31
Mayo/ Junio Ano 3 / #10 / Dezembro 2005 www.iberystyka.uw.edu.pl [email protected] ISSN: 1731-0997

Maio/Junho [email protected]

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Jornal de Maio 2006 versão ordenadaISSN: 1731-0997
COM O APOIO DE:
D I R E C T O R : J O S É C A R L O S D I A S
COORDINADORA DA SECCIÓN GALEGA: L U C Í A R O D R Í G U E Z C A E I R O
COORDINADOR DE LA SECCIÓN ESPAÑOLA: G E R A R D O B E L T R Á N
COORDINADOR DE LA SECCIÓ CATALANA: J O S E P A N T O N I C L E M E N T
COORDENADOR DA SECÇÃO PORTUGUESA: J O S É C A R L O S D I A S
C R O N I S T A S / C O L U M N I S T A S : JAUKUBJANKOWSKI,JOSEPANTONICLEMENT
J O R N A L I S T A S / P E R I O D I S T A S : A L I N A W O J T E C Z E K , A N I A P L O C I C A
A L E K S A N D R A G A L A Z K A , A L E K S A N D R A
J A C K O W S K A , A L E K S A N D R A O P A R A , E W E L I N A S A S , B A S I A M I K O L O W I C Z , DOROTAKAZINSKA,GABRIELABADOWSKA, I W O N A C E L L A R Y , J A K U B J A N K O W S K I , J O H N A T H A N , J O A N N A S T A N K I E W I C Z , KAROLINAFRANASZCZUK,MAGDARYBAK, MAGDADOMINOWSKA,MAGDAPIELAK, M A G D A L E N A S M O R C Z E W S K A , M A L G O R Z A T A M I K O W S K A
MARTAMACHOWSKA,MARTYNAGAJEWSKA, M U R I E L , P I O T R M A J E W S K I
C O L A B O R A D O R E S : ANNA KALEWSKA, ANACAROLINABELTRÃO, J O S E P A N T O N I C L E M E N T
C O L A B O R A Ç Ã O E S P E C I A L : C L A U D I A B E N Í T E Z H E R R E R A , M E N I N A S D O 3 º A N O D E L U B L I N ! A B E L A . M U R C I A S O R I A N O
K A T A R Z Y N A Z A K , S Y L W I A J A K U B A S
C O L A B O R A Ç Ã O U L T R A - E S P E C I A L : J O S E P A N T O N I C L E M E N T
DESIGN GRÁFICO: JOSÉ CARLOS DIAS
C A P A : B A R B A R A S Z L A C H T A
FOTÓGRAFOS: MENINAS DE LUBLIN,WUWUWU
C A R T O N I S T A : J A K U B J A N K O W K S I
CAMPEÕESDEVENDAS: SRA. ANNA DA
S E C R E T A R I A E S R . J A R E K
PÁGINAS DE INTERNET: UHUH! ESTÁ
ACTUALIZADÍSSIMA!MUITOOBRIGADO, SUZANNA! T I R A G E M : 2 0 0 E X E M P L A R E S
MAIOR NOVIDADE: 60 PÁGINAS!!! 12 NÚMEROS
CONSECUTIVOS!3 ANOS DE PUBLICAÇÃO! IMPRESSÃO: ZAKLAD GRAFICZNY UNIWERSYTETU
W A R S Z A W S K I E G O
EDITORA: INSTITUTO DE ESTUDOS IBÉRICOS E
IBERO-AMERICANOS DA UNIVERSIDADE
D E V A R S Ó V I A
Mayo/Junio Maio/Junho2
PARA SE APERCEBER DESTE EFEITO FIXE E VERDE... TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de Jakub JankowskiJakub JankowskiJakub JankowskiJakub JankowskiJakub Jankowski
crónica
3
Gee, Baudelaire Trabalha agora
Na fábrica de Kalaschnikov. Em vez de pólvora Enche projécteis
De flores. Os Russos depois vendem
Armas e cartuchos A quem quer comprar.
Sobre todos os campos de batalha Voam flores.
Indefesas mulheres e crianças Recebem a sua quantia de flores.
O homem foi visto Que perdeu um e outro pé.
Agora dos sapatos sai-lhe pelargonium. Mais do que um
Apanhou mesmo no coração. Ofensiva japonesa continua.
As lojas com arma estão cheias de ikebana.
Holanda ameaça ao equlíbrio mundial,
pois os jardineiros de lá estão a um passo de
fabricar uma bomba-túlipa. Os desassossegados políticos
Telegrafam, „Senhor Governador,
tornou-se, assim, esquisita?”
Já ouviram falar? Que o presidente Bush é um sem-vontade-sua? E que durante encontros oficiais escuta e repete o que lhe dizem ao ouvido? O que lhe transmitem ao vivo e directamente à cabeça? Gostaria de conhecer esta frequência... Se eu a soubesse...
... transmitia ao pé de ouvido dele letra de canção all we are saying, just give peace a chance. E a de R.A.P (Reggae Against Politics) Deita fora a sua arma.
... lia para ele Crónicas de Marte de Ray Bradbury, e Catch 22 de Joseph Heller, e lia As aventuras do bravo soldado Svejk de Hasek. Lia como se fosse para criança, como se fosse preciso ler para ela dormir em paz (...e até o deixava assistir a M.A.S.H com Alan Alda até tarde na têvê). Para ele dormir sem monstros na cabeça e sonhos de poder e ignorância.
...recitava para ele poemas. Sim, poemas. De Julian Tuwim Para homem simples (Do prostego cz³owieka). E o de Jacek Podsiad³o:
...e tudo isto acima fazia com que ele percebesse o mundo em verde. Para ele se aperceber deste efeito fixe e verde de que NÓS enfim podemos gozar olhando pela janela.
P.S provavelmente queriam saber que tal a vida da gata da minha namorada? Tudo na paz J Os olhos verdes dela, da gata, não da minha namorada, continuam a hipnotizar e apaziguar.!
TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de José Carlos DiasJosé Carlos DiasJosé Carlos DiasJosé Carlos DiasJosé Carlos Diaseditoriais & editorials TTTTText deext deext deext deext de Josep A. ClementJosep A. ClementJosep A. ClementJosep A. ClementJosep A. Clement
EL VERD ÉS... El verd descansa en la blavor dels ulls d’una dona. El verd reviu quan ningú té ja freds de neu clara. El verd espera que el trepitgis quan surts de passejada. El verd sent el pas del temps dels homes que d’alcohol s’embafen. El verd a tu et mira quan beus gots de rosada. El verd conté vins d’uns ceps que fa temps mirares. El verd és un llibre amb pols que deses als prestatges.
El verd roman sota el cos de la tarda. El verd és el color que a l’infància et donaren. El verd és un arbre nu que et rebia quan t’hi atansaves. El verd porta el nom d’una estança. El verd és ara la revista de les preguntes romanitzades. El verd és tot allò que vols i se t’escapa.
El verd, benvolgut lector, és un color com qualsevol altre.!
Quixera sempre a miña Galiza chea de humidade,
co seu arrecendo a terra recentemente mollada pola chuvia.
Quixera sentir as pingas sobre min, esvaranado pola miña cara,
embebéndome os cabelos, a roupa.
Quixera saltar nas pozas salferindo con forza.
Quixera esquencer sempre os paraugas e procurar correndo acubillo.
Quixera tirarme na herba verde, chea de frescura,
e deixar que o meu corpo recolla toda a enerxía da terra,
que garda as pegadas dos meus ancestros.
Quixera que o sol me feche os ollos, me cegue,
entremestres busco nunha árbore a súa sombra para ler desexos futuros,
respirando profundamente o verde ar.
SEMPRE EN GALIZA VERDE TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de Lucía Rodríguez CaeiroLucía Rodríguez CaeiroLucía Rodríguez CaeiroLucía Rodríguez CaeiroLucía Rodríguez Caeiro
Non quero que haxa incendios na miña terra, que a época estival veña cargada de deforestación. Quero que exista unha política eficiente, que se evite esta desgraza coa prevención, que haxa conciencia ecolóxica. Non quero sentir falta de
auga, que as flores murchen, ter sede con carraxe. Non quero ver lume nin ao lonxe non á beira, mestres sinto como me proe a pel, como as queimaduras me doen na alma.
*
verde PorPorPorPorPor MurielMurielMurielMurielMuriel
Ja reparaste que todas as cadeias de fast-food usam (e abusam) de combinações de amarelo, cor de laranja e vermelho? Pensaste por que é que na política a tonalidade azul é a mais procurada? E não é verdade que os quartos verdes nos tranquilizam? Muitas vezes não estamos conscientes da enorme influência das cores na nossa vida. Mas elas estão lá, agindo sem nos darmos conta disso, e devemos saber que não se trata apenas de um elemento estético. O poder das cores, que não são nada mais do que raios solares de diferentes frequências, é conhecido e usado há séculos – tanto por especialistas das relações públicas como por médicos.
Nos últimos anos vem ganhando muita popularidade a tal chamada cromoterapia, que não tem nada a ver, como alguns pensam, com o cromo, mas sim, com as cores. Tratada pelos adeptos da medicina natural como ciência, a cromoterapia emprega o azul, o vermelho, o amarelo e os seus matizes para estabelecer ou manter o equilíbrio e a harmonia do corpo, da mente e das emoções, ou seja, a saúde e o bem estar. Sem rodeios: as cores curam, e alguns médicos não hesitam em considerer a cromoterapia como parte importante da medicina do futuro, devido, como dizem, a sua simplicidade, facilidade de aplicação e eficácia.
Os conhecimentos dos valores salutares da luz solar eram utilizados para restabelecer a harmonia no organismo humano, mesmo se rara e selectivamente, já nas antigas civilizações do Egipto, da Grécia, da Índia e da China. Mas o uso actual das cores nos tratamentos de saúde propriamente ditos é relativamente recente, e o seu desenvolvimento em práctica podemos observar nos últimos 30 anos. Hoje a cromoterapia já não se liga apenas aos estudos da medicina natural, mas também a universidades e faculdades de psicologia. Foram precursores na divulgação da cromoterapia como método de tratar problemas orgânicos e emocionais os cientistas da União Soviética.
É certo que o ser humano necessita da luz do sol para viver. Recebe-a sob a forma de um feixe que se decompõe em sete raios principais (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e violeta), logo distribuídos pelo seu corpo. Os seres vivos são cobertos por um campo energético (Aura) que reflete o estado de equilíbrio em que nos encontramos. De acordo com a cromoterapia, entende-se o efeito das cores do espectro solar como o resultado da interferência de suas vibrações em nossa Aura. Todos os órgãos, sistemas e funções do corpo são conectados a centros de energia
localizados ao longo da coluna vertebral, chamados “chakras”. Todas as pessoas tem 7 chakras, e cada chakra corresponde a uma das sete cores energéticas. Se há desequilíbrio na sua combinação, isto reflete-se no nosso corpo com a doença. A falta de uma das cores resulta no enfraquecimento do órgão correspondente, e, por outro lado, o excesso causa a sua hiperactividade. A impetuosa tendência de uma pessoa para alguma das cores pode ser sinal de distúrbios do equilíbrio no organismo.
Dizem os cientistas que o homem desde sempre esteva rodeado de cores e sabe instintivamente como usá-las para atenuar os estados da sua alma e do seu corpo, vestindo roupas de cores adequadas ou manifestando o gosto por determinadas flores, por exemplo. Hoje, no entanto, começa a perder este instinto e, obedecendo a moda, com frequência cerca-se de cores entre as quais não se sente bem.
A terapia com as cores usamos profilacticamente para regu- lar a nossa disposição geral ou para tratar certas indisposições psíquicas. Entre as cores principais, o vermelho é o mais energético – estimula a actividade e é utilizado na falta de energia, desânimo e estados depressivos. O azul tranquiliza e regenera o sistema nervoso. O amarelo, por sua vez, estimula o funcionamento do cérebro, inspira, facilita a aprendizagem e aumenta a perspicácia; permite liquidar o pessimismo e a apatia. O mais tranquilizante é o verde: refresca, estabelece harmonia e acalma os nervos cansados. Já a laranja é fonte de energia e das forças vitais; é menos agressivo de que o vermelho, mas mais inspirativo e aberto à criatividade, podendo curar a melancolia e a tristeza extrema. As cores podem, ainda, ser utilizados como primeiros socorros em moléstias emocionais como insónia (azul), agorafobia (vermelho), depressão (laranja), claustrofobia (verde) e vários tipos de cansaço (turquesa para mental, verde para emocional e azul para físico).
A cromoterapia também cura as doenças físicas. Cada parte do nosso corpo está estritamente relacionada com as cores do espectro, por isso, dependendo da moléstia, necessitamos tratar essa parte com sua cor correspondente. Portanto, para indigestão e problemas com fígado, pâncreas, rins, intestinos ou doenças de pele aconselha-se utilizar o amarelo; com o laranja trata-se asma, bronquite e doenças dos pulmões; o azul, por outro lado, é ideal para inflamação de garganta e prisão de ventre, em contraste com o azul-escuro, que cura resfriados, sinusites e infecções do ouvido; para feridas e infecções é preciso aplicar o verde; e, por fim, não há nada
AS CORES QUE CURAM PorPorPorPorPor BBBBBasiaasiaasiaasiaasia
4
Um sapo... Pequena criatura víscida com os olhos esbugalhados, em que as raparigas normalmente preferem não tocar. Porém, não houve pelo menos um momento na nossa vida, quando ao ver esse bicho verdinho, uma ideia fugaz apareceu: «Talvez...? Talvez será o meu príncipe encantado?» Bastaria um beijo – um segundo de sacrifício que poderia trazer um prémio tão grande. É possível que algumas, quando meninas, até tenham cedido à tentação e concedido um beijinho molhado, verificando primeiro que ninguém estava ao alcance da vista para evitar a humilhação. É a herança dos contos de fada da nossa infância. Todas sabemos as histórias das princesas jovens e bonitas (todas elas são sempre assim!) que durante um passeio ordinário encontram de repente um sapo, beijam-no e ... BUM!!!... já têm um noivo – e, ainda mais, de sangue azul!
Como já estamos com o assunto de sapos e contos de fada – pensaram, alguma vez, na razão por que as princesas teimam em beijar sapos? Não seria melhor tentar encontrar um peixe dourado?
Primeiro, um peixinho é uma criatura em tanto mais agradável do que um sapão repugnante. É mais bonito, mais limpo – um pode até se afeiçoar a ele. Além disso, não é preciso beijá-lo!
Segundo, tal peixe dá muito mais possibilidades. Do sapo, mesmo se conseguirmos apanhar o encantado, pode sair apenas um príncipe e nada mais. O peixe dourado, porém, cumpre os nossos três desejos – mesmo se usarmos um para o príncipe, restam ainda dois. Podemos, por exemplo, acrescentar ao príncipe um castelo e uma carruagem com seis cavalos. Porque aquele do sapo antes diminuirá os nossos bens do que aumentará. Não se pode esperar que tenha assegurado a fortuna (se a possuiu, do que não ousamos duvidar, visto que é príncipe) caso fosse transformado num sapo! Agora, o paizinho já não viverá, a mãezinha estará no convento, e o principado terá sido aniquilado por uma guerra ou passado para as mãos dum parente distante, que nem pensa em reconhecer as pretensões do nosso pretendente. Além disso, negociando com o peixe dourado podemos especificar as nossas exigências para garantir não só sangue nobre, mas também beleza, maneiras distintas e o senso de humor do nosso príncipe. Falando nos termos do mundo capitalista, podemos “examinar a mercadoria” antes da compra. No caso do peixe, recebemos o que encomendamos; no caso do sapo, compramos um gato ensacado. A condição do príncipe de ser encantado não o impede de ser ao mesmo tempo feio, rude e mal educado. Se calhar foi a falta de educação que o levou ao estado presente – talvez ele tivesse ofendido alguma bruxa, que se vingou transformando-o num sapo.E então? Beijamos o sapão nojento, desencantamos tal indivíduo e ele, Deus nos livre! apaixona-se e não quer deixar-nos em paz, e o quê depois?
Ainda teremos de procurar um peixe dourado – não para desejar um príncipe, mas para livrar-se dele.
Além disso, devemos pensar em diferentes perspectivas. Não há nenhuma garantia que o nosso sapo / peixe se revele uma criatura mágica. Embora existam algumas imagens de sapos com coroa na cabeça, o que deve facilitar o reconhecimento do bicho encantado, eu pessoalmente duvido que haja neste mundo os sa- pos coroados. A bruxa que transforma um príncipe em animal teria que ser estúpida para deixar sinal tão visível. E bruxas estúpidas raramente conseguem chegar ao momento de ter ao alcance das mãos um príncipe em quem possam praticar a sua arte mágica. Mas voltemos ao assunto. Não temos certeza se conseguimos captar um animal encantado. Caso seja o peixe, sempre podemos levá-lo ao nosso cozinheiro da corte, tê-lo cozido ou assado ou preparado de mil outras maneiras, as quais eu não conheço (não sou cozinheira da corte!), e comê-lo com gosto – embora seja temperado um pouco com a amargura duma oportunidade perdida. Até existem peixes com um anel de ouro no estômago. É claro que um anel, mesmo que seja de ouro, não pode substituir um príncipe, mas sempre é algum prémio de consolação. Agora, o que é que podemos fazer com um sapo que é só sapo e não príncipe encantado? Não muito. A não ser que fôssemos as princesas francesas, o nosso sapo se revelaria completamente inútil, até mesmo para a culinária.
Depois de meditar sobre o assunto, cheguei à conclusão que a razão da estranha preferência das princesas está na convenção. Os sapos são mais acessíveis do que os peixes, pelo menos para uma filha de família nobre. Alguém já viu uma senhorita bem- nascida sentada num barco, com o vestido molhado e cheia de dificuldades em manter o equilíbrio, ao lançar a rede no mar? Ou ao pescar à linha no lago? Simplesmente não convém fazer isso. E um sapo não é difícil de achar. Basta sair para um passeio romântico ao longo da relva do junco (pode-se ao mesmo tempo suspirar um bocadinho sobre a vida dura ou o amor não correspondido) e já se encontra um sapo que só está à espera dum beijo. Mesmo que seja um pouco sujo de lodo – não importa. Quando o bicho se transformar num príncipe, essa lama não será visível. E, se for, o jovem (por que os príncipes encantados nunca são velhos?!) lavar-se-á na casa de banho real do seu futuro sogro.
Então, quanto ao sapo, basta somente um pouco de esforço a que se acrescente um pouco de sorte, e já temos os resultados desejados. Com o peixe, a situação é mais complicada por causa de essas criaturas espertas esconderem-se dentro das águas profundas. Contudo, tal trabalho, tal salário. Cabe a nós, e somente a nós, decidir se é melhor ajeitar-se com o sapo e o resultado incerto, ou fazer mais esforço e procurar o peixe dourado. !
A SUPERIORIDADE DUM PEIXE SOBRE UM SAPO
verde
6
TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de Magdalena DMagdalena DMagdalena DMagdalena DMagdalena Dominowskaominowskaominowskaominowskaominowska
Os poloneses somos, em geral, uma nação que sempre se queixa de tudo. E atribuímos o nosso pessimismo à falta de sol e de exotismo na nossa vida. Já há alguns anos, temos pelo menos, um elemento natural que fica verde durante todo o ano, provém da zona tropical e é um símbolo da vida cheia de calor e alegria. É a única árvore do grupo Phoenix Canariensis na nossa faixa climática. A palmeira… Sem ela, a capital da Polônia seria uma das cidades mais cinzentas da Europa, mas não é.
melhor do que o índigo para inflamações dos olhos e sangramentos nasais.
Os cromoterapeutas aconselham várias técnicas para a aplicação das cores. As mais utilizadas são a radiação com a luz solar ou a luz de lâmpadas coloridas e o tratamento com a água cromatizada, ou seja, a água energizada pelos raios solares em recipientes de diversas cores. Esta última técnica é considerada eficaz por agir directamente nos orgãos que precisam de cura. Mas os métodos da aplicação da cromoterapia sistematicamente multiplicam-se. Segundo os médicos, já têm valores terapêuticos operações tão simples como usar roupas e adornos de uma cor específica (basta um cachecol ou uma gravata, ou, melhor, uma roupa íntima colorida), pintar as paredes ou rodear-se de móveis e ornamentos de tonalidades adequadas. Entre os métodos mais sofisticados, podemos escolher entre a transmissão das vibrações por pedras preciosas, o fornecimento de cor através de um pêndulo radioestésico ou a estimulação dos pontos acupuncturais com folhas coloridas. Há também algo para os fãs da meditação: exercícios de auto-equilíbrio por meio da visualização e da respiração com a cor mentalizada.
As pessoas se perguntam se isso na verdade funciona. Bem, a aplicação da terapia não parece muito complicada, então basta tentar! Mas é aconselhável fazê-lo sob assistência médica – também na medicina tradicional tomar medicamentos sem autorização pode ter resultados inesperados.!
A autora do projeto, Joanna Rajkowska, nunca pensou que aquele pedacinho dos trópicos passaria a ser um elemento tão importante na vida de todos nós. Importante e polêmico.
A palmeira foi instalada na rotunda de Gaulle, em pleno centro de Varsóvia, em dezembro de 2002. Um ano depois, as autoridades da capital, atuando duma maneira típica das classes dirigentes (isto é, sem ouvir a voz do povo), quiseram arrancar a árvore da sua ilha. Então, como resposta a essas ações tão bárbaras, constituiu-se o Comitê para a Defesa da Palmeira, cujo objetivo foi salvar a palmeira e obter para ela a permissão da permanência perpétua na rotunda.
E aqui chegamos a um ponto bastante importante da história. Resulta que nos momentos de grande perigo sabemos unir-nos para lutar em nome duma causa justa. A maioria dos habitantes da capital fez assim e, graças a seu apoio, o Comitê para a Defesa da Palmeira venceu a batalha e a palmeira ficou no seu lugar.
Quem pensava que os poloneses pudessem ser tão solidários? Graças a Deus, de vez em quando são. Que pena que não somos assim unânimes quanto às questões políticas. Lá o assunto é muito pior. A vida política em nosso país é quase como uma selva - todos lutam contra todos e ninguém pode chegar a um acordo.
Mas já basta de divagações. Falemos da palmeira. Resulta que a maioria dos moradores de Varsóvia é orgulhosa dela - por fim temos um elemento característico da nossa cidade, por fim temos onde encontrar-nos na sexta-feira de noite, por fim a polícia pode parecer-se, pelo menos um pouco, com a polícia de Los Angeles, dando multas debaixo duma palmeira. E, além disso, a nossa querida palmeira é especial também por ser a única palmeira artificial no mundo que até perde folhas durante o outono (no outono do ano passado da palmeira ficou só com o tronco - as folhas foram levadas pelo vento)…
Assim, as autoridades têm de ouvir a voz do povo. A PALMEIRA TEM DE FICAR NA ROTUNDA! Porque desperta em nós tantos sentimentos positivos, porque é tão única e especial, porque é um dos poucos sopros de exotismo na nossa cidade e é tão original que não tem par, porque tem um jeito de unir as pessoas…. Palmeira, queremos que sempre estejas connosco!!
(CONTINUAÇÃO DO ARTIGO DA PÁGINA ANTERIOR “AS CORES QUE CURAM”)
7
Passeios pelo parque na Primavera, tardes preguiçosas nos dias feriados, encontros com os amigos, visitas à casa da avó - todas estas situações têm algo em comum. O que poderá ser? Uma sensação de felicidade? um prazer? o desprezo do tempo que corre como louco? — Sim, claro, isso também, mas existe algo mais, que sempre me traz à memória as recordações dos dias levianos, cheios de riso e alegria. Não é muito difícil adivinhar o que é isto. Basta fecharmos os olhos e lembrarmo-nos dos tempos da infância quando num dia de sol estendemos as mãozinhas trementes para uma vendedora que servia gelados. A carinha lambuzada, os dedos viscosos…Que prazer! Que delícias!
A predilecção pelos gelados acompanha-me até hoje. Quando ouvi o tema desta revista (‘Verde’), pensei logo sobre...a ‘Zielona Budka’, uma empresa muito conhecida na Polónia que produz gelados. A sua história remonta aos tempos da Segunda Grande Guerra, quando em 1947 na esquina das ruas Madaliñskiego e Pu³awska, em Varsóvia, apareceu uma barraquinha, feita de madeira, onde se vendiam gelados. Os proprietários da gelataria- Edmund Plewicki, agora de 87 anos, e o já falecido Kazimierz Kozio³ pintaram-na de verde (a escolha
da tinta era muito limitada, porque naqueles tempos só se po- dia comprar tinta verde ou vermelha). Assim nasceu o nome da empresa- ‘Zielona Budka’. Pouco tempo depois, a gelataria tornou-se muito famosa entre os varsovienses. As filas em frente à barraquinha eram sempre longas. Todos se entusiasmavam com o sabor e a consistência dos gelados. A visita à Rua Pu³awska aos domingos era quase tão obrigatória como a participação na missa. Esperando para comprar gelados, as pessoas cavaqueavam alegremente e travavam novas amizades. A Pu³awska tornou-se também o lugar de encontros da
nata social varsoviense. Os amadores dos gelados da Zielona Budka eram vários actores, poetas, políticos, etc. As iguarias de Plewicki e Kozio³ encantavam todos, sem excepção.
Desde aqueles tempos têm-se vindo a introduzir muitas alterações. A barraquinha verde na Pu³awska tornou-se um verdadeiro salão de gelados. Além disso, abriram-se gelatarias novas, não só em Varsóvia, mas também em Gdynia. Em 1980, Zbigniew Grycan adquiriu a ‘Zielona Budka’. Ele era um pasteleiro da terceira geração, então com muita experiência. Hoje o possuidor da ‘Zielona Budka’ é a empresa Roncadin GmbH, um dos maiores produtores de gelados na Europa Ocidental. A firma declara a sua afeição à tradição da ‘Zielona
Budka’- usa produtos da primeira qualidade e receitas verificadas.
Provavelmente estas declarações são verdadeiras. A minha avó ainda se lembra daqueles gelados dos anos 40, 50 e 60 e confirma que o sabor permaneceu, como sempre, celestial.
Então, gente- BOM APETITE! !

verde VERDE GELADO
tempos da infância quando num dia de sol estendemos as mãozi- nhas trementes para uma vendedora que servia gelados.
Maio/Junho Mayo/ Junio8
Há pessoas que, quando perguntadas sobre o que acham mais significante na sua vida, respondem sem nenhuma hesitação: a saúde. É óbvio que para executar as tarefas do dia-a-dia deve-se estar em boa forma. Em especial nós, estudantes, precisamos disso. Porém, o que significa ter uma vida saudável? Será tão fácil levar uma vida assim?
Em geral, para se ter uma vida saudável é indispensável adoptar alguma regularidade de hábitos, ter bastante tempo e, certamente, dispor de dinheiro. E, todos sabem, o traço característico da vida estudantil é exactamente a falta destes três factores.
A pressa, o stress e o cansaço pautam a vida do estudante médio. É obrigatório frequentar as aulas, fazer muitas fotocópias e, após o dia inteiro passado fora de casa, estudar. E durante o tempo que resta o estudante prepara-se para o dia seguinte. São as obrigações básicas. Entretanto, há ainda muitas outras actividades que exige de nós a vida.
A maioria esmagadora dos estudantes em Varsóvia provêm de outras cidades da Polónia. Têm que contar só com eles mesmos e se esforçar mais que os colegas da capital. Além disso, cada vez mais pessoas estudam e trabalham ao mesmo tempo. Quase todos estão conscientes das exigências do mercado de trabalho e de que hoje, para conseguirem um emprego, só a conclusão dos estudos já não basta. É necessário ter experiência profissional, adquirida relativamente mais cedo. E, ainda, a vida na capital significa maior concorrência entre pessoas ambiciosas, bem educadas e
verde
preparadas para vários sacrifícios rumo ao sucesso profissional.
Quanto, por exemplo, à alimentação, o estudante comum nutre-se ora em bares, ora com sanduíches e petiscos trazidos de casa, e com muita frequência a caminho das aulas. Já a duração do sono depende do período: há tais momentos em que se pode dormir quase sem limites, e outros quando é preciso reduzi-lo ao mínimo – particularmente na época de exames.
O esforço físico, por sua vez, é vi- tal na manutenção da silhueta esbelta, mas nem todos gostam de se mexer. E aqui encontramos uma contradição: as pessoas que devem frequentar as aulas da educação física muitas vezes queixam-se da obrigatoriedade.
A forma preferida de passar o tempo livre é, para a maioria dos estudantes, o divertimento com os amigos. A esta altura vão ao cin- ema ou à discoteca, circulam pelos pubs, fumam cigarros ou bebem. Deste modo podem libertar-se das tensões da vida quotidiana, acumuladas ao longo de uma difícil semana de estudo.
Ora, é possível, então, que o estudante leve uma vida saudável?
Para dizer a verdade, isso não é tão fácil. Por outro lado, possível. Em particular quando se dá conta de que sempre haverá limites, entre datas e deveres, que não nos facilitam a existência. E a qualidade do nosso bem-estar depende, em grande parte, de nós mesmos. É preciso lembrar disso, se alguém deseja gozar a vida o máximo possível.!
PorPorPorPorPor DDDDDagmaraagmaraagmaraagmaraagmara
É POSSÍVEL QUE OS ESTUDANTES TENHAM UMA VIDA SAUDÁVEL?
A maioria esmagadora dos estudantes em Varsóvia provêm de outras cidades da Polónia. Têm que contar só com eles mesmos e se esforçar mais que os colegas da capital. Além disso, cada vez mais pessoas estudam e trabalham ao mesmo tempo. Quase todos estão conscientes das exigências do mercado de trabalho e de que hoje, para conseguirem um emprego, só a con- clusão dos estudos já não basta.
VERDE, QUE TE QUIERO VERDE
9
TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de Magdalena SmorczewskaMagdalena SmorczewskaMagdalena SmorczewskaMagdalena SmorczewskaMagdalena Smorczewska
El color verde, que solía ser el símbolo de la esperanza, se ha convertido últimamente en un color muy popular. Lo seguro es que el verde está de moda. Y la moda verde se refiere no solamente a los vestidos, sino también abarca nuestro estilo de la vida, afecta a nuestro modo de pensar y nos abre los ojos frente a la realidad en la que vivimos. Gracias a este fenómeno, por fin, nos hemos dado cuenta de que nuestro planeta está amenazado por nosotros mismos y decidimos poner nuestro conocimiento al servicio de la naturaleza.
No cabe la menor duda de que la naturaleza que constituye nuestro habitat, sufre una serie de cambios y transformaciones desde que el hombre salió de las cavernas y puebla la tierra.
Los labradores agrícolas, cazadores y ganaderos han ido modificando el aspecto y las características de determinados lugares, dando origen a un paisaje al que podríamos definir como un conjunto de elementos naturales y humanos que afectan en un territorio.
Es evidente que la acción del hombre ha influido en el paisaje. Pienso que incluso podríamos afirmar que hoy forman parte de la naturaleza las t ierras del cultivo, los puentos sobre los ríos, y, en un sentido más amplio, también los pueblos y las ciudades. Un paisaje sin elementos creados por el hombre es hoy en día una excepción.
Nosotros, hombres del siglo XXI, podemos
considerarcomo marco natural de nuestra convivencia no sólo el paisaje virgen, sino también aquel en el que, se transcurre nuestra vida: la
comunidad rural, el pueblo y su entorno, y la gran ciudad con sus respectivos suburbios.
Creo que con el avance de la civilización, con el progreso tecnológico, el hombre ha iniciado un proceso de deterioro cada vez mayor de la naturaleza, hasta el punto de poner en gran peligro su propio futuro. La degradación de las aguas y de la atmósfera ha alcanzado un grado alarmante para todo ser vivo.
Lo que causa esta degradación son, entre otros, los humos procedentes de las fábricas, de la calefacción y del tráfico. La contaminación, al destruir el medio ambiente afecta también a los animales, tanto los salvajes como los domésticos, e incluso a la vida del hombre. Las mareas negras, formadas por el patroleo, en cambio, son nocivas para la flora y fauna marina.
Afortunadamente, nuestra so- ciedad, aunque tarde, ha comen- zado defender y proteger la naturaleza y el medio ambiente natural. Es la única posibilidad de garantizarnos la supervivencia.
Por esta razón tenemos que apreciar el duro trabajo, la fe y las ganas de luchar de los Verdes, porque ellos son nuestra última esperanza. Tal vez siga existiendo una relación entre los términos “verde” y “esperanza”.!
verde
No cabe la menor duda de que la naturaleza que constituye nuestro habitat, sufre una serie de cambios y trans- formaciones desde que el hombre salió de las cavernas y puebla la tierra. Los labradores agrícolas, cazadores y ganaderos han ido modificando el aspecto y las características de determinados lugares, dando origen a un paisaje al que po- dríamos definir como un conjunto de ele- mentos naturales y humanos que afectan en un territorio.
Mayo/Junio Maio/Junho
TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de OlgaOlgaOlgaOlgaOlga
Verde é uma cor muito bonita – isso todos sabem. Do que a maioria das pessoas não se dá conta é que esta cor também parece ser excepcionalmente produtiva quanto às expressões usadas em várias línguas. Expressões idiomáticas ou provérbios que contêm nomes das cores enriquecem o nosso vocabulário e fazem cada discurso mais interessante. Para todos os que se interessam pela linguística, como também para os que sempre a acharam um pesadelo – este artigo é uma tentativa de comparação das expressões com a cor verde em três línguas, português, inglês e alemão – se calhar vale a pena pelo menos dar uma vista de olhos :-)
Quando se procura as expressões “verdes” em vários dicionários, a primeira coisa que dá nas vistas é que esta cor significa, em quase todas as culturas, uma certa imaturidade, tanto quando se trata das frutas ou plantas, como quando estamos a falar das pessoas. Em português fala-se dos “verdes anos” ou da “verde idade”, em alemão há uma expressão “grün hinter den Ohren sein” (port. “estar verde atrás das orelhas”), em inglês usa-se a cor verde (“green”) simplesmente como um adjectivo para descrever uma pessoa a quem falta uma certa experiência na vida. Nesta língua há também uma expressão “not as green as cabbage-looking” (um pouco difícil de traduzir para qualquer língua :-)) que se pode usar quando se quer acentuar que a pessoa sobre a qual estamos a falar não é tão inexperiente como se podia pensar.
Adiante, verde significa também a cor da inveja – em cada uma das nossas três línguas há uma expressão “estar verde de inveja” (ingl. “green with envy”, alem. “grün vor Neid”), o que significa que as pessoas invejosas parecem ficar com as caras verdes independentemente do país onde moram ou da língua que usam J
Um terceiro sentido do “verde” que se pode encontrar em muitas línguas tem que ver com a naturesa, com tudo o que está sempre verde. Num dicionário português encontrei uma expressão “cair no verde”, que significa fugir para o campo, esconder-se no mato. O inglês tem por exemplo uma expressão “to have green fingers” (“ter dedos verdes”), usada quando se fala de uma pessoa que tem jeito para cultivar plantas. Só os alemães parecem não se importar muito quanto ao facto de que o único
verde verdadeiro é o da natureza.
Por outro lado, o que os portugueses não têm no seu vocabulário tem a ver com a significação da cor verde no tráfego, seja por que razão for (talvez os carros não desempenhem uma função tão importante na vida dos portugueses como na dos ingleses ou dos alemães :-)). Em todo o caso, em inglês, como em alemão encontra- se uma expressão “dar a luz verde” (ingl. “give the green light”, alem. “grünes Licht geben”), que significa dar permissão para fazer algo, assim como a luz verde permite os carros seguir.
Quanto às outras expressões com a cor verde, cada uma das línguas que estamos a analisar tem as suas próprias singularidades. Em português, por exemplo, encontram- se ditos como “estão verdes!”, usado quando alguém desdenha de uma coisa por não poder obtê-la; “tremer como varas verdes”, quer dizer tremer de medo; “não deixar verde nem seco”, que significa destruir tudo completamente; ou “andar ao verde”, uma expressão mais bonita para “pastar”.
Em inglês, por outro lado, pode-se ainda encontrar um dito como “the grass is always greener on the other side” (“a erva está sempre mais verde no outro lado”), usado pelas pessoas que têm sempre a impressão que os outros estão melhor ou têm melhor sorte.
A língua que parece ser mais rica em expressões com a cor verde é o alemão. Além das já mencionadas, nesta língua usam-se expressões idiomáticas como: “jemandem nicht grün sein” (“não estar verde para alguém”), usada quando não se pode aguentar alguém; “auf keinen grünen Zweig mit jemandem kommen” (“não subir nenhuma ramada verde com alguém”), quer dizer não poder chegar a termos com uma pessoa; ou também “alles im grünen Bereich” (“tudo em área verde”), que significa o mesmo como “tudo está bem”.
Como se pode ver, para as línguas, a cor verde constitui uma fonte inesgotável de ditos e expressões, às vezes ligadas à nossa vida e às nossas experiências, às vezes completamente abstractas – mas sempre muito preciosas e úteis.!
TUDO O QUE VOCÊ SEMPRE QUIS SABER SOBRE O VERDE MAS TINHA MEDO
DE PERGUNTAR EM PORTUGUÊS, INGLÊS OU ALEMÃO.
verde
10
E quando o Inverno finalmente acaba e a Primavera começa a pintar de verde a Polónia acinzentada, as pessoas de Lublin...
11
verde
Absinto. Provavelmente muitas pessoas pensam o que é que pode ser esta coisa! Não é nenhum medicamento, como alguns crêem. Mas, por outro lado, pode também facilmente curar a tristeza ou mau humor. Eu próprio tive de viver por 14 anos até o meu primeiro encontro com Absinto - a bebida mais bendita de todo o mundo. Então Absinto é uma bebida de cor verde que por si só, já é muito atraente, e normalmente apresenta uma percentagem de álcool muito elevada(de 70% de grau alcoólico) – o que é ainda mais atraente. Por estas razões, ele é chamado de “Fada verde” entre os consumidores. O nome não estranha porque depois do consumo, ficamos num estado como se fôssemos enfeitiçados.
A história desta bebida começa já na Grécia Antiga. A erva chamava-se absinto, losna ou sintro. Antigamente
esta planta era dedicada à deusa Artemis. É uma planta originária da Europa e da Ásia. O sabor dela é muito amargo e também pode-se usá-la como planta me- dicinal.
Em sua versão alcoólica, o licor de absinto tornou-se famoso no fim do século XIX e princípio do século XX, durante a “Belle Époque” na França. Era uma época da vida boêmia pelos cafés e bulevares de Paris. E naquele momento os artistas descobriram que o absinto era uma bebida que favorecia os processos criativos. Depois de bebê-lo os pensamentos podiam fluir com facilidade e as emoções, ocultas sob o manto de preocupações diárias, vinham à tona.
A “Fada verde” sempre foi associada à França, mas a verdade é que o licor foi criado na Suíça. Os seus ingredientes, destilados, compõem-se de anis e uma diversidade de ervas, das quais se destaca a Artemi- sia absinthium - responsável por toda a polêmica em volta do absinto, por conter substâncias alucinógenas. É por todas estas características que autores como Oscar Wilde e PaulVerlaine escreveram poemas em seu louvor e Degas, Manet, Van Gogh e Picasso expressaram o mesmo louvor em seus quadros.
Depois de ganhar tanta fama, o Absinto foi proibido em 1915 por causa das alucinações que provocava, apesar de nunca ter havido provas científicas disso. Voltou à legalidade recentemente - na Polônia até muito recentemente. Hoje podemos encontrar aproxi- madamente 189 tipos de absinto, e a percentagem de álcool é muito variada. A maior quantidade produz- se na França, na Alemanha e na República Tcheca.
Como já sabemos onde se produz o licor, então é preciso saber como bebê-lo. Existem 3 maneiras mais conhecidas de consumir esta bebida. A maneira suíça consta em beber a “Fada verde” só com água fria. A segunda maneira é francesa, e aqui temos de misturar o licor com açúcar e água. E a última opção, que eu pessoalmente adoro, é o ritual tcheco: tomamos uma colher e pomos nela açúcar. Adicionamos um pouco do absinto e pomos fogo à colher. Quando a chama desaparece, misturamos tudo com absinto no copo ...saúde! e preparem-se para sentir as propriedades especialíssimas do Absinto.
Vejam por si mesmos!!
verde
14
Maconha, cânhamo, marijuana, erva, suruma, cannabis, tabaco, erva santa, sensi, sensemilia, ganja, holy weed, coolie, baseado, erva, tora, beise, fumo, bagulho, fininho, haxixe, bangh, diamba, marihuana - são todos nomes da erva mais famosa e polêmica do mundo. Muito se fala sobre o seu uso - que pode ser prejudicial para saúde, quando se fuma por prazer, ou benéfico, quando é medicamento para aliviar a dor. Também muito se discute o carácter de sua legalidade. No entanto, poucas pessoas percebem que em diferentes culturas o uso da maconha adquire significados vários. Seus primeiros registros históricos são de mais de 200 anos A.C. na China, no Egito e na Índia. Depois seu emprego medicinal foi conhecido entre povos africanos e asiáticos, os gregos e os indianos.
Hoje, quando se fala na maconha, logo se pensa na cultura jamaicana. Como todos sabemos, na Jamaica seu uso é bastante popular. Certas seitas atribuem-lhe poderes místicos e divinos, especialmente para afastar os maus espíritos. As pessoas encontram na ganja (nome como a erva e conhecida no país) energia para viver e relaxamento após o trabalho; oferecem a droga, mesmo aos filhos, para que sejam melhores. Na população mais pobre, a criança aprende a usar a cannabis, cedo às vezes se dá maconha até aos bebês. Fumar a ganja é, portanto, mais que um costume - um rito ou uma crença.
Poucas pessoas, no entanto, têm informações sobre a importância da maconha na Índia. Lá o consumo da erva é de grande importância para os homens considerados ´santos´. Alguns deles são os babas e os sadhus. Os babas são mestres espirituais que viajam por todo o país, vestidos de trajes cor de laranja com bastão e uma bola nas costas, nela levam todos os seus bens. Já os sadhus são monges ´mendigos´ que têm barbas grandes, dredlocks e o corpo coberto com cinzas. Os babas e os sadhus estão em constante peregrinação. Caminham para a liberdade e são portadores da espiritualidade e da harmonia no país. Eles são, ao mesmo tempo, os maiores consumidores de marijuana, a que chamam de rap ou charas.
O cachimbo indiano para fumar cânhamo se chama chillums. Os Chillums são de diferentes tipos e são feitos de diferentes matérias, por exemplo, de ouro (!), de madeira, de pedra, ou mais freqüentemente de argila. Normalmente tem 18 centímetros de comprimento. Cada cachimbo tem duas peças - uma pedra e o safi. A pedra serve para colocá-la na maconha e o safi (um pedaço de pano) se põe na parte inferior para preservar a higiene. O Safi é de uso individual e impede que as cinzas entrem nos pulmões além de servir, também, para limpar o cachimbo, o que se deve fazer depois de cada utilização.
O momento de prepar o cachimbo é muito importante. Os babas e os sadhus fazem-no cuidadosamente. Primeiro se tem que preparar bem a mistura de maconha com tabaco, ou dois dos vários tipos de marijuana. Na maioria dos casos a mistura é molhada ligeiramente com a água sagrada do Ganges. Daí, aspirando com força, experimentam um estado de harmonia consciente. Esta ação serve para obter liberdade pessoal e também é uma forma de mostrar a sua filosofia contra a violência. Fumando eles não se submetem a nenhum tipo de pressão social ou política, que proíbem o uso da maconha; pelo contrário, sentem-se livres e felizes. E, ao finalizar o cachimbo, esvaziam as suas cinzas direto na palma de mão e as usam para pintar o seu próprio corpo.
É interessante ver a grande diferença de significado que tem a maconha na Índia e na Europa. Na Índia a maconha é fumada por certos tipos de sacerdotes, e na Europa pelos jovens. Lá é um ritual lento - o cachimbo é bem preparado e a forma de fumar é forte e tranqüila. Aqui, normalmente a erva é usada antes das festas, fumada rápido, às escondidas, sem cerimônia nenhuma. Na cultura hindu serve para expressar a filosofia de não-violência, e aqui é só droga que se usa para sair da vida quotidiana. Na Índia ainda o ato de fumar não significa perder o contacto com a realidade e não se usa o fumo para fugir dos problemas - como é frequente na Europa.!
A MACONHA E SEUS SIGNIFICADOS
TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de Ale MiodowskaAle MiodowskaAle MiodowskaAle MiodowskaAle Miodowska
Hoje, quando se fala na maconha, logo se pensa na cultura jamaicana. Como todos sabemos, na Jamaica seu uso é bastante popular. Certas seitas atribuem-lhe poderes místicos e divinos, especialmente para afastar os maus espíritos.
Maio/Junho Mayo/ Junio
verde
16
INDIA CURRY Se perguntar a um europeu, seja polaco ou português „o que é curry?”, o que é que ele respondia? Dizia, provavelmente, que curry é aquela especiaria amarela. Que é um pouco amarga. E que vem da Índia. Será isso toda a verdade sobre o curry? Nem pensar. A palavra curry tem, basicamente, dois sentidos. Um deles é muito interessante, o outro muito menos.
Começemos pelo sentido menos interessante, o da especiaria amarela e um tanto amarga, o sentido europeu. Europeu, porque esse condimento é totalmente desconhecido na Índia. O nome vem da Índia, sim, mas por uma via indirecta. Em língua tamil kari significa molho. Daí vem a palavra inglesa curry que serve para designar os saborosos e aromáticos molhos indianos. A palavra evoluiu e agora denomina uma invenção inglesa – a especiaria utilizada na Europa para preparar comida “à indiana”.
A história da palavra kari – curry pode servir como uma metáfora do triste processo como a nossa visão do mundo euro-pocêntrica ridiculariza as culturas asiáticas, com o aspecto delas que mais me interessa – a cozinha.
Pois kari é uma palavra de tamil – uma das duzentas línguas faladas na Índia; palavra que significa molhos preparados somente na cozinha do sul da Índia. E para um europeu curry é toda a cozinha da Índia, do país que tem mais do que mil milhões de pessoas de diversas etnias, idiomas e religiões. Um universo de cheiros, sabores e cores é quase sempre descrito com uma palavra que nem existe neste universo.
Se olharmos com atenção para um pacote de curry, vamos ver que não é um condimento só. É uma
mistura de especiarias; normalmente consiste em cúrcuma (dá a cor amarela), gengibre, cravos, pimenta vermelha, pimenta cayenne, alho, canela. A esse tipo de misturas chama-se na Índia masala. As masala podem conter até vinte especiarias diferentes, várias ervas, folhas sementes, raízes ou até casca (como no caso da canela) de plantas que abundam nas regiões do subcontinente indiano. Felizes dos cozinheiros indianos que não precisam de importar os condimentos que perdem os valores durante o transporte de países longínquos. Podem temperar a comida com mãos-cheias de diversas masala e fazem-
no com vontade. Mesmo que não se possa falar de uma cozinha indiana, o
gosto de uti l izar muitas especiarias é característico
para toda a Índia. Dos Himalaias, pátria do arroz
basmati, passando por Punjab, terra da
lentilha, a Tamil Nadu, região de
grande herança vegetariana, as
masala regem as cozinhas
i n d i a n a s . M a i s
picantes no sul, feitas de
sementes e folhinhas inteiras;
picante na Ásia, na Europa queima as bocas.
Para saborear as masala verdadeiras, fui a In- dia Curry, um restaurante que fica na rua urawia,
escondido, de uma maneira muito modesta, atrás de um caixote de lixo. Fui, saboreei e ter-me-ia apaixonado, se não me tivesse já apaixonado há quatro anos atrás pelos sabores de um bar indiano que já não existe. Se calhar apaixonava-me pela beleza exótica de um empregado do India Curry que fala um pouco
17
TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de MartaMartaMartaMartaMarta
polaco, um pouco de inglês, um pouco de outra coisa difícil de identificar. Mas não lhe pude prestar muita atenção porque a comida absorveu-me completamente. Foi uma maravilha que não se pode experimentar todos os dias. A conta também não me ajudou a fazer amizade com o empregado, porque não consegui corresponder ao sorriso dele. Pois, a perfeição custa. Já passaram os tempos do meu querido bar indiano, onde se podia almoçar por 10 z³oty. O cozinheiro voltou à Índia, se calhar não suportou a falta das especiarias frescas. Mas não é coisa de chorar – o cozinheiro de India Curry não é pior feiticeiro.
Começámos a refeição com mango lassi, uma bebida refrescante e um pouco doce, feita de iogurte e manga. Com a garrida cor amarela de mango lassi começou o arco-íris do jantar indiano. Chegaram à mesa pãezinhos salgados, acompanhados por vários molhos vermelhos e verdes, e paneer salad – salada de beringelas e queijo. Depois serviram-nos reshmi kebab, uma espécie de espetada de frango temperado com amêndoas e assado no forno tandoor (um forno de altas temperaturas; graças ao curto tempo de preparação a comida mantém as cores garridas, amarela no caso de reshmi kebab); dal maharani – lentilha escura cozida com legumes, verde-esmeralda e muito bem cheirosa; murgh lawabdar – pedaços de frango estufados num molho de legumes. O molho era cor-de-laranja e tinha um sabor difícil de definir que quase me fez desmaiar de encanto, um sabor forte de especiarias exóticas. Acabámos, obviamente, com sobremesa: gulab jamoon, umas bolas de Berlim pequeninas, embebidas num xarope de mel. Foi tudo realmente óptimo. O aspecto visual também nos encantou – a comida muito colorida e servida em vários tipos de recipientes: pequenas tigelinhas de metal para a lentilha quase líquida; um vaso de latão posto num forninho com vela a arder para o murgh lawabdar, graças a essa maneira de servir o prato não fica frio e as pessoas não têm que comer depressa. O frango aquece-se lentamente, dhiire dhiire, e as pessoas podem conversar à vontade, dhiire dhiire, lentamente também
Com o murgh lawabdar começa a história do outro significado de curry, o significado que abre a porta do paraíso. A palavra designa também vários tipos de pratos, normalmente estufados com vários condimentos. O uso de diferentes especiarias fortes é
o mais importante, o prato nem precisa de conter muito molho para poder ser denominado curry. Os curry podem ser preparados de qualquer comida com base de: carnes, peixes, mariscos, legumes; o molho pode conter diversas especiarias que dão ao prato várias cores, não necessariamente a amarela, como no caso do curry europeizado. O curry chegou a ser igualmente pan-asiático como o chá. É preparado em todos os países da Ásia, com arroz ou com massa (por exemplo com udon no Japão), ou até com pão. Os diversos curry pertencem aos panteões das cozinhas nacionais da China, do Japão, Sri Lanka, Filipinas, Indonésia, Tailândia, Paquistão. E, claro, de várias regiões da Índia.
Não sei dizer com toda a certeza de que região eram os pratos que comi no India Curry. Nem sei donde é o chefe da cozinha. Mas, se é ele um falante de hindi, tenho um pedido só: mera jadugaar, meu feiticeiro, não volte para a Índia, fique em Varsóvia.!
INDIA CURRY
verde
CARNEIRO (21.03-20.04) No verão tudo é possível. Provavelmente sonha com 4 meses de trabalho num pub na Inglaterra: quem sabe? Não de barman mas tomando conta de velhinhos num hospital na Escócia? Talvez. Igualmente provável é um estágio não pago numa corporação grande – a fazer café.
TOURO (21.04-20.05) Cuidado. Os problemas financeiros podem destruir todos os seus planos para as férias. Não vá tanto às festas porque depois pode ter que pagar por exames não aprovados, literalmente dito. E como na corporação não pagam, nem o seu amigo Carneiro lhe vai ajudar.
GÉMEOS (21.05-21.06) A sua dupla personalidade vai atrair muita gente, e mesmo se for de natureza tímida, desta vez vai surpreender a todos com a sua auto-segurança. Os êxitos amorosos garantidos, especialmente entre os recém-libertados soldados de reserva na praia de £eba.
CARANGUEJO (22.06-22.07) Durante as férias cuide principalmente da sua saúde e dedique cada momento ao descanso em casa. Tente não sair porque o perigo de accidente é grande: os conductores agressivos e os ciclistas perplexos serão o seu maior inimigo.
LEÃO (23.07-23.08) A sua vida amorosa será, como sempre, muito aventureira. Aguarde mudanças radicais e inesperadas. É o tempo ideal para terminar as relações que aparentemente já não têm futuro. Não será fácil mas logo encontrará alguém novo e fascinante. Aliás, mais que um. Na verdade, tenha cuidado para que os seus amantes todos não saibam um do outro.
VIRGEM (24.08-22.09) As coisas que pareciam complicadas de repente tornar-se-ão banais, e os problemas – fáceis de resolver. Olhará para o mundo com mais alegria e esperança, e até acordará em si necessidade de ajudar desinteressadamente aos outros. Os pobres de favelas e os esfomeados na África esperam-lhe.
BALANÇA (23.09-23.10) Não negligencie as velhas amizades porque podem ser necessárias
TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de MurielMurielMurielMurielMuriel
HORÓSCOPO ALTERNATIVO Caros leitores! Como a nossa revista se torna cada vez maior, de maior tiragem, mais lida – aliás, como qualquer revista de respeito no mundo editorial –, temos que ter uma página de horóscopo. Aqui a têm: algumas previsões para os meses de verão directamente da nossa redactorial bola de cristal.
nos momentos difíceis. E não queria ser o último a saber das mudanças nas vidas dos seus amigos. É bom saber que a tua melhor colega ganhou na loteria e o teu amigo da primária tem o clube nocturno mais jazzy da cidade, não é?
ESCORPIÃO (24.10-22.11) O verão será seu se tens talentos artísticos! O mundo da fotografia e do filme procurao! Vai atrair muitas pessoas, especialmente com o seu dom de conversa. Mas não esqueça que não todos ao seu redor são dignos de confiança. Cuidado com os falsos fotógrafos que prometem abrir as portas da fama com uma sessão de nudez.
SAGITÁRIO (23.11-21.12) Alguns acontecimentos trata demasiadamente sério. Não lhe prejudicaria um pouquinho de distância de si mesmo para não ficar desnecessariamente chateado. Não acredite em todos os rumores, sobretudo quando falam da sua namorada, a namorada dela e de um clube de dança nocturno.
CAPRICÓRNIO (22.12-20.01) Aproveita o aumento das suas capacidades intelectuais: aprova todos os exames, talvez defenda a tese, se conseguir escrevê- la... Mas não resigne de lutar por seus sonhos, mesmo que tratem de deixar os estudos sem acabá-los. A carreira de funcionário de limpeza também pode trazer satisfação.
AQUÁRIO (21.01-19.02) Chegam os tempos de tratar da sua saúde: aproveita a boa posição da lua para fazer os tratamentos de embelezamento. Não tenha medo de mudança radical do corte do cabelo ou dos óculos extravagantes: durante o verão o seu sentido de estilo vai apurar- se. Até uma operação de lipoasouração dará certo.
PEIXES (20.02-20.03) No verão o dinheiro vai gostar de ti: não se oponha a gastá-lo loucamente em compras, festas, prendas. Assim pode-se travar inúmeras amizades. Claro, estas podem durar pouco e às vezes ser muito interesseiras, mas pelo menos o divertimento será espectacular, não é?
E já está tudo claro, meus caros. Agora: boa sorte durante as férias! Vão precisar.... !
18
verde
A Finlândia é um país no norte da Europa, é certo, mas o que mais podemos dizer sobre este país? O que sabemos? O que pensamos que sabemos? E daquilo que sabemos o que é verdade? Como no caso de todos os países, aqui também há vários estereótipos, por exemplo que a Finlândia é uma terra de neve. Na verdade é, em primeiro lugar, um país verde, um país de natureza. Como estive lá há só três semanas atrás, agora posso dizer algo sobre esse tema tão interessante. Sejam bem-vindos a este pequeno relatório das férias que passei no norte ‘frio’.
A primeira coisa que vi na Finlândia foram as ilhas no mar Báltico. O Báltico visto de outro lado, claro. Era tão bonito que, se fosse possível, ficaria no avião parado acima do mar só para admirar essa vista maravilhosa. Foi como num sonho: umas pequenas ilhas verdes no mar azul. Infelizmente não podia fazê-lo porque o avião teve que aterrar em Helsínquia a uma certa hora... Quando aterrou, olhei pela janela e vi, de um lado, alguns aviões e, do outro, a floresta! Foi incrível – a floresta quase no aeroporto.
Depois tive que ir para Tampere, uma cidade a noroeste de Helsínquia. Soube sempre que a Finlândia era um país pouco povoado, mas estava realmente surpreendida ao ver apenas quatro ou cinco pessoas num autocarro grande... Todavia, quanto à população da Finlândia, geralmente ficam em casa quando não há festas, mas no dia 1 de Maio toda a gente estava na rua! E quase todos estavam a beber álcool. Segundo o que dizem os meus amigos que agora vivem na Finlândia, para os Finlandeses não há mau tempo para beber... E também cada ocasião é boa para pôr a bandeira nacional numa haste...
Em geral os Finlandeses são uma nação muito simpática e quase todos falam inglês. Isto foi extremamente importante para mim porque não falo finlandês... Felizmente, não tive nenhum problema com a comunicação. Quanto à língua finlandesa, é bonita quando se ouve, mas pessoalmente não queria aprendê-la: 15 casos no singular e plural é demasiado, mesmo para pessoas tão apaixonadas pelas línguas estrangeiras como eu... Contudo, aprendi algumas palavras ou expressões. Agora sou capaz de dizer que não falo finlandês (é uma frase muito importante, não é?): En puhu suomea. (en-não, puhu-falo,suomea–finlandês.) Conheço também os nomes dos meses, Maio é Toukokuu. Se alguém quer dizer ‘obrigado’ de uma forma estranha, pode dizer kiitos. É uma língua bastante difícil, o que pode ser comprovado pelas pessoas que têm aulas há quase um ano, cinco vezes por semana, e ainda não são capazes de falar bem e compreender os Finlandeses. Inglês é muito útil; e muito mais fácil.
A Finlândia é conhecida por algumas coisas, os Muumi dos contos de Tove Jansson são uma delas. Em Tampere, como em outras cidades finlandesas, há lojas só com objectos inspirados nos
personagens deste conto. Há também museus e monumentos dos Muumi, e há gente que gosta de tudo isso... Mas eu não pertenço a este grupo...
Outra coisa típica neste país é a sauna. Penso que não tenho de explicar como é a sauna... Às vezes não se pode aguentar a temperatura lá dentro, mesmo se não for uma sauna pública, onde todos põem água nos pedaços do carvão. A humidade até impede a respiração.
Muita gente quer ir à Finlândia para ver um sítio especial, quer dizer o país do Pai Natal, a famosa Lapónia. Eu não fui lá, mas ouvi dizer que é giro, mas sobretudo para as crianças... É um pouco como um país de brinquedos. Porém, os adultos também podem ir lá por razões turísticas. Como o dizem numerosas pessoas, a cidade de Rovaniemi é muito bonita e portanto vale a pena visitá-la. Mas aqui não posso opinar...
Além disto, no norte pode ver-se neve todo o ano, coisa que não é possível no sul. Em Tampere, em Maio, ainda havia neve, mas só em alguns sítios onde se faz esqui. Os lagos estavam gelados e eram uma vista maravilhosa – todo o lago coberto de gelo, apesar do sol. É verdade, a Finlândia também é uma terra de sol – na Primavera, no Verão e no Outono, claro. No Inverno, quando quase não há sol, Tampere enche-se de luzes em forma do Pai Natal, de vários animais (por exemplo da famosa rena ou alce) e, obviamente, dos Muumi. Neste ano, durante o Inverno não havia sol, mas o tempo não estava tão frio como na Polónia! O nosso inverno foi mais finlandês do que o da Finlândia!
Neste país do norte há muitos estudantes estrangeiros que, pobrezinhos, têm de aprender a língua finlandesa, e muitos turistas de vários países, não só europeus. Para os visitantes, há sobretudo igrejas para ver. Na maioria são igrejas protestantes, mas há também algumas igrejas ortodoxas. Enquanto as igrejas protestantes estão cobertas de várias cores e de ouro, as protestantes são pouco ornamentadas e, por isso, acho-as muito mais bonitas. Para quem está farto das igrejas católicas, as protestantes são uma boa alternativa. E para quem está farto de igrejas em geral, bem, sempre há museus e lagos. Estes lagos bonitos e omnipresentes...
Isto é um retrato de um país que conhecemos pouco, embora esteja bastante perto de nós, logo do outro lado do Báltico. Vale a pena vê-lo porque é um país diferente, cheio de florestas, vistas maravilhosas e de gente simpática. Recomendo-o a todos que gostariam de passar férias ‘com natureza’ em algum sítio ao que realmente parece faltar a poluição ligada ao desenvolvimento. As minhas férias foram uma verdadeira maravilha!!
1 - em finlandês: sou polaca, estive na Finlândia.
TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de Aleksandra JackowskaAleksandra JackowskaAleksandra JackowskaAleksandra JackowskaAleksandra Jackowska
OLEN POULALAINEN, OLIN SUOMESSA1
INTERESSANTE:
- As palmeiras que crescem no parque são Palmeiras Imperiais levadas ao Brasil pelo rei Dom João VI.
- A palmeira mais cortejada pelos visitantes foi plantada pelo compositor Tom Jobim (quem compôs a música da famosa Garota de Ipanema) e seu filho João Francisco.
- Numa homenagem a Tom Jobim, no parque foi instalada uma estátua em bronze: um pintor retratando o momento em que Tom e seu filho plantaram a palmeira no parque.
- As imagens do Parque Lage aparecem nestas produções:
Videoclipes musicais: - Snoop Dogg e Pharell Beautiful - Black Eyed Peas Don’t Lie
Filmes brasileiros: - Glauber Rocha Terra em transe - Joaquim Pedro de Andrade Macunaíma
É difícil de crer, mas esta pérola da Cidade Maravilhosa foi recu- perada e reinau-gurada há apenas 4 anos. Hoje o parque oferece diversão para todos. As crianças vão adorar descobrir os mistérios das grutas e observar os peixes no aquário. Para os mais preguiçosos, tem recantos tranqüilos que criam atmosfera propícia para meditar. Se gosta de aventuras, pode se banhar num lago criado por uma linda catarata. Qual é a aventura? É que o acesso é proibido mas os cariocas não se preocu- pam com tamanhas coisas. E ainda, as trilhas do parque convidam os amantes do verde a caminhar, mas, se acham que 52 hectares não é o suficiente, tem uma outra opção: o caminho aberto até o Corcovado.
Muitas pessoas dizem que caminhar ao pico do Corcovado é muito agradável, mas um pouco perigoso por causa dos bandidos que assaltam turistas. As minhas impressões são um pouquinho diferentes: a caminhada dura mais ou menos 2 horas, o morro é bem íngreme e o calor insuportável. Passados 30 minutos de passeio, você vai querer morrer ou pelo menos ser assaltado pelos bandidos, porque a solidão no meio da mata é inquietadora. Minto, você nunca está sozinho na Floresta de Tijuca, que está cheia de macacos maliciosos atirando mangas e ramos em cima dos turistas. É engraçado, mas atenção: proteja a cabeça!
No Rio de Janeiro, nós, turistas, visitamos os lugares mais comuns, mais famosos e mais banais. Passamos pela rua Jardim Botânico, no bairro Jardim Botânico, à procura do famoso Jardim Botânico (mas que confusão!), e olhamos pelas janelas dos táxis para os muros do Parque Lage sem imaginar que lá no fundo os cariocas esconderam o seu tesouro, o lugar mais encantador e intrigante da cidade.
Eu achei-o por causa de um mal-entendido, agora comparto a minha descoberta com você. Mas não o diga para ninguém mais – afinal, é um segredo…!
20
Queria ir ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, sem saber que Jardim Botânico também é o nome do bairro que contém o jardim imperial.
- Leve-me ao Jardim Botânico. - Que número? - Não sei, é você que é taxista. - Mas já estamos na rua Jardim Botânico, que número? - Não sei, o que quero é chegar ao famoso Jardim Botânico, entende? Com árvores e flores… - Aqui tem árvores e flores e tem um museu… - Mas eu quero um parque! - Mais à frente tem um parque.
Rendi-me. No primeiro dia que passei no Rio de Janeiro compreendi que com os taxistas cariocas não se discute, eles é que sabem melhor…
Caminhei mais à frente como sugeriu o tipo do táxi, convencida que é uma perda do tempo. De repente aos meus olhos ofereceu-se a vista dum portão ornamentado.
Resignada, pensei comigo que era melhor entrar do que seguir procurando o tal jardim em vão.
Atravessei o portão e encontrei-me numa outra realidade, fiquei encantada. Estava no Parque Lage.
A história do parque leva-nos ao ano 1575, quando o governador do Rio de Janeiro, Antônio Salema, instalou o Engenho Del Rei às margens da Lagoa dos Socos (hoje Lagoa Rodrigo Freitas). Anos depois a família Rodrigo de Freitas Mello adquiriu a fazenda e contratou um paisagista inglês para reformar os jardins da propriedade. A intervenção do arquitecto europeu na vegetação local, conhecida como Mata Atlântica, teve um efeito surpreendente: imaginem o parque Ùazienki, tirem os esquilos e pavões e encham-no de macacos e tucanos; troquem os chorões por palmeiras e adicionem grutas e cataratas. Gostam? Eu adorei.
Com os novos proprietários, a família Lage, vieram as novas idéias para reorganizar a fazenda, que passou a chamar-se Chácara
dos Lage. O aspecto atual do parque deve- se em grande parte ao poder de amor. Nos anos 20 do século passado Henrique Lage casou com Gabriella Bezanzoni, uma das melhores cantoras de ópera da época. Foi como prova do amor por ela que mandou construir uma mansão em estilo eclético, importando azulejos, ladrilhos e mármores da Itália para adornar o interior da casa. Além disso, Lage mandou construir grutas artificiais, um castelo e um pequeno aquário talhado em argila. Tudo para agradar Gabriella. E com certeza agradou, pois a cantora foi para o Brasil, desistindo da sua carreira promissora.
Anos mais tarde, Henrique Lage, falido, teve de entregar a quinta ao Banco do Brasil como pagamento de suas dívidas. A mansão, que nas décadas de 30 e 40 foi local de grandes festas e saraus artísticos, preservou a sua aura passando a abrigar a Escola de Artes Visuais, que oferece diversos cursos de arte, organiza exposições e peças de teatro. O parque tornou- se uma espécie de refúgio para vários artistas, e freqüentemente abre novos cursos de pintura e teatro. No entanto, o parque ficou quase completamente esquecido.
EM SE PERDENDO É QUE SE ENCONTRA: O PARQUE LAGE
verde
21
A CAÍDA DO HEROE
A luz que imaxinou Caravaggio para o cadro A cea en Emaús é divina e misteriosa. O Cristo crucificado de Velázquez está inmerso na escuridade, emerxe das tebras, a luz nace del porque el é a luz1. O ser que representa Sandro Chia é a imaxe da divindade occidental ou do divino á fin do século XX. Cores luminosas e en descomposición que alumean o descendemento dun ser caído sobre a terra. É a pose final do acto dun ser atordado que semella non saber que lle aconteceu2. Cando Christopher Reeve, o ser real que leva o disfrace cae do cabalo feríndose traxicamente, a imaxe do heroe que loita contra o mal - Superman - sobrevoando o mundo descende cara ao mesmo lugar que ocupa o actor, convivindo co seu estado tetrapléxico3. A ficción e a realidade quedan así unidas pola fraxilidade. Reeve consagrou toda a vida a loitar por vencer a súa enfermidade, non se resignou, loitando por el e por outros coma el, por aqueles que son dende agora, dende a caída a súa imaxe e semellanza. O instante que retrata Chia, enlaza a ilusión profana do heroe Superman, o misticismo relixioso da divindade e o misterio sagrado do mito. No retrato asúmese a realidade do ser humano a través do actor/intérprete4. Esta imaxe é coma unha ventá que nos abre a consciencia da condición do ser na fin do século, atordado por máscaras e disfraces que lle ocultan a súa verdadeira identidade.
O cabalo que expulsou a Christopher Reeve semella Quirón, aquel Centauro cuxa sabiduría o separaba dos outros centauros, da condición violenta e loitadora. A visión do centauro mitoloxicamente aparece asociada á heroicidade e á destreza duns mozos que protexeron o seu pobo duns bois montando a cabalo5. O cabalo transfórmase no pedestal sobre o que o home ascende para sentirse poderoso, asumindo propias a velocidade e vigorosidade do animal. O cabalo ó que ascendeu Christopher Reeve, obriga ó heroe a regresar á condición humana que abandonara. Pero accidentalmente, quizais por carecer da destreza dos mozos tesalienses, nesa separación o home perde tamén a súa corporalidade, quedando desactivado, tetrapléxico, sen capacidade de acción. Nesta caída aparatosa, o ser non ten tempo de desprenderse da súa capa de heroe, levándoa coma unha á inútil. Icaro ascendeu cara ó sol para acercarse á visión dos deuses - a relixión cristiá (a de Christopher e a de Chia) representa a Deus coma un ollo sempre desperto - e olvidando a súa condición mor- tal acaba derretendo as súas ás - tan artificiais coma a capa de Superman - e cae ó mar. Este ser pintado por Chia clausura ese descendemento coa asimilación e coa aceptación da ferida da mortalidade. Pero a Superman Quirón lánzao sobre a terra, para que viva e supere a súa vergoña de verse ferido, para que se enfronte á verdade da súa fraxilidade.
Chia lanza á divindade sobre o mesmo lugar no que caeu Christo- pher Reeve6. No estado de derrota, o Sacro Cuore que representa Chia, parece proceder dun ceo artificial. Cando desperte, xa non poderá volver a disfrazarse nin de mito nin de divindade nin de heroe. Esta resignación do heroe, delátase nos rasgos cos que Chia o retrata. A deformidade da súa estructura, unha á que intenta transformarse nun brazo, roupaxes que recordan unha armadura, a vestimenta do combate, unha capa que deixou de voar polos ceos, abandonándose á inercia. En definitiva, é un ser sen vontade de ser, cun rostro desencaixado que recorda unha máscara resignada trala caída. O corazón rodeado de espiños e o único signo sagrado - sen el xa nada nos indicaría á divindade - sostido por unha man doutro mundo, nun xesto que recorda esas mans das rodaxes cinematográficas que sosteñen nas tomas unha táboa pequena para tomar nota da secuencia. Parece que vaia desaparecer, que só veu para levar o trofeo que acaba de extraer, o último signo sagrado que lle quedaba ó ser. Esta imaxe é a fin dunha loita que xa se rodou. Esta escena é a fin do acto, e esas estrelas que representa Chia son luces do atordamento; ou tal vez da festa celebrada en honor á súa derrota; ou son flores lanzadas á area, ó escenario mentres aínda está inconsciente, tiradas por aqueles que son coma el. Luces traxicómicas, fogos de artificio para iluminar a escena, para a celebración terreal do regreso ó profano. O superhome de acción tropeza así co home de ficción. Imaxinamos a secuencia completa: no seu desexo de ser inmortal, de acceder ó firmamento, ó ceo dos deuses, o ser ascende. E no traxecto, mentres navega mirando á luz da divindade, alcanza os límites onde as imaxes xa non son posibles, e tropeza contra luces artificiais, contra un satélite que lle obriga a descender. E atordado cae a terra estrelándose. Esas luces que orbitan ó seu redor son o recordo das estrelas ás que accedeu no seu voo. Son como as luceciñas deses carteis luminosos que aparecen nas cidades. Quizais caeu en Las Vegas, lugar apropiado para a época desencantada que vivíu Chia, cidade de catedrais luminosas, pagás, destinadas a albergar e a recoller ós perdidos (ou perdedores) como este Corazón de Chia. Lugar para soñar eternamente cunha victoria, con gañar eternamente xogada tras xogada, asumindo a despersonalización coma a condición do home posmoderno.
O eu real, así, non posúe disfrace, está antes do rostro, el é antiface. Se algo cambiou na idea da inmortalidade á fin do século, é a imaxe do mundo. Imaxe luminosa e eternamente acendida na que non hai lugar para a escuridade - como en Velázquez - nin para a convivencia das luces e as tebras, do claroscuro - como en Caravaggio -. Un mundo irreal, que - como o ollo da divindade - non descansa7.
O meu corazón voaba ledo, coma un paxaro, E libre planaba, entorno á cordame;
O navío vogaba un ceo sen nubes, Coma un anxo ebrio de sol resplandecente
“Unha Viaxe a Cítera. CXVI”
As Flores do mal, Charles Baudelaire
22
TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de Martín Caeiro, Universidade de VigoMartín Caeiro, Universidade de VigoMartín Caeiro, Universidade de VigoMartín Caeiro, Universidade de VigoMartín Caeiro, Universidade de Vigo
Mundo sen misterio, espiado por ollos xa non divinos se non artificiais: polos satélites do ciberespacio. É deste lugar do que parece caer este Sacro Cuore, aínda inconsciente. Tal vez esa luz estraña que se albisca con timidez por detrás do corazón estea anunciando a nova posibilidade que se entreabre na artificialidade. É aí, nese escenario de artificios onde o novo corazón se ilumina por unha luz eléctrica, de bombilla, facendo xogo coa imaxe do home e co mundo no que se atopa. Como Christopher Reeve transmitíu, a vontade do home é descravarse da cruz (máquina) e vencer a parálise do humanismo industrial. Por iso este Sacro Cuore parece un ser exiliado, desterrado do ceo, descielado, reexpulsado (unha vez máis) do reino prometido para que habite na terra e asuma as condicións do seu destino. Fronte a esta expulsión, a esta ultraxe este ser ¿que di? ¿Acaso ten voz? Na volta ó mundo, non só se lle inmovilizan os membros, a parálise invade todas as súas vontades e enmudece8. Semella que ó despertar dirá algo ¿Revelará a verdade? Pero ¿que dicir ante a consciencia de ter perdido a compostura, de verse fóra do escenario? Aínda ó seu pesar, cos restos da armadura, na fin da transformación, simulando o canto dos cisnes que só cantan cando auguran a súa morte, chorará entre risas alucinado por seguir sendo mortal.!
“O evanxelio de Pedro relata así como unha vez que Cristo foi descravado da cruz, e colocado no chan,
a terra púxose a temer, e o sol brillou de novo.”9
5 “Monstros fabulosos medio-homes e medio-cabalos, nacidos segundo uns de Centauro, fillo de Apolo e Estilbia, filla de Perseo e das eguas de Magnesia; ou segundo outros de Irión e de Nube. Os mitólogos derivan este nome de Kenstein, picar e Taurus, touros porque os tesalienses, que sobresaían entre os gregos na equitación, adquiriron esta habilidade combatendo cos touros. ....Segundo conta Paladato... unha manada de bois ou touros enfurecéranse e asolaban osarredores do monte Pelión; algúns mozos, despois de adestrar os seus cabalos, emprenderon libertar o país daquelas feras que todo o destruían, o cal conseguiron pola súa destreza na equitación ou arte de montar”. J.F.M.Nöel, Diccionario de mitoloxía universal, Tomo I Edicións comunicación, 1991, p.99.
6 “Pero Superman é mito a condición de ser unha criatura inmersa na vida cotiá, no presente, aparentemente ligado ás nosas propias condicións de vida e de morte, por moi dotado de facultades superiores que estea. Un Superman inmortal deixaría de ser un home, para converterse en Deus, e a identificación do público coa súa dobre personalidade... caería no baleiro.” Umberto Eco, Apocalípticos e integrados, Editorial Lumen, 1968—2001, p.232. Por iso esta personaxe dá o paso definitivo cara ó ser mortal distanciándose (ou desprendéndose) definitivamente da inmortalidade divina, deixando ó home a soas consigo mesmo, á intemperie, alonxado de tempos metafísicos, botado en terra, obrigado a ollar cara si para atopar —tal vez— a mortalidade esquencida.
7 “Diríase que tivo lugar unha explosión sobre todo o planeta. Unha luz crúa arrebata da sombra ata o mínimo resto” escribía Ernst Jünger respecto a esta iluminación que aclara a realidade do mundo. [...] Con este DÍA FALSO, produto da iluminación das telecomunicacións, xorde un sol artificial...”, Paul Virilio, A Bomba informática, Cátedra, 1999 , pp..22-23. O mesmo nos di José Jiménez, que O anxo caído unifica a luz artificial e a imaxe dos satélites impenetrables, insensibles:“En último termo, a luminosidade dos astros é unha luminosidade petrificada, &aacut