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B Í B L ICA S REVISTA PARA ESTUDOS NAS ESCOLAS BÍBLICAS 1º TRIMESTRE – 2009 – Nº 286 LIÇÕES

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BÍBLICASREVISTA PARA ESTUDOS NAS ESCOLAS BÍBLICAS1º TRIMESTRE – 2009 – Nº 286

LIÇÕ

ES

MISSÃO DA ESCOLA BÍBLICA

Transformar as pessoas em discípulas de Cristo, através do ensino e da prática da palavra de Deus.

——— ——— ——— ——— ——— ——— ——— ———— ———

Copyright © 2009 – Igreja Adventista da PromessaRevista para estudos na Escola Bíblica. É proibida a reprodução parcial

ou total sem autorização da Igreja Adventista da Promessa.

REDAÇÃO

Jornalista responsável Pr. Elias Pitombeira de Toledo MTb. 24.465

Redação e preparação Pr. Genilson S. da Silva de originais

Revisão de textos Eudoxiana Canto Melo

Editoração Marcorélio Murta e Ana Luiza Assumpção

Capa Farol Editorial e Design com foto da StockXpert

Seleção de hinos Dsa. Vilma Martins Bertulino

Leituras diárias Eleinton Willian de Souza Freitas

Atendimento e tráfego Geni Ferreira Lima Fone: (11) 2955-5141

Assinaturas Informações na página 96

IMPRESSÃO

Prol Editora Gráfica Av. Papaiz, 581 – Diadema, SP – Fone: (11) 2169-6199

expediente

REDAÇÃO – Rua Boa Vista, 314 – 6º andar – Conj. A – Centro – São Paulo – SP – CEP 01014-030Fone: (11) 3119-6457 – Fax: (11) 3107-2544 – www.portaliap.com – [email protected]

BÍBLICASREVISTA PARA ESTUDOS NAS ESCOLAS BÍBLICAS1º TRIMESTRE – 2009 – Nº 286

LIÇÕ

ES

depARtAMentO de edUCAÇÃO CRiStà [email protected]

Diretor Pr. Genilson S. da Silva

Conselho Editorial Pr. Adelmilson Júlio Pereira Pr. Aléssio Gomes de Oliveira Pr. Ednei Rodrigues Brito Pr. Genilson S. da Silva Pr. Irgledson Irvison Galvão Pr. José Lima de Farias Filho Pr. Manoel Lino Simão Pr. Manoel Pereira Brito Pr. Otoniel Alves de Oliveira Pr. Sebastião Lino Simão Pr. Valdeci Nunes de Oliveira

A exigência da santificação pessoal 7

A natureza da santificação pessoal 13

O começo da santificação pessoal 20

A parceria na santificação pessoal 27

O processo da santificação pessoal 34

A amplitude da santificação pessoal 41

A evidência da santificação pessoal 47

A inimiga da santificação pessoal 54

O declínio da santificação pessoal 60

A sondagem da santificação pessoal 67

A retomada da santificação pessoal 73

A insistência na santificação pessoal 79

A plenitude da santificação pessoal 86

123456789

10111213

APRESENTAÇÃO 5

ABREVIATURAS 4

SUMÁRIO

ÍBLICAS

ABREVIATURAS DE LIVROS DA BÍBLIAUTILIZADAS NAS LIÇÕES

ABREVIATURAS DE TRADUÇÕES E VERSÕES BÍBLICAS UTILIZADAS NAS LIÇÕES

ANTIgO TESTAmENTOGênesis GnÊxodo ExLevítico LvNúmeros Nm Deuteronômio DtJosué JsJuízes JzRute Rt I Samuel I Sm II Samuel II SmI Reis I ReII Reis II ReI Crônicas I Cr II Crônicas II CrEsdras Ed Neemias NeEster EtJó JóSalmos SlProvérbios PvEclesiastes EcCantares CtIsaías IsJeremias JrLamentações LmEzequiel Ez Daniel DnOséias OsJoel JlAmós AmObadias Ob Jonas JnMiquéias MqNaum NaHabacuque HcSofonias SfAgeu AgZacarias ZcMalaquias Ml

NOVO TESTAmENTOMateus MtMarcos McLucas LcJoão JoAtos AtRomanos RmI Coríntios I CoII Coríntios II CoGálatas Gl Efésios EfFilipenses Fp Colossenses Cl I Tessalonicenses I Ts II Tessalonicenses II TsI Timóteo I TmII Timóteo II TmTito TtFilemon FmHebreus HbTiago TgI Pedro I PeII Pedro II PeI João I JoII João II JoIII João III JoJudas JdApocalipse Ap

BLH – Bíblia na Linguagem de HojeRA – Revista e AtualizadaRC – Revista e CorrigidanVi – Nova Versão Internacional

BV – Bíblia VivaBJ – Bíblia de JerusalémteB – Tradução Ecumênica da BíbliantLH – Nova Tradução na Ling. de Hoje

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APRESENTAÇÃO

É com gratidão a Deus que apresentamos aos estudantes das escolas bíblicas da Igreja Adventista da Promessa a mais nova série de lições bíbli-cas, que tem como título Santificação Pessoal. Ao todo, são treze lições.

A lição 01, A Exigência da Santificação Pessoal, enfatiza que tanto o Antigo quanto o Novo Testamento deixam muito claro que a santificação não deve ser encarada como uma opção pessoal, mas como uma ordem divina.

A lição 02, A Natureza da Santificação Pessoal, define santificação a partir de quatro níveis espirituais: separação para Deus, imputação de Cristo como nossa santidade, purificação do mal moral e conformidade com a imagem de Cristo.

A lição 03, O Começo da Santificação Pessoal, explica que a santifica-ção começa na regeneração, que é uma obra divina, sendo que Deus capacita espiritualmente o pecador a responder positivamente, pela fé, à salvação em Cristo.

A lição 04, A Parceria na Santificação Pessoal, esclarece que não estamos isentos de responsabilidade, quanto ao desenvolvimento de nossa santifi-cação pessoal, mas que contamos com a poderosa parceria do Deus Trino.

A lição 05, O Processo de Santificação Pessoal, demonstra que a santi-ficação pessoal realiza-se em nós através de um processo contínuo, que durará por toda a nossa vida terrena.

A lição 06, A Amplitude da Santificação Pessoal, revela que a santifi-cação é abrangente, pois afeta o ser humano de maneira integral. Ela envolve o intelecto, as emoções, a vontade e o corpo físico.

A lição 07, A Evidência da Santificação Pessoal, mostra que é preciso e possível evidenciar, no dia-a-dia, de maneira prática, a santificação, atra-vés das boas obras, nos ambientes familiar, religioso e secular.

A lição 08, A Inimiga da Santificação Pessoal, não somente aborda o ensino bíblico sobre a natureza, a atuação e o propósito da cobiça, a nossa inimiga interna, mas também aponta princípios espirituais para enfrentá-la vitoriosamente.

A lição 09, O Declínio da Santificação Pessoal, destaca que, num tem-po em que a santidade está em baixa, é imprescindível portar-se com diligência, indispensável andar com discernimento e fundamental contar com a capacitação divina.

6 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

A lição 10, A Sondagem da Santificação Pessoal, considera o claro e amplo ensino das Escrituras Sagradas a respeito do significado, da am-plitude e da realização da sondagem do nosso coração.

A lição 11, A Retomada da Santificação Pessoal, salienta que é possível retomar a santificação pessoal por meio da confissão de pecados, que não somente remove a nossas imundícia, mas também renova a nossa felicidade e restaura a nossa comunhão.

A lição 12, A Insistência na Santificação Pessoal, ressalta que por ter-mos, diante de nós, um prêmio durável, um corpo glorioso e uma pátria celestial, precisamos ser insistentes em nossa santificação pessoal.

A lição 13, A Plenitude da Santificação Pessoal, conclui a série, mos-trando que jamais seremos totalmente santos nesta vida, uma vez que a santificação pessoal só será plena na volta de Cristo.

Somos gratos a Deus pela equipe do Departamento de Educação Cris-tã – formada pelos pastores Valdeci Nunes de Oliveira, Alan K. Perei-ra Rocha, pelo missionário Eleilton William de Souza Freitas e pela irmã Eudoxiana Canto Melo – que contribuiu grandemente na pesquisa e na produção destas lições bíblicas. Também louvamos a Deus pela vida do pastor José Lima de Farias Filho, que novamente ofereceu a sua valiosa colaboração.

Que, em 2009, cresçamos mais e mais em nossa santificação pessoal. Que sejamos cada vez mais uma igreja santa para o Deus Santo!

Ao Rei eterno, sejam dadas a honra e a glória, para todo o sempre! Amém.

Pr. Genilson S. da SilvaDiretor do DEC

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TEXTO BÁSICO: Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. (Hb 12:14)

INTRODUÇÃO: Na lição desta semana, primeira de uma nova série de lições bíblicas que tem por título: Santificação pessoal, veremos como a Bíblia Sagrada nos ensina a lidar com a santificação: Será esta uma opção pessoal ou uma ordem divina? Ao longo deste estudo e de todo o trimestre, abramos a palavra de Deus e deixemos que ela, que é viva e eficaz, mais cortante do que qualquer espada de dois gumes (Hb 4:12), nos molde, e nos ajude a sermos, de fato, “uma igreja santa para o Deus santo”.

I – ABRINDO A PALAVRA DE DEUS

Durante toda a sua história, a igreja sempre sofreu com ataques de falsos mestres que disseminaram doutrinas mentirosas entre os crentes. Uma dessas “falsas doutrinas” é o chamado antinomismo.1 Os defensores dessa falsa crença anulam toda obrigação da lei e acreditam que, na vida cristã, a necessidade de santificação é totalmente descartada e pode ser

1. Shedd, Russell P. Lei, graça e santificação. 2 ed. São Paulo: Vida Nova, (1998:29).

Mostrar ao estudante da palavra de Deus que a santificação não deve ser encarada como opção pessoal, mas como uma exigência divina.

Domingo, 28 de dezembro. ..Hb 12:12-14Segunda, 29 .........................................Gn 17:1-2Terça, 30 .....................................................Dt 7:6-9Quarta, 31 .........................................Lv 11:44-45Quinta, 1 de janeiro ..........................Lv 19:1-2Sexta, 2 ............................................... I Pe 1:15-16Sábado, 3 ..............................................Ef 5:14-15

3 jAN 2009

A exigência dasantificação pessoal1

LEITURA DIÁRIA ObjetIvO

Hinos sugeridos: BJ 12 – CC 176 / BJ 296 – CC 301

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assumida como opcional aos crentes. Pensam que a graça é tão abran-gente que todo esforço para fazer o que Deus manda é desnecessário e até mesmo errado.

Será mesmo que a Bíblia concorda com isso? É certo que não! Viver em santidade na palavra de Deus não é uma opção pessoal, é uma exigência divina! A Bíblia ensina que a nossa salvação é conseguida única e exclusi-vamente pela graça, através do sacrifício de Jesus; porém, também ensina que, uma vez salvos, devemos nos esforçar para vivermos em santidade. Veremos, a seguir, que, tanto no Antigo como no Novo Testamento, Deus não simplesmente nos convida a sermos santos, mas ordena isso.

1. As exigências divinas quanto à santificação pessoal no Antigo Testamento: A palavra santo com todos os seus correlatos, tais como, “santidade”, “santificação”, “santificado”, “santificar”, “santíssimo”, aparecem quase quinhentas vezes, nas páginas do Antigo Testamento. Santidade é a qualidade mais usada para descrever a fé em Deus e também é a qualidade mais repetidamente enfatizada, no que diz respeito à natureza divina2 (cf. Lv 19:2, 20:26; Is 6:3; Sl 99:3,5,9; Os 11:9; Am 4:2). Vejamos alguns textos.

No livro de Gênesis, no episódio em que Deus mudou o nome de Abrão para Abraão, lemos: Eu sou o Deus todo-poderoso; ande segundo a minha vontade e seja íntegro (Gn 17:1 – NVI). Essa é uma das primeiras referências claras à santidade exigida por Deus, por parte daqueles que o servem, no Antigo Testamento. Deus deixou claro a Abraão que ele se importava com o seu modo de andar. Ele entendeu isso. Anos depois, Deus disse a Isaque: Abraão obedeceu a minha voz, e guardou o meu mandamento (Gn 26:5).

Em Êxodo, no capítulo 20, depois de haver libertado o povo de Israel da escravidão, por meio de uma voz audível e “terrível”, Deus transmite sua lei ao povo. É importante lembrarmos que o povo de Israel foi salvo unicamente pela graça: O Senhor não se afeiçoou de vós e vos escolheu por serdes mais numerosos (...). Mas por que vos amava (Dt 7:7-8). No entanto, não foram salvos sem propósito. Israel foi alcançado por Deus para ser um povo santo (Dt 7:6, 14:2,21) e os mandamentos serviriam para orientá-los nessa missão. Eles disseram: Tudo o que o Senhor falou faremos (Ex 24:7).

Além da lei moral, todo o livro de Levítico foi escrito com “o objetivo singular de convocar o povo de Deus para a santidade pessoal”.3 A ex-pressão: Sede santos por que eu, o Senhor vosso Deus, sou santo, repete-se várias vezes (cf. Lv 11:44-45, 19:2, 20:7). “Santidade ao Senhor” é o tema

2. Smith, Ralph L. Teologia do Antigo Testamento: história, método e mensagem. São Paulo: Vida Nova, )2001:180).

3. Ellisen, Stanley. Conheça melhor o Antigo Testamento. 2 Ed. São Paulo: Editora Vida, (2007:48).

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do Livro.4 Com a escrita de Levítico, Deus ensina como o povo poderia aproximar-se dele de maneira santa, e mostra que santidade é uma exi-gência sua: Sereis para mim santos, porque eu, o Senhor sou santo, e vos separei (...) para serdes meus (Lv 20:26).

Os capítulos 17 a 26 de Levítico são chamados pelos comentaristas de “O código de santidade”, e mostram que a santidade de Deus impõe um padrão completo de comportamento ao povo que ele escolheu, “de maneira que a santidade dele faz da santidade responsiva do povo uma exigência inapelável”.5 Todo o povo é conclamado a viver de um modo santo, que, com base em Levítico, é integral, envolve todos os aspectos do comprometimento pessoal, familiar e social.

Concluímos este primeiro item com palavras de Ralph L. Smith. Ele disse que santidade, no Antigo Testamento, “diz respeito ao chamado de Deus e a exigência de que as pessoas sejam santas como ele é santo, no sentido de que sejam puras, limpas, justas e compassivas”.6 Não foi à toa que, através de Isaías, o Senhor disse: Lavem-se! Lim-pem-se! Removam as suas más obras para longe da minha vista! (Is 1:16). Passemos a considerar, agora, as exigências do Novo Testa-mento quanto à santificação pessoal.

2. As exigências divinas quanto à santificação pessoal no Novo Testamento: Apesar de não ser tão freqüente como no Antigo Testa-mento, a palavra santo e os seus correlatos se repetem, nas páginas do Novo Testamento, de maneira um tanto quanto significativa: Mais de duzentas vezes! E, ao examinarmos as passagens referentes ao assunto, a exemplo do Antigo Testamento, descobrimos que a santificação pessoal também é encarada como uma exigência no Novo Testamento. Destaca-mos dois textos a seguir.

O primeiro texto, e, talvez, o mais enfático dentre os dois, é o de He-breus 12:14, em que lemos: Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor. Essa passagem é muito clara quanto à ne-cessidade absoluta de santidade. A palavra “segui” é enfática e expressa algo do esforço, da determinação na perseguição da caça.7 Essa palavra está no modo imperativo, ou seja, é uma ordem. No texto, duas são as virtudes que devem ser buscadas, e, entre elas, está a santificação.

4. Hoff, Paul. O Pentateuco. São Paulo: Editora Vida, (1983:156).5. Allen, Clinfton J. (Editor geral). Comentário Bíblico Broadmam: AT. Rio de Janeiro: JUERP,

(19 86:66-67). 6. Smith, Ralph L. Teologia do Antigo Testamento: história, método e mensagem. São Paulo:

Vida Nova, (2001:183). 7. Guthrie, Donald. Hebreus: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cris-

tão, (1984:240).

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Santificação pessoal “não é algo opcional ou extra na vida cristã, mas algo que pertence a sua essência”.8 Sem a santificação, “ninguém verá o Senhor”, diz o texto. “Ver” e “conhecer” o Senhor, com certeza, são as maiores bênçãos que um dia poderemos desfrutar. Essas bênçãos só se-rão experimentadas por quem acatar a ordem divina, pois Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santificação (I Ts 4:7); Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar (Ef 2:25b-26a).

Um segundo texto que merece destaque, nesta abordagem, é o de I Pe-dro 1:15-16, em que lemos o seguinte: Como é santo aquele que vos chamou, sede também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo (I Pe 1:15-16). Com base nesse texto, po-demos destacar, pelo menos, duas razões pelas quais a santidade deve ser nosso objetivo principal de vida:9 Em primeiro lugar, devemos ser santos por causa da “santidade divina”: Como é santo aquele que vos chamou; e, em segundo lugar, por causa da “ordem divina”: Sede também santos.

Observe que, tanto no texto de Hebreus 12:14, “Segui”, quanto no texto de I Pedro 1:15-16, “Sede”, a santidade não é encarada como opcional ou como um convite, mas, sobretudo, como uma ordem, uma exigência de Deus, um mandamento. É bom lembrar, também, que, no versículo 16 de I Pedro ca-pítulo 1, o apóstolo utiliza o já citado texto de Levítico 11:44 e 19:2, para mostrar que o povo de Deus, sob o novo pacto, “deve ter o mesmo padrão de santidade que obedecia quando ainda estava sob o antigo pacto”.10

Sejamos santos! Como vimos até agora, santificação pessoal é um manda-mento divino, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Consciente desse dever, que cada promessista encare o lema “Uma igreja santa para o Deus santo” com seriedade. Só assim, poderemos apresentar-nos a Deus igreja gloriosa, sem mácula nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreen-sível (Ef 5:27). Vejamos, na segunda parte desta lição, três aplicações práticas sobre como devemos e podemos obedecer a essa exigência divina.

1. Após ler os dois primeiros parágrafos do comentário anterior, comente com a classe qual a visão do chamado antinomismo no que diz respeito à santificação pessoal? A Bíblia concorda com esse ponto de vista?

8. Stronstad, Roger & Arrigton L. Frech (Editores). Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, (2003:1634).

9. Shedd, Russell P. Nos passos de Jesus. São Paulo: Vida nova, (1993:27-28).10. Stronstad, Roger & Arrigton L. Frech (Editores). Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de

Janeiro: CPAD, (2003:1702).

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2. Após ler Gn 17:1, Ex 20; Is 6:3 e os três primeiros parágrafos do item 1 do comentário anterior, explique como a santificação pessoal é encarada no Antigo Testamento?

3. Após ler Lv 11:44-45, 19:2, 20:27 e os três últimos parágrafos do item 1 do comentário anterior, comente sobre o objetivo e o tema do livro de Levítico.

4. Após ler Hb 12:14; I Pe 1:15-16 e todo o item 2 do comentário anterior, responda: Como a santificação pessoal é encarada no Novo Testamento? Fale sobre os dois textos lidos.

II – VIVENDO A PALAVRA DE DEUS

1. Santificação pessoal é uma exigência divina: obedeçamos com firmeza!

Cientes de que, em toda a Bíblia, a santificação pessoal é um manda-mento, corramos com perseverança a corrida que nos está proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé (Hb 12:1). O texto de Hebreus 12:14, na Bíblia NVI, diz: Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos. Se, até hoje, você encarava a santidade como opcional, a partir de agora, não há mais desculpas: Obedeça a ordem do Senhor com firmeza! Esforce-se. Seja santo!

5. Com base na primeira aplicação, fale sobre o nosso dever de obedecer à exigência divina da santificação pessoal com firmeza.

12 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

2. Santificação pessoal é uma exigência divina: obedeçamos com atenção!

Sem santidade ninguém verá o Senhor (Hb 12:14b). Esse é um alerta sério. Quem deixa a santidade “de lado” e ignora esse mandamento é um sério candidato a “não ver o Senhor”. Por isso, afastemos de nós qualquer coisa que nos torne vagarosos ou nos atrase, e, especialmente, aqueles pecados que se enroscam tão fortemente em nossos pés e nos derrubam (Hb 12:14a – BV). O apóstolo Paulo, escrevendo aos irmãos de Éfeso, disse: Desperta, ó tu que dormes (...), vede prudentemente como andais (Ef 5:14-15).

6. Com base na segunda aplicação, fale sobre o nosso dever de obedecer à exigência divina da santificação pessoal com atenção.

3. Santificação pessoal é uma exigência divina: obedeçamos com alegria!

Além de mostrar uma “exortação” para se viver em santidade, o texto de Hebreus, capítulo 12, versículo 14, também mostra uma “motivação” para vivermos em santidade. Ao mesmo tempo em que o texto diz que sem a san-tificação ninguém verá o Senhor, nas entrelinhas, lemos que, “com a santifica-ção”, nós veremos o Senhor! Obedeçamos a essa exigência divina com ale-gria, expectativa e esperança. Vale a pena esforçarmo-nos para vivermos em santidade! Um dia, veremos e estaremos para sempre ao lado do Senhor!

7. Com base na terceira aplicação, fale sobre o nosso dever de obedecer à exigência divina da santificação pessoal com alegria.

CONCLUSÃO: Na lição de hoje, aprendemos que a santificação pessoal não é opcional; é um mandamento divino. Com firmeza, atenção e ale-gria, obedeçamos a esse mandamento! As próximas lições desta série nos ajudarão a entender ainda mais esse ensino bíblico. Abra o seu coração para os conselhos da palavra, e, depois de estudarmos sobre a natureza, o começo, a parceria, o processo, a amplitude, a evidência, a inimiga, o de-clínio, a sondagem, a retomada, a insistência e a plenitude da santificação pessoal, o Senhor nos fará crescer e fortalecerá ainda mais o nosso cora-ção para sermos irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda do nosso Senhor Jesus com todos os seus santos (I Ts 3:13 – NVI).

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TEXTO BÁSICO: Como é santo aquele que vos chamou, sede também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto está escrito: Sede san-tos, porque eu sou santo. (I Pe 1:15-16)

INTRODUÇÃO: Aprendemos, no primeiro estudo, que a santificação

não é uma opção, mas uma necessidade imperiosa para que a salvação em Cristo não seja interrompida. A santificação, portanto, é uma etapa imprescindível no processo de salvação, que, tendo iniciado na justifi-cação pela fé em Cristo, será concluído com a glorificação, na volta de Jesus. Mas qual a natureza da santificação? Como a Bíblia Sagrada a con-ceitua? Conhecer esses princípios espirituais certamente é um grande passo para a prática eficiente da santificação pessoal.

I – ABRINDO A PALAVRA DE DEUS

A palavra “santo” significa “separado”. Esse termo, tanto em hebraico (qodesh) como em grego (hagiazo), significa, literalmente, “separar”. To-davia, “o substantivo santificação [hagiasmos, em grego] não ocorre no Velho Testamento, mas é encontrado dez vezes no Testamento Grego

Levar o estudante a compreender o conceito e a natureza da santificação pessoal, a fim de que seja auxiliado por esses princípios, no restabelecimento dos princípios espirituais e morais da nova vida com Deus.

Hinos sugeridos: BJ 28 CC 9 / BJ 184 CC 29210 jAN 2009

A natureza dasantificação pessoal2

Domingo, 4 de janeiro .......... I Co 1:2,30Segunda, 5 ............................ II Tm 2:19-21Terça, 6 ..........................................II Jo 9 -10Quarta, 7 ................................... Rm 6:11-12Quinta, 8 ...........................................Cl 3:5-9Sexta, 9 ...................................... Rm 8:28-29Sábado, 10 ..................................Gl 5:16-25

LEITURA DIÁRIA ObjetIvO

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[Novo Testamento]”.1 Em síntese, o verbo “separar” tem três significados: (1) venerar ou reconhecer que é venerável, ou seja, reverenciar (cf. Mt 6:9; Lc 11;2; I Pe 3:15); (2) separar das coisas profanas e dedicar a Deus, isto é, consagrar (cf. Mt 23:17,19; Jo 17:19, 10:36; II Tm 2:21); (3) e purificar; em outras palavras, limpar (cf. Ef 5:26; I Ts 5:23; Hb 2:11, 9:13, 13:12).2

Com base nesses três significados teológicos, Thiessen define santifi-cação em quatro níveis espirituais: (1) separação para Deus, (2) imputa-ção de Cristo como nossa santidade, (3) purificação do mal moral, (4) e conformidade com a imagem de Cristo.3

Pode ser a santificação da imundícia que esteja sobre um santuário (II Cr 29:5,15-19); pode ser a santificação do mobiliário e dos utensílios de um tabernáculo (Ex 40:10-11; Nm 7:1); pode ser a santificação de uma casa ou de um campo (Lv 27:14-16); pode ser a santificação de um pri-mogênito para Deus (Ex 13:2; Nm 3:13), da mesma forma que o Pai san-tificou o Filho e este a si mesmo (Jo 10:36, 17:19); assim como os cristãos são santificados na sua conversão a Cristo (I Co 1:1-2; I Pe 1:1). O princí-pio é claro: Coisas e pessoas são separadas da impureza “para Deus”.

Em segundo lugar, o conceito bíblico de “imputação de Cristo como nossa santidade” refere-se ao sacrifício de Cristo na cruz, fato que fez com que Deus Pai nos imputasse a justiça de seu Filho, ou seja, Jesus se tornou justiça e santificação para os salvos: Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santifi-cação, e redenção (I Co 1:30). Podemos afirmar, sem medo de cometer deslize doutrinário, que este é o mais definidor e impactante tipo de santificação, pois Paulo afirma que somos santificados em Cristo Jesus, e, por isso, chamados para ser santos nele (I Co 1:2).

Esse importantíssimo tipo de santificação é obtido unicamente pela fé em Cristo (cf. At 26:18); é também realizado de uma vez por todas. Desta forma, o salvo pode afirmar que foi, definitivamente, justificado, santifi-cado e redimido, desde que realmente se mantenha revestido da justiça e da santidade de Cristo, pela fé. Em outras palavras, o salvo não pode deixar de crer que as mudanças espirituais ocorridas em sua vida fo-ram iniciadas unilateralmente por Deus, que aplicou os méritos de Cristo em sua vida, tornando possível a suspensão da penalidade do pecado ( justificação), o início da libertação do poder do pecado (santificação) e, finalmente, a condição de viver livre (redenção), enquanto aguarda a libertação final da presença do pecado (glorificação).

1. Thiessen, Henry Clarence – Palestras Introdutórias à Teologia Sistemática – Imprensa Ba-tista Regular do Brasil, São Paulo, (2001:270).

2. Idem.3. Idem.

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Em terceiro lugar, o conceito bíblico de “purificação do mal moral” diz respeito à separação pessoal do salvo de todo tipo de impiedade. Esse tipo de santificação está inteiramente ligado à vida pós-justificação, à nova vida que foi reconciliada com Deus. Clarence lembra que, no Antigo Testamento, havia um pedido para que os sacerdotes se santificassem, antes de se aproximarem de Deus (cf. Ex 19:22). Por sua vez, o Novo Tes-tamento pede que os salvos em Cristo se separem da vida e das pessoas iníquas (cf. II Co 6:17-18), das falsas doutrinas, dos falsos mestres (cf. II Tm 2:21; II Jo 9-10) e de sua própria natureza pecaminosa (cf. Rm 6:11-12; Ef 4:22,25-32; Cl 3:5-9; II Co 7:1; I Ts 4:3,7).4

Esse tipo de santificação é obtida de forma progressiva, ou seja, o salvo desenvolve a santificação iniciada após sua justificação em Cristo Jesus. O estudo de número seis tratará com profundidade a progressividade da santificação. Contudo, é fato que a natureza da santificação pessoal é afastar-se, a cada dia, do mal. Diferentemente da santificação que provém da cruz de Cristo, essa se desenvolve por toda a vida e só será consumada na volta de Jesus. Todo cristão genuíno deve ter muito claro, em sua cons-ciência, o fato de que Deus é santo e não deseja para seus filhos nada me-nos do que esse padrão de espiritualidade e moralidade (I Pe 1:15-16).

Em quarto lugar, o conceito bíblico de “conformidade com a imagem de Cristo” relaciona-se com o alvo da santificação, ou seja, o crente jus-tificado vai crescendo em santificação, à medida que permite o Espírito Santo construir dentro de si a estrutura espiritual e moral da pessoa de Cristo. A Escritura nos diz que, se tivermos sempre como alvo a glória do Senhor Jesus, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como que pelo Senhor, o Espírito (II Co 3:18). O Espírito Santo, ao longo da vida cristã, cria dentro dos salvos a imagem exata de Jesus Cris-to, porque aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho (Rm 8:29).5

Grudem corrobora esses conceitos bíblicos, ao definir santidade com estas palavras: “Santificação é uma obra progressiva da parte de Deus e do homem que nos torna cada vez mais livres do pecado e semelhantes a Cristo em nossa vida presente”.6 Portanto, a obra de Jesus, na cruz, tem a função dupla de reconciliar-nos com Deus e de efetuar em nós a san-tificação plena. Isso foi afirmado por Strong, quando este disse: “Através daquela, recebe-se no estado de graça o pecador condenado; através

4. Thiessen, Henry Clarence. Palestras Introdutórias à Teologia Sistemática – Imprensa Batis-ta Regular do Brasil, São Paulo, (2001:271).

5. Idem.6. Grudem, Wayne – Teologia Sistemática – Vida Nova, São Paulo, (1999:622).

16 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

desta o pecador perdoado se associa com a vida de Deus”.7A natureza ou essência da salvação é a santificação. Salvação que não

resulta em santificação não é salvação. O crente não é santo para ser salvo, mas é salvo para ser santo. A salvação em Cristo consiste na saúde espiritu-al e moral da alma humana, e esta modalidade de vida é consistente com a santificação, pois o Senhor Deus jamais justificaria um pecador para deixá-lo do mesmo jeito. “Se o pensamento de Deus se presta a declarar o peca-dor justo, é para que ele possa através disso restaurá-lo à santidade”.8

Gifford ilustra a natureza da santificação desta forma: “Pode-se trazer ao porto e atar ao cais o navio cuja maquinaria entrou em pane. Ele está salvo, mas não está sadio. O conserto demanda muito tempo. Cristo se propõe a tornar-nos são e salvos”.9 Na prática, Gifford está ensinando que, na justificação, o crente em Jesus é salvo da morte eterna e, na santificação, recebe saúde espiritual para viver eternamente. Logo, a jus-tificação precisa ter continuidade na santificação. O salvo não precisa de Deus apenas na justificação; precisa de Deus para “preservar a sua vida espiritual do mesmo modo que precisou de Deus para começá-la”.10

“Qualquer que pensa ser cristão e que aceitou a Cristo para a justifi-cação, quando ao mesmo tempo não o aceitou para a santificação, está miseravelmente iludido naquela mesma experiência”.11 Mas por que a pessoa justificada que despreza a santificação está miseravelmente iludi-da? Porque, em sua alma, ainda há tendências fortíssimas para a prática do mal; são forças internas que lutam contra o Espírito Santo, a fim de continuarem a satisfazer a vontade da carne (cf. Gl 5:16-25). Somente pela santificação o salvo verá o reinado do pecado chegar ao fim (Rm 6:12).

Tudo leva a crer que Davi entendeu bem a natureza da santificação. Em sua oração penitencial, ele clama pela compaixão, pela benignidade e pela misericórdia divina para ter seus pecados justificados; mas não pára por aí. Em seguida, pede que Deus lave completamente as suas iniqüidades e purifique a sua vida (Sl 51:1-2). Davi sabia que, na justifica-ção, removem-se as conseqüências penais do pecado e, na santificação, restabelecem-se os princípios morais da vida com Deus.

7. Strong, Augustos Hopkins – Teologia Sistemática – Editora Hagnos, São Paulo, (2002:606).8. Idem.9. Idem.10. Idem.11. Strong, Augustos Hopkins – Teologia Sistemática – Editora Hagnos, São Paulo, (2002:607).

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1. Com base nos primeiros parágrafos do comentário, explique o significado bíblico abrangente de “santificação”.

2. Com base em I Co 1:2,30; At 26:18 e no comentário, explique o significado espiritual prático da “imputação de Cristo como nossa santidade”.

3. Com base em II Co 6:17-18; II Tm 2:21; Rm 6:11-12; I Ts 4:3,7 e no comentário, explique o significado espiritual prático de “purificação do mal moral” na vida do salvo.

4. Com base em II Co 3:18; Rm 8:29 e no comentário, explique o significado espiritual prático de o salvo viver em “conformidade com a imagem de Cristo”.

II – VIVENDO A PALAVRA DE DEUS

1. Preciso crer que Deus me santificou para si.Em geral, temos uma imagem muito boa ou muito ruim de nós mes-

mos. O salvo em Cristo deve viver longe dos extremos. Deve saber que não vive em estado de glória, mas também não é mais um iníquo. Ele é uma pessoa aperfeiçoada e santificada por Deus (Hb 10:14). O Senhor o separou para si! Quando perdido, Deus o achou (Lc 15:3-7). Quando morto, Deus o ressuscitou (Ef 2:1). É um ato soberano de Deus. Portanto, se você não pode se exaltar, tampouco deve se rebaixar. Afinal, o Senhor decidiu separar você para si. Creia: Deus lhe confere valor!

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5. Com base na primeira aplicação, discuta com a classe a importância espiritual de cada salvo crer que, de fato, Deus o santificou para si mesmo.

2. Preciso me santificar para ser usado por Deus.A Bíblia garante que Deus separou para si mesmo todos aqueles que

crêem em Cristo (I Co 1:2). Agora é a vez do crente se separar para Deus! Não é Deus que precisa do crente, é o crente que precisa de Deus. Por-tanto, você precisa dele para preservar a sua vida espiritual e a melhor maneira de fazer isso é se santificando para que ele o use. Quer ser ins-trumento nas mãos de Deus? Santifique-se! Separai-vos, diz o senhor; não toquei em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós se-reis para mim filhos e filhas, diz o senhor Todo-Poderoso (II Co 6:17-18).

6. Com base na segunda aplicação, discuta com a classe a importância espiritual de cada salvo crer que, de fato, é necessário que se santifique para poder ser usado por Deus.

3. Preciso ter Cristo como modelo de santificação.Deus separou você e você se separa para ser usado por ele. Se você crê

e age dessa forma, está indo bem na carreira cristã. Contudo, isso não é suficiente para o triunfo final. É necessário aperfeiçoar-se na santificação, e o padrão a ser perseguido é Cristo (II Co 3:18; Cl 3:10). Faça como Paulo, que disse: ... esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus (Fp 3:13-14). Por melhor que você seja e esteja, ainda precisa caminhar bastante, até o padrão de Cris-to. Continue a avançar! Assim, você vai atingir todos os propósitos que Jesus preparou para você, desde o início de sua salvação (Fp 1:6).

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7. Com base na terceira aplicação, discuta com a classe a importância espiritual de cada salvo crer que, de fato, é necessário ter Cristo como modelo de aperfeiçoamento na santificação pessoal.

CONCLUSÃO: Entender corretamente o ensino bíblico sobre santifi-cação é um passo gigantesco no caminho para o céu. Muitos crentes se perdem no caminho, por desconhecerem que a salvação não se completa sem a santificação. Que este estudo não seja esquecido! Que, com os pró-ximos estudos, forme um cordão poderoso e indestrutível, capaz de fazer com que você creia que a justificação tem continuidade na santificação, e, assim, decida viver uma vida marcada pelo restabelecimento dos valores espirituais e morais que norteiam a relação dos salvos com Deus.

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TEXTO BÁSICO: Segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo. (Tt 3:5b)

INTRODUÇÃO: À exceção de Deus, tudo o que existe teve um início. No caso da santificação, há o início, o meio e o fim. É preciso conhecer bem esse processo visto ser ele, depois da justificação, uma parte decisi-va para o desfecho da salvação (a glorificação). O estudo de hoje, porém, trará à baila um ato divino que precede a justificação, a santificação e, ob-viamente, a futura glorificação. Sem este ato, a obra de Jesus na cruz não poderá ser percebida pelo pecador que está morto em delitos e pecados. Chama-se regeneração a ação de Deus, que, por meio do Espírito Santo, capacita espiritualmente o pecador a responder positivamente, pela fé, à salvação em Cristo, através do evangelho, pelo qual é chamado.

I – ABRINDO A PALAVRA DE DEUS Como um bom e dedicado estudante da Palavra, o leitor sabe que a

Bíblia Sagrada, além de ser a palavra de Deus, é a verdade de Deus. Por-tanto, não há de se espantar com a descrição extremamente negativa da natureza humana. Diz a Palavra que todos se extraviaram e se corrompe-ram de tal forma que não há quem faça o bem, não há nem um sequer (Sl 14:3). Do ponto de vista humano, uma pessoa pode ver bondade na ou-

Mostrar ao estudante como Deus inicia o processo de santificação da vida dos salvos por Cristo Jesus; encorajá-lo a desfrutar dessa verdade e usufruir corretamente seus benefícios espirituais.

Domingo, 11 de janeiro.................Tt 3:4-6Segunda, 12 ..................................I Co 6:11Terça, 13 .................................... Rm 6:11-14Quarta, 14 ................................ Rm 6:17-18Quinta, 15 ........................................At 20:32Sexta, 16 ........................................... Ef 2:4-5Sábado, 17 .............................II Co 5:17-19

LEITURA DIÁRIA

Hinos sugeridos: BJ 176 – CC 266 / BJ 130 – CC 35017 jAN 2009

O começo dasantificação pessoal3

ObjetIvO

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tra, mas à tua vista [do Senhor] não há justo nenhum vivente. (Sl 143:2). A Bíblia é taxativa: ... não há homem que não peque (I Rs 8:46). Ninguém escapa, todos tropeçamos em muitas coisas (Tg 3:2).

A Bíblia descarta qualquer possibilidade de alguém se sentir diferen-ciado: Quem pode dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou do meu pecado? (Pv 20:9). Você pode dizer isso? Cuidado, contenha-se! De Roma-nos 1:18 a 3:20, Paulo descreve a profundidade da depravação humana. O ser humano, por si mesmo, está atolado até o pescoço na imoralidade e na incredulidade. Que se conclui? Temos nós [seres humanos] qualquer vantagem [méritos pessoais]? Não, de forma nenhuma; pois já temos de-monstrado que todos (...) estão debaixo do pecado (Rm 3:9-10).

A queda, no Éden, desfigurou-nos totalmente. Iniciamos a carreira afastados da vida e da santidade de Deus. Viemos ao mundo destituídos de perfeição. Somos acostumados a não ver em nós o que, de fato, so-mos. Os filmes, os seriados, as novelas, os romances dão-nos uma visão romântica e fantasiosa sobre a natureza humana. As ideologias huma-nistas criam uma imagem altamente positiva do ser humano. A Bíblia, porém, nos chama à realidade, põe nossos pés no chão, e nos afirma: Nascemos em iniqüidade e somos concebidos em pecado (Sl 51:5).

Enquanto as ciências humanas buscam resposta para o mal na comple-xidade humana e nos eventos sociais, a palavra de Deus vai ao âmago da questão: Somos transgressores, desde o ventre materno (Is 48:8). Desvia-mo-nos, desde a concepção, desde o ventre materno, desencaminhamo-nos com mentiras (Sl 58:3). A Bíblia garante: ... é mau o desígnio íntimo do homem desde a sua mocidade (Gn 8:21). Por causa de sua natureza corrom-pida, o ser humano tornou-se desqualificado para praticar o bem, de forma que tudo “o que ele faz é desprezível aos olhos de Deus, porque nada que o homem faz procede do amor a Deus e do propósito de glorificá-lo”.1

O ser humano sem Deus é identificado como ímpio, perverso, iníquo. E, nessa condição, qualquer sacrifício espiritual, ainda que feito com a me-lhor das intenções, é abominável ao Senhor (Pv 15:8). Gálatas 5 ensina que toda obra que não é fruto da influência e do trabalho do Espírito Santo é carne, e, por isso, não pode agradar a Deus. As pessoas que têm a mente controlada pela natureza humana se tornam inimigas de Deus, pois não obedecem à lei de Deus e, de fato, não podem obedecer a ela (Rm 8:7 – NTLH). O versículo seguinte é ainda mais enfático: As pessoas que vivem de acordo com sua natureza humana não podem agradar a Deus (Rm 8:8).

O pastor inglês Arthur W. Pink afirma: “[O homem] pode ser civilizado, educado, sofisticado e religioso, mas no coração ele é desesperadamen-

1. Pink, Arthur W. Fé Para Hoje, A Necessidade do Novo Nascimento. São Paulo: Editora Fiel, (2008:13).

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te corrupto (Jr 17:9)”.2 Para o ser humano depravado, morto em delitos e pecados, atolado na escravidão do pecado, subjugado pelas garras de Satanás, só há uma saída: Ser regenerado, ou seja, liberto e recriado con-forme a imagem de Jesus Cristo, através da ação poderosa e constante do Espírito Santo (Jo 3:5-8; II Co 3:18; Cl 3:10). A Bíblia, portanto, nos dá a idéia da importância do assunto e da seriedade que devemos ter para com a doutrina da regeneração.

A regeneração é o começo da santificação. É um ato exclusivo de Deus que consiste em dar ao homem vida espiritual. Esse ato é popularmente conhecido como “nascer de novo”. Sobre aqueles que creram em Cristo e se tornaram filhos de Deus (Jo 1:12), a Bíblia afirma: Eles não se tornaram filhos de Deus pelos meios naturais, isto é, não nasceram como nascem os filhos de um pai humano; o próprio Deus é quem foi o Pai deles (Jo 1:13 – NTLH). Num ato divino misterioso, como o vento, que não sabemos de onde vem nem para onde vai, “nascemos de novo” (Jo 3:3). Uma coisa, porém, sabemos: Sem nascer de novo, jamais entraremos no reino de Deus (Jo 3:3).

Não sabemos quando essa obra maravilhosa começou por uma sim-ples razão: Estávamos mortos em delitos e pecados (Ef 2:1). Morto não sabe de nada e não pode fazer nada! Estávamos nas mãos do espírito que controla a vida dos desobedientes; vivíamos fazendo a vontade da carne e dos pensamentos maus e estávamos destinados à morte eterna (Ef 2:32 e 3). Mas a misericórdia de Deus é muito grande, e seu amor por nós é tanto, que, quando estávamos espiritualmente mortos por causa da nossa desobediência, ele nos trouxe para a vida que temos em união com Cristo (Ef 2: 4-5 – NTLH). Nascemos de novo! (cf. Cl 2:13; I Pe 1:3).

A regeneração, portanto, é o primeiro passo para o ser humano sair da morte espiritual para a vida espiritual, da condenação para a salvação, da inimizade e distância de Deus para a amizade e comunhão com Deus, da abominação de Deus para o prazer de Deus, das trevas de Satanás para a luz de Jesus. Antigamente vocês mesmos viviam na escuridão; mas, agora que pertencem ao Senhor, vocês estão na luz. Por isso vivam como pessoas que pertencem à luz (Ef 5:8 – NTLH). “Não há meio termo entre essas duas condições: Cada homem e cada mulher agora, na terra, ou é objeto do prazer de Deus ou de sua abominação”.3

Pink enfatiza que, enquanto não passam pelo novo nascimento, todos os homens são “reprovados para toda boa obra” (Tt 1:16). Não se quer ser repetitivo, mas, sem Cristo, as mais bondosas e imponentes obras hu-manas não agradam a Deus. “Entretanto, as menores faíscas que proce-

2. Idem. 3. Idem.

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dem daquilo que a graça iluminou são aceitáveis aos seus olhos”.4 Tudo de bom que fazemos hoje e que agrada a Deus vem dele (Tg 1:17), que pela sua própria vontade (...) fez com que nós nascêssemos, por meio da palavra da verdade, a fim de ocuparmos o primeiro lugar entre todas as suas criaturas (Tg 1:18 – NTLH).

O ato de Deus, que, por intermédio do Espírito Santo, nos faz nascer de novo ou nos dá vida espiritual, faz com que tenhamos condições de responder com fé ao chamado do evangelho para a salvação em Cristo Jesus. Sem esse ato de vivificação espiritual, nenhuma pessoa pode dizer sim ao plano salvífico de Deus, pois, sem a ação do Espírito Santo, nin-guém diz que Jesus é Senhor. Sem esse início, ninguém pode começar o processo de santificação pessoal, e, por conseqüência, ninguém verá o Senhor (Hb 12:14). Sem esse início, nada do que fazemos agrada a Deus.

O Espírito Santo iniciou a obra de regeneração em Lídia, de forma que ela teve condições de entender espiritualmente o evangelho que Paulo pregava (At 16:14). Ela se rendeu a Cristo e nasceu de novo, pois a Palavra diz: Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus (I Jo 5:1). A partir de então, o que ela faz de bom agrada a Deus. Mas, pelo fato de ser início, de ser a semente da salvação, a regeneração segue operan-do poderosamente na vida do salvo, de tal maneira que a santificação pessoal é percebida pela interrupção de pecados antes contínuos. Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado (I Jo 3:9), mas na prática da justiça (I Jo 2:29).

Enquanto Jesus não voltar para dar-nos a glorificação almejada, não teremos uma vida de perfeição. O alvo de Deus para nós, porém, não é menos do que isso. Nesta vida, não deixamos de ser pecadores, mas, também, não vivemos pecando, pois não somos mais dominados pelo pecado (Rm 6:14). A nova vida que ganhamos e que se desenvolve dentro de nós nos capacita a vencer todas as tentações da vida, seja no nível do intelecto, no das emoções, no da vontade e no do corpo. Esse processo atende pelo nome de santificação, mas seu início se dá na regeneração.

1. Com base em Sl 14:3, 51:5, 58:3, 143:2; I Rs 8:46; Rm 3:9-10 e no comentário, explique a realidade espiritual e moral da natureza humana sem a influência divina.

4. Idem.

24 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

2. Discuta com a classe a seguinte afirmação do pastor inglês Arthur W. Pink: “[O homem] pode ser civilizado, educado, sofisticado e religioso, mas no coração ele é desesperadamente corrupto (Jr 17:9)”. Que relação essa realidade tem com o nosso dia-a-dia?

3. Com base em Jo 1:12-13, 3:3; Ef 2:1-5; Cl 2:13; I Pe 1:3 e no comen- tário, explique como Deus, através da regeneração, opera a grande mudança na alma mortal e corrupta dos seres humanos.

4. Com base em Ef 5:8; Rm 6:14; I Jo 3:9 e no comentário, explique as conseqüências positivas na vida dos que começaram o pro- cesso de santificação, através da regeneração.

II – VIVENDO A PALAVRA DE DEUS

1. Devo reconhecer que minha natureza é má. O brasileiro é famoso por dar um jeitinho em tudo. Mas, para resolver

o pecado, não há “jeitinho brasileiro” que dê jeito. Quem ainda não foi regenerado, precisa enfrentar o fato de que, dentro de si, habita uma natureza má, corrupta, que o subjuga e o dirige à prática do mal. Precisa admitir, com honestidade, como Paulo: “Na minha carne não habita bem nenhum” (Rm 7:18). Sem esse enfrentamento, serão inúteis os conselhos dos pais, as exortações dos amigos, as advertências de Deus, as experi-ências com sofrimentos, enfermidades e até mortes. Sem essa admissão honesta, o ser humano carnal não pode agradar a Deus (Rm 8:8). Admita, portanto, diante de Deus, que você não é tão bonzinho como pensa. Ato contínuo: Jogue-se nos braços de Cristo.

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5. Com base na primeira aplicação, explique: Para ter início a liber- tação espiritual do poder do pecado, por que é necessário que cada pessoa reconheça que sua natureza é corrupta e má?

2. Devo reconhecer que só Deus pode me recriar. Assim como o abacateiro não dá manga e a mangueira não dá abaca-

te, Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons (Mt 7:18). Se sua natureza é má, o que se esperar de você? Enquanto você não nascer de novo, estará reprovado para toda boa obra (Tt 1:16). Só depois de recriado e purificado para Deus é que você poderá ser uma pessoa zelosa e de boas obras (Tt 2:14). “Ah, mas já tenho déca-das de crente!”. Nesse assunto, o tempo e a experiência de vida não con-tam. Nicodemos era antigo na fé, um doutor da lei, mas ouviu de Jesus: ... necessário vos é nascer de novo (Jo 3:7). Essa é uma questão fatal, e, por isso, é melhor ser humilde. Só assim o Deus que o criou irá recriá-lo.

6. Com base na segunda aplicação, explique: Por que é necessário reconhecer que só Deus cria uma nova natureza humana e crer que o novo nascimento espiritual é uma necessidade imperiosa para a salvação?

3. Devo reconhecer que a regeneração é o começo da santificação.“Eu aceitei Jesus!”. Ouve-se muito isso. A ênfase está no “EU”. Dá-se

a impressão de que está tudo resolvido. De fato, esse é um ato em que o ser humano usa seu livre arbítrio. Contudo, ninguém se rende a Jesus, sem, antes, ter sido vivificado espiritualmente. Ponto final. Muito mais importante do que o “Eu aceitei Jesus” é estar consciente de que a ca-minhada apenas começou. Deu-se a largada. O grande Juiz do universo (Gn 19:25) acabou de suspender a penalidade do pecado ( justificação, Rm 8:1) e dar início ao processo de libertação do poder do pecado (san-tificação, Rm 6:14). Começou a salvação! É necessário desenvolvê-la. Ela tem começo, meio e fim (a glorificação, Fp 1:6; Rm 8:19-23).

26 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

7. Com base na terceira aplicação, explique: Por que a regeneração (que leva à justificação) é o início da santificação, que, por sua vez, será concluída na glorificação?

CONCLUSÃO: A doutrina bíblica da regeneração tem, em si mesma, muitas qualidades espirituais benéficas à humanidade perdida. Porém, o fato mais relevante é o poder que Deus tem de mudar desejos, pensa-mentos e vontades humanas, antes rendidas ao poder do pecado. Quan-do alguém nasce de novo, o reino de Satanás é abalado, pois, para recriar uma pessoa, Deus não poupa seu poder, por intermédio de Cristo. Paulo diz: ... qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos (Ef 1:19-20). “O poder de Deus na re-generação está entre as maiores demonstrações de sua onipotência na história do universo”.5 Por causa dessa força, o homem morto é vivificado e começa a viver uma nova vida.

5. Plumer, William. Fé Para Hoje, A Definição de Novo Nascimento. São Paulo: Editora Fiel, (2008:7).

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TEXTO BÁSICO: ... purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus. (II Co 7:1)

INTRODUÇÃO: Quando se trata de santificação pessoal, percebe-se um sério engano: muitos cristãos acreditam que, por serem salvos pela graça, não têm responsabilidade alguma com a busca e o crescimento de sua santificação pessoal. Dizemos que isso é um engano porque a Bíblia não confirma essa isenção humana, mas ensina que há uma parceria en-tre Deus e o crente no processo de santificação pessoal. É dessa parceria que o estudo de hoje vai tratar.

I – ABRINDO A PALAVRA DE DEUS

Independentemente de quantas linhas teológicas haja, no estudo sobre a santificação, ou dos nomes que lhes sejam atribuídos, nosso compromisso, quanto à parceria no processo da santificação pessoal, é apresentar o parecer bíblico sobre essa questão, afinal, toda escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça (II Tm 3:16). Vamos, então, com base nas Escrituras, conhecer o papel divino e o humano nessa parceria, sem es-quecermos nossa total dependência de Deus.

Mostrar ao estudante o parecer bíblico sobre a parceria entre Deus e o ser humano no pro-cesso de santificação pessoal; conscientizar o estudante de sua responsabilidade com a sua santificação pessoal e com a de seus irmãos na fé.

Domingo, 18 de janeiro .........Jo 8:34-36Segunda, 19 ...............................Jo 16:7-13Terça, 20 .................................... Jo 17:15-19Quarta, 21 ..............................II Co 5:14-20Quinta, 22 ...............................II Co 6:14-18Sexta, 23 .......................................... II Co 7:1Sábado, 24 ................................. Fp 2:12-13

LEITURA DIÁRIA

Hinos sugeridos: BJ 27 – CC 354 / BJ 224 – HC 5824 jAN 2009

A parceria nasantificação pessoal4

ObjetIvO

28 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

1. A participação divina na santificação pessoal: Com relação à partici-pação divina na santificação pessoal, vamos tratar do papel provedor do Pai, do papel consumador do Filho e do papel mantenedor do Espírito Santo. Contudo, precisamos entender que, em cada um desses papéis, a Trindade trabalhou e trabalha unida pela nossa santificação, ou seja: Para provê-la, o Pai agiu enviando o Filho para consumá-la (Jo 3:16, 5:24,36-37). Este, por sua vez, agiu para glorificar o Pai e foi glorificado por ele (Jo 7:16-18, 8:29,54, 17:1-5). Assim, também, o Espírito Santo, enviado pelo Pai, age para glorifi-car o Filho (Jo 16:13-15). Conheçamos, então, essa cooperação divina.

1.1 Na participação divina, o Pai proveu a nossa santificação: Em II Co 5:18-20, o apóstolo Paulo nos diz o seguinte: E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo (...), isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados. Aqui, aprendemos que Deus Pai, desde o início do seu plano de salvação para a humanidade, já havia se comprometido com a execução de sua parte, provendo a nossa reconciliação consigo mesmo. Ele nos deu Jesus Cristo (Jo 3:16).

Esse foi o primeiro passo para a nossa santificação. O mesmo Paulo afirma que se trata de iniciativa e obra de Deus: O mesmo Deus de paz vos santifique completamente (I Ts 5:23), uma vez que é ele quem efetua em nós o querer e o realizar a sua vontade (Fp 2:13). Podemos entender esse efetuar de Deus como um ato de dar-nos apoio gratuito, de aper-feiçoar-nos e tornar-nos flexíveis a sua vontade. Isso pode até mesmo ocorrer pela disciplina. Grudem faz a seguinte afirmação a esse respeito: “Um papel específico de Deus Pai na santificação é seu processo de nos disciplinar como seus filhos”.1

A cooperação de Deus Pai também reside na sua iniciativa de nos dar o Espírito Santo como garantia de que, um dia, seremos completamente livres do pecado. É por isso que Paulo afirma: Ora, quem para isso mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito (II Co 5:5). De acordo com o sentido do texto em que essa afirmação está inse-rida, ele se refere ao papel do Pai de prover a redenção do nosso corpo, de torná-lo livre de todo pecado (cf. II Co 5:1-8).

1.2 Na participação divina, o Filho consumou a nossa santificação: Em Jesus Cristo, vemos grande empenho, tal como no Pai, na nossa san-tificação, pois foi ele quem conquistou a nossa salvação, encarnando-se, morrendo por nós e ressuscitando em nosso favor, para que sejamos santificados (II Co 5:14-15). Além disso, pela sua maneira de viver como ser humano, Jesus foi, entre nós, a consumação da santidade perfeita.

1. Grudem (1999:628).

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Por isso, tornou-se nosso exemplo máximo. Não é sem motivo que o autor de Hebreus nos ensina a olhar firmemente para o Autor e Consu-mador da fé, Jesus (Hb 12:2).

Jesus foi vitorioso sobre todo tipo de pecado e garante tornar-nos vitoriosos também, com a promessa de sua constante presença conosco: Eis que estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos (Mt 28:20). Não bastasse isso, prometeu preparar lugar para nós junto a si e ressuscitar-nos livres da nossa natureza pecadora, por ocasião de sua volta (Jo 14:1-3, 11:25-26). O texto de I Co 1:30 mostra-nos, em síntese, toda a cooperação de Cristo na nossa santificação pessoal: ele se tornou, para nós, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção.

1.3 Na participação divina, o Espírito Santo mantém a nossa san-tificação: A Bíblia nos ensina que o Espírito Santo nos convence do pe-cado (Jo 16:7-11) e tem a preciosa tarefa de ajudar-nos a mantermo-nos fiéis e crescermos em santidade, lembrando-nos da palavra de Deus e encorajando-nos, a partir dela, a resistirmos ao pecado: Mas o consola-dor, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo que os tenho dito (Jo 14:26 – leia também: Jo 14:16-17; Rm 8:13-14; Gl 5:16-18).

Como nosso parceiro, ele participa ativamente de nossas lutas diárias contra o pecado e se responsabiliza por produzir em nós o seu fruto (cf. Gl 5:22), para tornar-nos parecidos com Cristo. Por isso, o Espírito, cujo “sobrenome” é Santo, é a prova de que podemos viver em santi-dade constante diante de Deus, e de que, futuramente, alcançaremos a santidade perfeita; afinal, foi Deus que nos preparou para este propósito, dando-nos o Espírito como garantia do que está por vir (II Co 5:5 – NVI).

2. A participação humana na santificação pessoal: Onde é que en-tramos nesse processo? Qual é a nossa parte na nossa santificação pesso-al? Há quem pense que não há nada que possamos fazer, pois qualquer esforço humano anularia a graça de Deus. Realmente, nunca conquista-remos a santidade por iniciativa ou esforço nosso. Precisamos entender, quanto a isso, que não se trata de mérito humano, mas de responsabilida-de de cada crente com o que recebeu gratuitamente de Deus. Entendido este aspecto, vamos, agora, conhecer o que a Bíblia diz sobre nossa parte nessa parceria com Deus pela nossa santificação pessoal.

2.1 A participação humana implica aceitação: Em primeiro lugar, a palavra de Deus nos ensina que a nossa cooperação inicia-se com uma atitude de aceitação (Rm 10:8-11, 8:16; Tg 1:21). Isto significa que preci-samos crer que o sacrifício de Jesus é suficiente para nos tornar aceitos diante de Deus e que somente em Cristo somos transformados em novas criaturas (Ef 1:3-14, 2:1-8; Rm 8:1-17; II Co 5:15-17). Nesse sentido, acei-tar é submeter-se a Deus, como aconselha o apóstolo Tiago: Sujeitai-vos,

30 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

pois, a Deus; resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, puri-ficai o coração (Tg 4:7-8).

2.2 A participação humana implica obediência: A Bíblia nos traz, em segundo lugar, o ensino de que nossa cooperação implica obediência. Em Tg 1:22-25, a palavra de Deus nos encoraja a sermos praticantes da palavra e não apenas ouvintes. Também, em Ef 2:10, somos ensinados da seguinte maneira: Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Nesta afirmação, Paulo ensina que a salvação pela graça tem como conseqüên-cia as boas obras, pois Deus, pelo seu Espírito, nos capacita para isso, ao nos criar em Cristo Jesus (cf. Ef 2:1-9).

2.3 A participação humana implica união do corpo de Cristo: Em ter-ceiro e último lugar, a Bíblia ensina que devemos encorajar uns aos outros à santidade, com palavras e atitudes (Hb 10:24-25; Rm 12:10-13; I Ts 5:14-18; I Tm 4:11-12). Isso significa que a santificação é pessoal, mas não individual, pois precisamos uns dos outros para crescermos em santidade (I Co 12:12-27). Essa é a razão de a Escritura nos ensinar que, se nosso irmão se ofende com determinadas atitudes nossas, devemos evitá-las, para não prejudicar-mos a sua santificação pessoal (I Co 10:24,32-33; II Co 6:1,3-10).

Esses aspectos da participação divina e da participação humana, no processo de santificação pessoal, mostram que Deus é provedor, con-sumador e mantenedor da nossa santificação. O que nos cabe, nesse processo, é responsabilidade – algo que recebemos de outrem –, não mérito – algo que temos em nós mesmos. Por isso, cooperamos com Deus porque recebemos dele a capacitação. Logo, não se trata de ser-mos participantes na mesma medida de Deus, mas de sermos apenas servos e confiarmos no Senhor, que nos santifica, o que é muito diferente de sermos omissos quanto à busca pela santificação.

1. Após ler o item 1.1 e os textos bíblicos nele indicados, explique como o Pai proveu a nossa santificação.

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2. Responda, com base no item 1.2 e nos textos bíblicos nele indicados: Como Jesus Cristo consumou a nossa santificação?

3. Após ler o item 1.3 e os textos bíblicos nele indicados, explique como o Espírito Santo mantém a nossa santificação.

4. Leia os itens 2.1, 2.2, 2.3, bem como os textos bíblicos nele indicados e comente as três implicações da participação humana na santificação pessoal.

5. Com base em toda a primeira parte deste estudo, explique como a parceria com Deus anula o mérito humano.

II – VIVENDO A PALAVRA DE DEUS

1. A parceria com Deus requer reconciliação. Quando tratamos, neste estudo, da participação do Pai na nossa santi-

ficação, dissemos que ele proveu a nossa reconciliação consigo, enviando Jesus Cristo para morrer por nós. Por essa iniciativa de Deus Pai, temos a oportunidade de nos reconciliar com ele, aceitando Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador, para andarmos em santidade. Sem reconcilia-ção, continuamos inimigos de Deus e não podemos ser seus parceiros (Jo 3:36). É por essa razão que Paulo nos diz: Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus (II Co 5:20).

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6. Leia a primeira aplicação e responda: O que significa dizer que a parceria com Deus requer reconciliação?

2. A parceria com Deus requer purificação. Além de reconciliação, a parceria com Deus requer purificação, uma

vez que santidade significa rompimento com o pecado. É através de Je-sus que essa separação se torna possível, pois, sendo ele o consumador da nossa santificação, o seu sangue nos purifica de todo pecado (I Jo 1:7). Neste sentido, não há parceria com Deus, se não há purificação, pois ele coopera conosco para nos tornar novas criaturas, ou seja, para nos purificar. Deixemos, então, tudo que nos torna impuros (II Co 6:14-16); ... purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito (II Co 7:1b).

7. Leia a segunda aplicação e responda: O que significa dizer que a parceria com Deus requer purificação?

3. A parceria com Deus requer aperfeiçoamento. A última parte de II Co 7:1 diz: ... aperfeiçoando a santificação no temor

de Deus. Através dessa expressão, entendemos que nunca alcançaremos um nível de perfeição moral nesta vida. Enquanto estivermos neste cor-po, não conseguiremos fazer sempre o que é certo; mas, como salvos em Jesus, temos o auxílio do Espírito Santo, para permanecermos puros e não nos deixarmos dominar pelo pecado (Tg 4:7-10; Rm 6:13, 19, 8:13, 12:1-2), sendo que, a cada pecado renunciado, o Senhor nos aperfeiçoa e nos torna mais santos. Oremos como o salmista, no Salmo 139:23-24: Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração (...) vê se há em mim algum caminho mal, e guia-me pelo caminho eterno.

8. Leia a terceira aplicação e responda: O que significa dizer que a parceria com Deus requer aperfeiçoamento?

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CONCLUSÃO: Aprendemos, neste estudo, que não estamos isentos de responsabilidade, quanto à busca e ao aperfeiçoamento de nossa santificação pessoal, mas que contamos com a preciosa parceria do Deus Trino, que nos reconciliou consigo, conquistou a nossa santificação e nos capacita a crescer em santidade na sua presença. Portanto, coloquemos em ação a nossa salvação, com temor e tremor, sabendo que é Deus quem efetua em nós tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele (Fp 2:12-13 – NVI).

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TEXTO BÁSICO: Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. (Pv 4:18)

INTRODUÇÃO: Nas sagradas páginas da Bíblia, o crente em Cristo é frequentemente incentivado e exortado a crescer na santificação pes-soal. É comum encontrarmos expressões como: “crescei”, “desenvolvei”, “transformai”, indicando que a santificação não se realiza num momento só, mas em um processo contínuo que depende de nossa vontade para desenvolvê-lo. Na lição de hoje, examinaremos alguns textos, que mos-tram no que consiste o processo da santificação e como ela se desenvol-ve em cada um de nós.

I - ABRINDO A PALAVRA DE DEUS

1. Entendendo o processo: Já aprendemos que a santificação co-meça na regeneração, quando assumimos uma nova posição diante do Pai, por meio da fé em Cristo. Porém, ela não pára por aí. De acordo com Grudem, a “santificação é uma obra progressiva da parte de Deus e do homem que nos torna cada vez mais livres do pecado e semelhan-

Ensinar que a santificação pes-soal realiza-se em nós através de um processo contínuo, que durará por toda a nossa vida aqui na terra, e devemos vivenciá-lo de forma natural, crescente e objetiva.

ObjetIvO

Hinos sugeridos: BJ 317 – HC 77 / BJ 126 – CC 11931 jAN 2009

O processo da santificação pessoal5

Domingo, 25 de janeiro ........ Pv 4:18-27Segunda, 26 ............................... Ef 4:12-16Terça, 27 ........................................... Fp 1:3-6Quarta, 28 ...................................Rm 12:1-2Quinta, 29 ......................................II Co 3:18Sexta, 30 ........................................I Pe 2:1-3Sábado, 31 ..............................II Pe 3:17-18

LEITURA DIÁRIA

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tes a Cristo em nossa vida presente”.1 Destacamos, aqui, o fato de que ela é uma obra progressiva, um processo contínuo que se dá passo a passo e dura por toda a vida.

É, basicamente, uma batalha que travamos contra o pecado e, à medi-da que o vencemos, tornamo-nos mais e mais parecidos com Cristo: no caráter, nos pensamentos, nos sentimentos e nas ações. Antes, éramos escravos do pecado e caminhávamos na direção contrária a Deus. Ago-ra, libertos por Cristo, passamos a caminhar em direção a Deus. Assim começa a caminhada cristã e há um longo caminho a percorrer, até que cheguemos (...) à medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef 4:13).

Embora não sejamos mais escravos do pecado (Rm 6:18), ele insiste em permanecer presente em nós. De fato, a Bíblia é muito direta, quando nos mostra que, apesar de convertidos a Cristo, ainda pecamos (I Jo 1:8). Mas o desejo de nosso Deus é que vençamos o pecado a cada dia e ca-minhemos para perfeição, pois segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo (I Pe 1:15-16).

Observe, por favor, o versículo 15 da primeira carta de Pedro, que acabamos de citar. Há dois ensinos preciosos nele:2 o primeiro e mais im-portante é que Deus é santo, ou seja, ele é separado, sem pecado, puro e perfeito. O segundo ensino é que ele nos chamou, isto é, nos convocou para sermos participantes com ele de sua santidade. Todos nós, cristãos, fomos chamados para trilhar o caminho da santificação, abandonando o pecado, tornando-nos cada vez mais santos e identificando-nos cada vez mais com o nosso Deus, que é Santo!

Ao ler esses dois versículos, Wilkinson3 observa que há dois mandamen-tos, “tornai-vos” e “sede”; ambos indicam que há, realmente, um processo pelo o qual nos tornamos santos; porém, esse processo não é automático em nós; está sujeito à resposta que damos ao chamado de Deus. É preciso que nos esforcemos e nos apresentemos diante de Senhor com o desejo de crescer espiritualmente. Paulo disse: Rogo-vos pois (...) apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus (Rm 12:1).

A santificação é resultado de um trabalho conjunto entre Deus e o cristão. Para o cristão, é imprescindível desejar e buscar para realmente alcançá-la. Entretanto, somente por seu esforço, não experimentará ne-nhum avanço e jamais irá alcançá-la. Sem Jesus, nada podemos fazer (Jo

1. Grudem, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, (1999:62).2. Mueller, Ênio R. I Pedro: introdução e Comentário. São Paulo: Mundo Cristão,

(1991:102).3. Wilkinson, Bruce H. Santidade pessoal em tempos de tentação. São Paulo: Mundo

Cristão, (2002:85).

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15:5). A santificação se realiza-se na dependência de Cristo. É ele quem nos purifica de todo pecado, é a ele que devemos nos confessar, pois, é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda injustiça (I Jo 1:9).

Nosso coração deve arder pelo desejo de ser mais parecido com Je-sus. É esse desejo que nos impulsionará a superar, dia a dia, a força que o pecado exerce em alguma área da nossa vida. Por exemplo: Suponha que você se percebe mentindo, mas que, no seu coração, há um ardente desejo de se parecer com Cristo. O que fazer? Ciente de que você está em um processo, não desanime. É preciso avançar nesse processo! Ore, peça o perdão e a ajuda de Deus; lute e se esforce até o dia em que con-seguir vencer esse pecado.

2. Avançando no processo: É certo que, quanto mais o cristão avança no processo de santificação pessoal, mais diminui seu grau de pecado. O apóstolo Paulo tinha este conceito em mente, quando disse aos coríntios: ... purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfei-çoando a nossa santidade no temor de Deus (II Co 7:1b). Todo cristão deve e pode progredir em sua vida espiritual. Neste versículo, Paulo se refere a dois princípios básicos para avançarmos no processo da santificação pessoal.

O primeiro princípio que encontramos no versículo é a necessidade de purificação. Para experimentarmos o avanço e o crescimento, é funda-mental que nos purifiquemos, ou seja: é necessário livrarmo-nos da con-taminação do pecado, limparmo-nos da iniqüidade, consagrarmo-nos e dedicarmo-nos somente a Deus. Isso envolve todas as áreas da vida. Precisamos nos limpar de toda impureza, tanto da carne como do espírito. Note que a expressão é imperativa; é uma ordem bíblica: Afastemo-nos de tudo o que está errado, diz a tradução da Bíblia Viva.

O segundo princípio é a necessidade de aperfeiçoamento. A santi-dade em nós não é um processo concluído, mas algo que necessita de um contínuo aperfeiçoamento. O termo traduzido por “aperfeiçoando” (epiteleo - gr.) significa “levar até um fim, terminar, completar”.4 Paulo está incentivando os cristãos de Corinto a permanecerem avançando na santificação pessoal e a se esforçarem para completá-la. Esse texto mos-tra claramente que a santificação pessoal deve ser encarada como uma ação contínua de consagração a Deus.

Esse pensamento fica bem evidenciado quando lemos que todos nós (...) somos transformados, de glória em glória (II Co 3:18). A vida cristã é total-mente contrária a qualquer tipo de estagnação, inércia, imobilidade. Não há espaço, no cristianismo autêntico, para cristãos espiritualmente “confor-mados” e satisfeitos consigo mesmos. Até mesmo Paulo disse: Não que já

4. Wilkinson, Bruce H. Santidade pessoal em tempos de tentação. São Paulo: Mundo Cristão, (2002:86).

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tenha alcançado, ou que seja perfeito, mas prossigo (Fp 3:12). O que dizer de nós? Busquemos sempre o crescimento espiritual, sabendo que avançar na santificação não é uma opção,5 mas um mandamento para o crente.

Na prática, isso significa que, a cada vitória sobre o pecado, começa-mos a agir cada vez mais conforme Jesus agiria. À medida que o pecado perde a força em nós, o Espírito Santo assume gradualmente o domínio de nossa vida, libertando-nos das obras da carne e gerando em nós o fru-to espiritual, que é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bon-dade, fidelidade, mansidão, domínio próprio (Gl 5:22). Assim, assumimos cada vez mais a plenitude do caráter de Cristo.

Vale ainda dizer que a santificação, entendida como um processo, não é igual em todos. Ela se manifesta em velocidade e graus diferentes, dependendo da capacidade, da vontade e do empenho de cada pessoa. Sobre esse assunto, Paulo escreve: desenvolvei a vossa salvação com te-mor e tremor (Fp 2:12b). Há, na igreja, aqueles que ainda estão “engati-nhando” na fé e outros que são mais maduros, mas ninguém está pronto, pois “qualquer que seja o crescimento espiritual alcançado, há sempre mais, muito mais para alcançar”.6

Além disso, “a santificação, sendo um processo, não deve ser encara-da como um alvo que algum dia alcançaremos nesta vida terrestre”.7 De fato, aqui não podemos ser perfeitos, pois somos limitados. Somente na volta de Cristo isso vai acontecer. Mas isso não nos impede que avance-mos e busquemos a santificação. Deus não espera de nós perfeição nes-ta vida, mas ele espera ver em nós vontade e esforço para obedecer-lhe. Com isso em mente, iremos considerar, a seguir, três aplicações, tendo por base Pv 4:18.

1. Após ler o comentário, Pv 4:18; II Co 3:18; Fp 2:12, responda: O que é o processo da santificação pessoal? Onde ele começa e qual é seu objetivo final?

5. Champlin, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. vol. IV, São Paulo: Milenium, (:363).

6. Shedd, Russell P. Lei, graça e santificação. 2ª Ed. São Paulo: Vida Nova, (1998:75).7. Idem.

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2. Leia I Pe 1:15-16; Rm 12:1 e responda: Qual é a convocação de Deus para todo crente em Cristo? Comente, ainda, o que esses dois textos bíblicos nos ensinam sobre o processo da santificação pessoal.

3. Após ler I Jo 1:8-9; II Co 7:1 e o comentário, responda: Como podemos vencer gradualmente o pecado, na vida cristã, e o que isso tem a ver com o processo de santificação pessoal?

4. Com base nos quatro últimos parágrafos do comentário, comente a afirmação: “santificação, entendida como um processo, não é igual em todos. Ela se manifesta em velocidade e graus diferentes”.

II - VIVENDO A PALAVRA DE DEUS

1. Vivencie o processo da santificação pessoal de forma natural.Assim como o sol está para brilhar, o crente está destinado, natural-

mente, a crescer em santidade. Por isso, o sábio diz: Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora (Pv 4:18a). À semelhança do crescimento humano, o cristão precisa crescer na santificação. Para que uma criança cresça de forma natural, é necessária, basicamente, uma boa alimenta-ção. De igual modo, precisamos nutrir a nossa alma com disciplinas es-pirituais, como a oração, a leitura bíblica e a comunhão com os outros, para crescermos na fé com naturalidade.

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5. Com base na primeira aplicação, comente o que devemos fazer para crescer com naturalidade na vida cristã.

2. Vivencie o processo da santificação pessoal de forma crescente.Na seqüência do versículo, lemos: ... que vai brilhando mais e mais (Pv

4:18b). O pensamento é que devemos atingir patamares cada vez mais altos na santificação. Quando o sol começa a nascer, não há mais como pará-lo. Assim devemos agir na santificação. É triste vermos cristãos es-tagnados e outros que até regrediram na vida cristã. Mas não é isso que nosso Senhor espera de nós. Ele deseja que vivamos o processo santifi-cação de forma crescente, de glória e glória (II Co 3:18), no crescimento que procede de Deus (Cl 2:19).

6. Com base na segunda aplicação, responda: O significa vivenciar o processo de santificação pessoal de forma crescente?

3. Vivencie o processo da santificação pessoal de forma objetiva.O objetivo da luz da aurora é tornar-se dia perfeito (Pv 4:18c) e o obje-

tivo do cristão é ser perfeito em santidade. Temos um alvo, que é Cristo! E assim: ... esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo (Fp 3:13-14). Devemos vivenciar o processo de santificação com a disciplina e a determinação de um atleta, que, tendo uma meta, não pensa em outra coisa, senão em alcançá-la.

7. Com base em Fp 3:13-14 e na terceira aplicação, responda: Qual é o alvo de todo cristão e qual deve ser sua atitude diante desse alvo?

40 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

CONCLUSÃO: Grande parte das cartas do Novo Testamento são en-sinamentos, conselhos e exortações aos crentes em Cristo de diversas igrejas sobre como deveriam crescer à semelhança do Senhor. Sem dú-vida, o desejo dos escritores da Bíblia, e, principalmente, do Senhor da Bíblia é que, a cada dia, avancemos no processo da santificação pessoal. Façamos, portanto, o que nos cabe fazer, pois podemos estar plenamen-te certos de que aquele que começou boa obra em nós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus (Fp 1:6).

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TEXTO BÁSICO: Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois a Deus, no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus. (I Co 6:20)

INTRODUÇÃO: Ao encerrar sua missão na terra, Jesus intercedeu pe-los seus seguidores, pedindo ao Pai que os santificasse na verdade. De-pois, acrescentou: E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade (Jo 17:19). Jesus deixou claro que é possível ao crente ser santo, e que é desejo seu que todos que o seguem sejam santificados na única verdade, que é a palavra de Deus. Vejamos, então, no estudo da presente lição, qual é a amplitude da santificação.

I - ABRINDO A PALAVRA DE DEUS Analisando a expressão coisa assim consagrada será santíssima ao

Senhor, que aparece em Levítico 27:28, entendemos que tudo que foi escolhido e separado para o serviço a Deus é santo. Daí a recomendação da Bíblia, no tocante ao crente: Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo (Lv 19:2). O Deus santo exige de seus servos que sejam igualmente santos: Portanto, santificai-vos, e sede santos, porque eu sou o Senhor vosso Deus (Lv 20:7).

Mostrar ao estudante que a santificação pessoal, como fru-to de uma vida renovada, deve abranger todos os aspectos da vida do crente em Jesus.

ObjetIvO

Hinos sugeridos: BJ 186 – HA 295 / BJ 93 – HC 1867 FEV 2009

A amplitude da santificação pessoal6

Domingo, 1 de fevereiro ... I Co 6:19-20Segunda, 2 ...................................... Lv 27:28Terça, 3 .......................................I Ts 5:22-24Quarta, 4 .........................................Cl 3:9-10Quinta, 5 .........................................I Ts 4:1-7Sexta, 6 ......................................... Ef 4:17-25Sábado, 7 ..................................... Ef 4:25-32

LEITURA DIÁRIA

42 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

Santificação, diferentemente do que muitos pensam, abrange todos os aspectos da vida do cristão. Observemos o que diz a Escritura: E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (I Ts 5:23 – grifo nosso). Espírito, alma e corpo, mencionados nesse texto, significam o ser humano em sua totalidade, ou, como diz a Escritura, em outra parte: ... em toda a vossa maneira de viver (I Pe 1:15).

Sobre essa questão, concordamos com Grudem, quando afirma que “a santificação afeta a pessoa como um todo”. Na opinião desse teólogo, a santificação abrange o nosso intelecto, as nossas emoções, a nossa von-tade, o nosso espírito, isto é, nosso caráter e, finalmente, o nosso corpo físico.1 Com a graça de Deus, no presente estudo, examinaremos cada uma dessas partes. Em primeiro lugar, mostraremos como a santificação afeta o nosso intelecto, valendo-nos do conceito de “nova criatura” usa-do por Paulo, em seus escritos.

Inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo afirma: Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo (II Co 5:17). Esta “nova criatura” a que Paulo se refere, nesse texto, surge como resultado da transformação do entendimento, experimenta-da por quem passou a viver uma nova vida em Cristo. A nova criatura não se conforma com este mundo, pois foi transformada pela renovação do seu entendimento, e vive a perfeita vontade de Deus (cf. Rm 12:2).

Com a conversão e a conseqüente renúncia da velha vida marcada pelo pecado, o crente passa a ser uma nova criatura e a ter um novo entendimento. Assim, diz a Escritura: Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou (Cl 3:9-10). Assim, no lugar da mente escurecida pelo pecado (cf. Ef 4:18), surge um novo e verdadeiro entendimento (cf. I Jo 5:20).

Além de afetar o nosso intelecto, em segundo lugar, a santificação pessoal afeta as nossas emoções. O leitor talvez queira perguntar: O que são emoções e que relação existe entre elas e a santificação? Emoções são reações positivas ou negativas, manifestadas pelo nosso organismo, ante a presença de um estímulo qualquer. As emoções negativas estão associadas à amargura, cólera, ira, gritarias e blasfêmias (Ef 4:31); as posi-tivas estão associadas ao amor, alegria, paz e longanimidade (Gl 5:22).2

Em terceiro lugar, no tocante à nossa vontade, há relação também entre esta e a santificação. O desejo de agradar a Deus induz à santi-

1. Grudem, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, (1999:631-632).2. Grudem, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, (1999:631).

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ficação, e a busca desta é a melhor prova que podemos dar do nosso interesse em obedecer à palavra do Senhor: Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama (Jo 14:21). Em estado de santificação, a nossa vontade coincidirá sempre com a vontade de Deus: ... não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus (I Pe 4:2).

Grudem comenta que a santificação tem um efeito sobre a nossa von-tade, nossa faculdade de tomar decisões, porque Deus é quem efetua em nós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2:13).3 Como podemos perceber, a santificação, antes de ser uma decisão nos-sa, é uma obra de Deus em nossas vidas, pois, de nossa parte, o simples desejo de sermos santos não basta; precisamos da ajuda de Deus para desejá-la e concretizá-la, conforme já aprendemos em lições anteriores.

Em quarto lugar, vejamos a relação que existe entre a santidade e o nosso espírito ou caráter, e vice-versa. Essa relação consiste no seguin-te: a santidade influencia o nosso caráter ou nossa conduta interior. Daí as recomendações da palavra de Deus para que sejamos interiormen-te puros: ... purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus (II Co 7:1); porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação (I Ts 4:7). O crente que vive em santidade pensa, fala e age de maneira santa.

Por último, mas não menos importante, a santificação pessoal tam-bém afeta o nosso corpo físico. Talvez essa seja a área mais mal inter-pretada e negligenciada por nós. O nosso corpo também é afetado pela santificação pessoal. Daí as recomendações bíblicas que apontam para o dever de conservarmos o nosso corpo afastado de qualquer tipo de contaminação: Ou não sabeis que o nosso corpo é santuário do Espírito Santo... (I Co 6:19a). Deus não habita em templo contaminado!

Como está o seu corpo? Você acha que ele está à altura de receber o Senhor? A palavra traduzida por “santuário”, neste versículo, faz referên-cia ao “santo dos santos”, lugar mais íntimo do templo, onde se verifica-vam as manifestações da glória Divina.4 A presença do Espírito Santo no nosso corpo faz dele propriedade exclusiva de Deus. E, se ele vive dentro de nós, como, de fato, cremos, então, devemos cuidar deste “templo”: Afinal de contas, nunca ninguém odiou a sua própria carne, antes a ali-menta e sustenta (Ef 4:29).

“À medida que nos tornamos mais santificados em nosso corpo, ele se torna cada vez mais um servo útil de Deus, cada vez mais suscetível à sua vontade

3. Idem.4. Champlin, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado v.v. São Paulo: Hagnos,

(2002:91).

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e aos desejos do Espírito Santo (cf. I Co 9:27). Não deixaremos o pecado reinar em nosso corpo (Rm 6:4) nem permitiremos que nosso corpo participe de algum modo de imoralidade (I Co 6:13), mas trataremos dele com cuidado e reconhe-ceremos que ele é o meio pelo qual o Espírito Santo atua através de nós nesta vida. Portanto, ele não deve ser impensadamente vítima de maus tratos, mas deve tornar-se útil e capaz de reagir à vontade de Deus”.5

Que Deus conserve cada de nós isento de impurezas, para que os nos-sos corpos, assim conservados, prestem-se ao serviço de Deus, visto que o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o cor-po (I Co 6:13b). Que cada um saiba controlar o seu próprio corpo de ma-neira santa e honrosa (I Ts 4:4- NVI). Que toda intenção má, toda palavra imprópria e toda ação indigna jamais sejam nutridas, usadas ou praticadas por nós: ... não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as (Ef 5:10). Sejamos santos, porque o Senhor é santo!

Nas considerações já feitas até aqui, vimos que, para agradarmos a Deus, precisamos cultivar, aplicar e avançar na santificação pessoal, em todos os aspectos da nossa vida. Nosso intelecto, nossas emoções, nossa vontade, nosso caráter e nosso corpo precisam ser santos! E não se trata de um valor espiritual inatingível, pois, se assim fosse, Deus não o teria exigido de nós. Por isso, na segunda parte desta lição, veremos pelo menos três cuidados que nos ajudarão a colocar em prática a palavra de Deus em nossa vida.

1. Após ler Lv 19:2, 20:7, 27:28 e o comentário anterior, responda: Que desejo de Deus ficou expresso nesses textos?

2. Leia I Ts 5:23; I Pe 1:15, o comentário e responda: Neste caso, em que aspectos de nossas vidas devemos satisfazer os desejos de Deus a nosso respeito e viver em santidade? Justifique sua resposta.

5. Grudem, Wayne A. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, (1999:632).

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3. Leia II Co 5:17; Rm 12:2; Ef 4:31; Gl 5:22; I Pe 4:2, o comentário anterior e responda: De que forma a santificação pessoal afeta o nosso intelecto, as nossas emoções e a nossa vontade?

4. Leia II Co 7:1; I Ts 4:7; I Co 6:13, 18-20, o comentário e responda: Que relação existe entre a santidade e o nosso espírito, ou caráter? Por que devemos conservar santo o nosso corpo?

II - VIVENDO A PALAVRA DE DEUS

1. Visto que a santificação pessoal é abrangente, tomemos mais cuidado com o que pensamos.

Talvez seja a mente o lugar das nossas maiores batalhas. Neste campo, podemos perder ou ganhar. Não podemos vacilar! Viver numa sociedade como a nossa e manter uma mente cristã saudável e santa não é tarefa fácil. Por isso, vale a pena atentar para o conselho das Escrituras: Pensai nas coisas que são de cima (Cl 3:2). A santificação pessoal é abrangente. Andemos com os pés na terra e com os pensamentos no céu! Levemos cativo todo o pensamento à obediência de Cristo (II Co 10:5b). Tenhamos pensamentos santos!

5. Após ler Cl 3:2; Fp 4:8 e o comentário anterior, fale sobre o cuidado que devemos ter com os nossos pensamentos. 2. Visto que a santificação pessoal é abrangente, tomemos mais cuidado com o que falamos.

Além dos pensamentos, é também de fundamental importância que o crente em Jesus tenha um linguajar santo. Diz a Bíblia: Não saia da vossa

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boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edifica-ção (Ef 4:29). Em outra tradução, está escrito: Evitem a boca suja. Digam só o que for útil (Ef 4:29 – BV). Palavras ou conversas imorais não devem sair da boca daqueles que proclamam Cristo Jesus como Senhor. Não usem palavras indecentes, nem digam coisas tolas ou sujas, pois isso não convém a vocês. Pelo contrário, digam palavras de gratidão a Deus (Ef 5:4 – NTLH).

6. Após ler Ef 4:29, 5:24 e o comentário anterior, fale sobre o cuidado que devemos ter com as nossas palavras. 3. Visto que a santificação pessoal é abrangente, tomemos mais cuidado com o que fazemos.

Como já vimos, um viver santo abrange pensamentos, palavras e ações: Mas como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo (I Pe 1:15-16). Tomemos cuidado com o nosso modo de an-dar. É preciso ter sempre Jesus como modelo e pensar muito bem, antes de “fazer” algo ou tomar alguma decisão (Hb 12:2). É sábio e prudente perguntar: “Jesus faria assim?” Participemos do processo da santificação pessoal, “sem olhar nada nem ninguém; apenas Jesus”.6

7. Após ler I Pe 1:15-16; Hb 12:2 e o comentário anterior, fale sobre o cuidado que devemos ter com as nossa ações.

CONCLUSÃO: A santificação é uma conquista de cada dia. Cada passo dado pelo crente no sentido de afastar-se de todo e qualquer tipo de con-taminação física ou espiritual representa um avanço no processo de aper-feiçoamento de sua santificação. Avancemos sempre nesse processo, lem-brando que ele envolve todos os aspectos da nossa vida: intelecto, emoções, vontade, caráter e corpo. Tenhamos pensamentos santos, linguajar santo e procedimentos santos! Essa é a vontade de Deus para nossa vida. Amém!

6. Shedd, Russell P. Nos passos de Jesus. São Paulo: Vida nova, (1993:12).

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Mostrar ao estudante da Bíblia Sagrada que é preciso e possível evidenciar a santi-ficação pessoal, através das boas obras, nos ambientes familiar, religioso e secular.

Domingo, 8 de fevereiro ..........Ef 2:8-10Segunda, 9 ................................. Mt 7:18,20Terça, 10 ..........................................Mt 12:33Quarta, 11 ................................. Mt 5:14-16Quinta, 12 ....................................Tt 2:11-14Sexta, 13.......................................Tg 2:17-20Sábado, 14 ...............................I Pe 2:11-12

LEITURA DIÁRIA ObjetIvO

Hinos sugeridos: BJ 48 – HC 147 / BJ 189 – CC 30414 FEV 2009

A evidência da santificação pessoal7

TEXTO BÁSICO: Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. (Ef 2:10)

INTRODUÇÃO: No estudo de hoje, vamos examinar a santificação pessoal mais de perto, na vida prática. Jesus disse que, pelo fruto, se conhece a árvore (Mt 12:33), e basta fazermos uma leitura cuidadosa de todo o texto para descobrirmos que ele não está dando uma aula de agricultura. A idéia é que devemos provar o caráter de uma pessoa pela sua conduta.1 Muito mais do que dizer, é preciso evidenciar, ou seja, demonstrar a santificação pessoal, no dia-a-dia! Mas será que é possível fazer isso? Vejamos o que a Bíblia diz.

I – ABRINDO A PALAVRA DE DEUS

As Escrituras ensinam que é preciso ser santo, tanto no caráter quan-to na conduta: ... sede vós também santos em todo o vosso procedimento, (...) Sede santos, porque eu sou santo (I Pe 1:15-16). Esses dois princí-pios precisam andar juntos! Santidade exterior sem santidade interior

1. Broadus, John A. Comentário do evangelho de Mateus. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, (1942:358).

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é hipocrisia, ao passo que santidade interior sem santidade exterior é emocionalismo.2 Além dos exercícios internos da vida religiosa, a práti-ca da santificação pessoal inclui atos externos, que podem ser vistos e apreciados pelos outros.3

No sermão do monte, Jesus ensinou que o cristão é a luz do mundo, mas não parou por aí. Ele disse também que essa luz deve brilhar diante dos homens, para que estes “vejam” as suas boas obras e glorifiquem ao Pai, que está nos céus (cf. Mt 5:14-16). No texto que serve de base para esta lição, Paulo também trata desse assunto. Neste texto, descobrimos pelo menos dois ensinamentos sobre a necessidade de evidenciar a santificação pessoal através das boas obras. Vejamos, na seqüência, quais são eles.

1. Evidenciar a santificação pessoal é preciso: Observe a primeira parte do texto: Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras (Ef 2:10a). Se fizermos uma leitura atenciosa dos versículos an-teriores, veremos que eles enfocam duas realidades distintas. Em primeiro lugar, eles mostram a realidade da humanidade sem Cristo (1-3), e, em segundo, a realidade da humanidade com Cristo (4-10). Nestes versículos, enxergamos o “antes” e o “depois” do encontro transformador com Jesus.

Antes desse maravilhoso encontro com Cristo, estávamos mortos nos nossos delitos e pecados (Ef 2:1); depois desse encontro, fomos vivificados pela graça, e Deus nos fez assentar nas regiões celestiais, em Cristo Jesus (Ef 2:5-6). Observe também a palavra “feitura”, que aparece no versículo 10. Ela foi traduzida da palavra grega poiema, de onde vem nossa palavra em português “poema”. De filhos da ira (Ef 2:3), fomos transformados num poema, numa obra de arte, numa composição de Deus, o criador!

Mas o que realizou tamanha mudança? Qual o segredo desse gritante contraste entre a velha e a nova vida? A resposta não poderia ser outra: Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, (...) nos vivificou juntamente com Cristo (Ef 2:4-5). Deus fez com que tamanha transformação acontecesse! Mas não fez isso sem objetivo. Ele não faz nada sem propósito. A Bíblia nos informa, no versículo 10, um des-ses objetivos: ... criados em Cristo Jesus para as boas obras.

A preposição “para”, que aparece nesse texto, tem um significado pro-fundo. Muito mais do que dizer meramente que as boas obras eram o propósito da nova vida, significa que as boas obras “fazem parte” da nova vida, como condição inalienável.4 Santificação não é apenas a ausência

2. Wilkinson, Bruce H. Santidade pessoal em tempos de tentação. São Paulo: Mundo Cristão, (2002:35).

3. Hodge, Charles. Teologia Sistemática. São Paulo: Hagnos, (2001:1195).4. Foulkes, Francis. Efésios: introdução e comentário. 2ª Ed. São Paulo: Vida Nova e Mundo

Cristão, (1983:66).

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de algumas coisas, mas, sobretudo, a presença de outras! A qualidade essencial da nova vida são as boas obras. É preciso evidenciar a santifi-cação pessoal, através de boas obras, porque foi para isso que Jesus nos salvou (Ef 2:10a; Tt 2:14).

Conforme já aprendemos em lições anteriores, a regeneração marca o começo da santificação pessoal. E, neste texto de Efésios, Paulo mostra que, apesar de a nossa salvação ser exclusivamente pela graça e não pelas obras (Ef 2:8-9), estas têm um lugar essencial na vida do crente em Jesus, como fruto da regeneração;5 ou seja: apesar de não sermos salvos “pelas” obras (Ef 2:9), fomos salvos “para” andarmos nelas (Ef 2:10). Elas são os sinais visíveis da nova vida em Cristo e evidenciam a santificação pessoal.

O próprio Jesus disse que não pode a árvore boa produzir maus frutos, nem a árvore má produzir bons frutos (...) pois, pelos seus frutos os conhe-cereis (Mt 7:18,20). Então, todo aquele que se diz cristão deve apresentar alguma evidência disso, em sua conduta diária. É preciso ter o fruto do Espírito em sua vida, ter procedimentos santos, ser fiel à palavra de Deus. Mas não é só isso. Além de mostrar que é preciso, o texto de Efésios 2:10 ainda nos mostra um segundo ensinamento.

2. Evidenciar a santificação pessoal é possível: Veja o que diz a se-gunda parte do versículo 10 de Efésios capítulo 2: ... as quais Deus pre-parou para que andássemos nelas. Esse parágrafo começa e termina com pessoas andando (Ef 2:1-2 e 10). No início, elas estavam andando na mor-te, nas transgressões e no pecado. No final, elas são instruídas a andarem nas boas obras, que foram preparadas por Deus e fazem parte da nova vida que receberam em Cristo Jesus.

Agora, observe a palavra “preparou”. Ela é a tradução do verbo grego pro-etoimazo, que significa “preparar antes”, “aprontar-se de antemão”. Esse ver-bo é formado pela junção de duas palavras gregas. Uma delas, hetoimazo, faz alusão a uma metáfora originária do costume oriental de enviar, antes dos reis, em suas viagens, pessoas para nivelar as estradas e torná-las transitáveis. Com essa palavra, aprendemos que é possível, sim, “andar” no caminho das boas obras, pois suas linhas foram divinamente preparadas por Deus!6

Se, antes, andávamos nos desejos da nossa carne (Ef 2:3), Deus, pelo seu muito amor, nos vivificou (Ef 2:4,5) e tornou possível caminhar e avançar na santificação pessoal. Por isso, não há desculpas para uma vida cristã “frouxa”, destituída de virtudes e evidências; não dá para usar a graça de Deus como licença para pecar. O mesmo parágrafo que diz que somos salvos pela graça, por meio da fé, e não pelas obras (Ef

5. Davidson, F. O Novo Comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, (1963:1255).6. Davidson, F. O novo comentário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, (1963:1256).

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2:8-9), também diz que fomos criados para andar na prática das boas obras. A graça de Deus, longe de incentivar ou concordar com o pecado, é a fonte de uma conduta íntegra.7

Um crente em Jesus que vive uma vida diária que não glorifica Deus, que não evidencia a santificação pessoal no ambiente familiar, secular e religioso não entendeu a proposta do evangelho. O chamado à santidade é de vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana, trezentos e sessenta e cinco dias no ano; é radical e nos afeta por inteiro, cada esfera da nossa vida. O que nos motiva é saber que, durante a caminhada, podemos contar com a presença e a ajuda de Deus, que torna possível a prática da santificação.

Além disso, Paulo nos apresenta o porquê do viver em santidade: Ro-go-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional (Rm 12:1). Não há motivação maior do que “as misericórdias de Deus” para vivermos uma vida de santidade. Santificação nunca deve ser encarada como uma lista penosa e sem fim de “fazer” e “não fazer”; ao contrário disso, esta nossa “apresentação” a Deus deve nascer de um sentimento de gratidão por suas misericórdias.

Em vez de “eu sei que devo”, a idéia é “sou grato pelo que ele fez; por isso quero”.8 É importante destacar também, neste texto, que esse sacrifí-cio vivo, esse culto racional é para ser prestado não somente “nas cortes do templo ou no edifício da igreja, mas sim na vida do lar e no mercado de trabalho”.9 Conforme aprendemos até aqui, a santidade precisa e deve ser evidenciada. Isso é possível, pois Deus, pela sua graça, preparou o caminho para andarmos nele. Por isso, com gratidão a ele por suas mi-sericórdias, façamos isso!

1. Com base em Mt 5:14-16; 12:33 e no comentário anterior, responda: O que Jesus está querendo ensinar com esses dois textos? Leia também I Pe 1:15-16.

7. STOTT, John. A mensagem de Romanos. São Paulo: ABU Editora, 2000, p.388. 8. WILKINSON, Bruce H. Santidade pessoal em tempos de tentação. São Paulo: Mundo Cris-

tão, 2002, p. 68. 9. STOTT, John. A mensagem de Romanos. São Paulo: ABU Editora, 2000, p.389.

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2. Com base em Ef 2:10a; Tt 2:14; Mt 7:18,20 e no item 1 do comentário anterior, responda: Evidenciar a santificação pessoal, através das boas obras, é preciso? Por quê?

3. Com base em Ef 2:10b, 4:1 e no item 2 do comentário anterior, responda: Evidenciar a santificação pessoal, através das boas obras, é possível? Por quê?

4. Com base em Rm 12:1 e nos dois últimos parágrafos do comentário anterior, explique: O que deve nos motivar a viver em santidade e na prática das boas obras?

II – VIVENDO A PALAVRA DE DEUS

1. Evidencie a santificação pessoal no ambiente familiar.Em Efésios, encontramos o modelo de lar cristão ideal (cf. Ef 5:22-6:4).

A santidade no lar é a base para a santidade em todas as outras esferas da vida. A nossa luz também precisa brilhar na confidencialidade das nossas casas. Existem cristãos que, na igreja, são um “amor”, mas, em casa, são um “horror”. Evidenciar a santidade pessoal na igreja e não fazer isso no ambiente familiar é viver uma vida cristã de aparências. O lar cristão precisa ser santo! Pense um pouco na sua vida: Deus tem sido glorificado pelos membros da sua família, pelos seus vizinhos, através das suas boas obras no ambiente familiar?

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5. Após ler a primeira aplicação, fale sobre a necessidade de se evidenciar a santificação pessoal no ambiente familiar. Cite exemplos práticos de como isso pode ser feito.

2. Evidencie a santificação pessoal no ambiente religioso.Veja o que diz Hebreus 10:24: Consideremo-nos uns aos outros para

nos estimularmos ao amor e às boas obras (Hb 10:24). A palavra grega Kalos traduzida por “boas” para o português, significa “bonitas de se olhar”. Juntos, os cristãos precisam crescer e avançar na santidade pes-soal. E isso precisa ser evidenciado no meio da igreja. O que seus irmãos de fé têm dito a seu respeito? Suas obras são “bonitas de se olhar”? Na congregação onde você serve ao Senhor, você tem demonstrado com suas atitudes que é o que diz ser? Tiago disse que a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma (Tg 2:17).

6. Após ler a segunda aplicação, fale sobre a necessidade de se evidenciar a santificação pessoal no ambiente religioso. Cite exemplos práticos de como isso pode ser feito.

3. Evidencie a santificação pessoal no ambiente secular.“Pensar que santidade cresce no isolamento das quatro paredes da

igreja é errar no conceito de santidade”.10 A santificação pessoal também precisa ser evidenciada no mundo e na sociedade em que vivemos: na competição do nosso trabalho, nos nossos negócios, nas nossas ami-zades, nos nossos estudos e até mesmo na condução do nosso carro! Jesus disse: Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai que está nos céus (Mt 5:16). Os não-crentes têm glorificado a Deus, através das suas boas obras na sociedade?

10. Shedd, Russell P. Lei, graça e santificação. 2ª Ed. São Paulo: Vida Nova, (1998:77).

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7. Após ler a terceira aplicação, fale sobre a necessidade de se evidenciar a santificação pessoal no ambiente secular. Cite exemplos práticos de como isso pode ser feito.

CONCLUSÃO: Torna-te, pessoalmente, padrão de boas obras (Tt 2:7). Tornar-se “padrão de boas obras”, com certeza, não é tarefa fácil. Mas, conforme aprendemos hoje, é preciso e possível. Santidade não é uma lista de “sim” e “não”, mas um estilo de vida que glorifica a Deus diaria-mente, em todas as esferas da nossa existência: no ambiente familiar, no religioso e no secular. Por isso, esforce-se para viver no meio das pessoas deste mundo de maneira exemplar, para que, mesmo que eles acusem de praticarem o mal, observem as boas obras que vocês pratica e glori-fiquem a Deus.

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TEXTO BÁSICO: ... cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. (Tg 1:14-15)

INTRODUÇÃO: O título do estudo de hoje pode induzir-nos a pensar que deveríamos tratar sobre a tentação, a que caberia muito bem o título de inimiga da santificação. Mas o que mostraremos, aqui, é que a palavra de Deus nos apresenta uma origem para os nossos pecados. Ela se en-contra dentro de nós e se chama cobiça. Esta é a inimiga que todo cren-te em Jesus precisa vencer, diariamente, para permanecer santo. Hoje, aprenderemos, no capítulo 1 e versículos 13-18 da carta de Tiago, sobre a natureza, a atuação e o propósito da inimiga da santificação pessoal, bem como três princípios bíblicos para derrotá-la.

I – ABRINDO A PALAVRA DE DEUS Não raro, culpamos o diabo pelos maus desejos que nos levam a pecar

contra Deus, pois é comum pensarmos que ele é o principal, e talvez único, responsável pelos nossos erros. É claro que nossa intenção não é inocentá-lo, mas precisamos dizer que o apóstolo Tiago, no texto que estudaremos hoje, teve como objetivo esclarecer seus leitores de que a principal origem

Levar ao conhecimento do es-tudante o ensino bíblico sobre a natureza, a atuação e o pro-pósito da cobiça; apresentar-lhe os princípios bíblicos para derrotá-la.

Domingo, 15 de fevereiro .....Tg 1:13-18Segunda, 16 ...............................Ex 20:1-17Terça, 17 ..................................... Gn 2:15-17Quarta, 18 ..................................... Ez 18:1-4Quinta, 19 ..................................Rm 5:1, 6-9Sexta, 20....................................Rm 5:12-21Sábado, 21 .................................I Jo 1:7-2:3

LEITURA DIÁRIA ObjetIvO

Hinos sugeridos: BJ 128 – CC 323 / BJ 173 – CC 46921 FEV 2009

A inimiga da santificação pessoal8

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da tentação está dentro de cada ser humano. Ela não é uma pessoa, mas possui natureza, tem atuação e propósito. É sobre esses três aspectos da cobiça que iremos tratar nesta primeira parte do nosso estudo.

1. A natureza da inimiga da santificação pessoal: Nos versículos 13-14, temos a indicação da natureza da cobiça: Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça. Ora, se a origem da tentação não está em Deus, que é bom, mas na cobiça, é porque a natureza desta não condiz com a dele. A nature-za divina é isenta de pecado; a natureza da cobiça é, portanto, maligna.

Outra indicação que temos de que a inimiga da santificação é má está no versículo 14. Se você tem a Bíblia na tradução ARC, observe a palavra concupiscência. Esse é o nome dado à cobiça. Mas ela também é chama-da de mau desejo (NVI e NTLH). Concupiscência, ou cobiça, é a tradução para a palavra grega epiyumia (epithumia), que significa desejo, e, nesse texto, refere-se a um desejo mau, proibido.

Há, ainda, outro fator que confirma a malignidade da cobiça: no versículo 17, Tiago diz: Toda boa dádiva, todo dom perfeito vem do alto. Ora, já sabemos que a cobiça não tem nada a ver com Deus. Sendo assim, não é uma boa dá-diva, um dom perfeito; não vem do alto. A cobiça é má, provém da nossa na-tureza decaída e nos afasta de Deus. O apóstolo João também diz que Deus é luz, e nele não há treva nenhuma (I Jo 1:5). Assim, se Deus é luz, a cobiça é escuridão; não há, portanto, como conciliá-la com uma vida santificada.

Podemos também identificar a cobiça como um mal interno. No texto de Tiago 1:14, a expressão sua própria indica que se trata de algo que está no interior de cada pessoa (cf. Tg 4:1). Isso também nos possibilita entender que não há uma pessoa sequer isenta de maus desejos, pois o autor do texto diz que cada um é tentado. Não é sem razão que Deus nos adverte, no décimo mandamento: Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo (...), nem coisa alguma que pertença ao teu próximo (Ex 20:17). Ele conhece muito bem o nosso interior e sabe qual é a natureza da cobiça.

2. A atuação da inimiga da santificação pessoal: Além de mostrar a natureza da cobiça, o texto de Tiago mostra a atuação desta: ... cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. As palavras que revelam como a cobiça age no interior humano são os verbos atrair e seduzir. No grego, originalmente, tanto o termo traduzido por atrai quan-to o termo traduzido por seduz estavam associados à atividade de pesca.1 O primeiro tem o sentido de arrancar ou arrastar de dentro para fora; o segundo significa capturar, e, simbolicamente, inclui a idéia de engano.

1. Moo, D. J. Tiago: introdução e comentário. Série Cultura Bíblica. São Paulo: Vida Nova, (2005:73).

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No dizer de Moo, “a ‘cobiça’ é como um anzol com sua isca, que pri-meiro atrai sua presa e depois a arrasta”.2 Evidentemente, a cobiça agirá dentro de nós a partir do que nos agrada. É assim que ela nos atrai. A partir do momento em que nos apresenta o objeto de sua satisfação, seu próximo passo é fascinar-nos, expondo-nos esse objeto o máximo de tempo possível, através de nossos sentidos, nossos sentimentos e nossos pensamentos, até sermos capturados. É assim que a cobiça nos seduz.

Para que a atuação da inimiga da santificação pessoal fique mais clara, pensemos nisto: se nosso interior cobiça reconhecimento das pessoas para se satisfazer, é evidente que a “isca” que nos atrairá e seduzirá ao pecado da vaidade serão os elogios, ou qualquer situação que nos dê prestígio diante dos outros. É isso que irá nos atrair e seduzir, se nos expusermos a esse tipo de “isca”. Esta sempre será uma ameaça à nossa santificação pessoal.

Se nosso desejo é por bens materiais, o que nos atrairá aos peca-dos da inveja e da usura, por exemplo, serão sempre situações que nos proponham isso. As “iscas” podem ser os bens e propriedades alheias que gostaríamos de possuir; negócios vantajosos, porém, desonestos; a busca desenfreada por lucro, em prejuízo do compromisso com Deus; a valorização do material mais que do espiritual e do relacional. Enfim, há muitos exemplos de “iscas” que poderiam ser citados, mas acreditamos que esses podem esclarecer um pouco a atuação da cobiça.

3. O propósito da inimiga da santificação pessoal: O problema da co-biça não cessa na atração e na sedução. Essas são formas que ela utiliza para alcançar seu alvo, que é a concretização do pecado. Observe o que Tiago diz, no versículo 15a: Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado. Os verbos “conceber” e “dar (à luz)” indicam-nos que o apóstolo quis utilizar a figura de uma gravidez, que tem seu desfecho no parto, para explicar o processo pelo qual o pecado é gerado em nós, através da cobiça.

A atuação da inimiga da santificação pode ser entendida como um período de gestação, ou seja: ficamos “grávidos” do pecado, ao sermos atraídos e seduzidos pela cobiça. Nessa fase, portanto, o pecado já está se formando dentro de nós. Quando, finalmente, cedemos à sedução da cobiça e somos capturados pela sua “isca”, entramos em trabalho de parto: é hora de a inimiga da santificação dar à luz o pecado. Por ser de natureza má, é para isso que ela atua dentro de nós.

O pecado é, então, a consumação da nossa queda e o propósito da co-biça. Mas esse propósito vai além, pois o pecado tem como conseqüência a morte: ... e o pecado, uma vez consumado, gera a morte (Tg 1:15b). Por-tanto, não podemos nos deixar enganar: a cobiça caminha sempre para

2. Idem.

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esse desfecho. Por ser de natureza má, seu propósito é destruidor, pois o salário do pecado é a morte (cf. Gn 2:17; Ez 18:4; Rm 5:12-21, 6:23).

Vamos comentar mais sobre essa morte: Trata-se até mesmo de uma questão lógica: a Bíblia afirma que Deus é vida (Jo 14:6) e que o pecado nos afastou de Deus (Rm 3:23); logo, não poderíamos esperar outro des-fecho para a cobiça. A morte é, de fato, o fim de quem está sob o domínio do pecado, pois este acaba por se desdobrar em mais e mais pecados, cada vez piores, até destruir a pessoa por completo. Essa é a recompensa para quem, vez após outra, se deixa atrair e seduzir pela cobiça.

Contudo, a Bíblia nos garante que, sendo salvos pelo sangue de Jesus, já não vivemos sob o domínio do pecado e temos o perdão restaurador de Deus (Rm 5:1,6-9; I Jo 1:7-10, 2:1-2). É por isso que, no versículo 18, Tiago diz que ele nos gerou pela palavra da verdade, ou seja: se a cobiça, pela consumação do pecado, gerava morte em nós, Cristo nos fez nascer de novo para termos vida. Mas, sabendo que ainda somos pecadores, resta-nos uma pergunta: O que faremos com essa inimiga? É isso que saberemos na seqüência deste estudo.

1. Após ler Tg 1:13-14, responda: Qual é a origem de toda tentação?

2. Leia o item 1 e responda: Por que a natureza da cobiça é má e interna?

3. A partir de Tg 1:14 e do item 2, explique o processo de atuação da cobiça.

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4. Com base no item 3 e nas leituras bíblicas que o fundamentam, comente sobre o propósito da cobiça.

II – VIVENDO A PALAVRA DE DEUS

1. Para derrotar a cobiça, busque satisfazer-se em Deus.Quando tratamos da natureza da cobiça, dissemos que ela é má e que

está no interior de cada pessoa, segundo o apóstolo Tiago. Por ser de natureza má, a inimiga da santificação é oposta ao Deus que nos santifi-ca, e, por estar no nosso interior, ela é um mal que precisamos enfrentar, diariamente. Como você pode vencer essa inimiga? Buscando, também diariamente, encher-se do que procede de Deus, através de sua palavra, pois é dele que vêm toda boa dádiva e todo dom perfeito capazes de ocupar, dentro de você, o lugar dos maus desejos.

5. Qual a importância de se buscar satisfação em Deus para derrotar a cobiça? Justifique sua resposta com base na primeira aplicação.

2. Para derrotar a cobiça, procure não justificar seus desejos. Ao discorrermos sobre a atuação da cobiça, afirmamos que só dese-

jamos o que nos é atraente e somos seduzidos se nos expusermos ao objeto da cobiça. É nesse tempo de sedução que pensamos nos mo-tivos por que devemos satisfazer o mau desejo. Por exemplo, se você encontrar uma carteira, contendo dinheiro, poderá pensar nas inúmeras vantagens de se apossar do que encontrou, principalmente se estiver em dificuldades financeiras. Quanto mais tempo se detiver em pensar nesses motivos, mais difícil será não ceder. Portanto, ao invés disso, o melhor a fazer é lembrar dos motivos por que você não deve ceder.

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6. Na luta contra a cobiça, que atitude você precisa tomar, ao invés de justificar os maus desejos?

3. Para derrotar a cobiça, pense nas conseqüências de suas decisões.Como dissemos anteriormente, segundo o apóstolo Tiago, o propósi-

to da cobiça é consumar o pecado, cuja conseqüência é a morte. Sendo assim, podemos derrotar a cobiça, se lembrarmos sempre que, por ser de natureza má, a recompensa que ela nos traz é destruição, pois seu propó-sito é a nossa declaração de divórcio com Deus. Então, quando se sentir atraído por essa inimiga, lembre que o pecado que ela produz lhe levará à morte, da qual você já foi liberto pelo Senhor Jesus. Se fizer assim, você vencerá os maus desejos e glorificará a Deus em suas decisões.

7. Por que você precisa pensar nas conseqüências de suas decisões, se quiser derrotar a cobiça?

CONCLUSÃO: No decorrer deste estudo, procuramos mostrar a na-tureza, a atuação e o propósito da cobiça. A palavra de Deus nos deixou claro que precisamos enfrentar essa inimiga interna, mas também nos ensinou que Cristo já nos gerou pela sua palavra. Podemos, então, vencer todo mau desejo, pois temos as orientações divinas, contidas na Bíblia, para não nos deixarmos atrair e seduzir pela cobiça. Basta praticá-las.

60 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

TEXTO BÁSICO: Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus. (Ef 5:15-16)

INTRODUÇÃO: Segundo a Concordância da Sociedade Bíblica do Brasil, a palavra “santo”, com todos os seus correlatos, aparece mais de 700 vezes nas páginas da Bíblia Sagrada!1 Mas por que será que, apesar dessa gritante e repetitiva ênfase bíblica ao assunto, tratar sobre santi-dade, nos dias atuais, tornou-se algo tão raro? Vejamos, na lição desta semana, o que a Bíblia tem a nos ensinar sobre a nossa postura, como filhos de Deus, diante desse período obscuro e perigoso de declínio da santificação pessoal que estamos vivendo.

I – ABRINDO A PALAVRA DE DEUS

Em um artigo publicado na revista evangélica Ultimato,2 o autor, Ricar-do Barbosa de Souza, diz que a tolerância transformou-se em uma das

1. Almeida, João Ferreira. Concordância Bíblica. Rio de Janeiro: SBB, (1975:905-907).2. Cézar, Elber Lenz (Editor Geral). Revista Ultimato. Viçosa (MG): edição 313, pp. 54-55.

Mostrar ao estudante da palavra que, em tempos de declínio da santificação pessoal, é impres-cindível portar-se com diligên-cia, indispensável andar com discernimento e fundamental contar com a capacitação divina.

ObjetIvO

Hinos sugeridos: BJ 168 – HC 456 / BJ 14 – CC 28728 FEV 2009

9Domingo, 22 de fevereiro ........Ef 5:1-10Segunda, 23 ............................... Ef 5:11-21Terça, 24 ...................................Mt 24:10-14Quarta, 25 ........................................Cl 4:2-6Quinta, 26 ....................................Jo 17:6-19Sexta, 27....................................Fp 2:12-18Sábado, 28 ..................................Rm 12:1-8

LEITURA DIÁRIA

O declínio da santificação pessoal

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maiores virtudes da sociedade moderna e que, ao mesmo tempo em que isso é bom, é também extremamente preocupante. Apesar de a tolerân-cia produzir nas pessoas boas virtudes, como a compaixão e a paciência, cada vez mais as afasta de valores e princípios que as ajudam a separar o justo do injusto, o certo do errado. Por ser muito tolerante, a sociedade aceita tudo e não critica nada.

Infelizmente, essa “tolerância cega e muda”, que faz com que as pes-soas fechem os olhos para não ver a verdade e tapem a boca para não condenarem o erro, contaminou a sociedade e ganhou lugar na vida dos cristãos. Estamos acompanhando uma das maiores invasões da influên-cia do mundo sobre a igreja. Com isso, a santificação pessoal, na vida de muitos crentes em Jesus, está em decadência. É preciso, urgentemente, levantar um grito pela santidade na igreja! Vejamos, na seqüência, quais são os alertas e os desafios bíblicos para este tempo.

1. Os alertas bíblicos: Confira, mais uma vez, a primeira parte do texto básico desta lição: Portanto, vede prudentemente como andais (Ef 5:15). Esse texto é um sério alerta de Paulo para os irmãos de Éfeso, mas serve para nós também. A expressão “vede prudentemente” significa “vede acurada-mente”, “vede cautelosamente”, e traz o sentido de “dai grande atenção”.3 No mundo em que vivemos, é preciso andar em alerta! Com cuidado, gran-de atenção, passo a passo em Cristo, sem sair desse caminho.

Mas por que é necessária tanta atenção? O final do versículo 16 res-ponde: porque os dias são maus. Já eram “maus” nos dias de Paulo e são muito mais agora. Dias maus é um conceito da nossa era!4 Nunca se viu tanta podridão como estamos vendo atualmente: a corrupção atingiu ní-veis nunca antes alcançados. Estamos assistindo a uma série de escânda-los políticos. A violência está cada vez mais presente no nosso dia-a-dia. Os valores morais estão sendo rebaixados e jogados na sarjeta.

A família unida, estruturada, tornou-se quase uma utopia, “coisa de ou-tro mundo”, dentro da sociedade moderna. A idéia de que casamentos não duram para sempre é cada vez mais aceita com naturalidade. A autoridade dos pais nunca foi tão fraca sobre os filhos como é agora. A mídia nunca foi tão pervertida. Pare para pensar no que você tem visto e ouvido. É para ficar chocado! É para olhar para tudo isso e lembrar que outrora éreis tre-vas, mas agora sois luz no Senhor. Andai como filhos da luz (Ef 5:8).

O alerta da palavra de Deus nunca foi tão oportuno. Vivendo “numa cultura que se orgulha do pecado, glamourizando-o através dos meios de

3. Champlin, Russell Norman. O Novo Testamento interpretado v.v. São Paulo: Hagnos, 2002, vol. 4, p. 623.

4. Shedd, Russell P. & MULHOLLAND, Dewey M. Epístolas da prisão: uma análise de Ef, Fp, Cl e Fm. São Paulo: Vida Nova, (2005:63).

62 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

comunicação (...) organizando marchas para celebrá-lo, rindo da corrupção, exaltando a esperteza”,5 muitos estão “entrando na onda”, saindo da linha, andando para trás, no processo da santificação pessoal. Cuidado! Se você é um desses que têm aceitado passivamente as propostas deste mundo ilusório e passageiro, dê ouvidos, hoje mesmo, ao alerta da Bíblia Sagrada.

Sobre o fim dos tempos, Jesus disse: Neste tempo (...) por se multiplicar a iniqüidade, o amor de quase todos esfriará (Mt 24:10-12). Nesse texto, duas palavras, no idioma original, são importantes e foram traduzidas por: “iniqüidade” e “esfriará”. A primeira delas indica o desregramento,6 ou seja, a falta de regra; a segunda palavra vem de um verbo que signi-fica “soprar a fim de esfriar”. Segundo esse texto, o desaparecimento das regras é seguido naturalmente pelo desaparecimento gradual do amor.

O que mais incomoda, nesse texto, é saber que Jesus está dizendo que o amor esfriaria não no mundo (o que é natural que aconteça), mas na igreja! Talvez já estejamos vivendo esses dias. Num mundo “sem leis”, onde fica di-fícil discernir entre o certo e o errado, os sopros gelados da iniqüidade dos indivíduos “apagam as chamas do amor, esfriam suas brasas e nada deixam senão cinzas frias”.7 Mas o que fazer para que a nossa santificação pessoal não entre em declínio, mesmo vivendo “dias maus”, com a iniqüidade em alta e o amor em baixa? Além de alertar, a Bíblia também nos desafia.

2. Os desafios bíblicos: Será possível levar uma vida de santidade, no meio desta geração corrompida em que vivemos? Apesar de se tra-tar de um grande desafio, a Bíblia mostra que sim! Depois de alertar, ordenando atenção no andar em dias maus (Ef 5:15a), Paulo mostra o modo como os cristãos que estavam em Éfeso deveriam viver. Observe a segunda parte do texto: ... vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios (Ef 5:15b). “O que ele tem em mente aqui é a vida dos leitores cristãos perante os olhos do mundo não cristão”.8

Há um conselho semelhante, na carta aos Colossenses: Andai em sa-bedoria para com os que estão de fora (Cl 4:5). Com certeza, não é nada fácil cumprir essa ordem. É um grande desafio vivermos como sábios em um mundo insano. É um grande desafio vivermos no meio da corrupção e não nos corrompermos, “estarmos” no mundo e não “sermos” dele. Fá-cil é andarmos como “néscios”, ignorando a realidade, aceitando tudo do jeito que é, não questionando, calando-nos, fingindo que não é conosco.

5. Cézar, Elber Lenz (Editor Geral). Revista Ultimato. Viçosa (MG): edição 313, p. 54.6. Champlin, Russell Norman. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo.São

Paulo: Milenium, (1983:558). 7. Idem, p. 559.8. Foulkes, Francis. Efésios: introdução e comentário. 2ª Ed. São Paulo: Vida Nova e Mundo

Cristão, (1983:123).

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Muitos optam por esse caminho. É mais tranqüilo e cômodo! Talvez seja por isso, também, que a vida de santidade de muitos cristãos

se encontra em declínio. É cada vez maior o número de crentes que pregam algo maravilhoso e vivem algo horrível. Quem quiser viver em santidade, neste mundo, fazer a vontade de Deus, viver como sábio, vai encontrar opo-sição. Quem não age segundo o mundo é odiado por ele! Jesus disse: Dei-lhes a tua palavra e o mundo os odiou, pois não são do mundo (Jo 17:14 – gri-fo nosso). Na Bíblia Viva, está assim escrito: Eu lhes transmiti as suas ordens. E o mundo os odeia, porque eles não agem de acordo com o mundo.

É desafiador remar contra a maré! Em sua carta aos irmãos Filipenses, o apóstolo Paulo disse: ... para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa (Fp 2:15a). A vida do crente em Jesus “não é vivida em uma estufa espiritual, numa redoma de vidro, mas no meio de uma geração pervertida”,9 e é no meio dessa geração, em que quase tudo contribui para que declinemos na san-tificação pessoal, que devemos resplandecer como astros (Fp 2:15b).

Em Romanos, no capítulo 12, versículo 2, o apóstolo Paulo desafia os cristãos de Roma a não se acomodarem com a cultura predominante de sua época. Diz o texto: Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transfor-mem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de comprovar e experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (NVI). Esses dois sistemas de valores – “este mundo” e a “a vontade de Deus” – são incompa-tíveis, colidem frontalmente, não vivem em comunhão!

É desafiador não sermos espremidos para dentro do molde deste mundo. É difícil não usufruirmos o “jeitinho brasileiro” de fazer as coisas. Entretanto, se, ao invés de declinarmos, quisermos avançar na santifica-ção pessoal, é preciso comprometermo-nos com esse desafio. Veremos, na segunda parte da lição, como podemos fazer isso, pois, além de aler-tar e desafiar, na continuação do texto de Efésios 5, Paulo menciona, pelo menos, três formas práticas de viver com sabedoria em tempos de declínio da santificação pessoal.

1. Com base nos dois primeiros parágrafos, comente sobre a seguinte frase: “A tolerância transformou-se em uma das maiores virtudes da nossa época”.

9. Lopes, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. São Paulo: Hagnos, (2007:158).

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2. Com base em Ef 5:15a; Mt 24:10-12 e no comentário anterior, responda: Quais são os alertas bíblicos para este tempo de declínio da santificação pessoal que estamos vivendo?

3. Com base em Ef 5:8,16 e no comentário anterior, responda: Dias maus é um conceito da nossa era? Por que é necessária tanta atenção no modo de andar? O que temos visto e ouvido em nossos dias?

4. Com base em Ef 5:15b; Cl 4:5; Jo 17:14; Fp 2:15; Rm 12:2 e no comentário anterior, responda: Quais são os desafios bíblicos para este tempo de declínio na santificação pessoal que estamos vivendo?

II – VIVENDO A PALAVRA DE DEUS

1. Em tempos de declínio da santificação pessoal, é imprescindível portar-se com diligência.

Numa época depravada e pecaminosa como a nossa, é preciso mui-to cuidado na maneira com que “gastamos” os nossos dias. Diz a Bíblia: ... remindo o tempo, porque os dias são maus (Ef 5:16). “Remir o tempo” está relacionado com diligência10 na maneira de viver. Não há como “brincar” em dias maus. Para evitar o declínio da santificação pessoal, é imprescin-dível um viver cuidadoso. Aproveite ao máximo cada instante da sua vida

10. Stronstad, Roger & Arrington L. Frech (editores). Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, (2003:1254).

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para glorificar a Deus. Seja prudente na sua maneira de viver; não se asso-cie com as obras infrutuosas das trevas, mas oponha-se a elas (Ef 5:11).

5. Após ler a primeira aplicação, responda: Por que, em tempos de declínio da santificação pessoal, é imprescindível portar-se com diligência?

2. Em tempos de declínio da santificação pessoal, é indispensável andar com discernimento.

Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor (Ef 5:17). Compreender a vontade do Senhor, nesse texto, está relacionado a discernimento. E andar com discernimen-to não é opcional. A expressão não vos torneis insensatos é imperativa e pode ser traduzida para: não vos torneis “sem reflexão”. Para evitar o de-clínio da santificação pessoal, vivendo dias sombrios como os nossos, é necessário reflexão e discernimento, para que não sejamos presas fáceis desta geração corrompida e perversa (Fp 2:15).

6. Após ler a segunda aplicação, responda: Por que, em tempos de declínio da santificação pessoal, é indispensável andar com discernimento?

3. Em tempos de declínio da santificação pessoal, é fundamental contar com a capacitação divina.

Continuando seu ensino sobre como viver em dias maus, Paulo diz: E não vos embriagueis com vinho, em que há devassidão, mas enchei-vos do Espírito (Ef 5:18). Talvez essa seja a ordem mais importante. Nunca foi fá-cil vivermos como um povo santo, num mundo de corrupção e injustiça. Mas isso é possível, se contarmos com a capacitação divina! Encha-se do Espírito Santo, dependa dele! Somente crentes cheios do Espírito Santo são capazes de evidenciar o caráter de Cristo. Somente crentes cheios do Espírito Santo são capazes de influenciar e abalar uma sociedade enfer-ma pelo pecado e pela corrupção.

66 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

7. Após ler a terceira aplicação, responda: Por que, em tempos de declínio da santificação pessoal, é fundamental contar com a capacitação divina?

CONCLUSÃO: Precisamos resplandecer como astros no mundo (Fp 2:15). Nunca foi tão grande a carência de pastores santos, educadores santos, alunos santos, empresários santos, políticos santos, jovens e adultos santos, cristãos santos! Os alertas e desafios bíblicos precisam ser atendidos por nós, urgentemente. Diante do quadro trágico que vi-vemos, para que você não seja mais um no time dos que estão decli-nando na santificação, lembre-se de que é imprescindível portar-se com diligência, indispensável andar com discernimento e fundamental contar com a capacitação divina. Que o Senhor nos ajude!

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TEXTO BÁSICO: Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos. (Sl 139:23)

INTRODUÇÃO: Dentre os vários meios dados por Deus para crescer-mos em nosso processo de santificação pessoal, está a oração, que pode ser tanto preventiva quanto remediativa. A oração preventiva é oração da sondagem. Nela, pedimos corajosamente: “Sonda-me, ó Deus!” A oração remediativa é a oração da confissão. Nela, pedimos, humildemente: “Per-doa-me, ó Deus!” A lição de hoje trata da primeira oração, a preventiva. Vejamos o que a palavra de Deus tem a nos dizer sobre esta oração tão essencial, mas pouco usada.

I - ABRINDO A PALAVRA DE DEUS Não há como negar que existe uma estreita e explícita relação en-

tre sondagem e santificação. Pode-se dizer que quanto mais sondagem, mais santidade! Uma vez que a sondagem é assim tão fundamental para o desenvolvimento da nossa santificação, é extremamente necessário e importante que abramos a palavra de Deus para conhecermos e consi-derarmos atentamente o seu claro e amplo ensino sobre o significado, a amplitude e a realização da sondagem.

Mostrar ao estudante que a sondagem do nosso coração só será eficiente se superar-mos as barreiras da mentira, do orgulho e da covardia.

Domingo, 1 de março ..........Sl 139:1-16Segunda, 2 ..............................Sl 139:17-24Terça, 3 ...........................................Pv 17:1-3Quarta, 4 .......................................Jr 17:5-10Quinta, 5 ......................................I Cr 28:8-9Sexta, 6........................................Lm 3:40-57Sábado, 7 ...............................I Co 11:23-28

LEITURA DIÁRIA ObjetIvO

Hinos sugeridos: BJ 238 – HC 169 / BJ 208 – HC 4477 mAR 2009

10 A sondagem da santificação pessoal

68 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

1. O ensino da palavra de Deus sobre o significado da sondagem: Quatro são os verbos que esclarecem e expressam o significado da sonda-gem: examinar, esquadrinhar, sondar e provar. O verbo “examinar” aparece, primeiramente, numa advertência profética: Concentra-te e examina-te, ó na-ção que não tens pudor (Sf 2:1). Ele é também empregado numa orientação apostólica: Examine-se, pois, o homem a si mesmo (I Co 11:28). Esse verbo expressa o sentido de considerar, de observar, de analisar, de investigar, de verificar de maneira minuciosa e cuidadosa.

O verbo “esquadrinhar” é utilizado pelo salmista. Ele declara que Deus não somente quebranta o braço do perverso e do malvado, mas esquadrinha-lhes a maldade, até nada mais achares (Sl 10:15). Ele tam-bém reconhece que tanto o seu andar quanto o seu deitar são es-quadrinhados por Deus: Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos (Sl 139:3). Esse verbo tem o sentido de investigar todos os cantos e todos locais, pedacinho por pedacinho e quadrinho por quadrinho.

O verbo “sondar” está presente numa das orações de Davi a Deus: Sonda-me [literalmente: enfia uma sonda dentro de mim], ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos (Sl 139:23). Esse verbo tem o sentido de examinar e explorar algo com uma sonda, aparelho de diferentes formatos e de variadas aplicações. Na me-dicina, por exemplo, a sonda é amplamente utilizada, tanto no diagnós-tico quanto no tratamento de doenças.

O verbo “provar”, que tem o sentido de submeter a pessoa a uma teste para ver como ela sente, pensa e reage, aparece no livro de Provérbios, capítulo 17, versículo 3, em que lemos: ... o crisol prova a prata, e o forno, o ouro; mas aos corações prova o SENHOR. De acordo com Hebreus, capí-tulo 11, versículo 17, quem passou por essa prova e saiu espiritualmente vitorioso e fortalecido foi Abraão: Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque.

2. O ensino da palavra de Deus sobre a amplitude da sondagem: Para que o diagnóstico seja confiável e o tratamento seja adequado, a sondagem precisa ser extensa e profunda. Sendo assim, tudo deve ser ob-servado, analisado, examinado, provado, verificado de maneira atenciosa e completa. O teólogo e escritor Elben M. Lenz César1, aponta algumas áreas que precisam ser submetidas à sondagem. Precisamos sondar o coração, a nascente de tudo, porque dele procedem as fontes da vida (Pv 4.23).

Precisamos sondar as nossas razões pessoais, para ver se existem nelas alguma coisa indevida ou imprópria. Em sua carta à igreja filipense, o após-

1. César, Elben M. Lenz. Práticas devocionais: exercícios de sobrevivência e plenitude espiritu-al. Viçosa (MG): Ultimato, (2005:77-84).

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tolo Paulo afirma que nem todos que pregam o evangelho pregam-no de boa vontade: Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia (Fp 1:15a). Os pregadores anônimos, aqui referidos, mostravam-se dedica-dos “no trabalho do evangelho simplesmente na tentativa de se equipara-rem a ele nas realizações, e assim obterem glória e fama para si mesmos”.2

Precisamos sondar a nossas reações, pois estas têm muito a nos dizer so-bre o nível da nossa espiritualidade e maturidade (Gn 4:5; Mc 10:22). Precisa-mos sondar a nossa consciência, que pode ser tanto boa (I Tm 1:5, 3:9; II Tm 1:3) quanto ruim (I Co 8:7; Tt 1:15; I Tm 4:2). Precisamos sondar a qualidade e a quantidade da nossa fé (II Co 13:5), para vermos se é fé com ou sem obras (Tg 2:14), grande ou pequena (Mt 6:30), hipócrita ou sincera (I Tm 1:15).

Precisamos sondar o nosso amor, que deve ser tão prático quanto o de Deus, que prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5:8). Precisamos sondar o nosso trabalho (Gl 6:14), porque, às vezes, há muito planejamento e pouca realização e há muita inspiração e pouca transpiração. Precisa-mos, enfim, sondar o nosso viver diário, ou seja, se tudo que fizemos e dissemos foi do agrado de Deus, que exige santidade em toda a nossa maneira de viver (I Pe 1:15).

3. O ensino da palavra de Deus sobre a realização da sondagem: A pa-lavra de Deus trata de duas sondagens: a pessoal e a divina. Quem faz parte do povo de Deus tem a obrigação pessoal de se auto-sondar. Dois textos da Bíblia mostram esse dever de um modo tão claro que dispensam quaisquer comentários. Eis o primeiro: Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los e voltemos para o SENHOR (Lm 3:40). Eis o segundo Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice (I Co 11:28).

Para que a sondagem pessoal seja realizada eficazmente, algumas barreiras precisam ser superadas. A pessoa não somente precisa “parar de mentir para si própria, acabar com as eternas desculpas, confessar tudo que sabe de errado, cultivar a capacidade de ouvir repreensões”,3 mas também precisa “preocupar-se primeiro com a trave que está em seu próprio olho e depois com o argueiro que está no olho de seu irmão (Mt 7:3), e dar-se ao trabalho de conhecer o seu íntimo”.4

Existe, porém, uma sondagem mais perfeita, mais completa e mais profunda que a humana – a sondagem divina. Deus é especialista na realização de sondagens de pensamentos e sentimentos (Ap 2:23). Ele faz isso de duas formas muitos simples. Algumas vezes, o Senhor leva

2. Champlin, R. N. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. São Paulo: Hag-nos, (2002:15).

3. César, Práticas devocionais, (2005:83).4. Idem.

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as pessoas a se conhecerem por meio de uma questão. Deus agiu assim com Adão (Gn 3:11), Caim (Gn 4:6,9), Elias (I Rs 19:9, 13), Jonas (Jn 4:4), o samaritano curado de lepra (Lc 17:17) e Pedro (Jo 21.15).

Outras vezes, o Senhor leva as pessoas a se enxergarem por meio de uma ordem. Lembra da samaritana? Depois de ouvir muita coisa do Se-nhor, ela ouviu esta ordem dele: Vai, chama teu marido e vem cá (Jo 4:16). A ordem funcionou! A mulher trouxe à tona a sua vida conjugal errada: Não tenho marido (Jo 4:17). O mesmo ocorreu com o jovem rico. Só após ouvir do Senhor cinco ordens – “vai”, “vende”, “dá”, “vem” e “segue-me” –, ele descobriu a sua verdadeira realidade espiritual (Mc 10:21-23).

Existem pecados tão corriqueiros, costumeiros e generalizados que são facilmente percebidos e discernidos. Eles, com efeito, não requerem muitas análises nem muitos estudos, pois estão sempre diante de nós. Existem outros, porém, que nos são ocultos (Sl 19:12), pois estão tão es-condidos e camuflados nas entranhas do coração que somente a sonda-gem humana é insuficiente para detectá-los. Temos, então, que recorrer humildemente à apurada sondagem de Deus.

1. Por favor, leia I Co 11:28; Sl 139:3,23; Pv 17:3. O que esses textos têm a nos dizer sobre o significado da sondagem?

2. Após ler o comentário, responda: Que áreas devem ser submetidas à sondagem? Leia as passagens bíblicas utilizadas no comentário.

3. Para que a sondagem pessoal seja realizada eficazmente, que barreiras precisam ser superadas? Leia o comentário.

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4. Quais são as duas formas simples usadas por Deus para levar as pessoas à auto-sondagem? Leia Gn 4:6 e Jo 4:16.

II. VIVENDO A PALAVRA DE DEUS

1. Para que a sondagem seja eficiente, precisamos abrir mão da mentira.

Não minta para você mesmo. Fale a verdade. Não se engane e nem en-gane os outros a seu próprio respeito. Se você é infeliz, miserável, pobre, cego e nu – e certamente é –, não diga: ... estou rico e abastado e não pre-ciso de coisa alguma (Ap 3.17). Se você é pecador – certamente é –, diga, sem rodeios: Ó Deus, sê propício a mim, pecador (Lc 18:13). Se você deseja uma sondagem eficiente, arranque a máscara, diga o que você é, não en-cubra o seu mau caráter, não minta, então você será atendido, perdoado, renovado e transformado por aquele que é grande em misericórdia.

5. Após ler Ap 3:17; Lc 18:13, responda: Para que a sondagem seja eficiente, o que precisamos fazer? Utilize também o comentário.

2. Para que a sondagem seja eficiente, precisamos abrir mão do orgulho.

Você não está alto demais? Você enxerga todo mundo lá embaixo? Isso não é bom para você! Diminua a sua altura. Não se coloque acima dos demais pecadores. Não faça a oração orgulhosa daquele fariseu, que posto em pé, orava de si para si mesmo: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens (Lc 18:11a). Se você deseja uma sonda-gem eficiente e profunda, humilhe-se (Tg 4:8-10): ponha seu rosto em terra, vista-se de pano de saco e sente-se na cinza, pois Deus não despre-za o coração compungido e contrito (Sl 51:17).

72 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

6. Leia Tg 4:8-10. Que outra atitude precisa ser tomada por aquele que deseja ser sondado por Deus?

3. Para que a sondagem seja eficiente, precisamos abrir mão da covardia.

Em alguns casos, a sondagem começa e continua por meio da parti-cipação alheia. Se isso ocorrer com você, ouça tudo – sem interrupção e sem impaciência. Ouça todas as orientações e repreensões. Seja dife-rente de Félix, que, por covardia, mandou o pregador embora (At 24:25). Seja parecido com Davi, que, por ouvir tudo que Natã tinha a dizer-lhe, não somente entendeu mais profundamente a sua grave crise espiritual, mas também encontrou o caminho do arrependimento, do perdão e da mudança (II Sm 12:15).

7. Leia II Sm 12:15 e At 24:25 e responda: Além da mentira e do orgulho, o que mais precisa ser abandonado para que a sondagem seja eficiente?

CONCLUSÃO: Após vermos o ensino da palavra de Deus sobre o sig-nificado, a amplitude e a realização da sondagem, só nos resta dizer ou pedir em alto e bom som: Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos. Assim sendo, peça, agora mesmo, para Deus examinar, esquadrinhar, sondar e provar o seu caráter, a suas razões, as suas reações, a sua consciência, a sua fé, o seu amor, o seu trabalho e o seu viver diário. Saiba de uma coisa: além de sondar o seu coração, ele guiará você pelo caminho eterno! Amém.

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TEXTO BÁSICO: Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos, de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar. (Sl 51:4)

INTRODUÇÃO: Na lição anterior, A Sondagem da Santificação Pesso-al, vimos o ensino da Bíblia sobre a oração preventiva, isto é, a oração da sondagem. A lição de hoje trata de outra oração, a remediativa, isto é, a oração de confissão. Tanto a oração de sondagem e quanto a de confis-são são essenciais para o aprimoramento e a manutenção do processo santificação pessoal. É hora de abrirmos a palavra de Deus para vermos o seu ensino sobre esse assunto de tão grande importância.

I. ABRINDO A PALAVRA DE DEUS Ainda somos pecadores, tanto por natureza (Sl 51:5) quanto por práti-

ca (Pv 20:9). Todos tropeçamos em muitas coisas, disse Tiago (3:2). Mas não precisamos desistir da santificação, depois do tropeço e do pecado, pois podemos recorrer à prática da confissão, que promove benefícios espirituais e emocionais. Logo a seguir, temos o ensino da palavra de Deus acerca do

Mostrar ao estudante da pa-lavra de Deus que é possível retomar a santificação pessoal por meio da confissão, que não somente remove a nossa imundícia, mas também reno-va a nossa felicidade e restau-ra a nossa comunhão.

Domingo, 8 de março ...............Sl 51:1-8Segunda, 9 ...................................Sl 51:9-15Terça, 10 .......................................Lc 18:9-14Quarta, 11 ...................................I Jo 1:5-10Quinta, 12 ................................... Pv 28:1-13Sexta, 13....................................Lc 15:11-24Sábado, 14 ................................. Ed 10:1-12

LEITURA DIÁRIA ObjetIvO

Hinos sugeridos: BJ 56 HC 111 / BJ 116 – CC 27014 mAR 2009

11 A retomada da santificação pessoal

74 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

alicerce, da extensão, do processo e da demora da prática da confissão1. 1. O alicerce da confissão: A Bíblia deixa muito claro que existe perdão

para todo tipo de pecado e blasfêmia confessado. Existe apenas uma única exceção: o pecado ou blasfêmia contra o Espírito Santo: ... aquele que blasfe-mar contra o Espírito Santo não tem perdão para sempre, visto que é réu de pe-cado eterno (Mc 4:29). Deve-se frisar, porém, que a confissão será sempre ine-ficiente e infrutífera, se não for antecedida e embasada pelo arrependimento, “que inclui forçosamente a idéia de uma volta do pecado para Deus”.2

Ao lermos a Bíblia, vemos inúmeras e marcantes chamadas ao arre-pendimento. O povo de Israel que havia se desviado Deus é incessan-temente chamado ao arrependimento pelos profetas do Senhor (Is 1:18; Jr 4:1; Os 14:1; Jl 2:12-13; Am 4:8; Ml 3:7). Quando João Batista apareceu pregando no deserto, a sua pregação também era uma ousada chamada ao arrependimento (Mt 3:2,8; Mc 1:4; Lc 3:3,8), bem como a pregação de Cristo (Mt 4:17; Mc 1:15; Lc 5:32) e, posteriormente, a dos apóstolos (At 2:38; 17:30; 26:19-20; II Pe 3:9; Ap 3:19).

De que modo uma pessoa arrependida se expressa? Uma pessoa arre-pendida não justifica, não explica, não terceiriza, não desculpa o seu peca-do cometido. Davi é o nosso melhor exemplo de genuíno arrependimento de todas as Escrituras Sagradas. Dos seus lábios, não se ouve nem expli-cações inteligentes, nem justificativas esfarrapadas para os seus pecados de adultério, homicídio e hipocrisia. Com o coração condoído e contrito, o salmista somente declara: ... eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim (Sl 51:3). É assim que tem que ser!

2. A extensão da confissão: O que deve ser confessado? Esta é uma questão com que todo mundo lida, quando o assunto é confissão. A con-fissão de pecados precisa ser extensa e precisa. A Bíblia ordena que sejam confessados não somente os pecados cometidos, mas também os deseja-dos, os indiretos e os encobertos. Deus exige que a pessoa confesse aquilo em que pecou (Lv 5:5). O nosso pecado cometido deve ser declarado e no-meado de maneira específica: adultério, lascívia, contenda, soberba, avare-za, irritação, ingratidão, desamor, mentira, inimizade, impureza, amargura.

Os pecados somente desejados também precisam ser confessados. É prudente e saudável que lamentemos perante Deus a nossa vonta-de e o nosso desejo de enganar, de adulterar, de difamar, de aparecer, de retaliar, de rivalizar. Outros pecados que precisam ser confessados são os indiretos, aqueles cometidos por cumplicidade. É fácil demais

1. César, Elben M. Lenz. Práticas devocionais: exercícios de sobrevivência e plenitude espiritu-al. Viçosa(MG): Ultimato, (2005:45-56).

2. Revista Ultimato, Viçosa (MG): Ultimato, edição 314, setembro/outubro de (2008:12).

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sermos cúmplices no pecado de terceiros3 (I Tm 5:22). Diante de Deus, todavia, não importa se cometemos pessoalmente o pecado. Seremos igualmente culpados, se, de alguma maneira, contribuímos para que o pecado ocorresse (Jz 9:4-5; Mt 26:14-16).

Na confissão, devemos mencionar também os pecados encobertos, aqueles que dificilmente são percebidos e discernidos pela pessoa que os comete em sua conduta. Sobre esses pecados, o salmista faz uma per-gunta e uma súplica: Purifica-me, Senhor, das faltas que cometo sem per-ceber (Sl 19:12, NTLH). Quantos membros do corpo de Cristo encontram-se terrivelmente ressentidos e profundamente machucados por pecados não percebidos por aqueles que os cometeram!

3. O processo da confissão: A questão que surge agora é esta: como confessar os pecados cometidos, desejados, indiretos e encobertos? A con-fissão pode ser tanto pessoal quanto coletiva, regular e especial. Na confis-são pessoal, utilizamos a primeira pessoa do singular: “Eu pequei”. A respeito dessa confissão, encontramos dois exemplos muito parecidos. O primeiro é o de Davi: Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos (Sl 51:4). O segundo é do filho pródigo: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho (Lc 15:21).

Na confissão coletiva, adotamos a primeira pessoal do plural: “Nós pecamos”. Essa confissão foi proferida por Neemias: ... e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, os quais temos cometido contra ti; pois eu e a casa de meu pai temos pecado (Ne 1:6). Jeremias foi outro que a utilizou: Conhecemos, ó Senhor, a nossa maldade e a iniqüidade de nos-sos pais; porque temos pecado contra ti (Jr 14:20). Dos lábios de Daniel também ouvimos uma abrangente confissão coletiva: Ó Senhor, a nós pertence o corar de vergonha, aos nossos reis, aos nossos príncipes e aos nossos pais, porque temos pecado contra ti (Dn 9:8).

Na confissão regular, confessamos aqueles nossos pecados recentes e cotidianos. O objetivo principal dessa confissão é “manter a higiene da alma”. Agora, é bom que se diga que não é possível realizá-la eficazmen-te, se não estivermos espiritualmente sensíveis e vigilantes. Na confissão especial, confessamos os pecados ajuntados e ignorados, trazidos à me-mória, durante períodos de profunda e poderosa renovação espiritual, provocada pela intervenção divina.

4. A demora da confissão: Por que razão adiamos a prática da confis-são de pecados? Adiamos a confissão por inúmeros motivos. Vamos citar e tratar de apenas alguns deles. Adiamos a confissão por causa do orgu-lho. Não queremos reconhecer que pecamos, nem gostamos de declarar

3. Kelly, J. N. D. I e II Timóteo e Tito – introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, (1983:122).

76 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

que falhamos. Somos parecidos com aquele fariseu vaidoso da parábola, que se achava o máximo em piedade (Lc 18:9-14). Uma vez que Deus resiste aos soberbos, não alcançamos misericórdia.

Adiamos a confissão por causa da consciência endurecida, que nos transforma em pecadores debochados, indiferentes e sarcásticos (Jr 16:10). O povo de Israel do tempo do profeta Malaquias é o mais assus-tador exemplo de consciência endurecida. Ao ser acusado ou censurado de pecado, questionou, cinicamente: Em que desprezamos o teu nome? Em quem o enfadamos? Em que havemos de tornar? Em que te roubamos? Que temos falado contra ti? (Ml 1:6; 2:17, 3:7,8,13).

Adiamos a confissão por causa da falta de noção de pecado. Em nossa cabeça, possuímos um distorcido e equivocado conceito de pecado. As-sim, coamos mosquitos e engolimos camelos, ou seja, valorizamos e pro-movemos as questões menores (muitas prescritas pela tradição humana) e desvalorizamos e rebaixamos as questões maiores (todas ordenadas pela palavra divina). Para resolver essa dificuldade, precisamos recorrer à definição de pecado encontrada na primeira epístola de João, capítulo 3, versículo 4: ... pecado é a transgressão da lei.

Pois bem, vimos ensino da palavra de Deus a respeito do alicerce, da extensão, do processo e da demora da confissão de pecados. O que fazer agora? Precisamos fazer uma honesta e profunda avaliação pessoal: Há em nossa vida algum pecado que esteja embaraçando ou retardando a nossa santificação pessoal? Se há, precisamos confessá-lo, urgentemente. O processo de santificação precisa continuar e progredir! Vejamos, na se-qüência, aplicações práticas que evidenciam os benefícios da confissão.

1. Qual é o alicerce da confissão de pecados? Consulte os textos bíblicos relacionados no comentário.

2. Explique a extensão da confissão de pecados. Utilize o comentário, bem como as passagens bíblicas nele citadas.

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3. De que modo podemos confessar nossos pecados? Leia o comentário “o processo da confissão”.

4. O que leva as pessoas a adiarem a prática da confissão? Utilize o comentário.

II. VIVENDO A PALAVRA DE DEUS

1. Se confessarmos os nossos pecados, Deus removerá a nossa imundícia.

Quando pecamos, sentimos, ora imediatamente, ora posteriormente, uma horrível sensação de imundícia e sujidade espiritual (Sl 51.2 e 7). Por meio da confissão, não somos somente perdoados, mas somos também purificados4: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (I Jo 1:9). Podemos acreditar nessas duas promessas (as de que seremos perdoados e purifi-cados) porque quem as fez não pode mentir (Tt 1:2).

5. Em I Jo 1:9, temos duas promessas relacionadas à prática da confissão de pecados. Mencione-as e comente-as.

2. Se confessarmos os nossos pecados, Deus renovará a nossa felicidade.

Felicidade não combina com iniqüidade. As duas não podem coabitar o mesmo coração. Quando a iniqüidade chega, a felicidade parte! A iniqüida-

4. Stott, John R. W. I, II e III João – introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, (1982:67-68).

78 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

de literalmente expulsa a felicidade: ... suporto tristeza por causa do meu pe-cado (Sl 38:18). A confissão de pecado renova e devolve a felicidade perdida: ... feliz aquele cujas maldades Deus perdoa e cujos pecados ele apaga! (Sl 32:1 – NTLH). Após confessarmos nossos pecados, não esqueçamos de suplicar a Deus: Dá-me novamente a alegria da tua salvação (Sl 51:12a – NTLH).

6. Após ler Sl 32:1, 51:12, responda: Que outro benefício da confissão de pecados é apresentado nessas passagens bíblicas? Explique-o.

3. Se confessarmos os nossos pecados, Deus restaurará a nossa comunhão.

Em seu salmo de confissão, o salmista suplica: Não me expulses da tua presença (Sl 51:11a – NTLH). O seu pedido faz sentido. O pecado, sem dúvida, estorva e bloqueia a nossa comunhão com Deus. A Bíblia deixa isso muito claro: ... são os pecados de vocês que os separam do seu Deus,são as suas maldades que fazem com que ele se esconda de vocês (Is 59:2 – NTLH). Pecado armazenado e escondido é uma tragédia! Sendo assim, abra-se e conte a Deus as fraquezas e mazelas, jamais negando a responsabilidade pessoal, sempre pedindo a misericórdia divina.

7. Após a leitura do comentário, explique esta afirmação: Se confes- sarmos os nossos pecados, Deus restaurará a nossa comunhão.

CONCLUSÃO: Porque você continua cuidando do que é aparente e do que exterior (Lc 11:39), ninguém ainda observou essa profunda e perigosa mudan-ça ocorrida em seu coração. Mas Deus sabe que você não é mais o mesmo! Deus sabe que você abandonou o processo de santificação! Deus sabe que você está atolado no lamaçal do pecado! Deus sabe! O Deus que sabe de tudo isso quer tirá-lo do caminho da iniqüidade e trazê-lo para o caminho da santidade. Ele apenas quer que você diga de coração uma palavra somente: Pequei! Vamos, admita em alto e bom som que pecou, pois Deus tem miseri-córdia de quem confessa os seus pecados e os abandona (Pv 28:13 – NTLH).

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TEXTO BÁSICO: Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcan-çado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. (Fl 3:13-14).

INTRODUÇÃO: Deus usou a lição anterior para convencê-lo a praticar a confissão dos seus pecados cometidos, desejados, encobertos e indiretos. Você, então, alcançou o perdão de Deus! A sua imundícia foi removida, a sua felicidade foi renovada e a sua comunhão foi restaurada! E o melhor de tudo: você retornou ao caminho da santidade! Agora, você não pode parar de novo. Precisa continuar de maneira insistente. Vejamos a orienta-ção da palavra de Deus sobre essa insistência na santificação pessoal.

I – ABRINDO A PALAVRA DE DEUS O terceiro capítulo da epístola dirigida aos filipenses é o capítulo das

advertências.1 A primeira advertência era contra os judaizantes (3.2-11), que pregavam a circuncisão como necessária para a salvação. A segunda

1. Davidson, F. (Editor Geral). O Novo Comentário da Bíblia, São Paulo: Vida Nova, 3 ed, (1997:1280-1282).

Mostrar ao estudante da palavra de Deus que, por termos, diante de nós, um prêmio durável, um corpo glorioso e uma pátria celestial, precisamos insistir em nossa santificação pessoal.

ObjetIvO

Hinos sugeridos: BJ 68 – CC 154 / BJ 129 – CC 40321 mAR 2009

A insistência nasantificação pessoal12

Domingo, 15 de março ......... Fp 3:12-14 Segunda, 16 .............................Hb 12:1-14Terça, 17 .................................I Co 15:54-58Quarta, 18 .....................................Tg 5:7-12Quinta, 19 ..................................I Ts 3:11-13Sexta, 20...................................Mt 10:16-22Sábado, 21 ...................................Ap 2:8-11

LEITURA DIÁRIA

80 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

advertência era contra os perfeccionistas (3:12-16), que declaravam ter alcançado a perfeição absoluta. A terceira advertência era contra os anti-nomistas (3:17-21), que rejeitavam qualquer tipo de orientação moral.Pois bem, o texto-base desta lição está inserido nesse contexto.

Paulo foi alcançado e chamado por Cristo quando estava a caminho da cidade de Damasco, com o objetivo específico de castigar e capturar os discí-pulos do Senhor. Aos poucos, ele foi progredindo e crescendo na santificação. Muitas experiências foram adquiridas e várias convicções foram acumuladas! Anos depois, escrevendo aos filipenses, o apóstolo confessou que continu-ava insistindo na santificação pessoal. Quais as atitudes que Paulo adotou para não desistir da santificação? Ele adotou cinco atitudes: inconformismo, concentração, desprendimento, determinação e prosseguimento.

1. Atitude de inconformismo: Paulo era um homem espiritualmente in-conformado. Embora fosse um dos apóstolos mais destacados e mais expe-rientes, ele, ao contrário de seus oponentes, que declaravam, aos filipenses, terem alcançado a perfeição absoluta, não se conformava com a maturidade conseguida. Assim afirma: Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcan-çado (Fl 3:13a). O verbo “julgar” tem o sentido de reconhecer, considerar. Já o verbo “alcançar” expressa o sentido de conseguir plenamente.2

Mesmo tendo sido grandemente usado pelo Espírito Santo para re-alizar várias viagens, implantar várias igrejas e escrever várias cartas, não se observa nesse apóstolo nenhum indício de auto-apreciação ou auto-satisfação espiritual. Ele jamais descansou em suas realizações ministeriais e experiências espirituais. Continuou desenvolvendo, insis-tentemente, a sua salvação! Pessoas que se consideram espiritualmente satisfeitas não progridem na santificação.

2. Atitude de concentração: Apenas um único objetivo ocupa conti-nuamente o pensamento do corredor: ganhar o prêmio.3 Paulo foi assim também. Ele, definitivamente, não era um homem distraído, disperso, confuso, dividido em seus objetivos. Ele afirma: ... mas uma coisa faço (Fp 3.13a). Essa resumida expressão comunica uma profunda verdade: sim-plicidade de propósito.4 Uma coisa apenas! O que Paulo mais desejava e mais buscava? A salvação completa. Tal concentração é absolutamente necessária. Na vida diária, as distrações, com freqüência, são desastrosas e destruidoras. Numa viagem, o motorista se distrai com a exuberante paisagem. Resultado: um seríssimo acidente. Assim também é na santifi-

2. Chave lingüística, (1995:413).3. Hendriksen, William. Comentário do Novo Testamento – Filipenses. São Paulo: Casa Edito-

ra Presbiteriana, (1992:313).4. Pfeiffer, Charles e HARRISSON, Everett F. Comentário Bíblico Moody. São Paulo, Imprensa

Batista Regular, (2001:197).

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cação pessoal. Quantas pessoas se acidentaram ou se destruíram espiri-tualmente porque se desconcentraram? Inúmeras.

3. Atitude de desprendimento: Paulo estava bastante familiarizado com as competições esportivas. Ele sabia que quem corre olhando para trás, não somente perde a velocidade, mas também a competição. O mesmo acontece em relação à santificação pessoal. Para ser vitorioso na santificação, ele precisaria desprender-se do passado. Esta foi, então, a sua decisão: esquecendo-me das coisas que atrás ficam (Fp 3:13c). Ele não permitiu que o seu passado repleto de privilégios familiares e religiosos (Fp 3:5-6) influenciasse o seu presente e prejudicasse o seu futuro.

Não permita que o seu passado embarace ou atravanque o seu cresci-mento na santificação. Desprenda-se do seu passado pecaminoso: “É preciso deixar para trás o passado pecaminoso porque ele é assunto já liquidado e resolvido pela confissão e pelo perdão”.5 Desprenda-se do seu passado vitorioso: “É preciso deixar para trás o passado vitorio-so para moderar a euforia da vitória e enxergar os desafios seguintes”.6 Além de tudo isso, é bom frisar que olhar para trás pode custar caro. A mulher de Ló que o diga (Gn 19:26).

4. Atitude de determinação: Paulo era um homem espiritualmente determinado. Ele disse: ... avançando para as que estão diante de mim (Fp 3:13d). Por favor, atente para o verbo “avançar”. No grego, o verbo tradu-zido por “avançar” é muito forte: “a metáfora é duma corrida pedestre na qual o corpo do corredor se inclina para frente e sua mão se estende para o alvo, e seus olhos fixam-se nele”.7 O grego diz, literalmente, “esticando-me”, dando a entender um violento esforço para frente.8

A razão por que muitos crentes em Jesus fracassam repetidamente, no processo da santificação pessoal, é a falta de determinação. No pro-cesso de santificação, a determinação é, portanto, indispensável. Sem determinação, ninguém suporta a tentação. Sem determinação, ninguém suporta o impulso da carne, a sedução do mundo e a opressão do diabo. A ausência de determinação explica o abandono do entusiasmo, da es-perança, do compromisso, da santificação.

5. Atitude de prosseguimento: A vida de Paulo era um prosseguir cons-tante: ... prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus (Fp 3:14). O tempo presente, no verbo prosseguir, indica uma

5. Revista Ultimato. Ed. 308, setembro/outubro de 2007.6. Idem.7. Rienecker, & Rogers, Cleon. Chave Lingüística do Novo Testamento Grego. São Paulo: Vida

Nova, (1995:414).8. Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Hag-

nos, (2002:53).

82 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

ação continuada: eu estou prosseguindo. A essa altura, Paulo já havia pro-gredido bastante em sua caminhada de santificação pessoal. Mas ele pre-cisava prosseguir até o final. A largada havia ocorrido, mas faltava cruzar a linha de chegada e ganhar o prêmio da vitória. Ele prosseguia continuamen-te para o alvo. Que alvo é esse? Tecnicamente, a palavra alvo é usada “para indicar um sinal ou marca onde se devia alvejar o dardo ou flecha, embora aqui se referia à meta que o corredor procurar atingir”.9 Teologicamente, trata-se da “plenitude da salvação, a salvação completa, que vai além da libertação da culpa e do poder do pecado”.10 É a conclusão da salvação, “que inclui também a libertação da presença do pecado, tanto através da ressur-reição do corpo como da criação de novos céus e nova terra”.11

Dizem que, nos tempos de Paulo, o atletismo era uma das atividades esportivas mais apreciadas e praticadas. Os expectadores lotavam as ar-quibancadas dos estádios para incentivarem seus corredores preferidos, que se posicionavam não vestidos, mas despidos. Assim que o sinal era dado, todos partiam em disparada. Naquele momento, os expectadores entreolhavam-se e perguntavam-se: “Aquele competidor ganhará a cor-rida?” A resposta mais freqüente era: “Dependerá de sua atitude”.

No mundo esportivo, atitude vale muito mesmo. O atleta pode estar bem nutrido, bem equipado, bem treinado, bem orientado, mas, se não houver, de sua parte, uma forte atitude, a situação se complica. Isso se aplica também à santificação pessoal. Insiste e cresce na santificação quem cultiva atitude de inconformismo, de concentração, de desprendi-mento, de determinação e de prosseguimento.

1. Por que é necessária a atitude de inconformismo para a insistência na santificação pessoal? Leia o item 1 e Fp 3:13a.

2. Leia o item 2 e explique como a atitude de concentração pode nos ajudar a insistirmos na santificação pessoal.

9. Idem, p. 52.10. Revista Ultimato. Ed. 308, setembro/outubro de 2007.11. Idem.

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3. O que significa a seguinte expressão de Paulo: ... esquecendo-me das coisas que trás ficam? Por que precisamos nos desprender do passado? Leia o item 3.

4. Leia o item 4 e responda, com base no exemplo de Paulo: O que é ter atitude de determinação e qual a importância disso para a insistência na santificação pessoal?

5. ... prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. A partir dessa afirmação de Paulo e do item 5, responda: O que é “prosseguir para o alvo” e que benefícios essa atitude traz para a nossa santificação pessoal?

II – VIVENDO A PALAVRA DE DEUS

1. Insistamos na santificação pessoal, pois temos diante de nós um prêmio durável.Em ambas as corridas – tanto na terrena quanto na espiritual, o prê-

mio é entregue no término da corrida. Aqui, acabam as semelhanças. Na primeira, apenas um pode ser coroado (I Co 9:24). Na segunda, todos os que amam a vinda de Cristo serão premiados (II Tm 4:8; Tg 1:12). Na corri-da terrena, o prêmio é perecível e corruptível, mas, na celestial, o prêmio é imperecível e incorruptível (I Co 9:25; I Pe 5:4). Diante disso, vale muito a pena persistir na santificação.

84 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

6. A partir da primeira aplicação, responda: Que motivo temos para insistimos na santificação pessoal e que diferenças há entre a corrida terrena e a espiritual?

2. Insistamos na santificação pessoal, pois temos diante de nós uma pátria celestial.

Nós não somos deste mundo. Nele, somos apenas peregrinos e es-trangeiros (Hb 11:13; I Pe 2:11). A nossa pátria está nos céus (Fp 3:20a). Nessa pátria, temos os nossos direitos assegurados, nossos interesses promovidos, nossos tesouros protegidos, nossa moradia preparada. In-sista, pois, em sua santificação. Temos da parte de Deus um edifício, uma casa eterna nos céus, [que] não [é] construída por mãos humanas (II Co 5:1). Há uma pátria muito melhor do que esta, nos céus! De lá, também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo (Fp 3:20b), para nos libertar de nossos inimigos.

7. Por que o fato de termos diante de nós uma pátria celestial deve nos encorajar à insistência na santificação pessoal?

3. Insistamos na santificação pessoal, pois temos diante de nós um corpo glorioso. Por estar exposto e sujeito à maldição do pecado, nosso corpo é mar-

cado por fragilidade, deformidade, enfermidade e mortalidade. Mas, quando na sua vinda, o Senhor transformará o nosso corpo de humilha-ção, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas (Fp 3:21). Essa transformação não será gradativa, nem progressiva ou evolutiva. Será repentina e defini-tiva. Então, seremos conforme a imagem do seu Filho (Rm 8:29).

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8. A partir da terceira aplicação, comente esta afirmação: ... temos diante de nós um corpo glorioso. Que efeito essa verdade produz na nossa santificação pessoal?

CONCLUSÃO: Se você deseja ser mais que vencedor em sua santi-ficação pessoal, não corte o cordão umbilical que o liga a Jesus, nem se desligue da Videira verdadeira, mas se alimente de seu sangue e de sua seiva!12 Se você deseja ser mais que vencedor em sua santificação pessoal, não deixe de se alimentar da palavra de Deus e da oração, com regularidade! Se você deseja ser mais que vencedor em sua santificação pessoal, negue-se a si mesmo, quando a sua vontade não combinar com a vontade de Deus!

12. Revista Ultimato, edição 253, julho/agosto de 1998.

86 | Lições Bíblicas – 1º Trimestre de 2009

TEXTO BÁSICO: A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptí-veis, e nós seremos transformados. (I Co 15:52b)

INTRODUÇÃO: Durante este trimestre, estudamos vários aspectos da santificação pessoal. Aprendemos que, ao nos rendermos a Cristo, fomos salvos da penalidade do pecado, e, então, entramos no processo de santifica-ção. Nesse processo, estamos gradualmente sendo salvos domínio do peca-do, tornando-nos cada vez mais parecidos com Cristo. Mas chegará o dia em que seremos completamente salvos da presença do pecado e plenamente santos. Quando isso ocorrerá? Encontraremos resposta na lição de hoje.

I – ABRINDO A PALAVRA DE DEUS

É possível um cristão ser totalmente santo, aqui neste mundo? Pode o crente em Cristo chegar a um ponto, nesta vida, em que não peque mais? Textos como Mateus 5:48, que diz: Portanto, sede vós perfeitos como per-feito é o vosso Pai celeste, ou, ainda, como I João 3: 9, que afirma: Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado, levam alguns a concluírem que é possível, sim, ter uma vida sem pecado neste mundo. Essas pessoas chegam a afirmar que todo cristão é perfeito, desde o dia em que foi regenerado. Será?

Ensinar, com base na palavra de Deus, que jamais seremos totalmente santos nesta vida, uma vez que a santificação pessoal só será plena na volta de Cristo. Até lá, devemos aguardá-la com convicção, vigilância e empenho.

Domingo, 22 de março ......Mt 25:31-36 Segunda, 23 .........................I Co 15:51-58Terça, 24 ......................................... Jo 14:1-7Quarta, 25 ...................................I Jo 1:8-10Quinta, 26 ...................................... I Jo 3:1-3Sexta, 27......................................Fp 3:12-21Sábado, 28 .......................................Cl 3:1-4

LEITURA DIÁRIA ObjetIvO

Hinos sugeridos: BJ 164 – HC 300 / BJ 276 – CC 50928 mAR 2009

A plenitude dasantificação pessoal13

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A pesquisa bíblica e a experiência da vida cristã nos mostrarão o con-trário disso! Mas, enfim, quando se dará a plenitude da santificação pes-soal? Essa pergunta tem causado grandes controvérsias, tem dividido as opiniões de vários pensadores cristãos, ao longo da história da igreja.1

Como podemos respondê-la? No presente estudo, com a ajuda de Deus, vamos abrir a Bíblia Sagrada e buscar compreender o que ela tem a nos ensinar sobre esse tema. Vejamos dois pontos essenciais.

1. A santificação pessoal jamais será plena nesta vida: Jamais po-demos entender o já citado texto de Mateus 5:48 fora de seu contexto. Esse versículo faz parte do sermão da montanha. Jesus havia mostra-do, um pouco antes, nas bem-aventuranças, que fome e sede de justiça seriam uma marca sempre presente nos seus discípulos. E, no capítulo seguinte, ensina que os discípulos deveriam sempre pedir perdão pelos pecados. “A fome de justiça e a oração pelo perdão, sendo contínuas, são indicações claras de que Jesus não esperava que seus seguidores se tornassem moralmente perfeitos nesta vida”.2

Quando Jesus ordena aos discípulos serem perfeitos como o Pai no céu é perfeito, estava apenas mostrando qual é o padrão de pureza mo-ral que eles deveriam desejar e perseguir. O Mestre não estava afirmando que poderiam ser perfeitos neste mundo. Semelhantemente, a afirmação de João de que todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado não quer dizer que uma pessoa convertida torna-se moralmente pura, mas que, sendo filha de Deus, não deve viver na prática contínua e habitual do pecado.

Portanto, o ensino de que alguém pode ficar completamente isento de pecado nesta vida é falso e antibíblico, pois não há nenhum versícu-lo na palavra de Deus que indique claramente essa possibilidade. Pelo contrário, há vários versículos, tanto no Antigo Testamento (I Re 8:46; Pv 20:9; Ec 7:20) quanto no Novo Testamento (Tg 3:2; I Jo 1:8,10), que são claros em afirmar que não somos capazes de sermos moralmente perfei-tos nesta vida, pois, embora sejamos livres da escravidão do pecado, este continua presente em nós.

Em toda a nossa caminhada na terra, o pecado exercerá influência sobre nós (Rm 6:12-13; I Jo 1:18). Isso é claro no ensino de Cristo: O pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas [pecados] assim como nós temos perdoado aos nossos devedores (Mt 6:11-12). Observe que, da mesma maneira que a oração pelo pão de cada dia oferece o padrão de uma oração que deve ser feita todos os

1. Erickson, Millard J. Introdução à teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, (1997:420).2. Stott, John. Contracultura Cristã. A mensagem do Sermão do Monte. São Paulo: ABU,

(1981:122).

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dias, também a oração pelo perdão dos pecados deve ser uma prática diária na vida do cristão.3

O apóstolo João, inspirado pelo Espírito Santo, escreveu: Se disser-mos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós (I Jo 1:8). Com essas palavras, João, de forma absoluta, elimina qualquer possibilidade de ficarmos totalmente livres de pecar em nossa vida. Apesar disso, não podemos usar essa verdade como desculpa para vivermos acomodados diante do pecado. Uma coisa é o pecado viver em nós; outra, bem diferente, é vivermos no pecado. Aliás, a Bíblia é repleta de incentivos a lutarmos contra o pecado e a crescermos espiritualmente.

Paulo, mesmo que estivesse bem à frente de todos nós, na corrida pela santidade, não descansou.4 Ele disse: ... não julgo que o haja al-cançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo (Fp 3:13-14). Não podemos nos acomodar! É preciso avançar na santificação pessoal! Aquele que começou a boa em nós é fiel e vai completá-la (Hb 12:2; Fp 1:6). Quando isso ocorrerá? A resposta está na seqüência deste estudo.

2. A santificação pessoal será plena na volta de Cristo: O cris-tão, enquanto vive neste mundo, deve desejar um maior e melhor aperfeiçoamento, através da santificação; contudo, este só atingirá seu ponto culminante quando Jesus voltar nas nuvens dos céus, com poder e grande glória. Todos nós aguardamos esse dia! Com certeza, chegará! Um dia, ouviremos de Jesus: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo (Mt 25:34).

Afinal, foi o próprio Jesus quem prometeu: Vou preparar-vos lugar. E seu eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estou estejais vós também (Jo 14:2-3). Nes-se dia, todos aqueles que, com insistência, avançam na santificação pessoal serão recompensados! Paulo nos diz que, quando ele se ma-nifestar, também nós nos manifestaremos com ele, em glória (Cl 3:4) Então, acontecerá a plenitude da santificação em nós, porque, como Cristo é, nós seremos (I Jo 3:2).

A realização desse precioso fim do processo santificador é conheci-da, teologicamente, como a glorificação,5 e significa que seremos se-

3. Grudem, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, (1999:627).4. Shedd, Russell P. Lei, Graça e Santificação. 2ª Ed. São Paulo: Vida Nova, (1998:75).5. Grudem, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, (1999:696).

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melhantes a Cristo em sua glória. Em seu retorno, Jesus transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso (Fp 3:21). Nessa ocasião, todos os que morreram em Cristo serão levanta-dos e transformados juntamente com os cristãos que estiverem vivos. Em sua primeira carta aos Coríntios, Paulo mostra a diferença entre o corpo atual e o ressurreto.6

(a) O corpo atual é corruptível, sujeito ao pecado, a doenças e à morte; o corpo ressurreto será incorruptível e imortal, imune ao pe-cado, a doenças, à deterioração (I Co 15:42,53). (b) O corpo atual é semeado em desonra; o corpo ressurreto será glorioso (I Co 15:42). (c) O corpo atual é fraco; o corpo ressurreto será poderoso (I Co 15:43). (d) O corpo atual é físico; o corpo ressurreto será espiritual (I Co 15:44). Então, seremos totalmente livres da presença do pecado em nós e o processo de salvação estará completo.

O apóstolo João afirma que ainda não se manifestou o que havere-mos de ser. Mas, devemos saber que, quando Cristo se manifestar, sere-mos semelhantes a ele (I Jo 3:2); no entanto, segue dizendo que todo aquele que tem essa esperança, deve purificar-se a si mesmo, como tam-bém Jesus é puro (I Jo 3:3). Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão (I Co 15:58).

Nesta vida, sofremos por nos sentirmos incompletos; porém, temos uma grande certeza: a trombeta soará e Jesus aparecerá nas nuvens do céu; os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e seremos transformados em sua glória. Mas, enquanto ele não volta para fazer-nos plenamente puros e santos, qual deve ser nossa atitude? Na próxima parte da lição, iremos observar três conselhos acerca da vinda do Senhor, encontrados no capítulo 3 da segunda carta do apóstolo Pedro.

1. Com base nos primeiros parágrafos do comentário, responda: É correto usar Mt 5:48 e I Jo 3:9 para afirmar que é possível ser plenamente santo e perfeito nesta vida? Qual a maneira correta de interpretar esses textos?

6. Erickson, Millard J. Introdução à teologia sistemática. São Paulo: Vida Nova, (1997:432).

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2. Leia Ec 7:20; Tg 3:2; I Jo 1:8-10; Mt 6:11-12 e comente a afirmação: “A santificação jamais será plena nesta vida”.

3. Com base em I Co 15:52; Cl 3:4 e I Jo 3:2, responda: Quando ocorrerá a plenitude da santificação pessoal?

4. Após ler Fp 3:21; I Co 15:38-50 e o comentário anterior, responda: Como é conhecido o fim do processo de santificação e o que isso significa? Em contraste com o atual, como será o corpo ressurreto?

II – VIVENDO A PALAVRA DE DEUS

1. Devemos esperar a plenitude da santificação pessoal com convicção.

A promessa da vinda de Jesus é referida mais de 300 vezes, no Novo Testamento.7 Por isso, Pedro, no capítulo 3 de sua segunda carta, deixa-nos claro que podemos ficar seguros quanto ao retorno de Cristo, pois foi Deus quem prometeu, e ele cumpre suas promessas. Podemos ter convicção de que o Senhor voltará e seremos perfeitos como ele. Por isso, devemos viver aguardando, e desejando ardentemente a vinda do Senhor (II Pe 3:12), cer-tos de que aquele que começou a boa em nós vai completá-la (Fp 1:6).

7. Duffield, Guy P. & Cleave, Nathaniel M. Van. Fundamentos da Teologia Pentecostal. 2ª ed. São Paulo: Quadrangular, (1991:360).

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5. Com base na primeira aplicação, responda: Por que devemos esperar a plenitude da santificação pessoal com convicção?

2. Devemos esperar a plenitude da santificação pessoal com vigilância.

A convicção da volta de Cristo nos leva à vigilância, quanto a nossa santi-ficação pessoal. Pedro nos chama à atenção, ao usar a expressão “virá como ladrão” (II Pe 3:10), numa clara referência ao sermão profético, quando Jesus afirmou: Cingido esteja o vosso corpo, e acesas, as vossas candeias (...). Bem-aventurados aqueles servos a quem o senhor, quando vier, os encontre vigilan-tes (Lc 12:35,37). Ele disse, ainda: Eu venho logo. Guardem o que vocês têm, para que ninguém roube de vocês o prêmio da vitória (Ap 3:11 - NTLH).

6. Com base na segunda aplicação, responda: Por que devemos esperar a plenitude da santificação pessoal com vigilância?

3. Devemos esperar a plenitude da santificação pessoal com empenho.Na afirmação de Pedro: Esperando estas coisas, empenhai-vos por ser-

des achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis (II Pe 3:14), a expressão “empenhai-vos” pode ser traduzida por “esforçai-vos, ocupai-vos”. Enquanto aguardamos a plenitude da santificação, devemos empe-nhar-nos ao máximo para vivermos uma vida piedosa e santa, que seja digna da glória futura. Esse empenho diz também respeito a apressarmos a vinda do Senhor, através da evangelização8 dos que nunca ouviram as boas novas (II Pe 3:12; Mt 24:14).

7. Com base na terceira aplicação, responda: Por que devemos esperar a plenitude da santificação pessoal com empenho?

8. Shedd, Russell P. Lei, graça e santificação. 2ª Ed. São Paulo: Vida Nova, (1998:75).

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CONCLUSÃO: Aleluia! Nosso Senhor em breve voltará, e seremos transformados, livres, para sempre, da presença do pecado em nós, e nos tornaremos semelhantes ao Filho de Deus. Então, a nossa salvação estará completa. Mas, enquanto a plenitude não chega, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendi-ta esperança e a manifestação da glória (Tt 2:12-13). Com convicção, vigilância e empenho, unamo-nos todos em uma só voz, para dizer: Amém, vem Senhor Jesus! (Ap 22:20 - NTLH).

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