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A cor-informa<;:ao e 0jornalismo
Nos "xtos visuais,' panicula<men" os do jomalismo, as cmes desempe-
nham fun<;:6esespedficas que podem ser separadas em do is grupos: urn que com-
preende as sintaxes e as rela<;:6estaxion6micas, cujos prindpios de organiza<;:ao
sao paradigmaticos, como organizar, chamar a aten<;:ao,destacar, criar pIanos de
percep<;:ao,hierarquizar informa<;:6es, direcionar a leitura etc., e outra que com-
preende as rela<;:6essemanticas, como ambientar, simbolizar, conotar ou denotar.
Essa divisao separa apenas superficialmente as fun<;:6essegundo sua possibi-
lidade ou nao de conferir significado ao texto visual, pois as rela<;:6essintaticas do
primeiro grupo podem tambem ser de natureza semantica, as chamadas sintaxes
conceituais. Ou seja, a simples organiza<;:aode informa<;:6espor meio de cores pode
tambem transferir significados e valores para cada grupo de informa<;:6esque aque-
la cor foi subordinado. Amostra disso e a pradu<;:ao de graficos em paginas de
jornais e revistas, quando a divisao paradigmatica entre urn universo masculino e
urn universo feminino representa a participa<;:aode dois grupos distintos (ou cir-
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cunstancialmente opostos) em urn universo total. Essa distin<;:ao(figuras 1 e 2), por
exemplo, e reforyada pelas cores azul (para 0universo masculino) e vermelha (para
o universo feminino), que sao, alem de uma oposiyao binaria de carater taxionomico,aplicay6es simb6licas e, portanto, de natureza cultural. Da mesma forma, em ou-
tro exemplo, a polaridade da divisao no quadro sobe-desce (figura 3), claramente
denotada pelas palavras e figuras que formam as vinhetas, e reaf irmada pela presen-
ya das cores,2 assim como a assimetria e garantida pela oposiyao cultural dos con-
juntos azul / seta ascendente e vermelho-amarelo / seta descendente, que indicam a
oposiyao ceu / inferno (inegavelmente, urn dos textos culturais arcaicos mais parti-
cipantes da nossa formayao judaico-crista).
H E S F O G E M D O M E D IC O . H A S N A O
lltRnt e lI 1 l«I1 (I f st o ~m edJC ina tN li lado
11iO_~tm8tftltl\l1iO~fol ProdraoI • • • • • •• •~lI1l~bti1i~mosttando i d M o _ . . - . _ qtJ I !OSI lo m e n l . sA om u ito om Is inlisci p lir I id o • c id o4o a_
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pagina e recebem tratamento grafico semelhante, e inevitavel que a que cada cor representa em um
box contamine as cores do box ao lado. Nesse caso, a informa~ao "masculino-feminino" pode sofrer
interferencia da polaridade assimetrica da informa~ao "sobe-desce". 0 feminino pode vir a ser,
nessa contamina~ao (par identifica~ao visual), um valor negativo. Se considerarmos a informa~ao
que se dese jou transmitir no primeiro box (a de que as homens evitam mais a consulta medica do
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D I E W I L D E ~ lE I T E ~ S I ~ O W O R B E I
IDO$ Sexual Yerllalto,n dot Student •• 1981und 1996Angaben in P r Olenl
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pa ris ien•• )eo de Pawne. um dosm ais prestigiados do ~ abriu tmI m egae~ em hom ena·ge m iob ra do .rqu irero brasileiro .
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equ ip" an al emao Michae l Schumacher,
E M B R A l 'E I .
TPor causa do alto numero de usuario s lnadi m pl ent f S, a em·pre sa tev. preju!,o de 554 m llh6es de rea is enl2001.
Ta ANSI4W Il
'" 0 em presirio M ich el TI ITlaNess renun<io u an ar lo d . p r O '.sidtote execut ivo cb: ~ Foi0terc eiro nome a ocupar 0co -m ando do com ponhla em apena, rr e.z. dias,
Assim, considera-se a cor como informa<;:ao todas as vezes em que s
aplica<;:ao desempenhar uma dessas fun<;:6es responsaveis por organizar
hierarquizar informa<;:6esou Ihes atribuir significado, se ja sua atua<;:aoindividu
e autonoma ou integrada e dependente de outros elementos do texto visual e
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e autonoma ou integrada e dependente de outros elementos do texto visual e
Ponanto, neste livro, a cor-inftrma~ao se refere a urn determinado concei-
to de cor3 que a considera, na sua dimensao pragmatica, como informa<;:aoatua-
lizada do signo, e, na sua dimensao semantica, como componente de complexos
significativos (os textos) organizados por sistemas de regras (os codigos) e que,
sendo necessariamente urn dos elementos da sintaxe visual, e responsavel pela
constru<;:aode significados, em carater informativo.
No carater informativo predomina a fun<;:aoreferencial da mensagem, se-
gundo a classif ica<;:aode Umbeno Eco:4
A mensagem "ind ica" alguma C Olsa. Nao considera apenas os
processos d e denota~ao , mas tod os os processos de conota~ao, mesmo se a
int en~ao re ferencial t end e a r eduzir ao minimo 0 campo semantico que se
cria em tor no d e um signo e a en ftcar a inten~ao do r eceptor sobr e um
unico ref erente (Eco, 1990: 381-2).
A consciencia de que a cor pode incorporar significados as informa<;:6es
que saD coloridas aumenta a responsabilidade do jornalista e/ou do designer de
notlcia.5 Como 0 designer de notlcia e considerado urn comunicador social e
3. as diversos conceitos de cor foram tratados no "Capitulo violeta: a cor para todos os olhares" em A
cor como infor mar;:iio (Guimaraes, 2001: 7-17).
4. As outras fun~6es da classifica~ao de Eco sac: fun~ao emotiva, fun~ao conativa ou i mperativa,
fun~ao fatica ou de contato, fun~ao metalinguistica e fun~ao estetica. Embora 0 designer de noticia
possa utilizar qualquer uma dessas fun~6es e e ate desejavel que suas composi~6es tambem te-
nham, por exemplo, valor estetico, a prioridade deve ser depositada na elabora~ao da mensagem
referencial, e a questao principal passa a ser a da eficacia na comunica~ao. E precise distinguir a
concep~ao de "eficacia" utilizada neste trabalho, que se refere it comunica~ao com qualidade na
utiliza~ao dos meios e das linguagens, daquela que se refere it quantidade mensuravel de informa-
~ao transmitida perfeitamente, com 0 minimo de ruidos, como considera a Teoria da Informa~ao
C
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(f l d i i l t C E Sh W W ) S b i fl i d T i d I f
nao somente urn artista grafico, nao se pode deixar de the atribuir a responsa
lidade de ser mediador dotado de intenc;:6es,sejam elas evidentes o u nao. Ha
se ressaltar que, no exerdcio de sua func;:ao,0 comunicador social responde
intenc;:6esembutidas nas diretrizes editoriais que sao, por sua vez, intenc;:6e
queles que detem os meios de comunicac;:ao.
Delineado 0 carater informativo da cor -infOrmarao , e preciso def inir
nalidade geral da informac;:ao - quais sao as intenc;:6esimanentes ao ato de in
mar - para que se possa entao apontar as finalidades do uso da cor -infOrmar a
conseqiientemente, 0 porque de minha insistencia na necessidade de seu do
nio, ob jetivo principal desta pesquisa.
J iirgen Trabant (1980: 90-1) designa ac;:6esde inf ormac;:ao- que ele tamb
chama de ac;:6esde indicac;:ao,ac;:6essemi6ticas ou signos - as ac;:6esque "tern
finalidade suscitar a compreensao por parte de outrem", quando se espera que
ac;:6esse jam transformadas em ac;:6esde compreensao. Nessa transformac;:ao
ac;:6esde informac;:ao em ac;:6esde compreensao, que e uma atividade geral
processos de significac;:ao,ha uma relac;:aobastante estreita entre a compreensao
aquisic;:aode conhecimento e 0 fator novidade que def ine melhor 0 conceito
informac;:ao,principalmente quando em oposic;:aoao conceito de comunicac;:a
Se considerarmos apenas as relac;:6esentre os agentes das ac;:6escomuni
tivas (destinadores e destinararios, produtores e receptores etc.), "a comunicar a
inversamente proporcional a infOrmarao , de modo que ao maximo de comuni
c;:aocorresponde 0minimo de informac;:ao" (Borba Filho, apud Bernardo &M
jornalismo e 0design grafico. 0 webdesign para produtos noticiosos tambem pode ser incorp
do a forma~ao do designer de noticia. A organiza~ao mais representativa de designers de notic
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g g p g
I des , 2000: 38). Para distinguir a esf era da informa<;:aoda esfera da comunica<;:ao,
I Rodrigues aponta como caracteristica da natureza do processo da informa<;:ao a
I sua "transmissao unilateral ou unidirecional de urn saber entre alguem que e
suposto saber, urn destinador, e urn ou mais destinatarios que saDsupostos igno-
rar a mensagem ou 0conjunto das mensagens transmitidas", enquanto
a comunicarao , ao contrdr io d a in ft rmarao , e um pr ocesso que ocorre ent re
pessoas dot ad as d e raziio e de liber d ade , ent re si relacionadas pelo Jato de
J azerem part e, nao do mundo nat ural, com suas regr as br utais e seus
mecanismos automd t icos , mas pelo J ato d e per t encerem a um mesmo mundo
cultural (Rodrigues: 1999: 20-1).
A etimologia dos termos comunica<;:ao e informa<;:ao e bastante esclare-
I cedora. Como ressalta Romano (1998: 47), entendemos in f ormat ;iio (do latimI
i inf ormatione, do verbo informare) como "processo de forma<;:aoe educa<;:aopor
i meio de instru<;:6ese ensinamentos recebidos e como resultado desse processo". \IComunica<;:ao (do latim communicatio , do verbo comunicare) significa, por sua
/ vez, compartilhar. Muitas vezes, ha desvaloriza<;:aodo conceito de in format;iio
!perante 0de comunicat ;iio - opondo-os, como se liberdade de expressao s6 FosseI
I possivel mediante a supera<;:aoda inf or mat;iio pela comunicat ;iio; convem, sem
\.ignorar a diferen<;:a ja apontada, entender comunicat;ao e in f ormat;iio como dois
\ niveis em intera<;:aodo mesmo processo. A telefonia e urn meio de comunicac;:ao \
tanto quanto a televisao, embora certamente no primeiro haja mais enfase naI
~omunica<;:aoe no segundo, na informa<;:ao.
Nesse sentido, em uma no<;:aomais geral, segundo defini<;:aode Charles H.
Cooley, comunicat ;iio "designa 0mecanismo mediante 0qual existem e brotam as
rela<;:6eshumanas, todos os simbolos espirituais junto com os meios para trans-
porta-Ios no espa<;:oe conserva-Ios no tempo" (citado por Beth &Pross, 1987:
110). Destarte, comunicat;iio pressup6e 0 processo de produ<;:ao, transmissao e
armazenagem de informa<;:6es(0 que abarca as linguagens e os meios). Para Harry
Pross (1987: 106), informa<;:aoe noticia saD ter m ini t echnici do que e transmitido
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e mediado pela comunicac;:ao, 0que parece conveniente para a abordagem deste
trabalho, visto que 0design de notlcia - cuja enfase esra na informac;:aojornalistica
- e uma das atividades da area de conhecimento e atuac;:aoda comunicafiio social.
Neste trabalho, 0estudo da cor e direcionado para a produc;:ao de infor::-1
mac;:ao jornalfstica, embora outras areas da comunicac;:ao e das artes tambem
utilizem a cor-informac;:ao em varias situac;:6es. Retorno, pois, a definic;:aodas I
finalidades da informac;:ao, especificando os objetivos da informac;:aojornalfstica.
5esup5e que a inf orrnat;iiojornalistica, como qualquer outra in f ormaflio ,
aument a 0 nivel d e conhecimentos. 56 se pod e obt er in f ormafiio sobr e aqueles
objetos, pessoas, r elaf oes e acont ecimentos que d e cer to modo se d esconhefa(Romano, 1998: 46).
Portanto, 0 que se deseja da informac;:aoe que ela seja uma Fonte para a
aquisi¢o de conhecimento, ainda que conhecimento e informac;:aose distanciem
na medida em que aquilo que e conhecido deixa de ser novidade no momenta em
que se torna conhecido e, assim, 0acumulo de conhecimento nao vai definir neces-
sariamente urn sujeito bem informado. A informac;:aojornalfstica e peredvel. 0
contrario do acumulo de conhecimento poderia ser expresso em renova¢o (quan-
do ha selec;:aoou substitui¢o) peri6dica e constante de repert6rio.
Urn exemplo: em fevereiro de 2002, a Estac;:aoPrimeira de Mangueira foi a
escola de samba campea do carnaval do Rio de Janeiro. Os principais jornais do
pais, especialmente os do Rio de Janeiro, noticiaram 0 fato no dia seguinte a apu-
ra¢o dos votos do jUri (14 de fevereiro). Nesse momento, diante da cobertura do
telejornalismo e do jornalismo na internet, a notlcia nao era mais novidade. Mes-
mo assim, 0fato e "assunto de capa", visto que se trata da maior e mais popular
Festa do pais. 0 que podemos notar (figuras 4 a 7), tanto nos jornais lidos pelas
classesA e B, quanto nos jornais populares, e que as cores foram fundamentais para
informar 0leitor. Nao tanto no sentido estrito de informar, mas muito mais no de
compartilhar a informa¢o. Alguns detalhes sao reveladores. Ha, por exemplo, uma
diferenc;:aperceptivel na participa¢o das cores no Jornal do Brasil (figuras 5 e 6), mais
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Figura 4. Jornal E xtra / Rio de Janeiro
(14 fey. 2002), p. 8·9 (detalhe).
Figura 5. J amal do Br asil / Rio de Janeiro
(14 fey. 2002), p. 11 (detalhe).
Figura 6. Jamal do Brasil / Rio de Janeiro
(14 fey. 2002), capa.
Figura 7. Jornal E xt ra / Rio de Janeiro
(14 fey. 2002), capa.
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contida ou ausente, e no jornal popular Ext ra (f iguras 4 e 7). Neste, as cores verde e
rosa, simbolos de identidade da Mangueira, extrapolam os lirnites do registro f oto-
gd.f ico e invadem a tipograf ia e os outros elementos graf icos da pagina, como fun-
dos, bordas, fios, tabel~ etc. Assim, 0 jornal popular nao se contem na imparcialida-
de pregada por muitos para 0 jornalismo e "comemora".
Quase todos nos, que levamos 0cotidiano coordenados pela midi a, iden-
tificamos ascores verde e rosa com a escola de samba Estac;:aoPrimeira de Manguei-
ra. Em parte, isso se deve a combinac;:aoinusitada de cores, raramente utilizada em
outras mensagenwesse caso, que conhecimento novo estariamos ganhando? E
preciso esclarecer que a "primeira leitura" que se faz de uma capa de jornal e
comunicac;:aonao-verbal, ou mesmo pr-verbal. No todo do padrao visual, as cores
se antecipam as f ormas e aos textos / Quanto maior 0 potencial de informac;:ao
das cores (f orc;:asemantica e clareza na identif icac;:ao dos matizes), maior sera a
antecipac;:ao da informac;:ao cromatica em relac;:aoaos outros elementos figurati-
vos e discursivos do padrao. Se considerarmos que uma capa de jornal ou de revista
e inicialmente vista, muitas vezes, a uma distancia maior 0que quarydo esta nas
maos do leitor- ponanto, desfavoravel a "leltura" dos daailres-das-formas ilustrativas- - ---------,-.--_.e dos textos -, as cores irao inf ormar, em primeir~_mao, qual e a n()!.iCiaprincipal
da edic;:ao.Nao so a natureza informativa do jornal ou da revista e f avorecida, como
;;Sua natureza mercadologica:6 a atenc;:aodo leitor f oi conquistada.
Em 2003, a campea do carnaval do Rio de Janeiro foi a Beija-Flor de
Nilopolis. Azul e branco predominaram nas capas e paginas dos jornais cariocas,
com menos impacto. Tambem menor foi 0 tempo de retenc;:ao da vinculac;:ao
entre 0azul e branco e a Beija-Flor no noticiario e no repertorio social externo ao
6. Hanno Beth cita Max Weber, para quem a imprensa e "necessariamente uma empresa comercial
capitalista, privada", voltada para a satisfa~ao de dois tipos de clientes, 05 compradores do peri6di-
co e 05 anunciantes, e entre eles "as rela~6es redprocas mais peculiares" (Beth & Pross, 1987: 15).
(ita tambem 0 economista Karl Bucher, mais lac6nico e ir6nico: "0peri6dicoe uma empresa comer-
cial que eriaespa~opublicitario como mercadoria, 0 qual 56evendivel mediante uma parte redacional"
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Rio de Janeiro. Com efeito, isso nos mostra que 0 repert6rio e primariamente
adquirido por ap~endizagem, principalmente nesse caso em que as cores utiliza-
das tern forte carater simb6lico.7
Segundo Pross (Beth &Pross, 1987: 128), esse processo de aprendizagem, de
repert6rio comparativo, "vem determinado pela participa<;:a:ono processo de comu-
nica<;:a:o".Para ele, a origem e a existencia do homem se dao mediante a comunica<;:a:o.
< / Assim, as cores nao s6 nos informam sobre a assunto tratado, como po-
dem nos informar - no sentido resgatado por Vicente Romano (1998) de for-
mar, educar - e ajudar a construir nosso repert6rio.
o repert6rio alimentado e em expansao e tambem Fonte de novas infor-
may6es, considerando que "informay6es novas saD produzidas por sintese de
informay6es disponiveis" (Flusser, 1983: 58). A novidade ou originalidade que
caracteriza a informa<;:aotern como alicerce os c6digos de comunica<;:a:ocomparti-
lhados entre aquele que produz a informa<;:aoe 0publico a que se dirige. Ou seja,
o que em principio e reduzido ao repert6rio do receptor - e que tende ao menor
nivel de informayao - e potencialmente 0instrumento para a formayao repertorial
do leitor. Evidentemente, isso depende mais da intenyao daquele que produz e
veicula a informayao do que do leitor.
Alguns exemplos:
Durante a 17' Copa do Mundo de Futebol da Fif a (Federation Interna-
tionale de Football Association), em junho de 2002, 0 programa Globo Espor t e
7. Diante das v<i.riasdefini~6es para simbolo, de diversas correntes da semi6tica e da linguistica,
adotei, para este trabalho, a essencia do que Peirce define como simbolo: ser um signo "simples-
mente ou principal mente pelo fate de ser usado e compreendido como tal, quer seja 0 h<i.bitonatu-
ral ou convencional, e sem levar em considera~ao os motivos que originariamente orientaram sua
sele~ao" (Peirce, 1977: 76). E neste sentido que 0verde-rosa da Mangueira e de natureza simb6lica,
mesmo sabendo-se que tenha side motivada pelas cores medias das flores, frutos l! folhas da <i.rvore
que Ihe d<i.0 nome. Nas palavras de Anatol Rapoport (citado por Pross, 1987: 148), um simbolo deve
cumprir tres condi~6es: "Primeira, este algo deve perceber-se como coisa. Segundo, deve estar em
lugar de outra coisa. Terceiro, 0 que representa nao pode deduzir-se do simbolo mesmo; e uma
questao de h<i.bito,de acordo social ou de tradi~ao".
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da Rede Globo de Televisao apresentou 0 quadro8 chamado "A copa cor-de-
rosa", com materias jornaHsticas sob urn estereotipado enfoque feminino (figura
8). Como 0 direcionamento do quadro e para 0 universo feminino, e nao com-
parativo com 0 masculino, a oposi<;:aoazul-vermelho da lugar ao cor-de-rosa,que e uma conven<;:aoha muito tempo sedimentada para representar 0 universo
feminino, e certamente compartilhada pelos telespectadores do programa. Nesse
caso, refor<;:adapelo texto que the serve de suporte, e ao mesmo tempo aponta
para a sua propria visibilidade, a cor ajuda a contextualizar 0quadro como inter-
rup<;:aomomenranea no universo esportivo, caracterizado aqui como masculino.
Nesse exemplo, e possivel perceber 0 chiste provocado pelo uso da cor:
alem da sua evidente natureza feminina, 0rosa e uma cor freqlientemente utili-
zada para expressar 0 "mundo gay". Curiosa e a inversao9 de uma das aplica<;:6es
8. Aqui, quadro e "cada uma das se~6esque comp6em um programa de radio ou televisao" (Raba~a&
Barbosa, 2001: 609).
9. Para0 semioticista checo Ivan Bystrina, a inversao e um dos padr6es de solu~ao para a assimetria
dos c6digos culturais da comunica~ao. Segundo sua teoria semi6tica da cultura, a estrutura dos
c6digos culturais e fundada sobre oposi~6es: a estrutura e binaria, a binaridade e organizada em
polaridades, e a polaridade e assimetrica, ou seja, um dos p610se mais forte, geralmente 0 negativo
(Bystrina, 1989: 88-90). Mais informa~6es sobre 0 uso da teoria de Bystrina para a compreensao da
estrutura da cor como c6digo da comunica~ao podem ser encontradas em Guimaraes (2001); espe-
cificamente sobre a inversao dos c6digos das cores, nas paginas 87 a 98.
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simb6licas mais repudiaveis da hist6ria - 0 usa do triangulo rosa para identificar
os prisioneiroshomossexuais dos campos de concentrac;:ao da Alemanha nazista
(Hutter, in Mugmann, 2000) (figura 9) - na mais alegre cor das festas e manifes-
tac;:6esdos militantes homossexuais (figura 10), principalmente quando caracte-
riza as Drag-Queens. Mesmo assim, tal cor ainda e utilizada em mensagens de
discriminac;:ao sexual ou lida sob essa perspectiva.
Figura 9. Uniforme de prisioneiro de campo de co ncen trac;::ao com 0 tr iang ulo rosa que identificava as homossexuais.
(Stblzl, 1995: 468).
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Em sintese , e possivel notar que uma cor pode nos informar sobre inume-
ros fatos. A precisao da informac:;:aodepended pois da historia dessa cor, do
conhecimento pelo receptor da informac:;:aodessa historia e do contexto criado
pela apresenta<;:ao da noticia para "empurrar" a cor para 0 significado que se
espera que ela venha a f ormar. Sed quase sempre urn jogo entre uma macro e uma
micro-historia da cor, urn jogo entre significados permanentes e tempodrios, entre
signos fortes e signos fracos. Conscientes dessa vocac:;:aodinamica das cores, po-
deremos entender de- que forma uma cor como 0 rosa pode deixar para tds a
marca do nazismo, recuperar a sua natureza feminina, fazer urn aurochiste festivo
gay e, repentinamente (e temporariamente), voltar a ser utilizada de forma nega-
tiva, pejorativa em relac:;:aoa politica, como em 1995, quando vazou a informa-
<;:aodo Banco Central da Republica sobre a existencia de uma pasta co r -de-r osa
que, logo no primeiro ana do governo de Fernando Henrique Cardoso, revelou
a lista de politicos aliados que foram beneficiados com 0 recebimento irregular
de dinheiro para financiar campanhas eleitorais. Pela midia, 0 f ato se tornou
conhecido como 0"caso da pasta cor-de-rosa" e a cor passou a ser utilizada para
fazer referencia a ele (figuras 11 e 12), ate deixar de ser noticia durante0
ana de1996.
/ . • . . . .
. . . . . .. .. . . . . . : : ; , . . - =
Figura 11: Revista I s toE
(20 dez. 1995), capa.
Figura 12: Revista V e ja
(3 jan. 1996), p. 7 (detalhe).
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Nos quatro primeiros exemplos dados, procurei demonstrar: 1) como uma
cor-informa<;:ao se fortalece quando 0 repert6rio e totalmente compartilhado
(como ocorre no caso do cor-de-rosa no esporte); 2) como 0uso cotidiano da cor
pode pautarlO a midia, no uso da cor-informa<;:ao (como no caso da cor rosa
representando 0universo gay); 3) como 0 repert6rio e alimentado e alterado pela
hist6ria e sua natureza dinamica (como na passagem da cor rosa ern contexto de
discrimina<;:aoao de reaf irma<;:aosexual); 4) como a midia forma 0repert6rio do
receptor (como no caso da aplica<;:aodo rosa corn conota<;:aopejorativa na politi-
ca brasileira, precisarnente ern 1995).
Ern cada urn desses exemplos, pode-se observar uma rela<;:aodif erente en-
tre a produ<;:aoe a recep<;:aoda cor-informa<;:ao. Ern 1, no ato da comunica<;:ao,
tanto a midia (produtor) quanto 0 publico (receptor) ja tern 0 repert6rio
pronto para a compreensao de determinada cor-informa<;:ao, previamente ad-
quirido; ern 2, 0publico alimenta e incrementa 0 repert6rio da midia e, portan-
to, no ato da comunica<;:ao a midia apenas devolve a mesma cor-informa<;:ao
aplicada ern outras noticias; ern 3, a hist6ria da cor alimenta ao mesmo tempo 0
publico e a midi a; neste caso, tanto a midia pode reafirmar ou rememorar a cor
no repert6rio do publico, como pode ser alimentada, 0que a aproximaria ora de
1, ora de 2; ern 4, ou a midia aproveita a presen<;:ade uma cor que se destaca no
f ato a ser noticiado para criar uma nova cor-informa<;:ao (conjunto de significante
e significado) ou arbitrariarnente vincula uma cor ao f ato ou ao conceito que
po de ser abstraido do fato; apresenta repetidamente a nova informa<;:aoao publi-
co, formando e consolidando a cor-informa<;:ao. Toda simbologia, por ser con-vencional, implica aprendizagem. Ao contrario da aprendizagem natural, ern
qualquer situa<;:aode 4 a aprendizagem e induzida (ensinada), principalmente
corn a contribui<;:ao do carater peri6dico do jornalismo.
10. Nojargao jornalistico, "pautar" significa incluir determinado assunto na rela~ao (pauta) de noti-
cias a serem tratadas.
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Em outra exemplo, podemos reconhecer a incorporac;:ao de uma nova
cor-informac;:ao ao repert6rio do publico.
Logo ap6s 0atentado terrarista que derrubou as duas torres do World Trade
Center (Nova York - EUA), em 11 de setembro de 2001, a cobertura jornallsticadas principais revistas semanais mostrau predilec;:aopelo preto (principal mente em
f undos de pagina, com as letras "vazadas" ou "em negativo") e pelo vermelho (em
detalhes e dtulos, por exemplo). Naquele momento, eram as cores que melhor
podiam representar as ideias de terror e violencia/destruic;:ao(figuras 13 a 21).
A D E S C O B E R T A
J
Figura 13. Revista V eja (19 set. 2001 l, p. 48.
Figura 14. Revista Ep oca (17 set. 2001 l, p. 32-3.
Figura 15. Revista Foc u s (10 out. 2001), p. 40-1.
Figura 16. Revista Focus (22 set. 2001), p. 136-7.
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Figura 17. Revista fp o w (edi~aoextra, 12 set. 2001), capa.
Figura 18. Revista Istof (edi~ao extra, 15 set. 2001), capa.
Figura 1g. Revista V e ja (1g set. 2001), capa.
Figura 20. Revista Focus (15 set. 2001), capa.
Figura 21. Revista D e r Spi e g e l (15 set. 2001), capa.
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No entanto, assentada a poeira, nos desdobramentos da cobertura nas edi-
<;6esseguintes, 0noticiario se voltou tambem para questionar e / ou conhecer 0
mundo do Isla. Foi nesse momenta que a midia apresentou 0verde como uma
nova cor-informa<;ao, praticamente desconhecida, ou pelo menos fora de uso
corrente no Ocidente. Originaria entre os seculos VI e VII no verde da bandeira
do profeta Maome (com 0 desenho da lua crescente), a cor sagrada do islamismo
passou a figurar em algumas paginas de jornais e revistas do Ocidente: A revista
alema Focus apresentou 0 Isla como potencia mundial C W eltmacht Islam ) vincu-
lando a cor do islamismo a tipografia da manchete (figura 22). Outra revista
alema, Der Spiegel , utilizou a cor na tarja destaque de capa (f igura 23) e fortale-
ceu 0vinculo do verde com 0islamismo ao reproduzir tambem 0desenho da lua
crescente e estrela nas paginas internas (f iguras 24 e 25), podendo, posterior-
mente (nas edi<;6es de novembro), utilizar 0 verde em apenas alguns elementos
da pagina<;ao, como destaques e pequenos fundos de boxes (figura 26).
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_g~~f?~g~~~ ~~~§~~=:::: ''7:="..,::~ ''-.::~~~-::.~==~,";;:~~-=-::-..:-,¥~_.-.,-_...::=~~~~== :. . .~ ~ =..~
Figura 24. Revista D er S p ieg e l (8 out. 2001), p. 180.
Figura 25. Revista D er S p i ege l (15 out. 2001), p. 210.
Figura 26. Revista D e r Sp ie ge l (5 novo 2001), p. 38.
Durante 0 tempo em que 0atentado de 11 de setembro e a cayada aos
responsaveis foram pauta do jornalismo brasileiro, poucas foram as vezes em que
o verde do Isla esteve presente, como nas paginas da revista IstoE - "Uma inter-
nacional terrorista?" e "Ala tambem e brasileiro" (f iguras 27 e 28).
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Figura 27. Revista IstoE (19 set. 2001), p. 44-5.
Figura 28. Revista IstoE (19 set. 2001), p. 52-3.
De uma forma mais sutil, 0 jornal Folha de S. Paulo contrap6s 0verde do
Isla a ptesens;a marcante da bandeira american a (e suas cores) sobre 0 ceu (de
intenso azul) (figura 29). 0 verde deixou de ser a cor natural da lousa para iden-
tificar-se visualmente como cor do islamismo pela participas;ao de outros ele-
mentos da foro como a vestimenta da professora e os caracteres da escrita arabica.
Quando a cor-informas;ao nao e apresentada e incorporada ao repert6rio, essa
sutileza da informas;ao visual na maio ria das vezes nao e percebida pelo leiror.
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: ~ F O L H A D E S . P A U L O ,'I
Figura 29. Jornal F olh a de S . Paul o
(20 set. 2001), capa.
~Arefor~frotano golfo Persico
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~ Quando af irmei que a formac;:ao do repert6rio do publico depende malS
da intenc;:ao daquele que produz e veicula a informac;:ao do que do receptor, nao
me referi apenas a disponibilizac;:ao ou nao de novas informac;:6es ou a selec;:aoe
ao recorte de acontecimentos, operac;:6escorrentes do jornalismo, mas sobretudo
aos valores incorporados a informac;:ao que e veiculada. 4
Urn exemplo claro de como a composic;:ao grafica de uma pagma, e em
especial 0 usa da cor, incorpora outros valores a informac;:ao considerada princi-
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pal (0 texto) esta na substitui<;:ao do verde como melhor represema<;:aodo isla-
mismo (como vimos nas figuras 22 a 28) pela combina<;:ao preto-vermelho: na
revista Ve ja (figura 30),0 "mundo do Isla" e apresentado com essa mesma combi-
na<;:aode cores utilizada em toda a cobertura sobre 0atemado de 11 de setembro e
seus desdobramemos. Ponamo, nas paginas dessa revista, as cores configuraram
o mundo islamico como extensao do terrorismo. Em outro exemplo, na revista
alema Focus (figura 31), 0 ceu sobre Meca (samuario sagrado do islamismo, loca-
lizado na Arabia Saudita) recebe uma tenebrosa combina<;:ao vermelho-negro.l1
Figura 30. Revista Ve ja (26 set. 2001), p. 113.
Figura 31. Revista Focu s (l0 out. 200l), p. 250-1.
11.0 poeta alemao Johann Wolfgang von Goethe, autor da T eoria da s Cores ( F arbenlehre), de 1810, tam-
bem se refere ao vermelho como a cor do Juizo Final: " E bem possivel que no dia do Juizo Final essa
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J considerarmos que a "leitura" normal de uma pagina impressa se faz em
tres niveis diacronicos - 0primeiro, das imagens; 0segundo, dos utulos; e 0tercei-
ro, dos textos - percebe-se, nos dois exemplos, dois comportamentos editoriais
diferentes, embora semelhantes na escolha cromatief Na revista Focus , os tres nf-
veis indicam 0mesmo sentido de leitura: as cores negativas de urn ceu aterrador e
do fundo preto sob tipografia vazada correspondem ao conteudo do titulo - "Islam:
Die missbrauchte Religion" ("Isla: A religiao descomedida") - e ao conteudo do
texto que relata a guerra santa como fatar preponderante para adesao ao funda-
mentalismo.12 J a na revista v e ja , a negativiza<;:aoda informa<;:aopelas cores, mesmo
que justificada pela unidade que se pretendeu dar ao conjunto das materias daedi<;:aoque trataram do tema "guerra ao terror", nao corresponde ao que se espera
do conteudo da materia que e intitulada "0 mundo do Isla". Somente no inf cio do
texto (no terceiro nfvel de leitura) e que se concretiza a "abordagem de guerra"
seguida pela revista:
E , finalment e , d eve-se levar em cont a que, embora os islamit as em
sua maio r ia sejam pessoas paci ficas e gener osas , h d um gru po rad ical e
violento cuja influencia ent re os seguidores d e M aome vem se t ornando
mais im por t ant e a cad a ano. E que essegru po foi ca paz d e explod ir 0Wor ld
T rade Center, !cone do ca pit alismo , mat ando mais d e 6. 000 pessoas.
E muito comum, a partir da constata<;:aode que em varios casos pode nao
haver correspondencia entre 0 texto jornalf stico e a composi<;:ao visual que 0
Senhor e nao serao presas do temor, nem se atribuirao" (A/corda , "AI'Bacara", 2° Surata, Verslculo 62).
12. Embora esse se ja um exemplo de correspondencia entre 0conteudo do texto e as cores da composi-
~ao visual na paginas da revista, na mesma edi~ao da F oc u s nao ha correspondencia entre as cores e
os titulos da materia com a capa da edi~ao. Compare as cores da figura 31 com as da figura 22 (na
pagina 45).
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acompanha (ou the da suporte), surgirem questionamentos sobre a intencio-
nalidade de tal dissonancia e, conseqiientemente, sobre a etica jornalistica. Como
processo de investiga<;:aoe analise da produ<;:ao, deve-se primeiramente avaliar se
ha ou nao correspondencia entre os niveis de leitura. Interessa-nos particular-
mente 0 uso das cores na "leitura" da imagem em contraste com as informa<;:6es
verbais da composi<;:ao.A seguir, caso se ja constatado dissonancia, ten tar colocar
a prova se ela ocorre intencionalmente. Por fim, e preciso deduzir qual foi a
inten<;:aoque direcionou 0 trabalho. E imperioso, de todo modo, ter-se em conta
que a dissonancia pode nao ser intencional- provocada, por exemplo, por qual-
quer especie de erro - ou ser intencional, mas nao ser consciente. Caso se cons-
tate consonancia entre a significancia das cores e as mensagens embutidas no
texto, ha de s e procurar qual e a fun<;:aodas cores na composi<;:ao equal e a
inten<;:aoda mensagem como urn todo.
Em qualquer urn dos casos, de forma simples ou complexa, evidente ou
nao, a composi<;:aovisual de uma pagina impressa, de uma cena ou de uma tela da
web id transmitir uma serie de dados para 0leitor, telespectador ou internauta. A
informa<;:aoverbal nao e a unica a compor a mensagem em qualquer processo decomunica<;:aoverbal (escrito ou oral). A composi<;:aovisual, desde sua existencia e
apresenta<;:ao,id comunicar sobre algo. Ou se ja, "comunicar nao deve confundir-
se com algo em que se pode entrar ou sair a vontade" (Beth &Pross, 1987: 110).
Nada que tenha existencia flsica e seja percebido pode deixar de comunicar.
ominimo que se espera do born jornalismo e transparencia. 0leitor tern
o direito de saber por que determinada informa<;:aoIhe e transmitida, sob qual
ponto de vista ela foi estruturada, e com qual inten<;:ao.Ele tern ainda 0 direito
de saber qual e a natureza da informa<;:ao, principalmente quando e opinativa.
Como afirma Romano, "toda informa<;:ao e, por sua natureza, seletiva, e, por
conseguinte, serve a algum interesse" (Romano, 1993: 159). Cita ainda a defini-
<;:aode informa<;:aopelo I nforme MacBride da Comissao Internacional da Unesco: