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Sheldon Kretschmer
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A PSICOLOGIA CONSTITUCIONAL DE SHELDON E KRETSCHMER
Maria Ivone Marchi Costa
I – Associação entre características estruturais e comportamento.
Para o homem do povo, as características físicas de seus semelhantes revelam múltiplos aspectos de sua personalidade. É comum ouvir dizer que o homem gordo é engraçado e indolente, que as pessoas magras são tímidas e morosas, que os ruivos são sujeitos à cólera violentas
Mais recentemente, vários estudiosos do comportamento tem apresentado descobertas similares e tentado introduzir controle empírico nas demonstrações de tais relações.
Com isso leigos e especialistas partilham da crença de que:
o comportamento está relacionado de maneira acentuada com aspectos observáveis da feição física do indivíduo.
A aceitação de uma teoria ou de um conjunto de evidências não depende apenas de dados empírico. Temos que considerar a extensão em que as formulações se adaptam ao preconceitos e convicções dominantes do tempo e da cultura Houve resistência de muitos psicólogos americanos quanto a considerar a possibilidade de uma intima relação entre comportamento e corpo. Houve rejeição de formulações segundo as quais os comportamento pode ser condicionado de modo intato, que pode ser imutável e pode ser considerado algo dado.Em geral se aceita a relação entre fatores genéticos e características físicas, o que permite considerar-se uma conquista do determinismo genético, a sugestão de que o físico e as características psicológicas estão intimamente relacionadas.
Em face do flutuante ambientalismo americano, não nos surpreende que tal concepção venha sendo capaz de conquistar apoio. Os americanos negligenciaram grandemente o estudo dessa importante classe de variáveis relacionadas com a descrição do corpo.
Diante da indiferença ou hostilidade de importantes associações entre características estruturais e comportamento, a obra de Sheldon permaneceu como contribuição única, no cenário contemporâneo.
Sentido dado ao termo constitucional:
Primeiro - o termo é usado com referência aos fatores que são recebidos ou que estão presentes no nascimento – refere-se nesse caso, às contribuições do gens e meio uterino.
Segundo: aplica-se ao que é básico na feitura do corpo, Sheldon sugere que, a constituição refere-se aos aspectos do indivíduo que são relativamente mais permanentes, como a morfologia, a fisiologia, as funções endócrinas,, etc, que podem ser contrastados com aqueles aspectos que são relativamente mais instáveis e suscetíveis de modificação por pressão do meio, isto é hábitos, atitudes sociais, educação.
Portanto a Psicologia constitucional torna-se portanto – o estudo dos aspectos psicológicos do comportamento humano enquanto relacionados com a morfologia e fisiologia do corpo.
Essas duas definições têm muito em comum, porque tanto a estrutura física como a função biológicas, segundo se acredita estão intimamente relacionados com as determinações pré-natais do comportamento.
Psicólogo constitucional – é aquele que procura no substrato biológico da pessoa os fatores que explicam os seu comportamento.
PSICOLOGIA CONSTITUCIONAL DO PASSADO
As teorias que sugerem uma relação entre o físico e o comportamento antecedem, de muitos séculos, o nascimento da psicologia acadêmica.
Quem primeiro começou a trabalhar nesta área foi Hipócrates. Ele criou a tipologia do físico e do temperamento e uma concepção dos humores.
Sua concepção corresponde a importância que hoje se da as secreções endócrinas como determinantes do comportamento. (hormônios)
Ele sugeria uma dupla classificação de físicos, dividindo as pessoas em duas categorias: as baixas e encorpadas e altas e delgadas.
Hipócrates mostrou que esse tipo físico tinha correspondência com certas moléstias características. Os baixos e encorpados tinha tendência a apoplexia (hemorragia cerebral, derramento de sangue numa víscera); e os altos e delgados – à tuberculose.
Hipócrates sugeriu, também que os homens fosse divididos em quatro tipos básicos de temperamento que corresponde aos 4 elementos de EMPÉDOCLES: ar, terra, fogo, água Segundo ele, havia no corpo quatro humores (substancias líquidas) – cujo predomínio relativo determinava o tipo de temperamento ao qual o indivíduo haveria de pertencer.
Além de Hipocrates houve muitos eruditos especuladores que se ocuparam desse assunto.
Contribuição de ROSTAN (1824) – conhecido pesquisador francês, segundo o qual há 4 tipos físicos: digestivo – muscular – cerebral e respiratório.
Posteriormente VIOLA (1909) – antropólogo italiano, simplificou o esquema de Rostan, propondo uma tríplice classificação:
1- microsplâncnico tronco curto e membros compridos.
2- macrosplâncnico tronco largo e membros curtos3- normosplâncnico representava o ponto intermediário entre dos extremos.
ERNEST KRETSCHMER (1888 – 1964)
Psiquiatra alemão cujas contribuições são da maior importância. È mais conhecido por seus estudos sobre a relação entre o físico e a doença mental.
Baseado em suas experiências clínicas convenceu -se de que havia importante relações entre o físico e comportamento manifesto principalmente ao comportamento que se manifesta nas duas principais formas de doença mental: a psicose maníaca depressiva e a esquizofrenia .
A esquizofrenia é a mais comum de todas as perturbações psicóticas, e se caracteriza pela perda de afeto ou resposta emocional e pela fuga às relações interpessoais normais.
A psicose maníaca depressiva, em sua manifestação mais extrema caracteriza-se por oscilações do humor, chamadas fases: a fase
maníaca de hiperatividade e de excitação, em que o indivíduo deve ser vigiado a fim de não cometer desatino – e a fase depressiva, de inação e letargia, em que o indivíduo tem de ser cuidado como se fora uma criança.
Kretschmer propôs três coisas:
1- Criar um meio para classificar objetivamente os indivíduos em termos de um numero limitado de categorias físicas.
2- Relacionar as duas principais formas de psicose – esquizofrenia e a PMD.
3- Relacionar o físico com outras formas de comportamento dentro da faixa normal.
Ele era cuidadoso e sistemático na mensuração do físico.
Fez uma relação das principais partes do corpo e descreveu-as. Os examinados despidos, eram fichados e os dados eram
anotados numa lista elaborada.
A análise dessas medidas e classificação permitiu que Kretschemer chegasse à concepção de 3 tipos físicos fundamentais. Astênicos, atlético, pícnico, acrescentou um quarto, que é displástico.
1 – ASTÊNICOS OU LEPTOSSÔMICO corresponde a um físico linear e frágil.
Característica física alto, magro, pele seca e pálida, tórax estreito, costelas visíveis, pescoço, pernas e braços longos.
Características psíquica oscilação entre anestesia e hipersensibilidade, baixa capacidade de sintonia com as pessoas, facilidade com a abstração, sonhador tímido – correlação com a esquizofrenia.
2- ATLÉTICO físico muscular vigoroso
Característica física osso e músculo desenvolvido, ombros largos, pelve estreita, face angular, queixo grande, proeminência óssea facial. (estatura acima da média)
Característica psíquica perseverante, viscoso (GROSSO), sem grande intelectualidade, combativo, tolerante a dor, interesse pelos esportes – correlação – epilepsia.
3 - PÍCNICO corresponde ao tubo digestivo de Rostan
Característica física baixa estatura, membros curtos adiposo (GORDUROSO), contorno arredondado.
Características psíquica oscila alegria e tristeza, amigável realista, prático, atuante e presunçoso – correlação – maníaco depressivo.
4- Displástico – tipos raros, estranhos e feios.
Referência
HALL, Calvin S. e Lindzey Gardner. Teorias da Personalidade. São Paulo: EPU,1973.