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Curitiba, 24 de abril de 2006 1 LABORATÓRIO DA NOTÍCIA - Curitiba, segunda-feira, 24 de abril de 2006 Ano VIII - Nº 206 Jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Positivo - UnicenP - [email protected] Ensaio Fotográfico retrata paixão por motos Página 8 Consumo de drogas entre jovens acontece na própria escola Página 5 Artigo especial discute aumento de cursos de Jornalismo Páginas 6 e 7 Campanha para vacinação de idosos começa hoje Todas as pessoas com mais de 60 anos já podem receber gratui- tamente a vacina que previne do- enças do inverno, como a gripe. A campanha tem início hoje, em todo o Brasil. Na capital paranaen- se, o Ministério da Saúde espera atender 105 mil pessoas. Em Curitiba, as vacinações são feitas nos postos de saúde da pre- feitura. Página 4 Chávez defende união da América contra imperialismo Márcio Guedes Brüggemann/ LONA O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, esteve em Curitiba na úl- tima quinta-feira, onde se reuniu com o governador do Paraná, Ro- berto Requião. Os dois líderes pas- saram o dia juntos, e assinaram contratos entre empresas venezue- lanas e paranaenses. Chávez e Re- quião também falaram a manifes- tantes do Movimento dos Trabalha- dores Rurais Sem-Terra (MST), reu- nidos no Teatro Guaíra. Em todas as oportunidades, Hugo Chávez afirmou que a América do Sul precisa se unir, e se mostrou satisfeito com as relações entre Brasil e Venezuela: “Há uma déca- da não havia esta integração entre nossos países”. Página 3 O presidente venezuelano afirmou que o estilo de vida americano está esgotando os recursos naturais do continente

LONA – 24/04/2006 – 206

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, 24 de abril de 2006 1LABORATÓRIO DA NOTÍCIA -

Curitiba, segunda-feira, 24 de abril de 2006 Ano VIII - Nº 206

Jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Positivo - UnicenP - [email protected]

Ensaio

Fotográfico

retrata paixão

por motos

Página 8

Consumo de

drogas entre

jovens acontece

na própria escola

Página 5

Artigo especial

discute aumento

de cursos

de Jornalismo

Páginas 6 e 7

Campanha para

vacinação de

idosos começa

hoje

Todas as pessoas com mais de60 anos já podem receber gratui-tamente a vacina que previne do-enças do inverno, como a gripe.

A campanha tem início hoje, emtodo o Brasil. Na capital paranaen-se, o Ministério da Saúde esperaatender 105 mil pessoas.

Em Curitiba, as vacinações sãofeitas nos postos de saúde da pre-feitura.

Página 4

Chávez defende união da

América contra imperialismoMárcio Guedes Brüggemann/ LONA O presidente da Venezuela, Hugo

Chávez, esteve em Curitiba na úl-tima quinta-feira, onde se reuniucom o governador do Paraná, Ro-berto Requião. Os dois líderes pas-saram o dia juntos, e assinaramcontratos entre empresas venezue-lanas e paranaenses. Chávez e Re-quião também falaram a manifes-tantes do Movimento dos Trabalha-dores Rurais Sem-Terra (MST), reu-nidos no Teatro Guaíra.

Em todas as oportunidades, HugoChávez afirmou que a América doSul precisa se unir, e se mostrousatisfeito com as relações entreBrasil e Venezuela: “Há uma déca-da não havia esta integração entrenossos países”.

Página 3

O presidente venezuelano afirmou que o estilo de vida americano está esgotando os recursos naturais do continente

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Curitiba, 24 de abril de 20062 - LABORATÓRIO DA NOTÍCIA

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Positivo – UnicenP

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000

Reitor: Oriovisto Guimarães, Vice-Reitor: José Pio Martins, Pró-ReitorAdministrativo: Arno Antônio Gnoat-to, Pró-Reitora de Extensão: FaniSchiffer Durães, Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa: Luiz Hamil-ton Berton; Pró-Reitor de Planeja-mento e Avaliação Institucional:

Cosme Damião Bastos Massi; Dire-

tor do Núcleo de Ciências Humanas

e Sociais Aplicadas: Euclides Marchi,Coordenador do Curso de Jornalis-

mo: Carlos Alexandre Gruber de Cas-tro, Professor-orientador: MarceloLima.

EQUIPE (ALUNOS) Editor-chefe:Renan Colombo. Fechamento: RenanColombo e Guilherme Guinski. Alunos

EDITORIAL

do 2.º ano noturno A: Adriano ArturTimm, Adrielly Aparecida Silva Slesinski,Adryan Rodrigues Santos, Alexandre Fer-nandes da Silva, Aline Sajnaj Ferreira,Amanda Krause Guidolin, Ana ClaudiaMaia, Ana Claudia Rocha Rodovanski,Ana Luisa Toledo Alves, Andre Luis Ge-deon de Melo, Antonio da Silva Junior,Beatriz Junqueira de Carvalho Kunze,Carolina Knopfholz, Caroline Augusta de

Andrade Michel, Debora Bueno Adams,Edson Luiz Alves Filho, Eduardo Car-neiro de Almeida, Eduardo MacariosGoncalves e Silva, Fernanda Cequineldos Santos, Gabriel Franco Lopes,Greyce Bruna Farias, Jean WilsonMartins de Oliveira, Jordana GirardiFeller, Juliana Carla Bauerle Motta,Lais Cristina Machado, Marcio Laurin-do M. Silva.

O Brasil vive uma guerraque não está nos livros deHistória, mas que afeta todaa população. A cada dia, bas-ta abrir o jornal ou ligar a TVpara encontrar uma série denotícias que envolvem vio-lência e tráfico de drogas. Oque poucos sabem, porém, éque as notícias que chegamao público não representamnem a ponta do iceberg doque realmente acontece noBrasil.

Uma pesquisa realizadapelo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE)mostra que o índice de mor-talidade de jovens por cau-sas externas, como violênciae acidentes, caiu de 183,8por cada 100 mil habitantesem 2003 para 170,9 em2004. De acordo com a pes-quisa, a taxa é semelhanteaos níveis constatados em1995, quando o índice demortalidade entre homens de20 a 24 anos era de 170,2 por100 mil habitantes.

A pesquisa, divulgada emabril de 2006 pelo jornal OGlobo, tende a aliviar a po-pulação, uma vez que os da-dos indicam a redução dasmortes violentas entre jo-vens brasileiros. O problema,porém, é que muitas mortesnão chegam ao conhecimen-to dos órgãos públicos e, porisso, não viram estatística.Milhares de pessoas são mor-tas todos os dias devido aoenvolvimento com o tráficode drogas sem que haja re-gistros no Instituto MédicoLegal. Os corpos simplesmen-te desaparecem sem deixarrastros.

Filmes como “Cidade deDeus” e documentários como“Falcão — Meninos do Tráfi-co”, bem como os livros queinspiraram as respectivas

Mazela brasileiraproduções, chocam a socie-dade por trazerem dados quenão fazem parte do cotidianodo grande público. Boa parteda população não tem idéiade como funciona o tráfico dedrogas no Brasil e encaracomo novidade — mesmo queaconteçam há anos — cenasem que crianças trocam a in-fância pelo mundo do crime.

Cerca de 80% dos crimesno Rio de Janeiro, excluindo-se os passionais, estão rela-cionados ao tráfico de dro-gas. Nos demais estados bra-sileiros, a violência tambémé crescente, assim como omercado das drogas ilícitas.Não basta, porém, culpar ogoverno, que não oferece con-dições para que o cidadãopossa levar uma vida digna eque acaba empurrando milha-res de jovens todos os anospara o crime. Nem é possí-vel, também, apontar comoúnica culpada a polícia, quese deixa corromper por crimi-nosos e permite a manuten-ção do tráfico em troca depropina. É preciso abrir osolhos e perceber que a vio-lência vinculada ao comércioilegal de drogas é responsa-bilidade do governo, da polí-cia e, certamente, do usuá-rio de entorpecentes.

Quem compra drogas fi-nancia o tráfico e abre espa-ço para que a violência cres-ça. O comércio só existequando há consumidores in-teressados na mercadoria àvenda, e no caso do tráficode drogas não pode ser dife-rente. A cada pessoa cabe odireito de escolher usar dro-gas ou não, mas a este direi-to está atrelada a responsa-bilidade de manter o funcio-namento do mercado ilegal deentorpecentes. (Juliana Ri-

beiro Pinho)

Leônidas Vinício

Ouvi na manchete de um jor-nal esportivo na televisão: “Sen-na vence pela 1ª vez”. Que es-tranho! Sentei-me em frente daTV e esperei. Cadê a imagemdo Senna? Quero ver o capace-te e a bandeira verde e amare-la, quero ouvir o “tema da vi-tória”, com os toques acompa-nhando a batida do meu cora-ção: pam,pam, pam! Entãomostraram a matéria: era so-bre Bruno Senna que eles fala-vam. O jovem piloto, 22 anos,filho de Viviane, irmã mais ve-lha de Ayrton, conquistou suaprimeira vitória na formula 3inglesa.

Por um instante me senti cri-ança novamente: saí correndocomo um piloto para pegar o jor-nal. Eu ainda tinha uma esperan-ça: talvez tivesse uma foto doAyrton Senna.

Folheei. Cadê a imagem? Emvez da foto do Ayrton, tri-cam-peão mundial de Fórmula 1, ti-nha a figura de outras pessoas,que se diziam “heróis nacionais”,percorrendo o Brasil e levando apromessa de muitas conquistas,tanto contra a corrupção como afavor da população de baixa ren-da: eram políticos.

Então, veieram-me algumasrecordações: 1994 foi, ao mes-mo tempo, o ano da morte doídolo brasileiro e o nascimentodo Plano Real. Terminava a car-reira de um vitorioso nas pis-tas e na vida, deixando partedos brasileiros entregue às lá-grimas. E com a perda de umherói, há a necessidade de quesurja outro: o povo precisa de“pão e circo”. Contudo, em vezde circo - como o falecido – onovo plano econômico, vitorio-so, veio prometer o pão.

Corrida contra

a corrupção

A receita parecia funcionar,até que as coisas desandaram.Otempo passou, o povo foi cha-mado de idiota e viu o pão ficarde fora da mesa de grande par-te da população. Enquanto isso,no automobilismo, a esperançado espetáculo era um macacãocom uma cor de nariz de palha-ço: Rubens Barrichello. E não éque, assim como a proposta dopão, ele também parou no meiodo caminho!

Mais alguns anos se passa-ram, sem fartura na mesa nemdiversão, e eis que o povoaplaude mais um candidato aherói nacional: Lula. A promes-sa agora é honestidade, espe-rança e o caminho para a con-quista do pão de cada dia, oemprego.

Que surpresa boa! Na pro-cura da matéria sobre Ayrton

Senna, pude verificar que,apesar da desonestidade dospolíticos e da desesperança dopovo, conquistamos um dosobjetivos nacionais: mais em-pregos. Foram criadas milhõesde vagas para especialistas naprodução de pizza, entregado-res e outros cargos - todos dis-tribuídos pelas cidades brasi-leiros, principalmente Brasília.

Consegui ver esses dados ebuscar na memória todas es-sas lembranças. Não vi AyrtonSenna, mas fico com uma fra-se dele que exemplifica a nos-sa luta permanente contra acorrupção política: “Brasileirosó aceita título se for de cam-peão. E eu sou brasileiro”.Como Ayrton, também queroser campeão, mas não com otítulo de país mais corrupto domundo.

Divulgação

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Curitiba, 24 de abril de 2006 3LABORATÓRIO DA NOTÍCIA -

Márcio Guedes Brüggemann/ LONA

Hugo Chávez e Roberto Requião firmaram acordos financeiros no Palácio do Iguaçu

Entenda o Manifesto das AméricasDaiane Cristine de Souza

Durante o encontro do pre-sidente venezuelano Hugo Chá-vez com manifestantes do Mo-vimento dos Trabalhadores Ru-rais Sem Terra (MST), o Manis-festo das América em Defesada Natureza e da Biodiversida-de Biológica e Cultural foi cita-do diversas vezes. No início doevento, ele foi lido integral-mente pela cantora Beth Car-valho e pelo bispo de Curitiba,Dom Ladeslau Biernaski.

A sambista participa ativa-mente das manifestações de

movimentos sociais de esquer-da. Inclusive o hino oficial do MSTé gravado por ela. Na ocasião,ela cantou e foi aplaudida.

O manifesto é um documen-to que visa proteger os recursosnaturais da América do Sul, e foiassinado por líderes de todo ocontinente.

O tratado afirma que os paí-ses amazônicos e andinos, comoBrasil, Venezuela, Bolívia e Co-lômbia, possuem grande parteda biodiversidade biológicamundial. Em contrapartida, elaestá sendo explorada pelo mo-delo neoliberal norte-americano

– e é isso que o Manifesto visacombater.

Ele é dividido em sete itensque propõem políticas consisten-tes para atingir essa meta, comoconservar a diversidade biológi-ca cultural, rejeitar a introduçãode espécies exóticas e impedira entrada de organismos trans-gênicos nos ecossistemas latino-americanos.

Outros pontos defendidospelo manifesto são o combate àssementes estéreis, como a ter-minator, a oposição ao ingressode empresas multinacionais e orespeito aos direitos de traba-

lhadores rurais, como campone-ses e indígenas, que atuam nasáreas ricas em biodiversidade.

Um aspecto enfático do do-cumento é a rejeição dos paísesque o assinaram a tratados eco-nômicos comandados pelos Es-tados Unidos, como a Área deLivre Comércio das Américas(Alca). O argumento que justifi-ca esse posicionamento é o deque tais tratados priorizam osinteresses econômicos e colocamem detrimento dos ecológicos.

O Manifesto das Américasbusca ganhar assinaturas deimportantes representantes do

continente. Até o momento,32 personalidades já aderiramao movimento, confira as prin-cipais: Roberto Requião (go-vernador do Paraná), MarinaSilva (ministra do Meio Ambi-ente), João Pedro Stedile (di-rigente da Via Campesina Bra-sil), Letícia Sabatela (atriz),Beth Carvalho (compositora ecantora), Hugo Chávez (presi-dente da Venezuela), Pérez Es-quivel (Prêmio Nobel da Paz),Eduardo Galeano (escritor),Aníbal Quijano (cientista so-cial), Doris Gutierrez (deputa-da hondurenha).

Anaisa LejambreBárbara PomboDaiane Cristine de SouzaMárcio Guedes Brüggemann

O presidente da Venezuela,Hugo Chávez, participou de di-versos eventos em Curitiba, naúltima quinta-feira. Chávezveio à capital paranaense paraparticipar do 2º Encontro Regi-onal para Integração Paraná Ve-nezuela.

Com atraso de duas horas nachegada ao aeroporto AfonsoPena, o presidente se dirigiu aoPalácio Iguaçu para assinar con-tratos. Na casa oficial do gover-no do Estado, ele e Roberto Re-quião firmaram acordos entreempresas paranaenses e vene-zuelanas, no valor total de US$440 milhões – superando, assim,a expectativa inicial, que era deUS$ 320 milhões.

Além da integração entre osempresários de seus países, osdois líderes também queremaprofundar as relações entre asduas televisões estatais – a TVEducativa e a Telesur.

Chávez também fez um dis-curso para movimentos sociais,como o Movimento dos Sem Ter-ra (MST), no Teatro Guaíra. Ovenezuelano foi enfático na lutacontra o “imperialismo ameri-cano”, e afirmou que “os ho-mens do Brasil devem fazer a

Chávez acusa EUA de

desperdício biológico

Presidente venezuelano critica exploração americana durante encontro em Curitiba

revolução para mudar esse mun-do”. Um dos maiores problemasda América Latina, segundo ele,é a perda da consciência doscidadãos: “Devemos recuperara consciência para conseguirmudar, porque nós também so-mos americanos, mas somossul-americanos”.

“Se queremos que o mundose acabe sigamos pelo capita-lismo. Se não mudarmos estecaminho não haverá vida no pla-neta”, acrescentou. SegundoChávez, o capitalismo utilizamuitos recursos não renová-veis: “Cerca 80% dos veículosde Nova Iorque e Washingtontransportam uma pessoa emcada carro - é o American Wayof Life”.

“Os Estados Unidos inter-viram no Iraque, por causa dopetróleo, mas acharam que se-riam os libertadores daquelanação”, afirmou Chávez. Re-quião complementou a respos-ta de Chávez falando da situ-ação do petróleo no Brasil:“Nosso país está alcançando aauto-suficiência no petróleo,mas 64% das ações da Petro-bras estão na bolsa de valoresde Nova Iorque. Em função dopoder dos acionistas, o petró-leo será sempre vendido aopreço internacional”.

Durante todo o dia, o presi-dente da Venezuela e o gover-

nador do Paraná falaram sobrea construção da Alternativa Bo-livariana para a América — aAlba. Ambos destacaram que aAlba é contra a Área de LivreComércio das Américas (Alca).Segundo Requião, ela “é umazona de livre comércio para ointeresse da população”. Chá-vez acrescentou: “A Alca ficou

enterrada em Mar Del Plata”. À noite, Chávez foi a Brasí-

lia encontrar-se com o presiden-te Luiz Inácio Lula da Silva, paraque ambos discutissem algunstemas - o principal é o gasodutoque liga o Brasil à Bolívia.

O primeiro contato entre opresidente e o governador doParaná aconteceu no Fórum So-

cial Mundial em Porto Alegre,em 2005. Em novembro do mes-mo ano, Requião visitou Cara-cas, onde os dois assinaram 27documentos que visavam a in-tegração entre o governo doEstado e a Venezuela. “Há umadécada não havia esta integra-ção que há hoje entre o Brasil ea Venezuela”, afirmou Chávez.

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Curitiba, 24 de abril de 20064 - LABORATÓRIO DA NOTÍCIA

Idosos podem ser vacinados nos postos de saúde da prefeitura da Capital

Começa hoje campanha de

vacinação contra a gripeAmanda LaraMirella Pasqual

A Secretaria Municipal daSaúde inicia hoje a campanhade vacinação contra a gripe. Ameta de cobertura do Ministé-rio da Saúde para Curitiba éde 105 mil pessoas. A campa-nha vai até o dia 5 de maio.

O primeiro lote de vacinas,com 80 mil doses, já foi re-passado da Central de Vacinasda Prefeitura para as 105 uni-dades de saúde que participa-rão da campanha.

Outras 80mil doses serãoenviadas napróxima sema-na, quandoparte da pri-meira remessajá tiver sidoaplicada. A gri-pe é uma doen-ça que podeser contraídapelo vírus in-fluenza e ét r a n sm i t i d acom extremafacilidade pe-las vias respiratórias, causandofebre, coriza, tosse seca, dor decabeça, dor de garganta e doresno corpo.

Imunidade

As pessoas idosas e as por-tadoras de doenças crônicascorrem maior risco de compli-cações, como a pneumonia, eisso pode tornar necessária ainternação hospitalar.

A vacinação contra a gri-pe reduz o risco da transmis-são do vírus e é trivalente,ou seja, cobre três vírus gri-pais: os mais prevalentes, nomomento em que é utilizada,e deve ser ministrado todo oano, devido à mutação dosvírus.

Considerando-se o invernobrasileiro, a orientação é paraque ela seja administrada pre-ferencialmente no pré-inver-no. A aplicação deve ocorrerentre os meses de fevereiro,março e abril, para que as pes-soas estejam protegidas antesque a temperatura caia. A mai-

oria das pessoas estará imunedentro de duas semanas apósa vacinação, mantendo a pro-teção de 7 a 12 meses.

Ao chamar a atenção dosidosos, a campanha visa cons-cientizar os familiares: filhose netos que podem estimulara adesão do idoso na vacina-ção. A divulgação da campanhade vacinação contra a gripe éfeita pelos agentes comunitá-rios de saúde e é fundamentalpara o esclarecimento tantodos procedimentos para a va-cinação quanto o da doença.

A pensionis-ta Aurora Mar-tins Meirelles, de69 anos, é diabé-tica e sabe quetem que se cui-dar, pois possuiuma imunidadefisiológica maisbaixa do que ados outros e afir-ma que com avacinação ficamais difícil con-trair o vírus.

Aurora quergarantir sua va-

cinação deste ano e pretendese vacinar na amanhã no Pos-to de Saúde Estrela, no bairroFazendinha, próximo a sua re-sidência.

Noeli Abrão Reis, auxiliarde enfermagem da Unidade deSaúde de Botiatuvinha, próxi-ma a Santa Felicidade, asse-gurou já ter recebido o lotepara a vacinação, e diz esta-rem preparados, pois vão termuito trabalho.

Marcio Merlin, responsávelpela fiscalização sanitária doposto de Botiatuvinha, contaque a expectativa é grande,pois o bairro possui um perfilidoso e, devido à divulgação,o posto está preparado paramaior adesão de idosos.

Para reforçar a divulgaçãoda campanha, a Secretaria Mu-nicipal da Saúde distribuirá4.000 cartazes e 20 mil folhe-tos, que serão colocados nos ôni-bus e nas unidades de saúde apartir de semana que vem, e osfolhetos serão distribuídos noslocais de vacinação.

Divulgação/ SMCS

A meta de cobertura do Ministério da Saúde para Curitiba é de 105 mil pessoas

Para reforçar adivulgação dacampanha, a

Secretaria Municipalda Saúde distribuirá4.000 cartazes e 20

mil folhetos, queserão colocados nos

ônibus e nas unidadesde saúde

Inadimplência bate recorde em marçoAline Sajnaj Ferreira

Pesquisa da Serasa mostraque o volume de cheques de-volvidos em março bateu re-corde, o maior desde o levan-tamento iniciado em 1991. Masa inadimplência ainda é baixaem comparação ao número decheques emitidos pelo merca-do.

No total foram compensa-dos 166,5 milhões de cheques,dos quais 4 milhões eram semfundos. Isso quer dizer que acada mil cheques emitidos 24,3foram devolvidos, correspon-dendo a 2,43% do total.

Se o índice de inadimplên-cia for comparado com o re-corde anterior, março de 2005,o aumento foi de 16,8%.

O comerciante Gilmar Viei-ra conta que em sua loja oscheques sem fundos no mês demarço aumentaram muito emrelação ao mês anterior. Gilmartem uma loja de roupas e re-cebe com freqüência os che-ques como forma de pagamen-to.

De cada 10 cheques que re-

cebeu em março, quatro não ti-nham fundos. “Os cheques pré-datados são os que mais voltam,acho que as pessoas soltam edepois não se lembram”.

Em relação ao prejuízo, Gil-mar tenta contactar com os cli-entes, pois ele sempre pede queanotem o telefone na parte detrás do cheque.

Nem sempre é possível recu-perar o prejuízo. “Algumas pes-soas são honestas e pagam, masoutras até parece que fazem depropósito”.

O caso da comerciante Lore-na dos Santos é um pouco mais

difícil, com uma loja de cos-méticos, arcou com um preju-ízo de aproximadamente R$ 3mil no mês de março.

Ela acredita que o motivoda emissão de cheques semfundos aumentar tanto emmarço é pelos gastos que osconsumidores tiveram no finaldo ano, como no Natal, os im-postos, viagens, materiais es-colares, entre outros. Lorenadiz que de agora em diante elaaceitará somente cheques depessoas conhecidas e confiá-veis, caso contrário, ela irá àfalência.

Aline Sajnaj Ferreira/LONA

Foram registrados 4 milhões de cheques sem fundos

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Curitiba, 24 de abril de 2006 5LABORATÓRIO DA NOTÍCIA -

20% dos alunos da rede de ensino particular afirmam já ter usado maconha

Jovens têm contato

com drogas nas escolasCarolina Knopfholz

Dados do Ministério da Saú-de mostram que a maioria dosadolescentes já teve contatocom drogas ilícitas — maconha,cocaína, crack, LSD, alucinóge-nos — ou lícitas, como o álcoole o cigarro.

Em relação à maconha, es-pecificamente, as estatísticassão alarmantes: cerca de 14%dos jovens já experimentarama droga.

Além disso, uma pesquisafeita na rede particular de en-sino revelou outro resultadoimportante: 20% dos alunosafirmaram já ter usado maco-nha, o que mostra que não sãoos jovens de classes pobres osúnicos usuários.

A pesquisa do Ministério daSaúde traz outro dado alarman-te: 8% dos jovens experimen-tam a droga no ambiente da es-cola.

A maioria dos estudantesdas escolas particulares de Cu-ritiba que já tiveram contatocom a maconha. Adolescentesentrevistados pelo LONA afir-mam que o acesso à droga den-tro do estabelecimento não édifícil, e as punições previstaspelas regras das escolas rara-mente são colocadas em práti-ca.

Contudo, nota-se tambémuma imensa falta de informa-ção em relação às sanções in-ternas de cada estabelecimen-to de ensino: “Quando a gentefuma aqui, ninguém vê, e sevirem, o máximo que aconte-ce é ficar uns dias sem vir praaula”, relata M.G., 16 anos,estudante de uma escola pri-vada de Curitiba.

Nesse contexto, outro fatopreocupante é a opinião de mui-tos alunos em relação às cam-panhas antidrogas promovidasnas escolas. R.W., 18 anos,considera que “as palestrasque têm sobre isso são inúteise desinteressantes”.

Tabu

Quando as coordenaçõesdas escolas particulares de en-sino médio de Curitiba forampocuradas pelo LONA para abor-

darem o assunto,demonstramreações diversas.

A psicóloga de uma dasgrandes escolas curitibanasafirma que, em seu estabele-cimento, não existem casos re-gistrados de alunos usuários:“Mesmo com desconfiança edenúncias, nunca houve um fla-grante, e o problema das dro-gas é resolvido pela família enão pela escola”.

Já o coordenador de outroestabelecimento conta que suaescola promove campanhas edebates em torno do assunto,e estabelece regras rígidaspara punir severamente alunosque usam, portam e traficamdrogas dentro do colégio.

Em outras escolas, pode-severificar que o assunto aindaé um tabu, uma vez que osresponsáveis por estabeleci-mentos tradicionais recusa-ram-se a conceder entrevista,alegando que não divulgariam“esse tipo de dados e infor-mações”.

Ana Paula Martinz/ Aquivo LONA

Estudante mostra camiseta que defende o plantio da maconha para consumo próprio

Marisa Monte no Guaíra

A cantora Marisa Montefará apresentação nos dias 27,28 e 29 às 21 horas no TeatroGuaíra. O show apresentamúsicas dos dois novos dis-cos, “Universo ao meu redor”e “Infinito Particular”, lança-dos há um mês. Marisa Montevolta a fazer turnê após cincoanos sem lançar um trabalhosolo. Os preços dos ingressossão de R$ 200,00 (platéia), R$160,00 (1º balcão) e R$ 100,00(2º balcão). Portadores de car-teirinha de estudantes, maio-res de 60 anos e doadores deum livro não-didático usadopagam a metade do preço. OTeatro Guaíra fica na PraçaSantos Andrade, sem número.Telefone: 3304-7900 e 3304-7982.

Guns do Brasil

Hoje à noite no EmpórioSão Francisco acontece um tri-

buto ao Guns’n’Roses com abanda Guns’n’Roses Brasil. Iní-cio a partir das 22h. Ingressomasculino a R$7 de entrada eR$7 de consumação. Femininoa R$5 de entrada mais R$5 deconsumação. Com bônus, mu-lheres pagam apenas R$5 deconsumação. Para os homens aentrada diminui para R$4, masa consumação continua o mes-mo preço.

Echo and the Bunnymen

em Curitiba

Sexta-feira no Curitiba Mas-ter Hall acontece o show com abanda inglesa Echo & The Bunny-men, apresentando o novo ál-bum, “Siberia”. No repertório,músicas de “Sibéria”, além dosclássicos “The Killing Moon”,“Rescue”, “Super MellowMan”,“Eternity Turns” e “Lips LikeSugar”, entre outras. O iníciodo show é às 22h. Ingressos aR$120 e R$60 (estudantes epara quem doar uma lata de leite

em pó), à venda nas LivrariasCuritiba e www.ticketcenter.com.br.

Instinto Selvagem 2

Sharon Stone volta a encar-nar a sedutora escritora assas-sina psicopata Catherine Tra-mell, em “Instinto Selvagem 2”.Nesta continuação, Catherine semuda de São Francisco paraLondres, onde se vê novamen-te suspeita de um crime. A Sco-tland Yard designa o psiquiatraMichael Glass (David Morrissey)para fazer uma avaliação daescritora. Obviamente ele aca-ba envolvido na teia de intrigase sedução dela, recebendo aju-da de uma amiga psiquiatra,Milena Gardosh, vivida pela ve-terana Charlotte Rampling.

Cinemateca trintona

A Cinemateca de Curitibacompletou ontem 30 anos. E,para comemorar, preparou umaprogramação especial, com

apresentação gratuita de fil-me, palestras com especialis-tas em cinematografia, alémde um curso prático de cine-ma. O curso prático de cine-ma começa no dia 30 de abrile vai até o dia 5 de junho. Asaulas serão dadas aos sábadose domingos, em dois horári-os: das 9h as 12h e das 15h as18h. A inscrição custa R$20. Osalunos aprenderão desde a his-tória do cinema, a elaboraçãodo roteiro, até a direção emontagem do filme.

As palestras começam dia23 e terminam dia 26, sempreàs 19h. Serão abordados te-mas como a pesquisa de cine-ma na Paraná, a produção ci-nematográfica no Paraná eoutros assuntos, como Nouve-lle Vague, cinema novo, e ci-neclubismo. A entrada é fran-ca. Mais informações pelo te-lefone 3321-3245, ou pelosite: www.curitba.org.br. (Lu-ciana Pompeu)

AGENDA CULTURAL

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Curitiba, 24 de abril de 20066 - LABORATÓRIO DA NOTÍCIA

Alexandre Castro*

Em sua última edição, o Ex-tra Pauta deu amplo destaqueao tema da criação de cursos deJornalismo no País e no Paraná– abrindo manchete, editorial ediversas matérias das primei-ras páginas. Os textos assen-taram-se basicamente nas po-sições pessoais de seus autores,tendo sido colhidos pouquíssi-mos depoimentos de agentesenvolvidos nessa questão – enenhum deles era contrário àsteses do jornal. Em cinco pági-nas sobre o tema, não foi ouvi-da nenhuma autoridade gover-namental ou legislativa paraexplicar as políticas públicas –ou sequer lembrada alguma po-sição já manifestada –, não foiouvido nenhum reitor, nenhumcoordenador de curso, nenhumaluno (salvo uma referência ge-ral à Enecos), nenhum pensadorda área de educação, nenhumsociólogo.

Gostaria de apresentar al-gumas observações que talvez

Quem tem medo dos novos

cursos de Jornalismo?

possam contribuir para uma vi-são de outros aspectos do tema.

1.Quantidade x qualidadeDiz o editorial do Extra Pau-

ta – resumindo tese recorrentenos demais textos – que “a pro-liferação desmesurada de cur-sos de Jornalismo” tem comoconseqüência uma “tendência àperda de qualidade”. Tal asser-tiva não reflete a realidade, aomenos do que ocorreu com oscursos de Jornalismo do Paranános últimos 15 anos. Pelo con-trário, esse período de aumen-to do número de cursos marcoua elevação da sua qualidade. Éevidente que continuam exis-tindo cursos de qualidade tãoprecária quanto os do passado– sendo inaceitável a falta de ri-gor das comissões governamen-tais de avaliação e de todo de-sejável que se criem outros me-canismos de fiscalização por en-tidades profissionais. Mas é declareza solar que vários dos atu-ais cursos de Jornalismo são

muitíssimo melhores do que osdo final da década de 80, iníciodos anos 90.

Um dos fatores que tem con-tribuído de modo fundamental –embora evidentemente não o úni-co – para a melhoria da qualida-de dos cursos é justamente ocrescimento da oferta, que tor-na imperiosa a competição. Poracaso os cursos de Jornalismo daUFPR e da PUCPR eram melhoresem 1990, quando eram os únicosde Curitiba? Cito 1990 porque foio ano em que fui convidado paraministrar a disciplina de Telejor-nalismo na PUCPR, para uma tur-ma de terceira série. O curso nãodispunha de nenhuma câmera devídeo, nenhuma ilha de edição,nenhum estúdio – assim comonão havia gravadores, ilhas deedição e estúdios para Radiojor-nalismo, entre outras carências.Aquela situação contrasta abis-salmente com a realidade atualdo curso.

Na seqüência, foi criado ocurso de Jornalismo da UTP, quese viu obrigado a instalar des-

de o início uma infra-estruturamuito superior àquela com quea PUCPR havia iniciado seus tra-balhos – justamente porque te-ria que fazer frente à concor-rência da PUCPR, crescente-mente melhor aparelhada. Maisadiante, quando o UnicenP im-plantou seu curso de Jornalis-mo, já teve que começar bus-cando uma infra-estrutura quesuplantasse as demais, ofere-cendo diferenciais para conquis-tar seu espaço. Isso levou auma reação dos outros cursos,formando-se um círculo virtuo-so no qual quem ganha é a qua-lidade do ensino.

2. Saturação de mercado

Outra assertiva do editorialdo Extra Pauta e das matériasseguintes é a de que existe uma“cada vez mais restrito, ou nãoexiste”, o que justificaria atéuma “moratória” da criação decursos. Nesse ponto, é precisoenfatizar três aspectos.

Primeiro, o que se entende

por mercado e qual a extensãoterritorial em que poderá atuaro futuro profissional. Se consi-derarmos como mercado apenasos veículos tradicionais, já exis-tentes, então não haverá real-mente condições de assimilaçãode todos os novos jornalistas.Mas há muitas outras alternati-vas – seja na crescente área deassessorias de comunicação, nainternet, nas ONGs, na iniciati-va particular, em inúmeras fun-ções empresariais não exata-mente jornalísticas mas paracujo exercício são determinan-tes as capacidades adquiridas nocurso. Sem contar o próprioexercício do magistério superi-or – campo que cresceu tantoquanto a “proliferação” dos cur-sos... E, nessa área, com salá-rios muitas vezes bem acima damédia do mercado. Em pelo me-nos uma das instituições parti-culares de Curitiba, por exem-plo, um professor doutor, atu-ando na área de graduação depelo menos uma instituição par-ticular de Curitiba, precisa tra-balhar apenas oito horas sema-nais para ganhar o atual piso sa-larial da categoria no Paraná(que, aliás, é um dos mais al-tos do País). E isso se estiveratuando na graduação, porquena especialização o salário maisdo que duplica. Além disso, osnovos profissionais são habili-tados para atuar em todo o ter-ritório nacional, podendo assimbuscar colocações em regiõesnão tão “saturadas”.

O segundo aspecto é o deque a universidade não podepautar-se exclusivamente pelosdesejos pontuais – a voracida-de ou a saciedade – de um de-terminado mercado. O “merca-do” não é um deus ao qual a uni-versidade deva reverência:“agora o mercado está comfome – aumentem a formaçãode alunos; agora o mercado estásatisfeito – diminuam a forma-ção”. É evidente que a univer-sidade deve preocupar-se – emuito – com a empregabilidadede seus alunos. Mas o papel dauniversidade é certamente mui-to mais amplo – inclusive abrin-

Artigo expõe visão sobre o aumento do número de cursos de Jornalismo no Paraná

Fábio Muniz /Arquivo LONA

Alunos do UnicenP gravam programas diários nos estúdios de rádio do centro universitário

Este artigo foi escrito ori-

ginalmente para ser veicula-

do no jornal do Sindicato dos

Jornalistas Profissionais do

Paraná, o Extra Pauta. Na

sua última edição, o jornal do

Sindicato deu cinco páginas so-

bre a criação de cursos de Jor-

nalismo, defendendo que a

abertura de novas faculdades

tem contribuído para piorar a

qualidade da formação dos

jornalistas. O objetivo do pre-

sente texto era oferecer uma

outra visão dos fatos. Os edi-

tores do Extra Pauta, no en-

tanto, alegaram que o artigo

só poderia sair em formado

menor. O autor, por entender

que qualquer corte implicaria

perda de conteúdo, preferiu

veiculá-lo na íntegra. A seguir,

o LONA publica com exclusivi-

dade o texto.

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Curitiba, 24 de abril de 2006 7LABORATÓRIO DA NOTÍCIA -

do os olhos de seus alunos parao fato de que há muitos merca-dos e possibilidades de realiza-ção mundo afora.

E o terceiro aspecto: mesmose admitindo – por absurdo e sópara fins de raciocínio – que opapel da universidade fosse o deservir ao deus mercado, queesse mercado fosse restrito eestivesse com sua fome de no-vos profissionais plenamente sa-ciada, ainda assim não se justi-ficaria a intenção de barrar a cri-ação de cursos e a ampliação devagas nos existentes: se já se-ria uma tragédia o jovem não terpossibilidade de acesso ao mer-cado de trabalho, seria uma cru-eldade inominável impedi-lo deter acesso também ao ensino.

3. “Moratória” de cursos

Não se trata nem de longe dedefender a tese de que o jovemdeve poder fazer um curso su-perior apenas para pendurar o di-ploma na parede. O que soa in-compreensível é a posição dosque, por um lado, defendem auniversalização do ensino, e poroutro pregam a proibição de cri-ação de cursos ou ampliação devagas. Todas as estatísticas es-cancaram o fato de que, ao con-trário de existirem cursos supe-riores demais, há cursos de me-nos: no Brasil, apenas 9% dos jo-vens em idade de estar na uni-versidade – entre 17 e 24 anos –efetivamente conseguiram essaoportunidade. Mais de 90% de-les deveriam estar lá, e não es-tão.

Alguns se escandalizam como fato de que Curitiba, porexemplo, tinha dois cursos deJornalismo há 15 anos e hojetem oito. Bem: houve um tem-po em que Curitiba tinha 2 milhabitantes e um grupo escolar.Agora, tem dois milhões de ha-bitantes, e a população nãoapenas não pára de crescer,como não perde a cisma de que-rer estudar... O problema nãoé a quantidade de escolas, masa sua qualidade – e não será re-duzindo o seu número ou proi-bindo a criação de cursos queela irá melhorar. Se uma esco-la do padrão de uma Cásper Lí-bero, de uma ECA, de umaUFSC, de uma Unisinos, de umaPUCRS, para ficar só nas maispróximas, quiser se implantarem Curitiba, deve ser proibi-da? A sua implantação represen-taria um decréscimo ou umacréscimo de qualidade ao en-sino de Jornalismo na cidade?

4. Profissionais assustados

Na matéria “Chuva de ca-

nudos” do Extra Pauta afirma-se que “há sete anos, as 620vagas em cursos de Jornalismojá assustavam os profissio-

nais” (grifo meu). Por que as-sustavam? Pelo medo da con-corrência dos novos jornalistas,que poderiam vir muito melhorpreparados que eles, formadosem cursos cada vez melhores?(Se os cursos fossem tão ruins,não haveria por que se assus-tar com os seus egressos...).Por acaso a saída para “tran-qüilizar” os profissionais anti-gos seria instalar uma torneira(“só se formam mais jornalis-tas à medida que a gente forse aposentando...”)? Além dis-so, não se poderia jamais afir-mar que “os” profissionais es-tavam assustados. Alguns tal-vez estivessem, mas certamen-te não todos. Já a expressãode que a criação de novos cur-sos abriu as “porteiras” nãomerece comentários.

5. Financiamento de

cursosA mesma matéria diz ainda

que a explicação para o cresci-mento do número de cursos deJornalismo no Paraná “talvez es-teja no uso dos cursos de Jorna-lismo para financiar outros namesma instituição de ensino”.Quem conhece o elementar doscustos das universidades sabeque não é assim. Existem real-mente cursos que dão maioreslucros e ajudam a financiar ou-tros até deficitários. Mas não é

o caso dos cursos de Jornalismo– que são caros em razão dosequipamentos que demandam.Os cursos que “financiam” ou-tros são os de baixa exigênciade infra-estrutura laboratorial,como Administração e Direito,que se assentam basicamente nafigura do professor e em biblio-teca. Pode até haver cursos deJornalismo que comecem sem ainfra-estrutura necessária, mascertamente não irão longe se nãoinvestirem pesadamente.

6. Tabelas de avaliação

Em página adiante, o ExtraPauta relaciona os “Cursos deJornalismo autorizados peloMEC a funcionar no Paraná” epublica, ao lado, as “Avaliaçõesdas faculdades de Jornalismo doEstado até 2003”. Os conceitospublicados nessa tabela, no en-tanto, não são efetivamente osdas faculdades, mas os resul-tados alcançados pelos alunosno hoje extinto “provão”. A di-ferença é muito grande. As ava-liações “das faculdades” – se-ria melhor dizer “dos cursos” –é feita pelo MEC com base emtrês dimensões: projeto peda-gógico, corpo docente e insta-lações. São avaliações feitasem média a cada quatro anos,e que resultam em um conceitopara cada uma das três dimen-sões. Já o “provão”, um instru-mento totalmente distinto, eraaplicado apenas aos alunos doúltimo ano dos cursos, anual-mente, resultando num concei-

to único baseado nas médias detodos os alunos.

Todos lembram as polêmicasque envolveram o “provão”(hoje substituído pelo Enade): osalunos de muitos cursos excelen-tes boicotavam o exame, entre-gando as provas em branco, oque provocava notas evidente-mente distorcidas para suas ins-tituições. Cursos que tinhamconceitos “A” nas avaliações doMEC (projeto pedagógico, corpodocente e instalações) viamseus alunos aparecerem com no-tas “E” no “provão”. Não estouquerendo dizer que as notas ob-tidas pelos alunos do curso quecoordeno (“C” em 2002 e 2003)tenham sido erradas. Penso querefletiram mesmo a realidade deum curso então em implantação,porque os alunos estavam moti-vados e certamente fizeram omelhor que puderam. Muito me-nos sou contra a divulgação dosresultados do “provão”, apesarde suas distorções. O que digo éque uma coisa é uma coisa; ou-tra coisa é outra coisa.

7. Prioridade ao

empreendedorismo

Uma observação é necessá-ria também sobre o artigo “Oempreendedorismo como alter-nativa de trabalho”, publicadonas mesmas páginas. O autordiz que o “empreendedorismosurge como uma das poucas so-luções para empregar” os jor-nalistas recém-formados. Logoapós, faz uma série de críticas

aos cursos, afirmando que “asinstituições de ensino aindanão se deram conta disso, nãopreparando os acadêmicos”;que “o empreendedorismo de-veria ser encarado pelas facul-dades como matéria prioritá-ria para a formação do futuroprofissional”; e que deveriamser incluídas “matérias inter-disciplinares durante a gradu-ação” em Jornalismo, estabe-lecendo-se um diálogo “comvárias outras profissões, comoa de administrador de empre-sas”. O autor refere-se tam-bém à sua própria trajetóriaprofissional, lamentando que aose formar penetrou “num mer-cado totalmente fora do quevemos nas faculdades”.

Talvez por ter ficado temposfora do Brasil, como ele mesmorelata, o autor não esteja fami-liarizado com a realidade atualdos cursos de Jornalismo de Cu-ritiba – pelo menos a de algunsdeles. No UnicenP, por exemplo,já há três anos está consolidadono currículo, justamente, o eixo(conjunto de disciplinas) de Em-preendedorismo, no qual os alu-nos têm disciplinas como TeoriaGeral da Administração (minis-trada por professor com gradu-ação e mestrado em Administra-ção de Empresas), Gestão deEmpresas Jornalísticas (em quese analisa não apenas o empre-endedorismo para a iniciativaprópria, mas a necessidade deespírito intraempreendedor) eProjetos Inovadores em Jornalis-mo. Já estão faltando dedos nasmãos para enumerar os Traba-lhos de Conclusão de Curso dosalunos que se transformaram emprojetos concretos colocados nomercado.

8. Produção intelectual

Para terminar, gostaria delembrar que a “proliferação” decursos levou também, aqui epelo País afora, a uma prolife-ração de especialistas, mestrese doutores em Jornalismo, auma proliferação de livros eperiódicos científicos sobre Jor-nalismo, a uma proliferação decongressos de Jornalismo, a umamplo e sem paralelos processode reflexão sobre o fazer jor-nalístico, sobre suas técnicas,suas teorias, sua ética, suasencruzilhadas. Talvez isso sig-nifique algo para o exercício daprofissão.

* Alexandre Castro é jorna-lista, professor, coordenadordo curso de Jornalismo do Cen-tro Universitário Positivo(UnicenP) de CuritibaO TelaUn, telejornal-laboratório do UnicenP, vai ao ar diariamente pela TV Comunitária

Fábio Muniz/ Arquivo LONA

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Curitiba, 24 de abril de 20068 - LABORATÓRIO DA NOTÍCIA

Texto e fotos: VivianeFagundi

A primeira moto Harley Da-vidson nasceu nos Estados Uni-dos em 1903, quando os irmãosDavidson reuniram suas ferra-mentas e criatividade para in-ventá-la no quintal de casa.

Essas motos, que hoje sãoconsideradas as melhores domundo, tiveram uma grande tra-jetória ao longo da história.Antes de se tornar mundialmen-

Emoção sobre duas rodaste famosa, a Harley passou porperíodos difíceis, até conquis-tar os compradores e apaixona-dos pela marca.

Atualmente, seus admirado-res são em grande maioriaaventureiros com mais de 40anos, que viajam pelo mundo.

A marca é tão conhecida queas pessoas associam outrosmodelos parecidos com a origi-nal. E mesmo sem haver tantasHarleys nas ruas, seus seguido-res aumentam a cada dia.