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JACKY29/02/08 ERA CLÁSSICA – ARCADISMO (ASPECTOS GERAIS) Frente: 01 Aula: 01 PROFº: MICHEL A Certeza de Vencer FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!! Fale conosco www.portalimpacto.com.br ENSINO MÉDIO - 2008 1.Contexto Histórico Mundial. Com a fundação da Arcádia Lusitana, em 1756, surge o Arcadismo (Neoclassicismo), um movimento de reação ao Barroco(1601), procura restabelecer o equilíbrio, a harmonia e a simplicidade da literatura renascentista, rompida pelo período da contra- reforma protestante. O poeta árcade propõe-se eliminar os ornamentos exagerados e os rebuscamentos da estética barroca, adotando os preceitos do Iluminismo (Movimento filosófico de bases racionalistas e anti-religioso) e os pressupostos dos conceitos latinos. A filosofia em latim influenciou a poesia árcade o inutilia truncat - atestava o desejo de repúdio às coisas inúteis, característica marcante da poesia barroca. O contato com a natureza é visto como a única forma de felicidade e harmonia. A poesia árcade tem como cenário as paisagens campestres e bucólicas, numa fuga (Fugere Urbem) em relação ao avanço industrial e à realidade social estabelecida. Destacam-se frases latinas como "Carpe diem" e “Aurea Mediocrita”, além do uso de pseudônimos gregos e latinos pelos poetas árcades. 3- Também são características pertinentes a Estética Árcade: 1 - Vida Simples, Humilde e Amena 2- O Bucolismo 3- Pastorialismo 4- Pseudônimo Pastoril 5- Idílios Amorosos 6- Epicurismo 7- O Racionalismo 2. O Arcadismo no Brasil. Começa com a publicação, em 1768, do livro Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, membro do "grupo mineiro", que, juntamente com Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Silva Alvarenga, tenta adequar as propostas do neoclassicismo europeu às condições de vida e à temática brasileira. Embora produza uma poesia essencialmente lírica e bucólica – à exceção de Gonzaga, autor também das Cartas chilenas (onde satiriza o governador de Minas Gerais, Luís da Cunha Meneses), o grupo tem, em nível pessoal, envolvimento na Inconfidência Mineira1. O poeta Cláudio Manuel da Costa (Foto). É detido em 1789 como 1 Na segunda metade do século XVIII, Minas Gerais entrou em fase de decadência econômica. As jazidas de ouro estavam se esgotando. Os mineiros foram ficando cada vez mais pobres. Mesmo assim o governo português continuou exigindo pesados impostos dos mineiros e argumentava que a queda na produção era resultado do contrabando de ouro. Um clima de tensão e revolta tomou conta das camadas mais altas da sociedade mineira. Por isso, importantes membros da elite econômica e cultural de Minas começaram a se reunir e a planejar um movimento contra as autoridades portuguesas. Inconfidência Mineira foi o nome pelo qual ficou conhecido. participantes deste movimento e passa três anos na prisão, no Rio de Janeiro. A pena perpétua é comutada para degredo e ele embarca para Moçambique. No livro Marília de Dirceu, fala do seu amor por Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, a Marília dos poemas. 3. A Poesia de Tomás Antônio Gonzaga (Fragmento) “Enquanto pasta alegre o manso gado, minha bela Marília, nos sentemos à sombra deste cedro levantado. Um pouco meditemos na regular beleza, que em tudo quanto vive nos descobre a sábia Natureza (...) Se não tivermos lãs e peles finas, podem mui bem cobrir as carnes nossas as peles dos cordeiros mal curtidas, e os panos feitos com as lãs mais grossas. Mas ao menos será o teu vestido por mãos de amor, por minhas mãos cosido. 4. A Mitologia – Falta de Originalidade e o Ideal do Racionalismo ““ Pintam Marília, os Poetas A um menino vendado, Com uma alijava de setas, Arco empunhado na mão; Ligeiras asas nos ombros, O tenro corpo despido, E de Amor, ou de Cupido São os nomes, que lhe dão. Porém eu, Marília, nego, Que assim seja Amor; pois ele Nem é moço, nem é cego, Nem setas, nem asas tem. Ora, pois, eu vou formar-lhe Um retrato mais perfeito”. 5. O Pré-Romantismo – Subjetivismo “Noutra idade, Marília me alegrava até quando conversava com o mais rude vaqueiro, hoje, ó bela, me aborrece inda o trato lisonjeiro do mais discreto pastor. Que efeitos serão estes? Serão efeitos do amor?” 6. O Elogio da vida burguesa e a contradição material. “Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tosco trato, d’expressões grosseiro, dos frios gelos, e dos sóis queimado. Tenho próprio casal, e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Verás (...) Marília, em cima da espaçosa mesa, altos volumes de enredados feitos, ver- me-às folhear os grandes livros e decidir pleitos

Literatura - Pré-Vestibular Impacto - Era Clássica - Arcadismo - Aspectos Gerais III

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JACKY29/02/08

ERA CLÁSSICA – ARCADISMO (ASPECTOS GERAIS)

Frente: 01 Aula: 01

PROFº: MICHEL A Certeza de Vencer

FAÇO IMPACTO - A CERTEZA DE VENCER!!!

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1.Contexto Histórico Mundial.

Com a fundação da Arcádia Lusitana, em 1756, surge o Arcadismo (Neoclassicismo), um movimento de reação ao Barroco(1601), procura restabelecer o equilíbrio, a harmonia e a simplicidade da literatura renascentista, rompida pelo período da contra-reforma protestante. O poeta árcade propõe-se eliminar os ornamentos exagerados e os rebuscamentos da estética barroca, adotando os preceitos do Iluminismo (Movimento filosófico de bases

racionalistas e anti-religioso) e os pressupostos dos conceitos latinos. A filosofia em latim influenciou a poesia árcade o inutilia truncat - atestava o desejo de repúdio às coisas inúteis, característica marcante da poesia barroca. O contato com a natureza é visto como a única forma de felicidade e harmonia. A poesia árcade tem como cenário as paisagens campestres e bucólicas, numa fuga (Fugere Urbem) em relação ao avanço industrial e à realidade social estabelecida. Destacam-se frases latinas como "Carpe diem"

e “Aurea Mediocrita”, além do uso de pseudônimos gregos e latinos pelos poetas árcades. 3- Também são características pertinentes a Estética Árcade: 1 - Vida Simples, Humilde e Amena 2- O Bucolismo 3- Pastorialismo 4- Pseudônimo Pastoril 5- Idílios Amorosos 6- Epicurismo 7- O Racionalismo 2. O Arcadismo no Brasil.

Começa com a publicação, em 1768, do livro Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, membro do "grupo mineiro", que, juntamente com Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Silva Alvarenga, tenta adequar as propostas do neoclassicismo europeu às condições de vida e à temática brasileira. Embora produza uma poesia essencialmente lírica e bucólica – à exceção de Gonzaga, autor também das Cartas chilenas (onde satiriza o governador de Minas Gerais, Luís da Cunha Meneses), o grupo tem, em nível pessoal, envolvimento na Inconfidência Mineira1. O poeta Cláudio Manuel da Costa (Foto). É detido em 1789 como 11 NNaa sseegguunnddaa mmeettaaddee ddoo ssééccuulloo XXVVIIIIII,, MMiinnaass GGeerraaiiss eennttrroouu eemm ffaassee ddee ddeeccaaddêênncciiaa eeccoonnôômmiiccaa.. AAss jjaazziiddaass ddee oouurroo eessttaavvaamm ssee eessggoottaannddoo.. OOss mmiinneeiirrooss ffoorraamm ffiiccaannddoo ccaaddaa vveezz mmaaiiss ppoobbrreess.. MMeessmmoo aassssiimm oo ggoovveerrnnoo ppoorrttuugguuêêss ccoonnttiinnuuoouu eexxiiggiinnddoo ppeessaaddooss iimmppoossttooss ddooss mmiinneeiirrooss ee aarrgguummeennttaavvaa qquuee aa qquueeddaa nnaa pprroodduuççããoo eerraa rreessuullttaaddoo ddoo ccoonnttrraabbaannddoo ddee oouurroo.. UUmm cclliimmaa ddee tteennssããoo ee rreevvoollttaa ttoommoouu ccoonnttaa ddaass ccaammaaddaass mmaaiiss aallttaass ddaa ssoocciieeddaaddee mmiinneeiirraa.. PPoorr iissssoo,, iimmppoorrttaanntteess mmeemmbbrrooss ddaa eelliittee eeccoonnôômmiiccaa ee ccuullttuurraall ddee MMiinnaass ccoommeeççaarraamm aa ssee rreeuunniirr ee aa ppllaanneejjaarr uumm mmoovviimmeennttoo ccoonnttrraa aass aauuttoorriiddaaddeess ppoorrttuugguueessaass.. IInnccoonnffiiddêênncciiaa MMiinneeiirraa ffooii oo nnoommee ppeelloo qquuaall ffiiccoouu ccoonnhheecciiddoo..

participantes deste movimento e passa três anos na prisão, no Rio de Janeiro. A pena perpétua é comutada para degredo e ele embarca para Moçambique. No livro Marília de Dirceu, fala do seu amor por Maria Joaquina Dorotéia de Seixas, a Marília dos poemas.

3. A Poesia de Tomás Antônio Gonzaga (Fragmento) “Enquanto pasta alegre o manso gado, minha bela Marília, nos sentemos à sombra deste cedro levantado. Um pouco meditemos na regular beleza, que em tudo quanto vive nos descobre a sábia Natureza (...) Se não tivermos lãs e peles finas, podem mui bem cobrir as carnes nossas as peles dos cordeiros mal curtidas, e os panos feitos com as lãs mais grossas. Mas ao menos será o teu vestido por mãos de amor, por minhas mãos cosido. 4. A Mitologia – Falta de Originalidade e o Ideal do Racionalismo ““ Pintam Marília, os Poetas A um menino vendado, Com uma alijava de setas, Arco empunhado na mão; Ligeiras asas nos ombros, O tenro corpo despido, E de Amor, ou de Cupido São os nomes, que lhe dão. Porém eu, Marília, nego, Que assim seja Amor; pois ele Nem é moço, nem é cego, Nem setas, nem asas tem. Ora, pois, eu vou formar-lhe Um retrato mais perfeito”. 5. O Pré-Romantismo – Subjetivismo “Noutra idade, Marília me alegrava até quando conversava com o mais rude vaqueiro, hoje, ó bela, me aborrece inda o trato lisonjeiro do mais discreto pastor. Que efeitos serão estes? Serão efeitos do amor?” 6. O Elogio da vida burguesa e a contradição material. “Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tosco trato, d’expressões grosseiro, dos frios gelos, e dos sóis queimado. Tenho próprio casal, e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs, de que me visto. Verás (...) Marília, em cima da espaçosa mesa, altos volumes de enredados feitos, ver-me-às folhear os grandes livros e decidir pleitos ”

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Vamos fugir / Deste lugar, baby, vamos fugir 'Tô cansado de esperar / Que você me carregue, vamos

fugir / Pr'outro lugar, baby, vamos fugir / Pr'onde quer que você vá / Que você me carregue / Pois diga que irá: Irajá,

Irajá / Pra onde eu só veja você / Você veja a mim só: Marajó, Marajó / Qualquer outro lugar comum / Outro lugar

qualquer: Guaporé, Guaporé / Qualquer outro lugar ao sol / Outro lugar ao sul, céu azul, céu azul / Onde haja só meu

corpo nu / Junto ao seu corpo nu (Música:Skank/Letra:Gilberto Gil)

7. A Prisão – Inconfidência Mineira. “Minha bela Marília, tudo passa; A sorte deste mundo é mal segura; Se vem depois dos males a ventura, Vem depois dos prazeres a desgraça.”

8 . Manoel Maria du Bocage Poeta lírico neoclássico português, que tinha pretensão a vir a ser um segundo Camões, mas que dissipou suas energias numa vida agitada. Nasceu em Setúbal, em 15/09/1765 e morreu em Lisboa (21/12/1805), aos 40 anos de idade, vítima de um aneurisma. Ingressou na Nova Arcádia usando o pseudônimo de Elmano Sadino, também é conhecido como poeta obsceno e erótico na autoria de alguns sonetos satíricos. Notamos em sua obra o predomínio de uma

“sensibilidade” do poeta; ao mesmo tempo uma “sensibilidade” sobre a razão, valorizando o sentimentalismo, marcado por um profundo sofrimento, pelo ciúme e o abandono, gerando um gosto pelo lado escuro da vida e tendo como única solução para seus problemas a morte, o que marca de certa forma a sua chegada ao Romantismo. Compreensão textual “Importuna Razão, não me persiga”; Cesse a ríspida voz que em vão murmura; Se a lei do Amor se força da ternura Nem domas, nem contrastas, nem mitigas: (1) Acusa -se os mortais, e os não abrigas, Se (conhecendo o mal) não dás a cura, Deixa-me apreciar minha loucura, Importuna Razão, não me persiga. É teu fim, teu projeto encher de pejo (2) Esta alma, frágil vítima daquela. Que, injusta e vária, noutros laços vejo: Queres que fuja de Marília bela, Que a maldiga, a desdenhe; e meu desejo. É carpir,(3) delirar, morrer por ela.” VERIFICAÇÃO DE APRNDIZAGEM 01. (UFPA) CONVITE A MARÍLIA

Acerca do soneto, é correto afirmar: a) Observa-se, devido à presença de uma natureza agreste, um afastamento das convenções árcades referentes ao “locus amoenus”. b) O Pré-Romantismo, com sua valorização do sentimento, manifesta-se nas referências mitológicas, como “Zéfiros” e “Amores”. c) “Locus amoenus” é configurado, nos quartetos, por expressões como “a fértil Primavera”, “o prado ameno”, “a cor celeste”, o que afasta o texto das paisagens noturnas do Pré-Romantismo. d) A oposição entre “a vã grandeza” da corte e “as perfeições da Natureza” revela o conflito entre o eu lírico e os valores da sociedade, numa antecipação pré-romântica do sentimento da paisagem. e) No primeiro terceto, dada a presença do tema campestre, evidenciam-se o bucolismo e o sentimento da natureza, típicos do Pré-Romantismo. 02. (UNICHEL2006) – Leia o texto abaixo:

Sobre o texto acima, podemos considerar corretos os seguintes enunciados: I. Observa-se a presença do lema latino Fugere Urbem no início da música, bem como a busco do ideal clássico Aurea Mediocrita, quando o poeta expressa seu desequilíbrio físico e mental, no terceiro verso do texto II. O Locus Amoenus pode ser caracterizado no texto por expressões como “Irajá”, “Marajó”, “Guaporé”, “lugar ao sol”,”céu azul”. III. A expressão “Onde haja só meu corpo nu / Junto ao seu corpo nu” apresenta o conceito clássico do Carpe Diem, pois o poeta convida a amada a gozar de cada instante. a) I e II estão corretos b) I, II e III estão corretos. c) Apenas I está correto d) Apenas II está correto e) Apenas III está correto 8. Referências bibliográficas

Já se afastou de nós o Inverno agreste Envolto nos seus úmidos vapores; A fértil Primavera, a mãe das flores, O prado (campo) ameno (tranqüilo) de bobinas (flores) veste: Varrendo os ares o subtil Nordeste Os torna azuis: as aves de mil cores Adejam entre Zéfiros [filhos mitológicos do vento brando] e Amores, E toma o fresco Tejo (Rio) a cor celeste; Vem, ó Marília, vem lograr (aproveitar) comigo. Destes alegres campos a beleza, Destas copadas árvores o abrigo: Deixa louvar da corte a vã (inútil) grandeza: Quanto me agrada mais estar contigo Notando as perfeições da Natureza!

(BOCAGE, Manuel Maria Barbosa du. Sonetos. Lisboa: Europa-América, s. d. p. 38.)

PROENÇA FILHO, Domicio. Estilos de época na literatura: (através de textos comentados). 5.ed. São Paulo: Ática, 1978. ZILBERMAN, Regina. A leitura e o ensino da literatura. São Paulo: Contexto, 1988. COELHO, Nelly Novaes. O ensino da literatura: comunicação e expressão. 2.ed. Rio de Janeiro: Jose Olympio