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Lenda do São Martinho Martinho era um valente soldado romano que estava a regressar da Itália para a sua terra, algures em França. Montado no seu cavalo estava a passar num caminho para atravessar uma serra muito alta, chamada Alpes, e, lá no alto, fazia muito, muito frio, vento e mau tempo. Martinho estava agasalhado normalmente para a época: tinha uma capa vermelha, que os soldados romanos normalmente usavam. De repente, aparece-lhe um homem muito pobre, vestido de roupas já velhas e rotas, cheio de frio que lhe pediu esmola. Infelizmente, Martinho não tinha nada para lhe dar. Então, pegou na espada, levantou-a e deu um golpe na sua capa. Cortou-a ao meio e deu metade ao pobre.

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Lenda do São Martinho

Martinho era um valente soldado romano que estava a regressar da Itália para a sua terra, algures em França.

Montado no seu cavalo estava a passar num caminho para atravessar uma serra muito alta, chamada Alpes, e, lá no alto, fazia muito, muito frio, vento e mau tempo.

Martinho estava agasalhado normalmente para a época: tinha uma capa vermelha, que os soldados romanos normalmente usavam.

De repente, aparece-lhe um homem muito pobre, vestido de roupas já velhas e rotas, cheio de frio que lhe pediu esmola. Infelizmente, Martinho não tinha nada para lhe dar. Então, pegou na espada, levantou-a e deu um golpe na sua capa.

Cortou-a ao meio e deu metade ao pobre.

Nesse momento, de repente, as nuvens e o mau tempo desapareceram. Parecia que era Verão!

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Foi como uma recompensa de Deus a Martinho por ele ter sido bom.

É por isso que todos os anos, nesta altura do ano, mesmo sendo Outono, durante cerca de três dias o tempo fica melhor e mais quente: é o Verão de São Martinho.

Castanhas - “Quentes e Boas”

O tempo vai refrescando, o Outono instala-se no dia-a-dia, com a natureza a dar os sinais da época: as

copas das árvores a amarelarem, o Sol que teima em esconder-se sobre o manto de nuvens. Com os assomos do Inverno é reconfortante o calor proporcionado pela dúzia de castanhas, escaldando nas mãos, compradas em resposta ao apelo mais que apregoado do “quentes e boas”.

Consideradas, actualmente, quase como uma “guloseima” de época, as castanhas, em tempo idos, constituíram um nutritivo complemento alimentar, substituindo o pão na ausência deste, quando os rigores e escassez do Inverno se instalavam. Cozidas, assadas ou transformadas em farinha, as castanhas sempre foram um alimento muito popular, cujo aproveitamento remonta à Pré-História.

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Castanhas pelo São Martinho Assadas com sal grosso, cozidas com ervas-aromáticas, secas tornando-se “piladas” e utilizadas depois de bem demolhadas, acompanhando em puré outros preparos, ou servindo uma sopa aveludada e cremosa, o consumo de castanhas estende-se de finais de Setembro até ao início da Primavera. São, contudo, particularmente procuradas e celebradas no dia de São Martinho, a 11 de Novembro.

Alguns ditos populares com castanhas:

"Dia de São Martinho, lume, castanhas e vinho"

"Pelo São Martinho, prova o teu vinho, ao cabo de um ano já não te faz dano"

"Pelo São Martinho mata o teu porco e bebe o teu vinho"

"Pelo São Martinho semeia favas e linho"

"No dia de São Martinho fura o teu pipinho"

"O Verão de São Martinho é bom mas é curtinho"

"No dia de São Martinho vai-se à adega e prova-se o vinho"

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No dia de São Martinho bebe o vinho e deixa a água para o moinho"

O Magusto

Em tempos idos, eram comuns os “Magustos”, ou seja, grandes fogueiras ao ar livre, no campo, “rodeadas de grupos alegres que cantam e dançam enquanto a fogueira medra e as castanhas estoiram” (Leite Vasconcellos/Vida Tradicional Portuguesa).

O vinho novo, jeropiga ou água-pé jorravam generosamente acompanhando as castanhas assadas, pois, como diz o adágio “no dia de São Martinho vai à adega e prova o vinho”.

História da Castanha

• A palavra latina castanea (do grego kastanon) como origem dos termos castanheiro e castanha.

• Presume-se que a castanha seja oriunda da Ásia Menor, Balcãs e Cáucaso, acompanhando a história da civilização ocidental desde há mais de 100 mil anos.

• A par com o pistácio, a castanha constituiu um importante contributo calórico ao homem pré-

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histórico que também a utilizou na alimentação dos animais.

• Os Gregos e os Romanos colocavam castanhas em ânforas cheias de mel silvestre. Este, conservava o alimento e impregnava-o com o seu sabor. Os romanos incluíam a castanha nos seus banquetes

• Durante a Idade Média, nos mosteiros e abadias, monges e freiras utilizavam frequentemente as castanhas nas suas receitas. Por esta altura, a castanha, era moída, tendo-se tornado mesmo um dos principais farináceos da Europa.

• Com o Renascimento a gastronomia assume novo requinte, com novas fórmulas e confecções. Surge o marron glacé, passando de França para Espanha e daí, com as Invasões Francesas, chegando a Portugal

A boa castanha assada

Pensa-se que a castanha assada seja criação de pastores e lenhadores há mais de mil anos, quando nas noites frias do Outono e Inverno juntavam à chama da fogueira que acendiam para se aquecer, as castanhas colhidas nas proximidades.

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Embora o resultado final seja muito semelhante, certo é que a castanha assada encontra, em diversas proveniências, forma diferente de se preparar. Indispensáveis são as boas brasas e o golpe na castanha para que esta não rebente. Depois, fica ao engenho e aos recursos de cada povo a forma de as preparar assadas.

Na Galiza, a castanha é assada num tambor giratório em ferro e com buracos. Possui uma pequena porta por onde se deitam as castanhas. Coloca-se o tambor sobre brasas bem puxadas e gira-se lentamente, até as castanhas estarem assadas.

Noutros locais usa-se o assador em forma de bandeja, de barro. As castanhas colocam-se sobre este, com as brasas bem quentes, com ou sem sal

grosso, mexendo-se à medida que assam.

O Caldo de Castanha era receita frequente no Dia dos Fiéis Defuntos em alguns pontos de Vila Real, mais concretamente na zona entre os rios Douro e Tâmega.

À medida que caminhamos para o Sul, diminui a importância da castanha nas celebrações dos Santos e dos Finados, tornando-se raridade no Algarve.

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SÃO MARTINHO,

o MAGUSTO e as CASTANHAS

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