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. Valdete Kanagusko Itikawa Universidade Presbiteriana Mackenzie Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para a obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo Orientadora: Profª Drª Angélica A. Tanus Benatti Alvim MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

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Valdete Kanagusko Itikawa

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para a obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo

Orientadora: Profª Drª Angélica A. Tanus Benatti Alvim

MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO.Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings:Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

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I89m Itikawa, Valdete Kanagusko. Mananciais e urbanização : recuperação ambiental na Sub-bacia Billings :

os bairros ecológicos em São Bernardo do Campo – São Paulo (1997 a 2007) / Valdete Kanagusko Itikawa – 2008.

213 p. : il. ; 30 cm

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Pres-biteriana Mackenzie, São Paulo, 2008.

Orientadora: Profa. Dra. Angélica A. Tanus Benatti Alvim Bibliografia: p. 197-205. 1. Mananciais. 2. Urbanização. 3. Proteção e recuperação ambiental. 4. Sub-bacia Billings. 5. Bairro ecológico. 6. Habitação. I. Título. CDD 711.4

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Aprovada em ___________________

BANCA EXAMINADORA

Profª Drª Angélica Aparecida Tanus Benatti AlvimUniversidade Presbiteriana Mackenzie

Profª Drª Gilda Collet BrunaUniversidade Presbiteriana Mackenzie

Prof. Dr. José Luiz Caruso RoncaUniversidade de São Paulo

MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO.Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings:Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Valdete Kanagusko Itikawa

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito para a obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo

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A Seiji, Karen e Leonardo ...

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agradecimentos

À Dra Angélica Aparecida Tanus Benatti Alvim, minha eterna gratidão, que com paciência, constante acompanhamento, incentivo e competência, me fez concluir esta empreitada.

À minha família:

Aos meus pais pelo exemplo e força que deixaram.

Ao Seiji, meu marido, grande companheiro e amigo.

Aos meus filhos Karen e Leonardo por entenderem a importância deste estudo.

Ao Dr. José Luiz Caruso Ronca, pelos importantes comentários e sugestões apresentadas no momento do exame de qualificação.

À Dra Gilda Collet Bruna pelos ensinamentos e incentivo no decorrer do curso.

Ao Dr. José Flávio Cury, grande amigo, que sempre colaborou e me incentivou em vários momentos de minha vida profissional, pela revisão do presente trabalho.

À Ligia dos Santos Zucchini, amiga de longa data, pelo apoio emocional oferecido sempre em hora oportuna e pela tradução e revisão do Resumo.

Aos funcionários e amigos da Secretaria de Habitação e Meio Ambiente, Departamento de Meio Ambiente: Especialmente à Diretora Sonia Lima de Oliveira Claudionor Camillo Márcia Celestino Macedo Vera Rotondo Marinaldo Faustino NegreirosLiliana Bise Jucewicz

Departamento de Habitação: Wagner de Andrade Carlos Alberto Scatena Carlos Alberto Gonçalves Edson Kawashima

Aos funcionários e amigos da Secretaria de Planejamento: Ronald Honorato Moreira Valter Ferrari Doroti Mori Marcos Tatiyama Silas Martins

Às funcionárias da Caixa Econômica Federal: Inês Hanada Emeri Massutti

Aos meus amigos e colegas de trabalho do Programa de Transporte Urbano em São Bernardo do Campo/ UCP-BID: Consórcio Enger/ Paulo Oliveira/Prime Em especial ao Cláudio Cunhae ao José Figueiredo MeiArtur AnísioEduardo CeconeloFabíola PagliariniGabriel Arvelino de PaulaGilberto Santos Lima Ivan Vianna Lucas BraiteMárcia VarellaMárcia Nogueira Michele da Costa SantosMirian Paz Martinez Regiane Pinheiro Machado

Pela editoração e revisãoFrancine SakataGuilherme Marinho

Aos moradores dos Bairros Ecológicos, Jovelina Francisca José de Oliveira

Ao Procurador do Estado de São Paulo Daniel Smolentzov

Aos professores e funcionários da Pós-Graduação Mackenzie, pelo incentivo à realização deste trabalho.

Ao Mack Pesquisa pelo apoio financeiro.

Ao CNPq, pela oportunidade de participar na Pesquisa “Das políticas ambientais e urbanas às intervenções: os casos das Sub-bacias Guarapiranga e Billings no Alto Tietê, Região Metropolitana de São Paulo”, sendo desenvolvida por professores e alunos da FAU Mackenzie e coordenada pela Profª. Drª. Angélica A. T. B. Alvim, na qual se insere este trabalho

A todos que participaram e apoiaram direta ou indiretamente este trabalho.

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resumo

Estudo das políticas ambientais vigentes na Região Metro-

politana de São Paulo e da política urbana do Município

de São Bernardo do Campo, com ênfase no Bairro dos

Alvarenga. Análise do processo de ocupação no Municí-

pio de São Bernardo do Campo no contexto da Sub-bacia

Billings e a inter-relação com a região metropolitana, das

principais legislações ambientais que incidem sobre a

Sub-bacia Billings e o Município de São Bernardo do Cam-

po entre 1997 e 2007. A articulação entre essas legislações

e a política urbana e de seus principais instrumentos nas

intervenções nos Bairros Ecológicos, em particular, no

Bairro Ecológico Jardim dos Pinheiros e Bairro Ecológico

Jardim Carminha, salientando os avanços e os problemas

nas ações de recuperação. Considerações mais relevantes

analisando os parâmetros e conflitos a serem superados

para um desenvolvimento sustentável do território.

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abstract

Study of the environmental policies prevailing in the Me-

tropolitan Region of São Paulo and of the urban policy

of São Bernardo do Campo municipality, with emphasis

on the Alvarenga District. Analysis of the process of ur-

banization in São Bernardo Municipality, in the context

of the Billings sub-basin and the interrelationship with

the Metropolitan region. The main environmental legis-

lation that concerns with the Billings sub-basin and São

Bernardo Municipality between 1997 and 2007. The links

between these laws and the urban policies and its main

intervening instruments in the Ecological Districts. In par-

ticular, in the Jardim dos Pinheiros Ecological District and

in the Carminha Ecological District, highlighting the ad-

vances and problems in the recovering actions. The most

important considerations in analysing parameters and

conflicts to be overcome for a sustainable development

of the territory.

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INTRODUÇÃO

1. URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO – RMSP

1.1 Urbanização e Meio Ambiente em área de mananciais: conceitos e categorias de análise

1.2 Ocupações irregulares e favelas em áreas frágeis: identificação dos conflitos

1.3 A urbanização das Áreas de Proteção aos Mananciais na RMSP (1960-2000)

1.3.1 A Região Metropolitana de São Paulo e Área de Proteção aos Mananciais: aspectos demográficos

1.3.2 A ocupação urbana na Sub-bacia Billings 1.3.2.1 Represa Billings: concepção, construção, finalidades e

degradação

2. A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

2.1 Antecedentes: a legislação dos mananciais da década de 1970

2.2 A Nova Lei de Proteção e Recuperação dos Mananciais (1997)

2.2.1 O papel do Subcomitê Billings-Tamanduateí2.3 O projeto de Lei Específica para a Sub-bacia Billings

3. O MUNICÍPIO DE SÃO BERNANRDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

3.1 O Município de São Bernardo do Campo3.1.1 O Município de São Bernardo do Campo e as

condições das moradias nas áreas dos mananciais3.2 A política urbana recente e as diretrizes sócio-

ambientais3.2.1 Plano Diretor Municipal – Lei 5.593/2006 e

antecedentes

11

17

21

24

29

3137

44

49

54

586668

7982

96

102

103

sumário

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4. AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

4.1 As ações decorrentes do Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais no Bairro dos Alvarenga

4.2 O Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)4.3 Os bairros ecológicos em São Bernardo do Campo e

a aplicação do TAC4.3.1 O Bairro Ecológico Jardim Canaã4.3.2 O Bairro Ecológico Nosso Senhor do Bonfim4.3.3 O Bairro Ecológico João de Barro

5. BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

5.1 Aspectos a serem equacionados na produção do espaço em áreas protegidas.

5.1.1 O caso da Favela Carminha5.1.2 O caso do Jardim dos Pinheiros

CONCLUSÃO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

118

124128

132139142144

149

153156170

189

197

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INTRODUÇÃO

O equilíbrio entre a preservação ambiental e a intervenção do ser humano no

meio ambiente, necessária à urbanização de uma região é uma questão cuja resposta

é sempre complexa, difícil e que, apesar dos avanços dos estudos nestas áreas, ainda é

dúbia e imprecisa. Todas as especificidades a respeito da interface destas duas questões,

só foram levantadas cientificamente nas últimas cinco décadas.

Isto acontece por que a questão é permeada pelo papel central que a água de-

sempenha no sistema ambiental. Elemento de união e vínculo entre os ecossistemas

de uma determinada região, a água é essencial para a manutenção da vida sobre este

território.

O impasse entre a recuperação urbana e a proteção de mananciais é um embate

polêmico. Desde meados da década de 1950, a diversificação dos usos múltiplos agra-

vados pelo aumento de demanda devido ao crescimento demográfico e à expansão

urbana desordenada, aliado à falta de uma política pública integrada e eficiente, afeta-

ram a qualidade e quantidade desse recurso.

Na Região Metropolitana de São Paulo – RMSP, a escassez da água e a poluição dos

maiores reservatórios de abastecimento da população tendem a se agravar, decorrentes

das ocupações irregulares e precárias que invadem as áreas protegidas. Isso impõe a

busca de novos modelos de planejamento e gestão que garantam a disponibilidade de

água em quantidade e qualidade necessárias à gerações futuras.

Com o intuito de recuperar, preservar ou minimizar os impactos nessas áreas, des-

de a década de 1990, o Estado vem instituindo uma “Nova Política de Mananciais” – Lei

Estadual nº 9.866/1997. Tal política prevê a formulação e implementação de instrumen-

tos específicos no âmbito de cada bacia, com ações descentralizadas e participativas

que envolvem Estado, municípios e diversos setores da sociedade. Busca-se assim, im-

plementar um novo modelo de gerenciamento dos recursos hídricos que articule as

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

demais políticas que atuam naquele território, principalmente as urbanas, de respon-

sabilidade dos municípios.

Entretanto, apesar da gravidade da situação, foi aprovada, até então, somente a

Lei Específica da Sub-bacia da Guarapiranga – Lei Estadual nº 12.223 de 16/01/2006. Na

Sub-bacia Billings, o projeto de lei, recentemente elaborado, encontra-se em processo

de aprovação na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Embora esta legislação

esteja em processo de aprovação, o projeto de lei tem sido utilizado como referência

para as políticas urbanas e vice versa, instituídas estas por exigência da Lei Federal

10.257 de 2001, o Estatuto da Cidade.

No contexto da Sub-bacia Billings, o município com maior extensão territorial e

que possui um dos mais expressivos contingente populacional − São Bernardo do Cam-

po − possui cerca de 1/3 de seu território situado em área de proteção de mananciais,

a qual vem sendo paulatinamente ocupada por assentamentos precários sem infra-

estrutura, poluindo e degradando o meio ambiente.

Recentemente, a elaboração e aprovação de um novo Plano Diretor – Lei Munici-

pal 5.593 de 5/10/2006 com vistas a atender os princípios do Estatuto da Cidade – Lei

Federal nº 10.257 de 10/07/2001 – coloca o município frente ao desafio de pensar a es-

cala local articulada às questões ambientais que envolvem a sub-bacia, principalmente

no que diz respeito aos conflitos do morar versus preservar.

Entretanto, a efetividade desse instrumento depende da implementação de políti-

cas urbanas e ambientais articuladas com intuito de melhorar a qualidade de vida das

populações que ali habitam e, conseqüentemente integrá-las ao meio ambiente.

No contexto do município de São Bernardo do Campo, ações de recuperação têm

sido implementadas no âmbito de alguns bairros.

Fruto de reflexões que orientam um conjunto de pesquisas em andamento1, esta

dissertação de mestrado tem como objetivo geral discutir em que medida as ações

de recuperação que atualmente vêm ocorrendo em áreas de proteção dos mananciais

inserem-se dentro do novo modelo que orienta a política ambiental em curso na Bacia

do Alto Tietê, RMSP.

1 Essa dissertação de mestrado – “Mananciais e Urbanização. Recuperação Ambiental na Sub-Bacia Billings: os Bair-ros Ecológicos em São Bernardo do Campo – São Paulo (1997 a 2007)”, insere-se numa pesquisa maior ”Das políticas ambientais e urbanas às intervenções: os casos das sub-bacias Guarapiranga e Billings no Alto Tietê, Região Metro-politana de São Paulo” a qual tem subsídio do CNPq (483878/2007-3), sendo desenvolvido por professores e alunos da FAU Mackenzie e coordenado pela Profª. Drª. Angélica A. T. B. Alvim. A pesquisa tem como objetivo discutir os limites e os desafios da integração das políticas urbanas às políticas ambientais, além dos possíveis conflitos entre políticas regionais, urbanas e intervenções localizadas que incidem principalmente nas áreas protegidas na Região Metropolitana de São Paulo – RMSP.

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Parte-se do pressuposto que a nova política ambiental definida no âmbito da nova

lei de proteção e recuperação dos mananciais e decorrente de legislações específicas,

sinaliza novas perspectivas para a preservação e recuperação dessas áreas, por meio

de uma política descentralizada com participação igualitária nos processos decisórios.

Entretanto, a sua efetividade dependeria de uma articulação com as políticas urbanas

em curso e também da implementação de um conjunto de ações na escala local que

visassem de fato recuperar as áreas degradadas, promovendo a qualificação urbanística

e ambiental bem como a melhoria da qualidade de vida dos seus habitantes.

A partir do estudo de caso dos bairros ecológicos do município de São Bernardo do

Campo o objetivo específico desta pesquisa é analisar as principais ações em curso, dis-

cutindo em que medida existem interfaces com as diretrizes promovidas pela política

ambiental em processo discussão na Sub-bacia Billings e com a política urbana deste

município. Busca-se principalmente analisar se as ações implementadas nos bairros

ecológicos selecionados procuram minimizar os principais conflitos decorrentes da in-

terlerrelação entre o processo de ocupação desordenada da região e o meio ambiente,

particularmente quanto aos recursos hídricos que formam a bacia hidrográfica.

Defende-se nesta pesquisa, que é no âmbito da escala local, onde são identifi-

cados os principais conflitos, o local no qual estão os elementos fundamentais para

tomada de decisões e implementações de ações que buscam alcançar a sustentabilida-

de socioambiental desta região.

Para tanto, esta pesquisa procura discutir a problemática das ocupações irregulares

e sua relação com a degradação ambiental em área de preservação de mananciais, bem

como a atuação do Estado e a participação da sociedade civil na solução de conflitos

referentes aos impactos sobre os recursos hídricos em áreas protegidas. Investigaram-

se as intervenções e as articulações das políticas urbanas às políticas ambientais na

Sub-bacia Billings, particularmente no município de São Bernardo do Campo, em ca-

sos identificados como paradigmáticos. Tais casos, de um modo geral, atendem as

estratégias definidas como prioritárias para o desenvolvimento sustentável das cidades

brasileiras, as quais usam de um dos principais instrumentos da intervenção, envol-

vendo acordo entre Ministério Público, Prefeitura e Comunidade local – o Termo de

Ajustamento de Conduta – TAC2.

Desse modo, a metodologia da pesquisa baseou-se na análise das relações e con-

flitos definidos no âmbito dos principais conceitos que envolvem urbanização e meio

ambiente, e no conjunto das políticas ambientais e urbanas propostas para a Sub-bacia

2 Trata-se de um pacto estabelecido por iniciativa do Ministério Público (MP) para mitigação de danos, equilibrando os interesses sociais (direito a moradia) à proteção dos interesses difusos (direito ao meio ambiente saudável). O assunto será melhor discutido no item 4.2.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Billings, na RMSP, enfocando particularmente a política urbana do município de São

Bernardo do Campo. Trata-se de pesquisa bibliográfica envolvendo conceitos específicos

e também uma pesquisa documental envolvendo leis e documentos sobre a temática

estudada na RMSP.

No âmbito dos Bairros Ecológicos, foram sistematizados os casos considerados

exemplos referenciais relevantes ao estudo pretendido e analisados à luz de princípios

estabelecidos pelas políticas urbanas e ambientais. Para tal, foram feitos levantamentos

de campo para conhecimento das áreas de estudo, análise dos cadastros municipais e

processos de alguns Bairros Ecológicos considerados referenciais, material cartográfico

e iconográfico, entrevistas com técnicos e atores que participaram do processo de pla-

nejamento, gestão e intervenções dos casos.

Após uma breve análise de vários bairros ecológicos, foram selecionados dois ca-

sos: os Bairros Ecológicos Jardim Carminha e Jardim dos Pinheiros. Neles verificaram-se

um conjunto de ações que buscam uma qualificação urbana e, ao mesmo tempo, pre-

tendem contribuir para a melhoria dos mananciais. Com base no entendimento dos

conflitos que ocorrem entre a urbanização e o meio ambiente, explorados na parte

conceitual, tais ações foram discutidas a partir dos seguintes aspectos: o contexto/mo-

tivação em que se insere o projeto; os atores envolvidos, destacando principalmente o

envolvimento da comunidade no processo de recuperação ambiental; as intervenções

projetadas/realizadas envolvendo a implantação do assentamento; a unidade habita-

cional; as redes de infra-estrutura de saneamento – redes de água, esgoto, drenagem,

resíduos sólidos – a acessibilidade - circulação e transportes; o espaço Público, os equi-

pamentos de saúde, educação e lazer; e as ações que envolvem geração de emprego e

renda.

O recorte temporal definido para a pesquisa envolve o ano de 1997, quando foi

promulgada a “Nova Política de Mananciais” – Lei Estadual nº 9.866 de 28/11/1997, que

prevê a formulação e implementação de instrumentos específicos no âmbito de cada

bacia com ações descentralizadas e participativas que envolvem Estado, municípios e

diversos setores da sociedade; até 2007, quando foi aprovado um dos seus principais

instrumentos , a minuta de Lei Especifica da APRM-Billings, pouco após a aprovação do

novo Plano Diretor de São Bernardo do Campo.

Todo o esforço para se configurar este estudo, desenvolvendo os itens acima referi-

dos, está consolidado nesta dissertação.

No capítulo 1 analisa-se o processo de ocupação urbana da Sub-bacia Billings e a

inter-relação desse processo com a Região Metropolitana de São Paulo, e assim busca-

se entender as principais questões relativas à expansão urbana, que ocasionaram a

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degradação dos mananciais. Inicialmente, busca-se analisar os principais conceitos re-ferentes às relações entre a urbanização e o meio ambiente, distinguindo, sobretudo os conflitos identificados por alguns autores. Nestes conceitos, apoiaram-se os conceitos operacionais e as categorias de análise, que orientaram a análise dos casos escolhidos. A seguir, foram observados os principais aspectos do processo de urbanização da RMSP a partir da década de 1950 até as tendências recentes observadas no âmbito da Sub – bacia Billings.

O Capítulo 2 aborda as legislações sobre áreas de proteção dos mananciais na RMSP. Na primeira parte sintetiza-se a legislação de Proteção dos Mananciais da década de 1970 e em seguida apresenta-se a Nova Lei de Proteção e Recuperação de Manan-ciais 9.866/1997, os aspectos que envolvem o Plano Emergencial de Recuperação de Mananciais3, bem como o projeto de Lei Especifica da Sub-bacia Billings. Busca-se, neste capítulo, compreender a importância da adoção da bacia hidrográfica como uni-dade físico-territorial de planejamento, a criação dos comitês de bacias e seu papel na gestão dos recursos hídricos bem como o principal instrumento de gestão da bacia – a lei específica - que embora ainda não aprovada é foi uma referência para a legislação urbana em curso.

O Capítulo 3 caracteriza o município de São Bernardo do Campo, e discute o seu novo Plano Diretor – Lei 5.593/2006, destacando os aspectos que envolvem a Área de Proteção aos Mananciais, em particular, suas interfaces com a nova política ambiental definida no âmbito do projeto de lei específica da Sub-bacia Billings. Verifica-se qual o papel do Plano Diretor de SBC em disciplinar o território para que haja um desen-volvimento econômico, social, ambiental e espacial equilibrado e uma melhoria da qualidade de vida população e do ambiente, particularmente nos bairros que estão na área de proteção dos mananciais.

O objetivo do capítulo 4 é apresentar as principais ações implementadas pelo Plano Emergencial de Recuperação de Mananciais em São Bernardo do Campo, com destaque ao Bairro dos Alvarenga local aonde se situa a maioria dos bairros ecológicos. Este plano, implementado a partir da nova lei de mananciais de 1997, vem deflagrando outras ações, particularmente a implementação de um dos principias instrumentos uti-lizados para as ações de recuperação urbanística e ambiental - o Termo de Ajustamento de Conduta – o TAC, um compromisso firmado entre Ministério Público, prefeitura e comunidade moradora, para a permanência nas áreas de mananciais. Neste contexto,

são apresentados aspectos gerais dos bairros ecológicos.

3 O Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais foi possibilitado pela Nova Lei dos Mananciais – Lei 9.866/97, e regulamentado pelo Decreto nº 43.022/98, permitindo obras emergenciais em áreas de mananciais, quando houver riscos à saúde da população, de deslizamentos, de inundações ou comprometimento dos mananciais. As obras previstas são: abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem, contenção de erosão, estabilização de taludes, fornecimento de energia Elétrica, controle das águas e revegetação. (ALVIM,2003)

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16

MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

No capitulo 5 pretende-se analisar os dois casos selecionados, considerados para-

digmáticos, os Bairros Ecológicos Jardim Carminha e Jardim dos Pinheiros, tendo em

vista avaliar em que medida vêm sendo equacionados os principais conflitos que ocor-

rem nas áreas de mananciais destacando quais os principais aspectos que contribuem

para a recuperação urbana, ambiental e social destes bairros. Pretende-se também,

observar à luz dos instrumentos de planejamento (Plano Diretor de São Bernardo do

Campo e Projeto de Lei Especí-fica da Billings) que inserem na Sub-bacia Billings, se as

ações aplicadas nestes casos, estão contribuindo para a articulação entre as políticas

urbanas em ambientais desta sub-bacia.

Ensejamos, outrossim, que este estudo, sobre a importante questão da interrelação

entre a preservação ambiental e a ocupação urbana de área de proteção dos manan-

ciais, seja do interesse de todos, visto que se trata de conceitos da maior importância

para a própria existência e o desenvolvimento sustentável do Município de São Bernar-

do e de toda a Região Metropolitana da Grande São Paulo.

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1. URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NAREGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO– RMSP

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19

O ano de 2007 marca o momento em que metade da população mundial passa

a morar nas áreas urbanas. Segundo dados da ONU, cerca de três bilhões de pessoas –

metade da população mundial – estão vivendo e trabalhando em áreas urbanas. Para

Tibaijuka (2008)1 : “[...] isso poderia ser motivo para comemoração, já que as cidades

são centros de criatividade e desenvolvimento econômico”. Entretanto ela adverte que

um em cada três de seus moradores vivem em favelas – algo como 1 bilhão de pessoas

– e 90% estão localizados em países em desenvolvimento.

Principalmente no decorrer do século XX, os problemas advindos da urbaniza-

ção acelerada acentuam-se e atualmente ganham dimensões que soam alarmantes,

principalmente nos países considerados “em desenvolvimento”2. Particularmente nas

grandes cidades destes países, a maior parte da população urbana vive em condições

inadequadas e enfrenta vários problemas, principalmente os ambientais.

Neste cenário, os mais sérios problemas que as cidades atualmente vivenciam in-

cluem o enorme número de desabrigados, a expansão de assentamentos irregulares, o

aumento da pobreza e da crescente desigualdade entre os ricos e os pobres, a ausência

de recursos financeiros, de oportunidades de empregos, a insegurança e os altos índices

de criminalidade, o baixo estoque de imóveis para moradias, a deficiência de serviços

1 TIBAIJUKA, Anna (subsecretária-geral da Organização das Nações Unidas). Entrevista. In: O Estado de São Paulo (jornal), Caderno Metrópole, 18 Fev.2008. Disponível em: http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080218/not_imp126254,0.php. Acesso em 15 Mar.2008.

2 Os paises membros da ONU são classificados de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que vão de 0 a 1. Os critérios de avaliação consideram taxa de alfabetização, expectativa de vida, renda, entre outros. Os países de regiões desenvolvidas são os que têm índices mais altos, os menos desenvolvidos ou Least Developed Country (LDC) possuem os mais baixos. Para ONU, um país não pode ser classificado em seu desenvolvimento somente por seus rendimentos. Vários índices auxiliam na análise: o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH); o Índice de Pobreza Humana 1 (IPH-1), dentre outros. Os países desenvolvidos possuem os índices IDH e renda per capita elevados, porém se houver desigualdades nos fatores mensurados em determinado país, este precisará passar por uma readequação até atingir a classificação de país desenvolvido, sendo considerado um país em desen-volvimento. Disponível em: http://www.pnud.org.br/arquivos/rdh/rdh20072008/hdr_20072008_pt_complete.pdf. Acesso em 15 Set.2008. São considerados regiões em desenvolvimento os países da África, Américas excluindo a América do Norte, Caribe, Ásia excluindo o Japão, Oceania excluindo Austrália e Nova Zelândia. Disponível em: http://unstats.un.org/unsd/methods/m49/m49regin.htm#developed. Acesso em 15 Set.2008

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

e infra-estrutura – particularmente de saneamento básico e transportes, falta de equi-

pamentos de saúde e educação, uso impróprio do solo, insegurança quanto à posse da

terra, aumento dos congestionamentos de trânsito e da poluição, áreas verdes escassas,

desenvolvimento urbano desordenado e aumento da vulnerabilidade a desastres am-

bientais.

Dentro desse contexto, a Região Metropolitana de São Paulo – RMSP, principal

metrópole do Brasil, enfrenta problemas decorrentes de sua intensa e acelerada urba-

nização, ocorrida principalmente a partir da década de 1950, que assumem maiores

dimensões nas áreas ambientalmente frágeis.

Importante é observar que o processo de urbanização da RMSP associa-se em um

primeiro momento, entre 1950 e 1980, com a implantação das bases da indústria pe-

sada brasileira ocorrida durante a década de 1950, e o crescimento populacional é

decorrente da forte migração advinda de outras cidades brasileiras, particularmente

daquelas localizadas nos estados do Norte e Nordeste do País. Num segundo momen-

to, embora o crescimento populacional encontre-se consolidado, o que se observa é a

intensificação do movimento populacional interno, onde as áreas centrais se esvaziam

e as áreas periféricas vão sendo paulatinamente ocupadas, particularmente aquelas

áreas consideradas impróprias à ocupação urbana, entre elas as que estão em torno dos

mananciais de abastecimento de água.

Embora a RMSP tenha sido objeto de várias legislações3 que procuram estabelecer

normas relativas à proteção do meio ambiente, principalmente das áreas que se situam

junto aos mananciais de abastecimento de água, o processo de ocupação urbana nestas

áreas tem se dado de forma indiscriminada e de modo bastante desorganizado.

Neste contexto de intensa industrialização, a represa Billings4, o maior reservatório

de água da RMSP, que foi inicialmente idealizada para armazenar água para geração de

energia elétrica e viabilização da industrialização da RMSP e de Cubatão5, na Baixada

Santista, degrada-se intensamente. A reversão dos rios Tietê e Pinheiros nos anos 19516

para aumentar a geração de energia na Usina Hidrelétrica Henry Borden em Cubatão

acrescida do contínuo despejo de esgotos domésticos nos dois principais rios da metró-

3 As Leis de Proteção dos Mananciais irão ser discutidas nos itens 2.1 e 2.2.

4 A represa Billings representou e ainda representa importante papel no desenvolvimento econômico da RMSP tanto no abastecimento da população da região do ABC, geração de energia, controle de cheias e ainda transfere milhões de litros d’água diariamente para a Guarapiranga através do braço do Taquacetuba. Disponível em: http://www.institutoacqua.org.br/index.php?inc=artigos.php&id=3. Acesso em: 05 Out.2008

5 Esse assunto será estudado no item 1.2.2.1. Concepção, construção, finalidades e degradação da represa Billings

6 O Rio Pinheiros passa a ser bombeado para a sub-bacia Billings a partir de 1951 com a ativação da elevatória da Usina Traição. (ALVIM, 2003)

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Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

pole, bem como o avanço da ocupação urbana nos municípios do ABCD paulista (Santo

André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema) foram os principais

motivos desta degradação.

O quadro fica mais crítico as altas taxas de crescimento populacional, que durante

as duas últimas décadas que estiveram em 4,5%, de 1980 a 1991, e em 1,9%, de 1991

a 2000. De acordo com o Censo Demográfico de 2000, viviam na sub-bacia cerca de

863.000 pessoas, destas, mais de 160.000 estão em aglomerações subnormais. (IBGE.

CENSO, 2000)

Este capítulo tem como principal objetivo discutir o processo de ocupação urbana

da Sub-bacia Billings no contexto da Região Metropolitana de São Paulo, buscando en-

tender os principais conflitos decorrentes do avanço da urbanização e da degradação

dos mananciais. Procura-se, inicialmente, de forma sucinta, entender os conceitos que

envolvem as relações entre a urbanização e o meio ambiente, destacando particular-

mente os conflitos identificados por alguns autores. Nesta etapa, busca-se definir os

conceitos operacionais e as categorias de análise que serão fundamentais para o estudo

dos casos escolhidos. Em seguida, destacam-se os principais aspectos do processo de

urbanização da RMSP a partir da década de 1950 até as tendências recentes observadas

no âmbito da Sub-bacia Billings.

1.1 URBANIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE EM ÁREA DE MANANCIAIS: CONCEITOS E CATEGORIAS DE ANÁLISE

A urbanização é um fenômeno relativamente recente. Mesmo a Europa, há 150

anos, era um continente predominantemente rural. Porém, como já colocado, a popu-

lação urbana do mundo aumentou muito rapidamente no decorrer do último século,

sendo que atualmente, mais da metade da população mundial vive em áreas urba-

nas7.

7 O total da população mundial era de 6.615,9 milhões de habitantes, sendo que 50% viviam em áreas urbanas (ONU, 2007). Para o Fundo de População das Nações Unidas – UNFPA, neste ano de 2008, a população urbana ultrapassou a rural.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

O processo de urbanização ocorreu de maneira distinta nos diversos países e con-

tinentes do mundo. Nos países considerados “desenvolvidos”8 foi principalmente a

industrialização e a modernização do setor agropecuário, que ocasionou a transferência

de pessoas do campo para a cidade. Já nos países “em desenvolvimento”, o processo de

urbanização foi decorrente principalmente das condições inadequadas de vida e pou-

cas oportunidades de trabalho em áreas predominantemente rurais.

Principalmente nos países desenvolvidos, o processo de urbanização sucedeu-se

gradativamente, permitindo que as cidades se preparassem para absorver os migrantes

advindos das áreas rurais, com melhorias na infra-estrutura urbana e aumento na ge-

ração de empregos.

Já nos países em desenvolvimento, a urbanização é um fenômeno que ocorre com

maior intensidade principalmente depois da Segunda Guerra Mundial. Para Antonucci

et al. (2008, p.123), as transformações da economia mundial, tendo por base a expansão

do sistema capitalista, vão influenciar decisivamente a urbanização de centros urbanos

localizados em países periféricos.

“Naquela ocasião, o consumo em massa constituiu um dos vetores básicos para a reprodução do capital, apoiando-se principalmente no desenvolvi-mento do Welfare State ou Estado do Bem Estar Social que passou a proteger o salário, o emprego, o sistema previdenciário, o sistema de saúde, o sistema habitacional, além de outros serviços sociais no contexto mundial.” (Idem, p.109)

Para Harvey (1989), a industrialização dos países em desenvolvimento foi decor-

rente dos interesses dos países desenvolvidos, principalmente dos Estados Unidos, com

suas economias recuperadas no pós-guerra, que buscaram expandir os domínios de

suas produções e mercados de consumo.

Nos países em desenvolvimento, o êxodo rural ocorreu devido às péssimas con-

dições de vida encontradas no campo, em função da estrutura fundiária bastante

concentrada, dos baixos salários, da falta de apoio aos pequenos agricultores, das téc-

nicas obsoletas de cultivo, etc. Neste caso, a zona urbana representava uma perspectiva

de melhoria na qualidade de vida e, por esta razão, um expressivo contingente popula-

cional migrou para as grandes metrópoles, como a Região Metropolitana de São Paulo

– RMSP, criando uma série de problemas urbanos.

8 São considerados países de regiões desenvolvidas os países da América do Norte e Europa, o Japão, a Austrália e Nova Zelândia. Os países desenvolvidos possuem renda per capita e IDH elevados. Disponível em: http://unstats.un.org/unsd/methods/m49/m49regin.htm#developed. Acesso em 15 Set.2008

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Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

Importante ressaltar que, nas metrópoles dos países em desenvolvimento, o de-

senvolvimento dos setores secundário e terciário não conseguiu acompanhar o intenso

ritmo da urbanização, nem atender a demanda do fluxo migratório. Como conseqü-

ência, houve o inchaço das cidades e emergiram as deficiências na infra-estrutura de

saneamento, habitações, escolas, hospitais; além de aumentar a poluição, os congestio-

namentos de tráfego, o desemprego, os problemas sociais e a violência.

Além disso, essas cidades consomem grandes quantidades de recursos como água

e alimentos, enquanto produzem uma grande quantidade de lixo. Esses recursos, que

já eram escassos, ficaram seriamente ameaçados.

De um modo geral, não havia uma preocupação com as limitações dos recursos

naturais, nem mesmo nos países desenvolvidos. Para se alcançar o desenvolvimen-

to econômico ou urbano, os recursos naturais são usados indiscriminadamente até a

exaustão ou degradação. Somente com a escassez de alguns recursos, caso dos hídricos,

sociedades e governos passam a se preocupar com temas ambientais.

Especialistas enfatizam que a urbanização descontrolada e sem planejamento, típi-

ca das grandes cidades dos países em desenvolvimento, tem se dado de forma espraiada

pelo território, e na maioria das vezes atinge áreas ambientalmente frágeis, como áreas

de mananciais, ocasionando conflitos sócio-espaciais e ambientais tais como: a geração

de grandes volumes de esgotos in natura lançados nos leitos dos rios por indústrias e

residências, a remoção da cobertura vegetal e obras de terraplenagem, que poluem e

obstruem os canais dos rios.

Na maioria dos casos, os danos ambientais são provocados sobretudo pela po-

pulação pobre que ocupa áreas protegidas, construindo suas moradias sem nenhum

conhecimento técnico ou ambiental. Para a implantação das habitações são desma-

tadas grandes áreas, executados cortes e aterros, deixando o solo desprotegido das

intempéries, assoreando os cursos d’água e prejudicando a produção de água.

Para Maricato (1997), os problemas ambientais ocorridos nas áreas que legalmente

estão protegidas estão associados à falta oferta de moradia inserida em áreas urbanas

centrais. Nas palavras da autora:

“Qualquer análise superficial das cidades brasileiras revela relação dire¬ta entre moradia pobre e degradação ambiental. [..] O que interessa chamar atenção aqui é que grande parte das áreas urbanas de proteção ambiental estão ameaçadas pela ocupação com uso habitacional pobre, por absoluta falta de alternativas. As conseqüências de tal processo atingem toda a cida-de, mas especialmente as camadas populares.” (MARICATO 1997, p.65/66)

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Associado a este contexto, o aumento da população urbana de um modo geral

demanda também maior produção de água para abastecimento público. A disponibi-

lidade de água, atualmente considerada um recurso escasso, vai sendo comprometida

com a degradação das bacias, ocasionada principalmente pela ocupação urbana sem

critério ou mesmo planejamento. Atualmente, é concenso entre aqueles que trabalham

com a questão que é muito difícil reverter um quadro de ocupação urbana em áreas

cuja urbanização deveria ser controlada a priori. Diversas políticas e ações são imple-

mentadas para minimizar os efeitos decorrentes deste processo.

A identificação do conjunto de conflitos relacionados à urbanização versus prote-

ção das bacias hidrográficas é fundamental para orientar tais ações as quais devem ir

ao encontro tanto da melhoria da qualidade ambiental de uma determinada região

quanto da qualidade de vida das pessoas que ali habitam.

1.2 OCUPAÇÕES IRREGULARES E FAVELAS EM ÁREAS FRÁGEIS: IDENTIFICAÇÃO DOS CONFLITOS

Como já colocado, os principais danos aos mananciais são causados pela popu-

lação carente, que tem como última alternativa os assentamentos precários: favelas,

loteamentos clandestinos e irregulares.

Estas formas de ocupação, embora muitas vezes possam ser confundidas, são

juridicamente e conceitualmente são distintas. Para análise que se pretende nesta dis-

sertação é necessário distinguir tais diferenças.

Primeiramente, o conceito de loteamento definido pela Lei Federal nº 6.766/1979

(art. 2º § 1º), como “a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com abertu-

ra de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação

ou ampliação das vias existentes”. Esta Lei define o tamanho mínimo do lote, ligações

com serviços públicos e espaços livres para circulação e para atividades comunitárias.

Os loteamentos, segundo Holston (2007), podem ser divididos em quatro tipos: o

legal, o irregular, o clandestino e o grilado.

Conforme Holston (id.), o loteamento legal, o mais raro de ser encontrado, é o que

atende a todas as Específicações físicas e burocráticas. O loteamento irregular pode ser

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Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

legitimamente adquirido e registrado pelo empreendedor imobiliário, mas não possui

obras de infra-estrutura ou não atende normas sanitárias ou urbanísticas. O loteamento

clandestino não possui aprovação legal do Município e do Estado, nem matrícula no

cartório de registro de imóveis, apesar da terra pertencer ao empreendedor. Já o lotea-

mento grilado é vendido por um grileiro9, que não tem titularidade da terra e que, por

muitas vezes, utiliza-se de documentos fraudados.

A favela10, segundo diversos especialistas, é a alternativa existente para aqueles

que não têm condições de comprar um imóvel. A favela é definida como:

[...] assentamento habitacional espontâneo, localizado em área pública ou particular, de forma ilegal em relação à propriedade do solo e cujas edifi-cações encontram-se em desacordo com as leis de uso e ocupação do solo, independentemente do número de unidades habitacionais existentes e das tipologias construtivas dos domicílios. (ALMEIDA; ABIKO, 2000, p.7)

Em 1950, o IBGE considerou como favelas, os aglomerados humanos que possu-

íssem, total ou parcialmente, as seguintes características: agrupamentos prediais ou

residenciais formados com unidades de número geralmente superior a 50; predomi-

nância de casebres ou barracões de aspecto rústico; construções sem licenciamento e

sem fiscalização, em terrenos de terceiros ou de propriedade desconhecida; ausência,

no todo ou em parte, de rede sanitária, luz, telefone e água encanada; área não-urba-

nizada, com falta de arruamento, numeração ou emplacamento. Os censos do IBGE,

desde então, basicamente se pautam nesta definição, usando nacionalmente a deno-

minação de aglomerado subnormal, para denominar, o que conhecemos por favela.

(PRETECEILLE; VALLADARES, 1999, p. 462)

As favelas, de um modo geral, localizam-se em áreas ambientalmente frágeis: bei-

ra de córregos, fundos de vales inundáveis, áreas de mangues, encostas íngremes, áreas

de proteção ambiental, entre outras.

Na maioria das situações que se relacionam à degradação ambiental observam-se

uma proliferação de loteamentos irregulares e ou favelas. Segundo Ermínia Maricato

(2006, p. 7), a solução para proteger áreas ambientalmente frágeis em meio urbano

seria oferecer uma alternativa de moradia para população de renda baixa inserida na

9 Segundo o Houaiss (2000), grileiro é a pessoa que se apodera ou procura apossar-se de terras alheias, mediante fal-sas escrituras de propriedade. Disponível em: http://dic.busca.uol.com.br/result.html?q=grileiro&group=0&t=10. Acesso em 30 Ago.2008.

10 A palavra favela origina-se de um arbusto com sementes oleaginosas, freqüente no sertão brasileiro do Nordeste. Nos fins do século XIX, soldados que retornavam da Guerra de Canudos e não tinham para onde ir ocuparam o Mor-ro da Providência no Rio de Janeiro com suas barracas. Então diziam que havia tantas barracas quanto as favelas (os arbustos) no sertão. (TASCHNER, 1997)

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

cidade evitando assim, a segregação urbana ou o isolamento desta população conside-

rada excluída pela sociedade.

Atualmente a remoção de um número tão grande de pessoas de áreas frágeis é

inviável. Nos grandes centros urbanos, as políticas habitacionais de interesse social não

têm sido suficientes. Para o mercado imobiliário, lotes ou imóveis disponíveis são muito

caros para receber habitações de interesse social. Os investimentos públicos não dão

conta do déficit habitacional.

Por um lado, enquanto não surgem soluções para resolver essa crise, essas aglome-

rações irregulares, apontadas como as principais causadoras de poluição de mananciais,

continuarão em situação de conflito entre o direito adquirido constitucionalmente à

moradia11 e a preservação ambiental. Por outro, as ações antrópicas em áreas frágeis

são geradoras de conflitos socioambientais, seja pela construção de moradias, apropria-

ção de recursos naturais, poluição ou mesmo quando visam os interesses econômicos.

A degradação dos mananciais da sub-bacia Billings revela conflitos relativos ao

uso da água. Para Fracalanza (2002, p. 36 a 38), os conflitos de apropriação da água12 se

relacionam à criação de valor ou perda de valor, tanto pela utilização da água, quanto

pela apropriação do espaço no qual a água encontra-se territorializada.

Como exemplo, essa autora explica que quando a água é utilizada para geração

de energia elétrica em detrimento ao abastecimento público, ocorre a valorização pela

quantidade de água disponível e não pela qualidade. Isso ocorreu quando, nos anos

1940, iniciou-se a reversão do Rio Pinheiros aumentando a sua vazão em direção à

represa Billings e com isso viabilizou-se a produção de energia elétrica. Entretanto, por

outro lado, pode-se dizer que houve perda de valor em relação à qualidade de água

daquela represa, que recebeu uma enorme quantidade de efluentes advindos de outras

áreas da metrópole e com isso perdeu seu potencial de abastecimento público.

Outros conflitos são bastante elucidados por Ricardo Toledo Neder (2002, p.105-

110), discutindo a relação entre a degradação ambiental e a exclusão social nas

grandes cidades brasileiras. Para este autor, grande parte da população brasileira está

na condição de excluídos da cidade urbanizada e ambientalmente adequada e, é de

11 O direito a moradia é previsto no Capitulo II Artigo 6º da Constituição Federal e pelo Estatuto da Cidade, Lei 10.257/2001, que regulamenta os artigos constitucionais (182 e 183) que tratam da política urbana, garantindo o direito às cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, e instrumentos para a atuação do Poder público que pode, em última medida, desapropriar a terra.

12 Análise desenvolvida na tese de doutoramento de FRACALANZA (2002, p.14), primeiramente diferencia a água uti-lizada para suprir necessidades essenciais dos organismos vivos: o elemento natural água, do recurso hídrico - que é a apropriação pelo Homem como um meio para se atingir um fim, nas atividades que envolvem trabalho. Sendo então tratados como conflitos pelos usos dos recursos hídricos ou simplesmente como conflitos pela água.

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Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

fundamental importância a extensão dos serviços públicos, principalmente de abaste-

cimento de água potável, esgotamento sanitário e melhoria das condições ambientais

nos bairros e assentamentos precários.

Neder (ibidem) define os aspectos básicos que devem ser considerados em rela-

ção às ações nos assentamentos precários: a questão fundiária e habitação popular, a

saúde pública, o saneamento e abastecimento d’água, os recursos hídricos e regulação

pública ambiental.

A seguir, uma síntese dos principais pontos identificados pelo autor:

Questão fundiária e habitação popular – relaciona-se às políticas de regula-•

rização fundiária urbana, zoneamento, uso e ocupação do solo, políticas de

habitação, etc. - conhecidas como legislação urbanística e edilícia.

Saúde pública – controle sanitário e epidemiologia.•

Saneamento – abastecimento d’água e saneamento básico •

Recursos hídricos – para as populações urbanas, indústrias e agricultura, além •

de saneamento básico. A prioridade foi para o consumo doméstico seguido do

industrial e da agricultura.

Regulação pública ambiental – poluição atmosférica e hídrica, regulação sobre •

licenciamento ambiental para obras industriais e de infra-estrutura urbana e

regional, proteção de mananciais urbanos e regionais, licenciamento para di-

visão do solo urbano em áreas com restrição ambiental e proteção de parques

estaduais em zonas urbanas ou conurbadas.

Há, também, os conflitos relativos ao sistema viário, que segundo MARINS (2007),

quando vias são implantadas próximas às áreas ocupadas irregularmente podem indu-

zir a expansão ou consolidação urbana.

O transporte público é fundamental para classe de renda baixa moradora nas áre-

as de mananciais, a qual em sua maioria não dispõe de condução própria. Entretanto,

as facilidades com a interligação com centros urbanos incentivam ainda mais a ocupa-

ção de áreas frágeis.

O Quadro 1.1, a seguir, relaciona um conjunto de conflitos identificados pelos di-

versos autores, especialistas nestas questões, que devem ser equacionados em áreas

ambientalmente frágeis, particularmente aquelas que estão em áreas dos mananciais,

ocupadas de forma irregular e precária.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

13 APP – Área de Preservação Permanente

14 HIS – Habitação de Interesse Social

Quadro 1.1. Quadro síntese dos principais conflitos identificados por diversos autores em áre-as ambientalmente frágeis (mananciais) com ocupações irregulares

Fonte: Quadro elaborado pela autora baseado em: ALVIM (2003), FRACALANZA (2002), NEDER (2002), MARINS (2007), TRIPOLONI (2008)

Quadro 1Quadro 1Quadro 1Quadro 1

Indiretos: problemas noabastecimentoProliferação de insetos e doenças

Diretos: contaminação dolençol freático

Indiretos: poluição dos mananciais

Diretos: produção menorde energia

Direto: assoreamento epoluição dos corposd’águaIndireto: provocamenchentesDireto: prejudica asobrevivência de pescadores e das atividades envolvidas com lazerImpactos ambientais

Indireto: poluição edepauperização dos recursos naturais

Indiretos: problemas noabastecimento de água

Sane

amen

to b

ásic

oSa

neam

ento

bás

ico

Sane

amen

to b

ásic

oSa

neam

ento

bás

ico

Diminuição do volume de água assoreamento e poluição provocado pelas ocupações irregulares

Ocupações irregulares, comércio e indústriasAtividades de lazer e pesca

Volume de água

Energia

Rec

urso

s hí

dric

os

Ocupações irregularescomércio e indústrias

As águas das chuvasprovocam a erosão dossolos desnudos ecarream tudo para oscorpos d’água.

A impermeabilização dosolo e a falta de drenagemadequada das águaspluviais provocamenchentes

Drenagem

Conflitos Diretos /Conflitos Diretos /Conflitos Diretos /Conflitos Diretos /Indiretos com Relação à águaIndiretos com Relação à águaIndiretos com Relação à águaIndiretos com Relação à água

Ocupações irregulares, comércio e indústriasAtividades de lazer e pesca

Necessidade de coleta seletiva e reciclagem com disposição em local adequado

Lançados a céu aberto, enterrados ou queimados

Dificuldade em encontrar meios para a regularização fundiária em APMNão transgredir normas legais e ambientais. Permanência da população em APM. Áreas muito adensadas DesmatamentosMovimentos de terra

Necessidade de coleta,afastamento outratamento

Ocupações irregulares, comércio e indústriasAtividades de lazer e pesca Geração de energia

Alta demanda por moradias -

HIS14 Impossibilidade de remoção de toda população que mora ilegalmente em APM

Habitações precárias sem infra-estrutura localizadas em áreas de risco - encostas e áreas inundáveis despejando dejetos nos cursos d água Atividades de lazer e pescaGeração de energiaAbastecimento

HabitaçãoHabitaçãoHabitaçãoHabitação

Diretos: Assoreamentoe poluição dos corposd'água, interferem naqualidade e quantidadede água

Ocupações irregularesPreservação ambiental Atividades de lazer e pescaGeração de energiaAbastecimento

Indiretos: problemas noabastecimento de água

Indiretos: Problemas noabastecimento dapopulação e de outrasatividadesDiretos: assoreamentodos cursos d’água,contaminação do lençolfreático

Indiretos: Problemas noabastecimento dapopulação e de outrasatividades

Implantação sem critério, não respeita os aspectos físicos (curvas-de-nivel, topografia,etc) DesmatamentosMovimentos de terraLotes menores que o permitido

APPs13, encostas,áreas inundáveis,área de proteçãoambiental e demananciais

Implantação doImplantação doImplantação doImplantação doassentamentoassentamentoassentamentoassentamento

Ocupações irregulares, comércio e indústrias Geração de energia

A poluição das águas tem acarretado na diminuição ou mortandade dos peixesNecessidade de controle da pesca e lazer predatórios

A deterioração das águas em afastando os turistase prejudicando a pesca

Lazer e pesca

A depauperização dosrecursos naturais na Sub-bacia

Áreas verdes,flora e fauna

A implantação de sistema viário sem considerar os aspectos físicos da área, acarreta impactos ambientais Implicam na valorização dos imóveis induz a expansão e consolidação urbana em áreas de baixa densidade.

Ocupações irregulares, comércio e indústriasGeração de energiaLazer e pesca

Necessidade de conservar, proteger e recuperar o ambiente definindo normas/legislações claras em relação ao meio ambiente

Os acessos viários e otransporte público são essenciais para a vida urbana

Sistema viário etransportes

As ocupações irregulares desprovidas de infra-estrutura de saneamento básico lançam seus efluentes líquidos e sólidos no ambiente.Indústrias que poluem sem a preocupação ambiental

Doenças transmitidas porágua contaminada com esgotos humanos, dejetos animais, lixo e metais pesados

Saúde pública

Diretos: interferem naprodução de água e na sua qualidade e quantidade

Indiretos: poluição demananciais e problemas no abastecimento de água

ResíduosResíduosResíduosResíduossólidossólidossólidossólidos

Ocupações irregulares; comerciais e indústriasGeração de energiaAtividades de lazer e pesca

Poluição das águas Baixa disponibilidade de água

Alta demanda de águada população da RMSP

AbastecimentoAbastecimentoAbastecimentoAbastecimentopúblicopúblicopúblicopúblico

Diretos: interferem naprodução de água e na sua qualidade e quantidade

Ocupações irregulares, comércio e indústriasGeração de energiaLazer e pesca

Ocupações irregulares, comércio e indústriasGeração de energiaLazer e pesca

Indiretos: problemas noabastecimento de água

Diretos: interferem naprodução de água e na sua qualidade e quantidade

Esgotamento sanitárioEsgotamento sanitárioEsgotamento sanitárioEsgotamento sanitário

Lançamento de esgotosem tratamento a céuaberto

Quadro síntese dos principais conflitos identificados por diversos autores em áreas ambientalmente frágeis (mananciais) com ocupações irregularesQuadro síntese dos principais conflitos identificados por diversos autores em áreas ambientalmente frágeis (mananciais) com ocupações irregularesQuadro síntese dos principais conflitos identificados por diversos autores em áreas ambientalmente frágeis (mananciais) com ocupações irregularesQuadro síntese dos principais conflitos identificados por diversos autores em áreas ambientalmente frágeis (mananciais) com ocupações irregulares

Ocorrências eOcorrências eOcorrências eOcorrências eDemandasDemandasDemandasDemandas

CaracterísticasCaracterísticasCaracterísticasCaracterísticasGeraisGeraisGeraisGerais

Conflitos de InteressesConflitos de InteressesConflitos de InteressesConflitos de InteressesEntre UsosEntre UsosEntre UsosEntre Usos

UsosUsosUsosUsos

Diretos: qualidade equantidade da água paraabastecimentoIndiretos: menorprodução de energia

Diretos: poluição doscursos d’água

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29

Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

1.3 A URBANIZAÇÃO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS NA RMSP (1960-2000)

A urbanização das áreas de mananciais na Região Metropolitana de São Paulo –

RMSP está fortemente relacionada ao processo de expansão urbana aliada a ausência

de políticas urbanas e habitacionais para a classe baixa.

A política desenvolvimentista das décadas 1950 e 1960, atrelada aos fortes investi-

mentos em sistema viário e energia elétrica, possibilitou a implantação das indústrias

na RMSP. Logo, a região transformou-se num pólo econômico fomentando a migração

de uma população advinda de outras regiões do país em busca de empregos e melhores

oportunidades.

Importante colocar que, nessa ocasião, ocorreu um intenso aumento de demanda

por moradias, decorrente principalmente pela forte corrente migratória que chega à

RMSP. Entretanto, o problema já havia sido observado desde a década de 1940, de-

corrente dos efeitos do Plano de Avenidas de Prestes Maia e da instituição da Lei do

Inquilinato. O Plano de Avenidas, elaborado pelo Engenheiro Francisco Prestes Maia

em 1930, preconizava uma cidade moderna de crescimento ilimitado, baseada em um

sistema de vias radioconcêntricas e o transporte sobre pneus, o principal modo de des-

locamento (ABASCAL; BRUNA; ALVIM, 2007). Sua implementação, ocorrida a partir da

década de 1940, quando Prestes Maia se torna prefeito de São Paulo, consagra o sistema

viário como um importante indutor da urbanização periférica, por um lado, demolindo

inúmeras moradias para abertura de vias e deixando grande parte dos desapropriados

desassistidos e, por outro, possibilitando a ocupação de áreas mais longínquas. A Lei do

Inquilinato de 194215 contribui para agravar a situação, uma vez que induz a população

pobre, sem renda suficiente para aquisição de imóveis nas áreas centrais e sem a pos-

sibilidade do aluguel, a optar por construir a “casa própria” em loteamentos distantes,

nas periferias das cidades da RMSP. (MARTINS, 2006, p. 56)

No texto que sintetiza o relatório do Brasil na Conferência do II Habitat realizado

em 1996 em Istambul, Turquia, Fernandes16 aponta que, entre 1940 e 1970, a urba-

nização se concentra principalmente nos grandes centros urbanos da região Sudeste,

determinada principalmente pelo intenso êxodo rural. A rápida urbanização e conse-

qüente metropolização no período de 1950 a 1980, ocorre principalmente nas cidades

15 A Lei do Inquilinato de 1942 congelava o valor dos aluguéis, retraindo o mercado de habitações de aluguel e am-pliando o de compra e venda. (MARTINS, op.cit.,)

16 Nelson Chaffun sintetizou o “Relatório Brasileiro sobre os Assentamentos Humanos” de FERNANDES, Marlene In: “Habitat: As práticas bem sucedidas em habitação, meio ambiente e gestão urbana nas cidades brasileiras”, 1996.

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30

MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

onde foram instaladas as bases da expansão da atividade industrial. (ANTONUCCI et al.,

2008, p. 110)

O acentuado crescimento demográfico induz à expansão urbana da RMSP, alcan-

çando as áreas de várzeas e as regiões onde se localizam os mananciais. Os vetores de

expansão urbana foram induzidos pelos vetores de circulação, principalmente o sis-

tema viário, que teve papel fundamental na ocupação de faixas lindeiras de cursos

d’água, culminando na maior parte dos casos com a sua retificação e canalização. “Além

de promover impactos diretos ao ambiente, a implantação de infra-estrutura viária

envolvendo áreas ocupadas irregularmente funcionou como catalisador de crescimento

urbano” ao facilitar a conexão das áreas frágeis com o restante da metrópole. (MARINS,

op.cit)

Nesse contexto, principalmente a partir da década de 1970, a ocupação desorde-

nada e precária – considerada de habitações subnormais – atingiu as áreas de proteção

dos mananciais, colocando em risco o abastecimento de água da RMSP. Inicialmente

observa-se um processo de produção dos loteamentos irregulares em função do baixo

custo dos lotes naquela área e diante da impossibilidade de aprovação de lotes pe-

quenos. Em seguida, observa-se a incidência de invasões em áreas destinadas ao uso

público nos loteamentos regularizados antes da instituição da lei dos mananciais – as

favelas. Ou seja, mesmo nos loteamentos que passaram por um processo de aprova-

ção, ocorria um conjunto de irregularidades, particularmente porque as áreas vazias

destinadas ao uso comum dos loteamentos populares, consideradas pela legislação de

parcelamento17 como áreas verdes, foram freqüentemente invadidas por favelas.

A partir dos anos 1980, a RMSP passa por uma transformação produtiva que irá pro-

mover uma desconcentração da indústria em direção a outras áreas do estado (interior)

e país. De forma geral, reflexos serão sentidos no movimento populacional principal-

mente porque a metrópole deixa de atrair um contingente populacional significativo.

Entretanto, observa-se um movimento populacional interno à área metropolitana que

combina crescimento populacional na periferia com o esvaziamento das áreas centrais.

Ou seja, observa-se ao mesmo tempo a chamada periferização devido às altas taxa de

crescimento populacional dos municípios periféricos e uma desaceleração do processo

de metropolização, com conseqüente redução no ritmo de crescimento dos municípios-

núcleos das metrópoles. (MENEZES, 1996 p. 24)

17 A lei do parcelamento do solo urbano, lei nº 6.766 de 19 de dezembro de 1979 (alterada pela Lei 9.785, de 29 de janeiro de 1999). As áreas públicas – sistema de circulação, equipamento urbano e comunitário, espaços livres de uso público, serão proporcionais à densidade de ocupação prevista para a gleba. A percentagem de áreas públicas, conforme Capitulo II, art. 4º, inciso IV § 1º, “não poderá ser inferior a 35% (trinta e cinco por cento) da gleba, salvo nos loteamentos destinados ao uso industrial cujos lotes forem maiores do que 15.000m² (quinze mil metros qua-drados), caso em que a percentagem poderá ser reduzida”. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6766.htm. Acesso em 15 Out.2008.

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31

Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

De acordo com Bógus e Pasternack (2008), a expansão periférica foi um fenômeno

que caracterizou o processo de ocupação da RMSP e de muitas outras regiões brasileiras,

no que se refere às áreas urbano-metropolitanas, até fins da década de 1980. Em todas

elas as taxas de crescimento populacional dos municípios-núcleo das áreas metropoli-

tanas, que coincidentemente são também capitais estaduais, foram sistematicamente

inferiores às dos demais municípios do entorno, produzindo regiões metropolitanas

adensadas, espraiadas e com grandes contingentes de população pobre.

Na década de 1990, reforçando as tendências observadas nos anos de 1980, os

municípios situados em áreas de mananciais, ao contrário do município de São Paulo,

apresentaram altas taxas de crescimento populacional, fato que contribuiu em muito

para a degradação ambiental desta região e, portanto na degradação das águas das

represas de abastecimento público.

1.3.1 A Região Metropolitana de São Paulo e Área de Proteção aos Mananciais: aspectos demográficos

A Região Metropolitana de São Paulo é considerada a de maior importância eco-

nômica do país18. Formada de 39 municípios19 possui um território de 7.947,2 km² de

extensão, sendo 2.208,9 km² (2002) de área urbanizada e 4.116,3 km² (2007) de Área de

proteção aos mananciais, conforme Tabela 1.1 abaixo. (EMPLASA, 2007)20.

18 A RMSP foi reconhecida legalmente em 1973 pela Lei Complementar no 14 de 8 de junho de 1973 . Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp14.htm. Acesso em: 10 Jul.2008

19 Os 39 municípios componentes da RMSP são: Arujá, Barueri, Biritiba Mirim, Caieiras, Cajamar, Carapicuíba, Cotia, Diadema, Embu, Embu-Guaçu, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Guararema, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira, Juquitiba, Mairiporã, Mauá, Mogi das Cruzes, Osasco, Pira-pora do Bom Jesus, Poá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Salesópolis, Santa Isabel, Santana do Parnaíba, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Lourenço da Serra, São Paulo, Suzano, Taboão da Serra e Vargem Grande Paulista.

20 Disponível em: http://www.emplasa.sp.gov.br/portalemplasa/EncontrosMetropolitanos/IME/RMSP-Indicadores%20 Selecionados.pdf Acesso em 24 Ago.2008.

Tabela 1.1. Aspectos Físico-Territoriais da RMSP

Fonte: EMPLASA, 2007

Tabela 1Tabela 1Tabela 1Tabela 1

Aspectos físico-territoriais da RMSPAspectos físico-territoriais da RMSPAspectos físico-territoriais da RMSPAspectos físico-territoriais da RMSP

Aspecto físico-territorialAspecto físico-territorialAspecto físico-territorialAspecto físico-territorial DadosDadosDadosDados UnidadeUnidadeUnidadeUnidade

Área totalÁrea totalÁrea totalÁrea total 7947,2 Km²

Área urbanizada (2002)Área urbanizada (2002)Área urbanizada (2002)Área urbanizada (2002) 2208,9 Km²

Área de proteção aos mananciaisÁrea de proteção aos mananciaisÁrea de proteção aos mananciaisÁrea de proteção aos mananciais 4116,3 Km²

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Segundo dados do IBGE Censo 2000, apresentados na Tabela 1.2, a população da

RMSP21 em 2000 era de 17.878.703 habitantes. Estima-se que, atualmente, a população

aproxime-se de 19.500 mil habitantes (2007), sendo a taxa de urbanização de quase

95%, ou seja, quase que totalmente urbanizada.

21 A Região Metropolitana de São Paulo figura entre os cinco maiores aglomerados urbanos do mundo, incluindo Tóquio, no Japão, com 35,7 milhões e Nova York (Estados Unidos), Cidade do México (México) e Mumbai (Índia), todas com 19 milhões de moradores. Fonte: Jornal O Estado de São Paulo Publicado em: 27 Fev.2008 Disponível em: http://www.estado.com.br/editorias/2008/02/27/cid-1.93.3.20080227.20.1.xml Acesso em 15 Set.2008

Sem querer exaurir o assunto, uma breve análise da velocidade de crescimento

populacional da metrópole por meio das taxas de crescimento geométrico em décadas

anteriores é importante, para situar em que contexto e em que intensidade ocorre a

ocupação das áreas de proteção dos mananciais.

Neste contexto histórico, é importante entender a evolução da população por meio

da análise das Taxas de Crescimento Geométrica Anual (TGCA).

Na década de 1990 (1991 – 2000) e início dos anos 2000 (2001 a 2007), a taxa de

crescimento do município de São Paulo (MSP) não apresentou um índice significativo.

Neste contexto, vale a pena observar que a taxa de crescimento do MSP foi de 0,9% ao

ano, demonstrando uma tendência à estabilização.

Embora a população total seja bastante significativa, observa-se que as taxas

geométricas de crescimento anual – TGCA são pequenas quando comparadas a perío-

dos anteriores: entre 1991 e 2000 a taxa registrada pelo Censo de 2000 foi de 1,65% ao

ano e sua projeção de 2000 a 2007 é de 1,33% ao ano.

A Tabela 1.3 apresenta a população e a taxa média anual de crescimento popula-

cional do Município de São Paulo – MSP e da Região Metropolitana de São Paulo – RMSP

de 1920 até 2000.

Tabela 1.2. Região Metropolitana de São Paulo – Aspectos Demográficos (2007)

fONTE: EMPLASA, 2007

Tabela 2Tabela 2Tabela 2Tabela 2

DemografiaDemografiaDemografiaDemografia AnoAnoAnoAno UnidadeUnidadeUnidadeUnidade DadosDadosDadosDados

População censitária 2000 Pessoas 17 878 703

Crescimento anual (TGCA) 1991/2000 % 1,65

População residente estimada 2007 Pessoas 19 586 265

Crescimento anual (TGCA) 2000/2007 % 1,33

Taxa de urbanização 2007 % 94,9

Densidade demográfica 2007 hab./km2 2 465

Região Metropolitana de São Paulo – Aspectos Demográficos (2007)Região Metropolitana de São Paulo – Aspectos Demográficos (2007)Região Metropolitana de São Paulo – Aspectos Demográficos (2007)Região Metropolitana de São Paulo – Aspectos Demográficos (2007)

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Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

Entre 1920 e 1980, as taxas de crescimento anual registradas eram bastante ele-

vadas. Entre 1920 e 1930, o crescimento populacional da região estava atrelado ao

crescimento do Município de São Paulo e à migração estrangeira. Vale lembrar que,

desde o início do século XX, São Paulo vinha sendo alvo de fortes correntes migratórias

advindas do exterior em função das oportunidades que a lavoura do café gerou parti-

cularmente no interior do Estado. A implantação de uma rede ferroviária que ligava o

interior com o porto de Santos, para o escoamento e exportação do café, constituiu no

município de São Paulo um nó de rotas de transporte importante para o seu desenvol-

vimento. Tal fato foi fundamental para a implantação de um setor industrial no início

do século XX.

A partir de 1929, com a crise do café, reforçou-se o processo de migração do campo

para a cidade. A abundância de mão-de-obra somadas ao desenvolvimento de outras

atividades impulsionadas pela economia cafeeira: estrada de ferro, bancos, eletricida-

de, comércio, algumas indústrias e serviços urbanos, favoreceram o estabelecimento da

indústria pesada na região.

Tabela 1.3. População e Taxa Média Anual de Crescimento (TGCA) de 1920 a 2000 do Municí-pio de São Paulo e da Região Metropolitana de São Paulo

Fonte: Censos demográficos do IBGE 1940, 1950, 1960, 1970,1980, 1991 e 2000.

Tabela 3Tabela 3Tabela 3Tabela 3

PopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulação(hab.)(hab.)(hab.)(hab.)

Taxa Média AnualTaxa Média AnualTaxa Média AnualTaxa Média Anualde Crescimento (%)de Crescimento (%)de Crescimento (%)de Crescimento (%)

PopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulação(hab.)(hab.)(hab.)(hab.)

Taxa Média AnualTaxa Média AnualTaxa Média AnualTaxa Média Anualde Crescimento (%)de Crescimento (%)de Crescimento (%)de Crescimento (%)

1920192019201920 579.033 4,5 702.248 4,3

1940194019401940 1.326.261 4,2 1.568.045 4,1

1950195019501950 2.198.096 5,2 2.662.786 5,4

1960196019601960 3.781.446 5,6 4.854.414 6,2

1970197019701970 5.885.475 4,5 8.078.287 5,2

1980198019801980 8.475.380 3,7 12.549.856 4,5

1991199119911991 9.512.545 1,2 15.089.744 1,9

2000200020002000 10.398.576 0,9 17.807.926 1,7

Município de São PauloMunicípio de São PauloMunicípio de São PauloMunicípio de São Paulo(%)(%)(%)(%)

Região Metropolitana de São PauloRegião Metropolitana de São PauloRegião Metropolitana de São PauloRegião Metropolitana de São Paulo(%)(%)(%)(%)

População e Taxa Média Anual de Crescimento (TGCA) de 1920 a 2000 doPopulação e Taxa Média Anual de Crescimento (TGCA) de 1920 a 2000 doPopulação e Taxa Média Anual de Crescimento (TGCA) de 1920 a 2000 doPopulação e Taxa Média Anual de Crescimento (TGCA) de 1920 a 2000 doMunicípio de São Paulo e da Região Metropolitana de São PauloMunicípio de São Paulo e da Região Metropolitana de São PauloMunicípio de São Paulo e da Região Metropolitana de São PauloMunicípio de São Paulo e da Região Metropolitana de São Paulo

PeríodoPeríodoPeríodoPeríodo

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

O início da metropolização ocorreu a partir dos anos de 1940, quando se instala-

ram as bases para a implantação da indústria pesada em São Paulo, particularmente

as rodovias que interligam a RMSP ao porto de Santos (Rodovia Anchieta) e ao Rio de

Janeiro (Rodovia Presidente Dutra).

Nas décadas de 1940 e 1950, as taxas de crescimento populacional da RMSP va-

riavam de 4,1 a 5,4%, semelhante ao observado nos anos de 1920, ocasião em que o

Município de São Paulo era responsável pela maioria populacional.

Com o fenômeno da industrialização houve uma concentração populacional,

inicialmente no município de São Paulo, e que depois se espalhou para municípios vi-

zinhos. Como podemos observar na Tabela 1.3 e no Gráfico 1.1, nas décadas anteriores

a 1960, o crescimento populacional e as TGCAs eram superiores no município de São

Paulo, e nas posteriores, ao contrário, as taxas da RMSP passam a ser superiores às do

Município de São Paulo.

A TGCA recorde de 6,2% ao ano na década de 1960, na RMSP, foi favorecida pela

implantação dos parques industriais em municípios vizinhos e, pela falta de alternativa

para moradia nos grandes centros urbanos.

Com a desaceleração do crescimento econômico da década de 1980, na chamada

“década perdida”, houve uma diminuição do ritmo de crescimento populacional do

conjunto dos municípios da Região Metropolitana. A TGCA de 4,5%, passa a 1,9% na

década de 1990 e continua decrescendo.

Gráfico 1.1. População de 1920 a 2000 do Município de São Paulo e da Região Metropolitana de São Paulo

Fonte: elaborado pela autora com dados da Tabela 3

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Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

Na Figura 1.1, observa-se que as taxas de crescimento populacional dos municípios

não são homogêneas no período de 1991 a 2000. Já na RMSP, a TGCA foi de 1,7% ao ano,

um índice baixo, mas ainda superior ao da capital.

Por outro lado, dos 39 municípios da RMSP, apenas São Caetano do Sul destaca-

se por apresentar índice negativo; quatro (São Paulo, Osasco, Diadema e Santa Isabel)

estão estabilizando o crescimento populacional com TGCA variando entre 0,01 e 2,00%;

12 municípios localizados à sudeste (São Bernardo, Santo André, Mauá, Rio Grande da

Serra, Ribeirão Pires, Poá, Mogi das Cruzes, Guararema e Salesópolis), à oeste (Carapicu-

íba e Taboão da Serra) e ao norte (Franco da Rocha) começam a apresentar diminuição

no seu crescimento populacional com TGCA entre 2 e 3%; onze (São Lourenço da Serra,

Embu-Guaçu, Vargem Grande Paulista, Jandira, Barueri, Santana do Parnaiba, Pirapora

do Bom Jesus, Caieiras, Francisco Morato, Arujá e Itaquacetuba) apresentam TGCA entre

3 e 5%; e os outros 12 (Biritiba Mirim, Suzano, Ferraz de Vasconcelos, Guarulhos, Mai-

riporã, Cajamar, Itapevi, Embu, Cotia, Itapecerica da Serra e Juquitiba) possuem TGCA

bastante elevado, acima de 5%.

Figura 1.1. Região Metropolitana de São Paulo – Taxa Geométrica de Crescimento Anual (1991 – 2000)

Fonte: Redesenho sobre imagem PMSBC. Compêndio Estatístico 2007.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

A Figura 1.2 apresenta a evolução da mancha urbana na RMSP em cinco períodos:

Observa-se que até a década de 1960 a ocupação do território metropolitano concen-

trava-se junto ao município de São Paulo, particularmente no centro expandido e de

alguns subcentros importantes, e em centros de municípios maiores como Osasco, São

Bernardo do Campo e Mogi das Cruzes. A partir da década de 1970, a mancha urbana

começa a expandir-se em direção às áreas periféricas, particularmente para o leste da

RMSP, aonde havia terrenos vazios e de fácil acesso, e para o sul junto aos eixos rodo-

viários (via Anchieta e Imigrantes). Na década de 1980 e 1990, esta ocupação periférica

espalhou-se de modo aleatório, intensificando cada vez mais e ocupando áreas mais

distantes, junto às represas Billings e Guarapiranga (ao sul), à Serra da Cantareira (ao

norte) e no sentido leste, junto à Via Dutra e às represas do Alto Tietê.

Ou seja, a ocupação urbana da RMSP tornou-se bastante dispersa comprometen-

do os mananciais de água e áreas frágeis principalmente a partir do final dos anos de

1970.

Figura 1.2. Expansão Urbana – Série Histórica 1882/2002

Fonte: EMPLASA (São Paulo2006) CD-ROM apud PINTO (2007, p.97)

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37

Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

1.3.2 A ocupação urbana na Sub-bacia Billings

A Bacia Hidrográfica da Billings compreende parcialmente os municípios de Dia-

dema, Ribeirão Pires, Santo André, São Bernardo do Campo e São Paulo, e a totalidade

do município de Rio Grande da Serra, localizados na região sudeste da RMSP, conhecida

como região do ABCD. O processo de ocupação e conseqüente degradação sócio-am-

biental associam-se diretamente à intensa urbanização da RMSP a partir dos anos de

1950, época em que se intensifica a industrialização dos municípios do ABCD paulista.

Como colocado no item anterior, acompanhando o desenvolvimento econômico

e a intensa atratividade populacional, a área urbanizada da RMSP se ampliou periferi-

camente para acomodar os novos habitantes. A expansão urbana avançou em direção

às bacias hidrográficas dos principais sistemas produtores de água da RMSP pondo em

risco os mananciais que a abastecem.

Importante ressaltar que apesar do Brasil possuir água em abundância, a distribui-

ção não é equilibrada: a maior concentração está na Amazônia e no Pantanal, regiões

pouco povoadas. Na RMSP, onde vivem cerca de 19 milhões de pessoas, há escassez de

água, como em estados do Nordeste. Ou seja, a metrópole paulista é considerada de

baixa disponibilidade hídrica e o avanço da urbanização sobre áreas de mananciais é

altamente prejudicial à toda a população e ao próprio desenvolvimento econômico.

A água produzida pelos mananciais de abastecimento da RMSP – em especial

Billings, Guarapiranga e cabeceiras do Rio Tietê – não consegue suprir nem metade da

demanda da população. A carência de água na RMSP tornou necessária a sua importa-

ção de outras bacias.

Atualmente, a maioria dos municípios da RMSP é atendida pelo Sistema Integra-

do de Abastecimento de Água, que compreende um conjunto de sistemas produtores

constituídos por reservatórios de regularização, captações, adutoras, etc. O sistema é for-

mado por oito sistemas de mananciais, sendo que o Cantareira, o Guarapiranga-Billings

e o Alto Tietê são responsáveis por 85% da disponibilidade média total. O restante: Rio

Grande, Rio Claro, Alto Cotia, Baixo Cotia e Ribeirão da Estiva vêm a complementá-los,

conforme Tabela 1.4 e Gráfico 1.2, a seguir.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Gráfico 1.2. Sistema Integrado do Alto Tietê – disponibilidade de água por manacial

Fonte: elaborado pela autora com dados da Tabela 4

No ano de 1980, a população total dos municípios integrantes da Sub-bacia Billin-

gs, conforme Tabela 1.5, era de 10.047.496 habitantes, passando para 11.251.333 em

1991. Nesse período, as TGCAs mais elevadas foram de Ribeirão Pires (3,79%) e Rio Gran-

de da Serra (3,68%), porém estes apresentando-se pouco adensados; São Paulo (TGCA

de 1,16%), o município mais populoso e Santo André (TGCA de 0,99%) apresentavam

tendência de estabilização de crescimento; enquanto que as TGCAS médias similares

de São Bernardo (2,64%) e Diadema (2,66%) revelavam densidades muito diferentes.

Enquanto São Bernardo tinha cerca de 14 hab/ha, Diadema tinha mais de 95 hab/

ha. Na década seguinte, apesar de terem abaixado os índices de crescimento de quase

todos os municípios, inclusive de Diadema, este continuou sendo o município mais

adensado, com cerca de 111 hab/ha. Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e São Bernardo

ainda apresentavam crescimento, porém o problema é que estes estão totalmente ou

possuem grande parte de seu território em Área de Proteção e Recuperação aos Manan-

ciais – APRM.

Tabela 1.4. Sistema Integrado do Alto Tietê – disponibilidade e capacidade de água por manancial

Fonte: CBH-AT/FUSP. Plano de Bacia do Alto Tietê. Sumário Executivo, 2002, p.22 apud: ALVIM (2003, p.277)

Tabela 4Tabela 4Tabela 4Tabela 4

Sistema Integrado do Alto Tietê, disponibilidade e capacidade de água por manancialSistema Integrado do Alto Tietê, disponibilidade e capacidade de água por manancialSistema Integrado do Alto Tietê, disponibilidade e capacidade de água por manancialSistema Integrado do Alto Tietê, disponibilidade e capacidade de água por manancial

ManacialManacialManacialManacialDisponibilidade atualDisponibilidade atualDisponibilidade atualDisponibilidade atual

(m³/s)(m³/s)(m³/s)(m³/s)Capacidade de produçãoCapacidade de produçãoCapacidade de produçãoCapacidade de produção

(m³/s)(m³/s)(m³/s)(m³/s)

CantareiraCantareiraCantareiraCantareira 31,3 33,0

Guarapiranga / BillingsGuarapiranga / BillingsGuarapiranga / BillingsGuarapiranga / Billings 14,3 14,0

Alto TietêAlto TietêAlto TietêAlto Tietê 8,0 10,0

Rio GrandeRio GrandeRio GrandeRio Grande 4,2 4,2

Rio ClaroRio ClaroRio ClaroRio Claro 3,6 4,0

Alto CotiaAlto CotiaAlto CotiaAlto Cotia 0,9 1,3

Baixo CotiaBaixo CotiaBaixo CotiaBaixo Cotia 0,6 1,1

Ribeirão da EstivaRibeirão da EstivaRibeirão da EstivaRibeirão da Estiva 0,1 0,1

TotalTotalTotalTotal 63,0 67,7

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Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

22 O Decreto 9.714 de 19 de abril de 1977 aprova o regulamento das Leis 898/75 e 1.172/76, que dispõe sobre o disciplinamento do uso do solo para a proteção aos Mananciais da RMSP

Como vemos pelos dados anteriormente apresentados, a população cresce, mas

as fontes de abastecimento nem tanto e, neste contexto, a situação torna-se crítica. A

população vive na iminência de uma crise de abastecimento decorrente ou de estiagens

prolongadas, principalmente em periodo de seca, ou pela poluição dos mananciais.

Mesmo com a legislação de proteção de mananciais instituída na década de 1970 -– Leis

898/1975 e 1.172/1976 e o Decreto nº 9.714 de abril de 197722 – as margens da represa e

de seus contribuintes vêm sendo paulatinamente ocupadas por habitações subnormais

que degradam áreas fundamentais à preservação da qualidade da água.

A Tabela 1.6 e o Gráfico 1.3, a seguir, apresentam a população total residente na

Sub-Bacia Billings em 1991 e 2000 de acordo com dados do IBGE. Observa-se que o

munícípio de Sâo Paulo detém a maioria da população, seguido por São Bernardo do

Campo.

Tabela 1.5. População total por Município integrante da sub-Bacia Billings nos anos de 1980, 1991 e 2000; TGCA 80/91 e 91/2000; Densidade Demográfica 1991 e 2000

Tabela 1.6. População residente na Sub-bacia Billings por município nos anos de 1991 e 2000

Fonte: IBGE,CENSO DEMOGRÁFICO 1991 e 2000

Tabela 5Tabela 5Tabela 5Tabela 5

MunicípioMunicípioMunicípioMunicípio 1980198019801980 1991199119911991TGCATGCATGCATGCA80/9180/9180/9180/91

Dens. DemográficaDens. DemográficaDens. DemográficaDens. Demográfica1991 (hab/ha)1991 (hab/ha)1991 (hab/ha)1991 (hab/ha)

2000200020002000TGCATGCATGCATGCA

1991/2001991/2001991/2001991/200Dens. DemográficaDens. DemográficaDens. DemográficaDens. Demográfica

2000 (hab/ha)2000 (hab/ha)2000 (hab/ha)2000 (hab/ha)

DiademaDiademaDiademaDiadema 228.660 305.287 2,66 95,330 357.064 1,75 111,583

Ribeirão PiresRibeirão PiresRibeirão PiresRibeirão Pires 56.532 85.085 3,79 7,940 104.508 2,31 9,767

Rio Grande da SerraRio Grande da SerraRio Grande da SerraRio Grande da Serra 20.093 29.901 3,68 9,628 37.091 2,42 11,965

Santo AndréSanto AndréSanto AndréSanto André 553.072 616.991 0,99 33,984 649.331 0,57 35,874

São Bernardo do CampoSão Bernardo do CampoSão Bernardo do CampoSão Bernardo do Campo 425.602 566.893 2,64 13,779 703.177 2,42 17,108

São PauloSão PauloSão PauloSão Paulo 8.761.557 9.465.185 1,16 63,120 10.434.252 1,48 68,284

TotalTotalTotalTotal 10.047.496 11.251.333 12.287.423

População total por Município integrante da sub-Bacia Billings nos anos de 1980, 1991 e 2000; TGCA 80/91 e 91/2000;População total por Município integrante da sub-Bacia Billings nos anos de 1980, 1991 e 2000; TGCA 80/91 e 91/2000;População total por Município integrante da sub-Bacia Billings nos anos de 1980, 1991 e 2000; TGCA 80/91 e 91/2000;População total por Município integrante da sub-Bacia Billings nos anos de 1980, 1991 e 2000; TGCA 80/91 e 91/2000;Densidade Demográfica 1991 e 2000Densidade Demográfica 1991 e 2000Densidade Demográfica 1991 e 2000Densidade Demográfica 1991 e 2000

Fonte: IBGE, CENSO DEMOGRÁFICO 1991 e 2000

Tabela 6Tabela 6Tabela 6Tabela 6

1991199119911991 2000200020002000

habitantes habitantes

DiademaDiademaDiademaDiadema 44.556 59.804 3,70

Ribeirão PiresRibeirão PiresRibeirão PiresRibeirão Pires 69.309 86.470 1,99

Rio Grande da SerraRio Grande da SerraRio Grande da SerraRio Grande da Serra 29.848 34.225 2,42

Santo AndréSanto AndréSanto AndréSanto André 17.518 25.283 6,53

São Bernardo do CampoSão Bernardo do CampoSão Bernardo do CampoSão Bernardo do Campo 114.613 188.181 6,58

São PauloSão PauloSão PauloSão Paulo 262.087 469.041 6,54

TotalTotalTotalTotal 537.931 863.004 4,63

População residente na sub-Bacia Billings por município nos anos de 1991 e 2000População residente na sub-Bacia Billings por município nos anos de 1991 e 2000População residente na sub-Bacia Billings por município nos anos de 1991 e 2000População residente na sub-Bacia Billings por município nos anos de 1991 e 2000

MunicípioMunicípioMunicípioMunicípio TGCA (%)TGCA (%)TGCA (%)TGCA (%)

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

A população residente na sub-bacia aumentou rapidamente. No período de 1991

a 2000, passou de 537.931 para 863.004 pessoas. São Paulo é o município que possui o

maior número de habitantes na sub-bacia (469.041), seguido por São Bernardo do Cam-

po (188.181). Os dois municípios destacam-se pelas maiores TGCA acima de 6,5%. Santo

André também apresentou alta taxa de crescimento, muito superior ao de Diadema, Rio

Grande da Serra e Ribeirão Pires.

Em 2000, conforme Tabela 1.7 abaixo, a população total registrada na sub-bacia

foi de 863.004 pessoas. A população das áreas rurais não era tão significativa, frente a

das áreas urbanas. Todos os municípios da Sub-bacia Billings são considerados urbanos,

com taxas de urbanização variando de 92 a 99%. Isso deve ser enfatizado como um

problema, uma vez que o IBGE considera como população urbana aquela que reside

dentro do perímetro urbano. O limite do perímetro urbano nem sempre se associa

àquilo que é de fato urbano, sendo que muitas vezes envolve áreas com características

rurais ou preservadas. Observa-se em vários casos que o perímetro urbano vem sendo

alterado para fins políticos e econômicos, uma vez que nesta área é cobrado o IPTU.

Gráfico 1.3. População residente na Sub-bacia Billings por município nos anos de 1991 e 2000

Fonte: elaborado pela autora com dados da Tabela 6

Tabela 1.7. População da Sub-bacia Billings por município

Fonte: IBGE. CENSO 2000 (SMA,2004 p.18)

Tabela 7Tabela 7Tabela 7Tabela 7

AglomeraçãoAglomeraçãoAglomeraçãoAglomeraçãoSubnormalSubnormalSubnormalSubnormal

AglomeraçãoAglomeraçãoAglomeraçãoAglomeraçãoNormalNormalNormalNormal

TotalTotalTotalTotal

São PauloSão PauloSão PauloSão Paulo 13.161 107.056 351.930 458.986 10.055 469.041 98

DiademaDiademaDiademaDiadema 690 9.148 50.171 59.319 485 59.804 99

São Bernardo do CampoSão Bernardo do CampoSão Bernardo do CampoSão Bernardo do Campo 15.120 38.411 144.377 182.788 5.393 188.181 97

Santo AndréSanto AndréSanto AndréSanto André 9.459 4.886 18.573 23.459 1.824 25.283 93

Ribeirão PiresRibeirão PiresRibeirão PiresRibeirão Pires 5.908 1.614 83.613 85.227 1.243 86.470 99

Rio Grande da SerraRio Grande da SerraRio Grande da SerraRio Grande da Serra 3.134 0 31.573 31.573 2.652 34.225 92

TotalTotalTotalTotal 47.472 161.115 680.237 841.352 21.652 863.004 97

População da sub-Bacia Billings por municípioPopulação da sub-Bacia Billings por municípioPopulação da sub-Bacia Billings por municípioPopulação da sub-Bacia Billings por município

MunicípioMunicípioMunicípioMunicípioÁreaÁreaÁreaÁrea

hectares (ha)hectares (ha)hectares (ha)hectares (ha)

População urbanaPopulação urbanaPopulação urbanaPopulação urbanaPopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulação

RuralRuralRuralRuralPopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulação

TotalTotalTotalTotal

Taxa deTaxa deTaxa deTaxa deUrbanizaçãoUrbanizaçãoUrbanizaçãoUrbanização

(%)(%)(%)(%)

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Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

Gráfico 1.4. Municípios que integram a Sub-bacia Billings

Fonte: Gráfico elaborado pela autora com base em dados da Tabela 7

Fonte: Gráfico elaborado pela autora com base em dados da Tabela 5

Gráfico 1.5. Densidade Demográfica na Sub-bacia Billings

Fonte: Gráfico elaborado pela autora com base em dados da Tabela 7

Gráfico 1.6. População urbana (aglomeração normal e subnormal e população rural – 2000

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Os municípios que possuem maior área na sub-bacia, conforme se observa na Ta-

bela 1.7 e Gráfico 1.4 são: São Paulo e São Bernardo. Esses dois municípios também têm o maior número de habitantes, sendo que cerca de 20% da população urbana de São Paulo e de São Bernardo vivem em aglomerados subnormais. Porém, dentre os municí-pios integrantes da sub-bacia não são os que apresentam maior densidade, Diadema o menor deles é o mais adensado. (GRÁFICO 1.5)

São Paulo possui uma área de 13.161 hectares (28% do total) que comportam 54% da população da sub-bacia ou 469.041 habitantes. Desta população uma grande parce-la vive em habitações subnormais, 107.056 ou 2/3 do total. No período de 1991 a 2000, o município apresentou um dos mais altos TGCAs da sub-bacia, 6,4%.

São Bernardo do Campo tem 15.120 hectares inseridos na sub-bacia (32% do total) vive o segundo maior contingente populacional – 188.000 pessoas (22% da população total) e apresentou no período de 1991 a 2000 o mais alto TGCA da sub-bacia, 6,8%. A maioria dessa população é pobre e mora em habitações precárias, nas muitas favelas ou em loteamentos irregulares.

As aglomerações subnormais, em sua maioria na região, caracterizam-se pelas moradias construídas em locais impróprios sem qualquer preocupação ambiental: em encostas íngremes – sem cuidados para conter erosões ou desabamentos – e às mar-gens de rios e córregos.

Este tipo de ocupação causa graves danos ambientais, uma vez que a população além de desmatar áreas impróprias à ocupação para implantar sua moradia, lança lixo e efluentes domésticos diretamente nos cursos d’água, impermeabiliza o solo, cria acessos em áreas em declives, entre outros. Entretanto, há que ser ressaltado que o morador da área de manancial enfrenta uma série de dificuldades uma vez que vive sem infra-estrutura básica, com ligação de água e energia elétrica clandestinas, tem di-ficuldade de acesso a equipamentos e serviços públicos, percorrendo longas distâncias a pé por falta de transporte público.

Vários fatores colaboraram para que a população de baixa renda preferisse se ins-talar nas áreas de mananciais. Para Ancona (2002, p. 287), a própria Lei de Proteção aos Mananciais – LPM, muito restritiva, deixara as áreas em APM abandonadas pelo mercado imobiliário formal, favorecendo especuladores imobiliários inescrupulosos na venda de lotes irregulares; devido principalmente à ineficiência nas ações fiscalizadoras ou punitivas por parte das autoridades competentes; e à proximidade de região com mais oferta de empregos e a facilidade de acesso.

A evolução da urbanização na Bacia Hidrográfica Billings (ISA, 2004) entre 1989 e 1999 é apresentada nas figuras 1.3 e 1.4, a seguir. Nelas, observa-se que a urbanização articula-se ao sistema viário existente e fica próxima aos grandes centros urbanos. Ain-da, em 1989, mesmo com as ocupações irregulares, a qualidade das águas das represas

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Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

Billings e Guarapiranga encontrava-se em boas condições (FIGURA 1.3). Na Figura 1.4, que apresenta o ano de 1999, verifica-se que houve uma intensificação das ocupações,

e conseqüente influência na qualidade das águas.

Figura 1.3. Uso do solo versus qualidade da água nas represas Billings e Guarapiranga – 1989

Fonte: ISA, 2004. Disponivel em: http://www.socioambiental.org/esp/rodoanel/pgn/slideshow.html#. Acesso em 10.Jun.2008

Fonte: ISA, 2004. Disponivel em: http://www.socioambiental.org/esp/rodoanel/pgn/slideshow.html#. Acesso em 10.Jun.2008

Figura 1.4. Uso do solo versus qualidade da água nas represas Billings e Guarapiranga – 1999

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Segundo Capobianco e Whately (2002, p.7), o impacto dessas ocupações ilegais

sobre os recursos hídricos pode ser verificado na redução da disponiblidade de água

para abastecimento público. Para os especialistas, a Represa Billings, com sua vazão de

14m³/s, teria capacidade para fornecer água para 4,5 milhões de pessoas. Porém, com

a degradação das águas da represa, isolou-se parte dela, limitando o abastecimento a

apenas 1 milhão.

1.3.2.1 Represa Billings: concepção, construção, finalidades e degradação

Para a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo – SMA (2004, p. 8), a

Represa Billings é de fundamental importância para o abastecimento de água da RMSP.

É considerado o maior reservatório da região em volume de água, com aproximada-

mente 1,2 bilhões de metros cúbicos e espelho d’água de 10.814,20 ha, correspondendo

a 18% da área total de sua bacia hidrográfica.

A represa é dividida em oito seções ou braços. São eles: Braço do Rio Grande, Braço

do Rio Pequeno, Braço do Rio Capivari, Braço do Rio Pedra Branca, Braço Taquacetuba,

Braço Bororé, Braço do Rio Cocaia e Braço do Alvarenga, além de apresentar um Corpo

Central que é separado do Braço do Rio Grande pela barragem da Rodovia Anchieta.

(SMA, op.cit)

O lago artificial foi formado, a partir de 1927, pelo represamento das águas do Rio

Grande e Rio das Pedras. A represa foi projetada pelo Engenheiro Asa Billings da The São Paulo Tramway Light and Power Company Ltd com a finalidade de movimentar as

turbinas da Usina Hidrelétrica de Henry Borden, em Cubatão, aproveitando as águas

da Bacia do Alto Tietê e o desnível da Serra do Mar, para geração de energia elétrica. A

Usina de Cubatão começou a operar em 1936. (FIGURAS 1.5 e 1.6)

A partir de sua construção (na década de 1930) e durante a década de 1940, a

represa de água límpida e cristalina foi considerada a “praia” dos paulistanos, que des-

frutavam momentos de lazer nas muitas chácaras e sítios às suas margens.

Para ampliar a capacidade de geração de energia e aumentar a vazão da represa, a

partir dos anos de 1940, parte das águas do Rio Tietê foi desviada para o Rio Pinheiros

e recalcada para o Reservatório Billings. O que parecia uma solução, tornou-se um pro-

blema, com o crescimento da cidade de São Paulo, que lançava os esgotos in natura no

Tietê e seus afluentes e, conseqüentemente, comprometendo a qualidade da água da

represa. (CAPOBIANCO; WHATELY, 2002, p. 15)

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Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

Figura 1.5. Sistema Billings-Cubatão

Fonte: Reprodução publicada no jornal A Tribuna em 9/4/1998, caderno especial - Cubatão 49 anos22

Figura 1.6. Sistema Billings-Cubatão

Fonte: UCP-JICA Billings

23 Disponível em: http://www.novomilenio.inf.br/cubatao/clendasnm.htm. Acesso em 15 Jun.2008

A partir da década de 1960, com a acelerada expansão urbana da capital paulista e

a consolidação do maior pólo industrial do país na região (ABCD), a represa degenerou-

se rapidamente. A frase abaixo, da mídia da época, de autor desconhecido, ilustra bem

essa situação.

Na grande falta de chuvas que ocorreu no Estado de São Paulo, em 1969, o esgoto da Capital– desviado para a Represa Billings – produzia uma espécie de gás que, ao descer pela tubulação da Hidrelétrica Henry Borden, formava atrito no eixo das turbinas geradoras de energia elétrica. Turmas de vigi-lantes da antiga Light estavam sempre de prontidão junto a essas turbinas.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Além do mau cheiro do esgoto, o atrito da matéria fecal e a geração de gases acabavam, quase sempre, por provocar focos de fogo.24

Ao contrário do que se pensava, a qualidade da água também era importante na

geração de energia. Com o passar do tempo a degradação das águas desta represa vai se

tornar um problema para a própria geração de energia elétrica, finalidade para o qual

foi construída.

No início dos anos de 1970, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambien-

tal – CETESB foi obrigada a iniciar operações para remoção de algas que proliferavam

devido a grande quantidade de esgoto.

Em vista deste fato, nessa mesma década de 1970, várias medidas foram toma-

das para tentar conter a poluição, inclusive normas protetoras aos mananciais (Leis

898/1975 e 1.172/1976). Mesmo com as LPMs, em 1982 foi necessário isolar o Braço do

Rio Grande, através da construção da Barragem Anchieta para garantir o abastecimento

da região do ABC.

A Constituição Estadual de 1989, devido a fortes pressões ambientalistas aprovou

a interrupção do bombeamento das águas do rio Pinheiros para a represa Billings num

prazo de três anos. Então em 1992, foram suspensos os bombeamentos, agora somente

permitidos para controle de cheias. (ALVIM,2003)

Em virtude da diminuição do volume d’água, a usina que havia sido projetada para

gerar até 800 megawatts de energia no pico de funcionamento e 400 megawatts na mé-

dia, potências suficientes para iluminar uma cidade de até dois milhões de habitantes,

passou a operar com uma carga mínima de água que gera 35 megawatts. A única alter-

nativa para retomar a produção de energia seria despoluindo a represa. (CAPOBIANCO;

WHATELY, 2002, p. 16)

Portanto, a represa não vem conseguindo sequer cumprir plenamente o seu papel

devido à poluição de suas águas, principalmente quanto à geração de energia, objetivo

para o qual foi construída. Atualmente, com a crise de abastecimento de água que a

metrópole vem passando, esta represa poderia ser utilizada para abastecimento públi-

co, entretanto a poluição de suas águas não permite também a intensificação deste uso,

sendo que atende somente 1 milhão de pessoas, quando poderia abastecer mais de 4

milhões.

24 Em 1962, a Editora Brasil-América Ltda. (Ebal), da Guanabara, produziu uma edição especial de uma de suas re-vistas em quadrinhos, com a história dos pioneiros da eletrificação do Brasil, especialmente Asa Billings. Disponível em: http://www.novomilenio.inf.br/cubatao/clendasnm.htm. Acesso em 24 Ago.2008.

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Capítulo 1 | URBANIZAÇÃO, MANANCIAIS E LEGISLAÇÕES NA SUB-BACIA BILLINGS NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO (RMSP)

Para ampliar o uso das águas da Represa Billings para abastecimento, em 2000 foi

feita uma interligação através de um de seus braços, o Taquacetuba, para bombeamen-

to das águas para a Represa Guarapiranga. (CAPOBIANCO; WHATELY, op.cit, p. 16)

Entretanto, em meados da década de 1920, discutiu-se sobre a possibilidade da

Guarapiranga servir para o controle de fluxo do rio e a Billings, ainda em construção,

destinar-se-ia ao abastecimento, segundo Martins (op.cit., p.49), o que não se concre-

tizou devido ao “jogo de interesses políticos entre o Governo do Estado e a Light &

Power”. A construção da represa Billings com fins energéticos obteve o apoio do sani-

tarista Saturnino de Brito, que alegava ser uma solução conveniente, “uma vez que a

necessidade de elevação mecânica das águas e a distancia em relação à cidade eram

mínimas”. (Idem, ibidem)

Como citado anteriormente, para garantir a vazão necessária, as águas poluídas do

Pinheiros foram bombeadas para a Billings. Atualmente, é importante ressaltar que a

tarefa de descontaminar o reservatório Billings tornou-se mais complexa com a ocupa-

ção por aglomerações subnormais, sem infra-estrutura sanitária às margens da represa

e de mananciais contribuintes, que vem ocorrendo desde meados da década de 1970.

Esses assentamentos em sua maioria irregulares lançam os efluentes domésticos in na-tura nos corpos d’água e são considerados as principais fontes de cargas poluidoras.

Então, além da poluição gerada pelos assentamentos irregulares, há também a

proveniente do bombeamento do Tietê/Pinheiros, que carrega toda sorte de detritos,

esgotos domésticos, efluentes industriais, inclusive de metais pesados, fertilizantes e

agrotóxicos, etc. para dentro da represa.

Outro fator que colabora para a degradação dos mananciais é a deposição de resí-

duos sólidos na Sub-bacia Billings, como no caso dos lixões do Alvarenga (FIGURA 1.7),

Cama Patente, Pedreira Itatinga e o de Diadema. Embora, alguns deles estejam desati-

vados, ainda continuam causando impactos ao meio ambiente devido à formação do

chorume, que infiltra no solo e contamina o lençol freático, podendo comprometê-lo

de maneira irreversível.

Com o comprometimento das águas da Billings, perde-se uma grande oportunidade

de se ampliar as possibilidades de abastecimento de água da RMSP e reduzir a importação

da água da Bacia do Piracicaba, que se faz por meio do Sistema Cantareira.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Atualmente, apesar dos esforços das normas que incidem na Sub-bacia Billings

desde a década de 1970, as Leis de Proteção aos Mananciais da Região Metropolitana

de São Paulo 898/1975 e 1.172/1976, e mesmo com a Nova Lei de Mananciais 9.866/97,

considerada inovadora e dotada de instrumentos para proteger os mananciais e garan-

tir água com qualidade e quantidade necessárias para o abastecimento da população,

ainda persiste a deterioração das águas da represa. Os principais instrumentos da nova

lei, como o Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental (PDPA) encontra-se em pro-

cesso de elaboração e o Projeto de Lei Específica da APRM-Billings aguarda aprovação.

Sobre isto discutiremos no capítulo 2, juntamente com outras situações decorrentes do

quadro referencial visto neste capítulo.

Figura 1.7. Lixão do AlvarengaFonte: SHAMA

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2. A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

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A deterioração dos principais reservatórios da Região Metropolitana de São Paulo

(RMSP), colocando em risco o abastecimento público fez com que normas protetoras

fossem implementadas, desde a década de 1970, na tentativa de garantir água em

quantidade e qualidade necessárias para a presente e futuras gerações.

O mau uso e gestão dos recursos hídricos contribuíram para a atual situação crítica

desses reservatórios. Acredita-se que isso se deve a falta de conscientização com rela-

ção às questões ambientais, sendo estas preteridas às econômicas. No caso da água,

priorizou-se a sua utilização para produção de energia, conforme já relatado no ca-

pítulo 1. Com o crescimento populacional e conseqüente aumento na demanda por

água e a baixa disponibilidade hídrica, tornou-se necessário, desde a década de 1960,

a importação de água da Bacia do Piracicaba pelo Sistema Cantareira para ampliar o

abastecimento de água da RMSP.

No caso da Billings, o privilégio do setor energético sobre o hídrico é evidente.

Durante os anos de 1950, quando foi necessário aumentar a produção de energia, o

Governo do Estado determinou que fossem bombeadas as águas do Rio Pinheiros para

esta represa, contaminando-a com uma carga enorme de esgoto advinda de diversas

áreas da metrópole e, conseqüentemente, poluindo-a. Na década de 1970, a grande

quantidade de esgoto, na bacia, ocasionou a proliferação de algas na Represa Billings,

e uma série de manifestações por parte de ambientalistas, questionando sobre a gestão

adequada dos recursos hídricos.

De um modo geral, a crescente periferização da metrópole e a conseqüente ocu-

pação urbana das margens dos principais reservatórios da RMSP e dos seus principais

mananciais contribuintes colaboraram de modo significativo para a intensificação da

crise de abastecimento de água. A ocupação destas áreas pela população carente em as-

sentamentos irregulares e precários, desprovidos de infra-estrutura e lançando efluentes

e resíduos domésticos nos corpos d’água, que se juntavam aos efluentes industriais e

agrícolas, causou sérios danos ambientais aos mananciais da metrópole.

Neste contexto, na década de 1970, o Plano Metropolitano Integrado de Desenvol-

vimento (PMDI) já apontava a necessidade de proteção destas áreas. A instituição das

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Leis de Proteção aos Manancias – LPMs (Lei 898/1975 e 1.172/1976), delimitando as

Áreas de Proteção dos Mananciais da RMSP e definindo regras para os usos e a ocupação

do solo da bacia, foi importante iniciativa para a ocasião.

No entanto, tais legislações não foram eficientes em seu propósito principal: pro-

teger as águas da metrópole. Para muitos autores (ANCONA, op. cit., p.285 a 287), estas

legislações eram fruto de uma política centralizadora, tecnocrática, descolada da reali-

dade local, e não atingiram seus objetivos, ao contrário, acabaram por incentivar ainda

mais as ocupações ilegais nas áreas protegidas, assunto a ser discutido no item 2.1.

Nas décadas de 1980 e 1990, com a intensificação das ocupações irregulares em

áreas de mananciais, reafirmou-se a necessidade de reformular a LPM. Nesse período,

o país passava por mudanças políticas, que culminaram em uma nova postura e pos-

sibilitaram as reformulações no gerenciamento dos recursos hídricos e na LPM. A nova

LPM foi aprovada (Lei 9.866/97), propondo uma nova forma de gestão descentralizada

e participativa para todo o Estado de São Paulo. (ALVIM et. al, 2007)

A nova Lei definiu um conjunto de instrumentos de planejamento e gestão para

proteger, recuperar mananciais e garantir a produção e a melhoria da qualidade de

água. Dentre eles, o Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental – PDPA e leis

específicas a serem elaboradas para cada sub-bacia levando em consideração as espe-

cificidades locais.

À luz das diretrizes definidas pela Lei 9866/1997, a primeira lei específica elabo-

rada foi aprovada em 16 de janeiro de 2006, a Lei Específica da Guarapiranga1 – Lei

Estadual nº 12.233/206 e Decreto 51.686/2007. Esta Lei segue as diretrizes da Lei Es-

tadual de Proteção e Recuperação de Mananciais – Lei 9.866/1997 – respeitando as

especificidades locais; prevendo a gestão descentralizada e tripartite (estado, município

e sociedade civil); e, definindo áreas, instrumentos e ações para recuperação ambiental.

Porém, segundo Whately; Santoro; Tagnin (2008), após dois anos de sua aprovação a Lei

ainda não entrou efetivamente em vigor, dependendo das articulações políticas entre

os atores e de campanha de esclarecimento à população.

A Sub-bacia Billings, atualmente priorizada para abastecimento público, tem

como principal referência a Lei Específica da APRM Guarapiranga e apresenta basica-

mente o mesmo problema da Guarapiranga: a degradação de suas águas, sobretudo

pelos assentamentos ilegais às suas margens. Apesar da situação crítica, o Projeto de

1 A Bacia do Guarapiranga é considerada o segundo maior reservatório de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) e atende cerca de 3,7 milhões de pessoas (20% da população da RMSP). A represa Guarapiran-ga, assim como a Billings, foi construída com finalidade energética e, desde a década de 1950 vem demonstrando sinais de deterioração de suas águas em decorrência do despejo de esgotos da metrópole, agravadas a partir da década de 1970 com as ocupações irregulares. (WHATELY;CUNHA, 2006, p.9)

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Capítulo 2 | A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

Lei Específica Billings foi assinado pelo Governador do Estado de São Paulo, José Serra,

somente em 24 de setembro de 2008 e encaminhado à Assembléia Legislativa, onde

aguarda aprovação.

Enquanto não for aprovada a Lei Específica, continuam valendo as LPMs de 1970,

sendo permitidas obras emergenciais definidas pelo Plano Emergencial de Recuperação

dos Mananciais da RMSP.

Neste contexto, este capítulo aborda os antecedentes da legislação de Proteção dos

Mananciais e da Nova Lei de Proteção e Recuperação de Mananciais 9.866/1997 bem

como aspectos que envolvem o Plano Emergencial2 de Recuperação de Mananciais e

principalmente o Projeto de Lei Específica da Sub-bacia Billings. Ainda, busca-se com-

preender a importância da adoção da Bacia Hidrográfica como unidade físico-territorial

de planejamento, a criação dos comitês de bacias e seu papel na gestão dos recursos

hídricos bem como o principal instrumento de gestão da bacia – a Lei Específica, que

embora ainda não aprovada, é uma referência para a legislação urbanística.

2 O Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais foi possibilitado pela Nova Lei dos Mananciais (Lei 9.866/97) e regulamentado pelo Decreto nº 43.022/98, permitindo obras emergenciais em áreas de mananciais, quando houver riscos à saúde da população, de deslizamentos, de inundações ou comprometimento dos mananciais. As obras previstas são: abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem, contenção de erosão, estabilização de taludes, fornecimento de energia elétrica, controle das águas e revegetação. (ALVIM,2003)

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

2.1 ANTECEDENTES: A LEGISLAÇÃO DOS MANANCIAIS DA DÉCADA DE 1970

Desde a década de 1970, os mananciais da Região Metropolitana de São Paulo são

protegidos por um conjunto de leis e decretos que têm como princípio preservar os

mananciais e garantir o abastecimento da população e de setores produtivos.

Diferentemente de políticas anteriores adotadas entre os anos de trinta até a déca-

da de 1970, nas quais se que desapropriavam totalmente as áreas a serem protegidas,

a legislação dos anos de 1970 considerou um modelo de ocupação do solo nas áreas

contribuintes dos reservatórios e cursos d’água.

A Legislação de Proteção dos Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo,

Leis Estaduais n° 898/1975 e n° 1.172/19763 e Decreto Estadual nº 9.714/77 abrangem

as bacias de todos os reservatórios (existentes e projetados), que integram o sistema me-

tropolitano de abastecimento de água, a saber: o Cantareira, o Guarapiranga-Billings e

o Alto Tietê. A LPM definiu as Áreas de Proteção aos Mananciais – APM compreendendo

4.234 km² ou 53% do território da Região Metropolitana de São Paulo.

A Lei n. 898/1975 disciplina o uso do solo para a proteção dos mananciais, cursos

e reservatórios de água e demais recursos hídricos de interesse na RMSP e a Lei n.

1.172/1976 delimita as áreas de proteção relativas aos mananciais cursos e reservatórios

de água, a que se refere o artigo 2º da Lei 898/1975, que estabelece normas de restrição

de uso do solo em tais áreas e dá providências correlatas.

A Lei de Proteção aos mananciais – LPM além de delimitar as Áreas de proteção aos

Mananciais – APMs, pretende orientar a ocupação das bacias hidrográficas, estabele-

cendo duas categorias de proteção e parâmetros de uso e ocupação do solo, de maneira

a coibir o adensamento populacional e a poluição das águas.

As áreas determinadas como de 1ª Categoria, conforme art. 2º da Lei 898/1975, são

áreas ambientalmente sensíveis e com papel importante no processo de produção de

água. A LPM define áreas ou faixas non aedificandi junto aos cursos d’água, sendo 50m

3 Fonte: Disponível em: http://www.mananciais.org.br/site/legislacao/leisestaduais7576 . Acesso em 28 Ago. 2008.

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Capítulo 2 | A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

Fonte: Redesenho sobre imagem disponível em: http://sigam.ambiente.sp.gov.br/sigam2/repositorio/etmc/apm.htm. Acesso em 15 Jul.2008.

para as margens dos reservatórios, 20m a partir dos rios e afluentes definidos na Lei 898/1975 e, nos demais córregos, conforme determinação do Código Florestal4.

Enquadram-se também na primeira categoria, as áreas em cotas inferiores a 1,5m a partir do nível máximo dos reservatórios, as áreas onde as declividades médias fo-rem superiores a 60% e a superfície recoberta por mata e demais formas de vegetação nativa. O objetivo é de garantir maior permeabilidade do solo e infiltração da água da chuva evitando processos erosivos e assoreamento dos cursos d’água.

Nessas áreas são permitidas atividades de lazer, como: o excursionismo, exce-to o campismo; a prática de esporte, desde que não exija construção de edificações permanentes; serviços, obras e edificações destinadas à proteção aos mananciais, à regularização de vazões, ao controle de cheias e à utilização das águas para abasteci-mento e lazer sob controle.

4 O Código Florestal, Lei nº 4.771 de 15 de setembro de 1965 inclui as matas ciliares na categoria de áreas de preser-vação permanente, em seu artigo 2º, a largura da faixa de mata ciliar a ser preservada relaciona-se com a largura do curso d’água. Os rios com menos de 10 m de largura - 30 m em cada margem; rios com 10 a 50m – 50 m de cada margem; rios com 50 a 200m – 100 de cada margem; rios com 200 a 600m – 200 m de largura. As nascentes deverão ter um raio de 50m. Os lagos ou reservatórios em áreas urbanas – 30m ao redor do espelho d’água; em área rural com área menor que 20 há – 50m; superior a 20 há – 100 m. As represas hidrelétricas – 100m ao redor do espelho d’água. Fonte: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4771compilado.htm. Acesso em 20 Out.2008.

Figura 2.1. Áreas de Proteção aos Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Nas áreas de segunda categoria, segundo art. 3º da Lei 898/1975, praticamente

todos os tipos de uso do solo são permitidos, desde que implantados de acordo com os

parâmetros urbanísticos definidos pela Lei. Nelas pretende-se dar um uso e ocupação

de densidade baixa e controlada, de acordo com o cálculo da densidade populacional

e dos poluentes gerados.

Nessas áreas são permitidos os seguintes usos: residencial, industrial (de acordo

com uma relação de indústria constante na Legislação de Zoneanento Industrial), co-

mercial, serviços, institucional (exceto hospitais, salvo equipamentos de saúde pública

que se destinem ao atendimento das populações locais), lazer, hortifruticultura, flores-

tamento, reflorestamento e extração vegetal.

A legislação impõe restrição à ocupação, tornando-a mais rarefeita à medida que

se afasta das áreas já consolidadas e das margens dos mananciais. Para tanto, houve a

delimitação de três classes ou faixas de segunda categoria e parâmetros urbanísticos,

densidades populacionais e taxas de impermeabilização para cada uma delas. A Classe

A destina-se a área urbana com densidade de 50 hab/ha, permitindo lotes de 500 m²,

sendo 20% do terreno sem pavimentação. A Classe B são áreas destinadas à expansão

urbana com densidade de ocupação variando entre 25 hab/ha e 34 hab/ha, tendo que

deixar 30% da área do lote permeável. Classe C são as demais áreas, com densidade

entre 6 hab/ha e 24 hab/ha e a área permeável de 40%5.

Basicamente, a LPM pretendia evitar a expansão urbana, preservar as matas e

garantir o equilíbrio entre a geração de cargas poluentes e a capacidade natural de

depuração dos recursos hídricos. Então, para restringir a expansão urbana, os sistemas

públicos de abastecimento de água e de esgotos sanitários atendiam somente as áreas

das classes A e B e os efluentes deveriam ser coletados e afastados das áreas de prote-

ção. (MARTINS, op. cit.)

Para proteger os mananciais, vinte e sete municípios metropolitanos foram

abrangidos pela legislação, dos quais oito ficaram totalmente inseridos nas Áreas de

Mananciais6. Cerca de 80% dos mais de 4.300 km² de território abrangido, o limite

máximo de densidade populacional foi estabelecido em 12 habitantes por hectare, cor-

respondendo a lotes mínimos de cerca de 3.000 m².

5 Fonte: Disponível em: http://www.mananciais.org.br/site/legislacao/leisestaduais7576 . Acesso em: 28.Ago.2008

6 Dentre os 27 municípios envolvidos pela legislação, os de: Embu-Guaçu, Itapecerica da Serra, Juquitiba, São Louren-ço da Serra, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra têm 100% de seus territórios em Área de Proteção aos Mananciais - APM. Os Municípios de Salesópolis e Vargem Grande Paulista têm, respectivamente, 98% e 93% do território em APM. Disponível em: http://www.fundacaofia.com.br/gdusm/apm.htm. Acesso em 10.Out. 2008.

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Capítulo 2 | A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

As fortes restrições ao uso e ocupação do solo e índices urbanísticos homogêneos,

os quais não consideravam as especificidades locais, contribuíram intensamente para

a desvalorização da terra e ocupação desordenada na área de mananciais. (ALVIM, et.

al, 2007)

Além de sua própria complexidade, outros fatores colaboraram para o insucesso da

Lei, dentre eles o funcionamento desarticulado dos órgãos responsáveis na aprovação

de projetos e na fiscalização de uma área tão extensa e, a pressão social da população

de baixa renda, que sem alternativa para moradia, aproveitou-se destas falhas, ocupan-

do as áreas esquecidas pelo mercado formal.

Segundo Martins (op. cit.), nas áreas tidas como de Proteção de Mananciais, nas

bacias das represas Guarapiranga e Billings, diversos loteamentos foram implantados

depois da promulgação da legislação de proteção de mananciais, estes, totalmente ile-

gais. Isso demonstrava que nem a tão esperada mudança no quadro de ocupações

destas áreas, nem o desejado isolamento dos corpos d’água ocorreram.

A situação se agrava e gera conflitos entre os diversos setores e usuários das águas,

fomentando as discussões sobre a situação e o futuro deste recurso. A sociedade passou

a questionar a forma como os governos gerenciavam os recursos naturais e exigiu me-

canismos de participação e controle mais eficazes7.

Nesse clima de insatisfação, diante de uma legislação incapaz de conter as ocupa-

ções irregulares e a crescente deterioração da qualidade das águas dos mananciais da

RMSP, emerge com a abertura política promovida pelas Constituições de 1988 e 1989,

uma nova postura, possibilitando a reformulação dos instrumentos legais na preserva-

ção e recuperação dos mananciais não só da RMSP, mas de todo Estado de São Paulo.

(WHATELY, op. cit)

Dessa forma, desde o início da década de 1990, há uma preocupação em imple-

mentar um processo de planejamento e gestão com soluções articuladas e integradas

entre as diversas esferas de governo e sociedade civil para a mitigação dos conflitos

presentes nas áreas de mananciais da RMSP. (ALVIM, 2003)

7 Disponível em: http://www.rededasaguas.org.br/comite/comite_03.asp. Acesso em: 30.mai.2008

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

2.2 A NOVA LEI DE PROTEÇÃO E RECUPERAÇÃO DOS MANANCIAIS (1997)

Após mais de vinte anos de vigência da Lei de Proteção aos Mananciais – LPM

da década de 1970, ocorreram mudanças no quadro político nacional, dentre elas, a

mudança do regime político e, principalmente, a reforma constitucional, propiciando

avanços significativos referentes aos instrumentos de políticas ambientais e urbanas.

A Constituição Federal (CF) de 1988, não destaca a questão da água, porém so-

mente a União tem o poder de legislar sobre a água e a energia, podendo consentir aos

Estados legislarem sobre o assunto, quando lhes é afeto. A Constituição do Estado de

São Paulo de 1989 avança em relação a CF, instituindo os princípios de gestão integrada

de bacias hidrográficas e as bases da política de recursos hídricos. (Capítulo IV – Dos

Recursos Hídricos). (SMA,1995)

A regulamentação da Constituição pela Lei 7.663 de 30/12/1991 veio a estabelecer

princípios e diretrizes à Política Estadual de Recursos Hídricos, criar o Sistema Integrado

de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SIGRH e, como órgãos colegiados, consultivos

e deliberativos, de nível estratégico – o Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH) e

os Comitês de Bacias Hidrográficas. Tal política determina a adoção da bacia hidrográ-

fica como unidade físico-territorial de planejamento, com processo de gerenciamento

descentralizado e participativo; o reconhecimento do recurso hídrico como um bem

público, de valor econômico, cuja utilização deve ser cobrada; a compatibilização do

gerenciamento dos recursos hídricos com a proteção do meio ambiente e desenvolvi-

mento sustentável; a participação da sociedade nos processos decisórios, através da

composição dos comitês de bacias hidrográficas8.

Entende-se por bacia hidrográfica, o conjunto de terras drenadas por um rio prin-

cipal, seus afluentes e subafluentes. A idéia de bacia hidrográfica está associada à noção

da existência de nascentes, divisores de águas e características dos cursos de água, prin-

cipais e secundários, denominados afluentes e subafluentes9.

Segundo Alvim (2005), a bacia hidrográfica não envolve somente os recursos hídri-

cos, inclui também, o território onde ela se insere. Adotando-se essa unidade regional

para fins de planejamento, incentiva-se e facilita a participação da sociedade nos pro-

cessos decisórios dos conflitos associados à água e seu entorno.

8 Disponível: http://www.rededasaguas.org.br/comite/comite_03.asp. Acesso em 20.nov.2007

9 Disponível: http://www.rededasaguas.org.br/bacia/bacia_01.asp. Acesso em 20.nov.2007

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Capítulo 2 | A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

A dificuldade na adoção da bacia hidrográfica como unidade de gestão é por não

coincidirem as divisas político-administrativas com os divisores de águas. Existem tam-

bém as inter-relações políticas e socioeconômicas entre as regiões e comunidades, que

não respeitam nem as divisas nem os divisores. (SRH, 2002, p.1)

Apesar disso, em 1993, com a Lei 7.633/91 foram oficializadas inicialmente vinte,

passando para 21 comitês de bacias no Estado de São Paulo nas 22 Unidades de Geren-

ciamento de Recursos Hídricos – UGRHIs.

As UGRHIs constituem unidades territoriais “com dimensões e características que

permitam e justifiquem o gerenciamento descentralizado dos recursos hídricos” (art.

20 da Lei Estadual 7663 de 30/12/1991) e, em geral, são formadas por partes de bacias

hidrográficas ou por um conjunto delas, não podendo ser consideradas como bacias

hidrográficas.

Para Alvim (op. cit., p.164), embora a URGHI seja o recorte referencial da gestão de

recursos hídricos no Estado, é na instância do Comitê de Bacia que as ações são coloca-

das em prática. Essa autora destaca que se o Comitê é como um fórum político, o qual

representa o interesse dos municípios em relação a seus recursos hídricos. Presume-se

que, quando necessário, a sua área de atuação incorpore todo o município.

Dentre as 21 URGHIs, a Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, região análoga a do Estado

de São Paulo, corresponde à UGRHI 06. A Bacia Hidrográfica do Alto Tietê é aquela que

abriga maior contingente populacional (cerca de 17.780 milhões de habitantes segundo

IBGE, 2000), pois nela se localiza a Região Metropolitana de São Paulo. Nessa bacia foi

constituído, em 1994, o Comitê do Alto Tietê e subdividido em cinco subcomitês cor-

respondentes a cinco sub-bacias, considerando as dimensões da bacia e especificidades

locais (Alvim, op.cit.). São eles: Pinheiros – Pirapora, Tietê – Cabeceiras, Cotia – Guarapi-

ranga, Juqueri – Cantareira e Billings – Tamanduateí.

Dessas sub-regiões, aquelas relativas às áreas Cotia/ Guarapiranga e Billings/ Ta-

manduateí são as que merecem maior atenção, pois, além de conterem importantes

mananciais ao sul da região metropolitana, elas são as que sofrem maior ameaça em

suas águas, como decorrência do intenso processo de loteamentos e ocupações irregu-

lares, além do despejo do esgoto proveniente de parte da metrópole.

Diante de um quadro problemático de escassez de água e deterioração de manan-

ciais para abastecimento da RMSP, emergiram muitas reivindicações e debates entre

representantes do Estado e sociedade civil, demonstrando a necessidade da reformu-

lação da LPM, que foi finalmente instituída em 28 de novembro de 1997, como Lei

9.866/1997.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Tendo como sistema gestor a Política Estadual de Recursos Hídricos (Lei 6733/ 1991),

esta lei, sobretudo, prioriza a água dos mananciais protegidos para o abastecimento

público em detrimento de qualquer outro interesse. Sendo seu objetivo preservar e

recuperar os mananciais de interesse regional no Estado de São Paulo, não se limita

somente aos mananciais da Região Metropolitana de São Paulo, como na legislação de

proteção aos mananciais da década de 1970. (WHATELY, op. cit)

Em vista disso, segundo o WHATELY (ibidem), a nova LPM estabelece uma política

integrada, descentralizada e participativa, envolvendo a população, município e go-

verno estadual na preservação dos mananciais, tal qual a Política Estadual de Recursos

Hídricos, sendo o Comitê ou os subcomitês responsáveis pela gestão da bacia e da lei.

Para tanto, visa integrar a política habitacional à preservação ambiental, compatibi-

lizando o uso, a ocupação do solo e o desenvolvimento econômico com diretrizes e

normas para a proteção e recuperação da qualidade ambiental das bacias hidrográficas

dos mananciais.

A Lei 9.866/1997, advinda de modificações na postura institucional, segundo

Alvim (2003), pode ser considerada um instrumento contemporâneo de planejamento

ambiental mais democrático, que procura atender as especificidades locais. A lei

estabelece também um conjunto de diretrizes e normas de orientação que dependem

da elaboração de leis específicas no âmbito de cada sub-bacia.

Deste modo, conforme a Lei 9.866/1997, a Área de Proteção e Recuperação dos Ma-

nanciais – APRM pode abranger uma ou mais sub-bacias hidrográficas dos mananciais

de interesse regional para abastecimento público. As APRMs são definidas e delimitadas

mediante proposta do Comitê de Bacia Hidrográfica e por deliberação do Conselho

Estadual de Recursos Hídricos – CRH, ouvidos o Conselho Estadual de Meio Ambiente

– CONSEMA – e o Conselho de Desenvolvimento Regional – CDR , e criadas por lei esta-

dual.

A gestão das APRMs está vinculada ao Sistema Integrado de Gerenciamento de Re-

cursos Hídricos – SIGRH, que garante a articulação com os Sistemas de Meio Ambiente

e Desenvolvimento Regional. Conforme o Quadro 2.1 a seguir:

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Capítulo 2 | A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

Quadro 2.1. Sistema de Gestão de Recursos Hídricos

Fonte: Redesenho sobre imagem disponível em: http://www.sigrh.sp.gov.br/sigrh/basecon/lrh2000/anexos/sistemadegestoderecur-soshdricos.htm. Acesso em 06.Set.2008

Segundo a Lei, estão previstos instrumentos de planejamento e gestão para as

APRMs, como as áreas de intervenção e respectivas diretrizes e normas ambientais

e urbanísticas de interesse regional; as normas para implantação de infra-estrutura

sanitária; os mecanismos de compensação financeira aos Municípios; o Plano de De-

senvolvimento e Proteção Ambiental – PDPA; o controle das atividades potencialmente

degradadoras do meio ambiente, capazes de afetar os mananciais; o Sistema Gerencial

de Informações; e a imposição de penalidades por infrações às disposições desta lei e

das leis específicas de cada APRM.

As Áreas de Intervenção devem ser criadas em cada APRM, para a aplicação de

dispositivos normativos de proteção, recuperação e preservação dos mananciais e para

a implementação de políticas públicas, além de elaborar o Plano de Desenvolvimento

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Quadro 2.2. Áreas de Intervenção

Com a criação dessas áreas pretende-se disciplinar a ocupação e o uso do solo,

e assim possibilitar a recuperação de áreas degradadas e a preservação dos recursos

naturais.

Dentre as principais causas de deterioração ambiental está a falta de infra-estrutu-

ra sanitária. Com relação à implantação de sistema coletivo de tratamento e disposição

de resíduos sólidos domésticos em APRM (art. 20), será proibida em Áreas de Restrição

à Ocupação. A implantação só poderá ocorrer se não houver alternativa e, deverá aten-

der normas, índices e parâmetros específicos para as APRMs, a serem estabelecidos por

instituição ambiental competente.

Os municípios também devem adotar programas integrados de gestão de resíduos

sólidos que incluam, entre outros, a minimização dos resíduos, a coleta seletiva e a

reciclagem. (Cap. IV, Seção II, arts. 20 a 24)

O lançamento de efluentes líquidos residenciais em APRM será admitido, desde

que recebam tratamento compatível com a classificação do corpo d’água receptor10.

10 O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA na resolução nº 20 de 18 de junho de 1986, classificou as águas doces em 5 classes: Classe especial, Classes 1, 2, 3 e 4. Somente a Classe 4 não é destinada para o abastecimento doméstico. A Classe Especial pode ser utilizada sem prévia ou com simples desinfecção; a Classe 1 necessita de tra-tamento simplificado e a Classe 2 e 3 necessitam de tratamento convencional para o abastecimento doméstico.

Disponivel em: http://sigam.ambiente.sp.gov.br/Sigam2/legisla%C3%A7%C3%A3o%20ambiental/lei%20est%201997_09866.pdf. Acesso em: 01.Nov.2008

Fonte: Quadro elaborado pela autora baseado no Projeto de Lei Específica Billings

Quadro 2Quadro 2Quadro 2Quadro 2

ClassesClassesClassesClasses CaracterísticasCaracterísticasCaracterísticasCaracterísticas Atividades permitidasAtividades permitidasAtividades permitidasAtividades permitidas

Áreas de Restrição à OcupaçãoÁreas de Restrição à OcupaçãoÁreas de Restrição à OcupaçãoÁreas de Restrição à OcupaçãoÁreas de preservação permanente e de interesse para a proteção dos mananciais

Área de preservação, conservação e recuperação dos recursos naturais

Áreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação DirigidaÁreas para consolidação de usos rurais ou urbanos

São permitidas, desde que ofereça as condições ambientais necessárias à produção de água

Áreas de Recuperação AmbientalÁreas de Recuperação AmbientalÁreas de Recuperação AmbientalÁreas de Recuperação Ambiental

Apresentam usos e ocupações que comprometem a quantidade e qualidade dos mananciais de abastecimento público

Necessitam de intervenção de caráter corretivo. Posteriormente, poderão ser reenquadradas pelo PDPA nas 2 classes acima

Áreas de IntervençãoÁreas de IntervençãoÁreas de IntervençãoÁreas de Intervenção

e Proteção Ambiental (PDPA). (MARTINS, 2006; ALVIM, 2003, 2007). De acordo com a

lei 9.866/ 1997, Cap. IV, a APRM, conforme Quadro 2.2, pode ser dividida em: Áreas de

Restrição à Ocupação, Áreas de Ocupação Dirigida e Áreas de Recuperação Ambiental.

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Capítulo 2 | A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

Os efluentes líquidos de origem industrial deverão ser afastados das APRMs, exceto se

for comprovada a inviabilidade técnica e econômica do afastamento e se os efluentes

conterem exclusivamente cargas orgânicas não tóxicas. Para infiltração devem se pre-

viamente tratados de forma compatível com a classificação do corpo d’água receptor.

(Cap. IV, Seção II, arts. 25 e 26)

Dentre os principais instrumentos de planejamento e gestão está o Plano de De-

senvolvimento e Proteção Ambiental – PDPA (Cap. VI), que deverá servir de subsídio

para o Projeto de Lei específica, organizando as ações e investimentos de proteção de

cada uma das APRMs. O plano visa estabelecer políticas setoriais relativas a habitação,

transporte, manejo de recursos naturais, saneamento ambiental e infra-estrutura, que

de alguma maneira provoque danos aos mananciais; articular e promover ações para

atrair ou induzir a instalação de empreendimentos e atividades compatíveis e desejáveis;

orientar outras políticas de proteção; propor metas e normas nas áreas sob intervenção;

definir programas de fiscalização e controle e educação ambiental; estabelecer projetos

e ações de recuperação, proteção e conservação da qualidade ambiental.

Na tentativa de coibir os danos ambientais nas APRMs, as infrações foram classifi-

cadas em leves, graves e gravíssimas, considerando-se a possibilidade de reparação dos

danos ambientais. (Cap. VIII, art.35, inciso I a III)

De acordo com as infrações, as sanções vão desde advertências, multas, até pena-

lidades de embargo e demolição, que poderão ser impostas na hipótese de obras ou

construções feitas sem licença ou com ela desconformes, podendo ser aplicadas sem

prévia advertência ou multa, quando houver risco de dano ao manancial.

Dada a gravidade da situação da área de proteção dos mananciais, nos anos de

1990, a nova legislação abriu a possibilidade, enquanto aguardava-se a lei específica,

do Estado implementar ações mais imediatas, consideradas pela lei, obras emergen-

ciais. Isso seria possível se as condições ambientais e sanitárias da bacia ameaçassem

a vida e a saúde pública ou comprometessem a utilização dos mananciais para fins de

abastecimento.

A Nova Lei dos Mananciais (Lei 9.866/1997), regulamentada pelo Decreto nº

43.022/1998, define as obras emergenciais como aquelas consideradas necessárias ao

abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais, conten-

ção de erosão, estabilização de taludes, fornecimento de energia elétrica, controle da

poluição das águas e revegetação. Estas obras devem constar de Plano Emergencial de

Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana da Grande São Paulo e deverão

ser aprovadas pelo órgão colegiado (Comitê).

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

As intervenções urbanísticas em área de proteção aos mananciais, antes proibidas,

foram possíveis com a promulgação da Lei Estadual 9866/1997, ou seja, a implemen-

tação de ações para execução de obras emergenciais é permitida nos casos em que as

condições ambientais e sanitárias apresentem riscos à segurança e saúde pública ou

comprometam mananciais para fins de abastecimento.

Para tanto, seria formado um Grupo Técnico com representantes da Secretaria

do Meio Ambiente, Coordenadoria de Planejamento Ambiental – CPLA, Departamen-

to de Avaliação de Impacto Ambiental – DAIA, Departamento Estadual de Proteção e

de Recursos Naturais – DEPRN, Departamento do Uso do Solo Metropolitano – DUSM,

Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB, Secretaria de Recursos

Hídricos, Saneamento e Obras, Companhia de Saneamento Básico do Estado de São

Paulo – SABESP, Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE, Secretaria da Habi-

tação; Secretaria de Energia, e Secretaria da Saúde.

Anexo ao Decreto 43.022/1998 há uma classificação das áreas de drenagem dos

braços dos reservatórios ou sub-bacias dos mananciais e tipos de intervenção permi-

tidos no Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da RMSP, no Reservatório

Billings na sub-bacia dos rios Alvarengas e Lavras corresponde ao Nível II de Criticidade,

conforme Quadro 2.3.

Quadro 2.3. Áreas de Drenagem dos Braços do Reservatório Billings ou de sub-bacias eníveis de criticidade

Fonte: ANEXO do Decreto nº 43.022, de 7 de abril de 1998 que regulamenta a Lei nº 9.866/97

Quadro 3Quadro 3Quadro 3Quadro 3

ÁREAS DE DRENAGEM DOS BRAÇOS DO RESERVATÓRIO OU DEÁREAS DE DRENAGEM DOS BRAÇOS DO RESERVATÓRIO OU DEÁREAS DE DRENAGEM DOS BRAÇOS DO RESERVATÓRIO OU DEÁREAS DE DRENAGEM DOS BRAÇOS DO RESERVATÓRIO OU DESUB-BACIAS DO NÍVEL CRITICIDADE DOS MANANCIAISSUB-BACIAS DO NÍVEL CRITICIDADE DOS MANANCIAISSUB-BACIAS DO NÍVEL CRITICIDADE DOS MANANCIAISSUB-BACIAS DO NÍVEL CRITICIDADE DOS MANANCIAIS

Nível de Criticidade

Cocaia II

Bororé II

Taquacetuba I

Pedra Branca I

Capivari I

Pequeno I

Grande I

Apurás II

Guacuri II

Grota Funda II

Alvarengas/Lavras II

Bacia Billings: Áreas de Drenagem dos Braços do Reservatório ou de Sub-Bacia Billings: Áreas de Drenagem dos Braços do Reservatório ou de Sub-Bacia Billings: Áreas de Drenagem dos Braços do Reservatório ou de Sub-Bacia Billings: Áreas de Drenagem dos Braços do Reservatório ou de Sub-BaciasBaciasBaciasBaciasdo Nível Criticidade dos Mananciaisdo Nível Criticidade dos Mananciaisdo Nível Criticidade dos Mananciaisdo Nível Criticidade dos Mananciais

O grau de degradação dos mananciais é indicado pelo Nível de Criticidade: o nível

I é atribuído a mananciais que não se encontram em estágio acentuado de degradação,

áreas com ocupações esparsas cuja localização e densidade demográfica não se consti-

tuem em risco de vida à saúde pública.

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Capítulo 2 | A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

O nível II são mananciais em estágio de degradação, áreas com ocupações consoli-

dadas cuja localização e densidade constituem-se em risco de vida à saúde pública.

No referido decreto, os tipos de intervenção permitidos em mananciais classificados

como de nível I, são obras necessárias para controle da poluição das águas, contenção

de erosão, estabilização de taludes e revegetação. Sendo que as obras necessárias ao

abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem de águas pluviais e forne-

cimento de energia elétrica, somente são permitidas em núcleos populacionais cuja

densidade seja maior que 100 hab/ha. Nos de nível II, caso do Alvarengas, área a ser

estudada, são de obras necessárias ao abastecimento de água, esgotamento sanitário,

drenagem de águas pluviais, fornecimento de energia elétrica, controle da poluição das

águas, contenção de erosão, estabilização de taludes e revegetação.

Dentre as ações do Plano de Intervenção para compensação ambiental em assen-

tamentos localizados em área de proteção de mananciais, particularmente no local a

ser estudado, está a compensação ambiental, que é parte de um conjunto de diretrizes

para o estabelecimento de uma política ambiental no município: informar e cons-

cientizar a população local sobre os problemas oriundos da ocupação desordenada e

adensamento habitacional em áreas de mananciais e dos objetivos a serem alcançados

pelo plano, incentivar os moradores a criar espaços de permeabilidade em calçadas e

quintais, campanha de arborização dada a importância das árvores para melhorar a

permeabilidade do solo, equilíbrio hidrológico e climático, e, estimular a participação

da comunidade e a formação de Comitê de Desenvolvimento Sustentável, para orientar

a população. (PMSBC- PROCESSO 2179/2000)

O Comitê de Desenvolvimento Sustentável será o fórum de discussões entre a po-

pulação local e o poder público, em problemas socioambientais locais, sejam estes

cotidianos ou em ações estratégicas propostas pelo Plano em questões ambientais e em

sua melhoria. (Ibidem)

2.2.1 O papel do Subcomitê Billings-Tamanduateí

Os comitês de Bacias Hidrográficas foram criados pela lei que instituiu a Política

Estadual de Recursos Hídricos (7.663/1991) para gerenciar a água em todas as Unidades

de Gerenciamento de Recursos Hídricos (URGHI) do Estado de São Paulo de maneira

descentralizada, integrada e com a participação da sociedade11.

11 Disponível em: http://www.rededasaguas.org.br/comite/comite_01.asp. Acesso em 06.jun.2008

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Antes, o gerenciamento da água era feito de forma isolada por municípios e Es-

tado, com informações dispersas de órgãos técnicos ligados ao assunto e com dados

incompatíveis. A dificuldade em obter informações concretas repercutia no planeja-

mento de obras para captação, abastecimento, distribuição, despejo ou tratamento da

água, etc, resultando em operações desnecessárias e desperdício de dinheiro público.

Isso demonstrou a falta de integração das políticas públicas e de eficiência na gestão dos

recursos naturais, o que colaborou na degradação de muitos corpos d’água (Ibidem).

Então, para gerir os recursos hídricos, foram constituídos os Comitês de Bacias, que

são organismos responsáveis não só pela gestão dos recursos hídricos, mas também do

território que integra a bacia. Suas ações, sobretudo, visam buscar integrações interse-

toriais e interinstitucionais, minimizando os conflitos dos recursos hídricos no território

a ser gerido. Na Região Metropolitana de São Paulo, que apresenta a escassez de água

para abastecimento público, a política de uso e ocupação do solo é fundamental para

controle da expansão urbana, visto que este é um dos principais conflitos que interfe-

rem na disponibilidade de água desta região. (ALVIM, 2003)

Os comitês são colegiados tripartites compostos por representantes de municípios

(prefeitos), de órgãos estaduais e de entidades representativas da sociedade civil (ONGS,

universidades, associações) em igual número. Essa composição visa garantir a todos os

integrantes do colegiado os mesmos direitos na tomada de decisões que irão influen-

ciar na melhoria da qualidade de vida da região e no desenvolvimento sustentado da

bacia. Por isso, os comitês de bacia são considerados “o parlamento das águas”12.

Para ALVIM (2003), o papel do Comitê de Bacia é importante, por ser o órgão que

delibera sobre todas as questões que envolvem a água e os elementos que se rela-

cionam a ela. Emite pareceres sobre os programas de intervenção da Agência, elege

seu Conselho de Administração, fixa tarifas e, é consultado sobre o planejamento dos

limites da bacia e da viabilidade de trabalhos na área. Assim, o Comitê de Bacia exerce

papel fundamental na gestão integrada de bacia, coordenando todas as instituições

que atuam neste território.

A importância dos comitês está em possibilitar a discussão e planejamento para

solução de conflitos entre diferentes atores e diferentes esferas de governo. Porém, o

desafio encontra-se em intermediar a heterogeneidade de interesses e conseguir chegar

a um consenso, sem, no entanto, ferir o interesse público.

12 Disponível em: http://www.rededasaguas.org.br/comite/comite_01.asp. Acesso em 06 Jun.2008.

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Capítulo 2 | A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

13 O Consórcio Intermunicipal do ABC é composto dos seguintes municípios: Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. Disponível em: http://www.rededasa-guas.org.br/comite/comite_01.asp. Acesso em 06 Jun.2008.

A participação do Comitê e subcomitês no Plano Emergencial da Bacia do Alto

Tietê, segundo ALVIM (2003) são evidentes no processo de gestão dos mananciais, não

se restringindo a delimitação das sub-bacias, elaboração de leis específicas ou definição

das ações do Plano Emergencial. Com os subcomitês integrando o sistema de gestão de

mananciais à gestão dos recursos hídricos, permite-se maior proximidade com proble-

mas locais em suas especificidades e na articulação entre as políticas ambientais e as de

uso e ocupação do solo.

O Comitê de Bacia do Alto Tietê, foro responsável pela gestão das águas da Ba-

cia Hidrográfica do Alto Tietê, foi subdividido em cinco sub-comitês correspondendo

às cinco sub-bacias: Cotia-Guarapiranga, Billings-Tamanduateí, Juqueri-Cantareira, Pi-

nheiros-Pirapora e Alto Tietê. Cada qual agregando representantes dos municípios que

têm sua maior extensão territorial na sub-bacia, além do município de São Paulo que

participa de todas as instâncias, devido a sua importância econômica e social dentre os

municípios integrantes.(AGUILAR, 2007, p.7)

No caso do subcomitê Billings-Tamanduateí, a maior preocupação envolve a sub-

bacia Billings, a deterioração de suas águas e o seu futuro com o empreendimento

de ações para recuperação de seus mananciais. A sub-bacia é uma região altamente

industrializada e urbanizada, daí a importância da articulação entre a gestão hídrica-

ambiental e o uso do solo. (ALVIM, op.cit.)

Para tanto, esse subcomitê possui importante articulação regional com: o Consór-

cio Intermunicipal do ABC13, o Fórum da Cidadania, a Agência de Desenvolvimento do

ABC e a Câmara Regional do ABC, conjuntamente com a sociedade civil, que exerce um

importante papel nas tomadas de decisões. (idem,ibidem)

Segundo Alvim (ibid.), dada a complexidade política da área, o sub-comitê Billings-

Tamanduateí tem a difícil tarefa de conseguir o consenso entre as partes (sociedade

civil, organizações municipais e regionais). Assim como para Neder (2001 apud ALVIM,

2003), não basta possuir o conhecimento das especificidades locais e de diagnósticos

elaborados pelos órgãos públicos para a solução dos conflitos.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

2.3 O Projeto de Lei Específica para a Sub-bacia Billings

O Projeto de Lei Específica da APRM Billings, em sua minuta, foi aprovado pelo sub-

comitê em 26/04/2007, assinado pelo governador do estado de São Paulo em 24/09/2008

e encaminhado à Assembléia Legislativa.

Esse Projeto de Lei é fruto de discussões públicas com o envolvimento de toda a

sociedade, tendo como principal referência a Lei Específica da APRM Guarapiranga ou

Lei Estadual nº 12.333/2006. Para ALVIM et al. (2008), a Lei Específica da Guarapiranga

representa um importante avanço quanto à instituição de uma nova forma de enfren-

tar as especificidades da sub-bacia.

O Projeto de Lei Específica da Billings, assim como a Lei Específica da Guarapiran-

ga ,procuram considerar as particularidades das subáreas integrantes, respeitando as

suas características e estabelecendo mecanismos para controle e reversão dos danos

ambientais decorrentes das ações antrópicas. (AGUILAR, op. cit.)

Ainda segundo ALVIM (op.cit.), as leis específicas de ambas as bacias, apesar de

estarem em estágios diferentes, consideram as leis municipais, sobretudo, os Planos Di-

retores que ordenam o uso e a ocupação do solo, importantes na definição do conjunto

de índices adequados para cada sub-área, objetivando a melhoria de disponibilidade

da água. Entretanto, esta mesma autora aponta que, ao incorporar as premissas dos

Planos Diretores, a questão da preservação ficou de lado, pois poucas áreas de restrição

à ocupação urbana foram indicadas. Esse assunto é importante e deverá ser discutido

mais a frente.

As leis específicas de cada APRM estão fundamentadas nas diretrizes da Lei Esta-

dual de proteção e recuperação de mananciais (lei nº 9.866/1997), basicamente com

o objetivo de adequar o controle de uso e ocupação do solo a parâmetros ambientais

para garantir água em quantidade e qualidade necessária. Deve ainda, determinar os

limites de cada APRM, definir diretrizes e normas ambientais e urbanísticas de interesse

regional; estabelecer as Áreas de Intervenção para proteção e recuperação dos manan-

ciais para abastecimento. (WHATELY; SANTORO; TAGNIN, 2008)

Com a aprovação da Lei Específica, conforme o Capítulo I art. 2º § 3º, o Sistema de

Planejamento e Gestão da APRM – Billings estará vinculado ao Sistema Integrado de

Gerenciamento de Recursos Hídricos – SIGRH, garantindo a articulação com os Sistemas

de Meio Ambiente, de Saneamento e de Desenvolvimento Regional. O órgão colegiado

do Sistema de Planejamento e Gestão da APRM–B, de caráter consultivo e deliberativo

será o Comitê de Bacia Hidrográfica do Alto Tietê – CBH–AT, que atuará através de seu

Escritório Regional.

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Capítulo 2 | A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

Os principais objetivos da lei são: assegurar a produção de água da Bacia Hidrográ-

fica do Reservatório Billings para a Região Metropolitana de São Paulo, compatibilizando

com a ocupação antrópica; garantir a prioridade no atendimento às populações já re-

sidentes na Bacia; propiciar a recuperação e melhoria das condições de moradia com a

implementação de infra-estrutura de saneamento ambiental e as medidas compensa-

tórias para a regularização urbanística, ambiental, administrativa e fundiária; garantir,

nas áreas consideradas de risco ou de recuperação ambiental a implementação de

programas de reurbanização, remoção e realocação de população, bem como a recu-

peração ambiental; manter a integridade das Áreas de Preservação Permanente, dos

remanescentes de Mata Atlântica e Unidades de Conservação14, de maneira a garantir a

proteção, conservação, recuperação e preservação da vegetação e diversidade biológica

natural.

Dentre os instrumentos de planejamento e gestão da Lei 9.866/1997 estão o Plano

de Desenvolvimento e Proteção Ambiental – PDPA; as Áreas de Intervenção, suas nor-

mas, diretrizes e parâmetros de planejamento e gestão da bacia; os Planos Diretores e

as respectivas leis municipais de parcelamento, de uso e ocupação do solo, devidamente

adequadas às normas e parâmetros estabelecidos por esta lei; o Sistema de Monitora-

mento e Avaliação Ambiental; o Sistema Gerencial de Informações – SGI; o Modelo de

Correlação entre o Uso do Solo e a Qualidade de Água – MQUAL15; o licenciamento,

a regularização, a fiscalização, a compensação financeira, urbanística, sanitária e am-

biental. (WHATELY; SANTORO, TAGNIN, op.cit)

No rrojeto de Lei, a bacia é dividida em Compartimentos Ambientais, que são

unidades de planejamento (vide figura 2.2) com características ambientais próprias,

originadas pelos braços dos cursos d’água que deram origem ao Reservatório Billings,

criadas com o objetivo de definir diretrizes, metas e normas ambientais e urbanísticas

diferenciadas; e, Áreas de Intervenção ou “Área-Programa” sobre as quais estão defini-

das as diretrizes e normas ambientais e urbanísticas voltadas para garantir a produção

hídrica.

14 A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC que estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. Esta lei entende como unidade de conservação: “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”. (Cap.I, art. 2º, parágrafo I)

15 Modelo de Correlação entre o Uso do Solo e a Qualidade da Água (MQUAL): é definido no projeto de lei especifica da Billings como: “representação matemática a ser adotada como medida de fluxo das cargas poluidoras, relacio-nando, obrigatoriamente, a qualidade da água dos corpos afluentes ao Reservatório Billings, com a intensidade do uso, ocupação e manejo do solo no interior da Bacia Hidrográfica” (Cap. III, Art. 4º § III)

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Foram estabelecidos no capítulo 5 do Projeto de Lei, de acordo com a figura 2.2,

cinco Compartimentos ambientais:

Corpo Central I – constituído dos afluentes naturais contribuintes do Corpo •

Central do Reservatório, onde predomina ocupação urbana consolidada, es-

tando estes inseridos nos Municípios de São Paulo, Diadema e São Bernardo

do Campo;

Corpo Central II – constituído pelos contribuintes do Corpo Central do Reserva-•

tório na área de expansão urbana do Município de São Bernardo do Campo;

Taquacetuba-Bororé - constituído pela Península do Bororé e áreas de drena-•

gem das sub-bacias contribuintes do braço do Taquacetuba situadas em suas

margens Oeste e Sul, inseridas nos Municípios de São Paulo e São Bernardo do

Campo;

Rios Grande e Pequeno – constituído dos braços dos Rios Grande e Pequeno, •

incluindo as sub-bacias de contribuição do Pedroso e Ribeirão da Estiva, inseri-

dos nos Municípios de Santo André, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra;

Capivari - Pedra Branca - constituído dos braços Capivari e Pedra Branca, inse-•

ridos nos Municípios de São Paulo e São Bernardo do Campo.

Figura 2.2. Compartimentos Ambientais

Fonte: Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/pdf/apresentacaoleiespecificabillings.pdf. Acesso em 29 Set.2008

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Capítulo 2 | A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

No projeto constituem-se parâmetros urbanísticos básicos para a instalação de

usos urbanos, residenciais e não-residenciais ou qualquer outra forma de ocupação

como o lote mínimo, cota-parte, coeficiente de aproveitamento, taxa de permeabili-

dade e índice de área vegetada. O índice de área vegetada – IVG será exigido para lote

com área igual ou superior a 250m², correspondendo a, no mínimo, metade da taxa de

permeabilidade estabelecida para cada subárea de ocupação dirigida.

O Projeto de Lei estabelece três categorias de área de intervenção: as Áreas de Res-

trição à Ocupação, as Áreas de Ocupação Dirigida e as Áreas de Recuperação Ambiental.

(QUADRO 2.4)

No entanto, conforme podemos observar na Figura 2.3, das três categorias des-

critas, somente duas prevalecem: a área de ocupação dirigida e a de recuperação

ambiental. As áreas de restrição a ocupação resumem-se a raros pontos. Entretanto,

comparando as Áreas de Intervenção (Figura 2.3) com a de Remanescentes Florestais

(Figura 2.4) notamos que existem muitas áreas em estado avançado de regeneração que

poderiam ser classificadas nas áreas de restrição a ocupação.

Segundo Whately; Santoro; Tagnin (2008, p.22), grande parte da sub-bacia foi clas-

sificada como Área de Ocupação Dirigida e poucas como Área de Restrição a Ocupação,

considerando apenas algumas Unidades de Conservação existentes. As áreas definidas

como Baixa Densidade e de Conservação Ambiental apresentam partes do território que

concentram 80% do que restou de vegetação na região, que tem papel fundamental no

processo de produção de água” e poderiam ser incluídas nas áreas restritas. (ISA, 2007)

Quadro 2.4. Áreas de Intervenção

Fonte: Quadro elaborado pela autora baseado no Projeto de Lei Específica Billings

Quadro 4Quadro 4Quadro 4Quadro 4

ClassesClassesClassesClasses CaracterísticasCaracterísticasCaracterísticasCaracterísticas Atividades permitidasAtividades permitidasAtividades permitidasAtividades permitidas

Áreas de Restrição à OcupaçãoÁreas de Restrição à OcupaçãoÁreas de Restrição à OcupaçãoÁreas de Restrição à Ocupação

Áreas de preservação permanente e de interesse para a proteção e recuperação dos recursos naturais Faixa non aedificandi 50 metros de largura (contados a partir da cota máxima do reservatório – cota 747m)

Atividades de recreação e lazer, educação ambiental e pesquisa científica

Áreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação DirigidaÁreas para consolidação de usos rurais ou urbanos

Obras de saneamento

Áreas de Recuperação AmbientalÁreas de Recuperação AmbientalÁreas de Recuperação AmbientalÁreas de Recuperação Ambiental

Apresentam usos e ocupações que comprometem a quantidade e qualidade dos mananciais de abastecimento público

Atividades que ofereçam condições ambientais necessárias à produção de água

Áreas de IntervençãoÁreas de IntervençãoÁreas de IntervençãoÁreas de Intervenção

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Vegetação primária ou secundária em estágio avançado de regeneração

Vegetação secundária em estágio inicial de regeneração

Várzea

Figura 2.3. Áreas de Ocupação Dirigida: Áreas de Ocupação Especial – SOE, Ocupação Urbana Consolidadas – SUC Ocupação Urbanas Controladas – SUCt, Ocupação de Baixa Densidade – SBD e de Conservação Ambiental – SCA

Fonte: Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/pdf/apresentacaoleiespecificabillings.pdf. Acesso em 29 Set.2008

Figura 2.4. Remanescentes Florestais em 2006 e Áreas de Preservação Permanente

Fonte: WHATELY, 2008, p.18/19

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73

Capítulo 2 | A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

As Áreas de Ocupação Dirigida indicadas na Figura 2.3 subdividem-se nas Áreas de

Ocupação Especial – SOE, Ocupação Urbana Consolidadas – SUC, Ocupação Urbanas

Controladas – SUCt, Ocupação de Baixa Densidade – SBD e de Conservação Ambiental

– SCA. (QUADRO 2.5)

Quadro 2.5. Áreas de Ocupação Dirigida

Fonte: Quadro elaborado pela autora baseado no Projeto de Lei Específica Billings

Quadro 5Quadro 5Quadro 5Quadro 5

ClassificaçãoClassificaçãoClassificaçãoClassificação CaracterísticasCaracterísticasCaracterísticasCaracterísticas AçõesAçõesAçõesAções

Subárea de Ocupação EspecialSubárea de Ocupação EspecialSubárea de Ocupação EspecialSubárea de Ocupação EspecialSOE SOE SOE SOE

Área de recuperação ambiental e urbana - favelas

Implantação de infra-estrutura sanitária e reurbanização de favelas, por meio de ações integradas entre o setor público, empreendedores privados e moradores locais.

Subárea de Ocupação Urbana Consolidada Subárea de Ocupação Urbana Consolidada Subárea de Ocupação Urbana Consolidada Subárea de Ocupação Urbana Consolidada SUCSUCSUCSUC

Área com danos ambientais causados por ações antrópicas

Implantação de infra-estrutura básica; equipamentos públicos; e, ampliar o percentual de área permeável e cobertura de florestal.

Subárea de Ocupação Urbana Controlada Subárea de Ocupação Urbana Controlada Subárea de Ocupação Urbana Controlada Subárea de Ocupação Urbana Controlada SUCtSUCtSUCtSUCt

Áreas urbanas degradadas para requalificação e recuperação

Implantar novos empreendimentos com saneamento ambiental adequado, e, estimular a ampliação de sistemas de áreas verdes.

Subárea de Baixa Densidade Subárea de Baixa Densidade Subárea de Baixa Densidade Subárea de Baixa Densidade SBDSBDSBDSBD

Limitar os investimentos em sistema viário Promover atividades econômicas compatíveis e incentivar a implantação de sistemas autônomos, individuais ou coletivos, de afastamento, tratamento e destinação final de efluentes líquidos.

Subárea de Conservação Ambiental Subárea de Conservação Ambiental Subárea de Conservação Ambiental Subárea de Conservação Ambiental SCASCASCASCA

Induzir a expansão urbana pela ampliação da capacidade do sistema viário

Incentiva ações e programas de manejo, compensação, recuperação e conservação da cobertura florestal; e incentiva a implantação de sistemas autônomos, individuais ou coletivos, de afastamento, tratamento e destinação final de efluentes líquidos.

Áreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação Dirigida

O compartimento ambiental que envolve a área de estudo corresponde ao Corpo

Central I, onde predomina ocupação urbana consolidada. Inserido nos Municípios de

São Paulo, Diadema e São Bernardo do Campo. Nele são permitidos lotes com área mí-

nima de 250m², porém na subárea de Ocupação Especial – SOE, conforme Quadro 2.6,

não há definição da área mínima do lote.

As Áreas de Recuperação Ambiental são as que em razão dos usos e ocupações

comprometem a qualidade e a quantidade das águas dos mananciais, exigindo ações

de caráter corretivo. São subdivididos em ARA1, ARA2 e AER. (QUADRO 2.2.)

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Quadro 2.6. Áreas de Intervenção e Áreas de Ocupação Dirigida

Quadro 2.7. Áreas de Recuperação Ambiental

Fonte: Projeto de Lei Específica da APRM Billings

Quadro 6Quadro 6Quadro 6Quadro 6

Corpo Central ICorpo Central ICorpo Central ICorpo Central ICorpo CentralCorpo CentralCorpo CentralCorpo Central

IIIIIIIIBororé –Bororé –Bororé –Bororé –

TaquacetubaTaquacetubaTaquacetubaTaquacetubaRio Grande eRio Grande eRio Grande eRio Grande e

PequenoPequenoPequenoPequenoCapivari – Capivari – Capivari – Capivari –

Pedra BrancaPedra BrancaPedra BrancaPedra Branca

Lote Mínimo (m²)

Coef. de Aproveitamento

Tx. de Permeabilidade (%)

Índ. de área vegetada (%)

Lote Mínimo (m²) 250 250 250 250 -

Coef. de Aproveitamento 2,5 1 1 2 -

Tx. de Permeabilidade (%) 15 15 15 15 -

Índ. de área vegetada (%) 8 8 8 8 -

Lote Mínimo (m²) 250 250 250 250 500

Coef. de Aproveitamento 2 1 1 1 0,8

Tx. de Permeabilidade (%) 20 20 20 20 40

Índ. de área vegetada (%) 10 10 10 10 20

Lote Mínimo (m²) 500 500 1000 3000 5000

Coef. de Aproveitamento 0,5 0,5 0,2 0,5 0,2

Tx. de Permeabilidade (%) 40 40 50 70 70

Índ. de área vegetada (%) 20 20 25 35 35

Lote Mínimo (m²) 5000 5000 7500 7500 10000

Coef. de Aproveitamento 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1

Tx. de Permeabilidade (%) 90 90 90 90 90

Índ. de área vegetada (%) 45 45 45 45 45

250

2,5

15

8

Subárea de Ocupação EspecialSubárea de Ocupação EspecialSubárea de Ocupação EspecialSubárea de Ocupação EspecialSOE SOE SOE SOE

Subárea de Ocupação Urbana Subárea de Ocupação Urbana Subárea de Ocupação Urbana Subárea de Ocupação Urbana Consolidada Consolidada Consolidada Consolidada SUCSUCSUCSUC

Subárea de Ocupação Urbana Subárea de Ocupação Urbana Subárea de Ocupação Urbana Subárea de Ocupação Urbana Controlada Controlada Controlada Controlada SUCtSUCtSUCtSUCt

Subárea de Baixa Densidade Subárea de Baixa Densidade Subárea de Baixa Densidade Subárea de Baixa Densidade SBDSBDSBDSBD

Subárea de Conservação Ambiental Subárea de Conservação Ambiental Subárea de Conservação Ambiental Subárea de Conservação Ambiental SCASCASCASCA

Áreas de Intervenção. Áreas de Ocupação DirigidaÁreas de Intervenção. Áreas de Ocupação DirigidaÁreas de Intervenção. Áreas de Ocupação DirigidaÁreas de Intervenção. Áreas de Ocupação Dirigida

Compartimentos AmbientaisCompartimentos AmbientaisCompartimentos AmbientaisCompartimentos Ambientais

Áreas de IntervençãoÁreas de IntervençãoÁreas de IntervençãoÁreas de Intervenção Índices UrbanísticosÍndices UrbanísticosÍndices UrbanísticosÍndices Urbanísticos

Fonte: Quadro elaborado pela autora baseado no Projeto de Lei Específica Billings

Quadro 7Quadro 7Quadro 7Quadro 7

ClassificaçãoClassificaçãoClassificaçãoClassificação CaracterísticasCaracterísticasCaracterísticasCaracterísticas Ações previstasAções previstasAções previstasAções previstas

Área de Recuperação Ambiental 1 –Área de Recuperação Ambiental 1 –Área de Recuperação Ambiental 1 –Área de Recuperação Ambiental 1 –ARA 1ARA 1ARA 1ARA 1

Assentamentos habitacionais de interesse social pré-existentes, desprovidos de infra-estrutura de saneamento ambiental

Serão desenvolvidos programas de recuperação urbana e ambiental pelo Poder Público e possível parceria com agentes privados - objeto do Programa de Recuperação de Interesse Social – PRIS.

Área de Recuperação Ambiental 2 –Área de Recuperação Ambiental 2 –Área de Recuperação Ambiental 2 –Área de Recuperação Ambiental 2 –ARA 2ARA 2ARA 2ARA 2

Áreas degradadas previamente identificadas Deverão ser imediatamente recuperadas pelos responsáveis pelo dano ambiental - objeto de Projeto de Recuperação Ambiental em Mananciais – PRAM.

Área de Estruturação UrbanaÁrea de Estruturação UrbanaÁrea de Estruturação UrbanaÁrea de Estruturação UrbanaRodoanel – AERRodoanel – AERRodoanel – AERRodoanel – AER

Área de influência direta do Rodoanel Mário Covas. O Rodoanel como indutor em potencial de expansão urbana em áreas totalmente desprovidas de infra-estrutura de saneamento acarretando em poluição, desmatamentos e outros conflitos

O Plano de Desenvolvimento e Proteção Ambiental do Reservatório Billings – PDPA deverá elaborar o Programa de Estruturação Urbana Rodoanel

Áreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação DirigidaÁreas de Ocupação Dirigida

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Capítulo 2 | A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

O Projeto de Lei propõe diminuir as cargas poluidoras da represa, reprimir a ex-

pansão urbana, minimizar o quadro de degradação ambiental e poderá permitir a

regularização de empreendimentos, edificações e parcelamento de solo existente, ain-

da que não atendam aos parâmetros urbanísticos e ambientais nela estabelecidos para

os novos empreendimentos.

Segundo Boletim da SMA (2008)16, com a aprovação desta lei pretende-se: diminuir

os níveis de poluição das águas da Bacia Billings em 70%; estabelecer mecanismos de

regularização mediante compensação que pode ser de caráter urbanístico, ambiental

ou monetária, o que não significa regularização com anistia aos assentamentos irre-

gulares; instituir, nas áreas declaradas de interesse social, Programa de Recuperação e

Interesse Social – PRIS, a ser definido pelo município; e, definir a compensação ambien-

tal medida pelo índice de área vegetada (IVG)17.

Como já colocado, o Modelo de Correlação entre o Uso do Solo e a Qualidade de

Água – MQUAL18 é um dos principais instrumentos definidos pelo Projeto de Lei. O

modelo de simulação MQUAL, idéia central da lei, utilizou-se de dados como da distri-

buição populacional (IBGE, 2000), disponibilidade de infra-estrutura sanitária e análise

da qualidade da água dos municípios integrantes da sub-bacia. A partir, desses resul-

tados, as cargas-limite estabelecidas para os municípios da bacia servirão para balizar

o planejamento de uso e ocupação do solo, somando-se a elas as ações de preservação

e recuperação urbana e ambiental, instalação de infra-estrutura e estruturas de redu-

ção à poluição que resultariam na melhoria da qualidade da água. (MARTINS, op. cit.);

(SMA.2004); (WHATELY; SANTORO; TAGNIN, op.cit)

Por meio dessas simulações é possível identificar, segundo Martins (id.), que o po-

tencial poluidor de aglomerações sem infra-estrutura de saneamento, é cerca de cinco

vezes maior do que as que possuem tais serviços, podendo haver redução de cargas

com a implementação de áreas verdes. Porém, estes aspectos considerados (população,

sistema de tratamento de esgotos e geração de cargas poluidoras) possuem variáveis

que poderiam mitigar os danos da urbanização ao ambiente.

16 Disponível em: http://www.ambiente.sp.gov.br/verNoticia.php?id=183. Acesso em 25 Out.2008

17 O Índice de Área Vegetada – IVG consiste no plantio de árvores na área permeável do lote (tendo este área supe-rior a 250 m², em lotes de áreas inferiores, a área a ser compensada será reduzida à metade), visando a melhoria dos micro-climas das áreas intensamente urbanizadas, gerando maior conforto térmico, ventilação e qualidade ambiental.(Projeto de Lei Específica – art. 27)

18 O Modelo de Correlação entre o Uso do Solo e a Qualidade de Água –MQUAL foi desenvolvido no Programa Guara-piranga baseado em modelo matemático, objetivando estimar a qualidade da água a partir da relação entre uso e ocupação do solo e disponibilidade de sistemas de saneamento. Constitui-se de 3 módulos: no primeiro é feita uma estimativa de carga poluidora, que é mensurada pela quantidade de fósforo presente na água e, nos demais avalia-se a qualidade da água. (SMA,2004)

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

No entanto, segundo o WHATELY; SANTORO; TAGNIN (id.), para o modelo MQUAL

Billings, não foram considerados a influência dos eventuais bombeamentos do Rio Pi-

nheiros, nem as cargas pontuais ou concentradas (indústrias e áreas contaminadas). Os

cálculos são estimados a partir de um padrão de urbanização. Sendo assim, acredita-se

que será difícil atingir a meta proposta de reduzir pela metade a poluição até 2015.

O Corpo Central I, conforme Quadro 2.8, deverá sofrer intervenções para recupe-

ração e saneamento ambiental porém, comparativamente, será o maior contribuinte

de carga de fósforo, e terá o índice de área vegetada mais baixo (IVG) da Sub-bacia

Billings.

Quadro 2.8. Compartimentos Ambientais

Embora essa legislação seja bastante contemporânea, a morosidade de sua elabo-

ração e aprovação é prejudicial a toda a sociedade. Atualmente a população moradora

das áreas de proteção de mananciais aguarda pela aprovação da Lei Específica, enquan-

to isso, os conflitos e tensões se intensificam, ampliando a deterioração das águas do

reservatório Billings. (WHATELY; SANTORO;TAGNIN, 2008).

Infelizmente, as últimas notícias dadas pelo Jornal Diário do Grande ABC19, foram

que o Projeto de Lei Específica da Billings não será votado neste ano de 2008. O Projeto

terá que passar pelas comissões de Justiça, Meio Ambiente e Finanças, e cada uma delas

terá prazo de 90 dias para analisar o projeto.

19 Diário do Grande ABC. Caderno Setecidades. Lei da Billings entra na fila da Assembléia e fica para 2009. Matéria de 25 Nov.2008

Fonte: Projeto de Lei Específica da APRM Billings

Quadro 8Quadro 8Quadro 8Quadro 8

Corpo Central ICorpo Central ICorpo Central ICorpo Central I Corpo Central IICorpo Central IICorpo Central IICorpo Central IIBororé -Bororé -Bororé -Bororé -

TaquacetubaTaquacetubaTaquacetubaTaquacetubaRio Grande eRio Grande eRio Grande eRio Grande e

PequenoPequenoPequenoPequenoCapiv ari -Capiv ari -Capiv ari -Capiv ari -

Pedra BrancaPedra BrancaPedra BrancaPedra Branca

DiretrizesDiretrizesDiretrizesDiretrizes Ações derecuperação esaneamentoambiental

Ações derecuperação esaneamentoambiental

Preservar aqualidade ambiental

Melhoria dequalidade da água

Fomento, apoio e desenvolvimento do manejo sustentáveldas áreas preservadas

Qualidade da água:Qualidade da água:Qualidade da água:Qualidade da água:AbastecimentoAbastecimentoAbastecimentoAbastecimento

Redução da Cargade Fósforo a 135 kg/dia135 kg/dia135 kg/dia135 kg/dia

Redução da Cargade Fósforo a 11 kg/dia11 kg/dia11 kg/dia11 kg/dia

Redução da Cargade Fósforo a 27 kg/dia27 kg/dia27 kg/dia27 kg/dia

Redução da Cargade Fósforo a 103kg/dia103kg/dia103kg/dia103kg/dia

Redução da Carga de Fósforo a 5 kg/dia5 kg/dia5 kg/dia5 kg/dia

Cobertura VegetalCobertura VegetalCobertura VegetalCobertura Vegetal Manutenção doíndice de ÁreaVegetada observadaem 2000: 19%19%19%19%

Manutenção doíndice de ÁreaVegetada observadaem 2000: 45%45%45%45%

Manutenção doíndice de ÁreaVegetada observadaem 2000: 51%51%51%51%

Manutenção doíndice de ÁreaVegetada observadaem 2000: 63%63%63%63%

Manutenção do índicede Área Vegetadaobservada em 2000: 67%67%67%67%

Compartimentos AmbientaisCompartimentos AmbientaisCompartimentos AmbientaisCompartimentos Ambientais

Compartimentos AmbientaisCompartimentos AmbientaisCompartimentos AmbientaisCompartimentos Ambientais

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Capítulo 2 | A POLÍTICA DE PROTEÇÃO AOS MANANCIAIS E A SUB-BACIA BILLINGS

Neste momento em que se aguarda a aprovação da Lei Específica da APRM-Billings

surgem polêmicas quanto aos efetivos benefícios da lei. Uma das questões levanta-

das pelos ambientalistas é com relação ao adensamento que surgirá com a aprovação

de lotes menores, com 250m², o dobro do que era permitido. Outra questão colocada

pelo urbanista Fábio Vital20 é que, sem a implantação do Plano de Desenvolvimento

e Proteção Ambiental – PDPA, a lei pode transformar-se “em uma simples lei de uso e

ocupação do solo, sem a dimensão de sustentabilidade ambiental ou socioeconômica

requeridas”.

Para o Instituto Acqua, “os planos diretores municipais, pouco levaram em conta

os aspectos regionais ou de suas fronteiras. Dessa forma, é preciso alterar o Projeto de

Lei Específica, especialmente o seu zoneamento e as disposições que permitem maior

população, ocupação, uso econômico e a retirada de vegetação”21.

Entretanto, enquanto os novos instrumentos de proteção aos mananciais não fo-

rem postos em prática, os municípios que integram a Sub-bacia Billings continuam com

a difícil tarefa de equacionar as demandas urbanas às exigências ambientais. São Ber-

nardo do Campo, em particular, possui o maior território na sub-bacia e apresenta uma

das maiores populações nas áreas de mananciais, cenário de conflitos entre o direito de

morar e o dever de preservar o meio ambiente, discutidos no capítulo seguinte.

20 VITAL, Fábio. In: FERRAZ, Adriana. Estado finaliza Lei Específica da Billings. Declaração dada para o Jornal Diário do Grande ABC – Caderno Sete Cidades de 24 Set.2008.

21 Disponivel em: http://www.institutoacqua.org.br/index.php?inc=noticias.php&id=16. Acesso em 25 Set. 2008

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3. O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

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No contexto de formulação de uma nova lei de proteção de mananciais, os municí-

pios que pertencem à Sub-bacia Billings, particularmente São Bernardo do Campo que

possui o maior território na sub-bacia e também o maior contingente populacional (de-

pois do município de São Paulo), encontram-se diante de uma difícil tarefa: preservar a

área de proteção dos mananciais e ao mesmo tempo equacionar a questão da falta de

moradia, que é uma realidade nestas áreas.

O município teve um intenso crescimento demográfico promovido pela instalação

de indústrias na região. A possibilidade de melhoria de vida trouxe pessoas humildes

em busca de empregos e moradias. A escassez e encarecimento de imóveis na área ur-

bana levou a população à procura de imóveis baratos na periferia. Sem alternativa de

moradia adequada na área formal, a população acabou ocupando os vazios urbanos,

encostas, áreas sujeitas a alagamentos e até as áreas de mananciais.

As ocupações em áreas de mananciais aconteceram por falha nas Legislações de

Proteção aos Mananciais – LPMs, falta de fiscalização eficaz e pela ação de especulado-

res imobiliários e políticos inescrupulosos que se aproveitaram da situação para vender

inúmeros terrenos nos muitos loteamentos irregulares, de modo geral, desprovidos de

infra-estrutura e de qualquer preocupação ambiental.

A degradação ambiental provocada por essas aglomerações foi fruto da falta de ar-

ticulação das políticas ambientais. Por meio do Plano Diretor (PDSBC) – Lei 5.593/2006

busca-se um equilíbrio no desenvolvimento econômico, social e ambiental, que resulte

na melhoria da qualidade de vida da população e do ambiente. Cabe ainda ao PDSBC,

promover a integração e participação das diferentes esferas de governo regional, esta-

dual e federal.

Neste capítulo pretende-se discutir a contribuição do Estado na atual situação dos

mananciais da RMSP, em particular da Sub-bacia Billings. A busca de normas legais,

dentro de uma política centralizadora que, desde a década de 1970 (Lei 898/1975 e

1.172/1976) tentou proteger os mananciais da RMSP das ocupações irregulares. A re-

democratização do país teve reflexos na gestão dos recursos hídricos propiciaram uma

nova proposta de caráter descentralizado e participativo.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

A adoção da bacia hidrográfica como unidade físico-territorial de planejamento

e a criação dos comitês de bacias para a gestão dos recursos hídricos. A reformulação

da legislação de proteção de mananciais (Lei 9.866/1997) com o objetivo de proteger e

recuperar os mananciais do Estado de São Paulo criou alguns instrumentos: o Plano de

Desenvolvimento e Proteção Ambiental – PDPA e a Lei Específica da APRM-Billings (que

ainda não foram implementados e aguardam aprovação).

O objeto central deste capítulo é caracterizar o município de São Bernardo do

Campo e discutir o Plano Diretor, destacando os aspectos que envolvem a Área de Pro-

teção aos Mananciais, em particular, o Projeto de Lei que pretende apresentar e discutir

a atual política ambiental para a área de proteção da Sub-bacia Billings (em fase de

construção) e suas interfaces com os instrumentos de planejamento urbano instituídos

para o município de São Bernardo do Campo, principalmente o seu Plano Diretor (Lei

5.593/2006). Verifica-se qual o papel do Plano Diretor de SBC em disciplinar o território

para que haja um desenvolvimento econômico, social, ambiental e espacial equilibra-

do e uma melhoria da qualidade de vida da população e do ambiente.

3.1 O Município de São Bernardo do Campo

O Município de São Bernardo do Campo está localizado na Região Sudeste da Re-

gião Metropolitana de São Paulo, ocupando 407,1 Km² de área correspondente a 49%

da superfície total do Grande ABC; 5% da Região Metropolitana de São Paulo e 0,2% da

área total do Estado de São Paulo. (PMSBC, 2007)1.

São Bernardo do Campo, conforme Tabela 3.1, possui 79,40% do seu território em

áreas protegidas: 219,18 Km² (53,7%) de sua área total localizada em Área de Proteção

aos Mananciais e 105 km² (25,7%) no Parque Estadual da Serra do Mar, destas, 75,82 Km²

(18,6%) está ocupada pela Represa Billings. (Id., ibd.)

O município apresenta na região próxima a Serra do Mar, importante remanescen-

te de mata atlântica original e, nas vertentes da Bacia do Sistema Billings, vegetação de

média densidade – capoeiras baixas e ralas, enquanto que no restante do município há

uma ausência de mata. (Ibidem)

1 Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo (PMSBC) .Disponível em: http://www.saobernardo.sp.gov.br/secretarias/sp/geoportal/COMPENDIO/P07.pdfAcesssado em: 29.Set.2008

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

Tabela 3.1. São Bernardo do Campo – Áreas: Urbana, Rural e de Proteção Ambiental

São Bernardo do Campo está situado no chamado Planalto Paulista com altitudes

médias entre 715 e 900 m, constituindo-se de relevo suavizado de morros e espigões

que drenam para duas bacias hidrográficas fundamentais: a Bacia composta por rios

contribuintes da Baixada Santista, que nascem nas cabeceiras da Serra do Mar e descem

em direção ao oceano; e a Bacia do Tietê, que se apresenta sob dois aspectos distintos:

a Bacia do Tamanduateí e a Bacia do Pinheiros. (Ibidem)

A Bacia do Tamanduateí é formada por rios que correm em direção ao planalto e

desembocam no Rio Tamanduateí, afluente do Rio Tietê. Já a Bacia do Pinheiros inte-

gra o Sistema Billings e é composta pelo represamento do Rio Grande e seus afluentes:

Alvarenga, Lavras, Soldado, Simão, Pedra Branca, Porcos, Capivari Pequeno, etc.

A população total do município em 2007, segundo dados da Prefeitura Municipal

de SBC é de 781.390 habitantes, dos quais 98,26% ou 767.793.814 vivem em área urba-

na e somente 1,74% ou 13.596.186 estão em áreas rurais.

São Bernardo do Campo é considerado um dos municípios mais prósperos do Es-

tado de São Paulo, o que contrasta com os graves problemas sociais por parte de sua

população que vive nos inúmeros assentamentos precários, que causam danos ambien-

tais e interferem na disponibilidade de água da Bacia do Reservatório Billings.

2 Ibidem

Tabela 3.2. Indicadores Demográficos do Estado de São Paulo e do Município deSão Bernardo do Campo

Fonte: Prefeitura de São Bernardo do Campo. Compêndio Estatístico 20072

Fonte: Prefeitura de são Bernardo do Campo. Compêndio Estatístico 2007.

Tabela 1Tabela 1Tabela 1Tabela 1

São Bernardo do Campo – Áreas Urbana, Rural e de Proteção AmbientalSão Bernardo do Campo – Áreas Urbana, Rural e de Proteção AmbientalSão Bernardo do Campo – Áreas Urbana, Rural e de Proteção AmbientalSão Bernardo do Campo – Áreas Urbana, Rural e de Proteção Ambiental

ÁREAS ÁREAS ÁREAS ÁREAS Km²Km²Km²Km² %%%%

Extensão territorial totalExtensão territorial totalExtensão territorial totalExtensão territorial total 407,1 100

Extensão territorial urbanaExtensão territorial urbanaExtensão territorial urbanaExtensão territorial urbana 118,74 28,9

Extensão territorial ruralExtensão territorial ruralExtensão territorial ruralExtensão territorial rural 212,54 52,5

Extensão da Represa BillingsExtensão da Represa BillingsExtensão da Represa BillingsExtensão da Represa Billings 75.82 18,6

Proteção aos MananciaisProteção aos MananciaisProteção aos MananciaisProteção aos Mananciais 219,18 53,7

Parque Estadual da Serra do Mar Parque Estadual da Serra do Mar Parque Estadual da Serra do Mar Parque Estadual da Serra do Mar 105 25,7

Tabela 2Tabela 2Tabela 2Tabela 2

INDICADORES DEMOGRÁFICOSINDICADORES DEMOGRÁFICOSINDICADORES DEMOGRÁFICOSINDICADORES DEMOGRÁFICOSSÃO BERNARDOSÃO BERNARDOSÃO BERNARDOSÃO BERNARDO

DO CAMPODO CAMPODO CAMPODO CAMPOESTADO DE SPESTADO DE SPESTADO DE SPESTADO DE SP

População – 2007População – 2007População – 2007População – 2007 781.390 39.827.690

Densidade Demográfica: Hab / Km² Densidade Demográfica: Hab / Km² Densidade Demográfica: Hab / Km² Densidade Demográfica: Hab / Km² 2.349 160 160

Taxa de Crescimento Anual: 2000/2006 - % Taxa de Crescimento Anual: 2000/2006 - % Taxa de Crescimento Anual: 2000/2006 - % Taxa de Crescimento Anual: 2000/2006 - % 1,51 1,52

Taxa de Urbanização: % Taxa de Urbanização: % Taxa de Urbanização: % Taxa de Urbanização: % 98,26 93,7

Indicadores Demográficos do Estado de São Paulo e do Município deIndicadores Demográficos do Estado de São Paulo e do Município deIndicadores Demográficos do Estado de São Paulo e do Município deIndicadores Demográficos do Estado de São Paulo e do Município de

São Bernardo do CampoSão Bernardo do CampoSão Bernardo do CampoSão Bernardo do Campo

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

A expansão urbana no Município de São Bernardo do Campo está fortemente re-

lacionada ao processo de expansão urbana da Região Metropolitana de São Paulo. A

mancha urbana expandiu-se seguindo o modelo radial e concêntrico a partir do Centro

Histórico de São Paulo . A partir da década de 1970, atinge o sul e o sudeste da RMSP,

ocupando a região dos mananciais de forma precária, predatória e ilegal.

Até os anos de 1950, o Município de São Bernardo do Campo possuía apenas dois

aglomerados urbanos, Rudge Ramos e Centro, com atividades comerciais e de servi-

ços, e baixa densidade populacional (29.295 habitantes). Nas imediações da Represa

Billings, a atividade era extrativista, com predominância da produção de carvão para

as olarias. A diversidade de espécies arbóreas apropriadas para confecção de móveis

fomentou as indústrias moveleiras. (PDSBC-PMSBC)3.

Outras atividades industriais instalaram-se na região devido aos investimentos em

sistema viário facilitando o escoamento dos produtos, a disponibilidade de matéria

prima e mão-de-obra. A implantação da indústria automobilística transformou o muni-

cípio em um dos maiores pólos industriais do país, atraindo uma das mais importantes

aglomerações de trabalhadores e acelerando o fluxo migratório de outras regiões me-

nos desenvolvidas do país, em especial do Nordeste.

A partir da década de 1960, começaram a surgir no município, as favelas, e não

se sabe ao certo a origem da maioria delas. A do DER, às margens da via Anchieta, foi

formada por operários da rodovia que, com o término das obras permaneceram no

local4. A Favela Naval, acreditam que originou-se com quatro familias nordestinas que

não conseguiam pagar aluguel e instalaram-se na Rua Naval, divisa entre São Bernardo

e Diadema, hoje, Rua Frei Damião (renomeada depois de um incidente com a polícia,

acabando com a morte de um morador), onde existem centenas de domicílios, parte

urbanizados. Outra favela, a do Robertão5, atualmente com mais de 200 moradias,

pode ter se originado com a ocupação por pocilgas abertas, que se aproveitavam de

restos de comida dos refeitórios das indústrias. Centenas de famílias ali se agregaram

em condições subhumanas. (PBA-PTUSBC, 2004).

3 Prefeitura do Município de São Bernardo do Campo. Plano Diretor – DiagnósticoDisponível em: http://www.saobernardo.sp.gov.br/secretarias/sp/plano_diretor/pd/pd_nossa_cidade.asp. Acesso em 03.Out.2008

4 A Favela do DER localiza-se nas proximidades do Km 20 da Via Anchieta e em 2005 possuía aproximadamente 1600 domicílios. (SHAMA, 2005)

5 Na Favela Robertão, a prefeitura pretende construir um Parque Natural, como medida de compensação ambiental pelas obras do PTU-SBC – Programa de Transporte Urbano da Prefeitura de São Bernardo do Campo. PBA – Plano Básico Ambiental (PBA, 2004).

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

Disponível em: http://www.saobernardo.sp.gov.br/secretarias/sp/plano_diretor/pd/pd_documentos.asp, Acesso em 03 Out.2008

Figura 3.2. Favela DER

Fonte: ITIKAWA.30.Mai.2007

Figura 3.3. Favela Naval

Fonte: ITIKAWA.20.Set.2007

Figura 3.1. Desenvolvimento da mancha urbana em SBC nas décadas de 1950 e 1960

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Figura 3.5. Foto de satélite

Fonte: PMSBC. Plano Diretor. Apresentação.

Área Urbana

Área de Proteção Ambiental

Figura 3.4. Favela Robertão

Fonte: ITIKAWA.24.Jun.2007

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

6 Disponível em: http://fic.saobernardo.sp.gov.br/geo_ca/pdf/BAIRRO%20DOS%20ALVARENGA.pdf. Acesso em 15 Jun.2008

7 Plano Diretor – Diagnóstico Disponível em: http://www.saobernardo.sp.gov.br/secretarias/sp/plano_diretor/pd/pd_nossa_cidade.asp. Acesso em: 03 Out.2008.

Na década de 1970, com a inauguração da rodovia dos Imigrantes e do Parque

Industrial Imigrantes surgem muitas outras ocupações irregulares. Mas, na década de

1980 é que se intensificam as ocupações, sobretudo nas áreas de proteção aos manan-

ciais.(PMSBC)6.

Essas áreas foram as que mais sofreram pressões das ocupações precárias e clan-

destinas pela população carente, devido ao aumento na demanda por habitações e

pelo alto custo das terras nas regiões já urbanizadas.

A área urbana regular não conseguiu absorver o processo acelerado do crescimento

demográfico, que segundo Tabela 3.3 salta de 81.255 habitantes em 1960 para 425.602

habitantes na década de 1980, observando-se TGCAs bastante elevadas de 10,74% a

7,76% nesse período. Já com o parque industrial consolidado, as TGCAs foram dimi-

nuindo. Porém, mesmo com a mudança na política econômica de interiorização do

desenvolvimento, esse quadro não foi revertido no que se refere às favelas. Em 1991,

o município já contava com 566.893 habitantes, dos quais 80.139 morando em favelas

(14,14% da população) e esse número continuou aumentando7.

Tabela 3.3. População e TGCA do Município de São Bernardo do Campo de 1950 a 2005

Fonte: IBGE * estimativa - PMSBC

Tabela 3Tabela 3Tabela 3Tabela 3

Censos DemográficosCensos DemográficosCensos DemográficosCensos Demográficos PopulaçãoPopulaçãoPopulaçãoPopulação TGCA - %TGCA - %TGCA - %TGCA - %

2005*2005*2005*2005* 788.560

2,42

10,74

9,52

7,76

2,64

201.662

425.602

566.893

703.177

População e TGCA do Município de São Bernardo do Campo de 1950 a 2005População e TGCA do Município de São Bernardo do Campo de 1950 a 2005População e TGCA do Município de São Bernardo do Campo de 1950 a 2005População e TGCA do Município de São Bernardo do Campo de 1950 a 2005

1950195019501950

1960196019601960

1970197019701970

1980198019801980

1991199119911991

2000200020002000

29.295

81.255

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Tabela 3.4. Relação dos Assentamentos subnormais de São Bernardo referente ao ano de 2005Tabela 4Tabela 4Tabela 4Tabela 4

OrdemOrdemOrdemOrdem N° NúcleoN° NúcleoN° NúcleoN° Núcleo NúcleoNúcleoNúcleoNúcleo SituaçãoSituaçãoSituaçãoSituaçãoProgramas Programas Programas Programas ExistentesExistentesExistentesExistentes

LocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoTOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-

LIOSLIOSLIOSLIOS

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais lios em locais lios em locais lios em locais

a serem a serem a serem a serem urbaniza-urbaniza-urbaniza-urbaniza-

dosdosdosdos

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais jálios em locais jálios em locais jálios em locais já

urbanizadosurbanizadosurbanizadosurbanizados

N° domicí-N° domicí-N° domicí-N° domicí-lios em locais em lios em locais em lios em locais em lios em locais em

urbanizaçãourbanizaçãourbanizaçãourbanização

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de risco relatório risco relatório risco relatório risco relatório

out/ 97out/ 97out/ 97out/ 97

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de

risco já risco já risco já risco já atendidasatendidasatendidasatendidas

1 4 Jd. Esmeralda E Recursos Próprios Urbana 674 - - 674 - -

1 4-A Jd. Esmeralda S Morar Melhor Urbana 56 - 56 - - -

2 3 Vila Ferreira E CDHU Urbana 1140 1020 - 120 - -

2 3-AV. Ferreira (Conj.

Habit,)S CDHU Urbana 288 - 288 - - -

3 9 V, Sônia Maria N Manancial 152 152 - - - -

4 5 Jd. Belita e Nazareth N Urbana 127 127 - - - -

4 5-A Jd. Belita e Nazareth S Recursos Próprios Urbana 280 - 280 - - -

5 78 Parque Hawai S Recursos Próprios Manancial 461 - 461 - - -

6 54 Estr.Coop.I/II S Recursos Próprios Urbana 29 - 29 - - -

7 24 Jd. Santa Maria S Recursos Próprios Urbana 49 - 49 - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 3256

1 35 Jd. Lavína E Recursos Próprios Urbana 80 80 - - - -

1 35-AJd. Lavína / C.H. Jd.

LavíniaS Morar Melhor Urbana 476 - 476 - - -

2 8 Vila Rosa Cruz N Urbana 9 9 - - - -

3 20 Jd. Anchieta S Recursos Próprios Urbana 189 - 189 - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 754

1 17 Pai Herói E Pró Senear Urbana 184 - - 184 5 -

1 17-ANova Baeta (Jd.

Netuno)S Recursos Próprios Urbana 159 - 159 - - -

1 17-BNova Baeta (Pai

Herói)S Pró Senear Urbana 736 - 736 - - -

2 44B. Neves / C.H.

EsperançaS PAR / CEF Urbana 190 - 190 - - -

3 41 Rua Itatiba EMorar Melhor/

Fundação S. ArenaUrbana 166 - - 166 25

3 41-A Colina N Urbana 170 170 - - 30 -

4 40 Jd. Ind. (Marininha) N Urbana 89 89 - - - -

5 76 Rua dos Vianas S Recursos Próprios Urbana 100 - 100 - - -

6 42 Rua Itamarati S Recursos Próprios Urbana 64 - 64 - - -

7 16 Sítio dos Vianas S Recursos Próprios Urbana 160 - 160 - - -

8 69 Herm. Simoni N Urbana 34 34 - - 20 -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 2052

1 65 Batistini N Manancial 700 261 439 - 100 -

2 117 Assentam. Batistini N Manancial 550 550 - - - -

3 30 Victor Brecheret N Manancial 420 420 - - - -

4 86 R, Luiz Marçon N Manancial 56 56 - - - -

5 48 Jd. Represa N Manancial 459 459 - - - -

6 57 Vila do Bosque S Recursos Próprios Manancial 98 - 98 - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 2283

1 105 Lulaldo N Manancial 300 300 - - - -

2 73 Jd. Jussara (Jurubeba) N Manancial 200 200 - - - -

3 98 Nicola Demarchi S Recursos Próprios Manancial 54 - 54 - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 554

BAETA NEVES BAETA NEVES BAETA NEVES BAETA NEVES

Relação dos Assentamentos subnormais de São Bernardo referente ao ano de 2005Relação dos Assentamentos subnormais de São Bernardo referente ao ano de 2005Relação dos Assentamentos subnormais de São Bernardo referente ao ano de 2005Relação dos Assentamentos subnormais de São Bernardo referente ao ano de 2005

ASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAIS

ALVES DIASALVES DIASALVES DIASALVES DIAS

ASSUNÇÃO ASSUNÇÃO ASSUNÇÃO ASSUNÇÃO

BATISTINI BATISTINI BATISTINI BATISTINI

BOTUJURU BOTUJURU BOTUJURU BOTUJURU

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

OrdemOrdemOrdemOrdem N° NúcleoN° NúcleoN° NúcleoN° Núcleo NúcleoNúcleoNúcleoNúcleo SituaçãoSituaçãoSituaçãoSituaçãoProgramas Programas Programas Programas ExistentesExistentesExistentesExistentes

LocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoTOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-

LIOSLIOSLIOSLIOS

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais lios em locais lios em locais lios em locais

a serem a serem a serem a serem urbaniza-urbaniza-urbaniza-urbaniza-

dosdosdosdos

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais jálios em locais jálios em locais jálios em locais já

urbanizadosurbanizadosurbanizadosurbanizados

N° domicí-N° domicí-N° domicí-N° domicí-lios em locais em lios em locais em lios em locais em lios em locais em

urbanizaçãourbanizaçãourbanizaçãourbanização

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de risco relatório risco relatório risco relatório risco relatório

out/ 97out/ 97out/ 97out/ 97

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de

risco já risco já risco já risco já atendidasatendidasatendidasatendidas

1 2 DER E CDHU Urbana 1250 865 385 154 20 -

1 2-A DER-A S CDHU Urbana 385 - 385 - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 1635

1 7 Jd. Uenoyama N Urbana 420 420 - - 120 -

1 7-A Jd. Uenoyama S Recursos Próprios Urbana 340 - 340 - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 760

1 14 Divinéia I S Recursos Próprios Manancial 300 300

2 56 Divinéia II/Pantanal P Pat. Pró Sanear Manancial 545 545 30

3 15 Jd. N.S.Fátima N Urbana 178 178

TOTALTOTALTOTALTOTAL 1023

1 89 Jd. Laura N Manancial 132 132 - - 2 -

2 90 Poney Clube N Manancial 122 - 122 - - -

3 88 Cama Partente S Recursos Próprios Manancial 131 - 131 - 30 30

4 29 Pq. Esmeralda N Manancial 50 50 - - 15 -

5 53 Represa Alvarenga N Manancial 132 132 - - - -

6 82 Sitio Bom Jesus P Pat. Pró Sanear Manancial 350 350 - - 60 -

6 82-A Sitio Bom Jesus-A S Recursos Próprios Manancial 620 - 620 - - -

7 67 Santa Mônica S Recursos Próprios Urbana 500 - 500 - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 2037

1 12 Vila Carminha I e II SPró Infra / Habitar

BrasilManancial 622 - 622 - 295 295

2 11 Jd. Detrort SPró Infra / Habitar

BrasilManancial 177 - - - - -

3 13 Jd. Ipê P Pat. Pró Sanear Manancial 735 675 60 - 100 -

4 18 Jd. Cláudia P Pat. Pró Sanear Manancial 351 - - 351 60 60

4 18-A Jd. Cláudia A S Recursos Próprios Manancial 201 - 201 - - -

5 10 Jd. Lago I S Recursos Próprios Manancial 21 - 21 - - -

5 10-AJd. Lago II

(Alvar,Peixoto)P Pat. Pró Sanear Manancial 100 100 - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 2207

1 75 Vila Tupã N Manancial 20 20 - - - -

2 100 Boa Vista (Pantanal) N Manancial 100 100 - - - -

3 45 Jd. Icarái N Manancial 16 16 - - - -

4 50 Francisco Finco N Manancial 8 8 - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 144

ASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAIS

DOS FINCO DOS FINCO DOS FINCO DOS FINCO

COOPERATIVA COOPERATIVA COOPERATIVA COOPERATIVA

DOS ALVARENGA DOS ALVARENGA DOS ALVARENGA DOS ALVARENGA

DOS CASA DOS CASA DOS CASA DOS CASA

CENTRO CENTRO CENTRO CENTRO

DEMARCHI DEMARCHI DEMARCHI DEMARCHI

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

OrdemOrdemOrdemOrdem N° NúcleoN° NúcleoN° NúcleoN° Núcleo NúcleoNúcleoNúcleoNúcleo SituaçãoSituaçãoSituaçãoSituaçãoProgramas Programas Programas Programas ExistentesExistentesExistentesExistentes

LocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoTOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-

LIOSLIOSLIOSLIOS

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais lios em locais lios em locais lios em locais

a serem a serem a serem a serem urbaniza-urbaniza-urbaniza-urbaniza-

dosdosdosdos

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais jálios em locais jálios em locais jálios em locais já

urbanizadosurbanizadosurbanizadosurbanizados

N° domicí-N° domicí-N° domicí-N° domicí-lios em locais em lios em locais em lios em locais em lios em locais em

urbanizaçãourbanizaçãourbanizaçãourbanização

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de risco relatório risco relatório risco relatório risco relatório

out/ 97out/ 97out/ 97out/ 97

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de

risco já risco já risco já risco já atendidasatendidasatendidasatendidas

1 66-B Jd. Silvina / Oleoduto E Recursos Próprios Urbana 1220 - - 660 200 -

2 59 Jesus de Nazareth E Pró Sanear Urbana 522 - - 522 30 10

2 59-A Jesus de Nazareth-A SPró Senear /

Recursos PrópriosUrbana 619 - 619 - - -

3 68 Limpão N Urbana 281 281 - - 15 -

3 68-A Limpão-A S Recursos Próprios Urbana 230 - 230 - - -

4 19 R.Romildo Ceola S Recursos Próprios Urbana 130 - 130 - - -

5 21 Vila São José S Recursos Próprios Urbana 134 - 134 - - -

6 34 Rua Gaspar de Souza N Urbana 75 75 - 3 3

6 34-ARua Gaspar de Souza-

AS Recursos Próprios Urbana 60 - 60 - - -

7 23 Rua Alberto Ascêncio S Recursos Próprios Urbana 29 - 29 - - -

8 6Rua Arthur F.

MoreiraS Recursos Próprios Urbana 76 - 76 - - -

9 25 Vila do Tanque N Urbana 33 33 - - - -

10 33 Jd. Regina N Urbana 156 156 - - - -

11 68R. Holanda Cavalcanti

N Urbana 225 225 - - 6 -

12 91 Moreira Bernardes N Urbana 140 140 - - - -

13 28 Rua Enco Zolcsak S Recursos Próprios Urbana 36 - 36 - - -

14 36 Teles de Menezes S Recursos Próprios Urbana 99 - 99 - 4 4

15 55 Rua D. de Menezes N Urbana 50 50 - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 4115

1 18-BJd. Cláudia / C.H.

Serra do MarS Pró Moradia Manancial 240 - 240 - - -

2 77 Vila Galiléia S Recursos Próprios Urbana 182 - 182 - - -

3 62 Vila Fenix N Urbana 14 14 - - - -

4 60 Jd. Santo Ignácio N Urbana 7 7 - - - -

5 26 Vilal Rosa S Recursos Próprios Urbana 10 - 10 - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 453

OrdemOrdemOrdemOrdem N° NúcleoN° NúcleoN° NúcleoN° Núcleo NúcleoNúcleoNúcleoNúcleo SituaçãoSituaçãoSituaçãoSituaçãoProgramas Programas Programas Programas ExistentesExistentesExistentesExistentes

LocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoTOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-

LIOSLIOSLIOSLIOS

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais lios em locais lios em locais lios em locais

a serem a serem a serem a serem urbaniza-urbaniza-urbaniza-urbaniza-

dosdosdosdos

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais jálios em locais jálios em locais jálios em locais já

urbanizadosurbanizadosurbanizadosurbanizados

N° domicí-N° domicí-N° domicí-N° domicí-lios em locais em lios em locais em lios em locais em lios em locais em

urbanizaçãourbanizaçãourbanizaçãourbanização

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de risco relatório risco relatório risco relatório risco relatório

out/ 97out/ 97out/ 97out/ 97

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de

risco já risco já risco já risco já atendidasatendidasatendidasatendidas

1 27A Naval(parte) N Urbana 10 10 - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 10

JORDANÓPOLISJORDANÓPOLISJORDANÓPOLISJORDANÓPOLIS

ASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAIS

ASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAIS

FERRAZÓPOLIS FERRAZÓPOLIS FERRAZÓPOLIS FERRAZÓPOLIS

INDEPENDÊNCIA INDEPENDÊNCIA INDEPENDÊNCIA INDEPENDÊNCIA

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

OrdemOrdemOrdemOrdem N° NúcleoN° NúcleoN° NúcleoN° Núcleo NúcleoNúcleoNúcleoNúcleo SituaçãoSituaçãoSituaçãoSituaçãoProgramas Programas Programas Programas ExistentesExistentesExistentesExistentes

LocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoTOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-

LIOSLIOSLIOSLIOS

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais lios em locais lios em locais lios em locais

a serem a serem a serem a serem urbaniza-urbaniza-urbaniza-urbaniza-

dosdosdosdos

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais jálios em locais jálios em locais jálios em locais já

urbanizadosurbanizadosurbanizadosurbanizados

N° domicí-N° domicí-N° domicí-N° domicí-lios em locais em lios em locais em lios em locais em lios em locais em

urbanizaçãourbanizaçãourbanizaçãourbanização

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de risco relatório risco relatório risco relatório risco relatório

out/ 97out/ 97out/ 97out/ 97

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de

risco já risco já risco já risco já atendidasatendidasatendidasatendidas

1 39 Pq. S, Bernardo E Habitar Brasil - BID Urbana 2455 - - 2455 100 -

2 62 Novo Parque EHabitar Brasil -

BID/Rec. PrópriosUrbana 575

3 66 Jd. Silvina/Audi N Morar Melhor Urbana 740 340 - 400 30 -

3 66-A Jd. Silvina / Audi SRec. Solicitados/Pró-

Morar/morarme-Urbana 600 60 600 - - -

4 38 Vila Esperança E Pró Sanear Urbana 200 - - 200 50 -

4 38-A Vila Esperança S Pró Sanear Urbana 1454 - 1454 - - 10

5 84 Vila Santana E Pró Sanear Urbana 294 - - 294 42 42

5 84-A Vila Santana S Recursos Próprios Urbana 420 - 420 - - -

6 37 Pedreira S Pró Sanear Urbana 145 - - 145 50 20

6 37-A Pedreira SPró Sanear /

Recursos PrópriosUrbana 240 - 240 - - -

7 80 Vila Mariana N Urbana 213 43 170 - - -

8 98 Treze de Maio S Recursos Próprios Urbana 114 - 114 - - -

9 70Jd. Nascimento (Boa

Vista)S Recursos Próprios Urbana 895 - 895 - - -

10 64Estrada do Montanhão

N Urbana 2100 2100 - - 230 -

11 43 Biquinha N Urbana 327 327 - - 22 2

12 84 Vanguarda S Recursos Próprios Urbana 60 - 60 - - -

13 96 Vila Progresso S Recursos Próprios Urbana 69 - 69 - - -

14 97 Vila Chaminé S Recursos Próprios Urbana 54 - 54 - - -

15 120Aloj. Pq. São

BernardoS Reassentamento Urbana 12 - 12 - - -

16 61 S. Pica Pau Amarelo N Urbana 338 338 - - - -

17 93 Vila Feliz S Recursos Próprios Urbana 83 - 83 - - -

18 47 Represa Baraldi N Manancial 46 46 - - - -

19 87 Bananal N Manancial 43 43 - - - -

20 51 Areão N Manancial 1389 1389 - - 50 -

21 32Sabesp / V. Estudantes

N Manancial 591 591 - - 5 -

22 83 Vila São Pedro S Pró Sanear Urbana 3771 - - 3771 150 -

22 83-A Vila São Pedro-A SPró Sanear /

Recursos PrópriosUrbana 3770 - 3770 - - -

23 90-APoney Clube C. H.

Billing'sS Pró Moradia Urbana 160 - 160 - - -

24 Ilha Luiz Pequini N Urbana 61 61

TOTALTOTALTOTALTOTAL 21219

1 22Transm. Da Mercedes

S Recursos Próprios Urbana 74 - 74 - - -

2 27 Rua Naval(parte) N PTU Urbana 80 40 40

TOTALTOTALTOTALTOTAL 154

1 1 Jd. Calux S Recursos Próprios Urbana 2000 - 2000 - - -

2 46 Oragnof S Recursos Próprios Urbana 14 - 14 - -

3 81 DER-B S CDHU Urbana 138 18 120 - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 2152

PLANALTOPLANALTOPLANALTOPLANALTO

ASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAIS

MONTANHÃO MONTANHÃO MONTANHÃO MONTANHÃO

PAULICÉIA PAULICÉIA PAULICÉIA PAULICÉIA

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

OrdemOrdemOrdemOrdem N° NúcleoN° NúcleoN° NúcleoN° Núcleo NúcleoNúcleoNúcleoNúcleo SituaçãoSituaçãoSituaçãoSituaçãoProgramas Programas Programas Programas ExistentesExistentesExistentesExistentes

LocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoTOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-

LIOSLIOSLIOSLIOS

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais lios em locais lios em locais lios em locais

a serem a serem a serem a serem urbaniza-urbaniza-urbaniza-urbaniza-

dosdosdosdos

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais jálios em locais jálios em locais jálios em locais já

urbanizadosurbanizadosurbanizadosurbanizados

N° domicí-N° domicí-N° domicí-N° domicí-lios em locais em lios em locais em lios em locais em lios em locais em

urbanizaçãourbanizaçãourbanizaçãourbanização

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de risco relatório risco relatório risco relatório risco relatório

out/ 97out/ 97out/ 97out/ 97

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de

risco já risco já risco já risco já atendidasatendidasatendidasatendidas

1 31 Vila Pelé S Recursos Próprios Manancial 155 - 155 - - -

2 79 Vila Roccio N Manancial 26 26 - - - -

3 49 Rua Mafra N Manancial 50 50 - - - -

4 112 Rua Cintra N CDHU Manancial 65 65 - - - -

5 63 Simão Portela N Manancial 7 4 3 - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 303

6 106Vila Império (Alojamento)

N PTU Urbana 33 33 - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 33

1 72 Santa Cruz N Manancial 751 751 - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 751

TOTALTOTALTOTALTOTAL 106 45141 14834 19867 10096 1899 476

RIO GRANDE RIO GRANDE RIO GRANDE RIO GRANDE

RUDGE RAMOSRUDGE RAMOSRUDGE RAMOSRUDGE RAMOS

SANTA CRUZ SANTA CRUZ SANTA CRUZ SANTA CRUZ

ASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAISASSENTAMENTOS SUB-NORMAIS

N - não urbanizado R - situação de riscoSituação: S - urbanizado E - em urbanização P - com projetos

Fonte: SHAMA/2005.

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

A partir da década de 1990, a população total do município vem apresentando

uma estabilização no crescimento. Porém, tem ocorrido um aumento nos assentamen-

tos subnormais que, em meados de 2005 (Tabela 3.4), cadastraram 106 assentamentos

subnormais, sendo 40 destes em área de mananciais. (SHAMA, 2005)

Ainda de acordo com a Tabela 3.4, foram totalizados 45.141 domicílios em aglo-

merações subnormais. Destes, somente 19.867 estão em áreas urbanizadas; 10.096 em

áreas que estão sendo urbanizadas; 14.834 localizados onde existe projeto de urbani-

zação; 1.899 cadastradas em área de risco sendo que, em 1997, 476 foram atendidas;

8.476 moram precariamente; e, a demanda habitacional é de 8476 unidades.

A expansão urbana em São Bernardo, conforme se pode observar na Figura 3.6,

desenvolveu-se ao redor dos dois núcleos existentes (Área Central e Rudge Ramos) até a

década de 1970, e nas décadas seguintes, espraiou-se até chegar em áreas protegidas,

próximas à represa Billings.

Apesar do município apresentar um grande número de assentamentos subnormais

desprovidos de infra-estrutura e, muitos dos moradores dessas áreas não terem acesso

a serviços e equipamentos, os índices de desenvolvimento do município apresentam-se

elevados.

São Bernardo apresentou Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M,

em 1991, de 0,808 e, em 2000, de 0,8348. O índice refere-se a longevidade, educação e

renda, que têm padrões elevados no município. (PMSBC)

8 Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, é parte integrante do Relatório de Desenvolvimento Humano produzi-do pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano – Pndu. IDH é um índice que varia de zero (0) até um (1). Países com IDH superior a 0,800 têm desenvolvimento humano considerado alto. (SOUSA, 2007)

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Figura 3.6. Evolução da ocupação urbana em São Bernardo desde a década de 1940

Fonte: PMSBC. Secretaria de Planejamento

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

Gráfico 3.1. Percentual de Atendimento na área urbanizada segundo as regiões – 1991

Gráfico 3.2. Percentual de Atendimento na área urbanizada segundo as regiões – 2000

Fonte: PMSBC. Plano Diretor. Leitura da Cidade.

Fonte: PMSBC. Plano Diretor. Leitura da Cidade.

O município de São Bernardo apresentou melhoras no atendimento à população

das áreas urbanizadas referentes aos serviços de infra-estrutura básicos, comparati-

vamente (GRÁFICOS 3.1 e 3.2) entre 1991 e 2000, quando demonstrou um serviço de

qualidade, com 95% das ruas pavimentadas e 100% iluminadas, apenas 2% da popu-

lação não tem água encanada e 9% não são atendidos pela rede de esgoto. Os índices

superam a escala regional, metropolitana e estadual.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

3.1.1 O município de São Bernardo do Campo e as condições das moradias nas áreas dos mananciais

As aglomerações humanas precárias que ocuparam irregularmente as áreas de

proteção aos mananciais da sub-bacia Billings são consideradas as principais causado-

ras de degradação ambiental. Esses assentamentos foram implantados sem qualquer

infra-estrutura, lançando seus dejetos a céu aberto contaminando o solo, o ar e os

cursos d’água.

Tabela 3.5. Crescimento Demográfico em Área de Proteção aos Mananciais emSão Bernardo do Campo

Gráfico 3.3. Taxa Média de Crescimento (TGCA) 80/91 - 91/96 - 96/2000

Fonte: IBGE

Tabela 5Tabela 5Tabela 5Tabela 5

Nº Nº Nº Nº AbsolutoAbsolutoAbsolutoAbsoluto

TGCA (%)TGCA (%)TGCA (%)TGCA (%)Nº Nº Nº Nº AbsolutoAbsolutoAbsolutoAbsoluto

TGCA (%)TGCA (%)TGCA (%)TGCA (%)Nº Nº Nº Nº AbsolutoAbsolutoAbsolutoAbsoluto

TGCA (%)TGCA (%)TGCA (%)TGCA (%)

1980198019801980 425.602 50.125 375.4772,64% 5,88% 2,12%

1991199119911991 566.893 94.000 472.8933,10% 10,61% 1,31%

1996199619961996 660.396 155.675 504.7211,58% 3,64% 0,92%

2000200020002000 703.177 179.602 523.575

Crescimento Demográfico em Área de Proteção aos Mananciais em São Crescimento Demográfico em Área de Proteção aos Mananciais em São Crescimento Demográfico em Área de Proteção aos Mananciais em São Crescimento Demográfico em Área de Proteção aos Mananciais em São Bernardo do CampoBernardo do CampoBernardo do CampoBernardo do Campo

AnoAnoAnoAno

População TotalPopulação TotalPopulação TotalPopulação TotalPopulação Área População Área População Área População Área Proteção MananciaisProteção MananciaisProteção MananciaisProteção Mananciais

População Exceto Área População Exceto Área População Exceto Área População Exceto Área Proteção de MananciaisProteção de MananciaisProteção de MananciaisProteção de Mananciais

Fonte: elaborado pela autora baseado na Tabela 5

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

Desde então, as áreas de mananciais vêem sendo paulatinamente ocupadas por

favelas e loteamentos clandestinos, sempre com números superiores aos da população

total. O problema em questão é que o aumento da população é diretamente proporcio-

nal ao da degradação por ela causado.

Estima-se que estejam vivendo nas áreas de mananciais em SBC, cerca de 200 mil

pessoas. Dessas, aproximadamente 40 mil em assentamentos subnormais e em 11.546

domicílios precários. Com base na Tabela 3.7, das 42 favelas relacionadas, somente 12

(23,57%) foram urbanizadas; cinco (11,90%) têm projeto para urbanização; e 25 (59,52%)

não são urbanizadas. (TABELA 3.6 e GRÁFICO 3.4) Há alguns programas em andamento

para melhoria da qualidade de vida e ambiental, porém, dos 40 assentamentos em

APRM, somente em 25 desenvolvem-se intervenções, restando uma demanda de 5.225

unidades habitacionais9.

Tabela 3.6. Situação dos assentamentos subnormais – 2005

Gráfico 3.4. Síntese da situação dos assentamentossubnormais em 2005

Fonte: elaborado pela autora baseado na Tabela 6

Fonte: elaborado pela autora baseado na Tabela 7

Tabela 6Tabela 6Tabela 6Tabela 6

SITUAÇÃOSITUAÇÃOSITUAÇÃOSITUAÇÃOASSENTAMENTOS ASSENTAMENTOS ASSENTAMENTOS ASSENTAMENTOS

SUBNORMAISSUBNORMAISSUBNORMAISSUBNORMAIS%%%%

Urbanizado (S)Urbanizado (S)Urbanizado (S)Urbanizado (S) 12 28,57Em urbanização (E)Em urbanização (E)Em urbanização (E)Em urbanização (E) - -Com projetos (P)Com projetos (P)Com projetos (P)Com projetos (P) 5 11,9Não urbanizado (N)Não urbanizado (N)Não urbanizado (N)Não urbanizado (N) - 59,52Situação de risco (R)Situação de risco (R)Situação de risco (R)Situação de risco (R) 25 -Total Total Total Total 42 100

Síntese da Tabela 7. Situação dos assentamentos Síntese da Tabela 7. Situação dos assentamentos Síntese da Tabela 7. Situação dos assentamentos Síntese da Tabela 7. Situação dos assentamentos subnormais - 2005subnormais - 2005subnormais - 2005subnormais - 2005

9 Planilha com os assentamentos subnormais. SHAMA. PMSBC(2005).

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Tabela 3.7. Relação dos Assentamentos subnormais de São Bernardo em Área de Mananciaisreferente ao ano de 2005Tabela 7Tabela 7Tabela 7Tabela 7

OrdemOrdemOrdemOrdem N° NúcleoN° NúcleoN° NúcleoN° Núcleo NúcleoNúcleoNúcleoNúcleo SituaçãoSituaçãoSituaçãoSituaçãoProgramas Programas Programas Programas ExistentesExistentesExistentesExistentes

LocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoTOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-

LIOSLIOSLIOSLIOS

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais a lios em locais a lios em locais a lios em locais a

serem serem serem serem urbanizadosurbanizadosurbanizadosurbanizados

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais já lios em locais já lios em locais já lios em locais já

urbanizadosurbanizadosurbanizadosurbanizados

N° domicí-N° domicí-N° domicí-N° domicí-lios em locais lios em locais lios em locais lios em locais

em urbanizaçãoem urbanizaçãoem urbanizaçãoem urbanização

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-ios em área de ios em área de ios em área de ios em área de risco relatório risco relatório risco relatório risco relatório

out/ 97out/ 97out/ 97out/ 97

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de

risco já risco já risco já risco já atendidasatendidasatendidasatendidas

Demanda Demanda Demanda Demanda Habitaci-Habitaci-Habitaci-Habitaci-

onalonalonalonal

Unidades Unidades Unidades Unidades precáriasprecáriasprecáriasprecárias

3 9 V, Sônia Maria N Manancial 152 152 - - - - 25 70

5 78 Parque Hawai S Recursos Próprios Manancial 461 - 461 - - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 613

1 65 Batistini N Manancial 700 261 439 - 100 - 100 150

2 117 Assentam. Batistini N Manancial 550 550 - - - - 550 550

3 30 Victor Brecheret N Manancial 420 420 - - - - 420 250

4 86 R, Luiz Marçon N Manancial 56 56 - - - - - 30

5 48 Jd. Represa N Manancial 459 459 - - - - 257 320

6 57 Vila do Bosque S Recursos Próprios Manancial 98 - 98 - - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 2283

1 105 Lulaldo N Manancial 300 300 - - - - 300 200

2 73Jd. Jussara (Jurubeba)

N Manancial 200 200 - - - - 140 140

3 98 Nicola Demarchi S Recursos Próprios Manancial 54 - 54 - - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 554

1 14 Divinéia I S Recursos Próprios Manancial 300 300

2 56 Divinéia II/Pantanal P Pat. Pró Sanear Manancial 545 545 30 300 300

TOTALTOTALTOTALTOTAL 845

1 89 Jd. Laura N Manancial 132 132 - - 2 - 20 40

2 90 Poney Clube N Manancial 122 - 122 - - - 122 122

3 88 Cama Partente S Recursos Próprios Manancial 131 - 131 - 30 30 - -

4 29 Pq. Esmeralda N Manancial 50 50 - - 15 - 12 12

5 53 Represa Alvarenga N Manancial 132 132 - - - - 132 132

6 82 Sitio Bom Jesus P Pat. Pró Sanear Manancial 350 350 - - 60 - 197 300

6 82-A Sitio Bom Jesus-A S Recursos Próprios Manancial 620 - 620 - - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 1537

DOS ALVARENGA DOS ALVARENGA DOS ALVARENGA DOS ALVARENGA

Relação dos Assentamentos subnormais de São Bernardo em Área de Mananciais referente ao ano de 2005Relação dos Assentamentos subnormais de São Bernardo em Área de Mananciais referente ao ano de 2005Relação dos Assentamentos subnormais de São Bernardo em Área de Mananciais referente ao ano de 2005Relação dos Assentamentos subnormais de São Bernardo em Área de Mananciais referente ao ano de 2005

ALVES DIASALVES DIASALVES DIASALVES DIAS

DEMARCHI DEMARCHI DEMARCHI DEMARCHI

ASSENTAMENTOS SUB-NORMAIS

BATISTINI BATISTINI BATISTINI BATISTINI

BOTUJURU BOTUJURU BOTUJURU BOTUJURU

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99

Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

OrdemOrdemOrdemOrdem N° NúcleoN° NúcleoN° NúcleoN° Núcleo NúcleoNúcleoNúcleoNúcleo SituaçãoSituaçãoSituaçãoSituaçãoProgramas Programas Programas Programas ExistentesExistentesExistentesExistentes

LocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoLocalizaçãoTOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE TOTAL DE DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-DOMICÍ-

LIOSLIOSLIOSLIOS

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais a lios em locais a lios em locais a lios em locais a

serem serem serem serem urbanizadosurbanizadosurbanizadosurbanizados

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em locais já lios em locais já lios em locais já lios em locais já

urbanizadosurbanizadosurbanizadosurbanizados

N° domicí-N° domicí-N° domicí-N° domicí-lios em locais lios em locais lios em locais lios em locais

em urbanizaçãoem urbanizaçãoem urbanizaçãoem urbanização

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-ios em área de ios em área de ios em área de ios em área de risco relatório risco relatório risco relatório risco relatório

out/ 97out/ 97out/ 97out/ 97

N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-N° Domicí-lios em área de lios em área de lios em área de lios em área de

risco já risco já risco já risco já atendidasatendidasatendidasatendidas

Demanda Demanda Demanda Demanda Habitaci-Habitaci-Habitaci-Habitaci-

onalonalonalonal

Unidades Unidades Unidades Unidades precáriasprecáriasprecáriasprecárias

1 12 Vila Carminha I e II SPró Infra / Habitar

BrasilManancial 622 - 622 - 295 295 - -

2 11 Jd. Detrort SPró Infra / Habitar

BrasilManancial 177 - - - - - - -

3 13 Jd. Ipê P Pat. Pró Sanear Manancial 735 675 60 - 100 - 679 679

4 18 Jd. Cláudia P Pat. Pró Sanear Manancial 351 - - 351 60 60 - -

4 18-A Jd. Cláudia A S Recursos Próprios Manancial 201 - 201 - - - - -

5 10 Jd. Lago I S Recursos Próprios Manancial 21 - 21 - - - 60 70

5 10-AJd. Lago II

(Alvar,Peixoto)P Pat. Pró Sanear Manancial 100 100 - - - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 2207

1 75 Vila Tupã N Manancial 20 20 - - - - 20 10

2 100 Boa Vista (Pantanal) N Manancial 100 100 - - - - - -

3 45 Jd. Icarái N Manancial 16 16 - - - - - -

4 50 Francisco Finco N Manancial 8 8 - - - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 144

1 18-BJd. Cláudia / C.H.

Serra do MarS Pró Moradia Manancial 240 - 240 - - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 240

18 47 Represa Baraldi N Manancial 46 46 - - - - 46 36

19 87 Bananal N Manancial 43 43 - - - - 43 33

20 51 Areão N Manancial 1389 1389 - - 50 - 1389 -

21 32Sabesp / V. Estudantes

N Manancial 591 591 - - 5 - 141 -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 2069

1 31 Vila Pelé S Recursos Próprios Manancial 155 - 155 - - - - -

2 79 Vila Roccio N Manancial 26 26 - - - - 6 15

3 49 Rua Mafra N Manancial 50 50 - - - - 50 50

4 112 Rua Cintra N CDHU Manancial 65 65 - - - - 65 65

5 63 Simão Portela N Manancial 7 4 3 - - - - -

TOTALTOTALTOTALTOTAL 303

1 72 Santa Cruz N Manancial 751 751 - - - - 151 151

TOTALTOTALTOTALTOTAL 751

TOTALTOTALTOTALTOTAL 11546 7491 3527 351 747 385 5225 3725

E - em urbanização P - com projetos N - não urbanizado R - situação de risco

DOS CASA DOS CASA DOS CASA DOS CASA

DOS FINCO DOS FINCO DOS FINCO DOS FINCO

INDEPENDÊNCIA INDEPENDÊNCIA INDEPENDÊNCIA INDEPENDÊNCIA

MONTANHÃO MONTANHÃO MONTANHÃO MONTANHÃO

RIO GRANDE RIO GRANDE RIO GRANDE RIO GRANDE

SANTA CRUZ SANTA CRUZ SANTA CRUZ SANTA CRUZ

Situação: S - urbanizado

ASSENTAMENTOS SUB-NORMAIS

Fonte: SHAMA/2005, Parte da Tabela 4.

Mesmo com as leis protetoras dos mananciais da RMSP (Leis 898/1975 e 1.172/1976),

as áreas foram sendo invadidas por ocupações irregulares. De certa forma, por serem

tão restritivas, as leis colaboraram no processo de ocupação.

Dentre os bairros inseridos em área de proteção aos mananciais, o Bairro dos Al-

varenga é o mais populoso e o que apresenta maior taxa de crescimento demográfico,

conforme Tabela 3.8 e Gráfico 3.5, representando aproximadamente 30% da população

em área de mananciais em São Bernardo.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Tabela 3.8. População nas Áreas de Proteção aos Mananciais em São Bernardo do Campo

Gráfico 3.5. População nas Áreas de Proteção aos Mananciais em São Bernardo do Campo –1980 a 2003

Fonte: Gráfico elaborado pela autora com base na Tabela 8

Fonte: IBGE – Censos Demográficos PMSBC. Secretaria de Planejamento. Seção de Pesquisa e Banco de Dados

Tabela 8Tabela 8Tabela 8Tabela 8

BAIRROBAIRROBAIRROBAIRRO 1980198019801980 1991199119911991 1996199619961996 2000200020002000 2003200320032003

Alves Dias (parte)Alves Dias (parte)Alves Dias (parte)Alves Dias (parte) 872 2.631 3.372 3.908 3.927

BalneáriaBalneáriaBalneáriaBalneária 441 451 623 606 601

Botujuru (parte)Botujuru (parte)Botujuru (parte)Botujuru (parte) 6.742 12.089 24.581 27.655 29.637

Cooperativa (parte)Cooperativa (parte)Cooperativa (parte)Cooperativa (parte) 763 8.114 9.024 1.458

Demarchi (parte)Demarchi (parte)Demarchi (parte)Demarchi (parte) 2.807 4.636 4.711 4.835

Dos AlvarengasDos AlvarengasDos AlvarengasDos Alvarengas 7.781 27.974 43.569 54.585 64.142

Dos Casa (parte)Dos Casa (parte)Dos Casa (parte)Dos Casa (parte) 22.802 24.910 36.159 38.559 41.048

Dos FincoDos FincoDos FincoDos Finco 2.229 6.738 7.988 9.435 10.690

Montanhão (parte)Montanhão (parte)Montanhão (parte)Montanhão (parte) 257 3.934 7.351 9.504 12.088

Rio GrandeRio GrandeRio GrandeRio Grande 4.210 4.894 5.379 6.429 7.354

TOTAL DA POPULAÇÃO URBANATOTAL DA POPULAÇÃO URBANATOTAL DA POPULAÇÃO URBANATOTAL DA POPULAÇÃO URBANA 46.834 88.469 144.794 167.386 189.134

POPULAÇÃO RURALPOPULAÇÃO RURALPOPULAÇÃO RURALPOPULAÇÃO RURAL 3.290 5.604 10.900 12.169 13.183

TOTAL GERALTOTAL GERALTOTAL GERALTOTAL GERAL 50.124 94.073 155.694 179.555 202.317

População nas Áreas de Proteção aos Mananciais em São Bernardo do CampoPopulação nas Áreas de Proteção aos Mananciais em São Bernardo do CampoPopulação nas Áreas de Proteção aos Mananciais em São Bernardo do CampoPopulação nas Áreas de Proteção aos Mananciais em São Bernardo do Campo

Os assentamentos irregulares e precários surgiram no Bairro dos Alvarenga, a partir da década de 1970, com a construção da Rodovia dos Imigrantes, instalando-se às mar-gens da represa, da rodovia e da Estrada dos Alvarenga.

Em 1989 foram ajuizadas pelo Ministério Público as primeiras ações civis públicas objetivando que loteamentos irregulares fossem paralisados e desfeitos. As decisões judiciais liminares que obrigavam a paralisação dos empreendimentos não foram cum-pridas pelos loteadores e pelos administradores públicos municipais e, assim, ao final

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

do longo trâmite processual, constatava-se a consolidação de um bairro, com obras públicas realizadas às vésperas de eleições10.

A carência ou ausência de uma ação punitiva por parte dos órgãos institucionais acabou criando a expectativa de que se poderia conseguir uma propriedade, com um pouco de sacrifício, mas a baixo custo. Por esse fato, no princípio da década de 1990, os loteamentos clandestinos propagaram-se, atingindo no período de 1991 a 1996, a TGCA recorde de 10,61%.

Esses loteamentos eram implantados à margem das leis estaduais de proteção aos mananciais, que impediam a regularização desses loteamentos. O fato de serem irre-gulares não permitia a ação institucional na implantação de serviços ou infra-estrutura básica. As ocupações eram precárias, entretanto, isso não foi motivo para coibir o cres-cimento acelerado dos loteamentos ilegais.

A proliferação dos loteamentos irregulares em área de mananciais no município só foi interrompida, em meados de 1997, com o triste episódio do loteamento Jardim Falcão11. O loteamento localizado nas proximidades do Córrego dos Alvarengas, com casas ainda em construção, foi autuado. Alheios às medidas administrativas e de ação judicial, as obras continuaram. No ano de 1998, por meio de uma ação de desocupação,

190 casas foram demolidas por tratores da administração municipal.

Desde então, foram raras as tentativas de implantação de novos loteamentos clan-

destinos, receosos de terem o mesmo destino do loteamento demolido. Porém, ainda

restavam a recuperação dos loteamentos implantados e a punição dos envolvidos. O

Ministério Público não descarta a responsabilização por improbidade administrativa de

agentes políticos conluiados nos loteamentos clandestinos e crimes ambientais.

O município de São Bernardo do Campo frente a essa questão criou, em agosto

de 1997, um Grupo de Trabalho com a incumbência de realizar um mapeamento das

ocupações irregulares existentes e da situação do restante das áreas de proteção aos

mananciais. Esse estudo resultou num diagnóstico que foi apresentado ao Ministério

Publico tendo em vista a necessidade de implementar a infra-estrutura urbana de sane-

amento necessária à proteção dos mananciais, da saúde e da vida humana.

10 Disponível em: http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-urbanos/biblioteca/regularizacao-fundiaria/experiencias-de-regularizacao-fundiaria-no-brasil/sp/EXPERIENCIASSAOBERNARDO2007.pdf . Acesso em: 20 Jun.2008.

11 Até hoje, mais de dez anos após o incidente, 21 famílias sem condições de comprar outro imóvel permaneceram às margens do Córrego dos Alvarenga em condições precárias, enquanto aguardam pela ajuda do Município. Na área desapropriada pretende-se construir o Parque Museu Escola Jardim Falcão – com infra-estrutura de um par-que, com trilhas, ciclovias e pistas de caminhada, e oferecerá também, oficinas culturais e ecológicas. (PBA-PTUSBC, 2004)

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

3.2 A política urbana recente e as diretrizes sócio-ambientais

A questão ambiental no município de São Bernardo do Campo é complexa, uma

vez que possui 3/4 de seu território em área de Proteção Ambiental, sendo 52,3% em

Área de Proteção aos Mananciais, o que torna complicada a tarefa de abrigar sua popu-

lação na área urbana regular.

Como colocado, o município obteve um aumento recorde de população nos últi-

mos 50 anos, enquanto a população brasileira aumentou em 326%, a de São Bernardo

do Campo aumentou 2.400%. (PMSBC)

Em vista deste grande afluxo populacional, a área urbanizada adensou-se e os

espaços disponíveis ficaram escassos, encarecendo os imóveis e, conseqüentemente,

inviabilizando o acesso à moradia das camadas mais humildes da população, restando

para elas a periferia.

O baixo custo dos terrenos na periferia, a maioria em loteamentos irregulares,

aliados a processos de invasões, provocou o uso desordenado do solo e uma urbaniza-

ção caótica e sem planejamento. Outro fator agravante foi a inexistência de programas

habitacionais ou sociais para a população carente, que acabou por induzir a constru-

ção de habitações sem as mínimas condições de habitabilidade, sem infra-estrutura ou

equipamentos urbanos adequados.

O Estatuto da Cidade (Lei 10.257 de 10/07/2001), que regulamenta a Constituição

Federal em seus artigos 182 e 18, assegura ao cidadão o direito à moradia, ao sanea-

mento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao

trabalho e ao lazer. Entretanto, estas aglomerações estão em áreas impróprias, que

deveriam ser protegidas ambientalmente, o que dificulta a ação do Estado em aplicar

ações de urbanização.

Cabe ao Plano Diretor, definido como instrumento básico para orientar a política

de desenvolvimento e de ordenamento da expansão urbana do município, compatibi-

lizar os interesses coletivos aos individuais e garantir de forma mais justa os benefícios

da urbanização e os princípios da reforma urbana, direito à cidade e à cidadania, e a

gestão democrática da cidade.

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

3.2.1 Plano Diretor Municipal – Lei 5.593/2006 e antecedentes

Atualmente, São Bernardo é considerada uma das cidades mais prósperas do país.

Porém, assim como o restante do país, o modelo de desenvolvimento econômico ado-

tado gerou uma má distribuição de renda com desigualdades sociais.

O município, até a década de 1960, era considerado um município pequeno com

uma população aproximada de 80 mil habitantes (FIGURA 3.7). Entretanto, com a im-

plementação de políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento econômico, na

década seguinte, houve um intenso crescimento populacional, passando para 200 mil

o número de habitantes, com TGCA de 9,52% ao ano. (PMSBC)

Figura 3.7. Plano Diretor de 1960 e os Limites da Área de Proteção aos Mananciais, doParque Estadual da Serra do Mar e o Parque Industrial Imigrantes

Indicações (setas) feita pela autora.Fonte: PMSBC. Plano Diretor. Revisão Histórica. Disponível em: http://www.saobernardo.sp.gov.br/secretarias/sp/plano_diretor/pd/pd_documentos.asp. Acessdo em 03 Out.2008

Urbana

ZEA - Zona Especial Agrícola

Rural

Recreio

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

O município não havia se preparado para receber o contingente populacional que

afluiu para a região. A área urbana não dispunha de programas habitacionais para

classe de renda baixa, restando à população carente procurar as áreas esquecidas pelo

mercado imobiliário formal.

Essa população instalou-se principalmente nas áreas de mananciais, local conve-

niente pela proximidade dos pólos geradores de emprego, as indústrias. Assim, tanto

a população, quanto as indústrias instalaram-se nas áreas protegidas sem nenhuma

preocupação social ou ambiental, causando sérios danos à natureza.

As medidas de proteção ambiental vieram após os prejuízos já terem sido causa-

dos pelas indústrias e, sobretudo pelos assentamentos subnormais. A precariedade das

aglomerações, implantadas sem nenhuma infra-estrutura e sem qualquer controle téc-

nico, em encostas ou vazios urbanos, e em áreas ambientalmente frágeis provocaram

desmatamentos, erosões, assoreamento e poluição dos corpos d’água com o lançamen-

to de resíduos líquidos e sólidos.

No período de 1981 a 1990, o município apresentava TGCA da população total

em torno de 2,64%, enquanto que nas áreas de mananciais era de 5,88%. A TGCA total

continuou decrescendo na década seguinte, de 1991 a 2000, de 2,42%, e de 1991 a 1996

apresentou taxa recorde de 7,46%12.

Mesmo com esses parâmetros preocupantes, o Plano Diretor – PDSBC de 1996, Lei

nº 4434 de 1996, pouco fez para ordenar o uso e ocupação do solo, proteger ou recupe-

rar áreas degradadas e, tampouco, promover a construção de habitações de interesse

social. (PMSBC)

O PDSBC de 1996 tem como diretriz para o desenvolvimento econômico, estimular atividades que gerem renda e emprego (indústrias do setor automobilístico, químico e petroquímico) – cap. II arts. 14 a 17. Com relação à política urbana, define o perímetro urbano até a represa Billings e, no art. 28, §. V, pretende incentivar “o desenvolvimento de pólo industrial de tecnologia de ponta não poluente e de serviços afins na área de proteção aos mananciais”. A política habitacional (art. 60 §. I) pretende promover a oferta de áreas, lotes e unidades habitacionais na zona urbana, como alternativa para moradores carentes da área de Proteção aos Mananciais e, no art. 61 §. I, estabelece “critérios para o planejamento integrado, visando a recuperação de zonas situadas na área de Proteção aos Mananciais, ocupadas por assentamentos habitacionais, e para a indicação de áreas adequadas aos programas privados de moradia, de maneira a possi-bilitar a melhoria da qualidade urbanística”.

12 PMSBC. Plano Diretor. Apresentação Histórica e Leitura da Cidade.

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

Este PDSBC divide o território em quatro macrozonas (art. 33), considerando grupos de bairros semelhantes com relação a disponibilidade de infra-estrutura, incentivando a ocupação para melhor aproveitamento destas ou contendo a oferta para coibir ou reverter a expansão urbana. Com relação às áreas de preservação aos mananciais, estas são classificadas em categorias (art. 75): áreas preservadas, que não devem ser ocupa-das; áreas preserváveis, ocupadas irregularmente e que necessitam se readequar às leis de mananciais; áreas de alto grau de ocupação, que serão objeto de programas especí-ficos de restrição ao adensamento ou à ocupação.

O PDSBC de 1996 não foi efetivo, assim como, tantos outros planos diretores ela-borados por força da Constituição Federal de 1988 (art. 102), por empresas ou órgãos distantes das problemáticas locais. (BRAGA, 1995) Os planos eram tecnicamente brilhan-tes, porém sem instrumentos suficientes para implementar suas diretrizes e normas.

Sobre os planos diretores dos anos 1990, Villaça (1993, p.14 a 16) referia-se a eles como modelos “modernistas falidos”, tecnocráticos e pseudocientíficos. Para ele, o pla-no deveria partir de problemas concretos, como: urbanização de favelas, a concessão do direito real de uso da terra, a redistribuição da riqueza gerada pela valorização imo-biliária, a criação de Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS, a preservação do meio ambiente, etc.

Com a promulgação do Estatuto da Cidade, Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, é possibilitado o desenvolvimento de uma política urbana com o uso de instrumentos que permitirão a reforma urbana, objetivando promover a inclusão social e territorial.

Desta maneira, o Plano Diretor de São Bernardo do Campo, Lei 5.593/2006, apro-vado em 5 de outubro de 2006, atende às disposições do Artigo 182 da Constituição Federal, do Estatuto da Cidade (art.41) e do inciso III do Artigo 14 da Lei Orgânica do

Município de São Bernardo do Campo.

Os princípios fundamentais do Plano Diretor (art. 13) baseiam-se no desenvol-vimento sustentável, nas funções sociais da propriedade imobiliária e da cidade, na igualdade, na justiça social, na participação popular e na gestão democrática da polí-tica urbana.

O Plano Diretor, por meio de uma política urbana fundamentada num desenvolvi-mento pleno, visa garantir o bem-estar dos habitantes, em harmonia com a natureza, e ainda, promover a redução da pobreza e das desigualdades sociais (art. 15).

As funções sociais da cidade, conforme art. 16 § 1º e 2º, devem ser entendidas como o uso socialmente justo e ecologicamente equilibrados do território do município. A função social da Área de Proteção aos Mananciais é a produção de água para consumo público. A propriedade imobiliária (art. 17) cumprirá a sua função social, quando for

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

utilizada para habitação; atividades econômicas, geradoras de emprego e renda; prote-ção do meio ambiente e preservação do patrimônio cultural.

A gestão da política urbana será feita de forma democrática, permitindo a par-ticipação dos diferentes segmentos da sociedade em sua formulação, execução e acompanhamento.

A política de desenvolvimento urbano (art. 21) tem como objetivo: ordenar o es-paço urbano para toda a sociedade; promover o desenvolvimento e a utilização plena do potencial existente no município, assegurando a todos os habitantes o acesso aos espaços, recursos naturais, infra-estrutura e serviços urbanos; implementar uma re-forma urbana que objetive a plena realização da função social da cidade; promover o desempenho adequado da infra-estrutura, mediante sua plena e racional utilização, ajustando o adensamento urbano à capacidade de suporte desta; promover a preser-vação, proteção e recuperação da paisagem urbana e do patrimônio cultural e social do Município; incentivar a convivência pacífica de múltiplos usos, em todas as áreas da cidade, observando-se as características ambientais e de salubridade, bem como estabelecer um critério de isonomia na fixação do potencial de aproveitamento dos imóveis.

O novo Plano Diretor, no aspecto ambiental, estabelece normas de proteção, preservação e de recuperação do meio ambiente natural e construído. A política de de-senvolvimento ambiental (arts. 24 e 25) tem como objetivo assegurar o direito à cidade sustentável, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento am-biental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, conciliando desenvolvimento econômico a um ambiente equilibrado. O dever de defender e preservar o ambiente não é unicamente do poder público, mas também da comunidade (art. 24 § I). Nas áreas de mananciais deve-se compatibilizar a política de meio ambiente às urbanas e sócio-econômicas, promovendo o uso do solo adequado e garantindo a saúde pública com a implantação de infra-estrutura sanitária.

O Poder Público, segundo o art, 24 § 19, deve compatibilizar suas atividades sociais

e econômicas, com a preservação, recuperação e manutenção da qualidade ambiental,

por meio de: gestão sócio-ambiental na aplicação das políticas públicas definidas junto

à sociedade; educação ambiental e sanitária; saneamento ambiental, compreendendo

a recuperação, o tratamento e a conservação do ambiente urbano e natural; geren-

ciamento integrado e compartilhado de resíduos sólidos, compreendendo a geração,

a coleta diferenciada, o tratamento e a destinação final adequados; adequação aos

parâmetros ambientais necessários à Área de Proteção e Recuperação aos Mananciais

– APRM definida por legislação estadual; recuperação gradativa e controle das áreas

de preservação permanente, definidas por legislação federal; prevenção quanto às si-

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

tuações de emergência e risco ambiental e; a penalização aos infratores das normas

ambientais, compreendendo a justa indenização e a reparação pelos danos causados.

A política de infra-estrutura (art. 26) visa promover o acesso equilibrado à infra-

estrutura para o atendimento das necessidades da população; fixar parâmetros para o

direcionamento da ocupação urbana, com vistas ao máximo aproveitamento das ca-

pacidades instaladas; e promover a gestão integrada da infra-estrutura, inclusive dos

sistemas em que o Município não controla a oferta global.

A política de mobilidade urbana, trânsito e transporte (art. 27) pretende univer-

salizar o acesso à cidade; priorizar o transporte coletivo objetivando a diminuição dos

custos e tempos de viagem; controlar a expansão urbana; e combater a degradação de

áreas residenciais, ocasionada pelo trânsito intenso de veículos. O sistema de transporte

coletivo, como indutor do uso e ocupação do solo, deve ser usado como fator regulador,

ordenador ou inibidor da expansão e adensamento urbano.

A política municipal de habitação (art. 31) visa garantir moradia digna como direi-

to social; promover a regularização fundiária, urbanística e sócio-ambiental sustentável

dos assentamentos precários, irregulares e clandestinos; instituir mecanismos e regras

urbanísticas para estimular a construção de habitações de interesse social13 na área

urbana, evitando a ocupação inadequada das áreas de preservação e conservação am-

biental e áreas de risco; prover de apoio e suporte técnico especializado para iniciativas

da população na produção de empreendimentos habitacionais, melhoria do ambiente

urbano e requalificação de moradias, por meio de associações de moradores, coopera-

tivas habitacionais e outras formas de organização popular; promover o uso de imóveis

residenciais vazios por meio de programas de carta de crédito e aluguel social para po-

pulações de baixa renda; buscar, nos empreendimentos habitacionais para programas

de reassentamento de populações de baixa renda, a maior proximidade possível com a

área originalmente ocupada; fiscalizar e impedir a ocorrência de novas ocupações irre-

gulares; dar preferência ao conceito de bairro ecológico como diretriz na regularização

de loteamentos irregulares, urbanização de assentamentos precários e novos empreen-

dimentos de interesse social; e assegurar a titularidade, a posse ou o uso de imóveis,

nos empreendimentos de interesse social realizados pela prefeitura, preferencialmente

à mulher, ou ao homem, ou a ambos independentemente do estado civil.

Para o atendimento à política urbana e ao ordenamento territorial do Município,

este foi dividido em quatro Macrozonas: Macrozona de Vocação Urbana – MVU, Ma-

crozona Urbana de Recuperação Ambiental – MURA; Macrozona de Ocupação Dirigida

– MOD e Macrozona de Restrição à Ocupação – MRO. (QUADRO 3.1 e FIGURA 3.8)

13 Habitação de Interesse Social: aquela destinada às famílias de baixa renda, produzida pelo Município em parceria com outros órgãos públicos, agências de fomento ou entidades da sociedade civil ou empresas. (art. 32)

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108

MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Quadro 3.1. Macrozoneamento

Fonte: elaborado pela autora com base no PDSBC

Quadro 1Quadro 1Quadro 1Quadro 1

CATEGORIACATEGORIACATEGORIACATEGORIA CARACTERISTICASCARACTERISTICASCARACTERISTICASCARACTERISTICAS OBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOSOBJETIVOS SUBÁREASSUBÁREASSUBÁREASSUBÁREAS

Zona de Desenvolvimento Urbano ZDU

Zona de Recuperação Urbana ZRU

Zona Empresarial Estratégica ZEE.

Zona Empresarial Estratégica - ZEE;

Zona de Recuperação Urbana e Ambiental - ZRUA;

e Zona de Recuperação Ambiental - ZRA.

Zona Ambiental de Ocupação Dirigida - ZAOD

Zona Sócio-Econômica Sustentável - ZOSES

Zona de Restrição à Ocupação-1- ZRO-1

Zona de Restrição à Ocupação-2 -ZRO-2; e

Zona de Recuperação Ambiental - ZRA.

MACROZONA DE RESTRIÇÃO À MACROZONA DE RESTRIÇÃO À MACROZONA DE RESTRIÇÃO À MACROZONA DE RESTRIÇÃO À OCUPAÇÃO – MROOCUPAÇÃO – MROOCUPAÇÃO – MROOCUPAÇÃO – MRO

Restrições ao uso e ocupação do solo para a proteção e conservação dos mananciais da APRM – Billings e da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo.

MACROZONA DE VOCAÇÃO URBANA – MACROZONA DE VOCAÇÃO URBANA – MACROZONA DE VOCAÇÃO URBANA – MACROZONA DE VOCAÇÃO URBANA – MVUMVUMVUMVU

MacrozoneamentoMacrozoneamentoMacrozoneamentoMacrozoneamento

Area de maior oferta de infra-estrutura e equipamentos urbanos, está situada dentro da Bacia do Rio Tamanduateí.

Proteger e requalificar o meio ambiente urbano, promover o saneamento ambiental, melhorar a qualidade do ar e o índice per capita de áreas verdes.

MACROZONA URBANA DE MACROZONA URBANA DE MACROZONA URBANA DE MACROZONA URBANA DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL – MURARECUPERAÇÃO AMBIENTAL – MURARECUPERAÇÃO AMBIENTAL – MURARECUPERAÇÃO AMBIENTAL – MURA

Ocupação urbana irregular na Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais da Bacia Hidrográfica da Represa Billings – APRM Billings

Recuperar ambientalmente dos impactos gerados pela ação antrópica e adequar-se ao desenvolvimento estratégico do Município adaptando-se às novas formas de ocupação territorial sustentável

MACROZONA DE OCUPAÇÃO DIRIGIDA MACROZONA DE OCUPAÇÃO DIRIGIDA MACROZONA DE OCUPAÇÃO DIRIGIDA MACROZONA DE OCUPAÇÃO DIRIGIDA – MOD– MOD– MOD– MOD

Importância estratégica ambiental e sócio-econômica para o Município, está situada ao sul e dentro da APRM – Billings

Manter o potencial de produção de água, recuperar ambientalmente os danos causados por ação antrópica em APRM; e adequar-se ao desenvolvimento estratégico do Município de forma sustentável

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109

Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

Figura 3.8. Macrozoneamento

Fonte: PMSBC. Plano Diretor.

Bairro dos Alvarenga

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

A MURA, após recuperação, terá a área ao norte do Rodoanel classificada em Ma-

crozona de Vocação Urbana – MVU e, ao sul do Rodoanel, classificada em Macrozona

de Ocupação Dirigida – MOD.

As Unidades de Planejamento e Gestão – UPGs são as menores porções territo-

riais, indivisíveis, dentro das Zonas Vocacionais do Município e determinadas pelas

características sócio-econômicas e físico-territoriais, que lhes conferem semelhança e

identidade.

As Zonas Especiais são classificadas em: Zona Especial de Interesse Social – ZEIS; e

Zona Especial de Interesse Ambiental – ZEIA.

As Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS, são aquelas destinadas prioritariamente

à regularização fundiária, requalificação urbanística e sócio-ambiental, produção de

habitação de interesse social e de mercado popular e sua adequada inclusão ao tecido

urbano do Município. São classificadas em: ZEIS 1, ZEIS 2, ZEIS 3, ZEIS 4 e ZEIS 5. (QUADRO

3.2 e FIGURA 3.9)

Quadro 3.2. Zona especial de interesse social -ZEIS

Fonte: elaborado pela autora com base no PDSBC

Quadro 2Quadro 2Quadro 2Quadro 2

ZEISZEISZEISZEIS ÁREASÁREASÁREASÁREAS CARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICAS

Zona especial de interesse social - ZEISZona especial de interesse social - ZEISZona especial de interesse social - ZEISZona especial de interesse social - ZEIS

Fonte: elaborado pela autora com base no PDSBC

ZEIS 1ZEIS 1ZEIS 1ZEIS 1 Macrozona MVU

Ocupações irregulares que necessitam de projetos de requalificação habitacional, urbanística, sócio-ambiental, econômica e de regularização fundiária

ZEIS 2 ZEIS 2 ZEIS 2 ZEIS 2 Áreas vazias, subutilizadas Cumprimento da função social da propriedade, as quais serão destinadas à moradia de interesse social

ZEIS 5 ZEIS 5 ZEIS 5 ZEIS 5 Áreas de risco ou de preservação permanente (APPs),

Assentamentos precários que necessitam de projetos de reassentamento.

ZEIS 3 ZEIS 3 ZEIS 3 ZEIS 3 Áreas vazias, subutilizadas

Cumprimento de sua função social de propriedade, que serão destinadas, prioritariamente para habitação de interesse social;

ZEIS 4 ZEIS 4 ZEIS 4 ZEIS 4 Macrozonas MURA e MOD

Ocupações irregulares que necessitam de projetos de requalificação habitacional, urbanística, sócio-ambiental, econômica e de regularização fundiária

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

Figura 3.9. Zona especial de interesse social – ZEIS

Fonte: PMSBC. Plano Diretor.

Bairro dos Alvarenga

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

As Zonas Especiais de Interesse Ambiental – ZEIA são aquelas destinadas priorita-

riamente à proteção e recuperação da paisagem e do meio ambiente. São classificadas

em: ZEIA 1, ZEIA 2, ZEIA 3, ZEIA 4, ZEIA 5 e ZEIA 6. (QUADRO 3.3 e FIGURA 3.10)

Quadro 3.3. Zonas Especiais de Interesse Ambiental – ZEIA

Nas Áreas de Proteção aos Mananciais – APMs, o Plano Diretor pretende recuperar

áreas que sofreram os impactos das ações antrópicas, promovendo o uso adequado do

solo aos parâmetros ambientais. Para tanto, pretende incentivar a participação popular

residente, nas discussões, nas tomadas de decisões e também como agente atuante na

conservação, proteção e recuperação do ambiente natural.

O PDSBC visa fortalecer as atividades de turismo e lazer ou outras atividades com-

patíveis nas APMs, tendo em vista a conservação e proteção dos recursos naturais.

Fonte: elaborado pela autora com base no PDSBC

Quadro 3Quadro 3Quadro 3Quadro 3

ZEIAZEIAZEIAZEIA ÁREASÁREASÁREASÁREAS CARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICASCARACTERÍSTICAS

ZEIA 2ZEIA 2ZEIA 2ZEIA 2

Áreas degradadas: ocupações irregulares, atividade predatória de recursos naturais, disposição inadequada de resíduos, processos erosivos, remoção de cobertura vegetal dentre outras,

As quais necessitam de intervenções para sua recuperação sócio-ambiental;

ZEIA 3ZEIA 3ZEIA 3ZEIA 3

Áreas de reserva para saneamento ambiental, onde poderão se instalar sistemas de saneamento ambiental tais como

Usinas de compostagem, reciclagem, resíduos sólidos da construção civil, aterros sanitários, estação de tratamento de esgoto e incineradores, entre outros; e

ZEIA 4ZEIA 4ZEIA 4ZEIA 4Áreas destinadas a ações estratégicas de qualificação urbana e ambiental;

Por meio da instalação de áreas de lazer e recreação ou unidades de conservação ecológica visando também o controle da pressão antrópica

ZEIA 5ZEIA 5ZEIA 5ZEIA 5Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais da Bacia Hidrográfica Billings

Proteção e Recuperação dos Mananciais

ZEIA 6ZEIA 6ZEIA 6ZEIA 6

Área da Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo a qual inclui a Área de Proteção e Recuperação dos Mananciais do Reservatório Rio das Pedras.

Conservação ecológica, Proteção e Recuperação dos Mananciais

Zonas Especiais de Interesse Ambiental - ZEIAZonas Especiais de Interesse Ambiental - ZEIAZonas Especiais de Interesse Ambiental - ZEIAZonas Especiais de Interesse Ambiental - ZEIA

ZEIA 1ZEIA 1ZEIA 1ZEIA 1

Áreas livres: parques, praças de grande porte, faixas de concessionárias ou áreas extensas com predominância de cobertura vegetal, definindo

Áreas que tenham importância para a qualificação urbana e ambiental;

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113

Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

Figura 3.10. Zona especial de interesse social – ZEIS

Fonte: PMSBC. Plano Diretor.

Bairro dos Alvarenga

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Para proteção, conservação e recuperação dos mananciais da Sub-bacia Billings

incidem instrumentos de planejamento urbano-ambiental. O Projeto de Lei Específica

da Billings – PLE-B, proposto pelo Estado e o Plano Diretor pelo Município de São Ber-

nardo do Campo. Com base na matriz analítica de Aguilar (op. cit., p. 21) foi elaborado

um quadro sintético resumindo toda essa situação, o Quadro 3.4, que tem como ob-

jetivo analisar a “integração dos planos, contribuindo para um processo de avaliação

e monitoramento das políticas públicas urbano-ambientais dentro da visão de gestão

integrada das bacias hidrográficas”.

A partir da seleção dos principais temas que afetam a área (Bairro dos Alvarenga), a

matriz do Quadro 3.4 apresenta-se subdividida em setores de atuação, incorporando di-

retrizes com objetivos similares quanto aos seguintes aspectos considerados relevantes

para a busca da sustentabilidade urbana e ambiental: Participação, Arranjos Institu-

cionais e Integração entre os Instrumentos de Planejamento, Infra-estrutura Ambiental

(Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Saneamento e Educação Ambiental), Habitação,

Sistema Viário e Transporte, Uso e Ocupação do Solo e Desenvolvimento Econômico e

Urbano.

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115

Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

Quadro 3.4. Matriz analítica segundo temas que envolvem a sustentabilidade

Quadro 4Quadro 4Quadro 4Quadro 4

Escala Regional Sub-Bacia HidrográficaEscala Regional Sub-Bacia HidrográficaEscala Regional Sub-Bacia HidrográficaEscala Regional Sub-Bacia HidrográficaProjeto de Lei Específica da BillingsProjeto de Lei Específica da BillingsProjeto de Lei Específica da BillingsProjeto de Lei Específica da Billings

Escala MunicipalEscala MunicipalEscala MunicipalEscala MunicipalPlano Diretor de SBCPlano Diretor de SBCPlano Diretor de SBCPlano Diretor de SBC

Promover a participação democrática da população na elaboração, implementação, monitoramento e controle das políticas ambientais.

Buscar soluções negociadas entre o Poder Público, a iniciativa privada e a sociedade civil para redução e, sempre que possível, a eliminação dos impactos ambientais negativos, bem como a recuperação de áreas degradadas.

Estabelecer parcerias com a iniciativa privada com vistas à redução dos impactos ambientais e a melhoria do meio ambiente.

Compatibilizar as exigências fundamentais de ordenação da cidade com as normas de interesse intermunicipal, estadual e federal.

Promover a articulação e a integração das políticas e ações de governo e com os demais entes federativos.

Inserir a política de meio ambiente na legislação de desenvolvimento urbano e sócio-econômico.

Defender, recompor e preservar a fauna e a flora local, em especial a cobertura vegetal de áreas protegidas e áreas florestadas.

Conservar ecossistemas de relevante valor ambiental, mediante criação/manejo adequado de unidades de conservação ambiental.

Preservar e conservar a biodiversidade dos ecossistemas e dos processos ecológicos essenciais.

Promover a proteção e recuperação da qualidade ambiental.

Recuperar e proteger áreas de preservação permanente.

Promover permanente fiscalização ambiental, com aplicação das penalidades aos responsáveis.

Prevenir danos ou riscos ao meio ambiente e à saúde pública.

Reduzir e controlar a poluição sob qualquer de suas formas.

Priorizar ações preventivas para evitar a poluição ambiental, bem como danos e riscos ambientais.

Promover a participação em consórcios públicos com vistas à execução de ações destinadas à proteção, à recuperação e à melhoria do meio ambiente.

Extensão da cobertura de atendimento do sistema de coleta, tratamento ou exportação de esgotos e complementação do sistema principal e da rede coletora.

Garantir níveis crescentes de saúde pública, mediante a implantação de infra-estrutura sanitária e melhoria de condições de salubridade, em assentamentos precários, vias e logradouros públicos.

Promoção da eficiência e melhoria das condições operacionais dos sistemas e ampliação das ligações das instalações domiciliares aos sistemas de esgotamento.

Promover a adequada gestão ambiental dos resíduos sólidos, incluindo a fiscalização da coleta, transporte, armazenagem, reciclagem, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos.

Controle de sistemas individuais de disposição de esgotos e remoção dos resíduos para lançamento em estações de tratamento de esgotos ou exportação.

Incentivar a retenção das águas pluviais nos terrenos visando à redução dos impactos da drenagem natural, a gestão ambiental adequada da drenagem urbana e o controle das enchentes.

Integrar Estados, municípios e agentes da sociedade civil em ações e programas de Educação Ambiental.

Incentivar a implantação de programas de recuperação das Áreas de Preservação Permanente.

Propor a criação de unidades de conservação nos termos da Lei 9985/00, para os locais de relevante interesse para a proteção dos recursos hídricos.

Estabelecer condições e instrumentos básicos, tais como MQUAL* e cargas metas para assegurar e ampliar a produção de água destinada ao abastecimento da população, promovendo a recuperação dos mananciais.

TemasTemasTemasTemas

Implementar a gestão participativa e descentralizada da APRM-B, integrando setores e instâncias governamentais e a sociedade civil.

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Integrar os programas e políticas regionais e setoriais, especialmente aqueles referentes a habitação, transporte, saneamento ambiental, infra-estrutura e manejo de recursos naturais e geração de renda, necessários à preservação do Meio Ambiente.

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Matriz analítica segundo temas que envolvem a sustentabilidadeMatriz analítica segundo temas que envolvem a sustentabilidadeMatriz analítica segundo temas que envolvem a sustentabilidadeMatriz analítica segundo temas que envolvem a sustentabilidade

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Monitorar e propor diretrizes para minimizar a poluição afluente que decorra de bombeamento ou de qualquer outro sistema artificial de controle de cheias.

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INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO QUE INCIDEM NA ÁREA DE ESTUDO: MATRIZ ANALÍTICA SEGUNDO TEMAS QUE ENVOLVEM A SUSTENTABILIDADEINSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO QUE INCIDEM NA ÁREA DE ESTUDO: MATRIZ ANALÍTICA SEGUNDO TEMAS QUE ENVOLVEM A SUSTENTABILIDADEINSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO QUE INCIDEM NA ÁREA DE ESTUDO: MATRIZ ANALÍTICA SEGUNDO TEMAS QUE ENVOLVEM A SUSTENTABILIDADEINSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO QUE INCIDEM NA ÁREA DE ESTUDO: MATRIZ ANALÍTICA SEGUNDO TEMAS QUE ENVOLVEM A SUSTENTABILIDADE

Universalizar a educação ambiental com a participação da sociedade.

Estimular a pesquisa e desenvolvimento de tecnologias orientadas à recuperação, proteção e conservação do meio ambiente e do uso racional dos recursos naturais.

Incentivar programas e projetos de conservação de energia e de recursos naturais não renováveis

Integrar Estados, municípios e agentes da sociedade civil em ações e programas de Educação Ambiental.

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Fiscalizar permanentemente a ocupação irregular especialmente as áreas ambientalmente frágeis e de riscos.

Instituir mecanismos e regras urbanísticas para estimular a construção de HIS na área urbana, a fim de evitar a ocupação inadequada das áreas de preservação e conservação ambiental e áreas de risco.

Promover a regularização fundiária, urbanística e sócio-ambiental sustentável dos assentamentos precários, irregulares e clandestinos.

Adotar o conceito de bairro ecológico como diretriz na regularização de loteamentos irregulares, urbanização de assentamentos precários e novos empreendimentos de interesse social.

Implementar políticas, em colaboração com os demais entes da federação, iniciativa privada e sociedade civil na recuperação urbana e ambiental de assentamentos precários e na produção de HIS para reassentamento de populações que ocupam áreas ambientais de preservação permanente e áreas de risco à vida.

Integrar o Município em programas, projetos e ações da política habitacional nacional, estadual, metropolitana e regional.

Nas AODs de Conservação Ambiental controlar a expansão dos núcleos urbanos e coibir novos assentamentos.

Criar e incentivar mecanismos de combate à produção informal de moradias.

Estimular a adoção e meios de transporte sustentáveis de pessoas e cargas.

Melhorar a qualidade ambiental, principalmente o ar, com a redução do número de viagens motorizadas.

Introduzir o conceito de mobilidade urbana sustentável, pelo qual todo espaço público que tenha circulação de pessoas faça parte do sistema.

Utilizar, de forma ambientalmente adequada, o espaço territorial, observando a conservação e o uso racional dos recursos naturais.

Promover o uso e a ocupação adequados do solo, em especial, na área de proteção e recuperação dos mananciais da represa Billings.

* Modelo de Correlação entre o Uso do Solo e a Qualidade da Água (MQUAL): representação matemática a ser adotada como medida de fluxo de cargas poluidoras.Fonte: Parte da Matriz Analítica AGUILAR (2007, p. 25 a 27) a partir de dados do Plano Diretor 2006 - Secretaria de Planejamento e Tecnologia da Informação do Município de SBC; Minuta da Lei Específica da Billings - Grupo de Trabalho (GT) do Sub-Comitê Billings.

Nas AODs de Ocupação Urbana Consolidada priorizar a adaptação das ocupações irregulares, mediante ações combinadas entre o setor público, empreendedores privados e moradores.

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Nas AOD de Ocupação Especial priorizar a implantação de programas de interesse social e equipamentos urbanos e sociais a eles vinculados priorizando a reurbanização de favelas.

Nas AODs de Ocupação Controlada implantar empreendimentos condicionados à garantia de implantação de saneamento ambiental; Requalificar assentamentos; Estimular a ampliação e recuperação das áreas verdes e lazer; Formular o sistema de fiscalização integrada.

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116

MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Com relação a participação , arranjos institucionais e integração entre os instru-

mentos de planejamento, os planos promovem a gestão participativa e democrática

nas diversas instâncias do Poder Público e da sociedade civil. O Plano Diretor – PDSBC

inclui ainda, a iniciativa privada para encontrar soluções conjuntas para eliminação

dos danos ambientais. Para preservar o meio ambiente, o Projeto de Lei Específica da

Billings – PLE-B pretende integrar programas e políticas regionais e setoriais e o PDSBC

pretende fazê-lo por meio do ordenamento do território.

Com relação ao meio ambiente : as Áreas verdes e Áreas de Preservação Perma-

nente – APPs, os Planos incentivam à criação de programas de recuperação de APPs, e

de Unidades de Conservação e o PDSBC visa promover a articulação da política urbana

à socioambiental.

Fonte: Parte da Matriz Analítica AGUILAR (2007, p. 25 a 27) a partir de dados do Plano Diretor 2006 - Secretaria de Planejamento e Tecnologia da Informação do Município de SBC; Minuta da Lei Específica da Billings - Grupo de Trabalho (GT) do Sub-Comitê Billings.

Fiscalizar permanentemente a ocupação irregular especialmente as áreas ambientalmente frágeis e de riscos.

Instituir mecanismos e regras urbanísticas para estimular a construção de HIS na área urbana, a fim de evitar a ocupação inadequada das áreas de preservação e conservação ambiental e áreas de risco.

Promover a regularização fundiária, urbanística e sócio-ambiental sustentável dos assentamentos precários, irregulares e clandestinos.

Adotar o conceito de bairro ecológico como diretriz na regularização de loteamentos irregulares, urbanização de assentamentos precários e novos empreendimentos de interesse social.

Implementar políticas, em colaboração com os demais entes da federação, iniciativa privada e sociedade civil na recuperação urbana e ambiental de assentamentos precários e na produção de HIS para reassentamento de populações que ocupam áreas ambientais de preservação permanente e áreas de risco à vida.

Integrar o Município em programas, projetos e ações da política habitacional nacional, estadual, metropolitana e regional.

Nas AODs de Conservação Ambiental controlar a expansão dos núcleos urbanos e coibir novos assentamentos.

Criar e incentivar mecanismos de combate à produção informal de moradias.

Estimular a adoção e meios de transporte sustentáveis de pessoas e cargas.

Melhorar a qualidade ambiental, principalmente o ar, com a redução do número de viagens motorizadas.

Introduzir o conceito de mobilidade urbana sustentável, pelo qual todo espaço público que tenha circulação de pessoas faça parte do sistema.

Utilizar, de forma ambientalmente adequada, o espaço territorial, observando a conservação e o uso racional dos recursos naturais.

Promover o uso e a ocupação adequados do solo, em especial, na área de proteção e recuperação dos mananciais da represa Billings.

* Modelo de Correlação entre o Uso do Solo e a Qualidade da Água (MQUAL): representação matemática a ser adotada como medida de fluxo de cargas poluidoras.Fonte: Parte da Matriz Analítica AGUILAR (2007, p. 25 a 27) a partir de dados do Plano Diretor 2006 - Secretaria de Planejamento e Tecnologia da Informação do Município de SBC; Minuta da Lei Específica da Billings - Grupo de Trabalho (GT) do Sub-Comitê Billings.

Nas AODs de Ocupação Urbana Consolidada priorizar a adaptação das ocupações irregulares, mediante ações combinadas entre o setor público, empreendedores privados e moradores.

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Nas AOD de Ocupação Especial priorizar a implantação de programas de interesse social e equipamentos urbanos e sociais a eles vinculados priorizando a reurbanização de favelas.

Nas AODs de Ocupação Controlada implantar empreendimentos condicionados à garantia de implantação de saneamento ambiental; Requalificar assentamentos; Estimular a ampliação e recuperação das áreas verdes e lazer; Formular o sistema de fiscalização integrada.

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Capítulo 3 | O MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO NO CONTEXTO DA SUB-BACIA BILLINGS: CONFLITOS E PERSPECTIVAS LEGAIS

Sobre os recursos hídricos a PLE-B propõe a MQUAL, dentre outros instrumentos,

correlacionando o uso do solo com a disponibilidade de infra-estrutura, que influen-

ciarão na produção e qualidade da água. Já o PDSBC pretende conservar, proteger e

recuperar as APPs, fiscalizando e prevenindo danos ao meio ambiente ou à saúde pú-

blica.

Em relação ao saneamento, um dos principais problemas da sub-bacia, a PLE-B

propõe controle de sistemas individuais de disposição de esgoto com tratamento ou

afastamento para estações de tratamento. O PDSBC pretende promover a implantação

de infra-estrutura sanitária em assentamentos precários, a disposição adequada dos

resíduos sólidos e ainda incentivar a retenção das águas pluviais em cada terreno.

Outro item importante é o da Educação Ambiental , para o qual os planos

pretendem integrar diferentes esferas de governo e sociedade civil em programas am-

bientalmente educativos e o PDSBC, em específico, visa buscar maior conscientização e

novas tecnologias para recuperação, proteção e conservação dos recursos naturais.

No que se refere a habitação, a PLE-B, nas Áreas de Ocupação Especial AODs, pro-

move a reurbanização de favelas e, o PDSBC incentiva a construção de HIS em áreas

urbanas; nas Áreas de Ocupação Controlada, a PLE-B prioriza a adequação de ocupa-

ções irregulares e o PDSBC pretende implantar o conceito de Bairro Ecológico nessas

áreas; nas Áreas de Ocupação Controlada, a PLE-N tenciona implantar ou requalificar

assentamentos com saneamento ambiental e o PDSBC quer implementar políticas jun-

tamente com demais entes da federação, iniciativa privada e sociedade de civil para na

recuperação de assentamentos precários urbana e ambiental e produção de HIS.

A PLE-B dispõe de diretrizes e parâmetros para elaboração das leis municipais, e o

PDSBC procura ordenar o uso e a ocupação do solo de maneira a respeitar os macrozo-

nas definidas pela PLE-B, promovendo a construção de moradias de interesse social nas

áreas já urbanizadas, para que sejam poupadas as áreas ambientalmente frágeis.

Tanto o PDSBC quanto a PLE-B objetivam o desenvolvimento econômico e social

incentivando a implementação de atividades compatíveis que não prejudiquem a pre-

servação e recuperação dos mananciais.

No entanto, a realidade na área de mananciais agrava-se, aguardando medidas ora

regionais, ora locais para solucionar os conflitos urbanos, sociais e ambientais dessas

áreas.

A permanência da população moradora das áreas de mananciais em São Bernardo

é, para muitos estudiosos, um fato irreversível. Porém, para que essa permanência seja

possível, é necessário primeiramente, que sejam minimizados os impactos causados

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

por essa população na qualidade e quantidade de água dos mananciais responsáveis

pelo abastecimento de alguns municípios da RMSP. Outro fator em questão é o da lega-

lidade dessa permanência, que uma nova postura política, descentralizada, integrada,

articulada e participativa das diferentes esferas de governo e comunidade, vem possi-

bilitando acordos, cujas ações dependem de discussões e comprometimento das partes

envolvidas, estudados no capítulo seguinte.

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4. AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO AOS MANACIAIS: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

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121

São Bernardo do Campo, seja pela falta de alternativa da população pobre em

conseguir moradias nas áreas centrais, ou pela proximidade dos locais com oferta de

empregos ou ainda, pela facilidade de acesso, teve sua área urbana expandida em

direção às áreas de preservação de mananciais. Dentre outros fatores que também co-

laboraram para a ocupação dessas áreas, como já foi citado, temos a própria legislação

de mananciais (Leis 898/1975 e 1.172/1976), que por ser muito restritiva acabou por

incentivar a proliferação de loteamentos irregulares e favelas.

Dentre estas áreas urbanas que invadiram áreas de mananciais estão, por exemplo,

áreas circunvizinhas às bacias do Alvarenga/Lavras, Rio Grande, Rio Pequeno, Rio Pedra

Branca, Rio Grande. Delas destacamos, para efeito de estudo, a da Sub-bacia do Alva-

renga, ou mais exatamente, do Bairro dos Alvarenga.

Apesar do Bairro dos Alvarenga ser uma importante área de urbanização recente

de São Bernardo, ele está inserido em área de proteção de mananciais, tem importância

na produção hídrica e apresenta resquícios de vegetação natural a ser preservada. O

Avarenga é o bairro que mais se destaca, pela quantidade de assentamentos irregulares

do município em área de mananciais, e é, também o mais populoso. Nele podemos

encontrar uma multiplicidade de atividades, envolvendo diversas camadas sociais, so-

bretudo as mais carentes.

O Bairro dos Alvarenga passou por um processo de urbanização desordenado, e

atualmente passa por um processo de adensamento acelerado, que causa danos am-

bientais e sociais. A situação de pobreza de sua população, contribui para torná-lo um

dos bairros mais violentos do município.

Como já colocado, as áreas de mananciais da Represa Billings, particularmente

no Bairro dos Alvarenga, já vinham sendo ocupadas, há décadas, tendo seus recursos

naturais depauperados pelas atividades extrativistas ou pelas atividades ligadas ao la-

zer. Os efeitos nocivos das ocupações irregulares são advindos, principalmente, de uma

implantação desprovida de infra-estrutura ou preocupação ambiental, criando grandes

áreas impermeabilizadas, com desmatamentos expondo o solo a processos erosivos e

favorecendo o assoreamento da represa. Dentre os problemas, o maior é a da poluição

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

causada pelos resíduos sólidos e líquidos que são depositados a céu aberto e acabam

sendo lançados nos cursos d’água. (PMSBC)1

O Alvarenga, em certas áreas, pode ser considerado um local de paisagem exube-

rante entremeado de rios e pela mata atlântica. Até meados de 1850, a região era parte

de uma antiga fazenda beneditina, sendo conhecida como Porto dos Alvarenga2. Poste-

riormente foi ocupada por chácaras, diversas olarias e até mesmo, por serrarias, que se

aproveitaram dos recursos naturais da região. A formação da Represa Billings na década

de 1920 colaborou para que estas atividades em grande parte desaparecessem. (id.)

A partir da década de 1970, com a construção da Rodovia dos Imigrantes e a cria-

ção do Parque Industrial Imigrantes, começaram a surgir na região os assentamentos

precários ao longo da Estrada dos Alvarenga e da Represa Billings. Desde então, essas

aglomerações aumentaram exponencialmente o grau de degradação e poluição do

meio ambiente local. (id.)

As medidas tomadas para proteger e garantir água para RMSP (Leis 898/1975 e

1.172/1976) acabaram estimulando ainda mais esse processo de ocupação. Os lotes lo-

calizados em área de 1ª Categoria, onde não se permite construções, foram alvos de

especuladores imobiliários, más intenções políticas e associações comunitárias3, que

visando atender aos seus próprios interesses implantaram ou invadiram áreas que não

poderiam ser regularizadas.

Desde esta ocasião, o bairro vinha sofrendo um intenso e contínuo processo de

ocupação, que só foi interrompido, em meados de 1997, com o triste episódio do

loteamento Jardim Falcão4. O loteamento estava localizado nas proximidades do

Córrego dos Alvarenga, as casas ainda estavam em construção, quando foi autuado.

1Disponível em: http://fic.saobernardo.sp.gov.br/geo_ca/pdf/BAIRRO%20DOS%20ALVARENGA.pdf. Acesso em:15.Jun.2008

2 Em meados de 1850, o Bairro dos Alvarenga era conhecido pelo porto de água doce, onde grandes quantidades de cargas eram transportadas por via fluvial, através de “batelões” de “albarengas” (barcos grandes de carga, movidos a remo), originando-se daí o nome do bairro. Disponível em: http://fic.saobernardo.sp.gov.br/geo_ca/pdf/BAIR-RO%20DOS%20ALVARENGA.pdf. Acesso em: 12.mar.2008

3 “Associação é uma entidade de direito privado, dotada de personalidade jurídica e caracterizada pelo agrupamento de pessoas para a realização e consecução de objetivos e ideais comuns, sem finalidade lucrativa. Uma associação sem fins lucrativos poderá ter diversos objetivos, tais como: (...) as que observam o princípio da universalização dos serviços” Ex.promoção da assistência social;promoção gratuita da saúde e educação; preservação e conservação do meio ambiente; promoção dos direitos humanos, etc. Disponível em: http://www.mozartrussomanno.com.br/pdf/conceito_assoc.pdf. Acesso em 14 Nov.2008

4 Até hoje, mais de dez anos após o incidente, 21 famílias sem condições de comprar outro imóvel permaneceram às margens do Córrego dos Alvarenga em condições precárias, enquanto aguardam pela ajuda do Município. Na área desapropriada pretende-se construir o Parque Museu Escola Jardim Falcão – com infra-estrutura de um parque, com trilhas, ciclovias e pistas de caminhada, oferecerá também, oficinas culturais e ecológicas. (PBA.PTU-SBC, 2006)

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Capítulo 4 | AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

Alheios às medidas administrativas e de ação judicial, as obras continuaram. No ano de 1998, por meio de uma ação de desocupação, 190 casas foram demolidas por tratores da administração municipal. (OLIVEIRA; STAURENGHI, p.3)

Desde então, foram raras as tentativas de implantação de novos loteamentos clandestinos, temerosos de terem o mesmo destino do loteamento demolido. As ocupa-ções foram reprimidas, porém ainda restavam a recuperação de áreas de loteamentos implantados e a punição dos envolvidos. Para o Ministério Público, agentes políticos deveriam ser denunciados por improbidade administrativa, pois foram coniventes com loteamentos clandestinos e crimes ambientais. (Ibidem)

Diante desta situação, em agosto de 1997, o Município de São Bernardo do Cam-po, montou uma equipe com a incumbência de realizar um mapeamento das ocupações irregulares existentes e da situação do restante das áreas de proteção aos mananciais. Esse estudo resultou num diagnóstico que foi apresentado ao Ministério Público com o objetivo de demonstrar a importância na implementação de infra-estrutura urbana de saneamento para proteção dos mananciais, da saúde e da vida humana. (Ibidem)

Paralelamente, as alterações previstas na nova lei de proteção dos mananciais da na mesma época viriam a contribuir para encaminhar soluções relativas às questões levantadas no mapeamento. As intervenções urbanísticas em área de proteção aos ma-nanciais, antes proibidas, foram possíveis com a promulgação da Nova Lei de Proteção e Recuperação dos Mananciais, a Lei Estadual 9.866/97, que dispõe sobre a proteção e recuperação dos mananciais de interesse regional do Estado de São Paulo e de disposi-tivos do Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo, regulamentado pelo Decreto Estadual 43.022 de 7 de abril de 1998.

A implementação do Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais defla-grou novas possibilidades de recuperação dos assentamentos precários existentes na Sub-bacia Billings e, principalmente, no Bairro dos Alvarenga. Como conseqüência da deliberação do Consema nº 20/98 de 06/10/1998, recomendando que fosse firmado um acordo entre Ministério Público, Prefeitura e comunidade a ser beneficiada, com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). (PMSBC- PROCESSO 2179/2000)

O objetivo deste capítulo é apresentar as principais ações implementadas nas áreas relacionadas pelo Plano Emergencial de Recuperação de Mananciais em São Bernardo, e que, por sua vez, deflagraram outras ações. Um dos principais instrumentos utiliza-dos para as ações de recuperação urbanística e ambiental é o Termo de Ajustamento de Conduta – TAC, um compromisso firmado entre Ministério Público, Prefeitura e co-munidade moradora, para que continuem morando nas áreas de mananciais. Neste

contexto procura-se situar os bairros ecológicos.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

4.1 AS AÇÕES DECORRENTES DO PLANO EMERGENCIAL DE RECUPERAÇÃO DOS MANANCIAIS NO BAIRRO DOS ALVARENGA

Paralelamente ao Plano Emergencial, para garantir a proteção ao ambiente, par-ticularmente aos mananciais, em princípios de 1997, a Prefeitura e a Promotoria de Meio Ambiente de São Bernardo identificaram e formularam estratégias conjuntas para conter novos assentamentos irregulares e promover qualidade de vida aos moradores dos assentamentos de baixa renda.

Considerando-se que o principal problema dessas aglomerações é a ausência de infra-estrutura de saneamento básico, o município apresentou proposta de obras no Plano Emergencial, de acordo com o Decreto 43.022/1998. Os planos para execução de obras emergenciais são permitidos nos casos em que as condições ambientais e sanitá-rias apresentem riscos à segurança e saúde pública ou comprometam mananciais para fins de abastecimento.

O Quadro 4.1 sintetiza as principais ações de intervenções situadas em áreas de mananciais no Município de São Bernardo do Campo: abastecimento de água, esgota-mento e tratamento sanitário de efluentes, drenagem de águas pluviais, contenção de erosão, estabilização de taludes, fornecimento de energia elétrica, prevenção e controle de poluição das águas e revegetação.

Observa-se que, pelas ações a serem desenvolvidas nos loteamentos, estes eram bastante precários, sendo implantados sem nenhuma preocupação com os moradores ou ambiente – matas naturais foram suprimidas, cortes e aterros deixaram o solo des-coberto representando riscos para os moradores, e ainda para agravar, não possuíam coleta ou tratamento de esgoto, nem drenagem eficiente, sendo tudo carreado para a represa.

Pode-se notar pelo Quadro 4.1, que dos 63 bairros relacionados5, 49 estão na Sub-bacia Alvarenga/ Lavras. Observa-se que dos 63 loteamentos, que foram objeto de intervenção do Plano Emergencial, 49 ou 77,78% dos loteamentos estão nos Bairro dos Alvarenga, dez ou 15,87% no Rio Grande, três ou 4,76% no Rio Pequeno e um ou 1,58% no Rio Pedra Branca.

O Bairro dos Alvarenga por ser um dos bairros mais problemáticos, tanto ambiental quanto socialmente, foi o que mais recebeu investimentos. Porém, pode-se dizer que,

5 A Sub-bacia Alvarenga/Lavras compreende os bairros: Alvarenga e Batistini; a Sub-bacia Rio Grande: Balneária, Fincos, Botujuru, Batistini, Montanhão e Varginha; a Sub-bacia Rio Pequeno: Varginha, Rio Grande, Fincos, Zanzalá, Rio Pequeno e Capivari; a Sub-bacia Pedra Branca: Tatetos, Capivari, Curucutu e Taquacetuba. (PMSBC, Secretaria de Planejamento)

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Capítulo 4 | AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

quase que a totalidade dos bairros relacionados polui e muitos deles ainda continuam poluindo as águas da bacia. Mesmo com as intervenções, a natureza demorará em se

regenerar dos impactos causados.

O Plano Emergencial, anteriormente citado, planeja a execução e uma série de

investimentos para intervir nestas áreas irregularmente urbanizadas e, que estão em

áreas de proteção aos mananciais. Uma síntese dessas propostas de ações e obras do

Plano Emergencial pode ser sintetizada no Quadro 4.1, abaixo.

Quadro 4.1. Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana deSão Paulo

Quadro 1Quadro 1Quadro 1Quadro 1

1111 Vila Vitória Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 82222 Loteamento Novo Lar Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 83333 Loteamento Frei Mizuho Alvarenga/Lavras 2 3 4 5 6 7 84444 Núcleo Senhor Bonfim Alvarenga/Lavras 3 4 6 7 85555 Jardim Alvorada Alvarenga/Lavras 3 4 6 7 86666 Monte Sião II Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 6 7 87777 Parque Veneza Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 88888 Vila Nova Alvarenga/Lavras 3 4 6 7 89999 João de Barro Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 5 6 7 810101010 Jardim Laura II Alvarenga/Lavras 2 4 6 7 811111111 Jardim América do Sul Alvarenga/Lavras 2 3 6 7 812121212 Jardim Laura I Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 813131313 Jardim Anna Faletti Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 814141414 Jardim Vila Nova Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 815151515 Parque Ideal Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 5 6 7 816161616 Jardim Novo Horizonte I Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 5 6 7 817171717 Jardim Novo Horizonte I Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 5 6 7 818181818 Jardim Nova América Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 5 6 7 819191919 Vila dos Quimicos Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 5 6 7 820202020 Parque dos Bandeirantes Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 821212121 Sitio Bela Vista Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 6 7 822222222 Parque das Garças Alvarenga/Lavras 1 2 4 6 7 823232323 Recanto dos Pássaros Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 824242424 Parque Jandaia/ Parque Primavera Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 6 7 825252525 Parque Silva Plana Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 6 7 826262626 Jardim Las Palmas Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 827272727 Jardim das Orquideas Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 828282828 Jardim Ipê (Parque das Flores) Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 829292929 Assoc.Com.Hab.Alternativa I e II Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 830303030 Assoc.Com.Núcleo Castelo Branco Alvarenga/Lavras 2 3 6 7 831313131 União e Força Alvarenga/Lavras 2 4 6 7 832323232 Pró-Terra Ipê Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 833333333 Jardim Nova Patente Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 834343434 Jardim das Oliveiras II Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 835353535 Jardim das Oliveiras Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 6 7 836363636 Nossa Casa/Jardim Marco Polo Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 837373737 Núcleo Hab. Royal Park Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 6 7 838383838 Núcleo 57/Bosque e Alojamento Apoio Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 839393939 Parque Imigrantes Alvarenga/Lavras 2 3 6 7 840404040 Jardim Pinheiros Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 841414141 Jardim São Judas Tadeu Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 842424242 Jardim Uriçaba Alvarenga/Lavras 3 4 6 7 843434343 Vila Santa Maria Alvarenga/Lavras 1 3 4 6 7 844444444 Moradia Vale do Sol Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 845454545 Assoc. Comum. Nova Canaã Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 846464646 Jardim da Represa Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 847474747 Parque Los Angeles Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 848484848 Jardim Jussara/Jardim Santos Dumont Alvarenga/Lavras 4 7 849494949 Areião/Núcleo 51 Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 850505050 Vila Balnearia Rio Grande 4 7 851515151 Vila Sabesp/Vila dos Estudantes Rio Grande 2 3 4 6 7 852525252 Bairro dos Finco Rio Pequeno 2 3 4 5 6 7 853535353 Jardim Boa Vista Rio Pequeno 2 4 6 7 854545454 Jardim Tupã Rio Grande 2 4 7 855555555 Parque Estoril/Jurubatuba/Anchieta Rio Grande 2 756565656 Vila Tosi Rio Grande 2 757575757 Vila Pelé Rio Grande 2 6 758585858 Vila Rócio Rio Grande 2 3 4 5 6 7 859595959 Parque Rio Grande Rio Grande 2 3 4 5 6 760606060 Jardim IV Centenário Rio Grande 4 7 861616161 Bairro Tatetos Rio Pequeno 4 7 862626262 Nucleo Santa Cruz Rio Pedra Branca 1 2 3 4 6 7 863636363 Taquacetuba/Chácara Santo Antonio Rio Grande 4 7

SUB-

BACI

ASU

B-BA

CIA

SUB-

BACI

ASU

B-BA

CIA

INTERVENÇÕESINTERVENÇÕESINTERVENÇÕESINTERVENÇÕES1 - abastecimento de água2 - esgotamento e tratamento sanitário de efluentes3- drenagem de águas pluviais4 - contenção de erosão

Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana de São PauloPlano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana de São PauloPlano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana de São PauloPlano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo

Fonte: SHAMA (1998)

5 - estabilização de taludes6 – fornecimento de energia elétrica7 – prevenção e controle de poluição das águas8 - revegetação

PLANO EMERGENCIAL DE RECUPERAÇÃO DOS MANANCIAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULOPLANO EMERGENCIAL DE RECUPERAÇÃO DOS MANANCIAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULOPLANO EMERGENCIAL DE RECUPERAÇÃO DOS MANANCIAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULOPLANO EMERGENCIAL DE RECUPERAÇÃO DOS MANANCIAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

PROPOSTA DE AÇÕES E OBRAS - MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO

PRO

POST

APR

OPO

STA

PRO

POST

APR

OPO

STA

DEN

OM

INAÇ

ÃOD

ENO

MIN

AÇÃO

DEN

OM

INAÇ

ÃOD

ENO

MIN

AÇÃO

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126

MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

A Sub-bacia Alvarenga / Lavras e os bairros Alavarenga e Batistini são noções

similares.

Mais particularmente, falando sobre o Bairro dos Alvarenga, podemos observar a

Tabela 4.1, a seguir, a qual sintetiza apenas as ações que incidem sobre o Alvarenga,

em relação às obras previstas pelo Plano para os loteamentos que estão na Sub-bacia

Alvarenga/Lavras, onde se localiza o Bairro dos Alvarenga.

Com relação ao Bairro dos Alvarenga, 13 áreas ou 26,53% não dispunham de rede

de abastecimento de água; havia a ausência de coleta e tratamento de esgoto em 46 ou

93,88%; 45 ou 91,84% eram desprovidos de sistema de drenagem pluvial; 46 ou 93,88%

sofriam com processos erosivos; seis ou 12,24% corriam riscos de deslizamentos das

encostas; 49 ou 100,00% não tinham fornecimento de energia elétrica; 48 ou 97,96%

poluíam as águas; e, em 49 ou 100,00% houve desmatamentos carecendo de revegeta-

ção.

Tabela 4.1. Síntese das Obras para o Bairro dos Alvarenga relacionadas no Plano Emergencial – 1998

Fonte: SHAMA/1998

Fonte: Tabela elaborada pela autora referente à síntese do Quadro 1.

Quadro 1Quadro 1Quadro 1Quadro 1

1111 Vila Vitória Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 82222 Loteamento Novo Lar Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 83333 Loteamento Frei Mizuho Alvarenga/Lavras 2 3 4 5 6 7 84444 Núcleo Senhor Bonfim Alvarenga/Lavras 3 4 6 7 85555 Jardim Alvorada Alvarenga/Lavras 3 4 6 7 86666 Monte Sião II Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 6 7 87777 Parque Veneza Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 88888 Vila Nova Alvarenga/Lavras 3 4 6 7 89999 João de Barro Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 5 6 7 810101010 Jardim Laura II Alvarenga/Lavras 2 4 6 7 811111111 Jardim América do Sul Alvarenga/Lavras 2 3 6 7 812121212 Jardim Laura I Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 813131313 Jardim Anna Faletti Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 814141414 Jardim Vila Nova Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 815151515 Parque Ideal Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 5 6 7 816161616 Jardim Novo Horizonte I Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 5 6 7 817171717 Jardim Novo Horizonte I Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 5 6 7 818181818 Jardim Nova América Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 5 6 7 819191919 Vila dos Quimicos Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 5 6 7 820202020 Parque dos Bandeirantes Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 821212121 Sitio Bela Vista Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 6 7 822222222 Parque das Garças Alvarenga/Lavras 1 2 4 6 7 823232323 Recanto dos Pássaros Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 824242424 Parque Jandaia/ Parque Primavera Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 6 7 825252525 Parque Silva Plana Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 6 7 826262626 Jardim Las Palmas Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 827272727 Jardim das Orquideas Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 828282828 Jardim Ipê (Parque das Flores) Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 829292929 Assoc.Com.Hab.Alternativa I e II Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 830303030 Assoc.Com.Núcleo Castelo Branco Alvarenga/Lavras 2 3 6 7 831313131 União e Força Alvarenga/Lavras 2 4 6 7 832323232 Pró-Terra Ipê Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 833333333 Jardim Nova Patente Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 834343434 Jardim das Oliveiras II Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 835353535 Jardim das Oliveiras Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 6 7 836363636 Nossa Casa/Jardim Marco Polo Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 837373737 Núcleo Hab. Royal Park Alvarenga/Lavras 1 2 3 4 6 7 838383838 Núcleo 57/Bosque e Alojamento Apoio Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 839393939 Parque Imigrantes Alvarenga/Lavras 2 3 6 7 840404040 Jardim Pinheiros Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 841414141 Jardim São Judas Tadeu Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 842424242 Jardim Uriçaba Alvarenga/Lavras 3 4 6 7 843434343 Vila Santa Maria Alvarenga/Lavras 1 3 4 6 7 844444444 Moradia Vale do Sol Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 845454545 Assoc. Comum. Nova Canaã Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 846464646 Jardim da Represa Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 847474747 Parque Los Angeles Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 848484848 Jardim Jussara/Jardim Santos Dumont Alvarenga/Lavras 4 7 849494949 Areião/Núcleo 51 Alvarenga/Lavras 2 3 4 6 7 850505050 Vila Balnearia Rio Grande 4 7 851515151 Vila Sabesp/Vila dos Estudantes Rio Grande 2 3 4 6 7 852525252 Bairro dos Finco Rio Pequeno 2 3 4 5 6 7 853535353 Jardim Boa Vista Rio Pequeno 2 4 6 7 854545454 Jardim Tupã Rio Grande 2 4 7 855555555 Parque Estoril/Jurubatuba/Anchieta Rio Grande 2 756565656 Vila Tosi Rio Grande 2 757575757 Vila Pelé Rio Grande 2 6 758585858 Vila Rócio Rio Grande 2 3 4 5 6 7 859595959 Parque Rio Grande Rio Grande 2 3 4 5 6 760606060 Jardim IV Centenário Rio Grande 4 7 861616161 Bairro Tatetos Rio Pequeno 4 7 862626262 Nucleo Santa Cruz Rio Pedra Branca 1 2 3 4 6 7 863636363 Taquacetuba/Chácara Santo Antonio Rio Grande 4 7

SUB-

BACI

ASU

B-BA

CIA

SUB-

BACI

ASU

B-BA

CIA

INTERVENÇÕESINTERVENÇÕESINTERVENÇÕESINTERVENÇÕES1 - abastecimento de água2 - esgotamento e tratamento sanitário de efluentes3- drenagem de águas pluviais4 - contenção de erosão

Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana de São PauloPlano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana de São PauloPlano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana de São PauloPlano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo

Fonte: SHAMA (1998)

5 - estabilização de taludes6 – fornecimento de energia elétrica7 – prevenção e controle de poluição das águas8 - revegetação

PLANO EMERGENCIAL DE RECUPERAÇÃO DOS MANANCIAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULOPLANO EMERGENCIAL DE RECUPERAÇÃO DOS MANANCIAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULOPLANO EMERGENCIAL DE RECUPERAÇÃO DOS MANANCIAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULOPLANO EMERGENCIAL DE RECUPERAÇÃO DOS MANANCIAIS DA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

PROPOSTA DE AÇÕES E OBRAS - MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO

PRO

POST

APR

OPO

STA

PRO

POST

APR

OPO

STA

DEN

OM

INAÇ

ÃOD

ENO

MIN

AÇÃO

DEN

OM

INAÇ

ÃOD

ENO

MIN

AÇÃO

Tabela 1Tabela 1Tabela 1Tabela 1

OBRASOBRASOBRASOBRASNº DENº DENº DENº DE

LOTEAMENTOSLOTEAMENTOSLOTEAMENTOSLOTEAMENTOS%%%%

1. abastecimento de água1. abastecimento de água1. abastecimento de água1. abastecimento de água 13 26,53

2. esgotamento e tratamento sanitário de efluentes2. esgotamento e tratamento sanitário de efluentes2. esgotamento e tratamento sanitário de efluentes2. esgotamento e tratamento sanitário de efluentes 46 93,88

3. drenagem de águas pluviais3. drenagem de águas pluviais3. drenagem de águas pluviais3. drenagem de águas pluviais 45 91,84

4. contenção de erosão4. contenção de erosão4. contenção de erosão4. contenção de erosão 46 93,88

5. estabilização de taludes5. estabilização de taludes5. estabilização de taludes5. estabilização de taludes 6 12,24

6. fornecimento de energia elétrica6. fornecimento de energia elétrica6. fornecimento de energia elétrica6. fornecimento de energia elétrica 49 100

7. prevenção e controle de poluição das águas7. prevenção e controle de poluição das águas7. prevenção e controle de poluição das águas7. prevenção e controle de poluição das águas 48 97,96

8. revegetação8. revegetação8. revegetação8. revegetação 49 100

Síntese das Obras para o Bairro dos Alvarenga relacionadas noSíntese das Obras para o Bairro dos Alvarenga relacionadas noSíntese das Obras para o Bairro dos Alvarenga relacionadas noSíntese das Obras para o Bairro dos Alvarenga relacionadas noPlano Emergencial – 1998Plano Emergencial – 1998Plano Emergencial – 1998Plano Emergencial – 1998

Fonte: Tabela elaborada pela autora referente à síntese do Quadro 1

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127

Capítulo 4 | AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

Gráfico 4.1. Síntese das obras para o Bairro dos Alvarenga relacionadas no Plano Emergencial – 1998

Segundo Gráfico 4.1 acima, nota-se que os loteamentos irregulares não possuíam

rede elétrica e poucos eram providos de abastecimento de água, porém, os principais

problemas apresentados estavam relacionados a desmatamentos e movimentos de ter-

ra, provocando erosões e instabilizações de encostas e a falta de esgotamento sanitário,

causando a poluição da água. Nestas circunstâncias, os recursos hídricos foram os mais

impactados por essa urbanização irregular.

Fonte: Gráfico elaborado pela autora com base na tabela 1.

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128

MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

4.2 O TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA – TAC

Diante da impossibilidade de se regularizar a situação da população moradora em

ocupações irregulares em áreas de mananciais pelas legislações de proteção de manan-

ciais ou pelas disposições pela Lei Federal de Parcelamento de Solo (MARTINS, op. cit.),

surgiu uma nova alternativa, que concilia os dois interesses a princípio antagônicos –

moradia versus proteção de mananciais, que alguns especialistas estão definindo como

a Terceira Solução:

“Por muitas teorias que se defendam para resolver o problema do desenvol-vimento e da concorrência, acabar-se-á sempre por perceber que cada caso é específico, diferente dos outros, reclamando uma solução própria. Também se descobrirá que há diversas alternativas e que as opiniões são antagônicas, conflituosas, na seqüência dos interesses em jogo. Restam as metodologias de apoio à decisão, nomeadamente a Avaliação Multicritério e, para resolver os conflitos, o método da Mediação Activa ou da 3ª Solução.”(LOBO, 2008, p. 33)

Como colocado anteriormente, as obras previstas no Plano Emergencial têm sido

implementadas ao longo do tempo e em ritmo moderado. Importante destacar, que

apesar disso, o processo foi fundamental para deflagrar outras ações de recuperação

que ocorreram ora de forma paralela, ora simultânea e interdependente.

Valendo-se do art. 7º e 8º do Decreto 43.022/1998, que estabelece que “os órgãos

responsáveis pela execução das obras emergenciais deverão diligenciar no sentido de

formalizar acordos com os municípios e associações de moradores”, a Prefeitura e a

Promotoria do Meio Ambiente de São Bernardo do Campo em parceria com os órgãos

estatais (Secretaria da Habitação, SABESP; DAEE; CETESB; ELETROPAULO; Secretaria

do Meio Ambiente – DEPRN, DUSM, DAIA; COMGÁS; EMPLASA; Corpo de Bombeiros)

definiram um conjunto de compromissos mútuos, visando o controle da expansão e

adensamento desses assentamentos nas áreas em estudo6.

6 Para regularização de um loteamento novo ou já existente é necessário a certificação e aprovação do GRAPROHAB – Grupo de Análise de Projetos Habitacionais, que envolve todos os órgãos do Governo do Estado responsáveis em emitir licença para parcelamento do solo e de empreendimentos habitacionais. Maiores detalhes sobre o papel institucional dos órgãos estatais encontram-se abordados em Martins (2006, p.70 a 74).

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129

Capítulo 4 | AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

Esse conjunto de compromissos mútuos encontra-se respaldado na disposição da

Lei Federal Nº 7.347/85. Esta lei disciplina a Ação Civil Pública e autoriza os órgãos pú-

blicos legitimados em art. 5º a “tomar dos interessados compromisso de ajustamento de conduta às exigências legais, mediante combinações, que terá eficácia de título execu-tivo extrajudicial”. Os textos que contêm este Compromisso são conhecidos por Termos

de Ajustamento de Conduta – TAC7.

O TAC tornou-se um dos principais instrumentos para a implementação do Progra-

ma Bairro Ecológico, constituindo-se numa Terceira solução, como apontada acima por

Costa Lobo.

Segundo Fernando Akaoui (2003, p. 102), o TAC “é um instrumento por excelência

para a efetivação da defesa dos interesses e direitos difusos e coletivos”, com o intuito

de “afastar o risco de dano e recompor aqueles já ocorridos”. O compromisso é tomado

principalmente pelo Ministério Público, além de outros legitimados8.

No caso de São Bernardo, a partir da deliberação do Consema nº 20/98 de

06/10/1998, o Ministério Público, Prefeitura e a comunidade a ser beneficiada firma-

ram o acordo pelo qual cada um dos envolvidos se comprometia com as ações visando

adequar a ocupação da área de proteção à legislação de mananciais, conforme citado

no início do capítulo.

Coube ao Ministério Público fundamentado em dispositivos legais “adotar a me-

lhor solução que, nos casos que envolvem moradia social e prejuízo ambiental, [...] que

viabilizem em cada caso específico, solução que seja a melhor para o equacionamento

do conjunto de questões envolvidas”. (MARTINS, op. cit., p.99)

Entretanto, neste município, em particular, recaíam sobre as partes envolvidas (lo-

teadores, proprietários e até a própria Prefeitura) Ação Civil Pública, onde são citados

como réus face às diversas infrações cometidas ao ocuparem irregularmente as áreas

de mananciais.

Como explica Márcia Macedo9, em muitos casos, os loteamentos foram regulari-

zados pela Prefeitura com Planta de Loteamento (quadras, ruas, lotes) atendendo os

7 Disponível em: http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-urbanos/biblioteca/regularizacao-fundiaria/experiencias-de-regularizacao-fundiaria-no-brasil/sp/EXPERIENCIASSAOBERNARDO2007.pdf . Acesso em 20.jun.2008

8 Segundo o art. 5º da Lei 7347/1985 podem tomar o Compromisso de Ajustamento de Conduta: o Ministério Público; a Defensoria Pública; a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; a autarquia, empresa pública, funda-ção ou sociedade de economia mista; e a associação constituída há mais de 1 (um) ano e que tenha dentre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio ambiente.

9 Márcia Macedo, engenheira agrônoma e uma das Coordenadoras do Programa Bairro Ecológico. Foi entrevistada em 22.Nov.2008

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130

MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

requisitos legais, pelo menos no que se refere à dimensão dos lotes. A associação comu-

nitária comprava um lote de, por exemplo, 7500 m² e parcelava em 60 lotes de 125m².

Nos processos de Ação Civil Pública dos loteamentos irregulares analisados pela

pesquisa, a Prefeitura foi considerada omissa em alguns casos, pela falta de fiscali-

zação ou por não tomar nenhuma medida aos danos que estavam sendo causados e

que podiam ser irreversíveis, ou ainda implementar algumas benfeitorias (rede elétrica,

transporte público) incentivando a consolidação da expansão urbana nas áreas prote-

gidas. As associações eram somente de fachada, para dar uma aparência de legalidade

às negociações: comprando, parcelando e até vendendo os lotes. Os proprietários ou

loteadores foram condenados pelos impactos que causaram ao implantarem o lote-

amento (desmatamentos, movimentos de terra, assoreamento de córregos, etc.), e os

moradores, por poluírem o ambiente com efluentes líquidos e sólidos, dentre outros.

(PMSBC-PROCESSO SB002179/2000-34)

Nos casos das ocupações irregulares, o TAC tornou-se um “exercício de Direito, apli-

cando-a na defesa dos interesses sociais (direito à moradia) e individuais indisponíveis

(dignidade da pessoa humana, direito à vida) e na proteção dos direitos difusos (direito

ao meio ambiente saudável)”. (NOGARA, 2004 apud: MARTINS, op.cit., p.99)

Com relação ao meio ambiente, o compromisso de conduta ambiental trata da

proteção da natureza com o ajustamento de conduta do responsável pela degradação

ou que está na iminência de fazê-lo, porém ao contrário da tradicional morosidade

dos processos judiciais, mostra-se mais ágil, para reparação dos danos com objetivo de

minimizar os efeitos no meio ambiente. (AKOUI, op.cit.)

Com o TAC vem sendo estabelecida uma ação positiva de município e Estado, “sem

a ação repressora de polícia, dá oportunidade maior às populações excluídas da cidade

formal de serem inseridas” e, de conscientização e esclarecimento para as questões

ambientais e urbanísticas. (MARTINS, op. cit., p.102)

Ainda, segundo Martins (Ibidem, p.87),

O Termo de Ajustamento de Conduta equivale ao reconhecimento, pelo causador do dano, da obrigação de repará-lo ou indenizá-lo e prevê uma sanção para a hipótese de seu descumprimento. Normalmente contempla prazos e um processo de adequação, mas, caso os termos acordados não sejam cumpridos, a sanção já estabelecida constitui um título executivo ex-trajudicial, passível de execução imediata. Desse modo, se apresenta como procedimento mais rápido e vantajoso para todas as partes envolvidas do que uma ação judicial, nos casos em que, para o descumprimento da lei não haja previsão de aplicação de sanção direta (como ocorre em parte da regulação urbanística). O TAC não corresponde a uma regularização nem tampouco a uma anistia, para o que é necessária a lei.

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Capítulo 4 | AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

O TAC em São Bernardo do Campo, como citado, foi firmado entre o Ministério Pú-

blico, a Prefeitura de São Bernardo e moradores do bairro, com o comprometimento de

respeitarem os itens acordados para possibilitar que esses moradores permanecessem

nas áreas de mananciais. (OLIVEIRA; STAURENGHI)

Segundo a diretora de Meio Ambiente, Sonia Lima10, o primeiro deles, o Jardim

Ipanema, que já era objeto de uma Ação Civil Pública, que determinava como com-

pensação ambiental uma área de 24 hectares de área verde em uma gleba que estava

totalmente ocupada.

Conforme relato de Sonia Lima, quando a Promotora de Justiça do Meio Ambiente,

Dra. Rosangela Staurenghi, foi questionada sobre o problema disse: “se virem, quebrem

as calçadas”. Diante desse fato, a comunidade foi mobilizada para discutir como pode-

riam fazer essa compensação e ainda criar áreas permeáveis.

Lima relata ainda que num final de semana, os moradores armados de pás e pica-

retas começaram a quebrar o concreto das calçadas e entremeá-las com grama. Depois,

foram estimulados a plantar árvores na frente de cada casa. Assim originou-se o que,

posteriormente, foi chamado de calçada ecológica.

Além das calçadas, aproveitou-se inovação tecnológica baseada no método

construtivo e de pavimentação da Rodovia dos Imigrantes, com um asfalto poroso e

canaletas laterais que drenam a água para fora da pista, chamado pavimento ecológico

ou asfalto ecológico11. A pavimentação ecológica criou uma alternativa de retenção das

águas pluviais nas áreas urbanizadas localizadas em área de proteção dos mananciais,

permitindo a retenção e a infiltração da água no solo. Nesse loteamento, foi também

construída a primeira estação elevatória que bombeia o esgoto doméstico para fora das

áreas de mananciais.

O trabalho desenvolvido com a participação efetiva da população no processo de

recuperação ambiental, segundo Lima, consolidou uma possibilidade de se construir

um padrão urbano ambiental aceitável em áreas ambientalmente frágeis.

As ações definidas decorrentes do pacto entre o município, a Promotoria do Meio

Ambiente e as concessionárias responsáveis pelas obras e a população moradora devem

ser de caráter coletivo, participativo e democrático fundamentados em políticas locais

para encontrar soluções ao passivo ambiental e social formado no território municipal

ao longo das duas últimas décadas.

10 Sonia Lima de Oliveira, diretora do Departamento de Meio Ambiente da SHAMA. Foi entrevistada em 14.Mar.2008

11 O asfalto ecológico possui como qualidade absorver a água, mas segundo técnicos da SHAMA, precisa de cuidados para manter-se com as mesmas características por conta de óleo, graxa ou cimento em sua superfície.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Com base nesta nova conduta constituiu-se um processo de educação socioam-

biental da população, que deflagrou ao mesmo tempo, uma ação concreta no espaço

urbano, resultando em ganhos ambientais e na formação de uma nova consciência, do

que seriam os preceitos dos Bairros Ecológicos12.

4.3 OS BAIRROS ECOLÓGICOS EM SÃO BERNARDO DO CAMPO E A APLICAÇÃO DO TAC

A oportunidade de utilização do TAC em áreas de mananciais possibilitou ao mu-

nicípio de São Bernardo do Campo a adoção de práticas na recuperação ambiental e

urbanística de loteamentos irregulares situados, sobretudo dentro do Bairro dos Alva-

renga, que constituíram o Programa Bairro Ecológico.

O Bairro Ecológico surgiu, pois, de ações práticas em ocupações irregulares em

áreas de proteção aos mananciais listadas para intervenções no Plano Emergencial de

Recuperação dos Mananciais. (OLIVEIRA, STAURENGHI)

Os efeitos produzidos por estas ações previstas no TAC são o objeto deste estudo de

caso. Eles foram estudados através de documentos obtidos numa pesquisa realizada em

diversos órgãos governamentais, já citados.

Esta pesquisa, realizada no âmbito desta Dissertação de Mestrado, valeu-se do le-

vantamento de um conjunto de materiais dispersos e entrevistas com participantes do

programa. Particularmente, foi fundamental o acesso aos seguintes processos, todos

consultados na Secretaria de Habitação e Meio Ambiente (SHAMA):

12 Ecológico: referente à ecologia. (HOUAISS, 2000) Ecologia: Rubrica: biologia. ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si ou com o meio orgânico ou inorgânico no qual vivem.Derivação: por analogia. estudo das relações recíprocas entre o homem e seu meio moral, social, econômico Disponível em: http://dic.busca.uol.com.br/result.html?t=10&ref=homeuol&ad=on&q=ecologico&group=0&x=8&y=11. Acesso em: 18 Out.2008.Ecologia (do grego “oikos”, que significa casa , e “logos”, estudo, reflexão), é o ramo da biologia que estuda as interações entre os seres vivos e o meio onde vivem, envolvendo a dependência da água, do solo e do ar. Todo or-ganismo para subsistir necessita interagir com outros ou mesmo com ambiente físico e social no qual se encontra.Disponível em: http://www.brasilescola.com/biologia/ecologia.htm. Acesso em 13.Out.2008.

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Capítulo 4 | AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

Jardim dos Pinheiros- Processo nº 12.398/1993 e SB002179/2000-34 (Ação Civil 1.

Pública contra a Associação Comunitária Terra para Todos);

Jardim Carminha - compensação ambiental: SB4304/2002-73 (Intervenção de 2.

compensação ambiental), SB022.748/2001-73 (Sociedade amigos do Jardim

Carminha/Detroit), e, SB01833/2002/97 (participação da comunidade em ofi-

cina de arte);

Jardim Canaã - Processo nº SB/27.597/02/54 (Projeto de Intervenção para Edu-3.

cação e Compensação Ambiental);

Senhor do Bonfim – Processo nº RR 981/2000 (Intervenção de compensação 4.

ambiental);

João de Barro - Processo nº SB-13048/2008 (Ação Civil Pública da Associação 5.

Comunitária por mutirão João de Barro e outros);

Memorial Descritivo do Projeto de Urbanização do Loteamento João de Barro.6.

Atualmente o município recomenda em seu Plano Diretor (Lei 5593 de 5/10/2006),

capitulo VII art. 31 § 20, “adotar o conceito de bairro ecológico como diretriz na regu-

larização de loteamentos irregulares, urbanização de assentamentos precários e novos

empreendimentos de interesse social”. Porém as diretrizes do Programa Bairro Ecológi-

co, não constam desse documento.

A tentativa de sistematização do Programa está sendo iniciado com a implantação

do Bairro Ecológico João de Barro, da qual extraímos as principais diretrizes do Progra-

ma Bairro Ecológico que são:

Designar nas calçadas a proporção de 45% de áreas permeáveis;•

Priorizar os passeios em detrimento ao leito carroçável, suficiente para permitir •

o tráfego local;

Considerar a necessidade de acesso de transporte público, ambulâncias, coleta •

de lixo, transporte escolar, etc.;

Recuperação da vegetação existente e enriquecimento da vegetação das vias •públicas;

Garantir a circulação de pedestres de modo acessível;•

Implantação de áreas públicas e de lazer como limite e zona de transição entre •a área ocupada por moradias e as áreas preservadas;

Projetar sistema de drenagem que possibilite maior infiltração das águas plu-•viais, por meio de poços, trincheiras, etc.;

Prever soluções de projeto para dissipar a energia hidráulica das águas de •chuva;

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134

MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Incentivar a adoção de caixas de reserva/reservatórios residenciais para coleta •das águas pluviais possibilitando a recarga das águas subterrâneas por meio de poços de infiltração13.

Atualmente, o município conta com 53 Bairros Ecológicos, compreendendo ações em loteamentos clandestinos e favelas, apresentados na Figura 1 abaixo. Embora, o foco do Programa seja principalmente os loteamentos irregulares, ele vem incorporando em alguns casos, favelas. Estes casos, particularmente os loteamentos irregulares, todos eles têm histórico análogo, já que foram comprados de alguma associação comunitária.

Importante colocar que as associações comunitárias tinham respaldo da Prefeitura e recebiam orientação do Programa de Assessoria às Associações Comunitárias da Secre-taria de Governo para registrarem os seus Estatutos Sociais. Uma delas alegava agregar famílias desabrigadas para reivindicarem moradias14.

No entanto, os objetivos pelos quais foram fundadas nada tinham de benemérito, adquiriam glebas, loteavam e vendiam os terrenos em área de mananciais à margem da lei. Segundo ainda Daniel Smolentzov15, procurador do Estado de São Paulo, os espe-culadores utilizavam-se delas para dar maior “credibilidade” às suas negociações, que em geral eram feitas com pessoas pouco esclarecidas.

Como explica Márcia Macedo16, em geral, os loteamentos eram regularizados pela prefeitura com Planta de Loteamento (quadras, ruas, lotes) atendendo aos requisitos legais, pelo menos no que se refere à dimensão dos lotes. A associação comprava um

lote e parcelava em muitos outros, cometendo assim a irregularidade, que o município

nada fez para coibir.

Todos esses assentamentos, objetos do Programa Bairro Ecológico, localizados em

área de mananciais próximos ou lindeiros à represa Billings, principalmente no Bairro

dos Alvarenga, eram desprovidos de infra-estrutura básica. Cada um deles possui par-

ticularidades que devem ser respeitadas de acordo com o programa e serão analisados

a seguir.

13 Fonte: PMSBC. SHAMA. Memorial Descritivo do Projeto de Urbanização do Loteamento João de Barro

14 Fonte: PMSBC. Processo nº 12,398/1993

15 Daniel Smolentzov, Procurador do Estado de São Paulo, concedeu entrevista em 10.Nov.2008

16 Márcia Macedo. Engenheira Agrônoma e uma das Coordenadoras do Programa Bairro Ecológico. Concedeu entre-vista em 22.Nov.2008

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Capítulo 4 | AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

De acordo com a tabela contida na Figura 4.1, as intervenções com a implantação

do Programa Bairro Ecológico ocorreram em 40 dos 63 bairros relacionados no Plano

Emergencial, principalmente no Bairro dos Alvarenga (20), seguido do Batistini (10) – os

dois bairros fazem parte da Sub-bacia Alvarenga/Lavras; dos Casa (4); Fincos (3); Demar-

chi (1); Alves Dias (1); e Rio Grande (1).

Entretanto, há outros bairros, que não haviam sido relacionados pelo Plano Emer-

gencial, mas foram urbanizados e tornaram-se Bairros Ecológicos, dentre eles está a

antiga Favela Jardim Carminha, agora, Bairro Ecológico Jardim Carminha, conforme

tabela anexa à Figura 4.1.

Tabela 4.2. Bairros relacionados no Plano Emergencial, onde foram implantados oPrograma Bairro Ecológicos

Gráfico 4.2. Percentual de intervenções nos Bairros relacionados no Plano Emergencial, onde foram implantados o Programa Bairro Ecológico

Fonte: Gráfico elaborado pela autora com base na tabela 4.2.

Fonte: Tabela elaborada pela autora com base na tabela contida na Figura 4.1.

Tabela 2Tabela 2Tabela 2Tabela 2

BairrosBairrosBairrosBairros Nº de intervençõesNº de intervençõesNº de intervençõesNº de intervenções %%%%

AlvarengaAlvarengaAlvarengaAlvarenga 20 50

BatistiniBatistiniBatistiniBatistini 10 25

Dos CasaDos CasaDos CasaDos Casa 4 10

FincosFincosFincosFincos 3 7

DemarchiDemarchiDemarchiDemarchi 1 2

Rio GrandeRio GrandeRio GrandeRio Grande 1 3

Alves DiasAlves DiasAlves DiasAlves Dias 1 3

TotalTotalTotalTotal 40 100

Bairros relacionados no Plano Emergencial, onde foram implantados o Programa Bairros relacionados no Plano Emergencial, onde foram implantados o Programa Bairros relacionados no Plano Emergencial, onde foram implantados o Programa Bairros relacionados no Plano Emergencial, onde foram implantados o Programa Bairro EcológicoBairro EcológicoBairro EcológicoBairro Ecológico

Fonte: tabela elaborada pela autora com base na tabela contida na Figura 1

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Figura 4.1. Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo

Fonte: SHAMAFonte: SHAMA

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Capítulo 4 | AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

Anexo Figura 4.1. Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Do conjunto dos 53 Bairros Ecológicos, destacam-se alguns casos que são conside-

rados relevantes:

Segundo informações obtidas junto à engenheira agrônoma Márcia Macedo, uma

das coordenadoras do Programa Bairro Ecológico, no conjunto de loteamentos irregula-

res alvo do Programa, existem alguns que se destacam: o Jardim dos Pinheiros, Jardim

Canaã, Núcleo João de Barro e Nosso Senhor do Bonfim. Porém, segundo ela, o Jardim

dos Pinheiros merecia maior atenção devido a presença da estação de tratamento de

esgotos e também por ser um dos primeiros bairros no qual se implantou o programa.

Dentre as favelas, destaca-se a Favela Carminha, que segundo os técnicos da SHA-

MA foi “a única que deu certo” e ainda foi premiada pela Caixa Econômica Federal, por

melhores práticas aplicadas.

A Figura 4.2 apresenta a localização destes bairros.

Figura 4.2.Jardim dos Pi-nheiros, Jardim Canaã, Núcleo João de Barro e Nosso Senhor do Bonfim e Jardim Carminha

Fonte: Google Earth

A seguir, a partir da análise dos processos de ação civil, que foram disponibiliza-

dos pela Prefeitura de São Bernardo do Campo para consulta a esta pesquisa, é feito

uma síntese das ações de recuperação de cada um deles, exceto dos casos: Jardim dos

Pinheiros e Jardim Carminha, que serão detalhados no Capítulo 4.5, dada a relevância

e repercussão na mídia destes projetos.

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Capítulo 4 | AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

4.3.1 O Bairro Ecológico Jardim Canaã

O loteamento Jardim Canaã17 está localizado na Estrada Galvão Bueno, no Bairro

Jardim da Represa, ocupando uma gleba com área de aproximadamente 173.666,95 m²

de propriedade da Associação Comunitária Nova Canaã e também responsável por sua

implantação. (SHAMA, 2002)

O loteamento foi implantado às margens da represa Billings e ainda apresenta

resquícios de vegetação natural e uma lagoa, que estão sendo degradados pelo uso

e ocupação indiscriminados e predatórios de moradores e das atividades de lazer.

(FIGURAS 4.3 e 4.4)

O loteamento possui 14 quadras, 570 lotes, 67.392,48 m² de área verde, da qual

50.857,72 m² em área de 1ª Categoria, 7.000 m² de área institucional e 23.793,75m² de

vias de circulação, e é dotado de rede de água, energia elétrica e iluminação pública.

Os moradores da área correspondente a 1ª Categoria foram removidos e do mes-

mo modo, o comércio ilegal e as atividades de lazer às margens da represa e da lagoa.

Ali, pretende-se implantar o Parque Ecológico do Jardim Nova Canaã, como medida de

recuperação paisagística e ambiental das margens da Billings.

17 Os dados apresentados do Jardim Canaã foram extraídos do Processo nº SB/27.597/02/54 – Projeto de Interven-ção para Educação e Compensação Ambiental. (SHAMA). O processo foi aberto em 2002 e o TAC foi firmado em 14/12/2002. A visita ao Jardim Canaã teve o acompanhamento do funcionário da SHAMA, Marinaldo Faustino Negreiros, o Nardo, e ocorreu em 22.Out.2008.

Figura 4.3.Jardim Canaã. margens da represa Billings, a lagoa e o loteamento

Fonte: Google Earth

Lagoa

Remanescente de mata naturalProjeto - Parque

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Figura 4.4. Obras do Rodoanel – devastação em área vizinha ao bairro

Fonte: ITIKAWA, 05.Nov.2008

A Associação de moradores, ex-proprietários e prefeitura discutem os termos para

o acordo a ser firmado com o Ministério Público, conforme Figura 4.5.

Figura 4.5. Participação da Comunidade do Jardim Canaã na Assinatura do TAC

Fonte: SHAMA (2002)

Pelo acordo firmado, a Associação Comunitária comprometeu-se a retificar a área

total do terreno em Cartório de Registros de Imóveis; conceder os títulos de compra e venda dos lotes; doar as áreas de rua e de espaços institucionais ao município; e recom-prar os lotes onde se encontra a nascente (cotizados entre os moradores).

A Associação e os ex-proprietários, a JF Medina Braga Participação e Administra-ção Ltda. e OMAT Participações Ltda., comprometeram-se a apresentar as diretrizes técnicas gerais para a realização de intervenção urbanística: controle de erosão e do assoreamento, drenagem de águas pluviais, calçamento ecológico, saneamento básico incluindo o cadastro de rede de água existente (FIGURA 4.6), paisagismo, arborização das vias, recuperação do entorno da lagoa (FIGURA 4.7) e da área de 1ª Categoria da represa Billings, recuperação e revegetação da nascente existente no local.

O poder público, por sua vez, comprometeu-se a assessorar na implantação das calçadas ecológicas; fiscalizar para coibir a expansão e adensamento, impedir o acesso às áreas revegetadas e o comércio irregular na orla da represa; promover ou subsidiar campanha de educação ambiental (FIGURA 4.8); executar e manter sistemas de drena-gem; implantar rede coletora de esgotos dotada de estações elevatórias; e, monitorar a qualidade das águas superficiais drenadas.

O Movimento em Defesa da Vida do Grande ABC – MDV, por outro lado, compro-meteu-se a colaborar propondo e participando de campanhas e movimentos em defesa

do ambiente; realizar ações de educação ambiental; e, monitorar o cumprimento dos

termos acordados.

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Capítulo 4 | AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

Figura 4.6. Antes da implantação do progra-ma, o esgoto corria a céu aberto

Fonte: SHAMA (2003)

Figura 4.7. Vista do lago

Fonte: SHAMA (2003)

Figura 4.8. Reunião da prefeitura com a comunidade

Fonte: SHAMA (2003)

Figura 4.9. Terrenos recomprados para pre-servar uma nascente

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

Figura 4.10. A calçada ecológica

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Figura 4.12. As obras do Rodoanel na represa

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

Figura 4.13. Moradores não têm acesso à prainha.

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

Figura 4.14. Vista das obras do Rodoanel

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

Das ações empreendidas destacam-se as seguintes: pavimentação, calçada ecoló-

gica (FIGURA 4.9), participação da comunidade, e a preservação da nascente18 (FIGURA

4.9). Importante ressaltar que somente a preservação da lagoa não foi eficaz, atualmen-

te completamente eutrofizada19 (FIGURA 4.11).

Nesse loteamento, os reflexos das obras do Rodoanel são visíveis: o aterramento de

um braço da represa e o desmatamento da parte mais preservada da mata vizinha ao

loteamento. (FIGURAS 4.12, 4.13 e 4.14)

18 A nascente que esta localizada num dos lotes e foi preservada por meio da recompra dos lotes envolvidos.

19 Eutrofização: (s.f. Geoq.) : Enriquecimento das águas superficiais por compostos nutrientes, em particular os nitro-genados e fosforados, que levam a um grande crescimento de algas e outras espécies vegetais aquáticas. A morte e apodrecimento desta flora aquática provoca um grande consumo do oxigênio dissolvido no corpo de água, levando à morte os animais por asfixia. As principais fontes de efluentes e produtos que provocam a eutrofização são: esgotos humanos, fezes de animais domésticos, em particular bovino, suíno , fertilizantes, efluentes de certas indústrias, em especial: papel e pasta de celulose, destilarias para a produção de álcool e bebidas alcoólicas, aba-tedouro e processamento de produtos de origem animal, produção de açúcar, curtumes, entre outras. Disponível em: http://www.dicionario.pro.br/dicionario/index.php?title=Eutrofiza%C3%A7%C3%A3o. Acesso em: 20 Nov.2008.

Figura 4.11. O lago encontra-se eutrofizado

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

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143

Capítulo 4 | AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

4.3.2 O Bairro Ecológico Nosso Senhor do Bonfim

O loteamento Nosso Senhor do Bonfim localiza-se às margens da rodovia dos

Imigrantes e possui 249 edificações20. É pequeno em relação aos loteamentos anterior-

mente citados, e está em bom estado de conservação.

Figura 4.15. Jardim Senhor do Bonfim

Fonte: Google Earth

20 Disponível em: http://www.camarasbc.sp.gov.br/camara_materia.asp?id=3312. Acesso em: 20 Out.2008.

21 Vera Rotondo é ambientalista, fundou um Movimento Ecológico, o Terra Viva, por meio da qual lutou e protestou contra o bombeamento do Rio Pinheiros para a Billings; atualmente é Chefe de Divisão de Educação Ambiental e uma das coordenadoras do Programa Bairro Ecológico. Concedeu entrevista em 09 Set. 2008

22 A visita ao Bairro Ecológico Nosso Senhor do Bonfim teve acompanhamento de funcionário da SHAMA, Marinaldo Faustino Negreiros, e ocorreu em 22.Out.2008.

Não foi possível localizar o processo referente a esse loteamento, exceto o de im-

plantação das ações de compensação ambiental (Processo nº RR981/2000), sendo assim,

a pesquisa foi baseada em depoimentos de Vera Rotondo21 e Marinaldo Faustino Ne-

greiros22, o Nardo.

Segundo Vera Rotondo, a participação dos moradores é fundamental para a im-

plantação do programa. A conscientização da comunidade é feita por meio de reuniões,

campanhas, palestras, cursos e folhetos sobre educação ambiental. Para ela, o trabalho

de convencimento é árduo e requer muita persistência.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Figura 4.16. As ruas não tinham pavimentação

Fonte: SHAMA (2003)

Figura 4.17. O esgoto era lançado direta-mente no córrego

Fonte: SHAMA (2003)

Figura 4.18. Antes da implantação do programa havia encostas desprotegidas

Fonte: SHAMA (2003)

O papel da liderança é fundamental. Nesse bairro, em especial, segundo Nardo,

o líder Luis de Deus Tavares tem presença marcante. O fato de o loteamento ser um

dos mais agradáveis dentre os bairros ecológicos deve-se a sua supervisão. Luis apaixo-

nou-se pela luta e acabou por fazer curso de Gestão Ambiental para poder entender e

administrar melhor o seu bairro.

O loteamento havia sido implantado sem qualquer preocupação ambiental, ruas

sem pavimentação (FIGURA 4.15), esgoto sendo lançado diretamente no córrego (FIGU-

RA 4.16) e movimentações de terra, que deixaram o solo exposto às intempéries com

risco de deslizamentos (FIGURA 4.17).

Com o esclarecimento do líder, e o apoio de outros moradores, conseguiu-se afas-

tar dali atividades incompatíveis com a manutenção do asfalto ecológico, como por

exemplo, uma oficina mecânica, que poderia impermeabilizar a pavimentação com

o óleo. Outra ação importante foi a preservação de uma nascente (FIGURA 4.19), im-

pedindo que desse lugar se originasse uma rua. Agora, ela escoa languidamente pelo

bairro e às suas margens encontram-se áreas de lazer e descanso com mesas e bancos

para piqueniques. (FIGURA 4.20). As moradias apresentam-se com padrões construtivos

distintos, desde as mais simples até as de padrão médio ou médio-alto. Segundo Nardo,

as “casas bem construídas” chegam a custar R$ 100 mil ou mais (FIGURA 4.21).

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145

Capítulo 4 | AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

Figura 4.22. João de Barro

Fonte: Google Earth

Figura 4.19. Mata e nascente preservadas

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

Figura 4.20. Mesas e bancos para piquenique ao longo do córrego

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

Figura 4.21. Casas com três pavimentos de bom padrão construtivo

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

4.3.3 O Bairro Ecológico João de Barro

O loteamento João de Barro está localizado na Avenida João de Barro, no Bairro

dos Alvarenga situado a aproximadamente 10 km do centro do município. Tratando-se

de um loteamento irregular situado em APRM da represa Billings, na Sub-bacia Lavras/

Alvarenga. (FIGURA 4.22)

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A gleba pertencia a Almiro de Oliveira Sales, que a cedeu à Associação de Constru-

ção Comunitária Por Mutirão João de Barro, com área registrada de 225.000 m². Porém,

a área ocupada excede à descrita, abrangendo outras duas áreas lindeiras.

No Núcleo João de Barro tentam-se sistematizar as ações consideradas caracterís-

ticas do Programa Bairro Ecológico antes realizadas de acordo com a necessidade. Para

tanto, foi contratada uma empresa para desenvolver os projetos de drenagem, geomé-

trico, paisagismo e urbanização, objetivando alcançar a regularização fundiária.

Conforme informações do arquiteto Claudionor Camillo, da SHAMA, o projeto ain-

da está no início de sua implantação. Esse processo não é muito pacífico, ocorrendo

certa resistência por parte de alguns moradores, devido ao fato de terem que ceder em

seus posicionamentos para o bem da comunidade.

Ainda segundo Camillo, num loteamento regular, as obras de infra-estrutura an-

tecedem a compra dos lotes, o que não acontece nos irregulares. A implantação desses

serviços ocorre posteriormente, com as famílias morando no local.

Assim, a implantação do projeto tem que se submeter à realidade local. No caso

da pavimentação é necessário o nivelamento da rua e como as casas foram construídas

aleatoriamente, algumas ficam acima do nível e outras abaixo. (FIGURA 4.23) Algumas

construíram escadas de acesso no passeio público, o que dificulta ou impossibilita a

circulação de pedestres.

Para implementação das ações é imprescindível a colaboração de todos, morado-

res e prefeitura, para que haja um equacionamento entre os interesses individuais e os

coletivos. Para tanto, é necessária a conscientização dos moradores em relação à sua

importância no processo para melhoria da qualidade de vida e do ambiente.

Para este loteamento, o Plano Emergencial aprovado previa a execução de infra-

estrutura constando de: sistema de esgotamento e tratamento de esgoto; drenagem de

águas pluviais com retenção e remoção de resíduos sólidos; contenção de erosão com

recuperação; pavimentação de vias públicas; tratamento de taludes; passeio público

gramado e com plantio de árvores; fornecimento de energia elétrica; desassoreamento

de córrego; recomposição vegetal de fundo de vale e áreas de uso comum do loteamen-

to. (FIGURAS 4.24 e 4.25)

No TAC firmado, cabe ao Município subsidiar e assessorar nas campanhas de edu-

cação ambiental promovidas pela Sociedade de Amigos, orientar na criação de áreas

de permeabilidade e, executar emergencialmente o sistema de coleta e tratamento

local ou regional de efluentes sanitários, no prazo de 24 meses, em consórcio com as

comunidades da região do Alvarenga. Sistema este que funcionará até a implantação

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Capítulo 4 | AÇÕES DE RECUPERAÇÃO EM APRM: PROJETOS DE URBANIZAÇÃO EM SÃO BERNARDO DO CAMPO

Figura 4.23. Via sem pavimen-tação com terrenos abaixo do nível da rua

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

Figura 4.24. As ruas com maior declividade sem sistema de drenagem sofreram processo de erosão

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

Figura 4.25. Vista do bairro

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

Figura 4.26. Implantação da calçada ecológica

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

Figura 4.27. Algumas casas de padrão mais elevado contrastam com as mais humildes

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

Figura 4.28. Pavimentação das ruas

Fonte: ITIKAWA 05.Nov.2008

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

definitiva do sistema de tratamento proposto pela concessionária SABESP para áreas de

proteção aos mananciais da Represa Billings.

Deve ainda a administração municipal contratar projeto de recuperação ambien-

tal visando identificar as áreas de 1ª categoria e áreas de risco, propondo a adequação

do projeto de loteamento à recuperação e proteção das áreas de preservação; a eli-

minação das áreas de risco e relocação de construções; e o acréscimo de áreas livres

para garantia de permeabilidade, institucional e de lazer. No projeto deve ser previsto

sistema de monitoramento da quantidade e qualidade das águas superficiais e subter-

râneas, visando constante aprimoramento das intervenções, com o acompanhamento

da comunidade.

Nesse loteamento, as áreas de preservação permanente totalizam 19.304,34m².

Dessas áreas serão removidas 64 famílias, 37 das áreas de 1ª Categoria e 27 das áreas de

risco geotécnico.

Com o objetivo de proteger e aumentar a produção de água e como medida de

compensação ambiental mitigação dos impactos ambientais causados pela urbaniza-

ção, serão implantados: poços de infiltração junto aos passeios/ sarjetas ao longo de

todo o sistema viário, a cada 100 metros; passeios gramados e recuperação das áreas

vegetadas; arborização das vias com a utilização de espécies tropicais nas áreas de pre-

servação permanente; e dispositivos de drenagem (galerias) com fundo permeável.

As galerias de drenagem concebidas de modo tradicional, devido a existência

de ruas com declividade acentuada, serão adaptadas conciliando soluções compen-

satórias aos sistemas convencionais como a mplantação de trincheiras de infiltração,

preenchidas com material granular graúdo, em pontos pré-definidos, considerando a

estabilidade geotécnica e a desocupação das áreas em risco ou risco potencial, conside-

rando o retaludamento do terreno e a recomposição vegetal.

Por enquanto as obras restringiram-se à colocação de guias e sarjetas, à pavimen-

tação das ruas com asfalto ecológico pela prefeitura e à feitura das calçadas ecológicas,

que têm que ser executadas pelos próprios moradores. (FIGURAS 4.26, 4.27 e 4.28)

Estes bairros escolhidos a priori ajudaram a ilustrar o conjunto de práticas que atu-

almente vêm sendo implementadas nos Bairros Ecológicos de SBC. Entretanto, é a partir

da análise de dois casos específicos, um loteamento irregular – o Jardim dos Pinheiros

e, uma favela – Favela Jardim Carminha, que os principais parâmetros de recuperação

de mananciais serão, a seguir, discutidos no capítulo 5.

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5. BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

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151

A partir do levantamento e sistematização dos principais Bairros Ecológicos, que

foram sendo implantados pela Prefeitura de São Bernardo desde 1997, apresentados no

capítulo 4, busca-se neste capítulo aprofundar dois casos.

A pesquisa baseou-se na análise das relações e conflitos do conjunto das políticas

ambientais e urbanas propostas para a Sub-bacia Billings, na RMSP, com o intuito de

reverter o histórico da degradação e deterioração dos recursos hídricos naquela área

de proteção de mananciais. Foram sistematizados os casos considerados exemplos refe-

renciais relevantes ao estudo pretendido e analisados à luz de princípios estabelecidos

pelas políticas urbanas e ambientais. Para tanto, foram feitos levantamentos de campo

para conhecimento das áreas de estudo, análise dos cadastros municipais, material car-

tográfico e iconográfico, entrevistas com técnicos e atores que participaram do processo

de planejamento e gestão dos casos.

O principal objetivo é entender em que medida as ações de recuperação promo-

vidas nestes bairros minimizaram os impactos e os conflitos sobre o meio ambiente, e

principalmente sobre os recursos hídricos, contribuindo desta maneira para a melhoria

da qualidade da água da sub-bacia.

Os critérios de escolha destes casos – Jardim dos Pinheiros e Favela Carimha – foram

baseados em sua relevância, apontada pelo poder público, pelos agentes municipais e

pela própria comunidade e, principalmente pela comunidade externa a São Bernardo,

como veremos abaixo.

No caso do Jardim Carminha, o projeto implantado ganhou o prêmio de Melhores

Práticas, promovido pela Caixa Econômica Federal em 2002, e também foi indicado en-

tre as 100 Melhores Práticas do Mundo, concorrendo ao Prêmio Internacional de Dubai

de Melhores Práticas para Melhoria das Condições de Vida.

O Jardim dos Pinheiros, loteamento irregular, além de ser um dos primeiros bairros

ecológicos, é também o único a possuir uma estação de tratamento de esgotos no pró-

prio bairro, dentro da Sub-bacia Billings, o que dá à área um status sui generis.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

A pesquisa teve acesso aos processos relativos ao Jardim dos Pinheiros: os proces-

sos de nº 12.398/1993 e SB002179/2000-34, que se tratam de Ação Civil Pública contra a

Associação Comunitária Terra para Todos, os quais foram gentilmente disponibilizados

para consulta pela SHAMA1. Nos processos de Ação Civil Pública, foi possível obter os

principais dados sobre os loteamentos (origem, localização, dimensão, proprietários,

etc.) e também sobre as infrações cometidas, motivo pelo qual movida a Ação, e princi-

palmente o acordo firmado entre as partes envolvidas (Ministério Público, prefeitura e

moradores). Consta também desses processos todas as ações prestadas pela prefeitura

para a comunidade desses assentamentos, e também, as infrações cometidas pelos

moradores.

Com relação ao Jardim Carminha foram consultadas duas publicações editadas

pela Caixa Econômica Federal, contendo a descrição de todo o processo de elaboração

e implantação do Programa no Bairro. Além disso, foi concedido o acesso aos proces-

sos relativos à compensação ambiental: Processo nº SB 4.304/2002-73 (intervenção de

compensação ambiental); Processo nº SB 022.748/2001-73 (Sociedade Amigos do Jardim

Carminha/Detroit); e Processo nº SB 01.833/2002/97 (participação da comunidade em

oficina de arte).

Para complementação do trabalho foram realizados: levantamento de campo com

o acompanhamento de funcionários da SHAMA, levantamento fotográfico e entrevistas

com os principais atores envolvidos nos casos escolhidos, entre eles moradores, líderes

comunitários, técnicos da prefeitura e do órgão financiador.

A finalidade deste capítulo é observar e analisar sob a luz dos instrumentos de

planejamento (Plano Diretor de São Bernardo do Campo e Projeto de Lei Específica da

Billings, conforme matriz analítica do capítulo 3), as ações aplicadas nestes casos e se,

de alguma maneira, contribuíram para melhoria da qualidade de vida e do ambiente

destas áreas.

1 Secretaria de Habitação e Meio Ambiente do Município de São Bernardo do Campo – SHAMA

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

5.1 ASPECTOS A SEREM EQUACIONADOS NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO EM ÁREAS PROTEGIDAS

Equacionar os problemas deflagrados por ocupações irregulares em áreas prote-

gidas não é uma tarefa fácil, é um trabalho complexo e muitas vezes impossível, tal

a diversidade de variáveis e agentes envolvidos. O levantamento de um conjunto de

conflitos que incidem em áreas protegidas, particularmente nas áreas de proteção dos

mananciais, discutidas anteriormente no Capítulo 1 desta dissertação, vem a contribuir

com a definição dos aspectos que devem ser equacionados, quando se trata de ações

de recuperação das áreas ocupadas nestas regiões.

Diversos especialistas vêm recentemente, se debruçando sobre o tema. As solu-

ções encontradas vem sendo bastante discutidas, porém, nem sempre, elas expressam

resultados significativos. Algumas vezes, ocorre a melhoria da qualidade urbana,

principalmente das condições de habitabilidade do local em relação à moradia e infra-

estrutura, mas os problemas que incidem sobre os recursos ambientais, particularmente

nas águas, não são solucionados, pois dependem de ações mais amplas, integradas e

mais globais. Outras vezes, ações que melhoram o habitat induzem a mais ocupações

por falta de uma efetiva política de fiscalização e controle, uma vez que tais áreas

tornam-se receptoras de população.

Para Maricato (1997, p. 42), a habitação urbana vai além dos números e das unida-

des. Ela deve estar conectada às redes de infra-estrutura (água, esgoto, energia elétrica,

drenagem pluvial, pavimentação) e ter o apoio dos serviços urbanos (transporte cole-

tivo, coleta de lixo, educação, saúde, abastecimento, etc.). Se, na zona rural, algumas

dessas necessidades podem ser resolvidas individualmente, na cidade, sua inexistência

pode inviabilizar a função da moradia ou acarretar danos sociais e ambientais, além de

exigir sacrifícios por parte dos moradores.

Os conflitos definidos no Capítulo 1 permitem identificar os aspectos determinantes

para garantir uma melhor relação habitação versus preservação ambiental e, portanto,

as categorias de análise dos casos escolhidos, vistos a seguir.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

2 A Área de Preservação Permanente disposta no art. 2º da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 é regulamentada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA pela Resolução nº 303, de 20 de março de 2002. Consideran-do como Área de Preservação Permanente a área situada: Faixa marginal ao Curso d’água: trinta metros, para o curso d água com menos de dez metros de largura; cinqüenta metros, para o curso d água com dez a cinqüenta metros de largura; cem metros, para o curso d água com cin-qüenta a duzentos metros de largura; duzentos metros, para o curso d água com duzentos a seiscentos metros de largura; quinhentos metros, para o curso d água com mais de seiscentos metros de largura. Ao redor de nascente ou olho d água, ainda que intermitente, com raio mínimo de cinqüenta metros. Ao redor de lagos e lagoas naturais, em faixa com metragem mínima de: a) trinta metros, para os que estejam situados em áreas urbanas consolidadas; b) cem metros, para as que estejam em áreas rurais, exceto os corpos d água com até vinte hectares de superfície, cuja faixa marginal será de cinqüenta metros. Em encosta ou parte desta, com declividade superior a cem por cento ou quarenta e cinco graus na linha de maior declive. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30302.html. Acesso em 22 Out.2008

3 O decreto nº 43.022 de 7 de abril de 1998, que regulamenta dispositivos para o Plano Emergencial de Recuperação de Mananciais em seu Art. 5º § I determina que para garantir o abastecimento da população ou quando houver risco a saúde ou a qualidade da água: “tratamento ou afastamento para áreas externas às APRM’s, dos esgotos, efluentes e resíduos sólidos domésticos e industriais lançados á montante das captações para abastecimento públi-co e que não sejam assimiláveis no trecho”.

A identificação do sítio onde está inserida a ocupação é um aspecto relevante,

pois em função das condições do meio físico, a intervenção deverá adotar posturas

diferenciadas. Por exemplo, ocupações localizadas em áreas de alta declividade ou lo-

calizadas ao longo dos cursos d’ água, sem respeitar as faixas non aedificandi previstas

na legislação de APPs2, são consideradas de risco e devem ser objeto de relocação. Já

ocupações fora das áreas mais restritivas poderão permanecer, desde que inseridas em

programas de urbanização e compensação ambiental.

Com relação à unidade habitacional, é fundamental a definição do sistema uti-

lizado para a construção (mutirão, autoconstrução, outros), a segurança estrutural

(projeto e assistência técnica), o material utilizado (madeira, alvenaria, outros), tipo de

acabamento, as condições de habitabilidade (insolação, ventilação, dimensionamen-

to,...), entre outros.

Outro aspecto a ser analisado é o da infra-estrutura de saneamento ambiental –

água, esgoto e drenagem. Este é um dos principais elementos a serem equacionados.

Os loteamentos irregulares inseridos nas áreas de mananciais, em sua maioria, não

dispõem de serviços básicos de saneamento e as habitações são de baixa qualidade

técnica. Mesmo quando equacionados, por meio do Programa Emergencial de Recupe-

ração dos Mananciais3, um dos principais problemas é a de implantação de estações de

tratamento de esgotos na bacia.

A pobreza e a falta de conscientização dos proprietários são fatores que colaboram

sobremaneira para os danos ambientais, devido, principalmente, ao destino dado aos

resíduos gerados. Na maior parte dos casos, eles são lançados diretamente no ambien-

te, sobretudo nos corpos d’água, causando danos à saúde e aos mananciais da RMSP.

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

Para minorar os impactos ambientais, a preservação das condições dos manan-

ciais exige que o destino dos resíduos sólidos deva ser monitorado, para que sejam

afastados ou reciclados quando possível. Já, os efluentes líquidos devem ser coletados,

tratados se possível, ou afastados.

Outra questão relevante é a acessibilidade ao loteamento. Neste caso, o sistema vi-

ário e o transporte público devem ser definidos como parte da política de intervenção.

Deve-se ressaltar que dotar de acessibilidade uma determinada área, freqüentemente

induz a uma maior ocupação e outros usos. Nesse sentido, a relação custo benefício

deve ser objeto de estudo. Uma vez que as ocupações em área de mananciais vêm sen-

do, quase sempre, irreversíveis e pretende-se recuperar tais áreas, então, o Estado não

pode se eximir de dotar a região desta infra-estrutura.

Aliado à infra-estrutura outros aspectos são considerados fundamentais em progra-

mas de habitação, entre eles a implantação e tratamento dos espaços e equipamentos

públicos como praças, áreas verdes, áreas de lazer, posto de saúde, creches, escolas, etc.

Tais equipamentos públicos ampliam as condições de habitabilidade do local e podem

transmitir aos moradores o sentimento de pertencimento à comunidade local.

Pensando a médio e longo prazo, sem dúvida, os programas e campanhas de

educação ambiental são fundamentais na conscientização de crianças, jovens e adultos

para a importância de preservar os recursos naturais. A comunidade, sendo conscien-

tizada, pode ajudar no processo de recuperação e preservação ambiental, por meio de

organização dos moradores ou de liderança participativa capaz de discutir, reivindicar

e cooperar na melhoria da qualidade de vida da coletividade.

Os moradores de aglomerações subnormais são, em sua maioria, pobres, mui-

tos deles não conseguem emprego no mercado formal, por isso há a necessidade de

programas que possibilitem a geração de emprego e renda.

A Prefeitura de São Bernardo por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social

e Cidadania – SEDESC4 implanta programas de capacitação e outras atividades no pe-

ríodo de pós-uso, dirigidos a todas as idades, sobretudo para a inserção de jovens no

mercado de trabalho. Os cursos de capacitação básica para a formação profissional são

voltados para a área de corte/costura, moda, beleza, construção civil, decoração, dentre

outros.

4 PMSBC. Secretaria de Desenvolvimento Social – SEDESC. Disponível em: http://www.saobernardo.sp.gov.br/co-muns/pqt_container_r01.asp?srcpg=noticiassecretarias_r01&area=SEDESC

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Em síntese, os aspectos a serem equacionados no âmbito de programas habitacio-nais voltados para a melhoria da qualidade de vida da população e do meio ambiente são: habitação, infra-estrutura de saneamento básico, sistema viário, transporte públi-co, reservas de áreas verdes (calçadas, praças), equipamentos públicos, lixo (reciclagem), participação da comunidade (organização, liderança), geração de emprego e renda (cur-sos) e educação ambiental.

5.1.1 O caso da Favela Carminha

Nas favelas Carminha e Detroit, que aparecem lado a lado, foi desenvolvido um programa de habitação, urbanização e recuperação ambiental promovido pela Prefei-tura do Município de São Bernardo do Campo, o Projeto Carminha. O trabalho foi uma das experiências premiadas pelo Programa Caixa Melhores Práticas em Gestão Local no ciclo 2001/20025.

Para Anna Kajamulo Tibaijuka6: “Este estudo oferece subsídios para que se possam enfrentar as questões referentes a urbanização sustentável, redução de pobreza e me-lhoria das condições de vida da população pobre urbana.” (NEVES, 2003 p.4)

A Favela Carminha ou o Núcleo favelado Carminha-Detroit, na verdade, é formado por três núcleos: Carminha I, Carminha II e Jardim Detroit (FIGURA 5.1). O assentamento está localizado no Bairro dos Alvarenga, em área classificada como de primeira cate-goria, pela legislação de proteção aos mananciais da década de 1970, o que implica restrições de ocupação. (NEVES, op. cit.)

O Carminha I surgiu em 1975 com apenas três moradias que logo se multiplicaram. Nessa época, o Jardim Detroit já possuía 175 habitações. Entre 1986/87, uma comissão de moradores conseguiu a remoção total da favela das margens do córrego para uma parte mais alta. Esta população foi assentada em lotes de 5 x 15m com arruamento e abastecimento de água. (id, ibid.)

Entretanto, na década 1990, a área que estava desocupada do Carminha I/De-

troit, abaixo do córrego, voltou a ser ocupada e adensada. O córrego, um talvegue

de drenagem natural e encostas com declividade superior a 30% (considerados Áre-

as de Preservação Permanente – APP) não foram respeitados. A população ocupante

construiu suas moradias sobre palafitas, em áreas de risco sujeitas a deslizamentos e

inundações na época das chuvas. (id, ibid.)5 Disponível: http://downloads.caixa.gov.br/_arquivos/melhorespraticas/manual_portugues/M_CARMINHA.PDF.Acesso em: 10.Set.2008

6 Diretora Executiva do Programa das Nações Unidas para os assentamentos humanos

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

Figura 5.1. Mapa de situação de Carminha/Detroit

Fonte: VERDE (2002, p.11)

Além disso, essas moradias apresentavam baixas condições de habitabilidade, isto

agravado pela ausência de saneamento básico, acúmulo de lixo e esgoto. O córrego

transformou-se num criadouro de insetos e ratos, expondo os moradores a diversos

tipos de doenças sanitárias, além de desprender um cheiro insuportável. (id, ibid.)

Os resíduos sólidos produzidos eram da ordem de uma tonelada ao dia e os

efluentes orgânicos de aproximadamente 650m³/dia, despejados no córrego. Assim, a

degradação ambiental se propagava para áreas circunvizinhas, a jusante do córrego até

chegar a Represa Billings. (id, ibid.)

O quadro caótico e degradante revelava a extrema miséria em que vivia aque-

la população, conforme Figuras 4.2 e 4.3. Havia uma somatória de fatores negativos:

área intensamente adensada, pobreza, inexistência de saneamento e de equipamentos

públicos (escolas, hospitais,...), que se traduziram em violência, tráfico de drogas, mar-

ginalidade e falta de condições para exercer a cidadania.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Figuras 5.2 e 5.3. A favela antes da implantação do Programa Bairro Ecológico

Fonte: SHAMA

O Projeto do Bairro Ecológico Carminha

O Projeto Carminha foi concebido em 1997, tendo como objetivo melhorar o

padrão de vida destes moradores, visando aliar a ocupação humana às exigências am-

bientais e, com isso reverter o processo de degradação de mananciais.

A área de intervenção para implantação do Projeto Carminha está limitada pelos

bairros dos Casa, Demarchi, Batistini e Alvarenga. O acesso à área do projeto, que ocupa

4,74 hectares, se dá pelas estradas dos Casa, das Sequóias, Carlos Copeinski e Jerônimo

Moratti. Quando se deu início ao Programa de Urbanização, nos três núcleos moravam

mais de 600 famílias ou cerca de 2.700 pessoas, com uma densidade média de 582

habitantes por hectare, e com renda mensal inferior a três salários mínimos. (NEVES,

op.cit.)

O processo de urbanização teve início quando a Associação de Moradores das fave-

las Carminha e Jardim Detroit procuraram a Prefeitura de São Bernardo para reivindicar

melhorias para o assentamento. Segundo uma das líderes da Comissão de moradores,

Jovelina Francisca – a Jô7, a mobilização já se processava há anos, iniciada por uma

antiga moradora, a Rose. Ela conta que do início do movimento até a conclusão da

urbanização passaram-se cerca de dezesseis anos de muita luta.

A prefeitura passou à etapa seguinte, captar recursos para a urbanização da área,

e para tanto, contatou a Caixa Econômica Federal. Logo após, em princípio de 1998, foi

contratada uma organização não governamental (ONG) especializada em urbanização

de favelas para desenvolver o Projeto Básico de Urbanização, o Grupo Técnico de Apoio

– GTA. (id., ibid.)

7 A líder comunitária Jovelina Francisca, a Jô, concedeu entrevista em 05 Nov.2008.

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

Em maio/junho de 1998 a Divisão de Mobilização Social realizou: o levantamento

socioeconômico e o registro fotográfico de Carminha-Detroit (tendo identificado um

total de 604 moradias a urbanizar); a apresentação dos resultados da pesquisa à popu-

lação; e a mobilização da comunidade. (id., ibid.)

Os moradores não foram os únicos a se mobilizarem, a prefeitura envolveu várias

secretarias no projeto no período de 1998/2003: a Secretaria de Obras contribuiu na

definição de diretrizes técnicas ao projeto de urbanização; a Secretaria de Educação

cedeu o terreno para a construção dos alojamentos provisórios e salas de escolas para

as reuniões e assembléias; a Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania – SEDESC

implantaria programas de capacitação e outras atividades do período de pós-uso; e, em

abril de 2000, a Secretaria de Saúde estendeu o Programa de Agentes Comunitários de

Saúde. (id., ibid.)

Em síntese, fizeram parte deste programa, a Prefeitura de São Bernardo (apoio téc-

nico e administrativo) e o Ministério Público do Estado de São Paulo (apoio legal), como

autoridades locais; a Caixa Econômica Federal (apoio financeiro); o Grupo Técnico – GTA

(ONG responsável pelo apoio técnico); o Clube de Mães Somar Para Ajudar do Carminha

I e II; e, a Sociedade Amigos do Jardim Detroit.

Em fevereiro de 1999, foi apresentado o projeto à comunidade e promovida a as-

sinatura de adesão, e em abril deste mesmo ano foram iniciadas as obras. Entretanto,

somente em novembro de 1999, o TAC foi assinado, firmando o plano de intervenções

com as ações a serem empreendidas: urbanização, infra-estrutura, construção de mo-

radias, componentes ambientais, ações de desenvolvimento social e comunitário. As

obras foram concluídas, em julho de 2001, abrangendo o empreendimento e as ativi-

dades sócio-comunitárias desenvolvidas.

De acordo com Neves (op.cit.), o projeto urbanístico visa, sobretudo, a recupe-

ração e proteção da nascente existente na área e a sua integração às áreas urbanas

lindeiras, conforme Figura 5.4 e 5.5. A população seria reassentada em lotes com cerca

de 48m² (4mx12m) em terreno de propriedade da prefeitura (FIGURAS 6 e 7), ao longo

de uma via projetada local de fundo de vale, cujo ponto final é definido em cul-de-sac próximo à nascente.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Figura 5.4. Planta de Urbanização do Jardim Carminha

Fonte: SHAMA

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

Figura 5.5. Setores para implantação do Projeto

Fonte: SHAMA

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Figura 5.6. Pavimento térreo Figura 5.7. Pavimento superior

Fonte: NEVES (2003, p.24)

Nos lotes seriam estabelecidos recuos mínimos para garantir condições de ilumi-nação e ventilação.

A partir da via projetada se desenvolve o sistema de vias e vielas, que também dá suporte aos sistemas de infra-estrutura – sistema viário veicular composto de eixo principal e vias secundárias, vias de pedestres, vielas sanitárias ou vias secundárias e faixas de servidão. Nelas foram previstos sistemas de sinalização e mobiliário urbano, facilitando o acesso a coleta de lixo, telefonia e correio. (NEVES, op. cit.)

Para as obras de infra-estrutura foram previstas obras de terraplenagem com tro-ca de solos contaminados (FIGURAS 5.8 e 5.9); implantação de redes de água, luz e esgoto nas unidades habitacionais; construção de guias, calçadas, escadarias, sarjetas e iluminação pública; a pavimentação nas ruas e vielas com asfalto drenante, de acordo com condicionantes ambientais; canalização do córrego Carminha8 com gabiões; a con-tenção de encostas frágeis e de risco (FIGURAS 5.10 e 5.11); e, finalmente, a implantação de sistemas de coleta de lixo. (id, ibid.)

8 Segundo Neves (op.cit.), a canalização do córrego Carminha teve a aprovação do DEPRN e do DAEE.

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

Figura 5.8. Troca de solo para pavimentação

Fonte: SHAMA

Figuras 5.10 e 5.11. Taludamento da encosta

Fonte: SHAMA (2000)

Figura 5.12. O alicerce para o embrião

Fonte: SHAMA (2000)

Com relação às moradias, de acordo com Neves (op.cit.), estas foram planejadas

para serem realizadas em duas etapas: na primeira etapa seria construído em cada

lote, pelo sistema de mutirão, um embrião de 14m², composto de cozinha/dormitório

e unidade sanitária (FIGURAS 5.12, 5.13 e 5.14). O material para essa etapa seria doado

pela Prefeitura, que também prestaria assessoria técnica. Entretanto, as famílias seriam

provisoriamente transferidas para alojamentos enquanto as casas estivessem sendo

construídas (FIGURAS 5.15 e 5.16).

Figura 5.13. O mutirão era constituído principalmente de mão-de-obra feminina

Fonte: SHAMA (2000)

Figura 5.14. Os embriões

Fonte: SHAMA (2000)

Figura 5.9. Terraplenagem e implantação das moradias provisórias

Fonte: SHAMA

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Figura 5.15. O alojamento

Fonte: SHAMA (2000)

A segunda etapa se efetivaria após a construção do embrião e com a família já re-

sidindo no local. Assim, de acordo com suas posses, estas pessoas poderiam completar

a construção das suas casas dispondo da assessoria técnica da prefeitura. (id, ibid.)

Para disciplinar a ocupação dos lotes foi concedido ao morador, um Termo de

Cessão, instrumento de caráter precário, enquanto não ocorresse a regularização urba-

nística e fundiária do loteamento resultante das obras de urbanização. (id, ibid.)

As obras para mitigação aos danos ambientais compõem-se de uma Estação de

Elevatória de Esgotos – EEE, com tratamento primário de esgoto e com linha de recal-

que para a retirada dos esgotos do sistema Billings; implantação pela comunidade de

calçadas gramadas; arborização com mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, doa-

das pela prefeitura; implantação de asfalto drenante, o chamado “asfalto ecológico”; o

reflorestamento de área a ser definida, destinada a parque ecológico, como compensa-

ção ambiental pela ocupação da área; ações de conscientização e educação ambiental

das famílias; oficinas de arte e reciclagem de resíduos. (id, ibid.)

As atividades de desenvolvimento social e comunitário iniciaram-se com o cadas-

tramento socioeconômico; seguido de acompanhamento social para remanejamento e

relocações. Durante a construção das unidades habitacionais, a equipe de assistência

social também ficou encarregada de orientar as equipes para os mutirões, quanto aos

turnos de trabalho a serem cumpridos. Finalizada as obras, deverá haver acompanha-

mento no pós-uso, nas atividades de capacitação (Programa Renda Mínima, Geração de

Renda e Juventude Cidadã) e, Programas de Apoio à Saúde (Agentes Comunitários de

Saúde). (id.,ibid.)

A opção da população moradora de permanecer no local faz parte da política

habitacional do município, tendo como princípio manter as famílias nos locais mais

próximos possíveis da área de origem, para que não percam os vínculos de vizinhança.

(PMSP, 2008)

Figura 5.16. Moradias provisórias

Fonte: SHAMA (2000)

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

Segundo o Eng. Carlos Alberto Scatena9, da SHAMA, responsável pela obra e asses-

soria à população, a implantação ocorreu em partes. As famílias iam sendo removidas

para os alojamentos, enquanto se faziam as obras. Quando estas estavam prontas, par-

tia-se para outra quadra e assim sucessivamente.

O Eng. Scatena conta que o trabalho com os moradores foi excepcional. Sob sua

supervisão, os moradores construíram suas próprias casas pelo sistema de mutirão10.

Entretanto, o diferencial na construção das casas era que a mão-de-obra era composta

em grande parte por mulheres, uma vez que os homens trabalhavam fora. As mulheres,

munidas de pás e trados, iam perfurando o solo para executar os alicerces, preparavam

o concreto, a massa para assentar os blocos, etc.

Carlos Alberto Gonçalves11, o Carlão, como é conhecido o funcionário da SHAMA,

participou desde o início das negociações e até hoje mantém contato com a comunida-

de. Ele é considerado o elo entre moradores e a prefeitura, uma pessoa estimada pelos

moradores e que participa ativamente em ações pró-comunidade (horta comunitária,

quermesse,etc.).

Em visita de campo, pode-se observar que o bairro é muito adensado. O aspecto

à primeira vista não é dos mais agradáveis, e não se tem a sensação de segurança. Há

crianças brincando no meio da rua, porém, enquanto andávamos pelas ruas percebía-

mos a curiosidade dos moradores sobre o objetivo da nossa visita.

9 O Engenheiro Carlos Alberto Scatena concedeu entrevista em 07 Nov.2008.

10 O sistema de mutirão era organizado pelas assistentes sociais da SHAMA, tendo que ser respeitado um turno de 8 horas.

11 Carlão, funcionário da SHAMA, está desde o início da implantação do Projeto no Jardim Carminha, conhece bem a área e os moradores e acompanhou na visita de campo, feita em 11 Nov.2008.

Figuras 5.17 e 5.18. As ruas são estreitas e algumas casas já não têm mais a grama na calçada

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

As ruas e as calçadas são estreitas (FIGURAS 5.17 e 5.18) e, nas de maior declividade

encontramos dificuldade de locomoção. Sem acesso para carros, a circulação é feita por

escadas, como mostra Figura 5.19. Com relação às calçadas ecológicas, poucas casas

permanecem com a grama, porém, onde elas foram preservadas dão maior suavidade

às paredes rústicas e sem acabamento de um grande número de moradias (FIGURA 5.20)

Figura 5.19. O acesso para estas casas é por uma escada

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

Figura 5.21. Existem muitas casas de três pavimentos e sem acabamento

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

As moradias têm padrão construtivo e acabamentos distintos (FIGURAS 5.21 e 5.22).

Algumas mal conseguiram sair do primeiro pavimento, outras “empilharam” outros

andares. Entretanto, há as que têm acabamento esmerado, podendo ser consideradas

como de padrão médio.

O assentamento irregular e o regular confundem-se no aspecto de suas moradias,

como se pode observar na Figura 5.23, na qual do lado direito encontra-se a área re-

gular.

De modo geral, não foi encontrado lixo pelas ruas, porém havia entulho jogado em

frente a uma placa proibindo tal procedimento. (FIGURA 5.24)

Figura 5.20. As calçadas ecológicas contrastam com as moradias sem acabamento

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

Figura 5.22. Contraste com as casas de padrão mais elevado

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

Figura 5.23. À direita o loteamento regular, à esquerda a favela urbanizada

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

Figuras 5.25 e 5.26. As áreas verdes são pequenas e cercadas

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

O córrego existente foi canalizado e acredita-se que as águas da nascente acaba-

ram tendo o mesmo destino, dando lugar à rua Jerônimo Moratti.

A pavimentação asfáltica utilizada, o chamado asfalto ecológico, encontra-se ceden-

do em muitos pontos, outros apresentam remendos. Segundo Carlos Alberto Gonçalves,

nos reparos feitos por concessionárias não é utilizado o mesmo tipo de pavimentação,

mas o asfalto comum e os próprios moradores, para construírem suas casas, fazem

argamassa no meio da rua, colaborando para a perda de absorção da água. (FIGURAS

5.27 e 5.28)

Nota-se também que a associação comunitária é bastante participativa, possuindo

uma sede, conforme Figura 5.29. A comunidade mobiliza-se para conseguir arrecadar

fundos para obras assistenciais e, atualmente, está para inaugurar uma sede social (Clu-

be de Mães – FIGURA 5.30 – no final da rua à direita) com o auxílio técnico da prefeitura.

Nesse local pretende-se promover reuniões e cursos para geração de renda.

Figura 5.24. O entulho

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

As “áreas verdes” restringem-se a sobras de terreno, e foram encontradas bem cui-

dadas. (FIGURAS 5.25 e 5.26)

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Figura 5.27. Em vários pontos do bairro encontram-se buracos nas ruas

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

A equipe de profissionais destacados para trabalhar no Projeto é unânime em

afirmar que a mobilização dos moradores foi essencial para que tudo desse certo. A

liderança da comunidade foi encabeçada pela Rose (que agora se encontra em Campina

Grande, Paraíba). Segundo Carlão, ela é uma mulher de personalidade forte, que tinha

o respeito e a confiança dos moradores.

Carlão relata que a maior resistência dos moradores em aderir ao Programa devia

-se aos interesses daqueles que estavam ocupando lotes muito maiores e não queriam

ser reassentados em menores, argumentando que não teriam como criar suas galinhas,

cachorros, etc.

Outro problema seria o alojamento, onde teriam pouca privacidade, espaços dimi-

nutos e banheiros comunitários. Quando chegou a hora de iniciar a primeira remoção

de mais de 80 famílias, a apreensão foi enorme, mas, graças a Rose, isto pode ser feito

de um dia para o outro, sem problemas.

Figura 5.28. As concessionárias utilizam as-falto diferente do ecológico para restaurar a pavimentação

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

Figura 5.29. Clube de mães

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

Figura 5.30. Ao fundo, à direita, a Associação de Bairro

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

A prefeitura encontrou alguns problemas com relação a segurança de seus funcio-

nários. Relata Scatena que ele era o terceiro a gerenciar a obra, os outros dois desistiram

com medo da violência de marginais que não queriam a urbanização da área.

Muitas reuniões foram feitas e, dado que uma minoria não queria a urbanização,

era importante o trabalho conjunto da Prefeitura e da Associação para convencimento

e demonstração dos benefícios da obra.

Segundo informações da líder comunitária, Jô, poucos moradores deixaram o bair-

ro. Ela acredita que das mais de 600 famílias, somente umas 30 mudaram-se. Já para

Carlão, 40% das famílias cadastradas mudaram-se.

Apesar dos moradores terem assinado um Termo de Cessão proibindo a venda ou

aluguel do imóvel, muitos não respeitaram isso, partindo do pressuposto de que nin-

guém até o momento tinha sido penalizado por este procedimento, e sabendo que a

prefeitura não dispunha de mecanismos para cruzamento de dados dos beneficiados.

Aproveitando-se deste fato, muitos compram, reformam e vendem as casas, criando um

mercado imobiliário que, no entanto, não pode ser regularizado.

Com relação a equipamentos públicos, o bairro dispõe de uma creche e uma Es-

cola Municipal de Ensino Infantil localizadas uma ao lado da outra, conforme se vê aos

fundos da Figura 5.31.

Segundo Carlão, como compensação ambiental foi construído um parque linear

sobre um córrego canalizado, conforme Figura 5.32. Porém o inconveniente é que, para

as crianças chegarem até ele, têm que atravessar uma rua bastante movimentada.

Cabe ainda ressaltar, a atuação do organismo financiador, a Caixa Econômica Fe-

deral, que tem importante papel de administrador e fiscalizador ao efetuar o repasse

do recurso.

Figura 5.31. Ao fundo, uma EMEI (Escola de 1º Grau) e uma creche

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

Figura 5.32. Parque linear: uma medida de compensação ambiental

Fonte: ITIKAWA 7 Nov.2008

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

A Caixa analisa o projeto e o programa para o reassentamento, com o objetivo de

garantir que a população seja instalada em moradia adequada com equipamentos pú-

blicos adequados (escolas, postos de saúde,...).

De acordo com Inês Hanada12, o programa é analisado em três diferentes áreas:

jurídica – de documentações, uma vez que a área onde será implantado o projeto deve

ser pública; engenharia/arquitetura – de projetos, com relação à sua funcionalidade e

compatibilidade entre os custos, prazos de execução, aspectos arquitetônicos, metodo-

logia e tecnologia construtiva, especificações, cronogramas e quantitativos das obras e

serviços, materiais e equipamentos previstos, além das soluções adotadas para a infra-

estrutura e a integração aos sistemas existentes e a área de intervenção dos projetos

propostos; e técnico-social – viabilidade social do empreendimento (escolas, creches,

centros comunitários, etc.), processo licitatório, avaliação da pós-ocupação, etc.

Segundo Hanada, o relacionamento com o município apresenta uma dificuldade

em relação ao repasse de verba, uma vez que para qualquer liberação de recurso, de-

verá haver uma contrapartida, salvo em raras exceções. Na maioria das vezes, quando

a prefeitura não dispõe dessa verba, paralisa-se o processo.

Diferentemente do Jardim Carminha, o Bairro Ecológico Jardim dos Pinheiros não

teve a implantação do programa atrelado a uma instituição financeira, como veremos

a seguir.

5.1.2 O caso do Jardim dos Pinheiros

Segundo dados contidos no Processo nº 12.398/1993 e 2179/2000, o empreendi-

mento Jardim dos Pinheiros situa-se às margens da Represa Billings, na altura do km 25

da Rodovia dos Imigrantes, no Jardim da Represa no Bairro dos Alvarenga, denominado

Sítio dos Alves ou Feital também conhecido como “Sítio do Chuchu ou Chuchuzal”.

No Processo de Ação Civil Pública13, o loteamento foi implantado numa área de

183.980 m², composto por 13 ruas, perfazendo 19 quadras com lotes em sua maioria

com 250m², que foram desmembrados em dois de 125m². São 816 lotes sendo 730

construídos e 170 vagos. Possui 40.000 m² de área verde situada em primeira categoria,

12 Inês Hanada, supervisora de Engenharia e Arquitetura do Setor Público da Caixa, concedeu entrevista em 21. Nov.2008.

13 Fonte: PMSBC. Processo nº 12.398/1993. Ação Civil Pública - Associação Comunitária Terra para Todos. Nº 758/93 – 2ª Vara Cível – File 1799. O processo 2179/2000 refere-se a Projeto de Intervenção para Educação e Compensação Ambiental

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

5.416 m² de área institucional, 49.310,00 m de vias de circulação e uma escola emer-

gencial. Nele vivem 2259 habitantes em 622 domicílios (IBGE, 2000).

De acordo com a Ação Civil, o imóvel foi cedido para a Associação Comunitária

Para Todos14 em meados de 1990, que parcelou a gleba em 1000 lotes de 125m² cada

e, os comercializou. A PMSBC, informada da venda dos lotes irregulares, tentou fazer

o distrato do negócio e a devolução dos valores arrecadados, mas não houve concor-

dância destes. Coube então ao município fazer o levantamento de documentações da

associação e também físicos por meio de levantamento planialtimétrico e fotográfico.

14 A Associação Comunitária Terra para Todos foi registrada em finais de novembro de 1990 com a finalidade de agregar famílias desabrigadas para reivindicação de moradias. Entretanto em dezembro deste mesmo ano ela já negociava os lotes desmembrados.

Figura 5.33. Jardim dos Pinheiros

Fonte: Google Earth

Em vistorias feitas pela prefeitura em 1991, o terreno, conforme consta do proces-

so, não apresentava nenhuma edificação ou movimentação de terra, permanecendo em

seu estado natural. Em princípios do ano de 1993, o Ministério Público notificava a ação

danosa dos empreendedores, com os lotes demarcados, acesso feito por uma estrada de

servidão e a existência um total de 145 moradias construídas e em construção.

O loteamento foi considerado irregular, conforme consta no processo, por trans-

gredir vários artigos da lei 1.172/1976. Ele está localizado às margens do reservatório,

sendo que 20,8% das terras estão em área de 1ª Categoria, onde existe uma faixa de 50

metros (área non aedificandi), medida em projeção horizontal a partir do nível d’água

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

máximo da represa. Os outros 79,1% estão em 2ª categoria classe C (rural), onde são

permitidos lotes de 500 m², porém constam na planta de loteamento lotes de 250 m²,

que se transformaram em dois de 125 m².

Nas áreas consideradas de 1ª Categoria, conforme o processo, foram feitas movi-

mentações de terra com cortes e aterros, para a implantação dos lotes e ruas, além de

desmatamento com supressão de vegetação natural (FIGURAS 5.34 e 5.35). No caso da

estrada de acesso ao empreendimento, foi aterrado um braço da represa. Essas ações

deixaram o solo exposto a processos erosivos, carreando partículas para a represa e

colaborando para o seu assoreamento. Pelas leis de proteção aos mananciais da década

de 1970, não é permitido qualquer tipo de edificação, exceto as destinadas à proteção

dos mesmos mananciais.

Figura 5.34.As margens da represa, antes da implantação do programa

Fonte: SHAMA (1999)

Figura 5.35. Indicação da faixa non aedificanti

Fonte: SHAMA (1999)

Figura 5.36. O esgoto corria a céu aberto

Fonte: SHAMA (1999)

Figura 5.37. O lixo era jogado no ambiente

Fonte: SHAMA (1999)

A ausência de serviços de infra-estrutura e saneamento fez com que os efluentes

líquidos fossem para fossas negras ou lançados a céu aberto, parte infiltrando-se no

solo e a outra contribuindo para poluição hídrica superficial da represa. O mesmo ocor-

rendo com os resíduos sólidos, que sem serviço de coleta pública eram enterrados ou

lançados na represa. (FIGURAS 5.36 e 5.37)

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

De acordo com o processo, nas áreas consideradas de 2ª Categoria, desde que não

estivessem em Áreas de Preservação Permanente – APPs, são permitidas ocupações,

desde que respeitado o número de lotes e a densidade populacional por alqueire, e o

esgoto fosse coletado, tratado e afastado da área de proteção.

Por estas considerações, segundo consta no processo, o município não foi capaz de

coibir a implantação do loteamento, nem a degradação por ele causada. Apesar de ter

autuado os loteadores e imputado as penalidades: advertência, embargo de obra ou

construção e multa diária, as vendas e a ocupação continuaram.

Nessa época, o Ministério Público – MP já advertia para que fossem tomadas me-

didas mais severas e imediatas, uma vez que somente 16% da área estava ocupada, e a

demora significaria certamente em mais custos na reparação dos danos ambientais e

nas indenizações. (id, ibid.)

Apesar do Ministério Público ter determinado a paralisação de toda e qualquer

obra e a comercialização dos lotes e mesmo sob pena de serem enquadrados no crime

de desobediência, pouco tempo depois, segundo um jornal local15, para atender ao pe-

dido de um vereador, o secretário de obras do município solicitou a instalação de rede

elétrica para Eletropaulo. (id., ibid.)

O vereador Edinho Montemor, citado na reportagem, justificou-se dizendo que a

instalação da rede elétrica era uma necessidade para melhoria na qualidade da po-

pulação e que a área de proteção de mananciais era o único espaço para a expansão

urbana. (DIARIO DO ABC, 1993)

Na Ação Civil, o Ministério Público não isentou o poder público municipal pelos

danos causados ao meio ambiente e por propiciar a consolidação urbana levando

transporte coletivo e empreendendo esforços para instalação de energia elétrica. O MP

moveu uma ação contra os loteadores e contra o município.

A administração municipal foi manifestar-se efetivamente em relação à ação so-

mente em meados de 1998, com um pedido de vistoria e de levantamento da situação.

Na ocasião, encontraram 90% da área ocupada por edificações, rede de água e energia

elétrica, linha de ônibus, ruas apedregulhadas e esgoto correndo a céu aberto. (FIGURAS

5.38 e 5.39)

15 DIÁRIO DO GRANDE ABC. Caderno e Cidades. 13 Mai.1993

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Figura 5.38. Apesar da precariedade do bairro, nota-se a presença de rede elétrica

Fonte: SHAMA (1998)

Em 1999, como meio para mitigar os danos ambientais aos mananciais da Sub-ba-

cia Billings, a prefeitura incluiu o Jardim dos Pinheiros e outros loteamentos irregulares

da área de mananciais no Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais (Decreto

nº 43.022/98).

No plano, foram relacionadas as obras necessárias: esgotamento e tratamento sa-

nitário de efluentes, drenagem de águas pluviais, contenção de erosão, fornecimento

de energia elétrica, prevenção e controle da poluição da águas e revegetação.

Uma vez definidas as necessidades a serem atendidas, foi firmado um compromis-

so entre o Ministério Público, Prefeitura e comunidade, homologado em 13 de abril de

2002, o Termo de Ajustamento de Conduta – TAC16. Nele cada uma das partes teriam

obrigações a cumprir:

A Comunidade comprometeu-se a manter um programa de educação ambiental,

com a formação de crianças e adolescentes; orientar na coleta e deposição dos resíduos

sólidos, priorizando a reciclagem de materiais; orientar e implantar programa de cria-

ção de áreas permeáveis nas calçadas e arborização das calçadas; fiscalizar para evitar

a expansão e o adensamento do loteamento.

No TAC preliminar, numa das cláusulas, os moradores deveriam adquirir uma área

para compensação ambiental, não impermeabilizada e vegetada situada na sub-bacia

hidrográfica da Represa Billings, nela poderiam ser implantadas somente atividades de

lazer. O terreno – com tamanho correspondente a 30% da área do empreendimento

– de 55.194,13 m², descontados a soma da área institucional e de primeira categoria,

resultando, portanto, em 9.800,00 m². O pagamento seria rateado entre os moradores.

Entretanto, como o loteamento dispunha de uma área, essa cláusula foi substituída

pela construção da Estação de Tratamento de Esgotos.

16 O Termo de Ajustamento de Conduta – TAC faz parte do Processo nº 12.398/1993. Ação Civil Pública - Associação Comunitária Terra para Todos.

Figura 5.39. Já havia uma edificação com três pavimentos

Fonte: SHAMA (1998)

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

Para construção da estação, deveria ser contratado um sistema localizado de tra-

tamento de esgotos, que removesse mais de 90% de DBO17 e deixasse OD18 superior a

2,0 mg/L, baixa turbidez e água com ausência de odor, além da remoção de fósforo e

nitrogênio acima de 50%, proporcionando a reutilização de água em até 95% para fins

não potáveis. O custo de implantação estimado em aproximadamente R$ 430.000,00

seria rateado por 800 lotes e pago em 20 parcelas.

O poder público municipal deveria fiscalizar periodicamente o loteamento vi-

sando impedir sua expansão e adensamento; orientar e subsidiar com pessoas ou

material de apoio as campanhas de educação ambiental promovidas pela Sociedade

de Amigos; orientar a criação de áreas de permeabilidade; propor e executar o sistema

mais adequado de coleta e tratamento de efluentes sanitários no prazo de doze meses;

apresentar plano de adequação do viário e oficializar as vias de acesso do loteamen-

to; executar ou manter os sistemas de drenagem; evitar a impermeabilização das vias

públicas (havendo necessidade de pavimentação, deveria ser utilizado material não im-

permeável); além de propor critérios de compensação de áreas, que seriam exigidas dos

loteadores; e também coibir, em parceria com a Sociedade de Amigos a instalação de

empreendimentos comerciais que ultrapassassem 1% dos lotes existentes, priorizando

os gêneros de primeira necessidade e sua exploração por moradores do próprio bairro,

aos quais seria permitido apenas um prédio e um ponto comercial por unidade fami-

liar, atendido o limite acima fixado.

No TAC fica claro que a assinatura do termo e a execução de obras emergenciais

não implicariam na regularização das ocupações. E em caso de adequação ou de remo-

ção de populações, estes estarão sujeitos ao disposto nos Planos de Desenvolvimento e

Proteção Ambiental – PDPAs específicos de cada qual das APRMs.

Esse acordo não isenta por parte do Ministério Público a responsabilização civil e

criminal dos loteadores, ou de outrem, que porventura tenha contribuído para a im-

plantação do loteamento clandestino.

17 DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio. Demanda, neste caso, é o mesmo que quantidade consumida, ou a consumir. O termo “bioquímica” representa aqui uma mistura de reações de origem biológica e química. Dessa forma, podemos resumir que DBO é o consumo de oxigênio através de reações biológicas e químicas (SABESP)“É definida como a quantidade de oxigênio dissolvido na água necessária para a oxidação bioquímica das subs-tâncias orgânicas presentes na água durante um certo período de tempo. Pode ser definida, também, como a quantidade de oxigênio requerida pelas bactérias para estabilizar a matéria orgânica “decomponível” sob con-dições aeróbicas. É essencialmente um bioensaio envolvendo a medida de oxigênio consumido por organismos vivos (principalmente bactérias) enquanto utilizam a matéria orgânica presente no despejo, sobre condições tão similares quanto possível aquelas que ocorrem na natureza.” Disponível em: http://www.mundodoquimico.hpg.ig.com.br/demanda_bioquimica_de_oxigenio.htm. Acesso em 22 Out.2008

18 OD – Oxigênio Dissolvido

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Uma vez firmado o compromisso, o descumprimento das obrigações assumidas

acarretaria em pagamento de multa diária. As partes obrigar-se-iam a cumprir o que

fora assumido.

Os moradores e a prefeitura trabalharam juntos para a negociação desse acordo

e para a implantação do programa. A associação de bairro, liderada pelo Sr. José de

Oliveira, o Zé dos Pinheiros19, participou ativamente do processo e tinha consciência

de que o sucesso do programa dependia de todos, e com isso, os moradores poderiam

permanecer em suas casas. (FIGURAS 5.40 e 5.41)

Segundo o Zé dos Pinheiros, a maioria dos moradores só pensa em pavimentar as

ruas, e se esquece de que é necessária a implantação de infra-estrutura básica. Mas, ao

final, 93% dos moradores aderiram ao programa.

A prefeitura trabalhou intensamente no convencimento da população, com reu-

niões, folhetos informativos e disponibilizando a sua equipe para assessoria técnica.

(FIGURAS 5.40, 5.41 e 5.42) A população desenvolveu a sua parte fazendo as calçadas

ecológicas e plantando as árvores. (FIGURA 5.43)

19 Entrevista com o Sr. José Oliveira em 11 Nov.2008

Figura 5.40. Reunião da prefeitura com a comunidade

Fonte: SHAMA (2002)

Figura 5.42. Folheto educativo e informativo elaborados pela prefeitura

Fonte: SHAMA (2003)

Figura 5.41. Reunião na sede da Associação de Moradores para discutir sobre o TAC

Fonte: SHAMA (2002)

Figura 5.43. O plantio de grama para a calça-da ecológica

Fonte: SHAMA (2003)

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

Figura 5.44. Planta do loteamento do Bairro Jardim dos Pinheiros

Fonte: SHAMA

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Observa-se na planta de loteamento que as condições topográficas do sítio foram

desconsideradas. As ruas são ortogonais e os lotes regulares.

A visita ao Jardim dos Pinheiros20 deu-nos a agradável sensação de estarmos num

lugar bucólico, sobretudo às margens da represa. A vista é muito bonita e até esquece-

mos que ela ainda continua poluída. (Figuras 5.45 e 5.46)

20 A visita ao Jardim dos Pinheiros contou com a presença de Marinaldo, o Nardo, funcionário da SHAMA do Depar-tamento de Educação Ambiental em 05 Nov.2008.

Em entrevista com moradores pudemos notar o amor que eles têm para com o

lugar. Constituída em sua maioria de pessoas simples, essa população lutou muito para

comprar suas casas.

Entretanto, segundo informações do Sr. José, muitos dos moradores que fizeram

parte do início do Programa, se mudaram, principalmente com a valorização dos imó-

veis, que continuam se valorizando com a chegada do Rodoanel.

Figura 5.45. Vista da represa

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

Figura 5.46. A tranquilidade do bairro permite que as crianças brinquem na rua

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

Figura 5.47. Descanso

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

Figura 5.48. Lazer às margens da represa

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

A vida no bairro transcorre tranqüila e pacata, crianças, idosos, animais refes-

telavam-se à beira da represa na sombra das árvores, como nas cidades do interior.

Poucos carros, somente o trânsito local, o que possibilita às crianças brincarem na rua.

(FIGURAS 5.47 e 5.48)

O bairro possui somente um acesso, feito com o aterramento de um braço da re-

presa, e que adentra o loteamento como Rua dos Pinheiros (FIGURAS 5.49 e 5.50), local

de parada dos ônibus (ligação com a área central do município) e dos poucos estabele-

cimentos comerciais (padaria, papelaria, lojinhas de roupas). Há ainda, a presença de

uma escola.

As ruas possuem sinalização de trânsito e as calçadas ecológicas apresentam-se

bem conservadas e limpas.

Figuras 5.49 e 5.50. Rua dos pinheiros – único acesso ao bairro, onde se desenvolve o comércio local

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

Figura 5.51. As casas construídas nos lotes subdivididos não têm recuos laterais

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

Figura 5.52. Alguns incorporaram outros lotes

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Muitos dos lotes foram subdivididos, mostrando-se adensados uma vez que não

há recuos laterais entre as moradias (FIGURA 5.51). Nota-se a presença de lotes maiores

(FIGURA 5.52), que ao invés de desmembrarem, incorporaram outro lote. Esses pode-se

dizer que têm padrão médio-alto.

O aspecto das residências é heterogêneo. Há as que se apresentam sem acaba-

mento (FIGURA 5.53), tanto nos lotes maiores como nos menores, e outras, em situação

oposta, com materiais nobres como os vidros temperados (FIGURA 5.54). De modo ge-

ral, as casas não possuem recuos laterais e são de dois ou três pavimentos.

Os equipamentos comunitários restringem-se à quadra para atividades desportivas

(FIGURA 5.55) e à escolinha de 1ª a 4 ª série (FIGURA 5.56). Conforme informações do Sr.

José, a escolinha e a quadra foram construídas por iniciativa dos moradores, com apoio

técnico e materiais cedidos pela prefeitura.

21 Fonte: Programa de Transporte Urbano de São Bernardo do Campo – PTU-SBC

Figura 5.53. Há muitas casas sem acabamento

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

Figura 5.54. Há outras com padrão construtivo.

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

Figura 5.55. A quadra poliesportiva.

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

Figura 5.56. A escola

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

A Estação de Tratamento de Esgoto está funcionando e recebe a visita periódica de

técnico da SABESP para manutenção (FIGURAS 5.57 e 5.58). O inconveniente, segundo

o técnico que fazia a manutenção, é que depois do processo de decantação e filtragem

restam os resíduos sólidos que precisam ser constantemente retirados.

O cenário que se apresenta no bairro é de notória recuperação ambiental, com

programas de compensação ambiental, como, por exemplo, do Programa de Transpor-

tes Urbanos – PTU21 de São Bernardo, que pretende plantar cerca de sete mil árvores de

espécies nativas às margens da represa como compensação pelas obras de intervenção

viária no município. Esse quadro de recuperação é quebrado pela visão das obras do

Rodoanel, logo na entrada e nas proximidades do loteamento. (FIGURAS 5.59 e 5.60)

As obras viárias são necessárias para desafogar o trânsito da metrópole e dos

municípios vizinhos, mas sua execução está causando um grande impacto ambiental

na região. As campanhas de educação ambiental complicam-se,quando explicam aos

Figura 5.57. A estação de tratamento de esgoto do Bairro Jardim dos Pinheiros

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

Figura 5.58. O processo biológico não utiliza nenhum produto químico

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

Figuras 5.59 e 5.60. As obras do Rodoanel nas proximidades do bairro

Fonte: ITIKAWA 05 Nov.2008

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

moradores de mananciais que eles têm que respeitar o ambiente, não desmatar e cola-

borar para que não haja assoreamento dos mananciais, enquanto está a sua frente esse

cenário de devastação.

Síntese e discussão dos aspectos envolvidos nas Ações de Recuperação dos casos escolhidos

As intervenções nos bairros Jardim Carminha e Jardim dos Pinheiros foram im-

plantados na mesma época. Embora os dois sejam denominados bairros ecológicos e

tenham sido urbanizados, existem diferenças fundamentais entre eles, conforme citado

anteriormente.

Os loteamentos irregulares possuem terrenos demarcados com área mínima,

quadras e ruas, e de certa forma, obedecem a uma implantação, apesar de não haver

uma preocupação ambiental e infra-estrutura de saneamento básico. O processo de

urbanização restringe-se a implementação de infra-estrutura básica e ao trabalho de

conscientização da população moradora, não implicando em alterações nas dimensões

dos lotes, nem na regularização fundiária.

Já as favelas localizam-se em áreas invadidas (particulares ou públicas), com mo-

radias construídas aleatoriamente, sem nenhum critério técnico, sem condições de

habitabilidade. O processo de urbanização é mais complexo, além da necessidade de

projetos urbanísticos e paisagísticos, há ainda os problemas de remoções, alojamentos

provisórios, segurança dos funcionários, etc.

As ações previstas no Projeto de Lei Específica e no Plano Diretor de São Bernardo

do Campo definem estes bairros como áreas a serem recuperadas urbana e ambiental-

mente. O projeto de Lei Específica prevê para estes dois bairros áreas de urbanização

de Ocupação Dirigida, Subárea de Ocupação Especial – SOE, com implantação de infra-

estrutura sanitária e reurbanização de favelas, por meio de ações integradas dos setores

públicos, privados e população moradora.

Já o PDSBC prevê para estas áreas, que estão na Macrozona de Recuperação Am-

biental – MURA, intervenções para recuperação sócio-ambiental, adequando-as às

novas formas de ocupação territorial sustentável. O Bairro dos Pinheiros foi classificado

como uma Zona Especial de Interesse Ambiental 2 – ZEIA 2, e Zona de Interesse Social

4 – ZEIS 4, que além das ações citadas acima, necessitam da regularização fundiária.

Já a Favela Carminha foi classificada como ZEIS 5, referente a assentamentos precários,

que necessitam de projetos de reassentamento.

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

As ações de recuperação promovidas pelo Programa Bairro Ecológico intervêm

nestas áreas de modo a recuperar diversos aspectos fundamentais que de certa forma

são diretrizes do projeto de Lei Específica e estão contemplados também pelo Plano

Diretor.

Entretanto, embora existam avanços importantes a serem valorizados, limites a estas ações devem ser ressaltados, uma vez que elas não necessariamente promoveram melhora na qualidade ambiental e, principalmente dos recursos hídricos.

Os aspectos elencados na parte inicial do capítulo são fundamentais para análise dos casos selecionados: implantação do assentamento, habitação, saneamento, des-tino dos resíduos sólidos, acessibilidade, sistema viário e transportes, áreas verdes e equipamentos públicos, participação da comunidade, educação ambiental, geração de emprego e renda.

Com base nos aspectos fundamentais que devem ser equacionados em áreas de mananciais, elencados no início do capítulo, o quadro a seguir sintetiza as principais ações realizadas no âmbito das intervenções dos casos escolhidos bem como apresenta os avanços e problemas encontrados.

A implantação do assentamento do Jardim dos Pinheiros consistiu na pavimenta-ção das ruas com o asfalto ecológico, feitura de calçadas com 45% de gramado e onde foram possíveis, quintais permeáveis. No Jardim Carminha foram removidos todos os barracos (em área de risco a enchentes, deslizamentos, etc), feito taludamento de en-costas, canalização do córrego e abertura de via, ao longo da qual foram implantadas as casas.

No loteamento irregular Jardim dos Pinheiros foram removidas as edificações que estavam em área de 1ª Categoria, a fim de minimizar os impactos ambientais. Já, as ações na favela foram mais complexas, a implantação do projeto foi feita em várias eta-pas e a remoção também. Por não ter como abrigar todos os moradores atingidos nos alojamentos, as obras foram feitas por trechos: assim que um trecho era concluído, as famílias que estavam no alojamento eram reassentadas, dando lugar para outras, onde se iniciariam as obras de outro trecho, e assim, sucessivamente.

Apesar da implantação do loteamento Jardim dos Pinheiros não respeitar os aspec-tos topográficos do sítio, com ruas de traçado ortogonal, isto lhe conferiu um aspecto claro e organizado; enquanto que no Carminha, incrustado em área fundo de vale, o aproveitamento de um terreno de encosta deu ao bairro uma aparência labiríntica, com ruas tortuosas, vielas sem saída e quadras muito adensadas. Vale ainda lembrar que as casas no Carminha foram implantadas ao longo da rua (ou do córrego) no que seria uma APP.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Quadro 1Quadro 1Quadro 1Quadro 1

Quadro síntese com as principais ações realizadas no âmbito das intervenções dos casos escolhidosQuadro síntese com as principais ações realizadas no âmbito das intervenções dos casos escolhidosQuadro síntese com as principais ações realizadas no âmbito das intervenções dos casos escolhidosQuadro síntese com as principais ações realizadas no âmbito das intervenções dos casos escolhidos

Aspectos a serem considerados Aspectos a serem considerados Aspectos a serem considerados Aspectos a serem considerados em Ações de Recuperação de em Ações de Recuperação de em Ações de Recuperação de em Ações de Recuperação de HabitaçõesHabitaçõesHabitaçõesHabitaçõesem Áreas de Mananciais em Áreas de Mananciais em Áreas de Mananciais em Áreas de Mananciais

Jardim CarminhaJardim CarminhaJardim CarminhaJardim Carminha Jardim dos PinheirosJardim dos PinheirosJardim dos PinheirosJardim dos Pinheiros AvançosAvançosAvançosAvanços ProblemasProblemasProblemasProblemas

Resíduos sólidosResíduos sólidosResíduos sólidosResíduos sólidos Coleta de lixo Coleta de lixo O lixo não é depositado no ambiente

Alguns moradores estão jogando entulho

Calçadas ecológicasPraçasParque linearEscola de 1º GrauCreche

Reserva de área verdeMargens da represa em processo de regeneraçãoCrecheQuadra poliesportiva

Maior permeabilidade do solo Áreas de lazer para a comunidadeRecuperação de mata no Jd. dos Pinheiros

No Jd. Carminha as áreas verdes são exíguas restringindo-se a sobras de lotesO parque linear é separado do núcleo por uma rua bastante movimentada.

Nem todos os moradores aderiram ao Programa.Muitos dos moradores que iniciaram o Programa já se mudaram.Muitos dos novos moradores não conhecem e não acompanham o Programa

O processo de educação ambiental tem que ser contínuo, necessitando de monitoramento permanente.Muitas calçadas foram concretadas.O asfalto vem sendo impermeabilizado por resíduos de obras e óleo dos carros.

Cursos e práticas de culinária, artesanato Capacitação profissional no SEDESC

Cursos e práticas de culinária, artesanatoCapacitação profissional no SEDESC

As tentativas de que se tem noticia não foram efetivas nos Bairros.

Geração de emprego e rendaGeração de emprego e rendaGeração de emprego e rendaGeração de emprego e renda Possibilidade de gerar renda

A adesão de grande parte dos moradores colaborou para a implantação das ações do Programa

O adensamento pode prejudicar a estação de tratamento que é limitadoO asfalto ecológico exige muitos cuidados para não ser impermeabilizado

Calçadas estreitasRuas estreitas

Calçadas estreitasRuas amplas

Dificilmente um cadeirante pode circular pelas calçadas de ambos os bairrosAs ruas estreitas não permitem que carros fiquem estacionados, trazendo problemas de segurança.

Afastamento de esgotoDrenagem – asfalto ecológicoAbastecimento de água

Estação de tratamento de esgotoDrenagem – asfalto ecológicoAbastecimento de água

Deixaram de lançar esgoto in natura diretamente nos cursos d’águaO sistema de drenagem é eficienteAmbos possuem rede de água

Educação ambientalEducação ambientalEducação ambientalEducação ambiental Conscientização da comunidade na manutenção e melhoria do ambiente

Conscientização da comunidade na manutenção e melhoria do ambiente

No Jd. Carminha o córrego foi canalizado sobre o qual passa uma rua onde foram implantadas as casas.As ruas têm traçado confusoNo Jd. dos Pinheiros as ruas são regulares, porém não respeitam os aspectos físicos do sitio.

Moradias construídas pelo sistema de mutirãoLotes de 48 m2Material somente para o embrião

Lotes mínimos de 125 m2 e regularesMoradias construídas com recursos próprios

Sem uma fiscalização efetiva, a maioria dos proprietários está verticalizando as suas casas, adensando os bairros.Muitas casas ainda estão inacabadas.Muitas casas ainda estão inacabadas.

Remoção de todos os barracosContenção de EncostasCanalização do córregoPavimentação ecológica

Asfalto ecológicoCalçada ecológicaRemoção de edificações em área de 1a categoria

Facilidade de acessoMaior segurançaRetirada dos moradores em APPs e áreas de riscoNão há esgoto correndo pelas ruas

A facilidade de acesso e oferta de transporte público reflete na valorização dos imóveis e induz a uma ocupação ainda maior

Áreas verdes e equipamentos Áreas verdes e equipamentos Áreas verdes e equipamentos Áreas verdes e equipamentos públicospúblicospúblicospúblicos

Participação da comunidadeParticipação da comunidadeParticipação da comunidadeParticipação da comunidade Para efetivação do Programa é imprescindível a participação de todos os moradores

Associação de moradores com lideres bastante ativos. Para o programa foi necessário a adesão de todos os moradoresDiscussões sobre os interesses da comunidadeFazer reivindicações

Associação de moradores, representado por um líderAdesão de 93% dos moradores

AcessibilidadeAcessibilidadeAcessibilidadeAcessibilidade As ruas pavimentadas trouxeram a facilidade de acesso

Sistema viário e transportesSistema viário e transportesSistema viário e transportesSistema viário e transportes Permite acesso dos correios, entregadores, ambulâncias e da policia

Abertura de ruasTraçado irregularVarias linhas de ônibus

Ruas regularesTraçado ortogonalUma linha de ônibusRodoanel

Implantação do assentamento Implantação do assentamento Implantação do assentamento Implantação do assentamento

Habitação Habitação Habitação Habitação Condição mais digna de moradia

SaneamentoSaneamentoSaneamentoSaneamento

Fonte: elaborado pela autora

Quadro 5.1. Quadro síntese com as principais ações realizadas no âmbito das intervenções dos casos escolhidos

Quadro 1Quadro 1Quadro 1Quadro 1

Quadro síntese com as principais ações realizadas no âmbito das intervenções dos casos escolhidosQuadro síntese com as principais ações realizadas no âmbito das intervenções dos casos escolhidosQuadro síntese com as principais ações realizadas no âmbito das intervenções dos casos escolhidosQuadro síntese com as principais ações realizadas no âmbito das intervenções dos casos escolhidos

Aspectos a serem considerados Aspectos a serem considerados Aspectos a serem considerados Aspectos a serem considerados em Ações de Recuperação de em Ações de Recuperação de em Ações de Recuperação de em Ações de Recuperação de HabitaçõesHabitaçõesHabitaçõesHabitaçõesem Áreas de Mananciais em Áreas de Mananciais em Áreas de Mananciais em Áreas de Mananciais

Jardim CarminhaJardim CarminhaJardim CarminhaJardim Carminha Jardim dos PinheirosJardim dos PinheirosJardim dos PinheirosJardim dos Pinheiros AvançosAvançosAvançosAvanços ProblemasProblemasProblemasProblemas

Resíduos sólidosResíduos sólidosResíduos sólidosResíduos sólidos Coleta de lixo Coleta de lixo O lixo não é depositado no ambiente

Alguns moradores estão jogando entulho

Calçadas ecológicasPraçasParque linearEscola de 1º GrauCreche

Reserva de área verdeMargens da represa em processo de regeneraçãoCrecheQuadra poliesportiva

Maior permeabilidade do solo Áreas de lazer para a comunidadeRecuperação de mata no Jd. dos Pinheiros

No Jd. Carminha as áreas verdes são exíguas restringindo-se a sobras de lotesO parque linear é separado do núcleo por uma rua bastante movimentada.

Nem todos os moradores aderiram ao Programa.Muitos dos moradores que iniciaram o Programa já se mudaram.Muitos dos novos moradores não conhecem e não acompanham o Programa

O processo de educação ambiental tem que ser contínuo, necessitando de monitoramento permanente.Muitas calçadas foram concretadas.O asfalto vem sendo impermeabilizado por resíduos de obras e óleo dos carros.

Cursos e práticas de culinária, artesanato Capacitação profissional no SEDESC

Cursos e práticas de culinária, artesanatoCapacitação profissional no SEDESC

As tentativas de que se tem noticia não foram efetivas nos Bairros.

Geração de emprego e rendaGeração de emprego e rendaGeração de emprego e rendaGeração de emprego e renda Possibilidade de gerar renda

A adesão de grande parte dos moradores colaborou para a implantação das ações do Programa

O adensamento pode prejudicar a estação de tratamento que é limitadoO asfalto ecológico exige muitos cuidados para não ser impermeabilizado

Calçadas estreitasRuas estreitas

Calçadas estreitasRuas amplas

Dificilmente um cadeirante pode circular pelas calçadas de ambos os bairrosAs ruas estreitas não permitem que carros fiquem estacionados, trazendo problemas de segurança.

Afastamento de esgotoDrenagem – asfalto ecológicoAbastecimento de água

Estação de tratamento de esgotoDrenagem – asfalto ecológicoAbastecimento de água

Deixaram de lançar esgoto in natura diretamente nos cursos d’águaO sistema de drenagem é eficienteAmbos possuem rede de água

Educação ambientalEducação ambientalEducação ambientalEducação ambiental Conscientização da comunidade na manutenção e melhoria do ambiente

Conscientização da comunidade na manutenção e melhoria do ambiente

No Jd. Carminha o córrego foi canalizado sobre o qual passa uma rua onde foram implantadas as casas.As ruas têm traçado confusoNo Jd. dos Pinheiros as ruas são regulares, porém não respeitam os aspectos físicos do sitio.

Moradias construídas pelo sistema de mutirãoLotes de 48 m2Material somente para o embrião

Lotes mínimos de 125 m2 e regularesMoradias construídas com recursos próprios

Sem uma fiscalização efetiva, a maioria dos proprietários está verticalizando as suas casas, adensando os bairros.Muitas casas ainda estão inacabadas.Muitas casas ainda estão inacabadas.

Remoção de todos os barracosContenção de EncostasCanalização do córregoPavimentação ecológica

Asfalto ecológicoCalçada ecológicaRemoção de edificações em área de 1a categoria

Facilidade de acessoMaior segurançaRetirada dos moradores em APPs e áreas de riscoNão há esgoto correndo pelas ruas

A facilidade de acesso e oferta de transporte público reflete na valorização dos imóveis e induz a uma ocupação ainda maior

Áreas verdes e equipamentos Áreas verdes e equipamentos Áreas verdes e equipamentos Áreas verdes e equipamentos públicospúblicospúblicospúblicos

Participação da comunidadeParticipação da comunidadeParticipação da comunidadeParticipação da comunidade Para efetivação do Programa é imprescindível a participação de todos os moradores

Associação de moradores com lideres bastante ativos. Para o programa foi necessário a adesão de todos os moradoresDiscussões sobre os interesses da comunidadeFazer reivindicações

Associação de moradores, representado por um líderAdesão de 93% dos moradores

AcessibilidadeAcessibilidadeAcessibilidadeAcessibilidade As ruas pavimentadas trouxeram a facilidade de acesso

Sistema viário e transportesSistema viário e transportesSistema viário e transportesSistema viário e transportes Permite acesso dos correios, entregadores, ambulâncias e da policia

Abertura de ruasTraçado irregularVarias linhas de ônibus

Ruas regularesTraçado ortogonalUma linha de ônibusRodoanel

Implantação do assentamento Implantação do assentamento Implantação do assentamento Implantação do assentamento

Habitação Habitação Habitação Habitação Condição mais digna de moradia

SaneamentoSaneamentoSaneamentoSaneamento

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

No que se refere à habitação, no Jardim dos Pinheiros estão implantadas em lotes de no mínimo 125 m² e foram construídas com recursos próprios. No Jardim Carminha, as casas foram implantadas em lotes em torno de 48 m². Os dois bairros sofrem o pro-cesso de verticalização, devido à falta de controle do município às questões edilícias,

e alguns proprietários no ímpeto de aumentar as suas moradias até esquecem-se de

deixar as condições mínimas de iluminação e ventilação nos cômodos. Porém, há outro

problema: o da rotatividade dos imóveis devido à valorização. Apesar de não ser permi-

tida a venda destes no caso do Carminha, mesmo assim eles são vendidos ou trocadas.

Entretanto, o principal problema para a Sub-bacia Billings é o quesito saneamen-

to, sobretudo, o esgotamento sanitário. As ações no Carminha previram que o esgoto

deveria ser afastado e que no Jardim dos Pinheiros fosse construída uma estação de

tratamento de esgoto.

Com as ações implementadas, o esgoto não corre a céu aberto nos dois bairros, que

aparentemente ficaram livres da poluição local. O tratamento de esgoto do Pinheirinho

lança o efluente com 93% de limpidez, o que representa uma melhora significativa para

a qualidade das águas da represa. Porém, no Carminha, não foram executadas as obras

complementares (o tratamento primário, a Estação Elevatória de Esgoto e o Coletor

Tronco) para o afastamento do esgoto, então, o esgoto in natura das casas é despejado

no córrego que vai para a represa.

A drenagem das ruas é eficiente com a pavimentação com o asfalto ecológico, que

além de ser poroso possui poços de retenção. As calçadas parcialmente gramadas tam-

bém colaboram para retenção das águas pluviais. No entanto, essas ações necessitam

de monitoramento constante, para que mantenham as suas propriedades.

Com relação ao abastecimento de água e ao fornecimento de energia elétrica,

os dois bairros foram favorecidos pela formalização de acordos entre concessionárias,

prefeitura e moradores e foram possibilitados pelo Plano Emergencial para as obras

emergenciais.

Os resíduos sólidos, antes lançados no ambiente, enterrados ou queimados, agora

são coletados e afastados desses locais.

No que se refere à acessibilidade nas calçadas, nas ruas mais íngremes tem-se

verdadeiros muros para vencer os desníveis, não sendo atendido o conceito de passeio

público porque é impossível transitar por elas. Também é o caso das calçadas ecológi-

cas, onde dificilmente um deficiente físico conseguirá circular.

Já o sistema viário tem um importante papel na vida urbana, uma vez que a

permanência dessa população em área de mananciais é inevitável, faz-se necessário

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186

MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

dotá-los com esses benefícios, conforme já foi comentado. As ruas pavimentadas e sa-

neadas permitem fácil acesso interno e externo aos bairros.

Os sítios onde foram implantados deram características diferentes aos bairros. O

Pinheirinho possui um único acesso, o que lhe dá maior privacidade; o Carminha está

encravado entre vários bairros, o que lhe permite maior conectividade entre eles.

Com relação ao transporte público, o Jardim dos Pinheiros dispõe de uma linha

de ônibus ligando-o à área central, enquanto que o Carminha dispõe de várias linhas

ônibus ligando-o ao centro e a outros bairros.

Com relação às áreas verdes e equipamentos públicos o Jardim dos Pinheiros

é dotado de uma reserva de vegetação, área de lazer às margens da represa, quadra

poliesportiva e uma escolinha de 1ª a 4ª série. O Carminha, nesse aspecto, apresenta-se

deficiente, com áreas verdes restringindo-se a sobras de terrenos; a área de lazer é um

Parque Linear que tem seu uso prejudicado por uma rua movimentada; e a escola e a

creche lindeiras ao bairro atendem somente crianças até a 4ª série do Ensino Funda-

mental.

A participação da comunidade foi e ainda é fundamental, dela depende o resulta-

do do programa. No Jardim dos Pinheiros, 93% dos moradores aderiram ao Programa.

No caso do Carminha foi necessária a adesão de todos, uma vez que todos seriam remo-

vidos, concordando ou não com o Programa.

A importância da participação da comunidade está nas discussões sobre os assuntos

de interesse local, juntamente com as autoridades competentes, para assim, firmarem

o Termo de Ajustamento de Conduta, permitindo a permanência dessa população na

área de mananciais. Para tanto, dependem da continuidade das ações implementadas,

que estão vinculadas às qualidades urbanas e ambientais.

A educação ambiental é uma das questões mais importantes do programa, nela

está vinculada a sua efetivação e continuidade. Por isso, o trabalho de conscientização

e manutenção das ações com os jovens e novos moradores devem ser permanentes.

Para a geração de emprego e renda, a prefeitura promove nesses bairros cursos

de culinária, costura artesanato, etc., mas, segundo a líder comunitária do Carminha,

por enquanto as tentativas ainda não foram eficientes. Os cursos de capacitação profis-

sional são dados na Secretaria de Desenvolvimento Social – SEDESC na área central do

município.

Dentre os aspectos apontados há uma inegável positividade nas ações, mesmo que

não em sua plenitude. No que se refere ao principal impacto aos mananciais gerado

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187

Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

por essas ocupações irregulares, os efluentes líquidos e sólidos lançados nos cursos

d’água foram tratados ou pelo menos não correm a céu aberto. No caso do Carminha,

a complementação do projeto de afastamento do esgoto certamente contribuirá na

diminuição de carga poluente na Sub-bacia Billings.

Outro grande problema apresentado, o da habitação, foi de certa maneira atendido.

A população, sobretudo da favela, conseguiu construir suas casas em alvenaria, muito

embora um grande número não tenha acabamento ou seguido o projeto oferecido e,

tenha deixado compartimentos sem iluminação e ventilação adequados, prejudicando

as condições de habitabilidade.

No entanto, foi um grande avanço o trabalho dos organismos públicos conjun-

tamente às comunidades para a recuperação e mitigação dos passivos ambientais. O

Programa Bairro Ecológico é um processo contínuo, necessitará de um monitoramento

constante para que não se perca o que foi conquistado e se avance em direção às solu-

ções referentes.

O Bairro Ecológico surgiu de ações práticas em ocupações irregulares, envolvendo

a comunidade e órgãos institucionais, com o objetivo de mitigar impactos ambientais

causados por estes assentamentos. As ações foram possibilitadas pelas mudanças de

posturas políticas, que permitiram gestão mais participativa e descentralizada com o

objetivo de solucionar as questões relativas à moradia e à preservação ambiental den-

tro dos parâmetros ambientais e legais.

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CONCLUSÃO

O acelerado processo de urbanização das grandes cidades do mundo vem apre-

sentando um cenário intimamente articulado aos conflitos ambientais. De um lado, a

crescente urbanização das cidades, ocorrida principalmente a partir de meados do sé-

culo XX , gera cada vez mais demandas da população, particularmente a de baixa renda,

por moradias e infra-estrutura. Do outro, devido principalmente à ausência de políticas

públicas, tais populações acabam por ocupar áreas impossibilitadas de serem ocupa-

das, inaptas à urbanização, em áreas frágeis, geológica e ambientalmente vulneráveis.

No âmbito das metrópoles brasileiras, particularmente da Região Metropolitana

de São Paulo – RMSP, a ausência de uma verdadeira política habitacional, aliada ao

aumento da pobreza, conseqüência da falta de oportunidade de empregos e da má dis-

tribuição de renda, geram, além de insegurança, violência e marginalidade, inúmeros

problemas ligados ao processo de ocupação do espaço urbano. Sem uma política ha-

bitacional voltada à população de baixa renda, a expansão urbana periférica da RMSP

alcançou, desde meados do século XX, áreas frágeis e ambientalmente protegidas para

a produção hídrica da população – as áreas de proteção dos mananciais. Num processo

de ocupação precário, predador – desmatando, lançando esgoto e lixo nos córregos e

rios e provocando a deterioração da qualidade das águas – tal ocupação vem colocando

em risco o abastecimento de água da população da região metropolitana.

Além da degradação das águas destinadas ao abastecimento púbico, a ocupação

afeta a geração de energia, o esgotamento sanitário, o controle de enchentes, o lazer e a

pesca. E as demandas relativas à urbanização como a implementação de infra-estrutura

básica, de sistemas viários e de transportes públicos, induzem, por sua vez, à consolida-

ção e à contínua expansão urbana.

O agravamento do quadro de deterioração das águas dos principais mananciais

da RMSP, gerado principalmente pelos efluentes domésticos advindos das ocupações

irregulares, vinculam-se, sobretudo, à ausência de integração de políticas públicas

– particularmente urbanas e ambientais – nas diferentes esferas de governo que ali

atuam (Estado e Municípios). A reversão deste cenário nestas áreas não pode ser tratada

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

isoladamente, uma vez que a gestão dos recursos hídricos está intimamente ligada aos

aspectos das dinâmicas espaciais e atividades socioeconômicas existentes em cada mu-

nicípio, particularmente no caso da região metropolitana.

As políticas ambientais e urbanas instituídas pela Constituição Federal de 1988

e reforçadas pela Estadual de 1989 procuram alterar esta conjuntura. Neste contexto,

desde 1990, vem sendo implementado, no âmbito da RMSP, um conjunto de políticas

ambientais e urbanas que busca alterar esta realidade. O objetivo pretendido é que tais

políticas devam ser capazes de intervir e reorientar os processos de ocupação das áreas

de proteção e recuperação de mananciais, garantindo a prioridade de atendimento às

populações residentes sem desconsiderar fatores sociais, culturais e econômicos, além

de diminuir as cargas poluidoras da represa e reprimir a expansão urbana desordena-

da, minimizando assim, o quadro de degradação ambiental.

No Estado de São Paulo, destaca-se em 1991, a implementação da Política Esta-

dual de Recursos Hídricos (Lei 6733/1991), que busca instituir uma nova cultura de

planejamento ambiental. Esta lei dividiu o território em bacias hidrográficas, um novo

recorte regional que leva em consideração um limite ambiental, perímetros a serem

gerenciados pelos comitês de bacia. No âmbito destas unidades foram definidas ações

participativas, favorecendo a aproximação nas discussões entre o gerenciamento dos

recursos hídricos, os municípios e os diver-sos setores da sociedade, resultando em so-

luções que respeitem as singularidades locais.

Associada à política das águas, a instituição de uma nova política de mananciais

em 1997 (Lei 8.966/1997) visou implementar um novo olhar para a áreas de proteção

dos ma-nanciais. Diferente da Legislação de Proteção aos Mananciais – LPM da RMSP

instituída na década de 1970 que considerava a ocupação urbana como a principal

causa da má qualidade da água, a nova política dos mananciais instituída de 1997,

estabeleceu um conjunto de diretrizes para disciplinar e delimitar as áreas de proteção

dos mananciais, com normas de restrição de uso e ocupação do solo nessas áreas. Com

um novo modelo de gestão dos recursos hídricos, tripartite, paritário e descentralizado,

a Lei 9.866/1997 tem como objetivo não só a proteção, mas também a recuperação da

qualidade ambiental dos mananciais do Estado de São Paulo, tendo como principais

instrumentos da nova lei: o Plano de Desenvolvimento Ambiental – PDPA e a Lei Espe-

cífica.

Um dos dispositivos da lei, o Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais

permite obras emergenciais nas ocupações irregulares nas áreas de mananciais. Porém,

os órgãos responsáveis pelas obras têm que formalizar acordo com a prefeitura e popu-

lação envolvida.

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Entretanto, no âmbito das cinco sub-bacias que subdividem a Bacia Hidrográfica

do Alto Tietê – RMSP, somente a Sub-bacia da Guarapiranga teve sua nova legislação

dos mananciais aprovada (Lei 12.233/2006), enquanto que a Sub-bacia Billings aguarda

aprovação.

Associada às políticas ambientais em curso na RMSP, os municípios procuram aten-

der também aos dispositivos federais que foram definidos para a política urbana desde

1991, com a Lei 10.257/2001, o Estatuto da Cidade. De acordo com esta lei federal, to-

dos os municípios que situam em áreas metropolitanas e que possuam mais de 20 mil

habitantes de-vem ter um Plano Diretor.

No contexto da RMSP, a Represa Billings, o maior reservatório dessa metrópole

em quantidade de água, foi construída prioritariamente para produção de energia elé-

trica na década de 1920. Entretanto, ao longo do século XX, a emergência de novos

mananciais decorrentes do aumento populacional associado à deterioração de suas

águas pelas ocupações irre-gulares e diversas outras atividades, diminuiu tanto o seu

potencial de produção de energia, quanto de futuro reservatório para abastecimento

de água potável.

Buscando reorientar soluções para este grave problema, o Projeto da Lei Específica

da Sub-bacia Billings foi elaborado pelos integrantes do Subcomitê Billings-Tamandu-

ateí, no início dos anos 2000, à luz das diretrizes da Nova Política de Proteção de 1997.

Este projeto de lei define os limites das Áreas de Proteção aos Mananciais – APRMs,

revisando as áreas de intervenção que efetivamente devem ser protegidas em relação

àquelas que merecem uma adequação no uso e ocupação do solo e parâmetros am-

bientais para garantir água em quan-tidade e qualidade necessárias. Com isso, abriu-se

a possibilidade de se implementarem ações que busquem tratar a disposição dos resí-

duos líquidos e sólidos na mesma área, o que era proibido pela legislação da década

de 1970.

Enquanto o Projeto de Lei não é aprovado surgem polêmicas com relação à ques-

tão do lote mínimo, de como foram calculadas as cargas poluidoras para o modelo

MQUAL, e até mesmo da importância do Plano de Desenvolvimento de Proteção Am-

biental – PDPA.

Nesse cenário de expectativas, o município de São Bernardo do Campo, com três

quartos de seu território em Área de Preservação Ambiental, mais de 50% em Área de

Mananciais, vem sendo paulatinamente ocupado por loteamentos irregulares e favelas,

e o aumento dessa população é diretamente proporcional ao da degradação por ela

causada.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

Este município depara-se com a complexidade da articulação dos instrumentos

que vêm sendo definidos no seu âmbito e no dos organismos estaduais. O Plano Dire-

tor do Município de São Bernardo do Campo – PDSBC (Lei 5.593/2006), elaborado com

base nos princípios do Estatuto da Cidade, incorpora diretrizes e normas urbanísticas

e ambientais que buscam instituir medidas de preservação, conservação e recuperação

de mananciais definidas no âmbito da nova política ambiental em curso na sub-bacia.

Entretanto, a efetividade dessas a-ções estão condicionadas em parte à aprovação dos

instrumentos ambientais da Sub-bacia Billings, principalmente a Lei Específica da APRM

Billings, a qual regulamenta instrumentos mais amplos que envolvem a bacia hidrográ-

fica, uma região ambiental.

Embora o PDSBC e o Projeto de Lei da Billings estejam em diferen-tes esferas de

governo, algumas diretrizes encontram-se em consonância, promovendo a gestão par-

ticipativa e democrática nas diversas instâncias do poder público e da sociedade civil

para eliminação dos danos ambientais; pretendendo a integração das políticas ambien-

tais às urbanas e socioambientais; estabelecendo o controle de sistemas individuais de

disposição de esgoto com tratamento ou afastamento para estações de tratamento e

sistema de drenagem com retenção das águas pluviais; e, ainda incentivando a imple-

mentação de atividades compatíveis a essas áreas.

O Projeto de Lei Específica da Billings – PLE-B dispõe de diretrizes e parâmetros para

elaboração das leis municipais. O PDSBC procura ordenar o uso e a ocupação do solo,

de maneira a respeitar os Macrozonas definidas pelo PLE-B, promovendo a construção

de moradias de interesse social nas áreas já urbanizadas, para que sejam poupadas as

áreas ambientalmen-te frágeis. No que se refere à habitação, o PLE-B promove a reurba-

nização de favelas, adequação de ocupações irregulares com o saneamento ambiental.

O PDSBC estimula a construção de Habitações de Interesse Social – HIS em áreas urba-

nas e pretende implantar o conceito de Bairro Ecológico nas áreas recuperação urbana

e ambiental de assentamentos precários.

Com relação aos recursos hídricos, o PLE-B pretende usar de instrumentos para

recuperação de mananciais e que impliquem na melhoria da produção e qualidade da

água, enquanto que o PDSBC pretende conservar, proteger e recuperar o meio ambien-

te, sobretudo as APPs, fiscalizando e punindo os infratores.

Enquanto aguarda-se a aprovação da Lei Específica, o poder público em São Ber-

nardo vem desenvolvendo planos e ações com o intuito de mitigar os impactos causados

pelas ocupações irregulares em áreas de mananciais, destacando-se o Programa do

Bairro Ecológico. As intervenções que se dão no âmbito do Programa do Bairro Eco-

lógico representam um avanço da Lei 9.866/1997, possibilitando por meio do Plano

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Emergencial de Recuperação aos Mananciais, ações de caráter urbanístico e ambiental,

antes proibidas nas áreas de proteção aos mananciais.

Para implantação do Programa Bairro Ecológico um dos principais instrumentos

utilizados foi o Termo de Ajustamento de Conduta – TAC, um acordo jurídico entre o

Ministério Público, prefeitura e comunidade moradora, para manter os moradores no

local. Este acordo busca definir as melhores soluções possíveis para compatibilizar as

leis urbanísticas às ambien-tais, sem deixar de lado as reivindicações sociais. As partes

envolvidas comprometem-se a cumprir os acordos firmados por meio de medidas com-

pensatórias, que possam minimizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente.

Por meio do estudo de dois casos escolhidos como exemplares, procurou-se

aprofundar nos conceitos do Programa Bairro Ecológico, com relação às ações imple-

mentadas no âmbito da Sub-bacia Billings por esse município. Nos bairros ecológicos

Carminha e Jardim dos Pinheiros foram firmados o TAC, com a escolha das melhores so-

luções possíveis para cada bairro. Neles foram implantados, fundamentalmente, ações

de urbanização e educação ambiental.

As ações de recuperação promovidas pelo Programa Bairro Ecológico intervêm nes-

tas áreas de modo a recuperar diversos aspectos fundamentais que, de certa forma,

são diretrizes do Projeto de Lei Específica e estão contemplados também no âmbito do

Plano Diretor.

As intervenções ocorreram de maneira distinta nos dois assentamentos. Embora

sejam denominados Bairros Ecológicos e tenham sido urbanizados, existem diferenças

estruturais entre eles, principalmente porque um é loteamento e outro é favela. No

loteamento os terrenos foram demarcados com área mínima, quadras e ruas, apesar

de não haver uma preocupação ambiental e infra-estrutura de saneamento básico; já

na favela, cuja área invadida é pública, as moradias foram construídas aleatoriamente,

quase sem condições de habitabilidade.

As ações na favela Carminha foram mais complexas, sendo necessária a remoção

de todos os barracos, a estabilização de encostas, a canalização do córrego e a abertura

de uma via, ao longo da qual foram implantadas as casas. A implantação do projeto

definido no âmbito do programa foi feita em várias etapas, articuladas à remoção das

famílias. À medida que um trecho era concluído, as famílias que estavam no alojamen-

to eram reassentadas, dando lugar para outras, no lugar onde se iniciariam as obras de

outro trecho, e assim sucessivamente.

A implantação do assentamento do Jardim dos Pinheiros consistiu na pavimen-

tação das ruas com o asfalto ecológico, feitura de calçadas parcialmente gramadas, e

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

além disso, foram removidas as edificações que estavam em área de 1ª Categoria, repre-

sentando um avanço para o aumento de permeabilidade e, conseqüentemente para a

produção de água na sub-bacia.

Apesar da implantação do loteamento Jardim dos Pinheiros não respeitar os as-

pectos físicos do sítio, com ruas de traçado ortogonal, isto lhe conferiu um aspecto

claro e organizado. No Jardim Carminha, incrustado em um fundo de vale, as ruas são

tortuosas e as quadras muito adensadas. Vale lembrar que as casas no Carminha foram

implantadas ao longo da rua (ou do córrego) no que seria uma Área de Pre-servação

Permanente – APP.

A construção de casas em alvenaria em local mais adequado representou maior

segurança e dignidade para as famílias moradoras, sobretudo no caso do Carminha.

Porém, embora as casas tenham sido construídas em lotes de dimensões mínimos dis-

tintos (48 m² no Carminha e 125 m² no Jardim dos Pinheiros), as alterações que vêm

ocorrendo por conta dos proprietários, apresentam aspectos similares nos dois bairros:

muitas casas inacabadas, com tendência à verticalização, invasão de recuos e desobedi-

ência às condições mínimas de iluminação e ventilação, além da venda dos imóveis em

virtude de sua valorização.

A implementação de saneamento básico colaborou nessa valorização, principal-

mente, no caso do Pinheirinho, com a construção da Estação de Tratamento de Esgoto

no próprio bairro, atendendo aos termos firmados no TAC e, conseqüentemente, na

melhoria da qualidade das águas da represa. Não se pode dizer o mesmo do Carminha

onde não se concluíram as obras para o tratamento e o afastamento do esgoto em

razão de problemas das concessionárias, colaborando-se com o despejo de carga polui-

dora na sub-bacia e não se alcançando a meta planejada.

Por outro lado, os resíduos sólidos, antes lançados no ambiente, enterrados ou

queimados, agora são coletados e afastados desses locais, evitando a poluição do solo e

dos corpos d’água. As águas das chuvas já não correm pelos solos desnudos provocando

erosões, deslizamentos e carreando partículas para a represa – a drenagem das ruas é

eficiente com a pavimentação feita com o asfalto ecológico, que além de ser poroso,

possui poços de retenção.

As calçadas “ecológicas”, sendo parcialmente gramadas, ajudam a reter água mas,

por isto, pela largura estreita e pelos desníveis acentuados, apresenta problemas para

a circulação.

O sítio onde foram implantados confere a estes bairros características diferentes:

o Pinheirinho possui uma suave declividade e um único acesso, o que lhe dá maior

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privacidade; o Carminha está encravado em terreno bastante acidentado e entre vários

bairros, o que lhe permite maior conectividade com eles.

O sistema viário e os transportes públicos têm um importante papel na vida urba-

na e, uma vez que a permanência da população tornou-se inevitável, esses benefícios

fazem-se necessários. O Jardim dos Pinheiros dispõe de uma linha de ônibus, ligando-o

à área central, e o Carminha dispõe de várias linhas, ao centro e a outros bairros.

Os bairros apresentam também diferenças em relação às áreas verdes e equipa-

mentos públicos. O Jardim dos Pinheiros é dotado de uma reserva de vegetação, área

de lazer às margens da represa, quadra poliesportiva; enquanto que no Carminha as

áreas verdes restringem-se a sobras de terrenos e a um Parque Linear prejudicado por

uma rua movimentada. Ambos possuem Escola de Ensino Fundamental e necessitam

recorrer às escolas nos arredores para as crianças maiores.

Por meio da educação ambiental tem-se a conscientização da importância das

ações implementadas pelo Programa Bairro Ecológico para benefício local e global.

Esse trabalho é importante e deve ser permanente, envolvendo a todos, jovens, crian-

ças e principalmente com novos moradores. Através dele, amplia-se a participação da

comunidade no Programa Bairro Ecológico, da qual depende o resultado do programa.

Os moradores discutem os assuntos de interesse local, juntamente com as autoridades

competentes na decisão de itens como os firmados no Termo de Ajustamento de Con-

duta e que garantem sua manutenção nas áreas de mananciais.

Dentre os acordos pactuados entre concessionárias, prefeitura e moradores estão

as ações para o abastecimento de água, fornecimento de energia elétrica, e também

tratamento e afastamento do esgoto (proibido pela Lei 1.172/1976, até que seja apro-

vada a Lei Específica da APRM-Billings) nos dois bairros, e possibilitados pelo Plano

Emergencial.

Apesar de representar um grande avanço do trabalho entre organismos públicos

e comunidades para a recuperação e mitigação dos passivos ambientais das áreas de

mananciais, alguns problemas refletem o descompasso entre esses órgãos e as ações

implementadas: caso do esgotamento do Jardim Carminha pela Companhia de Sane-

amento Básico do Estado de São Paulo – SABESP e da omissão por parte do poder

público em relação ao processo de verticalização e adensamento em todos os bairros

ecológicos.

Dentre os aspectos apontados há uma inegável positividade nas ações, mesmo

que não sejam em sua plenitude. No que se refere ao principal impacto aos mananciais

gerado por essas ocupações irregulares, que são os efluentes líquidos e sólidos lançados

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nos cursos d’água, os efluente sólidos estão sendo coletados e afastados; os efluentes

líquidos continuam indo para a represa, porém, o do Jardim dos Pinheiros é tratado e

o do Carminha, ainda não o seja, com a complementação do projeto de afastamento

e tratamento do esgoto, contribuirá para a diminuição de carga poluente na Sub-bacia

Billings.

Há que se apontar que as intervenções vêm propiciando à população dessas co-

munidades uma maior dignidade, uma vez que elas passam a ter um local de moradia

com todos os atributos que este possa ter: identificação, infra-estrutura básica, acessi-

bilidade e moradia mais digna.

Atualmente, o Programa Bairro Ecológico é um modelo que vem sendo utilizado

pelo Município de São Bernardo em intervenções em ocupações ilegais nas áreas de

mananciais, que inclusive podem se estender a outros municípios. Porém, entende-se

que este é um processo contínuo, necessitando-se de gestão e monitoramento constan-

te para que não se perca o que foi conquistado e se avance em direção às soluções. Estas

ações dependem, portanto, de que as novas administrações dêem prosseguimento a

elas, uma vez que as ocupações irregulares em áreas de mananciais provavelmente se

acentuarão, esbarrando nos dois problemas: o direito à moradia e a necessidade de

proteção dos mananciais para o abastecimento, imprescindível para a sobrevivência

humana.

Pelo que pudemos mostrar neste trabalho, estes dois problemas são indissociá-

veis, embora antagônicos e há que se alcançar uma saída possível, dentro do contexto

atual. Soluções que embora possa não sejam ideais, seja ao menos viáveis.

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

APM – Área de Proteção aos MananciaisAPP – Área de Proteção PermanenteAPRM – Área de Proteção e Recuperação aos MananciaisCETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental CF – Constituição FederalCPLA – Coordenadoria de Planejamento Ambiental CRH – Conselho Estadual de Recursos Hídricos DAEE –Departamento de Águas e Energia Elétrica DAIA – Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental DEPRN – Departamento Estadual de Proteção e de Recursos Naturais DUSM – Departamento do Uso do Solo Metropolitano EMPLASA – Empresa Paulista de Planejamento MetropolitanoHIS – Habitação de Interesse SocialIBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaIDH–M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal ISA – Instituto SocioambientalIVG – Índice de Área Vegetada LPM – Lei de Proteção aos MananciaisMQUAL – Modelo de Correlação entre o Uso do Solo e a Qualidade de Água MSP – Município de São Paulo ONG – Organização não GovernamentalONU – Organização das Nações UnidasPBA – Plano Básico AmbientalPDPA – Plano de Desenvolvimento e Proteção AmbientalPDSBC – Plano Diretor de São Bernardo do CampoPLE-B – Projeto de Lei Específica da BillingsPMSBC – Prefeitura de São Bernardo do CampoPTU-SBC – Programa de Transporte Urbano de São Bernardo do CampoRMSP – Região Metropolitana de São Paulo SABESP – Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo SBC – São Bernardo do CampoSGI – Sistema Gerencial de InformaçõesSHAMA – Secretaria de Habitação e Meio Ambiente de São Bernardo do CampoSIGRH – Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos HídricosSMA – Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São PauloSRH – Secretaria de Recursos HídricosTAC – Termo de Ajustamento de CondutaTGCA – Taxa de Crescimento Geométrico Anual UGRHI – Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos UNFPA – Fundo de População das Nações UnidasZEIA – Zona Especial de Interesse Ambiental ZEIS – Zona Especial de Interesse Social

LISTA DE SIGLAS

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207

Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

LISTA DE ILUSTRAÇÕES E TABELAS

FIGURAS

Figura 1.1. Região Metropolitana de São Paulo – Taxa Geométrica de Crescimento Anual (1991 – 2000)

Figura 1.2. Expansão Urbana – Série Histórica 1882/2002

Figura 1.3. Uso do solo versus qualidade da água nas represas Billings e Guarapiranga – 1989

Figura 1.4. Uso do solo versus qualidade da água nas represas Billings e Guarapiranga – 1999

Figura 1.5. Sistema Billings-Cubatão

Figura 1.6. Sistema Billings-Cubatão

Figura 1.7. Lixão do Alvarenga

Figura 2.1. Áreas de Proteção aos Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo

Figura 2.2. Compartimentos Ambientais

Figura 2.3. Áreas de Ocupação Dirigida: Áreas de Ocupação Especial – SOE, Ocupação Urbana Consolidadas – SUC Ocupação Urbanas Controladas – SUCt, Ocupação de Baixa Densidade – SBD e de Conservação Ambiental – SCA

Figura 2.4. Remanescentes Florestais em 2006 e Áreas de Preservação Permanente

Figura 3.1. Desenvolvimento da mancha urbana em SBC nas décadas de 1950 e 1960

Figura 3.2. Favela DER

Figura 3.3. Favela Naval

Figura 3.4. Favela Robertão

Figura 3.5. Foto de satélite

Figura 3.6. Evolução da ocupação urbana em São Bernardo desde a década de 1940

Figura 3.7. Plano Diretor de 1960 e os Limites da Área de Proteção aos Mananciais, do Parque Estadual da Serra do Mar e o Parque Industrial Imigrantes

Figura 3.8. Macrozoneamento

Figura 3.9. Zona especial de interesse social – ZEIS

PÁGINAS

35. Região Metropolitana de São Paulo – Taxa

36 Expansão Urbana – 02

43 Uso do solo versus qualidade da água nas represas 9

43 Uso do solo versus qualidade da águ

45 SistCubatão

45 Sistema BilliCubatão

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55 Áreas de Proteção aos Mananciais da Região

70 Compartimentos Ambientais

72 Áreas de Ocupação Dirigida: Áreas de Ocupação Especial – SOE, Ocupação Urbana

72 Remanescentes Florestais Preservação Permanente

85 Desenvolvimento da mancha urbana em SBC nas

85

85

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86

94 Evolução da ocupação urbana em São

103 Plano Diretor de 1960 e os Limites da Área de Proteção aos Mananciais,

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208

MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

FIGURAS

Figura 3.10. Zona especial de interesse social – ZEIS

Figura 4.1. Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo

Figura 4.2. Jardim dos Pinheiros, Jardim Canaã, Núcleo João de Barro e Nosso Senhor do Bonfim e Jardim Carminha

Figura 4.3. Jardim Canaã. margens da represa Billings, a lagoa e o loteamento

Figura 4.4. Obras do Rodoanel – devastação em área vizinha ao bairro

Figura 4.5. Participação da Comunidade do Jardim Canaã na Assinatura do TAC

Figura 4.6. Antes da implantação do programa, o esgoto corria a céu aberto

Figura 4.7. Vista do lago

Figura 4.8. Reunião da prefeitura com a comunidade

Figura 4.9. Terrenos recomprados para preservar uma nascente

Figura 4.10. A calçada ecológica

Figura 4.11. O lago encontra-se eutrofizado

Figura 4.12. As obras do Rodoanel na represa

Figura 4.13. Moradores não têm acesso à prainha.

Figura 4.14. Vista das obras do Rodoanel

Figura 4.15. Jardim Senhor do Bonfim

Figura 4.16. As ruas não tinham pavimentação

Figura 4.17. O esgoto era lançado diretamente no córrego

Figura 4.18. Antes da implantação do programa havia encostas desprotegidas

Figura 4.19. Mata e nascente preservadas

Figura 4.20. Mesas e bancos para piquenique ao longo do córrego

Figura 4.21. Casas com três pavimentos de bom padrão construtivo

Figura 4.22. João de Barro

Figura 4.23. Via sem pavimentação com terrenos abaixo do nível da rua

Figura 4.24. As ruas com maior declividade sem sistema de drenagem sofreram processo de erosão

Figura 4.25. Vista do bairro

Figura 4.26. Implantação da calçada ecológica

Figura 4.27. Algumas casas de padrão mais elevado contrastam com as mais humildes

Figura 4.28. Pavimentação das ruas

Figura 5.1. Mapa de situação de Carminha/Detroit

Figuras 5.2 e 5.3. A favela antes da implantação do Programa Bairro Ecológico

PÁGINAS

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138 Jardim dos Pinheiros, Jardim Canaã, Núcleo

139 Jardim Canaã. margens da represa Billings, a la

140 Obras do Rodoanel – devastação em área

140 Participação da Comunidade do Jardim

141 Antes da implantação do programa, o esgoto corria

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144tes da implantação do programa havia encostas

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147 V ia sem pavimentação com

147 As ruas com maior declividade sem sistema

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147 Algumas casas de padrão mais elevado

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

FIGURAS

Figura 5.4. Planta de Urbanização do Jardim Carminha

Figura 5.5. Setores para implantação do Projeto

Figura 5.6. Pavimento térreo

Figura 5.7. Pavimento superior

Figura 5.8. Troca de solo para pavimentação

Figura 5.9. Terraplenagem e implantação das moradias provisórias

Figuras 5.10 e 5.11. Taludamento da encosta

Figura 5.12. O alicerce para o embrião

Figura 5.13. O mutirão era constituído principalmente de mão-de-obra feminina

Figura 5.14. Os embriões

Figura 5.15. O alojamento

Figura 5.16. Moradias provisórias

Figuras 5.17 e 5.18. As ruas são estreitas e algumas casas já não têm mais a grama na calçada

Figura 5.19. O acesso para estas casas é por uma escada

Figura 5.20. As calçadas ecológicas contrastam com as moradias sem acabamento

Figura 5.21. Existem muitas casas de três pavimentos e sem acabamento

Figura 5.22. Contraste com as casas de padrão mais elevado

Figura 5.23. À direita o loteamento regular, à esquerda a favela urbanizada

Figura 5.24. O entulho

Figuras 5.25 e 5.26. As áreas verdes são pequenas e cercadas

Figura 5.27. Em vários pontos do bairro encontram-se buracos nas ruas

Figura 5.28. As concessionárias utilizam asfalto diferente do ecológico para restaurar a pavimentação

Figura 5.29. Clube de mães

Figura 5.30. Ao fundo, à direita, a Associação de Bairro

Figura 5.31. Ao fundo, uma EMEI (Escola de 1º Grau) e uma creche

Figura 5.32. Parque linear: uma medida de compensação ambiental

Figura 5.33. Jardim dos Pinheiros

Figura 5.34. As margens da represa, antes da implantação do programa

Figura 5.35. Indicação da faixa non aedificanti

Figura 5.36. O esgoto corria a céu aberto

Figura 5.37. O lixo era jogado no ambiente

PÁGINAS

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163 O muti rão era constituído

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165 As ruas são estreitas e algumas casas

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

FIGURAS

Figura 5.38. Apesar da precariedade do bairro, nota-se a presença de rede elétrica

Figura 5.39. Já havia uma edificação com três pavimentos

Figura 5.40. Reunião da prefeitura com a comunidade

Figura 5.41. Reunião na sede da Associação de Moradores para discutir sobre o TAC

Figura 5.42. Folheto educativo e informativo elaborados pela prefeitura

Figura 5.43. O plantio de grama para a calçada ecológica

Figura 5.44. Planta do loteamento do Bairro Jardim dos Pinheiros

Figura 5.45. Vista da represa

Figura 5.46. A tranquilidade do bairro permite que as crianças brinquem na rua

Figura 5.47. Descanso

Figura 5.48. Lazer às margens da represa

Figuras 5.49 e 5.50. Rua dos pinheiros – único acesso ao bairro, onde se desenvolve o comércio local

Figura 5.51. As casas construídas nos lotes subdivididos não têm recuos laterais

Figura 5.52. Alguns incorporaram outros lotes

Figura 5.53. Há muitas casas sem acabamento

Figura 5.54. Há outras com padrão construtivo.

Figura 5.55. A quadra poliesportiva.

Figura 5.56. A escola

Figura 5.57. A estação de tratamento de esgoto do Bairro Jardim dos Pinheiros

Figura 5.58. O processo biológico não utiliza nenhum produto químico

Figuras 5.59 e 5.60. As obras do Rodoanel nas proximidades do bairro.

PÁGINAS

174 Apesar da precariedade do bairro,

174

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176 Reunião na sede da Associação de Moradores

176 Folheto educativo e informativo elaborados

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178 crianças brinquem na rua

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179 Rua dos pinheiros – único acesso

179 As casas construídas nos lotes subdivididos

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181 A estação de tratamento de esgoto

181 O processo biológico não utilizao

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Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

QUADROS

Quadro 1.1. Quadro síntese dos principais conflitos identificados por diversos autores em áreas ambientalmente frágeis (mananciais) com ocupações irregulares

Quadro 2.1. Sistema de Gestão de Recursos Hídricos

Quadro 2.2. Áreas de Intervenção

Quadro 2.3. Áreas de Drenagem dos Braços do Reservatório Billings ou de sub-bacias e níveis de criticidade

Quadro 2.4. Áreas de Intervenção

Quadro 2.5. Áreas de Ocupação Dirigida

Quadro 2.6. Áreas de Intervenção e Áreas de Ocupação Dirigida

Quadro 2.7. Áreas de Recuperação Ambiental

Quadro 2.8. Compartimentos Ambientais

Quadro 3.1. Macrozoneamento

Quadro 3.2. Zona especial de interesse social -ZEIS

Quadro 3.3. Zonas Especiais de Interesse Ambiental – ZEIA

Quadro 3.4. Matriz analítica segundo temas que envolvem a sustentabilidade

Quadro 4.1. Plano Emergencial de Recuperação dos Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo

Quadro 5.1. Quadro síntese com as principais ações realizadas no âmbito das intervenções dos casos escolhidos

PÁGINAS

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MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. Recuperação Ambiental na Sub-bacia Billings: Os Bairros Ecológicos em São Bernardo do Campo, São Paulo (1997 a 2007)

GRÁFICOS

Gráfico 1.1. População de 1920 a 2000 do Município de São Paulo e da Região Metropolitana de São Paulo

Gráfico 1.2. Sistema Integrado do Alto Tietê – disponibilidade de água por manacial

Gráfico 1.3. População residente na Sub-bacia Billings por município nos anos de 1991 e 2000

Gráfico 1.4. Municípios que integram a Sub-bacia Billings

Gráfico 1.5. Densidade Demográfica na Sub-bacia Billings

Gráfico 1.6. População urbana (aglomeração normal e subnormal e população rural – 2000

Gráfico 3.1. Percentual de Atendimento na área urbanizada segundo as regiões – 1991

Gráfico 3.2. Percentual de Atendimento na área urbanizada segundo as regiões – 2000

Gráfico 3.3. Taxa Média de Crescimento (TGCA) 80/91 - 91/96 - 96/2000

Gráfico 3.4. Síntese da situação dos assentamentos subnormais em 2005

Gráfico 3.5. População nas Áreas de Proteção aos Mananciais em São Bernardo do Campo – 1980 a 2003

Gráfico 4.1. Síntese das obras para o Bairro dos Alvarenga relacionadas no Plano Emergencial – 1998

Gráfico 4.2. Percentual de intervenções nos Bairros relacionados no Plano Emergencial, onde foram implantados o Programa Bairro Ecológico

PÁGINAS

34 População de 1920 a 2000 do Município de

38 Sistema Integrado do Alto Tietê –

40 População residente na Sub-bacia Billings por munic

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41lação urbana (aglomeral e população rural – 2000

95 Atendimento n segundo as regiões – 1991

95 Percenndiundo as regiões – 2000

96 Taxa Média de Crescimento (TGCA) 80/91

97 Síntese da situação dos asse005

100 População nas Áreas de Proteção aos

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213

Capítulo 5 | BAIRROS ECOLÓGICOS: OS CASOS DO LOTEAMENTO IRREGULAR JARDIM DOS PINHEIROS E DA FAVELA CARMINHA

TABELAS

Tabela 1.1. Aspectos Físico-Territoriais da RMSP

Tabela 1.2. Região Metropolitana de São Paulo – Aspectos Demográficos (2007)

Tabela 1.3. População e Taxa Média Anual de Crescimento (TGCA) de 1920 a 2000 do Município de São Paulo e da Região Metropolitana de São Paulo

Tabela 1.4. Sistema Integrado do Alto Tietê – disponibilidade e capacidade de água por manancial

Tabela 1.5. População total por Município integrante da sub-Bacia Billings nos anos de 1980, 1991 e 2000; TGCA 80/91 e 91/2000; Densidade Demográfica 1991 e 2000

Tabela 1.6. População residente na Sub-bacia Billings por município nos anos de 1991 e 2000

Tabela 1.7. População da Sub-bacia Billings por município

Tabela 3.1. São Bernardo do Campo – Áreas: Urbana, Rural e de Proteção Ambiental

Tabela 3.2. Indicadores Demográficos do Estado de São Paulo e do Município de São Bernardo do Campo

Tabela 3.3. População e TGCA do Município de São Bernardo do Campo de 1950 a 2005

Tabela 3.4. Relação dos Assentamentos subnormais de São Bernardo referente ao ano de 2005

Tabela 3.5. Crescimento Demográfico em Área de Proteção aos Mananciais em São Bernardo do Campo

Tabela 3.6. Situação dos assentamentos subnormais – 2005

Tabela 3.7. Relação dos Assentamentos subnormais de São Bernardo em Área de Mananciais referente ao ano de 2005

Tabela 3.8. População nas Áreas de Proteção aos Mananciais em São Bernardo do Campo

Tabela 4.1. Síntese das Obras para o Bairro dos Alvarenga relacionadas no Plano Emergencial – 1998

Tabela 4.2. Bairros relacionados no Plano Emergencial, onde foram implantados o Programa Bairro Ecológicos

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Page 216: MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO. - livros01.livrosgratis.com.brlivros01.livrosgratis.com.br/cp108146.pdf · Prof. Dr. José Luiz Caruso Ronca Universidade de São Paulo MANANCIAIS E URBANIZAÇÃO

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