Manual de Transporte Produtos Perigosos

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    RESPE I TO POR VOC

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    Manual de Produtos Perigosos 2

    Apresentao

    O Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos est regulamentado com base

    em legislao e critrios tcnicos, de acordo com as diretrizes da Organizao das

    Naes Unidas ONU, o que demonstra a preocupao das autoridades e rgos

    governamentais em manter rgido controle, uma vez que, acidentes envolvendo o

    transporte de produtos perigosos, podem ocasionar impactos significativos ao meio

    ambiente, ao patrimnio, bem como segurana e a sade das pessoas.

    Neste contexto, o Governo do Estado de So Paulo, por meio da Secretaria de

    Estado dos Transportes - ST e do Departamento de Estradas de Rodagem - DER,

    implementou o Sistema de Gesto de Transporte Rodovirio de Produtos

    Perigosos, com vista a aperfeioar suas aes de preveno de acidentes, com a

    finalidade de minimizar os impactos quando da ocorrncia de acidentes.

    O Manual de Produtos Perigosos contempla os principais aspectos

    relacionados, tanto com a preveno dos acidentes envolvendo produtos perigosos

    no transporte rodovirio, como em relao s aes a serem desencadeadas

    quando da ocorrncia de eventuais acidentes com essas cargas, de forma a

    propiciar as condies tcnicas necessrias para o aperfeioamento tcnico dos

    funcionrios do DER, bem como de outras instituies pblicas e privadas

    relacionadas com o assunto.

    Assim, o presente documento, elaborado com o enfoque prtico e objetivo, e

    dirigido a todos os segmentos da sociedade envolvidos com a questo representa

    importante avano na busca da excelncia na Gesto do Transporte Rodovirio no

    Estado de So Paulo.

    Mario Rodrigues Jnior Drio Rais Lopes Superintendente do DER Secretrio de Estado dos Transportes

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    NDICE

    1. ASPECTOS LEGAIS.................................................................................... 5

    1.1 OBJETIVO ............................................................................................ 6 1.2 HIERARQUIA DAS LEIS NO BRASIL............................................................ 6 1.3 PRINCIPAIS DOCUMENTOS LEGAIS RELACIONADOS COM O TRANSPORTE

    RODOVIRIO DE PRODUTOS PERIGOSOS ................................................. 8 1.4 RGOS REGULADORES ........................................................................ 11 1.4.1. CONTRAN - CONSELHO NACIONAL DE TRNSITO .................................... 11 1.4.2 DENATRAN - DEPARTAMENTO NACIONAL DE TRNSITO ............................. 13 1.4.3 ABNT ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS .......................... 16 1.4.4 INMETRO - INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, NORMALIZAO E

    QUALIDADE INDUSTRIAL ........................................................................... 17 1.5 RESPONSABILIDADES LEGAIS NOS ACIDENTES NO TRANSPORTE

    RODOVIRIO DE PRODUTOS PERIGOSOS ................................................20 1.6 CONSIDERAES FINAIS ..................................................................... 22 2. IDENTIFICAO E CLASSIFICAO DE PRODUTOS PERIGOSOS .................... 23

    2.1 CLASSIFICAO DE PRODUTOS PERIGOSOS ............................................ 23 2.2 IDENTIFICAO DE PRODUTOS PERIGOSOS ........................................... 25 2.2.1 NMERO DE RISCO....................................................................... 25 2.2.2 NMERO DE IDENTIFICAO DO PRODUTO OU NMERO DA ONU ................. 33 2.2.3 RTULO DE RISCO ....................................................................... 33 3.1 CONCEITOS GERAIS SOBRE PRODUTOS QUMICOS ................................... 43 3.2 CLASSE 1 - EXPLOSIVOS ....................................................................... 47 3.3 CLASSE 2 GASES ............................................................................... 49 3.4 CLASSE 3 LQUIDOS INFLAMVEIS....................................................... 52 3.5 CLASSE 4 SLIDOS INFLAMVEIS, SUBSTNCIAS SUJEITAS

    COMBUSTO ESPONTNEA, SUBSTNCIAS QUE, EM CONTATO COM A GUA, EMITEM GASES INFLAMVEIS ..................................................... 54

    3.6 CLASSE 5 SUBSTNCIAS OXIDANTES E PERXIDOS ORGNICOS............. 56 3.7 CLASSE 6 SUBSTNCIAS TXICAS E SUBSTNCIAS INFECTANTES ........... 57 3.8 CLASSE 7 MATERIAIS RADIOATIVOS .................................................... 59 3.9 CLASSE 8 SUBSTNCIAS CORROSIVAS ................................................. 60 3.10 CLASSE 9 SUBSTNCIAS E ARTIGOS PERIGOSOS DIVERSOS ................. 62 4.1 OBJETIVOS .......................................................................................... 64 4.2 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS........................................................ 66 4.2.1 COLETA, ANLISE E TABULAO DE DADOS.......................................... 66

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    4.2.2 IDENTIFICAO DE TRECHOS CRTICOS NAS VIAS .................................. 67 4.2.3 TRANSPOSIES DE CURSOS D GUA................................................ 71 4.2.4 REAS PROTEGIDAS PELA LEGISLAO AMBIENTAL ................................. 72 4.2.5 FLUXOS DE VECULOS TRANSPORTADORES DE PRODUTOS PERIGOSOS........... 74 4.3 REPRESENTAES GRFICAS DE TRECHOS CRTICOS ............................... 75 4.4 MEDIDAS PREVENTIVAS ........................................................................ 77 4.4.1 MEDIDAS ESTRUTURAIS .................................................................... 77 4.4.2 MEDIDAS NO ESTRUTURAIS ........................................................... 79 4.5 CONSIDERAES GERAIS ...................................................................... 80 5.1 PROCEDIMENTOS INICIAS DOS INSPETORES DE TRFEGO......................... 82 5.2 ATIVIDADES DOS RGOS PBLICOS ENVOLVIDOS NAS EMERGNCIAS.....101 5.3 AES DE CONTROLE DE EMERGNCIAS ................................................104 5.4 APOIO S AES DE RESPOSTA S EMERGNCIAS ..................................107 5.5 RECURSOS MATERIAIS .........................................................................109

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    1. ASPECTOS LEGAIS

    O Brasil foi o primeiro pas da Amrica Latina a criar uma regulamentao

    para o transporte de produtos perigosos. At 1983, com exceo do Artigo 103 do

    Decreto n. 62.127, de 16/01/68, conhecido como Lei da Faixa Branca, no havia

    nos diplomas legais brasileiros, qualquer meno a uma possvel regulamentao

    do transporte rodovirio de produtos perigosos.

    O primeiro documento legal, elaborado sobre o assunto, foi o Decreto-Lei No

    2.063, de 6 de outubro de 1983, regulamentado pelo Decreto No 88.821, de 6 de

    outubro de 1983, editado aps o acidente com o transporte e manuseio do produto

    perigoso, pentaclorofenato de sdio, popularmente denominado p da China, o

    qual desafortunadamente vitimou seis pessoas no Rio de Janeiro. Posteriormente a

    sua publicao, houve a necessidade de reviso do referido Decreto, principalmente

    devido s exigncias e excessos burocrticos contidos em seu texto, que tornavam

    inexeqveis as atividades de transporte. Em 1986 o Ministrio dos Transportes

    constitui um Grupo de Trabalho, cujo objetivo consistia na reviso do Decreto No

    88.821. Decorridos 18 meses de trabalhos contnuos, foi o Decreto No 96.044,

    aprovado em 18 de maio de 1988, o qual cancelou e substituiu o Decreto No

    88.821/83. Importante dizer que o Decreto No 96.044 encontra-se em vigor.

    O Decreto No 96.044/88 foi complementado pela Portaria MT n 291, de

    31/05/88 e cuja base tcnica encontrava-se amparada no Orange Book,

    Reccomendations on the Transport of Dangerous Goods, DOT Department of

    Transportation, USA, 4 Edio.

    Em 1997, o Ministrio dos Transportes publicou a Portaria MT No 204, de

    20/05/97, a qual continha Instrues Complementares ao Decreto No 96.044/88 e

    cuja base tcnica encontrava-se amparada no Orange Book, Reccomendations

    on the Transport of Dangerous Goods, DOT Department of Transportation, USA,

    6 Edio.

    Em 2004, a Agncia Nacional dos Transportes Terrestres ANTT, publicou a

    Resoluo No 420, de 12/02/04, que revogava a Portaria MT No 204, de 20/05/97.

    Esta resoluo contm instrues complementares ao Decreto 96.044/88, cuja

    base tcnica encontra-se amparada no Orange Book, Reccomendations on the

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    Transport of Dangerous Goods, DOT Department of Transportation, USA, 12

    Edio.

    Encontram-se vigentes os seguintes dispositivos legais que regulam o

    transporte rodovirio de produtos perigosos no Brasil: Decreto No 96.044/88 e

    Resolues ANTT Nos 420/04 e 701/04, sendo esta ltima um complemento da

    Resoluo No 420.

    1.1 OBJETIVO

    Com a intensificao da movimentao de veculos transportando produtos

    perigosos, surge um crescente anseio, por parte das instituies, de ter sua

    disposio, no s informaes que dizem respeito atividade rodoviria, mas

    tambm conhecer e ter a disposio, para consulta, normas que, de forma direta

    ou indireta, encontram-se relacionadas atividade de transporte rodovirio de

    produtos perigosos.

    O objetivo desse captulo ilustrar a estrutura do disciplinamento tcnico e

    legal que rege o transporte rodovirio de produtos perigosos no Brasil. Objetiva-se

    apresentar, ainda que de forma sintetizada, os rgos responsveis pela elaborao

    de Leis, Decretos, Portarias, Regulamentos Tcnicos e Normas Tcnicas Nacionais,

    que determinam, no s os critrios de segurana, como tambm de sade e meio

    ambiente, as quais envolvem todas as etapas do processo, ou seja, identificao,

    certificao de embalagem, transporte, manuseio, armazenagem, descarte,

    fiscalizao de veculos e condutores.

    1.2 HIERARQUIA DAS LEIS NO BRASIL

    As leis de nvel superior prevalecem sobre as de nvel inferior. De forma geral,

    a hierarquia das leis, segue a seguinte ordem:

    1) Constituio Federal e suas emendas;

    2) Leis Complementares;

    3) Leis Federais;

    4) Constituies Estaduais e suas emendas;

    5) Leis Complementares s Constituio Estaduais;

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    6) Leis estaduais;

    7) Leis orgnicas dos Municpios;

    8) Leis municipais.

    Para um melhor entendimento, conceituam-se, na seqncia, na hierarquia

    das leis, somente as que de forma direta guardam relao com o tema Transporte

    Rodovirio de Produtos Perigosos.

    a) CONSTITUIO: a norma fundamental do ordenamento jurdico de

    um pas ou seja, a Lei fundamental de um estado, da qual todas as leis so

    subsidirias. A Constituio a lei mais importante de um pas; por meio

    dela que os cidados, atravs dos seus representantes eleitos, escolhem a

    forma de governo, instituem os poderes pblicos e fixam os direitos e

    garantias fundamentais do indivduo frente ao Estado. No Brasil, a nossa

    Constituio data de 1988, tem 245 artigos e tida como uma das mais

    liberais e democrticas que o pas j teve;

    b) EMENDA A CONSTITUIO: Algumas vezes verifica-se que uma

    norma existente na Constituio no representa da melhor forma a vontade

    da populao ou no constitui a melhor forma de regulamentar uma

    determinada matria. Deste modo, o Poder Legislativo vota uma nova lei

    constitucional, que vai alterar em parte a Constituio, o que se denomina

    Emenda Constitucional. Para votar e aprovar uma Emenda Constitucional o

    Congresso Nacional deve reunir o Senado Federal e a Cmara dos Deputados

    que devem, em dois turnos, apresentar pelo menos trs quintos dos votos dos

    respectivos membros. Para alterar a Constituio existe um processo muito

    mais detalhado, rigoroso que para aprovar uma outra norma qualquer;

    c) LEI COMPLEMENTAR: Algumas leis so chamadas de lei

    complementar Constituio. So aquelas que regulamentam matrias to

    importantes que praticamente assumem o carter de lei constitucional. Tm

    elas mais valor que outras leis, exceo feita, claro, prpria Constituio;

    d) LEIS ESPECIAIS: em razo de serem especficas, as Leis Especiais,

    adquirem uma hierarquia superior quando conflitantes com as normas gerais;

    e) LEIS ORDINRIAS: Lei uma regra de direito ditada pela autoridade

    estatal e tornada obrigatria para manter, numa comunidade, a ordem e o

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    desenvolvimento;

    f) MEDIDA PROVISRIA: editada pelo Presidente da Repblica, tem

    fora de Lei durante 30 dias. Neste prazo dever ser rejeitada ou

    transformada em Lei pelo Poder Legislativo, ou ento reeditada por mais 30

    dias;

    g) DECRETOS: Os decretos so decises de uma autoridade superior,

    com fora de lei, que visam disciplinar um fato ou uma situao particular. O

    Decreto, sendo hierarquicamente inferior, no pode contrariar a lei, mas pode

    regulament-la, ou seja, pode explicit-la, aclar-la ou interpret-la,

    respeitados os seus fundamentos, objetivos e alcance;

    h) PORTARIAS: so documentos que estabelecem ou regulamentam

    assuntos especficos. Ex: Portaria No 3.214/78 que regulamenta as questes

    sobre medicina e sade do trabalho, e a Portaria No 204 do Ministrio dos

    Transportes (revogada pela Resoluo No 420 do MT) que aprovava instrues

    complementares ao regulamento de transporte de produtos perigosos;

    i) RESOLUES: so normas administrativas provenientes de

    Secretarias ligadas ao Poder Executivo, visando disciplinar assuntos

    especficos j definidos nos Decretos e Portarias. Ex. Resoluo No 168/04

    (CONTRAN), de 14/12/04, que estabelece Normas e Procedimentos para

    formao de condutores de veculos (inclusive Curso MOPP); e

    j) NORMAS TCNICAS da ABNT e Normas Internacionais ISO: So

    documentos que somente sero obrigatrios se forem expressamente citados

    ou referenciados em texto legal, do contrrio, sua adoo ser facultativa.

    1.3 PRINCIPAIS DOCUMENTOS LEGAIS RELACIONADOS COM O TRANSPORTE RODOVIRIO DE PRODUTOS PERIGOSOS

    Decreto-Lei N 2.063, de 06/10/83

    Dispe sobre multas a serem aplicadas por infraes regulamentao para

    a execuo do transporte rodovirio de Produtos Perigosos.

    Decreto N 96.044, de 18/05/88

    Aprova o regulamento para o transporte rodovirio de Produtos Perigosos.

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    Decreto N 98.973, de 21/02/90

    Aprova o regulamento para o transporte ferrovirio de Produtos Perigosos.

    Decreto N 1.797, de 25/01/96

    Estabelece o Acordo de Alcance Parcial para a Facilitao do Transporte de

    Produtos Perigosos no MERCOSUL.

    Lei N 9.503, de 23/09/97

    Estabelece o Cdigo de Trnsito Brasileiro.

    Decreto N 9605, de 12/02/1998

    Dispe sobre as sanes penais e administrativas derivadas de condutas e

    atividades lesivas ao meio ambiente, e d outras providncias.

    Decreto N 2.866, de 07/12/98

    Estabelece o Protocolo Adicional ao Acordo de Alcance Parcial para a

    Facilitao do Transporte de Produtos Perigosos no MERCOSUL (Tipificao

    das Infraes).

    Decreto N 3.179, de 21/09/99

    Dispe sobre a especificao das sanes aplicveis s condutas e

    atividades lesivas ao Meio Ambiente.

    Decreto N 3.665, de 23/12/00

    D nova redao ao Regulamento para a Fiscalizao de Produtos

    Controlados (R-105).

    Lei N. 10.357, de 27/12/01

    Estabelece normas de controle e fiscalizao sobre produtos qumicos que

    direta ou indiretamente possam ser destinados elaborao ilcita de

    substncias entorpecentes, psicotrpicas ou que determinem dependncia

    fsica ou psquica, e d outras providncias.

    Decreto N 4.097, de 23/01/02

    Altera a redao de artigos sobre incompatibilidade de produtos do RTPP

    Regulamento para o Transporte de Produtos Perigosos.

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    Decreto N 4.262, de 10/06/02

    Estabelece normas de controle e fiscalizao sobre produtos qumicos que

    direta ou indiretamente possam ser destinados elaborao ilcita de

    substncias entorpecentes, psicotrpicas ou que determinem dependncia

    fsica ou psquica, e d outras providncias.

    Portaria MJ-1274, de 25/08/03

    Exerce o controle e a fiscalizao de precursores e outros produtos qumicos

    essenciais empregados na fabricao clandestina de drogas, como

    estratgia fundamental para prevenir e reprimir o trfico ilcito e o uso

    indevido de entorpecentes e substncias psicotrpicas. Relaciona os

    Produtos Qumicos controlados e fiscalizados pela Polcia Federal (Produtos

    que possam ser utilizados na produo ilcita de substncias

    entorpecentes).

    Resoluo ANTT- 437/04, de 16/02/04

    Institui o Registro Nacional de Transportador Rodovirio de Carga.

    Resolues ANTT- 420, de 12/02/04 e ANTT- 701, de 25/8/04

    Aprovam as Instrues Complementares aos Regulamentos para o

    Transporte Rodovirio e para o Transporte Ferrovirio de Produtos

    Perigosos.

    A Resoluo No 420, de 12 de fevereiro de 2004, que estabelece Instrues

    Complementares ao Regulamento do Transporte Terrestre de Produtos

    Perigosos, foi atualizada com base na 11 e na 12 edies da ONU e a

    verso correspondente do Acordo Europeu para o Transporte Rodovirio e

    do Regulamento Internacional Ferrovirio de Produtos Perigosos adotado na

    Europa.

    Esta Resoluo agregou o resultado da anlise, realizada pela equipe

    tcnica da GETES/SULOG, sobre as sugestes apresentadas ao texto da

    minuta de Instrues Complementares disponibilizada para Consulta

    Pblica, durante o perodo de dezembro de 2001 a junho de 2002.

    Incorporou tambm o produto da considerao tcnica da ANTT sobre as

    contribuies oferecidas por ocasio da audincia pblica, realizada no

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    perodo compreendida entre 15 de setembro e 10 de outubro de 2003, a

    que a minuta foi submetida.

    Portaria MT-22, de 19/01/01

    Aprova as Instrues para a Fiscalizao do Transporte Rodovirio de

    Produtos Perigosos no MERCOSUL.

    Portaria MT-349, de 04/06/02

    Aprova as Instrues para a Fiscalizao do Transporte Rodovirio de

    Produtos Perigosos no mbito Nacional.

    1.4 RGOS REGULADORES

    1.4.1. CONTRAN - Conselho Nacional de Trnsito

    Segundo o disposto no art. 12 do Cdigo de Trnsito Brasileiro, competem ao

    CONTRAN:

    I - estabelecer as normas regulamentares referidas neste Cdigo e as

    diretrizes da Poltica Nacional de Trnsito;

    II - coordenar os rgos do Sistema Nacional de Trnsito, objetivando a

    integrao de suas atividades;

    III - (VETADO);

    IV - criar Cmaras Temticas;

    V - estabelecer seu regimento interno e as diretrizes para o funcionamento

    dos CETRAN e CONTRANDIFE;

    VI - estabelecer as diretrizes do regimento das JARI;

    VII - zelar pela uniformidade e cumprimento das normas contidas neste

    Cdigo e nas resolues complementares;

    VIII - estabelecer e normatizar os procedimentos para a imposio, a

    arrecadao e a compensao das multas por infraes cometidas em unidade da

    Federao diferente da do licenciamento do veculo;

    IX - responder s consultas que lhe forem formuladas, relativas aplicao da

    legislao de trnsito;

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    X - normatizar os procedimentos sobre a aprendizagem, habilitao,

    expedio de documentos de condutores, e registro e licenciamento de veculos;

    XI - aprovar, complementar ou alterar os dispositivos de sinalizao e os

    dispositivos e equipamentos de trnsito;

    XII - apreciar os recursos interpostos contra as decises das instncias

    inferiores, na forma deste Cdigo;

    XIII - avocar, para anlise e solues, processos sobre conflitos de

    competncia ou circunscrio, ou, quando necessrio, unificar as decises

    administrativas; e

    XIV - dirimir conflitos sobre circunscrio e competncia de trnsito no mbito

    da Unio, dos Estados e do Distrito Federal.

    1.4.1.1 Principais Resolues do CONTRAN

    Resoluo N. 14/98 (CONTRAN), de 06/02/98

    Estabelece os equipamentos obrigatrios para a frota de veculos em

    circulao.

    Resoluo N. 36/98 (CONTRAN), de 21/05/98

    Estabelece a forma de sinalizao de advertncia para veculos imobilizados,

    em situaes de emergncia.

    Resoluo N. 68/98 (CONTRAN)

    Requisitos de segurana necessrios circulao de Combinaes de

    Veculos de Carga CVC.

    Resoluo N. 87/99 (CONTRAN), de 04/05/99

    D nova redao e prorroga prazos para a entrada em vigor de artigos da

    Resoluo No 14/98 do CONTRAN (Equipamentos Obrigatrios).

    Resoluo N. 91/99 (CONTRAN), de 06/05/99

    Dispe sobre os cursos de treinamento especfico e complementar para

    condutores de veculos rodovirios transportadores de produtos perigosos.

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    Resoluo N. 116/00 (CONTRAN), de 05/05/00

    Revoga a Resoluo No 506/76 (Disciplina do Transporte de Carga em

    Caminho-Tanque).

    Resoluo N. 168/04 (CONTRAN), de 14/12/04

    Estabelece Normas e Procedimentos para formao de condutores de

    veculos (inclusive Curso MOPP).

    1.4.2 DENATRAN - Departamento Nacional de Trnsito

    Segundo o disposto no art. 19 do Cdigo de Trnsito Brasileiro, competem ao

    rgo mximo executivo de trnsito da Unio:

    I - cumprir e fazer cumprir a legislao de trnsito e a execuo das normas e

    diretrizes estabelecidas pelo CONTRAN, no mbito de suas atribuies;

    II - proceder superviso, coordenao, correio dos rgos delegados,

    ao controle e fiscalizao da execuo da Poltica Nacional de Trnsito e do

    Programa Nacional de Trnsito;

    III - articular-se com os rgos dos Sistemas Nacionais de Trnsito, de

    Transporte e de Segurana Pblica, objetivando o combate violncia no trnsito,

    promovendo, coordenando e executando o controle de aes para a preservao do

    ordenamento e da segurana do trnsito;

    IV - apurar, prevenir e reprimir a prtica de atos de improbidade contra a f

    pblica, o patrimnio, ou a administrao pblica ou privada, referentes

    segurana do trnsito;

    V - supervisionar a implantao de projetos e programas relacionados com a

    engenharia, educao, administrao, policiamento e fiscalizao do trnsito e

    outros, visando uniformidade de procedimento;

    VI - estabelecer procedimentos sobre a aprendizagem e habilitao de

    condutores de veculos, a expedio de documentos de condutores, de registro e

    licenciamento de veculos;

    VII - expedir a Permisso para Dirigir, a Carteira Nacional de Habilitao, os

    Certificados de Registro e o de Licenciamento Anual mediante delegao aos rgos

    executivos dos Estados e do Distrito Federal;

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    Manual de Produtos Perigosos 14

    VIII - organizar e manter o Registro Nacional de Carteiras de Habilitao -

    RENACH;

    IX - organizar e manter o Registro Nacional de Veculos Automotores -

    RENAVAM;

    X - organizar a estatstica geral de trnsito no territrio nacional, definindo os

    dados a serem fornecidos pelos demais rgos e promover sua divulgao;

    XI - estabelecer modelo padro de coleta de informaes sobre as ocorrncias

    de acidentes de trnsito e as estatsticas do trnsito;

    XII - administrar fundo de mbito nacional destinado segurana e

    educao de trnsito;

    XIII - coordenar a administrao da arrecadao de multas por infraes

    ocorridas em localidade diferente daquela da habilitao do condutor infrator e em

    unidade da Federao diferente daquela do licenciamento do veculo;

    XIV - fornecer aos rgos e entidades do Sistema Nacional de Trnsito

    informaes sobre registros de veculos e de condutores, mantendo o fluxo

    permanente de informaes com os demais rgos do Sistema;

    XV - promover, em conjunto com os rgos competentes do Ministrio da

    Educao e do Desporto, de acordo com as diretrizes do CONTRAN, a elaborao e

    a implementao de programas de educao de trnsito nos estabelecimentos de

    ensino;

    XVI - elaborar e distribuir contedos programticos para a educao de

    trnsito;

    XVII - promover a divulgao de trabalhos tcnicos sobre o trnsito;

    XVIII - elaborar, juntamente com os demais rgos e entidades do Sistema

    Nacional de Trnsito, e submeter aprovao do CONTRAN, a complementao ou

    alterao da sinalizao e dos dispositivos e equipamentos de trnsito;

    XIX - organizar, elaborar, complementar e alterar os manuais e normas de

    projetos de implementao da sinalizao, dos dispositivos e equipamentos de

    trnsito aprovados pelo CONTRAN;

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    Manual de Produtos Perigosos 15

    XX - expedir a permisso internacional para conduzir veculo e o certificado de

    passagem nas alfndegas, mediante delegao aos rgos executivos dos Estados

    e do Distrito Federal;

    XXI - promover a realizao peridica de reunies regionais e congressos

    nacionais de trnsito, bem como propor a representao do Brasil em congressos

    ou reunies internacionais;

    XXII - propor acordos de cooperao com organismos internacionais, com

    vistas ao aperfeioamento das aes inerentes segurana e educao de trnsito;

    XXIII - elaborar projetos e programas de formao, treinamento e

    especializao do pessoal encarregado da execuo das atividades de engenharia,

    educao, policiamento ostensivo, fiscalizao, operao e administrao de

    trnsito, propondo medidas que estimulem a pesquisa cientfica e o ensino tcnico-

    profissional de interesse do trnsito, e promovendo a sua realizao;

    XXIV - opinar sobre assuntos relacionados ao trnsito interestadual e

    internacional;

    XXV - elaborar e submeter aprovao do CONTRAN as normas e requisitos

    de segurana veicular para fabricao e montagem de veculos, consoante sua

    destinao;

    XXVI - estabelecer procedimentos para a concesso do cdigo marca-modelo

    dos veculos para efeito de registro, emplacamento e licenciamento;

    XXVII - instruir os recursos interpostos das decises do CONTRAN, ao ministro

    ou dirigente coordenador mximo do Sistema Nacional de Trnsito;

    XXVIII - estudar os casos omissos na legislao de trnsito e submet-los,

    com proposta de soluo, ao Ministrio ou rgo coordenador mximo do Sistema

    Nacional de Trnsito;

    XXIX - prestar suporte tcnico, jurdico, administrativo e financeiro ao

    CONTRAN.

    1 Comprovada, por meio de sindicncia, a deficincia tcnica ou

    administrativa ou a prtica constante de atos de improbidade contra a f pblica,

    contra o patrimnio ou contra a administrao pblica, o rgo executivo de

    trnsito da Unio, mediante aprovao do CONTRAN, assumir diretamente, ou por

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    Manual de Produtos Perigosos 16

    delegao, a execuo, total ou parcial, das atividades do rgo executivo de

    trnsito estadual que tenha motivado a investigao, at que as irregularidades

    sejam sanadas.

    2 O regimento interno do rgo executivo de trnsito da Unio dispor

    sobre sua estrutura organizacional e seu funcionamento.

    3 Os rgos e entidades executivos de trnsito e executivos rodovirios da

    Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios fornecero,

    obrigatoriamente, ms a ms, os dados estatsticos para os fins previstos no inciso

    X.

    1.4.2.1 Principais Resolues do DENATRAN

    Resoluo N. 38/98 (DENATRAN), de 21/05/98

    Dispe sobre a identificao das entradas e sadas de postos de gasolina,

    oficinas, estacionamentos e ou garagens.

    1.4.3 ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    Fundada em 1940, a ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas o

    rgo responsvel pela normalizao tcnica no pas, fornecendo a base necessria

    ao desenvolvimento tecnolgico brasileiro.

    uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Frum

    Nacional de Normalizao NICO atravs da Resoluo No 07 do CONMETRO,

    de 24.08.1992.

    membro fundador da ISO - International Organization for Standardization,

    da COPANT - Comisso Pan-americana de Normas Tcnicas e da AMN - Associao

    Mercosul de Normalizao.

    Entre as Normas ABNT relativas ao transporte, manuseio e armazenamento de

    produtos perigosos relacionaram-se apenas as que trazem as diretrizes bsicas do

    assunto, portanto a relao de normas abaixo relacionadas no taxativa sobre o

    tema:

    a) NBR 7500 Identificao para o Transporte Terrestre, Manuseio,

    Movimentao e Armazenamento de Produtos (2005);

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    Manual de Produtos Perigosos 17

    b) NBR 7501 Transporte Terrestre de Produtos Perigosos - Terminologia

    (2005);

    c) NBR 7503 Ficha de Emergncia e Envelope para o Transporte Terrestre

    de Produtos Perigosos Caractersticas, Dimenses e Preenchimento

    (2005);

    d) NBR 9735 Conjunto de Equipamentos para Emergncias no Transporte

    Terrestre de Produtos Perigosos (2005);

    e) NBR 10271 Conjunto de Equipamentos para Emergncias no Transporte

    Rodovirio de cido Fluordrico (2005);

    f) NBR 12982 Desvaporizao de Tanque para Transporte Terrestre de

    Produtos Perigosos Classe de Risco 3 Lquidos Inflamveis (2003);

    g) NBR 13221 Transporte Terrestre de Resduos (2005);

    h) NBR 14064 Atendimento a Emergncia no Transporte Terrestre de

    Produtos Perigosos (2003);

    i) NBR 14095 rea de Estacionamento para Veculos Rodovirios de

    Transporte de Produtos Perigosos (2003);

    j) NBR 14619 Transporte Terrestre de Produtos Perigosos -

    Incompatibilidade Qumica (2005);

    1.4.4 INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial

    O Instituto Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial -

    Inmetro - uma autarquia federal, vinculada ao Ministrio do Desenvolvimento,

    Indstria e Comrcio Exterior, que atua como Secretaria Executiva do Conselho

    Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Conmetro), colegiado

    interministerial, que o rgo normativo do Sistema Nacional de Metrologia,

    Normalizao e Qualidade Industrial (Sinmetro).

    O Sinmetro, o Conmetro e o Inmetro foram criados pela Lei 5.966, de 11 de

    dezembro de 1973, cabendo a este ltimo substituir o ento Instituto Nacional de

    Pesos e Medidas (INPM) e ampliar significativamente o seu raio de atuao a

    servio da sociedade brasileira.

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    Manual de Produtos Perigosos 18

    No mbito de sua ampla misso institucional, o Inmetro tem por objetivo

    fortalecer as empresas nacionais, aumentando sua produtividade por meio da

    adoo de mecanismos destinados melhoria da qualidade de produtos e servios.

    Sua misso promover a qualidade de vida do cidado e a competitividade da

    economia atravs da metrologia e da qualidade.

    So atribuies do Inmetro:

    a) Executar as polticas nacionais de metrologia e da qualidade;

    b) Verificar a observncia das normas tcnicas e legais, no que se refere s

    unidades de medida, mtodos de medio, medidas materializadas,

    instrumentos de medio e produtos pr-medidos;

    c) Manter e conservar os padres das unidades de medida, assim como

    implantar e manter a cadeia de rastreabilidade dos padres das unidades de

    medida no pas, de forma a torn-las harmnicas internamente e

    compatveis no plano internacional, visando, em nvel primrio, sua

    aceitao universal e; em nvel secundrio, sua utilizao como suporte ao

    setor produtivo, com vistas qualidade de bens e servios;

    d) Fortalecer a participao do Pas nas atividades internacionais relacionadas

    com metrologia e qualidade, alm de promover o intercmbio com entidades

    e organismos estrangeiros e internacionais;

    e) Prestar suporte tcnico e administrativo ao Conselho Nacional de Metrologia,

    Normalizao e Qualidade Industrial - Conmetro, bem assim aos seus

    comits de assessoramento, atuando como sua Secretaria-Executiva;

    f) Fomentar a utilizao da tcnica de gesto da qualidade nas empresas

    brasileiras;

    g) Planejar e executar as atividades de acreditao (credenciamento) de

    laboratrios de calibrao e de ensaios, de provedores de ensaios de

    proficincia, de organismos de certificao, de inspeo, de treinamento e de

    outros, necessrios ao desenvolvimento da infra-estrutura de servios

    tecnolgicos no Pas; e

    h) Coordenar, no mbito do Sinmetro, a certificao compulsria e voluntria

    de produtos, de processos, de servios e a certificao voluntria de pessoal.

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    Manual de Produtos Perigosos 19

    Entre os principais documentos emitidos pelo Inmetro, relacionados com o

    Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos, pode-se destacar:

    a) RTQ-1i Inspeo Peridica de Equipamentos para o Transporte

    Rodovirio de Produtos Perigosos a Granel Grupo 1;

    b) RTQ-1c Inspeo na Construo de Equipamentos para o Transporte

    Rodovirio de Produtos Perigosos a Granel Grupo 1;

    c) RTQ-3i Inspeo Peridica de Equipamentos para o Transporte

    Rodovirio de Produtos Perigosos a Granel Grupos 3 e 27E;

    d) RTQ-3c Inspeo na Construo de Equipamentos para o Transporte

    Rodovirio e Produtos Perigosos a Granel Grupos 3 e 27E;

    e) RTQ-05 Inspeo de Veculos Rodovirios para o Transporte de Produtos

    Perigosos;

    f) RTQ-6i Inspeo Peridica de Equipamentos para o Transporte

    Rodovirio de Produtos Perigosos a Granel Grupos 6 e 27D;

    g) RTQ-6c Inspeo na Construo de Equipamentos para o Transporte

    Rodovirio de Produtos Perigosos a Granel Grupos 6 e 27D;

    h) RTQ-7i Inspeo peridica de Equipamentos para o Transporte

    Rodovirio de Produtos Perigosos a Granel Lquidos com Presso de

    Vapor at 175 kPa;

    i) RTQ-7c Inspeo na Construo de Equipamentos para o Transporte

    Rodovirio de Produtos Perigosos a Granel Lquidos com presso de

    vapor at 175 kPa;

    j) RTQ-32 Para choque traseiro de veculos rodovirios para o transporte

    de Produtos Perigosos Construo, Ensaio e Instalao;

    k) RTQ-36 Inspeo de Revestimento Interno de Equipamento para o

    Transporte Rodovirio de Produtos Perigosos a Granel Aplicao e

    Peridica;

    l) RTQ-CAR Inspeo Peridica de Carroarias de Veculos Rodovirios e

    Caambas Intercambiveis para o Transporte de Produtos Perigosos.

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    Manual de Produtos Perigosos 20

    1.5 RESPONSABILIDADES LEGAIS NOS ACIDENTES NO TRANSPORTE RODOVIRIO DE PRODUTOS PERIGOSOS

    At o incio dos anos oitenta haviam poucas e dispersas legislaes de

    proteo ao meio ambiente. Com o advento da Lei No 6.938/81, que criou a Poltica

    Nacional do Meio Ambiente, passou-se a ter a viso mais protecionista nas

    questes ambientais. Institui-se, a partir de ento, as responsabilidades de pessoas

    fsicas ou jurdicas, de direito pblico ou privado, que, direta ou indiretamente,

    causem degradao ambiental, independentemente de culpa, adotando-se para o

    caso a teoria da responsabilidade objetiva, na qual o risco que determina o dever

    de responder pelo dano.

    Segundo os princpios da responsabilidade objetiva, previstos na Lei No

    6.938/81, todo aquele que deu causa, responde pelo dano, bastando para isso

    provar o nexo causal entre a ao produzida e o dano efetivo. A responsabilidade

    tida como objetiva, pois independe de um elemento subjetivo, ou seja, a culpa, que

    antes era fundamental na apurao de responsabilidades provenientes de danos.

    Dessa forma, com o advento da lei em referncia, desnecessria se tornou provar a

    culpa do causador de dano ambiental, de tal forma que a prova de culpa se tornou

    irrelevante, restando somente num caso concreto, estabelecer o nexo causal.

    Especificamente, num acidente de transporte rodovirio de produtos

    perigosos, ainda que a empresa transportadora tenha tomado todos os cuidados e

    no tenha, a princpio, culpa pelo acidente, a responsabilidade pelos danos

    ambientais causados continua sendo da empresa transportadora, pois a ausncia

    de culpa, neste caso, no mais excludente da responsabilidade de indenizar e

    reparar os danos.

    A Lei de Poltica Nacional de Meio Ambiente, Lei No 6.938, no seu artigo 3o,

    inciso IV, define o poluidor como: "a pessoa fsica ou jurdica, de direito pblico ou

    privado, responsvel direta ou indiretamente, por atividade causadora de

    degradao ambiental", grifo do autor. Observa-se que no caso em tela, a

    responsabilidade civil atinge alm do transportador, que efetivamente o poluidor

    direto, tambm o fabricante, importador e destinatrio do produto, os quais so

    considerados poluidores indiretos. Dessa forma, o fabricante do produto continua

    responsvel pelos danos decorrentes de impactos ao meio ambiente e a terceiros

    gerados por acidentes envolvendo seus produtos, mesmo no sendo o causador

    direto do acidente. De igual forma o destinatrio do produto possui as mesmas

  • Departamento de Estradas de Rodagens DER / SP

    Manual de Produtos Perigosos 21

    responsabilidades. Quem fabrica, importa ou adquire um produto perigoso est

    assumindo os riscos de um evento indesejado e as conseqncias que aquele

    produto pode causar. Importante frisar que no caso de um acidente envolvendo o

    transporte rodovirio de produtos perigosos, poluidor, inicialmente o

    transportador, caso este no responda pelo acidente, tanto o fabricante quanto o

    importador e o destinatrio do produto, podem ser acionados a responder pelo

    acidente caso o transportador no o faa. No caso dos responsveis indiretos

    responderem pelo nus do acidente, estes podem num segundo momento, acionar

    judicialmente o responsvel direto (transportador) para serem ressarcidos dos

    prejuzos gerados pelo acidente. .

    A Constituio Federal de 1988 recepcionou a Lei de Poltica Nacional do Meio

    Ambiente, o art. 225 da CF/88, fixou os princpios gerais em relao ao meio

    ambiente, estabelecendo no pargrafo terceiro que as condutas e atividades lesivas

    ao meio ambiente sujeitaro aos infratores, pessoas fsicas ou jurdicas, s sanes

    penais e administrativas, independentemente da obrigao de reparar o dano

    causado. Destaca-se no dispositivo Constitucional que a responsabilidade penal

    prevista no s para a pessoa fsica como tambm para a pessoa jurdica.

    Art. 225 - Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

    bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao

    Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as

    presentes e futuras geraes.

    Segundo o disposto no pargrafo 3o, do Art. 225 da CF, "as condutas e

    atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaro aos infratores, pessoas

    fsicas ou jurdicas, a sanes penais e administrativas, independentemente da

    obrigao de reparar os danos causados".

    Alm das aes de carter civil, os acidentes gerados no transporte rodovirio

    de produtos perigosos, podem acarretar sanes de natureza administrativa, tais

    como as cominatrias de multa, aplicadas pelos rgos de controle ambiental,

    como exemplo cita-se a Lei de Crimes Ambientais, Lei No 9.605/98, que no seu Art.

    75, prev valores de multa de mnimo de R$ 50,00 (cinqenta reais) e no mximo

    de R$ 50.000.000,00 (cinqenta milhes de reais).

    No que se refere aos aspectos criminais da Lei No 9.605/98, a apurao do

    elemento subjetivo, ou seja, a culpa do agente poluidor, gerada por atos de

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    Manual de Produtos Perigosos 22

    negligncia, imprudncia, impercia ou dolo, passa a ser fundamental na

    responsabilizao pelo delito. Ao contrrio da responsabilidade civil e administrativa

    que desconsidera o elemento culpa na apurao das responsabilidades por dano

    ambiental, na esfera criminal, a responsabilidade est caucada na culpa, ou seja,

    sem culpa no h que falar em responsabilidade criminal.

    1.6 CONSIDERAES FINAIS

    A demanda por transportes tem evoludo e por via de conseqncia

    acompanha o desenvolvimento econmico do pas. Tal fato requer do segmento de

    transportes adequaes para atender a demanda. A atuao do Poder Pblico no

    que se refere ao transporte rodovirio de produtos perigosos deve no apenas

    assegurar condies ao desenvolvimento scio-econmico, mas prioritria e

    vinculadamente, garantir a mxima proteo e preservao da segurana dos

    usurios da via, da populao lindeira e do meio ambiente, sadio e ecologicamente

    equilibrado, conforme preconizado na Constituio Federal de 1988.

    O histrico de acidentes envolvendo o transporte rodovirio de produtos

    perigosos no Brasil e no mundo tem demonstrado por provas claras que a falta de

    conhecimentos com relao aos cuidados inerentes a atividade tem sido a causa

    principal de inmeras tragdias.

    dever do Poder Pblico produzir informaes e dados relacionados ao

    transporte de produtos perigosos; assim como, sobre seus eventos, acidentes,

    causas e efeitos; e ainda, sobre veculos, unidades de transporte,

    acondicionamento de cargas, produtos, substncias, materiais, normas de

    construo, sinalizao, fiscalizao etc., dando ampla publicidade,

    disponibilizando-as e divulgando-as coletividade, com vistas principalmente aos

    aspectos preventivos e inclusive buscando por meio da promoo da educao

    ambiental em todos os nveis, a conscientizao pblica para a preservao da

    segurana viria e do meio ambiente.

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    Manual de Produtos Perigosos 23

    2. IDENTIFICAO E CLASSIFICAO DE PRODUTOS PERIGOSOS

    De todos os segmentos que trabalham com produtos perigosos, segundo as

    estatsticas disponveis no Estado de So Paulo, as atividades realizadas no

    transporte rodovirio so as que mais tem contabilizado ocorrncias envolvendo

    acidentes com vazamento de produtos perigosos para o meio ambiente. Estes

    veculos circulam por reas densamente povoadas e vulnerveis do ponto de vista

    ambiental, agravando assim os impactos causados ao meio ambiente e

    comunidade, quando dessas ocorrncias.

    Liberaes acidentais de produtos qumicos no meio ambiente, dependendo

    das caractersticas fsicas, qumicas e toxicolgicas dessas substncias, podem

    originar diferentes tipos de impacto, causando danos sade pblica, ao meio

    ambiente, segurana da populao e ao patrimnio, pblico e privado. Assim, a

    legislao vigente determina que todos os veculos que transportam produtos

    perigosos devem portar informaes que facilitem a identificao dos produtos

    transportados e de seus respectivos riscos.

    Uma das primeiras aes a ser executada em um cenrio acidental

    envolvendo o transporte rodovirio de produtos perigosos, o da pronta

    classificao e identificao dos produtos envolvidos. O acesso s informaes

    relativas s caractersticas fsicas e qumicas do produto, ir subsidiar as equipes na

    imediata adoo das medidas de controle, reduzindo os riscos para a comunidade,

    aos prprios atendentes da ocorrncia e ao meio ambiente.

    2.1 CLASSIFICAO DE PRODUTOS PERIGOSOS

    Os produtos perigosos so classificados pela Organizao das Naes Unidas

    (ONU) em nove classes de riscos e respectivas subclasses, conforme apresentado

    no Quadro 2.1-1.

    Quadro 2. 1-1 Classificao ONU dos Riscos dos Produtos Perigosos

    Classificao Subclasse Definies

    1.1 Substncia e artigos com risco de exploso em massa. Classe 1

    Explosivos

    1.2 Substncia e artigos com risco de projeo, mas sem risco de exploso em massa.

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    Classificao Subclasse Definies

    1.3 Substncias e artigos com risco de fogo e com pequeno risco de exploso ou de projeo, ou ambos, mas sem risco de exploso em massa.

    1.4 Substncia e artigos que no apresentam risco significativo.

    1.5 Substncias muito insensveis, com risco de exploso em massa;

    1.6 Artigos extremamente insensveis, sem risco de exploso em massa.

    2.1 Gases inflamveis: so gases que a 20C e presso normal so inflamveis.

    2.2 Gases no-inflamveis, no txicos: so gases asfixiantes e oxidantes, que no se enquadrem em outra subclasse.

    Classe 2

    Gases

    2.3 Gases txicos: so gases txicos e corrosivos que constituam risco sade das pessoas.

    Classe 3

    Lquidos Inflamveis -

    Lquidos inflamveis: so lquidos, misturas de lquidos ou lquidos que contenham slidos em soluo ou suspenso, que produzam vapor inflamvel a temperaturas de at 60,5C.

    4.1

    Slidos inflamveis, Substncias auto-reagentes e explosivos slidos insensibilizados: slidos que, em condies de transporte, sejam facilmente combustveis, ou que, por atrito, possam causar fogo ou contribuir para tal.

    4.2

    Substncias sujeitas combusto espontnea: substncias sujeitas a aquecimento espontneo em condies normais de transporte, ou a aquecimento em contato com o ar, podendo inflamar-se.

    Classe 4

    Slidos Inflamveis

    4.3

    Substncias que, em contato com gua, emitem gases inflamveis: substncias que por interao com gua, podem tornar-se espontaneamente inflamveis, ou liberar gases inflamveis em quantidades perigosas.

    5.1 Substncias oxidantes: so substncias que podem causar a combusto de outros materiais ou contribuir para isso.

    Classe 5

    Substncias Oxidantes e

    Perxidos Orgnicos 5.2 Perxidos orgnicos: so poderosos agentes oxidantes, periodicamente instveis, podendo sofrer decomposio.

    6.1 Substncias txicas: so substncias capazes de provocar morte, leses graves ou danos sade humana, se ingeridas ou inaladas, ou se entrarem em contato com a pele.

    Classe 6

    Substncias Txicas e Substncias Infectantes

    6.2 Substncias infectantes: so substncias que podem provocar doenas infecciosas em seres humanos ou em animais.

    Classe 7

    Material radioativo - Qualquer material ou substncia que emite radiao.

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    Classificao Subclasse Definies

    Classe 8

    Substncias Corrosivas

    - So substncias que, por ao qumica, causam severos danos quando em contato com tecidos vivos.

    Classe 9

    Substncias e Artigos Perigosos Diversos

    - So aqueles que apresentam, durante o transporte, um risco abrangido por nenhuma das outras classes.

    A classificao de uma substncia numa das classes de risco, acima

    apresentadas, realizada por meio de critrios tcnicos, os quais esto definidos

    na legislao do transporte rodovirio de produtos perigosos.

    2.2 IDENTIFICAO DE PRODUTOS PERIGOSOS

    A identificao de produtos perigosos para o transporte rodovirio realizada

    por meio da simbologia de risco, composta por um painel de segurana, de cor

    alaranjada, e um rtulo de risco. Estas informaes obedecem aos padres tcnicos

    definidos na legislao do transporte de produtos perigosos.

    As informaes inseridas no painel de segurana e no rtulo de risco,

    conforme determina a legislao, abrangem o Nmero de Risco e o Nmero da

    ONU, no Painel de Segurana, e o Smbolo de Risco e a Classe/Subclasse de Risco

    no Rtulo de Risco, conforme pode ser observado na Figura 2.2-1.

    Figura 2.2-1 Painel de Segurana e Rtulo de Risco

    2.2.1 Nmero de Risco

    Conforme pode ser observado na Figura 2.2.1, o nmero de risco fixado na

    parte superior do Painel de Segurana e pode ser constitudo por at trs

    algarismos (mnimo de dois), que indicam a natureza e a intensidade dos riscos,

    No de Risco

    No ONU

    Smbolo de Risco

    Classe/Subclasse

    de Risco

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    Manual de Produtos Perigosos 26

    conforme estabelecido na Resoluo n 420, de 12/02/2004, da Agncia Nacional

    de Transporte Terrestre (ANTT)/Ministrio dos Transportes Quadro 2.2.1-1.

    Quadro 2.2.1-1 Significado dos Riscos dos Algarismos dos Nmeros de

    Risco

    Algarismo Significado

    2 Desprendimento de gs devido presso ou reao qumica.

    3 Inflamabilidade de lquidos (vapores) e gases ou lquido sujeito a auto-aquecimento.

    4 Inflamabilidade de slidos ou slido sujeito a auto-aquecimento.

    5 Efeito oxidante (intensifica o fogo).

    6 Toxicidade ou risco de infeco.

    7 Radioatividade.

    8 Corrosividade.

    9 Risco de violenta reao espontnea.

    X Substncia que reage perigosamente com gua (utilizado como prefixo do cdigo numrico).

    Observaes:

    1. O risco de violenta reao espontnea, representado pelo algarismo 9, inclui a possibilidade, decorrente da natureza da substncia, de um risco de exploso, desintegrao ou reao de polimerizao, seguindo-se o desprendimento de quantidade considervel de calor ou de gases inflamveis e/ou txicos;

    2. Quando o nmero de risco for precedido pela letra X, isto significa que no deve ser utilizada gua no produto, exceto com aprovao de um especialista.

    3. A repetio de um nmero indica, em geral, uma aumento da intensidade daquele risco especfico;

    4. Quando o risco associado a uma substncia puder ser adequadamente indicado por um nico algarismo, este ser seguido por zero.

    O nmero de risco permite determinar imediatamente o risco principal

    (primeiro algarismo) e os riscos subsidirios do produto (segundo e terceiro

    algarismos); as diferentes combinaes, que formam os diferentes nmeros de

    risco, esto apresentadas na Quadro 2.2.1-2.

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    Manual de Produtos Perigosos 27

    Quadro 2.2.1-2 Nmeros de Risco

    No de Risco

    Significado

    20 Gs asfixiante ou gs sem risco subsidirio

    22 Gs liqefeito refrigerado, asfixiante

    223 Gs liqefeito refrigerado, inflamvel

    225 Gs liqefeito refrigerado, oxidante (intensifica o fogo)

    23 Gs inflamvel

    239 Gs inflamvel, pode conduzir espontaneamente violenta reao

    25 Gs oxidante (intensifica o fogo)

    26 Gs txico

    263 Gs txico, inflamvel

    265 Gs txico, oxidante (intensifica o fogo)

    268 Gs txico, corrosivo

    30 Lquido inflamvel (23C< PFg < 60,5C), ou lquido ou slido inflamvel em estado fundido com PFg > 60,5C, aquecido a uma temperatura igual ou superior a seu PFg, ou lquido sujeito a auto-aquecimento

    323 Lquido inflamvel, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    X323 Lquido inflamvel, que reage perigosamente com gua, desprendendo gases inflamveis(*)

    33 Lquido muito inflamvel (PFg < 23C)

    333 Lquido pirofrico

    X333 Lquido pirofrico, que reage perigosamente com gua(*)

    336 Lquido altamente inflamvel, txico

    338 Lquido altamente inflamvel, corrosivo

    X338 Lquido altamente inflamvel, corrosivo, que reage perigosamente com gua(*)

    339 Lquido altamente inflamvel, pode conduzir espontaneamente a violenta reao

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    Manual de Produtos Perigosos 28

    No de Risco

    Significado

    36 Lquido inflamvel (23C< PFg < 60,5C), levemente txico ou lquido sujeito a auto-aquecimento, txico

    362 Lquido inflamvel, txico, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    X362 Lquido inflamvel, txico, que reage perigosamente com gua, desprendendo gases inflamveis(*)

    368 Lquido inflamvel, txico, corrosivo

    38 Lquido inflamvel (23C< PFg < 60,5C), levemente corrosivo, ou lquido sujeito a auto-aquecimento, corrosivo.

    382 Lquido inflamvel, corrosivo, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    X382 Lquido inflamvel, corrosivo, que reage perigosamente com gua, desprendendo gases inflamveis(*)

    39 Lquido inflamvel que pode conduzir espontaneamente violenta reao

    40 Slido inflamvel, ou substncia auto-reagente, ou substncia sujeita a auto-aquecimento

    423 Slido que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    X423 Slido que reage perigosamente com gua, desprendendo gases inflamveis(*)

    43 Slido espontaneamente inflamvel (pirofrico)

    44 Slido inflamvel, em estado fundido numa temperatura elevada

    446 Slido inflamvel, txico, em estado fundido a uma temperatura elevada

    46 Slido inflamvel ou sujeito a auto-aquecimento, txico

    462 Slido txico que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    X462 Slido que reage perigosamente com gua, desprendendo gases txicos(*)

    48 Slido inflamvel ou sujeito a auto-aquecimento, corrosivo

    482 Slido corrosivo que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    X482 Slido que reage perigosamente com gua, desprendendo gases corrosivos(*)

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    Manual de Produtos Perigosos 29

    No de Risco

    Significado

    50 Substncia oxidante (intensifica o fogo)

    539 Perxido orgnico inflamvel

    55 Substncia fortemente oxidante (intensifica o fogo)

    556 Substncia fortemente oxidante (intensifica o fogo), txica

    558 Substncia fortemente oxidante (intensifica o fogo), corrosiva

    559 Substncia fortemente oxidante (intensifica o fogo), pode conduzir espontaneamente violenta reao

    56 Substncia oxidante (intensifica o fogo), txica

    568 Substncia oxidante (intensifica o fogo), txica, corrosiva

    58 Substncia oxidante (intensifica o fogo), corrosiva

    59 Substncia oxidante (intensifica o fogo), pode conduzir espontaneamente violenta reao

    60 Substncia txica ou levemente txica

    606 Substncia infectante

    623 Lquido txico que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    63 Substncia txica, inflamvel (23C< PFg < 60,5C)

    638 Substncia txica, inflamvel (23C< PFg < 60,5C), corrosiva

    639 Substncia txica, inflamvel (PFg < 60,5C), pode conduzir espontaneamente violenta reao

    64 Slido txico, inflamvel ou sujeito a auto-aquecimento

    642 Slido txico que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    65 Substncia txica, oxidante (intensifica o fogo)

    66 Substncia altamente txica

    663 Substncia altamente txica, inflamvel (PFg < 60,5C)

    664 Slido altamente txico, inflamvel ou sujeito a auto-aquecimento

    665 Substncia altamente txica, oxidante (intensifica o fogo)

    668 Substncia altamente txica, corrosiva

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    Manual de Produtos Perigosos 30

    No de Risco

    Significado

    669 Substncia altamente txica que pode conduzir espontaneamente violenta reao

    68 Substncia txica, corrosiva

    69 Substncia txica ou levemente txica pode conduzir espontaneamente violenta reao

    70 Material radioativo

    72 Gs radioativo

    723 Gs radioativo, inflamvel

    73 Lquido radioativo, inflamvel (PFg < 60,5C)

    74 Slido radioativo, inflamvel

    75 Material radioativo, oxidante (intensifica o fogo)

    76 Material radioativo, txico

    78 Material radioativo, corrosivo

    80 Substncia corrosiva ou levemente corrosiva

    X80 Substncia corrosiva ou levemente corrosiva, que reage perigosamente com gua(*)

    823 Lquido corrosivo que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

    83 Substncia corrosiva ou levemente corrosiva, inflamvel (23C< PFg < 60,5C)

    X83 Substncia corrosiva ou levemente corrosiva, inflamvel (23C< PFg < 60,5C) que reage perigosamente com gua(*)

    839 Substncia corrosiva ou levemente corrosiva, inflamvel (23C< PFg < 60,5C), que pode conduzir espontaneamente violenta reao

    X839 Substncia corrosiva ou levemente corrosiva, inflamvel (23C< PFg < 60,5C), que pode conduzir espontaneamente violenta reao e que reage perigosamente com gua(*)

    84 Slido corrosivo, inflamvel ou sujeito a auto-aquecimento

    842 Slido corrosivo, que reage com gua, desprendendo gases inflamveis

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    Manual de Produtos Perigosos 31

    No de Risco

    Significado

    85 Substncia corrosiva ou levemente corrosiva, oxidante (intensifica o fogo)

    856 Substncia corrosiva ou levemente corrosiva, oxidante (intensifica o fogo), txica

    86 Substncia corrosiva ou levemente corrosiva, txica

    88 Substncia altamente corrosiva

    X88 Substncia altamente corrosiva, que reage perigosamente com gua(*)

    883 Substncia altamente corrosiva, inflamvel (23C< PFg < 60,5C)

    884 Slido altamente corrosivo, inflamvel ou sujeito a auto-aquecimento

    885 Substncia altamente corrosiva, oxidante (intensifica o fogo)

    886 Substncia altamente corrosiva, txica

    X886 Substncia altamente corrosiva, txica, que reage perigosamente com gua(*)

    90 Substncias que apresentam risco para o meio ambiente; substncias perigosas diversas

    99 Substncias perigosas diversas transportadas em temperatura elevada

    PFg = Ponto de Fulgor;

    (*) No usar gua, exceto com aprovao de um especialista.

    Nas Figuras 2.2.1-1 a 2.2.1-5 so apresentados exemplos da aplicao da

    metodologia de identificao dos nmeros de risco.

    Figura 2.2.1-1 Exemplo Nmero de Risco Gs (Classe 2)

    263

    Gs Txico Inflamvel

    Gs Txico e Inflamvel

    Riscos

    Risco Principal

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    Manual de Produtos Perigosos 32

    Figura 2.2.1-2 Exemplo Nmero de Risco Slido (Classe 4)

    Conforme mencionado anteriormente, a repetio de um nmero indica, em

    geral, o aumento da intensidade daquele risco especfico, como mostra a Figura

    2.2.1-3.

    Figura 2.2.1-3 Exemplo Nmero de Risco Lquido Inflamvel (Classe

    3)

    Tambm, conforme j mencionado, na ausncia de risco subsidirio, deve ser

    colocado como segundo algarismo o zero, conforme pode ser observado na Figura

    2.2.1-4.

    3 3

    X423 Slido que reage perigosamente com gua, desprendendo gases inflamveis.

    Risco Principal: Slido Inflamvel

    Riscos Subsidirios: Gs e

    Reage Perigosamente com gua

    Lquido Altamente Inflamvel

    Risco Principal: Lquido Inflamvel Risco Subsidirio: Inflamvel

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    Manual de Produtos Perigosos 33

    Figura 2.2.1-4 Exemplo Nmero de Risco Lquido Inflamvel (Classe

    3)

    2.2.2 Nmero de Identificao do Produto ou Nmero da ONU

    Trata-se de um nmero composto por quatro algarismos, que deve ser fixado

    na parte inferior do Painel de Segurana, servindo para a identificao de uma

    determinada substncia ou artigo classificado como perigoso.

    Nas Figuras 2.2.2-1 e 2.2.2-2 so apresentados exemplos da aplicao do No

    ONU no Painel de Segurana, a ser utilizado em veculo transportador de produtos

    perigosos.

    Figura 2.2.2-1 Exemplo No ONU

    Figura 2.2.2-2 Exemplo No de Risco e No ONU

    2.2.3 Rtulo de Risco

    Toda embalagem confiada ao transporte rodovirio deve portar o rtulo de

    risco, cujas dimenses devem ser estabelecidas de acordo com a legislao/

    normalizao vigente.

    1203

    3 0

    268

    1005

    Risco Principal: Lquido

    Ausncia de Risco Subsidirio

    Lquido inflamvel, lquido ou slido inflamvel em estado fundido com PFg > 60,5C, aquecido a uma temperatura igual ou superior a seu PFg, ou lquido sujeito a auto aquecimento.

    Combustvel auto-motor, incluindo

    lcool auto-motor e gasolina

    Amnia Anidra

    Gs Txico e Corrosivo

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    Manual de Produtos Perigosos 34

    O rtulo de risco utilizado no transporte deve ser correspondente classe ou

    subclasse de risco do produto. Os nmeros das classes e subclasses so fixados na

    parte inferior dos rtulos de risco e ou discriminados em campo especifico

    constante nos documentos fiscais portados pelo condutor do veculo.

    Os rtulos de risco tm a forma de um quadrado, colocado num ngulo de 45

    (forma de losango), podendo conter smbolos, figuras e/ou expresses

    emolduradas, referentes classe/subclasse do produto perigoso. Os rtulos de

    risco so divididos em duas metades:

    A metade superior destina-se a exibir o pictograma, smbolo de identificao do risco. Exceto para as subclasses 1.4, 1.5 e 1.6;

    A metade inferior destina-se para exibir o nmero da classe ou subclasse de risco e grupo de compatibilidade, conforme apropriado, e quando

    aplicvel o texto indicativo da natureza do risco.

    Na Figura 2.2.3-1 mostrada a forma de aplicao do smbolo, texto e

    nmero da classe/subclasse no rtulo de risco.

    Figura 2.2.3-1 Rtulo de Risco

    Nas Figuras 2.2.3-2 a 2.2.3-10 so apresentados os rtulos de risco aplicados

    nas classes/ subclasses de risco de 1 a 9, respectivamente.

    Figura 2.2.3-2 Rtulos de Risco da Classe 1 Explosivos

    1 1

    EXPLOSIVO

    *

    1.4

    1

    EXPLOSIVO

    *

    1.5

    1

    EXPLOSIVO

    *

    1.6

    1

    EXPLOSIVO

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    Manual de Produtos Perigosos 35

    Figura 2.2.3-3 Rtulos de Risco da Classe 2 Gases

    Figura 2.2.3-4 Rtulo de Risco da Classe 3 Lquidos Inflamveis

    Figura 2.2.3-5 Rtulos de Risco da Classe 4 Slidos Inflamveis

    Figura 2.2.3-6 Rtulos de Risco da Classe 5 Substncias

    Oxidantes e Perxidos Orgnicos

    Figura 2.2.3-7 Rtulos de Risco da Classe 6 Substncias Txicas

    e Substncias Infectantes

    Figura 2.2.3-8 Rtulos de Risco da Classe 7 Materiais Radioativos

    2 2 2 2 2 2

    3 3

    4 4 4 4

    5.1 5.1 5.2 5.2

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    Manual de Produtos Perigosos 36

    Figura 2.2.3-9 Rtulo de Risco da Classe 8 Substncias Corrosivas

    Figura 2.2.3-10 Rtulo de Risco da Classe 9 Substncias e Artigos

    Perigosos Diversos

    Observao:

    O veculo que transporta produtos perigosos, conforme a legislao vigente

    deve fixar a sua sinalizao na frente (painel de segurana, do lado esquerdo do

    motorista), na traseira (painel de segurana, do lado esquerdo do motorista) e nas

    laterais (painel de segurana e o rtulo indicativo da classe ou subclasse de risco)

    colocados do centro para a traseira, em local visvel. Quando a unidade de

    transporte a granel trafegar vazia, sem ter sido descontaminada, est sujeita s

    mesmas prescries que a unidade de transporte carregada devendo portanto,

    estar identificada com os rtulos de risco e os painis de segurana conforme pode

    ser observado na Figura 2.2.3-11.

    Figura 2.2.3-11 Carga a Granel Um produto

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    Manual de Produtos Perigosos 37

    Figura 2.2.3-12 Carga a Granel Mais de Um Produto com Mesmo Risco

    Figura 2.2.3-13 Carga a Granel Mais de Um Produto com Riscos Diferentes

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    Manual de Produtos Perigosos 38

    Figura 2.2.3-14 Carga a Granel Produto Transportado Temperatura Elevada

    Figura 2.2.3-15 Carga Fracionada Um Produto

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    Manual de Produtos Perigosos 39

    Figura 2.2.3-16 Carga Fracionada Produtos Diferentes com Mesmo Risco

    Figura 2.2.3-17 Carga Fracionada Produtos Diferentes com Riscos Diferentes

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    Manual de Produtos Perigosos 40

    Figura 2.2.3-18 Carga Fracionada Um Produto em Veculo Utilitrio

    Figura 2.2.3-19 Carga Fracionada Produtos Diversos com Mesmo Risco

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    Manual de Produtos Perigosos 41

    Figura 2.2.3-20 Carga Fracionada Produtos Diversos com Riscos Diferentes

    Figura 2.2.3-21 Cargas Granel e Fracionada no Mesmo Veculo

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    Manual de Produtos Perigosos 42

    Figura 2.2.3-22 Veculo Combinado a Granel com Um Produto

    Figura 2.2.3-23 Veculo Combinado a Granel com Vrios Produtos

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    Manual de Produtos Perigosos 43

    3. RISCOS QUMICOS

    Os avanos tecnolgicos resultam na criao de milhares de produtos

    qumicos todos os anos, os quais devem necessariamente ser transportados, em

    sua grande maioria, pelo modal rodovirio, podendo assim gerar acidentes com a

    conseqente liberao do produto para o meio ambiente. Para a realizao de uma

    adequada ao de resposta a um acidente envolvendo produtos perigosos,

    necessrio conhecer os principais riscos associados a esses materiais.

    J foi abordado anteriormente que a ONU - Organizao das Naes Unidas

    agrupou os produtos qumicos em nove classes de risco, conforme segue:

    Classe 1 Explosivos;

    Classe 2 Gases;

    Classe 3 - Lquidos Inflamveis;

    Classe 4 - Slidos Inflamveis;

    Classe 5 Substncias Oxidantes e Perxidos Orgnicos;

    Classe 6 Substncias Txicas e Substncias Infectantes;

    Classe 7 Material Radioativo;

    Classe 8 Substncias Corrosivas;

    Classe 9 Substncias e Artigos Perigosos Diversos.

    Cada uma das classes de risco acima (e suas respectivas subclasses)

    representa um risco especfico durante uma situao de emergncia. Conhecer e

    respeitar esses riscos representa a primeira etapa para lidar com o problema.

    3.1 CONCEITOS GERAIS SOBRE PRODUTOS QUMICOS

    O conhecimento de alguns conceitos sobre produtos qumicos essencial para

    que as equipes de resposta s emergncias qumicas possam atuar de forma

    segura.

    Paracelso, no sculo XVI afirmou que: "Todas as substncias so txicas. No

    h nenhuma que no seja txica. A dose estabelece a diferena entre um txico e

    um medicamento". Esta afirmao ainda muito importante para aqueles que

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    Manual de Produtos Perigosos 44

    realizam o atendimento a acidentes com produtos perigosos, pois deixa claro que

    toda e qualquer substncia pode ser perigosa ao homem sob condies excessivas

    de uso ou contato.

    No h, portanto uma substncia que seja absolutamente segura e que no

    oferea algum tipo de risco. Mesmo os produtos que no so classificados pela ONU

    como perigosos para o transporte rodovirio, apresentam riscos ao homem e ao

    meio ambiente. Ainda que esse risco seja menor do que os produtos classificados

    como perigosos da ONU, esse risco existe e, portanto no deve ser desprezado.

    Esse o primeiro, e um dos principais conceitos a ser respeitado nas emergncias

    qumicas.

    O segundo conceito importante diz respeito forma como a contaminao por

    um produto qumico pode ocorrer. H trs principais vias de intoxicao com

    produtos qumicos: inalao, absoro cutnea e ingesto. Nas emergncias

    qumicas, a inalao a principal via de intoxicao, seguida pela absoro cutnea

    (contato com a pele) e pela ingesto (Figura 3.1-1).

    A inalao a forma mais comum de intoxicao, pois os produtos qumicos

    tendem a evaporar, portanto podem se dispersar no ambiente, atingindo longas

    distncias, aumentando a possibilidade de intoxicar as equipes de resposta. Os

    produtos muito solveis em gua como a amnia, cido clordrico e cido

    fluordrico, quando inalados dissolvem-se rapidamente na membrana da mucosa do

    nariz e da garganta, causando forte irritao. Para esses materiais, at mesmo

    baixas concentraes no ambiente provocam srias irritaes ao trato respiratrio.

    Com relao absoro cutnea, a prpria pele em algumas situaes, atua

    como uma barreira protetora aos produtos perigosos, prevenindo assim a

    contaminao. No entanto, de acordo com o produto qumico envolvido, o contato

    com a pele poder provocar sua irritao ou mesmo sua destruio, como ocorre

    nos casos do contato com materiais corrosivos, como cido sulfrico, cido ntrico,

    soda custica, entre outros. Alguns produtos tm a capacidade de penetrar na pele

    e atingir a corrente sangunea, causando intoxicaes, como o caso de muitos

    pesticidas.

    Embora possa ocorrer ingesto de produtos qumicos, nas emergncias

    muito raro esse tipo de contaminao. No entanto possvel que a ingesto de

    produtos qumicos ocorra involuntariamente durante o ato de fumar ou se

  • Departamento de Estradas de Rodagens DER / SP

    Manual de Produtos Perigosos 45

    alimentar com mos contaminadas, ou quando se fuma ou se alimenta em

    ambientes contaminados. Normalmente as quantidades envolvidas nesse tipo de

    contaminao so pequenas, porm quando produtos altamente txicos esto

    presentes, mesmo pequenas quantidades podem causar severas intoxicaes.

    Para evitar qualquer tipo de intoxicao com produtos qumicos nas

    emergncias, ser necessrio associar conhecimento sobre os riscos oferecidos pelo

    material envolvido no acidente com boas prticas de trabalho e o uso de

    equipamentos de proteo individual.

    Figura 3.1-1 Vias de intoxicao com produtos qumicos: inalao,

    absoro cutnea e ingesto

    O terceiro conceito refere-se ao tipo de exposio que um tcnico pode sofrer

    durante um atendimento emergencial. As exposies aos produtos qumicos podem

    ser crnicas ou agudas. Crnicas so as exposies que ocorrem de forma

    repetitiva, normalmente vrias vezes durante um perodo, enquanto que

    exposies agudas so aquelas que ocorrem uma nica vez.

    Os dois tipos de exposies podem estar presentes nas emergncias qumicas

    e, so perigosas ao homem. Muitas vezes os sintomas de uma intoxicao qumica

    no se manifestam imediatamente aps a exposio aos produtos perigosos, ou

    seja, somente depois de vrias horas de exposio ao produto que sero

    observados os primeiros sintomas da intoxicao, agravando os danos.

    O quarto conceito que os produtos podem existir em todos os estados da

    matria (slido, lquido e gasoso), portanto apresentam comportamentos distintos

    quando liberados para o meio. Por exemplo, a mobilidade dos produtos ser

    diferente para cada estado fsico da matria, assim como os riscos associados a

    cada estado fsico.

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    Manual de Produtos Perigosos 46

    Gases tendem a se dispersar no ambiente de acordo com as condies

    ambientais (direo e velocidade do vento, temperatura, umidade atmosfrica) no

    cenrio acidental, enquanto que slidos tendem a apresentar baixa mobilidade. J

    os lquidos, quando vazados, escoaro de acordo com a declividade do terreno,

    podendo atingir o sistema de drenagem da rodovia e at mesmo um corpo d'gua.

    O estado fsico do produto um dado importante, pois associado s outras

    informaes, determinar as aes a serem desencadeadas nas diversas etapas do

    atendimento emergencial como aproximao, isolamento de rea e nas prprias

    aes de controle da situao.

    O quinto conceito que nem todos os gases e vapores apresentam cor e odor.

    Portanto, no se pode assumir nas emergncias qumicas que a no visualizao de

    uma nuvem na atmosfera ou a inexistncia de algum odor estranho ao ambiente,

    represente uma situao segura.

    Muitos produtos no apresentam cor e odor e so extremamente perigosos

    devido a sua toxicidade ou inflamabilidade, como o monxido de carbono. Outros

    materiais apresentam odor somente em grandes concentraes no ambiente, ou

    seja, quando j provocaram alguma ao txica ao homem.

    O sexto conceito relativo aos fenmenos fsicos, aqueles em que no h

    alterao da constituio da matria e nem a formao de outros produtos. Os

    produtos qumicos sofrem variaes na sua forma quando se altera presso e

    temperatura.

    Muitos materiais so transportados sob presso, potencializando os efeitos

    destrutivos quando liberados no meio. Da mesma forma, alguns produtos so

    transportados a baixa temperatura enquanto que outros so transportados a

    elevadas temperaturas, o que pode alterar o estado fsico do produto. Isso significa

    que aps o vazamento, tais produtos podero mudar de estado fsico, com a

    conseqente alterao do comportamento no meio.

    O stimo conceito refere-se aos fenmenos qumicos, nos quais ocorre

    formao de outras substncias qumicas, ou seja, h reao qumica. Essas

    reaes podem ocorrer quando duas ou mais substncias entram em contato

    (incompatibilidade qumica) ou no caso de incndios, pois ocorre a queima do

    combustvel com a conseqente formao de gases irritantes e txicos.

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    Manual de Produtos Perigosos 47

    Os conceitos acima so vlidos para produtos perigosos de qualquer classe de

    risco e devero sempre serem considerados e respeitados pela equipes de resposta

    s emergncias qumicas.

    Sero apresentados a seguir os principais conceitos relativos s classes e

    subclasses de risco.

    3.2 CLASSE 1 - EXPLOSIVOS

    Substncias ou artigos explosivos

    Explosivos so certamente uma das mais perigosas classes de risco. Acidentes

    envolvendo explosivos so pouco comuns quando comparado com as demais

    classes de risco.

    O explosivo uma substncia que submetida a uma transformao qumica

    extremamente rpida, produzindo simultaneamente grandes quantidades de gases

    e calor. Os gases liberados expandem-se a altssima velocidade e temperatura,

    gerando um aumento de presso e provocando o deslocamento do ar. Esse

    deslocamento de ar suficientemente elevado para provocar danos s pessoas

    (ruptura de tmpano, por exemplo) e edificaes (colapso parcial ou total).

    Os explosivos podem existir nos estados slido ou lquido e podem envolver

    uma mistura de substncias. Os explosivos lquidos so extremamente sensveis ao

    calor, choque e frico, como, por exemplo, azida de chumbo, fulminato de

    mercrio e nitroglicerina. Essa ltima, por questes de segurana, deve ser

    transportada na forma de gelatina ou dinamite. A plvora um exemplo de uma

    mistura explosiva, j que composta de enxofre, carvo em p e nitrato de sdio

    (salitre).

    A Resoluo ANTT n 420/04 divide esta classe em seis subclasses de risco:

    1 1

    EXPLOSIVO

    *

    1.4

    1

    EXPLOSIVO

    *

    1.5

    1

    EXPLOSIVO

    *

    1.6

    1

    EXPLOSIVO

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    Manual de Produtos Perigosos 48

    Subclasse 1.1 - Substncias e artigos com risco de exploso em massa

    Exemplo: TNT, fulminato de mercrio.

    Estas substncias geram fortes exploses, conhecidas por detonao.

    Subclasse 1.2 - Substncias e artigos com risco de projeo, mas sem

    risco de exploso em massa

    Exemplo: Granadas.

    Estas substncias geram pequenas exploses, conhecidas por deflagrao.

    Subclasse 1.3 - Substncias e artigos com risco de fogo e com

    pequeno risco de exploso ou de projeo, ou ambos, mas sem risco

    de exploso em massa

    Exemplo: artigos pirotcnicos.

    Subclasse 1.4 - Substncias e artigos que no apresentam risco

    significativo

    Exemplo: dispositivos iniciadores.

    Subclasse 1.5 - Substncias muito insensveis, com risco de exploso

    em massa

    Exemplo: Explosivos de demolio.

    Subclasse 1.6 - Artigos extremamente insensveis, sem risco de

    exploso em massa

    Exemplo: no h exemplos de produtos dessa subclasse na Resoluo n 420

    da ANTT.

    A exploso um fenmeno muito rpido, para o qual no h tempo de reao.

    Assim, as aes durante a emergncia devero ser preventivas e incluem o

    controle dos fatores que podem gerar um aumento de temperatura (calor), choque

    e frico.

    Ressalta-se que os equipamentos de proteo individual normalmente

    utilizados para proteger as equipes de emergncia quando do manuseio ou

    exposio aos produtos qumicos, no oferecem proteo ao fenmeno exploso.

    Roupas especiais de proteo somente esto disponveis no exrcito ou com o

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    fabricante do produto, razo pela qual podero ser acionados para prestar apoio na

    emergncia.

    Figura 3.2-1 Roupa especial de proteo para manuseio de

    explosivos

    importante ressaltar que no esto includos nessa classe de risco todos os

    produtos que podem gerar exploses, tais como lquidos e gases inflamveis,

    agentes oxidantes e perxidos orgnicos ou mesmo as exploses geradas a partir

    de reaes qumicas entre dois ou mais produtos.

    3.3 CLASSE 2 GASES

    Gases

    Esta classe de risco uma das mais envolvidas nas emergncias, j que o

    volume movimentado muito grande, pois tais produtos so utilizados na indstria,

    comrcio e residncias.

    Gs um dos estados fsicos da matria. Nesse estado, os materiais

    apresentam a capacidade de moverem-se livremente, ou seja, expandem-se

    indefinidamente no ambiente. Outra caracterstica dos gases que so

    influenciados pela presso e temperatura. A maioria dos gases pode ser liquefeita

    com o aumento da presso e/ou diminuio da temperatura.

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    Quando liberados, os gases mantidos liquefeitos por ao da presso e/ou

    temperatura, tendero a passar para seu estado natural nas condies ambientais,

    ou seja, estado gasoso.

    A alta mobilidade dos gases no ambiente faz com que as operaes de

    emergncia envolvendo esses materiais sejam normalmente mais complexas,

    situao essa potencializada pelas caractersticas intrnsecas que os produtos dessa

    classe podem apresentar como inflamabilidade, toxicidade e corrosividade bem

    como pelos parmetros fsicos envolvidos no transporte desses materiais como

    presso e temperatura.

    De acordo com a Resoluo ANTT n 420/04, a classe 2 apresenta trs

    subclasses de risco:

    Subclasse 2.1 - Gases inflamveis

    Exemplo: GLP, butano, propano.

    Subclasse 2.2 - Gases no-inflamveis, no-txicos

    Exemplo: oxignio lquido refrigerado ou comprimido, nitrognio lquido

    refrigerado ou comprimido

    Subclasse 2.2 - Gases txicos

    Exemplo: cloro, amnia, sulfeto de hidrognio.

    Os gases podem ser agrupados em quatro categorias:

    Comprimidos;

    Liquefeitos;

    Dissolvidos;

    Criognicos.

    As quatro categorias acima so bem diferentes entre si e necessitam de aes

    distintas nas emergncias.

    Gases comprimidos

    Para efeito de transporte, muitos os gases so comprimidos por meio de

    aplicao de presso, permanecendo no estado gasoso. Em caso de

    vazamento, a liberao desses gases ocorre a uma enorme velocidade de

    sada, portanto qualquer pessoa situada na frente do jato formado, sofrer

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    forte impacto fsico. Exemplos de gases comprimidos so: argnio,

    hidrognio e hlio.

    Figura 3.3-1 Cilindros utilizados para armazenamento e transporte de

    gases comprimidos

    Gases liquefeitos

    So os gases que ao receberem a aplicao de presso tornaram-se

    lquidos. Exemplos de gases comprimidos (ou pressurizados) liquefeitos

    so: GLP, cloro e amnia.

    Muitos gases, como GLP e cloro, so mais densos do que o ar, ou seja, aps

    serem liberados para o ambiente, permanecem prximos ao solo, situao

    essa de maior complexidade e risco j que prximo ao solo esto as

    pessoas e as possveis fontes de ignio.

    Nos casos de incndio, haver sempre a possibilidade de ruptura

    catastrfica dos vasos de presso, com o conseqente deslocamento do ar,

    projeo de estilhaos e do produto envolvido e, portanto, nas condies de

    incndios, ser necessrio realizar um grande isolamento de rea.

    Figura 3.3-2 Atendimento emergencial envolvendo gs liquefeito

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    Gases dissolvidos

    So os gases que se encontram dissolvidos sob presso em um solvente,

    como o caso do acetileno, transportado dissolvido em acetona.

    Gases criognicos

    So os gases que para serem liquefeitos devem ter sua temperatura

    reduzida a valores inferiores 150 C. Exemplos de gases criognicos so:

    nitrognio lquido, oxignio lquido, gs carbnico lquido. Devido a sua

    baixa temperatura, em caso de contato com esses materiais, sero geradas

    gravssimas queimaduras ao tecido humano. A baixa temperatura tambm

    poder causar o congelamento de outros materiais como ferro e ao,

    tornando-os quebradios e, portanto podendo gerar situaes de risco.

    Figura 3.3-3 Carreta utilizada para transporte de gases criognicos

    3.4 CLASSE 3 LQUIDOS INFLAMVEIS

    Lquidos inflamveis

    A maioria dos acidentes rodovirios com produtos perigosos envolve lquidos

    inflamveis, principalmente combustveis como gasolina, lcool e leo diesel.

    3 3

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    Lquido inflamvel so lquidos, mistura de lquidos ou lquidos contendo

    slidos em soluo ou em suspenso, que produzem vapores inflamveis a

    temperaturas de at 60,5 oC num teste padro em vaso fechado. Portanto, a

    maioria desses materiais pode queimar facilmente na temperatura ambiente.

    O conceito de lquido inflamvel refere-se aos produtos que podem gerar uma

    reao de combusto. Combusto reao qumica entre dois agentes, o

    comburente, normalmente oxignio, e o combustvel, em propores adequadas,

    provocada por um terceiro agente, a fonte de ignio. Caracteriza-se por alta

    velocidade de reao e pelo grande desprendimento de luz e calor. Os trs agentes

    formam o conhecido tringulo do fogo, constituindo-se em elementos essenciais ao

    fogo. Se um desses elementos no estiver presente, no haver fogo (Figura 3.4-

    1).

    Figura 3.4-1 Tringulo do fogo

    O oxignio (comburente) para as reaes de combusto aquele existente no

    ar atmosfrico. O combustvel o prprio produto qumico envolvido na ocorrncia.

    A fonte de ignio, necessria para o processo de combusto o elemento que as

    equipes de resposta podero controlar durante a emergncia de modo a evitar a

    queima do produto.

    Dentre as possveis fontes de ignio existentes num cenrio acidental

    destacam-se as chamas vivas, superfcies quentes (escapamentos, motores),

    baterias, cigarros, fascas por atrito e eletricidade esttica.

    A eletricidade esttica a carga que um veculo acumula durante o transporte,

    sendo que esta poder gerar uma fasca (fonte de ignio) caso esse veculo seja

    conectado ao veculo acidentado (por exemplo, para a realizao de transbordo de

    carga), sem que haja a descarga dessa carga acumulada para a terra. A

    COMBUSTVEL OXIGNIO

    FONTE DE CALOR

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    conseqncia dessa fasca poder ser a ignio do produto qumico, caso seja

    inflamvel.

    Sempre que um produto inflamvel estiver envolvido numa emergncia, as

    equipes de resposta devero ter a preocupao de eliminar ou controlar todas as

    fontes de ignio existentes, de modo a evitar o processo de combusto.

    Figura 3.4-2 Chamas abertas so fontes poderosas de ignio

    Especial cuidado dever ser adotado nas operaes de destombamento de

    carretas e vasos de presso, pois as operaes de arraste desses recipientes geram

    muitas fascas, podendo causar a ignio do produto envolvido.

    Ressalta-se que todo processo de combusto libera gases irritantes e txicos,

    portanto especial ateno dever ser dada s situaes com envolvimento de

    incndios.

    Os equipamentos utilizados nas emergncias envolvendo produtos

    inflamveis, como lanternas e bombas, devero ser intrinsecamente seguros.

    Por questes de segurana no se recomenda conteno de um produto

    inflamvel prximo ao ponto de vazamento, dada a possibilidade de uma eventual

    ignio com o conseqente envolvimento de toda a carga transportada.

    3.5 CLASSE 4 SLIDOS INFLAMVEIS, SUBSTNCIAS SUJEITAS COMBUSTO ESPONTNEA, SUBSTNCIAS QUE, EM CONTATO COM A GUA, EMITEM GASES INFLAMVEIS

    Slidos inflamveis

    4 44 4

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    Os produtos dessa classe apresentam a propriedade de se inflamarem com

    facilidade na presena de uma fonte de ignio, at mesmo em contato com o ar ou

    com a gua.

    Os produtos dessa classe de risco so, em sua grande maioria slidos,

    portanto apresentam baixa mobilidade no meio quando da ocorrncia de

    vazamentos.

    A Resoluo ANTT n 420/04 divide esta classe em trs subclasses de risco:

    Subclasse 4.1 - Slidos inflamveis, substncias auto-reagentes e

    explosivos slidos insensibilizados

    Os produtos desta subclasse podem se inflamar quando expostos a chamas,

    calor, choque e atritos. Todos os cuidados relativos aos lquidos inflamveis se

    aplicam para os slidos inflamveis. Como exemplos destes produtos podem-

    se citar o nitrato de uria e o enxofre.

    Subclasse 4.2 Substncias sujeitas combusto espontnea

    Nesta subclasse esto agrupados os produtos que podem se inflamar em

    contato com o ar, mesmo sem a presena de uma fonte de ignio. Tais

    produtos so transportados, na sua maioria, em recipientes com atmosferas

    inertes ou submersos em querosene ou gua.

    Quando da ocorrncia de um acidente envolvendo estes produtos, a perda da

    fase lquida poder propiciar o contato dos mesmos com o ar.

    O fsforo branco ou amarelo, sulfeto de sdio, carvo e algodo so exemplos

    de produtos que ignizam espontaneamente, quando em contato com o ar.

    Figura 3.5-1 I