Upload
phamanh
View
216
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE EDUCAO E HUMANIDADES E CENTRO DE CIENCIAS SOCIAIS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM POLTICAS PBLICAS E FORMAO
HUMANA
Luiz Antonio Souza de Arajo
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETNCIAS PARA
PROFISSIONAIS DE EDUCAO FSICA NA EDUCAO DE CRIANAS COM
DEFICINCIA INTELECTUAL
Rio de Janeiro
2009
2
CATALOGAO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CEH/A
Autorizo, apenas para fins acadmicos e cientficos, a reproduo total ou parcial desta tese.
___________________________________________ ________________
Assinatura Data
A 663 Araujo, Luiz Antonio Souza de.
Programa de desenvolvimento de competncias para
profissionais de Educaao Fsica de crianas com deficincia intelectual/
Luiz Antonio Souza de Araujo
134 f.
Orientador: Francisco de Paula Nunes Sobrinho.
Dissertao (mestrado) Universidade do Estado do Rio de
de Janeiro. Programa de Ps-Graduao em Polticas Pblicas e
Formao Humana.
1. Distrbios da aprendizagem em crianas - Teses. 2.
Deficincia Intelectual Teses. 3. Educao fsica para pessoas com
deficincia - Teses. 4. Polticas pblicas Teses. I. Nunes Sobrinho,
Francisco de Paula. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Programa de Ps-Graduao em Polticas Pblicas e Formao Humana.
III. Ttulo.
CDU 37.015.3
3
Luiz Antonio Souza de Arajo
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DE COMPETNCIAS PARA
PROFISSIONAIS DE EDUCAO FSICA NA EDUCAO DE CRIANAS COM
DEFICINCIA INTELECTUAL
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de
Ps-Graduao em Polticas Pblicas e Formao
Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
PPFH/UERJ como requisito para obteno do Ttulo
de Mestre em Polticas Pblicas e Formao Humana.
Orientador: Francisco de Paula Nunes Sobrinho, Ph.D.
Rio de Janeiro
2009
4
Luiz Antonio Souza de Arajo
Programa de desenvolvimento de competncias para profissionais de educao fsica na
educao de crianas com deficincia intelectual
Dissertao de Mestrado apresentada ao Programa de
Ps-Graduao em Polticas Pblicas e Formao
Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
PPFH/UERJ como requisito para obteno do Ttulo
de Mestre em Polticas Pblicas e Formao Humana.
Aprovado em ____/____/2009.
BANCA EXAMINADORA
Francisco de Paula Nunes Sobrinho, Ph.D. UERJ
Prof. Dr. Elosa da Silva Gomes de Oliveira UERJ
Leila Regina dOliveira de Paula Nunes, Ph. D. UERJ
Prof. Dr. Pedro Amrico de Souza Sobrinho - UFMG
5
AGRADECIMENTOS
Ao professor Francisco de Paula Nunes Sobrinho, pelo alto nvel tico, humano e de
competncia profissional e pela demonstrao de apreo e respeito aos alunos e orientandos
que buscam a luz do saber.
Prof. Dr. Elosa da Silva Gomes de Oliveira, Prof. Dr. Leila Regina dOliveira
de Paula Nunes, ao Prof. Dr. Pedro Amrico de Souza pela pronta e atenciosa disponibilidade
em tomar parte de meu processo de mestrado.
Aos amigos Juarez Andrade, Lauriana Paiva, Roberto Faria, Wilson Coutinho, Gisele
Levy e Marcos Drea, por estarem presentes nesta longa caminhada.
Aos incansveis Felipe, Luzinete, Maria, Pedro e Samira por estarem sempre prontos a
atenderem nossas solicitaes com muito amor e carinho, durante todo o curso, e a todos os
professores do programa, que nos brindaram com suas maravilhosas aulas no meu processo de
formao, de modo especial Prof Dr. Deise Mancebo, Prof. Dr. Gaudncio Frigotto, Prof
Dr Marise Ramos, Prof Dr Vnia Motta, Prof. Dr. Zacarias Jaeger.
Superintendncia Regional de Ensino de Itajub, na pessoa da diretora Sr. Valria
do Carmo Bento Borges, e a todos os funcionrios que colaboram direta ou indiretamente com
a aplicao do Programa.
Aos casais Ibson e Edna e Willian e Janaina, por estarem presentes nas horas mais
difceis, compartilhando as dvidas, as alegrias, atravs de seus conselhos e incentivos.
Me Maria, Pai Valmir, Irms Eliane e Elizabete, Jedson (cunhado e amigo),
Amanda, Milena e Maria Luiza (sobrinhas), famlia que se descobre a cada dia!
Ao Filho Rafael, que sempre foi razo do meu viver!
Carolina, obrigado,
Pelas folhas lidas...
Por compartilhar sua existncia,
Por comportar as diferenas!
A Deus e Nossa Senhora, que me permitiram chegar at a presente jornada!
6
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Competncias como fonte de valor para o indivduo e para a organizao
(Adaptado de Fleury; Fleury, 2001) ........................................................................................ 31
../../../Documents%20and%20Settings/Claudia/Configuraes%20locais/Documents%20and%20Settings/Francisco/Configuraes%20locais/Temporary%20Internet%20Files/OLK5/PPFH-UERJ-PROJETO%20DISSERTAO%209.doc#_Toc146681781
7
NDICE DE TABELAS
TABELA 1 - Verificao de normalidade das notas obtidas no pr e ps-teste ...................... 54
TABELA 2 Distribuio das notas no pr e ps-teste ............................................................ 54
TABELA 3 Distribuio das respostas dadas na questo 1, durante o pr-teste, referentes s
caractersticas do movimento inclusionista para a educao de alunos com necessidades
especiais. ................................................................................................................................... 57
TABELA 4 Distribuio das respostas dadas na questo 1, durante o ps-teste, referentes s
caractersticas do movimento inclusionista para a educao de alunos com necessidades
especiais. ................................................................................................................................... 58
TABELA 5 Distribuio das respostas dadas na questo 2, durante o pr-teste, referentes
aos traos de comportamento de pessoas com necessidades educativas especiais................... 59
TABELA 6 Distribuio das respostas dadas na questo 2, durante o ps-teste, referentes
aos traos de comportamento de pessoas com necessidades educativas especiais .................. 60
TABELA 07 Distribuio das opes de resposta questo 3 no pr e ps-teste. .............. 61
TABELA 08 Distribuio das respostas da questo 3 no pr-teste em funo das respostas a
esta mesma questo no ps-teste ............................................................................................. 62
TABELA 9 Distribuio das opes de resposta questo 4 no pr e ps-teste ................. 63
TABELA 10 Distribuio das opes de resposta questo 5 no pr e ps-teste ................ 64
TABELA 11 Distribuio das opes de resposta questo 6 no pr e ps-teste ............... 65
TABELA 12 Distribuio das respostas da questo 6 no pr-teste em funo das respostas a
esta mesma questo no ps-teste ............................................................................................. 67
TABELA 13 Distribuio das opes de resposta questo 7 no pr e ps-teste ............... 68
TABELA 14 Distribuio das opes de resposta questo 8 no pr e ps-teste ............... 68
TABELA 15 Distribuio das opes de resposta questo 9 no pr e ps-teste ............... 69
TABELA 16 Distribuio das opes de resposta questo 10 no pr e ps-teste ............. 69
../../../Documents%20and%20Settings/Claudia/Configuraes%20locais/Documents%20and%20Settings/Francisco/Configuraes%20locais/Temporary%20Internet%20Files/OLK5/PPFH-UERJ-PROJETO%20DISSERTAO%209.doc#_Toc146681781../../../Documents%20and%20Settings/Claudia/Configuraes%20locais/Documents%20and%20Settings/Francisco/Configuraes%20locais/Temporary%20Internet%20Files/OLK5/PPFH-UERJ-PROJETO%20DISSERTAO%209.doc#_Toc146681781../../../Documents%20and%20Settings/Claudia/Configuraes%20locais/Documents%20and%20Settings/Francisco/Configuraes%20locais/Temporary%20Internet%20Files/OLK5/PPFH-UERJ-PROJETO%20DISSERTAO%209.doc#_Toc146681781../../../Documents%20and%20Settings/Claudia/Configuraes%20locais/Documents%20and%20Settings/Francisco/Configuraes%20locais/Temporary%20Internet%20Files/OLK5/PPFH-UERJ-PROJETO%20DISSERTAO%209.doc#_Toc146681781../../../Documents%20and%20Settings/Claudia/Configuraes%20locais/Documents%20and%20Settings/Francisco/Configuraes%20locais/Temporary%20Internet%20Files/OLK5/PPFH-UERJ-PROJETO%20DISSERTAO%209.doc#_Toc146681781
8
NDICE DE GRFICOS
GRFICO 1- Box- plot das notas no pr e ps-teste .......................................................... 54
GRFICO 2 - Distribuio das respostas da questo 3 no pr e ps-teste. ............................... 63
GRFICO 3 - Distribuio das respostas da questo 5 no pr e ps-teste. ....................... 65
GRFICO 4 - Distribuio das respostas da questo 6 no pr e ps-teste. ........................ 66
9
LISTA DE ABREVIATURAS
ABERGO Associao Brasileira de Ergonomia
ACTIVE All Children Totally In Volved Exercising
AEE Atendimento Educacional Especializado
AET Anlise Ergonmica do Trabalho
CBCE Colgio Brasileiro de Cincias do Esporte
CEFD/UFSM Centro de Educao Fsica e Desporto da Universidade de Santa Maria
CEC Council for Exceptional Children
CONBRACEs Congresso Brasileiro de Cincias do Esporte
DORT Doenas Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho
EE Educao Especial
EFA Educao Fsica Adaptada
HLCM Health Leadership Competency Model
IAA Instabilidade Atlanto-axial
ICAN ICAN Primary Skills
IDEA Individuals with Disabilities Education ACT
MTARD Multi-disciplinary Team or Adimission Review, Dismissal
IEP Individualized Education Program
IMC ndice de Massa Corporal
LER Leses Por Esforos Repetitivos
LMICs Lowand Middle incom countries
MOVE Mobility Opportunities Via Education
NEE Necessidades Educacionais Especiais
PDI Plano de Desenvolvimento Individual do Aluno
PEFA Professor de Educao Fsica Adaptada
PERT Programa de Avaliao Tcnicas de Reviso
QI Quociente de Inteligncia
RBCE Revista Brasileira de Cincias do Esporte
SL Service Learning
ULBRA Universidade Luterana do Brasil
VBR Viso da Empresa Baseada em Recursos
10
SUMRIO
1 INTRODUO ...............................................................................................................
14
1.1 O Conceito de Competncias: bases epistemolgicas e a contribuio da anlise........
26
1.2 Competncias e Educao Fsica: as interfaces de conhecimento.................................
31
1.3 Educao Fsica Adaptada e Incluso Educacional: o que as pesquisas demonstram...
38
1.4 Objetivo Geral ...............................................................................................................
48
1.5 Objetivo Especfico .......................................................................................................
48
1.6 Hipteses da Pesquisa ...................................................................................................
48
2 MTODO.........................................................................................................................
49
2.1 Participantes .................................................................................................................
49
2.2 Local .............................................................................................................................
49
2.3 Instrumentos de medida ...............................................................................................
49
2.4 Delineamento da Pesquisa ...........................................................................................
50
2.5 Planejamento da Pesquisa .............................................................................................
51
2.6 Avaliao do Programa de Competncias ....................................................................
51
2.7 Avaliao Diagnstica ..................................................................................................
52
2.8 Procedimentos Gerais ...................................................................................................
52
2.9 Procedimentos Especficos ...........................................................................................
53
2.10 Materiais e equipamentos ...........................................................................................
53
3 RESULTADOS ...............................................................................................................
54
4 DISCUSSO E RECOMENDAES ..........................................................................
70
REFERNCIAS .................................................................................................................
86
ANEXO A Cronograma da Pesquisa ...............................................................................
94
ANEXO B - Carta de Apresentao a SRE Itajub.............................................................
95
11
ANEXO C Termo de Participao em Pesquisa Cientfica 1..........................................
97
ANEXO D Termo de Participao em Pesquisa Cientfica 2..........................................
98
ANEXO E Termo de autorizao de imagem ................................................................
99
ANEXO F Parecer de tica da UERJ ..............................................................................
100
ANEXO G - Programa de desenvolvimento de competncias para professores da
Educao Fsica na educao de crianas com deficiencia intelectual ..............................
101
ANEXO H Cronograma .................................................................................................
108
ANEXO I - Programa de desenvolvimento e competencia para profissionais de
Educao Fsica na educao de crianas com deficiencia intelectual Plano de
Trabalho .............................................................................................................................
112
ANEXO J Programa institucional ..................................................................................
116
ANEXO K Questionrio scio-demogrfico .................................................................
119
ANEXO L Pr-teste .......................................................................................................
120
ANEXO M Formulrio de avaliao dos encontros ......................................................
124
ANEXO N Exerccios de fixao ..................................................................................
125
ANEXO O Estudo de caso ..........................................................................................
126
ANEXO P Ps-teste ......................................................................................................
129
ANEXO Q Certificado de concluso do curso .............................................................
133
12
RESUMO
ARAUJO, L.A.S. Programa de desenvolvimento de competncias para Profissionais de
Educao Fsica na educao de crianas com Deficincia Intelectual, 2009. Dissertao de
Mestrado em Polticas Pblicas e Formao Humana do Centro de Educao e
Humanidades e Centro de Cincias Sociais Programa de Ps-Graduao de Mestrado em
Polticas Pblicas e Formao Humana, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ
Rio de Janeiro, RJ. Dezembro de 2009.
O objetivo desta pesquisa avaliar os efeitos de um programa de desenvolvimento de
competncias para o ensino, em profissionais de Educao Fsica que atuam na educao de
crianas com Deficincia Intelectual. Trata-se de competncias essenciais que esses
profissionais devem demonstrar no processo de incluso e de garantia de permanncia dessas
crianas no contexto escolar. Esta pesquisa teve como participantes 40 (quarenta) professores
de Educao Fsica, lotados na Superintendncia Regional de Educao Estadual SRE,
localizada em um municpio da regio sul do Estado de Minas Gerais, e que atuam nas escolas
pblicas estaduais. Os 40 (quarenta) professores de Educao Fsica referidos foram
escolhidos aleatoriamente pelo pesquisador principal, constituindo o denominado grupo
experimental, ou seja, aqueles profissionais que frequentaram, efetivamente, as sesses do
programa de desenvolvimento de competncias. Estes participantes da pesquisa foram
acompanhados e avaliados durante o programa instrucional. Foi empregado um delineamento
de pesquisa estatstica do tipo pr-teste e ps-teste, aplicados no incio e ao final do programa
para se verificar o nvel de entrada ou de competncias (conhecimento, habilidades e
atitudes). Esta metodologia agrega tcnicas de aes planejadas e orientadas de interveno
em situaes educacionais e tem sido aproveitada como instrumento para a aplicao,
implantao e implementao de programas e projetos de polticas pblicas em educao
continuada. Nveis de eficcia foram obtidos por sistemas de avaliao instrucional
individualizada. Os resultados da pesquisa apontam que a mediana das notas no pr-teste foi
de (7,5) pontos no ps-teste de (8,8) pontos, sendo detectada diferena significativa (Z=
4,641, p = 0,00) entre elas. A nota no ps-teste foi estatisticamente maior quando comparada
nota do pr-teste e, portanto houve ganho de competncias pelos participantes, em funo
do treinamento docente realizado. Na anlise dos resultados foi observado somente um
outlier no ps-teste, o que evidencia a existncia de um nico individuo destoante do grupo.
Os resultados sugerem tambm a necessidade de implementao de um plano diretor de
Mapeamento de Competncias na proposio de aes de polticas pblicas em educao
continuada para os profissionais de Educao Fsica e de outros que atuam na educao de
crianas com necessidades educacionais especiais.
Palavras-chave: crianas com Deficincia Intelectual; desenvolvimento de competncias;
educao fsica adaptada, polticas pblicas em educao especial.
13
ABSTRACT
ARAUJO, L.A.S. Program development skills for physical education professionals in the
education of children with intellectual disabilities, 2009. Dissertation in Public Politics and
Human Development - Education Center and Center for Humanities and Social Sciences
Program Graduate Master of Public Politics and Human Development, Universidade do
Estado do Rio de Janeiro - UERJ - Rio de Janeiro, RJ. December 2009.
This study aimed to evaluate the effects of a program to develop skills for teaching in
Physical Education professionals working in education for children with Intellectual
Disabilities. Besides the essential skills, these professionals must demonstrate the process of
inclusion and ensure the continuation of these children in the school context. This research
had as participants 40 (forty) physical education teachers, put at the Regional Superintendent
of Education State - SRE, located in a municpio in southern Minas Gerais state, and
working in public schools. The forty (40) physical education teachers were randomly referred
to by the principal, and is called the experimental group, ie, those professionals who attended,
in fact, the sessions of the development skills progam. These participants were monitored and
evaluated during the instructional program. A research design statistics of the type pre-test
and post-test was used applied at the beginning and the end of the program at the same time to
verify the entry level or competence (knowledge, skills and attitudes). This methodology
combines planned techniques, targeted intervention in educational situations and has been
exploited as a tool for application deployment and implementation of programs and projects
of public policy on continuing education. Levels of effectiveness were obtained by systems of
individualized instructional evaluation. The survey results indicate that the median of the
notes in the pretest was (7.5) points in the post-test (8.8) points, and detected a significant
difference (Z = 4.641, p = 0,00) between them. The grade in the post-test was statistically
higher when compared to the grade in the pre-test, and therefore the participants obtained
skills, due to the conducted teacher training. In the analysis of results only one "outlier" in the
post-test was observed, which demonstrates the existence of a single individual discordant
group. The results also suggest the need to implement a master plan for mapping skills in
proposing public policy actions in continuing education for professionals in physical
education and others working in the education of children with special educational needs.
Keywords: children with intellectual disabilities, development of skills, adapted physical
education, public politics.
14
Nada lhe posso dar que j no exista em voc mesmo.
Nada lhe posso abrir outro mundo de imagens alm
daquele que h em sua prpria alma. Nada lhe posso dar
a no ser a oportunidade, o impulso, a chance. Eu o
ajudarei a tornar visvel o seu prprio mundo, e isso so
tudo. (HERMANN HESSE)
1 INTRODUO
O objetivo desta pesquisa avaliar os efeitos da aplicao de um programa de
desenvolvimento de competncias para o ensino, no repertrio de comportamento de
profissionais de Educao Fsica, que atuam na educao de crianas com deficincia
intelectual. Trata-se de competncias essenciais que esses profissionais devem demonstrar no
processo de insero e de incluso, de garantia e de permanncia dessas crianas no contexto
escolar. Neste sentido, as pesquisas apontam a relevncia de programas neste nvel e as
implicaes que o tema suscita no universo das prticas pedaggicas desses profissionais.
Diversos autores demonstraram interesse em pesquisar sobre o tema (APENS; LUO;
CALHON; DOLLET; SINIORIS; WAINO; BUTLER; GRIFFTIH; WRADEN, 2008;
BISHOP; DRIVER, 2007; MULLER, 2006; MARCON; SCHLEMMER; KUTCHER;
CHEHIL; CASH; MILLAR, 2005; ALMEIDA; RICH; KREBS, 2004; VODOLA, 1975), o
que contribuiu, sobremaneira, na busca de respostas vlidas entre as propostas pedaggicas e
o trabalho docente, tecendo as interfaces de conhecimento entre humanizao, educao,
competncia e trabalho.
Nesta perspectiva, APENS (Adapted Physical Education National Standards - 2008)
uma instituio americana que trabalha com a certificao de competncias de Professores de
Educao Fsica Adaptada, que, em recente artigo, remonta s razes dessa profisso, a cujos
profisisionais os mdicos inicialmente prescreviam exerccios teraputicos em uma tentativa
de corrigir ou melhorar "handicaps". O Campo da Educao Fsica Adaptada passou por
transformaes ao longo dos sculos. Nesse contexto, um nmero expressivo de
investigaes minuciosas foi realizado, trazendo luz mtodos eficazes para a adaptao da
Educao Fsica no atendimento s necessidades das pessoas com deficincia intelectual. O
treinamento daqueles que atuam em Educao Fsica Adaptada evoluiu para nveis com maior
exigncia.
Luo (2008) realizou estudo com o objetivo de identificar as competncias
neurolinguisticas para um melhor desempenho dos profissionais da rea de Educao Fsica
Adaptada na educao de crianas com deficincia intelectual. Esta pesquisa foi conduzida
15
considerando-se o exame das percepes prticas das competncias neurolingsticas
descritas na literatura. Com base nos resultados da pesquisa, o referido autor elaborou uma
lista na qual priorizava as competncias, dividindo-as em trs categorias: a) competncia de
referncia neurolingstica de mdia independncia; b) competncias de referncia especfica
para referncias de dilogo; c) competncias de referncia no importante em referncia de
dilogo. Nas trs categorias, foram realizadas avaliaes nas quais os participantes da
pesquisa receberam pontuaes maiores que cinco e meio (5,5) e menos que sete (7,0). O
autor concluiu que estas categorias podem ser definidas como competncias essenciais para a
prtica de dilogos de referncias1 e utilizadas em programas de treinamento para melhorar a
performance do professor de Educao Fsica na educao de crianas com deficincia
intelectual.
Conforme (CALHOUN; DOLLETT; SINIORIS; WAINIO; BUTLER; GRIFFITH;
WARDEN, 2008), foi desenvolvida uma pesquisa sobre o modelo de competncias de
liderana de sade (HLCM) e da influncia deste modelo na performance do professor de
Educao Fsica no setor industrial da sade. Relatam estes autores que, durante a ltima
dcada, houve um crescimento acentuado da Educao Fsica, considerando-a como uma
subrea das cincias da sade, e a presena deste profissional de suma importncia neste
setor.
A exigncia na performance tanto individual quanto organizacional em profissionais
de Educao Fsica foi objeto de vrias pesquisas do Instituto de Medicina dos EUA, que
elaborou um programa de desenvolvimento de competncias para profissionais da rea de
sade, tendo como objetivo a melhoria, naquele pas, da qualidade de sade de pessoas com
deficincia. Como metodologia, inicialmente foi realizada uma entrevista, focada na anlise
comportamental, sendo utilizada uma escala de avaliao psicomtrica. A aplicao dessa
escala na rea de sade foi mantida por reviso adicional de literatura, atravs de estudos
detalhados de textos-pilotos, e na anlise prtica. O modelo foi direcionado a trs categorias
bsicas de domnio de 26 itens de competncias tcnicas e comportamentais, em que se
identificou que cada competncia composta de indicadores e nveis de comportamento
prescritos no desenvolvimento e avaliao de processos individuais de carreiras, sejam elas de
graduao e/ou especializao. O modelo identifica e apia oportunidades de aperfeioamento
de liderana na rea de sade, tanto em ambientes acadmicos como prticos.
1 As competncias de dilogo referem-se capacidade de comunicao que o professor de Educao Fsica deve
apresentar, ao trabalhar com crianas com deficincia intelectual. Isto uma capacidade neurolingistica.
16
As pesquisas de Bishop; Driver (2007) foram desenvolvidas com o propsito de
proporem princpios especficos para o professor de Educao Fsica Adaptada, de como
implementar o Service-learning (SL), ou seja, servios de aprendizagem em uma classe de
Educao Fsica Adaptada (EFA). Para formulao desses princpios, os autores construram
as seguintes categorias: a) determinao dos objetivos de aprendizagem; b) as metas do
componente de SL; c) os contatos com os centros de SL nas universidades; d) as agncias
contatadas e e) a incorporao do SL em sala de aula. Os resultados obtidos constataram que o
SL um servio relevante para a comunidade acadmica em ambiente educacional e que
muitos campos de estudos vm incorporando o SL na estruturao dos currculos de seus
cursos. Esse estudo indicou tambm que o SL traz inmeros benefcios aos estudantes, tais
como: a) exposio a diferentes abordagens de aprendizagem; b) oportunidades para aplicao
prtica do conhecimento obtido em sala de aula e c) a explorao da carreira no entendimento
mais profundo do currculo.
Muller (2006), em sua dissertao de mestrado, verificou que, desde a promulgao da
nova Lei de Diretrizes e Bases para a educao brasileira, em 1996, (LDB 9.394/96), o Brasil
tem passado por reformas curriculares nos mais diversos nveis de ensino. No nvel superior,
e em especial nas licenciaturas, a realidade no foi diferente, pois, aps a promulgao da
referida lei 9.394/96, que instituiu mudanas para a formao de professores que atuam no
ensino bsico, elaborou-se a resoluo CNE/CP 01 de 18/02/2002, que descreve as
orientaes necessrias montagem do currculo de formao de professores, considerando as
diversidades de cada regio da nao, bem como a especificidade de cada rea do
conhecimento. A resoluo CNE/CP 01, de 18/02/2002, sinaliza a necessidade de se trabalhar
com a coerncia entre a formao oferecida e a prtica esperada do professor, ao utilizar o
conceito de simetria invertida, que o ncleo do processo educativo deva ser a formao por
competncias e que os contedos devero ser suporte para o desenvolvimento dessas
competncias. Essa resoluo cita ainda a importncia da pesquisa para o processo de ensino e
de aprendizagem do futuro docente. Os aspectos apresentados por essa resoluo do mais
nfase no ato metodolgico da ao-reflexo-ao e que so encontrados nos argumentos de
autores como (TARDIF, 2002; HARGREAVES, 2002; KINCHELOE, 1997; NVOA, 1995;
SCHN, 1995)
Ao observar os aspectos sobre a coerncia entre a formao e a prtica, Muller (2006)
depara-se com a questo da reforma curricular dos cursos de Educao Fsica, em especial
porque as diretrizes da formao especfica da Educao Fsica s foram promulgadas em
2004. Nesse sentido, o autor teve por objetivo verificar se as reformas curriculares dos Cursos
17
de Licenciatura em Educao Fsica atendiam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a
formao de professores da educao bsica, no que se refere concepo de formao do
professor reflexivo/crtico. E como estas reformas curriculares foram realizadas, a partir das
seguintes questes: a) qual a participao dos docentes e discentes na construo dessas
reformas curriculares? b) qual o embasamento terico das reformas e em que mudou a
formao do futuro docente? c) o novo currculo possibilita a formao do professor reflexivo
crtico? A metodologia desse estudo teve como base a pesquisa qualitativa com nfase no
estudo de caso. A coleta de dados foi realizada atravs de entrevistas semi-estruturadas,
documentos e dirio de investigao. Foram analisadas duas universidades conceituadas na
regio da grande Porto Alegre, que apresentam tradio na formao de licenciados em
Educao Fsica. As categorias analisadas foram: organizao administrativa das
universidades, processo de reforma e formao de professores. Na ltima categoria,
analisaram-se as concepes levantadas e os vestgios do conceito professor reflexivo.
Marcon (2005), em seus estudos sobre formao de professores de Educao Fsica e
sua prtica pedaggica, evidencia que a realizao de atividades de prtica pedaggica tem
sido proposta na legislao, por desempenhar um papel fundamental na construo de
competncias pedaggicas dos estudantes-professores, bem como na articulao adequada
entre teoria e prtica. No entanto, as investigaes realizadas sobre esta temtica no tm
apresentado resultados satisfatrios sobre os aspectos intervenientes da sua operacionalizao
nos cursos de Licenciatura em Educao Fsica.
Marcon (2005) props, em seu estudo, identificar os elementos constituintes das
atividades de prtica como componente curricular que contribuem para a construo das
competncias pedaggicas dos estudantes-professores na formao inicial em Educao
Fsica. Ele optou pela realizao de estudo de caso com abordagem qualitativa dos dados,
atravs de uma avaliao retrospectiva dos estudantes-professores sobre as prticas
pedaggicas vivenciadas nas disciplinas desportivas na formao inicial. Participaram do
estudo dez professores-formadores, responsveis pelas disciplinas desportivas do curso de
Licenciatura em Educao Fsica da Universidade de Caxias do Sul RS, e dez estudantes-
professores egressos desse curso. Os estudantes-professores foram escolhidos
intencionalmente entre aqueles que haviam participado de todas as modalidades de prticas
pedaggicas e de acordo com o desempenho acadmico no curso. Os instrumentos utilizados
para a coleta das informaes foram anlise documental e entrevista, esta realizada tanto com
os estudantes-professores, quanto com os professores-formadores. Na anlise dos dados foram
empregados os procedimentos de anlise de contedo, bem como a triangulao, a partir da
18
anlise documental das entrevistas e do referencial bibliogrfico. A apresentao e anlise das
informaes concentraram-se sobre as seguintes categorias: a) ministrar aulas para os colegas;
b) analisar as prticas pedaggicas entre os estudantes-professores; c) verificar as prticas
pedaggicas com alunos da comunidade na formao dos estudantes-professores e d)
demonstrar a relao teoria e prtica nas prticas pedaggicas com os colegas e com a
comunidade. Os resultados do estudo evidenciaram a importncia da realizao das atividades
prticas para a formao dos professores - tanto as prticas desportivas, quanto as prticas
pedaggicas - desenvolvidas com os colegas e com os alunos da comunidade. A realizao
do planejamento das aulas, a possibilidade de aproximao do contexto escolar, o
acompanhamento do professor-formador, as reflexes e os debates sobre a prtica pedaggica,
a insero lenta e gradativa no mundo da docncia como preparao para os Estgios
Supervisionados e a descoberta da vocao para ser professor foram considerados como
elementos constituintes da prtica como componente curricular, que mais contribuem para o
desenvolvimento das competncias pedaggicas dos estudantes-professores. A partir dessa
investigao, o autor sugeriu o aprofundamento dos estudos sobre as prticas pedaggicas,
atravs da realizao de pesquisas no ambiente natural, e por um perodo prolongado, com o
objetivo de elucidar os elementos intervenientes no processo de construo do conhecimento
pedaggico do contedo na formao inicial em Educao Fsica.
Nos estudos de Schlemmer (2005), sobre a formao do professor de Educao Fsica,
verificou-se que tal formao baseia-se ainda numa concepo reducionista, percebida atravs
de aulas descontextualizadas ou dirigidas performance humana. preciso que que se tenha
uma formao de qualidade e dirigida para a valorizao da curiosidade, que incentive a
tomada de conscincia do corpo vivido, ou seja, de experincias motoras. Tambm
necessria uma definio sobre as competncias que o professor dever ter para desenvolver
essas experincias motoras, na tomada de conscincia do corpo vivido por seus alunos. O
ensino deve ser planejado a partir da especificao do que se quer obter e com o que preciso
lidar (isto , com a realidade com a qual se tomar contato) para se obter os resultados de
interesse. Todo esse processo assegurado, na medida em que o professor tem clareza acerca
de seus objetivos. Mas, infelizmente, o que se observou exatamente a incerteza do que se
pretende ensinar. Com o objetivo de analisar as relaes entre a legislao vigente, o
desenvolvimento das competncias nos cursos de Educao Fsica e sua derivao na atuao
profissional dos egressos nos anos iniciais, Schlemmer (2005) realizou uma pesquisa com o
objetivo de identificar que ponto de partida adotado pelos professores de Educao Fsica,
para definir o que ensinar e tambm para conhecer as dificuldades que esses profissionais
19
enfrentam com relao aos saberes docentes necessrios para a atuao em anos iniciais, alm
de saber o que preciso para lidar com a realidade existente. Inicialmente foram conduzidas
entrevistas com professores da rede municipal da cidade de Passo Fundo-RS, que atuam em
anos iniciais. Alm disso, foram realizadas observaes das aulas, para averiguar a coerncia
com o planejamento de ensino. Para uma anlise sobre as competncias abordadas no ensino
superior, foram identificadas as disciplinas dos currculos de Educao Fsica relacionadas
com os anos iniciais e analisados os planos de ensino. Os resultados do estudo apontam que a
formao oferecida apresenta lacunas que podem comprometer o desempenho dos futuros
profissionais e, consequentemente, a qualidade do ensino nos anos iniciais. Pode-se constatar
que ainda no ficou bem claro como dever ser o futuro da Educao Fsica. Entretanto, fica a
certeza da necessidade da construo de um currculo que tenha o ser humano como um ser de
relaes, cooperativo, solidrio e conhecedor da prpria natureza. Os dados obtidos, aliados
definio de objetivos de ensino mais claros, podero se constituir em referencial slido para
a definio de competncias a serem desenvolvidas nos cursos de formao em Educao
Fsica.
Kutcher; Chehil; Cash; Millar (2005) desenvolveram pesquisas com o objetivo de
descrever um modelo de competncias baseado especificamente no ensino de habilidades de
sade mental, necessrias a profissionais de pases de renda mdia e baixa Low and Middle
income countries (LMICs). O modelo combinava um treinamento de sade mental associado
s necessidades nacional e/ou regional, destinado ao uso por todos os profissionais dos
diferentes nveis do sistema de sade (incluindo-se o professor de Educao Fsica Adaptada).
O modelo tambm definiu a estrutura de experimentao que envolve a criao de uma equipe
multidisciplinar encaixada no sistema nacional e/ou regional de sade (temos como exemplo a
presena do profissional de Educao Fsica dentro da equipe de sade da famlia no PSF
(Programa de Sade da Famlia) em nosso pas. O programa consistiu em um nmero de
mdulos destinados melhoria das competncias de sade mental para esta variedade de
profissionais da sade. Esses mdulos esto ligados a um nmero de ferramentas utilizadas
clinicamente por facilitar o conhecimento transferido para dentro de um quadro clnico,
enquanto, coincidentemente, apresenta-se como alternativa de desenvolvimento de
competncias de sade mental para os diversos profissionais que atuam na rea de sade,
como os profissionais de Educao Fsica.
Almeida (2004), em seus estudos, primeiramente, faz um breve histrico sobre a
formao de professores para Educao Especial no Brasil. Em seguida, apresenta e discute os
principais aspectos da legislao brasileira sobre a formao de professores para a Educao
20
Especial. Finalmente, so apresentadas as competncias que devem ser contempladas nos
cursos de formao de professores para a Educao Especial no Brasil e as competncias
estabelecidas pelo CEC USA (Conselho da Criana Excepcional Estados Unidos), que
tm servido como parmetros para a formao de professores para Educao Especial em
vrios pases. O autor, conclui que um professor bem formado, principalmente com base nas
competncias apresentadas, estaria apto a atender qualquer criana, independente de sua cor,
raa, cultura e tipo de deficincia que apresenta.
Pesquisadores internacionais j desenvolveram pesquisas e publicaram artigos sobre a
necessidade da montagem de programas e mtodos de Educao Fsica Adaptada, como
Winnick (2004), que, em seu artigo sobre a organizao e gerenciamento de programas de
Educao Fsica Adaptada e Esportes Adaptados, aponta que uma boa organizao e
administrao caracterizam-se por planos escritos, os quais atuam como guias de
implementao, baseados em leis, regras, normas, procedimentos e prticas, para
aperfeioamento dos programas. O autor apresenta ainda informaes que podem ser
empregadas na elaborao de diretrizes ou planos dividindo-as em quatro categorias: a)
orientao programtica e curricular, b) procedimento administrativos, c) recursos humanos e
d) avaliao do programa.
A esse respeito, Rich (2004), em seus estudos, escreve sobre as estratgias de
instruo na Educao Fsica Adaptada e demonstra que diversos fatores influenciam na
eficincia do ensino na rea de Educao Fsica e dos esportes adaptados. Os professores que
so capazes de utilizar vrias abordagens e mtodos de ensino, combinando-os com as
necessidades de aprendizagem dos alunos, conseguem estruturar melhor o ambiente de
aprendizagem, de modo a garantir a satisfao e o sucesso. A flexibilidade permite que os
professores ensinem o mesmo contedo de maneiras diferentes, possibilitando que o ensino
seja adaptado plenamente s necessidades individuais do aluno. Permite tambm que os
professores aperfeioem o desenvolvimento das habilidades, ao implementar corretamente os
princpios da aprendizagem motora. Nesse sentido, o autor utilizou as categorias anlise de
tarefas, anlise de atividades ou modificaes na atividade, tcnicas que so teis para
ajudar os professores a atingirem as metas dos aprendizes e a se adaptarem s suas
necessidades. As tcnicas organizacionais e metodolgicas permitem que os professores
aumentem ao mximo as possibilidades de aprendizagem, relativizando a proporo
aluno/professor e estruturando experincias de aprendizagem independentes. Foram
desenvolvidos vrios recursos de planejamento de ensino, com o objetivo de suprir
necessidades individuais. O I CAN, o modelo de ensino Data Based Gymnasium, o Projeto
21
ACTIVE, o M.O.V.E. e o Habilidades Corporais: Currculo de Desenvolvimento Motor, o
Physical Best, o Teste Brockport de Aptido Fsica (e seu programa de treinamento) e
tambm o Moving to Inclusion so alguns exemplos desses recursos. Alm desses modelos
comportamentais, os professores podem adotar a orientao humanista para a Educao
Fsica. Esses recursos so uma ajuda valiosa para os professores de Educao Fsica na
elaborao de programas de qualidade em sua disciplina, para aperfeioar a aprendizagem e a
incluso das pessoas que apresentem necessidades especiais.
Krebs (2004) teve como objetivo elaborar mtodos de ensino, testes e atividades
adequadas para as pesoas com deficincia e tambm abordou resumidamente programas
planejados e selecionados, considerados importantes para alunos com deficincia intelectual.
Para tanto, o autor baseou-se nas provas das Olimpadas Especiais, que exercem grande
influncia sobre as oportunidades de ensino e competio para crianas e adultos com
deficincia intelectual, constatando que tais provas fazem parte dos principais programas
ligados Educao Fsica e ao esporte de pessoas com deficincia intelectual. As Olimpadas
de 2000, para atletas de elite com deficincia intelectual, foram realizadas em Sydney, na
Austrlia, logo aps as Olimpadas. A maior parte das pessoas com deficincia intelectual tem
participado (e continua participando) com sucesso de experincias ligadas Educao Fsica e
ao esporte. Percebe-se que a discusso sobre a formao de Professores de Educao Fsica na
educao de pessoas com deficincia, atravs do desenvolvimento de competncias, vem
sendo objeto de pesquisa de vrios autores ao longo desses anos.
Preocupado com estas mesmas questes, de formao de professores de Educao
Fsica, Baggio (2000) desenvolveu pesquisas com o objetivo de investigar quais as
contribuies da prtica curricular do Centro de Educao Fsica e Desporto da Universidade
Federal de Santa Maria (CEFD/UFSM), em relao ao desenvolvimento das competncias
necessrias aos futuros professores de Educao Fsica para a promoo da autonomia em
suas prticas pedaggicas. Para efetivar este estudo o autor selecionou categorias a priori a
partir da matriz terica do trabalho. So elas, Currculo, Educao Fsica Escolar e
Competncia. Para efetivar a pesquisa realizou-se um estudo de caso, fazendo uso de
entrevistas semiestruturadas com 23 professores e 20 formandos, seguindo um roteiro que se
orientou em questes pedaggicas. A estratgia metodolgica para a investigao
compreendeu: a anlise das propostas das vias oficiais para a Educao Fsica Escolar; a
anlise do documento "O Currculo do Curso de Educao Fsica"; e a anlise das entrevistas
realizadas com os formandos e professores. Na interpretao dos dados foram utilizadas as
tcnicas de anlise de contedo e tambm a triangulao de dados. Os resultados do estudo
22
apontam que a falta de discusso sobre o currculo configura um quadro que revela as mais
variadas posies diante do que seja a prtica curricular do curso e uma falta de clareza sobre
o tipo de formao pretendida. Os resultados da pesquisa apontam a necessidade de discusso
aprofundada sobre os objetivos do CEFD/UFSM, do seu compromisso social e de suas
intenes na construo do Projeto Poltico Pedaggico (PPP) mediante a participao de toda
a comunidade.
A Clearinghouse Nacional2 de Profisses em Educao Especial (1996), em pesquisa
realizada sobre a profisso de professor de Educao Fsica Adaptada, descreve o papel deste
profissional, analisa a natureza do trabalho, as qualidades pessoais que os professores
deveriam apresentar, suas perspectivas de emprego e progresso na carreira, e como se
preparar para uma carreira como um professor de Educao Fsica Adaptada. Enfatiza ainda
que os Professores de Educao Fsica so de extrema importncia no processo de ensino e de
aprendizagem de alunos que apresentam deficincia Intelectual3 leve, moderada, severa e
profunda, na incluso e na participao em aulas de Educao Fsica. Os resultados da
pesquisa apontam que os professores de Educao Fsica baseiam-se em diagnsticos de
mdicos, psiclogos, socilogos e de avaliaes do processo educacional desses profissionais.
Que se baseiam tambm no estudo da natureza e das causas das deficincias em matria de
polticas de atividades fsicas e que os requisitos exigidos para um professor de Educao
Fsica adaptada variam conforme o Estado. A esse respeito, cerca de 17 estados americanos
tm requisitos especficos de certificao para professores de Educao Fsica Adaptada, que
normalmente inclui um bacharelado em educao fsica com 6/18 crditos e algum tipo de
prtica na Educao Fsica Adaptada. Na Educao Fsica Adaptada os professores precisam
acreditar no valor dos exerccios fsicos, devendo ser capazes de motivar todos os estudantes
em uma aula inclusiva.
Vodola (1975), em seus estudos sobre Educao Fsica Adaptada, desenvolveu um
manual de treinamento de competncias para professores - Developmental and Adapted
Physical Education: A Competency-Based Teacher Training Manual, apresenta um manual de
treinamento de competncias para professores que atuam no Projeto ACTIVE (onde todas as
2 A Clearinghouse Nacional - uma instituio americana especialista em pesquisas sobre a atuao profissional
do professor de Educao Fsica e desenvolve vrios cursos de atualizao e capacitao para os profissionais
desta rea. 3 A Associao Americana de Retardo Mental , desde seu manual de definio e classificao de 1992 at o atual
manual de definio, classificao e sistema de apoios mantm o termo retardo mental. Pois, depois de muitas
deliberaes de vrios grupos, no se chegou a um consenso sobre um termo alternativo e aceitvel, que
signifique a mesma coisa. (AMMR, 2002 prefcio)
23
crianas so totalmente envolvidas nos exerccios). Este projeto foi designado para treinar
educadores na organizao, conduo e avaliao de programas de Educao Fsica
individualizados, personalizados, para crianas com deficincia intelectual, do maternal at a
escola secundria. Os primeiros trs captulos desse manual cobrem as caractersticas de um
programa bem sucedido de treinamento de competncias, resumo para um programa de
professor em servio e PERT (Programa de Avaliaes Tcnicas de Reviso), guias network4
para desenvolvimento de programa (incluindo listas de checagem de programas de atividades,
cobrindo vrias condies especiais). Os oito captulos restantes de seu manual do
informaes sobre definies, objetivos comportamentais, testes, avaliao e prescrio, bem
como avaliao de experincias de aprendizado dos alunos, relacionadas s seguintes
condies especiais: baixa vitalidade fsica, baixa habilidade motora, desvios posturais,
deficincias nutricionais, deficincia intelectual e problemas de aprendizagem, disfunes
respiratrias, comprometimentos ou disfunes motores e/ou limitaes e dificuldades de
comunicao. O apndice inclui uma lista de necessidades de proviso e equipamentos,
licena mdica, programas bsicos de atividades e um teste para o maternal. O autor conclui
que este manual de treinamento de competncias para professores de fundamental
importncia para um trabalho de qualidade no atendimento de crianas com deficincia
intelectual5.
Conforme apontado pela literatura a respeito da formao do Professor de Educao
Fsica Adaptada, com base na certificao de competncias, h pesquisadores preocupados
tambm com este assunto, no sentido da formao, da gesto e da interveno reflexiva deste
educador especial.
Aranha; Leite (2005), na pesquisa sobre a Interveno Reflexiva: instrumento de
formao reflexiva do educador especial, demonstram a ocorrncia de mudanas na prtica
pedaggica de uma professora, durante o perodo em que se fez a reflexo terico-
metodolgica sobre essa prtica luz de proposies da Psicologia Scio-Histrica. Foram
realizados 20 encontros reflexivos com uma professora da Educao Especial, a partir da
anlise de gravaes das situaes ocorridas em sala de aula. As discusses promovidas
4 Guias Network = rede, trabalho em rede, cruzamento, entrecruzamento, cadeia, entrelaamento. Fonte:
http://translate.com.br/#/pt/network%OD%OA acesso em 15/11/2009. 5 A partir do ano de 2004, o termo Deficincia Intelectual por recomendao da Organizao das Naes
Unidas (ONU) vem substituir o termo Deficincia Mental para evitar confuses com o termo Doena
Mental, que um estado patolgico de pessoas que tm o intelecto igual ao da mdia, mas que, por algum
problema, acabam temporariamente sem us-lo em sua capacidade plena. (Revista Nova Escola , Jun/jul/2009,
p.93)
http://translate.com.br/#/pt/network%OD%OA
24
compreendiam aspectos relacionados ao processo de ensino e de aprendizagem na atividade
docente. Foram examinadas as locues verbais da professora e observados indcios de
mudana, no que se refere ao foco de ateno, quando esta analisava seus problemas
pedaggicos na considerao da multideterminao dos problemas de ensino e de
aprendizagem, na concepo de aluno, no mtodo de ensino, no estabelecimento e valorizao
da relao professor-aluno e na interao dos alunos. Os resultados obtidos sinalizaram que a
interao reflexiva mostrou-se um instrumento til para a formao continuada de
professores.
O estudo de Cruz (2005) assentou-se na implementao de um programa de formao
continuada, destinado a professores de Educao Fsica do municpio de Londrina, no Paran,
com os seguintes objetivos: a) acompanhar os modos como professores do componente
curricular Educao Fsica lidam em suas aulas com a proposta de incluso escolar de alunos
que apresentam necessidades educacionais especiais e b) demonstrar como um programa de
formao continuada pode aprimorar o instrumental do professor de Educao Fsica, com
vistas elaborao de respostas s provocaes lanadas por uma perspectiva educacional
inclusiva. A pesquisa teve como base os pressupostos metodolgicos da pesquisa-ao e de
grupo de focalizao ou grupo focal. Dezesseis professores de Educao Fsica, da rede
pblica municipal de ensino de Londrina, constituram Grupo de Estudo/Trabalho com foco
nas questes relativas interveno do professor de Educao Fsica em ambientes escolares
inclusivos. Foram realizados encontros quinzenais, nos anos de 2002 e 2003. Para efeito de
coleta de dados, foram adotados na dinmica do Grupo: entrevistas coletivas, observaes e
anlises de aulas registradas em VHS e dirios de campo reflexivos. Os dados foram
coletados atravs de fotografias, radiografia e cinematografia do Grupo. Os resultados
preliminares evidenciam contradies importantes de serem superadas no ambiente escolar, e
que se refletem na prtica pedaggica dos professores de Educao Fsica a alunos com
necessidades especiais em contextos educacionais que se pretendem inclusivos. Os resultados
indicaram tambm que os procedimentos relacionados implementao de programas de
formao continuada, assim como a realizao de pesquisas numa perspectiva relacional, so
de extrema relevncia para a aquisio de competncias. Deste modo, o autor sugeriu ser de
fundamental importncia que a autonomia profissional seja exercida, no sentido de fortalecer
a autoria de projetos pedaggicos que garantam o processo de escolarizao de nossos alunos.
Essa conjugao do exerccio responsvel da autonomia com a autoria de projetos
pedaggicos efetivos pode sustentar a autoridade profissional do professor de Educao Fsica
25
dentro da escola. A incluso escolar de alunos que apresentam necessidades especiais , neste
sentido, uma provocao que no pode ser ignorada.
Carvalho (2005) discute, em seus estudos sobre a abordagem interdisciplinar da
Educao Fsica na formao para a cidadania, que a atual estrutura social apresenta uma
enorme complexidade, dada a necessidade de integrao e interdependncia entre os
processos de desenvolvimento individuais e coletivos, com maior noo de abertura, novos
hbitos e valores, enfim, com uma nova viso de realidade. Isso requer uma articulao das
informaes e dos conhecimentos, a fim de proporcionar o desenvolvimento integral desta
estrutura. A formao escolar, e em particular a formao proporcionada pela Educao
Fsica, aparece como fundamental nesse momento. A superao de seus paradigmas e a
reformulao de seus contedos e metodologias essenciais formao humana leva-nos ao
desenvolvimento do homem em sua dimenso individual e coletiva. A Educao Fsica,
numa abordagem interdisciplinar, surge como elemento fundamental na integrao de
contedos no s escolares, como cotidianos, promovendo um conhecimento abrangente.
Dessa forma, estud-la, com base em parmetros para sua aplicabilidade na construo de
conhecimentos significativos, assume um importante papel na formao integral do indivduo
e da sociedade. Mediante a realizao de uma pesquisa quantitativo-qualitativa, com
professores de Educao Fsica e alunos do ensino fundamental, e observaes para anlise e
interpretao dos resultados de forma integrada, o autor teve como objetivo demonstrar que a
Educao Fsica escolar, dentro de um carter interdisciplinar, se faz necessria nas
instituies de ensino, como forma de abordagem multidimensional, com anlises de
situaes em seus mais variados aspectos, sem fragment-las, como se fossem partes isoladas
do todo. Dessa forma, essa "unio" entre a Educao Fsica e as demais disciplinas e seus
contedos, aliada contextualizao e problematizao constantes da realidade vivida,
podem edificar os conhecimentos necessrios vivncia e convivncia contemporneas.
Essa multiplicidade de informaes, enfocada nas vrias formas possveis, permite o
desenvolvimento das competncias individuais e coletivas, ao estabelecer relaes entre
indivduo, sociedade e mundo atual. Essas relaes permitem, alm do desenvolvimento
cognitivo e acadmico individualizados, a capacitao para enfrentar as situaes cotidianas e
profissionais cada vez mais complexas e presentes dentro da educao fsica escolar.
As pesquisas de Azevedo; Barros (2004) analisaram a relevncia da gesto esportiva
em nvel federal para que o esporte fosse efetivamente institucionalizado a indivduos com
deficincia, como importante instrumento de incluso social. Metodologicamente, quanto aos
fins, foi uma pesquisa descritiva, e, quanto aos meios, foi uma pesquisa aplicada.
26
Historicamente o esporte no tem representatividade e relevncia dentro das estruturas
federais, o que pode ser comprovado pela grande alternncia de vinculao com os mais
diversos setores da administrao. Ao longo das pocas e em toda a humanidade, o acesso ao
esporte pelos indivduos com deficincia sempre foi limitado por barreiras estruturais, de
equipamentos, e essencialmente de ordem social. Os resultados da pesquisa apontaram que o
fato de o esporte no possuir uma identificao especfica na estrutura governamental
compromete qualquer poltica pblica esportiva, com reflexos ainda mais expressivos nas
iniciativas direcionadas aos indivduos portadores de deficincia, cujas representatividades e
influncia poltica pela prpria situao da deficincia so muito inferiores s de outros
grupos esportivos organizados. A existncia de um ministrio especfico para planejar e gerir
o esporte nacional aponta, em tese, para uma ateno maior aos grupos com menor potencial
de influncia poltica, mas de extrema eminncia social.
Com base na literatura revisada, sobre o modo como so abordadas as competncias
pelos pesquisadores, assim como as discusses sobre a formao do Profissional de Educao
Fsica na educao de crianas com deficincia intelectual, percebe-se que o tema central e
inquestionvel destes autores est na formao continuada deste profissional, tendo como um
dos fatores fundamentais a necessidade de preparao especfica para o desempenho desta
funo, com atuao autnoma e de qualidade, e que esteja diretamente ligada certificao
de competncias a serem desenvolvidas pelos profissionais de Educao Fsica, na educao
de crianas com deficincia intelectual. No entanto, percebe-se que no existe uma definio
consensual sobre o conceito de competncia capaz de responder s seguintes questes: o que
competncia? Quais so elas? E como desenvolv-las? Essas perguntas sugerem uma lacuna
na formao do profissional de Educao Fsica, que deve ser preenchida atravs de pesquisas
que ofeream respostas conclusivas sobre o assunto.
1.1 O CONCEITO DE COMPETNCIAS: bases epistemolgicas e a contribuio da
Anlise Ergonmica do Trabalho (AET)
O tema competncias vem recebendo crescente ateno por parte de pesquisadores
e gestores que atuam em reas focadas no Comportamento Organizacional. Na prtica, a
operacionalizao deste conceito ocorre nos chamados modelos de competncia. No entanto,
tais modelos costumam ser problemticos, pois assumem conceitos de competncias
conflitantes. Fernandes; Fleury (2007), em artigo recente, discutiram o conceito de
27
competncia enquanto fundamento de prticas de gesto de pessoas, analisaram os conceitos
relacionados, ao investigarem a evoluo dos modelos de competncia vis--vis, e testaram
empiricamente um deles. Ao argumentar que, para implantar um modelo de competncias de
forma eficaz, conveniente relacionar a idia de competncia as noes como espao
ocupacional, agregao de valor e nvel de complexidade no trabalho realizado, a pesquisa
emprica, realizada em empresa do setor de saneamento, confirma a importncia de vincular
competncia s noes citadas e evidencia a fragilidade de modelos que prescindem desses
conceitos.
Pesquisas realizadas em anos anteriores vm corroborando as afirmaes de Fernandes
; Fleury (2007). o caso de Fernandes (2004), que, em sua tese de doutorado, abordou o tema
competncias, tendo como objetivo, a partir dos princpios da Viso da Empresa baseada em
Recursos (VBR), examinar a seguinte questo: que recursos afetam a performance
organizacional em uma dada situao, ao considerar a performance segundo as quatro
perspectivas do modelo balanced escorecard? Como participante da pesquisa foi escolhida a
Companhia de Saneamento Paranaense. O trabalho teve como foco principal a competncia
humana. Os resultados obtidos pela pesquisa apontam que a competncia individual no
importa nesta empresa. As principais causas apontadas so: as pessoas podem ser
competentes, mas se coordenadas adequadamente; a competncia no se converte em
performance; e que, em nvel operacional, as normas podem ser o maior mecanismo de
coordenao e at mais importantes do que a competncia humana. Os resultados da pesquisa
sugerem, ainda, que sejam realizados estudos futuros em empresas neste campo de
conhecimento, das quais a competncia humana possa emergir como um dos fatores de maior
fora.
Dornelles (2008), em seu estudo sobre a avaliao de competncias docentes do curso
de Educao Fsica da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA Gravata), teve como foco
principal a interveno pedaggica dos docentes do curso de Educao Fsica da ULBRA
Gravata. Como metodologia, utilizou-se da pesquisa qualitativa, num corte transversal,
objetivando traar um perfil descritivo das percepes dos acadmicos do curso sobre a
atuao dos docentes. A amostra constituiu-se de 219 acadmicos do curso de Educao
Fsica da ULBRA Gravata. A ferramenta utilizada foi um questionrio estruturado,
composto por dez questes que foram respondidas pelos acadmicos do curso. Os resultados
do estudo apontam que o curso foi considerado de bom nvel pela comunidade discente e
docente e que o relacionamento interpessoal entre docentes e discentes o ponto mais forte do
curso. Os resultados tambm revelam a contradio existente em um dos alicerces do curso,
28
que o incentivo pesquisa cientifica. Segundo os participantes da pesquisa este fato
acontece, mas pouco incentivado pelos docentes.
Os resultados das pesquisas de Roque; Elia; Motta (2004) relatam que a abordagem
por competncia tem sido o centro das discusses sobre as reformas educacionais. O objetivo
desse trabalho investigativo foi descrever o desenvolvimento de uma ferramenta de avaliao
a ser utilizada a partir de uma plataforma virtual de ensino distncia, com a finalidade de
auxiliar os professores a verificarem as competncias desenvolvidas pelos alunos em cursos
distncia, baseada na web. O resultado da pesquisa aponta que, entre os principais aspectos
da noo de competncias que norteiam o processo de elaborao de uma avaliao de
aprendizagem, est o fato de as competncias serem sempre descontextualizadas e
observveis em situaes especficas e de que as competncias so verificadas a partir da
aplicao dos conhecimentos. enfatizada a necessidade de uma anlise aprofundada dos
ambientes gerenciadores de contedo.
luz da contribuio da anlise ergonmica do trabalho (AET) sobre o tema
desenvolvimento de competncias, Benedetti; Ouriques (2007) realizaram um estudo sobre a
anlise do posto de trabalho do professor de ginstica6 de uma determinada academia da
cidade de Florianpolis. A metodologia empregada foi a Anlise Ergonmica do Trabalho
(AET). Os instrumentos utilizados foram: entrevista, observao direta, observao de normas
e medidas de rudo. Como participantes da pesquisa foram selecionados oito (8) professores,
que atuam com ginstica. Destes profissionais foram entrevistados seis (6) professores e a
observao direta foi utilizada com uma professora de ginstica ao longo de sua jornada de
trabalho. Em relao rotina de trabalho da professora observada, os resultados do estudo
evidenciaram que, em trs dias da semana, ela ministra 07:35 horas/aula frente aos alunos e,
aps 40 min., se desloca para outra academia da rede. Por duas vezes na semana, essa
professora ministra 4 horas/aula frente aos alunos. Os resultados desse estudo demonstraram
que os professores sentem cansao fsico, mental e desgaste vocal, principalmente quando se
aproxima o final de semana. Sentem-se irritados e agressivos, com o passar dos anos de
trabalho. A maioria dos professores foi enftica em dizer que se sente feliz profissionalmente,
embora esteja descontente com o salrio. A academia no fornece roupas, calados e cursos
de reciclagem para os professores. No foram constatados problemas relativos s DORT e
6 Conforme a Lei Federal 9696, a denominao correta Profissional de Educao Fsica.
29
LER. A falta de adequao do ambiente de trabalho e a questo econmica podem dificultar
os professores no desempenho de funes acadmicas.
Medeiros (2008) teve como objetivo verificar a percepo do supervisor
educacional/coordenador pedaggico, em relao ao ambiente fsico da sala de aula, nas
escolas da rede municipal de ensino de Belo Horizonte e tambm obter pistas para a melhoria
desse ambiente. Entendendo que o supervisor um dos agentes do processo educativo e que
faz a conexo entre a administrao, a rea pedaggica e a sala de aula e que suas
informaes foram importantes para a investigao da ergonomia, a pesquisa contou com a
participao de 100 supervisoras. Como instrumento de coleta de dados, foi utilizada a
entrevista semi-estruturada, aplicada somente pelo pesquisador. Atravs dos dados coletados
nas entrevistas, que abordam os aspectos do ambiente fsico da sala de aula, pode-se afirmar
que h consenso quanto s respostas e o grau de importncia por elas atribuda. Porm, h
uma grande concentrao de respostas em relao ao grau de preocupao/ateno
dispensadas aos seguintes aspectos: apoio para os ps, quantidade de alunos por sala, postura
corporal adotada pelos alunos na sala de aula e rudo externo; dados que sugerem a
necessidade de observao acurada e, talvez, interveno dos rgos competentes.
J Amado (2000), preocupada com o alto ndice de afastamento de professores da
Rede Municipal de Ensino de Florianpolis-SC, desenvolveu um estudo a partir do contexto
histrico da educao no Brasil, relacionando os afastamentos aos conceitos de ergonomia. O
trabalho teve como foco principal a relao entre a organizao do trabalho e a sade dos
professores. A abordagem metodolgica foi o estudo de caso em uma escola da Rede
Municipal de Florianpolis-SC, que apresentava altos ndices de afastamento dos professores
por motivo de sade em relao s outras escolas da rede. Atravs da anlise ergonmica do
trabalho (AET), a autora realizou um levantamento das atividades docentes, com o qual se
constatou que a deficincia de recursos materiais, de recursos humanos e de melhor preparo
acadmico desses profissionais aumentava a carga cognitiva desses sujeitos dentro de suas
atividades dirias. Os resultados do estudo demonstraram ndices elevados de professores
com transtornos psicolgicos, originados pelo acmulo das vrias funes exercidas em uma
atividade, na qual a carga de responsabilidade era muito grande, associada ainda com a
desvalorizao da profisso perante a sociedade. Demostraram ainda que estas doenas
evoluem de acordo com o tempo de trabalho desses professores.
Assim sendo, necessrio desenvolver alguns princpios e conceitos sobre o tema
competncias. Fleury; Fleury (2001) sustentam que, nos ltimos anos, o tema competncia
vem sendo desenvolvido nos meios acadmicos, empresariais e institucionais, associados a
30
diferentes instncias de compreenso e propoem o entendimento deste conceito atravs das
relaes de estratgias nos processos de aprendizagem organizacional. No entanto, o nvel de
compreenso deste termo se d em trs instncias:
Da pessoa = competncia do indivduo;
Das organizaes = as core competencies;
Dos pases = sistemas educacionais e formao de competncias.
Neste sentido, competncia um processo de senso comum, que tem como objetivo
designar uma pessoa qualificada para realizar alguma atividade. Sinalizam os autores que a
pessoa que no possui competncia estar ou se encontrar marginalizada dos circuitos de
trabalho e de reconhecimento social, mesmo que temporariamente.
Para Mccelland (1973), competncia uma caracterstica subjacente a uma pessoa,
que casualmente relacionada com o desempenho superior na realizao de uma tarefa ou em
determinada situao, de trs formas:
Competncias de Aptides = talento natural da pessoa, o qual pode vir a ser aprimorado;
De habilidades = demonstrao de um talento particular;
De conhecimento = que as pessoas precisam saber para desempenhar uma tarefa.
O conceito de competncia refere-se ao conjunto de conhecimentos, habilidades e
atitudes (isto , conjunto de capacidades humanas) que justificam um alto desempenho,
acreditando-se que os melhores desempenhos esto fundamentados na inteligncia humana e
na personalidade das pessoas. Neste caso a ABERGO (Associao Brasileira de Ergonomia,
2001) define competncia, da seguinte forma: [...] como uma combinao de atributos que
sublinham algum aspecto de desempenho profissional de sucesso. (p.1)
Assim, o conceito de competncia est intimamente relacionado ao conceito de
qualificao, que proporciona um referencial necessrio para se trabalhar a relao
profissional indivduo - organizao. A qualificao usualmente definida pelos requisitos
associados posio, ou ao cargo, ou pelos saberes ou estoque de conhecimento das pessoas,
os quais podem ser classificados e certificados pelo sistema educacional. J a competncia
definida como um saber agir responsvel e reconhecido, que implica mobilizar, integrar,
transferir conhecimentos, recursos e habilidades, os quais agregam valor econmico
organizao e valor social ao indivduo (FLEURY; FLEURY, 2001).
Essas definies podem ser verificadas conforme quadro abaixo:
31
Competncias como fonte de valor para o indivduo e para a organizao
Competncias para o Profissional
Quadro 1 - Competncias como fonte de valor para o indivduo e para a organizao
(Adaptado de Fleury; Fleury, 2001)
1.2 COMPETNCIAS E EDUCAO FSICA: as interfaces do conhecimento
Em artigo recente sobre Educao Fsica Adaptada (EFA), a Adapted Physical
Education Standards (2008) define aquela como sendo a arte e a cincia de desenvolver e
implementar um Programa Educacional cuidadosamente desenvolvido para pessoas que
apresentam deficincias (incapacidades), baseados em uma avaliao ampla (integral), para
desenvolver nessas pessoas as habilidades necessrias e experincias prazerosas, atravs de
atividades recreativas e esportivas na busca de sua melhora fsica, e proporcionando uma
melhor qualidade de vida para as mesmas (AUXTER; PYFER; HUETTING, 2001). Nesse
sentido o Professor de Educao Fsica Adaptada a pessoa responsvel pelo
Saber agir Saber o que e por que faz,
Saber julgar, escolher, decidir.
Saber mobilizar recurso Criar sinergia e mobilizar recurso e competncias.
Saber comunicar Compreender, trabalhar, transmitir informaes,
conhecimentos.
Saber aprender Trabalhar o conhecimento e a experincia, rever
modelos mentais; saber desenvolver-se.
Saber engajar e comprometer-se Saber empreender, assumir riscos.
Comprometer-se
Saber assumir responsabilidades Ser responsvel, assumindo os riscos e consequncias
de suas aes e sendo por isso reconhecido.
Ter viso estratgica Conhecer e entender o negcio da organizao, o seu
ambiente, identificando oportunidades e alternativas.
Organizao
Agregar valor
Saber agir
Saber mobilizar
Saber transferir
Saber aprender
Saber se engajar
Ter viso estratgica
Assumir responsabilidades
Indivduo
Conhecimentos
Habilidades
Atitudes
Ha Social Econmico
32
desenvolvimento de um plano de ensino apropriado para as pessoas com deficincia. O
Professor de Educao Fsica Adaptada (PEFA) um educador fsico, com um nvel de
treinamento alto no que se refere avaliao de competncias motoras, aptido fsica, jogos,
lazer e habilidades esportivas. O Profissional de Educao Fsica (PEFA) deve apresentar as
competncias necessrias para desenvolver um programa de Educao Fsica Adaptada (EFA)
individualizado e implement-lo. Pois a Educao Fsica Adaptada (EFA) um componente
curricular obrigatrio nos servios de educao especial (USCA 1402-25). Portanto o termo
Educao Especial significa especialmente Instruo Designada, sem custos para os
responsveis, a fim de entrar em contato com as necessidades nicas de uma pessoa com
deficincia, incluindo os seguintes aspectos: a) instruo conduzida em sala de aula, no lar,
em hospitais e em outros ambientes; b) instruo em EFA segundo as normas federais que a
definem como o desenvolvimento de: a) aptido fsica e motora; b) habilidades motoras
fundamentais; c) desenvolvimento de habilidades aquticas, de dana, de jogos individuais e
esportes para a vida toda.
O Conselho de Educao dos EUA, na preparao de pessoal para o trabalho com
pessoas com deficincia, aprovou as seguintes recomendaes para competncias em
Educao Fsica Adaptada: a) conhecimento das caractersticas motoras, comportamentos e
sequncias de desenvolvimento (desde o nascimento at a idade de 25 anos) associadas aos
vrios aspectos do desenvolvimento motor normal; b) conhecimento neurolgico de controle
motor normal e patolgico, e dos mtodos de integrao para o processo de ensino-
aprendizagem de EFA, para pessoas no ambulatoriais e pessoas com deficincias mltiplas;
c) habilidades em avaliao psicomotora e uma variedade de tcnicas e procedimentos para a
implementao de um programa de EFA individual e d) conhecimento de mtodos e materiais
para o desenvolvimento de habilidades organizacionais e de aptido fsica, habilidades
motoras fundamentais e habilidades aquticas, de dana, jogos e esportes individuais e em
grupos para pessoas com deficincia ou problemas motores. As responsabilidades que um
especialista em EFA assume so as seguintes: a) provedor de servios diretos de ensino-
aprendizagem; b) especialista em avaliao motora ampla e integral de pessoas com
deficincia, propondo recomendaes na construo de programas especficos de EFA; c)
consultor de EFA e de E.E (Educao Especial), a fim de providenciar instrues nesta rea
para pessoas com deficincia Intelectual; d) membro do comit que ajuda a desenvolver o
Plano Eduacacional individualizado (IEP), atravs do Multi-disciplinary Team or Admission,
Review, Dismissal, ou seja, responsvel por admisso de equipe multidisciplinar nos domnios
psicomotor; e) defensor de alunos e pais e f) coordenador de programa que desenvolve
33
materiais curriculares, consultor para identificar as necessidades de pessoas com deficincia e
monitorar progressos no IEP. Assim, se faz necessrio ressaltar quais os especialistas ou as
especialidades que fazem parte dessa equipe multidisciplinar e que so provedores de servios
diretos, ou seja, profissionais identificados nas leis federais como tendo responsabilidades
educacionais bsicas na educao de pessoas com deficincia, como: terapeuta ocupacional,
Fisoterapeuta, terapeuta recreacional e fonoaudilogo. Tambm existem outros profissionais
que podem oferecer servios de educao direta para pessoas com deficincia. Inclui-se aqui o
educador especial, numa viso de especialista no trabalho com pessoas que apresentam
deficincia.
A reautorizao do Individuals with Disabilities Education - ACT (1999) inclui
orientao e mobilidade de especialistas para ajudar alunos que apresentam deficincia, a fim
de desenvolver nestes as habilidades necessrias. A funo bsica da equipe multidisciplinar
que oferece os servios de aprendizagem assegurar que os objetivos educacionais do
Individual Education Plan (IEP), ou seja, do Plano Educcional Individualizado, seja atingido,
propiciando pessoa com deficincia autonomia na realizao de suas tarefas do dia-a-dia,
contribuindo, desta forma, para sua qualidade de vida.
Corroborando essa publicao, o Department of Education Louisiana EUA, em
artigo intitulado como Educational Improvement Assistance - Adapted Physical Education
(Aperfeioamento e Assistncia Educacional em Educao Fsica Adaptada (1992) ressalta
que a Educao Fsica uma rea curricular obrigatria para todos os alunos em Lousiana,
EUA. uma parte essencial do programa de educao bsica, que contribui para o
desenvolvimento do indivduo por inteiro, na qual dada a todo o aluno a oportunidade de
participar de um programa de Educao Fsica especialmente planejado, se necessrio for.
Neste sentido, um programa bem planejado, com sequncias didticas claras e definidas,
contribui significativamente para a experincia de aprendizagem de todos os alunos,
particularmente de alunos com alguma deficincia.
A EFA especialmente planejada para a educao de alunos com deficincia, ou seja,
que apresentam dificuldades e que no conseguem, seguramente ou com sucesso, envolver-se
em atividades vigorosas sem restries do programa de Educao Fsica regular e para
crianas de trs (3) a cinco (5) anos de idade, que apresentam dificuldades ou problemas
especficos.
Em Lousiana, o estilo de EFA requerido pelo departamento de educao (Department
of Education), deve seguir os seguintes requisitos bsicos como: a) avaliao e instruo so
providenciados por um professor certificado em EFA; b) apenas alunos com deficincia, cujas
34
necessidades esto documentadas de acordo com os critrios sero includos no programa e c)
se o planejamento est de acordo com as razes (propores/objetivos) do aluno e professor
segundo o Bulletin 1706, Regulation for Implementation of the Children with Exceptionalties
Act. Assim sendo, a filosofia de trabalho em EFA, para alunos com deficincia no
Departamento de Educao em Louisiana, combinar os mtodos mais prticos e de mais
sucesso que o Sistema Educacional como um todo tem para oferecer. A equipe de Professores
de Educao Fsica trabalha junto no desenvolvimento de programas adequados e apropriados
para todos os alunos. A EFA no se torna apenas uma resposta para alunos que no se
encaixam no molde tradicional como se relata na Educao Fsica, mas no reconhecimento da
severidade da deficincia do aluno e que indica necessidade de proviso de programas
especializados como, por exemplo, instruo de Educao Fsica particular.
Contudo, crianas com deficincia no so separadas filosoficamente e/ou de uma
maneira aleatria do programa de Educao Fsica Geral. Para lidar com sucesso com o
nmero esmagador de problemas e a variabilidade inerente aos problemas que se relatam num
programa apropriado de EFA para crianas com deficincia, os Profissionais de Educao
Fsica continuam a trabalhar juntos para fechar as lacunas existentes entre a Educao
Especial e a Regular. Entretanto, existem alguns requisitos bsicos para a certificao dos
Profissionais de Educao Fsica que queiram trabalhar com este tipo de alunos. Nenhum
programa de escola pblica ou programa no aprovado de escola pblica pode contratar, com
a finalidade ou com efeito de providenciar servios para alunos com deficincia, uma pessoa
no certificada na capacidade de lecionar EFA. A certificao na rea de EFA foi aprovada
pelo Board of Elementary and Secundary Education, em Agosto de 1975. Os cursos
necessrios para que se obtenha o certificado de EFA so os seguintes:
REQUISITOS BSICOS: a) certificado estadual em EFA - 24h semestrais; b) conhecimento
em aprendizagem e desenvolvimento motor - 3h semestrais; c) introduo ao estudo de
crianas com deficincia mental/intelectual 3h semestrais e d) conhecimento em psicologia
da educao, testes e medies 3h semestrais. REQUISITOS ESPECIALIZADOS: a)
introduo Educao Fsica para todas as crianas com deficincia 3h semestrais; b)
conhecimento em dificuldades educacionais e comportamentais, Educao Fsica prtica 3h
semestrais; c) conhecimento em incapacidade crnica, Educao Fsica e educao prtica
3h semestrais e d) o currculo de Educao Fsica para a totalidade e o universo de crianas
com deficincia.
Diante dessas perspectivas, se faz necessria a construo de princpios e cdigos de
tica como modelo de desenvolvimento de competncias para a prtica de educadores que
35
atuam no campo da educao especial e das necessidades especiais - na busca da qualidade
educacional oferecida para as pessoas com deficincia intelectual e necessidades especiais de
forma ampla e consciente. Neste sentido o CEC (Council for Exceptional Children, 2003), em
sua Seo 1, estabelece alguns princpios e cdigos ticos como padro para a prtica
profissional de educadores especiais, ou seja, professores que desejam atuar na educao de
pessoas com deficincia Intelectual e/ou com necessidades especiais. Declaram-se os
seguintes princpios como sendo o Cdigo de tica para Educadores de Pessoas com
Deficincia e/ou Necessidades Educacionais Especiais (NEE): membros da profisso de
educao especial so responsveis por manter, sustentar e fazer progredir e melhorar estes
princpios; membros do Conselho de Crianas com Deficincia e/ou Necessidades Especiais
concordam em julgar e serem julgados por eles, de acordo com as normas desse cdigo:
Profissionais da educao especial esto comprometidos com o desenvolvimento de
um potencial educacional superior e de qualidade de vida para as pessoas com
deficincia intelectual e/ou NEE;
Profissionais da educao especial promovem e mantm um alto nvel de competncia
e integridade ao exercerem e praticarem sua profisso;
Profissionais da educao especial engajam-se em atividades profissionais, as quais
beneficiam pessoas com deficincia intelectual e/ou NEE, suas famlias, amigos e
estudantes ou assuntos relacionados pesquisa;
Profissionais da educao especial exercem papel preponderante na elaborao de
programas eficazes na sua prtica profissional;
Profissionais da educao especial esforam-se muito para avanar, progredir em seu
conhecimento e habilidades em relao s pessoas com deficincia intelectual e/ou
NEE;
Profissionais da educao especial trabalham com modelos, padres e normas (de
conduta) em sua prtica profissional;
Profissionais da educao especial buscam manter e melhorar, onde for necessrio, as
polticas pblicas, leis, regulamentos e normas que regem a prtica da educao
especial e os servios relacionados sua prtica;
Profissionais da educao especial no revelam ou participam de atos ilegais ou no
ticos, nem violam padres adotados pelo grupo de representantes da assemblia do
(CEC Adaptado, 2003);
Quanto aos padres e modelos para a prtica profissional profissionais ligados s
pessoas com deficincia intelectual e suas famlias: as responsabilidades instrucionais os
36
profissionais da educao especial esto comprometidos com a aplicao de tcnicas
educacionais que assegurem e garantam a qualidade da educao para todas as pessoas com
deficincia intelectual e/ou NEE. Os profissionais esforam-se para:
Identificar e usar mtodos de ensino e currculos que sejam apropriados a sua rea de
prtica profissional, que sejam eficazes e vo de encontro s necessidades das pessoas
com deficincia intelectual e/ou NEE;
Participar na seleo e uso de materiais de ensino apropriados, como fornecimento de
equipamentos e outros recursos necessrios para a prtica profissional;
Criar ambientes seguros e eficazes para o aprendizado e estimulao da aprendizagem
ou conceitos prprios das pessoas com deficincia intelectual e/ou NEE;
Manter o nmero de alunos em classe de forma adequada e que contribuam para o
desenvolvimento das necessidades educacionais das pessoas com deficincia
intelectual;
Usar instrumentos de avaliao e procedimentos que no discriminem as pessoas com
deficincia intelectual e/ou NEE, no que tange a cor, credo, sexo, origem, idade,
prticas polticas, base familiar ou social, orientao sexual ou deficincia;
Manter confidencialmente informaes, a no ser que estas sejam liberadas sob
condies especficas e com consentimento escrito e requisitos de status confidencial.
(CEC Adaptado, 2003)
Quanto aos padres e modelos para a prtica profissional em relao ao manejo e
controle do comportamento profissionais da educao especial participam com outros
profissionais e pais (responsveis) em um esforo interdisciplinar no manejo de
comportamento. Os profissionais se esforam para:
Aplicarem apenas aqueles mtodos disciplinares e procedimentos comportamentais, os
quais j haviam sido instrudos para o uso e que no abalam a dignidade individual ou
os direitos humanos bsicos das pessoas com deficincia intelectual e /ou NEE, como
punio corporal;
Claramente especificam as metas e objetivos para as prticas do manejo
comportamental de pessoas com deficincia intelectual e/ou NEE, atravs de plano
educacional individualizado;
Obedecem a normas de conduta, estatuto e regras estabelecidas pelo Estado/Provncia
e agncias locais, relacionados a aplicaes criteriosas de mtodos disciplinares e
procedimentos comportamentais;
37
Tomam medidas adequadas para desencorajar, prevenir e intervir no comportamento
de um colega, quando for compreendido que tal comportamento prejudicial para
pessoas com deficincia intelectual e/ou NEE;
Abstm-se de tcnicas aversivas, a no ser que experincias repetidas de outros
mtodos tenham falhado e apenas aps consultar pais (responsveis) e agncias
oficiais apropriadas. (CEC Adaptado, 2003)
Quanto aos padres e modelos para a prtica profissional em relao aos
procedimentos de manuteno e suporte educacional - profissionais da educao especial
participam com outros profissionais e pais (responsveis), em um esforo interdisciplinar na
manuteno e suporte de procedimentos ed