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Nossos sinceros cumprimentos às crianças, adolescentes, acompanhantes e a todas as
pessoas que fazem parte dessa luta!
Já faz um bom tempo que o Movimento de Adolescentes e Crianças (MAC) publica uma
agenda/revista, propondo anualmente uma temática diferente a ser refletida pela sociedade.
Este instrumento é uma oportunidade de formação e contribui com pessoas e grupos que
lutam por uma sociedade mais justa e igual. Tendo como princípio a Educação Popular, o
MAC também tem como alicerce de formação o método Ver, Julgar, Agir, Avaliar e
Celebrar. A agenda busca oferecer reflexões que dialoguem com esta metodologia e
colaborem com um olhar crítico da realidade. Além disso, reafirma o protagonismo das
crianças e adolescentes.
Para 2017, o tema escolhido diz respeito às violências contra as mulheres.
Escolhe-se um tema com a intenção de ver a realidade ao nosso redor. Neste sentido, este
ano teremos a oportunidade de ver e julgar fatos relacionados à discriminação, desigualdade,
o preconceito e desrespeito que existem contra as mulheres. Teremos muito “pano pra
manga”, como diz o ditado popular, pois a valorização da mulher deve estar presente em
todo lugar: na relação entre homem e mulher, no trabalho, na cultura, na sociedade em geral.
Por isso, o agir demanda sugestões, pistas, indicativos, desafios e busca de respostas sobre a
temática, em vários espaços sociais, com a intenção de mudar a cultura sexista e machista
que exclui e marginaliza a mulher e passar para uma cultura de inclusão, igualdade e respeito
para com as mulheres. Para isso, é necessário formação, debate e ações junto com vários
grupos que já estão fazendo estas lutas, a fim de contribuir com a transformação de vidas.
O avaliar a caminhada e o celebrar as pequenas conquistas também são elementos que
podem ajudar as pessoas nas construções de novos valores e iniciativas nas lutas em defesa
das pessoas empobrecidas, das crianças e das mulheres.
Os grupos de crianças e adolescentes do MAC estão atentos, debatendo, agindo de forma
bem organizada com seu protagonismo, fazendo parte de uma nova história baseada na vida
digna, na justiça, na igualdade, no amor, na paz e na justiça social.
Boa leitura, bons aprendizados e que a Agenda 2017 possa cumprir sua missão de tocar na
realidade e ajudar a transformá-la. O Brasil, a América Latina e o mundo clamam que é
preciso assegurar direitos conquistados; gritam por democracia, participação e mudanças de
crenças e valores anti-vida para valores de vida em plenitude.
Sônia Freitas Brandão – Coordenadora Nacional do MAC.
Por que?
Por que?
Tira meu direito de escolha,
a minha liberdade,
o direito ao meu corpo.
Por que viola o meu corpo?
Por que?
Por que sou mulher?
Sim tudo isso porque sou mulher.
Sou mulher e não um objeto,
sou mulher e não sou mais que ninguém.
Só quero igualdade,
igualdade no direito de escolha.
Igualdade no direito à vida.
Thawany Ferreira - 15 anos, Bairro Floresta – Goiânia - MAC/GO
* * *
Mudar
Muda, muda, muda, muda, mundo, muda!
Muda, muda, minha escola muda.
Muda, muda, minha vida, muda.
Vida, escola, mundo e tudo muda.
Se você não muda,
nada, nada muda,
nem muda a escola,
nem o mundo muda...
Mas se você muda,
Sua escola muda,
com você o mundo
muda e tudo muda!
A mudança que a gente pede pro mundo tem que começar com a gente; Caso contrário tá
furado, prejudicado.
Reginaldo Veloso – Assessor Pedagógico do MAC
Ela
Ela é morta!
Ela é espancada!
Ela é mal vista!
Simplesmente por tentar viver.
São julgadas pelas roupas que vestem,
são excluídas quando tentam ter oportunidades.
A desigualdade é grande!
Para elas, mulheres que querem apenas ter voz.
Queremos uma sociedade justa!
Queremos um mundo melhor!
Onde a mulher não seja oprimida,
por alguém que não respeita a sua vida.
Liberdade! É pedir muito?
Sofrer até conseguir igualdade?
Menos violência, mais justiça.
Um pouco mais de fraternidade!
Júlia Neves – 17 anos – Ceilândia – MAC/DF
* * *
A violência contra a mulher é algo muito preocupante no Brasil e no mundo. Isso
vem crescendo a cada dia, tornando-se o cotidiano de muitas mulheres.
As agressões contra as mulheres são frequentes. Essa prática pode ser física,
psicológica e/ou sexual. Os atos de violência contra a mulher muitas vezes podem estar
ligados à sua etnia, classe, religião, cor, orientação sexual e vários outros aspectos.
Na maioria das vezes as vítimas se calam; não denunciam por medo de ameaças
e/ou por temerem que o agressor acabe saindo impune.
Não adianta negar dizendo que a sociedade não é machista, pois os pais ensinam
as meninas a se comportarem de forma diferente na frente dos homens. Porém, o
necessário é ensinar os homens a se comportarem melhor na frente de uma mulher,
respeitando-a.
Cássia Tarciana – 16 anos – Ceilândia – MAC/DF
História do Dia 08 de Março – Dia Internacional da Mulher
O dia oito de março é resultado de vários fatos, lutas e reivindicações femininas por Igualdade de
Direitos. No Dia 08 de Março de 1857, Mulheres Trabalhadoras de uma indústria Têxtil de Nova
Iorque (EUA) fizeram greve por melhores condições de trabalho e igualdade de direitos trabalhistas.
O Movimento foi reprimido de forma muito violenta pela polícia. Em 08 de março de 1908,
trabalhadoras do comércio de Agulhas de Nova Iorque, fizeram uma manifestação para lembrar o
movimento de 1857 e para exigir o voto feminino e o fim do trabalho Infantil. Foram reprimidas
mais uma vez pela polícia. No dia 25 de março de 1911, cerca de 145 mulheres trabalhadoras
morreram queimadas num incêndio numa Fábrica de Tecidos, em Nova Iorque. As mortes
ocorreram em função das precárias condições de segurança no local de trabalho e nada foi feito
para impedir tamanha tragédia.
O Porquê a Cor Lilás: A Cor Lilás foi escolhida como a Cor da Mulher, porque na hora em que as
Mulheres morreram elas estavam fabricando os tecidos de cor Lilás. O fato trágico provocou reação
para mudanças nas Leis Trabalhistas, gerando assim melhores condições para as trabalhadoras
norte-americanas.
Somente em 1910, durante uma Conferência na Dinamarca ficou decidido que o 08 de Março
passaria a ser o “DIA INTERNACIONAL DA MULHER”, em homenagem as Mulheres que Lutaram
seus Direitos Sociais e como forma de obter apoio internacional para a luta em favor do direito voto
feminino. Foi a partir de 1975, no Ano Internacional da Mulher, que a ONU (Organização das
Nações Unidas) passou a Celebrar a data.
Objetivo Da Luta das Mulheres.
Com a escolha desta data; não se pretendia apenas comemoração. Os Países começaram realizar
Conferências, Debates, reuniões; com o objetivo de discutir sobre o papel da Mulher na Sociedade.
O esforço, a luta é para diminuir a desigualdade entre homem e mulher e um dia banir de vez com
o preconceito, a desvalorização, o desrespeito contra a mulher. Mesmo com toda essa luta, com os
avanços nós Mulheres ainda sofremos muito; com a falta de respeito, com salários baixos menor de
que do homem mesmo trabalhando por igual; sofremos muito com a violência masculina que
agride, mata...com a jornada excessiva de trabalho, desvantagem na carreira profissional... e tantos
outros direitos que são violados a cada dia. Muito já foi conquistado, mas muito ainda há para ser
modificado, muita luta pela frente na caminhada de igualdade entre homem e mulher; uma
verdadeira corrida na construção de uma Nova História.
Muito bem, Crianças, Adolescentes, Acompanhantes, Leitoras e Leitores desta Agenda de 2017 do
MAC; este é um resumo da história do Dia Internacional da Mulher e de tantas outras lutas e
conquistas ao longo da trajetória de vida de tantas Mulheres Guerreiras. O que podemos conversar
de tudo isso e de como vivem as mulheres hoje em nossa comunidade, em nossa sociedade? O que
mudou e o que precisa mudar?
Sônia Freitas – Coordenadora Nacional do MAC
Desejo Feminino
As mulheres querem paz
o mundo deseja vê-las brilhar
neste viver enigmático
elas querem seu lugar.
Um movimento, uma palavra
já é motivo de agressão
sem nenhuma explicação
tiram-nas do lugar.
É fato que vou mudar
com você, quero contar
para as mulheres viverem
e um dia saber por sua dignidade lutar.
Violência, com inteligência um dia vai acabar.
Violência, saia daqui,
as mulheres desejam SORRIR!!!
Kayllanny Alenkássya Venâncio Amaral – 13 anos – Itaguaru – MAC/GO
* * *
Luta Pelo Fim da Violência Contra As Mulheres
Hoje em dia, as mulheres ainda sofrem agressões de seus maridos. Elas sofrem
não só física como psicologicamente.
No entanto, os homens sabem da lei que protege as mulheres, a Lei Maria da
Penha. A lei Maria da Penha, para quem não sabe foi criada por causa de uma mulher
que foi espancada pelo marido e levou um tiro que a deixou paraplégica. Para essa lei
ser criada foram anos de luta. Mesmo com essa lei, muitas mulheres que são agredidas
pelos maridos têm medo de denunciar.
Apesar das mulheres terem 100% dos direitos iguais aos dos homens, eles estão
atingindo um número muito maior de privilégios.
Violência física: bater, espancar, empurrar, esfaquear, atirar, dar murros e etc.
Violência psicológica: chamar de gorda, feia, ridícula, burra, nojenta, ser racista
e etc.
Diga NÃO à violência contra a Mulher!
Karina – 15 anos, Águas Lindas de Goiás – MAC/GO
A Violência Que Passa Despercebida
A violência contra a mulher não é só aquela que a vítima é agredida fisicamente. Ela
também pode acontecer de diversas formas, muitas vezes de maneiras sutis que passam
despercebidas pela maioria das pessoas; podem acontecer até mesmo dentro da casa da
vítima.
No momento que dizemos para uma menina que ela não pode fazer algo porque
aquilo “não é coisa de menina”, ela está sendo agredida. Ela também é agredida quando
tentamos impor que se comporte de determinada maneira. Expressões como: “feche as
pernas”; “sente-se como uma menina” e “mocinhas não devem falar sobre isso”, são
algumas frases que tantas já escutaram e outras ainda escutarão.
O que estamos ensinando às nossas meninas? A serem caladas e submissas? Estamos
punindo as garotas pelo simples fato de terem nascidas garotas.
Isadora Costa Figueiredo – 17 anos – Guarabira/PB
* * *
A paz é o melhor caminho
Sabemos que a violência contra a mulher não é coisa que se faça, mas infelizmente não é
assim que certos homens pensam; alguns batem em suas mulheres por apenas não
quererem seguir mais ao lado delas.
Algumas mulheres têm medo de denunciar os seus parceiros, pois têm medo de apanhar
e até mesmo medo do DEPOIS; medo de como será após aquele agressor estar por perto
novamente. Há milhares de mulheres que já foram vítimas de violência e ainda são;
sujeitadas a este sofrimento em diversos lugares do mundo, trazem tanto sofrimento que
está mais do que na hora de acabar.
Para tentarmos evitar esse tipo de situação, as mulheres teriam que denunciar para a
polícia, mas nem sempre acontece dessa forma, nem sempre procuram seus direitos. Muitas
vezes a denúncia à justiça é a melhor opção, pois muitos não se importam com diálogo e
logo estão de volta para agredir.
Temos que ter muita fé em Deus e amor a nós mesmas – mulheres -, pois não agrada a
Deus ver suas filhas humilhadas e tristes. Lembremos uma frase bem importante: “ninguém
pode te fazer infeliz sem o seu consentimento”.
Violência nunca mais! A paz é o melhor caminho!
Ketelly – 14 anos – Itaguaru – MAC/GO
Batatinha
Batatinha quando nasce se esparrama pelo chão
Não bata em uma mulher, se não vai pra prisão.
Mulher não é pra ser julgada
É pra ser respeitada.
Seu corpo e suas regras
Vamos aprender com a meninada
Que igualdade é o centro de tudo
Nas nossas rodinhas, vamos refletir
A igualdade pra todos
É preciso permitir.
Precisamos de justiça em um mundo individualista
Sonhamos com um futuro sem ódio, miséria e cobiça
Com cirandas e brincadeiras queremos uma sociedade verdadeira
Onde a mulher possa viver
Sem hipocrisia desde o nascer
Por isso vem, entra na roda também!
Beijos carinhosos.
Clara, Júlia, Bahia, Maytê, Thawany, Neverton – Encontro Nacional do MAC – Recife-PE - Julho
de 2016.
* * *
A violência contra a mulher ultimamente está acontecendo muito. A cada 5
minutos, uma mulher é agredida no Brasil e isso não é bom porque traz um trauma
muito grande à mulher. A mulher não foi feita para apanhar e sim para dar apoio,
carinho, amor e coisas boas. O homem machista acha que bater em mulher é uma
obrigação, porque acha que elas são frágeis, mas as mulheres são mais fortes que os
homens. A mulher é guerreira e nunca desiste.
Diante de uma situação de tanta violência contra a mulher não podemos ficar
calados e temos que denunciar para que a justiça seja feita.
Pedro Paulo- 13 anos - MAC/DF
Seja Inteligente: Trate a Mulher Como Gente!
Um fato ocorrido em 1999, no mês de março, foi um exemplo de que a violência não leva a nada
de bom. Uma mulher gostava muito de seu marido, mas era uma mulher muito ingênua e aceitava
tudo que vinha de seu marido, inclusive agressão física e verbal.
Um dia ela ficou grávida e foi contar ao seu marido. Ele não achou nada bom e logo começou a
agredi-la sem motivo nenhum. O filho que ela esperava quase não escapou. Mas, resistiu e nasceu
saudável. Então aquela criança foi crescendo naquele lar e vendo sua mãe sofrendo todos os dias. O
menino era bom e não gostava que sua mãe sofresse daquele tanto.
O tempo foi passando e quando esse menino completou 18 anos, ele tomou a inciativa e chegou
até seu pai e disse: “não quero mais que o senhor bata em minha mãe! Agora estou maior e não quero
ver o senhor tratar a minha mãe desse jeito. Se encostar mais um dedo em minha mãe, vai se ver
comigo.”
Dias depois disso, seu pai transformou. Passou a viver bem com sua família, sem raiva e violência.
Ele pediu perdão para a sua esposa e começou uma nova vida no lar, cheio de paz, amor, carinho com
o próximo e respeito pelo outro. Com isso, ele percebeu o quanto é bom viver em paz e não compensa
viver com violência. Isso tudo porque o filho deu um BASTA naquela situação. Não podemos ficar
calados e aceitar uma vida de maus-tratos, pois assim só vamos ser infelizes e Deus quer a nossa
felicidade.
Danilo Lopes das Dores– 12 anos – Itaguaru – MAC/GO
* * *
A violência contra a mulher não é de hoje não! Ela vem de muito tempo atrás. Antes,
as mulheres não tinham o direito ao voto e nem ao trabalho. A violência vem aumentando
cada vez mais no Brasil e passando a ser normal na vida das mulheres e para a sociedade.
Em muitos casos, as vítimas se calam por medo do agressor ou por desconhecerem as
leis e os mecanismos de proteção e denúncias. Mas, existem sim leis contra a violência! É a
Lei Maria da Penha. Ela diz que se uma mulher for violentada, agredida ou abusada por algum
homem, ele pode ser punido severamente. O fato de esta lei existir não tem adiantado muito,
pois os casos só vêm aumentando mais e mais. A cada 10 mulheres que são agredidas, apenas
7 denunciam e as outras ficam sofrendo em silêncio.
As leis deveriam ser seguidas rigorosamente; deveriam ser criadas mais delegacias de
apoio às mulheres. As pessoas que presenciassem ou tivessem conhecimento de algum tipo
de violência contra as mulheres deveriam denunciar.
Nayara Soares – 15 anos – Guarabira – MAC/PB
Vivam em Paz - Mulheres e Homens
A convivência entre homens e mulheres
Deve ser de amor e paz
Deus nos criou para sermos bons
E vivendo a bondade a vida de faz
Muitos esquecem de Deus
Deixam o respeito de lado
E cometem violência
Deixando lares arrasados.
Se a mulher é maltratada
Sofre toda a família
Porque se a mulher é humilhada
O filho também se humilha.
É tão bom um lar feliz
Com respeito e cooperação
Deve ser assim a cada dia
Vivendo o amor e a união
Quem não respeita a mulher
Não merece um lar
Deve ser denunciado
E na justiça precisa pagar.
Renata da Fonseca Cardoso – Acompanhante – Itaguaru – MAC/GO
* * *
Diga Sim Para a Vida!!!
Dia 25 de Novembro é o Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher. Esta não é
uma data qualquer, ou até mesmo desinteressante. É uma data especial que mostra que
nenhuma mulher merece ser desvalorizada ou violentada. Grande parte da população atual
sofre algum tipo de agressão e entre essa parte (que não é pouca), as principais vítimas são as
mulheres.
Os casos se agravam no ambiente doméstico. Mulheres agredidas por seus próprios
parceiros, maridos, companheiros ou até mesmo namorados. Quando o ciúme fala mais alto,
quando não fazem o que seu companheiro deseja, e muitas vezes apanham até mesmo por uma
coisa que ela fez e simplesmente não o agradou. Nesses casos, se a vítima reage, pode até ser
morta, sem forma nenhuma de defesa.
Mulheres merecem amor, carinho, atenção e respeito; sejam elas como for, só merecem
amor!!! O diálogo é a melhor forma de se resolver um problema. Diga NÃO à violência contra a
mulher.
Natália Cristina, 15 anos – Itaguaru – MAC/GO
Essa história começa muito cedo... Mas, precisa mudar!
No tempo em que eu era pároco na Paróquia de Santa Maria, no bairro da Macaxeira, Recife, até
um certo tempo, havia, no domingo pela manhã, a Missa das Crianças. Na Liturgia da Palavra, a
gente fazia uma conversa a partir do Evangelho.
Num domingo lá dos anos 70, o Evangelho era aquele que falava de Jesus na sinagoga de Nazaré:
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa
Notícia aos pobres” (Lc 4,18). O assunto da conversa era, então, “Ser Profeta como Jesus”: alguém
que é consagrado pelo Espírito de Deus para anunciar uma boa notícia aos pobres, às pessoas mais
sofridas e precisadas... Pois, toda pessoa que é batizada é consagrada pelo mesmo Espírito Santo,
para a mesma missão de Jesus...
A pergunta que puxava a conversa era: “Criança, também, pode ser profeta?” ... “Alguém de vocês já foi profeta?” ... E várias mãos de crianças se levantaram, pedindo para contar alguma coisa. Um menino contou, com muita convicção, esse fato: “Meu pai estava brigando com minha mãe, chamando nome feio com ela. E eu chamei ele e perguntei: - Ô pai, se Jesus estivesse aqui, o senhor chamava esses nomes com ele? ... - Que conversa é essa, menino? ... Não tem nada a ver! - Tem, sim senhor. Eu aprendi no catecismo que tudo o que a gente faz com os outros Jesus toma pra ele! Então, esses nomes que o senhor tá dizendo com minha mãe, tá dizendo com Jesus. E o menino concluiu: “Ele ficou calado. Saiu pra fora, foi esfriar a cabeça na rua. Depois, voltou mais calmo.”
* * * * *
Gente, vocês certamente já viram algum coleguinha por aí, na escola, na rua... talvez até algum irmão de vocês... ou mesmo algum pai... “se achando”, só porque é homem: - Eu mesmo, na minha casa, não lavo prato. Minha mãe disse que isso é trabalho de mulher. - Quando a gente joga futebol, na escola, só os meninos é que jogam. Futebol não é jogo de mulher não. Só tem time de mulher, porque a professora de Educação Física é uma mulher. - Na minha rua tem um beco meio escuro, de noite. Quando menina sai pra conversar com menino no beco, todo mundo fala que ela não presta. Na gente que é homem nada pega, mas nelas... - Meu pai é quem manda em casa. E eu, quem mando nas minhas irmãs. E talvez já ouviram menina se queixando: - Minha mãe mesmo só dá valor aos filhos machos. A gente só serve para fazer os serviços de casa. Tudo de melhor é pra eles: roupa, sapato, presente bom... liberdade pra sair e ir pros cantos... - Meu pai bate na minha mãe e meu irmão quer fazer o mesmo com a gente. - Meu pai e minha mãe não deixam a gente vestir calça comprida, nem bermuda. “Roupa de mulher é vestido!”, dizem. - “Só vai pra festa se for acompanhada de seu irmão. Sozinha não vai não. Você é mulher!”, é coisa que eu tou cansada de ouvir. Pra piorar, meu irmão não quer sair com a gente. Outro dia, ele foi, mas ficou querendo empatar eu de dançar com os meninos. Queria até bater em mim, na vista do povo, porque eu atendi a um menino que me tirou pra dançar. - Meu namorado é muito ciumento. Na hora do recreio, na escola, ele fica vigiando seu falo com os colegas ou brinco com eles. Na volta da escola, ele fica querendo que eu dê satisfação a ele, e até ameaça de acabar com o namoro.
* * * * *
Voltando para a conversa do início: nós, homens e mulheres, crianças e adolescentes, na roda de conversa em nossos Grupos, a gente conversa sobre essas coisas? ... Conhecemos casos parecidos com esses? ... De olho no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), especialmente no Capítulo II, artigos 15-18, como é que a gente avalia esses casos? ... Escutando o Evangelho de Jesus, Lucas 4,4-21, como discípulas e discípulos, como missionárias e missionários, como é que a gente tem que fazer diante desses casos? ... Se Crianças e Adolescentes não assumirem, em primeiro lugar, seu papel de profetas, será que os problemas vão se resolver e as coisas vão melhorar? ...
Reginaldo Veloso, Assessor Pedagógico do MAC
Maria da Penha: A Lei que Combate a Violência Contra a Mulher!
Olá gente!
“O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada
O cravo saiu ferido
A rosa despedaçada...”.
Começo essa conversa com uma BRINCADEIRA - coisa muito SÉRIA para o MAC – já que é assim que
sempre começamos os nossos encontros e seguimos conversando, comparando com a nossa vida e com
a vida de Jesus Cristo... que vamos aprendendo, desenvolvendo ações, fortalecendo nossos laços de
amizade e tornando a nossa vida mais feliz.
Brincar é uma regra observada, respeitada e efetivada pelos grupos. É como se fosse uma “LEI”.
De que trata essa brincadeira? Fala de quem? O que acontece com as personagens envolvidas?
Podemos entender que se trata de uma cena de violência envolvendo o cravo e a rosa e, ao
relacionar com a nossa vida podemos comparar com uma briga de casal em que resultaram ferimentos
mais graves para a mulher.
Assim como na brincadeira, na vida da gente há muitos casos de violência sofridos muito mais
pela mulher. As pesquisas dos estudiosos comprovam que em cada 5 (cinco) mulheres, 1 (uma) é vítima
de violência.
O pior é que a violência contra a mulher não atinge somente ela, atinge também as crianças, os
adolescentes, os jovens... toda a família e, na maioria dos casos são cometidos dentro de casa, pelos
maridos ou ex-maridos. É, portanto, a violência doméstica.
Em razão dessa triste realidade, as pessoas que sonham e lutam para construir um mundo sem
violência passaram a desenvolver ações, organizar grupos e movimentos, promover campanhas no
mundo inteiro para enfrentar e combater o que é sofrido pelas mulheres, desde muitos anos atrás. Surge
então a LEI MARIA DA PENHA:
“Terezinha de Jesus
Foi à queda foi ao Chão...”
Lembramos desta brincadeira para relacionar com uma triste história vivenciada pela
farmacêutica bioquímica MARIA DA PENHA MAIA FERNANDES que “foi à queda, foi ao chão” quando o
marido tentou assassiná-la por duas vezes.
Porém, as “quedas” de Maria da Penha foram somadas às “quedas” das Terezinhas, das Níveas,
das Vivianes... e de muitas outras mulheres e se transformaram em BANDEIRA DE LUTA que foram
juntadas às lutas das diversas organizações que atuam NA DEFESA E NA GARANTIA DOS DIREITOS
HUMANOS.
Em sua homenagem foi aprovada a Lei 11.340 de 2006 - Lei Maria da Penha - criada para
COMBATER A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR, punir os agressores, criar formas de proteger a
agredida e prevenir a violência que se manifesta através de cinco tipos de atitudes:
1. Física - atitudes que prejudicam a saúde ou a integridade da mulher. É praticada com o uso da
força física, ou uso de armas;
2. Psicológica – atitudes que colocam em risco o desenvolvimento psicoemocional da mulher.
Incluem insultos constantes, humilhação, desvalorização, chantagem, isolamento de amigos e
familiares, ridicularização...
3. Sexual - inclui qualquer ação para obrigar a mulher, por meio da força, a ter relações sexuais ou
presenciar práticas sexuais contra a sua vontade;
4. Patrimonial - acontece quando o agressor toma pra si ou destrói os bens, os instrumentos de
trabalho e documentos da vítima; quando deixa de pagar a pensão alimentícia ou contribuir
para manter a família...
5. Moral - são ações de calúnia, difamação ou injúria que ferem a dignidade da mulher. Este tipo
de violência acontece muito por meio das redes sociais.
Com a Lei Maria da Penha, a violência doméstica deixa de ser um problema só da mulher e passa
a ser também da sociedade e dos governantes que devem garantir atendimento, assistência e proteção
às vítimas e aos seus dependentes, promover ações de prevenção e de punição dos agressores.
A Lei protege mulheres não só dos parceiros, mas também de parentes, e ampara também
mulheres que estejam em relacionamento com outras mulheres. Há casos em que a Justiça garantiu a
aplicação da lei para transexuais que se identificam como mulheres em sua identidade de gênero.
Como apoio à Lei Maria da Penha existem as Delegacias de Atendimento à Mulher, os juizados
especializados de violência doméstica e familiar, além de serviços de assistência, como a Casa da Mulher
Brasileira, os Centros de Referência em Direitos Humanos - CRDH e a Central de Atendimento à Mulher
– Disque 180.
As leis são ferramentas importantes para assegurar o Direito Humano fundamental de Viver sem
Violência, porém, o que garante que sejam observadas, respeitadas e efetivadas é a nossa união, a
nossa organização a nossa LUTA.
Assim entendendo é que o Movimento de Adolescentes e Crianças – MAC se integra e se
empenha na LUTA PELO FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.
Maria Nazaré Davi Guimarães – Acompanhante – Mossoró – MAC/RN
Ninguém nasce para ser “ator” e nem tão pouco para ser “vítima” de violência: a gente se faz.
Ninguém nasce pronto, o outro, nossos pais, nossa família, a escola, a comunidade, a cultura
(os hábitos, costumes, crenças e valores compartilhados num determinado espaço) é quem nos faz,
é quem põe cada tijolo da “construção” que hoje somos.
Mas, é bem verdade que, hoje em dia, com os avanços da ciência em vários campos dos
saberes da biogenética, da psicologia, da física quântica, entre outros, já se sabe que já nascemos
com certos registros (energéticos e celulares) e potenciais, herdados de nossos pais e do meio em
que eles viveram. E estes poderão desabrochar, se o meio em que vivemos colaborar para isso. É
possível que esteja difícil de entender... Vamos explicar. Tudo aquilo que nossos pais viveram de
bom ou de ruim, experiências de vida, como carinho ou maus tratos, consumo de substâncias como
álcool e outras drogas que afetam o sistema nervoso central, entre outras coisas, tudo isso, no ato
da nossa concepção, nos foi transmitido e determinou nossas características físicas e emocionais. E,
durante nossa vida intrauterina, que vai desde a concepção até o parto, tudo quanto nossa mãe
vivenciou de bom ou de ruim, nós também vivenciamos e registramos em nosso corpo e em nossa
psique. Quando nascemos, trazemos conosco trilhões de informações e de potenciais que
condicionam o nosso jeito de existir, e as possibilidades de a gente acontecer. Tudo isto poderá ou
não ser despertado. Dependerá do ambiente, de tudo o que falamos no início acima (família, escola,
comunidade, cultura, religião etc.), circunstâncias e condicionamentos que colaborarão, positiva ou
negativamente, pra a formatação do nosso ser.
Quando nossos pais ou responsáveis, quando a cultura, separam o universo em dois,
masculino e feminino, coisas de menino e coisas de menina, aí, inicia um ambiente propício a
favorecer a um dos lados. Ao menino tudo é dado e permitido. À menina, quase nada. Ao menino
são entregues brinquedos que o orientam para a rua, para a guerra, para o poder, para a crença de
que é mais forte do que a menina... À menina são entregues brinquedos que a orientam para o
ambiente doméstico, do lar, do cuidado, para a crença de que seja mais frágil e submissa ao
menino... O menino pode ocupar todos os espaços da casa e da rua. A menina, não. Para o menino,
desde criança, os pais apontam várias namoradas, e acham isso uma beleza. À menina só é
permitido vislumbrar um namoro tempos mais tarde. O menino, a todo momento, recebe o reforço
de “macho”, daquele que manda em casa, no grupo, etc. Meninos e meninas, assim, crescem,
seguindo os padrões estabelecidos: menino tem mais poder, mais capacidade, mais força e,
portanto, tem o direito de mandar e comandar tudo e todos... menina, por ser frágil, menos capaz,
tem o papel de obedecer e cumprir ordens. Neste cenário, desde a tenra infância, passando pela
adolescência até a fase adulta, não há outro destino se não o de o homem dominar a mulher. E,
portanto, naturaliza-se, ou seja, tudo isso é compreendido como sendo natural. Até mesmo a
violência entre gêneros.
Mas, se o cenário, o ambiente cultural for outro, onde tanto o menino quanto a menina, a
ambos, tudo é dado e permitido em medidas iguais, no diálogo, na amorosidade, no respeito, na
companhia, no exemplo da própria relação entre seus pais, seus mestres e mestras, seus guias
religiosos, em que os gêneros, masculino e feminino são tratados em pé de igualdade... onde, aos
meninos é permitido vivenciar o cuidado ao brincar junto com as meninas, e às meninas são
ofertadas brincadeiras em que podem vivenciar o poder, a participação, a liderança etc., estes
meninos e meninas serão homens e mulheres em igualdade de condições e atitudes.
Todos os potenciais genéticos irão desabrochar conforme o ambiente cultural a eles e elas
oferecido.
Assim, voltamos para o começo de nossa conversa. Ninguém nasce destinado a ser violento ou
vítima. Depende da Família que temos. Depende da Escola em que estudamos. Depende da
Sociedade em que vivemos. Depende da nossa consciência. Depende de nós. Pois, podemos, mesmo
como crianças e adolescentes em fase de desenvolvimento, de entendimento de tudo isso, ser
agentes de mudança junto aos nossos pais, aos nossos professores e colegas de escola,
em nossa comunidade. Podemos e devemos construir uma nova Mulher e um novo
Homem comprometido com a Igualdade entre Gêneros, abolindo de vez a Violência.
Cledson Reis – Educador Popular Biocêntrico; Psicólogo; Facilitador de Biodança; Mestrando em Saúde Coletiva – UFPE;
Tesoureiro Nacional do MAC.
Datas Importantes Para as Lutas Feministas e de Gênero
8 de março – Dia Internacional da Mulher - Declarado durante a 2ª Conferência Internacional de Mulheres Socialistas na Dinamarca/Copenhagen, em 1910. Tal decisão contou com a participação de representantes de 17 países. Dia de mobilização e lutas por direitos das mulheres. 30 de abril – Dia Nacional da Mulher - Homenagem a Jerônima Mesquita. Nasceu em Leopoldina/MG, no dia 30/04/1880. Foi uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF) em 1922 e uma das pioneiras na luta pelo direito ao voto feminino. Atuou no movimento sufragista de 1932. Com Bertha Lutz e Maria Eugênia, em 14/08/1934, lançou um manifesto à nação, chamado de Manifesto Feminista. 28 de maio – Dia Internacional de Ação pela Saúde da Mulher – Definido no IV Encontro Internacional Mulher e Saúde, em 1984, na Holanda, durante o Tribunal Internacional de Denúncia e Violação dos Direitos Reprodutivos e ações políticas que vissem prevenir mortes maternas evitáveis. 25 de julho – Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe – Em 1992, participantes de 70 países do 1º Encontro de Mulheres Negras da América Latina e do Caribe, em Santo Domingo, na República Dominicana, escolheram esta data para celebrar e refletir sobre o papel das mulheres negras na região.
Agosto – Marcha das Margaridas - Memória a Margarida Maria Alves, Presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoa Grande/PB. Assassinada em 12/08/1983, a mando de latifundiários da região. Lutou pelo fim da violência no campo, por direitos trabalhistas (respeito aos horários de trabalho, carteira assinada, 13º salário e férias remuneradas). Dizia: “É melhor morrer na luta do que morrer de fome”. 07 de agosto – Publicação da Lei Maria da Penha – “Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do §8° do art. 226 da CF, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências”. 23 de setembro – Dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças – Data escolhida na Conferência Mundial de Coligação contra o Tráfico de Mulheres, Dhaka - Bangladesh, em 1999. 10 de outubro – Dia Nacional de Luta contra a Violência à Mulher – Instituída em 1980, a partir de um movimento iniciado em São Paulo, quando mulheres reuniram-se nas escadarias do Teatro Municipal para protestarem, por causa do aumento dos crimes praticados contra as mulheres em todo o país. 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra – Faz memória não apenas da importância da presença dos afrodescendentes e de sua contribuição para a construção do Brasil, mas também da tripla discriminação sofrida pelas mulheres negras, que se baseia em gênero, raça e classe social. 25 de novembro – Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher – Data proposta pelo movimento latino-americano de mulheres. Em homenagem às irmãs Mirabal – Patria, Minerva e Maria – assassinadas em 1960, pela ditadura de Rafael Trujillo, na República Dominicana. As irmãs eram conhecidas como “Las Mariposas” em suas atividades políticas. 06 de dezembro – Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres – Instituída em razão de um fato ocorrido em Montreal, no Canadá. No dia 6 de dezembro de 1989, um rapaz de 25 anos (Marc Lepine) invadiu uma sala de aula da Escola Politécnica e assassinou 14 mulheres, suicidando-se em seguida. O rapaz deixou uma carta, afirmando que o ato aconteceu por não suportar a ideia de ver mulheres estudando engenharia, curso predominantemente masculino. Um grupo de homens do Canadá se organizou para dizer que existem homens que repudiam a violência contra as mulheres. Eles elegeram o laço branco como símbolo e adotaram como lema: “Jamais cometer um ato violento contra as mulheres e não fechar os olhos frente a essa violência”. 16 Dias de Ativismo: Uma Mobilização Mundial pelo Fim da Violência de Gênero – A Campanha é uma mobilização anual, praticada simultaneamente por diversos atores da sociedade civil e poder público engajados nesse enfrentamento. Iniciou em 1991 e já conquistou a adesão de cerca de 160 países. Mundialmente, a Campanha se inicia em 25 de novembro e vai até 10 de dezembro.