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Manual de
em Espaços VerdesBragança
Câmara Municipal2010
Boas Práticas
Boas Práticas
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Coordenaçãoeditorial: JoãoC.Azevedo ArturGonçalves
Autores: AmílcarTeixeira AnaMariaCarvalho AnaMariaGeraldes AntónioCastroRibeiro ArturGonçalves CarlosAlexandreChaves ErmelindaPereira JaimePires JoãoC.Azevedo JoãoPauloMirandadeCastro LuísNunes ManuelFeliciano MargaridaArrobas MariaAlicePinto MariadoSameiroPatrício PauloCortez StephenG.Dicke
Design: AtilanoSuarez–ServiçosdeImagemdoInstitutoPolitécnicodeBragança
Impressão:Escola Tipografica - Braganca Tiragem:10000exemplares DepósitoLegal:316446/10 ISBN:978-989-8344-08-3 Edição: CâmaraMunicipaldeBragança·2009 FortedeS.JoãodeDeus 5301-902Bragança·Portugal http://www.cm-braganca.pt
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3.9 Inventário e gestão da informação João Paulo Miranda de Castro,Luís Nunes e Paulo Cortez
A árvore no meio urbano Nahistóriadequalquerterra,aldeiaoucidade,
comoporexemploBragança,decertoseencontrarãorelatosinteressantesacercadumaárvore,queinclusiva-mentepossaterdesempenhadoumimportantepapelhistórico. Na Quinta daTrajinha, em Bragança, existeumTeixosecular,provavelmentecommaisde500anos.Quemateráplantado,quandoexactamenteeporquêumTeixoenãooutraárvore?Nãosesabe.Dequalquermodoquandoavemoshoje,ficamosmaravilhadospor-quedefactoéummagníficoexemplar,egostaríamosdesabermaisalgumacoisasobreela.Atéporissoserevestedemaiormistério.
As árvores são agradáveis para a generalidadedaspessoas,existindomesmoumdiadaárvore–21deMarço.Gostamosdelas.Preocupamo-noscomelas.Que-remosquesejambemtratadas.Mastambémqueremosquenãonosestorvem,nãoentravemo“progresso”,nãoconstituamperigo,nemcausemalergias.Porumaououtraqualquerrazão,aindaquemuitasvezesinfundada,nãoéraroassistirmosaoseuabate.Tambémsevêemporvezesmovimentosactivistascontraoabatedumaououtraárvorecompletamentedecrépita.
ObservandoaalamedadeplátanosdaAvenidadeSantaApolónia,aqualfoiformadaempoucomaisde10anos,verificamosqueseplantaram,cresceram,etornaramárvoresfrondosas,cuidadosamentepodadas,sem exageros, certamente por pessoal especializado.Proporcionam uma agradável sombra no verão. Noentanto,nalgunscasos,estãoarebentarospasseios.
Caso de rebentação de pavimento de passeio provocado por Plátano.Alameda Santa Apolónia (árvore número 93039).
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Planeamento e Gestão de Parques Arbóreos UrbanosAresponsabilidadedegestãodoparquearbóreo
dacidadedeBragançacabeàDivisãodoAmbientedaCâmaraMunicipaldeBragança,eassuaspreocupaçõesvãomuitoparaalémdaescolhacriteriosadeespéciesaplantar.Antesdeseplantar,énormalmenteavaliadaaadaptaçãodecadaespécieaumlocal,assimcomoosimpactospositivosenegativosdomeioambienteparaaárvoreevice-versa.Mesmocomumbomplaneamen-toegestão,sóa posterioriéquesepodeconfirmarseumadeterminadaespécieseadaptoumelhoroupiornumqualquerlugar.Aindaqueissopossaserprevisí-vel.Quandonãoháumbomplaneamentoéfrequenteobservar,maistardeoumaiscedo,árvoresaestorvaredifícios ou a circulação, a danificar passeios, entreoutrosinconvenientes.Repare-setambémqueomeiourbanonãoéoidealparaamaioriadasárvores.Defacto,algumas suportam melhor essas condições adversas.Umaárvorepodeassimtambémadoecerenecessitar
decuidadossemosquaisconstituiráumperigoparabensepessoas.Algunsdessesmalessãoprovocadospor asfixia radicular, como acontece frequentementenosparquesdeestacionamentoepasseioscomcaldei-raspequenas,masasárvorestambémadoecemnoseuambientenatural.
É também da responsabilidade da autarquia opagamento de indemnizações por danos causadosporárvores.Assim,a identificaçãodosperigos,comoos ramosmortos,e remediaressesperigos,de formaatempada,antesquecausemferimentosoudanos,éumamedidafundamentaledebomsenso.
Umoutrofactorimportanteconsistenaindemni-zaçãoapagaràautarquiapordanoscausadosaárvoresporterceiros.Oinventárioeabasededadosqueaquisedescrevempermitemsaberqualovalordecadaárvore.A sua avaliação nunca será feita de forma tão isenta,depoisdosdanoscausados.
Noqueserefereàgestãocorrentedaautarquia,nãonospodemosesquecerqueosespaçosverdesacarretamencargosbastante elevados. E a gestão dasárvoresenvolvecustos,osquaistêmdeserdevidamenteavaliados,orça-mentados,cabimentados…
Árvore com sintomas de escaldão. Plátano bastardo - Alinhamento da Av. das Cantarias. (árvore número 139050, entretanto removida).
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situação.Porexemplo:quantasárvoresdaAlamedadeSantaApolónianecessitamdepodadeformação?Outroexemplo:quantostutoresterãodesercompradosnopróximo ano? Ainda outro exemplo: quantas árvoresterãodeserabatidasporestaremaconstituirumperigo?Ecomqueprioridade?Emquelocal?
De momento, a nossa preocupação residiu nasárvores.Outrosinventáriosnagestãodosespaçosver-desdacidadeseconsideraramtambémnecessárioseserãoporissofuturamentepensados.
Tomadasasconsiderações,aCâmaraMunicipaldeBragança(CMB)eoInstitutoPolitécnicodeBragança(IPB) decidiram desenvolver trabalho conjunto nestaárea,tendosidocriadoumaferramentadeapoioaosgestoresdoparquearbóreo.Tomaram-seasseguintespremissas:
1. Definição do indivíduo –Decidiu-seconside-rarcomoindivíduoolocaldeplantação,quesechamade“caldeira”,enãoaárvoreemsi.Epor-queumaárvorepodemorrer,ousersubstituídaporoutra que não seadaptou,ouporque foivítimadevandalismo.Umaárvoreocupanumdadomomentoumlugar–acaldeira.
2. Definição do inventário–Ficoudemonstradaanecessidadeduminventáriocompletoedeta-lhadodetodasasárvores,emcadarua,comaidentificaçãodaespécie,dimensões,localizaçãoecondiçãodaárvore.
3. Gestão da informação–Reconheceu-sequea informação deveria ser dinâmica e de fácilacesso,edeactualizaçãoquotidiana.Aconsultadainformaçãodeveriatambémsercomváriosníveisdeacesso, servindopropósitosdos jar-dineirosegestores,disponibilizandorelatóriosestatísticos e técnicos, com informação mais
Inventário Arbóreo Urbano da CMBOInventáriodasárvoresemmeiourbanoéas-
sim essencial para a adopção de medidas de gestãoadequadas.Paraarápidaidentificaçãodecadaárvoreorecursoaoseumapeamentoéfundamental.Verificou-sequeumatalferramentadegestãopoderiatambémsermuitoútilparaavaliaremcadamomentooestadoda
Pormenor do levantamento geográfico utilizado para o inventário das árvores.
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oumenosdetalhadaconsoanteosobjectivos.4. Histórico de informação –Reconheceu-se a importância dapreservaçãodohistóricodasobser-vações.Sócomumarquivohistóricode cada árvore se pode avaliar aadaptabilidadelocal.Poroutroladotornam-seassimpossíveisrelatóriosde actividades e contabilização decustos.Esótambémassimsepoderáamanhã saber mais alguma coisaacercadumaárvore,comogostarí-amosdesaberhojeacercadoTeixodaQuintadaTrajinha.
Apósanálisedoparquearbó-reo de Bragança, o passo seguinteconsistiu na pesquisa de soluçõesparaoproblema.Aspremissascon-sideradasdeinícioparaodesenvol-vimentodaferramentadegestãodoparquearbóreodeBragançaforamasseguintes:• Informação existente sobre atoponímia, organizada por unida-des de arruamento, tais como, rua,
Aspecto do Sistema de Informação Geográfica (SIG) da CMB.
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praceta,rotunda,avenida,parquesdeestacio-namento,jardim(verformulário).
• Existênciadumsistemadeinformaçãogeográfi-cadetalhado,incluindoruas,lancisdepasseios,jardinsecasas.
• Existência duma base de dados relacional nagestãodainformação.
Algunsaspectosdoinventáriodasárvores:1.Talequalcomoasnossascasas,quepossuem
umnúmerodepolícia,númeropardumlado,ímpardooutro,tambémcadaárvoredaCMBpossui um número único e exclusivo que in-corporaumnúmerosequencialdeárvoreporunidade de arruamento. Esta numeração dasárvoresficoudefinidaàpartida:umnúmerode6dígitos.
2.O procedimento de inventário inicia-se emgabinete,planeando-seaszonasainventariar,
imprimindo-semapasepreparando-sefichasdecampo.Aavaliaçãodasárvoresefectua-senoterreno,medindo-seaalturatotal,odiâme-trodacopaedotronco,eaposiçãogeográficada caldeira (árvore) através de receptor GPSdegrandeprecisão.Estaavaliaçãodasárvorestemvindoaserfeita,porpessoalespecializado,capazdeavaliarumaárvore(identificardoençasde árvores, sugerir tratamentos, podas, entreoutrosdados).
3.Apósolevantamentoexaustivodasárvores,éintroduzidaainformaçãonosistemadeinfor-maçãogeográfica(quenãoémaisdoqueummapanocomputador)enumabasededados.UmadasmelhoriasaimplementarbrevementeseráaeliminaçãototaldepapeleautilizaçãodecomputadoresdemãocomGPSincorporado.
Aavaliaçãodoestadosanitáriodasárvoreséfeitacombasenométodo“Visual Tree As-sessment”(VTA)-Métododetalhadodeavaliaçãodoestadosanitáriodasárvores, segundo o RegulamentoEuropeu1696/87,baseadonosprin-cípios da biomecânica da árvore enoaxiomadetensãoconstante.Estametodologia subdivide-se em três
Folha de rosto da base de dados da toponímia.
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fases:Aprimeirafaseconsistindonumcontrolevisualdesintomasedefeitos,assimcomodavitalidadedasárvores.Namaiorpartedasvezesaavaliaçãoterminalogoapósaprimeirafasenãosendodetectadassitua-çõescríticas.Casocontrário,avança-separaaseguinteetapaqueconsistenaavaliaçãodagravidadedosdanosinternos das árvores como cavidades e podridões. Amediçãodosdefeitoseaavaliaçãodaestabilidadedaárvoredeveráserefectuadanumaterceirafase,comousodeinstrumentaçãoespecífica(resistógrafo,verruma,martelodeimpulsos,sondasdeaço,etc.)(Martins,2007).
Algumas conclusões que podem ser tiradas: asduasespéciesmaisrepresentativasnaarborizaçãodacidadesãoobordo(ouplátano-bastardo)(Acer pseudo-platanus)eoplátano(Platanus orientalisvar.acerifolia)(ousinónimo,Platanus x hispânica),superando30%donúmerototaldeárvores.Logodeseguida,umgrupode4espécies:Carvalho-americano(Quercus rubra),Bôrdonegundo (Acer negundo), tília (Tillia sp.) e“Árvore doâmbar”(Liquidambar styraciflua)que,emconjuntocom
asduas espécies antes referidas, ultrapassam os60%donúmeroglobaldeárvores.Todasestasespéciessãoexóticas.Aoníveldogénero,osbôrdos(Acer)predomi-nam,comas3espéciesporordemdecrescente, Acer pseudoplatanus,Acer negundoeAcer campestre.Oráciopercentualentrefolhosaseresinosasestima-seem95/5.
Quantoàsespéciesautóctones,estasrepresen-tam cerca de 10% no número total de árvores. Entreestas destaca-se o lódão bastardo (Celtis australis). Oazevinho(Ilex aquifolium)eovidoeiro(Betula celtiberi-ca),sãooutrasespéciesnativaslocaisencontradasnaarborizaçãodacidade.Dentrodestegrupo,podemostambém encontrar ainda que pontualmente pelacidade, a oliveira (Olea europea), a azinheira (Quercus rotundifolia),ofreixo(Fraxinus excelsior),ocastanheiro(Castanea sativa),ocarvalhonegral(Quercus pyrenaica)eoulmeiro(Ulmus minor).Depois,ejácomestruturaar-bustiva,encontramosoteixo(Taxus baccata),opilriteiro(Crataegus monogyna)eozimbro(Juniperus communis).
Bibliografia Martins,L.M.2007.Inventário e Aval-iação da sanidade das árvores de Amarante - Relatório Final.UTAD,73pp.(C.MUN.AMARANTE)
Folha de rosto da base de dados das árvores.