Linfomas – Manifestações Orais e Maxilofaciaiscbrohi.org.br/wp-content/uploads/2016/07/PH78-Linfomas.pdf · 34 Prática Hospitalar • Ano XIII • Nº 78 • Nov-Dez/2011 linfócitos

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  • Hematologia

    32 Prtica Hospitalar Ano XIII N 78 Nov-Dez/2011

    Div

    ulga

    o

    Dr. Edson V. Zen Filho ( esq.), Dr. Jos Endrigo Tinco-Arajo e Prof. Dr. Paulo Srgio da Silva Santos.

    Os linfomas repre-sentam de 3% a 4% das doenas ma-lignas em todo o mundo. So neoplasias do sistema linftico, classificadas dentro dos tumores dos tecidos he-matopoiticos e linfoides, ca-racterizados por proliferao de clulas linfoides ou seus precursores em diferentes estgios de diferenciao,

    resultando em um largo espectro de variaes morfolgicas, imunolgicas e clnicas, classifica-dos em Hodgkin e no-Hodgkin. A primeira des-crio da doena foi feita por Thomas Hodgkin em 1832 e aperfeioada por Samuel Wilks em 1865. Posteriormente, os mdicos Carl Stern-berg (1898) e Dorothy Reed (1902) descreveram as caractersticas microscpicas desta entidade patolgica que apresenta as clulas de Reed-

    Sternberg presentes em bipsias de indivduos com linfoma de Hodgkin (LH).(1-6)

    Os linfomas no-Hodgkin (LNH) compre-endem um grupo heterogneo de doenas malignas linfoides. Destes, 60% tm origem em linfonodos e 40% iniciam em stios extranodais constitudos de tecido linfoide no encapsulado. O linfoma de Burkitt (LB) um tipo de LNH de clulas B que acomete com frequncia a regio bucal e maxilofacial. Atravs de microscopia eletrnica de varredura, Epstein, Achong e Barr em 1964 descobriram a presena de partculas virais com aspectos semelhantes a vrus do gru-po herpes, denominando o vrus de Epstein-Barr (EBV), sendo o primeiro vrus associado com patogenia de tumores em humanos.(7,8)

    Alm dos sinais clnicos clssicos, incluindo linfadenomegalia assintomtica persistente sem relao com processos inflamatrios ou infec-ciosos, podem ocorrer, tambm, manifestaes extranodais precoces podendo apresentar-se na forma de leses nodulares, eritematosas e as-sintomticas, favorecendo ao cirurgio-dentista a oportunidade do diagnstico precoce quando estas se apresentam na regio bucal e maxilo-facial, conforme a tabela 1.

    REVISO

    As doenas malignas de clulas linfoides surgem de clulas do sistema imunolgico em

    Linfomas Manifestaes Orais e Maxilofaciais

    Dr. Edson Virglio Zen Filho1 Dr. Jos Endrigo Tinco-Arajo2

    Prof. Dr. Paulo Srgio da Silva Santos3 Dr. Fbio Luiz Coracin4

    1 - Mestrando em Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de So Paulo. CRO-SP 85.272.

    2 - Mestrando em Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de So Paulo. CRO-SP 97.028.

    3 - Professor Doutor da Disciplina de Estomatologia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de So Paulo; Membro do Comit de Odontologia da Associao Brasileira de Linfoma e Leucemia - ABRALE. CRO-SP 51.737.

    4 - Cirurgio-Dentista do Servio de Transplante de Medula ssea do Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo; Professor Doutor da Disciplina de Patologia Bucal da Faculdade de Odontologia da Universidade Nove de Julho - SP. CRO-SP 69.798.

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    Tabela 2. Relao dos tipos de linfomas com as regies bucomaxilofaciais e os respectivos sinais e sintomas

    Tipo de linfomaRegio cabea e

    pescoo mais acometidaQuadro clnico

    Linfoma difuso de grandes clulas B

    Maxila, mandbula, palato, gengiva, glndulas salivares, seios paranasais e nasofaringe

    Aumento volumtrico indolor dos tecidos moles, reas radiolcidas irregulares que podem causar expanso das corticais sseas

    Linfoma de Burkitt Anel de Waldeyer e maxilares

    Massas tumorais, mobilidade dentria, destruio ssea dos maxilares, irregular e margens irregulares, e esfoliao prematura dos dentes decduos

    Linfoma extranodal de zona marginal do tecido linfoide associado a mucosa (MALT)

    Anexos orbitrios, glndulas salivares, tireoide, palato duro e mole e seio maxilar

    Aumento volumtrico indolor no ulcerado

    Linfoma de clulas do Manto

    Anel de Waldeyer, pele, lngua e palato

    Aumento volumtrico difuso

    Linfoma extranodal de celulas NK/T tipo nasal

    Anel de Waldeyer, tecido nasossinusal mole e duro

    Ulcerao persistente na mucosa naso/orofarngea, e linha mdia do palato.Obstruo nasal, epistaxe, aumento volumtrico do palato, edema orbitrio nos estgios iniciais

    Micose fungoide Lngua, palato e gengivaPlacas ou ndulos eritematosos endurecidos ulcerados

    Tabela 1. Caractersticas dos linfomas que acometem a regio de cabea e pescooLocalizao Principais caractersticasNodal Indolor

    Consistncia elstica LH usualmente envolve ndulos mediastinais ou hilares LNH geralmente se dissemina por ndulos no contguos e o envolvimento

    abdominal comumTonsila palatina O linfoma extranodal mais frequente da cabea e pescoo

    Aumento assintomtico de uma tonsila frequentemente observadoRinofaringe Um ndulo no pescoo o achado mais comum

    Outros: obstruo nasal, perda auditivaBase da lngua Poucos casos relatados

    Ndulo no pescoo o primeiro sinalCavidade oral Modo de apresentao: aumento volumtrico, dor e ulceraoGlndulas salivares Partida a mais acometida

    Associao com sndrome de Sjgren frequenteTireoide Associada com Tireoidite de Hashimoto

    Ausncia de degenerao csticaLaringe Mais frequente acima da glote

    Usualmente submucosaCavidade nasal Neoplasia positiva para EBV

    Linfoma de clulas T/NK o mais comum Agressivo

    Seios paranasais Sinusite o achado mais comum Frequentemente se estende para rbita

    Pele As patologias mais frequentes so linfoma de clulas do folculo central, cutneo de zona marginal e difuso de grandes clulas B

    Adaptado de Zapater.(9)

    diferentes estgios de diferenciao, resul-tando em um largo espectro de variaes morfolgicas, imunolgicas e clnicas. Representam de 3% a 4% das neoplasias malignas em todo o mundo, ocorrendo com maior frequncia em homens e nos pases desenvolvidos.(3,10,11)

    As leses primrias dos linfomas na regio bucal e maxilofacial so raras, mas podem ocorrer em at 5% dos casos de linfomas em geral. Quando as leses ocor-rem nestas reas afetam tecidos linfoides secundrios, estando associadas idade e estdio avanado da doena. As leses bucais podem se apresentar com carac-tersticas clnicas de eritemas, aumento de volume assintomtico e superfcie ulcerada secundariamente a um trauma. Estas leses podem desenvolver compli-caes infecciosas ou reativar infeces latentes.(5,12-14)

    As apresentaes de linfomas na re-gio bucal e maxilofacial podem ocorrer em tecidos moles e duros (tabela 2). Em um levantamento realizado por Freeman et al.(15) de 1.467 casos de LNH, 28% dos linfomas eram localizados na regio bucal e maxilofacial. Destes, 32% eram localizados nas tonsilas, 16,5% nas glndulas saliva-res, 9,5% na boca, 8,8% na nasofaringe, 8,6% na tireoide e 7,9% no nariz. Outros estudos demonstram a importncia do diagnstico de linfomas na regio bucal e maxilofacial, apontando incidncia de LNH na regio do anel de Waldeyer, gengiva, assoalho de boca e mucosa jugal e tam-bm envolvendo linfonodos cervicais, sub-mandibulares e submentonianos.(5,13,14,16,17)

    Devido a uma grande variedade de apresentaes clnicas e morfolgicas dos linfomas, vrias classificaes foram propostas baseadas em caractersticas citolgicas especficas. A classificao da Organizao Mundial da Sade (OMS) de 2008 (tabela 3) para neoplasias do tecido linfoide foi concebida durante um consen-so entre hematopatologistas e oncolo-gistas clnicos, levando em considerao caractersticas morfolgicas, fentipo dos

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    linfcitos neoplsicos, clnicas, imunol-gicas e genticas para definir os linfomas e outras neoplasias do tecido linfoide em entidades clnico-patolgicas com relevn-cia clnica e teraputica.(4,16) A terminologia utilizada na tabela 2 foi traduzida no sen-tido literal da classificao dos Tumores de Tecidos Hematopoiticos e Linfoides revisada pela OMS e publicada em 2008, juntamente com a adequao de algumas nomenclaturas que permaneceram da classificao de 2001, pelo fato de no haver uma padronizao da traduo para a lngua portuguesa das nomenclaturas empregadas pela classificao publicada em 2008.

    Tabela 3. Classificao dos tumores dos tecidos hematopoiticos e linfoides

    Neoplasmas de clulas B Neoplasmas de clulas T e NK Linfoma de Hodgkin

    - Leucemia linfoctica crnica/Linfoma de pequenos linfcitos ou clulas pequenas- Linfoma de zona marginal esplnica- Linfoma/leucemia esplnica inclassificvel*- Linfoma esplnico difuso de clulas B pequenas de polpa vermelha*- Leucemia variante de clulas pilosas- Linfoma linfoplasmtico/Imunocitoma- Macroglobulinemia de Waldenstrm- Linfoma extranodal de zona marginal do tecido linfoide associado mucosa

    (MALT)- Linfoma zona marginal nodal- Linfoma zona marginal nodal peditrico*- Linfoma folicular- Linfoma folicular peditrico *- Linfoma cutneo primrio do centro folicular- Linfoma de clulas do manto- Linfoma difuso de grandes clulas B sem especificidade- Linfoma clulas T/histiocito rico em grandes clulas B- LDGCB primrio do sistema nervoso central- LDGCB cutneo primario, leg type- LDGCB positivo para EBV do idoso*- LDGCB associado com inflamao crnica- Linfoma primrio mediastnico (timico) de grandes clulas B- Linfoma intravascular de grandes clulas B- Linfoma ALK-positivo de grandes clulas B- Linfoma plasmablstico/plasmacitoma- Linfoma de grandes clulas B desenvolvendo em Doena de Castleman

    multicntrica associado ao HHV8- Linfoma primrio de efuses- Linfoma de Burkitt- Linfoma de clula B, inclassificvel com caractersticas intermedirias entre

    linfoma difuso de grandes clulas B e linfoma de Burkitt- Linfoma de clula B, inclassificvel com caracterstico intermedirias entre

    linfoma difuso de grandes clulas B e Linfoma de Hodgkin clssico

    - Linfoma hydroa vacciniforme-like- Linfoma/Leucemia de clulas T do adulto- Linfoma extranodal de clulas NK/T tipo nasal- Linfoma de clulas T associado a enteropatia*- Linfoma de clulas T hepatoesplnico*- Linfoma subcutneo de clulas T paniculite-

    smile- Micose fungoide/Sndrome de Szary- Doenas linfoproliferativas cutneas primrias

    de clulas T CD30 positivo- Papulose linfomatoide- Linfoma cutneo primrio de clulas grandes

    anaplsicas- Linfoma cutneo de clulas T gama/delta- Linfoma primrio de clulas T CD8+ citotxicas

    epidermotrpico agressivo*- Linfoma cutneo primrio de pequenas/mdias

    clulas T CD4+ positivo*- Linfoma cutneo primrio de clulas T

    perifricas sem outra especificao- Linfoma de clulas T angioimunoblstico- Linfoma de grandes clulas anaplsicas, ALK

    positivo- Linfoma de grandes clulas anaplsicas, ALK

    negativo*

    - Linfoma de Hodgkin com predominncia linfoctica nodular

    - Linfoma de Hodgkin Clssico- Linfoma de Hodgkin Clssico

    esclerose nodular- Linfoma de Hodgkin Clssico

    rico em linfcitos- Linfoma de Hodgkin Clssico

    celularidade mista- Linfoma de Hodgkin Clssico

    depleo linfoctica

    * Estes tipos histolgicos so entidades provisrias as quais o WHO Working Group observou no haver evidncias suficientes para reconhecer como doenas distintas at o momento da publicao. Adaptado de Swerdlow.(18)

    LINFOMA DE HODGKIN

    O LH responsvel por 30% dos linfo-mas e pode ser dividido em LH clssico e LH com predominncia linfocitria nodular. Estimativas do INCA apontam 2.870 novos casos no Brasil no ano de 2009. Apresenta um pico de acometimento entre os 15 e os 35 anos de idade e um segundo pico de acometimento aps os 50 anos de idade. Esta doena caracterizada microscopica-mente pela proliferao clonal de linfcitos malignos, chamados de clulas de Reed-Sternberg, mostrando-se como clulas grandes e multinucleadas constituindo de 1% a 5% da massa tumoral. O aspecto

    Do ponto de vista gentico, os linfo-mas caracterizam-se por anormalidades genticas que levam a expanso maligna de clulas B, T e NK, ativando oncogenes por translocao de cromossomos e ina-tivando genes supressores de tumor pela deleo ou mutao de cromossomos. Em alguns tipos de linfoma, pode ocorrer insero de genes exgenos por vrus oncognicos. A translocao cromosso-mal considerada o marco gentico para as doenas malignas linfoides, ainda que seus mecanismos no sejam conhecidos com exatido, mas sabe-se que o meca-nismo de alterao gentica dos linfomas diferente de outros tumores slidos.(4,10)

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    mais caracterstico uma clula binucleada com nuclolos grandes e eosinfilos, dando o clssico aspecto em olho de coruja. O citoplasma abundante e eosinfilo. Pode haver exemplos tri ou polinucleados. So-mente as clulas de Reed-Sternberg so consideradas diagnsticas do linfoma de Hodgkin, ou seja, a sua presena obriga-tria para fechar o diagnstico.O linfoma de Hodgkin apresenta crescimento ordenado pelos linfonodos centrais e axiais, raramente com apresentao extranodal e, portanto, o envolvimento oral incomum. Os stios bu-cais podem ser stios primrios da doena ou indicar disseminao da doena sist-mica. As leses orais se apresentam como aumentos volumtricos discretos firmes palpao, frequentemente endurecidos com bordas elevadas e ulceraes centrais com ou sem reas de necrose.(19,20) Tambm podem se apresentar como neoplasias exofticas, eritematosas, assintomticas, frequentemente com ulceraes superficiais secundrias ao trauma.(20) As regies mais acometidas so anel de Waldeyer, vestbulo e rebordo alveolar, embora existam relatos de acometimento de lngua e manifestaes intrasseas.(6,8,11,12, 18-24)

    LINFOMA NO-HODGKIN

    O LNH constitui um grupo de doenas com diversas formas de apresentao; o terceiro cncer mais comum em crian-as,(20) a segunda doena maligna mais comum da orofaringe, ficando apenas abaixo do carcinoma espinocelular, repre-sentando 2,2% das doenas malignas de cabea e pescoo e 3,5% das doenas malignas intrabucais. Os locais mais aco-metidos so lngua, palato duro e mole, gengivas e orofaringe, e os tipos mais comuns so o linfoma de grandes clulas e linfoma de pequenas clulas.(4,23,25-27)

    Estima-se que at 85% de todos os LNH tenham origem nas clulas B,(20) sendo o linfoma difuso de grandes clulas B, linfoma folicular e linfoma extranodal de zona marginal do tecido linfoide associado

    mucosa os mais comuns, chegando juntos a representar mais de 70% de todos os linfomas.(11,25,28)

    Em 20% dos casos de LNH observa-se linfadenopatia cervical persistente por mais de duas semanas, tosse, febre de origem desconhecida, perda de peso, sudorese noturna, dores abdominais e mal-estar. Tambm pode ocorrer linfadenopatia ab-dominal e plvica e hepatoesplenomegalia. Os sinais clnicos que o cirurgio-dentista pode observar com maior frequncia so aumento de volume difuso e indolor do tecido com consistncia flutuante ou es-ponjosa, com ou sem ulcerao traumti-ca, mobilidade dentria inexplicada, perda de dentes e parestesia. Radiograficamente pode-se encontrar destruio ssea difusa e perda de lmina dura em estruturas de contorno dos dentes. O prognstico de-pende do tipo histolgico, estadiamento e tratamento.(4,8,9,16,19-21,26,29)

    Apesar de praticamente todos os LNH apresentarem manifestaes bucais, algumas entidades apresentam manifesta-es com maior frequncia sobre as quais melhor enfocaremos aqui: o linfoma difuso de clulas B, o linfoma extranodal da zona marginal do tecido linfoide associado mu-cosa (MALT), o linfoma folicular, o linfoma de Burkitt, micose fungoide, linfoma de clulas do manto e linfoma de clulas NK/T nasal.

    Linfoma difuso de clulas BO linfoma difuso de clulas B o tipo

    mais comum de LNH, podendo ocorrer na forma extranodal. Com maior frequncia entre homens adultos, representa 2% dos linfomas que acometem a regio bucal e maxilofacial, geralmente como leses nodulares no anel de Waldeyer ou leses intrasseas com extravasamento para te-cidos moles, provocando dor e parestesia. Os linfomas sseos primrios representam menos de 1% de todos os LNH, 7% dos tumores sseos malignos e 4% a 5% dos linfomas extranodais. Estes so em sua maioria linfoma difuso de grandes clu-las B (LDGCB) que surgem sem haver a

    transformao de leses pr-existentes. A dor o sintoma mais comum e o fmur o osso mais acometido.(31-33) Uma varia-o do linfoma de clulas B o linfoma plasmablstico, que apresenta as mesmas caractersticas de progresso rpida, po-rm devido a seu grau de diferenciao citolgica para uma clula precursora do plasmcito, este linfoma tende a ser clas-sificado como entidade distinta. O linfoma plasmablstico associado ao vrus herpes HSV-8, que ocorre na cavidade bucal de pacientes HIV positivos e representa 2% dos LNH entre os portadores do HIV.(34,35)

    Linfoma extranodal da zona marginal do tecido linfoide associado mucosa (MALT)

    O linfoma extranodal de zona marginal do tecido linfoide associado mucosa (MALT) origina-se do acmulo de tecido linfoide autorreativo formado por desor-dens inflamatrias crnicas ou doenas autoimunes como infeco estomacal por Helicobacter pylori, tireoidite de Hashimoto ou sialadenite mioepitelial das glndulas salivares (sndrome de Sjgren).(36) Estes representam cerca de 7% a 8% de todos os LNH.(20,37) O trato gastrointestinal a re-gio envolvida em 60% a 70% dos casos. Quando isto no ocorre, h envolvimento da regio de cabea e pescoo em 11% dos casos. Outros tecidos podem ser acometidos, como conjuntiva, glndulas salivares, rbita, rins, pulmes, laringe, rins, prstata, pele e dura-mter.(20,36,37)

    Na regio de cabea e pescoo, os anexos orbitrios so stios de envolvimento primrio em 54% dos casos, seguidos pe-las glndulas salivares (29%) e tireoide.(36) Em aproximadamente 89% dos casos a doena apresenta-se solitria, com envol-vimento de somente um local.(36) O seio maxilar, palato duro e cavidade nasal tam-bm podem estar envolvidos. Quando estes linfomas envolvem a cavidade bucal podem se apresentar clinicamente como aumento volumtrico associado a ulceraes adja-centes envolvendo o palato duro e mole.(38)

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    Linfoma folicularO linfoma folicular uma neoplasia das

    clulas B formando um padro folicular. Representa 20% a 30% dos LNH, sendo o segundo tipo mais frequente de LNH. o linfoma de baixo grau mais frequente, caracterizando-se por um curso indo-lente e remisses e recadas recorrentes. At 85% dos linfomas foliculares tm um rearranjo detectvel do gene do linfoma das clulas tipo 2 (BCL-2), uma marca desta doena.(23,39-41)

    Afeta pacientes acima de 50 anos de idade e somente um tero dos pacien-tes apresenta um padro localizado da doena, pois frequente o envolvimento de stios nodais e da medula ssea em 50% dos casos. A maioria dos pacientes apresenta linfadenopatia indolor envol-vendo as regies cervical, axilar, inguinal ou femoral. Doenas extranodais alm daquelas que envolvem a medula ssea so incomuns.(23)

    Linfoma de Burkitt (LB)O LB um linfoma de clulas B agressi-

    vo, de crescimento e proliferao rpidos, que ocorre de trs formas. O LB endmico, frequente entre crianas africanas com acometimento de maxila e mandbula em 50% a 70% dos casos. A incidncia das leses nos maxilares inversa idade. Em crianas, as leses nos maxilares ocorrem em 90% dos casos. E aos 15 anos de idade, a incidncia das leses nos maxilares cai para 25%. O LB espordico, raro e que ocorre entre crianas e jovens europeus e americanos afeta com maior frequncia a regio abdominal, mas h relatos de envolvimento da regio bucal e maxilofacial. O LB associado imunodefi-cincia representa de 30% a 40% dos LNH em pacientes HIV positivos, podendo ser uma manifestao da sndrome da imuno-deficincia adquirida (SIDA). Manifestaes bucais incluem odontalgia atpica e severa, mobilidade dentria, expanso ssea, massas de tecidos mole ou neuropatia craniofacial inexplicvel.(20,28,30,42)

    De maneira geral, as leses do LB apresentam massas tumorais que podem levar a uma assimetria facial e proptose. Pode ocorrer mobilidade dentria e es-foliao prematura dos dentes decduos devido destruio agressiva do osso alveolar, porm dor e parestesia no so achados frequentes.(30) Em uma reviso de 680 casos de LB, Mlhota & Naidoo(43) constataram que a maxila foi a regio mais acometida (13,7%), seguida da mandbula (7,2%), mucosa jugal (5,7%), maxila e man-dbula juntas (4,5%) e linfonodos cervicais (4,1%). Apenas 5% dos pacientes eram HIV positivos e acredita-se que a incidncia de LB esteja diminuindo devido ao melhor acesso aos servios de sade e maior conhecimento da doena por mdicos, cirurgies-dentistas e outros profissio-nais de sade para o reconhecimento e o manejo adequado das manifestaes sistmicas e bucais do LB.(20,30,43)

    Linfoma de clulas do mantoO linfoma de clulas do manto uma

    neoplasia distinta de clulas B que acome-te homens adultos de idade mais avana-da.(44) Aproximadamente 75% dos casos apresentam inicialmente envolvimento de linfonodos, enquanto 25% apresentam o envolvimento inicial de um stio extranodal como o anel de Waldeyer, a medula ssea e o trato gastrointestinal. Outras regies in-comuns relatadas na literatura so anexos oculares, sistema nervoso central, pele, lngua e palato.(45)

    Linfoma de clulas TO linfoma de clulas T uma doena

    maligna agressiva associada com o proto-vrus HTLV-1 integrado ao DNA das clulas tumorais. Os pacientes podem apresentar linfadenomegalia, hepatoesplenomegalia e hipercalcemia. Leses cutneas como ppulas, ndulos, placas e eritema po-dem ser encontradas em 50% a 70% dos pacientes. Entretanto, leses bucais so raras, podendo ocorrer em apenas 2% dos pacientes com linfoma de clulas T na

    forma de crescimento tumoral no palato, ndulo lingual, estomatite ulcerativa ou aumento de volume ulcerado envolvendo palato e gengiva.(46)

    Micose fungoideA micose fungoide representa um linfo-

    ma derivado de linfcitos T, particularmente a celula T com expresso da molcula CD4 na superfcie da membrana, sendo esta a leso cutnea mais frequente dos LNH de clulas T. Apresenta-se como uma dermatite caracterizada por trs estgios, eczematoso, placa e tumor. Inicialmente apresenta-se como manchas eritemato-sas, que progridem para placas elevadas que tendem a crescer e tornarem-se ppulas ou tumores.(30,47,48)

    O envolvimento da cavidade oral raro, com uma prevalncia de 1% de todos os casos de micose fungoide e 35 relatos na literatura. Geralmente apresentam placas e ndulos eritematosos endurecidos e ulcerados na lngua, palato ou gengiva, associadas a um quadro avanado da doena.(47-49)

    Linfoma extranodal de clulas T/NK nasal

    O l infoma extranodal de clulas T/NK nasal raro e suas caractersticas patolgicas so pouco esclarecidas. Tem comportamento clnico agressivo e est associado ao EBV, com quase 100% de positividade em hibridizao in situ.(20) -Estas leses apresentam um carter agressivo e um prognstico ruim, sendo tipicamente encontrados em adultos.(43) O envolvimento oral raro, mas pode se apresentar como lceras palatinas, mas por causa do envolvimento em grandes reas de necrose podem ter o diagnstico prejudicado.(50)

    Ocasionalmente envolve seios parana-sais, rbita, glndulas salivares e espaos fasciais.(51) Com a progresso da doena pode ocorrer destruio das estruturas da linha mdia do palato e fossa nasal e perfurao do septo nasal.(20,30,52)

  • Hematologia

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    CONSIDERAES FINAIS

    Os linfomas so leses malignas com agressividade variada de acordo com o tipo histolgico, com baixa frequncia de manifestao bucal e maxilofacial, princi-palmente como primeira manifestao da doena. Entretanto, quando identificadas precocemente, apresentam potencial de cura atravs de quimioterapia associada ou no radioterapia. Embora a incidncia na cavidade oral seja infrequente, a atua-o multidisciplinar com a atual maior in-sero da Odontologia em diagnosticar as manifestaes bucais do linfoma deve se fazer necessria, pois o cirurgio-dentista pode ser o primeiro profissional a diagnos-ticar esta doena e encaminhar o paciente o mais precocemente para tratamento. t

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