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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES E CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS E FORMAÇÃO HUMANA Luiz Antonio Souza de Araújo PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS PARA PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Rio de Janeiro 2009

Luiz Antonio Souza de Araújo PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO ... · características do movimento inclusionista para a educação de alunos com necessidades especiais ... PDI – Plano

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  • UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

    CENTRO DE EDUCAO E HUMANIDADES E CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM POLTICAS PBLICAS E FORMAO

    HUMANA

    Luiz Antonio Souza de Arajo

    PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETNCIAS PARA

    PROFISSIONAIS DE EDUCAO FSICA NA EDUCAO DE CRIANAS COM

    DEFICINCIA INTELECTUAL

    Rio de Janeiro

    2009

  • 2

    CATALOGAO NA FONTE

    UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CEH/A

    Autorizo, apenas para fins acadmicos e cientficos, a reproduo total ou parcial desta tese.

    ___________________________________________ ________________

    Assinatura Data

    A 663 Araujo, Luiz Antonio Souza de.

    Programa de desenvolvimento de competncias para

    profissionais de Educaao Fsica de crianas com deficincia intelectual/

    Luiz Antonio Souza de Araujo

    134 f.

    Orientador: Francisco de Paula Nunes Sobrinho.

    Dissertao (mestrado) Universidade do Estado do Rio de

    de Janeiro. Programa de Ps-Graduao em Polticas Pblicas e

    Formao Humana.

    1. Distrbios da aprendizagem em crianas - Teses. 2.

    Deficincia Intelectual Teses. 3. Educao fsica para pessoas com

    deficincia - Teses. 4. Polticas pblicas Teses. I. Nunes Sobrinho,

    Francisco de Paula. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

    Programa de Ps-Graduao em Polticas Pblicas e Formao Humana.

    III. Ttulo.

    CDU 37.015.3

  • 3

    Luiz Antonio Souza de Arajo

    PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETNCIAS PARA

    PROFISSIONAIS DE EDUCAO FSICA NA EDUCAO DE CRIANAS COM

    DEFICINCIA INTELECTUAL

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de

    Ps-Graduao em Polticas Pblicas e Formao

    Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    PPFH/UERJ como requisito para obteno do Ttulo

    de Mestre em Polticas Pblicas e Formao Humana.

    Orientador: Francisco de Paula Nunes Sobrinho, Ph.D.

    Rio de Janeiro

    2009

  • 4

    Luiz Antonio Souza de Arajo

    Programa de desenvolvimento de competncias para profissionais de educao fsica na

    educao de crianas com deficincia intelectual

    Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de

    Ps-Graduao em Polticas Pblicas e Formao

    Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

    PPFH/UERJ como requisito para obteno do Ttulo

    de Mestre em Polticas Pblicas e Formao Humana.

    Aprovado em ____/____/2009.

    BANCA EXAMINADORA

    Francisco de Paula Nunes Sobrinho, Ph.D. UERJ

    Prof. Dr. Elosa da Silva Gomes de Oliveira UERJ

    Leila Regina dOliveira de Paula Nunes, Ph. D. UERJ

    Prof. Dr. Pedro Amrico de Souza Sobrinho - UFMG

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    Ao professor Francisco de Paula Nunes Sobrinho, pelo alto nvel tico, humano e de

    competncia profissional e pela demonstrao de apreo e respeito aos alunos e orientandos

    que buscam a luz do saber.

    Prof. Dr. Elosa da Silva Gomes de Oliveira, Prof. Dr. Leila Regina dOliveira

    de Paula Nunes, ao Prof. Dr. Pedro Amrico de Souza pela pronta e atenciosa disponibilidade

    em tomar parte de meu processo de mestrado.

    Aos amigos Juarez Andrade, Lauriana Paiva, Roberto Faria, Wilson Coutinho, Gisele

    Levy e Marcos Drea, por estarem presentes nesta longa caminhada.

    Aos incansveis Felipe, Luzinete, Maria, Pedro e Samira por estarem sempre prontos a

    atenderem nossas solicitaes com muito amor e carinho, durante todo o curso, e a todos os

    professores do programa, que nos brindaram com suas maravilhosas aulas no meu processo de

    formao, de modo especial Prof Dr. Deise Mancebo, Prof. Dr. Gaudncio Frigotto, Prof

    Dr Marise Ramos, Prof Dr Vnia Motta, Prof. Dr. Zacarias Jaeger.

    Superintendncia Regional de Ensino de Itajub, na pessoa da diretora Sr. Valria

    do Carmo Bento Borges, e a todos os funcionrios que colaboram direta ou indiretamente com

    a aplicao do Programa.

    Aos casais Ibson e Edna e Willian e Janaina, por estarem presentes nas horas mais

    difceis, compartilhando as dvidas, as alegrias, atravs de seus conselhos e incentivos.

    Me Maria, Pai Valmir, Irms Eliane e Elizabete, Jedson (cunhado e amigo),

    Amanda, Milena e Maria Luiza (sobrinhas), famlia que se descobre a cada dia!

    Ao Filho Rafael, que sempre foi razo do meu viver!

    Carolina, obrigado,

    Pelas folhas lidas...

    Por compartilhar sua existncia,

    Por comportar as diferenas!

    A Deus e Nossa Senhora, que me permitiram chegar at a presente jornada!

  • 6

    LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1 - Competncias como fonte de valor para o indivduo e para a organizao

    (Adaptado de Fleury; Fleury, 2001) ........................................................................................ 31

    ../../../Documents%20and%20Settings/Claudia/Configuraes%20locais/Documents%20and%20Settings/Francisco/Configuraes%20locais/Temporary%20Internet%20Files/OLK5/PPFH-UERJ-PROJETO%20DISSERTAO%209.doc#_Toc146681781

  • 7

    NDICE DE TABELAS

    TABELA 1 - Verificao de normalidade das notas obtidas no pr e ps-teste ...................... 54

    TABELA 2 Distribuio das notas no pr e ps-teste ............................................................ 54

    TABELA 3 Distribuio das respostas dadas na questo 1, durante o pr-teste, referentes s

    caractersticas do movimento inclusionista para a educao de alunos com necessidades

    especiais. ................................................................................................................................... 57

    TABELA 4 Distribuio das respostas dadas na questo 1, durante o ps-teste, referentes s

    caractersticas do movimento inclusionista para a educao de alunos com necessidades

    especiais. ................................................................................................................................... 58

    TABELA 5 Distribuio das respostas dadas na questo 2, durante o pr-teste, referentes

    aos traos de comportamento de pessoas com necessidades educativas especiais................... 59

    TABELA 6 Distribuio das respostas dadas na questo 2, durante o ps-teste, referentes

    aos traos de comportamento de pessoas com necessidades educativas especiais .................. 60

    TABELA 07 Distribuio das opes de resposta questo 3 no pr e ps-teste. .............. 61

    TABELA 08 Distribuio das respostas da questo 3 no pr-teste em funo das respostas a

    esta mesma questo no ps-teste ............................................................................................. 62

    TABELA 9 Distribuio das opes de resposta questo 4 no pr e ps-teste ................. 63

    TABELA 10 Distribuio das opes de resposta questo 5 no pr e ps-teste ................ 64

    TABELA 11 Distribuio das opes de resposta questo 6 no pr e ps-teste ............... 65

    TABELA 12 Distribuio das respostas da questo 6 no pr-teste em funo das respostas a

    esta mesma questo no ps-teste ............................................................................................. 67

    TABELA 13 Distribuio das opes de resposta questo 7 no pr e ps-teste ............... 68

    TABELA 14 Distribuio das opes de resposta questo 8 no pr e ps-teste ............... 68

    TABELA 15 Distribuio das opes de resposta questo 9 no pr e ps-teste ............... 69

    TABELA 16 Distribuio das opes de resposta questo 10 no pr e ps-teste ............. 69

    ../../../Documents%20and%20Settings/Claudia/Configuraes%20locais/Documents%20and%20Settings/Francisco/Configuraes%20locais/Temporary%20Internet%20Files/OLK5/PPFH-UERJ-PROJETO%20DISSERTAO%209.doc#_Toc146681781../../../Documents%20and%20Settings/Claudia/Configuraes%20locais/Documents%20and%20Settings/Francisco/Configuraes%20locais/Temporary%20Internet%20Files/OLK5/PPFH-UERJ-PROJETO%20DISSERTAO%209.doc#_Toc146681781../../../Documents%20and%20Settings/Claudia/Configuraes%20locais/Documents%20and%20Settings/Francisco/Configuraes%20locais/Temporary%20Internet%20Files/OLK5/PPFH-UERJ-PROJETO%20DISSERTAO%209.doc#_Toc146681781../../../Documents%20and%20Settings/Claudia/Configuraes%20locais/Documents%20and%20Settings/Francisco/Configuraes%20locais/Temporary%20Internet%20Files/OLK5/PPFH-UERJ-PROJETO%20DISSERTAO%209.doc#_Toc146681781../../../Documents%20and%20Settings/Claudia/Configuraes%20locais/Documents%20and%20Settings/Francisco/Configuraes%20locais/Temporary%20Internet%20Files/OLK5/PPFH-UERJ-PROJETO%20DISSERTAO%209.doc#_Toc146681781

  • 8

    NDICE DE GRFICOS

    GRFICO 1- Box- plot das notas no pr e ps-teste .......................................................... 54

    GRFICO 2 - Distribuio das respostas da questo 3 no pr e ps-teste. ............................... 63

    GRFICO 3 - Distribuio das respostas da questo 5 no pr e ps-teste. ....................... 65

    GRFICO 4 - Distribuio das respostas da questo 6 no pr e ps-teste. ........................ 66

  • 9

    LISTA DE ABREVIATURAS

    ABERGO Associao Brasileira de Ergonomia

    ACTIVE All Children Totally In Volved Exercising

    AEE Atendimento Educacional Especializado

    AET Anlise Ergonmica do Trabalho

    CBCE Colgio Brasileiro de Cincias do Esporte

    CEFD/UFSM Centro de Educao Fsica e Desporto da Universidade de Santa Maria

    CEC Council for Exceptional Children

    CONBRACEs Congresso Brasileiro de Cincias do Esporte

    DORT Doenas Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho

    EE Educao Especial

    EFA Educao Fsica Adaptada

    HLCM Health Leadership Competency Model

    IAA Instabilidade Atlanto-axial

    ICAN ICAN Primary Skills

    IDEA Individuals with Disabilities Education ACT

    MTARD Multi-disciplinary Team or Adimission Review, Dismissal

    IEP Individualized Education Program

    IMC ndice de Massa Corporal

    LER Leses Por Esforos Repetitivos

    LMICs Lowand Middle incom countries

    MOVE Mobility Opportunities Via Education

    NEE Necessidades Educacionais Especiais

    PDI Plano de Desenvolvimento Individual do Aluno

    PEFA Professor de Educao Fsica Adaptada

    PERT Programa de Avaliao Tcnicas de Reviso

    QI Quociente de Inteligncia

    RBCE Revista Brasileira de Cincias do Esporte

    SL Service Learning

    ULBRA Universidade Luterana do Brasil

    VBR Viso da Empresa Baseada em Recursos

  • 10

    SUMRIO

    1 INTRODUO ...............................................................................................................

    14

    1.1 O Conceito de Competncias: bases epistemolgicas e a contribuio da anlise........

    26

    1.2 Competncias e Educao Fsica: as interfaces de conhecimento.................................

    31

    1.3 Educao Fsica Adaptada e Incluso Educacional: o que as pesquisas demonstram...

    38

    1.4 Objetivo Geral ...............................................................................................................

    48

    1.5 Objetivo Especfico .......................................................................................................

    48

    1.6 Hipteses da Pesquisa ...................................................................................................

    48

    2 MTODO.........................................................................................................................

    49

    2.1 Participantes .................................................................................................................

    49

    2.2 Local .............................................................................................................................

    49

    2.3 Instrumentos de medida ...............................................................................................

    49

    2.4 Delineamento da Pesquisa ...........................................................................................

    50

    2.5 Planejamento da Pesquisa .............................................................................................

    51

    2.6 Avaliao do Programa de Competncias ....................................................................

    51

    2.7 Avaliao Diagnstica ..................................................................................................

    52

    2.8 Procedimentos Gerais ...................................................................................................

    52

    2.9 Procedimentos Especficos ...........................................................................................

    53

    2.10 Materiais e equipamentos ...........................................................................................

    53

    3 RESULTADOS ...............................................................................................................

    54

    4 DISCUSSO E RECOMENDAES ..........................................................................

    70

    REFERNCIAS .................................................................................................................

    86

    ANEXO A Cronograma da Pesquisa ...............................................................................

    94

    ANEXO B - Carta de Apresentao a SRE Itajub.............................................................

    95

  • 11

    ANEXO C Termo de Participao em Pesquisa Cientfica 1..........................................

    97

    ANEXO D Termo de Participao em Pesquisa Cientfica 2..........................................

    98

    ANEXO E Termo de autorizao de imagem ................................................................

    99

    ANEXO F Parecer de tica da UERJ ..............................................................................

    100

    ANEXO G - Programa de desenvolvimento de competncias para professores da

    Educao Fsica na educao de crianas com deficiencia intelectual ..............................

    101

    ANEXO H Cronograma .................................................................................................

    108

    ANEXO I - Programa de desenvolvimento e competencia para profissionais de

    Educao Fsica na educao de crianas com deficiencia intelectual Plano de

    Trabalho .............................................................................................................................

    112

    ANEXO J Programa institucional ..................................................................................

    116

    ANEXO K Questionrio scio-demogrfico .................................................................

    119

    ANEXO L Pr-teste .......................................................................................................

    120

    ANEXO M Formulrio de avaliao dos encontros ......................................................

    124

    ANEXO N Exerccios de fixao ..................................................................................

    125

    ANEXO O Estudo de caso ..........................................................................................

    126

    ANEXO P Ps-teste ......................................................................................................

    129

    ANEXO Q Certificado de concluso do curso .............................................................

    133

  • 12

    RESUMO

    ARAUJO, L.A.S. Programa de desenvolvimento de competncias para Profissionais de

    Educao Fsica na educao de crianas com Deficincia Intelectual, 2009. Dissertao de

    Mestrado em Polticas Pblicas e Formao Humana do Centro de Educao e

    Humanidades e Centro de Cincias Sociais Programa de Ps-Graduao de Mestrado em

    Polticas Pblicas e Formao Humana, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ

    Rio de Janeiro, RJ. Dezembro de 2009.

    O objetivo desta pesquisa avaliar os efeitos de um programa de desenvolvimento de

    competncias para o ensino, em profissionais de Educao Fsica que atuam na educao de

    crianas com Deficincia Intelectual. Trata-se de competncias essenciais que esses

    profissionais devem demonstrar no processo de incluso e de garantia de permanncia dessas

    crianas no contexto escolar. Esta pesquisa teve como participantes 40 (quarenta) professores

    de Educao Fsica, lotados na Superintendncia Regional de Educao Estadual SRE,

    localizada em um municpio da regio sul do Estado de Minas Gerais, e que atuam nas escolas

    pblicas estaduais. Os 40 (quarenta) professores de Educao Fsica referidos foram

    escolhidos aleatoriamente pelo pesquisador principal, constituindo o denominado grupo

    experimental, ou seja, aqueles profissionais que frequentaram, efetivamente, as sesses do

    programa de desenvolvimento de competncias. Estes participantes da pesquisa foram

    acompanhados e avaliados durante o programa instrucional. Foi empregado um delineamento

    de pesquisa estatstica do tipo pr-teste e ps-teste, aplicados no incio e ao final do programa

    para se verificar o nvel de entrada ou de competncias (conhecimento, habilidades e

    atitudes). Esta metodologia agrega tcnicas de aes planejadas e orientadas de interveno

    em situaes educacionais e tem sido aproveitada como instrumento para a aplicao,

    implantao e implementao de programas e projetos de polticas pblicas em educao

    continuada. Nveis de eficcia foram obtidos por sistemas de avaliao instrucional

    individualizada. Os resultados da pesquisa apontam que a mediana das notas no pr-teste foi

    de (7,5) pontos no ps-teste de (8,8) pontos, sendo detectada diferena significativa (Z=

    4,641, p = 0,00) entre elas. A nota no ps-teste foi estatisticamente maior quando comparada

    nota do pr-teste e, portanto houve ganho de competncias pelos participantes, em funo

    do treinamento docente realizado. Na anlise dos resultados foi observado somente um

    outlier no ps-teste, o que evidencia a existncia de um nico individuo destoante do grupo.

    Os resultados sugerem tambm a necessidade de implementao de um plano diretor de

    Mapeamento de Competncias na proposio de aes de polticas pblicas em educao

    continuada para os profissionais de Educao Fsica e de outros que atuam na educao de

    crianas com necessidades educacionais especiais.

    Palavras-chave: crianas com Deficincia Intelectual; desenvolvimento de competncias;

    educao fsica adaptada, polticas pblicas em educao especial.

  • 13

    ABSTRACT

    ARAUJO, L.A.S. Program development skills for physical education professionals in the

    education of children with intellectual disabilities, 2009. Dissertation in Public Politics and

    Human Development - Education Center and Center for Humanities and Social Sciences

    Program Graduate Master of Public Politics and Human Development, Universidade do

    Estado do Rio de Janeiro - UERJ - Rio de Janeiro, RJ. December 2009.

    This study aimed to evaluate the effects of a program to develop skills for teaching in

    Physical Education professionals working in education for children with Intellectual

    Disabilities. Besides the essential skills, these professionals must demonstrate the process of

    inclusion and ensure the continuation of these children in the school context. This research

    had as participants 40 (forty) physical education teachers, put at the Regional Superintendent

    of Education State - SRE, located in a municpio in southern Minas Gerais state, and

    working in public schools. The forty (40) physical education teachers were randomly referred

    to by the principal, and is called the experimental group, ie, those professionals who attended,

    in fact, the sessions of the development skills progam. These participants were monitored and

    evaluated during the instructional program. A research design statistics of the type pre-test

    and post-test was used applied at the beginning and the end of the program at the same time to

    verify the entry level or competence (knowledge, skills and attitudes). This methodology

    combines planned techniques, targeted intervention in educational situations and has been

    exploited as a tool for application deployment and implementation of programs and projects

    of public policy on continuing education. Levels of effectiveness were obtained by systems of

    individualized instructional evaluation. The survey results indicate that the median of the

    notes in the pretest was (7.5) points in the post-test (8.8) points, and detected a significant

    difference (Z = 4.641, p = 0,00) between them. The grade in the post-test was statistically

    higher when compared to the grade in the pre-test, and therefore the participants obtained

    skills, due to the conducted teacher training. In the analysis of results only one "outlier" in the

    post-test was observed, which demonstrates the existence of a single individual discordant

    group. The results also suggest the need to implement a master plan for mapping skills in

    proposing public policy actions in continuing education for professionals in physical

    education and others working in the education of children with special educational needs.

    Keywords: children with intellectual disabilities, development of skills, adapted physical

    education, public politics.

  • 14

    Nada lhe posso dar que j no exista em voc mesmo.

    Nada lhe posso abrir outro mundo de imagens alm

    daquele que h em sua prpria alma. Nada lhe posso dar

    a no ser a oportunidade, o impulso, a chance. Eu o

    ajudarei a tornar visvel o seu prprio mundo, e isso so

    tudo. (HERMANN HESSE)

    1 INTRODUO

    O objetivo desta pesquisa avaliar os efeitos da aplicao de um programa de

    desenvolvimento de competncias para o ensino, no repertrio de comportamento de

    profissionais de Educao Fsica, que atuam na educao de crianas com deficincia

    intelectual. Trata-se de competncias essenciais que esses profissionais devem demonstrar no

    processo de insero e de incluso, de garantia e de permanncia dessas crianas no contexto

    escolar. Neste sentido, as pesquisas apontam a relevncia de programas neste nvel e as

    implicaes que o tema suscita no universo das prticas pedaggicas desses profissionais.

    Diversos autores demonstraram interesse em pesquisar sobre o tema (APENS; LUO;

    CALHON; DOLLET; SINIORIS; WAINO; BUTLER; GRIFFTIH; WRADEN, 2008;

    BISHOP; DRIVER, 2007; MULLER, 2006; MARCON; SCHLEMMER; KUTCHER;

    CHEHIL; CASH; MILLAR, 2005; ALMEIDA; RICH; KREBS, 2004; VODOLA, 1975), o

    que contribuiu, sobremaneira, na busca de respostas vlidas entre as propostas pedaggicas e

    o trabalho docente, tecendo as interfaces de conhecimento entre humanizao, educao,

    competncia e trabalho.

    Nesta perspectiva, APENS (Adapted Physical Education National Standards - 2008)

    uma instituio americana que trabalha com a certificao de competncias de Professores de

    Educao Fsica Adaptada, que, em recente artigo, remonta s razes dessa profisso, a cujos

    profisisionais os mdicos inicialmente prescreviam exerccios teraputicos em uma tentativa

    de corrigir ou melhorar "handicaps". O Campo da Educao Fsica Adaptada passou por

    transformaes ao longo dos sculos. Nesse contexto, um nmero expressivo de

    investigaes minuciosas foi realizado, trazendo luz mtodos eficazes para a adaptao da

    Educao Fsica no atendimento s necessidades das pessoas com deficincia intelectual. O

    treinamento daqueles que atuam em Educao Fsica Adaptada evoluiu para nveis com maior

    exigncia.

    Luo (2008) realizou estudo com o objetivo de identificar as competncias

    neurolinguisticas para um melhor desempenho dos profissionais da rea de Educao Fsica

    Adaptada na educao de crianas com deficincia intelectual. Esta pesquisa foi conduzida

  • 15

    considerando-se o exame das percepes prticas das competncias neurolingsticas

    descritas na literatura. Com base nos resultados da pesquisa, o referido autor elaborou uma

    lista na qual priorizava as competncias, dividindo-as em trs categorias: a) competncia de

    referncia neurolingstica de mdia independncia; b) competncias de referncia especfica

    para referncias de dilogo; c) competncias de referncia no importante em referncia de

    dilogo. Nas trs categorias, foram realizadas avaliaes nas quais os participantes da

    pesquisa receberam pontuaes maiores que cinco e meio (5,5) e menos que sete (7,0). O

    autor concluiu que estas categorias podem ser definidas como competncias essenciais para a

    prtica de dilogos de referncias1 e utilizadas em programas de treinamento para melhorar a

    performance do professor de Educao Fsica na educao de crianas com deficincia

    intelectual.

    Conforme (CALHOUN; DOLLETT; SINIORIS; WAINIO; BUTLER; GRIFFITH;

    WARDEN, 2008), foi desenvolvida uma pesquisa sobre o modelo de competncias de

    liderana de sade (HLCM) e da influncia deste modelo na performance do professor de

    Educao Fsica no setor industrial da sade. Relatam estes autores que, durante a ltima

    dcada, houve um crescimento acentuado da Educao Fsica, considerando-a como uma

    subrea das cincias da sade, e a presena deste profissional de suma importncia neste

    setor.

    A exigncia na performance tanto individual quanto organizacional em profissionais

    de Educao Fsica foi objeto de vrias pesquisas do Instituto de Medicina dos EUA, que

    elaborou um programa de desenvolvimento de competncias para profissionais da rea de

    sade, tendo como objetivo a melhoria, naquele pas, da qualidade de sade de pessoas com

    deficincia. Como metodologia, inicialmente foi realizada uma entrevista, focada na anlise

    comportamental, sendo utilizada uma escala de avaliao psicomtrica. A aplicao dessa

    escala na rea de sade foi mantida por reviso adicional de literatura, atravs de estudos

    detalhados de textos-pilotos, e na anlise prtica. O modelo foi direcionado a trs categorias

    bsicas de domnio de 26 itens de competncias tcnicas e comportamentais, em que se

    identificou que cada competncia composta de indicadores e nveis de comportamento

    prescritos no desenvolvimento e avaliao de processos individuais de carreiras, sejam elas de

    graduao e/ou especializao. O modelo identifica e apia oportunidades de aperfeioamento

    de liderana na rea de sade, tanto em ambientes acadmicos como prticos.

    1 As competncias de dilogo referem-se capacidade de comunicao que o professor de Educao Fsica deve

    apresentar, ao trabalhar com crianas com deficincia intelectual. Isto uma capacidade neurolingistica.

  • 16

    As pesquisas de Bishop; Driver (2007) foram desenvolvidas com o propsito de

    proporem princpios especficos para o professor de Educao Fsica Adaptada, de como

    implementar o Service-learning (SL), ou seja, servios de aprendizagem em uma classe de

    Educao Fsica Adaptada (EFA). Para formulao desses princpios, os autores construram

    as seguintes categorias: a) determinao dos objetivos de aprendizagem; b) as metas do

    componente de SL; c) os contatos com os centros de SL nas universidades; d) as agncias

    contatadas e e) a incorporao do SL em sala de aula. Os resultados obtidos constataram que o

    SL um servio relevante para a comunidade acadmica em ambiente educacional e que

    muitos campos de estudos vm incorporando o SL na estruturao dos currculos de seus

    cursos. Esse estudo indicou tambm que o SL traz inmeros benefcios aos estudantes, tais

    como: a) exposio a diferentes abordagens de aprendizagem; b) oportunidades para aplicao

    prtica do conhecimento obtido em sala de aula e c) a explorao da carreira no entendimento

    mais profundo do currculo.

    Muller (2006), em sua dissertao de mestrado, verificou que, desde a promulgao da

    nova Lei de Diretrizes e Bases para a educao brasileira, em 1996, (LDB 9.394/96), o Brasil

    tem passado por reformas curriculares nos mais diversos nveis de ensino. No nvel superior,

    e em especial nas licenciaturas, a realidade no foi diferente, pois, aps a promulgao da

    referida lei 9.394/96, que instituiu mudanas para a formao de professores que atuam no

    ensino bsico, elaborou-se a resoluo CNE/CP 01 de 18/02/2002, que descreve as

    orientaes necessrias montagem do currculo de formao de professores, considerando as

    diversidades de cada regio da nao, bem como a especificidade de cada rea do

    conhecimento. A resoluo CNE/CP 01, de 18/02/2002, sinaliza a necessidade de se trabalhar

    com a coerncia entre a formao oferecida e a prtica esperada do professor, ao utilizar o

    conceito de simetria invertida, que o ncleo do processo educativo deva ser a formao por

    competncias e que os contedos devero ser suporte para o desenvolvimento dessas

    competncias. Essa resoluo cita ainda a importncia da pesquisa para o processo de ensino e

    de aprendizagem do futuro docente. Os aspectos apresentados por essa resoluo do mais

    nfase no ato metodolgico da ao-reflexo-ao e que so encontrados nos argumentos de

    autores como (TARDIF, 2002; HARGREAVES, 2002; KINCHELOE, 1997; NVOA, 1995;

    SCHN, 1995)

    Ao observar os aspectos sobre a coerncia entre a formao e a prtica, Muller (2006)

    depara-se com a questo da reforma curricular dos cursos de Educao Fsica, em especial

    porque as diretrizes da formao especfica da Educao Fsica s foram promulgadas em

    2004. Nesse sentido, o autor teve por objetivo verificar se as reformas curriculares dos Cursos

  • 17

    de Licenciatura em Educao Fsica atendiam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a

    formao de professores da educao bsica, no que se refere concepo de formao do

    professor reflexivo/crtico. E como estas reformas curriculares foram realizadas, a partir das

    seguintes questes: a) qual a participao dos docentes e discentes na construo dessas

    reformas curriculares? b) qual o embasamento terico das reformas e em que mudou a

    formao do futuro docente? c) o novo currculo possibilita a formao do professor reflexivo

    crtico? A metodologia desse estudo teve como base a pesquisa qualitativa com nfase no

    estudo de caso. A coleta de dados foi realizada atravs de entrevistas semi-estruturadas,

    documentos e dirio de investigao. Foram analisadas duas universidades conceituadas na

    regio da grande Porto Alegre, que apresentam tradio na formao de licenciados em

    Educao Fsica. As categorias analisadas foram: organizao administrativa das

    universidades, processo de reforma e formao de professores. Na ltima categoria,

    analisaram-se as concepes levantadas e os vestgios do conceito professor reflexivo.

    Marcon (2005), em seus estudos sobre formao de professores de Educao Fsica e

    sua prtica pedaggica, evidencia que a realizao de atividades de prtica pedaggica tem

    sido proposta na legislao, por desempenhar um papel fundamental na construo de

    competncias pedaggicas dos estudantes-professores, bem como na articulao adequada

    entre teoria e prtica. No entanto, as investigaes realizadas sobre esta temtica no tm

    apresentado resultados satisfatrios sobre os aspectos intervenientes da sua operacionalizao

    nos cursos de Licenciatura em Educao Fsica.

    Marcon (2005) props, em seu estudo, identificar os elementos constituintes das

    atividades de prtica como componente curricular que contribuem para a construo das

    competncias pedaggicas dos estudantes-professores na formao inicial em Educao

    Fsica. Ele optou pela realizao de estudo de caso com abordagem qualitativa dos dados,

    atravs de uma avaliao retrospectiva dos estudantes-professores sobre as prticas

    pedaggicas vivenciadas nas disciplinas desportivas na formao inicial. Participaram do

    estudo dez professores-formadores, responsveis pelas disciplinas desportivas do curso de

    Licenciatura em Educao Fsica da Universidade de Caxias do Sul RS, e dez estudantes-

    professores egressos desse curso. Os estudantes-professores foram escolhidos

    intencionalmente entre aqueles que haviam participado de todas as modalidades de prticas

    pedaggicas e de acordo com o desempenho acadmico no curso. Os instrumentos utilizados

    para a coleta das informaes foram anlise documental e entrevista, esta realizada tanto com

    os estudantes-professores, quanto com os professores-formadores. Na anlise dos dados foram

    empregados os procedimentos de anlise de contedo, bem como a triangulao, a partir da

  • 18

    anlise documental das entrevistas e do referencial bibliogrfico. A apresentao e anlise das

    informaes concentraram-se sobre as seguintes categorias: a) ministrar aulas para os colegas;

    b) analisar as prticas pedaggicas entre os estudantes-professores; c) verificar as prticas

    pedaggicas com alunos da comunidade na formao dos estudantes-professores e d)

    demonstrar a relao teoria e prtica nas prticas pedaggicas com os colegas e com a

    comunidade. Os resultados do estudo evidenciaram a importncia da realizao das atividades

    prticas para a formao dos professores - tanto as prticas desportivas, quanto as prticas

    pedaggicas - desenvolvidas com os colegas e com os alunos da comunidade. A realizao

    do planejamento das aulas, a possibilidade de aproximao do contexto escolar, o

    acompanhamento do professor-formador, as reflexes e os debates sobre a prtica pedaggica,

    a insero lenta e gradativa no mundo da docncia como preparao para os Estgios

    Supervisionados e a descoberta da vocao para ser professor foram considerados como

    elementos constituintes da prtica como componente curricular, que mais contribuem para o

    desenvolvimento das competncias pedaggicas dos estudantes-professores. A partir dessa

    investigao, o autor sugeriu o aprofundamento dos estudos sobre as prticas pedaggicas,

    atravs da realizao de pesquisas no ambiente natural, e por um perodo prolongado, com o

    objetivo de elucidar os elementos intervenientes no processo de construo do conhecimento

    pedaggico do contedo na formao inicial em Educao Fsica.

    Nos estudos de Schlemmer (2005), sobre a formao do professor de Educao Fsica,

    verificou-se que tal formao baseia-se ainda numa concepo reducionista, percebida atravs

    de aulas descontextualizadas ou dirigidas performance humana. preciso que que se tenha

    uma formao de qualidade e dirigida para a valorizao da curiosidade, que incentive a

    tomada de conscincia do corpo vivido, ou seja, de experincias motoras. Tambm

    necessria uma definio sobre as competncias que o professor dever ter para desenvolver

    essas experincias motoras, na tomada de conscincia do corpo vivido por seus alunos. O

    ensino deve ser planejado a partir da especificao do que se quer obter e com o que preciso

    lidar (isto , com a realidade com a qual se tomar contato) para se obter os resultados de

    interesse. Todo esse processo assegurado, na medida em que o professor tem clareza acerca

    de seus objetivos. Mas, infelizmente, o que se observou exatamente a incerteza do que se

    pretende ensinar. Com o objetivo de analisar as relaes entre a legislao vigente, o

    desenvolvimento das competncias nos cursos de Educao Fsica e sua derivao na atuao

    profissional dos egressos nos anos iniciais, Schlemmer (2005) realizou uma pesquisa com o

    objetivo de identificar que ponto de partida adotado pelos professores de Educao Fsica,

    para definir o que ensinar e tambm para conhecer as dificuldades que esses profissionais

  • 19

    enfrentam com relao aos saberes docentes necessrios para a atuao em anos iniciais, alm

    de saber o que preciso para lidar com a realidade existente. Inicialmente foram conduzidas

    entrevistas com professores da rede municipal da cidade de Passo Fundo-RS, que atuam em

    anos iniciais. Alm disso, foram realizadas observaes das aulas, para averiguar a coerncia

    com o planejamento de ensino. Para uma anlise sobre as competncias abordadas no ensino

    superior, foram identificadas as disciplinas dos currculos de Educao Fsica relacionadas

    com os anos iniciais e analisados os planos de ensino. Os resultados do estudo apontam que a

    formao oferecida apresenta lacunas que podem comprometer o desempenho dos futuros

    profissionais e, consequentemente, a qualidade do ensino nos anos iniciais. Pode-se constatar

    que ainda no ficou bem claro como dever ser o futuro da Educao Fsica. Entretanto, fica a

    certeza da necessidade da construo de um currculo que tenha o ser humano como um ser de

    relaes, cooperativo, solidrio e conhecedor da prpria natureza. Os dados obtidos, aliados

    definio de objetivos de ensino mais claros, podero se constituir em referencial slido para

    a definio de competncias a serem desenvolvidas nos cursos de formao em Educao

    Fsica.

    Kutcher; Chehil; Cash; Millar (2005) desenvolveram pesquisas com o objetivo de

    descrever um modelo de competncias baseado especificamente no ensino de habilidades de

    sade mental, necessrias a profissionais de pases de renda mdia e baixa Low and Middle

    income countries (LMICs). O modelo combinava um treinamento de sade mental associado

    s necessidades nacional e/ou regional, destinado ao uso por todos os profissionais dos

    diferentes nveis do sistema de sade (incluindo-se o professor de Educao Fsica Adaptada).

    O modelo tambm definiu a estrutura de experimentao que envolve a criao de uma equipe

    multidisciplinar encaixada no sistema nacional e/ou regional de sade (temos como exemplo a

    presena do profissional de Educao Fsica dentro da equipe de sade da famlia no PSF

    (Programa de Sade da Famlia) em nosso pas. O programa consistiu em um nmero de

    mdulos destinados melhoria das competncias de sade mental para esta variedade de

    profissionais da sade. Esses mdulos esto ligados a um nmero de ferramentas utilizadas

    clinicamente por facilitar o conhecimento transferido para dentro de um quadro clnico,

    enquanto, coincidentemente, apresenta-se como alternativa de desenvolvimento de

    competncias de sade mental para os diversos profissionais que atuam na rea de sade,

    como os profissionais de Educao Fsica.

    Almeida (2004), em seus estudos, primeiramente, faz um breve histrico sobre a

    formao de professores para Educao Especial no Brasil. Em seguida, apresenta e discute os

    principais aspectos da legislao brasileira sobre a formao de professores para a Educao

  • 20

    Especial. Finalmente, so apresentadas as competncias que devem ser contempladas nos

    cursos de formao de professores para a Educao Especial no Brasil e as competncias

    estabelecidas pelo CEC USA (Conselho da Criana Excepcional Estados Unidos), que

    tm servido como parmetros para a formao de professores para Educao Especial em

    vrios pases. O autor, conclui que um professor bem formado, principalmente com base nas

    competncias apresentadas, estaria apto a atender qualquer criana, independente de sua cor,

    raa, cultura e tipo de deficincia que apresenta.

    Pesquisadores internacionais j desenvolveram pesquisas e publicaram artigos sobre a

    necessidade da montagem de programas e mtodos de Educao Fsica Adaptada, como

    Winnick (2004), que, em seu artigo sobre a organizao e gerenciamento de programas de

    Educao Fsica Adaptada e Esportes Adaptados, aponta que uma boa organizao e

    administrao caracterizam-se por planos escritos, os quais atuam como guias de

    implementao, baseados em leis, regras, normas, procedimentos e prticas, para

    aperfeioamento dos programas. O autor apresenta ainda informaes que podem ser

    empregadas na elaborao de diretrizes ou planos dividindo-as em quatro categorias: a)

    orientao programtica e curricular, b) procedimento administrativos, c) recursos humanos e

    d) avaliao do programa.

    A esse respeito, Rich (2004), em seus estudos, escreve sobre as estratgias de

    instruo na Educao Fsica Adaptada e demonstra que diversos fatores influenciam na

    eficincia do ensino na rea de Educao Fsica e dos esportes adaptados. Os professores que

    so capazes de utilizar vrias abordagens e mtodos de ensino, combinando-os com as

    necessidades de aprendizagem dos alunos, conseguem estruturar melhor o ambiente de

    aprendizagem, de modo a garantir a satisfao e o sucesso. A flexibilidade permite que os

    professores ensinem o mesmo contedo de maneiras diferentes, possibilitando que o ensino

    seja adaptado plenamente s necessidades individuais do aluno. Permite tambm que os

    professores aperfeioem o desenvolvimento das habilidades, ao implementar corretamente os

    princpios da aprendizagem motora. Nesse sentido, o autor utilizou as categorias anlise de

    tarefas, anlise de atividades ou modificaes na atividade, tcnicas que so teis para

    ajudar os professores a atingirem as metas dos aprendizes e a se adaptarem s suas

    necessidades. As tcnicas organizacionais e metodolgicas permitem que os professores

    aumentem ao mximo as possibilidades de aprendizagem, relativizando a proporo

    aluno/professor e estruturando experincias de aprendizagem independentes. Foram

    desenvolvidos vrios recursos de planejamento de ensino, com o objetivo de suprir

    necessidades individuais. O I CAN, o modelo de ensino Data Based Gymnasium, o Projeto

  • 21

    ACTIVE, o M.O.V.E. e o Habilidades Corporais: Currculo de Desenvolvimento Motor, o

    Physical Best, o Teste Brockport de Aptido Fsica (e seu programa de treinamento) e

    tambm o Moving to Inclusion so alguns exemplos desses recursos. Alm desses modelos

    comportamentais, os professores podem adotar a orientao humanista para a Educao

    Fsica. Esses recursos so uma ajuda valiosa para os professores de Educao Fsica na

    elaborao de programas de qualidade em sua disciplina, para aperfeioar a aprendizagem e a

    incluso das pessoas que apresentem necessidades especiais.

    Krebs (2004) teve como objetivo elaborar mtodos de ensino, testes e atividades

    adequadas para as pesoas com deficincia e tambm abordou resumidamente programas

    planejados e selecionados, considerados importantes para alunos com deficincia intelectual.

    Para tanto, o autor baseou-se nas provas das Olimpadas Especiais, que exercem grande

    influncia sobre as oportunidades de ensino e competio para crianas e adultos com

    deficincia intelectual, constatando que tais provas fazem parte dos principais programas

    ligados Educao Fsica e ao esporte de pessoas com deficincia intelectual. As Olimpadas

    de 2000, para atletas de elite com deficincia intelectual, foram realizadas em Sydney, na

    Austrlia, logo aps as Olimpadas. A maior parte das pessoas com deficincia intelectual tem

    participado (e continua participando) com sucesso de experincias ligadas Educao Fsica e

    ao esporte. Percebe-se que a discusso sobre a formao de Professores de Educao Fsica na

    educao de pessoas com deficincia, atravs do desenvolvimento de competncias, vem

    sendo objeto de pesquisa de vrios autores ao longo desses anos.

    Preocupado com estas mesmas questes, de formao de professores de Educao

    Fsica, Baggio (2000) desenvolveu pesquisas com o objetivo de investigar quais as

    contribuies da prtica curricular do Centro de Educao Fsica e Desporto da Universidade

    Federal de Santa Maria (CEFD/UFSM), em relao ao desenvolvimento das competncias

    necessrias aos futuros professores de Educao Fsica para a promoo da autonomia em

    suas prticas pedaggicas. Para efetivar este estudo o autor selecionou categorias a priori a

    partir da matriz terica do trabalho. So elas, Currculo, Educao Fsica Escolar e

    Competncia. Para efetivar a pesquisa realizou-se um estudo de caso, fazendo uso de

    entrevistas semiestruturadas com 23 professores e 20 formandos, seguindo um roteiro que se

    orientou em questes pedaggicas. A estratgia metodolgica para a investigao

    compreendeu: a anlise das propostas das vias oficiais para a Educao Fsica Escolar; a

    anlise do documento "O Currculo do Curso de Educao Fsica"; e a anlise das entrevistas

    realizadas com os formandos e professores. Na interpretao dos dados foram utilizadas as

    tcnicas de anlise de contedo e tambm a triangulao de dados. Os resultados do estudo

  • 22

    apontam que a falta de discusso sobre o currculo configura um quadro que revela as mais

    variadas posies diante do que seja a prtica curricular do curso e uma falta de clareza sobre

    o tipo de formao pretendida. Os resultados da pesquisa apontam a necessidade de discusso

    aprofundada sobre os objetivos do CEFD/UFSM, do seu compromisso social e de suas

    intenes na construo do Projeto Poltico Pedaggico (PPP) mediante a participao de toda

    a comunidade.

    A Clearinghouse Nacional2 de Profisses em Educao Especial (1996), em pesquisa

    realizada sobre a profisso de professor de Educao Fsica Adaptada, descreve o papel deste

    profissional, analisa a natureza do trabalho, as qualidades pessoais que os professores

    deveriam apresentar, suas perspectivas de emprego e progresso na carreira, e como se

    preparar para uma carreira como um professor de Educao Fsica Adaptada. Enfatiza ainda

    que os Professores de Educao Fsica so de extrema importncia no processo de ensino e de

    aprendizagem de alunos que apresentam deficincia Intelectual3 leve, moderada, severa e

    profunda, na incluso e na participao em aulas de Educao Fsica. Os resultados da

    pesquisa apontam que os professores de Educao Fsica baseiam-se em diagnsticos de

    mdicos, psiclogos, socilogos e de avaliaes do processo educacional desses profissionais.

    Que se baseiam tambm no estudo da natureza e das causas das deficincias em matria de

    polticas de atividades fsicas e que os requisitos exigidos para um professor de Educao

    Fsica adaptada variam conforme o Estado. A esse respeito, cerca de 17 estados americanos

    tm requisitos especficos de certificao para professores de Educao Fsica Adaptada, que

    normalmente inclui um bacharelado em educao fsica com 6/18 crditos e algum tipo de

    prtica na Educao Fsica Adaptada. Na Educao Fsica Adaptada os professores precisam

    acreditar no valor dos exerccios fsicos, devendo ser capazes de motivar todos os estudantes

    em uma aula inclusiva.

    Vodola (1975), em seus estudos sobre Educao Fsica Adaptada, desenvolveu um

    manual de treinamento de competncias para professores - Developmental and Adapted

    Physical Education: A Competency-Based Teacher Training Manual, apresenta um manual de

    treinamento de competncias para professores que atuam no Projeto ACTIVE (onde todas as

    2 A Clearinghouse Nacional - uma instituio americana especialista em pesquisas sobre a atuao profissional

    do professor de Educao Fsica e desenvolve vrios cursos de atualizao e capacitao para os profissionais

    desta rea. 3 A Associao Americana de Retardo Mental , desde seu manual de definio e classificao de 1992 at o atual

    manual de definio, classificao e sistema de apoios mantm o termo retardo mental. Pois, depois de muitas

    deliberaes de vrios grupos, no se chegou a um consenso sobre um termo alternativo e aceitvel, que

    signifique a mesma coisa. (AMMR, 2002 prefcio)

  • 23

    crianas so totalmente envolvidas nos exerccios). Este projeto foi designado para treinar

    educadores na organizao, conduo e avaliao de programas de Educao Fsica

    individualizados, personalizados, para crianas com deficincia intelectual, do maternal at a

    escola secundria. Os primeiros trs captulos desse manual cobrem as caractersticas de um

    programa bem sucedido de treinamento de competncias, resumo para um programa de

    professor em servio e PERT (Programa de Avaliaes Tcnicas de Reviso), guias network4

    para desenvolvimento de programa (incluindo listas de checagem de programas de atividades,

    cobrindo vrias condies especiais). Os oito captulos restantes de seu manual do

    informaes sobre definies, objetivos comportamentais, testes, avaliao e prescrio, bem

    como avaliao de experincias de aprendizado dos alunos, relacionadas s seguintes

    condies especiais: baixa vitalidade fsica, baixa habilidade motora, desvios posturais,

    deficincias nutricionais, deficincia intelectual e problemas de aprendizagem, disfunes

    respiratrias, comprometimentos ou disfunes motores e/ou limitaes e dificuldades de

    comunicao. O apndice inclui uma lista de necessidades de proviso e equipamentos,

    licena mdica, programas bsicos de atividades e um teste para o maternal. O autor conclui

    que este manual de treinamento de competncias para professores de fundamental

    importncia para um trabalho de qualidade no atendimento de crianas com deficincia

    intelectual5.

    Conforme apontado pela literatura a respeito da formao do Professor de Educao

    Fsica Adaptada, com base na certificao de competncias, h pesquisadores preocupados

    tambm com este assunto, no sentido da formao, da gesto e da interveno reflexiva deste

    educador especial.

    Aranha; Leite (2005), na pesquisa sobre a Interveno Reflexiva: instrumento de

    formao reflexiva do educador especial, demonstram a ocorrncia de mudanas na prtica

    pedaggica de uma professora, durante o perodo em que se fez a reflexo terico-

    metodolgica sobre essa prtica luz de proposies da Psicologia Scio-Histrica. Foram

    realizados 20 encontros reflexivos com uma professora da Educao Especial, a partir da

    anlise de gravaes das situaes ocorridas em sala de aula. As discusses promovidas

    4 Guias Network = rede, trabalho em rede, cruzamento, entrecruzamento, cadeia, entrelaamento. Fonte:

    http://translate.com.br/#/pt/network%OD%OA acesso em 15/11/2009. 5 A partir do ano de 2004, o termo Deficincia Intelectual por recomendao da Organizao das Naes

    Unidas (ONU) vem substituir o termo Deficincia Mental para evitar confuses com o termo Doena

    Mental, que um estado patolgico de pessoas que tm o intelecto igual ao da mdia, mas que, por algum

    problema, acabam temporariamente sem us-lo em sua capacidade plena. (Revista Nova Escola , Jun/jul/2009,

    p.93)

    http://translate.com.br/#/pt/network%OD%OA

  • 24

    compreendiam aspectos relacionados ao processo de ensino e de aprendizagem na atividade

    docente. Foram examinadas as locues verbais da professora e observados indcios de

    mudana, no que se refere ao foco de ateno, quando esta analisava seus problemas

    pedaggicos na considerao da multideterminao dos problemas de ensino e de

    aprendizagem, na concepo de aluno, no mtodo de ensino, no estabelecimento e valorizao

    da relao professor-aluno e na interao dos alunos. Os resultados obtidos sinalizaram que a

    interao reflexiva mostrou-se um instrumento til para a formao continuada de

    professores.

    O estudo de Cruz (2005) assentou-se na implementao de um programa de formao

    continuada, destinado a professores de Educao Fsica do municpio de Londrina, no Paran,

    com os seguintes objetivos: a) acompanhar os modos como professores do componente

    curricular Educao Fsica lidam em suas aulas com a proposta de incluso escolar de alunos

    que apresentam necessidades educacionais especiais e b) demonstrar como um programa de

    formao continuada pode aprimorar o instrumental do professor de Educao Fsica, com

    vistas elaborao de respostas s provocaes lanadas por uma perspectiva educacional

    inclusiva. A pesquisa teve como base os pressupostos metodolgicos da pesquisa-ao e de

    grupo de focalizao ou grupo focal. Dezesseis professores de Educao Fsica, da rede

    pblica municipal de ensino de Londrina, constituram Grupo de Estudo/Trabalho com foco

    nas questes relativas interveno do professor de Educao Fsica em ambientes escolares

    inclusivos. Foram realizados encontros quinzenais, nos anos de 2002 e 2003. Para efeito de

    coleta de dados, foram adotados na dinmica do Grupo: entrevistas coletivas, observaes e

    anlises de aulas registradas em VHS e dirios de campo reflexivos. Os dados foram

    coletados atravs de fotografias, radiografia e cinematografia do Grupo. Os resultados

    preliminares evidenciam contradies importantes de serem superadas no ambiente escolar, e

    que se refletem na prtica pedaggica dos professores de Educao Fsica a alunos com

    necessidades especiais em contextos educacionais que se pretendem inclusivos. Os resultados

    indicaram tambm que os procedimentos relacionados implementao de programas de

    formao continuada, assim como a realizao de pesquisas numa perspectiva relacional, so

    de extrema relevncia para a aquisio de competncias. Deste modo, o autor sugeriu ser de

    fundamental importncia que a autonomia profissional seja exercida, no sentido de fortalecer

    a autoria de projetos pedaggicos que garantam o processo de escolarizao de nossos alunos.

    Essa conjugao do exerccio responsvel da autonomia com a autoria de projetos

    pedaggicos efetivos pode sustentar a autoridade profissional do professor de Educao Fsica

  • 25

    dentro da escola. A incluso escolar de alunos que apresentam necessidades especiais , neste

    sentido, uma provocao que no pode ser ignorada.

    Carvalho (2005) discute, em seus estudos sobre a abordagem interdisciplinar da

    Educao Fsica na formao para a cidadania, que a atual estrutura social apresenta uma

    enorme complexidade, dada a necessidade de integrao e interdependncia entre os

    processos de desenvolvimento individuais e coletivos, com maior noo de abertura, novos

    hbitos e valores, enfim, com uma nova viso de realidade. Isso requer uma articulao das

    informaes e dos conhecimentos, a fim de proporcionar o desenvolvimento integral desta

    estrutura. A formao escolar, e em particular a formao proporcionada pela Educao

    Fsica, aparece como fundamental nesse momento. A superao de seus paradigmas e a

    reformulao de seus contedos e metodologias essenciais formao humana leva-nos ao

    desenvolvimento do homem em sua dimenso individual e coletiva. A Educao Fsica,

    numa abordagem interdisciplinar, surge como elemento fundamental na integrao de

    contedos no s escolares, como cotidianos, promovendo um conhecimento abrangente.

    Dessa forma, estud-la, com base em parmetros para sua aplicabilidade na construo de

    conhecimentos significativos, assume um importante papel na formao integral do indivduo

    e da sociedade. Mediante a realizao de uma pesquisa quantitativo-qualitativa, com

    professores de Educao Fsica e alunos do ensino fundamental, e observaes para anlise e

    interpretao dos resultados de forma integrada, o autor teve como objetivo demonstrar que a

    Educao Fsica escolar, dentro de um carter interdisciplinar, se faz necessria nas

    instituies de ensino, como forma de abordagem multidimensional, com anlises de

    situaes em seus mais variados aspectos, sem fragment-las, como se fossem partes isoladas

    do todo. Dessa forma, essa "unio" entre a Educao Fsica e as demais disciplinas e seus

    contedos, aliada contextualizao e problematizao constantes da realidade vivida,

    podem edificar os conhecimentos necessrios vivncia e convivncia contemporneas.

    Essa multiplicidade de informaes, enfocada nas vrias formas possveis, permite o

    desenvolvimento das competncias individuais e coletivas, ao estabelecer relaes entre

    indivduo, sociedade e mundo atual. Essas relaes permitem, alm do desenvolvimento

    cognitivo e acadmico individualizados, a capacitao para enfrentar as situaes cotidianas e

    profissionais cada vez mais complexas e presentes dentro da educao fsica escolar.

    As pesquisas de Azevedo; Barros (2004) analisaram a relevncia da gesto esportiva

    em nvel federal para que o esporte fosse efetivamente institucionalizado a indivduos com

    deficincia, como importante instrumento de incluso social. Metodologicamente, quanto aos

    fins, foi uma pesquisa descritiva, e, quanto aos meios, foi uma pesquisa aplicada.

  • 26

    Historicamente o esporte no tem representatividade e relevncia dentro das estruturas

    federais, o que pode ser comprovado pela grande alternncia de vinculao com os mais

    diversos setores da administrao. Ao longo das pocas e em toda a humanidade, o acesso ao

    esporte pelos indivduos com deficincia sempre foi limitado por barreiras estruturais, de

    equipamentos, e essencialmente de ordem social. Os resultados da pesquisa apontaram que o

    fato de o esporte no possuir uma identificao especfica na estrutura governamental

    compromete qualquer poltica pblica esportiva, com reflexos ainda mais expressivos nas

    iniciativas direcionadas aos indivduos portadores de deficincia, cujas representatividades e

    influncia poltica pela prpria situao da deficincia so muito inferiores s de outros

    grupos esportivos organizados. A existncia de um ministrio especfico para planejar e gerir

    o esporte nacional aponta, em tese, para uma ateno maior aos grupos com menor potencial

    de influncia poltica, mas de extrema eminncia social.

    Com base na literatura revisada, sobre o modo como so abordadas as competncias

    pelos pesquisadores, assim como as discusses sobre a formao do Profissional de Educao

    Fsica na educao de crianas com deficincia intelectual, percebe-se que o tema central e

    inquestionvel destes autores est na formao continuada deste profissional, tendo como um

    dos fatores fundamentais a necessidade de preparao especfica para o desempenho desta

    funo, com atuao autnoma e de qualidade, e que esteja diretamente ligada certificao

    de competncias a serem desenvolvidas pelos profissionais de Educao Fsica, na educao

    de crianas com deficincia intelectual. No entanto, percebe-se que no existe uma definio

    consensual sobre o conceito de competncia capaz de responder s seguintes questes: o que

    competncia? Quais so elas? E como desenvolv-las? Essas perguntas sugerem uma lacuna

    na formao do profissional de Educao Fsica, que deve ser preenchida atravs de pesquisas

    que ofeream respostas conclusivas sobre o assunto.

    1.1 O CONCEITO DE COMPETNCIAS: bases epistemolgicas e a contribuio da

    Anlise Ergonmica do Trabalho (AET)

    O tema competncias vem recebendo crescente ateno por parte de pesquisadores

    e gestores que atuam em reas focadas no Comportamento Organizacional. Na prtica, a

    operacionalizao deste conceito ocorre nos chamados modelos de competncia. No entanto,

    tais modelos costumam ser problemticos, pois assumem conceitos de competncias

    conflitantes. Fernandes; Fleury (2007), em artigo recente, discutiram o conceito de

  • 27

    competncia enquanto fundamento de prticas de gesto de pessoas, analisaram os conceitos

    relacionados, ao investigarem a evoluo dos modelos de competncia vis--vis, e testaram

    empiricamente um deles. Ao argumentar que, para implantar um modelo de competncias de

    forma eficaz, conveniente relacionar a idia de competncia as noes como espao

    ocupacional, agregao de valor e nvel de complexidade no trabalho realizado, a pesquisa

    emprica, realizada em empresa do setor de saneamento, confirma a importncia de vincular

    competncia s noes citadas e evidencia a fragilidade de modelos que prescindem desses

    conceitos.

    Pesquisas realizadas em anos anteriores vm corroborando as afirmaes de Fernandes

    ; Fleury (2007). o caso de Fernandes (2004), que, em sua tese de doutorado, abordou o tema

    competncias, tendo como objetivo, a partir dos princpios da Viso da Empresa baseada em

    Recursos (VBR), examinar a seguinte questo: que recursos afetam a performance

    organizacional em uma dada situao, ao considerar a performance segundo as quatro

    perspectivas do modelo balanced escorecard? Como participante da pesquisa foi escolhida a

    Companhia de Saneamento Paranaense. O trabalho teve como foco principal a competncia

    humana. Os resultados obtidos pela pesquisa apontam que a competncia individual no

    importa nesta empresa. As principais causas apontadas so: as pessoas podem ser

    competentes, mas se coordenadas adequadamente; a competncia no se converte em

    performance; e que, em nvel operacional, as normas podem ser o maior mecanismo de

    coordenao e at mais importantes do que a competncia humana. Os resultados da pesquisa

    sugerem, ainda, que sejam realizados estudos futuros em empresas neste campo de

    conhecimento, das quais a competncia humana possa emergir como um dos fatores de maior

    fora.

    Dornelles (2008), em seu estudo sobre a avaliao de competncias docentes do curso

    de Educao Fsica da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA Gravata), teve como foco

    principal a interveno pedaggica dos docentes do curso de Educao Fsica da ULBRA

    Gravata. Como metodologia, utilizou-se da pesquisa qualitativa, num corte transversal,

    objetivando traar um perfil descritivo das percepes dos acadmicos do curso sobre a

    atuao dos docentes. A amostra constituiu-se de 219 acadmicos do curso de Educao

    Fsica da ULBRA Gravata. A ferramenta utilizada foi um questionrio estruturado,

    composto por dez questes que foram respondidas pelos acadmicos do curso. Os resultados

    do estudo apontam que o curso foi considerado de bom nvel pela comunidade discente e

    docente e que o relacionamento interpessoal entre docentes e discentes o ponto mais forte do

    curso. Os resultados tambm revelam a contradio existente em um dos alicerces do curso,

  • 28

    que o incentivo pesquisa cientifica. Segundo os participantes da pesquisa este fato

    acontece, mas pouco incentivado pelos docentes.

    Os resultados das pesquisas de Roque; Elia; Motta (2004) relatam que a abordagem

    por competncia tem sido o centro das discusses sobre as reformas educacionais. O objetivo

    desse trabalho investigativo foi descrever o desenvolvimento de uma ferramenta de avaliao

    a ser utilizada a partir de uma plataforma virtual de ensino distncia, com a finalidade de

    auxiliar os professores a verificarem as competncias desenvolvidas pelos alunos em cursos

    distncia, baseada na web. O resultado da pesquisa aponta que, entre os principais aspectos

    da noo de competncias que norteiam o processo de elaborao de uma avaliao de

    aprendizagem, est o fato de as competncias serem sempre descontextualizadas e

    observveis em situaes especficas e de que as competncias so verificadas a partir da

    aplicao dos conhecimentos. enfatizada a necessidade de uma anlise aprofundada dos

    ambientes gerenciadores de contedo.

    luz da contribuio da anlise ergonmica do trabalho (AET) sobre o tema

    desenvolvimento de competncias, Benedetti; Ouriques (2007) realizaram um estudo sobre a

    anlise do posto de trabalho do professor de ginstica6 de uma determinada academia da

    cidade de Florianpolis. A metodologia empregada foi a Anlise Ergonmica do Trabalho

    (AET). Os instrumentos utilizados foram: entrevista, observao direta, observao de normas

    e medidas de rudo. Como participantes da pesquisa foram selecionados oito (8) professores,

    que atuam com ginstica. Destes profissionais foram entrevistados seis (6) professores e a

    observao direta foi utilizada com uma professora de ginstica ao longo de sua jornada de

    trabalho. Em relao rotina de trabalho da professora observada, os resultados do estudo

    evidenciaram que, em trs dias da semana, ela ministra 07:35 horas/aula frente aos alunos e,

    aps 40 min., se desloca para outra academia da rede. Por duas vezes na semana, essa

    professora ministra 4 horas/aula frente aos alunos. Os resultados desse estudo demonstraram

    que os professores sentem cansao fsico, mental e desgaste vocal, principalmente quando se

    aproxima o final de semana. Sentem-se irritados e agressivos, com o passar dos anos de

    trabalho. A maioria dos professores foi enftica em dizer que se sente feliz profissionalmente,

    embora esteja descontente com o salrio. A academia no fornece roupas, calados e cursos

    de reciclagem para os professores. No foram constatados problemas relativos s DORT e

    6 Conforme a Lei Federal 9696, a denominao correta Profissional de Educao Fsica.

  • 29

    LER. A falta de adequao do ambiente de trabalho e a questo econmica podem dificultar

    os professores no desempenho de funes acadmicas.

    Medeiros (2008) teve como objetivo verificar a percepo do supervisor

    educacional/coordenador pedaggico, em relao ao ambiente fsico da sala de aula, nas

    escolas da rede municipal de ensino de Belo Horizonte e tambm obter pistas para a melhoria

    desse ambiente. Entendendo que o supervisor um dos agentes do processo educativo e que

    faz a conexo entre a administrao, a rea pedaggica e a sala de aula e que suas

    informaes foram importantes para a investigao da ergonomia, a pesquisa contou com a

    participao de 100 supervisoras. Como instrumento de coleta de dados, foi utilizada a

    entrevista semi-estruturada, aplicada somente pelo pesquisador. Atravs dos dados coletados

    nas entrevistas, que abordam os aspectos do ambiente fsico da sala de aula, pode-se afirmar

    que h consenso quanto s respostas e o grau de importncia por elas atribuda. Porm, h

    uma grande concentrao de respostas em relao ao grau de preocupao/ateno

    dispensadas aos seguintes aspectos: apoio para os ps, quantidade de alunos por sala, postura

    corporal adotada pelos alunos na sala de aula e rudo externo; dados que sugerem a

    necessidade de observao acurada e, talvez, interveno dos rgos competentes.

    J Amado (2000), preocupada com o alto ndice de afastamento de professores da

    Rede Municipal de Ensino de Florianpolis-SC, desenvolveu um estudo a partir do contexto

    histrico da educao no Brasil, relacionando os afastamentos aos conceitos de ergonomia. O

    trabalho teve como foco principal a relao entre a organizao do trabalho e a sade dos

    professores. A abordagem metodolgica foi o estudo de caso em uma escola da Rede

    Municipal de Florianpolis-SC, que apresentava altos ndices de afastamento dos professores

    por motivo de sade em relao s outras escolas da rede. Atravs da anlise ergonmica do

    trabalho (AET), a autora realizou um levantamento das atividades docentes, com o qual se

    constatou que a deficincia de recursos materiais, de recursos humanos e de melhor preparo

    acadmico desses profissionais aumentava a carga cognitiva desses sujeitos dentro de suas

    atividades dirias. Os resultados do estudo demonstraram ndices elevados de professores

    com transtornos psicolgicos, originados pelo acmulo das vrias funes exercidas em uma

    atividade, na qual a carga de responsabilidade era muito grande, associada ainda com a

    desvalorizao da profisso perante a sociedade. Demostraram ainda que estas doenas

    evoluem de acordo com o tempo de trabalho desses professores.

    Assim sendo, necessrio desenvolver alguns princpios e conceitos sobre o tema

    competncias. Fleury; Fleury (2001) sustentam que, nos ltimos anos, o tema competncia

    vem sendo desenvolvido nos meios acadmicos, empresariais e institucionais, associados a

  • 30

    diferentes instncias de compreenso e propoem o entendimento deste conceito atravs das

    relaes de estratgias nos processos de aprendizagem organizacional. No entanto, o nvel de

    compreenso deste termo se d em trs instncias:

    Da pessoa = competncia do indivduo;

    Das organizaes = as core competencies;

    Dos pases = sistemas educacionais e formao de competncias.

    Neste sentido, competncia um processo de senso comum, que tem como objetivo

    designar uma pessoa qualificada para realizar alguma atividade. Sinalizam os autores que a

    pessoa que no possui competncia estar ou se encontrar marginalizada dos circuitos de

    trabalho e de reconhecimento social, mesmo que temporariamente.

    Para Mccelland (1973), competncia uma caracterstica subjacente a uma pessoa,

    que casualmente relacionada com o desempenho superior na realizao de uma tarefa ou em

    determinada situao, de trs formas:

    Competncias de Aptides = talento natural da pessoa, o qual pode vir a ser aprimorado;

    De habilidades = demonstrao de um talento particular;

    De conhecimento = que as pessoas precisam saber para desempenhar uma tarefa.

    O conceito de competncia refere-se ao conjunto de conhecimentos, habilidades e

    atitudes (isto , conjunto de capacidades humanas) que justificam um alto desempenho,

    acreditando-se que os melhores desempenhos esto fundamentados na inteligncia humana e

    na personalidade das pessoas. Neste caso a ABERGO (Associao Brasileira de Ergonomia,

    2001) define competncia, da seguinte forma: [...] como uma combinao de atributos que

    sublinham algum aspecto de desempenho profissional de sucesso. (p.1)

    Assim, o conceito de competncia est intimamente relacionado ao conceito de

    qualificao, que proporciona um referencial necessrio para se trabalhar a relao

    profissional indivduo - organizao. A qualificao usualmente definida pelos requisitos

    associados posio, ou ao cargo, ou pelos saberes ou estoque de conhecimento das pessoas,

    os quais podem ser classificados e certificados pelo sistema educacional. J a competncia

    definida como um saber agir responsvel e reconhecido, que implica mobilizar, integrar,

    transferir conhecimentos, recursos e habilidades, os quais agregam valor econmico

    organizao e valor social ao indivduo (FLEURY; FLEURY, 2001).

    Essas definies podem ser verificadas conforme quadro abaixo:

  • 31

    Competncias como fonte de valor para o indivduo e para a organizao

    Competncias para o Profissional

    Quadro 1 - Competncias como fonte de valor para o indivduo e para a organizao

    (Adaptado de Fleury; Fleury, 2001)

    1.2 COMPETNCIAS E EDUCAO FSICA: as interfaces do conhecimento

    Em artigo recente sobre Educao Fsica Adaptada (EFA), a Adapted Physical

    Education Standards (2008) define aquela como sendo a arte e a cincia de desenvolver e

    implementar um Programa Educacional cuidadosamente desenvolvido para pessoas que

    apresentam deficincias (incapacidades), baseados em uma avaliao ampla (integral), para

    desenvolver nessas pessoas as habilidades necessrias e experincias prazerosas, atravs de

    atividades recreativas e esportivas na busca de sua melhora fsica, e proporcionando uma

    melhor qualidade de vida para as mesmas (AUXTER; PYFER; HUETTING, 2001). Nesse

    sentido o Professor de Educao Fsica Adaptada a pessoa responsvel pelo

    Saber agir Saber o que e por que faz,

    Saber julgar, escolher, decidir.

    Saber mobilizar recurso Criar sinergia e mobilizar recurso e competncias.

    Saber comunicar Compreender, trabalhar, transmitir informaes,

    conhecimentos.

    Saber aprender Trabalhar o conhecimento e a experincia, rever

    modelos mentais; saber desenvolver-se.

    Saber engajar e comprometer-se Saber empreender, assumir riscos.

    Comprometer-se

    Saber assumir responsabilidades Ser responsvel, assumindo os riscos e consequncias

    de suas aes e sendo por isso reconhecido.

    Ter viso estratgica Conhecer e entender o negcio da organizao, o seu

    ambiente, identificando oportunidades e alternativas.

    Organizao

    Agregar valor

    Saber agir

    Saber mobilizar

    Saber transferir

    Saber aprender

    Saber se engajar

    Ter viso estratgica

    Assumir responsabilidades

    Indivduo

    Conhecimentos

    Habilidades

    Atitudes

    Ha Social Econmico

  • 32

    desenvolvimento de um plano de ensino apropriado para as pessoas com deficincia. O

    Professor de Educao Fsica Adaptada (PEFA) um educador fsico, com um nvel de

    treinamento alto no que se refere avaliao de competncias motoras, aptido fsica, jogos,

    lazer e habilidades esportivas. O Profissional de Educao Fsica (PEFA) deve apresentar as

    competncias necessrias para desenvolver um programa de Educao Fsica Adaptada (EFA)

    individualizado e implement-lo. Pois a Educao Fsica Adaptada (EFA) um componente

    curricular obrigatrio nos servios de educao especial (USCA 1402-25). Portanto o termo

    Educao Especial significa especialmente Instruo Designada, sem custos para os

    responsveis, a fim de entrar em contato com as necessidades nicas de uma pessoa com

    deficincia, incluindo os seguintes aspectos: a) instruo conduzida em sala de aula, no lar,

    em hospitais e em outros ambientes; b) instruo em EFA segundo as normas federais que a

    definem como o desenvolvimento de: a) aptido fsica e motora; b) habilidades motoras

    fundamentais; c) desenvolvimento de habilidades aquticas, de dana, de jogos individuais e

    esportes para a vida toda.

    O Conselho de Educao dos EUA, na preparao de pessoal para o trabalho com

    pessoas com deficincia, aprovou as seguintes recomendaes para competncias em

    Educao Fsica Adaptada: a) conhecimento das caractersticas motoras, comportamentos e

    sequncias de desenvolvimento (desde o nascimento at a idade de 25 anos) associadas aos

    vrios aspectos do desenvolvimento motor normal; b) conhecimento neurolgico de controle

    motor normal e patolgico, e dos mtodos de integrao para o processo de ensino-

    aprendizagem de EFA, para pessoas no ambulatoriais e pessoas com deficincias mltiplas;

    c) habilidades em avaliao psicomotora e uma variedade de tcnicas e procedimentos para a

    implementao de um programa de EFA individual e d) conhecimento de mtodos e materiais

    para o desenvolvimento de habilidades organizacionais e de aptido fsica, habilidades

    motoras fundamentais e habilidades aquticas, de dana, jogos e esportes individuais e em

    grupos para pessoas com deficincia ou problemas motores. As responsabilidades que um

    especialista em EFA assume so as seguintes: a) provedor de servios diretos de ensino-

    aprendizagem; b) especialista em avaliao motora ampla e integral de pessoas com

    deficincia, propondo recomendaes na construo de programas especficos de EFA; c)

    consultor de EFA e de E.E (Educao Especial), a fim de providenciar instrues nesta rea

    para pessoas com deficincia Intelectual; d) membro do comit que ajuda a desenvolver o

    Plano Eduacacional individualizado (IEP), atravs do Multi-disciplinary Team or Admission,

    Review, Dismissal, ou seja, responsvel por admisso de equipe multidisciplinar nos domnios

    psicomotor; e) defensor de alunos e pais e f) coordenador de programa que desenvolve

  • 33

    materiais curriculares, consultor para identificar as necessidades de pessoas com deficincia e

    monitorar progressos no IEP. Assim, se faz necessrio ressaltar quais os especialistas ou as

    especialidades que fazem parte dessa equipe multidisciplinar e que so provedores de servios

    diretos, ou seja, profissionais identificados nas leis federais como tendo responsabilidades

    educacionais bsicas na educao de pessoas com deficincia, como: terapeuta ocupacional,

    Fisoterapeuta, terapeuta recreacional e fonoaudilogo. Tambm existem outros profissionais

    que podem oferecer servios de educao direta para pessoas com deficincia. Inclui-se aqui o

    educador especial, numa viso de especialista no trabalho com pessoas que apresentam

    deficincia.

    A reautorizao do Individuals with Disabilities Education - ACT (1999) inclui

    orientao e mobilidade de especialistas para ajudar alunos que apresentam deficincia, a fim

    de desenvolver nestes as habilidades necessrias. A funo bsica da equipe multidisciplinar

    que oferece os servios de aprendizagem assegurar que os objetivos educacionais do

    Individual Education Plan (IEP), ou seja, do Plano Educcional Individualizado, seja atingido,

    propiciando pessoa com deficincia autonomia na realizao de suas tarefas do dia-a-dia,

    contribuindo, desta forma, para sua qualidade de vida.

    Corroborando essa publicao, o Department of Education Louisiana EUA, em

    artigo intitulado como Educational Improvement Assistance - Adapted Physical Education

    (Aperfeioamento e Assistncia Educacional em Educao Fsica Adaptada (1992) ressalta

    que a Educao Fsica uma rea curricular obrigatria para todos os alunos em Lousiana,

    EUA. uma parte essencial do programa de educao bsica, que contribui para o

    desenvolvimento do indivduo por inteiro, na qual dada a todo o aluno a oportunidade de

    participar de um programa de Educao Fsica especialmente planejado, se necessrio for.

    Neste sentido, um programa bem planejado, com sequncias didticas claras e definidas,

    contribui significativamente para a experincia de aprendizagem de todos os alunos,

    particularmente de alunos com alguma deficincia.

    A EFA especialmente planejada para a educao de alunos com deficincia, ou seja,

    que apresentam dificuldades e que no conseguem, seguramente ou com sucesso, envolver-se

    em atividades vigorosas sem restries do programa de Educao Fsica regular e para

    crianas de trs (3) a cinco (5) anos de idade, que apresentam dificuldades ou problemas

    especficos.

    Em Lousiana, o estilo de EFA requerido pelo departamento de educao (Department

    of Education), deve seguir os seguintes requisitos bsicos como: a) avaliao e instruo so

    providenciados por um professor certificado em EFA; b) apenas alunos com deficincia, cujas

  • 34

    necessidades esto documentadas de acordo com os critrios sero includos no programa e c)

    se o planejamento est de acordo com as razes (propores/objetivos) do aluno e professor

    segundo o Bulletin 1706, Regulation for Implementation of the Children with Exceptionalties

    Act. Assim sendo, a filosofia de trabalho em EFA, para alunos com deficincia no

    Departamento de Educao em Louisiana, combinar os mtodos mais prticos e de mais

    sucesso que o Sistema Educacional como um todo tem para oferecer. A equipe de Professores

    de Educao Fsica trabalha junto no desenvolvimento de programas adequados e apropriados

    para todos os alunos. A EFA no se torna apenas uma resposta para alunos que no se

    encaixam no molde tradicional como se relata na Educao Fsica, mas no reconhecimento da

    severidade da deficincia do aluno e que indica necessidade de proviso de programas

    especializados como, por exemplo, instruo de Educao Fsica particular.

    Contudo, crianas com deficincia no so separadas filosoficamente e/ou de uma

    maneira aleatria do programa de Educao Fsica Geral. Para lidar com sucesso com o

    nmero esmagador de problemas e a variabilidade inerente aos problemas que se relatam num

    programa apropriado de EFA para crianas com deficincia, os Profissionais de Educao

    Fsica continuam a trabalhar juntos para fechar as lacunas existentes entre a Educao

    Especial e a Regular. Entretanto, existem alguns requisitos bsicos para a certificao dos

    Profissionais de Educao Fsica que queiram trabalhar com este tipo de alunos. Nenhum

    programa de escola pblica ou programa no aprovado de escola pblica pode contratar, com

    a finalidade ou com efeito de providenciar servios para alunos com deficincia, uma pessoa

    no certificada na capacidade de lecionar EFA. A certificao na rea de EFA foi aprovada

    pelo Board of Elementary and Secundary Education, em Agosto de 1975. Os cursos

    necessrios para que se obtenha o certificado de EFA so os seguintes:

    REQUISITOS BSICOS: a) certificado estadual em EFA - 24h semestrais; b) conhecimento

    em aprendizagem e desenvolvimento motor - 3h semestrais; c) introduo ao estudo de

    crianas com deficincia mental/intelectual 3h semestrais e d) conhecimento em psicologia

    da educao, testes e medies 3h semestrais. REQUISITOS ESPECIALIZADOS: a)

    introduo Educao Fsica para todas as crianas com deficincia 3h semestrais; b)

    conhecimento em dificuldades educacionais e comportamentais, Educao Fsica prtica 3h

    semestrais; c) conhecimento em incapacidade crnica, Educao Fsica e educao prtica

    3h semestrais e d) o currculo de Educao Fsica para a totalidade e o universo de crianas

    com deficincia.

    Diante dessas perspectivas, se faz necessria a construo de princpios e cdigos de

    tica como modelo de desenvolvimento de competncias para a prtica de educadores que

  • 35

    atuam no campo da educao especial e das necessidades especiais - na busca da qualidade

    educacional oferecida para as pessoas com deficincia intelectual e necessidades especiais de

    forma ampla e consciente. Neste sentido o CEC (Council for Exceptional Children, 2003), em

    sua Seo 1, estabelece alguns princpios e cdigos ticos como padro para a prtica

    profissional de educadores especiais, ou seja, professores que desejam atuar na educao de

    pessoas com deficincia Intelectual e/ou com necessidades especiais. Declaram-se os

    seguintes princpios como sendo o Cdigo de tica para Educadores de Pessoas com

    Deficincia e/ou Necessidades Educacionais Especiais (NEE): membros da profisso de

    educao especial so responsveis por manter, sustentar e fazer progredir e melhorar estes

    princpios; membros do Conselho de Crianas com Deficincia e/ou Necessidades Especiais

    concordam em julgar e serem julgados por eles, de acordo com as normas desse cdigo:

    Profissionais da educao especial esto comprometidos com o desenvolvimento de

    um potencial educacional superior e de qualidade de vida para as pessoas com

    deficincia intelectual e/ou NEE;

    Profissionais da educao especial promovem e mantm um alto nvel de competncia

    e integridade ao exercerem e praticarem sua profisso;

    Profissionais da educao especial engajam-se em atividades profissionais, as quais

    beneficiam pessoas com deficincia intelectual e/ou NEE, suas famlias, amigos e

    estudantes ou assuntos relacionados pesquisa;

    Profissionais da educao especial exercem papel preponderante na elaborao de

    programas eficazes na sua prtica profissional;

    Profissionais da educao especial esforam-se muito para avanar, progredir em seu

    conhecimento e habilidades em relao s pessoas com deficincia intelectual e/ou

    NEE;

    Profissionais da educao especial trabalham com modelos, padres e normas (de

    conduta) em sua prtica profissional;

    Profissionais da educao especial buscam manter e melhorar, onde for necessrio, as

    polticas pblicas, leis, regulamentos e normas que regem a prtica da educao

    especial e os servios relacionados sua prtica;

    Profissionais da educao especial no revelam ou participam de atos ilegais ou no

    ticos, nem violam padres adotados pelo grupo de representantes da assemblia do

    (CEC Adaptado, 2003);

    Quanto aos padres e modelos para a prtica profissional profissionais ligados s

    pessoas com deficincia intelectual e suas famlias: as responsabilidades instrucionais os

  • 36

    profissionais da educao especial esto comprometidos com a aplicao de tcnicas

    educacionais que assegurem e garantam a qualidade da educao para todas as pessoas com

    deficincia intelectual e/ou NEE. Os profissionais esforam-se para:

    Identificar e usar mtodos de ensino e currculos que sejam apropriados a sua rea de

    prtica profissional, que sejam eficazes e vo de encontro s necessidades das pessoas

    com deficincia intelectual e/ou NEE;

    Participar na seleo e uso de materiais de ensino apropriados, como fornecimento de

    equipamentos e outros recursos necessrios para a prtica profissional;

    Criar ambientes seguros e eficazes para o aprendizado e estimulao da aprendizagem

    ou conceitos prprios das pessoas com deficincia intelectual e/ou NEE;

    Manter o nmero de alunos em classe de forma adequada e que contribuam para o

    desenvolvimento das necessidades educacionais das pessoas com deficincia

    intelectual;

    Usar instrumentos de avaliao e procedimentos que no discriminem as pessoas com

    deficincia intelectual e/ou NEE, no que tange a cor, credo, sexo, origem, idade,

    prticas polticas, base familiar ou social, orientao sexual ou deficincia;

    Manter confidencialmente informaes, a no ser que estas sejam liberadas sob

    condies especficas e com consentimento escrito e requisitos de status confidencial.

    (CEC Adaptado, 2003)

    Quanto aos padres e modelos para a prtica profissional em relao ao manejo e

    controle do comportamento profissionais da educao especial participam com outros

    profissionais e pais (responsveis) em um esforo interdisciplinar no manejo de

    comportamento. Os profissionais se esforam para:

    Aplicarem apenas aqueles mtodos disciplinares e procedimentos comportamentais, os

    quais j haviam sido instrudos para o uso e que no abalam a dignidade individual ou

    os direitos humanos bsicos das pessoas com deficincia intelectual e /ou NEE, como

    punio corporal;

    Claramente especificam as metas e objetivos para as prticas do manejo

    comportamental de pessoas com deficincia intelectual e/ou NEE, atravs de plano

    educacional individualizado;

    Obedecem a normas de conduta, estatuto e regras estabelecidas pelo Estado/Provncia

    e agncias locais, relacionados a aplicaes criteriosas de mtodos disciplinares e

    procedimentos comportamentais;

  • 37

    Tomam medidas adequadas para desencorajar, prevenir e intervir no comportamento

    de um colega, quando for compreendido que tal comportamento prejudicial para

    pessoas com deficincia intelectual e/ou NEE;

    Abstm-se de tcnicas aversivas, a no ser que experincias repetidas de outros

    mtodos tenham falhado e apenas aps consultar pais (responsveis) e agncias

    oficiais apropriadas. (CEC Adaptado, 2003)

    Quanto aos padres e modelos para a prtica profissional em relao aos

    procedimentos de manuteno e suporte educacional - profissionais da educao especial

    participam com outros profissionais e pais (responsveis), em um esforo interdisciplinar na

    manuteno e suporte de procedimentos ed