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Universidade Federal do Rio de Janeiro Centro de Filosofia e Ciências Humanas Instituto de Psicologia Programa de Pós-Graduação em Psicologia Liliane de Carvalho ATENÇÃO BÁSICA: STRESS E ESTRESSORES OCUPACIONAIS EM MÉDICOS E ENFERMEIROS DE PARACAMBI / RJ Rio de Janeiro 2007

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Universidade Federal do Rio de JaneiroCentro de Filosofia e Ciências Humanas

Instituto de PsicologiaPrograma de Pós-Graduação em Psicologia

Liliane de Carvalho

ATENÇÃO BÁSICA: STRESS E ESTRESSORES

OCUPACIONAIS EM MÉDICOS E ENFERMEIROS

DE PARACAMBI / RJ

Rio de Janeiro2007

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Liliane de Carvalho

ATENÇÃO BÁSICA: STRESS E ESTRESSORES

OCUPACIONAIS EM MÉDICOS E ENFERMEIROS

DE PARACAMBI / RJ

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Psicologia do Instituto de

Psicologia da Universidade Federal do Rio de

Janeiro, beneficiada com bolsa Capes, para

obtenção do título de Mestre em Psicologia.

Orientadora: Profa. Dra. Lucia E. Novaes Malagris

Rio de Janeiro2007

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Liliane de Carvalho

ATENÇÃO BÁSICA: STRESS E ESTRESSORES OCUPACIONAIS

EM MÉDICOS E ENFERMEIROS DE PARACAMBI / RJ

BANCA EXAMINADORA

Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2007

______________________________________________________________________

Orientadora: Profª. Drª. Lucia E. Novaes Malagris

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

______________________________________________________________________

Profª. Drª. Neide A. Micelli Domingos

Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP)

______________________________________________________________________

Profª. Drª. Paula Rui Ventura

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Suplentes:

______________________________________________________________________

Profº. Drº. Francisco de P. Nunes Sobrinho

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

______________________________________________________________________

Profº. Drº. Bernard Range

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

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Sumário

Dedicatória............................................................................................................i

Agradecimento Especial.......................................................................................ii

Agradecimentos...................................................................................................iii

Lista de Figuras...................................................................................................v

Lista de Tabelas..................................................................................................vi

Lista de Quadros...............................................................................................viii

Resumo...............................................................................................................ix

Abstract ...............................................................................................................x

1. APRESENTAÇÃO...........................................................................................1

2. INTRODUÇÃO.................................................................................................3

3. STRESS...........................................................................................................6

3.1. O que é stress?..................................................................................6

3.2. Distress X eustress: quais as conseqüências do distress para a

saúde?....................................................................................................10

4. ESTRESSORES............................................................................................14

5. SAÚDE MENTAL E TRABALHO...................................................................17

5.1. Stress e estressores ocupacionais...................................................18

6. SAÚDE PÚBLICA..........................................................................................24

6.1. Organização dos Serviços Públicos de Saúde................................24

6.2. Sistema Único de Saúde (SUS).......................................................26

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6.3. Atenção Básica: Estratégia de Saúde da Família (ESF).................30

7. PROFISSIONAIS DE MEDICINA E ENFERMAGEM....................................35

8. O MUNICÍPIO DE PARACAMBI....................................................................39

8.1. Localização, um pouco de história e realidade atual.......................39

8.2. A saúde no município: destaque para a Atenção Básica.................42

9. OBJETIVOS...................................................................................................45

10. MÉTODO.....................................................................................................46

10.1. Participantes..................................................................................46

10.2. Local...............................................................................................46

10.3. Instrumentos..................................................................................47

10.4. Procedimento.................................................................................49

10.5. Apresentação e Tratamento dos Dados........................................50

11. RESULTADOS.............................................................................................51

12. DISCUSSÃO................................................................................................71

13. LIMITAÇÕES DO ESTUDO.........................................................................80

14. CONCLUSÃO..............................................................................................82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................84

ANEXOS............................................................................................................91

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Dedicatória

Aos meus pais, Rita e Ademir e aos meus irmãos, Rogerio, Leandro

e Viviane, pois sem eles nada seria possível.

i

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Agradecimento Especial

À Profª Drª Lucia E. Novaes Malagris, que me apresentou a

pesquisa e todo seu encanto.

ii

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Agradecimentos

À minha querida amiga e companheira de mestrado, Tama, por sua especial

contribuição em todas as etapas de realização deste trabalho e ao seu marido

Rodrigo, pela gentileza em me auxiliar em momento de bastante delicadeza no

decorrer dessa jornada.

À Silvia Cristina de Carvalho, grande incentivadora e auxiliar ao longo deste

caminho.

À minha querida família Carvalho, pelo amor e apoio em momentos

importantes de minha vida.

À Aline Cunha, Bárbara Fontes, Giselle Costa, Ivy Carvalho, Lívia Santos,

Milleny Carvalho, Priscila Silveira e Viviane Carvalho por todos esses anos de

companheirismo e amizade.

Ao Carlos Dário Moreira pela paciência e apoio.

À minha querida prima Pollyanna pela ajuda em momento crucial.

Ao Sr. Wagner Marino da Silva, Coordenador Municipal de Saúde Coletiva do

Município de Paracambi, pela gentileza e prontidão a mim dispensada. Muito

obrigada.

iii

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À Ana Cristina e Giancarlo Mauro, secretários do Programa de Pós-Graduação

em Psicologia, sempre prontos a ajudar a nós alunos, a trilhar pelos difíceis

caminhos do mestrado.

À CAPES pelo apoio financeiro, sem o qual não seria possível continuar meu

percurso acadêmico.

Em especial, aos médicos e enfermeiros da Atenção Básica de Paracambi por

valorosa contribuição a este trabalho. Obrigada pela gentileza e atenção.

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Lista de Figuras

Figura 1. Fases do Stress...........................................................................12

Figura 2. Modelo Demanda-Controle de Karasek.......................................22

Figura 3. Localização Regional de Paracambi............................................39

v

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Lista de Tabelas

Tabela 1. Dados do Questionário Informativo, de acordo com a amostra de

médicos (n=20) e enfermeiros (n=10)..........................................54

Tabela 2. Stress em médicos (n=20) e enfermeiros (n=10).........................55

Tabela 3. Sintomas de stress da fase de Resistência em médicos (n=9) e

enfermeiros (n=4).........................................................................55

Tabela 4. Sintomas de stress em médicos (n=9) e enfermeiros (n=4).........56

Tabela 5. Estressores Ocupacionais do QELT em médicos (n=20) e

enfermeiros (n=10).......................................................................57

Tabela 6. Estressores Ocupacionais do QELT agrupados por categorias

(médicos - n = 20 e enfermeiros - n = 10)....................................59

Tabela 7. Estressores Ocupacionais do QELT em médicos (n=9) e

enfermeiros (n=4) estressados....................................................60

Tabela 8. Estressores Ocupacionais do QELT agrupados por categoria

(médicos estressados - n = 9 e enfermeiros estressados - n =

4)..................................................................................................62

Tabela 9. Stress e estado civil em médicos (n=20) e enfermeiros

(n=10)...........................................................................................63

Tabela 10. Stress e filhos em médicos (n=20) e enfermeiros (n=10)............64

Tabela 11. Stress e tempo de serviço profissional em médicos (n=20) e

enfermeiros (n=10).......................................................................64

Tabela 12. Stress e tempo de serviço na Atenção Básica de Paracambi em

médicos (n=20) e enfermeiros (n=10)..........................................65

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Tabela 13. Stress e carga horária na Atenção Básica de Paracambi em

médicos (n=20) e enfermeiros (n=10)..........................................66

Tabela 14. Stress e atuação em outra ocupação em médicos (n=20) e

enfermeiros (n=10).......................................................................67

Tabela 15. Stress e gênero em médicos (n=20) e enfermeiros

(n=10)...........................................................................................68

Tabela 16. Stress e faixa etária em médicos (n=20) e enfermeiros

(n=10)...........................................................................................68

Tabela 17. Stress e profissão em médicos (n=20) e enfermeiros

(n=10)...........................................................................................69

Tabela 18. Stress e estressores.....................................................................70

vii

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Lista de Quadros

Quadro 1. Estressores do QELT...................................................................48

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ResumoO stress tem sido considerado um dos fatores contribuintes para prejuízos na qualidade de vida, podendo, inclusive, se constituir em uma das causas do desenvolvimento e manutenção de doenças. Mostram-se necessárias pesquisas que investiguem o stress excessivo e, assim, contribuam para o desenvolvimento de modelos de prevenção e tratamento. Este estudo teve como objetivos gerais avaliar o nível de stress de médicos e enfermeiros da Atenção Básica (AB) de Paracambi, bem como identificar e analisar os estressores ocupacionais mais freqüentes destas categorias profissionais. Como objetivos específicos, buscou-se caracterizar a amostra investigada quanto aos dados sociobiográficos e ocupacionais, relacionar os mesmos ao stress e verificar a existência de relação entre stress e os estressores ocupacionais mais encontrados em cada categoria profissional. Participaram da pesquisa 20 médicos e 10 enfermeiros, correspondendo a 71% dos médicos e 91% dos enfermeiros do total de profissionais destas categorias na AB. Todos foram submetidos ao ISSL, a um Questionário Informativo (QI) e ao QELT. No que se refere aos resultados, dentre os médicos, observou-se nove (45%) estressados e 11 (55%) não estressados. Quanto aos enfermeiros, verificou-se que quatro (40%) estavam estressados e seis (60%) não estressados. Todos os estressados na amostra de médicos, nove (100%), e de enfermeiros, quatro (100%), encontravam-se na fase de Resistência. No que tange à freqüência de sintomas, dentre os médicos constatou-se que em seis (67%) predominaram sintomas psicológicos em detrimento dos físicos, que foram apresentados por três (33%). Notou-se que em dois (50%) dos enfermeiros estressados preponderou a sintomatologia psicológica, em um (25%) a sintomatologia física e em um (25%) ambos os sintomas, físicos e psicológicos. Os estressores mais apontados pelos médicos estressados referiram-se à necessidade de concentração intensa, sete (78%); trabalho repetitivo, sete (78%); hora em que começa e pára de trabalhar, cinco (71%); não tirar dias de folga quando deseja, cinco (71%) e falta de perspectivas para o desenvolvimento de carreira, cinco (71%). Todos os enfermeiros estressados, (100%), consideraram como estressores a interrupção de suas tarefas antes delas serem completadas e falta de segurança do trabalho. O estressor “não tirar dias de folga quando deseja” foi eleito por três (75%) dos estressados nesta categoria profissional. A análise estatística mostrou que não há relação de dependência entre stress e os dados sociobiográficos, profissão e estressores. Conclui-se que o número de estressados encontrado é preocupante, especialmente por estarem todos na fase de Resistência, relacionada a sintomas como cansaço excessivo e problemas de memória, os quais podem contribuir não só para dificuldades pessoais, como também para prejuízos no desempenho profissional. Quanto aos estressores, os médicos indicaram dificuldades específicas das atividades profissionais, de ritmo, horário e falta de perspectivas e os enfermeiros apontaram interrupções nas tarefas e falta de segurança relacionada à permanência no emprego, eventos não diretamente relacionados às suas ocupações específicas. Essa diferença, possivelmente, se deve ao fato dos enfermeiros atuarem não só na assistência, mas também na administração. Sugere-se que os médicos e enfermeiros da AB de Paracambi sejam submetidos a um treino de controle do stress, a fim de que aprendam a manejá-lo, bem como a lidar com estressores típicos da profissão ou do sistema a que estão submetidos.

Palavras-chave: Atenção Básica; médicos e enfermeiros; stress; estressores ocupacionais.

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AbstractThe stress has been considered a factor that contributes to the prejudice the quality of life, which can also constitute as one of the many causes for the development and maintenance of diseases. It is necessary then, researches to investigate the excessive stress and, this way, contributing for the development of prevention and treatment models. This study had as general purpose evaluate the stress level of physicians and nurses of Basic Attention (BA) in the city council of Paracambi, as well as identify and analyze the more frequent occupational stressors in these professionals’ classes. The specifics goals were to characterize the investigated sample as for the sociobiographic and occupational data, relate this data to the stress and verify the relation between stress and more encountered occupational stressors of each professional class. Participated in this study 20 physicians and 10 nurses. The number of physicians corresponded to 71% of the total number of professionals in this class of BA and the number of nurses corresponded to 91%. All of them were submitted to the LSSI, to an Informative Questionnaire (IQ) and to the Stress in Workplace Questionnaire. In regard to the results, among physicians, nine subjects were stressed (45%) and eleven (55%) were not stressed. Among nurses, four (40%) were stressed and six (60%) were not stressed. All stressed professionals, including both physicians (nine) and nurses (four) were in the Resistance phase. In relation to the preponderance of symptoms, in the physicians sample were evidenced that psychological symptoms were predominant over physical symptoms, which were exhibit by three (33%) of them. Regarding the nurses, was noticed that two (50%) of the stressed group expressed their stress mostly through psychological symptoms; one (25%) through physical symptoms; and one (25%) through both, physical and psychological. The most cited stressors by the stressed physicians were: “need for intense concentration”, seven (78%); “repetitive work”, seven (78%); “the time of beginning and ending of work”, five (71%); “not having days-off when it wishes”, five (71%); “lack of perspective of career development”, five (71%). All the stressed nurses (100%) considered as stressor the interruption of their tasks before it’s completed and lack of work security, related to remain in employment. The stressor “not having days-off when it wishes” was pointed by three (75%) of them. The statistic analysis showed no dependence relationship between stress level and sociobiographic data, profession and stressors. Concluding, the number of stressed professionals is alarming, especially because they are all in the resistance phase. Such phase is related to symptoms as excessive fatigue and memory problems, which can contribute not only for personal difficulties as also to damages of professional performance. Regarding the stressors, while physicians pointed specifics difficulties related to professional activities, time, schedule and lack of perspectives, nurses pointed tasks interruptions and lack of security, events not directly related to their specific occupations. It’s possible that this difference is due to the fact that nurses act on the unity’s administration, besides assistance. It’s suggested that physicians and nurses from BA of Paracambi to be submitted to a practice of stress management to learn how to handle it, as well as to learn how to deal with the typical stressors of their profession or of the system which they are subordinated.

Keywords: Basic Attention; physicians and nurses; stress; occupational stressors.

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1. APRESENTAÇÃO

Em meus últimos períodos na Faculdade de Psicologia tive a oportunidade de

cursar disciplina eletiva que versava sobre Psicologia da Saúde, ministrada pela Profª

Drª Lucia Novaes. Nesta cadeira entrei em contato com diversos textos e participei de

discussões em sala de aula, que abordavam a respeito da contribuição da psicologia para

a área da saúde. Muito do que debatíamos, entretanto, estava voltado ao usuário do

sistema de saúde e, ao longo das aulas, fomos convidados a ampliar nosso olhar e focar

também o outro lado da relação profissional de saúde-cliente. Este tema interessou-me

bastante, pois passei a encará-lo como um problema de saúde pública, na medida em

que um procedimento pode ser seriamente comprometido caso o profissional não esteja

pleno em seus aspectos físicos e/ou emocionais.

A mobilização pelo tema foi tão intensa que meu trabalho de conclusão de curso

engendrou por este sentido e busquei avaliar o stress de profissionais de saúde de um

Posto de Assistência Médica (PAM) da cidade do Rio de Janeiro. Com este estudo,

embora limitado pelo número de participantes, pude corroborar minha hipótese de que

os profissionais de saúde encontravam-se estressados, com porcentagem maior que a

média da população brasileira, o que nos levou, a mim e minha orientadora, à

elaboração de artigo científico, já aprovado para publicação por Revista Nacional A∗.

Meu próximo passo deu-se em direção ao mestrado, a fim de prosseguir o

trabalho a respeito do tema profissional de saúde x saúde física / mental.

Espero com este estudo contribuir para o entendimento da relação entre stress e

estressores dos profissionais estudados, assim como para elaboração de medidas

preventivas e de tratamento, se necessário, concernente ao stress, da amostra de

Revista Estudos e Pesquisas em Psicologia - UERJ

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médicos e enfermeiros da Atenção Básica (AB) do município de Paracambi, cidade do

interior do Estado do Rio de Janeiro.

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2. INTRODUÇÃO

Devido à peculiaridade de suas atividades, faz-se necessário que os profissionais

de saúde estejam atentos à sua saúde física e mental, pois disso depende a qualidade de

seus atendimentos. Estressores como falta de estrutura física para o desempenho de

atividades, alta demanda de atendimentos, dentre outros, aliados aos estressores da

sociedade contemporânea, podem levar a uma deterioração da qualidade de vida desses

profissionais, interferindo diretamente em seus trabalhos. Pesquisas que visem à

avaliação da saúde física e mental do profissional de saúde são extremamente

importantes para contribuir para a manutenção da qualidade dos serviços.

Neste sentido, o presente estudo pretendeu responder às seguintes perguntas: a)

Os médicos e enfermeiros da Atenção Básica do município de Paracambi estão

estressados? b) Quais são os estressores ocupacionais prevalentes? c) Existe relação

entre as variáveis stress e estressores prevalentes? Partiu-se da hipótese de que os

profissionais participantes estariam estressados e de que existiria relação de

dependência entre estressores e stress. Quanto aos estressores ocupacionais não foram

levantadas hipóteses, já que se constituiu em um levantamento com base em uma

realidade específica.

O interesse em avaliar o nível de stress, bem como em levantar os estressores

ocupacionais de profissionais da Atenção Básica, mais especificamente de médicos e

enfermeiros, deu-se a partir do contato com a saúde pública, seja por meio de

bibliografias ou através da relação com a própria realidade. A aproximação com essas

questões fez emergir a dúvida sobre como anda a saúde do profissional “cuidador”, o

que motivou a busca do entendimento da dinâmica entre stress e estressores

ocupacionais nestes trabalhadores.

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De igual modo, a saúde dos trabalhadores na referida área tem sido preocupação

crescente por parte do Sistema Único de Saúde (SUS), que através do HumanizaSUS,

política que engloba diferentes níveis e dimensões da Atenção e Gestão, considera a

importância de se voltar o olhar para o processo de trabalho em saúde, a fim de que este

não seja promotor de sofrimento e desgaste, mas sim local de promoção da saúde

(Ministério da Saúde, 2006).

Estudos atuais (Hernández, 2003; Lipp, 2004b; Lipp & Tanganelli, 2002)

demonstram que o nível de stress profissional tem sofrido um aumento vertiginoso nos

últimos anos, principalmente em virtude dos avanços tecnológicos, das inovações na

metodologia de trabalho, da competição entre trabalhadores, da sobrecarga de tarefas,

da pressão relativa ao tempo de execução das mesmas etc, além dos profissionais terem

de se defrontar com problemas específicos de suas áreas de atuação (Martins, 2003).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os locais de trabalho com um

número considerável de estressores, apresentam proporcionalmente um grande número

de trabalhadores estressados, sendo 5% a 10% com problemas graves (Mendes, 1995).

Ainda de acordo com a OMS, em documento sobre Saúde Ocupacional, da série

“Protección de la salud de los trabajadores” (Leka, Griffiths & Cox, 2004), o stress

afeta negativamente a saúde psicológica e física dos trabalhadores, bem como a eficácia

das entidades para as quais trabalham.

O profissional de saúde pública é um exemplo de categoria que possivelmente

está submetida à influência de estressores, pois necessita constantemente estar atento a

seus papéis e ao papel da instituição pública frente ao usuário, na tentativa de atender

aos desafios decorrentes da implementação do SUS, como: universalização,

regionalização, hierarquização dos serviços, dentre outros (Borges et al., 2002). Borges

et al. (2002) listam uma série de conseqüências importantes causadas pelas mudanças

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advindas da necessidade de se aderir aos princípios do SUS, como, por exemplo,

repensar as atribuições de cargo, o dinamismo e a autonomia, para tornar tácita a idéia

de descentralização proposta por esse modelo.

Além disso, pode-se pensar que os trabalhadores da saúde enfrentem

cotidianamente outros problemas como, falta de infra-estrutura para o desempenho de

suas atividades, alta demanda, dificuldades de comunicação com gestores e com colegas

etc, que contribuem para a depauperação do processo de trabalho, aumentando suas

probabilidades de adoecimento.

Sabendo-se que o stress pode contribuir para o desenvolvimento de doenças

(Lipp, Malagris & Novais, 2007), faz-se necessário avaliar, prevenir e tratar o stress dos

profissionais atuantes na Atenção Básica, a fim de proporcionar melhorias, tanto em sua

qualidade de vida, quanto no que concerne ao atendimento aos clientes. Mais

importante ainda se torna tal avaliação, prevenção e tratamento, sabendo-se ser a

Atenção Básica a porta de entrada do usuário no serviço de saúde, onde um atendimento

efetivo resulta em menos gastos públicos, bem como redução de possíveis transtornos

àquele que busca o serviço público de saúde.

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3. STRESS

3.1. O que é stress?

Desde a década de 30, a partir dos estudos iniciais do médico austríaco Hans

Selye sobre o fenômeno stress, suas possíveis causas e conseqüências, muitos

pesquisadores se voltaram à questão que inicia este capítulo. Inúmeras foram as

definições elaboradas ao longo dos anos, acarretando formas diferenciadas de

entendimento do fenômeno, concebido ora como estímulo, ora como estado, ou ainda

como ação, dentre outras acepções (Lipp & Malagris, 2001). Atualmente é ainda

bastante evidente na literatura a falta de consenso sobre a conceituação do stress,

entretanto, não é comum, dentre os estudiosos do assunto, uma preocupação em nomeá-

lo (Glina & Rocha, 2000).

“Síndrome geral de adaptação” (SAG) foi a definição dada por Selye em 1936

para as reações do corpo frente à influência de diferentes agentes externos. Ele observou

que tais reações acarretavam alterações no córtex da supra-renal, nos órgãos linfáticos,

estômago e duodeno. Essa síndrome significava uma tentativa do organismo de

restabelecer o equilíbrio perdido face a seu contato com um fator do ambiente que, de

certa forma, acionou algum grau de enfrentamento. A partir dessas conclusões Selye

definiu stress como um estado manifestado por uma síndrome específica, sendo,

todavia, induzida de forma não-específica (Selye, 1956/1965).

Segundo Jacques (2003) a perspectiva de Selye sobre os mecanismos do stress

privilegia basicamente a dimensão biológica do fenômeno, pois, o que ocorre são

respostas fisiológicas a demandas ambientais. Ainda nesta direção, Straub (2005)

ressaltou que a abordagem de Selye apontava para uma padronização das respostas de

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stress frente a variados tipos de estressores, fato que tem sido refutado por pesquisas

recentes, cujos resultados têm demonstrado especificidade nas reações fisiológicas,

dependendo da interpretação dada pelo indivíduo ao evento estressante, como também

de sua forma de enfrentamento. Como exemplo pode-se mencionar o estudo de Mason

de 1975 (Straub, 2005), o qual encontrou que dependendo do estressor haveria padrões

diferenciados de secreção de epinefrina, norepinefrina e corticosteróides.

A concepção de Lazarus foi pioneira na questão da introdução dos aspectos

psicológicos no processo de stress. A proposta do autor data de 1966, quando introduziu

a variável “interpretação dos eventos” como importante fator para o desencadeamento

do stress (Lipp, 2004a). O interesse por aspectos individuais de enfrentamento ao stress

partiu de estudos com soldados da 2ª Guerra Mundial e guerra da Coréia. Observou-se

que o rendimento destes combatentes variava para mais ou para menos, mesmo estando

estes expostos a estressores bastante semelhantes. O ponto de vista simplista com o qual

era entendido o processo de stress, ou seja, estressor e rendimento como diretamente

proporcionais, é expandido e as diferenças psicológicas individuais passam a mediar e

interferir nessa relação, levando a formas de enfrentamento e rendimento diferenciadas

(Lazarus & Folkman, 1984/1986). Sob essa ótica deduz-se que, não são os eventos em

si os disparadores das reações de stress, pois uma mesma situação poderia ser altamente

estressante para uma pessoa e não para outra, mas sim a forma como se interpreta esses

eventos. Com isso, a variável cognitiva é inserida neste campo de estudo, orientando as

pesquisas subseqüentes.

A conceituação de stress que norteia esse trabalho, uma vez que não se pretende

aqui aprofundar as diferentes visões sobre o tema, foi elaborada por Lipp, com base nos

estudos pioneiros de Selye e Lazarus, a partir de suas pesquisas no Laboratório de

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Estudos Psicofisiológicos do Stress, na PUC de Campinas. De acordo com esta autora,

stress é entendido como:

uma reação psicofisiológica muito complexa que tem em sua

gênese a necessidade do organismo fazer face a algo que ameace

sua homeostase interna. Isto pode ocorrer quando a pessoa se

confronta com uma situação que, de um modo ou de outro, a

irrite, amedronte, excite ou confunda ou mesmo que a faça

imensamente feliz (Lipp, 2003, p.18).

Essa definição, segundo Lipp, pretende abarcar todos os processos observados

na clínica do stress (Lipp & Malagris, 2001), isto é, os fatores fisiológicos, psicológicos

e comportamentais envolvidos, além de deixar claro o fato de o mesmo não ser um

processo pontual, mas dinâmico, composto por diferentes fases.

Em 1952, Selye propõe um modelo trifásico para o stress, descrevendo as fases

de alerta, resistência e exaustão como diferentes momentos pelos quais passa um

indivíduo exposto a um estressor, estando a evolução para outras fases ou recuperação

do equilíbrio, dependentes da intensidade, duração do evento estressante e/ou habilidade

por parte do indivíduo em manejá-lo. Em 2000, todavia, Lipp, a partir de suas análises

para a padronização do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp, re-

concebe o modelo trifásico de Selye e sugere o modelo quadrifásico, identificando a

fase de quase-exaustão, localizada entre a resistência e a exaustão (Camelo &

Angerami, 2004; Lipp & Malagris, 2001).

A primeira fase do stress, denominada alarme ou alerta, é deflagrada quando do

primeiro contato do indivíduo com o estressor. Este faz uma avaliação de perigo,

ameaça ou desafio da situação vivenciada, desencadeando uma série de reações

fisiológicas, dentre as quais, taquicardia, sudorese e hiperventilação, com o objetivo de

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preparar o organismo para lutar ou fugir. Neste momento, substâncias como adrenalina

e noradrenalina se tornam fundamentais a esse complexo processo, que tem como

objetivo principal a preservação da vida do indivíduo. As mudanças hormonais

produzidas acarretam também aumento súbito de motivação, fazendo com que a pessoa

se sinta mais entusiasmada e enérgica para o desempenho de tarefas, aumentando,

conseqüentemente, sua produtividade (Lipp & Malagris, 2001).

Segundo Selye, o organismo não suportaria sobreviver por muito tempo sob

efeito da sintomatologia característica da fase de alerta, necessitando recuperar a

homeostase perdida. Esta busca pela homeostase, termo sugerido por Cannon em 1939

para designar o equilíbrio interno corporal (Lipp, Pereira & Sadir, 2005), é a principal

característica da segunda fase do stress, denominada resistência. A evolução para esse

estágio, conforme mencionado anteriormente, vai depender dos fatores intensidade e

duração do estressor, bem como inabilidade em superá-lo. Sintomas comuns são

problemas com a memória, cansaço constante, resfriados freqüentes, dúvidas quanto a si

próprio etc, evidenciando a fragilidade em que o organismo se encontra por utilizar suas

reservas de energia adaptativa. Importante salientar que o organismo consegue

recuperar-se do desequilíbrio sofrido na fase anterior, mas à custa de muito esforço, por

isso, sendo bastante aparentes os sintomas de desgaste físico e psicológico.

Se o estressor é eliminado ou a pessoa possui estratégias adequadas de

enfrentamento, há o retorno do stress para uma linha de base, não obstante, isso não

ocorrendo, a fase de quase-exaustão é instaurada. Neste estágio há o aparecimento da

sintomatologia de doenças, como picos de hipertensão, problemas dermatológicos,

gastrite etc, dependente da vulnerabilidade genética do organismo estressado. A pessoa

sente-se ainda mais desgastada e sem energia, oscilando estes períodos com momentos

de bem-estar. Essa flutuação ocorre devido à resistência ao estressor por parte do

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organismo, que, ao mesmo tempo, sente suas reservas de energia se exaurirem. Esse

quadro pode ainda piorar, caso o indivíduo entre na fase de exaustão, pois, se o que

antes eram episódios esporádicos da manifestação de doenças, neste estágio a doença se

instala propriamente, podendo levar o indivíduo à morte. Há nesta fase o

reaparecimento dos sintomas ocorridos no alarme, no entanto, mais intensos e, por

conseguinte, mais prejudiciais (Lipp, 2003).

Faz-se mister esclarecer que o stress não deve ser considerado um fator causal

isolado de doenças, mas um dos fatores contribuintes para seu aparecimento. Diante

deste fato, torna-se sumariamente importante conhecer o processo de stress, seus

mecanismos, a fim de melhor manejá-lo e de não sucumbir perante seus efeitos (Lipp &

Malagris, 1995).

A cadeia fisiológica desencadeada no processo de stress é adaptativa e serviu

para a preservação da espécie humana. Foram aperfeiçoados ao longo do tempo

diversos mecanismos, cujo intuito era justamente o de mobilizar o homem das cavernas

a manejar os estressores a que estavam submetidos (feras, oscilações bruscas de

temperatura etc) e garantir sua sobrevivência. Entretanto, esse importante arsenal de

defesa tem se tornado uma forma de padecimento, devido às mudanças de estressores e

de foco: atualmente a luta não é mais só pela sobrevivência física, mas também pela

sobrevivência social e afetiva tornando essas reações excessivas e descabidas nos

diferentes contextos, sendo extremamente importante, portanto, o aprendizado de

formas adequadas de lidar com essas reações na conjuntura a que os indivíduos estão

submetidos (Ballone, 2005).

3.2. Distress X eustress: quais as conseqüências do distress para a saúde?

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Selye em seu livro “Stress: a tensão da vida”, publicado em 1956 e traduzido

para o português em 1965, dedicou sua obra a todos “que não têm medo de gozar o

stress de uma vida plena, nem são tão ingênuos que imaginem poder fazê-lo sem

esforço intelectual” (Selye, 1956/1965, dedicatória).

Este pequeno trecho retrata a idéia de que todos os seres humanos estarão

submetidos a “doses” de stress ao longo de suas vidas e que isso é tão necessário quanto

se alimentar e dormir, pois os mobiliza a ação. Entretanto, é preciso “um esforço

intelectual”, para que algo positivo não se transforme em fator danoso e prejudicial

(Selye, 1956/1965).

A fim de classificar o stress de acordo com suas conseqüências para o

organismo, alguns autores têm usado o termo eustress para designar o nível de stress

ideal ao corpo, relacionado ao aumento da disposição e produtividade e distress para

quando o processo de stress é tão intenso que acaba por trazer prejuízos à qualidade de

vida do indivíduo (França & Rodrigues, 1996; Sparrenberger, Santos & Costa Lima,

2003).

Sparrenberger, Santos e Costa Lima (2003) atribuem essa classificação à

evolução do conceito de stress e afirmam serem os estressores os indutores de eustress

e/ou distress. Além da força do estressor, os autores colocam o aspecto psicológico

como importante fator para o resultado da resposta ao stress.

A Figura 1, retirada de Lipp (2004a, p. 22), mostra as diferentes fases pelas

quais passa o indivíduo ao longo do processo de stress.

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Figura 1 – Fases do Stress

Levando-se em conta que o eixo das abscissas corresponde ao eixo do stress e o

das coordenadas ao da produtividade, observa-se que um aumento no nível do stress

leva a um proporcional aumento na produtividade, figurando a fase de alerta como

principal representante deste momento, caracterizado pelo eustress. Entretanto, a

produtividade em um determinado momento se estabiliza e conforme haja aumento no

nível de stress, ela se declina. As fases que representam o momento de queda na

produtividade são resistência, embora ainda haja subida na produtividade na resistência,

esta não é significativa, pois o corpo já está resistindo ao estressor, quase-exaustão e

exaustão, nos quais o stress é excessivo e danoso, figurando o distress.

Quando o corpo está sob a influência do distress, muitas podem ser as

conseqüências nocivas, uma vez que vários sistemas são afetados – neural, endócrino e

imunológico – e forçados ao trabalho excessivo. Esse excesso ocasiona desgaste,

contribuindo grandemente para o aparecimento de doenças físicas e emocionais.

Sintomas como cansaço mental, dificuldade de concentração, perda da memória

imediata, apatia, hipersensibilidade emotiva, bem como tensão muscular, problemas

AlertaQuase-Exaustão

Exaustão

PRODUTIVIDADE

STRESS

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Resistência

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dermatológicos, hipertensão arterial começam a se fazer presentes (de acordo com as

vulnerabilidades de cada organismo), debilitando o indivíduo e tolhendo-o de viver com

qualidade (Lipp, 2003).

Conforme questiona Lipp (2004b), o que esperar de uma pessoa que esteja

experimentando tais sensações? Possivelmente suas relações familiares, sociais, com a

comunidade, assim como seu interesse por questões de cidadania encontram-se

deterioradas por focar somente no restabelecimento do equilíbrio perdido, mesmo que

isso não seja totalmente consciente.

Para tanto, a fim de não correr riscos de gastos excessivos de energia, com

possibilidades de depauperação da saúde, é interessante que a pessoa mantenha seu

nível de stress – stress ideal – em um ponto anterior ao máximo de stress e

produtividade que ela pode experimentar (vide Figura 1) (Lipp, 2004a).

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4. ESTRESSORES

Tal como o próprio conceito sugere, estressor é tudo o que estressa, isto é, todo

estímulo capaz de eliciar as reações de stress (Selye, 1956/1965).

Embora alguns autores utilizem o termo stress para designar as causas desse

processo, Selye os conceituou de forma diversa, a fim de deixar clara a diferença entre

ambos, a causa e o fenômeno. Para tanto, na página 63 de seu livro “Stress: a tensão da

vida”, Selye pontua que “stress não é nada que cause uma reação de alarma. É um

agente de stress que causa tal reação” (Selye, 1956/1965, p. 63). Em seu entendimento

estressor é tudo o que produz stress, termo definido no item 4.1. do capítulo 4, e as

reações por ele produzidas serão mais ou menos intensas, de acordo com o grau de suas

capacidades em provocá-las.

Na visão de Lazarus e Folkman (1984/1986), entretanto, o agente estressante per

si não é fator produtor de stress; a maneira pela qual o indivíduo o interpreta é que será

fator decisivo no disparo ou não de tais reações. Para os autores, mesmo ocorrendo

situações que representem grande ameaça à maioria das pessoas, ainda assim haverá

variações individuais quanto ao grau de stress experimentado, bem como quanto aos

efeitos qualitativos e quantitativos da resposta. As diferenças observadas ocorrem

devido às crenças, padrões de comportamento, construídos ao longo da história de vida

de cada sujeito.

Seguindo este raciocínio, Lipp e Malagris (1995; 2001) definem estressor como

toda situação geradora de estado emocional forte, capaz de provocar uma quebra na

homeostase corporal, exigindo do corpo adaptação, visando o restabelecimento do

equilíbrio.

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Alguns autores dividem os estressores em dois tipos, que se divergem quanto à

natureza: biogênicos e psicosociais. Os primeiros referem-se a estímulos como o frio, a

fome, a dor, o calor excessivo, potencialmente geradores do desequilíbrio da

homeostase interna, por ameaçarem a integridade corporal da pessoa. As reações

advindas a partir da influência desses estímulos são inatas e independem da avaliação

cognitiva (Everly, 1989, citado por Lipp & Malagris, 2001); os segundos, por sua vez,

dependem da avaliação do indivíduo e os autores em geral os dividem em externos e

internos, descritos a seguir.

Por estressores externos entende-se qualquer situação ou estímulo externo ao

organismo, potencialmente capaz de desencadear reações de stress. Ballone (2005) os

definiu como ameaças concretas do cotidiano, listadas por Holmes e Rahe em 1967 em

sua Escala de Reajustamento Social. Neste instrumento fatores como morte de ente

querido, separação conjugal, promoção profissional, dentre outros, são descritos como

indutores de stress e pontuados de acordo com sua gravidade. Os eventos listados são

inerentemente causadores de stress, independente do sujeito, diferenciando, portanto, da

visão proposta por Lazarus e Folkman (1984/1986), de que mesmo diante de

acontecimentos externos, a avaliação cognitiva atuará como mediadora entre estressores

e stress.

Importante ressaltar que tanto acontecimentos positivos como negativos podem

gerar stress, pois ambos estão relacionados a mudanças na vida do indivíduo, exigindo

adaptação e, por isso, demandando do corpo a recuperação da homeostase (Lipp, &

Malagris, 2001).

Embora possa haver a influência de eventos desafiadores externos gerando

stress, grande parte das vezes, entretanto, isso não ocorre, ou por não haver estressores

externos atuando na vida da pessoa ou por eles já terem sido eliminados. Apesar disso,

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da ausência de tais estressores, o indivíduo pode continuar a experimentar stress e,

possivelmente, alguns dos sintomas por ele eliciados.

Uma explicação para isso encontra-se na definição de estressores internos, que

dizem respeito à forma como o indivíduo interpreta os acontecimentos externos,

moldada pelas crenças que estes têm a respeito de si, do mundo e do outro, bem como à

genética, padrões de comportamento, falta de assertividade e dificuldade na expressão

dos sentimentos, que se relacionam à forma com a qual este decifra e atua no mundo

(Lipp, 1999; Malagris, 2003). Segundo Malagris (2003) essas características explicam a

forma pela qual a pessoa pensa, sente e se comporta e influenciam diretamente no

desencadeamento e manutenção do fenômeno de stress. Como exemplo disso pode-se

citar um indivíduo que seja predisposto geneticamente à ansiedade, o qual poderia ter

uma crença de que o mundo seja extremamente perigoso; todas as vezes que ele sair de

casa, a crença pode ser ativada e isso ser um fator de grande stress, mesmo não tendo

tido nenhum fator ambiental intervindo no processo.

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5. SAÚDE MENTAL E TRABALHO

Quanto mais se busca entender as relações entre o universo laboral e saúde, mais

os pesquisadores esbarram em questões relacionadas à saúde mental dos trabalhadores

(Palácios, Duarte & Câmara, 2002). Apesar disso, ainda é bastante obscura a relação

entre saúde mental e trabalho e, conseqüentemente, há precariedade no que se refere a

programas de intervenção. Glina, Rocha, Batista e Mendonça (2001) chamam a atenção

para a especificidade do processo de adoecimento do indivíduo, fazendo-se imperioso

atentar para sua história de vida e também profissional a fim de que se possa estabelecer

nexo causal entre labor e saúde mental. As autoras também apontam para a necessidade

de descrição detalhada da situação de trabalho, do ambiente, da organização, bem como

da percepção do trabalhador frente à influência do trabalho no processo de adoecimento,

para o completo entendimento desta relação.

Além de toda complexidade acima citada, a falta de consenso entre os estudiosos

do assunto no que se refere à classificação das doenças relacionadas ao trabalho é mais

uma barreira a somar às dificuldades de compreensão do arrolamento entre o ramo de

atividades do indivíduo e sua saúde mental. Não há na Classificação Internacional das

Doenças grupo diagnóstico voltado para os distúrbios psíquicos relacionados ao

trabalho (Glina et al., 2001). Ainda que o Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais mencione os problemas mentais relacionados ao trabalho, tal

descrição ainda merece maior destaque, tendo em vista a complexidade do tema.

Embora existam tais dificuldades, muitos estudos têm sido produzidos e muito

se tem pensado a respeito do tema. São diversos os modelos teóricos que visam o

entendimento da conexão entre saúde mental e trabalho, dentre os quais se destaca a

Psicopatologia do Trabalho, advinda dos estudos de Dejours e os relacionados a stress e

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trabalho. De acordo com a proposta desta pesquisa, o modelo norteador será o de stress

no trabalho, descrito no item 5.1.

5.1. Stress e estressores ocupacionais

Há atualmente um grande interesse por parte de pesquisadores em voltar seus

estudos sobre stress para a área do trabalho, por entenderem que o ambiente laboral

pode estar relacionado ao desencadeamento das reações de stress, acarretando

problemas de saúde grave aos trabalhadores, bem como gastos excessivos por parte de

empregadores, devido a absenteísmo, queda na produtividade, problemas de

relacionamento com os pares, dentre outros problemas, de seus empregados.

De igual modo, importante se faz considerar que o stress influi sobremaneira na

qualidade de vida do sujeito, originando possivelmente problemas em outros âmbitos

que não só o laboral, uma vez que o indivíduo é um ser único e as áreas de sua vida se

inter-relacionam, ocasionando prejuízos importantes em sua relação com os ambientes

nos quais está inserido, como também com as pessoas que o cercam. Para confirmar tal

assertiva cita-se a proposição de Lipp e Tanganelli (2002) de que os efeitos nocivos do

stress excessivo não se limitam a problemas de saúde, propiciando também a

deterioração da qualidade de vida.

Neste sentido, pode-se pensar que não só o ambiente de trabalho sofre com o

trabalhador estressado, sendo observado tal prejuízo em todos os outros círculos em que

convive esse trabalhador. Mais grave se torna tal situação quando outros colegas

tornam-se estressados a partir da influência de seu próprio stress (Lipp & Malagris,

2001).

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Não só as empresas se preocupam com a saúde dos trabalhadores, as

Organizações Panamericana de Saúde (OPS) e Mundial de Saúde (OMS) na Resolução

CSP23.R14 da 23ª Conferência Sanitária Panamericana, ocorrida em 1990, sobre saúde

ocupacional, destacam, dentre outros aspectos, a importância de se incrementar o

desenvolvimento, pelos Estados, de diversas formas institucionais de atenção à saúde do

trabalhador. Esse cuidado se intensificou na década de 90, principalmente após a

preconização do modelo de Desenvolvimento Sustentável, que apregoa a satisfação de

necessidades básicas, melhora da qualidade de vida, proteção dos ecossistemas, a fim de

garantir não só a população, mas também a seus descendentes, futuro mais seguro e

próspero. Dentro desta perspectiva, encontra-se a saúde dos trabalhadores, foco

importante para desenvolvimento e planejamento de ações que minimizem o mal-estar

sofrido a partir da relação do indivíduo com seu ramo de atividade (OPS/OMS, 1999).

Na esfera da saúde, Hernández (2003) desenvolveu um estudo com médicos e

enfermeiros dos níveis primários e secundários de atenção e observou que as fontes de

stress mais freqüentes relatadas por esses profissionais giraram em torno da necessidade

de constante atualização profissional, conflitos com superiores, responsabilidade pelos

resultados de sua atuação, baixo reconhecimento por parte da população atendida,

incerteza quanto ao manejo da informação com o paciente e seus familiares e cuidar das

necessidades emocionais dos pacientes.

Interessante observar que a análise de Hernández está consoante com o

levantamento feito por Lipp (2004b) a respeito de alguns estressores típicos de

trabalhadores brasileiros, como lidar com a chefia e autocobrança. Além destes, Lipp

aponta a sobrecarga no trabalho e na família, o sentimento de falta de união entre os

funcionários, salário insuficiente e lidar com colegas não cooperativos, como grandes

estressores ocupacionais dos trabalhadores em geral.

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Os fatos mencionados acima foram grandes propulsores de pesquisas nesse

campo de conhecimento que, buscaram e buscam, ainda hoje, entender como a dinâmica

laboral pode interferir no desencadeamento do stress. Entretanto, não é unânime entre

estudiosos a definição do termo stress ocupacional, ocasionando discrepâncias relativas

a seu significado e formas de medição, o que levou Jex (1998, citado por Paschoal &

Tamayo, 2004) a dividir as conceituações de acordo com três aspectos: (1) relativo aos

estímulos estressores: o stress ocupacional estaria intimamente relacionado aos

estressores do ambiente de trabalho, independendo da avaliação dos indivíduos, isto é,

os estressores per si seriam suficientes para o desencadeamento do stress profissional;

(2) concernente às respostas eliciadas a partir de eventos estressantes: o stress

ocupacional se referiria às respostas físicas, psicológicas e comportamentais emitidas

pelos trabalhadores a partir de fatores estressantes relacionados ao trabalho; (3) relação

estressores-resposta: neste caso, o stress ocupacional é percebido como fenômeno

complexo, no qual há inter-relação entre as demandas do trabalho e as variáveis dos

indivíduos.

De acordo com Paschoal e Tamayo (2004), há tendência por parte dos autores de

tratarem a questão do stress laboral de forma mais abrangente, relacionando as

exigências do trabalho às características individuais dos trabalhadores.

Um modelo bastante utilizado para explicar o stress decorrente do mundo do

trabalho é o modelo demanda-controle de Karasek. Segundo Araújo, Graça e Araújo

(2003), este autor ampliou o enfoque sobre estressores relacionados ao trabalho, até

então baseados no delineamento de Selye, que considerava apenas a relação stress e

demanda psicológica, e inseriu o grau de controle como importante nível de análise.

Karasek, junto a colaboradores, desenvolveu seu modelo a partir de estudos com

trabalhadores de dois países industrializados, Estados Unidos e Suécia, concluindo

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haver relação causal entre trabalho e desgaste mental, estando este relacionado a

estressores organizacionais, os quais são divididos em duas dimensões: demanda

psicológica e controle do trabalho (Karasek, 1979), apontando este último como

importante fator para o desenvolvimento ou não de stress por parte do trabalhador.

Por demanda psicológica entendem-se as exigências psíquicas do ambiente

externo, estando o stress relacionado a situações nas quais a demanda exceda a

capacidade do indivíduo de responder adequadamente aos estímulos (Araújo, Aquino,

Menezes, Santos & Aguiar, 2003). No ambiente de trabalho as demandas podem ser

quantitativas arroladas ao tempo e velocidade e/ou qualitativas ligadas à dependência de

outras pessoas para o término de suas atividades, nível de concentração requerida e

conflito entre demandas contraditórias, por exemplo, (Karasek, 1979; Mello Alves,

Chor, Faerstein, Lopes & Werneck, 2004).

A dimensão controle do trabalho refere-se ao uso de habilidades, ou seja,

aprendizagem de conhecimentos, criatividade, repetição, tarefas variadas e

desenvolvimento de habilidades especiais, bem como a autoridade decisória,

envolvendo habilidade por parte do indivíduo para a tomada de decisões a respeito de

seu trabalho. Os dados encontrados na pesquisa de Karasek revelam ser esta a dimensão

mais relacionada ao stress, conforme mencionado acima. Segundo o autor: “a

oportunidade do trabalhador usar suas habilidades e tomar decisões a respeito de suas

atividades de trabalho, está associada à redução dos sintomas advindos a partir das

demandas laborais” (Karasek, 1979, p. 303). Diante dessas definições, Karasek

distingue quatro possibilidades de experiência no trabalho geradas pelas interações entre

os níveis de demanda psicológica e grau de controle, ilustradas na Figura 2 (Karasek,

1979, p. 288), quais sejam: alta exigência do trabalho (alta demanda e baixo controle),

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trabalho ativo (alta demanda e alto controle), trabalho passivo (baixa demanda e baixo

controle) e baixa exigência (combinando baixa demanda e alto controle).

Figura 2 – Modelo Demanda-Controle de Karasek

Os maiores problemas psicológicos ocorrem, segundo o autor, quando há alta

demanda psicológica e baixo controle sobre o trabalho, por gerar grande desgaste ao

trabalhador, influenciando negativamente em sua saúde, podendo surgir quadros de

depressão, fadiga, ansiedade e doenças físicas. Igualmente nociva é a combinação baixa

demanda e baixo controle (trabalho passivo), pois é possível que ocorra declínio na

atividade global do indivíduo e desinteresse pelo trabalho (Karasek, 1979; Araújo et al.,

2003; Mello Alves et al., 2004). Em contrapartida, quando há alta demanda e alto

controle o trabalhador sente-se ativo, mesmo que as tarefas o exijam, pois pode decidir

como e quando desenvolvê-las, traçando estratégias para lidar com as dificuldades. A

situação “ideal” de trabalho conjuga baixa demanda e alto controle, na qual o

Baixa demanda Alta demanda

Baixo controle

Alto controle

Baixa exigência

Trabalho ativoTrabalho passivo

Alta exigência

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trabalhador é pouco exigido e possui grande domínio sobre seu trabalho (Mello Alves et

al., 2004).

Posteriormente, Johnson incluiu no modelo de Karasek uma terceira dimensão

psicológica, apoio social no ambiente de trabalho, definida como níveis de interação

social com chefes e colegas de trabalho, capaz de modificar as dimensões de ordem

individuais entre demanda e controle (Karasek & Theorell, 1990 citado por Mello Alves

et al., 2004; Reis, Carvalho, Araújo, Porto & Neto, 2005). Importante ressaltar que a

perspectiva do modelo idealizado por Karasek é sociológica, na medida em que

considera o local de trabalho como determinante do grau de demanda psicológica e

controle. Por conseguinte, para que haja minimização do stress laboral faz-se necessário

haver modificações no ambiente de trabalho (Reis, Araújo, Carvalho, Barbalho & Silva,

2006).

O modelo demanda-controle vem sendo amplamente utilizado em pesquisas

com a finalidade de testar sua validade para avaliação dos mais diversos efeitos do

trabalho sobre a saúde dos indivíduos. Tanto isso é verdadeiro que a própria OMS em

série intitulada “Protección de la salud de los trabajadores”, conceitua stress laboral

como resultado de desequilíbrio entre pressões enfrentadas pelos indivíduos e suas

capacidades e recursos para lidar com as mesmas por um lado e o grau de controle sobre

suas atividades por outro (OMS, 2004), conceitos utilizados por Karasek em seu modelo

explicativo de stress laboral.

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6. SAÚDE PÚBLICA

6.1. Organização dos Serviços Públicos de Saúde

Até o meado da década de 80 a saúde brasileira, bem como as políticas

assistenciais adotadas pelo Governo, era caracterizada pela lógica centralizadora. A

partir de 1985 até 1988, ano da promulgação da Constituição Federal, foram propostas

diferentes maneiras de se lidar com as questões não só sociais, mas também econômicas

e políticas, que resultaram em mudanças significativas nestas áreas. Segundo Finkelman

(2002), do ponto de vista econômico, houve maior preocupação com o crescimento, ao

mesmo tempo em que, do ponto de vista social, a sociedade civil iniciava movimentos

de organização no sentido de intensificar sua participação nos conselhos de gestão,

relacionados às áreas da saúde, previdência, educação e trabalho.

No âmbito da saúde, as discussões e críticas culminaram no movimento de

“Reforma Sanitária”, cujo eixo principal era a transformação das condições de saúde e

de atenção à saúde da população brasileira, a partir da elaboração e instituição de um

sistema integrado, descentralizado e universal. Esta nova proposta era totalmente

inovadora e contrária ao modelo de saúde vigente no país, que centralizava e restringia

os serviços de saúde aos trabalhadores pertencentes ao mercado formal de trabalho

(Conselho dos Secretários Municipais de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, 1999).

A primeira forma de seguridade social surgida no Brasil data de 1923 e se deu a

partir da promulgação da Lei do então Deputado Eloy Chaves com a criação das Caixas

de Aposentadorias e Pensão (CAPs), órgãos responsáveis em oferecer a seus

assegurados assistência médica, fornecimento de medicamentos, além de benefícios de

natureza previdenciária. Cada categoria profissional possuía uma CAPs específica e,

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cada qual, estabelecia seu regulamento e suas formas de distribuição de receitas. No

entanto, esta forma de organização trazia desigualdade ao sistema, por não possuir

regras comuns, levando a reclamações por parte dos usuários, fato que fez com que os

CAPs fossem substituídos, em 1926, pelos Institutos de Aposentadoria e Pensão (IAPs).

Estes Institutos tinham como objetivo amenizar a grande desigualdade de assistência, o

que na prática não ocorreu. Em resposta ao continuísmo da segmentação, surgiram

reivindicações em favor da unificação do sistema previdenciário, e de maior igualdade

na prestação dos serviços (Finkelman, 2002).

Na década de 60, a fim de solucionar a problemática da questão previdenciária,

que se encontrava caótica devido à “aceleração do processo de industrialização” e ao

aumento da massa assalariada e sua demanda por cuidados, o Estado uniu os IAPs e

criou o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). O funcionamento deste

Instituto dependia da arrecadação de seus contribuintes e tinha um papel de extrema

importância “na organização dos serviços de saúde, e conseqüentemente na Política

Nacional de Saúde” (Almeida & Pêgo, 1982, pp. 65-66).

De acordo com Almeida e Pêgo (1982) os serviços médicos disponibilizados

pela Previdência Social possuíam diferentes características, cuja distinção dava-se

segundo a forma de financiamento, a saber, através de serviços próprios e através da

compra de serviços de terceiros. No primeiro caso, alguns hospitais, ambulatórios e os

postos de assistência médica (PAMs) eram inteiramente financiados pela Previdência, o

que não ocorria com o segundo, cujo financiamento dependia do contrato com a

empresa privada.

Em 1977/78 uma nova ordenação ocorreu na Previdência Social, desdobrando o

INPS em Instituto de Administração da Previdência Social (IAPAS), Instituto Nacional

de Previdência Social (INPS) e Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência

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Social (INAMPS), este último responsável pela assistência à saúde dos associados.

Neste período, foi ampliada a cobertura previdenciária para outras camadas da

população, para fins de captação de recursos, e intensificaram-se os contratos com

empresas privadas, levando o sistema à total falta de equilíbrio entre os serviços

prestados pelo INAMPS e os prestados por empresas privadas, cujo objetivo maior era o

lucro e não o bem estar da população. Este fato ocasionou grande insatisfação das

camadas populares e também da classe médica, surgindo movimentos de contestação,

denunciando as políticas adotadas e clamando por mudanças.

A questão saúde tornou-se tema central de discussão desde então, o que

culminou em algumas medidas piloto de descentralização e universalização, e,

posteriormente, na implementação do Sistema Único de Saúde (SUS), cuja filosofia vai

de encontro às modernas concepções do processo saúde-doença e de formas de

intervenção.

6.2. Sistema Único de Saúde (SUS)

“(...) É uma organização

De âmbito nacional

Abrangendo a todo nível

Do lar profissional

Em termo de bom princípio

Nas áreas do Município

De Estado e Federal

Levando às populações

Das aldeias e cidades

Toda assistência à saúde

Daquelas comunidades

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Curando e salvando vidas

Sendo todas atendidas

Em suas necessidades

(...)

O nosso povão precisa

De saúde em igualdade

Sem implorar de joelhos

Lhe atender por caridade

Rico e pobre tem direito

Receber do mesmo jeito

Trato com humanidade (...)”

Mestre Azulão

Os versos acima são parte integrante do livreto “O Cordel na Saúde: o SUS

resolve o problema” de autoria de João José dos Santos, mais conhecido como Mestre

Azulão, cujo objetivo é explicar o novo sistema vigente à luz da arte popular com

estrofes que abordam temas como os princípios do SUS, descentralização, dentre

outros. Nos versos acima, por exemplo, percebem-se dois vislumbres do Sistema,

descentralização e universalização dos serviços, que mostram as novidades do SUS em

relação à antiga organização da atenção em saúde.

O Ministério da Saúde define o SUS como o conjunto de ações e serviços de

saúde prestados por instituições e órgãos Federais, Estaduais e Municipais, cabendo à

iniciativa privada a complementaridade dos serviços (Ministério da Saúde, 2000).

Surgido recentemente, tal como referido no item 4.1., em contexto de redemocratização,

em resposta ao arcaico e excludente sistema de saúde de então.

As bases para concepção de saúde pautada nas ações primárias, privilegiadas

pelo SUS, bem como os princípios que atualmente o regem – universalidade,

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integralidade, eqüidade - foram lançadas no ano de 1978 na Conferência Internacional

sobre Cuidados Primários de Saúde, ocorrida em Alma-Ata, atual Cazaquistão, na qual

participaram sanitaristas de todo mundo a fim de discutir os insucessos da saúde pública

mundial e formas alternativas de promoção do bem-estar de todos os povos (Declaração

de Alma-Ata, 1978).

Desde Alma-Ata diversos segmentos sociais brasileiros se articularam para

pensar soluções para as principais questões de saúde, com o grande objetivo de

influenciar o Estado na formulação e implementação de políticas que proporcionassem

melhorias nesta esfera, mas não apenas isso, que estas fossem capazes de alcançar toda

população brasileira (Cohn & Elias, 2005). Tais negociações culminaram na VIII

Conferência Nacional de Saúde (VIII CNS) em 1986, que contou com a participação de

mais de quatro mil pessoas, cujos frutos foram extremamente importantes para a

reorientação do Sistema Nacional de Saúde. Neste evento foi estabelecida a criação da

Comissão Nacional de Reforma Sanitária (CNRS), responsável pela elaboração de

documentos técnicos a partir das discussões propostas em plenário, para que os mesmos

fossem apresentados à Assembléia Nacional Constituinte (ANC).

Como resultado, a Constituição Federal de outubro de 1988 corroborou as

principais idéias da VIII CNS, entretanto, foi somente nos anos 90 que as disposições

constitucionais foram, de fato, regulamentadas. A Lei Ordinária nº 8.080/90 de 19 de

setembro, que “dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da

saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes”, pontua os

princípios e diretrizes norteadores do novo sistema e institucionaliza a descentralização

e as relações entre União, Estados e Municípios no que tange à política de saúde

(Conselho dos Secretários Municipais de Saúde do Estado do Rio de Janeiro, 1999). No

mesmo ano, é aprovada a Lei Ordinária nº 8.142/90 de 28 de dezembro, que “dispõe

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sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências

intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde”.

O modelo implementado resultou em mudanças radicais no cenário da saúde

brasileira e em um dos mais modernos e abrangentes sistemas de saúde mundiais, no

qual as seguintes diretrizes são fundamentais para impetrar os princípios de

universalidade, integralidade e eqüidade, são elas: regionalização e hierarquização,

resolutividade, descentralização, participação dos cidadãos e complementaridade do

setor privado. A regionalização e hierarquização permitem maior conhecimento dos

problemas de saúde da população de uma área determinada, possibilitando ações que

envolvam desde a vigilância epidemiológica até a atenção de nível ambulatorial e

hospitalar. Importante ressaltar que o acesso da população deve ser irrestrito em todos

os níveis de atenção (primário, secundário e terciário). Por resolutividade entende-se a

capacitação do sistema a fim de que o mesmo possa resolver todas as questões trazidas

pelo usuário, inclusive se esta for de alta complexidade. A descentralização, diz respeito

à redistribuição das responsabilidades entre os vários níveis de governo, ao passo que a

participação popular garante aos usuários, através de suas entidades representativas, o

direito de decidir a respeito das questões de saúde. Por fim, a complementaridade do

setor privado acontecerá sempre que o setor público não conseguir suprir

suficientemente as necessidades de saúde da população (Almeida e Pêgo, 1982;

Cordeiro, 1982; Noronha & Levcovitz, 1984).

Desde sua implementação o SUS vem enfrentando inúmeros desafios para que

sua efetividade seja plena e seu alcance se estenda a toda população brasileira. Muitas

políticas foram adotadas pelo Ministério da Saúde, a fim de que seus princípios

doutrinários sejam atendidos. Dentre elas destaca-se a Estratégia de Saúde da Família

(ESF), elaborada com intuito de organizar e fortalecer a Atenção Básica e que incorpora

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e reafirma os princípios básicos do SUS.

6.3. Atenção Básica: Estratégia de Saúde da Família (ESF)

O Ministério da Saúde entende ser a Atenção Básica o primeiro nível de atenção

à saúde, de acordo com o modelo adotado pelo SUS, englobando ações de promoção,

prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e garantindo aos usuários acesso aos

cuidados e às tecnologias necessárias para o prolongamento da vida. É o ponto de

contato preferencial do usuário com o Sistema Único de Saúde, abarcando as

especialidades de ginecologia, obstetrícia, pediatria, clínica médica e as emergências

referentes a essas áreas médicas, sendo de sua responsabilidade também o

encaminhamento dos usuários para atendimentos de média e alta complexidade, se

necessário. Conforme dito no item 7.2., a Estratégia de Saúde da Família foi adotada

como prioritária para organização da Atenção Básica (Ministério da Saúde, 2005;

2007).

As iniciativas nacionais de desenvolvimento da saúde básica basearam-se em

experiências estaduais e regionais bem-sucedidas, podendo ser citado como um dos

mais importantes o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), desenvolvido

no Estado do Ceará. Inicialmente este programa voltava-se ao atendimento de famílias

assoladas pela seca, no que tange a cuidados primários, e contava com recursos

financeiros dos fundos especiais de emergência, destinados pelo Governo Federal. Após

a fase de seca, bem como à suspensão do recurso federal, o PACS passou a ser mantido

pelo Estado, perdeu seu caráter emergencial e se expandiu para outras regiões do Ceará,

a fim de auxiliar às comunidades no cuidado com sua própria saúde. O trabalho era feito

através de visitas domiciliares às famílias, estando os Agentes Comunitários de Saúde

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(ACS) responsáveis por 50 a 100 famílias na área rural e 150 a 250 famílias na área

urbana (Silva & Dalmaso, 2002, citado por Ministério da Saúde, 2002).

Diante do sucesso do PACS implementado pelo Estado do Ceará, o Ministério

da Saúde propôs o Programa Nacional de Agentes Comunitários de Saúde (PNAS) para

os Estados do Norte e Nordeste do país, com o intuito de contribuir para a redução da

mortalidade infantil e materna nessas regiões. O PACS obteve êxito tal, que em 1993

cobria 987 municípios de 17 Estados das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e

contava com total de 33.488 agentes comunitários (Ministério da Saúde, 2002).

Outra experiência de sucesso merece ser mencionada como precursora do que

mais tarde se denominaria Estratégia de Saúde da Família, esta desenvolvida na região

Sudeste do Brasil, na cidade de Niterói / RJ, denominada Programa Médico de Família,

cujos alicerces estavam pautados no modelo cubano de medicina da família (Ministério

da Saúde, 2002).

Em 1994 no primeiro documento divulgado sobre o Programa de Saúde da

Família (PSF), o Ministério da Saúde definia convênios entre os Governos Federais,

Estaduais e Municipais e estabelecia exigências para sua assinatura. Nesta época, o PSF

era mais um dos programas do MS direcionados às localidades de maior risco social.

Foi somente nos anos de 1997 e 1998 que ocorreu a apresentação do PSF como uma

alternativa à Atenção Básica nos moldes clássicos, objetivando maior dinamização do

SUS, diferindo-se do modelo tradicional, dentre outros aspectos, por sua inserção e

vinculação a uma determinada comunidade, pela preocupação com questões sócio-

ambientais e familiares, importantes para a manutenção da saúde comunitária e pela

estimulação da participação local e controle social nos assuntos relacionados à saúde

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(Ministério da Saúde, 2007). Dessa forma, a saúde encontra-se mais próxima da família,

possibilitando melhorias na qualidade de vida dos brasileiros.

A Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde – 1996 (NOB-SUS

96) estabeleceu o Piso de Atenção Básica (PAB), recursos per capita / ano direcionados

à Atenção Básica, e o repasse automático dos recursos do Fundo Nacional de Saúde aos

Fundos Municipais de Saúde, proporcionando ao município maior autonomia no que

concerne à gestão da saúde dos munícipes.

A Saúde da Família (SF) concebida primeiramente como um programa,

transformou-se em estratégia fundamental para a estruturação dos sistemas municipais

de saúde possuindo como proposta a ampliação do acesso aos serviços, bem como

qualificação das ações de Atenção Básica, priorizando não só o tratamento de

enfermidades como também a promoção e prevenção de doenças (Carvalho, 2000;

Silveira Filho, 2004). Nota-se neste modelo a abrangência do conceito de saúde, de

acordo com a definição proposta pela OMS, entendendo-a não apenas como ausência de

doença, mas como estado completo de bem-estar físico, mental e social.

É entendida como estratégia de reorientação do modelo de assistência, mediante

a alocação de equipes multiprofissionais em Unidades Básicas de Saúde (UBS), estas

responsáveis por um número definido de famílias localizadas em determinada área

geográfica. O Ministério da Saúde estipula média de três mil a quatro mil e 500 pessoas

ou mil famílias por equipe, composta por pelo menos um médico, um enfermeiro, um

auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde. Quando ampliada conta

com um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental e,

atualmente, existem equipes compostas também por fisioterapeutas, psicólogos e outros

profissionais de saúde, de acordo com as necessidades comunitárias (Ministério da

Saúde, 2007).

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Conforme acima mencionado, o trabalho dessas equipes junto às famílias é de

prevenção, promoção e recuperação da saúde de forma integral e contínua, visando a

manutenção do bem-estar da comunidade sobre a qual se encontra responsável (Silveira

Filho, 2004). Os atendimentos são prestados nas UBS, bem como nos domicílios das

famílias cadastradas pelos profissionais que compõem as equipes de Saúde da Família,

permitindo a criação de vínculos de co-responsabilidade entre estes e a população

acompanhada, o que facilita a identificação e a resolução do problema de saúde da

comunidade. Segundo o Ministério da Saúde, as equipes devem atuar também na

mobilização da comunidade, tendo como características definidoras ser a porta de

entrada de um sistema hierarquizado e regionalizado de saúde, responsabilizar-se por

território e população definidos, intervir sobre fatores de risco da comunidade assistida,

prestar assistência integral, longitudinal e de qualidade e realizar trabalhos de educação

e promoção da saúde (Ministério da Saúde, 2007).

As atividades desenvolvidas pelas equipes abrangem consultas, domiciliares

inclusive, vacinação, rotina e nas campanhas, coleta de sangue para exame ambulatorial,

marcação de exames, marcação de consultas especializadas, exames preventivos e

orientações para prevenção do câncer cérvico-uterino e de mama, fisioterapia

domiciliar, quando a equipe possui profissional da referida área, internação domiciliar

de pacientes idosos e crônicos, dentre outras.

A Atenção Básica, pensada como a porta de entrada do usuário no SUS, torna-se

mais efetiva a partir da proposta da ESF, pois sugere permanente atenção dos

profissionais de saúde aos cidadãos por eles cobertos sem, entretanto, representar essa

entrada uma mera passagem aos outros níveis de atenção do sistema, a saber, média e

alta complexidade. A idéia é o cuidado longitudinal das famílias e mesmo estando estas

necessitando de cuidados especializados, que extrapolem a complexidade da Atenção

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Básica, a referência sempre será a equipe da ESF (Ministério da Saúde, 2006; Silveira

Filho, 2004). De acordo com o Ministério da Saúde, o funcionamento adequado das

unidades básicas é capaz de resolver 85% dos problemas de saúde da comunidade, pois

estas se propõem à prestação de atendimento qualificado, prevenção de doenças,

minimização do número de internações desnecessárias, bem como melhora da qualidade

de vida da população.

Muito se tem discutido a respeito do processo de construção do Sistema Único

de Saúde, a fim de dinamizar sua implementação e reduzir o hiato existente entre os

direitos sociais garantidos por lei e a oferta real de serviços de saúde (Secretaria de

Políticas de Saúde, 2000). Diante disto, desde o surgimento da ESF, muitas mudanças

foram implantadas e reformulações feitas, com intuito de torná-la estratégia realmente

capaz de contribuir para o re-ordenamento do modelo de atenção, a partir da atenção

básica (Souza, 2000).

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7. PROFISSIONAIS DE MEDICINA E ENFERMAGEM

As carreiras de medicina e enfermagem são extremamente relacionadas ao

cuidado do outro, estando este outro, freqüentemente, em estado de completa

vulnerabilidade, o que exige do profissional além de toda técnica, equilíbrio emocional

para lidar com as situações de dificuldade, encontradas não só com paciente, mas

também com sua família.

De acordo com Soar Filho (1998) é desejável que o profissional de saúde possua

determinados atributos e atitudes, a fim de que a relação com seu cliente seja

plenamente estabelecida e com isso obtida eficácia terapêutica. Tais atributos e atitudes,

segundo o autor, dizem respeito à empatia, ou seja, à capacidade de colocar-se no lugar

do outro; continência, que quer dizer tolerar determinadas atitudes e pensamentos que

os clientes possam vir a ter durante o contato com o profissional; humildade, referente

ao respeito pelas verdades dos pacientes; respeitar as diferenças, não desqualificando o

que o cliente traz como queixa; curiosidade; capacidade de conotar positivamente, isto

é, trabalhar no sentido de entender determinado funcionamento de um paciente antes de

criticá-lo e, por fim, capacidade de comunicação, de estabelecer eficiente diálogo com o

cliente, com intuito de que o mesmo compreenda seu quadro e se engaje no tratamento.

Para que o profissional da área da saúde consiga lançar mão de todas as

características acima referidas, necessita estar estabilizado emocionalmente, pois, caso

contrário, a relação com seu cliente e possivelmente sua terapêutica serão ineficazes.

Lipp (2004b) considera que a pessoa excessivamente estressada passa a viver em

função de uma meta em exclusivo: sua sobrevivência. Questões não relacionadas ao

alívio do sofrimento, recuperação do equilíbrio de suas emoções e de sua força ficarão

em segundo plano até que indivíduo consiga restabelecer a homeostase perdida. Ainda

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segundo a autora, a pessoa estressada apresenta com freqüência irritação, impaciência,

dificuldade de concentração, dentre outros sintomas, levando-a a um desgaste na relação

com outras pessoas (Lipp, 2004b).

Se a pessoa estressada trata-se de um profissional de saúde, os sentimentos por

ele experimentados poderão colocar em risco seu desempenho. Tal situação torna-se

ainda mais grave caso o stress seja crônico e arrolado ao mundo do trabalho, pois há o

perigo de desenvolvimento da síndrome do burnout (Malagris, 2004).

O burnout está relacionado a comportamentos negativos frente aos clientes e à

empresa ou instituição na qual atua o trabalhador e ocorre em três fases bem

demarcadas, descritas por Christina Maslach e Susan Jackson, a saber: exaustão

emocional, despersonalização e redução da realização pessoal e profissional (Malagris,

2004).

A primeira fase corresponde ao esgotamento da energia, fazendo com que o

profissional apresente irritabilidade, falta de generosidade, falta de sensibilidade e

rigidez comportamental. Diante desses sentimentos o profissional não consegue lançar

mão de características importantes a uma boa relação terapêutica, pois o outro

representa uma carga a mais a ser suportada (Malagris, 2004).

Havendo exacerbação dos sintomas da primeira fase, o indivíduo passa à

segunda etapa, despersonalização, na qual ocorrem sentimentos de indiferença frente ao

outro, podendo gerar no profissional, culpa e angústia. Neste momento o paciente deixa

de ser uma pessoa e passa a ser encarado como objeto (Malagris, 2004).

Diante de todo esse quadro, o profissional experimenta queda em sua realização

pessoal e profissional, por não conseguir atuar de forma plena em seu trabalho

(Malagris, 2004).

Segundo Benevides-Pereira (2002) a síndrome do burnout é mais notada em

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profissões voltadas ao cuidado com o outro. Profissionais de saúde, e aí se incluem os

médicos e enfermeiros, policias e professores são os trabalhadores que mais sofrem com

a síndrome segundo a autora, embora estudos atuais mostrem que outras profissões

também estão suscetíveis à síndrome.

Na literatura encontram-se muitos estudos a respeito da saúde mental do

enfermeiro, demonstrando estar essa categoria preocupada com tal questão, podendo o

contrário ser percebido com relação à categoria dos médicos, na qual pouco ainda se

observa a respeito de sua saúde emocional (Sobrinho, Carvalho, Bonfim, Cirino &

Ferreira, 2006). Entretanto, alguns autores têm se esforçado na tentativa de entender

melhor a questão, a fim de que essa categoria profissional também compreenda os

possíveis problemas relacionados à sua atividade e possa, com isso, desenvolver

estratégias de manejo.

Benevides-Pereira (2002) aponta que dentre os agentes estressores da atividade

médica podem ser apontados: demanda de atendimento, pouco reconhecimento,

reduzida participação nas decisões organizacionais, longa jornada de trabalho,

dificuldade de promoção, necessidade de atualização contínua, exposição constante a

risco, pressão do tempo e urgências burocracia na prática médica, problemas de

comunicação e competição laboral, relacionamento com superiores, ausência de local

privado para descanso nos intervalos, dentre outros fatores.

Em estudo realizado com médicos de Salvador, Sobrinho et al. (2006)

identificaram que os estressores mais freqüentemente relatados por esses profissionais

foram sobrecarga de trabalho, múltiplas inserções, contratação precária e baixa

remuneração.

Estes estressores, aliados às pressões pelas quais o médico já passou ao longo da

sua formação (vestibular para entrada na Universidade, concorrência por uma vaga na

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Residência Médica, pressões sofridas ao longo da Residência, tida como atividade

altamente estressante por submeter o estudante residente a situações de dificuldade,

ligadas à natureza do treinamento) levam o profissional, muitas vezes, ao desgaste,

levando-o a apresentar uma série de problemas de saúde, bem como de desempenho no

trabalho.

Os profissionais de enfermagem também possuem estressores específicos de sua

atuação profissional, embora compartilhem com os médicos e demais trabalhadores da

área da saúde alguns agentes estressores.

Stacciarini e Tróccoli (2001) identificaram estressores de acordo com a

ocupação do enfermeiro: assistencial – recursos inadequados, atendimento ao cliente,

relações interpessoais, carga emocional; administrativo – recursos inadequados,

assistência, relações interpessoais, cobranças, sobrecarga de trabalho, reconhecimento

profissional, poder de decisão; docente – recursos inadequados, atividades com os

alunos, relações interpessoais, política universitária, sobrecarga de trabalho, questões

salariais e carga horária. Além destes pode-se citar a excessiva carga de tarefas,

dificuldades em delimitar e a diferença entre os papéis do enfermeiro, técnico e auxiliar

de enfermagem.

A especificidade de trabalho em comunidades gera mais uma série de agentes

estressantes, afora os que o profissional esbarra em seu campo de atuação, tal como se

expor continuamente a problemas de naturezas diversas, sendo freqüentemente

surpreendidos por eles (Camelo & Angerami, 2004).

A realidade acima exposta evidencia a importância de suporte para os

trabalhadores da saúde, pois os mesmos convivem continuamente com situações que o

exigem física e emocionalmente, a fim de que possam manter preservados sua qualidade

de vida e seu desempenho profissional.

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8. O MUNICÍPIO DE PARACAMBI

8.1. Localização, um pouco de história e realidade atual

O município de Paracambi localiza-se na região metropolitana do Estado do Rio

de Janeiro, mais precisamente na Baixada Fluminense, e possui uma área territorial de

186,4 km2. Situado a 80 km da capital do Estado pela Via Dutra e a 70 km pela Estrada

de Ferro, tem como vizinhos os municípios de Engenheiro Paulo de Frontin e Mendes

(ao norte), Piraí (a noroeste), Seropédica e Itaguaí (ao sul) e Japeri (a sudoeste) (ver

Figura 3). O acesso à cidade é feito através da Estrada RJ 127 e / ou Rodovia RJ 093,

que liga Paracambi a Japeri, bem como pelo ramal ferroviário, unindo o município à

Central do Brasil (Natal & Natal, 1987; Prefeitura Municipal de Paracambi, 2006).

Figura 3 – Localização Regional de Paracambi

Fonte: www.baixadafacil.com.br/cidades/paracambi.htm

Paracambi, que em Tupi Guarani significa “macaco pequeno”, nasceu a partir da

junção de dois distritos: o 7º de Vassouras, denominado Tairetá e o 3º de Itaguaí,

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chamado Paracamby, separados pelo principal afluente do Ribeirão das Lages, o Rio

dos Macacos, tendo essa separação um caráter mais político que social. Sua

emancipação política ocorreu no dia 08 de agosto de 1960, entretanto, sua história

remonta ao século XVIII com a fixação dos primeiros sesmeiros, dando início à sua

colonização. A região experimentou intenso progresso, quando da instalação da Estrada

de Ferro Dom Pedro II (REFSA) em 1861, como também da indústria de tecidos de

algodão Cia Têxtil Brasil Industrial, à época, a maior da América Latina (Abreu, 1994;

Natal & Natal, 1987; Prefeitura Municipal de Paracambi, 2006).

O sucesso da Brasil Industrial atraiu outras indústrias para a região: a Cia

Tecelagem Santa Lusia, em 1891, mais tarde denominada Fábrica de Tecidos Maria

Cândida e a Cia Siderúrgica Lanari S/A na década de 50, dentre outras, proporcionando

à população local e das regiões vizinhas uma abundante oferta de empregos. Quando da

criação do município, a economia baseava-se na atividade industrial e grande parte dos

munícipes trabalhava na cidade. A partir dos anos 70, contudo, inicia-se um processo de

decadência das indústrias paracambienses, forçando seus habitantes a procurarem

trabalho fora das fronteiras municipais, dando a cidade a alcunha de “cidade

dormitório” (Abreu, 1994 ).

De todas as empresas instaladas na região nas décadas anteriores, apenas a

Fábrica de Arames e Parafusos e a Fábrica de Tecidos Maria Cândida continuam em

funcionamento, porém com quantidade reduzida de funcionários, o que denota as

dificuldades advindas a partir do esvaziamento econômico local e a própria crise

econômica nacional (Prefeitura Municipal de Paracambi, 2006).

Apesar da proximidade com a Baixada Fluminense e com a Capital, Paracambi

tem como traço marcante a tranqüilidade, sendo um dos municípios com menor índice

de violência do Estado. Cercada de matas ainda preservadas, sua população guarda

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hábitos e costumes típicos das famílias que migraram do Sul de Minas Gerais para a

cidade no apogeu da Fábrica de Tecidos que deu origem ao município (Prefeitura

Municipal de Paracambi, 2006).

Atualmente possui 42.936 mil habitantes distribuídos ao longo de sua extensão

territorial, grande parte localizada na zona rural. Apenas 8% de toda sua área

corresponde a zona urbana, dividida em diferentes bairros, nos quais localizam o maior

contingente populacional (Prefeitura Municipal de Paracambi, 2006).

Embora não haja emprego a contento para todos e as perspectivas de

crescimento profissional sejam muito limitadas, a cidade buscou superar a crise

industrial ocorrida na década de 70, deslocando seu eixo econômico para as atividades

comerciais e de serviços, tornando-se referência aos municípios vizinhos pela variedade

adquirida nestes ramos de negócio, dinamizando a economia local. Trata-se de um

comércio de pequeno porte, situado, principalmente, no centro da cidade (Prefeitura

Municipal de Paracambi, 2006).

Por ser um município predominantemente rural, tem também nesta zona um

grande dinamizador de sua economia. Apesar do baixo número de trabalhadores com

carteira assinada desse segmento, sabe-se que muitas famílias vivem do cultivo da terra

e da criação de animais contribuindo para o desenvolvimento municipal (Prefeitura

Municipal de Paracambi, 2006).

São diversos os bairros rurais do município, cujas principais plantações

mesclam-se em torno de banana, coco e citros, tendo o cultivo da banana uma

importância ímpar, além das atividades agrícolas secundárias como, aipim, quiabo e

abóbora. As criações de bovinos de leite e corte, a piscicultura e a avicultura, por sua

vez, são largamente encontradas nesses bairros e auxiliam no desenvolvimento

econômico da cidade (Prefeitura Municipal de Paracambi, 2006).

41

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No que concerne ao lazer, o paracambiense usufrui suas praças, quadras, campos

de futebol e clubes recreativos espalhados pelos bairros, uma vez que a cidade não

possui cinema, teatro ou centro cultural. Entretanto, é uma cidade com grande potencial

turístico, pois possui sua Mata Atlântica praticamente intocada, propiciando o passeio

ecológico e também a prática de esportes radicais como canoagem, por exemplo. Além

disso, o município possui um calendário de festividades anuais, que incluem festa dos

padroeiros, carnaval, aniversário da cidade, dentre outros, que mobilizam toda a

população paracambiense. O símbolo da cidade, o curió, tem um campeonato dedicado

a ele, realizado em novembro, convergindo criadores de todo Estado (Prefeitura

Municipal de Paracambi, 2006).

A cidade de Paracambi ainda hoje se constitui como cidade dormitório onde a

maior parte dos trabalhadores sai para trabalhar na cidade do Rio de Janeiro e em outros

municípios. O cotidiano de seus munícipes é bastante simples, revelando uma

população tranqüila, com um modo de vida igualmente tranqüilo, tratando-se de “uma

dinâmica típica de cidade do interior, ainda não atropelada pela violência desenfreada”.

(Prefeitura Municipal de Paracambi, 2006, p.9).

8.2. A saúde no município: destaque para a Atenção Básica

O município de Paracambi conta tanto com a rede pública quanto com a rede

privada para o atendimento de sua população. São dois hospitais e duas casas de saúde

privadas - os Hospitais Paracambi e Evangélico e as Casas de Saúde Dr. Eiras (sob

intervenção da prefeitura) e Nossa Senhora Aparecida - e dois hospitais públicos -

Hospitais Geral Municipal Dr. Adalberto da Graça e Maternidade, este último ainda em

construção (Prefeitura Municipal de Paracambi, 2006).

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A oferta de leitos, internações e cirurgias são em grande parte da rede privada

conveniada ao SUS. Do total geral de 1991 leitos, apenas 53 são municipais enquanto

976 são privados, dos quais 962 são conveniados com o Sistema Único de Saúde

(Prefeitura Municipal de Paracambi, 2006).

Com relação à saúde básica, a cidade dispõe de 17 unidades, sendo 09 Módulos

de Saúde Comunitário, Jardim Nova Era, Cascata, São José, Sabugo, Guarajuba, Km

09, Ponte Coberta, Saudoso e Centro, 02 Centros Municipais de Saúde Coletiva, os dois

localizados no bairro de Lages e 06 Postos de Saúde, Bom Jardim, Cabral, Vitória da

União – Mutirão, Amapá, 1º de Maio e Pacheco.

No que se refere aos programas e ações de assistência à saúde, Paracambi conta

com uma diversidade de estratégias que visam desde a promoção da saúde e prevenção

de doenças até o tratamento dos doentes. Devido ao escopo deste trabalho, será dado

destaque ao Programa de Saúde da Família (PSF), por este compor a Atenção Básica do

município.

A Estratégia de Saúde da Família em Paracambi foi antecedido pela implantação

do Projeto Médico de Família, em 1994, através de convênio firmado com o Governo

Estadual, cujo objetivo era a reprodução no Brasil do modelo cubano de atenção

primária a saúde. Esse processo, entretanto, não se deu de forma simples, pois os

recursos municipais para tal empreendimento eram bastante limitados, sendo necessário

o estabelecimento de parcerias. Para tanto, foi firmado em agosto de 1995 um convênio

de Cooperação Técnica e Científica com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro

(UERJ), viabilizado pelo Projeto de Interiorização do Departamento de Enfermagem em

Saúde Pública da Faculdade de Enfermagem da UERJ “Criação de Modelos Locais de

Serviços de Saúde na Rede de Atenção Primária do município de Paracambi/RJ”, tendo

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como objetivo ampliar a oferta de serviços de saúde na Atenção Básica, pautado na

perspectiva interdisciplinar de trabalho (Carvalho, 2000).

Embora possuindo os mesmos pressupostos do Programa Médico de Família, a

nova proposta advinda a partir da parceria entre Secretaria Municipal de Saúde/UERJ

denominada Saúde Comunitária o substituiu, a fim de se adequar à realidade municipal

no que concerne à equipe de trabalho, que não possuía um médico generalista, exigência

da coordenação estadual para reconhecimento do Médico de Família (Carvalho, 2000).

No início do ano de 1996, com o apoio da equipe da UERJ, foi elaborado um

projeto de implantação do Programa de Saúde da Família, com intuito de firmar

convênio com a Secretaria Estadual de Saúde, a fim de expandir a proposta para mais

três bairros do município. No 2º semestre do mesmo ano o Governo Federal reconheceu

o modelo de atenção desenvolvido pelo município, estando este de acordo com a nova

política do Ministério da Saúde para todo país, a saber, o Programa de Saúde da

Família, e estabelece convênio entre Secretaria Municipal de Saúde/ Secretaria Estadual

de Saúde/ Ministério da Saúde, sendo repassado um quantitativo em dinheiro para

compra de materiais (Carvalho, 2000).

Atualmente no município já são 7.922 famílias atendidas pelas equipes da ESF,

segundo Sistema de Informação de Atenção Básica atualizado em maio de 2007, e a

perspectiva é que mais equipes sejam formadas a fim de que toda a população seja

contemplada.

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9. OBJETIVOS

Com base no acima exposto, o presente estudo se justifica e teve como objetivos

gerais: a- Avaliar o nível de stress de médicos e enfermeiros da Atenção Básica do

município de Paracambi; b- Identificar e analisar os estressores ocupacionais

prevalentes de cada categoria profissional. Como objetivos específicos buscou-se

caracterizar a amostra investigada em relação aos dados sociobiográficos e

ocupacionais; relacionar os mesmos ao stress e verificar a existência de relação entre

stress e os estressores ocupacionais mais encontrados em cada categoria profissional.

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10. MÉTODO

10.1. Participantes

O estudo contou com uma amostra não probabilística e acidental, pois, de todos

os médicos e enfermeiros das 17 Unidades Básicas de Saúde do município de

Paracambi, 28 e 11 respectivamente, concordaram em participar 20 (71%) profissionais

de medicina e 10 (91%) profissionais de enfermagem. Observou-se, portanto, que 30

médicos e enfermeiros (77%) da população total fizeram parte da pesquisa.

Como se almejou investigar toda a classe médica das UBS, bem como todos os

enfermeiros, não houve critério de exclusão, estando aptos todos os profissionais das

duas categorias mediante aceitação e assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido por parte dos mesmos.

10.2. Local

A pesquisa se realizou em 17 Unidades Básicas de Saúde do município de

Paracambi, que se distribuem em diferentes bairros da cidade.

São 09 Módulos de Saúde Comunitário nos bairros Jardim Nova Era, Cascata,

São José, Sabugo, Guarajuba, Km 09, Ponte Coberta, Saudoso e Centro; 02 Centros

Municipais de Saúde Coletiva, os dois localizados no bairro de Lages e 06 Postos de

Saúde, localizados nos bairros Bom Jardim, Cabral, Vitória da União – Mutirão,

Amapá, 1º de Maio e Pacheco.

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10.3. Instrumentos

Foram utilizados no presente estudo os seguintes instrumentos:

a) Questionário Informativo (QI) (Anexo 1), elaborado pela autora, cujo objetivo

foi traçar o perfil biográfico e profissional da amostra e relacionar esses dados aos

obtidos nos demais instrumentos utilizados, descritos a seguir;

b) Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL) (Lipp, 2000),

que visa investigar a presença ou não de stress, a fase do stress e a predominância de

sintomas, físicos e/ou psicológicos. O instrumento é composto por três quadros, estando

o primeiro deles (Quadro 1) relacionado à fase de Alerta, onde estão descritos quinze

sintomas, doze físicos e três psicológicos, os quais a pessoa identifica os

experimentados nas últimas 24 horas. O Quadro 2 diz respeito à Fase de Resistência e

de Quase-Exaustão, também formado por quinze sintomas, dez físicos e cinco

psicológicos, permitindo identificar a sintomatologia apresentada pelo indivíduo na

última semana. O terceiro e último quadro (Quadro 3) é constituído por vinte e três

sintomas, doze físicos e onze psicológicos, e refere-se à Fase de Exaustão, cujo intuito é

averiguar os sintomas apresentados no último mês;

c) Questionário sobre o Estresse no Local de Trabalho (QELT), de autoria de

Glina e Rocha (2000) (Anexo 2), cujo objetivo é avaliar o risco de desenvolvimento de

stress a partir do local de trabalho, possibilitando também a identificação e

quantificação de estressores ocupacionais. Em nota ao final do instrumento as autoras

enfatizam que os itens Requisitos do Trabalho, Autoridade Decisória (em parte),

Discriminação de Tarefas e Condições de Emprego (em parte) foram baseados no

Questionário sobre o Conteúdo das Tarefas desenvolvido por Karasek (1985). O QELT

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é constituído por cinco itens - Requisitos do Trabalho, Autoridade Decisória,

Discriminação de Tarefas, Condições de Emprego e Apoio dos Chefes e Colegas. Cada

item é composto por subitens que possuem peso 0 ou 1, de acordo com seu potencial

estressor (Quadro 1).

No presente estudo o QELT, foi utilizado somente para a identificação dos

estressores ocupacionais, pois através do ISSL já se verificaria a presença e nível de

stress.

Quadro 1 – Estressores do QELTSubitens Estressor Não

Estressor1) O seu trabalho requer muita rapidez? 12) O seu trabalho é muito árduo? 13) É solicitado a trabalhar excessivamente? 14) Tem tempo suficiente para realizar as suas tarefas? 05) É objeto de pedidos conflituosos por parte de outros? 16) O seu trabalho necessita de longos períodos de concentração intensa? 17) As suas tarefas são interrompidas freqüentemente antes de serem completadas, necessitando de atenção posterior?

1

8) O volume e ritmo de trabalho são muito elevados? 19) A espera de trabalho proveniente de outras pessoas ou seções prejudica o ritmo do seu trabalho?

1

10) O seu trabalho permite-lhe tomar muitas decisões individuais? 011) No âmbito das suas tarefas, tem pouca liberdade de escolher o modo de trabalhar?

1

12) Tem bastante responsabilidade relativamente ao seu trabalho? 013) Pode determinar a ordem das suas tarefas? 014) Pode determinar o modo de realizar determinada tarefa? 015) Pode facilmente deixar o local de trabalho por um período breve? 016) Pode interromper o seu trabalho, se necessário? 017) Pode determinar o seu próprio ritmo de trabalho? 018) O seu trabalho necessita que aprenda coisas novas? 019) O seu trabalho é muito repetitivo? 120) O seu trabalho necessita de um espírito criativo? 021) O seu trabalho necessita de um nível elevado de destreza? 022) Realiza uma série de tarefas diferentes no seu trabalho? 023) Tem a oportunidade de desenvolver as suas próprias aptidões? 024) Pode determinar a altura em que começa e pára de trabalhar? 025) Pode determinar quando necessita de uma pausa? 026) Tem conhecimento do seu horário de trabalho com mais de um mês de antecedência?

0

27) Pode tirar dias de folga quando deseja? 028) O seu trabalho é seguro? 029) As suas perspectivas para o desenvolvimento de carreira e de promoção são boas?

0

30) Em cinco anos as suas qualificações ainda serão válidas? 031) A atmosfera do local de trabalho é boa? 032) Os seus colegas irritam-se freqüentemente? 133) Se necessário, pode pedir assistência a um ou mais colegas? 034) A gestão cotidiana do seu trabalho é eficaz? 035) A sua opinião é tomada suficientemente em conta na gestão cotidiana do trabalho?

0

36) A gestão cotidiana tem uma idéia precisa do seu trabalho? 037) É suficientemente apoiado no seu trabalho pela gestão cotidiana? 038) Está suficientemente informado sobre o desenvolvimento na instituição? 0

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10.4. Procedimento

Inicialmente foi solicitada e concedida autorização por escrito do Coordenador

Municipal de Saúde Coletiva para a realização da pesquisa com os médicos da Atenção

Básica do município (Anexo 3). A seguir, o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética

em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (CEP SMS/RJ),

aprovado sob número de protocolo 28/07 (Anexo 4). Após as devidas concordâncias, a

pesquisadora percorreu as Unidades Básicas de Saúde a fim de solicitar a autorização de

seus responsáveis para o desenvolvimento das atividades. Posteriormente, os

profissionais médicos das Unidades foram contatados, sendo informados do objetivo da

pesquisa e requerida assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo

5) daqueles que concordaram em participar do estudo. As aplicações ocorreram ao

longo dos meses abril, maio, junho, julho, agosto e setembro de 2007.

Ao longo da pesquisa de campo foi percebido interesse por parte dos

profissionais de enfermagem atuantes nas Unidades Básicas de Saúde em participarem

da pesquisa, o que levou a solicitação da inclusão de tais profissionais no estudo, tanto

por parte do Coordenador Municipal de Saúde Coletiva, quanto do CEP SMS/RJ,

número de protocolo 28/07, (Anexo 6), ambos aprovando a participação dos

enfermeiros. Os procedimentos adotados foram os mesmos usados para os profissionais

de medicina, salvo modificações feitas no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(Anexo 7), para acrescentar ao título da pesquisa os enfermeiros como participantes.

Além disso, foram feitas adaptações no Questionário Informativo (Anexo 8), a fim de

que o mesmo se adequasse à realidade dos profissionais de enfermagem.

Foi oferecida opção a cada participante de receber ou não o resultado do ISSL,

sendo entregue aos interessados um relatório individual. Todos os profissionais que

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responderam aos instrumentos receberam um folheto informativo (Anexo 9) sobre as

causas, conseqüências e formas de manejo do stress excessivo. O objetivo desse último

procedimento foi contribuir com informações específicas sobre o tema, para que os

profissionais entendessem o que é o stress, a fim de implantar estratégias que pudessem

reduzir seu nível, caso estivesse estressado, melhorando sua qualidade de vida.

10.5. Apresentação e Tratamento dos Dados

A análise descritiva dos resultados do QI, ISSL e QELT foi realizada através do

programa Microsoft EXCEL. Para o estudo das possíveis relações de dependência entre

as variáveis dos instrumentos, utilizou-se o programa de computador GraphPad Prism

3.0, realizando-se tratamento dos dados através de estatística não paramétrica, mais

especificamente Prova Exata de Fisher. Importante ressaltar que em todas as análises o

nível de significância utilizado foi de 0.05 (= 5%).

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11. RESULTADOS

A princípio, serão descritos os resultados obtidos a partir do Questionário

Informativo (QI) e da folha de rosto do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos

de Lipp (ISSL), com fins de caracterização da amostra analisada. Em seguida serão

abordados os outros dois instrumentos utilizados na pesquisa, a saber, Inventário de

Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL) e Questionário sobre o Estresse no

Local de Trabalho (QELT). Terminada a descrição de tais dados, passar-se-á à análise

das possíveis relações entre as variáveis.

Embora a média de idade e o gênero dos participantes tenham sido analisados

tanto para a amostra total como por profissão, os demais dados foram avaliados por

categorias profissionais em separado. Tal decisão se deu pelo fato de o objetivo da

presente pesquisa se fundamentar em análise por categoria. O exame dos resultados

obtidos a partir da amostra como um todo não se revelou relevante no momento, embora

possa se constituir em objetivo de futuros estudos.

Quanto ao QI, este abarcou uma variedade de questões como pode ser visto nos

Anexos 1 e 7. No entanto, em função do reduzido número da amostra e,

conseqüentemente, da distribuição das respostas, optou-se por investigar somente as

seguintes informações: estado civil, número de filhos, tempo de serviço profissional,

tempo de serviço na Atenção Básica de Paracambi, atuação em outro trabalho, carga

horária na Atenção Básica de Paracambi e tipo de vínculo empregatício.

Antes de discutir as informações obtidas, é importante relembrar as hipóteses

que embasaram este trabalho: os profissionais pesquisados estariam estressados e

haveria relação de dependência entre stress e estressores. Diante disso, descrevem-se as

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análises dos resultados alcançados a fim de constatar se tais hipóteses correspondem ou

não à realidade pesquisada.

A média de idade dos participantes foi de 39,9 anos (DP = 11,05). Separando

por categorias, a média de idade dos médicos foi de 43,7 (DP = 10,32) e dos

enfermeiros 32,3 anos (DP = 8,47). No que concerne ao gênero dos 30 profissionais do

estudo, 21 (70%) eram homens e nove (30%) mulheres. Treze (65%) dos 20 médicos

eram do gênero masculino e sete (35%) do feminino. Com relação aos profissionais de

enfermagem oito (80%) eram enfermeiras e apenas dois (20%) eram enfermeiros.

Quanto ao estado civil dos profissionais de medicina, apreendeu-se que 14

(70%) eram casados (as), três (15%) solteiros (as) e três (15%) separados (as)

/divorciados (as). O número de casados (as) e solteiros (as) na amostra de enfermeiros

foi igual a quatro (40%); a categoria “separado (a) /divorciado (a)” conteve dois

representantes, o que corresponde a 20% dos enfermeiros analisados.

No que tange ao número de filhos, os resultados dos médicos revelou que dos 20

participantes, oito (40%) tinham um filho somente e seis (30%), dois filhos; as

categorias “nenhum filho” e “3 filhos ou mais” obtiveram o mesmo resultado, três

(15%). Analisando os enfermeiros, notou-se que cinco (50%) não tinham filhos, dois

(20%) tinham um filho, dois (20%) tinham dois filhos e apenas um (10%) tinha três

filhos ou mais.

No que concerne ao tempo de serviço profissional, a análise da categoria de

médicos mostrou que sete (35%) dos 20 estudados possuíam de seis a 10 anos de

carreira, cinco (25%), menos de cinco anos, quatro (20%), mais de 26 anos, três (15%),

de 21 a 15 anos e um (5%) apenas trabalhava na profissão de 16 a 20 anos. Os

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profissionais de enfermagem se concentraram na classe “menos de 5 anos”,estes somam

um total de seis (60%); quatro (40%) tinham de seis a 10 anos de profissão.

Quanto ao tempo de atuação dos médicos na Atenção Básica de Paracambi,

observou-se que 11 (58%) estavam há menos de cinco anos na AB de Paracambi. Os

que atuavam de seis a 10 anos, 11 a 15 anos, 16 a 20 anos e mais de 26 anos somam oito

(42%), cada classe com dois (10,5%) representantes. Cabe ressaltar, que o número de

participantes que responderam a este item foi igual a 19, pois um dos médicos

entrevistados não assinalou tal questão. Assim, como ocorrido na amostra de

profissionais de medicina, os enfermeiros em geral encontravam-se há menos de cinco

anos no serviço, totalizando sete (70%). Os outros três (30%) faziam parte da classe “6

a 10 anos”.

Os dados relativos à carga horária do profissional médico na AB de Paracambi

revelaram que cinco (28%) trabalhavam menos de 11 horas. As classes “16 a 20”, “26 a

30” e “36 a 40” obtiveram cada qual três respostas, o que corresponde a 17% do total de

médicos pesquisados; apenas dois (11%) relataram trabalhar mais de 40 horas, um (5%)

de 11 a 15 horas e um (5%) de 31 a 35 horas. Convém enfatizar, que dos 20 médicos

apenas 18 responderam a este item. Dos 10 profissionais de enfermagem estudados,

nove (90%) disseram atuar de 36 a 40 horas na AB de Paracambi, somente um (10%)

relatou trabalhar mais de 40 horas.

No que diz respeito ao vínculo empregatício, todas as pessoas averiguadas

(100%) eram vinculadas à cooperativa de trabalho.

Para concluir, buscou-se saber se os profissionais médicos e enfermeiros da AB

de Paracambi possuíam outro trabalho além do que mantinham com a Prefeitura do

município em questão. Quando se analisou a categoria dos médicos, verificou-se que 17

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(89%) possuíam outra ocupação, somente dois (11%) não tinham mais de um trabalho.

Ao contrário do exposto para os médicos, a maioria dos enfermeiros, seis (60%), relatou

não ter vinculação com outro emprego, ao passo que 4 (40%) dividem suas tarefas entre

AB de Paracambi e outras atividades relacionadas à profissão.

A Tabela 1 apresenta os dados coletados a partir do QI.

Tabela 1 - Dados do Questionário Informativo, de acordo com a amostra de médicos (n = 20) e enfermeiros (n = 10)

DADOS Freqüência na amostra de médicos

% Freqüênciana amostra de enfermeiros

%

Estado Civil Solteiro (a)Casado (a) Separado (a) / Divorciado (a)

3143

15%70%15%

442

40%40%20%

FilhosNenhum1 filho2 filhos> 3 filhos

3863

15%40%30%15%

5221

50%20%20%10%

Tempo de Serviço Profissional< 5 anos6 a 10 anos11 a 15 anos16 a 20 anos21 a 25 anos> 26 anos

570134

25%35%

-5%15%20%

640000

60%40%

----

Tempo de Serviço na AB de Paracambi*< 5 anos6 a 10 anos11 a 15 anos16 a 20 anos21 a 25 anos> 26 anos

1122202

58%10,5%10,5%10,5%

-10,5%

730000

70%30%

----

Carga Horária na AB de Paracambi**< 11 horas11 a 15 horas16 a 20 horas21 a 25 horas26 a 30 horas31 a 35 horas36 a 40 horas> 40 horas

51303132

28%5%17%

-17%5%17%11%

00000091

------

90%10%

Tipo de Vínculo EmpregatícioCooperativa de TrabalhoConcurso

200

100%-

100

100%-

Possui outro trabalho?SimNão

172

89%11%

46

40%60%

*Somente 19 médicos responderam a este item.

**Somente 18 médicos responderam a este item.

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A seguir serão apresentados os dados obtidos a partir da aplicação do ISSL,

iniciando-se pela presença de stress nos profissionais analisados.

Dentre os médicos, observou-se nove (45%) estressados e 11 (55%) não

estressados. Quanto aos profissionais de enfermagem, verificou-se que quatro (40%)

estavam estressados e seis (60%) não estressados (Tabela 2).

Tabela 2 - Stress em médicos (n = 20) e enfermeiros (n = 10)

Todos os profissionais estressados na amostra de médicos, nove (100%), e de

enfermeiros, quatro (100%), encontravam-se na segunda fase do stress, denominada

Resistência. A Tabela 3 apresenta a freqüência da sintomatologia dos participantes.

Tabela 3 - Sintomas de stress da fase de Resistência em médicos (n = 9) e enfermeiros (n = 4)

Sintomas Freqüência na amostra de

médicos

% Freqüência na amostra de enfermeiros

%

Problemas com a memória 5 55,5% 2 50%Mal-estar generalizado, sem causa específica

3 33% 3 75%

Formigamento das extremidades 2 22% 0 -Sensação de desgaste físico constante 7 78% 3 75%Mudança de apetite 2 22% 3 75%Aparecimento de problemas dermatológicos

1 11% 0 -

Hipertensão arterial 2 22% 0 -Cansaço constante 6 67% 4 100%Aparecimento de úlcera 0 - 0 -Tontura/sensação de estar flutuando 1 11% 0 -Sensibilidade emotiva excessiva 6 67% 4 100%Dúvida quanto a si próprio 4 44% 2 50%Pensar constantemente sobre um só assunto

5 55,5% 2 50%

Irritabilidade excessiva 3 33% 4 100%Diminuição da libido 3 33% 0 -

Presença de Stress Freqüência na amostra de

médicos

% Freqüência na amostra de enfermeiros

%

Não estressados 11 55% 6 60%Estressados 9 45% 4 40%

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Nota-se que dentre os médicos estressados (9), os seguintes sintomas foram os

mais presentes: sensação de desgaste físico constante (7-78%), cansaço constante e

sensibilidade emotiva excessiva. Os dois últimos sintomas foram apontados por seis

(67%) participantes. Apesar de na amostra de enfermeiros estressados (4) ter

predominado dois sintomas comuns aos encontrados na amostra de médicos, cansaço

constante e sensibilidade emotiva excessiva, ambos apontados pelos quatro (100%)

enfermeiros estressados, um sintoma se diferenciou: irritabilidade excessiva, assinalado

por todos, quatro (100%), enfermeiros estressados.

No que tange à freqüência de sintomas na amostra de médicos, constatou-se que

em seis (67%) participantes prevaleceram os sintomas psicológicos em detrimento dos

físicos, que foram apresentados por três (33%) participantes. Com relação aos

enfermeiros, notou-se que em dois (50%) imperou a sintomatologia psicológica, em um

(25%) a sintomatologia física e em um (25%) ambos os sintomas, físicos e psicológicos

(Tabela 4).

Tabela 4 - Sintomas de stress em médicos (n = 9) e enfermeiros (n = 4)Prevalência de Sintomas Freqüência na

amostra de médicos

% Freqüência na amostra de enfermeiros

% TOTAL %

Sintomas Físicos 3 33% 1 25%Sintomas Psicológicos 6 67% 2 50%

Sintomas Físicos e Psicológicos 0 - 1 25%

Uma vez apresentados os dados do ISSL, passar-se-á à análise dos dados do

QELT. Primeiramente, serão avaliadas as freqüências e respectivas porcentagens

obtidas pela amostra de médicos e enfermeiros frente aos estressores incluídos no

QELT (Tabela 5). Convém ressaltar, que nem todos os participantes responderam a

todos os itens do instrumento, logo, a análise da freqüência e porcentagem dos

56

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resultados necessitou de ajustes, de acordo com o número de respondentes. Será dada

ênfase aos estressores que foram assinalados por no mínimo 50% dos profissionais.

Tabela 5 – Estressores ocupacionais do QELT de acordo com a categoria profissional (médicos - n = 20 e enfermeiros – n = 10)

Subitens Freq. na amostra

de médicos

% Freq. na amostra de enfermeiro

s

%

1) O seu trabalho requer muita rapidez? 7 35% 4 40%2) O seu trabalho é muito árduo? 3 15% 3 30%3) É solicitado a trabalhar excessivamente? 7 35% 3 30%4) Tem tempo suficiente para realizar as suas tarefas? 1 5% 2 20%5) É objeto de pedidos conflituosos por parte de outros? 9 45% 5 50%6) O seu trabalho necessita de longos períodos de concentração intensa?

11 55% 6 60%

7) As suas tarefas são interrompidas freqüentemente antes de serem completadas, necessitando de atenção posterior?

7 35% 8 80%

8) O volume e ritmo de trabalho são muito elevados? 11 55% 6 60%9) A espera de trabalho proveniente de outras pessoas ou seções prejudica o ritmo do seu trabalho?

3 15% 4 40%

10) O seu trabalho permite-lhe tomar muitas decisões individuais? 2 10% 3 30%11) No âmbito das suas tarefas, tem pouca liberdade de escolher o modo de trabalhar?

3 15% 5 50%

12) Tem bastante responsabilidade relativamente ao seu trabalho? 0 - 0 -13) Pode determinar a ordem das suas tarefas? 1 5% 0 -14) Pode determinar o modo de realizar determinada tarefa? 0 - 3 30%15) Pode facilmente deixar o local de trabalho por um período breve?

8 40% 4 40%

16) Pode interromper o seu trabalho, se necessário? 4 20% 4 40%17) Pode determinar o seu próprio ritmo de trabalho? 4 20% 6 60%18) O seu trabalho necessita que aprenda coisas novas? 0 - 0 -19) O seu trabalho é muito repetitivo? 12 60% 4 40%20) O seu trabalho necessita de um espírito criativo?* 5 28% 0 -21) O seu trabalho necessita de um nível elevado de destreza?* 3 17% 3 30%22) Realiza uma série de tarefas diferentes no seu trabalho?* 7 39% 1 10%23) Tem a oportunidade de desenvolver as suas próprias aptidões?* 4 22% 4 40%24) Pode determinar a altura em que começa e pára de trabalhar?* 7 39% 5 50%25) Pode determinar quando necessita de uma pausa?* 3 17% 2 20%26) Tem conhecimento do seu horário de trabalho com mais de um mês de antecedência?*

1 5,5% 2 20%

27) Pode tirar dias de folga quando deseja?* 10 55,5%

8 80%

28) O seu trabalho é seguro?** 5 29% 9 90%29) As suas perspectivas para o desenvolvimento de carreira e de promoção são boas?*

5 28% 5 50%

30) Em cinco anos as suas qualificações ainda serão válidas?* 5 28% 3 30%31) A atmosfera do local de trabalho é boa?* 0 - 3 30%32) Os seus colegas irritam-se freqüentemente?* 1 6% 3 30%33) Se necessário, pode pedir assistência a um ou mais colegas?* 3 17% 0 -34) A gestão cotidiana do seu trabalho é eficaz?* 1 5,5% 4 40%35) A sua opinião é tomada suficientemente em conta na gestão cotidiana do trabalho?**

1 6% 5 50%

36) A gestão cotidiana tem uma idéia precisa do seu trabalho?** 0 - 4 40%37) É suficientemente apoiado no seu trabalho pela gestão cotidiana?**

1 6% 6 60%

38) Está suficientemente informado sobre o desenvolvimento na instituição?***

2 17% 2 25%

* Somente 18 médicos responderam a este item.

** Somente 17 médicos responderam a este item.

*** Somente 12 médicos e 8 enfermeiros responderam a este item.

57

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De acordo com a tabela 5, os seguintes estressores foram os mais encontrados

entre os médicos: trabalho repetitivo, encontrado em 12 (60%), não tirar dias de folga

quando deseja, notável em 10 (55,5%), necessidade de concentração intensa,

visualizado em 11 (55%) e volume e ritmo de trabalho elevados, evidente em 11 (55%).

Considerando a avaliação dos estressores dos enfermeiros, notou-se que nove

(90%) destes assinalaram a falta de segurança do trabalho, oito (80%) a interrupção de

tarefas antes de serem completadas e oito (80%) não tirar dias de folga quando deseja.

Os estressores referentes à necessidade de concentração intensa, volume e ritmo de

trabalho elevados, não determinação do próprio ritmo de trabalho e insuficiência no

apoio pela gestão cotidiana, foram assinalados por seis (60%) dos enfermeiros cada um.

Foram considerados também por cinco (50%) dos enfermeiros os seguintes estressores:

ser objeto de pedidos conflituosos por parte de outros, pouca liberdade na escolha do

modo de trabalhar, hora em que começa e pára de trabalhar, falta de perspectivas para

desenvolvimento de carreira e opinião levada suficientemente em conta pela gestão

cotidiana do trabalho.

Considerando que no QELT os estressores se apresentam agrupados em cinco

categorias (Requisitos do Trabalho, Autoridade Decisória, Discriminação de Tarefas,

Condições de Emprego e Apoio dos Chefes e Colegas), optou-se por realizar também a

análise das respostas organizadas segundo as mesmas (Tabela 6).

58

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Tabela 6 – Estressores ocupacionais de médicos (n = 20) e enfermeiros (n = 10) agrupados por categoria

Itens Freqüência na amostra de médicos

% Freqüência na amostra de enfermeiros

%

Requisitos do Trabalho1 59 33% 41 45%

Autoridade Decisória2 22 14% 25 28%

Discriminação de Tarefas3 31 28% 12 13%

Condições de Emprego4 36 29% 34 38%

Apoio dos Chefes e Colegas5 9 7% 27 17%

1 - Referente às questões de 1 a 9 do QELT.2 - Referente às questões de 10 a 17 do QELT.3 - Referente às questões 18 a 23 do QELT.4 - Referente às questões 24 a 30 do QELT.5 - Referente às questões 31 a 38 do QELT.

Observou-se que, tanto para médicos quanto para enfermeiros, as categorias de

estressores intituladas Requisitos do Trabalho e Condições de Emprego foram as mais

assinaladas. Quanto aos Requisitos do Trabalho a freqüência encontrada foi 59 (33%)

para médicos e 41 (45%) para enfermeiros, ao passo que para Condições de Emprego

obteve-se freqüência 36 (29%) para médicos e 34 (38%) para enfermeiros.

Interessante se fez analisar também os estressores do QELT, levando-se em

conta somente os profissionais estressados (Tabelas 7 e 8).

59

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Tabela 7 – Estressores ocupacionais do QELT em médicos (n = 9) e enfermeiros estressados (n = 4)

Subitens Freq. na amostra

de médicos estressad

os

% Freq. na amostra de enfermeiros estressados

%

1) O seu trabalho requer muita rapidez? 4 44% 1 25%2) O seu trabalho é muito árduo? 2 22% 2 50%3) É solicitado a trabalhar excessivamente? 4 44% 2 50%4) Tem tempo suficiente para realizar as suas tarefas? 1 11% 0 -5) É objeto de pedidos conflituosos por parte de outros? 5 55,5% 2 50%6) O seu trabalho necessita de longos períodos de concentração intensa?

7 78% 2 50%

7) As suas tarefas são interrompidas freqüentemente antes de serem completadas, necessitando de atenção posterior?

5 55,5% 4 100%

8) O volume e ritmo de trabalho são muito elevados? 6 67% 2 50%9) A espera de trabalho proveniente de outras pessoas ou seções prejudica o ritmo do seu trabalho?

2 22% 2 50%

10) O seu trabalho permite-lhe tomar muitas decisões individuais?

1 11% 1 25%

11) No âmbito das suas tarefas, tem pouca liberdade de escolher o modo de trabalhar?

2 22% 2 50%

12) Tem bastante responsabilidade relativamente ao seu trabalho?

0 - 0 -

13) Pode determinar a ordem das suas tarefas? 0 - 0 -14) Pode determinar o modo de realizar determinada tarefa? 0 - 0 -15) Pode facilmente deixar o local de trabalho por um período breve?

6 67% 1 25%

16) Pode interromper o seu trabalho, se necessário? 3 33% 1 25%17) Pode determinar o seu próprio ritmo de trabalho? 2 22% 2 50%18) O seu trabalho necessita que aprenda coisas novas? 0 - 0 -19) O seu trabalho é muito repetitivo? 7 78% 2 50%20) O seu trabalho necessita de um espírito criativo?* 2 28,5% 0 -21) O seu trabalho necessita de um nível elevado de destreza?* 1 14% 0 -22) Realiza uma série de tarefas diferentes no seu trabalho?* 3 43% 1 25%23) Tem a oportunidade de desenvolver as suas próprias aptidões?*

3 43% 1 25%

24) Pode determinar a altura em que começa e pára de trabalhar?*

5 71% 1 25%

25) Pode determinar quando necessita de uma pausa?* 2 28,5% 0 -26) Tem conhecimento do seu horário de trabalho com mais de um mês de antecedência?*

0 - 2 50%

27) Pode tirar dias de folga quando deseja?* 5 71% 3 75%28) O seu trabalho é seguro?* 3 43% 4 100

%29) As suas perspectivas para o desenvolvimento de carreira e de promoção são boas?*

5 71% 2 50%

30) Em cinco anos as suas qualificações ainda serão válidas?* 2 28,5% 1 25%31) A atmosfera do local de trabalho é boa?* 0 - 2 50%32) Os seus colegas irritam-se freqüentemente?* 1 14% 2 50%33) Se necessário, pode pedir assistência a um ou mais colegas?* 2 28,5% 0 -34) A gestão cotidiana do seu trabalho é eficaz?* 1 14% 2 50%35) A sua opinião é tomada suficientemente em conta na gestão cotidiana do trabalho?**

1 17% 2 50%

36) A gestão cotidiana tem uma idéia precisa do seu trabalho?** 0 - 2 50%37) É suficientemente apoiado no seu trabalho pela gestão cotidiana?**

1 17% 2 50%

38) Está suficientemente informado sobre o desenvolvimento na instituição?***

1 25% 1 33%

* Somente 7 médicos estressados responderam a este item.

** Somente 6 médicos estressados responderam a este item.

*** Somente 4 médicos estressados e 3 enfermeiros estressados responderam a este item.

60

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Os estressores mais apresentados pelos médicos estressados referem-se à

necessidade de concentração intensa, sete (78%); trabalho repetitivo, sete (78%); hora

em que começa e pára de trabalhar, cinco (71%); não tirar dias de folga quando deseja,

cinco (71%); falta de perspectivas para o desenvolvimento de carreira, cinco (71%);

volume e ritmo de trabalho elevados, seis (67%); não poder deixar o local de trabalho

por período breve, seis (67%); ser objeto de pedidos conflituosos por parte de outros,

cinco (55,5%) e ter suas tarefas freqüentemente interrompidas, assinalado por cinco

(55,5%) dos nove médicos estressados.

Todos os enfermeiros estressados, (100%), consideraram como estressores a

interrupção de suas tarefas antes delas serem completadas e falta de segurança

relacionada à permanência no emprego. O estressor não tirar dias de folga quando

deseja foi eleito por três (75%) dos estressados nesta categoria profissional. Ressalta-se

a expressividade do número de agentes estressantes assinalados por metade (50%) dos

profissionais de enfermagem estressados: trabalho árduo, excesso de trabalho, ser objeto

de pedidos conflituosos por parte de outros, necessidade de concentração intensa,

volume e ritmo de trabalho elevados, depender do trabalho de outros, pouca liberdade

na escolha do modo de trabalhar, não determinação do próprio ritmo de trabalho,

trabalho repetitivo, não ter conhecimento do horário de trabalho com mais de um mês

de antecedência, falta de perspectiva para o desenvolvimento de carreira, atmosfera de

trabalho ruim, irritação freqüente de colegas, ineficácia da gestão cotidiana e falta de

valorização de suas opiniões, de idéia precisa pela chefia sobre seu trabalho e de apoio

da gestão cotidiana (Tabela 7).

Analisando os estressores do QELT agrupados em categorias, focando-se

somente os profissionais estressados, temos os seguintes resultados (Tabela 8):

61

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Tabela 8 – Estressores ocupacionais de médicos (n = 9) e enfermeiros (n = 4) estressados agrupados por categoria

Itens Freqüência na amostra de médicos

% Freqüência na amostra de enfermeiros

%

Requisitos do Trabalho1 36 44% 17 47%

Autoridade Decisória2 14 19% 7 22%

Discriminação de Tarefas3 16 35% 4 17%

Condições de Emprego4 22 45% 13 46%

Apoio dos Chefes e Colegas5 7 14% 13 42%

1 - Referente às questões de 1 a 9 do QELT.2 - Referente às questões de 10 a 17 do QELT.3 - Referente às questões 18 a 23 do QELT.4 - Referente às questões 24 a 30 do QELT.5 - Referente às questões 31 a 38 do QELT.

Assim como observado nas duas amostras analisadas (de médicos e de

enfermeiros), os itens prevalentes dentre os estressados foram Requisitos do Trabalho e

Condições de Emprego (36 (44%) e 22 (45%) na de médicos; 17 (47%) e 13 (46%) na

de enfermeiros). Ressalva para o item Apoio dos Chefes e Colegas, também bastante

considerado pelos enfermeiros (13 - 42%).

Expostos os resultados gerais do estudo, parte-se para análise das possíveis

relações entre stress e os seguintes dados do QI: estado civil, número de filhos, tempo

de serviço profissional, tempo de serviço na Atenção Básica de Paracambi, carga

horária na Atenção Básica de Paracambi e atuação em outro trabalho. As variáveis

“gênero” e “faixa etária” obtidas através da folha de rosto do ISSL também serão

relacionadas ao stress.

O primeiro item abarcado pelo QI diz respeito ao estado civil dos participantes,

cuja divisão em casados e não casados (solteiros e separados / divorciados) se deu com

intuito de facilitar a análise. Na amostra de médicos observou-se que 14 (70%) eram

casados e 6 (30%) não casados. O número de estressados entre os casados foi seis, o que

62

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corresponde a 43% dos médicos matrimoniados. Dentre os não casados, observou-se

total de três (50%) estressados.

A análise dos profissionais de enfermagem nos permite assinalar que, em meio

aos 10 enfermeiros pesquisados, quatro (40%) eram casados, sendo identificado stress

em apenas um (25%) destes últimos. Entre os seis (60%) não matrimoniados observou-

se que três (50%) apresentaram significativo grau de stress. A Tabela 9 demonstra mais

claramente os resultados acima descritos.

Tabela 9 - Stress e estado civil em médicos (n = 20) e enfemeiros (n = 10)ESTADO

CIVILNão Estressados Estressados

Freq. % Freq. %Nº de médicos casados

(n = 14)8 57% 6 43%

Nº de médicos não casados (n = 6)

3 50% 3 50%

Nº de enfermeiros casados (n = 4)

3 75% 1 25%

Nº de enfermeiros não casados (n = 6)

3 50% 3 50%

Ao se aplicar a Prova Exata de Fisher, a fim de testar hipóteses de dependência

entre as duas variáveis analisadas (stress e estado civil), obteve-se o valor de p > 0.05

para as duas amostras. Considerando tais valores, pode-se afirmar que não existe relação

de dependência entre o estado civil dos profissionais e o fato dos mesmos estarem

estressados ou não. Sendo assim, as diferenças percebidas são atribuídas ao acaso. Em

outras palavras, a presença de stress independe do estado civil dos profissionais nas

amostras acima referidas.

A categoria número de filhos foi também simplificada, tal como estado civil, a

fim de objetivar a relação dos dados. Tal categoria foi dividida da seguinte maneira:

com filhos e sem filhos. Levando-se em conta que o número de médicos com filhos é

igual a 17, o que corresponde a 85% da amostra destes profissionais, avaliou-se que

63

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nove (53%) estavam estressados. Não houve número de estressados dentre os médicos

sem filhos.

Concernente aos enfermeiros, a metade, cinco (50%), da amostra tem filhos e a

metade, cinco (50%), não os tem. Dentre aqueles com filhos, apenas um (20%) estava

estressado, sendo observado nos sem prole três (60%) estressados (Tabela 10).

A utilização da Prova Exata de Fisher indicou que não existe relação de

dependência entre o fato de ter ou não filhos e estarem ou não estressados, ou seja, só se

pode atribuir essas diferenças ao acaso (p > 0.05).

Tabela 10 - Stress e filhos em médicos (n = 20) e enfermeiros (n = 10)

FILHOSNão Estressados Estressados

Freq. % Freq. %

Nº de médicos com filhos (n = 17 )

8 47% 9 53%

Nº médicos sem filhos (n = 3)

3 100% 0 -

Nº de enfermeiros com filhos (n = 5)

4 80% 1 20%

Nº de enfermeiros sem filhos (n = 5)

2 40% 3 60%

Em respeito à lógica analítica utilizada nos itens anteriores, a questão relativa ao

tempo de serviço profissional também foi dividida em dois grupos, para a amostra de

médicos e enfermeiros, grupos estes demonstrados na tabela 11.

Tabela 11 - Stress e tempo de serviço profissional de médicos (n = 20) e enfermeiros (n = 10)

AMOSTRAS TEMPO DE SERVIÇO PROFISSIONALNão Estressados Estressados

Freq. % Freq. %Médicos (n = 20) < 15 anos (n = 12)

> 16 anos (n = 8) 74

64%36%

54

55,5%44,5%

Enfermeiros (n = 10)< 15 anos (n = 10) > 16 anos (n = 0)

60

100%-

40

100%-

64

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Considerando-se a análise nos médicos, temos que 12 (60%) possuíam 15 anos

ou menos de carreira e oito (40%) 16 anos ou mais de atuação profissional. Dentre os

estressados, notou-se que cinco (55,5%) deles trabalhavam como médicos há 15 anos ou

menos, sendo observado menor número de profissionais de medicina na categoria “> 16

anos”, quatro (44,5%).

Nos profissionais de enfermagem percebeu-se que a totalidade (100%)

encontrou-se na categoria “< 15 anos”. Destes, quatro (40%) apresentaram nível de

stress significativo.

A aplicação da Prova Exata de Fisher aos dados acima descritos revelou que as

diferenças encontradas são frutos do acaso, não existindo relação entre a presença de

stress e o tempo de serviço profissional (p > 0.05). Para a amostra de enfermeiros não

foi possível fazer o cálculo estatístico devido à distribuição dos dados.

Para exame do tempo de serviço na Atenção Básica de Paracambi, foi acatada a

mesma categorização do item tempo de serviço profissional (tabela 12).

Tabela 12 - Stress e tempo de serviço na Atenção Básica de Paracambi de médicos (n = 20) e enfermeiros (n = 10)

AMOSTRAS TEMPO DE SERVIÇO NA ATENÇÃO BÁSICA DE PARACAMBI

Não Estressados Estressados

Freq. % Freq. %Médicos* (n = 19) < 15 anos (n = 15)

> 16 anos (n = 4) 73

70%30%

81

89%11%

Enfermeiros (n = 10)< 15 anos (n = 10) > 16 anos (n = 0)

60

100%-

40

100%-

*Somente 19 médicos responderam a esse item.

Decodificando a Tabela 13, percebe-se que 15 (79%) dos médicos compunham a

classe “< 15 anos” e quatro (21%) a classe “> 16 anos ”. Dos profissionais de medicina

65

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estressados, oito (89%) trabalhavam na AB de Paracambi há 15 anos ou menos; apenas

um (11%) relatou estar há 16 anos ou mais.

Não houve enfermeiros que assinalaram atuar há 16 anos ou mais na AB de

Paracambi, todos (100%) trabalhavam neste serviço há 15 anos ou menos, o que leva a

concluir que, quatro (100%) dos estressados encontravam-se também nesta categoria.

Neste caso, a utilização da Prova Exata de Fisher também demonstrou a

ausência de relação de dependência entre o fato de atuar há 15 anos ou menos ou há 16

anos ou mais na Atenção Básica de Paracambi e a presença de stress (p > 0.05) para

médicos. Conforme descrito no item anterior, também não pôde ser feita a análise

estatística da relação entre stress e tempo de serviço na AB de Paracambi.

A Tabela 13 mostra a relação entre stress e carga horária dos profissionais da

AB de Paracambi.

Tabela 13 - Stress e carga horária na Atenção Básica de Paracambi de médicos (n =20) e enfermeiros (n = 10)

AMOSTRAS CARGA HORÁRIA NA ATENÇÃO BÁSICA DE PARACAMBI

Não Estressados Estressados

Freq. % Freq. %Médicos* (n = 18) < 25 horas (n = 9)

> 26 horas (n = 9)45

44,5%55,5%

54

55,5%44,5%

Enfermeiros (n = 10)< 25 horas (n = 0)

> 26 horas (n = 10)06

-60%

04

-40%

*Somente 18 médicos responderam a esse item.

Dos profissionais de medicina que responderam a este tópico (18), nove (50%)

trabalhavam 25 horas ou menos e nove (50%) trabalhavam 26 horas ou mais. Do total

de estressados dentre os médicos (nove), cinco (55,5%) compuseram a categoria “< 25

anos” e quatro (44,5%) a classe “> 26 anos”.

66

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Todos os 10 (100%) enfermeiros relataram trabalhar 26 horas ou mais na AB de

Paracambi, estando os estressados, portanto, inseridos também nesta categoria.

Importante ressaltar, que com intuito de facilitar o trabalho dos dados acima

demonstrados, dividiu-se a questão carga horária na AB de Paracambi em duas classes,

a saber, “< 25 anos” e “> 26 anos”.

Novamente a utilização da Prova Exata de Fisher não mostrou relação de

dependência entre as variáveis (p > 0.05). Para a amostra de enfermeiros não foi

possível tratar os resultados estatisticamente.

O penúltimo item do QI a ser avaliado refere-se à atuação em outro trabalho

além do que os profissionais mantinham com a Prefeitura de Paracambi (Tabela 14). A

quase totalidade de médicos que responderam ao item “Possui outro trabalho?”, 17

(89,5%) dos 19, atuavam em outro serviço; apenas dois (10,5%) não trabalhavam em

outro lugar. Investigando os profissionais de medicina estressados, sete dos nove (78%)

se dividiam em outras atividades e dois (22%) não.

No que tange aos enfermeiros, a maioria, seis (60%), não trabalhava em outro

local e quatro (40%) possuíam outro tipo de vínculo profissional. Dentre os estressados,

três (75%) não trabalhavam em outro lugar e apenas um (25%) possuía outra ocupação.

O resultado da Prova Exata de Fisher revelou que as diferenças obtidas entre as

freqüências encontradas não refletem diferenças reais, mas são somente devidas à ação

do acaso (p > 0.05).

67

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Tabela 14 - Stress e atuação em outra ocupação em médicos (n = 20) e enfermeiros (n = 10)

POSSUI OUTRO TRABALHO?Não Estressados Estressados

Freq. % Freq. %SIM (n = 17)NÃO (n = 2)

100

100%-

72

78%22%

SIM (n = 4)NÃO (n = 6)

33

50%50%

13

25%75%

*Somente 19 médicos responderam a esse item.

Terminada a análise do QI, verificar-se-á a relação do stress com as variáveis

“gênero” e “faixa etária”, obtidas a partir do preenchimento da folha de rosto do ISSL.

A Tabela 15 mostra os dados relativos ao gênero dos participantes.

Tabela 15 - Stress e gênero em médicos (n = 20) e enfermeiros (n = 10)

AMOSTRAS GÊNERONão Estressados Estressados

Freq. % Freq. %

Médicos Masculino (n = 13)

Feminino (n = 7)

8

3

73%

27%

5

4

55,5%

44,5%

Enfermeiros

Masculino (n = 2)

Feminino (n = 8)

1

5

17%

83%

1

3

25%

75%

Dentre os médicos, treze (65%) eram do gênero masculino, ao passo que sete

(35%) pertenciam ao gênero feminino. Deles, cinco (55,5%) homens e quatro (44,5%)

mulheres apresentavam stress.

Já na amostra de enfermeiros, observa-se um total de cinco (83%) pessoas do

gênero feminino e apenas uma (17%) do gênero masculino. Dos quatro enfermeiros

estressados, três (75%) eram mulheres e somente um (25%) homem.

68

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Tabela 16 - Stress e faixa etária em médicos (n = 20) e enfermeiros (n = 10)

AMOSTRAS FAIXA ETÁRIANão Estressados Estressados

Freq. % Freq. %

Médicos > 40 anos (n = 12)< 39 anos (n = 8)

65

54,5%45,5%

63

67%33%

Enfermeiros

> 40 anos (n = 2)< 39 anos (n = 8)

2

4

33%

67%

0

4

-

100%

A Tabela 16 mostra os resultados obtidos a partir da relação entre stress e faixa

etária. A amostra de médicos ficou assim dividida: 12 (60%) possuíam idade igual ou

superior a 40 anos e oito (40%) igual ou inferior a 39 anos. Do total de estressados (9),

seis (67%) encontravam-se com 40 anos ou mais e três (33%) com 39 anos ou menos.

No que concerne aos profissionais de enfermagem, oito (80%) tinham idade

menor ou igual a 39 anos; somente dois (20%) tinham 40 anos ou mais. Todos os

estressados (100%) situavam-se na classe “< 39 anos”.

A aplicação da Prova Exata de Fisher para os dois itens acima descritos mostrou

que as diferenças são devidas ao acaso, não existindo relação de dependência entre as

variáveis (p>0.05).

Para concluir a apresentação dos resultados, mais duas investigações merecem

atenção, a saber, relação entre stress e profissão e entre número de estressores e nível de

stress.

Tabela 17 – Stress e profissão em médicos (n = 20) e enfermeiros (n = 10)

PROFISSIONAIS

Não Estressados Estressados

Freq. % Freq. %

Médicos 11 55% 9 45%

Enfermeiros 6 60% 4 40%

69

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Ao analisar a Tabela 17, observa-se que a profissão com maior número de

estressados foi a de médicos, entretanto, ao aplicar a Prova Exata de Fisher não se

encontrou relação de dependência entre as variáveis acima descritas (p>0.05).

Por fim, foi feita a análise da relação entre os estressores ocupacionais

prevalentes e nível de stress (Tabela 18). Para tanto, dividiu-se o número de estressados

por quantidade de estressores em dois grupos: < a 18 estressores ou > a 19 estressores.

Dentre os médicos estressados, oito (89%) assinalaram 18 ou menos estressores;

somente um (11%) assinalou 19 estressores ou mais.

Nos enfermeiros também foi observado que a maior parte dos estressados

assinalou 18 estressores ou menos, três (75%); apenas um (25%) marcou 19 estressores

ou mais.

Tabela 18 - Stress e estressores

AMOSTRAS NÚMERO DE ESTRESSORES

Não Estressados EstressadosFreq. % Freq. %

Médicos > 19 anos (n = )< 18 anos (n = )

011

-100%

18

11%89%

Enfermeiros > 19 anos (n = )< 18 anos (n = )

1

5

17%

83%

1

3

25%

75%

Importante ressaltar, que neste caso também não foi encontrada relação de

dependência entre as variáveis, verificada através da Prova Exata de Fisher (p>0.05).

70

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12. DISCUSSÃO

Os resultados descritos possibilitam tecer considerações acerca dos médicos e

enfermeiros do município de Paracambi no que tange à caracterização da amostra, ao

nível de stress detectado, assim como à quantidade e qualidade dos estressores

identificados. Relações entre as variáveis também foram feitas, a fim de avaliar se as

mesmas possuíam vinculação entre si ou se os resultados encontrados eram devido ao

acaso. Convém ressaltar, que, embora não tenha sido objetivo do estudo realizar análise

comparativa entre médicos e enfermeiros, em alguns momentos esta será feita por se

mostrar pertinente e interessante.

O município de Paracambi possui em sua totalidade 28 médicos e 11

enfermeiros na Atenção Básica. O presente estudo contou com 71% do total de médicos

e com 91% do total de enfermeiros. A quantidade de participantes revela-se

representativa da população, logo, os dados encontrados mostram-se relevantes para

caracterizar esses profissionais.

Quanto ao gênero dos profissionais, convém enfatizar que o número de médicos

do gênero masculino, 13 (65%), foi maior que do gênero feminino, sete (35%). O

contrário pôde ser observado na categoria de enfermeiros, sendo dominante o número

de enfermeiras, oito (80%), em detrimento da quantidade de enfermeiros, dois (20%). A

possível explicação para tal fato na categoria dos médicos é de que, embora o número

de mulheres tenha aumentado nos últimos anos, a profissão ainda é relativamente

masculina. Quanto à enfermagem, observa-se que grande parte dos profissionais é do

gênero feminino, não fugindo da realidade da profissão, cujo predomínio é de mulheres.

71

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Analisando pormenorizadamente a questão da faixa etária, foi maior o número

de médicos mais velhos, 12 (60%), com 40 anos ou mais. Não foi constatado o mesmo

em relação aos enfermeiros, dentre os quais, oito (80%) tinham 39 anos ou menos. Em

pesquisa realizada com médicos do Brasil, verifica-se que a grande maioria dos médicos

possui menos de 45 anos de idade (65,8%), dado que contraria ao encontrado nesta

amostra (Machado, 1998). No caso dos enfermeiros, a média de idade se mostrou

semelhante com a encontrada para os enfermeiros brasileiros que atuam em Unidades

Básicas de Saúde (Ministério da Saúde, 2007).

Observou-se que na amostra de médicos preponderou-se o número de casados

(as), 14 (70%), não ocorrendo o mesmo com a amostra de enfermeiros, na qual foi

encontrada número igual para casados (as) e solteiros (as), quatro (40%). A explicação

para esse fato pode estar na média de idade dos participantes, pois a amostra de médicos

mostrou média de idade maior do que a de enfermeiros, 43,7 dos profissionais de

medicina contra 32,3 dos de enfermagem. A faixa etária dos médicos e a estabilidade

financeira talvez indique uma vida já mais definida em termos gerais, incluindo

casamento. Não se pode ignorar também a tendência que vem se estabelecendo relativa

a pessoas se casarem com mais de 30 anos (IBGE, 2007).

Resultado interessante e que corrobora com a mudança na questão da natalidade

dos dias atuais foi constatado na investigação do número de filhos dos participantes.

Predominaram na amostra de médicos aqueles que tinham apenas um filho,

correspondendo a oito (40%) pessoas e na amostra de enfermeiros os que não tinham,

até o momento da pesquisa, nenhum filho, cinco (50%). Dados do IBGE (2007) revelam

que entre 1996 e 2006 houve significativa redução no número de filhos dentre as

mulheres, sendo observado em 2006, 30,9% de mulheres com um filho; 33,3%, com

72

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dois filhos e 35,8% com três filhos ou mais, ao passo que em 1996 esses percentuais

eram de 25,0%, 30,1% e 44,9%, respectivamente.

No que tange ao tempo de serviço profissional, observou-se que prevaleceu tanto

na categoria dos médicos quanto na dos enfermeiros os que atuavam há 15 anos ou

menos no mercado de trabalho, sendo 12 (60%) médicos e 10 (100%) enfermeiros. A

profissão médica tem experimentado mudanças importantes no que concerne à sua

prática, tendo como um de seus fatores o rejuvenescimento do profissional de medicina.

Observa-se, atualmente, percentual elevado de médicos com menos de 15 anos de

formado, fato que pode explicar o maior número de profissionais desta área com 15

anos ou menos de carreira. Além disso, o perfil do médico e do enfermeiro que trabalha

na AB é de profissionais jovens, observando-se, nos médicos, predomínio de pessoas

com cinco a 14 anos de carreira e nos enfermeiros, pessoas com até quatro anos de

profissão (Ministério da Saúde, 2007).

No caso do tempo de serviço profissional na AB de Paracambi, a mesma

justificativa é cabível, pois na medida em que os profissionais possuem pouco tempo de

profissão, possuirão também pouco tempo de trabalho na AB. O número, que foi

predominante, de pessoas vinculadas ao município há 15 anos ou menos foi de 15

(79%) dentre os médicos e 10 (100%) dentre os enfermeiros. Importante afirmar

também, que a AB tem sido porta de entrada para os profissionais da saúde no mundo

do trabalho, primeiro por não necessitar de profissionais especialistas, segundo por ter

cada vez mais ampliado seu serviço.

Quanto à questão da carga horária, nove (50%) dos 18 respondentes médicos

relataram trabalhar 25 horas ou menos na AB de Paracambi e nove (50%) 26 horas ou

mais, diferenciando-se dos enfermeiros, os quais todos (100%) afirmaram trabalhar

mais de 26 horas na AB de Paracambi. Devido à sua formação, o enfermeiro está

73

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habilitado a desempenhar também atividades de administração, o que o leva a exercer

trabalhos não só assistenciais dentro das Unidades Básicas, como também

administrativos, necessitando, portanto, de maior carga horária de trabalho.

A multiplicidade de vínculo empregatício do médico foi também detectada nesta

amostra, na qual 17 (89,5%) profissionais dos 19 que responderam a este item relataram

possuir outro trabalho além do que mantinham em Paracambi. Tal dado pode se dever à

precarização do trabalho, que é sob forma de cooperativa de serviços, e à baixa

remuneração, fazendo com que o profissional necessite aumentar seus vínculos

empregatícios, a fim de obter maiores rendimentos. O mesmo não foi observado dentre

os enfermeiros, revelando que quatro (40%) possuíam outro trabalho. Este fato nos

remete à carga horária, pois os médicos possuíam carga horária menor que os

enfermeiros, possibilitando, assim, a inserção em outras atividades.

No que diz respeito ao nível de stress, constatou-se que tanto no grupo dos

médicos quanto no dos enfermeiros houve considerável número de estressados, nove

(45%) e quatro (40%). O índice de stress nessas duas categorias profissionais se mostra

acima da média dos brasileiros, que é de 30% (Lipp, 2004a). Este fato gera preocupação

porque essas pessoas possivelmente apresentam prejuízos em sua qualidade de vida,

bem como comprometimento da qualidade de seus atendimentos. O usuário mal

atendido tenderá a buscar outros serviços, provocando inchaço nos mesmos, além da

possibilidade de ter seu problema mantido por falta de medidas de tratamento

adequadas.

Todos os profissionais estressados, nove (45%) médicos e quatro (40%)

enfermeiros, encontravam-se na segunda fase de stress, denominada Resistência, a qual

já é considerada estágio de stress excessivo por afetar a vida do indivíduo. Segundo

Lipp e Malagris (2001), nesta fase o organismo tenta restabelecer a homeostase perdida

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na fase de Alerta (primeira fase do stress) e com isso apresenta desgaste de suas

energias. Sintomas como sensação de desgaste físico constante, relatado por sete (78%)

dos nove médicos estressados, cansaço constante, relatado por seis (67%) e

sensibilidade emotiva excessiva, também apontado por seis (67%) participantes médicos

estressados, podem aparecer e minar a capacidade da pessoa de viver plenamente sua

qualidade de vida. Nos enfermeiros, a sintomatologia predominante foi semelhante à

encontrada dentre os médicos, cansaço constante e sensibilidade emotiva excessiva. Os

dois sintomas foram apontados por quatro (100%) dos enfermeiros estressados, porém

um sintoma se diferenciou: irritabilidade excessiva, assinalado por todos, quatro

(100%), os enfermeiros estressados. A partir da sintomatologia que predominou entre os

profissionais, imagina-se os prejuízos que os mesmos, possivelmente, estejam

vivenciando, incluindo problemas pessoais, como também os que afetam a terceiros,

através de relações profissionais de saúde-cliente deficitárias. O profissional irritado,

cansado, hipersensível, pode ter suas relações altamente comprometidas e,

conseqüentemente, seu desempenho profissional afetado. Considerando que estes

profissionais lidam com pessoas já debilitadas, em sua maioria, que buscam apoio

afetivo e técnico da instituição e de seus profissionais, a questão se mostra bastante

séria.

Conforme encontrado na avaliação do stress, a preponderância da

sintomatologia psicológica ocorreu em ambas as categorias, em seis (67%) participantes

médicos estressados e em dois (50%) dos enfermeiros estressados, o que pode se dever

às exigências do trabalho de ambos os profissionais, a saber, o cuidado com o outro.

Importante ressaltar, que um (25%) profissional de enfermagem apresentou como

dominantes ambas as sintomatologias, física e psicológica, o que engrossa a importância

do fator psicológico no modo como o stress é apresentado. A sintomatologia

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psicológica compromete a auto-estima do indivíduo e muito pode influenciar em suas

relações e desempenho. Pode gerar desânimo, descrença no seu potencial de trabalho e

falta de motivação em suas atividades.

No que concerne aos estressores, percebeu-se que dentre os médicos

preponderaram estressores relativos às demandas do trabalho (Requisitos do Trabalho)

e às condições na qual ele acontece (Condições de Emprego), tais como, trabalho

repetitivo, 12 (60%); não tirar dias de folga quando deseja, 10 (55,5%); necessidade de

concentração intensa, 11 (55%) e volume e ritmo de trabalho elevados, 11 (55%). Nota-

se que as condições de trabalho oferecidas a estes profissionais, provavelmente,

contribuem para que as atividades sejam vivenciadas como estressantes, já que, estes

profissionais atendem a um grande número de usuários, em geral, em condições

deficitárias por falta de recursos.

Na categoria dos enfermeiros observou-se também predominância de estressores

relacionados aos requisitos do trabalho e condições de emprego, são eles: falta de

segurança do trabalho, oito (80%), a interrupção de tarefas antes de serem completadas,

oito (80%) e não tirar dias de folga quando deseja. Os profissionais de enfermagem, por

atuarem também na administração das Unidades Básicas, são solicitados com

freqüência em outras esferas que não só a assistencial, gerando interrupção de suas

atividades. O estressor relacionado à segurança corresponde à realidade do SUS no

município, cujo vínculo empregatício do trabalhador com a Prefeitura se dá através de

cooperativa de serviços, fato que gera dúvida quanto à permanência no emprego. Já a

ausência de folgas é, possivelmente, explicada pelo número reduzido de recursos

humanos.

Além dos estressores acima referidos, observou-se que a falta de autonomia

incomoda os enfermeiros, somando-se à essa dificuldade a carência de apoio. Tais

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fatores podem minar a satisfação no emprego e gerar ausência de motivação,

contribuindo para falta de empenho. Segundo Karasek (1979), se o trabalhador é livre

no que concerne ao uso de suas habilidades, as demandas relativas ao trabalho podem

não gerar stress, devido ao controle do mesmo sobre suas atividades. Esse procedimento

não é utilizado no caso dos enfermeiros da AB de Paracambi, que, além de altas

demandas, possuem pouco domínio sobre o trabalho. Além disso, diante de tal quadro, a

falta de apoio é mais um fator que, somado aos outros, contribuem para o

desenvolvimento do stress.

Como já mencionado, a comparação entre as categorias não foi objetivo

inicialmente proposto no presente estudo, no entanto, pareceu interessante buscar um

entendimento sobre a diferença no que se refere à quantidade de estressores entre os

profissionais. Tal ocorrência pode ser, possivelmente explicada pelo fato do enfermeiro

possuir relação muito mais intensa do que o médico no que se refere ao trabalho, devido

à carga horária, bem como ao comprometimento com atividades não só assistenciais,

mas também administrativas. O tempo que o enfermeiro passa na Unidade Básica o

permite vivenciar de forma mais intensa os estressores, possibilitando, assim, sua

identificação.

Diante do quadro de agentes estressantes encontrados como mais freqüentes, as

categorias de estressores assinaladas tanto por médicos quanto por enfermeiros foram

Requisitos do Trabalho e Condições de Emprego, o que demonstra que as demandas

relativas ao trabalho, como também a condição na qual o trabalho acontece são,

possivelmente, as maiores causadoras de stress dentre os profissionais. Importante

enfatizar, que, apesar das mudanças implantadas no SUS e das propostas bastante

avançadas, como foi descrito no início do presente trabalho, ainda parece não se ter

alcançado o ideal em termos de condições de emprego. Fundamental se mostra tornar

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real aquilo que se planejou para que os benefícios dos avanços ideológicos e

tecnológicos sejam usufruídos mais amplamente.

Considerando agora apenas os profissionais avaliados como estressados, de

modo geral, observa-se novamente que os estressores assinalados foram os relacionados

às demandas do trabalho, como também às condições de emprego.

Ainda que não se possa afirmar que os estressores das categorias acima

relacionadas sejam os desencadeadores do stress desses profissionais, interessante se faz

observar que as altas demandas e as condições na qual o trabalho ocorre, dentre os

outros itens do QELT, são os que mais contribuem para manutenção do nível de stress,

pois grande parte dos estressados apontaram estressores a eles relacionados.

Observou-se uma variedade de estressores na amostra de médicos estressados,

demonstrando que, tanto a tarefa com suas especificidades quanto às condições de

trabalho presentes, são consideradas por grande parte desses médicos como

desfavoráveis, o que pode gerar falta de motivação para o enfrentamento do dia-a-dia.

Analisando os estressores mais marcados pelos enfermeiros estressados, nota-se

que o mesmo ocorrido com os médicos pôde ser observado dentre os profissionais de

enfermagem, Condições de Emprego e Requisitos do Trabalho foram os itens mais

apontados por eles, embora se tenha visto nesta categoria profissional maior variedade

de estressores relacionados a outros itens do QELT, como, por exemplo, os arrolados ao

apoio de chefes e colegas. Isso pode se dever, conforme dito anteriormente, à múltipla

inserção deste profissional dentro das Unidades Básicas. Ele atua não só

assistencialmente, como também na área administrativa.

Conforme já dito, as categorias mais assinaladas por médicos e enfermeiros

estressados, Requisitos do Trabalho e Condições de Emprego, também corresponderam

78

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aos estressores relatados pelas amostras totais de médicos e enfermeiros participantes da

pesquisa.

O fato de ter-se encontrado predominância de estressores relacionados às duas

categorias acima referidas, tanto na amostra de estressados quanto na de não

estressados, remete à questão do próprio Sistema Único de Saúde que ainda está muito

aquém de suas reais possibilidades no que tange à contratação de recursos humanos,

pois quanto menor o número de profissionais maior a demanda, e às condições de

trabalho, relacionadas à falta de estrutura com que, freqüentemente, o profissional se

esbarra.

A análise estatística dos dados obtidos no presente estudo mostrou que não há

relação de dependência entre stress e os dados sociobiográficos, profissão e estressores.

Tal fato, possivelmente, se deve ao número reduzido de participantes da amostra, apesar

desta ser representativa da população local, 71% dos médicos e 91% dos enfermeiros da

Atenção Básica de Paracambi. É importante a realização de estudos em outros

municípios para que se possa fazer uma análise comparativa com os dados aqui

encontrados.

Embora este estudo tenha sido preliminar e o desenvolvimento de outros seja

necessário para explorar a questão do stress entre profissionais de saúde, o número de

trabalhadores estressados encontrados nesta pesquisa é preocupante, principalmente em

se tratando de profissionais desta área de atuação. A despeito do pequeno número de

profissionais aqui avaliados, percebe-se a necessidade do desenvolvimento de pesquisas

que elaborem estratégias de intervenção, a fim de amenizar as conseqüências negativas

trazidas pelo stress crônico e garantir a boa qualidade dos serviços prestados.

79

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13. LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Como qualquer estudo, este possui também suas limitações. Um dos fatores que

restringe os resultados diz respeito ao fato de não ter sido possível uma análise mais

ampla sobre os estressores do indivíduo. O instrumento de estressores utilizado foca

somente na questão laboral em detrimento de outras áreas da vida dos indivíduos

analisados, o que pode estar colaborando para o possível aparecimento e manutenção

das reações de stress. Foi cogitado o emprego de uma ferramenta que englobasse as

quatro principais áreas de vida - social, familiar, saúde e profissional –, tendo sido,

entretanto, essa possibilidade logo descartada, devido ao fato da mesma possuir um

número demasiado de questões e não ser possível sua aplicação durante o cotidiano dos

médicos. Mesmo considerando que, além dos estressores ocupacionais, o nível de stress

dos médicos e enfermeiros possa estar relacionado também a estressores pessoais,

optou-se por uma restrição aos estressores vinculados ao trabalho para que o estudo

fosse viável. No entanto, os resultados deverão ser analisados levando-se em conta essa

limitação.

Outra questão que pode ser considerada um limite é o pequeno número da

amostra. No entanto, a mesma se mostrou representativa, pois o número destes

profissionais no município é, em si, pequeno. De todo modo, é importante cautela na

análise e nas conclusões sobre os resultados.

O fato de se constituir em pesquisa com seres humanos também leva a se refletir

sobre limites que são inerentes a tal proposta. As respostas dadas aos instrumentos

dependem do momento em que o profissional se encontrava no que se refere às suas

condições físicas e emocionais, sua capacidade de percepção sobre suas próprias

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sensações, dentre outras questões. No entanto, este é um ponto polêmico que cabe a

praticamente todas as pesquisas experimentais com seres humanos.

Ainda que com seus limites, espera-se que este estudo possa contribuir para o

entendimento da questão do stress e estressores de médicos e enfermeiros da Atenção

Básica de Paracambi e sirva de base para outras formulações a respeito do tema e para

pesquisas mais abrangentes.

81

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14. CONCLUSÃO

Importante se faz refletir sobre a porcentagem de stress encontrada dentre os

profissionais acima referidos, porcentagem esta bastante alta, principalmente em se

tratando de profissionais de saúde, a saber, nove (45%) médicos e quatro (40%)

enfermeiros. No entanto, importante se faz considerar que o stress não é processo

irreversível, sendo possível, em geral, uma volta à homeostase, caso a pessoa consiga

manejá-lo de forma eficiente. Para tanto, em alguns casos, o indivíduo não consegue

sozinho minimizar os efeitos do stress sobre seu corpo, necessitando de apoio

profissional para tal intento. São importantes, portanto, o desenvolvimento de estudos

para entender a questão do stress, neste caso, dos profissionais de saúde, a fim de que

sejam desenvolvidas técnicas para seu controle, com a especificidade requerida pelas

profissões.

Dentro dessa reflexão, importante se faz enfatizar os prejuízos na qualidade de

vida desses profissionais e no atendimento oferecido por eles à população que utiliza o

SUS. Todo o investimento no SUS pode ficar comprometido se os profissionais não se

sentem satisfeitos em seu dia-a-dia em função de estarem estressados, alguns já doentes,

percebendo seu desempenho deficitário. Além disso, os usuários dos serviços também

podem estar insatisfeitos pelo tipo de atendimento que recebem e por não encontrarem

apoio emocional e técnico na qualidade que necessitam e esperam.

Outro ponto importante, quando se reflete sobre os dados aqui encontrados, diz

respeito ao conhecimento dos estressores dos profissionais. O conhecimento acerca do

que os estressa contribui para que haja maior domínio sobre tais variáveis,

possibilitando redução de sua influência. O fato de se constatar que estressores ligados

às atividades específicas do trabalho e às condições para realização do mesmo estão tão

82

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presentes leva-nos a refletir sobre a necessidade de mudanças estruturais em termos

institucionais, maior quantidade de profissionais contratados e mudanças na formação

dos profissionais, para que sejam mais capacitados para suas funções.

Outros fatores que merecem reflexão dizem respeito à independência das

variáveis sociobiográficas, das profissionais e dos estressores relativos ao stress, o que

leva a conjectura de que tal ausência de relação se deva ao pequeno número da amostra,

sugerindo-se, portanto, replicações do estudo para outras cidades, a fim de que se

investigue melhor a relação entre stress e estressores de médicos e enfermeiros da

Atenção Básica.

Com relação às hipóteses do presente estudo, pode-se dizer que a relativa aos

profissionais estarem estressados foi confirmada para uma importante parcela, tanto de

médicos quanto de enfermeiros. Não obstante, não foi corroborada a hipótese de

relações de dependência entre as variáveis. Novos estudos em outros municípios podem

contribuir para ampliação da amostra em profissionais da AB e, assim, ser possível

conhecer realidades diversas.

Apesar de pequeno alcance, este estudo contribui para o entendimento do perfil

de médicos e enfermeiros da Atenção Básica de uma cidade do interior do Rio de

Janeiro, bem como para o entendimento da presença de stress e de sua relação com

estressores destes profissionais, além de fornecer dados importantes para outras

pesquisas na área.

83

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ANEXOS

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ANEXO 1

_____________________________________________________________________________________QUESTIONÁRIO INFORMATIVO

1 – ESTADO CIVIL:

( ) SOLTEIRO (A) ( ) CASADO (A)/ VIVE COM COMPANHEIRO (A)( ) SEPARADO (A)/ DIVORCIADO (A)( ) VIÚVO (A)

2 – FILHOS:

( ) NENHUM ( ) 2 FILHOS( ) 1 FILHO ( ) 3 FILHOS OU MAIS

3 – POSSUI RELIGIÃO? ( ) NÃO ( ) SIM QUAL? ____________________________________

4 – CIDADE E BAIRRO DE MORADIA:

CIDADE: _________________________BAIRRO: _________________________

5 – MEIO DE LOCOMOÇÃO ATÉ O TRABALHO:

( ) CARRO PRÓPRIO ( ) TRANSPORTE ALTERNATIVO (VAN; KOMBI)( ) CARRO CARONA ( ) ÔNIBUS( ) MOTO ( ) TREM( ) A PÉ ( ) OUTROS ______________________( ) BICICLETA

6 – QUAL A ESPECIALIDADE DENTRO DA MEDICINA? _____________________________________

7 – TEMPO DE SERVIÇO PROFISSIONAL:

( ) MENOS DE 5 ANOS ( ) DE 16 A 20 ANOS( ) DE 6 A 10 ANOS ( ) DE 21 A 15 ANOS( ) DE 11 A 15 ANOS ( ) MAIS DE 26 ANOS

8 – TEMPO DE SERVIÇO NA ATENÇÃO BÁSICA DE PARACAMBI:

( ) MENOS DE 5 ANOS ( ) DE 16 A 20 ANOS( ) DE 6 A 10 ANOS ( ) DE 21 A 15 ANOS( ) DE 11 A 15 ANOS ( ) MAIS DE 26 ANOS

9 – POSSUI OUTRO TRABALHO?( ) SIM ( ) NÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROCENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

INSTITUTO DE PSICOLOGIAPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

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QUAL? ________________________________________CARGA HORÁRIA POR SEMANA: ________________

10 – CARGA HORÁRIA DE TRABALHO NA ATENÇÃO BÁSICA POR SEMANA:

( ) MENOS DE 11 HORAS ( ) 26 A 30 HORAS( ) 11-15 HORAS ( ) 31 – 35 HORAS( ) 16 A 20 HORAS ( ) 36 A 40 HORAS( ) 21- 25 HORAS ( ) MAIS DE 40 HORAS

11 – QUAL O TIPO DE VÍNCULO COM A SMS/ PARACAMBI?

( ) COOPERATIVADO ( ) CONCURSADO

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ANEXO 2

________________________________________________________________________________QUESTIONÁRIO SOBRE ESTRESSE NO LOCAL DE TRABALHO

Glina & Rocha (2000)

Fonte: Ferreira Junior, M. (Org.). (2000). Saúde no Trabalho: temas básicos para o profissional que cuida da saúde dos trabalhadores. São Paulo: Roca.

InstruçõesResponda a cada pergunta, marcando a resposta que melhor se aplique à sua situação de trabalho. Por vezes nenhuma das respostas é exatamente aplicável. Neste caso, escolha a resposta mais aproximada.

Requisitos do trabalho

1. O seu trabalho requer muita rapidez? ( ) sim ( ) não

2. O seu trabalho é muito árduo? ( ) sim ( ) não

3. É solicitado a trabalhar excessivamente? ( ) sim ( ) não

4. Tem tempo suficiente para realizar suas tarefas? ( ) sim ( ) não

5. É objeto de pedidos conflituosos por parte de outros? ( ) sim ( ) não

6. O seu trabalho necessita de longos períodos de concentração intensa? ( ) sim ( ) não

7. As suas tarefas são interrompidas freqüentemente antes de serem completadas, ( ) sim ( ) não

necessitando de atenção posterior?

8. O volume e o ritmo do seu trabalho são muito elevados? ( ) sim ( ) não

9. A espera de trabalho proveniente de outras pessoas ou seções prejudica ( ) sim ( ) não

o ritmo do seu trabalho? Autoridade decisória

10. O seu trabalho permite-lhe tomar muitas decisões individuais? ( ) sim ( ) não

11. No âmbito das suas tarefas, tem pouca liberdade de escolher ( ) sim ( ) nãoo modo de trabalhar?

12. Tem bastante responsabilidade relativamente ao seu trabalho ( ) sim ( ) não

13. Pode determinar a ordem das suas tarefas? ( ) sim ( ) não

14. Pode determinar o modo de realizar determinada tarefa? ( ) sim ( ) não

15. Pode facilmente deixar o local de trabalho por um período breve? ( ) sim ( ) não

16. Pode interromper o seu trabalho, se necessário? ( ) sim ( ) não

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROCENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

INSTITUTO DE PSICOLOGIAPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

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17. Pode determinar o seu próprio ritmo de trabalho? ( ) sim ( ) não

Discriminação de tarefas

18. O seu trabalho necessita que aprenda coisas novas? ( ) sim ( ) não

19. O seu trabalho é muito repetitivo? ( ) sim ( ) não

20. O seu trabalho necessita de um espírito criativo? ( ) sim ( ) não

21. O seu trabalho necessita de um nível elevado de destreza? ( ) sim ( ) não

22. Realiza uma série de tarefas diferentes no seu trabalho? ( ) sim ( ) não

23. Tem a oportunidade de desenvolver suas próprias aptidões? ( ) sim ( ) não

Condições de emprego

24. Pode determinar a altura em que começa e pára de trabalhar? ( ) sim ( ) não

25. Pode determinar quando precisa de uma pausa? ( ) sim ( ) não

26. Tem conhecimento do seu horário de trabalho com mais de ( ) sim ( ) nãoum mês de antecedência?

27. Pode tirar dias de folga quando deseja? ( ) sim ( ) não

28. O seu trabalho é seguro? ( ) sim ( ) não

29. As suas perspectivas para o desenvolvimento de carreira e ( ) sim ( ) nãode promoção são boas?

30. Em cinco anos as suas qualificações ainda serão válidas? ( ) sim ( ) não

Apoio dos chefes e colegas

31. A atmosfera do local de trabalho é boa? ( ) sim ( ) não

32. Os seus colegas irritam-se freqüentemente? ( ) sim ( ) não

33. Se necessário, pode pedir assistência a um ou mais colegas? ( ) sim ( ) não

34. A gestão cotidiana do seu trabalho é eficaz? ( ) sim ( ) não

35. A sua opinião é tomada suficientemente em conta na gestão cotidiana ( ) sim ( ) nãodo trabalho?

36. A gestão cotidiana tem uma idéia precisa do seu trabalho? ( ) sim ( ) não

37. É suficientemente apoiado no seu trabalho pela gestão cotidiana? ( ) sim ( ) não

38. Está suficientemente informado sobre o desenvolvimento na instituição? ( ) sim ( ) não

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ANEXO 5

_____________________________________________________________________________________TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(De acordo com as normas da Resolução nº196, do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/96)

Título do estudo: Atenção Básica: Stress e Estressores Ocupacionais em Médicos de Paracambi / RJ

Investigador: Liliane de Carvalho

Local de realização: Atenção Básica do Município de Paracambi/RJNome do participante:

Natureza do Estudo

Você está sendo convidado (a) a participar desta pesquisa que visa avaliar a presença ou não de stress, bem como levantar os estressores ocupacionais de médicos da Atenção Básica do Município de Paracambi / RJ. Esses dados serão utilizados na Dissertação de Mestrado da pesquisadora, como também em eventos acadêmicos.

Participantes do EstudoParticiparão deste estudo médicos da Atenção Básica do Município de Paracambi/RJ.

A participação será voluntária, com o devido consentimento por escrito de cada um de vocês para o uso dos dados coletados.

Envolvimento dos participantes do estudo

A participação neste estudo consiste em responder a uma ficha com seus dados pessoais (Questionário Informativo), ao Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp – ISSL e ao Questionário sobre Estresse no Local de Trabalho - QELT.

Você tem a liberdade de recusar a participar e pode ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo para você.

Riscos e desconforto

A participação nesta pesquisa não traz complicações e os procedimentos utilizados seguem normas éticas, não oferecendo riscos de qualquer natureza.

Confidencialidade

Todas as informações coletadas neste estudo serão estritamente confidenciais sendo divulgados apenas resultados gerais e não resultados individuais.

Benefícios

Ao participar desta pesquisa você receberá, caso queira, o resultado do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp, bem como um folheto informativo tratando das causas, conseqüências e formas de manejo do stress excessivo. Além disso, nós esperamos que esta pesquisa nos dê informações importantes acerca da presença ou não de stress e também dos estressores em médicos da Atenção Básica de Paracambi / RJ.

Pagamento

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROCENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

INSTITUTO DE PSICOLOGIAPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

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Você não terá nenhum tipo de despesa por participar desta pesquisa e também nada será pago por sua participação.

Observação: Você receberá uma cópia deste Termo onde consta o telefone e o endereço da pesquisadora responsável, bem como da orientadora, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa, cujos contatos também constam neste Termo.

PESQUISADORA RESPONSÁVEL: Liliane de Carvalho

ENDEREÇO: Av. Pasteur, 250 – Fundos – Urca, Rio de Janeiro – RJ, CEP: 22290-240

TELEFONE: 2256-2745 e 9334-1139 E-MAIL: [email protected]

ORIENTADORA: Lucia Emmanoel Novaes Malagris

ENDEREÇO: Av. Pasteur, 250 – Fundos – Urca, Rio de Janeiro – RJ, CEP: 22290-240

TELEFONE: 3873-5328 E-MAIL: [email protected]

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO

ENDEREÇO: Rua Afonso Cavalcanti, 455, sala 701 – Cidade Nova, Rio de Janeiro – RJ

TELEFONES: 2503-2024 e 2503-2026 E-MAIL: [email protected]

______________________________Visto do participante

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO

Tendo em vista todas as informações apresentadas anteriormente e atentamente lidas por mim, eu, de forma livre e esclarecida, concordo em participar do estudo descrito:

_________________________________________________ Data: / /

Assinatura do participante

_________________________________________________ Data: / /

Assinatura do(a) investigador (a)

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ANEXO 7

_____________________________________________________________________________________TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(De acordo com as normas da Resolução nº196, do Conselho Nacional de Saúde de 10/10/96)

Título do estudo: Atenção Básica: Stress e Estressores Ocupacionais em Médicos e Enfermeiros de Paracambi / RJ

Investigador: Liliane de Carvalho

Local de realização: Atenção Básica do Município de Paracambi/RJNome do participante:

Natureza do Estudo

Você está sendo convidado (a) a participar desta pesquisa que visa avaliar a presença ou não de stress, bem como levantar os estressores ocupacionais de médicos e enfermeiros da Atenção Básica do Município de Paracambi / RJ. Esses dados serão utilizados na Dissertação de Mestrado da pesquisadora, como também em eventos acadêmicos.

Participantes do EstudoParticiparão deste estudo, médicos e enfermeiros da Atenção Básica do Município de Paracambi/

RJ.

A participação será voluntária, com o devido consentimento por escrito de cada um de vocês para o uso dos dados coletados.

Envolvimento dos participantes do estudo

A participação neste estudo consiste em responder a uma ficha com seus dados pessoais (Questionário Informativo), ao Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp – ISSL e ao Questionário sobre Estresse no Local de Trabalho - QELT.

Você tem a liberdade de recusar a participar e pode ainda se recusar a continuar participando em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer prejuízo para você.

Riscos e desconforto

A participação nesta pesquisa não traz complicações e os procedimentos utilizados seguem normas éticas, não oferecendo riscos de qualquer natureza.

Confidencialidade

Todas as informações coletadas neste estudo serão estritamente confidenciais sendo divulgados apenas resultados gerais e não resultados individuais.

Benefícios

Ao participar desta pesquisa você receberá, caso queira, o resultado do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp, bem como um folheto informativo tratando das causas, conseqüências e formas de manejo do stress excessivo. Além disso, nós esperamos que esta pesquisa nos dê informações importantes acerca da presença ou não de stress e também dos estressores em médicos da Atenção Básica de Paracambi / RJ.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROCENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

INSTITUTO DE PSICOLOGIAPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

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Pagamento

Você não terá nenhum tipo de despesa por participar desta pesquisa e também nada será pago por sua participação.

Observação: Você receberá uma cópia deste Termo onde consta o telefone e o endereço da pesquisadora responsável, bem como da orientadora, podendo tirar suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora ou a qualquer momento. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa, cujos contatos também constam neste Termo.

PESQUISADORA RESPONSÁVEL: Liliane de Carvalho

ENDEREÇO: Av. Pasteur, 250 – Fundos – Urca, Rio de Janeiro – RJ, CEP: 22290-240

TELEFONE: 2256-2745 e 9334-1139 E-MAIL: [email protected]

ORIENTADORA: Lucia Emmanoel Novaes Malagris

ENDEREÇO: Av. Pasteur, 250 – Fundos – Urca, Rio de Janeiro – RJ, CEP: 22290-240

TELEFONE: 3873-5328 E-MAIL: [email protected]

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO

ENDEREÇO: Rua Afonso Cavalcanti, 455, sala 701 – Cidade Nova, Rio de Janeiro – RJ

TELEFONES: 2503-2024 e 2503-2026 E-MAIL: [email protected]

______________________________Visto do participante

DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO

Tendo em vista todas as informações apresentadas anteriormente e atentamente lidas por mim, eu, de forma livre e esclarecida, concordo em participar do estudo descrito:

_________________________________________________ Data: / /

Assinatura do participante

_________________________________________________ Data: / /

Assinatura do(a) investigador (a)

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ANEXO 8

_____________________________________________________________________________________QUESTIONÁRIO INFORMATIVO

1 – ESTADO CIVIL:

( ) SOLTEIRO (A) ( ) CASADO (A)/ VIVE COM COMPANHEIRO (A)( ) SEPARADO (A)/ DIVORCIADO (A)( ) VIÚVO (A)

2 – FILHOS:

( ) NENHUM ( ) 2 FILHOS( ) 1 FILHO ( ) 3 FILHOS OU MAIS

3 – POSSUI RELIGIÃO? ( ) NÃO ( ) SIM QUAL? ____________________________________

4 – CIDADE E BAIRRO DE MORADIA:

CIDADE: _________________________BAIRRO: _________________________

5 – MEIO DE LOCOMOÇÃO ATÉ O TRABALHO:

( ) CARRO PRÓPRIO ( ) TRANSPORTE ALTERNATIVO (VAN; KOMBI)( ) CARRO CARONA ( ) ÔNIBUS( ) MOTO ( ) TREM( ) A PÉ ( ) OUTROS ______________________( ) BICICLETA

6 – TEMPO DE SERVIÇO PROFISSIONAL:

( ) MENOS DE 5 ANOS ( ) DE 16 A 20 ANOS( ) DE 6 A 10 ANOS ( ) DE 21 A 15 ANOS( ) DE 11 A 15 ANOS ( ) MAIS DE 26 ANOS

7 – TEMPO DE SERVIÇO NA ATENÇÃO BÁSICA DE PARACAMBI:

( ) MENOS DE 5 ANOS ( ) DE 16 A 20 ANOS( ) DE 6 A 10 ANOS ( ) DE 21 A 15 ANOS( ) DE 11 A 15 ANOS ( ) MAIS DE 26 ANOS

8 – POSSUI OUTRO TRABALHO?( ) SIM ( ) NÃO

QUAL? ________________________________________CARGA HORÁRIA POR SEMANA: ________________

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INSTITUTO DE PSICOLOGIAPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

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9 – CARGA HORÁRIA DE TRABALHO NA ATENÇÃO BÁSICA POR SEMANA:

( ) MENOS DE 11 HORAS ( ) 26 A 30 HORAS( ) 11-15 HORAS ( ) 31 – 35 HORAS( ) 16 A 20 HORAS ( ) 36 A 40 HORAS( ) 21- 25 HORAS ( ) MAIS DE 40 HORAS

10 – QUAL O TIPO DE VÍNCULO COM A SMS/ PARACAMBI?

( ) COOPERATIVADO ( ) CONCURSADO

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