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IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras IX International Congress on Pathology and Repair of Structures João PessoaPB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 Manifestações patológicas na construção Alguns casos reais de fissuração em paredes de edifícios de concreto armado Some real cases of cracking in walls of reinforced concrete buildings Eduardo Christo Silveira Thomaz (1); Luiz Antonio Vieira Carneiro (2) (1) Professor Emérito, Instituto Militar de Engenharia, email: [email protected] (2) Professor D.Sc., Instituto Militar de Engenharia, email: [email protected] email e endereço para correspondência – [email protected] , Instituto Militar de Engenharia – Seção de Engenharia de Fortificação e Construção – Praça General Tibúrcio, n o 80, 3 o andar – Bairro Praia Vermelha/Urca – Rio de Janeiro/RJ – CEP 22290-270 Resumo As causas de fissuração em paredes de alvenaria ou de concreto de edifícios de concreto armado são várias e, de acordo com o padrão ou a posição das fissuras, podem ser explicadas a fim de que sejam tratadas e solucionadas. Este trabalho tem por objetivo apresentar alguns casos reais de fissuração em paredes de edifícios de concreto armado. Para cada caso exposto, são relatados o esquema, as causas e a solução do problema. PalavraChave: Casos reais, Fissuração, Paredes de edifícios, Concreto armado Abstract The causes of cracking in masonry walls or concrete walls of reinforced concrete buildings are varied. In accordance with the cracks pattern or position of the cracks, these causes can be explained so that they are treated and resolved. This paper aims to present some real cases of cracking in walls of reinforced concrete buildings. For each case presented, the scheme, causes and solution required to the problem are reported. Keywords: Real cases, Cracking, Walls of building, Reinforced concrete

Manifestações patológicas na construção · temperatura t de 15 oC e coeficiente de dilatação térmica do ... Fig. 1 – Caso de fissuração vertical junto ... do recalque

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IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras                                                                                                                        IX International Congress on Pathology and Repair of Structures                                                                                                                                                        João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 

 Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 

  

Manifestações patológicas na construção  

Alguns casos reais de fissuração em paredes de edifícios de concreto armado 

Some real cases of cracking in walls of reinforced concrete buildings     

Eduardo Christo Silveira Thomaz (1); Luiz Antonio Vieira Carneiro (2)  

 (1) Professor Emérito, Instituto Militar de Engenharia, email: [email protected]

(2) Professor D.Sc., Instituto Militar de Engenharia, email: [email protected] email e endereço para correspondência – [email protected] , Instituto Militar de Engenharia – Seção de Engenharia de Fortificação e Construção – Praça General Tibúrcio, no 80, 3o andar –

Bairro Praia Vermelha/Urca – Rio de Janeiro/RJ – CEP 22290-270

Resumo  

As causas de  fissuração em paredes de alvenaria ou de concreto de edifícios de  concreto armado  são várias e, de acordo com o padrão ou a posição das fissuras, podem ser explicadas a fim de que sejam tratadas e solucionadas. Este trabalho tem por objetivo apresentar alguns casos reais de  fissuração em paredes de edifícios de concreto armado. Para cada caso exposto, são relatados o esquema, as causas e a solução do problema.  Palavra‐Chave: Casos reais, Fissuração, Paredes de edifícios, Concreto armado 

 

Abstract  

The causes of cracking  in masonry walls or concrete walls of reinforced concrete buildings are varied. In accordance with the cracks pattern or position of the cracks, these causes can be explained so that they are treated and resolved. This  paper  aims  to  present  some  real  cases  of  cracking  in walls  of  reinforced  concrete  buildings.  For  each  case presented, the scheme, causes and solution required to the problem are reported.  Keywords: Real cases, Cracking, Walls of building, Reinforced concrete   

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IX Congreso Internacional sobre Patología y Recuperación de Estructuras                                                                                                                        IX International Congress on Pathology and Repair of Structures                                                                                                                                                        João Pessoa‐PB (Brasil), 2 a 5 de junho de 2013 

 Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 

1  Introdução 

As causas de fissuração em paredes de alvenaria ou de concreto de edifícios de concreto armado são várias e, de acordo com o padrão ou a posição das fissuras, podem ser explicadas a fim de que sejam tratadas e solucionadas. 

Pode‐se citar como causas de fissuração em paredes alguns efeitos de cargas de sujeição (variação de  temperatura,  recalques de  fundação), de aberturas e detalhamento da armadura  interna em paredes, de sobrecarga na estrutura, de tamanho de vigas, e de fixação de portas e janelas. 

O engenheiro deve  conhecer  as  verdadeiras  causas de  fissuração em paredes para que melhor proponha  e  elabore  um  projeto  de  reparo  e/ou  reforço  da  estrutura  a  fim  de  eliminar  este problema, com base na técnica e experiência adquiridas. 

Este  trabalho  tem  por  objetivo  apresentar  alguns  casos  reais  de  fissuração  em  paredes  de alvenaria e concreto de edificações de concreto, vivenciados pelo primeiro autor deste  trabalho [1].  Para  cada  caso  exposto  em  função  do  efeito  de  diferentes  parâmetros,  são  relatados  o esquema, as causas e a solução do problema de modo resumido. 

2  Efeito de variação de temperatura 

A Fig. 1 mostra um caso típico de fissuração em paredes de concreto armado devido à variação de temperatura no concreto. Nesta pode‐se observar  fissuras verticais  junto à  fundação e à  laje de cobertura da edificação. 

Junto  à  fundação,  ocorre  o  resfriamento  rápido  e  retração  do  concreto.  A  fundação  acaba impedindo  o  encurtamento  do  concreto,  o  que  provoca  sua  fissuração.  Junto  à  cobertura,  há acréscimo de temperatura na laje de cobertura devido à insolação. Como as paredes são ligadas à laje de cobertura, estas são tracionadas, pois a laje de cobertura se dilata com o calor. 

Aponta‐se  como  solução  para  esses  problemas  colocar  armadura  para  reduzir  a  fissuração  e realizar  cura  adequada  do  concreto  junto  à  fundação,  e  fazer  isolamento  térmico  da  laje  de cobertura. Ressalta‐se que  junto à  fundação as  fissuras não são ativas e podem ser vedadas, ao passo  que  junto  à  cobertura  as  fissuras  são  ativas,  isto  é,  abrem  e  fecham  de  acordo  com  a temperatura na laje de cobertura. Desse modo, vedar as fissuras não é solução definitiva. 

Outro caso comum é ilustrado na Fig. 2. Há fissuras inclinadas nas paredes internas de alvenaria de edifícios de parede de concreto exposta à insolação.  

A fissuração surge em função do aquecimento pelo sol das paredes externas de concreto. Assim, sobrevém a distorção das paredes  internas de alvenaria causada pelo aumento de comprimento das paredes externas de concreto aquecidas pelo sol. Observa‐se que a distorção é nula  junto à fundação e máxima junto à cobertura. A fissuração tem a mesma variação que a distorção. 

Executar isolamento térmico das paredes externas de concreto do edifício é uma solução para se evitar o problema. 

Como  exemplo  considerando  uma  parede  com  altura  l  =  100 m  submetida  a  uma  variação  de 

temperatura t de 15 oC e coeficiente de dilatação térmica do concreto de 10‐5/oC, a variação de altura desta parede é: 

l = t.l = 10‐5.15.100 = 0,015 m = 1,5 cm.                                                                               (1) 

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Essa  variação de altura da parede gera deslocamentos na estrutura e nas alvenarias e acarreta muitas vezes estalos nas esquadrias de alumínio que compõem uma janela instalada na parede de alvenaria. 

 

Fig. 1 – Caso de fissuração vertical junto à fundação e à laje de cobertura em paredes de concreto de edifícios 

 

 

Fig. 2 – Caso de  fissuração  inclinada em paredes  internas de alvenaria de edifícios  cuja parede externa de concreto recebe insolação 

 

Pode ser visualizado na Fig. 3 um caso de fissuração em parede de concreto armado com muitas aberturas,  onde  as  fissuras  se  desenvolvem  geralmente  inclinadas,  ligando  os  cantos  destas aberturas. 

A  retração  térmica  devida  ao  resfriamento  do  concreto,  aquecido  durante  a  hidratação  do cimento, e a  retração hidráulica associada à variação de  temperatura do meio ambiente geram concentração de tensões de tração junto aos cantos das aberturas, o que acarreta a fissuração. 

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Uma solução adequada é colocar armaduras inclinadas junto aos cantos de aberturas. Para evitar dificuldades de concretagem, estas armaduras não devem  ser colocadas distribuías ao  longo da espessura da parede.  A armadura mais eficiente é a colocada distribuída na face lateral da parede. 

Como é quase  imprevisível a posição exata dos  locais onde surgirão as  fissuras, é recomendável colocar as armaduras inclinadas distribuídas em todos os cantos das aberturas. 

 

Fig. 3 – Caso de fissuração inclinada em paredes de alvenaria de prédio de concreto armado 

3  Efeito de recalque de fundação 

A Fig. 4 apresenta um caso de fissuração em paredes de alvenaria de prédio de concreto armado por causa do recalque da fundação. 

Fissuras distribuídas aproximadamente em um ângulo de 45o com relação ao eixo longitudinal das vigas e algumas delas  verticais  são  comuns  surgirem em pequenas edificações que apresentam problemas  de  recalque  na  sua  fundação  tipo  direta  (por  exemplo,  sapata).  Em  estruturas  com fundação em estacas  (tipo  indireta)  também podem ocorrer estas  fissuras a 45o se há  falhas no projeto e na execução das estacas. 

Fig. 4 – Caso de fissuração inclinada em paredes de alvenaria de prédio de concreto armado 

Em geral, embaixo da “barraca” formada pelas fissuras inclinadas nas paredes de alvenaria ocorre o recalque da fundação, conforme pode ser visto na Fig. 5, o que pode ser usado como uma regra simples para se saber a localização do recalque. 

Outro  caso  de  fissuração  no  bordo  inferior  de  viga  junto  aos  pilares  e  nas  alvenarias  em edificações de concreto armado com estruturas em lajes e vigas é visualizado na Fig. 6a. 

Isso acontece também devido ao recalque de fundação, pois os esforços de tração devido à flexão da viga aumentam. Ocorre que o diagrama de momento  fletor da viga se modifica, conforme é 

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apresentado  na  Fig.  6b.  A  armadura  no  bordo  inferior  da  viga,  estando  dimensionada  para esforços  menores,  é  insuficiente  e  a  fissuração  acaba  se  tornando  intensa,  atingindo  toda  a metade dos vãos adjacentes ao pilar que recalcou. 

 

 

Fig. 5 – Esquema de formação de “barraca” de fissuras devido ao recalque de fundação  

Na prática, para  recalques pequenos de acordo com a Eq.  (2), as vigas  redistribuem os esforços internamente sem sofrer danos em serviço. 

/L ≤ 0,06.L/h.10‐3.                                                                               (2)  

Fig. 6 – Caso de fissuração no bordo  inferior da viga  junto aos pilares e  inclinada em paredes de 

alvenaria de prédio de concreto armado 

O  recalque diferencial  também pode  levar à  fissuração de  flexão em vigas e nas alvenarias em edificações de concreto armado com estruturas em pórticos de concreto armado. 

Para que danos nas vigas sejam evitados, o recalque diferencial deve ser  limitado segundo a Eq. (3). Com esta  limitação do  recalque diferencial, a viga  redistribui os esforços  internamente  sem sofrer maiores danos em  serviço.  Se  as  fissuras nas  vigas  tiverem  abertura maior que 0,3 mm, certamente medidas de reforço das fundações serão necessárias. 

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/L ≤ 0,04.L/h.10‐3.                                                                               (3) No  caso  das  alvenarias,  a  causa  da  fissuração  é  sua  distorção  excessiva  que  ocasiona  um alongamento  ε1  (v.  Fig.  7)  a  aproximadamente  45o. Quando  ε1  atinge o  valor  entre  0,05 

o/oo  e    0,10 o/oo, a alvenaria fissura. Isto ocorre para ∆o/Lo ≈ (0,1 a 0,2).10

‐3. As fissuras nas alvenarias se tornam visíveis quando ∆o/Lo ≈ (2 a 3).10

‐3. 

Edificações com estruturas em pórticos de concreto armado podem apresentar fissuras de flexão nas vigas próximas aos pilares, fissuras a 45o nas alvenarias, e fissura transversal no pilar devido ao esforço de  tração  relacionado à baixa capacidade de suporte de solos moles, como  ilustrado na Fig. 8. 

A sobrecarga oriunda de aterro sobre solo mole causa um adensamento deste com o conseqüente atrito negativo  sobre  as  estacas de  fundações. Um pilar  com  estacas em  solo não  adequado  é “tracionado” pelo atrito negativo, o que faz surgirem fissuras no “pilar tracionado”. Em geral, na prática, o atrito negativo não chega a  tracionar o pilar e neste caso a  fissuração do mesmo não ocorre. 

Para se recuperar o pilar, seria necessário refazer as fundações de modo adequado e em seguida macaquear o pilar até reintroduzir a carga de compressão do cálculo.  

 

 

Fig. 7 – Caso de fissuração em viga e em paredes de alvenaria em edificação de concreto armado  Em  função do comprimento  insuficiente de várias estacas pré‐moldadas de concreto, ocorreram fissuras  inclinadas  nas  paredes  internas  e  externas  de  alvenaria  de  uma  edificação  com  4 pavimentos, conforme mostra a Fig. 9.  Em geral, as fissuras se distribuíam nos cantos das janelas e portas, onde há a concentração de tensões de tração nas paredes de alvenaria. 

A  causa  dessa  fissuração  teve  por  base  uma  única  sondagem  geotécnica,  que  levou  a  um comprimento de projeto  insuficiente de várias estacas. Não houve monitoração da cravação das estacas e controle da resistência do solo no momento da cravação destas.  No trecho onde o solo resistente  estava  mais  profundo,  as  estacas  ficaram  curtas  e,  portanto,  sem  a  resistência necessária. 

A cravação de estacas adicionais até o solo resistente foi a solução para o problema apresentado. Para  evitar  o  ocorrido,  é  necessário  executar  um  número  correto  de  sondagens  geotécnicas  e monitorar a cravação das estacas de modo a detectar variações, não previstas, da resistência do solo. 

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Fig. 8 – Caso de  fissuração em viga, em paredes de alvenaria e pilar em edificação de concreto 

armado  

 

Fig. 9 – Caso de fissuração em paredes internas e externas de alvenaria de uma edificação com 4 pavimentos

 

Observou‐se  que  as  fissuras  começaram  a  surgir  já  durante  a  fase  de  construção  do  prédio  e aumentaram  logo a seguir.   Após a execução do reforço da fundação, as fissuras foram  injetadas com resina e não mais abriram. 

4  Efeito de aberturas em paredes 

A Fig. 9 mostra um caso de  fissuração em parede de concreto armado com abertura e sujeita à elevada tensão de compressão. As  fissuras são verticais,  localizadas acima e abaixo da abertura, aproximadamente no centro da abertura, conforme pode ser visto na Fig. 9a. 

O desvio das trajetórias de tensão de compressão, causado pela abertura na parede, gera tensões de tração nos bordos superior e  inferior da abertura, o que  leva à  fissuração da parede. Quanto maior  a  tensão média  de  compressão  na  parede  p  (v.  Fig.  9b), maior  será  a  força  de  tração resultante Rt, cujo valor é: 

Rt = 0,15.p.b.L.                                                                               (4) 

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Cabe destacar que a tensão de compressão junto aos bordos verticais da abertura é muito maior que a tensão média de compressão (v. Fig. 9c). É  indispensável a verificação dessa concentração de tensão para evitar o esmagamento do concreto.

A colocação de armadura horizontal nos bordos superior e  inferior da abertura  (v. Fig. 9d) pode impedir a fissuração do concreto. Para manter pequena a abertura da fissura, limitar a tensão de utilização do aço (CA‐50) a 200 MPa.  

Fig. 9 – Caso de fissuração em parede de concreto armado com abertura e sujeita à elevada tensão 

de compressão 

5  Efeito de detalhamento de armadura interna 

Na Fig. 10 pode  ser visto um exemplo de  fissuração em parede de  reservatório de água ou de proteção  radiológica,  onde  há  fissura  de  "reunião"  no  interior  da  parede  em  detrimento  da estanqueidade líquida ou da proteção contra raios gama. 

A  causa  dessa  fissuração  pode  ser  atribuída  à  má  distribuição  e  localização  das  armaduras internas. Como  as  armaduras para  controle da  abertura de  fissura  são,  em  geral,  posicionadas  apenas próximo às superfícies das faces da parede, a abertura das fissuras no interior das peças é maior que  a das  fissuras na  superfície. A  fissura no  centro da peça é  formada pela  reunião de diversas fissuras de superfície. 

Em casos de paredes de proteção radiológica, por exemplo, contra raios gama, deve‐se também utilizar essas armaduras no interior das paredes, para reduzir a abertura de fissura. Como os raios gama  só  se propagam em  linha  reta, quanto mais  camadas de armadura houver, menor  será a abertura de fissura e menor a probabilidade da parede ser atravessada em linha reta por um raio gama. 

Se  a  parede  for  para  vedação,  por  exemplo,  uma  parede  de  reservatório  de  água,  pode  ser  necessário  colocar várias malhas de armadura ao  longo de  toda a espessura da parede,  com o objetivo de reduzir a abertura da  fissura e, em conseqüência, reduzir a perda do  líquido através 

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 Anais do IX Congresso Internacional sobre Patologia e Recuperação de Estruturas – CINPAR 2013 

das  fissuras. As malhas  internas  devem  ser  colocadas  defasadas  das malhas  da  superfície  para  redistribuir as aberturas das fissuras. 

Fig. 10 – Caso de fissuração em "reunião" no interior de parede de concreto armado 

6  Efeito de sobrecarga na estrutura 

Fissuras horizontais e inclinadas, no topo de parede de alvenaria (parede 1) e ao longo de parede de alvenaria de fechamento (parede 2) executadas na extremidade de laje em balanço de prédio de 2 pavimentos em estrutura de concreto armado, podem ser visualizadas na Fig. 11. 

Essas  fissuras  acontecem  em  função da deformação  excessiva da  laje  em balanço  submetida  a cargas elevadas colocadas (por exemplo, arquivos de aço cheios de papel) e da deformação lenta do concreto da laje em balanço. 

Como  solução,  recomenda‐se  em  fase  de  projeto  adotar  espessura  grande  para  as  lajes  em balanço ou usar vigas em balanço, pois são mais rígidas. 

Caso  o  problema  tenha  ocorrido  após  a  obra  executada,  recomenda‐se  cobrir  as  fissuras  com argamassa mantendo‐se  carregada  a  laje em balanço. Essas  fissuras voltam  a  aparecer após os reparos,  devido  à  deformação  lenta  do  concreto,  embora  em  intervalos  de  tempo  cada  vez maiores. Se a carga na  laje em balanço for retirada para ser feito o serviço de reparo, as fissuras abrem de novo após a obra, pois a laje volta a se deformar quando for recarregada.      

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Fig. 11 – Caso de fissuração horizontal no topo de parede de alvenaria executada na extremidade 

da laje em balanço de prédio de 2 pavimentos em estrutura de concreto armado A Fig. 12 mostra um caso de fissuração na forma de “barraca” e ao longo do rodapé em parede de alvenaria apoiada sobre laje lisa de concreto protendido de um edifício. 

Esse problema pode ser atribuído a uma carga excessiva na  laje por conta do empilhamento de sacos de areia junto à parede. Mesmo após a retirada da carga excessiva, a fissuração permanece, pois o concreto da laje apresenta deformação lenta irreversível. 

 

Fig. 12 – Caso de fissuração em parede de alvenaria apoiada sobre laje lisa de concreto protendido 

de um edifício  

Como  exemplificação,  a  Fig.  13  apresenta  o  comportamento  do  encurtamento  do  concreto  ao longo do  tempo  [2]. Pode‐se observar nesta  figura que, para estágio  inicial de carregamento do concreto,  o  encurtamento  do  concreto  é  elástico,  após  o  que  passa  a  ser  lento.  Depois  do descarregamento,  nota‐se  imediatamente  após  a  recuperação  elástica  um  encurtamento irreversível. 

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Fig. 13 – Comportamento do encurtamento do concreto ao longo do tempo 

 

Usar  lajes lisas protendidas mais espessas e evitar sobrecarga excessiva (sacos de cimento, areia, entulho) podem ser algumas das soluções para evitar esse tipo de  fissuração. Recomenda‐se, ao invés de paredes de alvenaria de tijolo, executar tipos de paredes divisórias compatíveis com as deformações dessas lajes lisas protendidas. 

7  Efeito do tamanho de vigas 

A Fig. 14 apresenta um caso de  fissuração na  interface entre parede de alvenaria e viga de uma edificação de concreto armado. 

Uma das causas dessa fissuração é o grande vão da viga que apóia as paredes de alvenaria, fruto do uso de uso de  concretos  com  resistência  à  compressão  característica mais elevada  (fck  ≥ 35 MPa). Vigas com vãos maiores que 5 m são usuais atualmente, o que não ocorria com vigas de concreto de fck = 20 MPa. 

A conseqüência imediata é o surgimento, nas vigas, de grandes flechas imediatas e lentas, pois o módulo  de  elasticidade  do  concreto  não  aumenta  na mesma  proporção  que  sua  resistência  à compressão. 

Daí resulta o aparecimento de grandes fissuras nas paredes de alvenaria, principalmente no último pavimento, pois a cobertura tem menor carga de paredes de alvenaria e se deforma menos. Nos andares  intermediários também surgem grandes fissuras devido às diferenças de carga acidental (sobrecarga) nos diversos pisos. 

É  difícil  evitar  essas  fissuras  nas  paredes  de  alvenaria,  a  não  ser  que  sejam  usadas  vigas  com grande altura e elevada rigidez. Neste caso, não se aproveita a elevada resistência do concreto à compressão. 

As flechas imediatas, devido à carga permanente na viga, não têm influência significativa, pois os revestimentos  da  parede,  ainda  na  fase  de  execução,  cobrem  as  eventuais  fissuras  entre  as paredes de alvenarias e as vigas. As flechas lentas, sim, geram problemas, assim como as flechas causadas pelas sobrecargas variáveis.  

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As fissuras nas paredes de alvenaria externas acabam conduzindo a infiltrações de água da chuva, gerando grandes transtornos para o morador. 

 

Fig. 14 – Caso de  fissuração na  interface entre parede de alvenaria e viga de uma edificação de concreto armado 

 

Projetar  e executar pendurais de  concreto  armado entre  todos os pavimentos, nas paredes de alvenaria internas e externas de modo a ter painéis de paredes menores que 3 m, é uma solução para esse problema, de acordo como mostrado na Fig. 15. 

Com a colocação de pendurais, as flechas diferenciais entre os pisos desaparecem e as fissuras não se formam ou as que se formam são imperceptíveis. 

 Fig. 15 – Esboço de distribuição de pendurais em uma edificação de concreto armado com vigas de 

grandes vãos 

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As  forças normais nos pendurais são pequenas, pois estes não se apóiam nas  fundações. Alguns pavimentos, mais carregados, tendem a se deformar mais que os outros. Os pendurais equilibram as diferenças das cargas. Como os pendurais ligam todos os pavimentos, surgem pequenas trações ou compressões. 

As dimensões dos pendurais podem  ser mínimas,  como por  exemplo os  com  seção  transversal     15 cm x 20 cm. Esse  tipo de solução estrutural  tem sido muito usado nas novas edificações em concreto armado com grandes vãos, pois o resultado é a eliminação das indesejáveis fissuras nas interfaces entre as paredes de alvenaria e as vigas. 

As  armaduras  tracionadas  dos  pendurais  devem  ser  dimensionadas  e  detalhadas  prevendo‐se adequada  ancoragem  das  barras  (v.  Fig.  16).  Esse  tipo  de  pendural  tem  sido  usado  com  bons resultados por engenheiros que usam softwares nos projetos de edificações. 

Também se usa esse tipo de pendural em lajes lisas, quando são construídas paredes sobre essas lajes. Nessas lajes lisas, sem vigas, esse tipo de fissuração é ainda mais freqüente. As fissuras têm abertura ainda maior do que as fissuras em estruturas com vigas. 

Os  pequenos  painéis  de  alvenaria,  totalmente  emoldurados  por  vigas,  pilares  e  pendurais, funcionam como enrijecedores da estrutura para esforços horizontais como o vento, embora não se possa considerar no cálculo das estruturas. 

Também é aconselhável o uso de pingadeiras nas alvenarias externas, exatamente na interface da alvenaria com a viga, como mostrado na Fig. 17. Isso evita infiltrações de água nessa região onde pode haver fissuração. 

Fig. 16 – Esboço de detalhamento de armadura interna de um pendural 

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Fig. 17 – Esboço de detalhamento de uma pingadeira 

8  Efeito de fixação de portas e janelas 

Fissuras nas paredes de alvenaria (v. Fig. 14) de uma edificação, na região dos pontos de fixação de portas e  janelas, podem  surgir por causa de esforços de encunhamento da parede oriundos de força criada com a introdução dos pregos. 

Sendo elevado esse esforço de encunhamento, a tensão de tração criada na parede de alvenaria (v. Fig. 15) pode superar sua resistência à tração, o que ocasiona o aparecimento das fissuras. Os esforços que surgem são semelhantes aos esforços de encunhamento no ensaio de compressão diametral desenvolvido pelo Prof. Lobo Carneiro.

Para  solucionar  esse  problema,  sugere‐se  usar  parafusos  com  diâmetro  e  comprimento adequados.  Fazendo  um  pré‐furo  por meio  de  uma  furadeira,  pode‐se  reduzir  a  expansão  da madeira e, portanto, diminuir a  fissuração. As dimensões do parafuso e do pré‐furo devem  ser testadas antes da colocação das guarnições das portas e janelas. 

Quando se usa a chamada “porta pronta”, a fixação no vão da parede pode ser feita com espuma de  poliuretano.    Após  encaixar  a  “porta  pronta”  no  vão  da  parede,  aplica‐se  a  espuma  de poliuretano em 3 pontos, em cada lado da porta, com aproximadamente 20 cm cada. Para a cura completa do poliuretano, esperam‐se 24 horas [3].   

  

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Fig. 14 – Caso de fissuração em parede de alvenaria na região dos pontos de fixação de portas de 

um edifício

Fig.  15  –  Esboço  de  tensão  de  tração  (expansão)  criada  devido  a  esforços  de  encunhamento 

oriundos de força criada com a introdução dos pregos nos tacos de madeira de fixação dos marcos de portas e janelas 

 

9  Considerações Finais 

Este trabalho apresentou alguns casos reais de fissuração em paredes de alvenaria e concreto de edificações  de  concreto,  de  acordo  com  o  efeito  de  diferentes  parâmetros  e  relatados sucintamente segundo o esquema, as causas e a solução do problema. 

Em  algumas  edificações,  o  uso  de  concreto  de  alta  resistência  torna  as  lajes  e  vigas  muito deformáveis, em função das menores espessuras e das maiores esbeltezes, o que tem  levado ao aumento do número de problemas  causados por  fissuras  e mesmo  por  trincas nas paredes de alvenarias e de concreto. Esses problemas devem  ser evitados pelo calculista da estrutura, pois cabe a ele o controle da deformabilidade das lajes e vigas. 

O uso de pendurais com pouca armadura entre pavimentos de uma edificação é uma boa solução para  evitar  a  fissuração  nas  paredes.  As  empresas  construtoras  e  incorporadoras  têm  dado preferência a esta solução, pois a formação de fissuras nas paredes de alvenarias fica restringida, o que evita gerar reclamações na justiça para indenizações e refazimentos, e grandes despesas. 

Referências 

[1] Thomaz  E  C  S.  Fissuração  do  concreto:  exemplos  de  casos  reais.  Disponível  em: <http://aquarius.ime.eb.br/~webde2/prof/ethomaz/>. Acesso em: fev. 2013. 

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[2] Mindess S, Young J F, Darwin D. Concrete, Chapter 16, Time–Dependent Deformation, 2th ed. Prentice Hall; 2002. 

[3] Lopes, J R P. Multidoor, Revista Techné, n. 45, março; 2000.