Jornal de Maio 2006 versão ordenadaISSN: 1731-0997
COM O APOIO DE:
D I R E C T O R : J O S É C A R L O S D I A S
COORDINADORA DA SECCIÓN GALEGA: L U C Í A R O D R Í G U E Z C A E I
R O
COORDINADOR DE LA SECCIÓN ESPAÑOLA: G E R A R D O B E L T R Á
N
COORDINADOR DE LA SECCIÓ CATALANA: J O S E P A N T O N I C L E M E
N T
COORDENADOR DA SECÇÃO PORTUGUESA: J O S É C A R L O S D I A S
C R O N I S T A S / C O L U M N I S T A S :
JAUKUBJANKOWSKI,JOSEPANTONICLEMENT
J O R N A L I S T A S / P E R I O D I S T A S : A L I N A W O J T E
C Z E K , A N I A P L O C I C A
A L E K S A N D R A G A L A Z K A , A L E K S A N D R A
J A C K O W S K A , A L E K S A N D R A O P A R A , E W E L I N A S
A S , B A S I A M I K O L O W I C Z ,
DOROTAKAZINSKA,GABRIELABADOWSKA, I W O N A C E L L A R Y , J A K U
B J A N K O W S K I , J O H N A T H A N , J O A N N A S T A N K I E
W I C Z , KAROLINAFRANASZCZUK,MAGDARYBAK,
MAGDADOMINOWSKA,MAGDAPIELAK, M A G D A L E N A S M O R C Z E W S K
A , M A L G O R Z A T A M I K O W S K A
MARTAMACHOWSKA,MARTYNAGAJEWSKA, M U R I E L , P I O T R M A J E W S
K I
C O L A B O R A D O R E S : ANNA KALEWSKA, ANACAROLINABELTRÃO, J O
S E P A N T O N I C L E M E N T
C O L A B O R A Ç Ã O E S P E C I A L : C L A U D I A B E N Í T E Z
H E R R E R A , M E N I N A S D O 3 º A N O D E L U B L I N ! A B E
L A . M U R C I A S O R I A N O
K A T A R Z Y N A Z A K , S Y L W I A J A K U B A S
C O L A B O R A Ç Ã O U L T R A - E S P E C I A L : J O S E P A N T
O N I C L E M E N T
DESIGN GRÁFICO: JOSÉ CARLOS DIAS
C A P A : B A R B A R A S Z L A C H T A
FOTÓGRAFOS: MENINAS DE LUBLIN,WUWUWU
C A R T O N I S T A : J A K U B J A N K O W K S I
CAMPEÕESDEVENDAS: SRA. ANNA DA
S E C R E T A R I A E S R . J A R E K
PÁGINAS DE INTERNET: UHUH! ESTÁ
ACTUALIZADÍSSIMA!MUITOOBRIGADO, SUZANNA! T I R A G E M : 2 0 0 E X
E M P L A R E S
MAIOR NOVIDADE: 60 PÁGINAS!!! 12 NÚMEROS
CONSECUTIVOS!3 ANOS DE PUBLICAÇÃO! IMPRESSÃO: ZAKLAD GRAFICZNY
UNIWERSYTETU
W A R S Z A W S K I E G O
EDITORA: INSTITUTO DE ESTUDOS IBÉRICOS E
IBERO-AMERICANOS DA UNIVERSIDADE
D E V A R S Ó V I A
Mayo/Junio Maio/Junho2
PARA SE APERCEBER DESTE EFEITO FIXE E VERDE... TTTTTexto deexto
deexto deexto deexto de Jakub JankowskiJakub JankowskiJakub
JankowskiJakub JankowskiJakub Jankowski
crónica
3
Gee, Baudelaire Trabalha agora
Na fábrica de Kalaschnikov. Em vez de pólvora Enche
projécteis
De flores. Os Russos depois vendem
Armas e cartuchos A quem quer comprar.
Sobre todos os campos de batalha Voam flores.
Indefesas mulheres e crianças Recebem a sua quantia de
flores.
O homem foi visto Que perdeu um e outro pé.
Agora dos sapatos sai-lhe pelargonium. Mais do que um
Apanhou mesmo no coração. Ofensiva japonesa continua.
As lojas com arma estão cheias de ikebana.
Holanda ameaça ao equlíbrio mundial,
pois os jardineiros de lá estão a um passo de
fabricar uma bomba-túlipa. Os desassossegados políticos
Telegrafam, „Senhor Governador,
tornou-se, assim, esquisita?”
Já ouviram falar? Que o presidente Bush é um sem-vontade-sua? E que
durante encontros oficiais escuta e repete o que lhe dizem ao
ouvido? O que lhe transmitem ao vivo e directamente à cabeça?
Gostaria de conhecer esta frequência... Se eu a soubesse...
... transmitia ao pé de ouvido dele letra de canção all we are
saying, just give peace a chance. E a de R.A.P (Reggae Against
Politics) Deita fora a sua arma.
... lia para ele Crónicas de Marte de Ray Bradbury, e Catch 22 de
Joseph Heller, e lia As aventuras do bravo soldado Svejk de Hasek.
Lia como se fosse para criança, como se fosse preciso ler para ela
dormir em paz (...e até o deixava assistir a M.A.S.H com Alan Alda
até tarde na têvê). Para ele dormir sem monstros na cabeça e sonhos
de poder e ignorância.
...recitava para ele poemas. Sim, poemas. De Julian Tuwim Para
homem simples (Do prostego cz³owieka). E o de Jacek
Podsiad³o:
...e tudo isto acima fazia com que ele percebesse o mundo em verde.
Para ele se aperceber deste efeito fixe e verde de que NÓS enfim
podemos gozar olhando pela janela.
P.S provavelmente queriam saber que tal a vida da gata da minha
namorada? Tudo na paz J Os olhos verdes dela, da gata, não da minha
namorada, continuam a hipnotizar e apaziguar.!
TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de José Carlos DiasJosé
Carlos DiasJosé Carlos DiasJosé Carlos DiasJosé Carlos
Diaseditoriais & editorials TTTTText deext deext deext deext de
Josep A. ClementJosep A. ClementJosep A. ClementJosep A.
ClementJosep A. Clement
EL VERD ÉS... El verd descansa en la blavor dels ulls d’una dona.
El verd reviu quan ningú té ja freds de neu clara. El verd espera
que el trepitgis quan surts de passejada. El verd sent el pas del
temps dels homes que d’alcohol s’embafen. El verd a tu et mira quan
beus gots de rosada. El verd conté vins d’uns ceps que fa temps
mirares. El verd és un llibre amb pols que deses als
prestatges.
El verd roman sota el cos de la tarda. El verd és el color que a
l’infància et donaren. El verd és un arbre nu que et rebia quan
t’hi atansaves. El verd porta el nom d’una estança. El verd és ara
la revista de les preguntes romanitzades. El verd és tot allò que
vols i se t’escapa.
El verd, benvolgut lector, és un color com qualsevol altre.!
Quixera sempre a miña Galiza chea de humidade,
co seu arrecendo a terra recentemente mollada pola chuvia.
Quixera sentir as pingas sobre min, esvaranado pola miña
cara,
embebéndome os cabelos, a roupa.
Quixera saltar nas pozas salferindo con forza.
Quixera esquencer sempre os paraugas e procurar correndo
acubillo.
Quixera tirarme na herba verde, chea de frescura,
e deixar que o meu corpo recolla toda a enerxía da terra,
que garda as pegadas dos meus ancestros.
Quixera que o sol me feche os ollos, me cegue,
entremestres busco nunha árbore a súa sombra para ler desexos
futuros,
respirando profundamente o verde ar.
SEMPRE EN GALIZA VERDE TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de
Lucía Rodríguez CaeiroLucía Rodríguez CaeiroLucía Rodríguez
CaeiroLucía Rodríguez CaeiroLucía Rodríguez Caeiro
Non quero que haxa incendios na miña terra, que a época estival
veña cargada de deforestación. Quero que exista unha política
eficiente, que se evite esta desgraza coa prevención, que haxa
conciencia ecolóxica. Non quero sentir falta de
auga, que as flores murchen, ter sede con carraxe. Non quero ver
lume nin ao lonxe non á beira, mestres sinto como me proe a pel,
como as queimaduras me doen na alma.
*
verde PorPorPorPorPor MurielMurielMurielMurielMuriel
Ja reparaste que todas as cadeias de fast-food usam (e abusam) de
combinações de amarelo, cor de laranja e vermelho? Pensaste por que
é que na política a tonalidade azul é a mais procurada? E não é
verdade que os quartos verdes nos tranquilizam? Muitas vezes não
estamos conscientes da enorme influência das cores na nossa vida.
Mas elas estão lá, agindo sem nos darmos conta disso, e devemos
saber que não se trata apenas de um elemento estético. O poder das
cores, que não são nada mais do que raios solares de diferentes
frequências, é conhecido e usado há séculos – tanto por
especialistas das relações públicas como por médicos.
Nos últimos anos vem ganhando muita popularidade a tal chamada
cromoterapia, que não tem nada a ver, como alguns pensam, com o
cromo, mas sim, com as cores. Tratada pelos adeptos da medicina
natural como ciência, a cromoterapia emprega o azul, o vermelho, o
amarelo e os seus matizes para estabelecer ou manter o equilíbrio e
a harmonia do corpo, da mente e das emoções, ou seja, a saúde e o
bem estar. Sem rodeios: as cores curam, e alguns médicos não
hesitam em considerer a cromoterapia como parte importante da
medicina do futuro, devido, como dizem, a sua simplicidade,
facilidade de aplicação e eficácia.
Os conhecimentos dos valores salutares da luz solar eram utilizados
para restabelecer a harmonia no organismo humano, mesmo se rara e
selectivamente, já nas antigas civilizações do Egipto, da Grécia,
da Índia e da China. Mas o uso actual das cores nos tratamentos de
saúde propriamente ditos é relativamente recente, e o seu
desenvolvimento em práctica podemos observar nos últimos 30 anos.
Hoje a cromoterapia já não se liga apenas aos estudos da medicina
natural, mas também a universidades e faculdades de psicologia.
Foram precursores na divulgação da cromoterapia como método de
tratar problemas orgânicos e emocionais os cientistas da União
Soviética.
É certo que o ser humano necessita da luz do sol para viver.
Recebe-a sob a forma de um feixe que se decompõe em sete raios
principais (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, índigo e
violeta), logo distribuídos pelo seu corpo. Os seres vivos são
cobertos por um campo energético (Aura) que reflete o estado de
equilíbrio em que nos encontramos. De acordo com a cromoterapia,
entende-se o efeito das cores do espectro solar como o resultado da
interferência de suas vibrações em nossa Aura. Todos os órgãos,
sistemas e funções do corpo são conectados a centros de
energia
localizados ao longo da coluna vertebral, chamados “chakras”. Todas
as pessoas tem 7 chakras, e cada chakra corresponde a uma das sete
cores energéticas. Se há desequilíbrio na sua combinação, isto
reflete-se no nosso corpo com a doença. A falta de uma das cores
resulta no enfraquecimento do órgão correspondente, e, por outro
lado, o excesso causa a sua hiperactividade. A impetuosa tendência
de uma pessoa para alguma das cores pode ser sinal de distúrbios do
equilíbrio no organismo.
Dizem os cientistas que o homem desde sempre esteva rodeado de
cores e sabe instintivamente como usá-las para atenuar os estados
da sua alma e do seu corpo, vestindo roupas de cores adequadas ou
manifestando o gosto por determinadas flores, por exemplo. Hoje, no
entanto, começa a perder este instinto e, obedecendo a moda, com
frequência cerca-se de cores entre as quais não se sente bem.
A terapia com as cores usamos profilacticamente para regu- lar a
nossa disposição geral ou para tratar certas indisposições
psíquicas. Entre as cores principais, o vermelho é o mais
energético – estimula a actividade e é utilizado na falta de
energia, desânimo e estados depressivos. O azul tranquiliza e
regenera o sistema nervoso. O amarelo, por sua vez, estimula o
funcionamento do cérebro, inspira, facilita a aprendizagem e
aumenta a perspicácia; permite liquidar o pessimismo e a apatia. O
mais tranquilizante é o verde: refresca, estabelece harmonia e
acalma os nervos cansados. Já a laranja é fonte de energia e das
forças vitais; é menos agressivo de que o vermelho, mas mais
inspirativo e aberto à criatividade, podendo curar a melancolia e a
tristeza extrema. As cores podem, ainda, ser utilizados como
primeiros socorros em moléstias emocionais como insónia (azul),
agorafobia (vermelho), depressão (laranja), claustrofobia (verde) e
vários tipos de cansaço (turquesa para mental, verde para emocional
e azul para físico).
A cromoterapia também cura as doenças físicas. Cada parte do nosso
corpo está estritamente relacionada com as cores do espectro, por
isso, dependendo da moléstia, necessitamos tratar essa parte com
sua cor correspondente. Portanto, para indigestão e problemas com
fígado, pâncreas, rins, intestinos ou doenças de pele aconselha-se
utilizar o amarelo; com o laranja trata-se asma, bronquite e
doenças dos pulmões; o azul, por outro lado, é ideal para
inflamação de garganta e prisão de ventre, em contraste com o
azul-escuro, que cura resfriados, sinusites e infecções do ouvido;
para feridas e infecções é preciso aplicar o verde; e, por fim, não
há nada
AS CORES QUE CURAM PorPorPorPorPor BBBBBasiaasiaasiaasiaasia
4
Um sapo... Pequena criatura víscida com os olhos esbugalhados, em
que as raparigas normalmente preferem não tocar. Porém, não houve
pelo menos um momento na nossa vida, quando ao ver esse bicho
verdinho, uma ideia fugaz apareceu: «Talvez...? Talvez será o meu
príncipe encantado?» Bastaria um beijo – um segundo de sacrifício
que poderia trazer um prémio tão grande. É possível que algumas,
quando meninas, até tenham cedido à tentação e concedido um
beijinho molhado, verificando primeiro que ninguém estava ao
alcance da vista para evitar a humilhação. É a herança dos contos
de fada da nossa infância. Todas sabemos as histórias das princesas
jovens e bonitas (todas elas são sempre assim!) que durante um
passeio ordinário encontram de repente um sapo, beijam-no e ...
BUM!!!... já têm um noivo – e, ainda mais, de sangue azul!
Como já estamos com o assunto de sapos e contos de fada – pensaram,
alguma vez, na razão por que as princesas teimam em beijar sapos?
Não seria melhor tentar encontrar um peixe dourado?
Primeiro, um peixinho é uma criatura em tanto mais agradável do que
um sapão repugnante. É mais bonito, mais limpo – um pode até se
afeiçoar a ele. Além disso, não é preciso beijá-lo!
Segundo, tal peixe dá muito mais possibilidades. Do sapo, mesmo se
conseguirmos apanhar o encantado, pode sair apenas um príncipe e
nada mais. O peixe dourado, porém, cumpre os nossos três desejos –
mesmo se usarmos um para o príncipe, restam ainda dois. Podemos,
por exemplo, acrescentar ao príncipe um castelo e uma carruagem com
seis cavalos. Porque aquele do sapo antes diminuirá os nossos bens
do que aumentará. Não se pode esperar que tenha assegurado a
fortuna (se a possuiu, do que não ousamos duvidar, visto que é
príncipe) caso fosse transformado num sapo! Agora, o paizinho já
não viverá, a mãezinha estará no convento, e o principado terá sido
aniquilado por uma guerra ou passado para as mãos dum parente
distante, que nem pensa em reconhecer as pretensões do nosso
pretendente. Além disso, negociando com o peixe dourado podemos
especificar as nossas exigências para garantir não só sangue nobre,
mas também beleza, maneiras distintas e o senso de humor do nosso
príncipe. Falando nos termos do mundo capitalista, podemos
“examinar a mercadoria” antes da compra. No caso do peixe,
recebemos o que encomendamos; no caso do sapo, compramos um gato
ensacado. A condição do príncipe de ser encantado não o impede de
ser ao mesmo tempo feio, rude e mal educado. Se calhar foi a falta
de educação que o levou ao estado presente – talvez ele tivesse
ofendido alguma bruxa, que se vingou transformando-o num sapo.E
então? Beijamos o sapão nojento, desencantamos tal indivíduo e ele,
Deus nos livre! apaixona-se e não quer deixar-nos em paz, e o quê
depois?
Ainda teremos de procurar um peixe dourado – não para desejar um
príncipe, mas para livrar-se dele.
Além disso, devemos pensar em diferentes perspectivas. Não há
nenhuma garantia que o nosso sapo / peixe se revele uma criatura
mágica. Embora existam algumas imagens de sapos com coroa na
cabeça, o que deve facilitar o reconhecimento do bicho encantado,
eu pessoalmente duvido que haja neste mundo os sa- pos coroados. A
bruxa que transforma um príncipe em animal teria que ser estúpida
para deixar sinal tão visível. E bruxas estúpidas raramente
conseguem chegar ao momento de ter ao alcance das mãos um príncipe
em quem possam praticar a sua arte mágica. Mas voltemos ao assunto.
Não temos certeza se conseguimos captar um animal encantado. Caso
seja o peixe, sempre podemos levá-lo ao nosso cozinheiro da corte,
tê-lo cozido ou assado ou preparado de mil outras maneiras, as
quais eu não conheço (não sou cozinheira da corte!), e comê-lo com
gosto – embora seja temperado um pouco com a amargura duma
oportunidade perdida. Até existem peixes com um anel de ouro no
estômago. É claro que um anel, mesmo que seja de ouro, não pode
substituir um príncipe, mas sempre é algum prémio de consolação.
Agora, o que é que podemos fazer com um sapo que é só sapo e não
príncipe encantado? Não muito. A não ser que fôssemos as princesas
francesas, o nosso sapo se revelaria completamente inútil, até
mesmo para a culinária.
Depois de meditar sobre o assunto, cheguei à conclusão que a razão
da estranha preferência das princesas está na convenção. Os sapos
são mais acessíveis do que os peixes, pelo menos para uma filha de
família nobre. Alguém já viu uma senhorita bem- nascida sentada num
barco, com o vestido molhado e cheia de dificuldades em manter o
equilíbrio, ao lançar a rede no mar? Ou ao pescar à linha no lago?
Simplesmente não convém fazer isso. E um sapo não é difícil de
achar. Basta sair para um passeio romântico ao longo da relva do
junco (pode-se ao mesmo tempo suspirar um bocadinho sobre a vida
dura ou o amor não correspondido) e já se encontra um sapo que só
está à espera dum beijo. Mesmo que seja um pouco sujo de lodo – não
importa. Quando o bicho se transformar num príncipe, essa lama não
será visível. E, se for, o jovem (por que os príncipes encantados
nunca são velhos?!) lavar-se-á na casa de banho real do seu futuro
sogro.
Então, quanto ao sapo, basta somente um pouco de esforço a que se
acrescente um pouco de sorte, e já temos os resultados desejados.
Com o peixe, a situação é mais complicada por causa de essas
criaturas espertas esconderem-se dentro das águas profundas.
Contudo, tal trabalho, tal salário. Cabe a nós, e somente a nós,
decidir se é melhor ajeitar-se com o sapo e o resultado incerto, ou
fazer mais esforço e procurar o peixe dourado. !
A SUPERIORIDADE DUM PEIXE SOBRE UM SAPO
verde
6
TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de Magdalena DMagdalena
DMagdalena DMagdalena DMagdalena
Dominowskaominowskaominowskaominowskaominowska
Os poloneses somos, em geral, uma nação que sempre se queixa de
tudo. E atribuímos o nosso pessimismo à falta de sol e de exotismo
na nossa vida. Já há alguns anos, temos pelo menos, um elemento
natural que fica verde durante todo o ano, provém da zona tropical
e é um símbolo da vida cheia de calor e alegria. É a única árvore
do grupo Phoenix Canariensis na nossa faixa climática. A palmeira…
Sem ela, a capital da Polônia seria uma das cidades mais cinzentas
da Europa, mas não é.
melhor do que o índigo para inflamações dos olhos e sangramentos
nasais.
Os cromoterapeutas aconselham várias técnicas para a aplicação das
cores. As mais utilizadas são a radiação com a luz solar ou a luz
de lâmpadas coloridas e o tratamento com a água cromatizada, ou
seja, a água energizada pelos raios solares em recipientes de
diversas cores. Esta última técnica é considerada eficaz por agir
directamente nos orgãos que precisam de cura. Mas os métodos da
aplicação da cromoterapia sistematicamente multiplicam-se. Segundo
os médicos, já têm valores terapêuticos operações tão simples como
usar roupas e adornos de uma cor específica (basta um cachecol ou
uma gravata, ou, melhor, uma roupa íntima colorida), pintar as
paredes ou rodear-se de móveis e ornamentos de tonalidades
adequadas. Entre os métodos mais sofisticados, podemos escolher
entre a transmissão das vibrações por pedras preciosas, o
fornecimento de cor através de um pêndulo radioestésico ou a
estimulação dos pontos acupuncturais com folhas coloridas. Há
também algo para os fãs da meditação: exercícios de auto-equilíbrio
por meio da visualização e da respiração com a cor
mentalizada.
As pessoas se perguntam se isso na verdade funciona. Bem, a
aplicação da terapia não parece muito complicada, então basta
tentar! Mas é aconselhável fazê-lo sob assistência médica – também
na medicina tradicional tomar medicamentos sem autorização pode ter
resultados inesperados.!
A autora do projeto, Joanna Rajkowska, nunca pensou que aquele
pedacinho dos trópicos passaria a ser um elemento tão importante na
vida de todos nós. Importante e polêmico.
A palmeira foi instalada na rotunda de Gaulle, em pleno centro de
Varsóvia, em dezembro de 2002. Um ano depois, as autoridades da
capital, atuando duma maneira típica das classes dirigentes (isto
é, sem ouvir a voz do povo), quiseram arrancar a árvore da sua
ilha. Então, como resposta a essas ações tão bárbaras,
constituiu-se o Comitê para a Defesa da Palmeira, cujo objetivo foi
salvar a palmeira e obter para ela a permissão da permanência
perpétua na rotunda.
E aqui chegamos a um ponto bastante importante da história. Resulta
que nos momentos de grande perigo sabemos unir-nos para lutar em
nome duma causa justa. A maioria dos habitantes da capital fez
assim e, graças a seu apoio, o Comitê para a Defesa da Palmeira
venceu a batalha e a palmeira ficou no seu lugar.
Quem pensava que os poloneses pudessem ser tão solidários? Graças a
Deus, de vez em quando são. Que pena que não somos assim unânimes
quanto às questões políticas. Lá o assunto é muito pior. A vida
política em nosso país é quase como uma selva - todos lutam contra
todos e ninguém pode chegar a um acordo.
Mas já basta de divagações. Falemos da palmeira. Resulta que a
maioria dos moradores de Varsóvia é orgulhosa dela - por fim temos
um elemento característico da nossa cidade, por fim temos onde
encontrar-nos na sexta-feira de noite, por fim a polícia pode
parecer-se, pelo menos um pouco, com a polícia de Los Angeles,
dando multas debaixo duma palmeira. E, além disso, a nossa querida
palmeira é especial também por ser a única palmeira artificial no
mundo que até perde folhas durante o outono (no outono do ano
passado da palmeira ficou só com o tronco - as folhas foram levadas
pelo vento)…
Assim, as autoridades têm de ouvir a voz do povo. A PALMEIRA TEM DE
FICAR NA ROTUNDA! Porque desperta em nós tantos sentimentos
positivos, porque é tão única e especial, porque é um dos poucos
sopros de exotismo na nossa cidade e é tão original que não tem
par, porque tem um jeito de unir as pessoas…. Palmeira, queremos
que sempre estejas connosco!!
(CONTINUAÇÃO DO ARTIGO DA PÁGINA ANTERIOR “AS CORES QUE
CURAM”)
7
Passeios pelo parque na Primavera, tardes preguiçosas nos dias
feriados, encontros com os amigos, visitas à casa da avó - todas
estas situações têm algo em comum. O que poderá ser? Uma sensação
de felicidade? um prazer? o desprezo do tempo que corre como louco?
— Sim, claro, isso também, mas existe algo mais, que sempre me traz
à memória as recordações dos dias levianos, cheios de riso e
alegria. Não é muito difícil adivinhar o que é isto. Basta
fecharmos os olhos e lembrarmo-nos dos tempos da infância quando
num dia de sol estendemos as mãozinhas trementes para uma vendedora
que servia gelados. A carinha lambuzada, os dedos viscosos…Que
prazer! Que delícias!
A predilecção pelos gelados acompanha-me até hoje. Quando ouvi o
tema desta revista (‘Verde’), pensei logo sobre...a ‘Zielona
Budka’, uma empresa muito conhecida na Polónia que produz gelados.
A sua história remonta aos tempos da Segunda Grande Guerra, quando
em 1947 na esquina das ruas Madaliñskiego e Pu³awska, em Varsóvia,
apareceu uma barraquinha, feita de madeira, onde se vendiam
gelados. Os proprietários da gelataria- Edmund Plewicki, agora de
87 anos, e o já falecido Kazimierz Kozio³ pintaram-na de verde (a
escolha
da tinta era muito limitada, porque naqueles tempos só se po- dia
comprar tinta verde ou vermelha). Assim nasceu o nome da empresa-
‘Zielona Budka’. Pouco tempo depois, a gelataria tornou-se muito
famosa entre os varsovienses. As filas em frente à barraquinha eram
sempre longas. Todos se entusiasmavam com o sabor e a consistência
dos gelados. A visita à Rua Pu³awska aos domingos era quase tão
obrigatória como a participação na missa. Esperando para comprar
gelados, as pessoas cavaqueavam alegremente e travavam novas
amizades. A Pu³awska tornou-se também o lugar de encontros da
nata social varsoviense. Os amadores dos gelados da Zielona Budka
eram vários actores, poetas, políticos, etc. As iguarias de
Plewicki e Kozio³ encantavam todos, sem excepção.
Desde aqueles tempos têm-se vindo a introduzir muitas alterações. A
barraquinha verde na Pu³awska tornou-se um verdadeiro salão de
gelados. Além disso, abriram-se gelatarias novas, não só em
Varsóvia, mas também em Gdynia. Em 1980, Zbigniew Grycan adquiriu a
‘Zielona Budka’. Ele era um pasteleiro da terceira geração, então
com muita experiência. Hoje o possuidor da ‘Zielona Budka’ é a
empresa Roncadin GmbH, um dos maiores produtores de gelados na
Europa Ocidental. A firma declara a sua afeição à tradição da
‘Zielona
Budka’- usa produtos da primeira qualidade e receitas
verificadas.
Provavelmente estas declarações são verdadeiras. A minha avó ainda
se lembra daqueles gelados dos anos 40, 50 e 60 e confirma que o
sabor permaneceu, como sempre, celestial.
Então, gente- BOM APETITE! !
–
verde VERDE GELADO
tempos da infância quando num dia de sol estendemos as mãozi- nhas
trementes para uma vendedora que servia gelados.
Maio/Junho Mayo/ Junio8
Há pessoas que, quando perguntadas sobre o que acham mais
significante na sua vida, respondem sem nenhuma hesitação: a saúde.
É óbvio que para executar as tarefas do dia-a-dia deve-se estar em
boa forma. Em especial nós, estudantes, precisamos disso. Porém, o
que significa ter uma vida saudável? Será tão fácil levar uma vida
assim?
Em geral, para se ter uma vida saudável é indispensável adoptar
alguma regularidade de hábitos, ter bastante tempo e, certamente,
dispor de dinheiro. E, todos sabem, o traço característico da vida
estudantil é exactamente a falta destes três factores.
A pressa, o stress e o cansaço pautam a vida do estudante médio. É
obrigatório frequentar as aulas, fazer muitas fotocópias e, após o
dia inteiro passado fora de casa, estudar. E durante o tempo que
resta o estudante prepara-se para o dia seguinte. São as obrigações
básicas. Entretanto, há ainda muitas outras actividades que exige
de nós a vida.
A maioria esmagadora dos estudantes em Varsóvia provêm de outras
cidades da Polónia. Têm que contar só com eles mesmos e se esforçar
mais que os colegas da capital. Além disso, cada vez mais pessoas
estudam e trabalham ao mesmo tempo. Quase todos estão conscientes
das exigências do mercado de trabalho e de que hoje, para
conseguirem um emprego, só a conclusão dos estudos já não basta. É
necessário ter experiência profissional, adquirida relativamente
mais cedo. E, ainda, a vida na capital significa maior concorrência
entre pessoas ambiciosas, bem educadas e
verde
preparadas para vários sacrifícios rumo ao sucesso
profissional.
Quanto, por exemplo, à alimentação, o estudante comum nutre-se ora
em bares, ora com sanduíches e petiscos trazidos de casa, e com
muita frequência a caminho das aulas. Já a duração do sono depende
do período: há tais momentos em que se pode dormir quase sem
limites, e outros quando é preciso reduzi-lo ao mínimo –
particularmente na época de exames.
O esforço físico, por sua vez, é vi- tal na manutenção da silhueta
esbelta, mas nem todos gostam de se mexer. E aqui encontramos uma
contradição: as pessoas que devem frequentar as aulas da educação
física muitas vezes queixam-se da obrigatoriedade.
A forma preferida de passar o tempo livre é, para a maioria dos
estudantes, o divertimento com os amigos. A esta altura vão ao cin-
ema ou à discoteca, circulam pelos pubs, fumam cigarros ou bebem.
Deste modo podem libertar-se das tensões da vida quotidiana,
acumuladas ao longo de uma difícil semana de estudo.
Ora, é possível, então, que o estudante leve uma vida
saudável?
Para dizer a verdade, isso não é tão fácil. Por outro lado,
possível. Em particular quando se dá conta de que sempre haverá
limites, entre datas e deveres, que não nos facilitam a existência.
E a qualidade do nosso bem-estar depende, em grande parte, de nós
mesmos. É preciso lembrar disso, se alguém deseja gozar a vida o
máximo possível.!
PorPorPorPorPor DDDDDagmaraagmaraagmaraagmaraagmara
É POSSÍVEL QUE OS ESTUDANTES TENHAM UMA VIDA SAUDÁVEL?
A maioria esmagadora dos estudantes em Varsóvia provêm de outras
cidades da Polónia. Têm que contar só com eles mesmos e se esforçar
mais que os colegas da capital. Além disso, cada vez mais pessoas
estudam e trabalham ao mesmo tempo. Quase todos estão conscientes
das exigências do mercado de trabalho e de que hoje, para
conseguirem um emprego, só a con- clusão dos estudos já não
basta.
VERDE, QUE TE QUIERO VERDE
9
TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de Magdalena
SmorczewskaMagdalena SmorczewskaMagdalena SmorczewskaMagdalena
SmorczewskaMagdalena Smorczewska
El color verde, que solía ser el símbolo de la esperanza, se ha
convertido últimamente en un color muy popular. Lo seguro es que el
verde está de moda. Y la moda verde se refiere no solamente a los
vestidos, sino también abarca nuestro estilo de la vida, afecta a
nuestro modo de pensar y nos abre los ojos frente a la realidad en
la que vivimos. Gracias a este fenómeno, por fin, nos hemos dado
cuenta de que nuestro planeta está amenazado por nosotros mismos y
decidimos poner nuestro conocimiento al servicio de la
naturaleza.
No cabe la menor duda de que la naturaleza que constituye nuestro
habitat, sufre una serie de cambios y transformaciones desde que el
hombre salió de las cavernas y puebla la tierra.
Los labradores agrícolas, cazadores y ganaderos han ido modificando
el aspecto y las características de determinados lugares, dando
origen a un paisaje al que podríamos definir como un conjunto de
elementos naturales y humanos que afectan en un territorio.
Es evidente que la acción del hombre ha influido en el paisaje.
Pienso que incluso podríamos afirmar que hoy forman parte de la
naturaleza las t ierras del cultivo, los puentos sobre los ríos, y,
en un sentido más amplio, también los pueblos y las ciudades. Un
paisaje sin elementos creados por el hombre es hoy en día una
excepción.
Nosotros, hombres del siglo XXI, podemos
considerarcomo marco natural de nuestra convivencia no sólo el
paisaje virgen, sino también aquel en el que, se transcurre nuestra
vida: la
comunidad rural, el pueblo y su entorno, y la gran ciudad con sus
respectivos suburbios.
Creo que con el avance de la civilización, con el progreso
tecnológico, el hombre ha iniciado un proceso de deterioro cada vez
mayor de la naturaleza, hasta el punto de poner en gran peligro su
propio futuro. La degradación de las aguas y de la atmósfera ha
alcanzado un grado alarmante para todo ser vivo.
Lo que causa esta degradación son, entre otros, los humos
procedentes de las fábricas, de la calefacción y del tráfico. La
contaminación, al destruir el medio ambiente afecta también a los
animales, tanto los salvajes como los domésticos, e incluso a la
vida del hombre. Las mareas negras, formadas por el patroleo, en
cambio, son nocivas para la flora y fauna marina.
Afortunadamente, nuestra so- ciedad, aunque tarde, ha comen- zado
defender y proteger la naturaleza y el medio ambiente natural. Es
la única posibilidad de garantizarnos la supervivencia.
Por esta razón tenemos que apreciar el duro trabajo, la fe y las
ganas de luchar de los Verdes, porque ellos son nuestra última
esperanza. Tal vez siga existiendo una relación entre los términos
“verde” y “esperanza”.!
verde
No cabe la menor duda de que la naturaleza que constituye nuestro
habitat, sufre una serie de cambios y trans- formaciones desde que
el hombre salió de las cavernas y puebla la tierra. Los labradores
agrícolas, cazadores y ganaderos han ido modificando el aspecto y
las características de determinados lugares, dando origen a un
paisaje al que po- dríamos definir como un conjunto de ele- mentos
naturales y humanos que afectan en un territorio.
Mayo/Junio Maio/Junho
TTTTTexto de exto de exto de exto de exto de
OlgaOlgaOlgaOlgaOlga
Verde é uma cor muito bonita – isso todos sabem. Do que a maioria
das pessoas não se dá conta é que esta cor também parece ser
excepcionalmente produtiva quanto às expressões usadas em várias
línguas. Expressões idiomáticas ou provérbios que contêm nomes das
cores enriquecem o nosso vocabulário e fazem cada discurso mais
interessante. Para todos os que se interessam pela linguística,
como também para os que sempre a acharam um pesadelo – este artigo
é uma tentativa de comparação das expressões com a cor verde em
três línguas, português, inglês e alemão – se calhar vale a pena
pelo menos dar uma vista de olhos :-)
Quando se procura as expressões “verdes” em vários dicionários, a
primeira coisa que dá nas vistas é que esta cor significa, em quase
todas as culturas, uma certa imaturidade, tanto quando se trata das
frutas ou plantas, como quando estamos a falar das pessoas. Em
português fala-se dos “verdes anos” ou da “verde idade”, em alemão
há uma expressão “grün hinter den Ohren sein” (port. “estar verde
atrás das orelhas”), em inglês usa-se a cor verde (“green”)
simplesmente como um adjectivo para descrever uma pessoa a quem
falta uma certa experiência na vida. Nesta língua há também uma
expressão “not as green as cabbage-looking” (um pouco difícil de
traduzir para qualquer língua :-)) que se pode usar quando se quer
acentuar que a pessoa sobre a qual estamos a falar não é tão
inexperiente como se podia pensar.
Adiante, verde significa também a cor da inveja – em cada uma das
nossas três línguas há uma expressão “estar verde de inveja” (ingl.
“green with envy”, alem. “grün vor Neid”), o que significa que as
pessoas invejosas parecem ficar com as caras verdes
independentemente do país onde moram ou da língua que usam J
Um terceiro sentido do “verde” que se pode encontrar em muitas
línguas tem que ver com a naturesa, com tudo o que está sempre
verde. Num dicionário português encontrei uma expressão “cair no
verde”, que significa fugir para o campo, esconder-se no mato. O
inglês tem por exemplo uma expressão “to have green fingers” (“ter
dedos verdes”), usada quando se fala de uma pessoa que tem jeito
para cultivar plantas. Só os alemães parecem não se importar muito
quanto ao facto de que o único
verde verdadeiro é o da natureza.
Por outro lado, o que os portugueses não têm no seu vocabulário tem
a ver com a significação da cor verde no tráfego, seja por que
razão for (talvez os carros não desempenhem uma função tão
importante na vida dos portugueses como na dos ingleses ou dos
alemães :-)). Em todo o caso, em inglês, como em alemão encontra-
se uma expressão “dar a luz verde” (ingl. “give the green light”,
alem. “grünes Licht geben”), que significa dar permissão para fazer
algo, assim como a luz verde permite os carros seguir.
Quanto às outras expressões com a cor verde, cada uma das línguas
que estamos a analisar tem as suas próprias singularidades. Em
português, por exemplo, encontram- se ditos como “estão verdes!”,
usado quando alguém desdenha de uma coisa por não poder obtê-la;
“tremer como varas verdes”, quer dizer tremer de medo; “não deixar
verde nem seco”, que significa destruir tudo completamente; ou
“andar ao verde”, uma expressão mais bonita para “pastar”.
Em inglês, por outro lado, pode-se ainda encontrar um dito como
“the grass is always greener on the other side” (“a erva está
sempre mais verde no outro lado”), usado pelas pessoas que têm
sempre a impressão que os outros estão melhor ou têm melhor
sorte.
A língua que parece ser mais rica em expressões com a cor verde é o
alemão. Além das já mencionadas, nesta língua usam-se expressões
idiomáticas como: “jemandem nicht grün sein” (“não estar verde para
alguém”), usada quando não se pode aguentar alguém; “auf keinen
grünen Zweig mit jemandem kommen” (“não subir nenhuma ramada verde
com alguém”), quer dizer não poder chegar a termos com uma pessoa;
ou também “alles im grünen Bereich” (“tudo em área verde”), que
significa o mesmo como “tudo está bem”.
Como se pode ver, para as línguas, a cor verde constitui uma fonte
inesgotável de ditos e expressões, às vezes ligadas à nossa vida e
às nossas experiências, às vezes completamente abstractas – mas
sempre muito preciosas e úteis.!
TUDO O QUE VOCÊ SEMPRE QUIS SABER SOBRE O VERDE MAS TINHA
MEDO
DE PERGUNTAR EM PORTUGUÊS, INGLÊS OU ALEMÃO.
verde
10
E quando o Inverno finalmente acaba e a Primavera começa a pintar
de verde a Polónia acinzentada, as pessoas de Lublin...
11
verde
Absinto. Provavelmente muitas pessoas pensam o que é que pode ser
esta coisa! Não é nenhum medicamento, como alguns crêem. Mas, por
outro lado, pode também facilmente curar a tristeza ou mau humor.
Eu próprio tive de viver por 14 anos até o meu primeiro encontro
com Absinto - a bebida mais bendita de todo o mundo. Então Absinto
é uma bebida de cor verde que por si só, já é muito atraente, e
normalmente apresenta uma percentagem de álcool muito elevada(de
70% de grau alcoólico) – o que é ainda mais atraente. Por estas
razões, ele é chamado de “Fada verde” entre os consumidores. O nome
não estranha porque depois do consumo, ficamos num estado como se
fôssemos enfeitiçados.
A história desta bebida começa já na Grécia Antiga. A erva
chamava-se absinto, losna ou sintro. Antigamente
esta planta era dedicada à deusa Artemis. É uma planta originária
da Europa e da Ásia. O sabor dela é muito amargo e também pode-se
usá-la como planta me- dicinal.
Em sua versão alcoólica, o licor de absinto tornou-se famoso no fim
do século XIX e princípio do século XX, durante a “Belle Époque” na
França. Era uma época da vida boêmia pelos cafés e bulevares de
Paris. E naquele momento os artistas descobriram que o absinto era
uma bebida que favorecia os processos criativos. Depois de bebê-lo
os pensamentos podiam fluir com facilidade e as emoções, ocultas
sob o manto de preocupações diárias, vinham à tona.
A “Fada verde” sempre foi associada à França, mas a verdade é que o
licor foi criado na Suíça. Os seus ingredientes, destilados,
compõem-se de anis e uma diversidade de ervas, das quais se destaca
a Artemi- sia absinthium - responsável por toda a polêmica em volta
do absinto, por conter substâncias alucinógenas. É por todas estas
características que autores como Oscar Wilde e PaulVerlaine
escreveram poemas em seu louvor e Degas, Manet, Van Gogh e Picasso
expressaram o mesmo louvor em seus quadros.
Depois de ganhar tanta fama, o Absinto foi proibido em 1915 por
causa das alucinações que provocava, apesar de nunca ter havido
provas científicas disso. Voltou à legalidade recentemente - na
Polônia até muito recentemente. Hoje podemos encontrar aproxi-
madamente 189 tipos de absinto, e a percentagem de álcool é muito
variada. A maior quantidade produz- se na França, na Alemanha e na
República Tcheca.
Como já sabemos onde se produz o licor, então é preciso saber como
bebê-lo. Existem 3 maneiras mais conhecidas de consumir esta
bebida. A maneira suíça consta em beber a “Fada verde” só com água
fria. A segunda maneira é francesa, e aqui temos de misturar o
licor com açúcar e água. E a última opção, que eu pessoalmente
adoro, é o ritual tcheco: tomamos uma colher e pomos nela açúcar.
Adicionamos um pouco do absinto e pomos fogo à colher. Quando a
chama desaparece, misturamos tudo com absinto no copo ...saúde! e
preparem-se para sentir as propriedades especialíssimas do
Absinto.
Vejam por si mesmos!!
verde
14
Maconha, cânhamo, marijuana, erva, suruma, cannabis, tabaco, erva
santa, sensi, sensemilia, ganja, holy weed, coolie, baseado, erva,
tora, beise, fumo, bagulho, fininho, haxixe, bangh, diamba,
marihuana - são todos nomes da erva mais famosa e polêmica do
mundo. Muito se fala sobre o seu uso - que pode ser prejudicial
para saúde, quando se fuma por prazer, ou benéfico, quando é
medicamento para aliviar a dor. Também muito se discute o carácter
de sua legalidade. No entanto, poucas pessoas percebem que em
diferentes culturas o uso da maconha adquire significados vários.
Seus primeiros registros históricos são de mais de 200 anos A.C. na
China, no Egito e na Índia. Depois seu emprego medicinal foi
conhecido entre povos africanos e asiáticos, os gregos e os
indianos.
Hoje, quando se fala na maconha, logo se pensa na cultura
jamaicana. Como todos sabemos, na Jamaica seu uso é bastante
popular. Certas seitas atribuem-lhe poderes místicos e divinos,
especialmente para afastar os maus espíritos. As pessoas encontram
na ganja (nome como a erva e conhecida no país) energia para viver
e relaxamento após o trabalho; oferecem a droga, mesmo aos filhos,
para que sejam melhores. Na população mais pobre, a criança aprende
a usar a cannabis, cedo às vezes se dá maconha até aos bebês. Fumar
a ganja é, portanto, mais que um costume - um rito ou uma
crença.
Poucas pessoas, no entanto, têm informações sobre a importância da
maconha na Índia. Lá o consumo da erva é de grande importância para
os homens considerados ´santos´. Alguns deles são os babas e os
sadhus. Os babas são mestres espirituais que viajam por todo o
país, vestidos de trajes cor de laranja com bastão e uma bola nas
costas, nela levam todos os seus bens. Já os sadhus são monges
´mendigos´ que têm barbas grandes, dredlocks e o corpo coberto com
cinzas. Os babas e os sadhus estão em constante peregrinação.
Caminham para a liberdade e são portadores da espiritualidade e da
harmonia no país. Eles são, ao mesmo tempo, os maiores consumidores
de marijuana, a que chamam de rap ou charas.
O cachimbo indiano para fumar cânhamo se chama chillums. Os
Chillums são de diferentes tipos e são feitos de diferentes
matérias, por exemplo, de ouro (!), de madeira, de pedra, ou mais
freqüentemente de argila. Normalmente tem 18 centímetros de
comprimento. Cada cachimbo tem duas peças - uma pedra e o safi. A
pedra serve para colocá-la na maconha e o safi (um pedaço de pano)
se põe na parte inferior para preservar a higiene. O Safi é de uso
individual e impede que as cinzas entrem nos pulmões além de
servir, também, para limpar o cachimbo, o que se deve fazer depois
de cada utilização.
O momento de prepar o cachimbo é muito importante. Os babas e os
sadhus fazem-no cuidadosamente. Primeiro se tem que preparar bem a
mistura de maconha com tabaco, ou dois dos vários tipos de
marijuana. Na maioria dos casos a mistura é molhada ligeiramente
com a água sagrada do Ganges. Daí, aspirando com força,
experimentam um estado de harmonia consciente. Esta ação serve para
obter liberdade pessoal e também é uma forma de mostrar a sua
filosofia contra a violência. Fumando eles não se submetem a nenhum
tipo de pressão social ou política, que proíbem o uso da maconha;
pelo contrário, sentem-se livres e felizes. E, ao finalizar o
cachimbo, esvaziam as suas cinzas direto na palma de mão e as usam
para pintar o seu próprio corpo.
É interessante ver a grande diferença de significado que tem a
maconha na Índia e na Europa. Na Índia a maconha é fumada por
certos tipos de sacerdotes, e na Europa pelos jovens. Lá é um
ritual lento - o cachimbo é bem preparado e a forma de fumar é
forte e tranqüila. Aqui, normalmente a erva é usada antes das
festas, fumada rápido, às escondidas, sem cerimônia nenhuma. Na
cultura hindu serve para expressar a filosofia de não-violência, e
aqui é só droga que se usa para sair da vida quotidiana. Na Índia
ainda o ato de fumar não significa perder o contacto com a
realidade e não se usa o fumo para fugir dos problemas - como é
frequente na Europa.!
A MACONHA E SEUS SIGNIFICADOS
TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de Ale MiodowskaAle
MiodowskaAle MiodowskaAle MiodowskaAle Miodowska
Hoje, quando se fala na maconha, logo se pensa na cultura
jamaicana. Como todos sabemos, na Jamaica seu uso é bastante
popular. Certas seitas atribuem-lhe poderes místicos e divinos,
especialmente para afastar os maus espíritos.
Maio/Junho Mayo/ Junio
verde
16
INDIA CURRY Se perguntar a um europeu, seja polaco ou português „o
que é curry?”, o que é que ele respondia? Dizia, provavelmente, que
curry é aquela especiaria amarela. Que é um pouco amarga. E que vem
da Índia. Será isso toda a verdade sobre o curry? Nem pensar. A
palavra curry tem, basicamente, dois sentidos. Um deles é muito
interessante, o outro muito menos.
Começemos pelo sentido menos interessante, o da especiaria amarela
e um tanto amarga, o sentido europeu. Europeu, porque esse
condimento é totalmente desconhecido na Índia. O nome vem da Índia,
sim, mas por uma via indirecta. Em língua tamil kari significa
molho. Daí vem a palavra inglesa curry que serve para designar os
saborosos e aromáticos molhos indianos. A palavra evoluiu e agora
denomina uma invenção inglesa – a especiaria utilizada na Europa
para preparar comida “à indiana”.
A história da palavra kari – curry pode servir como uma metáfora do
triste processo como a nossa visão do mundo euro-pocêntrica
ridiculariza as culturas asiáticas, com o aspecto delas que mais me
interessa – a cozinha.
Pois kari é uma palavra de tamil – uma das duzentas línguas faladas
na Índia; palavra que significa molhos preparados somente na
cozinha do sul da Índia. E para um europeu curry é toda a cozinha
da Índia, do país que tem mais do que mil milhões de pessoas de
diversas etnias, idiomas e religiões. Um universo de cheiros,
sabores e cores é quase sempre descrito com uma palavra que nem
existe neste universo.
Se olharmos com atenção para um pacote de curry, vamos ver que não
é um condimento só. É uma
mistura de especiarias; normalmente consiste em cúrcuma (dá a cor
amarela), gengibre, cravos, pimenta vermelha, pimenta cayenne,
alho, canela. A esse tipo de misturas chama-se na Índia masala. As
masala podem conter até vinte especiarias diferentes, várias ervas,
folhas sementes, raízes ou até casca (como no caso da canela) de
plantas que abundam nas regiões do subcontinente indiano. Felizes
dos cozinheiros indianos que não precisam de importar os
condimentos que perdem os valores durante o transporte de países
longínquos. Podem temperar a comida com mãos-cheias de diversas
masala e fazem-
no com vontade. Mesmo que não se possa falar de uma cozinha
indiana, o
gosto de uti l izar muitas especiarias é característico
para toda a Índia. Dos Himalaias, pátria do arroz
basmati, passando por Punjab, terra da
lentilha, a Tamil Nadu, região de
grande herança vegetariana, as
masala regem as cozinhas
i n d i a n a s . M a i s
picantes no sul, feitas de
sementes e folhinhas inteiras;
picante na Ásia, na Europa queima as bocas.
Para saborear as masala verdadeiras, fui a In- dia Curry, um
restaurante que fica na rua urawia,
escondido, de uma maneira muito modesta, atrás de um caixote de
lixo. Fui, saboreei e ter-me-ia apaixonado, se não me tivesse já
apaixonado há quatro anos atrás pelos sabores de um bar indiano que
já não existe. Se calhar apaixonava-me pela beleza exótica de um
empregado do India Curry que fala um pouco
17
TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de
MartaMartaMartaMartaMarta
polaco, um pouco de inglês, um pouco de outra coisa difícil de
identificar. Mas não lhe pude prestar muita atenção porque a comida
absorveu-me completamente. Foi uma maravilha que não se pode
experimentar todos os dias. A conta também não me ajudou a fazer
amizade com o empregado, porque não consegui corresponder ao
sorriso dele. Pois, a perfeição custa. Já passaram os tempos do meu
querido bar indiano, onde se podia almoçar por 10 z³oty. O
cozinheiro voltou à Índia, se calhar não suportou a falta das
especiarias frescas. Mas não é coisa de chorar – o cozinheiro de
India Curry não é pior feiticeiro.
Começámos a refeição com mango lassi, uma bebida refrescante e um
pouco doce, feita de iogurte e manga. Com a garrida cor amarela de
mango lassi começou o arco-íris do jantar indiano. Chegaram à mesa
pãezinhos salgados, acompanhados por vários molhos vermelhos e
verdes, e paneer salad – salada de beringelas e queijo. Depois
serviram-nos reshmi kebab, uma espécie de espetada de frango
temperado com amêndoas e assado no forno tandoor (um forno de altas
temperaturas; graças ao curto tempo de preparação a comida mantém
as cores garridas, amarela no caso de reshmi kebab); dal maharani –
lentilha escura cozida com legumes, verde-esmeralda e muito bem
cheirosa; murgh lawabdar – pedaços de frango estufados num molho de
legumes. O molho era cor-de-laranja e tinha um sabor difícil de
definir que quase me fez desmaiar de encanto, um sabor forte de
especiarias exóticas. Acabámos, obviamente, com sobremesa: gulab
jamoon, umas bolas de Berlim pequeninas, embebidas num xarope de
mel. Foi tudo realmente óptimo. O aspecto visual também nos
encantou – a comida muito colorida e servida em vários tipos de
recipientes: pequenas tigelinhas de metal para a lentilha quase
líquida; um vaso de latão posto num forninho com vela a arder para
o murgh lawabdar, graças a essa maneira de servir o prato não fica
frio e as pessoas não têm que comer depressa. O frango aquece-se
lentamente, dhiire dhiire, e as pessoas podem conversar à vontade,
dhiire dhiire, lentamente também
Com o murgh lawabdar começa a história do outro significado de
curry, o significado que abre a porta do paraíso. A palavra designa
também vários tipos de pratos, normalmente estufados com vários
condimentos. O uso de diferentes especiarias fortes é
o mais importante, o prato nem precisa de conter muito molho para
poder ser denominado curry. Os curry podem ser preparados de
qualquer comida com base de: carnes, peixes, mariscos, legumes; o
molho pode conter diversas especiarias que dão ao prato várias
cores, não necessariamente a amarela, como no caso do curry
europeizado. O curry chegou a ser igualmente pan-asiático como o
chá. É preparado em todos os países da Ásia, com arroz ou com massa
(por exemplo com udon no Japão), ou até com pão. Os diversos curry
pertencem aos panteões das cozinhas nacionais da China, do Japão,
Sri Lanka, Filipinas, Indonésia, Tailândia, Paquistão. E, claro, de
várias regiões da Índia.
Não sei dizer com toda a certeza de que região eram os pratos que
comi no India Curry. Nem sei donde é o chefe da cozinha. Mas, se é
ele um falante de hindi, tenho um pedido só: mera jadugaar, meu
feiticeiro, não volte para a Índia, fique em Varsóvia.!
INDIA CURRY
verde
CARNEIRO (21.03-20.04) No verão tudo é possível. Provavelmente
sonha com 4 meses de trabalho num pub na Inglaterra: quem sabe? Não
de barman mas tomando conta de velhinhos num hospital na Escócia?
Talvez. Igualmente provável é um estágio não pago numa corporação
grande – a fazer café.
TOURO (21.04-20.05) Cuidado. Os problemas financeiros podem
destruir todos os seus planos para as férias. Não vá tanto às
festas porque depois pode ter que pagar por exames não aprovados,
literalmente dito. E como na corporação não pagam, nem o seu amigo
Carneiro lhe vai ajudar.
GÉMEOS (21.05-21.06) A sua dupla personalidade vai atrair muita
gente, e mesmo se for de natureza tímida, desta vez vai surpreender
a todos com a sua auto-segurança. Os êxitos amorosos garantidos,
especialmente entre os recém-libertados soldados de reserva na
praia de £eba.
CARANGUEJO (22.06-22.07) Durante as férias cuide principalmente da
sua saúde e dedique cada momento ao descanso em casa. Tente não
sair porque o perigo de accidente é grande: os conductores
agressivos e os ciclistas perplexos serão o seu maior
inimigo.
LEÃO (23.07-23.08) A sua vida amorosa será, como sempre, muito
aventureira. Aguarde mudanças radicais e inesperadas. É o tempo
ideal para terminar as relações que aparentemente já não têm
futuro. Não será fácil mas logo encontrará alguém novo e
fascinante. Aliás, mais que um. Na verdade, tenha cuidado para que
os seus amantes todos não saibam um do outro.
VIRGEM (24.08-22.09) As coisas que pareciam complicadas de repente
tornar-se-ão banais, e os problemas – fáceis de resolver. Olhará
para o mundo com mais alegria e esperança, e até acordará em si
necessidade de ajudar desinteressadamente aos outros. Os pobres de
favelas e os esfomeados na África esperam-lhe.
BALANÇA (23.09-23.10) Não negligencie as velhas amizades porque
podem ser necessárias
TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de
MurielMurielMurielMurielMuriel
HORÓSCOPO ALTERNATIVO Caros leitores! Como a nossa revista se torna
cada vez maior, de maior tiragem, mais lida – aliás, como qualquer
revista de respeito no mundo editorial –, temos que ter uma página
de horóscopo. Aqui a têm: algumas previsões para os meses de verão
directamente da nossa redactorial bola de cristal.
nos momentos difíceis. E não queria ser o último a saber das
mudanças nas vidas dos seus amigos. É bom saber que a tua melhor
colega ganhou na loteria e o teu amigo da primária tem o clube
nocturno mais jazzy da cidade, não é?
ESCORPIÃO (24.10-22.11) O verão será seu se tens talentos
artísticos! O mundo da fotografia e do filme procurao! Vai atrair
muitas pessoas, especialmente com o seu dom de conversa. Mas não
esqueça que não todos ao seu redor são dignos de confiança. Cuidado
com os falsos fotógrafos que prometem abrir as portas da fama com
uma sessão de nudez.
SAGITÁRIO (23.11-21.12) Alguns acontecimentos trata demasiadamente
sério. Não lhe prejudicaria um pouquinho de distância de si mesmo
para não ficar desnecessariamente chateado. Não acredite em todos
os rumores, sobretudo quando falam da sua namorada, a namorada dela
e de um clube de dança nocturno.
CAPRICÓRNIO (22.12-20.01) Aproveita o aumento das suas capacidades
intelectuais: aprova todos os exames, talvez defenda a tese, se
conseguir escrevê- la... Mas não resigne de lutar por seus sonhos,
mesmo que tratem de deixar os estudos sem acabá-los. A carreira de
funcionário de limpeza também pode trazer satisfação.
AQUÁRIO (21.01-19.02) Chegam os tempos de tratar da sua saúde:
aproveita a boa posição da lua para fazer os tratamentos de
embelezamento. Não tenha medo de mudança radical do corte do cabelo
ou dos óculos extravagantes: durante o verão o seu sentido de
estilo vai apurar- se. Até uma operação de lipoasouração dará
certo.
PEIXES (20.02-20.03) No verão o dinheiro vai gostar de ti: não se
oponha a gastá-lo loucamente em compras, festas, prendas. Assim
pode-se travar inúmeras amizades. Claro, estas podem durar pouco e
às vezes ser muito interesseiras, mas pelo menos o divertimento
será espectacular, não é?
E já está tudo claro, meus caros. Agora: boa sorte durante as
férias! Vão precisar.... !
18
verde
A Finlândia é um país no norte da Europa, é certo, mas o que mais
podemos dizer sobre este país? O que sabemos? O que pensamos que
sabemos? E daquilo que sabemos o que é verdade? Como no caso de
todos os países, aqui também há vários estereótipos, por exemplo
que a Finlândia é uma terra de neve. Na verdade é, em primeiro
lugar, um país verde, um país de natureza. Como estive lá há só
três semanas atrás, agora posso dizer algo sobre esse tema tão
interessante. Sejam bem-vindos a este pequeno relatório das férias
que passei no norte ‘frio’.
A primeira coisa que vi na Finlândia foram as ilhas no mar Báltico.
O Báltico visto de outro lado, claro. Era tão bonito que, se fosse
possível, ficaria no avião parado acima do mar só para admirar essa
vista maravilhosa. Foi como num sonho: umas pequenas ilhas verdes
no mar azul. Infelizmente não podia fazê-lo porque o avião teve que
aterrar em Helsínquia a uma certa hora... Quando aterrou, olhei
pela janela e vi, de um lado, alguns aviões e, do outro, a
floresta! Foi incrível – a floresta quase no aeroporto.
Depois tive que ir para Tampere, uma cidade a noroeste de
Helsínquia. Soube sempre que a Finlândia era um país pouco povoado,
mas estava realmente surpreendida ao ver apenas quatro ou cinco
pessoas num autocarro grande... Todavia, quanto à população da
Finlândia, geralmente ficam em casa quando não há festas, mas no
dia 1 de Maio toda a gente estava na rua! E quase todos estavam a
beber álcool. Segundo o que dizem os meus amigos que agora vivem na
Finlândia, para os Finlandeses não há mau tempo para beber... E
também cada ocasião é boa para pôr a bandeira nacional numa
haste...
Em geral os Finlandeses são uma nação muito simpática e quase todos
falam inglês. Isto foi extremamente importante para mim porque não
falo finlandês... Felizmente, não tive nenhum problema com a
comunicação. Quanto à língua finlandesa, é bonita quando se ouve,
mas pessoalmente não queria aprendê-la: 15 casos no singular e
plural é demasiado, mesmo para pessoas tão apaixonadas pelas
línguas estrangeiras como eu... Contudo, aprendi algumas palavras
ou expressões. Agora sou capaz de dizer que não falo finlandês (é
uma frase muito importante, não é?): En puhu suomea. (en-não,
puhu-falo,suomea–finlandês.) Conheço também os nomes dos meses,
Maio é Toukokuu. Se alguém quer dizer ‘obrigado’ de uma forma
estranha, pode dizer kiitos. É uma língua bastante difícil, o que
pode ser comprovado pelas pessoas que têm aulas há quase um ano,
cinco vezes por semana, e ainda não são capazes de falar bem e
compreender os Finlandeses. Inglês é muito útil; e muito mais
fácil.
A Finlândia é conhecida por algumas coisas, os Muumi dos contos de
Tove Jansson são uma delas. Em Tampere, como em outras cidades
finlandesas, há lojas só com objectos inspirados nos
personagens deste conto. Há também museus e monumentos dos Muumi, e
há gente que gosta de tudo isso... Mas eu não pertenço a este
grupo...
Outra coisa típica neste país é a sauna. Penso que não tenho de
explicar como é a sauna... Às vezes não se pode aguentar a
temperatura lá dentro, mesmo se não for uma sauna pública, onde
todos põem água nos pedaços do carvão. A humidade até impede a
respiração.
Muita gente quer ir à Finlândia para ver um sítio especial, quer
dizer o país do Pai Natal, a famosa Lapónia. Eu não fui lá, mas
ouvi dizer que é giro, mas sobretudo para as crianças... É um pouco
como um país de brinquedos. Porém, os adultos também podem ir lá
por razões turísticas. Como o dizem numerosas pessoas, a cidade de
Rovaniemi é muito bonita e portanto vale a pena visitá-la. Mas aqui
não posso opinar...
Além disto, no norte pode ver-se neve todo o ano, coisa que não é
possível no sul. Em Tampere, em Maio, ainda havia neve, mas só em
alguns sítios onde se faz esqui. Os lagos estavam gelados e eram
uma vista maravilhosa – todo o lago coberto de gelo, apesar do sol.
É verdade, a Finlândia também é uma terra de sol – na Primavera, no
Verão e no Outono, claro. No Inverno, quando quase não há sol,
Tampere enche-se de luzes em forma do Pai Natal, de vários animais
(por exemplo da famosa rena ou alce) e, obviamente, dos Muumi.
Neste ano, durante o Inverno não havia sol, mas o tempo não estava
tão frio como na Polónia! O nosso inverno foi mais finlandês do que
o da Finlândia!
Neste país do norte há muitos estudantes estrangeiros que,
pobrezinhos, têm de aprender a língua finlandesa, e muitos turistas
de vários países, não só europeus. Para os visitantes, há sobretudo
igrejas para ver. Na maioria são igrejas protestantes, mas há
também algumas igrejas ortodoxas. Enquanto as igrejas protestantes
estão cobertas de várias cores e de ouro, as protestantes são pouco
ornamentadas e, por isso, acho-as muito mais bonitas. Para quem
está farto das igrejas católicas, as protestantes são uma boa
alternativa. E para quem está farto de igrejas em geral, bem,
sempre há museus e lagos. Estes lagos bonitos e
omnipresentes...
Isto é um retrato de um país que conhecemos pouco, embora esteja
bastante perto de nós, logo do outro lado do Báltico. Vale a pena
vê-lo porque é um país diferente, cheio de florestas, vistas
maravilhosas e de gente simpática. Recomendo-o a todos que
gostariam de passar férias ‘com natureza’ em algum sítio ao que
realmente parece faltar a poluição ligada ao desenvolvimento. As
minhas férias foram uma verdadeira maravilha!!
1 - em finlandês: sou polaca, estive na Finlândia.
TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de Aleksandra
JackowskaAleksandra JackowskaAleksandra JackowskaAleksandra
JackowskaAleksandra Jackowska
OLEN POULALAINEN, OLIN SUOMESSA1
INTERESSANTE:
- As palmeiras que crescem no parque são Palmeiras Imperiais
levadas ao Brasil pelo rei Dom João VI.
- A palmeira mais cortejada pelos visitantes foi plantada pelo
compositor Tom Jobim (quem compôs a música da famosa Garota de
Ipanema) e seu filho João Francisco.
- Numa homenagem a Tom Jobim, no parque foi instalada uma estátua
em bronze: um pintor retratando o momento em que Tom e seu filho
plantaram a palmeira no parque.
- As imagens do Parque Lage aparecem nestas produções:
Videoclipes musicais: - Snoop Dogg e Pharell Beautiful - Black Eyed
Peas Don’t Lie
Filmes brasileiros: - Glauber Rocha Terra em transe - Joaquim Pedro
de Andrade Macunaíma
É difícil de crer, mas esta pérola da Cidade Maravilhosa foi recu-
perada e reinau-gurada há apenas 4 anos. Hoje o parque oferece
diversão para todos. As crianças vão adorar descobrir os mistérios
das grutas e observar os peixes no aquário. Para os mais
preguiçosos, tem recantos tranqüilos que criam atmosfera propícia
para meditar. Se gosta de aventuras, pode se banhar num lago criado
por uma linda catarata. Qual é a aventura? É que o acesso é
proibido mas os cariocas não se preocu- pam com tamanhas coisas. E
ainda, as trilhas do parque convidam os amantes do verde a
caminhar, mas, se acham que 52 hectares não é o suficiente, tem uma
outra opção: o caminho aberto até o Corcovado.
Muitas pessoas dizem que caminhar ao pico do Corcovado é muito
agradável, mas um pouco perigoso por causa dos bandidos que
assaltam turistas. As minhas impressões são um pouquinho
diferentes: a caminhada dura mais ou menos 2 horas, o morro é bem
íngreme e o calor insuportável. Passados 30 minutos de passeio,
você vai querer morrer ou pelo menos ser assaltado pelos bandidos,
porque a solidão no meio da mata é inquietadora. Minto, você nunca
está sozinho na Floresta de Tijuca, que está cheia de macacos
maliciosos atirando mangas e ramos em cima dos turistas. É
engraçado, mas atenção: proteja a cabeça!
No Rio de Janeiro, nós, turistas, visitamos os lugares mais comuns,
mais famosos e mais banais. Passamos pela rua Jardim Botânico, no
bairro Jardim Botânico, à procura do famoso Jardim Botânico (mas
que confusão!), e olhamos pelas janelas dos táxis para os muros do
Parque Lage sem imaginar que lá no fundo os cariocas esconderam o
seu tesouro, o lugar mais encantador e intrigante da cidade.
Eu achei-o por causa de um mal-entendido, agora comparto a minha
descoberta com você. Mas não o diga para ninguém mais – afinal, é
um segredo…!
20
Queria ir ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro, sem saber que
Jardim Botânico também é o nome do bairro que contém o jardim
imperial.
- Leve-me ao Jardim Botânico. - Que número? - Não sei, é você que é
taxista. - Mas já estamos na rua Jardim Botânico, que número? - Não
sei, o que quero é chegar ao famoso Jardim Botânico, entende? Com
árvores e flores… - Aqui tem árvores e flores e tem um museu… - Mas
eu quero um parque! - Mais à frente tem um parque.
Rendi-me. No primeiro dia que passei no Rio de Janeiro compreendi
que com os taxistas cariocas não se discute, eles é que sabem
melhor…
Caminhei mais à frente como sugeriu o tipo do táxi, convencida que
é uma perda do tempo. De repente aos meus olhos ofereceu-se a vista
dum portão ornamentado.
Resignada, pensei comigo que era melhor entrar do que seguir
procurando o tal jardim em vão.
Atravessei o portão e encontrei-me numa outra realidade, fiquei
encantada. Estava no Parque Lage.
A história do parque leva-nos ao ano 1575, quando o governador do
Rio de Janeiro, Antônio Salema, instalou o Engenho Del Rei às
margens da Lagoa dos Socos (hoje Lagoa Rodrigo Freitas). Anos
depois a família Rodrigo de Freitas Mello adquiriu a fazenda e
contratou um paisagista inglês para reformar os jardins da
propriedade. A intervenção do arquitecto europeu na vegetação
local, conhecida como Mata Atlântica, teve um efeito surpreendente:
imaginem o parque Ùazienki, tirem os esquilos e pavões e encham-no
de macacos e tucanos; troquem os chorões por palmeiras e adicionem
grutas e cataratas. Gostam? Eu adorei.
Com os novos proprietários, a família Lage, vieram as novas idéias
para reorganizar a fazenda, que passou a chamar-se Chácara
dos Lage. O aspecto atual do parque deve- se em grande parte ao
poder de amor. Nos anos 20 do século passado Henrique Lage casou
com Gabriella Bezanzoni, uma das melhores cantoras de ópera da
época. Foi como prova do amor por ela que mandou construir uma
mansão em estilo eclético, importando azulejos, ladrilhos e
mármores da Itália para adornar o interior da casa. Além disso,
Lage mandou construir grutas artificiais, um castelo e um pequeno
aquário talhado em argila. Tudo para agradar Gabriella. E com
certeza agradou, pois a cantora foi para o Brasil, desistindo da
sua carreira promissora.
Anos mais tarde, Henrique Lage, falido, teve de entregar a quinta
ao Banco do Brasil como pagamento de suas dívidas. A mansão, que
nas décadas de 30 e 40 foi local de grandes festas e saraus
artísticos, preservou a sua aura passando a abrigar a Escola de
Artes Visuais, que oferece diversos cursos de arte, organiza
exposições e peças de teatro. O parque tornou- se uma espécie de
refúgio para vários artistas, e freqüentemente abre novos cursos de
pintura e teatro. No entanto, o parque ficou quase completamente
esquecido.
EM SE PERDENDO É QUE SE ENCONTRA: O PARQUE LAGE
verde
21
A CAÍDA DO HEROE
A luz que imaxinou Caravaggio para o cadro A cea en Emaús é divina
e misteriosa. O Cristo crucificado de Velázquez está inmerso na
escuridade, emerxe das tebras, a luz nace del porque el é a luz1. O
ser que representa Sandro Chia é a imaxe da divindade occidental ou
do divino á fin do século XX. Cores luminosas e en descomposición
que alumean o descendemento dun ser caído sobre a terra. É a pose
final do acto dun ser atordado que semella non saber que lle
aconteceu2. Cando Christopher Reeve, o ser real que leva o disfrace
cae do cabalo feríndose traxicamente, a imaxe do heroe que loita
contra o mal - Superman - sobrevoando o mundo descende cara ao
mesmo lugar que ocupa o actor, convivindo co seu estado
tetrapléxico3. A ficción e a realidade quedan así unidas pola
fraxilidade. Reeve consagrou toda a vida a loitar por vencer a súa
enfermidade, non se resignou, loitando por el e por outros coma el,
por aqueles que son dende agora, dende a caída a súa imaxe e
semellanza. O instante que retrata Chia, enlaza a ilusión profana
do heroe Superman, o misticismo relixioso da divindade e o misterio
sagrado do mito. No retrato asúmese a realidade do ser humano a
través do actor/intérprete4. Esta imaxe é coma unha ventá que nos
abre a consciencia da condición do ser na fin do século, atordado
por máscaras e disfraces que lle ocultan a súa verdadeira
identidade.
O cabalo que expulsou a Christopher Reeve semella Quirón, aquel
Centauro cuxa sabiduría o separaba dos outros centauros, da
condición violenta e loitadora. A visión do centauro
mitoloxicamente aparece asociada á heroicidade e á destreza duns
mozos que protexeron o seu pobo duns bois montando a cabalo5. O
cabalo transfórmase no pedestal sobre o que o home ascende para
sentirse poderoso, asumindo propias a velocidade e vigorosidade do
animal. O cabalo ó que ascendeu Christopher Reeve, obriga ó heroe a
regresar á condición humana que abandonara. Pero accidentalmente,
quizais por carecer da destreza dos mozos tesalienses, nesa
separación o home perde tamén a súa corporalidade, quedando
desactivado, tetrapléxico, sen capacidade de acción. Nesta caída
aparatosa, o ser non ten tempo de desprenderse da súa capa de
heroe, levándoa coma unha á inútil. Icaro ascendeu cara ó sol para
acercarse á visión dos deuses - a relixión cristiá (a de
Christopher e a de Chia) representa a Deus coma un ollo sempre
desperto - e olvidando a súa condición mor- tal acaba derretendo as
súas ás - tan artificiais coma a capa de Superman - e cae ó mar.
Este ser pintado por Chia clausura ese descendemento coa
asimilación e coa aceptación da ferida da mortalidade. Pero a
Superman Quirón lánzao sobre a terra, para que viva e supere a súa
vergoña de verse ferido, para que se enfronte á verdade da súa
fraxilidade.
Chia lanza á divindade sobre o mesmo lugar no que caeu Christo-
pher Reeve6. No estado de derrota, o Sacro Cuore que representa
Chia, parece proceder dun ceo artificial. Cando desperte, xa non
poderá volver a disfrazarse nin de mito nin de divindade nin de
heroe. Esta resignación do heroe, delátase nos rasgos cos que Chia
o retrata. A deformidade da súa estructura, unha á que intenta
transformarse nun brazo, roupaxes que recordan unha armadura, a
vestimenta do combate, unha capa que deixou de voar polos ceos,
abandonándose á inercia. En definitiva, é un ser sen vontade de
ser, cun rostro desencaixado que recorda unha máscara resignada
trala caída. O corazón rodeado de espiños e o único signo sagrado -
sen el xa nada nos indicaría á divindade - sostido por unha man
doutro mundo, nun xesto que recorda esas mans das rodaxes
cinematográficas que sosteñen nas tomas unha táboa pequena para
tomar nota da secuencia. Parece que vaia desaparecer, que só veu
para levar o trofeo que acaba de extraer, o último signo sagrado
que lle quedaba ó ser. Esta imaxe é a fin dunha loita que xa se
rodou. Esta escena é a fin do acto, e esas estrelas que representa
Chia son luces do atordamento; ou tal vez da festa celebrada en
honor á súa derrota; ou son flores lanzadas á area, ó escenario
mentres aínda está inconsciente, tiradas por aqueles que son coma
el. Luces traxicómicas, fogos de artificio para iluminar a escena,
para a celebración terreal do regreso ó profano. O superhome de
acción tropeza así co home de ficción. Imaxinamos a secuencia
completa: no seu desexo de ser inmortal, de acceder ó firmamento, ó
ceo dos deuses, o ser ascende. E no traxecto, mentres navega
mirando á luz da divindade, alcanza os límites onde as imaxes xa
non son posibles, e tropeza contra luces artificiais, contra un
satélite que lle obriga a descender. E atordado cae a terra
estrelándose. Esas luces que orbitan ó seu redor son o recordo das
estrelas ás que accedeu no seu voo. Son como as luceciñas deses
carteis luminosos que aparecen nas cidades. Quizais caeu en Las
Vegas, lugar apropiado para a época desencantada que vivíu Chia,
cidade de catedrais luminosas, pagás, destinadas a albergar e a
recoller ós perdidos (ou perdedores) como este Corazón de Chia.
Lugar para soñar eternamente cunha victoria, con gañar eternamente
xogada tras xogada, asumindo a despersonalización coma a condición
do home posmoderno.
O eu real, así, non posúe disfrace, está antes do rostro, el é
antiface. Se algo cambiou na idea da inmortalidade á fin do século,
é a imaxe do mundo. Imaxe luminosa e eternamente acendida na que
non hai lugar para a escuridade - como en Velázquez - nin para a
convivencia das luces e as tebras, do claroscuro - como en
Caravaggio -. Un mundo irreal, que - como o ollo da divindade - non
descansa7.
O meu corazón voaba ledo, coma un paxaro, E libre planaba, entorno
á cordame;
O navío vogaba un ceo sen nubes, Coma un anxo ebrio de sol
resplandecente
“Unha Viaxe a Cítera. CXVI”
As Flores do mal, Charles Baudelaire
22
TTTTTexto deexto deexto deexto deexto de Martín Caeiro,
Universidade de VigoMartín Caeiro, Universidade de VigoMartín
Caeiro, Universidade de VigoMartín Caeiro, Universidade de
VigoMartín Caeiro, Universidade de Vigo
Mundo sen misterio, espiado por ollos xa non divinos se non
artificiais: polos satélites do ciberespacio. É deste lugar do que
parece caer este Sacro Cuore, aínda inconsciente. Tal vez esa luz
estraña que se albisca con timidez por detrás do corazón estea
anunciando a nova posibilidade que se entreabre na artificialidade.
É aí, nese escenario de artificios onde o novo corazón se ilumina
por unha luz eléctrica, de bombilla, facendo xogo coa imaxe do home
e co mundo no que se atopa. Como Christopher Reeve transmitíu, a
vontade do home é descravarse da cruz (máquina) e vencer a parálise
do humanismo industrial. Por iso este Sacro Cuore parece un ser
exiliado, desterrado do ceo, descielado, reexpulsado (unha vez
máis) do reino prometido para que habite na terra e asuma as
condicións do seu destino. Fronte a esta expulsión, a esta ultraxe
este ser ¿que di? ¿Acaso ten voz? Na volta ó mundo, non só se lle
inmovilizan os membros, a parálise invade todas as súas vontades e
enmudece8. Semella que ó despertar dirá algo ¿Revelará a verdade?
Pero ¿que dicir ante a consciencia de ter perdido a compostura, de
verse fóra do escenario? Aínda ó seu pesar, cos restos da armadura,
na fin da transformación, simulando o canto dos cisnes que só
cantan cando auguran a súa morte, chorará entre risas alucinado por
seguir sendo mortal.!
“O evanxelio de Pedro relata así como unha vez que Cristo foi
descravado da cruz, e colocado no chan,
a terra púxose a temer, e o sol brillou de novo.”9
5 “Monstros fabulosos medio-homes e medio-cabalos, nacidos segundo
uns de Centauro, fillo de Apolo e Estilbia, filla de Perseo e das
eguas de Magnesia; ou segundo outros de Irión e de Nube. Os
mitólogos derivan este nome de Kenstein, picar e Taurus, touros
porque os tesalienses, que sobresaían entre os gregos na
equitación, adquiriron esta habilidade combatendo cos touros.
....Segundo conta Paladato... unha manada de bois ou touros
enfurecéranse e asolaban osarredores do monte Pelión; algúns mozos,
despois de adestrar os seus cabalos, emprenderon libertar o país
daquelas feras que todo o destruían, o cal conseguiron pola súa
destreza na equitación ou arte de montar”. J.F.M.Nöel, Diccionario
de mitoloxía universal, Tomo I Edicións comunicación, 1991,
p.99.
6 “Pero Superman é mito a condición de ser unha criatura inmersa na
vida cotiá, no presente, aparentemente ligado ás nosas propias
condicións de vida e de morte, por moi dotado de facultades
superiores que estea. Un Superman inmortal deixaría de ser un home,
para converterse en Deus, e a identificación do público coa súa
dobre personalidade... caería no baleiro.” Umberto Eco,
Apocalípticos e integrados, Editorial Lumen, 1968—2001, p.232. Por
iso esta personaxe dá o paso definitivo cara ó ser mortal
distanciándose (ou desprendéndose) definitivamente da inmortalidade
divina, deixando ó home a soas consigo mesmo, á intemperie,
alonxado de tempos metafísicos, botado en terra, obrigado a ollar
cara si para atopar —tal vez— a mortalidade esquencida.
7 “Diríase que tivo lugar unha explosión sobre todo o planeta. Unha
luz crúa arrebata da sombra ata o mínimo resto” escribía Ernst
Jünger respecto a esta iluminación que aclara a realidade do mundo.
[...] Con este DÍA FALSO, produto da iluminación das
telecomunicacións, xorde un sol artificial...”, Paul Virilio, A
Bomba informática, Cátedra, 1999 , pp..22-23. O mesmo nos di José
Jiménez, que O anxo caído unifica a luz artificial e a imaxe dos
satélites impenetrables, insensibles:“En último termo, a
luminosidade dos astros é unha luminosidade petrificada, &aacut