758
7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemática - Livro II. http://slidepdf.com/reader/full/lewis-sperry-chafer-teologia-sistematica-livro-ii 1/758 Lewls Sperry CHAFER ^TEOLOGIA SISTEMÁTICA VOLUMES TRÊS E QUATRO W&GNOS

Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemática - Livro II

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    1/758

    Lewls SperryCHAFER

    ^TEOLOGIASISTEMTICA

    VOLUMES TRS E QUATRO

    W&GNOS

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    2/758

    T E O L O G I A

    SISTEMTICALewis Sperry Chafervolumes trs e quatro

    Lewis Sperry ChaferD.D.,Litt.D.,Th.D.

    Ex-presidente e professor de Teologia Sistemtica noSeminrio Teolgico em Dallas.

    MAGNOS

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    3/758

    Copyright 1948, 1976 por Dallas Theological SeminaryOriginalmente publicado por Kregel Publications

    Ttulo Original

    Systematic Theology

    Ttulo Original

    Systematic Theology

    Projeto grfico

    ^^tisProduo Editorial^ * TraduoHeber Carlos de Camjl^^H

    RevisoEdna Batista Guimares

    CoordenadordeproduoMauroW Terrengu

    Ia edio-Maro 2003

    Impresso e acabamento

    Imprensa da F

    : Catalogao na Publicao (CIP)TO, SP,Brasil)

    LU

    0

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao(Cmara Brasileirado Livro, SP, Brasil)

    Chafer, Lewis SperryTeologia Sistemtica / Lewis Sperry Chafer; (traduo Heber Carlos deC

    - SoPaulo: Hagnflfi_2003.

    Ttulo ' riginal: SysMnatc theology

    1.Teologia - E s t u d B ensino I, Ttulo.

    03-0105

    ndices para catlogo sistemtico:11. Teologia sistemtica: Cristianismo 230

    ISBN 85-89320-06-5

    LIVRO 3

    LIVRO 4:

    Contedo da obra:VoL. 1 Prologmenos, Bibliologia, TeontologiaVL. 2 Angelologia, Antropologia ^VOL. 3 Soteriologia, Eclesio'""'aVOL,4 EscatologiaVOL.5 CristologiaVOL. 6 Pneumatologia.VOL. 7 Sumrio DoutrinrioVOL. S ndices Biogrficos

    Todos os direitos desta edio reservados EDITORA HAGNOS

    Rua Belarmino Cardoso de Andrade, 108So Paulo - SP - 04809-270 Tel/Fax: (xx ll ) S B % 9e-mail: [email protected] www.hagnos.co-

    0

    x

    V N

    mailto:[email protected]://www.hagnos.co-/http://www.hagnos.co-/mailto:[email protected]
  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    4/758

    Dedicatria

    Esta obra de Teologia Sistemtica dedicadacom profunda afeio ao corpo discente detodas as pocas do Seminrio Teolgico emDallas.

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    5/758

    NDICE

    VOLUME 3

    SOTERIOLOGIA 19

    CAPTULO I - IN TR OD U O SOT ERI OLOGIA 19

    0 SALVADOR 26

    CAPTULO II - A PESSOA DO SALVADOR 26I. Sete Posies de Cristo 27II. Os Ofcios de Cristo 32III. A Filiao de Cristo 43IV. A Unio Hiposttica 45

    Concluso 46CAPTULO III - INT ROD U O AO SOFR IMEN TO DE CR IS TO 47I. Sofrimento nesta Vida 48II. Sofrimento na Morte 54

    CAPTULO IV - COI SAS REALIZADAS POR CR IS TOEM SEU SOF RIM ENT O E M O R T E 65

    I. A Substituio dos Pecadores 66II. Cnsto, o Fim do Princpio da Lei

    em Favor Daqueles Que So Salvos 85

    III. A Redeno em Relao ao Pecado 93IV. A Reconciliao em Relao ao Homem 96V. A Propiciao em Relao a Deus 99VI. O Julgamento da Natureza Pecaminosa 102VIL A Base do Perdo e da Purificao dos Crentes 106VIII. A Base da Procrastinao dos Justos Juzos Divinos 107IX. A Retirada dos Pecados antes da Cruz

    Que Haviam Sido Cobertos pelo Sacrifcio 107X. A Salvao Nacional de Israel 109XI. As Bnos Milenares e Eternas Sobre os Gentios 111XII. O Despojamento dos Principados e Potestades 112XIII. A Base da Paz 114XIV A Purificao das Coisas no Cu 116

    CAPTULO V - O SOF RIM ENTO E A M O R T E DE CR IS TO NOS TI PO S 118I. Os Sacrifcios Gerais no Antigo Testamento 120II. Os Sacrifcios Prescritos no Antigo Testamento 122III. Vrios Tipos da Morte de Cristo 125IV. A Morte de Cristo de Acordo com

    Vrios Textos das Escrituras 127CAPTULO VI - A TERMI NOLOG IA BBLICA RELAC IONA DAAO SOFRIME NTO E M O R T E DE CR IST O 128

    I. Expiao 128II. Perdo e Remisso 128III. Culpa 129IV Justia 129

    5

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    6/758

    NDICE

    V JustificaoVI. PenalidadeVIL PropiciaoVIII. ReconciliaoIX. Redeno e Resgate

    X. SacrifcioXI. SatisfaoXII. Vicrio e Substitutivo

    129

    129

    130

    130

    130

    130131

    131

    CAPTULOVII - TEORIAS FALSAS E VERDADEIRAS DO VAL ORDA M O R T E DE CR IST O 132

    I. Consideraes Preliminares 132II. Registro Histrico 136III. Teorias em Geral 140

    Concluso 156

    ELEIO DIVINA 166

    CAPTULOVIII -O FATO DA ELEIAO DIVINA 166I. Os Termos Usados 168II. Revelao Clara 169III. Verdades Essenciais Abraadas 172IV Objees Doutrina da Eleio 175

    CAPTULO IX - A O R D E M DOS DE CR ET OS ELETIV OS 177

    I. A Ordem Apresentada pelos Supralapsarianos 178II. A Ordem Apresentada pelos Infralapsarianos 179III. A Ordem Apresentada pelos Sublapsarianos 180IV A Ordem Apresentada pelos Arminianos 181

    Concluso 181

    CAPTULO X - P O R QUEM CR IS TO M O R R E U ? 182I. Classificao das Opinies 183II. Pontos de Concordncia e Discordncia

    Entre as Duas Escolas do Calvinismo Moderado 184III. Aspectos Dispensacionalistas do Problema 187IV. Trs Palavras Doutrinrias 189V. A Cruz No E o nico Instrumento de Salvao 191VI. A Pregao Universal do Evangelho 192VIL Ser Deus Derrotado, se os Homens

    por quem Cristo Morreu Forem Condenados? 193VIII. A Natureza da Substituio 196IX. O Testemunho das Escrituras 198

    Concluso 201

    A OBRA SALVADORA DO DEUSTRINO 203

    CAPTULO XI - A OB R A CO NS UM AD A DE CR IS TO 203

    CAPTULO XII - A OBR A CONVENCEDORA DO ES P RI TO SAN TO 207

    I. A Necessidade da Obra do Esprito Santo 208II. O Fato da Obra do Esprito Santo 213III. Os Resultados da Obra do Esprito Santo 218

    6

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    7/758

    NDICE

    CAPTULO XIII 221As Riquezas daGraa Divina 221

    I. OEstadodosPerdidos 225II. O Carter EssencialdosEmpreendimentos Divinos 227III. AsRiquezasdaGraa Divina 229

    Concluso 255

    A SEGURANA ETERNA DO CRENTE 256

    CAPTULO XIV - INTRODUODOUTRINADASEGURANA 256

    CAPTULO XV - A IDEIA ARMINIANADASEGURANA 262I. AIdeia ArminianadasPrincipais Doutrinas Soteriolgicas 264II. nfase Arminiana naExperincia e naRazo Humanas 273III. Apelo Arminiano sEscrituras 278

    Concluso 297CAPTULO XV I - A DOUTRINA CALVINISTADASEGURANA 298

    I. AsRazesQueDependem deDeus,o Pai 301II. AsRazesQueDependem deDeus,OFilho 308III. Responsabilidades Pertencentes aDeus,oEsprito Santo 316

    CAPTULO XVII - A ESCRITURA. CONSUMADOR^ 321I. Liberta da Lei 323II. OFatodaPresena daNatureza Divina 325III. O Cristo,umFilhoeHerdeirodeDeus 326IV. OPropsito Divino 327V. AExecuodoPropsito Divino 329VI. APrpria RealizaodeCristo 330VIL AIncapacidade dasCoisas CelestiaiseMundanas 331

    Concluso 333

    CAPTULO XVIII -LIBERTAOD OPOD ER REINANTEDO P E C ADOE ASLIMITAES HUM ANA S 334

    I. Libertao doPoderdoPecado 334

    Concluso 338II. Libertao dasLimitaes Humanas 339Concluso 341

    CAPTULO XIX - O CRE NTE APRESENTADOSEMPECADO 342I. Cidadania Celestial 343II. UmaNova Fraternidade 343III. UmaPosio Aperfeioada para Sempre 343IV. UmCorpo Renovado 344V. LibertaodaNatureza Pecaminosa 344

    VI. SerIgualaCristo 345VIL Compartilhar daGlriadeCristo 345Concluso 346

    Os TERMOS DA SALVAO 349

    CAPTULO XX - Os TERMOSDASALVAO 349I. Arrependimento e F 350

    Concluso 355

    7

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    8/758

    NDICE

    II. Crer e Confessar Cristo 356Concluso 357

    III. Crer e Ser Batizado 358Concluso 361

    IV Crer e Render-se a Deus 361

    Concluso 364V. Crer e Confessar o Pecado ou Fazer Restituio 364VI. Crer e Implorar a Deus por Salvao 365

    Eplogo 368

    VOLUME 4

    ECLESIOLOGIA 375

    CAPTULO I - IN TR OD U O ECLESI OLOGI A 375I. As Criaturas de Deus Vistas Dispensacionalmente 376II. A Doutrina da Escritura Vista Dispensacionalmente 384III. A Igreja Especificamente Considerada 396

    A IGREJA COMO UM ORGANISMO 403

    CAPTULO II - ASP ECTO S GERA IS DA DO UT RI NAARE SP EI TO DA IGREJA 403

    I. O Significado da Palavra Igreja 405

    II. O Fato de um Novo Empreendimento Divino 406III. Vrios Termos Empregados 408IV. O Primeiro Uso da PalavraIgreja 409V. O Presente Propsito Divino da Igreja 410VI. Quatro Razes por que a Igreja Comeou no Pentecostes 411VII. A Igreja nos Tipos e nas Profecias 412

    CAPTULO II I - CO NT RA ST ES ENTRE ISRAEL E A IGREJ A 413I. A Extenso da Revelao Bblica 413

    II. O Propsito Divino 413III. A Semente de Abrao 414IV O Nascimento 414V. Jesus Como Cabea 414VI. Os Pactos 415VIL A Nacionalidade 415VIII. O Trato de Deus 415IX. As Dispensaes 415X. O Ministrio 416

    XI. A Morte de Cristo 416XII. O Pai 416XIII. Cristo 416XIV O Esprito Santo 417XV O Princpio Governante 417XVI. A Capacitao Divina 417XVII. Os Discursos de Despedida 417XVIII. A Promessa do Retorno de Cristo 418XIX. A Posio 418

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    9/758

    NDICE

    XX. O Reino Terreno de Cristo 418XXI. O Sacerdcio 418XXII. O Casamento 418XXIII. Os Juzos 419XXIV. A Posio na Eternidade 419

    Concluso 419CAPTULO IV - SET E FIG URAS US ADAS SOBRE A IGREJAEM SUA RE LA O CO M C RI ST O 420

    I. O Pastor e as Ovelhas 422II. A Videira e os Ramos 425III. A Pedra Angular e as Pedras do Edifcio 427IV O Sumo Sacerdote e o Reino de Sacerdotes 429V O Cabea e o Corpo com seus Muitos Membros 432

    CAPTULO V - SE TE FIGU RAS US AD AS SOBR E A IGREJA EM SUARELAO COM CR IS TO : O L TI MO A D O E A NO VA CRI A O 442I. O Cristo Ressurrecto 442II. A Posio do Crente em Cristo 454III. Duas Criaes Exigem Dois Dias de Comemorao 461IV A Transformao Final 479

    Concluso 483

    CAPTULOVI - SE TE FIGUR AS US AD AS SOBRE A IGREJA EM SUARELAO CO M C RI S TO : O NO IV O E A NO IV A 484

    I. Contrastada com Israel 484II. A Delineao do Conhecimento Insupervel

    e do Amor de Cristo 489III. Uma Segurana da Autoridade do Consorte 490IV Uma Revelao da Posio da Noiva Acima

    de Todos os Seres Criados 491V. A Segurana da Glria Infinita 491VI. Os Tipos da Noiva 492VIL O Significado Desta Figura 497

    Concluso 497

    A IGREJA ORGANIZADA 499

    CAPTULOVII - A IGRE JA OR GANI ZA DA 499I. A Igreja, uma Assembleia Local 501II. Um Grupo de Igrejas Locais 507III. A Igrej aVisvel sem Referncia Localidade 507

    A REGRA DE VIDA DO CRENTE 508CAPTULO VIII -REGRASDEVIDA NO PERODODO AN TI GO TESTA MENTO 508

    I. A Economia Pr-mosaica 510II. A Economia Mosaica 512

    CAPTULO IX - A EC ON OM IA DO RE IN O FU TU RO 519

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    10/758

    NDICE

    CAPTULO X - A ECONOMIADAPRESENTE GR A A 530I. Trs Aspectos Especficos 535II. OsRelacionamentos daGraa 542

    CAPTULO XI - CONTRASTES ENT RE A L E I E AGR A A 549I. Sistemas Independentes, Suficientes eCompletos

    da Regra DivinanaTerra 550II. ASequncia daBno Divinae aObrigao Hum ana 567III. Diferentes Grausde Dificuldade

    e Graus Diferentes deCapacitao Divina 574CAPTULO XII - Os SISTEMASDA L E I E OJUDASMO AB OLI DO 575

    I. AsReais Instrues EscritasdeAmbosos Ensinos da Lei deMoisse doReinoSoAbolidas 575

    II. A Lei doPactodeObrasAbolida 585III. O Princpioda Lei e Dependncia

    da EnergiadaCarneAbolido 586IV. OJudasmo Abolido 586

    Concluso 588

    ESCATOLOGIA 593CAPTULOXIII - INTRODUOESCATOLOGIA 593

    ASPECTOS GERAIS DA ESCATOLOGIA 601

    CAPTULOXIV - U MBREVE PANORAMA DA HISTR IA DO MILENISMO 601I. O Perodo Representado pelo Antigo Testamento 602II. OReino Messinico Oferecido aIsrael

    no Primeiro Advento 602III. OReino Rejeitado ePosposto 603IV. As Crenas Milenistas Sustentadas pela Igreja Primitiva 604V A Expectativa Milenista Continuada

    ataApostasia daIgrejadeRoma 606VI. O Milenismo Comeoua SerRestauradonaReforma 615VII. O Milenismo desde aReforma 616

    CAPTULO XV - O CON CEI TO BBLICOD EPROFECIA 621I. O Profeta 621II. AMensagem doProfeta 622III. OPoder dosProfetas 623IV. AEscolha dosProfetas 623V OCumprimento daProfecia 624VI. AHistria daProfecia 624

    Os PRINCIPAIS CAMINHOS DA PROFECIA 631

    CAPTULO "XVI - PROFECIASARESPE ITO DOSENHOR JESUS CRI ST O 631633

    634

    635

    636

    637

    I. ProfetaII. SacerdoteIII. ReiIV SementeV. Os Dois Adventos

    10

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    11/758

    NDICE

    CAPTULO XVII - PROFECIAS A RESPEITO DOSPACTOS COM ISRAEL644I. Os Quatxo Principais Pactos 647II. Sete Aspectos 648

    CAPTULO XVIII - PROFECIAS A RESPEITO DOS GENTIOS 660

    CA P TU LO XIX - PROFEC IAS A RES PE IT O DE SATANS,DO M A L E DO H O M E M DO PE CAD O 673I. Satans 673II. O Mal 674III. O Homem do Pecado 674

    CA P TU LO XX - PROFE CIAS A RES PEI TO DO CU RS O

    E DO F I M DA CRIS TANDA DE AP S TA TA 680

    CA P TU LO XXI - PROFE CIAS A RES PE ITO DA GR AN DE TRIBULAO 688

    I. A Doutrina em Geral 688

    II. A Igreja e a Tribulao 691C A PTU LO XXII - PROFECIAS A RESPEITO DA IGREJA 700

    I. Os ltimos Dias para a Igreja 700II. A Ressurreio dos Corpcs dos Santos 701III. A Transformao cios Santos Vivos 702IV. O Tribunal de Cristo 702V O Casamento cie Cordeiro 703VI. O Retomo da Igreja com Cristo 703

    VIL O Reinado da Igreja com Cristo 703Concluso ~ 704CAPTULO XXIII - TEMAS PRINCIPAIS DAS PROFECIASDO AN TI GO TEST AMENT O 705

    I. Profecias a Respeito dos Gentios _ 705II. Profecias a Respeito da Histria Primitiva de Israel 707III. Profecias a Respeito da Nao de Israel 707IV. Profecias a Respeito das Disperses

    e dos Reajuntamentos de Israel 707

    V. Profecias a Respeito do Advento do Messias 708VI. Profecias a Respeito da Grande Tribulao 708VIL Profecias a Respeito do Dia de Jeove do Reino Messinico 709

    Concluso 709CAPTULO XXIV - TEMAS PRINCIPAIS DA PROFECIADO NO VO TES TAM ENT O 710

    I. A Nova Dispensao 710II. O Novo Propsito Divino 711III. A Nao de Israel 712

    IV. Os Gentios 712V A Grande Tribulao 713VI. Satans e as Foras do Mal 713VIL A Segunda Vinda de Cristo 713VIII. O Reino Messinico 714IX. O Estado Eterno 714

    Concluso 714

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    12/758

    NDICE

    CA P TU LO XXV - EVEN TOS PR EDI TO S EM SUA O R D E M 715I. A Predio de No a Respeito de seus Filhos 715II. A Escravido de Israel no Egito 715III. O Futuro dos Filhos de Jac 715IV. Israel na Terra 716

    V Os Cativeiros de Israel 716VI. Os Julgamentos Sobre as Naes Vizinhas 716VII. Uma Restaurao Parcial 716VIII. A Vinda e o Ministrio de Joo Batista 717IX. O Nascimento de Cristo 717X. Os Ofcios de Cristo 717XI. Os Ministrios de Cristo 718XII. A Morte de Cristo 718XIII. O Sepultamento de Cristo 718

    XIV A Ressurreio de Cristo 718XV. A Ascenso de Cristo 718XVI. A Presente Dispensao 719XVII. O Dia de Pentecostes 719XVIII. A Igreja 719XIX. A Destruio de Jerusalm 719XX. Os ltimos Dias para a Igreja 720XXI. A Primeira Ressurreio 720XXII. O Arrebatamento dos Santos Vivos 720

    XXIII. A Igreja no Cu 720XXIV As Recompensas dos Crentes 721XXV. O Casamento do Cordeiro 721XXVI. A Grande Tribulao 722XXVII. O Aparecimento do Homem do Pecado 722XXVIII.Os Sofrimentos Finais de Israel 722XXIX. A Destruio da Babilnia Eclesistica 723XXX. A Batalha do Armagedom 723XXXI. A Destruio da Babilnia Poltica

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    13/758

    NDICE

    CAPTULO XXVI - Os JULGAMENTOS 728I. Os Julgamentos Divinos Atravs da Cruz, 728II. O Autojulgamento do Crente e os Castigos de Deus 729III. O Julgamento das Obras do Crente 730IV. O Julgamento de Israel 732

    V O Julgamento das Naes 734VI. O Julgamento dos Anjos 735VII. O Julgamento do Grande Trono Branco 736

    Concluso 736CAPTULO XXVII - O ESTA DO ETERNO 737

    I. O Estado Intermedirio 737II. As Criaturas de Deus Que Entram no Estado Eterno 739III. Vrias Esferas de Existncia 742IV. Teorias Relativas a um Estado Futuro 743V. A Nova Terra 750VI. A Doutrina do Inferno 750VII. A Doutrina do Cu 756

    Concluso 760

    NOTAS 762

    13

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    14/758

    ^TEOLOGIASISTEMTICALewis Sperry Chafer

    Volume3

    Soteriologia

    Lewis Sperrv ChaferD.D.,Litt.D.,Th.D.

    Ex-presidenteeprofessor de Teologia SistemticanoSeminrio Teolgico em Dallas

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    15/758

    SOTERIOLOGIA

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    16/758

    SOTERIOLOGIA

    CAPTULO I

    Introduo Soteriologia

    ASOTERIOLOGIA aquela poro da Teologia Sistemtica que trata dasalvao. A palavra salvao uma traduo do vocbulo grego aooTripa

    (cf. aw^w e atTfjpios), e derivada imediatamente da palavra acoTrjp quesignifica Salvador. XtOTT|pa aparece 45 vezes no Novo Testamento. Quarentavezes ela traduzida comosalvao,uma vez como liberdade(At 7.25), uma vezcomosade (At 27.34), umavezcomo salvamento (Hb 11.7), e duas vezes comosalvos (Lc 1.71; Rm 10.1).

    Em comparao com aquilo que se obtm no Novo Testamento, a doutrina

    da salvao na Antiga Aliana mais envolvente, basicamente porque ela entrana revelao do Antigo Testamento, a saber, no progresso da doutrina. Estaprogresso bem pode ser afirmada nas palavras de Cristo: "...primeiro a erva,depois a espiga, e por ltimo o gro cheio na espiga" (Mc 4.28). Parece que noNovo Testamento a palavra salvao apresenta uma amplido de significadoque vai desde a ideia de libertao dos inimigos at a de se ter as relaescorretas com Deus. Deuteronmio 28.1-14 descreve o estado desejado porum israelita na terra, e para ele salvao consistia basicamente de libertao de

    tudo o que poderia impedir as bnos. Na verdade, tais eram os benefcios,que o prprio Jeov permanecia perante o seu povo. Uma esperana aindamaior esteve sempre diante de Israel a respeito de um triunfo espiritual doreino do pacto, que era ainda futuro. Em referncia ao estado deles naquelereino, est escrito:

    "E o Senhor teu Deus te trar terra que teus pais possuram, ea possuirs; e te far bem, e te multiplicar mais do que a teus pais.Tambm o Senhor teu Deus circuncidar o teu corao, e o corao de

    tua descendncia, a fim de que ames o Senhor teu Deus de todo o teucorao e de toda a tua alma, para que vivas" (Dt 30.5, 6); "Mas este opacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor:Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu corao; e eu sereio seu Deus e eles sero o meu povo. E no ensinaro mais cada um aseu prximo, nem cada um a seu irmo, dizendo: Conhecei ao Senhor;porque todos me conhecero, desde o menor deles at o maior, diz o

    19

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    17/758

    SOTERIOLOGIA

    Senhor; pois lhes perdoarei a sua iniquidade, e no me lembrarei maisdos seus pecados" (Jr 31.33, 34); "Pois vos tirarei dentre as naes, evos congregarei de todos os pases, e vos trarei para a vossa terra. Entoaspergirei gua pura sobre vs, e ficareis purificados; de todas as vossas

    imundcies, e de todos os vossos dolos, vos purificarei. Tambm vos"darei um corao novo, e porei dentro de vs um esprito novo; e tirareida vossa carne o corao de pedra, e vos darei um corao de carne. Aindaporei dentro de vs o meu Esprito, e farei que andeis nos meus estatutos,e guardeis as minhas ordenanas, e as observeis. E habitareis na terra queeu dei a vossos pais, e vs sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus"(Ez 36.24-28); "E assim todo o Israel ser salvo, como est escrito: Vir deSio o Libertador, e desviar de Jac as impiedades; e este ser o meu pacto

    com eles, quando eu tirar os seus pecados" (Rm 11.26, 27).As Escrituras, que apresentam um grande nmero de promessassemelhantes, falam da nao como um todo, e predizem a restaurao ea salvao daquele povo, de acordo com o propsito eterno de Jeov. Emoposio a essa expectativa nacional, as questes envolvidas eram sobrea relao que os indivduos tinham com Deus, realidade essa que era umassunto totalmente independente daquelas grandes promessas que assegurama salvao da nao.

    Abrao teve filhos com Hagar, Sara e Quetura; mas somente "em Isaque[o filho de Sara] ser chamada a tua descendncia" (Rm 9.7). E, alm disso, aeleio que Deus fez da nao da promessa determina que, dos filhos de Israel,"o mais velho servir o mais moo" (Rm 9.12; cf. Is 60.12), e somente atravsde Jac os pactos nacionais sero realizados. Da semente de Jac, embora comouma nao eles sejam preservados em sua solidariedade e entidade e "aindaque o nmero dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente que ser salvo" (Rm 9.27); um remanescente composto de indivduos queestiveram em relao correta com Deus aparece em cada gerao. E a este grupo

    que o apstolo se refere, quando diz: "Porque nem todos os que so de Israelso israelitas" (Rm 9.6), e deste Israel espiritual que ele tambm fala, quandodeclara: "E assim todo Israel ser salvo" (Rm 11.26).

    Assim, a realizao final do propsito divino em favor do povo a quempertencem os pactos terrenos, e cujo destino o da terra (cf. Mt 5.5), consumado tanto com respeito nao eleita quanto cumprimento daesperana de que cada indivduo israelita, cuja vida foi vivida num tempoparticular, quando as promessas distintas para os judeus foram obtidas. A

    presente era deve sempre ser vista em seu carter excepcional, a saber, queagora no h diferena entre judeu e gentio, seja com respeito ao estado deperdio deles e necessidade de salvao pela graa (Rm 3.9), e nenhumadiferena com respeito aos termos pelos quais eles podem ser salvos(Rm 10.12; cf. At 15.9). As doutrinas distintivas do judasmo devem serdiscernidas tambm, tanto com referncia ao carter deles com referncia dispensao na qual eles esto em vigor. Por falta de revelao especfica, a

    20

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    18/758

    INTRODUO A SOTERIOLOGIA

    salvao do indivduo sob o judasmo - com respeito aos termos, tempo ecarter geral - obscura para os homens.

    Com respeito ao significado da palavra salvao, h uma semelhana muitogrande no Antigo e Novo Testamentos. Este vocbulo comunica o pensamento

    de libertao, segurana, preservao, coisa sadia, restaurao e cura; mas aindaque muito amplo, um alcance da experincia humana expresso pela palavrasalvao, e seu uso principal e especfico denota uma obra de Deus em favordo homem. Quando assim empregada, ela representa o que evidentementea doutrina mais abrangente da Bblia. Ela rene em um conceito ao menosdoze doutrinas extensas e vitais, a saber: redeno, reconciliao, propiciao,convico, arrependimento, f, regenerao, perdo, justificao, santificao,preservao e glorificao.

    Pode ser observado, tambm, que as duas ideias fundamentais estoinerentes no significado da palavra salvao; de um lado, ser salvo serresgatado da situao de perdido, enquanto que, por outro lado, ser salvo ser trazido para a situao de saivo. vitalmente renovado, e para ser umparticipante da herana dos santos em luz. A pregao do Evangelho podeseguir qualquer uma dessas ideias. Pode advertir os mpios, para que elesfujam da ira vindoura, ou pode persuadi-los pela considerao dos benefciosque a graa infinita de Deus proporciona. O estado indesejvel do qual asalvao de Deus resgata os homens tem sido parcialmente definido empores anteriores desta obra. No estudo de satanologia, foi assinalado que oshomens no-regenerados esto debaixo do poder de Satans, energizados porele, e que somente a libertao de Deus, que transporta do poder das trevaspara o reino do Filho do seu amor (Cl 1.13), pode ser de grande proveito.

    Igualmente, tanto em antropologia quanto em hamartiologia, j foi demonstradoque o homemoriundo de uma raa cada, condenado por causa de sua participaono pecado de Ado, julgado como aquele que est debaixo do pecado, e culpadodiante de Deus por causa dos seus pecados pessoais. E tambm afirmado que a

    salvao divina tem a ver com a libertao da maldio da lei (Gl 3.13), da ira (1Ts 5.9; Jo 3.36), da morte (2 Co 7.10), e da destruio (2 Ts 1.9). Por outro lado,a salvao divina proporciona a dispensa e a remoo de toda acusao contra opecador e o equipa com a vida eterna em lugar da morte, com o mrito perfeito deCristo em lugar da condenao, e com o perdo e a justificao em lugar da ira.

    Em sua significao mais ampla, a doutrina da salvao inclui todoempreendimento divino para o crente, a partir de sua libertao do estado deperdio, at a sua apresentao final em glria, j conformado imagem de

    Cristo. Visto que o objetivo divino abrangente dessa forma, o tema divididonaturalmente em trs tempos:

    A) O cnstofoisalvo quando creu (Lc 7.50; At 16.30,31;1 Co 1.18; 2 Co 2.15; Ef2.8;2Tm 1.9). O aspecto do tempo passado da salvaoum fato imutvel e essencialda salvao. No momento em que cr, a pessoa salva completamente liberta do seuestado de perdio, tomando-se purificada, perdoada, justificada, nascida de Deus,vestida com o mrito de Cristo, liberta de toda condenao, e segura para sempre.

    21

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    19/758

    SoTERIOLOGIA

    B) O crente est sendo salvo do domnio do pecado (Rm 6.1-14; 8.2;2 Co 3.18; Gl 2.20; 4.19; Fp 1.19; 2.12; 2 Ts 2.13). Nesse segundo tempo dasalvao, o crente est sendo divinamente preservado e santificado.

    c) O crente ainda ser salvo da presena do pecado, quando for

    apresentado sem pecado em glria (Rm 13.11; 1 Ts 5.8; Hb 1.14; 9.28;1 Pe 1.3-5; 1 Jo 3.1-3). A isto podem ser acrescidas outras passagens que,por sua vez, apresentam todos os trs aspectos temporais da salvao (1 Co 1.30; Fp 1.6; Ef 5.25-27; 1Ts 1.9, 10; Tt 2.11-13).

    Semelhantemente, nenhum fato maior a respeito da salvao divina pode serdeclarado do que aquilo que afirmado em Jonas 2.9: "A salvao de Jeov";no Salmo 3.8: "A salvao pertence a Jeov". A verdade de que a salvao deJeov mantida tanto pela revelao quanto pela razo. Com respeito revelao,

    est o testemunho das Escrituras, sem exceo, de que cada aspecto da salvaodo homem desde o seu princpio at a sua perfeio final no cu, uma obrade Deus pelo homem e no uma obra do homem para Deus. Com respeito razo, h necessidade de apenas uma considerao momentnea sobre o cartersobrenatural de cada passo nessa grande realizao, para se descobrir que ohomem no poderia contribuir com nada para a sua realizao. Que cada passo pela f tem de ser uma necessidade, visto que o homem, no tendo qualquerpoder para produzir um resultado sobrenatural, deve permanecer confiante emAlgum que capaz. Essas verdades bvias podem ser vistas a partir de doisngulos diferentes:

    A) O que pode ser chamado de aspecto legal do problema da salvao deum ser pecaminoso aquilo que satisfaz aquelas exigncias infinitamente santasda justia divina e do governo divino que so ultrajados pelo pecado em cadauma de suas formas. Nenhum homem pode fazer uma expiao por sua alma e,assim, salvar a si prprio. A penal idade por sua condio pecaminosa requer um

    juzo to grande que, no final, se ele tivesse de pagar, no lhe sobraria algo paraque o salvasse. Em oposio a isso, est a verdade de que Deus providenciou

    na morte substitutiva de Seu Filho, para que a penalidade fosse paga. Esta setorna a nica esperana para o homem, mas a atitude de dependncia de outrapessoa, como um princpio, est muito distante da ideia do prprio esforo dohomem de salvar-se a si mesmo.

    B) O que pode ser chamado de aspecto prtico do problema da salvaode um ser pecaminoso visto no carter de todas as coisas que compem oestado daquele que salvo. Ningum, sob quaisquer circunstncias, poderiaperdoar o seu prprio pecado, comunicar vida eterna a si mesmo, vestir-se a si

    mesmo com a justia de Deus, ou escrever o seu prprio nome no cu. Assim,conclui-se que nenhuma verdade mais bvia ser encontrada nas pginas daBblia do que esta: que a "salvao de Jeov". No somente em tudo que entrana salvao no tempo passado, que foi operada por Deus imediatamente, emresposta ao simples ato de f em Deus, com base na confiana de que Ele capaz de salvar com justia somente atravs da morte de seu Filho, mas Deus revelado ao pecador como Aquele que deseja salvar com um anelo infinito.

    22

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    20/758

    INTRODUO SOTIRIOLOGIA

    Aquele que no poupou a seu prprio Filho, antes por todos ns o entregou,dificilmente poderia demonstrar mais plenamente do que demonstrou, a suapaixo em salvar os perdidos.

    O maior de todos os motivos que move Deus ao exerccio de sua graa

    salvadora a satisfao do seu prprio infinito amor por aqueles que foramarruinados pelo pecado. Neste modo, pode ser vista a verdade de que a salvaode uma alma significa mais infinitamente para Deus do que jamais poderiasignificar para aquele que salvo, sem levar em conta as realidades gloriosasque constituem essa salvao. Mas, alm de satisfazer o seu amor infinito, trsoutros motivos divinos so revelados sobre a salvao dos perdidos:

    A)Est escrito: "Porque pela graa sois salvos, por meio da f; e isto no vemde vs, dom de Deus, no vem das obras, para que ningum se glorie. Porque

    somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antespreparou para que andssemos nelas" (Ef 2.8-10). Mais enftica ainda averdade declarada de que a salvao um empreendimento divino com base napura graa de Deus na qual nenhuma obra ou mento humano entra na conta.Esta salvao para as boas obras nunca epelas boas obras; e para tais boasobras que somos preordenados por Deus.

    B) De igual modo, est declarado que Deus motivado em sua salvaodos homens pela vantagem que a salvao vai ser para eles. Joo 3.16 afirma:"Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unignito,para que todo aquele que nele cr no perea, mas tenha a vida eterna". Estclaramente afirmado, neste texto familiar, que um benefcio duplo resulta paratodos os que crem em Cristo - eles no perecem e de fato recebem a vidaeterna. Essas vantagens so imensuravelmente grandes, tanto em seu valorintrnseco quanto em sua durao infinita. A questo que pode ser levantada se poderia haver qualquer motivo estimulante mais elevado da parte de Deusna salvao do homem do que o benefcio que o homem recebe dela. H umobjetivo no fato de Deus exercer a sua graa salvadora, que muito mais uma

    realidade para Deus do que as boas obras ou o prprio benefcio do homem.c) o fato de que a salvao do homem pela graa divina com o fim

    dessa graa ter uma manifestao adequada. Sobre esta verdade est registrado:"...para mostrar nos sculos vindouros a suprema riqueza da sua graa, pelasua bondade para conosco em Cristo Jesus" (Ef 2.7). Houve alguma coisa emDeus que nenhum anjo havia visto. Eles tinham observado a sua sabedoria epoder demonstrados na criao e na sustentao de todas as coisas. Eles haviamcontemplado sua glria, mas eles no haviam\isto ainda a sua graa. No

    poderia haver uma manifestao da graa at que houvesse criaturas pecadorasque fossem objetos dessa graa. A importncia da revelao da graa infinitanas esferas celestiais no poderia ser avaliada neste mundo. No tinha havidouma exibio do amor divino at que Deus deu o seu Filho para morrer peloshomens perdidos.

    A importncia dessa demonstrao est alm do entendimento humano.De igual modo, no poderia haver uma manifestao completa da graa

    23

    http://isto/http://isto/http://isto/
  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    21/758

    SOTERIOLOGIA

    divina at que pecadores fossem salvos atravs da morte do Filho de Deus, e amedida dessa graa tambm est alm do entendimento finito. O pensamentotranscende toda compreenso, de que mesmo um dentre a raa cada sejamudado pelo poder divino e venha satisfazer a Deus como uma exibio de

    sua graa infinita, e, embora os vastos espaos do cu sejam invadidos com talgraa, a demonstrao no realada pelas apresentaes multiplicadas, poiscada indivduo ser a expresso da graa superlativa de Deus.

    Pela realizao perfeita de Cristo em sua morte - o justo morrendo pelosinjustos - o brao salvador de Deus no mais fica impedido por causa daquelasalegaes justas de julgamento que o carter ultrajado de Deus deve impore, sendo assim livre para agir, Deus faz tudo o que o seu infinito amor dita.Nada no cu ou na terra - nada dentro da divindade ou entre as coisas criadas

    - poderia sobrepujar o fim que a salvao divina realiza para uma alma perdida,ou seja, a manifestao da graa divina e a satisfao do seu amor. Este resultadoincompreensvel e ilimitado est assegurado na promessa de que todo salvo ser"conformado imagem de seu Filho" (Rm 8.29); e o apstolo Joo tambmtestifica que "quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porqueassim como , o veremos" (1 Jo 3.2).

    Isto evidentemente o que est na mente do apstolo quando escreve: "...e assim como trouxemos a imagem do terreno, traremos tambm a imagem do

    celestial" (1 Co 15.49). Mesmo agora Cristo est no crente como "a esperanada glria" (Cl 1.27), e este corpo ser feito "semelhante ao corpo da sua glria"(Fp 3.21). No pequena honra para o pecador que merece o inferno, que Deuso tenha amado tanto que, tendo suportado os seus juzos, o Senhor devesseempreg-lo como o agente por quem Ele declararia eternamente ao universo oescopo exato e o carter de sua graa ilimitada.

    O pregador do Evangelho fana bem em estudar, com a finalidade de poderenfatizar corretamente as duas perfeies divinas na salvao do homem,mencionadas anteriormente, que so ganhas com base justa atravs da mortee ressurreio de Cnsto. Uma dessas a disponibilidade daquilo que o mal ,enquanto que a outra a segurana daquilo que bom. Estas duas perfeiesdivinas so (1) que pela morte de Cristo, todo julgamento e condenao so toperfeitamente realizados que eles nunca mais podem ser trazidos contra o crente(Rm 8.1). Mesmo na salvao de uma alma, nenhum golpe desferido, nenhumacrtica ou censura feita. (2) Igualmente, e com base na mesma morte e com basena ressurreio de Cristo, toda exigncia para uma eterna associao com Deus nocu concedida - na verdade, tudo com base no princpio simples da graa.

    Na concluso desta introduo ao estudo da Soteriologia, o estudante obrigado a dar uma ateno especial a este grande tema, e por duas razesimportantes, que so:

    (1) A mensagem de Deus inclui a totalidade da famlia humana em alcance,e visto que a grande proporo de no-regenerados, e visto que o Evangelho a nica palavra dirigida aos no-salvos, razovel concluir que, num ministriobem equilibrado, a pregao do Evangelho deva ser responsvel no menos

    24

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    22/758

    INTRODUO A SOTERIOLOGIA

    do que 75% do testemunho do plpito. O restante pode ser para a edificaodaqueles que j so salvos. Permanece o fato que, se muita coisa da mensagemdo pregador deve estar dentro do campo da Soteriologia, o estudo destadiviso da Teologia Sistemtica tem que ser observado com grande diligncia,

    sinceridade, em expectativa regada por orao.(2) O pregador um elo importante na corrente que conecta o coraode Deus com as almas dos homens perdidos. A respeito de outros elos nessacorrente, pode ser observado que no h uma deficincia nas provises daredeno atravs do sacrifcio de Cristo. No h uma imperfeio no registroda redeno revelada nos orculos de Deus. No h uma fraqueza ou falhada parte do Esprito capacitador. No deveria haver uma omisso, defeito ounegligncia na apresentao que o pregador faz da redeno queles a quem ela

    pregada. Qu ando levada a srio, a responsabilidade da pregao do Evangelhono outra, seno solenizar o corao e ser a causa de uma dependncia semprecrescente de Deus.

    No se deve admirar que o apstolo, lalando pelo Esprito Santo, tenha declaradocom aquela nfase singular que uma repetio dupla se lhe impunha: "Mas, aindaque ns mesmos ou um anjo do cu vos pregasse outro evangelho alm do que

    j vos pregamos, seja antema. Como antes temos dito, assim agora novamente odigo:Se algum vos pregar outro evangelho alm do que j recebestes, seja antema"(Gl 1.8, 9). Este antema nunca havia sido revogado, nem poder ser enquanto agraa salvadora de Deus for proclamada ao mundo perdido. Do ponto de vistahumano, uma apresentao errnea do Evangelho poderia orientar erradamenteuma alma e o caminho da vida poderia ser perdido para sempre. Cabe ao mdicode almas conhecer o remdio exato, para que Ele possa prescrever. Um mdicopode, por erro, dar fim a uma vida breve aqui na terra.

    O mdico de almas est tratando com o destino eterno. Havendo dadoo seu Filho para morrer por homens perdidos, Deus no pode seno serexato a respeito de como os grandes benefcios podem ser apresentados,

    nem deveria Ele considerar injusto se Ele pronuncia um antema sobreos que pervertem o nico caminho de salvao que foi comprado a preoto alto. Um homem sensvel, quando percebe essas questes eternas,pode se retrair diante de to grande responsabilidade, mas Deus nochamou os seus mensageiros para tal fracasso. Ele lhes ordena a "pregar apalavra", e lhes assegura de sua presena constante e poder capacitador.Provavelmente, em nenhum ponto do campo total da verdade teolgica,a determinao seja mais aplicvel do que quando se diz: "Procura

    apresentar-te diante de Deus aprovado, como obreiro que no tem de quese envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade" (2 Tm 2.15).

    O estudo da soteriologia deve ser empreendido sob as seguintes divisesprincipais: (1) o Salvador, (2) a eleio divina, (3) por quem Cristo morreu?(4) a obra salvadora do Deus trino, (5) a segurana eterna do crente, (6)a libertao do poder reinante do pecado e as limitaes humanas e (7) ostermos da salvao.

    25

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    23/758

    O SALVADOR

    CAPITULO II

    A Pessoa do Salvador

    HAPENAS UM SALVADOR e somente Um que, em todos os sentidos, qualificado para salvar. A verdade assim afirmada o fundamento da

    soteriologia, e, destas duas declaraes, a primeira exige uma investigaoda Pessoa de Cristo - cuja linha de pensamento j foi considerada em muitaspginas no estudo do trinitarianismo, e ali propriamente restrito ao estudo desua pessoa. A segunda declarao - de que Ele somente qualificado para salvar exige uma investigao na obra de Cristo na cruz, que a base de tudo queentra na soteriologia. Assim, por sua vez, a soteriologia a pedra de esquina da

    Teologia Sistemtica, sendo no seu grau mais pleno, aquilo que o homem podecompreender da auto-revelao de Deus raa cada.

    O volume V desta obra sobre Teologia Sistemtica dedicado ao estudo decristologia. Nessas pginas, ser feito um estudo mais ordenado e abrangente destegrande tema. Como j foi afirmado acima, j foi feita uma abordagem especficasobre a pessoa de Cristo no estudo do Trinitarianismo. Em soteriologia ( parteda palavra introdutria), ser dada uma considerao especfica obra de Cristo,enquanto sob cristologia estas duas verdades fundamentais sero consideradas

    juntas. Como foi sugerido antes, quando abordamos o estudo da obra de Cristo, essencial reafirmar ou rever certos fatos relativos sua pessoa, com o fim de quealgum reconhecimento mais amplo possa ser assegurado a respeito daquilo que levaDeus a empreender to grande salvao. Portanto, a ateno primeira aqui dirigida pessoa do Salvador. Que o homem incapaz de uma compreenso da divindade, uma verdade axiomtica, e igualmente certo que o homem seja incapaz dedescrever o que no pode compreender.

    Na Bblia, Deus falou a respeito de si mesmo, e isto tem feito muito pelos

    homens debilitados em sua tentativa de conhecer a verdade a respeito de Deus;todavia, esta revelao - mesmo quando a mente iluminada pelo Esprito - vagamente apreendida. E sob tais restries inevitveis que um autor ou humanospodem se expressar. Indizivelmente exaltado o tema da pessoa de Cristo; mas,para a situao presente, esta diviso da tese geral pode ser subdividida em quatroaspectos(a) sete posies de Cristo, (b) seus ofcios, (c) suas filiaes e (d)auniohiposttica.

    26

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    24/758

    SETE POSIES DE CRISTO

    I. Sete Posies de Cristo

    O campo total da cristologia abrange sete posies em que Cristo apresentado nas Escrituras. Embora estas sejam observadas mais plenamente

    sob Cristologia, parece no haver uma abordagem mais esclarecedora para estevasto tema a respeito da pessoa e obra de Cristo. O propsito, neste estudopreparatrio, uma tentativa de compreender - tanto quanto possvel agrandeza infinita daquele que empreendeu realizar a salvao dos perdidos.O progresso espiritual do cristo pode ser medido pelo crescimento que eletem "no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" (2 Pe 3.18). afirmado pelo prprio Cristo que a obra do Esprito no corao do crente a de"me glorificar" (Jo 16.14). Por este texto, est indicado que a concepo que ocrente tem do Cristo que o salva no deveria ser apenas estendida a proporessobrenaturais, mas deveria aumentar com o passar do tempo. Para que Elepossa ter preeminncia, essas sete posies so apresentadas aqui.

    1. CRISTO PR-ENCARNADO. E sem dvida verdade que, em vista daverdade que Ele tomou sobre si a fornia e a natureza humana, a mente dohomem est inclinada a pensar de Cnsto em termos de incapacidade finita.Uma correo certa para esta prtica errnea a meditao e a reflexo sobre asua existncia antes da encarnao. Tal considerao sempre tende apreensodo Cristo encarnado que livre dessas concepes errneas. Por ter recebido

    cordialmente alguma coisa de sua divindade eterna, ser natural dar suadivindade o seu devido lugar quando busca a verdade a respeito de seu modoencarnado de existncia.

    Espera-se que o estudante esteja atento para fazer uma investigao mais extensa,sob teontologia, de passagens importantes como Isaas 7.14; 9.6, 7; Miquias 5.2;Lucas 1.30-35; Joo 1.1, 2, 14; Filipenses 2.6-8; Colossenses 1.13-17; 1 Timteo3.16, que tratam da existncia pr-encarnada de Cristo, como Um membro daTrindade. Mas um texto ser considerado novamente neste contexto, a saber,

    Joo 1.1, 2, 14.At onde vai o registro, o Filho de Deus no aplicou a si mesmo o termo especfico logos, mas este usado pelo Esprito na passagem sobconsiderao. Esse ttulo, com a melhor razo, pode ser usado mais do que paraidentificar o Filho de Deus pr-encarnado. Um nome distintivo que o relaciona eternidade no somente necessrio, mas assim suprido pelo Esprito, cujouso desse ttulo neste contexto autoridade completa para o seu emprego, parao mesmo propsito, debaixo de todas as circunstncias. Por seu real significado,a designao logos apresenta uma revelao de grande alcance, no somente

    de sua divindade, mas de sua relao essencial e eterna com a primeira pessoa.Sobre este nome logos,A. B. D. Alexander escreve:A doutrina do logos tem exercido uma influncia decisiva e de

    longo alcance sobre o pensamento cristo e o especulativo. A palavratem uma longa histria, e a evoluo da ideia que ela incorpora realmente o desdobramento do conceito que o homem tem de Deus.Compreender a relao da divindade com o mundo tem sido o alvo de

    27

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    25/758

    SOTERIOLOGIA

    toda filosofia religiosa. Enquanto posies muito divergentes quanto manifestao divina tm sido concebidas, desde a aurora da especulaoocidental, a palavra grega logostem sido empregada com certo grau deuniformidade por uma srie de pensadores, para expressar e definir

    a natureza e o modo da revelao de Deus. Logos significa no gregoclssico tanto "razo" quanto "palavra". Embora no grego bblico otermo seja majoritariamente empregado no sentido de "palavra", nopodemos propriamente dissociar as duas significaes. Toda palavraimplica num pensamento. E impossvel imaginar uma vez em que Deusesteve sem pensamento. Consequentemente, o pensamento deve sereterno como a divindade. A traduo "pensamento" provavelmente amais equivalente para o termo grego, visto que ele denota, de um lado,

    a faculdade da razo, ou o pensamento concebido interiormente namente; e, por outro lado, o pensamento exteriormente expresso atravsdo veculo da linguagem. As duas ideias, pensamento e linguagem, estoindubitavelmente combinadas no termo logos;e em cada emprego dapalavra, na filosofia e na Escritura, ambas as noes do pensamento e suaexpresso externa esto intimamente conectadas.1

    A Segunda Pessoa, cumprindo o importante significado do ttulo logos,,e sempre foi, como sempre ser, a manifestao de Deus. Isto est implcito

    no termo logos; pois Aquele que leva esse nome dentro da divindade, para adivindade o que a linguagem para o pensamentoa expresso dele. O Dr. W.Lindsay Alexander escreve claramente sobre isto:

    A palavra carrega o seu prprio significado consigo; em outraspalavras, aquela simples ideia apresentada mente por esta palavra to verdadeiramente descritiva de Jesus Cristo que ela pode ser usadasem qualquer qualificao como uma designao dele, exatamentecomo as palavras vida, luz, man, Pscoa, paz etc. Mas esta lana luzsobre a pergunta: Em que sentido Jesus Cristo a Palavra? Porque deveser permitido que o termo no abra mo to imediatamente do seusignificado como o fazem alguns daqueles outros termos com os quaiso temos comparado. Ora, eu penso que a resposta mais antiga ainda amelhor. "O Filho", diz Orgenes, "pode seroVerbo porque Ele anuncia ascoisas de seu Pai que esto escondidas"; ou como outro dos pais da Igrejadiz que "Ele o intrprete da vontade de Deus". A ideia aqui, que comouma palavra o intrprete do esprito invisvel escondido do homem,assim Jesus, vindo do seio do Pai, daquele a quem nenhum homem

    jamais viu, Ele nos revelou Jesus a ns. As palavras ligam o abismoentre o Esprito Santo e o esprito, e formam um meio de comunicaoentre a mente divina e a mente. Elas so mensageiras aladas que sentidoalgum pode avistar, e atravs do meio do sentido comunicam a outros oconhecimento daquele poder escondido que lhes foi enviado. Elas soassim enfaticamente reveladoras do invisvel, expoentes que nos sopalpveis daquilo que, exceto para eles, deve sempre ter permanecido

    28

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    26/758

    SETE POSIES DE CRISTO

    escondido de ns, por serem supra-sensveis. De igual modo, JesusCristo tornou Deus exposto e conhecido de ns. Em si mesmo Deus totalmente muito alm de nosso conhecimento; no podemosencontr-lo atravs de pesquisa; e somente quando Ele se nos revela

    que podemos ter apenas uma ideia dele. Mas de todas as revelaesde si mesmo que Ele tem dado aos homens, nenhuma to plena,to clara e to impressionante como aquela que Ele nos deu na pessoade seu Filho. Aqui, todos os outros raios de luz que Deus enviou parailuminar as nossas trevas so concentrados em um esplendor de glria.Aqui todas as outras palavras que Deus falou aos homens so reunidase condensadas em uma elocuo grande e abrangente, que, portanto,torna-se enfaticamente em O Verbo [a Palavra] - a manifestao pessoale viva de Deus aos homens...

    O leitor atento do Antigo Testamento no pode falhar em observarcomo examinar rapidamente os escritos que contm uma distino entreDeus e o que Ele em si mesmo - escondido, invisvel, insondvel,incompreensvel, e o Deus que est em relao com as suas criaturas revelado, manifesto, declarado. Algumas vezes isto um comunicadomuito distinto e inconfundvel como o o prprio Jeov e, todavia,distinto de Jeov - uma representao que pode ser tornada inteligvelsomente na suposio de uma distino entre Deus revelado e oDeus escondido. Em outros casos, a mesma ideia apresentada porcertas formas de expresso que a pressupem. Por exemplo, essa aexpresso frequentemente usada, o "nome de Deus" - uma expressoque indica algo distinto de Deus como Deus, mas ao qual, no obstante,as qualidades pessoais e divinas so atribudas; pois os homens soordenados a colocar a sua confiana no nome de Deus, e Deus serve oshomens pelo seu nome, Deus coloca seu nome numa pessoa ou lugar, oresultado do que aquilo que Deus naquela pessoa ou lugar; e muitos

    outros usos semelhantes, que podem ser explicados satisfatoriamentesomente com a suposio de que o nome de Deus Deus, no comoEle em si mesmo, mas como ele revelado aos homens. Essa tambm a distino feita entre a "face de Deus", que nenhum homem podecontemplar, e as suas "costas", que a Moiss foi permitido ver, comocondescendncia ao seu pedido sincero. Gomo o semblante o ndice daalma, a parte espiritual do corpo (se que podemos dizer isto), a face deDeus a sua glria essencial interior, a sua essncia como um Esprito;

    e como as costas do homem so uma parte material dele, e sujeitas aoescrutnio dos sentidos, assim isto usado por Deus para denotar o quedele pode ser revelado, e sendo revelado pode ser conhecido por suascriaturas. Aquilo que , Ele prprio declara expressamente quando, nomesmo contexto, em resposta ao pedido de Moiss: "Mostra-me a tuaglria", Deus diz: "Eu farei a minha bondade [propriamente, beleza,majestade] passar diante de ti, e proclamarei o nome do Senhor diante

    29

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    27/758

    SOTERIOI.OGIA

    de ti". Isto era o que Moiss poderia ver, e isto - o nome divino ou arevelao de Deus, a beleza, a perfeio manifesta de Deus - Ele fariapassar diante dele; e disso que Deus fala como suas costas, porquepoderia ser tornado conhecido aos homens em contraste com a sua

    face, o seu ser essencial, que nenhum homem poderia ver e continuarvivo. Esses exemplos podem ser suficientes para mostrar que a ideia deuma distino entre Deus como Ele em si mesmo e Deus como Ele serevela s suas criaturas no poderia apenas ser familiar a um leitor atentodas Escrituras dos judeus; de forma que Joo, ao apresentar o granderevelador de Deus que estava com Deus e que era Deus, no ultrapassariaos limites do pensamento iluminado e inteligente dos judeus. 2

    H trs verdades determinantes demonstradas por Joo em seu evangelhoarespeito

    doLogos: (a) Ele, como um com Deus e como Deus, existe desde a eternidade (1.1, 2);(b) Ele se toma carne (1.14); e (c) Ele sempre revela a primeira pessoa (1.18). Com estarevelao abrangente, todaaEscritura est de acordo,eessa pessoaadorvel, poderosa,sbia e eterna, e veio ao mundo para seroSalvador dos homens.

    2. CRISTO ENCARNADO. Num esforo razovel de alcanar uma avaliaodigna do Redentor, esta verdade fundamental deve ficar firme na mente comoa base para todas as outras realidades que fazem parte desse Ser maravilhosoe exaltado, a saber, visto que Ele combina em Si mesmo uma divindadeno-diminuda e uma perfeita humanidade, no h outro comparvel a Ele,seja dentro da divindade, entre os anjos, ou entre os homens. Essa pessoateantrpica tanto Deus quanto o Pai ou o Esprito Santo; mas nem o Pai nemo Esprito entraram em unio com aquilo que humano. Semelhantemente, apessoa teantrpica em todo sentido a personificao de cada aspecto de umverdadeiro ser humano; mas nenhum outro ser humano jamais foi unido divindade. No h uma sugesto de que essa pessoa teantrpica seja superior aoPai ou ao Esprito; est somente indicado que Ela difere de todos os outros nocu ou na terra naquilo em que a amplitude da esfera do seu Ser foi expandido a

    um ponto ao qual nenhum outro jamais atingiu ou jamais atingir.Ela funciona perfeita e finalmente no servio para o qual uma pessoa teantrpica

    foi designada. No haveria necessidade de outra jamais surgir. Em vista desta ltimaconsiderao do todo campo da mediao, a busca deste tema fica descontinuadapara o momento. Contudo, muito urgentemente a verdade enfatizada no sentidode que,parte de uma investigao interminvel dela, de meditao nela, os aspectospeculiares dessa Pessoa teantrpica singular, no pode haver um crescimentorecomendvel "no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo".

    3. CRISTO EM SUA MORTE.Alm disso, uma discusso extensa vem pela frentesobre os sofrimentos de Cristo; todavia, a avaliao correta do Salvador est ligada, emgrande medida, com sua obra sobreacruz. Tal avaliao viera para o apstolo quando,em adorao pessoal, ele disse de Cristo: "... que me amou e a si mesmo se entregoupor mim". Grandes, de fato, so os triunfos de Cristo atravs da cruzao alcanar atransformao das coisas da terra e do cu. Um entendimento correto disso resultarnum conhecimento mais rico e mais pleno daquele que poderoso para salvar.

    30

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    28/758

    SETE POSIES DE CRISTO

    4. CRISTO RESSUSCITADO.A encarnao realizouaunio das duas naturezasnuma pessoa teantrpica, em cuja unio a sua divindade foi escondida e a suahumanidade, embora sem pecado, poderia se misturar nas experincias comunscom outros homens; mas a ressurreio realizou a revelao de sua divindade e

    a glorificao de sua humanidade. Atravs da ressurreio, Ele se tornou o queEle sempre ser e aquilo que nunca havia sido antes - um home m glorificadono cu. Dele dito: "...aquele que possui, ele s, a imortalidade, e habita em luzinacessvel; a quem nenhum dos homens tem visto nem pode ver; ao qual sejahonra e poder sempiterno. Amm" (1 Tm 6.16). Por causa dos seus sofrimentose morte, Deus, na ressurreio de Cristo, exaltou-o sobremaneira e deu-lhe umnome que est acima de todo nome. Em qualquer reconhecimento de tudo oque o Salvador , deve haver uma reflexo sobre o seu presente estado - aquele

    que Ele sempre ter no cu.5. CRISTO ASCENDEU AO CU E EST ASSENTADO L. O Salvadoronipresente, embora habite em cada crente, embora presente onde dois outrs se renem em seu nome, e embora acompanhe cada mensageiro at o fimdos tempos, tudo isso atravs do Esprito Santo, no obstante, est localmentepresente no cu, assentado direita do trono do Pai e ali administra comoSalvador dos perdidos, como Cabea sobre todas as coisas Igreja; e preparaum lugar para os filhos a quem Ele levar para a glria. Quando ainda sobre aterra, ningum o conheceu mais intimamente do que Joo, o discpulo amado.Ele o viu como uma criana, em seu ministrio pblico, na transfigurao,na morte, e na ressurreio; todavia, quando Ele o viu na glria - como estdescrito em Apocalipse 1.13-18 - foi que ele se sentiu como morto aos ps doSalvador glorificado, e foi capaz de se levantar somente quando fortalecido peloSenhor glorificado. com esse mesmo Salvador glorificado que os cristos seroconfrontados medida que eles entrarem no cu, e desse Salvador que elesdevem estar conscientes, se querem conhecer aquele que salva as suas almas.

    6. CRISTO EM SEU RETORNO. A capacidade extrema da linguagem paraexpressar a glria ilimitada abraada por aqueles textos onde o segundo adventode Cristo descrito (cf. Is 63.1-6; Dn7.13,14;Mt24.27-31;At 15.16-18; 2Ts1.7-10;Ap 19.11-16), e essa concepo dessa pessoa gloriosa deve ser acrescida somatotal de tudo o que Salvador , por quem os perdidos so salvos e por quem elesso apresentados com sem pecado diante da presena da sua glna.

    7. CRISTO REINANDO PARA SEMPRE. Pela autoridade do Pai, o Filho, aquem toda autoridade dada, deve reinar sobre o trono de Davi, at que todosos inimigos sejam postos sob os seus ps. Ento, pela mesma autoridade,

    Ele reinar para sempre e sempre, para que Deus possa ser tudo em todos(1 Co 15.24-28). Est predito que o seu remo ser eterno - no trono de seupai Davi (cf. Is 9.6-7; Ez 37.21-25; Dn 7.13, 14; Lc 1.31-33; Ap 11.15). neleque o pecador deve confiar e a Ele que todos os cristos so admoestados aconhecer. A convocao para conhecer "nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo" uma chamada para entrar na esfera imensurvel da realidade - inclusivetudo o que o Salvador .

    31Rim i ri TP ra A I I B O C V r* r ^

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    29/758

    SOTERIOLOGIA

    II.Os Ofcios de Cristo

    Baseada na Escritura, a crena dos intrpretes da Bblia, tanto daqueles queviveram no tempo do Antigo Testamento quanto os que viveram no tempo do

    Novo Testamento, tem sido a de que o ttuloMessiasdo Antigo Pacto e o ttuloCristo do Novo Pacto sugerem uma responsabilidade oficial trplice - as deProfeta, Sacerdote, e Rei. H razo para se reter essa diviso geral da verdade, eesses ofcios devem ser considerados separadamente.

    1. P R O F E T A .A ideia subjacente de um profeta que ele um canal ou meiode comunicao atravs de quem a mensagem de Deus pode ser entregue aohomem. Neste sentido, o servio do profeta o oposto do servio sacerdotal,cuja responsabilidade representar o homem perante Deus. Ambos osministrios igualmente pertencem a Cristo e juntos constituem dois aspectosprincipais de sua obra redentora. Gomo Mediador, Ele permanece entre Deus eo homern e representa cada um junto ao outro.

    Deve ser feita uma distino entre o profeta do Antigo Testamento e odo Novo Testamento. Em cada caso o campo de servio duplo - predio e

    proclamao. O ministrio do profeta do Antigo Testamento era basicamente ode um reformador ou patriota. Ele procurava a restaurao para as bnos daaliana do povo que estava sob os pactos. Nenhuma ilustrao melhor disto serencontrada do que aquela de Joo Batista - o ltimo profeta da antiga ordem eo arauto do Messias. Dele Cristo disse: "Um profeta? Sim, eu vos digo, mais doque um profeta" (Mt 11.9); e nenhuma predio maior foi emitida por Joo doque a expressa nas seguintes palavras: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecadodo mundo" (Jo 1.29). Tendo a atitude de um reformador e de um avivalista, oprofeta do Antigo Testamento era apontado pelo Senhor para dar advertnciasa respeito do castigo de Deus que estava por vir ao seu povo em pecado, e, comas predies, dar testemunho de Jeov que o propsito e a fidelidade do Senhorcom respeito s bnos definitivas de Israel jamais pudessem falhar.

    Por causa de seus pecados, o povo sofreria provaes, mas, no final, asbnos pactuais de Deus seriam experimentadas, visto que Deus no podemudar. Com respeito a Israel, "os dons e a vocao de Deus so irretratveis"(Rm 11.29). Sobre o profeta do Antigo Testamento, deve ser observada umaordem de desenvolvimento. Ele foi primeiro chamado o homem de Deus, maistarde, considerado o vidente, e finalmente foi identificado como oprofeta. Aordem de desenvolvimento facilmente traada. O homem de Deus poderiaver, com base no princpio invarivel de que o puro de corao ver a Deus;

    portanto, tornou-se conhecido como o vidente. Para aqueles que possuem visoespiritual, apenas um passo para a capacidade de declarar tanto a predioquanto a proclamao.

    No volume 1desta obra, em Bibliologia, captulo V, dedicado canonicidade,foi assinalado que certas responsabilidades foram colocadas sobre asautoridades judaicas com respeito s Escrituras. A responsabilidade do povo declarada em Deuteronmio 4.2: "No acrescentareis palavra que vos mando,

    32

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    30/758

    Os OFCIOS DE CRISTO

    nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor vossoDeus, que eu vos mando". A instruo para o rei no trono embora nenhumrei tenha reinado em Israel por cinco sculos subsequentes foi revelada emDeuteronmio 17.18, 19; "Ser tambm que, quando se assentar sobre o trono

    do seu reino, escrever para si, num livro, uma cpia desta lei, do exemplar queest diante dos levitas sacerdotes. E o ter consigo, e nele ler todos os dias dasua vida, para que aprenda a temer ao Senhor seu Deus, e a guardar todas aspalavras desta lei, e estes estatutos, a fim de os cumprir".

    O juiz interpretava a lei contida nas Escrituras; mas alguma matriapoderia ser levantada, quando os juzes eram incapazes de julg-la. Entoela era remetida aos sacerdotes que atuavam como a corte suprema, e oofensor que no alcanasse o perdo dos sacerdotes, era morto. Esta proviso

    importante est registrada em Deuteronmio 17.8-10: "Se alguma causa te fordifcil demais em juzo, entre sangue e sangue, entre demanda e demanda,entre ferida e ferida, tornando-se motivo de controvrsia nas tuas portas,ento te levantars e subirs ao lugar que o Senhor teu Deus escolher; virsaos levitas sacerdotes, e ao juiz que houver nesses dias, e inquirirs; e eles teanunciaro a sentena do juzo. Depois cumprirs fielmente a sentena que teanunciarem no lugar que o Senhor escolher; e ters cuidado de fazer conformetudo o que te ensinarem".

    Aos levitas foi dada a custdia das Escrituras. Est escrito: "Tomai este livroda lei, e ponde-o ao lado da arca do pacto do Senhor vosso Deus, para que aliesteja por testemunha contra vs" (Dt 31.26). Mas ao profeta foi dada a elevadaresponsabilidade de receber e transmitir a Palavra de Deus. A comisso que oprofeta tinha de falar por Deus e a exigncia do povo de ouvir so estabelecidasna lei constituda de Israel. Sem dvida, como muitas outras, a passagem tem oseu cumprimento final no ministrio proftico de Cristo. Ele o maior de todosos profetas, o maior de todos os sacerdotes, e o maior de todos os reis. Essainstruo uma autorizao imediata dos profetas que, sob Deus, deveriam

    suceder Moiss. Esta passagem diz: "O Senhor teu Deus te suscitar do meiode ti, dentre teus irmos, um profeta semelhante a mim; a ele ouvirs ;.. .do meiode seus irmos lhes suscitarei um profeta semelhante a ti; e porei as minhaspalavras na sua boca, e ele lhes falar tudo o que eu lhe ordenar. E de qualquerque no ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, eu exigireicontas" (Dt 18.15, 18, 19).

    A verdadeira mensagem do profeta tinha de ser recebida e atendidapela totalidade da casa de Israel, desde o rei no trono at o menor no reino.

    Dessas mensagens, contudo , somente as pores que o Esprito de Deusdeterminou que se tornaram cannicas. O verdadeiro profeta atestoua sua prpria mensagem e demonstrou a sua autoridade por evidnciasobrenatural. Isto no evitou que um profeta atestasse a mensagem que outroprofeta houvesse recebido e transmitido com autoridade. Tal colaborao observvel, especialmente com respeito aos escritos que aparecem no cnondo Novo Testamento.

    33

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    31/758

    SoTEKtOLOGIA

    Por outro lado, os profetas do Novo Testamento parte dos escritosespecficos do Novo Testamento - so designados mais para um ministrio deproclamao do que de predio. A palavra proftica est completa na Bbliacom o registro de tudo que haver de cumprir o programa de Deus. Portanto,

    no h uma necessidade adicional do profeta que prediz. A classificao geral dosministrios do Novo Testamento encontrada em Efsios4.11,onde est escrito arespeito do Senhor assunto ao cu: "E ele deu uns como apstolos, e outros comoprofetas, e outros como evangelistas, e outros como pastores e mestres".

    O apstolo, cujo direito e ttulo dependeram da relao imediata com Cristoenquanto Ele estava aqui no mundo, no , naturalmente, continuado alm daprimeira gerao da Igreja na terra.

    O evangelista o missionrio pioneiro, antes do que o moderno avivalista

    que leva esse nome, e que tem pouco reconhecimento no Novo Testamento.O pastor e o mestre - aparentemente duas atividades de uma s pessoa- ministra para a edificao dos santos em sua obra de ministrio. O servio doprofeta do Novo Testamento bem definido em uma passagem: "Mas o queprofetiza fala aos homens para edificao, exortao e consolao" (1 Co 14.3).Outros textos so de igual importncia. Ao escrever a respeito da revelaodo mistrio, o apstolo Paulo declara: "O qual em outras geraes no foimanifesto aos filhos dos homens, como se revelou agora no Esprito aos seussantos apstolos e profetas" (Ef 3.5).

    Semelhantemente, o benefcio de homens dotados para a igreja novamente citado pelo mesm o apsto lo em 1 Corntios 12,10, onde aprofecia tratada como um dos dons a serem exercidos: "...a outro aoperao de milagres; a outro a profecia; a outro o dom de discernir espritos;a outro a variedade de lnguas; e a outro a interpretao de lnguas". De igualmodo os versculos 28 e 29 so reveladores: "E a uns ps Deus na igreja,primeiramente apstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres,depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos,

    variedades de lnguas. Porventura so todos apstolos? So todos profetas?So todos mestres? So todos operadores de milagres?" A igreja edificadasobre os apstolos e profetas do Novo Testamento, no sobre os profetas doAntigo Testamento (Ef 2.19, 20).

    Tudo o que faz parte do ministrio peculiar do profeta - seja do Antigo oudo Novo Testamento serve somente para clarear a importante verdade deque Cristo um profeta, e, como tal, supremo e final nesse ofcio. Ele cumpretudo que sempre fez parte da ideia divina peculiar ao profeta. A mais antiga e

    importante previso do ministrio proftico de Cristo, como j foi observadoacima, est registrada em Deuteronmio 18.15, 18, 19. Esta apresentao prvia distinta pelo fato de que ela diversas vezes citada no Novo Testamento(cf. At 3.22, 23; 7.37). E asseverado neste texto que o profeta previsto falariasomente as palavras divinas que lhe seriam dadas. Cada afirmao de Cristo, aqual assevera que sua mensagem lhe foi dada pelo seu Pai (cf. Jo 7.16; 8.28; 12.49, 50;14.10,24; 17.8) uma confirmao da verdade que Ele esse profeta.

    34

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    32/758

    Os OFCIOS DE CRISTO

    Esta grande predio em Deuteronmio 18.15-19 traz um significadosecundrio aplicvel a todos os profetas do Antigo Testamento que falaram porDeus.O teste pragmtico excedente para distinguir entre o verdadeiro e o falsoprofeta demonstrado nos versculos 21 e 22: "E, se disseres no teu corao:

    Gomo conheceremos qual seja a palavra que o Senhor no falou? Quando oprofeta falar em nome do Senhor e tal palavra no se cumprir, nem sucederassim, esta palavra que o Senhor no falou; com presuno a falou o profeta;no o temers". O significado mais profundo deste teste que, visto que Cristo um verdadeiro profeta, cada palavra que Ele falou certamente acontecer.

    Est tambm indicado que Cristo aplicou o ttulo de profeta a si mesmo.Ao falar assim, Ele disse: "Um profeta no fica sem honra seno na sua terra ena sua prpria casa" (Mt 13.57). Em Lucas, Ele declarou: "...importa, contudo,

    caminhar hoje, e no dia seguinte; porque no convm que morra um profeta fora deJerusalm" (Lc 13.33). Deveria ser observado tambm que Cristo foi consideradopor outros um autntico profeta: "Vendo, pois, aqueles homens o sinal que Jesusoperara, diziam: Este verdadeiramente o proteta que havia de vir ao mundo"(Jo 6.14). Disto pode ser visto que um proteta do Antigo Testamento identificadopor obras poderosas. Neste aspecto, Cnsto suoerou todos os outros, assim comoEle suplantou nas qualificaes adicionais de mestre e profeta.

    O ministrio proftico total de Cnsto pode ser dividido em trs perodos detempo, que so:

    A. O MINISTRIO DO PR-ENCARNA.DO. Como Logos, a Segunda Pessoa foisempre a auto-revelao de Deus. Este mtodo especfico de manifestao talvez melhor demonstrado em Joo 1.1S: "Xinguem jamais viu a Deus. ODeus unignito, que est no seio do Pai. esse o deu a conhecer". Onde quer quea verdade a respeito da pessoa de Deus ou sua mensagem seja revelada - sejapelo Anjo de Jeov ou pelo Filho encarnado - a Segunda Pessoa como Logos Aquela que revela.

    B. O MINISTRIO DO ENCARNADO. Totalmente parte dos seus ensinos, o

    Logos era Deus revelado em carne.(1) Seis Aspectos do Ministrio do Cristo Encarnado. Do Cristo, as Escrituras

    declaram: "E, sem dvida alguma, grande o mistrio da piedade: Aquele quese manifestou em carne, foi justificado em esprito, visto dos anjos, pregadoentre os gentios, crido no mundo, e recebido acima na glria" (1 Tm 3.16). Estasseis grandes afirmaes so subdivises divinamente distintas do escopo totalda manifestao do Encarnado:

    (a) "Deus manifesto em carne.' Xa Pessoa de Cnsto o Logos, a realidade

    incompreensvel de Deus foi traduzida em termos que a criatura humana podecompreender. A sua presena entre os homens era a presena de Deus. O quequer que Ele tenha feito foi um ato de Deus e deveria ser reconhecido comotal. Foi Deus que tomou os pequeninos em seus braos e os abenoou, quecurou os enfermos, que ressuscitou mortos, e atravs de sua morte reconciliouo mundo consigo. Desta verdade, Cristo assim falou: "Em verdade, em verdadevos digo que o Filho de si mesmo nada pode fazer, seno o que vir o Pai fazer;

    35

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    33/758

    SOTERIOLOGIA

    porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente" (Jo 5.19). Alm disso, oque Cristo disse, nada era seno a prpria palavra de Deus.

    Ele asseverou que no somente fez a vontade de seu Pai, mas as palavrasque falou eram as palavras de Deus. Est escrito: "O esprito o que vivifica, a

    carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito so esprito e sovida" (Jo 6.63). No somente o reino de Deus foi trazido para os homens pelaencarnao (Lc 10.9), mas o prprio Deus foi trazido para perto de ns. Gomoos homens so avaliados e conhecidos por suas prprias palavras e atos, assimDeus pode ser avaliado e conhecido - na medida em que a capacidade humana,dotada pelo Esprito, possa permitir - pelas palavras e pelos atos de Cristo.

    (b) "Justificado em esprito." Esta declarao indica que tudo o que Cristoempreendeu foi operado naquela perfeio que justificou tanto no cu quanto

    na terra, e foi realizada atravs do Esprito eterno. Ele foi conduzido pelo Esprito(Lc 4.1), operou no poder do Esprito (Mt 12.28), e em sua morte ofereceu-se asi mesmo pelo Esprito Eterno (Hb 9.14). E significativo, neste contexto, que aEle o Esprito foi dadosem medida (Jo 3.34).

    (c) "Contemplado por anjos."Nesta expresso, est indicado que em sua vidaencarnada sobre a terra a totalidade das hostes angelicais estava preocupada. Doponto de vista delas, por t-lo conhecido desde o tempo de sua criao, comoo seu Criador e Objeto de sua adorao incessante, desde a descida dele dasesferas da glria infinita para tornar-se homem, foi a ocasio do interesse maisprofundo dos anjos.

    (d) "Pregado aos gentios."Alm do raio de ao de todos os pactos anteriores,Cristo se tornou o caminho de salvao para cada membro da raa humana. Aassero no restrita aos eleitos somente. O termo "os gentios" no poderia sermais abrangente. A importncia desse movimento dos confins de uma naoeleita - a quem Ele havia se amarrado por testamentos imutveis - para umaredeno to ilimitada como a raa humana, no pode ser avaliado.

    (e) "Crido no mundo." Enquanto Cristo estava aqui no mundo uns poucos

    mantiveram relacionamento com Ele, mas eles foram o comeo de um exrcitoincontvel de toda famlia, tribo e nao que, por intermdio dEle, alcanaro asalvao de suas almas. O que isso significa nas esferas celestiais no pode serconhecido deste mundo.

    (f) "Recebido na glria." Cristo removeu sua habitao deste cosmos eascendeu ao cu onde a sua obra redentora foi aceita por seu Pai, que o haviaenviado ao cosmos. Sua recepo em glria foi um reconhecimento pblico daobra que Ele realizou

    Embora aparecesse posteriormente em termos de tempo, mas talvez comreferncia ao seu real comeo, o ministrio proftico de Cristo foi autenticado nomonte da Transfigurao por uma voz do cu, como o seu ofcio sacerdotalofoi em seubatismo, e o seu ofcio real quando Ele retomar(SI2.7). de importncia fundamentalque em cada um dos trs registros da transfigurao a voz no somente declara: "Este o meu Filho amado [Mateus acrescenta aqui: "em quem me comprazo"], masacrescenta as palavras - indicativas do ofcio proftico - "a ele ouvi".

    36

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    34/758

    Os OFCIOS DE CRISTO

    (2) Cristo proclamando e predizendo. No sentido mais integral, Cristocumpriu o ministrio proftico ao proclamar e predizer.

    (a) Cristo proclamando. Com relao ao ensino e pregao de Cristo, muitacoisa foi dita em trs anos e meio para aqueles que o ouviam. Somente um

    pequeno fragmento desse ministrio foi preservado nos evangelhos. Contudo,sob a orientao do Esprito, exatamente aquilo que foi preservado era necessriopara a apresentao permanente da mensagem que Ele pregou. Aqui, a tese deRoma da posse da verdade de Cristo no contida nos evangelhos provadaser espria, pois nenhum item da verdade no encontrada nos evangelhos foidemonstrado como de igual importncia ao corpo de verdades encontrado naBblia. Uma anlise de tudo o que saiu dos lbios de Cristo pertence a uma outracategoria das disciplinas teolgicas.

    E suficiente dizer que, acima e alm de muitas breves conversaes ouafirmaes da verdade que esto registradas - tais como os captulos 5 a 9de Joo, poro essa que fortemente apologtica em sua natureza - h trsdiscursos mais importantes, e estes sero vistos mais fielmente por todos queconhecem a importncia insupervel do ministrio proftico de Jesus Cristo.

    Mateus 5.1-7.29. Este discurso, identificado como o Sermo do Monte, foifeito por Cristo em seu ministrio terreno e no tempo em que, no seu ministrio,ele se oferecia a si mesmo a Israel como o Messias previsto deles. Esse discursofoi proferido no tempo em que era proclamado que "o reino dos cus est sportas", e quando Cristo enviava os seus discpulos com instrues explcitaspara que eles no fossem aos gentios, ou aos samaritanos, mas somente sovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10.5-7). O leitor mais fortuito deve seimpressionar com a mudana dessas orientaes como ordens posteriores dadaspor Ele (cf. Mt 13.38; 28.19; At 1.8). Esse discurso apresenta o pronunciamentodo prprio Rei em termos de admisso de um reino terreno ainda futuro eprescreve a maneira de vida exigida nesse reino.

    Esse reino terrestre, todavia futuro, com o povo do Pacto (Israel), lhes foiprimeiro oferecido; ento, rejeitado por eles e, por causa disso, foi pospostoaos gentios at a segunda vinda de Cristo, o que ser examinado plenamenteno estudo de Escatologia, A oferta do reino e a sua rejeio por Israel, quefoi tornada clara na crucificao do Rei, foram predeterminados por Deus(At 2.23) como meio de realizar o sacrifcio do Cordeiro, e em nenhum sentidopara danificar o propsito da redeno que j estava em vista desde toda aeternidade (Ap 13.8). No obstante, pela crucificao, no somente a redenofoi realizada, mas o pecado de rejeitar o Rei, que estava latente nos coraes

    dos homens, tornou-se um ato concreto, um ato pblico e, portanto, sujeito ajulgamento como tal. O monarca reinante com um governo sobre toda a terra a predio assegurada em conexo ao Seu segundo advento.

    Contudo, se o estabelecimento do reino foi posposto por inteno divina ato retorno do Rei, a aplicao daquilo que esse discurso ordena protelado atque o reino seja estabelecido sobre a terra. O Sermo do Monte caracterizadodentre outros aspectos - pela ausncia daqueles elementos que so dist intamente

    37

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    35/758

    SOTERIOI.OGIA

    cristos - a redeno pelo sangue de Cristo, f, regenerao, libertao do juzo,e a pessoa e obra do Esprito Santo. A ausncia desses elementos vitais no podeser seno para chamar a ateno daqueles que precisam acordar e ficar zelososda f que uma vez por todas foi entregue aos santos. No obstante, esse grande

    discurso apresenta, como pretendido por Deus, as relaes do reino futurocom a perfeio que caracteriza toda Escritura.Mateus 24.1-25.46, O discurso do Monte das Oliveiras, feito uns dias antes de

    sua morte, diz respeito primariamente a Israel e assume a forma de uma mensagemde despedida para aquela nao. Igual ao Sermo do Monte, esse discurso parcialmente registrado por Marcos e Lucas, e em sua forma extensa encontradono Evangelho de Mateus. Os temas dominantes nesse discurso so a GrandeTribulao e as advertncias a Israel a respeito dela (Mt 24.9-28); o aparecimento

    glorioso do Messias em relao a Israel (24.29-25.30), inclusive a exortao: "vigiai"(24.36-25.13), os juzos sobre Israel (24.45-25.30), e os juzos sobre as naes pelomodo como tratam Israel (25.31-46). Nenhuma referncia feita nesse discurso igreja - o comeo dela, o desenvolvimento dela, os seus ministrios, a sua sadadeste mundo. Semelhantemente, nenhuma referncia feita salvao pela graaou segurana daqueles que so salvos (cf. 24.50, 51; 25.30). De igual modo,nenhuma referncia feita pessoa e obra do Esprito Santo.

    Joo 13.1-17.26. Estes ensinos sublimes, no sugeridos nos evangelhossinticos, so identificados como oDiscurso do Cenculo,e usualmente incluema Orao Sacerdotal, no captulo 17. Essa mensagem dada aos onze aps adispensa de Judas, pois, na sua maior parte, eles no mais se consideravamcomo judeus sob a lei (cf. 15.25), mas os que so "limpos" pela Palavra queesto em vista aqui (cf. 13.10; 15.3). Com relao aplicao, isso indica o queeles seriam aps a morte de Cristo, sua ressurreio, ascenso e muito almdo dia de Pentecostes. O discurso incorpora, em termos gerais, tudo o que essencial daquele sistema de doutrina que distintivamente cristo. Por serdirigido a cristos, ele no apresenta verdade que seja peculiar a Israel, e por

    se referir queles que so salvos, ele no apresenta um aspecto de salvaopela graa que vem aos homens pela morte e ressurreio de Cristo, verdadeessa que est implcita. Essa poro igual a um canteiro de semente na qualtudo encontrado, o qual mais tarde desenvolvido nas epstolas do NovoTestamento. Ele serve como discurso de despedida de Cristo para os crentes- aqueles que o Pai lhe havia dado docosmos (17.6).

    Quando esses trs discursos importantes so diligentemente comparados,descobre-se que eles apresentam as diferenas mais amplas nos objetivos,

    assuntos e terminologia. O reconhecimento dessas variaes , naturalmente, oprincpio do discernimento de doutrina muito vital. Contudo, o mesmo estudo

    judicioso deveria ser feito de cada palavra que Cristo declarou em seu ministrioproftico de proclamao.

    (b) Cristo predizendo. Nesse campo da verdade, Cristo excedeu todos osoutros profetas que falaram anteriormente. Quando a ateno devidamentedada ao carter e extenso do ministrio preditivo de Cristo, no pode haver

    38

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    36/758

    Os OFCIOS DE CRISTO

    estmulo ao temor ou ao espanto. Com referncia sua prpria mensagem,Ele afirmou que o Esprito Santo no somente traria as palavras lembranados discpulos, mas que lhes mostraria as coisas que haveriam de acontecer(Jo 14.26; 16.13). O ministrio preditivo de Cristo inclua as aes imediatas e

    futuras dos indivduos; sua prpria morte, ressurreio e ascenso; o adventodo Esprito; a obra do Esprito nessa dispensao; o fato e o carter da novadispensao; a Igreja; a remoo da Igreja deste mundo; sua segunda vinda,precedida pela Grande Tribulao; a presena do abominvel da desolaode que fala o profeta Daniel; os julgamentos de Israel e seu remo de glria; o

    julgamento das naes e o destino delas; e o estado futuro dos salvos e doscondenados.

    C. O MINISTRIO DO CU. Nesta classificao podem ser includos aspredies e os ensinos de Cristo nos quarenta dias aps a ressurreio. Nesseperodo, Ele falou principalmente do reino de Deus (At 1.3) e, evidentemente,de seus aspectos futuros; assim, tambm, dos "tempos e estaes" de Israelque o Pai guardou em seu prprio poder (At 1.7). Ele, ento, antecipou aproclamao mundial do Evangelho (At 1.8). Do cu, Ele falou s sete igrejasque estavam na sia (Ap 2-3), poro essa da Escritura que emite uma previsoproftica do curso da histria da Igreja atravs de toda essa dispensao. Muitacoisa da elocuo direta do Cristo glorificado registrada no Apocalipse, livroesse que fecha com suas palavras de certeza: "Eis que venho sem demora".H um sentido, tambm, em que Cristo como profeta proclama por toda essadispensao em e atravs de seus mensageiros. Isto est implcito em Atos 1.1,onde a sua proclamao terrena vista como apenas o comeo daquilo que seprocessava. Ele, tambm, fala atravs do Esprito Santo, pois este escuta a suavoz com a inteno de reproduzi-la (Jo 16.12, 13).

    2. SACERDOTE. Nenhum fato a respeito de Cristo mais estabelecido doque o seu sacerdcio. Ele visto em vrios tipos do Antigo Testamento, e averdade essencial apresentada na epstola aos Hebreus. Est declarado que o

    Messias deve ser um sacerdote da ordem de Melquisedeque (SI 110.4). Apartedesta declarao especfica, Israel poderia no ter tido o reconhecimento deum sacerdcio que no viesse por Levi e da linhagem de Aro. A consagraopblica na idade de trinta anos estava prescrita por Lei de Moiss (Nm 4.3) e amaneira precisa na qual deveria ser realizada estava indicada (Nm8.7ss.).Por suaconsagrao, Cristo cumpriu toda justia e, como no monte da Transfigurao,quando o seu ofcio proftico foi autenticado e como ser quando Ele assentar-se no 'rorio de Davi, quando da autenticao do seu ofcio real, assim como

    aconteceu no seu batismo, o seu ofcio sacerdotal foi autenticado por uma vozdo cu. Uma confirmao adicional foi dada a respeito de sua consagraosacerdotal pela descida do Esprito, em forma de pomba que desceu sobre Ele,e pelo reconhecimento de Joo: "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado domundo" (Jo1.29).

    Mas Cristo era da tribo de Jud, e nenhum sumo sacerdote estariadesejoso de consagrar como sacerdote algum de outra tribo, alm da de Levi.

    39

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    37/758

    SoTERIOLOCUA

    A misso de Joo Batista era dupla: Ele era o que haveria de preparar o caminhodo Senhor (Lc 1.17) e manifestar o Messias, a respeito do qual ele disse: "Eu noo conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, que vim batizandoem gua" (Jo1.31).Joo identificou o Messias por design-lo como o "Cordeiro

    de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1.29), e por introduzi-lo ao seuministrio pblico pelo batismo. E significativo que nenhuma questo tenhasido levantada com relao a Joo batizar as pessoas, entre elas, Cristo. Algumaobjeo seria levantada se o batismo fosse fora das exigncias do sistemamosaico. certo que Cristo um sacerdote e como tal Ele deve ser consagrado.Joo era o filho de um sacerdote e ele prprio elegvel para a consagrao. QueJoo serviu de um modo especfico no batismo de Jesus muito evidente.O batismo de Cristo por Joo deve ser distinto do "batismo de Joo". Esteltimo era para arrependimento e remisso de pecados, que era estranho nocaso de Cristo. O primeiro era o cumprimento de um ritual prescrito; portanto,um cumprimento da Lei.

    Fica bvio que a expectativa do sacerdcio de Melquisedeque era livrede todas as questes tribais. Cristo um sacerdote segundo a ordem deMelquisedeque (Hb 7.17). Em apenas um aspecto Ele se conformou comoanttipo do padro sacerdotal de Aro, a saber, Ele fez uma oferta a Deus. verdade que a oferta era Ele prprio e, assim, tornou-se tanto o ofertantequanto a oferta. Ele foi tanto o sacerdote oficiante - segundo o modelo de Aro- e o cordeiro sacrificado. Ele "ofereceu-se a si mesmo sem mcula a Deus" (Ef5.2; Tt 2.14; Hb 9.14; 10.12). Em um aspecto notvel, Cristo no seguiu o padrosacerdotal de Aro. Desse sumo sacerdote, como de todos os subsequentes, erarequerido que no dia da Expiao ele oferecesse um sacrifcio por seus prpriospecados (cf. Lv 16.6; Hb 9.7). Que Cristo ofereceu-se a Deus no contradiz averdade adicionada de que Ele foi oferecido pelo Pai (Is 53.10; Jo 3.16; Rm 8.32;2 Co 9.15), ou que Ele foi oferecido pelo Esprito eterno (Hb 9.14).

    Com respeito ao sacerdcio de Melquisedeque, Cristo seguiu esse padro

    em trs aspectos:A. EM SUA PESSOA.Qualquer que possa sera identificao de Melquisedeque

    seja ele um sacerdote gentio com quem a importncia tpica harmonizada,ou seja reconhecido como uma das teofanias do Antigo Testamento - aindapermanece verdade que o tipo declarado ser um sacerdote-rei, tipo esseque encontra o seu anttipo somente no Senhor Jesus Cristo - o sacerdote doAltssimo e o Rei da paz. Feita essa distino dupla, que dita daqueles queesto nele que eles so um "reino de sacerdotes", ou mais exatamente, reis e

    sacerdotes (Ap 5.10). Por essa designao, existe a unio mais prxima comCristo e a participao com Ele afirmada. tambm por essa designao quea Igreja ser identificada em todas as pocas vindouras. De Israel pode ser ditoque tem um sacerdcio; mas da Igreja pode ser dito que ela um sacerdcio, eque ela designada para reinar com Cristo (Ap 20.4, 6).

    Semelhantemente, como havia um sumo sacerdote sobre o sacerdcio deIsrael, assim, de igual modo, Cristo o Sumo Sacerdote sobre a Igreja. Ele o

    40

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    38/758

    Os OFCIOS DE CRISTO

    sacerdote sobre aqueles que so em si mesmos sacerdotes. Est afirmado: "Tendo,portanto, um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou os cus,retenhamos firmemente a nossa confisso. Porque no temos um sumo sacerdoteque no possa compadecer-se das nossas fraquezas; porm um que, como ns,

    em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemo-nos, pois, confiadamente aotrono da graa, para que recebamos misericrdia e achemos graa, a fim de sermossocorridos no momento oportuno" (Hb 4.14-16). Um sumrio da doutrina dosacerdcio no Novo Testamento dado por G. I. Scofield, da seguinte forma:

    (1) At a lei ter sido dada,ocabea de cada famlia eraosacerdote da famlia(Gn 8.20; 26.25; 31.54). (2) Quando aleifoi proposta, a promessa de perfeitaobedincia foi que Israel deveria ser para Deus "um remo de sacerdotes" (Ex19.6);mas Israel violou alei,e Deus confinou o ofcio sacerdotal descendnciade Aro, ao designar a tribo de Levi para lhes ministrar, e constituir assim osacerdcio tpico (Ex 28.1). (3) Na dispensao da graa, todos os crentesso incondicionalmente constitudos em um "remo de sacerdotes"(1 Pe 2.9; Ap 1.6), a distino que Israel fracassou em realizar pelas obras.O sacerdcio do crente , portanto, por direito de nascimento; exatamentecomo todo descendente de Aro era nascido para o sacerdcio (Hb 5.1). (4)O principal privilgio de um sacerdote o acesso a Deus. Sob a lei, o sumosacerdote somente poderia entrar "no lugar santssimo",e istoapenas uma vezpor ano (Hb 9.7). Mas quando Cristo morreu,ovu,tipo do corpo humano deCristo (Hb10.20),foi rasgado, e agora os crentes-sacerdotes, igualmente comCristo, o Sumo Sacerdote, tm acesso a Deus no santo dos santos (Hb 10.19-22).O Sumo Sacerdote est corporalmente ali (Hb 4.14-16; 9.24; 10.19-22).(5) No exerccio do seu ofcio o crente-sacerdote do Novo Testamento (1)um sacrificadorque oferece um sacrifcio trplice: (a) seu prpno corpo vivo(Rm 12.1; Fp 2.17; 2 Tm 4.6; Tg 1.27; 1 Jo 3.16); (b) louvor a Deus, "ofruto dos lbios que fazem meno do seu nome", para ser oferecido"continuamente" (Ex 25.22; Hb 13.15; "falarei contigo de cima do

    propiciatrio"); (c) sua substncia (Rm 12.13; Gl 6.6, 10; Tt 3.14;Hb 13.2, 16; 3 Jo 5-8). (2) O sacerdote do Novo Testamento tambm umintercessor (1T m 2.1;C14.12).3

    A verdade essencial permanece, em cada detalhe concebvel, de que Cristoem sua pessoa um Rei-Sacerdote, e que os crentes, embora constitudos reis esacerdotes para Deus, so assim em virtude da unio deles com Cristo.

    B. POR DESIGNAO. O sacerdcio de Cristo no auto-assumido, mas antes por designao de seu Pai. Est escrito: "Assim tambm Cristo no

    se glorificou a si mesmo, para se fazer sumo sacerdote, mas o glorificouaquele que lhe disse: Tu s meu Filho, hoje te gerei; como tambmem outro lugar diz: Tu s sacerdote para sempre, segundo a ordem deMelquisedeque... sendo por Deus chamado sumo sacerdote, segundo aordem de Melquisedeque" (Hb 5.5, 6, 10). Assim, tambm, est escrito deCristo no cu: "...aonde Jesus, como precursor, entrou por ns, feito sumosacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque" (Hb 6.20).

    41

  • 7/14/2019 Lewis Sperry Chafer - Teologia Sistemtica - Livro II.

    39/758

    SOTERIOLOGIA

    C. DURAO ETERNA. Em contraste com o ministrio de Cristo comosacerdote segundo o padro de Aro, est declarado do seu sacerdcio queera segundo a ordem de Melquisedeque, que eterno e sela como tal pelo

    juramento de Jeov. Esta a afirmao de ambos os Testamentos:

    "Jurou o Senhor, e no se arrepender: Tu s sacerdote para sempre,segundo a ordem de Melquisedeque" (SI 110.4); "E visto que no foi semprestar juramento (porque, na verdade, aqueles, sem juramento, foramfeitos sacerdotes, mas este com juramento daquele que lhe disse: Jurouo Senhor, e no se arrepender: Tu s sacerdote para sempre), de tantomelhor pacto Jesus foi feito fiador. E, na verdade, aqueles foram feitossacerdotes em grande nmero, porque pela morte foram impedidosde permanecer, mas este, porque permanece para sempre, tem o seusacerdcio perptuo. Portanto, pode tambm salvar perfeitamente osque por ele se chegam a Deus, porquanto