Legislação Comercial

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Caderno didático da disciplina Legislação Comercial do curso de Administração do CEDERJ.Aborda o Direito Empresarial.

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  • Volume nicoDebora Lacs Sichel

    Legislao Comercial

  • .

  • Debora Lacs SichelVolume nico

    Legislao Comercial

    Apoio:

  • Referncias Bibliogrfi cas e catalogao na fonte, de acordo com as normas da ABNT.

    Copyright 2007, Fundao Cecierj / Consrcio Cederj

    Nenhuma parte deste material poder ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrnico, mecnico, por fotocpia e outros, sem a prvia autorizao, por escrito, da Fundao.

    2009/1

    Material Didtico

    ELABORAO DE CONTEDODebora Lacs Sichel

    COORDENAO DE DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONALCristine Costa Barreto

    DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL E REVISO Anna Maria OsbornePatrcia Alves Corra

    COORDENAO DE AVALIAO DO MATERIAL DIDTICODbora Barreiros

    AVALIAO DO MATERIAL DIDTICOLetcia Calhau

    S565l Sichel, Debora Lacs.

    Legislao Comercial. v. nico / Debora Lacs Sichel. Rio de Janeiro : Fundao CECIERJ, 2009.

    228p.; 19 x 26,5 cm.

    ISBN: 978-85-7648-420-2

    1. Direito comercial. 2. Sociedade por aes. 3. Contratos. 4. Sociedade por aes. 5. Legislao comercial. I. Ttulo.

    CDD: 346.07

    Fundao Cecierj / Consrcio CederjRua Visconde de Niteri, 1364 Mangueira Rio de Janeiro, RJ CEP 20943-001

    Tel.: (21) 2299-4565 Fax: (21) 2568-0725

    PresidenteMasako Oya Masuda

    Vice-presidenteMirian Crapez

    Coordenao do Curso de AdministraoUFRRJ - Ana Alice Vilas Boas

    UERJ - Aluzio Belisrio

    EDITORATereza Queiroz

    REVISO TIPOGRFICACristina FreixinhoDiana CastellaniElaine BaymaPatrcia Paula

    COORDENAO DE PRODUOJorge Moura

    PROGRAMAO VISUALMrcia Valria de Almeida

    ILUSTRAOSami de Souza

    CAPASami de Souza

    PRODUO GRFICAAndra Dias FiesFbio Rapello Alencar

    Departamento de Produo

  • Universidades Consorciadas

    Governo do Estado do Rio de Janeiro

    Secretrio de Estado de Cincia e Tecnologia

    Governador

    Alexandre Cardoso

    Srgio Cabral Filho

    UENF - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIROReitor: Almy Junior Cordeiro de Carvalho

    UERJ - UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIROReitor: Ricardo Vieiralves

    UNIRIO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIROReitora: Malvina Tania Tuttman

    UFRRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIROReitor: Ricardo Motta Miranda

    UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROReitor: Alosio Teixeira

    UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSEReitor: Roberto de Souza Salles

  • .

  • Aula 1 Evoluo histrica do Direito Comercial ...........................................7

    Aula 2 Empresrio registro escriturao ..............................................21

    Aula 3 Estabelecimento empresarial nome empresarial marca............37

    Aula 4 Formao da sociedade empresarial ...............................................59

    Aula 5 Sociedades contratuais sociedade limitada .................................73

    Aula 6 Sociedades por aes .....................................................................87

    Aula 7 Ttulos de crdito ......................................................................... 105

    Aula 8 Espcies de ttulo de crdito: Letra de Cmbio

    e Nota Promissria ...................................................................... 119

    Aula 9 Espcies de ttulos de crdito: Duplicata e Cheque ...................... 133

    Aula 10 Protesto de ttulo de crdito e ao cambial ............................. 147

    Aula 11 Contratos mercantis .................................................................. 157

    Aula 12 Contratos mercantis compra e venda mercantil

    e contratos intelectuais ............................................................. 167

    Aula 13 Contratos bancrios .................................................................. 177

    Aula 14 Direito Falimentar...................................................................... 193

    Aula 15 Atividades de Legislao Comercial .......................................... 209

    Referncias ............................................................................................ 223

    Legislao Comercial Volume nico

    SUMRIO

    Todos os dados apresentados nas atividades desta disciplina so fi ctcios, assim como os nomes de empresas que no sejam explicitamente mencionados como factuais.Sendo assim, qualquer tipo de anlise feita a partir desses dados no tem vnculo com a realidade, objetivando apenas explicar os contedos das aulas e permitir que os alunos exercitem aquilo que aprenderam.

  • .

  • Evoluo histrica do Direito Comercial

    Esperamos que, aps o estudo do contedo desta aula, voc capaz de:

    conceituar o Direito Comercial, delimitando seu mbito;

    identificar as diversas fases do Direito Comercial;

    reconhecer a evoluo do Direito Comercial no Brasil at os dias de hoje.

    1ob

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    os

    AULA

    Meta da aula

    Apresentar o Direito Comercial com nfase na construo da legislao atual.

    Pr-requisito

    Para que voc acompanhe com proveito esta aula, necessrio que se lembre

    dos conceitos apresentados na disciplina Instituies de Direito

    Pblico e Privado, oferecida no primeiro perodo deste curso.

    1

    2

    3

  • 8 C E D E R J

    Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial

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    AU

    LA 1INTRODUO

    CO N S T I T U I O D A RE P B L I C A FE D E R A T I V A D O BR A S I L

    Lei maior vigente no Brasil, segundo a qual rege-se todo o ordenamento jurdico do pas. Foi promulgada em 5 de outubro de 1988 e constitui o Brasil como um Estado democrtico de Direito.

    As bases do Direito Comercial moderno provm das relaes econmicas

    decorrentes da economia de mercado. A ordem econmica e financeira tem

    na atividade econmica, a incluindo o trabalho humano e a livre iniciativa, os

    pilares da propugnada justia social. Verifica-se no Art. 170 da CONSTITUIO DA

    REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL de 1988 que:

    as relaes econmicas ou a atividade econmica devero ser

    (estar) fundadas na valorizao do trabalho humano e na livre iniciativa,

    tendo por fim (fim, delas, relaes econmicas ou atividade econmica)

    assegurar a todos existncia digna, conforme os ditames da justia social,

    observados os seguintes princpios...

    O Direito Comercial um ramo do Direito Privado que existe

    ao lado do Direito Civil, recebendo profunda influncia do Direito

    Pblico, sobretudo no que tange a certas regras proibitivas do exerccio

    do comrcio. um conjunto de normas jurdicas que regulam a empresa

    quanto a sua organizao e ao seu exerccio.

    Em janeiro de 2002, foi promulgado o novo Cdigo Civil brasileiro

    (Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002), que se destaca por disciplinar

    a matria civil e tambm a matria comercial, realizando no pas, a

    exemplo do que ocorreu na Itlia em 1942, a unificao legislativa do

    DIREITO PRIVADO tradicional.

    Esse novo Cdigo foi criticado por muitos, em razo do longo

    tempo em que esteve em trmite no Congresso Nacional, j que o projeto

    de 1975 (Projeto n 634/75).

    DI RE I T O PR I V A D OConjunto dos preceitos e normas que regulam a condio civil dosindivduos e das coletividades organizadas (pessoas jurdicas), inclusive o Estado. Tambm os modos pelos quais se adquirem, conservam, desfru-tam e transmitem os bens e, ainda, as relaes de famlia e as sucesses.

    Figura 1.1: A Constituio da Repblica do Brasil.

  • 8 C E D E R J

    Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial

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    LA 1

    O novo Cdigo adotou a Teoria da Empresa, elaborada pelos

    italianos, nas suas normas fundamentais. Com a teoria da empresa, o

    Direito Comercial passa a ser baseado e delimitado na atividade econmica

    organizada para a produo ou para a circulao de bens ou de servios,

    libertando-se da arbitrria diviso das atividades econmicas segundo o seu

    gnero, como previa a Teoria dos Atos de Comrcio, de origem francesa.

    "Ir ao encontro de uma realidade j existente." Assim se refere o jurista Miguel Reale

    unificao do Direito Comercial e do Direito Civil.Na verdade, nunca houve distino entre as obrigaes

    civis e comerciais. O conceito de obrigao se aplica tanto ao ramo comercial quanto ao civil.

    O novo Cdigo Civil de 2002 no fez a separao entre obrigaes comerciais e civis, pois a satisfao do credor ou o dever de

    prestar do devedor ocorre em ambas as reas.??

    Teoria dos Atos do Comrcio Idia adotada pela doutrina e legislao

    francesa que enumera na lei as atividades comerciais considerando apenas o gnero e que exclui do regime

    comercial importantes atividades econmicas, como por exemplo a prestao de servios em geral e a

    atividade imobiliria.??J a Teoria da Empresa elaborada pelos italianos no se preocupa com

    o gnero da atividade econmica. O que importa o desenvolvimento da

    atividade econmica mediante a organizao de capital, trabalho, tecnologia

    e matria-prima, resultando na criao e circulao de riquezas.

    FORMAO HISTRICA DO DIREITO COMERCIAL

    O acompanhamento do desenvolvimento histrico de qualquer

    objeto de estudo de suma importncia para que o mesmo seja

    entendido de maneira atemporal e dinmica, fugindo do erro de ser

    visto e caracterizado pelas suas nuances contemporneas, prprias de

    um dado momento histrico e sob a influncia de uma corrente filosfica

    dominante. Nesse sentido, estudando a evoluo do Direito Comercial

    atravs dos tempos e, inevitavelmente, do prprio comrcio , podemos

    identificar seus elementos fundamentais e perenes.

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    Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial

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    LA 1A Antigidade e as primeiras civilizaes

    Apesar da completa falta de registros, acredita-se que o rudimentar

    comrcio humano j possua algumas regras no que tange forma com que se

    efetivava a troca de utilidades, o que pode ter contribudo para que o homem

    primitivo desenvolvesse uma idia sobre valor e proporo. Por exemplo,

    uma cabra correspondia a dez peixes ou a dois machados de pedra.

    O Cdigo de Hamurabi (Babilnia) j previa alguns institutos

    prprios do Direito Comercial, como o emprstimo a juros, os contratos

    de sociedade e de depsito.

    AV A R I A G RO S S A

    Qualquer despesa extraordinria no prevista feita pelo comandante da embarcao mercante em benefcio da embarcao, da sua carga, e/ou aos demais interessados na expedio, durante a exposio martima.

    CI V I L I Z A O H E L N I C A

    A civilizao helnica ou grega comeou a existir por volta de 1200 a 1100 a.C., com a chegada dos drios ao sul da Pennsula Balcnica, conquistando os aqueus que a habitavam.

    Os fencios, como grandes navegadores da Antigidade, j

    tinham uma idia do que hoje chamamos de AVARIA GROSSA (para salvar

    a embarcao, os prejuzos eram rateados).

    Os gregos e os romanos

    Com o desenvolvimento que nos deu a CIVILIZAO HELNICA, surgiram

    regras sobre depsito de valores de particulares e a atividade bancria

    se implementou, com capitalistas financiando viagens para a busca de

    mercadorias no exterior.

    Figura 1.2: Cdigo de Hamurabi.

    O Cdigo de Hamurabi um dos mais antigos conjuntos de leis jamais encontrados, e um dos exemplos mais bem preservados deste tipo de documento da antiga Mesopotmia. Segundo os clculos, estima-se que tenha sido elaborado por volta de 1700 a.C. por Hamurabi, rei da Babilnia. Est gravadoem uma estela cilndrica de diorito, descoberta em Susa e conservada no Louvre.

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    Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial

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    LA 1

    Na antiga Roma, o comrcio era considerado prtica indigna

    (menor) e no podia ser exercido pelos pais de famlia ou mesmo

    pelos senadores, sendo exercido apenas pelos plebeus, homens e

    mulheres livres que no tinham o direito de cidados e se dedicavam

    ao comrcio, ao artesanato e aos trabalhos agrcolas. Contudo, como

    o comrcio e sempre foi atividade bastante lucrativa, os cidados

    romanos, testemunhando o sucesso econmico dos comerciantes,

    acabaram contornando ou burlando as leis que lhes proibiam a prtica

    comercial, criando sociedades que contribuam com capitais de scios

    ocultos, embries de tipos societrios modernos.

    Nesse perodo, surgiu tambm a idia de falncia do comerciante e

    do desapossamento de bens do falido para o pagamento das suas dvidas.

    Alm disso, com o desenvolvimento que teve o Direito Civil (jus civile),

    sobretudo no que se refere a contratos e obrigaes, tambm houve

    grande contribuio para formao do Direito Comercial moderno.

    O feudalismo e as corporaes de mercadores

    Com a queda da hegemonia do Imprio Romano surgiram os

    FEUDOS da era medieval, em que dominava a doutrina crist que proibia

    a usura (historicamente ligada cobrana de juros), mantendo a

    caracterstica da mercancia de ser considerada uma atividade menor.

    Nessa poca, predominava o Direito Cannico (da Igreja), que tinha

    carter centralizador e fechado, sofrendo o comrcio e, sobretudo o Direito

    Comercial, uma estagnao. Isto porque os feudos sobreviviam basicamente

    com o que ou do que pudessem produzir, numa explorao econmica

    FE U D O S

    Propriedades nobres que o senhor de certos domnios

    concede mediante a condio de vassalagem e

    prestao de certos servios e rendas.

    Figura 1.3: Mapa da civilizao helnica.

    Macednia

    Mar Egeu

    Atenas

    Imprio Persa

    Trcia

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    Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial

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    LA 1

    a. Depois do que voc j leu nesta aula, como voc conceituaria o Direito Comercial e qual o seu objeto?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    b. Um rapaz procurou um advogado especialista em Direito Comercial com um problema relativo ao seus direitos trabalhistas junto empresa em que trabalha. O advogado disse que no poderia ajud-lo, que procurasse um advogado trabalhista. Justifique a resposta do advogado.___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    Respostas Comentadasa. Esta uma resposta de carter pessoal. Voc dever usar suas prprias palavras

    desde que defina que o Direito Comercial se baseia e se delimita na atividade

    econmica organizada para a produo ou circulao de bens ou de servios.

    b. Como voc viu no decorrer da aula, o Direito Comercial regula a atividade

    empresarial, e as garantias trabalhistas esto fora do mbito comercial.

    Atividade 1

    que tinha por base as relaes entre o senhor feudal/servo e suserano/vassalo

    voltando, somente a desenvolver-se aps as invases brbaras.

    Paradoxalmente, foi durante o perodo feudal da Idade Mdia, nas

    cidades hoje italianas de Florena e Gnova, que surgiram as coorporaes

    de mercadores, consideradas pela doutrina a verdadeira origem do

    Direito Comercial como o concebemos atualmente. Tais corporaes,

    criadas por comerciantes, eram compostos por cnsules (espcie de juzes

    que eram eleitos pela classe dos mercadores) que, ao dirimirem disputas

    entre comerciantes, acabavam por criar JURISPRUDNCIA comercial. Com

    isso, o embrionrio Direito Comercial surgiu de forma corporativista,

    pois ocupava-se, no incio, apenas de conflitos envolvendo comerciantes

    contra comerciantes e, depois, estendendo-se a causas entre comerciantes

    e no-comerciantes.

    JU R I S P R U D N C I A

    Srie de julgados versando sobre o mesmo assunto, uniformes, que so usados como meio de interpretao e aplicao de leis ou, at, soluo de conflitos, por analogia.

  • 12 C E D E R J

    Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial

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    AU

    LA 1

    ORD E N A E S

    Compilao de leis portuguesas

    que vigoraram de 1446 a 1867, at

    ser aprovado o 1 Cdigo Civil de

    Portugal. No Brasil, foram mantidas at

    1916, quando se deu a promulgao do

    nosso Cdigo Civil.

    T T U L O D E CR D I T O

    Documento que formaliza um

    direito creditrio, que um direito

    ao recebimento de determinado valor,

    como no caso de compra e venda

    a prazo. Pode ser ordem ou ao

    portador. circulvel e capaz de realizar de

    pronto o valor que representa.

    AS FASES DO DIREITO COMERCIAL

    Podemos dividir o Direito Comercial em trs fases: a primeira

    a subjetiva-corporativista; a segunda a fase objetiva, e a terceira a

    chamada Direito Empresarial (conceito subjetivo moderno).

    A fase, chamada subjetiva-corporativista, que durou do sculo

    XII at o sculo XVII, aquela na qual o Direito Comercial entendido

    como sendo um direito fechado, classista e privativo, em princpio, das

    pessoas matriculadas nas corporaes de mercadores. Foi nesse perodo

    que nasceram, numa forma prxima do que temos hoje, os TTULOS DE

    CRDITO. Estes so de fundamental importncia para o desenvolvimento

    e a dinamizao das relaes comerciais, chegando a doutrina a dizer

    que vivemos, hoje, em uma economia creditria.

    Na Idade Moderna, juntamente com o declnio do sistema feudal

    de organizao social, a queda de Constantinopla (1453) e a busca de

    um novo caminho para as ndias, surgiram os Estados Nacionais,

    de feio centralizadora e autoritria na figura do imperador. Esses

    Estados acabaram por transformar em leis as prticas das corporaes

    e a doutrina de estudiosos italianos, espanhis e franceses que haviam

    se debruado sobre o assunto. Foi o tempo das ORDENAES.

    Na Idade Contempornea a Revoluo Francesa (1789), com

    princpios de igualdade e fraternidade, excluiu o privilgio de classe. Isso

    fez com que o Direito Comercial deixasse de ser prprio dos comerciantes

    para estar pautado nos atos de comrcio. Pode-se dizer que o Direito

    Comercial, na fase objetiva, era extensivo a todos que praticassem

    determinados atos previstos em lei, tanto no comrcio e na indstria como

    em outras atividades econmicas, independentemente de classe. Tais atos,

    por sua natureza, que determinavam o carter de comercialidade das

    atividades, sendo, geralmente, aqueles que detinham escopo de lucro,

    fito especulativo (visavam ao lucro) e mediao (negociao).

    Figura 1.4: Nota promissria.

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    Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial

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    AU

    LA 1

    A terceira fase do Direito Comercial encontra-se em elaborao.

    Essa fase corresponde ao Direito Empresarial (conceito subjetivo

    moderno). De acordo com a tendncia, a atividade negocial no se

    caracterizaria mais pela prtica de atos de comrcio (interposio habitual

    na troca, com o fim de lucro), mas pelo exerccio profissional de qualquer

    atividade econmica organizada, exceto a atividade intelectual, para a

    produo ou circulao de bens ou servios.

    Fases do Direito Comercial

    1 fase: subjetiva-corporativista.2 fase: objetiva.

    3 fase: Direito Empresarial.!!Marque (V) para a assertiva verdadeira e (F) para a assertiva falsa, justificando-a:a. O surgimento do Direito Comercial relaciona-se ascenso da classe burguesa, originando-se da necessidade de os comerciantes da Idade Mdia possurem um conjunto de normas para disciplinar a atividade profissional por eles desenvolvida. ( )b. Reunidos em corporaes de ofcio, os comerciantes criaram o Direito Comercial com base nos usos e costumes comerciais difundidos pelos povos que se dedicaram atividade comercial. ( )c. Com os romanos surgiu a ideia de falncia do comerciante e o desapossamento de bens do falido para pagamento das suas dvidas. ( )d. O Direito Comercial aparece na Antigidade elaborado pelos comerciantes reunidos nas corporaes para disciplinar suas atividades profissionais, caracterizando-se, no incio, como um direito corporativista e fechado, restrito aos comerciantes matriculados nas corporaes de mercadores. ( )

    Atividade 2

    Chegamos portanto segunda fase da evoluo de nosso objeto

    de estudo, chamada perodo objetivo, que se inicia com o liberalismo

    econmico.

    O que liberalismo econmico?Liberalismo econmico: doutrina segundo a qual existe uma ordem natural para os fenmenos econmicos, a qual tende ao equilbrio pelo livre jogo da concorrncia e da no interveno do Estado. Hoje em voga, devido queda do projeto socialista de Estado do leste europeu e do fracasso do Estado Burocrtico ocidental em fazer o desenvolvimento econmico e social.

  • 14 C E D E R J

    Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial

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    AU

    LA 1

    O DIREITO COMERCIAL NO BRASIL

    Dentro do contexto brasileiro, o Direito Comercial recebe da

    doutrina uma classificao que o caracteriza em duas fases: a luso-brasileira

    e a brasileira.

    Fase luso-brasileira

    O Direito Comercial brasileiro tem origem em 1808 com a

    chegada da famlia real portuguesa ao Brasil e a abertura dos portos

    s naes amigas.

    Respostas Comentadasa. Verdadeiro. O Direito Comercial surge de forma corporativista. No incio

    ocupava-se apenas de conflitos envolvendo comerciantes contra comerciantes.

    b. Verdadeiro. Criou-se at mesmo uma srie de julgados versando sobre o mesmo

    assunto que eram usados como meio de interpretao e soluo de conflitos.

    c. Verdadeiro. Povos antigos trouxeram importantes contribuies para os

    institutos jurdicos incorporados pelo Direito Comercial no decorrer de sua

    evoluo histrica.d. Falso. Na Idade Mdia que o Direito Comercial tem o aspecto corporativista;

    vai do sculo XII at o sculo XVIII. entendido como sendo um direito fechado,

    classista e privativo, em princpio, das pessoas matriculadas nas corporaes

    de mercadores.

    Figura 1.5: Monumento comemorativo da chegada da famlia real ao Brasil.

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    Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial

    C E D E R J 17

    AU

    LA 1Da sua origem at o surgimento do Cdigo Comercial brasileiro,

    ele disciplinava as atividades comerciais no pas, as leis portuguesas

    e os Cdigos Comerciais da Espanha e da Frana, j que entre as leis

    portuguesas existia a LEI DA BOA RAZO, prevendo que no caso de lacuna

    da lei portuguesa, deveriam ser aplicadas as leis das naes crists,

    iluminadas e polidas para dirimir os conflitos de natureza comercial.

    Temos os seguintes fatos histricos em que o Brasil deixou de ser

    apenas uma colnia de explorao portuguesa e comeou a adquirir

    contornos de Estado organizado:

    a. a fuga da famlia real de Portugal, trazendo toda uma

    organizao de corte;

    b. a promulgao da Lei de Abertura dos Portos, que propiciou

    o livre estabelecimento de fbricas e manufaturas;

    c. a criao da Real Junta do Comrcio, Agricultura, Fbricas e

    Navegao, embrio das atuais Juntas Comerciais (rgo autrquico

    que cuida do Registro do Comrcio);

    d. a criao do Banco do Brasil (1808), com programas de emisso

    de bilhetes pagveis ao portador, operaes de descontos, comisses,

    depsitos pecunirios, saques de fundos por conta de particulares e do

    Real Errio, para a promoo da indstria nacional.

    O perodo brasileiro

    Proclamada a independncia e convocada a Assemblia

    Constituinte de 1823, por algum tempo ainda fizemos uso corrente de

    legislao estrangeira, mas o esprito nacional do jovem Imprio passou

    a exigir, como afirmao poltica de sua soberania, a criao de um

    direito prprio. Em 1834, uma comisso de comerciantes apresentou ao

    Congresso Nacional um projeto de Cdigo Comercial que, aps uma

    tramitao de mais de 15 anos, originou o primeiro cdigo brasileiro,

    o Cdigo Comercial (Lei n 556, de 25 de junho de 1850), que foi

    baseado nos Cdigos de Comrcio de Portugal, da Frana e da Espanha.

    O Cdigo Comercial brasileiro adotou a teoria francesa dos atos de

    comrcio. Assim, para se qualificar como comerciante e submeter-se

    ao Direito Comercial, bastava a prtica habitual de atos de comrcio.

    Observamos, a partir da, os seguintes fatos como relevantes:

    a. a promulgao de Cdigo Comercial (1850), revogado pelo

    Cdigo Civil de 2002;

    LE I D A BO A RA Z O

    Promulgada em 18/8/1769, previa o apenamento do advogado que se valia de interpretaes maldosas e enganosas nos processos judiciais.

  • 16 C E D E R J

    Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial

    C E D E R J 17

    AU

    LA 1b. a aprovao dos Regulamentos 737 e 738, que, respectivamente,

    estabeleciam os Atos de Comrcio e o Processo Comercial (este

    ltimo substitudo pelo Cdigo de Processo Civil de 1939);

    c. as leis especiais sobre Sociedades por Cotas de Responsabilidade

    Ltda. (1919), a Conveno de Genebra (Lei Uniforme) sobre

    Ttulos de Crdito, a Lei das Sociedades Annimas etc.;

    d. o Cdigo das Obrigaes, que pretendeu unificar todo o Direito

    Privado (Civil e Comercial) em um s texto Projeto de Lei

    634/75, que tramitou pelo Congresso Nacional por quase trinta

    anos (Novo Cdigo Civil).

    O DIREITO COMERCIAL ATUALMENTE NO BRASIL

    O novo Cdigo Civil entrou em vigor em janeiro de 2003,

    revogando expressamente o Cdigo Civil de 1916 (Lei n 3.071, de 1

    de janeiro de 1916) e a Parte Primeira do Cdigo Comercial (Lei n 556,

    de 25 de junho de 1850), que tratava do comrcio em geral. Em razo

    da chamada unificao legislativa, necessrio destacar alguns aspectos

    referentes autonomia jurdica do Direito Comercial e a evoluo

    proporcionada a esse ramo do Direito Privado com o surgimento do novo

    Cdigo, afastando-se, de imediato, qualquer entendimento precipitado

    que possa sugerir o fim ou o desprestgio do Direito Comercial no pas

    pela insero de suas normas fundamentais no Cdigo Civil.

    A autonomia legislativa de determinado ramo do Direito resulta

    de uma opo do LEGISLADOR. O fato de o Direito Comercial possuir as

    suas normas fundamentais inseridas em um Cdigo ao lado das normas

    do Direito Civil no prejudica a sua autonomia jurdica.

    No novo Cdigo Civil, a matria de natureza comercial

    disciplinada no Livro II da Parte Especial, que possui 229 artigos e

    denomina-se Do Direito de Empresa, no se confundindo a natureza

    comercial desses dispositivos com os demais artigos do Cdigo. Portanto,

    a matria comercial no se confunde com a matria civil no novo Cdigo

    Civil, sendo um dos fatores que evidenciam a autonomia jurdica do

    Direito Comercial.

    Importantes temas comerciais no esto disciplinados no novo

    Cdigo Civil. O Livro Do Direito de Empresa no disciplina a falncia

    e a concordata, no trata dos ttulos de crdito em espcie, remete para a

    LE G I S L A D O RAquele que

    estabelece ou faz as leis.

  • 18 C E D E R J

    Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial

    C E D E R J 19

    AU

    LA 1lei especial a disciplina legal da sociedade annima, no se refere aos bens

    industriais (marcas de produtos ou servios, desenho industrial, inveno

    e modelo de utilidade), no disciplina a concorrncia empresarial e no

    faz referncia a importantes contratos empresariais.

    Apesar dessas vrias crticas ao novo Cdigo Civil, deve-se

    ressaltar os benefcios proporcionados ao Direito Comercial, como por

    exemplo a adoo da Teoria da Empresa nas suas normas fundamentais,

    que vem consolidar a ampliao da abrangncia do Direito Comercial

    no pas, tendncia verificada nos ltimos trinta anos na doutrina, na

    legislao e na jurisprudncia.

    O novo Cdigo Civil brasileiro surge como referncia do incio

    de uma nova fase do Direito Comercial brasileiro, contribuindo para a

    sua evoluo no pas, ao contrrio do que possa sugerir, de imediato, a

    unificao legislativa realizada. O Cdigo Civil de 2002 aparece para

    transpor o perodo de transio do Direito Comercial, consolidando-o

    como o direito da empresa, maior e mais adequado para disciplinar o

    desenvolvimento das atividades econmicas no pas.

    CONCLUSO

    A definio do objeto de estudo do Direito Comercial, com o

    progresso da tcnica e da economia de massa, desloca-se da noo de ato

    para a noo de atividade. No fim do sculo XIX notava-se a profunda

    transformao na estrutura do sistema capitalista, que deflagrou a Primeira

    e Segunda Guerra bem como as grandes crises de 1921 e 1929. As pequenas

    empresas, submetidas lei do mercado, prpria do capitalismo industrial

    dos sculos XVIII e XIX, vo pouco a pouco sendo substitudas pelos

    grandes organismos econmicos com produo em massa. A produo

    isolada vai sendo progressivamente substituda pela atividade mercantil e

    industrial em srie. Essa atividade impe uma crescente especializao e a

    criao de organismos cada vez mais complexos. Cria-se um novo ponto

    de referncia para o Direito Comercial, a atividade negocial visando a uma

    finalidade econmica unitria e permanente. Chega-se assim ao conceito

    de atividade econmica organizada e, portanto, noo de empresa, como

    ncleo do direito mercantil.

  • 18 C E D E R J

    Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial

    C E D E R J 19

    AU

    LA 1

    Imagine uma sesso do Tribunal do Jri em que esto sendo julgadas duas opinies:

    uma, contrria insero do Direito Comercial no Cdigo Civil, e a outra com os

    benefcios dessa insero.

    a. Coloque pelo menos, dois argumentos de cada posio.

    ________________________________________________________________________________

    ________________________________________________________________________________

    ________________________________________________________________________________

    ________________________________________________________________________________

    ______________________________________________________________________________

    b. Agora, d a sua opinio, justificando-a.

    _______________________________________________________________________________

    _______________________________________________________________________________

    _______________________________________________________________________________

    ________________________________________________________________________________

    ______________________________________________________________________________

    Respostas ComentadasQuanto posio contrria insero do Direito Comercial no Cdigo Civil, voc pode

    escolher diversos aspectos (um deles, imprescindvel dizer que diminui a autonomia do

    Direito Comercial em face do Direito Civil). Em contrapartida, um dos maiores benefcios

    dessa insero a unificao legislativa do Direito Privado.

    A segunda parte da Atividade Final diz respeito a uma opinio que voc deve

    ter formado aps a leitura desta aula.

    Atividade Final

  • 20 C E D E R J

    Legislao Comercial | Evoluo histrica do Direito Comercial

    INFORMAES SOBRE A PRXIMA AULA

    A prtica reiterada de atos negociais feita de maneira organizada e unificada,

    ou seja, a atividade negocial visando a uma finalidade econmica unitria e

    permanente feita por um mesmo sujeito, isto , o empresrio, ser o objeto de

    estudo da prxima aula.

    A prtica comercial um sistema de longa data nos nossos costumes.

    O Direito como uma cincia que procura harmonizar as prticas comerciais.

    O Direito Comercial, bem como a sociedade, passou por diversas fases at os dias

    de hoje. Est longe de concluir a sua trajetria, pois j temos novos fatores que

    influenciam nosso dia-a-dia, como o mundo virtual.

    R E S U M O

  • Empresrio registro escriturao

    Esperamos que, aps o estudo do contedo desta aula, voc seja capaz de:

    descrever e distinguir a atividade empresarial;

    explicar a obrigatoriedade do registro do empresrio e da sociedade empresarial no Registro Pblico de Empresas Mercantis;

    ordenar os principais livros de escriturao do empresrio.

    2ob

    jetiv

    os

    AULA

    Metas da aula

    Definir empresrio, explicando sua inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis e demonstrar a obrigatoriedade e a forma

    da escriturao de informaes da empresa.

    Pr-requisitos

    Para que voc acompanhe com proveito esta aula, necessrio que voc

    se lembre dos conceitos apresentados na disciplina de Direito Pblico e Privado,

    oferecida no primeiro perodo deste curso, bem como da

    primeira aula desta disciplina.

    1

    2

    3

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    Legislao Comercial | Empresrio registro escriturao

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    AU

    LA 2INTRODUO

    PE S S O A D E D I RE I T O

    Pessoa que capaz de criar vnculos jurdicos, na atividade negocial; pode-se criar uma sociedade que ser capaz de contratar, acordar, empreender e, assim, responder perante a sociedade com responsabilidades.

    O empresrio um produtor impulsionado pelo lucro, consciente de que constitui

    uma pea importante no mecanismo da sociedade humana. Ele se dedica ao

    exerccio de uma atividade organizada, destinada produo ou circulao de

    bens ou servios, na qual se refletem expressivos interesses coletivos.

    Dois elementos fundamentais servem para caracterizar a figura do empresrio:

    a iniciativa e o risco. O poder de iniciativa pertence-lhe exclusivamente.

    Cabe-lhe, com efeito, determinar o destino da empresa e o ritmo de sua

    atividade. O Cdigo Civil italiano (Art. 2.082) define a figura do empresrio:

    empresrio quem exercita profissionalmente uma atividade econmica

    organizada para o fim de produo ou troca de bens ou de servios.

    J no nosso Cdigo no h distino entre empresrio comercial ou civil.

    A definio de empresrio genrica e exige sua inscrio no Registro Pblico

    de Empresas Mercantis. O empresrio civil equipara-se ao empresrio rural,

    facultando a este sua inscrio no Registro Pblico de Empresas Mercantis.

    O EMPRESRIO E A EMPRESA

    Com o nome de empresrio esto compreendidos tanto aquele

    que, de forma singular, pratica profissionalmente atividade negocial,

    como a PESSOA DE DIREITO constituda para o mesmo fim. Ambos praticam

    atividade econmica organizada para a produo, transformao ou

    circulao de bens e prestao de servios.

    O conceito de empresa estritamente econmico e o Cdigo Civil de

    2002 definiu empresrio em seu Art. 966 que diz: Considera-se empresrio

    quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a

    produo ou a circulao de bens ou de servios. Ento, depreende-se da

    leitura deste artigo que empresrio quem exerce a atividade empresarial

    profissionalmente. J empresa a forma organizada para a produo ou

    a circulao de bens e servios.

    Assim, por tratar-se de qualificao profissional, a condio de

    empresrio reclama a congregao de alguns requisitos bsicos:

    1. capacidade jurdica;

    2. ausncia de impedimento legal para o exerccio da empresa;

    3. efetivo exerccio profissional da empresa;

    4. registro obrigatrio.

  • 22 C E D E R J

    Legislao Comercial | Empresrio registro escriturao

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    AU

    LA 2 Vamos, agora, explicar cada item anterior:

    1. Da capacidade jurdica

    Todo ato jurdico tem, como condio primria de validade,

    a capacidade de quem o pratica. Toda pessoa que estiver em pleno

    gozo da sua capacidade civil, e no for legalmente impedido, pode

    exercer a atividade de empresrio. Nossa legislao enumera os que so

    absolutamente incapazes para exercer a atividade empresarial:

    os menores de 16 anos;

    os que no tiverem o necessrio discernimento para prtica

    desses atos por enfermidade, deficincia mental ou mesmo

    por causa transitria.

    J os relativamente incapazes, ou seja, que precisam ser

    representados para praticarem atos na vida civil so:

    os maiores de 16 e menores de 18 anos;

    os brios, os viciados em txicos e aqueles que, por deficincia

    mental, tenham o discernimento reduzido;

    os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;

    os prdigos.

    2. Da ausncia de impedimento legal para o exerccio da empresa

    Algumas profisses reclamam condio especial de aptido. No

    pode, por exemplo, ser mdico quem no formado por curso regular

    de medicina. Ao assegurar o exerccio da atividade de empresrio aos

    plenamente capazes, o Art. 972 do Cdigo Civil s impe uma condio,

    isto , podero faz-lo aqueles que no forem legalmente impedidos.

    H determinadas pessoas, plenamente capazes, a quem a lei veda

    a prtica profissional da empresa. A proibio se funda em razes de

    ordem pblica decorrentes das funes que exercem. No se trata de

    incapacidade jurdica, mas de incompatibilidade da atividade negocial em

    relao a determinadas situaes funcionais. Portanto, no so incapazes,

    mas praticam irregularmente atos vlidos. Ex.: Principalmente por uma

    questo tica, os magistrados so impedidos de fazer parte de sociedade

    empresarial. Imagine uma empresa de fornecimento de quentinhas e

    que o scio majoritrio seja um magistrado. Um empregado sente-se

    injustiado e recorre justia do trabalho para haver seus direitos.

    O juiz ter de se expor e comparecer em juzo. Pode tambm acontecer que

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    Legislao Comercial | Empresrio registro escriturao

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    LA 2o Tribunal de Justia abra uma concorrncia para contratar uma empresa

    de fornecimento de quentinhas. Desse contrato surgem inmeras relaes

    jurdicas que podem ser conflitantes com a atividade judicante.

    Se, ainda que contrariando a lei, aquelas pessoas insistirem em

    exercer a atividade empresarial em nome prprio, praticaro atos vlidos,

    embora fiquem sujeitas a diversas sanes.

    Figura 2.1: Empresa de quentinhas.

    No plano penal, fica sujeito priso simples ou multa quem

    pratica atividade da qual foi impedido, conforme previsto no Art. 47 do

    CDIGO PENAL. No mbito administrativo, se forem agentes pblicos ficaro

    expostos demisso, nos termos do respectivo estatuto funcional.

    A palavra sano tem, sob o aspecto jurdico,

    dois significados. A aprovao por parte do chefe do poder

    Executivo, de um projeto de lei j aprovado pelo Legislativo um deles. O outro significado a sano como pena

    para quem transgride a lei.??

    C D I G O PE N A LEstatuto em que so definidos os delitos e cominadas as sanes punitivas para cada espcie de infrao.

    Figura 2.2: O Cdigo Penal.

  • 24 C E D E R J

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    LA 2 No simples arrolar todos os que so impedidos de exercer

    atividade empresarial. Sendo a proibio uma restrio ao exerccio de

    um direito, ela deve ser expressa. No lcito inferi-la por deduo, nem

    aplic-la por analogia. Em outras palavras, a lei diz quem est impedido

    de ser empresrio. So eles:

    militares, de acordo com o Art. 29 da Lei 6.880/80, esto

    impedidos de exercer a atividade empresarial ou integrar a

    administrao ou gerncia de sociedade empresarial ou, ainda,

    dela ser scio, salvo como acionista ou cotista. crime previsto

    no Art. 204 do Cdigo Penal Militar;

    agentes pblicos, de acordo com o Art. 117 inciso X da Lei

    n 8.112/90, podem ser acionistas, cotistas, ou seja, scios

    de responsabilidade limitada, mas no empresrios nem

    administradores ou gerentes de empresa privada;

    magistrados e membros do Ministrio Pblico, de acordo com

    o Art. 95, pargrafo nico, da Constituio Federal e Art. 128

    5, inciso II c, da Constituio Federal, esto impedidos de

    ter participao em sociedade empresarial, esta entendida como

    exerccio de funes administrativas e gerenciais suscetveis de

    granjear-lhes responsabilidade penal e responsabilidade civil

    ilimitada. Realmente, intuito de lucro e de aliciar clientela,

    inerentes ao exerccio profissional da gesto empresarial, so

    inconciliveis com os elevados misteres atribudos aos juzes

    de direito e promotores de justia;

    deputados e senadores, de acordo com os Arts. 54 e 55

    da Constituio Federal, no podero ser proprietrios,

    controladores ou diretores de empresa que goze de favor

    decorrente de contrato com pessoa jurdica de direito pblico,

    nem exercer nela funo remunerada ou cargo de confiana;

    estrangeiro com visto provisrio, de acordo com o Art. 98 da

    Lei 6.815/89, no pode estabelecer-se com firma individual ou

    exercer cargo ou funo de administrador, gerente ou diretor

    de sociedade empresarial ou simples;

    leiloeiros, de acordo com o Art. 36 do Decreto n 21.891/32,

    so proibidos de exercer a atividade empresarial, bem como

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    AU

    LA 2constituir sociedade empresarial sob pena de destituio;

    despachantes aduaneiros, de acordo com o Art. 10 inciso I do

    Decreto n646/92, no podem manter empresa de exportao

    ou importao de mercadorias nem podem comercializar

    mercadorias estrangeiras no pas.

    3. Do efetivo exerccio profissional da empresa

    Mesmo capaz, no impedido e regularmente matriculado no

    Registro Pblico de Empresas, a pessoa s ser considerada empresria

    se o fizer:

    profissionalmente (no esporadicamente);

    em nome prprio (no em nome de outrem);

    com intuito de lucro (no graciosamente).

    Qualquer pessoa pratica, ocasionalmente, atos negociais, sem que

    por isso seja empresrio. a natureza profissional (prtica ordenada e

    habitual, com fins lucrativos) que confere ao empresrio essa condio.

    Por outro lado, bom ter em mente que profissionalidade no implica

    exclusividade. O exerccio da atividade empresarial no precisa ser a

    nica profisso do empresrio. Por exemplo, ele pode ser jogador de

    futebol e agricultor. Pode ter a profisso de jogador de futebol e exercer

    empresarialmente a atividade de agricultor.

    Figura 2.3.a: Um empresrio em plena atividade.

    Fonte: www.sxc.hu/photo/671428

    Figura 2.3.b: O empresrio na sua atividade esportiva.

    Fonte: www.sxc.hu/photo/594944

  • 26 C E D E R J

    Legislao Comercial | Empresrio registro escriturao

    C E D E R J 27

    AU

    LA 2

    CNPJ/MFCadastro Nacional

    da Pessoa Jurdica ou CNPJ um nmero nico que identifica uma pessoa jurdica

    junto Receita Federal brasileira

    (rgo do Ministrio da Fazenda). Ele

    necessrio para que a pessoa jurdica tenha

    capacidade de fazer contratos e processar

    ou ser processada. Um nmero tpico de CNPJ tem o formato:

    03.847.655/0001-98. O CNPJ veio

    substituir o CGC, Cadastro Geral de

    Contribuintes.

    4. Do registro obrigatrio

    Empresariar uma atividade que envolve a fruio de direitos

    e a assuno de obrigaes. Por isso, o empresrio deve cumprir

    determinadas obrigaes legais inerentes ao exerccio regular de sua

    profisso. Registrar-se no Registro Pblico de Empresas Mercantis

    (RPEM) um dos principais deveres do empresrio, a oficializao de

    sua condio. obrigatria a inscrio, diz o Art. 967 do Cdigo Civil,

    antes do incio da atividade. Isto quer dizer que a prtica profissional

    da empresa s se caracteriza quando regular. Vigora o princpio da

    regularidade do exerccio empresarial. O direito s reconhece a empresa

    quando iniciada conforme a lei.

    Por isso, no demais enfatizar que o registro no mero

    complemento formal. No caso da sociedade empresria, a ausncia de

    registro implica a no-personificao jurdica, ou seja, a responsabilizao

    pessoal, solidria e ilimitada dos scios. No momento do registro, a

    sociedade ganha personalidade jurdica e torna-se, ento, responsvel por

    seus atos no decorrer de sua vida jurdica. Por exemplo, ao se levantar

    um emprstimo no banco a sociedade empresarial ter de pagar, pois

    comprometeu-se a faz-lo por meio de um contrato em que os scios

    a representaram. Caso a sociedade no cumpra o que foi contratado,

    os scios se responsabilizaro pessoalmente, ilimitadamente ou no e

    solidariamente ou no, dependendo do tipo de sociedade.

    No campo tributrio, as conseqncias so serssimas, medida

    que, impossibilitado de obter o CNPJ/MF, o empresrio informal no

    pode emitir nota fiscal nem duplicata, iniciando-se no terreno delituoso

    da sonegao fiscal.

    Para o empresrio rural, o registro facultativo

    (Art. 971 do CC de 2002), mas, se o fizer, receber tratamento legal idntico

    quele dispensado ao empresrio sujeito a registro.??

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    LA 2

    Descrio da atividade empresariala. Quais os elementos fundamentais para caracterizar o empresrio?b. Fernanda para ajudar na renda familiar faz pes e vende-os todos os dias aps o expediente do trabalho, no curso que freqenta diariamente e, nos finais de semana, na feirinha do bairro em que mora. Fernanda est procurando uma pessoa para ajud-la. Voc sugeriria que Fernanda se inscrevesse como empresria? Quais os requisitos bsicos para que Fernanda se torne uma empresria?

    Respostas Comentadasa. Dois elementos fundamentais servem para caracterizar a figura do empresrio:

    a iniciativa e o risco. O poder de iniciativa pertence-lhe exclusivamente. Cabe-lhe,

    com efeito, determinar o destino da empresa e o ritmo de sua atividade.

    b. A Exposio de Motivos do novo Cdigo Civil traz os traos do empresrio

    definidos em trs condies:

    a. exerccio de atividade econmica e, por isso, destinada criao de riqueza

    pela produo de bens ou de servios ou pela circulao de bens ou servios

    produzidos;

    atividade organizada, por meio da coordenao dos fatores da produo

    trabalho, natureza e capital em medida e propores variveis, conforme a

    natureza e o objeto da empresa;

    exerccio praticado de modo habitual e sistemtico, ou seja, profissionalmente,

    o que implica dizer em nome prprio e com nimo de lucro.

    Atividade 1

    REGISTRO DE EMPRESAS

    Assim como os empresrios as empresas tambm devem ser

    registradas. A Lei n 8.934 de 18 de novembro de 1994 dispe sobre o

    Registro Pblico das Empresas Mercantis. O nosso sistema de registro

    mercantil pode ser assim desenhado:

    RGO CENTRAL

    DEPARTAMENTONACIONAL DEREGISTRO DO

    COMRCIO

    RGO LOCAIS

    JUNTAS COMERCIAIS DOS ESTADOS E DO DISTRITO FEDERAL

    (EM NMERO DE 27)

    Delegacias Outras unidades desconcentradas

    1

  • 28 C E D E R J

    Legislao Comercial | Empresrio registro escriturao

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    LA 2Funes do DNRC como rgo Central:

    Superviso, orientao, coordenao e normatizao, no plano

    tcnico; e supletiva no plano administrativo.

    Funes das Juntas comerciais como rgos locais:

    Execuo e administrao dos servios de registro.

    Por registrar a empresa, entendemos arquivar na Junta Comercial do

    Estado os documentos relativos constituio, s alteraes da empresa,

    sua dissoluo e extino. Tambm esto sujeitas a esse procedimento as

    empresas individuais, as sociedades cooperativas, bem como as empresas

    que formam um consrcio e grupos de sociedade empresarial e, ainda, as

    empresas estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil.

    A origem das Juntas Comerciais

    Com as mudanas provocadas na sociedade pela revoluo industrial e com a substituio gradativa do homem

    pela mquina, tornou-se necessrio criar mecanismos reguladores para salvaguardar os interesses das partes envolvidas nos atos comerciais.

    O fato de nosso pas j possuir uma legislao comercial, deslanchou o desenvolvimento econmico, iniciado com a vinda da Famlia Real e com a

    abertura dos portos s naes amigas, culminando com a Junta Real do Comrcio, Agricultura,Fbricas e Navegao do Brasil.

    Ao ser editado o Cdigo Comercial de 1850, essa junta foi extinta e foram criados trs Tribunais do Comrcio nas cidades do Rio de

    Janeiro, So Salvador e Recife, tribunais esses que foram extintos em 1875 e criadas as Juntas

    do Comrcio.

    ??A Junta Comercial, no exerccio de suas funes registrarias, est

    adstrita aos aspectos exclusivamente formais dos documentos que lhe

    so dirigidos. No lhe compete negar a praticado ato registral.

    A composio de uma Junta Comercial integrada pelos seguintes

    rgos:

    presidncia, como rgo diretivo e representativo;

    plenrio, como rgo deliberativo superior;

    turmas, como rgos deliberativos inferiores;

    secretaria-geral, como rgo administrativo;

    procuradoria, com rgo de fiscalizao e de consulta jurdica.

  • 30 C E D E R J

    Legislao Comercial | Empresrio registro escriturao

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    LA 2

    PE C U L A T OCrime contra a administrao em geral que consiste no fato de o funcionrio pblico apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem mvel, pblico ou particular, de que tem a posse em razo do cargo ou desvi-lo em proveito prprio ou alheio.

    O Plenrio, composto de VOGAIS e respectivos suplentes,

    ser constitudo pelo mnimo de 8 (oito) e o mximo de 20 (vinte) vogais, nomeados no Distrito

    Federal pelo Ministro de Estado da Justia, e nos estados, pelos governos dessas circunscries, entre brasileiros

    que satisfaam s seguintes condies: estejam em pleno gozo dos direitos civis e polticos;

    no estejam condenados por crime cuja pena vede o acesso a cargo, emprego e funes pblicas, ou por crime de prevaricao,

    falimentar, corrupo, CONCUSSO, PECULATO contra a propriedade, a f pblica e a economia popular;

    sejam, ou tenham sido, por mais de cinco anos, titulares de firma individual, scios ou administradores de sociedade,

    valendo como prova para esse fim a certido expedida pela Junta Comercial;

    estejam quites com o servio militar e o servio eleitoral.

    ??Para se requerer o arquivamento dos documentos de constituio

    de empresa so necessrios:

    o instrumento original de constituio, modificao ou extino

    de empresas, assinado pelo titular, pelos administradores, scios

    ou seus procuradores;

    a certido criminal do registro de feitos ajuizados, comprobatria

    de que inexiste impedimento legal participao de pessoa fsica em

    empresa, como titular ou administradora, por no estar incurso nas penas

    de crime cuja pena vede o acesso a cargo, emprego e funes pblicas,

    ou por crime de prevaricao, falncia fraudulenta, suborno, concusso,

    peculato, contra a propriedade, a f pblica e a economia popular;

    ficha cadastral segundo modelo aprovado pelo DNRC;

    comprovantes de pagamento dos preos correspondentes;

    prova de identidade dos titulares e dos administradores da

    empresa.

    CO N C U S S ODelito que consiste no fato de o funcionrio pblico, no exerccio ou no de suas funes, ou mesmo antes de assumi-las, mas abusando da influncia destas, exigir ou perceber, direta ou indiretamente, para si ou para terceiro, quaisquer vantagens ou quantias no devidas.

    VO G A LTodo aquele que tem voto em um tribunal. Membro do tribunal que nos julgados no exerce as funes de relator ou de revisor.

  • 30 C E D E R J

    Legislao Comercial | Empresrio registro escriturao

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    LA 2ESCRITURAO

    Voltando ao registro de empresas. Para se arquivar o contrato de

    sociedade empresarial na Junta Comercial imprescindvel que este seja

    visado por advogado, com a indicao do nome e nmero de inscrio

    na respectiva Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.

    Uma outra obrigao do empresrio e da sociedade empresarial

    manter a escriturao. Entende-se por escriturao:

    seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou no, com

    base na escriturao uniforme de seus livros, em correspondncia

    com a respectiva documentao;

    ter os livros necessrios para esse fim devidamente autenticados;

    conservar sob sua guarda toda a escriturao, correspondncia

    e demais papis pertencentes ao giro de sua atividade, enquanto

    no prescreverem as aes que lhes sejam relativas;

    levantar, anualmente, o balano patrimonial e o de resultado

    econmico.

    Essa escriturao deve ser feita em idioma e moeda corrente

    nacionais. Deve-se observar: forma contbil, cronolgica, sem lacunas,

    intervalos, borres, rasuras, emendas ou transporte para as margens.

    O nico instrumento obrigatrio do empresrio para manter sua

    escriturao o livro-dirio. O Dirio o registro histrico da atividade

    negocial. Nele, o empresrio obrigado a lanar com individualidade e

    clareza todas as suas operaes de comrcio, letras e outros quaisquer

    papis de crdito que passar, aceitar, afianar ou endossar e, em geral,

    tudo quanto receber e despender de sua conta ou alheia. Os comerciantes

    varejistas devero lanar diariamente no Dirio a soma total das suas

    vendas a dinheiro e, em lugar separado, a soma total das suas vendas

    fiadas no mesmo dia.

    A adoo do regime de vendas, com prazo superior a 30 dias,

    obriga o vendedor a ter e a escriturar o Livro de Registro de Duplicatas.

    Nele, sero escrituradas, cronologicamente, todas as DUPLICATAS emitidas

    com o nmero de ordem, data e valor das faturas originrias e data de

    sua expedio; nome e domiclio do comprador; anotaes das reformas;

    prorrogaes e outras circunstncias necessrias.

    DU P L I C A T ATtulo de crdito

    extrado da nota fiscal.

  • 32 C E D E R J

    Legislao Comercial | Empresrio registro escriturao

    C E D E R J 33

    AU

    LA 2O livro-dirio, como o prprio nome expressa, utilizado para o registro

    dirio, na seqncia, por ordem de acontecimento (ordem cronolgica) de todos os fatos que vierem a ocorrer na empresa. O fato a ressaltar que, devido a sua escriturao ser efetuada pela ordem cronolgica, embaralha as contas, dificultando, com isso, o exame individualizado das mesmas.A escriturao do livro-dirio tem um passado histrico, pois, por muito tempo, foi escriturado com os lanamentos efetuados mo, ou seja, caneta. Os contadores utilizavam-se das famosas canetas tinteiros" e faziam uma caligrafia impecvel, linda, quase que desenhada. Este tipo de escriturao ainda era muito utilizado at o incio dos anos 1970.Posteriormente, o livro-dirio passou a ser escriturado em mquina de datilografia comum, mas com um adaptador, que permitia a escriturao do livro-dirio simultaneamente a do livro-razo (fichas razo).Voc pode se perguntar: Como era escriturado um livro em uma mquina de datilografia?Na verdade, no era escriturado um livro e sim formulrios especficos para contabilidade adquiridos em papelarias. Estes formulrios j vinham com um carbono especial (copiativo) e, depois de datilografados, aproveitava-se apenas a segunda via que era copiada para placas ou rolos de gelatina e destes seriam recopiados para os livros.

    Tabela 2.1: Modelo de um livro-dirio de uma empresa

    DIRIO GERAL

    Empresa: Comercia Jc. Leite Ltda. Ms: Janeiro/2001 Pg. 002

    Conta debitada

    Conta creditada

    Dia Histrico Valor

    2.1.1.001.003 1.1.1.001.001 03 Pgto da Guia INSS 12/200 272,00

    1.1.1.001.001 3.0.0.001.001 05 Venda vista conf NF 65 380,00

    2.1.1.002.001 1.1.1.001.001 07 Pgto Assist Contbil 12/00 130,00

    2.1.1.002.002 1.1.1.001.001 07 Pgto Pro-Labore ms 12/00 1.230,00

    1.1.1.001.001 3.1.1.001.001 08 Venda vista conf NF 66 1.700,00

    1.1.1.001.001 3.1.1.001.001 09 Venda vista conf NF 67 735,00

    2.1.1.001.002 1.1.1.001.001 14 Pgto da Guia Confins ms 12/00 283,03

    1.1.1.001.001 3.1.1.001.001 14 Venda vista conf NF 68 357,00

    2.1.1.001.001 1.1.1.001.001 14 Pgto da Guia PIS ms 12/00 61,32

    1.1.1.001.001 3.1.1.001.001 21 Venda vista conf NF 69 7.889,00

    111.001.001 3.1.1.001.001 24 Venda vista conf NF 70 279,00

    3.1.2.001.001 2.1.1.001.001 31 Vr PIS- Faturamento 01/01 73,71

    3.1.2.001.002 2.1.1.001.002 31 Vr Confins ms 01/01 340,20

    3.1.2.001.003 2.1.1.001.003 31 Vr INSS ms 01/2001 272,00

    3.3.1.001.003 1.1.1.001.001 31 Pgto Guia Cont. Sindical 29,60

    2.1.1.001.005 1.1.1.001.001 31 Pgto Guia Contr. Social 12/00 108,29

    2.1.1.001.005 1.1.1.001.001 31 Pgto Guia IRPJ 12/00 871,33

    Fonte: www.contabiliza.com.br/Os%20Livros%20cont.html

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    AU

    LA 2Conforme as caractersticas de cada empresrio, outros instrumentos

    de escriturao so exigidos, como por exemplo para os corretores de

    navios, armazns-gerais, tradutores pblicos. Alm desses, a legislao fiscal

    determina a escriturao de outros livros, conforme a atividade econmica do

    estabelecimento. Para esse fim, os estabelecimentos industriais, os atacadistas,

    os varejistas e os que mantm atividade enquadrada no regime de pagamento

    de imposto por estimativa devero adotar os seguintes livros:

    registro de entradas e registro de sadas;

    registro de utilizao de documentos fiscais e termos de

    ocorrncias;

    registro de inventrio;

    registro de apurao do ICMS.

    No caso dos estabelecimentos industriais, tambm devem ser adotados

    os livros de controle de produo e de estoque e o livro de apurao do IPI.

    Tambm os atacadistas devero possuir o livro de controle de produo

    e de estoque. A escriturao do livro de registro de apurao do ICMS

    facultativa no caso de contribuinte enquadrado no sistema de pagamento

    de imposto por estimativa.

    Os referidos livros sero apresentados para autenticao do

    rgo fiscal, com os termos de abertura e encerramento preenchidos e

    assinados, como condio de validade de seu registro, comprovado pelo

    visto da repartio aludida.

    O empresrio dono de sua escriturao e responde por ela. Por

    conseguinte, tem o direito de guard-la e, bem assim, o de no revelar

    seu contedo a outrem, seno nas hipteses determinadas em lei. Nela

    esto inscritos os traos das operaes, sua histria profissional e de

    seus negcios. justo que a mantenha sob reserva, justificando-se essa

    precauo em virtude do aumento da livre concorrncia, da complexidade

    da vida comercial, do desenvolvimento do crdito e, ainda, por exigncia

    implcita de terceiros.

    O sigilo da escriturao , em princpio, mais que um direito, uma

    obrigao do empresrio. O Art. 1.190 do CC de 2002 determina que,

    exceto nos casos expressos em lei, nenhuma autoridade, mesmo judiciria,

    sob qualquer pretexto, poder fazer ou determinar diligncia para

    verificar se o empresrio ou a sociedade observam em sua contabilidade

    as formalidades legais.

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    Legislao Comercial | Empresrio registro escriturao

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    LA 2

    CONCLUSO

    Como voc viu, atividade empresarial uma atividade complexa

    e envolve conhecimentos de vrias reas. O Direito normatiza a atividade

    empresarial e regulamenta o registro e a escriturao das empresas.

    1. Qual o livro imprescindvel para a escriturao da empresa?

    2. O Municpio fictcio de Vivendas Verde abriu uma linha de crdito para

    os agricultores da regio. Um dos pr-requisitos para a obteno deste benefcio

    era o agricultor estar registrado na Junta Comercial como empresrio rural. Voc foi

    procurado por um plantador de hortalias que gostaria de conseguir esse benefcio.

    O que voc diria a ele. A lei diferencia o empresrio rural?

    Atividades Finais

    1 3

    Entendendo o registroQue tal usarmos esse momento da aula para olharmos o nosso Cdigo Civil. Caso voc no possua o Cdigo Civil, visite o site governamental www.planalto.gov.br para ter acesso a sua verso online.1. O que se entende por princpio da regularidade do exerccio empresarial?2. No que consiste a escriturao da empresa?

    Respostas Comentadas1. A prtica profissional da empresa s se caracteriza quando regular. O Direito s

    reconhece a empresa quando iniciada conforme a lei. Artigo 967 do Cdigo Civil.

    2. De acordo com o Art. 1179 do Cdigo Civil escriturao de uma empresa

    consiste em seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou no, com

    base na escriturao uniforme de seus livros, em correspondncia com

    a respectiva documentao e levantar anualmente, o balano patrimonial e o

    de resultado econmico. Os livros obrigatrios antes de postos em uso devem

    ser autenticados no Registro Pblico de Empresas Mercantis (Art. 1.181 do

    Cdigo Civil); e, por ltimo, o empresrio deve conservar sob sua guarda toda

    a escriturao,correspondncia e demais papis pertencentes ao giro de sua

    atividade,enquanto no prescreverem as aes que lhes sejam relativas

    (Art. 1.194 do CC de 2002).

    Atividade 2

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    LA 2

    Pode-se dizer que o Registro Pblico de Empresas Mercantis existe para

    dar garantia, publicidade, autenticidade, segurana e eficcia aos atos

    jurdicos das empresas; cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em

    funcionamento no pas e manter atualizadas as informaes pertinentes e

    para proceder matricula dos agentes auxiliares das empresas, bem como

    seu cancelamento.

    A escriturao a radiografia da empresa. Por isso, a lei impe ao empresrio

    o dever de manter a escriturao em ordem. de seu prprio interesse, seja

    para atender os ditames legais, proporcionando a fiscalizao tributria,

    seja para a eventualidade de fazer prova em juzo.

    O Dirio o nico livro empresarial obrigatrio, onde so lanadas,

    diariamente, por escrita direta ou reproduo, todas as operaes

    pertinentes ao exerccio da empresa, inclusive o balano patrimonial e o

    de resultado econmico, ambos subscritos por contabilista habilitado e pelo

    empresrio ou representante da sociedade empresarial.

    R E S U M O

    INFORMAES SOBRE A PRXIMA AULA

    Na prxima aula, explicaremos estabelecimento e nome empresarial e suas

    implicaes no direito da propriedade industrial (registro de marcas).

    Respostas Comentadas1. Livros empresariais so os registros escritos da atividade do empresrio. Dividem-se

    em: obrigatrios, facultativos e especiais. A inexistncia dos livros obrigatrios constitui

    crime falimentar e inviabiliza o pedido de recuperao empresarial. Os facultativos no

    integram o acervo obrigatrio da contabilidade da empresa. O Art.1.180 do Cdigo Civil

    estipula a obrigatoriedade do livro-dirio.

    2. Sim. A lei assegura tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresrio

    rural e ao pequeno empresrio, quanto inscrio e aos efeitos da decorrentes.

  • .

  • Estabelecimento empresarial nome empresarial marca

    Esperamos que, aps o estudo do contedo desta aula, voc seja capaz de:

    identificar e comparar estabelecimento empresarial, nome empresarial e marca.

    3ob

    jetiv

    o

    AULA

    Meta da aula

    Distinguir estabelecimento empresarialde nome empresarial e de marca.

    Pr-requisito

    Para que voc acompanhe com proveito esta aula, necessrio que conhea bem os conceitos

    apresentados na segunda aula desta disciplina.

    1

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    Legislao Comercial | Estabelecimento empresarial nome empresarial marca

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    AU

    LA 3INTRODUO Estabelecimento empresarial, nome empresarial e marca so indissociveis da

    atividade empresarial. A explorao de qualquer atividade empresarial pressupe

    a organizao de um estabelecimento, o registro do nome empresarial

    e a explorao do produto ou servio por meio de sua marca. Todos estes

    elementos so protegidos juridicamente para garantir que o investimento

    realizado no seja indevidamente apropriado por concorrentes.

    ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

    O complexo de bens reunidos pelo empresrio para o desenvolvimento

    de sua atividade econmica o estabelecimento empresarial. Para explicar

    melhor, podemos fazer analogia com uma biblioteca. Nela, no h apenas

    livros agrupados ao acaso, mas um conjunto de livros sistematicamente

    reunidos, dispostos organizadamente, com vistas a um fim: possibilitar o

    acesso racional a determinado tipo de informao. Uma biblioteca tem

    o valor comercial superior ao da simples soma dos preos dos livros que

    a compem, justamente em razo desse algo a mais, dessa organizao

    racional das informaes contidas nos livros nela reunidos.

    O estabelecimento empresarial , portanto, a reunio dos bens

    necessrios ao desenvolvimento da atividade econmica. Quando o

    empresrio rene bens de natureza variada, como mquinas, instalaes,

    tecnologia, prdio etc., em funo do exerccio de uma atividade, ele

    agrega a esse conjunto de bens uma organizao racional que importar

    em aumento do seu valor enquanto continuarem reunidos. Alguns autores

    usam a expresso aviamento para se referir a esse valor acrescido.

    O estabelecimento empresarial composto por bens corpreos as

    instalaes, os equipamentos, os utenslios, os veculos etc. e por bens

    incorpreos como as marcas, as patentes, o ponto comercial etc.

    Figura 3.1.a: Bens corpreos de uma empresa.

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    LA 3

    Devido intangibilidade dessa organizao racional que o

    empresrio introduz na utilizao dos bens integrantes do estabelecimento

    empresarial e tendo em vista que ela tem valor de mercado, o Direito

    necessita desenvolver mecanismos para a tutela desse plus e do valor que

    ele representa. Cada bem, isoladamente, possui uma proteo jurdica

    especfica. Por exemplo, o Direito deve garantir ao empresrio a justa

    retribuio quando este perde, por culpa que no lhe seja imputvel,

    o valor representado pelo estabelecimento empresarial. Assim, em

    caso de desapropriao do imvel em que o empresrio mantm o seu

    estabelecimento empresarial, a indenizao deve ser correspondente ao

    valor do fundo de empresa por ele criado. Na sucesso por morte, o

    estabelecimento empresarial deve ser considerado no apenas pelo valor

    do simples somatrio do preo dos bens singularmente considerados que

    o compem, mas pelo valor desses bens agregado ao valor decorrente

    da situao peculiar em que se encontram reunidos para possibilitar

    o pleno desenvolvimento de uma atividade empresarial. So fatores

    autnomos que ganham valor patrimonial pelo fato de estarem ligados

    e organizados com um fim especfico.

    Atente-se, no entanto, para a circunstncia de que, embora seja

    resultante da reunio de diversos bens com vistas ao exerccio da atividade

    econmica, o estabelecimento empresarial pode ser descentralizado,

    ou seja, o empresrio pode manter filiais, sucursais ou agncias, depsitos

    em prdios isolados, unidades de sua organizao administrativas lotadas

    em locais prprios etc. Cada parcela descentralizada do estabelecimento

    empresarial pode, ou no, ter um valor independente, em razo de

    inmeros condicionantes de fato.

    O estabelecimento empresarial pode ser alienado, ou seja, vendido,

    j que possui valor. No caso de venda do estabelecimento empresarial,

    deve ser dito que os dbitos anteriores, desde que contabilizados, so

    de responsabilidade do adquirente, mas o devedor primitivo continua

    solidariamente obrigado a honrar a dvida pelo prazo de um ano.

    Figura 3.1.b: Bens incorpreos de uma empresa.

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    AU

    LA 3

    IN S O L V N C I AD-se a insolvncia toda vez que as dvidas excedem o patrimnio do devedor.

    Quem adquire estabelecimento quer tambm clientela. Essa

    preocupao justifica a insero de clusula protetiva no pacto de venda.

    Impe-se ao empresrio alienante (vendedor) o dever de no se restabelecer,

    assinalando-se inclusive os limites territoriais da proibio, de modo a

    prevenir a concorrncia. No silncio do contrato, a venda do estabelecimento

    implica, automaticamente, a obrigao imposta ao alienante de no se

    estabelecer nos cinco anos seguintes com o mesmo ramo de negcio.

    A venda do estabelecimento empresarial pode, eventualmente,

    caracterizar sinal de INSOLVNCIA. O estabelecimento empresarial, por

    integrar o patrimnio do empresrio, tambm garantia dos seus

    credores. Por essa razo, a alienao (venda) do estabelecimento

    empresarial est sujeita a observncias de cautelas especficas, entre elas

    o contrato de alienao (venda), que deve ser celebrado por escrito, para

    que possa ser arquivado na Junta Comercial.

    A condio do alienante que enfrenta uma situao patrimonial

    deficitria resume-se em duas indesejveis opes: preservar o estabelecimento

    empresarial como garantia do pagamento de seus dbitos ou notificar seus

    credores em busca de concordncia para a alienao. Nessa conjuntura, a

    concordncia dos credores passa a ser condio de eficcia da alienao.

    Eurotnel perto da insolvnciaA empresa que administra o Eurotnel, o tnel ferrovirio que une a Inglaterra Frana sob o canal da Mancha, est perto da falncia.A empresa lida, desde o incio, com uma dvida muito grande. Outro problema que o marcado no correspondeu s expectativas. O aparecimento das empresas areas de preo baixo fez com que o trem LondresParis tivesse volume de passageiros muito abaixo do esperado.www. Opiniaoenoticia.com.br/interna

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    LA 3

    a. Joo vendeu sua papelaria a Paulo. Aps alguns meses, a Caixa Econmica Federal notificou Paulo para o pagamento de um emprstimo feito em nome da papelaria, quando Joo ainda era o proprietrio. Pode Joo apenas alegar que no mais o proprietrio do estabelecimento empresarial? Justifique. ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    b. Pode o estabelecimento empresarial ser descentralizado?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

    Respostas Comentadasa. Joo deve registrar o contrato de alienao (venda) do estabelecimento

    empresarial na Junta Comercial, para ficar pblica a transferncia da propriedade

    e para que ele possa se eximir da responsabilidade de solver a dvida.

    b. O estabelecimento empresarial pode ser descentralizado. O empresrio pode

    manter filiais, sucursais ou agncias, depsitos em prdios isolados, unidades

    de sua organizao administrativa lotadas em locais prprios e pode ter o

    estabelecimento virtual. Este se distingue do estabelecimento empresarial apenas

    em razo dos meios de acessibilidade. No estabelecimento virtual, o consumidor ou

    adquirente de bens ou servios acessa exclusivamente por transmisso eletrnica

    de dados, enquanto o estabelecimento fsico acessvel pelo deslocamento

    no espao. Ex.: Americanas.com, Amazon.com.

    Atividade 1

    NOME EMPRESARIAL

    Se o nome civil significa a pessoa, como smbolo singularizador, o

    nome empresarial significa o empresrio. O nome empresarial individualiza

    e assinala a espcie de responsabilidade patrimonial do empresrio ou

    da sociedade empresarial. Todo empresrio assina documentos sob o

    nome empresarial que constitui sua firma, para distingui-lo de outrem.

    a designao pela qual conhecido. O nome tem sua proteo jurdica

    condicionada ao registro que se faz na Junta Comercial.

  • 42 C E D E R J

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    AU

    LA 3H duas espcies de nome empresarial:

    Firma, que tem como base o nome civil (do empresrio ou dos

    scios da sociedade empresria). a assinatura do empresrio.

    Pode ser firma individual/empresa individual ou firma social/

    razo social, que vem a ser a sociedade empresarial.

    Denominao, que tanto pode ter como base o nome civil

    quanto outra expresso lingstica (elemento fantasia), pois

    o representante legal deve usar sua assinatura civil sobre o nome

    empresarial da sociedade, escrito, impresso ou carimbado.

    A firma s pode ter por base o nome civil do empresrio individual

    ou dos scios da sociedade empresarial. O ncleo do nome empresarial

    dessa espcie de sociedade ser sempre composto por um ou mais nomes

    civis. J a denominao deve designar o objeto da empresa e pode adotar

    por base o nome civil ou qualquer outra expresso lingstica (que a

    doutrina jurdica costuma chamar nome fantasia).

    Assim, A. Silva & Pereira Cosmticos Ltda. exemplo de nome

    empresarial baseado em nomes civis (firma); j Alvorada Cosmticos Ltda.

    nome empresarial baseado em elemento fantasia (denominao).

    Quanto funo, os nomes empresariais se diferenciam medida

    que a firma, alm de ser a identidade do empresrio, tambm a sua

    assinatura, ao passo que a denominao , exclusivamente, um elemento

    de identificao de quem exerce a atividade empresarial, no se prestando a

    outra funo. Nos contratos sociais de sociedades empresariais que adotam

    firma, sempre h um espao reservado ao final, para que o gerente (ou

    gerentes) assine(m) o nome empresarial (firma por quem de direito).

    Conclui-se, pois, que a anlise da natureza do nome empresarial

    daqueles empresrios legalmente autorizados a usarem firma ou

    denominao, e que adotaram nome empresarial baseado em nome civil,

    no pode prescindir da consulta ao ato constitutivo (CONTRATO SOCIAL ou

    ESTATUTO).

    Se dele constar clusula em que o representante legal assenta

    a assinatura que usar nos instrumentos obrigacionais relativos aos

    negcios sociais, ento o caso de firma. Na ausncia de clusula com

    tal objetivo, ser denominao.

    CO N T R A T O S O C I A L

    Acordo de vontades, entre duas ou mais pessoas, para criar, modificar ou extinguir entre si uma relao societria.

    ES T A T U T OConjunto de regras que rege o funcionamento de uma sociedade, companhia, associao, corporao ou fundao.

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    LA 3

    Voc tem, agora, o modelo de um contrato social.

    Leia com ateno, principalmente os ttulos das clusulas.

    CONTRATO SOCIALConstituio de Sociedade Empresria Limitada

    Segue modelo elaborado de acordo com as recomendaes do DNRC, a ser adotado pelas Sociedades Empresrias do tipo Sociedade Limitada

    PREMBULOPelo presente Instrumento Particular de Contrato Social, os abaixo assinados

    XXXXXXXXX, nacionalidade ........ estado civil .........., profisso ........, natural de ........., Estado de ...... , portador da cdula de identidade RG N. 00.000.000

    SSP/... e inscrito no CPF(MF) sob o N. 000.000.000-00, residente e domiciliado na Rua XXXXXXXX XXXXXXXX N. 000 Bairro: XXXXXXXXX CEP 00000-

    000, Municpio: XXXXXXXXX - Estado de ......... ; e YYYYYYYYY, nacionalidade ......., estado civil ......., profisso ......., natural de .........., Estado de ......., portador da cdula de identidade RG N. 0.000.000 - SSP/... e inscrito no CPF(MF) sob o N. 000.000.000-00, residente e domiciliado na XXXXXXXXX, N 000 - apto. 00 Bairro: XXXXXXXXXX - CEP 00000-000, Municpio: XXXXXXXXXXX- Estado de ............; tm entre si justa e contratada a constituio de uma Sociedade Empresria do tipo Limitada, na forma da Lei, mediante as condies e clusulas seguintes:

    Clusula Primeira Da Denominao Social e Sede1.1. A sociedade girar sob o nome empresarial ______________________

    e ter sede na (endereo completo: tipo e nome do logradouro, no, complemento, bairro, cidade, CEP e UF).

    Clusula Segunda Das Filiais e Outras Dependncias2.1. A Sociedade poder, a qualquer tempo, abrir filiais e outros estabelecimentos, no pas, por deliberao dos scios.

    Clusula Terceira Do Objeto Social3.1. Seu objeto social ser ________________________________.

    Clusula Quarta Do Capital Social4.1. O capital social de R$ ____________________ (______ reais),

    dividido em ___ quotas de R$ __________ (_____ reais), cada uma, subscritas e integralizadas, neste ato, em moeda corrente do Pas,

    pelos scios:

    Fulano de Tal ........................ no de quotas ____

    - R$ _______.

    Beltrano de Tal ..................... no de

    quotas ____ - R$ _______.

    ??

  • 44 C E D E R J

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    LA 3

    Clusula Quinta

    Da Cesso e Transferncia

    das Quotas

    5.1. As quotas da sociedade so indivisveis e no podero

    ser cedidas ou transferidas sem o expresso consentimento dos

    demais scios, cabendo em igualdade de condies e preo o direito

    de preferncia ao scio que queira adquiri-las. O scio que pretenda ceder

    ou transferir todas ou parte de suas quotas dever manifestar sua inteno por

    escrito ao(s) outro(s) scio(s), assistindo a este(s) o prazo de 30 (trinta) dias para que

    possa(m) exercer o direito de preferncia, ou, ainda, optar pela dissoluo da sociedade

    antes mesmo da cesso ou transferncia das cotas.

    Clusula Sexta Da Responsabilidade dos Scios

    6.1. A responsabilidade dos scios limitada importncia total do capital social.

    Clusula Stima Incio e Prazo de Durao

    7.1. A sociedade iniciar suas atividades em __/__/__ e seu prazo de durao por

    tempo indeterminado.

    Clusula Oitava Da Administrao e Uso da Firma

    8.1. A administrao dos negcios da Sociedade ser exercida CONJUNTAMENTE pelos

    Scios _____________ e _____________, conforme indicados na forma deste Instrumento,

    que representaro a sociedade ativa e passiva, judicial e extrajudicialmente.

    8.2. Os scios no podero, em qualquer circunstncia, praticar atos de liberalidade em

    nome da sociedade, tais como a prestao de garantias de favor e outros atos estranhos ou

    prejudiciais aos objetivos e negcios sociais, configurando-se justa causa para efeito de

    excluso do scio nos termos do art. 1.085 do Cdigo Civil brasileiro.

    Clusula Nona Do Pro-Labore

    9.1. O pro-labore do(s) administrador(es) ser(o) fixado(s) de comum acordo entre

    os scios, obedecidos os limites legais da legislao do imposto de renda.

    Clusula Dcima Do Balano e Prestao de Contas

    10.1. No dia 31 de dezembro de cada ano, o administrador

    proceder ao levantamento do balano patrimonial, de

    resultado econmico e, apurados os resultados do

    exerccio, aps as dedues previstas em lei

    e formao das reservas que

    ??

  • 44 C E D E R J

    Legislao Comercial | Estabelecimento empresarial nome empresarial marca

    C E D E R J 45

    AU

    LA 3

    forem consideradas

    necessrias, os lucros e

    prejuzos sero distribudos e suportados

    pelos scios, proporcionalmente s quotas do capital

    social que detiverem.

    10.2. Nos quatro meses seguintes ao trmino do exerccio social,

    os scios deliberaro sobre as contas e designaro administrador,

    quando for o caso.

    Clusula Dcima Primeira Do Falecimento ou Incapacidade Superveniente

    11.1. No caso de falecimento ou incapacidade superveniente de quaisquer dos

    scios, ser realizado em 30 (trinta) dias da ocorrncia, um balano especial.

    Convindo ao(s) scio(s) remanescente(s) e concordando o(s) herdeiros, ser lavrado

    termo de alterao contratual com a incluso deste(s).

    11.2. Caso no venha(m) o(s) herdeiros(s) a integrar a sociedade, este(s) receber(o)

    seus haveres em moeda corrente, apurados at a data do impedimento ou falecimento,

    em 10 (dez) prestaes mensais e sucessivas, corrigidas monetariamente pelo IGP-M

    (FGV), ou outro ndice que o venha substituir, vencendo-se a primeira parcela aps

    30 (trinta) dias da data do balano especial.

    11.3. Permanecendo apenas um scio, este ter o prazo de 180 (cento e oitenta)

    dias para recompor a pluralidade social, com o que, no recomposta, continuar

    o mesmo com todo o ativo e passivo na forma de firma individual ou extinta.

    Clusula Dcima Segunda Deliberao Social

    12.1. As deliberaes sociais sero tomadas sempre por reunio dos scios, a serem

    convocadas previamente, no prazo mnimo de 3 (trs) dias teis;

    12.2. As convocaes das reunies dos scios se faro por meio de carta registrada,

    telegrama, por e-mail ou por qualquer outro meio ou forma, desde que se

    comprove o envio e o teor da convocao;

    12.3. As formalidades de convocao das reunies podero ser

    dispensadas nas hipteses previstas em lei.

    Clusula Dcima Terceira Desimpedimento e Legislao

    Aplicvel

    13.1. Os scios declaram, sob as penas da Lei,

    que no esto incursos em quaisquer

    crimes previstos

    ??

  • 46 C E D E R J

    Legislao Comercial | Estabelecimento empresarial nome empresarial marca

    C E D E R J 47

    AU

    LA 3

    em Lei ou restries

    legais que possam impedi-los de

    exercer atividades empresariais.

    13.2. Os casos omissos sero resolvidos pela

    aplicao dos dispositivos do Cdigo Civil brasileiro e,

    subsidiariamente, pela Lei das Sociedades Annimas, sem prejuzo

    das disposies supervenientes.

    Clusula Dcima Quarta Do Foro

    14.1. Fica eleito o Foro Central da Comarca de So Paulo para os procedimentos

    judiciais referentes a este Instrumento de Contrato Social, com expressa renncia a

    qualquer outro, por mais especial ou privilegiado que seja ou venha a ser.

    E por estarem assim justos e contratados, os scios obrigam-se a cumprir o presente contrato,

    na presena de duas testemunhas, assinando-o em trs vias de igual teor para os regulares

    efeitos de direito.

    So Paulo, 12 de janeiro de 2003

    __________________________

    Administrador

    __________________________

    Administrador

    __________________________

    TESTEMUNHA:

    RG: DDDDD- SSP-....

    __________________________

    TESTEMUNHA

    RG: RRRRRR SSP - .......

    __________________________

    ADVOGADO

    OAB/.... No WW.YYY

    ??

  • 46 C E D E R J

    Legislao Comercial | Estabelecimento empresarial nome empresarial marca

    C E D E R J 47

    AU

    LA 3FORMAO DO NOME EMPRESARIAL

    Em relao ao empresrio individual e a cada tipo de sociedade

    empresarial, o Direito contempla regras especficas de formao do

    nome empresarial. Assim, o empresrio individual s est autorizado a

    adotar firma baseado, naturalmente, em seu nome civil. Poder ou no

    abrevi-lo na composio do nome empresarial e poder, se desejar,

    agregar o ramo de atividade a que se dedica. Dessa forma, podem

    ser citadas as seguintes alternativas para o nome empresarial de uma

    pessoa fsica chamada Antonio Silva Pereira que se inscreva como

    empresrio individual na Junta Comercial: Antonio Silva Pereira;

    A.S. Pereira; Silva Pereira; S. Pereira, Livros Tcnicos.

    A sociedade em nome coletivo est autorizada apenas a adotar

    firma social, que pode ter por base o nome civil de um, alguns ou todos

    os seus scios. Esses nomes podero ser aproveitados por extenso ou

    abreviadamente, de acordo com a vontade dos seus titulares. Se acaso

    no constar o nome de todos os scios, obrigatria a utilizao da

    partcula e companhia (ou abreviadamente: & Cia.). Os scios

    tambm podero agregar ou no o ramo de empresa correspondente.

    Por exemplo uma sociedade empresarial dessa natureza, composta pelos

    scios Antonio Silva, Benedito Pereira e Carlos Sousa, poder optar por

    uma das seguintes solues: Antonio Silva, Benedito Pereira & Carlos

    Sousa, Pereira, Silva &Souza, A. Silva, B. Pereira & Sousa, Livros

    Tcnicos, Antonio Silva e Cia.. Veja o boxe a seguir:

    Sociedade em nome coletivo

    Este tipo de sociedade existe desde a Idade Mdia. Sua origem se deu no meio familiar daquela

    poca em que as pessoas se associavam para o exerccio de suas atividades e o patrimnio da sociedade se confundia

    com o dos membros da famlia. Todos respondiam pelas dvidas da sociedade.

    A constituio desse tipo de sociedade restrita s pessoas naturais (pessoas fsicas, podendo ser empresrio

    individual ou no), no sendo admitido que outras sociedades (pessoas jurdicas) participem do

    quadro societrio de uma sociedade em nome coletivo.

    ??

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    Legislao Comercial | Estabelecimento empresarial nome empresarial marca

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    AU

    LA 3Outro tipo de sociedade a sociedade em comandita simples

    que, tambm, s pode compor nome empresarial por meio de firma,

    da qual conste nome civil de scio ou scios comanditados. Os