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MATERIAL DE APOIO: MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA A SALA DE CURATIVOS

MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA A SALA DE CURATIVOS · 2020-05-03 · ótimo para cura da ferida, como: películas polimerizadas, espumas polimerizadas, polímeros fibrosos e de partículas,

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MATERIAL DE APOIO:

MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA A SALA

DE CURATIVOS

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FERIDAS E CURATIVOS

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MANUAL DE PROCEDIMENTOS PARA A SALA DE CURATIVOS

Procedimento Operacional Padrão (POP) – AClin/INTS Ações Sociais

CURATIVO

DEFINIÇÕES

Curativo: é um procedimento utilizado para a limpeza, proteção e tratamento das lesões.

O curativo consiste no cuidado dispensado a uma região do corpo com presença de uma ruptura da

integridade de um tecido corpóreo.

Jeter e Tintle (1991) destacam na historia a riqueza em procedimentos e materiais pungentes,

coloridos e ritualísticos, usados no cuidado com as lesões. Alguns exemplos de elementos usados em

curativos ao longo da historia são: teias de aranha, fezes, hidroterapias e outros tantos.

Nas três últimas décadas os investimentos na área de curativos aumentaram. As coberturas de

feridas evoluíram dos curativos passivos (gazes, compressas), para curativos ativos (interativos,

bioativos), alterando o tratamento de feridas.

O objetivo da cura da ferida implica em recuperar a continuidade entre as bordas da ferida e

restabelecer a função do tecido, implicando em complexos processos de regeneração e reparação.

O CURATIVO IDEAL

O melhor curativo é aquele que imita a pele e mantém um ambiente úmido a fim de favorecer a

migração celular.

Turner (1982) expressa alguns critérios do curativo ideal:

- manter alta umidade no espaço entre ferida/ curativo

- remover o excesso de exsudato e componente tóxico

- permitir trocas gasosas

- promover isolamento térmico

- dispor de proteção contra infecção secundaria

- estar livre de partículas e contaminantes tóxicos

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FERIDAS E CURATIVOS

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- permitir sua renovação sem trauma na troca

- dispor de vários tamanhos

- proporcionar conforto ao cliente

TIPOS DE CURATIVOS

1ª Classificação:

a) Passivos: são utilizados produtos que protegem e cobrem as feridas, como: algodão, gazes,

gazes medicadas, esparadrapos, micropore, fitas cirúrgicas. Atualmente este e o tipo de curativo

utilizado nesta unidade.

b) Interativos ou hidroativos: são utilizados materiais projetados para manter um microambiente

ótimo para cura da ferida, como: películas polimerizadas, espumas polimerizadas, polímeros fibrosos

e de partículas, hidrogéis, hidrocolóides.

c) Bioativos: são curativos que resgatarão ou estimularão a liberação de substancias ativas durante

o processo de cura, como: alginato de cálcio, polissacarídeos, hidrogéis, hidrocolóides.

2ª Classificação:

Simples ou aberto: consiste na limpeza das lesões com anti-sépticos e aplica-se medicação sem

cobrir o local da lesão. Ex.: escoriações.

Oclusivo: o ferimento não fica exposto. Pode ser:

a) seco: uma camada de gaze e prender com atadura ou esparadrapo.

b) úmido: aplica-se solução anti-séptica para remover as bactérias, as células descamadas, crostas

e exsudato inflamatório e o ferimento é protegido com gaze umedecida.

c) compressivo: colocada compressa para interferir na hemostasia sangüínea.

Contensivo: aquele que se utiliza recursos para manter aproximação das bordas da ferida.

Através de esparadrapos em forma de margarida e X, aderidos às espátulas e outros.

FINALIDADES DOS CURATIVOS

· Remover corpos estranhos;

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FERIDAS E CURATIVOS

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· Limpar a lesão;

· Reaproximar bordas separadas;

· Promover hemostasia;

· Evitar o aparecimento de infecções nas feridas assépticas;

· Impedir a propagação de infecções nas feridas sépticas;

· Preencher espaço morto e evitar a formação de sero-hematomas;

· Manter contato de medicamentos junto às feridas e adjacências;

· Fazer debridamento mecânico e remover tecido necrótico;

· Absorver exsudato e secreções e facilitar a drenagem;

· Manter a umidade da superfície da ferida;

· Fornecer isolamento térmico;

· Proteger e isolar a ferida do meio externo e contra trauma mecânico. Favorecer a cicatrização da

ferida;

· Limitar a movimentação dos tecidos em torno da ferida;

· Proporcionar maior conforto físico e psicológico aos clientes;

· Diminuir a intensidade da dor.

TÉCNICA BÁSICA DE CURATIVO

1. Lavar as mãos com água e sabão, secar e friccionar álcool 70% glicerinado;

2. Reunir o material necessário e levá-lo até o paciente;

3. Explicar-lhe o que será feito;

4. Descobrir ou cobrir o paciente conforme a necessidade;

5. Colocar a cuba-rim ou bandeja de inox próxima ao local do curativo protegida com papel

toalha;

6. Abrir os pacotes de curativo com técnica asséptica, dispor as pinças em ordem de uso.

Delimitar imaginariamente espaço livre no campo para separar o material contaminado da

área estéril;

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FERIDAS E CURATIVOS

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7. Abrir os pacotes de gaze;

8. Remover o curativo anterior (em caso de troca), o que poderá ser feito com as mãos

enluvadas ou com pinças;

9. Deve ser feita uma limpeza da pele adjacente à ferida, utilizando uma solução que contenha

sabão, o que removerá mecanicamente alguns patógenos e vai também melhorar a fixação

do curativo à pele.

10. Fazer um chumaço de gaze e embebê-lo com soro fisiológico, mantendo uma distância em

torno de 20cm entre o frasco e o chumaço. Proceder à limpeza da área seguindo o princípio

do menos para o mais contaminado: a limpeza deve ser feita da área menos contaminada

para a mais contaminada, evitando-se movimentos de vaivém. Nas feridas cirúrgicas, a área

mais contaminada é a pele localizada ao redor da ferida, enquanto que nas feridas infectadas

a área mais contaminada é a do interior da ferida.

11. Secar toda a área com chumaços secos de gaze;

12. Fazer novo chumaço, embebê-lo com solução anti-séptica (PVPI tópico) e aplicar na ferida;

13. Deve-se remover as crostas e os detritos com cuidado, lavar as feridas com soro fisiológico

em jato ou com PVPI aquoso (em feridas infectadas, quando houver sujidade e no local de

inserção dos cateteres centrais)

14. Em feridas contaminadas, deve-se iniciar a anti-sepsia da área mais distante para a mais

próxima da ferida;

15. Secar toda a área na mesma seqüência;

16. OBS: quando necessário usar pomadas, aplicar sobre a espátula e esta sobre a ferida.

17. Cobrir o ferimento com gazes abertas ou dobradas e atadura conforme a extensão da ferida;

Desprezar as pinças na cuba-rim;

18. Fixar as gazes com esparadrapo ou micropore; em certos locais o esparadrapo não deve ser

utilizado, devido à mobilidade (articulações), presença de pêlos ou secreções. Nesses locais

deve-se utilizar ataduras, estas devem ser colocadas de maneira que não afrouxem nem

comprimam em demasia. O enfaixamento dos membros inicia-se da porção distal para a

proximal e não deve ocasionar nenhum tipo de desconforto ao paciente.

19. Identificar um esparadrapo sobre o curativo com o nome de quem o realizou, data, hora e

assinatura;

20. Confortar o paciente;

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21. Desprezar o material contaminado em sacos de lixo distintos conforme determinado pela

Vigilância Sanitária;

22. Encaminhar o material usado à Central de Esterilização de Materiais;

23. Lavar as mãos e friccionar com álcool 70% glicerinado;

24. Anotar o procedimento no prontuário do paciente.

FASES DO CURATIVO

1a: remoção do curativo anterior e limpeza das bordas distantes, utilizando-se de pinça dente

de rato e Kocher.

2a: fazer a limpeza da ferida utilizando-se de pinça anatômica ou Kelly, iniciando da área

menos contaminada para a mais contaminada.

3a: no tratamento das feridas fazer a aplicação de anti-sépticos indicados, pomadas e outros,

utilizando-se de pinça anatômica e Kelly.

4a: na confecção do curativo de proteção, se necessário, usar pinça Kelly e anatômica.

PRINCIPIOS E CUIDADOS DE ENFERMAGEM CONCERNENTES A REALIZAÇÃO DE CURATIVOS

Primeiro princípio: pele e mucosa albergam normalmente germes Os cuidados são:.

1) Lavar as mãos antes e depois de atender o paciente

2) Manipular o material estéril sempre com auxilio de pinças ou luvas estéreis

3) Limpar a ferida com soro fisiológico 0,9%

4) Empregar anti-séptico (se necessário) na ferida e ao redor da mesma

5) Orientar o cliente sobre os cuidados: não tocar com a mão na ferida, não falar sobre a lesão,

não pegar em materiais esterilizados

Segundo princípio: os germes se encontram no ar. Os cuidados são:

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FERIDAS E CURATIVOS

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1) Deixar a ferida e os materiais estéreis expostos o menor tempo possível

2) Preparar o ambiente: fechar as janelas, evitar correntes de ar

3) Dispor o material de modo que fique cômodo para o profissional e o cliente, evitando ao

máximo a contaminação

Terceiro princípio: a umidade facilita o crescimento e a proliferação dos germes. Os cuidados são:

1) As feridas que drenam necessitam troca de curativos cada vez que estejam úmidos com

exsudatos

2) Se há contra indicação para mudar freqüentemente o curativo este poder ser reforçado com

mais gazes estéreis secas, para inibir a passagem de germes do exterior para a ferida

3) A parte externa do curativo de uma ferida com drenagem está muito contaminada – zelar ao

fazer sua troca e manter o exterior seco

Quarto princípio: os líquidos circulam para baixo com o resultado da gravidade. Os cuidados são:

1) Conservar as pinças com as pontas voltadas para baixo

2) A zona de maior contaminação de uma ferida que está drenando está na parte de baixo, por

isso em curativos com dreno o reforço de curativos deve ser feito na parte inferior

Quinto princípio: as vias aéreas albergam com freqüência germes que podem passar para as feridas

abertas. Os cuidados são:

1) Não falar ao manipular o material estéril ou a ferida

2) Usar máscara nos casos mais delicados, quando houver suspeita de infecção de vias aéreas ou

quando houver risco de respingos de sangue ou pus

Sexto princípio: o sangue transporta os materiais que nutrem e reparam os tecidos corporais. Os

cuidados são:

1) Evitar substancia que lesam tecidos

2) Usar técnicas assépticas

3) Não tocar na lesão com qualquer material não esterilizado

4) Usar cada gaze ou tampão só uma vez para tratamento da ferida

5) Usar técnica do toque com tampão rotativo, evitando os movimentos de dentro para fora da

ferida tanto quanto de fora para dentro

6) Retirar os tecidos necrosados

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FERIDAS E CURATIVOS

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Sétimo princípio: os líquidos se movem até os materiais por ação capilar. Os cuidados são:

1) Colocar na proteção da ferida somente material estéril, mesmo aqueles que não estejam em

contato com a lesão

2) Remover secreções

3) Restringir movimentos

4) Cobrir áreas desfiguradas

5) Promover conforto e bem estar do individuo

Oitavo princípio: não passe o braço sobre o campo estéril. Existe risco de que contaminantes do

braço ou uniforme contaminem o campo estéril.

Nono princípio: quando for realizar curativos em clientes com mais de uma ferida, deve-se iniciar

pelos de incisão limpa e fechada, seguindo-se os de ferida aberta não infectada e por ultimo as

colostomias e fístulas em geral.

Décimo princípio: jamais colocar o material contaminado na cama, na mesa de cabeceira ou no

recipiente de lixo do cliente.

Décimo primeiro princípio: observar presença de infecção e colher material para cultura de secreção

sempre que necessário.

RETIRADA DE PONTOS

Definição: consta da retirada de fios, colocados para aproximar as bordas de uma lesão, com intuito

de facilitar a cicatrização. O tempo destinado à retirada de pontos está ligado à localização no corpo

e à força tênsil da mesma;

- face: 1 a 3 dias

- pescoço: 2 a 4 dias

- couro cabeludo: após 7 dias

- tronco e extremidades: 6 a 10 dias

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- articulações: 8 a 12 dias

Curativos com pontos

Os tipos de sutura podem ser:

- fios não absorvíveis: poliéster, seda, suturas da pele

- fios absorvíveis: catgut ou fibra sintética.

Material utilizado

- pacote de curativo (se necessário)

- pacote para retirada de pontos

- SSI 0,9%

- Cuba rim

- Lixo

Procedimentos:

1. Lavar as mãos

2. Preparo do cliente e do material

3. Retirar curativo, se houver

4. Limpar a incisão cirúrgica

5. Cortar a extremidade mais curta do ponto o mais próximo possível da pele

6. Coloque os pontos retirados sobre uma gaze

7. Cobrir a ferida somente se houver necessidade

8. Orientar o paciente a realizar a higiene em domicílio

9. Desprezar o material adequadamente

10. Anotar dados no prontuário.

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ÚLCERAS DE PERNA DE ORIGEM VENOSA

Conceito e Causa: Úlcera crônica de perna é definida como qualquer ferimento abaixo do joelho,

incluindo o pé, que não cicatriza em um período menor que seis semanas.

As principais causas da insuficiência venosa crônica que culminam no aparecimento das úlceras de

estase são as varizes primárias e a síndrome pós- trombótica.

Há vários tipos de úlceras de perna: provenientes de ferimentos infectados, ou devidas a doenças

infecciosas (sífilis, tuberculose, leishmaniose); por defeitos de glóbulos sangüíneos (anemia

falciforme); por doenças auto-imunes (esclerodermia); por hipertensão arterial* ; por má irrigação

sanguínea da perna (úlceras isquêmicas); úlceras dos diabéticos; tumores de pele; e úlceras venosas.

Das úlceras de perna, 73% são de origem venosa.

* devido a isto, deve-se verificar a pressão arterial constantemente.

• CURATIVOS NA ÚLCERA

Segundo Cruse e Foord todas as feridas estão colonizadas por bactérias, não significando isso que

todas elas ficarão automaticamente infectadas e definiram : ferida infectada é aquela que é

purulenta. Todo rigor de higiene deve ser usado para se fazer o curativo, inclusive o uso de gorro e

máscara.

O curativo ideal ainda não existe, contudo sete critérios devem ser observados para se alcançar este

objetivo:

1. Manter a ferida limpa.

2. Remover o excesso de exsudação.

3. Permitir a troca gasosa.

4. Fornecer isolamento térmico.

5. Torná-lo impermeável às bactérias.

6. Isentá-los de partículas e de tóxicos contaminadores de feridas.

7. Permitir a remoção do curativo sem causar traumas na ferida.

Mais de um tipo de curativo pode ser necessário durante a cicatrização de uma úlcera.

A limpeza da úlcera deve ser feita com soro fisiológico a 0,9%, com uma seringa de 20mL e agulha 8,

ou frasco de soro perfurado. Com uma forte pressão, lança-se a uma distância de 20 cm o jato de

soro, no leito da úlcera, efetuando a limpeza da mesma e evitando que a fricção da gaze diretamente

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sobre a lesão provoque sangramento e destrua o tecido de granulação, dificultando assim, a

cicatrização.

Dentre os anti-sépticos mais usados em úlceras venosas estão: água oxigenada, hipoclorito de sódio,

clorexedine, permanganato de potássio, iodo povidona (PVPI 10%) e as tinturas como violeta de

genciana, mercúrio cromo entre outros.

Porém não são eficazes na cicatrização de úlceras, sendo citotóxicos para os fibroblastos e

dificultando a granulação normal. De acordo com Falanga anti-sépticos não devem ser utilizados no

leito das úlceras.

Antibióticos tópicos também não têm sido recomendados pois, não há comprovação segura da sua

eficácia nos planos profundos, uma vez que agem apenas na camada superficial.

Em úlceras venosas, com presença de infecção, a flora é polimicrobiana ( aeróbica e anaeróbica), e a

cicatrização se dá de forma mais lenta quando infectadas.

Segundo Fonseca, estando a úlcera infectada, podem existir alguns sintomas e sinais como febre,

eritema, dor local, celulite, induração e presença de secreção purulenta, portanto, estes devem ser

verificados e anotados no prontuário do paciente.

Em alguns casos de úlcera o desbridamento pode ser necessário, sendo eles:

Desbridamento químico: compreende as colagenases( Iruxol®, Fibrase® associada ao Clorofenicol,

Cauterex®e Pancutam® ).Devem ser usadas quando a quantidade de tecido necróticona úlcera for

pequena. Agem quebrando, quimicamente, os tecidos colágenos por ação enzimática. Não devem ser

usadas por mais de 2 semanas, pois provocam maceração tanto dos tecidos normais, quanto dos

necrosados.

Desbridamento mecânico: feito com soro fisiológico ou no chuveiro.

Desbridamento cirúrgico: em áreas com extenso tecido necrótico, feito com tesoura e bisturi sob

anestesia local ou bloqueio, retirando os tecidos desvitalizados e reavivando os bordos, ou de acordo

com a necessidade; ter cuidado para não lesar os tecidos vitalizados.

ORIENTAÇÕES AO PACIENTE PORTADOR DE ÚLCERA

- Instrua o paciente para observar os sinais/sintomas de infecção: dor crescente, vermelhidão se

espalhando pelas pernas acima ou aos dedos dos pés, sensação de calor nas pernas ou aumento de

temperatura ao toque, aumento de odor, etc.

- Utilizar medicação conforme prescrição médica;

- Verificar pressão arterial periodicamente;

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FERIDAS E CURATIVOS

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- Controlar a glicemia;

- Controlar colesterol;

- Controlar triglicérides;

- Manter uma alimentação balanceada; manter o peso do corpo dentro de limites normais

- Realizar atividade física quando possível;

- Manter a qualidade do sono e repouso;

- Proteger as pernas, evitando bater ou lesar as mesmas;

- Evitar permanecer em pé por períodos prolongados;

- Uso adequado de meias elásticas;

- Elevar as pernas quando estiver sentado.

• ORIENTACOES AO PROFISSIONAL QUANTO CUIDADOS ÀS ÚLCERAS

- Realizar curativo conforme prescrição;

- Conhecer a fisiopatologia da condição incluindo cronicidade;

- Seguir o protocolo de tratamento;

- Observar tipo de curativo prescrito;

- Saber a freqüência da substituição do curativo;

- Promover o cuidado integral da saúde da pessoa durante o tratamento das feridas;

- Seguir protocolos de tratamento para o controle de outros problemas de saúde;

- Manter os curativos limpos.

CURATIVO HIDROCOLÓIDE

É uma evolução do curativo comum de gaze e esparadrapo.

Surgiu na década de 80 e é específico para úlceras crônicas. Estes curativos são constituídos por base

hidrocolóide composta de pectinas, carboximetilcelulose sódica e gelatina, e de um revestimento

feito de poliuretano.

O ambiente úmido e aquecido criado pela oclusão aumenta o desbridamento autolítico por enzimas

líticas, presentes no líquido da ferida. Deve ser aplicado apenas em úlceras livres de processo

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FERIDAS E CURATIVOS

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infeccioso a sua borda deve ultrapassar 2 cm da borda da úlcera.Funciona como uma barreira

bacteriana , protegendo a ferida

Podem permanecer em torno de 1 a 7 dias quando são facilmente trocados. Surgindo uma secreção

gelatinosa marrom amarelada de odor característico, não deve ser confundida com pus, pois é o

exsudato da própria lesão mesclado com hidrocolóide.

ALGUMAS SOLUÇÕES UTILIZADAS PARA O TRATAMENTO DE FERIDAS

Soro Fisiológico: usa-se para limpeza da ferida e área adjacente. Depois de aberto o frasco,

deverá permanecer com sua abertura protegida com tampa estéril e sua validade será de 24 horas

em geladeira ou 12 horas em temperatura ambiente. O frasco deve ser datado e assinado pelo

funcionário que o abriu.

PVP-I (POVIDINE – IODO) é um complexo de iodo e polivinilpirrolidona, é um Iodóforo, germicida

como o iodo com a vantagem de não corar e não se irritante à pele. O iodo é um agente microbicida

eficiente contra muitas espécies de bactérias, é esporicida, fungicida, viricida e amebicida. Indicado

para a anti-sepsia da pele e é geralmente o agente mais efetivo, pois destrói compostos metabólicos

dos microorganismos por oxidação e inativa enzimas quando combinado com o aminoácido tirosina.

Libera o iodo orgânico, sendo seu emprego em solução de 10% com 1% de iodo livre. A sua atividade

germicida é resultante da halogeinizaçao das proteínas bacterianas, formando uma proteína

insolúvel.

É passível de contaminação, sendo necessário rotina de troca de solução: se dose única ou frascos

pequenos trocar diariamente; em almotolia trocar a cada 7 dias.

• SINAIS VITAIS

PULSO:

É o batimento de uma artéria, percebido acima de uma saliência óssea. Através do pulso observa-se:

1) freqüência:

- taquisfigmia: muito rápido

- bradisfigmia: muito lento, < 60bpm

- dicrótico: arítmico.

2) ritmo:

- regular

- irregular

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FERIDAS E CURATIVOS

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3) volume:

- fraco

- imperceptível

- alternante

4) elasticidade

5) localização

PRESSÃO ARTERIAL:

É a pressão do sangue no interior das artérias. Há dois tipos de pressão:

a) pressão sistólica: é considerada a pressão máxima, é a contração dos ventrículos. É a maior

pressão nos vasos causada pela contração cardíaca seu normal é de 120mmHg.]

b) pressão diastólica: é considerada a pressão mínima, é o relaxamento dos ventrículos. É a

resistência oferecida pelos vasos à pressão do sangue, seu normal é de 80mmHg.

Com esses dados é possível classificar a pressão em hipotensão, que é a diminuição do sangue

circulante (observar se há hemorragias); e a hipertensão resultado da pouca elasticidade da parede

das artérias.

A pressão tem variações entre as idades:

- para o lactente a pressão normal é de 90x60mmHg

- para o adulto a pressão normal é de 120x80mmHg

- para o idoso a pressão normal é de 140x90 a 180x100mmHg.

TEMPERATURA:

É a variação térmica do organismo. Se a temperatura estiver aumentada pode haver vasoconstrição

ou tremores musculares; se a temperatura estiver diminuída pode haver sudorese.

Quanto à variação, a temperatura pode ser:

afebril: inferior a 37,5º C.

estado febril: 37,5 a 38º C.

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febre: 38 a 39º C.

pirexia: 39 a 40º C.

hiperpirexia: 40 a 41º C.

FEBRE:

É a temperatura corporal acima da faixa de normalidade. Pode ser: contínua, irregular ou séptica,

remitente, intermitente (malária), recorrente ou ondulante (linfomas), término (desaparece

subitamente).

ROTINA DA LIMPEZA DOS MATERIAIS

1. Abrir as pinças e tesouras.

2. Imergir na solução de ENDOZIME, preparada com 8 mL de solução para 3L de água

3. Deixar durante 5 minutos.

4. Em seguida, lavar abundantemente e secar.

5. Encaminhar os materiais para o preparo ou embalagem.

OBS: A solução preparada poderá ser usada por 8 a 12 horas desde que mantenha a mesma diluição e

permaneça em recipiente fechado.

DESTINAÇÃO DO LIXO DA SALA DE CURATIVOS

O lixo deve ser separado em recipientes próprios de acordo com sua natureza:

a) materiais perfurocortantes tais como: seringas com agulha, agulhas, ampolas, laminas de bisturi e

barbear, equipos com escalpe, escalpes. Serão armazenados em caixa própria denominada

DESCARPAX.

b) materiais contaminados tais como: gesso, talas, gazes, algodão, drenos, luvas, bolsas coletoras,

papel higiênico de pacientes, fraldas descartáveis, restos alimentares de pacientes, etc.

Armazenados em lixeira com tampa e revestida com saco plástico.

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FERIDAS E CURATIVOS

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c) materiais recicláveis: papel, pacotes de material esterilizado, copos plásticos. Armazenados

separadamente.

GLOSSARIO DOS TERMOS MAIS UTILIZADOS

Anti-sépticos: são definidos como desinfetantes não tóxicos, que podem ser aplicados na pele e

tecido vivo, destruindo os compostos vegetativos como as bactérias e impedindo seu crescimento.

Desbridamento: ato de remover o tecido desvitalizado e/ou material estranho ao organismo de uma

ferida.

Infecção: e uma invasão, estabelecimento e desenvolvimento de microorganismos em graus

suficientes para causar sintomas de doenças no hospedeiro. Exemplo: bactérias, vírus, fungos,

protozoários, vermes, insetos. Procedimento universal na prevenção de infecções: é a lavagem das

mãos.

. Observação: Este módulo serve para orientar no atendimento, em seu processo de trabalho

pela equipe de enfermagem, no setor da sala de Curativos.

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REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

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relato de uma Experiência. Francisco Beltrão: Berzon, 2002.

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