santa Catarina, sendo que parte desse dinheiro seria utilizada para melhorar o acesso ao aeroporto, o que beneficiaria também o acesso à Ressacada. Há poucos dias, soube-se que essa verba foi cortada. Isso prejudica o Avaí, já que o trânsito é um problema para quem vai assistir aos jogos na Ressacada?A verba já existia no Ministério das Cidades e, de repente, o presidente Lula precisou cortar algumas verbas. Parece-me que a que estava destinada a Santa Catarina foi cortada em grande parte. O governo estadual está trabalhando para que não se mexa naquele dinheiro, assim as obras podem começar neste ano e serem finalizadas no ano que vem.

O senhor pensa em deixar a presidência do Avaí?Eu gostaria de deixar a presidência no fim deste ano, que é quando termina o meu mandato, mas é bom deixar claro que se não tivermos as pessoas indicadas que continuem com o mesmo pensamento da atual administração, vou para o sacrifício por mais quatro anos. Tenho certeza de que vamos conseguir formar pessoas com ideias semelhantes às nossas e fazer do Avaí um clube forte para atingirmos todos os nossos objetivos.

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Texto: Mário César Gomes e Vanessa Silva

COMEMORAÇÃO

esta. Aplausos. Decoração em azul e branco. É hora de celebrar. A comemoração é para um senhor que completa 86 anos, mas que apesar

da idade avançada, está em sua melhor forma física e atravessa um momento de conquistas profissionais. No hall de entrada, feita com balões azuis e brancos, a letra “A”, grande e chamativa, em homenagem ao aniversariante. Subindo as escadas, já é possível avistar as mesas, muitas, todas colocadas lado a lado, dando sinal da quantidade de amigos que iriam participar da celebração. Este senhor é muito dinâmico, desperta paixões em idosos, crianças, passando pelos playboys e também pelas dondocas. Não são poucos aqueles que demonstram devoção pelo aniversariante.

Ele nasceu no bairro da Agronômica, e começou a vida sem muitas ambições. Passou por uma fase ruim, mas sem nunca cair no esquecimento porque, desde pequeno, sempre teve fãs, gente que nunca deixou de acreditar no seu potencial. Por 30 longos anos manteve-se distante dos mais admiráveis do país, e por outros 12 andou meio esquecido pelo estado.

Mais dolorido que passar por uma fase ruim, foi ficar ofuscado pela sombra de uma figueira, que possui raízes profundas na região da Grande Florianópolis. E não foram poucas as vezes em que isso aconteceu, porém sempre elegante e sem perder a pose, encarou os fatos, driblou as adversidades e, aos poucos, foi se reerguendo.

Como todo verdadeiro vencedor, começou por baixo, ultrapassou colegas considerados de nível C, voltou à cena nacional eliminando grandes conhecidos do chamado nível B e atualmente vem atropelando os rivais da elite. E todos perguntam: como é possível tanta vitalidade com 86 anos? Ninguém tem a resposta exata, mas comenta-se pelos bastidores que o segredo está na camisa azul.

Prova dessa vitalidade e dessa vontade de estar inovando foi o seu último feito: dispensou um antigo patrocinador e apresentou um desfile da nova coleção. Por incrível que pareça, até uniforme de praia havia. E não pense que eram idosos desfilando, como os pracinhas em 7 de setembro. Eram garotos com porte atlético apresentando aos convidados as peças especialmente criadas para ele.

Sua melhor fase começou no ano passado. Ganhou um título, foi convidado para uma festa vip, de que só participa a elite, ganhou novos amigos e muitos admiradores que hoje já passam dos 12 mil torcedores, digamos oficiais.

O aniversário do Avaí, conhecido como o Leão da Ilha, reuniu no Clube 12 de Agosto, no centro da capital, no último dia 1º, alguns dos principais nomes

do futebol catarinense da atualidade. O presidente do clube, João Nilson Zunino, pela quantidade de abraços que recebeu e de elogios que ouviu, parecia um ator global ou um político famoso.

Entre uma entrevista e outra, ele escapava para agradecer ou conversar com algum conhecido que passava pelo local. Zunino afirma que a principal meta do Avaí é se manter na série A do Brasileirão. “A parte mais complicada foi conseguir chegar à elite do campeonato, agora nossa missão é continuar conquistando bons resultados para manter o time de forma satisfatória na competição”.

Apesar da boa fase da equipe, o presidente pensa em deixar a presidência do Avaí no final deste ano. Mas a principal questão é o nome do substituto. “Eu penso em deixar a presidência, meu mandato termina no final deste ano, mas se eu não conseguir encontrar alguém que pense de forma semelhante à minha, eu vou para o sacrifício e continuo na presidência”, afirmou.

Durante a comemoração, houve o desfile de apresentação do novo uniforme do Avaí. Ao som de Can’t Get Over, do grupo Kasino, alguns dos jogadores do time e até a Miss Ecologia caminharam, orgulhosos, estampando os novos trajes da equipe.

Durante o desfile do goleiro Eduardo Martini, a dona de casa Dora Goulart enaltecia a competência do jogador. “Ele está sendo considerado um dos melhores goleiros de todo o país”, dizia empolgada. Animado mesmo ficou o empresário Eduardo Goulart, o marido da dona Dora, também sócio do clube, que soltou um empolgado elogio ao zagueiro Rafael. “Lindo”, dizia ele, em tom de brincadeira.

Depois do jantar, no qual todos se serviram com luvas plásticas, como medida de prevenção contra a Gripe A, o técnico Silas falou sobre a situação do Avaí no Campeonato Brasileiro. “Estamos numa boa situação, mas agora vem a parte mais complicada”, afirmou. Perguntado sobre qual a situação mais difícil enfrentada por ele no comando do Avaí, Silas pensou, continuou pensando e afirmou: “Manter a equipe na série A realmente é um grande desafio, mas colocar o Avaí neste patamar, com o time que tínhamos há um ano e meio, sem dúvida, foi um desafio bem mais complexo”, reconheceu.

Velho ou novo, em decadência ou na elite, odiado ou amado, é impossível ignorar que os 86 anos de vida desse grande clube se misturam com a história de Florianópolis. E como dizem por aí, “esse Avaí faz coisa”, então esperaremos pelos próximos 86 anos. Ele tem muita história para contar, mas terá ainda mais para escrever.

86 anos e mais forte do que nunca

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Texto: Cristina Schulze

Em 17 de agosto deste ano, a Câmara Municipal de Florianópolis aprovou a Lei nº 7.932/2009, que institui o dia 1º de setembro como o Dia Municipal do Avaí Futebol Clube e do Torcedor Avaiano. O projeto de Lei do vereador Jaime Tonello (DEM) foi aprovado por unanimidade pelos vereadores de Florianópolis. “A lei que sancionei foi instituída para homenagear o clube pelo seu atual destaque no cenário esportivo, levando assim o nome da capital catarinense para o cenário nacional”, justificou.

O Avaí começou sua história em 1923, quando um comerciante da capital, Amadeu Hom, conheceu um grupo de garotos praticantes do futebol que organizavam seus jogos na Rua Frei Caneca, na Agronômica. O comerciante decidiu realizar o sonho daqueles garotos de usar uniforme como os times famosos, e doou um kit com uma bola, chuteiras e os tão sonhados uniformes. As camisetas eram listradas nas cores azul e branco, calções e meias azuis em homenagem ao extinto time de futebol Riachuelo, uma das paixões de Amadeu Hom.

No dia 1º de setembro do mesmo ano, em uma reunião dos jogadores com o comerciante, foi decidido que eles iriam fundar o clube e se chamaria Independência. Ainda durante a reunião, o nome Avahy foi colocado em votação, pois um dos participantes estava lendo um livro sobre a história do Brasil e fazia referência à Batalha do Avahy, que decidiu a Guerra do Paraguai (1864-1870), maior conflito armado internacional da América do Sul. A sugestão foi aceita e o time iniciou sua trajetória.

No ano de 1924, o Clube conquistou o título do primeiro Campeonato Catarinense. Nos anos de 1974, 1976, 1977 e 1979, teve a oportunidade de disputar o Campeonato Brasileiro na primeira divisão. Em 2009, após trinta anos fora da elite do futebol, volta à série A do Brasileiro, inicialmente ocupando as últimas colocações da tabela. Depois de algumas partidas, destaca-se pela invencibilidade durante onze jogos consecutivos, seguidos de duas derrotas. Mas esta nova história está ainda nos primeiros capítulos.

Dia Municipal doAvaí Futebol Clube

DESFILE: Novos uniformes são apresentados na festa de aniversário

cartasSou suspeito por ser avaiano. Mas lendo os textos, vendo as fotos e a revista como um todo só há uma palavra a dizer: PARABÉNS. Como professor e diretor da Estácio, sinto-me também orgulhoso em ter vocês como alunos. Parabéns pelo trabalho. Parabéns pela iniciativa. Sucesso.Ary Oliveira FilhoDiretor-Geral da Faculdade Estácio de Sá

Além de bem escrita, a revista está muito bonita. Parabéns.Ricardo VielRepórter da Folha de S.Paulo

A revista ficou linda. Um belo trabalho em equipe.Lúcia Helena VieiraDiretora de Comunicação da Assembleia Legislativa de Santa Catarina

Show de bola! A revista ficou muito legal. Mostrei aqui na CBN para a turma e todos aprovaram a ideia do Avaí e o trabalho dos alunos da Estácio. Parabéns.Luiz Augusto AlanoEstudante da Estácio e repórter da CBN Diário

Valeu a oportunidade de participar deste projeto tão legal, com essa equipe de profissionais. Valeu e parabéns. James TavaresFotojornalista

escreva para [email protected]

erramosO título do livro do radialista e historiador Alexandrino Barreto é Avaí Futebol Clube, e não Avaí Esporte Clube, como publicado erroneamente na edição número 1.

O estádio do Avaí chama-se Aderbal Ramos da Silva e não Adolfo Konder, como publicado erroneamente na primeira edição.

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Fotos da contracapa: Janine Souza Costa, Jerônimo Rubim e Rodolfo Carreirão de Medeiros. De cima para baixo, em sentido horário: RCM, JSC, JR, JR, RCM.

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