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Violência social e indisciplina escolar

Matéria de Capa4

Novos rumos paraa alfabetização

Alfabetização12

Como fortalecer os diferenciais competitivos para obter melhores resultados nas Instituições de Ensino

Gestão I14

[email protected]

Os artigos assinados nesta publicação sãode inteira responsabilidade dos autores.

Expediente

MAIO DE 2018 - Edição 242

EditoraGisele Carmona - MTB 0085361/SP

Repórteres• Gisele Carmona • Ygor Jegorow

Assessoria de Imprensa eProdução EditorialEditora-chefe: Gisele CarmonaEditor gráfico: Balduíno Ferreira LeiteRedes Sociais: Ygor JegorowImpressão: DuoGraf

Colaboradores• Ana Paula Saab • Antonio Higa • Carlos Alberto Nonino• Clemente de Sousa Lemes• Ivaci de Oliveira • Jocelin de Oliveira • José Maria Tomazela • José Rodrigues • Ulisses de Souzawww.sieeesp.com.brRua Benedito Fernandes, 107 - São Paulo - SP CEP 04746-110 - (11) 5583-5500

DIRETORIA

PresidenteBenjamin Ribeiro da Silva Colégio Albert Einstein

1º Vice-presidenteJosé Augusto de Mattos LourençoColégio São João Gualberto

2º Vice-presidente Waldman BiolcatiCurso Cidade de Araçatuba

1º TesoureiroJosé Antônio Figueiredo AntiórioColégio Padre Anchieta

2º TesoureiroAntônio Batista GrossoColégio Átomo

1º SecretárioItamar Heráclio Góes SilvaEduc Empreendimentos Educacionais

2º SecretárioAntônio Francisco dos SantosSistema Educacional São João

DIRETORES DE REgIONAIS

ABCDMROswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008

AraçatubaWaldman Biolcati - (18) 3623-1168

BauruGerson Trevizani - (14) 3227-8503 (in memoriam)

CampinasAntonio F. dos Santos - (19) 3236-6333

guarulhosWilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842

MaríliaLuiz Carlos Lopes - (14) 3413-2437

Ribeirão PretoJoão A. A. Velloso - (16) 3610-0217

OsascoJosé Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327

Presidente PrudenteAntonio Batista Grosso - (18) 3223-2510

SantosErmenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349

São José dos CamposMaria Helena Bitelli Baeza Sezaretto - (12) 3931-0086

São José do Rio PretoCenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545

SorocabaEdgar Delbem - (15) 3231-8459

O mundo coloridodas crianças

Jogos e Brincadeiras16

Censo da escola privada no Estadode São Paulo

Censo Escolar18

A Megera Domada –O Musical

Teatro30

Atrever-se à inovação, um possível desafio

Psicopedagogia32

A importância da educação múltiplana sala de aula

Entrevista36

Atraia, fidelize e satisfaça clientes

Gestão II38

Maior evento de tecnologia para educação apresenta novidades este ano

Bett Educar40

Obrigações52

Cursos54

A pedagogia do erro:errar não é o contrário de acertar

Aprendizagem42

Superações das violências: valores educacionais e práticas pedagógicas

Violência46

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Q uero aproveitar este espaço para mostrar que o Sindicato dos Es-

tabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo, SIEEESP, está acompanhando os últimos acontecimentos envolvendo as mudanças na educação, princi-palmente no que envolve a nova Base Nacional Comum Curricular e à menção que o presidente Mi-chel Temer fez ao Ensino Médio, demonstrando seu interesse em aprovar até 40% dessa etapa como sendo oferecida a distância.

Mantenho a minha opinião sobre o grande gargalo que esse setor passou a representar no ensino e o quanto é importante nos mantermos atualizados e tentarmos nos espelhar em socie-dades que conseguiram mudar a sua forma de trabalho e melhorar o seu sistema de educação.

Justamente por isso, diante da importância do assunto, pro-movemos a 20ª Viagem Interna-cional de estudos e convidamos mantenedores e educadores, em geral, para uma grande jornada pelo exterior. Para aprimorar o ensino e buscar novas tecno-logias, o sindicato que presido promove viagens internacionais em busca de parcerias e troca de experiências.

JORNADA EDuCACIONAl AO ExTERIOR

Esse ano, a partir do dia 10 de maio, iniciaremos uma nova experimentação e, desta vez, visitaremos o Japão.

O Japão foi escolhido por apresentar uma educação de alta qualidade e que é prioridade no país. O índice de analfabe-tismo é praticamente zero (algo em torno de 0,5% da população, segundo o governo japonês em 2015). Possui uma das populações mais educadas do mundo, com matrícula de 99,98% nas séries compulsórias, além do Ministé-rio da Educação supervisionar de perto currículos, livros didáticos e aulas, garantindo que o conhe-cimento será uniforme em todo o seu território. O resultado, é claro, só poderia ser um elevado padrão, reconhecido internacio-nalmente, e com destaque para as matérias de Matemática e

Para aprimorar o ensino e buscar novas tecnologias, o sindicato que presido

promove viagens internacionais em busca de parcerias e troca de experiências

Editorial

[email protected]

Benjamin Ribeiro da SilvaPresidente do Sieeesp

Ciências (respectivamente 5º e 2º lugares na avaliação do PISA).

É difícil para nossas escolas e nossos mantenedores empreen-derem essa iniciativa individual-mente, portanto, oferecemos essa oportunidade única de conhecer um sistema de educa-ção que funciona de forma tão completa.

Esses eventos fazem parte do projeto da nossa entidade, visando estimular o intercâmbio de experiências e projetos edu-cacionais, com a efetiva partici-pação das escolas particulares. Já tivemos a oportunidade de conhecer mais de 30 países e visitar centenas de escolas, tro-cando ideias e trazendo inova-ções, contribuindo assim para a melhoria do ensino brasileiro e mais conhecimento para nossos professores e alunos.

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C ompreender os motivos e sen-tidos da indisciplina torna-se de suma importância para realizar-

mos uma leitura mais completa acerca desse tema, tendo em vista que a ausência da clareza, por parte de alguns docentes, pode intensificar e originar situações de indisciplina escolar.

O conceito tradicional de indisciplina deve ser revisto, estudado e melhor com-preendido dentro da escola. Esse tema, para uma grande parcela da comunidade escolar (todos os sujeitos que estão envolvidos com a escola, ou seja, corpo docente, gestores, equipe pedagógica, funcionários, alunos e família), é motivo de preocupação, visto que a ocorrência de problemas classificados como indisciplina causa estresse nas relações interpessoais, principalmente quando associados a situa-ções de conflito em sala de aula.

A indisciplina escolar sempre fez parte do ambiente escolar. Mas, as diferentes situações de indisciplina, em outros momen-tos históricos, dificilmente eram divulgadas e extrapolavam os muros das instituições de ensino e entre as paredes das salas de aulas, dos gabinetes de supervisores disciplinares e salas de diretores. Havia, implicitamente, autorização da sociedade para que tudo fosse resolvido (inclusive com a utilização de diferentes castigos físicos para punir os indisciplinados), ou seja, numa educação de antigamente, as situações de disciplina eram descritas rigorosamente, e, para os atos de indisciplina, as correções eram estimuladas e apoiadas.

Na atualidade, o que é percebido é que a indisciplina está sendo mais divulgada e discutida – tanto dentro quanto fora da escola – fator que não ocorria, com essa frequência, em outros tempos, e, com isso, os assuntos relacionados à indisci-plina ganharam maior visibilidade.

Tal item pode ser notado, no Brasil, pelo aumento de produções acadêmicas que cresceu sensivelmente desde o ini-cio do século XXI. Essa tal preocupação demonstra que, tanto a academia como a escola, estão começando a visualizar a importância de compreender melhor as particularidades do assunto. Sendo assim, ao escrever esse texto procuro aprofun-dar uma dessas particularidades, ou seja, a violência social como uma das causas da indisciplina escolar.

Falar da violência social é falar sobre um assunto presente cotidianamente em nossa sociedade. Tal situação é relatada, frequentemente, nas conversas de todas as pessoas e em diversos locais. Na escola também é comum ouvir tais relatos seja pelos funcionários, diretores, educa-dores e alunos. Podemos observar que a violência na sociedade também está sendo relatada, constantemente, em reportagens divulgadas pelos meios de comunicação, sendo, então, amplamente discutida pela mídia.

Mas afinal, porque a violência na socie-dade pode ser considerada uma das causas da indisciplina escolar? Para responder essa questão, o presente texto está organizado da seguinte maneira: no próximo tópico apresento uma breve discussão sobre a violência na sociedade, abordando como a convivência com fatos violentos estão sendo normalizados na sociedade contem-porânea; na sequência será discutido a questão da confusão existente entre indis-ciplina escolar e violência escolar, confusão essa que interfere diretamente na atuação do docente quando acontecem questões de indisciplina escolar ou violência escolar. Em seguida, analisarei como a violência, uma das causas exteriores ao ambiente educacional, influencia na questão da indisciplina escolar.

A normalização da violência na so-ciedade

Nesse tópico discorrerei como a convivência com atos de violência na sociedade estão sendo incorporados e, cada vez mais, rotineiros para as pessoas, fazendo com que o contato com situações de violência não sejam exceções, mas itens constantes e corriqueiros em nosso dia-a-dia. Dessa maneira, gradativamente, para as pessoas, deparar-se com situações de violência se tornou algo normalizado.

Mas afinal, o que é violência? Ao consultar qualquer dicionário da língua portuguesa descobre-se uma gama de possibilidades para definir a palavra vio-lência. Entre tantas destaco aquelas que afirmam que a violência pode ser uma ação ou efeito de violentar, de empregar força física (contra alguém ou algo) ou intimidação moral contra (alguém); ato violento, crueldade, força; cerceamento da justiça e do direito; coação, opressão, tirania; constrangimento físico ou moral exercido sobre alguém para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outro(s).

Ao observar as definições listadas acima percebe-se que elas levam a en-tender a violência como um ato de obrigar alguém, ou um grupo de pessoas, a reali-zar algo que ela não concorda, seja com o uso de força física ou não, rompendo com aquilo que é aceito moralmente e le-galmente pela sociedade. Embasado nesse apontamento é possivel visualizar como, na atual sociedade, a violência está presente em nosso cotidiano, pois nos deparamos constantemente com diferentes tipos de

A convivência com atos de violência na sociedade estão sendo

incorporados e, cada vez mais, rotineiros para as pessoas, fazendo

com que o contato com situações de violência não sejam exceções

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Matéria de Capa

violência, tanto presencial como aquelas que nos são transmitidas pelas diferentes mídias que temos acesso. Dessa maneira, com o mundo cada vez mais conectado temos, além do contato restrito e direto, contato com a violência que acontece em qualquer lugar do mundo.

Com relação à violência mundial, em grande escala, o pensador e epistemólogo francês Michel Foucault (1926-1984), afirmava que as guerras jamais foram tão sangrentas e violentas como a partir do século XIX, exaltando a diferença da sociedade da soberania para sociedade disciplinar. O que era restrito a uma região passou a ser mundialmente importante, divulgada e necessária para manter a manutenção da sociedade. Para Foucault, as guerras não se travam em nome do so-berano a ser defendido, mas sim em nome da existência de todos pois populações inteiras são levadas à destruição mútua em nome da necessidade de outras de vive-rem. Os massacres se tornaram vitais. Foi como gestores da vida e da sobrevivência dos corpos e da raça que tantos regimes puderam travar tantas guerras violentas, causando a morte de tantos homens.

Ao observar a história do Brasil, cons-tatamos como a violência sempre esteve presente em nosso cotidiano. A partir da chegada dos portugueses, convivemos com suas diversas práticas, que muitas vezes foram – e ainda são – aceitas, po-liticamente, para fazer a manutenção da sociedade. Essas violências se fizeram

presentes numa política que dizimou toda uma população indígena, que escravizou milhares vindos do tráfico de negros, que torturou e matou durante os anos da dita-dura militar e que hoje mata outros tantos na violência urbana nos grandes centros.

Diante do que foi apresentado pode-se dizer que a violência na sociedade não é uma questão somente da atualidade. Em outros tempos ela também existia mas com menor divulgação. Na socie-dade atual as ocorrências de situações violentas se elevaram significativamente e, além da impunidade, outros fatores corroboraram para esse aumento, entre eles a morosidade do sistema judiciário, a ineficiência das instituições criadas para recuperação dos sujeitos violentos, dentre outros fatores.

Muitos estudiosos consideram que o aumento da problemática da violência na sociedade também está relacionada com a maneira como situações de vio-lência são apresentadas pelos meios de comunicação de massa. É comum os programas televisivos infantis e adultos apresentarem programas (desenhos, filmes, seriados, novelas, entre outros), com cenas diversas de violência. Silva, autor do livro Ética, indisciplina e violência nas escolas (Editora Vozes) considera que a maneira como os meios de comunição têm veiculado a violência mais como um meio de promoção do que de alerta de seus perigos. Para Silva, a violência real é transmitida na forma de espetáculo, o

que acaba não sensibilizando ninguém; e a virtual com um grau de realismo que faz com que seja confundida, a ponto das pes-soas não saberem mais quando se trata de uma ou de outra. Dessa maneira, os meios de comunicação estão contribuíndo para a banalização da violência que passa a ser vista como algo comum e até certo ponto como um fenômeno normal nas nossas vidas.

Com relação a normalização da violên-cia entre as crianças, Curwin e Mendler, autores do livro mexicano Disciplina con dignidad (Iteso), afirmam que os pequenos estão, frequentemente, expostos com todo tipo de violência social – da guerra, do tráfico de drogas, do crime organizado, da criminalidade urbana, etc. –, esse contato direto torna tal situação natural, trans-formando-as em pessoas insensíveis com tais atos, ou seja, a sociedade, sem o uso de uma força explícita, mas de estratégias disciplinares, fez com que o fenômeno da violência fosse aceito e normalizado para a manutenção de um conceito.

Os alunos de nossas diversas escolas não vivem em um mundo isolado da socie-dade, pelo contrário. As coisas que acon-tecem além dos muros das instituições de ensino adentram tais estabelecimentos e interferem e interagem com feomenos que só ali acontecem, entre esses, a indis-ciplina escolar. Mas será que os professo-res sabem a diferença entre indisciplina escolar e violência escolar? Questão que será desenvolvida em no próximo tópico.

Os meios de comunicação estão contribuíndo para a banalização da violência que passa a ser

vista como algo comum e até certo ponto como um fenômeno normal nas nossas vidas

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Indisciplina Escolar e Violência EscolarTenho consciência que dentro do

ambiente educacional e, especificamente, no encontro pedagógico entre docente x discentes ou mesmo entre discentes x discentes, situações de conflito como a indisciplina e a violência escolar afetam, além das práticas preparadas pelos pro-fessores para aquele momento, todo um cumprimento de finalidades que ali, na sala de aula, buscam desenvolver, ou seja, a aprendizagem sistemática de diversos conteúdos, socialização entre pares, acesso à cultura, a formação para a cidadania entre outros.

Por esses motivos entendo que é de suma importância refletir e analisar a diferença entre a indisciplina e a violên-cia escolar para compreender que essas questões convivem dentro da escola, mas devem ser pensadas com uma compreen-são diferenciada. Dessa maneira, busco nesse tópico, apresentar essas diferenças para, no tópico final, resgatar o objetivo do presente texto.

Pensar sobre a indisciplina escolar é discutir um tema que sempre rondou e permeou o ambiente educacional. Este fenômeno, ao contrário do que pensam alguns professores, não é exclusividade dos tempos atuais. Em outras épocas ele também acontecia e era discutido. Alguns estudiosos – como o filósofo tcheco Jan

Amos Comenius (1592-1670), no século XVII, e o francês Émile Durkheim (1858-1917), no início do século XX, entre outros – apresentaram textos demonstrando preocupações, já em outras épocas, em buscar meios para manter a disciplina escolar, ou seja, o medo da indisciplina sempre existiu. As relações escolares da educação de antigamente eram per-meadas por medo, coação e até mesmo submissão dos alunos – o que demonstra que essas relações eram determinadas em termos de obediência e subordinação.

A indisciplina sempre existiu, mas a opressão que o professor exercia sobre os alunos em outros tempos era maior que a existente na atualidade; o aluno que estava sendo formado era diferente do atual. Continuamos a guardar uma he-rança pedagógica que é alheia aos nossos dias? Os tempos mudaram, a sociedade, as famílias, os professores e os alunos muda-ram, espera-se que os discentes, na atua-lidade, sejam participativos e atuantes e não apenas assimiladores dos conteúdos impostos pelos currículos e pelos profes-sores. O que percebo é que, em algumas escolas, ainda espera-se o aluno ideal (que ficou em um passado distante – se é que existiu) e não o aluno real (com todas as qualidades e os defeitos de nosso tempo).

Definir indisciplina dentro do contexto escolar é uma tarefa complexa que se

constata ao pesquisar o assunto na litera-tura específica, na qual se pode encontrar diferentes interpretações para pensar o que é indisciplina, verificando-se que não existe um consenso entre os autores e, talvez por esse motivo, exista certa confusão de en-tendimento desse fenômeno pelos próprios professores que atuam na educação básica. A variedade de opiniões é aceitável, se a in-disciplina escolar for considerada enquanto um fenômeno complexo, dotado de grande magnitude, e, dessa maneira, a definição desse tema no contexto escolar pode variar de acordo com a situação, com o tipo de aula a ser ministrada e até mesmo com o perfil do professor.

Se em outros tempos a indisciplina escolar era pensada somente como uma questão comportamental, e dessa ma-neira era resolvida, atualmente, entendo-a como atitudes de insatisfação que os alunos expressam quanto a uma situação ocorrida na relação pedagógica entre os sujeitos escolares, ocasionada por diver-sos fatores. Entre esses fatores, posso mencionar as relações que ali, na escola, desenvolvem-se entre aluno/aluno, pro-fessor/aluno, aluno/escola; a insatisfação com o conteúdo desenvolvido; o currículo praticado; entre outros. Sem contar a influência dos fatores externos à escola, tal como – entre outros –, a influência da violência social.

Situações de conflito, como a indisciplina e a violência escolar, afetam todo um cumprimento de finalidades

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Cada vez mais torna-se necessário os docentes compreenderem a diferença entre a violência e a indisciplina escolar. Pois, apesar de em algumas situações aparecerem associadas, elas não são sinônimas. A violência pode ser umas das causas da indisciplina escolar, ou mesmo, partir da indisciplina escolar se chegue a violência, mas devem ser interpretadas e tratadas de maneiras diferentes. A violência, mesmo na escola, deve ser evi-denciada por qualquer ato que provoca, pelo uso da força, um constrangimento físico ou moral. Dessa maneira, muitos comportamentos apresentados pelos alunos durante as aulas – agressões físi-cas e verbais, vandalismo, entre outros –, não são atos de indisciplina escolar, mas violência devendo, portanto, ser aborda-dos como tal.

A indisciplina escolar deve ser pen-sada como situações que prejudicam uma ordem estabelecida na escola, e nos encontros pedagógicos, que interferem no processo ensino aprendizagem e, contrariando o que algumas pessoas pensam, não são atos deliquentes pois não violam, assim como a violência, a ordem legal da sociedade, mas apenas a ordem estabelecida na escola em função das necessidades de uma aprendizagem

Em uma pesquisa teórica que realizei em 2009 sobre o que os professores com-preendiam por indisciplina e violência, concluí, naquele trabalho, que os docentes envolvidos entendiam a indisciplina escolar como um problema de comportamento e, como tal, buscavam, através de me-canismos de controle, dominar a situação e resolver o problema da indisciplina de maneira imediata. Também concluí que, aqueles professores investigados, com-preendiam alguns atos de vandalismo e agressão física como situações de indis-ciplina escolar. Tal conclusão aponta que os professores investigados desconhe-ciam a diferença conceitual envolvendo indisciplina escolar de violência escolar e, por este desconhecimento, atuavam de maneira identica quando ocorria uma das situações.

A violência escolar, ou seja, aqueles atos violentos que acontecem no interior da escola – tais como as agressões físicas e verbais; os roubos; as várias formas de vandalismo; as múltiplas formas de preconceito; o porte de armas; as intimi-dações; entre outros atos – tem vínculo direto com a questão da violência social – o poder destrutivo; o caráter coercitivo; o uso da força; a existência de agressor e/ou vítima; a extorção; entre outros atos –,

organizada coletivamente. A indisciplina escolar incide sobre as condições de fun-cionamento do ensino aprendizagem e também na socialização dos alunos, mas raras vezes infringe as normas legais que asseguram a ordem na sociedade civil, ao contrário da violência onde ocorrem, por exemplo, agressões físicas e depredações da escola.

Uma das maneiras para diferenciar a indisciplina escolar de violência é a questão do Código Penal, pois, se por um lado, a definição de violência escolar é complexa e polissêmica, até mesmo em função da multiplicidade dos eventos considerados violentos pelos alunos, por outro lado, parece ficar evidente que há um consenso em relação à designação de violentos uti-lizada para os atos que nitidamente ferem o Código Penal. O debate parece, portanto, se fazer de forma mais viva quando se caminha em direção às pequenas violên-cias (incivilidades) que, a depender das interpretações dos sujeitos, podem se con-fundir com a indisciplina. Vê-se pois que, se os conceitos de indisciplina e de violência podem se confundir, essa confusão é bem menos provável nas circunstâncias em que o comportamento, ou o ato praticado, fere nitidamente as regulamentações sociais previstas no Código Penal.

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mas, como esse item – a violência social –, pode ser considerado uma das causas da indisciplina escolar se nesse tópico argu-mentei que são questões diferenciadas? Como a normalização da violência na so-ciedade está produzindo alunos indiscipli-nados? Questões que serão respondidas na conclusão.

Violência Social: uma das Causas da Indisciplina Escolar

No transcorrer desse texto apresentei alguns aspectos envolvendo a questão da indisciplina escolar e apontando con-siderações sobre violência; afirmei que o conceito de indisciplina escolar não é fixo e tem evoluído junto com a sociedade, e que, na atualidade, devemos compreendê-la para além das questões comportamen-tais, diferenciando-a de violência escolar. Também relatei que falar da indisciplina escolar é discutir um assunto complexo que sempre rondou o ambiente educacional e hoje, em função de diversos fatores, está em constante discussão tanto nos meios midiáticos, acadêmicos, como também no próprio espaço escolar.

Geralmente, quando se fala que violência é uma das causas da indiscipli-na escolar, as pessoas fora da escola e alguns professores – no senso comum –, imaginam que seja pela questão da agressividade dos alunos ou mesmo por questões de roubo no interior das escolas. Defendo que a violência social é uma das causas da indisciplina escolar, mas não significa que ela estimule uma indisciplina agressiva, pelo contrário. Penso que a vio-lência social incite uma indisciplina passiva e silenciosa mas tão preocupante como qualquer outro tipo de indisciplina escolar.

Posso afirmar, embasado por alguns anos estudando este tema, que a indis-ciplina acontece, indiferente da faixa etária, em todos os níveis de ensino (da educação infantil até o ensino superior) e, além de poder ser estimulada tanto pelos discentes como pelos docentes, sofre influência de fatores internos e externos à escola (internos: o ambiente escolar, as condições de ensino e aprendizagem, os modos de relacionamento humano, o perfil dos alunos, a capacidade dos dis-centes de se adaptarem aos esquemas da escola, entre outros / externos: a influência exercida pelos meios de comunicação, o ambiente familiar, a violência social, entre outros). Dessa maneira, a violência social é somente um dos diversos fatores que incidem sobre a indisciplina escolar e pode estimular um tipo de indisciplina nos nossos alunos que faz com que eles, os discentes, se tornem passivos e pouco participativos nas aulas.

Ao resgatar a conclusão do primeiro tópico encontro um argumento para jus-tificar o porquê da violência na sociedade ser uma das causas externas da indiscipli-na escolar. Naquele tópico indiquei que, em função da normalização da violência social, essa passa a ser vista como algo comum, normal, natural, transformando os cidadãos – incluindo os alunos – em pessoas insensíveis com tais atos. Nos parece que essa insensibilidade, acar-retada pela normalização da violência social, é levada para a instituição escolar, sendo assim, alguns discentes estão se tornando alunos passivos, menos colabo-rativos e menos participativos com as questões da escola, dos colegas e das coisas da sala de aula.

Estes alunos insensíveis com o que acontece com o próximo, preocupado apenas com o seu mundo, passivos e quie-tinhos, acabam não se envolvendo no processo pedagógico de maneira ativa, e dessa maneira, estão se negando a aqui-sição de conhecimentos específicos ori-undos dos encontros pedagógicos, dessa maneira estão sendo indisciplinados.

Entendo que existe uma necessidade de se perceber a complexidade da indis-ciplina para que sua compreensão não caia num reducionismo, que explique o fato por uma dimensão apenas, seja ela psicológica, que reduziria o fenômeno a um jogo de mecanicismos mentais iso-lados de seu contexto; seja sociológica, que desprezaria as variáveis psicológicas

e atribuiria a causas gerais todo o compor-tamento humano. Não podemos limitar o entendimento de indisciplina, mas am-pliar suas possibilidades de compreensão. Nesse sentido, temos que pensar a indis-ciplina como um acontecimento que im-plica uma multiplicidade de aspectos que estão ligados a tudo o que diz respeito ao ensino: professores, alunos, organização escolar, práticas educativas, bem como os objetivos e perspectivas que orientam essas práticas, e superar sua conotação de anomalia, ou somente de problema com-portamental a ser neutralizado através de mecanismos de controle.

Os docentes precisam, com urgência, ultrapassar a ideia de que a indisciplina é uma questão que envolve somente os alunos inquietos e barulhentos. Assim, o aluno indisciplinado não é apenas aquele cujas ações rompem com as regras com-portamentais da instituição, mas também aquele que prejudica o seu próprio desen-volvimento cognitivo, moral e atitudinal. Sendo assim, o discente quietinho, pas-sivo, apático, insensível e não colaborativo também pode ser indisciplinado, e tal atitude pode ser reflexo da normalização da violência na sociedade. •

ClOVIS BRITOMestre e Doutor em Educação. Autor e organizador do livro “Indisciplina Escolar - antigo problema, novas discussões” (WAK Editora).

Os docentesprecisam, com urgência,ultrapassar a ideia de que a indisciplina é uma questão que envolve somente os alunos inquietos e barulhentos

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Alfabetização

M uitos países realizaram avanços nas práticas de alfabetização de suas escolas baseados nos

avanços científicos que vêm se acumu-lando desde a década de 1970 na área da ciência cognitiva da leitura, inclusive com trabalhos de excelentes pesquisadores brasileiros. O objetivo desse texto é apre-sentar aos educadores um pouco do conhe-cimento que está sendo gerado no campo da ciência cognitiva da leitura e mostrar como algumas políticas educacionais estão tratando o tema.

Sabe-se hoje, graças à ciência da leitu-ra, que desde muito cedo a criança é capaz de refletir sobre a estrutura sonora da lin-guagem oral. São aprendizagens implicítas que possibilitam que a criança aprenda a falar, organize a estrutura gramatical de frases, estabeleça concordância nominal e verbal, entre outros saberes linguísticos.

No entanto, esse conhecimento implí-cito não é suficiente para aprender a ler. A linguagem escrita exige um nível mais alto de abstração e, por isso, demanda uma aprendizagem explícita; um ensino intencional, onde o papel do professor é despertar a atenção consciente do aluno, fazendo-o perceber que a fala pode ser segmentada em unidades sonoras, e que estas unidades têm uma representação gráfica, isto é, as letras.

Essa habilidade de refletir e manipu-lar os sons da fala de forma consciente

Novos rumos para a alfabetização

é chamada de consciência fonológica e representa uma capacidade complexa em que a criança começa a entender que a fala é constituída por um conjunto de frases, e que estas podem ser segmentadas em palavras, as palavras em sílabas e as sílabas em unidades mínimas, ou seja, os fonemas.

Essa consciência pode ser estimulada desde a Educação Infantil de forma lúdica, através de brincadeiras e jogos orais com-patíveis com a idade e o desenvolvimento neurobiológico da criança. Sendo assim, a estimulação precoce da consciência fonológica, proporcionada por familiares e professores, pode fazer o diferencial na futura aquisição da leitura e escrita.

Mas para aprender a ler e escrever no 1° ano do Ensino Fundamental não basta somente desenvolver a consciência fonológica. É preciso também conhecer as correspondências entre os fonemas e as letras, o que denominamos de Princípio Alfabético. A maioria das crianças não descobrem o Princípio Alfabético sozinhas, elas precisam ser ensinadas. No ano da alfa-betização, o professor deve explicitar para o aluno as relações entre fonemas e letras.

A questão dos métodos de alfabetiza-ção no Brasil

Atualmente podemos encontrar duas grandes correntes de teóricos no Brasil que defendem dois métodos para alfabetizar: o método fônico e o método global.

O métdo global é largamente utilizado nas escolas brasileiras. Esse método prega que a alfabetização deve ser feita a partir de textos, que devem ser introduzidos logo no início do ano. Não há um ensino explícito entre as correspondências entre letras e fonemas, pois espera-se que o aluno aprenda essas relações sozinho, sem a instrução direta do professor.

No método fônico o professor não é mero coadjuvante do processo de alfabetização, ele é o responsável por en-sinar o aluno a analisar os sinais escritos e associá-los a correspondentes fonológicos. São ensinadas as letras e seus respectivos fonemas e também como juntar letras para formar palavras. O trabalho vai do simples para o complexo: letras-fonemas, palavras, frases e então textos (isso não significa que o professor não possa disponibilizar livros e ler para os alunos diariamente. Os textos devem estar presente no dia-a-dia dos alunos, mas a alfabetização é feita a partir de unidades mais simples, como letras e palavras).

Existe um grande debate entre essas duas correntes: os pedagogos que defen-dem o método global dizem que o método fônico tolhe a autonomia do aluno, é tradi-cional e descontextualizado. Já os cientis-tas da área da ciência cognitiva da leitura, que defendem o método fônico, dizem que no método global as crianças são levadas a tentar adivinhar palavras, sem conhecer

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as regras do Princípio Alfabético e passam anos nessa tarefa de adivinhação, muitas vezes sem sucesso.

Defensores do método fônico afir-mam que o ensino dos fonemas pode ocorrer de forma divertida e interessante, e consideram o aluno um ser ativo no processo de aprendizagem. Mas os de-fensores do método global não aceitam essa ideia e continuam insistindo que alfabetizar com letras, sílabas e palavras é voltar no passado.

Anos atrás, o método global também foi moda em alguns países desenvolvidos, mas com a queda do desempenho dos alunos em leitura e escrita, os governos passaram a suscitar debates entre teóricos, buscando evidências sólidas de pesquisa experimental para poder optar pelo me-lhor método de ensino.

Hoje, Estados Unidos, Reino Unido e França determinam o uso do Método Fônico no Currículo Nacional e enfatizam em suas diretrizes educacionais que o aprendizado da leitura e da escrita não pode ser feito através da adivinhação. A alfabetização requer instruções espe-cíficas que precisam ser ministradas por um professor.

A discussão sobre a eficácia dos mé-todos de ensino ainda perdura, mas a

utilização do método fônico continua prevalecendo sobre o uso do método global, fortalecido, principalmente, pelas recentes descobertas das neurociências (Dehaene, 2012).

Caminhando para o futuroNa contra-mão dos péssimos resul-

tados na alfabetização, revelados nos números da Avaliação Nacional de Alfabeti-zação (ANA) e Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), está o estado do Ceará, que teve um avanço expressivo na qualidade do ensino na rede pública nos anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano). O ranking do IDEB, no ano de 2016, mostrou que das 100 melhores escolas públicas do País, 77 estavam no Ceará (Paiva, 2016).

Dentro os objetivos para a alfabetiza-ção no estado do Ceará, podemos encon-trar diretrizes claras sobre a importância de ensinar, de forma explícita, as relações entre letras e sons. Através de jogos e brincadeiras, os educadores estimulam as crianças a reconhecerem as partes das pa-lavras, como sílabas e rimas, e compreen-derem que a escrita representa segmentos sonoros na pronúncia das palavras.

A exemplo do Ceará, o estado do Es-pírito Santo lançou esse ano o Pacto pela

aprendizagem no Espírito Santo (Paes), na tentativa de alavancar a qualidade na Edu-cação. O I Seminário do Pacto pela Apren-dizagem no Espírito Santo, realizado em março de 2018, contou com palestras de pesquisadores da área da Ciência Cogni-tiva da leitura, que falaram sobre como as pesquisas das neurociências podem contribuir para o aprendizado da leitura e escrita.

Agora só nos resta torcer para que o Governo Federal inspire-se nessas pequenas iniciativas estaduais e munici-pais quando tratar o tema da alfabetiza-ção. O futuro de nosso país depende da medida em que podemos continuar a ser competitivos produtivamente dentro do mundo da economia e isso decorre da excelência da sua população, como um todo. É fundamental reforçar as com-petências de leitura e escrita de nossas crianças nos apoiando nas recentes pes-quisas produzidas pela Ciência Cognitiva da leitura. •

SANDRA PulIEzIMestre em Psicologia e Educação, psicopedagoga e pedagoga. Autora do livro “Ensinando Com Letras e Sons” (Wak Editora).

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Gestão

A s instituições de ensino só conseguem definir seu posicio-namento no mercado após es-

colherem seu público alvo. Parece óbvio, mas na prática, a maioria das empresas do setor sofre do que Carlos Antônio Mon-teiro, da CM Consultoria, chamou durante o GEduc 2018 de “esquizofrenia estraté-gica”, pois tentam atingir vários públicos sem um direcionamento eficiente. Para não cair nesta armadilha, p recisamos nos pautar no Big Data para cruzar e analisar dados a fim de aprender tudo que for possível sobre o nosso público. Hoje o Big Data, nome dado ao volume cada vez maior e mais complexo de dados que são acessados e alimentados por todos nós via internet, é mais valioso do que o petróleo e as empresas que descobrirem como usá-lo a seu favor serão as únicas que permanecerão. O desafio é discernir quais dados são mais relevantes para uma tomada de decisões assertiva.

Júlia Barroso Gonçalves, Vice-Presi-dente de Gestão e Expansão da Kroton Educacional, parece ter encontrado o caminho das pedras. Sua empresa pre-cisava decidir se partia para a criação de uma instituição butique, oferecendo cursos de alta qualidade para um público mais elitizado, ou se deveria continuar apostando na classe C, cujo público a ins-tituição já atendia. Cruzando diversos dados demográficos e socioculturais do Brasil, eles descobriram que há cerca de 32 milhões de pessoas entre 18 e 49 anos no país que concluíram o Ensino Médio, mas não ingressaram na faculdade. Per-

ceberam que o preço não foi o único impeditivo e sim a falta de interesse pelo formato dos cursos universitários. Este dado foi determinante para reafirmar a classe C como público alvo e descartar a necessidade de atingir outros. Concluíram que sua vantagem competitiva está de-finitivamente atrelada à necessidade de repensar a metodologia educacional para atender estas pessoas que se sentem sem opção no mercado. Estratégia que faz muito mais sentido do que simplesmente brincar de “rouba monte” com a concor-rência, procurando atrair alunos de outras instituições.

Vemos no exemplo acima que a análise fria e sistemática de dados nos leva a ter a coragem necessária não somente para fazer escolhas, mas, principalmente, a coragem de fazer renúncias e dizer não para tudo aquilo que nos desvia do nosso foco estratégico. E, eis aqui, outro ponto que merece atenção. Muitas instituições ainda acreditam que o caminho para um bom posicionamento estratégico é fazer cada vez melhor o que já fazem hoje e colocam todas suas fichas apenas no apri-moramento. O fundador das Faculdades Anhanguera, Prof. Antonio Carbonari Netto (Membro do Conselho Nacional de Educação) acredita no oposto: “Não dá para fechar acordo com o passado!” Precisamos pensar de maneira disrup-tiva neste momento. Com exceção das grandes universidades de pesquisa, ele aposta que todas as demais terão que se curvar aos sinais do tempo, subvertendo modelos clássicos e consagrados tanto

na gestão administrativa como na oferta de cursos.

Mas não pense que somente as insti-tuições de ensino superior enfrentam esta realidade. Escolas que atendem às mais variadas necessidades de formação edu-cacional e profissional, como a educação infantil, os colégios públicos e privados, o ensino técnico, as escolas de idiomas, só para citar alguns setores deste mercado, estão vendo seus índices de captação e re-tenção de alunos caírem dramaticamente.

O desafio para todos hoje é conjugar escala e qualidade, adotando adequada-mente metodologias inovadoras e novas tecnologias digitais apropriadamente. Os alunos não querem mais cursos que tenham quatro anos de duração, sejam estes cursos técnicos, universitários ou de especialização. Hoje, Facebook e Google já lançaram nanograduações, em que certificam programadores em cursos de 6 meses e estas certificações são mais valo-rizadas do que um diploma universitário comum. Portanto, se hoje os gestores educacionais se perguntam “onde estão os alunos?”, a resposta é simples. Eles es-tão à procura do curso que sua instituição ainda não criou! •

Como fortalecer os diferenciais competitivos para obter melhores resultados nas Instituições de Ensino

SuzANA NORy DIAzFormada em Letras e Tradução (Língua e Literatura Inglesas) pela PUC-SP, com especialização em ESP (Inglês para Fins Específicos) pelo COGEAE – PUC/SP e educadora na área de Ensino

de Língua Inglesa desde 1986. Hoje é Diretora da unidade Mooca do grupo Seven Idiomas e atua na área de Programas Bilíngues para Colégios.

Os alunos não querem mais cursos que tenham quatro anos de duração

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Jogos e Brincadeiras

A utilização das cores contribui para o desenvolvimento da criança, principalmente através

do aprimoramento da capacidade mo-tora e cognitiva, raciocínio, audição, fala, entre outras funções.

Como diz o educador e escritor Ru-bem Alves, devemos dar sabor ao nosso saber e ensinar os alunos a degustarem as coisas. E por que não “degustar” as cores com as crianças? Se dermos sabor às atividades, elas serão realizadas com muito mais alegria e prazer. E é disso que nossas escolas e alunos precisam, de saber com sabor, para aprenderam com gosto e satisfação.

Na Educação Infantil utilizamos brinquedos, jogos e brincadeiras como ferramenta pedagógica. Além dessas ferramentas, podemos mostrar objetos coloridos que estão na sala de aula e na escola, de modo geral, e fazer relação com as cores das coleções (lápis de cor e/ou giz de cera) que elas utilizam, assim como também comparar as cores com elementos da natureza como o céu, o sol, a lua, as estrelas, as nuvens, as árvores, as frutas, os rios ou mares, os passarinhos, etc. Em seguida, é interessante pedir à criança que expresse o que sentiu, o que aprendeu, através da fala, de um gesto, de uma brincadeira, de um desenho etc. Isso aguçará sua curiosidade, imaginação e criatividade, levando-a a ter mais auto-confiança e autorrealização.

Atividades que relacionam as cores aos mundos imaginário e real da criança são extremamente significativas para elas, portanto, sugiro que sejam realiza-das constantemente, tanto em ambiente escolar como familiar.

A criança é influenciada pelas cores desde a fase inicial da vida. E está com-provado que as cores alegres e vibrantes chamam sua atenção. Um exemplo disso são os chocalhos coloridos, fixados sobre o berço ou carrinho do bebê. Os choca-lhos são excelentes ferramentas para a percepção visual e auditiva da criança, entre cinco e doze meses de vida e, às vezes, até mais.

Geralmente, as crianças mais ati-vas são atraídas pelas cores quentes (vermelho, laranja e amarelo) e as mais calmas, pelas cores frias, principalmente azul e verde, inclusive em seus desenhos podemos perceber a utilização dessas cores com mais frequência. Mas isso não é uma regra. Há crianças que gostam de muitas cores, inclusive de lilás, cinza, bege, marrom e preto. •

KACIANNI FERREIRAArte/educadora. Graduada em Educação Artística, com Habilitação em Artes Plásticas. Autora dos livros “Psicologia das Cores”, e “Atividades para Educação Infantil e Anos Iniciais do

Ensino Fundamental”. Publicados pela Wak Editora.

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O MuNDO COlORIDO DAS CRIANÇAS

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Faixa Etária: 5 a 8 anosObjetivos: relacionar cores, letras e

palavras; letramento lúdico, aprendiza-gem significativa e interdisciplinar.

Através deste jogo, as crianças aprendem a ler brincando, sentindo-se mais estimuladas a também escrev-erem, o que torna a aprendizagem mais significativa e muito mais saborosa.

Faixa Etária: 4 a 7 anosObjetivos: trabalhar cores, som e

movimento.O barangandão é um brinquedo

sonoro. Confeccionado com uma folha de jornal, papel crepom (2 a 5 cores) e barbante (1,5m). Ele reúne qualidades visuais (é muito colorido), sonoras (lem-bra o som de uma fogueira) e corporais (o corpo vai girando com o brinquedo). Quando gira, faz barulho e quando jogado para o alto, enfeita o céu. Pode substituir os fogos dos festejos juninos e ser utilizado em danças e coreografias variadas.

Faixa Etária: 3 a 7 anosObjetivos: relacionar cores e formas

geométricas.Nesta atividade temos caixas de

sabão em pó, de remédio, palito de dentes, palito de fósforos e tampas plásticas. Foram utilizados papéis colori-dos (color set ou papel contato).

Através desta atividade as crian-ças são estimuladas a perceberem as cores e fazerem a relação entre objetos grandes e pequenos, além de aprenderem os nomes de duas formas geométricas (quadrado e círculo). Elas devem ser incentivadas a colocarem as caixas pequenas, assim como as tampas plásticas, dentro das caixas maiores, de acordo com as cores.

Podem ser acrescidas outras caixas ou objetos cobertos com papel colorido ou pintados.

Faixa Etária: 4 a 8 anosObjetivos: aprender os nomes das

cores; relacionar cores e números, trabalhar com adição e subtração de números.

Atrás de cada garrafa coloca-se um número. No momento da brincadeira, as crianças devem somar os números das garrafas que forem derrubando. Ao final, as crianças de cada grupo somam seus pontos. Esta é uma forma lúdica das crianças trabalharem as cores e os numerais, bem como a soma e subtração.

Jogo de Boliche

1Jogo das Caixas Coloridas

Brinquedo Barangandão Jogo das letras (Temática: Dança)

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Sugestão de atividades:

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O Censo Escolar apresenta os dados consolidados do questionário que todas as escolas da Educação Básica, públicas e privadas respondem ao INEP anualmente. Aos dados do Censo Escolar 2017, permanecemos apresentando uma série

histórica, a partir de 2009. Acreditamos que comparações de cada segmento de Educação Básica, sejam elas Federais, Municipais, Estaduais e Privadas, se tornam um material rico para mantenedores. Esperamos que sua observação e análise possam contribuir para uma tomada de decisão mais assertiva.

Os dados apresentados, disponibilizados pelo MEC, são os mais atualizados disponíveis. Diferenças de números podem ser encontradas, uma vez que existem alterações de acordo com a fonte utilizada. Tais diferenças não comprometem o estudo, cuja finalidade é de apontar tendências. Ou seja, nosso objetivo é apresentar uma visão macro do mercado.

MatrículasNo ano de 2017, observa-se uma pequena diminuição das matrículas das Escolas

Privadas no Estado de São Paulo. A Escola Privada Paulista recebeu aproximadamente 27.000 matrículas a menos que em 2016, o que aponta diminuição de 1,20%.

1 - Fonte: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira. Sinopse-Estatística da Educação Básica 2016. (online) Brasília: Inep, 2018. 2018/03/04. Disponível em http//portal. Inep. Gov.br/sinopses-estatisticas-de-educacao-basica.

Censo da Escola Privada no Estado

de São Paulo1

Censo Escolar

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Apresentamos, nas próximas tabelas, o comportamento dos diversos segmentos educacionais. Mais uma vez, a Educação Infantil apresenta crescimento mesmo em um momento de crise. Essa tendência vem sendo observada e deve permanecer, uma vez que o Estado não tem condições de oferecer vagas dentro da necessidade da comunidade.

As matrículas na Educação Infantil das escolas privadas apresentaram um aumento de 0,98%. Esse segmento, como já foi destacado, vem apresentando crescimento contínuo, tanto na Escola Pública quanto na Escola Privada. Essa tendência deve permanecer, uma vez que existe uma grande defasagem entre a necessidade e a oferta de vagas.

No Ensino Fundamental, as matrículas da Escola Privada apresentam uma perda de 1,53%. Em números, a Escola Privada perdeu nesse segmento, cerca de 16.000 matrículas em 2017. No mesmo período a Escola Pública diminuiu 3,40% o número de matrículas. Nos quadros, a seguir, será possível observar que os anos finais sofreram maior perda, tanto na Escola Privada quanto na Pública. Mesmo assim, se considerarmos os dois últimos anos, esse segmento da Escola Privada ainda apresenta crescimento.

Censo Escolar

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É interessante observar que, os dados históricos dos anos iniciais apresentam cresci-mento constante ao longo dos últimos anos. Embora em 2017 tenha crescimento negativo, a participação de mercado saiu de 21,10% para 21,24%, muito superior ao Ensino Médio e anos finais.

Os dados históricos demonstram que os anos finais têm pequenas variações nos últimos quatro anos, mantendo a participação de mercado.

No Ensino Médio, a Escola Privada em 2017 apresenta uma variação negativa nas matrículas de cerca de 4%. Como a rede pública também sofreu variação negativa, a participação de mercado se manteve constante, com aproximadamente 15% do mercado.

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Na Educação Profissional, houve uma variação mínima nas matrículas da Escola Privada. Se em 2016 houve um crescimento, em 2017 o segmento perdeu 0,63%, saindo de 220.202, para 218.813 matrículas. Ao mesmo tempo, as Escolas Públicas apresentaram um cresci-mento de 1,84%. Nesse segmento a Escola Privada responde por 51,44% das matrículas.

No que diz respeito à Educação de Jovens e Adultos, observamos pelo segundo ano consecutivo uma variação negativa, possivelmente pela constante mudança de regras do governo nos últimos anos. É fato que depois de um crescimento em 2015, a tendência é que haja um ajuste de mercado.

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No ano de 2017, verifica-se uma variação mínima no número de estabelecimentos de Educação Básica no Estado de São Paulo. As tabelas, a seguir, mostram o total de escolas e os segmentos oferecidos. Uma escola que ofereça mais de um segmento é contada mais de uma vez.

Uma vez que as matrículas da Educação Infantil tiveram um aumento na Escola Privada de (0,98%), houve também um aumento de estabelecimentos que oferecem o segmento. Comparando 2016/2017, mais 143 estabelecimentos passaram a oferecer Educação Infantil no Estado de São Paulo.

Censo Escolar

Censo Escolar2017

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No que tange ao Ensino Fundamental, a comparação 2016/2017, aponta uma variação mínima do número de estabelecimentos. Nesse segmento a Escola Privada perdeu 1,53% de matrículas, aconteceu naturalmente uma diminuição de Estabelecimentos que oferecem o segmento em 2017.

Os Estabelecimentos de Ensino Médio variaram muito pouco no período 2016/2017. Vale destacar que o segmento vem sofrendo variação mínima, mas constante na Escola Privada desde 2012.

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Os Estabelecimentos de Ensino de Educação Profissional tiveram perda em 2016 e, novamente, em 2017. A última variação é de 6,85% negativos. São Paulo conta hoje com 762 Estabelecimentos de Ensino de Educação Profissional. Ou seja, em 2017, deixaram de oferecer Educação Profissional 56 estabelecimentos.

Os Estabelecimentos de Ensino acompanharam as matrículas. Nota-se uma diminuição de 100 estabelecimentos com oferta de EJA em 2017.

A tabela acima apresenta a distribuição dos alunos em cada uma das 14 Regionais do SIEEESP no Estado de São Paulo. No comparativo as regionais acompanharam o compor-tamento das matrículas de São Paulo.

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Censo Escolar

Acrescentamos, nessa edição, uma relação número de Estabelecimentos de Ensino X número de Matrículas. O resultado é uma média de cerca de 200 alunos desde 2011. A seguir, o mesmo estudo por segmento. A maior média é a de Ensino Fundamental. É importante ressaltar que as tabelas, a seguir, referem-se à média por segmento.

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DANIlO A. ABDAlAExecutivo de Educação.Tem se dedicado a atuar nas áreas comercial, mercado e tecnologia.

Na tabela acima, comparamos a evolução do PIB e das matrículas da Escola Privada Paulista. O que se pode destacar é que Escola Privada Paulista tem apresentado cresci-mento acima do PIB. Tal fato pode ser comprovado, além dos dados apresentados, pelo interesse de grandes grupos em consolidar escolas realizando fusões e aquisições. É fato que a Escola Privada de Educação Básica vem crescendo mesmo sem contar com nenhum apoio ou incentivo do Governo. Ao contrário das Instituições de Ensino Superior, que tem recebido do Governo Federal inventivo para crescimento de matrículas (FIES PROUNI, para exemplificar). •

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Teatro

A pós o sucesso de 2017, “A Megera Domada - O Musical” está de volta em sua segunda

temporada, com estreia marcada para 15 de abril, no Teatro Nair Bello, em São Paulo. O espetáculo é resultado de um trabalho realizado com atores e atrizes na faixa dos sete aos dezoito anos, que contam a história cantando, dançando e sapateando, unindo o conhecimento artístico com o lúdico. A proposta é mostrar ao grande público como Shakes-peare é atual, simples e principalmente cômico e musical. Para esse ano, a novidade é que contará com um elenco a mais. Ou seja, serão 87 participantes que se revezam em três elencos, em duas sessões aos domingos, às 12 e às 15 horas.

O roteirista Leonardo Robbi adaptou a clássica obra de romance e comédia, a partir da história original, para os dias atuais. Todo o enredo se passa na Escola William Shakespeare (WS) que conta com aulas inusitadas de matemática, por-tuguês e botânica. E nessa escola tudo pode acontecer. Prepare-se para muita diversão, romance e confusão nesta encenação conduzida pelas renomadas

diretoras Cininha de Paula e Fernanda Chamma.

Um espetáculo musical para todas as idades. Um excelente programa para a família toda. Cante, dance e se apaixone por uma das obras do grande mestre da Literatura Inglesa contada e cantada por crianças, adolescentes e jovens talento-sos que passaram por criteriosa audição.

O projeto é uma iniciativa das escolas CN Artes e Estúdio Broadway.

Sinopse:Catarina é uma garota bonita, mas

possui uma personalidade forte. Seu jeito insensível assusta os garotos que a evi-tam por ser considerada muito durona, uma verdadeira megera. Já Bianca, sua irmã, é o oposto. Meiga e sensível, ela é a garota mais desejada da Escola WS. Mas o pai das meninas orientou Batista, o irmão mais velho, a não permitir que Bianca namorasse antes de Catarina. E é aí que está o dilema, pois nesse conflito, surge Petrúquio, um garoto do interior que acabou de chegar na escola e aceita a difícil missão de conquistar a megera. Será que ele vai conseguir? •

ElENCO:Agyei Augusto • Alana Assaf • Ana Beatriz Friedmann • Ana Clara Martins • Ana Rennó • Angela Fregoneze • Anthony Caio • Barbara Abate • Bárbhara Nakamura • Bella Salles • Bia Paixão • Brenda Santiago • Carol Pfeiffer • Carol Tomaz • Carolina Amaral • Clara Peralta • Daniel Freitas • Davi Gazal • Diego Fecini • Duda Araújo • Duda Brigidio • Duda Costa • Duda Moura • Duda Queiroz • Duda Torquato • Dudda Artese • Gabriel Wiedemann • Gabriela Borer • Gabriela Leão • Gigi Debei • Giovanna Bressanin • Giovanna Chareli • Giulia Savi • Gu Ferreira •Isa Ribeiro • Isabella Casarini • Isabella Esaudito • Isabella Thomaz • Jacque Daud • Jade Faria • João Vitor Reis • Julia Braz • Julia Rolim • Karina Araujo • Laís de Almeida • Lanai Sá • Laura Castro • Letícia Amaral • Letícia Pujol • Lívia Peruzza • Luis Augusto Vasconcelos • Luisa Valverde • Luiz Henrique Paganini • Luiza Strack • Mafe Mossini • Maitê Montemurro • Malu Nogueira • Manu Concon • Manuela Dieguez • Maria Clara Bueno • Maria Kheirallah • Mariana Di Giacomo • Mariana Dias • Marquinhos • Matheus Dias • Matheus Prado • Nathália Soares • Nicole Casavechia • Pedro Botine • Pedro Braga • Pedro Meireles • Pedro Ogata • Rafaela Alves • Rafaela Moreira • Raphael Souza • Roberto Justino • Rossella Maria • Ryan Cursino • Sarah Barros • Sofia Alonso • Sophia Almeida • Sophia Lins • Stephanie Santiago • Thaís Morello • Valentina Mallmann • Vicky Lubliner • Yasmin de Oliveira

FIChA TéCNICA Direção artística: Cininha de Paula eFernanda Chamma Direção: Cynthia Falabella Direção Residente: Nalin Junior Direção Musical: Willian Sancar Texto e adaptação: Leonardo Robbi Coreografia: Fernanda Chamma Assistente de coreografia: Larissa Adams Sapateado: Carina Angélica

SERVIÇO: Estreou: 15 de abril de 2018. Teatro Nair Bello – Shopping Frei Caneca (São Paulo). Sessões aos domingos, às 12h e às 15h. Duração: 55 minutos Ingresso: R$ 70,00 inteira e R$ 35,00 meia. Venda pelo site e App da Tudus ou na bilheteria do Teatro. Classificação etária: Livre Informações: (11) 3472-2414 CuRTíSSIMA TEMPORADA!

A MEgERA DOMADA – O Musical

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A Escola, tal como a Família, tem como objeto a responsabilidade de promover o desenvolvimen-

to humano e seu enlaçamento social. Aprender é parte da condição humana, é seu órgão de sobrevivência. Animais já trazem no organismo as condições ne-cessárias. Humanos precisam aprender com os outros mais experientes as regras e condições para adaptar-se, criando condições satisfatórias para uma vida funcional e criativa. Essa é a caracterís-tica principal da condição humana. Ou seja: nascemos para aprender e vivemos num estado de “aprendência”.

Um dos objetivos da Educação For-mal contemporânea é a construção da autonomia moral e intelectual dos estu-dantes, promovendo a constituição de pessoas criativas, críticas e sobretudo curiosas. Esta é uma meta a ser alcan-çada no âmbito dos processos ensino/aprendizagem. Não é fácil e nem algo que ocorra naturalmente. Envolve muito trabalho para lidar com frustrações e a incerteza devido à complexidade dos conteúdos considerados importantes pela sociedade. Os desafios atingem ambos, ensinantes e aprendentes.

A universalização da escolarização é requisito fundamental numa sociedade democrática que pretenda elevar não

Atrever-seà inovação,um possíveldesafio

apenas a qualidade de vida, mas o desen-volvimento da Nação. Paradoxalmente este bem social não tem conseguido atender à diversidade das condições sin-gulares contribuindo parcialmente para o insucesso escolar. Colocando uma lente para examinar a natureza do insucesso me arrisco a dizer que infelizmente temos, atu-almente, uma “boa safra de fracassados na escola”, decorrente do que chamo de “escola sapato pesado” (Rubinstein, 2017).

São multifatoriais as causas do in-sucesso escolar, porém quando a Escola não atende adequadamente à criança ou adolescente resulta na má inserção no meio educativo. Nessa situação, os fatores causadores são externos e as dificuldades são de “ordem reativa”, isto é, uma reação à uma pedagogia inadequada (Fernandez, 1990). Ela pro-voca desconforto, fere a autoestima do estudante, pois o esforço é insuficiente para os resultados necessários. As dificul-dades de ordem reativa originam-se em propostas pedagógicas e institucionais que desconsideram as possibilidades e condições dos alunos.

Infelizmente as inadaptações dos alu-nos, com raras exceções, são interpreta-das como transtornos de aprendizagem. Com alguma frequência observamos crianças no início da escolarização que,

ao não acompanharem o ritmo de seus pares no “parto” da alfabetização, pre-cisam de atendimentos específicos fora do contexto escolar.

O ritmo das mudanças tecnológicas tem promovido o surgimento de novas necessidades, crenças e desafios para os envolvidos no “enlaçamento social”, a Família e a Escola. O primeiro desafio é a escuta da voz da infância. O termo in-fantiae significa aquele que não tem voz. Esta ideia acompanhou, e ainda acom-panha, muitos projetos pedagógicos. O filme “Os incompreendidos”, (Truffaut, 1959) retrata poeticamente a escola do início do século XX na França quando o aluno não tinha voz, era incompreendido, não se abria espaço para a singularidade, o aluno que não se adaptava ia para o reformatório. Saltando para o século XXI, vemos uma Escola na qual a voz do infante e do adolescente está presente. O seriado Merli, filme catalão da NETFLIX, mostra um cenário oposto: alunos não somente têm voz, como há espaço para lidar com o sofrimento e os desafios pre-sentes na comunidade escolar. O profes-sor Merli mostra-se nas suas sombras e luzes, assim como os seus alunos.

A sociedade pede mudanças. A mu-dança paradigmática é imperativa! A insatisfação está presente na sociedade.

Psicopedagogia

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Parcela das famílias esclarecidas almeja a inovação, pois a escola do século XX, tal como está, não atende as necessidades do século XXI. A inovação não significa “jogar a água suja junto com o bebê”. Projetos inovadores bem conduzidos não descartam tudo, pois o arejamento e a renovação caminham juntos. A ressignifi-cação de conteúdos e prática alimenta-das pelo conhecimento científico está em consonância das condições singulares de cada contexto. Acredito que só é possível “sair da caixinha” de modo relativamente satisfatório quando o projeto político pedagógico não está engessado. Na Escola tradicional o aluno é que precisa se adaptar ao currículo, essa é a regra.

Lidar com a diversidade na cons-trução do conhecimento demanda abertura para avaliar as necessidades e intervir “fora da caixinha”, isto é, flexibilidade para oferecer conteúdo e práticas diferenciadas que atendam singularmente. Nessas condições é insu-ficiente a boa vontade e o acolhimento. Demanda conhecimento e competência para avaliar a situação específica de cada aluno que não corresponde à maioria do grupo. Abre-se espaço para a inter-venção psicopedagógica institucional. Perrenaud, (Pereira 1998:170) propõe uma posição que denomina “clínico”,

que consiste numa modalidade de inter-venção institucional. Ele adverte que não há intenção de transformar o professor em psicólogo clínico ou psicanalista. Ele define clínico como:

“O clínico é aquele que, ante uma situação problemática complexa, possui as regras e dispõe de meios teóricos e práti-cos para: a) avaliar a situação; b) pensar em uma intervenção eficaz; c) pô-la em prática; d) avaliar sua eficácia aparente; e) corrigir a pontaria. Ensinar não consiste em aplicar cegamente uma teoria e nem tam-pouco conformar-se com um modelo. É an-tes de nada solucionar problemas, tomar decisões, agir em situação de incerteza e, muitas vezes de emergência. Sem para tanto aprofundar-se no pragmatismo absoluto e em ações pontuais.” (1998:170).

A posição “clínico” demanda forma-ção continuada dos educadores e dis-ponibilidade para lidar com a incerteza, porém apoiando-se nos meios teóricos e práticos para encontrar possíveis saídas e disponibilidade para efetuar mudan-ças. Crianças que fracassam no início da escolarização são alunos de risco. A Escola Democrática que atende a todos e a cada um assume a responsabilidade não só pelas questões acadêmicas, mas sobretudo pela constituição do sujeito da aprendizagem. Pain, psicopedagoga

argentina que tem contribuído na for-mação dos profissionais especialistas na aprendizagem humana, isto é, psicopeda-gogos alerta:

“O sujeito não é sujeito até que conhe-ça. É sujeito porque conhece, e é sujeito a esse conhecimento... Permitir à criança apropriar-se de um conhecimento é per-mitir-lhe fortificar seu ego, na medida em que ela pode se constituir em uma per-sonalidade mais segura, mais dominante e mais responsável” PAIN (1996: 15)

A inovação inclui atender aos interes-ses e condições singulares e da comuni-dade, não significa “escola livre ou fra-ca”. O escolar para aprender precisa de dois movimentos: resignar-se às regras do objeto, assujeitar-se, mas também res-significar o objeto do conhecimento rela-cionando-o com outros conteúdos para apropriar-se do mesmo. Da parte dos ensinantes, inovar demanda flexibilizar currículos considerando a singularidade individual e coletiva para contribuir na formação integrada e integral de um ser em desenvolvimento. Não é pouca coisa. Demanda projeto político pedagógico revisto continuamente. O professor nessa modalidade de proposta não está sozinho no seu cotidiano, há uma rede que coopera e colabora nas decisões dos possíveis rumos dos projetos.

Mudanças paradigmáticas surgem quando há falta, pela insatisfação. Possivelmente as escolas chamadas democráticas tem sua origem na insatis-fação. Professores queixam-se dos os alunos que não querem aprender, não suportam o esforço, não se interessam. Alguns professores estão insatisfeitos por não se perceberem reconhecidos em suas ações. As famílias se queixam de que a Escola não atende às necessidades e interesses dos jovens. O que fazer diante da insatisfação dos educadores formais e informais/pais e responsáveis? Atender ao apelo de que as soluções virão a partir do saber dos especialistas? A Tecnologia poderá responder às demandas da com-plexidade? Abandonar todas práticas tradicionais? As mudanças dependem de quem? Do que? Como introduzir aprendizagem significativa? Penso que o caminho não é dar respostas, mas levan-tar questionamentos para toma-los como balizas norteadoras para a inovação.

Lidar com a incerteza não é fácil, gera ansiedade e frustração. Em tempo de respostas “para ontem” nem sempre há muito espaço para a “reflexação”, isto é, refletir sobre a ação, a qual requer ques-tionamento constante para rever proces-sos e práticas. A “chave mestra” é a capa-cidade de gerar perguntas para possíveis

As dificuldades de ordem reativa originam-se em propostas pedagógicas e institucionais que desconsideram as possibilidades e condições dos alunos

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Psicopedagogia

e provisórias respostas. Acredito que o binômio incerteza/questionamento seja uma das molas propulsoras para lidar com a complexidade das narrativas que fazem parte do contexto educacional. A escola tradicional lidou com o discurso da certeza de que determinadas práticas e determinadas condições dos envolvidos geravam resultados previsíveis.

Voltando à expectativa de formar-mos pessoas mais autônomas moral-mente e intelectualmente, considero útil o conceito de Experiência de Apren-dizagem Mediada desenvolvido por Reuven Feuerstein na década de 70, inicialmente no processo avaliativo e aplicado posteriormente no Programa de Enriquecimento Instrumental. Esta prática tem por objetivo contribuir na formação de pessoas questionadoras, críticas, com habilidade de argumenta-ção. Sua espinha dorsal é aprendizagem significativa. Os três primeiros critérios de mediação educacional são: a) intencio-nalidade do educador/formador e a reci-procidade do educando; b) significado da experiência; c) transcendência ou aplica-bilidade do conteúdo/experiência para outro contexto. Essencialmente este modelo educacional visa construir novas necessidades, entre elas a capacidade de estabelecer relações entre os conteúdos. Autonomia vem junto com domínio e este é construído a partir de mediação educacional bem conduzida no sentido de fortalecer ensinante e aprendente simultaneamente. O mediador neste contexto é um pesquisador formulador de perguntas que convoca o ensinante a

questionar e ampliar suas necessidades de conhecer, questionar e ressignificar.

Do lugar de terapeuta familiar, psi-copedagoga e formadora de educadores identifico que o maior desafio é construir junto com os educadores e educandos o “empoderamento” de cada um em seu contexto. Como? Abrindo espaços para a construção e geração de questiona-mentos e de possibilidades que serão constantemente avaliadas para atingir metas. Lidar com a imprevisibilidade

EDITh RuBINSTEINMestre em Psicologia Educacional, Psicopedagoga e Terapeuta familiar. Participou dos livros “Avaliação Psicopedagógica” e “História da Psicopedagogia e da ABPp no Brasil” (Wak Editora).

requer maturidade e criatividade e por que não uma boa dose de humildade para rever e refazer caminhos. O em-poderamento vem também junto com a condição de estar só. Uma solidão positiva no sentido de suportar ter que tomar decisões e lidar com dúvidas nem sempre fáceis de administrar.

Acredito na possibilidade da inovação no campo da Educação formal. Todos queremos uma escola de qualidade que ofereça, além da formação intelectual, o espaço para aprender a viver em socie-dade. Família e Escola são instituições destinadas a promover enlaçamento social. A universalização da escolariza-ção veio para melhorara qualidade de vida oferecendo oportunidades a todos, porém esquecendo uma questão funda-mental: a singularidade. Todos aprendem igual? Têm os mesmos interesses? •

Todos queremos uma escola de qualidade que ofereça, além da formação

intelectual, o espaço para aprender aviver em sociedade

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Entrevista

V era Cabral é um exemplo de pes-soa multitarefa. Mestre em eco-nomia pela USP, tem doutorado

em Economia Social pela Unicamp, é con-sultora em educação da i2i Events Group e curadora da Bett Brasil Educar, evento que reúne Congresso e Feira entre os dias 8 e 11 de maio, no São Paulo Expo, localizado no 1,5 km da Rodovia dos Imigrantes.

Considerada a maior feira internacio-nal de educação da América Latina, a Bett Educar reúne durante quatro dias mais de 200 expositores de produtos e serviços ligados ao dia a dia da escola. Nela há produtos e serviços para Educação com uma seleção de Congressos e Seminários Internacionais ministrados sempre por grandes especialistas.

O congresso promove o aperfeiçoa-mento profissional dos educadores - pro-fessores e gestores de escolas e redes de ensino. Sempre ligado nos temas atuais, serão debatidos muito comentados atual-mente como o processo de implementa-ção de dois eixos estruturantes da política educacional do Brasil: a Base Nacional Comum Curricular e a Reforma do Ensino.

No passado, a curadora foi respon-sável pela criação da Escola de Formação de Professores da Secretaria Estadual da Educação de São Paulo, participou de projetos educacionais, na concepção, implementação, acompanhamento e avaliação pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), pelo Ministério da Educação, governos estaduais e mu-

nicipais, por isso sabe exatamente o que interessa aos professores. No congresso, os conteúdos seguem organizados se-gundo temas específicos: práticas de sala de aula; formação de professores; inclusão e aprendizagem; gestão; e políti-cas educacionais.

Vera diz que o objetivo do evento é propiciar um ambiente altamente quali-ficado de formação profissional, que ofe-reça subsídios, gere reflexões e inspire os educadores a aprimorarem suas práticas a partir da apresentação de diferentes visões, experiências e abordagens por parte de profissionais destacados,

Atualmente a curadora participa ativa-mente de grupos e programas nacionais e internacionais sobre transformação da

ygor Jegorow

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educação. Nesta entrevista, comenta o que pode ser mudado na educação atual, a importância da Bett Brasil Educar neste segmento, por que a tecnologia não pode ser a única ferramenta de aprendizagem, o perigo das fake news e como a educa-ção vem se modernizando ao longo dos tempos e abandonando o modelo antigo de educação de massa. Mostra que o caminho para a boa aprendizagem está na inclusão e no entendimento de que cada aluno tem um tempo diferente para aprender e absorver o conhecimento.

1. Qual a importância do evento Bett Educar?

A Bett Educar é o maior evento de educação do país. É um espaço vibrante, de troca de experiências, de formação, aprendizagem, relacionamento e experi-mentação de soluções. Tem o compro-misso de contribuir para a melhoria da qualidade da educação em nosso país e a compreensão de que a inovação e o uso de recursos de tecnologia são essenciais para essa necessária transformação. Traz conteúdos e palestrantes do mais alto nível, discutindo temas da maior relevância e atualidade para a educação do nosso tempo. O evento reúne público diverso, representando todos os atores do setor: professores, diretores, diri-gentes de redes públicas, mantenedores de instituições particulares de ensino, reitores, imprensa especializada e outras lideranças dos setores público, privado e não governamental, além de provedores de soluções, serviços e bens das mais diversas naturezas. Com isso, constitui-se em agenda fundamental para todos os que têm o compromisso com a qualidade da educação na nossa sociedade.

2- Qual o objetivo do evento?O evento tem por objetivo propiciar

uma imersão nas possibilidades de trans-formação da educação nos nossos dias. Por meio de conteúdos de relevância e palestrantes de primeira linha, bem como pela apresentação de casos de sucesso, e do que há de disponível em termos de produtos e soluções de qualidade, para atender às necessidades de cada escola e de cada profissional da educação.

3- Como você vê a educação nos dias atuais?

Mais do que nunca, no mundo de hoje a educação é o diferencial entre pessoas e entre nações. É pela educação que podemos construir uma sociedade mais justa, tolerante, inclusiva, com valores e riqueza. Foi-se o tempo em que se fazia educação de massa, onde o que o que vale

é a média, alguns poucos se destacam e outros muitos fracassam, contribuindo para a desigualdade de oportunidades. A educação de hoje olha o indivíduo e tem por pressuposto que todos podem e devem aprender: em seu ritmo, em seu potencial, tendo a inclusão por princípio. O conceito de equidade prevalece sobre o de igualdade. Portanto, nesse contexto, não há uma solução única, nem um for-mato padrão de escola. Ao contrário, as possibilidades são múltiplas e a sua es-colha depende do projeto de cada escola, do perfil do seu alunado e, em especial, de cada turma e, dentro dela, de cada aluno – suas necessidades e interesses. Dentro de uma mesma escola, um mesmo modelo pode, inclusive, fazer sentido para uma turma e não funcionar para outras.

4- O que pode ser melhorado?Nessa realidade, tudo precisa mudar.

E não se trata de mudança incremental. Estamos falando de transformação do paradigma de escola e educação. O que não significa que não se possa chegar a essa transformação por aproximações sucessivas e graduais.

5- Até que ponto a tecnologia é uma aliada na sala de aula e por que ela não pode ser a única fonte de aprendizado?

A tecnologia, em si, não educa. Ela é um excelente recurso para pesquisa e informação. Mas é necessário saber bus-car, criticar e avaliar os resultados que são obtidos. Estamos vivenciando o problema das fake news e do mau uso de informa-ções para influenciar o comportamento de pessoas.

Aprender, especialmente no mundo de hoje, é muito mais do que obter e memorizar informações. Isso a máquina faz por nós. É preciso ir muito além: a educação de hoje precisa desenvolver a

iniciativa e a autonomia para aprender, o pensamento crítico, os valores, as habili-dades socioemocionais, entre outros. Daí o papel da escola e do professor.

Mas essa escola precisa de recursos de tecnologia para que seja viável desen-volver projetos e soluções adaptáveis a esses objetivos e aos perfis de turmas e alunos, indivíduos. Da mesma forma, a escola não pode se isolar do resto das ativi-dades do mundo em que vivemos, no qual a forma como as pessoas comunicam-se, relacionam-se, criam e trabalham pres-supõe o uso de recursos de tecnologia.

6- Como os professores podem melho-rar a educação?

Cabe notar que, como mencionado anteriormente, apenas melhorar o que já vem sendo tradicionalmente feito não é o suficiente. É preciso mudar o conceito e o papel que o professor exerce na sala de aula. Apenas transmitir conteúdo não faz sentido no mundo de hoje. É preciso ir além: o conteúdo precisa estar a ser-viço das aprendizagens significativas. E temos na internet uma infinidade de conteúdos, inclusive gratuitos, aos quais o estudante e o professor podem sempre recorrer. O professor precisa entender essa mudança e adaptar sua prática à nova realidade.

7- E como melhorar o bem-estar do pro-fessor para que ele ensine bem seus alunos?

O professor precisa de apoio para per-correr esse caminho de transformação. A escola precisa apoiá-lo e estimulá-lo a inovar. Prover recursos, criar um ambi-ente de aprendizagem para professores dentro da própria escola, estimular trocas com outras escolas, valorizar o trabalho realizado, etc. Tudo isso é essencial para a melhoria da qualidade da educação em cada escola e no país como um todo. •

A educação de hoje olha oindivíduo e tem por pressuposto que todos podem e devem aprender: em seu ritmo, em seu potencial, tendo a

inclusão por princípio

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Gestão

T alvez você já tenha presenciado alguns de seus colaboradores se questionando sobre o porquê de

clientes em potencial (prospects) terem desistido de fechar negócio com sua ins-tituição. Pois bem, eles não se dão conta de que pode ter sido por que esqueceram de retornar àquela ligação, ou por acha-rem que haviam enviado o e-mail com as informações solicitadas, mas não tinham certeza ou pecaram na qualidade do aten-dimento prestado.

Essa fase do “achismo” simplesmente não pode mais existir. Principalmente no mundo empresarial, onde o cenário mudou e a concorrência e o perfil de seus clientes se encontram em constante evolução. Se você não conseguir tomar decisões asserti-vas e ágeis em sua instituição, com certeza seus concorrentes o farão e estarão inú-meros passos à sua frente.

Muitas vezes você já deve ter se per-guntado se sua instituição mantém um bom relacionamento com seus clientes. Caso não tenha, questione-se sobre a gestão de relacionamento aplicada a seus clientes, os motivos que levam a instituição a perder potenciais clientes e quais os mo-tivos dessa evasão.

Se você tem respostas objetivas para os questionamentos acima, sua instituição está no caminho correto. Porém, isso deve estar totalmente relacionado a “precisão” e “agilidade”.

É imprescindível que sua instituição tenha controle sobre nomes, telefones, visitas e interessados. Assim como deve manter um registro das interações das suas equipes de atendimento ao cliente, através de e-mails enviados e atendimentos realiza-dos nas visitas dos prospects e clientes em sua instituição.

É importante registrar todas as visitas recebidas em sua instituição, assim como relacionar os atendentes respon-sáveis pela visita e o grau de interesse gerado em cada atendimento. Esse tipo de informação lhe proporcionará um mapeamento completo de seu cenário e o auxiliará na tomada de decisão mais assertiva.

Assim como é importante você contro-lar o interesse gerado em seus prospects, também é interessante que você esteja atento sobre o que acontece com seus clientes, como: reclamações, sugestões, ocorrência dos alunos, reuniões peda-gógicas com os responsáveis, central de cobrança, entre outros.

Enviar um cartão de agradecimento ou de aniversário é uma ação persona-lizada que gera resultado positivo e emotivo em seu cliente. Por outro lado, é totalmente inaceitável enviar um cartão de aniversário a um contato já falecido. Assim como é inviável a instituição não ter o controle de ligações realizadas e, conse-quentemente, sua equipe ligar diversas

vezes para o responsável do aluno com o mesmo questionamento.

Através de questionários de pesquisas, você poderá mapear os reais motivos da evasão de sua instituição. Muitas vezes, a solução a ser adotada para os problemas está na nossa frente, porém sem pesquisas com resultados reais, não conseguimos visualiza-las. Assim, com informações de fácil acesso e eficazes, você poderá concen-trar seus esforços em soluções viáveis para o crescimento de sua instituição.

Um sistema eficaz faz toda diferença na gestão da Instituição

As “famosas” planilhas podem auxili-ar, na verdade é possível utilizar planilhas para realizar tudo, mas a manutenção desse processo se torna inviável quando sua instituição começa a expandir e o número de clientes não para de aumentar. Não há dúvidas de que em determinado momento, você gastará boa parte do dia acompanhando as interações com seus clientes e prospects, em vez de realmente administrar seu negócio.

Portanto, se o objetivo é o crescimento e o amadurecimento de sua instituição, o ideal é que utilize um sistema de gestão es-colar que centralize todas as informações necessárias para a Gestão do Relaciona-mento com o Cliente – CRM. Desta forma, você terá fácil acesso às informações e poderá acompanhá-las de forma rápida e eficiente.

Avalie se o seu atual sistema de gestão escolar fornece as informações necessárias para que você colha dados concretos e tome decisões ágeis e assertivas. Com informações rápidas, o poder de decisão torna-se um grande aliado.

Tenha sempre em mente que a opção escolhida deve agregar total apoio ao negócio. Boas soluções sempre oferecem algo a mais do que realmente é esperado.

Lembre-se que um dos pontos de sucesso depende da sua capacidade de encantar os clientes. Quando você consegue conhecer seu cliente na to-talidade, fornecer respostas rápidas às suas perguntas, resolver problemas com velocidade e oferecer uma experiência personalizada na qual ele se sinta espe-cial, acredite: sua instituição tem tudo para crescer! •

AlINE MEllO DA COSTAExecutiva da Advice System – Sistemas de Gestão Educacional (empresa parceira da Meira Fernandes), Bacharel em Análise de Sistemas. Pós-graduada em MIT – Master In Information

Technology. Profissional com 16 anos de experiência voltada a soluções tecnoló[email protected]

Acredite:sua instituição tem tudo para crescer!

Atraia, Fidelize eSatisfaça Clientes

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A Bett Educar é o maior evento de tecnologia para a educação da América Latina, e um dos maio-

res do mundo. Apesar de já ser uma feira consolidada no mercado e muito conhecida entre os educadores, a cada ano apresenta inovações em seu formato e conteúdo. Em 2018, há cinco novidades que a tornam ainda mais imperdível. Mesmo para quem já participou em anos anteriores, encontra um evento renovado e pulsante em sua 25ª edição.

Novidade 1: Discussão sobre a Base Nacional Comum Curricular

Os documentos do governo para o ensino fundamental e médio são temas essenciais para todos os envolvidos com a educação básica brasileira: alunos, pro-fessores, diretores, gestores de escolas e redes, mantenedores. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) vai dominar a agenda educacional do Brasil neste e nos próximos anos. O Congresso Bett Educar é o primeiro evento de grande porte a colocar essas questões como seu tema central.

Novidade 2: Conselho ConsultivoPara orientar a produção de conteúdo,

foram escalados 11 renomados especialis-tas em educação, das mais diversas áreas, que compõe um time de excelência sob a coordenação da curadora do evento Vera Cabral. Há nomes ligados à tecnologia, ao governo, a escolas particulares, ensino superior e terceiro setor. A missão do

Conselho é construir uma programação que concilie os interesses dos diferentes públicos que frequentam a Bett Educar.

Novidade 3: Fórum de gestoresAlém de discussões pedagógicas, a

Bett Educar abriu espaço para questões de caráter estratégico das instituições de en-sino. Mantenedores, reitores, gestores de redes, diretores de escolas, enfim, lideran-ças da educação de forma geral terão con-teúdos exclusivos no Fórum de Gestores. Serão três dias abordando assuntos macros como economia e reforma trabalhista, e específicos, com destaque para a reforma do ensino médio, a transformação digital das instituições de ensino e as mudanças decorrentes da implementação das políti-cas educacionais, entre elas a BNCC.

Novidade 4: Sessões de soluçõesOs visitantes que participam da Feira

Bett Educar têm sempre muitas experiên-cias práticas nos estandes, com exposi-tores permitindo que todos interajam com os produtos e serviços apresentados. Este ano, eles também poderão assistir a apresentações de soluções dessas empresas para os mais diversos desafios educacionais. Essas apresentações, gra-tuitas, se darão durante os momentos de intervalo do Congresso, para que todos possam participar.

Novidade 5: Palestras inspiradorasO Congresso da Bett Educar tem um

forte caráter formativo, com palestras e

workshops que ajudam os profissionais da educação a aprimorar suas práticas. Mas além das sessões focadas nas práticas e reflexões educativas, ao final de cada dia os congressistas terão a oportunidade de assistir palestras inspiradoras, para pensar sobre sua vida, motivações e o futuro. Nomes como Leandro Karnal, Augusto Cury, a ex-jogadora de vôlei Virna Dias, e a presidente do movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, são alguns dos destaques.

Ações fortalecidas em 2018Além das novidades, ações que se

iniciaram nas edições anteriores e tiveram uma resposta positiva do público se for-taleceram na edição de 2018. O Instituto Inspirare, reconhecido por sua atuação para a promoção de uma educação integral e inovadora, não apenas renovou a parce-ria do ano passado com o Congresso Bett Educar, mas também ampliou ainda mais a sua participação no evento.

Anna Penido, diretora da instituição, está colaborando na curadoria do evento, ficou responsável por uma palestra sobre as competências gerais da BNCC e tam-bém faz a mediação em quatro painéis sobre o ensino fundamental II. “Percebo um esforço de qualificar a programação do evento, tratando alguns temas com mais profundidade. O Inspirare ganhou mais espaço este ano, o que está sendo uma oportunidade de colocar em pauta temas que são importantes para nós”, afirma Anna.

Bett Educar

Maior evento de tecnologia para educação apresenta novidades este ano

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Outra iniciativa que se consolida em 2018 são os workshops, para quem deseja aprender algumas habilidades de forma prática durante o Congresso Bett Educar. Eles têm três horas de duração, durante as quais os participantes experimentam técnicas importantes e aplicáveis para o dia a dia na escola.

Um dos exemplos de oficina, a “Tecen-do Redes”, oferecida pela diretora do Instituto Crescer, Luciana Allan, mostra um caminho para o uso da internet de forma produtiva na educação. Com a metodologia chamada Tecendo Redes, os professores trabalham com pesquisas tendo como base as perguntas curiosas dos alunos. Segundo Luciana, além de desenvolver competências para pesquisa e uso de tecnologias digitais, os alunos também desenvolvem competências de leitura, comunicação e expressão por diferentes meios, administração de tempo, trabalho em equipe, autorreflexão per-manente, cidadania digital, entre outras extremamente importantes para ser um cidadão no século 21.

Ao todo há nove opções, com temas variados, de Libras à storytelling, de como fortalecer comunidades a como fomentar o protagonismo juvenil. Quem desejar participar destas ou de outras oficinas, precisa se inscrever para o Congresso Bett Educar 2018.

Destaques da FeiraComo todos os anos, centenas de em-

presas fornecedoras de serviços e produ-tos para o segmento da educação marcam presença na Feira Bett Educar. No setor de tecnologia educacional, alguns dos exposi-tores trazem este ano soluções que fazem as salas de aula parecer mais um cenário de ficção científica. Tudo, é claro, em nome de um aprendizado mais eficiente e relevante.

Já imaginou fazer excursões por todo o mundo e até pelo passado? Com o chamado

4D+, os alunos podem explorar diversas partes do mundo sem sair da escola, ou até mesmo visitar o mundo pré-histórico e ver dinossauros. “A realidade aumentada traz a possibilidade de investigação para a sala de aula que não seria possível de outra forma”, explica Flávia Fulgêncio, diretora acadêmica da Be - Bilingual Education, que usa os recursos para promover o apren-dizado do inglês.

E será possível eliminar o papel da ro-tina escolar? Bom, a possibilidade de acabar totalmente com ele é algo que vai apenas para o futuro. Porém, é sim viável eliminar o uso dele em algumas de suas funções. Diários de classe, agendas dos alunos, co-municados para as famílias e autorizações já podem deixar de existir no papel, graças a aplicativos que cumprem suas funções. Na Bett Educar deste ano várias empresas apresentam ferramentas para isso, como a Edify, Diário Escola, Escola em Movimento, Konnectt, IsCool App.

A presença de robôs é algo que já faz parte da realidade de muitas escolas. As-

sim, as aulas de robóticas vêm crescendo e se diversificando. A empresa Mundo4D aposta na praticidade: para facilitar a vida dos gestores, leva um laboratório portátil para dentro das dependências escolares, que podem ser usados por crianças a partir de 4 anos. Já a Zoom Education for Life, uma das mais tradicionais empresas de robótica educacional do Brasil, está lan-çando alguns projetos competitivos para os robôs feitos pelos estudantes. São as oficinas de Torneio de Futebol de Robôs, de Corrida de Carros e de Conquista Espacial.

Mesmo para quem já trabalha com programação e robótica, há novos con-teúdos surgindo. A Internet das Coisas, ou IOT, sigla para a expressão em inglês Internet of Things, e a Inteligência Artificial entraram nos currículos oferecidos pelas empresas Happy Code e Microduino. A visitação à feira é gratuita, portanto então todos podem ir livremente para conferir as novidades deste e de outros expositores.

A Bett Educar reúne em sua Feira e Congresso as principais tendências em inovação e tecnologia para a educação. Reúne também as pessoas que fazem a educação do Brasil e buscam aperfeiçoar suas práticas. Para completar, a cada ano o próprio evento se transforma, para acom-panhar e antecipar tendências do mundo da educação. Por tudo isso, a Bett Educar 2018 está imperdível! •

Bett Educar 2018Data: 8 a 11 de maio de 2018local: São Paulo Expo Exhibition & Convention Center (antigo Imigrantes Expo)Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5 – São Paulo – SP – BrasilSite: bettbrasileducar.com.br

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Ações que se iniciaram nas edições anteriores e tiveram uma

resposta positiva do público se

fortaleceram na edição de 2018

Fotos: Divulgação

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Aprendizagem

M uito tem-se discutido sobre o sentido do erro no processo de aprendizagem. Algumas

correntes pedagógicas consideram o erro como o “não certo”. Outras, acredi-tam que o erro faz parte do processo de ensino-aprendizagem sendo caracteri-zado como uma etapa da aprendizagem sistemática.

Na escola, o erro é personagem principal (como vilão, é claro!) da novela chamada Avaliação da Aprendizagem. O erro é fruto da análise do professor das respostas dos alunos, em função de padrões estabelecidos, o que revela o tanto que ainda se cultua a pedagogia da resposta, que expressa o quanto ainda estamos, como bem definiu Paulo Freire, na Era da educação bancária. Paulo Freire propõe, como antídoto à pedagogia da resposta, que o ensino se oriente na di-reção de uma educação libertadora, que muda o foco cartesiano da resposta certa, para o foco libertador de um ensino que estimule a pergunta e que desenvolva a curiosidade de aprender.

Paulo Freire propõe que o professor mude sua atitude frente ao erro, e passe a considerá-lo uma forma provisória de saber. Essa mudança de atitude pressupõe encarar o erro como objeto de discussão e compreensão dos saberes que o educando traz consigo para as situações formais de aprendizagem. Tal postura implica, obriga-toriamente, o rompimento com relações fundadas numa educação bancária na qual o acerto está ligado à exata correspondên-cia da resposta prevista pelo educador.

Dessa forma, é essencial, que no processo de construção dos conceitos pela criança, os erros sejam considerados como degraus para futuros acertos. Estes erros, na verdade, estão indicando o que a criança está pensando e é nisso que o pro-fessor deve deter-se: no pensar do aluno, afim de compreendê-lo e, assim, poder desafiá-lo a encontrar outras respostas. As crianças cometem erros porque, geral-mente, estão raciocinando a seu modo. Considerando que o erro é um reflexo do pensamento da criança, a tarefa do pro-

A PEDAgOgIA DO ERRO:ERRAR NÃO é O CONTRÁRIO

DE ACERTAR

fessor não é a de corrigir, mas descobrir como foi que a criança cometeu o erro.

Mais uma vez surge a necessidade de o professor repensar seu papel e sua responsabilidade na aprendizagem do aluno. É função do professor fazer as in-tervenções necessárias, a partir da zona de desenvolvimento proximal do aluno, no sentido de promover sua “passagem” da condição atual para uma condição desejada. Para se tornar um verdadeiro mediador entre o aluno e o objeto de conhecimento, o professor precisa ressig-nificar a avaliação no sentido de torná-la um processo de compreensão da apren-dizagem do aluno e reelaboração de seu próprio plano de ensino. Fundamental se faz para que construamos uma real aprendizagem a partir dos erros que se oportunize a expressão do aluno na busca de soluções intuitivas, raciocínios novos e recriação de suas hipóteses. Uma escola aberta ao erro é aquela onde os rascunhos não são jogados fora.

De que maneira o erro influi na apren-dizagem?

Precisamos, primeiramente, alinhar o conceito de aprendizagem ao qual es-tamos nos referindo para que possamos definir o papel do erro nesse contexto. Vamos, aqui, utilizar o referencial de Pia-get. Nessa perspectiva, a aprendizagem configura-se através dos fatores heredi-tários, maturacionais e da interação do sujeito com o meio. Segundo Piaget, apesar de os fatores intrínsecos do su-jeito influenciarem no seu aprender, a estimulação e interação com o meio são fatores fundamentais na construção do conhecimento.

A aprendizagem é construída através da interação do sujeito que possui es-quemas próprios de ação, com o meio. Esquemas são estruturas mentais que permitem que os indivíduos se adaptem intelectualmente ao meio. Assim, os es-quemas são construídos e/ou modificados pela interação do sujeito com o meio.

Ao desenvolverem-se as pessoas enfrentam situações nas quais elas já

conseguem lidar com seus esquemas e situações novas, que geram um estado de desequilíbrio no qual a pessoa, para retornar ao equilíbrio anterior, deve as-similar ou acomodar o conhecimento aos seus esquemas.

Numa explanação didática, podemos dizer que quando ocorre o desequilíbrio é possível que o sujeito integre um novo dado perceptivo, motor ou de conceitos

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nos esquemas de ação já construídos (assimilação) ou ele pode modificar seus esquemas para incorporar o conheci-mento desejado (acomodação). Ambos, considerados como processos cognitivos regulados pela equilibração.

A equilibração é um processo de pas-sagem de desequilíbrio para o equilíbrio que funciona como auto-regulador. Os instrumentos de equilibração são a assimi-

lação e a acomodação. Em consequência desses processos, o sujeito pode adaptar-se ao meio, ou com crescimento dos esquemas que ele já possui ou adquirindo novos esquemas.

Os processos de assimilação e acomo-dação são fundamentais para a superação do erro e, principalmente, para a evolução da inteligência. Quando o sujeito comete o erro pode dele dar-se conta ou ainda

não ter consciência alguma sobre o erro que cometeu.

A partir do conceito piagetiano do erro podemos empregar o conceito de Vygotsky de zona de desenvolvimento proximal, que compreende a categoria do “quase aprendendo”. Nessa zona se encontra tudo aquilo que a criança já con-segue fazer com alguma ajuda. O erro en-contra-se dentro dessa zona, nunca fora dela. Nessa linha de raciocínio, quando o sujeito erra e tem consciência de tal erro, é gerado um estado de desequilíbrio. Este estado é desencadeado por uma pertur-bação, ou seja, um conflito cognitivo. Este desequilíbrio remete ao processo de regu-lação pelo qual o sujeito vai, através do erro, assimilar e acomodar conhecimentos para retornar ao equilíbrio anterior - só que agora estará diferente.

Pensando no valor positivo do erro, percebemos que se o sujeito errar, sua tendência será a de refletir mais sobre o problema e sobre as ações que empregou para resolvê-lo. Vale dizer que o erro pode levar o sujeito a modificar seus esquemas, enriquecendo-os. O erro pode ser fonte de tomada de consciência. Em síntese, uma aprendizagem através do erro tende a ser mais consistente.

Erro é tudo igual?Segundo Vinocur (1998, p.98), os er-

ros podem ocorrer por diferentes razões: distração; conceituação; dificuldades na interpretação da instrução e construção. O quadro que se segue caracteriza cada tipo de erro e apresenta a intervenção docente indicada, o que demonstra que a ação do professor deve fundamentar-se na identificação do tipo de erro cometido pelo aluno para assim poder intervir ade-quadamente em cada situação.

é essencial, que no processo de construção dos conceitos pela

criança, os erros sejam considerados como degraus para

futuros acertos

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Afinal, o que é um erro construtivo?Nem todos os erros são construtivos.

É necessária, então, num primeiro mo-mento, a compreensão e a separação dos erros que são construtivos e dos que não o são. Nos erros construtivos, existe uma lógica nas hipóteses dos alunos frente à resolução de um problema novo qualquer que difere da lógica dos adultos. Mesmo que esta idéia, sob o ponto de vista do adulto, seja errada, este é considerado um erro construtivo. Esse “erro” é a hipótese deste momento (atual) a respeito de um de-terminado saber em construção. Diz-se que são construtivas porque estas hipóteses construídas, num primeiro momento, vão sendo progressivamente reconstruídas pela pessoa através de comparações entre semelhanças e diferenças com outras situa-ções ou através de um questionamento por parte do professor levando o aluno a se desestabilizar, se desacomodar em relação ao que achava que era certo.

Uma estratégia bastante interessante na solução de determinados problemas é a troca de pontos de vista em grupo, pois nesse caso, cada aluno precisa defender com argumentos aquilo que acha que está certo. Essa prática colabora com a forma-ção de uma imagem comum do erro, pois a escola facilita que o aluno crie estratégias de ocultação dos erros na vida.

Os erros não-construtivos não repre-sentam dificuldade de compreensão por

parte dos alunos, pois ocorrem em relação a conhecimentos arbitrários (ou seja, por convenção). Como exemplo, podemos citar os erros de grafia, que não represen-tam dificuldades de compreensão para os alunos pois a ortografia é um conhe-cimento de natureza arbitrária. Neste sentido, o professor não pode esperar que seus alunos descubram os erros, porque não há uma lógica subjacente.

Por um professor que erra!Uma prática pedagógica baseada

na liberdade orienta-se a partir de uma análise crítica da realidade social e sus-tenta-se, implicitamente, por finalidades sociopolíticas da educação. Isso significa que o professor deve compreender que a educação não é neutra e assumir a natureza política do ato educativo. Esse entendimento reflete-se na postura do educador que, ao romper com a relação autoritária entre professor-aluno, busca construir uma relação de horizontalidade na prática do diálogo. Nesse processo, altera-se a relação unilateral na qual o professor pergunta, o aluno responde e o professor corrige; perguntar e res-ponder são concebidos como elementos constitutivos da curiosidade, sendo esta um elemento basilar da construção do conhecimento.

Todo esse sistema, porém, só se estabelece num contexto onde errar

TIPO DE ERRO CAuSA AÇÃO DO PROFESSOR

Erro por distração O sujeito possui a estrutura cognitiva e a compreensão do fenômeno porém, por falta de concentração, em dado momento, o erro ocorre.

Cabe ao professor solicitar que o aluno reflita sobre a questão para dar-se conta do erro cometido e, assim, poder refazer a questão.

Erro conceitual O aluno ainda não construiu um conceito necessário à solução de uma determinada questão.

O professor poderá, neste caso, fazer com que o aluno construa o conceito desejado através de uma intervenção construtiva.

Erro por dificuldade na interpretação da instrução

Causas diversas. É necessário que haja a identificação cuidadosa da causa pelo professor.

Ação específica a partir da causa identificada através de investigação detalhada da situação.

Erro construtivo O aluno se baseia numa lógica subjetiva que precisa ser identificada e compreendida pelo professor.

Ação específica a partir da lógica identificada através de investigação detalhada da situação.

REFERÊNCIAS BIBlIOgRÁFICASFREIRE, Paulo; FAUNDEZ, Antonio. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz E Terra, 1985.KAMII, Constance. A criança e o número: Implicações educacionais da teoria de Piaget para atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. Campinas: Papirus, 1991.PIAgET, Jean Fazer e compreender. São Paulo: Melhoramentos: ed. USP,1978.VINOCuR, Sandra in BOSSA, Nadia Aparecida (org.). Avaliação Psicopedagógica do Adolescente. Petrópolis: Vozes, 1998.

JúlIO FuRTADODoutor em Ciências da Educação e Mestre em Educação. Pedagogo e Psicopedagogo. Conferencista e escritor.

seja considerado característica de seres mortais e, mais que isso, num contexto onde professores possam se abster das máscaras de uma pseudo-perfeição e ousar cometer erros construtivos, na tentativa de favorecer a aprendizagem significativa. •

Aprendizagem

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O espaço escolar é o ambiente de relações sociais que marcam e estruturam o processo de so-

cialização e diferentes experiências para os estudantes, educadores e comunidade escolar. Desse modo, a escola deve ser lugar de reflexões de não-violência. Tendo claro o papel da escola, nossa re-flexão esboça um caminho de superação das violências no ambiente escolar que perpassa a efetivação de políticas públi-cas que transformem os espaços juvenis em espaços de dignidade, de direitos garantidos, de bem-estar, de saúde e de lazer na superação das desigualdades sociais e das violências nas diferentes esferas. Uma escola que não se coloca no caminho da superação das violên-cias, não educa e não conscientiza seus educandos, educadores e comunidade educacional.

Faz-se necessário, portanto, propor-cionar espaços para discussões no am-biente escolar sobre a temática das vio-lências e como superá-las para efetivar a prática de superação e não restringir os alunos ao âmbito da conscientização. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe este ano para a Campanha da Fraternidade o tema ‘Fraternidade e Superação da Violência’ com o lema “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), fazendo um

Superações das Violências:valores educacionais e práticas pedagógicas

convite a aprofundar e repensar o agir na superação das violências. Desse modo, na possibilidade de utilizar o tema da Campanha da Fraternidade para dialogar sobre a superação das violências na es-cola, é possível perpassar as dinâmicas do método utilizado que se constituem pelo Ver, Julgar e Agir.

O Ver refere-se à capacidade de olhar para o espectro da cultura das violên-cias, identificando-as em suas diversas realidades. A partir de conceitos éticos e morais e da observação das violências, a cultura do diálogo vai se delineando, definindo um agir que contempla ações concretas de superação das violências nos contextos socioculturais, econômi-cos, políticos e religiosos.

O Julgar enfatiza que as violências, ainda hoje, são frutos de um processo capitalista e desigual, de uma cultura do descartável, exigindo formação para os educadores, para os estudantes e para a comunidade educativa. Formação esta que deve ponderar, em muitos sentidos, o lugar de protagonismo dos estudantes, estimulando-os a identificar as violências e a estabelecer a partir da dinâmica do coletivo a cultura de paz que asseguram no ambiente escolar a formação integral do ser humano que dinamizam diferentes ações.

Enquanto fenômeno social, a violência se espalha constantemente nas mídias sociais como atrativo da banalização, cres-cendo drasticamente, de modo a tornar-se um desafio para as escolas, garantindo que o tema da violência seja trabalhado em seus currículos pedagógicos.

Com a proposta de debater temas im-portantes do contexto atual, os projetos políticos pedagógicos abordam os desa-fios dos cenários atuais e a superação da violência que estão engendradas nestas realidades a fim de ampliar o diálogo entre escola e estudantes.

Faz-se necessário, portanto,

proporcionar espaços para discussões no

ambiente escolar sobre a temática das violências e como superá-las

Violência

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Diante deste quadro, o tema da Cam-panha da Fraternidade de 2018 nos ajuda a produzir reflexão e a orientar atitudes no ambiente escolar, analisando a violên-cia como parte da história do Brasil. Uma instituição escolar é capaz de se recriar e responder aos desafios que enfrenta mediante a convivência e o diálogo possi-bilitando a igualdade entre os gêneros, a comunicação participativa gerando con-hecimento e informações não-violentas, além de uma cultura de paz.

Com o enfraquecimento da ética em diferentes setores que também são referenciais, é um desafio para a escola realizar seu agir educacional de maneira dialogal e de encontro às violências, às desigualdades, à desvalorização da vida,

entre outras situações. E para que este modo de agir seja autêntico, é necessário fundamentar a educação a partir da mul-tidisciplinaridade, da ética, das normas da instituição, considerando a realidade de cada estudante e considerando uma pedagogia da não-violência por meio da formação integral.

Favorecer o debate e a participação efetiva dos estudantes é um caminho democrático e de mudança de paradigma que proporciona aprofundamento estra-tégico mediante a metodologia utilizada e fortalece as ações que a escola propõe no processo educacional para a cidadania e para a paz, mantendo um espaço de comunicação permanentemente aberto à escuta.

É necessário investir na formação dos educadores, garantir infraestrutura de qualidade, diálogos e inserção da comunidade no espaço escolar, cur-rículo e projetos políticos pedagógicos que dialoguem de maneira inclusiva e interdisciplinar, políticas públicas edu-cacionais que viabilizem o direito à educação para a paz.

Uma escola que viabiliza a criticida-de dos estudantes e identifica o foco das violências assume o compromisso de implementar métodos que geram mudanças e qualidade educacional para a paz, num ambiente escolar que se vive com qualidade na busca de viver dimen-sões atitudinais sociais do bem viver. A educação perpassa todo contexto histórico na dimensão social e individual dos seres humanos, desse modo, a educa-ção não pode ser um espaço em que não se dialoga com as realidades em que se está inserida com propostas pedagógicas embasadas na interdisciplinaridade, com currículo que dialogue com toda comu-nidade escolar, corroborando para que haja estudantes críticos e participativos. A escola não pode ficar indiferente às situações violentas, a escola não pode ser espaço de polarização, mas de sinergia para a vida.

Ainda que a violência física tenha maior impacto, as diferentes violências – sejam psicológicas ou simbólicas – são pautas nos ambientes escolares, sendo necessário aprofundar elementos que englobam estes casos. A percepção des-sas realidades capacita os jovens para ações de não-violência, o que inclui o apoio às vítimas de violências no espaço escolar, conscientização e efetivação de ações que corroborem para o bem-estar na escola, tais como campanhas, diálogos, cine debates, fórum, saraus, artes visuais, conselho de estudantes, entre outras ações. Assim, a comunidade educativa, os estudantes e os educadores podem expressar seus pensamentos e emoções.

Espaços para a denúncia das vio-lências, com apoio psicopedagógico e diálogo com as políticas públicas de direitos humanos parecem receitas pron-tas de bolo, mas a dinâmica é complexa e exige preparação, aprofundamento. Também exige um constante repensar de práticas que superem estes proces-sos de exclusões, violências e violação dos direitos humanos, nos quais toda comunidade escolar assume a missão indispensável para a redução desses atos. A escola com estas ações promove experiências humanizadoras com ele-mentos inculturadores que perpassam valores universais.

A escola não pode ficar indiferenteàs situações violentas, a escola não pode

ser espaço de polarização, mas desinergia para a vida

Violênciafr

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hORTÊNCIA BRITO NOVAISAgente de Pastoral do Colégio Marista Arquidiocesano.

Violência

O tema da superação das violências não pode ser negligenciado. É necessário reforçar que as relações interpessoais no processo educacional precisam estar embasadas na alteridade, respeitando suas vivências no combate às exclusões e aos preconceitos. Dessa maneira, os espaços escolares devem ser pensados para serem efetivamente democráticos e acessíveis a todos de maneira criativa, estimulante.

O papel da escola na formação dos estudantes e da comunidade escolar na contemporaneidade deve contribuir para a formação de cidadãos críticos, inseridos nos contextos sociais. Esses cidadãos devem ser capazes de dialogar com o diferente em um espaço que cons-trua conjuntamente, com as demandas da sociedade, possibilidades de convívio com as diversidades de modo respeitoso. Construindo e fortalecendo modelos edu-cacionais contra-hegemônicos fundamen-tados em práticas de ódio e de violências contra tudo aquilo que é diferente. Pro-pondo uma reflexão que crie mentalidade capaz de conceber que a superação das violências assuma caminho antropológico na convivência humana, nas diferentes realidades socioculturais, na capacidade de ir contra a lógica do consumismo, das violações dos direitos fundamentais, dos processos de criminalizações instituciona-is, das relações de punição, reconhecendo o rosto desses sujeitos violentados, das diferentes violências nos contextos rural e urbano. Uma série de outras problemáti-cas surgem aí, como estruturas de acesso à terra, segregação social e preconceitos, intolerâncias de raça, gênero e religião, violências doméstica e individualismos.

É em torno desse eixo antropológico que refletimos sobre o valor da dimensão axiológica da não-violência, pois a partir da experiência da alteridade – respeito pela pluralidade de modo dialogal – e das práticas, há ressignificação do ambiente escolar no cotidiano.

Sendo assim, a alteridade humana possibilita o encontro, ou seja, o fazer-se próximo dos outros. A realidade multicultural pós-moderna estimula as instituições educacionais para outro modo de fazer e ‘ser’ na educação. Nessa perspectiva, a ação educacional passa a ter traços fortes de acolhida e de soli-dariedade para com os estudantes, edu-cadores e toda comunidade educacional na tratativa das violências. Na atualidade, em nossa cultura ocidental, promover a paz e a convivência pacífica dentro do ambiente escolar requer jeitos novos de ser e de fazer educação como premissas da dignidade humana e cuidado com os mais vulneráveis.

Percebe-se que as vivências multidis-ciplinares perpassam a sensibilidade e a importância do socializar os trabalhos realizados, valorizando o caminho feito no campo do individual e do coletivo. O espaço que valoriza e possibilita as diferentes interações defendendo a dignidade humana e difundindo a frater-nidade entre as pessoas contribui para o aprendizado e segue para um caminho de construção participativa.

Quando falamos de violência na escola, estamos tratando de violência física, psicológica, de gênero, religiosa, cyberbullying (com o uso massivo das redes sociais), violência ao patrimônio, dentre outras. E, nos últimos tempos, a violência que mais tem sido debatida é o bullying nos contextos escolares, algo que tem colaborado para compreender que os valores humanos formam uma

consciência crítica e transformam a es-cola em um espaço de cidadania.

A superação das violências é, por-tanto, uma possibilidade de analisar as causas na escola, em sala de aula, nos espaços recreativos.

Quiçá tenhamos mais espaços es-colares que promovam esses diálogos de superação das violências nas esferas socioeducativos, com vivências transfor-madores segundo valores, atitudes que irrompam esperança nas experimenta-ções de vida de cada um. •

A realidade multicultural pós-moderna estimula as instituições educacionais para outro modo de fazer e ‘ser’ na educação

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Classieeesp

• JUNHO DE 2018 •• 20/06/2018 INSS (Empresa) - ref. 05/2018 PIS – Folha de Pagamentos - ref. 05/2018 SIMPLES NACIONAL - ref. 05/2018 • 22/06/2018 COFINS – Faturamento - ref. 05/2018 PIS – Faturamento - ref. 05/2018• 29/06/2018 IRPJ – (Mensal) - ref. 05/2018 CSLL – (Mensal) - ref. 05/2018

• 06/06/2018 SALÁRIOS - ref. 05/2018• 07/06/2018 E-Social (Doméstica) - ref. 05/2018 FGTS - ref. 05/2018 CAGED - ref. 05/2018 • 08/06/2018 ISS (Capital) - ref. 05/2018• 11/06/2018 EFD – Contribuições - ref. 04/2018

Dados fornecidos pela HELP – Administração e Contabilidade • [email protected] • (11) 3399-5546 / 3399-4385

AgENDA DE OBRIgAÇõES

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Cursos

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