Livro - Técnicas de Redação da Petição Inicial

Embed Size (px)

Citation preview

Nei Fernando Vital Pinto

112Tcnicas de Redao da PETIO INICIAL

Nei Fernando Vital Pinto Advogado

Tcnicas de Redao da PETIO INICIAL

2007

112

NOTA SOBRE O AUTOR NEI FERNANDO VITAL PINTO advogado militante em Andradina SP, graduado em Direito pela Faculdade de Direito de Bauru (ITE), em junho de 1994, e especialista lato sensu em Direito Processual Civil pelo Centro Universitrio de Rio Preto - UNIRP, de So Jos do Rio Preto SP, em julho de 2000. Foi professor das Faculdades Integradas de Trs Lagoas AEMS de 1999 a 2006 ministrado no Curso de Direito as disciplinas tica Geral e Profissional e Introduo ao Estudo do Direito, Direito Civil e Direito Processual Civil. Na nesta mesma instituio foi professor nos cursos de Administrao de Empresas, Contabilidade, Secretariado Executivo e Turismo. Foi professor contratado na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), campus de Trs Lagoas MS, nos anos letivos de 1999 e 2000, tendo ministrado Direito Civil I, II e III. Foi Conselheiro Tutelar no municpio de Andradina SP, no trinio 1998/2001.

112

NOTA DO AUTOR Tcnicas de Redao da Petio Inicial um livro que tem sua origem ligada s aulas de Direito Processual Civil por mim ministradas no terceiro ano do Curso de Direito das Faculdades Integradas de Trs Lagoas - AEMS, nos anos de 2000 e 2001. Aps ministrar as aulas, cujo tema era Da Petio Inicial, e corrigir os trabalhos, percebi que os acadmicos, ao elaborar a primeira petio inicial, deixavam de lado os ensinamentos do professor, e subestimavam sua capacidade intelectual, e socorriam-se de exemplos extrados de livros de prtica forense que continha erros crassos, ou de aes em andamento no Poder Judicirio, que traziam os vcios da prtica, face s costumeiras adaptaes, comuns e aceitveis na prtica, mas perniciosos ao acadmico de direito. Da a idia de escrever um livro que pudesse auxilia-los na interpretao dos requisitos da petio inicial e ensinasse passo a passo forma correta de sua redao. No se trata de um livro de prtica forense, ainda que nele se encontre vrios modelos de Ao de Reparao de Danos Causados em Acidente de Veculos e Ao de Despejo por Denncia Vazia, redigidos de diversas formas, mas contendo todos os requisitos objetivos e subjetivos da petio inicial, e ainda, exemplos de Ao Cautelar e Execuo por Quantia Certa Contra Devedor Solvente. A finalidade deste livro ensinar ao acadmico de Direito as tcnicas de redao da petio inicial, visando o aprendizado de forma adequada, desvencilhado de modelos, e sem os vcios que na prtica so cada vez mais comuns, mas que s contribuiriam para a reprovao no exame de ordem. , portanto, um livro recomendado ao acadmico de Direito que est iniciando o aprendizado da petio inicial, nas disciplinas Direito Processual Civil e Prtica Forense, pois apresenta linguagem tcnica, mas de fcil assimilao, adequada para o ensino universitrio. Mesmo sendo um livro recomendado ao acadmico de Direito, tambm recomendado ao bacharel em Direito, pois com sua linguagem clara e direta, contribui para a fixao dos requisitos da petio inicial, auxiliando na preparao para o exame de ordem e para advocacia. Este um livro que pretende ser til ao consulente, auxiliando na elaborao da pea mais importante do processo civil, porque atravs dela ao Estado permitido prestar sua tutela jurisdicional, e tambm porque ela delimita o campo de deciso do juiz.

O objetivo deste livro , pois, o aprendizado por parte do acadmico de Direito das tcnicas de redao da petio inicial, sua aprovao no exame de ordem e o sucesso profissional. Andradina SP, novembro de 2007.

O Autor

112

DEDICATRIA A Deus, eterna fonte de sabedoria; a memria do meu amado e inesquecvel pai DEOCLINDO; a minha me MARIETA, aos meus irmos LUIZ ROBERTO e MARIA DE FTIMA, eternos incentivadores, aos quais rendo minhas homenagens; aos meus sobrinho LUCAS e MURILO que alegram nossas vidas; ao Pr. DELMO GONALVES que me incentivou a desengavetar o projeto deste e concluir. Deus abenoe todos.

112

O advogado o homem da lei e pela lei deve lutar com coragem e destemor. O advogado deve ser visto com respeito e isto o maior prmio que ele deve desejar em sua carreira profissional. (Ruy Barbosa)

APRESENTAO Apresentar este trabalho do professor Nei Fernando Vital Pinto, ao mesmo tempo motivo de orgulho e de oportunidade para registrar o crescimento da atividade acadmica nesta regio centro-oeste do Brasil. Longe dos tradicionais centros culturais, alheio aos percalos e dificuldades prprios do pioneirismo, o autor apresenta parte de sua experincia profissional com o objetivo didtico, de fornecer aos estudantes de Direito um texto claro, objetivo e de fcil compreenso sobre a petio inicial. O que se contm nesta obra, cujo primeiro volume agora publicado, um conjunto de lies doutrinrias, repertrio jurisprudencial e exemplos prticos concernentes petio inicial que fornecero aos estudantes de Direito o alicerce necessrio para elaborar a petio inicial de acordo com a boa tcnica, peculiar aos advogados comprometidos com o aprimoramento do Direito. Acompanhei o desenvolvimento da atividade docente do autor, quando fomos colegas no curso de graduao em Direito das Faculdades Integradas de Trs Lagoas - AEMS, e posso afianar que trata-se de cuidadoso estudo, rico em exemplos atuais e pertinentes aos estudantes de Direito. Esta viso da realidade social e jurdica encontrada no texto, prpria do advogado militante h vrios anos nesta regio e, tenho certeza, estimular ainda mais atividade intelectual aqueles que se lanam atividade profissional, ao Exame de Ordem e concursos pblicos. Paulo Csar Ferreira Coordenador do Curso de Direito das Faculdades Integradas de Trs Lagoas AEMS

112

SUMRIO Abreviaturas Nota do Autor Apresentao INTRODUO PRIMEIRA PARTE - DO PROCESSO DE CONHECIMENTO CAPTULO 1 - PROCESSO DE CONHECIMENTO 1.1 Noes 1.2 Classificao das Aes do Processo de Conhecimento 1.3 Processo e Procedimento 1.4 Escolha do Procedimento CAPTULO 2 - PROCEDIMENTO COMUM ORDINRIO 2.1 Noes 2.2 Petio Inicial 2.3 Requisitos Subjetivos da Petio Inicial 2.3.1 Preciso. 2.3.1.1 Objetividade 2.3.2 Clareza 2.3.2.1 Estrangeirismo 2.3.2.2 Conciso 2.3.2.3 Vocabulrio 2.3.3 Lgica. 2.4 Requisitos Objetivos da Petio Inicial 2.4.1 O juiz ou tribunal, a que dirigida (CPC - art. 282, I) 2.4.2 Os nomes, prenomes, estado civil, profisso, domiclio e residncia do autor e do ru (CPC - art. 282, II) 2.4.2.1 Endereo do Advogado 2.4.2.2 Denominao da Ao 2.4.3 O fato e os fundamentos jurdicos do pedido (CPC - art. 282, III) 2.4.4 O pedido, com as suas especificaes (CPC - art. 282, IV) 2.4.4.1 Pedido Genrico 2.4.4.2 Pedido Cominatrio 2.4.4.3 Pedido Alternativo 2.4.4.4 Pedidos Sucessivos 2.4.4.5 Pedidos Cumulativos 2.4.5 O valor da causa (CPC - art. 282, V) 2.4.5.1 Impugnao ao Valor da Causa 2.4.6 As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados (CPC - art. 282, VI) 2.4.7 O requerimento para a citao do ru (CPC - art. 282, VII) 2.5 Encerramento da Petio Inicial 2.6 Modelo de Petio Inicial do Procedimento Ordinrio 2.7 Documentos Indispensveis Propositura da Ao 2.8 Outros Requerimentos 2.8.1 Concesso da Tutela Antecipada - Artigo 273 do CPC 2.8.2 Condenao do Ru nos Honorrios Advocatcios 2.8.3 Concesso dos Benefcios do 2 do artigo 172, do CPC 2.8.4 Concesso dos Benefcios da Assistncia Judiciria 2.8.5 Intimao do Ministrio Pblico

112

2.9 Requisitos Objetivos da Petio Inicial na Ordem da Prtica 2.10 Rol de Testemunhas 2.11 Abreviaturas Forense 2.12 Termos e Expresses Latinas 2.13 Nomenclatura das Partes 2.14 Citao Bibliogrfica 2.15 Erros Comuns na Petio Inicial 2.15.1 Ao proposta contra o ru 2.15.2 Mistura dos requisitos do art. 282 do CPC 2.15.2.1 Requerimento para a citao do ru com o pedido do autor 2.15.2.2 Encerramento da petio inicial com o valor da causa 2.15.2.3 Requerimento de provas com o valor da causa 2.15.3 Meno parcial dos requisitos do art. 282 do CPC 2.15.4 Utilizao de sinnimos para se referir as partes 2.15.5 Utilizao dos itens PRELIMINARMENTE e DO DIREITO entre os requisitos da petio inicial 2.15.5.1 Item PRELIMINARMENTE 2.15.5.2 Item DO DIREITO CAPTULO 3 - PROCEDIMENTO COMUM SUMRIO 3.1 Noes 3.2 Requisitos da Petio Inicial do Procedimento Sumrio 3.2.1 Prova Oral e Prova Pericial 3.2.2 Requerimento Para a Citao do Ru 3.3 Impugnao ao Valor da causa 3.4 Inverso de Procedimento 3.5 Modelo de Petio Inicial do Procedimento Sumrio CAPTULO 4 - PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 4.1 Noes 4.2 Jurisdio Contenciosa e Jurisdio Voluntria 4.3 Requisitos da Petio Inicial dos Procedimentos Especiais 4.4 Modelo de Petio Inicial dos Procedimentos Especiais SEGUNDA PARTE - DO PROCESSO DE EXECUO CAPTULO 5 - PROCESSO DE EXECUO 5.1 Noes 5.2 Modalidades de Execuo 5.3 Nomenclatura das Partes 5.4 Requisitos do Processo de Execuo 5.5 Requisitos da Petio Inicial do Processo de Execuo 5.6 Modelo de Petio Inicial do Processo de Execuo TERCEIRA PARTE - DO PROCESSO CAUTELAR CAPTULO 6 - PROCESSO DE EXECUO 6.1 Noes 6.2 Classificaes da Ao Cautelar 6.3 Aes Cautelares Nominadas e Inominadas 6.4 Procedimentos Cautelares 6.5 Nomenclatura das Partes 6.6 Requisitos da Petio Inicial do Processo Cautelar

112

6.7 Modelos de Petio Inicial do Processo Cautelar QUARTA PARTE APRESENTAO GRFICA DA PETIO INICIAL CAPTULO 7 - REGRAS GERAIS DE APRESENTAO 7.1 Noes 7.2 Papel 7.3 Margens 7.4 Espaamentos 7.5 Estrutura da Petio Inicial CAPTULO 8 - REGRAS DE APRESENTAO DAS CITAES BIBLIOGRFICAS 8.1 Citao de Doutrina 8.1.1 Citao Integral 8.1.2 Citao Parcial 8.1.2.1 Omisses de Palavras 8.2 Citao de Jurisprudncia 8.3 Citao de Legislao ANEXOS 1. Estilos de Redao da Petio Inicial 2. Exemplos de Pedido 3. Termos e Expresses Latinas BIBLIOGRAFIA

112

ABREVIATURAS ABNT AC CED CDPriv. CF CPC Des. J. Rel. TJSP v.u. Associao Brasileira de Normas Tcnicas Acordo Cdigo de tica e Disciplina da OAB Cmara de Direito Privado Constituio Federal de 1988 Cdigo de Processo Civil Desembargador Julgado Relator Tribunal de Justia de So Paulo Votao Unnime

112

INTRODUO O Estado, visando manter a paz social, ameaada ou violada, proibiu a autotutela e chamou para si a responsabilidade de solucionar os litgios. Passou a ter a funo de aplicar o direito aos casos concretos a ele submetidos pelas partes e compor os conflitos de interesses. Esta funo do Estado prpria e exclusiva do Poder Judicirio, e desempenhada atravs da jurisdio. O vocbulo jurisdio deriva de jus, juris, substantivo latino que quer dizer direito; e da terceira conjugao do verbo dicere, que significa dizer, afirmar, expressar. Jurisdio, portanto, o poder de dizer o direito. O Estado, no entanto, no pode exercitar sua funo jurisdicional de ofcio porque a jurisdio inerte (nemo iudex sine actore 1; ne procedat iudex officio 2). O art. 2 do Cdigo de Processo Civil (CPC), expresso em determinar que nenhum juiz prestar a tutela jurisdicional seno quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais3. Para que o Estado possa exercitar sua funo jurisdicional, necessrio que o titular do interesse em conflito, na relao jurdica de direito material, tenha iniciativa e bata s portas do Poder Judicirio para ter sua prestao acolhida. Esta iniciativa d-se atravs da petio inicial, que , portanto, o instrumento de provocao e desenvolvimento do processo civil. Provocada a funo jurisdicional, o processo se desenvolver por impulso oficial at final deciso (CPC - art. 262)4. A petio inicial um ato formal, privativo do advogado, e atravs dela que o autor se dirige ao Poder Judicirio para formular sua pretenso, requerendo ao juiz uma providncia jurisdicional. Moacyr Amaral Santos ensina que o direito de agir, que geral e abstrato, e que consiste no direito de invocar a tutela jurisdicional do Estado para decidir sobre uma pretenso, manifesta-se em concreto por meio de uma petio escrita do autor ao juiz. A essa petio denomina-se petio inicial, ou, simplesmente, inicial5 Tambm denominada por pea vestibular, exordial ou simplesmente inicial, a petio inicial pea bsica, a mais importante do processo civil, porque ela que d incio ao processo e delimita a extenso do poder de julgar do juiz, que no poder decidir alm, aqum ou fora do pedido (Princpio da Correlao entre o Pedido e a Sentena) (CPC - arts. 128 e 460).

112

1 2

Expresso latina que significa ningum pode julgar sem haver autor. Expresso latina que significa o juiz no procede de ofcio. 3 O art. 2 do CPC contempla o Princpio da Inrcia da Jurisdio, segundo o qual a jurisdio no pode ser exercida de ofcio pelo Estado, dependendo sempre de provocao das partes. 4 O art. 262 do CPC contempla o Princpio do Impulso Oficial, segundo o qual compete ao juiz, uma vez instaurada a relao processual, mover o procedimento de fase em fase, at exaurir a funo jurisdicional (CINTRA, A. C. A., GRINOVER, A. P., DINAMARCO, C. R. Teoria geral do processo. 12 ed. So Paulo, Malheiros, 1996, p. 67). 5 SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. vol. 2. 20 ed. So Paulo, Saraiva, 1999. p. 129.2 3 4 5

O CPC, em seu artigo 282, enumera os requisitos indispensveis para a validade formal da petio inicial, dos quais o autor no pode afastar-se, pois a falta de um deles poder ensejar sua inpcia. Na lio de Nelson Nery Jnior, os elementos da ao (partes, causa de pedir e pedido) so os requisitos mais importantes da petio inicial: quem, porque e o que se pede.6. Atravs da petio inicial, o autor narra os fatos constitutivos de seu direito, relaciona esses fatos ao direito material e formula seu pedido. Eduardo Arruda Alvim ensina que a petio inicial deve encerrar um silogismo. Os fundamentos jurdicos constituem-se na premissa maior; os fundamentos de fato na premissa menor e a concluso representada pelo pedido, a final formulado.7 8 Na petio inicial deve existir um raciocnio lgico entre o fato, a fundamentao jurdica e o pedido do autor. Se no trouxer uma concluso lgica atravs da narrao do fato, ser considerada inepta (CPC - art. 295, pargrafo nico, II), devendo ser indeferida pelo juiz (CPC - art. 295, I), extinguindo o processo sem julgamento de mrito (CPC - art. 267, I).

112

Primeira Parte6

NERY JNIOR, Nelson & NERY, Rosa Maria Andrade. Cdigo de processo civil comentado. 6 ed. So Paulo, Revista dos Tribunais, 2002. p. 638. 7 ALVIN, Eduardo Arruda. Curso de direito processual civil. vol 1. So Paulo, Revista do Tribunais, 1999. p. 402. 8 Silogismo um raciocnio no qual da posio de duas coisas decorre outra s por estas terem sido postas (Aristteles); ou mais simplesmente um agrupamento dedutivo formado de trs proposies encadeadas de tal modo que das duas primeiras se infere necessariamente a terceira (H. Geeenne). Essas proposies chamam-se premissa maior, premissa menor e concluso. A premissa maior contm maior extenso; a premissa menor possui menor extenso e a concluso encerra a concluso da raciocnio. Exemplo: Todo brasileiro pode votar (premissa maior). Pedro cidado brasileiro (premissa menor). Logo, Pedro pode votar (concluso).7

DO PROCESSO DE CONHECIMENTO

112

CAPTULO I PROCESSO DE CONHECIMENTO SUMRIO: 1.1 Noes 1.2 Classificao das Aes do Processo de Conhecimento 1.3 Escolha do Procedimento 1.1 NOES O processo de conhecimento ou de cognio, disciplinado no CPC, no Livro I (arts. 1 a 565), aquele em que as partes expem sua pretenso ao juiz com a finalidade de obter uma sentena de mrito (CPC - art. 459). O CPC classifica os procedimentos do processo de conhecimento em comum e especial. O procedimento comum subdivide em procedimento ordinrio e procedimento sumrio (CPC - art. 272, caput), e os procedimentos especiais subdividem-se em procedimentos especiais de jurisdio contenciosa e procedimentos especiais de jurisdio voluntria. Existem ainda leis extravagantes ao CPC que disciplinam uma srie de procedimentos especiais. - Ordinrio (arts. 282 a 457) - Procedimento Comum - Sumrio (arts. 275 a 281) Processo de Conhecimento (arts. 1 a 565) - Procedimentos Especiais - de Jurisdio Contenciosa (arts. 890 a 1.102.c) - de Jurisdio Voluntria (arts. 1.103 a 1.210) - de Leis Extravagantes

1.2 CLASSIFICAO DAS AES DO PROCESSO DE CONHECIMENTO As aes do processo de conhecimento subdividem-se em: a) Ao Condenatria: Nesta ao a pretenso do autor consiste no somente na declarao do direito material que possui, mas tambm a imposio de uma prestao a ser cumprida pelo ru. Essa prestao pode ser uma obrigao de dar, fazer, no fazer ou pagar certa quantia em dinheiro que, se no for cumprida pelo ru, possibilitar ao autor o direito de exigir do Estadojuiz que faa valer sua deciso atravs do processo de execuo. b) Ao Constitutiva/descontitutiva: Nesta ao a pretenso do autor consiste na obteno de declarao de um direito violado, que conseqentemente cria, modifica, ou extingue um estado ou relao jurdica material preexistente. c) Ao Declaratria: Nesta ao a pretenso do autor consiste em obter uma declarao da existncia ou inexistncia de relao jurdica ou a autenticidade ou falsidade de documento (CPC, art. 4). 1.3 PROCESSO E PROCEDIMENTO Processo e procedimento no so sinnimos, existe diferena. Processo o conjunto de atos processuais consecutivos e coordenados, que tem como finalidade a obteno de uma providncia jurisdicional. Procedimento o modo pelo qual se desenvolvem os atos processuais. 1.4 ESCOLHA DO PROCEDIMENTO Aps escolher a ao a ser proposta, deve-se escolher o procedimento adequado. No processo de conhecimento, a escolha do procedimento feita por excluso. Quando no CPC, ou em lei extravagante, no estiver previsto um procedimento especial, o procedimento a ser adotado ser o comum (CPC art. 271). Dispe o art. 272 do CPC que o procedimento comum ordinrio e sumrio. A escolha entre ordinrio e sumrio tambm feita por excluso. As hipteses de cabimento do procedimento sumrio esto previstas no art. 275 do CPC. Nas hipteses que no se encaixar neste artigo, ser adotado o procedimento ordinrio. Portanto, para chegar ao procedimento adequado, deve-se partir do procedimento mais especfico para o procedimento mais genrico. Vejamos: Procedimentos Especiais de Leis Extravagantes (Lei de Alimentos - Lei n 5.478/68; Mandado de Segurana - CF, art 5 LXIX; Leis ns. 1.533/51 e 4.348/64; Lei de Registros Pblicos - Lei n 6.015/73 etc)

112

Procedimentos Especiais de Jurisdio Contenciosa (CPC - arts. 890 a 1.102.c)

Procedimento Comum Sumrio (CPC - arts. 275 a 281)

Procedimento Comum Ordinrio (CPC - art. 282 a 457)

CAPTULO II PROCEDIMENTO COMUM ORDINRIO SUMRIO: 2.1 Noes 2.2 Petio Inicial 2.3 Requisitos Subjetivos da Petio Inicial 2.4 Requisitos Objetivos da Petio Inicial 2.5 Encerramento da Petio Inicial 2.6 Modelo de Petio Inicial do Procedimento Ordinrio 2.7 Documentos Indispensveis Propositura da Ao 28 Outros Requerimentos 2.9 Ordem Prtica dos Requisitos Objetivos da Petio Inicial 2.10 Rol de Testemunhas 2.11 Abreviaturas Forenses 2.12 Termos e Expresses Latinas 2.13 Nomenclatura das Partes 2.14 Citaes Bibliogrficas 2.15 Erros Comuns nas Peties 2.1 NOES O procedimento ordinrio est disciplinado nos arts. 282 a 475 do CPC (Livro I, Ttulo VIII). o procedimento disciplinado por inteiro, de forma pormenorizada pelo legislador, ao contrrio dos demais procedimentos que foram disciplinados apenas as excees diferenciadoras em relao procedimento ordinrio. Aplica-se o procedimento ordinrio s causas para as quais no esteja previsto o procedimento sumrio ou qualquer procedimento especial. Por ser o procedimento regra, aplicado, subsidiariamente, aos demais procedimentos em caso de omisso (CPC - art. 272, pargrafo nico). 2.2 PETIO INICIAL A petio inicial um ato processual que, para a sua validade, deve obedecer forma prescrita no CPC. Deve conter, portanto, os requisitos subjetivos (intrnsecos) e requisitos objetivos (extrnsecos), sob pena de ser indeferida (CPC - arts. 267, I e 295, pargrafo nico). So requisitos subjetivos da petio inicial, a preciso, clareza e lgica. Os requisitos objetivos esto previstos nos arts. 282, 283 e 39, I, todos do CPC. 2.3 REQUISITOS SUBJETIVOS DA PETIO INICIAL O autor deve usar na petio inicial linguagem escorreita e narrar o fato com preciso, clareza e lgica. 2.3.1 Preciso imprescindvel ao autor narrar o fato com preciso, para que o ru e o juiz saibam com exatido qual o fato que o leva a formular seu pedido. 2.3.1.1 Objetividade Narrar o fato com preciso significa usar linguagem objetiva na petio inicial, que implica na renncia de palavras ou expresses subjetivas, fatos genricos, imprecisos e vagos ou afirmaes gratuitas que nada contribuem para a boa qualidade do texto e dificultam a resposta do ru, a instruo processual e a sentena. Ser objetivo implica, pois, expor o fato de forma precisa e segura. Para tanto, deve-se evitar o uso de palavras que demonstrem insegurana do autor, tais como salvo melhor juzo, eu acho, talvez etc.

112

2.3.2 Clareza Alem da preciso, deve o autor narrar o fato com a mxima clareza, de tal forma que leitura da petio inicial seja compreensvel. A clareza reflete a limpidez do pensamento e facilita-lhe a pronta percepo. 9 Escrever com clareza implica, necessariamente, no no uso de certos vcios de linguagem, tais como:

Ambigidade - defeito da frase que apresenta duplo sentido. Assonncia - rima entre palavras prximas. Barbarismo - emprego de palavras erradas relativamente pronncia, forma ousignificao.

Cacofonia - som desagradvel ou de sentido ridculo ou torpe, resultante da seqncia de certos vocbulos na frase. Cacografia - erro de grafia. Coliso - sucesso desagradvel de consoantes iguais ou idnticas. Neologismo - palavras novas que, apesar de formadas de acordo com o sistema da lngua, ainda no foram incorporadas pelo idioma. Parequema forma abrandada do cacfato, em que existe um efeito sonoro desagradvel. Plebesmo - palavras ou expresses populares. Pleonasmo - redundncia, presena de palavras suprfluas na frase. Preciosismo - linguagem afetada, artificial, cheia de sutilezas e vazia de idias, fuga ao natural. Purismo - a exagerada preocupao gramatical. Snquise - inverso na ordem dos termos da orao, que dificulta a compreenso da frase.

112

2.3.2.1 Estrangeirismo O estrangeirismo emprego excessivo de palavras ou construes prprias de lnguas estrangeiras. Conforme a origem, o estrangeirismo denomina-se: galicismo ou francesismo (do francs); anglicismo (do ingls); germanismo (do alemo), castelhanismo (do espanhol), italianismo (do italiano). Trata-se tambm de um vcio de linguagem que deve ser evitado. Dispe o art. 156 do CPC que em todos os atos e termos do processo obrigatrio o emprego do vernculo. Dessa forma, a petio inicial deve ser redigida em lngua portuguesa, idioma oficial do Brasil (CF - art. 13, caput). Sendo absolutamente indispensvel o uso de palavras que no pertenam lngua portuguesa, dever ser grafada em itlico, ou entre aspas, e seu significado colocado entre parnteses. 2.3.2.2 Conciso O autor deve narrar o fato de forma pormenorizada. Entretanto, deve tomar cuidado para no ser prolixo e repetitivo. Deve ser conciso, e redigir pargrafos curtos para no perder concordncia e para que o juiz, na prtica e o examinador, no exame de ordem, leitores obrigatrios da petio inicial, no se percam no meio da leitura. Ser conciso consiste em dizer muito em poucas palavras.10 Os juzes esto sobrecarregados de servios e sem tempo suficiente para ler as peties com a devida ateno. Se a petio inicial for demasiadamente longa, sua leitura tornarse- cansativa e desestimulante, fato que poder acarretar inadequada ateno do juiz. Razo pela qual, deve o autor narrar o fato constitutivo do seu direito de forma concisa, que no ultrapasse o necessrio e proporcione uma perfeita compreenso.9

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novssima gramtica da lngua portuguesa. 42 ed. So Paulo, Nacional, 2000. p. 562. 10 CEGALLA, Domingos Paschoal. op. cit.,n , p. 562.

Piero Calamandrei ensina: Defenda as causas com zelo, mas sem exagerar. O excesso de doutrina, a excepcional ostentao de citaes de autores, o refinado virtuosismo dialtico cansam o juiz. Se voc escreve demais, ele no l; se voc fala demais, ele no ouve; se voc obscuro, ele no tem tempo para tentar compreende-lo. Para ganhar as causas, necessrio empregar argumentos medianos e simples, que ofeream ao juiz o fcil caminho da menor resistncia.11 2.3.2.3 Vocabulrio O autor dever utilizar a linguagem culta ao redigir a petio inicial, com vocabulrio rico e respeitando as normas gramaticais em sua plenitude. O emprego da linguagem culta tambm uma imposio tica, devendo o advogado, na execuo de seus servios, empregar linguagem escorreita e polida (CED - art. 45). Assim, o uso de grias deve ser evitado. Entretanto, se for necessrio o uso de gria, coloque-a em itlico, ou entre aspas, e se ela for muito especfica, coloque seu significado entre parnteses. Pelos mesmos motivos a linguagem familiar tambm deve ser evitada. No escreva expresses injuriosas, pois so proibidas (CPC - art. 15). Caso haja alguma expresso injuriosa na petio inicial, o juiz, de ofcio ou a requerimento do ofendido, mandar risca-la, pois fere a tica profissional. Deve o autor ser corts, porem, mister evitar bajulaes desnecessrias do tipo: nobre Magistrado; ilustre Magistrado; douto representante do Ministrio Pblico etc. Ironias ou agresses ao ru tambm devem ser evitadas. O autor deve, sobre tudo, ser tico, mantendo, sempre, a dignidade e o respeito ao ru. 2.3.3 Lgica A lgica a exposio coerente do fato e do fundamento jurdico do pedido, visando convencer o juiz. A petio inicial deve encerrar um silogismo em que os fundamentos jurdicos constituem a premissa maior, o direito, a premissa menor, o fato e a concluso o pedido formulado pelo autor. Dicas: Redija a petio inicial evitando frases longas, que aparentam ser interminveis. Prefira as frases curtas, por serem mais compreensveis e, tambm, porque escrevendo perodos curtos erra-se menos. Prefira a ordem direta da frase, pois facilita a compreenso da idia. Cuidado com os erros de portugus na petio inicial (ausncia de acentuao, erros de concordncia e erros de ortografia), pois, no exame de ordem o examinado perder pontos e na prtica, far com que o leitor tenha uma m impresso do advogado. Erros crassos e o uso incorreto do vocabulrio jurdico podero levar o examinado reprovao no exame de ordem.

112

11

CALAMANDREI, Piero. Eles os juzes. So Paulo, Martins Fontes, 1997. p. 104.

Para evitar tais erros tenha sempre em mo um dicionrio da lngua portuguesa e um dicionrio de expresses jurdicas.

2.4 REQUISITOS OBJETIVOS DA PETIO INICIAL A petio inicial um ato processual que, para a sua validade, devem estar presentes todos os requisitos previstos no CPC. A imperatividade do tempo verbal prevista no caput do art. 282, que dispe que a petio inicial indicar, leva a concluso de que seus requisitos so indispensveis, qualquer que seja a natureza da ao. A ausncia de um dos requisitos da petio inicial pode ensejar a sua inaptido, o que impede o prosseguimento do processo12 e a reprovao no exame de ordem. As partes, a causa de pedir e o pedido, elementos da ao, so os requisitos mais importantes da petio inicial, e significa quem, porque e o que se pede.13 Os requisitos objetivos da petio inicial esto previstos nos arts. 282, 283 e 39, I, do CPC. Vejamos: Art. 282 - A petio inicial indicar: I - o juiz ou tribunal, a que dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profisso, domiclio e residncia do autor e do ru; III - o fato e os fundamentos jurdicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificaes; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citao do ru. Art. 283 - A petio inicial ser instruda com os documentos indispensveis propositura da ao. Art. 39 - Compete ao advogado, ou parte quando postular em causa prpria: I - declarar, na petio inicial ou na contestao, o endereo em que receber intimao; 2.4.1 O juiz ou tribunal, a que dirigida (CPC - art. 282, I) O primeiro requisito da petio inicial, tambm conhecido por endereamento ou cabealho, tem por finalidade apurar o juzo competente da ao que se pretende ajuizar, principalmente quando ao autor facultado ajuiz-la perante mais de um juzo, devendo, antes de redigi-la, analisar as regras quanto competncia, previstas nos arts. 86 a 111 do CPC. A identidade fsica do juiz irrelevante, pois a petio inicial sempre ser endereada ao rgo judicirio. A expresso vara denomina a prpria circunscrio em que o juiz exerce sua jurisdio. Sua origem vem do Brasil-colnia, poca em que os juzes traziam um basto que tornava reconhecida sua funo. Esses bastes eram pintados de branco ou de vermelho. Os bastes pintados de branco (vara branca) competiam aos juzes letrados. J os bastes pintados de vermelho (vara vermelha) competiam aos juzes leigos.14 Definido o juzo competente, deve autor redigir o endereamento da petio inicial conforme exemplo a seguir:

112

12 13

NERY JNIOR, Nelson & NERY, Rosa Maria de Andrade. op. cit.,n , p. 566, nota n 2 NERY JNIOR, Nelson & NERY, Rosa Maria de Andrade. op. cit.,n , p. 566, nota n 2 14 SILVA, De Plcido e. Vocabulrio jurdico. 20 ed. Rio de Janeiro, Forense, 2002, p. 852.

EXCELENTSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ____ VARA CVEL COMARCA DE TRS LAGOAS - ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL.

DA

Existem comarcas que tm varas que cuidam unicamente de determinada matria, so denominadas varas especializadas. Neste caso, o autor ao redigir a petio inicial dever endere-la para estas varas, conforme exemplo a seguir: EXCELENTSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA ____ VARA DA FAMLIA DAS SUCESSES DA COMARCA DE CAMPO GRANDE ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL.E

Em certas comarcas esta vara especializada nica. Neste caso, o autor dever enderear a petio inicial a esta vara, conforme exemplo a seguir: EXCELENTSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA DA FAMLIA SUCESSES DA COMARCA DE TRS LAGOAS - ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL.E DAS

112

A comarca da capital do Estado de So Paulo foi organizada em vrios Foros Regionais. O autor dever enderear a petio inicial para um destes Foros Regionais, conforme exemplo a seguir: EXCELENTSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA _____ VARA DA FAMLIA E DAS SUCESSES DO FORO REGIONAL DE SANTO AMARO, COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO DE SO PAULO. Quando a competncia originria for um Tribunal, como ocorre com a Ao Rescisria e Mandado de Segurana, a petio inicial dever ser endereada de acordo com a nomenclatura atribuda aos membros do respectivo Tribunal. Desembargador a denominao atribuda aos membros dos Tribunais de Justia. Vejamos exemplos de endereamento: Tribunal de Justia de Mato Grosso do Sul: EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE JUSTIA DE MATO GROSSO DO SUL. Tribunal de Justia de So Paulo: EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE JUSTIA DE SO PAULO.DO DO

EGRGIO TRIBUNAL

DE

EGRGIO TRIBUNAL

DE

Juiz a denominao atribuda aos membros do Primeiro e do Segundo Tribunal de Alada Civil de So Paulo. Vejamos exemplo de endereamento: Superior Tribunal de Justia: EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE JUSTIA. Supremo Tribunal Federal: EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE FEDERAL.DO DO

EGRGIO SUPERIOR TRIBUNAL

DE

EGRGIO SUPREMO TRIBUNAL

Tribunal Superior Eleitoral: EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE ELEITORAL.DO

EGRGIO TRIBUNAL SUPERIOR

Dicas: Ao redigir o endereamento da petio inicial, no use abreviaturas do tipo: EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CVEL DA COMARCA DE TRS LAGOAS MS. Ou ainda: EXCELENTSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CVEL DA COMARCA DE TRS LAGOAS MS. No abrevie os pronomes de tratamento. Escreva o endereamento por extenso e com letras maisculas. No coloque o endereamento em negrito ou sublinhe pois no h necessidade de dar destaque grfico.

112Por uma questo de estilo pessoal, alguns advogados redigem o endereamento da petio inicial conforme exemplo a seguir: EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CVEIS DA COMARCA DE TRS LAGOAS - ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL. Na prtica, quando o advogado distribuir uma petio inicial em comarca diversa daquela que ele milita, dever colocar a vogal A entre parnteses, aps as palavras: EXCELENTSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A), pois existem muitas mulheres exercendo o cargo de juza. Se o advogado souber que quem ir receber a petio inicial uma mulher, ou seja, uma juza, ento dever enderear conforme o exemplo a seguir: EXCELENTSSIMA SENHORA DOUTORA JUZA DE DIREITO DA ____ VARA CVEL DA COMARCA DE TRS LAGOAS - ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL. Na prtica o advogado dever consultar a Lei de Organizao Judiciria do Estado em que milita, para certificar-se sobre existncia de varas especializadas e de foros regionais, bem como sobre sua competncia.

AUSNCIA DO ENDEREAMENTO NA PETIO INICIAL A ausncia da indicao do juiz ou tribunal a quem a petio inicial dirigida (endereamento) uma irregularidade sanvel, podendo o juiz determinar que o autor a complete, sob pena de indeferimento (CPC - art. 295, VI). 2.4.2 Os nomes, prenomes, estado civil, profisso, domiclio e residncia do autor e do ru (CPC - art. 282, II) O segundo requisito da petio inicial, tambm conhecido por prembulo, tem por finalidade identificar, de forma pormenorizada, os sujeitos (pessoas natural e jurdica e entes despersonalizados) que iro figurar nos plos ativo e passivo da relao jurdica processual. Serve, pois, para individualizar as partes: autor e ru. Autor quem ajuza a ao e ru aquele e relao a quem a ao ajuizada. Autor e ru devem ser qualificados atravs da identificao de seus nomes, prenomes, estado civil, profisso, domiclio e residncia. O atual CPC excluiu a obrigatoriedade de indicao da naturalidade das partes, que era requisito obrigatrio, previsto no art. 158, II do CPC de 1939. Entretanto, a rotina da prtica fez com que os advogados continuassem a indicar a naturalidade das partes ao qualifica-las. A qualificao do autor dever ser feita conforme exemplo a seguir: PEDRO DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado na Rua Paranaba, n 152, centro, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul.

O CPC, em seu art. 282, inciso II, no exige a indicao de documentos das partes. Portanto, mencionar o nmero da Cdula de Identidade (RG), CPF, Carteira de Trabalho ou de outros documentos que tenham f pblica, desnecessrio. Na prtica, torna-se desnecessrio, ainda mais, devido a identificao dos documentos constarem na procurao outorgada pelo autor ao seu advogado. Entretanto, a rotina da prtica fez com que os advogados adotassem o hbito de mencionar os documentos das partes, em razo da possibilidade de haver pessoas homnimas. O estado civil da pessoa natural (pessoa fsica) pode ser: solteiro, casado, separado judicialmente, divorciado e vivo. importante mencionar o estado civil das partes, principalmente no plo passivo, pois a outorga uxria ou marital pode ser necessria, cuja ausncia poder acarretar na falta de citao do cnjuge do ru, podendo gerar nulidade. A importncia da indicao da profisso das partes serve como base para a concesso ou no dos benefcios da assistncia judiciria gratuita. Tambm ser importante e outros casos, como por exemplo, nas aes de alimentos, e servir de base para a fixao de alimentos provisrios. O domiclio das partes tem importncia para a fixao da competncia. Nas aes de separao judicial e divrcio, por exemplo, o foro competente para processar e julgar estas aes ser o do domiclio da mulher, independente dela figurar no plo ativo ou passivo da ao. A importncia da indicao da residncia das partes possibilitar sua localizao, quando necessrio, e proceder a comunicao de atos processuais indispensveis. A qualificao do ru deve ser feita do mesmo modo como feita a qualificao do autor. ADOLFO SALES, brasileiro, solteiro, engenheiro, residente e domiciliado na Rua Oscar Guimares, n 397, bairro Alvorada, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul. A ausncia de alguns dos elementos da qualificao do ru, previstos no inciso II do art. 282 do CPC, no acarreta o indeferimento da petio inicial. Existem casos em que o autor no conhece todos os dados pessoais do ru, como, por exemplo, nas invases de terra, em que se torna difcil, ou quase impossvel, saber a qualificao pormenorizada dos invasores. Neste caso, a qualificao do ru dever ser feita conforme exemplo a seguir: ADOLFO SALES, qualificao ignorada, residente e domiciliado na Rua Oscar Guimares, n 397, bairro Alvorada, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul. Quando o autor desconhecer os dados pessoais do ru, poder socorrer-se de sua descrio fsica, ou informar outros locais, alm de sua residncia, onde possa ser encontrado, indicando, inclusive o endereo do seu local de trabalho. As pessoas naturais, quando forem incapazes (CC - arts. 3 e 4) podem litigar em juzo, tanto na condio de autor como na condio de ru. Para tanto, conforme estabelece o art. 8 do CPC, o incapaz no poder praticar atos processuais por si s. mister a presena de seu representante legal, que ir representa-lo ou assisti-lo, no caso de incapacidade absoluta ou relativa, respectivamente. Neste caso, a petio inicial dever ser instruda com o documento de identificao do representante legal do incapaz. A qualificao do autor ou ru absoluta ou relativamente incapaz, dever, respectivamente, ser feita conforme exemplos a seguir:

112

JOO VICTOR DE OLIVEIRA, brasileiro, solteiro, menor impbere com 2 (dois) anos de idade, neste ato representado por sua genitora, senhora MARIA HELENA DE OLIVEIRA, brasileira, divorciada, professora, ambos residentes e domiciliados na Rua Paranaba, n 152, centro, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul; JOO VICTOR DE OLIVEIRA, brasileiro, solteiro, menor pbere com 17 (dezessete) anos de idade, neste ato assistido por sua genitora, senhora MARIA HELENA DE OLIVEIRA, brasileira, divorciada, professora, ambos residentes e domiciliados na Rua Paranaba, n 152, centro, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul; Autor ou ru podem, ainda, ser pessoa jurdica. Como cedio, pessoa jurdica tem personalidade jurdica prpria, mas representada por uma pessoa fsica, que, sendo r, receber a citao, no em nome prprio, mas em nome da pessoa jurdica. A petio inicial dever conter a indicao da pessoa jurdica e trazer a exata individualizao da pessoa fsica por ela responsvel. Neste caso, a qualificao da pessoa jurdica, na condio de autora ou r, dever ser feita conforme exemplo a seguir: METALRGICA ALVORADA LTDA., pessoa jurdica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n 00.000.000/0001-00, com sede na Rua Bruno Garcia, n 321, bairro Santa Luzia, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul, neste ato por seu representante legal, senhor PEDRO DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, empresrio; As partes da relao jurdica processual, via de regra, so singulares, ou seja, existe um nico autor e um nico ru. Todavia, pode ocorrer a pluralidade de partes, existindo mais de um autor ou mais de um ru na relao jurdica processual. A esse acontecimento d-se o nome de litisconsrcio, que ser ativo se existir vrios autores e um nico ru; ser passivo, se existir vrios rus e um nico autor, e ser misto se existir vrios autores e rus. Na hiptese de existncia de litisconsrcio ativo, a qualificao dos autores dever ser feita conforme exemplo a seguir: PEDRO DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado na Rua Paranaba, n 152, centro, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul; CARLOS HENRIQUE BRAGA, brasileiro, solteiro, cirurgio dentista, residente e domiciliado na Rua Bahia, n 370, Jardim Alta Floresta, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul; Na hiptese de existncia de litisconsrcio passivo, a qualificao dos rus dever ser feita conforme exemplo a seguir: ADOLFO SALES, brasileiro, solteiro, engenheiro, residente e domiciliado na Rua Oscar Guimares, n 397, bairro Alvorada, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul; e MILTON RODRIGUES, brasileiro, solteiro, arquiteto, residente e domiciliado na Avenida Bandeirantes, n 550, centro, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul; Na hiptese de existncia de litisconsrcio misto, a qualificao dos autores e dos rus dever ser feita conforme exemplos anteriormente mencionados. O autor poder, ainda, ser advogado e postular em causa prpria. Neste caso sua qualificao dever ser feita conforme exemplo a seguir:

112

JOS CARLOS DA SILVA, brasileiro, solteiro, advogado devidamente inscrito na OAB/MS n 00000, com escritrio na Rua Campos Sales, n 321, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul, local onde receber as intimaes, vem presena de Vossa Excelncia, propor a presente . . . O prembulo da petio inicial de uma Ao de Despejo por Denncia Vazia, constando os nomes, prenomes, estado civil, profisso, domiclio e residncia do autor e do ru (CPC - art. 282, II), endereo do advogado (CPC - art. 39, I) e a denominao da ao, dever ser redigido conforme exemplo a seguir: PEDRO DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado na Rua Paranaba, n 152, centro, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul, por seu advogado JOS CARLOS DA SILVA, devidamente inscrito na OAB/MS n 00000, com escritrio na Rua Campos Sales, n 321, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul, local onde receber as intimaes (doc. I), vem presena de Vossa Excelncia, com fundamento nos arts. 59 e seguintes da Lei n 8.245/91 (Lei do Inquilinato), propor a presente AO DE DESPEJO POR DENNCIA VAZIA, em face de ADOLFO SALES, brasileiro, solteiro, engenheiro, residente e domiciliado na Rua Oscar Guimares, n 397, bairro Alvorada, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul; pelos motivos de fato e de direito que passa a expor: Dicas:

112

Vossa Excelncia um pronome de tratamento, recomenda-se extenso.Entretanto, se preferir abreviar, a forma correta V. Exa.

escrever

por

No exame de ordem, caso o enunciado da questo indique somente os nomes das partes, no invente qualificaes e endereos, pois, neste caso, alguns examinadores entendem que o examinado saiu do tema proposto ao adotar esta conduta, e descontar pontos na correo do exame. Contendo apenas o nome das partes no enunciado da questo, redija o prembulo da petio inicial conforme exemplo a seguir: PEDRO DE OLIVEIRA, nacionalidade, estado civil, profisso, domiclio e residncia; por seu advogado (nome do advogado), devidamente inscrito na OAB/MS n _______, com escritrio na Rua __________, na cidade e comarca de _________, local onde receber as intimaes (doc. I), vem presena de Vossa Excelncia, com fundamento nos arts. 46, 2 e 59 da Lei n 8.245/91 (Lei do Inquilinato), propor a presente AO DE DESPEJO POR DENNCIA VAZIA, em face de ADOLFO SALES, nacionalidade, estado civil, profisso, domiclio e residncia; pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

A maioria dos exames de ordem tm trazido apenas letras para se referir as partes, vejamos exemplo: A firmou com B contrato particular de promessa de compra e venda de unidades imobilirias em construo, em 10-01-2000, visando adquirir os apartamentos de ns. 1.110 e 1.111, do empreendimento denominado Edifcio Los Angeles, localizado na Rua 7 de setembro n 400, em Campo Grande MS. Os apartamentos foram entregues ao comprador em janeiro de 2001 . . . (70 Exame de Ordem. 2 Fase. OAB/MS). Neste caso, quando aparecer letras ao invs de nomes, redija o prembulo da petio inicial conforme exemplo a seguir: A, nacionalidade, estado civil, profisso, domiclio e residncia; por seu advogado (nome do advogado), devidamente inscrito na OAB/MS n

_______, com escritrio na Rua __________, na cidade e comarca de _________, local onde receber as intimaes (doc. I), vem presena de Vossa Excelncia, com fundamento nos arts. 46, 2 e 59 da Lei n 8.245/91 (Lei do Inquilinato), propor a presente AO DE DESPEJO POR DENNCIA VAZIA, em face de B, nacionalidade, estado civil, profisso, domiclio e residncia; pelos motivos de fato e de direito que passa a expor: Nota: Este exemplo de prembulo da petio inicial um caso hipottico, que serve apenas para ilustrao, no tendo qualquer relao com a 2 Fase do 70 Exame de Ordem da OAB/MS. AUSNCIA DO PREMBULO NA PETIO INICIAL A ausncia dos nomes e prenomes das partes (prembulo) uma irregularidade sanvel, devendo o juiz determinar ao autor que complete a petio inicial sob pena de indeferimento (CPC - art. 295, VI). Se o autor indicar erroneamente o nome das partes, e se isso for relevante, o juiz determinar sua correo, sob pena de indeferimento. A ausncia da qualificao das partes irrelevante, no podendo a petio inicial ser indeferida. 2.4.2.1 Endereo do Advogado O endereo do advogado requisito essencial da petio inicial, que no consta do art. 282 do CPC, e sim no art. 39, I do CPC. Deve ser indicado no prembulo da petio inicial (CPC - art. 282, II), imediatamente aps a qualificao do autor, e dever ser redigido conforme exemplo a seguir: por seu advogado JOS CARLOS DA SILVA, devidamente inscrito na OAB/MS n 00000, com escritrio na Rua Campos Sales, n 321, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul, local onde receber as intimaes (doc. I), Dicas:

112

Quando indicar o endereo do advogado no use a expresso escritrio profissional.Escreva somente escritrio. No exame de ordem no invente nome para o advogado e muito menos coloque seu nome, redija conforme exemplo a seguir: por seu advogado (nome do advogado), devidamente inscrito na OAB/MS n , com escritrio na Rua , na cidade e comarca de , local onde receber as intimaes (doc. I), Nota: Ver dicas do item 2.4.2 Os nomes, prenomes, estado civil, profisso, domiclio e residncia do autor e do ru (CPC - art. 282, II). AUSNCIA DO ENDEREO DO ADVOGADO NA PETIO INICIAL A ausncia na petio inicial do endereo onde o advogado dever receber as intimaes um vcio sanvel. O juiz determinar ao autor que no prazo de 48 horas supra a omisso, sob pena de indeferimento (CPC - art. 295, VI). Existe entendimento de que, caso o advogado no mencione na petio inicial o endereo, no qual dever receber as intimaes, a meno na procurao ou a indicao do endereo no formulrio impresso do advogado supre a ausncia. 2.4.2.2 Denominao da Ao A denominao da ao (nomen juris) no requisito obrigatrio da petio inicial, vez que no ordenamento jurdico no h qualquer imposio legal neste sentido. Todavia, a rotina da

prtica fez com os advogados indicassem no prembulo da petio inicial o nome da ao atravs do qual ela conhecida e hoje praticamente um requisito obrigatrio. Nelson Nery Junior ensina que para caracterizar a ao relevante o exame da causa de pedir e do pedido.15 A denominao da ao atribuda pelo autor no relevante, pois o importante na petio inicial preencher todos seus requisitos legais, estando correto a causa de pedir e o pedido. Segundo, ainda, Nelson Nery Junior, se o autor, por exemplo, nomina a ao de ao de despejo, mas pede somente a cobrana de alugueres em atraso, trata-se de ao de cobrana, e no ao de despejo.16 2.4.3 O fato e os fundamentos jurdicos do pedido (CPC - art. 282, III) O autor dever dizer na petio inicial o porqu do seu pedido, indicando as razes, os motivos e os argumentos que justificam seu pedido. Quando o autor narra na petio inicial o fato e os fundamentos jurdicos ele est expondo as razes do seu pedido. O legislador processualista adotou a Teoria da Substanciao do pedido, segundo a qual se exige a necessidade de identificao do fato e dos fundamentos jurdicos que embasam o pedido formulado pelo autor na petio inicial. O fato e os fundamentos jurdicos do pedido so, pois, os motivos que levam o autor a procurar o Poder Judicirio. a descrio do conflito de interesses e a sua repercusso jurdica na esfera patrimonial ou pessoal do autor. O fato e os fundamentos jurdicos do pedido constituem a causa de pedir (ou causa petendi), que se divide em causa de pedir remota (fato) e causa de pedir prxima (fundamentos jurdicos). O fato a descrio do conflito de interesses que envolve autor e ru, em que aquele ir indicar como a leso ao seu direito aconteceu. Este fato gerador de direito denominado pela doutrina de fatos constitutivos do direito do autor. Por fundamentos jurdicos do pedido, entende-se como sendo a descrio da conseqncia jurdica gerada pela leso ao direito do autor. mister ressaltar que fundamento jurdico no o mesmo que fundamento legal, sendo que este, nada mais do que a norma jurdica. O autor no precisa indicar na petio inicial o artigo de lei que justifica seu pedido, pois o juiz tem o dever de conhecer a legislao e aplica-la ao caso concreto, solucionando o litgio (da mihi factum, dabo tibi ius).17 Todavia, se o autor alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinrio, ser necessrio provar seu teor e sua vigncia na petio inicial (CPC - art. 337).

112

AUSNCIA DA CAUSA DE PEDIR NA PETIO INICIAL A ausncia do fato e dos fundamentos jurdicos do pedido na petio inicial um vcio insanvel, sendo causa de indeferimento da petio inicial por inpcia (CPC - art. 295, pargrafo nico, inciso I). Ainda que o autor indique o fato e os fundamentos jurdicos do pedido, a petio inicial ser inepta se, da narrao dos fatos no decorrer logicamente a concluso (CPC - art. 295, pargrafo nico, inciso II). 2.4.4 O pedido, com as suas especificaes (CPC - art. 282, IV)15 16

NERY JNIOR, Nelson & NERY, Rosa Maria de Andrade. op. cit.,n , p. 639, nota n 11 NERY JNIOR, Nelson & NERY, Rosa Maria de Andrade. op. cit.,n , p. 639, nota n 11 17 Expresso latina que significa D-me o fato, dar-te-ei o direito

O pedido (ou petitum) aquilo que o autor pretende com a tutela jurisdicional solicitada. Na lio de Humberto Theodoro Jnior, O ncleo da petio inicial o pedido, que exprime aquilo que o autor pretende do Estado frente ao ru.18 Dentro da sistemtica do CPC, o pedido tambm conhecido pelas expresses lide, pretenso, mrito e objeto. O pedido, nada mais do que a concluso lgica da narrao do fato e dos fundamentos jurdicos. Humberto Theodoro Jnior, citando Jacy de Assis, ensina que o pedido a concluso da exposio dos fatos e dos fundamentos jurdicos; estes so premissas do silogismo, que tem no pedido sua concluso lgica.19 Toda petio inicial traz sempre dois pedidos, um imediato e outro mediato. O pedido imediato se refere a uma sentena que o autor busca, que pode ser declaratria, condenatria ou constitutiva/descontitutiva. O pedido mediato o bem jurdico que o autor procura proteger com a sentena. O autor pode modificar o pedido ou a causa de pedir antes da citao, sem o consentimento do ru. Citado o ru, defeso ao autor proceder tais modificaes sem o seu consentimento (CPC - art. 264). Todavia, consentindo o ru, o pedido e causa de pedir podero ser alterados somente at o saneamento do processo (CPC - art. 264, pargrafo nico). O pedido deve ser certo ou determinado, segundo dispes o art. 286 do CPC. Todavia, a partcula ou deve ser entendida como e, pois o pedido dever sempre ser certo e determinado. Pedido certo o pedido expresso na petio inicial, e a determinao diz respeito aos limites da pretenso do autor. 2.4.4.1 Pedido Genrico Conforme explicado anteriormente, toda petio inicial traz sempre dois pedidos, um imediato e outro mediato. No pedido imediato seu objeto sempre ser determinado, ou seja, sempre ser uma sentena declaratria, condenatria ou constitutiva/descontitutiva. J o pedido mediato, ou seja, o bem jurdico que o autor procura proteger com a sentena, poder ser genrico, conforme os casos previstos no art. 286, do CPC, vejamos: Art. 286 - O pedido deve ser certo ou determinado. lcito, porm, formular pedido genrico: I - nas aes universais, se no puder o autor individuar na petio os bens demandados; II - quando no for possvel determinar, de modo definitivo, as conseqncias do ato ou do fato ilcito; III - quando a determinao do valor da condenao depender de ato que deva ser praticado pelo ru. Humberto Theodoro Jnior ensina que o pedido, na sua generalidade, h sempre de ser certo e determinado, sendo que a indeterminao ficar restrita quantidade e a qualidade das coisas ou importncias pleiteadas. Ensina, ainda, que, no se pode, por exemplo, pedir a condenao a qualquer prestao. O autor ter, assim, de pedir a condenao a entrega de certas coisas indicadas pelo gnero ou o pagamento de uma indenizao de valor ainda no determinado.2018

112

THEODORO JNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. vol. I. 38 ed. Rio de Janeiro, Forense, 2002. p. 325. 19 THEODORO JNIOR, Humberto. op. cit., n , p. 325. 20 THEODORO JNIOR, Humberto. op. cit., n , p. 327.

2.4.4.2 Pedido Cominatrio O art. 287 do CPC contempla o pedido cominatrio, ainda que no preveja procedimento especial para ao de natureza cominatria. O autor, atravs do pedido cominatrio, poder pedir a condenao do ru a abster-se da prtica de algum ato, a tolerar alguma atividade, ou a prestar fato que no pode ser realizado por terceiro, sob a cominao de pena pecuniria, para o caso de descumprimento da sentena. Exemplo de ao que tem pedido cominatrio a ao de interdito proibitrio, disciplinada nos arts. 932 e 933 do CPC. 2.4.4.3 Pedido Alternativo Segundo art. 288 do CPC, existiro pedidos alternativos quando, pela natureza da obrigao, o devedor puder cumprir a prestao de mais de um modo. Formula-se pedidos alternativos quando existir uma obrigao alternativa em que o devedor exonerar-se- de sua obrigao cumprindo uma das opes. Existindo uma obrigao alternativa e se a escolha couber ao credor, o autor, na petio inicial, far um pedido simples, e presumir-se- feita sua opo. Mas, se a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurar o direito de cumprir a prestao de um modo ou de outro, ainda que o autor no tenha formulado pedido alternativo (CPC - art. 288, pargrafo nico). 2.4.4.4 Pedidos Sucessivos Segundo art. 289 do CPC, existiro pedidos sucessivos quando o autor formular mais de um pedido em ordem sucessiva, a fim de que o juiz conhea o posterior, se no puder acolher o anterior. O autor formular na petio inicial um pedido principal, e formular pedidos subsidirios para serem analisados no caso de impossibilidade de acolhimento do pedido principal. 2.4.4.5 Pedidos Cumulativos Pedidos cumulativos, so pedidos formulados em relao ao mesmo ru, em decorrncia de um mesmo fato constitutivo do direito do autor. No necessria a conexo21 entre os pedidos, sendo os requisitos de admissibilidade para cumulao de pedidos: a) que os pedidos sejam compatveis entre si; b) que seja competente para conhecer deles o mesmo juzo; c) que seja adequado para todos os pedidos o mesmo tipo de procedimento. (CPC - art. 292, 1). Poder, entretanto, haver cumulao de pedidos se o autor adotar o procedimento ordinrio, ainda que algum dos pedidos tenha previso de procedimento especial. Entretanto, no poder ocorrer cumulao de pedidos em processos diferentes, como, por exemplo, processo de execuo e processo de conhecimento. Todo pedido formulado pelo autor h sempre uma cumulao implcita do pedido de condenao do ru ao pagamento de honorrios advocatcios e das despesas judiciais antecipadas pelo autor. Ainda que o autor no formule o pedido de condenao do ru ao pagamento de tais verbas, julgando procedente a ao, o juiz o condenar ex officio o ru ao pagamento de tais verbas, pois estes pedidos esto inclusos nas pretenses do autor (CPC - art. 20). Da mesma forma ocorrer se o juiz julgar a ao improcedente. Neste caso, sendo o autor vencido na ao, ser condenado ao pagamento de honorrios advocatcios e das despesas judiciais antecipadas pelo ru.

112

21

Reputam-se conexas duas ou mais aes, quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir (CPC art. 103).

mister ressaltar a diferena entre cumulao de pedidos e cumulao de aes. Ocorre cumulao de pedidos quando existe um nico fato constitutivo gerando vrios pedidos face ao mesmo ru. A cumulao de aes existe quando se tem vrios fatos constitutivos distintos originando vrios pedidos distintos. Cada fato constitutivo poderia originar uma ao prpria, autnoma e independente, mas, face ao princpio da economia processual, permite-se a cumulao das aes, desde que haja algum dos elementos exigidos para a conexo entre elas. Dica: Na petio inicial no faa requerimento de procedncia da ao ou procedncia do pedido. Estes requerimentos no so corretos porque na petio inicial que o autor formula seu pedido. A procedncia da ao ocorrer quando ela foi proposta e o juiz verificar que concorrem as condies da ao. J a procedncia do pedido deve ser requerida pelo autor, no procedimento ordinrio, nas razes finais, e, procedimento sumrio, nos debates orais. Nota: Ver no Anexo 2 exemplos de pedido. AUSNCIA DO PEDIDO NA PETIO INICIAL A ausncia do pedido na petio inicial um vcio insanvel, sendo causa de indeferimento da petio inicial por inpcia. Ainda que o autor indique o pedido, a petio inicial ser inepta se da narrao dos fatos no decorrer logicamente a concluso (CPC - art. 295, pargrafo nico, inciso II). No ser causa de indeferimento da petio inicial, ainda que o autor indique o pedido, e da narrao dos fatos no decorrer logicamente a concluso, se o juiz entender que no houve erro grosseiro ou defeito capaz de prejudicar a resposta do ru e o exame do mrito. Nestes casos, o juiz deferir a petio inicial, e reapreciar esta questo no saneamento do processo. 2.4.5 O valor da causa (CPC - art. 282, V) A finalidade deste requisito obrigar o autor a atribuir a causa um determinado contedo econmico imediato, ainda que ela no possua nenhum (CPC art. 258). Embora este seja o quinto requisito da petio inicial, na prtica, os advogados o colocam aps os demais requisitos do art. 282 do CPC, ou seja, no final, antes porem, do encerramento da petio inicial. Esta prtica, comum nos dias atuais, provavelmente tem origem no CPC de 1939, em que a determinao da indicao do valor da causa na petio inicial estava prevista no inciso VII, do art. 158, o ltimo inciso deste artigo. Tal prtica no acarreta nulidade ou inpcia, porque o importante a sua presena na petio inicial, que independe da sua disposio na pea. Este requisito, porem, no se resume ao contedo econmico da demanda, pois o valor da causa reflete no clculo da taxa judiciria, que fixada tendo o valor da causa por base, e tambm influi: a) na competncia, pois em determinados Estados existem foros regionais que tm sua competncia fixada, levando o valor da causa em considerao (CPC - art. 91 e norma de organizao judiciria dos Estados); b) sobre o procedimento do processo de conhecimento (CPC - art. 275, I); c) na fixao das verbas de sucumbncia, que, poder ser entre 10% a 20% sobre o valor da causa (CPC - art. 20, 3); d) na fixao da multa por litigncia de m-f (CPC - art. 18). A atribuio do valor a causa deve obedecer aos critrios do art. 259 do CPC, vejamos: Art.259 - O valor da causa constar sempre da petio inicial e ser: I - na ao de cobrana de dvida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos at a propositura da ao.

112

II - havendo cumulao de pedidos, a quantia correspondente soma dos valores de todos eles. III - sendo alternativo os pedidos, o de maior valor. IV - se houver tambm pedido subsidirio, o valor do pedido principal. V - quando o litgio tiver por objeto a existncia, validade, cumprimento, modificao ou resciso de negcio jurdico, o valor do contrato. VI - na ao de alimentos, a soma de 12 (doze) prestaes mensais, pedidas pelo autor. VII - na ao de diviso, de demarcao e de reivindicao, a estimativa oficial para o lanamento do imposto. Quando o objeto da ao for prestaes vencidas e vincendas, estabelece o art. 260 do CPC, que tomar-se- em considerao o valor de umas e outras. O valor das prestaes vincendas ser igual ao de uma prestao anual, se a obrigao for por tempo indeterminado, ou por tempo superior a 1 (um) ano; porem se a obrigao for por tempo inferior a 1 (um) ano, o valor da causa ser igual ao valor da soma das prestaes. A Lei 8.245/91 (Lei do Inquilinato) dispe em seu art. 58, inciso III, que o valor da causa, nas aes de despejo corresponder a 12 meses de aluguel. Nas aes em que no exista um contedo econmico, e tiver por objeto interesse moral, o valor da causa ser atribudo por estimativa do autor. A atribuio do valor da causa deve ser feita conforme o exemplo a seguir: Atribui-se a causa o valor de R$ 4.800,00 (quatro mil e oitocentos reais). Ou ainda: D-se a causa o valor de R$ 4.800,00 (quatro mil e oitocentos reais). AUSNCIA DO VALOR DA CAUSA NA PETIO INICIAL A ausncia do valor da causa uma irregularidade sanvel, devendo o juiz determinar ao autor que complete a petio inicial, no prazo de 10 dias (CPC art. 284), sob pena de indeferimento (CPC - art. 284, pargrafo nico, e art. 295, VI). A indicao errada do valor da causa no causa de indeferimento da petio inicial, cabendo ao ru impugnar ou no o valor atribudo causa. 2.4.5.1 Impugnao ao Valor da Causa No concordando com o valor atribudo a causa pelo autor, poder o ru manifestar sua discordncia atravs de impugnao ao valor da causa, cujo prazo o mesmo da contestao, e preclusivo (CPC - art. 261). O CPC no exige simultaneidade na apresentao, como no caso da contestao e reconveno (CPC - art. 299), podendo o ru apresentar contestao e a impugnao ao valor da causa em pocas diferentes, desde que seja dentro do prazo para a apresentao da resposta do ru. O ru, em suas razes, dever informar os motivos pelos quais entende que valor da causa deva ser modificado, e informar o valor que entende ser o correto. A impugnao ao valor da causa dever ser feita em petio prpria, que ser autuada em apenso aos autos do processo principal. O autor ser intimado para responder, em 5 (cinco) dias, a impugnao (CPC - art. 261, segunda parte). Havendo necessidade de produo de provas, ser facultada s partes. O juiz poder, quando necessrio, servir-se do auxlio de perito para decidir esse incidente processual.

112

Encerrada a instruo, ou aps apresentada a resposta pelo autor (impugnado), o juiz, sem suspender o andamento do processo principal, no prazo de 10 (dez) dias, decidir a impugnao, acolhendo-a ou rejeitando-a (CPC - art. 261). Sendo acolhida a impugnao e fixado novo valor causa, o autor ser intimado para complementar as custas da distribuio da ao. Ser, ainda, condenado a pagar as custas e despesas processuais do incidente processual. Porem, se a impugnao for rejeitada, o impugnante (ru) ser condenado a pagar as custas e despesas processuais. Por se tratar de incidente processual no h condenao de honorrios advocatcios. O ato judicial que resolve o incidente de impugnao ao valor da causa uma deciso interlocutria, e o recurso cabvel o agravo (CPC - art. 522), na modalidade instrumento, que ser encaminhado ao Tribunal competente nos prprios autos da impugnao, e se far acompanhar das peas indicadas pelo agravante e agravado. Presumir-se- aceito o valor atribudo a causa se no houver impugnao. (CPC - art. 261, pargrafo nico). 2.4.6 As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados (CPC art. 282, VI) No basta ao autor alegar o fato e os fundamentos jurdicos e formular o pedido. necessrio provar suas alegaes. Razo pela qual, aps formular seu pedido, o autor dever especificar as provas com que pretende demonstrar a veracidade dos fatos constitutivos do seu direito. Ao especificar as provas, ao autor no obrigatrio expressar na petio inicial todos os itens de provas que se valer para provar a veracidade do fato alegado. Em verdade, o legislador buscou fazer com que o autor, desde a petio inicial, informe os meios de prova que, eventualmente, pretenda produzir, deixando sua especificao e pertinncia para o momento oportuno. O requerimento de provas deve ser redigido conforme o exemplo a seguir: Requer provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, ainda que no especificados no CPC, desde que moralmente legtimos (CPC - art. 332), especialmente pelo depoimento pessoal do ru, sob pena de confisso, se no comparecer, ou, comparecendo, se negar a depor (CPC - art. 343, 1. e 2.), oitiva de testemunhas que sero oportunamente arroladas e juntada de novos documentos, se necessrio for. Dicas: Evite fazer o requerimento de provas, somente de forma genrica, do tipo: Requer provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidas. Faa o requerimento de provas de forma genrica e indique as que eventualmente pretende produzir.

112

A rotina da prtica fez com os advogados iniciassem o requerimento de provas com o verbo protestar. Este verbo no apropriado para iniciar o requerimento de provas, pois, segundo o Dicionrio Michaelis, protestar um verbo que tem sua origem no latim protestari, e significa: 1. afirmar solene e categoricamente; prometer solenemente; 2. afirmar o intento de; obrigar-se a; prometer; 3. jurar, professar, testemunhar. Use o verbo requerer, por ser mais apropriado. Evite iniciar seus requerimentos com os verbos pedir e solicitar. Prefira o verbo requerer por ser mais apropriado.

Em todos os requerimentos da petio inicial inicie a redao com o verbo requerer na terceira pessoa do singular: Requer a citao pessoal do ru . . . Requer a intimao do Representante do Ministrio Pblico . . . Requer a concesso dos benefcios da assistncia judiciria . . . Requer provar o alegado . . . Se preferir fazer os requerimentos da petio inicial em bloco, faa conforme exemplo a seguir: Face ao exposto, requer a Vossa Excelncia o seguinte: a) a citao pessoal do ru . . . b) a intimao do Representante do Ministrio Pblico . . . c) a concesso dos benefcios da assistncia judiciria . . . d) provar o alegado . . .

112

AUSNCIA DO REQUERIMENTO DE PROVAS NA PETIO INICIAL A ausncia do requerimento de provas uma irregularidade sanvel, devendo o juiz determinar ao autor que complete a petio inicial, no prazo de 10 dias (CPC art. 284), sob pena de indeferimento (CPC - art. 284, pargrafo nico, e art. 295, VI). Ainda que no haja qualquer requerimento de provas a ser feito por no existirem provas a serem produzidas, alm das provas documentais apresentadas pelo autor, ser necessrio completar a petio inicial. 2.4.7 O requerimento para a citao do ru (CPC - art. 282, VII) O ltimo requisito da petio inicial, o requerimento de citao do ru para responder aos termos da ao. Segundo o art. 213 do CPC, citao o ato pelo qual se chama a juzo o ru ou o interessado a fim de se defender.22 Citao, pois, o ato pelo qual o autor requer que o ru seja chamado a participar da relao jurdica processual, e, querendo, apresente sua resposta ao pedido formulado na petio inicial. Em relao citao, Luiz Rodrigues Wambier faz o seguinte comentrio: citao o ato processual de suma importncia, porque completa a formao da relao jurdica processual que se iniciou com a propositura da demanda mediante a distribuio da petio inicial 2322

Na prtica comum a confuso no emprego dos vocbulos citao, intimao e notificao. Vejamos seus significados: Citao. Derivado citum, freqentativo do verbo ciere (produzir movimento, chamar, incitar, excitar), exprime o ato processual pelo qual se chama ou se convoca para vir a juzo a fim de participar de todos os atos e termos da demanda intentada, a pessoa contra quem ela promovida. Segundo a definio legal do art. 213 do CPC, o ato pelo qual se chama a juzo o ru ou o interessado a fim de se defender. Intimao. Derivado do latim intimatio, de intimar (ordenar, dar a saber, declarar), genericamente, na terminologia jurdica, empregado para designar todo ato processual que tem por fim levar ao conhecimento de certa pessoa, seja parte ou interessada no feito, ato judicial ali praticado, a pedido da outra parte ou por ofcio do juiz. Segundo a definio legal do art. 234 do CPC, o ato pelo qual se d cincia a algum dos atos e termos do processo, para que faa ou deixe de fazer alguma coisa Notificao. Do latim notificare (dar a saber) em sentido amplo empregado para designar o ato judicial escrito, emanado do juiz, pelo qual se d conhecimento a uma pessoa de alguma coisa, ou de algum fato que tambm de seu interesse, a fim de que possa usar das medidas legais ou das prerrogativas, que lhe sejam asseguradas em lei. , assim o aviso judicial instrumentado de forma legal, levando a notcia a certa pessoa, para seu conhecimento, de um ato jurdico j praticado ou a ser praticado, no qual interessado. A notificao tem sempre o carter de comunicao que se repete tantas vezes, quantas as necessrias, no curso de uma ao. E se pode processar com autonomia, isto , parte de qualquer ao, para assegurar ou ressalvar direitos, diferindo da citao e da intimao (SILVA, de Plcido. Vocabulrio jurdico. 20 ed. Rio de Janeiro, Forense, 2002, p. 559-560). A notificao refere-se ao futuro da atividade de quem foi notificado quanto a certo ponto. J a intimao refere-se ao passado. A intimao supe que se haja praticado algum ato (ROSA, Eliasar. Os erros mais comuns nas peties. 3 ed. Rio de Janeiro, Editora Rio, 1974. p. 22-23). 23 WAMBIER, Luiz Rodrigues et al. Curso avanado de processo civil. vol. 1. 3 ed. So Paulo, Revista dos Tribunais, 2000. p. 307.

O requerimento de citao do ru requisito indispensvel no processo de conhecimento, seja no procedimento comum ou especial e nos processos de execuo e cautelar. Nos procedimentos especiais de jurisdio voluntria a citao ser obrigatria quando envolver interesse de terceiros (CPC, art. 1.105). O CPC, em seu art. 221, especifica as formas de citao do ru: I) pelo correio; II) por oficial de justia; III) por edital. A regra, segundo o art. 222 do CPC, citao pelo correio. Entretanto, este mesmo artigo traz algumas excees, sendo inadmissvel a citao do ru pelo correio, nos seguintes casos: a) nas aes de estado; b) quando for r pessoa incapaz; c) quando for r pessoa de direito pblico; d) nos processos de execuo; e) quando o ru residir em local no atendido pela entrega domiciliar de correspondncia; e) quando o autor requerer de outra forma. Nestes casos a citao dever ser feita pelo oficial de justia. O legislador, atravs deste requisito, imps ao autor que especifique na petio inicial, a forma pela qual requer a citao do ru, quando entender que ela no deva ser feita pelo correio. O CPC admite a citao por edital quando no for possvel realiza-la pessoalmente. Quando o ru estiver em lugar incerto, ignorado ou inacessvel sua citao dever ser feita por edital (CPC - art. 231, II). O ru estar em lugar incerto quando o autor no souber seu endereo, por exemplo, sabe-se que o ru est residindo na cidade do Rio de Janeiro, mas o autor no sabe seu endereo. Estar o ru em lugar ignorado quando o autor no souber seu paradeiro. Estar o ru em lugar inacessvel, quando estiver em lugar de difcil acesso, onde o carteiro e oficial de justia no puder chegar. Considera-se inacessvel o lugar, se o pas estrangeiro recusar o cumprimento de carta rogatria (CPC - art. 231, 1). A citao do ru indispensvel para a validade do processo (CPC - art. 214). Sua ausncia acarretar a nulidade absoluta do processo. O comparecimento espontneo do ru ao processo supre a falta de citao (CPC art. 214, 1). Entretanto, se o ru comparecer apenas para argir nulidade, e sendo esta decretada, considerar-se- feita a citao na data em que o autor ou seu advogado for intimado da deciso (CPC - art. 214, 2). No procedimento ordinrio o ru citado para responder ao pedido formulado pelo autor na petio inicial. A resposta do ru poder consistir em contestao, excees (de incompetncia, de impedimento, de suspeio) e reconveno. O prazo de 15 (quinze) dias, e sempre dever ser por escrito. (CPC - art. 297). O requerimento de citao do ru deve ser redigido conforme os exemplos a seguir: Citao pelo Correio Requer a citao do ru, via correios, atravs de carta registrada com AR, para, querendo, oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias (CPC art. 297), sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos aqui alegados (CPC - art. 319 c.c. o art. 285). Citao por Oficial de Justia Requer a citao pessoal do ru, para, querendo, oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias (CPC - art. 297), sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos aqui alegados (CPC - art. 319 c.c. o art. 285), facultando-se ao oficial de justia, encarregado da diligncia, proceder nos dias e horrios de exceo (CPC - art. 172, 2). Citao por Edital

112

Requer a citao do ru mediante publicaes de editais, por encontrarse em lugar incerto e no sabido, para, querendo, oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias (CPC - art. 297), sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos aqui alegados (CPC - art. 319 c.c. o art. 285). Citao por Carta Precatria Requer a expedio de carta precatria, para a comarca de Campo Grande MS, para que seja realizada a citao pessoal do ru, para, querendo, oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias (CPC - art. 297), sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos aqui alegados (CPC - art. 319 c.c. o art. 285), facultando-se ao oficial de justia, encarregado da diligncia, proceder nos dias e horrios de exceo (CPC - art. 172, 2). Outros modelos de requerimento de citao do ru: Ru Menor Impbere Requer a citao do ru, na pessoa de seu representante legal anteriormente qualificado, para, querendo, oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias (CPC - art. 297), sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos aqui alegados (CPC - art. 319 c.c. o art. 285), facultando-se ao oficial de justia, encarregado da diligncia, proceder nos dias e horrios de exceo (CPC - art. 172, 2). Ru Pessoa Jurdica Requer a citao da r, na pessoa de seu representante legal anteriormente qualificado, para, querendo, oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias (CPC - art. 297), sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos aqui alegados (CPC - art. 319 c.c. o art. 285), facultando-se ao oficial de justia, encarregado da diligncia, proceder nos dias e horrios de exceo (CPC - art. 172, 2). Ru Preso Requer a citao pessoal do ru, para, querendo, oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias (CPC - art. 297), sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos aqui alegados (CPC - art. 319 c.c. o art. 285), facultando-se ao oficial de justia, encarregado da diligncia, proceder nos dias e horrios de exceo (CPC - art. 172, 2), nomeando-se ao ru Curador Especial (CPC - 9, II). Nota: O pedido de nomeao de curador especial para defender os interesses de ru preso no necessariamente precisa ser feito no requerimento de citao. Poder ser feito atravs de requerimento especfico. Neste caso o requerimento de citao do ru preso ser semelhante ao requerimento de Citao Por Oficial de Justia. Ru Militar com Residncia Desconhecida Requer a citao pessoal do ru, para, querendo, oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias (CPC - art. 297), sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos aqui alegados (CPC - art. 319 c.c. o art. 285), facultando-se ao oficial de justia, encarregado da diligncia, proceder nos dias e horrios de exceo (CPC - art. 172, 2), devendo, para cumprimento do mandado, dirigir-se ao Regimento da Infantaria do Exrcito, localizado na Avenida Capito Olinto Mancini, n 1370, nesta cidade de Trs Lagoas MS, j que a residncia do ru desconhecida, sabendo-se que l ele exerce suas funes (CPC - art. 216, pargrafo nico). Citao do Ru para Evitar Perecimento de Direito Durante as Frias

112

Requer a citao pessoal do ru, para, querendo, oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias (CPC - art. 297), sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos aqui alegados (CPC - art. 319 c.c. o art. 285), facultando-se ao oficial de justia, encarregado da diligncia, proceder nos dias e horrios de exceo (CPC - art. 172, 2), devendo a citao ser efetuada durantes as frias, a fim de evitar o perecimento de direito do autor, consoante explicado anteriormente (CPC - art. 173, II). Citao do Ru Mandatrio, Administrador, Feitor ou Gerente, por Ato Praticado Requer a citao do ru, na pessoa de seu mandatrio (ou administrador, feitor ou gerente), ANTNIO CLEMENTE, brasileiro, solteiro, corretor, residente e domiciliado na Rua 15 de Junho, n 710, bairro Alvorada, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul, uma vez que a presente ao decorre de ato ilcito praticado pelo referido mandatrio, e o ru encontra-se fora do pas (CPC - 215, 1), conforme explicado e demonstrado na causa de pedir, para, querendo, oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias (CPC - art. 297), sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos aqui alegados (CPC - art. 319 c.c. o art. 285), facultando-se ao oficial de justia, encarregado da diligncia, proceder nos dias e horrios de exceo (CPC - art. 172, 2). Citao do Locador na Pessoa do Administrador Requer a citao do ru, na pessoa do representante legal da Imobiliria Paraso, pessoa jurdica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n 00.000.000/0001-00, com sede na Rua Duque de Caxias, n 110, centro, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, MS, administradora do imvel locado, encarregada de receber os alugueres, devido ao ru se ausentar do pas, sem cientificar o autor, e sem deixar procurador com poderes especiais para receber citao (CPC - 215, 2), para, querendo, oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias (CPC - art. 297), sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos aqui alegados (CPC - art. 319 c.c. o art. 285), facultando-se ao oficial de justia, encarregado da diligncia, proceder nos dias e horrios de exceo (CPC - art. 172, 2). Dicas:

112

No requerimento de citao do ru, no requeira a expedio do competente mandado de citao do ru. No h mandado de citao competente, como no h mandado de citao incompetente. Requeira a citao do ru e informe a forma atravs da qual ela deve ser realizada. Evite redigir o requerimento da citao do ru conforme exemplos a seguir: Requer a citao pessoal do ru para, querendo, apresente resposta no prazo legal, sob pena de revelia. Ou ainda: Requer a citao pessoal do ru para, querendo contestar a presente ao, sob pena de revelia. No primeiro exemplo, utilizar a expresso prazo legal ao invs de informar que o ru ter 15 (quinze) dias para apresentar resposta d a impresso de desconhecimento da legislao processual. No exame de ordem o examinado deve demonstrar conhecimento jurdico. Portanto, evite esta forma de redao por ser pouco tcnica, ainda que aceitvel na prtica. Redija conforme exemplos dados anteriormente. J no segundo exemplo h um erro tcnico na redao, ainda que seja comum no cotidiano. O ru citado para responder ao pedido formulado pelo autor na petio inicial. Sua resposta poder ser a contestao, excees (de incompetncia, de impedimento, de suspeio) e reconveno. Portanto, requer a citao do ru para

que ele conteste a ao no correto. No exame de ordem evite esta forma de redao, pois poder perder pontos. AUSNCIA DO REQUERIMENTO DE CITAO NA PETIO INICIAL A ausncia do requerimento de citao do ru uma irregularidade insanvel, devendo o juiz indeferir a petio inicial. Entretanto, objetivando salvar a petio inicial, o juiz poder despachar de forma que, ao se manifestar, o autor complete-a, como por exemplo: Diga o autor se pretende a citao do ru e de que forma deve ser realizada.Citado o ru, nada o impede impugnar o conserto da petio inicial solicitado pelo juiz. 2.5 ENCERRAMENTO DA PETIO INICIAL O encerramento da petio inicial no consta no art. 282 do CPC. Todavia, a rotina da prtica fez com que os advogados, ao finalizarem suas peties iniciais, inclussem o encerramento entre seus requisitos. O encerramento composto dos seguintes itens: a) pedido de deferimento; b) nome da localidade e a data em que a petio inicial foi redigida; c) nome, assinatura e o nmero de inscrio do advogado na OAB. Vejamos exemplo de encerramento da petio inicial: Nestes Termos, Pede Deferimento. local, data nome e assinatura do advogado nmero de inscrio na OAB O pedido de deferimento geralmente redigido conforme exemplos a seguir: Nestes Termos, Pede Deferimento. Ou ainda: Nestes Termos, Pede e Espera Deferimento. Ou ainda: Termos em que, Pede Deferimento. Ou ainda: Termos em que, Pede e Espera Deferimento. Ou ainda: Nestes Termos, (ou, Termos em que,) D. R. e A. Pede Deferimento. (ou, Pede e Espera Deferimento.).

112

Quando a ao a ser proposta se relacionar com aes anteriormente propostas, quer por conexo24 25, quer por continncia26 27, dever ser distribuda por dependncia deste. Dessa forma o pedido de deferimento dever ser redigido conforme exemplo a seguir: Nestes Termos, D. R. e A. esta em apenso ao Processo n. __________ que tramita perante a ____ Vara Cvel desta comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul. Pede Deferimento. Alem deste requerimento no pedido de deferimento, a boa tcnica exige que se coloque entre o primeiro requisito da petio inicial (CPC art. 282, I endereamento) e o segundo requisito (CPC art. 282, II prembulo), a frase: Distribuio por Dependncia Ao de (indicar o nome da ao) - Processo n _________ - _____ Vara Cvel, objetivando chamar a ateno do leitor obrigatrio da petio inicial (juiz, na prtica; examinador, no exame de ordem) de que o autor est requerendo a distribuio daquela ao, por dependncia a outra. Para dar o destaque necessrio, porem de forma discreta, coloque-a dois espaos antes do prembulo e redija com letra de corpo 10. Se quiser, use o negrito e a sublinha para dar o devido destaque grfico, sem, porem, manchar a petio inicial. Dicas: Na prtica, encerre a petio inicial da seguinte maneira: Nestes Termos, Pede Deferimento. Trs Lagoas MS, 9 de novembro de 2007.

112

Jos Carlos da Silva Advogado OAB/MS 00000

O nome da cidade ser o da localidade em que a petio inicial for redigida e no a do juzo a que for endereada. Entretanto, no escreva, por exemplo: De Andradina SP para Trs Lagoas MS, 9 de outubro de 2007; escreva apenas: Andradina SP, 7 de novembro de 2007, e distribua no juzo ao qual foi endereada. Lembre-se: No Exame de Ordem o examinado no pode se identificar, por isso no se coloca nome na petio inicial. Encerre a petio inicial conforme exemplo do item 2.5 Do Encerramento da Petio Inicial.

24 25

Ver nota 19. Na verdade a lei disse menos do que queria dizer, porque basta a coincidncia de um s dos elementos da ao (partes, causa de pedir ou pedido) para que exista a conexo entre duas aes (NERY JUNIOR, Nelson & NERY, Rosa Maria de Andrade, Cdigo de Processo Civil Comentado, p. 451-452, nota 1 do art. 103). 26 D-se a continncia entre duas ou mais aes sempre que h identidade quanto s partes e causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras (CPC art. 104). 27 H continncia entre duas causas toda vez que o objeto de uma (causa continente), por ser mais amplo, abrange o da outra (causa contida). A diferena entre as aes continente e contedo , portanto, quantitativa. A continncia no deixa de ser uma espcie de conexo, sendo que a conseqncia processual advinda da existncia de uma ou da outra a mesma: modificao da competncia. A distino terica que existe entre conexo e continncia no tem outra conseqncia prtica. exemplo de continncia: ao de indenizao por acidente de veculo onde se pedem lucros cessantes (causa contida) e outra ao reparatria, pelo mesmo acidente, onde pleiteiam perdas e danos que englobam os lucros cessantes (CC, art. 1.059) (NERY JUNIOR, Nelson & NERY, Rosa Maria de Andrade, Cdigo de Processo Civil Comentado, p. 416, nota 1 do art. 104).

comum ver peties com a abreviatura P. Deferimento. Esta forma de redao do pedido de deferimento incorreta porque na lngua portuguesa no se abrevia verbo. Escreva sempre por extenso. No aconselhvel terminar a petio inicial com uma lauda contendo apenas o encerramento, pois, alm de prejudicar sua apresentao, facilita eventuais fraudes, como, por exemplo, a insero de laudas em substituio da outra com assinatura ou o desentranhamento da ltima lauda para ser encartada em outro texto.

AUSNCIA DO ENCERRAMENTO NA PETIO INICIAL No encerramento, a ausncia do pedido de deferimento, do nome da localidade e da data da redao da petio inicial no interferem no ato processual, razo pela qual no provocam qualquer conseqncia em relao ao ato processual. A localidade em que a petio inicial foi redigida irrelevante, vez que a competncia ser fixada no local em que a demanda for proposta. Tambm irrelevante a data em que a petio inicial foi redigida, vez que os efeitos jurdicos sero produzidos no momento em que ela for distribuda. A ausncia da assinatura do advogado, por sua vez, traz conseqncias distintas. Embora o art. 282 do CPC no exija a assinatura do advogado, ela se faz necessria porque da natureza do ato processual, sendo imprescindvel para a sua validade. Faltando a assinatura do advogado na petio inicial, o juiz determinar sua intimao para que no prazo de 10 dias, em cartrio, supra essa ausncia, sob pena de indeferimento da petio inicial (CPC - art. 284, pargrafo nico, e art. 295, VI).

112

2.6 MODELO DE PETIO INICIAL DO PROCEDIMENTO ORDINRIO Modelo de petio inicial de uma Ao de Despejo Por Denncia Vazia que segue o procedimento ordinrio (Lei n 8.245/91, art. 59, caput).Art. 282, I do CPC o juiz ou tribunal, a que dirigida

EXCELENTSSIMO(O) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA _____ VARA CVEL DA COMARCA DE TRS LAGOAS - ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL.

8 a 10 cm. (espao para o carimbo de distribuio a despacho do juiz)

Art. 282, II do CPC os nomes, prenomes, estado civil, profisso, domicilio e residncia do autor e do ru

PEDRO DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado na Rua Paranaba, n 152, centro, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul CEP 79.600-000, por seu advogado JOS CARLOS DA SILVA, devidamente inscrito na OAB/MS n 00000, com escritrio na Rua Campos Sales, n 321, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul CEP 79.600-000, local onde receber as intimaes (doc. I), vem presena de Vossa Excelncia, com fundamento nos arts. 46, 2 e 59 da Lei n 8.245/91 (Lei do Inquilinato), propor a presente AO DE DESPEJO POR DENNCIA VAZIA, em face de ADOLFO SALES, brasileiro, solteiro, engenheiro, residente e domiciliado na Rua Oscar Guimares, n 397, bairro Alvorada, nesta cidade e comarca de Trs Lagoas, Estado de Mato Grosso do Sul CEP 79.600-000; pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:

Art. 282, III do CPC o fato e os fundamentos jurdicos do pedido

O autor proprietrio do imvel residencial localizado na Rua Oscar Guimares, n 397, bairro Alvorada, nesta cidade de Trs Lagoas MS, alugado por contrato escrito ao ru, em 10 de maro de 1999, para fins residenciais, pelo prazo de 30 (trinta) meses, com o valor inicial do aluguel em R$ 400,00 (quatrocentos reais), consoante contrato anexo (doc. II). O contrato de locao celebrado por escrito entre as partes terminou em 10 de setembro de 2001 e foi prorrogado por tempo indeterminado. No interessando ao autor a continuidade da locao, em 8 de maio de 2003 notificou extrajudicialmente o ru para que desocupasse o imvel residencial em 30 (trinta) dias, consoante notificao anexa (doc. III). Todavia, o ru recusa-se a desocupar o imvel.

112

Art. 282, IV do CPC o pedido, com as suas especificaes

Face ao exposto, requer a Vossa Excelncia que se digne decretar o despejo do ru nos termos do art. 63 da Lei 8.245/91, mediante expedio de mandado com prazo de desocupao de 30 dias, bem como, sua condenao ao pagamento das custas, despesas processuais e honorrios advocatcios, fixados entre os limites legais Atribui-se a causa o valor de R$ 4.800,00 (quatro mil e oitocentos reais). Requer provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, ainda que no especificados no CPC, desde que moralmente legtimas (CPC - art. 332), especialmente pelo depoimento pessoal do ru, sob pena de confisso, se no comparecer, ou, comparecendo, se recusar a depor (CPC - art. 343, 1. e 2.), oitiva de testemunhas que sero oportunamente arroladas e juntada de novos documentos, se necessrio for. Requer a citao pessoal do ru, para, querendo, oferecer resposta no prazo de 15 (quinze) dias (CPC - art. 297), sob pena de serem tidos por verdadeiros os fatos aqui alegados (CPC - art. 319 c/c o art. 285), facultando-se ao oficial de justia, encarregado da diligncia, proceder nos dias e horrios de exceo (CPC - art. 172, 2). Nestes Termos, Pede Deferimento. Trs Lagoas MS, de 9 de novembro de 2007.

Art. 282, V do CPC o valor da causa

Art. 282, VI do CPC as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados

Art. 282, VII do CPC o requerimento para citao do ru

Jos Carlos da Silva Advogado OAB/MS 00000

Nota: Ver no Anexo 1, este modelo com os requisitos da petio inicial na ordem descrita no item 2.9. 2.7 DOCUMENTOS INDISPENSVEIS PROPOSITURA DA AO. O autor dever instruir a petio inicial com os documentos indispensveis propositura da ao (CPC - art. 283). Ensina Moacyr Amaral Santos, documentos indispensveis propositura da ao compreendem no somente os substanciais propositura da ao, isto , aqueles que a lei expressamente exige para que a ao possa ser proposta, mas tambm os fundamentais, vale dizer, os indispensveis, na espcie, no porque expressamente a lei os exija e sim porque o autor a eles se refira na ao como fundamento do seu pedido ou pretenso.28 O momento de produo da prova documental, para o autor, a petio inicial, e para o